silva dos santos, luiz cezar sobre a amazônia pela ... · como ponto de partida na reflexão sobre...

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www.ssoar.info As narrativas mitomidiatizadas propagandeadas sobre a Amazônia pela publiCIDADE Silva dos Santos, Luiz Cezar Veröffentlichungsversion / Published Version Zeitschriftenartikel / journal article Empfohlene Zitierung / Suggested Citation: Silva dos Santos, Luiz Cezar: As narrativas mitomidiatizadas propagandeadas sobre a Amazônia pela publiCIDADE. In: Revista Observatório 2 (2016), 5, pp. 293-309. URN: https://doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293 Nutzungsbedingungen: Dieser Text wird unter einer CC BY-NC Lizenz (Namensnennung- Nicht-kommerziell) zur Verfügung gestellt. Nähere Auskünfte zu den CC-Lizenzen finden Sie hier: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/deed.de Terms of use: This document is made available under a CC BY-NC Licence (Attribution-NonCommercial). For more Information see: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0

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www.ssoar.info

As narrativas mitomidiatizadas propagandeadassobre a Amazônia pela publiCIDADESilva dos Santos, Luiz Cezar

Veröffentlichungsversion / Published VersionZeitschriftenartikel / journal article

Empfohlene Zitierung / Suggested Citation:Silva dos Santos, Luiz Cezar: As narrativas mitomidiatizadas propagandeadas sobre a Amazônia pela publiCIDADE.In: Revista Observatório 2 (2016), 5, pp. 293-309. URN: https://doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Nutzungsbedingungen:Dieser Text wird unter einer CC BY-NC Lizenz (Namensnennung-Nicht-kommerziell) zur Verfügung gestellt. Nähere Auskünfte zuden CC-Lizenzen finden Sie hier:https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/deed.de

Terms of use:This document is made available under a CC BY-NC Licence(Attribution-NonCommercial). For more Information see:https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

Luiz

RESUMO Como ponto de partida na reflexão sobre o uso de lendas e mitos nas narrativas publicitárias como forma de “vender” ideias e produtosartigo, discutir a mitomiadiatizaçãomercadológico que o imaginário amazônico alvo com relação às lendas, os mitos e as “histórias” contadas sobre a região amazônica. PALAVRAS-CHAVE: Amazônia;Guaraná.

1 Consultor de ideias, Publicitário e Professor Universitário. Graduado em Comunicação Social habilitação em Publicidade e Propaganda Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais. Doutor em HiProfessor adjunto da Universidade Federal do Pará. Diretor Norte da Associação Brasileira de Pesquisadores em Publicidade Institucional da UFPA. Exerce atividades na área de Comunicaçcriação publicitária, planejamento estratégico e comunicação institucional. Autor do livro Sempre Coca-Cola: isso é que é sabor de modernidade. E2 Endereço de contato do autor (por correio):Comunicação. Instituto de Letras e Comunicação. CEP 66075-110, Belém (PA), Brasil

AS NARRATIVAS

MITOMIDIATIZADAS

PROPAGANDEADAS

SOBRE A AMAZÔNIA

PELA publiCIDADE.

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

Luiz Cezar Silva dos Santos1, 2

Como ponto de partida na reflexão sobre o uso de lendas e mitos nas narrativas publicitárias como forma de “vender” ideias e produtos, buscamos

discutir a mitomiadiatização pela atividade publicitária do potencial mercadológico que o imaginário amazônico exerce sobre diversos

com relação às lendas, os mitos e as “histórias” contadas sobre a região

Amazônia; publiCIDADE; Mitomidiatização

Consultor de ideias, Publicitário e Professor Universitário. Graduado em Comunicação Social habilitação em Publicidade e Propaganda - pela Universidade Federal do Pará, mestre em Estudos Literários pela Universidade Federal de Minas Gerais. Doutor em História pela PUC/SP. Professor adjunto da Universidade Federal do Pará. Diretor Norte da Associação Brasileira de Pesquisadores em Publicidade - ABP2. Diretor da Ascom - Assessoria de Comunicação Institucional da UFPA. Exerce atividades na área de Comunicação, marketing, gestão de marcas, criação publicitária, planejamento estratégico e comunicação institucional. Autor do livro

Cola: isso é que é sabor de modernidade. E-mail: [email protected] do autor (por correio): Universidade Federal do Parátituto de Letras e Comunicação. Rua Augusto Corrêa, 01 - Guamá (Portão 2)

Brasil.

THE MITOMIDIATIZED NARRATIVES PROPAGANDED ABOUT THE AMAZON BY THE

publiCITY

LA NARRATIVA MITOMIDIATIZADAS

PROPAGANDA EN AMAZON POR LA publiCI

AS NARRATIVAS

MITOMIDIATIZADAS

PROPAGANDEADAS

SOBRE A AMAZÔNIA

PELA publiCIDADE.

Dezembro. 2016

93-309, set./dez. 2016

Como ponto de partida na reflexão sobre o uso de lendas e mitos nas narrativas buscamos, com este

pela atividade publicitária do potencial sobre diversos públicos-

com relação às lendas, os mitos e as “histórias” contadas sobre a região

itomidiatização; Lendas;

Consultor de ideias, Publicitário e Professor Universitário. Graduado em Comunicação Social - pela Universidade Federal do Pará, mestre em

stória pela PUC/SP. Professor adjunto da Universidade Federal do Pará. Diretor Norte da Associação Brasileira de

Assessoria de Comunicação ão, marketing, gestão de marcas,

criação publicitária, planejamento estratégico e comunicação institucional. Autor do livro [email protected].

Universidade Federal do Pará. Faculdade de Guamá (Portão 2),

THE MITOMIDIATIZED NARRATIVES PROPAGANDED ABOUT THE AMAZON BY THE

publiCITY

LA NARRATIVA MITOMIDIATIZADAS

PROPAGANDA EN AMAZON POR LA publiCI(u)DAD

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

ABSTRACT As a starting point in the reflection on the use of legends and myths in advertising narratives as a way to "sell" ideas and products, we seek, with this article, to discuss the mitomiadiatization by advertisingpotential that the Amazon imaginary exerts on various publicregard to legends, myths and "stories" told about the Amazon region. KEYWORDS: Amazônia; advertising; Mitochondriatization; Legends; Guarana. RESUMEN Como punto de partida en el pensamiento sobre el uso de leyendas y mitos en las narrativas de publicidad como una forma de "vender" ideas y productos, nuestro objetivo, con este artículo, discutimos mitomiadiatização la actividad publicitaria del potencialpúblicos- objetivo con respecto a las leyendas, mitos y las "historias" dijo sobre la región amazónica. PALABRAS CLAVE: Amazon; publicidad; Mitomidiatização; leyendas; Guaraná.

Recebido em: 27.06

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

As a starting point in the reflection on the use of legends and myths in advertising narratives as a way to "sell" ideas and products, we seek, with this article, to discuss the mitomiadiatization by advertising activity of the market potential that the Amazon imaginary exerts on various publicregard to legends, myths and "stories" told about the Amazon region.

: Amazônia; advertising; Mitochondriatization; Legends; Guarana.

Como punto de partida en el pensamiento sobre el uso de leyendas y mitos en las narrativas de publicidad como una forma de "vender" ideas y productos, nuestro objetivo, con este artículo, discutimos mitomiadiatização la actividad publicitaria del potencial de mercado que las imágenes Amazon tiene en varias

objetivo con respecto a las leyendas, mitos y las "historias" dijo sobre

Amazon; publicidad; Mitomidiatização; leyendas; Guaraná.

06.2016. Aceito em: 10.10.2016. Publicado em:

Dezembro. 2016

93-309, set./dez. 2016

As a starting point in the reflection on the use of legends and myths in advertising narratives as a way to "sell" ideas and products, we seek, with this

activity of the market potential that the Amazon imaginary exerts on various public- Target with regard to legends, myths and "stories" told about the Amazon region.

: Amazônia; advertising; Mitochondriatization; Legends; Guarana.

Como punto de partida en el pensamiento sobre el uso de leyendas y mitos en las narrativas de publicidad como una forma de "vender" ideas y productos, nuestro objetivo, con este artículo, discutimos mitomiadiatização la actividad

de mercado que las imágenes Amazon tiene en varias objetivo con respecto a las leyendas, mitos y las "historias" dijo sobre

Amazon; publicidad; Mitomidiatização; leyendas; Guaraná.

.2016. Publicado em: 25.12.2016.

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

Entrando na floresta publicitária mitomidiatizada

A atividade de anunciar e vender produtos, serviços e/ou marcas e ideias

não é uma atividade nova, ela vem de muito longe, desde os tempos dos

babilônios, dos fenícios, dos gregos e dos romanos

como conhecemos hoje, a chamada propaganda comercial, surgiu apenas em

meados do século XIX, na Inglaterra. A boa e velha atividade de propagand

articula-se, ao longo dos tempos,

econômicas, políticas e culturais advindas da Revolução Industrial. Um

fenômeno “histórico” e cultural imperceptível, que vai abalar as células

tradicionais de viver e ver o mundo, como: a família, a rua, o escritório,

a cidade, a multidão, a massa. A propaganda “vende” uma ideologia, uma

realidade, uma concepção de mundo estampada n

todos os lugares e em todos os meios de comunicação disponíveis no mercado:

“Temos a propaganda como c

sociedade industrial em que surge e a qual opera e controla. Dessa perspectiva

é que se nota sua constituição essencialmente moderna

2006, p. 182-183). Ao mesmo tempo, a

como a sociedade opera e percebe o mundo e vice

movimento de mão dupla.

De um modo geral, concomitantemente ao aparecimento e

desenvolvimento do comércio, surgem as formas de divulgação, entrando em

cena a atividade da propaganda

históricas de consumo.

A história das atitudes em relação ao objeto e à mercadoria em nossa sociedade é aqui capital; ela postula que uma história do consumo é uma maneira de reconciliar o sujeito com o obcom a exterioridade. O principal argumento da história da civilização

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

publicitária mitomidiatizada

A atividade de anunciar e vender produtos, serviços e/ou marcas e ideias

não é uma atividade nova, ela vem de muito longe, desde os tempos dos

, dos gregos e dos romanos. Contudo, a propaganda

como conhecemos hoje, a chamada propaganda comercial, surgiu apenas em

meados do século XIX, na Inglaterra. A boa e velha atividade de propagand

se, ao longo dos tempos, em meio a todas as mudanças sociais,

econômicas, políticas e culturais advindas da Revolução Industrial. Um

fenômeno “histórico” e cultural imperceptível, que vai abalar as células

tradicionais de viver e ver o mundo, como: a família, a rua, o escritório,

a cidade, a multidão, a massa. A propaganda “vende” uma ideologia, uma

realidade, uma concepção de mundo estampada nas peças publicitári

todos os lugares e em todos os meios de comunicação disponíveis no mercado:

Temos a propaganda como complexo cuja análise permite fiel interpretação da

sociedade industrial em que surge e a qual opera e controla. Dessa perspectiva

é que se nota sua constituição essencialmente moderna”. (MENNA BARRETO,

183). Ao mesmo tempo, ao deixar rastros que refletem o modo

como a sociedade opera e percebe o mundo e vice-versa, temos um

movimento de mão dupla.

De um modo geral, concomitantemente ao aparecimento e

desenvolvimento do comércio, surgem as formas de divulgação, entrando em

opaganda e da publicidade, como também as relações

A história das atitudes em relação ao objeto e à mercadoria em nossa sociedade é aqui capital; ela postula que uma história do consumo é uma maneira de reconciliar o sujeito com o objeto, a interioridade com a exterioridade. O principal argumento da história da civilização

Dezembro. 2016

93-309, set./dez. 2016

A atividade de anunciar e vender produtos, serviços e/ou marcas e ideias

não é uma atividade nova, ela vem de muito longe, desde os tempos dos

. Contudo, a propaganda

como conhecemos hoje, a chamada propaganda comercial, surgiu apenas em

meados do século XIX, na Inglaterra. A boa e velha atividade de propagandear

em meio a todas as mudanças sociais,

econômicas, políticas e culturais advindas da Revolução Industrial. Um

fenômeno “histórico” e cultural imperceptível, que vai abalar as células

tradicionais de viver e ver o mundo, como: a família, a rua, o escritório, a fábrica,

a cidade, a multidão, a massa. A propaganda “vende” uma ideologia, uma

publicitárias por

todos os lugares e em todos os meios de comunicação disponíveis no mercado:

omplexo cuja análise permite fiel interpretação da

sociedade industrial em que surge e a qual opera e controla. Dessa perspectiva

. (MENNA BARRETO,

ue refletem o modo

versa, temos um

De um modo geral, concomitantemente ao aparecimento e

desenvolvimento do comércio, surgem as formas de divulgação, entrando em

e da publicidade, como também as relações

A história das atitudes em relação ao objeto e à mercadoria em nossa sociedade é aqui capital; ela postula que uma história do consumo é

jeto, a interioridade com a exterioridade. O principal argumento da história da civilização

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

material é a relação dos homens com as coisas e os objetos. (ROCHE, 2000, p. 17).

Portanto, o mundo moderno, bem como o pós

consequentemente, o mundo con

permeados constantemente pelas imagens e junto com elas se apresentam

também a imaginação, a fantasia, os mitos e as lendas que, segundo

Durand (2002, p. 18).

imagens que constitui o capital pensado do homo sapiens”.

Entenderemos por mito um sistema dinâmico de símbolos, arquétipos e esquemas, sistema dinâmico que, sob o impulso de um esquema, tende a comporracionalização, dado que utiliza o fio do discurso, no qual os símbolos se resolvem em palavras e os arquétipos em idéias. (DURAND, 2002, p.62

Durand (2002) ainda destaca a importância fundamental dos mitos na

transmissão de verdades importantes para a sociedade, o que confere um lugar

privilegiado aos mitos por meio de suas narrativas repletas de simbolismos.

Pelas imagens simbólicas ou pelos arquétipos, em virtude da inesgotável

capacidade que o ser humano tem para simbolizar,

imaginário torna-se o centro da habilidade do ser humano de transcender.

A história não explica o conteúdo mental arquetípico, pertencendo a própria história ao domínio do imaginário. E sobretudo em cada fase histórica a imaginação eantagonista motivação: pedagogia da imitação, do imperialismo das imagens e dos arquétipos tolerados pela ambiência social, mas também fantasias adversas da revolta devidas ao recalcamento deste ou daquele regime d(DURAND,1997, p. 390).

Nas palavras do poeta e professor

narradas como mito, as encantarias são transfiguradas em “formas significantes”

, portanto, ao trazermos a ideia de mit

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

material é a relação dos homens com as coisas e os objetos. (ROCHE, 2000, p. 17).

Portanto, o mundo moderno, bem como o pós

consequentemente, o mundo contemporâneo, são considerados “mundos”

permeados constantemente pelas imagens e junto com elas se apresentam

também a imaginação, a fantasia, os mitos e as lendas que, segundo

compõem “o conjunto das imagens e relações de

imagens que constitui o capital pensado do homo sapiens”.

Entenderemos por mito um sistema dinâmico de símbolos, arquétipos e esquemas, sistema dinâmico que, sob o impulso de um esquema, tende a compor-se em narrativa. O mito é um esboço de racionalização, dado que utiliza o fio do discurso, no qual os símbolos se resolvem em palavras e os arquétipos em idéias. (DURAND, 2002, p.62-63).

ainda destaca a importância fundamental dos mitos na

rdades importantes para a sociedade, o que confere um lugar

privilegiado aos mitos por meio de suas narrativas repletas de simbolismos.

Pelas imagens simbólicas ou pelos arquétipos, em virtude da inesgotável

capacidade que o ser humano tem para simbolizar, segundo este autor, o

se o centro da habilidade do ser humano de transcender.

A história não explica o conteúdo mental arquetípico, pertencendo a própria história ao domínio do imaginário. E sobretudo em cada fase histórica a imaginação encontra-se presente inteira, numa dupla e antagonista motivação: pedagogia da imitação, do imperialismo das imagens e dos arquétipos tolerados pela ambiência social, mas também fantasias adversas da revolta devidas ao recalcamento deste ou daquele regime de imagem pelo meio e o momento histórico. (DURAND,1997, p. 390).

Nas palavras do poeta e professor João de Jesus Paes Loureiro, ao serem

narradas como mito, as encantarias são transfiguradas em “formas significantes”

, portanto, ao trazermos a ideia de mitomidiatização para a nossa realidade

Dezembro. 2016

93-309, set./dez. 2016

material é a relação dos homens com as coisas e os objetos. (ROCHE,

Portanto, o mundo moderno, bem como o pós-moderno e,

são considerados “mundos”

permeados constantemente pelas imagens e junto com elas se apresentam

também a imaginação, a fantasia, os mitos e as lendas que, segundo Gilbert

“o conjunto das imagens e relações de

Entenderemos por mito um sistema dinâmico de símbolos, arquétipos e esquemas, sistema dinâmico que, sob o impulso de um esquema,

. O mito é um esboço de racionalização, dado que utiliza o fio do discurso, no qual os símbolos se resolvem em palavras e os arquétipos em idéias. (DURAND, 2002,

ainda destaca a importância fundamental dos mitos na

rdades importantes para a sociedade, o que confere um lugar

privilegiado aos mitos por meio de suas narrativas repletas de simbolismos.

Pelas imagens simbólicas ou pelos arquétipos, em virtude da inesgotável

segundo este autor, o

se o centro da habilidade do ser humano de transcender.

A história não explica o conteúdo mental arquetípico, pertencendo a própria história ao domínio do imaginário. E sobretudo em cada fase

se presente inteira, numa dupla e antagonista motivação: pedagogia da imitação, do imperialismo das imagens e dos arquétipos tolerados pela ambiência social, mas também fantasias adversas da revolta devidas ao recalcamento deste

e imagem pelo meio e o momento histórico.

Paes Loureiro, ao serem

narradas como mito, as encantarias são transfiguradas em “formas significantes”

omidiatização para a nossa realidade

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

amazônica, temos de pensar também nas “enc

os “encantados” que habitam as “encantarias”

nas águas dos rios da Amazônia

estetizada e por meio dela garantem a força abstrata de sua duração.

LOUREIRO, 2007, p. 26).

Guaraná: uma lenda com sabor

Conta a lenda que numa aldeia dos índios maués

vivia um casal chamado Taíra e Naiara

belo dia, Tupã, uma das principais divindades da mitologia tupi

atendeu ao pedido do casal

Alupácom alguma coisa. Ajudava a mãe na plantação e iacom o pai e os outros homens da aldeiadevia matar bicho nenhum. Gostava de nadar no rio, de brincar com as outras crianças e de ouvir as histórias que os velhos tinham para contar. (SALERNO, 2006, p. 28).

Ainda de acordo com o folclore amazônico, por ser tão bonzinho o

curumim Alupá atraiu a inveja

Por esse motivo Jurupari, o espirito do mal, começou a ficar com raiva e ciúmes dele. Até que um dia quando o menino estava longe dospais e dos mais idosos da tribo, colhendo frutos em uma arvore, Jurupari transformado em cobra aproximouQuando notaram a falta dele saíram todos a procuráencontraram já sem vida ao pé da arvore. (RESQUE, 2012, p.100).

Conforme ilustra o desenho feito pelo artista Sérgio Bastos (Figura 1)

3 Os maués são uma tribo indígena dogrupo tupiAmazonas e o oeste do Pará.

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

amazônica, temos de pensar também nas “encantarias”: “Os mitos amazônicos,

os “encantados” que habitam as “encantarias” – espécie de olimpo submerso

nas águas dos rios da Amazônia – são compreendidos por sua aparência

stetizada e por meio dela garantem a força abstrata de sua duração.

uma lenda com sabor de Amazônia

lenda que numa aldeia dos índios maués3, no meio da selva,

vivia um casal chamado Taíra e Naiara e que tinha o sonho de ter um filho

Tupã, uma das principais divindades da mitologia tupi

atendeu ao pedido do casal.

Alupá era um menino bom e inteligente, que estava sempre ocupadocom alguma coisa. Ajudava a mãe na plantação e iacom o pai e os outros homens da aldeia, apesar de achardevia matar bicho nenhum. Gostava de nadar no rio, de brincar com as outras crianças e de ouvir as histórias que os velhos tinham para contar. (SALERNO, 2006, p. 28).

de acordo com o folclore amazônico, por ser tão bonzinho o

curumim Alupá atraiu a inveja de Jurupari: o “espirito do mal”:

Por esse motivo Jurupari, o espirito do mal, começou a ficar com raiva e ciúmes dele. Até que um dia quando o menino estava longe dospais e dos mais idosos da tribo, colhendo frutos em uma arvore, Jurupari transformado em cobra aproximou-se dele e o mordeu. Quando notaram a falta dele saíram todos a procuráencontraram já sem vida ao pé da arvore. (RESQUE, 2012, p.100).

ilustra o desenho feito pelo artista Sérgio Bastos (Figura 1)

Os maués são uma tribo indígena dogrupo tupi que habita o baixo rio Negro, o leste do

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Os mitos amazônicos,

espécie de olimpo submerso

são compreendidos por sua aparência

stetizada e por meio dela garantem a força abstrata de sua duração.” (PAES

, no meio da selva,

e que tinha o sonho de ter um filho. Um

Tupã, uma das principais divindades da mitologia tupi-guarani,

era um menino bom e inteligente, que estava sempre ocupado com alguma coisa. Ajudava a mãe na plantação e ia pescar e caçar

, apesar de achar que não se devia matar bicho nenhum. Gostava de nadar no rio, de brincar com as outras crianças e de ouvir as histórias que os velhos tinham para

de acordo com o folclore amazônico, por ser tão bonzinho o

Por esse motivo Jurupari, o espirito do mal, começou a ficar com raiva e ciúmes dele. Até que um dia quando o menino estava longe dos pais e dos mais idosos da tribo, colhendo frutos em uma arvore,

se dele e o mordeu. Quando notaram a falta dele saíram todos a procurá-lo e o encontraram já sem vida ao pé da arvore. (RESQUE, 2012, p.100).

ilustra o desenho feito pelo artista Sérgio Bastos (Figura 1)

bita o baixo rio Negro, o leste do

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

Depois do trágico ocorrido

De repente, ouviunuvem no céu, nem sombrfechou os olhos e assim ficou por longos minutos. Ao abriao grupo que o trovão era uma mensagem de Tupã. O deus queria compensar a aldeia peolhos do filho, como se fossem sementes; deles nasceria um arbusto milagroso, cujos frutos trariam felicidade. (SALERNO, 2006, p. 29).

Assim, nasce o fruto da lenda: “Os olhos de Alupá foram plantados num

canteiro. Todas as tardes, Naiara regava a terra com carinho. Certo dia nasceu

uma planta bonita, que cresceu muito depressa. Era um pé de guaraná”.

(SALERNO, 2006, p. 29). O olho é considerado o órgão de percepção sensitiva, o

símbolo da visão espiritual e est

da alma. “O olho, órgão da

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

Figura 1: A cobra e o Guaraná. Fonte: http://noamazonaseassim.com/a-lenda-do-guarana

Depois do trágico ocorrido, conta a lenda que:

De repente, ouviu-se um trovão. Os índios se assustaram: não havia nuvem no céu, nem sombra de chuva... Todos fizeram silêfechou os olhos e assim ficou por longos minutos. Ao abriao grupo que o trovão era uma mensagem de Tupã. O deus queria compensar a aldeia pela perda de Alupá. Pedia que ela plantasse os olhos do filho, como se fossem sementes; deles nasceria um arbusto milagroso, cujos frutos trariam felicidade. (SALERNO, 2006, p. 29).

Assim, nasce o fruto da lenda: “Os olhos de Alupá foram plantados num

iro. Todas as tardes, Naiara regava a terra com carinho. Certo dia nasceu

uma planta bonita, que cresceu muito depressa. Era um pé de guaraná”.

O olho é considerado o órgão de percepção sensitiva, o

símbolo da visão espiritual e está relacionado à luz e ao espelho

O olho, órgão da percepção visual, é, de modo natural e quase

Dezembro. 2016

93-309, set./dez. 2016

guarana

Os índios se assustaram: não havia a de chuva... Todos fizeram silêncio. Naiara

fechou os olhos e assim ficou por longos minutos. Ao abri-los, contou ao grupo que o trovão era uma mensagem de Tupã. O deus queria

la perda de Alupá. Pedia que ela plantasse os olhos do filho, como se fossem sementes; deles nasceria um arbusto milagroso, cujos frutos trariam felicidade. (SALERNO, 2006, p. 29).

Assim, nasce o fruto da lenda: “Os olhos de Alupá foram plantados num

iro. Todas as tardes, Naiara regava a terra com carinho. Certo dia nasceu

uma planta bonita, que cresceu muito depressa. Era um pé de guaraná”.

O olho é considerado o órgão de percepção sensitiva, o

espelho, como janela

visual, é, de modo natural e quase

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

universal, o símbolo da percepção intelectual

1998, pág. 653). Quando maduro

branca e sementes negras (Figura 2) e que se assemelham aos olhos humanos.

A palavra guaraná é de origem indígena, pois deriva da palavra tupi

wara’ná, e o nome científico é

guaraná é uma planta típica da floresta amazônica, um arbusto trepador que

chega a atingir 10 metros, de casc

frutos produzem sementes com propriedades medicinais, principalmente,

tonificantes e estomacais. Em função de suas propriedades estimulantes é

usado em xaropes, chás e bebidas energéticas, inclusive na fabricaç

refrigerantes.

No Dicionário das Plantas Úteis do Brasil

seguinte definição para o Guaraná: “O guaranazeiro tem memorável história; foi

a árvore sagrada dos índios Maués. Fornecia

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

universal, o símbolo da percepção intelectual”. (GHEERBRANT;

Quando maduro, o fruto do guaraná é avermelhado com polpa

branca e sementes negras (Figura 2) e que se assemelham aos olhos humanos.

Figura 2: Imagem do fruto do guaraná Fonte: www.google.com.br

A palavra guaraná é de origem indígena, pois deriva da palavra tupi

, e o nome científico é Paullinia cupana, da família das sapindáceas. O

guaraná é uma planta típica da floresta amazônica, um arbusto trepador que

tingir 10 metros, de casca escura e flores grandes e aromáticas, cujos

frutos produzem sementes com propriedades medicinais, principalmente,

tonificantes e estomacais. Em função de suas propriedades estimulantes é

usado em xaropes, chás e bebidas energéticas, inclusive na fabricaç

Dicionário das Plantas Úteis do Brasil (1985, p. 376) encontramos a

seguinte definição para o Guaraná: “O guaranazeiro tem memorável história; foi

a árvore sagrada dos índios Maués. Fornecia-lhes alimento e meios de curar as

Dezembro. 2016

93-309, set./dez. 2016

GHEERBRANT; CHEVALIER,

o fruto do guaraná é avermelhado com polpa

branca e sementes negras (Figura 2) e que se assemelham aos olhos humanos.

A palavra guaraná é de origem indígena, pois deriva da palavra tupi

, da família das sapindáceas. O

guaraná é uma planta típica da floresta amazônica, um arbusto trepador que

a escura e flores grandes e aromáticas, cujos

frutos produzem sementes com propriedades medicinais, principalmente,

tonificantes e estomacais. Em função de suas propriedades estimulantes é

usado em xaropes, chás e bebidas energéticas, inclusive na fabricação de

p. 376) encontramos a

seguinte definição para o Guaraná: “O guaranazeiro tem memorável história; foi

lhes alimento e meios de curar as

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

moléstias, preparava e sustentava o organismo. O Guaraná é um dos mais

preciosos e mais vantajosos medicamentos da terapêutica moderna.”

Um dos representantes industriais

guaraná é o Tuchaua, produzido pel

regional Tuchaua em 1974. Segundo o fabricante

(http://www.gruposimoes.com.br):

Foi lançado com sabor diferenciado, graças ao fruto do guaraná extraído da Amazônia, que é fonte de inspiração para uma das mais belas lendas dareforça a identidade local e os valores da 'nossa terra'.produto está disponível nas versões tradicional encorpado; champ

Interessante perceber que apes

guaraná reforça a identidade local e os valores da nossa terra”

vende a versão “champ”

francesa: champanhe,

identidade e os valores ditos da

que é o franqueado na região Norte da The Coca

utiliza como mote para vender o produto

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

as, preparava e sustentava o organismo. O Guaraná é um dos mais

preciosos e mais vantajosos medicamentos da terapêutica moderna.”

Um dos representantes industriais dos refrigerantes fabricados

guaraná é o Tuchaua, produzido pelo Grupo Simões que adquiriu o guaraná

regional Tuchaua em 1974. Segundo o fabricante, em seu

(http://www.gruposimoes.com.br):

Foi lançado com sabor diferenciado, graças ao fruto do guaraná extraído da Amazônia, que é fonte de inspiração para uma das mais belas lendas da região. Presente no mercado desde 1944, o guaraná reforça a identidade local e os valores da 'nossa terra'.produto está disponível nas versões tradicional encorpado; champ – mais claro e suave.

Interessante perceber que apesar do discurso ufanista

guaraná reforça a identidade local e os valores da nossa terra”

vende a versão “champ” que é uma abreviatura rudimentar da palavra

e que não tem nenhuma ligação cultural com

os valores ditos da “nossa terra”. E mais ainda, o

na região Norte da The Coca-Cola Company

utiliza como mote para vender o produto o slogan “O Guaraná da nossa terra”.

Dezembro. 2016

93-309, set./dez. 2016

as, preparava e sustentava o organismo. O Guaraná é um dos mais

preciosos e mais vantajosos medicamentos da terapêutica moderna.”

dos refrigerantes fabricados à base de

adquiriu o guaraná

em seu site

Foi lançado com sabor diferenciado, graças ao fruto do guaraná extraído da Amazônia, que é fonte de inspiração para uma das mais

região. Presente no mercado desde 1944, o guaraná reforça a identidade local e os valores da 'nossa terra'. Atualmente, o produto está disponível nas versões tradicional – mais escuro e

ufanista de que “o

guaraná reforça a identidade local e os valores da nossa terra”, a companhia

que é uma abreviatura rudimentar da palavra

nenhuma ligação cultural com a

Grupo Simões,

Company, desde 1970,

“O Guaraná da nossa terra”.

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

Figura 3: Fotografia de um cartaz do guaraná Tuchaua colado na parede de um bar.Fonte: Arquivo do autor

Como modelo de análise da peça publicitária em questão

os estudos concernentes aos quali

mensagens, além de levarmos em consideração os efeitos interpretativos

puramente emocionais, os reativos e os lógicos.

No caso do quali

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

Figura 3: Fotografia de um cartaz do guaraná Tuchaua colado na parede de um bar. Fonte: Arquivo do autor

Como modelo de análise da peça publicitária em questão

os estudos concernentes aos quali-signos, os sin-signos e os legi

mensagens, além de levarmos em consideração os efeitos interpretativos

puramente emocionais, os reativos e os lógicos.

No caso do quali-signo icônico, seu objeto imediato tem sempre um

Dezembro. 2016

93-309, set./dez. 2016

Como modelo de análise da peça publicitária em questão, utilizaremos

signos e os legi-signos das

mensagens, além de levarmos em consideração os efeitos interpretativos

signo icônico, seu objeto imediato tem sempre um

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

caráter descritivo, pois estes determinam seus objetos dinâmicos, declarando seus caracteres. No caso do sinimediato é um designativo, pois dirige a retina mental do intérprete para o objeto dinâmico em questão. No caso do legiseu objeto imediato tem a natureza de um copulantexpressa as relações lógicas destes objetos com o seu objeto dinâmico. (SANTAELLA, 2002, p. 16).

Os sin-signos estão representados

do produto em relação ao seu consumo.

em uma narrativa icônica, principalmente a partir das referências mitológicas

e/ou lendárias que compõem sua estrutura narrativa

contada de forma oral ou transcrita para o papel.

peça publicitária do guaraná Tuchaua são o título, o subtítulo, o preço, as

embalagens do produto, a marca e o

O cartaz publicitário do guaraná Tuchaua (Figura

estereótipos comumente utilizados nas mensagens publicitárias para “ve

este tipo de produto e,

relacionados à fauna e

tradicional imagem da modelo sorridente

estampas florais, oferecendo o

pessoas da região amazônica, d

indígenas, trata-se de um

No cartaz, dentro de um balão de pensamento da jovem, encontramos

grafada em letras vermelhas a frase

exclamação: “O resto é lenda!”.

precisar: afinal, o que é um “sabor regional de verdade”

originalmente em determinado lugar,

mesmo sendo um produto fabricado industrialmente que nada tem de original,

nem mesmo o uso da formula “lendária” do guaraná

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

caráter descritivo, pois estes determinam seus objetos dinâmicos, declarando seus caracteres. No caso do sin-signo indicial, seu objeto imediato é um designativo, pois dirige a retina mental do intérprete para o objeto dinâmico em questão. No caso do legiseu objeto imediato tem a natureza de um copulante, pois meramente expressa as relações lógicas destes objetos com o seu objeto dinâmico. (SANTAELLA, 2002, p. 16).

signos estão representados pela lenda do guaraná e as qualidades

do produto em relação ao seu consumo. O mito, como a lenda,

em uma narrativa icônica, principalmente a partir das referências mitológicas

e/ou lendárias que compõem sua estrutura narrativa, conforme sua história é

contada de forma oral ou transcrita para o papel. Já os legi-signos presentes na

publicitária do guaraná Tuchaua são o título, o subtítulo, o preço, as

embalagens do produto, a marca e o slogan.

O cartaz publicitário do guaraná Tuchaua (Figura 3) apresenta

estereótipos comumente utilizados nas mensagens publicitárias para “ve

, no caso específico, os que apresentam

fauna e à flora da Amazônia. Portanto, deparamo

tradicional imagem da modelo sorridente, com um vestido colorido com

estampas florais, oferecendo o produto. Com traços físicos

pessoas da região amazônica, de pele morena, cabelos compridos

uma imagem estereotipada da mulher da região

No cartaz, dentro de um balão de pensamento da jovem, encontramos

em letras vermelhas a frase: “Sabor regional de verdade”

: “O resto é lenda!”. Um primeiro questionamento seria

o que é um “sabor regional de verdade”, um sabor que só existe

originalmente em determinado lugar, em uma região como a amazônica,

mesmo sendo um produto fabricado industrialmente que nada tem de original,

nem mesmo o uso da formula “lendária” do guaraná? A frase citada faz

Dezembro. 2016

93-309, set./dez. 2016

caráter descritivo, pois estes determinam seus objetos dinâmicos, signo indicial, seu objeto

imediato é um designativo, pois dirige a retina mental do intérprete para o objeto dinâmico em questão. No caso do legi-signo simbólico,

e, pois meramente expressa as relações lógicas destes objetos com o seu objeto

da do guaraná e as qualidades

, já se constitui

em uma narrativa icônica, principalmente a partir das referências mitológicas

conforme sua história é

signos presentes na

publicitária do guaraná Tuchaua são o título, o subtítulo, o preço, as

) apresenta diversos

estereótipos comumente utilizados nas mensagens publicitárias para “vender”

apresentam ingredientes

flora da Amazônia. Portanto, deparamo-nos com a

um vestido colorido com

peculiares às

cabelos compridos e feições

da região.

No cartaz, dentro de um balão de pensamento da jovem, encontramos

: “Sabor regional de verdade”, seguida da

Um primeiro questionamento seria o de

um sabor que só existe

em uma região como a amazônica,

mesmo sendo um produto fabricado industrialmente que nada tem de original,

? A frase citada faz

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

referência ao slogan que aparece no canto esquerdo do cartaz: “Guaraná

regional de verdade” e

resto são histórias que não existem na realidade, portanto, não verdadeiras,

resto são ainda os refrigerantes concorrentes,

guaraná Tuchaua produzido n

até certo ponto irônica, em razão da grafia do próprio nome do refrigerante,

qual o Tuchaua da marca é grafado com ‘CH” e não com “X”

é registrado na maioria d

qual provém o nome da marca de refrigerante aparece grafad

Dicionário Aurélio da Língua

Tuxaua. (Do tupi.) S. m. Bras. 1. V. morubixaba. “O trepresentantes da lei e do dogma, guardam segredos invioláveis, só transmissíveis aos substitutos na hora da morte.” (Raimundo Morais, País das Pedras Verdes, p. 290

Originalmente da língua dos tupis,

do regionalismo brasileiro com uma classificação simbólica encontrada em

diversos dicionários brasileiros

‘capitão ou qualquer pessoa que tiver mando’, ‘chefe temporal’, ‘indivíduo

influente no lugar em que mora’, ‘indivíduo valentão’, ‘manda

liderança tupi’.

O mesmo vocábulo grafado com “x” também é encontrado no Dicionário

Brasileiro de Língua Portuguesa (1977), editado pela Mirador Internacional; no

Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (2009), editado pela Academia

Brasileira de Letras. Somente no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa

(1995), organizado por José Pedro Machado e que afirma ser composto com a

mais antiga documentação escrita e conhecida

estudados, é encontrada a grafia com “ch”

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

que aparece no canto esquerdo do cartaz: “Guaraná

e que remete à afirmação “O resto é lenda!

resto são histórias que não existem na realidade, portanto, não verdadeiras,

os refrigerantes concorrentes, pois, só o sabor do

Tuchaua produzido na Amazônia é verdadeiro. A afirmação chega a ser

até certo ponto irônica, em razão da grafia do próprio nome do refrigerante,

Tuchaua da marca é grafado com ‘CH” e não com “X” de “

a maioria dos dicionários da língua portuguesa. O vocábulo do

m o nome da marca de refrigerante aparece grafad

íngua Portuguesa (2009) como:

Tuxaua. (Do tupi.) S. m. Bras. 1. V. morubixaba. “O trepresentantes da lei e do dogma, guardam segredos invioláveis, só transmissíveis aos substitutos na hora da morte.” (Raimundo Morais, País das Pedras Verdes, p. 290-291.) 2. Pej. Chefe político

Originalmente da língua dos tupis, tuwi’xawa, “tuxaua” é um substantivo

do regionalismo brasileiro com uma classificação simbólica encontrada em

diversos dicionários brasileiros, com os seguintes significados para o termo:

‘capitão ou qualquer pessoa que tiver mando’, ‘chefe temporal’, ‘indivíduo

fluente no lugar em que mora’, ‘indivíduo valentão’, ‘manda-chuva’, ‘cacique

O mesmo vocábulo grafado com “x” também é encontrado no Dicionário

Brasileiro de Língua Portuguesa (1977), editado pela Mirador Internacional; no

tográfico da Língua Portuguesa (2009), editado pela Academia

omente no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa

(1995), organizado por José Pedro Machado e que afirma ser composto com a

mais antiga documentação escrita e conhecida de muitos dos vocábulos

, é encontrada a grafia com “ch”; contudo é interessante observar que

Dezembro. 2016

93-309, set./dez. 2016

que aparece no canto esquerdo do cartaz: “Guaraná

O resto é lenda!” Ou seja, o

resto são histórias que não existem na realidade, portanto, não verdadeiras, e o

is, só o sabor do autêntico

A afirmação chega a ser

até certo ponto irônica, em razão da grafia do próprio nome do refrigerante, na

“Tuxaua”, como

O vocábulo do

m o nome da marca de refrigerante aparece grafado no Novo

Tuxaua. (Do tupi.) S. m. Bras. 1. V. morubixaba. “O tuxaua e o pajé, representantes da lei e do dogma, guardam segredos invioláveis, só transmissíveis aos substitutos na hora da morte.” (Raimundo Morais,

291.) 2. Pej. Chefe político.

é um substantivo

do regionalismo brasileiro com uma classificação simbólica encontrada em

com os seguintes significados para o termo:

‘capitão ou qualquer pessoa que tiver mando’, ‘chefe temporal’, ‘indivíduo

chuva’, ‘cacique -

O mesmo vocábulo grafado com “x” também é encontrado no Dicionário

Brasileiro de Língua Portuguesa (1977), editado pela Mirador Internacional; no

tográfico da Língua Portuguesa (2009), editado pela Academia

omente no Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa

(1995), organizado por José Pedro Machado e que afirma ser composto com a

de muitos dos vocábulos

; contudo é interessante observar que

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

nas versões anteriores do mesmo dicionário, a palavra

grafada com “x”.

Ao lado da imagem da modelo encontra

pensamento com as duas frases argumentativ

referência ao produto/guaraná,

de três embalagens do produto,

do cartaz: garrafa de vidro de

de 1litro.

Publicitariamente,

identifique o produto ou a marca de forma positiva, tanto que o mote proposto

na mensagem do cartaz

exclusividade, ao encontrarmos

canto inferior esquerdo do cartaz

qual está inscrito o slogan

palavras “sabor” por “guaraná”

regional e de verdadeiro.

guaraná Tuchaua e os benefícios apregoados pelo produto nós consideramos o

objeto dinâmico; bem como aquilo que o ícone é capaz de sugeri

único, sem igual” como mensagem sugerida para o público

produto/refrigerante.

A parte que mais se destaca no cartaz é a fotografia da modelo feminina

na qual ela segura uma lat

faz um gesto de oferecimento do produto aos consumidores.

Sabemos que as cores possuem um caráter simbólico universal,

conforme afirmam Gheeerbrant e Chevalier (1998):

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

nas versões anteriores do mesmo dicionário, a palavra “Tuchaua

Ao lado da imagem da modelo encontra-se a ilustração de um balã

pensamento com as duas frases argumentativas já citadas e que fazem

ncia ao produto/guaraná, Abaixo, encontramos a reprodução fotográfica

de três embalagens do produto, dispostas da direita para a esquerda

garrafa de vidro de 250 ml, garrafa pet de 600 ml e a garrafa de vidro

, toda mensagem deve propor uma argumentação que

identifique o produto ou a marca de forma positiva, tanto que o mote proposto

na mensagem do cartaz “O sabor regional de verdade” é reforça

encontrarmos a afirmação: o guaraná regional de verdade

canto inferior esquerdo do cartaz, a ilustração da marca do refrigerante

slogan: “O Guaraná regional de verdade”.

palavras “sabor” por “guaraná”, no título, é uma forma de reforçar

regional e de verdadeiro. No caso da peça publicitária, a fotografia do próprio

guaraná Tuchaua e os benefícios apregoados pelo produto nós consideramos o

dinâmico; bem como aquilo que o ícone é capaz de sugeri

único, sem igual” como mensagem sugerida para o público

A parte que mais se destaca no cartaz é a fotografia da modelo feminina

na qual ela segura uma lata do refrigerante com uma das mãos e

faz um gesto de oferecimento do produto aos consumidores.

Sabemos que as cores possuem um caráter simbólico universal,

conforme afirmam Gheeerbrant e Chevalier (1998):

Dezembro. 2016

93-309, set./dez. 2016

Tuchaua” aparece

se a ilustração de um balão de

as já citadas e que fazem

encontramos a reprodução fotográfica

dispostas da direita para a esquerda, na base

a garrafa de vidro

toda mensagem deve propor uma argumentação que

identifique o produto ou a marca de forma positiva, tanto que o mote proposto

reforçado na sua

guaraná regional de verdade. No

a ilustração da marca do refrigerante, sob a

Uma troca de

r o conceito de

fotografia do próprio

guaraná Tuchaua e os benefícios apregoados pelo produto nós consideramos o

dinâmico; bem como aquilo que o ícone é capaz de sugerir, o de “sabor

único, sem igual” como mensagem sugerida para o público-alvo do

A parte que mais se destaca no cartaz é a fotografia da modelo feminina,

e, com a outra,

Sabemos que as cores possuem um caráter simbólico universal,

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

O primeiro caráter do simbolismo das não só geográfica mas também em todos os níveis do ser e do conhecimento, cosmológico, psicológico, místico etc. As interpretações podem variar. O vermelho, por exemplo, recebe diversas significações conforme as culturas. As centanto, sempre e sobretudo como fundamentos do pensamento simbólico. (GHEERBRANT e CHEVALIER, 1998, p. 250).

Uma embalagem/

sua visualidade, diversas cores, portanto, o

autenticidade com relação

se do “velho estereótipo” da cor verde como

ao utilizar o verde como cor representativa da floresta amazônica e que

simboliza a cor da natureza

O verde é a cor do reino vegregeneradoras e lustrais nas quais o batismo tem todo o seu significado simbólico. O verde é o despertar das águas primordiais, o verde é o despertar da vida. (939)

Como afirma Otacílio

como expressão dessa integração com o signo que representa a região”, e mais

ainda:

Um olhar sobre os objetos e produtos que se inspiram na Amazôniacomo forma simbólica nos leva à cor verde como uma espécie de síntese integradora estética que se constitui como elemento visual que denominamos marca Amazônia. (AMARAL FILHO, 2011, p. 83).

A comunicação publicitária da peça n

cores básicas do fruto do guaraná são: vermelho, preto e branco.

uso da cor vermelha seria o mais adequado tanto em relação

guaraná, bem como em relação

da “paixão” da tribo pelo belo e jovem índio

conceito de amor e de fertilidade, como também é utilizada para sugerir paixão

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

O primeiro caráter do simbolismo das cores é a sua universalidade, não só geográfica mas também em todos os níveis do ser e do conhecimento, cosmológico, psicológico, místico etc. As interpretações podem variar. O vermelho, por exemplo, recebe diversas significações conforme as culturas. As cores permanecem, no entanto, sempre e sobretudo como fundamentos do pensamento simbólico. (GHEERBRANT e CHEVALIER, 1998, p. 250).

Uma embalagem/marca é uma produtora de sentido que envolve

diversas cores, portanto, outro ponto a destacar no cartaz é a

autenticidade com relação à cor da marca de refrigerante Tuchaua

se do “velho estereótipo” da cor verde como matiz básico da peça publicitária

ao utilizar o verde como cor representativa da floresta amazônica e que

a cor da natureza:

O verde é a cor do reino vegetal se reafirmando, graças às áregeneradoras e lustrais nas quais o batismo tem todo o seu significado simbólico. O verde é o despertar das águas primordiais, o verde é o despertar da vida. (GHEERBRANT; CHEVALIER, 1998, pág. 939).

Otacílio Amaral Filho (2011), “há o predomínio do verde

como expressão dessa integração com o signo que representa a região”, e mais

Um olhar sobre os objetos e produtos que se inspiram na Amazôniacomo forma simbólica nos leva à cor verde como uma espécie de síntese integradora estética que se constitui como elemento visual que denominamos marca Amazônia. (AMARAL FILHO, 2011, p. 83).

A comunicação publicitária da peça não leva em consideração que a

cores básicas do fruto do guaraná são: vermelho, preto e branco.

uso da cor vermelha seria o mais adequado tanto em relação à cor do fruto do

guaraná, bem como em relação à sua lenda e que remete ao fruto

da tribo pelo belo e jovem índio. A cor vermelha está ligada ao

conceito de amor e de fertilidade, como também é utilizada para sugerir paixão

Dezembro. 2016

93-309, set./dez. 2016

cores é a sua universalidade, não só geográfica mas também em todos os níveis do ser e do conhecimento, cosmológico, psicológico, místico etc. As interpretações podem variar. O vermelho, por exemplo, recebe

ores permanecem, no entanto, sempre e sobretudo como fundamentos do pensamento simbólico. (GHEERBRANT e CHEVALIER, 1998, p. 250).

marca é uma produtora de sentido que envolve, em

car no cartaz é a

cor da marca de refrigerante Tuchaua, ao utilizar-

matiz básico da peça publicitária

ao utilizar o verde como cor representativa da floresta amazônica e que

etal se reafirmando, graças às águas regeneradoras e lustrais nas quais o batismo tem todo o seu significado simbólico. O verde é o despertar das águas primordiais, o

GHEERBRANT; CHEVALIER, 1998, pág.

Amaral Filho (2011), “há o predomínio do verde

como expressão dessa integração com o signo que representa a região”, e mais

Um olhar sobre os objetos e produtos que se inspiram na Amazônia como forma simbólica nos leva à cor verde como uma espécie de síntese integradora estética que se constitui como elemento visual que denominamos marca Amazônia. (AMARAL FILHO, 2011, p. 83).

ão leva em consideração que as

cores básicas do fruto do guaraná são: vermelho, preto e branco. Portanto, o

cor do fruto do

que remete ao fruto do “amor” e

. A cor vermelha está ligada ao

conceito de amor e de fertilidade, como também é utilizada para sugerir paixão

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

e erotismo. Por fim, a lenda indígena do guaraná dá ao produto/refrigerante

uma narrativa com cores de originali

Conclusões mitomidiáticas

Pretendemos, ao estuda

como a comunicação publicitária se utiliza de

seus códigos, seus símbolos, suas regras, como fio condutor das suas

mitomidiatizações decorrentes do uso da publicidade e da propaganda como

espaço de comunicação com os públicos

publicitárias.

A publicidade coloca em cena e reconstitui universos de referência. Estes podem ficar circunscrlugares conhecidos etc.), corresponder a práticas sociais (trabalho, lazer...), familiares, individuais, comportamentais (sedução...). Eles podem igualmente estar implícitos em espaços míticos pré(religião,pureza, a aventura etc.), ou, mais raramente, estar incorporados ao próprio produto, como é o caso do automóvel, saturado, em nossas sociedades, de investimentos simbólicos maciços (SOULAGES, 1996, p.151).

Desse modo, o universo da produção no modo capitalista se confunde

com a própria realidade, ao construir, muitas vezes, uma realidade imaginada,

edificada em centímetros

um anúncio publicitário em jo

(altura) por colunas (largura)

publicitário exerce sobre as pessoas, as massas, a sociedade, pois, no mundo

dos anúncios, geralmente a cidade é perfeita, a fa

alegres, as mulheres são bonitas, os homens são viris, a vida é bela e a morte

não existe. Ou seja, a publicidade vai construindo outra realidade como produto

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

lenda indígena do guaraná dá ao produto/refrigerante

uma narrativa com cores de originalidade.

mitomidiáticas

estudar os mitos amazônicos, compreender e aprender

como a comunicação publicitária se utiliza de suas narrativas, seus discursos,

seus códigos, seus símbolos, suas regras, como fio condutor das suas

mitomidiatizações decorrentes do uso da publicidade e da propaganda como

espaço de comunicação com os públicos-alvo a serem atingidos pelas peças

A publicidade coloca em cena e reconstitui universos de referência. Estes podem ficar circunscritos no espaço (a cidade, a natureza, lugares conhecidos etc.), corresponder a práticas sociais (trabalho, lazer...), familiares, individuais, comportamentais (sedução...). Eles podem igualmente estar implícitos em espaços míticos pré(religião, romances, filmes etc.), ou simbológicos (o exotismo, a pureza, a aventura etc.), ou, mais raramente, estar incorporados ao próprio produto, como é o caso do automóvel, saturado, em nossas sociedades, de investimentos simbólicos maciços (SOULAGES, 1996, p.151).

Desse modo, o universo da produção no modo capitalista se confunde

com a própria realidade, ao construir, muitas vezes, uma realidade imaginada,

edificada em centímetros (referência à centimetragem: o espaço ocupado por

um anúncio publicitário em jornal, revista etc., e que é medido em centímetros

(altura) por colunas (largura). Esse é um dos grandes fascínios que o universo

publicitário exerce sobre as pessoas, as massas, a sociedade, pois, no mundo

dos anúncios, geralmente a cidade é perfeita, a família é feliz, as crianças são

alegres, as mulheres são bonitas, os homens são viris, a vida é bela e a morte

não existe. Ou seja, a publicidade vai construindo outra realidade como produto

Dezembro. 2016

93-309, set./dez. 2016

lenda indígena do guaraná dá ao produto/refrigerante

compreender e aprender

suas narrativas, seus discursos,

seus códigos, seus símbolos, suas regras, como fio condutor das suas

mitomidiatizações decorrentes do uso da publicidade e da propaganda como

alvo a serem atingidos pelas peças

A publicidade coloca em cena e reconstitui universos de referência. itos no espaço (a cidade, a natureza,

lugares conhecidos etc.), corresponder a práticas sociais (trabalho, lazer...), familiares, individuais, comportamentais (sedução...). Eles podem igualmente estar implícitos em espaços míticos pré-existentes

romances, filmes etc.), ou simbológicos (o exotismo, a pureza, a aventura etc.), ou, mais raramente, estar incorporados ao próprio produto, como é o caso do automóvel, saturado, em nossas sociedades, de investimentos simbólicos maciços (SOULAGES, 1996, p.

Desse modo, o universo da produção no modo capitalista se confunde

com a própria realidade, ao construir, muitas vezes, uma realidade imaginada,

(referência à centimetragem: o espaço ocupado por

rnal, revista etc., e que é medido em centímetros

sse é um dos grandes fascínios que o universo

publicitário exerce sobre as pessoas, as massas, a sociedade, pois, no mundo

mília é feliz, as crianças são

alegres, as mulheres são bonitas, os homens são viris, a vida é bela e a morte

não existe. Ou seja, a publicidade vai construindo outra realidade como produto

ISSN nº 2447-4266

DOI: http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447

de um mundo idealizado, um espelho mágico que desse mundo só refle

coisas boas.

Portanto, como mitos e lendas cotidianas,

publicitárias se constituem num riquíssimo objeto de estudo, repleto de

possibilidades na construção de imaginários sociais da

as produz. No caso dest

pesquisa, “As narrativas mitomidiatizadas propagandeadas sobre a Amazônia

pela publiCIDADE”, principalmente lendas e mitos apresentados e

descortinados pelo discurso construtor da publicidade,

criativo para a elaboração das mensagens publicitárias, como no caso do

guaraná Tuchaua. Assim,

[...] fragmentos da mitologia consumista da sociedade moderna de um dado período histórico, deentre o produto e o consumidor não é mais apenas vivida, mas se torna abstrata ao se midiatizar em uma relação objetoconsumo. (

Por fim, não devemos perder de vista que tanto as narrativas

mitomidiatizadas através das lendas e mitos pela publicidade trazem e fazem

referência às realidades de épocas, de lugares, de regiões, de povos e de

sociedades que devem ter seus contextos histó

sociais analisados sem perder a

Referências

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Amazônia. In: MALCHER, Maria Ataíde; SEIXAS, Netília Silva dos Anjos; LIMA,

Vol. 2, n. 5, Setembro-Dezembro.

http://dx.doi.org/10.20873/uft.2447-4266.2016v2n5p293

Revista Observatório, Palmas, v. 2, n. 5, p. 293

de um mundo idealizado, um espelho mágico que desse mundo só refle

Portanto, como mitos e lendas cotidianas, as narrativas e as mensagens

publicitárias se constituem num riquíssimo objeto de estudo, repleto de

possibilidades na construção de imaginários sociais da própria

so deste artigo como parte integrante da reflexão de noss

“As narrativas mitomidiatizadas propagandeadas sobre a Amazônia

principalmente lendas e mitos apresentados e

descortinados pelo discurso construtor da publicidade, como

criativo para a elaboração das mensagens publicitárias, como no caso do

Assim,

podemos ver os reclames e os anúncios comerciais como fragmentos da mitologia consumista da sociedade moderna de um dado período histórico, de qualquer lugar do mundo. E essa relação entre o produto e o consumidor não é mais apenas vivida, mas se torna abstrata ao se midiatizar em uma relação objetoconsumo. (SANTOS, 2010, p.23).

Por fim, não devemos perder de vista que tanto as narrativas

mitomidiatizadas através das lendas e mitos pela publicidade trazem e fazem

s realidades de épocas, de lugares, de regiões, de povos e de

sociedades que devem ter seus contextos históricos, econômicos, culturais e

sociais analisados sem perder a aura dos seus imaginários.

AMARAL FILHO, Otacílio. Verde que te quero verde: a estética da marca

Amazônia. In: MALCHER, Maria Ataíde; SEIXAS, Netília Silva dos Anjos; LIMA,

Dezembro. 2016

93-309, set./dez. 2016

de um mundo idealizado, um espelho mágico que desse mundo só reflete as

as narrativas e as mensagens

publicitárias se constituem num riquíssimo objeto de estudo, repleto de

própria sociedade que

e artigo como parte integrante da reflexão de nossa

“As narrativas mitomidiatizadas propagandeadas sobre a Amazônia

principalmente lendas e mitos apresentados e

como argumento

criativo para a elaboração das mensagens publicitárias, como no caso do

podemos ver os reclames e os anúncios comerciais como fragmentos da mitologia consumista da sociedade moderna de um

qualquer lugar do mundo. E essa relação entre o produto e o consumidor não é mais apenas vivida, mas se torna abstrata ao se midiatizar em uma relação objeto-signo de

Por fim, não devemos perder de vista que tanto as narrativas

mitomidiatizadas através das lendas e mitos pela publicidade trazem e fazem

s realidades de épocas, de lugares, de regiões, de povos e de

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