pontifícia universidade católica de minas gerais ... · the development of white spot lesions....

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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais Departamento de Odontologia EFEITOS DA DESPROTEINIZAÇÃO DO ESMALTE NA COLAGEM DE BRAQUETES METÁLICOS COM CIMENTO DE IONÔMERO DE VIDRO TATIANA BAHIA JUNQUEIRA PEREIRA Belo Horizonte 2010

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Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Departamento de Odontologia

EFEITOS DA DESPROTEINIZAÇÃO DO ESMALTE NA COLAGEM D E

BRAQUETES METÁLICOS COM CIMENTO DE IONÔMERO DE VID RO

TATIANA BAHIA JUNQUEIRA PEREIRA

Belo Horizonte 2010

Tatiana Bahia Junqueira Pereira

EFEITOS DA DESPROTEINIZAÇÃO DO ESMALTE NA COLAGEM D E

BRAQUETES METÁLICOS COM CIMENTO DE IONÔMERO DE VIDR O

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado em Odontologia da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Odontologia. Área de concentração: Ortodontia.

Orientador: Prof. Dr. Dauro Douglas Oliveira Co-orientador: Prof. Dr. Wellington Corrêa Jansen

Belo Horizonte 2010

FICHA CATALOGRÁFICA Elaborada pela Biblioteca da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Pereira, Tatiana Bahia Junqueira P436e Efeitos da desproteinização do esmalte na colagem de braquetes metálicos com

cimento de ionômero de vidro / Tatiana Bahia Junqueira Pereira. Belo Horizonte, 2010.

44f. : il. Orientador: Dauro Douglas Oliveira Co-orientador: Wellington Corrêa Jansen Dissertação (Mestrado) – Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.

Programa de Pós-Graduação em Odontologia. 1. Desmineralização do dente. 2. Hipoclorito de sódio. 3. Esmalte dentário. 4.

Braquetes ortodônticos. 5. Cimento de ionômero de vidro. I. Oliveira, Dauro Douglas. II. Jansen, Wellington Corrêa. III. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais. Programa de Pós-Graduação em Odontologia. IV. Título.

CDU: 616.314

FOLHA DE APROVAÇÃO

A DEUS, A quem tudo devo, E com quem tudo posso;

Aos meus pais, meus maiores mestres, pelo exemplo de honestidade, profissionalismo e simplicidade, que não mediram esforços para a realização deste curso: agradeço-lhes por tudo;

Aos meus irmãos, Léo, Guti e Gabi, pelo apoio e amor incondicional, mesmo com minhas ausências;

Ao Henrique, meu grande amor, por estar ao meu lado em todos os momentos, pelo carinho, compreensão e incentivo; dedico este trabalho.

AGRADECIMENTO ESPECIAL

Ao professor Dr. DAURO DOUGLAS OLIVEIRA , Coordenador do Curso de Mestrado em Ortodontia do Departamento de Odontologia da PUC-Minas, agradeço-lhe pela confiança, pelo incentivo, pelo exemplo e pela cobrança, o que me fez crescer

muito durante este curso. E ainda, pela dedicação na elaboração deste trabalho.

Agradeço, ainda: Ao meu co-orientador Professor Dr. Wellington Corrêa Jansen, que sempre presente não mediu esforços para realização deste trabalho; Ao Professor Dr. Roberval de Almeida Cruz, Coordenador Geral dos Programas de Mestrado em Ortodontia do Departamento de Odontologia da PUC-Minas; À congregação deste Departamento, composto por dignos professores, alunos e funcionários; Aos professores do Curso de Mestrado em Ortodontia: Dr. Heloísio e Dr. Hélio pelo apoio, carinho e incentivo, Dr. Flávio e Dr. José Maurício pela amizade, Dr. José Eymard pela ajuda na elaboração deste trabalho, Dr. Armando, Dr. Ildeu pela paciência, Dr. Júlio e Dr. Ênio pelos ensinamentos, Dr. Bernardo pela confiança e Dr. Tarcísio pelo respeito, admiração e dedicação. Ao Dr. Eustáquio Afonso Araújo pela indicação, carinho e confiança; À Dra. Mariana Quinaud, minha grande amiga, que me ajudou na coleta dos dentes; Ao Willian, pela grande ajuda na montagem dos mesmos; À Kika pela disponibilidade e boa vontade; Ao Cetec, em especial ao Ademir Duarte, pela competência, atenção e dedicação; Ao Professor Dr. Marinho Horta, pela disponibilidade na elaboração das análises estatísticas; Aos meus colegas, Adriana, Cybelle, Flávia, Larissa e Lucas pela convivência e companheirismo durante todo o curso. Em especial Dri e Fla pela amizade e por tornar o curso mais divertido; Aos colegas da turma IX, XI e XII, pela agradável convivência, em especial Fefê e Camila; Aos funcionários da Pós-Graduação em Odontologia, Lorraine, Vivían, Alcides, Diego, Toninha, Mariângela, Ana Paula, Silvana, Ângélica, Roberto, Vitório, Jean, Alenice, Andreza, Cristiane, Cristina, Luzia, Luciene, Joseane, Leide, Vera e Marli, pela ajuda e atenção durante o curso;

À professora de Português, Ana Flávia Godoy, pela competência na revisão deste trabalho; As minhas grandes amigas, Sarah, Letícia, Thaís e Pati, por me apoiarem e torcerem por mim; A toda minha família e a família do Henrique; E a todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para a concretização deste trabalho, meu muito obrigado.

“Aqueles que estão apaixonados pela prática sem a ciência são iguais ao piloto que navega sem leme ou bússula e nunca tem certeza para onde vai. A prática deve estar sempre baseada

em um perfeito conhecimento da teoria”.

Leonardo da Vinci

RESUMO A colagem de braquetes com cimento de ionômero de vidro (CIV) é uma alternativa para

minimizar o aparecimento de lesões de mancha branca. Entretanto, seu uso ainda é restrito devido

à obtenção de forças de união inferiores as das resinas. Esse trabalho avaliou os efeitos da

desproteinização do esmalte com hipoclorito de sódio (NaOCl- 5,25%) para melhorar a colagem

de braquetes metálicos com CIV convencional (CIVC) e modificado por resina (CIVMR). Cem

pré-molares humanos extraídos por razões ortodônticas foram aleatoriamente distribuídos em 5

grupos (n=20) assim denominados: G1 (controle), braquetes colados com resina; G2: esmalte

condicionado com ácido poliacrílico (PAA) a 10% e colagem com CIVC; G3: desproteinização

com NaOCl a 5,25% por 1 min, preparo com PAA e colagem com CIVC; G4: condicionamento

com PAA e colagem com CIVMR; G5: tratamento do esmalte com NaOCl, preparo com PAA e

colagem com CIVMR. Após a colagem, os dentes foram armazenados em água destilada por 24

horas, em temperatura ambiente, até serem submetidos ao teste de cisalhamento. A superfície

vestibular dos pré-molares e a base dos braquetes foram analisadas para determinação do índice

de adesivo remanescente (IAR). Os valores da força de união do grupo controle foram maiores do

que aqueles registrados nos quatro grupos experimentais (p<0,05). O uso do NaOCl não

aumentou significativamente a força de união das amostras coladas com CIVC ou CIVMR

(p>0,05). Os valores médios da força de cisalhamento de G2 (3,43 ± 1,94 MPa) e G3 (3,92 ± 1,57

MPa) estão abaixo do mínimo considerado clinicamente aceitável. Por outro lado os valores dos

grupos colados com CIVMR, G4 (8,60 ± 5,29 MPa) e G5 (9,86 ± 2,90 MPa), estão acima desse

valor mínimo. Em relação ao IRA, os grupos onde o esmalte foi desproteinizado com NaOCl

apresentaram comportamento semelhante ao grupo controle. O tratamento do esmalte dentário

com hipoclorito de sódio a 5,25% antes do condicionamento com ácido poliacrílico não

aumentou de forma significante a força de união dos braquetes metálicos colados com cimento de

ionômero de vidro convencional e modificado por resina.

Palavras-chave: Descalcificação patológica. Cimentos de ionômero de vidro. Hipoclorito de

Sódio.

ABSTRACT

The use of Glass ionomer cements (GIC) to bond orthodontic brackets is an attempt to minimize

the development of white spot lesions. However, lower shear bond strengths compared to those

obtained with composite resin keep GIC use in orthodontics limited. The purpose of this study

was to evaluate the effects of the deproteinization of the enamel with sodium hypoclorite

(NaOCl) to improve the bonding of metallic brackets with conventional and resin-reinforced

GIC. One hundred human premolars extracted for orthodontic purposes were randomly assigned

to 5 groups (n=20). G1 (Control): brackets bonded with composite resin; G2: enamel conditioned

with 10% polyacrílic acid (PAA) and bonding with conventional GIC; G3: deproteinization with

5,25% NaOCl for 1 min, PAA conditioning and bonding with conventional GIC; G4: PAA

conditioning and bonding with resin-reinforced GIC; G5: enamel treatment with NaOCl, PAA

conditioning and bonding with resin-modified GIC. After bonding, all teeth were stored in

distilled water for 24 hours at room temperature until ready for shear bond strength (SBS) testing.

Mean shear bond strength values were recorded for all groups and immediately after debonding,

the buccal surface of the premolars and the bracket bases were inspected to determine the

adhesive remnant index (ARI) values for each sample. SBS values for the control group were

higher than those registered at all experimental groups (p<0,05). The use of NaOCl did not

increase SBS of brackets bonded with either conventional or resin-reinforced GIC (p>0,05). The

mean SBS values for G2 (3,43 ± 1,94 MPa) and G3 (3,92 ± 1,57 MPa) were below the clinically

acceptable values. Conversely, The SBS mean values for those groups bonded with resin-

reinforced GIC - G4 (8,60 ± 5,29 MPa) e G5 (9,86 ± 2,90 MPa) - were above the minimal

required for clinical use. ARI results showed that the NaOCl deproteinization groups had similar

amounts of adhesive at the enamel surface after debonding when compared to the control group.

Enamel treatment with 5,25% sodium hypoclorite prior to PAA conditioning did not significantly

increased the shear bond strength of metallic brackets bonded with either conventional or resin-

reinforced glass ionomer cements.

Key-words: Glass Ionomer. Sodium hypochlorite. White spot lesions.

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1A: Transbond XTTM ............................................................................................ 18

Figura 1B: Riva Lutting TM ................................................................................................ 18

Figura 1C: Fuji Ortho TM ................................................................................................... 18

Figura 2: Condicionadores de esmalte............................................................................. 18

Figura 3: Pré-molar com raízes seccionadas................................................................... 19

Figura 4: Dispositivo de montagem.................................................................................. 20

Figura 5: Coroa do pré-molar suspensa no centro do tubo........................................... 20

Figura 6: Fotopolimerizador............................................................................................. 22

Figura 7: Máquina Universal de Ensaios Mecânicos...................................................... 23

Figura 8: Ponta tipo cinzel................................................................................................ 23

Figura 9: USB Digital Microscope.................................................................................... 24

LISTA DE ABREVIATURAS

CIV – Cimento de Ionômero de Vidro

CIVC – Cimento de Ionômero de Vidro Convencional

CIVMR – Cimento de Ionômero de Vidro Modificado por Resina

NaOCl – Hipoclorito de Sódio

IRA – Índice de Adesivo Remanescente

JCE – Junção Cemento Esmalte

PA – Ácido fosfórico

PAA – Ácido poliacrílico

Mpa – Megapascal

STF – Setor de Testes Físicos

CETEC – Centro Tecnológico de Minas Gerais

LISTA DE ARTIGO

ARTIGO - EFEITOS DA DESPROTEINIZAÇÃO DO ESMALTE NA COLAGEM

DE BRAQUETES COM CIMENTO DE IONÔMERO DE VIDRO..... ......................... 29

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 14

2 OBJETIVOS ............................................................................................................................. 16

2.1 Objetivo geral......................................................................................................................... 16

2.2 Objetivos específicos.............................................................................................................. 16

3 METODOLOGIA..................................................................................................................... 17

3.1 Materiais utilizados ............................................................................................................... 17

3.2 Preparo da amostra ............................................................................................................... 19

3.3 Divisão dos grupos................................................................................................................. 20

3.4 Teste de resistência da união ao cisalhamento.................................................................... 23

3.5 Análise da falha na união...................................................................................................... 24

3.6 Análise Estatística.................................................................................................................. 25

REFERÊNCIAS .......................................................................................................................... 27

APÊNDICE .................................................................................................................................. 29

ANEXO......................................................................................................................................... 44

14

14

1 INTRODUÇÃO

Desde o início da Ortodontia como a primeira especialidade odontológica, até o último

quarto do século XX, a falta de adesão direta dos acessórios ortodônticos à superfície dental

dificultou consideravelmente a atuação clínica dos ortodontistas.

Quando Buonocore introduziu a técnica de condicionamento ácido do esmalte dentário,

foi dado um grandioso e decisivo passo na forma de se praticar a Odontologia e,

consequentemente, a Ortodontia (BUONOCORE, 1955). Várias pesquisas complementaram este

trabalho pioneiro, desenvolvendo a técnica inicial, e, em muitos casos, adaptando-o às

necessidades do cotidiano ortodôntico. O resultado desse longo e importante processo foi a

substituição dos acessórios ortodônticos presos aos dentes por meio de bandas, pelo uso de

braquetes colados diretamente à superfície dentária.

O aperfeiçoamento da técnica fez com que, na virada dos anos 1970 para os 1980, a

colagem direta passasse a ser considerada o padrão ouro para a montagem dos aparelhos

ortodônticos fixos. Dentre muitas vantagens resultantes desta abordagem destacam-se a

diminuição do tempo de cadeira para colocação dos aparelhos e a melhora de sua estética em

razão da diminuição de seu tamanho (PITHON et al., 2006).

Com o passar dos anos, a Ortodontia continuou avançando e, no campo dos materiais

ortodônticos, uma das áreas de maior destaque foi a busca por um material de colagem ideal, ou

seja, que apresentasse características físicas, químicas, mecânicas e biológicas que atendessem às

necessidades clínicas dos ortodontistas. Quais seriam essas propriedades ideais? Apresentar força

de união suficiente para suportar tanto as cargas mastigatórias, quanto àquelas geradas pela

mecânica ortodôntica, sem, contudo, ser tão alta a ponto de colocar em risco a integridade do

esmalte quando da remoção dos acessórios, possuir tempo de trabalho adequado que permitisse

ao ortodontista posicionar corretamente os acessórios e, finalmente, ser biocompatível (IANNI

FILHO et al., 2004).

O uso de aparelhos fixos é um desafio para o paciente na manutenção da higiene bucal

adequada. Durante o tratamento ortodôntico, há um maior risco de desenvolvimento de lesões de

mancha branca (GORELICK, GEIGER e GWINNET, 1982; OGAARD, 1989). Na Ortodontia

essas lesões continuam sendo fonte de intensa preocupação para os profissionais que,

sensibilizados com o problema, estão atentos a novos materiais que amenizem e/ou previnam tais

danos à saúde bucal (PITHON et al., 2006).

15

15

A introdução de um protocolo de bochechos com flúor durante a terapia ortodôntica foi

uma das tentativas testadas, mas se mostrou eficiente em apenas 15% dos pacientes ortodônticos

(GEIGER, GORELICK e GWINNET, 1988). A aplicação de vernizes com altas concentrações de

flúor mostrou reduções de até 44% nas taxas de desmineralização do esmalte, mas suas

aplicações podem ser limitadas pelos custos e tempo de cadeira envolvidos (STECKSÉNBLICKS

et al., 2007). Portanto, a melhor chance para o ortodontista tentar um reforço nas medidas

preventivas talvez resida mesmo na utilização de um material de colagem que libere flúor ao

redor dos acessórios utilizados.

Para a colagem de braquetes, vários materiais estão disponíveis no mercado, dentre eles a

resina composta, que é o padrão ouro, mas não protege o esmalte, pois mesmo naquelas que

liberam flúor, a quantidade de liberação é insuficiente para promover a remineralização do

esmalte. Outro material para a colagem é o cimento de ionômero de vidro (CIV), derivado dos

estudos de Wilson e Kent, em 1972, que, além da biocompatibilidade ao esmalte e à dentina,

apresenta efeito cariostático, por ter ação dos íons fluoreto sobre a área de esmalte envolvida na

colagem (FORSTEN, 1995). Essas propriedades seriam ideais para um material de colagem, mas,

infelizmente, a força de união dos cimentos supracitados mostra-se, clinicamente, baixa

(NEWMAN, NEWMAN E SENGUPTA, 2001; BISHARA et al., 2007).

Buscando-se aumentar a força de união do CIV, surgiram os cimentos de ionômero de

vidro modificados por resina. A incorporação de componentes resinosos gerou uma melhora na

resistência de união à superfície do esmalte, tornando-a mais aceitável do ponto de vista clínico.

Mesmo assim, esta força foi menor, quando comparada com aquela obtida com as resinas

compostas (CHOO, IRELAND E SHERRIFF, 2001; EWOLDSEN E DEMKE, 2001;

WHEELER, FOLEY E MAMANDRAS, 2002).

Recentemente, Espinosa et al., em 2008, sugeriram que o uso do hipoclorito de sódio

(NaOCl) a 5,25%, como um agente desproteinizador, antes do condicionamento ácido,

aumentaria essa força de união pela remoção dos elementos orgânicos, tanto da estrutura do

esmalte, como da película adquirida.

Como essa abordagem é uma ideia nova, foi pouco testada, mas parece ter potencial para

tornar o uso do CIV mais viável clinicamente. Portanto, este trabalho buscou comprovar os

efeitos da desproteinização do esmalte na colagem de braquetes com cimento de ionômero de

vidro convencional e modificado por resina.

16

16

2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo geral

Avaliar os efeitos da desproteinização do esmalte dentário, com hipoclorito de sódio a

5,25%, na força de união de braquetes ortodônticos colados com cimentos de ionômero de vidro.

2.2 Objetivos específicos

• Avaliar se a desproteinização do esmalte com NaOCl, aumenta a força de união

de braquetes metálicos colados com CIV convencional;

• Avaliar se a desproteinização do esmalte com NaOCl, aumenta a força de união

de braquetes metálicos colados com CIV modificado por resina;

• Avaliar o índice de adesivo remanescente (IAR) da superfície do esmalte após a

descolagem dos braquetes colados com CIV convencional;

• Avaliar o índice de adesivo remanescente (IAR) da superfície do esmalte após a

descolagem dos braquetes colados com CIV modificado por resina.

17

17

3 METODOLOGIA

Os procedimentos experimentais descritos neste ítem foram aprovados pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da PUC Minas (Anexo).

3.1 Materiais utilizados:

Três diferentes adesivos, usados para colagem direta em Ortodontia, foram avaliados

neste estudo (Figura 1A, B e C):

1. Transbond XTTM: resina composta fotopolimerizável (3M/Unitek, Monrovia, CA, EUA).

2. Riva LutingTM: cimento de ionômero de vidro convencional autopolimerizável (SDI,

Victoria, Austrália).

3. Fuji Ortho LC CapsuleTM: cimento de ionômero de vidro modificado por resina (Fuji

Ortho LC, GC América, Alsip, IL, EUA).

Dois tipos de condicionadores de esmalte foram usados (Figura 2):

1. Transbond XT Etching GelTM: ácido fosfórico 35% (3M/ Unitek, Monrovia, CA, EUA).

2. Ortho ConditionerTM: ácido poliacrílico 10% (Fuji Ortho LC, GC América, Alsip, IL,

EUA).

Um tipo de desproteinizador de esmalte:

1. Hipoclorito de sódio (NaOCl) a 5,25% (manipulado na Farmácia Lenzafarme, Belo

Horizonte, MG, Brasil).

18

18

Figura 1A: Transbond XTTM Figura 1B: Riva LuttingTM

Figura 1C: Fuji OrthoTM

Figura 2: Condicionadores de esmalte

19

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3.2 Preparo da amostra

Cem pré-molares humanos extraídos por razões ortodônticas foram coletados, limpos de

tecidos moles e armazenados em água destilada à temperatura ambiente até estarem prontos para

o uso. Os dentes foram aleatoriamente distribuídos em cinco grupos de diferentes tratamentos do

esmalte contendo 20 dentes em cada grupo. Como critério de inclusão, os dentes deveriam ter

superfície vestibular intacta, sem lesão cariosa, cavitação e/ou restauração.

As raízes dos pré-molares foram seccionadas com um disco de carburum, cerca de 2 mm

apicalmente à junção cemento esmalte (JCE) para facilitar o procedimento de montagem (Figura

3).

Figura 3: Pré-molar com raízes seccionadas

Um dispositivo de montagem foi confeccionado para padronizar o preparo dos dentes e

garantir o controle adequado na colagem. A extremidade de um tubo de PVC serviu de apoio para

um segmento de fio 0.0215’’ x 0.025’’ que foi preso à margem do tubo por meio de dois

braquetes Edgewise Standard (Figura 4). O tubo foi suspenso em um outro tubo de PVC, porém

20

20

mais fino pelo apoio desse fio. O primeiro tubo foi preenchido com acrílico autopolimerizável até

o nível de suas margens e do tubo mais fino (Figura 5).

Figura 4: Dispositivo de montagem Figura 5: Coroa do pré-molar suspensa no

centro do tubo

3.3 Divisão dos grupos

Cada grupo teve a superfície vestibular de seus dentes limpos com uma mistura de pedra

pomes e água, com auxílio de uma taça de borracha, acionada em baixa rotação por 5 segundos.

Braquetes com dimensões 0.022 x 0.028’’ Edgewise Standard (American Orthodontics,

Sheboygan, WI, EUA) foram colados no centro da coroa clínica dos pré-molares e os excessos de

material foram removidos da borda dos braquetes. Os pré-molares foram divididos nos seguintes

grupos:

• Grupo 1 (G1 - controle): os dentes foram devidamente lavados e secos após o

polimento com pedra pomes, o esmalte foi condicionado com ácido fosfórico 35%

por 30 segundos, lavado por 10 segundos com água e seco com ar comprimido

21

21

livre de óleo. Uma fina cobertura de adesivo foi colocada e polimerizada por 10

segundos. Os braquetes foram colados com resina composta (Transbond XTTM,

3M/Unitek, Monrovia, EUA).

• Grupo 2 (G2): os dentes foram devidamente lavados e secos após o polimento com

pedra pomes, o esmalte foi condicionado com ácido poliacrílico 10% por 20

segundos, lavado com água por 10 segundos e seco com ar comprimido livre de

óleo. A superfície do esmalte foi umedecida com água, conforme recomendado

pelo fabricante. Os braquetes foram colados com cimento de ionômero de vidro

convencional (Riva LutingTM, SDI, Victoria, Austrália) e 4 minutos após a fixação

do acessório, foi aplicado uma fina camada de verniz ao redor do braquete.

• Grupo 3 (G3): os dentes foram devidamente lavados e secos após o polimento com

pedra pomes, o esmalte foi desproteinizado com hipoclorito de sódio a 5,25% por

60 segundos, lavado com água e seco com ar, condicionado com ácido poliacrílico

10% por 20 segundos, lavado com água por 10 segundos e seco com ar

comprimido livre de óleo. A superfície do esmalte foi umedecida com água,

conforme recomendado pelo fabricante. Os braquetes foram colados com cimento

de ionômero de vidro convencional (Riva LutingTM, SDI, Victoria, Austrália) e 4

minutos após a fixação do acessório, foi aplicado uma fina camada de verniz ao

redor do braquete.

• Grupo 4 (G4): os dentes foram devidamente lavados e secos após o polimento com

pedra pomes, o esmalte foi condicionado com ácido poliacrílico 10% por 20

segundos, lavado com água por 10 segundos e seco com ar comprimido livre de

óleo. A superfície do esmalte foi umedecida com água, conforme recomendado

pelo fabricante. Os braquetes foram colados com cimento de ionômero de vidro

modificado por resina (Fuji Ortho LCTM, GC América, Alsip, IL, EUA).

• Grupo 5 (G5): os dentes foram devidamente lavaodos e secos após o polimento

com pedra pomes, o esmalte foi desproteinizado com hipoclorito de sódio a 5,25%

por 60 segundos, lavado com água e seco com ar, condicionado com ácido

poliacrílico 10% por 20 segundos, lavado com água por 10 segundos e seco com

ar comprimido livre de óleo. A superfície do esmalte foi umedecida com água,

conforme recomendado pelo fabricante. Os braquetes foram colados com cimento

22

22

de ionômero de vidro modificado por resina (Fuji Ortho LCTM, GC América,

Alsip, IL, EUA).

Todos os procedimentos foram realizados pelo mesmo operador (TBJP) seguindo as

recomendações dos fabricantes. O CIV foi pré-proporcionado pelo fabricante em cápsulas, para

evitar possíveis falhas na razão pó/líquido. Depois de ativada e misturada em um amalgamador

por 10 segundos, uma cápsula foi usada para colar 5 dentes. A polimerização nos grupos 1, 4 e 5

foi feita com um fotopolimerizador (HiluxTM 250 Halogen, Benlioglu, Ankara, Turkey) (Figura

6) por 10 segundos nas superfícies mesial, distal, cervical e oclusal dos braquetes. Antes da

polimerização das amostras de cada grupo, a intensidade da luz foi aferida usando um

radiômetro, para garantir um correto comprimento de onda entre 400 e 500nm. Por outro lado,

nos grupos 2 e 3 a polimerização foi química (tempo de presa: 4 minutos).

Após 10 minutos da colagem dos braquetes, os dentes foram armazenados em água

destilada por 24 horas, à temperatura ambiente, até serem submetidos ao teste de cisalhamento.

Figura 6: Fotopolimerizador (HiluxTM 250 Halogen)

23

23

3.4 Teste de resistência da união ao cisalhamento

Foi utilizada a Máquina Universal de Ensaios Mecânicos (Instron, modelo 5869), com

uma célula de carga de 500 N, velocidade de operação de 0,05 mm por minuto (Figura 7). A

ponta tipo cinzel foi acoplada na parte superior da máquina e posicionada para tocar

homomogeniamente a base dos braquetes (Figura 8). Os valores foram obtidos em Newton e

convertidos para Megapascal, usando a projeção da área da base do braquete (10.55 mm2)

conforme informado pelo fabricante.

Esta pesquisa foi conduzida no Laboratório Robert Hooke do Setor de Testes Físicos

(STF) da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais (CETEC).

Figura 7: Máquina Universal de Ensaios Mecânicos Figura 8: Ponta tipo cinzel

24

24

3.5 Análise da falha na união

A superfície vestibular dos pré-molares foi fotografada microscopicamente pós-

descolagem, por meio de um USB Digital Microscope (Digivision, Dongguan, Guangdong,

China) (Figura 9) com um aumento de 20x. As imagens obtidas foram analisadas por um

examinador previamente calibrado e, a porcentagem de adesivo que permaneceu no esmalte foi

quantificada de acordo com os valores do Índice de Adesivo Remanescente (ARI) variando de 0 a

3, previamente reportados por Artun e Bergland (1984):

0: Nenhum adesivo permaneceu na superfície do esmalte.

1: Menos de 50% do adesivo permaneceu no dente.

2: Mais de 50% do adesivo foi deixado no esmalte.

3: Todo o adesivo permaneceu na estrutura do dente.

Figura 9: USB Digital Microscope

25

25

3.6 Análise Estatística A variável estudada foi de natureza cardinal com distribuição normal (normalidade aferida

pelo teste D’Agostino). A existência de diferença na força de união entre os grupos foi avaliada

por meio do teste ANOVA – um critério, seguido pelo teste post hoc de Bonferroni com valor de

alfa ajustado para 0.005. Os testes estatísticos foram executados utilizando-se o software BioEstat

5.0 (Belém, Brasil).

O resumo de todas as etapas experimentais deste trabalho é apresentado em um

fluxograma a seguir:

26

26

100 pré-molares humanos extraídos por razões ortodônticas e armazenados em água destilada à temperatura ambiente

Raíz seccionada 2 mm da JCE

Montagem do dispositivo

Armazenamento em água destilada à temperatura ambiente

Profilaxia – 10 s

Lavagem com água corrente – 10 s

Secagem com ar comprimido livre de óleo – 10 s

Divisão dos grupos

Controle Grupo 4 Grupo 5 Grupo 2 Grupo 3 NaOCl

5,25% NaOCl

5,25% 35% PA*

15 s 10% PAA**

20 s 10% PAA**

20 s

Lavagem com água 10 s

Secagem

10 s Secagem

10 s Secagem

10 s Secagem

10 s Secagem

10 s Secagem

10 s

Adesivo Esmalte

umedecido Esmalte

umedecido

Polimerização

10 s CIV***

modificado CIV***

convencional

Resina

Composta

Fotopolimerização – 40 s Polimerização química – 4 min Aplicação de verniz

Tempo de espera – 10 min

Água destilada à temperatura ambiente – 24 h

Teste de cisalhamento

IRA

* PA – Ácido fosfórico, ** PAA – Ácido poliacrílico, ***CIV – Cimento de ionômero de vidro

27

27

REFERÊNCIAS ARTUN J., BERGLAND S. Clinical trials with crystal growth conditioning as an alternative to acid-etch enamel pre-treatment. Am J Orthod Dentofacial Orthop., v.85, p.333-340, 1984. BISHARA SE., OSTBY AW., LAFFON J., WARREN JJ. A self-conditioner for resin-modified glass ionomers in bonding orthodontic brackets. Angle Orthod., v.77, p.711-5, 2007. BUONOCORE ME. A simple method of increasing the adhesion of acrylic filling material to enamel surface. J Dent Res., v.34, p.849-53, 1955.

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APÊNDICE

ARTIGO: EFEITOS DA DESPROTEINIZAÇÃO DO ESMALTE NA C OLAGEM DE

BRAQUETES COM CIMENTO DE IONÔMERO DE VIDRO

Tatiana Bahia Junqueira Pereira*, Wellington Corrêa Jansen**, Dauro Douglas

Oliveira***

Belo Horizonte, Brasil

Introdução: A colagem de braquetes com cimento de ionômero de vidro (CIV) é uma alternativa

para minimizar o aparecimento de lesões de mancha branca. Entretanto, seu uso ainda é restrito

devido à obtenção de forças de união inferiores as das resinas. Esse trabalho avaliou os efeitos da

desproteinização do esmalte com hipoclorito de sódio (NaOCl – 5,25%) para melhorar a colagem

de braquetes metálicos com CIV convencional e modificado por resina. Método: Cem pré-

molares humanos extraídos por razões ortodônticas foram aleatoriamente distribuídos em 5

grupos (n=20). G1 (controle), braquetes colados com resina; G2: esmalte condicionado com

ácido poliacrílico (PAA) a 10% e colagem com CIV convencional; G3: desproteinização com

NaOCl a 5,25% por 1 min, preparo com PAA e colagem com CIV convencional; G4:

condicionamento com PAA e colagem com CIV modificado por resina; G5: tratamento do

esmalte com NaOCl, preparo com PAA e colagem com CIV modificado por resina. Após a

colagem, os dentes foram armazenados em água destilada por 24 horas, em temperatura

ambiente, até serem submetidos ao teste de cisalhamento. A superfície vestibular dos pré-molares

e a base dos braquetes foram analisadas para determinação do índice de adesivo remanescente

(ARI) na superfície do esmalte. Resultados: Os valores da força de união do grupo controle

foram maiores do que aqueles registrados nos quatro grupos experimentais (p<0,05). O uso do

NaOCl não aumentou significativamente a força de união das amostras coladas com CIV

convencional ou modificado por resina (p>0,05). Os valores médios da força de cisalhamento de

G2 (3,43 ± 1,94 MPa) e G3 (3,92 ± 1,57 MPa) estão abaixo do mínimo considerado clinicamente

aceitável. Por outro lado os valores dos grupos colados com CIV modificado por resina, G4 (8,60

± 5,29 MPa) e G5 (9,86 ± 2,90 MPa), estão acima desse valor mínimo. Em relação ao ARI, os

grupos onde o esmalte foi desproteinizado com NaOCl apresentaram comportamento semelhante

ao grupo controle. Conclusões: O tratamento do esmalte dentário com hipoclorito de sódio a

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5,25% antes do condicionamento com ácido poliacrílico não aumentou de forma significante a

força de união dos braquetes metálicos colados com cimento de ionômero de vidro convencional

e modificado por resina.

INTRODUÇÃO

Um grandioso e decisivo passo foi dado na forma de se praticar a Odontologia e,

consequentemente, a Ortodontia, com a introdução do condicionamento ácido do esmalte

dentário1. O resultado desse longo e importante processo foi a substituição dos acessórios

ortodônticos presos aos dentes por meio de bandas pelo uso de braquetes colados diretamente à

superfície dentária. Dentre as muitas vantagens resultantes desta abordagem destacam-se a

diminuição do tempo de cadeira para colocação dos aparelhos e a melhora da estética dos

mesmos2.

Com o passar dos anos, continuou-se a busca por um material de colagem ideal, ou seja,

que apresentasse características físicas, químicas, mecânicas e biológicas que atendessem às

necessidades clínicas dos ortodontistas. Quais seriam essas propriedades ideais? Apresentar força

de união suficiente para suportar tanto as cargas mastigatórias, quanto àquelas geradas pela

mecânica ortodôntica, sem, contudo, ser tão alta a ponto de colocar em risco a integridade do

esmalte quando da remoção dos acessórios, possuir tempo de trabalho adequado que permitisse

ao ortodontista posicionar corretamente os acessórios e, finalmente, ser biocompatível3.

O uso de aparelhos fixos constitui um desafio para o paciente na manutenção da higiene

bucal adequada, desta forma, durante o tratamento ortodôntico, há maior risco de

desenvolvimento de lesões de mancha branca4,5. Na Ortodontia, estas lesões continuam sendo

fonte de intensa preocupação para os profissionais que, sensibilizados com o problema, estão

atentos a novos materiais que amenizem e/ou previnam tais danos à saúde bucal2. A introdução

de um protocolo de bochechos com flúor durante a terapia ortodôntica foi uma das tentativas

testadas, mas se mostrou eficiente em apenas 15% dos pacientes ortodônticos6. A melhor chance

para o ortodontista tentar um reforço nas medidas preventivas talvez resida mesmo na utilização

de um material de colagem que libere flúor ao redor dos acessórios utilizados.

Materiais à base de cimento de ionômero de vidro, derivado dos estudos de Wilson e

Kent, em 1972, estão disponíveis no mercado para colagem de braquetes. Além da

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biocompatibilidade ao esmalte e à dentina, esses materiais apresentam efeito cariostático, por ter

ação dos íons fluoreto sobre a área de esmalte envolvida na colagem, promovendo a sua

remineralização. As propriedades descritas acima seriam ideais para um material de colagem,

mas, infelizmente, a força de união daqueles cimentos mostra-se, clinicamente, baixa8,9.

Buscando-se aumentar a força de união do CIV, surgiram os cimentos de ionômero de

vidro modificado por resina. A incorporação de componentes resinosos gerou uma melhora na

resistência de união à superfície do esmalte, tornando-a mais aceitável do ponto de vista clínico,

mas, mesmo assim, esta força é menor quando comparada à força das resinas compostas10,11,12.

Recentemente, Espinosa et al., em 2008, sugeriram que o uso do hipoclorito de sódio a

5,25% como um agente desproteinizador, antes do condicionamento ácido, aumentaria essa força

de união pois haveria melhor remoção dos elementos orgânicos, tanto da estrutura do esmalte,

como da película adquirida.

Como essa abordagem é uma idéia nova, foi pouco testada, mas parece ter potencial para

tornar o uso do NaOCl mais viável clinicamente. Portanto, este trabalho buscou comprovar os

efeitos da desproteinização do esmalte na colagem de braquetes com cimento de ionômero de

vidro convencional e modificado por resina.

MATERIAL E MÉTODOS

Os procedimentos experimentais descritos neste ítem foram aprovados pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da PUC Minas (Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil).

Cem pré-molares humanos extraídos por razões ortodônticas foram coletados, limpos de

tecidos moles e armazenados em saliva artificial à temperatura ambiente, até estarem prontos

para o uso. Os dentes foram aleatoriamente distribuídos em cinco grupos de diferentes

tratamentos do esmalte contendo 20 dentes em cada grupo. Como critério de inclusão, os dentes

deveriam ter superfície vestibular intacta, sem lesão cariosa, cavitação e/ou restauração.

Um dispositivo de montagem foi confeccionado para padronizar o preparo dos dentes e

garantir o controle adequado na colagem dos mesmos14 (Figura 1). Cada grupo teve seus dentes

limpos com uma mistura de pedra pomes e água, com auxílio de uma taça de borracha acionada

em baixa rotação. Braquetes com dimensões 0.022 x 0.028’’ Edgewise Standard (American

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32

Orthodontics, Sheboygan, WI, EUA) foram colados no centro da coroa clínica, sob leve pressão,

e foram divididos em 5 grupos:

Grupo 1 (G1-controle): os dentes foram devidamente secos após o polimento com pedra

pomes, o esmalte foi condicionado com ácido fosfórico 35% por 30 segundos, lavado por 10

segundos com água e seco com ar comprimido livre de óleo. Uma fina cobertura de adesivo foi

colocada e polimerizada por 10 segundos. Os braquetes foram colados com resina composta

(Transbond XT -3M/Unitek, Monrovia, EUA).

Grupo 2 (G2): os dentes foram devidamente secos após o polimento com pedra pomes, o

esmalte foi condicionado com ácido poliacrílico 10% por 20 segundos, lavado com água por 10

segundos e seco com ar comprimido livre de óleo. A superfície do esmalte foi umedecida com

água, conforme recomendado pelo fabricante. Os braquetes foram colados com cimento de

ionômero de vidro convencional (Riva Luting, SDI, Victoria, Austrália) e 4 minutos após a

fixação do acessório, foi aplicado uma fina camada de verniz ao redor do braquete.

Grupo 3 (G3): os dentes foram devidamente secos após o polimento com pedra pomes, o

esmalte foi desproteinizado com hipoclorito de sódio a 5,25% por 60 segundos, lavado com água

e seco com ar, condicionado com ácido poliacrílico 10% por 20 segundos e então lavado com

água por 10 segundos e seco com ar comprimido livre de óleo. A superfície do esmalte foi

umedecida com água, conforme recomendado pelo fabricante. Os braquetes foram colados com

cimento de ionômero de vidro convencional (Riva Luting, SDI, Victoria, Austrália) e 4 minutos

após a fixação do acessório, foi aplicado uma fina camada de verniz ao redor do braquete.

Grupo 4 (G4): os dentes foram devidamente secos após o polimento com pedra pomes, o

esmalte foi condicionado com ácido poliacrílico 10% por 20 segundos, lavado com água por 10

segundos e seco com ar comprimido livre de óleo. A superfície do esmalte foi umedecida com

água, conforme recomendado pelo fabricante. Os braquetes foram colados com cimento de

ionômero de vidro modificado por resina (Fuji Ortho LC, GC América, Alsip, IL, EUA).

Grupo 5 (G5): os dentes foram devidamente secos após o polimento com pedra pomes, o

esmalte foi desproteinizado com hipoclorito de sódio a 5,25% por 60 segundos, lavado com água

e seco com ar, condicionado com ácido poliacrílico 10% por 20 segundos e então lavado com

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água por 10 segundos e seco com ar comprimido livre de óleo. A superfície do esmalte foi

umedecida com água, conforme recomendado pelo fabricante. Os braquetes foram colados com

cimento de ionômero de vidro modificado por resina (Fuji Ortho LC, GC América, Alsip, IL,

EUA).

Todos os procedimentos foram realizados pelo mesmo operador, seguindo as

recomendações dos fabricantes.

A polimerização nos grupos 1, 4 e 5 foi feita com um fotopolimerizador (HiluxTM 250

Halogen, Benlioglu, Ankara, Turkey) por 10 segundos nas superfícies mesial, distal, cervical e

oclusal dos braquetes. Por outro lado, nos grupos 2 e 3 a polimerização foi química (tempo de

presa: 4 minutos).

Após a colagem dos braquetes os dentes foram armazenados em água destilada por 24

horas, à temperatura ambiente, até serem submetidos a teste de cisalhamento. Foi utilizada a

Máquina Universal de Ensaios (Instron, modelo 5869), com uma célula de carga de 500 N,

velocidade de operação de 0,05 mm por minuto. A ponta tipo faca foi acoplada na parte superior

da máquina e posicionada para tocar homomogeniamente a base dos braquetes (Figura 2). Os

valores foram obtidos em Newton e convertidos para megapascal, usando a projeção da área da

base do braquete (10.55 mm2), conforme informado pelo fabricante.

A superfície vestibular dos pré-molares foi fotografada microscopicamente pós-

descolagem, por meio de um USB Digital Microscope (Digivision, Dongguan, Guangdong,

China) com um aumento de 200x. As imagens obtidas foram analisadas por um examinador e a

porcentagem de adesivo que permaneceu no esmalte foi quantificada de acordo com os valores

do Índice de Adesivo Remanescente (IAR), variando de 0 a 3, previamente reportados por Artun

e Bergland (1984):

0: nenhum adesivo permaneceu na superfície do esmalte. 1: menos de 50% do adesivo

permaneceu no dente. 2: mais de 50% do adesivo foi deixado no esmalte. 3: todo o adesivo

permaneceu na estrutura do dente.

Este trabalho foi conduzido no Laboratório Robert Hooke do Setor de Testes Físicos

(STF) da Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais - Brasil (CETEC).

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Análise Estatística

A variável estudada foi de natureza cardinal com distribuição normal (normalidade aferida

pelo teste D’Agostino). A existência de diferença na força de união entre os grupos foi avaliada

por meio do teste ANOVA – um critério seguido pelo teste post hoc de Bonferroni com valor de

alfa ajustado para 0.005. Os testes estatísticos foram executados utilizando-se o software BioEstat

5.0 (Belém, Brasil).

RESULTADOS

Os valores da força de união dos braquetes (em Mpa) e a descrição da análise estatística

estão representados na Tabela 1 e Gráfico1. Os valores encontrados no grupo 1 (17.08 ± 6.39)

foram superiores em relação aos demais grupos. As forças de união encontradas nos grupos 2

(3.43 ± 1.94) e 3 (3.92 ± 1.57) mostraram-se abaixo das médias recomendadas por Reynolds,

1975. O uso do NaOCl aumentou essa força, porém não houve diferença estatisticamente

significante. Já os grupos 4 (8.60 ± 5.29) e 5 (9.86 ± 2.90) apresentaram valores satisfatórios. O

uso do NaOCl também aumentou a força no grupo 5, porém não houve diferença estatisticamente

significante entre esses dois grupos .

Em relação ao ARI (Tabela 2), os grupos em que o esmalte foi tratado com NaOCl (G3 e

G5) apresentaram um comportamento semelhante ao da resina composta, ou seja, na maior parte

das amostras (55% no G3 e 75% no G5) o cimento ficou mais aderido na superfície do esmalte, o

que não foi observado nos demais grupos.

DISCUSSÃO

Apesar de todos os avanços na Ortodontia, uma questão básica ainda não está totalmente

resolvida: o aumento do risco de desenvolvimento de lesões de mancha branca ao redor dos

acessórios ortodônticos. Alguns estudos mostraram que mais de 50% dos pacientes em

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tratamento ortodôntico apresentaram este problema17,18. A abordagem clínica com maior

potencial de eficiência descrita na literatura para minimizar o aparecimento destas lesões foi a

colagem de braquetes com CIV19. Entretanto, as técnicas descritas e os materiais disponíveis

ainda fazem com que os ortodontistas sejam relutantes em usar esse cimento, principalmente

devido a questões relacionadas à resistência ao cisalhamento20. Qual seria a resistência de união

braquete-esmalte adequada ao tratamento ortodôntico? O que é mais importante, a manutenção

dos braquetes colados aos dentes durante todo tratamento ou a preservação da integridade do

esmalte, sem fraturas ou trincas superficiais resultantes da remoção, e/ou sem a presença de

lesões de mancha branca?

Na busca de respostas a estas perguntas, um estudo recente utilizou o hipoclorito de sódio

como uma nova etapa na técnica de colagem de braquetes com CIV modificado por resina, cuja

força de união foi elevada a níveis compatíveis com aquela obtida com a resina composta20. Este

estudo baseou-se em uma técnica empregada com sucesso na Endodontia que utiliza há vários

anos e de forma rotineira o hipoclorito de sódio para desinfetar, remover debris e matéria

orgânica dos canais radiculares. Segundo os autores, uma possível justificativa para o uso do

hipoclorito de sódio é resultante de um condicionamento ácido irregular.

Esse fenômeno foi melhor estudado por Espinosa et al., 2008, que observaram apenas

50% da superfície do esmalte devidamente condicionada com ácido fosfórico. Clinicamente,

pode ser vista uma superfície branca e opaca após o condicionamento, exibindo a quantidade

desejada, mas não a qualidade ideal de condicionamento das superfícies afetadas. Quando o

esmalte foi desproteinizado com NaOCl, foram encontrados mais padrões de descalcificação do

tipo 1 e 2, enquanto sem o hipoclorito de sódio foram encontrados mais padrões tipo 3. Segundo

Silverstone, 1975, os padrões de condicionamento mais retentivos são os do tipo 1 e 2, pois a

superfície porosa oferece áreas retentivas, de maior tamanho e profundidade. Já o padrão tipo 3,

não apresenta uma morfologia definida e sua atuação é mais superficial.

O presente estudo avaliou os efeitos da desproteinização do esmalte na colagem de

braquetes colados com CIV convencional e modificado por resina, como uma alternativa para

aumentar a adesividade destes braquetes. Os autores observaram aumento na força de união e

melhor performance do material, quando o esmalte foi tratado com NaOCl, porém esta diferença

não se mostrou estatisticamente significante (p<0.005). No trabalho reportado por Justus et al.,

2010, os valores da força de união após o uso do NaOCl também se mostraram maiores quando

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comparados com o não uso desse material. Entretanto, uma diferença relevante foi que o aumento

da força de união resultante da mudança na etapa de colagem foi estatisticamente significante,

quando os dentes foram tratados com NaOCl e colados, tanto com resina composta, quanto com

cimento de ionômero de vidro modificado por resina. Uma possível diferença encontrada em

relação ao nosso estudo deve-se ao fato de ter sido usado ácido poliacrílico conforme recomenda

o fabricante, ao invés de ácido fosfórico, conforme Justus et al., 2010. Por ser um ácido de

molécula grande, o ácido poliacrílico não atua em profundidade, apenas promove uma limpeza da

superfície. Esse ácido produz um condicionamento moderado, resultando em um depósito

cristalino e menor dano ao esmalte22,23. Toledano et al., 2003 e Bishara, 2007, também

observaram menores forças de união, quando o esmalte foi condicionado com ácido poliacrílico a

10 ou 20%. Para esses autores, a força de união dos ionômeros de vidro modificado por resina só

é aceitável quando o ácido fosfórico é utilizado. Mesmo assim, optou-se por testar os efeitos da

desproteinização com NaOCl e ácido poliacrílico, pois este ainda é o condicionador sugerido pelo

fabricante.

Os autores do presente estudo acreditam que a aplicação de NaOCl pode ser um passo

importante na técnica da colagem de braquetes com CIV, mesmo quando é utilizado o ácido

poliacrílico, pela remoção da matéria orgânica do esmalte e da película adquirida antes do

condicionamento ácido. O polimento da superfície tem a intenção de eliminar os componentes

orgânicos que impedem o condicionamento efetivo do esmalte, porém é provável que tal remoção

não tenha sido tão eficiente, pois podem ter permanecido proteínas imersas nos cristais que

formam o esmalte13. Outros estudos demostraram que é esta camada de matéria orgânica externa

que evita que o ácido condicione efetivamente a superfície, resultando em padrões incosistentes

de condicionamento e uma área não confiável para colagem ortodôntica13,20.

Os resultados da pesquisa aqui relatada mostraram significantes diferenças em relação aos

valores de IAR. Nos grupos tratados com NaOCl, o cimento permaneceu na grande maioria no

esmalte dentário, o que não foi observado nos demais. Esses valores estão de acordo com o

estudo de Justus et al., 2010, e uma possível explicação para esses achados pode estar relacionada

à diminuição da energia de superfície. É provável que o hipoclorito de sódio esteja causando uma

redução na tensão superficial, permitindo que o material penetre mais, aumentando sua aderência

e sua força de união ao esmalte dentário.

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A desproteinização do esmalte com NaOCl antes do condicionamento ácido, é uma

técnica inovadora, barata, porém deve ser melhor testada, tanto laboriatoriamente, quanto

clinicamente. Outros trabalhos devem ser realizados para que os efeitos do NaOCl, como agente

desproteinizador, possam ser ainda melhor entendidos. Avaliações com microscopia de varredura

poderiam ajudar a esclarecer o que o hipoclorito de sódio causa no esmalte. E, certamente, um

próximo passo deste trabalho é confirmar se os achados de Justus et al., 2010, com NaOCl e

ácido fosfórico são replicáveis. Visto que, mais uma vez o condicionamento com ácido

poliacrílico, mesmo com a ajuda do NaOCl, foi insuficiente para à obtenção de valores de união

semelhantes aqueles obtidos com as resinas compostas.

CONCLUSÕES

1. A desproteinização do esmalte com NaOCl aumentou a força de união de braquetes

metálicos colados com CIV convencional e modificado por resina. Porém, não houve

diferenças estatisticamente significantes entre os grupos tratados e não tratados com

NaOCl. Além disso, vale reforçar que este incremento na força de união, não foi

suficiente para elevá-las a níveis estatisticamente semelhantes àquelas registradas com

braquetes colados com resina composta.

2. A força de união dos braquetes colados com CIV modificado por resina mostrou-se

dentro dos valores mínimos aceitáveis clinicamente por Reynolds, 1975. Porém,

quando o esmalte foi tratado com NaOCl, encontrou-se melhor performance do

material.

3. Quando o esmalte foi desproteinizado, o cimento permaneceu em maior quantidade na

superfície do esmalte, mostrando um comportamento semelhante ao da resina

composta.

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ANEXOS DO ARTIGO

Figura 1: Coroa do pré-molar suspensa no centro do tubo

Figura 2: Ponta tipo cinzel

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Tabela 1. Média e desvio padrão da força de união nos 5 grupos avaliados

Grupo Força de união (Mpa) Valor de p 1

1 17.08 ± 6.39

2 3.43 ± 1.94

3 3.92 ± 1.57

4 8.60 ± 5.29

5 9.86 ± 2.90

<0.005

Gráfico1. Média, desvio padrão, valor mínimo e valor máximo da foça de união

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Tabela 2. Índice de Adesivo Remanescente (IAR)

IRA

Grupo 0 1 2 3

1 0 4 5 11

2 5 10 5 5

3 0 9 8 3

4 3 6 5 6

5 0 5 6 9

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ANEXO

Folha de aprovação do comitê de ética

Belo Horizonte, 06 de abril de 2010. De: Profa. Maria Beatriz Rios Ricci Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa Para: Tatiana Bahia Junqueira Pereira Programa de Mestrado em Odontologia – PUC Minas Prezado (a) pesquisador (a),

O Projeto de Pesquisa CAAE – 0007.0.213.000-10 “Efeitos da desproteinização do esmalte na colagem de

bráquetes metálicos com cimento de ionômero de vidro modificado por resina” foi aprovado pelo Comitê

de Ética em Pesquisa da PUC Minas.

Atenciosamente,

Profa. Maria Beatriz Rios Ricci

Coordenadora do Comitê de Ética em Pesquisa – PUC Minas