introduo-microbiologia
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Matria de
Microbiologia
Fotografias colorizadas de bactrias observadas ao microscpio eletrnico.Da esquerda para a direita: Bacillus anthracis, Escherichia coli, Neisseria gonorrhoeae
2008
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Introduo Microbiologia
Introduo
Microbiologia:Mikros (= pequeno) + Bio (= vida) + logos (= cincia)A Microbiologia era definida, at recentemente, como a rea da cincia que
dedica-se ao estudo dos microrganismos, um vasto e diverso grupo de
organismos unicelulares de dimenses reduzidas, que podem ser
encontrados como clulas isoladas ou agrupados em diferentes arranjos
(cadeias ou massas), sendo que as clulas, mesmo estando associadas,
exibiriam um carter fisiolgico independente.
Assim, com base neste conceito, a microbiologia envolve o estudo de
organismos procariotos (bactrias, archaeas), eucariotos inferiores (algas,
protozorios, fungos) e tambm os vrus.
Bactrias Archaea Fungos
Vrus Algas ProtozoriosTipos de microrganismos
estudados pelos microbiologistas.
(Adaptado de Tortora et al., Microbiology, 8 ed)
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Classificao dos seres vivos
De acordo com a definio tradicional da microbiologia, esta uma
cincia que at recentemente, era responsvel pelo estudo de organismosclassificados em trs reinos distintos: Monera, Protista e Fungi. No entanto,
a partir dos estudos de Carl Woese, a microbiologia passou a estar
relacionada a trs domnios de seres vivos.Sistemas de classificao dos seres vivos:Linnaeus (sc. XVIII): reinos Animal e Vegetal
Haeckel(1866): introduo do reino Protista
Whittaker (1969): 5 reinos, dividos principalmente pelas
caractersticas morflogicas e fisiolgicas:
Monera: Procariotos
Protista: Eucariotos unicelulares - Protozorios (sem parede celular) e
Algas (com parede celular)
Fungi: Eucariotos aclorofilados
Plantae: Vegetais
Animalia: Animais
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Classificao dos seres vivos, de acordo com Woese (1977)
(Adaptado de Pommerville, J.C.(2004) Alcamo's Fundamentals of Microbiology)
A princpio, acredita-se que estes 3 domnios divergiram a partir de um
ancestral comum. Provavelmente os microrganismos eucariticos atuaram
como ancestrais dos organismos multicelulares, enquanto as bactrias e
archaeas correspondem a ramos que no evoluram alm do estgio
microbiano.Archaea: so organismos procariotos que, freqentemente so
encontrados em ambientes cujas condies so bastante extremas
(semelhantes s condies ambientais primordiais na Terra), sendo por isso,
muitas vezes considerados como sendo ancestrais das bactrias. No
entanto, hoje em dia considera-se as archaeas como um grupo
intermedirio entre procariotos e eucariotos.
Muitos destes organismos so anaerbios, vivendo em locais"inabitveis" para os padres humanos - fontes termais (com temperaturas
acima de 100C), guas com elevadssimos teores de sal (at 5M de NaCl -
limite de dissoluo do NaCl), em solos e guas extremamente cidos ou
alcalinos (espcies que vivem em pH 0, outras em pH 10) e muitas so
metanognicas.
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Genericamente, podemos dizer que as Archaeas definem os limites da
tolerncia biolgica s condies ambientais.
Bacteria: Corresponde a um enorme grupo de procariotos,
anteriormente classificados como eubactrias, representadas pelos
organismos patognicos ao homem, e bactrias encontradas nas guas,
solos, ambientes em geral.
Dentre estas, temos as bactrias fotossintetizantes (cianobactrias) e outras
quimiossintetizantes (E. coli), enquanto outras utilizam apenas substratos
inorgnicos para seu desenvolvimento.
Eukarya: No mbito microbiolgico, compreende as algas, protozorios
e fungos (alm das plantas e animais).
As algas caracterizam-se por apresentarem clorofila (alm de outros
pigmentos), sendo encontradas basicamente nos solos e guas.
Os protozorios correspondem a clulas eucariticas, apigmentados,
geralmente mveis e sem parede celular, nutrindo-se por ingesto e
podendo ser saprfitas ou parasitas.
Os fungos so tambm clulas sem clorofila, apresentando parede celular,
realizando metabolismo heterotrfico, nutrindo-se por absoro.
Como mencionado anteriormente, os vrus so tambm assunto
abordado em microbiologia, embora, formalmente, no exibam as
caractersticas celulares, no sentido de no apresentarem metabolismo
prprio, de conterem apenas um tipo de cido nuclico, etc.
A Microbiologia na atualidadeA definio clssica de "microbiologia" mostra-se bastante imprecisa, e
at mesmo inadequada, frente aos dados da literatura publicados nesta
ltima dcada. Como exemplo pode-se citar duas premissas que j no
podem mais ser consideradas como verdade absoluta na conceituao desta
rea de conhecimento: as dimenses dos microrganismos e a natureza
independente destes seres.
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Em 1985 foi descoberto um organismo, denominado Epulopiscium
fischelsonique, a partir de 1991, foi definido como sendo o maior procarioto
j descrito, exibindo cerca de 500 m de comprimento. Esta bactria foi
isolada do intestino de um peixe marinho (Surgeonfish, peixe barbeiro ou
cirurgio), encontrado nas guas da Austrlia e do Mar Vermelho. Alm deapresentar dimenses nunca vistas, tal bactria mostra-se totalmente
diferente das demais quanto ao processo de diviso celular, que ao invs de
ser por fisso binria, envolve um provvel tipo de reproduo vivparo,
levando formao de pequenos glbulos, que correspondem s clulas
filhas.
Comparao entre o tamanho de uma clula de Epulopiscium e 4 paramcios
(Adaptado do livro Brock Biology of Microorganisms, 10 Ed., 2003)Mais recentemente, em 1999, outro relato descreve o isolamento de
uma bactria ainda maior, isolada na costa da Nambia. Esta, denominada
Thiomargarita namibiensis, pode ser visualizada a olho n, atingindo at
cerca de 0,8 mm de comprimento e 0,1 a 0,3 mm de largura.
Microscopia
de luz polarizada,revelando os
grnulos de enxfre
no interior da
bactria
Thiomargarita
namibiensis.
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Comparao
entre a bactria
Thiomargarita
namibiensis e uma
Drosophila.
(Adaptado de
Schulz, H. N. et al.
(1999). Science,
284:493-495 -
Clique no autor,
caso deseje ler o
artigo original)Como analisar a questo do tamanho dos
microrganismos?Durante muito tempo se acreditava que o tamanho das bactrias era
imposto pelo seu prprio metabolismo, ou seja, se a bactria aumentasse
muito em tamanho, ela seria incapaz de se manter vivel e morreria. Tal
fato decorre da seguinte deduo: A rea superficial da membrana
citoplasmtica seria o fator limitante para a eficincia das trocas com o meio
externo.Sabendo-se que a rea de uma esfera calculada pela frmula e
que o volume de uma esfera obtido pela frmula , a medida que a
rea aumenta, seu volume aumenta muito mais rapidamente. Assim, se uma
bactria comeasse a crescer, aumentando sua rea, a proporo
rea/volume diminuiria. Isto faria com que a clula passasse a apresentar
um volume muito grande, sendo que sua rea superficial seria insuficiente,
em termos de trocas atravs da membrana, para manter sua viabilidade.
A partir dos isolados de bactrias gigantes, o conceito da limitao
de tamanho bacteriano vem sendo abandonado, pois no h mais como
questionar a existncia e viabilidade destas bactrias e, possivelmente,
novos relatos sero incorporados, deixando de ser meras curiosidades.
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Estudos com bactrias primitivasAinda em relao s novas pesquisas desenvolvidas na rea de
Microbiologia, temos o cultivo de bactrias pr-histricas, visando a busca
de compostos com atividade antimicrobiana ou de interesse comercial. Neste
sentido, empresas foram criadas (Ambergene), especializadas na
reativao de formas bacterianas latentes, isoladas de insetos preservados
em mbar. Os resultados obtidos revelam a reativao de mais de 1200
espcies bacterianas, apresentando de 2 a at 135 milhes de anos.
Em 2000, foi publicado um relato descrevendo o isolamento e cultivo de uma
espcie bacteriana a partir do lquido contido em um cristal de sal de 250
milhes de anos. Os estudos de seqenciamento do DNA que codifica o RNA
ribossomal 16S indicam que o organismo pertence ao gnero Bacillus, umabactria em forma de bastonete, Gram positiva, com a capacidade de formar
endsporos. At o momento, esta corresponde espcie bacteriana mais
antiga.
Inseto de onde foi
retirada a bactria
(provavelmente Bacillus), de 135milhes de anos
Aspecto das colnias
crescidas em meio slido
(Adaptado de Cano et al., (1995)
Science, 268:1060-1064)
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A questo da vida em marte
Em 1997, foram publicados relatos de expedies da NASA a Marte,
sugerindo a presena de possveis microrganismos (nanobactrias) em
espcimes minerais, sendo que achados semelhantes foram tambm
detectados em partculas de meteoritos de Marte, que atingiram a Terra. A
favor desta hiptese h o achado de microrganismos que decompem
minerais, frequentemente isolados das profundezas marinhas (A cerca de
1,5 km abaixo do solo).
Os meteoritos apresentam carbono, fsforo, nitrognio, alm da
presena de gua. J em relao s condies ambientais de Marte (muitofrio), temos como contra-argumento o isolamento de Archaea a partir de
ambientes absolutamente inspitos, inicialmente comsiderados como
inadequados vida.
De acordo com alguns pesquisadores, no absurdo considerar que a
vida surgiu em Marte, pois estudos com o meteorito Nakhla, que caiu em
1911 no Egito, com aparentemente de 1,3 bilhes de anos, revelam a
presena de elementos cocides, potenciais fsseis bacterianos, variando de0,25 a 2,0 m de tamanho, o que seria correspondente ao tamanho mdio
atual das bactrias. Curiosamente, estas formas ovais apresentam um teor
maior de carbono no seu interior que nas reas ao seu redor. Alm disso,
exibem tambm um elevado teor de xido de ferro, um composto comum
em clulas fossilizadas.
Recentemente, a NASA enviou outra sonda para Marte e os dados
recebidos reforam cada vez mais a idia da existncia anterior de vida emMarte, devido aos achados da possvel ocorrncia de gua naquele planeta.
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Comparao entre possveis "microrganismos" presentes em rochas de Marte e microrganismos
que compem a placa dental ho homem.
(Adaptado de An Electronic Companion to Beginning Microbiology)
Assim, com base nestes novos achados e principalmente com estudos
envolvendo as Archaea, a microbiologia vem levantando uma srie de
questes quanto fisiologia e o metabolismo celular, alm de questionar
permanentemente os limites das condies de vida.
Ubiqidade dos microrganismos
Os microrganismos so os menores seres vivos existentes,
encontrando-se em uma vasta diversidade de ambientes e desempenhandoimportantes papis na natureza. Este grupo caracteriza-se por ser
completamente heterogneo, tendo com nica caracterstica comum o
pequeno tamanho dos organismos.
Acredita-se que cerca de metade da biomassa do planeta seja
constituda pelos microrganismos, sendo os 50% restantes distribudos entre
plantas (35%) e animais (15%).
Em termos de habitat, os microrganismos so encontrados em quase
todos os ambientes, tanto na superfcie, como no mar e subsolo. Desta
forma, podemos isolar microrganismos de fontes termais, com temperaturas
atingindo at 130C (clique aqui para ler o relato do isolamento de um
procarioto cujo mximo de temperatura de crescimento foi definido como
130C); de regies polares, com temperaturas inferiores a -10C; de
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ambientes extremamente cidos (pH=1) ou bsicos (pH=13). Alguns
sobrevivem em ambientes extremamente pobres em nutrientes,
assemelhando-se gua destilada. H ainda aqueles encontrados no interior
de rochas na Antrtida.
Em termos metablicos, temos tambm os mais variados tipos, desde
aqueles com vias metablicas semelhantes a de eucariotos superiores, at
outros que so capazes de produzir cido sulfrico, ou aqueles capazes de
degradar compostos pouco usuais como cnfora, herbicidas, petrleo, etc.
Uma vez que os microrganismos precederam o homem em bilhes de
anos, pode-se dizer que ns evolumos em seu mundo e eles em nosso.
Desta forma, no de se estranhar que a associao homem-microrganismo
mostra-se com grande complexidade, com os microrganismos habitando
nosso organismo, em locais tais como a pele, intestinos, cavidade oral,
nariz, ouvidos e trato genitourinrio. Embora a grande maioria destes
microrganismos no causem qualquer dano, compondo a denominada
microbiota normal, algumas vezes estes podem originar uma srie de
doenas, com maior ou menor gravidade. Nesta classe de organismos esto
aqueles denominados patognicos e potencialmente patognicos.
Sabe-se que em cerca de 1013 clulas de um ser humano podem ser
encontradas, em mdia, cerca de 1014 clulas bacterianas. No homem, estas
se encontram em vrias superfcies, especialmente na cavidade oral e trato
intestinal.
Principais funes dos microrganismos na natureza
Alm de seu importante papel como componentes da microbiota
residente de animais e plantas, em nosso dia a dia convivemos com os mais
diversos produtos microbiolgicos naturais tais como: vinho, cerveja,
queijo, picles, vinagre, antibiticos, pes, etc. Paralelamente, no pode ser
deixada de lado a importncia dos processos biotecnolgicos, envolvendo
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engenharia gentica, que permitem a criao de novos microrganismos,
com as mais diversas capacidades metablicas.
Os microrganismos desempenham tambm um importante papel nos
processos geoqumicos, tais como o ciclo do carbono e do nitrognio, sendo
genericamente importantes nos processos de decomposio de substratos e
sua reciclagem. Dentre os compostos utilizados como substrato temos,
alguns de grande importncia atualmente: DDT, outros pesticidas, cnfora,
etc.
O carbono encontra-se na atmosfera primariamente como CO2, sendo
utilizado pelos organismos fotossintetizantes, para sua nutrio.
Virtualmente, a energia para o desenvolvimento da vida na Terra derivada,
em ltima anlise, a partir da luz solar. Esta captada pelas plantas e
microrganismos fotossintetizantes (algas e bactrias), que convertem o CO2
em compostos orgnicos, atravs da reao:CO2 + H2O => (CH2O)n + O2Os herbvoros alimentam-se de plantas e os carnvoros alimentam-se
dos herbvoros.
O CO2 atmosfrico torna-se disponvel para a utilizao na fotossntese
origina-se de duas fontes biolgicas principais: 1) 5 a 10% a partir de
processos de respirao e 2) 90 a 95% oriundos da degradao
(decomposio ou mineralizao) microbiana de compostos orgnicos.
Em termos de ciclo global, h um balano entre o consumo de CO 2 na
fotossntese e sua produo atravs da mineralizao e respirao. Este
balano, no entanto, vem sendo fortemente alterado por atividades
humanas, tais como a queima de combustveis fsseis, promovendo um
aumento da qualntidade de CO2 atmosfrico, resultando no conhecido efeito
estufa.
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A celulose existente nas plantas, embora seja um substrato
extremamente abundante na Terra, no utilizvel pela vasta maioria dos
animais. Por outro lado, vrios microrganismos, incluindo fungos, bactrias e
protozorios a utilizam, como fonte de carbono e energia. Destes
microrganismos, muitos encontram-se no trato intestinal de vriosherbvoros e nos cupins.
Muitos compostos txicos podem ser degradados por microrganismos,
dentre eles, policlorados, DDT, pesticidas.
Outra abordagem que tem se mostrado de grande valia para o homem
refere-se introduo de genes bacterianos em outros organismos (ditos
transgnicos), tais como plantas. Assim, est em franco desenvolvimento a
obteno de plantas transgnicas resistentes a pesticidas ou ao ataque deinsetos.
Microrganismos como agentes de doenas
Os microrganismos, eventualmente provocam doenas no homem, outros
animais e plantas. Apesar dos enormes avanos em relao ao tratamento
de doenas infecciosas, estas vm se tornando novamente um tema
preocupante, em virtude do crescente surgimento de linhagens bacterianas
cada vez mais resistentes s drogas. Atualmente, a Organizao Mundial daSade vem demonstrando crescente interesse nas doenas emergentes e re-
emergentes, de origem infecciosa.
Abaixo apresentamos um quadro cronolgico que deixa clara tais
preocupaes, em relao ao nmero de mortes provocadas por doenas
infecciosas.
(Adaptado do livro Brock Biology of Microorganisms, 10 Ed., 2003)
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Importncia da Microbiologia uma rea da Biologia que tem grande importncia seja como cincia
bsica ou aplicada.
Bsica: estudos fisiolgicos, bioqumicos e moleculares (modelo comparativo
para seres superiores). => Microbiologia Molecular
Aplicada: processos industriais, controle de doenas, de pragas, produo de
alimentos, etc.
reas de estudo:Odontologia: Estudo de microrganismos associados placa dental,
crie dental e doenas periodontais. Estudos com abordagem preventiva.
Medicina e Enfermagem: - Doenas infecciosas e infeces
hospitalares.
Nutrio: - Doenas transmitidas por alimentos, Controle de
qualidade de alimentos, Produo de alimentos (queijos, bebidas).
Biologia: - Aspectos bsicos e biotecnolgicos. Produo deantibiticos, hormnios (insulina, GH), enzimas (lipases, celulases), insumos
(cidos, lcool), Despoluio (Herbicidas - Pseudomonas, Petrleo), Bio-filme
(Acinetobacter), etc.
BIOTECNOLOGIA - Uso de microrganismos com finalidades
industriais, como agentes de biodegradao, de limpeza ambiental, etc.
Um breve histrico da importncia da microbiologia
Efeitos das doenas nas civilizaes
Talvez um dos aspectos mais negligenciados quando se estuda a
microbiologia refere-se s profundas mudanas que ocorreram no curso das
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civilizaes, decorrentes das doenas infecciosas.
De forma geral, as doenas provocavam um abatimento fsico e moral da
populao e das tropas, muitas vezes influenciando no desenrolar e no
resultado de um conflito.
A prpria mobilizao de tropas, resultando em uma aglomerao,
muitas vezes longa, de soldados, em ambientes onde as condies de
higiene e de alimentao eram geralmente inadequadas, tambm colaborava
na disseminao de doenas infecciosas, para as quais nnao exisitam
recursos teraputicos.
Paralelamente, em reas urbanas em franca expanso, os problemas
mencionados acima eram tambm de grande importncia, pois rapidamente
as cidades cresciam, sendo que as instalaes sanitrias geralmente eram
completamente precrias.
Com a prtica do comrcio entre as diferentes naes emergentes,
passou a haver a disseminao dos organismos para outras populaes,
muitas vezes susceptveis a aqueles agentes infecciosos.
Abaixo listaremos, brevemente, um pequeno histrico com alguns exemplos
dos efeitos das doenas microbianas no desenvolvimento de diferentescivilizaes.
O declnio do Imprio Romano, com Justiniano (565 AC), foi acelerado
por epidemias de peste bubnica e varola. Muitos habitantes de Roma foram
mortos, deixando a cidade com menos poder para suportar os ataques dos
brbaros, que terminaram por destruir o Imprio.
Durante a Idade Mdia varias novas epidemias se sucederam, sendo
algumas amplamente disseminadas pelos diferentes continentes e outrasmais localizadas. Dentre as principais molstias pode-se citar: Tifo, varola,
sfilis, clera e peste.
Em 1346, a populao da Europa, Norte da frica e Oriente Mdio era
de cerca de 100 milhes de habitantes. Nesta poca houve uma grande
epidemia da peste, que disseminou-se atravs da rota da seda (a principal
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rota mercante para a China), provocando um grande nmero de mortes na
sia e posteriormente espalhando-se pela Europa, onde resultou em um
total de cerca de 25 milhes de pessoas, em poucos anos.
Novas epidemias da peste ocorreram nos sculos XVI e XVII, sendo que no
sculo XVIII (entre 1720 e 1722), uma ltima grande epidemia ocorreu naFrana, matando cerca de 60% da populao de Marselha, de Toulon,. 44%
em Arles, 30% em Aix e Avignon.
A epidemia mais recente de peste originou-se na China, em 1892,
disseminando-se pela ndia, atingindo Bombaim em 1896, sendo
responsvel pela morte de cerca de 6 milhes de indivduos, somente na
ndia.
Antes da II Guerra Mundial, o resultado das guerras era definido pelasarmas, estratgias e pestilncia, sendo esta ltima decisiva. Em 1566,
Maximiliano II da Alemanha reuniu um exrcito de 80.000 homens para
enfrentar o Sulto Soliman da Hungria. Devido a uma epidemia de tifo, o
exrcito alemo foi profundamente dizimado, sendo necessria a disperso
dos sobrevivente, impedindo assim a expulso das hordes de tribos orientais
da Europa nesta poca.
Na guerra dos 30 anos (1618-1648), onde protestantes se revoltaram
contra a opresso dos catlicos, alm do desgaste decorrente da longa
durao do confronto, as doenas foram determinantes no resultado final.
Na poca de Napoleo, em 1812, seu exrcito foi quase que completamente
dizimado por tifo, disenteria e pneumonia, durante campanha de retirada de
Moscou. No ano seguinte, Napoleo havia recrutado um exrcito de 500.000
jovens soldados, que foram reduzidos a 170.000, sendo cerca de 105.000
mortes decorrentes das batalhas e 220.000 decorrentes de doenasinfecciosas.
Em 1892, outra epidemia de peste bubnica, na China e ndia, foi
responsvel pela morte de 6 milhes de pessoas.
At a dcada de 30, este era quadro, quando Alexander Fleming,
incidentalmente, descobriu um composto produzido por um fungo do gnero
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Penicillium, que eliminava bactrias do gnero Staphylococcus, um
organismo que pode produzir uma vasta gama de doenas no homem. este
composto - denominado penicilina - teve um papel fundamental na desfecho
da II Guerra Mundial, uma vez que passou a ser administrado s tropas
aliadas, enquanto o exrcito alemo continuava a sofrer pesadas baixas nocampo de batalha.
Alm destas epidemias, vale ressaltar a importncia das diferentes
epidemias de gripe que assolaram o mundo e que continuam a manifestar-
se de forma bastante intensa at hoje. Temos ainda o problema mundial
envolvendo a AIDS, o retorno da tuberculose (17 milhes de casos no Brasil)
e do aumento progressivo dos nveis de resistncia aos agentes
antimicrobianos que vrios grupos de bactrias vm apresentandoatualmente.
Morfologia e ultraestrutura bacterianas(Parte 1)
Morfologia: Tamanho, forma e arranjos bacterianos
As bactrias so extremamente variveis quanto ao tamanho e formas queapresentam. At recentemente acreditava-se que as menores bactrias
apresentavam cerca de 0,3 m (ex: Mycoplasma), entretanto, j existem
relatos de clulas menores, denominadas nanobactrias ou
ultramicrobactrias, com tamanhos variando de 0,2 a 0,05 m de dimetro,
sendo algumas inclusive j cultivadas em laboratrio. H ainda controvrsias
quanto a este grupo, pois vrios autores acreditam ser meros artefatos.
Muitas bactrias medem de 2 a 6 m de comprimento, por 1 a 2 m de
largura, mas certamente estes valores no podem ser definidos como
absolutos, pois eventualmente encontramos bactrias de at 500 ou 800
m, como no caso de Epulopiscium ou Thiomargarita.
Em relao s formas, a maioria das bactrias estudadas seguem um padro
menos varivel, embora existam vrios tipos morfolgicos distintos. De
maneira geral, as bactrias podem ser agrupadas em trs tipos morfolgicos
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gerais: cocos, bacilos e espiralados.
Os cocos correspondem a clulas arredondadas, podem se dividir sem um
plano de orientao definido, o que leva a um grande nmero de arranjos
diferentes. Assim temos os cocos isolados, diplococos (Neisseria,pneumococos), tetracocos, sarcinas (cubos contendo 8 clulas),
estreptococos (cocos em cadeia) e estafilococos (cocos formando massas
irregulares).
Microscopia ptica, corada
pelo mtodo de Gram, de cocos
formando cadeias, um arranjo
denominado estreptococos.
Microscopia eletrnica de
varredura das clulas
apresentadas acima.
Microscopia ptica, corada
pelo mtodo de Gram, de cocos
em um arranjo denominado
estafilococos.
Microscopia eletrnica de
varredura das clulas
apresentadas acima.
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Os bacilos tm forma de bastonetes, podendo apresentar
extremidades retas (Bacillus anthracis), arredondadas (Salmonella, E. coli),
ou ainda afiladas (Fusobacterium). Como seu plano de diviso fixo,
ocorrendo sempre no menor eixo, os bacilos exibem uma menor variedade
de arranjos, sendo via de regra encontrados isolados, como diplobacilos ouainda como estreptobacilos. H ainda um arranjo, denominado em
paliada, tambm denominado letras chinesas, que tpico do gnero
Corynebacterium. Tal tipo de arranjo ocorre porque a parede celular desses
organismos dupla e no momento da diviso celular ocorre a ruptura de
apenas uma das camadas, deixando as clulas unidas pela camada de
parede que no se rompeu. Os bacilos podem ainda apresentar-se como
pequenas vrgulas (Vibrio cholerae) ou em forma de meia lua
(Selenomonas).
Microscopia ptica, corada
pelo mtodo de Gram, de bacilos
arranjados dois a dois (diplobacilos).
Microscopia eletrnica de
transmisso, de um bacilo em
processo de diviso celular.
Espiralados: Sua nomenclatura bastante controvertida ainda. Um tipo de
classificao divide os espiralados em dois grupos, osespiroquetas, que
apresentam uma forma de espiral flexvel, possuindo flagelos
periplasmticos. O outro grupo so os espirilos, que exibem geralmente
morfologia de espiral incompleta e rgidos.
Geralmente os espiralados so microrganismos bastante afilados, de difcil
observao por microscopia de campo claro, sendo muitas vezes analisados
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H ainda formas intermedirias como os cocobacilos; formas
pleomrficas (quando o microrganismo no tem uma morfologia padro), tal
como Mycoplasma; ou ainda formas de involuo, originadas quando o meio
encontra-se desfavorvel ao desenvolvimento. Nesses casos, como o
organismo deixa de realizar os processos metablicos (nutrio e divisocelular) adequadamente, este sofre alteraes morfolgicas.
H tambm bactrias apresentando apndices, tais como extenses
celulares na forma de longos tubos ou hastes (prostecas) (Rhodomicrobium
vannielii). Alm destas bactrias, estudos vm revelando a ocorrncia de
bactrias com formas bastante peculiares, tais como clulas estreladas ou
retangulares.
bactria com morfologia
retangular
bactria com morfologia
semelhante a uma estrela
(Adaptado de Tortora et al., Microbiologia, 1998)
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Bactria pedunculada
(Adaptado de Madigan et al., Brock Biology of Microorganisms, 2003)
Ultraestrutra Bacteriana
A ultraestrutura bacteriana comeou a ser estudada em maiores
detalhes nas dcadas de 50 e 60, a partir do melhoramento das tcnicas de
microscopia eletrnica. Os procedimentos adotados incluam a lise celular,
seguida de centrifugao para promover a separao dos vrios
componentes subcelulares, que podiam agora ser purificados e analisados
bioquimicamente.
Parede Celular - Estrutura presente na maioria das bactrias conhecidas,
exceto em micoplasmas e algumas Archaea, que no a possuem.
Corresponde a uma das estruturas mais importantes nas clulas bacterianas,
estando localizada na poro mais externa, acima da membrana
citoplasmtica. Devido sua grande rigidez, a parede celular responsvel
pela manuteno da forma do microrganismo. Como o ambiente intracelular bastante concentrado em relao ao meio externo, (variando de 2 a at 10
atm), a parede atua como uma barreira fsica rgida, que mantm a forma
celular, impedindo que a clula estoure em decorrncia do grande turgor.
Alm disso, a parede celular atua como uma barreira de proteo contra
determinados agentes fsicos e qumicos externos, tais como o choque
osmtico. A parede pode ainda desempenhar importante papel em
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Aspecto das paredes celulares de organismos Gram positivos e negativos
(Adaptado de Madigan et al., Brock Biology of Microorganisms, 2003)
Composio da parede celular
Peptideoglicano (murena ou mucopeptdeo): Composto
exclusivamente encontrado no domnio Bacteria, sendo o responsvel pela
rigidez da parede celular. O peptideoglicano corresponde a um enorme
polmero complexo que, em bactrias Gram positivas pode formar at 20
camadas, enquanto em clulas Gram negativas est presente, formando
apenas uma ou duas camadas.
O peptideoglicano corresponde a um esqueleto, formado por dois
derivados de acares, a N-acetilglicosamina (NAG) e o cido N-
acetilmurmico (NAM), unidos alternadamente, atravs de ligaes do tipo
-1,4. O grupo carboxil de cada molcula de NAM liga-se a um
tetrapeptdeo, composto por aminocidos que alternam-se nas configuraes
L e D. Destes aminocidos, o D-glutamato, D-alanina e o cido meso-
diaminopimlico no so encontrados em qualquer outra protena conhecida.
Acredita-se que sua presena confira maior resistncia da parede contra a
maioria das peptidases.
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Assim, em cada resduo de NAM h um tetrapeptdeo associado. A enorme
rigidez da da parede celular resultante das ligaes entre os tetrapeptdeos
de cadeias adjacentes. Neste aspecto, h uma grande diferena entre as
bactrias Gram positivas e negativas. Nas bactrias Gram negativas (Ala-
Glu-DAP-Ala), a ligao entre os tetrapepdeos direta, ocorrendo entre ogrupamento amino do DAP subterminal (posio 3) e o grupamento carboxi
da D-Ala terminal (posio 4). J nas Gram positivas (Ala-Glu-Lys-Ala), a
ligao indireta, sendo mediada por uma ponte interpeptdica de natureza
varivel (cinco glicinas em S. aureus). A anlise das figuras abaixo deixa
clara a grande estruturao do peptdeoglicano, em virtude das inmeras
ligaes cruzadas existentes ao longo da molcula. Assim, devido a esta
complexa estruturao fsica, o peptideoglicano confere rigidez parede,
embora exiba certo grau de elasticidade e tambm porosidade.
peptideoglicano de clulas Gram
positivaspeptideoglicano de clulas Gram
negativasNas bactrias Gram positivas, cerca de 90% da parede celular
composta pelo peptdeoglicano, que geralmente forma cerca de 20 camadas.
O restante da parede composto essencialmente por cido teicico. Nas
bactrias Gram negativas, apenas cerca de 10% da parede corresponde ao
peptideoglicano, existindo geralmente como uma camada nica ou dupla. Os
demais componentes da parede celular de bactrias Gram negativas sero
analisados posteriormente.
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O lipdeo A corresponde poro mais interna da molcula, ancorando o LPS
poro hidrofbica da membrana externa. Este componente corresponde
poro txica do LPS e geralmente composto por cido esterico,
palmtico, mirstico, lurico ou caprico. Estes cidos graxos esto ligados aum dissacardeo de NAcGlicosamina-P. A poro polissacardica localiza-se
acima do lipdeo A, em direo ao exterior, sendo composta por duas
regies, o polissacardeo central e polissacardeo O, que mais externo, de
natureza repetitiva. Em Salmonella, o cerne composto por 10 acares
pouco usuais. Conectado ao cerne, h o Ag O, que geralmente composto
por 3 a 5 acares bastante peculiares e variveis. A natureza destes
acares pode ser modificada pelos microrganismos, resultando em um
mecanismo de evaso do sistema imune. O LPS tambm confere carga
nagativa superfcie celular.
O LPS se associa a protenas, formando a face externa da unidade de
membrana.
A membrana externa apresenta um grupo especializado de protenas,
denominadas genericamente de porinas, que atuam como canais para a
passagem de pequenas molculas hidroflicas, participando assim do
processo de nutrio. As porinas podem ser especficas, contendo stios deligao para 1 ou mais substratos, ou inespecficas, compondo canais
aquosos.
A maioria das porinas correspondem a protenas transmembrnicas, com 3
subunidades idnticas, que formam orifcios de cerca de 1 nm, sendo que,
aparentemente, possuem mecanismos para a abertura e fechamento. Para
algumas substncias, a membrana externa mais restritiva.
Compostos que afetam a Integridade da Parede Celular
Ao da Lisozima na PC: Esta enzima, sintetizada por alguns organismos e
por glndulas endcrinas do homem, age clivando as ligaes do tipo -1,4,
presentes no peptideoglicano. Nas clulas Gram positivas, o tratamento com
lisozima origina protoplastos (clulas sem parede celular), enquanto nas
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Gram negativas, a lisozima origina esferoplastos (clulas com resqucios de
parede celular).
Ao da penicilina na PC: Este antibitico impede a ligao dos
tetrapeptdeos. A droga se liga irreversivelmente s PBPs, que so protenasenvolvidas no processo de biossntese do peptideoglicano. Paralelamente, as
autolisinas, que atuam em conjunto com a maquinaria de biossntese,
passam a degradar pores do peptideoglicano. Como a sntese est
bloqueada, o resultado lquido a formao de uma parede defeituosa.
A Camada S
Algumas bactrias e vrias Archaea apresentam uma camada de natureza
protica ou glicoprotica estruturada (como um piso de tacos), denominada
camada S. Esta camada, as bactrias, encontra-se acima da parede celular e
at o momento, suas funes no se encontram totalmente esclarecidas.
Acredita-se que esta camada proteja a clula contra flutuaes osmticas,
de pH e ons, alm de auxiliar na manuteno da rigidez da parede. Alguns
autores especulam que a camada S pode mediar a ligao dos orgnaismos a
superfcies.
Microscopia eletrnica de uma clula contendo a camada S.
(Adaptado de Prescott et al., 2002)
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Micrografia eletrnica de
varredura de bacilos apresentando
fmbriasEsquema ilustrando a organizao
estrutural de uma fmbria, assinalando a
presena de molculas do tipo adesina,
situadas na extremidade da estrutura(Adaptado de An Electronic Companion to Microbiology)
Muitas bactrias podem ainda apresentar outro tipo de apndice,
denominado pilus F ou fmbria sexual, o qual exibe semlhanas estruturais
com as fmbrias. No entanto, este tipo de fmbra normalmente encontrado
em um menor nmero nas clulas, variando de 1 a 10. O pilus F
corresponde a uma estrutura bastante longa e menos rgida que as fmbrias
convencionais, estando envolvido no reconhecimento de outras bactrias,
em um processo de transferncia de genes denominado conjugao.
Micrografia eletrnica colorizada, revelando a longa fmbria sexual (pilus F).
Observar tambm a presena de fmbrias.Atualmente, diferentes tipos diferentes de fmbrias vm sendo
descritos, sendo vrios destes associados adeso, ou virulncia.
Bactrias Gram positivas podem, muitas vezes, apresentar estruturas
fibrilares (diferentes de fmbrias) em sua superfcie, provavelmente tambm
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Bactria peritrquia
(Adaptado de Tortora et al., 1998 -
Microbiology)
Bactria peritrquia
(Adaptado de Tortora et al., 1998 - Microbiology)
Estrutura - Estruturalmente, o flagelo pode ser subdivido em 3 regies:
filamento, corpo basal e gancho, sendo estas duas ltimas importantes para
a insero e movimento do filamento. O filamento dos flagelos apresenta
estrutura helicoidal, com comprimento de onda constante para cada espcie.Este corresponde a um cilindro longo e oco, composto por unidades
repetitivas de uma protena denominada genericamente de flagelina, que
pode variar de 30 a 60 kDa, dependendo do microrganismo. Sua
extremidade distal revestida por uma protena seladora. Algumas bactrias
apresentam bainhas de diferentes naturezas revestindo o filamento, tal
como em Vibrio cholerae, ou Bdellovibrio. O gancho apresenta maior
espessura que o filamento, sendo composto por diferentes subunidadesproticas. O corpo basal corresponde poro mais complexa do flagelo,
apresentando 4 anis ligados a um basto central em bactrias Gram
negativas, enquanto em Gram positivas so observados apenas 2 anis. Os
anis externos L e P associam-se ao LPS e peptidioglicano, respectivamente,
enquanto os anis S e M esto associados membrana citoplasmtica.
Esquema da estrutura dos flagelos bacterianos, em clulas
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MotB, que formam um canal de prtons, sendo que MotB tambm ancora o
complexo ao peptideoglicano.
Esquema ilustrando a movimentao de bactrias peritrquias
(Adaptado de Tortora et al., 1998 - Microbiology)
Flagelos periplasmticos - Estes flagelos so encontrados apenas nos
espiroquetas (sendo muitas vezes denominados de filamentos axiais). Como
o prrpio nome indica, estes flagelos situam-se no periplasma, localizando-
se abaixo da membrana externa destas bactrias. Os flagelosperiplasmticos originam-se a partir dos polos celulares, voltando-se em
direo ao centro da clula, envolvendo a membrana citoplasmtica do
corpo bacteriano.
Micrografia
eletrnica colorizada, revelando os
flagelos periplasmticos (amarelo)
(Adaptado de Tortora et al., 1998 -
Microbiology)
Micrografia eletrnica revelando o flagelo
periplasmtico, situado abaixo da membrana
externa
(Adaptado de An Electronic Companion to
Microbiology)
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periplasmtico. O periplasma pode atingir de 1 a cerca de 70 nm de espessura,
correspondendo a at 40% do volume total da clula.
Em Gram negativas, tem grande importncia, pois vrias enzimas e outras protenas
esto localizadas, incluindo hidrolases, protenas de ligao envolvidas no transporte e
quimiorreceptores. Bactrias quimiolitotrficas e denitrifcantes apresentam muitas vezesprotenas transportadoras de eltrons no periplasma, outras apresentam enzimas envolvidas na
sntese de peptideoglicano. A presena do periplasma bactrias Gram positivas ainda motivo
de controvrsias, devido ao enorme potencial secretor que este grupo apresenta.
Membrana Citoplasmtica -Estrutura delgada, com cerca de 8 nm, composta por uma
bicamada fosfolipdica (podendo apresentar 7 tipos de fosfolipdeos diferentes), entremeada de
protenas (cerca de 200 tipos distintos), atuando como importante barreira osmtica, altamente
seletiva. Normalmente, as membranas de organismos procariotos apresentam maiores
concentraes de protenas que as membranas eucariticas, tendo em vista a ausncia deorganelas citoplasmticas nas bactrias.
A bicamada fosfolipdica composta por glicerol ligado a duas cadeias de cidos
graxos, atravs de ligaes do tipo ster, com protenas entremeadas. Tanto as protenas
como os fosfolipdeos podem mover-se lateralmente ao longo da membrana. Esta
estabilizada principalmente por interaes hidrofbicas e por pontes de H.
Paralelamente, os ons Ca+2 e Mg+2 tambm participam, interagindo ionicamente com as
cargas negativas dos fosfolipdeos.Via de regra, os fosfolipdeos bacterianos contm cidos graxos com cadeias no ramificadas
de 16 a 18 tomos de carbono. Esta composio pode ser varivel, de acordo com as
condies ambientais. Assim, quando cultivadas em temperaturas baixas, h um aumento da
proporo de cidos graxos insaturados, aumentando consequentemente a fluidez da
membrana. Por outro lado, aumetando o grau de saturao, as cadeias tornam-se mais rgidas,
pois as molculas tm maior capacidade de associao.
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Grnulos de poliidroxibutirato
(Adaptado de Madigan et al., Brock Biology of Microorganisms, 2003)
Os magnetossomos so partculas intracelulares de magnetita (Fe3O4), que originam um
dipolo magntico na clula, que pode responder aos campos geomagnticos. Estes foram
descritos em algumas bactrias aquticas e algas. Outras bactrias aquticas apresentam
vesculas de gs, que conferem mobilidade nas diferentes camadas de gua. So estruturas
em forma de fuso, ocas, compostas por protenas, tendo tamanhos variveis (30 - 300 nm de
dimetro e at 1000 nm de comprimento). Consistem de um orifcio oco envolto por uma
membrana (armao) protica extremamente delgada (2 nm). Nesta membrana encontram-se
por 2 tipos de protenas que originam uma estrutura rgida, impermevel agua e permevel a
gases. A protena predominante tem cerca de 7.5 kDa, contendo 50% de resduos de
aminocidos hidrofbicos (Ala, Val, Leu, Ile), provavelmente voltados para o interior dapartcula, evitando a entrada de gua.
Clulas apresentandomagnetossomos em seu interior(corpsculos negros enfileirados)
(Adaptado de Prescott et al., Microbiology, 2000)
Preparao de magnetossomos(Adaptado de Prescott et al., Microbiology,
2000)
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As caractersticas apresentadas por alguns dos membros deste domnio parecem refletir
as condies primitivas da Terra, quando tal domnio comeou a evoluir como um ramo
filogenticio distinto. Ao que parece, vrias archaea conservaram mais do que as eubactrias
estas caractersticas fisiolgicas primitivas, o que seria responsvel pela distribuio atual no
planeta.
Assim, as archaea compreendem um grupo heterogneo de microrganismos que podem
ser caracterizados, em sua maioria, como habitantes de ambientes inspitos, geralmente
crescendo em condies consideradas at ento como extremas e limtrofes para a vida.
Classificao das Archaea
Atualmente, considera-se que este domnio apresente trs filos: Crenarchaeota,
Euryarchaeota e Korarchaeota.
rvore filogentica do domnioArchaea
(Adaptado de Madigan et al., 2003 - Brock Biology of Microorganisms)
O filo Crenarchaeota, separa-se muito prximo da raiz da rvore universal, sendo
composto por organismos hipertermfilos (Thermoproteus, Pyrolobus e Pyrodictium),
compreendendo os organismos capazes de crescer nas maiores temperaturas conhecidas.
Estes hipertermfilos so, em sua maioria, quimiolitotrficos autotrficos, sendo entoclassificados como produtores primrios. Neste grupo h tambm organismos isolados (mas
ainda no cultivados em laboratrio) de ambientes frios, tais como guas ocenicas.
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A metanocondroitina um polmero de 4 acares (galactosamina, cido glucornico,
N-acetil-galactosamina e glicose), muito semelhante ao tecido conectivo animal, composto por
sulfato de condroitina.
Aquelas archaea que coram-se como Gram negativas podem ter paredes compostas
por protenas, polissacardeos ou glicoprotenas. As paredes proticas podem variar entre si,podendo ser do tipo monocamada de natureza cristalina, ou policamadas, de protenas
tubulares. As glicoprotenas so tambm comuns, muitas vezes contendo grandes quantidades
de aminocidos carregados negativamente. As halobactrias so um exemplo do modelo
descrito acima, onde as cargas negativas da parede interagem com os ons Na + do ambiente,
estabilizando a parede.
O gnero Halococcus apresenta a parede celular composta por um
heteropolissacardeo altamente sulfatado, nunca observado em qualquer outro ser vivo.
Eventualmente, algumas archaea exibem uma camada protica adicional ao redor da
parede celular, ou compondo a prpria parede, denominada camada S, em um estado
cristalizado.
Membrana Citoplasmtica: corresponde a uma estrutura nica, apresentando
composio qumica e arranjo totalmente diferentes das membranas citoplasmticas de quase
todas as bactrias e de todos eucariotos.
Membrana Bacteria Archaea Eucarya
Contedo protico alto alto baixo
Composio lipdica fosfolipdeos
Sulfolipdeos,
glicolipdeos,
hidrocarbonetos
ramificados, isoprenoides,
fosfolipdeos
Fosfolipdeos
Estrutura dos
lipdeoscadeia linear cadeia ramificada cadeia linear
Ligao dos lipdeos ster ter (di e tetraeter) ster
As membranas de archaea geralmente apresentam um alto contedo protico e vrios lipdeos:
glicolipdeos, sulfolipdeos, fosfolipdeos (raros) e lipdeos apolares do tipo isopreno. A
presena de hidrocarbonetos ramificados aumenta a fluidez da membrana, uma vez que
dificultam a formao de estruturas cristalinas. Dentre os principais lipdeos esto aqueles do
tipo glicerol-ter-isopreno (hidrocarbonetos de 20, 25 ou 40 Carbonos).
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Assim, pode-se notar que muitas archaea exibem metabolismo quimioautotrfico.
Ecologia de archaea
Embora inicialmente fossem consideradas organismos restritos a ambientes extremos,
muitas archaea vm sendo isoladas de ambientes favorveis aos demais organismos
procariticos e eucariticos. No entanto, dentre as vrias archaea descritas at o momento, a
maioria encontrada em poucos ambientes especializados terrestres e aquticos, tais como
lagos extremamente salinos, ambientes estritamente anaerbios e/ou ambientes extremamente
quentes. At pouco tempo, a menor temperatura onde foi possvel se fazer o cultivo in vitro de
archaea era de 30C.
Dados recentes indicam, por outro lado, que este grupo de microrganismos pode
tambm ser isolado de ambientes frios. Atualmente sabemos que estes organismos so
importantes membros da microbiota aqutica de regies frias do planeta. Ao que parece, asarchaea podem corresponder a at 34% da biomassa procaritica das guas costeiras
superficiais da Antrtida.
De maneira geral, e pelo fato da maioria das archaea conhecidas serem isoladas de
ambientes quentes, salinos e/ou anaerbios, este domnio didaticamente dividido em trs
grandes grupos: termoflicos, halfilos e metanognicos.
No entanto, vale ressaltar mais uma vez que dados mais recentes comprvam a ampla
distribuio geogrfica e ecolgica desse grupo de organismos.
Termofilia: Sabe-se que vrias archaea tm temperatura tima superior a 80C e
temperatura mxima de crescimento acima de 100C (Pyrodictium brockiitem timo de 105C
e Pyrolobus fumariide 106C, embora cresa em at 113C). Ainda no se sabe at onde pode
ir esta faixa de temperatura.
Pyrolobus fumariifoi isolado de uma fenda no Oceano Atlntico, a uma profundidade de
3.650 metros, crescendo em uma faixa de temperatura de 90 a 113C, pH de 4 a 6.5 e
concentraes de NaCl variando de 1 a 4%. Experimentos realizados em laboratrio mostram
que culturas na fase exponencial de crescimento sobrevivem ao tratamento em autoclave
(121C) por 1 hora.
A termofilia requer adaptaes fisiolgicas especializadas, pois as protenas e cidos
nuclicos no podem ser desnaturados e a membrana deve manter-se funcional nestas
temperaturas.
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Molibdnio: presente em certas enzimas como a nitrato redutase assimilativa.
Cobre: importante para enzimas respiratrias.
Mangans:ativador de muitas enzimas.
Nquel: presente em hidrogenases.
Fatores de crescimento: correspondem a compostos orgnicos especficos, que so
necessrios em quantidades muito pequenas devido incapacidade das clulas os
sintetizarem (vitaminas, aminocidos, purinas e pirimidinas), os quais so geralmente
fornecidos como componentes dos meios de cultura (peptonas, extrato de levedura) utilizados
para o crescimento in vitro dos microrganismos. Na natureza, tais fatores so normalmente
encontrados nos hbitats naturais dos microrganismos. Por exemplo, bactrias do gnero
Porphyromonas requerem vitamina K como fator de crescimento, sendo esta fornecida pelo
prprio hospedeiro eucarioto.
As vitaminas correspondem ao fator de crescimento mais comum para os
microrganismos. Estas so definidas como compostos orgnicos necessrios em pequenas
quantidades, para o crescimento e funes no relacionadas nutrio, atuando na maioria
das vezes como parte de coenzimas. Esto descritas abaixo algumas das funes
desempenhadas pelas principais vitaminas requeridas pelos microrganismos:
biotina - Biossntese de cidos graxos, b-decarboxilaes, fixao de CO2;
tiamina (B1) - a-decarboxilaes e transcetolase
piridoxina (B6) - transformaes de aminocidos e ceto cidos
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cobalamina (B12) - reduo e transferncia de fragmentos nicos de carbono, sntese de
desoxirribose.
As bactrias dos gneros Streptococcus e Lactobacillus tm uma necessidade por
vitaminas maior do que aquela exibida pelo homem.
O processo de nutrio em procariotos
Nos procariotos contendo parede celular os processos de nutrio ocorrem atravs da
absoro dos nutientes, a partir do ambiente externo. Entretanto, devido s caractersticas
diferenciais na composio e estrutura da parede celular dos organismos Gram positivos e
Gram negativos, este processo apresenta algumas diferenas nestes dois grupos de
organismos.
Nutrio em Gram positivos: Estas bactrias caracterizam-se por sintetizar uma srie
de exoenzimas, as quais so liberadas no meio, clivando os nutrientes, que so capatados por
protenas transportadoras. Os fungos (clulas eucariticas), posuem um sistema de nutrio
semelhante ao das bactrias Gram positivas, nutrindo-se pela absoro, aps a clivagem
extracelular de compostos complexos.
Nutrio em Gram negativos
Papel da parede celular em Gram negativas
A parede celular das bactrias Gram positivas composta por vrias camadas depeptdeoglicano, enquanto nas Gram negativas observa-se uma maior complexidade qumica e
estrutural da parede, decorrente da presena de camadas lipoprotica e lipopolissacardica,
localizadas externamente camada de peptdeoglicano, originando a membrana externa. Estas
diferenas, por si s, contribuem em grande parte s diferenas observadas na forma de
captao dos nutrientes.
Devido presena de uma membrana externa de carter hidrofbico (LPS), as
bactrias Gram negativas apresentam um grande nmero de porinas associadas camada
lipopolissacardica. As porinas correspondem a protenas, formadas por trs subunidades
idnticas, que originam um canal de cerca de 1 nm de dimetro, cujo mecanismo de abertura e
fechamento permanece ainda desconhecido. Desta forma, as porinas permitem a passagem de
molculas hidroflicas, de baixa massa molecular.
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Estas protenas podem atuar de forma inespecfica, formando canais aquosos, ou
especfica, exibindo stios de ligao para substratos de at 5 kDa, ou ainda, acopladas a
protenas transportadoras.
Papel das protenas periplasmticas em bactrias Gram negativas
O periplasma corresponde poro celular localizada entre a membrana plasmtica e a
membrana externa, geralmente exibindo constituio gelatinosa, provavelmente devido ao
grande nmero de enzimas e protenas presentes, assim como pela prpria presena do
peptdeoglicano e lipoprotenas. De forma geral, so encontrados trs tipos de protenas no
periplasma de clulas Gram negativas: hidrolases, que atuam na degradao inicial dos
nutrientes;protenas de ligao, que iniciam os processos de transporte e os quimioreceptores,
envolvidos em processos de quimiotaxia. O transporte inicial das molculas para o citoplasma,
a partir do periplasma, um processo que requer gasto energia, por meio da utilizao de ATP.
Papel da membrana citoplasmtica na nutrio de Gram positivos e negativos
A membrana citoplasmtica, estrutura vital para qualquer tipo de clula, uma barreira
que separa o contedo celular do meio externo. A membrana corresponde a uma barreira
altamente seletiva, permitindo que as clulas concentrem metablitos especficos em seu
interior. No domnio Bacteria, a membrana apresenta-se como uma bicamada fosfolipdica,
contendo protenas dispersas por toda sua superfcie. A estutura global da membrana
estabilizada atravs de interaes do tipo pontes de hidrognio, interaes hidrofbicas e pela
presena de ons Ca++
e Mg++
, os quais se combinam com as cargas negativas dosfosfolpides. Embora em archaea, a membrana apresente estrutura totalmente distinta,
podendo ser do tipo bicamada ou monocamada, muitas vezes desprovida de fosfolipdeos, tal
estrutura desempenha os mesmo papis fisolgicos descritos para as membranas de qualquer
ser vivo.
Assim, a membrana tem papel essencial nos processos de nutrio procaritica, uma
vez que todos os nutrientes e produtos de degradao devem atravess-la. Devido sua
permeabilidade seletiva, a maioria das molculas so incapazes de simplesmente atravessar a
membrana de forma passiva. Ao contrrio, estas devem ser ativamente transportadas atravsda membrana.
O interior de uma clula procaritica consiste em uma soluo aquosa hipertnica em
relao maioria dos hbitats onde os procariotos so geralmente encontrados. Assim, a gua
tem a capacidade de passar livremente para o citoplasma, pelo processo de osmose. Outros
compostos, tais como pequenas substncias apolares e lipossolveis (cidos graxos, lcoois,
benzeno) so capazes de solubilizar-se na membrana e entrar na clula. Molculas carregadas
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como ons, aminocidos, compostos polares, devem ser transportados especificamente uma
vez que, devido sua natureza, no so capazes de atravessar a membrana.
Processos de transporte atravs da membrana
A presena de protenas transportadoras na membrana permite que a clula capte
compostos que naturalmente no penetrariam na clula, devido natureza semi-permevel da
membrana. Estas protenas podem ser agrupadas em trs classes: uniportadoras,
simportadoras e antiportadoras.
As protenas uniportadoras so aquelas que que transportam uma nica substncia de
um lado para outro da membrana. As duas outras classes so descritas como
cotransportadoras, uma vez que para transportar uma substncia qualquer, necessitam
transportar outra, concomitantemente. As simportadoras so aquelas que carreiam ambos os
compostos em uma mesma direo enquanto nas antiportadoras o transporte se d emdirees opostas.
Este tipo de transporte, mediado por protenas, permite clula apresentar
concentraes internas de determinados compostos superiores quelas encontradas no meio
externo.
Uma das principais caractersticas do processo de transporte mediado por protenas
reside na sua elevada especificidade, assim, determinados transportadores carreiam apenas
um nico tipo de molcula, embora a maioria apresente afinidade por uma classe de molculas
Tipos de transporte mediado por protenas
Difuso facilitada
Neste tipo de processo, a ligao do nutriente protena transportadora induz uma
mudana de conformao na protena, formando um canal pelo qual o nutriente tem acesso ao
citoplasma. Embora haja a participao de transportadores neste processo, a ao das leis das
massas impede que ocorra a formao de um gradiente de concentrao, mantendo assim as
concentraes intra e extracelular semelhantes.
Este processo de difuso mediada por transportadores denominado difuso facilitada, o qual
no envolve gasto de energia.
Os mecanismos descritos a seguir caracterizam-se por requerem um gasto de energia,
uma vez que estes permitem um acmulo dos compostos transportados no interior da clula.
Desta forma, estes mecanismos envolvem o transporte contra um gradiente de concentrao,
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sendo a energia necessria para o bombeamente dos compostos para o interior da clula.
Nestes casos, a energia pode advir da clivagem de ATP ou pela dissipao de gradientes de
prtons ou ons Na+ atravs da membrana. Este gradiente inico estabelecido durante
reaes que liberam energia e podem ser utilizados como fonte potencial de energia para a
captao de nutrientes contra um gradiente de concentrao.
Translocao de grupo
Neste tipo de transporte, o nutriente sofre uma alterao qumica durante sua passagem
atravs da membrana. Uma vez que o produto translocado para o interior da clula agora
diferente daquele presente no meio externo, no h a formao de um gradiente de
concentrao.
Molculas de acares tais como glicose, frutose, N-acetilglicosamina, purinas e pirimidinas
so exemplos de translocao de grupo, sendo fosforiladas durante o processo pelo sistema
fosfotransferase.
Em E. coli, o sistema fosfotransferase composto por 24 protenas, sendo 4
necessrias para o transporte de um dado acar.
O sistema fosfotransferase tem tambm papel na regulao do transporte dos acares, uma
vez que na presena de glicose e outro acar, o sistema fosforila preferencialmente as
molculas de glicose.
Tranporte ativo
Alguns acares, a maioria dos aminocidos, vrios ons inorgnicos e cidos orgnicos
so transportados atravs deste tipo de mecanismo. A energia necessria para efetuar os
processos advm ou do ATP ou, mais comumente, da formao de um gradiente de prtons
(ons hidrognio) por toda a membrana, denominado fora prton motiva. Como resultado, a
membrana fica energizada e este potencial eletroqumico responsvel pela captao dos
nutrientes.
Cada transportador tem stios especficos tanto para o substrato como para os prtons.
Com a entrada do nutriente, o prton tambm atravessa e membrana e com isso vai diminuindoo gradiente e a fora motiva.
Ctions tipo K+ podem ser transportados ativamente por uniportadores, em resposta
diferena de cargas, uma vez que o interior da clula fica carregado negativamente.
Os nions provavelmente so transportados juntamente com prtons, por
simportadores. Molculas no carregadas, como aminocidos ou acares, so transportadas
tambm por simportadores, juntamente com um ou mais prtons.
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Alm da fora motora resultante do gradiente de prtons, o transporte ativo tambm pode ser
executado utilizando a energia liberada pela hidrlise de ATP, como no caso do transporte de
maltose em E. coli.
A Cultura de microrganismos in vitro: A partir do conhecimento dos requerimentos
nutricionais, podem ser confeccionados meios que permitam o crescimento microbiano in vitro.
Cultura pura: corresponde a uma cultura contendo um nico tipo de organismo. Esta
importante, uma vez que permite o estudo dos microrganismos isoladamente. Para isso,
precisamos conhecer as necessidades nutricionais e ambientais dos microrganismos.
Os meios de cultura consistem em meios aquosos, adicionados de nutrientes e,
eventualmente, gar (polissacardeo = ster sulfato de galactana, retirado de algas - Gelidium),
caso se deseje a consistncia slida. H duas classes de meios: os quimicamente definidos
(sintticos) e os indefinidos (complexos). Tipos de meios em relao consistncia: Lquidos,Semi-slidos e Slidosn Tipos de meios, quanto composio: Simples, Enriquecidos,
Seletivos, Diferenciais.
Crescimento microbiano
Introduo ao Crescimento Microbiano
Em microbiologia, o termo crescimento refere-se a um aumento do nmero de clulas e
no ao aumento das dimenses celulares.
Crescimento Populacional: definido como o aumento do nmero, ou da massa
microbiana.
A taxa de crescimento a variao no nmero ou massa por unidade de tempo. O
tempo de gerao o intervalo de tempo necessrio para que uma clula se duplique. O tempo
de gerao varivel para os diferentes organismos, podendo ser de 10 a 20 minutos at dias,
sendo que em muitos dos organismos conhecidos, este varia de 1 a 3 horas. O tempo de
gerao no corresponde a um parmetro absoluto, uma vez que dependente de fatores
genticos e nutricionais, indicando o estado fisiolgico da cultura. O tempo de gerao pode
ser calculado quando uma cultura encontra-se em fase exponencial, pela frmula abaixo:
N=No.2n, onde N= nmero final de clulas, No= nmero inicial de clulas, n= nmero de
geraes.
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n= log(N) - log(No)/0.301
g = t/n , onde g= tmpo de gerao, t= tempo de crescimento e n= determinado acima.
Medidas do crescimento microbiano
O crescimento dos microrganismos pode ser mensurado por diferentes tcnicas, tais
como pelo acompanhamento da variao no nmero ou peso de clulas, por exemplo. Dentre
as diferentes tcnicas utilizadas, descreveremos alguns exemplos.
Contagem total de clulas: esta metodologia envolve a contagem direta das clulas
em um microscpio, seja de amostras fixadas (e coradas) ou analisadas a fresco, (sendo
aplicados cerca de 10 l da suspenso, na maioria dos casos), utilizando-se cmaras de
contagem. A contagem direta uma tcnica rpida, mas tem como principais limitaes a
impossibilidade de distino entre clulas vivas e mortas (o que pode ser contornado pelo uso
de corantes vitais, para leveduras) e contagens errneas, devido s pequenas dimenses dealgumas clulas, ou pela formao de agregados celulares.
Em preparaes no coradas, deve-se utilizar microscpio de contraste de fase, o qual
deve ser empregado apenas quando as clulas no esto muito diludas (
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Contagem de viveis: Procedimento tambm conhecido como contagem em placa,
que estima o nmero de clulas viveis (isto , capazes de se reproduzir) em uma amostra.
Esta metodologia envolve a coleta de alquotas de uma cultura microbiana em diferentes
tempos de crescimento, as quais so ento inoculadas em meio slido. Aps a incubao dos
meios, geralmente por uma noite, o nmero de colnias contado. Como uma colnia
normalmente originada a partir de um organismo, o total de colnias que se desenvolvem nomeio corresponde ao nmero de clulas viveis presentes na alquota analisada. Esta tcnica
deve sempre realizada empregando-se vrias dilues (100 a 104 clulas) das amostras. A
contagem de viveis pode ser feita pela semeadura em superfcie ou em profundidade ("pour
plate"). Geralmente o volume a ser inoculado no deve ultrapassar 0,1 ml, para evitar a
confluncia das colnias. Se a tcnica de semeadura em profundidade for utilizada, pode-se
inocular de 0,1 a 1,0 ml de clulas. Esta tcnica precisa quando o nmero de colnias (ou
placas de lise, no caso de partculas virais ) contadas situa-se entre 30 e 300 e quando as
condies culturais e ambientais esto adequadas para os microrganismos analisados. Este
tipo de contagem est sujeito a grandes erros (agregados, duas clulas prximas, originando
uma colnia), que podem ser minimizados pela realizao de triplicatas para cada diluio.
Esta metodologia amplamente utilizada, exibindo elevada sensibilidade, detectando baixos
nmeros de clulas e permitindo tambm a contagem de diferentes tipos de microrganismos,
pelo emprego de meios seletivos (meios que favorecem o crescimento de um determinado tipo
ou grupo de organismo) e/ou seletivos e diferenciais (meios que alm de favorecerem o
desenvolvimento de um tipo ou grupo de organismo, tambm permite sua distino, a partir de
alguma caracterstica fenotpica).
Tambm podem ser usadas membranas filtrantes, onde os lquidos so filtrados e as
membranas colocadas diretamente sobre os meios de cultura.
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Anlises qumicas: A partir da quantificao de protenas ou de nitrognio, ou por meio
da anlise de diferentes atividades metablicas.
Nmero Mais Provvel (NMP): Amplamente utilizado em laboratrios de microbiologia
de alimentos ou ambiental, na quantificao de microrganismos em gua, leite e outros
produtos. Esta metodologia basicamente utilizada para a pesquisa de coliformes totais ecoliformes fecais, que so microrganismos indicadores de poluio fecal, o que pode ter como
consequncia a presena de outros organismos, tais como protozorios e vrus. Esta tcnica foi
desenvolvida aps anlises estatsticas complexas. A determinao do NMP realizada
inoculando-se 3 sries de 5 tubos, com 10, 1 e 0,1 ml da gua ou do produto homogeneizado
em soluo salina, em meios seletivos para coliformes totais contendo tubos de Durham
invertidos em seu interior. Estes so incubados por 48 hs/37C sendo ento analisados quanto
ao crescimento e presena de gs no interior dos tubos de Durham.
Tal resultado considerado como positivo para a presena de coliformes totais.Amostras dos tubos positivos so ento repicados para caldos seletivos para coliforme fecais,
tambm contendo tubos de Durham, os quais so incubados por mais 24 ou 48 hs a 42C. De
todos os tubos positivos faz-se uma semeadura em placa com meio seletivo e posterior
identificao bioqumica. De acordo com o nmero de tubos que apresentam gs determina-se
o NMP, pela consulta de uma tabela desenvolvida por Hoskins (1934). Este um teste apenas
presuntivo para a presena de coliformes.
Curva de crescimento (cultura descontnua)
Quando uma cultura microbiana desenvolve-se em um sistema fechado, pode-se confeccionar
uma curva de crescimento. Esta pode ser dividida em diferentes etapas: lag, log, estacionria e
de declnio.
Curva de Crescimento Padro, em um sistema fechado
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Lag: perodo varivel, onde ainda no h um aumento significativo da populao. Ao
contrrio, um perodo onde o nmero de organismos permanece praticamente inalterado.
Esta fase apenas observada quando o inculo inicial proveniente de culturas mais antigas.
A fase lag ocorre porque as clulas de fase estacionria encontram-se depletadas de vrias
coenzimas essenciais e/ou outros constituintes celulares necessrios absoro dos nutrientes
presentes no meio.
A fase lag tambm observada quando as clulas sofrem traumas fsicos (choque
trmico, radiaes) ou qumicos (produtos txicos), ou quando so transferidas de um meio rico
para outro de composio mais pobre, devido a necessidade de sntese de vrias enzimas.
Assim, durante este perodo observa-se um aumento na quantidade de protenas, no peso seco
e no tamanho celular.
Log ou exponencial: nesta etapa, as clulas esto plenamente adaptadas, absorvendo
os nutrientes, sintetizando seus constituintes, crescendo e se duplicando. Deve ser levado emconta tambm que neste momento, a quantidade de produtos finais de metabolismo ainda
pequena. A taxa de crescimento exponencial varivel, de acordo com o tempo de gerao do
organismo em questo. Geralmente, procariotos crescem mais rapidamente que eucariotos.
Nesta fase so realizadas as medidas de tempo de gerao. Geralmente, ao final da fase log,
as bactrias passam a apresentar fentipos novos, decorrentes do processo de comunicao
denominado "quorum sensing".
Estacionria: Nesta fase, os nutrientes esto escasseando e os produtos txicos esto
tornando-se mais abundantes. Nesta etapa no h um crescimento lquido da populao, ou
seja, o nmero de clulas que se divide equivalente ao nmero de clulas que morrem. Na
fase estacionria que so sintetizados vrios metablitos secundrios, que incluem antibiticos
e algumas enzimas. Nesta etapa ocorre tambm a esporulao das bactrias.
Foram detectados alguns genes (sur) que so necessrios sobrevivncia das clulas
na fase estacionria. Alm destes, existem outros genes (fatores s alternativos da RNA
polimerase, protenas protetoras contra dano oxidativo).
Declnio: A maioria das clulas est em processo de morte, embora outras aindaestejam se dividindo. A contagem total permanece relativamente constante, enquanto a de
viveis cai lentamente. Em alguns casos h a lise celular.
Culturas descontnuas tendem a sofrer mutaes que podem repercutir na populao como um
todo. As prprias condies ambientais tendem a promover variaes de carter fenotpico
(reversvel) nas culturas.
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Crescimento em culturas contnuas: tcnica muito usada nos processos industriais
de obteno de produtos microbiolgicos. Nestes casos, tem-se o interesse em manter as
clulas em fase log ou estacionria. Utilizam-se fermentadores ou quimiostatos, que permitem
um crescimento em equilbrio dinminco, havendo assim um controle da densidade
populacional e da taxa de crescimento. Estes so respectivamente controlados pela
concetrao do nutriente limitante (fonte de C ou N) e pela taxa de fluxo (taxa de diluio). Embaixas concentraes do nutriente limitante, a taxa de crescimento proporcional
concentrao do nutriente (que virtualmente zero).
Crescimento sincronizado: inicialmente obtido por processos que retardavam a
sntese de DNA. Atualmente, utiliza-se mtodos de separao mecnica das clulas menores,
recm-divididas. Pode ser feita pela filtrao em vrios papis de filtro, que retm clulas
maiores, em fase de diviso.
Efeito dos fatores ambientais no crescimento
O crescimento dos microrganismos grandemente afetado pelas condies fsicas e
qumicas do ambiente onde se encontram, sendo que estas podem influir positivamente ou
negativamente de acordo com o microrganismo em questo.
Temperatura: Corresponde a um dos principais fatores ambientais que influenciam o
desenvolvimento bacteriano. A medida que h um aumento da temperatura, as reaes
qumicas e enzimticas na clula tendem a tornar-se mais rpidas, acelerando a taxa de
crescimento. Entretanto, em determinadas temperaturas inicia-se o processo de desnaturaode protenas e cidos nuclicos, inviabilizando a sobrevivncia celular.
Assim, todos os microrganismos apresentam uma faixa de temperatura onde
desenvolvem-se plenamente. Nesta faixa de temperatura podemos determinar as temperaturas
mnima, tima e mxima (temperaturas cardeais), para cada microrganismo. A temperatura
mxima provavelmente reflete os processos de desnaturao mencionados acima, enquanto os
fatores que determinam a temperatura mnima ainda no so bem conhecidos, embora
certamente a fluidez da membrana seja um dos fatores determinantes destes nveis trmicos
baixos.
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Temperaturas cardeais dos microrganismos(Adaptado de Madigan et al., Brock Biology of Microorganisms, 2003)
Dentre os diferentes microrganismos observa-se uma ampla variedade de faixas de
temperatura, onde para alguns o timo encontra-se entre 5 e 10C, enquanto para outros de
90 a 100C. Assim, os microrganismos podem ser classificados em quatro grupos, de acordo
com os timos de temperatura: psicrfilos (0 a 20C, timo de 15C - Flavobacterium),
mesfilos (12 a 45C, 37C - E. coli), termfilos (42 a 68C, 62C - Thermococcus), e
hipertermfilos (80 a 113C, 105C - Pyrodictium brockii).
Tipos de bactrias em relao temperatura
(Adaptado de Madigan et al., Brock Biology of Microorganisms, 2003)
Psicrfilos: os ambientes frios so predominantes na Terra (oceanos, polos, solos)
entretanto este grupo (bactrias, fungos e algas) muito pouco estudado. Destes, os mais
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conhecidos so as algas que crescem sob o gelo ou em geleiras ( Chlamydomonas nivalis),
dando colorao vermelha.
H os microrganismos psicrotolerantes que so aqueles cujo timo encontra-se entre
20 e 40C e que sobrevivem a 0C. So um grupo amplo (bactrias, fungos, algas e
protozorios) que podem contaminar alimentos e outros substratos refrigerados.
Mesfilos: crescem numa faixa de 20 a 40C, com um timo em torno de 37C, sendo
os principais microrganismos encontrados em animais de sangue quente.
Termfilos e Hipertermfilos: timos de 45 e 80C, respectivamente. So
encontrados nos solos, silagem, fontes termais e no fundo ocenico, em fontes. Geralmente
so procariotos, sendo as Archaea as mais resistentes, apresentando enzimas e protenas
termoestveis, provavelmente devido substituio de aminocidos, conferindo um novo
folding. Tm tambm uma maior concentrao de cidos graxos saturados na MC. As Archaeano tem cidos graxos na MC, mas sim hidrocarbonetos de cadeias com diferentes
comprimentos, compostas por unidades repetitivas de 5 C (fitano), ligadas a glicerol fosfato, por
ligao ter.
Os termfilos e hipertermfilos tem grande interesse biotecnolgico porque tendem a
fazer os processo mais rapidamente, com menor contaminao por outros microrganismos e
possuem enzimas mais termoestveis.
pH: Os ambientes naturais tem uma faixa de pH de 5 a 9, o que comporta o crescimento
de diferentes tipos de microrganismos.
Bactrias - faixa entre 7, com algumas acidfilas (Thiobacillus de 0,5 a 6,0 com timo entre 2 e
3,5) e outras alcaliflicas (Bacillus e Archaea).
Fungos - tendem a ser mais acidfilos que as bactrias (pH
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Distribuio de alguns microrgansmos, de acordo com o pH
(Adaptado de Madigan et al., Brock Biology of Microorganisms, 2003)
Tenso de O2: Extremamente importante no desenvolvimento, uma vez que os
microrganismos comportam-se de forma bastante distinta, sendo classificados como aerbios,
anaerbios facultativos, anaerbios estritos, anaerbios aerotolerantes e microaerfilos
(requerem concentraes baixas de O2).
As condies de anaerobiose podem ser conseguidas pelo uso de agentes redutores nos
meios de cultura, tais como o tioglicolato de sdio, que reage com o oxignio, formando gua;
pela remoo mecnica do oxignio, sendo substitudo por nitrognio e CO 2; pelo uso de
sistemas comerciais do tipo "GasPak", que gera hidrognio e CO2 com um catalisador de
paldio. Adiciona-se gua ao sistema, a qual gera hidrognio, que reage com o oxignio na
superfcie do catalisador, formando gua; ou ainda pelo uso de "glove box" anaerbias ou a
mesa inoculadora desenvolvida pelo VPI.
Classes de organismos, em relao tenso de oxignio
(Adaptado de Madigan et al., Brock Biology of Microorganisms, 2003)
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gua: Essencial a qualquer microrganismo, embora as necessidades sejam variadas.
o solvente universal, mas sua disponibilidade varivel (solues com acares ou sais tm
menos gua disponvel).
Aw: presso do vapor em equilbrio com a soluo/ pv da gua, variando de 0 a 1.
Os organismos que vivem em ambientes onde a disponibilidade de gua baixadesenvolvem mecanismos para extrair gua do ambiente, pelo aumento da concentrao de
solutos internos, seja bombeando ons para o interior ou sintetizando ou concentrando solutos
orgnicos (solutos compatveis), que podem ser aucares, lcoois ou aminocidos (prolina,
betaine, glicerol).
Presso osmtica: Fator extremamente importante, principalmente a partir do maior
conhecimento sobre as Archaea, visto que vrios membros deste domnio requerem altas
concentraes de sais para seu desenvolvimento.
Classes de organismos, em relao salinidade
Fatores adicionais:
Fonte luminosa para fototrficos autotrficos. Presso atmosfrica, para aqueles que
vivem em profundidades.
Reproduo em procariotos
Introduo
A diviso celular um processo complexo, que ocorre de variadas maneiras,
dependendo do tipo de organismo. Em eucariotos, os microtbulos do fuso mittico atuam
como a fora motriz durante a segregao cromossomal. Nas clulas animais e em fungos, um
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anel de actina-miosina se forma na poro mediana de uma clula em diviso, sendo que a
fora gerada pela interao entre estas duas protenas promove o crescimento interior do septo
de diviso. Nas plantas, a formao do septo complexa, devido parede celular espessa.
Assim, surge na regio central da clula um disco, que cresce de forma centrfuga. Em todos
estes casos o stio de diviso celular definido indiretamente pelos microtbulos, pois o
posicionamento do fuso mittico parece ser crucial no direcionamento do plano de diviso. Nasplantas um feixe transiente de microtbulos envolve a clula no plano de diviso, com um
possvel papel na seleo do stio de diviso.
Embora intensamente estudado, o processo de diviso celular em procariotos ainda
pouco conhecido, existindo alguns modelos propostos. Uma das principais concluses obtidas
destes estudos refere-se ao fato da diviso celular em procariotos corresponder a um processo
extremamente complexo e regulado, tanto em termos espaciais como temporais. Assim, h
uma srie de mecanismos que regulam os eventos de duplicao e segregao do
cromossomo e a formao do septo de diviso, garantido a eficincia do processo. Outro
importante achado refere-se intensa participao de protenas citoplasmticas, atuando como
anlogos do citoesqueleto de clulas eucariticas, no processo de diviso celular.
At o momento, os estudos indicam que a maioria dos procariotos se divide por fisso
binria, originando duas clulas filhas idnticas logo aps a duplicao e segregao
cromossomal. O ciclo celular bacteriano pode ser divido em duas fases: 1) Um ciclo de DNA,
que inclui a replicao e segregao dos cromossomos e 2) um ciclo de diviso, com a
citocinese e separao das clulas filhas.
No entanto, estudos com outras bactrias, tais como a bactria pedunculada Caulobacter
crescentus, revelam um processo mais complexo de diviso, originando clulas distintas
morfolgica e fisiologicamente. Relatos mais recentes da literatura descrevem a ocorrncia de
diferentes procesos de reproduo no domnio Bacteria.
Assim, em Epulopiscium, uma bactria "gigante" simbionte intestinal do peixe cirurgio,
foi observada a ocorrncia de viviparidade, com a formao de 1 a 7 clulas filhas ativas
metabolicamente, as quais so liberadas aps a lise da clula me. Neste mesmo gnero e em
Metabacterium polyspora, foi descrita a formao de mltiplos esporos intracelulares. Tais
relatos deixam claro o quanto ainda desconhecemos sobre a reproduo em procariotos e que
estes organismos so capazes de exibir mais de um mecanismo de reproduo.
Visando abordar de maneira geral os eventos associados reproduo procaritica por
meio da fisso binria, passaremos a descrever os principais resultados obtidos a partir de
pesquisas realizadas especialmente com Escherichia colie Bacillussubtilis.
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O processo de fisso binria - Uma viso geral
Fisso binria em B. subtilis Esta bactria corresponde a um excelente modelo de
estudo devido sua capacidade de originar endsporos, quando em condies desfavorveis.
Neste sentido, um dos aspectos que mais chamou a ateno dos pesquisadores foi que
durante a reproduo o septo de diviso era formado na regio mediana da clula, enquanto naesporulao o septo localizava-se na regio prxima a um dos plos celulares (Fig. 1). A fisso
binria ocorre quando a clula cresce, atinge cerca do dobro de seu comprimento e se divide.
Paralelamente, h a duplicao e segregao do DNA (Fig. 1a). Por outro lado, na
esporulao, h a duplicao do cromossomo, mas o septo formado tem localizao polar,
sendo esta a regio de formao do endsporo (Fig. 1b).
Adaptado de Angert (2005) Nature Rev. Microbiol., 3:214-224.
Fig. 1 Ciclos de vida em B. subtilis. Em (a) ciclo vegetativo. Em condies
favorveis, a clula aumenta de tamanho, replica o cromossomo (azul) e se divide por fisso
binria. O aparato de diviso montado, com a protena FtsZ (verde) formando um anel no
meio da clula, onde ocorre a diviso. Em condies de exausto ambiental (Fig. 1b), a clula
forma esporos. As duas cpias do cromossomo assumem uma nova configurao, que se
estende de um plo a outro. A maquinaria de diviso montada nos dois plos, mas a diviso
ocorre somente em um deles. Parte de um dos cromossomos fica presa por um septo de
diviso, sendo empacotado pelas protenas do septo, em um compartimento fechado (pr-
esporo). O pr-esporo ento englobado pela clula me. O pr-esporo preparado para a
dormncia, pois protenas se ligam, protegendo o DNA, o citoplasma mineralizado e
formada uma barreira protica ao redor da estrutura.
Vrios so os aspectos ainda pouco elucidados sobre a diviso celular. Por exemplo,
como ocorre a segregao do DNA? Como o septo de diviso localizado corretamente? Os
estudos vm mostrando que as bactrias possuem uma srie de protenas citoplasmticas que
atuam como um verdadeiro citoesqueleto, sendo responsveis pela correta migrao do DNA e
posicionamento do septo. Existem autores que vm utilizando o termo "replissomo" para
descrever a complexa maquinaria celular envolvida no processo de diviso. Alm disso, dados
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recentes tambm revelam que os lipdeos de membrana so importantes componentes do
replissomo. Dentre os diversos componentes da maquinaria, uma protena denominada MreB,
semelhante actina, est implicada na segregao do DNA.
Um dos componentes mais estudados corresponde protena FtsZ, um homlogo estrutural da
tubulina que, durante a fisso binria, se organiza como um anel no centro da clula e atua
como ponto de ancoragem de outros elementos do aparato. Estes outros componentesredirecionam o crescimento da parede celular e protegem o DNA de danos enquanto o
envelope invagina. FtsZ uma protena muito conservada e uma das primeiras protenas a
se organizar no fututro stio de diviso. Nos prximos tpicos discutiremos a protena FtsZ em
maior detalhe.
Em condies normais, o septo de diviso somente formado aps a segregao do
DNA duplicado. Vrios so os processos que resultam em tal situao. Um deles corresponde
prpria ocluso do futuro stio de diviso pelo nucleide ainda no segregado. Ao que parece,
o DNA se liga a uma srie de lipdeos da membrana, no permitindo que o anel FtsZ seja
montado. Outras protenas, denominadas sistema MinCD, impedem a montagem do complexo
FtsZ nos plos.
Alm destas, vrias outras vm sendo estudadas, tais como EzrA, que afeta a estabilidade dos
polmeros FtsZ, otimizando sua montagem apenas nos locais corretos. No caso de danos ao
DNA, as protenas YneA e SulA desestabilizam o anel, impedindo a diviso.
O processo de segregao dos cromossomos bacterianos
Esta etapa da diviso celular procaritica foi analisada a partir dos estudos com B. subtilis,
como mencionado anteriormente, uma bactria capaz de esporular. A partir dos estudos com
mutantes incapazes de realizar o processo completo de segregao cromossomal, foi
verificado que sempre um mesmo segmento de DNA era o primeiro a atingir os plos celulares.
O mapeamento deste segmento de DNA revelou que tal seqncia correspondia regio
situada adjacente oriC, que a origem de replicao do DNA cromossomal.
Em E. coli, a replicao do cromossomo ocorre quando o complexo protena DnaA-ATP
se liga a stios em oriC. A ligao promove o desenovelamento da oriC, o recrutamento de uma
helicase (DnaB) e a montagem de um replissoma. A iniciao da replicao regulada,
ocorrendo uma vez a cada ciclo celular. A Figura 2 esquematiza o ciclo de iniciao da
duplicao do DNA mediado pela protena DnaA.
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