documento protegido pela lei de direito autoral · deep, although it does include them as a way to...

44
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA PROJETOS DE APLICATIVOS WEB NO CONTEXTO ECONÔMICO ATUAL E A TEORIA DAS OPÇÕES REAIS COMO FERRAMENTA DE ANÁLISE DE VIABILIDADE Por: Catharina Dantes de Carvalho Pinheiro Orientador Prof. Anderson Gonzaga Teresópolis 2012 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

Upload: others

Post on 13-May-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

PROJETOS DE APLICATIVOS WEB NO CONTEXTO

ECONÔMICO ATUAL E A TEORIA DAS OPÇÕES REAIS COMO

FERRAMENTA DE ANÁLISE DE VIABILIDADE

Por: Catharina Dantes de Carvalho Pinheiro

Orientador

Prof. Anderson Gonzaga

Teresópolis

2012

DOCU

MENTO

PRO

TEGID

O PEL

A LE

I DE D

IREIT

O AUTO

RAL

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

A TEORIA DAS OPÇÕES REAIS

APLICADA À ANÁLISE DE VIABILIDADE

FINANCEIRA E AO PROCESSO

DECISÓRIO DE PROJETOS DE

APLICATIVOS WEB

Apresentação de monografia à AVM Faculdade

Integrada como requisito parcial para obtenção do

grau de especialista em Gestão de Projetos.

Por: Catharina Dantes de Carvalho Pinheiro

AGRADECIMENTOS

Ao professor Anderson Gonzaga,

amigo e orientador; a Daniela Pereira,

amiga e incentivadora; a Maria de

Lourdes de Carvalho, Gilberto Pinheiro,

Andrea Gottlieb, Iasha Gottlieb, Ana

Djanira Pinheiro, e a todos os amigos,

incentivadores e companheiros de

caminhada.

DEDICATÓRIA

Ao meu homônimo e minha voinha

Catharina Carvalho, que me introduziu à

magia da vida e do universo.

RESUMO

O objetivo deste trabalho é avaliar as vantagens da aplicação da Teoria das

Opções Reais (TOR) como complemento para as tradicionais técnicas de

análise de viabilidade financeira em se tratando de projetos para o

desenvolvimento de aplicativos web. Para isso, busca demonstrar que a

análise pelo método das opções reais torna o investidor mais apto a tomar

decisões diante das imprevisibilidades inerentes a projetos desse tipo, de

acordo com suas próprias características. Para tal, vale-se dos seguintes

objetivos secundários: (i) apresentar um panorama do mercado e da história

dos aplicativos web; (ii) traçar um paralelo entre as técnicas clássicas de

análise de viabilidade de projetos e a TOR; (iii) apresentar o conceito de

árvores de decisão como recurso complementar para aplicação da TOR no

processo decisório; (iv) explorar os principais fatores de sucesso de projetos de

aplicativos web; (v) apresentar um exemplo ilustrativo de aplicação da TOR na

análise de viabilidade e no processo decisório de projetos de aplicativos web.

Foge ao escopo do trabalho aprofundar-se em cálculos e apresentar sua

aplicação, embora sejam expostas as fórmulas das técnicas de análise de

viabilidade financeira para uma melhor compreensão de como funcionam.

Também não serão abordados os detalhes técnicos referentes ao

desenvolvimento nem à arquitetura dos aplicativos web.

Ao final do estudo, concluiu-se que a TOR pode ser uma ferramenta

poderosa tanto na análise de viabilidade financeira, quanto para guiar no

processo decisório. Na análise financeira, contudo, precisa ser combinada às

técnicas clássicas, como o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de

Retorno (TIR). A principal conclusão, entretanto, é que, considerando o pouco

conhecimento até o momento desenvolvido em relação ao mercado de

aplicativos web e a sua volatilidade, a TOR pode ajudar a fazer análises de

viabilidade mais criteriosas e orientar nas decisões tomadas ao longo do

desenvolvimento do projeto tendo em vista uma maior garantia de retorno.

ABSTRACT

The purpose of this study was to make an analysis of the benefits of using Real

Options Valuation (ROV) in tandem with more traditional project valuation

methods, with a focus on web application projects. In order to achieve that, it

aimed to show that the use of ROV enables the investor to make more informed

decisions when confronted with the uncertainties particular to this kind of

project, taking its specific characteristics into account. To that end, it had as

secondary objectives: (i) to make an introduction to the history and the market

of web applications; (ii) to present a critical comparison between more

traditional valuation methods and ROV; to explore decision trees as a

complementary tool for the application of ROV in the decision process of a web

application project; (iv) to explore the success factors for web applications; (v)

to illustrate the argument with an example of the use of ROV as the valuation

method and in the decision process for a web application project.

It is beyond the study’s scope to explore formulas and their application in

deep, although it does include them as a way to better show how the valuation

methods here discussed work. It neither covers the technical details of the

development or the architecture of web applications.

The study led to the conclusion that ROV can be a powerful tool both in

project valuation as to guide through the decision process. As a project

valuation method, however, it works better in tandem with classical technics

such as Net Present Value (NPV) and Internal Rate of Return (IRR). The main

conclusion, though, was that, considering how little we know about the new-

born market of web applications at this point, and also taking its volatility into

account, ROV can be used in a more judicious valuation analysis and help to

make more informed decisions all through the development process of the

project in order to raise the chances for bigger investment returns.

METODOLOGIA

A metodologia usada no desenvolvimento deste trabalho foi o levantamento

bibliográfico dos conceitos utilizados, combinado à consulta da literatura

acadêmica, incluindo diversas monografias e artigos, e à observação das

tendências do mercado através de notícias, artigos publicados na web, blogs

etc.

Em primeiro lugar, foi feito um levantamento da bibliografia acadêmica à

procura de trabalhos sobre análise de viabilidade de projetos que tivesse como

foco a Teoria das Opções Reais como ferramenta de análise e de projetos de

aplicativos web. Como não foram encontrados trabalhos com esse perfil, o

segundo passo foi o estudo dos conceitos usados no desenvolvimento do

trabalho, especialmente da Teoria das Opções Reais e dos aplicativos web a

fim de se traçar um paralelo que indicasse de forma concreta a utilidade da

teoria como ferramenta para a análise de viabilidade financeira desse tipo de

projeto. Comprovada a possibilidade de relação pelas características inerentes

à Teoria das Opções Reais e ao mercado dos aplicativos web, ainda novo e

requerendo ferramentas de análise mais robustas, a etapa seguinte foi a de

uma pesquisa mais sistemática para o levantamento de todos os conceitos a

serem usados como base para o argumento.

Sempre que possível, foram usadas obras consideradas seminais para a

apresentação dos conceitos - a exemplo do livro de DIXIT e

PINDYCK, Investment Under Uncertainty, para a introdução à Teoria das

Opções Reais. Em segundo lugar, foi dada prioridade a teses e artigos

acadêmicos. No tocante a conceitos mais recentes, como o dos próprios

aplicativos web, foi necessário recorrer a textos de sites disponíveis na Internet.

Além disso, buscou-se também basear o argumento na atual situação do

mercado e em experiências anteriores, embora recentes, passadas pelos

serviços da Internet. Para tal, foram usadas fontes de notícias também

hospedadas na web. Todos os endereços de hospedagem dos documentos

digitais utilizados encontram-se na bibliografia.

Além da base bibliográfica, o trabalho vale-se de um exemplo simples de

análise da viabilidade e do processo decisório de um projeto de aplicativo web.

Por meio desse exemplo, foi possível apresentar com mais clareza as

vantagens do uso da Teoria das Opções Reais em se tratando desse tipo

específico de projeto.

LISTA DE ABREVIATURAS

National Association of Securities Dealers Automated Quotations NASDAQ

Período de Payback Descontado PBD

Período de Payback Simples PBS

Taxa Interna de Retorno TIR

Taxa Interna de Retorno Modificada MTIR

Taxa Mínima de Atratividade TMA

Teoria das Opções Reais TOR

Valor Futuro VF

Valor Presente VP

Valor Presente Líquido VPL

10

SUMÁRIO

Introdução 11

Capítulo I: Aplicativos Web 13

1.1 – O Desenvolvimento da Internet e o Surgimento dos Aplicativos Web 14

1.2 – Onda de Otimismo Financeiro e a Possibilidade de Uma Bolha 15

Capítulo II: Técnicas Usadas na Análise de Viabilidade Financeira de Projetos 18

2.1 – Valor Presente Líquido (VPL) 20

2.2 – Taxa Interna de Retorno (TIR) 21

2.3 – Teoria das Opções Reais (TOR) 23

2.4 – Árvores de Decisão 24

Capítulo III – A TOR Como Complemento Para o VPL e a TIR na Análise de

Viabilidade Financeira de um Aplicativo Web 26

3.1 – Fatores de Sucesso de um Aplicativo Web 28

3.2 – Exemplo de Aplicação 30

Conclusão 36

Referências Bibliográficas 39

11

INTRODUÇÃO

O Brasil vive um momento de grande otimismo em relação ao crescimento do

setor tecnológico, especialmente no que diz respeito a novas companhias

fundadas a partir do desenvolvimento de aplicativos web nascidos de ideias

inovadoras. Tanto investidores da iniciativa privada quanto da pública estão

apostando e fazendo investimentos consideráveis nesses novos

empreendimentos. (BENNETT, RÉ, ZHOURI, 2012)

Entretanto, depois de um período de semelhante otimismo devido ao

crescimento exponencial de empresas como Facebook, Zynga e Groupon, o

baixo desempenho na bolsa de valores do Facebook, que abriu seu capital em

maio de 2012, levou especialistas nos Estados Unidos a recomendarem

cautela com o excesso de otimismo, e os investimentos em novas iniciativas na

área já começam a ser feitos com base em estudos mais judiciosos. (SHINAL,

TAM, GREENFIELD, 2012)

Além disso, em setembro deste ano, Shikhar Ghosh, pesquisador e

professor da Harvard Business School, constatou que 75% das novas

companhias de tecnologia que recebem aporte nos Estados Unidos não geram

lucros para os investidores. Ainda segundo Ghosh, muitas das empresas

sobrevivem apenas enquanto podem recorrer aos fundos de investimento,

quebrando logo depois que estes acabam e os investimentos cessam.

(XAVIER, 2012)

É necessário aprender com os fracassos recentes observados nos

Estados Unidos a fim de se fazerem investimentos sensatos, com base em

estudos de viabilidade que considerem as características particulares desse

tipo de empreendimento. Também é crucial estudar a eficiência dos métodos

de análise de viabilidade financeira especificamente em se tratando de projetos

de aplicativos web.

Os métodos tradicionais de análise de viabilidade financeira de

projetos, como o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno

(TIR), baseiam-se em previsões de fluxos de caixa futuros. Todavia, não

12

consideram a possibilidade de alteração de diversas variáveis que influenciarão

no sucesso do projeto nem as alternativas que podem ser adotadas diante

dessas possibilidades. A Teoria das Opções Reais (TOR) é um desdobramento

do VPL que considera os possíveis caminhos que o curso de um projeto pode

tomar e também as opções disponíveis para cada caminho. Dessa forma, ela

serve não apenas como técnica para a análise de viabilidade, mas também

como ferramenta de decisão para a gestão financeira ao longo do

desenvolvimento do projeto.

Os projetos de aplicativos web estão inseridos em um cenário volátil,

influenciado por diversas variáveis. Assim, este trabalho busca introduzir a

aplicação da TOR a esse tipo de projeto considerando suas características

específicas e os fatores que podem determinar seu sucesso ou fracasso.

Também tem como objetivo ressaltar que a decisão de investir não é feita uma

única vez, apenas no início do projeto. Na verdade, um projeto contém uma

série de marcos, e em vários deles é necessário decidir continuar investindo ou

não. A análise de viabilidade, portanto, não é um estudo concluído no início do

projeto, mas se desdobra em um processo decisório que se desenvolve ao

longo do seu ciclo de vida.

Antes de discutir essas suposições, serão apresentados os conceitos

teóricos que servirão de base para o argumento: o conceito de aplicativo web,

bem como um breve histórico do desenvolvimento tecnológico que levou ao

seu surgimento; os métodos de análise de viabilidade financeira (VPL, TIR e

TOR); e o conceito de árvore de decisão, uma ferramenta muito útil na

aplicação da TOR ao estudo de viabilidade e ao processo decisório do projeto.

Será desenvolvido, então, um argumento com o objetivo de demonstrar as

vantagens da aplicação da TOR à análise de viabilidade financeira de projetos

de aplicativos web, levando-se em conta os fatores determinantes para o

sucesso desse tipo de projeto em particular, seguido de uma conclusão

resultante desse argumento.

13

CAPÍTULO I

APLICATIVOS WEB

Esta seção descreve o que é um aplicativo web e apresenta um breve histórico

dessa tecnologia. Não serão apresentados detalhes técnicos em profundidade,

porquanto são irrelevantes para o objetivo do trabalho.

Aplicativos web são sistemas computacionais que, ao contrário dos

sistemas tradicionais, não ocupam o disco rígido da máquina do seu usuário, e

sim fazem uso de recursos armazenados remotamente, em servidores

utilizados pelo desenvolvedor. Podem, portanto, ser executados no próprio

navegador, que é o sistema utilizado pelo usuário para navegar pela Internet,

sem requerer processos demorados de instalação na máquina. Além de serem

acessados de qualquer lugar, desde que haja conexão com a Internet, podem

interagir entre si, permitindo ao usuário realizar tarefas que integram diversos

serviços, tais como o compartilhamento do conteúdo de um site de notícias na

sua página em uma rede social. Também permitem a interação do usuário com

outras pessoas conectadas à Internet e a publicação e o acesso a conteúdos

de vários tipos (imagens, arquivos de vídeo e música etc.).

Esses aplicativos tornaram-se imensamente populares, às vezes

gerando lucros astronômicos, o que provocou uma onda de investimentos que

em muitos casos foram consideravelmente lucrativos para os investidores.

Entretanto, estão se tornando cada vez mais frequentes os casos em que

ideias com um grande potencial atraem investimentos substanciais, e, mesmo

com uma originalidade inegável, fracassam em gerar lucros.

Para compreender como chegamos ao quadro atual e analisar suas

implicações, porém, é necessário saber como surgiram os aplicativos web e

conhecer a história da própria Internet.

14

1.1 – O Desenvolvimento da Internet e o Surgimento dos

Aplicativos Web

As teorias que levaram à criação da primeira rede de computadores foram fruto

do trabalho de dois pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of

Technology – Instituto de Tecnologia de Massachusetts): Joseph Carl Robnett

Licklider, o primeiro a defender a importância das interações sociais que

poderiam ser possibilitadas pela interconexão global de computadores; e

Leonard Kleinrock, cuja teoria da comutação de pacotes, essencial para o

desenvolvimento da tecnologia da Internet, baseou-se nas ideias do primeiro.

(LEINER, 2012)

A partir dessas ideias, e graças, especialmente, à iniciativa de

Lawrence G. Roberts e Robert Taylor, nasceu a ARPANET (Advanced

Research Projects Agency Network – Rede da Agência de Projetos de

Pesquisa Avançados) como parte do programa de pesquisa da DARPA

(Defence Advanced Research Projects Agency – Agência de Defesa para

Projetos de Pesquisa Avançados). (LEINER, 2012)

De projeto de um programa de pesquisa para a defesa dos Estados

Unidos à sua explosão como meio para o compartilhamento de documentos, a

expansão de empreendimentos comerciais, a distribuição de tecnologias etc., o

desenvolvimento da Internet deve muito sir Timothy John “Tim” Berners-Lee.

Em 1980, ele propôs um método de compartilhamento de documentos baseado

num sistema de hipertexto.1 Num trabalho conjunto com o engenheiro de

sistemas Robert Cailliau, ele desenvolveu a linguagem HTML (HyperText

Markup Language – Linguagem de Marcação de Hipertexto). (WIKIPEDIA 1,

2012)

1 Texto que conduz o leitor a outra informação, útil para que os leitores possam encontrar rapidamente mais informações sobre um determinado tema. Embora geralmente seja associado a páginas da web, há autores que afirmam que a tecnologia data da década de 1960, enquanto outros chegam a datar os primeiros casos do seu uso do século XVI. A primeira descrição formal, contudo, foi dada em 1945 por Vannevar Bush na revista The Atlantic Monthly, com a publicação de seu artigo “As We May Think”. (TECHTERMS, WIKIPÉDIA, 2012)

15

A HTML não apenas facilitou o compartilhamento de informações

através de uma rede de computadores, mas era parte de um projeto maior: a

criação da World Wide Web, ou Rede Mundial de Computadores. Esses dois

conceitos são os fundamentos da estrutura de informação que hoje dá vida à

estrutura física de conexão de computadores que é a Internet. A popularização

da Rede Mundial de Computadores veio nos anos 1990, e a identificação do

potencial da Internet para empreendimentos comerciais levou a uma explosão

de investimentos em serviços hospedados na Internet. (WIKIPEDIA 2, 2012)

A HTML, porém, tinha grandes limitações. Além de permitir apenas o

compartilhamento de texto e imagens, restringindo a criatividade na estética

das páginas e impedindo o compartilhamento de arquivos de vídeo e som, as

páginas que usavam apenas HTML eram estáticas, não oferecendo nenhuma

possibilidade de interação por parte do usuário.

Graças ao surgimento de novas tecnologias, como Ajax e Javascript,

passou a ser possível que os usuários não apenas interagissem com, mas

modificassem e enviassem conteúdo para páginas da Web. Assim, nasceu a

Web 2.0, que possibilitou a criação de serviços dinâmicos como redes sociais,

blogs, wikis etc. Além disso, surgiram alternativas a ferramentas que antes

precisavam ser instaladas localmente: suítes de escritório como o Google Docs

e ferramentas de organização pessoal como o Google Agenda. A esses

serviços foi dado o nome de aplicativos/serviços web.

1.2 – Onda de Otimismo Financeiro e a Possibilidade de Uma

Bolha

Com esses novos serviços, surgiram também novas companhias –

empreendimentos cujo sucesso atraiu grandes investimentos. Foi o caso do

Zynga e do Facebook, entre outros. Após um grande período de otimismo,

contudo, os investidores americanos tornaram-se mais cautelosos,

especialmente considerando que muitas dessas companhias, popularmente

chamadas “startups”, acabaram por não apresentar os lucros esperados. Em

16

maio deste ano, o Facebook abriu seu capital, e, ao contrário das previsões, o

lançamento das ações na NASDAQ foi um fracasso. Passados seis meses,

ainda não houve uma recuperação. Com isso, já há especialistas temendo uma

bolha como a produzida em nos anos 90 pelo otimismo em relação ao sucesso

de novos serviços de comércio eletrônico como Amazon e Ebay. (SHINAL,

TAM, GREENFIELD, 2012)

Muitos especialistas em economia chegaram a anunciar a morte do

comércio eletrônico, mas em 2003 as companhias que haviam sobrevivido à

crise começaram a mostrar sinais de crescimento, e desde então o comércio

eletrônico tem abocanhado uma fatia cada vez maior das vendas de grandes

companhias comerciais do mundo inteiro. (SCHNEIDER, 2011, p. 4, tradução

nossa)

Já na bolha da década de 1990, observou-se, tarde demais, que as

novas companhias cujo financiamento foi movido pelo otimismo gerado pelo

sucesso de outros empreendimentos que ficaram conhecidos “pontocom” eram,

em sua grande maioria, a iniciativa de jovens que podiam ser brilhantes

desenvolvedores de software, mas que não tinham ideia de um plano de

negócio. (JONES, 2008) O mesmo, com poucas exceções, pode ser observado

nas startups atuais, e ainda assim há investidores dispostos a dar aporte a

qualquer ideia remotamente original, ainda que não haja modelo de negócio,

público alvo etc. É claro que, em muitos casos, os jovens administradores

recebem ajuda na gestão do negócio, mas o plano de negócio e a

administração devem contar com alguém que navegue tranquilamente também

por conceitos relacionados a aplicativos web – alguém que reúna

conhecimento no desenvolvimento e no mercado de software e que tenha uma

boa ideia do plano de negócio ideal para a startup e seus projetos. (TAM, 2012)

No documentário Download: The True Story Of The Internet, o

apresentador define muito bem o que é uma bolha na atualidade: “Uma

tecnologia inovadora cria montes de empresas iniciantes arriscadas, os

investidores se empolgam e correm para comprar um pedaço do futuro, e então

17

tudo acaba em lágrimas, falências, execuções, suicídios na bolsa de valores.”

(JONES, 2008) É isso que precisamos evitar na década de 2010.

Ainda de acordo com especialistas, um dos motivos pelo fracasso do

Facebook é que, apesar de ter apresentado um crescimento de 30% em lucros,

a companhia também apresentou um crescimento de 60% em gastos. E

estamos falando não de uma startup, mas de uma das mais bem sucedidas

companhias da atualidade baseadas em serviços Web 2.0. (GOLUB, GROVE,

2012)

No Brasil, o movimento no momento segue o caminho contrário. Com o

surgimento de startups inicialmente muito bem sucedidas, como Hotel Urbano

e Peixe Urbano, até mesmo investidores do exterior apostam no potencial do

Brasil. O grupo americano e.Ventures anunciou a intenção de investir US$ 130

milhões no país; o brasileiro Confrapar já gerencia R$ 75 milhões de

investimentos em startups; por fim, o governo já anunciou o investimento de R$

40 milhões através do Plano TI Maior. As startups também contam com

investimentos de particulares, com destaque para o evento Geeks On Beer,

que vem promovendo encontros entre investidores e startups por todo o país.

(RÉ, BENNETT, 2012)

Os investimentos maciços nas startups brasileiras podem ser algo

extremamente positivo para o país. Entretanto, para que seu sucesso seja

duradouro, e não apenas temporário como o daquelas empresas que

apareceram na pesquisa de Shikhar Ghosh, o estudo de viabilidade dos

projetos de aplicativos web, os produtos dessas empresas, deve contar com

métodos precisos, e que não apenas sejam capazes de verificar se os lucros

compensarão o investimento inicial, mas de delinear caminhos para a

continuidade do crescimento da empresa. A aplicação da TOR aliada às

árvores de decisão pode ser uma ferramenta valiosa para indicar os melhores

caminhos na gestão e na administração financeira das startups.

18

CAPÍTULO II

TÉCNICAS USADAS NA ANÁLISE DE VIABILIDADE

FINANCEIRA DE PROJETOS

Quando uma organização ou grupo de investidores se depara com a

possibilidade de investir em um projeto, deve avaliar se o investimento lhe trará

ou não retorno. Assim, a decisão depende de um estudo de viabilidade do

projeto, dentro do qual é realizada uma previsão dos recursos necessários e a

análise de viabilidade financeira do projeto. (PMI, 2003)

A análise de viabilidade financeira de um projeto é feita com base em

técnicas de análise de investimento. As mais comuns são: Período de Payback

Simples (PBS), Período de Payback Descontado (PBD), Valor Presente Líquido

(VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR).

O PBS mede o tempo de retorno do investimento inicial de um

empreendimento. Essa técnica, contudo, possui a desvantagem de não levar

em consideração fatores como a taxa de juros, a inflação e o valor do dinheiro

no tempo, além de ser calculada com base num fluxo de caixa constante e

ignorar o fluxo de caixa posterior ao período de Payback. Exceto pela

consideração do valor do dinheiro no tempo, o PBD apresenta as mesmas

desvantagens do PBS. (BALARINE, 2004)

Além de considerar explicitamente o valor do dinheiro no tempo, a

técnica do VPL não requer que o fluxo de caixa seja constante e considera o

risco do projeto através da taxa de juros utilizada, denominada taxa de

desconto. Por isso, é um dos métodos mais utilizados na análise de viabilidade

financeira de projetos. (AQUINO JUNIOR, 2009)

Outra técnica de análise financeira, utilizada em conjunto com o VPL, é a

da TIR, seja na avaliação da viabilidade de projetos ou na comparação da

rentabilidade de investimentos. Essa técnica também é usada para se

conhecer a taxa de juros de empréstimos e financiamentos. (CARREIRA, 2006)

19

As técnicas do VPL e da TIR, entretanto, ignoram características cuja

importância tem sido ressaltada por uma literatura crescente sobre análise

financeira: a irreversibilidade, a incerteza quanto ao retorno e a flexibilidade em

relação ao timing do investimento. Foi a partir dessas três características que

uma nova teoria começou a ser desenvolvida em 1977 pelo Professor Stewart

Myers, da MIT Sloan School of Management. A Teoria das Opções Reais

(TOR) foi desenvolvida com base no conceito de opções financeiras – um tipo

de contrato no mercado financeiro “que dá ao seu titular o direito de comprar ou

vender um ativo por um preço prefixado em certa data ou antes dela”. A

diferença entre os dois conceitos é que, enquanto o ativo subjacente às opções

financeiras é “título, moeda, ação de uma empresa, taxa de juros ou qualquer

outro ativo transacionado em um mercado de capitais ou de futuros, as opções

reais têm como objeto um projeto de investimento ou um ativo da economia

real”. (CORREIA NETO, 2009)

Nas páginas seguintes serão expostas as teorias do Valor Presente

Líquido, da Taxa Interna de Retorno e das Opções Reais. Algumas fórmulas

matemáticas serão introduzidas, mas somente para facilitar a compreensão

dos conceitos. Os modelos matemáticos mais complexos relacionados a esses

conceitos – como a análise probabilística das opções – fogem ao escopo do

trabalho. Além disso, para facilitar a explicação de como a TOR pode ser

aplicada num processo de avaliação das possíveis decisões financeiras que

podem ser tomadas ao longo do desenvolvimento do projeto, será usada uma

versão simplificada da árvore de decisão, cujo conceito será exposto em linhas

gerais logo depois da seção sobre Opções Reais.

Os conceitos explorados neste capítulo serão usados como base para a

análise das vantagens da aplicação da TOR no estudo de viabilidade financeira

de um projeto de desenvolvimento de um aplicativo web, levando em conta as

características particulares desse tipo de projeto e suas relações com as

técnicas de análise financeira abordadas.

20

2.1 – Valor Presente Líquido (VPL)

“Denomina-se Valor Presente Líquido de um fluxo de caixa o valor monetário

do ponto zero da escala de tempo, que é equivalente à soma de suas parcelas

futuras, descontadas para o ponto zero, com uma determinada taxa de juros.”

(PUCCINI, 2011)

O método do VPL traz a presente todos os fluxos de caixa referentes a

aplicações e retiradas do projeto. O fator do valor presente (VP) é de 1/(1 + i)n

para um único valor. Se quisermos encontrar o valor presente de um valor

futuro (VF), basta dividir esse valor pelo fator do valor presente. Tomando

como exemplo um empréstimo de R$ 10.000,00 com vencimento para três

meses a uma taxa de juros de 2% ao mês, seu valor presente é VP = 10.000/(1

+ 0,02)3 = 9.423,22. (CARREIRA, 2006)

O fator do valor presente para uma série de prestações iguais e

vencidas é: 岫な 髪 件岻津 伐 な岫な 髪 件岻津 抜 件

O Valor Presente Líquido é o somatório do valor presente das saídas e

entradas de um fluxo de caixa, calculado pela expressão:

撃鶏詣 噺 布 継系痛岫な 髪 件岻痛 伐布 】鯨系痛】岫な 髪 件岻痛津痛退待

津痛退待

Onde:

ECt = Entradas de caixa no tempo

SCt = Saídas de caixa no tempo

De acordo com a técnica do VPL, a regra para a análise financeira de

viabilidade de um projeto é:

21

Se VPL = 0, “as grandezas futuras, ao serem descontadas com uma

determinada taxa, produzem um valor presente para o fluxo de caixa que

é igual ao investimento inicial (desembolso) colocado no ponto zero da

escala de tempo”. (PUCCINI, 2011) Pode-se dizer que o projeto se paga;

Se VPL > 0, o projeto gerará lucros financeiros;

Se VPL < 0, o projeto não é financeiramente viável.

2.2 – Taxa Interna de Retorno (TIR)

A Taxa Interna de Retorno de um fluxo de caixa é a taxa real de juros da

operação financeira. Se aplicada a uma série de entradas e saídas do caixa,

iguala o VPL a zero. (CARREIRA, 2006)

As considerações sobre a TIR e o VPL devem ser interpretadas de

formas diferentes em investimentos e financiamentos. Assim, num

investimento:

Se VPL > 0, a TIR é maior do que a taxa de mercado, portanto a

oportunidade de investimento é atrativa;

Se VPL < 0, a TIR é menor que a taxa de mercado;

Se VPL = 0, a TIR corresponde à taxa de mercado.

Já num financiamento, a relação é contrária:

Se VPL > 0, a TIR é menor do que a taxa de mercado, portanto o

financiamento é atrativo;

Se VPL < 0, a TIR é maior que a taxa de mercado;

Se VPL = 0, a TIR corresponde à taxa de mercado. (CARREIRA, 2006)

Como neste trabalho o foco é a avaliação da viabilidade financeira de

um projeto para um investidor, deste ponto em diante só haverá referências à

relação VPL x TIR de acordo com a interpretação referente a investimentos.

22

A TIR é calculada igualando-se o VPL a zero:

布 継系痛岫な 髪 件岻痛 伐布 】鯨系痛】岫な 髪 件岻痛 噺 ど津痛退待

津痛退待

Há ainda outros parâmetros a serem levados em consideração na

avaliação da viabilidade financeira de um projeto pelo cálculo da TIR. Um é o

Custo de Oportunidade. Como os investidores costumam se deparar com

diferentes oportunidades de investimento, frequentemente precisam optar por

uma e abrir mão de outras. Assim, o Custo de Oportunidade refere-se ao custo

de abrir mão de outros investimentos com risco, prazo e retorno semelhantes

ao escolhido. (CARREIRA, 2006)

O outro é a Taxa Mínima de Atratividade (TMA), que corresponde à taxa

de desvalorização imposta a qualquer ganho futuro pelo fato de este não estar

disponível no momento. A definição da TMA varia de acordo com as

circunstâncias relacionadas ao investimento. Uma das formas de defini-la é

com base no ganho mínimo que um investidor usando de recursos próprios

obteria com a segunda melhor alternativa para a aplicação de seu capital.

(CARREIRA, 2006)

A partir do cálculo da TIR, a regra de decisão em relação à viabilidade

financeira de um projeto é:

Se TIR ≥ Custo de Oportunidade ou uma Taxa Mínima de Atratividade, o

investimento é considerado atrativo;

Se TIR < Custo de Investimento ou uma Taxa Mínima de Atratividade, o

investimento deve ser rejeitado.

A TIR apresenta ainda uma versão modificada: a Taxa Interna de

Retorno Modificada, ou MTIR. A TIR pressupõe que todos os fluxos (tanto

receitas quanto custos) são descontados à mesma taxa. Entretanto,

geralmente a taxa de captação (déficits no fluxo de caixa) é maior que a taxa

23

de aplicação (saldos positivos no fluxo de caixa), e a MTIR leva isso em

consideração em sua fórmula:

警劇荊迎 噺 頒デ 迎痛岫な 髪 件追岻津貸痛津痛退待デ 】系痛】岫な 髪 件頂岻痛津痛退待 番怠 津斑 伐 な

Onde:

ir = Taxa de atratividade (taxa de aplicação de recursos ociosos)

ic = Taxa de juros correspondente ao custo de captação (custo do

financiamento)

O método também pode ser empregado com uma única taxa de juros.

Como no caso da TIR, se a MTIR for maior do que a taxa de atratividade, o

projeto é considerado financeiramente atrativo. (BALARINE, 2004)

2.3 – Teoria das Opções Reais (TOR)

A Teoria das Opções Reais parte do princípio de que a maioria das decisões

de investimento parte de três características importantes em proporções

variadas:

1º) A irreversibilidade parcial ou total do investimento: Caso mude

de ideia em relação ao investimento, o investidor não poderá recuperar a

totalidade do que investiu. Isso fica claro num projeto que requer a

compra de equipamentos, pois por mais que eles possam ser revendidos

caso o projeto seja abortado, certamente seu valor terá sofrido uma

depreciação.

2º) A incerteza relativa ao retorno futuro do investimento: Por mais

que as probabilidades sejam cuidadosamente analisadas, há sempre a

possibilidade de obtenção de um retorno menor ou maior que o

esperado, ou até de perda total do investimento.

24

3º) A flexibilidade em relação ao timing do investimento:

Corresponde à possibilidade de se adiar um investimento. Essa

característica é muito importante, visto que o adiamento de um

investimento pode significar a oportunidade de obter mais informações e

prever melhor as probabilidades, ou até mesmo de aguardar por

circunstâncias mais apropriadas para o desenvolvimento do projeto.

Assim, a flexibilidade em relação ao timing está intimamente ligada à

incerteza, pois a obtenção de mais informações e mudanças de

circunstâncias – como, por exemplo, das condições de mercado – reduz

o fator incerteza e podem afetar a viabilidade do projeto.

Como dizem DIXIT e PINDYCK, essas três características interagem

para determinar as circunstâncias mais adequadas para um investimento. Um

projeto de investimento pode ser visto como um conjunto de opções reais, e

assim como o cálculo do VPL dos fluxos de caixa de um projeto é feito com

base numa estimativa das futuras entradas e saídas de caixa de um

determinado período de tempo, a avaliação das possíveis decisões a serem

tomadas durante esse período também deve se basear em um prospecto dos

caminhos que o projeto pode seguir. Uma das formas usadas para representar

esses caminhos e as possíveis decisões a serem tomadas são as árvores de

decisão.

2.4 – Árvores de Decisão

De acordo com MAGEE, “Uma árvore de decisão pode esclarecer para a

gestão (...) as opções, riscos, objetivos, ganhos monetários, e a necessidade

de informações envolvidos em um problema de investimento”. (MAGEE, 1964,

tradução nossa)

A forma de representação básica de uma árvore de decisão encontra-se

demonstrada na figura a seguir:

26

CAPÍTULO III

A TOR COMO COMPLEMENTO PARA O VPL E A TIR

NA ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA DE UM

APLICATIVO WEB

Uma característica fundamental da análise de viabilidade financeira, não

importa que método seja usado, é que ela trabalha com cenários e fatores

futuros, e, portanto, lida com incertezas e condições que podem ou não se

concretizar. Embora o emprego dos métodos do VPL e da TIR permita avaliar o

potencial de geração de lucros de um projeto, costumam basear-se em

assertivas imutáveis. A TOR incorpora a esses métodos a consideração dos

possíveis eventos que poderão ocorrer e das decisões a serem tomadas ao

longo do desenvolvimento de um projeto. De acordo com a TOR, essas

decisões sempre partem de três características fundamentais inerentes a todos

os investimentos: a irreversibilidade parcial ou total do investimento,

a incerteza relativa ao seu retorno futuro e a flexibilidade em relação ao timing,

ou possibilidade de adiamento, do investimento.

Essas características geram possíveis cursos de ação a serem tomados

diante das alterações que poderão ocorrer nas variáveis determinantes do

sucesso do projeto. Através do uso de árvores de decisão, durante o estudo de

viabilidade, é possível traçar esses cursos de ação ou opções. Ao longo do

desenvolvimento de um projeto, por exemplo, de acordo com as possibilidades

verificadas na árvore de decisão, pode-se abortar parte do projeto, adiar o seu

desenvolvimento, adaptar o projeto de acordo com o surgimento de novas

tendências etc., tudo isso considerando o impacto da decisão no seu sucesso

financeiro duradouro.

O VPL se limita a comparar os lucros esperados aos custos do

investimento para determinar se o investimento no projeto é válido. De acordo

com Antonik, o VPL é uma “avaliação simplista (...) já que não se

pode menosprezar as incertezas e o valor das opções”. Dessa forma, é

27

essencial a utilização da TOR como “complemento ao método do

valor presente líquido, englobando as diversas opções que um investidor

possui antes e durante a aplicação em um projeto, permitindo principalmente

uma análise mais precisa de investimentos de longo prazo, nos quais os

elementos de incerteza são extremamente relevantes e impactam diretamente

na tomada de decisão de investir”. (ANTONIK, 2005)

Na análise de viabilidade de um projeto, a incorporação do valor da

opção real ao VPL gera um novo valor, o VPL dinâmico, ou VPL expandido,

cujo cálculo é feito pela soma: 撃鶏詣勅掴椎銚津鳥沈鳥墜 噺 撃鶏詣勅鎚痛 痛沈頂墜 髪 懸欠健剣堅 穴欠 剣喧 剣

Esse cálculo é feito a cada etapa da árvore de decisão que representa

os possíveis caminhos de um projeto. Para cada possível evento representado

na árvore deve ser estimada a probabilidade da sua ocorrência e o valor

financeiro resultante da sua realização. O VPLexpandido da decisão que tem o

potencial de produzir um evento é calculado da seguinte forma:

撃鶏詣勅掴椎銚津鳥沈鳥墜 噺 撃鶏詣勅鎚痛 痛沈頂墜 髪 撃鶏詣墜椎 墜 茅 鶏堅剣決欠決件健件穴欠穴結 穴結 剣潔剣堅堅 券潔件欠 穴剣 結懸結券建剣

A árvore utilizada para ilustrar a aplicação da TOR à análise de

viabilidade de um aplicativo web não incluirá cálculos de probabilidade nem do

VPL das opções, mas servirá apenas de base para demonstrar o valor da

técnica tanto na análise de viabilidade quanto no processo decisório. Antes de

fazer essa demonstração, contudo, é preciso conhecer os fatores

determinantes para o sucesso financeiro de um aplicativo web e da empresa ou

equipe que está desenvolvendo o projeto, e que serão relevantes para as

decisões a serem tomadas.

28

3.1 – Fatores de Sucesso de um Aplicativo Web

Por estarmos lidando com um mercado novo, os fatores que determinam o

sucesso ou fracasso de um aplicativo web e/ou da empresa responsável pelo

seu desenvolvimento atualmente são o foco de muitos artigos e estudos

publicados no meio acadêmico ou em revistas especializadas. Para se ter uma

ideia, uma busca no Google por “web applications success factors” [fatores de

sucesso de aplicativos web] retorna 81.900.000 resultados. Ainda que nem

todos os resultados sejam diretamente relacionados ao tema, é um número

considerável de ocorrências.

A princípio, é difícil ver o impacto desses fatores na análise de

viabilidade, mas eles são cruciais para orientar o processo decisório da gestão

financeira do projeto de um aplicativo web – e, consequentemente, para o seu

sucesso. A seguinte lista de fatores foi reunida a partir de artigos e discussões

sobre o tema, em especial uma pesquisa realizada na Universidade Estadual

da Califórnia com desenvolvedores, gestores e usuários:

Público-alvo

Modelo de negócio: como lucrar com o aplicativo

Diferencial competitivo em relação a aplicativos que já estão no mercado

Funcionalidades, navegabilidade, usabilidade e uma interface amigável

Estratégia de marketing

Acessibilidade

Manutenibilidade

Escalabilidade

Frequência das atualizações

Obtenção e análise de feedback

Apesar de não serem matéria da análise de viabilidade financeira, esses

fatores devem ser mantidos em mente no estudo geral de viabilidade, pois

podem ser cruciais para o sucesso do projeto. Por mais inovador que um

projeto possa ser, por exemplo, não terá sucesso se não tiver um público-

29

alvo, e a alteração do público-alvo, acompanhada de uma modificação de

variáveis como design e estratégia de marketing, pode ser uma medida

adotada no processo decisório para melhorar o índice de audiência do

aplicativo. (GORDON, 2010)

O modelo de negócio determina como o aplicativo gerará lucros

financeiros. Um serviço oferecido na web pode atrair um grande número de

usuários, mas se não tiver ninguém que gaste na sua utilização, não gerará

lucros financeiros. (QUICKMBA, 2010) O Facebook, por exemplo, é um serviço

gratuito, mas obtém lucros a partir da publicidade, do fornecimento de

informações sobre o comportamento de usuários para empresas etc.

É claro que um produto inovador tem muito mais chance de se destacar.

Contudo, em qualquer mercado há sempre espaço para novos entrantes. No

entanto, se alguém deseja vender um produto que já existe no mercado, ele

deverá trazer algo novo capaz de convencer o consumidor a mudar de

preferência. Para concorrer com o Facebook, por exemplo, uma nova rede

social precisaria de algo ao mesmo tempo muito necessário/atraente para os

usuários em potencial e que o Facebook não tivesse – um diferencial

competitivo. (JACOB, 2011)

Funcionalidade, usabilidade, navegabilidade e interface amigável são

termos técnicos, mas imprescindíveis para o sucesso de um aplicativo web,

pois determinam sua qualidade. Ninguém estaria disposto a perder tempo se

cadastrando e aprendendo a usar uma nova ferramenta se ela não

apresentasse funções que satisfizessem suas necessidades, facilidade de

compreensão e uso e de encontrar informações e opções. Além disso, uma

aparência agradável, com uma boa distribuição e estímulos visuais, também

atrai usuários. (GUEDES, 2009)

Como todo produto, um aplicativo também precisa de marketing, um

ponto crucial, pois só através de uma boa estratégia de marketing é possível

atrair o público-alvo certo. (ZAMBONINI, 2011) Já acessibilidade é um tema

muito discutido atualmente, referente à inclusão de deficientes nos serviços

30

oferecidos online. Além de uma questão de ética, a acessibilidade garante o

aumento da audiência do aplicativo. (SILVA, 2005)

Manutenibilidade e escalabilidade são outros termos técnicos que

qualquer desenvolvedor citará como essencial para um bom aplicativo. Embora

invisíveis para o usuário final, eles garantem o seu funcionamento, já que a

manutenibilidade permite que problemas sejam resolvidos rapidamente e

escalabilidade permite que o aplicativo continue disponível para uso e

trabalhando com eficiência mesmo com um grande aumento do número de

usuários. (THARAKAN, 2007; BARRINGER, 2009)

A frequência de atualizações é a regularidade com que são

acrescentadas novas funções, feitas modificações na interface ou mesmo

ajustes para o melhor funcionamento do aplicativo. São imprescindíveis para

mantê-lo eficiente e acompanhando as inovações e tendências da área em que

se insere. (LAM, 2008)

Por último, quem determina o sucesso de um aplicativo são os usuários,

mas também quem fala deles. Assim, ouvir a opinião de quem usa o software e

também de desenvolvedores, jornalistas, formadores de opinião etc. é

fundamental para ficar atento a problemas e fazer melhorias. A análise e o

feedback de especialistas também é importante para manter o aplicativo

eficiente e atualizado. (PIXELTANGO.COM, 2013; NOGUEIRA, 2011)

3.2 – Exemplo de Aplicação

A complexidade da TOR em relação aos métodos clássicos de análise de

viabilidade financeira de projetos, como o VPL e a TIR, tem levado muitos a

acreditarem que ela é inapropriada para uso no dia-a-dia dos empreendedores.

Pesquisas recentes, contudo, indicam que cada vez mais negócios adotam a

TOR como um modo de pensar, uma ferramenta analítica e/ou um processo

organizacional. (SAMMER, 2002) É claro que a TOR leva a uma imersão mais

profunda e demorada na análise de um projeto. Por outro lado, a pressa nas

31

etapas de análise e planejamento, o foco na obtenção rápida de lucros, foram

alguns dos principais fatores que produziram a última crise do mercado de

serviços digitais. Quando um mercado é novo e pouco conhecido, como

acontece ao dos aplicativos web, é necessário mais cuidado. (JONES, 2008)

Portanto, a proposta deste trabalho pretende, antes de tudo, levar investidores,

gerentes de projetos e desenvolvedores a ao uso de uma abordagem mais

criteriosa e gradual à análise da viabilidade de projetos de aplicativos web.

Utilizada conjunto com os métodos clássicos de análise de viabilidade, a

TOR ajuda não apenas ajuda a tomar decisões mais criteriosas em relação a

investimentos, mas também a pensar e enxergar melhor as formas de lucrar a

partir de um projeto. Ela permite conhecer melhor todas as opções disponíveis

não apenas em relação ao momento certo e a quanto investir, mas também às

opções relacionadas à própria natureza dos projetos. Essa última possibilidade

é particularmente possível quando o uso da TOR é feito em conjunto ao das

árvores de decisão, pois estas permitem visualizar melhor todas as etapas de

um projeto, alinhando-as às suas características.

Além disso, é claro que a TOR pode ser usada de uma forma

simplificada, de acordo com o tamanho e a complexidade do projeto.

(SAMMER, 2002)

Além de servir como uma ferramenta adicional para a análise de

viabilidade de projetos e para o processo decisório, as árvores de decisão

também ajudam a ilustrar melhor como os princípios da TOR podem auxiliar

nas decisões referentes aos investimentos. Assim, logo abaixo, encontra-se

uma árvore de decisão muito simples, que ilustra de forma extremamente

superficial as etapas relativas ao desenvolvimento de um aplicativo web e os

possíveis caminhos que ele pode seguir. Não obstante, mesmo sendo uma

ilustração simplificada, o exemplo serve perfeitamente ao propósito do trabalho

de demonstrar como tomar decisões sobre investimentos de forma mais

acertada em se tratando de um projeto de aplicativo web.

32

Figura 2 - Árvore de Decisão do Projeto de um Aplicativo Web

33

Se o objetivo for realmente usar a TOR como ferramenta de análise

financeira, e não apenas como um modo de pensar ou um processo

organizacional, a cada etapa deve-se calcular o VPL expandido da decisão que

pode produzir um evento – que, como vimos, é igual ao VPL estático + Valor da

opção * probabilidade de ocorrência do evento.

Para fins de simplificação, alguns caminhos foram ignorados. Assim,

logo no início, pressupõe-se que a decisão de “Investir” foi tomada. Não é difícil

perceber que a árvore pode crescer exponencialmente quanto mais complexo

for o projeto, mas, especialmente em casos nos quais há grande probabilidade

de seguir caminhos alternativos, como é o dos aplicativos web, vale a pena

dedicar tempo ao seu desenvolvimento, ainda que ela vá sofrendo ampliações

e modificações ao longo do processo decisório, visto que é uma ferramenta

poderosa para guiar os responsáveis pelas decisões ao longo desse processo.

A árvore parte da análise inicial, quando os principais fatores a serem

levados em conta são seu modelo de negócio, o público-alvo e o diferencial

competitivo. Aqui, o investidor tem a oportunidade de “Investir” ou “Não

investir”. Além disso, um dos principais conceitos introduzidos pela TOR é a

possibilidade de adiar o investimento. Essa possibilidade é muito importante,

pois, mesmo que um projeto não pareça ideal no momento, se os analistas

virem potencial nele, o investimento pode ser simplesmente adiado,

aguardando-se um momento mais propício. Como aplicativos web tendem a

apresentar ideias originais, é possível que os analistas julguem, por exemplo,

ainda não haver mercado para a nova ferramenta. Mas, em vez de descartá-la

por completo, podem aguardar o surgimento de uma ferramenta parecida e

observar a reação a ela. Quando um novo produto surge e um empreendedor

já tem uma carta na manga, bem analisada e conhecida, fica mais fácil entrar

na concorrência, possivelmente até mesmo com uma vantagem no novo

mercado.

Outra característica que dá uma grande flexibilidade ao processo

decisório no desenvolvimento de um aplicativo web é o fato de esse tipo de

software geralmente ser aberto a usuários em uma versão protótipo. É claro

34

que isso é uma opção, mas ela pode representar uma grande oportunidade de

feedback em relação ao produto.

A primeira versão em que o software é testado é a versão alfa. Por ser a

primeira fase de testes, o software geralmente apresenta instabilidades.

(ALOMARI, 2012) Liberar versões alfa para usuários, especialmente para

desenvolvedores e outros profissionais da área, contudo, é uma oportunidade

de obtenção de opiniões sobre o produto e de ter mais pessoas identificando

questões sobre fatores de sucesso como funcionalidades, navegabilidade,

usabilidade, interface, manutenibilidade, acessibilidade etc. Além disso, nessa

fase, já é possível verificar o interesse da comunidade na ferramenta que está

sendo desenvolvida. De acordo com esse feedback, pode-se decidir continuar

investindo no desenvolvimento do aplicativo, abortar o projeto ou aguardar um

momento mais propício para dar continuidade.

Já a versão beta do software se aproxima mais do produto final.

Enquanto a versão alfa costuma ser aberta a um número restrito de usuários, a

versão beta é aberta a um público bem maior. (ALOMARI, 2012) Nessa fase,

além de se ter uma ideia mais concreta da reação dos usuários ao aplicativo,

também é possível começar a considerar a possibilidade de ele ser apenas

parte de uma tendência passageira. Mais uma vez, é preciso ter sempre os

fatores de sucesso de um aplicativo web em mente. Aqui, por exemplo, é

possível identificar a mudança do público-alvo como uma estratégia em

potencial para aumentar as chances de sucesso do aplicativo.

Exatamente por gerarem um novo mercado, cheio de ideias originais,

aplicativos web sempre enfrentam a possibilidade de serem uma tendência

passageira. Isso aconteceu a serviços que inicialmente tiveram um grande

sucesso inicial, como o Friendster. (BOYD, 2006) A observação do

comportamento dos usuários durante a liberação da fase beta pode ser uma

oportunidade para identificar ou essa possibilidade, ou mesmo se seu aplicativo

se tornará “viral” – um termo cunhado para descrever serviços web que

apresentam um crescimento exponencial do seu número de usuários por

iniciativa dos próprios usuários, que apostam no aplicativo e o promovem

35

convidando outros a usarem-no. (TENNER, 2010) Essa análise do

comportamento dos usuários também pode fornecer importantes informações

sobre a estratégia de marketing a ser adotada para a promoção do aplicativo.

Outra observação importante a ser feita nessa etapa é a necessidade de

investir em escalabilidade. Se o aplicativo se tornar “viral”, por exemplo, é

possível que comece a atrair um número maior de usuários do que o esperado,

e ele precisará estar preparado para receber essa quantidade de usuários sem

perder a eficiência. Por outro lado, é possível também que, na fase de

liberação da versão beta, observe-se um interesse inferior ao esperado por

parte dos usuários. De acordo com o observado, mais uma vez os

responsáveis pelo projeto se deparam com a decisão de seguir adiante ou

abortar o desenvolvimento do aplicativo.

Esse processo segue até a liberação da versão final, e também depois

dela. Vale observar que, mesmo chegando-se à conclusão de que a melhor

opção será abortar o projeto, o conhecimento desenvolvido e até mesmo a

estrutura do aplicativo podem ser utilizados no desenvolvimento de outros

projetos. É isso que quer dizer a opção “reaproveitar”. Um bom código, um bom

design, e, mais do que isso, uma equipe experiente são ativos importantes no

mundo do desenvolvimento de aplicativos. Esta é mais uma opção de se evitar

a perda, ao menos total, dos investimentos realizados no desenvolvimento de

um projeto. Caso o projeto seja um sucesso, é sempre essencial lembrar que

os usuários demandarão atualizações constantes para a manutenção da

segurança, acompanhar tendências de interface, a adição de funcionalidades

etc.

36

CONCLUSÃO

O advento da Internet e das novas tecnologias desenvolvidas na sua esteira

possibilitaram a oferta de serviços inovadores, e, com isso, o surgimento de

novos mercados. Esse arcabouço de novas oportunidades, no entanto, ainda

se encontra em processo de amadurecimento, e depois de várias tendências

passageiras e de uma bolha especulativa que ameaçou provocar o fim do

comércio eletrônico nos anos 90, passa por uma grande onda de otimismo

financeiro graças às inovadoras ferramentas criadas com a ajuda das

tecnologias que compõem a chamada Web 2.0. O barateamento das

tecnologias necessárias para o desenvolvimento de aplicativos facilita a

entrada no mercado de jovens e ousados desenvolvedores, com ideias

inovadoras, muitas das quais já transformaram o dia a dia dos usuários da

Internet. Entretanto, o quanto sabemos, realmente, sobre esse novo mercado,

especialmente em se tratando de sua durabilidade e rentabilidade a longo

prazo?

Negócios extremamente lucrativos, que renderam fortunas da noite para

o dia, como o Facebook e o YouTube, tornam tentador querer entrar no novo

mercado dos aplicativos web. Por outro lado, nos Estados Unidos, o país líder

em inovação no que diz respeito a serviços hospedados na Internet,

empreendimentos que a princípio pareciam grandes negócios, como o

Friendster e o Zynga, após um período de crescimento rápido e exponencial,

entraram em um processo de decadência igualmente rápido. Agora, pesquisas

indicam que a maioria das pequenas empresas – as chamadas startups –

consideradas as novas “galinhas dos ovos de ouro” por investidores não gera

lucros nem sobrevive quando se acabam os fundos de investimento.

Agora, a onda de otimismo dos aplicativos web chega com tudo ao

Brasil. Os investimentos vêm de toda parte – da iniciativa privada, pública e até

do exterior. Jovens, sem dúvidas, talentosos e com grandes ideias criam novas

startups com a ajuda de investidores otimistas sonhando com o mesmo

sucesso alcançado por Mark Zuckerberg. Por melhor que seja esse momento

37

de otimismo para o Brasil, e por mais que o novo mercado possa gerar

oportunidades por aqui, não seria mais acertado olhar para a experiência dos

Estados Unidos e considerar oportunidades de projetos com menos foco em

lucros imediatos, e mais na rentabilidade de longo prazo?

O momento para pensar nisso é agora, e em particular quando um

investidor se depara com uma oportunidade de investir. As técnicas do Valor

Presente Líquido e da Taxa Interna de Retorno são das mais populares na

análise de viabilidade financeira de projetos. Entretanto, partem do princípio de

um cenário futuro inalterável, sem considerar as mudanças que podem ocorrer

ao longo do caminho, e, ainda que considerem riscos nos cálculos, não

apontam para as opções que poderão maximizar lucros ou minimizar perdas. A

Teoria das Opções Reais, usada em conjunto com as Árvores de Decisão,

pode não apenas servir de complemento para tornar o cálculo do VPL mais

preciso, considerando o potencial de todas as opções que podem ser tomadas

ao longo do desenvolvimento do caminho, mas também como um guia no

processo decisório. Considerando que os aplicativos web estão inseridos em

um novo e pouco conhecido mercado, um cenário volátil (como mostrou a

bolha dos anos 90), essa combinação pode ajudar investidores e gerentes de

projeto a terem informações mais precisas para tomar decisões de

investimento. Armado dessas ferramentas e do conhecimento dos principais

fatores de sucesso e das características inerentes aos produtos que são os

aplicativos web, o empreendedor pode ter uma chance maior de ter retorno

para o seu investimento.

Em todas as áreas, há sempre uma variedade de ferramentas e métodos

– uns mais simples, outros mais complexos. Mais do que criticar ou defender o

uso de um ou outro, precisamos identificar em que casos vale a pena aplicar

diferentes recursos, e também quando a melhor opção é combiná-los ou usar

versões modificadas ou simplificadas. A Teoria das Opções Reais como

ferramenta para a análise de viabilidade financeira pode ser mais complexa –

e, de acordo com alguns estudiosos, até mesmo menos precisa (PUTTEN,

2004) – do que as técnicas tradicionais. Entretanto, ao final deste trabalho, a

conclusão obtida é que, se reunida às técnicas tradicionais, a TOR pode não

38

apenas fazer analistas e gerentes de projeto analisar sua viabilidade de uma

forma mais criteriosa, como também ser usada como um processo

organizacional e/ou forma de pensamento na hora de analisar o projeto e

definir seu plano.

Este trabalho tomou um caminho diferente do idealizado em princípio.

Talvez devesse ter contido mais cálculos, apresentado exemplos práticos,

aplicado as fórmulas a exemplos da vida real etc.; por outro lado, também

poderia ter se demorado mais na discussão desses novos e excitantes

produtos que são os aplicativos web, explorando melhor o mercado, fatores de

sucesso e/ou fracasso, riscos etc. Acabou sendo um misto das duas coisas.

Com isso, porém, também acabou apresentando uma visão mais ampla da

análise de viabilidade e do processo decisório para esse tipo de projeto. Estes

são assuntos vitais a serem discutidos no momento.

Como trabalho futuro, então, fica a sugestão de explorar mais a fundo a

reunião da TOR às ferramentas clássicas de análise de viabilidade, como o

VPL, em se tratando de projetos de aplicativos web. O ideal seria aplicá-las em

conjunto em um projeto piloto para verificar na prática as vantagens dessa

nova abordagem. Além disso, ainda há muito a ser explorado sobre os

aplicativos web, tanto do ponto de vista técnico, quanto do de mercado, do

gerenciamento de projetos etc.

Desenvolvedores inexperientes, jovens ambiciosos, mas muito

apressados para julgamentos criteriosos, e mesmo investidores experientes

têm se deixado levar por essa onda de otimismo. Está claro que as novas

tecnologias, especialmente as hospedadas na web, com a facilidade de

acesso que oferecem e suas inúmeras funcionalidades, chegaram para ficar.

Não obstante, se não pararmos para pensar em formas de colocá-las a favor

dos usuários, e não apenas de lançar febres rápidas, e de torná-las negócios

rentáveis de longo prazo, estaremos construindo um mercado que nada mais é

do que um castelo de cartas que pode ruir a qualquer instante.

39

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALOMARI, Alaa. Software life cycle: stages to get your software released. Wide Web Way. Abril de 2012. Disponível em:

http://widwebway.com/en/blog/?p=28

ANTONIK, Luís Roberto. Análise de Investimentos Pelo Método das Opções Reais. Curitiba: FAE, 2005.

AQUINO JUNIOR, Clay Susini. Análise de Viabilidade de Projetos. Publicado em 06/10/2009. Disponível em:

http://ogerente.com.br/novo/colunas_ler.php?canal=14&canallocal=46&canalsub2=149&id=2664

BALARINE, Oscar Fernando Osório. Tópicos de Matemática Financeira e Engenharia Econômica. 2. ed. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2004.

BARRINGER, Paul. Maintainability. Problem Of The Month. 2009. Disponível em:

http://www.barringer1.com/jul01prb.htm

BENAROCH, Michel. Managing Information Technology Investment Risk: A Real Options Perspective. Journal of Management Information Systems. Whitman School of Management, Syracuse University. 2002.

BOYD, Dannah. Friendster lost steam. Is MySpace just a fad? 21 de março de 2006. Disponível em:

http://www.danah.org/papers/FriendsterMySpaceEssay.html

CAMARGO, Camila. Análise de Investimentos & Demonstrativos Financeiros. 20. ed. Curitiba: IBPEX, 2007.

CARREIRA, Vera Lúcia Rett. Administração Financeira e Orçamentária. Aula 5 – Valor Presente Líquido. s.l. Faculdade On-Line UVB, 2006. Disponível em:

http://arquivos.unama.br/nead/gol/gol_mkt_6mod/mat_fin_anal_demonst_financeiras/pdf/aula05.pdf

CORREIA NETO, Jocildo Figueiredo. Elaboração e Avaliação de Projetos de Investimento. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009.

DIXIT, Avinash K. & PINDYCK, Robert S.. Investment Under Uncertainty. Nova Jersey: Princeton University Press, 1994.

BENNETT, Coleman & Co. Investors count on Brazil's internet boom, hope to make Rio the next startup capital. The Economic Times. 4 de outubro de 2012. Disponível em:

http://articles.economictimes.indiatimes.com/2012-10-04/news/34260246_1_brazil-s-internet-rio-de-janeiro-startup

40

GOLUB, Eric. Why The Facebook IPO Failed. The Washington Times Communities. 25 de maio de 2012. Disponível em:

http://communities.washingtontimes.com/neighborhood/tygrrrr-express/2012/may/25/why-facebook-ipo-failed/

GORDON, Jen. Understanding Your App’s Target Audience. Mobile Tuts. 9 de dezembro de 2010. Disponível em:

http://mobile.tutsplus.com/tutorials/mobile-design-tutorials/iphone-design-101-understanding-your-apps-target-audience/

GREENFIELD, Rebecca. Facebook Has Officially Popped the Start-Up Bubble. The Atlantic Wire. 27 de setembro de 2012. Disponível em: http://www.theatlanticwire.com/technology/2012/09/facebook-has-officially-popped-start-bubble/57334/

GROVE, Jennifer Van. Why Facebook’s Stock is Struggling Despite Phenomenal Revenue Growth. Venture Beat. 27 de julho de 2012. Disponível em:

http://venturebeat.com/2012/07/27/facebook-stock-struggling/

GUEDES, Gildásio. Interface Humano-Computador: prática pedagógica para ambientes virtuais. Teresina: UFPI, 2009;

JACOB, Diego Alves. O que é diferencial competitivo? Administradores.com. 28 de outubro de 2011. Disponível em:

http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/o-que-e-diferencial-competitivo/59366/

JONES, Julian (2008). Download: The true story of the Internet. Oxford Scientific Films.

LAM, Monica. Identifying Success Factors for Developing Web Applications. Sacramento: California State University, 2008.

LEINER, Barry M. et. al. Brief History of the Internet. Internet Society, 2012. Disponível em:

http://www.internetsociety.org/internet/internet-51/history-internet/brief-history-internet

MAGEE, John F.. Decision Trees for Decision Making. Harvard Business Review. s.l. Julho de 1964.

NOGUEIRA, Tiago. A Importância dos Influenciadores e Formadores de Opinião na Sua Estratégia de Mídias Sociais. 6 de maio de 2011. Disponível em:

http://www.webdialogos.com/2011/midias-sociais/a-importancia-dos-influenciadores-e-formadores-de-opiniao-na-sua-estrategia-de-midias-sociais/

PASIN, Rodrigo Maimone et. al. A Flexibilidade do Processo Decisório e o Valor da Opção de Adiamento. Ensaio Finanças. VI SEMEAD. São Paulo: USP, 2004.

41

PIXELTANGO.COM. The Importance of User Feedback. 2013. Disponível em:

http://pixeltango.com/articles/interaction-design/the-importance-of-user-feedback/#top

PMI. Um Guia do Conjunto de Conhecimentos em Gerenciamento de Projetos. 3. Ed. Pensilvânia: PMI Publications, 2003.

PUCCINI, Abelardo de Lima. Matemática Financeira Objetiva e Aplicada. 9. ed. São Paulo: Elsevier, 2011.

PUTTEN, Alexander B. van & MACMILLAN, Ian C. Making Real Options Really Work. Harvard Business Review. December, 2004.

QUICKMBA, Knowledge to Power Your Business. The Business Model. 2010.

Disponível em:

http://www.quickmba.com/entre/business-model/

RÉ, Maria Carolina de. Aumentam investimentos em empresas iniciantes no Brasil. Panorama Brasil. 21 de setembro de 2012. Disponível em:

http://www.panoramabrasil.com.br/aumentam-investimentos-em-empresas-iniciantes-no-brasil-id95033.html

SAMMER, Joanne. Thinking in Real (Options) Time. Business Finance. 1 de março de 2002. Disponível em:

http://businessfinancemag.com/article/thinking-real-options-time-0301

SHINAL, John. A billion ways to spot a tech bubble. Market Watch. 21 de setembro de 2012. Disponível em:

http://www.marketwatch.com/story/a-billion-ways-to-spot-a-tech-bubble-2012-09-21?pagenumber=2

SILVA, Maurício Samy. Introdução à Acessibilidade na Web. Maujor.com. 2005. Disponível em:

http://www.maujor.com/w3c/introwac.html

TAM, Pui-Wing & EFRATI, Amir. Internet Funding Boom Ends as Fast as It Began. The Wall Street Journal. 27 de setembro de 2012. Disponível em: http://online.wsj.com/article/SB10000872396390443720204578004953091338258.html

TENNER, Daniel. How To Make Your Application Viral. 2010.

Disponível em:

http://danieltenner.com/post/32889769888/0009-how-to-make-your-application-viral-html

THARAKAN, Royans. What is scalability? Scalable Web Architectures. 22 de setembro de 2007. Disponível em:

http://www.royans.net/arch/what-is-scalability/

XAVIER, Jon. 75% of startups fail, but it's no biggie. Business Journal. 21 de setembro de 2012. Disponível em:

42

http://www.bizjournals.com/sanjose/blog/2012/09/most-startups-fail-says-harvard.html

ZAMBONINI, Dan. A Practical Guide to Web App Success. Penarth: Five Simple Steps, 2011.

ZHOURI, Rodolfo. Era de ouro das startups. O Debate. 20 de setembro de 2012. Disponível em:

http://www.odebate.com.br/ideias-em-debate/era-de-ouro-das-startups-20-09-2012.html

ZUINI, Priscila. Nos EUA, 75% das startups que recebem aporte quebram. Veja. 20 de setembro de 2012. Disponível em:

http://www.odebate.com.br/ideias-em-debate/era-de-ouro-das-startups-20-09-2012.html

WIKIPEDIA 1. HTML. Disponível em: http://en.wikipedia.org/wiki/Html

WIKIPEDIA 2. World Wide Web. Disponível em:

http://en.wikipedia.org/wiki/World_Wide_Web

43

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTOS 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

ABSTRACT 6

METODOLOGIA 7

LISTA DE ABREVIATURAS 9

SUMÁRIO 10

INTRODUÇÃO 11

CAPÍTULO I 13

APLICATIVOS WEB

1.1 – O Desenvolvimento da Internet e o Surgimento dos Aplicativos Web 14

1.2 – Onda de Otimismo Financeiro e a Possibilidade de Uma Bolha 15

CAPÍTULO II 18

TÉCNICAS USADAS NA ANÁLISE DE VIABILIDADE FINANCEIRA DE

PROJETOS

2.1 – Valor Presente Líquido (VPL) 20

2.2 – Taxa Interna de Retorno (TIR) 21

2.3 – Teoria das Opções Reais (TOR) 23

2.4 – Árvores de Decisão 24

CAPÍTULO III 26

A TOR COMO COMPLEMENTO PARA O VPL E A TIR NA ANÁLISE DE

VIABILIDADE FINANCEIRA DE UM APLICATIVO WEB

.1 – Fatores de Sucesso de um Aplicativo Web 28

3.2 – Exemplo de Aplicação 30

44

CONCLUSÃO 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 39

ÍNDICE 43