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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
PROJETOS DE APLICATIVOS WEB NO CONTEXTO
ECONÔMICO ATUAL E A TEORIA DAS OPÇÕES REAIS COMO
FERRAMENTA DE ANÁLISE DE VIABILIDADE
Por: Catharina Dantes de Carvalho Pinheiro
Orientador
Prof. Anderson Gonzaga
Teresópolis
2012
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A TEORIA DAS OPÇÕES REAIS
APLICADA À ANÁLISE DE VIABILIDADE
FINANCEIRA E AO PROCESSO
DECISÓRIO DE PROJETOS DE
APLICATIVOS WEB
Apresentação de monografia à AVM Faculdade
Integrada como requisito parcial para obtenção do
grau de especialista em Gestão de Projetos.
Por: Catharina Dantes de Carvalho Pinheiro
AGRADECIMENTOS
Ao professor Anderson Gonzaga,
amigo e orientador; a Daniela Pereira,
amiga e incentivadora; a Maria de
Lourdes de Carvalho, Gilberto Pinheiro,
Andrea Gottlieb, Iasha Gottlieb, Ana
Djanira Pinheiro, e a todos os amigos,
incentivadores e companheiros de
caminhada.
DEDICATÓRIA
Ao meu homônimo e minha voinha
Catharina Carvalho, que me introduziu à
magia da vida e do universo.
RESUMO
O objetivo deste trabalho é avaliar as vantagens da aplicação da Teoria das
Opções Reais (TOR) como complemento para as tradicionais técnicas de
análise de viabilidade financeira em se tratando de projetos para o
desenvolvimento de aplicativos web. Para isso, busca demonstrar que a
análise pelo método das opções reais torna o investidor mais apto a tomar
decisões diante das imprevisibilidades inerentes a projetos desse tipo, de
acordo com suas próprias características. Para tal, vale-se dos seguintes
objetivos secundários: (i) apresentar um panorama do mercado e da história
dos aplicativos web; (ii) traçar um paralelo entre as técnicas clássicas de
análise de viabilidade de projetos e a TOR; (iii) apresentar o conceito de
árvores de decisão como recurso complementar para aplicação da TOR no
processo decisório; (iv) explorar os principais fatores de sucesso de projetos de
aplicativos web; (v) apresentar um exemplo ilustrativo de aplicação da TOR na
análise de viabilidade e no processo decisório de projetos de aplicativos web.
Foge ao escopo do trabalho aprofundar-se em cálculos e apresentar sua
aplicação, embora sejam expostas as fórmulas das técnicas de análise de
viabilidade financeira para uma melhor compreensão de como funcionam.
Também não serão abordados os detalhes técnicos referentes ao
desenvolvimento nem à arquitetura dos aplicativos web.
Ao final do estudo, concluiu-se que a TOR pode ser uma ferramenta
poderosa tanto na análise de viabilidade financeira, quanto para guiar no
processo decisório. Na análise financeira, contudo, precisa ser combinada às
técnicas clássicas, como o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de
Retorno (TIR). A principal conclusão, entretanto, é que, considerando o pouco
conhecimento até o momento desenvolvido em relação ao mercado de
aplicativos web e a sua volatilidade, a TOR pode ajudar a fazer análises de
viabilidade mais criteriosas e orientar nas decisões tomadas ao longo do
desenvolvimento do projeto tendo em vista uma maior garantia de retorno.
ABSTRACT
The purpose of this study was to make an analysis of the benefits of using Real
Options Valuation (ROV) in tandem with more traditional project valuation
methods, with a focus on web application projects. In order to achieve that, it
aimed to show that the use of ROV enables the investor to make more informed
decisions when confronted with the uncertainties particular to this kind of
project, taking its specific characteristics into account. To that end, it had as
secondary objectives: (i) to make an introduction to the history and the market
of web applications; (ii) to present a critical comparison between more
traditional valuation methods and ROV; to explore decision trees as a
complementary tool for the application of ROV in the decision process of a web
application project; (iv) to explore the success factors for web applications; (v)
to illustrate the argument with an example of the use of ROV as the valuation
method and in the decision process for a web application project.
It is beyond the study’s scope to explore formulas and their application in
deep, although it does include them as a way to better show how the valuation
methods here discussed work. It neither covers the technical details of the
development or the architecture of web applications.
The study led to the conclusion that ROV can be a powerful tool both in
project valuation as to guide through the decision process. As a project
valuation method, however, it works better in tandem with classical technics
such as Net Present Value (NPV) and Internal Rate of Return (IRR). The main
conclusion, though, was that, considering how little we know about the new-
born market of web applications at this point, and also taking its volatility into
account, ROV can be used in a more judicious valuation analysis and help to
make more informed decisions all through the development process of the
project in order to raise the chances for bigger investment returns.
METODOLOGIA
A metodologia usada no desenvolvimento deste trabalho foi o levantamento
bibliográfico dos conceitos utilizados, combinado à consulta da literatura
acadêmica, incluindo diversas monografias e artigos, e à observação das
tendências do mercado através de notícias, artigos publicados na web, blogs
etc.
Em primeiro lugar, foi feito um levantamento da bibliografia acadêmica à
procura de trabalhos sobre análise de viabilidade de projetos que tivesse como
foco a Teoria das Opções Reais como ferramenta de análise e de projetos de
aplicativos web. Como não foram encontrados trabalhos com esse perfil, o
segundo passo foi o estudo dos conceitos usados no desenvolvimento do
trabalho, especialmente da Teoria das Opções Reais e dos aplicativos web a
fim de se traçar um paralelo que indicasse de forma concreta a utilidade da
teoria como ferramenta para a análise de viabilidade financeira desse tipo de
projeto. Comprovada a possibilidade de relação pelas características inerentes
à Teoria das Opções Reais e ao mercado dos aplicativos web, ainda novo e
requerendo ferramentas de análise mais robustas, a etapa seguinte foi a de
uma pesquisa mais sistemática para o levantamento de todos os conceitos a
serem usados como base para o argumento.
Sempre que possível, foram usadas obras consideradas seminais para a
apresentação dos conceitos - a exemplo do livro de DIXIT e
PINDYCK, Investment Under Uncertainty, para a introdução à Teoria das
Opções Reais. Em segundo lugar, foi dada prioridade a teses e artigos
acadêmicos. No tocante a conceitos mais recentes, como o dos próprios
aplicativos web, foi necessário recorrer a textos de sites disponíveis na Internet.
Além disso, buscou-se também basear o argumento na atual situação do
mercado e em experiências anteriores, embora recentes, passadas pelos
serviços da Internet. Para tal, foram usadas fontes de notícias também
hospedadas na web. Todos os endereços de hospedagem dos documentos
digitais utilizados encontram-se na bibliografia.
Além da base bibliográfica, o trabalho vale-se de um exemplo simples de
análise da viabilidade e do processo decisório de um projeto de aplicativo web.
Por meio desse exemplo, foi possível apresentar com mais clareza as
vantagens do uso da Teoria das Opções Reais em se tratando desse tipo
específico de projeto.
LISTA DE ABREVIATURAS
National Association of Securities Dealers Automated Quotations NASDAQ
Período de Payback Descontado PBD
Período de Payback Simples PBS
Taxa Interna de Retorno TIR
Taxa Interna de Retorno Modificada MTIR
Taxa Mínima de Atratividade TMA
Teoria das Opções Reais TOR
Valor Futuro VF
Valor Presente VP
Valor Presente Líquido VPL
10
SUMÁRIO
Introdução 11
Capítulo I: Aplicativos Web 13
1.1 – O Desenvolvimento da Internet e o Surgimento dos Aplicativos Web 14
1.2 – Onda de Otimismo Financeiro e a Possibilidade de Uma Bolha 15
Capítulo II: Técnicas Usadas na Análise de Viabilidade Financeira de Projetos 18
2.1 – Valor Presente Líquido (VPL) 20
2.2 – Taxa Interna de Retorno (TIR) 21
2.3 – Teoria das Opções Reais (TOR) 23
2.4 – Árvores de Decisão 24
Capítulo III – A TOR Como Complemento Para o VPL e a TIR na Análise de
Viabilidade Financeira de um Aplicativo Web 26
3.1 – Fatores de Sucesso de um Aplicativo Web 28
3.2 – Exemplo de Aplicação 30
Conclusão 36
Referências Bibliográficas 39
11
INTRODUÇÃO
O Brasil vive um momento de grande otimismo em relação ao crescimento do
setor tecnológico, especialmente no que diz respeito a novas companhias
fundadas a partir do desenvolvimento de aplicativos web nascidos de ideias
inovadoras. Tanto investidores da iniciativa privada quanto da pública estão
apostando e fazendo investimentos consideráveis nesses novos
empreendimentos. (BENNETT, RÉ, ZHOURI, 2012)
Entretanto, depois de um período de semelhante otimismo devido ao
crescimento exponencial de empresas como Facebook, Zynga e Groupon, o
baixo desempenho na bolsa de valores do Facebook, que abriu seu capital em
maio de 2012, levou especialistas nos Estados Unidos a recomendarem
cautela com o excesso de otimismo, e os investimentos em novas iniciativas na
área já começam a ser feitos com base em estudos mais judiciosos. (SHINAL,
TAM, GREENFIELD, 2012)
Além disso, em setembro deste ano, Shikhar Ghosh, pesquisador e
professor da Harvard Business School, constatou que 75% das novas
companhias de tecnologia que recebem aporte nos Estados Unidos não geram
lucros para os investidores. Ainda segundo Ghosh, muitas das empresas
sobrevivem apenas enquanto podem recorrer aos fundos de investimento,
quebrando logo depois que estes acabam e os investimentos cessam.
(XAVIER, 2012)
É necessário aprender com os fracassos recentes observados nos
Estados Unidos a fim de se fazerem investimentos sensatos, com base em
estudos de viabilidade que considerem as características particulares desse
tipo de empreendimento. Também é crucial estudar a eficiência dos métodos
de análise de viabilidade financeira especificamente em se tratando de projetos
de aplicativos web.
Os métodos tradicionais de análise de viabilidade financeira de
projetos, como o Valor Presente Líquido (VPL) e a Taxa Interna de Retorno
(TIR), baseiam-se em previsões de fluxos de caixa futuros. Todavia, não
12
consideram a possibilidade de alteração de diversas variáveis que influenciarão
no sucesso do projeto nem as alternativas que podem ser adotadas diante
dessas possibilidades. A Teoria das Opções Reais (TOR) é um desdobramento
do VPL que considera os possíveis caminhos que o curso de um projeto pode
tomar e também as opções disponíveis para cada caminho. Dessa forma, ela
serve não apenas como técnica para a análise de viabilidade, mas também
como ferramenta de decisão para a gestão financeira ao longo do
desenvolvimento do projeto.
Os projetos de aplicativos web estão inseridos em um cenário volátil,
influenciado por diversas variáveis. Assim, este trabalho busca introduzir a
aplicação da TOR a esse tipo de projeto considerando suas características
específicas e os fatores que podem determinar seu sucesso ou fracasso.
Também tem como objetivo ressaltar que a decisão de investir não é feita uma
única vez, apenas no início do projeto. Na verdade, um projeto contém uma
série de marcos, e em vários deles é necessário decidir continuar investindo ou
não. A análise de viabilidade, portanto, não é um estudo concluído no início do
projeto, mas se desdobra em um processo decisório que se desenvolve ao
longo do seu ciclo de vida.
Antes de discutir essas suposições, serão apresentados os conceitos
teóricos que servirão de base para o argumento: o conceito de aplicativo web,
bem como um breve histórico do desenvolvimento tecnológico que levou ao
seu surgimento; os métodos de análise de viabilidade financeira (VPL, TIR e
TOR); e o conceito de árvore de decisão, uma ferramenta muito útil na
aplicação da TOR ao estudo de viabilidade e ao processo decisório do projeto.
Será desenvolvido, então, um argumento com o objetivo de demonstrar as
vantagens da aplicação da TOR à análise de viabilidade financeira de projetos
de aplicativos web, levando-se em conta os fatores determinantes para o
sucesso desse tipo de projeto em particular, seguido de uma conclusão
resultante desse argumento.
13
CAPÍTULO I
APLICATIVOS WEB
Esta seção descreve o que é um aplicativo web e apresenta um breve histórico
dessa tecnologia. Não serão apresentados detalhes técnicos em profundidade,
porquanto são irrelevantes para o objetivo do trabalho.
Aplicativos web são sistemas computacionais que, ao contrário dos
sistemas tradicionais, não ocupam o disco rígido da máquina do seu usuário, e
sim fazem uso de recursos armazenados remotamente, em servidores
utilizados pelo desenvolvedor. Podem, portanto, ser executados no próprio
navegador, que é o sistema utilizado pelo usuário para navegar pela Internet,
sem requerer processos demorados de instalação na máquina. Além de serem
acessados de qualquer lugar, desde que haja conexão com a Internet, podem
interagir entre si, permitindo ao usuário realizar tarefas que integram diversos
serviços, tais como o compartilhamento do conteúdo de um site de notícias na
sua página em uma rede social. Também permitem a interação do usuário com
outras pessoas conectadas à Internet e a publicação e o acesso a conteúdos
de vários tipos (imagens, arquivos de vídeo e música etc.).
Esses aplicativos tornaram-se imensamente populares, às vezes
gerando lucros astronômicos, o que provocou uma onda de investimentos que
em muitos casos foram consideravelmente lucrativos para os investidores.
Entretanto, estão se tornando cada vez mais frequentes os casos em que
ideias com um grande potencial atraem investimentos substanciais, e, mesmo
com uma originalidade inegável, fracassam em gerar lucros.
Para compreender como chegamos ao quadro atual e analisar suas
implicações, porém, é necessário saber como surgiram os aplicativos web e
conhecer a história da própria Internet.
14
1.1 – O Desenvolvimento da Internet e o Surgimento dos
Aplicativos Web
As teorias que levaram à criação da primeira rede de computadores foram fruto
do trabalho de dois pesquisadores do MIT (Massachusetts Institute of
Technology – Instituto de Tecnologia de Massachusetts): Joseph Carl Robnett
Licklider, o primeiro a defender a importância das interações sociais que
poderiam ser possibilitadas pela interconexão global de computadores; e
Leonard Kleinrock, cuja teoria da comutação de pacotes, essencial para o
desenvolvimento da tecnologia da Internet, baseou-se nas ideias do primeiro.
(LEINER, 2012)
A partir dessas ideias, e graças, especialmente, à iniciativa de
Lawrence G. Roberts e Robert Taylor, nasceu a ARPANET (Advanced
Research Projects Agency Network – Rede da Agência de Projetos de
Pesquisa Avançados) como parte do programa de pesquisa da DARPA
(Defence Advanced Research Projects Agency – Agência de Defesa para
Projetos de Pesquisa Avançados). (LEINER, 2012)
De projeto de um programa de pesquisa para a defesa dos Estados
Unidos à sua explosão como meio para o compartilhamento de documentos, a
expansão de empreendimentos comerciais, a distribuição de tecnologias etc., o
desenvolvimento da Internet deve muito sir Timothy John “Tim” Berners-Lee.
Em 1980, ele propôs um método de compartilhamento de documentos baseado
num sistema de hipertexto.1 Num trabalho conjunto com o engenheiro de
sistemas Robert Cailliau, ele desenvolveu a linguagem HTML (HyperText
Markup Language – Linguagem de Marcação de Hipertexto). (WIKIPEDIA 1,
2012)
1 Texto que conduz o leitor a outra informação, útil para que os leitores possam encontrar rapidamente mais informações sobre um determinado tema. Embora geralmente seja associado a páginas da web, há autores que afirmam que a tecnologia data da década de 1960, enquanto outros chegam a datar os primeiros casos do seu uso do século XVI. A primeira descrição formal, contudo, foi dada em 1945 por Vannevar Bush na revista The Atlantic Monthly, com a publicação de seu artigo “As We May Think”. (TECHTERMS, WIKIPÉDIA, 2012)
15
A HTML não apenas facilitou o compartilhamento de informações
através de uma rede de computadores, mas era parte de um projeto maior: a
criação da World Wide Web, ou Rede Mundial de Computadores. Esses dois
conceitos são os fundamentos da estrutura de informação que hoje dá vida à
estrutura física de conexão de computadores que é a Internet. A popularização
da Rede Mundial de Computadores veio nos anos 1990, e a identificação do
potencial da Internet para empreendimentos comerciais levou a uma explosão
de investimentos em serviços hospedados na Internet. (WIKIPEDIA 2, 2012)
A HTML, porém, tinha grandes limitações. Além de permitir apenas o
compartilhamento de texto e imagens, restringindo a criatividade na estética
das páginas e impedindo o compartilhamento de arquivos de vídeo e som, as
páginas que usavam apenas HTML eram estáticas, não oferecendo nenhuma
possibilidade de interação por parte do usuário.
Graças ao surgimento de novas tecnologias, como Ajax e Javascript,
passou a ser possível que os usuários não apenas interagissem com, mas
modificassem e enviassem conteúdo para páginas da Web. Assim, nasceu a
Web 2.0, que possibilitou a criação de serviços dinâmicos como redes sociais,
blogs, wikis etc. Além disso, surgiram alternativas a ferramentas que antes
precisavam ser instaladas localmente: suítes de escritório como o Google Docs
e ferramentas de organização pessoal como o Google Agenda. A esses
serviços foi dado o nome de aplicativos/serviços web.
1.2 – Onda de Otimismo Financeiro e a Possibilidade de Uma
Bolha
Com esses novos serviços, surgiram também novas companhias –
empreendimentos cujo sucesso atraiu grandes investimentos. Foi o caso do
Zynga e do Facebook, entre outros. Após um grande período de otimismo,
contudo, os investidores americanos tornaram-se mais cautelosos,
especialmente considerando que muitas dessas companhias, popularmente
chamadas “startups”, acabaram por não apresentar os lucros esperados. Em
16
maio deste ano, o Facebook abriu seu capital, e, ao contrário das previsões, o
lançamento das ações na NASDAQ foi um fracasso. Passados seis meses,
ainda não houve uma recuperação. Com isso, já há especialistas temendo uma
bolha como a produzida em nos anos 90 pelo otimismo em relação ao sucesso
de novos serviços de comércio eletrônico como Amazon e Ebay. (SHINAL,
TAM, GREENFIELD, 2012)
Muitos especialistas em economia chegaram a anunciar a morte do
comércio eletrônico, mas em 2003 as companhias que haviam sobrevivido à
crise começaram a mostrar sinais de crescimento, e desde então o comércio
eletrônico tem abocanhado uma fatia cada vez maior das vendas de grandes
companhias comerciais do mundo inteiro. (SCHNEIDER, 2011, p. 4, tradução
nossa)
Já na bolha da década de 1990, observou-se, tarde demais, que as
novas companhias cujo financiamento foi movido pelo otimismo gerado pelo
sucesso de outros empreendimentos que ficaram conhecidos “pontocom” eram,
em sua grande maioria, a iniciativa de jovens que podiam ser brilhantes
desenvolvedores de software, mas que não tinham ideia de um plano de
negócio. (JONES, 2008) O mesmo, com poucas exceções, pode ser observado
nas startups atuais, e ainda assim há investidores dispostos a dar aporte a
qualquer ideia remotamente original, ainda que não haja modelo de negócio,
público alvo etc. É claro que, em muitos casos, os jovens administradores
recebem ajuda na gestão do negócio, mas o plano de negócio e a
administração devem contar com alguém que navegue tranquilamente também
por conceitos relacionados a aplicativos web – alguém que reúna
conhecimento no desenvolvimento e no mercado de software e que tenha uma
boa ideia do plano de negócio ideal para a startup e seus projetos. (TAM, 2012)
No documentário Download: The True Story Of The Internet, o
apresentador define muito bem o que é uma bolha na atualidade: “Uma
tecnologia inovadora cria montes de empresas iniciantes arriscadas, os
investidores se empolgam e correm para comprar um pedaço do futuro, e então
17
tudo acaba em lágrimas, falências, execuções, suicídios na bolsa de valores.”
(JONES, 2008) É isso que precisamos evitar na década de 2010.
Ainda de acordo com especialistas, um dos motivos pelo fracasso do
Facebook é que, apesar de ter apresentado um crescimento de 30% em lucros,
a companhia também apresentou um crescimento de 60% em gastos. E
estamos falando não de uma startup, mas de uma das mais bem sucedidas
companhias da atualidade baseadas em serviços Web 2.0. (GOLUB, GROVE,
2012)
No Brasil, o movimento no momento segue o caminho contrário. Com o
surgimento de startups inicialmente muito bem sucedidas, como Hotel Urbano
e Peixe Urbano, até mesmo investidores do exterior apostam no potencial do
Brasil. O grupo americano e.Ventures anunciou a intenção de investir US$ 130
milhões no país; o brasileiro Confrapar já gerencia R$ 75 milhões de
investimentos em startups; por fim, o governo já anunciou o investimento de R$
40 milhões através do Plano TI Maior. As startups também contam com
investimentos de particulares, com destaque para o evento Geeks On Beer,
que vem promovendo encontros entre investidores e startups por todo o país.
(RÉ, BENNETT, 2012)
Os investimentos maciços nas startups brasileiras podem ser algo
extremamente positivo para o país. Entretanto, para que seu sucesso seja
duradouro, e não apenas temporário como o daquelas empresas que
apareceram na pesquisa de Shikhar Ghosh, o estudo de viabilidade dos
projetos de aplicativos web, os produtos dessas empresas, deve contar com
métodos precisos, e que não apenas sejam capazes de verificar se os lucros
compensarão o investimento inicial, mas de delinear caminhos para a
continuidade do crescimento da empresa. A aplicação da TOR aliada às
árvores de decisão pode ser uma ferramenta valiosa para indicar os melhores
caminhos na gestão e na administração financeira das startups.
18
CAPÍTULO II
TÉCNICAS USADAS NA ANÁLISE DE VIABILIDADE
FINANCEIRA DE PROJETOS
Quando uma organização ou grupo de investidores se depara com a
possibilidade de investir em um projeto, deve avaliar se o investimento lhe trará
ou não retorno. Assim, a decisão depende de um estudo de viabilidade do
projeto, dentro do qual é realizada uma previsão dos recursos necessários e a
análise de viabilidade financeira do projeto. (PMI, 2003)
A análise de viabilidade financeira de um projeto é feita com base em
técnicas de análise de investimento. As mais comuns são: Período de Payback
Simples (PBS), Período de Payback Descontado (PBD), Valor Presente Líquido
(VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR).
O PBS mede o tempo de retorno do investimento inicial de um
empreendimento. Essa técnica, contudo, possui a desvantagem de não levar
em consideração fatores como a taxa de juros, a inflação e o valor do dinheiro
no tempo, além de ser calculada com base num fluxo de caixa constante e
ignorar o fluxo de caixa posterior ao período de Payback. Exceto pela
consideração do valor do dinheiro no tempo, o PBD apresenta as mesmas
desvantagens do PBS. (BALARINE, 2004)
Além de considerar explicitamente o valor do dinheiro no tempo, a
técnica do VPL não requer que o fluxo de caixa seja constante e considera o
risco do projeto através da taxa de juros utilizada, denominada taxa de
desconto. Por isso, é um dos métodos mais utilizados na análise de viabilidade
financeira de projetos. (AQUINO JUNIOR, 2009)
Outra técnica de análise financeira, utilizada em conjunto com o VPL, é a
da TIR, seja na avaliação da viabilidade de projetos ou na comparação da
rentabilidade de investimentos. Essa técnica também é usada para se
conhecer a taxa de juros de empréstimos e financiamentos. (CARREIRA, 2006)
19
As técnicas do VPL e da TIR, entretanto, ignoram características cuja
importância tem sido ressaltada por uma literatura crescente sobre análise
financeira: a irreversibilidade, a incerteza quanto ao retorno e a flexibilidade em
relação ao timing do investimento. Foi a partir dessas três características que
uma nova teoria começou a ser desenvolvida em 1977 pelo Professor Stewart
Myers, da MIT Sloan School of Management. A Teoria das Opções Reais
(TOR) foi desenvolvida com base no conceito de opções financeiras – um tipo
de contrato no mercado financeiro “que dá ao seu titular o direito de comprar ou
vender um ativo por um preço prefixado em certa data ou antes dela”. A
diferença entre os dois conceitos é que, enquanto o ativo subjacente às opções
financeiras é “título, moeda, ação de uma empresa, taxa de juros ou qualquer
outro ativo transacionado em um mercado de capitais ou de futuros, as opções
reais têm como objeto um projeto de investimento ou um ativo da economia
real”. (CORREIA NETO, 2009)
Nas páginas seguintes serão expostas as teorias do Valor Presente
Líquido, da Taxa Interna de Retorno e das Opções Reais. Algumas fórmulas
matemáticas serão introduzidas, mas somente para facilitar a compreensão
dos conceitos. Os modelos matemáticos mais complexos relacionados a esses
conceitos – como a análise probabilística das opções – fogem ao escopo do
trabalho. Além disso, para facilitar a explicação de como a TOR pode ser
aplicada num processo de avaliação das possíveis decisões financeiras que
podem ser tomadas ao longo do desenvolvimento do projeto, será usada uma
versão simplificada da árvore de decisão, cujo conceito será exposto em linhas
gerais logo depois da seção sobre Opções Reais.
Os conceitos explorados neste capítulo serão usados como base para a
análise das vantagens da aplicação da TOR no estudo de viabilidade financeira
de um projeto de desenvolvimento de um aplicativo web, levando em conta as
características particulares desse tipo de projeto e suas relações com as
técnicas de análise financeira abordadas.
20
2.1 – Valor Presente Líquido (VPL)
“Denomina-se Valor Presente Líquido de um fluxo de caixa o valor monetário
do ponto zero da escala de tempo, que é equivalente à soma de suas parcelas
futuras, descontadas para o ponto zero, com uma determinada taxa de juros.”
(PUCCINI, 2011)
O método do VPL traz a presente todos os fluxos de caixa referentes a
aplicações e retiradas do projeto. O fator do valor presente (VP) é de 1/(1 + i)n
para um único valor. Se quisermos encontrar o valor presente de um valor
futuro (VF), basta dividir esse valor pelo fator do valor presente. Tomando
como exemplo um empréstimo de R$ 10.000,00 com vencimento para três
meses a uma taxa de juros de 2% ao mês, seu valor presente é VP = 10.000/(1
+ 0,02)3 = 9.423,22. (CARREIRA, 2006)
O fator do valor presente para uma série de prestações iguais e
vencidas é: 岫な 髪 件岻津 伐 な岫な 髪 件岻津 抜 件
O Valor Presente Líquido é o somatório do valor presente das saídas e
entradas de um fluxo de caixa, calculado pela expressão:
撃鶏詣 噺 布 継系痛岫な 髪 件岻痛 伐布 】鯨系痛】岫な 髪 件岻痛津痛退待
津痛退待
Onde:
ECt = Entradas de caixa no tempo
SCt = Saídas de caixa no tempo
De acordo com a técnica do VPL, a regra para a análise financeira de
viabilidade de um projeto é:
21
Se VPL = 0, “as grandezas futuras, ao serem descontadas com uma
determinada taxa, produzem um valor presente para o fluxo de caixa que
é igual ao investimento inicial (desembolso) colocado no ponto zero da
escala de tempo”. (PUCCINI, 2011) Pode-se dizer que o projeto se paga;
Se VPL > 0, o projeto gerará lucros financeiros;
Se VPL < 0, o projeto não é financeiramente viável.
2.2 – Taxa Interna de Retorno (TIR)
A Taxa Interna de Retorno de um fluxo de caixa é a taxa real de juros da
operação financeira. Se aplicada a uma série de entradas e saídas do caixa,
iguala o VPL a zero. (CARREIRA, 2006)
As considerações sobre a TIR e o VPL devem ser interpretadas de
formas diferentes em investimentos e financiamentos. Assim, num
investimento:
Se VPL > 0, a TIR é maior do que a taxa de mercado, portanto a
oportunidade de investimento é atrativa;
Se VPL < 0, a TIR é menor que a taxa de mercado;
Se VPL = 0, a TIR corresponde à taxa de mercado.
Já num financiamento, a relação é contrária:
Se VPL > 0, a TIR é menor do que a taxa de mercado, portanto o
financiamento é atrativo;
Se VPL < 0, a TIR é maior que a taxa de mercado;
Se VPL = 0, a TIR corresponde à taxa de mercado. (CARREIRA, 2006)
Como neste trabalho o foco é a avaliação da viabilidade financeira de
um projeto para um investidor, deste ponto em diante só haverá referências à
relação VPL x TIR de acordo com a interpretação referente a investimentos.
22
A TIR é calculada igualando-se o VPL a zero:
布 継系痛岫な 髪 件岻痛 伐布 】鯨系痛】岫な 髪 件岻痛 噺 ど津痛退待
津痛退待
Há ainda outros parâmetros a serem levados em consideração na
avaliação da viabilidade financeira de um projeto pelo cálculo da TIR. Um é o
Custo de Oportunidade. Como os investidores costumam se deparar com
diferentes oportunidades de investimento, frequentemente precisam optar por
uma e abrir mão de outras. Assim, o Custo de Oportunidade refere-se ao custo
de abrir mão de outros investimentos com risco, prazo e retorno semelhantes
ao escolhido. (CARREIRA, 2006)
O outro é a Taxa Mínima de Atratividade (TMA), que corresponde à taxa
de desvalorização imposta a qualquer ganho futuro pelo fato de este não estar
disponível no momento. A definição da TMA varia de acordo com as
circunstâncias relacionadas ao investimento. Uma das formas de defini-la é
com base no ganho mínimo que um investidor usando de recursos próprios
obteria com a segunda melhor alternativa para a aplicação de seu capital.
(CARREIRA, 2006)
A partir do cálculo da TIR, a regra de decisão em relação à viabilidade
financeira de um projeto é:
Se TIR ≥ Custo de Oportunidade ou uma Taxa Mínima de Atratividade, o
investimento é considerado atrativo;
Se TIR < Custo de Investimento ou uma Taxa Mínima de Atratividade, o
investimento deve ser rejeitado.
A TIR apresenta ainda uma versão modificada: a Taxa Interna de
Retorno Modificada, ou MTIR. A TIR pressupõe que todos os fluxos (tanto
receitas quanto custos) são descontados à mesma taxa. Entretanto,
geralmente a taxa de captação (déficits no fluxo de caixa) é maior que a taxa
23
de aplicação (saldos positivos no fluxo de caixa), e a MTIR leva isso em
consideração em sua fórmula:
警劇荊迎 噺 頒デ 迎痛岫な 髪 件追岻津貸痛津痛退待デ 】系痛】岫な 髪 件頂岻痛津痛退待 番怠 津斑 伐 な
Onde:
ir = Taxa de atratividade (taxa de aplicação de recursos ociosos)
ic = Taxa de juros correspondente ao custo de captação (custo do
financiamento)
O método também pode ser empregado com uma única taxa de juros.
Como no caso da TIR, se a MTIR for maior do que a taxa de atratividade, o
projeto é considerado financeiramente atrativo. (BALARINE, 2004)
2.3 – Teoria das Opções Reais (TOR)
A Teoria das Opções Reais parte do princípio de que a maioria das decisões
de investimento parte de três características importantes em proporções
variadas:
1º) A irreversibilidade parcial ou total do investimento: Caso mude
de ideia em relação ao investimento, o investidor não poderá recuperar a
totalidade do que investiu. Isso fica claro num projeto que requer a
compra de equipamentos, pois por mais que eles possam ser revendidos
caso o projeto seja abortado, certamente seu valor terá sofrido uma
depreciação.
2º) A incerteza relativa ao retorno futuro do investimento: Por mais
que as probabilidades sejam cuidadosamente analisadas, há sempre a
possibilidade de obtenção de um retorno menor ou maior que o
esperado, ou até de perda total do investimento.
24
3º) A flexibilidade em relação ao timing do investimento:
Corresponde à possibilidade de se adiar um investimento. Essa
característica é muito importante, visto que o adiamento de um
investimento pode significar a oportunidade de obter mais informações e
prever melhor as probabilidades, ou até mesmo de aguardar por
circunstâncias mais apropriadas para o desenvolvimento do projeto.
Assim, a flexibilidade em relação ao timing está intimamente ligada à
incerteza, pois a obtenção de mais informações e mudanças de
circunstâncias – como, por exemplo, das condições de mercado – reduz
o fator incerteza e podem afetar a viabilidade do projeto.
Como dizem DIXIT e PINDYCK, essas três características interagem
para determinar as circunstâncias mais adequadas para um investimento. Um
projeto de investimento pode ser visto como um conjunto de opções reais, e
assim como o cálculo do VPL dos fluxos de caixa de um projeto é feito com
base numa estimativa das futuras entradas e saídas de caixa de um
determinado período de tempo, a avaliação das possíveis decisões a serem
tomadas durante esse período também deve se basear em um prospecto dos
caminhos que o projeto pode seguir. Uma das formas usadas para representar
esses caminhos e as possíveis decisões a serem tomadas são as árvores de
decisão.
2.4 – Árvores de Decisão
De acordo com MAGEE, “Uma árvore de decisão pode esclarecer para a
gestão (...) as opções, riscos, objetivos, ganhos monetários, e a necessidade
de informações envolvidos em um problema de investimento”. (MAGEE, 1964,
tradução nossa)
A forma de representação básica de uma árvore de decisão encontra-se
demonstrada na figura a seguir:
26
CAPÍTULO III
A TOR COMO COMPLEMENTO PARA O VPL E A TIR
NA ANÁLISE DA VIABILIDADE FINANCEIRA DE UM
APLICATIVO WEB
Uma característica fundamental da análise de viabilidade financeira, não
importa que método seja usado, é que ela trabalha com cenários e fatores
futuros, e, portanto, lida com incertezas e condições que podem ou não se
concretizar. Embora o emprego dos métodos do VPL e da TIR permita avaliar o
potencial de geração de lucros de um projeto, costumam basear-se em
assertivas imutáveis. A TOR incorpora a esses métodos a consideração dos
possíveis eventos que poderão ocorrer e das decisões a serem tomadas ao
longo do desenvolvimento de um projeto. De acordo com a TOR, essas
decisões sempre partem de três características fundamentais inerentes a todos
os investimentos: a irreversibilidade parcial ou total do investimento,
a incerteza relativa ao seu retorno futuro e a flexibilidade em relação ao timing,
ou possibilidade de adiamento, do investimento.
Essas características geram possíveis cursos de ação a serem tomados
diante das alterações que poderão ocorrer nas variáveis determinantes do
sucesso do projeto. Através do uso de árvores de decisão, durante o estudo de
viabilidade, é possível traçar esses cursos de ação ou opções. Ao longo do
desenvolvimento de um projeto, por exemplo, de acordo com as possibilidades
verificadas na árvore de decisão, pode-se abortar parte do projeto, adiar o seu
desenvolvimento, adaptar o projeto de acordo com o surgimento de novas
tendências etc., tudo isso considerando o impacto da decisão no seu sucesso
financeiro duradouro.
O VPL se limita a comparar os lucros esperados aos custos do
investimento para determinar se o investimento no projeto é válido. De acordo
com Antonik, o VPL é uma “avaliação simplista (...) já que não se
pode menosprezar as incertezas e o valor das opções”. Dessa forma, é
27
essencial a utilização da TOR como “complemento ao método do
valor presente líquido, englobando as diversas opções que um investidor
possui antes e durante a aplicação em um projeto, permitindo principalmente
uma análise mais precisa de investimentos de longo prazo, nos quais os
elementos de incerteza são extremamente relevantes e impactam diretamente
na tomada de decisão de investir”. (ANTONIK, 2005)
Na análise de viabilidade de um projeto, a incorporação do valor da
opção real ao VPL gera um novo valor, o VPL dinâmico, ou VPL expandido,
cujo cálculo é feito pela soma: 撃鶏詣勅掴椎銚津鳥沈鳥墜 噺 撃鶏詣勅鎚痛 痛沈頂墜 髪 懸欠健剣堅 穴欠 剣喧 剣
Esse cálculo é feito a cada etapa da árvore de decisão que representa
os possíveis caminhos de um projeto. Para cada possível evento representado
na árvore deve ser estimada a probabilidade da sua ocorrência e o valor
financeiro resultante da sua realização. O VPLexpandido da decisão que tem o
potencial de produzir um evento é calculado da seguinte forma:
撃鶏詣勅掴椎銚津鳥沈鳥墜 噺 撃鶏詣勅鎚痛 痛沈頂墜 髪 撃鶏詣墜椎 墜 茅 鶏堅剣決欠決件健件穴欠穴結 穴結 剣潔剣堅堅 券潔件欠 穴剣 結懸結券建剣
A árvore utilizada para ilustrar a aplicação da TOR à análise de
viabilidade de um aplicativo web não incluirá cálculos de probabilidade nem do
VPL das opções, mas servirá apenas de base para demonstrar o valor da
técnica tanto na análise de viabilidade quanto no processo decisório. Antes de
fazer essa demonstração, contudo, é preciso conhecer os fatores
determinantes para o sucesso financeiro de um aplicativo web e da empresa ou
equipe que está desenvolvendo o projeto, e que serão relevantes para as
decisões a serem tomadas.
28
3.1 – Fatores de Sucesso de um Aplicativo Web
Por estarmos lidando com um mercado novo, os fatores que determinam o
sucesso ou fracasso de um aplicativo web e/ou da empresa responsável pelo
seu desenvolvimento atualmente são o foco de muitos artigos e estudos
publicados no meio acadêmico ou em revistas especializadas. Para se ter uma
ideia, uma busca no Google por “web applications success factors” [fatores de
sucesso de aplicativos web] retorna 81.900.000 resultados. Ainda que nem
todos os resultados sejam diretamente relacionados ao tema, é um número
considerável de ocorrências.
A princípio, é difícil ver o impacto desses fatores na análise de
viabilidade, mas eles são cruciais para orientar o processo decisório da gestão
financeira do projeto de um aplicativo web – e, consequentemente, para o seu
sucesso. A seguinte lista de fatores foi reunida a partir de artigos e discussões
sobre o tema, em especial uma pesquisa realizada na Universidade Estadual
da Califórnia com desenvolvedores, gestores e usuários:
Público-alvo
Modelo de negócio: como lucrar com o aplicativo
Diferencial competitivo em relação a aplicativos que já estão no mercado
Funcionalidades, navegabilidade, usabilidade e uma interface amigável
Estratégia de marketing
Acessibilidade
Manutenibilidade
Escalabilidade
Frequência das atualizações
Obtenção e análise de feedback
Apesar de não serem matéria da análise de viabilidade financeira, esses
fatores devem ser mantidos em mente no estudo geral de viabilidade, pois
podem ser cruciais para o sucesso do projeto. Por mais inovador que um
projeto possa ser, por exemplo, não terá sucesso se não tiver um público-
29
alvo, e a alteração do público-alvo, acompanhada de uma modificação de
variáveis como design e estratégia de marketing, pode ser uma medida
adotada no processo decisório para melhorar o índice de audiência do
aplicativo. (GORDON, 2010)
O modelo de negócio determina como o aplicativo gerará lucros
financeiros. Um serviço oferecido na web pode atrair um grande número de
usuários, mas se não tiver ninguém que gaste na sua utilização, não gerará
lucros financeiros. (QUICKMBA, 2010) O Facebook, por exemplo, é um serviço
gratuito, mas obtém lucros a partir da publicidade, do fornecimento de
informações sobre o comportamento de usuários para empresas etc.
É claro que um produto inovador tem muito mais chance de se destacar.
Contudo, em qualquer mercado há sempre espaço para novos entrantes. No
entanto, se alguém deseja vender um produto que já existe no mercado, ele
deverá trazer algo novo capaz de convencer o consumidor a mudar de
preferência. Para concorrer com o Facebook, por exemplo, uma nova rede
social precisaria de algo ao mesmo tempo muito necessário/atraente para os
usuários em potencial e que o Facebook não tivesse – um diferencial
competitivo. (JACOB, 2011)
Funcionalidade, usabilidade, navegabilidade e interface amigável são
termos técnicos, mas imprescindíveis para o sucesso de um aplicativo web,
pois determinam sua qualidade. Ninguém estaria disposto a perder tempo se
cadastrando e aprendendo a usar uma nova ferramenta se ela não
apresentasse funções que satisfizessem suas necessidades, facilidade de
compreensão e uso e de encontrar informações e opções. Além disso, uma
aparência agradável, com uma boa distribuição e estímulos visuais, também
atrai usuários. (GUEDES, 2009)
Como todo produto, um aplicativo também precisa de marketing, um
ponto crucial, pois só através de uma boa estratégia de marketing é possível
atrair o público-alvo certo. (ZAMBONINI, 2011) Já acessibilidade é um tema
muito discutido atualmente, referente à inclusão de deficientes nos serviços
30
oferecidos online. Além de uma questão de ética, a acessibilidade garante o
aumento da audiência do aplicativo. (SILVA, 2005)
Manutenibilidade e escalabilidade são outros termos técnicos que
qualquer desenvolvedor citará como essencial para um bom aplicativo. Embora
invisíveis para o usuário final, eles garantem o seu funcionamento, já que a
manutenibilidade permite que problemas sejam resolvidos rapidamente e
escalabilidade permite que o aplicativo continue disponível para uso e
trabalhando com eficiência mesmo com um grande aumento do número de
usuários. (THARAKAN, 2007; BARRINGER, 2009)
A frequência de atualizações é a regularidade com que são
acrescentadas novas funções, feitas modificações na interface ou mesmo
ajustes para o melhor funcionamento do aplicativo. São imprescindíveis para
mantê-lo eficiente e acompanhando as inovações e tendências da área em que
se insere. (LAM, 2008)
Por último, quem determina o sucesso de um aplicativo são os usuários,
mas também quem fala deles. Assim, ouvir a opinião de quem usa o software e
também de desenvolvedores, jornalistas, formadores de opinião etc. é
fundamental para ficar atento a problemas e fazer melhorias. A análise e o
feedback de especialistas também é importante para manter o aplicativo
eficiente e atualizado. (PIXELTANGO.COM, 2013; NOGUEIRA, 2011)
3.2 – Exemplo de Aplicação
A complexidade da TOR em relação aos métodos clássicos de análise de
viabilidade financeira de projetos, como o VPL e a TIR, tem levado muitos a
acreditarem que ela é inapropriada para uso no dia-a-dia dos empreendedores.
Pesquisas recentes, contudo, indicam que cada vez mais negócios adotam a
TOR como um modo de pensar, uma ferramenta analítica e/ou um processo
organizacional. (SAMMER, 2002) É claro que a TOR leva a uma imersão mais
profunda e demorada na análise de um projeto. Por outro lado, a pressa nas
31
etapas de análise e planejamento, o foco na obtenção rápida de lucros, foram
alguns dos principais fatores que produziram a última crise do mercado de
serviços digitais. Quando um mercado é novo e pouco conhecido, como
acontece ao dos aplicativos web, é necessário mais cuidado. (JONES, 2008)
Portanto, a proposta deste trabalho pretende, antes de tudo, levar investidores,
gerentes de projetos e desenvolvedores a ao uso de uma abordagem mais
criteriosa e gradual à análise da viabilidade de projetos de aplicativos web.
Utilizada conjunto com os métodos clássicos de análise de viabilidade, a
TOR ajuda não apenas ajuda a tomar decisões mais criteriosas em relação a
investimentos, mas também a pensar e enxergar melhor as formas de lucrar a
partir de um projeto. Ela permite conhecer melhor todas as opções disponíveis
não apenas em relação ao momento certo e a quanto investir, mas também às
opções relacionadas à própria natureza dos projetos. Essa última possibilidade
é particularmente possível quando o uso da TOR é feito em conjunto ao das
árvores de decisão, pois estas permitem visualizar melhor todas as etapas de
um projeto, alinhando-as às suas características.
Além disso, é claro que a TOR pode ser usada de uma forma
simplificada, de acordo com o tamanho e a complexidade do projeto.
(SAMMER, 2002)
Além de servir como uma ferramenta adicional para a análise de
viabilidade de projetos e para o processo decisório, as árvores de decisão
também ajudam a ilustrar melhor como os princípios da TOR podem auxiliar
nas decisões referentes aos investimentos. Assim, logo abaixo, encontra-se
uma árvore de decisão muito simples, que ilustra de forma extremamente
superficial as etapas relativas ao desenvolvimento de um aplicativo web e os
possíveis caminhos que ele pode seguir. Não obstante, mesmo sendo uma
ilustração simplificada, o exemplo serve perfeitamente ao propósito do trabalho
de demonstrar como tomar decisões sobre investimentos de forma mais
acertada em se tratando de um projeto de aplicativo web.
33
Se o objetivo for realmente usar a TOR como ferramenta de análise
financeira, e não apenas como um modo de pensar ou um processo
organizacional, a cada etapa deve-se calcular o VPL expandido da decisão que
pode produzir um evento – que, como vimos, é igual ao VPL estático + Valor da
opção * probabilidade de ocorrência do evento.
Para fins de simplificação, alguns caminhos foram ignorados. Assim,
logo no início, pressupõe-se que a decisão de “Investir” foi tomada. Não é difícil
perceber que a árvore pode crescer exponencialmente quanto mais complexo
for o projeto, mas, especialmente em casos nos quais há grande probabilidade
de seguir caminhos alternativos, como é o dos aplicativos web, vale a pena
dedicar tempo ao seu desenvolvimento, ainda que ela vá sofrendo ampliações
e modificações ao longo do processo decisório, visto que é uma ferramenta
poderosa para guiar os responsáveis pelas decisões ao longo desse processo.
A árvore parte da análise inicial, quando os principais fatores a serem
levados em conta são seu modelo de negócio, o público-alvo e o diferencial
competitivo. Aqui, o investidor tem a oportunidade de “Investir” ou “Não
investir”. Além disso, um dos principais conceitos introduzidos pela TOR é a
possibilidade de adiar o investimento. Essa possibilidade é muito importante,
pois, mesmo que um projeto não pareça ideal no momento, se os analistas
virem potencial nele, o investimento pode ser simplesmente adiado,
aguardando-se um momento mais propício. Como aplicativos web tendem a
apresentar ideias originais, é possível que os analistas julguem, por exemplo,
ainda não haver mercado para a nova ferramenta. Mas, em vez de descartá-la
por completo, podem aguardar o surgimento de uma ferramenta parecida e
observar a reação a ela. Quando um novo produto surge e um empreendedor
já tem uma carta na manga, bem analisada e conhecida, fica mais fácil entrar
na concorrência, possivelmente até mesmo com uma vantagem no novo
mercado.
Outra característica que dá uma grande flexibilidade ao processo
decisório no desenvolvimento de um aplicativo web é o fato de esse tipo de
software geralmente ser aberto a usuários em uma versão protótipo. É claro
34
que isso é uma opção, mas ela pode representar uma grande oportunidade de
feedback em relação ao produto.
A primeira versão em que o software é testado é a versão alfa. Por ser a
primeira fase de testes, o software geralmente apresenta instabilidades.
(ALOMARI, 2012) Liberar versões alfa para usuários, especialmente para
desenvolvedores e outros profissionais da área, contudo, é uma oportunidade
de obtenção de opiniões sobre o produto e de ter mais pessoas identificando
questões sobre fatores de sucesso como funcionalidades, navegabilidade,
usabilidade, interface, manutenibilidade, acessibilidade etc. Além disso, nessa
fase, já é possível verificar o interesse da comunidade na ferramenta que está
sendo desenvolvida. De acordo com esse feedback, pode-se decidir continuar
investindo no desenvolvimento do aplicativo, abortar o projeto ou aguardar um
momento mais propício para dar continuidade.
Já a versão beta do software se aproxima mais do produto final.
Enquanto a versão alfa costuma ser aberta a um número restrito de usuários, a
versão beta é aberta a um público bem maior. (ALOMARI, 2012) Nessa fase,
além de se ter uma ideia mais concreta da reação dos usuários ao aplicativo,
também é possível começar a considerar a possibilidade de ele ser apenas
parte de uma tendência passageira. Mais uma vez, é preciso ter sempre os
fatores de sucesso de um aplicativo web em mente. Aqui, por exemplo, é
possível identificar a mudança do público-alvo como uma estratégia em
potencial para aumentar as chances de sucesso do aplicativo.
Exatamente por gerarem um novo mercado, cheio de ideias originais,
aplicativos web sempre enfrentam a possibilidade de serem uma tendência
passageira. Isso aconteceu a serviços que inicialmente tiveram um grande
sucesso inicial, como o Friendster. (BOYD, 2006) A observação do
comportamento dos usuários durante a liberação da fase beta pode ser uma
oportunidade para identificar ou essa possibilidade, ou mesmo se seu aplicativo
se tornará “viral” – um termo cunhado para descrever serviços web que
apresentam um crescimento exponencial do seu número de usuários por
iniciativa dos próprios usuários, que apostam no aplicativo e o promovem
35
convidando outros a usarem-no. (TENNER, 2010) Essa análise do
comportamento dos usuários também pode fornecer importantes informações
sobre a estratégia de marketing a ser adotada para a promoção do aplicativo.
Outra observação importante a ser feita nessa etapa é a necessidade de
investir em escalabilidade. Se o aplicativo se tornar “viral”, por exemplo, é
possível que comece a atrair um número maior de usuários do que o esperado,
e ele precisará estar preparado para receber essa quantidade de usuários sem
perder a eficiência. Por outro lado, é possível também que, na fase de
liberação da versão beta, observe-se um interesse inferior ao esperado por
parte dos usuários. De acordo com o observado, mais uma vez os
responsáveis pelo projeto se deparam com a decisão de seguir adiante ou
abortar o desenvolvimento do aplicativo.
Esse processo segue até a liberação da versão final, e também depois
dela. Vale observar que, mesmo chegando-se à conclusão de que a melhor
opção será abortar o projeto, o conhecimento desenvolvido e até mesmo a
estrutura do aplicativo podem ser utilizados no desenvolvimento de outros
projetos. É isso que quer dizer a opção “reaproveitar”. Um bom código, um bom
design, e, mais do que isso, uma equipe experiente são ativos importantes no
mundo do desenvolvimento de aplicativos. Esta é mais uma opção de se evitar
a perda, ao menos total, dos investimentos realizados no desenvolvimento de
um projeto. Caso o projeto seja um sucesso, é sempre essencial lembrar que
os usuários demandarão atualizações constantes para a manutenção da
segurança, acompanhar tendências de interface, a adição de funcionalidades
etc.
36
CONCLUSÃO
O advento da Internet e das novas tecnologias desenvolvidas na sua esteira
possibilitaram a oferta de serviços inovadores, e, com isso, o surgimento de
novos mercados. Esse arcabouço de novas oportunidades, no entanto, ainda
se encontra em processo de amadurecimento, e depois de várias tendências
passageiras e de uma bolha especulativa que ameaçou provocar o fim do
comércio eletrônico nos anos 90, passa por uma grande onda de otimismo
financeiro graças às inovadoras ferramentas criadas com a ajuda das
tecnologias que compõem a chamada Web 2.0. O barateamento das
tecnologias necessárias para o desenvolvimento de aplicativos facilita a
entrada no mercado de jovens e ousados desenvolvedores, com ideias
inovadoras, muitas das quais já transformaram o dia a dia dos usuários da
Internet. Entretanto, o quanto sabemos, realmente, sobre esse novo mercado,
especialmente em se tratando de sua durabilidade e rentabilidade a longo
prazo?
Negócios extremamente lucrativos, que renderam fortunas da noite para
o dia, como o Facebook e o YouTube, tornam tentador querer entrar no novo
mercado dos aplicativos web. Por outro lado, nos Estados Unidos, o país líder
em inovação no que diz respeito a serviços hospedados na Internet,
empreendimentos que a princípio pareciam grandes negócios, como o
Friendster e o Zynga, após um período de crescimento rápido e exponencial,
entraram em um processo de decadência igualmente rápido. Agora, pesquisas
indicam que a maioria das pequenas empresas – as chamadas startups –
consideradas as novas “galinhas dos ovos de ouro” por investidores não gera
lucros nem sobrevive quando se acabam os fundos de investimento.
Agora, a onda de otimismo dos aplicativos web chega com tudo ao
Brasil. Os investimentos vêm de toda parte – da iniciativa privada, pública e até
do exterior. Jovens, sem dúvidas, talentosos e com grandes ideias criam novas
startups com a ajuda de investidores otimistas sonhando com o mesmo
sucesso alcançado por Mark Zuckerberg. Por melhor que seja esse momento
37
de otimismo para o Brasil, e por mais que o novo mercado possa gerar
oportunidades por aqui, não seria mais acertado olhar para a experiência dos
Estados Unidos e considerar oportunidades de projetos com menos foco em
lucros imediatos, e mais na rentabilidade de longo prazo?
O momento para pensar nisso é agora, e em particular quando um
investidor se depara com uma oportunidade de investir. As técnicas do Valor
Presente Líquido e da Taxa Interna de Retorno são das mais populares na
análise de viabilidade financeira de projetos. Entretanto, partem do princípio de
um cenário futuro inalterável, sem considerar as mudanças que podem ocorrer
ao longo do caminho, e, ainda que considerem riscos nos cálculos, não
apontam para as opções que poderão maximizar lucros ou minimizar perdas. A
Teoria das Opções Reais, usada em conjunto com as Árvores de Decisão,
pode não apenas servir de complemento para tornar o cálculo do VPL mais
preciso, considerando o potencial de todas as opções que podem ser tomadas
ao longo do desenvolvimento do caminho, mas também como um guia no
processo decisório. Considerando que os aplicativos web estão inseridos em
um novo e pouco conhecido mercado, um cenário volátil (como mostrou a
bolha dos anos 90), essa combinação pode ajudar investidores e gerentes de
projeto a terem informações mais precisas para tomar decisões de
investimento. Armado dessas ferramentas e do conhecimento dos principais
fatores de sucesso e das características inerentes aos produtos que são os
aplicativos web, o empreendedor pode ter uma chance maior de ter retorno
para o seu investimento.
Em todas as áreas, há sempre uma variedade de ferramentas e métodos
– uns mais simples, outros mais complexos. Mais do que criticar ou defender o
uso de um ou outro, precisamos identificar em que casos vale a pena aplicar
diferentes recursos, e também quando a melhor opção é combiná-los ou usar
versões modificadas ou simplificadas. A Teoria das Opções Reais como
ferramenta para a análise de viabilidade financeira pode ser mais complexa –
e, de acordo com alguns estudiosos, até mesmo menos precisa (PUTTEN,
2004) – do que as técnicas tradicionais. Entretanto, ao final deste trabalho, a
conclusão obtida é que, se reunida às técnicas tradicionais, a TOR pode não
38
apenas fazer analistas e gerentes de projeto analisar sua viabilidade de uma
forma mais criteriosa, como também ser usada como um processo
organizacional e/ou forma de pensamento na hora de analisar o projeto e
definir seu plano.
Este trabalho tomou um caminho diferente do idealizado em princípio.
Talvez devesse ter contido mais cálculos, apresentado exemplos práticos,
aplicado as fórmulas a exemplos da vida real etc.; por outro lado, também
poderia ter se demorado mais na discussão desses novos e excitantes
produtos que são os aplicativos web, explorando melhor o mercado, fatores de
sucesso e/ou fracasso, riscos etc. Acabou sendo um misto das duas coisas.
Com isso, porém, também acabou apresentando uma visão mais ampla da
análise de viabilidade e do processo decisório para esse tipo de projeto. Estes
são assuntos vitais a serem discutidos no momento.
Como trabalho futuro, então, fica a sugestão de explorar mais a fundo a
reunião da TOR às ferramentas clássicas de análise de viabilidade, como o
VPL, em se tratando de projetos de aplicativos web. O ideal seria aplicá-las em
conjunto em um projeto piloto para verificar na prática as vantagens dessa
nova abordagem. Além disso, ainda há muito a ser explorado sobre os
aplicativos web, tanto do ponto de vista técnico, quanto do de mercado, do
gerenciamento de projetos etc.
Desenvolvedores inexperientes, jovens ambiciosos, mas muito
apressados para julgamentos criteriosos, e mesmo investidores experientes
têm se deixado levar por essa onda de otimismo. Está claro que as novas
tecnologias, especialmente as hospedadas na web, com a facilidade de
acesso que oferecem e suas inúmeras funcionalidades, chegaram para ficar.
Não obstante, se não pararmos para pensar em formas de colocá-las a favor
dos usuários, e não apenas de lançar febres rápidas, e de torná-las negócios
rentáveis de longo prazo, estaremos construindo um mercado que nada mais é
do que um castelo de cartas que pode ruir a qualquer instante.
39
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43
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTOS 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
ABSTRACT 6
METODOLOGIA 7
LISTA DE ABREVIATURAS 9
SUMÁRIO 10
INTRODUÇÃO 11
CAPÍTULO I 13
APLICATIVOS WEB
1.1 – O Desenvolvimento da Internet e o Surgimento dos Aplicativos Web 14
1.2 – Onda de Otimismo Financeiro e a Possibilidade de Uma Bolha 15
CAPÍTULO II 18
TÉCNICAS USADAS NA ANÁLISE DE VIABILIDADE FINANCEIRA DE
PROJETOS
2.1 – Valor Presente Líquido (VPL) 20
2.2 – Taxa Interna de Retorno (TIR) 21
2.3 – Teoria das Opções Reais (TOR) 23
2.4 – Árvores de Decisão 24
CAPÍTULO III 26
A TOR COMO COMPLEMENTO PARA O VPL E A TIR NA ANÁLISE DE
VIABILIDADE FINANCEIRA DE UM APLICATIVO WEB
.1 – Fatores de Sucesso de um Aplicativo Web 28
3.2 – Exemplo de Aplicação 30