cadernos do professor lixo recilavel

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    Meio Ambiente,Cidadania e Educao

    Caderno do Professor

  • 1Meio Ambiente,Cidadania e Educao

    Caderno do Professor

    2a edio revisada

    5a edio

  • 2TEM

    A 1

    1

    COORDENAO GERALFernando von Zuben

    Desenvolvimento Ambiental - Tetra Pak Ltda.

    EXECUO DO PROJETO

    LITE/FE/UNICAMP CONSULTORIA TCNICA

    Laboratrio de Tecnologia Educacional Elizabeth de Ftima Gazeta (1a edio)

    Juliana Matos Seidel (2a edio revisada)

    EQUIPE

    Ivany Rodrigues Pino Coordenadora - Faculdade de Educao-Unicamp

    Hlio Lemos Slha Mediatec - Departamento de Multimeios-Unicamp

    Liliana G. Pompo de Camargo - Biloga e Pedagoga - Professora da Rede Municipal de Ensino

    Adair Mendes Nacarato - Professora Formadora de Professores de Matemtica do Ensino Fundamental

    Alexandra da Silva Molina - Gegrafa - Professora da Rede Municipal de Ensino

    Cludia Engler Cury - Historiadora - Professora da Rede Privada de Ensino (1a edio)

    Eduardo Vasconcellos - Diretor e Ator de Teatro - Professor da Rede Privada de Ensino (1a edio)

    Elisabete Pimentel - Lingista - Professora da Rede Municipal de Ensino

    Maria Luisa Bozola Pignati - Arte Educadora - Professora da Rede Estadual e da Rede Privada de Ensino

    Marcelo Pustilnik de Almeida Vieira Ambientalista (2a edio revisada)

    PROJETO EDITORIAL COORDENAOIvany Rodrigues Pino

    DIGITAO PR-DIAGRAMAOElsa Jorge Bellotti (1a edio)

    Maurillio da Cunha Addario (2a edio revisada)Marcos Jos de Barros Filho (2a edio revisada)

    Marco Munhoz (2a edio revisada)

    REVISOMaria Helena Pereira Dias (1a edio)

    Eneida Marques (1a edio)Marco Storani (2a edio revisada partes II e III)

    PROJETO GRFICO (1a edio)Adk Propaganda e Marketing (Campinas - SP)

    PROJETO GRFICO e COORDENAO LOGSTICA (2a edio revisada)

    1998 - TETRA PAK Ltda5a edio - TETRA PAK - 2006

    Proibida a reproduo total ou parcial sem prvia autorizao.

  • 3SUMRIO

    APRESENTACO.........................................................................5

    INTRODUO: Meio Ambiente, Cidadania e Educao..................7

    PARTE I A EMBALAGEM E O AMBIENTE:Informaes Complementares..........................................................................................9

    O LIXO.......................................................................................................................................................10

    PRODUO DE LIXO...................................................................................................................................10

    TRATAMENTO DO LIXO................................................................................................................................11

    MATERIAIS RECICLVEIS...............................................................................................................................14

    PARTE II MEMRIA, TEXTO, IMAGEM E TRANSVERSALIDADE:APOIO DIDTICO AO PROFESSOR...............................................................................................................25

    CONSTRUINDO A MEMRIA DO TRABALHO PEDAGGICO.........................................................................26

    PRODUO DE TEXTO NA ESCOLA.............................................................................................................30

    IMAGEM E MDIA.......................................................................................................................................34

    TEMAS TRANSVERSAIS................................................................................................................................41

    PARTE III PROJETOS NA SALA DE AULA:APOIO PRTICA PEDAGGICA: ..............................................................................................................44

    TEMA1 A LITERATURA EM IMAGENS DE VDEO.............................46PROJETO: DE QUE LUGAR E TEMPO VEM DOM QUIXOTE...........................................................................46

    TEMA 2 GERENCIAMENTO INTEGRADO DO LIXO URBANO.............50PROJETO: MANEIRAS DE TRATAR O LIXO URBANO......................................................................................50

    PROJETO: TRANSFORMANDO O LIXO........................................................................................................53

    PROJETO: CIDADES BRASILEIRAS DESAFIOS PARA MELHORIA DA

    QUALIDADE DE VIDA.................................................................................................................55

    PROJETO: EXPLORAND0 MATEMATICAMENTE OS DADOS SOBRE

    O LIXO URBANO .................................................................................................................58

    TEMA 3 LIXO, LIXO E SOBREVIVNCIA DO SER HUMANO NO PLANETA................................................................61

    PROJETO: VIVO DO LIXO...........................................................................................................................61

    PROJETO INTEGRADO: VIVO DO LIXO UMA REPRESENTAAO TEATRAL....................................................64

    PROJETO INTEGRADO: VIVO DO LIXO A MATEMTICA VISITANDO O

    LIXO OU ATERRO SANITRIO.............................................................................66

    PROJETO: O LIXAO E A POLUIO DA GUA DO SOLO E DO AR...............................................................67

    PROJETO INTEGRADO: CUIDANDO DA GUA.........................................................................................70

  • 41 ENTIDADES LIGADAS INDSTRIA DARECICLAGEM.............................................................................1062 VIDEOSAMBIENTAIS................................................................................................................................106

    ANEXOS

    SUMRIO

    TEMA 4 A EMBALAGEM E O AMBIENTE.........................................72PROJETO: EMBALAGENS X LIXO X RECICLAGEM - UMA CONVIVNCIA POSSVEL...........................................72

    PROJETO INTEGRADO: DESVENDANDO A EMBALAGEM LONGA VIDA........................................................76

    PROJETO: FORMULANDO PROBLEMAS MATEMTICOS SOBRE AS EMBALAGENS............................................81

    TEMA 5 RECICLAGEM E O AMBIENTE.............................................83PROJETO: TELE JORNAL TEATRAL................................................................................................................83

    PROJETO INTEGRADO: MEIO AMBIENTE NA PUBLICIDADE.....................................................................85

    PROJETO: A RECICLAGEM DAS PALAVRAS..................................................................................................86

    TEMA 6 RECICLAGEM E COLETA SELETIVA DO LIXO DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL....................................89

    PROJETO: A SOBREVIVNCIA DO SER HUMANO NO PLANETA DEPENDE

    TAMBM DE PEQUENAS AES...............................................................................................89

    PROJETO INTEGRADO: DOCUMENTANDO AS AES NOS PROJETOS..........................................................91

    PROJETO INTEGRADO: O LIXO DA ESCOLA.................................................................................................93

    PROJETO: O LIXO QUE NO LIXO A RECICLAGEM DE MATERIAIS...............................................................95

    PROJETO INTEGRADO: RECICLANDO O PAPEL FOLHETOS PUBLICITRIOS..................................................98

    TEMA 7 A RECICLAGEM, O MEIO AMBIENTE E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTVEL..............................................................100

    PROJETO: A NATUREZA, SEUS ELEMENTOS E SUAS TRANSFORMAES.....................................................100

    PROJETO INTEGRADO: A NATUREZA E SEUS ELEMENTOS

    CRIAO DE PAINIS..........................................................................................102

    TEMA 8 MEIO AMBIENTE, CIDADANIA E CULTURA NA ESCOLA...........104PROJETO: ESPAO DE CULTURA AMBIENTAL VIVA A VIDA NA ESCOLA.......................................................104

  • 5APRESENTAO

    Investimento no FuturoO projeto Cultura Ambiental em Escolas assume o importante papel de

    criar um ambiente em que jovens estudantes de ensino fundamental possamter contato com informaes sobre o papel de cada um na minimizao de umdos problemas que est se tornando crtico nos dias de hoje: o gerenciamentodo resduo slido municipal.

    O lixo, que j um dos grandes problemas mundiais, poder se tornar umpesadelo, se no forem tomadas medidas srias para reduzir a quantidade demateriais orgnicos e inorgnicos desperdiados diariamente.

    Ao investir neste projeto, a Tetra Pak acredita estar colaborando para queestes estudantes formem uma opinio prpria, fundamentada em informaesde qualidade e formulem aes de cidadania adequadas elaborao do enormevolume de materiais que so diariamente depositados nos lixes.

    Com material didtico especialmente desenvolvido para escolas de ensinofundamental, o projeto Cultura Ambiental em Escolas oferece uma alternativainteressante para integrar a educao ambiental nos contedos programticosde diversas disciplinas, com nfase especial em conceitos como o gerenciamentointegrado do lixo, a coleta seletiva, a reciclagem e o ciclo de vida dos materiais.

    Em muitos pases, resultados esto sendo obtidos com o comprometimentodas pessoas, empresas e governos. Quem compreende esta questo desde cedopode comear a ajudar na busca de solues. Esta a idia geradora deste projeto.

  • 6

  • 7INTRODUO

    Meio Ambiente,Cidadania e Educao

    Ao ler o ttulo acima, possvel que voc, professor(a), esteja se perguntando:afinal, qual a razo de se associar os trs termos que o compem? Que relaopode existir entre termos de significado to diferente?

    Vejamos. No difcil admitir que uma das principais coisas que distinguemos seres humanos dos outros seres vivos a aquisio da capacidade de agir sobrea natureza, nicho ecolgico de todas as formas de vida, para criarem suas prpriascondies de existncia. Em outros termos, a capacidade que tm de agir sobreo meio natural para criarem seu prprio meio. Desta forma, mais do que adaptar-se s condies do meio, lei biolgica universal, os seres humanos adaptam omeio s suas necessidades. Admitindo-se, ainda, que a ao de transformar anatureza est diretamente relacionada com o crescente desenvolvimento dasfunes e habilidades que caracterizam a condio humana, chega-se conclusoque os seres humanos so responsveis, simultaneamente, pelas conseqnciasque o modo de organizao de suas condies de existncia ter na realizaohumana de todos e de cada um deles e pelo impacto que sua ao sobre a naturezater no conjunto do ecossistema.

    Assim, a histria humana , ao mesmo tempo e pelo mesmo ttulo, uma histriasocial, reveladora das possibilidades que todos, homens e mulheres, tm de realizar-se como seres humanos, e uma histria ecolgica, reveladora da sua habilidadepara criar seu prprio meio sem destruir o meio natural do qual depende a existnciada vida em geral. Isto exige educao, no sentido mais amplo do termo. Exigeconhecimento da natureza, de suas possibilidades e limites, e do ser humano, desuas especificidades e relaes com a mesma natureza. Exige desenvolvimento decompetncias cientficas e tcnicas que tornem eficiente a ao humana paraconstruir sem destruir, para criar o meio humano em harmonia com o meio natural.Exige tambm o desenvolvimento de valores vinculados aos poderes de construoe destruio que o processo de humanizao desenvolveu nos seres humanos. Exige,enfim, suscitar em todos o amor vida, nas suas mltiplas formas de expresso.

  • 8INTRODUO

    luz de tudo isto, no difcil perceber que o princpio articulador da relao entre os termos meioambiente, cidadania e educao uma certa concepo de ser humano. Uma concepo que, sem atribuir-seum direito de exclusividade, permite seguir a trajetria evolutiva de uma espcie biolgica que transpe oslimites da ordem da natureza, ou das realidades dadas, e se projeta nos horizontes novos da ordem da cultura,ou das realidades produzidas/fabricadas por ela mesma. Tal capacidade confere a esta espcie o poder detraar seu prprio destino como humanidade; o que no a libera dos laos de solidariedade radical com osoutros seres, pois a condio humana assenta suas bases na natureza. Conservar e proteger a natureza equivale,assim, a garantir as condies bsicas da sua prpria existncia como espcie, fundamento da sua condiohumana. Depredar e destruir a natureza equivale, no limite, a prpria destruio da humanidade.

    Se a cidadania no uma mera frmula legal ou declarao de direito, mas a possibilidade de partilhar comos outros seres humanos, nos diferentes espaos (locais, nacionais ou mundiais) de organizao poltica, opoder de decidir o destino da espcie que, em termos gerais, a plena realizao da condio humana; se, porsua vez, a realizao da condio humana est vinculada maneira como os seres humanos organizamnaqueles diferentes espaos as prprias condies de existncia, condies sociais, econmicas, polticas eculturais, das quais depende a possibilidade ou no de participao, de todos e cada um, na produo econsumo dos bens materiais e culturais; ento a cidadania um caso particular de uma ecologia geral queregula a realizao das diferentes formas de vida, com a particularidade que o agente regulador aqui no tanto a natureza quanto a conscincia social e ecolgica dos prprios seres humanos. dessa conscincia quedepende tanto a realizao da condio humana quanto a sobrevivncia das outras espcies.

    Questo das mais srias, como o revela o fato que a destruio ecolgica vai acompanhada, via de regra, domenosprezo pela vida e pela sorte dos prprios seres humanos.

    A conscincia ecolgica inseparvel da conscincia social, como a luta pela proteo da natureza inseparvel da luta pela realizao da condio humana. O conceito de cidadania envolve uma e outra. Direitoe exerccio desse direito nas prticas sociais, a cidadania pressupe um ordenamento das relaes dos homensentre si, da estrutura das relaes sociais, e deles com a natureza. O que implica, ao mesmo tempo, conhecimentoe compromisso poltico. Neste ponto, cabe escola, enquanto organizao social complexa, responsvel peloacesso de todos ao conhecimento socialmente produzido, contribuir, junto com outras organizaes emovimentos sociais, para a realizao de um projeto educacional capaz de desenvolver nas novas geraessaberes e valores que lhes permitam participar no ordenamento social e ecolgico. Neste sentido, ela podeconstituir-se num espao reflexivo privilegiado para a construo da cidadania. A escolha de determinadoscontedos e o modo como eles so trabalhados pela escola devem possibilitar s novas geraes compreendera realidade social e ecolgica e adquirir os valores que lhes permitam construir o meio humano sem destruiro meio natural.

    O Caderno do Professor, ancorado nesta problematizao do meio ambiente, cidadania e educao,prope a articulao dos materiais do aluno: caderno e vdeo. Ele organizado em trs partes, com o escopode auxiliar o trabalho pedaggico do professor: na primeira, enfoca textos sobre o conhecimento tecnolgicona rea; na segunda, apresenta textos de apoio ao tratamento didtico dos materiais; e, na terceira, traz projetosque podem referenciar a sua prtica pedaggica. Finalmente, oferece informaes sobre bibliografia, sites naInternet e endereos de instituies e ONGs que produzem publicaes relacionadas ao tema.

  • 9PARTE I

    A Embalagem e oAmbiente: InformaesComplementares

    As informaes aqui apresentadas complementam e ampliam as do Cadernodo Aluno A Embalagem e o Ambiente - e as do Vdeo Quixote Reciclado,auxiliando o professor na organizao de sua prtica pedaggica.

    Procurou-se colocar dados que retratam as tecnologias em uso no pas,seus produtos e mercados.

    Essas informaes, relativamente complexas para serem colocadas noCaderno do Aluno, podem, entretanto, ser resposta para muitas dasperguntas surgidas nas salas de aula.

  • PARTE I

    10

    MATERIAL BRASIL MXICO EUA EUROPA

    Matria orgnica 52,5 54,4 11,2 28,1

    Papel 24,5 20,0 37,4 36,0

    Metal 2,3 3,2 7,8 9,2

    Vidro 1,6 8,2 5,5 9,8

    Plsticos 2,9 3,8 10,7 7,2

    Outros* 16,2 10,4 27,4 9,7

    O LixoUm dos grandes problemas ambientais da atualidade o lixo. Enquanto a populao do planeta cresceu 18% de 1970

    para 1990, a produo de lixou aumentou 25%.

    Entende-se por lixo todo e qualquer resduo slido resultante das atividades do homem na sociedade. Dependendo desua origem, pode ser classificado como:

    LIXO DOMICILIAR gerado basicamente nas residncias, contitui-se de restos de alimentos, produtos deteriorados,jornais e revistas, embalagens em geral, papel higinico, fraldas descartveis, etc.

    LIXO COMERCIAL gerado pelos diferentes segmentos do setor comercial e de servios, tais como, supermercados,estabelecimentos bancrios, lojas, bares, restaurantes, etc. O lixo destes estabelecimentos compostos principalmentepor papis, plsticos, restos de alimentos e embalagens diversas.

    LIXO INDUSTRIAL originado nas atividades dos diversos ramos da indstria, podendo ser formado de cinzas,lodos, resduos alcalinos ou cidos, papis, plsticos, metais, vidros e cermica, borracha, madeira, etc.

    LIXO HOSPITALAR produzido por hospitais, clnicas, laboratrios, farmcias, clnicas veterinrias, postos de sade,etc. Constitui-se de agulhas, seringas, gazes, algodes, rgos e tecidos removidos, meios de cultura, fotogrficos de raios X,etc. Nestes mesmos locais, os resduos representados por papis, restos de preparao de alimentos, embalagens em geral, queno entrem em contato direto com pacientes, so classificados como lixo domiciliar.

    LIXO PBLICO originado nos servios de limpeza pblica, incluindo varrio de vias pblicas, repartiespblicas, escolas, limpeza de reas de feiras livres, praias, terrenos, crregos, etc. constitudo principalmente porrestos de vegetais, podas de rvores, embalagens, jornais, madeira, etc.

    LIXO ESPECIAL composto principalmente por resduos da construo civil, tais como restos de obras e demolies,por animais mortos e restos das atividades agrcolas e da pecuria, como embalagens de agroqumicos e adubos, restosde colheita, rao, etc.

    Nesta publicao, ser discutido apenas o chamado Lixo Urbano, constitudo pelos tipos: domiciliar, comercial epblico, sendo de atribuio e responsabilidade das prefeituras sua coleta e destino final.

    Produo de LixoOs Estados Unidos lideram o mundo na produo de lixo. Cada americano produz, em mdia, 2,3 kg de lixo por dia,

    sendo geradas 232 milhes de toneladas de lixo urbano por ano (EPA,2002). Na Europa e no Japo, a mdia de produode resduo slido urbano chega a 1,2 kg per capita por dia.

    O Brasil segue o caminho dos pases desenvolvidos, na produo de lixo. Somente em lixo urbano, o Brasil produzaproximadamente 35 milhes de toneladas por ano, com uma mdia de 0,7 a 0,8 kg per capita por dia. So Paulo(capital) com suas 12 500 toneladas dirias, a terceira cidade que mais produz lixo no mundo, atrs de Tquio e NovaYork.

    A composio do lixo varia, dependendo do pas, conforme se pode ver no Quadro 1. Em pases subdesenvolvidos,como o Brasil, a porcentagem de matria orgnica no lixo maior que em pases mais industrializados. As duas principaiscausas so um sistema de distribuio pouco eficiente, principalmente para produtos in natura, e a falta de embalagensadequadas, que acarretam grandes perdas de alimentos.

    Os alimentos, para serem produzidos e transportados, consomem recursos naturais, grande quantidade de gua ecombustveis fsseis (petrleo), cuja queima gera poluio atmosfrica. Sua decomposio, nos aterros sanitrios oulixes, produz metano (CH4) ou dixido de carbono (CO2), gases responsveis pelo efeito estufa.

    Quadro 1. Composio mdia, em porcentagem, do lixo urbano em alguns pases.

    (PHILIPPI JNIOR, 1999 E EPA, 2002)

    *Inclui: trapos, madeira, pneus, couro, isopor, etc.

    PARTE I

    10

  • 11

    PARTE I

    Como matria orgnica entende-se apenas a frao do lixo composta por restos de alimentos, verduras, cascas defrutas e legumes, carcaas, etc. A outra parte do lixo, composta principalmente por materiais de embalagens, chamadade LIXO INORGNICO ou LIXO RECICLVEL.

    Tratamento do LixoO brasileiro convive com a maioria do lixo que produz. Grande parte do lixo enviado para os LIXES a cu aberto.

    O lixo, assim descartado, causa problemas sade pblica pela proliferao de ratos, moscas, baratas, etc., ocasionandoainda a poluio de meio ambiente pela contaminao do solo, do lenol fretico, fonte de gua para o consumo humano,e, tambm, do prprio ar. A figura 1 apresenta as diferentes formas de disposio do resduo slido urbano no Brasil.

    Figura 1. Formas de disposio final do resduo slido no Brasil (IBGE, 2002).

    Para equacionar o problema dos LIXES a soluo mais adequada o GERENCIAMENTO INTEGRADO DOLIXO, o que envolve o uso racional e associado das seguintes opes: reduo do lixo gerado ou reduo na fonte,aterros sanitrios, incinerao com recuperao de energia, compostagem e reciclagem.

    Reduo na Fonte

    A indstria de embalagens foi quem mais trabalhou para a reduo do lixo na fonte, tendo conseguido reduesconsiderveis - na ordem de 15 a 30% - do peso ou consumo de materiais de embalagens. Um exemplo so as embalagensdo Leite Longa Vida, que tiveram seu peso reduzido em 25% nos ltimos anos, sem perder sua qualidade.

    Aterro Sanitrio e Aterro Controlado

    Segundo a ASCE- Sociedade Americana dos Engenheiros Civis- o ATERRO SANITRIO definido como sendouma tcnica para disposio final do resduo slido no solo, sem causar nenhum prejuzo ao meio ambiente e semcausar dano ou perigo sade e segurana pblica, tcnica esta que utiliza princpios de engenharia para acumular oresduo slido na menor rea possvel, reduzindo seu volume ao mnimo e cobrindo-o com uma camada de terra com afrequncia necessria, pelo menos ao fim de cada dia.

    Existe uma diferena muito grande entre um lixo e um aterro sanitrio. No aterro sanitrio, o lixo colocado emtrincheiras abertas no solo sendo coberto diariamente com terra, aps compactao com tratores de esteira. Antes dacolocao do lixo, o solo impermeabilizado com argilas compactadas e membranas plsticas, para evitar que o chorume,produzido pela decomposio da matria orgnica, contamine os lenis freticos. Os gases (metano, CO2, dioxinas,etc), tambm gerados na decomposio da matria orgnica, so drenados e queimados nos prprios drenos coletores degases. Esses drenos so formados por tubos de concreto com 20 cm de dimetro, cheios ou no de pedra britada, aosquais se vo sobrepondo outros tubos medida que o aterro cresce, conforme figura 2.

    11

    PARTE I

    Aterro sanitrio 13%

    Incinerao 3%

    Vazadouro a cuaberto (lixo)

    54%

    Usina de reciclagem 5%

    Usina decompostagem 2%

    Aterro de resduosespeciais 7%

    Aterro controlado 16%

  • PARTE I

    12

    Nos ltimos anos, muitos processos tm sido desenvolvidos visando o aproveitamento da mistura de gs metano egs carbnico (biogs), gerada na decomposio da matria orgnica. O gs do aterro, alm de substituir o gs combustvelnos seus empregos usuais de forma mais econmica e menos danosa ao meio ambiente, vem sendo testado comosubstituto do leo diesel em caminhes coletores, depois de lavado para reteno do gs carbnico e comprimido emcilindros de 200 kg/cm. Esses processos, no entanto, devem ser melhor estudados para se verificar a real capacidade deproduo e a viabilidade econmica para o aproveitamento do biogs.

    No final da vida til do aterro sanitrio, a cobertura final de terra dever ser executada de maneira a possibilitar areutilizao da rea como parque, jardim, quadra de esporte ou outros usos que no exijam uma fundao muito slida.

    O ATERRO CONTROLADO difere do aterro sanitrio pelo fato de no dispor de sistema de impermeabilizao dosolo, nem de sistemas de tratamento de chorume ou de disperso dos gases gerados. Ou seja, o resduo slido descartadoem uma rea definida e, ao final do dia, o material depositado coberto com uma camada de terra, a fim de se minimizara exalao de odores e a proliferao de insetos e ratos.

    Incinerao

    Incinerao a queima do lixo em alta temperatura (geralmente acima de 900C), em uma usina construda para estefim. Os incineradores modernos so dotados de pontes rolantes, caambas, grelhas mveis, pr-aquecedores de ar,correias transportadoras, filtros eletrostticos e lavadores de gases, sendo os dois ltimos para controle da poluio doar, como se pode ver no esquema apresentado na figura 3.

    Figura 2. Aterro sanitrio (IPT/CEMPRE,2000)

    A incinerao tem como vantagem a reduo drstica do lixo, deixando como sobra apenas cinzas, que so inertes.Desta forma se reduz a preocupao como o espao ocupado pelos aterros sanitrios e se minimizam as possibilidadesde contaminao do lenol fretico.

    Figura 3. Esquema de um incinerador

  • 13

    PARTE I

    A incinerao destri bactrias e vrus, sendo aconselhvel para tratar o lixo contaminado, como o caso do lixohospitalar; entretanto, no obrigatria.

    A energia da incinerao pode ser utilizada para produzir o vapor que gira turbinas para a produo de eletricidade.

    No Japo, o percentual de lixo incinerado est em torno de 80%. A falta de espao para a construo de aterros sanitrioslevou este pas a adotar a incinerao de forma intensiva, dispondo hoje de centenas de incineradores .

    Na Europa, dezenas de incineradores so utilizados, com posterior recuperao de energia para calefao ou geraode energia eltrica.

    Nos Estados Unidos, 16% dos 200 milhes de toneladas de lixo slido urbano gerados por ano so incinerados. (IPT/CEMPRE, 2000).

    A incinerao tem a desvantagem do alto custo e exige o controle rigoroso da emisso dos gases gerados na combusto.

    No Brasil, o nmero de incineradores pequeno, no chegando a 20. Entretanto, no futuro, o pas dever utilizar aincinerao moderna como parte do tratamento do lixo urbano para equacionar economicamente o sistema degerenciamento integrado dos resduos slidos, nos grandes centros urbanos.

    Compostagem

    Compostagem a decomposio microbiolgica da frao orgnica do lixo. O composto produzido usado parafertilizao de solos, melhorando suas propriedades de agregao, porosidade e capacidade de reteno de gua . Almdisso, apresenta nutrientes minerais como o N, P, K, Ca, Mg e S, que podem ser utilizados pelas plantas.

    Na maioria dos casos, a frao orgnica disposta em pilhas ou leiras que so revolvidas periodicamente, at obter-se a cura do composto. Opcionalmente, pode-se fazer a compostagem acelerada em pequenas instalaes, insuflando-se ou promovendo a remoo do ar por meio de compressores ou exaustores.

    A compostagem aumenta a vida til dos aterros sanitrios, pois diminui a quantidade de lixo enterrado, principalmenteno Brasil, onde a frao orgnica corresponde a 52,5%. Entretanto, o lixo no desaparece. O composto deve sercomercializado em regies prximas, uma vez que o custo do transporte pode inviabilizar sua produo.

    Uma questo preocupante quando se trata de composto orgnico produzido a partir deresduos urbanos domiciliares quanto presena de metais pesados. O lixo domiciliarpode conter objetos que possuem metais pesados, como lmpadas fluorescentes, baterias,cermicas, tintas de impresso, couro, etc. A legislao vigente no estabelece limites paraa aplicao do composto orgnico no solo, onde esses metais podem ter efeito cumulativo.

    Reciclagem

    H alguns anos atrs pensava-se que o problema do lixo seria resolvido com a reciclagem. Hoje, sabe-se que asoluo est no Gerenciamento Integrado do Lixo, conforme discutido neste Caderno, sendo a reciclagem uma daspartes, mas no a nica.

    A reciclagem trata o lixo como matria-prima a ser reaproveitada para fazer novos produtos.

    Para a reciclagem, os materiais precisam ser identificados, separados e limpos. Nos pases industrializados existemdois sistemas de coleta e separao para a reciclagem: (MADI et al., 1998)

    1. Sistema que utiliza cobrar uma taxa nas embalagens, cobrindo os custos de uma entidade responsvel pela coletae separao para a reciclagem.

    2. Sistema de coleta atravs de programas voluntrios, chamados de Coleta Seletiva.

    O sistema 1 usado principalmente na Alemanha e na Blgica. Nos Estados Unidos, cada Estado atua de formaindependente, prevalecendo quase sempre o sistema voluntrio que, em 1996, contava com 8.817 programas de entregavoluntria dos materiais, envolvendo aproximadamente 35 milhes de habitantes.

    No Brasil, 192 cidades possuem programas de Coleta Seletiva (CEMPRE, 2002). Ainda pouco, considerando-seque o pas possui 5.561 municpios. Mas esta realidade est mudando graas ao esforo de entidades setoriais deembalagem.

    O CEMPRE, Compromisso Empresarial para Reciclagem, que congrega as seguintes empresas: Alcoa, Ambev,Cia. Suzano de Papel e Celulose, Coca-Cola, CSN (Cia. Siderrgica Nacional), Daimler Chrysler, Kraft Foods,

    13

    PARTE I

  • PARTE I

    14

    Natura, Klabin, Nestl, Parabuna Embalagens, Pepsico, Procter & Gamble, Souza Cruz, Tetra Pak, Unilever e VegaEngenharia Ambiental, tem realizado um trabalho extraordinrio, incentivando a reciclagem e a formao de sistemasorganizados para a coleta e separao dos diferentes materiais, atravs de cooperativas de catadores.

    A Coleta Seletiva consiste na separao dos reciclveis, ainda nos domiclios, pela populao. O recolhimento dosmateriais separados feito por caminhes da prefeitura, nas prprias residncias (sistema porta-a-porta), ou entreguespela populao em Pontos de Entrega Voluntria (PEV), que possuem tambores de cor azul para o papel, amarelo parao metal, verde para o vidro e vermelho para o plstico, colocados em locais pblicos como praas, bosques,etc.

    Os materiais recolhidos seguem para uma Central de Triagem para separao, classificao e venda, como podemosver na figura 4.

    Figura 4. Central de Triagem de materiais reciclveis.

    Para o sucesso da Coleta Seletiva, o engajamento da populao essencial, sendo necessrio um trabalho estruturadoe permanente de educao ambiental. A separao dos reciclveis ainda no domiclio tem sido apontado como o modomais efetivo para manter os materiais mais limpos e menos contaminados por outros tipos de lixo.

    As vantagens da Coleta Seletiva so o desafogamento e aumento da vida til dos aterros sanitrios e o envolvimentoda populao, que se sente tambm responsvel pela resoluo do problema do lixo, o que significa uma conscientizaoambiental na sociedade.

    Materiais ReciclveisUma grande parte dos materiais reciclveis so materiais de embalagens. As embalagens protegem os produtos, permitindo

    sua conservao, transporte e venda. Depois de usadas, devem ser separadas para a reciclagem. Os materiais que podem serreciclados so: metal, vidro, plstico, papel e embalagens cartonados ou embalagens longa vida.

    O Metal

    Em geral, os metais no so encontrados no subsolo prontos para uso, mas sim fazendo parte da composio deminerais. Os minerais so encontrados naturalmente na crosta terrestre. O agregado de um ou mais minerais chamadode rocha.

    O mineral passa a se chamar minrio, quando se extrai dele, com vantagens econmicas, alguma substncia deinteresse industrial. Assim, podemos dizer que os metais so extrados de minrios.

    Para a obteno do metal do minrio este deve ser reduzido ao estado metlico. No caso do ferro, o agente redutor o coque, um tipo de carvo. O processo feito em fornos a altas temperaturas. A queima do carvo libera calor emonxido de carbono (CO) para reduzir o minrio. O ferro, ainda lquido, passa por um processo de purificao para aproduo do ao.

    O alumnio extrado de uma rocha chamada bauxita. A reduo do minrio alumnio em metal realizada poreletrlise, com consumo de enormes quantidades de energia eltrica. Essa energia permanece armazenada no metal, epode ser reutilizada. Por essa razo, costuma-se dizer que o alumnio representa uma forma de energia em lingotes.

  • 15

    PARTE I

    Usos dos metais

    Os metais so classificados em ferrosos e no-ferrosos. Essa diviso justifica-se pela grande predominncia do usodos metais base de ferro, principalmente o ao.

    A maior parte dos metais presentes no lixo urbano proveniente de embalagens, principalmente as de alimentos. Emmenor quantidade encontram-se metais utilizados em utenslios domsticos e equipamentos, tais como panelas, peasde geladeira, esquadrias,etc.

    As latas de conserva de alimentos so feitas de ao. Para no oxidar (enferrujar) em contato com o ar e estragar osalimentos, o ao utilizado para embalagem revestido com uma fina camada de estanho e passa a ser chamado de folha-de-flandres. Devido ao alto custo do estanho, este substitudo em algumas aplicaes pelo cromo, ou por uma camadade verniz, como o caso das latas de leo comestvel.

    Outro metal bastante utilizado para embalagens de alimentos, principalmente para latas de bebidas, o alumnio.Seu sucesso nesse segmento explicado pela sua facilidade e resistncia ao estiramento, podendo ser utilizado para afabricao de latas de duas peas (sem solda).

    Reciclagem dos metais

    O ao um dos mais antigos materiais reciclveis. Na antiguidade, os soldados romanos recolhiam as espadas, facas,e escudos abandonados nas trincheiras e os encaminhavam para a fabricao de novas armas.

    As latas de alumnio surgiram no mercado norte-americano em 1963, mas os programas de reciclagem comearamem 1968.

    A reciclagem das latas de ao comeou nos Estados Unidos na dcada de 70 e no Brasil, por volta de 1992. Por serematradas por eletroims, so facilmente separadas do lixo para reciclagem. Entretanto, o Brasil ainda no autosuficienteem sucata de ao.

    Em 2000, o Brasil reciclou 78% das latas de alumnio utilizadas para bebidas, o que representa 7,4 bilhes de latas,ou 111 mil toneladas. No mesmo ano foram recicladas 40% das latas de ao, o que equivale a 300 mil toneladas.(CEMPRE, 2002)

    Alm de diminuir o volume de lixo nos aterros sanitrios, a reciclagem dos metais diminui a demanda por jazidas deminrios e propicia a economia de energia.

    Para reciclar o alumnio, gasta-se apenas 5% da energia necessria para retirar o metal da bauxita, o que significadizer que cada lata reciclada economiza a energia eltrica equivalente ao consumo de um aparelho de TV, durante 3horas. Cada tonelada de alumnio reciclado economiza a extrao de cinco toneladas de bauxita.

    O alumnio e o ao podem ser reciclados inmeras vezes sem perder sua qualidade. As tintas da estamparia daembalagem so destrudas nos fornos de fundio, durante o reprocessamento do alumnio ou ao, e por isso noatrapalham a reciclagem.

    Mercados para os metais reciclados

    O principal mercado associado reciclagem do ao formado pelas aciarias, que derretem a sucata em fornoseltricos ou a oxignio a 1550C, transformando-as em novas chapas que so usadas por vrios setores da indstria - dasmontadoras de automveis s fbricas de latas.

    Nas latas de folhas-de-flandres, o estanho pode causar ruptura do ao, no seu reaproveitamento. Novas tecnologias dedesestanhamento tm possibilitado a recuperao deste estanho, de alto valor, e a obteno de sucata ferrosa de alta qualidade.

    O alumnio derretido e transformado em lingotes vendido para os fabricantes de lminas de alumnio que, por suavez, comercializam as chapas para indstrias de latas.

    A maioria das pilhas, exceto as de ltio, contm mercrio metlico que no o nicoelemento txico encontrado: dependendo de sua natureza podem conter, ainda, zinco,chumbo e cdmio.

    Embora haja uma tendncia de diminuio da quantidade de mercrio presente naspilhas, seu descarte de modo concentrado, em um nico local, aumenta os riscos decontaminao do solo e dos lenis freticos.

  • PARTE I

    16

    Vidro

    O vidro um material obtido pela fuso de compostos inorgnicos a altas temperaturas com o seu posterior resfriamento,at a obteno de um estado rgido do material.

    O principal componente do vidro a slica (Si02) ou areia. A slica, sozinha, seria o vidro ideal, mas as altas temperaturas

    para sua fuso limitam seu uso. Para diminuir a temperatura de fuso da slica de 1800C para 1500C, necessrioutilizar um material fundente, sendo o mais empregado o xido de sdio retirado da barrilha. Para dar estabilidadequmica ao vidro e maior moldabilidade adicionado, ainda, o xido de clcio retirado do calcrio.

    O vidro assim formado chamado de vidro soda-cal ou vidro comum.

    Alm dos componentes citados, que representam 94% da composio do vidro comum, outros elementos como oxido de alumnio retirado do feldspato so adicionados ao vidro, para melhorar sua resistncia.

    A essa mistura comum adicionar-se cacos de vidro gerados na prpria vidraria ou comprados (como mostra a figura 5),procedimento que reduz sensivelmente os custos de produo e abaixa a temperatura de fuso para 1300C.

    O vidro no se degrada nos aterros sanitrios.

    Figura 5. Formulao tpica do vidro comum (IPT/CEMPRE, 2000)

    Usos do vidro

    Mais da metade do vidro comum produzido no Brasil usada como embalagens para bebidas, alimentos, medicamentos,perfumes e cosmticos, na forma de garrafas, potes e frascos.

    O vidro comum empregado, tambm, na fabricao de vidros planos, vidros cristais, vidros temperados e vidrosdomsticos, como copos, travessas, pratos e panelas. Os vidros domsticos podem apresentar composio diferente dovidro comum, como por exemplo: as louas, porcelanas e cermicas.

    Os vidros tcnicos incluem as lmpadas, os tubos de TV, vidros de laboratrio, vidros de garrafa trmica, vidrosoftlmicos e isoladores eltricos, normalmente fabricados com vidro comum ou de formulao especfica.

    Reciclagem do vidro

    O vidro para a reciclagem vem basicamente de duas fontes : a prpria vidraria e o coletado ps-consumo.

    O vidro pode ser reciclado infinitas vezes, mas devem ser separados os cristais, espelhos, lmpadas e vidro planousado nos automveis e na construo civil. Esses tipos de vidro, por terem composio qumica diferente, causamtrincas e defeitos nas embalagens recicladas. O mesmo ocorre se os cacos estiverem misturados com terra, cermicas elouas. Como no so fundidos junto com o vidro, estes materiais formam pedras no produto final, provocando quebraespontnea do vidro.

    O emprego do vidro reciclado significa menor consumo de recursos naturais. Os processos de fabricao do vidrogastam muita energia e geram muitos detritos. Ser possvel alcanar uma reduo de at 80% dos detritos, empregando-se na produo de vidro 50% de cacos. Para cada 10% de caco de vidro adicionado na mistura, economiza-se 2,5% deenergia nos fornos.

    % Mistura sem caco % Mistura com 50% de caco

    Barrilha 14%

    Calcrio 11%

    Areia 73% Feldspato 2 %

    Barrilha 7%

    Caco51%

    Calcrio 6%

    Feldspato 1%

    Areia 35%

  • 17

    PARTE I

    Mercados para o vidro reciclado

    O principal mercado para recipientes de vidro usados a prpria vidraria. Alm de voltar para a produo deembalagens, os cacos de vidro podem ser utilizados na composio de asfalto e pavimentaes de estradas, produo defibra de vidro, bijuterias e tintas refletivas.

    Plstico

    Os plsticos, em sua maioria, so produzidos a partir do petrleo. Embora o petrleo seja uma fonte no renovvel dematria-prima, apenas 4% do petrleo consumido no Brasil utilizado para a produo de plstico.

    O termo plstico a designao genrica para uma grande famlia de materiais que apresentam em comum o fato deserem moldveis. Eles podem, atravs de mtodos adequados, assumir a forma de garrafas, vasos, filmes, pratos, fios, etc.

    Alguns plsticos so maleveis apenas no momento da fabricao do objeto e precisam ser moldados nesse momento. o caso do baquelite usado para fabricao de cabos de panelas. Depois de pronto, no h um jeito fcil de remodel-lo. Esses materiais so chamados de termofixos e representam 20% dos plsticos encontrados no mercado brasileiro.

    Por outro lado, a grande maioria dos plsticos (80%) facilmente remodelvel quando elevamos a temperatura.Nessas condies, ocorre um amolecimento ou at mesmo a sua completa transformao em fluido, permitindo suamoldagem. Materiais desse tipo so chamados de termoplsticos, ou seja, podem ser moldados quando aquecidos.

    O principal componente do plstico a resina plstica. A resina elaborada por processos de sntese qumica. resina so adicionados outros ingredientes, cuja seleo qualitativa e quantitativa permite a utilizao da mesma resinaem diferentes processos de moldagem.

    Os plsticos podem ser transformados por diversos processos, sendo os mais importantes a injeo, a moldagem porsopro, a termoformao, a extruso e a calandragem.

    A extruso e a calandragem so mais usadas na fabricao de filmes, tubos e laminados. A injeo usada nafabricao de frascos, potes, pentes, escova de dente, cabos de talheres ou de chave de fenda. O sopro usado nafabricao de frascos e garrafas de PET para gua mineral e refrigerante.

    Os plsticos nos aterros sanitrios so de difcil degradao; no entanto, so materiais inertes.

    Usos do plstico

    Os termoplsticos mais comumente empregados no mercado so : polietileno tereftalato ou poliester (PET), polietilenode alta densidade (PEAD), polietileno de baixa densidade (PEBD), policloreto de vinila (PVC), polipropileno(PP) epoliestireno(PS). Juntos, eles representam 90% de todo consumo de plsticos no Brasil.

    O PET apresenta timas caractersticas de resistncia mecnica, transparncia e barreira a gases, ideais para o mercadode refrigerantes, gua e sucos. usado, tambm, como embalagem para leo comestvel, remdios, cosmticos e outros.

    O polietileno de baixa densidade (PEBD), por sua alta flexibilidade, boa resistncia mecnica e facilidade determossoldagem, bastante usado para sacos, utenslios domsticos e frascos flexveis. O polietileno de alta densidade(PEAD) possui elevada rigidez e boa resistncia mecnica, sendo usado para sacolas de supermercado, tampas e frascosem geral, como os de produtos de limpeza.

    O PVC possui alta resistncia queima e flexibilidade com adio de modificadores, sendo empregado para tubosrgidos de gua e esgoto, cortinas, garrafas para gua mineral e filmes para embalagens de frutas e vegetais.

    O polipropileno (PP) apresenta boa resistncia a choque, alto brilho e transparncia, sendo usado em pra-choquesde automveis, garrafas e pacotes de balas, doces e salgadinhos. O poliestireno (PS) apresenta , tambm, elevadarigidez e boa transparncia, entretanto baixa resistncia a choques, sendo empregado na indstria eletroeletrnica, paracopos descartveis de gua e caf e utenslios domsticos.

    J existe um processo de reciclagem do vidro de lmpadas fluorescentes, patenteadopor empresa nacional. No entanto, o manejo e a disposio das lmpadas fluorescentesusadas devem ser muito cuidadosos.

    As lmpadas fluorescentes contm metais pesados, principalmente o mercrio metlico.Enquanto intactas, as lmpadas no oferecem riscos. Porm, quando descartadas no lixo,seu vidro triturado, liberando o mercrio que evapora e permanece no ar. Quandochove, o mercrio se precipita e contamina o solo e o lenol fretico.

  • PARTE I

    18

    Reciclagem do plstico

    A reciclagem do plstico, que comeou a ser feita pelas prprias indstrias para reaproveitamento de suas perdas deproduo, tem contribudo para reduzir seu impacto dos aterros.

    Depois de separado, enfardado e estocado, o plstico modo por um moinho de facas e lavado para voltar aoprocessamento industrial. Aps secagem, o material transferido para um aglutinador que contem hlices que giram emalta rotao aquecendo o material por frico e transformando-o em uma pasta plstica. Em seguida adiciona-se gua empequena quantidade para provocar um choque trmico, que faz as molculas dos polmeros se contrarem, aumentando suadensidade. Assim, o plstico adquire uma forma aglomerada e entra em uma extrusora, mquina que funde e d aspectohomogneo ao material, que transformado em tiras ( espaguete). Aps refriamento em gua, os espaguetes so picotadosna forma de gros e embalados em sacos de 25 kg que so vendidos para as fbricas de artefatos plsticos. (CEMPRE,1998)

    Embora a reciclagem dos plsticos parea simples, h uma srie de dificuldades operacionais.

    Primeiramente, apenas os termoplsticos so reciclveis. Os termofixos, como o caso da baquelite usada paracabos de panelas, tomadas, interruptores eltricos, quando aquecidos a altas temperaturas, sofrem carbonizao semderreter e portanto no podem ser reciclados.

    O segundo problema a incompatibilidade entre os vrios tipos de plsticos reciclveis, que no podem ser derretidosjuntos. Quando isso ocorre, obtem-se um material de aplicaes limitadas devido a sua m qualidade. Para facilitar aidentificao e separao dos plsticos, foi desenvolvida e regulamentada uma simbologia (NBR 13230 Reciclabilidadee Identificao de Materiais Plsticos aprovada pela ABNT- Associao Brasileira de Normas Tcnicas), que deve serseguida pelos produtores de artefatos plsticos. Essa simbologia, feita para os plsticos de maior consumo no mercado, apresentada no Caderno do Aluno.

    O terceiro problema diz respeito s perdas verificadas durante o derretimento. Parte do plstico se oxida, mudandosuas caractersticas e deixando de ser infinitamente reciclvel. Para atenuar esse problema, pode-se adicionar um poucode plstico novo ao material que esta sendo reciclado.

    Em 2000 foram reciclados no Brasil 15% dos frascos rgidos e filmes plsticos produzidos. Deste total, 60% foiprocedente de resduos industriais e 40% do lixo urbano (CEMPRE, 2002). As garrafas de PET para refrigerantestiveram um ndice de reciclagem de 26% no mesmo ano.

    Em adio diminuio de lixo nos aterros e a economia de recursos no-renovveis (petrleo), a reciclagem dos plsticoseconomiza at 50% da energia gasta desde a fase de purificao da matria-prima at a moldagem final.

    Alm da reciclagem do material, os plsticos podem sofrer reciclagem trmica e reciclagem qumica.

    A reciclagem trmica, que consiste na incinerao do material, tem a vantagem de permitir a mistura de plsticos edispensa portanto o processo de separao. A incinerao s vantajosa se houver recuperao da energia produzida naqueima e controle rigoroso da emisso dos gases lanados ao ambiente. O valor energtico dos plsticos equivalenteao de um leo combustvel e, por esta razo, so uma valiosa fonte energtica.

    Na reciclagem qumica, os rejeitos plsticos so convertidos quimicamente nas suas substncias de origem ereaproveitados pela indstria qumica. A reciclagem qumica ainda no est sendo utilizada em grande escala, devido aoseu alto custo.

    Mercados para o plstico reciclado

    O principal mercado de plstico reciclado so as indstrias de artefatos plsticos, que utilizam o material na produode sacos de lixo, baldes, cabides, garrafas de gua sanitria, condutes, acessrios para automveis, mangueiras, dentreoutros.

    O maior mercado para as garrafas de refrigerantes (PET) recicladas est na produo de cordas, fios de costura,cerdas de vassouras e escovas. Outra parte destinada moldagem de autopeas, garrafas para detergente, carpetes eenchimentos de travesseiros.

    Na Europa e nos Estados Unidos, os consumidores podem comprar refrigerantes envasados em garrafas de PETcontendo 25% de material reciclado.

    No Brasil, proibido o uso de materiais reciclados, oriundos do lixo urbano, para alimentos, remdios e certos tiposde brinquedos. Novas tecnologias de reciclagem e a utilizao do material reciclado como camada intermediria entreduas de material virgem em embalagens multicamadas, podem mudar esta restrio.

  • 19

    PARTE I

    Papel

    O papel feito a partir de fibras de celulose encontradas em madeiras de rvores como o eucalipto e o pinus. Emboraa maior parte do papel fabricado no Brasil seja produzido a partir da madeira, outras matrias-primas como o bambu,bagao de cana-de-acar, palha de arroz, sisal ,etc , tambm so utilizadas na fabricao do papel.

    O eucalipto tem fibras de celulose curtas e por isso fornece um papel de superfcie bem lisa, usado principalmentepara fazer o papel para escrever e ainda o papel para fotocpia. O pinus possui fibras de celulose mais longas, e por isso usado para fazer papel para caixas e embalagens que precisam de maior resistncia. A celulose representa 50% damadeira.

    As rvores utilizadas para fabricar papel so plantadas pelo homem e representam, portanto, fonte renovvel dematria-prima.

    Durante o processo de crescimento as rvores removem o dixido de carbono (CO2) do ambiente e emitemoxignio(O2). Desta forma, a indstria de papel difere das demais, pois parte das emisses de CO2, geradas nas suasatividades, removida pelo novo crescimento das rvores, conforme nos mostra o esquema da figura 6.

    Figura 6. Ciclo da floresta (THE FOREST CYCLE, 1993).

    Uma parcela significativa das necessidades de energia da indstria de papel produzida pela queima de algunsresduos da madeira (como a casca, por exemplo) diminuindo, assim, o consumo de combustveis fsseis ( petrleo),fonte no renovvel de energia.

    O papel relativamente fcil de ser decomposto. Entretanto, em aterros sanitrios pode se degradar muito lentamentequando no h contato suficiente com ar e gua. Nos Estados Unidos, foram encontrados, em aterros, jornais da dcadade 50, ainda em condies de serem lidos.

  • PARTE I

    20

    Fabricao do papel

    A moderna fabricao do papel tem dois estgios diferentes: 1) a obteno da pasta de celulose, que parece ummingau de aveia, a partir da madeira e 2) a fabricao do papel a partir da pasta de celulose.

    A pasta de celulose obtida por diversos processos, sendo os mais importantes os processos mecnico e qumico.

    No processo mecnico, as toras de madeira so prensadas contra um moinho de pedra ou ao, que separa as fibras.Este processo fornece uma pasta para papel com outros compostos da madeira alm da celulose, o que confere ao papeluma resistncia relativamente baixa, sendo usado, principalmente, como papel de imprensa (papel jornal).

    O principal processo o qumico (figura 7). Nele, os cavacos de madeira so cozidos em uma soluo fortementealcalina de sulfato de sdio e soda custica. Este licor de cozimento sofre difuso no tecido da madeira, dissolvendo-o e separando as fibras. A pasta obtida, de cor marrom, contem apenas celulose, produzindo um papel de alta resistnciautilizado como papel de imprimir e escrever e para embalagens.

    Figura 7. Esquema de fabricao do papel (processo qumico)

    Aps sua obteno a pasta de celulose pode ir diretamente para a mquina de fazer papel ou primeiro ser branqueadapara produzir o papel branco.

    At o incio dos anos 80, o cloro gasoso era o principal agente branqueador. Na poca, seu uso foi relacionado gerao de produtos qumicos altamente txicos como as dioxinas. O cloro gasoso ainda usado no branqueamento porfbricas de celulose, mas numa dimenso muito menor.

    Preocupados como o meio ambiente, os fabricantes de papel esto utilizando cada vez mais outros branqueadores,sem cloro, como o perxido de hidrognio ou gua oxigenada, oxignio, oznio e enzimas. Hoje, existem diversasfbricas que produzem papel branco 100% livre de cloro.

  • 21

    PARTE I

    Tipos de papel

    A produo nacional de papel est dividida em diversas aplicaes, como visto na Figura 8.

    Figura 8. Produo brasileira de papel por tipo (%) (IPT/CEMPRE, 2000).

    Os papis de imprimir e escrever incluem os papis de carta, blocos de anotaes, cadernos, papis para copiadorase impressoras. O papel jornal classificado como papel de imprensa e difere do primeiro pois contem menos celulosee mais outras fibras da madeira, obtidas apenas por processo mecnico de separao, como visto anteriormente.

    Os cartes e cartolinas so papis com maior quantidade de celulose por rea de material e portanto maior peso,usados para fins escolares e como embalagens. O carto usado, tambm, como componente das EmbalagensLonga Vida.

    No item embalagens esto includos os sacos de papel e o papelo ondulado, responsvel por 65% do mesmo.

    Na categoria de papis especiais esto principalmente os papis utilizados para cheques, papis crepados, papelvegetal, papel carbono ,etc., que so, na maioria, no reciclveis. Os papis para fins sanitrios, como os toalhas ehiginicos, tambm no so encaminhados para a reciclagem.

    Reciclagem do papel

    A reciclagem do papel to antiga quanto a prpria descoberta do papel (no ano de 105 d.C.) mas com a conscientizaoambiental, as tcnicas de reciclagem evoluram muito.

    Em 2000, no Brasil, a taxa de reciclagem de papel de escritrios foi de 22% e a de papelo ondulado de 72%(CEMPRE, 2002). Em 2001, a Europa utilizou 42% de papes reciclados em suas produes de papel e papel carto(CEPI, 2002).

    Alm da vantagem da reduo de lixo nos aterros, a reciclagem do papel no exige processos qumicos para obtenoda pasta de celulose, apenas desagregao mecnica, reduzindo com isso a poluio do ar e rios. Reduz, tambm, anecessidade do corte de rvores, pois preciso cortar cerca de 20 rvores para a obteno de uma tonelada de papel.

    Na reciclagem, h uma economia de 10 a 50 vezes da quantidade de gua e gasta-se metade da energia usada parafabricar o papel a partir da madeira.

    importante lembrar que a fibra de papel pode ser reciclada, em mdia, de 5 a 6 vezes, aps o que perde suascaractersticas de resistncia, sendo necessria ento a adio de fibras virgens.

    Mercados para o papel reciclado

    As indstrias de embalagens consomem 80% das aparas recicladas no Brasil, na forma de papis de embrulhos epapelo ondulado. Somente 18% das aparas so consumidas para a fabricao de papis sanitrios e 2% para aquelesdestinados impresso e escrita.

    21

    PARTE I

  • PARTE I

    22

    Tambm feita com aparas de papel a polpa moldada utilizada para embalagens de ovos, bandejas para frutas,suporte para copos em cadeias de fast food e, mais recentemente, como substituta do isopor no acondicionamento depeas ou componentes eletrnicos.

    No futuro, como resultado da concientizao ambiental, os papis devero ter uma quantidade mnima de fibrasrecicladas, dependendo de sua aplicao.

    Embalagens Cartonadas

    As embalagens cartonadas Tetra Brik Assptica ou Embalagens Longa Vida, como so conhecidas, so compostaspor vrias camadas de material: papel, alumnio e polietileno de baixa densidade.

    O papel fornece rigidez embalagem, permitindo sua confeco no formato de caixas, mais prtico e econmico. Oalumnio impede a entrada de luz , ar e microorganismos, garantindo o envase assptico e preservando as qualidadesnutricionais dos alimentos. O polietileno possibilita o fechamento da embalagem, protege o papel e age como adesivopara colar as vrias camadas de materiais.

    O papel corresponde a 75% da embalagem, o plstico, a 20% e o alumnio, a 5%.

    O polietileno de baixa densidade usado na laminao (juno) dos trs materiais chega fbrica na forma de gros(resina plstica), sendo derretido diretamente sobre os materiais na mquina laminadora. No final do processo, aembalagem cartonada Tetra Brik Aseptic formada por seis camadas, sendo de dentro para fora: polietileno, polietileno,alumnio, polietileno, papel, polietileno. O polietileno externo tem funo de proteger o papel contra a umidade.

    O material pronto enviado, em bobinas, para as fbricas de alimentos onde o produto ultrapasteurizado (aquecimentoa temperaturas de 135C a 150C, por 2 a 4 segundos) embalado automaticamente em condies asspticas emequipamento mostrado na figura 9. Nenhum preservativo adicionado ao alimento, sendo, portanto, 100% natural.

    A embalagem ento selada abaixo do nvel do produto, o que resulta em uma embalagem totalmente cheia, sem ar.

    Figura 9. Mquina de envase Tetra Brik Aseptic

  • 23

    PARTE IComo o alimento selado em condies asspticas e na ausncia de oxignio, condies estas garantidas pela estru-

    tura da embalagem, ele pode ser transportado e armazenado por vrios meses sem refrigerao, economizando energia dos caminhes frigorcos e da geladeira, atualmente o maior consumidor do gs CFC (clorouorcarbono), que destri a camada de oznio.

    O envio do material de embalagem em bobinas, antes da fabricao das caixinhas, e o baixo peso destas (cada cai-xinha de 1 litro pesa apenas 28 gramas) possibilitam a otimizao do transporte, com conseqente reduo no gasto de combustvel.

    Estudos realizados na Alemanha mostraram que as embalagens Longa Vida geram 60% menos volume nos aterros sanitrios, em comparao com embalagens retornveis. Em relao s descartveis, o volume nove vezes menor. Para se ter uma idia, 300 embalagens cartonadas de 1 litro, vazias e compactadas, ocupam o espao equivalente a 11 litros.

    Reciclagem das embalagens cartonadas

    A reciclagem das embalagens cartonadas ps-consumo faz parte das metas ambientais estabelecidas pela Tetra Pak em seu Sistema de Gesto Ambiental.

    Para que a reciclagem da embalagem seja possvel, necessrio que se faa a separao de suas camadas. A separao feita em fbricas de papel, em um equipamento chamado hidrapulper, parecido com um liquidicador gigante.

    No hidrapulper, as embalagens sofrem agitao mecnica por cerca de 20 minutos, com a adio de 85% de gua, ocorrendo aps esse tempo a desagregao das bras do papel. Nenhum aditivo qumico acrescentado no processo nem empregado o uso de calor.

    As bras de papel, suspensas em gua, so retiradas do hidrapulper por bombeamento, passando por uma chapa perfurada que retm o alumnio e o polietileno (guras 10 e 11).

    As bras de papel so lavadas e puricadas, sendo utilizadas para a produo de papel, matria-prima para confeco de caixas de papelo.

    Cada tonelada de embalagem cartonada reciclada gera, aproximadamente, 650 quilos de papel, economizando o corte de 20 rvores cultivadas em rea de reorestamento.

    O alumnio e polietileno que sobram aps retirada do papel pode ser reaproveitado de diversas formas.

    Uma possibilidade bem interessante em termos de mercado o processamento do alumnio e polietileno para fabri-cao de placas e telhas. Esse processo inicia-se com a secagem e triturao das camadas de polietileno e alumnio, que depois so prensadas a quente, produzindo chapas semelhantes madeira, ideais para a produo de mveis e divisrias. Essas chapas podem ser transformadas tambm em telhas utilizadas na construo civil. Por terem uma certa quantidade de alumnio, as telhas acabam reetindo a luz solar e contribuem para um maior conforto trmico.

    O composto de plstico com alumnio tambm pode ser encaminhado para as indstrias de plstico, onde so reci-clados por meio de um processo de extruso para produo de pellets. Esses pellets so pequenos gros de plstico e alumnio que podem ser utilizados como matria-prima nos processos de fabricao de peas por injeo, rotomol-dagem ou sopro. Os produtos nais so canetas, paletes, banquetas, vassouras, coletores por exemplo. O alumnio no interfere na obteno dos produtos nais.

    Figura 10. Hidrapulper antes da desagregao do papel. Figura 11. Hidrapulper aps a desagregao.

    CYAN MAGENTA YELLOW BLACK

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  • PARTE I

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    A tecnologia a Plasma

    A aplicao da tecnologia a Plasma para a reciclagem de embalagens cartonadas indita no mundo: o sistema usa energia eltrica para produzir um jato de plasma a 15 mil graus Celsius para aquecer a mistura de plstico e alumnio. Com o processo, o plstico transformado em parana e o alumnio, totalmente recuperado em forma de lingotes de alta pureza. A Alcoa, que fornece a folha na de alumnio da embalagem, utiliza o alumnio reciclado para a fabricao de novas folhas, fechando o ciclo do material (gura 13). A parana vendida para a indstria petroqumica nacional. J o papel, extrado na primeira etapa da reciclagem ainda na indstria de papel, mantm seu ciclo normal de reciclagem, sendo transformado em papelo, como ocorre na fbrica da Klabin.

    A nova unidade a Plasma (gura 12) tem capacidade para processar 8 mil toneladas por ano de plstico e alumnio o que equivale reciclagem de 32 mil toneladas de embalagens longa vida. A emisso de gases na recuperao dos ma-teriais prxima de zero, feita na ausncia de oxignio, sem queimas, e com ecincia energtica prxima de 90%.

    O objetivo principal da tecnologia ampliar ainda mais o volume de reciclagem das embalagens longa vida ps-consumo e, conseqentemente, o incremento da cadeia de reciclagem, com a gerao de emprego e renda.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICASCEMPRE. Plstico Granulado - Reciclagem & Negcios, 1 ed., So Paulo, CEMPRE, 1998.

    CEMPRE Fichas Tcnicas Disponvel em www.cempre.org.br. Acesso em 25 out. 2002

    CEPI. Facts and Figures The European Pulp and Paper Industry 2001. Disponvel em www.cepi.org/htdocs/facts/facts_0001.html. Acesso em 07 out. 2002

    CERQUEIRA, M. Placas e telhas produzidas a partir da reciclagem do polietileno/alumnio presente nas embalagens da Tetra Pak. Monte Mor: Tetra Pak, 2002.

    EPA. Basic Facts Municipal Solid Waste. Disponvel em www.epa.gov/epaoswer/non-hw/muncpl/facts.htm. Acesso em 01 out. 2002.

    IBGE. Pesquisa Nacional de Saneamento Bsico 2000. Disponvel em www.ibge.com.br. Acesso em 24 out. 2002

    IPT/CEMPRE. LIXO MUNICIPAL: Manual de gerenciamento integrado. 2.ed., So Paulo: IPT/CEMPRE, 2000.

    MADI,L.F.C.et al. BRASIL Pack Trends 2005 - Tendncias da indstria brasileira de embalagem na virada do milnio. Campinas: CETEA/ITAL, 1998.

    MILLORD, E. Y. Envase y medio ambiente. Boletim n 10. Buenos Aires, INSTITUTO ARGENTINO DEL ENVASE, 1997.

    PHILIPPI JNIOR, A. Agenda 21 e Resduos Slidos. In: Resid99 Seminrio sobre Resduos Slidos, 1999, So Paulo. Anais So Paulo. Associao Brasileira de Geologia de Engenharia. P-15-26

    TETRA PAK. Reciclagem. Disponvel em www.tetrapak.com.br. Acesso em 19 dez 2005.

    TETRA PAK. Environmental and Social Report 2005. United Kindgom, Tetra Pak, 2005.

    THE FOREST CYCLE - piece by piece. Annual Publication, Stockholm, Swedish Pulp and Paper Association, 1993.

    ZUBEN, Fv; NEVES, F.L. Reciclagem do alumnio e do polietileno presentes nas embalangens cartonadas Tetra Pak. In: Seminrio Internacional de Reciclagem do Alumnio, 5., So Paulo, 1999. Anais. So Paulo: ABAL, 1999.

    ZUBEN, Fv. The utilization of thermal plasma technology to separate aluminum from plastic in laminated packages. In: The Journal of Abstracts of Presentations at the International Conference on Energy, Environment and Disasters (INCEED 2005), Charlotte, North Carolina, USA: University of North Carolina at Charlotte, 2005.

    Figura 12. Vista geral da unidade a Plasma Figura 13. Produo de lingotes de alumnio

    Caderno Professor.indd 2 27/1/2006 13:03:15

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    PARTE II

    Memria, Texto,Imagem e Transversalidade:Apoio Didtico ao Professor

    Os textos que compem a Parte II do Caderno do Professor propem-se atrazer discusses contemporneas sobre o fazer da educao na sala de aula,procurando articular o Caderno do Aluno e o Vdeo.

    O texto Construindo a Memria do Trabalho Pedaggico procura abrirhorizontes educao no sentido de aprender a auscultar e a interpretar as marcasda experincia passada dos atores envolvidos no trabalho pedaggico.

    A Produo de Texto na Escola, introduzindo a problemtica, apresentaos diferentes usos da escrita que podem ser desenvolvidos nos vrios projetospropostos na Parte III.

    O texto Imagem e Mdia procura trazer ao professor elementos para aanlise crtica do vdeo Quixote Reciclado ou outros, junto aos alunos, etambm contribuir para a melhor operacionalizao das aes com imagens(vdeo, fotografia, histria em quadrinhos, teatro, etc), propostas na Parte III.

    A Transversalidade objeto do 4 texto, constituindo uma inovaopedaggica, introduz uma nova forma de organizar o currculo, tratamentodiferente da questo sobre meio ambiente, cidadania e educao.

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    CONSTRUINDO A MEMRIA DO TRABALHO PEDAGGICOQuem no guarda lembranas, alegres ou tristes, agradveis ou incmodas, dos tempos de escola? Lembranas cuja

    evocao, depois de tantos anos, apesar de carregar as mesmas imagens de lugares, objetos, tempos e pessoas, desperta cadavez novos sentimentos, como se os fatos que compem as lembranas estivessem acontecendo pela primeira vez. A intensidadedas lembranas, os modos da sua seleo, freqentemente inconscientes, e as razes que levam a destacar estes ou aquelesdetalhes constituem um mistrio que, s vezes, a simples reflexo no consegue desvendar. Ns somos os detentores daslembranas, mas elas parecem emergir por conta prpria, por ocasio dos menores incidentes da vida cotidiana.

    evidente que, se existem lembranas, porque ns temos a capacidade de evoc-las, em razo de possuirmos umafuno psquica que a tradio denomina de memria. Mas ateno, pois no parece correto confundir as lembranascom a memria nem tampouco desvincul-las dela. Por qu? Porque a memria no uma qualidade exclusiva doshomens, mas o lembrar parece que . Lembrar procurar no passado as marcas deixadas pela experincia da vida,mesmo quando o ato de evocao escapa ao prprio controle. Lembrar implica algo mais que a simples funo damemria.

    Como qualidade natural, a memria consiste, essencialmente, em manter registros da atividade fsica, biolgica oupsquica dos seres em geral. Esses registros so denominados aqui de marcas deixadas pela atividade desses seres. Tudoindica que o processamento desses registros seja atribuio de outra funo natural.

    Falar em "construo da memria", como prope o assunto desta parte do Caderno do Professor, levanta duasquestes interligadas: Como falar em construo da memria se esta uma qualidade natural? De que memria ento seest falando?

    A primeira questo bastante complicada, pois se a memria inerente natureza, pelo menos as suas formasbiolgicas, no parece que possa ser construda. Ela simplesmente funciona ou no funciona. No cabe, com efeito,perguntar por que um animal reconhece os lugares, as fontes de alimentao ou outros animais. Ele reconhece e pronto.O que pode ser objeto de investigao so os mecanismos biolgicos que tornam isso possvel. Todavia, o ato dereconhecer supe que o animal foi dotado pela natureza de duas funes naturais: memria e inteligncia. Mas nem elesabe que conhece nem pode evocar as marcas registradas pela memria. Algo semelhante ocorre com a mquina eletrnica:registra marcas (denominadas genericamente de informaes), reconhece-as quando registradas e as processa. Mas elafaz isso simplesmente porque mquina, ou seja, um artefato inventado pelo homem para fazer isso.

    Segundo Leroi-Gourhan (1965, p. 66.), a memria do homem, semelhana da ferramenta, exteriorizou-se, tendocomo continente a coletividade tnica. Ela oscila entre a memria biolgica do animal e a memria tecnolgica damquina. Em outros termos, a memria humana a memria biolgica tornada objeto da conscincia e, como tal, capazde exteriorizar-se por meio da linguagem, projetando-se fora dela na forma de memria tcnica. Isso quer dizer trscoisas: primeiro, que a memria humana se insere no processo evolutivo da matria; segundo, que ela muda com aemergncia da conscincia e da linguagem que permite sua insero na memria coletiva; e terceiro, que a conscinciada experincia e o conhecimento do modo de funcionar da memria permitem ao ser humano transferir para as mquinasas funes elementares da memria, como o registro e a organizao da informao.

    A memria humana opera sobre as marcas deixadas pela experincia no momento fugaz da sua ocorrncia, esseinstante que separa o acontecer do acontecido, o presente do passado. Isso quer dizer que o objeto da memria no propriamente a experincia, a qual o tempo carregou, mas os efeitos ou marcas que ela deixou e que persistem nocontnuo presente dos atos de recordao, permitindo sua reconstituio e ressignificao. Reviver a experincia passadapela sua reconstituio no presente o que define o prprio ato de rememorar.

    Mas falar de experincia falar de algo vivido. falar de imagens e emoes, de sentimentos e valores, de pessoase lugares, de desejos e esperanas, enfim, falar de tudo aquilo que constitui a conscincia de viver a vida. Acredita-seque a memria tem o poder de fazer reviver das cinzas a experincia que se cria morta e, com ela, fazer reviver tambmo sentido que ela tinha outrora. O que, com toda evidncia, uma iluso, pois toda rememorao reconstituio atualdo que restou da experincia passada que no volta mais.

    Ao lado da memria labora tambm o seu negativo, o olvido, esse movimento secreto do desejo para tentar anular aexperincia. O olvido como esse pedao de fita sem imagem e sem som que torna difcil captar o sentido do filme. Masexiste uma enorme diferena entre o olvido e o delete dos programas de computao. Aqui o texto apagado pode sersubstitudo. Ali no, pois a experincia vivida no pode ser apagada, s pode ser esquecida, pois ela constitutiva dahistria. Memria e olvido constituem dois componentes essenciais da histria humana que ajudam a entender o carterclaro-escuro que forma o lado trgico da histria: a impossibilidade de excluir a experincia vivida que, a um certomomento, julgada como indesejvel.

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    PARTE II

    A espcie humana no teria chegado ao patamar de evoluo biolgica que chegou se estivesse limitada - tanto nocaso da memria quanto no de todas as outras funes humanas - a simplesmente funcionar, como ocorre com as outrasespcies e com os artefatos que ela inventou. O que distancia essa espcie das outras, s quais permanece, entretanto,naturalmente ligada, que pode assumir o controle das funes naturais. Dessa forma, no s registra e processa asmarcas da sua experincia, como pode recuper-las, reconstituindo essa experincia, e reviv-las num novo contexto deracionalidade e sentimento.

    Mas a idia de "construir a memria" aponta numa outra direo. Significa que os homens, alm de poderem regular osefeitos das marcas deixadas pela sua experincia, podem tambm criar as condies para que surjam outros tipos de experincia.Em outras palavras, isso quer dizer que eles podem construir a memria do trabalho pedaggico na escola intervindo no cursodos acontecimentos escolares, e no sendo apenas determinados por eles.

    Fica evidenciado assim que a memria de que se est falando aqui no , propriamente, a funo psicolgica, masa memria como sinnimo de histria. Neste sentido, o que se prope aos professores - e por intermdio deles aosdemais integrantes da escola - construir sua prpria histria, ou seja, criar condies para a ocorrncia de novasexperincias pedaggicas, garantindo, ao mesmo tempo, o seu registro para que seja possvel conservar sua memria.Estamos, portanto, diante de dois conceitos de memria: a memria-funo e a memria-histria. Mas na medida emque o exerccio da memria-funo tem como objeto a experincia humana, coletiva ou individual, e essa experincia constitutiva tanto das formaes sociais quanto dos indivduos, pode-se deduzir que ambas esto interligadas e que noexiste uma sem a outra. Alm disso, como o que os dois tipos de memria registram so as marcas deixadas por essaexperincia, pode-se concluir que a "memria como histria" - campo prprio dos processos de recordao e lembrana- e a "histria da memria" - campo prprio da cincia histrica - operam com o mesmo material, embora sejamprocessos diferentes de interpretao da experincia. Falar em "construo da memria" supe, portanto, que existeuma estreita relao entre experincia, histria e memria.

    Dos vrios sentidos atribudos palavra histria (Le Goff, 1995, p. 17-18) dois merecem destaque: aquele cujaorigem etimolgica remete a um saber que resulta da condio de ser "testemunha" dos acontecimentos e aquele outro,mais recente, que remete a um saber cujo objeto so as aes dos homens. Pode-se deduzir da que existe a "histriacomo acontecimento" - o acontecimento constitutivo da histria - e a "histria como saber a respeito do acontecimento".Diferentes, ambos os sentidos complementam-se. Sem o acontecimento, nenhum saber possvel a respeito dele. Massem o saber a respeito do acontecimento, este escapa do mbito da conscincia. Isso permite falar em termos de sujeitoda histria - sujeito coletivo ou individual - e objeto da histria - objeto do saber histrico.

    Aplicando isso ao caso particular que nos ocupa aqui, permite-nos falar da "produo pedaggica como histria daescola" e da "histria da produo pedaggica da escola". Tanto uma como outra dependem do modo de fazer e de saberdos integrantes da escola: a eles cabe construir sua histria, aos historiadores cabe reconstituir essa histria. A tragdiada escola renunciar a construir sua histria, limitando-se a reproduzir o dia-a-dia que ela no construiu, mas que outrosdefiniram por ela.

    Nada mais apropriado e incitante do que esta afirmao de Souza (1995, p. 7.): "A escola um lugar de memria.Quando o olhar pode atravessar a espessura do tempo, distingue vestgios reconhecveis de sua histria".

    Que a escola seja um lugar de memria decorre da prpria funo social que a sociedade vem atribuindo-lhe, dediferentes maneiras, nos ltimos sculos: conservar a memria da produo cultural da sociedade, isso que, de formageral, escapa s outras instncias sociais formadoras das pessoas. Dessa forma, a escola contribui, como a famlia e osgrupos sociais, formao das novas geraes.

    Mas a escola tambm um lugar da memria - o que nada tem a ver com as prticas de memorizao outrora tocomuns - porque ela a desenvolve nas novas geraes, ensinando-lhes a reconhecer as marcas deixadas pela experinciahumana e a desvendar o seu significado, permitindo-lhes assim integrar-se no fluxo da histria da sociedade.

    Evidentemente, a "construo da memria do trabalho pedaggico" no uma tarefa simples e, muito menos,rotineira. No se trata de fazer do registro do trabalho pedaggico uma espcie de opo burocrtica ou imposioobsessiva. Trata-se, antes de outra coisa, de trabalho, sendo que trabalhar criar, produzir, inventar o futuro. No setrata tampouco de uma tarefa secundria, porventura considerada um desvio das tarefas essenciais. Construir a memriado trabalho pedaggico abrir horizontes novos educao aprendendo a auscultar e a interpretar as marcas da experinciapassada que permitem mostrar os caminhos que podem ser seguidos ou que devem ser evitados. Construir a memria dotrabalho pedaggico significa, finalmente, construir uma identidade da escola e dos seus integrantes, no esquecendo deque a escola integra um todo maior que a sociedade e que feita do trabalho de seus integrantes.

  • PARTE II

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    OPERACIONALIZANDO A MEMRIA DO TRABALHO PEDAGGICO

    O registro uma etapa importante para construir a memria do trabalho pedaggico. No apenas uma tarefaburocrtica da escola, mas deve se tornar uma preocupao constante do professor e do aluno em preservar o trabalhorealizado e permitir a sua consulta permanente.

    A preservao do trabalho, por meio do registro, possibilita a retomada reflexiva dos vrios momentos ou etapas dopercurso desenvolvido. De forma complementar, a consulta permite que o trabalho se torne fonte de referncia para pesquisa.Portanto, registrar o trabalho pedaggico significa permitir a apropriao da experincia do vivido a qualquer tempo.

    O registro poder ser feito de formas integradas, como segue:

    Registro escrito (relatrios, resumos, fichamentos, pesquisas, entrevistas)

    Registro audiovisual (vdeo, foto, cassete, CD, disquete)

    Publicaes intra-escola (boletins, jornais, folders)

    Publicaes extra-escola (pgina eletrnica da escola, jornal do bairro)

    Exposies (painis, cartazes, maquetes, esculturas, instalaes artsticas)

    Registro de bordo (consideraes sobre o fazer/pensar pedaggico)

    A periodicidade do registro pode ser diria, semanal, quinzenal, mensal, bimestral, semestral, dependendo do trabalhorealizado. Entretanto, no registro escrito, dependendo da abrangncia e complexidade do trabalho (projetos envolvidos,etapas desenvolvidas, nmero de participantes, excurses, etc.), quanto mais tempo decorrido, mais difcil e desanimadorse tornar registr-lo.

    No caso de registro audiovisual imprescindvel que o professor acompanhe atentamente a edio das imagens e dossons, de forma a estabelecer um ordenamento na apresentao (ver texto audiovisual na sala de aula).

    As publicaes e exposies que compreendem boletins, jornais, folders, painis, cartazes, exigem uma preocupaocom a diagramao e o enfoque textual e fotogrfico.

    As publicaes eletrnicas no devem conter pginas demasiadamente carregadas para que o internauta consigaacess-las rapidamente. bom lembrar que na Internet a rapidez para obter informaes fundamental. Um site quedemore muito para abrir pode ser desestimulador. A Internet pode ser um bom veculo para chamar ateno sobre osdiversos trabalhos desenvolvidos na escola.

    Exposies que envolvam maquetes, esculturas e instalaes artsticas requerem um espao adequado onde seroproduzidas, expostas e guardadas posteriormente.

    Apesar de ser um obstculo adequar um espao dentro da escola para exposies, a realizao de eventos como esseeleva a auto-estima de alunos e professores, envolvendo efetivamente a comunidade escolar.

    O registro de bordo possibilita um movimento de volta, de olhar para o que foi feito. Surge ento a oportunidade derefazer, de aprimorar, de produzir conhecimento sobre a prtica pedaggica. O conhecimento elaborado com base nareflexo sobre o exerccio de se fazer professor na sala de aula.

    O que se registra? Pode ser uma pergunta curiosa ou interessante de um aluno no decorrer da aula. Pode ser oentusiasmo da classe na organizao de uma excurso. Pode ser reflexes sobre aquela aula preparada com tanto empenho,e para a qual os alunos se mostraram totalmente desinteressados. Tudo pode ser registrado; o que vai determinar asquestes a serem registradas o olhar sobre o cotidiano da sala de aula. Coisas que a princpio podem ser consideradassem importncia, com o passar do tempo podem ser preciosas para se conhecer como os alunos esto apreendendo.

    Registrar o trabalho requer uma postura de professor que se reconhece tambm como aprendiz, que ensina mastambm aprende na dinmica da sala de aula.

    A princpio no fcil registrar. O ofcio do professor baseia-se principalmente na oralidade, no falar constante comos alunos. A escrita requer tempo, pacincia, rememorao. Mas s se aprende a registrar registrando. Colocando nopapel as reflexes sobre o fazer pedaggico. Na escrita, no registro, o professor faz-se sujeito de sua histria. Aqueleque capaz de pensar sobre o seu trabalho, de redimension-lo se for preciso.

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    PARTE II

    O registro til em primeiro lugar para o prprio professor. S tem sentido registrar alguma coisa se o professorachar que isso significativo para o trabalho.

    O registro possibilita tambm uma dupla avaliao. A avaliao do trabalho do professor na qualidade de mediadorde aes educativas e a avaliao do aprendizado dos alunos. O registro tambm pode ser compartilhado com os colegasde trabalho, criando uma solidariedade no fazer/ensinar/aprender das relaes pedaggicas.

    Quando falamos sobre Registro de Bordo, algumas questes devem ser colocadas:

    O que se registra? Tudo o que voc achar interessante ou necessrio do trabalho pedaggico desenvolvido em sala de aula.

    Por que se registra? Para que voc possa voltar ao seu registro e repensar o seu trabalho.

    Quando se registra? Sempre, se possvel.

    Como se registra? No existe uma forma-padro de registro. Quanto mais registros voc fizer melhor eles ficaro.

    Para quem se registra? Em primeiro lugar para voc mesmo.

    A escola, incentivando os alunos na aprendizagem de documentar o trabalho pedaggico, poder realizar um con-curso para selecionar os melhores registros apresentados e envi-los Tetra Pak como forma de divulg-los.

    No importa a forma ou as formas escolhidas para registrar, o importante que o trabalho da escola fique registrado paraque outras pessoas ou o prprio professor possam voltar a ele e aprender com ele. O registro guarda com ele a memria doque foi vivido, e traz com ele inmeras possibilidades. Possibilidades de conhecimento, indagao, avaliao, memria. a histria da escola que se preserva e a sua identidade que se constitui.

    BIBLIOGRAFIA:LE GOFF, Jacques. Histria e memria. Campinas. Ed. da Unicamp, 1995.

    LEROI-GOURHAN, Andr. Le geste et la parole: la mmoire et les rythmes, vol. 2, Paris, Albin Michel, 1965.

    SOUZA, Maria Ceclia C.C. de. Escola e memria, Bragana Paulista, Univ. S. Francisco, 1995.

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    PRODUO DE TEXTO NA ESCOLAAo tentar integrar a disciplina de Portugus s outras reas disciplinares atravs de uma redao, logo nos acode

    a idia de pedir que os alunos faam uma narrativa ou uma dissertao. Neste caso, o processo inicia-se com aescolha do tema ou do ttulo, lanado ao aluno como motivao inicial para comear a escrever. Na falta de um ttulo,pede-se um resumo, uma opinio ou simplesmente um breve comentrio sobre qualquer texto lido ou sobre o temaem debate nas diferentes disciplinas. Surgem ento, inmeros textos para o professor corrigir, desenhando nelessinais, cobrinhas, pontos de interrogao, em busca da correo gramatical para adequ-los s convenes maisvisveis da escrita. A redao menos marcada com estas intromisses sorteada para uma possvel exposio. Asoutras, voltam para seus autores e so devidamente engavetadas, quando no jogadas fora, contribuindo para oaumento do lixo.

    Este parece ser o enredo de uma histria que todos ns conhecemos, com pequenas variaes, desde a mais tenraidade, seja como alunos, seja como professores, no importa a posio, incmoda em qualquer dos casos.

    Se observssemos mais cuidadosamente o uso da escrita nas diferentes instncias sociais, desde situaes maisinformais at aquelas que exigem um texto com certa padronizao, talvez o princpio e o destino dos exerccios deescrita fossem outros. Pensemos em dirios, poemas, bilhetes, panfletos, cartas de leitores aos jornais, annciosclassificados, declaraes, relatrios, ofcios, procuraes, planejamentos. No nos esqueamos de textos presentesem diferentes meios culturais e artsticos como romances, roteiros de filmes e vdeos, histrias em quadrinhos.Pensemos, ainda, em textos que circulam no cotidiano, lidos por apenas uma pessoa (o amado, a filha, o chefe) ou porum pblico vasto. Pensemos, por fim, nos diferentes propsitos ou objetivos dos mesmos textos: confessar, emocionar,informar, documentar, criticar, elogiar, persuadir.

    Ao lermos os textos nossa volta, veremos o quanto as condies em que so escritas as redaes na sala de aulaesto distantes da situao real de interlocuo social, atravs da escrita. Se considerarmos os tipos e objetivos dotexto, bem como os interlocutores, elementos que fazem parte da interao verbal, talvez o princpio e o destino dostextos dos alunos possam ser outros, possam deixar de ser um faz-de-conta, para se tornarem de fato textossignificativos, com autores e leitores efetivos.

    Nas situaes efetivas de interao estabelece-se uma equao entre os objetivos do texto, elaborados a partir doprojeto de dizer do locutor, o assunto tratado dentro de um conjunto de interesses e os tipos textuais existentes. Comoum texto produzido sempre dirigido a interlocutores, estes tambm contribuem para a construo deste textosignificativo. Dentro deste espao constitudo lingstica e socialmente, os alunos passam a se comprometer com oprocesso de construo de sentidos e de conhecimento.

    A produo textual na escola pode ocorrer a partir de necessidades reais surgidas durante a aprendizagem, comoforma de registros, documentaes, expresses de viso de mundo e divulgao. Pode ter como destino a sua circulao,dentro ou fora da escola, dependendo dos propsitos dos Projetos de Trabalho desenvolvidos.

    As convenes da escrita passam a ser articuladas dentro do texto levando em conta a situao de comunicao,isto , as adequaes s normas sero necessrias na medida em que estes textos so produtos a serem socializadosdentro de uma comunidade que tem seus padres. Nesta perspectiva, no h mais uma correo com o fim em simesma ou apenas para uma avaliao escolar, mas o trabalho com a linguagem ter como objetivo, alm do aprendizadodas normas em funo das exigncias da modalidade escrita, o aprendizado da melhor forma de explorar os recursoslingsticos e expressivos da lngua.

    Dentro desta concepo de trabalho com a escrita, as produes textuais na escola passam a ter sua origem na realnecessidade de interao com os colegas e com a comunidade. Diante disto, o texto, como unidade de comunicaointerativa, no necessita ter uma extenso, um tamanho definido, podendo ir desde uma nica palavra (por exemplo,placa de trnsito com a inscrio Cuidado) at um volumoso livro. A articulao do texto ser realizada tendocomo critrios os objetivos que norteiam a sua produo e o contexto no qual est inserido. Estas prticas podempromover reflexes no apenas sobre o trabalho lingstico que permeia a produo, como tambm sobre as diversasfunes sociais e comunicativas da escrita.

    Dentro de Projetos de Trabalho que visam integrar diferentes reas de conhecimento na escola, a produo detexto um instrumento importante no tratamento das informaes, na organizao e divulgao do trabalho entre osparceiros que esto em processo de construo de conhecimento, a partir dos temas eleitos. A escrita deixa de ser umacessrio para tornar-se um lugar de organizao, sistematizao e socializao durante o processo de aprendizagem.

    A seguir, so dadas sugestes de tipos de textos que podem ser trabalhados nos Projetos de diferentes campos deconhecimento, apresentados na Parte III deste Caderno:

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    PARTE II

    ENTREVISTAAs entrevistas buscam conhecer os saberes, a viso de mundo, o modo de viver do entrevistado, com o objetivo

    de ter acesso s informaes que possam contribuir para a construo de um conhecimento mais amplo de um temae de aes que da decorram. Em funo dos objetivos, da situao, do assunto e dos interlocutores, as questes soformuladas, mas no podem ser totalmente fixas, j que, provavelmente, h necessidade de reformulaes duranteo dilogo com o entrevistado, levando em conta as caractersticas especficas e as razes da escolha de determinadointerlocutor.

    O processo da entrevista, portanto, deve ser circular e reflexivo. Depois de algumas entrevistas, tanto o tema guia, comoa seleo dos entrevistados, pode mudar. A anlise deve ser integrada ao processo da realizao das entrevistas.

    Em seguida sero dadas algumas aes a serem realizadas com os respectivos grupos ou alunos responsveis pelaentrevista, no significando que elas devam ter uma seqncia linear:

    1.prepare o TEMA GUIA; 2. selecione o mtodo da entrevista: individual, grupal ou uma combinao dos dois; 3. prepareuma estratgia para a seleo dos entrevistados; 4. realize as entrevistas; 5. transcreva as entrevistas;6. analise o contedo das entrevistas.

    Caso as entrevistas sejam gravadas e depois transcritas, o trabalho lingstico poder estar focalizado nas diferenasentre as modalidades oral e escrita da linguagem e no processo de transposio de uma modalidade para outra, o queenvolve, principalmente, uma reflexo sobre modos distintos de coeso, de coerncia e de contextualizao nas mesmasmodalidades. Por meio da entrevista, ainda possvel trabalhar com diferentes tipos de discurso, principalmente o direto eo indireto, no momento de decidir a forma de apresentao para o pblico escolhido. Para se ter uma noo mais clara dasdiferentes possibilidades de articulao desses textos, interessante que se analisem as entrevistas que aparecem em revistasou jornais.

    Aps este trabalho de reflexo e de organizao da linguagem, os contedos serviro de base para anlise ao retornaremaos campos de conhecimento que promoveram esta forma de acesso s informaes.

    LEGENDA DE FOTOSAs legendas so pequenos textos que acompanham as imagens (fotos, desenhos, figuras, pinturas etc.), como uma

    complementao, realizada atravs de descrio ou explicao. Podem tambm orientar o olhar do leitor e, atmesmo, interagir com a imagem, alterando o significado que ela teria, caso estivesse sem o suporte textual. Assim,mais do que explicar, a legenda passa a interpretar e a interagir com a imagem. Nesta interao pode ocorrer umaespcie de confirmao, de valorizao da informao visual ou pode haver o estabelecimento de uma contraposio.No dilogo texto e imagem, uma terceira mensagem, no limitada nem a uma, nem a outra, pode ainda ser produzida.Algumas destas articulaes entre texto e imagem podem ser analisadas em legendas de fotos nas diferentes produesda mdia impressa.

    Assim, as legendas que acompanham as imagens, ou mesmo objetos ( por ex.: maquetes), devem ser tr