revista repórter do marão

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Nº 1271 | janeiro ' 13 | Ano 29 | Mensal | Assina- tura Nac. 40€ | Diretor: Jorge Sousa | Edição: Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | t. 910 536 928 | Tiragem média: 20 a 30.000 ex. OFERECEMOS LEITURA JANEIRO ’ 13 Prémio GAZETA repórter do marão + norte AZEITE Venda maioritária a granel prejudica rendibilidade dos produtores AUTARQUIAS Quase metade dos presidentes do Tâmega e Sousa será substituída nas eleições deste ano FUMEIRO Montalegre mostra o melhor que o Barroso tem e consegue fixar casais jovens INDÚSTRIA Exportação salva AJP POBREZA Misericórdia do Porto socorre mil pessoas carenciadas por dia

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Revista Mensal de Informação. Tiragem média de 20 a 30 mil exemplares. Distritos do Porto, Vila Real e Bragança e parte dos de Viseu, Aveiro e Braga. Regiões do Douro, Tâmega e Sousa, Trás-os-Montes

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Page 1: Revista Repórter do Marão

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JANEIRO ’ 13 Prémio GAZETA

repórterdomarão+ norte

AZEITEVenda maioritária a granel prejudica rendibilidade dos produtores

AUTARQUIASQuase metadedos presidentes doTâmega e Sousa será substituídanas eleiçõesdeste ano

FUMEIROMontalegremostra o melhor que o Barroso teme conseguefixar casaisjovens

INDÚSTRIAExportaçãosalva AJP

POBREZAMisericórdiado Porto socorre mil pessoas carenciadaspor dia

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Escala e certificação são duas ideias-chave que devem revolucionar a produção olivícola em Trás-os-Montes, uma região onde o excesso de azeite vendido “a granel” prejudica a rentabilidade. À excelência do produto deve juntar-se, portanto, a visão estratégica e integrada dos produtores e engarrafadores. Reportagem de Patrícia Posse (texto) | D.R. e Arquivo (fotos)

TERRA QUENTE: Valorização do produto não fica na região, lamenta a associação de produtores

Venda do azeite a granel prejudica rendibilidade

economia regional

“Quando vendemos mais de 60% do azeite a granel significa que ainda não temos capacidade de valorizar um produto de enorme qualidade e o re-torno direto é muito residual”, afirma o presidente da Associação de Oliviculto-res de Trás-os-Montes (AOTAD), António Branco. Por outro lado, o diretor re-gional de Agricultura e Pescas do Norte, Manuel Cardoso, defende que o azeite virgem e extravirgem deveria “ser embalado e certificado na região e, só de-pois, vendido”. “A escala deve ser ganha na obtenção dum produto comum e em quantidade, certificado na região, vendido para que a sua mais-valia fique neste território”, acrescenta.

A Denominação de Origem Protegida “Azeite de Trás-os-Montes” agre-ga cerca de 70 produtores e certifica perto de 500 mil litros de azeite embala-dos. “A quantidade embalada de DOP e biológico pode ser considerada insig-nificante, porque os produtores não veem mais-valias comerciais”, argumenta António Branco.

Também Manuel Cardoso considera que não se pode enfrentar o futuro “havendo tantas marcas de azeite”. “São mais de 60 na região, sendo que só 10 comercializam pelo menos 100 mil litros de azeite. Isto, à escala a que se fa-zem os negócios, é determinante para que os custos associados absorvam uma boa parte do que deveria ser o rendimento do produtor.” Anualmente, o azei-te rende entre 27 a 30 milhões de euros, o que faz dele o segundo setor agrí-cola com maior peso económico na região.

Por agora, os olivicultores transmontanos debatem-se com uma quebra bastante acentuada na produção. Os números provisórios da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte apontam para mais de 35% no olival de pro-dução de azeitona de conserva e mais de 30% no de azeitona de azeite. Há casos, sobretudo no Nordeste Transmontano, em que as quebras ultrapassam mesmo os 60%. “Temos uma redução na produção, porque a oliveira sofreu com a seca e se tivéssemos regadio, o impacto teria ser reduzido”, sustenta An-tónio Branco. Refira-se que continua a vingar o olival tradicional em sequeiro, assente em oliveiras autóctones.

As cerca de 16 mil toneladas produzidas na região representam, aproxima-damente, 17% da produção nacional, sendo que Portugal é o quarto maior pro-dutor de azeite da União Europeia (a seguir a Espanha, Itália e Grécia).

Urgência na valorização

Potenciar a fileira do azeite a nível regional deverá passar pelo aumento da produtividade, associado ao aumento de área, reconversão de olival e no-vas práticas produtivas. “Até 2010, já devíamos ter atingido os 120 mil hectares de olival, mas andamos nos 90 mil. Há muita reconversão que é possível fazer e um elemento que aumentava claramente a produção: o regadio”, frisa o pre-sidente da AOTAD.

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TERRA QUENTE: Valorização do produto não fica na região, lamenta a associação de produtores

Venda do azeite a granel prejudica rendibilidade

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Em paralelo, deve apostar-se na valorização nos mercados internacionais, que deverá basear-se “em estratégias de consolidação da qualidade pela pre-sença em eventos e concursos de referência internacional e pela comercializa-ção agrupada”. “O primeiro e mais importante passo da afirmação do azeite re-gional passa pela capacidade dos produtores regionais aceitarem que o azeite tem características diferenciadoras que permitem a sua valorização nos mer-cados internacionais. No entanto, isso só será possível quando se resistir à ten-tação da venda a granel a mercados internos e de fronteira e quando se com-bater de forma definitiva a maquia e a comercialização direta pelo pequeno produtor”, acrescenta.

É ainda crucial que haja uma “consciencialização nacional” da qualidade do azeite transmontano. “Portugal não aparece nos grandes mercados internacio-nais de qualidade. Não existe uma estrutura que nos represente e isso tem-nos prejudicado em termos de afirmação internacional”, destaca António Branco, que luta ainda por preços médios superiores a 5 €/l.

Passos (de gigante) na investigaçãoEm Carrazeda de Ansiães, já estão em curso as obras do futuro Centro

Tecnológico dedicado ao azeite, ao vinho e à maçã. O objetivo principal passa por aliar a promoção à comercialização dos produtos, apostando na investiga-ção científica e tecnológica. Com um investimento de cerca de 900 mil euros, o equipamento deverá estar concluído no final do primeiro semestre.

Também o presidente da AOTAD ambiciona um Centro Tecnológico do Azeite para fomentar a investigação e promover a transferência de tecnologia para a fileira. “Em Portugal não existe qualquer organismo que congregue ou potencie o I&D nesta fileira essencial para o desenvolvimento económico da região e mesmo do país.” Com esta infraestrutura poder-se-iam abarcar áreas

como o marketing, a avaliação sensorial, a inovação, a criação de novos pro-dutos e subprodutos.

Para já, a investigação continua a fazer-se nas instituições de Ensino Su-perior da região, sendo até distinguidas pela sua aplicabilidade. Exemplo dis-so é a patente registada por João Claro, docente da Universidade de Trás--os-Montes e Alto Douro, que consiste em aplicar resíduos da indústria corticeira nos efluentes dos lagares de azeite, resultando num produto “100% natural e orgânico”. O pó de cortiça absorve os compostos orgânicos das águas ruças e de outros resíduos dos lagares de azeite, dando origem a uma espécie de pasta ou lama que poderá ser utilizada como fertilizante, ou com-ponente de fertilizante, para retificar a alcalinidade dos solos ou para a pro-dução de biomassa. Este método foi um dos vencedores do “Green Projects Awards” de 2011.

Por seu turno, a investigadora Maria Helena Chéu, do Instituto Piaget, le-vou a cabo um estudo sobre o azeite em Trás-os-Montes. “O olival trans-montano ocupa uma área superior a 40 mil hectares e envolve mais de 30 mil olivicultores. Mirandela, Macedo de Cavaleiros, Valpaços, Alfândega da Fé, Vila Flor, Mogadouro, Vila Nova de Foz Côa e Torre do Moncorvo são os concelhos onde se encontra maior concentração de olival. Existem numero-sas cultivares de oliveira, manifestando aptidões para qualidades distintas de azeite. Entre as mais representativas estão a Madural, Cobrançosa e Verde-al Transmontana”, refere.

A mancha olivícola tem crescido porque é “um suporte financeiro, de re-sultados apreciáveis, para a economia da região e existem atualmente medidas de apoio à plantação de novos olivais e à reconversão”. O reconhecimento in-ternacional da fileira aumenta, também, a confiança dos investidores e moti-va jovens agricultores (como é o caso, por exemplo, dos projetos Acushla e Quinta do Seixo).

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Múltiplas aplicações

economia regional

É bem conhecida a versati-lidade do azeite, amplamen-te utilizado como tempero, ingrediente, agente de coze-dura e/ou conservador de en-chidos, azeitonas, legumes e queijos. Utilizado desde tem-pos imemoriais, o azeite tem sido “redescoberto” pela co-zinha moderna, que evidencia o seu sabor e aroma. Depois das torradas de azeite, dos patês e dos bolos, eis que sur-gem os bombons e as gomas de azeite, iguarias apresenta-das no último Festival de Sa-bores de Azeite Novo, em Mi-randela.

Em curso está também o processo para a criação de uma nova DOP de “Azeito-nas de Mesa Transmontanas”, uma proposta avançada no VI Simpósio Nacional de Oli-vicultura. Em Trás-os-Mon-tes, existe a DOP Negrinha de Freixo, mas o seu potencial está subaproveitado.

Típicos numa mesa trans-montana, o azeite e as azeito-nas começam a ganhar peso na dieta alimentar nacional. “A Balança Alimentar Portu-guesa (2003-2008) indica um decréscimo nas disponibilida-des para consumo de marga-rina, com o azeite progressi-

vamente a substitui-la, o que é um fator muito positivo para a saúde dos portugueses”, sa-lienta a nutricionista Fabíola Mourinho.

O consumo de azeite traz mais-valias para a saúde, sen-do até considerado um ali-mento “anticancro”. Há vá-rios estudos que comprovam uma tendência decrescente de índices inflamatórios em indivíduos saudáveis que in-cluem azeite na sua dieta. Além disso, a vitamina A in-terfere positivamente na vi-são, na diferenciação celular e na regulação genética. “Ape-sar dos benefícios comprova-dos, o azeite não deixa de ser uma gordura e deve ser en-quadrado de forma saudável na alimentação diária”, ressal-va a nutricionista.

Na área da cosmética, o azeite é um produto mila-groso, pois nutre e protege a pele, conservando a sua ju-ventude. Tal como na antigui-dade continua a usar-se em sabonetes, bálsamos, banhos, massagens, máscaras de bele-za ou champôs.

Para quem está de visita pela região sugere-se a explo-ração dos 15 itinerários da Rota do Azeite de Trás-os-Montes.

Para melhor lidar com as oscilações dos quantitativos da produção vi-nícola, o Douro deveria apostar na complementaridade com o olival. “A região tem condições para produzir vinhos e azeites de excecional quali-dade. Várias empresas que estão ligadas ao vinho têm vindo a aumentar a produção de azeite, quer reconvertendo ou plantando algum olival”, sa-lienta António Branco.

Contra a filosofia da monocultura, o presidente da AOTAD defende um “equilíbrio de culturas” que garanta a sustentabilidade da exploração agrícola. “No Douro, temos bons exemplos de produtores de vinho que ala-vancaram o azeite na marca de vinho que já conseguiram firmar e, nes-se sentido, conseguem resultados muito bons, quer ao nível da qualidade, quer da comercialização.”

O binómio para o Douro

04 janeiro'13 | repórterdomarão

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Neste momento, o Brasil é o mercado preferencial e prioritário, o que se justifica pelo crescimento económico do país e pelo ainda reduzido consumo per capita de azeite. Existem outros países como a China, os Estados Unidos da América ou mesmo a Rússia que revelam um elevado crescimento do consumo e uma maior seletividade no que se refere à qualidade e à origem.

Na região transmontana, há casos de flagrante sucesso na internacionalização do negócio do azeite. O Azeite Romeu, um DOP transmontano produzido em Mirandela, é presença assídua nos tops dos melhores azeites do mundo. Este extra virgem é “puro sumo de azeitona” e a sua produção anual oscila entre os 10 a 40 mil litros. De cor verde/amarelo e com um aroma intenso a erva, flores e azeitona, o Azeite Romeu tem um sabor doce amendoado no início, seguido de azeitona fresca e verduras variadas e um final com uma nota picante mas não amarga. Alfandagh e Acushla são outras marcas à procura da internacionalização.

Outro exemplo digno de referência é a marca A Capela dos Olivais, nascida na aldeia da Bouça, Mirandela. A policultura praticada durante anos na quinta deu lugar à olivicultura, pela mão dos franceses Yolande e Albert Baussan. A grande especialidade é o azeite com aroma a limão verde, um produto de “alta qualidade” que acaba nas “lojas de luxo, espalhadas pelo mundo inteiro, especializadas em comercialização de azeite”. Atualmente, a herdade produz cerca de 30 mil litros de azeite aromatizado. Com uma extensão de cerca de 100 hectares de olival, a Casa Grande do Visconde da Bouça destina toda a produção para os mercados externos, designadamente França, Brasil, Japão, Estados Unidos, Bélgica, Suécia e Inglaterra.

No final do último ano, a Cooperativa dos Olivicultores de Murça começou a exportar azeite para a China, com um primeiro carregamento de 11 mil litros. A cooperativa apostou também na tradução dos rótulos para mandarim com o intuito de alcançar o maior número de consumidores. O azeite de Murça é ainda comercializado para o Canadá, Estados Unidos da América e Brasil, bem como para países europeus (Suíça, Luxemburgo ou Alemanha).

Notoriedade além-fronteiras

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O azeite biológico Romeu, produzido na quinta da família Clemente Menéres há quase 140 anos, é um dos produtos portugueses mais conhecidos além-fronteiras e que mais prémios tem angariado em todo o mundo.

Page 6: Revista Repórter do Marão

Face à atual conjuntura nacional, a AJP Motos tem conseguido atin-gir os objetivos e está atualmente em 28 países, consolidando o prestígio conquistado fora de portas no que respeita à conceção, industrialização e comercialização de motas de enduro-lazer. Para este novo ano, as perspetivas da empresa de Penafiel continuam a ser de crescimento, ao nível das vendas, mas também ao nível das instalações e dos recursos humanos. Mónica Ferreira (texto e foto)

“A AJP nasceu por ignorância”, afirmou António Pinto, proprie-tário da AJP Motos e fundador da empresa, em parceria com o ir-mão Jorge Pinto, dando conta de que quando iniciou o projeto, há 25 anos, nunca pensou nas contrariedades que iria ter de enfrentar para fazer vingar a empresa no mercado nacional.

Foi o gosto pelas motos que o levou há um quarto de século a abandonar os estudos e a ter a primeira oficina de motas. Foi aqui que começou a desenvolver o seu gosto pelas motas, nomeada-mente na área da transformação.

Mais tarde decidiu “fazer-se à vida” e sugerir às empresas na-cionais do setor que o deixassem transformar algumas das motas que produziam. “A indústria nacional era muito forte mas as por-tas fecharam-se-me todas pois eu não tinha credibilidade e as pes-soas não acreditavam que eu pudesse dar uma mais-valia às mo-tas”, recorda, apontando esta recusa como o principal impulso que teve para, sozinho, fazer uma moto, com a qual participou em algu-

mas competições. “Construi a Ariana, a primeira mota da AJP, cria-da com uma filosofia de todo-o-terreno e lazer”.

Foi nesta mota que António Pinto começou a correr em 1991 e foi com ela que, dois anos mais tarde, se sagrou campeão nacio-nal de enduro.

O gosto pelas motas continua bem vivo em António Pinto e é alimentado todos os dias pois é este que concebe e constrói as "duas rodas" que saem da sua empresa, diretamente para o merca-do interno ou internacional, numa rede de vendas que abrange paí-ses como Brasil, Inglaterra ou Japão, os seus principais clientes.

AJP produz 800 motas por ano, número que deverá aumentar em 2013

Apostando na diferença quer ao nível da conceção do produ-to, quer ao nível do conceito de utilização das motas, a AJP foi cres-cendo sustentadamente ao longo dos anos e atualmente produz 800 motas por ano, número que o responsável da empresa afirma que este ano deverá atingir o milhar.

Presente em vários mercados mundiais, a AJP tem apostado em fazer peças diferentes daquelas que existem no mercado, poten-ciando os conhecimentos e seguindo caminhos contrários às em-presas do ramo. “Nós hoje estamos no mundo. Lutámos contra tudo o que se fabrica no mundo e para vencermos temos que fa-

Mercado internacional salva AJPMotos de Penafiel correm do Brasil ao Japão

06 janeiro'13 | repórterdomarão

empresas com futuro

António Pinto, fundador e

administrador da AJP Motos,

acredita que o mercado

internacional vai permitir à sua

empresa atingir este ano o fabrico

de um milhar de motos de enduro.

Page 7: Revista Repórter do Marão

Uma referência há 33 anos

1979-2012

[email protected]://www.lusodiesel.ptGPS: 41°12'22.22"N | 8°19'52.81"W

Dispomos da mais recente tecnologia de ensaios diesel common-rail

zer diferente”. O público-alvo da AJP são os amadores de en-

duro, pois “a nossa mota antecede a mota de com-petição, é de iniciação, muito mais fácil de conduzir”, referiu António Pinto, salientando o facto de atual-mente serem a única empresa do país que produz um equipamento deste tipo e de serem “reconhecidos como grandes especialistas neste tipo de motas”.

Com três modelos base – PR3, PR4 e PR5 –, disponíveis em 28 versões, a AJP apresentou recentemente, para assinalar o 25º aniversário, uma mota de competição que será colocada à ven-da até ao final do ano para corresponder ao interesse dos nossos clientes e para mostrar “que temos tecnologia e conhecimento para desenvolver motas de competição”.

Motas de enduro são o futuroA quase totalidade da produção de motas destina-se ao merca-

do internacional, apesar de empresa ter uma rede nacional de con-cessionários que abrange todos os distritos. Contudo, António Pin-to sente-se injustiçado pois “há o estigma de sermos portugueses e as portas fecham-se”. “Somos a cauda do pelotão e há sempre uma dificuldade acrescida quando nos queremos afirmar no mun-do”, lamentou o empresário de Penafiel, salientando, porém, que tem conseguido destacar os seus produtos junto destes e manter as

vendas em ascensão e com boas perspetivas futuras.Ciente de que as motas de enduro serão o futuro da sua empre-

sa, António Pinto tenciona continuar a apostar neste produto, “sem-pre dentro do conceito de inovação”, que o diferencia dos restan-tes, e planeia abrir-se a novos mercados. “Em 2013 vamos entrar na Indonésia, na Malásia e no Canadá”, frisou.

No arranque deste ano, a empresa está a apostar em trabalhar as-siduamente os mercados, revendo para isso a sua estratégia comer-cial. “Até agora foram sempre os clientes que vieram até à AJP mas já estamos a trabalhar no sentido de irmos nós até eles”, enfatizou.

Organização é a palavra de ordem para este ano na AJP. A con-solidação financeira da empresa já lhe permite apostar em meios técnicos e humanos para ser capaz de corresponder às expectati-vas dos clientes mais exigentes e produzir motas de qualidade, “que se destaquem das restantes”.

Mercado internacional salva AJPMotos de Penafiel correm do Brasil ao Japão

Projeto AJP nasceu há um quarto de século na freguesia de GalegosCom atividade há 25 anos, a AJP nasceu na freguesia

penafidelense de Galegos – terra natal do fundador – mas em 2004 mudou-se para um espaço em Lousada, apesar de continuar a ter sede social em Galegos. “Nasci e gos-to muito de Penafiel. Gosto muito da minha terra e sempre senti todo o apoio das entidades locais, que têm demons-trado um grande carinho pela nossa empresa”, frisou o res-ponsável da AJP.

Começou a produzir 80 motos por ano, “essencialmen-

te para consumo interno”. Ao longo dos anos foi aumen-tando a produção que, em 2012, já chegou aos 800 veícu-los de duas rodas.

Com um único modelo disponível até 2009, o cenário altera-se nesta altura, ano em que entra no capital da AJP a Portugal Venture e passam a produzir três modelos.

Emprega 20 pessoas e tem no seu fundador o pilar mais importante da empresa, por quem passam todos as deci-sões de conceção, produção e comercialização.

repórterdomarão | janeiro'13 07

Page 8: Revista Repórter do Marão

Em ano da entrada em vigor da nova lei de limi-tação de mandatos, as principais forças políticas da região do Tâmega e Sousa desenvolvem ações para apresentar ganhadores candidatos às eleições autárqui-cas que se avizinham. Em pano de fundo, está o fim dos mandatos de autarcas que, em alguns casos, che-garam a durar vinte anos.

A nível nacional, cerca de metade dos autarcas eleitos em 2009 não se poderão recandidatar por atin-gir o limite de mandatos – três ou mais consecutivos. Nos doze concelhos da Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa (CIM-TS) a nova lei trava cinco recandidaturas: Amarante, Lousada, Penafiel, Resende e Cinfães. Na região adjacente, há ainda o caso de Cabeceiras de Basto, onde o autarca socialista presi-de à câmara municipal desde 1993. Em vários casos, a solução passa por apontar os atuais vice-presidentes como a principal escolha dos partidos maioritários nos executivos municipais.

Contudo, persistem ainda dúvidas sobre a aplica-ção da lei, já que não é claro se o limite de mandatos se aplica ao candidato ou ao território do órgão a que se candidata. A questão é colocada, por exemplo, em casos em que autarcas em limite de mandatos se can-didatam a concelhos vizinhos – são conhecidos os ca-sos do autarca de Gaia que promete candidatar-se no Porto e eventualmente o de Sintra que pondera apre-sentar-se em Lisboa. Caberá aos tribunais, na fase da apresentação das listas, decidir sobre a interpretação da lei. Porém, admite-se que as decisões possam ser diferentes de concelho para concelho, o que pode ori-ginar uma verdadeira “corrida” ao Tribunal Constitucio-nal para apreciação dos respetivos recursos.

Amarante: Candidaturas independentes baralham estratégias do PS e PSD

Amarante: O atual presidente Armindo Abreu (PS) atingiu o limite de mandatos e Dinis Mesquita, advo-gado e antigo vereador socialista, foi indigitado como candidato do PS. Por seu lado, os sociais-democratas amarantinos já aprovaram o perfil do candidato mas o anúncio só deverá ser apresentado em fevereiro. Sem dúvida que o lançamento de potenciais candidaturas independentes de pessoas próximas dos dois principais partidos veio baralhar as estratégias quer do PSD quer do PS. Um caso a seguir.

Baião: José Luís Carneiro (PS), atual presidente da autarquia, recandidata-se ao seu terceiro mandato en-quanto a concelhia social-democrata apontou o nome

de Luís Sousa como o seu candidato à Câmara Munici-pal nas eleições deste ano, a realizar no último trimestre.

Castelo de Paiva: O socialista Gonçalo Rocha, atu-al presidente da câmara municipal, cumpre o primei-ro mandato e recandidata-se. Os sociais-democratas apontam o bancário e atual vereador na oposição Nor-berto Moreira (PSD) como a sua escolha.

Cinfães: José Manuel Pereira Pinto (PS), atual presi-dente, atingiu o limite de mandatos e cessa a vida au-tárquica. O PS local ainda não decidiu se candidata a vereadora Fátima Sousa ou o ex-presidente da junta de Souselo, Armando Mourisco. Do lado do PSD, o en-genheiro Manuel Pinheiro, atual presidente da comissão política, é o candidato mais provável. O PP deverá tam-bém apresentar candidato.

Felgueiras: O presidente Inácio Ribeiro (PSD) vai no primeiro mandato e renova a sua candidatura, enquan-to Eduardo Bragança (PS) foi aprovado como a esco-lha socialista.

Lousada: O jurista Pedro Machado (PS), vice-presi-dente da autarquia, será o candidato para perpetuar o mandato socialista, após o limite de mandatos do atual presidente, Jorge Magalhães, no poder há duas déca-das. O PSD, na oposição, aprovou a candidatura do ve-reador Leonel Vieira.

Marco de Canaveses: A comissão política conce-lhia do PSD já anunciou, em comunicado, que Manuel Moreira (PSD) é o seu candidato para Autárquicas'2013. A recusa de Marco António Costa (PSD) à candidatura a Gaia baralhou as contas sociais-democratas do dis-trito do Porto. O nome do atual presidente de câma-ra do Marco ainda surgiu na imprensa, no meio de al-guma especulação, alegadamente lançada por gente do próprio partido, mas tanto a concelhia marcuense como o autarca afastaram liminarmente essa hipóte-se. O socialista Artur Melo e Castro (PS) apresentou a única candidatura dentro do PS Marco mas um empa-te de votos travou a decisão. O presidente da comis-são política socialista acredita ser possível encerrar o processo de escolha do candidato até ao final do mês.

PSD no Vale do Sousa sem novidadesPaços de Ferreira: O presidente da autarquia, Pe-

dro Pinto (PSD), candidata-se a novo mandato, que será o último. O independente Humberto Brito, atual vere-ador na oposição, é a escolha da concelhia socialista.

Paredes: Celso Ferreira (PSD) candidata-se tam-bém pela última vez. Do lado do PS, a escolha recaiu sobre o independente Elias Barros, presidente da jun-

ta de freguesia de Rebordosa que, com uma candida-tura de última hora, afastou da corrida Raquel Moreira Silva – uma vereadora que se afastou do PSD nos úl-timos tempos.

Penafiel: O vice-presidente da autarquia, Antoni-no Sousa (ex-vereador em representação do CDS-PP, partido que concorre coligado com o PSD há vários mandatos) foi aprovado como o candidato da coliga-ção penafidelense. O atual presidente social-democra-ta, Alberto Santos, chegou ao termo da vida autárquica. O advogado André Ferreira será o adversário socialista de Antonino Sousa nas eleições penafidelenses.

Resende: António Borges (PS), que há 12 anos aca-bou com o domínio social-democrata de décadas na-quele município da margem sul do rio Douro, chega ao limite de mandatos. O médico Manuel Trindade já foi anunciado como o candidato PS. A comissão política do PSD local só no início de fevereiro definirá o perfil do seu candidato.

Joaquim Barreto substituído emCabeceiras de Basto ao fim de 20 anos

Cabeceiras de Basto: China Pereira (PS) é a escolha socialista para suceder a Joaquim Barreto, que atingiu o limite de mandatos, depois de 20 anos de governa-ção. O professor aposentado Mário Leite foi indicado como a escolha social-democrata.

Celorico de Basto: A comissão política do PSD ce-loricense deverá anunciar a recandidatura de Joaquim Mota e Silva a um segundo mandato. Por seu turno, a concelhia socialista escolheu o advogado António Jo-aquim Bastos e o CDS-PP também apresentará como candidato um advogado, Luís Castro Leal.

Mondim de Basto: A concelhia socialista indigitou o atual presidente de câmara, Humberto Cerqueira, como candidato a um segundo mandato. O PSD, par-tido que dominou a autarquia anos a fio, adiou a deci-são para o próximo mês.

O adeus ao poder

autárquicas 2013

08 janeiro'13 | repórterdomarão

Texto de Paulo Teixeira Fotos de Arquivo

ArmindoAbreu

Alberto Santos

JorgeMagalhães

António Borges

PereiraPinto

Page 9: Revista Repórter do Marão

CUIDADOS DE SAÚDE

MAIS PRÓXIMOS

DA POPULAÇÃO

HOSPITAL DE AMARANTE

CUIDADOS DE SAÚDE

MAIS PRÓXIMOS

DA POPULAÇÃO

Page 10: Revista Repórter do Marão

O Hospital de Amarante geranova dinâmica sócio-económica em toda a região do Tâmega

José Luís Catarino, presidente do CA do CHTS

Reclamado há já muitos anos pelas populações, o Hospital de Amarante é já uma realidade. Ao fim de três anos como presidente do Conselho de Administra-ção (CA) do CHTS, considera ser esta a obra deste man-dato?

Sem dúvida que é a obra mais emblemática. Não fomos nós quem a iniciou, ou a projectou, mas tivemos a honra de a fazer crescer e de colocar ao serviço das populações uma estru-tura desta dimensão e qualidade. O novo Hospital de Amarante constitui uma enorme mais-valia para a região, não só ao nível dos cuidados de saúde, mas também como criador de uma nova dinâmica sócio-económica em toda a envolvente, com a criação de postos de trabalho di-rectos e indirectos.É uma obra de extrema importância para o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), mas gostaria de destacar, também, a abertura do novo serviço de Urgência do Hospital Padre Américo, um investimen-to de quatro milhões de euros que se traduz num incremento extraordinário na qualidade do serviço prestado e no conforto para os doentes.

Contabilizado a partir da data anunciada quando ainda em plano ou após o lançamento da primeira pedra, tem-se falado num atraso na abertura da nova unidade. Afinal, a que ficou a dever-se este atraso?

Não vou falar dos compromissos assumidos quer pela tutela, quer por anteriores conselhos de administra-ção, mas do que posso falar é que, quando este conse-lho de administração tomou posse, em Abril de 2010, o prazo apresentado era que a obra estivesse concluí-da até ao final do primeiro semestre de 2011, preven-do-se que pudesse abrir até ao final do ano. Ou seja, a partir dessa data, poderemos falar num atraso inferior

a um ano, uma vez que, em Maio, tínhamos já a funcionar a Consulta Ex-terna e o Ambulatório de Psiquiatria.E este atraso, de cerca de um ano, explica-se pelo imenso rigor que impusemos à realização desta obra. Durante me-ses, medimos e confron-támos os materiais efec-tivamente utilizados na obra com o que estava orçamentado e os cerca de 30 milhões de custo total correspondem, de facto, a valores reais. Não pagámos estimati-

vas, pagámos o custo real. Foi uma contabilização ao milímetro!

Que serviços estão já a funcionar e o que falta ainda?

Neste momento, todas as áreas assistenciais estão já em funcionamento: serviço de urgência, consulta externa, internamento e o bloco operatório. Aguar-damos a discussão com a Administração Regional de Saúde do Norte do Contrato-Programa para 2013 para definir o incremento da capacidade e da oferta do novo hospital.

Este hospital é definido como um hospital de proximidade, onde a cirurgia de ambulatório está em destaque. Qual é a mais-valia da cirurgia de ambulatório?

A cirurgia de ambulatório é a evolução da cirurgia, traduzindo-se numa maior comodidade e seguran-ça para o doente. Sem internamentos prolongados, reduzindo drasticamente o risco de infecções e per-mitindo que o doente retome a sua vida normal num espaço de tempo muito reduzido em relação à cirur-gia convencional. E isto é o mais importante: a segurança e o conforto do doente. A acrescer a isto temos a possibilidade de aumentar a produtividade cirúrgica, contribuindo largamente para a redução das listas de espera.

Janeiro 2013 | Suplemento CHTS | Revista Repórter do Marão

Page 11: Revista Repórter do Marão

Novo Hospital de Amarantegarante melhoria no acesso

aos cuidados de saúdeCom a abertura, no passado dia 21 de Dezembro, do Serviço de Ur-gência, cumpriu-se um desejo an-tigo das populações de Amarante e dos concelhos e populações do Tâmega. O novo Hospital de Ama-rante está já em funcionamento.

Além da Urgência, estão tam-bém em funcionamento a Con-sulta Externa, o Serviço de Inter-namento, o Serviço de Medicina Física e Reabilitação e a Unidade de Saúde Mental, com o Hospital de Dia e a Consulta Externa de Psiquiatria, os primeiros serviços transferidos para a nova unida-de, ainda em Maio do ano passado.

O Hospital de Amarante, que vem substituir o ve-lho Hospital de São Gonçalo, está ainda dotado de três blocos operatórios, vocacionados para a cirur-gia de ambulatório e que é o motor de um novo modelo hospitalar centrado no doente: o hospital de proximidade.

Construída de acordo com os mais recentes pa-drões da evolução da arquitectura hospitalar, a nova unidade assume, assim, a importância da cirurgia de

ambulatório, como garantia de eficácia e qualidade e de uma maior comodidade para o doente. A par do desenvolvimento do conceito de ‘clínica de um dia’, em que, numa única visita ao hospital, o doente tem a consulta, faz os exames complementares necessá-rios e recebe a adequada orientação terapêutica.

O novo hospital proporcionará à população de Ama-rante uma melhoria na acessibilidade aos cuidados de saúde, com uma redução substancial dos tempos de espera, quer para consultas, quer para cirurgias, sempre com o apoio dos restantes equipamentos e

serviços do CHTS, nomeadamente ao nível do Internamento e da Urgên-cia Médico-Cirúrgica.

Com um investimento total que ronda os 30 milhões de euros, o novo hospital é custeado em 52 por cento por fundos comunitários no âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional e os restantes pelo Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa.

Instalado na freguesia de Telões, junto à Variante do Tâmega, o novo Hospital de Amarante dispõe ainda de um heliporto.

Suplemento CHTS | Revista Repórter do Marão | Janeiro 2013

Page 12: Revista Repórter do Marão

UNIDADE DESAÚDE MENTALDispõe de oito gabinetes de Consulta e quatro camas para o Hospital de Dia, que está já a funcionar nestas instalações desde Maio do ano passado.O novo hospital dispõe, também, de um Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, equipado com amplos ginásios e com uma estrutura adaptada para responder às necessidades específicas da população.

CONSULTAEXTERNADotado de 26 gabinetes, introduz novas especialidades relativamente às disponibilizadas nas antigas instalações – Pneumologia, Neurologia, Endocrinologia, Gastrenterologia, Oftalmologia, Otorrinolaringologia, Estomatologia, Urologia e Cirurgia Plástica.

SERVIÇO DEURGÊNCIAA funcionar em articulação com o Hospital Padre Américo, o Serviço de Urgência Básico está equipado com as mais modernas tecnologias, proporcionando cuidados de saúde de elevada qualidade.

Instalado na Quinta da Lama, em Telões, o Hospital de Amarante ocupa um terreno com 75 611 metros quadrados e o edifício tem uma área bruta de 23 mil metros quadrados.Dispõe de estacionamento para 250 viaturas e de um auditório com capacidade para 108 lu-gares.Com assinatura do arquitecto David Correia, o projecto teve em consideração o espaço envol-vente, em que ficou “perfeitamente integrado”, num processo que passou, também, pelo tra-balho ao nível da arquitectura paisagística.

Edifício integrado na paisagem

Page 13: Revista Repórter do Marão

SERVIÇO DEURGÊNCIAA funcionar em articulação com o Hospital Padre Américo, o Serviço de Urgência Básico está equipado com as mais modernas tecnologias, proporcionando cuidados de saúde de elevada qualidade.

BLOCOOPERATÓRIOEquipado com três salas de operações e uma Unidade de Recobro equipada com 16 camas e seis cadeirões, o novo hospital segue as mais modernas tendências da gestão de Saúde. Aposta na Cirurgia de Ambulatório permitindo mais rápido acesso e melhor qualidade no tratamento. O combate às listas de espera será uma realidade.

SERVIÇO DEINTERNAMENTOComposto por 60 camas distribuídas por 30 quartos individuais e 15 enfermarias de duas camas, revolucionário na qualidade e humanização dos cuidados prestados aos doentes, apresenta uma organização que favorece a redução das infecções nosocomiais.

O Hospital de Amarante é uma unidade de Saúde com Certificação Energética Classe A (O valor máximo é A+).O edifício foi construído tendo em conta estratégias bioclimáticas na arquitectura do edifício, como o bom isolamento e calafetagem da envolvente e utilizados sistemas e equipamentos de alta eficiência energética que permitem a recuperação de calor e a redução das perdas de energia.

Unidade de Saúde com Certificação Energética Classe A

Page 14: Revista Repórter do Marão

Amarante pode transformar-senum “cluster” da saúde

Armindo Abreu acredita que novo hospital criará uma nova dinâmica no concelho

Empenhado desde o início na construção de um novo hospital na região, o presidente da Câmara de Amarante, acredita que a nova unidade será uma mais valia para o concelho, onde, acredita, poderá desenvolver-se um verdadeiro "cluster" da saúde.

“Com a abertura do novo Hospital, o novo projecto de Cuidados Continuados da Misericórdia e a iniciativa privada poderá criar-se em Amarante um 'cluster' de saúde muito interessante”, afirma Armindo Abreu.Relativamente à localização da instituição, o autarca refere que “o novo Hospital será de fácil acesso quer pela população de Amarante, quer pelas populações dos outros concelhos que lhe estão adstritos”. É uma mais valia para a região, reforça Armindo Abreu. “Acredito que o novo hospital trará uma nova dinâmica para a zona uma vez que as pessoas tendem a instalar-se em locais onde já existam os serviços básicos, particularmente nas áreas da educação e saúde. Além disso, trará para o concelho aquilo que todas as autarquias procuram: emprego qualificado e serviços de maior qualidade”.

O presidente da Câmara Municipal de Amarante acredita que “embora possa existir alguma ligação sentimental ao velho Hospital São Gonçalo, ela será ultrapassada assim que a população verificar que com o novo Hospital haverá uma maior e mais qualificada oferta de cuidados de saúde”. E reforça que, “confrontada com a possibilidade de ser atendida em Amarante em consultas de especialidade, que actualmente só existiam em Penafiel ou no Porto, a população perderá qualquer nostalgia que a ligue às velhas instalações”.

Assumindo que o apoio dado à construção do novo hospital por vezes lhe trouxe alguns dissabores e que não deixará de chamar a atenção para o que considerar não estar correcto, Armindo Abreu lembra que, quando acordou com o Ministério da Saúde a construção do hospital fê-lo “acreditando que era a melhor solução para a região. Os cuidados hospitalares seriam assegurados pelas duas unidades pertencentes ao Centro Hospitalar Tâmega e Sousa – Hospital Padre Américo e Hospital de Amarante. Acreditei que iria sentir-se uma melhoria dos serviços de proximidade”.

Com mais de 400 anos de história, o Hospital de Amarante tornou-se uma referência na saúde da população da Região do Baixo Tâmega. Criado para prestar cuidados aos peregrinos, aos enfermos e aos pobres, este Hospital, originalmente pertencente à Santa Casa da Misericórdia de Amarante, foi determinante nos primórdios dos serviços sociais e de apoio aos mais carenciados.Centenas de anos permitiram uma evolução generosa da instituição, estes são os marcos da sua história.

1565 – Ano em que são anexadas à Santa Casa da Misericórdia, por alvará Régio de 6 de Setembro, a Casa da Gafaria, Capela de S. Lázaro e Capela de S. Estêvão1578 – Data do testamento de Baltasar Vieira, que doa o padrão de 30.000 reais de juros, pago anualmente, ao Hospital da Vila de S. Gonçalo de Amarante. Este documento é o primeiro registo que dá indicação de uma existência anterior do Hospital de Amarante1809 – O Hospital de Amarante, sito na Rua da Ordem (actual Rua Carlos de Amarante) é incendiado durante as invasões francesasApós o incêndio, o Hospital é transferido para um edifício próximo da Igreja de S. Pedro onde permaneceu até à recuperação das instalações da Rua da Ordem1814 – A Anexação do Hospital da Albergaria do Covelo, permitiu aumentar a capacidade de resposta do Hospital da Santa Casa da Misericórdia nos cuidados aos peregrinos1846 – A 27 de Junho, é comprado pela Santa Casa da Misericórdia o terreno conhecido como “Pardieiros e Casas arruinadas”, junto da Igreja da Misericórdia (actual Lar Conselheiro António Cândido)1850 – A 29 de Setembro, é transferido o Hospital da Rua da Ordem para as novas instalações próximas da Igreja1947 – A Santa Casa da Misericórdia adquire a “Casa das Roçadas” que vem a trocar pelo Quartel Militar e anexos1961 – A 19 de Novembro é inaugurado o Hospital de Amarante (sito no Edifício do antigo Quartel)1974 – Decreto-lei de 7 de Dezembro que estipula a passagem da Administração dos Hospitais

Centrais e Distritais das Misericórdias para Comissões nomeadas pela Secretaria de Estado da Saúde1976 – 8 de Maio, é decidido, por unanimidade, em Assembleia-geral da Santa Casa da Misericórdia de Amarante, a cedência do Hospital e seus anexos ao Estado 1980 – 26 de Dezembro é a data do contrato de arrendamento do edifício do Hospital à Santa Casa da Misericórdia1983 – Em 2 de Março, por despacho do Ministro da Saúde foi elevado de Hospital Concelhio a Hospital Distrital1988 – Primeira obra de aumento do Hospital com a adaptação e ligação da antiga Escola Primária ao Edifício Principal1992 – Em 1 de Agosto, na sequência da extinção dos centros de saúde mental, passa a fazer parte do Hospital de Amarante, o Hospital Psiquiátrico de Travanca 1994 – Após sufrágio popular, o Hospital Distrital de Amarante passa a designar-se Hospital São Gonçalo (por despacho do Ministro Paulo Mendo)2002 – O Hospital de São Gonçalo é transformado em sociedade anónima de capitais exclusivamente públicos, com designação de Hospital de São Gonçalo, S.A. 2005 – O Hospital de São Gonçalo, S.A. é transformado em entidade pública empresarial, com a designação de Hospital de São Gonçalo, E.P.E. 2007 – É criado o Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa, E.P.E. por fusão do Hospital Padre Américo – Vale do Sousa, E.P.E., com o Hospital de São Gonçalo, E.P.E.2009 – Início da construção do Hospital2012 – Abertura do Novo Hospital de Amarante

Será a quinta mudança de instalações, uma nova fase na história do Hospital de Amarante.

Provido dos mais modernos equipamentos, utilizando as tecnologias mais avançadas, o novo Hospital é o resultado da fusão entre modernidade e história.

Uma instituição que marcou uma cidade

Janeiro 2013 | Suplemento CHTS | Revista Repórter do Marão

Page 15: Revista Repórter do Marão

Desde a auto-estrada A4(Saída 15 /Celorico de Basto):Sair na saída 15 do nó Oeste da A4, em direcção a Celorico de Basto (Via do Tâmega/Variante EN 210) Seguir em frente nas quatro rotundas seguintes (Outeiro, Barracão/Madriane, Ponte do Pego e Vila Meã/Zona Industrial de Vila Garcia) Hospital à direita depois da última rotunda; Desde o Alto da Lixa / Felgueiras(Pela EN 15):Seguir em direcção a Amarante e na rotunda da Ponte do Pego sair na terceira saída, para Celorico de Basto (Variante EN 210) Na rotunda seguinte, sair na segunda saída, o Hospital fica à direita; Desde Celorico de Basto(Pela Variante EN 210):Seguir em direcção a Amarante pela Variante do Tâmega O Hospital fica à esquerda, logo após o nó de Aboim. Desde o centro de Amarante(Pela via urbana, antiga EN 15):Seguir em direcção a Lixa e Felgueiras e rotunda de Ponte do Pego Na rotunda, sair na primeira saída à direita Na rotunda seguinte (Vila Meã/Zona Industrial Vial Garcia), sair na segunda saída, o Hospital fica à direita.

Como chegar

Área de influência do Hospital de São Gonçalo:

O Conselho Superior de Estatística define Cirurgia de Ambulatório (CA) como uma “Intervenção cirúrgica programada, rea-lizada sob anestesia geral, loco-regional ou local que, embora habitualmente efec-tuada em regime de internamento, pode ser realizada com permanência do doente inferior a 24 horas”.

Desenvolvida internacionalmente há vá-rias décadas, a CA surgiu em Portugal na década de 90, do século passado. Apesar das inúmeras vantagens e do interesse da tutela em desenvolver esta prática cirúrgi-ca no país, a sua implementação generali-zada tem sido de alguma forma mais lenta do que esperado inicialmente.

O Hospital de Amarante, surge neste pa-norama como uma instituição de ponta, moderna e de proximidade. Assim, ape-trechada com um Bloco com três salas de operações, apresenta-se como uma insti-tuição inovadora que abraça uma prática há muito implementada nos países desen-volvidos.

Vantagens |

Segundo o relatório preliminar da Co-missão Nacional para o Desenvolvi-mento da Cirurgia de Ambulatório, a CA apresenta diversas vantagens agrupa-das em quatro categorias principais:

Clínicas: pela baixa incidência de compli-cações, sejam decorrentes do ambiente (redução de infecções nosocomiais) ou do procedimento em si (recuperação mais rápida do doente que conduz a uma redu-ção significativa de complicações a nível cardiovascular, respiratório, gastrointesti-nal, entre outras);

Organizativas: através da melhoria do acesso dos doentes à cirurgia pela maior facilidade no agendamento cirúrgico, au-mentando significativamente a eficiência hospitalar relativamente à cirurgia de in-ternamento e consequentemente redu-zindo as listas de espera;

Sociais: pela maior rapidez na recuperação do doente, o que permite que mais rapida-mente retome as suas actividades diárias;

Económicas: pela racionalização de custos.

De acordo com o mesmo documento, a “CA traduz-se, assim, por um modelo organizativo centrado no utente, que está associado a um significativo incre-mento da qualidade, com aumento da personalização e da humanização dos cuidados de saúde, sendo uma história de sucesso com mais de trinta anos de evolução nos países desenvolvidos.”

A importância da Cirurgia de Ambulatório

Suplemento CHTS | Revista Repórter do Marão | Janeiro 2013

Área de influência do novo Hospital de Amarante:

144 911habitantes

176 672habitantes

GPS41º 18' 6" N8º 4' 48" O

Page 16: Revista Repórter do Marão

HOSPITAL DE AMARANTEQuinta da Lama, Telões4600-758 Amarante Telefone Geral : 255 410 500Fo

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Page 17: Revista Repórter do Marão

repórterdomarão | janeiro'13 19

PORTUCALE (?)Com alguma frequência cíclica ouço vozes crítico/reivindicati-

vas do “norte” que, à espera de um reconhecimento público, lugar mais ao sol, criação de vaga de fundo ou mesmo até de apoio a candidatura a algo que não ousam assumir, falam de coisas que antes terão tido melhores oportunidades de se concretizarem e não o disseram. Fazem-no agora no seu interesse algo egoísta.

Na antinomia que opõem ao “sul” da moirama apõem--lhe uma carga nortenha que pretende parecer abrangente para ganhar dimensão. Ten-tam congregar os concida-dãos da rainha condessa – o Portucale onde a Nação co-meçou - mas raramente ultra-passam a territorialidade tri-peira e seus arrabaldes.

Não é de regionalização que vou falar, pois também é matéria cíclica e raramen-te tratada a sério. Sem um nome que nos mobilize ou entusias-me, pois norte é ponto cardeal e pouco mais, e pior ainda se é ele que se perde ou ele for o tino que se perde, não sei por que es-queceu aquele nome de que eu gosto porque já o era muito an-tes de nós o sermos.

É das acusações centralistas contra o paço, agora já sem ter-reiro, e à sua desatenção, desinvestimento e outras semelhantes para dizer que o «poder» não liga ao norte. Mas, estas referências, citações e exemplos, enfermam do mesmo vício de território.

Não contesto alguma serventia global do que é visado, e até a razão das críticas que comungo mas que preferia mais abran-gentes. Porém, como aconteceu com o aeroporto de Pedras Ru-bras, nada prova que a «dádiva» da ANA ao estrangeiro seja ra-zão directa para a perda de competitividade. Quem quer ganhar dinheiro sabe que ainda há muito potencial neste serviço aéreo, como se prova pela sua classificação, qualidade e evolução, que acompanhei bem de perto, decerto não o desperdiçará (com pa-rabéns ao director Fernando Vieira).

Indo ao “ar”, logo ressaltou o silêncio sobre ligação Lisboa/Vila Real/Bragança que acabou não se sabe até quando ou se para sempre. Fica uma região sem este serviço que tantos benefícios representou. Com preço razoável - tinha algumas deficiências de horários e capacidade operativa – era uma mais valia regional/na-cional barata que, bem planeada, o poderia ser ainda mais.

Também o túnel do Marão com quase dois anos de paragem sem retoma à vista e a auto-estrada que o serve de um lado e do outro que anda aos solavancos. Há algum tempo também arran-caram os últimos carris da ferrovia do Corgo para substituição e reparação da via, mas nada foi feito, acabando em definitivo com os comboios acima do Douro.

São muitos os silêncios cúmplices nestas áreas, onde o que se reclama até poderia ter uma mais valia portucalense. Há porém outras que a cegueira ou estratégia calam e consentem. Foram os atentados ambientais e as aberrações das barragens. É a situa-ção do Douro Vinhateiro. Tudo escapou àqueles arautos, como as adegas falidas, os vitivinicultores sem representação, os institutos vários que sendo daqui por aqui estar o que deveriam gerir, ape-nas estão em termos virtuais ou de poder simbólico. Quando aca-bará em definitivo a A4, da fronteira de Bragança a Amarante, e quanto custará de portagens depois de ter sido destruída a única alternativa? E que dizem eles?

Não é má língua nem inveja, nem sequer animosidade aos que o dizem ou esquecem. Há coisas que temos e eles não, e o con-trário valerá o mesmo. Prefiro pensar no que temos em comum e nos completa, para sermos um Portucale, seja qual for o nome, com quatro identidades que valem muito mais quando se jun-tam. Um Douro, que também é Trás-os-Montes quando de tal não se esquece, e se enriquece quando a ele se junta para asso-ciar o Minho e entrar pelo Douro do mar. Vejam que, se por lá há mar, por aqui há marão.

Relembro agora, para afugentar eventuais mal-entendidos ou erróneas interpretações, e dar um ar diferente ao espírito nacional que nos atormenta, que há uma coisa que nos é comum e que há muito embirro e denuncio, talvez até um mal nacional: não há bu-raco que não se tape que não dê uma lomba ou uma cova. Não sei qual a razão. Ausência de régua ou de óculos? De fiscais ou de engenheiros? De empenho e vigilância ou desleixo e incompe-tência? Mas, para mim, todos os dias elas têm um sabor especial, e disso eles não se sentem descriminados por que têm comboio a sério: de tão abundantes e certas, quando vou ou venho de casa, fica-me sempre a sensação de viajar no comboio que já não há.

Armando MiroJornalista

Montalegre mostra o melhor que o Barroso tem

Montalegre mostra há mais de duas décadas o melhor que o Barroso produz: o fumeiro. Como habitualmente em janeiro, a vila barrosã recebe festivamente os milhares de visitantes e compradores da feira do fumeiro. Assim, acontece pela 22ª vez, de 24 a 27 deste mês. O evento realizar-se-á no Pavilhão Multiusos.

Apesar da abertura do certame ocorrer na quinta feira à tarde, será no fim de semana de 25 a 27 que os visitantes acorrem em maior número. Além da prova (e compra) das iguarias da região – chouriças, alheiras, salpicão e presunto, entre muitos outros produtos de fumeiro – provavelmente este ano Montalegre ainda poderá ter a neve como um motivo extra para a visita.

Serão 86 expositores de variados produtos que, além do fumeiro, ainda apresentam doces e compotas, mel e licores, além do famoso pão de centeio do Barroso.

Indústria do fumeiro está a fixar os casais jovensOrlando Alves, vice-presidente do município e principal estratego do evento nos 22 anos de

existência, revelou na apresentação da feira no Porto, na Casa de Trás-os-Montes, que além da importância económica do evento – mais de dois milhões de euros se forem escoadas as 60 toneladas de produto – a indústria do fumeiro artesanal do Barroso tem o mérito, nada desprezível, de fixar população, sobretudo os jovens.

Segundo o autarca de Montalegre, um concelho com 10.537 habitantes (Censos 2011) e que, como todo o interior do país, perde cerca de dois mil habitantes em cada década, esta indústria tem conseguido atrair os jovens, descendentes dos produtores que começaram a dar nome ao fumeiro

de Montalegre há 22 anos. É a chamada segunda geração de produtores."Este conjunto de produtores jovens dá-nos a garantia de continuidade da feira por muitos anos",

enfatizou Orlando Alves.O vice-presidente reconheceu que a atual crise que arrasa Portugal é um desafio enorme para

travar a emigração desenfreada, só comparável com a vaga dos anos 60. "Estamos como nesse tempo, mas hoje está tudo mais facilitado. Vai-se de autocarro ou avião e não a salto", lembrou.

"Estes jovens estão connosco e não vão emigrar. A sua adesão à indústria do fumeiro dá garantias de que vão ficar em Montalegre e aqui vão viver e trabalhar", afirmou. Para Orlando Alves, os 22 anos da feira do fumeiro têm ainda outro efeito positivo sobre o seu concelho: criaram uma atração pelo território que antes não existia. Lembrou nomeadamente que este evento gerou um aumento de fluxos de visitantes para outros eventos relevantes ao longo do ano, das "sextas-feiras 13" ou dia das bruxas aos congressos de medicina popular de Vilar de Perdizes.

Visitantes em Montalegre criaram negócio e hoje a vila tem hotelaria e restauração inexistente antes das feiras de fumeiro. Os números falam por si, nas palavras de Orlando Alves: Montalegre é hoje o segundo município em números de visitantes, logo a seguir a Chaves, a "capital" do Alto Tâmega.

Os 86 produtores presentes na feira – há no concelho cerca de duas centenas mas muitos criaram as suas próprias redes de comercialização – como a organização gosta de salientar, mantém os mesmo preços desde o arranque das feiras de fumeiro – presunto inteiro a 12 euros, chouriças a 21, alheiras a 13 e o famoso salpicão a 30 euros.

O acompanhamento que a organização faz da saúde animal, acompanhando os porcos desde a nascença até ao matadouro e depois à produção do fumeiro é a melhor garantia de qualidade para os compradores e consumidores.

"Quem for detetado a usar ração na alimentação dos porcos já sabe que não participa na feira", sentencia o principal obreiro das feiras de fumeiro de Montalegre.

22ª Feira do Fumeiro decorre de 24 a 27 de janeiro

opinião | eventos

Page 18: Revista Repórter do Marão

instituições solidárias

António Manuel Lopes Tavares diz-se um “ci-dadão do Porto” com “vida feita na área da ges-tão de empresas e gestão das pessoas”. Formado em Direito, está agora a concluir um doutoramen-to em Ciência Política e a preparar uma tese na qual defende que se está a aproximar uma quar-ta república para Portugal. À Santa Casa da Mi-sericórdia e ao doutoramento junta o cargo de CEO do Parque Tecnológico da Maia e concilia tudo com “disciplina” e “autorregulação”, até por-que, e como o próprio diz, quem “não consegue gerir a sua própria vida não serve para gerir a vida das instituições”.

A Santa Casa da Misericórdia do Porto é uma dessas instituições com muitas vidas para gerir. O

caminho até chegar a provedor começou com a própria participação no associativismo estudantil, nas escolas e universidade por onde passou, até a meio da década de 80 que o levou ao parlamento, enquanto deputado pelo PSD. Mais tarde voltou à Santa Casa, a convite do médico e pai do ‘plane-amento familiar’ Albino Aroso, chegou a vice-pre-sidente e, em novembro de 2010, foi eleito prove-dor, o “mais jovem dos últimos tempos”.

ProvedorUm provedor, “é aquele que provê, aquele que

defende, aquele que tem que estar atento”, expli-ca António Tavares para quem “o que se espe-ra do provedor da Santa Casa da Misericórdia do

Porto é que seja alguém que saiba fazer o com-promisso entre a tradição e o futuro”. Deve ainda defender a cultura de solidariedade na instituição para que a mesma possa auxiliar nos momentos “mais difíceis”, como aqueles em que o Estado passa por uma “crise de identidade sobre como se comportar com os seus cidadãos”. Enquanto pro-vedor, António Tavares espera “receber a institui-ção e, de preferência, deixá-la em melhores con-dições”, concluindo, entretanto, “um conjunto de sonhos”.

Os objetivos do seu mandato estão a ser cumpridos. Conseguiu “fazer um novo ciclo de gestão de liderança na Santa Casa da Misericór-dia, baixar a intensidade do ruído negativo à volta da mesma e fazer com que ela apareça na comu-nicação e junto dos irmãos pela positiva”, relata, enquanto lembra os vários projetos que ajudou a nascer. O “Chave de Afetos”, criado no início de 2011 para apoiar idosos que vivam sós, através de voluntariado e teleassistência, é um deles. Junta-se, entre outros, o “Banco de Vestuário”, criado no fi-nal de 2011, para promover a recolha de todo o tipo de roupa e sua posterior distribuição junto de pessoas carenciadas da cidade do Porto. E ainda o “Centro de Acolhimento Temporário de Emergên-

Misericórdia do Porto socorre mil pessoas por diaAos 53 anos, António Tavares é, desde 2010, o mais jovem provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, uma instituição com mais de cinco séculos que atualmente apoia cerca de mil pessoas por dia. “São pessoas de classe média, pobres envergonhados, pessoas para as cantinas sociais, para o banco de vestuário, para tudo”, vai contando enquanto lembra como o desemprego agravou a pobreza do país que enfrenta um “rolo compressor chamado troika”. Ainda assim, a Santa Casa vai enfrentando a crise com “serenidade, calma, tranquilidade”, nas mãos de um provedor que quer apenas fazer com que, na atual democracia de consumidores, “as pessoas sejam felizes”. Entrevista de Liliana Leandro (texto) | SCMP (fotos)

18 janeiro'13 | repórterdomarão

António Tavares | Provedor conta como a instituição enfrenta a crise, agravada por um "rolo compressor chamado troika"

Nome Completo: António Manuel Lopes TavaresData de nascimento: 17 de novembro de 1959Local de Nascimento: Bonfim, PortoHabilitações literárias: Licenciatura em Direito

Livro: “Da democracia na América”, Alexis de TocquevilleFilme: “Casablanca”Música: “As time goes by”

Page 19: Revista Repórter do Marão

Misericórdia do Porto socorre mil pessoas por dia

repórterdomarão | janeiro'13 19

cia”, que levará o nome do bispo emérito de Setú-bal, D. Manuel Martins, quase a nascer para aco-lher 60 pessoas.

“Tudo isto são ideias que nasceram por causa da crise. Mas são ideias apresentadas pela positiva e ninguém viu ainda a Misericórdia a lamentar-se em praça pública ou a querer deixar de defender os mais fracos”, sublinha o provedor que tem en-contrado de todas as forças políticas “uma gran-de abertura ao que é hoje a atitude da Santa Casa da Misericórdia”, criando-se entre governo e insti-tuição uma “relação positiva”.

O PaísPositivo é também o balanço que faz do seu

mandato, mesmo cumprido em circunstâncias difí-ceis e a executar um orçamento de restrição num tempo em que diariamente batem à porta da San-ta Casa mais pessoas em busca de apoio, de ves-tuário e comida. Ainda assim, mantém-se a “sere-nidade, calma, tranquilidade”, para não assustar as “pessoas que já têm medo que chegue”, acolhen-do-as “sempre com uma palavra de confiança”.

Tal como “todos os portugueses”, António Ta-vares tem assistido “com expectativa” à atuação do atual executivo, salientando alguma “contradi-

ção” que acredita ser motivada pelo “rolo com-pressor chamado troika”. A isso acresce a falta de abertura dos partidos políticos e a contínua suces-são de governos que durará “enquanto as pessoas tiverem como pagar impostos”.

“Estou convencido que estamos nas vésperas de uma quarta república. Estamos ainda a precisar de encontrar soluções que solidifiquem as nossas instituições democráticas e que ajudem a criar um verdadeiro estado, com um pilar forte na área so-cial, na criação de empresas, no crescimento eco-nómico”, defende o provedor. A situação, porém, não é exclusiva a Portugal mas afeta toda a Europa que “está gorda, lassa e não quer trabalhar”.

A FelicidadeNo Porto o desemprego cresce, a pobreza

agrava-se e as pessoas tornam-se “muito depen-dentes”. O que foi outrora o centro industrial do país por excelência está hoje “de rastos” e isso nota-se às portas da Santa Casa da Misericór-dia onde já não são apenas os jovens e os ido-sos a bater, mas “pessoas de classe média, pobres envergonhados, pessoas para as cantinas sociais, para o banco de vestuário, para tudo”. O orça-mento disponível vai permitindo uma “gestão fru-

gal” e o provedor lembra que em 514 anos, os úl-timos tempos são apenas “mais uma crise” a ser ultrapassada tal como “a guerra civil, as lutas libe-rais, as invasões napoleónicas, a primeira guerra mundial e a segunda”.

O mandato de António Tavares frente à San-ta Casa do Porto termina a 31 de dezembro de 2013. Hoje, ainda em janeiro, é “muito cedo” para saber se é um percurso para continuar ou termi-nar. Cumpriu o caderno eleitoral, as linhas orienta-doras, os projetos e os sonhos, os compromissos e até a troika. Mas o melhor, a maior conquista, a realização passa pelo seu próprio “núcleo fami-liar e o que ele representa”. Com um acréscimo: aqueles momentos em que percebe que mudou a vida de alguém, que em determinado momento tocou outra pessoa e com alguma atitude a aju-dou a “ultrapassar alguma dificuldade”.

Porque a “felicidade é um bem muito importan-te”, se conseguisse que as pessoas fossem felizes, “a vida era com certeza muito mais fácil”. E assu-me: “numa sociedade de consumo, de uma demo-cracia de consumidores, as pessoas estão preocu-padas com a sua democracia de consumidores, e é isso que me preocupa e quero ultrapassar, atingir e fazer com que as pessoas sejam felizes”.

António Tavares | Provedor conta como a instituição enfrenta a crise, agravada por um "rolo compressor chamado troika"

António Tavaresladeado pelos antigo eatual presidente da Fundação Gulbenkian, Rui Vilar (esq.) e Artur Santos Silva.

A Casa da Prelada, um dos símbolos do vasto património da instituição; obras de arte (sala do Despacho); concertos e eventos; António Tavares e Paulo Macedo durante a visita do Ministro da Saúde à instiituição, em dezembro de 2012.

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20 janeiro'13 | repórterdomarão

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diversos | crónica

Bibliografia do Distrito de BragançaConfesso que já ando enjoado de

escrever sobre esta miséria política, económica e financeira que coube em sorte a Portugal, e que quero, por isso, variar hoje um pouquinho e dar uma folga à bílis. E variar a sério: em vez de lamentações, pala-vras exultantes – coisa mais rara do que um melro branco nos bárbaros tempos que correm.

Quero saudar uma encomenda que me chegou há dias pelo cor-reio, acompanhada de uma carta do presidente da Câmara de Bragança a situar o oferecimento. A enco-menda em causa são os primeiros quatro grossos volumes de uma obra assombrosa que dá pelo nome de Bibliografia do Distrito de Bra-gança (BdB para os amigos), série “Escritores, Jornalistas, Artistas”, e tem por autor um cabouqueiro ini-gualável da cultura bragançana que é o Dr. Hirondino Fernandes.

Faço desde já uma declaração de interesses: o Dr. Hirondino Fer-nandes é meu muito prezado amigo de longa data; fomos co-autores de sete antologias de textos literários para o ensino do Português; e, com um gesto de grande generosidade, meteu-me naquilo que se viria a re-velar a maior alhada da minha vida (alhada onde de resto ainda con-tinuo metido, com grande aprazi-mento meu, diga-se de passagem). Por isso, o nome do Dr. Hirondino Fernandes não me pode de modo nenhum ser indiferente – e pode-riam por isso julgar que a amizade me faz exagerar. Mas eu sei distin-guir amizade de verdade. Melhor: não deixo nunca que a amizade me obscureça a capacidade de julgar os amigos. Amigos, amigos, negócios à parte – diz o povo. Onde está ‘ne-gócios’, ponha-se agora ‘verdade’.

Feita esta prevenção, direi sim-plesmente que a Bibliografia do Distrito de Bragança é uma obra monumental que, entre nós, só en-contra paralelo nas famosas Memó-rias Arqueológicas […] do Distrito de Bragança, de Francisco Manuel Alves, vulgo Abade de Baçal. As duas obras têm o mesmo fôlego e radicam no mesmo amor à terra trasmontana. Com este trabalho de gigante, o Dr. Hirondino Fernandes ganhou envergadura que permite sem favor colocá-lo em pedestal idêntico ao que ocupa o Abade na nossa gratidão.

Não vou deixar aqui mais oxalás

à BdB. Remeto para o excelente prefácio de outro bragançano ilus-tre, o Doutor Telmo Verdelho, que começa assim: «A Bibliografia do Distrito de Bragança, agora publi-cada, é o resultado e a conclusão de uma jornada de várias décadas, ge-nerosa e ousada, movida certamen-te por um ânimo de ciência, mas também e sobretudo por um grande amor bragançano.»

Nada mais exacto: ciência e amor são as duas traves mestras sobre que assenta a BdB. De algum modo fui acompanhando a evolução do trabalho, porque o Dr. Hirondino Fernandes falava-me dele muitas vezes, ouvia-me e consultava-me sobre um ou outro escritor que lhe estava a ser mais complicado de documentar. E nesse acompanha-mento, muitas vezes me perguntei qual seria a verdadeira mola real da empreitada, se a ciência, se o amor, acabando por me capacitar de que eram ambos por igual.

Mas ao longo das décadas que durou a feitura do trabalho, o amor foi talvez mais posto à prova do que a ciência. A ciência ou se tem ou não se tem; tendo-se, usa-se. O amor é mais exposto e permeável a coisas exteriores: pode ter-se e perder-se, pode perder-se e reacen-der-se. E o Dr. Hirondino Fernan-des encontrou tantas indiferenças e incompreensões pelo caminho que só pela robustez inquebrantável do seu amor a obra não deu consigo em terra. Gentes e instituições que tinham obrigação de cooperar, e não cooperaram… Os próprios beneficiários (alguns dos quais não verão o seu nome escrito em letra redonda em mais nenhum lugar) fizeram-se caros, torceram o nariz ou cerraram os ouvidos aos insis-tentes pedidos do Dr. Hirondino Fernandes… Mas cala-te, boca, que contado não se acredita. Honra à Câmara Municipal de Bragança e ao seu presidente, que corajosa-mente tomaram a seu cargo o ónus da edição da BdB. Que não foi coi-sa pouca.

O resultado aí está. São, na com-putação do Doutor Telmo Verde-lho, cerca de 8.000 páginas, em que são recenseados mais de 5.000 au-tores, a que corresponde um acervo bibliográfico que ronda os 100.000 títulos. Mais palavras para quê?

Nota: Este texto foi escrito com deliberada inobservância do Acordo (?) Ortográfico.

Descubra o mundo com ...

Andreia e Stephanie *

LONDRESLondres é a capital e a maior cidade de Inglaterra e do Reino Unido. É

uma cidade de turismo cultural sendo os museus uma das suas principais atrações. Uma caminhada por Londres revela cabelos de todas as cores, roupas de todos os estilos: solda-dos vestidos como no tempo de Hen-rique VII, italianos, árabes e simpáti-cas senhoras que se reúnem para o chá das cinco.

Com mais de sete milhões de habitantes, Lon-dres é a cidade mais populosa da Europa e, embora o inglês seja o idioma oficial, exis-

tem mais de 250 idiomas.

O clima de Lon-dres é tempera-do oceânico com verões raramen-te quentes e in-vernos raramen-te rigorosos. Esta cidade possui di-versos elemen-tos caracterizado-res, sendo um dos

principais a famosa Torre Big Ben até porque é um símbolo inconfundí-vel desta cidade. A torre tem 96 metros de altura acolhendo o conheci-do Grande Relógio de Westminster. Para além do Big Ben, a Tower Bridge é um ex-libris de Londres: uma ponte levadiça erguida sobre o rio Tamisa que foi inaugura-da em 1894. Desta ponte tem-se uma vista privilegiada para a zona central da cidade.

A companhia área do Reino Uni-do sediada em Londres é a British Airways (BA) onde uma viagem de transporte aéreo para Londres demora cerca de 2 horas e 45 minutos em voo direto e os preços podem variar entre 234 e 315 euros.

* Texto das Alunas do 2º ano do curso Técnico de Turismo Ambiental e Rural da Escola Profissional de Agricultura e Desenvolvimento Rural de Marco de Canaveses

repórterdomarão | janeiro'13 21

Jorge Manuel Costa Pinheiro

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Fundado em 1984 | Revista MensalRegisto ERC 109 918 | Dep. Legal: 26663/89

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Lima (C.P. 6019), Carlos Alexandre Teixeira (C.P. 2950), Alcino Oliveira (C.P. 4286), Helena Carvalho, Daniel Faiões (T.P. 991). Cronistas: A.M. Pires Cabral, António Mota, Eduarda Freitas.Cartoon/Caricatura: António Santos (Santiagu) Colunistas Permanentes e Ocasionais: António Fontaínhas Fernandes, José Carlos Pereira, Cláudia Moura, Armando Miro, Beja Santos, Alberto Santos, José Luís Carneiro, Nicolau Ribeiro, Paula Alves, Alice Costa, Pedro Barros, Antonino Sousa, José Luís Gaspar, Armindo Abreu, Coutinho Ribeiro, Luís Magalhães, José Pinho Silva, Mário Magalhães, Fernando Beça Moreira, Cristiano Ribeiro, Hernâni Pinto, Carlos Sousa Pinto, Helder Ferreira, Rui Coutinho, João Monteiro Lima, Pedro Oliveira Pinto, Mª José Castelo Branco, Lúcia Coutinho, Marco António Costa, F. Matos Rodrigues, Adriano Santos, Luís Ramos, Ercília Costa, Virgílio Macedo, José Carlos Póvoas, Sílvio Macedo.

Marketing, RP e Publicidade: Telef. 910 536 928 - Marta [email protected] | [email protected] e Edição: Registo na ERC nº 223800

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A opinião expressa nos artigos assinados pode não corresponder necessariamente à da Direção deste jornal.

Esta edição foi globalmente escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico. Porém, alguns textos, sobretudo de colaboradores, utilizam ainda a grafia anterior.

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repórterdomarão

artes

22 janeiro'13 | repórterdomarão

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Cartoons de Santiagu

Crise a 3D 2012

[Pseudónimo de António Santos]

VAIDADES DA NATUREZA Rio Tâmega – Amarante Anos 60

Publicação da IV Série

O olharde...

eDuarDO PintO 1933-2009

SENSIBILIDADES

Page 23: Revista Repórter do Marão

LUCIANA e zéDesculpa, mas eu já não conse-

guia atender o telefone. Até man-dei uma mensagem à Graça: filha, não me ligues que pus o telemó-vel mudo, estou farta de ouvir vo-zes que não me interessam para nada. Sim, tirei o pio ao telemó-vel para poder respirar, para po-der pensar com calma, para estar em sossego.

Não tem sido nada fácil. E tenho dormido pouco. Mal me deito só vejo aquele filme a andar à roda, andar à roda, a andar à roda, nun-ca pára, sempre a rodar, sempre a rodar, é um castigo. E a pergun-ta que não me larga: como é que tudo isto foi possível, Luciana?

Sim, como é que isto aconte-ceu, assim tão de repente. Eu não me podia queixar, eu tinha uma vida tão bonita. E a minha Gra-ça teve um casamento tão perfei-to, tão bonito, tão caro, com tanta gente naquela quinta tão antiga, e com piscina e relva aparada e ver-dinha, e tantos chorões à volta. Foi tão bonito, parecia um sonho. Dava gosto ter um genro tão apru-mado, tão boa pessoa, tão jovem e já metido em tantos negócios. E era tão bom ir passear naquele jipe dele, tão caro e tão alto, sabia tão bem sentir-me como uma rai-nha vendo o mundo lá de cima.

Eram tão felizes a minha Gra-ça e o Estêvão. E eu ficava tão fe-liz de os ver assim felizes, de mãos dadas, como se fosse uma teleno-vela mesmo a sério. E eu pensava: ainda bem que o casamento deles foi bem melhor que o meu, que me casei com o Zé, um pobre dia-bo, que sempre se contentou com muito pouco. Para ele está sempre tudo bem.

Se não fosse o Estêvão não nos tínhamos mudado para a casa nova, com o empréstimo ao ban-co, pois é claro. Tudo muito fácil e muito rápido, porque o Estêvão tinha muitos conhecimentos em todo o lado, dava gosto ter na fa-mília um homem tão importante.

É claro que naquela altura eu não estava interessada em ouvir as conversas do meu Zé, que di-zia que era melhor não andar a fa-zer asneiras, era melhor deixarmo--nos estar na casa velha, que tinha um renda muito baixinha, e sem-pre nos serviu, porque é que de re-pente deixava de servir?

Aquela conversa não tinha o mínimo de interesse, dizia eu. En-tão tu tens uma filha tão bem ca-sada, tens um genro com tantos conhecimentos, tantos negócios e

tanto dinheiro, e vais querer con-tinuar a viver num casinha de bo-necas, com portas velhas, e jane-las só com um vidro? Temos de evoluir, homem.

Isto dizia eu, encantada com a mobília nova, com as camas lar-gas, a cozinha toda equipada e duas televisões, uma na sala e ou-tra na cozinha, para não se perder nenhum capítulo da telenovela. Foram tempos muito bonitos.

E, de repente, a roda come-çou a andar ao contrário e nun-ca mais parou. Para mim, o filme principiou no dia em a Graça apa-receu aqui com o cabelo todo no ar, num pranto, muito ofendida, porque lhe tinham dito que o Es-têvão estacionava o jipe em casa da antiga namorada. E eu disse--lhe: menina, tem cuidado com a língua, deixa falar, deixa correr, tudo passa, tudo enfara. Ouve o que te digo.

Mas a Graça não me ouviu. Di-vorciaram-se numa pressa, e a Graça foi viver para longe, para Ar-mação de Pêra, lá nos fundos de Portugal. Por lá ficou e nada sei da vida dela. E o Estêvão juntou--se com a outra, daí a nada já era pai de gémeos, logo dois de uma só vez. E a minha Graça nem um foi capaz de fazer naqueles cinco anos que esteve deitada com ele na mesma cama. Ela dizia-me que era muito cedo para ter uma crian-ça, que queria divertir-se mais um bocado. Era muito cedo, muito cedo, e agora nem um netinho te-nho para me alegrar os olhos. Isto é a gente a falar, e a dizer aquilo que não deve.

A roda continuou a desandar, a desandar, veio esta maldita crise, e o meu Zé deixou de ter patrão, deixou de trabalhar, passou a viver aqui em casa, sentado o dia intei-ro na sala a ver televisão, porque já não tem idade para ir trabalhar para Angola.

Há dias veio aí um sujeito co-lar uma placa enorme a dizer que se vende a minha casa. Agora o meu telefone está sempre a tocar. A menina da agência quer que eu esteja aqui à espera dela para mostrarmos aos clientes a cozinha e a sala e os quartos e os arrumos e a garagem e o sol que nela entra logo de manhã cedo. Que tristeza.

Por isso tirei o pio ao telemó-vel. Fartei-me de morrer aos bo-cadinhos.

António Mota

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A fadista Katia Guerreiro participa a 8 de fevereiro, no Porto [Casa da Música, 21:30], num concerto solidário a favor da Associação Bagos d’Ouro, instituição sem fins lu-crativos que apoia crianças e jovens em situação desfa-vorecida residentes no Alto Douro Vinhateiro. O bilhete custará 18 euros. O concerto solidário de Katia Guerrei-ro, que atuará na Sala Suggia, marca o regresso da artista após a maternidade.

Criada em 2010, a Bagos d’Ouro "apoia crianças entre os 6 e os 18 anos, com elevado aproveitamento escolar, vítimas de instabilidade familiar e de problemas relacio-nados com o alcoolismo". A Bagos d’Ouro atua nos con-celhos de São João da Pesqueira e de Sabrosa.

Alunos do Marco mostram trabalhos sobre Carmen MirandaA Câmara do Marco de Canaveses promoveu o 6º Concurso de Expressão Plástica

"Carmen Miranda" entre os alunos das escolas do concelho. A iniciativa visa apoiar jo-vens artistas e proporcionar-lhes a apresentação pública dos seus trabalhos.

Relacionados com a vida e a carreira da artista que nasceu naquele concelho a 9 de fevereiro de 1909, serão expostos no Espaço Arte do Museu Municipal Carmen Miran-da de 8 a 28 de fevereiro.

Teatro de Lamego assinala quinto aniversárioMúsica, cinema, teatro e o 5º aniversário da abertura da sala de espetáculos du-

riense preenchem a programação de fevereiro do Teatro Ribeiro Conceição, em La-mego. A exposição "Cinco Anos de Vida", que estará aberta ao público durante todo o mês de fevereiro, é uma oportunidade de relembrar os grandes eventos culturais vividos no Teatro desde a sua abertura.

No dia 2 de fevereiro sobe ao palco a comédia "E Tudo o Casamento Levou", com Maria João Abreu e Almeno Gonçalves. No dia 9, a artista Cristina Branco, que dá voz a "Não há só tangos em Paris", apresenta o seu mais recente trabalho musical.

Os pontos altos da programação serão entre os dias 13 e 16 de fevereiro, quando se assinala os 150 anos da primeira edição da obra "Noites de Lamego" com ativida-des dedicadas ao escritor português Camilo Castelo Branco e no dia 23 às 21:30h, no Auditório, aquando da "Noite de Gala" marcada pela habitual cerimónia de entrega do Prémio de Mérito Cultural para se comemorar o 5º aniversário do Teatro.

UTAD ajuda a valorizar produtos transmontanosA Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) vai realizar dois workshops,

no âmbito do projeto "Boas Práticas de Desenvolvimento Empresarial e Processos de Valorização de Produtos Agro-alimentares Tradicionais".

Esta iniciativa, financiada pelo Programa da Rede Rural Nacional, terá lugar nos dias 28 e 30 deste mês, pelas 14:00h, no Centro de Formação Profissional Agrária de MIran-dela (Quinta do Valongo, em Mirandela) e no Banco de Germoplasma da Quinta de S. José (São Pedro de Merelim, em Braga), respetivamente.

Katia Guerreiro em concerto solidárioa favor de associação duriense

agenda | crónica

repórterdomarão | janeiro'13 23

Com um design mais des-portivo, um equipamento mais leve (menos 50 Kg), com meno-res custos de utilização e baixas emissões de CO2, a Toyota lan-çou a Nova Geração Auris.

A nova gama Auris, que a Ca-etano Auto colocou à venda, pretende reforçar a quota do mercado no segmento C, e con-quistar novos clientes com este produto mais dinâmico, mais apelativo e que envolve uma maior confiança. Ao contrário do antecessor, a nova gera-ção do Auris terá uma versão carrinha a partir de junho.

Demonstrando estar atenta ao meio ambiente, a Toyota anuncia nesta gama uma re-dução de 13% das emissões médias de CO2 para apenas 109g/Km.

Em Portugal, estarão disponíveis a versão gasolina 1.33 Dual VVT-i (Active, Comfort ou Exclusive), o diesel 1.4 D-4D (onde a empresa espera atingir as maiores vendas) e o híbrido Auris HSD no modelo Comfort ou Sport. Por encomenda, podem ser adquiri-dos ainda o modelo a gasolina 1.6 Valvematic de 132 cv e o modelo 2.0 D-4D de 124 cv a diesel.

Quanto aos preços e consoante o nível de equipamento, a versão a gasolina varia en-tre 18.160 a 23.750 euros; o diesel entre 21.770 a 26.550 euros e o híbrido entre 25.455 a 27.605 euros.

O Auris introduz na marca nipónica o sistema Stop & Start em dois equipamentos a diesel que consiste em desligar automaticamente o motor quando o carro se imobiliza sendo capaz de recolocá-lo em marcha sem praticamente nenhum som ou vibração o que vai permitir reduzir as emissões de combustível.

Toyota lançou a Nova Geração Auris

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