repórter do marão

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repór ter do marão do Tâmega e Sousa ao Nordeste 10 a 23 fev’10 Barragens destroem o ecossistema do rio Tâmega Nº 1231 | Quinzenário | Ass. Nac. 40€ | Ano 25 | Diretor: Jorge Sousa | Diretor-Adjunto: Alexandre Panda | Subdiretor: António Orlando | Edição:Tâmegapress | Redação: Marco de Canaveses | 910 536 928 Entrevistas com Rui Cortes e Emanuel Queirós p. 6-10 Nuno Higino fala da passagem pelo Marco e da ‘sua’ Igreja Glocal ajuda a criar micro empresas Montaria ao javali conquista jovens ‘Um poeta está sempre atento ao passar do tempo, é uma espécie de vigilante, vela as coisas de dia e de noi- te”. Nuno Higino é poeta. Já foi padre. Fica para sempre li- gado à construção da Igreja de Santa Maria de Fornos, no Marco de Canaveses, um marco na obra do arquite- to Siza Vieira. Aos 50 anos é também professor de filoso- fia; área de estudos que lhe permitiu ser “crítico de uma for- ma mais sustentada”. Pelo meio coordena um grupo de teatro em Felgueiras, colabora com a Casa da Arquitetu- ra a nascer em Matosinhos e escreve livros para crianças. Protestos contra o adiamento do IC 35 * Esta edição foi escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico *

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Maior jornal regional do país - 30 mil exemplares - Distritos de Porto, Vila Real e Bragança

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Page 1: Repórter do Marão

repórterdomarãodo Tâmega e Sousa ao Nordeste

10 a 23 fev’10

‘Barragens destroem o ecossistemado rio Tâmega’

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536

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Entrevistas com Rui Cortes e Emanuel Queirós p. 6-10

Nuno Higino fala da passagem pelo Marcoe da ‘sua’ Igreja

Glocal ajuda a criarmicro empresas

Montaria ao javaliconquista jovens

‘Um poeta está sempre atento ao passar do tempo, é uma espécie de vigilante, vela as coisas de dia e de noi-te”. Nuno Higino é poeta. Já foi padre. Fica para sempre li-gado à construção da Igreja de Santa Maria de Fornos, no Marco de Canaveses, um marco na obra do arquite-to Siza Vieira. Aos 50 anos é também professor de filoso-fia; área de estudos que lhe permitiu ser “crítico de uma for-ma mais sustentada”. Pelo meio coordena um grupo de teatro em Felgueiras, colabora com a Casa da Arquitetu-ra a nascer em Matosinhos e escreve livros para crianças.

Protestos contra o adiamento do IC 35

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Liliana Leandro | [email protected] | Fotos L.L . e Arquivo

repórterdomarão02 10 a 23 Fev’10

“Um poeta está sempre atento ao passar do tempo, é uma espécie de vigilante, vela as coisas de dia e de noite”. Nuno Higino é poeta. Já foi padre. Fica para sempre li-

gado à construção da Igreja de Santa Maria de Fornos, no Marco de Canaveses, um marco na obra do arquiteto Siza Vieira. Aos 50 anos é também professor de filosofia, área de estudos que lhe permitiu ser “crítico de uma forma mais sustentada”. Pelo meio coordena um grupo de teatro em Felgueiras, colabora com a Casa da Arquitetura, a nascer em Matosinhos, e escreve livros para crianças sobre ma-çãs vermelhas, libelinhas que tocam flautas, anjas e lagar-tos que questionam: “onde dormem os pássaros?”.

“Dormem por aí, no meio do mundo”, responde o autor.

| Escritor começou por publicar livros infantis | Nuno Higino terá começado a escrever na adolescência, quando “toda a gente escreve uns desabafos, uns diários, uns poemas”. Mais tarde, “muito tarde”, começou a publicar, “no período final” em que esteve no Marco de Canaveses, cidade onde desempenhou funções pastorais durante 13 anos. Publicava então, em 1998, ‘A mais alta estrela. Sete histórias de Natal’. Às crianças considera ser necessário “dizer-lhes que o mundo pode ser outra coisa diferente do que nos entra pelos olhos todos os dias, sem desprezar e sem perder o sentido da realidade”. Dizer também que há “outras possibilidades, outros horizontes” e perspetivas que “podem dar sentido e cor a este mundo bastante cinzento que é o mundo atual”.

Em 2001 decide deixar a paróquia de Marco de Ca-naveses e em 2005 renuncia ao ministério ordenado, por “muitas razões” que não consegue alinhar. “Houve nessa decisão fatores que me escaparam e que ainda hoje não percebo muito bem”, contou. Não foi uma decisão repen-tina mas “um processo que se foi arrastando ao longo dos anos” e que “causou algum sofrimento”.

Parte então para Madrid, aos 41 anos, para estudar fi-losofia. Inicialmente o destino não era a capital espanho-la mas a Bélgica. Contudo, e como tem “medo de andar de avião” a opção madrilena resultou a mais viável, até porque Nuno Higino é, como descreveu, “muito preso à terra”e “às pequenas leirinhas” que a mãe tem em Felgueiras.

| Mexer na terra é “ansiolítico” | “Tinha e tenho essa paixão pela terra, por tratar das árvores e po-dar. Esses são os meus ansiolíticos, o mexer na terra”, ex-plicou. Ainda assim, “precisava de ir para longe” e afastar-se do espaço que o acolhera. “Estava cansado em todos os aspetos e precisava de criar alguma distância com o que ti-nha sido a minha vida até aí”, contou.

Em Madrid viveu “os seis melhores anos” da vida. “Os melhores no sentido da tranquilidade e ausência da pres-são a que estava habituado na vida paroquial do Marco de Canaveses”. Na universidade, onde concluiu a licenciatura e fez o doutoramento em filosofia, a sua única preocupação

“era ir às aulas, trabalhar, investigar e ler”. A tese fê-la sobre a obra do arquiteto Siza Vieira, uma

pessoa que “admira imenso”, um “homem sábio” com uma “arquitetura verdadeira”.

Volta a Portugal em 2007, envia currículos e é convida-do pela Universidade Fernando Pessoa, no Porto, para le-cionar algumas disciplinas.

Do Marco sente “mais falta das pessoas, de algumas atividades que se faziam e do dinamismo que a paróquia imprimiu à cidade”.

| Nuno Higino prefere não planear demasiado o futuro | Neste meio século de vida, Nuno Higino considera não ter conquistado “nada de importante, para além do amadurecimento”. “Tenho inve-ja das pessoas que dizem que não se arrependem de nada. Eu tenho a consciência que cometi imensos erros”, afir-mou. Porém, admite nunca se ter habituado a “planear de-masiado o futuro”. Tem, sim, “sempre um mapa na mão” mas “não muito pormenorizado”. “Prefiro olhar pela vida fora e quando tenho dúvidas em que parece que o percurso não é correto, paro e encosto um bocado para perguntar”.

No prelo tem uma biografia de Nun’Alvares, em for-mato infantil, e mais três livros infantis (‘Daqui e do mar, eu vou-te contar’ (poesia); ‘Beatriz e o corvo’; ‘Dinis senta-do ao lado de Kaki’) e um ensaio sobre os desenhos de Ál-varo Siza. Já a poesia, aquilo que lhe dá mais gozo escre-ver, “gostaria também de publicar um livro de poemas, mas tem faltado tempo e espírito”.

Ex-padre do Marco e escritor Nuno Higinoquer dar ‘sentido e cor’ ao mundo das crianças

“Um poeta é um vigilante”

O abandono do sacerdócio

“Houve nessa decisão fatores que me escaparam e que ainda hoje

não percebo muito bem”, con-tou. Não foi uma decisão repen-

tina mas “um processo que se foi arrastando ao longo dos anos” e que “causou algum sofrimento”.

Os anos passados no Marco

“[Sinto] mais falta das pessoas, de algumas atividades que se fa-ziam e do dinamismo que a paró-

quia imprimiu à cidade”.

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Liliana Leandro | [email protected] | Fotos L.L . e Arquivo

repórterdomarão0310 a 23 Fev’10

Ex-padre do Marco e escritor Nuno Higinoquer dar ‘sentido e cor’ ao mundo das crianças

“Um poeta é um vigilante”| Obra de Siza Vieira “fala baixinho” | Nuno Higino foi o principal mentor da construção da igre-ja de Santa Maria, no Marco de Canaveses, com um projeto de Álvaro Siza Vieira. O seu vínculo ao arquiteto do Por-to estendeu-se ainda à tese do doutoramento que desenvolveu numa Universidade de Madrid: “Os desenhos de Álva-ro Siza: uma interpretação a partir de Jacques Derrida”. Do arquiteto diz ser uma pessoa que admira “imenso”, por quem tem “uma grande devoção”, um “homem sábio” com “uma arquitetura verdadeira que não cede ao espetáculo”. “A arquitetura do Siza fala baixinho”, sublinhou em entrevista ao Repórter do Marão.

Nuno Higino, professor, escritor e ex-padre, recorda ter ficado impressionado, na sua juventude, com a obra da Casa de Chá da Boa Nova, da autoria de Siza. “É uma obra que está tão encaixada na natureza que dá a impressão que nasceu ali, que apareceu naquele local como as próprias rochas e não houve quebra da harmonia natural das coisas”. Por esse motivo, quando se colocou a questão de construir a igreja do Marco de Canaveses, Nuno Higino, então páro-co naquela cidade, logo sugeriu o arquiteto Siza. Já na altura de decidir o tema da tese, “pareceu óbvio olhar para al-gum aspeto daquele arquiteto a partir da filosofia”. Procurou então “olhar para as coisas menos investigadas, como os desenhos, tentando perceber se teriam influência sobre o corpus arquitetónico de Siza”, explicou.

| Casa da Arquitetura nasce no concelho dos arquitetos | Atualmente mantém a sua ligação à arquitetura, estando a assistir ao nascimento de uma nova associação em Matosinhos que pretende ser “um pólo canalizador de atividade, pensamento e investigação” so-bre esta área. Da Casa da Arquitetura, como se irá cha-mar, espera que venha a ter “um grande impacto nas instituições culturais do Porto”. “Dizem os mais otimistas que poderá ser o tercei-ro apoio das instituições do Porto, ao lado de Serralves e da Casa da Música”. O es-paço irá ainda “promover a reflexão so-bre a atividade”, sendo, além de fun-cionar como “um arquivo de espólio de arquitetos” a ser gerido, mostra-do e aberto à investigação.

Porquê a escolha de Matosinhos para sede da futura Casa da Arqui-tetura? “Matosinhos é o chamado concelho dos arquitetos. Em primeiro lugar porque o grande arquiteto Álva-ro Siza é de Matosinhos, mas há outros como Souto Moura e Fernando Távora”. Para já Nuno Higino está a cargo do se-tor da edição de publicações da casa, além de organizar conferências e espaços de reflexão so-bre arquitetura. “Se esta instituição ti-ver sucesso, e me quiserem, o meu futuro passará por aqui”, rema tou.

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tâmega e sousa

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A ecopista de Amarante, que deverá estar con-cluída em meados de março, e o troço da Li-nha do Tâmega são vistos como “fatores di-

ferenciadores” do turismo de Amarante. “Queremos valorizar a Linha do Tâmega para a mobilidade inter-na e para o turismo porque sei que há gente que gos-ta dos comboios. Sei que há muita gente que gosta de pedestrianismo, e nós temos aqui condições ótimas. Temos uma linha romântica, interessante, da Livra-ção até Amarante”, afirmou o presidente da Câmara de Amarante, Armindo Abreu.

Com cerca de dez quilómetros de extensão a eco-pista para utilizadores de bicicleta, patins ou a pé, ocupa o antigo troço ferroviário da Linha do Tâme-ga, entre Amarante e o apeadeiro da Chapa. Depois, a ecopista segue para Celorico, que também já lançou a obra a concurso, estando previsto que termine em Arco de Baúlhe, Cabeceiras de Basto, num percurso que ultrapassa os 40 quilómetros.

Quanto à Linha do Tâmega, o projeto de requali-ficação “está pronto”, adiantou o autarca ao Repórter do Marão acrescentando que “há condições de o con-curso poder ser lançado a muito breve prazo”. O pre-sidente da Câmara garante não ter “dúvidas nenhu-mas” de que as obras vão mesmo “avançar”.

A funcionar, a Linha do Tâmega “pode permitir in-vestimentos no seu percurso” e contribuir durante o in-verno para a sustentabilidade do equipamento turístico que existe na freguesia de Fregim, considera Armin-do Abreu. Além de que o facto de ser uma linha curta, com 13 quilómetros de extensão, favorece, na opinião do autarca, a existência de horários “muito flexíveis”, fundamentais para a revitalização da ferrovia. “Vivo em Mancelos, uma freguesia que é conotada com Vila Meã, e conheço imensa gente que quando vinha a Amaran-te, vinha de comboio. Se houver boa articulação é muito agradável ir de comboio”, diz o presidente da Câmara.

“Entendo que a Linha do Tâmega pode ser muito potenciada desde que haja uma boa articulação com a Linha do Douro. Uma maneira de fazer morrer a Li-nha do Tâmega é haver horários descoordenados com a Linha do Douro. Se eu sair daqui de Amarante, mesmo num comboio lento, chegar à estação da Livração e me-ter-me num comboio para o Porto faço a viagem numa hora ou uma hora e pico. Agora se eu chegar lá e tiver que esperar duas ou três horas…”, refere o autarca.

O presidente da Câmara de Amarante salienta que as estatísticas mostram que “neste momento, na região, Amarante é o concelho que mais turistas atrai e que tem maior índice de retenção. Gosto sempre de ver muitas pessoas, mas prefiro que venham poucas

e que façam despesa” porque são essas “receitas que ficam” no concelho, destaca.

“É útil para Amarante que toda a região se vá re-qualificando porque hoje um turista não tem paciên-cia para estar muito tempo no mesmo sítio. Eu não quero que Amarante seja melhor ou pior que os ou-tros, quero é que todos se esforcem para termos aqui uma região competitiva”. As potencialidades podem funcionar de forma complementar, o que por vezes já acontece, por exemplo quando muitos dos visitantes da Rota do Românico do Vale do Sousa acabam a co-nhecer o Museu Amadeo de Souza Cardoso.

“Todos os concelhos têm coisas interessantes para atrair turistas. Devemos cada um de nós ter a preocupação de qualificar, até onde lhe for possível, a oferta que já tem e que nunca caia na tentação de re-plicar aquilo que já existe noutros concelhos. Não dá resultado. Todos nós devemos valorizar aquilo que te-mos”, defende Armindo Abreu.

Nesse sentido, a autarquia vai “apostar na di-vulgação cada vez maior do Museu Amadeo de Sou-za Cardoso, museu de arte contemporânea dos mais qualificados do país”. A falta de espaço do museu pa-rece já ter solução, a médio prazo: “estamos a pensar alargá-lo”, explicou o presidente da Câmara de Ama-rante. Paula Costa

Linha do Tâmega e ecopista reforçam apostas do turismo em Amarante

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Page 6: Repórter do Marão

A contestação ao Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroelétrico (PNBEPH) e em particular à construção da barragem de Fridão, pode passar pelo

recurso aos tribunais. Cidadãos dos dois movimentos informais que se opõem às intervenções na bacia do Tâmega equacionam

avançar com a impugnação do processo por estar em causa a destruição do que a lei diz ser um “ecossistema a preservar”.

Os dois movimentos, que têm a decorrer petições na internet, traduzem, para Emanuel Queirós, “a vontade das pessoas,

da região. É a voz do Tâmega”, disse em entrevista ao Repórter do Marão. Membro do Movimento Cidadania

para o Desenvolvimento do Tâmega, e geógrafo de formação, Emanuel Queirós diz que na

perspetiva do PNBEPH, “o Tâmega é pura e simplesmente fragmentado, retalhado”.

O rio “vai ficar condicionado por um interesse hidroelétrico exclusivo”.

A degradação da qualidade das águas é, neste momento, um

assunto “marginal”. Muito crítico do Plano,

Emanuel Queirós, rejeita que ele seja um programa de desenvolvimento da região: “não tem nada a ver com a economia da região. Se o Estado tem interesse em dinamizar o Tâmega, uma das regiões mais atrasadas e periféricas da Europa, aquilo que o Estado devia fazer era procurar conciliar o investimento público com o interesse das dinâmicas locais e regionais. Está a fazer o oposto que é retirar

repórterdomarão06 10 a 23 Fev’10

‘Barragens destroem o ec ossistema do rio Tâmega’Ecologistas prometem impugnar em tribunal a De claração de Impacte Ambiental (DIA) se for favorável à construção da barragem

Paula Costa e Jorge Sousa | [email protected] | Fotos RM | Panoramio | Mov. Cidadania Desenv. Tâmega | Arquivo

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repórterdomarão0710 a 23 Fev’10

‘Barragens destroem o ec ossistema do rio Tâmega’Ecologistas prometem impugnar em tribunal a De claração de Impacte Ambiental (DIA) se for favorável à construção da barragem

Paula Costa e Jorge Sousa | [email protected] | Fotos RM | Panoramio | Mov. Cidadania Desenv. Tâmega | Arquivo

à região tudo aquilo que a região tem de bom, tudo aquilo que lhe deu “sinal mais” e que tem a ver com o rio” e com as suas diferentes potencialidades. Os desportos náuticos e radicais, o atrativo social, de lazer, verificável nas praias, em particular no verão, refletem a importância que o rio tem. E não é só em Amarante”, garante.

| Empobrecimento e visão economicista | Construir as barragens “é um empobrecimento claro e nítido”, afirma, além de que, alerta, se estará “a cometer um erro tremendo em relação à desregulação hídrica de toda a organicidade que o Tâmega tem. E que nós verdadeiramente não conhecemos nem dominamos. O rio tem uma dinâmica muito própria e essa dinâmica está condicionada por fatores que nós não dominamos, não conseguimos controlar”.

Emanuel Queirós diz que o que está em causa é uma “visão economicista” que vê a água como “um recurso renovável”. No entanto, “na perspetiva do desenvolvimento sustentável, a água é um recurso escasso. São duas visões claramente distintas do mesmo problema. Eu entendo, pela minha formação como geógrafo e pelos sinais que a terra dá, que temos que olhar para a terra de forma diferente: como um bem coletivo que deve ser usado e bem usado, e não na perspetiva de qualquer coisa que se consome e que se gasta. O melhor dos nossos bens são os recursos que a terra em si própria contém. A água é um recurso da terra que tem vida própria e que tem um valor acima de qualquer outro bem, como o ar”.

Outro “erro” apontado pelo amarantino que afirma defender apenas os “valores e interesses da terra, do nosso património ambiental e coletivo”, é que sendo a água “um recurso estratégico nacional, o Estado abdique de fazer a gestão do recurso na bacia para entregar a gestão a duas empresas privadas. Deixa de ter esse recurso e essa obrigação que lhe compete de acordo com o que é de lei, para concessionar a gestão do rio a hidroelétricas, uma portuguesa e outra espanhola”.

| INAG “vende” a água de forma “mercenária” | Emanuel Queirós lamenta a posição que o presidente do INAG - Instituto da Água, Orlando Borges, tem tido neste processo e defende mesmo que deveria demitir-se. “É uma opção política [a construção das barragens] defendida pelo presidente [do INAG],

do meu ponto de vista de uma forma absolutamente mercenária. Ele está obrigado a defender a água pelo valor estratégico que ela representa enquanto recurso da terra e não enquanto recurso hi-dráulico e energético”, salientou.

“Aquilo que lhe competia era demitir-se do cargo. Ele não está a cumprir a missão para a qual está determinado, pela missão que incumbe ao INAG, como autoridade nacional da água. A verdade é que ele se posiciona mais no papel do indivíduo que vende água, mercantiliza água, do que daquele que deve pugnar pela defesa dos valores que a água representa em si própria, o valor natural da água. Ele está a permitir e a defender não a água como recurso natural, mas a água utilizada de uma forma artificial, artificializando todo o Tâmega e toda a gestão da bacia do Tâmega”.

| Lei de gestão da água não é cumprida | Um dos argumentos que poderá ser usado pelos cidadãos que venham a agir judicialmente é “o cumprimento da lei em toda a sua medida”. Emanuel Queirós refere-se ao “instrumento de gestão da sub-ba-cia duriense do Tâmega, em que o rio “ tal como existe, tal como está”, é considerado “ecossistema a preservar e ecossistema a re-cuperar e portanto não é com barragens que se preservam e se re-cuperam ecossistemas, pelo contrário, as barragens servem para os implodir, para os destruir”. O ativista diz não ter dúvidas de que os interesses do Plano Nacional de Barragens colidem com “o ins-trumento de gestão da bacia do Tâmega que é o Plano de Bacia do Douro, que é lei”. E deixa a pergunta: “O que é que vale mais, é a lei ou uma vontade governamental?”.

No passado, Emanuel Queirós foi deputado na Assembleia Municipal de Amarante. Hoje afirma ter a noção de que “o poder local não está recetivo” aos argumentos contra a construção de barragens, tendo dado “sinais de alheamento e até de estar contra o combate à barragem”.

Em geral, a população do concelho de Amarante, diz Emanuel Queirós, “está mais esclarecida do que o que se possa pensar. O que ela está é pouco recetiva a manifestar-se. Acho que as pessoas estão dissociadas do modo como o poder é exercido. E convenceram-se que não vale a pena lutar porque não há ouvidos que as oiçam. Eu próprio penso desta maneira”.

Page 8: Repórter do Marão

É um homem ligado ao ambiente. Tanto que, em 1979, trocou Lisboa por Vila Real para estar mais próximo do terreno. Rui Cortes é professor da Universidade de Trás-os-Montes

e Alto Douro (UTAD), é consultor e está a analisar os estudos de impacte ambiental dos empreendimentos que integram o Plano Nacional de Barragens. O docente diz que Fridão tem que ser analisada em conjunto com as quatro barragens do Alto Tâmega e alerta para as graves consequências ambientais, destacando a degradação da qualidade da água.

Enquanto especialista da área do ambiente, qual a sua opinião sobre a Barragem de Fridão?

Esta barragem tem que ser enquadrada com o conjunto das outras barragens do Tâmega. Fridão encontra-se a jusante de outro conjunto de empreendimentos, designadamente Alto Tâmega (Vidago) e Daivões, no rio Tâmega, Gouvães e Padroselos, nos seus afluentes. Vai haver um conjunto total de cinco empreendimentos de grande vulto no Tâmega, mas é preciso não esquecer que ainda existe outra barragem mais a jusante de Amarante, que é o Torrão. O rio vai ficar completamente “regularizado”, um termo técnico que não quer dizer que as coisas melhorem. A qualidade da água vai realmente ser alterada.

Quais os principais impactes provocados pela construção das barragens previstas para o Tâmega e seus afluentes?

Em primeiro lugar o agravamento da qualidade da água. Isto é, uma barragem vai diminuir a capacidade que o rio tem de

depurar os materiais, o que vai resultar numa concentração de poluentes e numa grande degradação da qualidade da água. Esta é uma situação preocupante. Mas depois há todo um conjunto de situações que se poderão suceder como, por exemplo, o aparecimento de algas tóxicas, que surgem em meios com poluição e que põem em risco a utilização da água para regadio direto ou abastecimento público.

Aqui quero salientar um aspeto essencial. É que vai ter que haver um esforço a nível de gestão da bacia hidrográfica no sentido de diminuir a poluição que se verifica atualmente. Só a nível de estações de tratamento de águas residuais existem as de Chaves, Mondim de Basto ou Amarante que funcionam extremamente mal.

Depois, toda a veiga de Chaves leva também uma grande quantidade de nutrientes para dentro

de água e ainda existem várias indústrias agroalimentares de enchidos ou laticínios.

Tudo isto a drenar para o rio. Por isso tem que haver um grande investimento no sentido de diminuir essas afluências ou então temos uma situação dramática do ponto de vista ambiental.

Podemos ter que viver com um rio com um excesso de algas tóxicas que põem em causa todo um conjunto de utilizações.

E a biodiversidade do Tâmega?

Do ponto de vista da biodiversidade as consequências são muitíssimo grandes.

Uma barragem é um meio artificial no qual as nossas espécies

naturais, como os peixes ou os invertebrados,

não se vão adaptar. Por isso, o que p o d e m o s assistir é a uma expansão

“Barragem de Fridão vai a gravar qualidade da água”Entrevista com Rui Cortes, professor da UTAD | Especialista da área do ambie nte critica sucessão de barragens no rio Tâmega

repórterdomarão08 10 a 23 Fev’10

Page 9: Repórter do Marão

“Barragem de Fridão vai a gravar qualidade da água”Entrevista com Rui Cortes, professor da UTAD | Especialista da área do ambie nte critica sucessão de barragens no rio Tâmega

Paula Lima | [email protected] | Fotos Panoramio | Mov. Cidadania Desenv. Tâmega e Arquivo

repórterdomarão0910 a 23 Fev’10

de espécies exóticas. Mas existem outras situações que poderão ser criadas com um meio

inteiramente novo como é uma barragem. O Tâmega, em todo aquele setor que vai ser submerso, tem uma vegetação ribeirinha muito variada e densa. Com a submersão da cortina ripícola, vegetação de transição entre o meio aquático e terrestre, desaparecem todas as espécies que estão associadas, verificando-se, também aqui, uma grande alteração com a substituição de espécies náuticas por espécies exóticas.

Fridão vai ser construída relativamente próxima da cidade de Amarante. Existe mesmo o perigo de rutura da barragem?

Na minha opinião isso é uma questão psicológica. Admito que a cidade de Amarante fique fortemente preocupada, tem toda a razão para isso com a construção da barragem, porque a relação da cidade com o rio vai ser fortemente alterada. Mas, do ponto de vista do risco de rutura da barragem, parece-me que é uma questão secundária.

Lembro que a barragem de Bagaúste fica mais próxima da cidade da Régua do que Fridão vai ficar de Amarante. Existe um grande conjunto de povoações que estão próximas de barragens.

E hoje já existe um cuidado muito grande a esse nível. O próprio INAG (Instituto da Água) e o Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), possuem uma comissão própria de fiscalização das barragens, uma situação que não se verificava há umas dezenas de anos, numa altura em que se verificaram ruturas de barragens, essencialmente de terra e não deste tipo, que são feitas de betão.

Muitos ambientalistas e especialistas dizem que é um “exagero” o número de barragens incluído no plano do Governo. Qual é a sua opinião?

Das dez previstas barragens do plano, apenas foram adjudicadas oito porque não houve concorrentes para duas das barragens. São todas de grande dimensão e correspondem a três por cento da produção energética nacional. É claro que três por cento é um valor pequeno, mas representa uma contribuição assinalável apesar de

tudo. O que é na minha opinião mais preocupante é o facto de três por cento representar aquilo que são dois anos de acréscimos de consumo que se verificam em Portugal. Quer isto dizer que estas duas barragens, ao fim de dois anos, já não compensam o aumento dos consumos energéticos.

As barragens implicam impactos ambientais grandes, mas produzem resultados apenas a curto prazo.

Outra coisa que é preciso ter em conta é que existe um grande interesse em relação aos empreendimentos hidroelétricos porque, em quatro ou cinco anos, o investimento é pago. Na região norte, do Minho até ao Douro, existem quatrocentos pedidos de licenciamento de mini hídricas.

Neste momento estamos mais preocupados com as grandes barragens mas uma sucessão de dezenas ou centenas de empreendimentos hidroelétricos provoca impactos tão grandes como várias grandes barragens.

Qual deveria ser a aposta do país?

Tem havido um aumento das necessidades de energia e não tem havido cuidado a nível da eficiência energética. O que dá dinheiro são os empreendimentos de vulto, mas nós não estamos a apostar a nível de poupança de eletricidade, que continua a aumentar. Era preciso ter cada vez mais cuidados a nível da eficiência.

A sua vida é uma roda viva, sempre de um lado para o outro. Quais são os projetos onde está atualmente en-volvido?

Fui convidado pelo Instituto da Água para ser consultor. Neste momento estou a acompanhar o Sabor e Foz Tua, na questão da minimização dos impactes ambientais destas barragens e ainda a analisar os estudos de impacto ambiental de todas as outras barragens.

Estou também a colaborar com a Administração da Região Hidrográfica do Norte relativamente às questões da monitorização. Definir a rede e o processo de monitorização que vai ser conduzido e que tem que arrancar já esta primavera.

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Pedida a suspensão do EIA de Fridão

O Partido Ecologista Os Verdes propôs, na As-sembleia da República, que a consulta pública da ava-liação de impacto ambiental da barragem de Fridão seja retomada depois do prazo expirar – decorre até 15 de fevereiro – e se prolongue até 30 dias após a con-clusão dos resultados de uma investigação que decor-re junto da Comissão Europeia. Os Verdes lembram que a fase de consulta pública é a última oportunida-de para que os cidadãos e entidades se pronunciem formalmente sobre o empreendimento hidroelétrico de Fridão.

Os deputados Heloísa Apolónia e José Luís Fer-reira solicitaram ainda que seja enviada aos depu-tados a resposta que o Estado português deu na se-quência da notificação da Comissão Europeia, sobre o Plano Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroelétrico, e que seja facultado o acesso ao estu-do independente encomendado pela Comissão Euro-peia, que originou a notificação ao Estado português para prestar um conjunto de informações e esclareci-mentos. De acordo com o que foi dito pela ministra do Ambiente, as respostas a essa notificação seguiram a 15 de dezembro de 2009 para Bruxelas.

Os Verdes solicitaram o conhecimento das res-postas dadas pelo Governo à notificação referida, mas o Ministério do Ambiente e do Ordenamento do Território recusou.

Entretanto, a comissão parlamentar de Ambien-te vai chamar a ministra para prestar esclarecimen-tos em relação ao Programa Nacional de Barragens, de acordo com um requerimento do partido ecologis-ta ‘Os Verdes’ aprovado terça-feira.

No documento, aprovado por unanimidade pelos elementos da Comissão de Ambiente, Ordenamento do Território e Poder Local, ‘Os Verdes’ chamam a atenção para a necessidade de ouvir os esclarecimen-tos da responsável pela pasta tendo em conta as dúvi-das levantadas quanto à avaliação dos impactos am-bientais do programa.

Os impactos ambientais do Programa Nacional de Barragens foram já discutidos em plenário no pas-sado mês de janeiro, na sequência de um projeto de resolução do partido ecologista que defendia a sus-

pensão do plano e a exclusão das infraestruturas pre-vistas para o Tua e Fridão.

| Câmara de Amarante aprova moção apresentada pelo PSD | A Câmara de Amarante aprovou por unanimidade uma moção apresentada pelos quatro vereadores eleitos pelo PSD, que manifesta “a firme oposição à constru-ção da Barragem de Fridão” e a convicção de que com essa tomada de posição a autarquia está “a interpre-tar os mais legítimos interesses dos cidadãos que re-presenta”.

Na moção, aprovada esta semana na reunião de Câmara, e que vai ser enviada à ministra do Ambien-te, diz-se que “estão por provar as vantagens que, ob-jetivamente, o concelho de Amarante obterá com a construção da barragem de Fridão”.

A barragem de Fridão é vista como uma obra que não é um exemplo de “desenvolvimento sustentável”. Pelo contrário, ela representa, escreveram os verea-dores do PSD, a “degradação da nossa qualidade de vida e regressão económica”.

Se avançar a construção da barragem, “corr emos o risco de transformar o rio Tâmega, no cen-tro de Amarante, numa espécie de lago de águas pes-tilentas no verão. Para além, dos graves riscos para a saúde pública, perder-se-á, de forma irreparável, todo o seu bucolismo, devido à artificialização da Ín-sua e das suas margens”, lê-se na moção. “O equilí-brio e harmonia do rio com o Convento e a velha Pon-te, que constituem a imagem de marca de Amarante, que tanto nos distingue positivamente” estarão com-prometidos caso a barragem seja construída.

O significativo agravamento “do fenómeno da eu-trofização, que já ocorre em alguns períodos do ano, com impactes insuportáveis, do ponto de vista da saú-de pública e ambiental, no centro da cidade de Ama-rante” é outro argumento referido no texto aprovado por unanimidade.

“Por questão de segurança das suas pessoas e bens, os amarantinos não poderiam viver numa ci-dade que ficaria a uma cota inferior à albufeira da

Barragem de Fridão, e a uma distância de apenas dez quilómetros”. A moção refere ainda que basta-ria “o sentimento de insegurança (com consequên-cias de nível psicológico não quantificáveis)” para jus-tificar “a não construção desta barragem. Porém, é conveniente lembrar que a ciência e a tecnologia não podem garantir a segurança absoluta deste tipo de obras contra quaisquer condições climatéricas, geo-lógicas, ou outras”.

No início da moção é lembrado que em “várias ocasiões” os órgãos autárquicos e a opinião pública de Amarante pronunciaram-se contra a construção da barragem.

| Novo debate na sexta-feira | A fase de discussão pública do Estudo de Impacte Am-biental (EIA) da barragem de Fridão termina a 15 de fevereiro. A comissão de acompanhamento, cria-da no âmbito da Assembleia Municipal de Amarante, organiza dia 12 um debate com dois especialistas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, um representante da Direção Regional de Agricultura e outro da Proteção Civil. Também está prevista a pre-sença de um técnico que participou no EIA e de re-presentantes da EDP.

O debate é às 21:00, no Centro Pastoral de Ama-rante.

Câmara de Amarante aprovou por unanimidade uma moção apresentada pelo PSD de oposição à barragem

RM - 1231 - 10/02/10

Associação a“Terra dos Homens”

Bazeira de Baixo – S. Gonçalo – Amarante

CONVOCATÓRIA

Nos termos dos Estatutos da Associação a “Terra dos Homens”, convoco os Senhores Associados Coope-radores, Fundadores, Doadores e Colaboradores para a Assembleia Geral Ordinária, que se vai efetuar no dia 06 de março pelas 14:00 Horas, na respetiva sede sita na Bazeira de Baixo – S. Gonçalo – Amarante, com a se-guinte ordem de trabalhos:

1- Leitura e Aprovação da Ata Anterior;2- Apreciar e votar o Balanço, Relatório e Contas da

Direção, bem como o parecer do Conselho Fiscal, relati-vo ao Exercício de 2009;

3- Eleição dos Orgãos Sociais para o Triénio – 2010/2011/2012;

4- Outros assuntos de interesse para a Instituição.

a) As listas para os Orgãos Sociais devem ser apre-sentadas na Sede da Instituição até ao dia 5/03/2010 pe-las 17:00 horas.

Se na hora marcada não estiverem presentes pelo menos metade dos Senhores Associados, con-voca-se a Assembleia em 2ª convocatória, para reunir e deliberar meia hora depois (14h:30m) com o número de Associados presentes.

Amarante, 05 de fevereiro 2010O Presidente da Mesa da Assembleia-geral

(Dr.ª Amélia Maria Gomes Oliveira)

PSD critica “subsídio excessivo”ao Amarante FC

O PSD votou esta semana – na reunião semanal do executivo – contra a atribuição de um subsídio de 142 mil euros ao Amarante Futebol Clube (AFC). Embo-ra reconheçam a importância do clube na promoção e desenvolvimento do desporto municipal, os vereado-res do PSD criticaram a não existência “de qualquer critério para se chegar, com objetividade e transpa-rência”, ao valor a atribuir - 142 000 euros, que é tido como “ manifestamente excessivo”, tanto mais que, no ano transacto foram atribuídos 80 000 euros. Por ou-tro lado, a “conjuntura de dificuldades financeiras que levou inclusive, segundo o Sr. Presidente da Câmara,

a que não pudessem ser atribuídos os habituais proto-colos às juntas de freguesia” foi lembrada pelo PSD.

O contrato-programa de desenvolvimento despor-tivo entre a câmara e o AFC foi aprovado com os vo-tos do PS (cinco em nove). Na proposta levada à reu-nião de Câmara reconhece-se que o financiamento autárquico da atividade desportiva deve privilegiar os escalões de formação, mas é também salientado que a lei permite o financiamento de equipas seniores que não disputem os campeonatos profissionais. O valor do subsídio é ainda justificado com o momento econó-mico difícil que impede a angariação de receitas.

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entrevista I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarão1110 a 23 Fev’10

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I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I tâmega e sousa

Túnel do Marão parado há três meses

O Sindicato da Construção de Portugal (SCP) admite promover uma ação de protesto jun-to ao Tribunal Administrativo de Penafiel

caso o processo do túnel do Marão se mantenha “blo-queado”. A construção do túnel do Marão, obra inte-grada no troço da autoestrada Amarante/Vila Real, está suspensa há três meses, por decisão do Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel.

Os trabalhos no Túnel do Marão pararam em 10 de novembro, por decisão do juiz do Tribunal Admi-nistrativo e Fiscal de Penafiel, devido a uma provi-dência cautelar interposta no início de novembro por António Pereira, proprietário da empresa Água do Marão, que alega que as obras do túnel vão prejudi-car a exploração da água.

A concessionária AutoEstrada do Marão e o con-sórcio construtor (Infratúnel) recorreram da provi-dência cautelar, mas o tribunal manteve em dezem-bro a decisão de parar a construção do túnel, estando a decorrer a apreciação da providência cautelar.

Admite-se nos meios judiciais e empresariais que a decisão do juiz poderá ser conhecida ainda em feve-reiro ou o mais tardar em março.

O tribunal decidirá se as obras vão continuar

suspensas ou se serão retomadas enquanto os tri-bunais apreciarem a ação principal a interpor pela empresa alegadamente prejudicada pela constru-ção do túnel.

| Obras públicas seguram 20 mil postos de trabalho | O presidente do sin-dicato, Albano Ribeiro, afirmou que, se não for des-bloqueada rapidamente a paragem da obra dos dois túneis do Marão, “sindicato, trabalhadores e patrões” farão uma ação “inédita” junto à porta daquele tri-bunal.

“Podemos vir a mobilizar centenas de trabalhado-res para esta ação”, disse o sindicalista, acrescentan-do que assim que uma empresa construtora que se encontra na obra parar, criando desemprego, “o sin-dicato avança com o protesto”.

“Não há razão alguma para as obras estarem paradas”, frisou Albano Ribeiro, que classificou de “inadmissível a empresa Águas do Marão pedir uma caução de 48 milhões de euros quando o custo da obra (túnel) é de 200 milhões de euros”.

A autoestrada Túnel do Marão foi adjudicada por cerca de 350 milhões a um consórcio liderado

pela Somague e vai prolongar a A4 entre Amaran-te e Vila Real.

Para o sindicalista, é “insustentável” continu-ar com esta situação, sendo “o mais importante que aquela obra avance, seja construída, para bem da re-gião e da criação dos postos de trabalho”.

Albano Ribeiro referiu que o avanço de obras pú-blicas como a concessão rodoviária Douro Interior, Transmontana, barragem do Baixo Sabor e autoes-trada Viseu/Coimbra, TGV, requalificação de escolas e novo aeroporto “são pão para a boca” dos trabalha-dores do sector.

“Se estas obras não avançarem, até maio poderão desaparecer 20 mil postos de trabalho”, frisou o sin-dicalista, excluindo nesta contabilidade a empreitada do novo aeroporto de Lisboa.

Relativamente à crise “que se abateu sobre o se-tor em Espanha”, Albano Ribeiro lembrou que o país vizinho “chegou a dar emprego a 90 mil trabalhado-res portugueses e atualmente apenas lá trabalham cerca de 30 mil”.

O sindicalista referiu que, por esse motivo, as-siste-se a “uma grande mobilidade de trabalhado-res para a Europa e fora da Europa, nomeadamen-te Marrocos e Angola”.

Sindicato da Construção admite promover ação de protesto junto ao Tribunal de Penafiel

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repórterdomarão1328 Dez a 11 Jan’10

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Iamarante

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I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I tamega e sousa

O Projeto Caerus está a preparar, em parceria com a Associação das Coletividades do Marco de Ca-naveses, o “Encontro das Associações do Marco de Canaveses”, que vai ter lugar no dia 19, às 21:00, no Auditório Municipal Prof. Emília Monteiro.

No encontro vão ser apresentadas as atividades que o Caerus – Projeto Oportunidade vai desenvol-ver com e para as associações e instituições do con-celho até 2012. Vai ainda ser apresentado e oferecido o Guia para a Dinamização de um Campo de Férias e disponibilizada informação sobre a ocupação dos tem-pos livres de crianças e jovens. Atualmente existem no concelho do Marco de Canaveses “mais de 100” as-sociações.

Criado no âmbito dos Contratos Locais de De-senvolvimento Social (CLDS), da Segurança Social, o Projeto Caerus (nome do deus mitológico da oportu-nidade), é promovido pela Câmara do Marco de Ca-naveses que convidou para entidade coordenadora e executora a Fundação Santo António, Instituição Par-ticular de Solidariedade Social sedeada em Vila Boa do Bispo.

Com uma equipa de seis técnicos (um dos quais a meio tempo), Caerus – Projeto Oportunidade vai em breve ter um espaço próprio, aberto à comunidade. A Fundação Santo António comprou parte de um imó-vel, na Av. Francisco Sá Carneiro, junto aos Correios do Marco de Canaveses. As obras de recuperação de-verão estar concluídas no final de março, altura em que o Projeto Caerus, atualmente a funcionar na sede da Fundação Santo António em Vila Boa do Bispo, de-verá mudar para a casa Caerus.

A orientação geral dos CLDS é a de “promover a inclusão social dos cidadãos de forma multissetorial e integrada, através de ações a executar em parceria” para “combater a pobreza persistente e a exclusão so-cial em territórios deprimidos”. Nesse sentido, e sen-do o Marco de Canaveses um “território deprimido, industrializado e com baixa qualificação”, o Projeto Caerus tem “um plano desenhado a três anos” que abrange ações em quatro eixos de intervenção: em-prego, formação e qualificação; intervenção familiar

e parental; capacitação da comunidade e das institui-ções e informação e acessibilidades, explicou ao Re-pórter do Marão Catarina Santos, coordenadora do Caerus. Aprovado em março de 2009, o projeto iniciou as ações no terreno no verão com a organização de um campo de férias em que participaram 106 crianças, maioritariamente residentes nas freguesias de Alpen-dorada, Constance e Vila Boa de Quires.

“Temos muitas metas”, resume a coordenadora do Caerus. Para já, uma das principais e que será de-cisiva, é “o envolvimento dos diversos parceiros para que as atividades se possam operacionalizar”. Preten-de-se abranger as 31 freguesias do concelho do Marco de Canaveses, “apelar às parcerias, envolver as pesso-as”, o que, à partida, “não é fácil” acrescenta Manuel António Moreira, administrador da entidade executo-ra do Projeto, a Fundação Santo António. O objetivo é “abrir o caminho” às associações, juntas de fregue-sia ou outras entidades para que possam, “de forma autónoma e sustentada” intervir localmente nas áreas abrangidas no plano de ação.

Os 150 mil euros de financiamento anual do Ca-erus provêm de uma percentagem dos jogos sociais atribuída ao Ministério do Trabalho e da Solidarieda-de Social e do QREN - Quadro de Referência Estra-tégico Nacional. No primeiro ano são também atribuí-dos 75 mil euros, para equipamento e obras.

Num trabalho conjunto com a Unidade de Saúde Familiar de Alpendorada, o Projeto Caerus tenciona avançar com a criação de um Centro de Atendimento a Jovens e, por outro lado, sensibilizar para a adesão às dádivas de sangue e de medula óssea, promovendo a adesão do concelho aos bancos dessas dádivas que existem no norte do país.

Noutro âmbito, o Projeto Caerus prevê apresen-tar uma candidatura para um Centro de Apoio Fami-liar e Parental que poderá dar continuidade ao traba-lho do projeto Crianças e Jovens em Ação, a decorrer na Fundação Santo António, no âmbito do PROGRI-DE - Programa para a Inclusão e Desenvolvimento, que termina em junho. P.C.

Caerus prepara encontrodas associações do Marco

A coordenação concelhia do Marco de Ca-naveses do projeto Limpar Portugal espera abranger todas as freguesias do concelho na ação de limpeza de lixeiras no próximo dia 20 de março. Já “há muitas lixeiras sinalizadas”, mas ainda não se sabe ao certo quantas exis-tem em todo o concelho do Marco de Cana-veses, disse ao Repórter do Marão Rui Ma-dureira. Todas as freguesias do Marco têm lixeiras, mas o número e a dimensão desses depósitos improvisados e ilegais de lixo é va-riável.

A coordenação concelhia está numa “fase de sensibilização” das pessoas e entidades. A campanha de 20 de março vai ser divul-gada através de cartazes e de 5 mil convites que vão ser entregues às crianças e jovens que frequentam as escolas dos vários níveis de ensino. O objetivo é que as crianças entre-guem os convites aos pais e dessa forma os mobilizem para a campanha. A ideia da coor-denação concelhia (que reúne às quintas-fei-

ras à noite no auditório municipal do Marco) é “tentar que toda a comunidade participe”. Por cada freguesia foi criado um grupo de trabalho que conta com uma, duas ou três pessoas.

O projeto Limpar Portugal é um movi-mento de cidadãos “que pretende, através da participação voluntária de pessoas particula-res e de entidades privadas e públicas, pro-mover a educação ambiental e refletir sobre a problemática do lixo, do desperdício, do ciclo dos materiais e do crescimento sustentável, por intermédio da iniciativa de limpar a flo-resta portuguesa removendo todo o lixo de-positado indevidamente”.

O movimento Limpar Portugal está aber-to a parcerias com instituições e empresas, públicas ou privadas, que através da cedên-cia de meios humanos e ou materiais, exceto dinheiro, estejam interessadas em dar o seu apoio e participar.

Os interessados em participar como vo-luntários podem consultar o sítio do proje-to na internet, em www.limparportugal.org, onde é disponibilizada informação.

ProjetoLimpar Portugal

também quer acabar com as lixeiras

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repórterdomarão16 10 a 23 Fev’10

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I tâmega e sousa

Deputados e autarcas protestamcontra suspensão do IC 35Estradas de Portugal estuda requalificação da EN 225 entre Paiva e Castro Daire

O s deputados socialistas Nuno Araújo, Glória Araújo e João Paulo Correia questionaram o Governo sobre a decisão de suspender a

construção do IC 35. Também os autarcas de Penafiel e Castelo de Paiva se manifestaram contra a decisão governamental de adiar a substituição da saturada EN106, uma via que atravessa diversos aglomerados urbanos entre Penafiel e Entre-os-Rios.

Nas horas de maior movimento pode demorar cerca de 45 minutos para percorrer os cerca de dez quilómetros que separam Penafiel da ponte de Entre-os-Rios.

Os socialistas enviaram um requerimento para o ministro das Finanças para saberem quais as razões do adiamento da construção do IC35 e se “deve ser imputada a algumas das autarquias envolvidas no processo a responsabilidade pelo adiamento da cons-trução”.

No requerimento é reafirmada a necessidade e importância dessa obra e realçado o facto de que “há sucessivos anos que esta importante via de comunica-ção é relegada para segundo plano”.

Os deputados relembram que “no âmbito da apre-sentação do Orçamento de Estado para 2010, foi anunciada a construção do IC 35, que constituiria uma alternativa a um conjunto de rodovias em particular a EN 106, foi uma vez mais adiada, alegando-se as di-ficuldades económicas do país. Tal facto não deixa de defraudar as justas expectativas das populações visa-das, que sentem diariamente sérias dificuldades nas suas deslocações”.

O requerimento refere o facto de em agosto de 2009 o Governo ter emitido um despacho para que

a empresa Estradas de Portugal “promovesse o con-curso internacional para a construção do IC35” e que “ao fim de vários anos de espera, esta infraestrutu-ra viária parecia estar prestes a ser uma realidade, sendo prometida por sucessivos governantes desde 2001”, inclusive pelo atual ministro das Finanças.

| Ministro falta à palavra | Para o presi-dente da Câmara de Penafiel, Alberto Santos (PSD), a decisão contraria “a palavra” do ministro das Finan-ças, Teixeira dos Santos.

“Recordo que o senhor ministro esteve há poucos meses na região, nas vésperas das eleições, a anun-ciar que tinha dado instruções às Estradas de Portu-gal para que, até ao final do ano, a obra avançasse”, afirmou o autarca penafidelense.

Alberto Santos invoca alegadas declarações públi-cas de Teixeira dos Santos, em Arouca, a 20 de setem-bro de 2009.

“Os políticos não podem dizer aos portugueses uma coisa num dia e outra coisa noutro dia”, insistiu o autarca.

Para o edil, que também preside à Comunidade Urbana do Tâmega e Sousa, esta decisão do Gover-no constitui “uma grande machadada para a região”.

“A estrada que atualmente existe [EN 106] é uma das mais lotadas do país, porque é uma autêntica via urbana que não serve a dinâmica económica e social da região”, observou.

A ligação por autoestrada da cidade de Penafiel à ponte de Entre-os-Rios, integra-se na denominada concessão Vouga, designado por IC35 no Plano Rodo-viário Nacional (PRN).

Os autarcas de todos os concelhos abrangidos por

esta concessão rodoviária (Vale de Cambra, Arouca, Castelo de Paiva, Oliveira de Azeméis, Penafiel, San-ta Maria da Feira, S. João da Madeira e Sever do Vou-ga) já solicitaram, por carta, uma audiência ao minis-tro das Finanças.

Essa via, reclamada há vários anos pelos autarcas da região, é fundamental, na ótica do Vale do Sousa, para melhorar o acesso da cidade de Penafiel a En-tre-os-Rios.

O denominado IC35 facilitaria também a ligação de Castelo de Paiva, e de algumas freguesias do Mar-co de Canaveses e de Cinfães ao nó da A4, em Pena-fiel, cidade onde está instalado o principal hospital da região.

| Estradas de Portugal estuda be-neficiação da EN 225| Entretanto, os pre-sidentes das câmaras de Cinfães, Castelo de Paiva, Arouca e Castro Daire reuniram esta semana com o vice-presidente da Estradas de Portugal (EP), Edu-ardo Gomes, e técnicos da EP com o objetivo de ana-lisar a beneficiação da EN 225, uma via localizada no vale do rio Paiva e que serve aqueles quatro municí-pios.

Os quatro autarcas percorreram esta semana a EN 225, entre Castro Daire e Cinfães, acompanhados pelos representantes da EP e pelos governadores ci-vis de Viseu e Aveiro, aos quais mostraram a degrada-ção em que se encontra aquela estrada.

“O pavimento é velho, tem mais de duas décadas. A estrada precisa, por isso, de um novo tapete betumi-noso, além de outras intervenções que melhorem a se-gurança”, explicou o autarca de Cinfães.

Pereira Pinto mostrou-se agradado com a visi-ta dos representantes da EP e disse esperar que te-nham ficado sensibilizados para a necessidade de obras “numa estrada que serve muitas localidades importantes para os nossos concelhos e que não têm alternativa”.

Entretanto, o autarca de Castelo de Paiva já ma-nifestou a sua preocupação sobre o possível adiamen-to da construção do IC 35, integrado na “ Concessão Vouga “, uma acessibilidade fundamental para o mu-nicípio e para a região, que foi gizada para servir o concelho, através da nova ponte sobre o Douro, esta-belecendo uma ligação rápida entre a A4 em Penafiel, Arouca e Vale de Cambra, em direção à A25, em Se-ver do Vouga.

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paços de ferreira I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarão1728 Dez a 11 Jan’10

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outras terrasI I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I Irepórterdomarão18 10 a 23 Fev’10

Criadas 12 micro empresascom a ajuda do Glocal

Doze micro e pequenas empresas foram cria-das entre 2009 e 2010 na região de Trás-os-Montes e Alto Douro, com a ajuda do projeto Glocal, anunciou fonte da iniciativa.

O projeto Glocal - Empresas Locais com Orien-tação Global tem sede em Vila Real e nasceu em 2003 com o objetivo de facilitar a criação de peque-nas empresas e de novas oportunidades de emprego.

A responsável pela Glocal, Cristina Coelho, refe-riu que no último ano abriram portas 12 novas micro e pequenas empresas, no entanto, salientou que, na maior parte dos casos, eram projetos que já vinham de anos anteriores.

É que, lamentou, o Glocal ficou “sem dinheiro” em 2009, porque no atual Quadro de Referencia Es-tratégico Nacional (QREN) “não há enquadramen-to financeiro para este tipo de projetos”.

As empresas que abriam portas no último ano dizem respeito a lojas gourmet, uma chocolateria, uma escola de ténis, uma empresa de construção civil, um restaurante e um centro comunitário, que está a transformar uma azenha em mercearia, bar e serviços.

Uma dessas lojas foi inaugurada esta semana, em Vila Real, pela empreendedora Sónia Abreu, li-cenciada em Engenharia Zootécnica pela Universi-dade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e diz que não se deixou assustar pela crise económica.

A Mercearia Cesta do Campo é uma loja alimen-tar de produtos tradicionais, regionais, certificados (DOP, IGP, Biológicos), gourmet, celíacos, diabéticos e de comércio justo, contemplando produtos artesa-nais e produtos de fabrico industrial.

“O mais importante é oferecer produtos de quali-dade que preservassem as tradições e a preços aces-síveis”, afirmou a empreendedora.

Segundo Cristina Coelho, todos os empreende-dores estavam desempregados ou à procura do pri-meiro emprego.

De acordo com dados do Instituto de Emprego e Formação Profissional, na região de Trás-os-Montes estão no desemprego 10.071 pessoas.

Até 2009, o Glocal apoiou mais de 100 iniciativas empresariais, que criaram, em média dois postos de trabalho por empresa.

Cristina Coelho salientou ainda que o Glocal, no âmbito de uma parceria com a EDP, começa este ano a trabalhar no Sabor e no vale do Tua para ajudar a promover o auto emprego e o empreendedorismo sustentável nas áreas dos aproveitamentos hidroe-létricos.

A ideia, segundo a responsável, é incentivar as populações locais a aproveitarem as oportunidades de negócio que podem surgir durante e após a cons-trução dos empreendimentos.

O projeto insere-se no quadro das medidas com-pensatórias nas zonas de construção de novas bar-ragens.

O Glocal está ainda em negociação com o Insti-tuto de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e ao Investimento (IAPMEI) para a criação uma solução de apoio ao empreededorismo local para o territó-rio nacional.

O objetivo da iniciativa passa pela criação da Fundação Glocal e a exportação das soluções, numa primeira linha para a Polónia, Cabo Verde e Brasil.

Buzinão contra as portagensem 26 de fevereiro

As comissões de utentes contra as portagens nas autoestradas sem custos para o utilizador (SCUT) anunciaram um buzinão, a realizar a 26 de fevereiro, e que vai abranger vários municípios.

Viana do Castelo, Esposende, Póvoa de Var-zim, Vila do Conde, Porto, Vila Nova de Gaia, Lousada, Paredes e Paços de Ferreira vão ser os municípios envolvidos neste protesto que visa “contestar a instalação de portagens nas SCUT”, anunciou José Rui Ferreira, o porta-voz do movi-mento.

A hora do buzinão “dependerá do fluxo de trânsito em cada uma das cidades”, explicou o di-rigente do movimento que disse também que, e a seguir a este protesto, “serão agendadas novas formas de luta”.

As comissões consideraram ainda importante a participação dos empresários das regiões afeta-das pelas portagens nas SCUT, porque, e dada a crise que o país atravessa, “eles serão muito afeta-dos”, caso o Governo decida mesmo portajar vias como a A28, a A29 e a A41.

Novo Hospital de Amarante cumpre prazos de construção

Os presidentes das câmaras de Amarante, Ce-lorico de Basto, Cinfães e Penafiel e um vereador da autarquia de Baião, acompanharam o presiden-te do Conselho de Administração do Centro Hos-pitalar do Tâmega e Sousa (CHTS), José Alberto Marques, numa visita à obra do novo Hospital de Proximidade de Amarante, em construção junto à variante do Tâmega, em Telões.

O novo hospital vai ter em conta “todos os re-quisitos para que essa política de proximidade possa ser efetiva”, baseando-se numa “filosofia diferente que não é mais do que inverter a lógica das coisas: não se deslocam os doentes, tendencial-mente deslocam-se os profissionais”, disse José Alberto Marques.

GNR e PSD do Douro aprendem inglêsAgentes da PSP e da GNR do Douro vão receber

formação em inglês e conhecimentos gerais sobre o pa-trimónio paisagístico ou patrimonial para informarem melhor os turistas que visitam o território, anunciou o presidente do Turismo do Douro.

A iniciativa foi lançada pela Entidade Regional Tu-rismo do Douro e pretende formar, até ao verão, de-zenas de guardas e polícias dos distritos de Bragança, Guarda, Vila Real e Viseu.

O presidente do organismo, António Martinho, dis-

se que o objetivo é “preparar a região para servir me-lhor o turista”.

Ou seja, segundo explicou, os agentes da autorida-de devem estar preparados para fornecer informações em inglês solicitadas pelos visitantes estrangeiros que a eles recorram, nomeadamente a localização dos princi-pais pontos de interesse, como o Palácio de Mateus em Vila Real, o miradouro de São Leonardo da Galafura no Peso da Régua ou o Santuário dos Remédios em Lame-go, entre muitos outros.

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Manuel Coutinho querconfirmar Montelongo

Muita atenção à concorrência e motivação redobrada para chegar à vi-tória são os objectivos da equipa MCoutinho Rallye no Rali de Barcelos, se-gunda prova do Open de Ralis 2010, a realizar neste fim-de-semana. O nú-mero de inscritos na prova, organizada pelo Clube Automóvel do Minho, é significativo, ultrapassando a centena (102).

Depois do domínio na primeira prova do campeonato, Manuel Coutinho e Manuel Babo acreditam que em Barcelos poderão lutar de novo pelos pri-meiros lugares. O piloto do Marco de Canaveses antevê que as equipas que “têm condições para lutar pela vitória não são poucas”, o que faz prever “um rali muito interessante” e “disputado”, considera Manuel Coutinho.

Feitos os reconhecimentos ao traçado do Rali de Barcelos, Manuel Couti-nho ficou com a certeza de que não vai ser uma “prova fácil”. O Rali de Bar-celos vai atravessar várias freguesias em “classificativas muito rápidas e en-cadeadas”, percorrendo 61,68 quilómetros de provas especiais, divididos por oito classificativas em piso de asfalto. “Como atravessa muitas povoações, os reconhecimentos tornam-se bastante difíceis para quem participa pela pri-meira vez”, explica Manuel Coutinho que vai conduzir o Mitsubishi Lancer Evolution VI.

“Tal como na primeira prova, não escondemos que partimos para Barce-los com o objetivo de lutar pelas primeiras posições”, confessa o piloto. Con-tando à partida com uma concorrência “muito forte”, Manuel Coutinho e Manuel Babo vão à procura de “um lugar no pódio”.

diversos / desporto I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarão1910 a 23 Fev’10

Cabeceiras de Bastotambém aposta no fumeiro

A Festa da Orelheira e do Fumeiro de Cabeceiras de Basto vai comerciali-zar um total de 12 mil quilos de produ-tos como alheiras, chouriças de sangue, salpicões e presunto, disse o presidente do município.

O socialista Joaquim Barreto adian-tou, em conferência de imprensa, que “a comercialização dos enchidos e da ore-lheira, confecionados à base de porco bí-saro, raça autóctone de grande qualida-de, contribuem para a preservação dos produtos genuínos da terra”.

“Esta feira integra-se numa estra-tégia de apoio à agricultura tradicional de qualidade e, simultaneamente, à di-namização sócio económica concelhia”,

disse.A XIV edição da Festa, que decor-

re no pavilhão desportivo de 12 a 15 de fevereiro, é uma iniciativa da Câma-ra Municipal e da Empresa EMUNI-BASTO, regista a inscrição de 60 pro-dutores, dos quais 43 são oriundos de Cabeceiras de Basto e de concelhos li-mítrofes.

O leilão das orelheiras é uma das iniciativas previstas de grande atrativi-dade que se realiza no domingo Gordo, o domingo de Carnaval. Segue-se-lhe a realização do III Concurso do Salpicão e da Chouriça, organizado pela DRAPN - Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte.

Detidos por armas e abateilegal de gado em Mondim

A GNR anunciou a detenção de dois indivíduos, em Mondim de Basto, sus-peitos do crime de posse ilegal de armas e abate ilegal de gado.

As detenções foram efetuadas do-mingo em colaboração com o Núcleo de Investigação Criminal (NIC) de Vila Real e Núcleo de Apoio Operativo (NAO) do Peso da Régua.

Os agentes fizeram buscas em sete

locais e apreenderam 106 velas de gela-munite (dinamite) , 69 detonadores, 64,5 metros de cordão lento, uma carabina calibre nove milímetros, três caçadei-ras calibre 12 mm, um revólver calibre 32, uma pistola calibre 6.35 mm e uma arma de recreio calibre 5.5, bem como cerca de sete dezenas de munições de diversos calibres.

Julgamento de jovensrepetido em Felgueiras

O Tribunal da Relação de Guima-rães ordenou a repetição parcial do jul-gamento de cinco arguidos condenados pelo Tribunal de Felgueiras em julho de 2008, disse esta semana fonte da defesa, representada por Pedro Miguel Carva-lho, advogado de três dos arguidos.

O tribunal superior considerou nula a sentença da juíza de primeira instân-cia, Ana Gabriela Freitas, por incluir fac-tos que não constariam da acusação, noti-ciou esta semana a Lusa.

Segundo os desembargadores, tais elementos não implicaram uma altera-ção substancial dos factos, mas conside-raram que tiveram “relevo para a deci-são da causa”.

Os cinco arguidos tinham sido con-denados pelo Tribunal de Felgueiras a penas entre a multa e os 18 meses de prisão pela prática dos crimes de resis-tência, coação e posse ilegal de arma.

Em causa estava, segundo a acusa-ção, a forma como os indivíduos tinham reagido quando foram abordados por elementos da GNR, a propósito de uma festa que decorria num bairro social de Felgueiras.

O julgamento de primeira instância ficou conhecido por ter originado uma queixa-crime dos arguidos contra a ma-gistrada por alegada discriminação ra-cial, uma matéria que está a ser apre-ciada pela Relação de Guimarães.

Estado apoia requalificação da rede viária em Lousada

O contrato programa assinado en-tre a Câmara de Lousada e a Secretaria de Estado da Administração Local pre-vê a realização de obras num valor pró-ximo dos 2,3 milhões de euros, compar-ticipadas em 582 mil euros pelo Estado. O programa vai permitir requalificar mais de 15 quilómetros de rede viária.

Segundo o presidente da câmara de

Lousada, Jorge Magalhães, as obras de infraestruturação ao nível da água e dos esgotos e o intenso trânsito em zonas densamente povoadas têm degradado muitas vias municipais que este ano vão começar a ser intervencionadas.

O contrato foi homologado pelo se-cretário de Estado da Administração Local, José Junqueiro.

Pavilhão de Lamego será palcode voleibol europeu júnior

Lamego vai ser o palco do grupo C de apuramento para o Campeona-to da Europa de juniores em voleibol, no qual Portugal defronta, de 07 a 11 de abril, a Croácia, Turquia, Estónia, Ucrânia e Finlândia.

O pavilhão desportivo Álvaro Ma-galhães recebe a segunda ronda de qualificação na qual Portugal conse-gue o apuramento direto para a final da Bielorrússia caso seja o vencedor.

Se o conjunto de José Rojas for se-gundo ou terceiro classificado, tem de

disputar a terceira ronda, em grupos de quatro equipas.

“Portugal está inserido em grupos difíceis, compostos por seleções que têm já consolidado um trabalho a lon-go prazo. Teremos de jogar ao melhor nível para aspirar a resultados posi-tivos”, disse Juan Diaz, coordenador das seleções.

Em femininos (final na Sérvia), as pupilas de Gilda Harris competem na Suíça, onde vão defrontar a Alema-nha, Holanda, Bulgária e Espanha.

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repórterdomarão20 10 a 23 Fev’10

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I nordeste

N esta época do ano, os montes e vales da região transmontana são invadi-dos por caçadores e perscrutados por

matilhas para cumprir o calendário venatório. O vício de caçar, aliado ao convívio, é pretexto de força maior para comparecer nas montarias ao javali. Apesar da grande afluência masculina, as mulheres começam a marcar presença.

Na manhã de sábado, os caçadores encon-tram-se na sede da Associação de Caça e Pes-ca da Vila de Argozelo (Bragança). A maio-ria é do concelho vizinho de Vimioso, mas há quem venha do distrito do Porto. “Há menos pessoas [80 inscritos] devido às montarias que decorrem no mesmo dia em localidades pró-ximas. Em 2009, tivemos mais de 120 caçado-res”, refere António Gonçalves, membro da direção. Para os sócios, o valor da inscrição é de 20 euros, enquanto os não sócios pagam 25.

A organização prepara um pequeno-almo-ço reforçado, mais conhecido como mata-bi-cho. Não falta fumeiro e vinho “com limite”, por causa da fiscalização e porque vão usar ar-mas de fogo. Depois das 11:30, os caçadores esperam no átrio, onde se realiza o sorteio das 80 portas. Um a um lá vão tirando os envelo-pes e conhecendo a localização. “Há ainda um Pai-Nosso pelos monteiros que já partiram e o diretor da montaria diz as regras: as peças que se podem abater, não são permitidos za-galotes nem disparar sobre fêmeas grávidas, os caçadores não podem sair do lugar que lhes é destinado nem atirar na direção de outras li-nhas”, explica António Gonçalves.

Caçadeiras e carabinas são as armas per-mitidas e a área da mancha é de dez hectares, sendo os caçadores distribuídos por cinco ar-madas. Carlos Pinto caça desde os 21 anos e “o prazer da caça” corre-lhe no sangue. “O inte-

Montaria ao javali conquistaalguns jov ens, mas poucas mulheresCaçadores reconhecem o sil êncio e a paciência como regras de ouro

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nordeste I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarão2110 a 23 Fev’10

resse já vem dos pais e dos avós. Somos cinco irmãos a caçar.” Há mais de 20 anos que caça em Trás-os-Montes e, de outubro a fevereiro, os fins-de-semana são religiosamente guarda-dos para tal. “Este ano já matei um javali, mas já cheguei a matar quatro num dia”, relata o contabilista de Amarante.

Os monteiros são transportados nos rebo-ques dos tratores e às 12:40 atroa um foguete que dá início à caçada. A partir daí, espera-se em silêncio e vão-se ouvindo tiros, o crescen-do das vozes dos matilheiros e o sino a dar as horas.

| Sinais da Natureza | No monte, a bri-sa fresca obrigava a apertar o casaco, enquanto a vista se espraia pela paisagem. Lá ao fundo, o rio Sabor corre sereno. Nestas lides cinegéti-cas, vale a cumplicidade da Natureza. “As mel-ras dão sinal quando os javalis se aproximam”, diz António Oliveira, 59 anos. “Em solteiro, não era caçador”, depois começou a acompanhar o sogro e aficionar-se. “Já fiz mais de 100 monta-rias e matei três javalis. Não pode haver preci-pitações”, conta este argozelense que caça há mais de 30 anos.Os barulhos nas estevas e o latir forte dos cães são sinais prenunciadores. Do outro lado do vale, vêem-se dois javalis a descer aflitos e os cães no seu rasto. Minutos depois, alguns tiros e, pelo telemóvel, sabe-se que “já os estende-ram”.Os matilhadores percorrem vários quilóme-tros, com coletes refletores para melhor serem vistos. “Ei, vai, ataca”, ordenam aos cães. José Leopoldo, das Veigas de Quintanilha, foi caça-dor, mas aos 36 anos não troca “o gozo de ba-ter por estar à espera”. “Já tive situações de su-bir para a ponta de uma árvore, porque o javali quando fica ferido até ataca as pessoas.” Cada matilhador tem, no mínimo, 25 cães e recebe

250 a 300 euros por montaria. Terminada a ca-çada, José admitia que “não tinha tempo de olhar para as mãos, mas para [ver] onde punha os pés”. “Com monte molhado é sempre mais difícil andar e quando são manchas com mato difícil e encostas inclinadas...” Para os caçado-res, acessos, visibilidade, ruído da água, frio e chuva são os principais obstáculos.

| Adesão feminina | A caça é um des-porto que vai recrutando adeptos ao sexo femi-nino, embora nesta montaria só Ivone Fernan-des tenha estado presente. Aos 20 anos, a jovem de Paçó caça há dois e já fez mais de 10 mon-tarias, porém, nunca matou um javali. “Em al-gumas montarias, as mulheres ainda são discri-minadas. Por exemplo, quando não se atira ao javali, criticam, mas, na maioria das vezes, os co-legas reagem bem e até ficam surpreendidos por ver uma mulher e há cada vez mais a caçar.” Ivone começou a ir às montarias com o pai, o que contribui para que hoje se sinta “completa-mente à vontade”. “É fascinante e interessante. Só quem vive este momento é que sabe”, subli-nha. A primeira vez que se estreou numa mon-taria foi justamente em Argozelo. Na altura, “os nervos eram bastantes e a ansiedade enorme”. “No momento da ação há aquele stress miudi-nho, uma ansiedade incontrolável”, confessa. Por isso, o essencial é ter “paciência e persistên-cia”, ainda que, por vezes, se canse “de estar ali, sem ação nenhuma”.

| Tiros certeiros | Quando um caçador mata um javali pela primeira vez, cumpre-se o Batismo do Monteiro. “As tripas do porco são postas na cabeça do caçador, mas a última vez que fizemos isso foi há quatro anos”, revela An-tónio Gonçalves.Além do ritual de iniciação ser menos frequen-

te, há outras mudanças. As armas e as muni-ções são cada vez mais sofisticadas, há mais informação e regras de segurança mais aperta-das. “Já não há pessoas sem carta e, há 20 anos, eram os cães dos caçadores que batiam o mon-te, praticamente não vinha ninguém de outras aldeias, por isso, levava-se a merenda. Nesse tempo, matar um javali era uma grande novi-dade”, conta António Gonçalves. Se ao ombro carregam a espingarda, no bolso, não falta o telemóvel. “Usa-se para saber onde estão e se já se mataram muitos ou não”, con-ta António Veiga, 42 anos, caçador há 20. Mica-el Cruz já participou em várias montarias, mas esta foi a primeira vez que o fez na sua terra, ainda assim não se estreou a matar. “O impor-tante é estar numa boa porta, ter muita calma, paciência e estar calado”, refere o jovem de 23 anos. Pouco antes das 16:00, as cinco matilhas foram-se cruzando e a montaria terminou. Os caçado-res lá foram guardando as armas, enquanto se queixavam do frio das fragas. Se a expectativa inicial era matar “para aí meia dúzia”, o resul-tado saldou-se pela metade. Óscar Rego, 28 anos, foi um dos que atirou cer-teiro. “Foi tão rápido. A porca saiu no monte oposto, o pessoal começou a gritar e como ti-nha a carabina, disparei.” Caçador há dez anos, o jovem de Paçó já matou “muitos javalis” e ga-rante que basta “estar o mais calmo possível e deixar sempre que a peça se aproxime ao má-ximo”.Com três javalis abatidos, os caçadores regres-sam à sede da Associação para degustar o al-moço tardio, que junta à mesa comensais bem-dispostos e satisfeitos. Manuel Leitão, 45 anos, veio de Vila Verde (Braga) e classificou o conví-vio como “espetacular”. “Caço muito em Trás-os-Montes, mas é a primeira vez que estou em Argozelo e o pessoal aqui é muito bom.”

Montaria ao javali conquistaalguns jov ens, mas poucas mulheresCaçadores reconhecem o sil êncio e a paciência como regras de ouro

Patrícia Posse | [email protected] | Fotos | P.P.

repórterdomarão2110 a 23 Fev’10

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A requalificação da Estrada Nacional 222 (EN 222), que se pretende classificar como via com “va-lor patrimonial” do Douro, vai levar à criação de cinco portas de entrada na região e à construção de uma ci-clovia paralela ao rio.

O chefe da Estrutura de Missão do Douro, Ricar-do Magalhães, disse aos jornalistas que a proposta fi-nal para a requalificação da EN 222, que atravessa a Região Demarcada do Douro, será aprovada durante o mês de fevereiro e que o projeto deverá estar con-cluído até 2013.

A ideia passa pela requalificação da estrada e, ao mesmo tempo, avançar com a sua classificação como via com “valor patrimonial”.

Trata-se, segundo Ricardo Magalhães, de um ins-trumento novo, embora não pioneiro, visto que já exis-te uma estrada no Alentejo que já está a ser trabalha-da nesse sentido.

O responsável destacou o “valor arquitetural” da 222 que se junta à paisagem “única” do Douro Patri-mónio Mundial.

O objetivo é criar pontos de observação, sombre-amentos e parques de estacionamento, eliminando os esgotos a céu aberto, garantindo condições para que

as pessoas possam “parar, fruir e tirar partido do rio”, que corre junto à estrada.

A requalificação da via vai incluir a construção de uma ciclovia entre a Régua e o Pinhão, acompanhan-do toda a marginal do rio Douro, bem como a criação de cinco “Portas de entrada” na mais antiga região de-marcada do mundo.

As portas já foram definidas para as Caldas de Arêgos, em Resende, a zona da rotunda para Lame-go, junto à Régua, o Pinhão, São João da Pesqueira e Vila Nova de Foz Côa.

Agora, segundo Ricardo Magalhães, serão esta-belecidas prioridades e o conjunto de obras que serão feitas em cada uma das portas.

O projeto junta, para além da EMD, a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Nor-te, autarquias, a Estradas de Portugal, a delegação do Douro do Instituto Portuário e dos Transportes Marí-timos, Administração da Região Hidrográfica, Dire-ção Regional de Cultura e Museu do Douro.

O governador civil de Bragança, Jorge Go-mes, anunciou que até ao final da semana vai ser apresentada uma solução para melhorar as condi-ções de segurança no nó do IP4 onde em dois dias morreram três pessoas.

Em dois acidentes, quinta e sexta feiras, as circunstâncias foram as mesmas: a viatura que atravessava o IP4 no cruzamento de Vale de No-gueira colidiu com outro automóvel que circulava na via, causando um morto, no primeiro acidente, e duas vítimas mortais, no segundo.

A gravidade dos sinistros motivou uma reu-nião entre o governador civil, GNR, Estradas de Portugal e a concessionária do IP4, a AE - Auto Estradas XXI, para discutir o assunto.

Segundo disse à Lusa o governador civil, Jor-ge Gomes, na reunião ficou decidido estudar solu-ções temporárias para resolver o problema da se-gurança naquele cruzamento até à transformação da via na Autoestrada Transmontana, que se en-contra em execução.

“Até ao final da semana vamos apresentar uma solução para resolver, ainda que provisoria-mente, o problema”, disse, adiantando apenas que a solução poderá passar por uma rotunda ou

criar um acesso que não obrigue a atravessar to-talmente a via.

O cruzamento em causa é há vários anos alvo de críticas e protestos por ser nivelado e um dos três que o traçado do IP4 apresenta nestas cir-cunstâncias entre Macedo de Cavaleiros e Bra-gança.

Este tipo de situação ocorre só nesta zona do distrito de Bragança e obriga os automobilistas a atravessarem a via rápida para entrarem nalgu-mas direções ou deslocarem-se entre aldeias des-ta zona, mesmo que não queiram circular no IP4.

Em poucos quilómetros, a situação ocorre em Vale de Nogueira, em Quintela de Lampaças e no cruzamento do Azibo, um local de veraneio muito movimentado.

O governador civil disse à Lusa que os ou-tros dois cruzamentos estão também em discus-são, porém aquele que é considerado “mais preo-cupante” é o de Vale de Nogueira.

Segundo explicou, “os automobilistas que se deslocam, por exemplo de Bragada ficam num plano inclinado e têm de chegar-se demasiado à frente para terem visibilidade, o que significa que sem se aperceberem já estão na estrada”.

Rotunda no IP4para evitar mais mortesGovernador de Bragança promete solução para cruzamento onde morreram três pessoas

repórterdomarão22 10 a 23 Fev’10

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I nordeste

Ciclovia no Dourojunto à EN222

O Governo Civil e a GNR de Bragança vão pre-miar os condutores sem álcool com vales de des-contos em estabelecimentos comerciais no âmbito de um projeto para a segurança rodoviária.

A primeira ação decorrerá na quadra de Car-naval, entre 11 e 14 de fevereiro, no concelho de Vinhais, e todos os condutores fiscalizados que apresentem uma taxa zero de álcool no sangue re-ceberão vales de descontos em diversas casas co-merciais do concelho.

Outras ações do género vão repetir-se no dis-

trito de Bragança enquadradas no projeto “Segu-rança Rodoviária. Todos Responsáveis” promovido pelo Destacamento de Trânsito do Comando Terri-torial de Bragança da Guarda Nacional Republica-na e Governo Civil de Bragança.

O sentido do projeto, que conta com a parceria dos estabelecimentos comerciais, é, segundo o Go-verno Civil brigantino, salientar “os valores da con-dução automóvel segura e o respeito pelas regras rodoviárias, aliados à dissociação do consumo do ál-cool e condução”.

Conduzir sem beberdá desconto nas lojas

DR

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nordeste I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I repórterdomarão2310 a 23 Fev’10

Os 19 municípios que integram a Comunidade Intermunicipal do Douro (CIMDOURO) vão in-vestir 119 milhões de euros até 2013 na construção de pólos escolares, requalificação urbana e estra-das municipais, zonas empresariais, modernização tecnológica e ambiente.

“O objetivo é ter o Douro a uma só velocidade. O desenvolvimento passa pela coesão social e ter-ritorial”, afirmou o presidente da CIMDOURO e da Câmara de Alijó, Artur Cascarejo.

A CIMDOURO está a gerir o Programa Ter-ritorial de Desenvolvimento do Douro que prevê, até 2013, um investimento na ordem dos 119 mi-lhões de euros em projetos municipais, para os quais já dispõem de uma verba assegurada de 83,1 milhões de euros de cofinanciamento FEDER.

Os primeiros contratos de financiamento fo-ram assinados no Peso da Régua, envolvendo uma verba de 8,4 milhões de euros e uma comparticipa-ção comunitária de 5,9 milhões de euros.

Estes contratos correspondem às candida-turas apresentadas pelos concelhos de Torre de Moncorvo e Santa Marta de Penaguião para a construção e requalificação de áreas de acolhi-mento empresarial e pelos municípios de Arma-mar, Freixo de Espada à Cinta, Lamego, Mesão Frio, Penedono, Régua, Sabrosa, Tabuaço, Torre de Moncorvo e Vila Real para a requalificação e

beneficiação da malha viária municipal.Artur Cascarejo referiu que, até ao momen-

to, o Programa Territorial de Desenvolvimento do Douro conseguiu atingir uma taxa de execução na ordem dos 36 por cento.

O autarca salientou que a prioridade da estra-tégia da CIMDOURO passou por garantir pelo menos um pólo escolar para cada um dos municí-pios.

Agora, segundo referiu, serão abertos concur-sos para todos os outros eixos, que passam pela modernização tecnológica, áreas de localização empresarial, requalificação das redes viárias mu-nicipais e supra municipais, bem como o ciclo ur-bano da água, ou seja, tudo o que tenha a ver com o ambiente, desde as estações de tratamento de águas ou tratamentos de resíduos sólidos urbanos.

Questionado sobre o repto de união lança-do pelo presidente da Comunidade Intermunici-pal de Trás-os-Montes, Fernando Campos, Artur Cascarejo disse que as duas comunidades sempre estabeleceram relações de diálogo institucional e de preocupações comuns.

“Vamos continuar a fazer esse trabalho sem preocupações de formatação, de reorganização de espaços, até porque se vai começar a discutir a re-gionalização e, como todos sabem, eu sou um re-gionalista convicto”, frisou.

Douroinveste119milhões de euros

Os marcos pombalinos com que foi feita a primeira delimitação física da Região Demarcada do Douro são o mote da exposição patente ao público no Centro Cultural Mestre José Rodrigues, em Alfândega da Fé.

Até ao final do mês, um conjunto de 43 fotografias e desenhos contam a história dos 335 marcos que assu-miam na paisagem como que uma linha imaginária que traçava os limites da mais antiga região demarcada do mundo.

Os marcos devem o nome ao criador da primeira re-gião do país autorizada a produzir vinhos de qualidade para serem exportados para Inglaterra, o Marquês de Pombal.

A exposição “Marcos Pombalinos da Demarcação” resulta do trabalho de inventariação levado a cabo pelos serviços de museologia do Museu do Douro.

Mostra em Alfândegade marcos pombalinos

Urgência de Chavescom mais médicos

O serviço de urgência do Hospital de Chaves vai ser reforçado com quatro médicos, garantiu a ministra da Saúde aos seis autarcas que integram a Associação de Municípios do Alto Tâmega (AMAT).

Os autarcas de Boticas (PSD), Chaves (PSD), Monta-legre (PS), Ribeira de Pena (PSD), Valpaços (PSD) e Vila Pouca de Aguiar (PSD) reuniram com a ministra Ana Jorge para denunciarem alegados problemas de funcio-namento da unidade hospitalar de Chaves.

Desde a integração no Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD) em 2007, que uniu os hospitais de Vila Real, Lamego, Régua e Chaves, que são apontadas várias críticas ao funcionamento da unidade flaviense, relacionadas com o serviço de urgência e a fal-ta de médicos.

O presidente da Câmara de Chaves, João Batista, disse à agência Lusa que o ministério garantiu que a ur-gência vai ser reforçada com a contratação de mais qua-tro médicos, colocando-se ainda a possibilidade de mé-dicos ligados aos centros de saúde de Chaves poderem também vir a reforçar este serviço.

O autarca referiu que ficou agendada uma outra reu-nião onde será debatido o reforço de especialidades no hos-pital, como ortopedia e medicina física e da reabilitação.

O ministério vai também “repensar” a criação de uma Unidade Local de Saúde, acrescentou o autarca.

A Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (AAUTAD), em Vila Real, está à procura de patrocínios para resolver as restrições finan-ceiras que afetam as suas secções desportivas que parti-cipam nos campeonatos nacionais.

O presidente da AAUTAD, Luís Matos, disse à Agên-cia Lusa que esta é a “maior associação desportiva, cul-tural e recreativa de Trás-os-Montes e Alto Douro”, possuindo 188 atletas federados espalhados pelo basque-tebol, futsal, voleibol, râguebi, natação, ginástica e ténis.

Para manter as atividades desportivas, a AAUTAD gasta cerca de 100 mil euros por ano.

Desporto da UTAD procura apoios

Investigadores da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) estão a desenvolver aplicações informáticas para a vinha que permi-tam, através da imagem, identificar castas, deter-minar o vigor da videira ou o potencial qualitati-vo da uva.

O objetivo do projeto, que junta docentes dos departamentos de agronomia e das engenharias da Universidade de Vila Real, é melhorar a qua-lidade e a produção vitícola, aplicando tecnologia nos processos e metodologias da vitivinicultura.

Ana Oliveira, docente do setor de viticultura, explicou à Agência Lusa que os investigadores es-tão a desenvolver tecnologias de processamento de imagens e de sinais para avaliação do sistema de condução da videira e do potencial qualitativo da uva.

Ou seja, a ideia “é simples” e passa por ir à vi-nha recolher imagens através de uma máquina fo-tográfica, as quais posteriormente serão introdu-zidas no programa informático.

Por exemplo, segundo a responsável, para ava-liar o vigor de uma videira é necessário ir para a vi-nha com uma tesoura da poda e balança, cortar as varas, pesar e depois fazer o cálculo manualmente.

“Uma das tecnologias que estamos a desen-volver passa por tirar uma foto à videira, passa-la para o programa e termos de imediato uma esti-mativa do vigor, evitando todo o outro trabalho”, salientou.

Outra das aplicações é suprimir as análises la-boratoriais que são necessárias fazer para contro-lo da maturação da uva e previsão da data de vin-dima.

Novas tecnologias para a vinha desenvolvidas na UTAD

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repórterdomarão24 10 a 23 Fev’10

I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I opinião

Chave na fechaduraO casamento entre cidadãos do mesmo sexo,

que foi aprovado recentemente na Assem-bleia da República, tem causado alguma po-

lémica. O que até se compreende, na medida em que se trata de um assunto um tanto delicado, que mexe com a intimidade e a privacidade de muita gente.

O que eu acho, é que se deu demasiada visibilida-de a algo que na minha opinião não é sinónimo de evo-lução, desenvolvimento ou modernidade de qualquer país. Há outros indicadores, há outros fatores que na minha perspetiva são bem mais importantes. Pela mi-nha parte e tendo em conta que, testo com testo não consigo fazer o “tacho”, tento desvalorizar esta história. Por isso não estou muito de acordo com alguém, que resumiu e concluiu, em jeito de brincadeira que “cada um leva onde quiser e ninguém tem nada com isso”.

De facto não é bem assim. “Cada um leva onde qui-ser e ninguém tem nada com isso”, alto e pára o baile.

De facto, ao som dessa música eu não danço. E por-quê? Porque, por exemplo e usando algum sentido de humor, não aceito que o nosso primeiro-ministro, leve na ponta da língua, sempre aquela história das grandes oportunidades, quando se sabe que aquilo só serve para as estatísticas. Ainda há pouco tempo, em Penafiel, não sei quantos agentes da GNR levaram debaixo do braço, o diploma do nono ano e não vi a minha terra benefi-ciar com mais e melhor segurança.

Já que entrei no campo da educação, temos o caso dos professores, que levam no topo da carreira, 500 contos para casa, independentemente do ensino estar ou não no topo da qualidade. Depois temos os políti-cos. A Manuela Ferreira Leite, por exemplo, leva todos os dias na cabeça, uma ou duas latas de “lacaflex”, re-comendadas por José Sócrates para não andar por aí a levantar cabelo. O ex-ministro Manuel Pinho levou no parlamento, os dois dedos à testa, para enviar uma mensagem ao Bernardino Soares. Até o Paulo Portas fez Portugal levar no orçamento, um rombo de milhões, lá

com aquela história da compra dos famigerados sub-marinos.

Entretanto, se a aplicação do verbo levar mudar de direção, virando-a mais para o Vale do Sousa, temos o meu caso, em que levo na bolsa, a minha máquina fo-tográfica, com a qual tiro imensas fotos à bandeira da mobilidade, descaída a meia haste, se calhar motivada pela ausência de rampas de acesso na zona envolvente ao edifício da Câmara Municipal de Penafiel.

E já que estou a falar de Penafiel, o próprio presi-dente da edilidade, o Dr. Alberto Santos, gosta muito de levar no discurso, as seguintes frases: “A nossa cidade é pioneira...; o nosso con-celho é o primeiro...; Penafiel pertence à premier league”. E depois é o que se vê e o que se sabe.

Já quando se aborda o tema dos ar-ranjos urbanísticos, penso logo na for-ma como Penafiel levou no centro da cidade, uma pandemia de granito que deixaram os passeios a chorar lágri-mas cinzentas. O pior vai ser quando ela levar no centro histórico, mais uma requalificação urbana. Desta feita por Bernardo Távora. Desconfio que vai fa-zer doer a uma senhora já tem duzen-tos e quarenta anos.

Em Penafiel há de facto muito quem leve. Basta estar atento. Se a Câ-mara Municipal gosta de levar no dia dos avós milha-res de idosos a Fátima à borla, para assistir à missa, já a Junta de Freguesia desta cidade, gosta de levar nas vés-peras de natal, ricos e pobres, a comer à custa dos con-tribuintes.

Já agora, quanto à arquitetura, e sempre com Pe-nafiel como fundo, não queria deixar escapar o antigo Magistério Primário que levou na sua retaguarda, um aberrante caixote de betão, que lhe roubou a alma se-

tecentista, não ignorando a freguesia de Milhundos que levou na sua entrada, três mamarrachos, tapando tudo e todos.

Mas atenção, que no tempo em que os socialis-tas foram poder, Penafiel levou que contar. Levou por exemplo na avenida Araújo e Silva, com aquela absur-da urbanização que fez com que o novo Posto Médico fosse construído fora da cidade.

E já que falamos do PS de Penafiel, não nos deve-mos esquecer que este partido tem levado nas urnas, derrota atrás de derrota. Três seguidas: 2001, 2005 e

2009. E mais houvesse. O que é que se há-de fazer? Penafiel Quer!

Por sua vez em Paredes, também há quem goste de levar. Por mais ab-surdo que possa parecer, os pareden-ses vão levar nas alturas, quando o seu exCelso presidente da câmara, içar uma bandeira do tamanho de um milhão de euros.

Queria ainda trazer aqui o caso do meu amigo Zé, que no princípio do ano, levou na pensão de reforma, um aumento de 4,5 euros. Bem bom, assim já pode levar no saco, mais um pão para casa todos os dias.

Não queria terminar sem lembrar um caso que muita gente aplaudiu. Foi a forma como o “dono do mun-

do” italiano Berlusconi levou na cara. Um “atrasado mental”, tirou-lhe os três dentes da frente, o que o colo-cou de molho uma data de tempo.

E pronto, cada um é como cada qual, diz-se. Mas eu sempre digo que o casamento entre iguais, não é o mes-mo que um casamento entre um homem e uma mu-lher. Uma fechadura precisa de uma chave para abrir as portas do mundo. Depois, o meu conservadorismo de esquerda diz que “melhor que uma mulher, só duas”.

Fernando Beça Moreira Penafiel

A quando da agudização da crise económi-ca, muitos governantes e comentadores, vie-ram proclamar que era preciso tirar ilações

do que se estava a passar no mundo. Urgia, então, repensar quase tudo, as políticas sociais, económi-cas ou a regulação do mercado. Mas pouco ou nada foi repensado.

Há algum tempo, foi considerada a possibilidade da adoção de uma taxa sobre as transações bolsistas cujo objetivo seria obter receitas para enfrentar a cri-se. Mas o objetivo poderia ser ainda mais generoso, houvesse uma vontade real dos governantes mundiais para tal e as receitas da aplicação, à escala mundial, de uma taxa sobre as transações bolsistas revertessem para o combate à fome e à pobreza, por exemplo.

O mentor desta “taxa” foi o economista ameri-cano James Tobin, formado na Universidade de Har-vard e conselheiro da Administração Kennedy, galar-doado, em 1981, com o Prémio Nobel da Economia. Em 1972, James Tobin defendeu a aplicação de uma taxa que seria aplicada a todas as transações mone-tárias em todo o mundo. Propunha-se com esta taxa, conhecida mundialmente como “Taxa Tobin”, por um lado, a conseguir a estabilização dos mercados financeiros e, por outro, garantir meios (financeiros) aos Governos para a prossecução das suas políticas.

Após a apresentação desta taxa, houve quem de-fendesse que as receitas provenientes da sua aplica-

ção deveriam reverter para o combate à pobreza. Mesmo que a taxa a aplicar fosse de 0,1% (sobre

todas as transações bolsistas em todo o mundo), os resultados da aplicação da Taxa Tobin seriam enor-mes. Estudos feitos na década de 90, concluíram que seria possível arrecadar, por ano, cerca de 30 mil mi-

lhões de contos, que revertendo para o combate à pobreza extrema que assola mui-tas zonas do glo-bo, permitiria que rapidamente o mundo fosse mais “equilibrado”.

Se pensar-mos que a taxa de 0,1% é insignifi-cante, mais não seria do que por cada € 1.000,00 t ransac ionado

cada investidor contribuiria com € 1,00. Olhando para dados recentes, os valores transa-

cionados na Bolsa de Valores de Lisboa, no dia 05 de fevereiro de 2010, atingiram os 363 Milhões de Eu-ros. Aplicando a taxa de 0,1% ao volume negociado

em Bolsa daria mais de € 363.000,00 (mais 72 mil contos), que seriam arrecadados pelo Estado num só dia. Atente-se ainda que estes 363 Milhões de Euros, transacionados em 05 de fevereiro de 2010, estão muito aquém dos valores transacionados em setem-bro, quando num só dia, foram transacionados mais de 656 milhões de euros. A receita da taxa, só nesse dia, ascendia a € 656.000,00 (mais de 130 mil con-tos), só em Portugal.

E se considerarmos que estes não serão segura-mente os melhores dias das bolsas mundiais, facil-mente percebemos o quão elevados seriam os mon-tantes arrecadados pelos diversos governos por ano.

Obviamente, que a taxa Tobin teria que ser apli-cada em todos os países - o que desde logo cria en-traves à sua aplicação, mas como o objetivo seria glo-bal e de justiça, de outra forma não poderia ser. Os entraves, que muitos se apressam em apontar à apli-cação da Taxa Tobin, seriam facilmente superados, se os interesses dos povos do mundo fossem os que pre-valecessem.

Lamentavelmente, não são só os mercados que são voláteis, também os interesses dos governos são instáveis e nem sempre os valores da justiça social e da igualdade, são os que norteiam os governantes.

E ainda não será desta vez, que a ideia de Tobin será posta em causa. Mas como se vê, as boas medi-das ainda existem, resta que sejam postas em prática.

A ‘taxa Tobin’

João Monteiro LimaMarco de Canaveses

Page 25: Repórter do Marão

repórterdomarão

Proibida amendicidade

opinião

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10 a 23 Fev’10

A cultura do novocapitalismoA percebi-me da real importância do pensamento

de Richard Sennett quando li a sua obra traduzida em português “A Corrosão do Carácter – as conse-

quências pessoais do trabalho no novo capitalismo” (Terra-mar, 2001). Abreviadamente, o sociólogo norte-americano desmonta neste ensaio a flexibilidade do trabalho e o seu impacto no carácter pessoal dos trabalhadores. No “novo capitalismo”, emergente na transição do século XX para o século XXI troca-se mais frequentemente de emprego e há menos burocracia que no passado. Deixou-se de falar no longo prazo e os empregos estão a ser substituídos por pro-jetos. O “velho capitalismo” tinha vários controlos que per-deram sentido ou peso: sindicatos fortes, garantias sociais do Estado Providência e as grandes empresas mediam o seu êxito pela relativa estabilidade que davam aos seus traba-lhadores. Sennett pergunta como é que se podem prosse-guir valores de longo prazo numa sociedade tiranizada pelo curto prazo. Refletindo sobre o sistema industrial, recorda-nos que o fordismo baseava-se em três princípios: a lógi-ca do tamanho (quanto maior mais eficiente), a lógica do tempo métrico (a gestão da fábrica sabia exatamente o que cada um dos operários fazia exatamente num determina-do momento) e a lógica da hierarquia (a super-estrutura que organizava e dirigia a produção retirava das oficinas toda a possível criação). Agora, a nova linguagem da flexibilidade pressupõe que a rotina esteja a morrer nos sectores dinâmi-cos da economia.

Com a flexibilidade, reinventam-se as instituições, es-pecializa-se a produção e dá-se a concentração do poder sem centralização. “Reengenharia” significa “fazer mais com menos”. Com esta especialização flexível procura-se colocar no mercado os mais varia-dos produtos sempre cada vez mais de-pressa. A velha linha de montagem foi substituída por ilhas de produção espe-cializada. No “novo capitalismo” a fle-xibilidade passou a ser igual a juventu-de. Os que mandam no reino do flexível vivem confortavelmente na desordem empresarial mas receiam a confronta-ção organizada. Sennett advertia neste seu livro: “Um regime que não dá aos seres humanos razões profundas para cuidarem uns dos outros não pode man-ter por muito tempo a sua legitimidade”.

Em “A Cultura do Novo Capitalis-mo” (Relógio D’Água Editores, 2006) Sennett, continua a analisar as metamor-foses do capitalismo a partir da evolução das instituições, das competências e das formas de consumo relativamente às aspirações libertárias dos anos 60. O resultado não é me-nos brilhante e sugere a leitura obrigatória. Segue-se uma síntese das suas ideias acerca do que é a cultura do novo capitalismo.

O trabalhador atual está submetido a desafios: ge-rir relações a curto prazo, passando incessantemente de uma tarefa ou de um emprego para outro; a cultura mo-derna menoriza as novas competências, submetendo-as a um stress tal que deixa claro que a meritocracia das re-voluções francesa e norte-americana é um assunto into-cável do passado, tendo sido substituída pelo valor do di-nheiro e pelo afã de chegar ao topo da pirâmide social. A nova ordem do poder gerou uma cultura muito super-ficial que está a provocar muitas frustrações (na empresa, na família, nas relações entre os indivíduos).

O capitalismo social está na génese do fordismo, da organização burocrática das sociedades industriais e ge-rou os valores e princípios que deram forma à socieda-de de consumo. Trata-se de uma cadeia de comando com funções determinadas, gerando solidariedade no seio da

própria organização. O Estado Providência tornou-se no pilar da estabilidade, contribuindo para a exaltação do tempo organizado, para a motivação do trabalhador fi-car muito tempo na empresa, gerando nele convicções de grande utilidade e sentido da carreira.

A partir dos anos 80 do século XX deu-se uma vira-gem no capitalismo. Primeiro, o poder transferiu-se para os acionistas que passaram a dar ordens ao diretor exe-cutivo. Segundo, a banca internacionalizou-se graças ao afundamento do sistema de Bretton Woods, passando os bancos a gerir fundos de pensões, comprando empresas, media e comunicação, em estreita articulação com os ca-pitães da indústria. Terceiro, emergiram as novas tecnolo-gias de comunicação e fabrico que ao lado da automação tornaram possível a desnatação das hierarquias, consa-grando o trabalho de curto prazo, a gestão por objetivos em substituição do comando piramidal. Assim se consa-grou a organização flexível.

Na organização flexível o poder está discretamente concentrado numa área de decisão que fixa as tarefas, jul-ga os resultados, expande ou emagrece a empresa. Esta esforça-se por motivar a autonomia fixando as condições de competição entre equipas da mesma empresa, pondo termo às doutrinas de Taylor (a partir de agora o importan-te é produzir o melhor resultado e o mais rápido possível). Nasceu assim o novo stress laboral. Este novo capitalis-mo promove desigualdades que já nem levantam grandes clamores de protesto: é o caso das indemnizações princi-pescas aos dirigentes que são afastados depois das fusões e concentrações. Nasceram deste modo três défices so-ciais: fraca lealdade institucional, diminuição da confian-

ça informal entre os trabalhadores e en-fraquecimento do saber institucional. Para quem comanda a empresa passou a ser um assunto delicado a construção de um sentimento de inclusão social que assente na identidade do trabalho. Com a hiper-qualificação e a infra-des-qualificação o leque salarial tornou-se abismal. Os “McJobs” pululam, evi-denciado que o capitalismo social está a ser enterrado.

A questão do consumo passou a centrar-se numa dicotomia: ou esco-lher com base em opções responsáveis ou aderir entusiasticamente ao “bom, bonito e barato”. As políticas liberais, para que as economias não estagnem,

apoiam a segunda hipótese. Aliás, o modelo concorrencial é todo montado não para a cidadania mas para o consumo baratinho: passagens aéreas a 50€; férias em dormitórios exóticos a 500€; imitação de comida fina a escassos euros, mesmo que seja sensaborona; a promessa permanente de consumir mais medicamentos, mais cosméticos, mais ali-mentos disfarçados de medicamentos... É evidente que o sistema gera as suas apoplexias, com gente doente, obesa, crianças irritadas, pais inquietos com as consequências dos jogos de vídeo, etc. O gigante Wal-Mart é um dos exem-plos paradigmáticos da busca pelo “bom, bonito e barato”. É uma empresa assente numa produtividade com gestão inovadora contínua, sem qualquer respeito pelos direitos sociais dos seus trabalhadores mas que pratica preços mui-to simpáticos para os seus consumidores. As comunica-ções comerciais servem para refinar a paixão devorado-ra, misturando o compromisso entre o sistema financeiro, o económico e o da comunicação. O mercado das notí-cias é cada vez mais publi-reportagem e publi-informação. Com o esfarelamento das classes médias, as normas esta-tutárias têm que ser sabiamente iludidas. A marca deve ser sugerida como mais importante que o objeto em si.

Beja Santos Assessor Inst. Consumidor

E ra exatamente esta a legenda inscrita numa chapa colocada no portão de uma casa burguesa no cen-tro da cidade do Marco há cerca de 36 anos. Tive

consciência do seu alcance apenas depois do 25 de abril, quando se apressaram a retirá-la.

A ideia que eu tenho de pobreza vem do meu tempo de infância. Lembro-me de um colega de escola que com uma saca de pano como mochila, umas chancas velhas nos pés e uma cami-sa que também era camisola, aparecia nas manhãs de in-verno, depois de al-guns kms a pé, cheio de frio e de fome... Muitas vezes lhe dei o meu lanche, sem imaginar sequer o valor do gesto.

A nossa escola era muito velha, o chão estava cheio de buracos, o frio entrava pelas ja-nelas e a casa de banho era simplesmente um bura-co numa tábua de madeira de onde provinha um chei-ro indescritível. Pelo contrário, era rica no mestre que, para além de nos transmitir conhecimento, também nos transmitiu valores, como por exemplo, a amizade entre colegas, que ainda hoje conservo com muito orgulho, e a camaradagem.

Esta visita à minha infância serve para mostrar um pouco da pobreza a que assisti, servindo para sublinhar o que direi a seguir.

A TENDÊNCIA DA POBREZA ATUALMENTE...

Hoje, escrever sobre a pobreza é, sem dúvida, correr o risco de ser mal interpretado, de ser um ideólogo ou de ser visto como um idiota. Contudo, prefiro ser idiota mas manifestar uma opinião sincera e provavelmente com de-feitos, porém, com respeito e educação. Esta opinião ba-seia-se na minha experiência como Autarca e como Diri-gente Associativo com responsabilidades sociais e, como tal, não é, nem pode ser lida e tida como regra genera-lista.

A verdade é que a pobreza dos meus tempos de in-fância já não se iguala à de hoje. Muita da pobreza de hoje bate-nos à porta “montada” num bom automóvel, com um telemóvel topo de gama, uma mala Louis Vuit-ton e óculos de sol Gucci. Esta pobreza vem rotulada com fatores depressivos, isolamento, azar, desemprego, dor de costas, entre outros. A causa é atribuída a tudo e a to-dos, menos ao próprio. Porém, esta pobreza tem muitas responsabilidades políticas, sobretudo por parte dos Mi-nistérios (e suas dependências) e das Câmaras que atri-buem rendimentos mínimos, subsídios, etc, sem verificar e averiguar a veracidade dos documentos que são apre-sentados. Sendo assim, toca-nos a todos pagar mais im-postos para que muitos que se designam de “pobres” pos-sam apreciar umas boas férias, os seus carros de luxo bem como as suas mansões, sem ser necessário trabalharem. Esta sim é a “pobreza” que é necessário combater, sem demagogias. Só assim será possível ajudar quem é real-mente pobre.

Hernâni Pinto Marco de Canaveses

Page 26: Repórter do Marão

Carnaval é sinónimo de folia popular em desfiles de mascarados que combinam a sátira e a transgressão próprias do Entrudo.

O Repórter do Marão dá-lhe conta de um conjunto de iniciativas que festejam o Carnaval.

Em Gondar, Amarante, a feira de Carna-val vai realizar-se no dia 16, feriado, durante a manhã. O desfile está marcado para a tarde. A organização é da Junta de Freguesia de Gon-dar. Ainda em Amarante, o Infantário Creche O Miúdo realiza no dia 14, a partir das 15 horas, um desfile de Carnaval com o tema “O Miúdo à Descoberta da Cultura”. O início do desfile será na Rua João Pinto Ribeiro, junto à estação da CP, seguindo pelas ruas da cidade até ao Lar-go Conselheiro António Cândido (Arquinho). O Desfile de Carnaval realiza-se no âmbito do pro-jeto pedagógico que está a ser desenvolvido no ano lectivo 2009-2010 e o Infantário Creche con-vida a população da cidade a associar-se.

No Marco de Canaveses, o desfile em Fa-vões tem algumas tradições e costuma atrair muitos visitantes. Domingo, às 15:00.

Em Baião, o desfile de Carnaval que a or-ganização antevê marcado pela diversão, ale-gria e fantasia, é no dia 14, a partir das 14h00, na Rua de Camões.

O Grupo Cultural e Desportivo de Pinde-lo, Cinfães, volta a promover o tradicional desfi-le de Carnaval pelas principais artérias da fre-guesia de Nespereira. O corso sairá para as ruas às 15:00 e é aberto a toda a população. A iniciativa insere-se nas comemorações do 25.º aniversário da coletividade nespereirense e conta com os apoios da Câmara Municipal de Cinfães e da Junta de Freguesia de Nespereira.

Em Lamego, dia 13, sábado, os caretos de Lazarim “juntam-se ao samba para uma noite divertida” e pouco comum. A festa de Carna-val é às 21:30, no Teatro Ribeiro da Conceição.

Em Macedo de Cavaleiros os festejos de Carnaval começam na manhã de 14, domingo, com um passeio de burro. À tarde, há um Lei-lão Chocalheiro e a animação de rua prossegue depois com Caretos à solta e bailarico popular. No dia 15, de manhã, volta a haver passeios de burro e à tarde uma gincana de Burros. Pelas 21:30 começa o pregão casamenteiro seguido da “Noite de Máscaras Mágicas”, com desfile e teatro de rua. A noite não acaba sem a Queima-da e o Baile do Entrudo.

No dia 16, de manhã vai fazer-se um pas-seio pedestre pelo Trilho dos Caretos. Duran-te a tarde há desfile, Caretos à solta e desfile de Matrofonas. A fechar é queimado o Entrudo.

Em Vilar de Perdizes, Montalegre, a actu-ação dos alunos da escola de música abre os fes-tejos de Carnaval, no dia 15, às 21:00. Depois, começa o baile de máscaras. No dia 16, a partir das 15:00, tem início o desfile de carros alegóri-cos pelas principais ruas da aldeia.

OUTROS CORSOS NO NORTE/CEN-TRO: VIZELA: Dia 14, domingo, Corso Car-navalesco, 15:00 - Escolas de Lagoas; Dia 15, segunda feira, 20:30 - Vigília ao Napolito; Dia 16, terça feira, Cortejo Fúnebre, seguido de lei-tura do testamento do Napolito, 20:30 - Paste-laria Nova Cidade (início do percurso) - SAN-TO TIRSO - Dia 12, sexta feira, Tradicional desfile de Carnaval constituído maioritaria-mente por crianças e idosos, 14:00 - Largo da Feira - LOUSADA, Dia 12, sexta feira, Desfi-le do Carnaval Escolar acompanhado por bom-bos e gigantones, 10:00 - Av. Lúcia Lousada, Dia 16, terça feira, 15:00 - Desfile de Carnaval

- PORTO, Dia 14, domingo, Concerto Carna-val Europeu - grandes êxitos da música clássi-ca inspirados no carnaval., 12:00 e 18:00 - Sala Suggia, Casa da Música, Dia 15, segunda feira, Festa/Baile de Carnaval, Mosteiro de São Ben-to da Vitória - LAMEGO, Dia 13, sábado, Festa de Carnaval - Os caretos de Lazarim juntam-se ao samba para uma noite divertida, 21:30 - Teatro Ribeiro da Conceição - OVAR, Dia 12, sexta feira, Grande Noite dos Reis pelos cafés e Praça da República, Festa Com DJs, 22:00 - Espaço Tenda, Dia 13, sábado, Desfile das Es-colas de Samba, 22:00 - Av. Sá Carneiro, Festa Com DJs, 22:00 - Espaço Tenda, Dia 14, do-mingo, Grande Corso, 14:30 - Av Sá Carneiro, Festa com DJs e Irmãos Verdade, 22:00 - Es-paço Tenda, Dia 15, segunda feira, Matiné In-fantil com Avó Cantigas, 15:00 - Espaço Ten-da, Noite Mágica, sem hora para começar nem para acabar, Centro da cidade, Festa com DJs, 22:00 - Espaço Tenda, Dia 16, terça feira, Gran-de Corso, 14.30 - Av. Sá Carneiro, Apresenta-ção das classificações e música com DJ, 22:00 - Espaço Tenda - ESTARREJA, Dia 12, sex-ta feira, 22:00 - Desfile Nocturno das Escolas de Samba, Festa Noturna, Tenda, Praça Fran-

cisco Barbosa, Dia 13, sábado, Festa Notur-na, Tenda, Praça Francisco Barbosa, Dia 14, domingo, 15:00 - Desfile, Festa Noturna, Ten-da, Praça Francisco Barbosa, Dia 15, segunda feira, Festa Noturna, Tenda, Praça Francis-co Barbosa, Dia 16, terça feira, 15:00 - Desfile, Dia 28, domingo, Apresentação do DVD Car-naval 2010. Entrega de Prémios, 16:00 - Cine Teatro - MEALHADA Dia 12, sexta feira, Apresentação dos temas das escolas de sam-ba, com a presença do Rei e da Rainha do Car-naval 2010, 22:00 - Tenda Gigante, Dia 13, sá-bado, Baile/Noite da Caipirinha, 23:00 - Tenda Gigante, Dia 14, domingo, Desfile de Carna-val, 15:00 - Sambódromo Luis Marques, Noite de ritmos quentes sul americanos, 23:00 - Ten-da Gigante, Dia 15, segunda feira, Baile Gran-de Noite das Máscaras, 23:00 - Tenda Gigante, Dia 16, terça feira, Desfile de Carnaval, 15:00 - Sambódromo Luis Marques, Baile Até Esgo-tar a Bateria 22:30 - Tenda Gigante - FIGUEI-RA DA FOZ Dia 13, sábado Festa de Carna-val com a Escola de Samba A Rainha, 23:00 - Casino da Figueira, Dia 14, domingo, Desfile de Carnaval, 14:30 - Av. do Brasil, Buarcos, Dia 16, terça feira, Desfile de Carnaval, 14:30 - Av. do Brasil, Buarcos, Matiné Infantil, 17:00 - Ca-sino da Figueira.

Eu sei que um vento ciclónico varreu e continua a varrer toda a espécie de tabus e interditos em torno do sexo. Eu sei que a permissividade social face aos mecanismos do prazer sexual é hoje absoluta. A sociedade aceita – aceita, não: exige – sempre cada vez mais explicitude. Vivemos, para tudo dizer em poucas palavras, numa sociedade hard core.

Mas, ainda sabendo disso, há coisas que continuam a espantar-me.

Por exemplo.O que pode levar uma senhora

a expor os seus momentos de êxtase sexual ao voyeurismo do público em geral? E o que pode levar o marido da senhora a uma cumplicidade ao ponto de ser ele próprio o fotógrafo desses momentos críticos? Bom, aqui acho que a pergunta – que era retórica, naturalmente – é um pouco idiota: mais estranho seria que o marido deixasse ser outrem a fotografar a esposa em tais lances. Em todo o caso, como aceita ele participar numa tão bizarra experiência?

Reparem que não falo de uma senhora qualquer, dessas cabeças ocas que se movimentam no mundo lamacento das revistas cor-de-rosa e do telelixo, como aquela estrela do Big Brother – lembram-se? – que aceitou ser mostrada em direto ao país no transe de acasalar com um co-residente da ‘casa mais [infamemente, diria eu] famosa de Portugal’. Ou como uma certa astróloga (leia-se: exploradora da crendice alheia) muito mediática, que veio há tempos para as páginas duma dessas revistas vangloriar-se das suas façanhas sexuais aos cinquenta anos.

Falo sim de uma cientista e escritora de reputação firmada num campo e noutro. Se é certo que, no que toca à faceta de cientista, existe um pequeno deslize a desabonar-lhe o currículo, como escritora mereceu a um cronista da nossa praça (aliás perenemente indisposto e habitualmente pesporrente) um juízo que se pode resumir nisto: depois dos romances de Eça de Queirós, o único romance digno desse nome publicado em Portugal foi o romance de estreia

da dita escritora. Não houve o Mau Tempo no Canal, nem A Casa Grande de Romarigães, nem os Sinais de Fogo. Nada disso. Houve apenas o dito cujo. Caramba, já é!

Pois foi esta senhora, que como se vê tem grandes e graves responsabilidades intelectuais, que mostrou, na página on-line do Expresso, uma sequência dos seus esgares à medida que avançava nos meandros da cópula: desde um simples sorriso inicial até à boca escancarada num berro que se supõe corresponder ao momento culminante – tudo terminando com uma última foto em que fuma um consolado cigarro pós-coital. E não só deixou essas imagens correr mundo na Internet, como, se bem me lembro e li, permitiu que as mesmas fossem expostas para quem as quisesse ver numa galeria de Cascais.

O que vem a ser isto? Uma espécie de voyeurismo invertido? Um marialvismo às avessas? Um feminismo mal mastigado? Responda quem souber. Eu limito-me a ver – e pasmar.

É certo que havia antecedentes: a senhora, juntamente com mais umas quantas, tinha já aceite, aqui atrasado, posar de seios nus para a Revista do Expresso. Mas esta coisa de agora é vinho doutra pipa. Uma coisa é mostrar as tetas, outra coisa é mostrar o orgasmo. Foi dado um passo qualitativo importante, que nos dá razões para – abyssus abyssum... – temer o que se possa seguir.

Eu pensei sempre que deve haver uma reserva inviolável de intimidade que devemos defender intransigentemente, e que as experiências pessoais na esfera da sexualidade deviam ser das primeiras a preservar nesse território privado. Há todavia pessoas, como a senhora em questão, que não pensam assim, e estão no direito delas. Como eu estou no meu de perguntar: o que guardarão elas afinal no tal espaço de intimidade – se é que têm algum? Talvez o momento da defecação.

Sim, mas mesmo isso — até quando?

[email protected]

A sociedade hard coreA.M.PIRES CABRAL

repórterdomarão26 10 a 23 Fev’10

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Desfiles de Carnavalde norte a sul do país

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artes | nós repórterdomarãoI I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I I

2710 a 23 Fev’10

Cartoons de Santiagu[Pseudónimo de António Santos]

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Júlio Isidro, 50 anos de apresentador de televisão2010

Fotografias de Eduardo Pinto no PortoA Biblioteca Municipal Almeida Garrett, no Porto, expõe até 27 de fe-

vereiro uma selecção de 38 fotografias do amarantino Eduardo Pinto, pre-miadas a nível nacional e internacional.

A exposição, que está a ser promovida pela família do artista, já pas-sou pelas bibliotecas de Amarante, Penafiel, Lousada e posteriormente no Porto, na UNICEPE.

A exposição vai ser montada ainda este ano na Associação Nacional de Fotógrafos Profissionais, nas Caldas da Rainha, em homenagem pós-tuma (março); na Câmara Municipal de Paredes (abril) e nas bibliotecas de Valongo (maio), Dr. José Vieira de Carvalho, Maia (junho), José Régio, Vila Conde (julho e agosto) e de Paços de Ferreira (outubro e novembro).

Falecido em j aneiro de 2009, Eduardo Teixeira Pinto, deixou um espó-lio fotográfico de grande valor artístico.

* Esta edição foi escrita ao abrigo do novo acordo ortográfico *

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