otite e sinusite - spp · subcommittee on management of sinusitis and committee on quality...

41
Otite e Sinusite – Clínica, diagnóstico e tratamento – Diana Moreira Curso de Verão da SPP Caramulo, Junho 2012

Upload: dangdan

Post on 11-Mar-2019

217 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Otite e Sinusite – Clínica, diagnóstico e tratamento –

Diana Moreira

Curso de Verão da SPP

Caramulo, Junho 2012

Objetivos

Abordagem teórico-prática da clínica, diagnóstico e tratamento da

otite média aguda e sinusite bacteriana aguda,

na idade pediátrica

• Otite média aguda (OMA) e a sinusite bacteriana aguda (SBA):

– Duas das principais causas de prescrição de ATB em idade pediátrica

• OMA (1ª causa);

• SBA (5ª causa);

– Fisiopatologia / etiologia idênticas;

– Ambas apresentam dificuldades diagnósticas;

– Responsáveis por elevados custos na saúde;

– Importantes contribuidoras para a emergência de resistências a ATB;

Introdução

Otite Média Aguda – Clínica, diagnóstico e tratamento –

• Otite média aguda (OMA): infeção do ouvido médio com início súbito de sinais e

sintomas, na presença de derrame do ouvido médio e sinais inflamatórios da MT;

• Otite média de efusão (OME): presença de derrame no ouvido médio, sem

evidência de sinais inflamatórios;

• OMA persistente: recaída nos primeiros 7 dias de cura da OMA prévia;

• OMA recorrente: ≥3 episódios em 6 meses ou ≥4 episódios no último ano;

• Falência terapêutica da OMA: ausência de melhoria clínica após 48/72 horas do

início de ATB;

• Otite média crónica supurativa: otorreia purulenta associada a perfuração

crónica da MT (> 6 semanas);

Definições – otite

American Academy of Pediatrics Subcommitee on Management of Acute Otitis Media. Diagnosis and management of acute otitis media. Pediatrics 2004; 113 (5).

• Principal causa de infeção bacteriana na criança:

– Aos 2 A: 90% crianças > 1 episodio de OMA;

• Fatores de risco:– IVAS: principal fator predisponente (maior incidência no Inverno);

– Idade: OMA < 6 meses idade (pico incidência 6–18 meses e 5/6 A idade);

– Sexo: masculino;

– Baixo nível socioeconómico;

– Exposição ao fumo de tabaco;

– Ausência de aleitamento materno;

– Frequência de infantário;

– Uso de chupeta;

– Patologias: hipertrofia adenoídeia, alterações craniofaciais, atopia, IDP, discinesia ciliar …;

Epidemiologia – OMA

Etiologia – OMA • Bacteriana

– Streptococcus pneumoniae: 40 a 50 %;

– Haemophilus influenzae: 25 a 30 % (33 a 50% produtores de β-lactamases);

• Maior incidência de OMA bilateral;

– Moraxella catarrhalis: 10 a 15 % (>90% produtores de β-lactamases);

– Streptococcus pyogenes: 3 a 5 % (> risco de perfuração da MT);

– Staphylococcus aureus: 1 a 3 %

– Outras bactérias: anaeróbios, bacilos Gram negativo, Pseudomonas aeruginosa

• Vírus

– Vírus sincicial respiratório (VSR), rhinovírus, vírus influenza, vírus parainfluenza, coronavírus, adenovírus e metapneumovírus.

Manifestações clínicas – OMA Recém-nascido e Lactente Criança e Adolescente

• Febre (33 a 63% casos)

• Recusa alimentar;• Prostração;• Irritabilidade• Despertar noturno;• Choro intenso• Colocação da mão no tragus;• Vómitos ou diarreia

• Otalgia• Otorreia• Hipoacusia• Febre• Cefaleia• Colocação da mão no tragus;

• Síndrome otite conjuntivite– Haemophilus influenzae (90%) e antes dos 2 A idade (50% casos);

• Miringite bolhosa– Presença de inflamação e flitenas na MT em associação a OMA;– Etiologia idêntica à OMA;

• Disponibilidade do equipamento necessário;

• Posicionamento adequado da criança;

• Remoção do cerúmen;

• Diferentes passos da otoscopia:– Inspeção do canal auditivo externo;

– Posição da MT;

– Translucência da MT;

– Coloração da MT;

– Áreas de eritema e congestão;

– Mobilidade da MT (otoscópio pneumático e/ou manobra de Valsava);

– Outras condições: perfuração, derrame, bolhas, otorreia, retrações, cicatrizes;

Diagnóstico – Otoscopia

Shaikh N, Hoberman A, Kaleida PH, Ploof DL and Paradise JL. Diagnosing Otitis Media — Otoscopy and Cerumen Removal.

N Engl J Med 2010; 362; e20

Anatomia da MT

Gould J M , Matz P S Pediatrics in Review 2010;31:102-116

Anatomia da MT

Wald E R Clin Infect Dis. 2011;52:S277-S283

Baseia-se essencialmente na clínica e na otoscopia

• Requer:

– Sintomas e/ou sinais agudos de doença;

– Sinais e sintomas de inflamação da MT (otalgia, rubor e abaulamento da MT);

– Presença de derrame no ouvido médio;

• O principal diagnóstico diferencial coloca-se entre e OMA e OME;

• Em ambas, existe derrame do ouvido médio, que se traduz por:

– Mobilidade da MT diminuída/ausente;

– Opacificação da MT;

– Alteração da coloração da MT (amarela, branca, âmbar ou azul);

Diagnóstico – OMA

• OMA:– Abaulamento timpânico da MT (Fig. A);

– Marcado eritema da MT*;

– Otorreia inicio recente e otalgia intensa;

* hiperemia timpânica, por si só, não permite fazer

o diagnóstico de OMA;

• OME:– Posição neutra da MT (Fig. B);

– Retração da MT (Fig. C);

Diagnóstico – OMA

Shaikh N, Hoberman A, Kaleida PH, Ploof DL and Paradise JL. Diagnosing Otitis Media — Otoscopy and Cerumen Removal.

N Engl J Med 2010; 362; e20

Timpanograma

Diagnóstico – OMA

Gould J M , Matz P S Pediatrics in Review 2010;31:102-116

1. Analgésicos e/ou anti-inflamatórios sistémicos (nível evidência I/A):

– Ibuprofeno oral (10 mg/kg/dose tid) em SOS;

– Paracetamol oral (15 mg/kg/dose qid) em SOS;

1. Analgésicos e/ou anti-inflamatórios tópicos (nível evidência II/B):

– Idade > 3 anos e sem evidência de perfuração da MT;

1. Antibioterapia empírica;

2. Atitude expectante com reavaliação às 48/72 horas;

– Ibuprofeno/paracetamol e ensinamento dos sinais de alarme;

– Reavaliação clínica em 48/72 h;

– Se persistência de sintomas: inicia ATB;

Abordagem terapêutica – OMA

F. Marchetti et al. Delayed prescription may reduce the use of antibiotics for acute otitis media. Arch. Pediatr. Adolesc. Med. 2005.D.P. McCormick et al. Nonsevere acute otitis media: a clinical trial comparing outcomes of watchful waiting versus immediate antibiotic treatment. Pediatrics 2005.DM Spiro et al. Wait-and-see prescription for the treatment of acute otitis media: a randomized controlled trial, JAMA 2006.

Hoberman A et al. Treatment of acute otitis media in children under 2 years of age. N Engl J Med 2011; 364(2).Tähtinen PA et al. A placeno-controlled trial of antimicrobial tratment of acute otitis media. N Engl J Med 2011; 364 (2).Klein JO. Is acute otitis media a treatable disease? N Engl J Med 2011; 364 (2):168-9.Rovers MM et al. Antibiotics for acute otitis media: a meta-analysis with individual patient data. Lancet 2006; 368 (9545).

A decisão de iniciar antibioterapia na OMA depende da:•Idade da criança

– Idade < 2 anos ou > 2 anos;

•Certeza do diagnóstico

– início súbito da doença, na presença de derrame do ouvido médio e sinais

inflamatórios da MT

•Gravidade da doença:

– Temperatura axilar ≥ 39ºC, otalgia moderada/intensa, otorreia e OMA bilateral;

•Outras condições:

– História de OMA recorrente/persistente e/ou falência terapêutica;

Abordagem terapêutica – OMA

American Academy of Pediatrics Subcommitee on Management of Acute Otitis Media. Diagnosis and management of acute otitis media. Pediatrics 2004; 113 (5).

Rovers MM et al. Antibiotics for acute otitis media: a meta-analysis with individual patient data. Lancet 2006; 368 (9545).

Paola Marchisio et al. Acute otitis media: from diagnosis to prevention. Summary of the Italian Guidelines. Journal of Pediatric Otorhinolaryngology 2010.

Hoberman A et al. Treatment of acute otitis media in children under 2 years of age. N Engl J Med 2011; 364(2).

Tähtinen PA et al. A placeno-controlled trial of antimicrobial tratment of acute otitis media. N Engl J Med 2011; 364 (2).

Klein JO. Is acute otitis media a treatable disease? N Engl J Med 2011; 364 (2):168-9.

Em 80% dos casos a OMA cura espontaneamente.

“… If the diagnosis is not certain, not treat, wait and see …”

•Crianças até aos 2 anos (nível evidência I/A):– Antibioterapia sempre;

•Crianças com ≥ 2 anos (nível evidência I/A):– Doença grave e/ou OMA recorrente: antibioterapia;

– OMA, sem critérios de gravidade, em doente imunocompetente:

•Tratamento sintomático com reavaliação em 48/72 horas;

•O critério da cura é a resolução da sintomatologia:

– O derrame OM persiste em 50% durante 1 mês, pode manter-se até 3 meses;

Abordagem terapêutica – OMA

Hoberman A et al. Treatment of acute otitis media in children under 2 years of age. N Engl J Med 2011; 364(2).

American Academy of Pediatrics Subcommitee on Management of Acute Otitis Media. Diagnosis and management of acute otitis media. Pediatrics 2004; 113 (5).

Rovers MM et al. Antibiotics for acute otitis media: a meta-analysis with individual patient data. Lancet 2006; 368 (9545).

Paola Marchisio et al. Acute otitis media: from diagnosis to prevention. Summary of the Italian Guidelines. Journal of Pediatric Otorhinolaryngology 2010.

O. Ruuskanen, ESPID 2012

Antibioterapia empírica:

• Primeira linha: amoxicilina, PO, 80-90 mg/kg/dia,12/12h;

• Segunda linha: amoxicilina-clavulanato, PO, 90 mg/kg/dia de amoxicilina,12/12 h;

– Indicações: doença grave, OMA recorrente, antibioterapia no último mês, síndrome otite-

conjuntivite e ponderar no lactente idade < 6 meses.

• RN e lactente < 6 semanas: Abordagem da sépsis neonatal e/ou rastreio de IBI.

Terapêutica em regime de internamento com ampicilina e cefotaxime/gentamicina.

• Falência terapêutica: amoxicilina-clavulanato PO, 90 mg/kg/dia de amoxicilina,12/12h

ou cefuroxime-axetil PO, 30-40 mg/kg/dia 12/12h ou ceftriaxone IM, 50 mg/kg/dia (3-5 dias);

Abordagem terapêutica – OMA

• Otorreia duração > 48 h: adicionar ofloxacina tópica 4 gotas,8/8 h, 7-10 dias;

• Alergia à penicilina e derivados:

• Cefuroxime-axetil, PO, 30-40 mg/kg/dia 2id (sem reação hipersensibilidade tipo I);

• Claritromicina, PO, 15 mg/kg/dia 12/12h (reação de hipersensibilidade tipo I);

Duração da antibioterapia (nível evidência I/B):

• 10 dias: ≤ 2 anos de idade, OMA grave, recorrente, supurada;

• 5 a 7 dias: > 2 anos de idade e OMA não grave e/ou recorrente;

Abordagem terapêutica – OMA

Paola Marchisio et al. Acute otitis media: from diagnosis to prevention. Summary of the Italian Guidelines. Journal of Pediatric Otorhinolaryngology 2010.

• Sequelas:

– Hipoacúsia, colesteatoma e a timpanosclerose.

Complicações e sequelas – OMA Complicações extracranianas Complicações intracranianas

• OM crónica supurativa;

• Mastoidite;

• Abcesso retro-auricular;

• Abcesso de Bezold;

• Abcesso temporal;

• Petrosite;

• Paralisia do nervo facial;

• Labirintite;

• Meningite;

• Abcesso cerebral;

• Empiema subdural;

• Abcesso epidural;

• Trombose do seio lateral;

Abordagem diagnóstica e terapêutica: OMAOMA *

ATB (10 d)

Analgésico/AINEs SOS.

≤ 6 semanas.

≥ 2 anos.

Doença grave** e/ouOMA recorrente ?

ATB (5–10 d) Reavaliação (48/72h)

Melhoria clínica ?

Resolução espontânea

SimNão

Não

Sim

1. Avaliação do risco de sépsis / IBI;2. Internamento;3. Antibioterapia ev (Ampicilina+cefotaxime/gentamicina);

Alergia penicilina: Claritromicina PO, 15 mg/kg/dia, 12/12 h (reação de hipersensibilidade tipo I) ou cefuroxime-

axetil PO, 35 mg/kg/dia 12/12 h (sem reação de hipersensibilidade tipo I);

Otorreia > 48 h: adicionar ofloxacina tópica 4 gotas, 3 vezes/dia, 7-10 dias;

OMA*:início súbito de doença, sinais de derrame do ouvido médio e sinais/sintomas inflamatórios da MT;

OMA grave**:Temperatura axilar ≥ 39ºC, otalgia moderada/intensa, otorreia e OMA bilateral;

Episódios de OMA Recomendado AlternativaOMA não grave, não recorrente, idade ≥ 6 semanas

Amoxicilina PO, 90 mg/kg/dia 12/12 h;

Amoxicilina-clavulanato (14:1), PO, 90 mg/kg/dia 12/12 h;

OMA grave, recorrente, com conjuntivite, e ATB ultimo mês

Amoxicilina-clavulanato (14:1), PO, 90 mg/kg/dia 12/12 h

Cefuroxime PO 35 mg/kg/dia 12/12 h ouCeftriaxone IM/EV 50 mg/kg/dia;

> 6 semanas e < 2 anos.

Sinusite bacteriana aguda – Clínica, diagnóstico e tratamento –

• Sinusite bacteriana aguda (SBA): infeção bacteriana dos seios paranasais,

com duração da sintomatologia > a 10 e < a 30 dias;

• Sinusite subaguda: sintomas com duração > 4 e < 12 semanas;

• Sinusite crónica: sintomas com duração superior a 12 semanas;

• Sinusite recorrente: três episódios de sinusite com duração < 30 dias,

separados por intervalos assintomáticos ≥ 10 dias, num período de 6 meses; ou pelo

menos 4 episódios num período de 12 meses.

• Falência terapêutica da OMA: ausência de melhoria clínica após 48/72 horas

do início de ATB;

Definições – sinusite

Subcommittee on Management of Sinusitis and Committee on Quality Improvement. Clinical Practice Guideline: Management of Sinusitis. Pediatrics 2001; 108; 798

Anatomia dos seios perinasais • Seios paranasais maxilares e etmoidais:

– Presentes ao nascer desenvolvimento completo aos 3/4 anos;

– Orifício dos seios maxilares: parte superior da parede medial do seio;

– Seios etmoidais: múltiplas células com orifícios individuais;

• Seios paranasais esfenoidais:

– Aparecem aos 2 A pneumatizados aos 5 A tamanho definitivo aos 12 A;

• Seios paranasais frontais:

– Aparecem aos 6/8 A completos por volta dos 12/14 A;

– 1-4% adultos: agenesia dos seios paranasais frontais;

1. Permeabilidade dos seios paranasais;

2. Funcionamento dos cílios;

3. Características das secreções;

Fisiopatologia da SBA

• Nas crianças, 6 a 15% das IVAS víricas são complicadas com SBA;

• Fatores de risco:

– IVAS: principal fator predisponente (maior incidência no Inverno);

– Frequência de infantário;

– Rinite alérgica;

– Obstrução anatómica: hipertrofia adenoideia; deformidades craniofaciais, desvio

do septo, corpo estranho nasal, pólipos;

– Irritantes da mucosa: ar seco, exposição ao fumo de tabaco, natação;

– Patologias: IDP, fibrose cística, discinesia ciliar, ….;

Epidemiologia – SBA

Etiologia – SBA • Bacteriana

– Streptococcus pneumoniae: 30 a 40 % (18% não suscetíveis à penicilina);

– Haemophilus influenzae: 20 % (50% produtores de β-lactamases);

– Moraxella catarrhalis: 20 % (>90% produtores de β-lactamases);

– Staphylococcus aureus;

– Anaeróbios;

História clínica da IRS não complicada • IRS não complicada e SBA: manifestações semelhantes;

• Diferenciação: evolução clínica, persistência/severidade sintomas;

Chow A W et al. Clin Infect Dis. 2012;cid.cir1043

Manifestações clínicas – SBA

Sintomas Major Sintomas minor

• Rinorreia purulenta anterior

• Rinorreia purulenta posterior

• Congestão ou obstrução nasal

• Congestão facial

• Dor facial ou hipersensibilidade ao

toque

• Hiposmia ou anosmia

• Febre (apenas na sinusite aguda)

• Cefaleia

• Otalgia, hipersensibilidade ou plenitude

• Halitose

• Odontalgia

• Tosse

• Febre (sinusite subaguda e crónica)

• Fadiga

Chow AW et al. IDSA Clinical Practice Guideline for Acute Bacterial Rhinosinusitis in Children and Adults. Clin Infect Dis 2012.

Manifestações clínicas – SBA

• Três formas de apresentação clínica da SBA:

– Sintomatologia persistente (≥ 10 dias), sem melhoria evidência clínica;

– Gravidade clínica (febre > 39 º C e rinorreia purulenta ≥ 3-4 dias consecutivos

em criança com ar doente);

– Agravamento clínico ou “double-sickening” (≥ 3-4 dias);

• Sem alterações específicas no exame objetivo;

Imagiologia – SBA • Alterações radiológicas dos seios paranasais: inespecíficas;

• Alterações radiológicas – inflamação dos seios paranasais:

– Opacificação difusa do seio;

– Espessamento da mucosa > 4 mm;

– Nível hidroaéreo;

• Indicação de investigação imagiológica na SBA:

– Complicações orbitárias e intracranianas (TAC contraste seios/orbita/crânio);

– Sinusite crónica ou recorrente;

– Ausência melhoria clínica após antibioterapia apropriada:

• Radiografias simples seios: incidência occipitomentoniana, AP e lateral;

Aspiração dos seios paranasais – SBA • Exame padrão de ouro no diagnóstico da SBA:

– Identificação ≥ 104 UFC/ml agente patogénico na cultura do aspirado;

– Exame direto, culturas em aerobiose e anaerobiose;

– Procedimento invasivo: especialista ORL;

• Raramente indicado na prática clínica;

• Indicações clínicas:

– Complicações orbitárias e intracranianas;

– Ausência de melhoria clínica em doente imunodeprimido;

1. Antibioterapia empírica

•Baseada na suscetibilidade local dos agentes patogénicos mais frequentes;

Escolha da ATB empírica depende:

•Gravidade da doença:– febre > 39 º C e rinorreia purulenta ≥ 3-4 dias consecutivos em criança com ar doente;

•Fatores de risco para infeções bacterianas resistentes:– Exposição recente ao ATB (< 30 dias), frequência de infantário/escola e idade < 2 anos;

•Falência terapêutica prévia;

•História de alergias medicamentosas;

Abordagem terapêutica – SBA

1. Antibioterapia empírica

Primeira linha (80 % crianças com SBA sem FR respondem à amoxicilina):

– Amoxicilina oral, 80-90 mg/kg/dia, 12/12 h;

Segunda linha:

– Amoxicilina-clavulanato (14:1) PO, 90 mg/kg/dia amoxicilina, 12/12 h;

– Indicações:

• SBA frontal e/ou esfenoidal;

• Gravidade clínica;

• Fatores de risco para infeções bacterianas resistentes;

• Falência terapêutica prévia com amoxicilina isolada;

Abordagem terapêutica – SBA

1. Antibioterapia empírica

Alergia à penicilina e derivados:

– Cefuroxime-axetil, PO, 30-40 mg/kg/dia 2id (sem reação hipersensibilidade tipo I);

– Claritromicina, PO, 15 mg/kg/dia 12/12h (reação de hipersensibilidade tipo I);

– Clindamicina, PO, 30-40 mg/kg/dia (reação de hipersensibilidade tipo I com

Streptococcus pneumoniae resistente à penicilina);

Falência terapêutica:

– Amoxicilina-clavulanato, PO, 90 mg/kg/dia de amoxicilina,12/12h ou

– Cefuroxime-axetil, PO, 30-40 mg/kg/dia 2id ou

– Ceftriaxone, IM/EV, 50 mg/kg/dia (3-5 dias);

Abordagem terapêutica – SBA

1. Antibioterapia empírica

Duração da ATB:

– Manter 10 dias após resolução da sintomatologia;

– Mínimo de ATB: 10 – 14 dias

Abordagem terapêutica – SBA

Chow AW et al. IDSA Clinical Practice Guideline for Acute Bacterial Rhinosinusitis in Children and Adults. Clin Infect Dis 2012.

Subcommittee on Management of Sinusitis and Committee on Quality Improvement. Clinical Practice Guideline: Management of Sinusitis. Pediatrics 2001; 108; 798

2. Lavagem nasal salina Indicado

3. Descongestionantes e anti-histamínicos Sem evidência de benefício clínico

4. Corticoides intranasais

Sem evidência benefício clínico nos doentes com SBA sem história de rinite alérgica

Abordagem terapêutica – SBA

Chow AW et al. IDSA Clinical Practice Guideline for Acute Bacterial Rhinosinusitis in Children and Adults. Clin Infect Dis 2012.

Chow AW et al. IDSA Clinical Practice Guideline for Acute Bacterial Rhinosinusitis in Children and Adults. Clin Infect Dis 2012.

Chow AW et al. IDSA Clinical Practice Guideline for Acute Bacterial Rhinosinusitis in Children and Adults. Clin Infect Dis 2012.

Complicações – SBA

Complicações extracranianas Complicações intracranianas

• Celulite pré-septal;

• Celulite pós-septal;

• Neurite ótica,

• Abcesso órbita;

• Abcesso temporal com abcesso

subperiosteal (tumor de Pott);

• Meningite;

• Abcesso cerebral;

• Empiema subdural;

• Abcesso epidural;

• Trombose do seio cavernoso;

Abordagem diagnóstica e terapêutica: SBA

Chow A W et al. Clin Infect Dis. 2012;cid.cir1043

Obrigada pela atenção

1. Shaikh N, Hoberman A, Kaleida PH, Ploof DL and Paradise JL. Diagnosing Otitis Media — Otoscopy and Cerumen Removal. N Engl J Med 2010; 362; e20 2. Gould J M , Matz P S. Otitis Media. Pediatrics in Review 2010;31:102-116;3. Wald E R. Acute Otitis Media and Acute Bacterial Sinusitis. Clin Infect Dis. 2011;52:S277-S283;4. Hoberman A et al. Treatment of acute otitis media in children under 2 years of age. N Engl J Med 2011; 364(2);5. Tähtinen PA et al. A placeno-controlled trial of antimicrobial tratment of acute otitis media. N Engl J Med 2011; 364 (2);6. Klein JO. Is acute otitis media a treatable disease? N Engl J Med 2011; 364 (2):168-9; 7. Rovers MM et al. Antibiotics for acute otitis media: a meta-analysis with individual patient data. Lancet 2006; 368 (9545);8. F. Marchetti et al. Delayed prescription may reduce the use of antibiotics for acute otitis media. Arch. Pediatr. Adolesc. Med. 2005; 9. D.P. McCormick et al. Nonsevere acute otitis media: a clinical trial comparing outcomes of watchful waiting versus immediate antibiotic treatment. Pediatrics 2005;10. DM Spiro et al. Wait-and-see prescription for the treatment of acute otitis media: a randomized controlled trial, JAMA 2006;11. American Academy of Pediatrics Subcommitee on Management of Acute Otitis Media. Diagnosis and management of acute otitis media. Pediatrics 2004; 113 (5);12. Paola Marchisio et al. Acute otitis media: from diagnosis to prevention. Summary of the Italian Guidelines. Journal of Pediatric Otorhinolaryngology 2010;13. McwWilliams CJ et al. Update on acute otitis media in children younger than 2 years of age. Canadian Family Physician 2011 (57);14. Pelton SI et al. Recent Advances in Otitis Media. Pediatr Infect Dis J. 2009; 15. Castillo Martin F et al. Otitis media aguda. Protocolos da AEPED, 2008. 16. Subcommittee on Management of Sinusitis and Committee on Quality Improvement. Clinical Practice Guideline: Management of Sinusitis. Pediatrics 2001; 108; 798;17. Chow AW et al. IDSA Clinical Practice Guideline for Acute Bacterial Rhinosinusitis in Children and Adults. Clin Infect Dis 2012;18. Nash D et al. Sinusitis. Pediatrics in Review 2001;22:111-117;19. Taylor A. Sinusitis. Pediatrics in Review 2006;27:395-397;20. Hernández MM et al. Sinusitis aguda. Celulitis periorbitaria. Protocolos da AEPED, 2008;21. DeMuri GP. Complications of Acute Bacterial Sinusitis in Children. Pediatr Infect Dis J. 2011;

Referências bibliográficas