lingua portuguesa - considerações sobre variaçao da lingua

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Disciplina Língua Portuguesa Coordenador da Disciplina Prof.ª Mônica Serafim Edição 2012.1

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Considerações sobre variaçao da lingua

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  • Disciplina

    Lngua Portuguesa

    Coordenador da Disciplina

    Prof. Mnica Serafim

    Edio 2012.1

  • Copyright 2010. Todos os direitos reservados desta edio ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poder ser reproduzida, transmitida e gravada por qualquer meio eletrnico, por fotocpia e outros, sem a prvia autorizao, por escrito, dos autores.

    Crditos desta disciplina

    Coordenao

    Coordenador UAB Prof. Mauro Pequeno

    Coordenador Adjunto UAB Prof. Henrique Pequeno

    Coordenador do Curso Prof. Celso Antnio Silva Barbosa

    Coordenador de Tutoria Prof. Jorge Carvalho Brando

    Coordenador da Disciplina Prof. Mnica Serafim

    Contedo

    Autor da Disciplina Prof. Eullia Vera Lcia Fraga Leurquim

    Setor TecnologiasDigitais - STD

    Coordenador do Setor Prof. Henrique Sergio Lima Pequeno

    Centro de Produo I - (Material Didtico)

    Gerente: Ndia Maria Barone

    Subgerente: Paulo Andr Lima

    Transio Didtica Eliclia Lima Gomes Karla Colares Ftima Silva e Souza Jos Adriano de Oliveira Rafaelli Monteiro

    Formatao Allan Santos Camilo Cavalcante Elilia Rocha Emerson Oliveira Jos Almir Jos Andr Loureiro Tercio Carneiro da Rocha Publicao Joo Ciro Saraiva

    Design, Impresso e 3D Andrei Bosco Eduardo Ferreira Fred Lima Iranilson Pereira Mrllon Lima

    Gerentes

    Audiovisual: Jay Harriman

    Desenvolvimento: Wellington Wagner Sarmento

    Suporte: Paulo de Tarso Cavalcante

  • Sumrio Aula 01: Consideraes sobre Variaes da Lngua Portuguesa ......................................................... 01 Tpico 01: Apresentao da Disciplina ................................................................................................. 01 Tpico 02: Variao Lingustica ............................................................................................................ 04 Aula 02: Estudo do Gnero Artigo Cientfico ........................................................................................ 10 Tpico 01: Noes Gerais sobre o Artigo Cientfico ............................................................................. 10 Tpico 02: Objetivo do Artigo e Meios de Divulgao de Pesquisas ................................................... 13 Tpico 03: A Composio Textual do Gnero Artigo Cientfico .......................................................... 15 Tpico 04: Descrio de Resultados ...................................................................................................... 17 Tpico 05: Objetividade da Descrio e Atividade de Descrio de Resultados .................................. 20 Aula 03: Estudo do Gnero Acadmico Resumo ................................................................................... 22 Tpico 01: Consideraes Gerais sobre o Resumo ................................................................................ 22 Tpico 02: Conceito e Tipos de Resumo ............................................................................................... 24 Tpico 03: Parmetros Definidores do Contexto de Produo do Resumo ........................................... 28 Tpico 04: Coeso Nominal no Resumo ............................................................................................... 31 Aula 04: Contexto de Produo do Resumo ........................................................................................... 32 Tpico 01: Autor e Destinatrio ............................................................................................................. 32 Tpico 02: Estratgias de Sumarizao ................................................................................................. 35 Tpico 03: Produo de um Resumo e Critrios de Avaliao do Resumo .......................................... 40 Aula 05: Estudo da Resenha .................................................................................................................... 41 Tpico 01: Consideraes Gerais sobre Resenha .................................................................................. 41 Tpico 02: O Conceito de Resenha........................................................................................................ 46 Tpico 03: Caractersticas da Resenha e suas Formaes Textuais ...................................................... 48 Tpico 04: Contexto de Produo da Resenha e Seus Parmetros Definidores .................................... 50 Aula 06: Produo de uma Resenha ........................................................................................................ 54 Tpico 01: Introduo. ........................................................................................................................... 54 Tpico 02: Reviso da Resenha Produzida. ........................................................................................... 56 Tpico 03: Mecanismos de Coeso da Resenha. ................................................................................... 61 Tpico 04: A Gramtica nos Gneros Acadmicos. .............................................................................. 62

  • TPICO 01: APRESENTAO DA DISCIPLINA

    MULTIMDIA

    Ligue o som do seu computador!

    OBS.: Alguns recursos de multimdia utilizados em nossas aulas, como

    vdeos legendados e animaes, requerem a instalao da verso mais

    atualizada do programa Adobe Flash Player. Para baixar a verso mais

    recente do programa Adobe Flash Player, clique aqui!

    (http://www.adobe.com/products/flashplayer/)

    PALAVRA DA COORDENADORA DA DISCIPLINA DE LNGUA PORTUGUESA

    VERSO TEXTUAL DO FLASH

    Eu sou Eullia Leurquin. Professora do Departamento de Letras

    Vernculas

    e tambm do Programa de Ps-graduao em Lingstica da UFC.

    Na UFC Virtual,

    Eu coordeno a disciplina Lngua portuguesa

    no Curso de Qumica, Fsica e Matemtica.

    Muitos so os comentrios que ouo sobre a lngua portuguesa.

    Uns dizem que lem, mas que no compreendem;

    que no gosta da disciplina lngua portuguesa

    ou que esta lngua muito difcil.

    Outros at arriscam a dizer que determinadas pessoas

    cometem erros de lngua, porque

    no sabem falar este idioma.

    Esses comentrios decorrem de mitos que construmos sobre a lngua,

    sobre seus falantes e sobre o ensino dela.

    Na verdade, sabemos sim falar a lngua portuguesa

    em determinadas situaes de comunicao.

    Precisamos ampliar esses conhecimentos

    para que possamos interagir atravs de outros gneros.

    A disciplina Lngua portuguesa , sem dvida nenhuma,

    muito importante para o seu bom desempenho

    porque ela lhe possibilitar ampliar suas competncias comunicativas

    e isso lhe proporcionar um melhor desempenho na interao com

    seus pares.

    Ns temos um total de seis aulas.

    Comearemos estudando as variaes da lngua

    e depois passaremos a estudar os gneros acadmicos.

    A gramtica da lngua vai surgir da necessidade de ler e produzir esses

    textos.

    Optei por ensinar a lngua portuguesa a partir de textos e de gneros

    e no da gramtica descontextualizada

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 01: CONSIDERAES SOBRE VARIAES DA LNGUA PORTUGUESA

    1

  • porque entendo que ns nos comunicamos justamente

    produzindo e compreendendo textos em forma de gneros;

    Selecionei o artigo cientfico, resumo, resenha

    porque so gneros muito solicitados na sua formao inicial.

    Os elementos gramaticais

    (pronomes, verbos, substantivos, adjetivos, advrbios)

    so estudados tendo em vista a funcionalidade deles

    nas conexes e coeses estabelecidas nos gneros estudados.

    Ao produzir um texto, ento,o autor precisa fazer as devidas selees

    dentro dos conhecimentos que tem sobre a lngua

    e sobre o gnero a produzir.

    Esses conhecimentos tambm so acionados pelo leitor ao

    compreender o texto.

    nesse espao de conscientizao

    que a universidade resgata seu papel na sociedade

    e a Lingstica traz respostas para problemas

    que relacionam a linguagem sociedade e vice e versa.

    Nesta perspectiva, a lngua to multiforme

    quanto so multiformes as diversas relaes sociais dos indivduos que

    a utilizam.

    Espero que gostem do material,

    da disciplina e dos encaminhamentos dados a ela.

    at breve

    Voc deve estar se perguntando por que deve estudar a lngua portuguesa no

    Curso de Matemtica. Ns lhe perguntamos: como voc pode entender a

    matemtica se h dificuldades de entender o prprio idioma?

    A disciplina Lngua Portuguesa possui uma carga horria de 64 horas/aula,

    est dividida em seis aulas e tem a durao de dois meses. Cada aula

    composta por tpicos, ficando a seu critrio administrar o (s) horrio (s) e

    turno(s) que prefere estudar.

    Quanto ao contedo da lngua, nosso trabalho est dividido em trs partes:

    (1) variao Lingustica

    (2) estudos dos mecanismos de textualizao (coeso verbal e nominal) e

    2

  • (3) estudos dos mecanismos enunciativos (gerenciamento de vozes e

    posicionamentos).

    Esses contedos so estudados a partir dos gneros acadmicos que

    selecionamos e que servem de norteador para o ensino da gramtica.

    Partimos do princpio de que ns nos comunicamos produzindo textos em

    forma de gneros, de acordo com o contexto de produo. Neste contexto, os

    conhecimentos sobre o contedo, a forma e o estilo tm um papel

    fundamental. Nessa perspectiva, a gramtica da lngua portuguesa deve estar

    em funo da comunicao. Nesta disciplina, estudamos o contexto de

    produo dos gneros artigo cientfico, resumo e resenha. O estudo da

    gramtica tem um papel fundamental pois possibilita entender o processo de

    coeso, coerncia, gerenciamento de vozes e o posicionamento do autor,

    pelas modalizaes.

    Na composio do Curso, temos seis aulas; sendo uma sobre variao da

    lngua, uma sobre artigo cientfico, duas sobre resumo e duas sobre resenha.

    O estudo da gramtica complementa as reflexes que so socializadas atravs

    de participaes em fruns, portflios, chats, entre outras ferramentas.

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    3

  • TPICO 02: VARIAO LINGUSTICA

    Fonte

    (HTTP://MANUALDOSFOCAS.COM/WP

    -

    CONTENT/UPLOADS/2010/02/ANALF

    ABETO.JPG)

    2.1 PARA INCIO DE CONVERSA

    Muitas vezes, ouvimos algum dizer que l, mas que no compreende; que

    no gosta da disciplina lngua portuguesa ou que a lngua portuguesa muito

    difcil. Alguns at arriscam a dizer que determinadas pessoas cometem erros

    de lngua portuguesa, porque no sabem falar este idioma. Muitos so os

    comentrios desse tipo. Esses comentrios decorrem de mitos que

    construmos sobre a lngua, sobre seus falantes e sobre o ensino dela. Na

    verdade, sabemos falar a lngua portuguesa em determinadas situaes de

    comunicao, pois compreendemos e somos compreendidos em muitas

    interaes do cotidiano das quais participamos.

    Mas se isso verdade, por que ainda devemos ir escola para aprender a

    lngua portuguesa? Por que, na universidade, ainda estudamos esta lngua?

    Qual o papel da universidade, quanto ao ensino da lngua materna?

    Existiria mais de uma lngua portuguesa? Se h mais de uma lngua, que

    lngua ns precisamos aprender? Qual o espao do ensino de lngua

    portuguesa no Curso de matemtica? Retomaremos essas questes no

    decorrer desta aula.

    2.2 VARIAO LINGUSTICA

    Com certeza, no falamos da mesma maneira independente do contexto de

    produo, pois ele nos sugere refletir sobre com quem falamos, o que

    falamos, quando e onde falamos. , inclusive, o contexto de produo que

    contribui para a opo pelo gnero e pela seleo dos elementos gramaticais

    que do a coeso verbal e nominal e que permitem a conexo dos textos. Ao

    produzir um texto, ento, o autor precisa fazer as devidas selees dentro dos

    conhecimentos que tem sobre a lngua e sobre o gnero a produzir. Esses

    conhecimentos tambm so acionados pelo leitor ao compreender o texto.

    REFLEXO

    A conscincia que temos do uso da lngua nas diversas situaes de

    comunicao leva-nos a refletir sobre a necessidade que temos de ampliar

    as competncias comunicativas do falante.

    nesse espao de conscientizao que a escola resgata seu papel na

    sociedade e a Lingustica traz respostas para problemas que relacionam a

    linguagem sociedade e vice e versa.

    Embora, desde o princpio do sculo XX, com o advento da lingstica, a

    lngua seja compreendida como um fato social, s nos ltimos anos as

    relaes entre lngua e sociedade passaram a ser caracterizadas com maior

    preciso. A lngua passou a ser percebida como um "mega-instrumento" de

    comunicao social, malevel e diversificado em todos os seus aspectos; um

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 01: CONSIDERAES SOBRE VARIAES DA LNGUA PORTUGUESA

    4

  • meio de expresso de indivduos que vivem em sociedade tambm

    diversificada social, cultural e geograficamente. Nesta perspectiva,

    A lngua to uniforme quanto so multiformes as diversas relaes

    sociais dos indivduos que a utilizam.

    Para tratar da relao lngua e sociedade, a Sociolingustica estuda a lngua

    como fenmeno social e cultural. Para os sociolinguistas, a lngua, por ser

    um fato social, no possui um sistema lingstico unitrio, mas um conjunto

    de sistemas lingusticos, no qual se interrelacionam diversos sistemas e

    subsistemas. A variao da lngua ocorre em todos os nveis: fontico,

    fonolgico, morfolgico, sinttico, semntico etc. Uma lngua apresenta, pelo

    menos, trs tipos de diferenas internas:

    No espao geogrfico, ou variao diatpicas(falares locais,variantes regionais).

    Entre as camadas socioculturais,ou variaes diastrticas(nvel culto, lngua padro ,nvel popular etc).

    Entre os tipos de modalidade expressivas , ou variaes diafsica(lngua falada,lngua escrita,lngua literria, linguagens especiais,linguagem dos homens,linguagem da mulheres etc)

    EXEMPLO

    exemplo da variao fonolgica tpica da infncia o falar do personagem

    Cebolinha. Maurcio de Sousa toma como base a troca do fonema grafado

    com a letra "R" pelo fonema grafado com a letra "L". O personagem

    Cebolinha representa uma variao diafsica.

    Leia o texto que segue.

    TEXTO 1

    5

  • Fonte

    (HTTP://TIRINHASTDM.BLOGSPOT.COM/)

    Sendo um fato social, a lngua to multiforme quanto so multiformes as

    relaes sociais construdas pelo homem. Todas as variedades da lngua

    esto fortemente ligadas estrutura social e ao sistema de valores da

    sociedade, sendo as variaes avaliadas pelos indivduos que participam e

    constroem as relaes sociais. Veja que no texto 2, a variao lingustica

    decorre de outra situao.

    TEXTO 2

    6

  • Fonte

    (HTTP://TIRINHASTDM.BLOGSPOT.COM/)

    Os personagens Chico Bento e sua me apresentam uma variao regional

    muito forte que tanto mostra traos de variaes relacionadas ao espao

    geogrfico, ou variaes diatpicas (falares locais, variantes regionais),

    quanto mostra traos de variaes decorrentes de camadas socioculturais, ou

    variaes diastrticas (nvel culto, lngua padro, nvel popular).

    Possenti (2006), ao tratar deste assunto, afirma que:

    A variao lingustica um reflexo da variedade social e, como em todas as

    sociedades existe alguma diferena de status ou de papel entre os indivduos ou

    grupos, estas diferenas se refletem na lngua.

    Com base nisso, possvel dizer que a lngua falada por uma determinada

    classe social contribui para a construo do perfil do falante e

    consequentemente contribui para o acesso (ou no) deste falante em

    determinado grupo social. Tambm justo dizer que no existe uma

    variedade "certa", pois cada variedade tem seus domnios prprios. Ento,

    7

  • como conciliar isso? neste impasse que a escola se localiza e assegura o

    papel no ensino-aprendizagem da lngua materna, no ensino aprendizagem.

    No basta apenas falar em uma linguagem adequada s situaes

    espontneas.O aluno dave ter condies de interagir em qualquer situao

    comunicativa em sua lngua materna.

    Ao focalizar o ensino de lngua com base nos gneros resumo, resenha e

    artigo cientfico, ns estamos nos posicionando no ensino da variao da

    lngua culta, mesmo ratificando a importncia de considerarmos as demais

    variaes de lngua. Trataremos, nos prximos tpicos, de questes

    relacionadas ao uso padro na lngua escrita. Agora, faa a atividade

    proposta.

    ATIVIDADE DE PORTFLIO

    1. Sobre os textos 1 e 2, responda ao que pedimos em seu portflio:

    1.1 Os personagens de Maurcio de Sousa normalmente mostram a

    caricatura de "tipos" e fases de crianas. Por exemplo, o Casco simboliza

    a fase da preguia de tomar banho, a Magali simboliza a criana que come

    muito etc. Com relao ao falar de um grupo social, no texto 2, temos o

    exemplo do personagem Chico Bento que representa a criana da roa. A

    variante constatada na fala de Casco e Cebolinha a mesma constatada

    na fala de Chico Bento? Justifique sua resposta.

    1.2 No texto 2, Cebolinha expressa em sua "fala" uma variao fonolgica

    tpica da infncia, em que h a troca do fonema grafado com a letra "R"

    pelo fonema grafado com a letra "L". Voc considera que socialmente h

    distino entre a variao expressa na fala do personagem Cebolinha e a

    variao expressa na "fala" do personagem Chico Bento? Justifique sua

    resposta.

    1.3 Leia a afirmao de Possenti.

    "A variao lingstica um reflexo da variedade social e, como em todas

    as sociedades existe alguma diferena de status ou de papel entre os

    indivduos ou grupos, estas diferenas se refletem na

    lngua" (POSSENTI, 2006).

    1.4 Com base nesta afirmao:

    a- Explique a noo de preconceito lingustico;

    b- Posicione-se quanto a esse preconceito.

    c- Procure perceber a relao entre preconceito lingustico e preconceito

    social.

    FRUM

    1. Leia uma estrofe do poema Aos poetas clssicos, de Patativa do Assar,

    disponvel em:

    http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/363005

    (HTTP://RECANTODASLETRAS.UOL.COM.BR/POESIAS/363005)

    8

  • Eu nasci aqui no mato,

    vivi sempre a trabai

    Neste meu pobre recato,

    no pude estud,

    No verd de minha idade

    S tive a felicidade

    de d um pequeno insaio

    in dois livro do iscrit

    O professo Felisberto de Carvaio.

    Com base nos tipos de variaes da lngua, analise este poema. A sua

    resposta deve ser postada no Frum de discusso.

    2. O preconceito lingustico silencia e exclui as pessoas que no dominam

    a variante padro da lngua. A partir dessa afirmao, dialogue com seus

    colegas, no frum de discusso, sobre a excluso advinda do preconceito

    lingustico em nossa sociedade.

    Para saber mais sobre preconceito lingustico consulte o endereo

    eletrnico:

    http://br.youtube.com/results?

    search_query=preconceito+linguistico&search_type=

    (HTTP://BR.YOUTUBE.COM/RESULTS?

    SEARCH_QUERY=PRECONCEITO+LINGUISTICO&SEARCH_TYPE=)

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    9

  • TPICO 01: NOES GERAIS SOBRE O ARTIGO CIENTFICO

    PARA INCIO DE CONVERSA

    Como j dissemos, ns nos comunicamos construindo textos orais e

    escritos em forma de gneros que fazem parte do nosso cotidiano.

    Percebemos isso nas tarefas mais corriqueiras, como: pegar um nibus, ler

    um livro de receitas, ler o cardpio de um restaurante, fazer listas de

    compras ou, em se tratando de um universitrio, resumir ou resenhar um

    artigo cientfico, por exemplo.

    Nesta aula, trataremos do artigo cientfico. Mas, antes de entrar na exposio

    do contedo, que tal testar seus conhecimentos prvios sobre o artigo

    acadmico? Ento, procure responder s perguntas a seguir (sugerimos que

    responda mesmo! Procure fazer um esforo e no passar adiante, antes de

    refletir sobre as perguntas apresentadas).

    A partir do que voc j ouviu falar sobre artigo cientfico, voc poderia citar qual a funo (ou funes) desse gnero?

    Qual o objetivo comunicacional do artigo cintfico?

    Quem so os interlocutores envolvidos na interao via artigo cientfico? Quem escreve? Quem l?

    Onde so publicados os artigos cintficos?

    Como fazer para que um artigo cintfico tenha um nvel de formalidade coerente com a situao de comunicao?

    Como fazer para contemplar contedo, forma e estilo em um artigo cintfico?

    Ora, ler e produzir um artigo cientfico, um resumo ou uma resenha exige de

    ns competncias diferentes daquelas necessrias para realizar as atividades

    rotineiras porque os textos so materializados em instncias cotidianas e

    apresentam caractersticas scio-comunicativas definidas por contedos,

    propriedades funcionais, estilo e composio.

    O funcionamento do gnero relaciona-se acomodao das habilidades do

    falante ao propsito comunicativo. Assim, ao produzir uma carta pessoal,

    utilizamos a linguagem num nvel de formalidade muito inferior ao de uma

    carta de recomendao. Num artigo cientfico, por exemplo, o nvel de

    formalidade superior ao nvel de formalidade de uma notcia policial,

    divulgada em um jornal local.

    Ao ativar as prticas de linguagem, em uma situao de comunicao, os

    sujeitos tomam conscincia das particularidades desse funcionamento, a

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 02: ESTUDO DO GNERO ARTIGO CIENTFICO

    10

  • partir de um conjunto de aes que consiste em produzir, compreender,

    interpretar e/ou memorizar enunciados orais ou escritos, e das opes pelos

    elementos da lngua que ele vai utilizar.

    Como vamos lidar com a esfera do universo acadmico, preciso que os

    gneros atendam s necessidades interacionais dos alunos e professores.

    Uma das necessidades, por exemplo, apresentar, de forma condensada,

    informaes sobre um artigo cientfico lido (resumo) e a outra necessidade

    a de tecer comentrios sobre o artigo lido ou a de se posicionar com relao a

    ele (resenha).

    O artigo cientfico, objeto de estudo desta aula, a via de comunicao por

    meio da qual os pesquisadores expem os resultados de sua investigao

    para a comunidade acadmica. De acordo com Motta-Roth (2003, p. 38),

    a atividade de pesquisa est vinculada essencialmente ao meio

    universitrio ,onde professores e alunos desenvolvem estudos avanados e

    pesquisa que ,mas tarde , torna-se-o pblico por meio de apresentaes em

    congresso,mas ,principalmente ,por meio da publicao de trabalho escritos em

    revistas especializadas.

    Ele o gnero mais conceituado na divulgao do saber especializado

    acadmico porque possibilita apresentar as principais partes do caminho

    percorrido pelo pesquisador, mostrando, inclusive, os resultados obtidos.

    Portanto, de suma importncia que o aluno universitrio, um pesquisador

    em potencial, aprenda a redigir, com competncia, um artigo cientfico.

    DICAS

    Para que ocorra satisfatoriamente o processo de aprendizagem e

    consequente domnio desse gnero, alm da prtica constante de escrita,

    necessrio o conhecimento das estratgias lingusticas de organizao de

    informaes caractersticas do artigo. Reconhecer sua funo e as partes

    que o compem pode ser de grande contribuio na aquisio da

    competncia escrita.

    Um artigo cientfico bem escrito deve ter clareza, preciso e fluncia para que

    o leitor se sinta interessado em sua leitura, e seja capaz de entender o seu

    contedo facilmente. O artigo deve apresentar adequadamente os objetivos,

    a metodologia utilizada e os resultados encontrados.

    Nesta aula, estamos priorizando a leitura do artigo e no a produo dele,

    considerando aspectos relacionados escrita descritivo-expositiva.

    EXERCITANDO

    1. Faa uma pesquisa na Internet para encontrar conceitos de artigo cientfico ou acadmico. Selecione trs deles e, considerando o conceito dado nesta aula e os que voc selecionou, construa um novo conceito de artigo cientfico, atentando-se para as semelhanas e diferenas entre as

    11

  • definies conhecidas. Em seguida, coloque o texto resultante da reflexo feita em seu portflio.

    2. Leia a citao de Albert Einstein, que segue, e, com base em seus conhecimentos sobre o seu Curso, faa uma reflexo sobre ela, respondendo ao questionamento feito pelo cientista. A sua resposta, socialize com seus colegas.

    "Como que a matemtica, que um produto do pensamento humano e

    independente de qualquer experincia, se adapta de uma maneira to

    admirvel aos objectos da realidade? A razo humana seria capaz, sem

    recurso experincia, de descobrir s pela sua actividade as propriedades

    dos objectos reais?"

    Albert Einstein

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    12

  • TPICO 02: OBJETIVO DO ARTIGO EMEIOS DE DIVULGAO DE PESQUISAS

    Fonte

    (HTTP://BP1.BLOGGER.COM/__ANK4

    UIUE8U/R-

    LPW0NUXGI/AAAAAAAABNS/AZ4E

    A O9JO8/S320/MANCHETE.JPG)

    O artigo cientfico publicado por vrias razes. Dentre elas, ressaltamos a

    divulgao cientfica, quando visa a comunicar, comunidade cientfica, o

    conhecimento de novas descobertas e o desenvolvimento de novos materiais,

    tcnicas e mtodos de anlise nas diversas reas da cincia; e a apresentao

    do um trabalho em eventos da rea. uma forma de se posicionar no

    mercado de trabalho.

    REFLEXO

    A partir da conceituao de artigo cientfico que voc conhece, pense um

    pouco sobre as duas questes a seguir:

    a) possvel que a divulgao de pesquisas cientficas envolva outros

    interlocutores que no os citados, isto , membros pertencentes

    comunidade acadmica? Justifique a sua resposta.

    b) O nico gnero responsvel pela divulgao de pesquisas o artigo

    cientfico? Caso sua resposta seja negativa, quais outros gneros cientficos

    tm esse objetivo?

    H alguns meios disponveis para divulgarmos resultados de pesquisas,

    dependendo de como queremos alcanar o leitor, dependendo do nosso

    objetivo. Aqui, chamamos ateno de duas possibilidades de divulgao de

    resultados de pesquisas: o artigo cientfico e o artigo de vulgarizao

    cientfica.

    O artigo cientfico pode estar divulgado em revista especializada ou em jornal

    da rea. escrito por pesquisadores ou estudantes para ser lido por

    interessados no assunto estudado enquanto que o artigo de vulgarizao

    cientfica escrito por jornalistas e o pblico necessariamente no

    especialistas da rea.

    EXERCITANDO

    1. Leia o artigo cientfico de Maria Alice Gravina e Lucila Maria Costi

    Santarosa, A aprendizagem da matemtica em ambientes informatizados,

    no seguinte link:

    http://www.seer.ufrgs.br/index.php/InfEducTeoriaPratica/article/viewFile/6275/3742

    (http://www.seer.ufrgs.br/index.php/InfEducTeoriaPratica/article/viewFile/6275/3742)

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 02: ESTUDO DO GNERO ARTIGO CIENTFICO

    13

  • 2. Qual foi o principal objetivo das autoras ao publicar o artigo em uma

    revista especializada?

    3. No item 2 do artigo, as autoras tratam da aprendizagem da matemtica,

    numa perspectiva piagetiana. Qual a sua posio quanto a isso?

    4. Como as autoras dividiram o tema tratado no artigo (A aprendizagem

    da matemtica)?

    Divulgue as suas respostas no frum.

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    14

  • TPICO 03: A COMPOSIO TEXTUAL DO GNERO ARTIGO CIENTFICO

    Neste tpico, inicialmente, apresentamos as partes do artigo cientfico, com

    nfase em suas caractersticas e objetivos especficos. A seguir, apresentamos

    um artigo completo, sobre cujas partes comentamos a funcionalidade.

    1 - TTULO

    2 - RESUMO

    3 - PALAVRA CHAVE

    4 - INTRODUO

    5 - REVISO DE LITERATURA

    6 - METODOLOGIA

    7 - RESULTADOS E DISCUSSES

    8 - CONSIDERAES FINAIS

    9 - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    O ttulo deve estar relacionado diretamente com o assunto do trabalho

    Objetivo: refletir adequadamente a proposta da pesquisa.

    O resumo deve conter o objetivo, a relevncia do tema, a metodologia e os

    resultados finais. Algumas publicaes, muitas vezes, exigem o resumo em

    ingls (chamdo de abstract)

    As palavras-chave podem ser de no mnimo trs e no maximo cinco.Elas

    vm, geralmente,logo abaixo do resumo.

    Objetivo: identificar os principais pontos abordados no estudo.

    Na introduo, o autor geralmente indica a relevncia do tema, apresenta

    brevemente (quando h uma seo separada de reviso literatura - ver

    prximo item) itens de pesquisa prvia, aponta os objetivos da pesquisa e faz

    generalizaes do assunto que ser tratado no artigo.

    Na reviso de literatura, feita a contextualizao da pesquisa:"essa

    contextualizao pode ser feita tanto dentro da seo de introduo do

    artigo, quanto em uma seo especfica, que, em geral chamada de Reviso

    da literatura" (MOTTA-ROTH, 2003, P.53).

    Objetivo: situar o trabalho para o leitor, uma vez que este precisar definir os

    autores pertinentes pesquisa apresentada.

    O leitor tambm precisa saber em que linha terica est situado o estado, da

    a reviso de literatura ser considerada uma parte essencial de um artigo

    acadmico.

    Na seo referente metodologia, especificam-se os aspectos relacionados a

    como a pesquisa foi estruturada. Normalmente, as informaes se

    relacionam a:

    universo: quem (ou o qu) ser investigado. Do universo, grande grupo, tira-

    se a amostra, sendo esta um pequeno grupo representativo daquele;

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 02: ESTUDO DO GNERO ARTIGO CIENTFICO

    15

  • instrumentos: ferramentas utilizadas durante a pesquisa para se obterem os

    dados;

    procedimentos: os passos tomados para se chegar aos resultados da

    pesquisa;

    tratamento dos dados: maneira pela qual se escolheu interpretar os dados

    obtidos.

    Objetivo: apresentar os materiais e os mtodos (sujeito, instrumentos,

    procedimentos, critrios) empregados na pesquisa para se obterem e

    analisarem os dados.

    Aps a metodologia, apresentam-se os resultados da pesquisa. Os dados

    obtidos so apresentados, comentados e interpretados.

    Objetivo: apresentar os dados da pesquisa e discutir os resultados em relao

    ao que se avanou no conhecimento do problema lanado pelo pesquisador.

    Finalmente, na concluso, retormamos os principais pontos da discusso dos

    resultados obtidos na pesquisa.

    Objetivo: mostrar os resultados da pesquisa e o que se avanou com essa

    nova pesquisa.

    Todos os textos que o pesquisador utilizou como base referncial para sua

    pesquisa devem estar devidamente marcados nas referncias bibliogrficas.

    Objetivo: mostrar leitura e domnio do assunto que foi pesquisado e, ainda,

    garantir a legitimidade da pesquisa ao fazer meno a outros estudiosos.

    FRUM

    Observe se o artigo cientfico lido no Tpico anterior segue as orientaes

    tericas. Em seguida, escreva suas observaes feitas. Socialize-as com

    seus colegas, no Frum de discusso.

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    16

  • TPICO 04: DESCRIO DE RESULTADOS

    Fonte

    (HTTP://EMERGINGYOUTH.FILES.WO

    RDPRESS.COM/2009/01/STUDYING-

    MAIN_FULL.JPG)

    No artigo cientfico, alm do resumo, temos uma introduo, um

    desenvolvimento e uma concluso. O item que trata da descrio de

    resultados muito importante e ele se localiza no desenvolvimento. Motta-

    Roth e Hendges (2003, p. 79) apresentam oito movimentos indicadores dos

    oito tipos de informao que devem aparecer na seo de

    resultados/discusso de um artigo acadmico. Destacam-se aqui os quatro

    movimentos mais relevantes para a discusso que ora se apresenta:

    MOVIMENTO 2: Declarao dos resultados

    MOVIMENTO 3: Explicao do final (in)esperado

    MOVIMENTO 4: Avaliao da descoberta

    MOVIMENTO 5: Comparao da descoberta com a literatura

    Levando-se em conta apenas esses quatro movimentos, pode-se dizer que o

    artigo acadmico, grosso modo, consiste em:

    Apresenta dados observados(movimento 2);

    Interpretar as possveis causas que levaram configurao dos dados na forma como foram colhidos (movimento 3);

    Mostrar as consequcias que os resultados observados acarretam para a rea de conhecimento invetigada (movimento 4)

    E comparar resultados encontrados com outras pesquisas j realizadas (movimento 5)

    Embora a ordem em que as informaes so apresentadas possa variar, claro

    est que o ponto de partida a descrio dos dados observados. a partir

    dessa parte mais "objetiva" do relato cientfico que se chega s partes mais

    "subjetivas", nas quais o pesquisador se posiciona face ao que investigou. A

    descrio dos dados to fundamental que muitos julgam ser somente isso o

    necessrio para se apresentar uma pesquisa.

    OBSERVAO

    Como voc acabou de ver, relatar uma pesquisa no apenas apresentar

    esses passos no artigo, mas eles so essenciais para que todo o resto

    acontea. Da a importncia de se aprender como se faz, adequadamente,

    uma descrio de resultados cientficos.

    Para estudar as caractersticas que competem a esse saber, voltemos ao

    artigo A aprendizagem da matemtica em ambientes informatizados. Em

    alguns, temos tabelas que do ponto de vista do autor de artigos, a elaborao

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 02: ESTUDO DO GNERO ARTIGO CIENTFICO

    17

  • delas (bem como de grficos, quadros, figuras) uma forma de estabelecer as

    relaes entre os elementos pesquisados. A partir destes recursos de

    visualizao, o pesquisador tambm capaz de mostrar como classificou os

    dados observados. Isso implica dizer que uma boa descrio de resultados

    deve passar por uma esquematizao grfica que demonstre as relaes entre

    os aspectos observados.

    ATIVIDADE DE PORTFLIO

    Descreva linguisticamente as informaes contidas nos esquemas grficos

    a seguir. Coloque seus textos referentes a essa tarefa em seu portflio.

    1 - As rotas do trfico de pessoas (Carta Capital na escola, agosto de 2006)

    2 - RESULTADOS DO PROVO DE AVALIAO DO ENSINO

    FUNDAMENTAL DA REDE PBLICA DO ESTADO DE SO PAULO PARA A

    TERCEIRA SRIE (Veja, 22 de junho de 2005)

    Incidncia de notas baixas entre os alunos...

    ... que tm a idade certa para a srie ---------------------------------------------

    ---25%

    ... que tm um ano de atraso ------------------------------------------------------

    --54%

    ... que tm um ano de atraso ------------------------------------------------------

    -- 54%

    ... que tm dois anos de atraso ---------------------------------------------------

    --- 59%

    ... que tm trs anos de atraso ----------------------------------------------------

    -- 67%

    Incidncia de notas baixas entre os alunos...

    ... cujos pais nunca estudaram ---------------------------------------------------

    --- 55%M

    ... cujos pais estudaram at a 4 srie -------------------------------------------

    --- 30%

    ... cujos pais estudaram at a 8 srie -------------------------------------------

    --- 28%

    ... cujos pais tm nvel superior --------------------------------------------------

    -- 20%

    18

  • 3 -

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    19

  • TPICO 05: OBJETIVIDADE DA DESCRIO E ATIVIDADE DE DESCRIO DE RESULTADOS

    Leia o texto a seguir

    O FATO E AS VERSES

    Gualter Mathias Netto

    Pego os jornais de domingo. Primeiro os do Rio, por fora do hbito. E,

    logo nas manchetes, fico intrigado. O Globo anuncia: "Empregos tm

    crescimento surpreendente de 30% no Rio". O Jornal do Brasil abre de

    fora a fora: "Pas ganha 1.061 desempregados por hora". Leio a chamada e

    vejo que ambos citam as mesmas fontes: Ministrio do Trabalho e

    Associao Brasileira de Recursos Humanos.

    Comparando os dados, comeo a vislumbrar onde est a diferena. O

    Globo se refere a nmeros de maro deste ano. Na mesma sentena, os

    novos empregados em So Paulo somam 75% a mais do que no ms

    anterior e as demisses no Rio decresceram 19%. J o JB faz as contas

    sobre 20,2 milhes de demitidos de janeiro de 90 a fevereiro de 93. Nas

    pginas internas, enquanto O Globo engorda seu otimismo com

    percentuais positivos, seu concorrente preenche toda uma pgina com

    relatos de desempregados e demonstrativos que a classe mdia foi a mais

    atingida.

    [...] Tomo o episdio para exemplo de como um mesmo fato se apresenta a

    diferentes verses. As estatsticas, na frieza rgida de seus nmeros, podem

    ser manipuladas de acordo com a preferncia de quem as analisa, sem

    fraudar as cifras, mas conduzindo as interpretaes para onde indicarem

    suas convenincias. O leitor de banca, que faz uma leitura apressada dos

    ttulos, fica perplexo. S o comprador perdulrio e minucioso consegue

    juntar as peas e entender o quebra-cabeas. [...]

    Texto retirado de FARACO, Carlos Alberto e TEZZA, Cristvo. OFICINA

    DE TEXTO.

    O texto chama ateno interpretao dos fatos. Um mesmo fato pode se

    prestar a diferentes interpretaes, dependendo do repertrio do leitor, do

    contexto de leitura.

    EXERCITANDO

    1. Faa uma enquete com 20 pessoas, para as quais perguntar: "O que a matemtica para voc?". Anote as respostas dadas e em seguida descreva os resultados de tal investigao. Procure esquematiz-las de alguma forma; voc poder, por exemplo, propor uma classificao indicando diferentes tipos de resposta.

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 02: ESTUDO DO GNERO ARTIGO CIENTFICO

    20

  • 2. No texto descritivo, voc dever, ainda, propor uma pequena discusso sobre os resultados encontrados: o que as respostas indicam acerca da maneira como os leigos percebem a Matemtica? Quais os motivos para que as pessoas tenham uma determinada viso sobre o que a Matemtica?

    FRUM

    1.Discuta com seus colegas no Frum da AULA 1 as principais diferenas

    entre um artigo acadmico e um artigo de vulgarizao.

    DICAS

    Para aprofundar, acesse:

    http://www.scielo.br (http://www.scielo.br)

    http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp

    (http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp)

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    21

  • TPICO 01: CONSIDERAES GERAIS SOBRE O RESUMO

    Fonte

    (HTTP://INTERCENTRES.CULT.GVA.ES

    /IESCUEVASANTA/ALQUIMISTAS/NAR

    RATIVA/10_CUENTOS/RESUMIR.JPG)

    PARA INCIO DE CONVERSA

    A partir do que foi estudado nas duas aulas, podemos dizer que voc j tem

    conhecimentos sobre o contexto de produo do artigo cientfico e sobre a

    sua estrutura, necessrios para fazer uma leitura significativa deste gnero.

    Nesta aula, estudaremos o gnero resumo. Mas a partir desta aula,

    tambm vamos estudar elementos lingusticos que contribuem para a

    coeso nominal e verbal, para entender o contexto de produo e a

    composio deste gnero.

    O resumo bastante solicitado pelo professor, sobretudo, como instrumento

    de avaliao das disciplinas. Assim como a resenha, ele sempre parte de um

    texto fonte. Fique atento atividade que propomos.

    FRUM

    1. Leia os resumos que seguem:

    A APRENDIZAGEM DA MATEMTICA EM AMBIENTES

    INFORMATIZADOS

    Maria Alice Gravina

    LucilaMaria Costa Santarosa

    Este trabalha analisa ambiente informatizado que apresenta recurso em

    consonncia com o processo de aprendizagem construtivista o qual tem

    como princpio bsico que o conhecimento se constri a partir das aes

    do sujeito. luz da teoria de desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget

    so destacados alguns recursos que do suporte s aes do sujeito e que

    consequentemente favorecem a construo do conhecimento

    matemtico. Na aprendizagem da matemtica, este suporte a

    possibilidade do fazer matemtica? Experimentar, visualizar mltipas

    facetas, generalizar, conjeturar, e enfim demonstrar exemplos de alguns

    ambientes ilustra tal processo.

    ALGUNS MODOS DE VER E PERCEBER O ENSINO DA MATEMTICA

    NO BRASIL

    Drio Fiorentini

    Este artigo pretende descrever alguns modos, historicamente produzido,

    de ver e conceber o ensino da Matemtica no Brasil. As categorias

    descritivas utilizadas neste estudo foram: concepo de matemtica,

    concepo do modo como se processa a obteno/produo do

    conhecimento matemtico; os fins e os valores atribudos ao ensino da

    matemtica; as concepes de ensino e de aprendizagem; a cosmoviso

    subjacente; a relao professor aluno e a perspectiva de estudo;pesquisa

    visando a melhoria do ensino da matemtica. Com base nessas

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 03: ESTUDO DO GNERO ACADMICO RESUMO

    22

  • categorias, identificamos e descrevemos seis tendncias: a formalista

    clssica, a emprico-ativista, formalista moderna, tecnicista e suas

    variaes e a construtivista e socioculturalista.

    Considerando a leitura feita, responda s questes:

    a) Quais as principais caractersticas de um resumo?

    b) Qualquer texto pode ser resumido?

    c) O tipo de texto influencia na produo do resumo?

    d) possvel descrever estratgias que garantam um bom resumo?

    Disponibilize as suas respostas no frum de discusso. A partir da,

    desenvolva uma reflexo sobre o assunto.

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    23

  • TPICO 02: CONCEITO E TIPOS DE RESUMO

    O resumo veicula informaes oriundas de outro texto. O objetivo desta

    transposio condensar o contedo de modo a destacar os pontos

    principais do texto original. Neste processo, necessrio que o

    leitor/resumidor perceba tais pontos e os reproduza de forma coerente.

    Therezo (2001, p. 21) conceitua o resumo como

    a condesao de um texto inteligvel em si mesmo,rdigida em nvel padro de

    linguagem com as prprias palavras do leitor resumido.

    Assim definido, o texto-resumo, segundo esta autora, um gnero s

    produzido em ambientes de aprendizagem, como escolas e universidades.

    Silva & Mata (2002), no entanto, j assinalam que o gnero resumo

    produzido por outras comunidades. Nesta perspectiva, o resumo um

    gnero cuja finalidade discursiva ultrapassa as instituies de ensino. So,

    portanto, textos que atendem a necessidades sociocomunicativas, como

    satisfazer a curiosidade do leitor sobre diversos assuntos, sistematizar textos

    estudados (prprio e de outros). assim que encontramos em circulao

    resumos de novelas, filmes, notcias, alm dos resumos escolares e dos

    acadmicos.

    Antes de ler, resumir ou produzir um texto, ns precisamos ter conscincia

    de que:

    a) Todo texto possui um autor que teve um objetivo para a escrita daquele texto;

    b) Todo testo escrito tendo em vista um leitor potencial.

    c)A antecipao do contedo do texto pode facilitar a leitura;

    d)O texto determinado pela poca e local em que foi escrito.

    e) O texto produzido tendo em vista o veculo em que ira circular.

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 03: ESTUDO DO GNERO ACADMICO RESUMO

    24

  • No resumimos o texto da mesma forma; depende da composio textual.

    Observe os resumos que seguem.

    Este tipo de resumo favorece ao leitor optar pelo filme a que pretende

    assistir.

    Diferente da situao de comunicao que segue.

    Este resumo tem o propsito de apresentar as idias principais sobre um

    artigo cientfico. Como vemos, apesar de se tratar de um resumo, a estrutura

    textual no a mesma. O resumo de um artigo cientfico exige um tema,

    nome do autor do trabalho e, as vezes, da instituio a que est vinculado, o

    texto resumido e as palavras principais.

    O resumo de um livro, por sua vez, apresenta uma estrutura tambm

    particular.

    Vejamos.

    25

  • Este resumo mostra o ttulo e o subttulo seguidos do texto resumido e de

    impresses do autor que podem influenciar o leitor a adquirir o livro.

    importante ressaltar que o objetivo maior de nossa aula ajud-lo a produzir

    resumos escolares/acadmicos que possam ser considerados bons pelos seus

    professores. O resumo usado como notas de aula, e mesmo como forma de

    fichamento (idias principais do texto colocadas em forma de enumerao).

    Para ajud-lo a apropriar-se do resumo escolar/acadmico, que vamos

    continuar a estudar, em nossa prxima aula, mais algumas caractersticas

    que distinguem o resumo escolar/acadmico e principalmente algumas

    tcnicas para resumir.

    A partir desses conhecimentos sobre as distines entre os resumos, voc

    dever fazer as atividades propostas.

    ATIVIDADE DE PORTFLIO

    A seguir, voc ler trs resumos: de um filme, de um artigo acadmico e de

    um livro.

    textos_resumo (Clique aqui) (Visite a aula online para realizar download

    deste arquivo.)

    a) Identifique as diferenas entre cada resumo apresentado, levando em

    considerao as diferentes condies de produo (autor, objetivo do

    resumo, destinatrio, poca e local em que o resumo foi produzido, veculo

    no qual foi publicado). Como sugesto, siga as orientaes da tabela a

    seguir. Coloque seu texto no portflio.

    b) Busque na Internet sites que tragam definies e exemplos de resumo.

    Compare os resultados da pesquisa com o contedo apresentado nesta

    aula. Coloque suas observaes em seu portflio.

    CLIQUE AQUI PARA VER A TABELA.

    26

  • FRUM

    a) Elabore seu ponto de vista sobre a importncia do gnero resumo na

    vida cotidiana do aluno universitrio. Discuta sobre suas observaes no

    frum.

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    27

  • TPICO 03: PARMETROS DEFINIDORES DO CONTEXTO DE PRODUO DO RESUMO

    Como vimos na aula anterior, o gnero resumo pode ser observado em

    diversos ambientes: podemos ler resumos em revistas de variedades, em

    jornais e em livros ou artigos escolares e acadmicos. Nesta aula,

    discutiremos sobre alguns aspectos referentes ao contexto de produo de

    resumos. Inicialmente questionamos:

    As questes que acabamos de colocar levam a considerar a importncia do

    contexto de produo, que interfere na compreenso e no processo de

    sumarizao de um texto. Os aspectos contextuais so compostos por

    experincias pessoais, isto por conhecimentos de mundo que cada pessoa

    detm ao longo da vida e so fundamentais para que a distino entre o que

    primordial e o que acessrio sejam feitos. Tambm so relevantes os

    objetivos de quem escreve (que esto relacionados, inclusive, com o tipo de

    leitor) influenciam na produo do resumo.

    Texto : Crnica da casa assassinada

    - Primeira narrativa do farmacutico

    Lcio Cardoso

    Meu nome Aurlio do Santos, e h muito tempo que estou estabelecido

    em nossa pequena cidade com um negcio drogas e produtos

    farmacuticos. Minha loja pode mesmo ser considerada a nica do lugar,

    pois no oferece concorrncia um pequeno varejo de produtos

    homeopticos situado na Praa Matriz. Assim, quase todo o mundo vem

    fazer suas compras em minha casa, e mesmo para a famlia Meneses tenho

    aviado muitas receitas.

    Lembro-me muito bem da noite em que ele veio me procurar. Achava-me

    sentado sob uma lmpada baixa, a fim aproveitar a claridade o mais que

    pudesse, j que a eletricidade em nossa vila deficiente, e eu consultava

    um dicionrio de ps medicinais impresso em letras exageradamente

    midas. A noite mal comeava a baixar, e aloja se achava cheia de

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 03: ESTUDO DO GNERO ACADMICO RESUMO

    28

  • mariposas que giravam num crculo cada vez mais fechado em torno da

    lmpada. Isto me enervava e eu sacudia a cabea para afugent-las, pois

    tinha as duas mos ocupadas em sustentar o grosso volume. No fechara

    inteiramente a porta, cuidando que apareceria algum fregus retardatrio.

    Como ouvisse um leve rangido, ergui a cabea e percebi a mo que

    empurrava a porta depois o rosto surgiu devagar, sem procurar produzir

    efeito, apenas como se evitasse uma interveno repentina. Avanou dois

    passos e eu reconheci ento de que se tratava. Pareceu-me mais plido do

    que habitualmente, de modos hesitantes, olhos desconfiados.

    -- Boa noite, Sr. Demtrio disse eu, naturalmente a visita.

    Talvez seja necessrio explicar aqui por que aquela chegada no me

    pareceu um fato banal que eles, os Meneses, por orgulho ou por

    suficincia, eram os nicos fregueses que jamais pisavam em minha casa.

    Mandavam recados, aviavam receitas, pagavam as contas por intermdio

    dos empregados. Eu os via passar com certa freqncia, quase sempre de

    preto, distante e numa atitude desdenhosa. Dizia comigo mesmo: So os

    da Chcara e contentava-me em inclinar a cabea num hbito que j se

    perdia longe atravs do tempo. Alis, devo acrescentar ainda que

    caminhavam quase sempre juntos, o Sr, Valdo e o Sr. Demtrio. Podiam

    no ser unidos l dentro de casa, tal como corria de boca em boca, mas nas

    ruas eu os encontrava sempre ao lado um do outro, como se neste mundo

    no houvesse melhores irmos. Uma nica vez vi o Sr. Demtrio em

    companhia de sua esposa, Dona Ana, que a voz corrente dizia encerrada

    obstinadamente em casa, e sempre em pratos pelo erro que cometera

    contraindo aquele matrimnio. No era um Meneses, pertencia a uma

    famlia que antigamente morara nos arredores de Vila Velha, e fora aos

    poucos triturada pela vida sem vio e sem claridade que os da Chcara

    levavam. Lamentava-se muito a sua sorte, e alguns chegavam mesmo a

    dizer que no era de todo destituda de beleza, se bem que um tanto sem

    vida.

    O texto acima faz parte do romance Crnica da casa assassinada,

    editado pela Nova Fronteira Rio de Janeiro, 1979, pg. 37.

    Observe que o texto acima oferece vrias possibilidades de perspectiva para

    quem pretende resumi-lo, de modo que o propsito comunicativo que

    definir as estratgias a serem utilizadas. Podemos, por exemplo, fazer o

    levantamento das caractersticas mais importantes da loja descrita, como se

    fssemos pass-las para diferentes destinatrios: para um comprador, para

    um assaltante e para seu professor.

    EXERCITANDO

    a) Pesquise sobre os seguintes elementos lingusticos: artigos, numeral,

    pronomes, substantivos e adjetivos.

    b) Faa o resumo da concluso desta pesquisa.

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    29

  • Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    30

  • TPICO 04: COESO NOMINAL NO RESUMO

    A coeso nominal assegurada atravs de artigos, numeral, pronomes,

    substantivos e adjetivos. Ela assegura a continuidade do texto, permitindo

    que os termos no sejam repetidos. s vezes, o referente vem antes, outras

    vezes depois. Veja o texto que segue.

    EXERCITANDO

    1) Faa o levantamento das palavras que funcionam como elementos de

    coeso, classifique-as, de acordo com a gramtica e mostre a quem elas

    esto relacionadas.

    2) Observe as palavras em destaque no texto e responda s questes.

    a) Todas as palavras se referem a que termo (s)?

    b) A que classe de palavra pertencem essas palavras?

    c) Por que foram utilizadas palavras diferentes para substituir um termo?

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 03: ESTUDO DO GNERO ACADMICO RESUMO

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    31

  • TPICO 01: AUTOR E DESTINATRIO

    PARA INCIO DE CONVERSA

    J vimos que o contexto de produo do resumo define para quem vamos

    produzir o resumo e aponta para o nvel de linguagem. Em nosso caso,

    trata-se do Curso de Matemtica. Envolvidos nele, esto o professor, e os

    alunos. Nesta aula, nossa ateno direcionada a eles (o autor e o

    destinatrio do resumo).

    Fonte

    (HTTP://WWW.FABRICIOVIANA.COM/I

    MAGENS/LITERATURAGAY/LIVROSGLS

    /ESCRITOR/ESCRITOR-BLOQUEIRO-

    GAY.GIF)

    AUTOR E DESTINATRIO

    Ao elaborar qualquer texto, organizamos as informaes de acordo com a

    audincia a que nos dirigimos; em um resumo no diferente. Tambm

    neste caso, devemos redigir conforme o tipo de destinatrio que

    pressupomos ser nosso leitor. Assim, devemos levantar hipteses sobre este

    leitor e elaborar o resumo de acordo com o que julgamos que ele deva

    conhecer sobre o objeto sumarizado e de acordo com o que julgamos ser o

    objetivo desse destinatrio. importante sabermos dele qual o seu papel

    comunicativo na sociedade, quais suas expectativas e que aspectos

    socioculturais podem interferir na sua recepo.

    ATIVIDADE DE PORTFLIO

    Leia os resumos abaixo sobre o mesmo filme e verifique se as informaes

    selecionadas so diferentes. Analise os textos tendo em vista os

    destinatrios de cada veculo de informao.

    Posteriormente, coloque sua atividade em seu portflio e escolha as

    respostas de um colega para comparar com as suas. Envie, por e-mail,

    seus comentrios atividade feita pelo colega.

    Uma tragdia em comum une dois homens

    desconhecidos at ento, quando eles precisam

    cuidar de duas mulheres que esto em coma no

    hospital. Dirigido por Pedro Almodvar (Tudo

    Sobre Minha Me) e com Geraldine Chaplin e

    Paz Vega no elenco. Vencedor do Oscar de

    Melhor Roteiro Original.

    Em Madri vive Benigno Martin (Javier Cmara), um enfermeiro cujo

    apartamento fica diante de uma academia de bal, comandada por

    Katerina Bilova (Geraldine Chaplin). Ele fica freqentemente na janela

    da sua casa, vendo com especial ateno uma das estudantes de

    Katerina, Alicia Roncero (Leonor Watling), por quem est apaixonado.

    Benigno chega ao ponto de marcar uma consulta com o pai dela, um

    psiquiatra que tem um consultrio na prpria casa, s para ter uma

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 04: CONTEXTO DE PRODUO DO RESUMO

    32

  • chance de falar com Alicia, mas agora s consegue lhe dar um susto.

    Antes, porm, Benigno entrou no quarto dela e olhou o recinto com

    admirao, tendo roubado um prendedor de cabelos dela. Quando Alicia

    ferida em um acidente de carro, que a deixa em um coma, internada

    no hospital onde Benigno trabalha. Ele passa a cuidar dela, mas a

    ateno que dispensa com Alicia totalmente acima do normal. Alm

    disto, Benigno fala com ela o tempo todo, movido por um misto de f e

    amor, pois cr que de alguma forma ela possa ouvir. Aps quatro anos, o

    quadro dela est inalterado e a dedicao que Benigno sente por ela

    tambm. Marco Zuluaga (Daro Grandinetti), um jornalista, designado

    para entrevistar Lydia Gonzalez (Rosrio Flores), uma conhecida

    toureira que teve o nome nos tablides ao ter um tempestuoso romance

    com "El Nino de Valncia" , um toureiro. Inicialmente ela foi rspida,

    mas aps ele ter matado uma cobra que estava na casa dela se tornou

    mais amvel. Logo os dois iniciam uma relao, que estava destinada a

    ser curta, pois Lydia atingida por um touro e considerada clinicamente

    morta. Por coincidncia ela internada no mesmo hospital onde est

    Alicia e logo Benigno e Marco ficam amigos, pois no incio Marco nem

    conseguia tocar em Lydia, mas recebeu de Benigno um simples

    conselho: fale com ela.

    www.adorocinema.com.br (http://www.adorocinema.com/)

    Silncio e (meta)linguagem em "Fale com ela" *

    (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-

    83332004000200014#nt%23nt)

    Renata Farias de Felippe

    Professora substituta da Universidade Federal do Rio Grande, Rio

    Grande-RS, Brasil. [email protected]

    No h gritos em "Fale com ela". Nem femininos, nem de nenhuma

    espcie. Alis no filme, contrariando o clich, as mulheres pouco falam, e

    o uso do tempo verbal no imperativo presente no ttulo denuncia este

    silncio.

    Em "Fale com ela" predomina, literalmente, a voz masculina, mas no

    filme, os homens tambm no gritam, ao contrrio. Na pelcula, o tom

    de voz dos personagens o mesmo de Caetano Veloso na releitura de

    Cucurucucu paloma, o que contraria a idia de que esse "diretor de

    mulheres seja responsvel por deixar beira de um ataque de nervos

    tambm os homens". 2 (http://www.scielo.br/scielo.php?

    script=sci_arttext&pid=S0104-83332004000200014#nt2%23nt2)

    Ao enfatizar, no filme, personagens femininas silenciadas, Pedro

    Almodvar subverte no s o esteretipo relativo verborragia feminina,

    como tambm rompe com os clichs do prprio estilo. Vrias de suas

    personagens podem ser consideradas mulheres, digamos, "alteradas",

    como Pepi, Glria, Pepa, Kika, Andra Caracortada, Leocdia. No que

    diz respeito a sua reduzida produo literria, nesta, tambm

    encontramos figuras peculiares como todas as personagens de Fogo nas

    33

  • entranhas. Porm, na fase considerada "madura" da filmografia

    almodovariana posterior a Kika (1993) a presena de mulheres

    perturbadas parece menor, ainda que em Fale com ela Lydia seja uma

    personagem passional e conflituosa. Tal reduo, possivelmente, seja

    resultante da tentativa de renovao do diretor, uma tentativa de

    escapar repetio. Segundo Affonso Beato:

    Alguns anos depois de ter feito 'Kika', ele (Pedro Almodvar) entrou em

    conflito. Com 'Kika' ele chegou ao fim de um movimento esttico que

    estava muito cenogrfico, muito alegrico, e que j estava muito longe da

    realidade. [...] As pessoas no gostavam de 'Kika', nem ele estava

    gostando mais. 3 (http://www.scielo.br/scielo.php?

    script=sci_arttext&pid=S0104-83332004000200014#nt3%23nt3)

    Sendo assim, a partir de A flor do meu segredo (1995), as mudanas

    estticas e temticas tornam-se evidentes. No que diz respeito s

    imagens, a fotografia de seus filmes passa a enfatizar o amarelo, o

    marrom, o vermelho e a esttica kitsch diluda. Quanto aos

    personagens, os conflitos destes tornam-se profundos. A caricatura, a

    pardia e o carter anrquico, tornam-se menos evidentes.

    O cinema de Pedro Almodvar renova-se no apenas devido a um

    processo natural ou por sua prpria necessidade de auto-superao, mas

    porque sua obra, "reproduzindo os mecanismos do prprio desejo,

    aniquila com a possibilidade de fixao de padres e modelos". 4

    (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-

    83332004000200014#nt4%23nt4)

    Se a temtica do desejo uma constante no diretor, e este despertado

    por uma infinidade de agentes e tem infinitos desdobramentos,

    apontando para a diversidade de situaes, por outro lado, inegvel

    que a produo do cineasta possui incidncias. Esta, atenta contra todo o

    tipo de ordem sexual estabelecida a partir da dicotomia

    masculino/feminino, possui uma profunda ligao com figuras

    marginais, bem como utiliza-se da funo metalingstica para explicitar

    as emoes e as caractersticas dos personagens. Esta ltima

    caracterstica, em especial, a temtica do presente trabalho e o fato que

    motivou a escolha de Fale com ela como foco de anlise, uma vez que, a

    meu ver, este o filme de Almodvar que mais se utiliza de recursos

    metalingsticos.

    http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-

    83332004000200014 (http://www.scielo.br/scielo.php?

    script=sci_arttext&pid=S0104-83332004000200014%20%0d)

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    34

  • TPICO 02: ESTRATGIAS DE SUMARIZAO

    Fonte

    (HTTP://4.BP.BLOGSPOT.COM/_F_4R

    VO7EBDO/S_MVQVRH23I/AAAAA

    AAAACS/BFOEHCMR2QY/S1600/D

    MBTEST.GI)

    Antes de resumir um texto devemos observar como este texto est

    organizado e qual sua estrutura formal, ou seja, quais os passos utilizados

    pelo autor para mostrar as informaes. Este processo est diretamente

    relacionado s aptides do leitor que, uma vez familiarizado com o texto,

    percebe rapidamente quais os pontos principais deste.

    O processo de sumarizao se inicia a partir de uma compreenso global do

    texto; , pois, um processo cognitivo. Trata-se de uma atividade mental que

    permite ao leitor condensar informaes contidas no texto conforme sua

    relevncia e observ-las de modo topicalizado. A esquematizao mental

    destas informaes que permite ao leitor reorganizar o texto de forma

    objetiva. Uma vez observados tais aspectos, o leitor pode, ento, transformar

    os dados percebidos em resumo.

    Van Dijk (1988) observou que as regras de sumarizao permitem ao leitor

    identificar as proposies mais relevantes de um texto e que para isso

    existem algumas regras cuja aplicao nos permite dispensar atribuies que

    declaram qualificao ou contedos inferveis, ou seja, aqueles que se podem

    deduzir a partir do conhecimento de mundo que temos. Com base na

    classificao de van Dijk, Serafini (1998) descreve as quatro regras para a

    realizao de um resumo. So elas:

    CANCELAMENTO

    GENERALIZAO

    SELEO

    CONSTRUO

    EXEMPLO

    Com base na observao do exemplo seguinte, retirado da autora,

    descrevemos e exemplificamos esta classificao de Serafine (1992).

    Mrio e Luiza foram ontem noite jantar no restaurante da esquina.

    Sentaram-se mesa logo entrada. Mrio comeu pizza com

    cogumelos, um calzone recheado e uma fatia de torta de nozes;

    Luiza comeu creme de espinafre, berinjelas ao forno e salada de

    agrio. Depois, saindo do restaurante, andando depressa contra o

    vento frio da noite, atravessaram a rua e voltaram para casa.

    Procuraram a chave da casa, abriram a porta do prdio, verificaram

    a correspondncia para eles e chamaram o elevador; finalmente, se

    sentaram no sof de casa, justamente a tempo de curtir num lugar

    quentinho um filme de Cary Grant que eles acharam muito bom.

    (117 palavras)

    Resumo: Ontem noite, apesar do frio, Mrio e Luiza foram comer fora.

    Mrio fez uma refeio base de farinceos; Luiza, de vegetais. Depois

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 04: CONTEXTO DE PRODUO DO RESUMO

    35

  • voltaram a p para casa a tempo de ver o filme de Cary Grant. (38

    palavras)

    Para elaborar este resumo, a autora observou as quatro regras j

    mencionadas e que definimos agora:

    VERSO TEXTUAL DO FLASH

    CANCELAMENTO

    Consiste em cancelar palavras ou expresses cuja excluso no

    prejudica a compreenso do texto. No exemplo, a frase sentaram-se

    mesa logo entrada foi suprimida no resumo e podemos perceber

    que esta estratgia no compromete o entendimento da mensagem.

    GENERALIZAO

    Permite substituir vrios termos especficos por palavras que os

    generalizam. Farinceos, no resumo, substitui elementos como

    pizza, calzone e torta; vegetais substitui espinafre, berinjela

    e agrio.

    SELECO

    o recurso que permite ao produtor de resumo eliminar aspectos

    textuais que informam detalhes bvios e que so facilmente inferveis

    pelo contexto. A expresso saindo do restaurante, no resumo, no foi

    utilizada pois uma informao que o leitor facilmente pressupe.

    Esta regra se aproxima muito do cancelamento distingue-se desta pelo

    fato de que os elementos suprimidos ainda podem ser apreendidos no

    texto, enquanto no cancelamento, os elementos foram definitivamente

    excludos.

    CONSTRUO

    a regra que permite condensar em uma s orao todo um conjunto

    de oraes. No texto original, observamos a frase andando

    depressa...atravessaram a rua e voltaram para casa, no resumo, ela

    substituda por voltaram a p para casa.

    Observe mais este exemplo:

    CULTURA DA PAZ

    LEONARDO BOFF

    http://www.leonardoboff.com/

    A cultura dominante, hoje mundializada, se estrutura ao redor da vontade

    de poder que se traduz por vontade de dominao da natureza, do outro,

    dos povos e dos mercados. Essa a lgica dos dinossauros que criou a

    cultura do medo e da guerra. Praticamente em todos os pases as festas

    nacionais e seus heris so ligados a feitos de guerra e de violncia. Os

    36

  • meios de comunicao levam ao paroxismo a magnificao de todo tipo de

    violncia, bem simbolizado nos filmes de Schwazenegger como o

    "Exterminador do Futuro". Nessa cultura o militar, o banqueiro e o

    especulador valem mais do que o poeta, o filsofo e o santo. Nos processos

    de socializao formal e informal, ela no cria mediaes para uma cutura

    da paz. E sempre de novo faz suscitar a pergunta que, de forma dramtica,

    Einstein colocou a Freud nos idos de 1932: possvel superar ou controlar

    a violncia? Freud, realisticamente, responde: " impossvel aos homens

    controlar totalmente o instinto de morteEsfaimados pensamos no

    moinho que to lentamente mi que poderamos morrer de fome antes de

    receber a farinha".

    Sem detalhar a questo, diramos que por detrs da violncia funcionam

    poderosas estruturas. A primeira delas o caos sempre presente no

    processo cosmognico. Viemos de uma imensa exploso, o big bang. E a

    evoluo comporta violncia em todas as suas fases. So conhecidas cerca

    de 5 grandes dizimaes em massa, ocorridas h milhes de anos atrs. Na

    ltima, h cerca de 65 milhes de anos, pereceram todos os dinossauros

    aps reinarem, soberanos, 133 milhes de anos. A expanso do universo

    possui tambm o significado de ordenar o caos atravs de ordens cada vez

    mais complexas e, por isso tambm, mais harmnicas e menos violentas.

    Possivelmente a prpria inteligncia nos foi dada para pormos limites

    violncia e conferir-lhe um sentido construtivo.

    Em segundo lugar, somos herdeiros da cultura patriarcal que instaurou a

    dominao do homem sobre a mulher e criou as instituies do

    patriarcado assentadas sobre mecanismos de violncia como o Estado, as

    classes, o projeto da tecno-cincia, os processos de produo como

    objetivao da natureza e sua sistemtica depredao.

    Em terceiro lugar, essa cultura patriarcal gestou a guerra como forma de

    resoluo dos conflitos. Sobre esta vasta base se formou a cultura do

    capital, hoje globalizada; sua lgica a competio e no a cooperao, por

    isso, gera guerras econmicas e polticas e com isso desigualdades,

    injustias e violncias. Todas estas foras se articulam estruturalmente

    para consolidar a cultura da violncia que nos desumaniza a todos.

    A essa cultura da violncia h que se opr a cultura da paz. Hoje ela

    imperativa.

    imperativa, porque as foras de destruio esto ameaando, por todas

    as partes, o pacto social mnimo sem o qual regredimos a nveis de

    barbrie. imperativa porque o potencial destrutivo j montado pode

    ameaar toda a biosfera e impossibilitar a continuidade do projeto

    humano. Ou limitamos a violncia e fazemos prevalecer o projeto da paz

    ou conheceremos, no limite, o destino dos dinossauros.

    37

  • Onde buscar as inspiraes para cultura da paz? Mais que imperativos

    voluntarsticos, o prprio processo antroprognico a nos fornecer

    indicaes objetivas e seguras. A singularidade do 1% de carga gentica

    que nos separa dos primatas superiores reside no fato de que ns,

    distino deles, somos seres sociais e cooperativos. Ao lado de estruturas

    de agressividade, temos capacidades de afetividade, com-paixo,

    solidariedade e amorizao. Hoje urgente que desentranhemos tais

    foras para conferir rumo mais benfazejo histria. Toda protelao

    insensata.

    O ser humano o nico ser que pode intervir nos processos da natureza e

    co-pilotar a marcha da evoluo. Ele foi criado criador. Dispe de recursos

    de re-engenharia da violncia mediante processos civilizatrios de

    conteno e uso de racionalidade. A competitividade continua a valer mas

    no sentido do melhor e no de destruio do outro. Assim todos ganham e

    no apenas um.

    H muito que filsofos da estatura de Martin Heidegger, resgatando uma

    antiga tradio que remonta aos tempos de Csar Augusto, vem no

    cuidado a essncia do ser humano. Sem cuidado ele no vive nem

    sobrevive. Tudo precisa de cuidado para continuar a existir. Cuidado

    representa uma relao amorosa para com a realidade. Onde vige cuidado

    de uns para com os outros desaparece o medo, origem secreta de toda

    violncia, como analisou Freud. A cultura da paz comea quando se cultiva

    a memria e o exemplo de figuras que representam o cuidado e a vivncia

    da dimenso de generosidade que nos habita, como Gandhi, Dom Helder

    Cmara e Luther King e outros. Importa fazermos as revolues

    moleculares (Gatarri), comeando por ns mesmos. Cada um estabelece

    como projeto pessoal e coletivo a paz enquanto mtodo e enquanto meta,

    paz que resulta dos valores da cooperao, do cuidado, da com-paixo e da

    amorosidade, vividos cotidianamente.

    OBSERVE AGORA O SEGUINTE RESUMO DO TEXTO ACIMA.

    "Leonardo Boff inicia o artigo 'A cultura da paz' apontando o fato de

    que vivemos em uma cultura que se caracteriza fundamentalmente

    pela violncia. Diante disso, o autor levanta a questo da possibilidade

    de essa violncia poder ser superada ou no. Inicialmente, ele

    apresenta argumentos que sustentam a tese de que seria impossvel,

    pois as prprias caractersticas psicolgicas humanas e um conjunto

    de foras naturais e sociais reforariam essa cultura da violncia,

    tornando difcil sua superao.

    Mas, mesmo reconhecendo o poder dessas foras, Boff considera que,

    nesse momento, indispensvel estabelecermos uma cultura de paz

    contra a violncia, pois essa estaria nos levando extino da vida

    humana no planeta. Segundo o autor, seria possvel construir essa

    cultura, pelo fato de que os seres humanos so providos de

    componentes genticos que nos permitem sermos sociais,

    38

  • cooperativos, criadores e dotados de recursos para limitar a violncia e

    de que a essncia do ser humano seria o cuidado, definido pelo autor

    como sendo uma relao amorosa com a realidade, que poderia levar

    superao da violncia. A partir dessas constataes, o telogo conclui,

    incitando-nos a despertar as potencialidades humanas para a paz,

    como projeto pessoal e coletivo."

    A observao do texto original e do resumo elaborado sobre ele nos permite

    perceber algumas estratgias utilizadas pelo autor resumidor na tentativa de

    tornar o texto mais objetivo. Neste processo, podemos observar regras como

    o cancelamento de trechos inteiros do texto que complementam ou ilustram

    as ideias do autor, so informaes histricas e posicionamentos como

    "Einstein colocou a Freud nos idos de (...): possvel superar ou controlar a

    violncia?" ou "(...) so conhecidas 5 grandes dizimaes em massa

    (...)" .Veja que estas informaes so importantes do ponto de vista

    argumentativo, mas que sua supresso no afeta o entendimento da

    mensagem do texto. Logo no primeiro pargrafo, o autor apresenta todas as

    estratgias de argumentao utilizadas por Leonardo Boff em seu texto: "ELE

    APRESENTA ARGUMENTOS QUE SUSTENTAM A TESE DE QUE SERIA

    IMPOSSVEL, POIS AS PRPRIAS CARACTERSTICAS PSICOLGICAS

    HUMANAS E UM CONJUNTO DE FORAS NATURAIS E SOCIAIS

    REFORARIAM ESSA CULTURA DA VIOLNCIA, TORNANDO DIFCIL SUA

    SUPERAO", definindo, assim, sua opo por apresentar informaes

    generalizadas que dizem respeito idia central do texto.

    ATIVIDADE DE PORTFLIO

    Leia novamente o artigo selecione frases que representem as idias

    principais do texto. Justifique suas escolhas. Ponha sua atividade no

    Portflio.

    DICAS

    Leia o texto :

    http://www.sfrancisco.edu.br/pdf/revista_da_fae/fae_v6_n1/06_marise.pdf

    (Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    39

  • TPICO 03: PRODUO DE UM RESUMO E CRITRIOS DE AVALIAO DO RESUMO

    Fonte

    (HTTP://LITUBINO.PBWORKS.COM/F/

    ESTUDO%20DE%20CASO.GIF)

    Vimos nas aulas anteriores que, na escritura de um resumo, devemos ter em

    mente a imagem que o autor tem do destinatrio, o objetivo do autor ao

    escrever o texto, a adequao ao gnero textual, os locais e/ou veculos onde

    possivelmente o texto circular, ou seja, as caractersticas da situao de

    produo do resumo.

    Nessa NOSSA ltima aula sobre resumo, voc dever produzir um resumo

    que ser avaliado pelos colegas de acordo com os critrios que passaremos a

    estudar.

    importante saber avaliar o resumo que voc mesmo fez e o do seu colega.

    Para isso, considere o questionamento que segue.

    FRUM

    Socialize as suas respostas com seus amigos no espao do Frum.

    EXERCITANDO

    Produza o resumo do artigo de divulgao Menina vo melhor em

    matemtica em pases com mais igualdade, disponvel no endereo

    http://diadematematica.com/modules/smartsection/item.php?itemid=12

    (http://diadematematica.com/modules/smartsection/item.php?

    itemid=12) .

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 04: CONTEXTO DE PRODUO DO RESUMO

    40

  • Em seguida, troque seu resumo por e-mail com um participante do grupo

    que ir avaliar seu resumo de acordo com critrios apresentados acima. Ao

    receber sua avaliao, reescreva seu resumo e envie-o ao tutor.

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    41

  • TPICO 01: CONSIDERAES GERAIS SOBRE RESENHA

    Fonte

    (HTTP://DIALOG.BLOG.BR/WP-

    CONTENT/UPLOADS/2010/03/RESEN

    HA.JPG)

    PARA INCIO DE CONVERSA

    As duas ltimas aulas trataro do gnero resenha. Diferente do resumo, na

    resenha o autor precisa se posicionar diante do texto lido. A seguir fazemos

    alguns questionamentos que vo contribuir para a sua aprendizagem.

    CONSIDERAES GERAIS SOBRE RESENHA

    Para responder a essa questo, muitas outras aparecem. Quando respond-

    las, arquive-as em seu portflio.

    O que voc sabe sobre resenha?

    Onde pode ser encontrada?

    J fez a leitura de algum texto pertencente a esse gnero?

    Na sua opinio, qual o objetivo do autor do texto ao escrever uma resenha?

    Quem normalmente escreve resenhas? Para quem?

    ATENO: PESQUISE NA INTERNET SOBRE ESSAS PERGUNTAS.

    A resenha um gnero bastante utilizado na universidade. Por isso, muito

    importante para ns, professores e alunos envolvidos no processo de

    formao. Resenhar comentar os aspectos relevantes de um texto, sabendo-

    se com clareza onde se quer chegar com esse comentrio. Dessa forma, o

    resenhista deixa no texto marcas lingusticas de seu parecer sobre a obra.

    Essas marcas so representadas por substantivos, adjetivos e advrbios

    avaliativos, entre outras formas de expressar opinio e/ou ponto de vista.

    Tais marcas, ou melhor, pistas, so recuperadas pelo leitor ajudando-o a

    reconstruir o posicionamento pretendido pelo resenhista.

    Abordagem Crtica:Abordar criticamente um texto consiste em opnar

    sobre ele,apresentando problemas e qualidade que o resenhador julga

    imortante destacar para o seu leitor. Portanto a abordagem critica no

    siguinifica,necessariamente, um levantamento dos problemas detectados

    no texto.Pode constituir - se tambm no destaque de certas qualidades.

    O RESENHADOR/ RESENHISTA

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 05: ESTUDO DA RESENHA

    42

  • Fonte

    (HTTP://WWW.IMAGENSDAHORA.CO

    M.BR/CLIPART/CLIPARTS_IMAGENS/

    03COMEMORACOES//ESCREVENDO_

    CARTA.JPG)

    O produtor da resenha objetiva persuadir o leitor acerca do julgamento feito

    sobre a obra. Assim, o resenhador deve proceder seletivamente, filtrando

    apenas os aspectos pertinentes do objeto, isto , apenas aquilo que

    funcional em vista de uma inteno previamente definida.

    INFRAESTRUTURA DA RESENHA

    1. Apresenta

    Informa o tpico geral tratado e/ou define a

    audincia alvo e/ou d referncias sobre o

    autor.

    2. Descreve

    D uma viso geral da organizao com que o

    autor trata o assunto e/ou estabelece tpicos

    e/ou cita material extra-textual.

    3. Avalia Reala pontos especficos.

    4. Recomenda

    (ou no)

    Desqualifica / recomenda o livro e/ou

    recomenda o livro apesar das falhas indicadas.

    EXERCITANDO 1

    1. Leia a resenha:

    O PEQUENO PRNCIPE, DE ANTOINE DE SAINT-EXUPRY

    A seguir, com as informaes do texto lido, complete o quadro que segue.

    LIVRO RESENHADO

    AUTOR DO LIVRO

    CONTEXTUALIZAO

    DO LIVRO

    TEMA DO LIVRO

    AUTOR DA RESENHA

    POSIO DO

    RESENHISTA

    EXERCITANDO 2

    43

  • 1. Voc assistiu ao filme Mar adentro? Caso tenha assistido, procure lembrar de que se trata a histria. Caso no tenha, a partir do ttulo, procure inferir sobre de que trata o filme.2. Caso no tenha assistido ao filme, a partir do ttulo, procure inferir sobre o que ele trata e escreva o resultado desta reflexo.3. Agora, leia a resenha deste filme.

    MAR ADENTRO

    EUTANSIA UMA PALAVRA DE ORIGEM GREGA, PODENDO SER

    TRADUZIDA COMO "BOA MORTE" OU "MORTE APROPRIADA".

    O PROCEDIMENTO QUE ANTECIPA A MORTE DE UM DOENTE

    INCURVEL, PARA LHE EVITAR O PROLONGAMENTO DO

    SOFRIMENTO.

    Pode parecer simples, afinal, um dia todos morrem; ento por que

    um dbil deve permanecer vegetando, em qualquer que seja o

    sentido, visto que cedo ou tarde a morte vir busc-lo?

    MAS muito mais complexo, visto que algumas pessoas vem a

    opo de morrer como um ato de covardia. Mar adentro um filme

    inteligente que trata do assunto sem rtulos, crticas ou

    julgamentos.

    Ramn Sampedro (Javier Barden), nascido em uma pequena vila de

    pescadores na Galcia, era um marinheiro, amante do mar e da

    liberdade, que sofreu um acidente quando jovem e ficou

    tetraplgico. O PERCALO ACONTECEU 28 ANOS ANTES E, DESDE

    ENTO, ELE DESISTIU DE VIVER. LCIDO E EXTREMAMENTE

    INTELIGENTE, DECIDIU LUTAR NA JUSTIA POR SUA

    AUTONOMIA, PELO DIREITO DE DECIDIR SOBRE SUA PRPRIA

    EXISTNCIA, O QUE LHE CAUSOU PROBLEMAS COM A

    SOCIEDADE, A IGREJA E SEUS FAMILIARES.

    O OCORRIDO no o transformou em um homem rancoroso nem

    tampouco num santo. Dono de um humor sarcstico e de rara

    sensibilidade, fazia das poesias que escrevia um refgio. Sua nica

    janela para o mundo era a janela do seu quarto, perto do mar o

    suficiente para sentir sua brisa e distante para poder v-lo.

    Quando seu desejo de morrer foi levado a tribunal e se tornou um

    caso conhecido nacional e mundialmente, conquistou amizades e

    passou a receber visitas inesperadas, como duas mulheres que

    entraram em sua vida: uma advogada, que a princpio apoiava a sua

    luta, e uma vizinha, que tentava convenc-lo de que viver valia a

    pena.

    O filme retrata o caso sob diferentes pticas, a de Ramn, com seu

    incansvel desejo de dar cabo a seu tormento: "A VIDA UM

    DIREITO, NO UMA OBRIGAO!", "QUEM SOU EU PARA

    JULGAR OS QUE QUEREM VIVER?", a de seu pai e irmo, que no

    compreendiam nem aceitavam sua deciso: "A NICA COISA PIOR

    DO QUE A MORTE DE UM FILHO O SEU DESEJO POR

    44

  • MORRER...", e a daqueles que, mesmo o amando, entendiam que

    esse era o seu verdadeiro desejo, sendo assim, que sua vontade fosse

    feita, como sua cunhada, que tudo fez por ele desde que se

    acidentou, ou Manuela e Gene, amigas que a seu lado

    compartilharam seu tormento.

    No decorrer da trama, uma verdadeira queda de brao acontece: DE

    UM LADO O DESEJO DE RAMN PELA EUTANSIA ATIVA,

    TAMBM CONHECIDA COMO SUICDIO ASSISTIDO, DO OUTRO,

    UMA PARCELA SIGNIFICATIVA DA SOCIEDADE INSISTINDO NA

    DISTANSIA, EM UMA MORTE LENTA E SOFRIDA, COMO A QUE

    ELE NUNCA QUIS TER.

    Sampedro podia ser incapaz de mover um dedo, mas no se podia

    negar que suas faculdades mentais continuavam preservadas e sua

    lucidez, criatividade, ironia e sagacidade eram impressionantes.

    Ainda assim, sentia que no podia mais prescindir da ausncia de

    seu corpo.

    A pelcula lida com a questo da dignidade humana, a

    vulnerabilidade e a ausncia de autonomia. A narrativa evolui

    dando solidez ao personagem, entendendo suas motivaes,

    compartilhando de sua dor e seus desejos.

    SO QUESTES que nos fazem filosofar sobre algo que

    anteriormente no tnhamos notado e me parece ser realmente esse

    o intuito do roteiro e direo de Alejandro Amenbar, em duas

    horas de histria que emocionam no apenas durante o filme, mas

    ficam conosco por um bom tempo...

    FERNANDAMARIA

    http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes

    (http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes)

    4. Qual o tema abordado no filme?5. Qual a posio do resenhista?6. Qual sua posio sobre o tema?7. Em quantas partes voc dividiria esta resenha e porqu?8. Selecione 5 adjetivos e faa uma reflexo sobre a utilizao deles.9. No texto, para no repetir palavras, so utilizadas correspondendes. selecione 2 situaes dessa e faa uma reflexo sobre elas.

    As respostas desta atividade, socialize com seus colegas.

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    45

  • TPICO 02: O CONCEITO DE RESENHA

    Fonte

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    FA-

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    A resenha um gnero textual que se caracteriza por apresentar uma

    avaliao explcita do resenhista, e tem como principal objetivo persuadir

    o leitor/espectador para que este compartilhe de seu posicionamento sobre

    a obra resenhada.

    Dependendo dodomnio discursivo , do objetivo do resenhista e do

    suporte, este gnero ter caractersticas diferentes quanto organizao

    textual. Por exemplo, uma resenha sobre determinado filme, escrita em um

    jornal, ter especificidades dos gneros divulgados nesse suporte.

    Os domnios discursivos propiciam o surgimento de gneros com

    caractersticas comuns.

    Do ponto de vista do domnio, podemos falar em domnio jurdico,

    jornalstico, religioso, etc. (Marcuschi, 2005)

    No ambiente universitrio, precisamos, especificamente, ler e produzir

    resenhas acadmicas. Diante disso, o nosso objetivo, nessa aula, ser a

    apropriao do gnero resenha no que diz respeito a suas especificidades

    nesse ambiente. Mas, para o estudo desse tipo especfico de resenha, no

    podemos desconsiderar resenhas de outros domnios discursivos (resenhas

    do mbito jornalstico, cinematogrfico, etc), uma vez que a resenha, de

    modo geral, possui algumas caractersticas comuns.

    EXERCITANDO

    Passemos agora a discutir sobre algumas questes de compreenso do

    texto que acabamos de ler relacionadas s caractersticas do gnero

    resenha.

    1. Na sua opinio, iniciar a discusso com a definio da palavra "EUTANSIA" causa que tipo de efeito dentro do texto?2. A introduo do terceiro pargrafo marcada pelo conectivo "MAS". Qual a relao entre o conectivo e a idia trazida no pargrafo trs.3. O quarto pargrafo um resumo do enredo do filme. Qual a funo desse resumo para a compreenso global do texto?4. O quinto pargrafo inicia pela expresso "O OCORRIDO", a qual retoma uma poro do texto. Qual a funo desse tipo de mecanismo de retomada dentro do texto? 5. No stimo pargrafo, constam algumas falas dos personagens do filme Mar adentro. Qual o sentido desses depoimentos dentro do plano global do texto? 6. O ltimo pargrafo inicia com a expresso "ESSAS QUESTES". A que elementos essa expresso se refere? E qual a relao dessa retomada com a concluso do texto?7. A partir do que se explicou sobre resenha e das questes que foram respondidas, procure justificar por que o texto lido uma resenha.

    LNGUA PORTUGUESA

    AULA 05: ESTUDO DA RESENHA

    46

  • 8. Releia o texto Mar adentro. Observe o trecho em vermelho e analise o uso dos tempos verbais, aula 5, Tpico 1.

    PARADA OBRIGATRIA

    Ateno: depois de responder s questes sobre o texto lido, reveja as

    questes que registrou em seu portflio, no incio dessa aula, e acrescente

    ou modifique as informaes no sentido de aprimorar os seus

    conhecimentos sobre o gnero resenha.

    FRUM

    Voc j assistiu ao filme Mar adentro? Caso no tenha assistido, vale a

    pena conferir. Leia outra vez a resenha, pesquise na internet "sites" que

    abordam o tema da eutansia e discuta com seus colegas, no FRUM,

    dando a sua opinio sobre esse tema.

    Responsvel: Prof. Mnica Serafim

    Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual

    47

  • TPICO 03: CARACTERSTICAS DA RESENHA E SUAS FORMAES TEXTUAIS

    Fonte

    (HTTP://1.BP.BLOGSPOT.COM/_DEDQ

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    AAASK/XPOZGJURV9G/S320/GENE

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    PARA INCIO DE CONVERSA

    Os gneros textuais so mediadores das atividades humanas, sendo to

    diversos quanto s vrias formas de interao social. O homem atua no

    mundo mediado por gneros textuais que estabilizam alguns aspectos da

    interao com o outro. Essa estabilizao possvel graas aos

    conhecimentos compartilhados entre os sujeitos sobre as caractersticas

    dos gneros.

    No entanto, devido extrema complexidade das relaes humanas,

    devemos compreender que as caractersticas dos gneros podem ser

    modificadas de acordo com a necessidade de interao. Assim, no

    possvel pensarmos em caractersticas de composio dos gneros

    totalmente fixas; h, na verdade, uma relativa estabilidade do gnero que

    nos permite interagir mediado por ele.

    O gnero resenha no diferente. Existem caractersticas comuns entre as

    resenhas que as caracterizam como tal. No entanto, essas caractersticas

    no so totalmente fixas; elas podem sofrer influncia do contexto scio-

    cultural em que so produzidas. Vejamos, no prximo tpico, algumas

    caractersticas da resenha acadmica que as particularizam.

    CARACTERSTICAS DA RESENHA E SUAS FORMAO TEXTUAIS

    Para darmos continuidade ao