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Disciplina
Lngua Portuguesa
Coordenador da Disciplina
Prof. Mnica Serafim
Edio 2012.1
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Copyright 2010. Todos os direitos reservados desta edio ao Instituto UFC Virtual. Nenhuma parte deste material poder ser reproduzida, transmitida e gravada por qualquer meio eletrnico, por fotocpia e outros, sem a prvia autorizao, por escrito, dos autores.
Crditos desta disciplina
Coordenao
Coordenador UAB Prof. Mauro Pequeno
Coordenador Adjunto UAB Prof. Henrique Pequeno
Coordenador do Curso Prof. Celso Antnio Silva Barbosa
Coordenador de Tutoria Prof. Jorge Carvalho Brando
Coordenador da Disciplina Prof. Mnica Serafim
Contedo
Autor da Disciplina Prof. Eullia Vera Lcia Fraga Leurquim
Setor TecnologiasDigitais - STD
Coordenador do Setor Prof. Henrique Sergio Lima Pequeno
Centro de Produo I - (Material Didtico)
Gerente: Ndia Maria Barone
Subgerente: Paulo Andr Lima
Transio Didtica Eliclia Lima Gomes Karla Colares Ftima Silva e Souza Jos Adriano de Oliveira Rafaelli Monteiro
Formatao Allan Santos Camilo Cavalcante Elilia Rocha Emerson Oliveira Jos Almir Jos Andr Loureiro Tercio Carneiro da Rocha Publicao Joo Ciro Saraiva
Design, Impresso e 3D Andrei Bosco Eduardo Ferreira Fred Lima Iranilson Pereira Mrllon Lima
Gerentes
Audiovisual: Jay Harriman
Desenvolvimento: Wellington Wagner Sarmento
Suporte: Paulo de Tarso Cavalcante
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Sumrio Aula 01: Consideraes sobre Variaes da Lngua Portuguesa ......................................................... 01 Tpico 01: Apresentao da Disciplina ................................................................................................. 01 Tpico 02: Variao Lingustica ............................................................................................................ 04 Aula 02: Estudo do Gnero Artigo Cientfico ........................................................................................ 10 Tpico 01: Noes Gerais sobre o Artigo Cientfico ............................................................................. 10 Tpico 02: Objetivo do Artigo e Meios de Divulgao de Pesquisas ................................................... 13 Tpico 03: A Composio Textual do Gnero Artigo Cientfico .......................................................... 15 Tpico 04: Descrio de Resultados ...................................................................................................... 17 Tpico 05: Objetividade da Descrio e Atividade de Descrio de Resultados .................................. 20 Aula 03: Estudo do Gnero Acadmico Resumo ................................................................................... 22 Tpico 01: Consideraes Gerais sobre o Resumo ................................................................................ 22 Tpico 02: Conceito e Tipos de Resumo ............................................................................................... 24 Tpico 03: Parmetros Definidores do Contexto de Produo do Resumo ........................................... 28 Tpico 04: Coeso Nominal no Resumo ............................................................................................... 31 Aula 04: Contexto de Produo do Resumo ........................................................................................... 32 Tpico 01: Autor e Destinatrio ............................................................................................................. 32 Tpico 02: Estratgias de Sumarizao ................................................................................................. 35 Tpico 03: Produo de um Resumo e Critrios de Avaliao do Resumo .......................................... 40 Aula 05: Estudo da Resenha .................................................................................................................... 41 Tpico 01: Consideraes Gerais sobre Resenha .................................................................................. 41 Tpico 02: O Conceito de Resenha........................................................................................................ 46 Tpico 03: Caractersticas da Resenha e suas Formaes Textuais ...................................................... 48 Tpico 04: Contexto de Produo da Resenha e Seus Parmetros Definidores .................................... 50 Aula 06: Produo de uma Resenha ........................................................................................................ 54 Tpico 01: Introduo. ........................................................................................................................... 54 Tpico 02: Reviso da Resenha Produzida. ........................................................................................... 56 Tpico 03: Mecanismos de Coeso da Resenha. ................................................................................... 61 Tpico 04: A Gramtica nos Gneros Acadmicos. .............................................................................. 62
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TPICO 01: APRESENTAO DA DISCIPLINA
MULTIMDIA
Ligue o som do seu computador!
OBS.: Alguns recursos de multimdia utilizados em nossas aulas, como
vdeos legendados e animaes, requerem a instalao da verso mais
atualizada do programa Adobe Flash Player. Para baixar a verso mais
recente do programa Adobe Flash Player, clique aqui!
(http://www.adobe.com/products/flashplayer/)
PALAVRA DA COORDENADORA DA DISCIPLINA DE LNGUA PORTUGUESA
VERSO TEXTUAL DO FLASH
Eu sou Eullia Leurquin. Professora do Departamento de Letras
Vernculas
e tambm do Programa de Ps-graduao em Lingstica da UFC.
Na UFC Virtual,
Eu coordeno a disciplina Lngua portuguesa
no Curso de Qumica, Fsica e Matemtica.
Muitos so os comentrios que ouo sobre a lngua portuguesa.
Uns dizem que lem, mas que no compreendem;
que no gosta da disciplina lngua portuguesa
ou que esta lngua muito difcil.
Outros at arriscam a dizer que determinadas pessoas
cometem erros de lngua, porque
no sabem falar este idioma.
Esses comentrios decorrem de mitos que construmos sobre a lngua,
sobre seus falantes e sobre o ensino dela.
Na verdade, sabemos sim falar a lngua portuguesa
em determinadas situaes de comunicao.
Precisamos ampliar esses conhecimentos
para que possamos interagir atravs de outros gneros.
A disciplina Lngua portuguesa , sem dvida nenhuma,
muito importante para o seu bom desempenho
porque ela lhe possibilitar ampliar suas competncias comunicativas
e isso lhe proporcionar um melhor desempenho na interao com
seus pares.
Ns temos um total de seis aulas.
Comearemos estudando as variaes da lngua
e depois passaremos a estudar os gneros acadmicos.
A gramtica da lngua vai surgir da necessidade de ler e produzir esses
textos.
Optei por ensinar a lngua portuguesa a partir de textos e de gneros
e no da gramtica descontextualizada
LNGUA PORTUGUESA
AULA 01: CONSIDERAES SOBRE VARIAES DA LNGUA PORTUGUESA
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porque entendo que ns nos comunicamos justamente
produzindo e compreendendo textos em forma de gneros;
Selecionei o artigo cientfico, resumo, resenha
porque so gneros muito solicitados na sua formao inicial.
Os elementos gramaticais
(pronomes, verbos, substantivos, adjetivos, advrbios)
so estudados tendo em vista a funcionalidade deles
nas conexes e coeses estabelecidas nos gneros estudados.
Ao produzir um texto, ento,o autor precisa fazer as devidas selees
dentro dos conhecimentos que tem sobre a lngua
e sobre o gnero a produzir.
Esses conhecimentos tambm so acionados pelo leitor ao
compreender o texto.
nesse espao de conscientizao
que a universidade resgata seu papel na sociedade
e a Lingstica traz respostas para problemas
que relacionam a linguagem sociedade e vice e versa.
Nesta perspectiva, a lngua to multiforme
quanto so multiformes as diversas relaes sociais dos indivduos que
a utilizam.
Espero que gostem do material,
da disciplina e dos encaminhamentos dados a ela.
at breve
Voc deve estar se perguntando por que deve estudar a lngua portuguesa no
Curso de Matemtica. Ns lhe perguntamos: como voc pode entender a
matemtica se h dificuldades de entender o prprio idioma?
A disciplina Lngua Portuguesa possui uma carga horria de 64 horas/aula,
est dividida em seis aulas e tem a durao de dois meses. Cada aula
composta por tpicos, ficando a seu critrio administrar o (s) horrio (s) e
turno(s) que prefere estudar.
Quanto ao contedo da lngua, nosso trabalho est dividido em trs partes:
(1) variao Lingustica
(2) estudos dos mecanismos de textualizao (coeso verbal e nominal) e
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(3) estudos dos mecanismos enunciativos (gerenciamento de vozes e
posicionamentos).
Esses contedos so estudados a partir dos gneros acadmicos que
selecionamos e que servem de norteador para o ensino da gramtica.
Partimos do princpio de que ns nos comunicamos produzindo textos em
forma de gneros, de acordo com o contexto de produo. Neste contexto, os
conhecimentos sobre o contedo, a forma e o estilo tm um papel
fundamental. Nessa perspectiva, a gramtica da lngua portuguesa deve estar
em funo da comunicao. Nesta disciplina, estudamos o contexto de
produo dos gneros artigo cientfico, resumo e resenha. O estudo da
gramtica tem um papel fundamental pois possibilita entender o processo de
coeso, coerncia, gerenciamento de vozes e o posicionamento do autor,
pelas modalizaes.
Na composio do Curso, temos seis aulas; sendo uma sobre variao da
lngua, uma sobre artigo cientfico, duas sobre resumo e duas sobre resenha.
O estudo da gramtica complementa as reflexes que so socializadas atravs
de participaes em fruns, portflios, chats, entre outras ferramentas.
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 02: VARIAO LINGUSTICA
Fonte
(HTTP://MANUALDOSFOCAS.COM/WP
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CONTENT/UPLOADS/2010/02/ANALF
ABETO.JPG)
2.1 PARA INCIO DE CONVERSA
Muitas vezes, ouvimos algum dizer que l, mas que no compreende; que
no gosta da disciplina lngua portuguesa ou que a lngua portuguesa muito
difcil. Alguns at arriscam a dizer que determinadas pessoas cometem erros
de lngua portuguesa, porque no sabem falar este idioma. Muitos so os
comentrios desse tipo. Esses comentrios decorrem de mitos que
construmos sobre a lngua, sobre seus falantes e sobre o ensino dela. Na
verdade, sabemos falar a lngua portuguesa em determinadas situaes de
comunicao, pois compreendemos e somos compreendidos em muitas
interaes do cotidiano das quais participamos.
Mas se isso verdade, por que ainda devemos ir escola para aprender a
lngua portuguesa? Por que, na universidade, ainda estudamos esta lngua?
Qual o papel da universidade, quanto ao ensino da lngua materna?
Existiria mais de uma lngua portuguesa? Se h mais de uma lngua, que
lngua ns precisamos aprender? Qual o espao do ensino de lngua
portuguesa no Curso de matemtica? Retomaremos essas questes no
decorrer desta aula.
2.2 VARIAO LINGUSTICA
Com certeza, no falamos da mesma maneira independente do contexto de
produo, pois ele nos sugere refletir sobre com quem falamos, o que
falamos, quando e onde falamos. , inclusive, o contexto de produo que
contribui para a opo pelo gnero e pela seleo dos elementos gramaticais
que do a coeso verbal e nominal e que permitem a conexo dos textos. Ao
produzir um texto, ento, o autor precisa fazer as devidas selees dentro dos
conhecimentos que tem sobre a lngua e sobre o gnero a produzir. Esses
conhecimentos tambm so acionados pelo leitor ao compreender o texto.
REFLEXO
A conscincia que temos do uso da lngua nas diversas situaes de
comunicao leva-nos a refletir sobre a necessidade que temos de ampliar
as competncias comunicativas do falante.
nesse espao de conscientizao que a escola resgata seu papel na
sociedade e a Lingustica traz respostas para problemas que relacionam a
linguagem sociedade e vice e versa.
Embora, desde o princpio do sculo XX, com o advento da lingstica, a
lngua seja compreendida como um fato social, s nos ltimos anos as
relaes entre lngua e sociedade passaram a ser caracterizadas com maior
preciso. A lngua passou a ser percebida como um "mega-instrumento" de
comunicao social, malevel e diversificado em todos os seus aspectos; um
LNGUA PORTUGUESA
AULA 01: CONSIDERAES SOBRE VARIAES DA LNGUA PORTUGUESA
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meio de expresso de indivduos que vivem em sociedade tambm
diversificada social, cultural e geograficamente. Nesta perspectiva,
A lngua to uniforme quanto so multiformes as diversas relaes
sociais dos indivduos que a utilizam.
Para tratar da relao lngua e sociedade, a Sociolingustica estuda a lngua
como fenmeno social e cultural. Para os sociolinguistas, a lngua, por ser
um fato social, no possui um sistema lingstico unitrio, mas um conjunto
de sistemas lingusticos, no qual se interrelacionam diversos sistemas e
subsistemas. A variao da lngua ocorre em todos os nveis: fontico,
fonolgico, morfolgico, sinttico, semntico etc. Uma lngua apresenta, pelo
menos, trs tipos de diferenas internas:
No espao geogrfico, ou variao diatpicas(falares locais,variantes regionais).
Entre as camadas socioculturais,ou variaes diastrticas(nvel culto, lngua padro ,nvel popular etc).
Entre os tipos de modalidade expressivas , ou variaes diafsica(lngua falada,lngua escrita,lngua literria, linguagens especiais,linguagem dos homens,linguagem da mulheres etc)
EXEMPLO
exemplo da variao fonolgica tpica da infncia o falar do personagem
Cebolinha. Maurcio de Sousa toma como base a troca do fonema grafado
com a letra "R" pelo fonema grafado com a letra "L". O personagem
Cebolinha representa uma variao diafsica.
Leia o texto que segue.
TEXTO 1
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Fonte
(HTTP://TIRINHASTDM.BLOGSPOT.COM/)
Sendo um fato social, a lngua to multiforme quanto so multiformes as
relaes sociais construdas pelo homem. Todas as variedades da lngua
esto fortemente ligadas estrutura social e ao sistema de valores da
sociedade, sendo as variaes avaliadas pelos indivduos que participam e
constroem as relaes sociais. Veja que no texto 2, a variao lingustica
decorre de outra situao.
TEXTO 2
6
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Fonte
(HTTP://TIRINHASTDM.BLOGSPOT.COM/)
Os personagens Chico Bento e sua me apresentam uma variao regional
muito forte que tanto mostra traos de variaes relacionadas ao espao
geogrfico, ou variaes diatpicas (falares locais, variantes regionais),
quanto mostra traos de variaes decorrentes de camadas socioculturais, ou
variaes diastrticas (nvel culto, lngua padro, nvel popular).
Possenti (2006), ao tratar deste assunto, afirma que:
A variao lingustica um reflexo da variedade social e, como em todas as
sociedades existe alguma diferena de status ou de papel entre os indivduos ou
grupos, estas diferenas se refletem na lngua.
Com base nisso, possvel dizer que a lngua falada por uma determinada
classe social contribui para a construo do perfil do falante e
consequentemente contribui para o acesso (ou no) deste falante em
determinado grupo social. Tambm justo dizer que no existe uma
variedade "certa", pois cada variedade tem seus domnios prprios. Ento,
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como conciliar isso? neste impasse que a escola se localiza e assegura o
papel no ensino-aprendizagem da lngua materna, no ensino aprendizagem.
No basta apenas falar em uma linguagem adequada s situaes
espontneas.O aluno dave ter condies de interagir em qualquer situao
comunicativa em sua lngua materna.
Ao focalizar o ensino de lngua com base nos gneros resumo, resenha e
artigo cientfico, ns estamos nos posicionando no ensino da variao da
lngua culta, mesmo ratificando a importncia de considerarmos as demais
variaes de lngua. Trataremos, nos prximos tpicos, de questes
relacionadas ao uso padro na lngua escrita. Agora, faa a atividade
proposta.
ATIVIDADE DE PORTFLIO
1. Sobre os textos 1 e 2, responda ao que pedimos em seu portflio:
1.1 Os personagens de Maurcio de Sousa normalmente mostram a
caricatura de "tipos" e fases de crianas. Por exemplo, o Casco simboliza
a fase da preguia de tomar banho, a Magali simboliza a criana que come
muito etc. Com relao ao falar de um grupo social, no texto 2, temos o
exemplo do personagem Chico Bento que representa a criana da roa. A
variante constatada na fala de Casco e Cebolinha a mesma constatada
na fala de Chico Bento? Justifique sua resposta.
1.2 No texto 2, Cebolinha expressa em sua "fala" uma variao fonolgica
tpica da infncia, em que h a troca do fonema grafado com a letra "R"
pelo fonema grafado com a letra "L". Voc considera que socialmente h
distino entre a variao expressa na fala do personagem Cebolinha e a
variao expressa na "fala" do personagem Chico Bento? Justifique sua
resposta.
1.3 Leia a afirmao de Possenti.
"A variao lingstica um reflexo da variedade social e, como em todas
as sociedades existe alguma diferena de status ou de papel entre os
indivduos ou grupos, estas diferenas se refletem na
lngua" (POSSENTI, 2006).
1.4 Com base nesta afirmao:
a- Explique a noo de preconceito lingustico;
b- Posicione-se quanto a esse preconceito.
c- Procure perceber a relao entre preconceito lingustico e preconceito
social.
FRUM
1. Leia uma estrofe do poema Aos poetas clssicos, de Patativa do Assar,
disponvel em:
http://recantodasletras.uol.com.br/poesias/363005
(HTTP://RECANTODASLETRAS.UOL.COM.BR/POESIAS/363005)
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Eu nasci aqui no mato,
vivi sempre a trabai
Neste meu pobre recato,
no pude estud,
No verd de minha idade
S tive a felicidade
de d um pequeno insaio
in dois livro do iscrit
O professo Felisberto de Carvaio.
Com base nos tipos de variaes da lngua, analise este poema. A sua
resposta deve ser postada no Frum de discusso.
2. O preconceito lingustico silencia e exclui as pessoas que no dominam
a variante padro da lngua. A partir dessa afirmao, dialogue com seus
colegas, no frum de discusso, sobre a excluso advinda do preconceito
lingustico em nossa sociedade.
Para saber mais sobre preconceito lingustico consulte o endereo
eletrnico:
http://br.youtube.com/results?
search_query=preconceito+linguistico&search_type=
(HTTP://BR.YOUTUBE.COM/RESULTS?
SEARCH_QUERY=PRECONCEITO+LINGUISTICO&SEARCH_TYPE=)
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 01: NOES GERAIS SOBRE O ARTIGO CIENTFICO
PARA INCIO DE CONVERSA
Como j dissemos, ns nos comunicamos construindo textos orais e
escritos em forma de gneros que fazem parte do nosso cotidiano.
Percebemos isso nas tarefas mais corriqueiras, como: pegar um nibus, ler
um livro de receitas, ler o cardpio de um restaurante, fazer listas de
compras ou, em se tratando de um universitrio, resumir ou resenhar um
artigo cientfico, por exemplo.
Nesta aula, trataremos do artigo cientfico. Mas, antes de entrar na exposio
do contedo, que tal testar seus conhecimentos prvios sobre o artigo
acadmico? Ento, procure responder s perguntas a seguir (sugerimos que
responda mesmo! Procure fazer um esforo e no passar adiante, antes de
refletir sobre as perguntas apresentadas).
A partir do que voc j ouviu falar sobre artigo cientfico, voc poderia citar qual a funo (ou funes) desse gnero?
Qual o objetivo comunicacional do artigo cintfico?
Quem so os interlocutores envolvidos na interao via artigo cientfico? Quem escreve? Quem l?
Onde so publicados os artigos cintficos?
Como fazer para que um artigo cintfico tenha um nvel de formalidade coerente com a situao de comunicao?
Como fazer para contemplar contedo, forma e estilo em um artigo cintfico?
Ora, ler e produzir um artigo cientfico, um resumo ou uma resenha exige de
ns competncias diferentes daquelas necessrias para realizar as atividades
rotineiras porque os textos so materializados em instncias cotidianas e
apresentam caractersticas scio-comunicativas definidas por contedos,
propriedades funcionais, estilo e composio.
O funcionamento do gnero relaciona-se acomodao das habilidades do
falante ao propsito comunicativo. Assim, ao produzir uma carta pessoal,
utilizamos a linguagem num nvel de formalidade muito inferior ao de uma
carta de recomendao. Num artigo cientfico, por exemplo, o nvel de
formalidade superior ao nvel de formalidade de uma notcia policial,
divulgada em um jornal local.
Ao ativar as prticas de linguagem, em uma situao de comunicao, os
sujeitos tomam conscincia das particularidades desse funcionamento, a
LNGUA PORTUGUESA
AULA 02: ESTUDO DO GNERO ARTIGO CIENTFICO
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partir de um conjunto de aes que consiste em produzir, compreender,
interpretar e/ou memorizar enunciados orais ou escritos, e das opes pelos
elementos da lngua que ele vai utilizar.
Como vamos lidar com a esfera do universo acadmico, preciso que os
gneros atendam s necessidades interacionais dos alunos e professores.
Uma das necessidades, por exemplo, apresentar, de forma condensada,
informaes sobre um artigo cientfico lido (resumo) e a outra necessidade
a de tecer comentrios sobre o artigo lido ou a de se posicionar com relao a
ele (resenha).
O artigo cientfico, objeto de estudo desta aula, a via de comunicao por
meio da qual os pesquisadores expem os resultados de sua investigao
para a comunidade acadmica. De acordo com Motta-Roth (2003, p. 38),
a atividade de pesquisa est vinculada essencialmente ao meio
universitrio ,onde professores e alunos desenvolvem estudos avanados e
pesquisa que ,mas tarde , torna-se-o pblico por meio de apresentaes em
congresso,mas ,principalmente ,por meio da publicao de trabalho escritos em
revistas especializadas.
Ele o gnero mais conceituado na divulgao do saber especializado
acadmico porque possibilita apresentar as principais partes do caminho
percorrido pelo pesquisador, mostrando, inclusive, os resultados obtidos.
Portanto, de suma importncia que o aluno universitrio, um pesquisador
em potencial, aprenda a redigir, com competncia, um artigo cientfico.
DICAS
Para que ocorra satisfatoriamente o processo de aprendizagem e
consequente domnio desse gnero, alm da prtica constante de escrita,
necessrio o conhecimento das estratgias lingusticas de organizao de
informaes caractersticas do artigo. Reconhecer sua funo e as partes
que o compem pode ser de grande contribuio na aquisio da
competncia escrita.
Um artigo cientfico bem escrito deve ter clareza, preciso e fluncia para que
o leitor se sinta interessado em sua leitura, e seja capaz de entender o seu
contedo facilmente. O artigo deve apresentar adequadamente os objetivos,
a metodologia utilizada e os resultados encontrados.
Nesta aula, estamos priorizando a leitura do artigo e no a produo dele,
considerando aspectos relacionados escrita descritivo-expositiva.
EXERCITANDO
1. Faa uma pesquisa na Internet para encontrar conceitos de artigo cientfico ou acadmico. Selecione trs deles e, considerando o conceito dado nesta aula e os que voc selecionou, construa um novo conceito de artigo cientfico, atentando-se para as semelhanas e diferenas entre as
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definies conhecidas. Em seguida, coloque o texto resultante da reflexo feita em seu portflio.
2. Leia a citao de Albert Einstein, que segue, e, com base em seus conhecimentos sobre o seu Curso, faa uma reflexo sobre ela, respondendo ao questionamento feito pelo cientista. A sua resposta, socialize com seus colegas.
"Como que a matemtica, que um produto do pensamento humano e
independente de qualquer experincia, se adapta de uma maneira to
admirvel aos objectos da realidade? A razo humana seria capaz, sem
recurso experincia, de descobrir s pela sua actividade as propriedades
dos objectos reais?"
Albert Einstein
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 02: OBJETIVO DO ARTIGO EMEIOS DE DIVULGAO DE PESQUISAS
Fonte
(HTTP://BP1.BLOGGER.COM/__ANK4
UIUE8U/R-
LPW0NUXGI/AAAAAAAABNS/AZ4E
A O9JO8/S320/MANCHETE.JPG)
O artigo cientfico publicado por vrias razes. Dentre elas, ressaltamos a
divulgao cientfica, quando visa a comunicar, comunidade cientfica, o
conhecimento de novas descobertas e o desenvolvimento de novos materiais,
tcnicas e mtodos de anlise nas diversas reas da cincia; e a apresentao
do um trabalho em eventos da rea. uma forma de se posicionar no
mercado de trabalho.
REFLEXO
A partir da conceituao de artigo cientfico que voc conhece, pense um
pouco sobre as duas questes a seguir:
a) possvel que a divulgao de pesquisas cientficas envolva outros
interlocutores que no os citados, isto , membros pertencentes
comunidade acadmica? Justifique a sua resposta.
b) O nico gnero responsvel pela divulgao de pesquisas o artigo
cientfico? Caso sua resposta seja negativa, quais outros gneros cientficos
tm esse objetivo?
H alguns meios disponveis para divulgarmos resultados de pesquisas,
dependendo de como queremos alcanar o leitor, dependendo do nosso
objetivo. Aqui, chamamos ateno de duas possibilidades de divulgao de
resultados de pesquisas: o artigo cientfico e o artigo de vulgarizao
cientfica.
O artigo cientfico pode estar divulgado em revista especializada ou em jornal
da rea. escrito por pesquisadores ou estudantes para ser lido por
interessados no assunto estudado enquanto que o artigo de vulgarizao
cientfica escrito por jornalistas e o pblico necessariamente no
especialistas da rea.
EXERCITANDO
1. Leia o artigo cientfico de Maria Alice Gravina e Lucila Maria Costi
Santarosa, A aprendizagem da matemtica em ambientes informatizados,
no seguinte link:
http://www.seer.ufrgs.br/index.php/InfEducTeoriaPratica/article/viewFile/6275/3742
(http://www.seer.ufrgs.br/index.php/InfEducTeoriaPratica/article/viewFile/6275/3742)
LNGUA PORTUGUESA
AULA 02: ESTUDO DO GNERO ARTIGO CIENTFICO
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2. Qual foi o principal objetivo das autoras ao publicar o artigo em uma
revista especializada?
3. No item 2 do artigo, as autoras tratam da aprendizagem da matemtica,
numa perspectiva piagetiana. Qual a sua posio quanto a isso?
4. Como as autoras dividiram o tema tratado no artigo (A aprendizagem
da matemtica)?
Divulgue as suas respostas no frum.
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 03: A COMPOSIO TEXTUAL DO GNERO ARTIGO CIENTFICO
Neste tpico, inicialmente, apresentamos as partes do artigo cientfico, com
nfase em suas caractersticas e objetivos especficos. A seguir, apresentamos
um artigo completo, sobre cujas partes comentamos a funcionalidade.
1 - TTULO
2 - RESUMO
3 - PALAVRA CHAVE
4 - INTRODUO
5 - REVISO DE LITERATURA
6 - METODOLOGIA
7 - RESULTADOS E DISCUSSES
8 - CONSIDERAES FINAIS
9 - REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
O ttulo deve estar relacionado diretamente com o assunto do trabalho
Objetivo: refletir adequadamente a proposta da pesquisa.
O resumo deve conter o objetivo, a relevncia do tema, a metodologia e os
resultados finais. Algumas publicaes, muitas vezes, exigem o resumo em
ingls (chamdo de abstract)
As palavras-chave podem ser de no mnimo trs e no maximo cinco.Elas
vm, geralmente,logo abaixo do resumo.
Objetivo: identificar os principais pontos abordados no estudo.
Na introduo, o autor geralmente indica a relevncia do tema, apresenta
brevemente (quando h uma seo separada de reviso literatura - ver
prximo item) itens de pesquisa prvia, aponta os objetivos da pesquisa e faz
generalizaes do assunto que ser tratado no artigo.
Na reviso de literatura, feita a contextualizao da pesquisa:"essa
contextualizao pode ser feita tanto dentro da seo de introduo do
artigo, quanto em uma seo especfica, que, em geral chamada de Reviso
da literatura" (MOTTA-ROTH, 2003, P.53).
Objetivo: situar o trabalho para o leitor, uma vez que este precisar definir os
autores pertinentes pesquisa apresentada.
O leitor tambm precisa saber em que linha terica est situado o estado, da
a reviso de literatura ser considerada uma parte essencial de um artigo
acadmico.
Na seo referente metodologia, especificam-se os aspectos relacionados a
como a pesquisa foi estruturada. Normalmente, as informaes se
relacionam a:
universo: quem (ou o qu) ser investigado. Do universo, grande grupo, tira-
se a amostra, sendo esta um pequeno grupo representativo daquele;
LNGUA PORTUGUESA
AULA 02: ESTUDO DO GNERO ARTIGO CIENTFICO
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instrumentos: ferramentas utilizadas durante a pesquisa para se obterem os
dados;
procedimentos: os passos tomados para se chegar aos resultados da
pesquisa;
tratamento dos dados: maneira pela qual se escolheu interpretar os dados
obtidos.
Objetivo: apresentar os materiais e os mtodos (sujeito, instrumentos,
procedimentos, critrios) empregados na pesquisa para se obterem e
analisarem os dados.
Aps a metodologia, apresentam-se os resultados da pesquisa. Os dados
obtidos so apresentados, comentados e interpretados.
Objetivo: apresentar os dados da pesquisa e discutir os resultados em relao
ao que se avanou no conhecimento do problema lanado pelo pesquisador.
Finalmente, na concluso, retormamos os principais pontos da discusso dos
resultados obtidos na pesquisa.
Objetivo: mostrar os resultados da pesquisa e o que se avanou com essa
nova pesquisa.
Todos os textos que o pesquisador utilizou como base referncial para sua
pesquisa devem estar devidamente marcados nas referncias bibliogrficas.
Objetivo: mostrar leitura e domnio do assunto que foi pesquisado e, ainda,
garantir a legitimidade da pesquisa ao fazer meno a outros estudiosos.
FRUM
Observe se o artigo cientfico lido no Tpico anterior segue as orientaes
tericas. Em seguida, escreva suas observaes feitas. Socialize-as com
seus colegas, no Frum de discusso.
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 04: DESCRIO DE RESULTADOS
Fonte
(HTTP://EMERGINGYOUTH.FILES.WO
RDPRESS.COM/2009/01/STUDYING-
MAIN_FULL.JPG)
No artigo cientfico, alm do resumo, temos uma introduo, um
desenvolvimento e uma concluso. O item que trata da descrio de
resultados muito importante e ele se localiza no desenvolvimento. Motta-
Roth e Hendges (2003, p. 79) apresentam oito movimentos indicadores dos
oito tipos de informao que devem aparecer na seo de
resultados/discusso de um artigo acadmico. Destacam-se aqui os quatro
movimentos mais relevantes para a discusso que ora se apresenta:
MOVIMENTO 2: Declarao dos resultados
MOVIMENTO 3: Explicao do final (in)esperado
MOVIMENTO 4: Avaliao da descoberta
MOVIMENTO 5: Comparao da descoberta com a literatura
Levando-se em conta apenas esses quatro movimentos, pode-se dizer que o
artigo acadmico, grosso modo, consiste em:
Apresenta dados observados(movimento 2);
Interpretar as possveis causas que levaram configurao dos dados na forma como foram colhidos (movimento 3);
Mostrar as consequcias que os resultados observados acarretam para a rea de conhecimento invetigada (movimento 4)
E comparar resultados encontrados com outras pesquisas j realizadas (movimento 5)
Embora a ordem em que as informaes so apresentadas possa variar, claro
est que o ponto de partida a descrio dos dados observados. a partir
dessa parte mais "objetiva" do relato cientfico que se chega s partes mais
"subjetivas", nas quais o pesquisador se posiciona face ao que investigou. A
descrio dos dados to fundamental que muitos julgam ser somente isso o
necessrio para se apresentar uma pesquisa.
OBSERVAO
Como voc acabou de ver, relatar uma pesquisa no apenas apresentar
esses passos no artigo, mas eles so essenciais para que todo o resto
acontea. Da a importncia de se aprender como se faz, adequadamente,
uma descrio de resultados cientficos.
Para estudar as caractersticas que competem a esse saber, voltemos ao
artigo A aprendizagem da matemtica em ambientes informatizados. Em
alguns, temos tabelas que do ponto de vista do autor de artigos, a elaborao
LNGUA PORTUGUESA
AULA 02: ESTUDO DO GNERO ARTIGO CIENTFICO
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delas (bem como de grficos, quadros, figuras) uma forma de estabelecer as
relaes entre os elementos pesquisados. A partir destes recursos de
visualizao, o pesquisador tambm capaz de mostrar como classificou os
dados observados. Isso implica dizer que uma boa descrio de resultados
deve passar por uma esquematizao grfica que demonstre as relaes entre
os aspectos observados.
ATIVIDADE DE PORTFLIO
Descreva linguisticamente as informaes contidas nos esquemas grficos
a seguir. Coloque seus textos referentes a essa tarefa em seu portflio.
1 - As rotas do trfico de pessoas (Carta Capital na escola, agosto de 2006)
2 - RESULTADOS DO PROVO DE AVALIAO DO ENSINO
FUNDAMENTAL DA REDE PBLICA DO ESTADO DE SO PAULO PARA A
TERCEIRA SRIE (Veja, 22 de junho de 2005)
Incidncia de notas baixas entre os alunos...
... que tm a idade certa para a srie ---------------------------------------------
---25%
... que tm um ano de atraso ------------------------------------------------------
--54%
... que tm um ano de atraso ------------------------------------------------------
-- 54%
... que tm dois anos de atraso ---------------------------------------------------
--- 59%
... que tm trs anos de atraso ----------------------------------------------------
-- 67%
Incidncia de notas baixas entre os alunos...
... cujos pais nunca estudaram ---------------------------------------------------
--- 55%M
... cujos pais estudaram at a 4 srie -------------------------------------------
--- 30%
... cujos pais estudaram at a 8 srie -------------------------------------------
--- 28%
... cujos pais tm nvel superior --------------------------------------------------
-- 20%
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Responsvel: Prof. Mnica Serafim
Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 05: OBJETIVIDADE DA DESCRIO E ATIVIDADE DE DESCRIO DE RESULTADOS
Leia o texto a seguir
O FATO E AS VERSES
Gualter Mathias Netto
Pego os jornais de domingo. Primeiro os do Rio, por fora do hbito. E,
logo nas manchetes, fico intrigado. O Globo anuncia: "Empregos tm
crescimento surpreendente de 30% no Rio". O Jornal do Brasil abre de
fora a fora: "Pas ganha 1.061 desempregados por hora". Leio a chamada e
vejo que ambos citam as mesmas fontes: Ministrio do Trabalho e
Associao Brasileira de Recursos Humanos.
Comparando os dados, comeo a vislumbrar onde est a diferena. O
Globo se refere a nmeros de maro deste ano. Na mesma sentena, os
novos empregados em So Paulo somam 75% a mais do que no ms
anterior e as demisses no Rio decresceram 19%. J o JB faz as contas
sobre 20,2 milhes de demitidos de janeiro de 90 a fevereiro de 93. Nas
pginas internas, enquanto O Globo engorda seu otimismo com
percentuais positivos, seu concorrente preenche toda uma pgina com
relatos de desempregados e demonstrativos que a classe mdia foi a mais
atingida.
[...] Tomo o episdio para exemplo de como um mesmo fato se apresenta a
diferentes verses. As estatsticas, na frieza rgida de seus nmeros, podem
ser manipuladas de acordo com a preferncia de quem as analisa, sem
fraudar as cifras, mas conduzindo as interpretaes para onde indicarem
suas convenincias. O leitor de banca, que faz uma leitura apressada dos
ttulos, fica perplexo. S o comprador perdulrio e minucioso consegue
juntar as peas e entender o quebra-cabeas. [...]
Texto retirado de FARACO, Carlos Alberto e TEZZA, Cristvo. OFICINA
DE TEXTO.
O texto chama ateno interpretao dos fatos. Um mesmo fato pode se
prestar a diferentes interpretaes, dependendo do repertrio do leitor, do
contexto de leitura.
EXERCITANDO
1. Faa uma enquete com 20 pessoas, para as quais perguntar: "O que a matemtica para voc?". Anote as respostas dadas e em seguida descreva os resultados de tal investigao. Procure esquematiz-las de alguma forma; voc poder, por exemplo, propor uma classificao indicando diferentes tipos de resposta.
LNGUA PORTUGUESA
AULA 02: ESTUDO DO GNERO ARTIGO CIENTFICO
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2. No texto descritivo, voc dever, ainda, propor uma pequena discusso sobre os resultados encontrados: o que as respostas indicam acerca da maneira como os leigos percebem a Matemtica? Quais os motivos para que as pessoas tenham uma determinada viso sobre o que a Matemtica?
FRUM
1.Discuta com seus colegas no Frum da AULA 1 as principais diferenas
entre um artigo acadmico e um artigo de vulgarizao.
DICAS
Para aprofundar, acesse:
http://www.scielo.br (http://www.scielo.br)
http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp
(http://www.periodicos.capes.gov.br/portugues/index.jsp)
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 01: CONSIDERAES GERAIS SOBRE O RESUMO
Fonte
(HTTP://INTERCENTRES.CULT.GVA.ES
/IESCUEVASANTA/ALQUIMISTAS/NAR
RATIVA/10_CUENTOS/RESUMIR.JPG)
PARA INCIO DE CONVERSA
A partir do que foi estudado nas duas aulas, podemos dizer que voc j tem
conhecimentos sobre o contexto de produo do artigo cientfico e sobre a
sua estrutura, necessrios para fazer uma leitura significativa deste gnero.
Nesta aula, estudaremos o gnero resumo. Mas a partir desta aula,
tambm vamos estudar elementos lingusticos que contribuem para a
coeso nominal e verbal, para entender o contexto de produo e a
composio deste gnero.
O resumo bastante solicitado pelo professor, sobretudo, como instrumento
de avaliao das disciplinas. Assim como a resenha, ele sempre parte de um
texto fonte. Fique atento atividade que propomos.
FRUM
1. Leia os resumos que seguem:
A APRENDIZAGEM DA MATEMTICA EM AMBIENTES
INFORMATIZADOS
Maria Alice Gravina
LucilaMaria Costa Santarosa
Este trabalha analisa ambiente informatizado que apresenta recurso em
consonncia com o processo de aprendizagem construtivista o qual tem
como princpio bsico que o conhecimento se constri a partir das aes
do sujeito. luz da teoria de desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget
so destacados alguns recursos que do suporte s aes do sujeito e que
consequentemente favorecem a construo do conhecimento
matemtico. Na aprendizagem da matemtica, este suporte a
possibilidade do fazer matemtica? Experimentar, visualizar mltipas
facetas, generalizar, conjeturar, e enfim demonstrar exemplos de alguns
ambientes ilustra tal processo.
ALGUNS MODOS DE VER E PERCEBER O ENSINO DA MATEMTICA
NO BRASIL
Drio Fiorentini
Este artigo pretende descrever alguns modos, historicamente produzido,
de ver e conceber o ensino da Matemtica no Brasil. As categorias
descritivas utilizadas neste estudo foram: concepo de matemtica,
concepo do modo como se processa a obteno/produo do
conhecimento matemtico; os fins e os valores atribudos ao ensino da
matemtica; as concepes de ensino e de aprendizagem; a cosmoviso
subjacente; a relao professor aluno e a perspectiva de estudo;pesquisa
visando a melhoria do ensino da matemtica. Com base nessas
LNGUA PORTUGUESA
AULA 03: ESTUDO DO GNERO ACADMICO RESUMO
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categorias, identificamos e descrevemos seis tendncias: a formalista
clssica, a emprico-ativista, formalista moderna, tecnicista e suas
variaes e a construtivista e socioculturalista.
Considerando a leitura feita, responda s questes:
a) Quais as principais caractersticas de um resumo?
b) Qualquer texto pode ser resumido?
c) O tipo de texto influencia na produo do resumo?
d) possvel descrever estratgias que garantam um bom resumo?
Disponibilize as suas respostas no frum de discusso. A partir da,
desenvolva uma reflexo sobre o assunto.
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 02: CONCEITO E TIPOS DE RESUMO
O resumo veicula informaes oriundas de outro texto. O objetivo desta
transposio condensar o contedo de modo a destacar os pontos
principais do texto original. Neste processo, necessrio que o
leitor/resumidor perceba tais pontos e os reproduza de forma coerente.
Therezo (2001, p. 21) conceitua o resumo como
a condesao de um texto inteligvel em si mesmo,rdigida em nvel padro de
linguagem com as prprias palavras do leitor resumido.
Assim definido, o texto-resumo, segundo esta autora, um gnero s
produzido em ambientes de aprendizagem, como escolas e universidades.
Silva & Mata (2002), no entanto, j assinalam que o gnero resumo
produzido por outras comunidades. Nesta perspectiva, o resumo um
gnero cuja finalidade discursiva ultrapassa as instituies de ensino. So,
portanto, textos que atendem a necessidades sociocomunicativas, como
satisfazer a curiosidade do leitor sobre diversos assuntos, sistematizar textos
estudados (prprio e de outros). assim que encontramos em circulao
resumos de novelas, filmes, notcias, alm dos resumos escolares e dos
acadmicos.
Antes de ler, resumir ou produzir um texto, ns precisamos ter conscincia
de que:
a) Todo texto possui um autor que teve um objetivo para a escrita daquele texto;
b) Todo testo escrito tendo em vista um leitor potencial.
c)A antecipao do contedo do texto pode facilitar a leitura;
d)O texto determinado pela poca e local em que foi escrito.
e) O texto produzido tendo em vista o veculo em que ira circular.
LNGUA PORTUGUESA
AULA 03: ESTUDO DO GNERO ACADMICO RESUMO
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-
No resumimos o texto da mesma forma; depende da composio textual.
Observe os resumos que seguem.
Este tipo de resumo favorece ao leitor optar pelo filme a que pretende
assistir.
Diferente da situao de comunicao que segue.
Este resumo tem o propsito de apresentar as idias principais sobre um
artigo cientfico. Como vemos, apesar de se tratar de um resumo, a estrutura
textual no a mesma. O resumo de um artigo cientfico exige um tema,
nome do autor do trabalho e, as vezes, da instituio a que est vinculado, o
texto resumido e as palavras principais.
O resumo de um livro, por sua vez, apresenta uma estrutura tambm
particular.
Vejamos.
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-
Este resumo mostra o ttulo e o subttulo seguidos do texto resumido e de
impresses do autor que podem influenciar o leitor a adquirir o livro.
importante ressaltar que o objetivo maior de nossa aula ajud-lo a produzir
resumos escolares/acadmicos que possam ser considerados bons pelos seus
professores. O resumo usado como notas de aula, e mesmo como forma de
fichamento (idias principais do texto colocadas em forma de enumerao).
Para ajud-lo a apropriar-se do resumo escolar/acadmico, que vamos
continuar a estudar, em nossa prxima aula, mais algumas caractersticas
que distinguem o resumo escolar/acadmico e principalmente algumas
tcnicas para resumir.
A partir desses conhecimentos sobre as distines entre os resumos, voc
dever fazer as atividades propostas.
ATIVIDADE DE PORTFLIO
A seguir, voc ler trs resumos: de um filme, de um artigo acadmico e de
um livro.
textos_resumo (Clique aqui) (Visite a aula online para realizar download
deste arquivo.)
a) Identifique as diferenas entre cada resumo apresentado, levando em
considerao as diferentes condies de produo (autor, objetivo do
resumo, destinatrio, poca e local em que o resumo foi produzido, veculo
no qual foi publicado). Como sugesto, siga as orientaes da tabela a
seguir. Coloque seu texto no portflio.
b) Busque na Internet sites que tragam definies e exemplos de resumo.
Compare os resultados da pesquisa com o contedo apresentado nesta
aula. Coloque suas observaes em seu portflio.
CLIQUE AQUI PARA VER A TABELA.
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FRUM
a) Elabore seu ponto de vista sobre a importncia do gnero resumo na
vida cotidiana do aluno universitrio. Discuta sobre suas observaes no
frum.
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 03: PARMETROS DEFINIDORES DO CONTEXTO DE PRODUO DO RESUMO
Como vimos na aula anterior, o gnero resumo pode ser observado em
diversos ambientes: podemos ler resumos em revistas de variedades, em
jornais e em livros ou artigos escolares e acadmicos. Nesta aula,
discutiremos sobre alguns aspectos referentes ao contexto de produo de
resumos. Inicialmente questionamos:
As questes que acabamos de colocar levam a considerar a importncia do
contexto de produo, que interfere na compreenso e no processo de
sumarizao de um texto. Os aspectos contextuais so compostos por
experincias pessoais, isto por conhecimentos de mundo que cada pessoa
detm ao longo da vida e so fundamentais para que a distino entre o que
primordial e o que acessrio sejam feitos. Tambm so relevantes os
objetivos de quem escreve (que esto relacionados, inclusive, com o tipo de
leitor) influenciam na produo do resumo.
Texto : Crnica da casa assassinada
- Primeira narrativa do farmacutico
Lcio Cardoso
Meu nome Aurlio do Santos, e h muito tempo que estou estabelecido
em nossa pequena cidade com um negcio drogas e produtos
farmacuticos. Minha loja pode mesmo ser considerada a nica do lugar,
pois no oferece concorrncia um pequeno varejo de produtos
homeopticos situado na Praa Matriz. Assim, quase todo o mundo vem
fazer suas compras em minha casa, e mesmo para a famlia Meneses tenho
aviado muitas receitas.
Lembro-me muito bem da noite em que ele veio me procurar. Achava-me
sentado sob uma lmpada baixa, a fim aproveitar a claridade o mais que
pudesse, j que a eletricidade em nossa vila deficiente, e eu consultava
um dicionrio de ps medicinais impresso em letras exageradamente
midas. A noite mal comeava a baixar, e aloja se achava cheia de
LNGUA PORTUGUESA
AULA 03: ESTUDO DO GNERO ACADMICO RESUMO
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mariposas que giravam num crculo cada vez mais fechado em torno da
lmpada. Isto me enervava e eu sacudia a cabea para afugent-las, pois
tinha as duas mos ocupadas em sustentar o grosso volume. No fechara
inteiramente a porta, cuidando que apareceria algum fregus retardatrio.
Como ouvisse um leve rangido, ergui a cabea e percebi a mo que
empurrava a porta depois o rosto surgiu devagar, sem procurar produzir
efeito, apenas como se evitasse uma interveno repentina. Avanou dois
passos e eu reconheci ento de que se tratava. Pareceu-me mais plido do
que habitualmente, de modos hesitantes, olhos desconfiados.
-- Boa noite, Sr. Demtrio disse eu, naturalmente a visita.
Talvez seja necessrio explicar aqui por que aquela chegada no me
pareceu um fato banal que eles, os Meneses, por orgulho ou por
suficincia, eram os nicos fregueses que jamais pisavam em minha casa.
Mandavam recados, aviavam receitas, pagavam as contas por intermdio
dos empregados. Eu os via passar com certa freqncia, quase sempre de
preto, distante e numa atitude desdenhosa. Dizia comigo mesmo: So os
da Chcara e contentava-me em inclinar a cabea num hbito que j se
perdia longe atravs do tempo. Alis, devo acrescentar ainda que
caminhavam quase sempre juntos, o Sr, Valdo e o Sr. Demtrio. Podiam
no ser unidos l dentro de casa, tal como corria de boca em boca, mas nas
ruas eu os encontrava sempre ao lado um do outro, como se neste mundo
no houvesse melhores irmos. Uma nica vez vi o Sr. Demtrio em
companhia de sua esposa, Dona Ana, que a voz corrente dizia encerrada
obstinadamente em casa, e sempre em pratos pelo erro que cometera
contraindo aquele matrimnio. No era um Meneses, pertencia a uma
famlia que antigamente morara nos arredores de Vila Velha, e fora aos
poucos triturada pela vida sem vio e sem claridade que os da Chcara
levavam. Lamentava-se muito a sua sorte, e alguns chegavam mesmo a
dizer que no era de todo destituda de beleza, se bem que um tanto sem
vida.
O texto acima faz parte do romance Crnica da casa assassinada,
editado pela Nova Fronteira Rio de Janeiro, 1979, pg. 37.
Observe que o texto acima oferece vrias possibilidades de perspectiva para
quem pretende resumi-lo, de modo que o propsito comunicativo que
definir as estratgias a serem utilizadas. Podemos, por exemplo, fazer o
levantamento das caractersticas mais importantes da loja descrita, como se
fssemos pass-las para diferentes destinatrios: para um comprador, para
um assaltante e para seu professor.
EXERCITANDO
a) Pesquise sobre os seguintes elementos lingusticos: artigos, numeral,
pronomes, substantivos e adjetivos.
b) Faa o resumo da concluso desta pesquisa.
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
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Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 04: COESO NOMINAL NO RESUMO
A coeso nominal assegurada atravs de artigos, numeral, pronomes,
substantivos e adjetivos. Ela assegura a continuidade do texto, permitindo
que os termos no sejam repetidos. s vezes, o referente vem antes, outras
vezes depois. Veja o texto que segue.
EXERCITANDO
1) Faa o levantamento das palavras que funcionam como elementos de
coeso, classifique-as, de acordo com a gramtica e mostre a quem elas
esto relacionadas.
2) Observe as palavras em destaque no texto e responda s questes.
a) Todas as palavras se referem a que termo (s)?
b) A que classe de palavra pertencem essas palavras?
c) Por que foram utilizadas palavras diferentes para substituir um termo?
LNGUA PORTUGUESA
AULA 03: ESTUDO DO GNERO ACADMICO RESUMO
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 01: AUTOR E DESTINATRIO
PARA INCIO DE CONVERSA
J vimos que o contexto de produo do resumo define para quem vamos
produzir o resumo e aponta para o nvel de linguagem. Em nosso caso,
trata-se do Curso de Matemtica. Envolvidos nele, esto o professor, e os
alunos. Nesta aula, nossa ateno direcionada a eles (o autor e o
destinatrio do resumo).
Fonte
(HTTP://WWW.FABRICIOVIANA.COM/I
MAGENS/LITERATURAGAY/LIVROSGLS
/ESCRITOR/ESCRITOR-BLOQUEIRO-
GAY.GIF)
AUTOR E DESTINATRIO
Ao elaborar qualquer texto, organizamos as informaes de acordo com a
audincia a que nos dirigimos; em um resumo no diferente. Tambm
neste caso, devemos redigir conforme o tipo de destinatrio que
pressupomos ser nosso leitor. Assim, devemos levantar hipteses sobre este
leitor e elaborar o resumo de acordo com o que julgamos que ele deva
conhecer sobre o objeto sumarizado e de acordo com o que julgamos ser o
objetivo desse destinatrio. importante sabermos dele qual o seu papel
comunicativo na sociedade, quais suas expectativas e que aspectos
socioculturais podem interferir na sua recepo.
ATIVIDADE DE PORTFLIO
Leia os resumos abaixo sobre o mesmo filme e verifique se as informaes
selecionadas so diferentes. Analise os textos tendo em vista os
destinatrios de cada veculo de informao.
Posteriormente, coloque sua atividade em seu portflio e escolha as
respostas de um colega para comparar com as suas. Envie, por e-mail,
seus comentrios atividade feita pelo colega.
Uma tragdia em comum une dois homens
desconhecidos at ento, quando eles precisam
cuidar de duas mulheres que esto em coma no
hospital. Dirigido por Pedro Almodvar (Tudo
Sobre Minha Me) e com Geraldine Chaplin e
Paz Vega no elenco. Vencedor do Oscar de
Melhor Roteiro Original.
Em Madri vive Benigno Martin (Javier Cmara), um enfermeiro cujo
apartamento fica diante de uma academia de bal, comandada por
Katerina Bilova (Geraldine Chaplin). Ele fica freqentemente na janela
da sua casa, vendo com especial ateno uma das estudantes de
Katerina, Alicia Roncero (Leonor Watling), por quem est apaixonado.
Benigno chega ao ponto de marcar uma consulta com o pai dela, um
psiquiatra que tem um consultrio na prpria casa, s para ter uma
LNGUA PORTUGUESA
AULA 04: CONTEXTO DE PRODUO DO RESUMO
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chance de falar com Alicia, mas agora s consegue lhe dar um susto.
Antes, porm, Benigno entrou no quarto dela e olhou o recinto com
admirao, tendo roubado um prendedor de cabelos dela. Quando Alicia
ferida em um acidente de carro, que a deixa em um coma, internada
no hospital onde Benigno trabalha. Ele passa a cuidar dela, mas a
ateno que dispensa com Alicia totalmente acima do normal. Alm
disto, Benigno fala com ela o tempo todo, movido por um misto de f e
amor, pois cr que de alguma forma ela possa ouvir. Aps quatro anos, o
quadro dela est inalterado e a dedicao que Benigno sente por ela
tambm. Marco Zuluaga (Daro Grandinetti), um jornalista, designado
para entrevistar Lydia Gonzalez (Rosrio Flores), uma conhecida
toureira que teve o nome nos tablides ao ter um tempestuoso romance
com "El Nino de Valncia" , um toureiro. Inicialmente ela foi rspida,
mas aps ele ter matado uma cobra que estava na casa dela se tornou
mais amvel. Logo os dois iniciam uma relao, que estava destinada a
ser curta, pois Lydia atingida por um touro e considerada clinicamente
morta. Por coincidncia ela internada no mesmo hospital onde est
Alicia e logo Benigno e Marco ficam amigos, pois no incio Marco nem
conseguia tocar em Lydia, mas recebeu de Benigno um simples
conselho: fale com ela.
www.adorocinema.com.br (http://www.adorocinema.com/)
Silncio e (meta)linguagem em "Fale com ela" *
(http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
83332004000200014#nt%23nt)
Renata Farias de Felippe
Professora substituta da Universidade Federal do Rio Grande, Rio
Grande-RS, Brasil. [email protected]
No h gritos em "Fale com ela". Nem femininos, nem de nenhuma
espcie. Alis no filme, contrariando o clich, as mulheres pouco falam, e
o uso do tempo verbal no imperativo presente no ttulo denuncia este
silncio.
Em "Fale com ela" predomina, literalmente, a voz masculina, mas no
filme, os homens tambm no gritam, ao contrrio. Na pelcula, o tom
de voz dos personagens o mesmo de Caetano Veloso na releitura de
Cucurucucu paloma, o que contraria a idia de que esse "diretor de
mulheres seja responsvel por deixar beira de um ataque de nervos
tambm os homens". 2 (http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0104-83332004000200014#nt2%23nt2)
Ao enfatizar, no filme, personagens femininas silenciadas, Pedro
Almodvar subverte no s o esteretipo relativo verborragia feminina,
como tambm rompe com os clichs do prprio estilo. Vrias de suas
personagens podem ser consideradas mulheres, digamos, "alteradas",
como Pepi, Glria, Pepa, Kika, Andra Caracortada, Leocdia. No que
diz respeito a sua reduzida produo literria, nesta, tambm
encontramos figuras peculiares como todas as personagens de Fogo nas
33
-
entranhas. Porm, na fase considerada "madura" da filmografia
almodovariana posterior a Kika (1993) a presena de mulheres
perturbadas parece menor, ainda que em Fale com ela Lydia seja uma
personagem passional e conflituosa. Tal reduo, possivelmente, seja
resultante da tentativa de renovao do diretor, uma tentativa de
escapar repetio. Segundo Affonso Beato:
Alguns anos depois de ter feito 'Kika', ele (Pedro Almodvar) entrou em
conflito. Com 'Kika' ele chegou ao fim de um movimento esttico que
estava muito cenogrfico, muito alegrico, e que j estava muito longe da
realidade. [...] As pessoas no gostavam de 'Kika', nem ele estava
gostando mais. 3 (http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0104-83332004000200014#nt3%23nt3)
Sendo assim, a partir de A flor do meu segredo (1995), as mudanas
estticas e temticas tornam-se evidentes. No que diz respeito s
imagens, a fotografia de seus filmes passa a enfatizar o amarelo, o
marrom, o vermelho e a esttica kitsch diluda. Quanto aos
personagens, os conflitos destes tornam-se profundos. A caricatura, a
pardia e o carter anrquico, tornam-se menos evidentes.
O cinema de Pedro Almodvar renova-se no apenas devido a um
processo natural ou por sua prpria necessidade de auto-superao, mas
porque sua obra, "reproduzindo os mecanismos do prprio desejo,
aniquila com a possibilidade de fixao de padres e modelos". 4
(http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
83332004000200014#nt4%23nt4)
Se a temtica do desejo uma constante no diretor, e este despertado
por uma infinidade de agentes e tem infinitos desdobramentos,
apontando para a diversidade de situaes, por outro lado, inegvel
que a produo do cineasta possui incidncias. Esta, atenta contra todo o
tipo de ordem sexual estabelecida a partir da dicotomia
masculino/feminino, possui uma profunda ligao com figuras
marginais, bem como utiliza-se da funo metalingstica para explicitar
as emoes e as caractersticas dos personagens. Esta ltima
caracterstica, em especial, a temtica do presente trabalho e o fato que
motivou a escolha de Fale com ela como foco de anlise, uma vez que, a
meu ver, este o filme de Almodvar que mais se utiliza de recursos
metalingsticos.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104-
83332004000200014 (http://www.scielo.br/scielo.php?
script=sci_arttext&pid=S0104-83332004000200014%20%0d)
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
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TPICO 02: ESTRATGIAS DE SUMARIZAO
Fonte
(HTTP://4.BP.BLOGSPOT.COM/_F_4R
VO7EBDO/S_MVQVRH23I/AAAAA
AAAACS/BFOEHCMR2QY/S1600/D
MBTEST.GI)
Antes de resumir um texto devemos observar como este texto est
organizado e qual sua estrutura formal, ou seja, quais os passos utilizados
pelo autor para mostrar as informaes. Este processo est diretamente
relacionado s aptides do leitor que, uma vez familiarizado com o texto,
percebe rapidamente quais os pontos principais deste.
O processo de sumarizao se inicia a partir de uma compreenso global do
texto; , pois, um processo cognitivo. Trata-se de uma atividade mental que
permite ao leitor condensar informaes contidas no texto conforme sua
relevncia e observ-las de modo topicalizado. A esquematizao mental
destas informaes que permite ao leitor reorganizar o texto de forma
objetiva. Uma vez observados tais aspectos, o leitor pode, ento, transformar
os dados percebidos em resumo.
Van Dijk (1988) observou que as regras de sumarizao permitem ao leitor
identificar as proposies mais relevantes de um texto e que para isso
existem algumas regras cuja aplicao nos permite dispensar atribuies que
declaram qualificao ou contedos inferveis, ou seja, aqueles que se podem
deduzir a partir do conhecimento de mundo que temos. Com base na
classificao de van Dijk, Serafini (1998) descreve as quatro regras para a
realizao de um resumo. So elas:
CANCELAMENTO
GENERALIZAO
SELEO
CONSTRUO
EXEMPLO
Com base na observao do exemplo seguinte, retirado da autora,
descrevemos e exemplificamos esta classificao de Serafine (1992).
Mrio e Luiza foram ontem noite jantar no restaurante da esquina.
Sentaram-se mesa logo entrada. Mrio comeu pizza com
cogumelos, um calzone recheado e uma fatia de torta de nozes;
Luiza comeu creme de espinafre, berinjelas ao forno e salada de
agrio. Depois, saindo do restaurante, andando depressa contra o
vento frio da noite, atravessaram a rua e voltaram para casa.
Procuraram a chave da casa, abriram a porta do prdio, verificaram
a correspondncia para eles e chamaram o elevador; finalmente, se
sentaram no sof de casa, justamente a tempo de curtir num lugar
quentinho um filme de Cary Grant que eles acharam muito bom.
(117 palavras)
Resumo: Ontem noite, apesar do frio, Mrio e Luiza foram comer fora.
Mrio fez uma refeio base de farinceos; Luiza, de vegetais. Depois
LNGUA PORTUGUESA
AULA 04: CONTEXTO DE PRODUO DO RESUMO
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voltaram a p para casa a tempo de ver o filme de Cary Grant. (38
palavras)
Para elaborar este resumo, a autora observou as quatro regras j
mencionadas e que definimos agora:
VERSO TEXTUAL DO FLASH
CANCELAMENTO
Consiste em cancelar palavras ou expresses cuja excluso no
prejudica a compreenso do texto. No exemplo, a frase sentaram-se
mesa logo entrada foi suprimida no resumo e podemos perceber
que esta estratgia no compromete o entendimento da mensagem.
GENERALIZAO
Permite substituir vrios termos especficos por palavras que os
generalizam. Farinceos, no resumo, substitui elementos como
pizza, calzone e torta; vegetais substitui espinafre, berinjela
e agrio.
SELECO
o recurso que permite ao produtor de resumo eliminar aspectos
textuais que informam detalhes bvios e que so facilmente inferveis
pelo contexto. A expresso saindo do restaurante, no resumo, no foi
utilizada pois uma informao que o leitor facilmente pressupe.
Esta regra se aproxima muito do cancelamento distingue-se desta pelo
fato de que os elementos suprimidos ainda podem ser apreendidos no
texto, enquanto no cancelamento, os elementos foram definitivamente
excludos.
CONSTRUO
a regra que permite condensar em uma s orao todo um conjunto
de oraes. No texto original, observamos a frase andando
depressa...atravessaram a rua e voltaram para casa, no resumo, ela
substituda por voltaram a p para casa.
Observe mais este exemplo:
CULTURA DA PAZ
LEONARDO BOFF
http://www.leonardoboff.com/
A cultura dominante, hoje mundializada, se estrutura ao redor da vontade
de poder que se traduz por vontade de dominao da natureza, do outro,
dos povos e dos mercados. Essa a lgica dos dinossauros que criou a
cultura do medo e da guerra. Praticamente em todos os pases as festas
nacionais e seus heris so ligados a feitos de guerra e de violncia. Os
36
-
meios de comunicao levam ao paroxismo a magnificao de todo tipo de
violncia, bem simbolizado nos filmes de Schwazenegger como o
"Exterminador do Futuro". Nessa cultura o militar, o banqueiro e o
especulador valem mais do que o poeta, o filsofo e o santo. Nos processos
de socializao formal e informal, ela no cria mediaes para uma cutura
da paz. E sempre de novo faz suscitar a pergunta que, de forma dramtica,
Einstein colocou a Freud nos idos de 1932: possvel superar ou controlar
a violncia? Freud, realisticamente, responde: " impossvel aos homens
controlar totalmente o instinto de morteEsfaimados pensamos no
moinho que to lentamente mi que poderamos morrer de fome antes de
receber a farinha".
Sem detalhar a questo, diramos que por detrs da violncia funcionam
poderosas estruturas. A primeira delas o caos sempre presente no
processo cosmognico. Viemos de uma imensa exploso, o big bang. E a
evoluo comporta violncia em todas as suas fases. So conhecidas cerca
de 5 grandes dizimaes em massa, ocorridas h milhes de anos atrs. Na
ltima, h cerca de 65 milhes de anos, pereceram todos os dinossauros
aps reinarem, soberanos, 133 milhes de anos. A expanso do universo
possui tambm o significado de ordenar o caos atravs de ordens cada vez
mais complexas e, por isso tambm, mais harmnicas e menos violentas.
Possivelmente a prpria inteligncia nos foi dada para pormos limites
violncia e conferir-lhe um sentido construtivo.
Em segundo lugar, somos herdeiros da cultura patriarcal que instaurou a
dominao do homem sobre a mulher e criou as instituies do
patriarcado assentadas sobre mecanismos de violncia como o Estado, as
classes, o projeto da tecno-cincia, os processos de produo como
objetivao da natureza e sua sistemtica depredao.
Em terceiro lugar, essa cultura patriarcal gestou a guerra como forma de
resoluo dos conflitos. Sobre esta vasta base se formou a cultura do
capital, hoje globalizada; sua lgica a competio e no a cooperao, por
isso, gera guerras econmicas e polticas e com isso desigualdades,
injustias e violncias. Todas estas foras se articulam estruturalmente
para consolidar a cultura da violncia que nos desumaniza a todos.
A essa cultura da violncia h que se opr a cultura da paz. Hoje ela
imperativa.
imperativa, porque as foras de destruio esto ameaando, por todas
as partes, o pacto social mnimo sem o qual regredimos a nveis de
barbrie. imperativa porque o potencial destrutivo j montado pode
ameaar toda a biosfera e impossibilitar a continuidade do projeto
humano. Ou limitamos a violncia e fazemos prevalecer o projeto da paz
ou conheceremos, no limite, o destino dos dinossauros.
37
-
Onde buscar as inspiraes para cultura da paz? Mais que imperativos
voluntarsticos, o prprio processo antroprognico a nos fornecer
indicaes objetivas e seguras. A singularidade do 1% de carga gentica
que nos separa dos primatas superiores reside no fato de que ns,
distino deles, somos seres sociais e cooperativos. Ao lado de estruturas
de agressividade, temos capacidades de afetividade, com-paixo,
solidariedade e amorizao. Hoje urgente que desentranhemos tais
foras para conferir rumo mais benfazejo histria. Toda protelao
insensata.
O ser humano o nico ser que pode intervir nos processos da natureza e
co-pilotar a marcha da evoluo. Ele foi criado criador. Dispe de recursos
de re-engenharia da violncia mediante processos civilizatrios de
conteno e uso de racionalidade. A competitividade continua a valer mas
no sentido do melhor e no de destruio do outro. Assim todos ganham e
no apenas um.
H muito que filsofos da estatura de Martin Heidegger, resgatando uma
antiga tradio que remonta aos tempos de Csar Augusto, vem no
cuidado a essncia do ser humano. Sem cuidado ele no vive nem
sobrevive. Tudo precisa de cuidado para continuar a existir. Cuidado
representa uma relao amorosa para com a realidade. Onde vige cuidado
de uns para com os outros desaparece o medo, origem secreta de toda
violncia, como analisou Freud. A cultura da paz comea quando se cultiva
a memria e o exemplo de figuras que representam o cuidado e a vivncia
da dimenso de generosidade que nos habita, como Gandhi, Dom Helder
Cmara e Luther King e outros. Importa fazermos as revolues
moleculares (Gatarri), comeando por ns mesmos. Cada um estabelece
como projeto pessoal e coletivo a paz enquanto mtodo e enquanto meta,
paz que resulta dos valores da cooperao, do cuidado, da com-paixo e da
amorosidade, vividos cotidianamente.
OBSERVE AGORA O SEGUINTE RESUMO DO TEXTO ACIMA.
"Leonardo Boff inicia o artigo 'A cultura da paz' apontando o fato de
que vivemos em uma cultura que se caracteriza fundamentalmente
pela violncia. Diante disso, o autor levanta a questo da possibilidade
de essa violncia poder ser superada ou no. Inicialmente, ele
apresenta argumentos que sustentam a tese de que seria impossvel,
pois as prprias caractersticas psicolgicas humanas e um conjunto
de foras naturais e sociais reforariam essa cultura da violncia,
tornando difcil sua superao.
Mas, mesmo reconhecendo o poder dessas foras, Boff considera que,
nesse momento, indispensvel estabelecermos uma cultura de paz
contra a violncia, pois essa estaria nos levando extino da vida
humana no planeta. Segundo o autor, seria possvel construir essa
cultura, pelo fato de que os seres humanos so providos de
componentes genticos que nos permitem sermos sociais,
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cooperativos, criadores e dotados de recursos para limitar a violncia e
de que a essncia do ser humano seria o cuidado, definido pelo autor
como sendo uma relao amorosa com a realidade, que poderia levar
superao da violncia. A partir dessas constataes, o telogo conclui,
incitando-nos a despertar as potencialidades humanas para a paz,
como projeto pessoal e coletivo."
A observao do texto original e do resumo elaborado sobre ele nos permite
perceber algumas estratgias utilizadas pelo autor resumidor na tentativa de
tornar o texto mais objetivo. Neste processo, podemos observar regras como
o cancelamento de trechos inteiros do texto que complementam ou ilustram
as ideias do autor, so informaes histricas e posicionamentos como
"Einstein colocou a Freud nos idos de (...): possvel superar ou controlar a
violncia?" ou "(...) so conhecidas 5 grandes dizimaes em massa
(...)" .Veja que estas informaes so importantes do ponto de vista
argumentativo, mas que sua supresso no afeta o entendimento da
mensagem do texto. Logo no primeiro pargrafo, o autor apresenta todas as
estratgias de argumentao utilizadas por Leonardo Boff em seu texto: "ELE
APRESENTA ARGUMENTOS QUE SUSTENTAM A TESE DE QUE SERIA
IMPOSSVEL, POIS AS PRPRIAS CARACTERSTICAS PSICOLGICAS
HUMANAS E UM CONJUNTO DE FORAS NATURAIS E SOCIAIS
REFORARIAM ESSA CULTURA DA VIOLNCIA, TORNANDO DIFCIL SUA
SUPERAO", definindo, assim, sua opo por apresentar informaes
generalizadas que dizem respeito idia central do texto.
ATIVIDADE DE PORTFLIO
Leia novamente o artigo selecione frases que representem as idias
principais do texto. Justifique suas escolhas. Ponha sua atividade no
Portflio.
DICAS
Leia o texto :
http://www.sfrancisco.edu.br/pdf/revista_da_fae/fae_v6_n1/06_marise.pdf
(Visite a aula online para realizar download deste arquivo.)
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 03: PRODUO DE UM RESUMO E CRITRIOS DE AVALIAO DO RESUMO
Fonte
(HTTP://LITUBINO.PBWORKS.COM/F/
ESTUDO%20DE%20CASO.GIF)
Vimos nas aulas anteriores que, na escritura de um resumo, devemos ter em
mente a imagem que o autor tem do destinatrio, o objetivo do autor ao
escrever o texto, a adequao ao gnero textual, os locais e/ou veculos onde
possivelmente o texto circular, ou seja, as caractersticas da situao de
produo do resumo.
Nessa NOSSA ltima aula sobre resumo, voc dever produzir um resumo
que ser avaliado pelos colegas de acordo com os critrios que passaremos a
estudar.
importante saber avaliar o resumo que voc mesmo fez e o do seu colega.
Para isso, considere o questionamento que segue.
FRUM
Socialize as suas respostas com seus amigos no espao do Frum.
EXERCITANDO
Produza o resumo do artigo de divulgao Menina vo melhor em
matemtica em pases com mais igualdade, disponvel no endereo
http://diadematematica.com/modules/smartsection/item.php?itemid=12
(http://diadematematica.com/modules/smartsection/item.php?
itemid=12) .
LNGUA PORTUGUESA
AULA 04: CONTEXTO DE PRODUO DO RESUMO
40
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Em seguida, troque seu resumo por e-mail com um participante do grupo
que ir avaliar seu resumo de acordo com critrios apresentados acima. Ao
receber sua avaliao, reescreva seu resumo e envie-o ao tutor.
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 01: CONSIDERAES GERAIS SOBRE RESENHA
Fonte
(HTTP://DIALOG.BLOG.BR/WP-
CONTENT/UPLOADS/2010/03/RESEN
HA.JPG)
PARA INCIO DE CONVERSA
As duas ltimas aulas trataro do gnero resenha. Diferente do resumo, na
resenha o autor precisa se posicionar diante do texto lido. A seguir fazemos
alguns questionamentos que vo contribuir para a sua aprendizagem.
CONSIDERAES GERAIS SOBRE RESENHA
Para responder a essa questo, muitas outras aparecem. Quando respond-
las, arquive-as em seu portflio.
O que voc sabe sobre resenha?
Onde pode ser encontrada?
J fez a leitura de algum texto pertencente a esse gnero?
Na sua opinio, qual o objetivo do autor do texto ao escrever uma resenha?
Quem normalmente escreve resenhas? Para quem?
ATENO: PESQUISE NA INTERNET SOBRE ESSAS PERGUNTAS.
A resenha um gnero bastante utilizado na universidade. Por isso, muito
importante para ns, professores e alunos envolvidos no processo de
formao. Resenhar comentar os aspectos relevantes de um texto, sabendo-
se com clareza onde se quer chegar com esse comentrio. Dessa forma, o
resenhista deixa no texto marcas lingusticas de seu parecer sobre a obra.
Essas marcas so representadas por substantivos, adjetivos e advrbios
avaliativos, entre outras formas de expressar opinio e/ou ponto de vista.
Tais marcas, ou melhor, pistas, so recuperadas pelo leitor ajudando-o a
reconstruir o posicionamento pretendido pelo resenhista.
Abordagem Crtica:Abordar criticamente um texto consiste em opnar
sobre ele,apresentando problemas e qualidade que o resenhador julga
imortante destacar para o seu leitor. Portanto a abordagem critica no
siguinifica,necessariamente, um levantamento dos problemas detectados
no texto.Pode constituir - se tambm no destaque de certas qualidades.
O RESENHADOR/ RESENHISTA
LNGUA PORTUGUESA
AULA 05: ESTUDO DA RESENHA
42
-
Fonte
(HTTP://WWW.IMAGENSDAHORA.CO
M.BR/CLIPART/CLIPARTS_IMAGENS/
03COMEMORACOES//ESCREVENDO_
CARTA.JPG)
O produtor da resenha objetiva persuadir o leitor acerca do julgamento feito
sobre a obra. Assim, o resenhador deve proceder seletivamente, filtrando
apenas os aspectos pertinentes do objeto, isto , apenas aquilo que
funcional em vista de uma inteno previamente definida.
INFRAESTRUTURA DA RESENHA
1. Apresenta
Informa o tpico geral tratado e/ou define a
audincia alvo e/ou d referncias sobre o
autor.
2. Descreve
D uma viso geral da organizao com que o
autor trata o assunto e/ou estabelece tpicos
e/ou cita material extra-textual.
3. Avalia Reala pontos especficos.
4. Recomenda
(ou no)
Desqualifica / recomenda o livro e/ou
recomenda o livro apesar das falhas indicadas.
EXERCITANDO 1
1. Leia a resenha:
O PEQUENO PRNCIPE, DE ANTOINE DE SAINT-EXUPRY
A seguir, com as informaes do texto lido, complete o quadro que segue.
LIVRO RESENHADO
AUTOR DO LIVRO
CONTEXTUALIZAO
DO LIVRO
TEMA DO LIVRO
AUTOR DA RESENHA
POSIO DO
RESENHISTA
EXERCITANDO 2
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1. Voc assistiu ao filme Mar adentro? Caso tenha assistido, procure lembrar de que se trata a histria. Caso no tenha, a partir do ttulo, procure inferir sobre de que trata o filme.2. Caso no tenha assistido ao filme, a partir do ttulo, procure inferir sobre o que ele trata e escreva o resultado desta reflexo.3. Agora, leia a resenha deste filme.
MAR ADENTRO
EUTANSIA UMA PALAVRA DE ORIGEM GREGA, PODENDO SER
TRADUZIDA COMO "BOA MORTE" OU "MORTE APROPRIADA".
O PROCEDIMENTO QUE ANTECIPA A MORTE DE UM DOENTE
INCURVEL, PARA LHE EVITAR O PROLONGAMENTO DO
SOFRIMENTO.
Pode parecer simples, afinal, um dia todos morrem; ento por que
um dbil deve permanecer vegetando, em qualquer que seja o
sentido, visto que cedo ou tarde a morte vir busc-lo?
MAS muito mais complexo, visto que algumas pessoas vem a
opo de morrer como um ato de covardia. Mar adentro um filme
inteligente que trata do assunto sem rtulos, crticas ou
julgamentos.
Ramn Sampedro (Javier Barden), nascido em uma pequena vila de
pescadores na Galcia, era um marinheiro, amante do mar e da
liberdade, que sofreu um acidente quando jovem e ficou
tetraplgico. O PERCALO ACONTECEU 28 ANOS ANTES E, DESDE
ENTO, ELE DESISTIU DE VIVER. LCIDO E EXTREMAMENTE
INTELIGENTE, DECIDIU LUTAR NA JUSTIA POR SUA
AUTONOMIA, PELO DIREITO DE DECIDIR SOBRE SUA PRPRIA
EXISTNCIA, O QUE LHE CAUSOU PROBLEMAS COM A
SOCIEDADE, A IGREJA E SEUS FAMILIARES.
O OCORRIDO no o transformou em um homem rancoroso nem
tampouco num santo. Dono de um humor sarcstico e de rara
sensibilidade, fazia das poesias que escrevia um refgio. Sua nica
janela para o mundo era a janela do seu quarto, perto do mar o
suficiente para sentir sua brisa e distante para poder v-lo.
Quando seu desejo de morrer foi levado a tribunal e se tornou um
caso conhecido nacional e mundialmente, conquistou amizades e
passou a receber visitas inesperadas, como duas mulheres que
entraram em sua vida: uma advogada, que a princpio apoiava a sua
luta, e uma vizinha, que tentava convenc-lo de que viver valia a
pena.
O filme retrata o caso sob diferentes pticas, a de Ramn, com seu
incansvel desejo de dar cabo a seu tormento: "A VIDA UM
DIREITO, NO UMA OBRIGAO!", "QUEM SOU EU PARA
JULGAR OS QUE QUEREM VIVER?", a de seu pai e irmo, que no
compreendiam nem aceitavam sua deciso: "A NICA COISA PIOR
DO QUE A MORTE DE UM FILHO O SEU DESEJO POR
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MORRER...", e a daqueles que, mesmo o amando, entendiam que
esse era o seu verdadeiro desejo, sendo assim, que sua vontade fosse
feita, como sua cunhada, que tudo fez por ele desde que se
acidentou, ou Manuela e Gene, amigas que a seu lado
compartilharam seu tormento.
No decorrer da trama, uma verdadeira queda de brao acontece: DE
UM LADO O DESEJO DE RAMN PELA EUTANSIA ATIVA,
TAMBM CONHECIDA COMO SUICDIO ASSISTIDO, DO OUTRO,
UMA PARCELA SIGNIFICATIVA DA SOCIEDADE INSISTINDO NA
DISTANSIA, EM UMA MORTE LENTA E SOFRIDA, COMO A QUE
ELE NUNCA QUIS TER.
Sampedro podia ser incapaz de mover um dedo, mas no se podia
negar que suas faculdades mentais continuavam preservadas e sua
lucidez, criatividade, ironia e sagacidade eram impressionantes.
Ainda assim, sentia que no podia mais prescindir da ausncia de
seu corpo.
A pelcula lida com a questo da dignidade humana, a
vulnerabilidade e a ausncia de autonomia. A narrativa evolui
dando solidez ao personagem, entendendo suas motivaes,
compartilhando de sua dor e seus desejos.
SO QUESTES que nos fazem filosofar sobre algo que
anteriormente no tnhamos notado e me parece ser realmente esse
o intuito do roteiro e direo de Alejandro Amenbar, em duas
horas de histria que emocionam no apenas durante o filme, mas
ficam conosco por um bom tempo...
FERNANDAMARIA
http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes
(http://www.recantodasletras.com.br/resenhasdefilmes)
4. Qual o tema abordado no filme?5. Qual a posio do resenhista?6. Qual sua posio sobre o tema?7. Em quantas partes voc dividiria esta resenha e porqu?8. Selecione 5 adjetivos e faa uma reflexo sobre a utilizao deles.9. No texto, para no repetir palavras, so utilizadas correspondendes. selecione 2 situaes dessa e faa uma reflexo sobre elas.
As respostas desta atividade, socialize com seus colegas.
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 02: O CONCEITO DE RESENHA
Fonte
(HTTP://API.NING.COM/FILES/UPCJU
EJ9VGFLVOVMK8SBGJUGCNJVOSW
Z8KB3BPNPSRDBD4JCEP49PTS2IL9
FA-
27TPTB0CQOLS92HGN7IINFAOYM
Q2NSTRZW/RESENHA.JPG)
A resenha um gnero textual que se caracteriza por apresentar uma
avaliao explcita do resenhista, e tem como principal objetivo persuadir
o leitor/espectador para que este compartilhe de seu posicionamento sobre
a obra resenhada.
Dependendo dodomnio discursivo , do objetivo do resenhista e do
suporte, este gnero ter caractersticas diferentes quanto organizao
textual. Por exemplo, uma resenha sobre determinado filme, escrita em um
jornal, ter especificidades dos gneros divulgados nesse suporte.
Os domnios discursivos propiciam o surgimento de gneros com
caractersticas comuns.
Do ponto de vista do domnio, podemos falar em domnio jurdico,
jornalstico, religioso, etc. (Marcuschi, 2005)
No ambiente universitrio, precisamos, especificamente, ler e produzir
resenhas acadmicas. Diante disso, o nosso objetivo, nessa aula, ser a
apropriao do gnero resenha no que diz respeito a suas especificidades
nesse ambiente. Mas, para o estudo desse tipo especfico de resenha, no
podemos desconsiderar resenhas de outros domnios discursivos (resenhas
do mbito jornalstico, cinematogrfico, etc), uma vez que a resenha, de
modo geral, possui algumas caractersticas comuns.
EXERCITANDO
Passemos agora a discutir sobre algumas questes de compreenso do
texto que acabamos de ler relacionadas s caractersticas do gnero
resenha.
1. Na sua opinio, iniciar a discusso com a definio da palavra "EUTANSIA" causa que tipo de efeito dentro do texto?2. A introduo do terceiro pargrafo marcada pelo conectivo "MAS". Qual a relao entre o conectivo e a idia trazida no pargrafo trs.3. O quarto pargrafo um resumo do enredo do filme. Qual a funo desse resumo para a compreenso global do texto?4. O quinto pargrafo inicia pela expresso "O OCORRIDO", a qual retoma uma poro do texto. Qual a funo desse tipo de mecanismo de retomada dentro do texto? 5. No stimo pargrafo, constam algumas falas dos personagens do filme Mar adentro. Qual o sentido desses depoimentos dentro do plano global do texto? 6. O ltimo pargrafo inicia com a expresso "ESSAS QUESTES". A que elementos essa expresso se refere? E qual a relao dessa retomada com a concluso do texto?7. A partir do que se explicou sobre resenha e das questes que foram respondidas, procure justificar por que o texto lido uma resenha.
LNGUA PORTUGUESA
AULA 05: ESTUDO DA RESENHA
46
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8. Releia o texto Mar adentro. Observe o trecho em vermelho e analise o uso dos tempos verbais, aula 5, Tpico 1.
PARADA OBRIGATRIA
Ateno: depois de responder s questes sobre o texto lido, reveja as
questes que registrou em seu portflio, no incio dessa aula, e acrescente
ou modifique as informaes no sentido de aprimorar os seus
conhecimentos sobre o gnero resenha.
FRUM
Voc j assistiu ao filme Mar adentro? Caso no tenha assistido, vale a
pena conferir. Leia outra vez a resenha, pesquise na internet "sites" que
abordam o tema da eutansia e discuta com seus colegas, no FRUM,
dando a sua opinio sobre esse tema.
Responsvel: Prof. Mnica Serafim
Universidade Federal do Cear - Instituto UFC Virtual
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TPICO 03: CARACTERSTICAS DA RESENHA E SUAS FORMAES TEXTUAIS
Fonte
(HTTP://1.BP.BLOGSPOT.COM/_DEDQ
NAFXW_O/SQERYHKTVJI/AAAAAA
AAASK/XPOZGJURV9G/S320/GENE
RO.JPG)
PARA INCIO DE CONVERSA
Os gneros textuais so mediadores das atividades humanas, sendo to
diversos quanto s vrias formas de interao social. O homem atua no
mundo mediado por gneros textuais que estabilizam alguns aspectos da
interao com o outro. Essa estabilizao possvel graas aos
conhecimentos compartilhados entre os sujeitos sobre as caractersticas
dos gneros.
No entanto, devido extrema complexidade das relaes humanas,
devemos compreender que as caractersticas dos gneros podem ser
modificadas de acordo com a necessidade de interao. Assim, no
possvel pensarmos em caractersticas de composio dos gneros
totalmente fixas; h, na verdade, uma relativa estabilidade do gnero que
nos permite interagir mediado por ele.
O gnero resenha no diferente. Existem caractersticas comuns entre as
resenhas que as caracterizam como tal. No entanto, essas caractersticas
no so totalmente fixas; elas podem sofrer influncia do contexto scio-
cultural em que so produzidas. Vejamos, no prximo tpico, algumas
caractersticas da resenha acadmica que as particularizam.
CARACTERSTICAS DA RESENHA E SUAS FORMAO TEXTUAIS
Para darmos continuidade ao