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CADERNOS DA EDITORIAL PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DA INVISIBILIDADE À INCLUSÃO: DESAFIO À IGREJA NA SOCIEDADE PORTUGUESA Cáritas Editorial Po JUNHO 2018

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cadernosda editorial

Pessoas com deficiênciada invisibilidade à inclusão: desafio à igreja na sociedade Portuguesa

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junHo 2018

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EDITORIAL CÁRITAS Praça Pasteur, nº 11 — 2.º, Esq. | 1000 –238 [email protected] | Tel. +351 911 597 808, fax. +351 218 454 221

Índiceserviço Pastoral a Pessoas com deficiência 3da invisibilidade à inclusão: desafio à igreja na sociedade portuguesa

mensagem do PaPa francisco sobre as Pessoas com deficiência 5discurso do Papa francisco aos participantes do congresso promovido pelo Pontifício conselho para a Promoção da nova evangelização, em roma, a 21.10.2017

a realidade do serviço Pastoral a Pessoas com deficiência em Portugal 8alguns dados atuais e algumas preocupações

mensagem de d. josé traquina sobre o serviço Pastoral das Pessoascom deficiência 15Presidente da comissão episcopal da Pastoral social e mobilidade Humana

semana de estudo e reflexão: 25 a 30 de maio de 2018 17encontros com a irmã veronica donatello, especialista em educação para a inclusão eclesial,da conferência episcopal italiana

à conversa com isabel vale 24diretora nacional do serviço Pastoral a Pessoas com deficiência

à conversa com alice caldeira cabral 28diretora ‑adjunta nacional do serviço Pastoral a Pessoas com deficiência e membro ativo do «movimento fé e luz»

à conversa com maria do carmo diniz 32secretária da direção nacional do serviço Pastoral a Pessoas com deficiência e dinamizadoradas «rampas para jesus»

à conversa com francisco o‘neill 34membro da equipa diocesana de lisboa e Presidente fundador da direção da «casado chapim» – associação nacional de defesa e de integração social

à conversa com Pe. antónio manuel alves martins 38assistente nacional do serviço Pastoral a Pessoas com deficiência

à conversa com a irmã veronica donatello 40especialista em educação para a inclusão eclesial, da conferência episcopal italiana

à conversa com são teixeira 44equipa diocesana do serviço Pastoral a Pessoas com deficiência ‑ Patriarcado de lisboa

à conversa com fernando magalHães 46Paróquia de alfragide ‑ Patriarcado de lisboa

à conversa com o Pe. tiago neto 48responsável pelo departamento da catequese ‑ Patriarcado de lisboa

à conversa com eugénio da fonseca 51Presidente da cáritas Portuguesa

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a aliança do pensar e do fazer

serviço Pastoral a Pessoas com deficiência

Em 10 de Novembro de 2010, a Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, reunida em Fátima, aprovou a criação do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, integrado na Comissão Episcopal da Pastoral Social. O Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD) resulta da vontade da Igreja em Por‑tugal responder ao desafio de pro‑mover a inclusão das pessoas com deficiência na vida da Igreja, tornan‑do realidade a mensagem de Jesus que nos revelou o rosto de amor de Deus Pai. A Igreja tem consciência das ações que têm vindo a ser feitas

para a inclusão das pessoas com deficiência, mas, ainda que tais ações encham de alegria o pequeno círculo onde são experimentadas, ficam isoladas e não constituem um ponto de partida enriquecedor para que outras se possam desenvolver de acordo com as diferentes realidades.O SPPD é expressão duma Igreja que acolhe a todos ativamente e onde cada um se sente um membro vivo (1 Co 12, 27) e onde as pessoas com ou sem deficiência vivem em comunhão e põem tudo em comum (Atos 2, 44), potencialidades e fragi‑lidades, para realizar o mandato de

da invisibilidade à inclusão: desafio à igreja na sociedade Portuguesa

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Cristo Ressuscitado aos apóstolos «ser Suas testemunhas até aos con‑fins do mundo». (Atos 1,8)É missão do SPPD oferecer apoio a iniciativas diocesanas e paroquiais para irem ao encontro das pessoas com deficiência e das suas famílias, em ordem a anunciarem a Boa Nova conscientes do papel que as pessoas com deficiência têm a desenvolver na Igreja e na sociedade. É missão, também, recolher e divulgar infor‑mação bem como promover uma reflexão sistemática sobre as práti‑cas desejáveis.O Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência tem como fundamentos:

a) O valor da pessoa por aqui‑lo que é e não por aquilo que é capaz de fazer ou de produzir, conforme as afirmações da Igreja (cf. Documento da Santa Sé para o Ano Internacional das Pessoas com Deficiência, 1981);b) Os valores de comunhão entre as pessoas, como a generosidade e a entrega aos outros que são o reconhecimento da fraternidade universal na qual «os membros do corpo que parecem mais fracos é

que são os mais necessários» (I Cor 12, 22);c) A Convenção sobre os Direi‑tos das Pessoas com Deficiência, aprovada em 2006, e que Por‑tugal como Estado ratificou em 2009, exige o compromisso de um novo olhar para as pessoas com deficiência como sujeitos de direitos e não apenas objeto de medidas de proteção e de pres‑tação de cuidados;d) A inclusão das pessoas com deficiência na vida da Igreja é um imperativo da mensagem de Jesus, respeitando as normas de acessibilidade e de segurança;e) A vida em comunhão, na aprendizagem da diversidade e da fragilidade, constituintes da condição humana, são caminho de revelação do Espírito Santo.

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mensagem do PaPa francisco sobre as Pessoas com deficiência

Amados irmãos e irmãs! Alegro ‑me por me encontrar convosco, so‑bretudo porque nestes dias enfren‑tastes um tema muito importante para a vida da Igreja na sua obra de evangelização e formação cristã: A catequese e as pessoas deficientes. Estou grato a D. Fisichella pela sua introdução, ao Dicastério por ele presidido pelo seu serviço e a to‑dos vós pelo trabalho neste campo. Conhecemos o grande desenvol‑vimento que ao longo dos últimos decénios se realizou em relação à deficiência. O crescimento na cons‑ciência da dignidade de todas as

pessoas, sobretudo das mais débeis, levou a assumir posições corajosas para a inclusão de quantos vivem com diversas formas de deficiência, para que nenhuma delas se sinta estrangeira em sua casa. Contudo, a nível cultural ainda permanecem expressões que lesam a dignidade destas pessoas devido ao prevalecer de uma falsa conceção da vida. Uma visão muitas vezes narcisista e utilitarista leva muitos, infelizmente, a considerar marginais as pessoas com deficiência, sem ver nelas a multiforme riqueza humana e espi‑ritual. Está ainda muito acentuada na

discurso do PaPa francisco aos ParticiPantes do congresso Promovido Pelo PontifÍcio conselHo Para a Promoção da nova evangelização, em roma, a 21.10.2017

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mentalidade comum uma atitude de rejeição desta condição, como se ela impedisse de ser feliz e de se reali‑zar a si mesmo. Disto dá provas a tendência eugenésica a suprimir os nascituros que apresentam alguma forma de imperfeição. Na realidade, todos conhecemos muitas pessoas que, com as suas fragilidades, até graves, encontraram, mesmo se com dificuldade, o cami‑nho de uma vida boa e rica de signi‑ficado. Assim como, por outro lado, conhecemos pessoas aparentemen‑te perfeitas mas desesperadas! Con‑tudo, é um perigoso engano pensar que somos invulneráveis. Como dizia uma moça que encontrei na minha recente viagem à Colômbia, a vulnerabilidade faz parte da essência do homem.A resposta é o amor: não o falso, receoso e pietista mas o verda‑deiro, concreto e respeitador. Na medida em que somos acolhidos e amados, incluídos na comunidade e acompanhados a olhar para o futu‑ro com confiança, desenvolve ‑se o verdadeiro percurso da vida e faz ‑se experiência da felicidade duradoura.

Isto — sabemo ‑lo — é válido para todos, mas as pessoas mais frágeis dão prova disto. A fé é uma grande companheira de vida quando nos permite entrar em contacto com a presença de um Pai que nunca deixa as suas criaturas sozinhas, em ne‑nhuma condição da sua vida. A Igreja não pode ser «afónica» nem «destoada» na defesa e na promoção das pessoas com deficiência. A sua proximidade às famílias ajuda ‑as a su‑perar a solidão na qual muitas vezes correm o risco de se fecharem por falta de atenção e de apoio. Isto é ainda mais válido para a responsabili‑dade que possui na geração e na for‑mação para a vida cristã. Não podem faltar na comunidade as palavras e sobretudo os gestos para encontrar e acolher as pessoas com deficiência. Sobretudo a liturgia dominical deverá saber incluí ‑las, para que o encontro com o Senhor Ressuscitado e com a própria comunidade seja fonte de esperança e de coragem no caminho não fácil da vida.A catequese, de modo particular, está chamada a descobrir e experimen‑tar formas coerentes para que cada

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pessoa, com os seus dons, os seus limites e deficiências, até graves, pos‑sa encontrar no seu caminho Jesus e abandonar ‑se a Ele com fé. Nenhum limite físico ou psíquico jamais poderá ser um impedimento para este encon‑tro, porque a face de Cristo resplan‑dece no íntimo de cada pessoa. Além disso, estejamos atentos, sobretudo nós, ministros da graça de Cristo, a não cair no erro neopelagiano de não reconhecer a exigência da força da graça que provém dos Sacramentos da iniciação cristã. Aprendamos a su‑perar o mal ‑estar e o medo que por vezes podemos sentir em relação às pessoas com deficiência. Aprendamos a procurar e também a «inventar» com inteligência instrumentos ade‑quados para que a ninguém falte o apoio da graça. Formemos — antes de tudo com o exemplo! — catequistas cada vez mais capazes de acompanhar estas pessoas para que cresçam na fé e deem a sua contribuição genuína e original para a vida da Igreja. Por fim, faço votos de que na comunidade cristã as pessoas com deficiência pos‑sam ser, cada vez mais, elas mesmas, catequistas, também com o seu

testemunho, para transmitir a fé de modo mais eficaz. Agradeço ‑vos o vosso trabalho des‑tes dias e o vosso serviço na Igreja. Nossa Senhora vos acompanhe. Abençoo ‑vos de coração. E peço‑‑vos, por favor, que não vos esque‑çais de rezar por mim. Obrigado!

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Em Portugal há cerca de 4400 paró‑quias em 20 Dioceses. Segundo es‑timativas Europeias, calcula ‑se que em Portugal, 15 a 17% da população, seja afetado por algum tipo de Defi‑ciência incluindo as deficiências re‑sultantes do envelhecimento (http://europa.eu/legislation_summaries/employment_and_social_policy/ di‑sability_and_old_age). As questões da acessibilidade física (rampas) em algumas paróquias têm sido equa‑cionadas por via do cumprimento das leis em vigor, mas não há uma sistematização das questões que se levantam ao acesso das pessoas com diferentes deficiências à vida da Igreja em todas as Dioceses do país.

O Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência em Portugal integra ‑se na Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, da Conferência Episcopal Portugue‑sa. A Equipa Nacional, com D. José Traquina, articula ‑se com as Equipas diocesanas que, juntamente com os seus bispos, promovem um trabalho de proximidade nas comunidades cristãs. A dificuldade da problemáti‑ca da deficiência, com a sua abran‑gência na transversalidade da vida, é que toca todas as áreas pastorais da estrutura da Igreja em Portugal. As dioceses, de forma diferente e progressivamente, foram acolhendo esta pastoral. Criaram ‑se as primei‑ras Equipas diocesanas com pessoas

a realidade do serviço Pastoral a Pessoas com deficiência em Portugalalguns dados atuais e algumas PreocuPações

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com deficiência ou próximas da área da deficiência chamadas pelos seus bispos. Assim, desde há cerca de cinco anos, já se constituíram equipas nas Dioceses do Algarve, Braga, Bragança/Miranda, Lisboa e Portalegre ‑Castelo Branco, cuja composição e algumas atividades se apresentam, em quadro, em seguida.As principais preocupações do Ser‑viço Pastoral a Pessoas com Defi‑ciência (SPPD), em Portugal, passam, sobretudo, por considerar esta pastoral como um desafio inadiável à Igreja: a inclusão acolhe a diversida‑de. A Igreja é uma Igreja com todos. Uma Igreja inclusiva tem de aprender a olhar de frente a indiferença e a exclusão. Aprender a conhecer, fazer caminho e conviver com as pessoas com deficiência, por que são pessoas chamadas por Jesus Cristo a viver a fé em todas as dimensões da vida cristã e têm tudo para nos ensinar. Conhecer e divulgar boas práticas na pastoral. Provocar itinerários de sen‑sibilização. Olhar para a questão dos direitos desta população. O SPPD gostaria ainda de, em conjunto com a Caritas, deitar a mão ao problema

gravíssimo da sobre representação da deficiência nas questões da pobre‑za e com menores oportunidades de a ultrapassar. É inadiável o diálogo entre a Igreja e a sociedade. Identificar e derrubar as barreiras dos preconceitos e da aces‑sibilidade. É inadiável propor temas de reflexão e estudo interdisciplinar e em rede sobre a multiplicidade da problemática da deficiência na sua diversidade e de complexidade: de‑ficiência intelectual e/ou a doença mental, espetro do autismo, deficiên‑cia motora, cegueira, surdez e cego‑‑surdez. Para tal, é fundamental que todas as Dioceses assumam como grande preocupação a necessidade de organizar este Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência.

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serviço Pastoral a Pessoas com deficiência ‑ equiPa diocesana do algarve

COMPOSIçãO PRINCIPAIS ATIvIDADES

Cesariano Manuel de Sousa Martins, Coordenador da Equipa, pai de jovem au‑tista e presidente APPDACarla Sofia Pinto e Sousa dos Santos, Eng. Civil e mãe de criança surda Maria Leonor Martins G. Mendonça, For‑madora e mãe de jovem Asperger Manuel Inácio Gonçalves Nunes, Telefo‑nista Segurança Social e Cego Natércia Maria Guerreio Nascimento, Pessoa com deficiência Anabela Santos Nobre, Professora do En‑sino Especial Cátia Nobre Rodrigues Isabel Rute Martins Saraiva Ponte, Tera‑peuta na APPC ‑ AlgarveMárcia Rodrigues, MédicaAdriana Cavaco, Professor Ortoprotesia – Universidade Algarve Ricardo Salvador dos Santos Martins, Assistente Op. CMF, Músico e Cego Cónego Joaquim José Duarte Nunes, Assistência EspiritualDiácono Rogério Rosendo Egídio, Assis‑tência Espiritual

Realização de Jornadas sobre a Pessoa com DeficiênciaReuniões e Encontros com várias instituições da região para divulgação do serviço SPPDParticipação em iniciativas conjuntas do SPPD (Peregrinações a Fátima, Roma, etc.)Comemoração do Dia Internacional da Pessoa com DeficiênciaOrganização de várias sessões junto das catequistas da diocese de sensibilização na formação da catequese para pessoas com deficiênciaParticipação em eventos populares (festas de verão) para dar a conhecer o SPPDSensibilização/Formação de Catequistas e outros agentes das ParóquiasRealização de Espetáculos/Concertos que integrem a temática das Pessoas com Deficiência Participação nas atividades da Diocese (ex: Assembleia Diocesana, entre outras)

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Pastoral dos surdos ‑ equiPa diocesana de braga

COMPOSIçãO PRINCIPAIS ATIvIDADES

Pe. Paulo TerrosoDiácono Elísio Portelavera Macedo ‑ tradutora/intérpreteSusana Branco ‑ tradutora/intérpreteSónia Coelho ‑ tradutora/intérpreteSara Barbosa ‑ tradutora/intérprete

Eucaristia dominical na Basílica dos Con‑gregados, às 12 horas, com interpretação em Língua Gestual Portuguesa (LGP)Catequese com interpretação em LGPRealização de Jornadas de Reflexão so‑bre as Pessoas com DeficiênciaTransmissão da eucaristia online (em curso)

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serviço Pastoral a Pessoas com deficiência ‑ equiPa diocesana de bragança/miranda

COMPOSIçãO PRINCIPAIS ATIvIDADES

Jorge Novo, Presidente do Serviço, Pai de um jovem com deficiência e Professor de EMRCSílvia Garcia, Eng.ª Civil e fundadora da Cercimac ‑ Macedo de Cavaleirosvanda Palas, Psicóloga na Academia dos Santos MártiresSamuel Almeida, Diretor Técnico da APPA‑CDM – MirandelaLuísa Fernandes, Professora de Físico‑‑Química e Pessoa com DeficiênciaAntónio Ramião, Designer e informáticoLuísa Garcia, Presidente da Direção da CercimacPe. Óscar Paiva, Assistente Espiritual

Comemoração do Dia Internacional da Pessoa com Deficiência;Celebração de Eucaristia e Festa de Natal, protagonizada pelas Pessoas com DeficiênciaElaboração de 3 unidades de Cate‑quese sobre: Batismo, Confirmação e Eucaristia;Elaboração de unidade para catequisan‑dos sobre a Pessoa com Deficiência;Elaboração de uma Unidade Letiva de EMRC para o Ensino Secundário (3 aulas);Organização de Website, específico, in‑terativo e formativo;Levantamento das Barreiras Físicas nas Igrejas principais de cada Arciprestado;Levantamento das Barreiras Atitudinais;Jornadas Pastoral de Pessoas com Deficiência

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serviço Pastoral a Pessoas com deficiência ‑ equiPa diocesana Patriarcado de lisboa

COMPOSIçãO PRINCIPAIS ATIvIDADES

Conceição Martins, CoordenadoraDiácono Fernando Magalhães, assistência espiritualEugénia MagalhãesFilipa FernandesMaria João AtaideSónia LaginhasFrancisco o’Neill

Levantamento de boas práticas na Dio‑cese relacionadas com o Serviço Pasto‑ral a Pessoas com DeficiênciaCelebração do Dia internacional das pessoas com deficiência, a 3 de dezem‑bro, entre outros.

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serviço Pastoral a Pessoas com deficiência ‑ equiPa diocesana de Portalegre/castelo branco

COMPOSIçãO PRINCIPAIS ATIvIDADES

Ana Maria Carrega e valter Ramos, CoordenadoresJoaquim Paulo Bezerra ClaudinoAna Sofia Cativo Cardoso ClaudinoEduardo Lourenço Alves MiguelJoão Paulo Bezerro Cabrita

Comemoração do Dia Internacional da Pessoa com deficiência, com leitura de texto nas Eucaristias, largada de pombas, convívios, ações de sensibilização, entre outras.Entrega da Luz da Paz de Belém a instituições.Realização de Sessões de sensibilização e de formação sobre as Crianças/jovens com deficiência, no âmbito da Catequese

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«um novo olHar»

O Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência surgiu como resposta organizada aos Bispos portugueses que, por duas vezes, em Notas Pas‑torais (1981 e 2003), manifestaram a sua preocupação de acolhimento e acompanhamento pastoral a pes‑soas com deficiência e suas famílias.Os Bispos dirigiram a palavra para dentro da Igreja. Solicitaram aos fiéis católicos o empenho na dedicação às pessoas com deficiência, lem‑brando que estas têm igualmente os mesmos direitos de serem amadas,

reconhecidas, respeitadas, terem ajuda necessária à realização da vida, inserção na sociedade e participa‑ção ativa, de acordo com as suas possibilidades. As comunidades cris‑tãs devem ser as primeiras a prestar atenção a este apelo; a vida dos seus filhos com deficiência, «é tão sagra‑da como a vida de qualquer outra pessoa».Registamos o testemunho do acom‑panhamento de proximidade dos Movimentos, dos quais destacamos a Fraternidade Cristã dos Doentes Crónicos e Deficientes Físicos e o Movimento «Fé e Luz». O Serviço

mensagem de d. josé traquina sobre o serviço Pastoral das Pessoas com deficiênciaPresidente da comissão ePiscoPal da Pastoral social e mobilidade Humana

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Pastoral a Pessoas com Deficiência não é concorrente, mas comple‑mentar; assume a responsabilidade de estender a todas as comunida‑des cristãs, em todas as Dioceses, uma renovada sensibilidade e, por isso, tem promovido em diversas instâncias da Pastoral da Igreja «um novo olhar» para as situações fami‑liares onde existem pessoas com deficiência. Aceitando o desafio dos Pastores da Igreja, é necessário desenvolver esta sensibilização para promover nas comunidades cristãs o acolhi‑mento e inclusão das pessoas com deficiência: catequese, grupos de jovens, liturgia, e grupos específicos de aprofundamento da fé e missão. Este Serviço, a nível nacional, graças à persistência de Isabel Mascarenhas e Alice Cabral, desde há quatro anos foi ganhando novo dinamismo com o alargamento da Equipa. Está agora ainda mais reforçado com a recente nomeação do Padre António Mar‑tins (o primeiro Assistente espiritual nomeado).Felicito pelo trabalho desenvolvido, agradeço o testemunho e exorto

a continuarem a missão de Cristo, sendo bons sinais da presença do Amor de Deus no mundo. O mo‑mento é de esperança. Contando com a intercessão de Nossa Senhora, rogo para todos a Bênção de Deus.

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D. José Traquina

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O Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência (SPPD) organizou uma Semana de Estudo e Reflexão sobre a Pastoral da Deficiência, em várias dioceses do país, de 25 a 30 de Maio de 2018 intitulada: «A Fé e as Pessoas com Deficiência. Desafios e Compro‑missos». Esta semana contou com o contributo da Irmã veronica Dona‑tello, italiana, das Suore Francescane Alcantarine, prestigiada especialista em Educação para a Inclusão Eclesial, da Conferência Episcopal Italiana. veio a Portugal para partilhar o seu pensamento e as suas experiências com um público alargado, agentes de

pastoral, párocos, educadores, pro‑fessores, catequistas, famílias, pes‑soas com deficiência, comunicação social e público em geral.A Irmã verónica é uma pessoa única pela sua experiência pessoal. Filha de um casal de surdos aprendeu a dominar a Língua Gestual do seu país. Tem uma irmã com deficiência intelectual, com quem teve também que aprender a comunicar. Para além desta condição pessoal tem uma ca‑pacidade invulgar de comunicar, com uma alegria transbordante, o seu amor por Jesus e pelos irmãos. Por tudo isto e pelos conhecimentos

semana de estudo e reflexão: 25 a 30 de maio de 2018encontros com a irmã veronica donatello, esPecialista em educação Para a inclusão eclesial, da conferência ePiscoPal italiana

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aprofundados e um sentido prático muito grande, esta foi uma oportu‑nidade única para refletir sobre a temática da Fé, as pessoas com defi‑ciência e a inclusão na vida da Igreja.A grande prioridade destes En‑contros foi aprofundar o tema da Pastoral Inclusiva nas dioceses onde já está a decorrer. Assim, no dia 25 de maio, a irmã encontrou ‑se com a Equipa diocesana do Algarve, em Faro, com os objetivos de aprofun‑dar e apoiar o trabalho já iniciado pela Equipa Diocesana sobre a ca‑tequese de pessoas com deficiência,

bem como estabelecer um diálogo com as catequistas sobre iniciação cristã e materiais de apoio à cate‑quese, em ordem à inclusão pas‑toral das pessoas com deficiência, em especial autismo e deficiência intelectual. Encontrou ‑se e dialogou também com pessoas com defi‑ciência, catequistas, professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), agentes de pastoral, entre outros, sobre pastoral de iniciação cristã e a língua gestual religiosa, contando com a presença ativa do seu Bispo durante todo o encontro. No dia 26 de maio em Lisboa, no Auditório das Irmãs de S. vicente de

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Paulo, houve um Encontro interdio‑cesano sobre a Inclusão das Pessoas com Deficiência. Este encontro abriu com uma mensagem de D. José Tra‑quina, Presidente da Comissão Epis‑copal da Pastoral Social e Mobilidade Humana. Na Assembleia de cerca de 60 pessoas, participaram pessoas com diferentes deficiências, agentes de pastoral, párocos, educadores, professores, catequistas e famílias. O encontro visou sensibilizar para a

inclusão das pessoas com deficiência, em especial autismo e deficiência intelectual e estabelecer um diálogo com os catequistas e professores de Educação Moral e Religiosa Católica (EMRC), sobre iniciação cristã e so‑bre materiais de apoio à transmissão da fé. Para este Encontro foram con‑vidados representantes das dioceses de Lisboa, Évora, Portalegre ‑Castelo Branco, Santarém, Setúbal e Funchal. Abriu com uma exposição e apre‑sentação de fotografias, uma mãe falou sobre as dificuldades no acesso aos sacramentos do seu filho, bem como do apoio importante que re‑cebeu do «Movimento Fé e Luz». O Pároco da Cova da Piedade, Setúbal, também deu o seu testemunho so‑bre a «Comunidade Fé e Luz» que está a nascer na sua paróquia. Tais testemunhos enquadraram de forma vivida as palavras da Irmã veronica, que falou da inclusão como processo transformativo onde há 3 grandes preconceitos a trabalhar: • O cognitivo: a pessoa com

deficiência é um problema a resolver – olhamos para ela a partir da sua limitação, em vez

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de a vermos como imagem de Deus. «Deus entra através de portas diferentes em cada um de nós e a fé não se mede por pré ‑requisitos».

• O religioso: são anjos, não têm pecado. «isto é blasfémia» dizia a Irmã veronica – todos precisa‑mos de perdão e todos somos chamados à santidade (cf. Exor‑tação apostólica do Papa Fran‑cisco «Alegrai ‑vos e exultai»).

• O comunitário: estas pessoas precisam de um tratamento à parte. É preciso passar daqui para olhar para as pessoas com os dons que têm e que enriquecem a comunidade. É a comunidade que tem que se adaptar, comuni‑car com linguagens diversificadas de modo a oferecer oportunida‑des de participação ativa.

Aí se apreciaram ainda os materiais e sugestões de símbolos usados na escola, na catequese e em casa para tornar acessível e compreensíveis os espaços e a linguagem. Em especial todos apreciaram um «evangelho táctil» feito por um grupo de cate‑quese de crianças de 8 anos para

uma colega cega. Não foi a catequista que preparou os materiais, foram as próprias crianças que, deste modo, compreenderam muito melhor o texto, deixando ‑se transformar pela necessidade particular da sua cole‑ga, que enriqueceu o conjunto. De referir que, em todos os encontros a Irmã veronica também insistiu na comunicação multissensorial. Temos 5 sentidos pelos quais entramos em contacto com o que nos rodeia; ora se tivermos menos sentidos, não va‑lemos menos, mas precisamos que os outros se lembrem de comunicar alternativamente. O dia 27 de maio foi passado em Bra‑ga, na Basílica dos Congregados, com especial incidência sobre a Pastoral para e com surdos. Do Programa constou a celebração da Eucaristia, ao meio dia, com interpretação em Língua Gestual Portuguesa (LGP). Da parte da tarde ocorreu um encontro com os surdos com o grande objeti‑vo de dar voz, ouvir, estar próximo dos surdos e das pessoas com defi‑ciência, na experiência e no testemu‑nho da fé em Jesus. Teve a participa‑ção dos intérpretes de LGP, agentes

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de pastoral e catequistas, dialogando sobre o trabalho que se tem vindo a realizar no aprofundamento da fé e a iniciação cristã dos surdos e de dar conta da importância da Língua Gestual religiosa e respetivos mate‑riais de apoio. No dia 28 de maio, a Irmã veronica esteve em Bragança, na Casa Epis‑copal, num Encontro de formação e sensibilização para a inclusão das

pessoas com deficiência. Estiveram presentes padres, seminaristas, dire‑tores dos secretariados diocesanos das pastorais, dirigentes de institui‑ções e comunicação social sobre a temática da Inclusão Pastoral com abertura à diversidade da comunica‑ção, conforme as necessidades das

pessoas com deficiência. O Encon‑tro foi muito participado, cerca de 60 pessoas de toda a Diocese, de todas as idades, tendo os trabalhos sido sempre acompanhados pelo seu Bispo. Foi referida a necessidade de tomar consciência da riqueza da liturgia da Igreja na utilização multis‑sensorial dos símbolos. Constatou‑‑se a necessidade de abertura à diversidade da comunicação, con‑forme as necessidades das pessoas com deficiência. No dia seguinte, em Coimbra, no Seminário Maior, realizou ‑se um En‑contro com padres sobre a Inclusão pastoral das pessoas com deficiên‑cia, com o objetivo de sensibilizar para a sua inclusão, seguido de um Encontro para agentes de pastoral,

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catequistas e professores de EMRC sobre a iniciação cristã e materiais de apoio à catequese, com os mesmos objetivos, tendo sido manifestado um grande interesse dos catequistas sobre os materiais de apoio à cate‑quese. Uma catequista apresentou a sua experiência de catequese com uma criança surda.Por fim, no dia 30 de maio, realizou‑‑se um Encontro em Alfragide com os responsáveis diocesanos da Ca‑tequese do Patriarcado de Lisboa, com o grande objetivo de sensibilizar

para a inclusão das pessoas com deficiência na catequese. Foi mani‑festado interesse dos responsáveis da catequese do Patriarcado de aprofundar o tema, propondo ‑se a criação dum grupo de trabalho so‑bre a catequese inclusiva. Neste dia, a Irmã esteve presente numa Reu‑nião da Equipa Nacional com D. José Traquina. Ao fim do dia decorreu ainda um Encontro de sensibilização com os seminaristas do patriarcado, no Seminário Maior de Cristo Rei. Os presentes foram diretamente

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interpelados sobre o que diriam a uma grávida confrontada com o diagnóstico de deficiência do seu fi‑lho, e a opção da interrupção volun‑tária da gravidez. Perante a resposta de que ela devia manter a gravidez, a Irmã verónica perguntou que tipo de acompanhamento a comunidade cristã faria à família posteriormente, de modo a que não se possa dizer que «somos comunidades abor‑tivas». Abordou ainda o tema da necessidade de formação para sa‑cerdotes e seminaristas na área da confissão de pessoas com surdez ou outras dificuldades de comunicação. Por tudo isto, a Semana de 25 a 30 de Maio de 2018 foi uma Semana es‑pecial para o Serviço Pastoral a Pes‑soas com Deficiência (SPPD) e para as pessoas de diferentes dioceses que tiveram oportunidade de parti‑cipar nestes Encontros com a Irmã veronica Donatello, Especialista em Educação para a Inclusão Eclesial, da Conferência Episcopal Italiana. A Irmã veronica lançou sementes e partiu para Itália. Agora, em Portugal, o crescimento do SPPD depende dos que cá estão.

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Editorial Cáritas (EC): O Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência pretende afirmar ‑se como um ser‑viço da Igreja católica para com as pessoas com deficiência e para com toda a sociedade. Enquanto Dire‑tora Nacional deste Serviço, quais são os principais desafios que se lhe colocam?

isabEl ValE (iV): Tem sido prática na Igreja e na sociedade em geral ver‑mos as pessoas com deficiência na perspetiva de alguém para quem se age. Pensar a partir de fora. Procurar respostas pastorais e sociais para os seus problemas e necessidades, ainda que nesta perspetiva se esteja longe de haver soluções satisfatórias em qualidade ou quantidade. Em 2016,

num encontro em Roma, o Papa Francisco responde a Serena, que lhe disse ter amigos excluídos pela Igreja: «Converter ‑se». Converter o coração, pensar de forma dife‑rente a partir do encontro pessoal e de relações de conhecimento na proximidade, manter relações de continuidade e pertença nas comunidades de vida cristã. Acom‑panhar, viver com as pessoas com deficiência, desde o nascimento até ao fim da vida. O Papa fala de conversão porque é um problema de pastoral, de práticas de vida. A mensagem de Jesus não deixa dúvi‑das, anuncia a Boa ‑nova e proclama com Isaías (Cf. Isaías 29, 17 ‑19): os cegos veem, os coxos andam e a boa nova é anunciada aos pobres.

à conversa com

isabel valediretora nacional do serviço Pastoral a Pessoas com deficiência

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«Cumpriu ‑se hoje» (Cf. Lucas 4,21) o tempo da graça. Para a Igre‑ja e para o nosso Serviço Pastoral ficam grandes desafios: Aprender; Estudar e partilhar saberes nas di‑versidades de comunicação (Língua Gestual Portuguesa e gestuário da religião, utilização de escrita fácil, símbolos, etc.); Sensibilizar e fazer formação; Difundir conhecimento e aprofundá ‑lo a partir das práticas; Criar e manter redes de informa‑ção e troca de experiências entre as dioceses.

EC: Que balanço faz da presença da Irmã Veronica Donatello, especia‑lista em Educação para a Inclusão Eclesial, da Conferência Episcopal Italiana e responsável pelo setor da catequese para pessoas com defi‑ciência em Itália, entre nós, de 25 a 30 de maio passado?

iV: O Balanço da presença e traba‑lho com a Irmã veronica Donatello é muito, muito positivo. Durante esta Semana de Estudo e Reflexão, do Algarve a Bragança, confrontamo‑‑nos com experiências de uma

pastoral inclusiva na transmissão da fé, na celebração litúrgica e no envolvimento de pessoas com deficiência como agentes de mis‑são e inclusão. Aprendemos com comunidades, dioceses italianas, que se constroem em caminhos de abertura, acolhimento, partilha de experiências e descobertas de pessoas sem e com deficiência. São comunidades que, de há 25 anos para cá partilham conhecimento, se formam, estudam e refletem as práticas. Gostaríamos de, na sequência da visita da Irmã verónica Donatello, criar grupos de trabalho consti‑tuídos por pessoas que trabalham algumas das problemáticas da inclusão que pudessem constituir pontos de apoio para a formação a nível nacional de: Padres e semi‑naristas; Catequistas e Professores de EMRC; Outros agentes das vá‑rias pastorais. Tais grupos agrupar‑‑se ‑iam, por agora, em torno da te‑mática da catequese inclusiva, das acessibilidades e meios de comuni‑cação alternativos e da liturgia in‑clusiva. Destes grupos de trabalho,

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além de pessoas com formação na pedagogia catequética, teologia, an‑tropologia, psicologia (enfim, ciên‑cias humanas) deveriam fazer parte pessoas diretamente afetadas pela deficiência. Estes grupos teriam como missão identificar áreas de conhecimento a desenvolver no que toca à Deficiência e espiritua‑lidade; Deficiência e participação comunitária – conceitos e precon‑ceitos; e Caminhos de inclusão em todas as áreas da vida pessoal ao longo do ciclo da vida na perspeti‑va da Igreja Católica.

EC: Com esta Semana de reflexão, enquanto responsável nacional por este Serviço, gostaria de deixar algum apelo para os que são ou que queiram ser voluntários neste contexto?

iV: Gostaria de deixar um apelo a toda a Igreja. Fazem falta AMIGOS. Amigos que se deixem conhecer e se abram a uma relação. Aprendam a comunicar de formas diferentes e se deixem tocar interiormente. Dou exemplos: se há surdos numa

paróquia, quem mais quer apren‑der Língua Gestual Portuguesa? O pároco? Os catequistas e o grupo das crianças? No agrupamento de escuteiros, os chefes e os amigos da patrulha? O coro da missa? Os casais novos com uma criança com deficiência precisam de alguns jovens amigos; que conheçam e acompanhem os seus filhos, para poderem ter algum tempo para si, descontrair, conversar. São preci‑sos e preciosos, jovens, e adultos também, que sejam próximos das

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famílias que têm pessoas com defi‑ciência, acolhidos nas comunidades paroquiais e nos movimentos de jovens. Os jovens com deficiência, sobretudo intelectual, acabada a integração na escola, e muitas ve‑zes sem qualquer ocupação pro‑fissional, ficam isolados, não têm amigos da mesma idade com quem conversem, saiam, se distraiam e divirtam. Faz falta também quem acompanhe pessoas idosas que por falta de ouvido e de visão se remetem num isolamento de in‑comunicabilidade, há que inventar outras formas de comunicação. Faltam pessoas que queiram par‑tilhar a sua experiência e estejam disponíveis para colaborarem num trabalho interdisciplinar e em rede. Todos temos dons para dar e ca‑pacidade para aprender e receber na riqueza da diversidade. Sabemos que há pessoas próximas das ques‑tões da deficiência, ou por serem direta ou indiretamente afetadas, ou pelo seu campo profissional ou académico, por estudo, investi‑gação e publicação. Agradecemos muito todos os contactos para

que se inicie, da parte da Igreja, um trabalho em colaboração que já tem anos na sociedade portuguesa. Queremos ousar o primeiro passo. Mas gostaríamos de poder contar com quem queira integrar grupos de trabalho sobre temas como a catequese inclusiva, a liturgia, entre outros. Contactem ‑nos!

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Editorial Cáritas (EC): A Alice Caldeira Cabral faz parte da Equi‑pa Nacional do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência. De onde surge a sua ligação à realidade das Pessoas com Deficiência?

aliCE CaldEira Cabral (aCC): Em 1971 fui mãe pela primeira vez. Pa‑recia estar tudo bem com o meu bebé, mas aos dois meses surgiu uma epilepsia que veio a ter con‑sequências graves ao nível do seu desenvolvimento. Mas entrei, de mansinho, no mundo da deficiência, pois a extensão da sua deficiência foi‑se revelando devagar. Entrei, no entanto, de chofre no mundo da nossa imensa vulnerabilidade face a medidas do sistema de saúde com

consequências graves para a relação mãe‑filho. Aos 18 meses, um interna‑mento hospitalar de três meses, fê‑lo perder o andar, o sorrir. Em casa, logo recomeçou a gatinhar, e depois a andar, mas a comunicação durou anos a reconstruir‑se. Tantas alegrias e vitórias, quantos desafios que pa‑reciam inultrapassáveis! Isso fez‑me descobrir a importância da família e do reforço que é preciso fazer de relações significativas e, se possível, maternas e paternas, para que pes‑soas, com este nível de vulnerabilida‑de, possam progredir e atingir o seu potencial. E a importância de escutar os pais das pessoas com deficiência, ou os próprios. Não pude contar com o apoio espiritual que eu e o meu marido precisávamos. Houve

à conversa com

alice caldeira cabraldiretora‑adjunta nacional do sPPd e membro ativo do «movimento fé e luz»

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alguém que nos propôs fazer uma oração pela «cura» dele, sentida por mim como estranha. Que «cura»? Das convulsões? Sim, isso era bom, mas não era o que «perturbava» os outros. O meu filho, para mim, era uma pessoa no seu todo, não era só «deficiência», e era um dom tão grande. Deus ia‑se revelando nele com a Sua imensa ternura. Em 1988 descobri o «Movimento Fé e Luz» que nos ajudou muito. Partilhar os desafios e a alegria de tantas vitórias com quem vive algo semelhante é muito bom. Ver os nossos filhos terem amigos ajuda a encarar os desafios. Vê‑los participar, viver a fé como são, poder participar na vida paroquial e comunitária, isso é muito bom.

EC: A Alice é um membro ativo do «Movimento Fé e Luz». Pode expli‑car‑nos o que são as Comunidades Fé e Luz e o que fazem?

aCC: As comunidades Fé e Luz agregam cerca de 30/40 pessoas de qualquer idade: pessoas com defi‑ciência intelectual, mais ou menos

grave, os seus pais e familiares e amigos, em especial jovens. Encon‑tram‑se mensalmente para rezar, celebrar a vida e construir relações de amizade, visando a inserção na vida social e eclesial; para descobrir juntos o amor e a alegria partilha‑da e sair do isolamento que marca tantas famílias. Há momentos de sofrimento que, partilhados, se su‑portam melhor e há a descoberta comum da Misericórdia de Deus, da fraternidade real e da interajuda que dá fruto. Frutos que permitem que os nossos filhos compreendam melhor que ter uma deficiência não os menoriza e que a fragilida‑de nos faz descobrir, a todos, que todos temos dons, precisamos uns dos outros e precisamos desse grande Outro, que é Deus que nos deu Jesus. Estas comunidades vêem‑se como espaços de vida e aprofundamento da fé em torno «daqueles que Deus escolheu» (1 Cor, 1, 27‑29) e como mediadoras e facilitadoras das relações intra e inter espaços paroquiais e sociais em relação ao isolamento e a invisi‑bilidade que marca, em especial, as

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vidas de muitas famílias de pessoas com deficiência no ciclo das suas vidas. Usam‑se formas de lingua‑gem acessíveis a todos e procura‑se promover a participação ativa de todos os membros em todos os momentos do encontro, assim como na vida paroquial. O Movi‑mento, presente no mundo inteiro, organiza‑se na base, em pequenas comunidades que se reúnem em Províncias agregando entre 15 e 30 comunidades. Estão ligadas em todo o mundo por uma coorde‑nação internacional. Portugal tem 19 comunidades, inseridas em paróquias nas Dioceses de Braga (Vila do Conde), Porto (12), Lisboa (Estoril e Catujal), Évora, Santarém (Golegã), Bragança e Setúbal (Cova da Piedade) agregadas na Província LuZitana. A nível nacional, a «As‑sociação Fé e Luz de Portugal» constitui o suporte jurídico das comunidades e do Movimento.

EC: Quais são os seus grandes an‑seios relativamente ao Serviço Pas‑toral a Pessoas com Deficiência em Portugal?

aCC: Os meus anseios relativa‑mente ao SPPD em Portugal são:1. Que todas as pessoas possam aceder à Boa Nova de Jesus que nos é dada a todos para viver, com alegria e em paz, a vida que temos.2. Que todas as pessoas, indepen‑dentemente das suas capacidades, se sintam bem‑vindas, acolhidas ternamente e o seu contributo valorizado no seio da Igreja.3. Que, como Igreja, possamos aprender a ir ao encontro das pes‑soas com deficiência e a deixarmo‑nos transformar por elas.4. Que possamos dar voz às pes‑soas com deficiências diversas e divulgar experiências interessantes que existem, criando canais de co‑municação entre elas para que se possam sedimentar conhecimen‑tos e desenvolvê‑los.5. Que possamos contribuir para a eliminação das barreiras à parti‑cipação plena de todos: barreiras físicas e atitudinais (desmontando os preconceitos que existem e promovendo o encontro), tornan‑do o tempo e o espaço litúrgicos

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mais legíveis e marcados pela pre‑sença de meios de comunicação alternativos.6. Que, como Igreja e em nome de Jesus, possamos suscitar o apare‑cimento de respostas que promo‑vam a inclusão social e o respeito pelos anseios desta população, o seu acompanhamento próximo e humano, em vez da explosão de respostas segregadas por proble‑mas (velhos, autistas, cegos, surdos, etc.) para que deixemos de ser «comunidades abortivas» na ex‑pressão que a Irmã verónica citou do Papa Francisco.7. Desafio maior: a inclusão ‑ colo‑car estas pessoas no centro, com amor, e, para isso, cito Jean Vanier: «Garantir as necessidades de base é um ato de justiça que pode ser enquadrado pela lei; mas ajudar uma pessoa a desabrochar amando‑a nunca poderá ser imposto por uma lei. Ninguém nos pode obrigar a amar alguém, porque o amor é fruto da liberdade.» (Cf. J. vanier, Finding Peace, Continuum, Londres, 2003).

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Editorial Cáritas (EC): A Carmo faz parte da Equipa Nacional do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência. De onde surge a sua li‑gação à realidade das Pessoas com Deficiência?

Maria do CarMo diniz (MCd): Como penso que, à semelhança da maioria das pessoas ligadas à reali‑dade das Pessoas com Deficiência, a minha ligação provém da minha história pessoal. Há cerca de 5 anos a nossa família recebeu em casa uma criança com 3 anos cega, que não andava e não falava fruto de maus tratos. O nosso quinto filho tem‑nos mostrado devagar e cheio de paciência o que é o mundo da deficiência que, até à data, era uma

realidade para nós muito distante. Cedo começámos a perguntar como seria a vida deste nosso filho dentro da Igreja depois de batizado e conhecemos assim o SPPD.

EC: A Carmo é uma das principais dinamizadoras das «Rampas para Jesus». Pode explicar‑nos o que são essas «Rampas»?

MCD: As «Rampas para Jesus» são um conjunto de fundamen‑tos, ideias e propostas para uma paróquia que queira ser inclusiva. Resultam da reflexão de três mães, uma terapeuta e um padre sobre o que é uma paróquia inclusiva, para que serve uma paróquia inclusiva e como se faz para ser uma paróquia

à conversa com

maria do carmo dinizsecretária da direção nacional do sPPd e dinamizadora das «ramPas Para jesus»

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inclusiva. Basta partir da vontade de uma pessoa na paróquia, que se encarregue de ser o interlocutor entre as estruturas existentes e as pessoas com deficiência. A partir desse momento o interlocutor começa a trabalhar com a pessoa com deficiência para encontrar o seu lugar na comunidade podendo assim contribuir e receber dentro da Igreja, à semelhança do que acontece com cada um de nós que vivemos em Igreja. Estamos a trabalhar em 4 paróquias com realidades muito distintas e a acompanhar os pequenos passos que vão dando na esperança de que muitas mais queiram dar este passo de inclusão com a pessoa com deficiência. Estamos a perder muito com a falta destas pessoas na Igreja, precisamos da sua presença de forma a aumentar a riqueza da diversidade dentro da Igreja, como diz o Papa Francisco.

EC: Quais são os seus grandes an‑seios relativamente ao Serviço Pas‑toral a Pessoas com Deficiência em Portugal?

MCD: O SPPD Portugal conta com a participação de pessoas inexcedíveis em dedicação e com amplo conhecimento das realida‑des por todo o país. É um serviço que trabalha já há alguns anos na promoção da dignidade da pessoa com deficiência e na sua inclusão na Igreja e que se tem vindo a or‑ganizar diocese a diocese, segundo a vontade do seu bispo. Tenho o grande anseio de que as pessoas com deficiência se aproximem da Igreja e que percebam que são preciosas para a comunidade. Que se sintam acolhidas e estimuladas a participar ativamente na vida comunitária e que a comunidade descubra o valor acrescentado de cada pessoa com deficiência que acolhe. E que por fim possamos fa‑zer o caminho juntos que nos leva ao coração de Jesus, que afinal é o que nos atrai a todos à Igreja de Cristo.

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Editorial Cáritas (EC): De onde surge a sua ligação à realidade das Pessoas com Deficiência?

FranCisCo o’nEill (Fo): Desde o momento do nascimento da minha filha Maria da Assunção, nascida a 12 de julho de 2003, portadora de paralisia cerebral a 95%, vítima da falta de vigilância fetal, apurado pelo Conselho Disciplinar da Ordem dos Médicos do Sul após 10 anos de investigações (um dos médicos do Hospital da CvP foi condenado através de Acórdão disciplinar por unanimidade). Comecei a ver a vida de outra forma, após muitos anos de dor e de muita luta. Contudo, Deus nunca abandonou a minha família numerosa (mãe da Maria e

seus cinco irmãos). Uma vida para‑lela à nossa e esquecida por muitos imperava nestes cidadãos muito especiais, os ditos «deficientes». Após a morte da minha filha Maria da Assunção em 10 de janeiro de 2010, comecei a utilizar a minha formação em Direito e não só, nes‑ta área, prestando apoio jurídico voluntário e gratuito as famílias es‑peciais (novos amigos), quer ainda lutando pela escassa e ineficaz le‑gislação existente em Portugal que deverá acordar para a realidade da vida, apresentando a minha pessoa muitos contributos nas Comissões Parlamentares da Assembleia da Republica a nível do cidadão por‑tador de deficiência há mais de 4 anos. Com o aumento do grau de

à conversa com

francisco o‘neillmembro da equiPa diocesana de lisboa e Presidente fundador da direção da «casa do cHaPim» – associação nacional de defesa e de integração social

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proteção das vítimas de erro mé‑dico em Portugal, encontro‑me a escrever um livro sobre as Leges artis como pai (O lado lunar das leges artis em Portugal), sendo um contributo que pretendo honrar perante as famílias especiais e profissionais, quando confrontados com situações análogas à minha família. O livro não aborda neces‑sariamente que a solução tem que passar por uma lei especial no que concerne aos critérios próprios de responsabilização acerca da matéria, mas, na vertente moral, cuja lei e os homens do poder não poderão ignorar, ou não fosse a génese da lei a própria moral social, apesar de estancada a norma por lapso ou dolo. Contudo, existe um longo caminho a percorrer na defesa e apoios sociais. Neste âm‑bito, a «Casa do Chapim» é uma associação dedicada também à memória da minha eterna filha Ma‑ria, já tendo apoiado, ao longo de 8 anos de existência, mais de 200 famílias especiais a nível nacional, sem qualquer apoio do Estado e apenas com pessoas (voluntários,

especialmente alunos) com grande coração, juntamente com empresas solidarias e profissionais liberais, cuja vocação é exemplo publico.

EC: O Francisco é o Presidente da Direção da Cassa do Chapim. Pode explicar‑nos melhor que Casa é essa?

Fo: A Casa do Chapim é uma As‑sociação, com sede em Carnaxide, constituída por um grupo de Pais com crianças e familiares porta‑dores de necessidades especiais. É pena que muitas vezes tenhamos que ser «vítimas do destino» para compreender melhor o «lado lunar da vida», ao ponto de darmos um valor mais grandioso à partilha e a interajuda com o próximo. Presta‑mos os nossos ofícios inclusivos, com a ação social domiciliaria, ex‑posições fotográficas inclusivas e únicas no mundo (Exposição – O Sorriso da Diferença), palestras, conferencias, formações em ci‑dadania inclusiva em Escolas, Co‑légios, Universidades e Juntas de Freguesias (Projeto MIL – Motivar,

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Incluir e Liderar) como ainda no apoio jurídico inclusivo as famílias carenciadas. A Casa do Chapim prossegue os seguintes objetivos: Desenvolver a cooperação e a so‑lidariedade social, através da reali‑zação de iniciativas para a inclusão familiar, laboral e social de todo o cidadão portador de necessidades especiais.Promover o estudo, investigação e difusão de notícias, nos termos do definido nos estatutos da associa‑ção Chapim.Cooperar com todas as entidades públicas e privadas visando a inte‑gração social e o desenvolvimento de programas adequados a inclu‑são social, de forma positiva e justa.Construir uma Casa realmente acessível no futuro, visando a dig‑nificação habitacional adaptada de todo o cidadão portador de neces‑sidades especiais. Marcamos a nossa ação solidária, dar sem receber nada em troca, sempre de forma objetiva, de modo a honrar todos aqueles que, quer por razões financeiras, quer por falta da verdadeira solidariedade,

frequentemente são os últimos da pirâmide da solidariedade social, ou seja, o cidadão apelidado er‑radamente por «deficiente». Para nós, deficiente somos todos nós quando criticamos sem nada fazer por um mundo melhor e mais in‑clusivo. Nestes termos, equipara‑mo‑nos às variedades das pluma‑gens do Chapim (pequeno pássaro com cerca de 14 cm), desde as plumagens muito coloridas até às poucas coloridas, aos seres huma‑nos com mais potencialidades e aqueles que têm mais limitações. Por isso é que cada ser humano constrói o seu «ninho», a sua vida, de acordo com essas potenciali‑dades e capacidades, não devendo ser discriminado por construírem na «árvore», na «rocha», na «pare‑de» ou numa toca abandonada, tal como o Chapim. E mais, nós, toda a sociedade, somos responsáveis por proporcionar às pessoas com necessidades especiais as melhores condições e dignidade de vida, tal como animais amigos dos chapins recebem os seus ninhos com ver‑dadeira e gratuita solidariedade.

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EC: Quais são os seus grandes an‑seios da Casa do Chapim relativa‑mente à problemática das Pessoas com Deficiência?

Fo: Num mundo onde cada vez mais o cidadão se isola da realidade social perdendo tempo nas tecno‑logias (as pessoas não dialogam), outros com a falta de motivação para a vida, impera o nascimento da pior doença social: a doença da solidão. Como poderemos pensar de forma consciente quanto à pro‑blemática da deficiência, se até o cidadão dito «normal» precisa de ajuda? Um grande desafio social emerge em todos nós, ou seja, uma reflexão sobre a nossa «visão de mundo». A idade, por exemplo, é um fator incapacitante e em gran‑de parte suscetível de deficiência intelectual ou mesmo motora com a chegada da velhice. Nascemos a usar fraldas e regressamos às mes‑mas na velhice. É o ciclo da vida, que devemos aceitar com maturidade e sabedoria, fomentando a entre ajuda entre gerações e com os nossos semelhantes, especialmente

quando deficientes. É uma questão de cidadania ao mais alto nível. O acordar das mentalidades para o respeito e ajuda dos cidadãos de‑ficientes é um ideal sublime, sendo certo que a felicidade dos homens estará sempre em primeira instân‑cia no coração, independentemen‑te do corpo ou da mente, mesmo quando incapacitado no cidadão por deficiência. É fundamental, pois, dar graças pelo dom da vida, e sa‑ber reconhecer que o caminho da santidade está na força que emana de Deus, que só depende de nós aceitar ou não.

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Editorial Cáritas (EC): O Pe. An‑tónio Manuel Alves Martins foi nomeado recentemente (na 194.ª Assembleia Plenária da Conferên‑cia Episcopal Portuguesa, que de‑correu em Fátima, de 9 a 12 de abril de 2018) como primeiro Assistente Nacional do Serviço Pastoral a Pes‑soas com Deficiência. Como vê esta missão que lhe foi confiada?

PE. antónio ManuEl alVEs Martins (PaMaM): Antes de mais, vejo essa nomeação como um sinal explícito da vontade dos Bispos portugueses em relação a uma pastoral inclusiva que integre as pessoas com deficiên‑cia na vida das nossas comunidades cristãs. É também o resultado do empenho pessoal de D. José Traqui‑

na na sua qualidade de presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana. Posso acrescentar ainda que esta nomea‑ção procura traduzir, entre nós, o desafio do Papa Francisco de uma Igreja aberta a todos, que vai ao encontro das periferias existenciais.

EC: Como viu a passagem da Irmã Veronica Donatello, Especialista em Educação para a Inclusão Eclesial, da Conferência Episcopal Italiana e responsável pelo setor da cateque‑se para pessoas com deficiência em Itália, entre nós, de 25 a 30 de maio passado?

PaMaM: A passagem da Irmã verónica Donatello foi, para todos

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Pe. antónio manuel alves martinsassistente nacional do serviço Pastoral a Pessoas com deficiência.

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nós, um momento de grande rique‑za. Fez emergir a operacionalidade das diferentes equipas diocesanas. Pela sua partilha e testemunho deixou‑nos desafios, sobretudo no âmbito da catequese, da celebra‑ção litúrgica e da iniciação cristã. Pessoalmente fiquei desperto para a importância de uma pedagogia da fé a partir dos sentidos. Con‑firmou‑nos de que a inclusão das pessoas com deficiência é um de‑safio inadiável à Igreja em Portugal.

EC: Como perspetiva o Serviço Pas‑toral a Pessoas com Deficiência em Portugal para os próximo triénio para que foi nomeado?

PaMaM: Após a vinda da Irmã ve‑ronica, o nosso triénio surge‑nos mais clarificado na opção urgente de uma Igreja para todos e com todos, inclusiva da diversidade da condição humana. Há três ideias que podemos já indicar como de‑senho da nossa futura missão: pri‑meiro, a constituição de um grupo de trabalho interdisciplinar (em rede) para refletir sobre possíveis

caminhos pastorais de inclusão das pessoas com deficiência a nível de iniciação na fé e de participação na vida litúrgica, com diferentes formas de comunicação; segundo, sensibilização do clero e de semi‑naristas para o desafio da inclusão, nas paróquias e nos movimentos, sobretudo no acompanhamento da iniciação sacramental (confissão e eucaristia); e terceiro, constitui‑ção de um grupo de trabalho para estudar e preparar a interpretação em língua gestual portuguesa de narrativas evangélicas.

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Editorial Cáritas (EC): Quem é a Irmã Verónica Donatello e de onde surge a sua ligação à realidade das Pessoas com Deficiência?

irMã VEroniCa donatEllo (iVd): A diversidade enriquece‑nos. Um Percurso de humanidade e de gra‑ça! Acolher tudo aquilo que nos acontece, tudo aquilo que se pode viver ao nível humano, confrontan‑do‑me com a descoberta de que os meus pais eram diferentes dos pais dos outros porque eram sur‑dos e a minha irmã Chiara, com a sua deficiência. Viver aquilo que o ser humano vive: a alegria, as frustrações, a raiva, etc., mas não contra os meus pais, tal‑vez contra a sociedade. Às vezes

também contra a Igreja quando re‑jeitou a minha irmã e que às vezes, no passado, colocou num «gueto» algumas realidades. Tive o dom e a graça de ter uns pais que vivem a sua deficiência com serenidade e doação, apesar de viverem aqui‑lo por que passam todos os pais como eles. Creio que me ajudou, antes de mais, tê‑los tido como testemunhas e depois, ao longo dos anos, ter podido encontrar‑me com pessoas que me ajudaram a ler a minha própria história como uma história/um percurso de um dom, não só para mim mas também para uma comunidade e para a Igreja.

EC: Como considera a atenção da Igreja Católica para com as Pessoas

à conversa com

irmã veronica donatello esPecialista em educação Para a inclusão eclesial, da conferência ePiscoPal italiana e resPonsável Pelo setor da catequese Para Pessoas com deficiência em itália

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com Deficiência, ou seja, o que já vai acontecendo e o que urge melhorar?

iVd: As próprias pessoas com de‑ficiência precisam de acreditar que têm a mesmíssima dignidade das outras pessoas, como sublinhou Bento XvI quando disse que, em virtude do batismo, somos todos evangelizadores na comunidade. Mesmo quando se utilizam lin‑guagens e modalidades diversas. A comunidade cristã acolhe o desa‑fio lançado pelo papa Francisco de «ou todos ou nenhum» de 11 de junho passado. Uma Igreja que não acolhe a todos é uma Igreja a quem faltam algumas partes: é como uma casa a meio, que não é uma verda‑deira casa. Penso, por exemplo, na liturgia dominical, porque é o mais visível na comunidade, não obstante

os vários caminhos espirituais que se possam desenvolver. Procuran‑do sempre cada vez mais ter litur‑gias que, na sua dimensão humana e sem inventar coisas estranhas, valorizam aquilo que já têm no coração. Depois penso na pastoral juvenil, no âmbito dos jogos de recreio e campos de lazer, na ca‑tequese de adultos, etc., não tendo medo da diferença, permitindo às pessoas com deficiência poderem exprimir e não apenas testemu‑nhar a própria fé. É necessário normalizar a presença delas: não apenas na «festa do doente» ou na «festa da pessoa com deficiência»! Enquanto irmãos da comunidade cristã, são parte integrante e isto também ajuda os outros a tomarem consciência de que todos possuem dons e limitações. O desafio é o encontro, o relacio‑namento, a capacidade empática que só se realizam se se permitir ao outro fazer parte do mesmo quotidiano e não de os levar só à pastoral dos eventos [para as pes‑soas com deficiência]. É por isso que falamos sobre inclusão. Todos

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são chamados ad abitare / a habitar ‑ um dos verbos saídos da confe‑rência de Florença ‑ o território, a história. Hannah Harendt, a filósofa alemã, sublinhava a importância de permitir a narrativa da sua própria história. Reconhecer então, mes‑mo à pessoa com deficiência, uma capacidade autobiográfica. Permi‑tamos que, essas pessoas, existam na nossa sociedade. Também na Amoris Laetitia sublinha‑se que os casais que vivem esta expe‑riência, compreendem que o seu

filho pode transformar‑se em dom somente se se sentirem ajudados a reinterpretar esta história. Sozi‑nhos isto não se faz! É o desafio da Igreja: a igreja não é um «eu» mas é um «nós». O mesmo casal será, com o seu conhecimento de pais, um dom para a comunidade cristã. Isto acontece somente se se criar espaço, deixando que sejam eles os professores, que é assim o lugar que Deus escolheu, o dos últimos. E porque não ousar? Quem o faz descobre que é belo e possível,

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como ser valorizado, reconhecido nos seus próprios desejos. Muitas vezes, ao invés disso, falamos nós, somos nós que escolhemos por eles.O desafio é rever as nossas pers‑petivas epistemológicas e trabalhar contra a ideia dos bem‑pensantes / pensadores / intelectuais, como no tempo de Jesus, que já conhe‑cem e já sabem «tudo». Parar de olhar para o outro como diferente, com um problema, disfuncional, um caso, elemento de perturbação, NEE (Necessidades Educativas Especiais) palavras que excluem / marcam o outro. Segundo Heide‑gger, quando falamos de cuidado, a existência do outro é o verdadeiro cuidado, cuidar da sua existência é fazê‑lo existir. Cuidado, sem qualquer aceção de assistencialis‑mo, de bondade ou de serviço de reabilitação.

EC: Que mensagem gostaria de dei‑xar para esta dimensão da Pastoral da Igreja em Portugal, sobretudo, para os que não sabem lidar com as pessoas com deficiência?

iVd: Resumo a minha mensagem em três palavras: preconceito (co‑munitário, cognitivo e religioso), materiais para partilha, formação inclusiva. Penso, de facto, que ainda se deva trabalhar para superar os preconceitos cognitivo, comunitá‑rio e religioso que ainda estão pre‑sentes na nossa realidade. Devem procurar‑se instrumentos de inclu‑são que sejam adequados a todos. É necessária uma formação com o envolvimento das pessoas com de‑ficiência (as pessoas com deficiên‑cia sejam formadores e estejam nas atividades com os formandos) e atividades que sejam desenvolvidas nas diversas dioceses com o nosso apoio temático (Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência).

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Editorial Cáritas (EC): De onde surge a sua ligação à realidade das Pessoas com Deficiência?

ConCEição tEixEira Martins (CtM): Da minha filha Ana. Há 20 anos atrás nascia a minha filha mais nova, que não evidenciava quaisquer si‑nais de cuidados especiais e cujo desenvolvimento decorreu dentro do que é habitual até aos 14 meses. Nessa altura a Ana manifestou os primeiros sinais e daí em diante a vida colocou‑nos perante o maior desafio: aprender novas linguagens, darmo‑nos sem medida, amarmos e sermos amados intensamente e receber agradecidos em cada dia a vida da Ana.

EC: Enquanto responsável dioce‑sana, na diocese de Lisboa, pelo Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, que iniciativas vão já acontecendo na Igreja diocesana em relação às Pessoas com Deficiência?

CtM: Existem paróquias que estão a acolher e a integrar as pessoas com deficiência de diferentes formas: no serviço de acólitos, na catequese, preparando‑as para receberem os sacramentos, dis‑ponibilizando intérprete de língua gestual portuguesa, entre outros. A nível do Serviço Diocesano es‑tamos neste momento a fazer o le‑vantamento das boas práticas exis‑tentes nas paróquias da Diocese.

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conceição teixeira martinsequiPa diocesana do serviço Pastoral a Pessoas com deficiência Patriarcado de lisboa

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EC: Quais são os principais desafios que se colocam ao Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência a nível diocesano?

CtM: O grande desafio que se coloca é sermos instrumento nas mãos de Deus para que todas as pessoas com deficiência se sintam amadas por Ele e pela Igreja, e que todos possam sentir que verdadei‑ramente fazem parte ativa desta grande família.

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Editorial Cáritas (EC): De onde surge a sua ligação à realidade das Pessoas com Deficiência?

FErnando MagalhãEs (FM): Ain‑da antes do nosso casamento, eu e a Eugénia fomos convidados a acompanhar e apoiar um grupo de pessoas com deficiência, que ia em peregrinação a Lourdes; não pudemos ir porque a partida era no dia a seguir ao nosso casamen‑to. Alguns anos mais tarde, Deus traria às nossas vidas a Ana Paula, nossa filha hoje com 24 anos, com deficiência mental. Desde então, pela mão dela, a nossa ligação com esta realidade é de vida e de causa (social, política e eclesial).

EC: Enquanto cristão e diácono permanente, atento ao Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, que iniciativas vão já acontecendo na paróquia onde se encontra – Al‑fragide, em relação às Pessoas com Deficiência?

FM: O que sempre sentimos e vivemos em Alfragide foi uma ló‑gica de acolhimento e de natural inclusão da pessoa com deficiência na comunidade. Não são seres estranhos, mas pessoas que natu‑ralmente, como todas as outras, a integram e nela crescem (toda a iniciação cristã) e nela têm minis‑térios específicos: coro, projeção

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fernando magalHães Paróquia de alfragide

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dos cânticos, acolhimento, acólitos, recolha das ofertas, catequistas, animação comunitária, entre ou‑tros serviços.

EC: Quais são, a seu ver, os prin‑cipais desafios que se colocam ao Serviço Pastoral a Pessoas com De‑ficiência a nível paroquial?

FM: Creio que se colocam a dois níveis. Um, de levantamento das práticas que são levadas a cabo nas paróquias para que se possam par‑tilhar e difundir por todos. Outro, que é o de ajudar a desmistificar esta realidade junto das paróquias (que tantas vezes encontra obstá‑culos não por qualquer má von‑tade, mas por desconhecimento e medo) favorecendo uma atitude de acolhimento e de natural inclusão das pessoas com deficiência nas comunidades paroquiais.

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Editorial Cáritas (EC): O Pe. Tiago Neto, enquanto Diretor do Sector da Catequese do Patriarcado de Lisboa, como vê a presença das Pessoas com Deficiência no contex‑to da Catequese?

PE. tiago nEto (Ptn): O con‑texto da catequese valoriza, por natureza, a pessoa humana na sua integralidade. A catequese dialoga e encontra‑se com o ser humano real, com a sua história e realida‑de. Isto pressupõe uma atenção e fidelidade à pessoa em todas as circunstâncias do processo evan‑gelizador. A catequese é chamada,

neste contexto, a facilitar a partici‑pação da pessoa com deficiência na vida da comunidade cristã. Todo o batizado é membro da comunidade e, por isso, também sujeito natural da catequese e protagonista do processo catequético.

EC: A nível diocesano, que iniciati‑vas vão já acontecendo a nível do Sector da Catequese de atenção es‑pecífica às Pessoas com Deficiência?

Ptn: Muito poucas e apenas pon‑tuais, consoante os casos que vão surgindo. No entanto, tem havido alguma preocupação com estes

à conversa com

Pe. tiago netodiretor do sector da catequese do Patriarcado de lisboa

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assuntos. Concretamente, as orien‑tações para o catecumenado de crianças e adolescentes referem pela primeira vez, num texto ofi‑cial do Setor da Catequese, esta preocupação. Um serviço pastoral específico no âmbito da catequese está, ainda, num nível embrionário. É nossa intenção acompanhar os catequistas e formá‑los para uma renovada consciência do lugar da pessoa com deficiência na comu‑nidade cristã. Temos previsto um primeiro encontro de formação já para o próximo ano pastoral.

EC: Quais são os principais desafios que se colocam a este nível?

Ptn: No nosso contexto eclesial, há alguns desafios que se sentem de forma premente na catequese. O pri‑meiro desafio é o da integração. Não se trata apenas de garantir meios técnicos que facilitem a mobilidade. A grande maioria das paróquias não dispõem de condições para integrar as pessoas com deficiência no per‑curso de catequese. Seja por falta de catequistas preparados para esta

missão, seja porque as famílias não sentem abertura das comunidades para a integração dos seus filhos. Por outro lado, é necessário passar de uma visão da pessoa com de‑ficiência como simples destinatária da catequese a um dinamismo que a faça participante do processo de catequese e da vida da própria comunidade cristã. Neste sentido, é de toda a importância a consti‑tuição de grupos de catequese em que estejam presentes as pessoas com deficiência. Para as outras crianças e adolescentes é uma verdadeira aprendizagem de hu‑manidade e pode trazer grandes frutos evangelizadores. Se é neces‑sário em todas as circunstâncias um trabalho de personalização e adaptação, a catequese não pode setorizar e catalogar as pessoas, nem muito menos excluí‑las. Julgo que as paróquias precisam de dar um passo em frente, traduzindo uma mudança de mentalidade ex‑pressa numa frase que diz tudo: se‑jam bem‑vindos à nossa paróquia! Finalmente, um último desafio, diz respeito ao acompanhamento das

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famílias. Estas sentem‑se, por vezes, perplexas diante das situações. O sofrimento torna‑se crónico e a aceitação das situações muito difícil de enquadrar nos projetos de vida. A questão de Deus fica hipotecada, senão mesmo abandonada. A expe‑riência com as comunidades cristãs nem sempre é a melhor. Como aju‑dá‑las material e espiritualmente? Graças a Deus, em muitas comu‑nidades existem gestos bonitos de caridade para com as famílias. Isto é um dom que devemos agradecer e incentivar.

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Editorial Cáritas (EC): A nível da Cáritas em Portugal, qual a atenção que é dada às Pessoas com Defi‑ciência? Existem iniciativas ou pro‑jetos específicos a este nível?

Eugénio da FonsECa (EF): A atenção da Cáritas, em Portugal, às Pessoas Portadoras de Deficiência é efetiva nas ajudas pecuniárias a elas ou às suas famílias, concretamente para a satisfação de necessidades de sub‑sistência e para a aquisição de aju‑das técnicas, quando o Estado não responde, incumprindo o que está estabelecido no conjunto de apoios regulamentados nesta matéria. A integração, por via do trabalho, tem sido também uma preocupação da Cáritas, colocando alguns destes

cidadãos e cidadãs nos postos de trabalho disponíveis e adequados nas Cáritas Diocesanas ou, procu‑rando, noutras entidades emprega‑doras, a sensibilização para serem tidas em conta as Pessoas com Deficiência nas aberturas de con‑cursos. Todavia, é muito residual, por parte da Cáritas, a gestão de respostas sociais específicas, por existir uma rede muito vasta de instituições vocacionadas para esta área social. É óbvio que se mais não fazem em termos da ampliação dos serviços que prestam, deve ‑se à falta de apoios incontornáveis do Estado. Reconheço que, apesar do empenho de muitas instituições de apoio à deficiência, Portugal ainda tem um déficit no que respeita ao

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eugénio fonsecaPresidente da cáritas Portuguesa

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acolhimento, proteção e integração de pessoas adultas com deficiência. Este é, na verdade, um problema a enfrentar, até porque ele se revela uma preocupação dramática dos pais quanto aos cuidados dos seus filhos, após eles deixarem este mundo. Pode estar, na resposta a estas legítimas angústias, uma for‑ma de a Cáritas aumentar a sua atenção a esta faixa da população portuguesa. Reconheço que são intervenções que exigem recursos humanos e materiais considerá‑veis não sustentáveis apenas com a solidariedade das comunidades envolventes. Mas a opção por La‑res Residenciais é uma resposta de fim de linha para a Cáritas, porque valoriza a permanência destas pes‑soas, como de quaisquer outras, no seio das suas famílias por ser este o espaço natural de vivência de qualquer ser humano. Assim, a nossa atenção deve ir para o apoio às famílias com medidas que configurem a defesa e o res‑peito pelos direitos destas famílias, que têm o direito a um tratamento diferencial positivo, com base em

critérios de justiça e não, apenas e só, de atribuição de subsídios ocasionais. Não podemos também deixar de prestar atenção ao facto de existirem famílias que evitam expor os seus membros especiais por receio da estigmatização da comunidade humana em que vivem. É verdade que muito já se avançou para que tal não aconteça, mas ain‑da há casos que não podem deixar de nos preocupar. Nos apoios às famílias são as comunidades cristãs que melhor estão posicionadas, concretamente: ir ao encontro das necessidades que vai identificando; estar atenta para se ir descobrindo ainda as encobertas; dando teste‑munho de integração a partir do acolhimento nas catequeses, nas liturgias e nas respostas sociais de que dispõem. Entretanto, iremos disponibilizando a nossa coope‑ração com o Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, em boa ordem criado e tão, diligentemen‑te, dinamizado.

EC: A Irmã Veronica Donatello, Especialista em Educação para a

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Inclusão Eclesial, da Conferência Episcopal Italiana, que esteve re‑centemente em Portugal, falou na necessidade de «derrubar precon‑ceitos (comunitários, cognitivos e religiosos) relativos às pessoas com deficiência, no sentido de promover a sua crescente inclusão eclesial e social». Que contributos poderá dar a Cáritas em Portugal a este nível?

EF: Na última parte da resposta, que procurei dar à primeira questão, já fui referindo alguns contributos. Reforço as três sugestões que ou‑sei apresentar, socorrendo ‑me de um princípio basilar do Pensamento Social Cristão que é o da subsidia‑riedade. Porém, se qualquer ação de proximidade se revela mais realista e eficaz, há que ter, em devida conta, que a boa vontade de algumas das ações por parte das famílias, das instituições particulares, mesmo oficiais como as autarquias, das comunidades cristãs ou de outras confissões, poderão não ser tão eficientes como se desejaria por falta de medidas estruturais da responsabilidade dos legisladores e

dos governantes, bem como de uma Justiça mais ao alcance dos que não têm recursos financeiros suficientes para reclamarem os seus direitos. Há problemáticas sociais que exi‑gem uma complementaridade entre o agir local e global. Por isso, a Cáritas Portuguesa não deixará de apoiar as Cáritas Diocesanas nas iniciativas que elas entenderem necessárias e viáveis, a nível das suas dioceses e paróquias, para acolher as necessidades das pessoas portadoras de deficiência e de suas famílias, para promover a dignidade destes concidadãos e concidadãs e intentar iniciativas que impeçam a sua exclusão social. Para as medidas de política mais favoráveis a estas pessoas especiais e aos seus cuidadores, a Cáritas, a nível nacional, não deixará de apre‑sentar propostas que visem uma mais fácil integração de pessoas com qualquer tipo de incapacidade, sem enfraquecer as suas energias na denúncia da falta destes proce‑dimentos de diferenciação positiva que competem a instâncias de po‑líticas organizadas e competentes

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assegurar. Não ignoro, porém, que tudo o sugerido será muito mais difícil de concretizar e, em algumas áreas, ́ mesmo impossível se não se conseguir uma consciencialização coletiva para a verdadeira inclusão. Não sei se haverá alguma família que, mesmo indiretamente, não te‑nha uma pessoa com qualquer tipo de deficiência de maior ou menor grau. Não se pode ter vergonha de o reconhecer. Seria bom até que os media colaborassem mais para dar visibilidade aos casos felizes de integração identificados. Vou até mais longe, porque a «palavra» tem sempre um peso real que ajuda, ou não, a interpretar melhor as reali‑dades. Refiro ‑me à conveniência de se alterar o léxico relacionado com esta problemática social. «Pessoas Deficientes» ou mesmo «Pessoas Portadoras de Deficiência», por‑que não haverá ser humano, em qualquer parte do mundo, que não tenha algum déficit de perfei‑ção. Gosto mais de palavras como «especial» ou «diferente». Pode parecer não ser relevante este tipo de abordagem, mas a consciência é

muito influenciada pelos contextos e pretextos e forma como são identificados. Acima de tudo, a Cáritas não deixará de dar o seu contributo de lutar, nesta situação como em qualquer outra do género, contra a indiferença.

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contactos do serviço Pastoral a Pessoas com deficiência

PAGINA WEB:www.pastoraldeficiencia.pt

FACEBOOk:https://www.facebook.com/search/top/?q=servi%C3%A7o%20pastoral%20a%20pessoas%20com%20defici%C3%AAncia

E‑MAIL:[email protected] | [email protected]

MORADA:Conferência Episcopal PortuguesaComissão Episcopal da Pastoral Social Serviço Pastoral a Pessoas com DeficiênciaQuinta do Bom PastorEstrada da Buraca, 8‑121549‑025 LISBOATel. 918294806 | 963447763

DIREçãO NACIONAL DO SERvIçO PASTORAL A PESSOAS COM DEFICIêNCIA (nomeada a 18 de abril de 2018 pela CEPSMH para o triénio 2018‑2021)Diretora: Maria Isabel ValeDiretora‑Adjunta: Alice Caldeira Cabral

Secretária: Maria do Carmo DinizTesoureiro: José Manuel AnteloVogais: Ana e Valter Ramos (casal); Carla Santos; Jorge Novo; Leonor Mendonça Assistente Nacional: P.e António Manuel Alves Martins

EQUIPA DIOCESANA DO ALGARvECoordenador: Cesariano MartinsE‑mail: [email protected]

BRAGA ‑ CENTRO PASTORAL COM SURDOSBasílica do Congregados – Braga ‑ Reitor: Padre Paulo TerrosoE‑mail : congregados@arquidiocese‑braga.pt

EQUIPA DIOCESANA DE BRAGANçA/MIRANDACoordenador: Jorge NovoEmail [email protected]

EQUIPA DIOCESANA DE LISBOACoordenadora: Maria da Conceição MartinsE‑mail : pastoraldadeficiencia@patriarcado‑lisboa.pt

EQUIPA DIOCESANA DE PORTALEGRE/CASTELO BRANCOCoordenadores: Ana Carrega e Valter Ramos (casal)E‑mail : [email protected]

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TíTuLOS PubLICADOS PELA EDITORIAL CáRITAS

O Amor que Transforma o Mundo | René Coste

Dar ‑se de Verdade: Para um desenvolvimento Solidário | vários

Cónego José M. Serrazina | vários

Teresa de Saldanha | Helena Ribeiro de Castro

Moralidade Pessoal na História | Sergio Bastianel

Humanizar a Sociedade | Georgino Rocha

Cartas de Ozanam | Diogo Castelbranco de Paiva Brandão

Entre Possibilidades e Limites | Sergio Bastianel

Perspectivas sobre o Envelhecimento Ativo | vários

Procissão dos Passos | Abel Varzim

Serviço Social e Desemprego de Longa Duração | Aida Ferreira

Maritain e Bento Xv | Diogo Madureira

Cristãos Pensadores do Social I | Jean Yves Calvez

Um Intelectual ao Serviço dos Pobres | Gérard Cholvy

Um Genocídio de Proximidade | Teresa Nogueira Pinto

Caminhos para uma vida Solidária | Carlos Azevedo

Pobreza e Relações Humanas | Delfim Jorge Esteves Gomes

Rendimento Social de Inserção | Mafalda Santos

Cuidar do Outro — Estudos em homenagem a Sergio Bastianel sj | vários autores

Crimes e Criminosos no norte de Portugal | Alexandra Esteves

A Consciência Social da Igreja Católica — 124 Anos de História1891–2015 | Domingos Lourenço Vieira

Ética e Teologia — Declinações de uma Relação | Américo Pereira

O Impacto da Doutrina Social da Igreja no Trabalhador e no Empresário | Hermenigildo Moreira Encarnação

O Padre das Prisões Portuguesas | Inês Leitão

Palavras de Liberdade | vários

O Pensamento Social do Papa Francisco | J. M. Pereira de Almeida (Org,)

O Cuidar como Relação de Ajuda – Por uma ética teológica do cuidar Antonino Gomes de Sousa

O Problema do Mal | Étienne Borne

Rosto Social da Religião | Roberto Mariz

O futuro do Estado Social | Volumes I e II / Cáritas Europa (Org.)

Entendimento Global e Compromisso com as PeriferiasAmérico Pereira (Org.)

Pensamento Social do Papa Francisco | Volume II / J.M. Pereira de Almeida (Org.)

Cristãos Pensadores do Social II | O Pós ‑Guerra / Jean Yves Calvez

Ação Sócio Educativa dos Jesuítas e o Colégio de São Fiel | Jorge Nuño Mayer (coord.) | Ernesto Candeias Martins

Desenvolvimento de Competências Sociais no Cuidador Informal | Cláudia Catela Paixão

Manual Observatórios Sociais de Pobreza | Jorge Nuño Mayer (coord.)

Perceção do Stresse, burnout e autocuidado – um olhar sobre os profissionais do trabalho social | Ana Berta Alves

MYM, eu consigo – Desenvolvimento de uma tecnologia de apoio para alunos com necessidades especiais | Laura Chagas

As Infâncias na História Social da Educação – Fronteiras e Interceções Sócio Históricas | Ernesto Candeias Martins

Crónicas Ainda Atuais | Pedro Vaz Patto