fernandes 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE HUMANIDADES DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA DARLENE PINHO FERNANDES ALCOHOL USE DISORDER IDENTIFICATION TEST (AUDIT): EVIDÊNCIAS DE SUA VALIDADE FATORIAL E CONSISTÊNCIA INTERNA FORTALEZA 2011

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Dissertação

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Page 1: Fernandes 2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

DDAARRLLEENNEE PPIINNHHOO FFEERRNNAANNDDEESS

AALLCCOOHHOOLL UUSSEE DDIISSOORRDDEERR IIDDEENNTTIIFFIICCAATTIIOONN TTEESSTT ((AAUUDDIITT))::

EEVVIIDDÊÊNNCCIIAASS DDEE SSUUAA VVAALLIIDDAADDEE FFAATTOORRIIAALL EE CCOONNSSIISSTTÊÊNNCCIIAA IINNTTEERRNNAA

FORTALEZA

2011

Page 2: Fernandes 2011

DDAARRLLEENNEE PPIINNHHOO FFEERRNNAANNDDEESS

AALLCCOOHHOOLL UUSSEE DDIISSOORRDDEERR IIDDEENNTTIIFFIICCAATTIIOONN TTEESSTT ((AAUUDDIITT))::

EEVVIIDDÊÊNNCCIIAASS DDEE SSUUAA VVAALLIIDDAADDEE FFAATTOORRIIAALL EE CCOONNSSIISSTTÊÊNNCCIIAA IINNTTEERRNNAA

Monografia apresentada ao Curso de Psicologia da

Universidade Federal do Ceará como requisito para

aprovação na Disciplina de Monografia em Psicologia.

Orientador:

Prof. Dr.Walberto Silva Santos

FORTALEZA

2011

Page 3: Fernandes 2011

DDAARRLLEENNEE PPIINNHHOO FFEERRNNAANNDDEESS

AALLCCOOHHOOLL UUSSEE DDIISSOORRDDEERR IIDDEENNTTIIFFIICCAATTIIOONN TTEESSTT ((AAUUDDIITT))::

EEVVIIDDÊÊNNCCIIAASS DDEE SSUUAA VVAALLIIDDAADDEE FFAATTOORRIIAALL EE CCOONNSSIISSTTÊÊNNCCIIAA IINNTTEERRNNAA

Monografia apresentada a Curso de Psicologia da

Universidade Federal do Ceará como requisito para

aprovação na Disciplina de Monografia em Psicologia.

Aprovada em 22/06/2011

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________

Prof. Dr. Walberto Silva dos Santos (Orientador)

Universidade Federal do Ceará-UFC

___________________________________________

Prof. Dr. Luciana Maria Maia Viana

Universidade de Fortaleza-UNIFOR

___________________________________________

Prof. Ms. Andréa Carla Cordeiro

Universidade Federal do Ceará-UFC

Page 4: Fernandes 2011

Ao Laboratório Cearense de Psicometria (LACEP).

Page 5: Fernandes 2011

AGRADECIMENTOS

Agradecer não é uma tarefa fácil. Não são poucos os que participam direta e /ou

indiretamente na construção de um sonho, logo são muitos os que precisam ser lembrados.

Deste modo, há sempre o medo de que algum nome não seja mencionado, razão que me leva a

desde já me desculpar se cometi tal ato.

Primeiramente, agradeço a Deus, por me disponibilizar as oportunidades que tive até o

presente e por me conceder forças para enfrentar os desafios que foram aparecendo.

É indiscutível minha gratidão ao meu orientador, Prof. Dr. Walberto Santos, pela

dedicação e pela oportunidade de realizar este trabalho, incentivando e contribuindo, de

maneira significativa, nos meus sonhos acadêmicos.

A todos os colegas e integrantes do Laboratório Cearense de Psicometria. Sem eles

não seria possível a realização deste sonho. Afinal, uma monografia, apesar de figurar um

único autor, sabe-se que é um resultado da participação e dedicação de um grupo de pessoas.

Deste modo, agradeço a cada um dos que fizeram parte desta equipe: Alex Grangeiro,

Emanuela Possidônio, Eva Cristino, Eduardo Quezado, Guilherme Lopes, Hermírio Moraes,

Sarah Stella Bomfim e Thicianne Malheiros.

Agradeço aos integrantes da banca avaliadora, Prof (a) Dr(a). Luciana Maria Maia e

Prof.(a) Ms. Andréa Carla Cordeiro, pela disponibilidade em ler e contribuir com esta

monografia.

Agradeço às minhas amigas e companheiras de faculdade, Elinalda Brito, Milena

Rachel e Natália Lourinho, que sempre estiveram comigo durante a graduação,

compartilhando sonhos, alegrias e trabalhos.

Agradeço aos meus pais por seu apoio incondicional em todos os momentos de minha

vida; Ao meu amigo e namorado, Luís Flávio, por me escutar e me aconselhar nos meus

momentos de angústia acadêmica; e a todos os meus familiares, que, de seu modo, sempre

torceram por mim.

E, por fim, não poderia, também, deixar de agradecer a você leitor, por seu interesse

em entender e fazer Ciência.

Page 6: Fernandes 2011

“Dado que o homem é o único animal que

bebe sem sede, convém que o faça com

discernimento."

(L. Farnoux-Reynaud)

Page 7: Fernandes 2011

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo conhecer evidências de validade e precisão do Alcohol

Use Disorder Identification Test (AUDIT). Especificamente, pretendeu-se verificar a

qualidade psicométrica do instrumento, identificando sua estrutura fatorial, observando seus

índices de consistência interna, precisão teste-reteste e sua validade convergente com

instrumentos correlatos. Para isto, efetuaram-se dois estudos específicos: o Estudo I, que

procurou realizar análises exploratórias e avaliar a consistência interna e precisão teste-

reteste da medida; e o Estudo II, que buscou efetuar análises fatoriais confirmatórias,

comparando distintos modelos propostos na literatura, além de verificar a validade

convergente e de critério do instrumento. No Estudo I, participaram 255 estudantes

universitários da cidade de Fortaleza – CE, a maioria do sexo masculino (51,6%), solteira

(94,1%) e da religião católica (59,7%). Desse total, voltaram a participar no reteste, após,

aproximadamente, 45 dias, 21 estudantes com idades variando entre 18 e 23 anos (m = 19,8

dp = 1,47). No Estudo II, contou-se com uma amostra de 388 voluntários da população geral

da cidade de Fortaleza – CE, com idade variando entre 18 e 78 anos (m= 27,7 anos; dp =

10,4), a maioria católica (56,3%), do sexo feminino (52,2%) e solteira (74,2 %). Os

participantes responderam ao Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT), ao Cut

down/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire (CAGE) e a Escala de atitudes frente ao

uso de álcool, além de perguntas sóciobiodemográficas. Os resultados do primeiro estudo

apoiaram a adequação psicométrica deste instrumento e as análises fatoriais exploratórias

apontaram uma estrutura de três (Critério de Kaiser) e de um fator (Critério de Cattell e

Horn). No segundo estudo, para dirimir possíveis dúvidas acerca das estruturas encontradas,

foram realizadas análise fatoriais confirmatórias, em que se observou o modelo de três fatores

como o mais aceitável. Neste mesmo estudo, também foi realizada uma validade convergente

e de critério, em que o AUDIT se correlacionou positivamente com as pontuações dos

participantes no CAGE, diferenciando significativamente os bebedores-problemas dos demais

respondentes, e se correlacionou negativamente com a Escala de Atitudes frente Uso de

Álcool. Estes resultados foram discutidos à luz da literatura e pesquisas futuras foram

sugeridas.

Palavras-Chaves: AUDIT. Medida. Validade. Precisão.

Page 8: Fernandes 2011

ABSTRACT

This study aimed to know about the evidences of validity and accuracy from Alcohol Use

Disorder Identification Test (AUDIT). Specifically, we intend to verify the psychometric

quality, identifying its factor structure, observing its internal consistency, accuracy of test-

retest and convergent validity with related instruments. For this, two specific studies were

performed: the Study I, which tried to make an exploratory analysis and examine the internal

consistency and the accuracy of test-retest on the measure; and Study II, which sought

to perform confirmatory factor analysis, comparing different models proposed in the

literature, and to identify convergent and criterion validity of the instrument. In the Study I,

255 university students, from Fortaleza-CE, participated. Most of them was male (51,6%),

single (94,1%) and from the catholic religion (59,7%). This total, 21 students, aged 18-

23 (mean age = 19,8; SD = 1,47), returned to participate in the retest, after approximately 45

days. In the Study II, we could count with a sample of 388 volunteers from the population of

Fortaleza-CE, aged 18-78 (mean age = 27,7 years; SD = 10,4), most of them was catholic

(56,3%), female (52,2%) and single (74,2%). The participants answered to the Alcohol Use

Disorder Identification Test (AUDIT), to the Cut down/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener

Questionnaire (CAGE) and the Scale of Attitudes toward Alcohol Use, and socio-

biodemographic questions. Results of the first study confirmed the psychometric adequacy of

this instrument, and the exploratory factor analysis pointed structures of three (Kaiser‟s

Criterion) and one factor (Cattell and Horn‟s Criterion). In the second study, to resolve any

doubts about the found structures were conducted confirmatory factor analysis,

which showed the three factor model as the most acceptable. In this same study, convergent

and criterion validity was also conducted, where AUDIT was positively correlated

with the scores of the participants in the CAGE, significantly differentiating problem-drinkers

from other respondents, and was negatively correlated with the Scale of Attitudes

toward Alcohol Use. These results were discussed based on literature and future researches

were suggested.

Keywords: AUDIT. Measure. Validity. Accuracy.

Page 9: Fernandes 2011
Page 10: Fernandes 2011

Lista de Tabelas

Tabela 1. Poder discriminativo, correlação item-total e precisão dos itens do AUDIT. .. 41

Tabela 2. Análise paralela para os itens do AUDIT (n=255). ............................................. 43

Tabela 3. Estrutura Componencial do AUDIT .................................................................... 44

Tabela 4. Comparação de diferentes modelos fatoriais do AUDIT. .................................. 51

Tabela 5. Correlação de Spearman entre AUDIT, CAGE e Atitudes Frente ao Uso de

Álcool. ...................................................................................................................................... 53

Page 11: Fernandes 2011

Lista de Figuras

Figura 1. Representação Gráfica dos valores próprios (Critério de Cattell) .................... 43

Figura 2. Estrutura Fatorial do Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT). ..... 52

Page 12: Fernandes 2011

SUMÁRIO

11.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO .................................................................................................................. 11

22.. MMAARRCCOO TTEEÓÓRRIICCOO ........................................................................................................... 17

2.1 Padrões de Consumo de Álcool ....................................................................................... 18

2.2. Avaliação do Consumo Abusivo de Álcool .................................................................... 22

2.3. Medidas de Triagem do Consumo Abusivo do Álcool ................................................. 25

2.3.1 CAGE - Cutdown/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire ................................. 27

2.3.2 DUSI - Drug Use Screening Inventory .......................................................................... 28

2.3.3 T-ACE - Tolerance, Annoyed, Cutdown e Eye-opener ................................................. 29

2.3.4 SMAST - Short Michigan Alcoholism Screening Test ................................................. 30

2.3.5 SAAST - Self-Administered Alcoholism Screening Test ............................................... 30

2.4 Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT) ....................................................... 32

33.. EESSTTUUDDOO II –– AALLCCOOHHOOLL UUSSEE DDIISSOORRDDEERR IIDDEENNTTIIFFIICCAATTIIOONN TTEESSTT ((AAUUDDIITT))::

EEXXPPLLOORRAANNDDOO SSEEUUSS PPAARRÂÂMMEETTRROOSS PPSSIICCOOMMÉÉTTRRIICCOOSS .......................................... 37

3.1. Método .............................................................................................................................. 38

3.1.1. Amostra .......................................................................................................................... 38

3.1.2. Instrumentos .................................................................................................................. 38

3.1.3. Procedimento ................................................................................................................. 39

3.1.4. Análise Dos Dados ......................................................................................................... 40

3.2. Resultados ........................................................................................................................ 41

3.3. Discussão .......................................................................................................................... 45

44.. EESSTTUUDDOO IIII –– AAUUDDIITT:: AANNÁÁLLIISSEE FFAATTOORRIIAALL CCOONNFFIIRRMMAATTÓÓRRIIAA EE VVAALLIIDDAADDEE

CCOONNVVEERRGGEENNTTEE EE DDEE CCRRIITTÉÉRRIIOO ................................................................................... 47

4.1. Método .............................................................................................................................. 48

4.1.1. Amostra .......................................................................................................................... 48

4.1.2. Instrumento .................................................................................................................... 48

4.1.3. Procedimento ................................................................................................................. 49

4.1.4. Análise Dos Dados ......................................................................................................... 49

4.2. Resultados ........................................................................................................................ 50

4.3. Discussão .......................................................................................................................... 54

55.. DDIISSCCUUSSSSÃÃOO GGEERRAALL EE CCOONNCCLLUUSSÃÃOO .......................................................................... 56

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 59

ANEXOS ................................................................................................................................. 77

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11.. IINNTTRROODDUUÇÇÃÃOO

Page 15: Fernandes 2011

12

O álcool está presente, direta ou indiretamente, em nossas vidas, seja em propagandas,

nos noticiários de televisão, na Internet, em outdoors da cidade, em conversas com familiares,

vizinhos e/ ou colegas. Todos, algum dia na vida, presenciaram alguma situação que

envolvesse a temática da bebida alcoólica; seja durante uma festividade em que, alegres e

satisfeitos, bebiam para comemorar uma data importante, seja em um enterro, em que tristes e

inconformados, parentes choravam a perda do ente querido que dirigiu alcoolizado. Mas,

enfim, que substância tão popular é essa? O que é o Álcool? Qual a incidência do consumo

desta substância no Mundo, na América Latina, no Brasil, no Nordeste e, mais precisamente,

no Ceará? Quais as consequências de seu consumo abusivo? Qual a importância de se estudar

medidas que identifiquem problemas relacionados ao Álcool? Estas e outras perguntas, ao

longo deste estudo, tentarão ser respondidas.

O etanol, também chamado de álcool etílico ou simplesmente álcool, está

presente, em maior ou menor quantidade, em diversas bebidas consumidas em todo o mundo,

a exemplo da cerveja, da cachaça, do conhaque, do vinho e do uísque. Tal substância é

produzida pela fermentação ou destilação de vegetais como a cana-de-açúcar, frutas e grãos.

Registros arqueológicos revelam que os primeiros indícios sobre o consumo de álcool pelo ser

humano datam de aproximadamente 6000 anos a.C., sendo, portanto, um costume antigo que

tem persistido por todos esses anos. Aponta-se ainda que, a partir de um processo de

fermentação natural, o ser humano passou não só a consumir, mas a atribuir diferentes

significados ao uso do álcool. Com efeito, culturas antigas como a celta, a grega, a romana, a

egípcia e a babilônica relatam, de alguma maneira, suas formas de consumo e produção de

bebidas alcoólicas (VAILLANT, 1995; VIALA-ARTIGUES, MECHETTI, 2003).

Atualmente, levantamentos epidemiológicos revelam o álcool como o

psicotrópico mais utilizado em todo o mundo (BARROSO; MENDES; BARBOSA, 2009;

BEGUÈ; ROCHÉ, 2009; LIMA et al., 2008). A prevalência do consumo desta substância tem

aumentando, principalmente, nos países considerados em desenvolvimento. Na América

Latina, estudos mais recentes demonstram que o consumo de álcool e os padrões de ingestão

nas Américas já se encontram em níveis prejudiciais, visto que esta região vem superando as

médias globais para muitos problemas relacionados com o álcool, como os transtornos

provocados pelo seu uso e a carga de morbidade relacionada a esse consumo (MONTEIRO,

2007).

No Brasil, dentre os diversos problemas de saúde pública existentes, pode-se dizer

que o mais grave é o consumo abusivo de álcool (FACCIO, 2008; GALASSI et al, 2008;

MELONI; LARANJEIRA, 2004). Dados do I Levantamento Nacional sobre Uso de Álcool,

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13

Tabaco e Outras Drogas entre Universitários, realizado pela Secretaria Nacional de Políticas

Sobre Drogas (SENAD), em 27 Capitais Brasileiras, apresentou um retrato do consumo de

álcool, tabaco e outras drogas. O estudo constatou que aproximadamente metade dos 18.000

universitários brasileiros pesquisados já fez uso de alguma substância ilícita e que 80% dos

entrevistados que se declararam menores de 18 anos afirmaram já ter consumido algum tipo

de bebida alcoólica (BRASIL, 2010).

Coadunando esta estimativa, o II Levantamento domiciliar sobre o Uso de Drogas

no Brasil, organizado pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas-

CEBRID, encontrou que o uso de álcool na vida, nas 108 maiores cidades do País, foi de

74,6%. O menor uso de álcool ocorreu na região Norte (53,9%) e o maior no Sudeste (80,4%).

Apesar destes percentuais se vincularem à baixa frequência de consumo (uma vez na vida),

deve-se ressaltar que, no Brasil, a estimativa de dependentes de Álcool foi de 12,3%, sendo os

dados para o Nordeste próximos de 14% (CARLINI et al, 2006). Em um estudo realizado por

Bastos, Bertoni e Hacker (2008), por exemplo, observou-se que 28,4% das pessoas que fazem

uso regular de álcool se encontram no Centro-Oeste, 18,8% na região Nordeste, e 18% na

Sudeste. Nas regiões Sul e Norte, a proporção de indivíduos que referiram fazer uso regular

de bebidas alcoólicas correspondeu a 13,7% e 13,8%, respectivamente.

Como se verifica, no Brasil, as regiões Centro-oeste e Nordeste apresentam níveis

de consumo que, quando comparados aos das demais regiões do país, podem ser considerados

ainda mais preocupantes. Observando os dados epidemiológicos referentes ao consumo de

álcool no Estado do Ceará, por exemplo, os índices existentes sobre o consumo desta

substância merecem destaque. De acordo com uma pesquisa realizada pelo Instituto da

Juventude Contemporânea (2007) em parceria com Prefeitura Municipal de Fortaleza, 49,4%

dos jovens da capital cearense (faixa etária 15 a 29 anos) consomem bebida alcoólica. Deste

percentual, 31,4% fazem o consumo frequentemente, 70% são meninos e meninas de 15 a 19

anos e 35% deles começaram por volta dos 14 e 15 anos. Adicionalmente, um levantamento

realizado pelo Ministério da Saúde indicou que, na capital cearense, a proporção de pessoas

que declararam consumir abusivamente álcool cresceu de 16,4% em 2006, para 21,7%, no ano

de 2009, uma elevação de 5,3% no universo de pessoas que relataram uso exagerado de

álcool. (BRASIL, 2007, 2010).

Segundo Andrade, Anthony e Silveira (2009), apesar da ampla aceitação social da

ingestão de bebidas alcoólicas, o consumo desta substância tem sido associado a uma

variedade de consequências sanitárias e sociais adversas. De fato, além do consumo abusivo

em si, é preciso destacar a relação que este apresenta com um conjunto amplo de problemas

Page 17: Fernandes 2011

14

tanto de ordem individual como social, o que o torna, sob a perspectiva de diversos autores,

um problema de saúde pública (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009; FACCIO, 2008;

GALASSI et al, 2008).

No campo individual, sabe-se que o álcool é uma substância psicotrópica que atua

no sistema nervoso central, promovendo mudança no comportamento do consumidor,

sensação de bem-estar e prazer, apresentando também potencial para desenvolver

dependência. Têm-se demonstrado, por exemplo, os efeitos nocivos do álcool sobre muitas

enfermidades, tanto física, como a cirrose hepática, diversos tipos de câncer, pancreatite e

acidentes fetais nas mulheres grávidas, como também suas consequências psicológicas, a

exemplo a dependência química (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009; PINSK;

BESSA; 2009; WHO, 2000).

Do ponto de vista da sociedade geral, os danos se tornam ainda mais evidentes, à

medida que se avaliam os custos econômicos e sociais derivados do consumo abusivo do

álcool. Pesquisas apontam que há um gasto anual de 7,3% do Produto Interno Bruto (PIB)

brasileiro com problemas advindos do uso do álcool no País, contabilizando uma quantia de

130 milhões de reais gastos por ano (GALLASSI et al, 2008 ). De acordo com a Secretaria

Nacional Anti-Drogas (SENAD, 2008), entre 2002 e 2006, o Sistema Único de Saúde (SUS)

gastou aproximadamente 37 milhões de reais com o tratamento de dependentes de bebidas

alcoólicas e outras drogas.

Além destes dados, o álcool aparece relacionado com a redução da produtividade

laboral (OLIVEIRA, 2008; BARROS, 2009; PRAT; ADAN; SÁNCHEZ-TURET, 2009),

com o baixo desempenho escolar (TAVARES; BÉRIA; LIMA, 2001), com os índices de

acidentes de trânsito (MARÍN; QUEIROZ, 2000; ABREU; LIMA; ALVES, 2006;

PECHANSKI; DUARTE; DE BONI, 2010), com os elevados índices de violência urbana

(CHALUB; TELLES, 2006; DUARTE; CARLINI-COTRIM, 2000), com o suicídio (WHO,

2000; PONCE, 2008) e com os casos de ruptura familiar e violência doméstica

(ZILBERMAN; BLUME, 2005; MELO et al, 2005; FILIZOLA et al, 2006; ZALESKY,

2009).

Neste contexto, é importante ressaltar que os riscos associados ao consumo

abusivo de álcool não surgem aleatoriamente, mas estão ligados e são potencializados pelo

padrão de consumo desta substância. Neste sentido, o estudo deste padrão se apresenta como

um aspecto relevante na avaliação inicial de qualquer indivíduo, já que a análise detalhada

deste, além de detectar os níveis de gravidade, permite a observação de rituais de uso e auxilia

Page 18: Fernandes 2011

15

no estabelecimento de estratégias de mudança (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009;

ZALESKY, 2009;).

O Ministério da Saúde (1991) e a Organização Mundial de Saúde-OMS (1993), na

tentativa de se avaliar o padrão de consumo desenvolvido pelos usuários de álcool,

classificam o consumo de álcool em níveis distintos. Desta classificação, temos: o Bebedor

social ou moderado, indivíduo que utiliza a bebida alcoólica sem dependência e para quem a

bebida não traz nenhum problema; Bebedor-problema, aquele que começa a desenvolver

qualquer tipo de problema (físico, psíquico ou social), como resultado da ingestão do álcool,

ainda sem dependência, mas já podendo apresentar leves sintomas de abstinência, como

ansiedade ou dificuldades do sono; Dependente do álcool, pessoas que necessitam ou

dependem do álcool para sobreviver ou “funcionar”, que precisam de ingestão excessiva de

álcool, de forma contínua ou periódica, para se sentir bem ou evitar o mal-estar, como febre,

ansiedade, tremores, delírios, dentre outros. É aquele que perdeu a liberdade da decisão sobre

o ato de beber. Nesta divisão, o termo Alcoolista refere-se tanto aos bebedores-problema

quanto aos dependentes do álcool.

De acordo com Anderson (1991), a maior parte dos danos relacionados ao

consumo de álcool pode ser atribuída aos usuários que adquiriram padrões de consumo

considerados de risco ou de uso nocivo. Entende-se por padrão de risco aquele consumo de

álcool que pode vir a implicar dano físico ou mental, caso haja persistência no uso da

substância; já o consumo nocivo seria um padrão de consumo que causa danos à saúde, física

ou mental, porém ainda não satisfaz os critérios de dependência (BABOR, T. et al., 2001).

Sabendo disto, detectar precocemente o consumo abusivo de álcool é fundamental para

prevenir consequências sociais e de saúde na população geral. Assim, no intuito de

possibilitar o monitoramento e a vigilância destes padrões de ingestão, muitos pesquisadores

vêm estudando e desenvolvendo medidas que buscam auxiliar na triagem dessa população.

Sob tal perspectiva, para explicar o consumo abusivo de álcool, os pesquisadores

recorrem a múltiplos fatores que, geralmente, são distribuídos entre as dimensões: risco e

proteção (HAWKINS; CATALANO; MILLER, 1992). Na literatura, a expressão “fator de

risco” é utilizada para designar condições ou variáveis que estão associadas à possibilidade de

ocorrência de danos à saúde, ao bem-estar e ao desempenho social dos indivíduos. Por outro

lado, os “fatores de proteção” designam aquelas variáveis consideradas relevantes para

promover o crescimento saudável das pessoas, minimizando os efeitos da exposição ao risco e

o acirramento de problemas sociais (HAWKINS; CATALANO; MILLER, 1992; JESSOR et

al., 1995).

Page 19: Fernandes 2011

16

Uma busca nas bases de dados Index Psi (2011) e Google Acadêmico (2011),

usando como entrada os termos “álcool”, “consumo”, “consumo abusivo”, “consumo nocivo”,

“escala”, “questionário”, “instrumento” e “medida”, permitiu verificar que, no Brasil, apesar

do número expressivo de publicações que identificam e relacionam os fatores de risco e

proteção com o uso abusivo de álcool, ainda são escassos os estudos cujo principal objetivo

envolve a construção e/ou a adaptação de instrumentos voltados para a detecção do uso

nocivo de bebidas alcoólicas em grandes amostras (medidas de screen).

Em muitos casos, instrumentos tradicionais como o CAGE (Cutdown/ Annoyed/

Guilty/ Eye-opener Questionnaire; MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974), o DUSI (Drug

Use Screening Inventory; TARTER, 1990), o T-ACE (Tolerance, Annoyed, Cutdown e Eye-

opener; SOKOL; MARTIER; AGER, 1990), o SAAST (Self-Administered Alcoholism

Screening Test; DAVIS JR et al., 1987), o SMAST (Short Michigan AlcoholismScreening

Test; SELZER; VINOKUR; VAN ROOOIJEN, 1975) e o AUDIT (Alcohol Use Disorder

Identification Test; BABOR et al., 2001) têm sido utilizados por pesquisadores sem a devida

consideração das diferenças inter e intra-culturais, compreendendo-se, provavelmente, que os

escores obtidos por versões construídas e/ou validadas em outro país ou cidade brasileira

podem ser utilizados em contexto distinto e sem qualquer restrição.

Estes aspectos justificam a realização do presente estudo, cujo objetivo geral é

conhecer evidências de validade e precisão do Alcohol Use Disorder Identification Test

(AUDIT). Especificamente, pretende-se verificar a qualidade psicométrica do instrumento,

identificando sua estrutura fatorial, observando seus índices de consistência interna, precisão

teste-reteste e validade convergente com instrumentos correlatos. Para tanto, estruturou-se o

estudo em duas partes principais. A primeira diz respeito ao seu marco teórico, que reúne

quatro subseções: Padrões de Consumo de Álcool; Avaliação do Consumo de Álcool;

Principais Medidas de Triagem; e Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT). A

segunda parte envolve dois estudos empíricos: o Estudo I, que procura observar a validade

semântica do AUDIT, o poder discriminativo de seus itens, sua estrutura fatorial, consistência

interna e precisão teste-reteste; e o Estudo II, que busca efetuar análises fatoriais

confirmatórias, comparando distintos modelos propostos na literatura, e verificar a validade

convergente e de critério desta medida.

Page 20: Fernandes 2011

22.. MMAARRCCOO TTEEÓÓRRIICCOO

Page 21: Fernandes 2011

18

Como mencionado, o consumo abusivo de álcool tem sido considerado um problema

de saúde pública. Apesar de lícito e aceito na maioria dos países, o uso de bebida alcoólica

está associado a um número significativo de problemas relacionados à saúde, com

consequências psicológicas e sociais (BABOR et al, 2001; MONTEIRO, 2007; REHM;

MONTEIRO, 2005). Sobre isto, sabe-se que os riscos associados não surgem aleatoriamente,

mas estão ligados e são potencializados pelo padrão com que as pessoas consomem o alcóol

(ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009). Assim, no intuito de possibilitar o

monitoramento e a vigilância destes padrões de ingestão, muitos pesquisadores vêm

estudando e desenvolvendo medidas que buscam auxiliar na triagem dessa população.

O Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT), foco deste estudo e

instrumento de triagem, foi desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde (BABOR et al,

2001) e se configura como uma das medidas mais empregadas em todo o mundo para a

identificação de grupos de risco e rastreamento do uso inadequado de álcool em amostras

clínicas e da população geral (MENESES-GAYA et al, 2009; RIST; GLÖCKNER-RIST;

DEMMEL, 2009; SELIN, 2006). No entanto, como apontam Meneses-Gaya et al (2009),

apenas um pequeno número de pesquisas tem analisado aspectos importantes como a

validade, a fidedignidade e a estrutura fatorial desta medida em idiomas diferentes do inglês,

o que compromete sua confiabilidade e a possibilidade de comparação entre os estudos. Neste

sentido, justificando a realização deste estudo, parece evidente, sobretudo quando se estuda

fenômenos como o uso abusivo de álcool, que tanto o psicólogo como os demais profissionais

de saúde estejam atentos à necessidade de contar com medidas que reúnam parâmetros

satisfatórios de validade e precisão para os contextos nos quais estão inseridos, demonstrando

a qualidade psicométrica dos instrumentos que utilizam.

Sabendo disto, antes de apresentar aspectos mais específicos do AUDIT, é preciso

entender as definições e os distintos padrões de consumo de álcool existentes no mundo e no

Brasil, bem como alguns tipos de medidas utilizados na avaliação do consumo de álcool,

enfatizando aquelas nomeadas como medidas screen/triagem, que serão apresentadas ao longo

deste capítulo.

2.1 Padrões de Consumo de Álcool

A definição exata dos diferentes padrões de consumo de álcool, bem como a

compreensão dos seus efeitos potenciais, sejam eles benéficos ou prejudiciais, são aspectos

importantes na prevenção dos danos associados ao uso desta substância (REHM et al, 2003).

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19

A compreensão de tais padrões é multidimensional, pois envolve aspectos relacionados ao

contexto de beber, à relevância cultural, à bebida preferida, à frequência com que se consome

(número de dias por semana), à quantidade, ao local da ingestão de álcool, ao consumo

durante as refeições ou não, às características individuais do bebedor, sejam

biológicas/genéticas, sociodemográficas ou socioeconômicas, e, finalmente, a qualidade da

bebida (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009; ELLISON,2007).

Apesar de não existir um consenso internacional sobre a dimensão exata de uma

unidade-padrão de bebida alcoólica, o Ministério da Saúde (1991) e a OMS (1993), como já

foi dito, na tentativa de avaliar o padrão de ingestão de álcool desenvolvido pelos

consumidores, classifica o consumo em três níveis: bebedor social ou moderado; bebedor-

problema e dependente. Outros estudos utilizam-se dos termos: consumo de risco e consumo

nocivo (BABOR, T. et al, 2001). A despeito das diferenças entre os termos, as definições

utilizadas são de certa forma semelhantes, uma vez que têm a finalidade de informar, de

maneira clara e objetiva, quanto ao uso de álcool e suas repercussões no indivíduo e na

sociedade. Na literatura, existem diversas discussões sobre alguns conceitos utilizados na

definição de padrões de consumo, alguns deles, por exemplo, fazem referência aos termos:

uso moderado e uso binge (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009; LARANJEIRA et

al., 2007; NAIMI et al., 2003).

Sobre estes padrões, temos que o uso moderado é um conceito de difícil

compreensão, na medida em que transmite ideias diferentes para cada pessoa. Comumente,

essa definição é confundida com “beber socialmente”, que significa o uso de álcool dentro de

padrões aceitos pela sociedade (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009). De acordo com

o National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism- NIAAA, nos Estados Unidos, “beber

moderadamente” refere-se ao consumo com limites onde não há prejuízos ao indivíduo e à

sociedade. Em termos de unidades de bebida, o uso moderado é definido como o uso de até 14

unidades/semana para homens, até 7 para mulheres e não mais que 3 para indivíduos de faixa

etária superior a 65 anos (considerando a unidade-padrão de 14g de etanol puro), e aconselha-

se um ou dois dias semanais sem consumo de álcool. Em termos de unidade diária, a

definição de consumo moderado pode variar de uma dose/dia a cinco doses/dia

(GUNZERATH et al, 2004).

Embora os níveis estipulados pelo NIAAA sejam razoavelmente semelhantes aos

sugeridos por outros países, a definição exata de uso moderado ainda é controversa

(GUNZERATH et al, 2004; KLATSKY, 2007), especialmente devido à variação da definição

de unidade-padrão. No Brasil, por exemplo, não existe uma definição exata sobre uso

Page 23: Fernandes 2011

20

moderado. Em contrapartida, muitas vezes, observa-se que alguns países definem consumo

moderado sem ter definido unidade-padrão, como a Indonésia e Luxemburgo (ANDRADE;

ANTHONY; SILVEIRA, 2009). Nestes países, recomenda-se a redução ou evitação do álcool

sem reconhecer a unidade-padrão do álcool para seu contexto. O NIAAA aponta que estas

dificuldades relacionadas à definição de uso moderado de álcool é resultado das diferenças

individuais, ou seja, a quantidade de álcool que uma pessoa pode consumir sem estar

intoxicada varia de acordo com a experiência, tolerância, vulnerabilidade genética, estilo de

vida e tempo em que o álcool é consumido no organismo (GUNZERATH et al, 2004)

A discussão sobre os benefícios e malefícios do uso moderado de álcool também é

polêmica (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009). Alguns autores sugerem que a

moderação está relacionada com a diminuição da mortalidade, com destaque para a

diminuição no risco de incidência de doenças cardiovasculares e a diminuição nas perdas

cognitivas decorrentes da idade (DI CASTELNUOVO, 2006; KOPPES, 2006). Outros

apontam que o uso moderado de álcool pode trazer prejuízos à saúde; a moderação, neste

sentido, estaria relacionada com o aumento no risco de desenvolvimento de câncer e de

anomalias fetais, com diminuição no peso e no tamanho do feto (LEINOE et al., 2005;

REHM et al., 2003)

Acerca do uso binge, tem-se que este é um padrão de consumo considerado mais

perigoso e frequentemente associado a uma série de problemas físicos, sociais e mentais

(NAIMI et al., 2003). Tal padrão se define pelo beber com maior risco em um curto espaço de

tempo. Em alguns contextos, utiliza-se o termo “beber pesado episódico” ou “beber de alto

risco”. A quantidade que define o “beber em binge” foi estabelecida em 5 doses para homens

e 4 doses para mulheres, em uma só ocasião (BREWER et al., 2005). Os críticos ao uso do

termo afirmam que essa expressão é restrita na medida em que se apóia exclusivamente na

quantidade para definir uso inadequado de álcool, enfatiza-se que o termo pode assumir

significados diferentes dependendo do contexto. Além disso, essa não leva em conta o tempo

gasto para consumir as 4, 5 ou mais doses de álcool e o peso do indivíduo que faz essa prática,

não sendo considerada uma medida informativa, pois apenas discrimina se a pessoa faz ou

não uso binge de álcool, ignorando os riscos existentes entre nenhuma dose e cinco doses ou

mais de bebida alcoólica (CAREY, 2001).

Outras terminologias também são utilizadas quando se fala de padrão de consumo,

a exemplo do consumo excessivo, prejudicial e abusivo. Sobre o consumo excessivo (drinking

excessive), tem-se que este é utilizado para se referir a um hábito de consumo que excede o

padrão considerado moderado ou aceito, tal terminologia vem sendo substituída por

Page 24: Fernandes 2011

21

“consumo de risco”; já o prejudicial (harmful use, drinking harmful) refere-se a um padrão de

ingestão de uma substância psicoativa que causa dano físico ou mental, mas nem sempre traz

consequências sociais adversas. O abusivo (drinking heavy) se define como um padrão que

excede ao moderado, trata-se de um consumo que supera um volume diário determinado (por

exemplo, três doses por dia) ou uma quantidade de ingestão por ocasião (por exemplo, cinco

doses em uma ocasião) (OMS, 1994).

Conhecendo tais terminologias, aponta-se que, no mundo, não há um padrão de

consumo de álcool único, uma vez que existem variações culturais, de faixa etária, de gênero

e de classe social, dentre outras categorias (ANDRADE; ANTHONY; SILVEIRA, 2009;

ELLISON, 2007). Adiciona-se a isto, o fato de que a maioria das evidências disponíveis

provém de países desenvolvidos, e pouco se sabe sobre estes padrões em países em

desenvolvimento (RILEY; MARSHALL, 1999). No Brasil, por exemplo, o consumo anual de

álcool per capita, conforme verificado em 2004, incluindo o consumo não-registrado, foi

estimado em 8,32 litros de álcool puro por adulto, quantidade muito acima da média mundial,

que é 5,8 litros (WHO, 2004). Dados do primeiro e único, até o momento, Levantamento

Nacional sobre os Padrões de Consumo de Álcool na População Brasileira apontaram que, em

relação ao tipo de bebida, a cerveja é a preferida em ambos os sexos, em todas as idades,

regiões e classes sociais. Já os destilados (por exemplo, cachaça, rum) são consumidos

predominantemente nas Regiões Norte (18%) e Nordeste (20%) (LARANJEIRA et al, 2007).

Sobre o “uso binge”, sabe-se que do total da população adulta brasileira, 28% já

“bebeu em binge” pelo menos 1 vez no último ano, existindo ainda variações regionais

significantes. No Sul, por exemplo, 36% da população masculina já “bebeu em binge”,

enquanto que no Norte, esse número foi reduzido para 21% e está associado a uma taxa de

abstinência de mais de 50% da amostra. Acerca dos problemas decorrentes do álcool nos

últimos 12 meses, 29% da população de adultos disse que bebeu e não teve problema, 23%

disse que bebeu e teve problemas e o restante (48%) nunca bebeu ou não bebeu no último ano

(LARANJEIRA et al, 2007).

Conhecendo tais padrões e no intuito de possibilitar o monitoramento e a

vigilância destes padrões de ingestão, muitas medidas são utilizadas na avaliação do consumo

abusivo de álcool (CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO, 2006; FORMIGONI;

CASTEL, 1999). Portanto, nos parágrafos seguintes, serão apontadas algumas destas

medidas, enfatizando a importância da utilização das mesmas na avaliação do consumo do

álcool.

Page 25: Fernandes 2011

22

2.2. Avaliação do Consumo Abusivo de Álcool

Quando se fala em medir o consumo de álcool, diversos métodos podem ser

utilizados, entre eles: 1) o exame de sangue, para detectar a presença do álcool no indivíduo;

2) o exame clínico, feito por médico, que não determina a presença de álcool no sangue, mas

a avaliação de sinais de embriaguez referente a aspectos ligados à aparência, às atitudes, à

orientação, à memória e à capacidade motora e verbal; 3) o teste do etilômetro; 4) e as escalas

ou questionários de avaliação (CONSELHO NACIONAL DE TRÂNSITO, 2006;

FORMIGONI; CASTEL, 1999; NIAA, 2003).

No exame de sangue para detectar presença de álcool, a coleta é feita por punção

venosa, e utiliza-se o método da cromatografia gasosa, que permite informar a quantidade de

álcool no sangue, considerando o tipo de bebida ingerida, o peso e o tempo que o indivíduo

consumiu a bebida, dentre outros aspectos (GAZAL-CARVALHO et al, 2002; VENTORIN,

2004). O exame clínico ocorre pela observação dos indicadores de ingestão de álcool (por

exemplo, hálito, motricidade, psiquismo, funções vitais), mensura-se neste exame o grau de

embriaguez apresentado pelo consumidor (PINOTTI; ANGELUCI, 2010). Já o teste do

etilômetro ou bafômetro, é feito por um equipamento que permite verificar, por meio de

reações químicas, o nível de álcool etílico presente no ar expirado, trata-se de um instrumento

bastante utilizado por agentes de trânsito em todo o mundo (BRAATHEN, 1997; FERREIRA;

MÓL; SILVA, 1997).

Além destes métodos, ainda existem as escalas e questionários que, de acordo

com a revisão de Formigoni e Castel (1999), são elaborados para objetivos específicos na

avaliação do consumo do álcool, podendo ser classificados como instrumentos de: 1)

Triagem; 2) Diagnóstico; 3) Avaliação do consumo de álcool e outras drogas; 4) Avaliação

dos comportamentos associados ao consumo de álcool e drogas; 5)Avaliação do

comprometimento de outras áreas; 6) Planejamento do tratamento; 7) Análise do processo de

tratamento; e 8) Avaliação dos resultados. Com base nesta revisão proposta por Formigoni e

Castel (1999) e nas referências indicadas pelo guia do NIAA (2003) tais medidas serão

apresentadas. Entretanto, sem deixar de reconhecer a importância dos demais métodos

supracitados, destaca-se que os instrumentos de triagem, em que se enquadra o AUDIT, foco

deste estudo, serão apresentados com maior ênfase no tópico seguinte.

Deste modo, acerca dos Instrumentos de diagnóstico, sabe-se que estes admitem

uma descrição formal ou uma quantificação dos sintomas, de acordo com os principais

Page 26: Fernandes 2011

23

sistemas diagnósticos (FORMIGONI; CASTEL, 1999; NIAA, 2003). As principais medidas

utilizadas nesta categoria, são: ADS (Alcohol Dependence Scale; SKINNER; ALLEN, 1982),

CIDI (Composite International Diagnostic Interview - Cidi Core; ROBINS et al., 1989),

DRINC (The Drinker Inventory of Consequences; MILLER; TONIGAN; LONGABAUGH,

1995), RDS (Restrained Drinking Scale; RUDERMAN; MCKIRNAN, 1984), SADD (Short

Alcohol Dependence Data, RAISTRICK; DAVIDSON, 1983),SADQ (Severity of Alcohol

Dependence Questionnaire, STOCKWELL; MURPHY; HODGSON, 1983), PRISM

(Psychiatric Research Interview for Substance and Mental Disorders; GRANT; TOWLE,

1991) e CIWA-A (Clinical Institute Withdrawal Assessment for AlcoholScale; STUPPAECK

et al., 1994).

Sobre os instrumentos que avaliam o consumo de álcool, estes são mais voltados à

caracterização e/ou medição da quantidade, frequência, intensidade e padrão do consumo

(FORMIGONI; CASTEL, 1999; NIAA, 2003). Algumas das escalas mais utilizadas para

avaliação do consumo de álcool são: QFV (Quantity-Frequency Variability Index;

CAHALAN; CISIN, 1969), NIAAA QF (National Institute on Alcohol Abuse and Alcoholism

Quantity-Frequency, ARMOR; POLICH; STAMBUL, et al.,1978), LDH (Life time Drinking

Hissory; SKINNER; SHEU, 1982), CDP (Comprehensive Drinker Profile; MILLER;

MARLLAT, 1984), CLA (Computerized Lifestyle Assessment; SKINNER, 1984).

Dentro desta mesma revisão (FORMIGONI; CASTEL, 1999; NIAA, 2003), para

a avaliação dos comportamentos associados ao consumo de álcool e drogas, há instrumentos

destinados à análise das situações de uso, ou risco, como o IDS e o IDTS (Inventory of

Drinking Situations e Inventory of Drug Taking Situations, respectivamente; ANNIS, 1987;

ANNIS; MARTIN,1985; SILVA et al., 1995), outros para análise da auto-eficácia, como o

SCQ (Situational Confidence Questionnaire; ANNIS; GRAHAM, 1988) ou da capacidade de

enfretamento, como o CBI (Coping Behaviours Inventory; LITMAN et al., 1983).

Já nas medidas de avaliação do comprometimento de outras áreas, incluem-se as

escalas que avaliam especificamente áreas como: situação laboral, econômica, relacionamento

familiar e social, história familiar de dependência de substâncias psicoativas, entre outros

(FORMIGONI; CASTEL,1999; NIAA, 2003). Dentre os instrumentos usados para esse fim,

temos: ASI (Addiction Severity Index; MCLELLAN et al., 1992), SADD (Short Alcohol

Dependence Data, RAISTRICK; DAVIDSON, 1983), ADS (Alcohol Dependence Scale;

SKINNER; ALLEN, 1982), DAST (Drug Abuse Screening Test; SKINNER, 1982), M-

SMAST e F-SMAST (Adaptação Short Michigan Alcoholism Screening Test (ASMAST) para

pais e mães; CREWS, SHER, 1992), FES (Family Environment Scale; MOOS; MOOS,

Page 27: Fernandes 2011

24

1993), FAM (Family Assessment Measure, SKINNER; STEINHAUER; SANTA-

BARBARA, J, 1983), SCL-90 (Symptom Checklist – 90; DEROGATIS, 1983).

Há, ainda, as medidas para o planejamento do tratamento que são aquelas

utilizadas no desenvolvimento de um plano de recuperação, levando em consideração não só

os aspectos diretamente relacionados ao uso de substâncias, mas também a prontidão ou

disponibilidade para mudança, as expectativas dos efeitos das drogas, a auto-eficácia, a perda

de controle, a história familiar de dependência de álcool e outras drogas e as condições sociais

do indivíduo (FORMIGONI; CASTEL,1999; NIAA, 2003). Destacam-se entre estes

instrumentos: ASI (Addiction Severity Index; MCLELLAN et al., 1992), T-ASI(Teen -

Addiction Severity Index; KAMINER; BUKSTEIN; TARTER, 1991), FTQ (Family Tree

Questionnaire for Assessing Family Hissory of Alcohol Problems, MANN; SOBELL;

SOBELL,1985), IDS ( Inventory of Drinking Situations; ANNIS, 1987), SCQ (Situational

Confidence Questionnaire; ANNIS; GRAHAM, 1988).

Por fim, existem as medidas que fazem a análise do processo de tratamento, que

são aquelas destinadas a auxiliar o entendimento do processo de tratamento, incluindo as

metas iniciais e intermediárias, entre outras (FORMIGONI; CASTEL, 1999; NIAA, 2003).

Destaca-se, entre elas, o TSR (Treatment Service Review, MCLELLAN et al., 1992). E

também as medidas que fazem a Avaliação dos resultados, as quais se propõem a avaliar os

resultados finais do tratamento. Poucos instrumentos foram desenvolvidos especificamente

com essa finalidade, como o DRINC (The Drinker Inventory of Consequences; MILLER;

TONIGAN; LONGABAUGH, 1995), LDQ (Leeds Dependence Questionnaire ; RAISTRICK

et al., 1994) e a ESA (Escala de Severidade de Alcoolismo; ANDRADE, 1991).

Acerca desta divisão, sabe-se que precisam ser definidas, antes da escolha de uma

escala ou instrumento, características como: o objetivo e a utilidade clínica, o período de

tempo que se pretende avaliar, a população-alvo, a existência de normas, o tipo de

administração, o nível de treinamento necessário e o custo do uso de uma referida medida

(FORMIGONI; CASTEL, 1999). Deste modo, evita-se a utilização de instrumentos

elaborados com uma determinada finalidade, em outros tipos de avaliação, exigindo-se, na

escolha, evidências mínimas de validação do instrumento para um dado contexto. No tópico

seguinte, tendo em vista os objetivos deste estudo, serão especificados alguns aspectos dos

instrumentos denominados de triagem do consumo abusivo de álcool.

Page 28: Fernandes 2011

25

2.3. Medidas de Triagem do Consumo Abusivo do Álcool

De acordo com o dicionário de Psicologia da APA (2010, p. 997), triagem é: “a

avaliação inicial de um paciente para determinar sua adequação para tratamento médico ou

psicológico geral, para uma abordagem de tratamento específica ou para encaminhamento a

um hospital”. Ou seja, triagem não é o mesmo que diagnóstico, mas sim um recurso utilizado

para a identificação do problema, a escolha do tratamento e a verificação da compatibilidade

entre o serviço prestado e as necessidades e características da clientela (PARKIN; FRAKE;

DAVISON, 2003).

O procedimento de triagem é considerado um dos pilares da prevenção da saúde.

Este procedimento pode ser realizado através de exames toxicológicos, de entrevistas, ou por

meio de instrumentos screen (NIAA, 2003). A triagem para os problemas com o álcool é uma

prática relativamente recente, mas tem uma base sólida de apoio, podendo ser realizada em

serviços de atenção primária, nas emergências hospitalares, em sistemas judiciários e no meio

universitário (NIAA, 2005). Em serviços de atenção primária à saúde, por exemplo,

recomenda-se a aplicação de instrumentos de triagem para determinar a presença de uso

nocivo ou de risco do álcool (MARQUES; RIBEIRO, 2002; RONZANI et al., 2005).

De acordo com NIAA (2003), há uma variedade de dimensões que pode

determinar os pontos fortes de uma medida de triagem, entre elas: a sensibilidade e a

especificidade. A sensibilidade (ou taxa de verdadeiros positivos) de um teste diz respeito à

capacidade de um instrumento em identificar pessoas com um dado problema, neste caso,

problemas com o álcool. Já a especificidade (ou taxa de verdadeiros negativos) mede a

capacidade do instrumento em excluir corretamente aqueles que não possuem a doença, ou

seja, o quão específica é a medida. Diferente dos instrumentos ditos diagnósticos, em que se

busca uma alta especificidade da medida, nos instrumentos de triagem dá-se mais ênfase

àqueles com maior sensibilidade ao problema ou doença (NIAA, 2005).

Os instrumentos de triagem do consumo do álcool, em geral, são de aplicação

rápida e simples. Na seleção de um instrumento desse tipo, deve-se levar em consideração,

também, a disponibilidade de pessoal para providenciar o feedback e o encaminhamento dos

casos detectados (NIAA, 2005). Há grande variabilidade de tamanho, abrangência e

sofisticação nesses instrumentos: desde aqueles com apenas quatro questões, como o CAGE,

até escalas computadorizadas com 350 itens, variando a aplicação de 1 minuto a meia hora.

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26

Tais instrumentos, também chamados de rastreamento ou screen, têm grande importância na

identificação de indivíduos que apresentam problemas relacionados ao uso/abuso de álcool

(FLEMING, 1997; CORDEIRO, 2006).

Sabe-se, por exemplo, que nem todos os bebedores de risco tornam-se

dependentes, sendo importante considerar que não se desenvolve a dependência do álcool sem

antes ter existido padrões de consumo de álcool ditos perigosos ou arriscados. Acerca de tal

fato, tem-se que a triagem do consumo desta substância torna-se relevante e traz consigo

diversos benefícios para os usuários, uma vez que fornece uma oportunidade para educar os

consumidores sobre os riscos e danos de um determinado padrão de consumo. Além disso,

oferece a oportunidade para que os profissionais de saúde tomem medidas preventivas que se

mostrem eficazes na redução dos riscos relacionados ao álcool (BABOR et al., 2001).

Sobre isto, pesquisas têm demonstrado que a maior parte dos problemas

ocasionados pelo uso do álcool nos pacientes da atenção primária à saúde manifesta-se

justamente entre aqueles que não são dependentes da substância, mas entre os que apresentam

comportamento de risco quando bebem, como, por exemplo, dirigir embriagado. Assim, a

detecção, não só dos pacientes que apresentam quadro de dependência ao álcool, mas também

daqueles que fazem uso da substância de maneira perigosa, torna-se bastante importante na

atenção primária à saúde (WHO, 2001).

Na introdução deste estudo, alguns dos instrumentos de triagem do consumo de

álcool foram citados, entre eles: CAGE (Cut down/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener

Questionnaire; MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974), o DUSI (Drug Use Screening

Inventory; TARTER, 1990), o T-ACE(Tolerance, Annoyed, Cut down e Eye-opener; SOKOL;

MARTIER; AGER, 1990), o SMAST (Short Michigan Alcoholism Screening Test; SELZER;

VINOKUR; VAN ROOOIJEN, 1975), o SAAST (Self-Administered Alcoholism Screening

Test; DAVIS JR et al., 1987) e o AUDIT (Alcohol Use Disorder Identification Test; BABOR

et al., 2001). Neste subtópico, realizar-se-á uma breve explanação acerca destas medidas que

têm sido utilizadas na triagem do consumo abusivo de álcool, tendo por base as descrições

apontadas pelo NIAA (2003).

Page 30: Fernandes 2011

27

2.3.1 CAGE - Cutdown/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire

O CAGE é um instrumento que tem o objetivo de identificar bebedores-

problema. O questionário é constituído por quatro questões referentes ao acrônimo: Cut-

down, Annoyed, Guilty e Eye-opener. Tal medida foi desenvolvida para ser usada de forma

breve e de fácil administração, com o fim de que os profissionais de saúde pudessem utilizá-la

como uma ferramenta de rastreio cognitivo breve em um ambiente clínico (MAYFIELD;

MCLEOD; HALL, 1974).

As perguntas do CAGE são: 1) Alguma vez o(a) senhor(a) sentiu que deveria

diminuir a quantidade de bebida alcoólica ou parar de beber? - Cut down; 2) As pessoas o(a)

aborrecem porque criticam o seu modo de tomar bebida alcoólica? - Annnoyed; 3) O(a)

senhor(a) se sente chateado(a) consigo mesmo(a) pela maneira como costuma tomar bebidas

alcoólicas? - Guilty; 4) Costuma tomar bebidas alcoólicas pela manhã para diminuir o

nervosismo ou ressaca? - Eye-opener (MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974).

Estas questões foram desenvolvidas em 1968, em um estudo clínico, em que 130

pacientes clínicos e cirúrgicos foram selecionados aleatoriamente de uma população

hospitalar geral. Cada paciente respondeu a uma extensa entrevista com perguntas

desenvolvidas para a detecção do alcoolismo. Conforme relato dos resultados, dezesseis dos

130 pacientes foram claramente identificados como sofrendo de alcoolismo por seus próprios

médicos (confirmado pela revisão dos prontuários). Análises compararam as respostas destes

dezesseis alcoolistas identificados com o restante da amostra, e quatro questões emergiram,

discriminando os dois grupos. As quatro perguntas foram retestadas utilizando uma população

clínica e foram usadas para distinguir de forma confiável alcoólistas de não-alcoólistas

(EWING, 1984).

As respostas ao questionário CAGE são dadas de forma dicotômica: “Sim” ou

“Não”. A cada resposta “Sim” atribui-se 1( um) ponto ao sujeito, a cada resposta não, atribui-

se 0 (zero). A soma da pontuação geral não pode ultrapassar 4 pontos, visto que o

questionário só possui quatro perguntas. Na interpretação dos resultados, tem-se que quanto

maior for a pontuação, maior torna-se o risco do consumo do álcool pelo indivíduo. Alguns

estudos analisaram os diferentes números de resposta positiva (de uma a quatro) do

questionário e definiram seu ponto de corte, de acordo com os critérios de sensibilidade e

especificidade, em duas respostas positivas (MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974;

MASUR; MONTEIRO, 1983; CAPRIGLIONE; MONTEIRO; MASUR, 1985; KING, 1986;

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28

BUCHSBAUM et al., 1993, AMARAL; MALBERGIER, 2004;). Em outros estudos, tem-se

recomendado que, para mulheres, este ponto de corte seja reduzido de duas para apenas uma

resposta positiva (BRADLEY et al., 1998).

Em estudo realizado, confirmou-se a estrutura unifatorial da medida, obtendo

cargas fatoriais entre 0,55 e 0,92 (SMART; ADLAF; KNOKE, 1991). Apesar disto, embora o

CAGE seja relatado como uma boa forma de distinguir grupos de alcoolistas de outras

amostras clínicas, em sua interpretação pode-se produzir um elevado número de falsos

positivos, especialmente em indivíduos que anteriormente tinha problemas com álcool.

(STRANG; BRADLEY; STOCKWELL, 1989). No Brasil, este é um dos mais conhecidos

instrumentos de rastreamento do acoolismo, o primeiro estudo de validação realizado neste

país foi desenvolvido por Masur e Monteiro (1983), que encontraram sensibilidade de 88% e

especificidade de 83% quando o critério para positividade do teste foi a presença de pelo

menos duas respostas positivas.

2.3.2 DUSI - Drug Use Screening Inventory

A versão original deste instrumento, proposta por Tarter (1990), apresenta 149

questões, divididas em 10 subáreas: 1) o uso de substâncias (ex.: “Você já teve „fissura‟ ou

um forte desejo por álcool ou drogas?”); 2) padrão de comportamento (ex.: “Você briga

muito?”); 3) estado de saúde (ex.: “Você se submeteu a algum exame físico ou esteve sob

cuidados médicos no ano passado?”); 4) distúrbios psiquiátricos (ex.: “Intencionalmente, você

já danificou a propriedade de alguém?”);5) competência social (ex.: “Os jovens de sua idade

não gostam de você?”); 6) sistema familiar (ex.: “Algum membro de sua família já usou

maconha ou cocaína?”); 7) adaptação na escola (ex.: “Você não gosta da escola?”); 8) ajuste

de trabalho (ex.: “Você já teve um trabalho remunerado do qual foi despedido?” ; 9) relações

entre pares (ex.: Algum de seus amigos usa álcool ou drogas regularmente?”); 10) e Lazer /

Recreação (ex.: “Comparado com a maioria dos jovens, você faz menos esportes?”).

As perguntas do DUSI são respondidas com "Sim" ou "Não", sendo que as

respostas positivas indicam a presença de problemas. No Brasil, os primeiros estudos de

validação foram desenvolvidos por De Michelli e Formigoni (2000), três índices foram

calculados, após a aplicação do DUSI, que são: Densidade Absoluta de Problemas, Densidade

Relativa de Problemas de cada área, e Densidade Global de Problemas.

Page 32: Fernandes 2011

29

A Densidade Absoluta de Problemas é uma medida da gravidade dos problemas

em cada área específica, esta é calculada através da divisão do número de respostas

afirmativas em cada área pelo número total de questões da área, em seguida, multiplica-se o

resultado por 100. O percentual obtido representa a "gravidade" dos problemas na área

avaliada. A Densidade Relativa dos Problemas de cada área é uma comparação da gravidade

dos problemas entre todas as áreas, a qual é obtida dividindo a densidade absoluta de cada

área pela soma das densidades absolutas de todas as áreas e multiplicando por 100. Esse

percentual representa a contribuição de cada área para o total de problemas. A Densidade

Global de Problemas é a soma das respostas afirmativas em todas as áreas dividida pelo

número total de questões, multiplicado por 100. Esse percentual é o indicador da gravidade

dos problemas em geral. (TARTER, 1990; DE MICHELI; FORMIGONI, 2000; 2002).

2.3.3 T-ACE - Tolerance, Annoyed, Cutdown e Eye-opener

O T-ACE (acrônimo obtido das palavras inglesas: Tolerance, Annoyed, Cut down

e Eye-opener) foi desenvovido por Sokol et al. (1990), trata-se de um questionário breve,

semelhante ao CAGE. Tal medida é aplicável no período de um a dois minutos de

conversação, sendo padronizada para a rotina e prática dos serviços de ginecologia e

obstetrícia (SILVA; CARRILHO, 1991).

As quatro questões principais integrantes do questionário procuram: levantar

informações sobre a tolerância (Tolerance – T); investigar a existência de aborrecimento com

relação às críticas de familiares e terceiros sobre o modo de beber da gestante (Annoyed– A);

avaliar a percepção da necessidade de redução do consumo (Cut Down – C); e conseguir

informações sobre a persistência do consumo e dependência, por meio de forte desejo e

compulsão para beber durante a manhã (Eye-opener – E). Cada uma das quatro questões

possui uma pontuação que varia de zero a dois pontos, para a primeira questão, e de zero a um

ponto da segunda à quarta questão (SOKOL; MARTIER; AGER, 1990; FABBRI;

FURTADO; LAPREGA, 2007).

No Brasil, uma estudo realizado para avaliar as caracterísitcas de desempenho da

versão brasileira do T-ACE para rastreamento do consumo de álcool na gestação, mostrou que

o instrumento preencheu adequadamente os critérios de desempenho que qualificam o papel

de instrumento básico para a triagem do consumo de álcool durante a gravidez, sendo sua

Page 33: Fernandes 2011

30

utilização recomendável na rotinas e práticas dos serviços obstétricos (FABBRI; FURTADO;

LAPREGA, 2007)

2.3.4 SMAST - Short Michigan Alcoholism Screening Test

O SMAST é uma medida de triagem, desenvolvida a partir do Michigan

Alcoholism Screening Test - MAST (SELZER; VINOKUR; VAN ROOOIJEN, 1975). O

MAST é um questionário de auto-relato breve utilizado para detecção do consumo abusivo de

álcool (SELZER, 1971). Tal instrumento é composto por 24 itens que avaliam os sintomas e

as consequências do abuso do álcool, no que se refere à perda de controle, às relações

famíliares, ao mundo laboral, dentre outras questões. Várias versões mais curtas do MAST

têm sido desenvolvidas, incluindo o modelo dos dez itens do Brief-MAST (POKORNY;

MILLER; KAPLAN, 1972) e o modelo dos treze itens do Short-MAST (SELZER;

VINOKUR; VAN ROOIJEN, 1975), que será enfatizado nesta seção.

O SMAST, por sua vez, é apresentado como mais eficaz, na medida em que não

apresenta uma tendência de falsos positivos, como o MAST (GIBBS, 1983). Além disso, as

perguntas desta versão também são respondidas com "sim" ou "não". Na interpretação dos

resultados, cada resposta "sim" equivale a um ponto, de modo que uma pontuação de 1 ou 2

escores indica que o indivíduo não possui nenhum problema com álcool e nenhuma ação

adicional é necessária neste momento. Um escore de 3 indica um problema com álcool e

investigação adicional é recomendável. A pontuação de 4 ou mais indica que pode haver um

problema com álcool e que uma avaliação completa é imprescindível (SELZER; VINOKUR;

VAN ROOOIJEN, 1975).Outros estudos têm adaptado este instrumento para populações mais

específicas, como exemplo o F-SMAST e o M-SMAST, adaptação do Short Michigan

Alcoholism Screening Test (SMAST) para pais e mães, respectivamente (CREWS; SHER,

1992).

2.3.5 SAAST - Self-Administered Alcoholism Screening Test

A versão original do SAAST é composta por 35 itens derivados do Michigan

Alcoholism Screening Test - MAST (SELZER, 1971; SWENSON; MORSE, 1975). Trata-se

de um instrumento de triagem, que avalia o abuso de álcool e problemas relacionados a este

consumo em populações clínicas gerais (COLLIGAN; DAVIS; MORSE, 1999; DAVIS,

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31

2000). O instrumento está disponível em uma forma para administração ao paciente e um

formulário para uso com uma pessoa (amigo, esposo, etc) que conhece o paciente. Domínios

incluídos são a perda de controle, as consequências físicas, as consequências emocionais, a

preocupação por parte dos outros e dos membros da família com problemas de alcoolismo

(NIAA, 2003).

Os escores obtidos no SAAST são utilizados para classificar os respondentes em

categorias de risco do alcoolismo. Por exemplo, pontuações de 6 ou menos não são

indicativos de alcoolismo, a pontuação de 7 a 9 indicam possibilidade de dependência, e

pontuação de 10 ou mais sugerem provável alcoolismo (COLLIGAN; DAVIS; MORSE,

1999). A versão original do instrumento foi validada em uma amostra composta por pacientes

em tratamento do alcoolismo e por pacientes da população clínica geral. Nas análises

realizadas, o instrumento diferenciou os dois grupos da amostra, bem como identificou a

presença de alcoolistas “ocultos” na população clínica geral. Concluiu-se que esse dispositivo

seria um importante questionário de triagem para detectar a presença do alcoolismo em

pacientes das populações clínicas gerais (SWENSON; MORSE, 1975). Quanto à

sensibilidade, as estimativas variam de 90% a 95%, enquanto a especificidade varia de 65% a

99% entre a amostra dos alcoolistas e a amostra dos não-alcoolistas, respectivamente

(DAVIS, 2000; COHEN et al., 1977; OLSEN et al.., 1989).

Embora o SAAST seja uma medida de triagem do consumo de álcool, diversas

pesquisas e problemas clínicos relacionados ao uso do SAAST sugerem uma revisão do

instrumento. Mais especificamente, a revisão do formato e dos itens, que permitam uma: 1)

melhor avaliação da experiência de vida de problemas relacionados ao álcool, 2)

diferenciação entre o estado de beber atual e passado, 3) a inclusão de itens associados com o

Manual Diagnóstico e Estatístico-IV (DSM-IV) e 4) a atualização da linguagem dos itens

(DAVIS JR et al., 1987; PATTEN et al., 2006; VICKERS-DOUGLAS et al., 2005).

E, por fim, tem-se o Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT), foco

deste estudo e instrumento de triagem, desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde

(BABOR et al., 2001). O estudo do AUDIT, como dito anteriormente, pode ser justificado na

medida em que este instrumento se configura como uma das medidas mais empregadas em

todo o mundo para a identificação de grupos de risco e rastreamento do uso inadequado de

álcool em amostras clínicas e da população geral (MENESES-GAYA et al., 2009; RIST;

GLÖCKNER-RIST; DEMMEL, 2009; SELIN, 2006). Além do que, como apontam Meneses-

Gaya et al. (2009), apenas um pequeno número de estudos tem analisado aspectos importantes

como a validade, a fidedignidade e a estrutura fatorial em idiomas diferentes do inglês, o que

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32

compromete sua confiabilidade e a possibilidade de comparação entre os estudos. Tendo em

vista isto, na próxima subseção serão apresentados elementos específicos envolvidos na

construção e uso do AUDIT.

2.4 Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT)

O Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT) foi originalmente

desenvolvido pela Organização Mundial de Saúde no final da década de 1980, a partir de um

projeto que envolveu seis países (Austrália, Bulgária, Kênia, México, Noruega e Estados

Unidos). O estudo contou com uma amostra de 1888 participantes classificados, a partir de

entrevistas prévias, em três grupos: “não bebedores” (36%), indivíduos abstêmios ou que

consumiam bebida alcoólica até três vezes por ano; “bebedores” (48%), aqueles que

consumiam álcool ao menos quatro vezes por ano; e “alcoolistas” (16%), pessoas com

diagnóstico de alcoolismo, já submetidas ou que estavam em busca de tratamento

especializado (SAUNDERS et al., 1993).

Os participantes responderam a um conjunto inicial de 150 perguntas que

envolviam variáveis de caráter sócio-demográfico, questões referentes à sua sintomatologia

atual, história médica pregressa, consumo de álcool, uso de outras substâncias, reações

psicológicas ao álcool, problemas relacionados ao álcool, história familiar de alcoolismo e

auto-percepção quanto a problemas com álcool. Com base em critérios, como, por exemplo,

validade, relevância clínica e cobertura dos domínios teóricos propostos para o AUDIT

(frequência do consumo, dependência e consequências negativas do consumo de álcool),

juntamente com a capacidade de generalização transcultural do conteúdo, seus proponentes

chegaram à versão final composta por dez itens; sete voltados para avaliar o uso nocivo e a

dependência de bebidas alcoólicas e três destinados à mensuração da quantidade e frequência

do consumo (SAUNDERS et al., 1993).

Segundo Rist, Glöckner-Rist e Demmel (2009), entre os instrumentos utilizados

para avaliar o consumo abusivo de álcool, o AUDIT se destaca por sua sensibilidade para

detectar a dependência e o consumo nocivo em amostras clínicas e utilidade para identificar

potenciais grupos de risco. Ainda que sua utilização tenha sido inicialmente combinada com

processos clínicos de triagem, exames laboratoriais e avaliações físicas, a maioria dos estudos

atuais o tem empregado como uma medida de triagem (screen) independente (SELIN, 2006).

De fato, ao longo dos últimos anos, algumas revisões sistemáticas da literatura têm

Page 36: Fernandes 2011

33

evidenciado a pertinência de sua aplicação com grandes amostras e em contextos culturais

distintos (MENESES-GAYA et al., 2009; RIST; GLÖCKNER-RIST; DEMMEL, 2009). Na

Suécia, por exemplo, o AUDIT tem sido usado em levantamentos nacionais (surveys) acerca

do consumo de álcool desde a década de 1990 (SELIN, 2006).

Como dito, o instrumento abrange três domínios, exemplificados pelos seguintes

itens: (1) frequência do consumo de álcool (p.ex. “Com que frequência você consome alguma

bebida alcoólica?”); (2) dependência do consumo de álcool (p.ex. “Com que frequência,

durante o último ano, você achou que não seria capaz de controlar a quantidade de bebida

depois de começar?”) e (3) consequências negativas do consumo de álcool (p.ex. “Com que

frequência, durante o último ano, você sentiu culpa ou remorso depois de beber?”). Para o

cálculo da pontuação total, somam-se os valores referentes a cada resposta, sendo 40 a

pontuação máxima da escala (SAUNDERS et al., 1993; SHEVLIN; SMITH, 2007). O ponto

de corte para que um respondente seja considerado bebedor-problema é 8, mas este valor é

flexível conforme a cultura e a população que se está estudando (BABOR et al., 2001). Na

Alemanha, por exemplo, recomenda-se um ponto de corte ≥ 5 (BISCHOF et al., RUMPFT et

al.). Em mulheres, também, recomenda-se que o ponto de corte seja aproximadamente cinco,

uma vez que a sensibilidade reduz quando o AUDIT é aplicado nesta população (REINERT,

ALLEN, 2002, 2007).

Neste contexto, sabe-se que o AUDIT foi originalmente desenvolvido para ser

utilizado em populações adultas. No entanto, estudos de validação deste instrumento também

são realizados em amostras de adolescentes e estudantes universitários (MATTARA et al.,

2010; REINERT; ALLEN, 2002). Um destes estudos, por exemplo, comparou o AUDIT com

o POSIT (Problem Oriented Screening Instrument for Teenagers), o CAGE (Acrônimo das

palavras inglesas Cutdown/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire) e o CRAFFT

(Acrônimo das palavras inglesas Car/ Relax/ Alone/ Forget/ Family Friend / Trouble

Questionnaire) em uma amostra de adolescentes entre 14 e 18 anos de um hospital. Neste

caso, o AUDIT foi quase insensível a um ponto de corte acima de oito; sendo proposto um

ponto de corte de dois para o uso problemático e um ponto de corte 3 para abuso e

dependência (KNIGHT et al., 2003). Com estudantes universitários, em um outro estudo, o

AUDIT foi comparado com o TLFB (Alcohol Timeline Followback), intrumento que mede a

quantidade e a frequência do consumo de álcool nos últimos 28 dias, de acordo com os

critérios do DSM-III-R (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders, Third

Edition). Nesta pesquisa, as análises do AUDIT apontaram um ponto de corte de seis ou mais

para identificar o consumo abusivo do álcool (KOKOTAILO et al., 2004). Sobre tal fato,

Page 37: Fernandes 2011

34

Meneses-Gaya et al., (2009) asseguram que os estudos de validação do AUDIT com

estudantes universitários identificam menores valores de sensibilidade e especificidade

quando o tradicional ponto de corte é utilizado.

A literatura contém referências acerca do estudo do AUDIT em diferentes países

do mundo, como Estados Unidos (FLEMING; BARRY; MCDONALD, 1991), México

(MEDINA-MORA; CARREÑÃO; DE LA FUENTE, 1998), Canadá (IVIS; ADLAF; REHM,

2000), Finlândia (HOLMILA, 1995), Nigéria (ADEWUYA, 2005), Índia (CAREY;

MARIAH CAREY; CHANDRA, 2003; PAL; JENA), Espanha (GÓMEZ et al., 2005;.

PERULA et al., 2005), Suíça (BERGMAN; KÄLLMÉN, 2002; GMEL; HEEB; REHM,

2001; SELIN, 2003), China (CHEN; CHEN; CHENG, 2004, 2005; TSAI; TSAI CHEN; LIU,

2005), Alemanha (BISCHOF et al., 2005;. DYBEK et al., 2006;. NEUMANN et al., 2009);

Vietnã (GIANG et al., 2005) e França (GACHE et al.,2005), entre outros. No entanto, apenas

um pequeno número de estudos têm abordado a validade, estrutura fatorial e confiabilidade

destas versões em idiomas diferentes do inglês, o que compromete a comparabilidade entre os

estudos (REINERT; ALLEN, 2002; MENEZES-GAYA et al., 2009).

Em relação ao processo de validação, na França, por exemplo, o AUDIT foi

validado em uma amostra de pacientes de uma unidade básica de saúde, que identificou o

instrumento como eficiente na detecção de uso abusivo e dependência de álcool, em

comparação com o MAST e o CAGE (GACHE et al., 2005). No Vietnã, em uma comunidade

rural, identificaram-se diferenças na sensibilidade e na especificidade do AUDIT,

apresentando esta medida melhores resultados no processo de triagem para a dependência do

que para o abuso de álcool (GIANG et al., 2005). Na Nigéria, em uma amostra de

universitários, encontrou-se uma sensibilidade de 93% e uma especificidade de 91%

percebeu-se ainda que uma pontuação maior que 5 poderia identificar claramente pessoas com

problemas relacionados ao álcool (ADEWUYA, 2005). Na Espanha, em uma amostra

feminina proveniente de centros de saúde e de centros de drogodependência, encontrou-se que

o ponto de corte mais eficaz seria acima de 6 pontos, a sensibilidade foi de 89,6% e a

especificidade de 95,07% (GÓMEZ et al., 2005). Na China, a sensibilidade e a especificidade

do AUDIT com ponto de corte 8 para usuários nocivos, foi de 0,96 e 0,85, respectivamente

(TSAI; TSAI CHEN; LIU., 2005).

No Brasil, o AUDIT foi validado por Méndez et al. (1999), no Rio Grande do Sul,

e posteriormente por Lima et al. (2005), na Bahia, ressalta-se que neste primeiro estudo não

foi realizada a análise fatorial do instrumento, encontrando-se uma sensibilidade de 91,8% e

especificidade de 62,3%, a um ponto de corte de 7. Lima et al. (2005), por sua vez, validaram

Page 38: Fernandes 2011

35

o AUDIT em uma amostra população da cidade Salvador (Bahia), nesta pesquisa foi realizada

a validade concorrente do AUDIT com o CID-10, um alfa de Cronbach foi de 0,81, o ponto

de corte sugerido foi de 7 ou 8 pontos, com sensibilidade e especificidade de 100% e 76%,

respectivamente. Sugeriu-se, além disto, um modelo estrutural de dois fatores (medida do

consumo e consequências do consumo de álcool).

Recentemente, outro estudo de validação foi realizado no Brasil, em uma amostra

de uma população ribeirinha da Amazônia, neste estudo, a versão original do AUDIT foi

traduzida para Português, utilizando o procedimento recomendado pela OMS. O texto foi

apresentado a um tradutor nativo da língua inglesa, que aprovou a tradução. Após esta fase, o

AUDIT foi administrado a 361 habitantes durantes três vezes no período de duas semanas. Os

dados foram analisados por teste-reteste e consistência interna. O alfa de Cronbach

encontrado foi de 0,87 na primeira entrevista, 0,87 na segunda, e 0,86 na terceira. E o teste-

reteste para o total da escala do AUDIT foi 0,93. O ponto de corte ficou estabelecido em sete,

com sensibilidade de 76,4% e especificidade de 75%, não houve análises exploratórias da

estrutura do instrumento (MORRETI-PIRES; CORRADI-WEBSTER, 2011).

Acerca da dimensionalidade do AUDIT, na literatura ainda não há um consenso.

Publicações nesta direção têm indicado estruturas composta por um, dois, e até três fatores

(BABOR et al, 2001; CAREY; CAREY; CHANDRA, 2003; GMEL; HEEB; REHM, 2001;

VON-DER-PAHLEN et al ., 2008). De acordo com Rist, Glockner-Rist e Demmel (2009), os

estudos em que se observa uma estrutura unifatorial são raros, ao passo que os resultados

encontrados para modelos que envolvem estruturas com dois e três fatores são mais coesos.

Como apontam Meneses-Gaya et al. (2009), dependendo da amostra, as análises fatoriais

efetuadas com matrizes de dados provenientes do AUDIT podem produzir resultados

diferentes. Se, por um lado, em amostras procedentes de populações com alta prevalência de

dependência os resultados corroboram o modelo unifatorial, por outro, naquelas em que se

observa baixa prevalência de transtornos relacionados com o consumo de álcool, os resultados

remetem à estrutura composta por dois ou três fatores (LIMA et al., 2005).

Quanto à fidedignidade do AUDIT, a maioria dos estudos apresenta alfas de

Cronbach iguais ou superiores a 0,80 (MENESES-GAYA et al., 2009). Além disso, ainda é

possível localizar algumas referências com relação à sua precisão teste-reteste. Selin (2003),

por exemplo, em um estudo que contou com uma amostra de 457 pessoas da população geral,

observou, em um intervalo de trinta dias entre as aplicações, uma correlação de 0,84 (p ≤

0,001) para a pontuação total do AUDIT entre a primeira (t1) e a segunda (t2) aplicação. Para

os itens individualmente, excetuando o item nove (rit = 0,29), as correlações variaram entre

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36

0,60 e 0,80. No mesmo estudo, estratificando as análises em função do sexo, idade e tipo de

consumo dos participantes, registrou-se um índice de confiabilidade de 0,51 para os

consumidores não habituais de álcool e iguais ou superiores a 0,79 para as demais categorias;

seus índices de consistência interna (alfa de Cronbach) foram satisfatórios (αt1 = 0,83; αt2 =

0,76).

Como ficou constatado, desde a sua elaboração o Alcohol Use Disorder

Identification Test tem sido expressivamente empregado nos estudos acerca do consumo de

álcool como amostras clínicas, população em geral, estudantes do ensino médio e,

particularmente, entre estudantes universitários (MARTINS et al., 2008). Não obstante, como

antes mencionado, no Brasil ainda são poucos os estudos que analisam às suas propriedades

psicométricas. Considerando os últimos dez anos, localizou-se apenas um estudo em que se

oferecem mais detalhes sobre sua adaptação ao contexto brasileiro, sendo os seus resultados

provenientes da cidade de Salvador (LIMA et al., 2005). Nos demais estudos, o único

parâmetro comumente disponibilizado tem sido a consistência interna, o que, por si só, não

pode ser avaliado como indicador de validade fatorial do instrumento (PASQUALI, 2010).

Em função destes aspectos, como mencionado, o presente estudo tem como

principal objetivo conhecer evidências de validade e precisão do Alcohol Use Disorder

Identification Test (AUDIT). Especificamente, pretende-se verificar a qualidade psicométrica

desta medida, avaliando seus parâmetros de validade e precisão (consistência interna e teste

reteste), e, adicionalmente, a estrutura fatorial que melhor se ajusta aos dados no contexto

cearense. Para tanto, relizaram-se dois estudos específicos, conforme descrição a seguir.

Page 40: Fernandes 2011

33.. EESSTTUUDDOO II –– AALLCCOOHHOOLL UUSSEE DDIISSOORRDDEERR IIDDEENNTTIIFFIICCAATTIIOONN TTEESSTT ((AAUUDDIITT))::

EEXXPPLLOORRAANNDDOO SSEEUUSS PPAARRÂÂMMEETTRROOSS PPSSIICCOOMMÉÉTTRRIICCOOSS

Page 41: Fernandes 2011

38

Como se verifica na literatura, desde a sua elaboração o AUDIT tem sido

expressivamente empregado em estudos acerca do consumo de álcool com amostras clínicas,

população em geral, estudantes do ensino médio e, particularmente, entre estudantes

universitários (MARTINS et al., 2008). Apesar disso, no Brasil ainda são poucos os estudos

que analisam às suas propriedades psicométricas com base em um conjunto amplo de

parâmetros. Neste sentido, este estudo tem como propósito averiguar as propriedades

psicométricas do instrumento, no que se refere à validade semântica, poder discriminativo dos

itens, estrutura fatorial, consistência interna e precisão teste-reteste, considerando para tanto

uma amostra de estudantes universitários da cidade de Fortaleza-CE. Uma melhor

compreensão das especificidades do estudo pode ser contemplada no método a seguir.

3.1. Método

3.1.1. Amostra

Contou-se com a participação de 255 estudantes universitários da cidade de Fortaleza

– CE, a maioria do sexo masculino (51,6%), solteira (94,1%), residindo com os pais (82,1%)

e da religião católica (59,7%). Estes apresentaram idade média de 20,7 anos (dp = 4,3;

amplitude de 18 a 51) e foram distribuídos entre os cursos de Psicologia (23,1%), Medicina

(18,8%), Fisioterapia (12,5%), Ciências Contábeis (11,8%), Engenharia Mecânica (10,2%),

Engenharia de Produção (16,5%) e Engenharia Metalúrgica (2,7%), Biblioteconomia (2%) e

outros não especificados (2,4%). Deste total, voltaram a participar do estudo (reteste), após,

aproximadamente, 45 dias, 21 estudantes com idades variando entre 18 e 23 anos (m = 19,8

dp = 1,47), a maioria do sexo feminino (52,4%) e da religião católica (61,9%). Estas amostras

foram de conveniência (não-probabilística), participando aquelas pessoas que, ao serem

convidadas, concordaram em colaborar como a pesquisa.

3.1.2. Instrumentos

Os participantes responderam a um livreto composto por seis partes. No entanto, em razão

dos objetivos deste estudo, apenas duas serão consideradas:

Alcohol Use Disorder Identification Test – AUDIT (BABOR et al., 2001;

SAUNDERS et al., 1993). Como apresentada anteriormente, esta medida é composta por 10

itens que abrangem três domínios teóricos: 1) Frequência do consumo de álcool (por exemplo,

“Com que frequência você consome alguma bebida alcoólica?”), 2) dependência do consumo

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39

de álcool (por exemplo, “Com que frequência você achou que não seria capaz de controlar a

quantidade de bebida depois de começar?”) e 3) consequências negativas do consumo de

álcool (por exemplo, “Com que frequência você sentiu culpa ou remorso depois de beber?”).

Inicialmente, o participante foi convidado a pensar sobre seu consumo de bebidas alcoólicas

nos últimos doze meses, respondendo os itens por meio de diferentes escalas de resposta. O

primeiro item envolve a frequência do consumo e é respondido em uma escala de cinco

pontos, variando entre 0 (Nunca) e 4 (Quatro ou mais vezes por semana). O item 2, que

mensura a quantidade de bebida alcoólica consumida, inclui cinco opções de respostas que se

distribuem entre as opções: não bebo (0); 1 ou 2 “doses” (1); 3 ou 4 “doses” (2); 5 ou 6

“doses” (3); 7 a 9 “doses” (4); e 10 ou mais “doses” (5). Para os itens 3, 4, 5, 6, 7 e 8 as

respostas podem variar entre os seguintes extremos: Nunca (0) e Todos os dias ou quase todos

(4). As questões 9 e 10 apresentam três alternativas de resposta, a saber: Não (0); Sim, mas

não no último ano (2); e Sim, durante o último ano (4). Para o cálculo da pontuação total,

somam-se os valores referentes a cada resposta, sendo 40 a pontuação máxima da escala

(ANEXO A).

A última parte, denominada Caracterização da Amostra, consta de perguntas como

sexo, escolaridade, religião, etc. Além de algumas questões referentes à experiência com

álcool de familiares e pessoas próximas ao respondente. Especificamente, perguntou-se com

que frequência esta experiência ocorreu ou tem ocorrido, sendo esta pergunta respondida em

uma escala de sete pontos, variando de 0 (nunca) a 6 (todos os dias), uma visão mais amplas

desses itens pode ser obtida no ANEXO B.

3.1.3. Procedimento

Antes de proceder a coleta dos dados, o Alcohol Use Disorder Identification Test –

AUDIT foi submetido à validação semântica. Nesta etapa, contou-se com um grupo de dez

indivíduos (juízes), escolhidos aleatoriamente na população meta do estudo (Nunnally, 1978;

Pasquali, 1997, 2003, 2010). Estes avaliaram os itens e as instruções do instrumento,

indicando se estavam inteligíveis para estudantes universitários. Com base nos resultados

desta avaliação, algumas modificações foram realizadas: 1) Alteração da opção 1 das questões

três a oito, em que as expressões "uma vez por mês ou menos" foi substituída por "menos de

uma vez por mês"; 2) Inclusão da opção "não bebo" na questão dois ; e 3) Exclusão da

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40

expressão "durante o último ano" das questões quatro a oito, uma vez que as instruções já

levavam o participante a pensar em seu consumo, considerando esse período.

Após a redação final e impressão dos instrumentos, um grupo de três colaboradores,

devidamente treinados, foram encarregados de aplicar os questionários. A aplicação foi

realizada coletivamente nos ambientes das universidades, em horário cedido pelos dirigentes e

professores. Na ocasião, mediante assinatura de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(ANEXO C), assegurou-se aos participantes o caráter confidencial de suas respostas e os

aplicadores indicaram um endereço onde os mesmos poderiam obter informações sobre os

resultados finais do estudo. O tempo médio de resposta foi de 15 minutos e, após a coleta dos

dados, excluíram-se da amostra aqueles questionários em que os respondentes deixaram mais

de 10% dos itens de uma das medidas sem resposta ou responderam de forma diferente ou

utilizando escala distinta das propostas nos questionários.

Finalmente, atendendo ao disposto na resolução nº 196, de 10 de outubro de 1996 do

Conselho Nacional de Saúde, ressalta-se que a efetivação do estudo foi aprovada pelo Comitê

de Ética e Pesquisa da Universidade Federal do Ceará (Protocolo no 87/10 – ANEXO D).

3.1.4. Análise Dos Dados

As análises foram efetuadas por meio do software SPSS (versão 19). Além das

estatísticas descritivas (tendência central e dispersão), realizaram-se, inicialmente: um Teste t

de Student, para avaliar o poder discriminativo dos itens, comparando suas pontuações médias

em função de grupos critério internos; e correlações item total corrigidas, para avaliar a

homogeneidade dos itens. Em seguida, verificou-se a adequação da matriz de dados

correspondente com o fim de se realizar uma análise fatorial exploratória, considerando o

Kaiser-Meyer-Olkim (KMO), que precisa ser de pelo menos 0,60 para suportar este tipo de

análise, e o Teste de Esfericidade de Bartlett, cujo valor do qui-quadrado deve ser

estatisticamente significativo (TABACHNICK; FIDELL, 2001). Para conhecer a estrutura

fatorial do conjunto de itens, foi realizada uma análise de Componentes Principais. Salienta-se

que para estabelecer o número de fatores a ser retido foram considerados os critérios de

Kaiser, Cattel e Horn (Análise Paralela). Além disso, a fim de conhecer a precisão do

instrumento, efetuou-se o cálculo do Alfa de Cronbach e Correlações de r de Pearson para

observar a precisão teste-reteste.

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41

3.2. Resultados

Como antes especificado, o poder discriminativo dos itens foi estabelecido por meio

de grupos critérios internos, considerando os participantes cujas pontuações totais se

localizaram abaixo e acima da mediana empírica no AUDIT (Md= 0,3), chamando-os,

respectivamente, de grupo critério inferior e superior. Mediante o uso do teste t, foram

comparadas as médias dos dois grupos para cada um dos itens, com o objetivo de verificar em

que medida estes conseguem diferenciar os respondentes com pontuações próximas. Em

seguida, efetuaram-se cálculos das correlações item-total corrigidas e, finalmente, do Alfa de

Cronbach do conjunto total, observando seus valores em função de exclusão de itens com

baixa homogeneidade. Os resultados destas análises são resumidos na Tabela 1.

Tabela 1. Poder discriminativo, correlação item-total e precisão dos itens do AUDIT.

Item Grupo Inferior Grupo Superior

t ri.t Precisão do

item m dp m dp

Fator (α = 0,83)

02 0,23 0,42 2,75 1,11 22,78** 0,73 0,79

01 0,26 0,44 1,73 0,75 18,07** 0,73 0,79

03 0,00 0,00 1,32 0,81 17,20** 0,81 0,78

08 0,01 0,09 0,81 0,84 10,10** 0,64 0,80

07 0,00 0,00 0,70 0,82 9,12** 0,62 0,80

09 0,04 0,26 1,10 1,49 7,54** 0,38 0,83

04 0,00 0,84 0,65 1,04 6,59** 0,49 0,81

10 0,02 0,18 0,64 1,35 4,85** 0,36 0,83

05 0,00 0,00 0,23 0,57 4,34** 0,38 0,82

06 0,00 0,00 0,04 0,23 1,82 0,14 0,83

Notas: * p < 0,01; ** p < 0,001; ri.t = Correlação item-total corrigida.

De acordo com Tabela 1, com exceção do item 6, todos os demais itens do AUDIT

conseguem diferenciar significativamente (p < 0,001) os grupos critérios, mesmo quando

estes apresentam pontuções próximas. Quanto à homogeneidade, as correlações (rit) variaram

entre 0,14 (Com que frequência, durante o último ano, depois de ter bebido muito, você

precisou beber pela manhã para se sentir melhor?) e 0,81 (Com que frequência você toma

“seis ou mais doses” em uma ocasião?). Como se pode obervar, apenas o item 6 ficou

abaixo do limite aceitável (0,20; CLARK; WATSON, 1995). Quanto à consistência interna

para o conjunto total de itens, tem-se que o alfa de Cronbach foi de 0,83, valor que cumpre o

ponto de corte estabelecido na literatura (0,70; NUNNALLY, 1991).

Page 45: Fernandes 2011

42

Após estas análises, para atender aos objetivos propostos neste estudo, procurou-se

conhecer as possíveis estruturas fatoriais para o AUDIT. No entanto, antes de proseguir com

as análises fatoriais exploratórias, sabe-se que é preciso verificar a fatorabilidade da matriz,

pois caso os itens (variáveis) não apresentem variância em comum, a análise fatorial não é

possível. Neste estudo, a fatorabilidade da matriz de dados foi confirmada por meio do KMO

= 0,86 e do Teste de Esfericidade de Bartlett, 2 (45) = 1061,58; p < 0,001 (TABACHNICK;

FIDEL, 2001).

Uma vez que os resultados são favoráveis à realização da análise de componentes

principais, torna-se imprescindível estabelecer quantos possíveis fatores se podem extrair da

matriz de dados, sobretudo, porque a sub ou super-extração de componentes poderá distorcer

os resultados de análises posteriores (FAVA;VELICER, 1996). Para a identificação deste

número, diferentes critérios podem ser utilizados. Como apresenta Laros e Puente-Palacios

(2004), pesquisas com dados simulados (ZWICK; VELICER, 1986) mostram que o critério

do eigenvalue maior do que 1,0, de Guttman-Kaiser (GUTTMAN, 1954; KAISER, 1960) é

adequado em 22% dos casos; o critério baseado no teste qui-quadrado, de Barlett (1950) 30%;

o critério baseado no teste scree, de Cattell (1966) em 57%; o de Velicer (1976), baseado nas

correlações parciais em 84% dos casos; e a Análise Paralela, de Horn (1965), em 92% dos

casos. Neste estudo, foram considerados três destes critérios: o de Kaiser, Cattell e o de Horn.

Para averiguar o número de fatores a extrair com base no que propõe Kaiser,

inicialmente foi efetuada uma análise de componentes principais, sem fixar número de fatores

a extrair e tipo de rotação. Nesta análise, foi possível encontrar até 3 componentes que

atenderam o critério de valor próprio (eigenvalue) igual ou superior a 1. Estes explicaram

conjuntamente 65,1% da variância total. Contudo, uma vez que tal critério superestima o

número de componentes a extrair, decidiu-se ter em conta outros dois critérios mais robustos

(HAYTON; ALLEN; SCARPELLO, 2004): a distribuição gráfica dos valores próprios

(Cattell) e a geração aleatória de tais valores de Horn (Análise Paralela). O critério de Cattell

(1966) é uma figura que ilustra como a variabilidade dos dados está distribuída entre os eixos

de ordenação, quando ponto que se localiza antes do gráfico começar a ficar horizontal é o

indicativo do número máximo de fatores a serem extraídos (HAIR JR et al, 2005). Em função

desse critério, de acordo com a visualização do scree plot (Figura 1), foi identificado apenas

um fator.

Page 46: Fernandes 2011

43

Figura 1. Representação Gráfica dos valores próprios (Critério de Cattell)

A análise paralela contrasta os eigenvalues (valores próprios) gerados pela matriz de

componentes (observados) com aqueles gerados aleatoriamente (simulados), em função do

tamanho da amostra e do número de itens do instrumento (HORN, 1965). Reise, Waller e

Comrey (2000), consideram que é pertinente reter um fator na medida em que este explica

maior variância do que o fator correspondente nos dados aleatórios. Assim, no momento em

que o eigenvalue dos dados aleatórios é superior ao dos dados empíricos (observados), não é

mais adequado reter esse fator. Para realizar a análise paralela, neste estudo, assumiram-se os

parâmetros do banco de dados original (255 participantes e 10 variáveis) com 100 simulações.

Cada valor observado maior que o valor médio resultante das matrizes aleatórias corrobora a

existência do fator. Os resultados desta análise podem ser observados na Tabela 2.

Tabela 2. Análise paralela para os itens do AUDIT (n=255).

Valores

observados Valores simulados Percentis

4,35 1,32 1,42

1,09 1,22 1,29

1,08 1,15 1,20

0,93 1,08 1,13

0,71 1,02 1,05

0,67 0,96 1,00

0,43 0,90 0,95

0,34 0,84 0,89

0,24 0,78 0,82

0,17 0,71 0,77

Page 47: Fernandes 2011

44

Conforme a Tabela 2, parece pertinente extrair apenas um componente para o conjunto

dos 10 itens do AUDIT. Em função disso, procedeu-se a uma análise de Componentes

Principais sem rotação, fixando a extração de um fator. Os resultados a respeito são

apresentados na Tabela 3.

Tabela 3. Estrutura Componencial do AUDIT

Conteúdo dos Itens Componente h²

01. Com que frequência você consome alguma bebida álcoolica? 0,82* 0,67

02. Nas ocasiões em que bebe, quantas doses, copos ou garrafas

você costuma tomar? 0,83* 0,69

03. Com que frequência você toma “seis ou mais doses” em uma

ocasião 0,87* 0,76

04. Com que frequência você achou que não seria capaz de

controlar a quantidade de bebida depois de começar? 0,62* 0,38

05. Com que frequência você não conseguiu cumprir com algum

compromisso por causa da bebida? 0,50* 0,26

06. Com que frequência depois de ter bebido muito, você precisou

beber pela manhã para se sentir melhor? 0,18 0,03

07. Com que frequência você sentiu culpa ou remorso depois de

beber? 0,75* 0,56

08. Com que frequência você não conseguiu se lembrar do que

aconteceu na noite anterior por causa da bebida? 0,77* 0,60

09. Alguma vez na vida você ou alguma outra pessoa já se

machucou, ou se prejudicou pelo fato de você ter bebido? 0,45* 0,21

10. Alguma vez na vida algum parente, amigo, médico ou outro

profissional da saúde já se preocupou com você por causa de

bebida ou lhe disse para parar de beber?

0,43* 0,19

Número de Itens 10

Valor próprio 4,34

% Variância Total explicada 43,47

Alfa de Cronbach 0,83

Nota: * carga fatorial considerada satisfatória |0,30|.

Como se verifica, a estrutura unifatorial desta medida parece coerente; excetuando o

item 6 referente à frequência de consumo de álcool pela manhã, todos os itens apresentam

saturações dentro do que foi estabelecido como satisfatório, isto é, carga fatorial igual ou

superior a |0,30|. Este fator apresentou valor próprio de 4,34 e explicou 43,5% da variância

total, sendo sua consistência interna (alfa de Cronbach) de 0,83.

Finalmente, para complementar as informações acerca da confiabilidade do AUDIT,

procurou-se avaliar sua precisão teste-reteste. Inicialmente, efetuou-se uma correlação r de

Page 48: Fernandes 2011

45

Pearson entre as pontuações totais apresentadas por 21 participantes em dois momentos (t1 e

t2). Os resultados indicaram uma correlação forte e significativa (rtt = 0,91; p ≤ 0,01) entre os

dados obtidos na primeira e segunda aplicação. Em seguida, compararam-se, por meio de um

teste t para amostras emparelhadas, as pontuações médias apresentadas pelos participantes nas

duas aplicações. Nesta análise não se encontrou diferenças significativas entre as médias nos

dois tempos (mt1 = 3,0, dp = 3,99; mt2 = 2,5, dp = 4,21; p ≥ 0,05), o que corrobora a

estabilidade temporal do AUDIT.

3.3. Discussão

O objetivo principal do Estudo I foi apresentar evidências psicométricas do AUDIT,

no que se refere ao poder discriminativo dos itens, consistência interna, estrutura fatorial e

precisão teste-reteste .

Com base nos resultados, verificou-se que apenas um único item do instrumento (Com

que frequência, durante o último ano, depois de ter bebido muito, você precisou beber pela

manhã para se sentir melhor?) apresentou poder discriminativo não significaticante (p >

0,05) e correlação item-total baixa (ri.t= 0,14). Este aspecto, provavelmente, refere-se ao fato

de que os participantes do estudo não se configuram como uma amostra clínica com

características típicas de dependência alcoólica, aspecto que envolve o conteúdo do item, cujo

foco está no sintoma de consumir bebida álcoolica pela manhã. Tal fato sugere a inexistência

de padrões de respostas consistentes, gerando pouca variabilidade na matriz de dados. Pode-se

conjeturar que, se a amostra contemplasse dependentes de álcool, provavelmente, os

resultados acerca deste item poderiam ter sido mais consistentes; hipótese que demanda

comprovação em estudo futuro. Ao mesmo tempo, uma vez que o conteúdo deste item pode

parecer pouco relevante para estudos com amostra de universitários, uma opção seria

desconsiderá-lo, pois, como é possível verificar, sua exclusão não compromete a consistência

interna da medida.

Quanto à fidedignidade do AUDIT, o alfa de Cronbach foi de 0,83, o que condiz com

a literatura, que aponta como aceitável um alfa maior ou igual a 0,70 (NUNALLY;

BERNSTEIN 1994). Adiciona-se a isto, o fato de a maioria dos estudos sobre confiabilidade

do AUDIT apresentarem alfas iguais ou superiores a 0,80 (MENESES-GAYA et al.., 2009).

Assim, no presente estudo, que envolveu contextos universitários, a consistência interna do

AUDIT pode ser considerada satisfatória, o que corrobora com outros estudos realizados nos

Page 49: Fernandes 2011

46

Estados Unidos e na Coreia, dentro do mesmo contexto, que encontraram alfas de 0,94 e 0,85,

respectivamente (O‟HARE; SHERRER, 1999; CHUNN; SOHN, 2005). Quanto à precisão

teste-reteste os resultados também foram favoráveis, na medida em que indicaram a boa

estabilidade temporal do AUDIT entre a primeira e a segunda aplicação (rtt = 0,91; p ≤ 0,01),

assemelhando-se a outros estudos que consideraram períodos de tempos distintos (SELIN,

2003; MORETTI-PIRES, 2011).

Por outro lado, quando avaliada, a estrutura fatorial do AUDIT com os dados desta

amostra se apresentou diferente de outros estudos que observaram sua multidimensionalidade,

encontrando modelos compostos por dois, e até três fatores (LIMA et al., 2005; RIST;

GLOCKNER-RIST; DEMMEL, 2009; SHEVLIN et al., 2007; GMEL; HEEB; REHM, 2001,

VON-DER-PAHLEN et al., 2008). No presente estudo, considerando os diferentes critérios

para extração de fatores propostos na literatura, foi possível estimar a existênica de um único

fator, tendo em conta os critérios de Cattell (scree plot) e de Horn (Análise paralela). Apesar

de rara, tal estrutura é possível e tem sido encontrada em alguns estudos realizados em outros

países, como, por exemplo, Índia e Estados Unidos (CAREY; CAREY; CHANDRA, 2003;

EL BASSEL et al, 1998; SKIPSEY; BURLESON; KRANZLER et al.,1997). Não obstante

os resultados encontrados, deve-se destacar que a possibilidade de modelos multifatoriais não

deve ser descartada, ainda mais quando não há convergência entre todos os critérios utilizados

e a proposta original do AUDIT faz referência a três padrões de consumo de álcool (BABOR

et al., 2001).

Neste sentido, considerando que o Estudo I utilizou análises exploratórias e foi

realizado em uma amostra de universitários, parece coerente realizar análises estatísticas mais

robustas, como é o caso das modelagens por equação estrutural, e ampliar a amostra,

considerando participantes da população geral. Segundo Meneses-Gaya et al. (2009), por

exemplo, dependendo da amostra, as análises fatoriais efetuadas com matrizes de dados

provenientes do AUDIT podem produzir resultados diferentes. Portanto, para dirimir as

dúvidas acerca da estrutura fatorial do AUDIT, optou-se por realizar um novo estudo (Estudo

II), cujos objetivos e especificidades são apresentados a seguir.

Page 50: Fernandes 2011

44.. EESSTTUUDDOO IIII –– AAUUDDIITT:: AANNÁÁLLIISSEE FFAATTOORRIIAALL CCOONNFFIIRRMMAATTÓÓRRIIAA EE

VVAALLIIDDAADDEE CCOONNVVEERRGGEENNTTEE EE DDEE CCRRIITTÉÉRRIIOO

Page 51: Fernandes 2011

48

Como discutido, na literatura ainda não há um consenso acerca da

dimensionalidade do AUDIT, publicações a respeito têm indicado modelos compostos por

um, dois e três fatores (CAREY, CAREY, CHANDRA, 2003; GMEL, HEEB, REHM, 2001;

VON-DER-PAHLEN et al., 2008). Dentro deste contexto, o Estudo II teve como objetivo

comprovar a adequação dos modelos uni e multifatoriais, comparando-os e escolhendo aquele

que melhor se ajusta aos dados, e verificar a validade convergente/de critério do AUDIT,

considerando uma amostra da população geral. Um detalhamento das especificidades deste

estudo pode ser observado no método apresentado a seguir.

4.1. Método

4.1.1. Amostra

Participaram deste estudo 388 pessoas da população geral da cidade de Fortaleza-

Ceará, com idades variando entre 18 e 78 anos (m= 27,7 anos; dp = 10,4), a maioria católica

(56,3%), do sexo feminino (52,2%), solteira (74,2 %) e com ensino superior incompleto

(50,9%). Esta amostra foi de conveniência (não-probabilística), considerando-se as pessoas

que ao serem convidadas concordaram em participar do estudo.

4.1.2. Instrumento

Além dos instrumentos utilizados no Estudo I, para o fim deste estudo, os

participantes responderam as medidas abaixo descritas e perguntas de caráter bio-sócio-

demográfico, semelhantes as do estudo anterior.

Escala de atitudes frente ao uso de álcool (GOUVEIA et al., 2009). Por meio de

escalas de diferencial semântico, o respondente expõe sua avaliação global acerca de estar

sob o efeito de álcool. Quatro pares de adjetivos (positivo/negativo, agradável/desagradável,

bom/ruim e desejável/indesejável) são situados nos extremos de uma escala composta por

nove pontos (por exemplo, bom +4 +3 +2 +1 0 -1 -2 -3 -4 ruim). Para o cálculo da pontuação

final, substituem-se os números positivos por 1, 2, 3 e 4 e os negativos por 6, 7, 8 e 9

respectivamente, sendo 5 o ponto nulo da escala. Neste sentido, a maior pontuação indica

atitude contrária ao uso de álcool (ANEXO E).

Page 52: Fernandes 2011

49

Cut down/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire- CAGE (MAYFIELD;

MCLEOD; HALL, 1974). Conforme apresentação anterior, o CAGE (ANEXO F) é

Composto por quatro itens, com alternativas de resposta “sim” e “não”; este instrumento tem

sido amplamente utilizado na detecção de possíveis dependentes de álcool. De acordo com os

estudos desenvolvidos no Brasil, duas ou mais respostas afirmativas as perguntas: (1) Alguma

vez você sentiu que deveria diminuir ("Cut down") a quantidade de bebida ou parar de beber?

(2) As pessoas o (a) aborrecem ("Annoyed") porque criticam o seu modo de beber? (3) Você

se sente culpado (a) ("Guilty") pela maneira com que costuma beber? (4) Você costuma beber

pela manhã para diminuir o nervosismo ou a ressaca ("Eye-opener")?, identificam o potencial

bebedor-problema (AMARAL, MALBERGIER, 2004; CAPRIGLIONE, MONTEIRO,

MASUR, 1985).

4.1.3. Procedimento

A coleta de dados foi realizada por um grupo de colaboradores treinados na

padronização da aplicação e no esclarecimento das dúvidas. As pessoas foram abordadas em

ruas, praças, shoppings, dentre outros espaços públicos e convidadas a participar da pesquisa.

Aquelas que concordavam, eram solicitadas a responder o questionário individualmente,

sendo informadas de que a colaboração seria voluntária e anônima. Além disso, indicou-se

que não haveria resposta certa ou errada, que a participação não traria qualquer ônus ou

prejuízo e que os dados seriam tratados no seu conjunto, assegurando o anonimato. Na

ocasião foi esclarecido que a pesquisa tinha aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Ceará (Protocolo no 87/10 – ANEXO D), e que antes de responder e

devolver o questionário, o participante deveria assinar o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido, concordando em participar do estudo e autorizando a utilização dos dados com o

fim de pesquisa e eventuais publicações. Em média, 15 minutos foram suficientes para a

conclusão do questionário.

4.1.4. Análise Dos Dados

Neste estudo, além do SPSS, o software AMOS 18 foi empregado para testar a

estrutura fatorial encontrada no primeiro estudo (Análise Fatorial Confirmatória),

confrontando-a, adicionalmente, com modelos alternativos. Além das estatísticas descritivas,

utilizaram-se análises fatoriais confirmatórias, tomando-se em conta a matriz de covariância e,

Page 53: Fernandes 2011

50

adotando o estimador ML (Maximum Likelihood). Estas análises oferecem vários indicadores

de ajuste do modelo teórico aos dados empíricos, sendo aqui considerados os seguintes

(BYRNE, 2001; TABACHNICK, FIDELL, 2001):

(1) Razão ² / g.l. (qui-quadrado / graus de liberdade), sendo recomendáveis

valores entre 2 e 3, porém admitindo-se até 5 como indicativo de um ajustamento adequado;

(2) Adjusted Goodness-of-Fit Index (AGFI), cujos valores variam de 0 a 1, com

aqueles próximos a 0,90 indicando um ajustamento satisfatório;

(3) Comparative Fit Index (CFI) é um índice comparativo, adicional, de ajuste ao

modelo, valores mais próximos de 1 indicando melhor ajuste, com 0,90 sendo a referência

para aceitar o modelo;

(4) Root-Mean-Square Error of Approximation (RMSEA), que se baseia nos

residuais, sendo melhor quanto mais próximo este índice for de zero (melhor o ajuste do

modelo hipotético aos dados); admitem-se valores de até 0,10, porém tem-se geralmente em

conta o ponto de corte de 0,08.; e

(5) o Consistent Akaike information Criterion (CAIC) e o Expected Cross

Validation Index (ECVI), os quais são indicadores geralmente empregados para avaliar a

adequação de um modelo em relação a outro. Valores baixos do ECVI e CAIC sugerem um

modelo mais adequado.

Finalmente, será analisada a diferença entre os qui-quadrados e seus respectivos

graus de liberdade [ ²(gl)], procedimento que serve para decidir entre os modelos qual o

mais parcimonioso e, portanto, mais ajustado (BYRNE, 2001). Ainda com o SPSS se

procurará conhecer a consistência interna (alfa de Cronbach) do AUDIT, bem como

evidências de sua validade convergente/de critério (correlação r de Spearman e teste t de

Student) com as medidas que foram empregadas no segundo estudo. Acerca disto, Pasquali

(2001) aponta que a validade convergente refere-se à correlação significativa do construto

considerado com outros contrutos que, teoricamente, deveriam estar relacionados; já a

validade de critério avalia o grau com que um instrumento discrimina grupos de pessoas, de

acordo com um ou mais critérios.

4.2. Resultados

Inicialmente, realizou-se uma análise fatorial confirmatória testando a estrutura

unifatorial (Modelo 1) encontrada por meio das análises exploratórias realizadas no Estudo I.

De acordo com os resultados da SEM (Structural Equation Modeling), os indicadores de

Page 54: Fernandes 2011

51

adequação de ajuste deste modelo foram pouco aceitáveis: ² (35) = 216,86, p < 0,001; ²/gl =

6,20, GFI = 0,89, AGFI = 0,82, CFI = 0,87, RMSEA = 0,118 (IC90% = 0,103-0,133), ECVI =

0,69 e CAIC = 355,34. Em seguida, com o propósito de identificar um modelo mais

adequado, procurou-se, com base na revisão de literaruta, testar duas novas estruturas. A

primeira (Modelo 2), bifatorial, agrupa o domínio Frequência do Consumo em um único

fator, tendo como segundo componente os domínios Dependência e Consequências negativas

do Consumo. Ao passo que a segunda (Modelo 3), envolve a versão originalmente proposta

pela Organização Mundial de Saúde, em que o consumo de álcool é avaliado a partir dos três

domínios supracitados. Os resultados destas análises são sumarizados na Tabela 4.

Tabela 4. Comparação de diferentes modelos fatoriais do AUDIT.

Modelo χ2 (gl) AGFI CFI RSMEA (CI90%) ECVI CAIC ² (gl)

1 216,86 (35) 0,82 0,87 0,12 (0,10 - 0,13) 0,69 355,34 -----

2 101,80 (34) 0,92 0,95 0,07 (0,06 - 0,09) 0,39 247,21 115,06 (1)*

3 63,29 (32) 0,95 0,98 0,05 (0,03 - 0,07) 0,29 222,54 38,51 (2)*

Nota: χ2 = qui-quadrado, gl = graus de liberdade, AGFI = Adjusted goodness-of-fit index,

CFI = comparative fit index, RMSEA = root-mean-square error of approximation, CI90% =

intervalo de confiança de 90%, ECVI = expected cross-validation index, CAIC = consistent

Akaike information criterion, e ² = diferença entre os valores do qui-quadrado. *p < 0,001.

Quando comparados, o Modelo 2 foi mais apropriado (χ²/gl = 101,80, AGFI =

0,92, CFI=0,95 e RMSEA = 0,07) que o Modelo 1. Entretanto, considerando os múltiplos

indicadores de qualidade ajuste, percebe-se que o Modelo 3 reúne provas de melhor

adequação (χ²/gl = 63,29,GFI= AGFI = 0,98 e RMSEA = 0,05) frente ao Modelo 2 e,

consequentemente, ao Modelo 1. Além disso, os valores do CAIC e ECVI do Modelo 3 são

inferiores aos dos demais modelos, sendo ainda significativa a diferença de qui-quadrado dos

mesmos, principalmente quando se observam os Modelos 3 e 2 (Δχ² (2) = 38,51, p < 0,001).

Em função dos resultados, assume-se o Modelo 3 como o mais adequado. Neste caso,

excetuando o Item 6, todos os foram superiores a 0,30, sendo estatisticamente diferentes de

zero ( 0; z > 1,96, p < 0,05). Os três fatores apresentaram correlação entre si (Ф) de 0,53,

0,68 e 0,70 (valor Phi padronizado), respectivamente. Um resumo deste modelo pode ser

obervado na Figura 1.

Page 55: Fernandes 2011

52

Figura 2. Estrutura Fatorial do Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT).

Adicionalmente, procurou-se calcular a fidedignidade do AUDIT, considerando o

conjunto de itens. Os resultados destas análises indicaram consistência interna (Alfa de

Cronbach) de 0,82, com homogeneidade média de 0,52, variando de 0,25 (Item 6: Com que

frequência depois de ter bebido muito, você precisou beber pela manhã para se sentir

melhor?) a 0,76 (Item 3: Com que frequência você toma “seis ou mais doses” em uma

ocasião?), corroborando os resultados do Estudo I. Entretanto, como os resultados deste

estudo indicam a coerência do Modelo 3, calcularam-se os Alfas de Cronbach para cada um

dos fatores deste modelo. Para o primeiro fator (Frequência de Consumo), verificaram-se Alfa

de 0,89 e índice de homogeneidade médio de 0,83, variando este última entre 0,81 (Item 1:

Com que frequência você consome alguma bebida de álcoolica?) e 0,85 (Item 2: Nas ocasiões

em que bebe, quantas doses, copos ou garrafas você costuma tomar?). O Segundo fator

(Dependência) apresentou consistência interna e homogeneidade média de 0,50 e 0,39,

Page 56: Fernandes 2011

53

respectivamente. Para este fator, o menor índice de homogeneidade foi de 0,20 (Item 6) e o

maior 0,51 (Item 4: Com que frequência você achou que não seria capaz de controlar a

quantidade de bebida depois de começar?). O último componente (Consequências Negativas

do Consumo) apresentou um alfa de 0,62 e homogeneidade de 0,42, sendo o valor mais baixo

(0,39) correspondente ao Item 10 (Alguma vez na vida algum parente, amigo, médico ou

outro profissional da saúde já se preocupou com você por causa de bebida ou lhe disse para

parar de beber?) e mais alto ao Item 8 (Com que frequência você não conseguiu se lembrar do

que aconteceu na noite anterior por causa da bebida?).

Finalmente, a fim de avaliar a validade convergente do AUDIT, procurou-se

correlacionar sua pontuação total e as dos seus respectivos fatores com aquelas obtidas por

meio da Escala de Atitudes Frente ao Uso de Álcool (GOUVEIA et al., 2009) e do Cut down/

Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire (CAGE; MAYFIELD; MCLEOD; HALL, 1974).

Tal análise se justifica, fundamentalmente, pela relação existente entre atitudes e

comportamento e, principalmente, atitudes frente ao consumo de álcool e ingestão de bebidas

alcoólicas, bem como entre as pontuações do CAGE com AUDIT (AJZEN, 2001; HAYS;

MERZ; NICHOLAS, 1995; HOLLAND et al., 2002; SIMONS; CAREY, 2000; SIMONS;

GAHER, 2004). Os resultados destas análises são apresentados na Tabela 5.

Tabela 5. Correlação de Spearman entre AUDIT, CAGE e Atitudes Frente ao Uso de Álcool.

Variáveis 1 2 3 4 5

1. CAGE

2. Atitudes frente ao uso de álcool -0,19*

3. AUDIT total 0,55* -0,52

*

4. Frequência de Consumo 0,46* -0,58

* 0,93

*

5. Dependência 0,44* -0,24

* 0,66

* 0,52

*

6. Consequência negativas do consumo 0,53* -0,34

* 0,83

* 0,66

* 0,51

*

Nota: * p ≤ 0,01; CAGE = Cut down/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire.

Como se observa, os resultados das análises permitem admitir que, como proposto

na literatura (HAYS; MERZ; NICHOLAS, 1995), o consumo de álcool, avaliado pelo

AUDIT, está correlacionado diretamente com as pontuações dos participantes no CAGE (ρ =

0,55; p ≤ 0,01). Ao mesmo tempo em que as atitudes frente ao consumo de álcool se

correlacionam negativa e significativamente, tanto com a pontuação total do AUDIT (ρ = -

0,52; p ≤ 0,01) como com os fatores teóricos propostos (ρ = -0,58, -0,24 e -0,34

respectivamente; p ≤ 0,01). Além disso, quando se avalia as pontuações médias dos

participantes no AUDIT, comparando potenciais bebedores-problema (m = 1,32),

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54

selecionados por meio do CAGE, e os respondentes que não se enquadram nessa categoria de

consumidores de álcool (m = 0,98), verifica-se que estes se diferenciam significativamente

daqueles (t = 3,14; p ≤ 0,01), o que ratifica a validade de critério do AUDIT. Na discussão

abaixo, pretende-se discorrer mais detalhadamente acerca destes resultados.

4.3. Discussão

Como apresentado, o Estudo II teve como objetivo comprovar a adequação dos

modelos uni e multifatoriais e verificar a validade convergente e de critério do AUDIT.

Em termos gerais, conforme se observa nos resultados, a análise fatorial confirmatória

indicou o modelo de três fatores como o de melhor adequação, o que se assemelha a proposta

dos três domínios sugerida pela OMS (BABOR et al, 2001). Acerca desta semelhança, é

preciso destacar que, originalmente, o estabelecimento destes domínios teve por base apenas a

validade aparente, que em si não garante a adequação do construto (PASQUALI, 2001).

Desse modo, a comprovação apresentada, por meio dos índices de ajuste, forneceu indícios

empíricos da possibilidade desta proposta. Sendo ainda um modelo aceitável para a população

geral, uma vez que, segundo Lima et al (2005), em amostras procedentes de populações com

alta prevalência de dependência, os resultados corroboram com o modelo unifatorial, mas

naquelas em que se observa baixa prevalência de transtornos relacionados com o consumo de

álcool, os resultados remetem à estrutura composta por dois ou três fatores.

Em relação à consistência interna (Alfa de Cronbach), ainda que se reconheça que este

parâmetro não tenha sido desejável para os fatores Dependência (α=0,50) e Consequências

negativas (α=0,62), geralmente sugeridos como superiores a 0,70 (NUNNALLY, 1991), é

preciso considerar, na interpretação dos resultados, a homogeneidade da amostra e o número

de itens de cada fator (que no AUDIT, apresentou no máximo 4 itens por fator). Nesta

direção, pode-se questionar o valor de alfa superior a 0,80 no primeiro fator (Frequência de

Consumo), que talvez se justifique pelo fato de que tal componente agrupe conteúdos mais

evidentes para os participantes do estudo, uma vez que “consumir álcool frequentemente”,

como apresentado introdutoriamente, é uma conduta convencional. Além disso, é preciso

ponderar que os itens que abrangem os fatores 2 (Dependência) e 3 (Consequências

Negativas), envolvem aspectos referentes aos sintomas de dependência e às consequências

adversas do consumo nocivo de álcool, características que possivelmente não se adequem

para a amostra utilizada neste estudo. Provavelmente, se este mesmo instrumento fosse

aplicado em uma amostra psiquiátrica, padrões de respostas mais consistentes poderiam ter

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55

sido encontrados. Em todo caso, cabe assinalar que para intrumentos de screen e utilizados

em estudos exploratórios, alfas próximos a 0,60 podem ser considerados aceitáveis (CLARK;

WATSON, 1995; GARSON, 2007).

Acerca da baixa consistência interna do fator Dependência, análises adicionais

reveleram que, caso o item 6 fosse excluído, o valor do alfa de Cronbach no fator, iria de 0,50

para 0,58. Entretanto, atendendo aos requisitos da SEM (Structural Equation Modeling), ou

seja, considerar ao menos três indicadores por fator, a exclusão desse item poderia

comprometer as análises. Deve-se observar que o item 6, apesar de apresentar λ inferior a

0,30, foi estatisticamente diferente de zero ( 0; z > 1,96, p < 0,05). Ao mesmo tempo, é

preciso perceber que o item 6 abrange um dos principais aspectos que caracterizam o sintoma

de dependência. Neste caso, uma vez que o AUDIT é uma medida de screen, a exclusão do

item 6 prejudicaria a dimensionalidade do fator Dependência, pois deixá-lo com apenas dois

itens não seria suficiente para garantir a definição do construto.

Por fim, os resultados fazem referência ainda à validade convergente e a de critério.

Para se avaliar tais validades, as pontuações no AUDIT foram correlacionadas com as da

Escala de Atitudes Frente ao Uso de Álcool e, a partir das pontuações no CAGE, comparadas

em função de grupos critério (bebedor-problema vs. social). Como visto, os resultados

apresentados asseguraram a proposta do AUDIT em medir o consumo de álcool e

demonstraram sua aplicabilidade na triagem de bebedores-problema. Uma discussão mais

ampla sobre a aplicabilidade, tanto do Estudo I como do II, suas limitações e propostas

relevantes para o desenvolvimento de novos estudos, são contempladas no próximo capítulo.

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55.. DDIISSCCUUSSSSÃÃOO GGEERRAALL EE CCOONNCCLLUUSSÃÃOO

Page 60: Fernandes 2011

57

O principal objetivo desta pesquisa foi realizar análises exploratórias e confirmatórias

da estrutura do AUDIT. Para tanto, desenvolveram-se dois estudos cujas metas específicas,

confia-se terem sido atingidas, permitindo concluir que o objetivo proposto foi alcançado

satisfatoriamente.

O Estudo I, que avaliou as propriedades psicométricas das medidas apresentou

informações relevantes acerca do AUDIT, no que se refere ao seu poder discriminativo,

consistência interna, precisão teste-reteste e estrutura fatorial. No entanto, percebeu-se que

tais resultados abrangiam unicamente informações resultantes de análises exploratórias, o que

impossibilitava maiores conclusões acerca da dimensionalidade do instrumento. Deste modo,

realizou-se o Estudo II, que apresentou as análises fatoriais confirmatórias, permitindo

observar a adequação de estrutura fatorial do AUDIT, quando comparada a outros modelos.

Além disso, neste mesmo estudo, foi realizada a validade convergente e de critério do

instrumento com seus correlatos, que apresentou resultados significativos. Portanto,

reconhece-se a contribuição desta pesquisa na identificação de evidências de validade e

precisão do AUDIT.

Não obstante essas considerações, é preciso reconhecer que, como todo

empreendimento científico, esta pesquisa também apresenta algumas limitações potenciais,

que, embora não invalidem ou comprometam os objetivos antes indicados, demandam pensar

criticamente os resultados previamente descritos. Como, por exemplo, as amostras dos

estudos não foram representativas da população na qual estavam inseridas, o que limita a

generalização dos resultados para o Brasil e, até mesmo, para o Ceará. Contudo, sabe-se que

este não foi o propósito do estudo, mas sim, como dito, buscou-se conhecer os parâmetros

psicométricos desta escala. Podendo, portanto, a quantidade de participantes ser considerada

adequada (WATKINS, 1989).

Como direções futuras, aponta-se a possibilidade de se realizar análises mais

específicas (Curvas ROC), que considerem valores de sensibilidade e especificidade,

indicando o ponto de corte mais adequado para as amostras utilizadas nesta pesquisa, como se

demonstra em outros estudos da área (ADEWUYA, 2005; GÓMEZ et al., 2005; LIMA et al.,

2005; MORRETI-PIRES; CORRADI-WEBSTER, 2011). Sugere-se a replicabilidade deste

estudo em amostras clínicas, na medida em que inconsistências observadas em relação ao

item 6, por exemplo, bem como as hipóteses levantadas acerca dessa incongruência podem ser

averiguadas mais adequadamente. Coloca-se, além disso, a importância de se realizar estudos

de normatização do instrumento, considerando amostras probabilísticas. Isso é certo,

sobretudo, pelo fato de permitir não somente a generalização dos resultados antes descritos,

Page 61: Fernandes 2011

58

mas também ser útil na confirmação (ou não) dos parâmetros psicométricos que têm sido

observados neste contexto e em estudos prévios (MENESES-GAYA et al., 2009; MORRETI-

PIRES; CORRADI-WEBSTER, 2011)

Finalmente, ainda que o presente estudo não tenha cunho eminentemente prático, não

se poder deixar de considerar que os dados aqui disponibilizados, também podem ser úteis em

diversos campos, como nos sistemas de saúde, em empresas, em processo de habilitação de

condutores, em programas de tratamento, entre outros, visto ser este um instrumento de

triagem e rápido, que identifica potenciais grupos de risco, de maneira satisfatória, como

apresentado nesta pesquisa.

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Page 80: Fernandes 2011

ANEXOS

Page 81: Fernandes 2011

78

ANEXO A– Alcohol Use Disorders Identification Test (AUDIT)

INSTRUÇÕES: A seguir você encontrará uma lista de afirmações acerca de experiências,

situações e sentimentos relacionados com o consumo de bebidas alcoólicas. Gostaríamos de

saber o quanto cada uma delas diz respeito a você. Neste sentido, considerando os últimos

doze meses, pedimos-lhe que indique abaixo de cada item a opção que mais representa o que

você pensa ou faz.

1. Com que frequência você consome alguma bebida de álcoolica?

(0) Nunca

(1) Uma vez por mês ou menos

(2) Duas a quatro vezes por mês

(3) Duas a três vezes por semana

(4) Quatro ou mais vezes por semana

2. Nas ocasiões em que bebe, quantas doses, copos ou garrafas você costuma tomar?

(0) Não bebo

(1) 1 ou 2 “doses”

(2) 3 ou 4 “doses”

(3) 5 ou 6 “doses”

(4) 7 a 9 “doses”

(5) 10 ou mais “doses”

3. Com que frequência você toma “seis ou mais doses” em uma ocasião?

(0) Nunca

(1) Menos de uma vez por mês

(2) Uma vez ao mês

(3) Uma vez por semana

(4) Todos os dias ou quase todos

4. Com que frequência você achou que não seria capaz de controlar a quantidade de bebida

depois de começar?

(0) Nunca

(1) Menos de uma vez por mês

(2) Uma vez ao mês

Page 82: Fernandes 2011

79

(3) Uma vez por semana

(4) Todos os dias ou quase todos

5. Com que frequência você não conseguiu cumprir com algum compromisso por causa da

bebida?

(0) Nunca

(1) Menos de uma vez por mês

(2) Uma vez ao mês

(3) Uma vez por semana

(4) Todos os dias ou quase todos

6. Com que frequência depois de ter bebido muito, você precisou beber pela manhã para se

sentir melhor?

(0) Nunca

(1) Menos de uma vez por mês

(2) Uma vez ao mês

(3) Uma vez por semana

(4) Todos os dias ou quase todos

7. Com que frequência você sentiu culpa ou remorso depois de beber?

(0) Nunca

(1) Menos de uma vez por mês

(2) Uma vez ao mês

(3) Uma vez por semana

(4) Todos os dias ou quase todos

8. Com que frequência você não conseguiu se lembrar do que aconteceu na noite anterior por

causa da bebida?

(0) Nunca

(1) Menos de uma vez por mês

(2) Uma vez ao mês

(3) Uma vez por semana

(4) Todos os dias ou quase todos

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80

9. Alguma vez na vida você ou alguma outra pessoa já se machucou, ou se prejudicou pelo

fato de você ter bebido?

(0) Não

(2) Sim, mas não no último ano

(4) Sim, durante o último ano

10. Alguma vez na vida algum parente, amigo, médico ou outro profissional da saúde já se

preocupou com você por causa de bebida ou lhe disse para parar de beber?

(0) Não

(2) Sim, mas não no último ano

(4) Sim, durante o último ano

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81

ANEXO B- Caracterização da Amostra

Finalmente, gostaríamos de saber alguns dados sobre você:

1. Idade:_______ anos 2. Sexo: Masculino Feminino

3. Qual o seu estado civil?

Solteiro (a) Casado (a) Convivente Outro:_______________

4. Qual a sua religião?

Católica Evangélica Espírita Nenhuma Outra:_____________

5. Qual o seu curso?___________________________________

6. Em comparação com as pessoas do seu país, você diria que sua família é da (circule):

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Classe humilde Classe média Classe alta

7. Você mora com seus pais? Sim Não

8. Por favor, indique com que frequência as pessoas abaixo consomem ou já consumiram

bebidas alcoólicas. Caso não saiba, deixe em branco.

6. Todos os dias

5. Mais de uma vez na semana

4. Uma vez na semana

3. Uma vez no mês

2. Uma vez no ano

1. Uma vez na vida

0. Nunca

Seu Pai 0 1 2 3 4 5 6

Sua Mãe 0 1 2 3 4 5 6

Seu Avô Paterno 0 1 2 3 4 5 6

Sua Avó Paterna 0 1 2 3 4 5 6

Seu Avô Materno 0 1 2 3 4 5 6

Sua Avó Materna 0 1 2 3 4 5 6

Page 85: Fernandes 2011

82

0 1 2 3 4 5 6

Seu (sua) esposo (a) ou namorado (a) 0 1 2 3 4 5 6

9. Utilizando a mesma escala de resposta acima indique, em média, com que frequência seus

amigos mais íntimos consomem bebida alcoólica.

10. Antes da “Lei Seca”, você alguma vez já dirigiu sob o efeito de bebida alcoólica?

Sim Não

11. Depois que a “Lei Seca” entrou em vigor, você já dirigiu alguma vez sob o efeito de

bebida alcoólica?

Sim Não

12. Você já foi multado por estar dirigindo sob o efeito de bebida alcoólica?

Sim Não

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ANEXO C – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

CENTRO DE HUMANIDADES

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

PESQUISA: ALCOHOL USE DISORDER IDENTIFICATION TEST (AUDIT):

EVIDÊNCIAS DE SUA VALIDADE FATORIAL E CONSISTÊNCIA INTERNA.

Coordenador: Walberto S. Santos

Prezado (a) colaborador (a),

Você é convidado (a) a participar desta pesquisa, que tem como finalidade conhecer

evidências de validade e precisão do Alcohol Use Disorder Identification Test (AUDIT) entre

estudantes universitários cearenses.

1. PARTICIPANTES DA PESQUISA: Estudantes universitários, com idade igual ou

superior a 18 anos, de ambos os sexos. Esta será, inevitavelmente, amostra de conveniência,

não-probabilísticas, participando da pesquisa somente os voluntários que, convidados a

colaborar, concordem.

2. ENVOLVIMENTO NA PESQUISA: Ao participar deste estudo você deve responder a

um livreto composto por quatro partes, envolvendo questionários com itens objetivos sobre

consumo de álcool (Alcohol Use Disorder Identification Test – AUDIT e Cut down/

Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire – CAGE), atitudes frente ao uso de álcool

(Escala de atitudes frente ao uso de álcool) e questões de caráter bio-sócio-demográfico.

Lembramos que você tem a liberdade de se recusar a participar e pode ainda deixar de

responder em qualquer momento da pesquisa, sem nenhum prejuízo. Sempre que quiser

você poderá pedir mais informações sobre a pesquisa. Para isso, poderá entrar em contato

com o coordenador da pesquisa.

3. RISCOS E DESCONFORTOS: A participação nesta pesquisa não traz complicações,

talvez, apenas, algum constrangimento que algumas pessoas sentem quando estão fornecendo

informações sobre si mesmas. Os procedimentos utilizados nesta pesquisa seguem as normas

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estabelecidas pela Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, e não oferecem risco a

sua integridade física, psíquica e moral. Nenhum dos procedimentos utilizados oferece riscos

a sua dignidade.

4. CONFIDENCIALIDADE DA PESQUISA: Todas as informações coletadas neste estudo

são estritamente confidenciais. Apenas os membros do grupo de pesquisa terão conhecimento

das respostas, seu nome e da sua universidade não serão mencionados em nenhum momento.

Todos os dados serão analisados em conjunto, garantindo o caráter anônimo das informações.

Os resultados poderão ser utilizados em eventos e publicações científicas.

5. BENEFÍCIOS: Ao participar desta pesquisa você não deverá ter nenhum benefício direto.

Entretanto, espera-se que a mesma nos forneça dados importantes acerca de como as pessoas

lidam aspectos relacionados ao consumo de álcool, o que servirá de base para possíveis

programas de prevenção.

6. PAGAMENTO: Você não terá nenhum tipo de despesa por participar desta pesquisa. E

nada será pago por sua participação. Entretanto, se você desejar, poderá ter acesso a cópias

dos relatórios da pesquisa contendo os resultados do estudo. Para tanto, entre em contato com

o pesquisador responsável no endereço abaixo.

Endereço do responsável pela pesquisa:

Nome: Prof. Dr. Walberto Silva Santos

Instituição: Universidade Federal do Ceará – Depto. de Psicologia

Endereço: Av. da Universidade 2762 – Benfica – Fortaleza - CE

Telefones p/contato: 33667723 ou 33667728

ATENÇÃO: Para informar ocorrências irregulares ou danosas durante a sua

participação no estudo, dirija-se ao:

Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Ceará

Rua Coronel Nunes de Melo, 1127 Rodolfo Teófilo

Telefone: 3366.8338

-------------------------------------------------------------------------------------------------------------

CONSENTIMENTO DA PARTICIPAÇÃO COMO SUJEITO

Tendo compreendido perfeitamente tudo o que me foi informado sobre a minha

participação no mencionado estudo e estando consciente dos meus direitos, das minhas

responsabilidades, dos riscos e dos benefícios que a minha participação implica, concordo em

dele participar e para isso eu DOU O MEU CONSENTIMENTO SEM QUE PARA ISSO EU

TENHA SIDO FORÇADO OU OBRIGADO.

Nome do participante: ______________________________________________________

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Nome do membro da equipe de pesquisa: _______________________________________

Local e Data: _____________________________________________________________

Assinatura do participante: ___________________________________________________

Assinatura do membro da equipe de pesquisa: ___________________________________

Prof. Walberto Silva Santos

Coordenador do Projeto

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ANEXO D- Protocolo do Comitê de Ética da UFC

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ANEXO E– Escala de Atitudes Frente ao Uso de Álcool

INSTRUÇÕES – Por favor, indique sua opinião acerca de “estar sob o efeito de álcool”.

Pode ser uso leve, moderado ou pesado. Você não precisa ter usado bebidas alcoólicas para

responder essas questões. Por favor, indique sua avaliação global de “estar sob o efeito de

álcool”. Marque um X no quadro que melhor representar sua resposta.

Considero “estar sob o EFEITO DE ÁLCOOL”...

-4 -3 -2 -1 0 1 2 3 4

Negativo ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Positivo

Ruim ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Bom

Desagradável ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Agradável

Indesejável ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) ( ) Desejável

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ANEXO F – Cut down/ Annoyed/ Guilty/ Eye-opener Questionnaire (CAGE)

INSTRUÇÕES. Gostaríamos de saber como você tem se sentido em relação ao consumo de bebida alcoólica nos últimos dias. Por favor, marque simplesmente com um X a resposta que a seu ver corresponde mais com o que você sente ou tem sentido. Lembramos que suas respostas são confidencias, sendo importante que você responda a todas as perguntas.

1. Alguma vez você sentiu que deveria diminuir a quantidade de bebida ou parar de beber?

( ) Sim ( ) Não

2. As pessoas o (a) aborrecem porque criticam o seu modo de beber?

( ) Sim ( ) Não

3. Você se sente culpado (a) pela maneira com que costuma beber?

( ) Sim ( ) Não

4. Você costuma beber pela manhã para diminuir o nervosismo ou a ressaca?

( ) Sim ( ) Não

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