cultura do gladíolo

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CONTEÚDO 1. Introdução ................................................................................ 4 2. Fisiologia da planta .................................................................. 5 2.1. Fenologia/ciclo ................................................................. 5 2.2. Propagação ..................................................................... 6 2.3. Condições de temperatura .............................................. 8 2.4. Luz ................................................................................... 9 3. Implantação da cultura ............................................................ 9 3.1. Solos ................................................................................ 9 3.2. Preparo do solo e espaçamento de plantio ..................... 9 3.3. Adubação ........................................................................ 12 3.4. Escolha da variedade ...................................................... 12 4. Tratos culturais ........................................................................ 14 4.1. Capinas ........................................................................... 14 4.2. Irrigação ........................................................................... 14 4.3. Tutoramento .................................................................... 15 4.4. Amontoa .......................................................................... 16 5. Controle Fitossanitário ............................................................. 16 5.1. Doenças .......................................................................... 16 5.1.1. Podridão Fusariana ou Murcha de Fusarium ........ 17 5.1.2. Podridão de Botritis ou Mofo-Cinza ....................... 18

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Page 1: cultura do gladíolo

CONTEÚDO

1. Introdução ................................................................................ 4

2. Fisiologia da planta .................................................................. 5

2.1. Fenologia/ciclo ................................................................. 5

2.2. Propagação ..................................................................... 6

2.3. Condições de temperatura .............................................. 8

2.4. Luz ................................................................................... 9

3. Implantação da cultura ............................................................ 9

3.1. Solos ................................................................................ 9

3.2. Preparo do solo e espaçamento de plantio ..................... 9

3.3. Adubação ........................................................................ 12

3.4. Escolha da variedade ...................................................... 12

4. Tratos culturais ........................................................................ 14

4.1. Capinas ........................................................................... 14

4.2. Irrigação ........................................................................... 14

4.3. Tutoramento .................................................................... 15

4.4. Amontoa .......................................................................... 16

5. Controle Fitossanitário ............................................................. 16

5.1. Doenças .......................................................................... 16

5.1.1. Podridão Fusariana ou Murcha de Fusarium ........ 17

5.1.2. Podridão de Botritis ou Mofo-Cinza ....................... 18

Page 2: cultura do gladíolo

5.1.3. Ferrugem ............................................................... 19

5.1.4. Podridão de Curvulária .......................................... 20

5.1.5. Viroses ................................................................... 20

5.1.6. Medidas de Prevenção ......................................... 21

5.2. Pragas ............................................................................. 22

5.2.1. Trips ....................................................................... 22

5.2.2. Pulgões .................................................................. 23

5.2.3. Nematóides ........................................................... 23

5.2.4. Lagartas ................................................................ 23

6. Colheita, Tratamento, Embalagem e Transporte .................... 24

7. Pulsing (Tratamento Pós-Colheita) ......................................... 26

8. Armazenamento das Flores .................................................... 26

9. Colheita dos Bulbos ................................................................. 27

10. Armazenamento dos bulbos e Quebra de Dormência .......... 28

11. Considerações Finais ............................................................ 29

12. Referências Bibliográficas ..................................................... 30

Page 3: cultura do gladíolo

CULTURA DO GLADÍOLO

Patrícia Duarte de Oliveira Paiva1

Fernanda Cristiane Simões 2

Fernanda Aparecida Vieira 2

Mirian Gilbert Fuini 2

Renato Paiva3

I INTRODUÇÃO

O gladíolo, também conhecido como Palma ou Palma-de-

Santa-Rita, é uma planta bulbosa originária da África.

É uma flor de corte muito comum dentre as plantas

ornamentais, tradicionalmente utilizada para ornamentação de

túmulos no dia de Finados. Também é usada para decoração dos

mais diversos ambientes, em ocasiões especiais, como as datas

festivas, casamentos, formaturas, etc.

O gladíolo é uma cultura de grande importância, devido a

seu ciclo curto, fácil condução, baixo custo de implantação e

rápido retorno financeiro, fatores esses que permitem o seu

cultivo em pequenas áreas, além da possibilidade da produção

comercial de bulbos para o mercado interno e exportação.

1. Professora Adjunta, Departamento de Agricultura, Universidade Federal de Lavras (UFLA) C.P. 37, CEP 37.200, Lavras--MG

2. Engenheira Agrônoma, UFLA 3. Professor Adjunto, Departamento de Biologia, UFLA.

Page 4: cultura do gladíolo

2 FISIOLOGIA DA PLANTA

2.1. Fenologia/ciclo

As variedades de gladíolo podem ser de ciclo curto, médio

e longo, com a floração ocorrendo entre 65 até 120 dias após o

plantio.

De modo geral, o desenvolvimento do gladíolo ocorre da

seguinte forma:

a) 1-3 semanas após o plantio: surgimento de raízes e início de

emissão das folhas;

b) 4-6 semanas após o plantio: desenvolvimento vegetativo;

c) 7-10 semanas após o plantio: lançamento de espiga floral e

abertura das flores;

d) 11-18 semanas após o plantio: senescência das folhas,

formação de novo bulbo e bulbilhos.

Figura 1. – Desenvolvimento dos bulbos de gladíolo. (Adaptado de Tanaka, sd).

Page 5: cultura do gladíolo

2.2 Propagação

O gladíolo é propagado vegetativamente através de

bulbos e bulbilhos. A propagação através dos bulbos destina-se à

produção de flores de corte e os bulbilhos são cultivados para a

produção de novos bulbos.

O gladíolo apresenta diferentes tamanhos de bulbos

e o tamanho da inflorescência está diretamente relacionado às

dimensões do bulbo, ou seja, bulbos de maiores tamanhos

produzem inflorescências com maior comprimento de haste.

Comercialmente os bulbos são classificados em pequenos,

médios, grandes e bulbilhos. Para a produção comercial de flores

somente são utilizados os bulbos médios e grandes. Os bulbos

médios são divididos por tamanho de perímetro: bulbos “10-12” e

“12-14” apresentam respectivamente 10 a 12 cm e 12 a 14 cm de

perímetro. Os bulbos grandes são encontrados nos tamanhos

14-16 e 16-18, valores esses também correspondentes às

medidas de perímetro.

Os bulbos pequenos assim como os bulbilhos são

cultivados apenas para a produção de novos bulbos. A cada ciclo

de produção, bulbos de maior tamanho são produzidos, isto é,

quando se planta bulbilhos, estes produzem bulbos pequenos; os

bulbos pequenos produzem bulbos de tamanho médio, além de

Page 6: cultura do gladíolo

novos bulbilhos, e os bulbos médios produzem bulbos grandes e

diversos bulbilhos.

Figura 2. – Classificação dos bulbos de gladíolo: A – em

formação; B – bulbo “velho”; C – bulbilhos em formação; D –

bulbo grande; E – bulbo médio; F – bulbilho.

2.3 Condições de temperatura A temperatura ótima para cultivo de gladíolo situa-se entre

20-25oC, mas eles desenvolvem-se bem também quando

cultivados na faixa de 15-30oC.

As plantas são bastante sensíveis a geadas ou

temperaturas muito baixas pois, além de provocar queimaduras

nas folhas, atrasam a produção de flores. Em regiões sujeitas a

C

Page 7: cultura do gladíolo

geadas, não se recomenda o cultivo durante o inverno. A

utilização de cobertura plástica pode amenizar o problema.

2.4 Luz

O gladíolo é cultivado a pleno sol, mas produz bem em

estufas e casas-de-vegetação, especialmente em regiões de

temperatura mais amena. Em dias longos (verão), seu

crescimento e desenvolvimento ocorrem com maior rapidez e

intensidade.

3 IMPLANTAÇÃO DA CULTURA

3.1 Solos

O gladíolo é uma planta bastante rústica e se adapta bem

a diferentes tipos de solos, com restrição apenas para os mal

drenados e sujeitos a encharcamento.

3.2 Preparo do solo e espaçamento de plantio

O preparo do solo para plantio do gladíolo deve ser

constituído de aração seguida de gradagem para destorroamento

do terreno. Em solos muito infestados com plantas daninhas,

recomenda-se a aplicação de herbicidas. O plantio dos bulbos é

feito em sulcos que devem ser abertos com profundidade média

Page 8: cultura do gladíolo

de 15 cm e espaçados entre si entre 60-70 cm. Em cada sulco

são dispostas duas linhas de plantio, proporcionando um

espaçamento final de 15 cm entre as linhas, no sistema chamado

de “Linhas duplas”. O espaçamento entre bulbos numa linha é de

7-10 cm, sendo recomendado o plantio na forma de “um bulbo

sim, outro não”. A utilização de réguas graduadas,

confeccionadas a partir de ripas de madeira ou bambus com

marcas para colocação dos bulbos, auxiliam no plantio e locação

dos bulbos na linha.

3.3 Adubação

Para a recomendação de adubação, que deve ser feita por

um engenheiro agrônomo, é fundamental realizar previamente

uma análise do solo.

Antes do plantio do gladíolo, recomenda-se que seja

incorporado ao solo:

- Calcário (conforme a necessidade determinada na

análise de solo);

- Esterco (20 litros / m2 de esterco de curral bem curtido);

- NPK (conforme a análise de solo);

- Boro: 0,4 a 1,0 kg/ha

A adubação de cobertura deve ser realizada aos 30 e 50

dias após o plantio, aplicando 10-30g de sulfato de amônia/m2,

Page 9: cultura do gladíolo

visando a um bom desenvolvimento da parte aérea, flores e

bulbos.

Page 10: cultura do gladíolo

3.4 Escolha da variedade

A variedade a ser plantada deve ser escolhida conforme

cor, ciclo vegetativo e demanda de mercado. Por exemplo, no

Natal, a cor vermelha deve ser preferida; no Ano Novo, branca e

amarela, e para o dia de Finados, todas as cores são

comercializadas, com destaque para as flores brancas, as quais

são também mais consumidas ao longo de todo o ano.

Comercialmente, as variedades mais plantadas são as que

apresentam ciclos curtos e médios.

4 TRATOS CULTURAIS

4.1 Capinas

As capinas devem ser feitas sempre que necessárias. É

importante que a cultura seja mantida livre da concorrência com

plantas invasoras. No caso de produção de bulbos, a cultura

deve ser mantida sem plantas daninhas até o fim do ciclo.

A eliminação das plantas daninhas pode ser manual,

quando em pequenas áreas onde se utilizam enxadas, enxadetas

e até o próprio arranquio com as mãos entre as plantas; ou

químico, através do uso de herbicidas seletivos, de acordo com a

planta daninha infestante. Alguns produtos recomendados e

Page 11: cultura do gladíolo

seletivos para o gladíolo são: Karmex (Diuron), Surflan

(Pendimethalin), Sethoxydin (Poast) e Fusilad (Fluazifop).

Tabela 1. - Variedades de gladíolo recomendadas para cultivo

comercial, segundo o ciclo médio de florescimento. UFLA,

Lavras/MG, 1999.

Variedades Cor das flores Ciclo Curto

(60-65 dias) * Ciclo Médio (75-85 dias)*

Ciclo longo (100-120

dias)* Vermelha Red Beaty

Life flame Carmem Cordula

Ardent Eurovision Traderhoen

San souci New europe Aristocrat

Rosa Friendship Wild rose

Fidelio

Laranja Peter Pears Lilás Her Majesty Branca White friendship

White goddess Snow princess

Amarela Nova lux Gold field Jester Jester gold

Salmão Spice span Jenny Lee

* Período entre o plantio e o florescimento

Page 12: cultura do gladíolo

4.2 Irrigação

O gladíolo necessita ser irrigado freqüentemente,

mantendo o solo sempre úmido. Deficiência no fornecimento de

água prejudica o desenvolvimento vegetativo e florescimento,

formando inflorescências com comprimento reduzido. Irrigações

freqüentes em condições de temperatura adequada podem

proporcionar precocidade à produção de flores.

A falta de água pode provocar queima na ponta das

espigas e apressar o ciclo, enquanto que o excesso pode causar

retardamento do ciclo e até apodrecimento dos bulbos.

Durante o desenvolvimento e floração, o gladíolo necessita

de um bom teor de umidade. Por meio de irrigações mais

freqüentes, é possível conseguir produções mais precoces.

4.3 Tutoramento

É uma das práticas mais importantes na cultura do

gladíolo, cujas plantas apresentam grande tendência de

tombamento, ocorrendo, em conseqüência, o desenvolvimento de

inflorescências com haste deformada, sem valor comercial.

Através do tutoramento, é possível manter as plantas com

crescimento vertical, com produção de flores em hastes eretas.

Para o tutoramento, utilizam-se ripas de madeira ou bambu e fitas

plásticas ou fitilhos. Barbantes não são recomendados, pois

Page 13: cultura do gladíolo

rompem-se com facilidade. Arames também não são utilizados

pela dificuldade de se trabalhar com esses materiais. O sistema

de tutoramento deve ser implantado logo no início da cultura, ou

seja, de 15 a 20 dias após o plantio. O primeiro fio é instalado a

30 cm do solo, sendo ainda colocadas mais 2 a 3 fiadas, de

acordo com o crescimento da planta, também espaçados de 30

cm.

Figura 4. Esquema de tutoramento das plantas de gladíolo.

UFLA, Lavras/MG, 1999.

4.4 Amontoa

Consiste em “chegar terra” nas plantas para proporcionar

cobertura dos bulbos que por ventura estejam aparentes, além de

auxiliar na sustentação das plantas.

Page 14: cultura do gladíolo

5 CONTROLE FITOSSANITÁRIO

5.1 Doenças

Entre as doenças do gladíolo, as que mais se destacam

são as podridões que afetam os bulbos, podendo sua infecção

ocorrer no campo e a doença se manifestar com maior

intensidade durante o armazenamento ou no plantio

subseqüente.

5.1.1 Podridão Fusariana ou Murcha de

Fusarium ou Fusariose (Fusarium

oxysporium f. gladioli)

É a mais séria doença do gladíolo, pela intensidade e

severidade com que afeta a cultura e dificuldade de controle.

O ataque na parte aérea é caracterizado pela seca das

folhas. Essa seca inicia-se no ápice foliar e desenvolve-se em

direção à base. podendo atingir também as flores, ocorrendo

manchas de cor palha (seca) nas pétalas. As inflorescências

podem ainda apresentar deformação, com abertura desuniforme

(falhas) de flores.

O fungo pode ocorrer de forma latente (inativo) nos bulbos

e assim permanecer por meses, suportando inclusive

armazenamento em baixa temperatura. Quando a doença se

Page 15: cultura do gladíolo

manifesta nos bulbos, os sintomas são identificados pela

presença de manchas de tamanhos variados, coloração escura e

deprimidas, caracterizando uma podridão seca. Nos bulbos

infectados armazenados podem ocorrer evolução de tal maneira

que ocorre desintegração total do material.

O controle dessa doença deve ser principalmente

preventivo; o plantio não deve ser feito em solos onde as plantas

anteriormente cultivadas já tenham apresentado a doença, pois

esse fungo permanece latente nos solo.

Os bulbos, após serem colhidos e antes de serem

plantados, devem ser tratados através de imersão em solução de

fungicida.

Os produtos recomendados para tratamento de bulbos

são:

- Benlate (Benomyl): 200g + Captan (Captan) 500g/

100litros de água, 15-20 min.

- Sportak (Prochloraz): 40 g / 100 litros de água, 15-20 min.

- Tecto (Thiabendazole): 170 g / 100 litros de água, 15-20

min.

Ocorrida a doença, o controle nem sempre é eficiente, mas

pode-se aplicar Thiabendazole (170-350g/100 litros de água) no

início de incidência. Recomenda-se, ainda, a eliminação e

queima das plantas infectadas.

Page 16: cultura do gladíolo

5.1.2 Podridão de Botritis ou Mofo-Cinza –

(Botrytis gladiolorum )

A infecção deste fungo nas folhas e haste provoca

manchas de coloração parda que, com o tempo, tornam-se

secas. Os botões e pétalas ficam recobertos por uma massa

pulverulenta cinza. As flores apodrecem e não abrem.

Nos bulbos pode ocorrer podridão-mole ou seca, variando

de acordo com as condições de armazenamento. São formadas

manchas de coloração palha. Pode ocorrer ainda desintegração

total do bulbo devido à podridão-mole de coloração marrom-

escura.

O controle preventivo é feito através de tratamento de

bulbos. Quando se realiza tratamento químico objetivando o

controle de Fusarium, (prática obrigatória na cultura do gladíolo),

também se previne a incidência de Botritis. Em culturas

infectadas recomenda-se a pulverização com produtos à base de

Captan, Clorotalonil, Mancozeb.

5.1.3 Ferrugem (Uromyces transversalis)

A ferrugem é caracterizada pela formação de pústulas de

coloração amarela, as quais infectam as folhas, pedúnculo floral e

sépalas. As inflorescências produzidas em plantas infectadas são

de qualidade inferior.

Page 17: cultura do gladíolo

O controle deve ser feito pela aplicação de fungicidas

como Dithane e Clorotalonil. As plantas doentes devem ser

eliminadas e queimadas.

5.1.4 Podridão de Curvulária (Curvularia lunata )

Nas hastes e folhas ocorre a formação de manchas ovais

escuras. Em infecção intensa, ocorre amarelecimento e seca

prematura da planta, não havendo abertura floral.

A infecção nos bulbos é mais severa onde ocorrem lesões

escuras e deprimidas. A ocorrência de temperatura e umidade

elevadas favorecem a incidência da doença.

O controle preventivo realizado para Fusarium, através de

tratamento de bulbos, também previne a ocorrência de

Curvulária. Em plantas infectadas, recomenda-se a pulverização

com produtos à base de Maneb e Clorotalonil.

5.1.5 Viroses

O gladíolo pode ser infectado por algumas viroses, cujos

sintomas são: clorose foliar, distorção da inflorescência,

crestamento e atrofia da planta, além de manchas nas flores. Os

principais vírus que infectam as plantas são o do Mosaico do

Tomateiro, Mosaico do Tabaco e o Mosaico Amarelo do Feijoeiro.

Page 18: cultura do gladíolo

O controle de insetos transmissores de viroses, como o

trips) e eliminação de plantas infectadas são práticas

recomendadas para evitar a instalação e disseminação da

doença.

A utilização de material sadio e de boa procedência é

sempre recomendável.

5.1.6 Medidas de Prevenção

Algumas medidas são recomendadas para evitar o

aparecimento e disseminação de doenças:

- eliminar e queimar as plantas e bulbos doentes;

- selecionar os bulbos para armazenamento,

descartando todos que apresentam suspeita de

infecção e manchas;

- arrancar os cuidadosamente, evitando ferimentos; em

seguida, eles devem ser secos e limpos;

- manter os bulbos armazenados em prateleiras bem

ventiladas em baixa temperatura (preferencialmente

câmaras frias). Periodicamente fazer uma inspeção,

retirando bulbos apodrecidos ou mumificados;

- fazer rotação de cultura;

- fazer tratamento dos bulbos após a colheita e antes do

plantio.

Page 19: cultura do gladíolo

5.2 Pragas

5.2.1 Trips – (Taeniotrips simplex)

Os trips atacam os bulbos, folhas, botões florais e flores do

gladíolo. Nos bulbos, o ataque se verifica durante o

armazenamento, e a região atacada apresenta coloração

amarronzada.

No campo, atacam as brotações novas, folhas e

inflorescências onde se reproduzem. As folhas atacadas

apresentam manchas de coloração prateada, tornando-se de cor

amarelada, e os botões atingidos não se abrem normalmente. As

pétalas das flores abertas apresentam pequenas manchas de

coloração escura.

O trips é ainda um inseto responsável pela transmissão de

viroses.

O controle do trips deve ser feito pelo tratamento dos

bulbos com produtos à base de Diazinon e Monocrotofós. Na

parte aérea deve-se pulverizar com produtos sistêmicos à base

de Parathion Methyl. O controle de plantas daninhas auxilia na

prevenção da incidência desta praga.

Page 20: cultura do gladíolo

5.2.2 Pulgões – (Myzus sp)

Os pulgões sugam as brotações dos bulbos tanto na fase

de armazenamento quanto no campo. Bulbos atacados murcham

e originam plantas fracas. No campo, o ataque destes insetos

causa redução no crescimento da planta e pode ser controlado

pela utilização de inseticidas sistêmicos à base de Parathion

Methyl e Aldicarb. No armazenamento, recomenda-se o

tratamento dos bulbos com Diazinon e Monocrotofós.

5.2.3 Nematóides – (Meloidogyne incognita)

Atualmente esses parasitas são bastante importantes para

a cultura do gladíolo, afetando raízes e bulbos. As plantas

atacadas param de crescer e murcham, além de ocorrer a

formação de galhas no sistema radicular e no bulbo.

O controle é feito através de desinfecção do solo com

produtos fumigantes à base de brometo de metila ou Aldicarb.

5.2.4 Lagartas (Spodoptera spp)

As lagartas alimentam-se dos bulbos, folhas e flores.

Culturas que apresentam amarelecimento da parte aérea

ocorrendo em reboleira podem estar tendo os bulbos atacados

por lagartas. O monitoramento do cultivo, identificando áreas

atacadas, é importante para se realizar o controle precocemente.

Page 21: cultura do gladíolo

Recomenda-se a aplicação de produtos à base de

monocrotofós e triclorfon. Controle biológico também pode ser

realizado pela utilização de Bacillus thurigiensis.

6 COLHEITA, TRATAMENTO, EMBALAGEM E TRANSPORTE

A colheita deve ser realizada nas horas mais frescas do

dia. O corte deve ser feito na base da haste, evitando-se ao

máximo a retirada de folhas, pois a planta continuará vegetando

até o final do ciclo, quando os bulbos serão então coletados.

As inflorescências devem ser colhidas quando as quatro

flores basais estiverem com os botões “mostrando a cor”. As

hastes são então classificadas, amarradas em feixes de 5 dúzias

e embaladas em papel-jornal ou papelão e mantidas sempre na

posição vertical em recipiente com água.

As inflorescências são classificadas em função do

comprimento de haste e número de botões florais, conforme a

tabela 2.

Page 22: cultura do gladíolo

Tabela 2. Classificação das inflorescências de gladíolo para

comercialização. – A. Classificação da Cooperativa Holambra e

B. Classificação do CEAGESP (Ceasa – SP)

A)

Tipo de

inflorescência

Comprimento

de haste

Número de

Botões/Inflorescência

EXTRA > 120 cm >16

I 100-120 cm 12 a 16

II 80-100 cm 8 a 12

III 60-80 cm < 8

B)

Inflorescência

Comprimento

de Haste

Número de

Botões/Inflorescência

Longas > 120 cm >16

Médias 90-120 cm 12 a 16

Curtas < 90 cm < 12

O transporte das inflorescências deve ser sempre feito

mantendo-as na posição vertical e normalmente a seco em

caminhões com sistema de refrigeração.

Page 23: cultura do gladíolo

7 PULSING (TRATAMENTO PÓS-COLHEITA)

Recomenda-se que após a colheita as inflorescências

sejam submetidas a um tratamento que visa a torná-las mais

viçosas, aumentando, conseqüentemente, sua durabilidade. Este

tratamento consiste em imergir a base das hastes em solução

contendo sacarose e germicida, por um período de 20 a 24

horas. Como fonte de sacarose pode-se utilizar o açúcar cristal:

50 g diluído em 1 litro de água. Alguns produtos germicidas são

facilmente encontrados no mercado, como nitrato de prata (30

mg/litro); sulfato de alumínio (500 mg/litro); citrato de 8

hidroxiquinoleina (200 mg/litro).

Após o período de imersão, as hastes devem ser lavadas

em água corrente para retirar o excesso de açúcar aderido à

base e transferidas para recipiente com água pura.

8 ARMAZENAMENTO DAS FLORES

As espigas tratadas com o “pulsing” podem ser

armazenadas na posição vertical (se as hastes forem

armazenadas horizontalmente, pode ocorrer encurvamento da

Page 24: cultura do gladíolo

inflorescência) em câmara fria a 4oC, com 90% de UR, no escuro

por até 20 dias. Retiradas da câmara fria, basta colocar as

inflorescências em água pura para ocorrer a abertura floral.

9 COLHEITA DOS BULBOS

Após a colheita das flores, a cultura é mantida sob

irrigação, porém em menor intensidade do que exigido para o

crescimento vegetativo, durante aproximadamente 8 semanas.

Após esse período, a irrigação deve ser suspensa para que haja

o secamento do solo e facilitar a colheita dos bulbos.

As folhas começam a amarelecer e os bulbos começam a

perder água e formar uma camada de folhas secas para

proteção, os bulbilhos adquirem uma coloração escura, sinal de

que a maturação se completou.

A colheita dos bulbos pode ser feita com o uso de um

enxadão ou cultivador mecânico. Deve-se cuidar para evitar

ferimentos nos bulbos, o que pode ocasionar infecção de

microrganismos e apodrecimento. Se os bulbos passarem do

ponto de colheita, começam a ter as reservas consumidas,

tornam-se murchos, escuros e podem ainda apresentar

podridões.

Page 25: cultura do gladíolo

Após serem colhidos, bulbos e bulbilhos devem ser

mantidos espalhados na sombra por aproximadamente uma

semana, para se processar a cura.

Curados, os bulbos são classificados e submetidos a

tratamento com fungicidas para se prevenir a infecção de

microrganismos. Pode-se utilizar solução de Benomyl (200 g /100

litros) associado com Captan (500 g / 100 litros) em imersão por

30 minutos e posterior secagem à sombra. Pode-se utilizar ainda

tratamento térmico, que consiste na imersão dos bulbos em água

quente (a 45oC) acrescido de fungicida por um período de uma

hora, e posterior secagem à sombra. Esse mesmo tratamento

deve ser repetido antes do plantio.

10 ARMAZENAMENTO DOS BULBOS E QUEBRA DE

DORMÊNCIA

O armazenamento pode ser feito à temperatura ambiente,

em local seco e arejado ou em câmaras frias a 5-6 oC. Nunca se

deve amontoar o material. Quando não se dispõe desse tipo de

estrutura, os bulbos podem ser armazenados em geladeira ou em

galpões bem arejados, livres de umidade. Devem ser dispostos

em camadas bastante espalhadas para evitar que haja infecção

principalmente por microorganismos decompositores.

Page 26: cultura do gladíolo

Os bulbos de gladíolo apresentam dormência, ou seja,

existem fatores que inibem a sua germinação quando plantados

logo após serem colhidos. Essa dormência é naturalmente

quebrada após 4 a 6 meses para os bulbos, e 6 a 18 meses para

os bulbilhos. O armazenamento dos bulbos em câmara fria a

5-6oC por um período de 20-30 dias ou dos bulbilhos por 5 a 6

meses pode apressar a quebra de dormência.

11 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por se tratar de uma planta de grande importância

comercial e de fácil manejo, com baixo custo de implantação e

exigir práticas simples de cultivo, a cultura do gladíolo é uma

opção de renda alternativa especialmente para pequenos

produtores.

Page 27: cultura do gladíolo

12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA, J.G.; LOPES, L.C. O cultivo do gladíolo. Viçosa:

UFV - Imprensa Universitária, 1994. 13 p.

GALLI, F. et al. Manual de Fitopatologia, Vol. II. 2 ed.,

Piracicaba: Editora Ceres, 1980. 587p.

TANAKA, M. K. Curso de Produção Comercial de Gladíolos e

Gipsofila. Apostila – AMIFLOR, 40 p. sd.

PITTA, G. B. P.; CARDOSO, R. M. G.; CARDOSO, E. J. B. N.

Doenças das Plantas Ornamentais. São Paulo: IBLC, 1990,

174p.

SALINGER, J. P. Producción comercial de flores. Zaragoza:

Editorial Acribia, 1991.

___ Recomendações para uso de corretivos e fertilizantes em

Minas Gerais – 4a aproximação. Lavras: CFSEMG, 1989.

159p.

Page 28: cultura do gladíolo

CULTURA DO GLADÍOLO