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Trabalho de Graduação Central Wireless de Monitoramento Hospitalar com o uso do software LabVIEW Pedro Henrique de Mendonça - 610291 Orientador: Prof. Dr. Galdenoro Botura Jr SOROCABA 2013 “Júlio de Mesquita Filho” Campus Experimental de Sorocaba

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Trabalho de Graduação

Central Wireless de Monitoramento Hospitalar com o uso do software

LabVIEW

Pedro Henrique de Mendonça - 610291

Orientador: Prof. Dr. Galdenoro Botura Jr

SOROCABA 2013

“Júlio de Mesquita Filho”

Campus Experimental de Sorocaba

2

Pedro Henrique de Mendonça

Central Wireless de Monitoramento Hospitalar com o uso do software LabVIEW

SOROCABA

2013

Trabalho acadêmico apresentado ao Curso de

Engenharia de Controle e Automação, Universidade

Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, como

requisito parcial para a obtenção do grau de

Engenheiro de Controle e Automação.

Orientador: Prof. Dr. Galdenoro Botura Jr

3

FICHA CATOLOGRÁFICA

Mendonça, Pedro H.

Central Wireless de Monitoramento Hospitalar com o uso do LabVIEW –

Sorocaba, 2013.

Nº de páginas: 58

Orientador: Prof. Dr. Galdenoro Botura Jr.

Trabalho de Graduação – UNESP Universidade Estadual Paulista “Júlio de

Mesquita Filho”

1. Monitoramento remoto; 2. Automação Hospitalar; 3. Programação em Blocos -

LabView; 4. Protocolos de Comunicação TCP/IP

4

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, pela compreensão e apoio incondicional durante o tempo que

me dediquei ao ensino superior.

Ao meu companheiro de república e grande amigo Cleber, com o qual convivi

durante os cinco anos de graduação, a minha namorada Sâmala, que me ajudou

quando eu mais precisei e a todos meus amigos.

Ao professor Dr. Galdenoro Botura Jr., pelas sábias e inspiradoras orientações.

A todos os professores de Engenharia de Controle e Automação do campus

UNESP Sorocaba, pelos conhecimentos que me transmitiram.

A Deus, por me dar forças e coragem em todos os momentos de fraqueza e

desânimo.

5

Sumário

ÍNDICE DE FIGURAS .................................................................................................................. 7

RESUMO ....................................................................................................................................... 8

ABSTRACT ................................................................................................................................... 8

1. OBJETIVO ............................................................................................................................. 9

2. INTRODUÇÃO....................................................................................................................... 9

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................10

3.1. Informática Médica e a Telemedicina ............................................................................10

3.2. Contexto histórico da Telemedicina ...............................................................................12

3.3. Telemedicina no Brasil ....................................................................................................13

3.4. Trabalhos correlatos .......................................................................................................14

3.4.1. Sistema de monitoramento do Eletrocardiograma via rede sem fio (TEJERO-

CALADO J. C., 2005) ................................................................................................................14

3.4.2. Sistema de monitoramento remoto em tempo real para pacientes cardíacos

fora do hospital (XU, Zhimin, 2008) ......................................................................................15

3.4.3. Projeto de uma rede de cuidados de saúde domiciliar (BAI, Jing, 1995) ..........17

3.5. Aplicações ........................................................................................................................17

3.5.1. Sistemas locais de Monitoramento sem fio de Eletrocardiograma .....................18

3.5.2. Sistemas remotos de monitoramento fora do hospital para pacientes com

problemas cardíacos ..............................................................................................................19

3.5.3. Rede de tratamento de saúde domiciliar ..............................................................20

4. REVISÃO TEÓRICA ............................................................................................................20

4.1. Protocolo TCP/IP .............................................................................................................20

4.2. Sinais Vitais .....................................................................................................................22

4.2.1. Temperatura Corporal.............................................................................................22

4.2.2. Pressão Arterial .......................................................................................................23

4.2.3. Saturação de oxigênio no sangue (Oximetria) .....................................................25

4.2.4. Batimento Cardíaco (Eletrocardiograma)..............................................................27

4.3. LabVIEW ..........................................................................................................................30

4.4. LabVIEW – DAQ ..............................................................................................................32

5. METODOLOGIA ...................................................................................................................33

5.1. Monitor do Paciente ........................................................................................................35

5.1.1. Funcionamento ........................................................................................................35

5.1.2. Interface Gráfica ......................................................................................................36

5.1.3. Programação ...........................................................................................................38

6

5.2. Central de Monitoramento ..............................................................................................44

5.2.1. Funcionamento ........................................................................................................44

5.2.2. Interface Gráfica ......................................................................................................45

5.2.3. Programação ...........................................................................................................47

6. RESULTADOS E DISCUSÕES ..........................................................................................50

6.1. Testes da interface ..........................................................................................................50

6.2. Testes da comunicação usando TCP/IP .......................................................................50

6.3. Testes do banco de dados .............................................................................................51

7. CONCLUSÕES ....................................................................................................................51

8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................53

APENDICE A – Diagrama de blocos do monitor do paciente .................................................55

APENDICE B – Hierarquia dos blocos do monitor do paciente ..............................................56

APENDICE C – Diagrama de blocos da central de monitoramento .......................................57

APENDICE D – Hierarquia dos blocos da central de monitoramento ....................................58

7

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Esquemático do Monitoramento de ECG via IEEE 802.11. ..................................................16

Figura 2 - Esquemático do Monitoramento fora do hospital. .............................................................16

Figura 3 – Fluxograma detalhando a hierarquia das camadas dos Protocolos TCP/IP. ........................21

Figura 4 – Aparência de um termopar comercial. ..............................................................................23

Figura 5 - Relação da pressão arterial com o batimento cardíaco. .....................................................24

Figura 6 – Aparência de um Esfigmomanômetro digital. ....................................................................25

Figura 7 - Gráfico do percentual de saturação pela pressão do oxigênio. ...........................................26

Figura 8 - Oximetro portátil de dedo. ................................................................................................27

Figura 9 - Forma de onda de um Eletrocardiograma [Skipping Hearts]. ..............................................28

Figura 10 - Comparação entre exemplos de ECGs. .............................................................................28

Figura 11 - Monitor Cardíaco Tradicional. ..........................................................................................29

Figura 12 - Imagem das telas do LabVIEW. ........................................................................................30

Figura 13 - Tipo de blocos. ................................................................................................................31

Figura 14 - Programação de um Sub-VI da biblioteca do LabVIEW. ....................................................32

Figura 15 - Imagem de um hardware para aquisição de dados. .........................................................33

Figura 16 - Esquema simplificado do Sistema da Central de monitoramento Sem fio.........................34

Figura 17 - Fluxograma da programação do monitor do paciente. .....................................................36

Figura 18 - Painel Frontal do Monitor do Paciente. ............................................................................37

Figura 19 - Tela mostrando os gráficos gerados a partir dos dados armazenados. .............................38

Figura 20 - Bloco de abertura de conexão TCP ...................................................................................38

Figura 21 – Programação em diagrama de blocos. .............................................................................39

Figura 22 - Obtenção das horas do sistema operacional. ...................................................................40

Figura 23 - Blocos de encerramento da programação. .......................................................................40

Figura 24 - Multiplexação dos dados e Bloco Cluster. ........................................................................41

Figura 25 - Banco de dados e histórico. .............................................................................................41

Figura 26 - Envio dos dados pela rede. ..............................................................................................42

Figura 27 - Programação do bloco alarme (em destaque como o bloco é visto). ................................43

Figura 28 - Fluxograma da programação do Monitor da Central. .......................................................45

Figura 29 - Painel frontal da Central de monitoramento. ...................................................................46

Figura 30 - Inicio da programação da central de monitoramento. ......................................................47

Figura 31 - Recepção dos dados via rede TCP. ..................................................................................48

Figura 32 - Programação de visualização de alarme. ..........................................................................49

Figura 33 - Banco de dados e histórico. .............................................................................................49

8

RESUMO

Este projeto apresenta a proposta, justificativas, especificações e desenvolvimento do software de um sistema de monitoramento para automação hospitalar, com interface intuitiva desenvolvido a partir da linguagem de diagrama de blocos através da plataforma “LabView”. O software proposto é capaz de monitorar sinais vitais de pacientes vinculados ao sistema. A partir das aquisições dos sinais vitais do paciente em um terminal remoto, o software envia os sinais por meio da rede wireless para um computador localizado em uma central, o qual apresenta em tempo real todos os dados recebidos simultaneamente em um monitor. Caso o sistema detecte anormalidade na pressão arterial, batimento cardíaco, temperatura ou oxigenação de algum paciente, a central alerta através de meios visuais e sonoros, indicando qual paciente se encontra em perigo.

ABSTRACT

This project presents the proposal, justifications, specifications and software development of a monitoring system for hospital automation, intuitive interface developed from the block diagram language through the platform "LabView". The proposed software is capable of monitoring vital signs of patients linked to the system. From the acquisition of the patient's vital signs on a remote terminal, the software sends the signals through the wireless network to a computer located in a central, which displays in real time all the data received simultaneously on a monitor. If the system detects an abnormality in blood pressure, heart rate, temperature and oxygenation of a patient, the central alert via audible and visual means, indicating which patient is at risk.

9

1. OBJETIVO

O intuito desse trabalho de graduação é apresentar o desenvolvimento do

software de um sistema capaz de monitorar vários pacientes em um hospital

simultaneamente e em tempo real. Facilitando a área da medicina, pois esse tipo de

tecnologia nos leitos das unidades de tratamento intensivo ajuda tanto os médicos,

agilizando o tempo de resposta da equipe médica no auxílio aos pacientes com risco

de vida, quanto aos próprios pacientes que ficam mais seguros com relação a sua

estadia nos ambientes hospitalares.

2. INTRODUÇÃO

Segundo André Seabra (2003), a automação hospitalar tem passado por

grandes mudanças, trazida pelos avanços tecnológicos e científicos. Esses avanços

permitiram a modernização tanto das praticas cientificas, quanto das condições de

vida da humanidade. A automação hospitalar é um exemplo que mostra que, a

importância do avanço tecnológico nessa área tem sido bastante reconhecida ao

redor do mundo.

A integração da medicina, tecnologia e ciência tem proporcionado avanços na

área médica, ajudando a salvar vidas, através de meios mais rápidos e eficazes na

luta pela sobrevivência. Pesquisas têm sido feitas na área de monitoramento

hospitalar, as quais vão desde “sistemas locais de monitoramento sem fio de

eletrocardiograma” (IEEE 802.11 ECG MONITORING SYSTEM, 2005), passando

por ¨sistemas remotos de monitoramento fora do hospital para pacientes com

problemas cardíacos¨ (XU, Zhimin & FANG, Zuxiang, 2008), até uma “rede de

tratamento de saúde domiciliar” que interliga o hospital a casa do paciente (DESIGN

OF HOME HEALTH CARE NETWORK, 1995).

Por mais que o conforto do paciente seja essencial na ajuda ao tratamento do

mesmo, estar próximo de uma equipe médica preparada para atendê-lo assim que

for preciso, é também essencial. Por isso, deve-se visar o equilibro dos dois lados da

balança, conforto do paciente e pronto-atendimento da equipe médica. O foco desse

trabalho é fazer com que os sinais vitais do paciente como pressão arterial,

10

temperatura corpórea, saturação de oxigênio no sangue e batimento cardíaco,

juntamente com o eletrocardiograma, sejam monitorados constantemente para que

possa ser possível detectar com melhor eficiência e agilidade, possíveis estados de

choque do paciente.

Outro ponto do trabalho é fornecer de forma segura e barata equipamentos que

sejam tão bons quanto os caros equipamentos encontrados no mercado de hoje.

Pois onde antes tinha-se um monitor hospitalar caro e que devia ser trocado

frequentemente por ter um tempo de vida curto, substitui-se por um computador, que

pode ser atualizado facilmente, com um software que também recebe atualizações.

O custo de manutenção passa a ser apenas do computador, pois uma vez comprada

a licença do software, a mesma pode ser instalada em várias máquinas.

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Informática Médica e a Telemedicina

“O surgimento da automação trouxe benefícios para a humanidade, afetando

tanto a área econômica, quanto a política e social” (L. W. Turner, 2004). A

automação é a aplicação de técnicas para diminuir o uso de mão-de-obra em

qualquer processo, facilitando o trabalho requerido e também pode aperfeiçoar o

controle dos mesmos dentre outros objetivos.

Neste contexto, sua expansão, ocorrida nos últimos anos, trouxe efeitos que

ultrapassam os limites da indústria, sua maior área de aplicação até então,

chegando assim ao campo da medicina. Sendo a automação um meio que tornou a

informação instantaneamente disponível, a sua conexão com a medicina criou

condições para que as práticas médicas sejam desenvolvidas de modo a promover

um atendimento e monitoramento médico de forma mais eficiente e eficaz.

No que tange a sua aplicação na medicina, a automação leva a uma disciplina

mais ampla, a da informática médica, que consiste, de acordo com Shortliffe e

Perrault (1990), que citam em um artigo sobre a disciplina na revista Informática

Médica, como sendo:

11

“Campo científico que trata do armazenamento, recuperação, e uso aperfeiçoado da informação biomédica, dados, e conhecimento para a resolução rápida de problemas e tomada de decisões."

Com isso, o surgimento da informática médica se traduz, “pelo aparecimento

de sistemas especialistas, isto é, programas de computação que procuram simular o

comportamento de um especialista médico diante do paciente” (SIGULEM, ANÇÃO

1988).

A informática médica possibilita que a medicina tire proveito da tecnologia

existente e desenvolva técnicas para diagnóstico e tratamento de doenças. A sua

aplicação no processo de análise e monitoramento de parâmetros biológicos leva a

um conceito chave e de suma importância para entender os meios que envolvem

essa análise e monitoramento utilizando recursos automatizados, o de telemedicina.

Segundo a WHO (World Health Organitazion - Organização Mundial da Saúde),

telemedicina é, “a oferta de serviços ligados aos cuidados com a saúde, usando

tecnologia de informação e de comunicação para o intercambio de informações

válidas para diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças e a contínua educação

de provedores de cuidados com a saúde, assim como para fins de pesquisa e

avaliações; tudo com interesse de melhorar a saúde das pessoas e de suas

comunidades.”

Outra definição pertinente para o campo da telemedicina é dada pela NASA

(National and Space Agency) que contempla aspectos referentes à permanência do

homem no espaço, que define o termo como sendo: “a interação de tecnologias de

telecomunicação, de informação, de interface homem-máquina (IHM) e de cuidados

médicos para melhorar os cuidados com a saúde em voos espaciais”.

Apesar das diferentes particularidades nas definições anteriores, todas, assim

como muitas outras não citadas, convergem para o conceito de distância como

sendo a mola propulsora da telemedicina, no entanto, cabe ressaltar que

diferentemente do senso comum que associa diretamente o termo a procedimentos

médicos realizados a distância, como, por exemplo, cirurgias robotizadas, sua

aplicação vai mais além e envolve: teleconsulta, teleintervenção, teleformação e

telemonitoramento sendo, esse último, o foco desde trabalho.

12

3.2. Contexto histórico da Telemedicina

O desenvolvimento da telemedicina sempre esteve estritamente ligado a

avanços tecnológicos e ao aparecimento da informática médica. Se tratando das

necessidades constantes de comunicação das informações médicas à distância, o

usufruto da telemedicina pode ser considerado bem antigo. Desconsiderando o uso

da informática em sua aplicação, têm-se registros da utilização de diversos meios de

comunicação para integração de informações médicas, como por exemplo, o

telefone para auxílio do diagnóstico, com seus primeiros registros em 1897 (EL

KHOURI, S. G., 2003).

O rádio passou a ser utilizado como ferramenta para transmissão de

informações médicas a partir do seu surgimento. Uma das suas primeiras aplicações

para transmissões de informações de cunho médico se refere a uma técnica

designada “telognosis” registrada por Sumaia Georges El Khouri em seu artigo sobre

telemedicina, fazendo referência a informações contidas na revista Radiology de

1950. Essa técnica consistia em transmitir diagnósticos obtidos por meio de cópias

de “roentgenografias”, popularmente conhecida como radiografias, que eram

transmitidos por fios de rádio ou telefones à distância. A técnica de “telognosis” nada

mais era do que “um aperfeiçoamento de um instrumento desenvolvido na 2ª guerra,

um telégrafo com fios que transmitia fotos em Washington DC e Anchorange no

Alasca” (EL KHOURI, S. G., 2003).

A utilização de tecnologias de transmissão de informações de imagem e som a

distância teve os primeiros registros na década de 1950, pelo uso de televisores e

monitores para consultas médicas no Instituto de Psiquiatria em Nebraska. Já na

década de 60 durante as missões espaciais americanas e soviéticas, tais

tecnologias visuais eram usadas com o intuito de monitorar as respostas biomédicas

da tripulação em órbita.

Nesse contexto, o que há de mais recente referente à telemedicina, se torna

realidade por meio de experimentos, pesquisas e projetos que estudam e

desenvolvem aplicações específicas para as mais diversas tecnologias da

informação, para a oferta de serviços ligados a saúde, mediante a barreira da

distância, utilizando para isso a infraestrutura da rede mundial de computadores e da

13

Internet-2 por meio da informática médica e da automação hospitalar. A Internet-2

consiste em um consórcio de redes avançadas de computadores sem fins lucrativos,

que foi desenvolvido nos Estados Unidos por membros das comunidades de

pesquisa, educação, indústria e governo do país. Ela é voltada para projetos nas

áreas de saúde, educação e administração pública, oferecendo aos seus usuários,

recursos como a criação de laboratórios virtuais e de bibliotecas digitais, que não se

encontram na internet comercial.

3.3. Telemedicina no Brasil A telemedicina é amplamente utilizada para cuidados médicos em regiões

desprovidas de recursos onde a distância e dificuldades de acesso são fatores

restritivos. No Brasil seu uso se torna mais pertinente, na medida em que se

considera a extensão do país e da precariedade do seu sistema de saúde

comparado com o de outros países. No entanto, sua aplicação não se restringe

apenas a possibilitar assistência médica entre regiões desfavorecidas. A

telemedicina visa também promover o conforto de pacientes em estado crítico,

permitindo assim um acompanhamento remoto.

Um dos primeiros registros da utilização da telemedicina no Brasil se dá na

década de 80 onde foram desenvolvidos alguns projetos autônomos para sua

aplicação. Segundo Sumaia Georges El Khouri (2003), em seu artigo sobre o tema,

um dos primeiros registros especulados do uso da telemedicina no Brasil é de 1980,

e foram realizados pelo UniCor e Hospital do coração para monitoramento de

eletrocardiogramas do quarto de pacientes para Unidades Coronarianas.

O ano de “1994 parece ser o ano mais certo para inaugurar as atividades de

telemedicina no Brasil” (EL KHOURI, S. G., 2003). De acordo com suas

investigações, Sumaia Georges El Khouri (2003) sugere que a partir desse ano teve-

se uma disseminação da telemedicina no país, essa sequencia de anos foi marcada

pelo surgimento de inúmeras empresas e órgãos relacionados a oferecerem

serviços de telemedicina e telesaúde.

No que se refere a aplicação da telemedicina para monitoramento, por

exemplo, a inauguração da TELECARDIO, empresa responsável por realizar

14

eletrocardiogramas a distância, podendo se destacar em 1996 o surgimento do

serviço ECG-Home do Incor (Instituto do Coração) com o intuito de monitorar

pacientes em seu próprio domicílio.

Os anos seguintes foram marcados por outros acontecimentos como, a criação

da Disciplina de Telemedicina do Departamento de Patologia da Faculdade de

Medicina da USP, a inauguração do Laboratório de Telemedicina da UNIFESP,

dentre outros eventos, que se caracterizam por disseminar informações médicas,

assim como oferecer serviços de assistência médica e monitoramento remoto Home

Care (do inglês, cuidado domiciliar).

No entanto, os programas de Telemedicina no Brasil ainda são muito restritos e

pouco abrangentes, suas aplicações têm um destaque principalmente no que se

refere a um dos objetos deste estudo, a telecardiologia. Porém sua aplicação se

restringe a poucas instituições de caráter privado não atingindo consequentemente o

setor publico de saúde do país. Vale ressaltar também que, segundo Sumaia, os

hospitais com maior aplicação da telemedicina são os que por sua vez são

classificados como os mais bem equipados do país.

Com isso essas ferramentas se resumem em modalidades diferenciadas de

fornecimento de serviços médicos e de saúde, como por exemplo, o foco desde

projeto, a telemonitoração e a Home Care.

3.4. Trabalhos correlatos

3.4.1. Sistema de monitoramento do Eletrocardiograma via rede

sem fio (TEJERO-CALADO J. C., 2005)

Em 2005, pesquisadores do departamento de eletrônica da Universidade de

Malaga na Espanha, do departamento de pesquisa e desenvolvimento da CITIC

(Centro Andaluz de Inovação e tecnologias de informação e comunicação) e da

IMABIS (Instituto Mediterrâneo para o Avanço da Biomedicina e Investigação

Biosanitária) em parceria com o Complexo Hospitalar Carlos Haya desenvolveram e

implementaram uma nova tecnologia sem fio de sinais de eletrocardiogramas multi-

canal baseado na IEEE 802.11 (Institute of Electrical and Electronics Engineers –

15

Instituto de Engenheiros Eletricistas e Eletrônicos), permitindo monitoramentos sem

fio para pacientes e inserindo a informação na rede TCP/IP (TCP – Transmission

Control Protocol [Protocolo de controle de transmissão] e IP – Internet Protocol

[Protocolo de Internet]) do Hospital. Essa tecnologia desenvolvida tornou possível a

integração de diversos dispositivos sem fio permitindo a substituição dos grandes

monitores tradicionais com fios e possibilitando o envio de sinais biomédicos para

outros dispositivos como computadores, PDAs (Personal Digital Assistant) e

monitores. Com isso há o favorecimento da hospitalização domiciliar, ajudando a

reduzir os gastos com assistência médica. Isso também favorece as pessoas idosas,

habitantes das zonas rurais, pacientes crônicos e deficientes. A Figura 1 mostra o

esquemático desenvolvido nesse projeto.

3.4.2. Sistema de monitoramento remoto em tempo real para

pacientes cardíacos fora do hospital (XU, Zhimin, 2008)

Em 2008, pesquisadores do departamento de Engenharia Eletrônica da

Universidade de Fudan, em Shanghai na China, desenvolveram um sistema de

monitoramento remoto em tempo real para pacientes que se encontram fora do

hospital. O projeto consistia na fabricação de um dispositivo portátil que monitora o

eletrocardiograma do paciente e o envia para uma central de monitoramento que foi

implementada em um hospital. O sistema de monitoramento contínuo e em tempo

real era capaz de monitorar o ECG de múltiplos pacientes, através da rede de

telefonia celular (GPRS), e suas localizações fora do hospital, através do sistema de

posicionamento via satélites (GPS), fazendo diagnósticos em tempo real e enviando

todos os dados para a central. A Figura 2 mostra o esquemático desenvolvido nesse

projeto.

16

Figura 1 - Esquemático do Monitoramento de ECG via IEEE 802.11.

Figura 2 - Esquemático do Monitoramento fora do hospital.

17

3.4.3. Projeto de uma rede de cuidados de saúde domiciliar (BAI,

Jing, 1995)

Em 1995, pesquisadores do departamento de Engenharia Elétrica, juntamente

com a Escola de Engenharia e Ciências da Vida e a Universidade de Tsinghua, em

Beijing na China, desenvolveram um sistema de monitoramento domiciliar de ECG e

pressão sanguínea que enviava os sinais através de uma rede de telefonia. O

objetivo do projeto era fornecer o conforto do domicílio juntamente com os cuidados

médicos de um hospital. Os sinais eram captados por sensores portáteis conectados

ao paciente e eram transmitidos sem fio para um computador IBM e enviados pela

rede de telefonia, através de um modem, até a central do hospital, a qual monitorava

vários pacientes em suas casas, simultaneamente.

3.5. Aplicações

"O impacto dessa nova tecnologia na prática da medicina é surpreendente. As técnicas não invasivas de produção de imagem, como a ultrassonografia, a medicina nuclear, a tomografia e a ressonância magnética, alteraram sensivelmente o processo de diagnóstico médico. Novos equipamentos de monitorização de pacientes, como videolaparoscopia e analisadores automáticos de eletrocardiogramas, fluxos sanguíneos e gasosos, globais e regionais, oferecem informações vitais que auxiliam o médico, quer no tratamento eficaz do paciente, quer no apoio à pesquisa” (SIGULEM, D. 1997)

A telemedicina pode ser aplicada em praticamente todas as áreas médicas,

seja para transmissão de informações por meio de ferramentas tecnológicas para

fins de diagnóstico, quanto para ensino e pesquisa. No entanto, atualmente vem

sendo aplicada à diversos outros usos, tais como, a videoconferência médica, a

especialização, o aperfeiçoamento, a atualização na área de capacitação

profissional, a segunda opinião, a consulta on-line, telediagnóstico por imagem e por

fim o que é de cunho deste trabalho, a telemonitoração de vários pacientes em um

hospital.

Dentre os benefícios trazidos pela utilização da telemedicina pode se citar: o

auxílio na tomada de decisão médica, com a facilitação para o diagnóstico da

18

doença por meio do uso de bases de dados on-line; a possibilidade de transmissão

de informações sobre o paciente como sinais eletrocardiográficos, raios-X, ou

prontuários (histórico clinico). Além disso, permite que a comunidade científica da

área de saúde se comunique com rapidez, observe e discuta os sintomas de um

paciente; o registro das constatações (diagnóstico, prognóstico, tratamento etc).

No que tange a transmissão de informações remotas sobre o paciente, o

telemonitoramento se refere ao acompanhamento de pacientes crônicos que por sua

vez já foram atendidos pelo sistema de saúde e se encontram convalescentes em

suas residências. Neste caso há o acompanhamento de seus parâmetros vitais

como, pressão arterial, temperatura corpórea, saturação de oxigênio no sangue e

batimento cardíaco, juntamente com o eletrocardiograma.

Segundo Sumaia Georges El Khouri (2003) em seu artigo sobre Telemedicina

no Brasil, em 2001 foram constatados 3.000 usuários, 3 hospitais e 20 pacientes em

Home Care fazendo uso de monitoração remota por meio de Monitoração cardíaca

transtelefônica (Cardiobipe), uma das formas existentes de telemonitoramento que

proporciona além do serviço de monitoramento remoto o alarme para sinais vitais

descompassados.

No entanto, atualmente os serviços de monitoramento remoto são mais

comuns no ambiente intra-hospitalar, ocorrendo em maior frequência do que os

anteriormente citados. Essa situação mais frequente pode ser encontrada, por

exemplo, na comunicação entre quartos ou unidades intensivas e o posto de

enfermagem.

3.5.1. Sistemas locais de Monitoramento sem fio de

Eletrocardiograma

Segundo dados do anuário estatístico do ministério da Saúde de 1999 as

doenças do aparelho cardiovascular são responsáveis por cerca de 30% dos óbitos

no país, o que evidencia forte necessidade de controle dessas doenças por parte do

sistema de saúde brasileiro.

19

O eletrocardiograma (ECG) é uma ferramenta médica que possibilita não só o

diagnóstico de doenças oriundas do coração, assim como o melhor entendimento de

como essas doenças podem afetar a qualidade de vida do paciente, possibilitando

identificar algum risco de morte proveniente das doenças em questão.

Dada a gravidade dessas doenças, esse cenário exige medidas inovadoras

que mudem a lógica atual de assistência a esses pacientes, conferindo-lhes maior

confiabilidade e conforto nos serviços prestados a sua saúde.

Com isso, uma das alternativas para melhor monitoramento desses pacientes é

o sistema de monitoramento sem fio de eletrocardiograma que resulta em vantagens

tanto para o paciente quanto para a equipe médica. Com relação ao paciente há um

maior conforto devido à diminuição de fios e equipamentos no corpo, já para a

equipe médica há uma maior flexibilidade quanto à necessidade de se estar

continuamente junto ao paciente na sua unidade de internação.

3.5.2. Sistemas remotos de monitoramento fora do hospital para

pacientes com problemas cardíacos

Atrelado aos aspectos definidos anteriormente, como a importância do

eletrocardiograma para o monitoramento de pacientes com doenças

cardiovasculares, têm-se que os sistemas remotos de monitoramento fora do

hospital fornecem benefícios ainda mais substanciais para esse paciente.

Com a utilização desses equipamentos de monitoramento remoto o paciente é

monitorado continuamente pela equipe médica e ao mesmo tempo pode usufruir dos

cuidados do seu ambiente familiar.

Os sistemas de monitoramento remoto para pacientes com problemas

cardíacos permite que a unidade médica responsável pelo paciente tenha o controle

contínuo dos seus sinais cardiovasculares e seja capaz de reconhecer possíveis

alterações desses parâmetros por meio de sinais de emergência que são enviados a

base de capitação de dados que se encontra na unidade hospitalar e que por vezes

está substancialmente afastada da localização do paciente monitorado.

20

3.5.3. Rede de tratamento de saúde domiciliar

O conjunto de procedimentos médicos que podem ser realizados na casa do

paciente pode ser definido também como Home Care. Há ainda outra modalidade

dentro desse conceito, o long-term care que se refere à assistência domiciliar aos

portadores de doenças crônicas.

Com isso uma das principais ferramentas do Home Care para pacientes

portadores de doenças cardiovasculares são os sistemas remotos de

eletrocardiograma como citados no tópico anterior. Sistemas esses que permitem

uma redução do estresse causado pela internação, dentre outros fatores que

maximizam a independência do paciente e ao mesmo tempo minimizam os efeitos

debilitantes da sua patologia.

Neste contexto, os sistemas anteriormente apresentados cumprem com o

objetivo de melhorar qualidade de vida do paciente portador de doenças

cardiovasculares, aliado a garantia de aderência ao tratamento indicado pela equipe

médica. Assim tanto o monitoramento remoto domiciliar quanto o monitoramento

hospitalar sem fio permitem que o paciente disfrute de melhores condições de saúde

devido à aplicação do seu tratamento, junto com a segurança e o máximo de

conforto.

4. REVISÃO TEÓRICA

4.1. Protocolo TCP/IP O protocolo TCP/IP é constituído em um conjunto de protocolos de

comunicação entre computadores em rede, comumente utilizados em uma vasta

gama de aparelhos eletrônicos. Nesse conjunto de protocolos, encontram-se

protocolos, como por exemplo: HTTP, SMTP, POP3, IMAP, FTP, UDP, entre outros.

O protocolo TCP/IP é subdividido em quatro camadas: Aplicação, Transporte,

Internet e Interface com a rede. A Figura 3 mostra um fluxograma simplificado das

camadas do protocolo TCP/IP. A aplicação é a camada mais superior e a Interface

com a rede a camada mais inferior. Cada camada é responsável por um grupo de

21

tarefas, a qual fornece um serviço para um ou vários protocolos da camada superior

adjacente. A camada Aplicação contém os protocolos como o SMTP, o POP3 e o

IMAP, que são protocolos utilizados para envio de e-mails, e protocolos como o

HTTP e FTP que são utilizados para a navegação na web e para transferência de

dados, respectivamente. Dependendo da finalidade do software, o mesmo se utiliza

de um protocolo diferente. Logo abaixo na hierarquia das camadas, encontra-se a

camada de Transporte que possui protocolos como, por exemplo, o TCP e o UDP,

os quais têm como função analisar os dados enviados/recebidos pela camada

Aplicação e dividi-los e organizá-los em pequenos pacotes para que os mesmos

sejam enviados para a camada Internet. Na camada Internet encontra-se o protocolo

IP, que analisa os pequenos pacotes enviados pela camada anterior e adiciona

informações de endereçamento virtual. Com isso, qualquer aparelho eletrônico que

possua conexão com uma rede de comunicação consegue rastrear a origem desses

pequenos pacotes. Esses endereços virtuais recebem o nome de IP. Na

continuação, os pacotes são enviados para a última camada do conjunto, que é a

camada Interface com a rede. Nessa camada, os pequenos pacotes com o devido

endereçamento virtual, são enviados para a rede. Essa rede pode ser uma rede

local (LAN – Local Area Network) ou a rede mundial (WWW – World Wide Web).

Figura 3 – Fluxograma detalhando a hierarquia das camadas dos Protocolos TCP/IP.

22

4.2. Sinais Vitais

4.2.1. Temperatura Corporal

O ser humano é um ser homeotérmico, ou seja, é um ser capaz de manter a

temperatura corporal relativamente constante. Basicamente, caso precise, o ser

humano tem a capacidade de aquecer o corpo através da geração ou da retenção

de calor. Ele tem também a capacidade de resfriamento, que é obtida através da

hiperventilação, que é o ato de inspirar e expirar rapidamente, ou através da

evaporação do suor na pele juntamente com a vasodilatação, que facilita a

transferência de calor interno para a pele. Com isso, a temperatura corporal

humana, em circunstâncias normais, fica na faixa entre 35,5 e 37,0 °C (referente a

temperatura axiliar).

A febre é a elevação da temperatura corporal do ser humano, acima do nível

considerado normal. É um meio de proteção do corpo contra agentes externos

maléficos. Existem vários tipos de febre, mas todas têm pelo menos um ponto em

comum, que é a elevação da temperatura corporal acima da faixa normal. A febre é

benéfica quando ajuda no combate de infecções, principalmente, causadas por vírus

ou bactérias. Mas quando a temperatura de um indivíduo ultrapassa 41,7 °C há a

possibilidade de causar danos significativos aos neurônios, podendo causar lesão

cerebral. Por isso a temperatura é um dos sinais vitais monitorados em pacientes,

evitando assim, um agravamento da situação de qualquer paciente no hospital.

A temperatura do paciente pode ser medida através de um termopar. Um

termopar é um sensor composto por dois metais diferentes, onde então é medida a

diferença de potencial entre esses metais e calculado a temperatura

correspondente. Existem varias combinações dos dois metais, sendo que essa

combinação é normalmente feita com base nas condições de aplicação do sensor. A

Figura 4 mostra um termopar de baixo custo comercial, com conexão estilo plug de

dois pinos.

23

Figura 4 – Aparência de um termopar comercial.

4.2.2. Pressão Arterial

Pressão arterial está relacionada à pressão que o sangue exerce contra as

paredes internas das artérias. Essa pressão é consequência do bombeamento do

sangue pelo coração. A pressão arterial é subdividida em duas pressões: a pressão

arterial sistólica, que é a pressão que o ventrículo esquerdo exerce na aorta, que é a

artéria mais importante do sistema circulatório, ao se contrair para bombear o

sangue para fora do coração, e a pressão arterial diastólica, que é a pressão na

aorta entre dois bombeamentos consecutivos do ventrículo esquerdo. Na Figura 5

pode-se ver melhor a forma de onda da pressão arterial, representada pela linha

preta.

A pressão arterial é medida em relação a pressão atmosférica. Como a pressão

arterial é maior que a pressão atmosférica (760 mmHg), a diferença entre essas

duas é a medida usada pela medicina para a avaliação da pressão arterial. Pressões

que variam entre 120 (pressão sistólica) por 80 mmHg (pressão diastólica) e 140 por

90, são aceitas como pressões normais para um individuo.

Hipotensão arterial, conhecida como pressão baixa, é a condição médica onde

ocorre uma queda dos valores da pressão arterial. As consequências para esse tipo

de condição vão desde tonturas ou alterações visuais até confusão mental e

desmaios.

24

Figura 5 - Relação da pressão arterial com o batimento cardíaco.

Hipertensão arterial, conhecida como pressão alta, é a condição médica onde

ocorre um aumento dos valores da pressão arterial. As consequências para esse

tipo de condição são hipertrofia do ventrículo esquerdo, acidente vascular cerebral,

conhecido como derrame cerebral, infarto do miocárdio, insuficiência renal e

cardíaca e até a morte. Por isso a pressão arterial é também um dos sinais vitais

monitorados em pacientes, pois ajuda a evitar agravamento das condições do

indivíduo, ou até mesmo a morte.

A pressão arterial é medida através de um equipamento digital colocado no braço

do paciente. Esse equipamento digital conhecido como esfigmomanômetro digital é

mostrado na Figura 6.

25

Figura 6 – Aparência de um Esfigmomanômetro digital.

O esfigmomanômetro digital mede a pressão arterial inflando uma pequena

bolsa de ar. A pressão que a artéria no braço aplica nessa bolsa de ar causa uma

variação que é medida por um sensor dentro da bolsa. Varias medições são feitas e

é calculada a média dessas pressões. Em seguida, o aparelho, através de

algoritmos, calcula a pressão sistólica e a pressão diastólica usando a pressão

média. A saída desse circuito de medição tem característica digital, que pode ser

convertido em sinal analógico através de um circuito conversor.

4.2.3. Saturação de oxigênio no sangue (Oximetria)

Saturação de oxigênio no sangue é o percentual de hemoglobina do sangue

arterial que combina com o gás oxigênio (SO2). A hemoglobina está presente nas

hemácias, que é a responsável por levar oxigênio às células. A reação de oxigênio

com hemoglobina é chamada de oxi-hemoglobina. A oxi-hemoglobina é transportada

até os capilares dos tecidos do corpo, que são vasos sanguíneos de diâmetro

bastante reduzidos, menores que fios de cabelo. Ao passar pelos capilares dos

tecidos o oxigênio se separa da hemoglobina e difundem-se as células próximas.

Nota-se assim, que a hemoglobina age como um transportador de oxigênio, levando

o mesmo dos pulmões a todos os tecidos do corpo. O sangue com oxigênio que sai

26

dos pulmões possui normalmente uma pressão de oxigênio próxima de 100 mmHg.

Nessa pressão cerca de 97% das hemoglobinas presentes no sangue estão

combinadas com o oxigênio. Quando o percentual de saturação do oxigênio fica

abaixo de 90%, isso indica insuficiência respiratória e então é preciso fazer inalação

através de uma mascara ligada a um tanque de oxigênio. Por isso a saturação de

oxigênio é também um sinal vital monitorado nos pacientes, pois ajuda a evitar falta

de oxigenação no corpo e principalmente no cérebro, evitando assim desmaios ou

até mesmo a morte por asfixia.

A Figura 7 apresenta um gráfico da porcentagem de saturação do oxigênio pela

pressão do oxigênio no sangue, ou seja, quanto maior a pressão sanguínea de uma

pessoa, maior será o nível de oxigênio saturado, ou dissolvido, no sangue dela.

Figura 7 - Gráfico do percentual de saturação pela pressão do oxigênio.

A oximetria é a medição da saturação de oxigênio no sangue. A medição pode

ser feita no dedo ou no pulso da pessoa, é simples e não invasivo. A Figura 8 mostra

um oxímetro de dedo, aparelho que faz a oximetria.

A medição funciona da seguinte maneira: dois emissores de luz (LEDs) um

com comprimento de onda na faixa espectral do vermelho (660 nm) e outro na faixa

espectral do infra-vermelho (940 nm) são usados para medir a variação da SO2 no

sangue, sendo o primeiro para captar grandes variações e o segundo para captar

pequenas variações. Essas faixas espectrais, após atravessarem ou serem

refletidos pelos tecidos do dedo, são recebidas por um fotodetector. A análise feita

pela medição do fotodetector usa o princípio da absorção de luz pelo sangue. Com

27

isso o sinal gerado pelo fotodetector é um sinal elétrico que é analisado por um

circuito lógico, que faz parte do oximetro, e através de algoritmos é encontrada a

porcentagem de oxigênio equivalente no sangue.

Figura 8 - Oximetro portátil de dedo.

4.2.4. Batimento Cardíaco (Eletrocardiograma)

Eletrocardiograma (ECG) é um exame que mede a atividade elétrica do

coração, onde é registrada a variação do potencial elétrico das células cardíacas,

que é consequência dos impulsos elétricos que contraem e relaxam os músculos

cardíacos. O resultado do ECG é uma imagem linear em forma de ondas. Essas

ondas seguem um padrão rítmico específico. A Figura 9 mostra o padrão rítmico

especifico de um coração saudável.

Quando os impulsos elétricos são emitidos de forma irregular ou conduzidos de

forma falha pelo coração, acaba causando perturbações que alteram o ritmo dos

batimentos cardíacos. Essas perturbações são conhecidas como Arritmias

Cardíacas. Existem várias razões que causam arritmias, algumas podem levar a

morte, enquanto outras não causam nenhum mal grave para o indivíduo. Um

exemplo de arritmia é a taquicardia, que é caracterizada pela elevada frequência

que os impulsos elétricos são emitidos, ou a bradicardia que é caracterizada pela

baixa frequência da emissão dos impulsos elétricos, ou também da falta de

28

regularidade dos impulsos elétricos. A Figura 10 mostra ECGs com padrões rítmicos

anormais.

Figura 9 - Forma de onda de um Eletrocardiograma [Skipping Hearts].

Figura 10 - Comparação entre exemplos de ECGs.

29

Por isso o batimento cardíaco é também um dos sinais vitais monitorados em

pacientes, pois ajuda a detectar arritmias no indivíduo.

O batimento cardíaco é medido pela diferença de potencial, medida por três

eletrodos adesivos colocados no corpo do paciente. Esses sinais, captados e

amplificados, são elétricos e são gerados pelo músculo cardíaco para a realização

das contrações musculares nos átrios e ventrículos, que são sub-regiões do

coração, necessárias para o bombeamento do sangue no corpo. A forma de onda

resultante é conhecida como ECG e a sua frequência é analisada em o resultado é o

batimento cardíaco do paciente. A Figura 11 mostra um monitor tradicional usado

em hospitais apresentando sinais vitais como batimento cardíaco, pressão arterial

numérica e gráfica e eletrocardiograma.

Figura 11 - Monitor Cardíaco Tradicional.

30

4.3. LabVIEW

O software LabVIEW (Laboratory Instrument Engineering Workbench –

Bancada de Laboratório de Engenharia Instrumental), originalmente desenvolvido no

ano de 1986 pela empresa National Instruments (NI), é um software multiplataforma,

ou seja, um software compatível com vários sistemas operacionais, que usa a

linguagem de programação gráfica por meio de diagramas de blocos e laços de

funções.

As aplicações do LabVIEW vão desde sistemas de medição, passando por

sistemas supervisórios, até aplicações na área de automação. A linguagem do

LabVIEW oferece vantagens para aquisição e manipulação de dados, pois a

programação é feita com base no modelo de fluxo de dados.

As programações feitas em LabVIEW são chamadas de VI (Virtual Instrument

– Instrumentação Virtual). Os VIs são subdivididos em painel frontal, onde encontra-

se a parte gráfica da programação, e o diagrama de blocos, onde encontra-se a

programação em si, representada por códigos gráficos. Uma característica do

LabVIEW é a criação de Sub-VI, que consiste na criação de um programa com certa

finalidade, e o uso desse mesmo programa dentro de um outro programa. A Figura

12 mostra algumas telas que podem ser vista no software LABVIEW.

Figura 12 - Imagem das telas do LabVIEW.

31

No diagrama de blocos, os blocos são interligados por fios, por onde os sinais

da programação serão transmitidos, definindo assim o fluxo de dados do programa.

Diferentes blocos trabalham com diferentes tipos de dados e diferentes finalidades.

As principais finalidades de quase todos os blocos são: Controlador, Indicador e

Constante.

O bloco tipo controlador tem como finalidade gerar os sinais que serão

manipulados no decorrer da programação. Esses sinais podem ser alterados no

painel frontal do VI do LabVIEW através de barras, gráficos, botões, entre outros. O

bloco do tipo indicador tem como finalidade exibir, no painel frontal, o sinal que ele

recebe. Da mesma forma que o bloco do tipo controlador, o bloco do tipo indicador

pode apresentar os dados por meio de gráficos, barras, números etc. E o bloco do

tipo constante tem como finalidade gerar uma constante, sendo que esse tipo de

bloco só pode ser alterado no diagrama de blocos, uma vez que esse tipo de bloco

não é exibido no painel frontal. Na Figura 13 apresenta os tipos de blocos na forma

diagrama de blocos e interface gráfica no LABVIEW.

Figura 13 - Tipo de blocos.

Existem também outros tipos de blocos, como por exemplo: blocos

comparadores, blocos conversores, blocos analisadores, blocos aritméticos, blocos

de aquisição ou envio de dados através de dispositivos periféricos, etc. Esses outros

tipos de blocos também não são exibidos no painel frontal. Outro tipo de bloco é o

Sub-VI, que já pertence à biblioteca do LabVIEW, possuindo funções mais

32

complexas e baseadas em blocos mais simples. Na Figura 14 é apresentado a

esquerda um bloco Sub-VI chamado Write To SpreedSheet File.vi e a direita a

programação que se encontra dentro desse bloco.

Figura 14 - Programação de um Sub-VI da biblioteca do LabVIEW.

Vários blocos e sub-VIs são polimorfos. Blocos polimorfos tem como

capacidade trabalhar com qualquer tipo de dado, seja ele, numérico, vetor, matriz,

booleano etc, e fornecer o mesmo tipo de dado ou converte-lo em outro tipo. O

LabVIEW além de possuir sua biblioteca básica, tem como capacidade a adição de

complementos, módulos e kits de ferramentas desenvolvidos tanto pela empresa

National Instruments (NI) quanto por terceiros.

4.4. LabVIEW – DAQ

Existe um kit de expansão para o software LabVIEW chamado DAQ (Data

AQuisition – Aquisição de dados) que consiste em um conjunto de bibliotecas de

vários dispositivos hardwares desenvolvidos pela empresa NI. Esses dispositivos

interagem com os computadores através de conexões de comunicação, como por

exemplo: porta USB, porta Serial, ou porta Paralela. Com isso é possível levar sinais

ou informações provenientes de sensores ou eletrônicos externos do computador

pra dentro da programação feita no LabVIEW, ou mesmo, enviar sinais gerados pelo

LabVIEW para esses eletrônicos externos. A Figura 15 apresenta um equipamento

desenvolvido pela National Instruments para aquisição e geração de dados via

computador.

33

Figura 15 - Imagem de um hardware para aquisição de dados.

Esses sinais que podem ser recebidos ou enviados pelo computador através

dos dispositivos da NI, que podem ser sinais analógicos ou digitais. Com isso,

programações desenvolvidas no LabVIEW podem ser usadas como IHMs (Interface

Homem-Máquina), permitindo manipular dispositivos externos ao computador,

através de uma interface gráfica simples e intuitiva, ou mesmo como Sistemas

Supervisórios, colhendo dados de inúmeros sensores e controlando inúmeros

dispositivos, simultaneamente e em tempo real.

5. METODOLOGIA

Esse trabalho de graduação foi inteiramente baseado na linguagem de blocos

do software LabVIEW, fornecido pela empresa National Instruments. Escolheu-se

esse tipo de linguagem como ferramenta de trabalho, uma vez que, a linguagem

fornece inúmeros meios de se desenvolver uma mesma ideia, não sendo preciso

conhecimento avançado na linguagem, pois o LabVIEW fornece ao usuário vários

blocos com funções pré-determinadas, além de fornecer vários tutorias e exemplos

que ajudam muito. Tudo que é preciso ter é o conhecimento de lógica de

programação para conseguir avançar no programa. E também pela facilidade de se

34

entender a programação das linhas de código, para se possível, realizar futuras

melhorias ou alterações na programação. Com o desenvolvimento desse projeto, é

possível diminuir o gasto dos hospitais em monitores hospitalares caros,

substituindo-os por computadores baratos e de bom desempenho, capazes de

executarem as mesmas tarefas e oferecer mais benefícios.

O sistema desenvolvido nesse trabalho é dividido em duas partes. Uma parte é

a central de monitoramento, que funciona recebendo as informações de vários

pacientes simultaneamente e apresentando em tempo real os dados na tela de um

monitor. A outra parte é o monitor local do paciente, que apresenta, em uma tela de

monitor no quarto do paciente, os sinais vitais obtidos do paciente e

simultaneamente os envia para a central. A Figura 16 mostra um esquemático

simplificado do sistema. Cada parte é descrita e explicada nos tópicos seguintes.

Figura 16 - Esquema simplificado do Sistema da Central de monitoramento Sem fio

35

5.1. Monitor do Paciente

5.1.1. Funcionamento O monitor do paciente consiste na obtenção dos sinais vitais do indivíduo que

se encontra no leito do hospital. Quando o software é inicializado, a primeira parte

do programa estabelece uma conexão com a central através de uma porta de

comunicação e um endereço de IP. Tanto a porta de comunicação, quanto o

enderenço de IP são conhecidos e pré-determinados antes da instalação do

sistema.

Com a conexão estabelecida, a programação inicia a aquisição de dados do

paciente. Simultaneamente a aquisição dos sinais vitais, o software monitora os

sinais e os compara com uma faixa de valores, para que se algo sair do estado

normal um alarme seja disparado. Por exemplo, se a temperatura ficar abaixo de

35°C ou acima de 38°C, o alarme é disparado, alertando uma enfermeira ou um

médico de que o paciente precisa de cuidados médicos.

Os sinais vitais são então apresentados todos ao mesmo tempo e em tempo

real no monitor do paciente, juntamente com o eletrocardiograma. Paralelamente os

sinais vitais são armazenados em um banco de dados local, pois caso um médico ou

uma enfermeira precise, eles podem verificar o histórico do paciente nas últimas

horas. E por último os sinais são enviados pela rede sem fio para a central de

monitoramento.

Também se encontra no monitor do paciente, o botão ‘Histórico’ que ao ser

pressionado gera um relatório das últimas horas dos sinais vitais do paciente.

Mesmo com o relatório sendo gerado, o software não interrompe a aquisição e

armazenamento dos dados. A Figura 17 mostra o fluxograma do funcionamento do

monitor do paciente.

36

Figura 17 - Fluxograma da programação do monitor do paciente.

5.1.2. Interface Gráfica Nesse tópico é apresentada a interface gráfica desenvolvida para o software e

como interpretá-la.

37

Figura 18 - Painel Frontal do Monitor do Paciente.

Na Figura 18, o campo de números visíveis no canto inferior direito encontra-se

os sinais vitais, do paciente, devidamente apresentados. A coloração diferente e

chamativa ajuda na visualização e percepção dos números a uma certa distância do

monitor.

Na parte superior do monitor encontra-se a região onde é apresentado o ECG

do paciente. No canto esquerdo são apresentados os dados de endereço de IP e a

porta de comunicação de rede, juntamente com o botão STOP que interrompe o

funcionamento do monitor, e com o botão “Histórico” que gera um relatório das

ultimas horas do paciente, sendo possível, durante a implementação do sistema, a

configuração do intervalo de tempo que pode ser apresentado nos gráficos. E por

último, a presença de um sinalizar de alarme, localizado a esquerda do centro da

tela, que tem como função sinalizar visualmente a anormalidade do estado do

paciente, caso isso ocorra. A Figura 19 mostra a tela de gráficos quando o botão

“Histórico” é pressionado.

38

Figura 19 - Tela mostrando os gráficos gerados a partir dos dados armazenados.

5.1.3. Programação Nesse tópico é descrito detalhadamente o funcionamento do software.

A primeira parte do programa, que é a estabilização da conexão com a central

é feita pelo bloco mostrado na Figura 20.

Figura 20 - Bloco de abertura de conexão TCP

39

O bloco apresentado na Figura 20 tem como variáveis de entrada, o endereço

IP da central de monitoramento e o número da porta de comunicação, por onde

serão transmitidos os dados dos sinais vitais. Como variáveis de saída têm-se o

código da conexão, código gerado pelo próprio LabVIEW, e o código de erro de

conexão, que serve para indicar algum problema com a conexão. Ambos os códigos

são gerados e servem como referencia para o LabVIEW.

Com a conexão estabelecida, os códigos de conexão e erro de conexão são

inseridos no laço While, o qual continua a executar o programa até o botão STOP

ser pressionado no painel frontal, ou houver algum problema com a conexão da

rede. Dentro do laço While tudo é executado paralelamente, desde a aquisição dos

sinais vitais, passando pela exibição dos sinais no monitor, pelo armazenamento no

banco de dados, pelo alarme de perigo e por último pela transmissão dos sinais via

rede. A Figura 21 mostra a programação em um todo e em seguida a programação é

explicado parte por parte.

Figura 21 – Programação em diagrama de blocos.

Há também uma região do diagrama de blocos, que lê a hora do sistema

operacional do computador com a finalidade de gravar no banco de dados o

40

momento em que os sinais vitais foram recebidos pela programação, como é

mostrado na Figura 22.

Figura 22 - Obtenção das horas do sistema operacional.

Caso o laço While seja interrompido, tanto pelo usuário ou por falha da

comunicação de rede, a conexão com a central, que foi estabelecida no inicio da

programação, é interrompida e caso tenha sido falha na comunicação de rede, um

relatório de erro é gerado pelo LabVIEW e apresentado na tela do computador,

como mostra a Figura 23.

Figura 23 - Blocos de encerramento da programação.

Os sinais apresentados na tela do monitor são multiplexados em um Cluster,

que tem como finalidade o agrupamento de dados de modo simples, como mostra a

Figura 24.

41

Figura 24 - Multiplexação dos dados e Bloco Cluster.

A região da programação responsável pelo banco de dados e pela elaboração

do histórico é mostrada na Figura 25.

Figura 25 - Banco de dados e histórico.

Na parte superior da Figura 25, o bloco Write To Spreadsheet File tem como

função a criação de um arquivo de extensão ‘.dat’ que possui formato de matriz, ou

seja, suas informações são dividas em linhas e colunas, sendo cada sinal vital uma

coluna da matriz e sua variação no tempo cada linha da matriz. Suas variáveis de

entrada são o caminho onde o arquivo deve ser alocado, que pode ser configurado

42

para qualquer pasta no computador durante a implementação do sistema, os dados

já rearranjados em forma de matriz, com colunas e linhas, e é escolhida a função

que seja sempre adicionado novos dados no arquivo já existente pela variável

boolenana TRUE, evitando assim que o arquivo seja apagado e recriado todas as

vezes que o laço While fizer uma repetição. A parte inferior da Figura 25 é uma

função Case que executa a leitura do arquivo de banco de dados e passa as

informações para um sub-VI desenvolvido nesse trabalho, para que os dados

armazenados sejam apresentados em forma de gráficos, apenas quando o botão

‘Histórico’ for pressionado.

A região da programação responsável pelo envio dos dados através da rede de

comunicações é mostrada na Figura 26.

Figura 26 - Envio dos dados pela rede.

Na parte inferior da Figura 26, pode-se ver a parte da programação que fica

encarregada de concatenar os dados, juntamente com o horário que os dados foram

adquiridos, em forma de um vetor, para que esses sejam convertidos no formato

string. Na parte superior da Figura 26, os dados, já convertidos em string, são

preparados para serem enviados pela rede. Primeiramente, é analisado o tamanho

da string gerada e esta informação de tamanho de dado é enviada pela rede,

43

também em formato string. Em seguida é enviada, pela rede, a string contendo

todos os dados. O bloco relógio que se encontra no meio da Figura 26, tem como

função pausar o laço While por 100 milissegundos depois de cada repetição

executada. Com isso, diminuísse a quantidade de dados gerada, pois a velocidade

de repetições do laço While é definida pela velocidade do processador do

computador utilizado.

A região da programação responsável pela análise dos dados e controle do

alarme é um sub-VI desenvolvido para esse trabalho. A programação interna do

mesmo é mostrada na Figura 27.

Figura 27 - Programação do bloco alarme (em destaque como o bloco é visto).

Na Figura 27, os dados dos sinais vitais são analisados individualmente por um

bloco que verifica se o valor do dado encontra-se dentro de uma faixa de valores. Se

estiver dentro a faixa configurada, não é gerado um sinal de alarme. Caso um dos

dados não esteja dentro da faixa configurada, é gerado um sinal de disparo do

44

alarme. Com isso, o círculo que é apresentado na tela do monitor do paciente

começa a piscar vermelho.

5.2. Central de Monitoramento

5.2.1. Funcionamento

A central tem um papel importante no sistema, recebendo todos os dados dos

vários pacientes conectados a ela e os mostrando simultaneamente no monitor.

O programa principal consiste no conjunto de vários programas iguais, os quais

têm como função monitorar cada paciente através de uma porta de comunicação da

rede sem fio. Então quando o software da central é ativado, ele inicializa uma porta

de comunicação e espera por uma conexão que queira estabelecer comunicação

pela rede.

Quando é estabelecida a comunicação com um dos monitores do quarto do

paciente a programação gera o código de conexão e o software começa a mostrar

no monitor os dados que está recebendo pela rede. Paralelamente, os sinais

recebidos são monitorados pela função de alarme, para que o mesmo dispare caso

seja detectado algo fora do normal. Também, a programação armazena os dados

em um banco de dados na central para a realização de um relatório de histórico dos

sinais. Caso o paciente não precise mais ficar no leito em que se encontra, quando o

monitor do paciente é finalizado, a programação da central volta a ficar em estado

de espera, pronta para estabelecer uma nova conexão.

Na central existe um botão ‘Histórico’ para cada paciente conectado a ela, que

quando pressionado, apresenta na tela do monitor, assim como o monitor do

paciente, os gráficos dos sinais vitais das últimas horas. Mesmo com a tela dos

‘Histórico’ sendo mostrado no monitor, o sistema continua trabalhando no plano de

fundo. Para voltar a tela do monitor, basta apenas fechar a tela do ‘Histórico’. A

Figura 28 mostra o fluxograma do funcionamento do monitor do paciente.

45

Figura 28 - Fluxograma da programação do Monitor da Central.

5.2.2. Interface Gráfica

No display que corresponde a um paciente, notam-se os números dos sinais

vitais bem grandes e visíveis e também em cores fortes e chamativas, para que seja

possível a visualização a distância.

Quando um display de um paciente, não está conectado, o mesmo fica

desabilitado, tornando-se menos chamativo de que quando se encontra habilitado.

Próximo de cada display de paciente tem-se o nome ou o número do quarto do

46

paciente e dois botões: o botão ‘Histórico’, que apresenta os gráficos dos sinais

vitais de horas passadas e o botão STOP, que tem como função interromper a

comunicação entre a central e o monitor de um paciente em específico. Quando é

analisado que o paciente não está em condições normais, o display, correspondente

ao paciente em questão, fica destacado em vermelho.

O número de pacientes monitorados varia, apenas, com o tamanho do monitor

da central. Por exemplo, em um monitor de 22 polegadas é possível visualizar o

display de seis pacientes simultaneamente. Monitores maiores permitem a

visualização de mais displays simultâneos, tendo como limitante a capacidade de

processamento do computador designado para a central de monitoramento. O

sistema em si, não possui fatores que limitem a quantidade de pacientes

monitorados. A Figura 29 mostra o painel frontal da central de monitoramento com

as condições: normal, alerta e inativo, respectivamente.

Figura 29 - Painel frontal da Central de monitoramento.

47

5.2.3. Programação

O funcionamento da central de monitoramento tem algumas funções parecidas

com o do monitor do paciente, como o armazenamento e a apresentação do banco

de dados, através do histórico, e a análise dos sinais vitais relacionados ao alarme.

As funções restantes são explicadas nesses tópicos.

A programação da central começa quando ao se iniciar o software

desenvolvido, o mesmo cria uma via de comunicação através de uma porta de

comunicação pré-determinada. Os dados de código de conexão de espera e código

de erro de conexão são inseridos dentro do laço While e chegam até o bloco de Wait

que fica em modo espera, até que seja requisitada uma conexão de comunicação,

como se pode notar na Figura 30.

Figura 30 - Inicio da programação da central de monitoramento.

Nota-se na parte inferior da Figura 30 que alguns parâmetros são inicializados,

sendo eles, a cor cinza do display correspondente a um paciente, a atribuição do

valor zero aos números que são apresentados na tela e a configuração de janela

desativada para o display.

48

Quando uma conexão é estabelecida, o código de conexão é informado ao

bloco ‘TCP Read’. Esse então passa, primeiramente, a adquirir da comunicação da

rede, o tamanho da string de dados que deve ser recebida e informar ao outro bloco

‘TCP Read’ que se encontra ao lado esse valor. Com isso a string contendo os

dados recebidos é convertida para o formato cluster, pelo bloco Type Cast. As

informações, agora em formato cluster, são desmutiplexadas pelo bloco Unbundle, e

todos seus valores, agora separados, são enviados para as outras áreas da

programação, como mostra a Figura 31.

Figura 31 - Recepção dos dados via rede TCP.

Nota-se também na parte inferior da Figura 31, uma função que habilita o

display do paciente, tornando-o visível novamente.

Os dados, agora em valores individuais, são analisados pelo bloco Alarme,

desenvolvido para esse projeto, assim como no monitor do paciente. A diferença

deste da central com o do monitor do paciente, é que a saída não é ligada a um LED

e sim a configuração de cores da região do paciente. Fazendo com que o quadrado

49

pisque vermelho por 250 milissegundos, caso o alarme seja ativado, como mostra a

Figura 32.

Figura 32 - Programação de visualização de alarme.

A Figura 33 mostra a o mesmo processo que já foi descrito sobre o banco de

dados e a apresentação do histórico dos sinais vitais no monitor do paciente.

Figura 33 - Banco de dados e histórico.

50

6. RESULTADOS E DISCUSÕES

6.1. Testes da interface

Inicialmente foram realizados os testes para verificar a funcionalidade da

interface gráfica desenvolvida, a fim de verificar se todos os elementos, tais como

botões, recursos de habilitação e desabilitação de elementos gráficos, dentro outros,

estavam funcionando corretamente e de acordo com o previsto.

Durante os testes foram averiguados diferentes caminhos que o programa

pudesse seguir, bem como a manipulação de todos os elementos gráficos inseridos

em cada monitor. Baseado nesses testes pode-se notar que várias constantes de

inicialização deveriam ser adicionadas no decorrer da programação. Notou-se

também que não seria possível fazer o monitoramento dos pacientes, um de cada

vez alternadamente, pois a alternação interna da programação causava muitos erros

que levava o sistema a travar e em alguns casos ao encerramento súbito do

LabVIEW. A solução encontrada foi o monitoramento simultâneo de todos os

pacientes, exigindo um pouco mais da capacidade de processamento do

computador utilizado, mas garantindo a eliminação dos erros e travamentos do

software desenvolvido. O monitoramento simultâneo também torna a programação

mais simples e faz com que cada display funcione independe dos outros.

Testes no sistema foram feitos, simulando-se os sinais vitais de dois ou mais

pacientes conectados simultaneamente a central. Situações onde um ou mais

pacientes apresentavam sinais vitais foram da região considerada normal eram

instantaneamente detectadas pelo sistema. A independência dos históricos dos

sinais vitais de cada paciente funcionou corretamente, sem causar atrasos ou falhas

na programação.

6.2. Testes da comunicação usando TCP/IP

Notou-se que para um uso melhor e mais confiável da comunicação TCP/IP, a

solução era o envio do tamanho do dado a ser enviado antes do mesmo. Com isso,

o tamanho da informação enviada fica variável, evitando assim, divergências durante

o envio e a recepção de dados entre o monitor do paciente e a central de

51

monitoramento. Também notou-se, por meio de várias tentativas, que o formato

string era o melhor formato para se trabalhar no envio e recepção de dados pela

rede, uma vez que o formato string baseia-se na codificação de caracteres ASCII,

que é amplamente utilizado em dispositivos eletrônicos e sistemas operacionais.

Então sempre que testes eram feitos para enviar dados pela rede,

primeiramente, convertia-se o dado em string e depois o enviava pela rede através

do protocolo TCP/IP.

6.3. Testes do banco de dados

Originalmente, a ideia era que o banco de dados fosse gerado apenas no

monitor do paciente e transferido via rede de dados para o computador da Central,

caso o mesmo fosse requisitado. Depois de vários testes, concluiu-se que à medida

que o banco de dados ocupava mais espaço no computador do paciente, quando o

mesmo era requisitado pelo computador central através da rede de dados, a rede

ficava congestionada, devido ao grande tamanho do arquivo que compunha o banco

de dados. Com isso, o sistema ficava lento, devido a demora do download do

arquivo pela rede de dados. Testes com o arquivo de extensão ‘.dat’ mostraram

melhores resultados, por isso foi escolhido para ser usado nesse trabalho. Por ser

um modelo simples de armazenamento em formato de matriz, onde cada coluna é

um tipo de sinal vital e as linhas são a variações no tempo dos sinais vitais. Esse

modelo tem as seguintes vantagens: tempo de escrita/leitura mais rápido e um

menor consumo de espaço de armazenamento. Mas mesmo assim, não foi possível

o envio do banco de dados inteiro de um paciente pela rede. A solução encontrada

foi a armazenamento dos dados, tanto no computador do paciente quanto no

computador na central.

7. CONCLUSÕES

A proposta inicial era o desenvolvimento de um sistema intuitivo e de fácil

utilização por parte da equipe médica, auxiliando assim a tratamento e a segurança

dos pacientes no hospital, oferecendo a confiabilidade de um sistema de

monitoramento eficaz. No que diz respeito a esse ponto, pode-se afirmar que a

52

interface gráfica do software desenvolvido atende a proposta, uma vez que o

monitoramento sem fio em tempo real apresentado no monitor da central exibe com

fidelidade os dados que são medidos nos pacientes. Além disso, a interface dos

sistema é bastante intuitiva, ajudando o aprendizado sobre seu manuseio para a

equipe médica, visto que é necessário apenas um conhecimento básico de

informática para usá-lo.

Um ponto de melhoria identificado seria ampliação do sistema para a internet,

fazendo assim com que os dados exibidos no monitor da central pudessem ser

acessados remotamente, podendo até, com a tecnologia de hoje, serem acessados

pelos smartfones e/ou tablets. Outro ponto que pode ser explorado é a melhoria do

relatório do histórico dos sinais dos pacientes. Um outro ponto de melhoria seria o

desenvolvimento de um circuito eletrônico capaz de interagir com o LabVIEW e fazer

a aquisição dos sinais vitais dos pacientes, uma vez que todos os sinais vitais

apresentados e utilizados nesse projeto podem ser medidos pela diferença de

potencial em certas áreas do corpo do paciente, com a ajuda de um amplificador de

sinal.

Do ponto de vista da linguagem escolhida para o desenvolvimento, a mesma

mostrou-se adequada a aplicação, uma vez que contem recursos nativos para o

desenvolvimento de aplicações em rede, tais como as bibliotecas prontas e

desenvolvidas pelo próprio fabricante ou pelos usuários do software, que

disponibilização suas inovações na internet. Um ponto que pode ser melhorado é a

segurança dos dados que são transmitidos pela rede, pois não há garantias que os

dados transmitidos não sejam copiados ou até mesmo alterados por agentes

maliciosos.

Um contraponto desse trabalho foi a ausência da parte de hardware que faz a

aquisição dos sinais vitais dos pacientes, uma vez que o foco do trabalho em si, era

o desenvolvimento da central de monitoramento em tempo real via rede wireless.

Baseado nessas observações e conclusões pode-se afirmar que o sistema

desenvolvido permite melhorias, como as citadas anteriormente entre outras que

possam ser idealizadas no futuro.

53

8. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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55

APENDICE A – Diagrama de blocos do monitor do paciente

56

APENDICE B – Hierarquia dos blocos do monitor do paciente

57

APENDICE C – Diagrama de blocos da central de monitoramento

58

APENDICE D – Hierarquia dos blocos da central de monitoramento