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. ADOÇÃO C. H. SPURGEON

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

Traduzido do original em Inglês

Adoption — Sermon Nº 360

The Metropolitan Tabernacle Pulpit — Volume 7

By C. H. Spurgeon

Via SpurgeonGems.org

Adaptado a partir de The C. H. Spurgeon Collection, Version 1.0, Ages Software.

Tradução e Capa por Camila Almeida

Revisão por William Teixeira

1ª Edição: Fevereiro de 2015

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com permissão de

Emmett O’Donnell em nome de SpurgeonGems.org, sob a licença Creative Commons Attribution-

NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

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Adoção (Sermão Nº 360)

Pregado na noite de domingo, 10 de fevereiro de 1861.

Por C. H. Spurgeon, no Exeter Hall, Strand.

“E nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo,

segundo o beneplácito de sua vontade.” (Efésios 1:5)

É ao mesmo tempo uma doutrina da Escritura e do senso comum, que tudo o que Deus faz

no tempo, Ele predestinou fazer na eternidade. Alguns homens encontram falha na predes-

tinação Divina e desafiam a justiça dos decretos eternos. Agora, se eles se lembram de que

a predestinação é o talão [de cheque] da história, como um projeto de arquitetura — cuja

realização nós lemos nos fatos que acontecem — eles podem, talvez, obter uma ligeira pis-

ta para a irracionalidade de sua hostilidade. Eu nunca ouvi alguém entre os mestres atrevida

e deliberadamente encontrar falhas nos procedimentos de Deus, ainda assim, eu ouvi

alguns que ousariam mesmo pôr em questão a justiça de Seus conselhos. Se a coisa em

si é certa, deve ser correto que Deus pretendia fazer a coisa. Se você não encontra nenhu-

ma falha nos fatos, como você os vê na providência, você não tem nenhuma base para re-

clamar dos decretos, como os encontra na predestinação, pois os decretos e os fatos são

apenas homólogos, um do outro! Você tem alguma razão para encontrar falha em Deus, de

que Ele se agradou em salvar você e me salvar? Então, por que você encontraria falha

porque a Escritura diz que Ele predeterminou que nos salvaria? Eu não posso ver, se o fato

em si é agradável, por que o decreto deve ser censurável! Não vejo qualquer razão para

que você encontre falha na predestinação de Deus, se você não encontra falha com o que

realmente acontece como o efeito disso. Deixe um homem apenas concordar em reconhe-

cer um ato da providência, e eu preciso saber como ele pode, a não ser que ele corra aos

próprios dentes da providência, encontrar qualquer falha na predestinação ou intenção que

Deus fez em relação a esta providência. Você me culpará por pregar, nesta manhã? Su-

ponho que você responda: Não. Então você pode me culpar por que eu formei uma resolu-

ção ontem à noite que eu pregaria? Você me culpará por pregar sobre este assunto espe-

cífico? Faça-o, por favor, então, e encontre-me culpado pela intenção de fazê-lo; mas se

você disser que estou perfeitamente certo na escolha de um tal assunto, como você pode

dizer que eu não estava perfeitamente correto na intenção de pregar sobre isso? Certamen-

te você não pode encontrar falha na predestinação de Deus, se você não encontra falha

nos efeitos que surgem imediatamente a partir dela! Agora, somos ensinados na Escritura,

eu afirmo novamente, que todas as coisas que Deus escolhe fazer no momento, foram cer-

tamente destinadas por Ele para serem realizadas desde a eternidade, e Ele predestinou

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que essas coisas deveriam ser feitas. Se eu fui chamado, eu acredito que Deus planejou

antes de todos os mundos que eu deveria ser chamado; se em Sua misericórdia Ele me re-

generou, creio que desde toda a eternidade Ele pretendia me regenerar! E se em Sua bon-

dade Ele deve finalmente me aperfeiçoar e me levar para o Céu, eu creio que sempre foi

Sua intenção fazê-lo. Se você não consegue encontrar defeito em algo, em si, que Deus

faz, em nome da razão, do bom senso e das Escrituras, como se atreve a encontrar falha

na intenção de Deus em fazê-lo?

Mas há um ou dois atos de Deus que, embora sejam certamente tão decretados quanto as

demais coisas, ainda assim eles têm uma relação muito especial com a predestinação de

Deus, que é mais difícil dizer se eles foram realizados na eternidade ou se foram feitos no

tempo. A eleição é uma daquelas coisas que foi realizada absolutamente na eternidade;

todos os que foram eleitos, foram eleitos, tanto na eternidade como eles são no momento.

Mas você pode dizer: Será que a mesma afirmação se aplica à adoção ou justificação? Meu

antecessor eminente e agora glorificado, Dr. Gill, estudando diligentemente essas doutri-

nas, disse que a adoção foi o ato de Deus na eternidade, e que, como todos os crentes fo-

ram eleitos na eternidade, assim, sem dúvida, foram adotados na eternidade. Ele foi mais

longe do que isso para incluir a doutrina da justificação, e ele disse que na medida em que

Jesus Cristo foi antes de todos os mundos justificado por Seu Pai, e aceito por Ele como

nosso Representante, desta forma, todos os eleitos devem ter sido justificados em Cristo

antes de todos os mundos! Agora eu acredito que há uma grande dose de verdade no que

ele disse, embora houvesse um clamor considerável levantado contra ele no momento em

que primeiro proferiu isso. No entanto, sendo este um ponto elevado e misterioso, deseja-

mos que você aceite a doutrina de que todos aqueles que são salvos, por fim, foram eleitos

na eternidade, quando os meios, bem como a finalidade, foram determinados. No que diz

respeito à adoção, creio que fomos predestinados para isso na eternidade, mas penso que

existem alguns pontos em relação à adoção que não me permitem considerar que o ato de

adoção tenha sido concluído na eternidade. Por exemplo, o positivo transporte da minha

alma de um estado natural para um estado de graça é uma parte da adoção, ou pelo menos

é um efeito dela, e assim conclui um efeito que realmente parece ser uma parte da adoção,

em si mesma, eu acredito que esta foi concebida, e na verdade que ela foi praticamente

realizada no Pacto Eterno de Deus. Eu penso que ela foi, então, na verdade, conduzida

para transcorrer em toda a sua plenitude.

Assim, no que diz respeito à justificação, devo afirmar que, no momento em que Jesus Cristo

pagou minhas dívidas, as minhas dívidas foram canceladas, na hora em que Ele operou

para mim uma justiça perfeita, esta foi imputada a mim, e, portanto, eu posso, como um

crente, dizer que eu era completo em Cristo antes de eu nascer, aceito em Jesus, assim

como Levi foi abençoado nos lombos de Abraão por Melquisedeque. Mas sei igualmente

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que a justificação é descrita nas Escrituras como ocorrendo sobre mim no momento em

que eu creio. “Tendo sido, pois, justificados pela fé”, é dito a mim: “temos paz com Deus,

por nosso Senhor Jesus Cristo” [Romanos 5:1]. Eu penso, portanto, que a adoção e justifi-

cação, embora tenham uma mui grande aliança com a eternidade, e foram praticamente

realizadas, então, ainda assim, ambas têm uma relação tão próxima a nós no momento, e

tal influência sobre a nossa própria posição pessoal e caráter, que elas têm também uma

parte integrante de si efetivamente realizadas e executadas no tempo, no coração de cada

crente. Posso estar errado nesta exposição. Isso requer muito mais tempo de estudo do

assunto do que eu tenho sido ainda capaz de dar a ele, considerando que meus anos ainda

não são muitos. Vou, sem dúvida, aos poucos, chegar ao conhecimento mais completo de

tais pontos elevados e misteriosos da doutrina do Evangelho. Mas, não obstante, enquanto

eu encontro a maioria do parecer dos teólogos considerando que as obras da justificação

e adoção são esperadas em nossas vidas, eu vejo, por outro lado, a Escritura mais me con-

duzindo a crer que as duas foram realizadas na eternidade. E penso eu que a visão mais

razoável do caso é que, enquanto elas foram praticamente feitas na eternidade, ainda as-

sim, ambas, adoção e justificação são, na verdade, ocorridas em nossas próprias pessoas,

consciências e experiências, no tempo, de modo que tanto a Confissão de Westminster e

a concepção do Dr. Gill podem ser provadas ser bíblicas. Podemos manter ambas, sem

qualquer prejuízo, de uma para a outra.

Bem, agora, amados, deixando, então, a predestinação, vamos chegar a uma tão plena con-

sideração, quanto a hora nos permita, sobre a doutrina de “filhos de adoção por Jesus Cristo,

para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade”.

Primeiro, então, a adoção, a graça de Deus demonstrada nela. Em segundo lugar, a ado-

ção, os privilégios que ela proporciona. Em terceiro lugar, a adoção, os deveres que neces-

sariamente são colocados sobre cada filho adotado.

I. Em primeiro lugar, ADOÇÃO, A GRAÇA DISSO.

A adoção é aquele ato de Deus pelo qual os homens, que eram por natureza filhos da ira,

como os outros, e eram da família perdida e arruinada de Adão, são, a partir de nenhuma

razão em si mesmos, mas inteiramente por pura graça de Deus, transportados da família

má e obscurecida de Satanás, e trazidos, verdadeira e praticamente para a família de Deus.

Eles tomam o Seu nome, compartilham os privilégios da porção, e eles são, para todos os

efeitos, a descendência real e filhos de Deus!

Este é um ato de pura Graça. Nenhum homem pode jamais ter o direito, em si mesmo, de

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tornar-se adotado. Se eu tivesse, então eu deveria receber a herança do meu próprio direi-

to, mas na medida em que não tenho qualquer direito de ser um filho de Deus, e não posso,

por nenhuma possibilidade afirmar tão elevado privilégio em e de mim mesmo; a adoção é

o puro efeito gratuito da graça Divina, e desta somente. Eu poderia supor que a justificação

pode ser pelas obras sob a Antiga Aliança, mas eu não poderia supor que a adoção esti-

vesse sob a Antiga Aliança em absoluto! Eu poderia imaginar um homem guardando a Lei

de Deus perfeitamente, e sendo justificado por ela, se Adão não tivesse caído. Mas, mesmo

sobre tal suposição, o próprio Adão não teria direito à adoção, ele ainda teria sido apenas

um servo, e não um filho. Acima de toda contradição e controvérsia este grande e glorioso

ato pelo qual Deus nos faz de Sua família e nos une a Jesus Cristo como nosso Cabeça da

Aliança, para que sejamos Seus filhos, é um ato de pura graça! Teria sido um ato de graça

soberana se Deus tivesse adotado alguém da melhor das famílias, mas, neste caso, Ele

adotou alguém que era um filho e um rebelde! Somos, por natureza, os filhos de alguém

que foi condenado por alta traição; todos nós somos os herdeiros, e nascemos no mundo

como os herdeiros naturais de alguém que pecou contra o seu Criador, que foi um rebelde

contra o seu Senhor. Ainda assim, observem isto, não obstante a malignidade de nosso

parentesco, nascidos de um ladrão, que roubou o fruto do jardim de seu Mestre, nascidos

de um traidor orgulhoso, que se atreveu a se rebelar contra o seu Deus, não obstante tudo

isso, Deus nos colocou na família! Nós bem podemos imaginar que, quando Deus conside-

rou a nossa origem vil, Ele poderia ter dito dentro de si mesmo: “Como eu posso colocá-los

entre os filhos?”. Com que gratidão nós devemos nos lembrar que embora fôssemos de

baixíssima origem, a graça nos colocou no número da família do Salvador! Vamos dar todas

as graças à livre graça que desconsiderou o buraco do abismo em que nos revolvíamos, e

que passou pela pedreira de onde fomos talhados, e nos coloca entre o povo escolhido do

Deus vivo! Se um rei adotasse alguém em sua família, este provavelmente seria o filho de

um dos seus lordes, em todo o caso, alguma criança de parentesco respeitável; ele não to-

maria o filho de um criminoso comum, ou alguma criança cigana, para adotá-la em sua fa-

mília. Mas Deus, neste caso, tomou mesmo os piores para serem Seus filhos! Os filhos de

Deus, todos confessam que são as últimas pessoas que jamais sonharam que Ele teria

escolhido. Eles dizem de si mesmos:

“O que havia em nós que poderia merecer a estima,

Ou dar deleite ao Criador?

'Isto foi mesmo assim, Pai, nós sempre devemos cantar,

“Porque bem pareceu aos Teus olhos.”

Mais uma vez, pensemos não apenas sobre nossa linhagem original, mas em nosso caráter

pessoal. Aquele que conhece a si mesmo nunca pensará que ele tinha muito a recomendá-

lo a Deus. Nos outros casos de adoção, geralmente há alguma recomendação. Um homem,

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quando ele adota uma criança, às vezes é movido a isso por sua extraordinária beleza, ou

em outras ocasiões por seus modos inteligentes e disposição atrativa. Mas, amados, quan-

do Deus passou pelo campo em que estávamos deitados, Ele não viu lágrimas em nossos

olhos até que Ele mesmo as colocasse ali! Ele não viu nenhuma contrição em nós até que

Ele nos concedeu o arrependimento; não havia beleza em nós que poderia induzi-lO a nos

adotar, pelo contrário éramos tudo o que era repulsivo! E se Ele tivesse dito, quando Ele

passou: “Vós sois amaldiçoados, estejam perdidos para sempre”, não teria sido nada, se-

não o que poderíamos esperar de um Deus que havia sido por tanto tempo provocado e

cuja majestade havia sido tão terrivelmente insultada! Mas não, embora Ele encontrasse

uma criança rebelde, uma criança imunda, terrível, feia, Ele conduziu-na para o Seu peito

e disse: “Embora você seja sombria, você é formosa aos Meus olhos, através de Meu Filho

Jesus. Embora você seja indigno, ainda assim Eu o cubro com o Seu manto, e nas vestes

de Seu irmão, Eu te aceito”. E, tomando-nos, todos profanos e imundos, exatamente como

nós éramos, Ele nos tomou para sermos Seus — Seus filhos — Seus para sempre!

Eu estava passando recentemente pelo assento de um nobre, e alguém no vagão observou

que ele não tinha filhos e que ele daria qualquer valor no mundo se ele pudesse encontrar

alguém que renunciaria a toda reivindicação de qualquer filho que ele pudesse ter. O filho

nunca mais falaria com seus pais, nem seria reconhecido, e este senhor iria adotá-lo como

seu filho e deixar para ele todas as suas propriedades. Mas ele havia encontrado grande

dificuldade em conseguir que quaisquer pais renegassem seu relacionamento e desistis-

sem totalmente de seu filho. Se isso era correto ou não, eu não posso dizer, mas certamente

este não foi o caso com Deus. Seu Unigênito e Amado Filho era o bastante para Ele! E se

Ele precisasse de uma família, eram os anjos e Sua própria onipotência adequados o sufici-

ente para ter criado uma raça de seres muito superiores a nós! Ele não permaneceu em

necessidade alguma de qualquer um de Seus queridos. Isto foi, então, um ato de pura, sim-

ples, livre graça, e nada mais, porque Ele terá misericórdia de quem tiver misericórdia, e

porque Ele tem prazer em mostrar o caráter maravilhoso de Sua condescendência. Você já

pensou em que grande honra que é ser chamado de filho de Deus? Suponha que um juiz

da terra deva ter diante de si algum traidor que estava prestes a ser condenado à morte.

Suponha que a justiça e a lei exigiam que o desgraçado derramasse o seu sangue por al-

gum terrível castigo. Mas suponha que fosse possível para o juiz dar um passo de seu trono

e dizer: “Rebelde, você é culpado, mas eu descobri uma maneira pela qual eu posso per-

doar suas rebeliões, homem, você está perdoado”. Há uma onda de alegria sobre suas bo-

chechas. “Homem, você é feito rico; veja, há riqueza!”. Outro sorriso ocorre sobre o rosto.

“Homem, você é feito tão forte que você deve ser capaz de resistir a todos os seus inimi-

gos!”. Ele se alegra novamente. “Homem”, diz o juiz por último, “você é feito um príncipe!

Está adotado na família real, e você deve um dia usar uma coroa! Agora você é tanto filho

de Deus como você é o filho de seu próprio pai”. Você pode imaginar a miserável criatura

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desmaiando de alegria com tal pensamento, que aquele cujo pescoço estava de prontidão

para o enforcamento, deve ter sua cabeça agora pronta para uma coroa, que aquele espe-

rava ser vestido em trajes de criminoso e levado para morte, seja agora exaltado e vestido

com vestes de honra! Então, Cristão, pense no que você merecia, vestes de vergonha e

infâmia, mas você deve ter aquela de glória. Você está na família de Deus agora? Bem

disse o poeta:

“Ainda não apareceu,

Quão grandiosos nós devemos ser feitos.”

Nós ainda não conhecemos a grandeza da adoção. Sim, eu acredito que, mesmo na eterni-

dade vamos escassamente ser capazes de medir a profundidade infinita do amor de Deus

nesta única bênção de “adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de

sua vontade”.

Ainda assim, eu acho que há alguém aqui que diz: “Eu creio, senhor, que os homens são

adotados porque Deus prevê que eles serão santos, justos e fiéis, e, portanto, sem dúvida,

Deus os adotou na previsão disso”. Essa é uma objeção que muitas vezes eu tenho que

responder. Suponham, meus amigos, que vocês e eu devemos fazer uma viagem pelo país

um dia, e devemos nos encontrar com uma pessoa e devemos dizer-lhe: “Senhor, você po-

de me dizer por que as velas do moinho de vento giram ali?”. Ele, claro, responderia: “é o

vento”. Mas, suponham que vocês devem perguntar-lhe: “O que faz o vento?”, e ele res-

pondesse: “as velas do moinho de vento”, vocês não pensariam exatamente que ele era

um tolo? Em primeiro lugar, ele disse que o vento causou a rotação das velas e então,

depois, ele diz que as velas fazem o vento, que um efeito pode ser o pai daquilo que é a

sua própria causa! Agora, a qualquer homem que vocês perguntassem dirá que a fé é o

dom de Deus, que as boas obras são feitura de Deus. Bem, então, qual é a causa das boas

obras em um Cristão? “Ora, a graça”, dizem eles! Então, como é que as boas obras são a

causa da graça? Por tudo o que é racional, onde estão as suas cabeças? É mui tola supo-

sição para qualquer homem replicar, sem fazer vocês rirem, e isto eu não opto a fazer. E,

portanto, eu deixo isso. Digo mais uma vez, amados, se os frutos sobre um Cristão são

causados pela raiz, como pode a fruta, em qualquer grau, ser a causa da raiz? Se as boas

obras de qualquer homem lhe são dadas por graça, como elas podem, por qualquer pretex-

to que seja, serem alegadas como a razão pela qual Deus lhe dá a graça? O fato é que

somos por natureza completamente perdidos e arruinados, e não há um santo no Céu, que

não teria sido condenado, e que não merecia ser condenado na desgraça comum dos peca-

dores! A razão pela qual Deus fez uma distinção é um segredo dEle mesmo; Ele tinha o

direito de fazer essa distinção se Ele quisesse, e Ele o fez. Ele escolheu alguns para a vida

eterna, para o louvor da Sua gloriosa graça; Ele deixou os outros serem punidos por seus

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pecados, para o louvor da Sua gloriosa justiça e tanto em um, como no outro, Ele agiu com

toda a razão, pois Ele tem o direito de fazer o que quer com Suas próprias criaturas! Vendo

que todos eles mereciam ser punidos, Ele tem o direito de punir a todos! Assim também,

como Ele reconciliou a justiça com a misericórdia ou os uniu com o julgamento, Ele tem o

direito de perdoar e indultar alguns, e deixar os outros permanecerem não-regenerados,

não perdoados e não salvos, obstinadamente seguirem o erro de seus caminhos, a rejei-

tarem a Cristo, desprezarem o Seu Evangelho, e arruinarem as suas próprias almas. Aquele

que não concorda com isso, não concorda com as Escrituras! Eu não tenho que provar isso,

eu só tenho que pregá-lo! Aquele que contende com isso, discute com Deus, deixem-no

lutar sua querela ele mesmo!

II. A segunda coisa é: OS PRIVILÉGIOS QUE VÊM ATÉ NÓS ATRAVÉS DA ADOÇÃO.

Para a conveniência dos meus jovens membros da Igreja, eu apenas por um momento lhes

darei uma lista dos privilégios da adoção, como eles podem ser encontrados em nossa

antiga Confissão de Fé. Eu sei que muitos de vocês têm esse livro, e eu tenho certeza que

a maioria de vocês estudarão em casa hoje à tarde se tiverem oportunidade, olhando para

todas as passagens. É o décimo segundo Artigo, sobre a adoção, onde lemos: “Todos os

que são justificados, Deus garante, por causa de Seu único Filho, Jesus Cristo, fazê-los

participantes da graça da adoção, pelo qual são contados no número e desfrutam das liber-

dades e privilégios dos filhos de Deus, têm Seu nome colocado sobre eles, recebem o espí-

rito de adoção, têm acesso ao trono da graça com ousadia, são habilitados a clamar ‘Aba,

Pai’, são apiedados, protegidos, providos e castigados por Ele como um Pai, ainda assim,

nunca lançados fora, mas selados para o dia da redenção e herdam as promessas, como

herdeiros da salvação eterna”.

Vou começar, então, com os privilégios da adoção. Há um privilégio não mencionado na

Confissão que deveria estar lá. É este, quando um homem é adotado em uma família, e

adentra, assim, sob o regime de seu novo pai, ele não tem nada a ver com a antiga família

que deixou para trás, e ele é liberado da sujeição àqueles a quem ele deixou. E assim, no

momento em que eu sou retirado da família de Satanás, o príncipe deste mundo não tem

nada a ver comigo como o meu pai e ele não é mais meu pai! Eu não sou um filho de Sata-

nás! Eu não sou um filho da ira! No momento em que eu sou retirado da família legal, não

tenho nada a ver com Hagar. Se Hagar vem interferir-se comigo, eu digo a ela: “Sara é mi-

nha mãe, meu pai é Abraão e Hagar, tu és minha serva, e eu não sou seu. Você é uma es-

crava e eu não serei seu escravo, pois você é minha”. Quando a Lei vem a um Cristão com

todas as suas ameaças terríveis, horríveis denúncias, o Cristão diz: “Lei! Por que você me

ameaça? Não tenho nada a ver com você. Eu sigo você como minha regra, mas eu não

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vou deixar você ser minha governante; eu a tomo para ser o meu padrão e molde, porque

eu não posso encontrar um melhor código de moralidade, e de vida, mas eu não estou sob

você como minha maldição condenatória. Sente-se em sua cadeira de juiz, ó Lei, e condene-

me; eu sorrio para você, pois você não é meu juiz, eu não estou sob sua jurisdição! Você

não tem o direito de me condenar”. Se, como os antigos teólogos dizem, o rei da Espanha

fosse condenar um habitante da Escócia, o que ele diria? Ele diria: “Muito bem, condenar-

me, se quiser, mas eu não estou sob sua jurisdição”. Assim, quando a Lei condena um san-

to, o santo diz: “Se o meu Pai me condena, e me castiga, eu me curvo a Ele com submissão

filial, por que eu O tenho ofendido, mas, ó Lei, não estou mais sob você; eu sou livre de

você; eu não ouvirei a sua sentença, nem me preocuparei com seus trovões! Tudo o que

você pode fazer contra mim, vá e faça-o a Cristo! Ou melhor, você o fez. Se você exige

punição pelo meu pecado, olhe, ali está o meu Substituto; você não deve procurá-lo em mi-

nhas mãos. Você me acusa de culpa. É verdade, eu sou culpado, mas é igualmente verdade

que a minha culpa é colocada sobre a cabeça do Bode Expiatório! Eu digo a você, eu não

sou da sua família; não devo ser castigado por você; eu não terei um castigo legal, uma pu-

nição legal; eu estou, agora, sob a dispensação do Evangelho, não estou sob você. Eu sou

um filho de Deus, não o seu servo. Temos um mandamento de obedecer agora ao nosso

Pai; mas, quanto à família com a qual estávamos vinculados, não temos mais nada a ver

com ela”. Isso não é pouco privilégio, oh que pudéssemos compreender e apreciar isso cor-

retamente, e caminhar na liberdade com a qual Cristo nos libertou!

Mas agora, como a Confissão o apresenta, uma das grandes bênçãos que Deus nos dá é

que temos o Seu nome sobre nós. Ele nos dará um novo nome, como é a promessa no

Livro do Apocalipse. Devemos ser chamados pelo nome de Deus. Ah, lembrem-se, irmãos

e irmãs, nós somos homens e mulheres, mas, agora, nós somos homens e mulheres de

Deus! Já não somos mais meros mortais; somos assim em nós mesmos, mas pela Divina

graça nós somos eleitos imortais, filhos de Deus, filhas de Deus, tomados para Ele mesmo!

Lembre-se, Cristão, você carrega o nome de Deus sobre você!

Observem uma outra coisa. Nós temos o espírito de filhos, bem como o nome de filhos.

Agora, se um homem adota uma outra criança em sua família, ele não pode dar-lhe sua

própria natureza, como seu próprio filho teria. E se aquela criança que ele adota tivesse

sido um tolo, ele ainda pode permanecer assim, ele não pode torná-lo um filho digno dele.

Mas nosso Pai celestial, quando Ele vem a realizar a adoção, nos dá não somente o nome

de filhos, mas a natureza de filhos, também! Ele nos dá uma natureza como a de Seu Filho

amado, Jesus Cristo. Tivemos, uma vez, por natureza, como nosso pai, Adão, depois que

ele pecou. Deus lança isso fora e nos concede uma natureza semelhante a Ele mesmo, por

assim dizer, “à imagem de Deus”. Ele supera a velha natureza, e Ele coloca em nós a

natureza de filhos. “E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito de

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seu Filho, que clama: Aba, Pai” [Gálatas 4:6]. E Ele nos dá a natureza e o caráter de filhos,

para que sejamos, tanto pela graça, participantes do espírito de filhos de Deus quanto se

tivéssemos sido Seus filhos legitimamente nascidos, e não tivéssemos sido adotados em

Sua família! Irmãos e irmãs, a adoção nos assegura a regeneração; e regeneração nos as-

segura a natureza de filhos, pelo que não somos feitos apenas filhos, mas nós somos feitos

participantes da graça de Deus, de modo que somos, em nós mesmos, feitos por Deus, pe-

la nossa nova natureza, como filhos vivificados, efetiva e realmente semelhantes a Ele

mesmo!

A próxima bênção é que sendo adotados, nós temos acesso ao trono. Quando chegamos

ao trono de Deus, uma coisa que devemos sempre pleitear é a nossa adoção. O anjo que

mantém o Propiciatório pode nos parar no caminho, dizendo: “Qual é a sua pretensão de

vir aqui? Você vem como um sujeito, ou um servo? Se você o faz, não tem o direito de vir;

mas se você vem como um filho, venha e seja bem-vindo”. Você pode dizer que é um filho

em suas orações, Cristão? Então, nunca tenha medo de orar! Desde que você conheça sua

filiação, terá a certeza de obter tudo que você precisa, para que você possa dizer: “Pai, eu

não peço como um servo. Se eu fosse um servo eu esperaria Teus salários, e sabendo que

como um servo eu fui rebelde, eu poderia esperar os salários da ira eterna. Mas eu sou Teu

filho. Embora como um servo eu tenha muitas vezes violado as regras, e podia esperar a

Tua vara, ainda, ó Pai, embora eu seja pecador, em e de mim mesmo, eu sou Teu filho por

adoção e graça. Não me lance fora; não me retire de Teu joelho; Eu sou o Teu próprio filho;

Rogo isto! O Espírito testifica com o meu espírito, que eu sou nascido de Deus. Pai, Tu ne-

garás que sou Seu filho?”. O quê? Quando você implora por causa de seu Irmão mais velho,

por meio de Quem você é filho de Deus, sendo feito um herdeiro com Cristo em todas as

coisas, Ele afastará Seu filho? Não, amados, Ele não vai! Ele voltará novamente; Ele ouvirá

a nossa oração; Ele terá misericórdia de nós. Se nós somos Seus filhos, podemos ter aces-

so à graça na qual estamos firmes, e acesso com confiança ao trono da graça celestial!

Outra bênção é que Deus tem piedade de nós. Pensem nisso, filhos, em todos os seus so-

frimentos e tristezas. “Como um pai se compadece de seus filhos, assim o Senhor se com-

padece daqueles que o temem”. Você repousa doente? O Senhor permanece ao lado de

sua cama, com piedade de você. Você é tentado por Satanás? Cristo está olhando para

baixo sobre você, sentindo em Seu coração os seus suspiros e seus gemidos. Você veio

aqui esta manhã com o coração pesado, um espírito desolado? Lembre-se, o amoroso co-

ração de Deus se compadece de você! Em Sua medida, Cristo sente novamente o que cada

membro suporta; Ele tem compaixão de você, e esta piedade de Deus é um dos estímulos

que fluem para o seu coração por sua adoção.

No próximo lugar, Ele protege você. Assim como a galinha protege os seus pintinhos debai-

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xo das suas penas, das aves de rapina que procuram a sua morte, assim o Senhor faz os

Seus próprios braços amorosos cercarem Seus filhos. Nenhum pai permitirá que o seu filho

morra sem fazer alguma tentativa de resistir ao adversário que o mataria. Deus nunca per-

mitirá que Seus filhos pereçam, pois Sua onipotência é capaz de guardá-los. Se, uma vez

o braço eterno pode ser paralisado; se, uma vez a mão eterna pode se tornar menos do

que todo-poderosa, então você pode morrer; mas enquanto seu Pai vive, o escudo de seu

Pai deve ser o seu preservador, e Seu braço forte será sua proteção eficaz.

Mais uma vez, existe a provisão, bem como proteção. Todo pai cuidará de, ao máximo de

sua capacidade, prover para seus filhos. Assim fará Deus. Se vocês são adotados, tendo

sido predestinados para isso, mui certamente Ele proverá para vocês:

“Toda a graça necessária, Deus concederá,

E coroa esta graça de glória, também;

Ele nos dá todas as coisas e não retém

Nenhum bem real de almas retas.”

Misericórdias temporais, misericórdias espirituais, você deve ter, e tudo porque você é filho

de Deus, Seu filho redimido, feito assim pelo sangue de Jesus Cristo.

E então, você terá, igualmente, educação. Deus educará todos os Seus filhos até que Ele

os torne perfeitos em Cristo Jesus. Ele ensinará a você, doutrina após doutrina. Ele o condu-

zirá em todas as Suas verdades, até que, finalmente, aperfeiçoado em toda a sabedoria

celestial, você será feito capaz de se unir aos seus conservos no grande Céu acima.

Há também uma coisa que, talvez, vocês às vezes se esquecem de que são certos de ter

no percurso: a disciplina, se vocês são filhos de Deus, e isso é a vara de Deus. Esse é outro

fruto da adoção. A menos que tenhamos a vara, podemos tremer, temendo que não seja-

mos filhos de Deus. Deus não é um pai tolo, se Ele adota uma criança, Ele a adota, de for-

ma que Ele possa ser um pai amável e sábio. E embora Ele não aflija voluntariamente, nem

entristeça os filhos dos homens por nada, todavia, quando Seus açoites são sentidos, Seus

açoites são menores do que os nossos crimes e mais leves do que a nossa culpa, mas ao

mesmo tempo Ele nunca poupa a vara. Ele sabe que arruinaria Seus filhos se Ele o fizesse,

e, portanto, Ele a usa sem mão mui poupadora, e faz com que eles clamem e gemam,

enquanto eles pensam que Ele tornou-se seu inimigo.

Mas, como a Confissão belamente o apresenta, exatamente de acordo com a Escritura:

“Embora castigados por Deus como por um pai, mas nunca lançados fora, mas selados para

o dia da redenção, eles herdam as promessas, como herdeiros da salvação”. É uma grande

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doutrina da Escritura que Deus não pode, assim como não irá, abandonar Seus filhos! Mui-

tas vezes maravilho-me de como qualquer pessoa pode ver alguma consistência na frase-

ologia da Escritura quando eles falam sobre o povo de Deus sendo filhos de Deus um dia,

e filhos de Satanás, no dia seguinte. Agora, eu me surpreenderia, não um pouco, se eu en-

trasse em uma sala de aula, e ouvisse o professor afirmar que meus filhos pudessem ser

meus filhos hoje e seus filhos no próximo. Eu deveria olhar para ele e dizer: “Eu não compre-

endo isso. Se eles são realmente meus, eles são meus. Se eles não são meus, não são

meus, mas eu não vejo como eles podem ser meus, hoje e seus amanhã”. O fato é que a-

queles que pregam assim acreditam na salvação pelas obras, embora eles o mascarem e

o cobrem com qualificações ilusórias, tanto quanto eles possam. Há tanta necessidade de

um Lutero sair contra eles como houve para ele sair contra os Romanistas! Ah, amados, é

bom saber que a nossa posição não é de outro caráter, mas se nós somos filhos de Deus

nada pode nos desfilhar, embora sejamos castigados e afligidos como filhos, jamais sere-

mos punidos sendo expulsos da família, e deixando de ser Seus filhos. Deus sabe como

guardar Seus próprios filhos do pecado; Ele nunca vai dar-lhes liberdade para fazer o que

quiserem. Ele lhes dirá: “Eu não te matarei, este era um ato que Eu não faria, mas isso te

ferirá; e você deve ser levado a gemer e chorar debaixo da vara”, assim, você odiará o pe-

cado, e você unir-se-á a Ele e andará em santidade até o fim. Esta não é uma doutrina

licenciosa porque existe a vara. Se não houvesse a vara de castigo, então seria uma coisa

ousada dizer que os filhos de Deus ficarão impunes! Eles ficarão, na medida em que a pe-

nalidade legal é referida. Nenhum juiz deve condená-los; mas, enquanto o castigo paterno

é referido, de modo nenhum escaparão. “De todas as famílias da terra só a vós vos tenho

conhecido”, diz o Senhor, “portanto eu vos punirei por todas as vossas iniquidades” [Amós

3:2].

Por último, tão certo como somos filhos de Deus por adoção, devemos herdar a promessa

que pertence a isso. E, se nós somos filhos, somos logo herdeiros também, herdeiros de

Deus, e coerdeiros de Cristo: se é certo que com ele padecemos, para que também com

ele sejamos glorificados [Romanos 8:17].

III. E agora, o ponto final: HÁ ALGUNS DEVERES QUE ESTAM VINCULADOS À ADO- ÇÃO.

Quando o crente é adotado na família do Senhor, há muitos relacionamentos que são que-

brados, a relação com o velho Adão, e com a Lei cessa imediatamente. Mas, então, ele es-

tá sob uma nova Lei, a lei da graça, sob novas regras e sob um novo Pacto. E agora eu

imploro para adverti-los sobre os deveres, filhos de Deus! Porque vocês são filhos de Deus,

tornou-se, então, o seu dever obedecer a Deus. Um espírito servil não tem nada a ver com

você; você é um filho. E na medida em que você é um filho, você é obrigado a obedecer ao

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mais sútil desejo de seu Pai, ao mínimo sinal de Sua vontade. O que Ele diz para você?

Será que Ele manda cumprir tal-e-tal ordenança? É para seu perigo, se você o negligenciar!

Então você está desobedecendo ao seu Pai, que lhe diz para fazer isso! Ele lhes ordena a

buscar a imagem de Jesus? Busquem-na. Ele lhes diz: “Sede perfeitos, como vosso Pai

que está no Céu é perfeito”? Então, não porque a Lei assim o diz, mas porque seu Pai o

diz, sejam-no! Procurem ser perfeitos no amor e na santidade. Ele lhes diz para amar uns

aos outros? Amem um ao outro! Não porque a Lei diz: “Amarás o teu Deus”, mas porque

Cristo diz: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos. E este é o mandamento que

vos dou: que vos ameis uns aos outros”. Vocês são ordenados a distribuir aos pobres, e

ministrar aos santos nas suas necessidades? Façam-no, não porque acham que são obri-

gados a fazê-lo pela Lei, mas façam-no, porque Cristo assim o diz, porque Ele é o seu Irmão

mais velho, Ele é o Mestre da casa, e vocês pensam de si mesmos mais docemente obri-

gados a obedecer. Diz-se: “Ame a Deus com todo o teu coração”? Olhem para a ordenança

e digam: “Ah, mandamento, procurarei cumpri-lo. Cristo já o cumpriu, eu não tenho ne-

nhuma necessidade, portanto, de cumpri-lo para a minha salvação, mas me esforçarei para

fazê-lo, porque Ele é meu Pai, agora, e ele tem uma nova reivindicação sobre mim”. Ele

diz: “Lembra-te do Sabath, para o santificar”? Lembrarei do que Jesus disse: “O Sabath foi

feito para o homem e não o homem para o Sabath”, e, portanto, eu não serei escravo do

Sabath. Mas, na medida em que meu Pai descansou no sétimo dia, assim serei também eu

em todas as minhas obras, e eu não terei obras de legalidade que contaminem o Seu re-

pouso; farei o maior número de atos de misericórdia, sempre que puder; procurarei me es-

forçar para servi-lO com honra filial. Porque meu Pai descansou, assim eu o farei na obra

consumada de Cristo. E assim, com cada um dos Dez Mandamentos. Tomem-nos da Lei;

coloquem-nos no Evangelho, e então os obedeçam. Não os obedeçam simplesmente como

sendo a Lei gravada em tábuas de pedra, os obedeçam como o Evangelho escrito em

tábuas de carne do coração, “pois não estais debaixo da Lei, mas debaixo da graça”.

Há um outro dever, crente. É este: se Deus é o seu Pai, e você é Seu filho, você é obrigado

a confiar nEle. Oh, se Ele fosse apenas o seu Mestre, e você sempre tão miserável servo,

você seria obrigado a confiar nEle! Mas quando você sabe que Ele é o seu Pai, você alguma

vez duvidará dEle? Eu posso duvidar de qualquer homem neste mundo, mas eu não duvido

de meu pai. Se ele diz uma coisa, se ele promete uma coisa, eu sei que se estiver em seu

poder, ele o fará. E se ele declara um fato para mim, eu não posso duvidar de sua palavra.

E, no entanto, oh filho de Deus, quantas vezes você desconfia de seu Pai celestial? Não o

faça mais! Seja Ele verdadeiro; seja todo homem um mentiroso, continue a não duvidar de

seu Pai. O quê? Ele poderia dizer uma mentira? Ele o enganaria? Não, o seu Pai, quando

Ele fala, significa o que Ele diz. Você não pode confiar em Seu amor? O quê? Ele o deixará

afundar, enquanto Ele é capaz de mantê-lo à tona? Ele deixará você morrer de fome

enquanto Seus celeiros estão cheios? Ele deixará você morrer de sede enquanto Seus

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odres estouram com vinho novo? Há gado sobre Suas mil colinas, e Ele deixará faltar uma

refeição a você? É a terra do Senhor e toda a sua plenitude, e Ele deixará você ir embora

vazio e pobre, e miserável? Certamente não! É dEle toda a graça, e Ele a esconderá de

você? Não, Ele nos diz hoje: “Filho, tu estás sempre coMigo, e tudo o que Eu tenho é seu.

Tome o que quiser, é tudo seu. Mas confie no seu Pai:

“Deixe a Sua Soberana vontade,

Escolher e ordenar.

Com maravilha plena, então, você reconhecerá,

Quão sábia, quão forte é a Sua mão.”

Agora, vão embora, herdeiros do céu, com os pés leves, e com alegria em seus rostos,

dizendo que sabem que são Seus filhos, e que Ele lhes ama e não lhes rejeita! Acreditem

que para o Seu seio Ele agora lhes pressiona, que o Seu coração está cheio de amor por

vocês! Creiam que Ele proverá para vocês, os protegerá, sustentará, e que Ele, finalmente,

os conduzirá a uma herança feliz quando vocês tiverem aperfeiçoado os anos de sua pere-

grinação e forem maduros para a bem-aventurança! “E nos predestinou para filhos de

adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade”.

Eu não preciso nesta manhã atrasar vocês por mais tempo na abordagem pessoal dirigida

aos não-convertidos. O bem-estar deles, eu sempre busco. Tenho procurado, ao falar para

os santos, nesta manhã, por assim dizer que todo pecador possa aprender pelo menos este

fato: a salvação é de Deus somente, e que ele pode ser trazido para este estado de espírito,

sentir que se ele é salvo, Deus o salvará, ou então ele não pode ser salvo absolutamente!

Se algum de vocês reconhece esta verdade, então em nome de Deus eu agora lhe ordeno

a crer em Jesus, pois, tão certo como alguma vez você possa sentir que Deus tem o direito

de salvar ou destruir você, a graça deve ter feito você sentir isso, e, portanto, agora você

tem o direito de vir e crer em Jesus! Se você sabe disto, sabe tudo o que fará você se sentir

vazio e, portanto, tem o suficiente para fazer você lançar toda a sua esperança sobre esta

plenitude que há em Jesus Cristo.

O Senhor te abençoe e te salve! Amém.

Sola Scriptura!

Sola Gratia!

Sola Fide!

Solus Christus!

Soli Deo Gloria!

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10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

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Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

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2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.