a interpretação das escrituras - o estandarte de...

12

Upload: phamanh

Post on 20-Aug-2018

213 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: A Interpretação das Escrituras - O ESTANDARTE DE …oestandartedecristo.com/data/AInterpretaC_CeodasEscrituraseCap.11... · Nós deixamos essa importante regra da exegese para esse
Page 2: A Interpretação das Escrituras - O ESTANDARTE DE …oestandartedecristo.com/data/AInterpretaC_CeodasEscrituraseCap.11... · Nós deixamos essa importante regra da exegese para esse

A Interpretação

das Escrituras

A. W. Pink

Page 3: A Interpretação das Escrituras - O ESTANDARTE DE …oestandartedecristo.com/data/AInterpretaC_CeodasEscrituraseCap.11... · Nós deixamos essa importante regra da exegese para esse

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

2

Traduzido do original em Inglês

Interpretation of the Scriptures

By A. W. Pink

Este e-book consiste apenas no Cap. 11 da obra supracitada.

Via: PBMinistries.org

(Providence Baptist Ministries)

Tradução por Camila Rebeca Almeida

Revisão por William Teixeira

Capa por William Teixeira

1ª Edição: Fevereiro de 2017

Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão Almeida

Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica Trinitariana do Brasil.

Traduzido e publicado em Português pelo website oEstandarteDeCristo.com, com a devida

permissão do ministério Providence Baptist Ministries, sob a licença Creative Commons Attribution-

NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License.

Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer formato,

desde que informe o autor, as fontes originais e o tradutor, e que também não altere o seu conteúdo

nem o utilize para quaisquer fins comerciais.

Page 4: A Interpretação das Escrituras - O ESTANDARTE DE …oestandartedecristo.com/data/AInterpretaC_CeodasEscrituraseCap.11... · Nós deixamos essa importante regra da exegese para esse

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

3

A Interpretação das Escrituras

Por A. W. Pink

Capítulo 11

________________________________________

15. Linguagem Não-literal. Nós deixamos essa importante regra da exegese para esse

momento, porque é necessária maturidade no julgamento para a sua correta aplicação. Há

uma quantidade considerável de linguagem não-literal na Palavra de Deus e é muito

necessário que o expositor a reconheça. Grande dano foi feito por não fazê-lo, e muitos

erros graves foram ensinados como resultado de considerar como literal o que era figurado.

De um modo geral, as palavras da Escritura devem ser entendidas em seu significado puro

e simples; sim, a sua significação natural e óbvia deve sempre ser mantida a menos que

alguma razão evidente e necessária exija o contrário; como, por exemplo, quando Cristo

nos ordenou arrancar um olho direito e cortar a mão direita se os mesmos nos levassem a

pecar, ou quando Ele acusou os escribas e fariseus de “devorar as casas das viúvas”

(Mateus 23:14), pois manifestamente tal linguagem não deve ser considerada em seu

sentido literal. Mas há muitos outros casos que não são tão evidentes como esses, como

quando Cristo disse: “E, ocasionalmente [por acaso] descia pelo mesmo caminho certo

sacerdote” (Lucas 10:31), o que significa que ele tomou esse caminho sem qualquer

finalidade particular ou propósito específico, pois um entendimento literal das palavras

negaria as ordenações da Providência.

É necessária uma discriminação minuciosa, tanto espiritual quanto mental, para

distinguir entre o literal e o não-literal na Escritura. Isso se aplica em primeiro lugar ao

tradutor, como algumas ilustrações mostrarão. Ele tem que determinar em cada ocorrência

da palavra kelayoth se a traduzirá literalmente como “rins” ou figurativamente como

“coração” e “mente”, palavras que nas Escrituras fazem referência à sede das afeições e

sentimentos; a nossa Versão Autorizada se refere à primeira por dezoito vezes, e a última,

Page 5: A Interpretação das Escrituras - O ESTANDARTE DE …oestandartedecristo.com/data/AInterpretaC_CeodasEscrituraseCap.11... · Nós deixamos essa importante regra da exegese para esse

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

4

treze vezes. Em passagens como Salmos 16:7; 26:2; 73:21, “rins” tem referência ao homem

interior, especialmente à mente e à consciência; como os rins devem eliminar as impurezas

do sangue, a mente e a consciência devem nos livrar do mal. A palavra hebraica ruach

significa literalmente vento, e é assim traduzida noventa vezes na Versão Autorizada; no

entanto, também é usada emblematicamente como espírito, muitas vezes, e como o

Espírito Santo por mais de 200 vezes. Muita sabedoria e discernimento espiritual é exigido

pelo tradutor para discriminar. Lachash é traduzido como “brincos” em Isaías 3:20, mas

como “oração” em Isaías 26:16! A palavra grega presbuteros significa literalmente uma

pessoa idosa, e é assim traduzido em Atos 2:17, e Filemom 9, mas na maioria dos casos

se refere a “anciãos”1 ou oficiais da igreja.

Agora, se um grande cuidado deve ser tomado pelo tradutor para distinguir entre

coisas diferentes, é igualmente assim com o expositor. Que ele devidamente leve a sério

as advertências fornecidas pela experiência dos apóstolos. Quantas vezes eles não

conseguiram entender o significado da linguagem de seu Mestre! Quando Ele declarou: “O

que contamina o homem não é o que entra na boca, mas o que sai da boca, isso é o que

contamina o homem”, disseram-Lhe: “Explica-nos esta parábola”, e Ele respondeu: “Até vós

mesmos estais ainda sem entender?” (Mateus 15:11,15,16). Quando Jesus lhes ordenou:

“acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus”, eles discorriam entre si e

concluíram que era porque não tinham trazido pão (Mateus 16:6-7). Quando Ele lhes disse

que tinha uma comida para comer, a qual eles não conheciam, imaginaram que alguém

havia ministrado às Suas necessidades corporais durante a sua ausência (João 4:32-33).

Quando disse: “Nosso amigo Lázaro dorme”, os apóstolos supuseram (como qualquer um

de nós teria feito!) que Ele se referia ao sono natural. Muitas vezes é registrado que eles

“não compreendiam” as palavras de Cristo (Marcos 9:32; Lucas 18:34; João 8:27, 12:16).

Eles entenderam muito pouco do que Jesus intencionava quando perguntou: “Se eu quero

que ele fique até que eu venha, que te importa a ti?” (João 21:22-23).

O elemento figurativo é muito proeminente nas Escrituras, especialmente no Antigo

Testamento, onde as coisas naturais são comumente usadas e adaptadas para explicar as

coisas espirituais, adequando suas instruções para o estado atual do homem, no qual ele

não pode ver as coisas de Deus, exceto através das lentes da natureza. Cada palavra

hebraica tem um sentido literal e se refere a algum objeto sensível, e, portanto, transmite

uma ideia comparativa a algum objeto impalpável. Enquanto no corpo, nós recebemos

informações através de nossos sentidos; não podemos formar a menor ideia de qualquer

1 Em Inglês: Elders.

Page 6: A Interpretação das Escrituras - O ESTANDARTE DE …oestandartedecristo.com/data/AInterpretaC_CeodasEscrituraseCap.11... · Nós deixamos essa importante regra da exegese para esse

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

5

objeto divino ou celestial, senão conforme ele é comparado e ilustrado por algo terreno ou

material. Realidades internas são explicadas por fenômenos externos, como “rasgai o

vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor, vosso Deus” (Joel 2:13),

e: “bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça”. Misericórdias espirituais são

postas diante de nossos olhos sob suas figuras com as quais estamos familiarizados, mas

expressivas na natureza, como em: “Porque derramarei água sobre o sedento, e rios sobre

a terra seca; derramarei o meu Espírito sobre a tua posteridade, e a minha bênção sobre

os teus descendentes” (Isaías 44:3), e: “destilai, ó céus, dessas alturas, e as nuvens

chovam justiça; abra-se a terra, e produza a salvação” (Isaías 45:8).

Outros antes de nós têm apontado que há uma analogia divinamente projetada entre

o mundo natural e o espiritual. Deus assim formou os reinos visíveis como a sombra do

invisível, o temporal para simbolizar o eterno. Daí as similitudes muitas vezes empregadas

por Cristo, extraídas por Ele do reino natural, não eram ilustrações arbitrárias, mas figuras

pré-ordenadas de sobrenatural. Existe uma ligação muito íntima entre as esferas da criação

e da graça, para que nós, assim, sejamos ensinados a olhar de uma para a outra. “Por meio

de Suas parábolas inimitáveis, Cristo mostrou que quando a natureza era avaliada

corretamente, falava uma só língua com o Espírito de Deus; e quanto mais completamente

bem entendida, e isto mais variada e completamente, será encontrada a harmonia que

subsiste entre os princípios da sua constituição e os de Seu reino espiritual” (Patrick

Fairbairn). Quem pode deixar de perceber tanto a adequação quanto a sublimidade do

paralelo entre essa alusão do reino natural e sua realização antitípica: “Até que refresque

o dia, e fujam as sombras” (Cantares de Salomão 2:17), onde a referência é tanto à primeira

(João 8:56) quanto à segunda vinda do Filho de Deus na carne (Filipenses 1:6-10)?

As palavras são usadas em sentido literal quando se referem ao seu significado

simples e natural; e figurativamente, quando um termo se refere a um objeto ao qual ele

não pertence natural ou normalmente. Assim, o termo “duro” é a qualidade de uma pedra,

mas quando caracteriza o coração é empregado figurativamente. A figura de linguagem

consiste em uma palavra ou palavras que estão sendo usadas fora de seu sentido e

maneira comuns, para enfatizar algo e atrair a nossa atenção ao que é dito. Não que um

significado diferente seja dado à palavra, mas uma nova aplicação dela é feita. O significado

da palavra é sempre o mesmo quando usada corretamente e, assim, figuras têm o seu

próprio sentido e explicam-se a si mesmas. Na grande maioria dos casos, não há

dificuldade em distinguir entre o literal e o não-literal. Aqui também há uma estreita

semelhança entre a Palavra de Deus e Suas obras na criação. A maioria dos objetos no

mundo natural são evidentes e simples, facilmente distinguidos; todavia, alguns são

Page 7: A Interpretação das Escrituras - O ESTANDARTE DE …oestandartedecristo.com/data/AInterpretaC_CeodasEscrituraseCap.11... · Nós deixamos essa importante regra da exegese para esse

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

6

obscuros e misteriosos. Há certas “leis” perceptíveis que regulam as ações da natureza; no

entanto, há exceções notáveis na maioria delas. Assim, podemos ter certeza de que Deus

não empregou linguagem que só poderia confundir e embaraçar os ignorantes, mas o

significado de muitas coisas na Sua Palavra pode ser determinado apenas por trabalho

diligente.

Se toda a Escritura tivesse sido redigida em linguagem altamente figurativa e

misteriosos hieróglifos, que estivessem muito acima da capacidade do homem comum. Por

outro lado, se tudo fosse tão simples como ABC não haveria necessidade de Deus prover

mestres (Efésios 4:11). Mas como aquele que ensina determina quando a linguagem é

literal e quando não-literal? Geralmente, clara indicação é dada, especialmente no emprego

de metáfora, onde um objeto é usado para expor o outro, como em: “Judá é um leãozinho”

(Gênesis 49:9). Mais particularmente: em primeiro lugar, quando uma interpretação literal

manifestamente colidiria com a natureza essencial do assunto tratado, como quando

membros físicos são atribuídos a Deus, ou quando o discípulo é ordenado a “tomar a sua

cruz” (viver uma vida de autossacrifício) a fim de seguir a Cristo. Em segundo lugar, quando

uma interpretação literal envolveria um absurdo ou impropriedade moral, como em:

“Quando te assentares a comer com um governador, atenta bem para o que é posto diante

de ti, e se és homem de grande apetite, põe uma faca à tua garganta” (Provérbios 23:1-2),

isto é, não dê qualquer espaço aos desejos; outro exemplo é a metáfora que fala de

amontoar brasas sobre a cabeça de um inimigo (Romanos 12:20). Em terceiro lugar,

devemos consultar outras passagens, e interpretarmos tal passagem como Salmo 26:6,

através de Genesis 35:1-2 e Hebreus 10:22.

De tudo o que foi dito acima, é evidente que temos de evitar um literalismo rígido

quando estivermos lidando com representações sensoriais ou materiais de coisas

imateriais, e quando termos corporais são usados a respeito de não-corporais, como por

exemplo: “A espada devorará” (Jeremias 46:10), pois devorar é propriedade de uma criatura

viva e fazendo uso de seus dentes, mas aqui, por uma figura, isso é aplicado ao fio da

espada. E ainda: “Esqueça-se a minha direita da sua destreza” (Salmos 137:5), aqui o

“esquecimento”, que pertence à mente, é aplicado à mão, significando “perca o seu poder

de direcioná-la corretamente”. Novamente: “Virei-me para ver a voz” (Apocalipse 1:12 --

trad. lit.), ou seja, aquele que a proferiu. “Guarda o teu pé, quando entrares na casa de

Deus” (Eclesiastes 5:1), isso pode ser considerado tanto em um sentido literal quanto

figurado. No primeiro caso, significaria: “que o seu andar seja recatado, sem pressa e

reverente enquanto se aproxima do lugar de adoração”; no segundo: “cuide dos movi-

mentos de sua mente e das afeições de seu coração, pois eles são para a alma o que os

Page 8: A Interpretação das Escrituras - O ESTANDARTE DE …oestandartedecristo.com/data/AInterpretaC_CeodasEscrituraseCap.11... · Nós deixamos essa importante regra da exegese para esse

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

7

pés são para o corpo”. É ao devido controle do nosso homem interior que nossa atenção

deve ser principalmente dirigida.

Também é muito necessário que o expositor constantemente tenha em mente que

muitas das coisas que pertencem ao Novo Pacto são estabelecidas de acordo com as

figuras do Antigo. Assim, Cristo é mencionado como “nossa Páscoa” e como Sacerdote

“segundo a ordem de Melquisedeque” (Hebreus 6:20). O paraíso é descrito como “seio de

Abraão” (Lucas 16:22). Os santos do Novo Testamento são referidos como descendência

de Abraão e “o Israel de Deus” (Gálatas 3:7, 6:16); como “a circuncisão” (Filipenses 3:3), e

como “a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa” (1 Pedro 2:9); enquanto em

Gálatas 4:26, eles são informados de que sobre “a Jerusalém que é de cima é livre; a qual

é mãe de todos nós”. Mais uma vez, a expressão “pois não tendes chegado ao monte

palpável” (Hebreus 12:18) não se refere a qualquer monte físico, mas à ordem das coisas

que foram formalmente instituídas no Sinai, as características morais que foram

adequadamente simbolizadas e surpreendentemente esboçadas pelos fenômenos físicos

que acompanharam a entrega da Lei. Da mesma forma: “tendes chegado ao monte Sião”

(12:22) não mais significa um monte físico do que “temos um altar” (13:10) significa que os

Cristãos têm um altar tangível. É a antitípica, espiritual e celestial Sião que está em vista,

isto é, aquele estado glorioso ao qual a graça divina trouxe todos aqueles que creem no

Evangelho.

Outrossim, o expositor precisa estar atento para detectar a linguagem irônica, pois

geralmente significa o oposto ao que é expresso, sendo uma forma de sátira para o

propósito de expor um absurdo e evidenciar o ridículo. Essa linguagem foi usada por Deus

quando Ele disse: “Eis que o homem se tornou como um de nós, conhecendo o bem e o

mal” (Gênesis 3:22), e quando Ele ordenou a Israel: “Ide, e clamai aos deuses que

escolhestes; que eles vos livrem no tempo do vosso aperto” (Juízes 10:14); por Elias,

quando ele zombou dos profetas de Baal: “Clamai em altas vozes, porque ele é um deus;

pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma

viagem; talvez esteja dormindo, e despertará” (1 Reis 18:27); por Micaías quando ele

respondeu Jeosafá: “Sobe, e serás bem sucedido; porque o Senhor a entregará na mão do

rei” (1 Reis 22:15); por Jó: “Na verdade, vós sois o povo, e convosco morrerá a sabedoria”

(12:2); em Eclesiastes 11:9: “Alegra-te, jovem, na tua mocidade, e recreie-se o teu coração

nos dias da tua mocidade, e anda pelos caminhos do teu coração, e pela vista dos teus

olhos...”; por Cristo: quando Ele disse: “esse belo preço em que fui avaliado por eles”

(Zacarias 11:13) e por Paulo: “Já estais fartos! já estais ricos! sem nós reinais!” (1 Coríntios

4:8).

Page 9: A Interpretação das Escrituras - O ESTANDARTE DE …oestandartedecristo.com/data/AInterpretaC_CeodasEscrituraseCap.11... · Nós deixamos essa importante regra da exegese para esse

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

8

Também não devemos considerar literalmente a linguagem da hipérbole ou exagero,

quando mais é dito do que é realmente significado, como quando os dez espiões disseram

de Canaã: “as cidades são grandes e fortificadas até aos céus” (Deuteronômio 1:28), e

quando somos informados de que os seus exércitos eram “como a areia que está na praia

do mar em multidão” (Josué 11:4). Assim também a descrição dada daqueles que surgiram

contra Gideão: “como gafanhotos em multidão; e os seus camelos sem número” (Juízes

7:12), e “não houve nação nem reino aonde o meu senhor não mandasse em busca de ti”

(1 Reis 18:10). Outros exemplos são encontrados em: “Eles sobem ao céu, descem ao

abismo” (Salmos 107:26); “Rios de água correr dos meus olhos” (Salmos 119:136); “O

menor virá a ser mil, e o mínimo uma nação forte; eu, o Senhor, ao seu tempo o farei

prontamente” (Isaías 60:22); “As suas viúvas mais se multiplicaram do que a areia dos

mares” (Jeremias 15:8), devemos ter em mente, ao lermos Apocalipse 7:9, que: “Há, porém,

ainda muitas outras coisas que Jesus fez; e se cada uma das quais fosse escrita, cuido que

nem ainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem” (João 21:25).

16. A elucidação dos tipos. Nenhum tratado sobre hermenêutica seria completo se

ignorasse essa importante e interessante seção da exposição. No entanto, um vasto

assunto como esse é impossível de tratar adequadamente em poucas frases. O Novo

Testamento claramente ensina que muito no Antigo predizia e esboçava o que estava por

vir. Desde os primeiros tempos aprouve a Deus preparar o caminho para a grande palavra

da redenção por uma série de representações parabólicas, e o trabalho do intérprete é

explicar o mesmo à luz da revelação mais ampla que Deus concedeu desde então. Os tipos

pertencem àquela esfera que diz respeito à relação das dispensações divinas anteriores e

posteriores e, portanto, um tipo pode ser definido como um modelo ou sinal de outro objeto

ou evento que é retratado de antemão, sombreando algo que deve depois corresponder e

prover a realidade do mesmo. Mas surge a pergunta: Como evitaremos o erro e o exagero

em nossa seleção e desvelamento dos tipos? O espaço só nos permitirá oferecer as

seguintes dicas e regras.

Em primeiro lugar, deve haver uma semelhança genuína na forma ou espírito entre

qualquer pessoa, ato ou instituição, no âmbito do Antigo Testamento e o que corresponda

a isso no Evangelho. Em segundo lugar, um tipo real deve ser algo que teve a sua

ordenação a partir de Deus, sendo indicado por Ele que prefiguraria e prepararia o caminho

para coisas melhores sob Cristo. Assim, a semelhança entre a sombra e a substância deve

ser real e não-imaginária, e concebida como tal na instituição original da sombra. É essa

intenção anterior e conexão preordenada entre eles que constitui a relação de tipo e

antítipo. Em terceiro lugar, traçando a ligação entre um e outro, nós devemos perguntar:

Page 10: A Interpretação das Escrituras - O ESTANDARTE DE …oestandartedecristo.com/data/AInterpretaC_CeodasEscrituraseCap.11... · Nós deixamos essa importante regra da exegese para esse

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

9

Qual era a importância inerente do símbolo original? O que simbolizava como uma parte da

religião então em vigor? E, então, o expositor deve prosseguir e mostrar como ele foi

adequado para servir como um guia e ponte para os eventos e questões benditos do reino

do Messias. Por exemplo, por meio do tabernáculo e seus serviços, Deus manifestou ao

Seu povo precisamente os mesmos princípios de governo, e exigiu deles substancialmente

uma disposição e caráter idênticos, que Ele agora faz sob a mais sublime dispensação do

Cristianismo. Em quarto lugar, devida consideração é necessária quanto à diferença

essencial entre as naturezas reais do tipo e do antítipo: um sendo físico, temporário e

externo; o outro espiritual, eterno e, muitas vezes, interno.

Sola Scriptura! Sola Gratia! Sola Fide!

Solus Christus! Soli Deo Gloria!

Page 11: A Interpretação das Escrituras - O ESTANDARTE DE …oestandartedecristo.com/data/AInterpretaC_CeodasEscrituraseCap.11... · Nós deixamos essa importante regra da exegese para esse

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

10

10 Sermões — R. M. M’Cheyne

Adoração — A. W. Pink

Agonia de Cristo — J. Edwards

Batismo, O — John Gill

Batismo de Crentes por Imersão, Um Distintivo

Neotestamentário e Batista — William R. Downing

Bênçãos do Pacto — C. H. Spurgeon

Biografia de A. W. Pink, Uma — Erroll Hulse

Carta de George Whitefield a John Wesley Sobre a

Doutrina da Eleição

Cessacionismo, Provando que os Dons Carismáticos

Cessaram — Peter Masters

Como Saber se Sou um Eleito? ou A Percepção da

Eleição — A. W. Pink

Como Ser uma Mulher de Deus? — Paul Washer

Como Toda a Doutrina da Predestinação é corrompida

pelos Arminianos — J. Owen

Confissão de Fé Batista de 1689

Conversão — John Gill

Cristo É Tudo Em Todos — Jeremiah Burroughs

Cristo, Totalmente Desejável — John Flavel

Defesa do Calvinismo, Uma — C. H. Spurgeon

Deus Salva Quem Ele Quer! — J. Edwards

Discipulado no T empo dos Puritanos, O — W. Bevins

Doutrina da Eleição, A — A. W. Pink

Eleição & Vocação — R. M. M’Cheyne

Eleição Particular — C. H. Spurgeon

Especial Origem da Instituição da Igreja Evangélica, A —

J. Owen

Evangelismo Moderno — A. W. Pink

Excelência de Cristo, A — J. Edwards

Gloriosa Predestinação, A — C. H. Spurgeon

Guia Para a Oração Fervorosa, Um — A. W. Pink

Igrejas do Novo Testamento — A. W. Pink

In Memoriam, a Canção dos Suspiros — Susannah

Spurgeon

Incomparável Excelência e Santidade de Deus, A —

Jeremiah Burroughs

Infinita Sabedoria de Deus Demonstrada na Salvação

dos Pecadores, A — A. W. Pink

Jesus! – C. H. Spurgeon

Justificação, Propiciação e Declaração — C. H. Spurgeon

Livre Graça, A — C. H. Spurgeon

Marcas de Uma Verdadeira Conversão — G. Whitefield

Mito do Livre-Arbítrio, O — Walter J. Chantry

Natureza da Igreja Evangélica, A — John Gill

OUTRAS LEITURAS QUE RECOMENDAMOS Baixe estes e outros e-books gratuitamente no site oEstandarteDeCristo.com.

— Sola Scriptura • Sola Fide • Sola Gratia • Solus Christus • Soli Deo Gloria —

Natureza e a Necessidade da Nova Criatura, Sobre a —

John Flavel

Necessário Vos é Nascer de Novo — Thomas Boston

Necessidade de Decidir-se Pela Verdade, A — C. H.

Spurgeon

Objeções à Soberania de Deus Respondidas — A. W.

Pink

Oração — Thomas Watson

Pacto da Graça, O — Mike Renihan

Paixão de Cristo, A — Thomas Adams

Pecadores nas Mãos de Um Deus Irado — J. Edwards

Pecaminosidade do Homem em Seu Estado Natural —

Thomas Boston

Plenitude do Mediador, A — John Gill

Porção do Ímpios, A — J. Edwards

Pregação Chocante — Paul Washer

Prerrogativa Real, A — C. H. Spurgeon

Queda, a Depravação Total do Homem em seu Estado

Natural..., A, Edição Comemorativa de Nº 200

Quem Deve Ser Batizado? — C. H. Spurgeon

Quem São Os Eleitos? — C. H. Spurgeon

Reformação Pessoal & na Oração Secreta — R. M.

M'Cheyne

Regeneração ou Decisionismo? — Paul Washer

Salvação Pertence Ao Senhor, A — C. H. Spurgeon

Sangue, O — C. H. Spurgeon

Semper Idem — Thomas Adams

Sermões de Páscoa — Adams, Pink, Spurgeon, Gill,

Owen e Charnock

Sermões Graciosos (15 Sermões sobre a Graça de

Deus) — C. H. Spurgeon

Soberania da Deus na Salvação dos Homens, A — J.

Edwards

Sobre a Nossa Conversão a Deus e Como Essa Doutrina

é Totalmente Corrompida Pelos Arminianos — J. Owen

Somente as Igrejas Congregacionais se Adequam aos

Propósitos de Cristo na Instituição de Sua Igreja — J.

Owen

Supremacia e o Poder de Deus, A — A. W. Pink

Teologia Pactual e Dispensacionalismo — William R.

Downing

Tratado Sobre a Oração, Um — John Bunyan

Tratado Sobre o Amor de Deus, Um — Bernardo de

Claraval

Um Cordão de Pérolas Soltas, Uma Jornada Teológica

no Batismo de Crentes — Fred Malone

Page 12: A Interpretação das Escrituras - O ESTANDARTE DE …oestandartedecristo.com/data/AInterpretaC_CeodasEscrituraseCap.11... · Nós deixamos essa importante regra da exegese para esse

Facebook.com/ArthurWalkingtonPink

OEstandarteDeCristo.com

Issuu.com/oEstandarteDeCristo

11

2 Coríntios 4

1 Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;

2 Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem

falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,

na presença de Deus, pela manifestação da verdade. 3 Mas, se ainda o nosso evangelho está

encoberto, para os que se perdem está encoberto. 4 Nos quais o deus deste século cegou os

entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória

de Cristo, que é a imagem de Deus. 5 Porque não nos pregamos a nós mesmos, mas a Cristo

Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus. 6 Porque Deus,

que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nossos corações,

para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo. 7 Temos, porém,

este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus, e não de nós. 8 Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados.

9 Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos;

10 Trazendo sempre

por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a vida de Jesus

se manifeste também nos nossos corpos; 11

E assim nós, que vivemos, estamos sempre

entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste também na

nossa carne mortal. 12

De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a vida. 13

E temos

portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós cremos também,

por isso também falamos. 14

Sabendo que o que ressuscitou o Senhor Jesus nos ressuscitará

também por Jesus, e nos apresentará convosco. 15

Porque tudo isto é por amor de vós, para

que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação de graças para glória de

Deus. 16

Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem exterior se corrompa, o

interior, contudo, se renova de dia em dia. 17

Porque a nossa leve e momentânea tribulação

produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; 18

Não atentando nós nas coisas

que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem são temporais, e as que se

não veem são eternas.