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1 Curso de Letras Artigo Original A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL PARA AMPLIAR A COMPETÊNCIA LEITORA DOS ALUNOS DE 9° ANO THE IMPORTANCE OF YOUTH CHILDREN LITERATURE TO INCREASE THE READING COMPETENCE OF STUDENTS IN THE 9th GRADE Denise Aparecida dos Santos 1 , Maria das Graças Martins Pinto de Carvalho 2 1 Aluna do Curso de Letras 2 Mestre do Curso de Letras Resumo A leitura sempre teve um papel social e de grande interferência na sociedade. Por isso, este artigo faz uma abordagem acerca do s seguintes temas, levantados por meio de estudos bibliográficos: Leitura, literatura Infanto-Juvenil e competência leitora. Apresenta um levantamento de fundamentos históricos no que se refere à Literatura Infanto-Juvenil e Juvenil e a associação entre literatura e leitura. Discute a formação de leitores na série final do Ensino Fundamental II. Tem como objetivos, investigar a importância da literatura como meio da ampliação leitora, levantar fundamentos sobre o processo de leitura e refletir acerca da função do professor e da escola na ampliação da competência de leitura de pré-adolescentes e adolescentes em nível de escolarização em final do ensino fundamental. Palavras-Chave: leitura; literatura infanto juvenil; competência leitora. Abstract Reading has always had a social role and great interference in society. Therefore, this article makes an approach about the f ollowing issues, raised by bibliographic studies: Reading, Children and Youth literature and competence reader. It presents a survey of historical basis in relation to the Children and Youth Literature and the association between literature and reading. It discusses the f ormation of readers in the final year of primary school II. Aims to investigate the importance of literature as a mean of reader increase, raise basics about the process of reading and reflecting about the teacher's and the school's role in the extension of reading competence of pre- adolescents and adolescents in education level at the final elementary school. Keywords: reading; youth children literature; reader competence. Contato: [email protected] Introdução A leitura tornou-se um fenômeno que assume diversas motivações. Entre essas motivações podem ser destacadas algumas, tais como necessidade, obrigação, divertimento ou até mesmo passatempo. A leitura tornou-se essencial na vida do indivíduo. Diante disso, este trabalho investigou a importância da leitura da literatura infanto-juvenil ou juvenil na formação do leitor dessa fase de escolarização. Para a efetiva fundamentação do presente trabalho, tratou-se do conceito de literatura, sob o olhar de diferentes autores, para, então, desenvolver a abordagem sobre a literatura para adolescentes e jovens. Assim se posiciona Cândido (1989), chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos de folclore, lenda ou até de formas mais complexas. Criar novos sentidos na vida através de imaginações e sonhos, que sejam algo valorizado por todos, de maneira consistente dentro da educação, com uma literatura de qualidade, acesso a esta arte de criar e compor textos em diversos tipos de produção. A construção dessa competência impõe desafios sobre os adultos, quer sejam pais ou educadores, ela também exige conscientização, disciplina, vontade, interesse entre outros. A escola pode ser a maior influenciadora nesse processo de formar leitores através de práticas constantes com diversos gêneros de textos. Isso cria possibilidades de desenvolvimento do prazer da leitura, constrói linguagem para uma melhor utilização de vocabulário, contribui para o ser humano pensar e refletir melhor em suas atitudes psicológicas, sociais e profissionais. Entre reflexões produzidas a partir do universo literário, vale destacar Calvino (2003), “minhas reflexões me levaram a considerar a literatura como universal, sem distinção de língua e caráter nacional”. A literatura é uma arte, vai além de um conhecimento, é uma condição humana, é como um ciclo de sobrevivência, envolvendo uma nova conscientização de ver o mundo, tendo em si ideias e ideais. O contato com a literatura pode tornar um leitor mais crítico e também consciente em relação ao poder da leitura e da escrita, e o papel destas na sociedade. Como um prolongamento dessa grande arte da palavra, a arte literária, há produções voltadas para os iniciantes nesse mundo reinventado. A fim de que se mude a sociedade “são necessários

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Curso de Letras Artigo Original

A IMPORTÂNCIA DA LITERATURA INFANTO-JUVENIL PARA AMPLIAR A COMPETÊNCIA LEITORA DOS ALUNOS DE 9° ANO THE IMPORTANCE OF YOUTH CHILDREN LITERATURE TO INCREASE THE READING COMPETENCE OF STUDENTS IN THE 9th GRADE

Denise Aparecida dos Santos

1, Maria das Graças Martins Pinto de Carvalho

2

1 Aluna do Curso de Letras

2 Mestre do Curso de Letras

Resumo

A leitura sempre teve um papel social e de grande interferência na sociedade. Por isso, este artigo faz uma abordagem acerca do s seguintes temas, levantados por meio de estudos bibliográficos: Leitura, literatura Infanto-Juvenil e competência leitora. Apresenta um

levantamento de fundamentos históricos no que se refere à Literatura Infanto-Juvenil e Juvenil e a associação entre literatura e leitura.

Discute a formação de leitores na série final do Ensino Fundamental II. Tem como objetivos, investigar a importância da literatura como meio da ampliação leitora, levantar fundamentos sobre o processo de leitura e refletir acerca da função do professor e da escola na

ampliação da competência de leitura de pré-adolescentes e adolescentes em nível de escolarização em final do ensino fundamental. Palavras-Chave: leitura; literatura infanto juvenil; competência leitora.

Abstract

Reading has always had a social role and great interference in society. Therefore, this article makes an approach about the f ollowing

issues, raised by bibliographic studies: Reading, Children and Youth literature and competence reader. It presents a survey of historical basis in relation to the Children and Youth Literature and the association between literature and reading. It discusses the f ormation of

readers in the final year of primary school II. Aims to investigate the importance of literature as a mean of reader increase, raise basics about the process of reading and reflecting about the teacher's and the school's role in the extension of reading competence of pre-

adolescents and adolescents in education level at the final elementary school.

Keywords: reading; youth children literature; reader competence.

Contato: [email protected]

Introdução

A leitura tornou-se um fenômeno que

assume diversas motivações. Entre essas motivações podem ser destacadas algumas, tais como necessidade, obrigação, divertimento ou até mesmo passatempo. A leitura tornou-se essencial na vida do indivíduo. Diante disso, este trabalho investigou a importância da leitura da literatura infanto-juvenil ou juvenil na formação do leitor dessa fase de escolarização.

Para a efetiva fundamentação do presente trabalho, tratou-se do conceito de literatura, sob o olhar de diferentes autores, para, então, desenvolver a abordagem sobre a literatura para adolescentes e jovens.

Assim se posiciona Cândido (1989), chamarei de literatura, da maneira mais ampla possível, todas as criações de toque poético, ficcional ou dramático em todos os níveis de uma sociedade, em todos os tipos de cultura, desde o que chamamos de folclore, lenda ou até de formas mais complexas. Criar novos sentidos na vida através de imaginações e sonhos, que sejam algo valorizado por todos, de maneira consistente dentro da educação, com uma literatura de qualidade, acesso a esta arte de criar e compor textos em diversos tipos de produção.

A construção dessa competência impõe desafios sobre os adultos, quer sejam pais ou educadores, ela também exige conscientização, disciplina, vontade, interesse entre outros. A escola pode ser a maior influenciadora nesse processo de formar leitores através de práticas constantes com diversos gêneros de textos. Isso cria possibilidades de desenvolvimento do prazer da leitura, constrói linguagem para uma melhor utilização de vocabulário, contribui para o ser humano pensar e refletir melhor em suas atitudes psicológicas, sociais e profissionais.

Entre reflexões produzidas a partir do universo literário, vale destacar Calvino (2003), “minhas reflexões me levaram a considerar a literatura como universal, sem distinção de língua e caráter nacional”. A literatura é uma arte, vai além de um conhecimento, é uma condição humana, é como um ciclo de sobrevivência, envolvendo uma nova conscientização de ver o mundo, tendo em si ideias e ideais. O contato com a literatura pode tornar um leitor mais crítico e também consciente em relação ao poder da leitura e da escrita, e o papel destas na sociedade.

Como um prolongamento dessa grande arte da palavra, a arte literária, há produções voltadas para os iniciantes nesse mundo reinventado. A fim de que se mude a sociedade “são necessários

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homens criativos que saibam usar sua imaginação” e, além disso, “desenvolvamos a criatividade de todos para mudar o mundo”. No processo educacional “como em muitas atividades humanas, o grande erro, a grande armadilha, é que frequentemente, na preocupação de fazer um belo trabalho perde-se de vista nossos verdadeiros objetivos: “...educar pessoas que possam mudar esse mundo, tão voltado para coisas sem importância, tão esquecido da felicidade de todos, tão cheio de injustiças” (Rocha apud, RODARI, 1982, p. 10).

Para Cademartori (2009), encontra-se na leitura da literatura para crianças e jovens uma das mais poderosas ferramentas de formar pessoas com sensibilidade de olhar para o mundo de um modo especial, com vistas à descoberta do sentido da vida de cada ser humano onde quer que este viva ou se encontre.

Diante disso, este trabalho tem por finalidade investigar a importância da literatura infanto-juvenil como meio de ampliação da competência leitora de alunos do 9º ano do Ensino fundamental. Visa, ainda, levantar fundamentos sobre o processo de leitura da literatura como mecanismo de ampliação da competência leitora. A literatura Infanto-Juvenil é muito complexa, em termos de sua conceituação, embora haja essa dificuldade, é fundamental pesquisar esse tema, pois, se os jovens leitores do ensino fundamental tiverem uma base de leitura, a continuidade desta no Ensino Médio se dará com maior êxito. Pretende-se, também levantar um breve histórico da literatura infanto-juvenil como recurso de leitura no ambiente educacional.

Materiais e Métodos

Este artigo é um estudo que se alinha à investigação qualitativa referente à educação e abordam fenômenos referentes à literatura e como esta pode contribuir para a ampliação da competência leitora. Trata-se de um estudo bibliográfico. O autor a seguir ressalta características de trabalhos qualitativos: “O ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como instrumento fundamental, caráter descritivo, significado que as pessoas dão às coisas e à sua vida como preocupação do investigador, enfoque indutivo” (GODOY, 1995, p.82).

Esta pesquisa visa compreender a literatura como meio pelo qual o educando pode ampliar sua competência leitora, localizando-se com maior conhecimento na sociedade em que vive e tendo maior percepção sobre o mundo em geral, por meio da prática continuada da leitura da literatura.

Foram enfocados nesta pesquisa os fatores que levam o aluno a ter gosto pela leitura da literatura, como ampliar competências de leitor, contribuindo para se pensar de que forma pode ampliar esta habilidade em uma fase de

momentos tão inconstantes, como a adolescência.

Discussão

Literatura Infanto-Juvenil ou Literatura Juvenil – Leitura e Ensino

O tipo de literatura denominada infanto-juvenil ou literatura juvenil, conforme denomina Cademartori (2009), demanda o entendimento de o que vêm a ser um jovem e um adolescente. Uma possibilidade de explicação é proposta pela “Organização Mundial da Saúde, ao estabelecer os conceitos, bem diferentes entre si de adolescência e de juventude”. Para esse órgão, “o adolescente é definido como um indivíduo entre 10 e 20 anos, que passa por modificações corporais e por adaptações a estruturas biopsicossociais”; a explicação acerca de juventude “parte de um enquadramento social e engloba parte da adolescência e o início da vida adulta”, abrangendo etapas de idades consideradas “dos 15 aos 25 anos.” (CADEMARTORI, 2009, p. 61).

Pensar em uma literatura capaz de interessar a leitores em tão diferenciadas faixas de idade representa um problema, “deixa evidente a falta de correspondência entre o que convencionamos ser o destinatário da chamada literatura juvenil e as definições do que seja adolescente e jovem” (op. cit. p. 61). De modo geral, quando se fala em literatura infanto-juvenil ou literatura juvenil, não se está pensando propriamente em gênero literário, nem em indivíduo e, muito menos, em um sujeito a que tal literatura se destine.

O ambiente escolar tornou-se o mais responsável por essa classificação de literatura infanto-juvenil ou literatura juvenil. Esse dado merece ser considerado, pois isso coloca a literatura assumindo um “caráter instrumental”, utilitarista, algo para ser didatizado. Assim, passou-se a denominar de juvenil a literatura endereçada a alunos das séries finais do ensino fundamental e àqueles que frequentam o ensino médio.

Nessa perspectiva, destaca-se que atualmente o trabalho pedagógico, nas diferentes áreas do conhecimento, encontra orientação em documentos como os PCN. É relevante considerar que os Parâmetros Curriculares Nacionais (2010) alertam que não se formam leitores apenas com textos didáticos, é necessário que haja leitura de ficção, discurso poético para que se tenha uma leitura agradável, prazerosa e emotiva.

Entretanto, não basta que o livro de literatura ou de outro gênero seja lido em sala para que isso contribua para formar um bom leitor, segundo Riolfi (2008), é necessário “adentrar as especificidades do texto [...] reconhecer seus espaços de conflito”, no caso do texto literário, “os impasses, as mudanças, enfim, as diferenças de linguagem” (RIOLFI, 2008, p. 84).

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O trabalho com a literatura no ensino fundamental realiza-se visando a uma formação menos sistemática, e mais livre ante as escolhas de livros. Nessas escolhas fora do ambiente escolar ocorre uma desconstrução do repertório de leitura para adolescentes. “Segundo Petrucci, essas leituras ocorrem de forma desenfreada e aleatória no que se formam escolhas anárquicas”, (PETRUCCI, 1976 p.222).

Baixos índices de referências literárias e pouca leitura fazem com que os leitores se deixem orientar, por interesses imediatos, como por exemplo, uma capa de livro bem ornamentado e títulos sugestivos. Sendo assim, a produção, recepção e circulação da literatura para qualquer público-leitor não podem mais ser vistas como fenômenos isolados das outras produções culturais.

Na escola, conta-se com aspectos que orientam, disciplinam e levam o leitor a ter acesso à literatura e seus aspectos. As escolhas ocorrem em contextos socioculturais com variações sócios econômicas de cada comunidade de leitor. Essas variações também ocorrem segundo o letramento literário de cada comunidade, pois para chegar à mão do leitor passa por todo um processo de bibliotecários e um crivo bem assessorado para um bom resultado na informação literária.

Por outro lado, conforme defende Cademartori (2009, p. 62-63), o senão referente à literatura infanto-juvenil ou somente juvenil “não reside nas escolhas individuais nem nas preferências de uma geração, mas na concepção de um gênero voltado a uma instituição e não a um sujeito leitor”, em outras palavras, esse atrelamento de um desempenho do sujeito leitor que depende quase que exclusivamente da escola representa um problema, uma vez que “a instituição escolar passa por acentuada crise”; [...] “a escola de hoje sequer transmite de modo satisfatório conhecimentos básicos, e nem de longe compete com os meios de comunicação de massa na transmissão de informações, valores e comportamentos”

Sendo assim, parte-se do princípio de que, embora precariamente, os adolescentes, no ensino fundamental, lêem literatura à sua maneira e de acordo com as alternativas que são propostas pela escola. Mesmo com essa preocupação na série final do ensino fundamental, de inclusão para o repertório de obras consagradas e consideradas de leitura difícil, as orientações escolares de leitura literária têm despertado interesse em relação aos gêneros fictícios, de aventuras e misticismo. Todavia, para que a leitura se efetive, são utilizadas algumas estratégias de simplificação do texto literário, conforme se confirma no seguinte trecho: “A substituição da Literatura difícil, por uma literatura considerada digerível, simplificação da aprendizagem literária a um conjunto de informações externas às obras e aos textos e

substituição dos textos originais por simulacros, tais como paráfrase ou resumos”. (OSAKABE, FREDERICO, 2004 p.62 e 63).

Desse modo, ocorre um deslocamento do literário em que o aluno não consegue ter acesso para pesquisar, argumentar, descobrir o novo, sempre com a ideia de formas reduzidas e rápidas nas experiências com a literatura, isso o leva a analisar fatos, obras de arte como a literatura de maneira superficial, não desenvolvendo uma leitura crítica.

Percurso Histórico da Literatura para Crianças e Jovens

Segundo contribuição de Vieira (1989), se é através da leitura que o homem adquire as diversas formas de conhecimento, capacitando-o para atuar e participar na sociedade, é através da literatura que ele penetra no mundo do imaginário, desenvolvendo a sensibilidade, o gosto artístico, e também, ampliando a maneira de ver e compreender o mundo.

Para Lajolo (1984), quando a criança passa a ser considerada alguém diferente do adulto, com necessidades e características próprias, distanciada da vida dos mais velhos, precisa receber uma educação apropriada para sua idade e compreensão do mundo.

Isso nem sempre foi assim, a criança acompanhava a vida social do adulto, participando também da sua literatura. Entretanto, à criança e ao adolescente deve ser destinada a literatura Infantil e Juvenil respectivamente. “Isto inclui histórias fictícias infantis e juvenis, biografias, novelas, poemas, obras folclóricas ou culturais ou simplesmente obras que contenham e expliquem fatos da vida real, mas na perspectiva da arte da palavra”. (LAJOLO, 984 p. 51).

Zilberman (1985) vem mostrar que a nossa cultura está ainda muito impregnada do domínio do século passado, quando as crianças eram afastadas de todos os objetos culturais. Os livros não eram produzidos para as crianças, eram como se a infância não existisse. As crianças eram consideradas como adultos, compartilhando o mesmo espaço destes. Surge então a necessidade de mudar esse conceito de infância, para que a criança pudesse ter seu espaço, ser tratada como criança e a afetividade se fizesse mais presente em sua vida.

A produção literária no Brasil compreende figuras estéticas, imaginárias, fantasiosas com uma visão de somar estudos críticos e teóricos da literatura que surpreende o trato literário. São escassas as produções literárias de caráter juvenil, essa constatação se deu por meio da realização do ciclo brasileiro, informando praticamente os mesmos autores há quase uma década.

Novaes (1995) enfatiza que Monteiro Lobato, no primeiro ciclo de história da literatura

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para jovens, trabalhou em traduções, adaptações e textos de sua própria autoria. Nisto o Brasil passa por um processo de aceleração, com alto desenvolvimento de indústrias e grande crescimento urbano. Surge a criação infanto-juvenil, com protagonistas infantis mostrando uma realidade, em textos didáticos, com modelos patrióticos, ufanistas e de exaltação à natureza.

Já no segundo ciclo, marcado por Monteiro Lobato, apresenta-se uma nova forma para crianças e inova a linguagem, com esse avanço foi crescendo a popularidade e ascensão da sua obra. No terceiro ciclo, há uma influência política militar, que promove a grande expansão de escolas e produções literárias aos jovens. No Brasil até o século XIX, a literatura para crianças e jovens era importada. Por muitas vezes, a maioria vindo de Portugal, um acesso à literatura com um preço caro e para poucos. No Brasil não havia editoras, e escritores brasileiros imprimiam seus textos na Europa.

Foi iniciado, no século XX, um movimento referente a este problema. Autores como Olavo Bilac, Coelho Neto, Manuel Bonfim e Tales Andrade começaram a ter seus livros publicados, pois a escola necessitava de literatura para o ensino. “Nessa mesma época, começaram a aparecer no mercado editorial traduções feitas por nossos escritores, que devido à má renumeração desse tipo de trabalho, impediam que constassem seus nomes nos livros”. (SANDRONI, 1998, p.12)

Ocorreu uma revolução neste mesmo século, rumo à literatura infanto-juvenil brasileira. Monteiro Lobato publica, em 1921 “A menina do narizinho arrebitado”, o qual resulta em uma produção literária destinada à criança e jovens e nisto ocorre uma diferenciação para leitores jovens. “A obra de Lobato foi tão importante e alcançou tanto sucesso junto ao público durante década. O panorama da literatura destinada a crianças e jovens permaneceu estagnado com várias e frustradas tentativas de imitação”. (SANDRONI, 1998, p.15).

Destacam-se vários escritores da época como Érico Veríssimo, Vicente Guimarães entre outros. Em meio à deficiência de editoras e leitores, os escritores conseguiram produzir várias obras com grande riqueza de detalhes e qualidade.

A partir da década de 1970, este histórico começou a mudar devido há vários fatores, entre eles o de ser obrigatório o uso de livros de autores brasileiros nas escolas de ensino fundamental II. Manifestam-se vários autores como Ruth Rocha, Ana Maria Machado, Eliardo França, entre outros. São escritores que vão além do real imaginário e buscam uma linguagem brasileira.

Nas décadas de 1980 e 1990, deu-se um crescimento, uma expansão literária para os jovens leitores. O século XXI globalizou a produção e sua consequencia é de um crescimento qualitativo e quantitativo. O programa

Nacional Biblioteca na Escola (PNBE), do governo federal, tem viabilizado o acesso a incontáveis crianças a ter contato com obras de qualidade.

A implantação da publicação, Formação de Leitores pelo Ministério da Educação – MEC zela pelo crescimento, colabora com a melhoria da literatura no Brasil. Existem outros projetos e programas de incentivo à leitura que são eles:

→Programa Livro Aberto, foi implantado em 2008 pelo MEC (Ministério da Educação): Propõe-se a implantar bibliotecas públicas em municípios que não as possuem e revitalizar as já existentes.

→Instituto Pró-Livro (IPL), foi consolidado em 2006 pelo MEC (Ministério da Educação): Associação de caráter privado e sem fins lucrativos mantida com recursos constituídos principalmente por contribuições de entidades do mercado editorial, com o objetivo principal de fomento à leitura e à difusão do livro.

→Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL), foi determinado em uma Portaria Interministerial nº 1442,10 de agosto de 2006, pelo MEC (Ministério da Educação) e MINC (Ministério da Cultura): Que consiste em um conjunto de projetos, programas, atividades e eventos na área do livro, leitura, literatura e bibliotecas em desenvolvimento no país, empreendidos pelo Estado (em âmbito federal, estadual e municipal) e pela sociedade. A prioridade do PNLL é transformar a qualidade da capacidade leitora do Brasil e trazer a leitura para o dia a dia do brasileiro.

→Projeto de Incentivo à Leitura, vinculado a Biblioteca Nacional e ao MINC (Ministério da Cultura) está implantado desde 1992: Conjunto de ações que apóiam as escolas na democratização do acesso ao mundo da literatura. Isso significa possibilitar a interação com a cultura escrita por parte dos professores, dos alunos e da comunidade, além de desenvolver suas respectivas competências leitoras.

Leitura e Literatura: caminhos articulados

É por meio da leitura que o indivíduo amplia

suas condições de convívio social e de interação com a sociedade em que vive. A leitura edifica desde cedo um modo mais elaborado de olhar o mundo, pois quanto mais o indivíduo lê mais necessidade de convivência com os livros. Essa prática traz uma construção para o hoje e para o futuro. Segundo Soares (2000, p.19) “Sabe-se que a leitura é fundamental para aquisição do conhecimento e é nas crianças que esse processo de leitura tem que ser enraizado”.

Em termos de educação formal, é necessário que o docente se preocupe com a inserção dos alunos no universo da leitura, a fim de criar situações benéficas para a aquisição do desenvolvimento e competência leitora. Nisto realizando planos de aula e estratégias para o ato de leitura, que seja adequado a cada público conforme sua realidade, sempre no sentido de

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desafiar para o novo.

Progredir a ação ou que explicam o espaço,

tempo, características das personagens, etc. e aprofundará a leitura da imagem e da narrativa

e estará, ao mesmo tempo, desenvolvendo a capacidade de observação, de análise,

comparação, classificação, levantamento de hipóteses, sínteses e raciocínio (FARIA, 2008,

p. 19).

Segundo Abramovich (1999), o professor

deve conhecer a história escolhida e saber comunicar aos alunos de forma segura, clara e objetiva. Evitar descrições muito extensas de detalhes, conduzir com várias tonalidades de voz e expressar sobre o autor. Para a escolha do tema e leitura abordados em sala de aula é necessário que se estabeleçam objetivos, que haja uma boa leitura, impedir paráfrase de textos literários, apresentarem-se questões para os alunos, em primeiro lugar deve ocorrer a compreensão para depois interpretação. Planejar atividade de leitura, evitar atividades repetitivas, escolher textos a realidade dos alunos para que seja produtivo, ativar conhecimentos prévios e estimular os alunos para atingir seus objetivos.

Nesse sentido o professor constrói um leitor mais capaz, crítico e maduro. Esta prática é livre a qualquer livro, desvendar histórias e fluir a imaginação do aluno, isto o torna mais motivado a ampliar o gosto pela leitura.

A literatura na escola é apontada como um fator de aumento do interesse por livros por parte do leitor. Começando então pelo letramento que se conceitua como uso social da leitura e escrita. Na literatura há formação de leitores com autonomia de escolher livros que desejam ler, com plena consciência no que se trata e com diversas expressões como imagens, gráficos, cinemáticas, entre outros. “Acredito que só se constroem boas práticas de letramento literário quando os professores ou outros mediadores de leitura acreditam no valor da literatura” (TOLEDO, 2012, p.2).

Para que se desenvolvam duradouras práticas literárias é necessária que isso comece pelo professor e que o mesmo dê valor à literatura conhecendo a fundo seu objeto de estudo; não se pode ensinar algo sobre o qual não se possui conceitos. O professor é responsável por despertar desejos dos alunos para que eles se tornem leitores literários. Os alunos tendo este gosto pela leitura, que ocorre muitas vezes por obrigação na escola, mais tarde vão perceber a leitura como algo prazeroso e agradável e tornar isso parte de seu cotidiano.

Segundo Zilbermann (2002, p.21), o professor e a escola devem projetar aperfeiçoar e aprimorar este gosto de ler. A literatura em si é um direito do aluno, por meio dela viajamos, para várias épocas, espaços, mundos que muitas das vezes está bem longe da nossa realidade, há uma ampliação cultural inserida ao contexto social do

aluno decorrente do acesso continuado a obras literárias.

Há um grande erro no ensino no que se refere à literatura do Ensino Fundamental II e Ensino Médio, o que se conduz como um ensino de literatura, estilos literários, gêneros, principais autores entre outros. Com esta manifestação a literatura expressa como texto utilitário, refere-se há uma escolarização inadequada da leitura literária: A literatura, na escola, presta-se até para ensinar ortografia, gramática, conceitos diversos daquilo que seria seu objeto de função, ou seja, uma leitura de fruição, de apreciação do texto artístico.

Surge uma incerteza, que livros escolher para leitores jovens, para que não seja visto como uma obrigatoriedade e sim uma manifestação de conquista e satisfação. O perfil do público se refere ao universo de referência existencial e intelectual dos jovens, pois segundo teorias, a maior parte dos pré-adolescentes e adolescentes não possui competência leitora formada. Cademartori (2009, p.82) afirma: “Não creio que se deva dizer ao aluno, leia religiosamente a obra indicada”; pois isso representa “Leitura burocrática (...) aquela que se faz apenas como meio, para atingir um fim alheio a ela.”.

Práticas como essas permitem o cumprimento de ativismo pedagógico em um sistema corrompido, conforme aponta a autora acima citada, em que não há envolvimento algum com o livro, sem nenhuma forma de avaliar, pois há um distanciamento entre a obra e o leitor. A fim de que os leitores se aproximem da leitura, demanda a existência de uma relação próxima entre professor e aluno para uma interação junto à leitura e à literatura, através de documentários, filmes, peças teatrais, entre outros. Faz-se necessário uma discussão, para identificar em que situação o leitor se encontrou no texto, sendo esta é uma etapa essencial para que o jovem se familiarize com o texto ou com o livro indicado pelo educador ou seu familiar.

Cada leitura vai depender do objetivo que se pretende alcançar naquele instante, se for capacidade leitora, devem ser selecionados diversos livros com distintas temáticas, que possam ser associados com a realidade do cotidiano do aluno, sua faixa etária, para que se englobe uma leitura reflexiva e complexa. O passo mais complicado é reconhecer as obras literárias, pois com o déficit, aos quais os autores se referem, não há uma resposta positiva referente às escolas e alunos. Este aspecto é algo que deve ser tratado com mais dignidade e respeito, e os docentes devem se posicionar devido a esta problemática, pois a minoria reconhece esta habilidade. Como disse Sarlos (2004, p. 145) “Quando a democracia irrompe a esfera da arte, também é imposto o pluralismo como princípio de regulamentação das diferentes posições, esse pluralismo assegura uma equivalência universal”.

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Hoje os critérios mudaram por informações velozes, que são recebidas em todos os meios, há uma perda do valor absoluto, e por isso é de suma importância à lista de livros no meio da diversidade para se avaliar os produtos culturais. É muito difícil mostrar para o público uma tendência de arte, cultura e estilos, diante disso, devem-se estimular diversos canais de comunicação a tratar dessas temáticas. A presença de um escritor ou autor é tão eficaz e indispensável quanto os meios eletrônicos, pois estabelece relação direta com o público, se comunica, e com isso é capaz de alterar padrões através de suas críticas especializadas. Cademartori (2009, p.83) assegura “discutir erros e acertos de uma determinada lista é atitude que certamente será acusada de atentar contra o pluralismo cultural. A ameaça não nos deve impedir, de problematizar as coisas.”

Em relação à formação do leitor, não se devem reduzir projetos de leituras, mas promover conhecimentos, enfatizar as diferenças, planos de discursos, entre outros. O papel da literatura não seria servir como objeto focado em provas e vestibulares; além disso, o texto literário não deveria ser apresentado mutilado, de uma forma reduzida e sintética, pois, assim sendo, as obras literárias se constituem leituras funcionais. A leitura burocrática e obrigatória faz com que se rompa algo concreto que, às vezes, o indivíduo não alcança o reatar.

Os contos e crônicas ainda são desvalorizados como experiência de leitura juvenil, eles oferecem oportunidade de enriquecimento na criação de características literárias, expressões que garantem uma leitura atraente e motivadora. Nem todos têm acesso a livros em suas casas, tão pouco acesso a bibliotecas, sendo sua mais significativa via de mediação é a escola por meio do professor.

Ainda conforme a autora anteriormente citada, capacitar e transformar leitores de literatura no ensino fundamental é um dos objetivos primordiais e essa habilidade deve ser continuada no Ensino Médio, com iniciativas, incentivos, projetos que proporcionem este processo tão especial e minucioso. Não se deve esquecer de que existem leitores que gostam de ler literatura, se identificam e até tentam que outros sigam este mesmo estilo. Mas existem leitores que apreciam leituras técnicas e informativas, como também há outros que não gostam de ler. E, ainda, nem todas as pessoas apreciam o texto literário e nem possuem sensibilidade à leitura literária.

Quando se fala de leitor, trata-se de pessoas que não conseguem ficar sem ler, pois ler tornou-se um estilo de vida, possuem um desassossego intelectual, pessoas que se examinam interiormente, comunicativas, sociáveis. O apetite literário não está restrito somente aos profissionais da área de Letras, mas aos outros profissionais que manifestam paixão por leitura.

A literatura para jovens não pode ser imposta, sua leitura deve ser instigada, motivada de diferentes maneiras. Para adolescentes, devem-se oportunizar textos próprios para essa idade, a fim de que promovam a ascensão referente aos alunos, pois estes ainda contam com limitada vivência, e a literatura dá oportunidade de imaginarem experiências que poderão vir a ter.

Existem, porém, os que opinam contrariamente a isso, defendem liberdade na escolha das obras literárias, haja vista a variedade de temas míticos, existência do bem e do mal, valores, variedade de crenças, entre outros. O que ocorre hoje é um caráter incerto, pois há uma crise escolar exacerbada, salvo um grupo limitado que tem acesso à instituição educacional. Segundo Cademartori:

O vazio de significado afeta tanto aos

estudantes como professores. Estes, por outro lado, são o corpo vitimado que suporta a

miséria previsível: seus salários não contemplam nem o período de preparação das

aulas, nem a atualização metodológica, nem a

procura de uma teia que una o saber à cultura dos estudantes. (CADEMARTORI, 2009, p. 63).

Para a autora, a escola pode possibilitar que

os alunos adquiram conhecimentos com as linguagens das telas, a ascensão aos jogos eletrônicos. Porém não é capacidade suficiente para tornar um jovem leitor e um produtor de textos, levar a reconhecer, reformular, estimular sonhos. Escritas através de poemas que é um privilégio da minoria. “Os heróis percorrem o mundo matando dragões, defendendo causas e encontrando amores solares, mas eles não nos inspiram, eles nos divertem”. (Callgaris 2008 p.281apud Cademartori, 2009, p. 64)

Um adolescente reflete sobre si, no meio em que vive e em oportunidades que vão sendo adquiridas em longo prazo. Por meio do crescimento pessoal, o adolescente segue se inserindo na sociedade, isso se observa pela absorção da moda, aparelhos eletrônicos, produtos culturais, lazer entre outros, logo esse tipo de relação se move com o recurso financeiro, isso é um fato pouco positivo, pois o consumismo é autoritário. Quando o jovem se dedica a ler, aprender a não dar valor somente a entretenimentos, se manifesta certa exclusão da parte dos amigos com quem se relaciona, pois a maioria deles, nesta faixa etária, não é afeito à leitura e a literatura.

Essa censura diferencia o jovem, o imaturo precisa ser independente, pois ele precisa analisar refletir, avaliar, aclarar suas ideias, pensamentos e imaginações, organizar seus conflitos. Para que isso ocorra é urgente que haja uma busca de alternativa para respostas, argumentações, soluções, entre outras. “Nossa escola corteja o mundo dos jovens, em vez de lhe oferecer a alternativa de conhecer outros mundos.” (Sarlos 2005, p.107, apud Cademartori, 2009, p. 64)

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Para que o jovem possa “conhecer outros mundos”, não basta somente adaptar um trabalho literário à escola, sem reflexo; este precisa assumir sua função de educar, ou seja, construir saberes necessários à vida, não no futuro, mas à vida de agora na qual está imerso esse jovem, na condição de aprendiz, que, como tal, depende das eficazes estratégias de alguém bem mais experiente que ele, ou seja, o educador. É contribuir para um local escolar com diversas obras literárias, com variedades de temas apropriados aos alunos. Questões relativas ao interesse do aluno e do mundo e que reflitam um entendimento, valores de um leitor em formação. “As palavras também podem ser objetos de fruição, se nos ligamos a um pôr do sol, a uma sonata um fruto: pelo puro prazer que nelas mora... Brinquedos, fins em si mesmas, palavras que não são para ser entendidas, são comidas para ser comida: o caminho da poesia”. (ALVES, 2001 p. 27-28).

Nesse sentido, para ampliar as implicações pedagógicas que envolvem o processo de ler, há que considerar leitura de diferentes tipos, de acordo com Antunes (2009 p.79-85): leitura de textos autênticos; leitura interativa; leitura em duas vias; leitura motivada; leitura do todo; leitura crítica; leitura de reconstrução do texto; leitura diversificada; leitura por “pura curtição”, ou seja, de fruição por prazer; leitura apoiada no texto; leitura não só das palavras expressas no texto; leitura nunca desvinculada do sentido.

A seguir são explicados tipos de leitura, somente alguns mais representativos para o presente trabalho.

Segundo Lajolo (1986, citada por Antunes, 2009, p. 80) “qualquer texto precisa ser lido como sendo o lugar de um encontro entre quem escreveu e quem lê.” Dentro dessa posição, a leitura interativa assume importância como compreensão e sentido para que aconteça o real encontro da leitura. Além disso, os sinais gráficos são pragmáticos, esta situação nos dá parâmetros para nos aproximarmos do que se encontra subliminar à superfície do texto.

De acordo com a leitura de duas vias, existe uma inseparável relação entre a escrita e a leitura, há uma correlação e princípios complementares. Isso deve ser explicado claramente para que o aluno vivencie esta atividade de leitura, escrita e compreensão. Para realizar tal leitura, o professor deve mostrar o intuito e objetivo da leitura, a explicitação desse item torna o leitor curioso e motivado.

Assume relevância, nesse processo, a leitura do todo que se contextualiza com a interpretação. Para isso é necessário que o aluno identifique noções-núcleo, de tema, de ideia principal, finalidade, orientação ideológica, distinção entre argumento e informação, entre outros. Esses são breves eixos capazes de desenvolver diferenciadas competências, para que

o ler promova “a dimensão global do texto” para que este ganhe sentido.

A leitura crítica conduz o leitor, de forma expressiva, a identificar aspectos ideológicos e concepções que estão nas entrelinhas no texto. O correto é que o aluno adquira e perceba que nenhum texto é isento, sempre tem algo a nos dizer, através de crenças, ideologias, visões e propostas. “A linguagem é uma das formas de actuar, de influenciar, de intervir no comportamento alheio, que outros actuam sobre nós usando-a e que igualmente cada um de nós a pode usar para actuar sobre os outros” (FONSECA, 1977, p.149).

Existe também a leitura de reconstrução do texto, em que o leitor deve ser capaz de compreender e conhecer as estruturas do texto, plano de ideias e os elementos de articulação. Na leitura diversificada apóia oportunidades variadas ao leitor com gêneros diversos – contos, fábulas, poemas, editoriais, cartas, avisos e etc. Isto se volta para que os alunos identifiquem as diferenças lexicais e morfossintáticas, entre texto falado e escrito, suas formas e o uso próprio das mesmas. Ocasiona oportunidade de manusearem vários tipos de materiais entre eles: rótulos, cartas, listas, folhetos, livros e outros. Estimula a captar a apresentação e linguagem dos textos.

A leitura por pura curtição é exercida com frequencia, é uma leitura gratuita, sem qualquer tipo de cobrança posterior. Na leitura apoiada no texto, ressaltam-se os sentidos das palavras que estão em articulação no texto. A extensão em valorizar as palavras e seus efeitos, como no caso das conjunções, preposições, locuções, recursos de textualização, palavras que estabelecem nexos, vários segmentos dos textos – orações, períodos e parágrafos. É necessário que para encontrar uma conclusão, ela esteja vinculada a palavras e ideias presentes no texto.

Leitura não das palavras expressas no texto, este tipo é caracterizado por motivar o leitor não somente a se basear em palavras, mas a obter a compreensão daquilo que o texto explana. Devem-se analisar os enunciados e obter um conhecimento empírico para certas expressões articuladas no texto. Segundo Bagno (2003) “Ler é outra forma de ouvir”.

Uma leitura nunca desvinculada do sentido, neste tipo, prioriza-se a realização de leitura em alta voz, com boa pronúncia, observando sinais de pontuação, pois esses são recursos de expressividade que ajudam a compreensão e interpretação dos textos.

Esse elenco de tipos de leitura representa procedimentos necessários para que o professor possa levar seu aluno a se colocar, com maior competência, como interlocutor dos textos literários.

Considerações Finais

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Este artigo tem por objetivo apurar a importância da Literatura Infanto Juvenil como meio de desenvolver a competência leitora de alunos do 9º ano do Ensino Fundamental II. Mensurar a importância da leitura no contexto de literatura aos adolescentes.

Foi muito importante o vasto conhecimento e aprendizado que adquirirmos a fazer esta pesquisa, sobre estes conceitos e verificar que o universo da língua portuguesa tem várias ramificações e que uma estrutura sempre vai depender de outras devido à complexidade das

competências e tipos de leituras que cada indivíduo processa ao longo de seus estudos, descobrir que saber ler é uma dádiva que deve ser arraigada a cada instante.

Concluo que a leitura, desde sempre formou algo fundamental dentro da sociedade e indivíduo, fonte de inspiração, conhecimento e sabedoria. Acredito que neste artigo soube aprender e estudar o que são verdadeiros leitores conscientes, e eu como futura educadora pretendo formar.

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Anexos

Anexo 1: Questionário/entrevista para o professor

1) Quantos alunos leram livros este ano?

( ) Entre 1 à 5

( ) Entre 5 à 10

( ) 10 à 15

( ) Não leram

2) Já foram realizados trabalhos literários na escola?

( ) sim

( ) não

3) Como é vista a biblioteca pelos os alunos?

( ) Bom

( ) Regular

( ) Ruim

4) Como é a condição da biblioteca tanto em termos físicos quanto ao acervo?

( ) Bom

( )Regular

( ) Ruim

5) A sra (o) realizou alguma educação continuada?

( ) Sim

( ) Não

6) A sra (o) realizou algum evento literário ou cultural na escola?

( ) Sim

( ) Não

7) Há quanto tempo você trabalha como professor?

( ) Este é meu primeiro ano

( ) 1 à 2 anos

( ) 3 à 5 anos

( ) 6 à 10 anos

( ) 11 à 15 anos.

( ) 16 à 20 anos.

( ) mais de 20 anos.

8) Onde pesquisa sobre livros?

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( ) Sites de editoras

( ) Blog de livros

( ) Amigos

( ) Bibliotecas

( ) Outros ________________

9) Já leu algum livro por meio eletrônico (computadores, celulares, leitores de e-books, etc.)? Quantos?

( ) Nunca /Nenhum

( ) Sim /Poucos

( ) Sim /Muitos

10)Quantos livros compra em média por ano?

( ) Nenhum

( ) 1 ou 2

( ) 3 ou 4

( ) 5 ou 6

( ) 7 ou mais

Anexo 2: Questionário/entrevista para o aluno

1) Qual o seu sexo?

( ) Feminino

( ) Masculino

2) Você já leu algum livro?

( ) Sim

( ) Não

3) Com que frequencia você lê livros?

( ) Todos os dias

( )Pelo menos três vezes por semana

( ) Apenas nos finais de semana

( ) Menos de uma vez por semana

( ) Não leio livros

4) Você sente algum prazer na leitura?

( ) Sim

( ) Não

5) Quais são suas principais motivações para ler um livro?

( ) Passatempo

( ) Prazer

( ) Aprendizado

( ) Não tenho motivações para ler.

( ) Outras motivações __________________

6) Você entende o que lê?

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( ) Sim

( ) Não

( )As vezes

7) Possui internet em casa?

( ) Sim

( ) Não

8) Possui livros em casa?

( ) Sim

( ) Não

( ) Números aproximado de volumes ___________

9) Possui jornais em casa?

( ) Tem

( ) Não tem

( ) É assinante de jornal ( ) sim ( ) não

10) Você gosta de ir à biblioteca da escola?

( ) Sim

( ) Não