a face oculta da droga

41
~.~ :r, . ,. . ~~ :.-~( J ... i' .: , ./o' , ::c o ~ CJ m r O r ~ O :::o õ' a. (1) ~ Ol ::l (1) ã' I tO ~

Upload: saulo-de-tarso

Post on 21-Nov-2015

32 views

Category:

Documents


0 download

DESCRIPTION

Social

TRANSCRIPT

  • ~.~:r, .,. .~~:.-~(

    J...i'.:

    ,

    ./o',

    ::co~

    CJmrOr~

    O

    :::o'a.(1)~Ol::l(1)

    'I

    tO~o

  • Ttulooriginal:La caraoculladeIadrogaRosadeIOlmo,1988EditorialTemis,1988

    DireitosdeediodaobraemlnguaportuguesanoBrasiladquiridospelaEDITORA REVAN LTDA.PraaMau,13- 7?andar- PBX: (021)263-0863

    CEP 20081- CaixaPostal21210- RiodeJaneiro- RJ

    CoordenaoEditorialLilian M. G. Lopes

    ProduoGrficaRamundoAlvesdeSouza

    Arle-FinalRicardoGosi

    RevisoMiguelVillela

    CapaPatrciaBalboaMonni

    ComposioJp ComposioeArtesGrficasLtda.

    Foloda CapaAgncaKeystone

    CIP-Brasil.Catalogao-na-fonteSindicatoNacionaldosEditoresdeLivros.RJ.

    Olmo,Rosadei061f A faceocultadadroga/ RosadeIOlmo;traduodeTeresaOttoni.-

    Rio deJaneiro:Revan,1990.

    Traduode:La caraocultadeIadroga.Biblografia.ISBN 85-7106-019-3

    I. Toxicomania.2. Drogas- Abuso - AmricaLatina.3. Drogas-Aspectossociais-AmricaLatina.4.Narcticos-Controle-AmricaLatina.I. Ttulo.

    SUMRIO

    Apresentao9

    Prefcio13

    Introduo21

    I. Na dcadadecinqenta29

    11.Na dcadadesessenta33

    111.Na dcadadesetenta39

    IV. Na dcadadeoitenta55

    V. Concluso77

    Bibliografia81

    90-0015

    .j; "I' ; 'I> CDD - 362.293363.45364.2

    CDU - 613.83614.28615.099

  • IAPRESENTAO

    Nilo Batista

    Iloje emdia,asdrogasproibidasssoproibidaspor figura-11:111 Ilumalistaeditadamedianteatoadministrativodaautoridade

    1Il lt ria,listacuja funocomplementarconcretamenteanormaIH'IIIII (quecriminaliza,demodogenrico,o comrcioeusodealgoInt)vagoquanto"substnciaentorpecente","substnciaquedeter-11I11I1ldependnciafsicaoupsquica",etc).J houveumtempoem1lllC Iambmcertoslivroseramproibidosexatamentepor figuraremII1111lalistaeditadapelaautoridadereligiosa.Parecequea interdi-~'n()daleituradesseslivros,aoinversodasdrogas,baseava-seemsuaIpt'idodesentorpecenteeemsuacapacidadeparadeterminarinde-

    III'/I(h~nciaintelectual,ouseja,emseucontedocrticoedesmistifi-\'lIdor.

    A faceocultadadroga,danotvelcriminlogavenezuelanaRo-IdeIOlmo, teriacertamentefiguradono indexlibrorumprohibi-

    IOf'wn, emlocal derealce.Escrito em1987,Aface ocultao frutotlcpuradodelongosestudossobreaquestodasdrogas,orientadospllraapercepodo problemaenquantototalidadesocialeecon-udca,o quesupeanalisarcriticamenteaspolticascriminaisqueIr'lltaramaquesto,seusobjetivosreaiseocarterdissimuladordosdiscursosquefundamentaramtaispolticasesuaexecuo.

    De forma leve- emcertaspassagens,com sabordereporta-;111 - RosadeIOlmo expeconvincentementeastransformaes

    queapolticacriminaldasdrogassofreuemnossocontinente,dos\lIOS cinqenta- quandoo problemaeracircunscritoperspecti-

    VII dasubcultura- athoje- quandoseenfrentaumproblemaeco-llmicotransnacional- bemcomoosmodeloseesteretiposcons-

    9

  • APRESENTAO

    trudos emfunodetaistransformaes.Separaos anosdoura-dososmodelosreligiosoetico-jurdicoforneciamadequadaseivapenal,j nossessenta,como aumentodoconsumopor partedejo-vensintegrantesdosestratossociaisdominantes,comeaa impor-seo modelomdico-sanitrio,tendoaocentroo esteretipodade-pendncia.

    Como, ao mesmotempo,sevivessemagitadosdiasdeincon-formismojuvenil eprotestopoltico,gestava-seno discursomani-puladodasdrogasa idiado inimigointerno(queseriaumsucessonosanossetenta,especialmenteseconjugadodoutrinada segu-rananacional).

    ~ O modelomdico-sanitrioestabeleceriauma distinonti-daentreo jovemnegroe faveladoquevendea droga(criminoso)eojovembrancoebemsituadoqueaadquire(doente):paraoprimeiro,cadeia,parao segundo,tratamento.Rosasugerequenospasescen-trais,comrecursosdisponveis,o tratamentoeraumapropostaexe-qvel,enquantol1ospasesperifricos,comseuconhecidodficitnosprogramasdesade,buscava-seresolvero impassepelachavedainimputabilidade,quepermitia,dentrodaburocraciaprocessual,nempunir nemtratar.-l.> Bemsabemoscomo,nosanosoitenta,acocanadeterminou

    umareestruturaododiscurso,ea "guerracontraasdrogas"deRea-ganpassaa tercomoeixoespecialmenteuminimigoexterno,den- .tro deumavisoque,ignorandoasimposiesdeumaordemeco-nmicainternacionalinjustaeespoliativa,falarempases-vtimasesugerirpases-agressores("vtimas"soospasescujapopulaotemdinheirosuficienteparacomprareconsumiracocana;"agres-sores"soospasescujoscamponesesou cultivama cocaou mor-remdefome).O fracassodapolticarepressivo-imperialista,queserecusa- demodomuitocoerenteparaquesejapurainocncia-a concebera questocomoeconmicae social,j hoje anotadoporvozesinsuspeitas(como,porexemplo,oeconomistaMilton Fried-man,anopassado,naAmrica,ouo jornalistaFernandoPedreira,recentemente,entrens),vozesquesederamcontadequeamanu-tenodessequadroalimentasimumapoderosaorganizaocrimi-nosa,pertodaqualaMfia deValachibrincadeiradecriana,si-tuadano hemisfrionorteparaa comercializaoda cocana.

    10

    APRESENTAO

    1 I,. 11111111rveisolhoslatino-americanosdeRosadeIOlmo per-li.111111111preconceitoshojeconstrudossobreoscolombianosves-

    'lili'l'IIi l'pisdiossemelhantes,taiscomoosque,apretextodopio,[li 1IIIIII'IlII}oschinesesno incio do sculo,ou, apretextodama-

    I!itlll\,1'11I11osmexicanosnosanostrinta.O discursodadroga,queI11,,11 tlllIdlHcursopoltico-jurdico transnacional,cumprea fun-\,. ldl'llll'l~k;adeencobriro impactoeconmicoesocialquea cO-'ft 11111, I '11( I11li 11tomercadoria,produznasrelaesinternacionaisdei

    I'i,,-11]1', .-'NII I11omcntoemqueestaapresentaoescrita,oGeneralNo-

    ,I VIII responderperanteumtribunalamericanoaumaacusao10II.\III'CIintcrnacionaldedrogas.Mnima quesejaasimpatiains-

    1111,111"por Noriega,concebvelqueFulgncioBatista- escolhoUIlIIIIIIl\('qllcevitepolmica- respondesseaumprocessodessana-IIll, I/i',

    t\t'hlllnadacriminologiacrticatemseesforado,nosltimos1Illlll'inco anos,pararevelara faceocultadaquestocriminale

    .1",.,IINI~tII'HOScriminolgicosquelegitimaramhistoricamenteaspr-I li ,til1I1'llIIis.RosadeIOlmo participaempenhadamentdessepro-,I" llllllinfranquevelfidelidadeasuasrazes,comodemonstramCfl~ 111I19os(algunsdosquaisrecolhidosemRupturaCrimino/gi-''','1t1l\(':HS,1979,ed.UnoCentralVenezuela)elivros(especialmenteI 1/11,',/1'(1 l,atinay su Crimin%ga, Mxico, 1981,ed. Siglo XXI).

    Ij(f(;eocultadadrogaumlivroqueexibeaoleitoroladoavessoIltlldartesrepressivosda droga,emcujasconhecidasfronta-

    It1111/1~il'elllamparamsucessivamenteodemnio,adoena,apriso,!111t1~'n()eaguerra. leituraobrigatrianosparaprofissionais

    d,l ItIlH 1~~1lcriminal- juzes,advogados,promotores,policiais -[1 \'lllllil,,"tcsdedireito,comoparaqualquerpessoaque,querendol"lIlwt'(.ocomplexofenmenodadroga,serecuseaaceitarpassi-\'1111\(11111'IlSalucinaesdosdiscursosoficiais.

    11

  • PREFCIO

    Comodifcilexorcisarrelaessociaisentreguespublicamenteaodemnio,aorepdioeaoescrnio.Na maioriadasvezes,nobas-tamaconvico,aculturaeacoragemindividuaisdirigidascontraomaniquesmo.Sonecessriastambmforassociaiscoletivasquequestionemativamentea cargamoralelegalatribudaaumarela-o;ou rupturashistricasquerevertamo sentidodessacargaoua releguemdefinitivamenteao quartodeSantoAleixo.

    Ostemasdacocanaedamaconha,suaproduo-distribuio,alcanaramdimensesdemonacasna maior partedos pasesdaAmricadoSul,AmricaCentraledoCaribe.Nestespases,umvudecensuraencobreimediatamentetodainformaosobreacoca-nae,emmenormedida,sobreamaconha.Mais doqueosdetalhesindividuaisdanotciaconsideradaemsimesma,o queressaltasoascaractersticasdeperversidadeedetraiocomrelaocoleti-vidadee a todaa humanidade.

    Os principaisresponsveispelaproduooupelom~rcadosoretratadoscomopsicopatasou terroristas,criminososdesumanosquevivemnumestadodeorgiadesenfreadacontraavidadeseusse-melhanteseosbonscostumesdasociedade.Enquantotais,some-recedoresdeumtratamentodeexceo,distintodaleinormalcapi-talista.Paraeles,aextradio,oostracismo,odesterro,o fuzilamentoe a publicidadecom o objetivoda exemplaridade.

    No sejustifica a explicaosocialdo fenmenoda coca,jqueaprpriainformaodestina-seasepararoatodosrestantescom-portamentossociais,comafinalidadedeprevenirsuamultiplicao.O primeiroinslito,insensato,misteriosoefantasmagrico;osse-

    13TTNIVERSIDADE DE CAXlOO :90 00t

    BibJ.ioteca centnIi

    11\

    1\1,

  • PREFCIO PREFCIO

    15

    1111111111'kgulidadeou ilegalidadedo negcio.Movimentosde li-"! i1~1l11IIlIdonalemovimentosrevolucionriosseperguntamqual

    I IIII"lllvl'IIISOinstrumentaldaindstriaequaissuasprovveiscon-"t\l'IIlIIIS sobrea ticarevolucionria.Mercenriosda contra-

    !I'\ '1111~'nl)se.:escondematrsdassombrasdainterdiodonarcotr-li, li () 1I11IPUcientficodo negcio,emtodaa suamultidimensio-

    Illtl(III,'Nlll'lnl,econmicaepoltica,serveatodos,semexceo,para111l1"'I'1'suasposies,suaforarelativaesuacapacidadedene-

    j~ll.ll,llll,derecuoou deluta. De modo quetodospraticam,comIlIftllll IIp,orcientficoeapartirdaprpriaunilateralidadedeseusiiitllil/lNllN,()exerccioliberador queRosadeIOlmo colocaemprti-I

    \ 11Illoraestpor issomesmoacompanhada,demaneiramui-i'll"111'1'1111,peloscolegasdeprofissolatino-americanos.Com ex-

    1 \ ,I"di'IIUSpoucosadvogadosqueobtiveramgordosbenefciospes-IIllh I11111t\ defesadosgrandesnarcotraficantes,ou daquelesque

    ,11l~jIlI'l101nasfileirasburocrticasdas redesde informao,deji[lllI'flllll,'floedesanodaindstriadacocana,juristasecrimin-ir'H11~IW viramenvolvidos,demaneiraconfusae involuntria,nu-llll IlIlftllquelhesestranhaequeos reprimedetodosos lados.

    ( )11.111ristasdenossospasessedebatemdiariamenteentreama-111111111,'110dosprincpiosdasoberanianacionaledasgarantiasdeci-t1,1I11l1l111t:onsagradaspelaConstituio,deum lado,e,deoutro, a,I"1'1vnllt:iacaplicaodetratadosinternacionaiscelebradosapres-11111111t'lI1eedeleisinternasexpedidasnacontramodenossastra-

    Ih,l\"11 111ddicascomoobjetivonicodecastigarexemplarmenteum1'IIll!1Ildodecidados., ( 111mntidoresqueeramdaconfianapblica,por seupapeldeIWMllnl1dos preceitosliberaisemummeiocapitalistaespreitadope-lU !lllllll'lfarismo,aarbitrariedadeeaviolnciaestatais,nossosju-

    I'" I' 111of'essoresdeDireitoseviramexpostosaosprsecontrasde1111,,11,Iks queparecempertenceraumlabirintosemsadadigna.Ou1 11111'11111111andoamoraldeumaposiojuridicamenteconseqente11.I lllllllo devistalegaleconstitucional,ouviolamsuascrenastra-I!h1IIIIIIlscsetornamvulnerveissrepresliasdosmaisnegrosin-I, 111NNtlS do negciodacoca.Com aadvertnciadequeasposies'"IM-ll,'IISentreestesdoisextremos,ouasoutrascombinaesposs-

    gundossoexplicveis,abrigamumatrajetriaracionalesosus-cetveisa um chamamento responsabilidadesocial.

    A inquisioorigina-se,comoocorreuemtodosostempos,doscentrosdopoder.J nosematerializaembulaspontifciasrepeti-dasnahomiliadominical;agoraosdecretosdeexcomunhobrotamdasagnciasdenotciasdo Norte eagigantamseuecoatravsdasondasdosmodernosmeiosdecomunicaodemassa.E, comonapocadatemvelInquisio,umaextensaredetransnacionaldeagen-tesinvestigaincessantementemilharesdevidasparalevaracusados fogueiradostribunaisdeMiami, Los AngeleseNova Iorque.

    RosadeIOlmoteveacoragemcvicaeavocaocientfica,nestecasocomdimenseslatino-americanas,delevantaravozdoscrimi-nlogoscontraaesmagadoraconjuramticaqueimpedequesecap-temasrazeseossignificadosdaindstriadacocana.Suainiciati-vapossui,tambm,dimenseslatino-americanasnumduplosenti-do: ressaltaossignificadosespecficoseasdimensesparticularesdosquaisserevesteo fenmenonospasesao Sul do Rio Grande;recolhetacitamenteumsem-nmerodevozesannimasounoquedemandamumtratamentomaissoberanooumenosdependenteparaestefenmenona Amrica Latina.

    ( No subestimamoso valor,nemascontribuiesda obra daI destacadacriminlogavenezuelanaquandoobservamosqueelano

    ests.Suatentativadeformalizaodocomplexofenmenodaco-canaexpressocientficadeforassociaismuitodiversasedisper-sas.A seuladoestomilhares,talvezmilhes,decolonosecampo-neses,ndiosou nodospasesandinos,quevemdesconcertadoscomo soprivadosdeum cultivotradicionalconvertido,pelapri-meiravezemsualongaexistncia,emmanancialderecursospara

    I umavidadignaeatemfontedeacumulao.Cerramtambmfi-\J, leirascomRosadeIOlmo os incontveisdesempregadosquebus-

    camsoluoparao problemadasobrevivnciana audazaventuradoprocessamentoenomercadodacoca.Timoratosehipcritas,go-vernosciviseforasarmadasdaregioseguemruborizadosedissi-muladamenteosdesenlacesdodebatepblicoabertopor investiga-doresdo quilatedacriminloga.Banqueiros,financistasemagna-tasoportunistas,vinculadosdiretaou indiretamenteaonegciodacoca,analisamemreuniesdediretoriaesociaiso graumaior ou

    14

  • PREFCIO

    veisentreainterpreta6legaleasanosocial,nooseximedacen-suraoficial nemos excluida listaderefnspropciosnestemundoconturbado.

    Diantedisso,juristasepesquisadoressociaishaveroderece-bertambmcombeneplcitooesforodeRosadelOlmoparamontarcoerentementeaspeasdo intrincadoquebra-cabeasdonegciodacoca.Suasposiesseromaisbemcompreendidaspor seuscom-patriotaseseussentimentosdeculpa,seostiver,diminuiro luzdo esclarecimentodasdeterminaessociaisdo torvelinhoqueasenvolve.

    Alm dasinvisveisforassociaisquelhesservemdecompa-nheirosdeviagemesopramsuasvelasdemaneiratcitaou expres-sa,RosadeiOlmocontacomo arsenalnecessrioparaseguiremfren-tena difcil tarefaa queseprope.

    A primeiradesuasarmassuaprpriatrajetriadeinvestiga-onestecampo,trajetriaqueremontah maisdedezanos.De-poisdepublicarLa SociopolticadeIasDrogas(A PolticaSocialdasDrogas)',em1975,perseverounotemaechegoua acumular,nosl-timosanos,volumosainformaoqueservedesustentopresenteobraeaosdemaisartigosquepublicourecentementesobreo tema2Sabemosqueaindafaltaprocessaredigerirdevidamentemuitodainformaoreunidapor RosadeiOlmo naltimadcada.De mo-doqueasuaumacarreiradeamploalentoquealevarseguramentearefinareconsolidaralgumasdastesesaquielaboradas.No momen-to,necessriofazerumchamadoaoscentrosdepesquisaeaoscien-tistassociaislatino-americanosparaquejuntemsuasforassdamuitodedicadaeprestigiosacolegavenezuelanae,apoiando-nosto-dosemseucolossalesforopioneiro,produzamoscoletivamenteumcorpo tericoquecorrespondasespecificidadesdo fenmenodadroganaAmricaLatina eno Caribe,ereflitacomrigorospontosdevistaque,sobreele,seexpressamdemaneiravulgarnasruasdenossospases.

    A autorarenetambmumvastoinstrumentalinterdisciplinarindispensvelparaimprimir suaobraaperspectivatotalizantene-cessriaparaplasmaraemaranhadarededesignificadossociaisdofenmenodacocana.A suanopodeserumavisoexclusivamen-tejurdica doproblema,apesardeo ingredientejurdico fazerparte

    16

    PREFCIO

    !lLI 11d,l mitologiaqueRosadeiOlmo tentaromper.Ao anun-li OHIIIIIII':I ao leitorinevitvelfazermosalusoatodaatrajet-ii111,'11I 111 porRosadeIOlmonoquedizrespeitoaotratamentocien-

    li,ji dll qlll.:stoda droga.\ I ,llllillloga venezuelanarecorreua ferramentaspredomi-

    illCllll'lIll'econmicasparachegar suaperspectivatotalizante.Inij lilllobjetonoaeconomiadadroga,nemseutratamentodoiilll HI'pll1'llirreconciliavelmenteasdisciplinasdo direitoedaeco-

    lIHill,l!l1I osplanosideolgicoepoltico. Quando RosadeiOlmoli\'[II" 11/1 criseseasfasesdeacumulaodocapitalismo,o fazpara

    i1i!iHIIIIIli ntimaconexoexistenteentrediscurso,normatividadeeilliil\.1I1dlldedeacumulao,tudointegradoemfunodagerao

    1I,lllNIl'I,enciadeum excedente.MI't\iunteobservaesempricas,RosadeIOlmo estabeleceas

    !II 1I1Ijll/ldapasdodiscursodamaconhaedacocana,seutratamento!HillIlllljyO ccriminolgico.A terminologia,oselementosconstitu-Ij, 11'1di1discurso,suaconstruo,seussignificados.A periodizao'1"1 "1I\llora fazdo discursoedacriminalidadeconstituivaliosae11111'111111~'ontribuioao examedestasindstrias,sebemqueser," 1F 1I1derefinamentoposterior.Suaobranosfazpassearseqen-I 1.1I1lll'IIjCporumcaminhoaparentementecronolgicoque,narea-!hllllhlimasucessoderupturascomvelhossignificadosedein-i illdI' 1I0VOS.

    ( '01110regra,aautoraseperguntaquaisasdeterminaeseco-11I111lil'IIS,sociaisepolticasdo discursoedotratamentonormativo

    I ,llIlillolgico da maconhaedacocana.Encontrataisdetermi-11.11,1)11/1 110 processodeacumulao,maisprecisamentenopapelqueI ,1111'I'IS j Ildstriasdamaconhaedacocanadentrodesteprocesso.lI, IIIlHloqueaautorapropeumesquematericodemtuadeter-iJIII111~'llo:discursoenormatividadesodeterminadospeloproces-II dI' lIl'umulao;mas,por suavez,soparteconstitutivadeste.

    ( ) Iratamentodamaconhaedacocanacomomercadoriassu-UlllNr'ls leisgeraisdeproduoedecirculaomercantisesnor-

    Illll~Ik acumulaosobocapitalismoserviuparaRosadeiOlmo deI l"'dielllc tericoparaalcanarum duplo propsito:

    propsitodetranscenderosenfoquesnovelescosemora-1I11111spredominantesnasapresentaesnorte-americanasdo fen-

    17

    1I

    I

  • I.

    I

    'I

    PREFCIO

    I.liih-,~ Il'I'()I1hcceremosemunssonoqueaautoracolocouapn-li II \111\111(' I'orosamentenosreferiremosaseumarcodeanlise

    '1"III1II'IIIOS repetidamentenele,~IldlllMHi\O ospontosquefaltamdesabrochar.Gigantescata-

    Ili. tl'lI),1"\Illll, repetimos,aum trabalhocoletivocombinadodenclllll'l(III'CHSaoutcita.Entretaispontossublinhamososseguin-

    I IIl1vll'lu ampliaradocumentaosobreos processoseases-ii111tl\llIl1d('IIbcrturaecontroledosmercadosdemercadoriasilegais,

    ii\llll IlIlIConhaeacocana,a fim deestabelecerparaleloscomas!1 '111'IlIIlHIlfladasatualmentepelasmultinacionaiscom relaoa

    IIli 11,utllllllSdeproduoetrficolegais,No fundodaquesto,trata-tl,_Illilll'l'qualanaturezaeconmicadamercadoriailegal. sim-

    "h1HII\l'IIII' 11mbeminferiortornadoartificialmenteum bemescas-11)11111to, cmconseqncia,o comportamentodesuademanda?

    111\\11VI,dlll11oscomportamentosdeofertaedemandacomasmu-'\i 111,111'1 "0 tratamentocriminaldestesbens?

    I), 111111bmnecessrioprecisaraindamaisasrelaesentreacu-11l1\",~'1\1llIacionaleacumulaoemescalamundialno quediz res-ih Illl1'111IlIcrcadoriastachadasdeilegais.Apareceram,novamente,It, 1lI1I1Htl'lcsdeeconomiafechada-economiaaberta,das relaes

    11I1II Iwriferiae,emgeral,do lugardaNaodentrodocapitalis-iili!

    , )j'wmospor issomesmoaprofundarasrelaesdeacumula-'li I\I I/ll'lIdaemmercadoriasilegaiscomdoismomentosdo capital

    1111_,1,01I porcoincidncia,nosltimosanos,devemconfundir-seteo-.1, ,IIIII'IIIC.Referimo-nos,deumlado,setapasrecorrentesdecidos\" I\IH I11'1IS deaugeerecessodocapitalismoe,deoutro,setapasmais111111hlllll)lI(aisdeerosodamoedaedaeconomianacionalhegem-!III I11\11planomundial,reorganizaodadivisointernacionaldo11,111111"0,c reestruturaofundamentaldasrelaessociaiscapi-1,11I~t11MqIICpareceanunciarumanovafasedocapitalismomundial.1',1111dlll'lnosumexemplodo quetemosemmente,o primeirodes-I".\I1\11I\()ntoschama-nosa elucidarquestescomoasrelaesdaIIt1Wlt1'111dacocanacoma inflaoecomaestabilidadedasmoe-

    ,-',11l IIl1dollais,enquantoo segundotocaemtoda a reestruturaoIitJII\(~tldllatualmentedo sistemamonetriointernacional. 19

    menoedestinadosaservirpreferencialmentesnecessidadesdees-tigmatizao.Aos apetitesdeconsumofantasiosoeaosjuzos ma-niquestasdo governoedo pblico norte-americanoscom relaoaospasesmenosdesenvolvidos.

    - O propsitodeinserirasindstriasdacocanaedamaco-nhanasmodalidadesdeacumulaopreponderantesemcadamo-mento do capitalismo, principalmente do capitalismo norte-americano,a partir dadcadadecinqenta.

    Uma veztratadascomo mercadoriaseinseridasno modo deproduocapitalista,maconhaecocanaperdemmuitodeseusigi-lo edeseumistrio.Certamenteo cunhodeilegalidadequeasen-volvelhesdcaractersticasespeciaisdentrodo mundomercantil:repentinarotaodoslocaisdeproduo,fragilidadedoscanaisdedistribuio,enormesmagnitudesdevendasedemovimentosdedi-nheiro,elevadosndicesdelucro,financiamento(pr-avaliao)sub-reptcia,maioresriscosdequebradevidopr-avaliaoepseudo-avaliao,reinseroveladanosCrculostransnacionaisdo dinhei-ro edocapital.Mas nopor seremfocosprivilegiadosdaacumula-otransnacionaldecapitaldeixamdepertenceraombitodasmer-cadoriasedo capitalismo,seucomportamentoesuasmodalidadesperidicas.Assim, RosadeIOlmo nosmostraquediversasmerca-doriasdesempenharamhistoricamenteessemesmopapel,sempreligadasdeumamaneiraou deoutraaosplos maisavanadosdocapitalismo,o quesugerehiptesessobrea funodacriminaliza-oepenalizaodecertasmercadoriasaserviodasoluodascrisesperidicasdeacumulaodocapital.Essasashiptesesqueaauto-raformula,vinculandoumaperiodizaodascrisesdeacumulaosuaprpriaperiodizaododiscursoedapenalizaodacocanaeda maconha.

    As hiptesesconstrudaspor RosadeIOlmo paratraarpon-tesentrecrisesemodalidadesdeacumulao,includasnestaslti-masadivisointernaciofialdo trabalhoeasrelaesdedominaoedependnciacentro-periferia,deumlado,e,deoutro lado,asmo-dalidadesdetratamentodamaconhaecocana,haverodeserdis-cutidaserevistasextensamentepelospesquisadoresdaAmricaLa-tina edo restantedo Mundo. So,obviamente,grandeshipteses,pertencentesao nvelmaisgeralemaisdifcil dascinciassociais.

    18

    PREFCIO

  • ,PREFCIO

    I,

    !illI'

    UI"'('lIlemente,umjovemperguntouaseupai,um famosoto-I, 101\11 ingls:

    l'lIpai,o quemadroga?I)madroga,meufilho, umasubstncia,queinjetadaem

    iliil l'IH'1I0I'l'O,produzumapesquisa.IINlllrespostaamelhormaneiradeilustraro quesignificana

    I'\Illhllldi.:apalavradroga.Suapresenasefazsentirdeumaforma1111li t IlIlm,porquenohdvidadequeonegcio- econmicoI""11Ieo ,- maisesplndidodosltimosanos.Mas,exatamentepor

    j"'d', 11'111suaface oculta,quea transformaemmitolNlIllnguagemcientfica,representadapelaOrganizaoMun-

    Ii,1111" NII de,apalavradrogasignifica"todasubstnciaque,intro-i!l: 11111"111 umorganismovivo,podemodificarumaou maisfun-f":)N d"Nti.:. umconceitointencionalmenteamplo,poisabarcano

    10111llS(lS medicamentosdestinadossobretudoaotratamentodeen-i, IIIHIN,mustambmoutrassubstnciasativasdopontodevistafar-Illllllllt\Klco"2.Definiorepetidanumainfinidadedetextosdees-PI" !IIIINlosdediversospases,semmaiorescomentrios,apesarde

    1111 111111definida,serimprecisaeexcessivamentegeral.Nlllinguagemcotidiana,trata-sede"todasubstnciacapazde

    dll 1111'IIScondiespsquicas,esvezesfsicas,do serhumano,doU"lll pOl'lantopode-seesperarqualquercoisa".

    SlIllgrandepopularidadegerouumexcessodeinformaesmui-I"I,I.:Sdistorcidas,quelevaramaumalamentvelconfuso,comI('Npcctivasconseqncias.Bastareveraproliferao,noslti-IIlOS,delivros,artigoseentrevistassobreadroga,cheiosdepre-

    21

    INTRODUO

    Caracas,FACES,UniversidadeCentraldaVenezuela.Ver,entreoutros,"DrugsinLatinAmericaandtheWorldCrisis.InitialCon-siderations",in. H. J. HirschetaJ.(comp.),Gedachtnisschriftfur HILDEKAUFMANN, Berlim,WalterdeGruyter,1986.

    Bem-vinda,pois,a obradeRosadeIOlmo, exemploparadig-mticodostemasquedeveriamocuparpreferencialmenteaatenodoscriminlogoscrticoscontemporneos.Expressomximadoespritolatino-americanoqueexplicapor queumacientistavene-zuelanacravaseuolharinquisitivonavidacotidianadaBolvia, doPeruedaColmbia.Modelo tambmdeousadianarupturaedeco-ragemnadesmitificao;sugestivoesquemadetratamentointerdis-ciplinare,maisimportanteat,totalizante,deumdosdiscursoscri-minaismenosquestionadosdenossapoca.

    FernandoRojasH.Bogot, abril de 1987

    NOTASI.2.

    20

  • '\

    ROSA DEL OLMO

    conceitosmorais,dadosfalsosesensacionalistas,ondesemisturaarealidadecomafantasia,oquescontribuiuparaqueadrogafosseassimilada literaturafantstica,paraqueadrogaseassociasseaodesconhecidoeproibido,e,emparticular,aotemido.Isto,difu-soeconcretizaoposteriordoterror.Converte-sedestamaneira

    - b na"responsvel"por todososmalesqueafligemomundocontem-porneoporqueaprpriapalavraestfuncionandocomoestere-tipo, maisdo quecomoconceito;comocrena,maisdo quecomodescobertacientficapesquisada. o bodeexpiatriopor exceln-cia. '

    Trata-se,pois,deumapalavrasemdefinio,imprecisaedeumaexcessivageneralizao,porqueemsuacaracterizaonosecon-seguiudiferenciarosfatosdasopiniesnemdossentimentos.Criam-sediversosdiscursoscontraditriosquecontribuemparadistorcereocultara realidadesocialda "droga",masqueseapresentamco-mo modelosexplicativosuniversais.

    Serque"h umanecessidadedemantero fenmenoemumestadodeignornciaporqueodiscursosocialprecisamanternasom-bra a realidadedo fenmenodadrogaparapodertrabalharemci-madelesemdificuldades?",comocolocatosugestivamenteo psi-canalistaHUGOFREDA3?Ou sera formaperfeitadeseinduzir aoconsumoparaqueprossigao grandenegcio?

    Algo simpareceestarclaro:apalavradroganopodeserdefi-nidacorretamenteporqueutilizadademaneiragenricaparain-cluir todaumasriedesubstnciasmuitodistintasentresi, inclusi-veem"suacapacidadedealterarascondiespsquicase/ou fsi-

    ) cas",quetmemcomumexclusivamenteo fatodehaveramsidoproi-

    I bidas.Por outrolado,aconfusoaumentaquandosecomparaumasriedesubstnciaspermitidas,comigualcapacidadedealterares-sascondiespsquicase/ou fsicas,masquenoseincluemnade-finiodedrogapor razesalheiassuacapacidadedealteraressascondies,comopor exemploo casodo lcool4

    {O importante,portanto,noparecesernemasubstncianem

    suadefinio,emuitomenossuacapacidadeou nodealterardealgummodoo serhumano,masmuitomaiso discursoquesecons-tri emtornodela.Da o fatodesefalardadroga,enodasdrogas.Ao agrup-Iasemumanicacategoria,pode-seconfundir esepa-

    22

    -------

    A FACE OCULTA DA DROGA

    1'1\I' emproibidasoupermitidasquandoconveniente.Istopermitetam-hmincluirnomesmodiscursonoapenasascaractersticasdassubs-lfincias,mastambmasdoator -consumidor outraficante-, in-LI ivduoqueseconverter,no discurso,naexpressoconcretaetan-Iveldo terror.Algumasvezesseravtimaeoutras,o algoz.Tudo

    dependedequemfale.Paraomdico,ser"odoente",aoqualdeve-seministrarum tratamentoparareabilit-Io;o juiz verneleo "per-verso"quesedevecastigarcomodejeto.Mas sempresertil paraamanifestaodo discursoquesepermitaestabelecerapolaridadeentreo bemeomal- entreCaim eAbel- queo sistemasocialne-cessitaparacriar consensoemtorno dosvaloresenormasqueso

    \ funcionaisparasuaconservao.Por suavez,desenvolvem-seno-vasformasdecontrolesocial,queocultamoutrosproblemasmuitomaisprofundosepreocupantes.

    O psiquiatrafrancsCLAUDEOLlEVENSTEINsepergunta,comrazo:"Por quefalamostantodela(adroga),quandoenormespro-

    , blemasde injustiaedemortemuitomaisimportantesinvademomundo?"S

    Os meiosdecomunicao,queo criminlogobritnicoJOCKYOUNG chamade"os guardiesdo consenso",soosmaisindica-dosparadifundiro terror,j que,comoassinalaomesmoautor,"tmapossibilidadedehierarquizarosproblemassociais,dedramatiz-los repentinamente,edecriaropnicomoralsobredeterminadoti-po decondutadeumamaneirasurpreendentementesistemtica..:'6Assimsedemonizaoproblema,ocultandosuaverdadeiraessncia.

    Sovriososdiscursosconstrudosemtornodadrogaqueper-mitiram,por suavez,acriaodeesteretipos- amelhorexpres-sodocontrolesocialinformal-, tonecessriosparalegitimarocontrolesocialformal, cuja expressomximano casodasdrogasanormativajurdica. O advogadopenalespanholCARLOSGON-ZLEZZORRILLAnosfaladetrstipos:o mdico,oculturaleomo-ral.EsteretipOsqueservemcomofatordecoeso,deconsensoemtorno da figuradeAbel econtraa deCaim.

    O discursomdico(produto da difuso do modelomdico-sanitrio),aoconsideraro drogadoum "doente"eadrogaum "v-rus",uma"epidemia"ouuma"praga",serveparacriaro estereti-po mdico(doqualnosfalaGONZLEZZORRILLA),maisespecifi-23

  • ./

    ROSA DEL OLMO A FACE OCULTA DA DROGA

    II,li

    I1

    25

    ,!IIII IlldncomaincorporaodospostuladosdaDoutrinadaIIlliil, I NIIl'onaldaqualnosfalaEMILIO GARCAMNDEZ,cri-l!lllUlI!IWlllino.Nestecaso,"atendnciaeliminaodafron-111\" 11I11'lIaguerracontraasubversodaquelacontraacrimi-

    11Ith 111111IUn"9,observa-seconcretamenteno discursodadro-III IllIll'ole.Isto,"comoelementotericolegitimadorassim

    11111I11llll!ologiadeao"10, citandodenovoGARCA MNDEZ.I 111m'111'() "problemadadroga"atravsdestesdiversosdiscursos111111110111parareforaraconfusoreinanteeparaignorarsuasdlllll'llsespsicolgicasesociais,assimcomopolticaseeco-

    !tlllm ()H esteretiposservemparaorganizaredarsentidoaodis-I iI tiI IJ II Il'I'1ll0Sdosinteressesdasideologiasdominantes;por isso,

    , ,I 1111/11'drogasseocultao poltico eeconmico,dissolvendo-o1" 111111,'11rico e individual.

    t 1I1111s:como bem assinalao psiquiatra norte-americano! 'ri I I1( 1t

  • ROSA DEL OLMO

    Seriaconvenienteestabelecernosmesmostermosqueideolo-gia os discursosatuaiseseuscorrespondentesesteretiposfavore-cem.Todosparecemfavoreceraignornciaeaconfusoparasilen-ciaracontraditriahistriadecadadrogaedos"condicionanteses-truturaisepoltico-econmicosqueproduzemessaconduta,assimcomo a do quereagea essaconduta"14.

    O criminlogoalemoSEBASTIANSCHEERERnosdemonstra,por exemplo,emseuinteressantetrabalhosobreahistriado pionosEstadosUnidos,comoseusdistintosmodosdeconsumo- fum-10,com-loou injet-lo- foramobjetodeumacriminalizaodi-ferenciada(leia-seproibio)... "O tipo menosperigosodeconsu-mo emtermosdesade,isto , fum-lo, foi rapidamentesujeitocriminalizao,enquantoo maisperigoso(injetar-seherona)foi oltimo aserdefinidopublicamentecomoproblemasocial"15.A ex-plicaomuitoclaranestecaso:eraprecisodeslocaramo-de-obrachinesa- nicosfumadoresnapoca- quandosetornou amea-adorasuacompetiono mercadodetrabalho.Assimobservamoscomo parasuacriminalizaopredominouo interesseeconmicosobreo mdico.

    A confusoagravadaquandoseobservacomosetentadifun-dir ummesmodiscursouniversal,atemporalea-histricosobre"oproblemadadroga",comoseasituaodecadapasedecadadro-gafossemsemelhantes.E mais,comoseoscondicionantesestrutu-raisdentrodeummesmopasfossemestticosenadativessemavercom o tema.

    As palavrasrecentesdeumrepresentantedaAdministraoparaocumprimentodaleisobredrogasdo DepartamentodeJustia dosEstadosUnidos (DEA) antea VII ConfernciadeEstadosPartesdoAcordo Sul-AmericanosobreEstupefacientesePsicotrpicos,rea-lizadaemSantiagodoChileemnovembrode1985,demonstramcomeloqnciao quedissemos:

    "O queocorrenosEstadosUnidos imediatamenteocorrenorestodo mundo,primeirona Europaeemseguidanosoutrospa-ses.Mas issonoporqueoshabitantesdosoutrospasesestejamimi-tandoosdosEstadosUnidos simplesmente,masporquetodomun-dosetornouumaculturanica(sic). apenasdevido tecnologiaeriquezados,EstadosUnidos.quetaiscoisasocorremali primeiro.

    26

    ----~

    A FACE OCULTA DA DROGA

    ,I II/I'SIIIO no casodoproblemadasdrogas...A lutacontraoillltdi dll)gassetornouumaguerramundial.Como resultado,

    I"11(\IIl'lllSdosEstadosUnidos setornarammaisimportantes,,(I 1111li Illl'OSpasescomo liespara ofuturo" 16.

    \ 1111I t Ir da11GuerraMundial, foramosorganismosinterna-1111111,11111'1it:ularmenteaOrganizaoMundial deSade(OMS) e

    ~ilfll.;(/rti()dasNaesUnidas(ONU), quecontriburamparauni-1"1111:111 osdiversosmodelos- comseusrespectivosdiscursossobre

    I~.llt')\lINproibidasesuascaractersticas.A primeiraorganizao,lili I 1I\1'Iudeseusinformestcnicoselaboradospor especialistasdali"tlll 11111l' da farmacologiafundamentalmente;ea segunda,noiWI""lltil'llvsdesuascomissesdeEspecialistas(muitosprovenien-

    I!:,_ ,IIUIl'Wllciasmdicas,mascomumaimportantepresenadeju-iHII'''),IIIIIS sobretudocomapromulgaodeseusdiversosconv-du"11 prolocolosecoma criaodeumasriedeorganismosen-,i11.111tih>sdesuaapliao,Um exemplorecenteaConvenoni-

    ,,/lf'I' j~:~'(upefacientesde1961eoProtocolo de1972queamodi-IIt ,I, llIIN11l1 comoo ConvniosobreSubstnciasPsicotrpicasde1971.

    111Illll'lraorganizaointernacionalizao discursomdicoea se-!11111111)discursojuddico. precisolembrarsemdvidaqueambosC dl'1l1'llvolvemapenasno sculoXX, tendosido os EstadosUni-111"~l'ltpromotorfundamentalno campointernacionaP7.

    1\pesarda inegvelinflunciada legislaointernacionalnas\(liIl4hl,'lksdosdiferentespasesquepor suavezdeterminamafron-irillll'lIIrcoproibidoeopermitidoemmatriadedrogas,observam-

    Illpl)rtantesdiferenasnosltimosanosna formadeabordaro!tlilllll'lllrepasesdesenvolvidosesubdesenvolvidos-emoutraspa-111\'11111,i.:ntreocentroeaperiferiadocapitalismomundial-, assimlDll tllllcntrodecadapasesegundocadadroga,querespondeacon-ilhIlllllllltesscio-polticoseeconmicos.

    Suaanlise,limitadaemnossocasoaoContinenteamericano,

    I" I 111111r nosaproximarmosdaface ocultada droga.

    27

  • ROSA DEL OLMO

    NOTAS

    1. Cfr. nestesentidoa interessantediscussosobreo poderdo mitoemALBINIJ. L. e BAYONB. J., "Witchies, Mafia, Mental Illnessand Social Reality.AStudyinthePowerof Mithical Belief", in InternationalJournalofCriminol-ogyandPenology,1978,6.

    2. J. F. KRAMERe D. C. CAMERON,ManualsobredependenciadeIasdrogas,OMS, Genebra,1975,pg. 13.

    3. HUGOFREDA,"SeminarioparaunaClnica deDrogadictos",AteneodeCa-racas,12-16dejunho de 1986.

    4. O psiquiatranorte-americanoLESTERGRINSPOONcomentouemumaentre-vistao seguinte:"Os mdicosseunirams.forasda leiparadecretara sepa-raoentreamedicinaeo prazer.Hoje definimosummeiodeconsumirdro-gascomoterapiaeoutro comodelito",HighTimes(TheBestofHighTimes,vol. n, 1977/78,pg. 99).

    5. CLAUDEOLIEVENSTEIN,La toxicologia,Madri, Ed. Fundamentos,1975,pg.9.

    6. JOCK YOUNG, "Mass media, Drugs and Deviance",in PAUL ROCK e MARYMC/NTOSH,DevianceandSocialControl,Tavistock,Londres,1974,pg.243.

    7. CARLOSGONZLEZZORRILLA,Drogasycuestincriminal,in ROBERTOBER-GALLI, JUAN BASTOSRAMREZeoutros,EI pensarnientocriminolgicon,Bo-got, Ed. Temis, 1983,pg. 200e segs.

    8. Vernestesentidoa interessantediscussosobreasvariveisquecontribuemparao processodecriminalizaoedescriminalizaodosdiferentestiposdeconsumodepio, in SEBASTIANSCHEERER,"The Popularity of the Poppy,SelectivePolitization and Criminalization of Opium Use in XIX CenturyUSA", GrupoEurpeoparaelEstudiodeIaDesviaciny elControlSocial,Barcelona,9-12de setembro,1977.

    9. EMILIO GARCA MNDEZ, "La dimenzionepolitica deUabolizionismo: Unpunto devistaperifrico", in DeiDelittiedellePenne,3/85, pg. 562.

    10. Ibid, pg.563.11. Vero interessanteforo "What is Our Drug Problem?", in Harper'sMagazi-

    ne,dezembro,1985,pg.43.12. JEF-LoUIS BONNARDEAUX,"Leseffetsdesdroguespsychotropes",in Impact.

    Unesco n? 133,vol. 34,n? I, Paris, 1984,pg. 37.I 3. GIOVANNIJERVIS, "Drogas eIdeologiadeIa Droga" (Entrevista),in EI Viejo

    Topo,n? 23, Barcelona,agosto,1978.14. Nestesentido,SEBASTIANSCHEERER,op. cito15. Ibid.,pg. 17.16. Ver informedo delegadodo DEA emASEP. Documentofinal,Santiagodo

    Chile, 5-8denovembro,1985,pgs.223e 224(grifo nosso).17. Vernestesentidoo detalhadoestudodeJOS MARA RICO, "Las legislacio-

    nessobredrogas:origen,evolucin,significadoy replanteamiento".XXXVCursoInternacionaldeCriminologa,Quito, agosto,1984.

    28

    ---------

    I. NA DCADA DE CINQENTA

    r'~ll~anoscinqenta,a droganoeravistacomo "problema"I !IIIII\" 11110 Iinhaamesmaimportnciaeconmico-polticadaatua-litl,lI1i I IIL:\I\seuconsumohaviaatingidoproporestoelevadas.

    111 11111110maisum universomisterioso,vinculadosobretudoaos1'111111I'I)~ _ morfinaouherona-, prpriodegruposmarginaisda'li illllllk,desdeintegrantesdaaristocraciaeuropia,mdicosein-

    li'I[11111I1s,msicosdejazzegruposdeelitedaAmricaLatina, athllll\qiklltescomuns.

    N11~EstadosUnidos, osopiceosnoeramassuntodegrandeI!1l_111 IIpnonacional,poisestavammuitomaisconfinadosaosgue-

    1I \ 1\1hllllOS e, em especialvinculados aos negros e/ou porto-111\111 I\lIos.Por suavez,amaconhatambmeraprpriadegruposill,l\Illl\lIis,fundamentalmenteemigrantesmexicanos.Era chama-111di' "liervaassassina"(The kil/er weed)lporqueerassociadalitl~I\l'lU,agressividadeecriminalidade.

    NlI Inglaterra,comeava-seaconsider-Ia"ameaasocial"par-11'11 IH' vInculava emigraonegradasAntilhasedo oestedafri~,,1, l'ldos integranteseramvistoscomo "depravadossexuais",que11\ IIHIIVlll))suasvtimasentrejovenzinhasingIesas2

    Nos pasesdaperiferia,econcretamentenaAmricaLatina,11111lhl"1l1seassoclaVadrogaviolncia,classebaixaeespeciaI-iill'lIl1'11 delinqncia.Pensarnasdrogaseraassoci-Iasaos"bai-ll~I~HI'ldes".Na Colmbia, tambm,algunsintelectuaiscomoos''''/Itis/ascomeavamaelaborarumaapologiadamaconha,talcomo

    11\ 1'\kJ'iaentreosintelectuaisnorte-mericanosconhecidoscomo29

    I1\1

    II

    II

  • ROSA DEL OLMO

    Beatniks;masambososgrupos-eram-tomarginaiscomoosdemaisVruladosdroga. - -- -

    Em linhasgerais,nemnospasesdocentro,nemnosdaperife-ria o consumodedrogasaindacausavagrandeinquieta03Esta-va bem localizado. Resulta disso que os especialistas norte-americanos,eparticularmenteossocilogos,oconsiderassempr-ticade"subcultura"(asubculturado "retraimento"daqualnosfa-la R. MERIDN emseuclebreParadigmadeIaconductadesviada(Pa-radigmada condutadesviada)4,quepoderiacoexistir,com carac-tersticasprpriase independentes,com a sociedadeemgeral.

    Por outro lado,comeava-sea escutaravozdosespecialistasinternacionaisatravsda OrganizaoMundial deSadeedaOr-ganizaodasNaesUnidasesuasrespectivasComissesqueemi-tiam suasprimeirasobservaesemedidasdecontroleemtermosfarmacolgicos,mdicosejurdicos,paraqualificaradrogacomoproblemadesadepblica.Eramasprimeirastentativasdedifun-dir internacionalmenteosmodelostico-jurldicoemdico-sanitrioparaenfrent-Ia.

    O consumodedrogaseraconsiderado"patologia"ou "vcio",segundoo casoeo tipo dedroga,eo consumidor"vulnervel"aoscontatosdelinqentes;por issoerammuitoescassas,nessapoca,asadvertnciaseducativ3's.Havia o temordequeasdrogassetor-

    ~~!!aentes. Difundia-=sesediscursoemtermosde "perver-=.somoral"eosconsumidoreseramconsiderados"degenerados"ou"Cnminsosviciadosdadosaorgiassexuais"porquepredominav...associaodroga-sexo.Seucontroleselimitavaproibioeseutratamentoa penasseverasnos famososhospitais-priso.Nos Es-tadosUnidos, por exemplo,devidoaprovaoem1956doBoggs-DanielNarcoticControlAct (Lei deControledeNarcticosBoggs-Daniel),queaumentouconsideravelmenteascondenaespriso,abordava-seoproblemacomumcritrioreligiosoeapossibilidadedearrependimentoporqueera"por culpaprpria" queseincorrianestaprtica.

    Predominavao discursotico-jurdicoeportantoo estereti-po moral,queconsideravaadrogafundamentalmentesinnimodepericulosidade5,apesarde comeara seimpor o modelomdico-sanitriocom asopiniesdos especialistasinternacionais.

    30

    NA DCADA DE CINQENTA

    '1IIIlhk:maprincipaldesdeops-guerraeraasuperproduo'1111\ l' 1I1Il\conversoemmorfina eheronanoslaboratrioseu-

    W"ll, 1I1'p,docontroladopelaMjia,asgrandesfamliasdo cri-11lIlll/',III1I~,lIdo,entofundamentalmentedeorigemitaliana.Nestepiltltl,l'lIhclembrarafamosareunio,em1957,destasfamliasnosi"d,ll !t('S,noEstadodeNova Iorque,qualificadapelasautorida-

    1111'li" 11Illericanasde"conspirao".Nessa-reunioplanejou-se1111\111/'1/111dc centenasdequilosdeheronaapartir daEuropa, via

    IIIIVl! 1111,l'idadequeseconverteranacapitaldocrimeorganizadonajllljl \1'11Latina6. Nele ento se falava da conexo Marselha-

    '111\'111111NovaIorque, assimcomo da conexoMedellin-Havana-m'il 1111liIIC,entreoutras.

    I '111110predominavao esteretipomoral,relacionavam-seto-In. 11/1 1Il'/~6ciosda mfiaemtermosde"vcio econtatoscrimino-....'.1H,loqualdroga-prostituio-jogoseuniam,aopontodeseafir-i1,11If Ill'lllldcexistiaum,teriadehaverosdemais,reforando-seentre! .1 dINI'\II'SOda poca.

    1\ dcadadecinqentaterminacom umagrandebatidacon-I.iH til 111\lC organizado,quandoem 1959socondenados priso,,,[ti. dl'lO "mafiosos" quehaviamassistido famosareuniodos\ plIllwllus.Um deles,JosephValachi7,seriaoprimeiroadenunciar

    I1 "h1/\ IlIIuscalesdaorganizao,"asubculturadamaldade",comoI' I1111I111I'lllUnapoca,masqueValachidesignoucomoLaCosaNos-

    ,I 11111Ilavana,por suavez,surgiaaRevoluoCubana,quedes-11(11111111111conexo.Aparentementeestava-sedesmantelandoo ne-

    'ti_l. I, IIlIlS nofoi assim:mudaramoslugareseosatores,eportan-11.1 1\ 11podedroga.

    NO"I'AR

    I 11 110M"L. HIMMELSTEIN, "From Killer Weedto Drop-Out Drug: theCheng-111{ 11Icologyof Marihuana", in ContemporaryCrises,6, 1983.I '1'1'11,1tLAURIE, emseulivro Lasdrogas(Madri, Alianza Editorial, 1970),faz1111111anlisedetalhadadaliteraturainglesanestesentido,Verpgs.108-111.1111quulquermodoimportantelembraraquiasituaodosanostrinta,queI' ('11l'ltClcrizapelapromulgaodeleis,regulamentosedecretosparacontro-

    31

  • fi

    ROSA DEL OLMO

    lar asdrogas.Suaanliseerazesseroobjeto deum trabalhoposterior,jqueescapado alcancedesteensaio.Recorde-sepormnos EUA o Marihu-anaTaxAct (Ato deImposto sobrea Maconha) de 1937;aLeideFiscaliza-odeEstupejacientesde1938,no Brasil,quesubstituiumasriededecretosanteriores;aLeydeEstupejactivosde 1934da Venezuela;o Decreto1.377daColmbia, assimcomo aLey18de 1933;e aLey95 quemodificao CdigoPenal nestesentido.

    4. Recorde-se,por exemplo,a repetiodo termo "subcultura" na literaturadapocaeconcretamentenaobradeRICHARDA. CLOWARDeLLOYDE. OHLIN,DelinquencyandOportunity,The FreePress" Glencoe, 1960.

    5. Na mesmapocatambmselegislana Amrica Latina nosmesmostermos.O Equador,porexemplo,sancionaumaleisobreo trficodematrias-primas,drogasepreparadosnarcticosem 1957;o Brasil, em 1954,promulgao C-digoNacionaldeSadee vriosdecretosnessadcadarelacionadoscom oProtocolo daONU de1953;o Panamsancionaem1954suaLey23sobre"aimportao,manejoeusodasdrogasenervantes,estupefacientesou narcti-coseprodutosdepatentesqueascontenham";aRepblicaDominicanaaprovaem 1956seuRegulamento8.064sobreestupefacientes.

    6. O problemaemCuba eravelho.Nessesentidointeressantelembraro livrode Jos SOBRADOLPEZ,El viciodeIadrogaenCuba,publicado em 1941.Ao mesmotemposuaobra posterior20procesosclebresdelosviciososenCuba,apresentadacomo "Radionoveladramticadeintensoromancepas-sional, envolvidona voragemda droga,com eplogosangrentoe apresenta-do maneiradeCruzada contrao vcio;desugestivoargumentocheiodeen-sinamentossobreo NarcomanismoNacional" (sic).

    7. Para maioresdetalhespode-seconsultaro famosolivro dePETERMAAS, TheValachiPapers,publicado inicialmenteem 1968por Putnam, Nova lorque,mascomsucessivasediesposterioresdaeditoraBantam,tambmdeNovaIorque.

    32

    -./

    )

    )

    )

    11.NA DCADA DE SESSENTA

    Os anossessentabempoderiamserclassificadosdeoperododecisivodedifusodo modelomdico-sanitrioedeconsideraodadrogacomosinnimodedependncia.Desdequeem1961asNa-esUnidasapresentaramsuaConvenonicasobreEstupejacien-tesnacidadedeNovaIorque,eem1962aCorteSupremadeJustiadosEstadosUnidosespecificou- ratificandoo defendidoem1924- queo consumidornoeradelinqente,masdoente,o discursoestavamudando.Ao mesmotempo,nesseanode1962,opresidenteKennedyconvocouumaconferncianaCasaBrancasobreousoin-devidodedrogaseposteriormentecriouo ComitAssessordoPre-sidentesobreEstupejacientese Uso IndevidodeDrogas.

    Uma sriedeacontecimentos,ques seenunciavam,contri-buiuparaisso:erao inciodadcadadarebeldiajuvenil,dachama-da"contracultura",dasbuscasmsticas,dosmovimentosdeprotes-topoltico,dasrebeliesdosnegros,dospacifistas,daRevoluoCu-banaedosmovimentosguerrilheirosnaAmricaLatina,daAlian-aparaoProgressoedaguerradoVietn.Estava-setranstornandoo "Americanwayof life" dosanosanteriores;massobretudoeraomomentodoestourodadrogaetambmdaindstriafarmacuticanospasesdesenvolvidos,especialmentenosEstadosUnidos. Sur-giamasdrogaspsicodlicascomoo LSD comtodasassuasimpli-caes,eemmeadosdadcadaaumentaviolentamenteoconsumodemaconha,j nosentreostrabalhadoresmexicanos,mastam-bmentreosjovensdeclassemdiaealta.

    Em 1962foramconfiscados850quilosdecannabisnafrontei-ra mexicana,eem 1965vriastoneladas.As autoridadescomea-

    33

    /~iIDE DE crJ,\mtM ~ ~Bibl.iDteca ~

    I!

    li'

    I

  • ROSA DEL OLMO

    ramaalertarsobreocrescenteperigodadroga.Em 1967,por exem-plo, foramconfiscadasquantidadesincalculveisdedrogasaluci-ngenasnodistritoHeight-AshburydacidadedeSoFrancisco,ondeestavamseconcentrandomilharesdejovenshippies.

    Esteestourodadrogasemdvidaeraconsideradoinexplic-vel,nospor suamagnitude,masporqueoconsumoj noerapr-prio dosguetosurbanosnemdosnegros,porto-riquenhosou mexi-canos,pobrese/oudelinqentes,mastambmdosjovensbrancosdaclassemdianorte-americana."A juventudebrancafoi toman-do progressivamenteconscinciadaproblemticadosdireitosdasminoriaseeventualmenteseintegrousatividadespolticasqueelasdesenvolviameao consumodedrogasantesquestionados"I.

    O problemadadrogaseapresentavacomo "uma lutaentreobemeo mal",continuandocomo esteretipomoral,como qualadrogaadquireperfisde "demnio";massuatipologia setornariamaisdifusaeaterradora,criando-seo pnicodevidoaos"vampiros"queestavamatacandotantos"filhos deboa famlia".Os culpadostinhamdeestarforadoconsensoeserconsiderados"corruptores",dao fatodeodiscursojurdico enfatizarnapocaoesteretipocri-minoso,paradeterminarresponsabilidades;sobretudooescaloter-minal,opequenodistribuidor,seriavistocomoo incitadoraocon-sumo,o chamadoPusherou revendedorderua.Esteindivduoge-ralmenteprovinhadosguetos,razopelaqualerafcilqualific-Iode "delinqente".O consumidor,emtroca,como eradecondiosocialdistinta,seriaqualificadode"doente"graasdifusodoes-teretipodadependncia,deacordocomodiscursomdicoqueapre-sentavao j bemconsolidadomodelomdico-sanitrio.

    Destemodo,pode-seafirmarquenadcadadesessentaseob-servaum duplo discursosobrea droga,quepodeserchamadodediscursomdico-jurdico,por tratar-sedeumhbrido dosmodelospredominantes(o modelo mdico-sanitrio e o modelo tico-jurdico), o qual serviria para estabelecer a ideologia dadijerencia02,tonecessriaparapoder distinguirentreconsumi-dor e traficante.Querdizer,entredoenteedelinqente.

    por isso,por exemplo,queemfevereirode1966seaprovarianosEstadosUnidos oNarcoticAddictRehabilitationAct peloqual,por lei (discursojurdico), sepermiteaoconsumidoroptarpor uma

    34

    NA DCADA DE SESSENTA

    sanocivil, ouseja,escolherentreo tratamentoeareabilitaoouapriso.Isto,odiscursojurdico reforaodiscursomdico,queporsuavezestavaadquirindoimportnciadesde1963,quando,por lei,o InstitutoNacionaldeSadeMentallhe-destinouumpapelfunda-mentalnasoluodosproblemassociaisdopas.Assim sedifundi-ria o esteretipodadependnciaparao consumidor,como qualseiniciaaexperinciacomdiferentestiposdetratamentoaolongodadcada.

    Em um primeiromomentoascomunidadesteraputicassopromovidascomumcritrioclnico-comunitrio,emaisadiantecomcarterdeseita,comumpersonagemcarismticocentralqueasdi-rige,comofoi o casopor exemplodeSynanonou deDaytopcomseusistemadecastigos(PunishmentCure).Posteriormentesedesen-volveriamoutrosmtodosdetratamento,comoosprogramasdema-nutenocommetadonaparaosviciadosemherona,ouosprogra-masdirigidospara"resgataro drogadoetorn-Iocomoosdemais".O importanteseriao tratamento,enotantoo tipo.Tambmsein-corporariaadiscussosobredrogassescolascomotemaobriga-trio desademental,"paraeducarosinocentes".Todososproble-masdapocaeramatribudosdroga,especialmentequandosetra-tavadejovens.

    s vsperasdaseleies,no final da dcada,seenfatizariamascampanhasda "lei edaordem",complanosdereorganizaoecriaodenovosescritriosgovernamentaisparacontrolaro pro-blema,comopor exemploo novoBureauof NarcoticsandDanger-ousDrugsdentrodo Departamentode Justia a partir deabril de1968.Tudoreforando,aomesmotempo,oesteretipocriminosoparao traficante.

    O predomniododiscursomdico-jurkJicopermitiaexplicarmi-ticamenteocrescentenmerodejovensdeclassemdiaque,nad-cadadesessenta,rechaavamsuacondiodeclasse."Essacrescenteenfermidadedenossaterra",comoaqualificariaopresidenteRichardNixon.

    Em 1965,o "boom" damaconhaprovenientedoMxico- en-. too grandeprodutor- sefariasentirentreamplossetoresdaju-ventude,o qualmudariaaperceposobreaprpriamaconhaeodiscursoqueseconstruiriaemtorno dela.Jno podiacontinuar

    35

    11

    liI ,t

    I I"I I'

    I II1,1"

  • ROSA DEL OLMO

    sendovistacomo"aervaassassina"(TheKiIler Tfed)dosanosan-teriores,masseconverteriana "drogado excludo"(TheDropoutDrug)3, e seriarelacionadanomaiscom aviolnciaea agressivi-dade,comoantes,mascomapassividadeeafaltademotivao;sur-gianodiscursoafamosa"sndromeamotivacional"comoefeitoprin-cipal deseuconsumo,com a qualsequisassoci-Ia.

    Era anicaformadepoderlegitimar_ isto,ideologizar_anoparticipaodetantosjovensno idealdevidaamericano(TheAmerican Wayof Li/e), to difundido na dcadadecinqenta.Oconsumodedrogasnopodiaservistocomoumasimples"subcul-tura",adrogaeseusprotagonistashaviammudado.Tinhadeservistocomo um "vrus contagioso".A maconhacoletivizavao consumoaoserusadaemumatopblico,compartilhadoecomunitrio.Deve-selembrar,por exemplo,dosHippiesedo consumomaciodema-conha nos festivaisdemsicaao ar livre como o famosoFestivalWoodstock.Era aarmapor excelnciaqueosjovenshaviamencon-tradopararesponderaodesafiodaordemvigentenospasesdesen-volvidos.No estranhoentoquesecomeassea falar dadroga,emmatriadesegurana,comoo inimigointerno.

    A situaofoi percebidacomtalterror,queaopiniopblicareclamavaalgumtipo deao.O presidenteNixon assinalariaemum discursoda poca:"O abusode drogasatingiu dimensesdeemergncianacional".A famosaOperaoInterceptde 1969paraacabarcomadrogaprovenientedoMxicopodetertidograndere-laocomoclimanosEstadosUnidos. IngressavamapartirdoM-xico todasortedetabletessintticos,maconhaeinclusiveos famo-soscogumelosdapoca,essesalucingenosdeorigemmexicana,as-simcomooPeyote.Estaoperaosemdvidaresultounumfracas-so,no sporqueabriu caminhoparaaproduodemaconhanaJ amaicaeposteriormentenaColmbia,mastambmporquelevoumilharesdedependentesdentrodosEstadosUnidos aconsumiremoutrasdrogas,emespecialaherona,criandoassimachamada"epi-demiadaherona",no finaldadcadaesobretudono inciodosanossetenta.

    Na AmricaLatina asituaoeradiferente,sebemquej co-meavaa sesentirapresenadasdrogasentreajuventudedema-neiraincipiente.No tevepormnessadcadaomesmosignificado36

    NA DCADA DE SESSENTA

    (!lIt'lIOS EstadosUnidos,nemsevinculouamovimentosdeprotes-III. I(ramosanosdasguerrilhas- da"libertaopoltica" -, com1III1 discursodiferentedodacontraculturanorte-americana.O con-

    111110dedrogastinhamuitomaisocarterdeumacondutamimti-1'11queseassimilavadistorcidaparatornar-secoerentedentrodestel'lllltexto.Por exemplo,osjovensdeclassealtadeentoimitavamIIN bandosderua norte-americanosdeclassebaixa- os famososII'ddyboys- naformadesevestiredeagireportantotambmnosJllldresdeconsumo,nestecasodrogas,masfundamentalmentean-I'daminas.EramconhecidoscomopatotasemvriascidadesdaAm-deaLatina.Nos bairroscontinuavafundamentalmenteassociado10 submundo,delinqncia,ao "malandro".Mas apreocupaooficial dapocanoeracomadroga,esimcomadelinqnciaju-venil(declassealtae/oubaixa).

    interessantelembrarpormquenofinal dadcada,maises-pecificamenteem 1970, lanadaumacampanhaantidrogascomcontedosemelhanteemvriospasesdaAmrica Latina, propa-gandaquevinha dosEstadosUnidos atravsdesuasembaixadas,provavelmentecomafinalidade- tal comoassinalaramvriosau-tores- deincorporarospasesdaAmricaLatinano processoan-tidrogasdeumamaneiramaisdoquesimblica- equerequerumaanlisedetalhadaemoutraoportunidade.A situaonadatinhaavercoma:dosEstadosUnidosnememsuaform,nememsuamag-nitude.Alguns governospormj ratificavama ConvenonicasobreEstupefacientesde1961daONU, comaqualmodificavamalegislaointroduzindoodiscursomdico-jurdico.A Venezuela,porexemplo,modificariaseuCdigoPenalparaaumentaraspenas;oBrasilpromulgariao decreto-lein? 159em1967,emcujo ttulo sefalade"substnciasqueproduzamdependncia.A Colmbia san-cionariaodecreto1.136de1970,peloqualsedispe,comomedidadeproteosocial,"a reclusoclnicadapessoaqueperturbeapazpblicaquandoseacharemestadodeintoxicao".Na AmricaLa-tinanoentantoaconcepodoconsumidorcomo"doente"teriacon-seqnciasdistintas.Seo quesepretendianosEstadosUnidoscomestaseparaoentre"delinqente"e"doente"eraaliviaro consu-midor dapenadepriso,nospasesperifricos,semosserviosdeassistnciaparatratamentodospasesdo centro,o consumidorse

    37

    II

    11

    /'11

    [i

    [I

    I1

  • ,38

    ROSA DEL OLMO

    converteriaeminimputve1penalmente.Na prticasignificouqueo consumidoreraprivadodeliberdadeedacapacidadedeescolhaou vontade,eportantosujeitoaumcontrolemuitomaisforte.Ou-traalternativaera,comoocorreupor exemplocomareformadoart.367do CdigoPenalvenezue1anoem1965,afaltadeprecisonade-finio entreposseeconsumo,quedeulugaramltiplassentenascondenatrias prisodepossveisconsumidores.

    NOTAS

    1. Verparamaioresdetalhes,JERALD W CLOYD,Drogasy contraIde informa-cin, BuenosAires, Ediciones TresTiempos, 1985,pg. 198.

    2. VerFRANCOBASAGLIAeFRANCABASAGLIAONGARO,La mayor[amargina-da, Barcelona,EditorialLaia, 1973,comumainteressantediscussosobreesteaspecto.

    3. JEROME L. HIMMELSTEIN, op. cito

    -~----

    111.NA DCADA DE SETENTA

    ')lllllldo comearamosanossetenta,aheronapassouaser,noIIt,11I1 'lI I, Nillnimode"perturbaosocial"nosEstadosUnidos,por-111[1011i !I VII I'azendoestragosentreajuventudedeclassemdia.Por

    IIIi I1I11 iol'esconfiscosemtodaasuahistriaataquelemomen-II '11I1/,11l'amentre1971e1973.O problemahaviaseagravadocom

    11[11'11doVietn,eosex-combatentesconsumiamnoapenasma-Ii!lil,IIlIlS lambmherona,drogaqueatentoselimitavaaosgue-

    1IlIllIIlOS enohaviachegado juventudebranca.I"It Iexplicao fatodeopresidenteNixon qualific-Iade"o pri-

    'r1ll1ll1iJlJigopbliconoeconmicq",mesmoquandocomestasIfI!IIIVIIIH Ignoravaa raizdoproblema:suagrandeproduo,comaI"IlltI I,'Idadedosgovernosdo SudesteAsiticoesuacomercializa-1'lllIllIllll'tedocrimeorganizado.Senfatizavaoconsumocomo

    111111111pll.lofundamentaleassimcontinuavacom o discurso m-,'I ,I (wleretipoda dependncia.

    '.lllalificara heronade "inimigo pblico" permitiainiciar o,1/1 WllJolftico paraqueadrogacomeasseaserpercebidacomo

    11111 ,11,'/1/'1 ordem.Porm,umaanlisedetalhadadaheronalevariaI, Illllllltli%cro presidenteNixon, j queestadrogaera,narealida-I, 11111110menosameaadoraparao sistemado queamaconha.I!!i111111IHIl profundamenteindividualista,deconsumosolitrioqueiilllilllllllll%a,inibee,portanto,eliminaqualquertentativadeforma-

    Dde WlIPOS deprotesto.Temalmdistoo agravantedeseualto, I1 ,111,'1I1e obrigao consumidora renunciaratudo por ela;aoptar

    I"I1 1llll'kul'parapoderconsegui-Ia;einclusiveaestardispostoade-11111 1llllllilWparaobterdinheirocom o qualadquiri-Ia.39

    ~\

    I~II

    II

  • --- ---.- -- _."

    )

    ROSA DEL OLMONA DCADA DE SETENTA

    ~\

    \\

    \'11

    II

  • :,1,ir

    ROSA DEL OLMO

    deevidncias...Com istopode-seeliminardefinitivamenteo "pactopequins"comoumaburlajornalsticadostemposdaGuerraFriaquedeveserarquivadaparasempre"9.

    O discursodosprimeirosanosdadcadadesetenta,apesarda"falta deevidncia"queoautoracimacitadoassinala,implementaoesteretipoPolltico-criminoso,emborademaneiradifusa,porqueoproblemadomsticoseagravavaeeraprecisofazeralgo paraacal-mar a opiniopblica.Por exemplo, em 1970havia68mil 894vi-ciadosregistrados,enquantoem1971acifraaumentoupara490mil912heroinmanos.Evidentementeoconsumoseestendiaa todo ti-po dedroga,noapenasdeorigemvegetal(heronaoumaconha),mastambmsdrogassintticasproduzidaspelos grandeslabora-trios.Vriosestudoselaboradospelosdiferentescomitsdo Sena-dodosEstadosUnidoso evidenciam.Por exemplo, em1973foi pu-blicado umextensoinformede1mil 594pginassobreO abusodosbarbitricosem1971-72doSUbcomitparaInvestigaraDelinqn_cia Juvenil; do mesmomodo,o informesobreOs barbitricosnosEstadosUnidos,de590pginas,doComitsobreo Bem-EstarP-blico eTrabalhista.

    Nessesmomentoso discursonosevincula a substnciases-pecficas,masclassesocial eidade.Fala-se do consumodosjo-vensemtermosdedependnciaeaosprogramaseducativossobreo temaseincorporao lcool, quevinhasendoestudadopor vrioscomitsdoCongressodosEstadosUnidosjuntocomasdrogasproi-bidasdesde1971.Definia-sequetodo jovemdaclassetrabalhadoraqueconsumissequalquer tipodedroga- proibidaoupermitida_eraumdependente,eportantodeviasersujeitoatratamento.Nixon,emsuasegundaMensagemao Congressoem1971,assinalou o se-guinte:"O problema dasdrogasatingiudimensesdeemergncianacional queafligeo corpo ea almada Amrica".

    Chegarao momentodetomarumasriedemediqasinternasquepermitissemmaistardeenfrentaro problema emnvel interna-cional, eao mesmotempocontarcomumanormativajurdica in-ternacionalquefacilitasse aao.Nestesentido,a ONU aprovariaem1971oConvniosobreSubstnciasPsicotrpicas,eem1972oPro-tocoloquemodificavaaConvenonicasobreEstupefacientesde1961,paraincluir naslistasdestaumasriedesubstnciasqueha-42

    ----~---~-

    NA DCADA Di!:SETENTA

    I klllll ('xdudas,entreelasasanfetaminas.Nessemomento,oiir,'1I111(1I1'edosEstadosUnidos,GeorgeBush- depoisumdos

    Ii1I!t ulll4 dil'igcntesdacampanhaantidrogasdopresidenteReagani(1 11 pWllcntantenaONU dosEstadosUnidoseconseguiuque

    I !IIINIIM 1111ificassemanovanormativa.Curiosamente,porm,ape-111 I'moosEstadosUnidos a ratificaram.

    \ 11p,lr11cirasmedidasinternasdapocadentrodosEstadosUni-lllllllllllll vercomodiscursojurdico, medianteacriaodeuma

    j 11 ,11lt'lllHeveras,comoporexemplooComprehensiveDrugAbuse"'111/011 flndControlAct, o ControlledSubstancesAct, oRack-

    ., 1IIIIIIl'I1cedand Corrupt OrganizationStatute,ou o Continu-Illm/nal EnterpriseStatute.Ao mesmotempo,secriariatodauma

    111 III,t:l'1(.:ritriosfederaisatculminarcomosurgimento,em1973,lli III/Ig I'liforcementAgency,posteriormenteDrugEnforcementAd-

    IMml/on ouDEA, ligadaaoDepartamentodeJustia,quefun-dill,lVIIdosescritriosfederaiscriadosanteriormenteparaconverter-I 1111tilHllllismoresponsvelpelacoordenaoeimplementaodas

    '11111. lllN deinformaoeinvestigaorelacionadascomarepresso11111"""11ilcitas.AssimdisseNixon aoreferir-seaela:"A consoli-

    1"','1111dtodasasforasantidrogassobum comandonicounifi-lili,",

    1'11blicou-senessemesmoanode1973aPrimeiraEstratgiaFe-1,'rl1.Ill\desedeuprioridadeherona.Um anoanteshaviasidolan-1111111fllmosaoperaocontraaamapolanaTurquiacomoprop-

    1111 dI'substituirseucultivo,paraa qual foramassignados35mi-IlIrllllldedlares.Por suavez,seprogramoua OperaoCactusnof\ 'I'~It'ocontraamaconhaeoutrasdrogas.Estepas,ironicamente,I Ivlrill debaseparaaumentaro negciodaheronaemseguida

    "pll'flt;110contraa Turquia.() CongressodosEstadosUnidos tambmsepreocupavacom

    " plohlema.Em 1972,publicouum informesobreO trficomun-,11i/1d(,drogaseseuimpactonaseguranadosEstadosUnidoseen-\1IIIIIIIllUmissoespecialdeestudosAmricaLatinaem1973.Na-11111'1" lllOmentosefalavadeumaconexofranco-latino-americana11IIIV("Sdo Paraguai,edocasodeAugusteJ. Ricord, principalres-11I1I1/l1'lvdpeloenviodeheronaaosEstadosUnidos.Mais importante11I1i11lherona,porm,pareciaser,naquelapoca,aprojeointer-

    43

    I,II

  • ~ROSA DEL OLMO

    nacionaldoproblema.Nixon haviacriadoem1972o CabinetCom-mitteeforInternationalNarcortic Control (CCINC), paracoorde-nar os esforosdosEstadosUnidos no exterior.Do mesmomodo,aindaem1972seriaaprovadooDrug Abuse Dffice and 7J'eatmentAct, por meiodo qualseiniciouacentralizaoeocontroledapro-duodedrogasno exterior.

    Comotemosassinalado,comNixoncomeaaseexportaraapli-caoda lei emmatriade drogas,isto , a legitimar o discursojurldico-polticoeoesteretipopoltico-criminosodadrogaalmdasfronteirasdosEstadosUnidos. O discursoestavasecomplicando.J nohavianecessidadedesesilenciarsobreoproblemadotrficocomono incio daadministrao,poisaguerrado Vietnhaviater-minado.Tampoucosepodiasilenciarodiscursomdico,j queopro-blemadoconsumohaviasidoumdospilaresfundamentaisparase-parar os esteretipos do consumidor-doente e do traficante-delinqente.A opiniopblicaseguiaconsiderandoa drogacomo"inimigo",masocritriodeseguranasetornavaincerto.Qualificava-seadrogade inimigointernoou inimigoexterno;tudodependiadocontexto.

    Em quasetodosospasesdaAmricaLatinaseobservadema-neirasimultnea,duranteos primeirosanosdadcadadesetenta,a regulaododiscursojurldico. O primeiropassofoi apromulga-odeleisespeciaisemrespostassugestesda ConvenonicasobreEstupefacientesde1961daONU. O primeiropasfoi oEqua-dor,em1970,comsualein? 366deControleeFiscalizaodo 7J'fi-codeEstupefacienteseSubstnciasPsicotrpicas,seguidopeloBrasilcomsualein? 5.726ou leiAntitxicosde1971;emseguidao Para-guaiea CostaRica em1972,enessemesmoanoo Peruaprovaseudecretolei n? 19.505;em1973a Bolvia comseudecreton? 11.245ouLei NacionaldeControledeSubstnciasPerigosas;o Chile comsualei 17.934parareprimiro trfico,eoMxicosancionao CdigoSanitriodosEstadosUnidosMexicanos;Colmbia, Uruguai,Ar-gentinaeJamaicapromulgamsuasleissobreestupefacientesem1974;aRepblicaDominicanaem1975,aLei 168;aVenezuelaelaboraumanteprojetoem1974,quenofoi nemsequerdiscutido,porqueOcor-reuaoslegisladoresinclu-Io na regulamentaosobrelcool e ta-baco.

    44

    NA DCADA DE SETENTA

    ForamcriadastambmemalgunspasesComissesNacionaisparaocupar-seemnveloficial do tema.A primeiraparecetersidoaComissocontrao UsoIndevidodeDrogas(CCUID) daVenezue-Ia, em1971,seguidadaComissoNacionaldeToxicomaniaseNar-cticos(CONATON) daArgentinaeaComissoNacionalCoorde-nadoracontrao UsoNo Autorizado deDrogas(CONADRO) daCosta Rica em1972.A Colmbia criou seuConselhoNacional deEstupefacientespelodecretolei 1.206em1973,eoUruguaiaComis-soNacional deLuta contraas Toxicomanias,em1974,pelalei n?14.294.O Mxicocriou em1975o CentroMexicanodeEstudosemFarmacodependncia.

    Em 1972foi realizadaemBuenosAires umaReunioGover-namentaldeEspecialistasemEstupefacientesePsicotrpicosquecon-vocouaConfernciaSul-AmericanaPlenipotenciriasobreEstupe-facientesePsicotrpicos,tambmrealizadaemBuenosAires,emabrilde 1973,ondesurgiuo Acordo Sul-AmericanosobreEstupefacien-tesePsicotrpicos(ASEP). Esteorganismo,no entanto,scomeaa ter confernciasanuaisdos Estados-Membrosa partir de 1979,convertendo-sedesdeentono nicogruporegionaldetipo gover-namentaldaAmricaLatina.Seuobjetivocentralseriaodeimplantaro discursomdico-jurldicoatravsdesuasquatrocomissestcni-cas:EducaoPreventiva,TratamentoeReabilitao,FiscalizaodeDrogasIlcitaseRepressoaoTrficoIlcito,assimcomoseusres-pectivosCentrosRegionaisdeCapacitaonaVenezuela,Argenti-na, Brasile Peru, respectivamente.

    Na Amrica Latina, no incio dosanossetentaquecomea"o pnico"emtorno dadroga,especialmentepor meiododiscursodosmeiosdecomunicao.Em muitasocasiessemisturavamdema-neiraincoerenteos diversosesteretiposda droga,surgidosnumasociedadetotalmentedistinta,comoanorte-americana.Quandosefaziareferncia"droga",geralmentesereferiaapenasmaconha.Ento eraadrogademaiorconsumo(mesmoquandosedesconhe-cesuaverdadeiramagnitude)econsiderada"problema"porqueeramosjovensquecomeavamaconsumi-Ia,muitasvezespor imitao.Difundiu-se na pocaumasriede informaesquetinham avercomaheronanosEstadosUnidos,masquealguns"especialistas"daAmricaLatinarelacionavamcom"adroga"emgeraldemanei-

    45

    \\

    II

    hI'

  • :i

    1

    ROSA DEL OLMO

    ra bastanteirresponsvel.Os resultadosforamdesastrososporqueestavamsendoimportados,esendoimpostos,discursosalheiosqueno levavamemcontanema diferenaentreasdrogas,nementreosgrupossociais.Surgiramgruposcomoo "poderjovem",quepro-clamavaamaconhacomosmbolodelibertao,masnestecasode"libertaointerior" parasecontraporaosgruposquena dcadaanteriorbuscavama "libertaopoltica".Assim,sea heronafoi adrogacontra-revolucionriadosEstadosUnidos,amaconhaofoi naAmricaLatina no incio da dcadadesetenta.

    certoquenaAmricaLatinatambmseconsumiamplulasdeanfetaminas,barbitricoseoutrasdrogas,comopor exemplooLSD eos cogumelos(apesardenohaverestimativasconfiveis).Mesmo assim,empasescomoo Peru secomeavaa fumar pastadecoca.SegundoopsiquiatraperuanoRAL lER!,"essaprticaco-meouem1974emLima eseestendeuemseguidaao Equador eBolvia...Antesde1975,noocorreramemzonasurbanasdo Peruhospitalizaesemcentrospsiquitricosrelacionadascomamasti-gaodepastadecocaou com o usoindevidodecloridratodeco-cana"10.

    Apesardej sedaratenococanospasesprodutores,oprin-cipalnodiscursoeraamaconha- aervamalditacomoaqualifica-vamosmeiosdecomunicao- consideradaaresponsvelpelacri-minalidadeeaviolncia,masaomesmotempopela"sndromeamo-tivacional";tudodependianaAmricaLatinadequemaconsumia.Seeramoshabitantesdefavelas,seguramentehaviamcometidoumdelito,porqueamaconhaostornavaagressivos.Seeramos "meni-nosdebem",adrogaostornavaapticos.Da queaoshabitantesdasfavelasfosseaplicadooesteretipocriminosoefossemcondenadosaseveraspenasdeprisopor traficncia,apesardeslevaremcon-sigoumpar decigarros;emtroca,os "meninosdebem",queculti-vavamaplantaemsuaprpriacasa,comoaconteceueminmerasocasies,erammandadosaalgumaclnicaparticularparaemseguidaseremenviadosaosEstadosUnidosporqueeram"doentes"eseriamsujeitosatratamento,deacordocomodiscursomdicotoemmo-danapocanosEstadosUnidos.A elescorresponderiaoestereti-po da dependncia.

    46

    .-...~~~.,.---- --~.---

    NA DCADA DE SETENTA

    I1\1I111l10o PresidenteFord assumiuopoderem1974,j estavaidllllllHII,stadosUnidos a infra-estruturado novodiscursoque,Vd 1llIll'IH;oalmdasfronteirasdosEstadosUnidos embusca

    \1\ II '.\\l\I\HI'iVc\peloproblema,masfaltavalegitim-lo.No dese1I"11111I1',portanto,quej napoca,aoreferir-sedroga,o presi-

    li 1\\\ 1'\\Id li qualificassede"ameaanossasegurananacional".I 1'1111111(1(\0,Kissinger,Rockfellereo primeiroadministradorda

    li ,\, 1111111 Bartels,elaboraramum WhitePapersobre"abusode'i,'11,11~'"documentoquepodeserconsideradoaprimeiracolocaoIh 1,,11111novapoltica;ali seassinala,por exemplo,anecessidade\0111"11111'outrasnaespormeiodainternacionalizaodoprograma!r111\ ll/L"Slcndoemvistaarepressoeocontroledematrias-primas.I 1,,111dllHprimeirasmanifestaesdestapolticafoiaDeclaraocon-1llllIll\lssinger-Banzersobreacooperaointernacionalcontrao

    11"1\111decocana,quandosereuniramnaBolvia em1976;igual-illl 1\11'11ConvniodeCooperaoentreosEstadosUnidos eoPeruIIJ III IH, cosprogramasdefumigaoareadeplantasprodutorasI, dll\P,aS_ comoa queselevoua cabono Mxico em1975paran I.\llknr emespecialoscultivosdemaconhanaSierraMadre- fi-H,tlll llldospelosEstadosUnidos.

    ,~,Interessantelembraraquio reconhecimento,em1977,porpar-II dll DcpartamentodeEstado, dos quase2 mil cidadosnorte-11l1l'11l:11l10Sdetidospor trfico dedrogasno exterior,assimcomoI flll'I\l'upaodoscongressistasdapocaem"resgat-Iosdoscr-i ,HI'IlIIlCxicanos"ll,tantoquantodoscubanosecolombianos.

    /\.partirde1976comeaavincular-seodiscursodentrodosEs-1111\'H4lJ nidosaumasubstnciaespecfica,porqueseobservaumre-l'tH1111lOaumentono consumoedisponibilidadedacocana.Da o1,11111h:scassinalaresteanocomoodoincioda"epidemia".Suain-dll/llIllllizaoj estavacriadaemgrandeescalanaBolvia, poisse11\1lllnl em 1972quando Banzer chegouao poder12 Isto explica\IIIIVllvclmenteaentrevistaprivada,antesmencionada,deBanzercomII'wll1gcrnessemesmoanode1976.Mas foi entre1977e 1981queI 111lHllloaumentou75010naBolvia. Teriaisto algo avercomo11I1I'I~Ht:waacontecendocomaherona?Tambmem1976selanou1i ( 'IJI'f'(1oCondorno Mxico,paradestruirasplantaescadavez111111liextensasdeamapola.Querelaohentreaeliminaodahe-47

  • ROSA DEL OLMONA DCADA DE SETENTA

    1',I,IIIII~,oS bandosdemotociclistasnorte-americanosegruposli,I,\lIIlI'H0S.

    " II11Il'O 11hapor suavezvoltaraaaparecer;oscontrabandistas,'111\', 111\1 IlCinstaladona J amaicaemconseqnciadaOperao,,'(I(I'I)lItraaproduomexicana,superaram-naporquederam

    111111,1111110 grandenmerodedesempregadosexistentesnaqueleI'.IIIIIIIO pas,como queaproveitaramacriseeconmicaepo-"li

    1'1"1974,por razesqueseteriadeanalisar- masquepare-1\\ ~I'Ido polticaexterna-, o DEA lanousuaprimeiraopera-l~1\11\Illcntecontraa J amaica,aOperaoBucanero.Como re-

    "lIillhI,Ill.ldestruiuaproduoecomercializaodeexportaodaillll\lI" nOpas(pelomenosmomentaneamente).A produode

    1lIIIIIIIhllnodiminuiudaformaesperada.Pelocontrrio,aumen-.11I 1IIIIIllaisintensidade,destaveznaGuajiracolombianaapartir

    1111\111111\6poca.Inclusivesediscutiano final dadcada,nos crcu-li1_ ,Ir'\lldcrdeWashingtonedeBogot,apossibilidadedesuades-illlh"tll:t.aoelegalizaol4

    I\vklcntementeseobservava"umamudananopadrodotr- \1!h" ,!LI ",tupefacientesnaAmricaLatina",comodisseemseuin ,!h",""" Selee/Comi/leeonNarcoticsAbuseandConlrol daCma.' I,,' ,I.Ill""cseotantesdoCongressodosEstadosUnidos,depoisde I I

    li \' \.11 1\111amissodeestudoaoMxico,CostaRica,PanameCo-\1\1I11,llIlllll1976,anodecriaodo Comit.por issoenvia-seuma

    1 11III1l11I missodeestudoemagostode1977paraaColmbia,Equa-'~I!, 11111'11,Chile,Bolvia eBrasileumaterceiraem1979Colmbia

    \'111til Rico.( )Interessedocomit aoenviarestasmissesdeestudomui-

    111I 11111')I'llcnsvel,umavezquequandoCarterchegaPresidncia,.1\ 11)'/7,a cocana _ produzida exclusivamentena Amrica!'IIIIIIII~_ j eraumadrogadeconsumoelevadonosEstadosUni-," li, HI\~\IlidoosdadosdoNationallnstituteonDrugAbuse(NIDA),I'IlIllkllllm; na monografia Cocaine 1977,dois milhesdenorte-111111I"IIIIOSahaviamconsumidoem1976,apesarpormdepouco

    .111111'Ilobreospossveisperigosparaasadecausadospor "essa11111\1lllllllCsubstncia",comoaqualificouo diretordaNIDA nesseii11mlll Imbalho'6 49

    ronaeo surgimentodacocana,quecertamentehaviacadoelll disusodesdeosanosvinte?

    J no comeodadcadadesetentacomeaaressurgirdisl.'lltamenteemlivrosefilmes,apresentadaatravsdo consumodist'II'to, elegante,comodrogafascinanteassociadaapersonalidadcstiprestgioprofissionaleartstico;drogamuitomaisrecreacionalcSllcial, diferenadaherona;drogaqueproduziabem-estareeufi Iria etinhaa reputaodenocriardependncianemserperigoslIO discursodosmeiosdecomunicaoseencarregounessesprirnl.'irosanosdeestimularseuconsumoaoressaltarasvirtudesdealgull,.dosherisdapoca,assduosconsumidores,comopor exemplo1I1iestrelasdo rock,do cinemaou esportistasfamosos.

    Estava-secriandoumesteretipoculturalque,emvezdesernl'gativocomoemoutraspocas,apresentavaagoraadroga,masmuitoespecialmenteacocana,comosmbolodexito:todososqueestuvamemevidnciaaconsumiam.Ao mesmotempo,surgiamaciamenteaindstriada"parafernlia"dacocana,anunciandonosdiversosmeiosdecomunicaotiposdecolheirinhas,cigarros,balanas,etc.,parafacilitarseuconsumo(comohaviaocorridodezanosantescomamaconha).Tudoistocontribuiuparaaumentarademanda,aqualporsuavezestimulouaproduoeaorganizaodomer-cado.

    No deseestranharportantoque,em1975,a ComissodeEstupefacientesdasNaesUnidasassinalequeaquantidadetotaldecocanareportadacomoconfiscadano mundotenhasuperadoa herona.Estavasendoinstaladasuaindstrianospasesandinose formadaa rededecomercializaonosEstadosUnidos, organi-

    , zada por grupos de cubanos exilados, colombianos e norte-, americanos.A drogaj noeradomniodo crimeorganizadotra-()dicional, aMfia ou a CosaNostra,comoachamavaValachi,co-.,mo haviasidoo negciodaherona.A organizaono casodaco-cana adquiriacaractersticasmuitoprprias,queestoparaseres-c:udadas. interessantemencionarnestesentidocomo,em 1983,13RANCISM. MULLEN JR., administradordaDEA, falavada"exis-t'ncia do criIl).eorganizadono tradicionalh vinte anos" 13 ao,'eferir-seaosdiversosgruposqueparticipamdonegcio,comopore;::xemplo,organizaesdoSudesteAsitico,osCocaineCowboysco-

    f \

    I

    4,8

    -_ ......... -

  • 111

    Hq:

    ~i

    ROSA DEL OLMO

    odesenvolvimentoeasmudanasnoconsumodecocananosEstadosUnidosexigiriamumaanlisedetidaquenopretendemosrealizaraqui.Mencionamosa questorapidamenteparadestacarasmudanassofridaspelodiscursosobreestadrogaemparticular,j que/oi elaeapenaselaqueserviuparadramatizaroproblemadadroganoContinenteamericanonosltimosdezanos,apesardode-senvolvimentoparalelodamaconhaedeseuconsumomaioremal-gunspases.

    O psiquiatraRONALDK. SIEGEL,atualmenteconsultordaCo-missosobreo CrimeOrganizadodaPresidnciadosEstadosUni-dos,assinalatrsetapasdistintasdacocananessepasl7A primei-ra etapasesituaentre1970e 1979,quandonoconsideradapro-blema,masdrogasocialerecreacionaldeconsumoespordicoemreuniessociaiseemdosesintranasaisdeuma quatrogramasporms.O discursodessesanos,emvezdeconden-Ia,aestimula.Em1976,por exemplo,seobservanaimprensaumaumentosignificati-vodenotciassobreseuconsumopelapopulaoemgeral,edere-vistasdedicadasadefenderadroga,comoaHighTimes,criadaem197418,queexaltamsuasvirtudescomgrandedesdobramentofoto-grfico.

    A segundaetapadacocanaSIEGELsituaentre1978e1982,quan-do mudamtantoa imagemdo consumoquantoospadres;come-aaserusadacommaisfreqncia,misturada maconha,emsuaformadepastadecocaoucocanabase,substnciasmuitomaiscau-sadorasdedependncia.Consome-seemdosesdeumatrsgramassemanais.1979foi consideradonosEstadosUnidos o anopico damaconhaedacocana,ecuriosamentetambmoanodemenorcon-sumoda herona.

    E a terceiraetapatranscorreentre1982e 1984,quandoseob-servao consumoda drogaemtodosos gruposscio-econmicos.Nestesentido,outrosautoresassinalamque"enquantoem 1974ahaviamprovado5milhes400mil; em1982,21milhes600mil denorte-americanoshaviamprovadoa cocana:ao mesmotempo,onmerodeconsumidoreshabituaisaumentoude1,6milhoem1977para4,2milhesem 1982"19.

    Aumentanamesmapocao policonsumodedrogas,muitasvezesparacontra-atacarosefeitosdacocana,eseobservacomore-50

    --- -- ----- -- ----_.-

    NA DCADA DE SETENTA

    ,Illlldoumaumentoconsiderveldeproblemaspsicolgicosefsi-I 1111, Segundoo prprio SIEGEL, o controleimpostoduranteessesIIIIIHli indstriada"parafernlia"contribuiuparaaumentaropro-Itll'llltl,porqueo consumidorj no tinhaosartefatosnecessrios1111"/1 mediradoseadequadacomoantes.Isto,a faltadecontrolet 1

  • ROSA DEL OLMO NA DCADA DE SETENl

    lCommitteeonNarcoticsVerpor exemploo informede634p~in~sd? Se!.JofMarihuana,Washing-AbuseandControl,c~amadoDescn.mmallzatl0Jizacinorepresin,Bogo-ton, D.C., 1977.TambemANIF, Manhuana:leg(!

    t, 1979. fT, hcemanos,acocanaNestesentidovalelembrarqueemse~augeantepo Peru,tinhadecompetirproduzidanaAmrica,Latina, epartlcularment~com a produzida nas Indias Holandesas. . 13,Washington,D.C., 1977,NIDA, Cocaine1977,ResearchMonographSene5

    Prefcio. tine Use:ChangingDosesVerseuinteressantetrabalho'.'NewP~tternso~C 'jfidemiologicandClinicalandRoutes",in NIDA, CocameUsem1menca:,hington,D.C., 1985,pgs.Perspectives,ResearchMonograph Senes61,W~~04-220. . . . ~amensalmentecomumaE interessantedestacarqueestarevl~tae.pUbhcJlfemqualquerbancadere-

    tiragemde400mil exemplaresevendIdahvreme~Ja linha e seencarregadavistasdosEUA:. Pertenc~a um "trust" q~e.marv1msuaspginassereferegestoeconmIca.A malOrpartedapubhcIdadl,plo colheirinhas,lmpa-"parafernlia" ligadaaoconsumo,comopor e) etc.

    dasde todo tipo paracultiva~,mac~nhaem cas.~Public HealthProblem",EOGARAOAMSeJ. DURELL, Cocame:A growl:JtmentofAbuse,Researchin NIDA, Cocaine:Pharmacology,Effectsand1/jg.10. \Monograph Series50,Washington,D.C., 1984,Y

    fl

    11

    ;1

    I

    Detecta-senessemomentooaumentodoproblematambmnaAmricaLatina,o queprovavelmenteocorreu,apesardeserneces-srioumestudomaisdetalhado,especialmenteparadestacaraspos-sveisvariaesregionaisdepadresdeconsumoetipo dedrogas.No entanto,odiscursodosmeiosdecomunicao,napoca,ocultao fato,paradifundir demaneirahomogneaapreocupaocomachamadaAli Americandrug,criandoumnovoesteretipocomopro-blemadetodo o Continente:o esteretipoda cocalna.

    Assim chegamosatualdcadadeoitenta.

    NOTAS

    1. CATHERINELAMOUR& MICHAEL R. LAMBERTI,La nuevaguerradeiopio,Barcelona,Barral Editores, 1973,pg. 16.

    2. ANDREWMoss, "Methadone'sRise andFali", in PAUL E. ROCK(ed.)DrugsandPolitics,Transaction,N.J., 1977,pg. 150.Consultar tambmJOYCEH.LOWINSONe outros, "Changing Patternsof StreetMethadone Abuse", inThirdNationalDrugAbuseConference,Nova Iorque, 1976.

    3. Cfr. a interessantediscussodeTHOMASS. SZASZ,"Scapegoating,MilitaryAddicts:The HelpingHand StrikesAgain",in PAUL E. ROCK(ed.),DrugsandPolitics,ed. cit., pgs.247-250.

    4. ALFRED W. McCoy, ThePoliticsofHeroininSoutheastAsia,Harper, No-va Iorque, 1973,pgs.8e 9.

    5. Ibid.,pg. 144.6. Veja-seporexemplooslivroseditadospelaLigaAnticomunistaMundial,Ca-

    ptuloChin~~,eemespecialConspiraodoscomunistaschinesesparanar-cotizaro mundo,maio de 1972.

    7. DEA, DrugEnforcement,dezembro,1980,pg.43.8. interessanteconhecera mesmasituaona Itlia da poca,consultando

    MARISA RUSCONIeGUIDO,BWMIR, LaDrogaeilSistema:LaNuovaRepres-sione,Feltrinelli, Milo, 1972. ' .

    9. HANS-GEORGBEHR,Ladroga,potenciamundiaL'elnegocioconelvicio,Bar-celona, Planeta, 1981,pg. 170e segs.

    10. F. R. JRI, "Nuevasobservacionessobrelossndromesproducidospor fumarpastadecoca", in Cocana1980,Lima, 1980,pg. 87.

    11. Ver"TheRoleofDEAoverseas", inDrugEnforcement,vol.4,n?3,dez.1977.12. Sobreesteponto ver a interessantediscussoemA. CANELAS ORELLANA e )

    J. C. CANELASZANNER,Bolvia:Coca-coca/na,La Paz, 1983,capom.13. VerFRANCISM. MULLEN JR., "Organized Crime and Drug Trafficking", in

    DrugEnforcement,vol. 10,n? 2, 1983,pg. 8.

    52

    14.

    15,

    16.

    17.

    18.

    19.

    11JNIVERSIDADED~ (JA'JU&U~ ~ib~~

    .__r

    j-

    53

    iI ,

    I

    "1

  • ROSA DEL OLMO

    rOI dsde"narcotraficantes",queenviavamseudinheiro

    ,'}lJ,tlad,~,',Bahamaseoutr~slocaisp~ras~rlav~doeintro1,~IIf,~\lmJnlrenosEstadosUllIdos atravesdeInVestImentoslc\~ ~en1r-

    '~~I, ~da'porm,haviasido colocado anteriormente.Em

    ~,\Plem

  • ~~

    "~~

    ;fr

    ~II(

    I

    ROSA DEL OLMO

    erampropriedadesde"narcotraficantes",queenviavamseudinheiroSua,Panam,BahamaseoutroslocaisparaserlavadoeintroduzidonovamentenosEstadosUnidos atravsdeinvestimentos),.gais"2.

    O problema,porm,haviasidocolocadoanteriormente.Em1977,porexemplo,oSelectCommitteeonNarcoticsAbuseandControl, da CmaradeRepresentantesdosEstadosUnidos, depoisdesuamissodeEstudo AmricaLatina, assinalounasconclusesdeseuInformeFinal o seguinte:

    "Como apenasumapequenaparcelada quantidadetotal decocanaintroduzidaclandestinamentenosEstadosUnidosconfis-cada,estamosdiantedeumaenormequantidade,querepresentamui-tosmilhesdedlarestransportadosdiariamenteparanossopas.Como resultadodestetrfico,estopassandomilhesdedlaresli-vresdeimpostosatravsdeestabelecimentoslegtimosmontadospe-lostraficantesedepositadosemcontasbancriasaquienoexterior.O Comit consideraqueo nicomeiodeinterferirno trfico ex-por astcnicasfinanceirasutilizadaspelostraficantesparamobili-zaro dinheiroemtodoomundo.Espera-sequeo Congressoemen-denossasleisbancrias,deimpostos,etc.,paraimpediraomximoa mobilidadedoslucrosdos traficantes"3.

    No deseestranhar,portanto,queao comeara dcadadeoitentaseassinalepublicamentequeosfuncionriosfederaisdoDEAestavammudandosuastticas:"Concentrando-secadavezmaisnodinheiroenoschamadosnarcodlares.E queem 1982suaspriori-dadesforama investigaoea eliminaoda cocana"4

    A novanfasenosaspectoseconmicoepolticodasdrogas-esobretudodacocana- toevidentequeinclusiveespecialistas,antesocupadosexclusivamenteemdifundir o discursomdico,oscolocamemrelevo.Por exemplo,o conhecidopsiquiatraSIDNEYCOHEN escreveurecentementeo seguinte:

    "Os aspectosdasadepblicaj no sotograves,mesmoquandoamorbilidadeeamortalidadeaumentampor causadaco-cana.Mas simo impactodesorganizadordosbilhesdecocadla-resnasnaesprodutoraseconsumidoras,queproduzumnveldecorrupo,violnciae desmoralizaoqueprejudicaa todos"5

    56

    NA DCADA DE OITENTA

    IBualmente,pesquisadoresdoNationalInstituteonDrugAbusell~ 11)1\) _ organismocaracterizadopor difundir o discursomdi-[1-' ' hojesereferemtambmdetalhadamenteaestesaspectos.Umi1)1llllplosoaspalavrasdeRICHARDR. CLAY1ON,quandodizose-"I\lt1,):

    UH doistemaseconmicosepolticosquedevemserlevadosl'llll.lonsiderao.Primeiro,asestimativasmacroeconmicasdeumaI\d~triadacocanacalculadaem50a70milhesanuais...A quan-dudededinheiroquemobilizadeveexercerumimpactosignifica-

    j IVI) emtodaa estruturaeconmicadenossasociedade.Segundo,Ill'llstodousoindevidodedrogasparaasociedadenorte-americana1\111(ermosdedlaresparatratamento,hospitalizaoeperdadepro-dutividadeelucrospor enfermidade,incapacidade,morte,crimee(111trasconseqnciasdoconsumodecocana...A partirdeumapers-fl"c'tivaeconmicafria eracional,aprodutividadeeasperdasparI Mociedadecomamorteprematuradeum viciadoemheronapo-dl'1I1sermuitopequenas.Isto aindamaiscertoseoviciadoeraumdllsempregadocrnico,entrandoesaindodo tratamentoedapri-

    o,freqentementeimplicadonacriminalidadeparasustentarseuvicio. Em troca,pense-senamorteprematuradevidoaumaoverdo-SI' decocana,deumcorretordabolsa,umexecutivodepublicidadelI/I deumadvogadodeumagrandefirma. Nestecaso,apartirdames-\llll perspectiva,a perdaparaa sociedadeseriaconsidervel"6

    EstaevidentepreocupaoeconmicaseaprofundaduranteaAdministraoReagan,comorefleteo informedo ComitEcon-micoConjuntodeseugoverno,quandoassinalaem1983queaeco-nomiasubterrneadosEstadosUnidossonegava222bilhesded-hlJ'esdo InternalRevenueSystem(ImpostodeRenda);isto,7,5%doProdutoNacionalBruto.Apenasonegciodasdrogasestima-doemmaisde100bilhesdedlaresdentrodosEstadosUnidos, oqueequivalea 10% daproduoindustrialdo pas.

    Suasoluopormnoerafcil, devidoaosproblemasinter-\lOS do pasassinaladosanteriormente.Um caminho,no casodasdrogas,seapresentavaatravsdo discursojurdico, mas,diferentedo deanosatrs.Hoje parecenecessrioantesdetudo controlara:conomiasubterrneaalmdasfronteirasdosEstadosUnidos.SurgeIllsim,parasualegitimao,odiscursojurdicotransnacional.As dro-57

  • f~l~1I~lI1./I~

    ROSA DEL OLMO

    gasproduzidasnoexteriornodeviamchegaraosEstadosUnidos.nemtampoucosairdopasdeacordocomap'olticaeconmicaprotecionistadanovaAdministrao.Como acocanaamaiscarat'a quemaisingressanopasentreaschamadas"drogasinternacionais", a nfaserecaisobreela.No sedeveesquecerqueum quilodecocanatemomesmovalornomercadodoqueumatoneladademaconha.J o contrabandodaheronanoumproblemapriori.trio,apesardeseuaumento-70/0 de1979a 1980- tersemantidoestveldesdeento.Por issoos funcionriosdo DEA estimaramonmerodeconsumidoresemalgoemtorno demeiomilho deha-bitantesem19847A maconhapor suavezestavapraticamentedes-criminalizada,mesmoquandonolegalizada,eseucultivoeraca-davezmaioredemelhorqualidadeemvrioslugaresdo pas.Em1982,porexemplo,secalculavaqueamaconhaeraaterceiracolhei-ramaisrentveldosEstadosUnidos,novalorde10bilhesdedla-resecultivadaem11Estados8Em 1983,suaproduodentrodosEstadosUnidos erade2mil toneladas,segundofontesconservado-ras,embora,segundooutras,fossemuitomaior,superandoadaJ a-maica,ocupandoo segundolugardepoisda Colmbia9 um fa-toconhecidoqueaproduodomsticachegaaabastecerametadeda demandainternalOA maconhaportantonocentrodeaten-o na atualidade,comoo foi anosatrs.

    Ao examinarodiscursojurdicotransnacionalquesedesenvolve,a primeiracoisaqueseobservaa ratificaopor partedosEsta-dosUnidos,em1980,daConvenonicadeEstupe/acientesde1961,daONU, assimcomodo ConvniosobreSubstnciasPsicotrpicasde 1971.No sepoderiaimplementarestenovodiscursoseno seacolhia,comoo haviamfeitohvriosanosmaisde 100pases;anormativainternacional.Igualmente,nessemesmoanode 1980sefirmou o TratadodeExtradiocoma Colmbia, comaprincipalfinalidadedejulgardentrodosEstadosUnidosostraficantescolom-bianosqueatentavamcontraaeconomianorte-americana.Era evi-dentementeoutramedidadirigidacontraacocana,j queaColm-biaseconverteranoprincipalcentrodeprocessamento,masaomes-mo tempopreparavaterrenoparao futuro discurso.Discursoqueno incio dadcadaresponsabilizariaos imigrantesilegaispelo as-pectoeconmicodasdrogas.

    58

    _____ e.-:""'- -

    NA DCADA DE OITENTA

    AquivaleriarecordaraspalavrasdeRONALDJ. CAFFEY, chefe1111 1982daSeodeInvestigaosobreaCocanadoDEA, quan-dlldi.ldarouo seguinte:

    "As investigaesdoDEA indicamqueumaproporosigni-I'kllIlvadostraficantesdecocanacolombianosqueoperamnosEs-IlIllosUnidosconstitudadeimigrantesilegais.O quedistinguees-li'gl'UPO degeraesanterioresdeimigrantesilegaisqueestespos-""I'1I'l enormesrecursoSemdinheiroeportantoviajamsemproble-"IIIS portodoopasrealizandoatividadesclandestinas.Em virtudelli.lstainfiltraosoexportadasparaosEstadosUnidos outras/or-"t((Sdeatividadecriminosaepotencialmentesubversiva,oquerepre-Ml'l\taumagraveameaa nossasegurananacional...A cocanaes-iI'L estabelecendoumanovapoltica...Otrficodecocanarepresen-t liumgravedanomoralelideranadascomunidadespolticas,di,)negciOsedejustiapenaldentrodosEstadosUnidos...Mas,almdnameaaSadepblica,o trficodecocanaestextraindodos'IstadosUnidos 30bilhesdedlaresanualmente"11.

    Palavrasqueevidentementeratificamo queestamosassinalan-dosobreascaractersticasdonovodiscursodadroga,masquetam-bmvodandolugarcriao,porrazesaparentementeeconmi-;aS,doesteretipocriminosolatino-americano,produtonoapenasdo discursojurdicO,mastambmdo discursodosmeiosdecomu-nicao,senoslembrarmosdesuagrandedifusoemprogramasdet clevisocomo"Miami Vice",noqualostraficantesdecocanasosemprelatino-americanos,mascommaiorfreqnciacolombianos.

    No de seestranharqueatrsdesteesteretipocriminosoI(ltino-americano,eemparticularcolombiano,seocultetambmumproblemadeeconomiadomsticanorte-americana,senoslembrar-mosquesedirige fundamentalmentea colombianosqueresidemnoSEstadosUnidos - imigrantesilegaiscomoos qualificouCAF-IIEYnacitaoanterior.Como oscolombianossoomaiorcontin-entedeimigrantesdaAmricaLatina no pas12, seriainteressante

    verqueconexoexisteentreestedadoeacriaodoesteretipo.Lem-bremosoqueaconteceucomoschineseseopio no incio doscu-lo,oucomosmexicanoseamaconhanosanostrinta,paracitarape-nasdoiscasosdecriaodeesteretiposquandoestesgrupOSsecon-verteramemforadetrabalhoameaadoraemmomentosdecrise59

  • I~'

    !,~

    f

    II

    ROSA DEL OLMO

    econmica.Hoje, oscolombianossoacusadosderesponsveispelotrficodecocanaparaosEstadosUnidos, conhecidoscomo "CocaineCowboys",ocultandodestemodoo cartertransnacionaldonegciodacocananomundocontemporneo.Oculta-sepor razespolticasaparticipaodoscubanosexiladosemMiami na distribuio;aintervenoneo-nazistanaBolvia quefacilitousuaindus-trializao,assimcomoacolaboraodeumasriedemembrosdasForas Armadas do Continente, e os numerosospilotos norte-americanosdetidosao buscaremacocanaempasesprodutores13E tambma denunciada"conexo"da famlia Duvalierno Haiti,que facilitoua proteoaos contrabandistasdesde1980.

    Pouco depoisdeassumira presidncia,emmarode 1981,opresidenteReaganseocupoudoproblemadasdrogas,assinalando:"O usoindevidodedrogasumdosnossosmaioresproblemas.Senoagirmos,correremoso riscodeperdergrandepartedetodaumagerao".

    Umadasprimeirasmedidasparacontra-atacaroproblemaeco-nmicoforamasinvestigaesinter-agnciascomoabem-sucedidaOperaoGreenbackdosDepartamentosdoTesouroedaJustiaem1981,paradesmontarasoperaesirregularesdosbancosedos fi-nanciadoresintermedirios.Por suavez,secriouo CentroparaApli-caraLeiFinanceiraqueprocessariaainformaoprovenientedaope-rao.

    Por outrolado,nessemesmoanoopresidenteReaganassinouumaemendaaoPosseCommitatusAct paraaajudamilitar,deapli-caoda lei departedeforascivis,e foi ditadaaordemexecutivan? 12.333,queautorizao ServiodeInformaesdosEstadosUni-dos a recolherdadossobreo trficodedrogasno exterior,pois jseconsideravaque"astentativasdediminuiro usoindevidodasdro-gasdentrodosEstadosUnidos deviamsercombatidasno exteriorcom aajudadosEstadosUnidos"14.Iniciava-seaguerracontraasdrogasdo presidenteREAGAN.

    Guerraqueestariadirigidafundamentalmentecontraacoca-na,sebemqueoDepartamentodeEstado,atravsdeJOHN R. THO-MAS,aqualificassede"guerracontraasdrogasinternacionais".Jem 1982o presidentelanasuaestratgiafederalcontraasdrogas,destinadaa cobrir cinco aspectos:60

    NA ,DCADA DE OITENTA

    I. A cooperaointernacional A aplicaoda lei A educaoeapreveno

    4. A desintoxicaoe o tratamento A investigao

    Para issocriaria a infra-estruturanecessria.Em janeiro de1"H2. porexemplo,criouo CabinetCouncilonLegalPolicy,paradi-II~II',emnveldeGabinete,todasasiniciativas;emmosdo vice-1"l.lH.ldenteGeorgeBush,criouo SouthFlorida TaskForce, iniciati-VII l;ontraproblemascriminososno Estadoda Flrida, incluindooIolllrabandodedrogase asatividadesfinanceirasilegais.

    Em outubro REAGAN anunciou seuplano nacional de oitoPOlltOS paracombatero crimeorganizado,eportantoo trficodedwgas,queconstavadosseguintesaspectos:1)estabelecimentodedm:cequipesdetrabalho(TaskForces)paraaaplicaodalei con-i1II o crimeorganizadoemlugares-chavedopas;2)criaodaCo-missoPresidencialsobreCrimeOrganizadoparaestudaro proble-IlIll;3)reformasnaadministraodejustiaemcadaEstado;4)cen-f I'IlllzaodetodososorganismosencarregadosdaAplicaodalei110 l1mbitofederalemumcomitemnveldegoverno,presididope-le) ProcuradorGeral;5)criaoemGlunco,Ga., deum CentroNa-donalparao 1TeinamentonaAplicaodaLei, ligadoaosDeparta-IIlcntosdeJustia edoTesouro;6)novaofensivalegislativaparare-formarasleis;7) apresentaodeum MemorandoAnual do Pro-;uradorGeralsobreosavanosnalutacontrao crimeorganizado;H) destinaodemilhesdedlaressprisesparaevitarquesere-pilaoerrodelibertarcriminososperigosospormotivodeanistiacar-lcrria.

    No anoseguinte,emmarode1983,opresidenteReagancriou()NationalNarcoticsBorderlnterdictionSystem(NNBIS), presidi-do pelovice-presidenteBush,paracoordenarasoperaesdecon-fisconasfronteirasdosEstadosUnidos.Destaforma,foi implemen-j adoumprogramadecontroledaregiodoCaribecomacolabora-i'lodoDEA, daAlfndegadosEstadosUnidos,daguarda-costeira,:o apoiotcnicodasForasArmadas.Apresenta-seporsuavez,em1983,noCongresso,aleiComprehensiveCrimeControlAct, quecon-

    61

    II 'li

  • ~l\

    IIV

    f

    f

    !"

    i

    ROSA DEL OLMO

    tmnovasmedidasparacombatero trficodedrogaseo crimeor-ganizado.

    reconstitudoo SelectCommitteeon NarcoticsAbuse andControl, queenviaemagostoumamissodeestudoaoMxico,Pe-ru, Bolvia, Colmbia eJamaica. E aprovadaaEmendaGilman-Hawkinsparasuspenderaajudaeconmicaaospasesquenocoo-peramcomoprogramaantidrogasdosEstadosUnidos,comoqualseaumentaacooperaointernacionalaosprogramasdecontrole,deacordocomum dosobjetivosbsicosda novaestratgia:inter-nacionalizarocontroledasdrogas.Todaumasriedeoperaesserealizarianestesentido.Por exemplo,aOperaoPezEspada,no SuldaFlrida, a OperaoTrampa,no Caribe,em1982,ea OperaoPadrino contraacocanaem1983,naColmbiaeMxicoentreou-tros.

    Por issoCLYDETAYWR,entovice-secretriodeEstadoad-junto paraassuntosdenarcticosinternacionais- hoje embaixa-dor no Paraguai- assinalou:

    "O crescimentodacooperaointernacionalnosprogramasdecontroledenarcticos,especialmenteno hemisfrioocidental,foium dosgrandesacontecimentosde 1983"15.

    O queratificadopor CARLIDN TURNER,assessorespecialdopresidenteparanormasdepolticacontradrogas,quedisse:

    "O anode1983foi significativonalutacontraasdrogas:ospa-sesestocomeandoa reconhecerquetmum problemaequenosetratadeum problemaapenasdosEstadosUnidos" 16.

    Apesardeosmaioresesforossedirigiremaoexterior,no pla-nodomsticotambmeraprecisotomarmedidas.Nessemesmoanofoi criado umprogramadetelevisodirigido aosadultoscomo t-tulo "The ChemicalPeople";eparaascrianasforameditadastrsmilhesderevistasemquadrinhosdirigidasaalunosdo quartoaosextograus,queapresentavamostraficanteseconsumidorescomoinimigos,easdrogascomo perigosasecausadorasdemorte.