a concepção comunicativa de bourdieu

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  • 8/18/2019 A Concepção Comunicativa de Bourdieu

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE

    CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO - CAC

    DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO – DCOM

    GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

    Bárbara Vieira

    Felipe Soares de Souza

    Heitor Barros Nery da Silva

    Julie Marques

    Luiza Ribeiro de Lima

    Viní ius Maran!"o Marques de M#lo

    A CONCEPÇÃO COMUNICATIVA DE BOURDIEU

    RECIFE – PE

    2014

    UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO - UFPE

  • 8/18/2019 A Concepção Comunicativa de Bourdieu

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    CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO - CAC

    DEPARTAMENTO DE COMUNICAÇÃO – DCOM

    GRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO

    Bárbara J$lia Vieira

    Felipe Soares de Souza

    Heitor Barros Nery da Silva

    Julie Marques

    Luiza Ribeiro de Lima

    Viní ius Maran!"o Marques de M#lo

    A CONCEPÇÃO COMUNICATIVA DE BOURDIEU

    %rabal!o apresentado ao &ro'( Heitor Ro !aomo parte de requisito para a avalia)"o da

    dis iplina de %eoria da *omuni a)"o do urso deJornalismo da +niversidade Federal de&ernambu o , +F&-(

    RECIFE- PE

    2014

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    INTRODUÇÃO

    &ierre Bourdieu desenvolveu estudos sobre diversas áreas do ampo so iol./i o0

    e1planando on eitos que ne essitavam serem eviden iados na ontemporaneidade( 23 poder simb.li o4 # uma de suas obras mais on eituadas0 pois in orpora on ep)5es

    arre/adas de ideolo/ias para se analisar so iolo/i amente o mundo de !o6e0 em suasmais intrínse as rela)5es om a políti a e om o ampo dos la)os sub6etivos ulturaisentre seres !umanos e a vida em so iedade( 2Sobre a %elevis"o4 # um ensaio sobre arealidade do 6ornalismo e da omuni a)"o midiáti a7 uma introdu)"o ao mundo dasrela)5es de poder0 in'orma)"o e om#r io dentro da es'era televisiva e0 por onse/uinte0

    do universo 6ornalísti o(

    -ste trabal!o tem o intuito de resumir al/umas ara terísti as abordadas emal/uns dos apítulos dos livros antes itados de &ierre Bourdieu0 pois s"o ideias quedevem ser entendidas da mel!or maneira0 6á que e1primem uma 'orma de interpreta)"odo mundo em que vivemos em seu 8mbito0 prin ipalmente0 políti o elaborada por umdos maiores estudiosos ontempor8neos da omuni a)"o(

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    Sobr o !o" r #$%b&'$(o

    -m 23 poder simb.li o40 no primeiro apítulo0 2Sobre o poder simb.li o40Bourdieu pro ura e1planar o on eito de poder simb.li o e de que maneira ele #e1er ido em nossa so iedade0 mostrando omo a/em os me anismos de manipula)"o daordem so ial dentro das estruturas de poder( 3 so i.lo/o dei1a laro a sub6etividade

    ontida no estudo do poder simb.li o0 pois nosso universo de re'erentes nem semprenos permite 'a ilmente on iliar nossa realidade om al/o t"o implí ito a nossos ol!os0mesmo que sendo al/o t"o presente0 ta itamente0 em nossa vida políti a e apolíti a

    omo as rela)5es do poder simb.li o(

    23 poder simb.li o #0 om e'eito0 esse poder invisível o qual s. podeser e1er ido om a umpli idade daqueles que n"o querem saber quel!e est"o su6eitos ou mesmo que o e1er em(4 p( 9,: ;B3+R

    ?( 3s 2sistemas simb.li os4 ;arte0 reli/i"o0 lín/ua> omo estruturas estruturantes eomo estruturas estruturadas ;passíveis de uma análise estrutural>

    @dentrando o universo simb.li o0 Bourdieu revela que os 2sistemas simb.li os4a/em omo estruturas estruturantes0 rati'i ando a import8n ia da ultura na 'orma)"o doser A ou se6a0 o !omem # produto do meio em que vive A numa l./i aneokantiana que pre oniza a autonomia do on!e imento no pro esso de onstru)"o de ob6etos desentido0 se/uindo um pensamento positivista0 rea'irmado por

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    Primeira síntese

    *onsiderando as rela)5es dos 2sistemas simb.li os4 dentro da so iedade0Bourdieu a'irma que os símbolos s"o os instrumentos da 2inte/ra)"o so ial40 6á que eles

    onstroem s"o onstruídos por si/ni'i ados que 'undamentam a reprodu)"o da ordemso ial numa l./i a #ti a e moral( 3conformismo lógico 0 'ruto de uma ordem

    gnoseológica ;quando apenas se vD o sentido imediato do mundo e se tem umaon ep)"o !omo/Dnea das oisas>0 'az parte da manuten)"o do poder simb.li o0 e

    /arante seu 'un ionamento(

    E( @s produ)5es simb.li as omo instrumentos de domina)"o

    -m so iedade o on!e imento dos 2sistemas simb.li os4 s"o aproveitados pelalasse dominante para e1er er poder sobre as lasses menos abastadas as produ)5es

    simb.li as tornam,se instrumentos de domina)"o( Fe !ando,se simboli amente em seuuniverso so ial a lasse dominante se distan ia das outras lasses para que seu ampo deinte/ra)"o so ial n"o se6a a'etado0 le/itimando uma inte/ra)"o 'i tí ia dentro de uma

    realidade manipulada por interesses parti ulares( Há uma oer)"o simbol./i a de poder moral e l./i o sobre os dominados0 que n"o a on!e em0 por#m que # re orrentementedis utida entre os dominantes # o que Geber !ama de 2domesti a)"o dos dominados4e dessa maneira o poder simb.li o # e1er itado e 'ortale ido nas so iedades!ierárqui as(

    Segunda síntese

    @ omuni a)"o # laramente uma /randiosa 'erramenta do poder simb.li o0 pois# por ela que se dá a onstata)"o e a le/itima)"o dos prete1tos de violDn ia simb.li aem meio so ial(

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    2@ lasse dominante # o lu/ar de uma luta pela !ierarquia dos prin ípios de !ierarquiza)"o as 'ra)5es dominantes0 u6o poder assenta no apital e onImi o0 tDm em vista impor a le/itimidade dasua domina)"o quer por meio da pr.pria produ)"o simb.li a0 quer por

    interm#dio dos ide.lo/os onservadores os quais s. verdadeiramenteservem os interesses dos dominantes por a r#s imo0 amea)andosempre desviar em seu proveito o poder de de'ini)"o do mundo so ialque detDm por dele/a)"o7 a 'ra)"o dominada ;letrados ou2intele tuais4 e 2artistas40 se/undo a #po a> tende sempre a olo ar o

    apital espe í'i o a que ela deve a sua posi)"o0 no topo da !ierarquiados prin ípios de !ierarquiza)"o(4 p( ?E ;B3+R

    ( 3s sistemas ideol./i os que os espe ialistas produzem para a luta pelomonop.lio da produ)"o ideol./i a le/ítima A e por meio dessa luta ,0 sendoinstrumentos de domina)"o estruturantes pois que est"o estruturados0 reproduzem sob a'orma irre on!e ível0 por interm#dio da !omolo/ia entre o ampo de produ)"oideol./i a e o ampo das lasses so iais0 a estrutura do ampo das lasses so iais

    3s espe ialistas s"os os prin ipais propulsores da determina)"o de um onsensosimb.li o0 por#m o pro esso de onstru)"o simb.li a A violDn ia simb.li a A tamb#m #

    ondi ionado por n"o,espe ialistas que de'endem interesses pessoais0 os quais possuemerto distan iamento dos interesses de lasse( Bourdieu a redita que re on!e er esse

    distan iamento # uma 'erramenta para identi'i ar os interesses de uma tentativa indiretade omuni a)"o simboli amente violenta(

    3s sistemas de lassi'i a)"o e as estruturas mentais propa/ados pela lassedominadora n"o s"o simplesmente a eitos pela lasse dominada0 # pre iso que a

    lin/ua/em usada se6a reditada omumente0 que se a redite nesta lin/ua/em queont#m os símbolos riados para a imposi)"o0 a repress"o e a opress"o para que o poder

    simb.li o se6a determinadamente sentido0 por isso deve,se re on!e er a import8n iados meios de omuni a)"o e do universo en i lop#di o A da lin/ua/em omoinstitui)"o A na interven)"o0 ou n"o0 da imposi)"o do poder(

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    A $" )*$"+" + r !r # )*+, o

    Se/undo &ierre Bourdieu0 submeter os instrumentos de uso nas iDn ias a umaríti a epistemol./i a ;baseada na sua ori/em e utiliza)"o> en ontra sentido no on eito

    de re/i"o( +m /rupo omposto por espe ialistas de diversas áreas0 omo etn.lo/os0!istoriadores0 e onomistas e so i.lo/os0 'ez um estudo de aso0 orientados a 'im deapreender a ori/em do on eito de re/i"o e as representa)5es a ela atreladas0 bem omodes rever os pro essos nos quais e por meio dos quais esse on eito de re/i"o # produzido(

    3utro aspe to que Bourdieu salienta nessa ideia de re/i"o # o ob6eto ou se6a0tomar por ob6eto os instrumentos de onstru)"o do ob6eto0 'azer a !ist.ria so ial das

    ate/orias de pensamento do mundo so ial( @l/uns poderiam ver isso omo uma 'ormade desvio da inten)"o ientí'i a0 mas # possível ar/umentar ontra estes que a ertezaem nome da qual eles privile/iam o on!e imento da realidade em rela)"o ao

    on!e imento dos instrumentos de on!e imento nun a # t"o pou o 'undamentadaomo no aso de uma realidade que0 sendo em primeiro lu/ar a representa)"o0 depende

    t"o pro'undamente do on!e imento e do re on!e imento(

    @ re/i"o # um ob6eto de lutas simb.li as dentro das iDn ias !umanas/e./ra'os0 !istoriadores0 etn.lo/os0 e onomistas e so i.lo/os aspiram de'inir o termole/itimamente( &or e1emplo enquanto os /e./ra'os se limitam ao que pode ser vistonas re/i5es0 atrav#s da análise do espa)o e seu onte$do0 priorizando as rela)5esinternas das re/i5es0 os e onomistas se prendem ao que n"o # visto0 omo a naturezados 'lu1os e import8n ia quantitativa deles0 a entuando a interdependDn ia entrere/i5es( 3s /e./ra'os onsideram o meio natural e seus 'enImenos 'ísi os0 e ose onomistas introduzem a quest"o do usto omo instrumento de análise parti ular(

    Bourdieu analisa que a rela)"o no meio ientí'i o entre essas duas aborda/ensientí'i as ;/eo/ra'ia e e onomia> de re/i"o tem suas raízes na rela)"o so ial e1istente

    entre as duas dis iplinas e seus representantes0 uma vez que os /e./ra'os se situam na!ierarquia so ial abai1o dos e onomistas e tamb#m a aborda/em /eo/rá'i a se en ontra2dominada4 pela aborda/em e onImi a( 3 e onomista atribui K /eo/ra'ia suas

    qualidades e limites0 omo o 'ato de ser on reta0 e assim o /e./ra'o re on!e e seu2lu/ar4 ao isolar,se em seu on eito de re/i"o0 abrindo espa)o Ks iDn ias mais

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    2ambi iosas40 omo a e onomia e a so iolo/ia( @pesar da aborda/em do /e./ra'o ser anterior K do e onomista0 ele a eita as limita)5es que o e onomista atribui K /eo/ra'ia0

    omo o internalismo0 determinismo0 e se ontenta om o espa)o edido pelas dis iplinasmenos on retas e mais 2ambi iosas4 para o seu on eito de re/i"o0 se submetendo aos prin ípios de domina)"o que produzem sua pr.pria identidade(

    -le observa tamb#m que essa luta pela autoridade ientí'i a n"o # t"o autInomaquanto pare e0 pois a 2re/i"o4 era monop.lio dos /e./ra'os e s. se tornou um ob6eto deinteresse para os e onomistas sob a in'luDn ia de 'atores al#m dessas áreas de

    on!e imento0 omo ontratos de pesquisa e momentos da políti a /overnamental( @ partir daí os /e./ra'os adotaram estrat#/ias de lutas simb.li as0 e pode,se observar a

    mod#stia estatutariamente atribuída K pro'iss"o pelo ar/umento de que os e onomistas2apli aram K realidade re/ional a sua aptid"o espe í'i a de /eneraliza)"o4( 3s /e./ra'osne/am a 2mistura4 de suas tradi)5es ientí'i as om as tradi)5es dos e onomistas0 eapesar disso pare er uma de'esa do on eito /eo/rá'i o0 na verdade mostra que ade'ini)"o dominante ;dos e onomistas0 de que a /eo/ra'ia tem suas limita)5es0analisando apenas o real0 o visível> 'oi a eita0 e o isolamento se estabele e(

    @ssim0 Bourdieu de'ende que o ob6eto da iDn ia e a on orrDn ia pelo

    monop.lio da divis"o le/ítima tamb#m perten em ao domínio da iDn ia0 ou se6a0tamb#m est"o no ampo ientí'i o e em ada um dos envolvidos0 mesmo que estes n"ose6am ons ientes disso( 'undamental nas iDn ias so iais0 que e1i/em lassi'i ar para

    on!e er0 in luir em sua pesquisa da verdade das lassi'i a)5es o on!e imento daverdade dos seus pr.prios atos de lassi'i a)"o0 para que assim se ompreenda o problema de lassi'i a)5es so iais e se on!e)a tudo o que # produto de atos de

    lassi'i a)"o( 3u se6a0 uma atitude ríti a epistemol./i a deve ser tomada0 em que n"o

    se pode dispensar uma análise da rela)"o entre a l./i a da iDn ia e a l./i a da práti a(@o inv#s disso !á uma preo upa)"o em submeter K ríti a l./i a os ate/oremas dosenso omum0 substituindo os prin ípios práti os do 6uízo otidiano pelos rit#rioslo/i amente ontrolados e empiri amente 'undamentados da iDn ia0 o que /era

    on'us"o nos debates a er a da no)"o de re/i"o0 assim omo nos de etnia e etni idade(*onsequentemente # esque ido que as lassi'i a)5es práti as est"o sempre subordinadasa 'un)5es práti as e orientadas para a produ)"o de e'eitos so iais(

    @ pro ura de rit#rios ob6etivos de identidade 2re/ional4 ou 2#tni a4 n"o deve'azer esque er que0 na práti a so ial0 estes rit#rios ;lín/ua0 dialeto0 sotaque> s"o ob6eto

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    de representa)5es mentais0 de on!e imento e re on!e imento0 em que os a/entesinvestem os seus interesses e os seus pressupostos0 e de representa)5es ob6etais0 em

    oisas ;emblemas0 bandeiras0 insí/nias0 et (> ou atos0 estrat#/ias interessadas demanipula)"o simb.li a om o ob6etivo de determinar a representa)"o mental que osoutros podem ter destas propriedades e dos seus portadores(

    @s lutas a respeito da identidade #tni a ou re/ional s"o a respeito de propriedades ;esti/mas ou emblemas> li/adas K ori/em atrav#s do lu/ar de ori/em e dossinais duradouros que l!es s"o relativos0 omo o sotaque( S"o um aso parti ular daslutas de lassi'i a)5es0 lutas pelo monop.lio de 'azer ver e 'azer rer0 dar a on!e er e'azer re on!e er0 de impor a de'ini)"o le/ítima das divis5es do mundo so ial e0 assim0

    de 'azer e de des'azer /rupos( 3 que está em 6o/o # o poder de impor uma vis"o domundo so ial atrav#s dos prin ípios de di,vis"o que0 quando se imp5em ao on6unto do/rupo0 realizam o sentido e o onsenso sobre o sentido e prin ipalmente sobre aidentidade e a unidade desse /rupo(

    -mile Benveniste aponta a etimolo/ia da palavra re/i"o ;re/io> para o prin ípioda di,vis"o0 ato de dia risis que introduz por de reto uma des ontinuidade de is.ria na

    ontinuidade natural( Re/ere 'ines0 o ato que onsiste em separar o interior do e1terior0

    o reino do sa/rado do reino do pro'ano0 o territ.rio na ional do territ.rio estran/eiro 0 #um ato reli/ioso realizado pela autoridade maior0 tamb#m en arre/ada de 'i1ar as re/rasque trazem K e1istDn ia aquilo por elas pres rito0 omo o pr.prio 'ato de 'alar a elas

    om autoridade(

    @ re/io e suas 'ines ;'ronteiras> s"o o que restou do ato de autoridade queir uns reveu o territ.rio e impIs a de'ini)"o le/ítima0 on!e ida e re on!e ida0 das

    'ronteiras e do territ.rio7 ou se6a0 o prin ípio de di,vis"o le/ítima do mundo so ial( -ste

    ato de direito que a'irma0 om autoridade0 uma verdade om 'or)a de lei # um ato deon!e imento0 que omo todo poder simb.li o está 'irmado no re on!e imento que

    produz a e1istDn ia daquilo que enun ia(

    3 au tor0 mesmo quando s. diz om autoridade aquilo que #0 mesmo quandoapenas enun ia o ser0 6á produz uma mudan)a no ser ao 'alar as oisas om autoridade0K vista de todos e em nome de todos0 publi amente e o'i ialmente0 ele onsa/ra,as0'azendo om que elas e1istam omo di/nas de e1istir0 on'ormes K natureza das oisas0

    naturais (

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    Mas n"o # possível a'irmar que e1istem rit#rios que a'irmar lassi'i a)5esnaturais 0 pois a 'ronteira # apenas o produto de uma divis"o atribuída a partir de

    elementos reunidos na realidade0 om semel!an)as mais ou menos numerosas e mais oumenos 'ortes e sempre dis utíveis0 pois as re/i5es delimitadas em 'un)"o de di'erentes

    rit#rios nun a oin idem per'eitamente( @ realidade nesse aso # so ial e at# aslassi'i a)5es mais naturais baseiam,se em ara terísti as produzidas por uma

    imposi)"o arbitrária7 portanto0 de um estado anterior da rela)"o de 'or)as no ampo daslutas pela delimita)"o le/ítima( 3 dis urso ientí'i o tamb#m pode0 ao se es'or)ar por ob6etivar as lutas de lassi'i a)"o0 'un ionar na realidade das lutas de lassi'i a)"o

    omo um dis urso de onsa/ra)"o dito por uma autoridade que autoriza(

    @ 'ronteira0 produto de um ato de delimita)"o0 produz a di'eren)a ultural domesmo modo que # produto desta( 3 que 'az a re/i"o n"o # o espa)o mas sim a !ist.ria0e at# as paisa/ens e solos s"o produtos !ist.ri os de determinantes so iais0 omo por e1emplo a ontribui)"o dos 'atores so iais para os pro essos de deserti'i a)"o(

    Bourdieu0 a partir dessa análise prova que a iDn ia que quiser propor osrit#rios mais bem ali er)ados na realidade n"o deve esque er que se limita a re/istrar

    apenas um estado da luta das lassi'i a)5es0 portanto um estado da rela)"o de 'or)as

    materiais ou simb.li as entre os que tem interesse num ou noutro modo delassi'i a)"o0 e que assim omo a iDn ia invo am a autoridade ientí'i a para

    'undamentarem na realidade e na raz"o a divis"o arbitrária que querem impor(

    3 dis urso re/ionalista # per'ormativo0 bus a impor omo le/ítima uma novade'ini)"o de 'ronteiras e dar a on!e er e 'azer re on!e er a re/i"o assim delimitada edes on!e ida ontra a de'ini)"o dominante0 re on!e ida e le/ítima0 que a i/nora( @

    ate/oriza)"o0 quando onse/ue 'azer,se re on!e er ou # realizada por uma autoridade0

    e1er e poder por si(

    &or e1emplo no aso da 3 e8nia0 u6os !abitantes s"o !amados o e8ni os esua lín/ua ;que sequer e1iste0 pois s"o vários dialetos> o e8ni a0 pretende,se que esta

    re/i"o e1ista0 i/norando as di'eren)as entre os povos( 3 re/ionalismo se levantaontra essa norma $ni a que tenta trazer K e1istDn ia a oisa nomeada0 no aso uma

    na)"o o e8ni a que s. e1iste no papel( 3 dis urso per'ormativo que imp5e uma novavis"o a uma nova divis"o do mundo so ial se realizaria apenas se aquele que orealizasse tivesse a autoridade para 'azD,lo a e'i á ia # propor ional K autoridade

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    daquele que o enun ia( @l#m disso0 o e'eito de on!e imento que o 'ato da ob6etiva)"ono dis urso e1er e está 'undamentado do /rau em que o dis urso0 que anun ia ao /rupoa sua identidade0 # pertinente para os perten entes do /rupo onsiderando as propriedades que eles tem em omum( 3 que 'az o /rupo e1istir # impor a ele prin ípiosde vis"o e de divis"o omuns0 ou se6a0 uma vis"o $ni a da sua identidade e sua unidade(

    @ identidade s. pode ser per ebida e e1istir pelo re on!e imento dos outros0 enas lutas pela identidade a dial#ti a da mani'esta)"o tem um lu/ar determinante0 assim

    omo os mani'estos tem import8n ia 'undamental em ertos movimentos artísti os( @s palavras tem um /rande poder nesses movimentos por onta do e'eito da o'i ializa)"oda nomea)"o p$bli a K vista de todos( atrav#s dessa mani'esta)"o0 a o'i ializa)"o0 que

    o /rupo i/norado se torna visível para os outros /rupos e para ele pr.prio0 atestando suae1istDn ia omo /rupo on!e ido e re on!e ido que aspira K institu ionaliza)"o(

    ne essário in luir na iDn ia a ne essidade de ir al#m de operar entre arepresenta)"o e a realidade0 pela ne essidade de in luir no real a representa)"o do realou0 mais e1atamente0 a luta das representa)5es( N"o # ne essário optar entre aarbitra/em ob6etivista0 que mede as representa)5es pela 2realidade40 esque endo queelas o orrem na realidade0 e entre o empen!amento sub6etivista0 que privile/ia a e'i á ia

    pr.pria da evo a)"o e o que ela representa7 este # um dilema que divide a iDn ia eimpede que se apreenda a l./i a espe í'i a do mundo so ial0 essa realidade que # olu/ar de uma luta permanente para de'inir a realidade ( ne essário apreender aomesmo tempo o que # instituído0 sem esque er que se trata somente da resultante0 numdado momento0 da luta para 'azer e1istir ou ine1istir o que e1iste0 e as representa)5es0enun iados per'ormativos que pretendem que a onte)a aquilo que enun iam( -studar aomesmo tempo as estruturas ob6etivas e a rela)"o om essas estruturas0 a ome)ar pela

    pretens"o a trans'ormá,las0 # um meio de e1pli ar mel!or a realidade e assimompreender as poten ialidades que ela en erra ou o'ere e Ks di'erentes pretens5es

    sub6etivistas(

    3 e'eito simb.li o pelo dis urso ientí'i o # onsa/rar um estado das divis5es eda vis"o das divis5es0 e # inevitável na medida em que os rit#rios ob6etivos s"outilizados omo armas nas lutas simb.li as pelo on!e imento e re on!e imento elesdesi/nam as ara terísti as em que pode 'irmar a a)"o simb.li a que promove a

    'orma)"o de unidade real ou a ren)a na unidade que tende a /erar a unidade real(Resumindo0 os veredi tos mais neutros da iDn ia ontribuem para modi'i ar o ob6eto

    11

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    da iDn ia0 e lo/o que a quest"o re/ional # ob6etivamente posta na realidade so ial0qualquer enun iado sobre a re/i"o 'un iona omo um ar/umento que ontribui;propor ionalmente ao seu re on!e imento> para 'avore er ou des'avore er o a esso dare/i"o ao re on!e imento0 e assim K sua e1istDn ia(

    -ssas mitolo/ias ienti'i as podem produzir sua pr.pria veri'i a)"o aoonse/uirem se impor K ren)a oletiva e riar as ondi)5es de sua pr.pria realiza)"o(uando os ientistas se limitam a suas áreas de estudo0 eles retomam K sua pr.pria onta

    a representa)"o dos a/entes0 re orrendo a um dis urso que n"o ompreende o 6o/o emque se produz esta representa)"o e a ren)a que a 'undamenta(

    -m resumo0 # om a ondi)"o de e1or izar o son!o da iDn ia r#/ia de

    ompreender asos atrav#s da /eneraliza)"o ao inv#s de propriedades espe í'i as0 eassim de retar a uni"o e a separa)"o0 que a iDn ia pode ele/er omo ob6eto o pr.prio 6o/o em que se disputa o poder de re/er 'ronteiras0 que tamb#m # o poder sobre a vis"odo mundo(

    @inda sobre a quest"o da re/i"o0 Bourdieu a'irma que o na ionalismo oure/ionalismo # apenas um aso parti ular das lutas propriamente simb.li as em que osa/entes est"o envolvidos quer individualmente e dispersos0 quer oletivamente eor/anizados0 e o que está em 6o/o # a onserva)"o ou trans'orma)"o das leis de'orma)"o de pre)os materiais e simb.li os das rela)5es simb.li as e suas vanta/ens

    orrelatas ;e onImi as ou simb.li as>( uer dizer0 # o valor da pessoa enquantoreduzida K sua identidade so ial que está em 6o/o( 3 que e1pli a toda a 'or)amobilizadora das oisas rela ionadas K identidade # que os /rupos investem nas lutas de

    lassi'i a)"o a ideia que eles tDm deles mesmos0 todo o seu ser espe ial(

    uando os oprimidos pelas 'or)as simb.li as entram na luta em estado isolado0omo a onte e nas intera)5es do otidiano0 por e1emplo0 eles n"o tDm outra es ol!a0

    sen"o a a eita)"o ;resi/nada ou provo ante0 submissa ou revoltada> da de'ini)"odominante da sua identidade ou da bus a da assimila)"o que sup5e um trabal!o om 'itode 'azer desapare er todos os sinais que 'a)am lembrar o esti/ma ;roupa0 sotaque et > eque vise0 por meio da dissimula)"o0 propor a ima/em de si o menos a'astada possível daidentidade le/ítima( %al pro esso de assimila)"o dos me anismos de domina)"o see'etiva por meio da dissimula)"o ou do embuste das estrat#/ias da violDn ia simb.li a0

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    ombater os e'eitos da domina)"o que est"o implí itos na uni'i a)"o do mer ado de bens ulturais e simb.li os0 desde que uma ate/oria de produtores este6a em ondi)5esde impor as suas pr.prias maneiras de per ep)"o e apre ia)"o(

    3 mer ado dos bens simb.li os tem suas leis0 di'erente das leis da omuni a)"oentre os su6eitos( @ tendDn ia para a partil!a das na)5es ompreende,se se observar quequalquer uni'i a)"o0 que assimile aquilo que # di'erente0 en erra o prin ípio dadomina)"o de uma identidade sobre a outra e da ne/a)"o de uma sobre a outra( - esse2di'erente4 tem que ser re on!e ido le/itimamente omo di'erente0 ou se6a0 a e1istDn iareal da identidade sup5e a possibilidade0 6urídi a e politi amente /arantida0 de a'irmar o'i ialmente a di'eren)a( &ortanto0 # ne essário quebrar om o e onomismo que o reduz

    o re/ionalismo K pai1"o ou a patolo/ia0 uma vez que n"o re on!e e a ontribui)"o dadaK onstru)"o do real pela representa)"o que os a/entes tDm do real e0 por onse/uinte0n"o ompreende a real ontribui)"o que a trans'orma)"o oletiva dá K trans'orma)"o darealidade(

    *om o al an e mundial da e onomia0 que poderia ter a6udado a 'azer om que ona ionalismo desapare esse0 o amin!o poderia ser livre K l./i a da di'eren ia)"osimb.li a0 riando ondi)5es para um possível separatismo quase sem limites

    e onImi os( 3 rit#rio do taman!o do territ.rio a que al/uns te.ri os se re'eriam;mar1istas0 prin ipalmente> para determinarem os 2-stados viáveis40 ou se6a0 aqueles

    apazes de o'ere er um mer ado e1tenso e diversi'i ado e0 tamb#m0 apazes de se prote/erem ontra a/ress5es e1teriores( %al rit#rio perde /rande parte de suasi/ni'i a)"o desde que se /eneralize a dependDn ia dos -stados em rela)"o K e onomiainterna ional e empresas multina ionais0 na medida em que o equilíbrio das 'or)asentre as /randes potDn ias militares tende a asse/urar uma prote)"o de 'ato aos

    pequenos países(@ nova dimens"o de trabal!o n"o s. ondena os pequenos -stados omo

    tamb#m se a omoda a elas que s"o in apazes de impor onstran/imento aos apitaisestran/eiros ;!á /an!o ao ederem sua dependDn ia a apitais estran/eiros>( &or#m0 aomesmo tempo0 a redistribui)"o no espa)o e a mudan)a do lo al do poder tendem aestimular a revolta ontra o -stado(

    &rin ípios deveriam ser determinados se/undo os quais as di'erentes ate/oriasde a/entes0 ativa ou passivamente0 envolvidos nas lutas re/ionais se distribuem ontra

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    ou a 'avor do poder lo al( 3s intele tuais desempen!am um papel determinante notrabal!o simb.li o que # ne essário para ontrariar as 'or)as tendentes K uni'i a)"o domer ado de bens ulturais e simb.li os e os e'eitos da i/nor8n ia por elas impostos aosde'ensores das lín/uas e ulturas do lo al( %udo isso pare e indi ar que o empen!o pelore/ional0 na ional et 'orne e aos detentores de um apital simb.li o e ultural um meiode obterem um rendimento mais elevado deste apital investindo,o num mer ado maisrestrito0 om a on orrDn ia mais 'ra a( No aso oposto0 se/undo uma l./i a que seobserva no on6unto da lasse dominante e0 em parti ular0 entre os diri/entes daind$stria0 os a/entes ativamente envolvidos na luta pare em tanto mais voltados para otransre/ional quanto mais li/ado está ao poder entral0 na ional ou interna ional o seu

    apital e onImi o e ultural(

    A r !r # )*+, o !o'.*$(+/ ' % )*o# !+r+ %+ * or$+ "o (+%!o !o'.*$(o

    @s ondi)5es ulturais e so iais 'azem parte da omposi)"o da estrutura políti a(

    Nela0 os idad"os tDm pou a parti ipa)"o0 restando a eles ademissão pela abstenção ouo desapossamento pela delegação ( @ ausa da voz quase inaudível politi amente # 'rutodo des'avore imento e onImi o e políti o a que a massa # submetida0 que # estruturadoa partir da divis"o de trabal!o políti o(

    @ divis"o do trabal!o políti o denomina profanos ;massa in ompetente0 oua/entes politi amente passivos> e profissionais ;a/entes politi amente ativos>( -ntreeles !á uma /rande dist8n ia0 e essa divis"o pode ser onsiderada um aspe to inerente K

    natureza !umana a ne essidade de !e'e nas massas( @í está ompreendida a divis"oentre a massa apáti a e o !e'e que a /uia0 de a ordo om sua sede de poder( 3 que está

    ompreendido in lusive na quest"o 'ilos.'i a !umana da bus a por al/o maior0lideran)a que dD sentido a e or/anize as a)5es(

    -ssa in'luDn ia das ondi)5es e1ternas n"o pode ser i/norada no 'azer da análise políti a0 para que n"o se naturalize a separa)"o entre a/entes politi amente ativos ea/entes politi amente passivos0 e para que n"o se onsolide omo lei oer itiva0

    re/ularidade !ist.ri a(

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    o que a onte e na so iedade brasileira0 por e1emplo0 quando se 'ala emdireitos políti os para minorias( @ quest"o se torna deli ada e polDmi a0 mas n"o # umasitua)"o isolada( 3 pre on eito # onstruído !istori amente e se le/itima na so iedade(-ssa situa)"o tamb#m # onsequDn ia dessa mesma divis"o de quem possui oinstrumento de representa)"o0 pois a políti a # /rande arma para se instituir ou ontrolar esse pre on eito( - # essa massa minoritária a mais pre6udi ada pela 'alta derepresentatividade(

    @ vida políti a pode ser des rita omo sendo re/ida por leis de o'erta e pro ura(@ 'alta de distribui)"o que /era a on orrDn ia entre seus detentores ;pro'issionais> # ados instrumentos para a produ)"o de uma representatividade políti a( 3s idad"os

    omuns ;pro'anos> s"o onsiderados os onsumidores que v"o es ol!er qualrepresenta)"o v"o omprar ;muitas vezes0 en/anosamente>(

    Bourdieu diz que essa divis"o mandantes e mandatários # rati'i ada pelaon entra)"o de apital políti o para um pequeno /rupo privile/iado( - a pou a

    disponibilidade de instrumentos para parti ipa)"o ativa na políti a0 por sua vez0 'az omque os indivíduos ompreendam e e1pressem seu 'azer políti o de 'orma di'erente unsdos outros( uanto maior 'or o a esso aos instrumentos de ompreens"o e e1press"o0 e aqualidade deles0 maior # a possibilidade de se questionar essa on entra)"o( - sendo o

    ontrole do a esso aos instrumentos políti os ontrolados pelo 'azer políti o de quemdet#m apital ultural0 pode,se dizer que o ampo políti o e1er e ensura sobre o que

    ada /rupo pensa0 limitando o pensar sobre o que # políti a0 de'inindo os dis ursos dos pro'anos(

    &ara ele0 a inten)"o s. se torna ob6etiva quando !á uma institu ionaliza)"o daa)"o( &ortanto0 no 'azer políti o0 a inten)"o políti a s. toma orpo se se/uir a uma s#riede t# ni as de'inidas pelo ampo políti o( - o ampo políti o0 portanto0 essa

    le/itima)"o das a)5es políti as0 # de'inido monopoli amente pelos profissionais 0 e ent"oas 'ormas de per ep)"o e e1press"o est"o de'inidas e limitadas( @ o'erta de produtos políti os está de'inida por um monop.lio0 e os profanos s"o t"o in apazes de produzir a)5es políti as que se veem ondenados K 'idelidade aos pou os produtos disponíveis0 oque asse/ura a l./i a ensitária0 indireta( @s alternativas da massa s"o0 na verdade0 ou ademissão 0 absten)"o da vida políti a0 desinteresse0 ou a entre/a de si ao partido0'ielmente( @ absten)"o da vida políti a tem raiz no sentimento deimpotência 0 tanto em

    rela)"o Ks a)5es em s#rie que a políti a prop5e0 quanto a impotDn ia diante dosaparel!os políti os A o que dá mar/em ao peri/oso apolitismo(

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    Bourdieu 'az uma análise do partido omo or/aniza)"o permanente eresponsável por /arantir a ontinuidade das lasses( No aso das lasses dominantes0 o partido serve omo or/aniza)"o que bus a /arantir poder atrav#s de ades"o ante ipada e/lobal( -nt"o0 os dominados0 que s"o os eleitores0 adeptos aos pro/ramas de pensamentos e a)5es do partido0 perdem todo o ontrole de sua vida políti a( 3 partidotem liberdade0 propor ionada por seu monop.lio0 e pode in lusive tornar os interessesdo mandatário onver/irem om os interesses do mandante( =nteressante que se observeque0 nessa l./i a0 # o mandatário quem possui em si o instrumento de produ)"o dosinteresses políti os( 3 mandante ontrola esse instrumento para que ele onvir6a omseu pr.prio interesse0 pois ele possui a devida ompetDn ia políti a para ontrolar amassa0 de a ordo om sua privile/iada on entra)"o dos meios de produ)"o políti os(

    &ierre Bourdieu a'irma que ohabitus políti o presume umcorpus que #adquirido atrav#s da aprendiza/em sobre a área ;o que # 'a ilmente adquirido por quem# detentor do apital ultural>( um ampo de produ)"o ideol./i a( -m es olas de*iDn ias &olíti as0 a aborda/em # ra ional0 para aumentar seu aráter práti o0 ou ent"o para le/itimá,la omo iDn ia em nome apenas do saber0 n"o se levando em

    onsidera)"o o interesse de lasse nesse ampo( interessante observar um e1emplo do so i.lo/o quando ele 'ala do debate

    políti o na televis"o nele0 duas autoridades0 profissionais 0 tem a voz0 enquanto os profanos s"o apenas espe tadores de uma 2 on'ronta)"o teatralizada e ritualizada entredois ampe5es4( a ara teriza)"o per'eita dos detentores do monop.lio do produto políti o on orrendo entre si0 omo as o'ertas de es ol!a para os idad"os0 que aderem aseu partido e se 'idelizam a ele0 ou se 'rustra e se abst#m da es ol!a0 apoliti amente( No 6o/o ideol./i o0 a mídia # a mais utilizada para onsolida)"o de opini5es0 ao mesmotempo em que # atrav#s dela que se pode observar seus e'eitos(

    Nesse 6o/o duplo0 a disputa se ara teriza basi amente na bus a pelo ontroledos poderes p$bli os0 atrav#s da orrente da onserva)"o ou da trans'orma)"o do meioso ial0 das divis5es estabele idas( 3s partidos tentam atrair pra si as pessoas que seidenti'i am om a vis"o do mundo so ial deles para onse/uir assumir a posi)"o de poder(

    %al qual o teatro0 o ampo políti o se mostra atrav#s dessa disputa entresímbolos0 entre representantes dos idad"os( @ pr.pria disputa # uma representa)"o0 e

    ela se dá representativamente por ausas tamb#m representadas0 # a 'orma sublimada da

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    luta de lasses( @ rela)"o de on orrDn ia # dissimulada0 assim omo a rela)"o!armIni a entre representantes e representados(

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    2@ssim0 a pr.pria ambi/Oidade da luta políti a0 esse ombate por PideiasQ e PideaisQ que # ao mesmo tempo um ombate por poderes e0quer se queira ou n"o0 por privil#/ios0 está na ori/em da ontradi)"oque obsidia todos os empreendimentos políti os ordenados om vista K

    subvers"o da ordem estabele ida todas as ne essidades que pesamsobre o mundo so ial on orrem para 'azer om que a 'un)"o demobiliza)"o0 que ne essita da l./i a me 8ni a do aparel!o0 tenda a pre eder a 'un)"o de e1press"o e representa)"o0 que todas as ideolo/ias pro'issionais dos !omens de aparel!o reivindi am ;a do Pintele tualor/8ni oQ omo a do partido PparteiroQ da lasse> e que s. pode ser realmente asse/urada pela l./i a dial#ti a do ampo(4 p( E E

    Sobr + * ' $# o3

    Prólogo e Sobre a estrutura invisível -m 2Sobre a televis"o40 &ierre Bourdieu realiza uma análise sobre as in'luDn ias

    que a televis"o realiza em quase todos os ampos so iais ; ultura0 iDn ia0 'iloso'ia edireito0 por e1emplo>( -ssa in'luDn ia # um resultado direto das /uerras de audiDn iaentre os vários anais de televis"o( -stes anais0 em bus a de uma maior audiDn ia0utilizam0 prin ipalmente em seus pro/ramas 6ornalísti os0 estrat#/ias que desa'iam ademo ra ia0 valorizando dis ursos na ionalistas e at# mesmo 1en.'obos0 em bus a deatrair mais telespe tadores e0 onsequentemente0 ter mais poder sobre a popula)"o(

    - # 6ustamente no 6ornalismo que Bourdieu pro ura se detal!ar nessa obra( -le

    observa0 dentro do ampo 6ornalísti o0 a e1istDn ia de uma estrutura invisível0 tanto paraos telespe tadores quanto para os pr.prios 6ornalistas0 mas que pode ser sentida atrav#sde al/uns aspe tos das emissoras de televis"o0 omo as 'atias de mer ado atin/idas0 oseu peso em rela)"o aos anun iantes e o prestí/io de sua equipe de pro'issionais( -ssaestrutura invisível /era um ampo de 'or)a entre as diversas emissoras de televis"o0a arretando em um domínio por parte de uma emissora em rela)"o Ks outras( 3 domíniode uma emissora # o que estabele e as estrat#/ias desta para tentar onservar esse poder(

    6ustamente na on orrDn ia pelo poder entre as diversas emissoras que sur/emal/uns aspe tos do 6ornalismo0 omo o 'uro0 as notí ias e1 lusivas e a reputa)"o de

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    ertos pro'issionais na imprensa( -ssa reputa)"o0 por#m0 # basi amente determinada por sua posi)"o dentro de um determinado veí ulo e pelo peso que este veí ulo tem emrela)"o aos demais( *omo um e1emplo0 os 6ornalistas que atuaram em 6ornais !o6e emdia tDm um prestí/io menor do que os 6ornalistas dos mesmos 6ornais na d# ada de 0 pelo 'ato do veí ulo 6ornal ter perdido sua in'luDn ia para o veí ulo televis"o( Muitasvezes0 as notí ias divul/adas nos 6ornais s. /an!am destaque quando s"o noti iadas nos pro/ramas de televis"o(

    &or ter um al an e maior em rela)"o aos outros veí ulos0 a televis"o toma umas#rie de estrat#/ias para evitar que essa in'orma)"o se6a apreendida de uma 'orma!omo/Dnea0 que n"o ause divis5es entre a popula)"o( &or isso0 muitos dos 'atosnoti iados nos 6ornais da televis"o s"o apenas !amativos0 mas que n"o realizam um'orte onte$do ríti o sobre o 'ato( &or isso # omum observar a presen)a de mat#riassobre o lima0 sobre atástro'es0 se6am elas naturais ou !umanas0 e sobre esportes0 al#m0

    laro0 das notí ias sensa ionalistas( S"o mat#rias que atraem audiDn ia0 moldadas paraatrair o p$bli o0 e que a abam tornando este p$bli o despolitizado e on'ormado emrela)"o aos reais problemas do mundo( -spe ialistas0 que poderiam ser uma alternativana bus a por in'orma)5es mais relevantes a 'orma)"o do pensamento ríti o de um p$bli o0 n"o tDm a mesmo poder de di'us"o da in'orma)"o que os 6ornalistas( - # desse

    poder de di'us"o que os 6ornalistas se bene'i iam0 podendo divul/ar suas ideias eopini5es0 al#m de ensurar as in'orma)5es que n"o l!e interessam(

    &or onta de sua obsess"o om a obten)"o de índi es de audiDn ia0 o 6ornalismoa aba se tornando um ampo e1tremamente dependente das demandas e e1pe tativas do p$bli o em /eral( -ssa bus a por mais 'atias de mer ado0 re/ida prin ipalmente por 'atores e onImi os0 'az om que o 6ornalismo in'luen ie os outros ampos ulturais(-stes se tornam ada vez mais semel!antes ao 6ornalismo limitados Ks demandas do

    p$bli o e ada vez mais dependentes do omer ial(&ara Bourdieu0 a abar om essa obsess"o pelos índi es de audiDn ia seria a

    mel!or solu)"o para trans'ormar o 6ornalismo em uma 'erramenta demo ráti a0 'un)"oque ele teria ondi)"o de umprir( *om produ)5es um pou o mais intele tuais0 os pro/ramas 6ornalísti os poderiam se tornar verdadeiros 'ormadores de opini"o( @l#mdisso0 sem ter a audiDn ia omo prin ipal ob6etivo0 o 6ornalismo0 e onsequentementetodos os ampos ulturais0 se tornaria menos dependente dos aspe tos omer iais0 e

    diminuir a press"o que o mer ado realiza sobre o p$bli o(

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    A influência do Jornalismo

    Nesse te1to0 Bourdieu pro ura se apro'undar na análise da in'luDn ia dosme anismos do ampo 6ornalísti o em outros ampos de produ)"o ultural(

    &ara o autor0 o ampo 6ornalísti o imp5e sobre os di'erentes ampos de produ)"o ultural um on6unto de e'eitos que est"o li/ados0 em sua 'orma e sua e'i á ia0K sua estrutura pr.pria0 isto #0 K distribui)"o dos di'erentes 6ornais e 6ornalistas se/undosua autonomia om rela)"o Ks 'or)as e1ternas0 Ks do mer ado dos leitores e Ks domer ado de anun iantes ;p(? E>( 3 Trau de autonomia de um veí ulo # medido peladependDn ia 'inan eira do meio para om os anun iantes e ou o -stado( Já a autonomiade um 6ornalista parti ular depende dos se/uintes 'atores0 na se/uinte ordem deimport8n ia?, Trau de on entra)"o da imprensa ;menos empre/adores0 maior inse/uran)a>E, &osi ionamento do 6ornal ;mais intele tual ou omer ial >

    , Sua posi)"o no veí ulo ; ar/o salário>, *apa idade de produ)"o autInoma de in'orma)"o

    @l#m do aspe to 'inan eiro0 e1iste uma rela)"o de dependDn ia dos veí ulos em

    rela)"o Ks 'ontes de in'orma)"o0 espe ialmente das 'ontes o'i iais0 o que podein'luen iar na manipula)"o de notí ias(

    Algumas propriedades do campo jornalístico

    Bourdieu ita o ampo 6ornalísti o omo um lu/ar de oposi)"o entre duasl./i as e dois prin ípios de le/itima)"o ;p(? U>( -nquanto os !amados intele tuais bus am o re on!e imento pelos pares os omer iais preo upam,se primeiramente

    om o índi e de audiDn ia e0 onsequentemente0 om o aumento de re eita(+m das ara terísti as do ampo 6ornalísti o # a bus a pelo 'uro0 que a aba0

    dentro do mer ado0 'un ionando omo uma prova de e'i iDn ia de determinado .r/"ode imprensa( %al práti a a aba ausando um e'eito de vi/il8n ia m$tua dos meios0di'i ultando a autonomia0 pois todos ontinuam a se/uir o 'uro e a notí ia do momento0o que o autor !ama de uni'ormidade da o'erta ( @l#m disso0 a on orrDn ia pela prioridade e pelo ineditismo da notí ia0 olo a a velo idade em primeiro plano0

    'avore endo uma esp# ie de amn#sia permanente que # o avesso ne/ativo da e1alta)"o

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    da novidade e tamb#m uma propens"o a 6ul/ar os produtores e os produtos se/undo aoposi)"o do novo e do ultrapassado ;p(? :>(

    s efeitos da intrusão

    @o des rever os e'eitos da intrus"o0 Bourdieu mais uma vez ita as press5es domer ado sobre os produtos ulturais e olo a os índi es de audiDn ia omo ausadoresde uma erta le/itimidade demo ráti a K l./i a omer ial0 ou se6a0 o su esso deaudiDn ia # su'i iente para le/itimar o produto(

    &ara Bourdieu0 os prin ipais responsáveis pela in'luDn ia do ampo 6ornalísti osobre outros ampos de produ)"o de ultura0 e vi e,versa0 s"o os produtores ulturaisque transitam entre os ampos( Se/undo o autor0 os intele tuais,6ornalistas podeme1er er dois e'eitos de um lado0 'azer adotar novas 'ormas de produ)"o ultural7 deoutro lado0 imp5e0 prin ipalmente atrav#s de ríti as0 prin ípios de avalia)"o das produ)5es ulturais0 re'or)ando padr5es do mer ado e a tendDn ia K simpli'i a)"o do

    onte$do e K es ol!a de produtos om maior poten ial de rentabilidade(*omo maneira para en'rentar a amea)a dos índi es de audiDn ia ontra a

    autonomia do ampo0 o autor indi a duas estrat#/ias,mar ar 'irmemente os limites do ampo e tentar restaurar as 'ronteiras amea)adas pela

    intrus"o do modo de pensamento e de a)"o 6ornalísti o,sair da torre de mar'im ;o mundo intele tual a adDmi o> e servir,se de todos os meiosdisponíveis0 nos ampos espe ializados ou 'ora0 e no interior do pr.prio ampo 6ornalísti o0 para tentar impor no e1terior as ontribui)5es e as onquistas possibilitadas pela autonomia(

    Posf!cio

    No pos'á io intitulado 3 6ornalismo e a políti a ;n"o presente na edi)"oori/inal>0 &ierre Bourdieu pro ura responder aos ríti os do livro Sobre a %elevis"o0tentando es lare er suas ideias( &ara ele0 um 'ator responsável para o sur/imento de taisrea)5es violentas dos 6ornalistas # uma erta tendDn ia destes pro'issionais a 'azer 6ul/amentos baseados nas on lus5es0 i/norando o amin!o per orrido at# elas( Neste

    aso0 por se tratar da trans ri)"o de dois pro/ramas de televis"o0 ertos re ursos daonversa 'alada s"o i/norados no que o autor !ama de e'eito de trans ri)"o (

    No de orrer do te1to0 Bourdieu re'or)a outros pontos dis utidos omo avaloriza)"o do 'uro e suas onsequDn ias( @o in entivar a o onsumo rápido de

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    in'orma)"o0 tal práti a a aba in'luen iando tamb#m políti os a investirem em pro6etosa urto prazo om e'eitos de an$n io0 em detrimento das a)5es sem e'eitosimediatamente visíveis ;p(? >( @ssuntos importantes que s"o tratados om pou a pro'undidade a abam banalizados e s"o esque idos antes de ausar um e'eito dere'le1"o nos re eptores das mensa/ens(

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    CONSIDERAÇ ES FINAIS

    Realizar um trabal!o sobre a on ep)"o omuni ativa de &ierre Bourdieu nos permitiu lan)ar outro ol!ar sobre a pr.pria omuni a)"o e on!e er um pou o da obrade um dos maiores so i.lo/os ontempor8neos( @ análise 'eita por Bourdieu em 23 poder simb.li o4 mostra omo ertos me anismos podem0 atrav#s do ato omuni ativo0 perpetuar rela)5es de poder pela violDn ia simb.li a0 e nem sempre per ebemos essese'eitos pois o on eito na práti a tamb#m # implí ito( &ara mostrar isso0 o so i.lo/oe1p5e estudos de aso quanto ao on eito de re/i"o e K quest"o da representatividade políti a e desenvolve re'le15es sobre paradi/mas ientí'i os e teorias no ampo políti o(

    -stas nos permitiram distin/uir mel!or al/umas tradi)5es ientí'i as e omo elas'un ionam0 pois Bourdieu en'atiza que nem a aborda/em ob6etiva ; omo doestruturalismo> nem a sub6etiva ;em que a a)"o do su6eito se sobrep5e Ks estruturas de poder> podem ompreender mais ompletamente a realidade7 # ne essário que a iDn ia

    onsidere tamb#m a a)"o do su6eito na manuten)"o das estruturas de poder( -m 2Sobrea televis"o4 # realizada uma ríti a sobre o papel dos meios de omuni a)"o em massa0e re on!e emos no te1to al/umas quest5es que n.s mesmos 'azíamos quanto ao papel

    do 6ornalista e da import8n ia da in'orma)"o( &ensar no 6ornalismo dentro de ummer ado e on!e er a estrutura e 'un ionamento da imprensa pode ter quebradoal/umas e1pe tativas0 mas tamb#m nos possibilitou um ol!ar mais ríti o que poderáquestionar al/umas 2verdades4 midiáti as no 'uturo(

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    REFER5NCIAS BIBLIOGRAFICAS

    B3+R