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DÉBORA BICUDO DE FARIA SCHÜTZER
VIVÊNCIAS EMOCIONAIS DE MULHERES OBESAS COM VARIAÇÃO ADEQUADA DE PESO DURANTE A
GESTAÇÃO: UM ESTUDO CLÍNICO QUALITATIVO
EMOTIONAL EXPERIENCES OF OBESE WOMEN WITH ADEQUATE WEIGHT VARIATION DURING
PREGNANCY: A CLINICAL QUALITATIVE STUDY
CAMPINAS 2014
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Faculdade de Ciências Médicas
DÉBORA BICUDO DE FARIA SCHÜTZER
VIVÊNCIAS EMOCIONAIS DE MULHERES OBESAS COM VARIAÇÃO ADEQUADA DE PESO DURANTE A GESTAÇÃO:
UM ESTUDO CLÍNICO-QUALITATIVO
ORIENTADOR: PROF. DR. EGBERTO RIBEIRO TURATO
COORIENTADORA: PROFA. DRA. FERNANDA GARANHANI DE CASTRO SURITA
EMOTIONAL EXPERIENCES OF OBESE WOMEN WITH ADEQUATE WEIGHT VARIATION DURING PREGNANCY:
A CLINICAL QUALITATIVE STUDY
Dissertação de Mestrado apresentada à Pós-Graduação em Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, para obtenção de Título de Mestra em Ciências da Saúde, área de concentração em Saúde Materna e Perinatal. Master’s dissertation presented to the Obstetrics and Gynecology Graduate Program of the School of Medical Sciences, University of Campinas, to obtain the MSc grade in Health Science, in the Concentration Area of Maternal and Perinatal Health.
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA DÉBORA BICUDO DE FARIA E ORIENTADA PEL0 Prof. Dr. EGBERTO RIBEIRO TURATO.
Assinatura do Orientador
Campinas
2014
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Ficha catalográfica
Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas Maristella Soares dos Santos - CRB 8/8402
Schützer, Débora Bicudo de Faria, 1983-
F225v
Vivências emocionais de mulheres obesas com variação adequada de peso durante a gestação: um estudo clínico-qualitativo / Débora Bicudo de Faria Schützer. -- Campinas, SP: [s.n.], 2014.
Orientador: Egberto Ribeiro Turato. Coorientador : Fernanda Garanhani de Castro Surita. Dissertação (Mestrado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas.
1. Obesidade. 2. Gravidez. 3. Pesquisa qualitativa. 4. Revisão sistemática de literatura. 5. Psicologia. I. Turato, Egberto Ribeiro,1954-. II. Surita, Fernanda Garanhani de Castro,1964-. III. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. IV. Título.
Informações para Biblioteca Digital
Título em outro idioma: Emotional experiences of obese women with adequate weight variation during pregnancy: a clinical qualitative study
Palavras-chave em inglês:
Obesity
Pregnancy
Qualitative research
Systematic review
Psychology
Área de concentração: Saúde Materna e Perinatal
Titulação: Mestra em Ciências da Saúde
Banca examinadora:
Egberto Ribeiro Turato [Orientador]
Maria Yolanda Makuch
Tania Maria José Aiello Vaisberg
Data de defesa: 20-08-2014
Programa de Pós-Graduação: Tocoginecologia
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Dedico este trabalho...
Aos meus pais, Almir e Janice, que me ensinaram a ter curiosidade e admiração por tudo o que é humano. E ao meu irmão Tiago.
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Agradecimentos
Ao meu orientador, Egberto Ribeiro Turato, por despertar em mim o interesse em fazer
ciência através da pesquisa-clínico-qualitativa, aos ensinamentos e apoio durante todo
o mestrado e por ser uma pessoa sensível, com disponibilidade e paciência para
ensinar em qualquer situação.
À minha coorientadora Fernanda Surita pelo seu carisma, dedicação, acolhimento e
ensinamentos sobre o viver e o saber da ginecologia e obstetrícia.
Ao Rudolf por me trazer tranquilidade e carinho em todos os momentos. Por
compreender minhas ausências e ansiedades durante nosso namoro, noivado e
casamento concomitantes ao mestrado.
À Lia pela amizade, incentivo e por não medir esforços para me ajudar nesse percurso
acadêmico.
À minha família e amigos pelo apoio e cuidado constantes. Em especial aos meus
sogros, Klaus e Darlene, pela generosidade em doarem seus conhecimentos e tempo.
Aos colegas do Laboratório de Pesquisa Clínico-Qualitativa pelas discussões
fundamentais sobre o método clínico-qualitativo, por acompanharem interessadamente
cada etapa desta pesquisa e por compartilharem o desejo e os esforços em prol da
saúde emocional dos seres humanos. Em especial, agradeço à Dione Ribeiro pelo
carinho e incentivo no início deste percurso; à Carla Vieira pelo afeto e elaboração
conjunta de idéias e conceitos para cada etapa desta pesquisa; e à Vera Alves pelas
contribuições na elaboração do trabalho qualitativo.
Á banca da qualificação, Profa. Dra. Laura Nascimento e em especial ao amigo e Prof.
Dr. Ronis Magdaleno Junior, pelas contribuições enriquecedoras para este trabalho.
Às colegas do grupo de pesquisa do grupo de Saúde Reprodutiva e Hábitos Saudáveis
SARHAS. Em especial, à Simony Lira do Nascimento pela parceria nos estudos e
artigo.
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À Denise Barbosa pela prestatividade e colaboração na secretaria da pós-graduação
da Tocoginecologia.
Ao Bruno Medeiros e Mariana Lima pelos trabalhos de tradução para o inglês.
À FAPESP e à CAPES pelo apoio financeiro.
A toda equipe de profissionais do Ambulatório de Pré-Natal Especializado do CAISM
pela disponibilidade com que me receberam e não mediram esforços para viabilizar
todo o trabalho em campo.
A cada mulher que dedicou um tempo de sua vida para me conceder uma entrevista e
possibilitar que esta pesquisa fosse realizada.
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“Mesmo quando tudo parece desabar, cabe a mim decidir entre rir ou
chorar, ir ou ficar, desistir ou lutar; porque descobri, no caminho incerto
da vida, que o mais importante é o decidir.”
Cora Coralina
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Sumário
Símbolos, Siglas e Abreviaturas ................................................................... xv
Resumo ......................................................................................................... xvii
Summary ........................................................................................................ xix
1. Introdução ................................................................................................ 21
1.1. Questões introdutórias ...................................................................... 21
1.2. Obesidade ......................................................................................... 22
1.3. Tratamento da obesidade ................................................................. 24
1.4. Aspectos psicológicos da obesidade ................................................. 25
1.4.1. Obesidade e transtornos psiquiátricos .................................. 25
1.4.2. Obesidade e psicodinâmica .................................................. 26
1.4.3. Obesidade e fatores psicossociais ....................................... 28
1.5. Aspectos clínicos relacionados à obesidade na gestação ................ 29
1.6. Aspectos psicológicos relacionados à obesidade na gestação ......... 30
2. Objetivos .................................................................................................. 33
2.1. Objetivo Geral ................................................................................... 33
2.2. Objetivos específicos ........................................................................ 33
3. Sujeitos e Métodos .................................................................................. 35
3.1. Desenho do estudo ........................................................................... 35
3.2. Aculturação e características do campo de pesquisa ....................... 37
3.3. Composição da amostra ................................................................... 40
3.4. Interação com os sujeitos .................................................................. 43
3.5. Técnica para coleta de dados ........................................................... 44
3.6. Técnica de Tratamento e Análise de Dados ..................................... 45
3.7. Validação........................................................................................... 49
3.8. Cuidados Éticos ................................................................................ 51
4. Publicações .............................................................................................. 53
4.1. Artigo 1 .............................................................................................. 53
xiv
4.1.1. Carta de submissão .............................................................. 53
Psychological issues on obese pregnant woman: a systematic review .............................................................................................. 55
4.2. Artigo 2 .............................................................................................. 82
Experiências emocionais de mulheres obesas com variação adequada de peso durante a gestação: um estudo qualitativo .............. 83
5. Discussão ............................................................................................... 115
6. Conclusões ............................................................................................. 121
7. Referências Bibliográficas .................................................................... 123
8. Anexos .................................................................................................... 131
8.1. Anexo I – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido ................. 131
8.2. Anexo II – Modelo do Roteiro e Instrumento de Coleta de Dados - Abordagem Inicial ............................................................................ 134
8.3. Anexo III Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa ........................ 139
8.4. Aprovação da emenda para alteração do título da pesquisa ........... 141
xv
Símbolos, Siglas e Abreviaturas
BMI Body Mass Index
CAISM Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti - Centro de
Atenção Integral à Saúde da Mulher
CAPES Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CEP Comitê de Étoica em Pesquisa
CONEP Ética em Pesquisa – Conselho Nacional de Saúde
DTG Departamento de Tocoginecologia
FAPESP Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo
FCM Faculdade de Ciências Médicas
g grama (s)
IMC Índice de Massa Corporal
IOM Institute of Medicine
Kg Quilograma(s)
Kg/m² Quilograma(s) por metro quadrado
LPCQ Laboratório de Pesquisa Clínico-Qualitativa
OMS Organização Mundial da Saúde
PNE Pré-Natal Especializado
SUS Sistema Único de Saúde
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNICAMP Universidade Estadual de Campinas
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Resumo
Objetivo: Compreender as vivências emocionais relatadas por gestantes
obesas que tiveram variação adequada de peso durante o acompanhamento
pré-natal no Ambulatório de Pré-Natal Especializado do CAISM/UNICAMP.
Métodos: Para contextualização e compreensão do objeto de estudo, realizou-
se uma revisão sistemática de literatura em bases de dados. Foram acessadas
bases de dados e contempladas publicações entre janeiro/2003 até junho/2013,
que abordavam diretamente aspectos psicológicos na intervenção ou vivência
da gestante obesa. Foram incluídos 08 artigos nesta revisão, 03 de metodologia
qualitativa e 05 de metodologia quantitativa. Para a pesquisa de campo foi
utilizado o desenho clínico-qualitativo. A amostra de sujeitos foi intencional e
concluída pelo critério de saturação de informações com 13 mulheres Utilizou-
se a técnica de entrevista semidirigida de questões abertas. A técnica de
tratamento de dados incluiu: transcrição na íntegra das entrevistas, releituras
flutuantes para desvelar núcleos de sentidos das falas das entrevistadas,
categorização em tópicos para discussão e análise qualitativa de conteúdo.
Cuidados éticos foram tomados seguindo as normas preconizadas pelo
Conselho Nacional de Saúde. Resultados: A revisão sistemática indica que
aspectos emocionais como depressão, ansiedade e estresse estão associados
ao IMC na gestação; sendo que quanto maior o IMC, maiores os índices dos
aspectos psicológicos referidos. Os estudos qualitativos revisados indicam que
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a experiência da mulher obesa quando gestante envolve sentimentos em
relação ao estigma da obesidade, ao julgamento, sentimentos de humilhação e
críticas aos profissionais de saúde quanto aos preconceitos e falta de suporte à
mulher nessa situação. Da análise dos dados qualitativos emergiram quatro
categorias, sendo que três mostram um caminho de cuidado com o corpo que
as mulheres obesas percorreram durante a gestação: 1) O corpo começa a ser
pensado; 2) O desafio da dieta; 3) A relação com a equipe de saúde pré-natal.
E a quarta categoria que revela uma origem da motivação para a mudança: 4)
O potencializador das mudanças. Conclusão: A revisão sistemática de
literatura indica que há um numero relativamente pequeno de estudos que
consideram os aspectos psicológicos na gestação de uma mulher obesa. Existe
uma demanda psicológica destas de que a equipe de cuidado pré-natal as
vejam para além dos estigmas da obesidade e das questões gestacionais. A
pesquisa de campo aponta que a gestação é um momento oportuno para a
mulher entrar em maior contato consigo mesma e notar seus conflitos
emocionais. Através das transformações no corpo, a mulher pode iniciar um
processo mais refinado de autocuidado e vivência da unidade corpo-mente. O
medo da própria morte ou do bebê, ocasionada pelos riscos que a obesidade
oferece, demonstrou ser um grande potencializador de mudanças. A relação
com os profissionais da equipe de saúde exerce um papel importante no
suporte motivacional à gestante obesa.
Palavras-chave: Obesidade, Gravidez, Revisão Sistemática, Pesquisa
Qualitativa, adesão ao tratamento.
xix
Summary
Objective: To understand the emotional experiences reported by obese
pregnant women that had adequate variation in weight during the pre-natal
follow-up at the Pre Natal Care Outpatiet Clinic of the CAISM/UNICAMP.
Methods: For understanding and contextualization of the object of study, a
systematic review of the current literature was firstly done on databases about
the subject obesity in pregnancy in its psychological aspects. For the systematic
review in literature, databases and covered publications between January/2003
to June/2013 were accessed, which approached directly psychological aspects
in the intervention or experiences of obese pregnant women. Eight articles were
included in this review, 03 regarding qualitative methodology and 05 quantitative
methodology. For the field survey, the Clinical Qualitative Method was used. The
sample of subjects was intentional and completed by the criterion of information
saturation with 13 women, the technique of interview with open questions was
used. The interviews were conducted individually in the Prenatal Care outpatient
clinic of the CAISM/Unicamp. The technique of data included: full transcript of
the interviews, floating rereading to unveil cores of meanings from interviewees'
discourse, categorization in topics for discussion and qualitative analysis of
content. Ethical Care was taken following the standards recommended by the
National Health Council. Results: The systematic review indicates that emotional
aspects such as depression, anxiety and stress are associated with body mass
xx
index in pregnancy; being that the higher the BMI, the higher the rates of
referred psychological aspects. The qualitative studies reviewed indicate that the
experience of obese women when pregnant involves feelings in relation to the
stigma of obesity, judgement, feelings of humiliation and criticism to the health
professionals as to the prejudices and lack of support for women in this
situation. The analysis of the qualitative data in this research emerged from four
categories. Three of them show a path of caution with the body that obese
women have taken during the pregnancy: 1) The body begins to be thought; 2)
The challenge of the diet; 3) The relationship with the prenatal health team; and
the fourth category that reveals a source of motivation for changing: 4) Changes
enhancer. Conclusion: The pregnancy is an opportune moment for women to
come into greater contact with themselves and to notice their emotional
conflicts. Through the changes in the body, the woman can start a more refined
process of self-care and the experience of body-mind unit. The fear of death
itself or the baby´s, caused by risks that obesity offers, proved to be a great
enhancer effect of changes. The relationship with the professional health team
plays an important role in motivational support to pregnant obese women. The
team of obstetric health must understand and take good care of obese pregnant
women beyond the stigmas and the condition of pregnancy, in an integral way.
Keywords: Obesity, Pregnancy, Qualitative research, Systematic Review,
Psychology.
Introdução 21
1. Introdução
1.1. Questões introdutórias
A presente pesquisa tem como objeto de estudo mulheres obesas que
tiveram bom êxito na variação de peso durante a gestação e realizaram
seguimento pré-natal no Ambulatório Especializado do CAISM/UNICAMP. Foi
dado enfoque às vivências emocionais destas mulheres em relação ao sucesso
no controle de peso durante a gestação. O conhecimento sobre as
experiências, motivações, e o modo como estas mulheres se organizam
emocionalmente para terem êxito na variação de peso durante a gestação, é
ainda escasso.
Os resultados deste trabalho, composto também por uma revisão
sistemática de literatura, propõem-se a contribuir com novos conhecimentos no
que se refere à compreensão dos aspectos afetivos e psicológicos das
gestantes com obesidade, partindo do pressuposto que fornecendo elementos
para instrumentalizar os profissionais da saúde que prestam assistência pré-
natal, estes podem cuidar de forma mais adequada da gestante com obesidade
e oferecer condições que favoreçam sua adesão às preconizações do serviço
de saúde e, dessa forma, contribuir também para a saúde materna pós-
gestacional.
22 Introdução
Os esforços empregados neste estudo concentraram-se na complexidade
do diálogo interdisciplinar entre os saberes da psicologia/ psicologia médica e a
ginecologia e obstetrícia. Buscou-se considerar a obesidade uma morbidade
multifatorial, a partir de uma visão integral do ser humano, como um ser
biológico, social e psicológico.
Compondo a introdução teórica do presente estudo, apresenta-se, a
seguir, o conceito de obesidade e suas questões epidemiológicas, em seguida
os aspectos psicológicos da obesidade abrangendo fatores psiquiátricos,
psicodinâmicos e psicossociais. Na sequência consideram-se as questões
clínicas da obesidade na gestação e, por fim, são tratados os aspectos
psicológicos presentes durante a gestação de uma mulher obesa.
1.2. Obesidade
A obesidade é definida pela Organização Mundial da Saúde (1) como o
acúmulo anormal ou excessivo de gordura que pode trazer prejuízos à saúde.
Considerada um dos principais problemas de Saúde Pública da sociedade
contemporânea, sua prevalência vem aumentando sistematicamente ao longo
das últimas décadas, tanto em países desenvolvidos como em boa parte dos
países em desenvolvimento. A obesidade alcançou globalmente proporções
epidêmicas, com mais de 1,4 bilhão de adultos acima do peso, destes
aproximadamente 300 milhões são mulheres com obesidade (1). Em 2008, 65%
da população mundial viviam em países em que o excesso de peso e
obesidade matavam mais pessoas do que doenças relacionadas ao baixo peso.
Introdução 23
É considerada a quinta maior causa de morte em todo o mundo. O risco de
doenças cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de câncer e distúrbios
musculoesqueléticos aumentam com o aumento do IMC (1).
Uma forma de avaliar a obesidade é através do índice de massa corporal
(IMC). Quando o indivíduo apresenta o IMC igual ou maior que 30, ele é
considerado obeso. Define-se o IMC a partir do cálculo entre o peso de uma
pessoa, em quilos, dividido pelo quadrado da sua altura, em metros - kg/m2
(1,2).
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (3) indicam que o
excesso de peso e a obesidade entre as mulheres cresceram 50% nos últimos
30 anos no país. De acordo com a pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e
Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (4) do Ministério da
Saúde, 51% da população brasileira com mais de 18 anos estão acima do peso
ideal. Atualmente, 18% das mulheres brasileiras estão obesas.
Do ponto de vista médico, a obesidade reflete um desbalanceamento
entre o excesso de comida ingerida e o gasto energético do indivíduo (1, 5).
Entretanto, pesquisas recentes apontam também para a associação de
aspectos genéticos da obesidade (6,7).
A epidemia de obesidade tem exigido grandes esforços por parte dos
profissionais de saúde de todo o mundo na tentativa de encontrar tratamentos e
meios efetivos de controlar e tratar a questão. É consenso na literatura que a
etiologia da obesidade é bastante complexa e de caráter multifatorial (1,8).
24 Introdução
Envolve, portanto, fatores históricos, ecológicos, políticos, socioeconômicos,
psicossociais, biológicos e culturais (9,10). Entretanto, os estudos sobre
obesidade têm focado principalmente os aspectos biológicos relacionados ao
estilo de vida, mais especificamente no que diz respeito ao binômio dieta e
atividade física (1,8).
Ainda que haja consenso de que a vulnerabilidade à obesidade é
fortemente determinada pelos aspectos biológicos, sua associação a fatores
psicológicos são relevantes para o manejo clínico de indivíduos obesos (4).
1.3. Tratamento da obesidade
São inúmeros os estudos e tratamentos para a diminuição ou manutenção
do peso. O manejo clínico da obesidade é difícil, pois não se pode garantir o
emagrecimento e principalmente a manutenção da perda de peso para a
maioria dos grandes obesos (11, 12).
O tratamento da obesidade deve ter como objetivo principal a melhora do
bem-estar e da saúde metabólica do indivíduo, diminuindo assim os riscos de
doenças (11, 13).
O sucesso dos resultados dos tratamentos da obesidade está relacionado
a atingir um peso saudável e não necessariamente o peso ideal (12), levando-
se em consideração que pequenas perdas de peso podem produzir ganhos
significativos para a saúde do indivíduo.
Introdução 25
Dentre os tratamentos não cirúrgicos possíveis para a obesidade, estão:
tratamento dietético, tratamento psicoterapêutico, tratamento farmacológico e
atividade física. Em função do aumento da população de obesos e das
frustrações em relação aos tratamentos convencionais, observou-se um
aumento siginificativo de tratamentos cirúrgicos da obesidade (11, 12).
1.4. Aspectos psicológicos da obesidade
O corpo obeso pode conter inúmeros significados para o indivíduo. A
investigação dos comportamentos, aspectos psiquiátricos, psicodinâmicos e
psicossociais mostram-se relevantes na avaliação e tratamento da obesidade
(5).
1.4.1. Obesidade e transtornos psiquiátricos
A obesidade em si não é classificada como um transtorno psiquiátrico
(14), mas está relacionada a fatores psicológicos como o controle, a percepção
de si, a ansiedade e o desenvolvimento emocional (9). Quando se fala da
população geral de obesos há consenso atualmente de que não se pode
afirmar que ela é classificada para todos como uma manifestação somática,
relacionada necessariamente a um conflito psicológico (14).
Há evidências contundentes de que transtornos psiquiátricos são uma
preocupação maior em relação a indivíduos que procuram tratamento para a
obesidade, pois estes relatam mais históricos de psicopatologias (15).
Entretanto, existe uma discrepância entre amostras comunitárias e clínicas em
26 Introdução
estudos que avaliam condições psiquiátricas e obesidade, já que em estudos de
amostra comunitária os indivíduos obesos não apresentam mais psicopatologia
do que os de peso normal (4).
Além de buscar entender a relação da obesidade e transtornos
psiquiátricos em geral, muitos pesquisadores têm procurado avaliar se a
obesidade se constitui em um transtorno alimentar. Os indivíduos obesos de
fato comem mais do que os indivíduos de peso normal, mas a quantidade de
alimento ingerido é proporcional à sua maior massa corporal magra (16).
Entretanto, há estudos que indicam que alguns grupos de indivíduos obesos
possuem padrões anormais de alimentação, como aqueles com transtorno de
compulsão alimentar periódico e síndrome de comer noturno (4).
1.4.2. Obesidade e psicodinâmica
A obesidade é objeto de investigação de autores de abordagem
psicodinâmica, que estuda as forças psicológicas que agem sobre o
comportamento humano e consideram a interação das motivações conscientes
e inconscientes do indivíduo. Dentro desta perspectiva, a obesidade pode ser
vista como a expressão fenomenológica de uma determinada estrutura
psíquica, envolvendo uma complexa trama de dificuldades emocionais e de
interação com o meio, vivenciadas em fases precoces do desenvolvimento
humano (17).
Segundo Mahler (18), a imagem corporal da criança fundamenta-se em
suas experiências iniciais nos campos sensorial e motor, experimentados na
Introdução 27
sua relação com a mãe. A criança aprende e apreende o mundo intermediada
por essa relação. Winnicott (19) escreve que o processo de inter-relação entre
psique e soma constitui uma fase inicial e importante no desenvolvimento do
indivíduo, advindo da relação mãe-bebê, e que proporcionará ao bebê o
sentimento de ser, de existir. Falhas podem ocorrer em todo esse processo,
gerando diversos tipos de distúrbio, inclusive doenças psicossomáticas (20).
McDougall (21, 22) sugere que algumas dores mentais e conflitos
psíquicos são exteriorizados no proprio corpo e não se situam nas criações
psicóticas e nem nas elaborações neuróticas. A autora apresenta os fenômenos
somáticos como pertencentes a uma ordem pré-simbólica, advindas de
experiências psicológicas dolorosas, ansiogênicas, amedrontadoras no início da
vida e que por um momento não puderam dar origem a uma representação
mental.
Dentre os grupos de indivíduos obesos que apresentam compulsão
alimentar, a reflexão psicodinâmica a partir do conceito de adicção, postulado
por McDougall (22), se faz relevante. O termo adicção em sua etiologia está
ligado a um estado de escravidão. A autora afirma que os roteiros da adicção
são conhecidos por todos os indivíduos, na tendência que têm de fugir da dor
psíquica advinda das frustrações que marcam a vida de todo o ser humano
para paraísos substitutivos. Entretanto há aqueles que se utilizam de um objeto
(ser ou coisa) como elemento no qual descarregam tudo aquilo que lhes parece
demasiadamente dificil de assumirem como algo seu. Neste sentido procurarão
28 Introdução
compulsivamente objetos que podem servir como depósito de seus estados
mentais.
1.4.3. Obesidade e fatores psicossociais
Pessoas obesas geralmente são alvos de preconceito e discriminação
importantes nas diversas situações cotidianas, como: piadas, programas de
televisão, entre outras (14).
Diversos estudos descrevem atitudes e estereótipos negativos em relação
à obesidade por parte da população em geral, inclusive dos profissionais da
saúde. E que a percepção destes estigmas pelo paciente obeso faz com que
este sinta mais dificuldades em procurar ajuda adequada (14, 23, 24, 25).
Do ponto de vista psicossocial, as pessoas que vivem com obesidade
relatam dificuldade em agir para reverter o quadro, indicando que as
intervenções dos profissionais de saúde devem ser adaptadas para abordar
tanto as necessidades individuais como as da comunidade e garantir que os
estereótipos sociais sejam evitados (26).
O tratamento da obesidade deve envolver ações inter e multidisciplinares,
com abordagens que incluam além da farmacologia, a dieta, a atividade física, a
psicoterapia, intervenções cirúrgicas, entre outras. A falta de reconhecimento da
necessidade de envolvimento de outros profissionais no tratamento limita o seu
alcance. É importante considerar também as questões pessoais, familiares e
sociais para que o indivíduo obeso inicie e dê continuidade ao tratamento da
obesidade (27).
Introdução 29
1.5. Aspectos clínicos relacionados à obesidade na
gestação
Do ponto de vista médico a gestação, por si só, leva a mulher a um risco
gravídico que associado a outros fatores, como a obesidade, pode elevar o
risco de complicações tanto à gestante quanto ao concepto (28). Entre os
resultados obstétricos desfavoráveis relacionados à obesidade na gestação,
citam-se: diabetes gestacional, síndromes hipertensivas da gravidez, trabalho
de parto prolongado, parto cirúrgico, macrossomia, sofrimento fetal,
desproporção céfalo-pélvica, trauma, asfixia, morte perinatal e prematuridade,
feto grande para a idade gestacional (28,29). Comparadas às mulheres de peso
normal, as obesas têm maior risco de morte não apenas na vida adulta, mas
também no ciclo gravídico-puerperal (28). Segundo dados recentes, no Reino
Unido, 35% de todos os casos de morte materna eram de mulheres obesas,
comparados com 23% da população materna geral – um aumento dramático, se
comparado aos 16% de obesidade no relatório de mortalidade de 1993 (30).
As diretrizes atuais do IOM (31) incluem desde 2009 uma faixa específica
e relativamente estreita para ganho recomendado de peso em mulheres obesas
no período pré-gestacional. O IOM (31) considera obesidade na gestação
quando o índice de massa corporal (IMC) pré-gestacional é maior que 30kg/m2,
entretanto as suas diretrizes não oferecem recomendações específicas para
cada nível de obesidade. Contudo, estudo recente de Gavard & Artal (32)
comprovou que mulheres com ganho de peso durante a gravidez menor do que
a atual recomendação do IOM (31) tinham uma redução significativa do risco de
30 Introdução
ter um bebê grande para a idade gestacional. O Colégio Americano de
Obstetras e Ginecologistas (33) reconheceu recentemente que: '' Para uma
grávida obesa que ganhe menos peso do que o recomendado, mas tem um feto
crescendo adequadamente, não existe evidência de que incentivando o
aumento de ganho de peso para corresponder as diretrizes do IOM irá
melhorar os resultados materno ou fetal''.
1.6. Aspectos psicológicos relacionados à obesidade
na gestação
Resultados de estudos recentes demonstraram que aspectos emocionais
como depressão, ansiedade e estresse estão associados ao IMC no período da
gestação. Quanto maior o IMC pré-gravídico, maiores os índices dos aspectos
psicológicos referidos (34, 35, 36, 37). Os estudos também constataram que a
relação entre autoestima e IMC é inversamente proporcional, quanto maior o
IMC menor o índice de autoestima (35,36).
O conceito de lócus de controle é um importante aspecto a ser
considerado na gestação da mulher obesa, pois se refere à percepção do
indivíduo sobre as principais causas subjacentes aos eventos de sua vida,
podendo representar o quanto a pessoa acredita que ela tem o controle sobre
os eventos da própria vida (lócus interno) ou se ela considera que fatores
externos a controlam (lócus externo). Os resultados demonstram que há
associação entre o aumento do IMC e maiores escores de lócus externo,
evidenciado principalmente nas obesas mórbidas (35, 38,39).
Introdução 31
Em estudos qualitativos (23, 24, 25) são discutidas diversas categorias
que emergiram da análise da fala das sujeitas, a partir de suas experiências
com o corpo obeso, o controle de peso e a relação com profissionais da saúde.
Temas como o estigma da obesidade, o julgamento, a humilhação, inclusive
dos profissionais de saúde, destacaram-se nos resultados apresentados. Estes
estudos também revelaram a presença de emoções negativas, experiências
emocionais de desconforto e fatores psicológicos importantes que devem ser
percebidos e considerados pela equipe de saúde na tentativa de apoiar e
motivar a mulher nessa condição.
A gravidez é um momento de grandes mudanças físicas, psicológicas e
sociais na vida da mulher. A assistência pré-natal tem um papel importante nos
cuidados com a saúde materno-fetal, incluindo as necessidades emocionais. A
saúde física e emocional da mulher são aspectos inseparáveis neste momento
de vida (40). A gravidez é um dos maiores marcos no desenvolvimento da
personalidade da mulher, passando naturalmente por um período de reajustes e
reestruturações em muitas dimensões: mudança em sua identidade, novos
papéis sociais e conflitos internos e externos (41).
Para Smith e Lavender (42) a gravidez é um período ideal para a
intervenção de profissionais da saúde em relação à obesidade, pois: 1) as
mulheres estão muito próximas dos profissionais, realizando exames de rotina,
retornos frequentes e recebendo uma série de novas orientações; 2) durante a
gestação as mulheres podem perceber e aceitar melhor o seu peso do que
32 Introdução
quando não estavam grávidas e se conscientizar dos benefícios de ter um estilo
de vida mais saudável para si mesma e para seu futuro bebê.
Diante do exposto, conhecer os significados emocionais dados pelas
mulheres obesas em relação ao êxito na variação de peso durante a gestação
em um ambulatório de pré-natal especializado em um serviço de referência é
um caminho importante em direção à saúde materna e à atenção aos aspectos
psíquicos envolvidas na obesidade e adesão ao tratamento.
Objetivos 33
2. Objetivos
2.1. Objetivo Geral
Compreender as vivências emocionais relatadas por gestantes obesas
que tiveram variação adequada de peso no acompanhamento pré-natal no
Ambulatório de Pré-Natal Especializado do CAISM/UNICAMP.
2.2. Objetivos específicos
i. Discutir, através de uma revisão sistemática da literatura atual em
bases de dados, sobre o tema obesidade na gestação em seus
aspectos psicológicos para contextualização e compreensão do objeto
de estudo, considerando estudos de metodologia qualitativa e
quantitativa;
ii. Discutir as experiências emocionais das mulheres obesas relacionadas
à variação adequada de peso durante a gestação e os significados
psicológicos que as mesmas atribuem ao apoio dos profissionais da
equipe multidisciplinar de saúde.
34 Objetivos
Sujeitos e Métodos 35
3. Sujeitos e Métodos
3.1. Desenho do estudo
De acordo com o primeiro objetivo específico do presente estudo,
realizou-se uma revisão sistemática de literatura (43) registrada no International
Prospective Register of Systematic Rewiew (PROSPERO) sob o número
CRD42013004665 (44). Foram consultados o Centre for Reviews and
Dissemination (CRD) databases e o Cochrane database of Systematic Reviews
para verificar a possível existência de outras revisões na área, delimitar as
questões a serem respondidas pela revisão e os principais resultados
esperados. Como parte do trabalho de revisão da literatura foram acessadas as
bases de dados: PubMed/MEDLINE, Web of Science, SciELO e EMBASE,
utilizando três MeSHTerms (Medical Subject Headings): (“Obesity” and
“Pregnancy” and “Psy*” or “Psychology”). A busca foi adaptada através da
adoção de filtros de busca de acordo com os seguintes critérios: artigos
realizados com humanos, sexo feminino; adultas, publicados entre janeiro de
2003 até junho de 2013. Foram considerados estudos ou práticas que
abordavam diretamente aspectos psicológicos na intervenção ou vivência da
gestante obesa nos seguintes tipos de estudo: coorte prospectiva, corte
transversal, caso-controle, ensaio clínico e pesquisas qualitativas. Foram
excluídos aqueles que: não apresentavam originalidade; associavam a
obesidade a outra comorbidade; eram revisões bibliográficas ou falavam
36 Sujeitos e Métodos
diretamente do serviço pré-natal ou equipe de saúde. Os estudos incluídos
foram avaliados segundo os critérios indicados pelo CONSORT, RATS e
STROBE dependendo do desenho de estudo descrito em cada artigo.
Esta revisão não só atende ao primeiro objetivo específico da presente
pesquisa, como também serviu de base para a intrumentalização da
pesquisadora para a realização da pesquisa qualitativa de campo. Foi por meio
dessa revisão de literatura que a pesquisadora pôde preparar-se teoricamente
para apreensão e compreensão do objeto de estudo.
Para cumprir o segundo objetivo proposto, realizou-se um estudo clínico-
qualitativo. Trata-se de uma especificidade do método qualitativo aplicado às
ciências da saúde e, sendo uma metodologia qualitativa, destaca-se que o alvo
da pesquisa está nos significados que o fenômeno ganha para aqueles que o
vivenciam (45). No caso da pesquisa clínico-qualitativa a investigação está nos
significados que indivíduos (pacientes, famílias, profissionais) dão a fenômenos
no enquadre clínico (46).
Como parte fundamental desta estrutura metodológica está o discurso do
entrevistado. A investigação científica, neste caso, é pelo significado dado às
experiências pelos sujeitos, partindo do pressuposto de que este é um meio
eficaz de apreender e inferir resultados que revelam nexos de sentido (47).
A metodologia clínico-qualitativa possui três particularidades, que a define
(46):
Sujeitos e Métodos 37
Atitude Existencialista: valorização das angústias e ansiedades pelo
adoecer;
Atitude Clínica: valorização da acolhida dos sofrimentos emocionais da
pessoa e do desejo de proporcionar ajuda;
Atitude Psicanalítica: valorização dos elementos subjacentes à
entrevista, admitindo ainda que aspectos inconscientes estão
presentes na relação entrevistador-entrevistado.
No método clínico-qualitativo a coleta de dados acontece no setting
natural dos entrevistados, ou seja, no local onde são pacientes e estão
envolvidos em seus processos clínicos (46).
Outro aspecto importante é o próprio pesquisador como instrumento
principal para a coleta e análise de dados da pesquisa. O pesquisador, dentro
desta proposta metodológica, compõe seu trabalho a partir das suas próprias
experiências e seus saberes teóricos.
Um detalhamento acerca de características importantes do método clínico-
qualitativo será apresentado a seguir em itens específicos.
3.2. Aculturação e características do campo de
pesquisa
A fase inicial da pesquisa clínico-qualitativa é a aculturação (46), na qual o
pesquisador estabelece uma relação direta com os representantes da
população a ser estudada, conhecendo e apropriando-se da linguagem e do
38 Sujeitos e Métodos
modo de pensar daquela população, em uma relação contínua entre as
diferentes culturas do pesquisador e do pesquisado. A aculturação deste
trabalho foi feita no Ambulatório de Pré-Natal Especializado do CAISM/
Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas –
UNICAMP. As informações provenientes desta fase, tanto percepções da
pesquisadora como relatos de diálogos com profissionais ou gestantes foram
anotadas no diário de campo durante seis meses e utilizadas para reformular as
perguntas inicialmente propostas para as entrevistas, e também dos objetivos
específicos da pesquisa. A pesquisadora nesta etapa pôde vivenciar e
acompanhar diferentes espaços de atendimento do serviço, tais como: grupos
de conversa da enfermagem, consultas médicas de pré-natal, grupos de
atendimento e consultas individuais da equipe de nutrição, recepção e
agendamento de consultas, sala dos professores responsáveis pelos
residentes, sala de espera das gestantes e acompanhantes, Unidade de
Avaliação Perinatal e pesagem das gestantes realizadas pela equipe de
enfermagem.
Tendo em vista a formação da pesquisadora em psicologia, a inserção em
um ambiente de atendimento ginecológico obstétrico foi uma mudança de
paradigma, que proporcionou experiências diversificadas e diante de algumas
situações surgiu uma “sensação de estranhamento”, que exigiu reflexões e
elaboração da pesquisadora. Este foi um momento privilegiado em que a
pesquisadora pôde apreender e fazer novas compreensões da relação médico-
paciente, da percepção da intimidade do contato físico com o corpo do outro, da
Sujeitos e Métodos 39
exposição e entrega do paciente e o diálogo objetivo entre ambos. A relação
paciente-serviço também foi apreendida e analisada. Estes aspectos estão
descritos nos resultados e discussão desta dissertação.
O Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti - Centro de
Atenção Integral à Saúde da Mulher - CAISM/ UNICAMP foi inaugurado em
março de 1986. O CAISM é referência nacional na assistência à saúde da
mulher e do recém-nascido, atendendo exclusivamente através do SUS,
contando com uma equipe multiprofissional e interdisciplinar, além de promover
o ensino, a pesquisa e a extensão.
O CAISM possui um quadro de pessoal com cerca de 1.200 funcionários e
136 leitos de internação para mulheres, além dos leitos de neonatologia. Atende
mais de 100 municípios, atingindo 82.000 consultas ambulatoriais por ano. Seu
Corpo Clínico conta com aproximadamente 95 médicos, 530 profissionais de
enfermagem e 33 residentes, além de 49 docentes.
O hospital possui dois ambulatórios de atendimento pré-natal: o pré-natal
de alto risco (PNAR), que atende gestantes referendadas por alguma condição
clinica ou obstétrica de risco, e o pré-natal especializado (PNE) que atende
gestantes com complexidade maior, após a triagem inicial do PNAR. O PNE
atende ambulatórios específicos de medicina fetal, infecções na gestação,
endocrinopatias, doenças psiquiátricas, cardiopatias, hipertensão arterial,
doenças reumáticas, doenças hematológicas e oncológicas e complicações
obstétricas. Essas patologias são divididas em cinco ambulatórios durante a
semana. O presente estudo foi feito especificamente no Ambulatório que ocorre
40 Sujeitos e Métodos
às quartas-feiras, onde são atendidas gestantes com hipertensão, doenças
reumáticas, renais, hematológicas e oncológicas. Os atendimentos são
realizados pelos médicos residentes do 2º, 3º e 4º anos de residência em
ginecologia e obstetrícia em três salas de atendimento e a supervisão é feita
por três docentes da área de obstetrícia. Existe uma equipe multidisciplinar no
ambulatório composta por enfermeiros, nutricionistas, assistente social e
psicólogo.
3.3. Composição da amostra
Para o estudo clínico-qualitativo a construção da amostra foi intencional e
homogênea. (46, 48, 49). As participantes foram escolhidas pela pesquisadora
por apresentarem características comuns que as unem ao próprio tema da
pesquisa para possibilitar uma análise aprofundada:
i. Mulheres com mesma condição clínica: obesidade;
ii. Mesmo evento de vida: a gravidez,
iii. Apresentaram variação adequada de peso durante a gestação
iv. Receberam orientações padronizadas no serviço de pré-natal
especializado do CAISM/UNICAMP.
Os critérios de inclusão deste estudo foram:
Maiores de 18 anos de idade;
Gestantes de 34 semanas ou mais de gestação
Sujeitos e Métodos 41
Quadro clínico de obesidade (IMC ≥ 30 Kg/m2) anterior ao período
gravídico;
Estar em acompanhamento pré-natal no ambulatório de Pré-Natal
Especializado do CAISM/UNICAMP;
Conscientes do tema da pesquisa e concordantes em participar da
entrevista após leitura e assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido (anexo 1).
Apresentar variação de peso na gravidez até o limite máximo
recomendado pelo Institute of Medicine para obesas, conforme
indicado na Tabela 1.
Tabela 1- Novas recomendações para peso total e taxa de peso ganho durante a gravidez, IMC pré-gestacional.
As gestantes incluiídas neste estudo que perderam ou mantiveram o peso,
foram avaliadas clinicamente e não se constatou prejuízo materno-fetal. Os
42 Sujeitos e Métodos
itens considerados pelos médicos do ambulatório pré-gestacional quanto à
evolução clínica da gestação são: doenças orgânicas maternas associada à
perda de peso como neoplasias, doenças do colágeno ou outras doenças
consuptivas ou alterações do crescimento fetal.
Os critérios de inclusão acima se compõem de itens acurados na
delimitação do objeto de estudo. Na investigação qualitativa, por se buscar
nexos de sentido, estes dados não se arrogam, portanto, em critérios de
inclusão ou exclusão no sentido de se constituir em variáveis para se fazer
mensuração e comparação matematizada, segundo o raciocínio da correlação
causal – típico das estratégias epidemiológicas e dos estudos experimentais.
No entanto, nos estudos humanísticos em saúde, os dados biodemográficos
são comumente registrados na coleta de dados e quando estes ganham nexo
de sentido em relação às falas reportadas no conjunto das entrevistas, são
evidentemente resgatados para a etapa da discussão. De qualquer modo, o uso
destes dados podem vir a posteriori caso façam sentido.
Para o fechamento da amostra utilizou-se o critério de saturação de
informações, que consiste na interrupção da coleta de dados após a
constatação de que novas falas passam a ter acréscimos pouco significativos a
partir da análise de dados feita de forma concomitante às entrevistas pelo
pesquisador (50) e validado pelos pares acadêmicos, que na presente pesquisa
foram os pesquisadores do Laboratório de Pesquisa Clínico-qualitativa do
Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de Ciências
Sujeitos e Métodos 43
Médicas da UNICAMP. Dessa forma, a amostra foi fechada com 13
entrevistadas (quadro 1).
3.4. Interação com os sujeitos
Entende-se que esta pesquisa não apresentou riscos para a saúde das
entrevistadas. Entretanto, algumas delas tiveram lembranças e emoções
durante a entrevista e foi oferecida uma segunda possibilidade de encontro com
a pesquisadora ou a psicóloga do serviço. Na avaliação das entrevistadas não
houve necessidade de um segundo encontro.
Participantes Idade Situação Conjugal Idade Gestacional Paridade*
IMC Pré-
gestacional
Variação de peso
gestacional (Kg)
1 29
Mora com
companheiro 39 1 31 +6
2 28
Mora com
companheiro 38 1 40 +9
3 37
Mora com
companheiro 36 3 35 +5
4 31 Solteira 34 5 48 +7
5 27
Mora com
companheiro 35 4 52 +4
6 35 Casada 34 2 53 0
7 29 Casada 35 2 39 -2,3
8 29
Mora com
companheiro 35 1 65 -1,75
9 36
Mora com
companheiro 36 7 31 +6,5
10 26 Casada 38 2 33 +6,3
11 36 Casada 36 2 33 -4,2
12 42 Casada 36 3 42 +0,9
13 34 Separada 37 2 52 +4
Quadro I: Características biodemográficas dos sujeitos, Campinas 2013.
A ordem da tabela refere-se a ordem cronologica das entrevistas. *Incluindo a Gestação atual. **Os IMCs foram calculados sobre o peso pré -
gestacional declarado pela entrevistada e considerados a partir da analise peso inicial de acompanhamento do serviço.
44 Sujeitos e Métodos
3.5. Técnica para coleta de dados
Na pesquisa qualitativa, os instrumentos de trabalho de campo visam a
fazer a mediação entre o projeto teórico-metodológico e a realidade empírica
(51). No presente estudo foi utilizada a técnica de entrevista semidirigida ou
semi-estruturada com questões abertas (52), permitindo à entrevistadora fazer
as necessárias adaptações a partir das informações obtidas. Deste modo,
possibilitou-se às entrevistadas que discursassem sobre suas experiências,
podendo, posteriormente, chegar às significações dadas por elas próprias a
determinados fenômenos existenciais ligadas à condição da adequação de
peso enquanto grávidas e obesas.
A entrevista semidirigida foi composta por um roteiro básico (anexo 2), no
qual os assuntos listados estão de acordo com o delineamento do objeto de
estudo e foi desenvolvido a partir das reflexões e percepções da pesquisadora
no período de aculturação. Este roteiro fornece ao pesquisador uma referência,
garantindo que os temas pressupostos sejam abordados na conversa. Permite,
portanto, compreender o ponto de vista do entrevistado, induzindo-o a uma
conversa sobre a experiência (51). Na entrevista semi-dirigida o pesquisador
permite a expressão, o mais livre possível, do entrevistado, para explorar o
tema-problema e também possibilitar os achados de serendipidade, aqueles
que são encontrados por acaso (53).
Todos os dados foram coletados pela própria pesquisadora, em sala
adequada do ambulatório, geralmente antes das consultas pré-natais
Sujeitos e Métodos 45
agendadas, seguindo os critérios sugeridos pelo Método Clínico-Qualitativo
(46):
i. Estabelecimento do rapport: momento em que pesquisador e
entrevistado criam um sentimento de empatia, confiança e
responsividade mútua;
ii. Esclarecimentos acerca do tema e objetivos da pesquisa e assinatura
do Termo de Consentimento Livre Esclarecido;
iii. Coleta de dados de identificação da entrevistada e a solicitação da
permissão para o uso de gravador;
iv. Aplicação da entrevista semidirigida de questões abertas, observando-
se aspectos comportamentais da entrevistada, que foram registrados
no diário de campo.
3.6. Técnica de Tratamento e Análise de Dados
A análise de dados é concomitante à coleta de dados, permitindo à
pesquisadora a constatação de repetições ou poucos acréscimos de conteúdo
nos dados obtidos para delimitar o fechamento da amostra. Para isso, as falas
das entrevistadas foram agrupadas em temas ou enunciados que
configurassem pré-categorias (54) apresentadas e discutidas em reunião com
os pares do Laboratório de Pesquisa Clínico Qualitativa/ FCM.
A técnica utilizada para o tratamento dos dados foi a Análise de Conteúdo,
que compreende um conjunto de técnicas de pesquisa que permite replicar e
46 Sujeitos e Métodos
validar inferências sobre os dados de pesquisa dentro de um contexto científico
(51). Procura constantemente, do ponto de vista operacional, atingir um nível
profundo, que desvende sentidos escondidos e significados em mensagens
obscuras para atingir uma possível representação do conteúdo (55) Em uma
pesquisa qualitativa, a análise está presente nos diferentes estágios de
investigação como parte integrante desde a coleta de dados (56).
A análise de conteúdo é um procedimento frente aos dados qualitativos
para emergir temas – categorias – e se vale da comunicação como ponto de
partida. Em análise de conteúdo, produzir inferências confere ao método
relevância teórica. Neste caso, a produção de inferências sobre o texto objetivo,
implica em embasá-las com pressupostos teóricos de diversas concepções de
mundo e com as situações concretas de seus produtores (57).
No tratamento de dados qualitativos é importante ressaltar dois conceitos
fundamentais: o caráter polissêmico e a perspectiva êmica. O primeiro conceito
considera a característica polissêmica presente na complexidade do discurso
humano, ou seja, a pluralidade de sentidos atribuídos pelos sujeitos que
vivenciam os fenômenos sob estudo (57). A perspectiva êmica de uma
pesquisa é aquela em que o pesquisador compreende seus dados a partir da
perspectiva subjetiva dos indivíduos em estudo, interpretando os resultados de
acordo com a própria lógica e significados atribuídos pelos participantes (53).
De acordo com a proposta metodológica clínico-qualitativa (46),
apresentam-se, a seguir, fases importantes do tratamento dos dados obtidos.
Inicialmente compreende-se a necessidade de preparar o material em um
Sujeitos e Métodos 47
processo de editoração através da transcrição na íntegra das entrevistas
gravadas e observações do pesquisador, formando o chamado corpus
transcrito. Em seguida, faz-se “leituras flutuantes” do corpus transcrito.
Turato (46) lembra-nos que “leitura flutuante”, termo advindo de conceitos
psicanalíticos, é uma fase de pré-análise, na qual o pesquisador estabelece
contato com o material coletado, deixando-se ler e “ser lido” pelo material
através de um conhecimento profundo do texto e permitindo-se invadir por
impressões e atividades inconscientes, que suspendam ao máximo a atenção
dirigida (58). As leituras flutuantes possibilitam ao pesquisador ter uma visão
para além das mensagens explícitas.
O passo seguinte é a seleção das unidades de análise ou significados.
Essas unidades são construídas a partir dos temas que emergem da análise
das entrevistas. Nesta fase se concentra parte do trabalho criativo do
pesquisador que, a partir dos dados coletados, seleciona fragmentos, apreende
significados e cria enunciados. É importante delinear com transparência os
motivos da escolha deste ou daquele fragmento, tendo em vista que a relação
entre o pesquisador e o material pesquisado é de intensa interdependência. É
na dinâmica entre os objetivos do trabalho, as teorias, os dados da pesquisa e
intuições do pesquisador que emergem as unidades de análise que serão
futuramente categorizadas (57).
A etapa que se segue corresponde ao trabalho de categorização (46).
Nesse processo destacam-se os assuntos segundo o seu grau de intimidade ou
proximidade, organizando os temas que podem exprimir significados e
48 Sujeitos e Métodos
elaborações importantes e que vão ao encontro dos objetivos do estudo para
produzir novos conhecimentos (57). No caso da pesquisa clínico-qualitativa, a
escolha é pela categorização não apriorística, àquelas que emergem totalmente
do contexto das respostas dos sujeitos.
Turato (46) ressalta a necessidade de o pesquisador “sentir” o seu
material e não se ater somente às teorias de análise de dados. Segundo
Campos (57) “a análise de conteúdo não deve ser um formalismo excessivo,
que prejudique a criatividade e a capacidade intuitiva do pesquisador, ao
mesmo tempo não pode ser tão subjetiva, que leve o pesquisador a impor suas
próprias idéias ou valores”.
A validação externa do material encontrado é fundamental para dar
consistência e reconhecimento científico aos achados da pesquisa e
apresentação dos resultados.
As etapas e peculiaridades para análise de conteúdo utilizadas no
presente estudo foram:
i. Transcrição das entrevistas pela própria pesquisadora;
ii. Leituras flutuantes do material transcrito;
iii. Comentários e impressões surgidos destas leituras e escritos em
coluna ao lado direito das páginas de transcrição;
iv. Agrupamento de falas das entrevistadas que apontavam para um
mesmo sentido e destaque de falas significativas, que mesmo
Sujeitos e Métodos 49
aparecendo em apenas uma entrevista denunciam uma vivência
coletiva e/ou um sentimento presente em outras entrevistadas, mas
não verbalizados;
v. Organização em categorias amplas – emergiram das falas quatro
grandes categorias: 1) O corpo começa a ser pensado; 2) O desafio da
dieta; 3) A relação com a equipe de saúde pré-natal; 4) O
potencializador de mudanças.
vi. Exame exaustivo e minucioso para refinamento do material –Validação
pelos pares – Orientadores e membros do LPCQ (Laboratório de
Pesquisa Clínico-Qualitativa) e apresentação em eventos científicos e
atividades acadêmicas.
3.7. Validação
Turato (46) destaca a importância da chamada validação interna ao
pesquisador. É necessário considerar toda a formação, conhecimento,
experiência que ele possui e seu domínio das técnicas e procedimentos de
pesquisa. Esses elementos constituem-se em importante base a partir da qual o
pesquisador conduzirá o seu trabalho com acuidade e sensibilidade (59).
A validade interna de uma pesquisa clínico qualitativa é assegurada pela
apreensão do pesquisador das vivências do entrevistado em situações
específicas de sua vida. A entrevista deverá apreender isto e garantir que os
achados revelam uma experiência, uma realidade (46, 52, 53). Nesse sentido a
50 Sujeitos e Métodos
formação profissional e clínica da pesquisadora - em psicologia e psicanálise -,
contribuiu para a escuta e observação cuidadosa e sensível das entrevistadas e
viabilizou maior articulação das teorias psicodinâmicas publicadas na literatura.
Além disso, a pesquisadora teve conhecimento e planejamento do método, das
técnicas e procedimentos, segundo a literatura disponível.
Em relação ao que se denomina validade externa ao pesquisador, Turato
(46) afirma que os pesquisadores qualitativistas procuram convergência e
estratégias de investigação que, sobrepostas, dão um rigor metodológico e
garantem a validade dos achados e conclusões de uma pesquisa.
A validação externa é um processo que envolve a participação dos pares
acadêmicos, do pesquisador e seus achados em relação à pesquisa. É uma
interação na qual se apresentam e discutem os dados e resultados da
pesquisa, procurando assim eliminar possíveis distorções ou viéses oriundos do
pesquisador. Compreende-se como pares acadêmicos o orientador, grupos de
pesquisa, eventos científicos e semelhantes (46, 59).
A presente pesquisa foi realizada com a contínua supervisão do professor
orientador, da coorientadora, bem como pelos pares do grupo de pesquisa a
que a pesquisadora está filiada – Laboratório de Pesquisa Clínico-
Qualitativa/UNICAMP, em reuniões ocorridas semanalmente. Os dados também
foram apresentados e discutidos com alguns alunos da pós-graduação da
Tocoginecologia/ FCM/UNICAMP. As apresentações dos resultados parciais
desta pesquisa em eventos científicos nacionais e internacional demonstram
Sujeitos e Métodos 51
também a consistência dos dados e achados e corroboram o processo de
validação deste estudo.
3.8. Cuidados Éticos
O projeto desta pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa
da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas, em
outubro de 2012, sob o parecer nº 166.686, CAAE 07533412.3.0000.5404,
tendo como instituição proponente o Hospital da Mulher Prof. Dr. José
Aristodemo Pinotti-Centro de Atenção Integral da Saúde da Mulher. Este
estudo considerou as exigências previstas na Resolução 196/96 do Conselho
Nacional de Saúde. Participaram deste estudo somente as mulheres que
assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, lido e assinado
juntamente com a pesquisadora antes do início das entrevistas em sala
adequada do Ambulatório de Pré-Natal Especializado do CAISM. Por conter
mais de uma página, a pesquisadora e cada entrevistada rubricaram a primeira
folha do TCLE e assinaram a última página do referido termo. Cada
entrevistada recebeu uma via do TCLE e outra foi arquivada pela pesquisadora.
As participantes da pesquisa concordaram espontaneamente em conceder as
entrevistas conforme consta no Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. A
pesquisadora garantiu que qualquer questão ou esclarecimento sobre o estudo
seria respondida de forma satisfatória para a entrevistada. Os dados que
pudessem identificar as participantes foram omitidos do estudo para garantir o
sigilo e privacidade das mulheres envolvidas.
52 Sujeitos e Métodos
Publicações 53
4. Publicações
Os resultados são apresentados em formato de artigo. Compõem os
resultados desta pesquisa dois artigos, cada qual correspondente a um objetivo
específico da presente pesquisa.
4.1. Artigo 1
O artigo intitulado Psychological issues on obese pregnant woman: a
systematic review corresponde à revisão sistemática de literatura e foi
submetido à revista Plos One.
4.1.1. Carta de submissão
PONE-D-14-23880
Psychologic issues on obese pregnant woman: a systematic review
PLOS ONE
Dear Mrs. Faria,
Thank you for submitting your manuscript entitled "Psychological issues on obese pregnant woman: a
systematic review" to PLOS ONE. Your assigned manuscript number is PONE-D-14-23880.
We will now begin processing your manuscript and may contact you if we require any further
information. You will receive an update once your manuscript passes our in-house technical check;
you can also check the status of your manuscript by logging into your account
54 Publicações
at http://pone.edmgr.com/.
Please visit EveryONE (http://blogs.plos.org/everyone), the PLOS ONE community blog for our
published authors and readers, to find out what the journal is thinking, changing and doing.
If you have any inquiries or other comments regarding this manuscript, please
contact [email protected].
Thank you for your support of PLOS ONE.
Kind regards,
PLOS ONE
Publicações 55
Psychological issues on obese pregnant woman: a systematic review
Débora Bicudo de Faria¹*, Fernanda Garanhani Surita²*, Simony Lira
do Nascimento3, Carla Maria Vieira4*, Egberto Turato4*
1 Psychologist, master's degree student at the Department of Obstetrics and
Gynecology. Faculty of Medical Sciences from State University of Campinas
(FCM/UNICAMP).
2 Obstetrician, PhD, professor at the Department of Obstetrics and
Gynecology - FCM/UNICAMP.
3 Physiotherapist, PhD student at the Department of Obstetrics and
Gynecology - FCM/UNICAMP.
4 Nutritionist, PhD, professor at the School of Nutrition, Methodist University
of Piracicaba.
5 Psychiatrist, full professor at the Department of Medical Psychology and
Psychiatry – FCM/UNICAMP.
* Researchers at the Laboratory of Clinical-Qualitative Research –
FCM/UNICAM
56 Publicações
Abstract
Introduction: The number of women of reproductive age with obesity has
grown in recent years and represents an important aspect of the overall growth
in the number of obese people worldwide. Pregnancy is an ideal moment for
health professionals’ intervention. However, few researches focus on emotional
issues during an obese woman’s pregnancy. The purpose of this literature
systematic review is to identify, by means of qualitative and quantitative studies,
the psychological aspects considered/evaluated during the prenatal care of the
obese pregnant women, as well as which are the psychological interventions
adopted by health services in these cases. Method: Access to Databases
(PubMed, Web of Science, Embase and SciELO) and publications released
from January 2003 to June 2013 using "Obesity", "Pregnancy" and "Psy*" or
"Psychology" as MeSH terms. The study designs considered were prospective
cohort, cross-sectional, case-control, clinical trial and qualitative research. Eight
articles were included in this review - three of qualitative methodology and five of
quantitative methodology. Results: The majority of the studies demonstrate
that emotional aspects such as depression, anxiety and stress are associated to
the raising of BMI during pregnancy. The results show a state of psychological
distress from the categories of qualitative studies, specially related to humiliation
and exposure to stigmas linked to obesity and gestation. Conclusion: There is
an emotional demand related to obesity in pregnancy that should be taken into
consideration by prenatal multidisciplinary care teams. The psychological
demands of obese women during pregnancy suggest the need for the obstetric
Publicações 57
health care team to deepen the look, the listening and the support while trying to
understand beyond the stigmas and the condition of the pregnant woman in its
wholeness.
Keywords: Psychology, Obesity, Pregnancy, Systematic Review
1) Introduction
Considered one of the major public health problems in contemporary
society, the number of obese people has systematically increased over the last
decades, both in developed and underdeveloped countries1. Obesity has
reached epidemic proportions, for more than a billion people worldwide are
considered overweight - at least 300 million considered clinically obese.
Furthermore, obesity is the ultimate cause of overall increase in disabilities and
chronic diseases1. These circumstances have demanded great efforts from
health professionals in attempt to find effective means of controlling and treating
obesity. As part of this global epidemic, the number of overweight/obese women
of reproductive age is also increasing2.
Considering the fact that obesity might be related to organic factors as well
as social, cultural and psychological aspects3, and that pregnancy is a period of
great physical, psychological and social changes in a woman's life, prenatal
assistance plays a crucial role in the care of maternal-fetal emotional needs.
Women’s physical and psychological health during this period are inseparable
matters4. The life cycle of a pregnant woman is one of the major milestones in
58 Publicações
the development of her personality, which naturally goes through a period of
readjustment and restructuring in many dimensions, such as identity, social
roles, and emotional conflicts5.
Pregnancy is an ideal time for health professionals’ intervention, firstly
because it is a period in which women are very close to them, as they are
performing routine tests and getting a number of new guidelines. Secondly,
because during pregnancy women are more willing to better understand and
accept their weight, and may become more aware of the benefits of having a
healthier life style, both for herself and for her future baby6. Having a weight gain
within the recommended ranges is one of the ways to improve maternal and
infant outcomes7.
The biological condition of pregnancy promotes changes in women’s
bodies and minds, altering the way they look at themselves and their bodies5.
This kind of self-awareness can be usually hindered under the obese condition
due to individual emotional circumstances and also stigma and social
discrimination8, 9. The need for deeper studies on this topic was the trigger for
undertaking this systematic review, which aims to identify in both qualitative and
quantitative studies which are the psychological aspects during pregnant obese
women’s prenatal care and which are the psychological interventions adopted in
relation to them.
Publicações 59
2) Methodology
Systematic literature review10. Before starting this study, the Centre for
Reviews and Dissemination11 (CRD) databases and the Cochrane Database of
Systematic Reviews12 were consulted in order to check the existence of other
reviews on the topic. After that, it was registered at the International Prospective
Register of Systematic Review13 (PROSPERO) under the number
CRD42013004665.
In order to revise the literature, the following databases were accessed:
PubMed/MEDLINE14, Web of Science15, ScIELO16, and EMBASE17, using three
MeSH Terms (Medical Subject Headings): "Obesity" and "Pregnancy" and
"Psy*" or "Psychology". The research was adjusted by adopting search filters
according to the following criteria: articles on humans, females, adults, published
between January 2003 and June 2013, studies or practices that directly
addressed the psychological aspects of intervention or experience of obese
pregnant women. Studies of prospective cohort, cross-sectional, case-control,
clinical trial and qualitative researches were considered. Those which had no
originality, related obesity to other comorbidities, consisted of literature reviews
or specifically addressed prenatal professionals or services, were excluded.
The search for articles in the selected databases was conducted by
reading their titles and abstracts. After the elimination of duplicated articles, the
remaining ones were fully read for reassessment. The eligibility of the included
articles was defined either by its title and abstract or by fully reading it. This
classification was performed by two independent researchers-evaluators (DBF
60 Publicações
and SLN), who gathered at the end of each session of categorization to confront
their results and solve discrepancies by consensus. Whenever consensus was
not reached, they would consult with a third reviewer (FGS).
We included studies that met over 60% of the criteria set by CONSORT18,
STROBE19 and RATS20, depending on the study design described in each
article. In the analysis through RATS20 - Relevance of study question,
Appropriateness of qualitative method, Transparency of procedures, Soundness
of interpretive approach – 24 questions from the manual were answered with
yes or no for each of the three articles that used the qualitative methodology.
Most of the questions from the three selected qualitative articles were answered
with “yes”.
In order to have a descriptive and critical analysis of the results, they were
divided into quantitative and qualitative studies, in a way that the characteristics
and relevant information from each study were summarized. This review
followed the criteria of the PRISMA Statement10.
3) Results
A total of 683 articles were found in the first search, from which 57 were
related to the topic. After the exclusion of duplicates, 43 articles were accessed
through the abstracts and, according to the inclusion criteria, 22 articles were
read in full.
Publicações 61
Finally, eight articles were included in this review. From those, three
studies used qualitative methodology and five used quantitative methodology to
evaluate the psychological factors in obese pregnant women (Figure 1).
3.1.) Characteristics of studies
The included studies were developed in several countries. Out of the five
articles that used quantitative methodology, three are from the United States21,
22, 23, one is from Belgium24 and one is from Sweden25. Two of the articles which
used qualitative methodology are from the United Kingdom26, 27 and one is from
Sweden28.
All of the studies included refer to the gestational period of obese women,
but the data collection occurred at different stages: four studies evaluated data
collected during pregnancy 21, 22, 24, 27; three other studies collected data during
pregnancy and postpartum23, 25, 26. One qualitative study collected data only on
postpartum28.
We identified among the quantitative studies that depression symptoms
were measured in four studies21, 22, 23, 24 and anxiety symptoms were measured
in three others21, 23, 24, those being the psychological aspects most associated
with obesity and mentioned on this review. The psychological aspects of stress
and self-esteem were evaluated in two studies21, 23. Internal locus of control
(LOC) and mastery were measured in one study21. One study25 is about an
intervention, this is the reason why its results were analysed separately.
62 Publicações
3.2) Quantitative Studies
The results of the articles (Table 1) were described according to the
psychological aspects evaluated:
Depression: There is a strong association between pre-gestational BMI
and depression, showing that the higher the BMI the higher the risk of major
depressive disorder. The odds ratio adjusted by education and gestational age
was 1.7 (95% CI - 0.9-3.4) for overweight women and 2.9 for obese women. The
prevalence of depression in pregnant women at 20, 30 and 36 weeks was
respectively 21.3, 25.6 and 24.3 for overweight women and 41.9, 43.8 and 31.7
for obese women. For each increase of 1-kg/m² in BMI, the risk of depression
increases in 7% (adjusted odds ratio 7.1 (95% CI - 1:02 -1:11)22. Overweight,
obese or morbidly obese women have higher scores of depression compared to
underweight and normal weight women (p<0, 05): 10.3 ± 8.0 (underweight),
11.1±9.4 (normal weight), 13.0 ± 10.3 (overweight), 14.3±10.7 (obese),
17.2±11.6 (morbid obesity) 21. Women with pre-pregnancy BMI > 26Kg/m² have
higher levels of depressive symptoms compared to women with BMI ≤ 26Kg/m²
at different stages of pregnancy: 24.88% versus 16.8% between 15-20 weeks
and 28.3% versus 19.8% between 24-29 weeks (p< 0.001)23. There were no
differences between the symptoms of depression in women with normal weight
(19.5-26 kg/m²) and obese women (BMI ≥ 29 kg/m²) in the first trimester. The
same study also shows that in the second and third trimesters of pregnancy
women with normal weight had a decrease in depression symptoms, while
obese women maintained the level24.
Publicações 63
Anxiety: There is an association between increased BMI and increased
anxiety traits, and obese and morbidly obese women have significantly higher
scores than the other BMI categories (p<0.05), being 35.3 ± 9.6 (low weight),
35.4 ± 10.1 (normal weight), 37.2 ± 10.0 (overweight), 38.6 ± 11.0 (obese), 41.8
± 11.7 (morbidly obese) 21. Women with pre-pregnancy BMI > 26Kg/m² show
higher levels of anxiety compared to women with BMI < 26Kg/m² at gestational
weeks 15-20 and 24-29, that being significant in both periods (p < 0.01 and
p=0:02)23 . Obese women begin pregnancy with lower scores of anxiety;
however, they significantly increase in the second and third trimesters of
pregnancy when compared to women with normal weight24.
Stress: There is an association between higher BMI and increased
perception of stress. Obese and morbidly obese women had significantly higher
scores than the other categories of BMI: 19.0 ± 7.2 (underweight), 19.6 ± 7.6
(normal weight), 20.4 ± 7.9 (overweight), 22.2 ± 8.1 (obese), 23.9 ± 8.6 (morbid
obesity) 21. Women with pre pregnancy BMI > 26Kg/m² show higher levels of
stress than women with BMI < 26Kg/m² at different pregnancy stages (17-22
and 27-30 gestational weeks), that being significant in both periods (p = 0.01).
The average score of 17-22 weeks was 19.1 ± 7.4 and 21.4 ± 8.2 for women
with BMI ≤ 26Kg / m² and > 26Kg / m² respectively23.
Self-esteem: There is an inversely proportional relationship between BMI
and self-esteem, and the morbidly obese have lower self-esteem scores. The
values found were: 51.3 ± 8.0, 51.7 ± 7.8, 50.3 ± 8.0, 50.3 ± 8.6, 47.7 ± 9.5
respectively for underweight, normal weight, overweight, (obese and morbidly
64 Publicações
obese - p < 0.05) women21. Another study23 demonstrated that women with pre-
pregnancy BMI >26Kg/m² have lower levels of self-esteem than women with
BMI ≤ 26Kg/m² between gestational weeks 15-20. The average score was 51.9
± 7.4 for women with BMI ≤ 26Kg/m² and 50.2 ± 8.1 for women with pre-
pregnancy BMI > 26Kg/m² (p = 0.01).
Locus of control: Locus of Control refers to an individual's perception about
the underlying main causes of events in his/her life, and may represent how
much control a person believes he/she has over the events of his/her life
(internal locus) or if he/she considers that external factors control his/her life
(external locus). There is an association between increased BMI and higher
scores of external locus, predominantly observed in the morbidly obese21.
Mastery: Mastery refers to the range from having self-control to being
fatalistically ruled. There is an inverse relationship between BMI and Mastery,
and the morbidly obese have lower scores of Mastery21.
Claesson’s intervention study (2010) included obese women with the goal
of limiting the weight gain to 7Kg. There were 151 women in an intervention
group and 188 in a control group. The intervention group received visits from a
specially trained midwife with motivational interviews for behaviour change
(guidelines set forth by Miller and Rollnick) and recommendations to do aerobic
exercises in the water. The control group took part only in the prenatal routine
care program. There were on average 22 visits during pregnancy in the study
group, which consisted of 30-minute weekly individual sessions to listen to their
experiences, motivate them to change behaviour and maintain it. The
Publicações 65
prevalence of anxiety symptoms during pregnancy varied between 24% and
25% in the intervention group and between 22% and 23% in the control group.
Five percent of women in the intervention group and 4% of women in the control
group showed symptoms of anxiety during pregnancy and at the postpartum
evaluation. The prevalence of depression symptoms during pregnancy varied
between 19% and 22% in the intervention group, but was constant at 18% in the
control group. Six percent of women in the intervention group and 4% in the
control group showed symptoms of depression during the course of pregnancy
and at the postpartum evaluation. There were no differences between the two
groups concerning demographic characteristics, weight gain in kilograms, or
distribution of anxiety and depression scores, neither on the anxiety fluctuation
and depression symptoms over time.
3.3) Qualitative Studies
We present qualitative articles (Table 2) and their results through
elaborated categories in each study, as follows.
Furber (2011) study proposes two subthemes concerning the feelings
associated with pregnancy when the woman is obese:
1. The humiliation of being pregnant when obese and stereotypes associated
with pregnancy and obesity: Many women have mentioned situations of
stigma associated with being obese while pregnant, reinforced by
interactions with health professionals, which generated feelings connected
with aversion and embarrassment related to their own weight, besides guilt
and self-consciousness. Pregnant women in the UK are encouraged to
66 Publicações
participate in water exercise in order to promote physical activity and
maintain fitness. The women in this study pointed out those lessons in the
water were a source of embarrassment, because they feared exposing their
bodies alongside other pregnant women who were perceived as more
attractive and fit. According to the author, that may explain why none of the
interviewees attended such classes during pregnancy. Some women talked
about the experience of being watched by the general public and hearing
disparaging remarks about their size. The data provided insights into how
stereotypical beliefs about obesity are expressed during pregnancy. For
instance: women that only during pregnancy found out that their friends had
pre-judgments about their eating habits and weight gain. Several women
expressed disappointment about their pregnancy not being noticed by others
until the third trimester of gestation.
2. The medicalization of obesity when a woman is pregnant: it was perceived
by women in maternity care that pregnancy associated with obesity was
emphasized as high-risk and the focus was on the well-being of the baby
rather than mother and child as a whole. The experiences of these women
revealed that prenatal care neglected their feelings. A common and
persistent experience during ultrasound procedure was of sadness and
humiliation, highlighting that sonographers often documented difficulties in
visualizing the fetus, without prior explanation. Family and friends could also
have access to these documents, and its reference to BMI caused
embarrassment to the pregnant women.
Publicações 67
Furness (2011) identified two overarching themes, the first one is directly
related to psychological factors and their sub-themes, and the one that follows is
described in the suggestions of qualitative studies of interventions. In the study
obstetricians received the same invitation made to other health professionals,
but did not participate:
1. Explanations for obesity and weight management - four key subthemes:
a) Information, knowledge and abilities: The women related eating and doing
physical activities to weight and health, but lacked confidence about the
requirements of ingestion, food security and appropriate levels and
types of exercise during pregnancy.
b) Psychological and lifestyle factors - The following issues were pointed
out:
o Self-talk: women identified that sometimes they used pregnancy as
a reason to overeat and cover up previous eating disorders.
Assuming that the weight gain in pregnancy would be quickly lost
afterwards, some women reported that after childbirth they
continued for months, or even years, to treat pregnancy as an
excuse for obesity. These women had the realisation that this
internal dialogue was not realistic. This fact suggests that some
input from health professionals responsible for prenatal care may
help obese women cope with these internal messages and support
them in order to make necessary changes at an early stage.
68 Publicações
o Motivation: the women reported enormous struggle to find
motivation to: exercise, change eating habits and maintain positive
efforts for long periods of time.
o Social support: women reported feeling lonely and isolated at
times. The support of others motivated them to eat well and
become more physically active.
c) Stigma: Although conscious about changes in attitude, they felt
stigmatized due to their weight and vulnerable to negative judgments.
They also reported embarrassment about their weight during and after
pregnancy, and feeling exposed in social situations.
d) Communication: They feel penalized for being obese and may be
annoyed by unspoken anxieties and resentments.
Nyman (2010) has identified five themes from the experiences related by
women:
1. Be constant aware of obese pregnant body: the interviewees were aware of
their obese body, although overweight was seen as a temporary state. They
desired to weigh less, but showed themselves undecided about their ability
to lose weight. The body was experienced as "it" and only a "carrier / barrier"
for the baby. Physical problems, pain and discomfort prevented them from
being active and mobile. The tests performed on the body were not
perceived as conducted on themselves, but as examinations of pregnancy
and baby. The pregnancy had "life" in the body and nature took care of that,
without them having the opportunity to influence the process. Still, the
Publicações 69
pregnancy was seen as the only period in which it was acceptable to
possess and reveal a big stomach.
2. Being exposed and judged to scrutiny: Women had a predominant desire
that their weight was not the focus for caretakers. Being judged by their body
size has created sensations of alienation besides the feeling of not being
seen as other women were. Thoughts about the kind of clothes and gear that
would not be large enough were worrisome and frustrating. Weight controls
were perceived as uncomfortable.
3. Negative emotions and experiences of discomfort: Women felt guilty
because of their obesity and the implicit concerns of this condition during
pregnancy and childbirth, both for their babies’ sake and their own. Also
concerns about incorrect drug doses, thrombosis or the need of caesarean
section. Anger and sadness about gaining too much weight during
pregnancy and fear of not being able to lose it later were also pointed out.
Avoiding weight gain during pregnancy seemed almost impossible. Low self-
esteem was considered the reason for the anticipation of differential
treatment compared to fit women. Chatting and joking about their size helped
alleviate situations of discomfort and nervousness.
4. Humiliating treatment: When they felt treated in an offensive manner,
feelings of shame and guilt arose. Other people’s advices and comments did
not help them to lose weight, but actually increased their desire to eat.
Experiences such as being advised not to become pregnant made them
angry and guilty. Having the perception that caretakers were rude, grumpy or
impatient reinforced the feeling of being less worthy than non obese women.
70 Publicações
Helplessness, disappointment and the feeling of not being understood were
experienced in appointments with caretakers, whose focus was not on their
needs.
5. Reassuring meetings: When caretakers were attentive and interested, the
discomfort was reduced. Feelings of joy were described when they were
encouraged to achieve goals, such as stopping smoking or reducing weight
gain. Being seen behind the fat and feeling treated like anyone else brought
surprise and joy. The interest, intimacy, good mood and affinity with the
caretaker made them feel special. The experience of taking part in their own
care also decreased discomfort.
Interventions
Furness (2011) suggests some possible interventions on women care
regarding overweight/obesity from the accounts of the interviewees:
1. Consistency and continuity: continuity of care by the same professionals as
well as hearing clear messages about pregnancy and weight favours the
development of the relationship.
2. Non-judgmental support: Practical support strategies help motivate obese
woman. Consistent care with clear warnings besides non-judgmental support
are appreciated by them.
3. Interaction opportunities: many benefits come from the interaction with other
midwives and pregnant women. When asked to imagine the ideal
Publicações 71
motherhood, women wanted more opportunities to meet and support each
other in healthy lifestyles, online and personally.
4) Discussion
Our systematic review of scientific literature about the psychological issues
observed in obese pregnant women during prenatal demonstrated the need for
more convergence and studies on the topic.
The quantitative studies indicate that emotional aspects such as
depression, anxiety and stress are associated with BMI during pregnancy21, 22, 23,
24. Being that the higher the BMI, the higher the rates of the mentioned
psychological aspects. The studies that found the relationship between self-
esteem and BMI as inversely proportional support findings of associations
between psychological factors and obesity21, 23. The qualitative studies
selected26, 27, 28 indicate that pregnant obese women experience feelings
regarding the stigma of obesity, judgment, humiliation and critics related to
healthcare professionals regarding prejudice and lack of support for women in
this situation.. The analysis of these results suggest the need for further
investigation as to whether the conditions of humiliation and stigma influence the
levels of stress, anxiety, depression and low self-esteem. On the other hand,
there is the possibility of assuming that these emotional aspects can be linked to
the origin of obesity in its complexity, which involves mental and emotional
issues, beyond sociocultural and organic conditions3.
72 Publicações
The results demonstrate a state of psychological distress as indicated by
the values in quantitative studies and the categories that emerged from the
qualitative studies. Such emotional pain must be perceived and accepted by the
healthcare team in an attempt to support and motivate these women29.
Furness27 and Furber’s26 studies demonstrate that continuity of care by the same
professionals during prenatal care develops a relationship of trust and promotes
messages about weight and pregnancy that are heard more clearly and in an
acceptable manner. In the study by Furness27, women themselves suggest
improvements in the care of obese pregnant women, asking for more
opportunities to meet and support each other. This same study brings up the
attention to nuances that can make a difference in the relationship between
women and the care team, as well as increase their adherence to proposals,
when it mentions women who did not attend water classes because they felt
embarrassed to expose their bodies.
Through the reviewed studies’ discussions and conclusions, and mainly by
the words of women themselves in qualitative studies, one can infer that there is
still little attention and preoccupation from the care team related to psychological
aspects of health service routine regarding pre-natal assistance. Generally, the
team’s recommendations consider only nutritional aspects and physical
activities, neglecting the emotional aspects that affect adherence to treatment.
The results of Furness’ study reveal that psychological and lifestyle factors
are pointed out by women and midwives as the dominant explanations for
obesity in pregnancy. It indicates the great influence emotional issues have on
Publicações 73
overweight women and the attention professionals should pay to these aspects.
However, as suggested by Nyman's study, it is important that obese women get
to be seen behind the fat, assuring that they feel treated in the same way as any
other pregnant woman.
Claesson's study cannot be overlooked, as it reveals results that extend
the discussion, demonstrating a similar degree of anxiety in pregnant women
both in control and intervention groups. It hypothesized that participation in the
intervention program would increase psychological well-being and would
therefore result in a lower prevalence of anxiety or depressive symptoms. There
is evidence that socio demographic aspects correlate with the results. This study
was not randomized and this may have influenced the results of this research.
The intention of associating quantitative and qualitative studies in the same
review was to demonstrate different aspects that can be addressed within the
same theme, analysed from different angles. They are not complementary
studies because their methodological and theoretical assumptions are different,
however they can provide insights, as well as broader and deeper discussions. It
is important to highlight that this is not a quantitative-qualitative review, as a
careful look was adopted in order to consider the complexity of each
methodology. The scientific attitude in quantitative and experimental methods is
a search for an explanation for the behaviour of things, as it can be seen in the
quantitative studies results of this review. . The scientific attitude in qualitative
studies means to seek understanding of the human being dynamics, considering
74 Publicações
the nexus of feelings from the experiences of the interviewees, as evidenced by
qualitative studies selected in this review 31, 32, 33,34.
Although this study is a comprehensive systematic review, it has a number
of limitations. If at one hand the methodological heterogeneity deepened the
discussion, on the other it prevented quantitative studies meta-analysis or
qualitative studies meta-synthesis. The shortage of psychological issues in
medicine also made it difficult to assess the methodological quality of this article,
since it allows greater risk of bias. Limiting dates in order to verify the most
recent studies in the area may also have limited significant findings in older
dates.
The composition of the authors in this article related several training areas,
including obstetrician/midwife, physiotherapist, psychiatrist, psychologist and
nutritionist, favouring different looks within the common interest in improving the
quality of care to these women. Thus, bias in some area or specific theory was
avoided.
5) Conclusions and future directions:
The results show that the psychological demands of obese women in
pregnancy suggest the need for obstetric health care teams to deepen the
focus, listen and support in trying to understand beyond the stigmas and the
condition of pregnant women in its entirety. For that to happen, psychosocial
professionals should compose or offer referential support to basic prenatal and
perinatal monitoring teams. Further studies that evaluate the experiences of
Publicações 75
obesity in pregnancy are required considering emotional issues related to
overweight, as well as studies evaluating the relationship between emotional
variables and sociocultural aspects.
6) Acknowledgements:
We thank the research group from the Laboratory of Clinical-Qualitative
Research (LPCQ) in the Psychiatry Department of the Faculty of Medical
Sciences from State University of Campinas for their important contributions.
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BMI: Body Mass Index, Kg/m2: Kilogram by square meter
Table 2. Qualitative studies on the psychological aspects observed in obese women during pregnancy
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30kg/m2 interviewed 4-6
weeks postpartum.
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Author, Year, Country Purpose of the Study Particular Method Studied Group
Figure1
82 Publicações
4.2. Artigo 2
O artigo intitulado Experiências emocionais de mulheres obesas com
variação adequada de peso durante a gestação: um estudo qualitativo
corresponde à pesquisa qualitativa de campo.
Publicações 83
Experiências emocionais de mulheres obesas com variação adequada de peso durante a gestação: um estudo qualitativo
Faria DB1,2, Surita FGC1,2, Alves V2,3, Vieira CM2,3, Turato ER2,3.
1Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da Faculdade de Ciências
Médicas, Universidade Estadual de Campinas.
2Laboratório de Pesquisa Clínico Qualitativo, Faculdade de Ciências
Médicas, Universidade Estadual de Campinas.
3Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da Faculdade de
Ciências Médicas, Universidade Estadual de Campinas.
84 Publicações
Resumo
Introdução: Como parte integrante do crescimento da população com
obesidade, o número de mulheres com sobrepeso/obesidade em idade fértil
vem aumentando nos últimos anos. A obesidade pode ser compreendida como
um problema de saúde de caráter multifatorial e complexa. Poucas pesquisas
focalizam as questões psicológicas durante a gestação de uma mulher obesa. A
gravidez é um período oportuno para a intervenção de profissionais da saúde
em relação a obesidade, pois as mulheres podem aceitar melhor o seu peso e
terem mais possibilidades de se conscientizar dos benefícios de uma
modificação nos seus estilos de vida. Metodologia: Desenho clínico-qualitativo,
não-experimental e não-randômico. A amostra de sujeitos foi concluída pelo
critério de saturação de informações e utiliza a técnica de entrevista
semidirigida de questões abertas. As entrevistas foram realizadas no
ambulatório de pré-natal especializado do Hospital CAISM / Unicamp, um
serviço público terciário de saúde, região Sudeste do Brasil. A técnica de
tratamento de dados inclui: transcrição na íntegra das entrevistas, releituras
flutuantes para desvelar núcleos de sentidos das falas das entrevistadas,
categorização em tópicos para discussão e análise qualitativa de conteúdo.
Resultados: Foram realizadas 13 entrevistas. A análise das entrevistas revelou
quatro categorias. Sendo que três delas mostram um caminho de cuidado com
o corpo que as mulheres obesas percorreram durante a gestação: 1) O corpo
começa a ser pensado; 2) O desafio da dieta; 3) A relação com a equipe de
saúde pré-natal. E a quarta categoria que revela uma origem da motivação
Publicações 85
para a mudança: 4) O potencializador das mudanças. Conclusão: A gestação é
um momento oportuno para a mulher entrar em maior contato consigo mesma e
notar seus conflitos emocionais. Através das transformações no corpo, a mulher
pode iniciar um processo mais refinado de autocuidado e vivência da unidade
corpo-mente. O medo da própria morte ou do bebê, ocasionados pelos riscos
que a obesidade oferece, demonstrou ser um grande potencializador de
mudanças. A relação com os profissionais da equipe de saúde exerce um papel
importante no suporte motivacional à gestante obesa.
Palavras-chave: estudo qualitativo, obesidade, gestação, ganho de peso,
adesão ao tratamento.
1. Introdução
O número de pessoas obesas aumentou sistematicamente nas últimas
décadas em todo o mundo1. Como parte integrante dessa população, o número
de mulheres com sobrepeso/obesidade em idade fértil também é crescente2.
Este fato coloca-se como um desafio aos serviços de saúde, pois a obesidade
pré-gestacional e/ou o ganho excessivo de peso durante a gestação pode trazer
prejuízos para a mulher e o bebê. Dentre os fatores de risco citam-se a
diabetes gestacional, síndromes hipertensivas da gravidez, bebê grande para a
idade gestacional, entre outras3,4,5.
A obesidade é considerada um problema de saúde que tem um caráter
multifatorial e complexo6,7. Do ponto de vista predominantemente na saúde,
86 Publicações
ainda que com algumas divergências, a obesidade é conceituada como uma
doença1. As características da obesidade demandam estudos amplos que vão
além dos aspectos biológicos. Contudo, os estudos sobre obesidade e
obesidade na gestação têm focado principalmente o binômio dieta e atividade
física1,7.
Muito embora fatores psicossociais como depressão, ansiedade, estresse
e baixa autoestima estejam associados à obesidade durante a gestação2,8,9,10, é
escassa a quantidade de pesquisas que focalizam as questões psicológicas
durante a gestação de uma mulher obesa8.
A gravidez é um momento de grandes mudanças físicas, psicológicas e
sociais na vida da mulher. A saúde física e emocional da mulher são aspectos
inseparáveis neste momento de vida11. Neste sentido, a gravidez se apresenta
como um período oportuno para a intervenção de profissionais da saúde em
relação a obesidade, pois nesta fase de vida as mulheres podem aceitar melhor
o seu peso, estar mais perto dos profissionais e ter mais oportunidades de se
conscientizar dos benefícios de um estilo de vida mais saudável para si mesma
e para seu futuro bebê12. O estudo de Nyman13 revela que as gestantes com
obesidade perceberam a gravidez como o único período em que era aceitável
assumir e revelar suas gorduras.
Tendo em vista que a gravidez é este momento privilegiado na vida de
uma mulher obesa no que diz respeito a uma maior atenção consigo mesma, o
objetivo do presente estudo foi compreender as vivências emocionais de
mulheres obesas que tiveram bom êxito na adequação de peso durante a
Publicações 87
gestação em acompanhamento pré-natal no Ambulatório de Pré-Natal
Especializado do CAISM/UNICAMP, hospital escola da região sudeste do
Brasil. Os resultados deste trabalho visam instrumentalizar a equipe de
profissionais da saúde que prestam assistência pré-natal a estimular a adesão
das gestantes obesas às orientações preconizadas pelo serviço durante suas
gestações e dessa forma contribuir também para a saúde materna pós-
gestacional.
2. Sujeitos e Métodos
Utilizou-se o método clínico-qualitativo14, que é uma particularidade dos
métodos qualitativos trazidos das ciências humanas aplicado à área da saúde.
O método clínico-qualitativo se propõe a investigar os significados que os
indivíduos atribuem aos fenômenos vividos quando em assistência à saúde. O
interesse do pesquisador pelo significado das coisas, decorre do fato de que
este tem um papel organizador na vida dos seres humanos. O que as
experiências representam, dá molde à vida das pessoas e passa também a ser
partilhado culturalmente15. Para isso, a pesquisa acontece no setting natural do
sujeito16. É um método exploratório, não-experimental, não-randômico.
A fase inicial deste estudo - a aculturação - consiste em um período de
tempo no qual o pesquisador estabelece uma relação direta com os
representantes da população a ser estudada, conhecendo e apropriando-se da
linguagem e do modo de pensar da mesma. A aculturação deste trabalho foi
feita no Ambulatório de Pré-Natal Especializado de um Serviço Público de
88 Publicações
Referência da saúde da mulher na região sudeste do Brasil. As informações
provenientes desta fase, percepções da pesquisadora e relatos de diálogos
com profissionais ou gestantes, foram anotadas no diário de campo para
delimitar o roteiro de perguntas das entrevistas.
Para a coleta de dados foi utilizada a entrevista individual semidirigida com
questões abertas17, isto é, um roteiro de questões delineadas a partir do objeto
de estudo e que fornecem ao pesquisador um apoio. Deste modo, no decorrer
das entrevistas, as mulheres puderam discursar livremente sobre suas
experiências, permitindo que posteriormente se chegasse às significações
dadas por elas próprias a determinados fenômenos existenciais ligadas à
condição da adequação na variação de peso enquanto grávida e obesa18.
Todos os dados foram coletados pela primeira autora do artigo (DBF), em
sala adequada do ambulatório. As participantes concordaram espontaneamente
em conceder as entrevistas. Após estabelecimento de rapport, foram feitos os
esclarecimentos acerca do tema e objetivos da pesquisa e coletada a
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, bem como dados
de identificação da entrevistada. Foi solicitada a permissão para o uso do
gravador. Durante a entrevista foram observados e registrados aspectos
comportamentais da entrevistada. Realizou-se uma entrevista com cada
participante.
A construção da amostra foi intencional, com pessoas escolhidas
deliberadamente de acordo com o tema da pesquisa e consideradas portadoras
de representatividade social da situação estudada14,19,20. Os critérios de
Publicações 89
inclusão para a amostra foram: gestantes maiores de 18 anos de idade; de 34
semanas ou mais de gestação (afim de garantir que estivessem no final da
gestação); quadro clínico de obesidade pré-gestacional (IMC ≥ 30 Kg/m2); fazer
acompanhamento pré-natal no ambulatório de Pré-Natal Especializado do
CAISM/UNICAMP; apresentar variação de peso na gravidez até o limite
recomendado pelo Institute of Medicine21 para gestantes obesas. Gestantes
que perderam ou mantiveram o peso durante a gestação foram avaliadas pelos
médicos do ambulatório e comprovado não haver prejuízo materno fetal em
relação a este aspecto.
Para o presente estudo foram realizadas 13 entrevistas com duração
média de 45 minutos. As características biodemográficas das entrevistadas
encontram-se registradas no quadro 1.
Para o tratamento dos dados foi utilizada a técnica de Análise de
Conteúdo, que consiste em um conjunto de técnicas de análise que permitem
replicar e validar inferências sobre os dados de pesquisa dentro de um contexto
científico18,22. Inicialmente houve a transcrição na íntegra das entrevistas e
observações do pesquisador - corpus transcrito. Posteriormente foi realizada a
leitura flutuante do material, deixando-se invadir por impressões e atividades
que suspendam ao máximo a atenção dirigida23. O passo seguinte foi a seleção
das unidades de significados orientados pelas questões a serem respondidas
pela pesquisa. A etapa que se seguiu corresponde ao trabalho de
categorização14 na qual destacaram-se os assuntos segundo seu grau de
intimidade ou proximidade, organizando os temas que exprimiam significados e
90 Publicações
elaborações importantes e que iam ao encontro dos objetivos do estudo para
produzir novos conhecimentos24. A validação externa do material encontrado se
deu pelos pares do Laboratório de Pesquisa Clínico Qualitativa da Faculdade
de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas e também em
eventos científicos nacionais e internacionais.
Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Faculdade de
Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas e considerou as
exigências previstas no Conselho Nacional de Saúde do Brasil.
3. Resultados/Discussão
As entrevistadas ao serem informadas que o estudo estava ligado a
variação adequada de peso durante a gestação, demonstraram disponibilidade
e prazer em conceder uma entrevista em que pudessem relatar os desafios
enfrentados nesse período de suas vidas. Assim discursaram livremente sobre
experiências e seus sentimentos em relação à obesidade e à gestação.
Esta atitude confirma achados da literatura acerca da gravidez como
momento oportuno para a gestante obesa ver e assumir seu corpo12,13. No
presente estudo, a disponibilidade das entrevistadas pode ter sido ainda maior,
pois se tratava de pesquisar o êxito que elas obtiveram em relação ao controle
de peso durante a gestação.
Analisar as motivações e seus significados emocionais na geração de
mudanças de hábitos de saúde e autocuidado é complexo e abrangente. São
Publicações 91
inúmeros os fatores externos e internos que podem influenciar a mudança de
hábitos e cuidados das mulheres obesas em relação ao controle adequado de
peso durante a gestação. Os resultados desta pesquisa indicam que considerar
os riscos que a obesidade oferece, assumir o medo e tomar para si a
responsabilidade de controlar o peso mostra-se uma tarefa árdua para a
gestante obesa. É colocado diante dessas mulheres um desafio para além das
mudanças de comportamento. Trata-se de um desafio existencial de achar em
si motivações para gerar mudanças:
...você tem que pôr na cabeça que tem que fazer
aquilo, porque quem gosta de comer, gosta de
comer...você tem que pôr na cabeça primeiro e depois o
corpo (Entrevistada 6)
A análise das entrevistas revelou quatro categorias. Sendo que três delas
mostram um caminho de cuidado com o corpo que as mulheres obesas
percorreram durante a gestação: 1) O corpo começa a ser pensado; 2) O
desafio da dieta; 3) A relação com a equipe de saúde pré-natal. A quarta
categoria revela a origem da motivação para a mudança: 4) O potencializador
das mudanças.
A partir da análise de conteúdo das entrevistas, das observações clinicas
e do referencial teórico psicodinâmico, apresenta-se a seguir estas categorias,
concomitantemente discutidas.
1) O corpo começa a ser pensado
92 Publicações
As entrevistadas, na reflexão acerca da variação adequada de peso,
associaram o ato de comer às suas emoções:
... Eu acho que é ansiedade que faz uma pessoa
engordar. Se você está ansiosa com alguma coisa, ou
preocupada, você come, às vezes não está com fome,
mas come e parece que mastigando você vai se
acalmando. Comigo é assim: eu preciso comer para me
acalmar. (Entrevistada 3)
Este trecho demonstra a associação das entrevistadas entre a obesidade
e condições emocionais, tais como: ansiedade, preocupação, nervosismo,
estresse. Ao relatar que mastigando pôde sentir-se mais calma, a entrevistada
3 revela uma tentativa de pensar o corpo, em um processo de integração entre
mente e corpo, como refere Figueiredo25 “ uma mente que, por assim dizer,
ganha a espessura, a opacidade e a dinâmica de um corpo, e um corpo que,
em contrapartida, mentaliza-se”.
Ao associar o ato de comer e obesidade a um aspecto mental, essas
mulheres trouxeram à tona um tema de investigação da filosofia, antropologia e
psicologia nos últimos séculos: a relação corpo e mente. Para Merleau-Ponty o
corpo é justamente o que encarna o sujeito no mundo, que mediatiza a relação
do sujeito com ele26,27,28. As entrevistadas deste estudo mostraram que ao
conseguirem olhar para seu corpo obeso durante a gestação, puderam também
pensar sobre sua forma de ser e de sentir.
Winnicott29, 30 aponta que a natureza humana é uma questão de psique e
soma, interrelacionados. Sabe-se que em um desenvolvimento saudável a
Publicações 93
psique e o soma não são distinguiveis a princípio, a mãe deve acolher o bebê
em seu “ambiente interno” e o proteger das tensões internas e externas em
direção a formação de um psicossoma. É o psicossoma que fará a
intermediação entre as intensas exigencias vindas do mundo interno e as
exigências do mundo externo. Existem falhas nesse processo de
desenvovimento, que podem originar funcionamentos mais primitivos, sem
intermediação organizadora da capacidade de pensar, sendo o corpo
submetido à descargas de tensão emocional. Questões como estas podem se
presentificar na base de transtornos mentais como as adicções, obesidade
mórbida etc31,32 . O fragmento da entrevista 3 demonstra como o ato de comer/
mastigar pode estar relacionado a essa descarga de tensões e a dificuldade de
nomear ou identificar os sentimentos, mas que no momento da entrevista pôde
ser associado a “preocupação”, “nervoso”, “ansiedades.
Tem que pôr na cabeça, tem que encarar, são só nove
meses que passa e você não vê, se você não tomar
cuidado, já pus na minha cabeça que daqui para frente
também vai ser... Vou continuar me cuidando...tem que
ter a vontade de querer mudar...igual agora tem
necessidade, mas você tem que ter coragem, tem que
pôr na cabeça e fazer, tem que ter vontade, pode
demorar um pouco, mas a gente muda. (Entrevistada 6)
Os achados deste estudo apontam para as possibilidades das
entrevistadas em vivenciar um corpo que tem uma mente e vice-versa. Esta
integração foi percebida pelas proprias entrevistadas, exemplificado pela
entrevistada 6. Ao verbalizar a relação entre seus sentimentos e a vontade de
94 Publicações
comer, elas explicitaram que o controle do peso e a adesão a dieta estão
intimamente ligados a componentes psicológicos. Esta experiência integradora
possibilitou-as perceberem que é possivel fazer novas escolhas, como aderir a
novos hábitos alimentares.
2) O desafio da dieta
Aderir à dieta foi uma experiência fortemente significativa para as
entrevistadas. Adotar novos hábitos alimentares e se perceberem no controle
possibilitou que se sentissem vitoriosas e transformadas. Ao mesmo tempo, um
histórico de insucessos, certos estados mentais desfavoráveis e a vontade de
comer colocaram-se como desafios diário para essas mulheres.
... a dieta é um desafio para a gente que vem naquele
embalo de comer, ansiedade, de repente você tem que
fechar a boca, é difícil para quem tem obesidade, falar
que é fácil fazer dieta, não é, tem que passar muita
vontade, muita fome, mesmo a dieta sendo bem
balanceada, eu tenho vontades (Entrevistada 12)
Antes eu comia e comia, comia, não tinha limite.
Ontem mesmo comi um pedaço de bolo e depois falei
não vou comer mais nada de massa, eu comi um mamão.
Hoje já tenho esse limite na hora de ter o neném, de eu
engordar, de acontecer alguma coisa comigo, a
preocupação das consequências. Porque hoje eu sei que
se eu engordar muito a consequência vai ser muito pior
para mim (Entrevistada 4)
Estes resultados coincidem com o estudo qualitativo de Furness33, que
afirma que as gestantes obesas relatam uma grande luta em encontrar
Publicações 95
motivação para realizar exercícios, alterar hábitos alimentares e manter
esforços positivos por longo período de tempo. Este mesmo estudo refere que
mulheres obesas tratam a gravidez como uma “desculpa” para a obesidade.
Neste sentido, os resultados do presente estudo divergem ao apontar que a
tomada de consciência sobre a obesidade pode ocorrer durante a gestação,
trazendo mudanças significativas para a vida, exatamente como refere
Nyman13. Para este autor, a gravidez foi percebida pelas gestantes com
obesidade como o único período em que era aceitável ter e revelar suas
gorduras. Smith e Lavender12 corrobora o dado, apontando que a gravidez é um
período ideal para a intervenção de profissionais da saúde, pois as mulheres
podem aceitar melhor o seu peso, estão mais perto dos profissionais e têm
mais oportunidades de se conscientizar dos benefícios de um estilo de vida
mais saudável para si mesmas e para seu futuro bebê.
Deste modo, a adesão a dieta colocou as entrevistadas em um caminho
de maior independência dos estigmas e emoções negativas. Entretanto, não
podemos afirmar que estas emoções não estejam presentes mesmo na
gestante obesa que tem variação adequada de peso durante a gestação. As
emoções negativas e experiências de desconforto relatados no estudo de
Nyman13 também se revelaram nesta pesquisa. As entrevistadas relataram
sentimentos de tristeza, raiva, medo e a questão do vício da comida. Estes
aspectos trazem à tona a possibilidade do corpo obeso ser uma via de
expressar seus desejos, insatisfações e contradições34.
96 Publicações
... eu não tenho controle, se eu como doce eu quero
salgado, se eu como salgado eu quero doce, se eu tomo
água, agora quero refrigerante (Entrevistada 8)
O estudo de Nyman13 mostra que as gestantes obesas estão conscientes
de seu corpo obeso “grávido” e revelam o desejo de pesar menos, ao mesmo
tempo referem-se à hesitação quanto à sua capacidade de perder peso. Os
resultados do presente estudo se assemelham aqueles citados, no tocante ao
fato de que as entrevistadas puderam também relatar suas hesitações e
desafios em relação a dieta à adicção e a responsabilidade e controle sobre
seus hábitos de vida.
Diante do desafio da dieta e da tomada de consciência de seu corpo
obeso e das consequências para sua saúde e a do bebê, a gestante obesa se
vê diante de um dilema: aderir a dieta e hábitos que a trarão um estilo de vida
mais saudável ou continuar passiva diante de seus sentimentos e do controle
de sua própria vida? Os resultados desta pesquisa mostram que as gestantes
obesas com variação adequada de peso conseguiram escolher e manter a dieta
e um autocuidado, enfrentando suas hesitações e conflitos. Percebe-se nas
entrevistas, como demonstra o fragmento da entrevista 8, o desafio e a luta
diários para assumir o controle de seus desejos
Essas questões vão ao encontro de algumas postulações de McDougall35
sobre adicção. A autora descreve uma atitude passiva do sujeito adicto em
relação ao objeto de sua compulsão. Há uma luta interna na qual o sujeito
adicto se vê mergulhado, é uma situação de escravidão, não somente ao outro
Publicações 97
externo, mas principalmente a um “outro” dentro de si. Corroborando a
proposição de McDougall35, Goodman36 propõe uma definição de adicção como
um processo em que um comportamento pode funcionar tanto para produzir
prazer quanto para proporcionar alívio do desconforto interno.
Eu comecei a trabalhar e começou a dar uma
melhorada na minha autoestima e isso fazia ao invés de
fazer melhorar, eu comia mais, ao invés de pensar não
vou comer para eu emagrecer, para eu ter saúde e ficar
melhor, aí que eu comia, é uma coisa mais forte,
compulsiva... é difícil emagrecer, controlar aquela
ansiedade, aquela vontade de comer e você não poder
comer, acho que é igual um vício de droga, é o vício da
comida (Entrevistada 4)
O discurso da entrevistada aponta que a relação com a comida pode ser
equivalente a uma adicção à droga e revela sua posição subjetiva de
assujeitamento ao vício37. O que indica as particularidades na relação dessas
mulheres em relação ao desafio de aderir a dieta, na tentativa de libertação de
uma condição subjetiva de escravidão diante da comida e de encontrar
alternativas para pensar o seu desconforto interno.
Ao conseguirem cuidar de si e do peso as entrevistadas mostraram
assumir maior controle de si e da dieta, demonstrando assim uma forma de lidar
e enfrentar mais ativamente sua compulsão por comer. Este controle tem sido
referido na literatura sobre obesidade e questões emocionais como Lócus de
controle. Um construto elaborado para descrever as crenças do indivíduo sobre
98 Publicações
as principais causas subjacentes aos eventos de sua vida. Este conceito tem
sido ampliado progressivamente, tanto que alguns autores o apresentam
relacionado a uma orientação cognitiva, perceptiva e motivacional, enquanto
outros adotam uma perspectiva fenomenológica e existencial38,39.
A literatura mostra que as gestantes obesas apresentam scores mais altos
de lócus de controle externo, isto é, a crença de que fatores externos controlam
sua vida; e menores scores de lócus de controle interno, que se referem a
crença de que ela própria tem o controle sobre os eventos de sua vida2. Ao
refletir sobre o êxito na variação de peso, os resultados desta pesquisa se
coadunam aos da literatura, indicando que as entrevistadas assumiram para si
uma certa responsabilidade de cuidar da própria saúde e do controle do peso
na gravidez. Entretanto é importante ressaltar que os resultados deste estudo
indicam que mesmo apresentando um grau maior de responsabilidade pelos
seus atos, as entrevistadas de alguma forma creditaram essa mudança mais ao
medo de acontecer algo com o outro (agente externo) e não com ela mesma
“não é só a gente tem o bebê também...mas é por causa de estar grávida
mesmo” (Entrevistada 12). McDougall40 afirma que os roteiros da adicção são
conhecidos por todos os seres humanos, na tendência que temos de querer
fugir da dor psíquica advinda das frustrações da vida para paraísos
substitutivos. Há aqueles que se utilizam de um objeto (ser ou coisa) como
objeto de descarga de tudo aquilo que lhes parece demasiadamente dificil de
assumirem como algo seu. Neste sentido procuram compulsivamente objetos
que podem servir como depositários de seus estados mentais. Uma vez,
Publicações 99
havendo a possibilidade de se aperceberem da tendência de responsabilizar
um outro por suas próprias questões, são necessarios muitos esforços e lutas
para vencerem a compulsão a essa tendência.
Tanto o conceito de adicção formulado por McDougall35 quanto o de Locus
e controle externo clarificam os achados deste estudo que indicam o grande
desafio vivido pelas gestantes obesas entrevistadas de olhar para si, tomar
consciência do próprio corpo, de seus habitos, reconhecerem suas conquistas e
dificuldades e mudarem sua forma de se relacionar não só com o alimento, mas
com sua vida:
Hoje eu já acho mais fácil lidar com a alimentação, é
muito mais saudável comer uma salada, um refogado, do
que ficar comendo só porcariada entendeu, eu sei que
isso está fazendo bem pra mim e para a neném, hoje
está assim, eu lido mais com isso...mas no começo foi
difícil...Foi uma mudança na mente e no corpo, mudança
geral mesmo. Valeu a pena ter feito tudo isso, porque até
então eu não saberia lidar com isso (Entrevistada 11)
A adesão de novos hábitos alimentares trouxe consequências
significativas na vida dessas mulheres. Um resultado que este estudo delineia é
que algumas entrevistadas tiveram perda de peso ou manutenção do peso
durante a gestação, sem prejuízos para sua saúde ou do bebê.
3) A relação com os profissionais da equipe de saúde pré-natal
O acompanhamento e cuidado pré-natal, através das consultas médicas,
nutricionais, exames de rotina e atendimento da enfermagem mostrou-se como
100 Publicações
um espaço oportuno para incentivar essas mudanças. A relação das gestantes
obesas com os profissionais da equipe pode ser um facilitador nesse processo.
A relação com os profissionais de saúde permeou uma parte considerável
do relato das entrevistadas, evidenciando a importância dessa relação para que
essas mulheres obesas conseguissem uma variação adequada de peso
durante a gestação.
Aqui eu melhorei, porque aqui eu posso conversar.
Toda consulta você pode entrar, elas conversam, estou
num peso bom, mas elas vão cobrar porque engordei 1
Kg em 14 dias, acho que se tem alguém ali conversando,
conversando, explicando, mostrando, ajuda muito
(Entrevistada 4)
A equipe de saúde é percebida como agente que se revela no apoio
importante para o fortalecimento psicológico destas mulheres para assim
enfrentar as angústias próprias das vivências em questão e aderirem de modo
mais completo a novos hábitos, entre outras medidas terapêuticas e preventivas
em saúde. O suporte de outras pessoas ajuda a motivá-las a comer de forma
mais saudável e torná-las mais ativas. O cuidado consistente, com avisos
claros e um cuidado sem julgamento são apreciados por elas33. As
entrevistadas evidenciaram que a maneira com a qual o profissional aborda a
questão da obesidade é muito significativa para a gestante obesa.
Os resultados deste estudo se assemelham a pesquisa de Furness33, na
qual o autor revela também a importância da consistência e continuidade no
acompanhamento pré-natal de gestantes com obesidade. A continuidade dos
cuidados pelos mesmos profissionais favorece o desenvolvimento da relação,
Publicações 101
assim como mensagens claras sobre a gravidez e o peso ajudam essas
mulheres a modificar seus hábitos.
No âmbito dos significados emocionais destas condutas, Winnicott41
postula que a continuidade do ser é assegurada pela constância do cuidado
materno ao bebê. É a constância de um bom cuidado materno que possibilita à
criança experimentar “uma continuidade do ser”, que sustenta seu sentimento
de ser real e de ser sempre o mesmo por meio de suas diversas experiências.
Esse sentimento é a base do si-mesmo, é como o centro da gravidade do ser41.
Desta forma, a importância da consistência e continuidade no acompanhamento
pré-natal da mulher obesa gestante em relação a uma equipe de profissionais
pode ser compreendida, de forma análoga à função da experiência do bebê em
relação a mãe conforme descrito por Winnicott.
…passei umas seis vezes com a mesma medica, ela é
um amor, tirou todas as minhas dúvidas (Entrevistada 8)
…a medica que começou comigo até agora é
maravilhosa, a equipe da nutricionista também muito boa
e enfermeiras... no posto você faz um pré-natal lá, “ah!
Está engordando, está bom mãe, vai para casa! ”, te
pesa, tira a pressão, vê o coração do neném e te libera,
aqui não, aqui você faz todos os exames, faz tudo o que
tem que fazer, fica internada...eles vão a fundo...é uma
equipe que trabalha em função de te ajudar na gravidez
(Entrevistada 11)
A confiança que pode ser estabelecida nessa relação de cuidado com a
mulher gestante obesa, através de mensagens verdadeiras sobre gravidez e
obesidade e o olhar integral e cuidadoso da equipe podem favorecer uma
102 Publicações
vivência de maior confiança para essa mulher enfrentar os desafios
relacionados a obesidade. A rotina de consultas, exames, internações e
preocupações com o ganho de peso foram percebidos pelas entrevistadas
como atenção e cuidados profundos. A atenção e o suporte que a equipe de
saúde pode oferecer é uma ferramenta importante frente às ansiedades, a
culpa e aos sentimentos de desesperança e incapacidade de controlar o peso
As entrevistadas se referiram positivamente ao atendimento do serviço,
relatando experiências que favoreceram o diálogo e um ambiente de cuidado
integral pela equipe multidisciplinar de acompanhamento pré-natal. Entretanto,
algumas entrevistadas queixaram-se da rotatividade dos médicos no serviço e
falaram da importância de continuarem sendo atendidas pelo mesmo médico
para que conseguissem desenvolver a confiança.
Ao se referirem ao diálogo com alguns profissionais de saúde, as
entrevistadas revelavam que nesses encontros, muitas vezes, sentiam-se
“travadas, envergonhadas” e por isso falavam sobre a gestação de uma forma
que mostrava mais seus conhecimentos sobre o assunto, do que de fato suas
experiências e seus hábitos.
Eu imaginei outra coisa...que fosse uma nutricionista
perguntando como controlei o peso e eu já tinha a
resposta na língua” (Entrevistada 8).
Furber42 em um estudo qualitativo com gestantes obesas, afirma que as
participantes de seu estudo tiveram o sentimento de que o acompanhamento
pré-natal negligenciou seus sentimentos. Os estudos sobre gestantes obesas
Publicações 103
trazem uma reflexão sobre a importância da relação dos profissionais de saúde
com seus pacientes. As mulheres entrevistadas demonstraram a necessidade
de serem vistas de forma integral. Resultado este também apontado em outras
pesquisas qualitativas que abordaram temática semelhante e delinearam os
benefícios que podem ser conquistados através da interação entre a equipe de
profissionais e as gestantes33,42.
Cuidar dessas mulheres de forma integral pode permitir diálogos mais
genuínos e insights importantes para a própria gestante, além de direcionar a
conduta de acompanhamento da equipe para aquela mulher.
Conversas como esta de hoje, essa entrevista,
poderiam ter ajudado mais, sim. Tem muita coisa para
conversar (Entrevistada 12).
O contato com profissionais de saúde atenciosos e interessados pode
propiciar às gestantes experiências de participação no seu próprio cuidado13,
assim como o contato com profissionais de saúde que reforcem estigmas
associados a estar grávida e obesa geram, nelas, sentimentos de aversão,
constrangimento com o próprio corpo e auto culpa.
4) O potencializador das mudanças
O presente estudo configura uma relativa semelhança com estudos atuais
acerca dos significados emocionais presentes na gestação de uma mulher
obesa assim como os aspectos psicológicos avaliados nestas mulheres. As
104 Publicações
entrevistadas nos deram também a possibilidade de compreender um elemento
potencializador no processo de adequação da variação de peso gestacional5,21.
Ao abordarem as motivações para aderirem à dieta e a um processo de
maior autocuidado durante a gestação, as entrevistadas relataram sentimentos
ligados à própria saúde e à saúde do bebê. Destacaram que o cuidado com a
gravidez e o bebê foram motivados pelo medo da obesidade causar algum
problema ao futuro filho (a) ou mesmo levar à morte materna.
...Estou conseguindo...é muito risco, tento evitar, e
não é só a gente, tem o bebê também...mas é por causa
de estar grávida mesmo...vai que engorda e piora, meu
filho (mais velho) fica sem mim e a irmãzinha dele, né?
Então, preferi evitar (Entrevistada 12)
Em muitos idiomas o medo encontra um vocabulário extenso de sentidos
e expressões, tais como: angustia, ódio, ansiedade, susto. Para as
entrevistadas, os significados emocionais referidos às suas motivações para
adesão a um novo estilo de vida e para adequarem seu peso dentro do
recomendado foram indicados pelos sentimentos de culpa e medo,
provenientes da ideia de causar danos ao objeto-filho amado.
Para Melanie Klein43,44 sentimentos de medo e culpa estão intimamente
ligados e fazem parte do desenvolvimento da vida emocional humana. Para a
autora é a ansiedade depressiva, que se liga ao medo da não sobrevivência do
objeto amado. O temor de perder o objeto amado e o anseio para reconquistá-
lo, mesmo em fantasia, é um motor importante para a culpa e para a tentativa
de reparar os danos43,44. Neste sentido, é possível compreender que o medo e
Publicações 105
a culpa para as entrevistadas gerou a possibilidade de reparar um possível
dano causado pela condição da obesidade através da adoção de novos hábitos
de saúde e cuidado. Entretanto, é importante ressaltar que a experiência em
relação ao medo e à culpa pode não ser necessariamente positiva, conforme
afirma Furber42 que a gestante obesa no contato com profissionais de saúde
que reforçam estigmas da obesidade na gestação, geram sentimentos de
aversão, constrangimento com o próprio corpo e autoculpa. Isto reforça os
achados desta pesquisa que afirmam a importância da equipe de saúde em
identificar estes sentimentos no sentido de apoiar essas mulheres a
vivenciarem uma culpa que gere mudanças positivas e não reforçar estigmas
ligados a obesidade e um sentimento negativo de autoculpa.
O relato da entrevistada 11 evidencia a questão do medo da morte e da
sua tomada de consciência:
A Dra. Foi muito clara, se você não se cuidar a nenê
pode falecer na sua barriga e você nem notar, foi um
choque, foi aí que comecei a fazer tudo direitinho..
E a entrevistada 1 expressa a vivência da culpa:
Imagina você sendo culpada por uma coisa futura no
seu filho que você poderia ter evitado?!
Mesmo a questão da morte não sendo destacada pelo profissional da
saúde, percebe-se que este é um aspecto muito significativo para potencializar
a mudança. Trata-se de tema recorrente no relato das entrevistadas e é o medo
da morte que mobiliza mudanças.
106 Publicações
A defesa contra a ideia de morte é uma constante na natureza da psique
humana45. O fragmento da entrevistada 12 demonstra a tentativa das
entrevistadas em evitar uma angustia maior, algo irreparável durante a
gestação. As entrevistadas relataram sentirem-se mobilizadas pelas
informações acerca dos riscos de uma gestação quando obesas, o que lhes
gerou medo da morte: dela ou do bebê. Para essas mulheres o reconhecimento
de uma gestação com potencialidade de morte ou de um dano irreparável na
própria saúde ou do bebê serviu como mobilizador para mudanças no hábito
alimentar e nos cuidados com a saúde em geral.
A energia mobilizadora criada pelas entrevistadas pode ser compreendida
à luz dos instintos de vida e de morte. Melanie Klein43 postula que o ser
humano desde o início de sua vida já os possui. A autora afirma que ao
supormos a existência do instinto de morte, também devemos supor que nas
camadas mais profundas da mente há uma reação a este instinto, um medo de
aniquilação da vida. E esse trabalho interno é responsável pelas primeiras
ansiedades e a luta entre os instintos persiste por toda a vida, estando presente
em todas as situações de ansiedade. Para a autora, a angustia sempre se dá
em uma situação vincular e utiliza estratégias defensivas para se proteger
sempre de um perigo sentido internamente e dotado de significados. A autora
compreende a angustia como fator impulsor do desenvolvimento mental. É
necessária uma quantidade suficiente de angustia para a formação de símbolos
e fantasias. A capacidade de tolerar a angústia, segundo Klein, é a condição
para o contato e expansão do mundo mental44,46.
Publicações 107
A possibilidade de entrar em contato com o corpo obeso durante a
gestação, juntamente com a capacidade de tolerar a angustia ligada ao medo e
a culpa de provocar a morte/perda de si mesma ou do bebê possibilitou que
essas mulheres evitassem seus desejos de comer determinados alimentos ou
quantidades e adotassem um novo estilo de vida durante a gestação.
Limitações do estudo
Este estudo procurou considerar os nexos de sentido a partir de vivências
das mulheres obesas que tiveram variação adequada de peso durante a
gestação. Entretanto, não foram considerados os diferentes níveis de
obesidade, sendo incluídas no mesmo estudo mulheres que apresentavam IMC
de 31 a 65. Como as mulheres foram encaminhadas ao serviço no final do
primeiro trimestre de gestação, o IMC pré-gestacional foi calculado sobre os
dados declarados pelas entrevistadas. Em relação a avaliação da equipe de
saúde, foram tomados cuidados éticos para ressaltar o papel da pesquisadora
durante as entrevistas como alguém não pertencente ao serviço, entretanto
como as entrevistas aconteceram dentro do serviço, existe a possibilidade das
entrevistadas terem omitido críticas negativas a equipe de saúde.
É importante ressaltar que por se tratar de uma pesquisa clínico-qualitativa
os resultados do presente estudo não são generalizáveis, dizem respeito
somente a população aqui estudada dentro de um contexto específico. Os
achados das experiências emocionais das gestantes obesas que tiveram
variação adequada de peso na gestação dão suporte ao debate atual na
tentativa de compreender o fenômeno da obesidade em gestantes e
108 Publicações
instrumentalizar a equipe de saúde no cuidado pré-natal com população
semelhante. Essa constatação não impede o reconhecimento de que princípios
ou conceitos que essa pesquisa evidencia podem ser úteis em outras
circunstâncias.
4) Conclusão
Conhecer os significados emocionais atribuídos por estas mulheres
quanto ao êxito na adequação do peso registrado ao longo da gestação
contribui para o desenvolvimento de práticas que podem promover à saúde
materna e em particular à aderência aos tratamentos preconizados pela equipe
assistencial. A gestação é relatada como um momento oportuno para a mulher
entrar em maior contato consigo mesma, com seu corpo, e assim notar mais
acuradamente seus conflitos emocionais, que poderiam passar desapercebidos
se não fosse essa condição. Através das transformações no corpo, fruto das
mudanças fisiológicas próprios desta fase, as mulheres pesquisadas indicam
que podem iniciar um processo mais refinado de autocuidados e vivência da
unidade corpo-mente. O sentimento de medo da própria morte ou do bebê,
ocasionados pelos riscos que a obesidade oferece, é referido como um grande
potencializador de mudanças, possibilitando essas mulheres optar por novos
hábitos de vida durante a gestação. Concomitantemente, a relação com os
profissionais da equipe de saúde exerce um papel importante no suporte
motivacional à gestante obesa, é importante oferecer um olhar, uma escuta e
um apoio que compreendam e cuidem da mulher de forma integral. Daí
Publicações 109
percebe-se a necessidade das diretrizes e orientações de saúde que não deem
ênfase somente a atividade física ou aos hábitos alimentares no tratamento da
obesidade, mas também considerem os aspectos psicológicos durante a
gestação da mulher obesa
Neste sentido, percebemos que mais estudos com os profissionais de
saúde de serviço pré-natal são necessários assim como estudos que revelem
as vivências emocionais em relação à obesidade no puerpério.
Agências financiadoras:
Auxílio à pesquisa regular FAPESP processo 2012/23121-5.
Participação dos pesquisadores:
Transcrição na íntegra das entrevistas (DBF); releituras flutuantes (DBF),
categorização em tópicos para discussão (DBF, FGS, CMV, VA, ERT) e análise
qualitativa de conteúdo (DBF, CMV, VA, ERT).
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114 Publicações
Participantes Idade Situação Conjugal Idade Gestacional Paridade*
IMC Pré-
gestacional
Variação de peso
gestacional (Kg)
1 29
Mora com
companheiro 39 1 31 +6
2 28
Mora com
companheiro 38 1 40 +9
3 37
Mora com
companheiro 36 3 35 +5
4 31 Solteira 34 5 48 +7
5 27
Mora com
companheiro 35 4 52 +4
6 35 Casada 34 2 53 0
7 29 Casada 35 2 39 -2,3
8 29
Mora com
companheiro 35 1 65 -1,75
9 36
Mora com
companheiro 36 7 31 +6,5
10 26 Casada 38 2 33 +6,3
11 36 Casada 36 2 33 -4,2
12 42 Casada 36 3 42 +0,9
13 34 Separada 37 2 52 +4
Quadro I: Características biodemográficas dos sujeitos, Campinas 2013.
A ordem da tabela refere-se a ordem cronologica das entrevistas. *Incluindo a Gestação atual. **Os IMCs foram calculados sobre o peso pré -
gestacional declarado pela entrevistada e considerados a partir da analise peso inicial de acompanhamento do serviço.
Discussão 115
5. Discussão
"[...] o corpo é o veículo do ser no mundo"
(Merleau-Ponty, p.94)60
Diante da complexidade do objetivo de compreender as vivências
emocionais das obesas gestantes que tiveram variação adequada de peso na
gestação, foram muitos os desafios e indagações. As experiências relatadas
pelas entrevistadas em relação ao controle de peso na gestação dão a
dimensão da riqueza e dinamismo quando se busca compreender fenômenos
humanos.
Os dados desta pesquisa propiciam uma reflexão acerca da excessiva
separação dos estudos e especialidades da ciência moderna em relação aos
aspectos psicológicos e biológicos do ser humano. Coloca diante dos
pesquisadores acadêmicos e profissionais da saúde um desafio maior em
compreender e cuidar do corpo/mente de maneira integral, considerando a
íntima relação que existe entre ambos. Nos relatos das entrevistadas, assim
como na revisão sistemática de literatura, é evidenciada uma queixa das
mulheres sobre a falta de um olhar integral às suas demandas, que muitas
vezes se veem reduzidas às questões físicas no cuidado pré-natal, enquanto os
aspectos emocionais são percebidos muitas vezes como negligenciados. Estes
116 Discussão
achados coadunam-se com as postulações de Kristeva (61) acerca do homem
contemporâneo como aquele que prende seu sofrimento ao corpo, somatiza, e
por isso, tem apresentado novas doenças da alma, resultado de um
afastamento de si mesmo, de sua subjetividade.
Diante disso, o relacionamento das pacientes com os profissionais do
serviço de saúde merece destaque. As entrevistadas deste estudo
apresentaram o quanto esse relacionamento é um fator importante de influência
para sua adesão às preconizações do serviço, como dieta, exercício físico,
entre outras. Ou seja, os aspectos psicológicos (mente) presentes na relação
das pacientes com o serviço foram fatores importantes na determinação dos
cuidados que as entrevistadas tiveram em relação ao seu próprio corpo e à
alimentação.
Esta necessidade de suporte e atenção dada pela equipe se assemelha a
conceitos apresentados por Winnicott (62). Para o autor, a mãe
“suficientemente boa” é provedora dos cuidados que o bebê necessita e oferece
ao pequeno humano um “holding”, um colo, uma sustentação. É a maneira
como a mãe trata e se preocupa com o bebê, assim como o prazer que tem de
cuidar dele que se evidenciam através da forma como o segura, o envolve, olha
para ele e todos os demais procedimentos associados ao cuidado do bebê. O
holding assegura ao bebê uma apresentação contínua do mundo, base do
sentimento de continuidade do ser, de confiança no mundo e de existência
pessoal. Fazendo um paralelo entre o cuidado materno com o bebê e o
cuidado do serviço de saúde com a gestante obesa, percebeu-se, nas
Discussão 117
entrevistas, referências positivas ao relacionamento com o serviço e com os
profissionais do serviço pré-natal. Estes exerceram um papel importante na
direção de ajudá-las a olhar para si e enfrentar suas ansiedades, dando-lhes
sustentação em suas hesitações e dificuldades.
Os resultados da presente pesquisa possibilitam ampliar essa questão no
sentido de que foi identificado que, quando a equipe indica os riscos da
obesidade na gestação e garante o suporte, estas mulheres puderam entrar em
contato com suas dores, aqui identificadas como medo da morte, e enfrentar os
desafios de aderir a um novo estilo de vida. Convém ressaltar que não basta
apenas indicar à gestante obesa os riscos que ela e seu bebê correm, é
fundamental, ao lado disso, dar um suporte relacional para que a gestante
possa suportar isso e lidar com o medo e a culpa de forma construtiva para
desenvolver e sustentar novos hábitos de cuidados com a alimentação e
consigo mesma.
As entrevistadas, acompanhadas do olhar atento da equipe de saúde,
puderam encontrar no medo de causar a própria morte e/ou do bebê, devido
aos riscos que a obesidade oferece, a possibilidade de cuidarem mais de si
mesmas e aderirem a novos hábitos de vida. Neste sentido, estas mulheres
encontraram no momento da gestação a possibilidade de olhar para si e
pensarem seus medos, indicando que elas, do ponto de vista psicodinâmico,
encontraram um trajeto diferente das que se expressam pela compulsão.
Miranda (63) assevera que as mentes de pessoas com questões de transtornos
alimentares e obesidade procuram burlar a possibilidade de pensar a dor,
118 Discussão
revelando uma dificuldade de dar representabilidade mental a experiências
dolorosas.
As entrevistadas revelaram que o medo está ligado à origem desse
processo de transformações internas e externas na vida da obesa gestante. O
medo da morte foi um grande potencializador de mudanças para as mulheres
que conseguiram aderir à dieta e manter uma variação adequada de peso
durante toda a gestação.
O desafio de aderir à dieta foi outro tema que se mostrou relevante no
discurso das entrevistadas. Estas se referem às suas lutas constantes para
aderir à dieta, que foi possibilitada pelas suas capacidades de integrar o corpo e
a mente de modo a controlar suas ansiedades. À medida que podem se
aproximar mentalmente do seu corpo e nele pensar, há uma possibilidade maior
de controlar as ansiedades e atender de forma mais adequada às necessidades
do corpo. Do ponto de vista psicodinâmico, é uma tentativa de fazer o caminho
inverso à descarga corporal do impulso, que segundo Magdaleno Junior (11)
está na etiologia da impulsividade nas adicções e na obesidade mórbida. Ao
invés de descarregar as ansiedades diretamente no corpo através do processo
de mastigar e ingerir alimentos, cria-se na gestante a possibilidade de
interromper esse automatismo ao se fazer a pausa necessária para mentalizar
ou pensar sua condição. A adesão à dieta e hábitos mais saudáveis de
alimentação colocam, para essas mulheres, um grande desafio frente aos seus
desejos e hábitos anteriores. A oportunidade de pensar em si mesma e de
perceber os riscos da obesidade para sua saúde e do bebê, coloca diante
Discussão 119
dessas mulheres um dilema constante: seguir com os riscos e assumir suas
consequências ou adotar hábitos mais saudáveis de vida.
A análise qualitativa dos dados obtidos nas entrevistas permitiu a
constatação de que a gestação foi justamente o que oportunizou este insight
para as mudanças de vida dessas gestantes. As mudanças físicas e biológicas
advindas desta condição e o relacionamento com a equipe de saúde do pré-
natal propiciam um momento privilegiado para obtenção de novas
compreensões sobre si mesmas. Isto vai ao encontro de afirmações presentes
na literatura (24, 42) que consideram a gestação como um momento oportuno
para as intervenções da equipe de saúde em relação à obesidade e também
para a mulher obesa olhar e assumir o seu corpo.
Os resultados da revisão sistemática contribuem para uma visão
multifatorial da obesidade, para além das questões biológicas, ao identificarem
aspectos emocionais no acompanhamento de uma gestante obesa, como
ansiedade, depressão, baixa autoestima, estresse, altos escores de lócus
externo, menores escores de lócus interno e maestria (34, 35, 36, 37). Esta
visão assemelha-se aos achados qualitativos da presente pesquisa, que
revelam a importância das questões relacionais e emocionais para o êxito na
variação adequada de peso da mulher obesa durante a gestação.
Considerando a obesidade do ponto de vista psicodinâmico como uma
forma de expressão de ansiedades internas e que o processo de adesão ao
tratamento de controle de peso envolve um processo psíquico complexo de
integralização psicossoma, é importante considerar o profissional da área
120 Discussão
psicossocial para compor ou apoiar referencialmente as equipes básicas de
acompanhamento pré-natal, perinatal e pós-natal. Neste sentido, desde a
decada de 1930, Winnicott, médico pediatra e psicanalista, teve a preocupação
de alertar obstetras que diversas perturbações emocionais podem estar na
base de certos quadros clínicos comuns (64) e tece uma crítica aos
profissionais da saúde que focam apenas o componente físico do paciente, não
vendo que as desordens psicossomáticas situam-se entre o mental e o físico.
O presente estudo procurou considerar a complexidade da obesidade. Os
resultados aqui apresentados e que revelam a originalidade deste estudo
partiram da articulação dos dados encontrados na literatura científica e na
pesquisa de campo. Os resultados alcançados contribuem para ampliar a
compreensão das possibilidades de mudanças na vida da gestante obesa e
orientar propostas de intervenção no cuidado da saúde da gestante obesa.
Este estudo permite ampliar a compreensão das vivências emocionais de
mulheres obesas em relação aos significados dados por elas ao êxito na
variação adequada de peso durante a gestação. É importante ressaltar que os
resultados obtidos nesta pesquisa derivam de uma amostra intencional dentro
de um contexto específico. Em outros contextos e outra amostra podem ser
encontrados outros resultados.
Conclusões 121
6. Conclusões
Acreditamos ter alcançado, de forma satisfatória, através da metodologia
específica para a revisão sistemática e método clínico-qualitativo na pesquisa
de campo, os objetivos geral e os específicos desta pesquisa: Compreender as
vivências emocionais de mulheres obesas que tiveram êxito na adequação de
peso durante a gestação em acompanhamento pré-natal no Ambulatório de
Pré-Natal Especializado do CAISM/UNICAMP; realizar uma revisão sistemática
de literatura; e uma discussão das experiências emocionais das mulheres
obesas relacionadas à variação adequada de peso durante a gestação e os
significados emocionais que as mesmas atribuem ao apoio dos profissionais da
equipe multidisciplinar de saúde.
1. Na revisão sistemática de literatura foi encontrado um número relativamente
pequeno de artigos que analisam os aspectos psicológicos no
acompanhamento de obesas gestantes. Os resultados da revisão, que
agrupou estudos de metodologia quantitativa e qualitativa, indicam a
necessidade de a equipe de saúde obstétrica aprofundar o olhar, a escuta e
o apoio na tentativa de compreender, para além dos estigmas e da condição
da gravidez, a mulher de forma integral e atentar aos sinais de depressão,
ansiedade e estresse que estão associados ao aumento do IMC na
gestação.
122 Conclusões
2. É de grande importância que os profissionais da equipe de saúde pré-natal
ofereçam um espaço de acolhimento para as angústias das gestantes
obesas em relação aos possíveis riscos e conflitos presentes na tentativa de
aderir às orientações preconizadas pelos profissionais da equipe do serviço
de saúde. Ressalta-se que o medo das obesas em relação a causar danos
irreversíveis para si ou o bebê é um fator importante na mobilização de
mudanças. Entretanto, é preciso tratar essa questão com cuidado. Posturas
da equipe de saúde que reafirmam estigmas e ameaçam sem acolher,
terminam por dificultar a adesão da paciente aos cuidados propostos,
enquanto o suporte atento e cuidadoso da equipe pode favorecer a
transformação do medo em estímulos para mudanças de vida.
As questões com as quais se defrontou este trabalho, complexas e
abrangentes, colocam a necessidade de mais estudos acerca do tema. É
importante que futuras pesquisas envolvam os profissionais da saúde do pré-
natal, seus conceitos e vivências em relação à obesidade na gestação. Outro
aspecto que merece maiores estudos é como as mulheres obesas que
mantiveram na gestação uma variação adequada de peso se comportam no
puerpério em relação a essa questão.
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64. Dias EO. A teoria do amadurecimento de D. W. Winnicott. 2 ed. São
Paulo: DWW Editorial, 2012.
Anexos 131
8. Anexos
8.1. Anexo I – Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido
Título da pesquisa: Relatos de gestantes obesas com ganho
ponderal adequado durante o pré-natal em serviço obstétrico de referência
– um estudo clínico-qualitativo.
Pesquisadora responsável: Débora Bicudo de Faria
Orientador: Prof. Dr. Egberto Ribeiro Turato
Coorientadora: Profa. Dra. Fernanda Surita
Instituição: CAISM–Ambulatório PNE/ UNICAMP
O objetivo desta pesquisa científica é compreender os significados
emocionais atribuídos pelas gestantes obesas que aderiram às
orientações preconizadas pela equipe multidisciplinar do Ambulatório de
Pré-Natal Especializado no CAISM/UNICAMP na adequação do ganho de
peso durante a gestação. Para tanto, serão realizadas uma ou duas
entrevistas, que podem durar aproximadamente uma hora, em sala
adequada e sigilosa, no momento em que elas aguardam a consulta ou
exames pré-natais. Serão feitas perguntas para se alcançar os objetivos
da pesquisa, nas quais você nos contará um pouco da sua vida, de seus
sentimentos e emoções sobre as suas vivências durante essa gestação.
Cuidados éticos serão tomados nesta entrevista e pesquisa seguindo as
normas preconizadas pelo Conselho Nacional de Saúde - Resolução
196/96.
132 Anexos
Os registros (gravações, anotações) feitos durante a entrevista
ficarão sob sigilo. O seu nome não será comunicado aos demais
profissionais que trabalham nesta Instituição, mas o relatório final,
contendo citações anônimas, estará disponível para os interessados,
inclusive para apresentação em encontros científicos e publicação em
revistas especializadas, sem citar o seu nome.
Este estudo poderá não lhe trazer benefícios diretos ou imediatos,
além da oportunidade de poder conversar sobre suas questões, mas
poderá haver mudanças no manejo e cuidados às gestantes em situações
clínicas semelhantes às suas, após os profissionais de saúde tomarem
conhecimento das conclusões deste trabalho.
Este TERMO é para certificar que eu,
_________________________________________________________,
concordo em participar voluntariamente e gratuitamente do projeto
científico acima mencionado e por meio deste, dou permissão para ser
entrevistado e para que estas entrevistas sejam gravadas.
Fui informada de que os resultados serão divulgados, porém sem
que meu nome apareça associado à pesquisa e que, após cinco anos da
pesquisa, as gravações serão apagadas.
Fui informada de que um técnico fará a transcrição da fala gravada
para um texto em computador e que alguns colegas pesquisadores
poderão conhecer o conteúdo, tal como foi por mim falado, para discutirem
os resultados, sem me identificarem.
Fui informada de que não há riscos para minha saúde, resultantes
da participação na pesquisa, mas também de que poderei ter lembranças
e emoções durante a entrevista e que receberei assistência e
encaminhamentos adequados, se necessário.
Fui informada de que sou livre para recusar a dar resposta a
determinadas questões durante as entrevistas, bem como para retirar meu
Anexos 133
consentimento e terminar minha participação a qualquer tempo sem
penalidades e sem prejuízo aos atendimentos e tratamentos.
Fui informada de que as entrevistas ocorrerão em sala adequada e
sigilosa no momento em que estiver aguardando as consultas medicas ou
exames pré-agendados no ambulatório, sem que a entrevista prejudique o
atendimento pré-natal;
Fui informada de que terei a oportunidade para perguntar sobre
qualquer questão que eu desejar, e que todas, se possível, deverão ser
respondidas a meu contento depois de encerrada a entrevista.
Quaisquer dúvidas sobre as questões éticas do estudo poderão ser
esclarecidas junto à própria pesquisadora, Débora Bicudo de Faria, na
Secretaria de Obstetrícia do CAISM/UNICAMP através do telefone (19)
3521-9304.
O Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Faculdade de Ciências
Médicas – UNICAMP também pode ser contatado em casos de dúvidas
sobre questões éticas do estudo através do telefone: (19) 3521-8936, no
endereço Rua: Tessália Vieira de Camargo, 126, Distrito de Barão Geraldo
- Campinas – SP - CEP: 13083-887.
NOME:_________________________________________________
ASSINATURA:___________________________________________
Pesquisadora:___________________________________________
134 Anexos
8.2. Anexo II – Modelo do Roteiro e Instrumento de
Coleta de Dados - Abordagem Inicial
Campinas, ___ de _____________ de 2013.
Nome da entrevistada:_____________________________________
Endereço:_______________________________________________
Estamos desenvolvendo um estudo no CAISM–UNICAMP, com as
gestantes obesas, que aderiram às orientações preconizadas pela equipe
multidisciplinar do Ambulatório de Pré-Natal Especializado do
CAISM/UNICAMP na adequação do ganho de peso ponderal durante a
gestação. Os resultados desta pesquisa poderão colaborar com a
terapêutica e propor estratégias que possam instrumentalizar a equipe de
profissionais da saúde que prestam assistência pré-natal a estimular a
adesão das mulheres obesas ao tratamento recomendável durante suas
gestações e inclusive contribuir para a saúde materna pós-gestacional.
Gostaríamos de contar com a sua colaboração voluntária ao nosso
convite que consiste em uma entrevista para participar deste estudo.
ABORDAGEM INICIAL
Meu nome é Débora Bicudo de Faria. Sou psicóloga e estou
pesquisando as vivências emocionais de gestantes obesas, que aderiram
às orientações preconizadas pela equipe multidisciplinar do Ambulatório
Anexos 135
de Pré-Natal Especializado do CAISM/UNICAMP na adequação do ganho
de peso durante a gestação.
O seu nome me foi indicado pelo fato de você ser uma gestante
obesa que tem aderido às orientações da equipe profissional do
CAISM/UNICAMP e mantido o ganho de peso dentro do indicado pelas
referencias da literatura.
Estou lhe convidando para participar do meu estudo e se for possível
a sua cooperação, teremos um ou dois encontros para falarmos consigo e
levantarmos os dados necessários ao estudo. Os encontros ocorrerão em
local e horário agendados, com duração possivelmente de uma hora. Você
gostaria de colaborar com este estudo?
Se concorda, continuo:
Para o nosso trabalho, é recomendável que gravemos nossa
conversa, podemos contar com o seu consentimento?
Esclareço que a sua identidade será mantida em sigilo quando os
dados forem apresentados em congressos ou publicados. Seus dados
apenas serão usados para esta pesquisa.
Apresento o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, lemos
conjuntamente e na concordância, coletamos assinatura e entregamos
uma cópia do TCLE a participante.
Agendamos dia, horário e local para a participação na pesquisa.
Ficha de caracterização e roteiro-diário de campo.
Entrevista N._________
Local: CAISM/UNICAMP
136 Anexos
Data: ____ / ____ /____
Início: _____: _____h. Término: ____ : ____h.
Duração em min.: ____
Entrevistador: ___________________________________________
Assinatura: _____________________________________________
A) Dados de identificação pessoal da entrevistada:
Nome completo:
Endereço para contato:
Telefone para contato:
Data de nascimento:
Profissão:
Naturalidade:
Procedência / Há quanto tempo:
Estado civil / Situação conjugal atual / Há quanto tempo:
Com quem mora:
Religião (denominação) / Religiosidades (prática):
Semana de gestação:
Peso:
Altura:
IMC:
Anexos 137
Peso pré-gestacional:
Situação econômica em salário mínimo:
Número de gestações (incluindo a atual):
Número de filhos:
Escolaridade: 1º grau ( ) 2º grau ( ) 3º grau ( )
( ) completo ( ) incompleto
Número de consultas no ambulatório:
Início do pré-natal:
Comorbidades:
B) Questões sobre as vivências emocionais de gestantes obesas,
que aderiram às orientações preconizadas pela equipe multidisciplinar do
Ambulatório de Pré-Natal Especializado do CAISM/UNICAMP na
adequação do ganho de peso durante a gestação.
Questão disparadora: Conte-me um pouco sobre como tem se
sentido nessa gestação em relação ao peso?
Você pensou ou fez algo em relação ao seu peso nessa gestação?
Quais foram suas motivações?
O que você acha que faz alguém engordar?
Conte-me como você se sentiu nas consultas de pré-natal aqui no
ambulatório do CAISM/UNICAMP?
138 Anexos
O que tem pensado sobre o bebê que vai nascer?
O que sentiu em relação à equipe de profissionais que cuida de você
aqui no ambulatório?
C) Dados da observação e auto-observação do entrevistador:
Apresentação pessoal do informante, seu comportamento global,
expressões corporais, gesticulações, mímica facial, expressões do olhar,
estilo e alterações na fala (silêncios, fala embargada, lapsos de língua e
outros atos falhos, colocações inibidas e desinibidas, alterações no timbre
e volume da voz), risos, sorrisos, choros e manifestações afins
(reações/manifestações contratransferências).
Anexos 139
8.3. Anexo III Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
140 Anexos
Anexos 141
8.4. Aprovação da emenda para alteração do título da
pesquisa