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Wildson Arcanjo de Morais

Caracterização do Processo de Gelificação de Soluções Quitosana Utilizando Reometria e

Espalhamento Dinâmico da Luz

Orientador: José Luís Cardozo Fonseca

Natal-RN

2011

Dissertação realizada e apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Química do Instituto de

Química da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte – UFRN em preenchimento dos

requisitos para a obtenção do grau de Mestre em

Química.

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Divisão de Serviços Técnicos

Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial de Química

Morais, Wildson Arcanjo de.

Caracterização do processo de gelificação de soluções de quitosana utilizando

reometria e espalhamento dinâmico da luz / Wildson Arcanjo de Morais. Natal, RN, 2011

75 f.

Orientador: José Luís Cardozo Fonseca.

Dissertação (Mestrado em Química) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-Graduação em Química.

1. Gelificação- Dissertação. 2. Espelhamento dinâmico da luz – Dissertação. 3.

Quitosana – Dissertação. 4. Tempo de gelificação – Dissertação. I. Fonseca, José Luís

Cardoso. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título.

RN/UFRN/BSE- Química CDU 544.022.822

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À minha querida família

In memorium:

Em memória do meu avô materno:

Antônio Confessor de Oliveira.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, Deus!

Ao Prof. Dr. José Luís Cardozo Fonseca e a Profa. Dra. Márcia Rodrigues Pereira pela

orientação, dedicação e amizade que estiveram sempre presentes no decorrer deste trabalho;

À minha família, em especial a minha mãe, pai e irmãos, pelo apoio e carinho.

Aos amigos do Laboratório de Membranas e Colóides (LAMECO), e do Núcleo de

Pesquisa em Petróleo e Gás Natural (NUPEG) que me ajudaram na realização desse trabalho;

Aos amigos pelo incentivo e compreensão.

Ao Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), à Coordenação de Aperfeiçoamento de

Pessoal de Nível Superior (CAPES) e à Pró-Reitoria de Pesquisa da Universidade Federal do

Rio Grande do Norte (PROPESQ-UFRN) pelo suporte financeiro dado a este trabalho.

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RESUMO

Géis são materiais que possuem aplicações em várias áreas, tais quais, na indústria de

tintas, alimentos e farmacêutica. Os métodos empregados para obtenção dos géis podem ser

físicos (interações físicas) e/ou químicos (baseado em interações covalentes), tal processo, é

denominado gelificação. Neste trabalho, o processo de gelificação de quitosana/glutaraldeído

foi monitorado utilizando reometria e espalhamento da luz (DLS). As funções de correlação

de intensidade (ICF) foram obtidas através de DLS e a equação de Kohrausch-William-Watts

(KWW) foi ajustada com os dados experimentais. Os parâmetros da equação KWW, β, Γ e C

foram avaliados. Estes métodos foram eficazes na clarificação do processo que compreende a

transição sol-gel, com o surgimento da não-ergodicidade, e na determinação da faixa de

gelificação, observada em torno de 10-20 minutos. A dependência da viscosidade aparente em

função do tempo foi utilizada para comprovar o tempo de gelificação observado no DLS.

Palavras-chave: Espalhamento dinâmico da luz. Quitosana. Tempo de gelificação.

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ABSTRACT

Gels consist of soft materials with vast use in several activities, such as in

pharmaceutical industry, food science, and coatings/textile applications. In order to obtain

these materials, the process of gelification, that can be physical (based on physical

interactions) and/or chemical (based on covalent crosslinking), has to be carried out. In this

work we used dynamic light scattering (DLS) and rheometry to monitor the covalent

gelification of chitosan solutions by glutaraldehyde. Intensity correlation function (ICF) data

was obtained from DLS and the exponential stretched Kohrausch-William-Watts function

(KWW) was fitted to them. The parameters of the KWW equation, β, Γ and C were evaluated.

These methods were effective in clarifying the process of sol-gel transition, with the

emergence of non-ergodicity, and determining the range of gelation observed in about 10-20

minutes. The dependence between apparent viscosity on reaction time was used to support the

discussion proposed.

Keywords: Dynamic light scattering. Chitosan. Gelation time.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 3-1: Representação da estrutura da quitosana.28

................................ 19

Figura 3-2: (a) Representação da estrutura da quitina. (b) representação da

estrutura da celulose.28

.................................................................

20

Figura 3-3: Representação proposta do mecanismo de reticulação da

quitosana com glutaraldeído (a) e (c) Representação da estrutura

da quitosana, (b) Estrutura do glutaraldeído, (d) Base de Schiff,

(e) Ligação cruzada formada.27

...................................................

23

Figura 3-4: (a) Polímero disperso, (b) Polímero com ligações cruzadas na

estrutura gelificada.5 ..................................................................

24

Figura 3-5: Representação da oscilação do dipolo induzido devido à luz

incidente. 34

.... ..............................................................................

25

Figura 3-6: Figura adaptada da evolução teórica e as inovações em sistemas

gelificados ao longo do século 20.5.............................................

26

Figura 3-7: Tipos de heterogeneidades: (a) espacial, (b) topológica e (c)

conectividade.5 ..........................................................................

27

Figura 3-8: (a) Flutuações devido ao Movimento Browniano, (b) flutuações

devido a heterogeneidades, (c) superposição das flutuações (a) e

(b); todas as flutuações em função do vetor de posição r.5..........

28

Figura 3-9: Feixe de luz passando em diferentes sistemas: (a) poliestireno e

(b) gel.5........................................................................................

29

Figura 4-1: Esquema representando a aparelhagem em um experimento de

Espalhamento Dinâmico da Luz..................................................

32

Figura 4-2: A flutuação da Intensidade detectada, I(t), em função do

tempo.34

.......................................................................................

33

Figura 4-3: Intensidade correlacionadas médias em função do tempo de

correlação.34

.................................................................................

34

Figura 4-4: Elemento cúbico com tensões normais e cisalhantes

assinaladas.42

.................................................................................

38

Figura 4-5: Curvas de fluxo de alguns tipos de fluidos.40

................................ 40

Figura 4-6: Variação da viscosidade dos fluidos, η, em função da taxa de 41

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cisalhamento, ẏ. (1) Fluido Newtoniano, (2) fluido

pseudoplástico, (3) fluido dilatante e (4) fluido plástico.51, 52

........

Figura 5-1: Dados experimentais: Função de correlação não normalizada,

h(2) em função do tempo de relaxação τ para quitosana 1%. Os

parâmetros b e a, correspondem a amplitude e linha de base,

respectivamente. 48

.........................................................................

44

Figura 5-2: Ilustração do esquema experimental do reômetro

............................................... ........................................................

45

Figura 6-1: Função de autocorrelação, g(2), em função do tempo de

correlação, tD, para (a) solução de quitosana sem agente

reticulante e (b) solução de quitosana com glutaraldeido 28 min

após o início da reação..................................................................

48

Figura 6-2: Tempo de flutuações, tD,N, em função do tempo de reação, t,para

a solução de quitosana e glutaraldeido..........................................

52

Figura 6-3: Parâmetros relativos à equação (6.10) em função do tempo de

reação, t: (a) β, (b) Γ e (c) C ........................................................

62

Figura 6-4: A viscosidade aparente, η, em função do tempo de reação, t,durante

a reação de quitosana e glutaraldeído em solução aquosa

.......................................................................................................

65

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LISTA DE SÍMBOLOS

t tempo;

x posição;

cv velocidade da luz;

λ comprimento de onda;

E(x,t) campo elétrico em função de x e t;

E0 campo elétrico no ponto zero;

E vetor campo elétrico;

SE vetor campo elétrico da luz espalhada;

m vetor de massa para uma partícula oscilante;

r vetor posição;

< >T média da intensidade no tempo;

< >E média da intensidade do conjunto;

QELS espalhamento quase elástico da luz;

PCS espectroscopia de correlação de fótons;

DLS espalhamento dinâmico da luz;

θ ângulo de espalhamento;

I intensidade de campo;

somatório;

*E

complexo conjugado do campo elétrico;

E campo elétrico;

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τ tempo de correlação;

C(t1,t2) função de correlação entre os tempos t1 e t2;

f(t1) valor da função de correlação no tempo t1;

f(t2) valor da função de correlação no tempo t2;

<f(t1). f(t2)> médias dos valores da função de correlação;

TCF função de correlação de tempo;

g(2)

função de correlação de segunda ordem;

g2

função de correlação de segunda ordem não

normalizada;

g(1)

função de correlação de primeira ordem;

s microsegundos;

D coeficiente de difusão translacional;

q vetor de espalhamento;

η viscosidade do solvente;

Γ taxa de decaimento;

F força;

A área;

yx taxa de cisalhamento no plano x e y;

variação de velocidades;

y variação de posição;

σ tensão;

τ tensão de cisalhamento;

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v velocidade;

y posição;

dv variação infinitesimal de velocidade;

dy variação infinitesimal de posição;

b amplitude da função de correlação;

a linha de base;

tD tempo de correlação;

h(2)

função de correlação coletiva;

(2)

Dth

forma coletiva da função de correlação em

função de tD;

hBL linha de base da função de correlação;

β parâmetro experimental da função g(2)

;

G(Г) densidade de probabilidade para um taxa Г

determinada;

H(Г) densidade de probabilidade para um ensaio

de tensão;

E(t) Módulo de Young;

KWW Equação de Kohlraush-William-Watts;

E0 Módulo no ponto zero;

c parâmetro relacionado com a largura das

distribuições;

ξ tamanho “mesh”;

2

1 amplitude inicial da ICF.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO....................................................................................... 14

2 OBJETIVOS .......................................................................................... 16

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA............................................................. 17

3.1 HIDROGÉIS............................................................................................. 17

3.1.1 Hidrogéis físicos...................................................................................... 17

3.1.2 Hidrogéis químicos................................................................................. 17

3.1.3 Obtenção de hidrogéis............................................................................ 17

3.1.3.1 Foto-polimerização.................................................................................. 18

3.1.3.2 Através de estímulos do ambiente........................................................... 18

3.1.3.3 Reticulação iônica.................................................................................... 19

3.1.3.4 Reticulação química................................................................................. 19

3.2 QUITOSANA......................................................................................... 19

3.2.1 Hidrogéis de quitosana.......................................................................... 21

3.3 ESPALHAMENTO DA LUZ................................................................. 24

3.3.1 Espalhamento da luz em sistemas gelificados..................................... 26

3.3.1.1 Características dos sistemas gelificados devido ao espalhamento de luz. 27

3.4 REOLOGIA........................................................................................... 29

3.4.1 Sólido elástico ideal................................................................................ 30

4 TÉCNICAS UTILIZADAS................................................................. 31

4.1 ESPALHAMENTO DINÂMICO DA LUZ........................................ 31

4.1.1 Aparelhagem experimental.................................................................... 31

4.1.2 As funções utilizadas no espalhamento da luz..................................... 32

4.2 REOMETRIA........................................................................................ 37

4.2.1 Tensão..................................................................................................... 37

4.2.2 Escoamento viscoso............................................................................... 38

4.2.2.1 Lei de viscosidade de Newton................................................................ 38

5 METODOLOGIA EXPERIMENTAL.................................................. 42

5.1 MATERIAIS E MÉTODOS..................................................................... 42

5.2 PURIFICAÇÃO DA QUITOSANA....................................................... 42

5.3 ANALISADOR DE TAMANHO DE PARTÍCULA 90PLUS............... 43

5.3.1 Gel de quitosana...................................................................................... 43

5.3.2 Obtenção das funções de correlação..................................................... 43

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5.4 REOLOGIA............................................................................................ 44

5.4.1 Esquema experimental da reologia...................................................... 45

6 RESULTADOS E DISCUSSÕES........................................................ 47

6.1 ESPALHAMENTO DINÂMICO DA LUZ............................................. 47

6.1.1 Funções de correlação............................................................................ 48

6.1.2 Tempos de flutuações.............................................................................. 51

6.1.3 Correlação entre Viscoelasticidade e Espalhamento Dinâmico da

Luz...........................................................................................................

54

6.1.4 Tempo de gelificação no espalhamento da luz..................................... 57

6.2 REOMETRIA........................................................................................ 64

7 CONCLUSÕES..................................................................................... 67

REFERÊNCIAS 68

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14

1 INTRODUÇÃO

Hidrogéis são redes tri-dimensionais de cadeias poliméricas hidrofílicas, que podem

absorver grandes quantidades de água1. Os polímeros não se dissolvem devido as ligações

cruzadas2. Estas redes poliméricas são classificadas em dois tipos de acordo com a natureza

das interações que constroem as redes: géis físicos, as interações das cadeias não são

covalentes (ou seja, dipolar, ligações de hidrogênio e interações eletrostáticas), e são ligações

reversíveis; 3Géis químicos são formados por ligações covalentes que conectam as cadeias

através das ligações cruzadas,4 que são ligações irreversíveis

3.

A utilização de hidrogéis em lentes de contato em 1960 marcou o início da aplicação

desses compostos em várias áreas5, tais quais, farmacêutica

6, engenharia de tecidos

7,

sensores1, engenharia de alimentos e Medicina

8. Na literatura, podemos observar que, alguns

polímeros vêm sendo utilizados para obtenção desses géis: derivados da celulose, a quitosana

e dextrana, a proteína gelatina, N-isopropilacrilamida e polímeros sintéticos como poliésteres

biodegradáveis9.

Soluções poliméricas interagem com moléculas multifuncionais, esta interação resulta

em sistemas gelificados, que possuem ligações entre as cadeias denominadas ligações

cruzadas10

. A transição de solução polimérica para sistema gelificado é denominado sol-gel.11

A cinética deste processo é uma forma interessante para elucidar a estrutura do gel e a

química de gelificação. Na indústria polimérica a determinação da fronteira de gelificação é

importante para se controlar as propriedades mecânicas destes sistemas (Métodos que não

interferem neste processo são requeridos).

A técnica de espalhamento de luz vem sendo utilizada para determinar a faixa de

gelificação12, 13

. O processo de gelificação afeta a mobilidade translacional. O movimento

translacional pode ser determinado por espalhamento dinâmico da luz através da função de

correlação de intensidade em função do tempo, TCF, sendo a região de gelificação

mensurável através de DLS13

. Como na literatura a técnica de espalhamento de luz é

vastamente aplicada para abordar o processo de gelificação4, 14-16

. Por exemplo, Okamoto

reportou que a transição sol-gel pode ser claramente detectada por espalhamento de luz para

sistemas quimicamente ligados, tais quais, géis de acrilamida e sílica16

.

A reometria também é utilizada na caracterização de sistemas gelificados17-19

. Testes

reológicos são os métodos mais utilizados para caracterizar biopolímeros, como a quitosana

20. No estudo da transição sol-gel uma força externa é aplicada ao sistema e a amplitude da

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deformação ou a força de resistência à deformação é medida em função do tempo ou da faixa

de temperatura11

.

A quitosana está entre os principais biopolímeros utilizados para obtenção de

hidrogéis. Nesta dissertação será abordado o monitoramento da reticulação de soluções de

quitosana usando glutaraldeído por dois métodos distintos, reometria e espalhamento

dinâmico de luz. Para avaliar os resultados do espalhamento dinâmico da luz equações

viscoelásticas foram adequadas como base para elucidar o processo de gelificação.

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16

2 OBJETIVOS

O objetivo desta dissertação foi monitor a reticulação da quitosana por glutaraldeído

em solução através de medidas de viscosidade aparente, indicando, como feito usualmente, o

tempo de gelificação. Como forma alternativa, o espalhamento dinâmico de luz foi utilizado

para caracterizar o processo de gelificação, através do ajuste da função de correlação à

equação KWW, seguido da análise dos parâmetros resultantes.

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17

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 HIDROGÉIS

Segundo Peppas hidrogéis são redes de macromoléculas inchadas em água ou fluidos

biológicos3. Os hidrogéis são compostos por redes tridimensionais que podem absorver uma

grande quantidade de água21

. Os hidrogéis podem ser divididos em duas classes: hidrogéis

químicos, formados por ligações covalentes irreversíveis, e hidrogéis físicos, formados por

várias ligações reversíveis22

.

3.1.1 Hidrogéis físicos

Os Hidrogéis físicos podem se degradar e, eventualmente, desintegrar e se dissolver.

Eles são chamados “reversíveis” ou géis “físicos” quando as redes são mantidas juntas,

devido ao emaranhado das moléculas e/ou forças secundárias, incluindo interações

eletrostáticas, ligações de hidrogênio e forças hidrofóbicas. Os hidrogéis físicos não são

homogêneos opticamente, fatores como os aglomerados moleculares, hidroficilidade ou

domínios iônicos podem criar heterogeneidade no sistema. Caudas livres das cadeias e cadeias

em laços também podem criar heterogeneidade temporária23

.

3.1.2 Hidrogéis químicos

Hidrogéis são chamados “permanentes” ou “químicos” quando as suas redes são

covalentemente reticuladas. Os hidrogéis químicos podem ser gerados através da reticulação

de polímeros solúveis em água. Como os hidrogéis físicos, os hidrogéis químicos não são

homogêneos opticamente. Eles contêm poucas regiões inchadas com água e alta densidade de

ligações cruzadas 23

.

3.1.3 Obtenção de hidrogéis

Os hidrogéis podem ser obtidos via foto-polimerização, reticulação química, iônica ou

em resposta a estímulos das meio como mudanças na temperatura, pH ou força iônica do

meio9.

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18

3.1.3.1 Foto-polimerização

Moléculas foto- reativas, ou seja, quando interagem com radiação na região UV, se

tornam radicais, que são extremamente reativas. A interação desses radicais com as regiões

reativas nas cadeias poliméricas podem gerar estruturas gelificadas21

. Os hidrogéis podem ser

obtidos in vivo ou in vitro. Este método da foto-polimerização converte um monômero líquido

ou macromolécula em hidrogéis por polimerização via radicais livres. Hidrogéis foto-

polimerizado têm sido investigados em um grande número de aplicações biomédicas

incluindo: prevenção de tromboses, liberação de fármacos, revestimento de biosensores e

transplante de células2.

3.1.3.2 Através de estímulos do ambiente

Os géis que são formados pela influência da temperatura são denominados hidrogéis

termos-sensíveis. As sensibilidades às variações térmicas evitam a utilização de tratamentos

químicos ou outros métodos que empregam mudanças no ambiente. Aplicado em sistemas

vivos, a variação de temperatura, entre o ambiente e o corpo, provoca a formação do gel. Os

polímeros naturais possuem a propriedade de se tornarem géis, devido à variação de

temperatura, e têm sido aplicados nas áreas farmacêuticas, biomédica e de engenharia.

Polímeros N-isopropilacrilamida e derivados do polissacarídeo celulose são exemplos de

macromoléculas termo-sensíveis9.

3.1.3.3 Reticulação iônica

Este tipo de processo emprega íons, interações eletrostáticas, para formar os hidrogéis.

Quando um polieletrólito é combinado com um íon multivalente de carga oposta, esta

interação pode gerar o gel. Alginato de cálcio é um exemplo de composto que pode formar

este tipo de hidrogel23

. Derivados da celulose também podem sofrer reticulação iônica: a

quitosana pode ser ionicamente reticulada utilizando ácido sulfúrico ou tripolifosfato. Os íons

sulfatos interagem com a quitosana carregada positivamente, formando os hidrogéis.24, 25

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19

3.1.3.4 Reticulação química

O processo de reticulação química nos polímeros ocorre a partir de moléculas,

geralmente de baixa massa molecular, denominadas de agentes reticulantes23

. Na literatura

são encontrados alguns agentes reticulantes como: etileno glicol, éter diglicidílico,

glutaraldeido e epicloridrina10

. Os agentes reticulantes devem ser moléculas multi-funcionais.

A reticulação química melhora as propriedades mecânicas dos géis obtidos, devido a

formação de ligações covalentes que são irreversíveis22

.

3.2 QUITOSANA

A história da quitosana começa no século dezenove, quando Rouget discutiu as formas

de desacetilação da quitina em XIX.21

A quitina, estruturalmente, possui uma analogia com a

estrutura química do colágeno, encontrado nos animais superiores, e com a celulose nas

plantas terrestres26

. A quitosana é um copolímero linear constituído por unidades de poli (1

4) 2-amino-2-desoxi-β-D-glucopiranose (principalmente) e poli(1 4) 2-acetamida-2-desoxi-

β-D-glucopiranose21, 27-32

. A quitosana, caracterizado como um poliaminossacarídeo, é obtido

pela desacetilização alcalina da quitina, sendo este, o segundo mais abundante polissacarídeo,

sendo o primeiro, a celulose28, 31

. Ambos, a quitosana e a quitina, são similares quimicamente

com a celulose, diferindo, somente, no grupo funcional situado no carbono-2 na unidade

monomérica.33

A Figura 3.1 mostram a estrutura da quitosana.

Figura 3.1- Representação da estrutura da quitosana.34

A estrutura da quitina e da celulose é mostrada na Figura 3.2

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20

Figura 3.2 - (a) Representação da estrutura da quitina. (b) representação da estrutura da celulose.34

O grau de desacetilização, GD, é o parâmetro que indica a porcentagem molar das

unidades monoméricas que possuem grupos amino e variam entre 0 ( quitina) a 100 ( quitina

completamente desacetilada).35

O grau de desacetilização controla muitas propriedades do

polímero31

.

A quitina ocorre naturalmente nas paredes celulares dos fungos e no exoesqueleto dos

artrópodes como o caranguejo, camarão e insetos.

A dificuldade de solubilização da quitina em solventes orgânicos e soluções aquosas,21

que advém, principalmente, das ligações de hidrogênio prolongadas ao longo da sua estrutura

semi-cristalina26

, contribuem para o baixo número de aplicabilidades práticas do

biopolímeros, enquanto a quitosana, como uma variação artificial, possui um campo maior de

aplicabilidade21

.

A quitosana possui várias propriedades que a torna favorável a diversas aplicações:

atoxicidade, biodegradável, biocompatível, 35

polieletrólito em soluções ácidas diluídas,21

catiônica;29

devido à protonação dos grupos aminos presentes em sua estrutura

biomacromolecular35

. Em pH acima de 6.0, os grupos amino da quitosana são desprotonados

se tornando insolúvel.21

A quitosana tem sido utilizada em várias aplicações tais como:

sistemas de liberação de fármacos,29

tratamento de lesões da pele, sorção de metais pesados,

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21

tratamento de efluentes advindos da indústria têxtil35, 36

além de, algumas aplicações no

campo das cerâmicas37

.

Para tais aplicações, a quitosana pode ser empregada em diferentes formas físicas:

flocos, grânulos de géis, membranas, fibras, fibras ocas, esponjas31

.

O solvente mais comumente utilizado para solubilização da quitosana é o ácido acético

(geralmente, 1% possuindo pH em torno de 4). A quitosana também é solúvel em soluções de

1% dos ácidos clorídrico e nítrico, porém insolúvel nos ácidos sulfúrico e fosfórico.

Entretanto, soluções de ácido acéticas concentradas e altas temperaturas podem causar a

despolimerização da quitosana, tornando desfavorável a utilização do ácido acético nestas

condições.26

3.2.1 Hidrogéis de quitosana

O glutaraldeído ou 1,5-pentanodial (OHC-(CH2)3-COH) é extensamente usado como

agente reticulante em grupos amino, sendo um reagente bastante barato e convenientes para

tal finalidade38

.

A reticulação química utilizando agentes reticulantes é o método mais simples para a

produção de redes de hidrogéis permanentes. O agente reticulante forma ligações covalentes

entre as cadeias poliméricas. Os grupos reativos –NH2 e –OH são sítios capazes de formar

ligações cruzadas21

.

A reação entre grupos amino da quitosana e aldeídos tem sido descrita na literatura.

Uma mudança de coloração acontece durante o processo de formação das ligações cruzadas.

O acréscimo na taxa de coloração é combinado com a formação do gel, assim na medida em

que o gel se forma, a intensidade da coloração do sistema aumenta. A explicação desse fato é

advinda do surgimento da rede tridimensional estabelecida entre as cadeias poliméricas. A

taxa de gelificação do sistema é afetada por: temperatura, concentração do ácido acético e

concentração de grupos funcionais (amino e aldeídos) 27

.

A elucidação do processo de reticulação das cadeias de quitosana através da interação

com o glutaraldeído tem sido estudada por vários pesquisadores. Os mecanismos precisos da

reação e das estruturas da reticulação covalente da quitosana não foram completamente

elucidados. Normalmente, três estruturas são sugeridas. Para interpretar este comportamento

três proposições podem ser são consideradas33

:

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22

(A) Inicialmente, a interação do glutaraldeído com quitosana, ocorre pela formação de

uma base de Schiff, somente um grupo aldeído da molécula do agente reticulante

interage com a cadeia polimérica, o outro grupo permanece livre, e, comumente, usado

para a próxima reação;33

(B) A ligação cruzada é formada por, uma molécula de glutaraldeído e por duas unidades

de quitosana, resultando na formação de duas bases de Schiff envolvendo ambos os

grupos aldeídos da molécula do glutaraldeído;33

(C) A ligação cruzada não é somente formada por uma molécula de glutaraldeído, mas por

uma polimerização de glutaraldeído formando, consequentemente, uma grande rede de

ligações cruzadas.33

De acordo com as três proposições mostradas acima, as três prováveis estruturas que

são formadas na reação quitosana/agente reticulante são visualizadas na Figura 3.3.33

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23

Figura 3.3 - Representação proposta do mecanismo de reticulação da quitosana com

glutaraldeído (a) e (c) representação da estrutura da quitosana, (b) estrutura do glutaraldeído,

(d) base de Schiff, (e) ligação cruzada formada.33

A diferenciação da estrutura de um polímero disperso e o mesmo polímero reticulado é

ilustrada na Figura 3.4.

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24

Figura 3.4 - (a) Polímero disperso, (b) Polímero com ligações cruzadas na estrutura gelificada.5

A principal diferença é encontrada nos pontos de contato entre as cadeias poliméricas

em (b) onde são encontradas as ligações cruzadas.

3.3 ESPALHAMENTO DA LUZ

Nas aplicações em química coloidal, a maioria dos trabalhos é realizada na parte

visível do espectro, resultando na comum designação comum de espalhamento da luz.

Radiação eletromagnética consiste das oscilações dos campos elétrico e magnético que são

perpendiculares um ao outro. 39

Considerando a interação da luz com a matéria, dois modelos são tratados para melhor

interpretar os fenômenos que ocorrem nesta interação. Os modelos tratam a luz como onda

e/ou partícula. A luz como onda: uma modulação do campo elétrico e magnético no espaço e

no tempo. Na equação 3.3, a luz é tratada como uma onda em função do tempo 40

0

22

( , ) (sin( ) sin( ))

cv

xE x t E

t (3.3)

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25

Onde ( , )E x t , é a variação do campo elétrico em função de x , posição, e t, tempo. 0E é

a amplitude do campo elétrico. Essa luz polarizada se propaga na direção x e com

comprimento de onda λ, sendo vc a velocidade da luz no vácuo.40

A luz interage com as moléculas provocando o remodelando da distribuição espacial

de cargas, devido à mudança de polarização das partículas. 40

A magnitude deste efeito é dada pela polarizabilidade da molécula, sendo esta, o quão

fácil pode ser a mudança de cargas dentro da molécula. A distribuição de cargas segue a

modulação em tempo do vetor de campo elétrico do raio de luz incidente, portanto, a

molécula constitui um dipolo oscilante devido à oscilação do campo elétrico. Este dipolo

oscilante emite uma onda eletromagnética de mesmo comprimento de onda da luz incidente

(espalhamento elástico), emitida isotropicamente em todas as direções, perpendicular ao

oscilador.40

Figura 3.2 - Representação da oscilação do dipolo induzido devido à luz incidente. 40

O ângulo de observação da direção do raio da luz incidente é chamado de ângulo de

espalhamento provendo a medida do comprimento da escala observado no experimento de

espalhamento de luz,40

Considerando-o como um processo puramente elástico em que a luz

emitida tem o mesmo comprimento de onda da luz incidente. Partículas em solução,

entretanto, possuem um movimento randômico (movimento browniano) causado pelas

flutuações de densidade do solvente. Como conseqüência das mudanças nas posições entre as

partículas e, também, das flutuações da concentração, ambas em função do tempo, o padrão

de interferência e a intensidade de espalhamento resultante sobre um determinado ângulo de

espalhamento também muda com o tempo, refletindo no movimento Browniano das partículas

espalhadoras.40

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26

Este fenômeno é base do espalhamento dinâmico da luz, um processo experimental

que emprega a medida quantitativa da mobilidade das partículas espalhadoras em solução,

caracterizada pelo seu coeficiente de difusão, para determinar o tamanho hidrodinâmico das

partículas em solução. 40

3.3.1 Espalhamento da luz em sistemas gelificados

A interação da luz com sistemas gelificados é discutida por vários cientistas em

décadas.5 Com isso, a comunidade cientifica vêm utilizando novas nomenclaturas, de acordo

com as novas características observadas nos sistemas tais como, ergodicidade e não

ergodicidade41

, heterogeneidades5( “inhomogeneities” ou “heterogeneities”)

42, manchas (

“speckles pattern”)43

e os domínios (“blob”).42

A Figura 3.3 mostra a evolução das teorias e as inovações dos sistemas gelificados

desde 1930 até 1996.

Figura 3.3 - Adaptada da evolução teórica e as inovações em sistemas gelificados ao longo do século XX.5

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27

3.3.1.1 Características dos sistemas gelificados devido ao espalhamento de luz

Heterogeneidades, isto é, flutuações devido aos domínios que estão “paralisados”,

estruturas paralisadas na rede,44

estão sempre presentes em sistemas gelificados, pois são

introduzidos durante o processo de reticulação de um polímero disperso em um solvente. A

taxa de crescimento do número de heterogeneidades é proporcional a de ligações cruzadas,

quanto maior a taxa de ligações cruzadas maior o número de heterogeneidades.44, 45

Géis poliméricos contêm flutuações que advêm das estruturas “congeladas” as

heterogeneidades, que são classificadas em: (1) espacial (2) topológica e (3) conectividade.

Figura 3.7 - Tipos de heterogeneidades: (a) espacial, (b) topológica e (c) conectividade.42

A heterogeneidade espacial é originada devido a distribuição não uniforme das

ligações cruzadas. As heterogeneidades topológicas são dependentes da topologia da rede,

como laços, emaranhados e as cadeias que não sofrem reticulação. As heterogeneidades

conectivas são causadas pelos tamanhos e pelas distribuições dos aglomerados, e sua

significância é observada na fronteira de gelificação.42

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28

Existem dois tipos de flutuações em sistemas gelificados: (a) flutuações causadas pelo

movimento browniano do solvente e/ ou do soluto, são flutuações que ocorrem em solução

em função do tempo,44

(b) flutuações advindas das heterogeneidades introduzidas pelas

ligações cruzadas, flutuações dos domínios sólidos que são independentes do tempo. A

Figura 3.8 ilustra essas flutuações

Figura 3.8- Flutuações devido ao Movimento Browniano, (b) flutuações devido a heterogeneidades, (c)

superposição das flutuações (a) e (b); em função do vetor posição r.5

Estatisticamente, existem dos tipos de médias: a do tempo, sendo representada por <

>T e a do conjunto de partículas < >E . O termo não-ergodicidade significa que as médias do

tempo e do conjunto de partículas não são iguais5. A Figura 3.9 mostra o comportamento do

raio de luz quando passa em dois tipos de sistemas diferentes: (a) um meio possuindo

ergodicidade poliestireno (PS) e um meio não possuindo ergodicidade (gel polimérico). No

caso do poliestireno, uma banda brilhante é vista, enquanto que, no gel polimérico, “manchas”

(speckles) são visualizadas. O fenômeno das “manchas” que são originadas em sistemas

gelificados é devido à: (1) a alta coerência do raio de luz, (2) as flutuações que são advindas

das heterogeneidades5.

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29

Figura 3.9 - Feixe de luz passando em diferentes sistemas: (a) poliestireno e (b) gel.5

3.4 REOLOGIA

O nome reologia vem do grego rheo = deformação e logia = ciência ou estudo.46

Portanto, reologia são o estudo da deformação e o fluxo de matéria,47

quando é submetida a

esforços originados de forças externas46

. (O termo reologia foi aceito quando a Sociedade

Americana de Reologia foi fundada em 1929)47

.

Em 1678, Robert Hooke desenvolveu sua “Teoria verdadeira da elasticidade”,

estudando o comportamento elástico das molas. Isaac Newton deu atenção aos líquidos e, em

1687, em o “Principia” publicou a hipótese: “A resistência que surge da falta de escoamento

das camadas do líquido é proporcional à velocidade com que as partes do líquido estão

separadas uma da outra”. “A falta de escoamento” é o que chamamos de “viscosidade”47

. Esta

grandeza física, equivalente ao módulo de Young, também é conhecida como coeficiente de

viscosidade46

.

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30

Quando uma tensão é aplicada em um corpo, este se deforma. Define-se deformação como o

deslocamento relativo de pontos em um corpo, podendo esta sendo usado para classificar,

grosseiramente, o corpo como sólido (elasticidade), ou líquido (escoamento):

Deformação irreversível (escoamento): quando a tensão é removida, o material não

volta a sua forma original. Significando que o trabalho foi convertido em energia.

Deformação reversível (elasticidade): O corpo deformado recupera sua forma

original, sendo o trabalho aplicado recuperado totalmente.48

Materiais viscoelásticos apresentam tanto elasticidade quanto escoamento.48

3.4.1 Sólido elástico ideal

As maiorias dos corpos sólidos possuem características elásticas. Se as forças que

produzem deformação não excedem certo limite, a deformação desaparece quando são cessadas

as forças que atuam. Corpos que suportam a ação de forças externas são considerados

perfeitamente elásticos, ou seja, retornam a sua forma inicial completamente quando as forças

deixam de atuar.48

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31

4 TÉCNICAS UTILIZADAS

4.1 ESPALHAMENTO DINÂMICO DA LUZ

Espalhamento Quase Elástico da Luz (Quasi-Elastic Light Scattering - QELS),

Espectroscopia de Correlação de Fótons (Photon Correlation Spectroscopy – PCS) e

Espalhamento Dinâmico da Luz (Dynamic Light Scattering – DLS) são os termos encontrados

na literatura para a técnica. 49

O termo moderno, Espalhamento Dinâmico da Luz, tem sido o

mais descritivo, já que esta depende sempre da movimentação e da dinâmica dos centros

espalhadores.50

Espalhamento dinâmico da luz vem sendo extensamente utilizado em físico-química,

química coloidal, ciências dos polímeros, bioquímica, biofísica, ciência médica e outras áreas.

Determinação de tamanho, distribuição de tamanho de partículas coloidais em dispersão,

partículas poliméricas em solução, processos de gelificação, e vitrificação são alguns dos

processos que vêm sendo investigados por Espalhamento Dinâmico da Luz.51

Espalhamento dinâmico da luz é uma técnica para a determinação do movimento dos

sistemas coloidais e os seus coeficientes de difusão. As flutuações que são funções do tempo,

na Figura 4.2, medidas, em um determinado ângulo de espalhamento é a propriedade

mensurável por esta técnica.40

4.1.1 Aparelhagem experimental

A Figura 4.1 mostra a representação de um esquema da aparelhagem experimental em

uma análise de espalhamento de luz.

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14

Figura 4.1- Esquema representando a aparelhagem em um experimento de Espalhamento Dinâmico da Luz.

A luz passa no colimador, passa pela célula da amostra onde acontece o espalhamento

da luz. O detector está situado a um determinado ângulo, θ. O correlator armazena os dados e

faz os devidos cálculos que são captados no computador.

O campo elétrico, que passa através da célula da amostra, é detectado. Entretanto,

detectores de luz não conseguem medir campos elétricos, mas a intensidade do campo, E, é

mensurável. De acordo com a equação 4.1:

*I E X E (4.1)

Onde I é a intensidade do campo elétrico, e indica a soma sobre todos os espalhamentos,

E é o campo elétrico, e * denota o complexo conjugado. 52

4.1.2 As funções utilizadas no espalhamento da luz

A intensidade detectada se comporta como uma flutuação em função do tempo, de

acordo com a figura 4.2

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15

Figura 4.2 -A flutuação da Intensidade detectada, I(t), em função do tempo.40

Estas flutuações na intensidade I(t) em função do tempo são diretamente relacionadas

com o Movimento Browniano das Partículas espalhadoras, causada pelas flutuações térmicas

das moléculas do solvente.40, 53

A Figura 4.2 mostra que o espalhamento de luz é um processo aleatório. Entretanto,

informações essenciais podem ser extraídas da espectroscopia de correlação de fótons

utilizando métodos estatísticos. A característica mais simples de uma variável é o seu valor

médio. Mas, o valor médio de uma amplitude complexa de um campo eletromagnético de

espalhamento é igual a zero e não contem nenhuma informação. O mais complexo e

conhecido método estatístico para um processo aleatório, e que não é igual a zero, é a função

de correlação, que é o produto da média de uma variável f em dois tempos diferentes, t1 e t2,

de modo que C(t1, t2)= <f(t1). f(t2)>. A função C(t1, t2) é uma das principais características de

processos aleatórios.52

Utilizando os tempos τ1 e τ2 ao invés de t1 e t2 na função de correlação C(t1,t2), e

sendo f igual a I , intensidade do campo, os tempos τ1 e τ2 são bem curtos,da ordem de µs, os

quais podem ser encontrados na Figura 4.2. Na Figura 4.3 é mostrada a utilização da função

de correlação em função do tempo de correlação,

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16

Figura 4.3 - Intensidades correlacionadas médias em função do tempo de correlação.40

Na Figura 4.2 o símbolo < >T, no eixo y, representa o valor médio em função do

tempo.40

A Figura 4.3 mostra a função de correlação de intensidade g(2)

(τ), ou função de

correlação de segunda ordem, que é obtida pela multiplicação das intensidades em tempos

curtos distintos.40

A função de correlação de intensidade, g(2)

(t), é descrito pela equação 4.2

( 2 )

2

( ) ( )( )

( )

I t I t

I tg

(4.2)

Onde o tempo de correlação e t é o tempo de análise.54

Em uma solução diluída de polímero, cada partícula é capaz de se mover através de

todo o volume da amostra. Cada centro espalhador perde memória da sua velocidade inicial

após um tempo característico que depende da densidade dos centros espalhadores. Esta perda

de memória torna-se notável no decaimento da função de correlação de tempo, TCF, que é

obtida através da flutuação da intensidade espalhada. Tais sistemas são caracterizados como

ergódicos, assim, dentro de intervalos de tempo, todas as configurações espaciais possíveis

podem ser realizadas e as médias de tempo e do conjunto do sistema não são semelhantes. 13

Entretanto, géis poliméricos possuem não-ergodicidade devido à imobilização das cadeias

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17

poliméricas em conseqüência das ligações cruzadas que são introduzidas no processo de

gelificação.55

Para sistemas que possuem ergodicidade, g(2)

(τ) é descrito em função da correlação de

campo elétrico, g(1)

(τ), pela equação de Siegert, equação 4.3:54

(1)( 2)

( ) ( ) 1gg (4.3)

Para sistemas esféricos a função, g(1)

(τ), decai de acordo com a equação 4.4 54

2(1)

( )Dq

eg (4.4)

Onde q, é o vetor de espalhamento, dado pela com a equação 4.5, e D é definido como

coeficiente de difusão translacional.

4sin

2q

(4.5)

Onde η é a viscosidade do solvente e θ é o ângulo de espalhamento.54

Portanto, a partir do decaimento da função de correlação de primeira ordem, g(1)

(τ), obtemos o

coeficiente de difusão translacional, através da equação 4.654

2Dq (4.6)

Onde é definido como taxa de relaxação e D ,o coeficiente de difusão translacional, é

dado pela equação 4.7, denominada de equação Stokes-Einstein54

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18

6B

h

k TD

R

(4.7)

Onde κB é a constante de Boltzmann, e Rh, o raio hidrodinâmico relacionado com as

partículas em movimento.54

O raio hidrodinâmico, Rh,de uma esfera hipotética rígida, é definido como sendo o

raio da partícula que se movimenta com a mesma velocidade daquela partícula que é

examinada. Na realidade, as partículas são solvatadas e os raios calculados a partir das

propriedades de difusão das partículas indicam o tamanho das partículas solvatadas em

movimento.49

A equação (4.7), segundo Shibayama a equação torna-se5:

6

Bk TD

(4.8)

Onde , na equação 4.8, é o “tamanho mesh”.

A outra nomenclatura elaborada por Shibayama5 para estudar sistemas gelificados faz

a substituição do termo raio hidrodinânimo por “tamanho mesh”, que relata os tamanhos dos

aglomerados em sistemas gelificados, ξ. Podemos visualizar melhor o “tamanho mesh” na

Figura 3.4.

De acordo com a equação (4.8) parâmetros como temperatura e viscosidade do

solvente influenciam diretamente o coeficiente de difusão translacional, pois quanto maior o

tamanho das moléculas maior será a viscosidade,56

dependente também da temperatura.

Precisamos, antes de fazer uma medida precisa de tamanho de partículas, determinarem a

viscosidade do solvente e, precisamente, a temperatura. Em sistemas gelificados a viscosidade

varia muito ao longo do processo. Assim, é de fundamental importância avaliar a influência

da viscosidade na equação (4.8).

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19

4.2 REOMETRIA

4.2.1 Tensão

A tensão de cisalhamento é a força por unidade de área cisalhante necessária para

manter o escoamento do fluido. A resistência ao escoamento é quem solicita esta tensão, que

pode ser expressa pela equação 4.9 46

F

A (4.9)

Onde F é a força aplicada na direção do escoamento e A é a área da superfície exposta ao

cisalhamento. 46

A taxa de cisalhamento é também denominada de grau de deformação ou gradiente de

velocidade e pode também ser definida através de uma expressão matemática que relacione a

diferença das velocidades entre duas partículas ou planos vizinhos com a distância entre eles,

como a seguir na equação 4.10: 46

v

y

(4.10)

Onde Δv é a diferença entre duas camadas de fluido adjacentes e Δy é a distância entre as

camadas.46

A Figura 4.4 mostra a decomposição das forças atuantes em um bloco cúbico em um

ponto P, sendo σ a tensão normal e τ a tensão de cisalhamento. Para as faces do elemento

perpendiculares ao eixo y, por exemplo, as componentes normais da tensão são designadas

por σy. O índice y indica que a tensão está agindo num plano normal ao eixo y.48

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14

Figura 4.4 - Elemento cúbico com tensões normais e cisalhantes assinaladas.48

4.2.2 Escoamento viscoso

4.2.2.1 Lei de viscosidade de Newton

Considerando a equação 4.11 para o escoamento laminar

F V

A Y (4.11)

Onde F é a força aplicada, sendo A área, na qual, a força é aplicada. µ é o coeficiente de

proporcionalidade, viscosidade, V a espessura da placa e a sua distância Y.

No escoamento laminar o fluido pode ser descrito como composto de camadas

adjacentes de espessura infinitesimal, não havendo transporte de material de uma camada para

outra por convecção. A condição oposta a esta é a que descreve o escoamento turbulento. 48

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14

Utilizando a Figura 4.4 e a tensão no plano x e y, e fazendo as substituições na equação 4.12,

obtemos

yxdvdy

(4.12)

A equação 4.12 descreve a chamada lei de viscosidade de Newton, sendo os fluidos

que obedecem esta lei classificados como fluidos newtonianos. Esta lei estabelece que a

tensão de cisalhamento aplicada a um fluido é diretamente proporcional ao gradiente de

velocidade local, sendo a constante de proporcionalidade o coeficiente de viscosidade, ou

viscosidade dinâmica. A viscosidade dinâmica, µ, é normalmente expressa em Poise, P, ou nas

seguintes unidades:48

1 P = 100 cP = 1g.cm-1

.s-1

= 1 kg.m-1

.s-1

= 10 Pa.s

A tensão de cisalhamento pode ser escrita de acordo com a equação 4.13:

yxyx (4.13)

Onde yx é também denominada taxa de cisalhamento aplicada ao fluido. Assim, a

lei de Newton poderia ser formulada: quando se aplica uma tensão de cisalhamento a um dado

fluido, yx , este irá se deformar com uma taxa de cisalhamento diretamente proporcional a

tensão, yx , com uma constante de proporcionalidade denominada coeficiente de viscosidade,

. 48

Fluidos que não seguem a equação 4.13 são referidos como fluidos não newtonianos.Os

fluidos que não se comportam como newtonianos são descritos pela equação 4.14

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15

x

yx yxdv

dy

(4.14)

Em regiões nas quais η decresce com o aumento da taxa de cisalhamento yx , o

comportamento é chamando de pseudoplástico; nas regiões nas quais η cresce com o aumento

da taxa de cisalhamento, é denominado diletante. Se η é independente da taxa de

cisalhamento, o comportamento é newtoniano, com η = µ.48

A Figura 4.5 mostra o comportamento de fluidos em um campo cisalhante.

Figura 4.5 - Curvas de fluxo de alguns tipos de fluidos.46

A Figura 4.6 mostra as curvas de viscosidade dos fluidos em função da taxa de

cisalhamento.

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16

Figura 4.6 - Variação da viscosidade dos fluidos, η, em função da taxa de cisalhamento, . (1) Fluido

Newtoniano, (2) fluido pseudoplástico, (3) fluido dilatante e (4) fluido plástico.57, 58

Devido ao processo de gelificação ser uma gradual transição entre líquido visco-

elástico para um sólido visco-elástico, a medida das propriedades reológicas é particularmente

adequado para a determinação do tempo de gelificação.59

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14

5 METODOLOGIA EXPERIMENTAL

5.1 MATERIAIS E MÉTODOS

A quitosana (Polymar Ltda., Brasil) possui grau de desacetilização de 88%

determinado pela técnica de análise elementar CHN e titulação condutimétrica,35

e uma massa

molar viscosimétrica média, vM 1.6x10

5 g/mol, foi determinada utilizando a equação de

Mark-Houwink-Sakurada.60

Foram usados Ácido acético (P.A., 99,5%, Cromato Produtos

Químicos Ltda., Brasil), o hidróxido de sódio (NaOH, P.A., 98%, Cromoline Química Fina

Ltda, Brasil), e glutaraldeido (C5H8O2, P.A., 25%, Cromoline Química Fina Ltda, Brasil),

conforme recebidos. Foi utilizada em todos os experimentos água bidestilada.

5.2 PURIFICAÇÃO DA QUITOSANA

10 g de quitosana foram dissolvidas na solução aquosa de ácido acético 2% sob

agitação, durante 24 horas, a uma temperatura ambiente de (25± 2) °C, a fim de se obter

solução 2% de quitosana. Após este período, a solução foi filtrada com o objetivo de eliminar

resíduos sólidos derivados do processo de obtenção da quitosana (impurezas, como quitina e

partículas minerais). O procedimento de filtração foi realizado em duas etapas: na primeira,

foi utilizado um filtro de nylon; e na segunda etapa, um filtro Millex Millipore® com diâmetro

de poros de 0,41 μm. Um volume de solução aquosa de NaOH 5% foi adicionado lentamente

e sob agitação, à solução de quitosana, provocando a precipitação de toda a quitosana. O

precipitado foi separado do sobrenadante por filtração (filtro de nylon) e, lavado com água

(destilada e bidestilada) várias vezes até alcançar pH neutro. Em seguida, a mistura foi seca a

uma temperatura média de 40°C. O material foi pulverizado e passado em um tamis (180

μm/mm, Bertel, Brasil), obtendo-se o pó de quitosana utilizada neste trabalho.

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15

5.3 ANALISADOR DE TAMANHO DE PARTÍCULA 90PLUS

5.3.1 Gel de quitosana

5 mL da solução de quitosana 1% foram misturados a 0,4 mL de Glutaraldeido P.A.

(25%). A mistura foi colocada em agitação magnética por dois minutos. Após, este tempo,

uma alíquota da mistura foi colocada na cubeta e analisada no analisar de tamanho de

partículas 90Plus.

5.3.2 Obtenção das funções de correlação

As medidas para obtenção das funções de correlação foram realizadas no

ZetaPlus/Zeta analisador de potencial Brookhaven Instruments Corporation, EUA. O ensaio

foi realizado em 3 corridas cada uma com 1 minuto com intervalos de 1 minuto entre cada

medida, totalizando 76 minutos de análise e 20 ensaios, começando do tempo zero. Foi

utilizada a água como solvente, índice de refração, 1,330 e viscosidade de 0,890 cp. O ângulo

de 90,00° e 659 nm, o comprimento de onda e temperatura de 25°C. Os ensaios no 90Plus

foram realizados em triplicata.

Na Figura 5.1 os resultados primários extraídos de um ensaio de espalhamento de luz

são mostrados:

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16

Figura 5.1- Dados experimentais: Função de correlação não normalizada, h(2)

em função do tempo de

relaxação τ para quitosana 1%. Os parâmetros b e a, correspondem a amplitude e linha de base,

respectivamente.54

A figura 5-1 mostra a função de correlação não normalizada obtida nos ensaios de

espalhamento de luz, os dados “brutos” denominados por h(2)

, que corresponde à função de

correlação com linha de base, ou seja, uma função que corresponde a vários processos de

difusão, necessitando assim, a linha de base.

5.4 REOMETRIA

10 mL da solução quitosana 1% foram misturados a 0,8 mL de solução de

glutaraldeído 25%. A mistura foi colocada em agitação magnética por dois minutos. Após,

este tempo, foi realizado a reometria no reômetro Haake Mars (Alemanha), utilizando o rotor

Z4L DIN 53018 e o copo de medida Z43 DIN 53018. O volume da mistura

quitosana/glutaraldéido foi dobrado, em relação ao volume utilizado no 90Plus, em razão da

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17

quantidade de amostra mínima para a realização do ensaio no reômetro, aproximadamente 10

mL.

Os parâmetros utilizados na reômetria foram: A taxa de cisalhamento ( ) mantida

constante em 25 s-1

, temperatura 25°C. O tempo de análise foi de 76 minutos, sendo 4560

pontos, um ponto por segundo. Os ensaios foram realizados em triplicata.

5.4.1 Esquema experimental da reologia

Um esquema dos equipamentos utilizados no ensaio de reômetria é mostrado na

Figura 5.2

Figura 5.2 - Ilustração do esquema experimental do reômetro.

O copo de medida, Z43 DIN 53018 é o local onde a amostra é submetida a um campo

cisalhante constante. O spindle é o responsável pelas forças que são exercidas no sistema. A

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18

temperatura é mantida constante, devido, principalmente, a sua influência sobre a viscosidade.

O compressor faz com que o sistema fique sem turbulências. Os resultados são lidos, e os

dados de saída capturados pelo computador.

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14

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos dos ensaios de espalhamento dinâmico da luz e reometria são

mostrados e discutidos abaixo. A correlação entre as equações que tratam os sistemas

viscoelásticos e sistemas no espalhamento da luz é discutida, com finalidade, de obter uma

equação que seja adequada para tratar o processo de gelificação do sistema em estudo.

6.1 ESPALHAMENTO DINÂMICO DA LUZ

Os dados “primários” obtidos no aparelho ZetaPlus/Zeta analisador de potencial

Brookhaven Instruments Corporation são as funções de correlação. As funções exportadas

são as intensidades médias, obtidas pela correlação das intensidades, multiplicação das

intensidades, em função do tempo de correlação, que são da ordem de microsegundos. As

funções são ajustadas por uma linha de base, assim, para cada medida é tomada uma linha de

base, e, portanto, acrescida ao seu valor “bruto”. As funções de correlação coletadas requerem

a normalização, retirando, assim, a linha de base. O próprio aparelho dispõe de um tipo de

normalização que é dado pela equação 6.1

(2)(2)

(2)

( )1

( )

hg

h (6.1)

Mas, a equação utilizada para normalizar os dados foi à equação 6.2

(2)(2)

(2)

( )

( )

hg

h (6.2)

As funções de correlação normalizadas são mostradas na Figura 6.1.

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15

O termo τ é substituído por tD, tempo de correlação, pois em equações viscoelásticas τ

representa outro parâmetro. Portanto, o tempo de relaxação discutido no presente trabalho é

dado por tD

6.1.1 Funções de correlação

Na Figura 6.1 são observados os valores das funções de correlação, g(2)

, em função do

tempo de correlação, tD, para (a) quitosana 1% em solução e (b) quitosana 1% na presença do

glutaraldeido, no ponto de análise 28 minutos após o início da reação.

Figura 6.1 - Função de autocorrelação, g(2), em função do tempo de correlação, tD, para (a) solução de

quitosana sem agente reticulante e (b) solução de quitosana com glutaraldeido 28 min após o início da reação.

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16

Na Figura 6.1 (a), a função g(2)

apresentou valores altos de intensidades, próximos de

2 A função apresentou uma constância, inicialmente, em aproximadamente, 103

microsegundos, começando a cair exponencialmente, e, voltando a ser constante em tempos

longos, 105 microsegundos. A presença de um único processo no sistema é observado, em

que, este processo é relatado devido a presença de um único decaimento exponencial na

função de correlação. Assim, o número de decaimentos observados na função de correlação é

o número de processos que ocorrem. A faixa que ocorre este processo é de 1-105

microsegundos. Em uma solução polimérica monodispersa e binária, existem quatro tipos de

processos de relaxações que podem ser visualizados nos experimentos de DLS. Uma delas é a

movimentação translacional das cadeias. 61

Portanto, em (a), o processo que é observado em

tempos curtos ocorre devido à movimentação das cadeias de quitosana no sistema, movimento

browniano, causado pelas colisões das moléculas do solvente com as moléculas do polímero

diperso. Em (b), as intensidades foram menores, mas, a região constante observada em (a)

também foi relatada em (b), que corresponde 1 - 103 microsegundos. Em tempos longos, em

(b), a mesma região constante em (a) não é observada. A não constância apresentada em (b) é

devido à introdução de heterogeneidades pelo agente reticulante. Na Erro! Fonte de referência

não encontrada.(b) é mostrada a flutuação devido à heterogeneidade. Portanto, há

ergodicidade em (a) e não-ergodicidade em (b).

As flutuações que foram observadas na Figura 6.1 são referentes ao movimento

browniano e as heterogeneidades. Em (a), a função de correlação é referente a um polímero

em solução, que apresentou um único processo. Este processo é relacionado ao movimento

browniado. O sistema em (a) é considerado um sistema que possui ergodicidade. Em (b), a

função de correlação assume um comportamento distinto da função em (a), com o decaimento

da função sendo bem menor, iniciando, aproximadamente em 103até 10

4 s , diferentemente,

em (a), 103até 10

5 s , sendo mais longo. Em termos de flutuações a função de correlação

em (b) apresenta o processo referente ao movimento browniando em tempos curtos, mas em

tempos longos, foram visualizadas, a partir de um determinado tempo de análise, que a função

começa um processo aleatório, as flutuações. Este processo é devido às heterogeneidades, que

são os domínios presentes na estrutura é que são responsáveis por esta etapa. O sistema em

(b) é dito como não possuidor de ergodicidade.

Norisuye, Shibayama estudaram sistemas poliméricos e a transição solução-gel

através da cinética de formação do gel. Relataram que, em tempos curtos, a influência do

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17

agente reticulante era pequena, mas aumentava com o tempo até a completa formação da

estrutura gelificada. Observaram que, em tempos < 17h a intensidade começa a mostra fortes

flutuações na <I>T , TCF, devido à natureza não-ergódica do gel, ou seja, o aparecimento das

heterogeneidades, concluindo que este é o ponto de formação do gel. Neste ponto os

aglomerados começam a conexão um com os outros. A intensidade continua aumentando

devido a reação ainda estar acontecendo, até que todo o espaço tenha sido preenchido pelos

aglomerados em todo o sistema. Em 30 horas, <I>T começa a decrescer, isto está relacionada

com a redução da diferença de índice de refração do meio devido à diminuição do número de

moléculas do solvente. 15

Na Figura 6.1 (b), portanto, neste tempo de reação, 28 minutos, o sistema já

ultrapassou a fronteira, na qual o gel foi formado. A diferença do índice de refração do meio

sofreu uma redução devido à consumação das moléculas do solvente. Assim, à medida que o

tempo passa, o índice de refração da mistura se aproxima do índice de refração do aglomerado

formado pela quitosana com glutaraldeído. O índice de refração do meio está relacionado com

a diminuição das flutuações descritas na cinética de formação do gel. Em (a), ao contrário, a

diferença do índice de refração é grande, e também, a dinâmica das moléculas de quitosana

em solução refletem diretamente na intensidade da função.

Os processos em tempos curtos, que são visualizadas nas funções de correlação são

devido a movimento das cadeias, difusão coletiva. E as relaxações observadas em tempos

longos, são derivadas das heterogeneidades.62

Na Figura 6.1 (b) observamos um processo,

que está na faixa de 0 a 104 µs, há tempos curtos, referente à movimentação das cadeias de

quitosana. A mudança das intensidades dos gráficos está relacionada à quantidade de cadeias

que estão contribuindo para o processo, o número de partículas que contribuem para relaxação

é menor, devido às restrições de movimento causadas pela estrutura gelificada, diminuindo

tanto o tempo de relaxação quanto a amplitude das funções. Em tempos acima de 104 µs,

outro processo acontece, mas de forma caótica, este processo longo é devido às

heterogeneidades do sistema gelificado, os aglomerados que, em função do tempo, não variam

de posição.

A transição de um sistema ergódico para um sistema não-ergódico é denominado

transição sol-gel e acontecem devido à mudança na concentração dos colóides, às interações

e/ou à temperatura.41

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18

6.1.2 Tempos de flutuações

Na Figura 6.1 (b), tD,N é denominado como tempo de flutuações, sendo este o tempo

necessário para que o sistema deixe de seguir um comportamento, praticamente constante,

quando o tempo está tendendo para o infinito, como em (a), e se tornando flutuante em função

do tempo, tD.

Na medida em que a reação de reticulação foi acontecendo, da quitosana com

glutaraldeido, não foram observados os tempos de flutuações, neste estado o sistema se

comportava como um sistema ergódico, mas na medida em que se aproximava da fronteira

sol-gel, e molecularmente, aumentando o número de heterogeneidades, os tempos de

flutuações começaram a surgir.

O gráfico dos tempos de flutuações em função do tempo de análises é mostrado na

Erro! Fonte de referência não encontrada.. Observamos que na medida em que o tempo de

reação passa, os tempos de flutuações tendem a diminuir até alcançar uma região

“estacionária”, na qual, os tempos ficam flutuando. Quando o sistema atinge esta região, as

interações do glutaraldeído com os grupos reativos da quitosana entram em “equilíbrio”.

Norisuye, Shibayama e colocadores elaboraram uma explicação para os seus sistemas

poliméricos. Os espaços vazios, que ainda podem ser ocupados por ligações cruzadas vão

sendo preenchidos na medida em que a reação acontece. 15

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14

Figura 6.2 -Tempo de flutuações, tD,N, em função do tempo de reação, t,para a solução de quitosana e

glutaraldeido. ( ) original, ( ) réplica e ( ) tréplica.

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15

Tomando em consideração as explicações de Norisuye, Shibayama15, 63

, podemos ten-

tar esclarecer a tendência que foi observada na Erro! Fonte de referência não encontrada., em

que os tempos de flutuações tendem a cair em função do tempo de reação. Inicialmente, as

cadeias poliméricas possuem uma maior liberdade, uma maior mobilidade com o tempo. As

introduções das ligações cruzadas tornam os espaços ocupados, as cadeias começam a perder

a sua mobilidade, ou seja, o coeficiente de difusão translacional, fazendo com que o tempo de

flutuação diminua. Portanto, quanto maior o grau de reticulação no sistema menor será os

tempos de flutuação, devido ao preenchimento dos espaços, que anteriormente eram ocupados

por moléculas do solvente, pelas estruturas gelificadas.

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16

6.1.3 Correlação entre Viscoelasticidade e Espalhamento Dinâmico da Luz

Supondo que o dado sistema é definido somente por um processo de relaxação, este processo

simples de relaxação resulta em um tempo de correlação, tD, e as funções de autocorrelação

g(2)

é dada pela equação 6.3:50, 51

(2) 2( ) 1DD

tg t e (6.3)

E para g(1)

, utilizando a equação (4.4), e substituindo τ por tD:50, 51

2(1) ( ) D

DDq t

g t e (6.4)

A relação de g(2)

(tD) com g(1)

(tD) é dada pela equação 6.5:

(2) (1) 2( ) 1 [ ( )]D Dg t g t (6.5)

Onde o parâmetro β depende das propriedades ópticas do sistema.

Definindo, G(Γ), como a densidade de probabilidade para um processo com um determinado

valor de Γ, descrito na equação 6.6:

(1)

0

( ) ( ) Dt

Dg t G e d (6.6)

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17

G(Γ) também tem sido empregado como um espectro de relaxação, função da freqüência de

relaxação Γ. Definindo a função ( ) ( )H G a equação 6.6 pode ser reescrita como é

mostrado na equação 6.7

(1)

0

( ) ( ) ( ) lnD Dt t

D

dg t H e H e d (6.7)

Onde ( )H é o espectro de relaxação e o tempo de relaxação, , para um dado experimento

de relaxação de tensão.

Claramente, a equação 6.7 pode ser tratada por analogia ao os experimentos de

relaxação de tensão com o espectro de relaxação dado pela equação 6.8

/( ) ( ) lntE t H e d (6.8)

Onde ( )E t é o modulo de Young em um determinado tempo. 64

É devido a equação 6.8 que é utilizado o termo tD, ao invés de .

O comportamento viscoelástico de poli (éter-uretano-uréia) baseado em poli

(propileno glicol) e poli (tetrametileno glicol) foi investigado através dos gráficos de

relaxação de tensão, que são bem descritos pela lei de potência conhecida como equação de

Kohlraush – William – Watts (KWW), mostrada na equação 6.9:64

( / )

0( )C

ctE t E e (6.9)

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18

Onde C é uma constante entre 0 e 1; E0, é o módulo de Young em t = 0, e τc, um tempo de

relaxação característico.64

Fonseca e Monteiro estudaram o comportamento viscoelástico de sistemas poliméricos

tratando os seus resultados com a equação KWW.64

Portanto, tomamos como base a equação

(6.9), ajustando aos dados experimentais do DLS, no melhor entendimento de sistemas que

seguem a equação (6.5). Fazendo, portanto, a correlação entre ensaios de viscoelasticidade

com ensaios de espalhamento de luz.

Giannopoulou e colocaboradores aplicaram o mesmo método para o espalhamento

dinâmico da luz: soma de exponenciais, como a equação (6.9).65

Estes autores descobriram

que, em termos de espectro/cálculo de distribuição, os parâmetros mais importantes são:

O parâmetro τc, que indica a faixa de tempos de relaxação em que a maioria do

processo ocorre;

O parâmetro C, adimensional, que é limitado entre 0 < C < 1. Para C = 1, o processo

de relaxação possui um tempo de relaxação definido. Para C tendendo a zero, o

espectro de relaxação é representado por uma distribuição de tempo larga. Em outras

palavras, o parâmetro C pode ser visto como “índice de heterogeneidade” do processo

de relaxação: quanto mais próximo de 1 mais homogêneo é o processo de relaxação, e,

conseqüentemente, quando C tende a zero mais heterogêneo é o processo de

relaxação;

Jeongsoo Choi e colaboradores utilizaram a equação de Kohlrausch-William-Watts

(KWW) para caracterizar sistemas poliméricos ramificados fazendo uso da função de

correlação g(1)

. Os parâmetros relacionados à função g(1)

foram τKWW e β. Onde τKWW indica o

tempo de relaxação e β, que varia entre (0 < β ≤1), é uma medida da largura da distribuição de

tempos de relaxação. O parâmetro β é igual à unidade para uma exponencial simples e

diminui na medida em que a largura da distribuição torna-se mais ampla.66

Observando a semelhança entre as equações 6.7, que representa a técnica

espalhamento de luz, e a equação 6.8, equação que descreve um ensaio de relaxação de

tensão, e a vasta utilização da equação 6.9 na literatura, pode utilizá-la em analogia,

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rearranjando-a de acordo com os resultados obtidos por DLS, em relação às funções de

correlação.

A equação resultante dessa analogia entre os ensaios de tensão de relaxação e distribuição de

relaxação é a equação 6.10

(2 )(2) ( ) 1

CC Dt

Dg t e (6.10)

Onde , C e C são parâmetros da função, g(2)

.

O parâmetro , dependente do esquema experimental, podemos definir de acordo com

a equação 6.11

(2) (2)

0

(2)

BL

BL

h h

h (6.11)

A linha de base é definida como (2)

BLh e (2)

0h é o valor inicial da função de correlação

experimental.

Na literatura, observamos a utilização desta correlação fazendo com que o método

proposto, equação 6.10, seja coerente com o que vem sendo utilizado por diversos

pesquisadores. Portanto, agora podemos avaliar os resultados obtidos dos ensaios de

espalhamento através dos parâmetros da equação 6.10, ajustando a equação não linear nas

funções de correlação normalizadas obtidas. Os parâmetros da equação , C e C são

discutidos na tentativa de elucidar o processo de gelificação da reação estudada.

6.1.4 Tempo de gelificação no espalhamento da luz

Utilizando a equação (6.10), através de regressão não linear, nas funções de correlação

normalizadas obtemos os parâmetros β, ΓC e C, todos em função do tempo de reação. Através

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destes parâmetros podemos caracterizar a cinética de formação do gel de quitosana. A Figura

6-3 mostra os resultados obtidos. Os ensaios foram realizados em triplicata.

Na Figura 6-3 (a) o parâmetro β, amplitude da TCF, é plotado em função do tempo de

reação. O parâmetro β nos primeiros minutos da reação tende a ficar constante (dependência

com tempo). Mas, na medida em que o tempo passa, ocorre uma mudança brusca no

parâmetro, decrescendo duas ordens de grandeza, aproximadamente em 50 minutos. Em

tempos longos, após o ponto de inflexão, o parâmetro β parece não variar em função do

tempo. Shibayama reportou que a supressão da amplitude inicial da TCF caracteriza a

transição sol-gel em matéria condensada.44

De fato, um forte decaimento na amplitude inicial

da TCF deverá ser uma boa indicação da fronteira de gelificação67

. A supressão do parâmetro

β é observado na faixa compreendida entre 10-20 minutos, cuja característica já tem sido

observado em sistemas gelificados.

Na Figura 6-3 (b) o parâmetro da equação (6.10) ΓC, foi plotado em função do tempo

de reação de formação dos géis de quitosana com glutaraldeído. Em tempos curtos, o

parâmetro Γ sofre um decréscimo suave, devido, predominantemente, às interações das

ligações cruzadas. No decorrer do processo, a função atinge um mínimo e, abruptamente,

sofre um aumento. Neste ponto, as ligações cruzadas adicionais diminuem as dimensões dos

domínios que foram formadas pelas ligações cruzadas, anteriormente: portanto, ΓC aumentará.

A região em que isso acontece coincide com a região observada em (10 a 20 min). Em

tempos longos, ΓC tende a sofrer acréscimo suave até chegar uma região que a variação é

praticamente constante.

De acordo com a equação (4.7) observamos que Γ é diretamente proporcional ao

coeficiente de difusão translacional do sistema. Assim, podemos descrever a mudança do

coeficiente de difusão ao longo do tempo de reação. Observando a Figura 6-3 (b),

verificamos que, inicialmente, acontece a diminuição suave da função ΓC. O coeficiente de

difusão vai diminuindo suavemente, tal fato decorrente da inserção de ligações cruzadas que

vai deixando as moléculas do polímero com uma menor mobilidade, conseqüentemente, em

um menor coeficiente de difusão devido às interações inter e intramoleculares. Mas,

continuando nesta perspectiva, a tendência seria que o coeficiente estaria sempre diminuindo,

pois a inserção de ligações cruzadas diminuiria ainda mais a dinâmica do sistema, e o

coeficiente de difusão translacional. Entretanto, uma mudança brusca acontece e o coeficiente

aumenta em tempos longos. As ligações cruzadas, após o mínimo, começam a diminuir o

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tamanho dos domínios, portanto, quanto menor ΓC, menor serão os valores do coeficiente de

difusão translacional. O aumento de ΓC e, consequentemente, do coeficiente, pode ser

relacionado aos movimentos realizados pelas heterogeneidades, que neste ponto, contribuem

significativamente para a dinâmica do processo.

Fazendo um rearranjo entre as equações (4.6), (4.7) e (4.8) obtemos:

2

6

B

h

K Tq

R (6.12)

2

6

BK Tq (6.13)

Sendo a equação (6.13) utilizada para sistemas gelificados.

Observando as equações (6.12) e (6.13), verificamos que Γ é inversamente

proporcional a, hR e ξ, ou seja, aos tamanhos hidrodinâmico e o “tamanho mesh” do sistema.

Na Figura 6-3 (c), O parâmetro C é plotado em função do tempo de reação. Como o

parâmetro C deveria variar entre 0 < C ≤ 1, inicialmente, assumimos este intervalo, mas a

equação (6.10) não se adequou aos dados experimentais. Nos dados experimentais de tempos

curtos, a equação foi aceitável mas, na medida em que os tempos começaram a ficar longa, a

equação não se ajustava mais aos dados experimentais.

Com isso, o parâmetro C não se fixa no intervalo entre 0 < C ≤ 1, tornando-se variável.

O resultado está mostrado na Figura 6-3 (c). Na Figura 6-3 (c), em tempos curtos, o

parâmetro C possui valores próximos da unidade, tal característica descreve o sistema como

homogêneo. Mas, com o decorrer do tempo de análise, C cai suavemente. As inserções de

ligações entre as cadeias de quitosana favoreceram o surgimento de aglomerados moleculares

(com distribuições mais alargadas), durante o estágio inicial do processo. Estes aglomerados

geram uma maior interação entre as cadeias, implicando em uma alargada distribuição de

tempos de relaxação, como foi observado há muito tempo atrás para um experimento de

ensaio de relaxação tensão pelo grupo de Tobolski.68

Em termos de homogeneidade, a

tendência de a função cair em função do tempo demonstra que o sistema está deixando de ser

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homogêneo e tendendo a possuir um maior caráter heterogêneo. Ou seja, quanto mais

heterogêneo o sistema mais alargado será a distribuição de partículas no sistema. Com o

aumento da heteregoneidade no sistema, no decorrer da reação, a tendência do parâmetro C é

cair no decorrer da reação. Mas, o que observamos é que o parâmetro C chega a um mínimo.

Neste mínimo, a distribuição de partículas é bem larga, portanto a heterogeneidade do sistema

é alta ao longo de todo o sistema. Após o mínimo, C começa a crescer rapidamente até chegar

ao ponto de equilíbrio. No ponto chamado de “equilíbrio” o parâmetro C assume valores

próximos de 2.

Norisuye e colaboradores relataram que quando acontecem mudanças abruptas, como

na fronteira de gelificação, é esperado que Γ, taxa de decaimento, seja largamente distribuída.

Como resultado g(2)

torna-se uma função não-exponencial.63

A transição sol-gel tem sido detectada por um largo pico da distribuição de relaxação

em função do tempo, G(Γ), em experimentos de DLS.44

Um mínimo é atingido e C começa a

crescer, indicando que o sistema torna-se um gel com ligações cruzadas homogeneizando o

sistema (a distribuição do número de carbono no ponto de junção, no material com ligações

cruzadas, torna-se mais estreita, com o acontecimento das ligações). De acordo com esta

explicação, em tempos infinitos, C deveria tender a valores próximos da unidade; entretanto,

continua crescendo, atingindo valores maiores que 2. Este tipo de decaimento, na forma de

exponenciais “comprimidas” (C >1) tem sido interpretado como movimentos extremamente

rápidos resultantes do relaxamento das tensões internas, tais como os resultados de sinérese,

observados na literatura.69

A ocorrência destas exponenciais comprimidas indicam, portanto, a

ocorrência da não-ergodicidade.O mínimo em C pode indicar, conseqüentemente, a

gelificação do sistema que é observado na faixa de 10 a 20 min.

Cipelletti e colaboradores estudaram sistemas gelificados que continham forças

atrativas fortes em uma faixa de vetor de espalhamento, q. Utilizando equações exponenciais

para ajustar os dados experimentais, a equação possuía um fator de compressão C >1.70

Norisuye relatou as mudanças que ocorrem abruptamente no sistema, como as

mudanças que ocorrem em β, Γ e C. Tais mudanças relatam a fronteira de gelificação do

sistema quitosana/glutaraldeido e, portanto, a influência da não-ergodicidade do sistema nos

parâmetros da equação (6.10).

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23

Na Figura 6-3 (a), (b) e (c) podemos visualizar as fronteiras de gelificação que foram

obtidas pela técnica de espalhamento dinâmico da luz, utilizando equações adaptadas de

processos viscoelásticos. As fronteiras são observadas na faixa compreendida entre 10-20

minutos após o início da reação.

Analisando a Figura 6-3 e os gráficos (a), (b) e (c) podemos relatar três regiões nos

gráficos sendo elas: a região inicial, o sistema é uma solução de quitosana; a região da

fronteira, sendo esta a faixa de gelificação, transição sol-gel, região em que o processo muda

completamente o seu comportamento; e a região de gel, após a reação atingir todo o volume

do sistema, tornando-o completamente um gel. Portanto, a equação 6.12 é válida somente para

a faixa inicial, em que é caracterizado o raio hidrodinâmico, pois neste estado o sistema ainda

é solução. Já nas duas outras regiões, a equação 6.13, segundo a literatura5, descreve melhor

a região tratando o raio hidrodinâmico por tamanho “mesh”.

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24

Figura 6-3- Parâmetros relativos à equação (6.10) em função do tempo de reação, t: (a) β, (b) Γ e (c) C.

( ) Original, ( ) réplica e ( ) tréplica.

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25

Okamoto, recentemente, reportou que a transição sol-gel pode ser claramente obtida

através de espalhamento dinâmico da luz para sistemas quimicamente ligados, tais como, géis

de poliacrilamida e sílica. No caso de géis físicos como gelatina, entretanto, o equilíbrio do

diagrama de fase da transição sol-gel é difícil de ser construído porque a gelificação é

dependente de muitos fatores, tais como, taxa de resfriamento, concentrações e pH.16

Devido

a tais fatores, a determinação da faixa de gelificação foi determinado por DLS.

Shibayama propôs quatro métodos para determinar a fronteira de gelificação

utilizando a técnica de espalhamento da luz: (1) um crescimento brusco em <I>T, (2) um

aparecimento da lei de potência nas funções de correlação, (3) um característico alargamento

na função distribuição de tempo de relaxamento, (4) depressão de σ12, que representa a

amplitude inicial da função de correlação de intensidade, TCF.71

A depressão da amplitude,

relatado por Shibayama, pode ser indicativo da transição sol-gel. No parâmetro β, a depressão

da intensidade foi observada, o que portanto, pode ser um indicativo dessa região de

gelificação.

A interação da luz com o sistema gelificando mostrou toda a evolução do processo,

que teve como resposta os parâmetros da equação (6.10), que foram ajustados nas funções de

correlação normalizadas. O sistema passou de meio ergódico, completa mobilidade, na qual, é

bem seguida pelas equações utilizadas, até o meio não-ergódico que é influenciado por

diversos fatores, dentre eles, a mudança de viscosidade do meio, na qual, não é levada em

consideração nas análises de espalhamento dinâmico da luz. Esse aspecto torna necessário

descrever o comportamento reométrico deste sistema a partir de medidas reológicas.

Kostko e colaboradores estudaram géis de quitosana/gelatina utilizando a enzima

tirosina como catalizador da formação dos géis. O objetivo do trabalho foi usar reologia e

mais, importante, espalhamento dinâmico da luz para caracterizar a dinâmica de formação e

“destruição” do gel8.

A reometria em combinação com DLS tem sido bastante utilizada na literatura para a

determinação da faixa de gelificação.13, 17, 72

Reforçando a utilização desta técnica para a

visualização de regiões de gelificação em polímeros naturais.

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26

6.2 REOMETRIA

Na Figura 6.4 é mostrado o resultado do ensaio reológico da reação da quitosana com

glutaraldeído em meio aquoso em função do tempo de reação. Nesta figura, os três ensaios

estão representados: original, réplica e tréplica. A força externa aplicada foi uma força

cisalhante de 25 s-1

que foi mantida constante e com uma baixa intensidade, para não exercer

influências na reação, já que o objetivo foi visualizar a mudança de viscosidade aparente em

função do tempo de reação. A resistência a essa força é a chamada viscosidade aparente que é

observada na figura 6.4. A viscosidade aparente, inicialmente, é praticamente constante.

Entretanto, no tempo de aproximadamente 10 minutos a viscosidade aparente tende para o

infinito, sendo este classificado como o tempo de gelificação do sistema. Em tempos longos, a

viscosidade continua subindo, mas não tão rapidamente como no ponto de gelificação. Tal

fato pode ser esclarecido pela influência da taxa de cisalhamento no sistema que tende a

suavizar o aumento da viscosidade aparente devido a quebra do gel. A faixa de gelificação é,

portanto, observada em torno de 10-20 minutos.

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27

Figura 6.4 - A viscosidade aparente, η, em função do tempo de reação, t,durante a reação de quitosana e

glutaraldeído em solução aquosa. ( ) Original, ( ) réplica e ( ) tréplica.

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28

Observando-se os resultados do espalhamento dinâmico da luz e os ensaios de

reometria nas Figura 6-3 e Figura 6.4, respectivamente verifica-se que todas as figuras

descrevem regiões de mudanças bruscas que ocorrem na reação em função do tempo. No

método clássico, Figura 6.4, a mudança é observada em torno de 10 - 20min. De acordo com

a literatura, o comportamento observado a partir desta análise é referente à transição sol-gel.27,

59 Portanto, neste ponto a solução de quitosana passa para um estado “sólido elástico”. Na

Figura 6-3, também é relatado uma mudança na mesma região que caracteriza o ponto de

gelificação,10-20 minutos, ou seja, a transição de meio ergódico para meio não-ergódico,14

meio este caracterizado por possuir restrições de movimentação das cadeias devido à presença

de estruturas moleculares que são praticamente fixas em função do tempo.

O ponto de gelificação é definido como o ponto reológico, no qual, a viscosidade de

cisalhamento zero, η0, tende para o infinito. O comportamento no ponto de gelificação

independe da estrutura molecular. A determinação do ponto exato de gelificação não é uma

tarefa simples.17

Rodd e colaboradores demonstraram que no ponto de gelificação, a massa molar

efetiva de uma solução polimérica tende para o infinito. Se considerada que durante a

gelificação o material mudo de um sistema, cujo, a conectividade se estende para uma escala

molecular simples para um sistema que se conecta, e se estende por todo o volume, ou seja, o

gel ocupando todo o volume do sistema.73

A reometria usada em conjunto com a técnica de espalhamento dinâmico da luz, e

fazendo-se uso da correlação entre ensaios viscoelásticos, foram de fundamental importância

para a caracterização da gelificação de sistemas de quitosana/glutaraldeído, em termos

macroscópicos e microscópicos, facilitando a compreensão de toda a cinética da reação.

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29

7 CONCLUSÕES

As semelhanças encontradas nas equações viscoelásticas e naquelas tratadas nos

espalhamentos dinâmicos da luz favoreceu a combinação entre as equações para uma

melhor compreensão do processo de gelificação de quitosana/ glutaraldeído;

Através do espalhamento dinâmico da luz foi possível a determinação de uma faixa de

transição que foi caracterizada ser a região de gelificação. Os parâmetros β, ΓC e C em

função do tempo mostraram, nitidamente, a faixa do processo de gelificação,

caracterizada por mudanças bruscas nas funções dos parâmetros. No parâmetro β, a

função sofreu um decréscimo brusco no ponto de gelificação. O ΓC apresentou um

ponto de mínimo e uma subida abrupta. O parâmetro C foi caracterizado por possuir

valores acima de 1 e próximos de 2, sendo este o parâmetro que influenciou a

representação gráfica das funções, restringindo a melhor acoplagem quando fixado

entre 0 < C ≤ 1;

O método clássico, reometria, foi eficaz para a determinação da região de gelificação;

Portanto, a combinação dos métodos DLS e reometria para a determinação da fronteira

de gelificação mostrou-se bastante adequada. A faixa observada em ambos os métodos

foi de, aproximadamente, 10-20 minutos.

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