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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E ENGENHARIA DE MATERIAIS TESE DE DOUTORADO Efeito do Tratamento por Plasma na Proliferação de Fibroblastos e Esterilização de Membranas de Quitosana MARINA DE OLIVEIRA CARDOSO DE MACÊDO ORIENTADOR: Prof. Dr. Clodomiro Alves Júnior Tese nº 128/PPGCEM Natal, RN Agosto de 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE MATERIAIS

TESE DE DOUTORADO

Efeito do Tratamento por Plasma na Proliferação de Fibroblastos e

Esterilização de Membranas de Quitosana

MARINA DE OLIVEIRA CARDOSO DE MACÊDO

ORIENTADOR: Prof. Dr. Clodomiro Alves Júnior

Tese nº 128/PPGCEM

Natal, RN

Agosto de 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA E

ENGENHARIA DE MATERIAIS

Marina de Oliveira Cardoso Macêdo

Efeito do Tratamento por Plasma na Proliferação de Fibroblastos e

Esterilização de Membranas de Quitosana

Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação

em Ciências e Engenharia de Materiais do Centro

de Ciências Exatas e da Terra, e do Centro de

Tecnologia da Universidade Federal do Rio Grande

do Norte, como parte dos requisitos para obtenção

do título de Doutor em Ciências e Engenharia de

Materiais.

Orientador: Prof. Dr. Clodomiro Alves Júnior

Natal, 8 agosto de 2013

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Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / SISBI / Biblioteca Setorial

Centro de Ciências Exatas e da Terra – CCET.

Macêdo, Marina de Oliveira Cardoso.

Efeito do tratamento por plasma na proliferação de fibroblastos e esterilização

de membranas de quitosana / Marina de Oliveira Cardoso Macêdo. - Natal, 2013.

96 f. : il.

Orientador: Prof. Dr. Clodomiro Alves Júnior.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Ciências Exatas e da Terra. Programa de Pós-

Graduação em Ciências e Engenharia de Materiais.

1. Quitosana – Tese. 2. Plasma – Tese. 3. Membrana – Tese. 4. Proliferação – Tese. 5.

Esterilização – Tese. I. Alves Júnior, Clodomiro. II. Título.

RN/UF/BSE-CCET CDU: 547.995

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Dedico este trabalho a meus Pais

(Maria Dalva de Oliveira e Braz Cardoso), ao

meu esposo Haroldo Reis pelo amor,

compreensão, carinho e incentivo nas

dificuldades e aos amigos e familiares que

mesmo longe ou perto diziam: Força você vai

conseguir, estou torcendo por você.

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Agradecimentos

A Deus por sempre me guiar e iluminar meus pensamentos.

A minha mãe Maria Dalva de Oliveira e a meu pai Braz Cardoso de

Araújo pelo incentivo, apoio, amor e carinho.

Ao meu esposo Haroldo Reis, pelo seu amor e por sempre ter me

ajudado no desenvolvimento deste trabalho.

Ao professor Dr. Clodomiro Alves Júnior pela orientação deste trabalho,

pelo incentivo á pesquisa.

Ao professor Dr. Hugo Alexandre por ter cedido o laboratório, as células

utilizadas neste trabalho e principalmente pela orientação nos assuntos

relacionados à parte biológica, agradeço ainda a todos os alunos do Biopol, em

especial a Dayanne e Jailma pela colaboração na execução dos ensaios

biológicos.

A Esp. Lourdes Freitas pela disponibilização de materiais para o ensaio

de esterilidade.

Ao Artejose e Leopoldino, técnicos do NEPGN/UFRN que muito

contribuíram na realização da analise de MEV.

Ao MSc. Danilo Cavalcante pela análise de AFM.

Ao MSc. Antônio Medeiros pela ajuda na caracterização das amostras.

Aos integrantes do Laboratório de Materiais Cerâmicos e Metais

Especiais, em especial a MSc. Samara Melo Valcacer por sempre me auxiliar

na pesagem dos materiais e nas doações de água destilada para os ensaios de

absorção.

Ao técnico em vidraria Williams Pereira de Castro por sempre

disponibilizar vidrarias para serem utilizadas nos ensaios.

A todos os professores da Engenharia de Materiais pelo apoio e

competência em ministrar as disciplinas do curso.

Ao secretário Ismael por sempre me ajudar a resolver os problemas

burocráticos do curso.

Aos amigos Professores Dr. Ayrton de Sá Brandim, Dr. Marcio Cleto e

Dr. Luiz Fernando, Dr. Rômulo pela amizade, incentivo e apoio no meu

aprimoramento acadêmico.

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A todos os integrantes do LABPLASMA pela ajuda durante os anos que

estive no mesmo em especial aos que tive mais proximidade: Dr. Marcio

Willians, MSc. Narayanna, MSc. Duciane, MSc. Raquel, MSc. Jussier, MSc.

Natalia, Dr. Júlio Barbosa, Dr. Custódio, MSc. Marco Aurélio, etc.

A Capes pelo apoio financeiro.

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Resumo

Macêdo, M.O.C, Efeito do Tratamento por Plasma na Proliferação de

Fibroblastos e Esterilização de Membranas de Quitosana. 2013. Tese

(Doutorado) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2013.

A quitosana está sendo estudada para utilização como curativo devido

suas propriedades biológicas. Com o intuito de ampliar o uso em aplicações

biomédicas, membranas de quitosana foram modificadas por plasma, utilizando

os seguintes gases: nitrogênio (N2), metano (CH4), argônio (Ar), oxigênio (O2) e

hidrogênio (H2). As amostras foram caracterizadas por microscopia eletrônica

de varredura (MEV); microscopia de força atômica (MFA); ângulo de contato;

energia de superfície; ensaio de absorção de água. Testes biológicos também

foram realizados, como: teste de esterilização e proliferação de fibroblastos

(linhagem 3T3). Através do MEV foi possível observar as modificações

morfológicas ocorridas durante o tratamento por plasma, como a formação de

vales micro e nanométricos. A MFA foi utilizada para analisar diferentes

parâmetros de rugosidade (Ra, Rp, Rz) e topografia da superfície. Verificou-se

que as amostras tratadas tiveram aumento na rugosidade e uma superfície

com picos pontiagudos. O tratamento por plasma de metano diminuiu a

hidrofilicidade das membranas e também a taxa de absorção de água,

enquanto os outros tratamentos tornaram as membranas mais hidrofílicas. A

esterilização foi eficaz em todos os tempos de tratamento com os seguintes

gases: Ar, N2 e H2. Com relação à proliferação, todos os tratamentos

proporcionaram uma melhora da proliferação celular, sendo obtido aumento

entre 150% a 250% em relação à membrana não tratada. Destacaram-se os

tratamentos com Ar 60 min, O2 60 min, CH4 15min. Observando os resultados

das análises realizadas neste trabalho, verifica-se que não existe um parâmetro

único que influência a proliferação celular, mas sim um conjunto de condições

ideais que favorecem uma boa proliferação celular.

Palavras-chave: Plasma, Quitosana, Membrana, Proliferação, Esterilização.

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Abstract

Macêdo, M.O.C, Effect of Plasma Treatment on proliferation of fibroblast

and sterilization of chitosan membranes. 2013. Thesis (Doctoral) –

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2013.

Chitosan is being studied for use as dressing due their biological properties.

Aiming to expand the use in biomedical applications, chitosan membranes were

modified by plasma using the following gases: nitrogen (N2), methane (CH4),

argon (Ar), oxygen (O2) and hydrogen (H2). The samples were characterized by

scanning electron microscopy (SEM), atomic force microscopy (AFM), contact

angle, surface energy and water absorption test. Biological Tests were also

performed, such as: test sterilization and proliferation of fibroblasts (3T3 line).

Through SEM we observed morphological changes occurring during the plasma

treatment, the formation of micro and nano-sized valleys. MFA was used to

analyze different roughness parameters (Ra, Rp, Rz) and surface topography. It

was found that the treated samples had an increase in surface roughness and

sharp peaks. Methane plasma treatment decreased the hydrophilicity of the

membranes and also the rate of water absorption, while the other treatments

turned the membranes hydrophilic. The sterilization was effective in all

treatment times with the following gases: Ar, N2 and H2. With respect to

proliferation, all treatments showed an improvement in cell proliferation

increased in a range 150% to 250% compared to untreated membrane. The

highlights were the treatments with Ar 60 min, O2 60 min, CH4 15 min.

Observing the results of the analyzes performed in this study, it appears that

there is no single parameter that influences cell proliferation, but rather a set of

ideal conditions that favor cell proliferation.

Keywords: Plasma, Chitosan, Membrane, Proliferation, Sterilization.

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Lista de Figuras

Figura 2.1 Quitosana ............................................................................... 21

Figura 2.2 Quitina .................................................................................... 22

Figura 2.3 (a) Fluxograma do processo de desacetilação da quitina. (b)

Radicais predominantes da quitina e na quitosana........................ 23

Figura 2.4 Classificação das membranas quanto a sua morfologia. Nas

assimétricas, as regiões escuras representam a matriz sólida da

membrana e as regiões claras os vales da membrana ................. 24

Figura 2.5 Desenho reação do plasma ...................................................... 30

Figura 2.6 Etapas de formação do filme produzido por plasma

............................................................................................... 31

Figura 2.7 Processo de formação de sítios ativos em materiais tratados por

plasma ..................................................................................... 32

Figura 2.8 Quebra e remoção de cadeias poliméricas através do tratamento

por plasma.............................................................................. 33

Figura 2.9 Processo de reticulação. Neste caso ocorre a quebra de ligações

na superfície do polímero. Como não há espécies reativas do gás,

os radicais oriundos da quebra de ligação se unem à cadeia

adjacente, gerando nova ligação. Esse processo ocorre

geralmente quando é empregado um gás inerte no tratamento por

plasma como argônio e hélio........................................................ 34

Figura 2.10 Quebra da ligação OH da cadeia polimérica da quitosana e

inserção de grupos funcionais mais

hidrofóbicos.................................................................................. 35

Figura 2.11 Microscopia eletrônica de células fibroblásticas L929 cultivadas

em amostras de quitosana não tratada (NT), membranas de

quitosana tratadas por plasma de nitrogênio (N2) e membranas de

quitosana tratada por plasma de argônio (Ar)............................ 36

Figura 2.12 Inserção de grupos funcionais em polímeros tratados por plasma

de nitrogênio, através da quebra de ligações na cadeia polimérica

ou devido à remoção de átomos de

hidrogênio........................................................................... 37

Figura 2.13 Inserção de grupos funcionais em polímeros tratados por plasma 37

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de oxigênio, através da quebra de ligações na cadeia polimérica

ou devido a remoção de átomos de

hidrogênio.....................................................................................

Figura 3.1 Fluxograma da realização do trabalho ....................................... 39

Figura 3.2 Reator de hidrogenação, utilizado para o tratamento de

membranas de quitosana por plasma ....................................... 41

Figura 3.3 Fotografia do reator de plasma. Nesta figura é possível visualizar

o posicionamento da membrana de quitosana dentro do reator.... 41

Figura 3.4 Superfície com picos pontiagudos e arredondados................... 43

Figura 3.5 Goniômetro utilizado neste trabalho .......................................... 44

Figura 3.6 Demonstrativo da formação do círculo e sua respectiva tangente

para obtenção do ângulo de contato por meio do surftens ............ 45

Figura 3.7 Esquema da disposição das amostras na placa de 24 poços, para

ensaio de cultura de células ................................................... 47

Figura 4.1 Microscopia eletrônica da superfície da amostra não

tratada........................................................................................ 51

Figura 4.2 Microscopia eletrônica da superfície da amostra tratada por

plasma de argônio 60 minutos .................................................... 52

Figura 4.3 Membranas de quitosana tratadas por plasma de hidrogênio em

diferentes tempos ................................................................... 54

Figura 4.4 Gráfico da rugosidade média (Ra) das amostras tratada e não

tratada...................................................................................... 56

Figura 4.5 Gráficos da rugosidade Rp, Rz e da relação Rp/Rz........................ 58

Figura 4.6 Imagens em 3D por microscopia de força atômica. (a) amostra

sem tratamento; (b) amostra tratada por plasma de argônio

durante 60 minutos;(c) oxigênio 60 minutos; (d) metano 60

minutos; (e) nitrogênio 60 minutos; (f) hidrogênio 60 minutos..... 59

Figura 4.7 Gráfico da molhabilidade das membranas tratadas e não tratadas. 60

Figura 4.8 Imagem do teste de molhabilidade baseado na técnica da gota

séssil. (a) Gota de água de 10uL em membranas de quitosana

tratadas por plasma de nitrogênio. (b) Gota de água de 10µL em

membranas de quitosana tratadas por plasma de metano............. 61

Figura 4.9 Energia superficial das amostras tratadas por plasma de 63

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argônio..............................................................................

Figura 4.10 Energia superficial das amostras tratadas por plasma de

nitrogênio........................................................................ 64

Figura 4.11 Energia superficial das amostras tratadas por plasma de

oxigênio........................................................................... 65

Figura 4.12 Energia superficial das amostras tratadas por plasma de

metano.............................................................................. 66

Figura 4.13 Energia superficial das amostras tratadas por plasma de

hidrogênio......................................................................... 67

Figura 4.14 Ensaio de absorção em água destilada ......................... 68

Figura 4.15 Imagens dos microrganismos encontrados nas amostras não

tratadas e nas amostras em que o tratamento não foi eficaz ......... 70

Figura 4.16 Proliferação celular de fibroblastos da linhagem 3T3 nas amostras

tratadas e não tratadas por ensaio de MTT............................... 72

Figura 4.17 Micrografia de fibroblastos sobre membranas de quitosana não

tratada. (a) 3 dias de cultura,(b) 7 dias de cultura ........................... 74

Figura 4.18 Micrografia de fibroblastos sobre membranas de quitosana

tratada. (a) 3 dias de cultura, (b) 7 dias de cultura .......................... 75

Figura 4.19 Precipitados de carbono nas amostras por metano 45

min.(aumento de 200) .................................................................... 76

Figura 4.20 Relação entre ângulo de contato e proliferação .............................. 77

Figura 4.21 Relação entre tensão superficial e proliferação .............................. 79

Figura 4.22 Relação entre rugosidade e proliferação ........................................ 80

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Lista de Tabelas

Tabela 3.1 Parâmetros utilizados durante o processamento da membrana

de quitosana por plasma ................................................................ 42

Tabela 3.2 Energia Superficial dos líquidos (água, formamida, glicerol)

............................................................................................... 45

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Lista de Abreviaturas e Símbolos

Ar – Argônio

O2 – Oxigênio

H2 – Hidrogênio

N2 – Nitrogênio

CH4 – Metano

NT – Não tratada

Min – Minutos

MFA – Microscopia de força atômica

Mu - Massa úmida

Ms – Massa Seca

MEV – Microscopia eletrônica de varredura

Ra – Parâmetro de rugosidade referente à média aritmética

Rp – Parâmetro de rugosidade referente à altura máxima do pico

Rz – Parâmetro de rugosidade referente à média entre os cinco maiores picos

e os cinco maiores vales.

θ – Ângulo de contato

– Energia superficial total

– Componente polar da energia de superfície

– Componente dispersiva da energia de superfície

FP – Fração de polaridade

DMEM – Dulbecco’s Modified Eagle Medium

SFB – Soro fetal bovino

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Sumário

1 – Introdução ............................................................................................... 17

2 – Revisão Bibliográfica .............................................................................. 21

2.1 – Quitosana ............................................................................................. 21

2.1.1 – Membranas de Quitosana ................................................................. 24

2.1.2 - A Quitosana como Biomaterial - Propriedades Biológicas da quitosana

...................................................................................................... 26

2.2 – Adesão Celular e Proliferação ao Substrato Polimérico

.............................................................................................................. 27

2.3 - Tratamento de Polímeros por Plasma .................................................. 29

2.4 – Esterilização por Plasma............................................................... 33

2.5 – Membranas de Quitosana Tratadas por Plasma ................................. 34

3 – Metodologia ............................................................................................ 38

3.1 – Material de partida ............................................................................... 40

3.2 – Preparação de Membranas ................................................................. 40

3.3 – Tratamento por Plasma ....................................................................... 40

3.4 – Caracterizações das Membranas de Quitosana .................................. 42

3.4.1 – Microscopia eletrônica de varredura – MEV ..................................... 42

3.4.2 – Microscopia de força atômica – MFA ................................................ 43

3.4.3 – Ensaio de molhabilidade.................................................................... 43

3.4.4 – Energia de superfície ........................................................................ 45

3.4.5 – Ensaio de absorção .......................................................................... 46

3.5 – Ensaios Biológicos ............................................................................... 46

3.5.1 – Teste de esterilização do processo de manufatura das

membranas.......................................................................................................... 46

3.5.2 – Ensaio em cultura de células ............................................................ 47

3.5.3 – Proliferação MTT .............................................................................. 48

3.5.4 – Análise estatística e teste de correlação de Pearson............................. 48

3.5.5 – Morfologia celular .............................................................................. 49

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4 – Resultados e Discussões ........................................................................ 51

4.1 – Caracterizações das Membranas de Quitosana .................................. 51

4.1.1 – Microscopia eletrônica de varredura (MEV) ...................................... 51

4.1.2 – Microscopia de força atômica (MFA) ................................................ 55

4.1.3 – Ensaio de molhabilidade ........................................................................ 60

4.1.4 – Energia de superfície ............................................................................. 62

4.1.5 – Ensaio de absorção ............................................................................... 67

4.2 – Ensaios Biológicos .................................................................................... 68

4.2.1 – Teste de esterilidade do processo de manufatura das membranas ...... 68

4.2.2 – Análise de proliferação celular por MTT ........................................... 71

4.2.3 – Morfologia celular .............................................................................. 73

4.3 – Comparações da proliferação com as propriedades obtidas para as

membranas de quitosana ............................................................................. 77

4.3.1 – Ângulo de contato x Proliferação ...................................................... 77

4.3.2 – Energia de superfície x Proliferação ................................................. 78

4.3.3 – Rugosidade x Proliferação ................................................................ 79

5 – Conclusões e Perspectivas........................................................................ 82

5.1 – Conclusões .......................................................................................... 83

5.2 – Perspectivas de Trabalhos Futuros ........................................................... 85

Lista de Trabalhos Publicados ...................................................................... 86

Referências ................................................................................................... 89

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Capítulo 1

Introdução

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17

1 – Introdução

A utilização de biomateriais é bastante comum, seja para implantes

sofisticados ou para uso como curativos. Sejam metálicos, cerâmicos,

poliméricos ou compósitos, os biomateriais necessitam ter características

superficiais que possibilitem uma maior e mais rápida resposta biológica [1].

Todos os anos, milhões de pessoas sofrem com lesões cutâneas que

necessitam de tratamento e da utilização de biomateriais como curativos.

Quando a pele é ferida, ocorre uma série de eventos no local do ferimento

como dano celular, perda de tecido e alteração da relação entre os tecidos e o

ambiente circundante [2].

Quando a pele está severamente danificada, é necessário uma barreira

de proteção para a cura adequada desta pele. Esta barreira, comumente

denominada de curativo não deve apenas proteger a ferida do ambiente

envolvente, mas também deve favorecer o processo de cura, proporcionando

um microambiente ideal [3,4].

Na área biomédica, a pesquisa sobre membranas a base de

polissacarídeos para produção de curativos está em grande destaque, devido a

crescente necessidade de novos materiais e às novas tecnologias com

características de seletividade, permeabilidade, degradabilidade e

biocompatibilidade [5].

Os polissacarídeos têm sido amplamente utilizados em feridas, devido à

sua versatilidade relativa em termo de estrutura, composição, propriedades

intrínsecas e fisiológicas que podem ajudar na reconstrução apropriada da pele

na redução ou prevenção da formação do tecido cicatricial [5].

Os polímeros naturais são preferenciais para serem utilizados como

material biomédico, pois apresentam um menor índice de rejeição pelo tecido

vivo, ou seja, tem uma maior biocompatibilidade em relação aos polímeros

sintéticos, e também um menor custo de produção [6]. Alguns dos polímeros

naturais que são exaustivamente estudados na regeneração da pele são o

alginato, quitosana, ácido hialurônico, celulose, colágeno, gelatina e seus

derivados [7].

Dentre os polímeros supracitados há destaque para membranas de

quitosana elaboradas de forma pura ou misturadas com outros polímeros, as

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18

quais vêm sendo utilizadas com sucesso na produção de curativos para

tratamento de queimadura, como pele artificial, por promover uma cicatrização

rápida do tecido. Além disso, diminuem os riscos de infecção da região afetada

e são facilmente biodegradadas pela atuação da lisozima. Materiais a base de

quitosana também são utilizadas na biotecnologia para o isolamento de

proteínas, ácidos nucleicos e enzimas [8, 9].

A quitosana possui propriedades biológicas, como a atividade

antimicrobiana, que a torna interessante para aplicações médicas e

farmacêuticas. Além de inibir o crescimento de microrganismos, possuir efeito

coagulante e ação analgésica tópica. Por essas propriedades, materiais a base

de quitosana vem sendo estudados como suportes para o crescimento celular

[10].

Além disso, vários estudos estão mostrando que derivados de

membranas de quitosana não são citotóxicos para os fibroblastos, mas tendem

a inibir a proliferação de células. Assim pesquisas têm sido realizadas com a

finalidade de melhorar a resposta celular em membranas de quitosana [11, 12].

Dentre os métodos realizados para melhorar a adesão e proliferação das

células tem-se a utilização de blendas, radiação gama, reações químicas e

modificação por plasma. A modificação por plasma tem tido maior destaque

pela sua versatilidade, pois o plasma pode realizar a funcionalização da

superfície em diferentes atmosferas [13, 14, 15, 16, 17].

Contudo existem poucas referências sobre o estudo da proliferação de

fibroblastos em membranas de quitosana tratadas por plasma. Entre as

pesquisas realizadas podemos citar os trabalhos de Zhu et. al [82]; López-

Pérez et. al [16] ; Silva et. al [62]; Luna et. al [83].

A atmosfera de plasma mais utilizada normalmente é a de oxigênio e

como resultado tem se a formação de diferentes grupos contendo oxigênio, tais

como: -OH, -C-O, -COOH na superfície da amostra. O argônio e o nitrogênio

são outros exemplos de gases utilizados no tratamento por plasma. Como

resultado da introdução de modificações químicas na superfície do material,

diferentes comportamentos celulares no material modificado podem ser

observados [18, 19].

Neste trabalho cinco conjuntos de experimentos usando tratamentos por

plasma de argônio, nitrogênio, oxigênio, hidrogênio e metano em diferentes

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19

tempos foram realizados com o objetivo de melhorar a biocompatibilidade de

membranas de quitosana na resposta dos fibroblastos in vitro e também de

estudar o efeito do plasma na esterilização das membranas.

O primeiro capítulo apresenta-se uma abordagem geral sobre alguns

aspectos sobre biomateriais, quitosana, propriedades biológicas e plasma. No

segundo capítulo é apresentada uma revisão da literatura no que se refere às

propriedades da quitosana, adesão celular ao substrato polimérico e

processamento de polímeros por plasma. No terceiro capítulo foi realizada uma

descrição dos materiais e metodologia utilizada, descrevendo os tratamentos

por plasma e as caracterizações realizadas. No quarto capítulo são expostos

os resultados obtidos dos tratamentos e o resultado das caracterizações por

MEV, MFA, ângulo de contato, tensão superficial, ensaio de absorção, teste de

esterilidade e ensaio de proliferação de fibroblastos. No quinto capítulo é feito

um relato das conclusões obtidas a partir dos resultados apresentados.

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Capítulo 2

Revisão Bibliográfica

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21

2 – Revisão Bibliográfica

2.1 – Quitosana

A quitosana é um polissacarídeo (amino) natural, quimicamente definida

como um copolímero natural, de cadeia linear, constituído por unidades

repetidas “2 amino 2 deoxi β D glucopiranose e (1 4) 2 acetamida 2 deoxi β D

glucopiranose” (Figura 2.1) [20-21]. Por ser produzida a partir de matérias-

primas de fontes renováveis e ser metabolizada por enzimas humanas,

especialmente a lisozima, por isso é considerada um biopolímero

biodegradável [22,23].

(a) Figura 2.1: Estrutura química da quitosana, CH2OH – grupo hidroximetil, OH – grupo hidroxil,

NH2- grupo amina, NHCOCH3 – grupo N - acetil [21].

Dentre as rotas de síntese para obtenção da quitosana, a de

desacetilização alcalina da quitina é a mais viável economicamente. Sua

obtenção ocorreu pela primeira vez em 1859, quando Rouget descobriu a

forma desacetilada da quitina [24].

A quitina (Figura 2.2) é uma substância estrutural presente nos

crustáceos, insetos e algumas espécies de fungos do gênero Mycelia, sendo

degradada pela enzima quitinase [25]. A quitina é constituída de unidades de

(1 4) 2 acetamida 2 deoxi D glucoprinanose e pode ser encontrada na forma

de dois polimorfos cristalinos, α e β quitina e na forma γ em fungos [21.]

Henri Braconnot em 1811 foi quem descreveu a quitina, denominando-a

inicialmente de fungina, por ter sido descrita em cogumelos. Em 1823 quando

Odier isolou o mesmo composto anteriormente denominado de fungina a partir

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22

do exoesqueleto de crustáceos, foi que começou a usar-se a denominação de

quitina [26 e 27].

Figura 2.2: Estrutura da quitina, CH2OH – grupo hidroximetil, OH – grupo hidroxil,

NHCOCH3 – grupo N-acetil [21].

A quitina é encontrada na natureza como um material duro, anelástico

de baixa solubilidade e reatividade química, de cor esbranquiçada, não

imunogênico e rotineiramente utilizado como material quelante em reações

químicas [25]. São os subprodutos da indústria de beneficiamento do pescado

como, por exemplo, a casca de siri, camarão e lagosta, as fontes comerciais e

tradicionais de quitina [28].

Para a obtenção da quitosana a partir da quitina é necessária a remoção

de proteínas e a dissolução de sais inorgânicos. A quitina deve ser misturada

em solução de hidróxido de sódio (NaOH) a 40%, a 120°C por 3 horas,

processo esse denominado de desacetilação da quitina [29] (Figura 2.3).

Variando-se o tempo, a concentração do banho de hidróxido de sódio

utilizado, além da temperatura em que ocorre a reação, é possível obter

quitosanas com diferentes graus de desacetilação. Portanto o termo quitosana

refere-se a um grande número de polímeros, que se diferenciam por seu grau

de desacetilação variando de 60% a 98% e massa molar de 1x105 – 1.2x106

Da.

O grau de desacetilação é verificado através de metodologias como

espectrometria de infravermelho (IRS), cromatografia gasosa (GC) ou

cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) e Ressonância Magnética

Nuclear (RMN) [30].

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23

(a)

(b) Figura 2.3: (a) Fluxograma do processo de desacetilação da quitina. (b) Radicais

predominantes na quitina e na quitosana [25,33].

Geralmente a quitosana é insolúvel em soluções aquosas, com pH

superior a 6.3 a 6,5. Porém, em ácidos, os grupos aminos livres são

protonados e a molécula torna-se solúvel em pH ácido. Esta solubilidade está

ligada com a quantidade de grupos aminos protonados (-NH3+) na cadeia

polimérica [31]. Portanto sendo um policátion, a quitosana pode formar

complexos eletrostáticos com espécies carregadas negativamente incluindo

proteínas, enzimas, outros polímeros naturais ou sintéticos, fármacos e ânions

de baixa massa molecular [32].

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24

Devido a sua composição, a quitosana apresenta propriedades

mecânicas, físicas, químicas e biológicas que a tornam apropriada para um

grande número de aplicações em produtos médicos e farmacêuticos. Além do

mais, presença de ligações hidrogênio inter e intramoleculares entre os

resíduos D glucosamina permite a formação de géis, filmes e fibras,

possibilitando a utilização da quitosana na preparação de membranas [34].

2.1.1 – Membranas de Quitosana

Uma membrana é definida como uma barreira fina, com propriedade

seletiva ao transporte de matéria e energia entre duas fases. As membranas

são utilizadas nas mais diversas áreas, como na indústria alimentícia,

tratamento de efluentes e em materiais biomédicos. As membranas podem ser

classificadas em homogênea ou heterogênea, apresentar uma estrutura

simétrica ou assimétrica, pode ser neutra ou possuir cargas elétricas e suas

espessuras podem variar entre 100 nm até mais de 1cm [35].

Quanto à morfologia, geralmente as membranas podem ser classificadas

em duas grandes categorias: membranas densas e porosas. Estas podem ser

ainda simétricas ou assimétricas (Figura 2.4) [36].

Figura 2.4: Classificação das membranas quanto a sua morfologia. Nas assimétricas,

as regiões escuras representam a matriz sólida da membrana e as regiões claras os vales da membrana.

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25

Na área biomédica a utilização de membranas está tendo um grande

destaque, devido à crescente necessidade de novos materiais e novas

tecnologias com características de seletividade, permeabilidade,

degradabilidade e biocompatibilidade. Os polímeros naturais como a quitosana

são preferenciais para serem utilizados como material biomédico, pois

apresentam um menor índice de rejeição pelo tecido vivo, ou seja, tem uma

maior biocompatibilidade em relação aos polímeros sintéticos, e também um

menor custo na sua produção [6].

Membranas de quitosana pura ou misturadas com outros polímeros são

utilizadas com sucesso na produção de curativos, no tratamento de

queimaduras como pele artificial, promovendo uma cicatrização rápida do

tecido, diminuindo os riscos de infecção da região afetada e é facilmente

degradada pelo organismo pela atuação da lisozima [37]. Além disso, também

são utilizadas na biotecnologia para o isolamento de proteínas, ácidos

nucléicos e enzimas [38].

Devido a capacidade da quitosana de formar filmes e membranas em

soluções ácidas diluídas, diversas aplicações que exploram esta propriedade

estão sendo estudadas [39]. A técnica mais simples para a preparação das

membranas de quitosana é a evaporação do solvente em uma solução de

quitosana sobre uma placa de vidro que, geralmente, produz membranas

flexíveis, resistentes e transparentes [40].

As membranas de quitosana apresentam alta resistência mecânica e

elevada permeabilidade à ureia e à creatinina. São impermeáveis às proteínas

séricas e apresentam a vantagem única de evitar a liberação de metais tóxicos

na corrente sanguínea [41].

Filmes finos e membranas de quitosana tem sido objeto de avaliações

biológicas, nas quais a ausência ou não de vales e suas dimensões tornam-se

fundamentais para a definição de aplicações. Macro e microporos apresentam

uma relação “tamanho-exclusão” apropriada ao emprego em montagens de

membranas filtrantes de baixa pressão, adequadas a sistemas de purificação

de água ou separação de resíduos [42].

Membranas nanoporosas são utilizadas em sistemas de controle de

troca e permeação de gases, para liberação de drogas ou compostos

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26

moleculares e como coberturas comestíveis sobre alimentos processados e

embalagens genéricas [43].

Membranas densas de quitosana também têm sido testadas como “pele”

temporária e como material apropriado para reestruturação de cartilagens ou

em aplicações tópicas para regeneração e cicatrização de injúria [43].

2.1.2 – A Quitosana como Biomaterial - Propriedades Biológicas

Atualmente a quitosana está em destaque como material para

aplicações médicas e farmacêuticas. As principais razões para esse interesse

são suas propriedades biológicas, entre elas podemos citar sua atividade

antimicrobiana. A quitosana inibe o crescimento de micro-organismos como

Escherichia coli, Fusarium sp, Coliforms fecais, Shingella dysenteriae,

Salmonella typhimurium, Bacillus cereus,Agrobacterium tunefaciens, etc [44].

Esse mecanismo de atividade antimicrobiana está intimamente

relacionado às propriedades físico-químicas da quitosana e às características

da membrana do microrganismo. Quando a bactéria é gram-positiva a atividade

antimicrobiana aumenta quanto maior for a massa molar do polímero. Nas

bactérias gram-negativas, quanto menor a massa molar da quitosana, maior a

atividade antimicrobiana [10].

Nas bactérias gram-positivas, a membrana atua inibindo a absorção de

nutrientes. Nas bactérias gram-negativas, a quitosana de baixa massa

molecular penetra mais facilmente na bactéria causando distúrbios no

metabolismo [10].

Efeito coagulante é outra propriedade biológica da quitosana. A

quitosana reduz o tempo de coagulação sanguínea de forma dose-dependente.

Isso é atribuído a sua capacidade de agregar os eritrócitos devido a interação

das cargas positivas dos grupos aminos livres da quitosana com as cargas

negativas de receptores dos eritrócitos, contendo resíduos de ácido

neuramínico e murâmico [45].

A quitosana possui ação analgésica tópica, decorrente da captura de

hidrogênios ácidos liberados no local da inflamação pela ionização do grupo

amínicos a NH3+. A quitosana também atua absorvendo a bradicinina

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27

(mediador químico importante para a produção da dor no local inflamado)

liberada no sítio da inflamação [46]. A aceleração da cicatrização pode

acontecer através do uso da quitosana. Por causa da sua propriedade

imunomoduladora, essa propriedade dá à quitosana a capacidade de ativar

quase que exclusivamente o macrófago, o que explica também a característica

da biodegradabilidade desse polímero no organismo [47]. Essa característica,

associada à baixa toxicidade, faz da quitosana um polímero biocompatível.

Quando os macrófagos são ativados pelos oligômeros da quitosana de

baixa massa molecular, liberam interleucina-1, que estimula a proliferação de

fibroblastos e influencia a estrutura do colágeno. Ocorre também nesse

processo a liberação de N-acetilglucosaminidase, que hidrolisa a quitosana em

monômeros de N-acetilglucosamina e glucosamina que são necessários à

biossíntese do ácido hialurônico e outros componentes da matriz extracelular

pelos fibroblastos. Além disso, promovem a migração de neutrófilos, facilitando

a resposta inflamatória [48]. Em cultura de células tratadas com quitosana

verifica-se o aumento da atividade da lisozima extracelular, o que estimula a

formação do tecido conjuntivo [44].

N-acetilglucosamina é o maior componente do epitélio e sua presença é

essencial na reparação tecidual das feridas. A quitosana é despolimerizada

pela lisozima, presente naturalmente no fluido da lesão, e funciona como fonte

de liberação retardada de monômeros N-acetilglucosamina no processo de

cicatrização. Feridas tratadas com quitosana mostram menor grau de

fibroplasia, favorecendo a reepitelização com formação de cicatriz lisa [44].

2.2 – Adesão e Proliferação Celular no Substrato Polimérico

Para que aconteça uma boa interação polímero-célula é necessário que

se estabeleça a adesão celular ao substrato. Entretanto o substrato não

necessita obrigatoriamente apresentar características semelhantes às da

matriz extracelular para que a adesão ocorra. A similaridade físico-química é

almejada quando o objetivo é a promoção da diferenciação celular ou para que

um determinado polímero tenha uma interação mais efetiva ao sítio de

implantação [49]. Núcleo

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28

Somente depois de estarem aderidas, as células iniciam seu processo

de espalhamento, divisão e produção da matriz extracelular nova. O

espalhamento ou espraiamento é um processo complexo que envolve

modificações na morfologia celular, em consequência de alterações no

citoesqueleto, criando assim uma melhor interação com o substrato. A

integração do biomaterial com células ou tecidos depende ainda da própria

estrutura dos dispositivos produzidos [50].

Desta forma, atualmente busca-se a produção de polímeros que

apresentem características físico-químicas e mecânicas – tais como o balanço

adequado entre hidrofilicidade/hidrofobicidade, disposição de cargas elétricas,

dureza, elasticidade e resistência cujos valores sejam os mais próximos

possíveis aos dos tecidos nos quais serão implantados. Existe uma relação

entre a hidrofilicidade e a adesão celular. Dentro de certos parâmetros,

substratos mais hidrofílicos tendem a suportar uma melhor interação com

células [51].

Outro fator importante na produção de substratos para a adesão e

crescimento celular é a produção de materiais poliméricos porosos. Alguns

pesquisadores afirmam que, materiais porosos promovem o crescimento

celular, bem como induzem as células a produzir componentes da matriz

extracelular [52].

A distribuição uniforme e as interconexões dos poros são importantes

para facilitar a formação de tecidos na forma de uma rede organizada, tendo

grande aplicação na reconstrução tecidual [53]. Entretanto, existem

desvantagens no processo de preparação de amostras porosas que requerem

o uso de solventes orgânicos. Técnicas como casting e inversão de fase

podem deixar resíduos que influenciarão na cultura celular, além de

impossibilitarem a inclusão de agentes farmacologicamente ativos durante o

preparo [54].

Materiais a base de quitosana vêm sendo estudados como suportes

para o crescimento celular. Membranas porosas de quitosana mostram uma

boa integridade e receptividade ao espalhamento celular. Os grupamentos

amino livres da quitosana podem aumentar o espalhamento e a proliferação de

células endoteliais [50].

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29

Desenvolver novas técnicas e aprimorar as já desenvolvidas continua

sendo um importante enfoque de estudo na utilização de polímeros

biorreabsorvíveis na engenharia de tecidos. Desta forma, nos últimos anos

novas técnicas de processamento de biopolímeros têm sido apresentadas.

Como exemplo, pode-se mencionar o processamento de biopolímeros por

plasma.

2.3 – Processamento de Polímeros por Plasma

Diversos estudos têm sugerido que as interações entre um ambiente

biológico e materiais artificiais são determinadas predominantemente pelas

propriedades superficiais do material como hidrofilicidade, rugosidade

(aspereza), condutividade, lubricidade, densidade de ligações cruzadas e

energia de superfície [55].

Entretanto, muitas vezes, os polímeros não possuem todas as

propriedades superficiais necessárias para o uso como biomaterial. Têm-se

observado, portanto, um grande avanço em técnicas de modificação da

superfície para alterar as propriedades físicas e químicas de polímeros sem

afetar as propriedades inerentes do material. O tratamento por plasma tem se

tornado um importante processo industrial para a modificação superficial de

polímeros [56]. Neste contexto, uma das técnicas mais comumente aplicada

para produzir superfícies que forneçam respostas biológicas mais apropriadas

está o processamento de biopolímeros por plasma.

O plasma é um gás parcialmente ionizado, composto de partículas

carregadas: elétrons e íons, radiação térmica, luz visível, radiação ultravioleta,

campo eletromagnético, radicais e produtos químicos [57].

Em laboratório, o plasma é gerado pela diferença de potencial elétrico

aplicada entre dois eletrodos (cátodo e ânodo), em um sistema hermeticamente

fechado contendo um gás. Nesse sistema elétrons são acelerados na mesma

direção do campo elétrico, mas em sentido contrário, colidindo com as

partículas do gás (Figura 2.5) [57].

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30

Esse impacto provoca a liberação de mais elétrons e formação de íons,

que novamente são influenciados pelo campo elétrico e por sua vez colidem

com outras partículas, ocasionando a ionização do gás [57].

(a) (b) (c)

Figura 2.5: Esquema da reação do plasma, - moléculas do gás, - elétrons, - íons. (a) Partículas do gás no reator, (b) Colisão das moléculas com os elétrons; (c) Formação

de íons após a colisão.

Dependendo do gás utilizado durante o tratamento, o material

apresentará características diferentes. No caso do tratamento com

hidrocarbonetos, tais como metano, etano, eteno, acetileno e benzeno, a

característica principal é a formação de filmes de carbono amorfo hidrogenado

(a-C:H). Estes filmes apresentam propriedades físicas superiores relacionadas

à microdureza, índice de refração ótica e impermeabilidade. Além disso, como

o recobrimento contém apenas carbono e hidrogênio, eles não acarretam

problemas do ponto de vista ambiental [58-59].

Nesse tipo de tratamento o impacto dos elétrons energéticos com as

moléculas do gás no reator resulta na formação de íons de C e H. Esses íons

juntamente com átomos, moléculas neutras, moléculas excitadas e radicais

livres presentes no plasma se ligam à superfície ativada do material em

tratamento, formando assim um filme polimérico geralmente de caráter

hidrofóbico sobre a superfície do material (Figura 2.6) [58].

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31

Figura 2.6: Etapas da formação de um filme polimérico produzido por plasma [102].

Para gases não formadores de filme como o O2, H2, N2 e Ar. o impacto de

elétrons e íons do plasma quebra algumas ligações do material, arrancando

elétrons ou átomo do material, resultando na formação de sitos ativos na

superfície (radicais livres). Essa superfície ativada sofre um rearranjo molecular

como a formação de novas ligações e pode também reagir com as espécies

químicas presentes. Essas espécies químicas presentes colidem com o

material se ligando a algum radical, formando assim um grupo funcional

hidrofílico (Figura 2.7) [60].

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32

Figura 2.7: Desenho esquemático da formação de sítios ativos. 1 – Bombardeamento de íons e formação de espécies ativas, 2- Formação de novas ligações e grupos funcionais [60].

Quando um material polimérico é inserido no plasma, muitos fenômenos

podem ocorrer resultantes da interação plasma/superfície do material.

Os principais efeitos da interação entre as espécies químicas ativas do plasma

ao colidir com a superfície polimérica é a quebra das cadeias (Figura 2.8),

moléculas, a formação de novos grupos funcionais e/ou alterações

morfológicas, como a formação de microporosidade [61].

Figura 2.8: Representação esquemática da quebra e remoção de cadeias poliméricas

através do tratamento por plasma [84].

Em um processo típico de plasma, os radicais criados na superfície

polimérica pela remoção do hidrogênio combinam-se com os radicias do gás de

trabalho modificando assim a superfície. Processos como funcionalização da

superfície, reticulação e etching ocorrem durante o tratamento por plasma

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33

(Figura 2.9). As condições de trabalho vão determinar qual processo irá

predominar durante o tratamento [62].

Figura 2.9: Representação esquemática do processo de reticulação. Neste caso ocorre

a quebra de ligações na superfície do polímero, como não há espécies reativas do gás, os radicais livres oriundos da quebra da ligação, se unem a cadeia adjacente, gerando uma nova ligação. Esse processo ocorre geralmente quando é empregado um gás inerte no tratamanto

por plasma, como argônio e hélio [84].

2.4 – Esterilização de Superfícies por Plasma

O plasma além de modificar a superfície dos materiais durante os

tratamentos, também pode atuar como agente esterilizante. As propriedades de

desinfecção do ambiente de plasma são conhecidos há algum tempo e tem

sido provado ser eficaz na destruição de bactérias e seus esporos. A

esterilização por plasma é uma técnica interessante para esterilização de

dispositivos biomédicos, bem como seu uso em aplicações de cirurgia.

A técnica de esterilização de superfície usando plasma foi descrito pela

primeira vez em 1968 por Menashi. Depois outros pesquisadores como

Boucher, Brithel, Jacobs e Lin indicaram a esterilização por plasma, como um

processo viável. A técnica também foi estudada por McGowen. No entanto,

apesar destas patentes e estudos, o tratamento com plasma não entrou em

uso generalizado como uma técnica de esterilização superficial [63].

Boucher analisou a esterilização por plasma e descreveu como uma

técnica ideal para processamento de artigos sensíveis ao calor. Ele também

alegou que o procedimento não deixa resíduos tóxicos em materiais

processados. Gases utilizados por Boucher foram ar, argônio, halogênicos,

oxigênio, nitrogênio e aldeídos em plasma de radiofrequência [63].

A técnica de esterilização por plasma oferece várias vantagens potenciais

sobre os métodos mais comumente utilizados, tais como química, térmica e

esterilização por radiação. A esterilização por plasma é adequada para

materiais sensíveis ao calor e elimina o tempo de arejamento necessário em

alguns métodos de esterilização química. Além disso, essa técnica também

Núcleo Núcleo

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34

pode ser vantajosa em casos em que o processamento por plasma é usado

como um passo final na fabricação dos dispositivos biomédicos.

2.5 – Membranas de Quitosana Tratadas por Plasma

Atualmente vários polímeros têm sido tratados por plasma seja para

estudo da modificação superficial ou para estudo do plasma como agente

esterilizante destes materiais. Dentre os materiais biopoliméricos modificados

por plasma tem-se as membranas de quitosana.

Membranas de quitosana têm sido tratadas por plasma usando-se

diferentes gases visando as mais diversas finalidades como: sistema de

liberação de fármacos, aumento da biocompatibilidade, suporte para

crescimentos de células etc. Esses tratamentos alteram microscopicamente a

topografia superfícial e a composição química superficial das membranas.

Assis (2007) avaliou os efeitos da deposição de uma fina camada de

hexametildissilazana (HMDS) sobre a superfície de filmes de quitosana. O

objetivo era depositar um filme hidrofóbico ao vapor de água com a finalidade

de aumentar a utilidade em embalagens e acondicionamento. O tratamento

resultou na inserção de grupos funcionais como Si – N - Si; Si – O; Si-CH2; Si –

CH3 (Figura 2.10) [70].

Núcleo Núcleo

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35

Figura 2.10: Representação esquemática da quebra da ligação OH da cadeia polimérica

da quitosana e inserção de grupos funcionais hidrofóbicos [70].

Em estudo realizado por Silva et al. (2008) dois conjuntos de

experimentos usando tratamentos com nitrogênio e argônio em diferentes

tempos (10, 20, 30 40 min) foram realizados. O objetivo desse trabalho foi

melhorar a biocompatibilidade das membranas de quitosana na resposta dos

fibroblastos in vitro [62].

Os ensaios de rugosidade em microscópio de força atômica confirmaram

o aumento da rugosidade nas membranas tratadas, isso é um indicativo que

ocorreu o processo de ecthing durante os tratamentos. Através do ensaio com

ângulo de contato foi possível confirmar o aumento da energia de superfície

das amostras depois do tratamento por plasma e as medições com XPS

confirmaram a incorporação de oxigênio e grupos contendo nitrogênio na

superfície das membranas após os tratamentos. Quanto aos testes biológicos,

observou-se que as amostras tratadas tanto com nitrogênio, como com argônio

melhoraram a adesão e proliferação de fibroblastos nas membranas de

quitosana (Figura 2.11)[62].

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36

Figura 2.11: Microscopia eletrônica de células fibroblásticas L929 cultivadas em amostras de quitosana não tratada (NT), membranas de quitosana tratadas por plasma de

nitrogênio (N2) e membranas de quitosana tratada por plasma de argônio (Ar) [62].

Estudos da modificação de quitosana por plasma de nitrogênio confirmam

um aumento significativo do teor de nitrogênio na superfície das membranas

tratadas. A clivagem dos grupos restantes de –NHCOCH3 da quitosana é a

razão para esse aumento [62].

Quando a membrana de quitosana é tratada por plasma de nitrogênio,

não ocorre apenas o processo de etching em sua superfície, ocorre também o

processo de funcionalização da superfície, através da adição de grupos

funcionais como –NH2, -NH, = NH, CONH2 ou CΞN (Figura 2.12) [62].

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37

Figura 2.12: Representação esquemática da inserção de grupos funcionais em

polímeros tratados por plasma de nitrogênio através da quebra de ligações na cadeia polimérica ou devido a remoção de átomos de hidrogênio [84].

Em membranas de quitosana tratadas tanto com nitrogênio , como com

argônio observa-se através de análise de XPS um aumento da intensidade

relativa do componente C-H, e um decaimento do grupo C-O em relação a

amostra não tratadas. Para amostras tratadas com plasma de argônio por 30 e

40 minutos observa-se um aumento do componente C=O [62].

Para amostras tratadas por plasma de oxigênio normalmente ocorre a

formação de diferentes grupos contendo oxigênio, tais como: -OH, -C-O, -

COOH [62] (Figura 2.13). Observa-se também um aumento do componente

C=O e uma diminuição do grupo C-NH2 em relação à amostra não tratada [64].

Figura 2.13: Representação esquemática da inserção de grupos funcionais em

polímeros tratados por plasma de oxigênio através da quebra de ligações na cadeia polimérica ou devido a remoção de átomos de hidrogênio [84].

Pesquisa realizada por Wanichapichart et al. (2009) em membranas de

quitosana tratadas por plasma de argônio teve como resultado aumento da

hidrofilicidade, molhabilidade e permeabilidade iônica nas membranas tratadas.

O plasma de argônio também alterou a morfologia das membranas,

provocando uma aspereza na superfície das amostras. Além disso, observou-

se alterações na estrutura superficial de grupos funcionais como C=O, C-H, C-

O que aumenta a propriedade de permuta iônica das membranas [65].

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Capítulo 3

Metodologia

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39

3 – Metodologia

O presente trabalho foi dividido em duas partes. A primeira parte

consiste na preparação e caracterização das amostras de quitosana com

diferentes tratamentos por plasma. A segunda parte consiste na realização de

ensaios biológicos para determinar o potencial de esterilização das membranas

tratadas, bem como a proliferação de células fibroblásticas sobre essas

membranas. A seguir na figura 3.1 é apresentado o fluxograma de realização

do trabalho.

Figura 3.1: fluxograma da realização do trabalho

Preparação das membranas

Parte 1: Tratamento por plasma (15, 30,

45,60 min.)

Parte 1: Caracterização

das membranas

Parte 2: Cultura de Células

Parte 2: Caracterização

Biológica

• MEV • AFM • Molhabilidade • Energia de

Superfície • Ensaio de

Absorção

• Teste de Esterilidade

• MTT • Morfologia

Celular

• Argônio • Oxigênio • Nitrogênio • Metano • Hidrogênio

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40

3.1 – Material de partida

Segundo o fabricante (Polymar Ltda, Fortaleza, Brasil) a quitosana

apresenta grau de desacetilação em torno de 90%. Sua massa molar ( Mv = 2,0

x 105 Da) foi determinada pelo método de viscosimetria, utilizando a equação

de Mark-Howink-Sakurada [67, 68].

3.2 – Preparação das membranas

A quitosana em pó foi dissolvida em ácido acético a 2% com agitação

constante durante 24h. Após este período a solução de quitosana passou por

duas filtrações, para retirada de impurezas. A primeira em um filtro com tela de

nylon e a segunda em um filtro Mille Millipore® (41µm). Depois um volume de

30 ml da solução foi vertido sobre as placas de petri e as mesmas

acondicionadas em estufa por 24 h em temperatura de 50ºC. Posteriormente

as membranas formadas foram neutralizadas com NaOH a 5%, seguido de

acomodação e secagem em temperatura ambiente por 24h.

3.3 – Tratamentos por plasma

Na figura 3.2 observa-se o esquema do reator utilizado neste trabalho.

Ele é composto de um tubo de vidro de borossilicato, fechado por dois flanges

de aço inox. O flange superior está polarizado anodicamente (aterrado) e no

mesmo foram inseridos as conexões para os gases de trabalho. Na periferia do

flange inferior estão as conexões para bomba mecânica e sensor de pressão.

Na parte central do reator, está localizado o cátodo (porta amostra) e tubo em

inox, no qual está inserido um termopar. O tubo está catodicamente polarizado,

ficando eletricamente isolado do flange pelo auxilio de buchas de teflon. A

amostra foi colocada presa a um anel, a uma distância de 50 mm do cátodo

(Figura 3.3).

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41

Figura 3.2: Esquema do reator de hidrogenação, utilizado para o tratamento de membranas de

quitosana por plasma.

Figura 3.3: Fotografia do reator de plasma. Nesta figura é possível visualizar o posicionamento da membrana de quitosana dentro do reator.

As membranas de quitosana foram tratadas em 5 atmosferas diferentes, a

saber: metano (CH4), oxigênio (O2), hidrogênio (H2), nitrogênio (N2), argônio

(Ar), durante os tempos de 15, 30, 45 e 60 minutos mantendo fixos a pressão,

Posição da

amostra no

reator

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42

corrente, fluxo de gás e distância amostra-cátodo conforme mostrados na

tabela 3.1.

Tabela 3.1: Parâmetros utilizados para cada gás durante o processamento da membrana de quitosana por plasma.

Pressão (mbar)

Corrente (A)

Fluxo de gás (cm3/min.)

Distância da amostra para

o cátodo (mm)

Potência (W)

4,5 0,14 10 50 70

3.4 – Caracterizações das Membranas de Quitosana

Após os tratamentos por plasma, as amostras foram caracterizadas

quanto aos aspectos topográficos (integridade física, rugosidade),

molhabilidade, ensaio de absorção, capacidade de esterilidade de cada gás,

proliferação dos fibroblastos e análise estatística da proliferação.

3.4.1 – Microscopia eletrônica de Varredura – MEV

Neste trabalho utilizou-se um microscópio eletrônico de varredura da

marca PHILLIPS modelo XL30, equipado com detetores de elétrons secundário

(SE) e de elétrons retroespalhados (BSE), pertencente ao Núcleo de Estudos

de Petróleo e Gás Natural – NEPGN da UFRN. Este foi utilizado no modo SE

para aquisição de imagens da superfície da amostra, a fim de saber se houve

ou não formação de vales durante o tratamento. As amostras foram revestidas

com ouro e imagens foram obtidas utilizando voltagem de aceleração eletrônica

de 20 kV.

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43

3.4.2 – Microscopia força atômica – MFA (Rugosidade e topografia)

Para análise da rugosidade e topografia das amostras de quitosana

utilizou-se um microscópio de força atômica marca Shimadzu, modelo SPM-

9600 (Japão), pertencente ao Núcleo de Estudos de Petróleo e Gás Natural –

NEPGN da UFRN. Utilizou-se o equipamento no modo dinâmico ou

intermitente numa taxa de varredura de 1 Hz. Áreas aleatórias de 5 m x 5 m

foram escaneadas e analisadas pelo programa SPM Maneger versão

3.4(Japão). Foram analisados os parâmetros de rugosidade média aritmética

(Ra), soma da altura máxima dos picos (Rp), Soma da altura máxima dos picos

com a profundidade máxima dos vales (Rz) e a razão Rp/Rz para saber se os

picos na superfície eram pontiagudos ou arredondados (Figura 3.4).

Figura 3.4: Desenho demonstrativo da superfície com picos pontiagudos e arredondados

[71].

A topografia foi analisada utilizando na mesma região de análise da

rugosidade, utilizando as imagens em 3D obtidas no AFM.

3.4.3 – Molhabilidade

Para análise da molhabilidade, utilizou-se o método da gota séssil, onde

uma gota é depositada sobre a superfície da amostra. O conhecimento do

ângulo de contato está associado à molhabilidade. Os líquidos utilizados foram

água, formamida e glicerol. O goniômetro utilizado nesta análise foi

desenvolvido no Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma –

Labplasma/UFRN e está esquematizado na figura 3.5.

500µm

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44

Figura 3.5: Esquema do goniômetro utilizado neste trabalho [78].

As amostras foram colocadas sobre a base plana e em seguida foi

depositada uma gota de 10µl dos seguintes líquidos: água destilada, formamida

e glicerol, sobre a superfície das membranas. Este procedimento foi

acompanhado em tempo real e registrado em um computador por meio do

software Pinnacle Studio Quickstart versão 8. Em seguida, ainda usando-se o

Pinnacle Studio isolaram-se os quadros (imagens) referentes aos instantes

desejados: 00s, 10s, 20s, 30s, 40s, 50s, 60s.

De posse destas imagens passou-se a utilizar o software Surftens versão

demo. Neste software ao se fazer 5 marcações, gera-se um circulo e sua

respectiva tangente, conforme é mostrado na figura 3.6. Os valores de ângulo

de contato que estão apresentados neste trabalho representam uma média das

medições de três imagens sendo que foram feitas cinco medições para cada

imagem.

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45

Figura 3.6: Demonstrativo da formação do círculo e sua respectiva tangente para

obtenção do ângulo de contato por meio do Programa Surftens.

3.4.4 – Energia de Superfície

A Energia de superfície foi calculada utilizando a equação de Fowkes

(Equação 3.1) [69]. Para tanto, foram utilizados os valores dos ângulos de

contato medidos anteriormente e os valores das componentes polar e

dispersiva de cada uma dos líquidos, estes dados são apresentados na tabela

3.2.

[

] [

√ ] √

(3.1)

Tabela 3.2 – Energia superficial dos líquidos usados.

Líquidos ( ⁄ )

( ⁄ ) ( ⁄ )

Água 72,8 51,0 21,8

Formamida 58,2 18,7 39,5 Glicerol 63,4 26,2 37,2

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46

3.4.5 – Ensaio de absorção de água

A quantidade de água absorvida pelas membranas foi determinada pela

imersão destas em água destilada a 37ºC por 72h. As membranas de

quitosana tratadas e não tratada por plasma foram inicialmente pesadas em

uma balança analítica (Mettler Toledo H35AR) com três casas decimais e

imersas em água destilada. Acompanhou-se a percentagem de ganho de

massa através da pesagem da amostra em diferentes tempos. O ganho

percentual de massa M foi calculado através da relação:

100% xm

mm

s

su (3.2)

Onde mu e ms, representam respectivamente as massas das membranas

úmida e seca.

3.5 – Ensaios Biológicos

3.5.1 - Teste de esterilização do processo de manufatura das membranas

As membranas de quitosana foram tratadas por plasma, ao término dos

tratamentos as membranas eram retiradas do reator e colocadas em tubos

esterilizados. Estes tubos eram acondicionados em um recipiente contendo

algodão embebido em álcool 70%. Contornando o equipamento de plasma

existiam 5 lamparinas para garantir um ambiente estéril em volta do reator. A

pinça utilizada para retiradas das amostras do reator eram umedecidas em

álcool 70% e flambadas. O ensaio de esterilização consistiu em colocar as

membranas tratadas, não tratadas e desinfectadas com álcool 70% em placas

de 24 poços contendo meio de cultura celular DMEM e incuba-las a 37ºC com

5% de CO2 durante 7 dias. Diariamente os poços com as membranas foram

observados ao microscópio ótico Nikon CFI60, Spectrum-Spectrum

Bioengenharia Médica Hospitalar LTDA (São Paulo, SP, Brasil) para verificar o

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47

surgimento de microrganismos sobre as membranas. O ensaio foi realizado em

sextuplicata.

3.5.2 – Ensaios em Cultura de Células

O ensaio de cultura de células foi realizado em triplicata. Após o

tratamento por plasma as membranas de quitosana foram levadas ao

laboratório de Biotecnologia e Polímeros Naturais – BIOPOL no Centro de

Biociências da UFRN, para esterilização por autoclavagem a 120ºC por 30 min.

Posteriormente às etapas de limpeza, o experimento seguiu em ambiente

estéril numa câmara de fluxo laminar. As membranas de quitosana foram

colocadas numa placa de cultura de 24 poços, sendo uma membrana por poço.

Em seguida adicionou-se 0,5mL de meio de cultura (DMEM) suplementado

com 10% de soro bovino fetal e 1% de antibiótico juntamente com células

fibroblásticas de linhagem 3T3 (1,5 x 104 células por poço) (Fig. 3.7). As placas

permaneceram em condição de cultura celular em câmara de CO2 a 37 ºC.

Figura 3.7: Esquema da disposição das amostras na placa de 24 poços, para ensaio de

cultura de células.

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48

3.5.3 – Proliferação MTT

O ensaio de proliferação por MTT (brometo de 3 - [4,5 - dimetil - tiazol - 2

il] – 2,5 difenil tetrazólio) se baseia na absorção do sal tetrazólico MTT pelas

células, sendo reduzido no interior da mitocôndria, pela desidrogenase

mitocondrial de células viáveis a um produto chamado formazan. Este produto,

acumulado dentro da célula na forma de cristais, é extraído através da adição

de um solvente apropriado. Neste trabalho o solvente utilizado foi o metanol

(PA). O ensaio de proliferação por MTT mede a respiração celular, que é

proporcional à quantidade de formazan produzida, e ao número de células

viáveis em cultura.

Neste trabalho as amostras de quitosana estiveram em cultivo celular por

72h (3 dias) e 168h (7 dias). Depois as amostras foram retiradas da incubadora

e adicionou-se MTT aos poços, retornou-se a placas à câmara de cultura por

mais 4h. Completado este tempo os cristais foram solubilizados em metanol

(PA).

Em seguida todo o líquido foi retirado da placa de 24 poços e colocado

numa placa de 96 poços. A proporção de troca foi a seguinte: cada poço da

placa de 24 preencheu 3 poços da placa de 96. Esta troca foi necessária para

leitura em espectrofotômetro específico para leitura de placas de 96 poços. A

leitura foi realizada utilizando comprimento de onda de 570 nm. Os valores

foram analisados em porcentagem de absorbância em relação ao controle

(poço sem disco).

3.5.4 – Análise Estatística e Teste de Correlação de Pearson

Para análise estatística da proliferação celular utilizou-se o teste da

ANOVA que mede a variabilidade entre os valores e em seguida fez-se o teste

t-student para avaliar o nível de significância estatística para p<0,05.

Foram aplicados testes de correlação de Pearson entre proliferação

celular e as propriedades de superfície para avaliar a influência sobre a

resposta celular.

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49

3.5.5 – Morfologia Celular

A morfologia celular foi observada por microscópio ótico Nikon CFI60,

Spectrum-Spectrum Bioengenharia Médica Hospitalar LTDA (São Paulo, SP,

Brasil). As membranas foram observadas na própria placa de cultura no 3º e o

7º dia de incubação.

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Capítulo 4

Resultados e Discussões

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51

4 – Resultados e discussão

4.1 – Caracterizações das Membranas de Quitosana

4.1.1 – Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV)

Processos de corrosão, erosão são inevitáveis quando os polímeros são

expostos ao plasma. O MEV foi utilizado para observar eventuais alterações na

morfologia superficial das membranas [64].

A micrografia eletrônica de varredura das membranas de quitosana sem

tratamento revelou que a mesma possui uma superfície homogênea, lisa, sem

vales e sem danos (Figura 4.1). Essas características da membrana não

tratada apresentadas neste trabalho, estão de acordo com as membranas

desenvolvidas por Lima (2006) e Oliveira (2006). Tanto as membranas

preparadas nesta pesquisa como as membranas preparadas por Lima e

Oliveira (2006) foram feitas pela técnica de evaporação do solvente [85,86].

Figura 4.1: Microscopia eletrônica da superfície da amostra não tratada.

Neste trabalho verificou-se que amostras tratadas por plasma de argônio

durante 15 minutos ou aquelas tratadas por plasma de nitrogênio até 45

minutos não apresentaram danos à morfologia superficial das membranas,

permanecendo com a superfície lisa, assim como as amostras não tratadas.

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52

Entretanto, tempos maiores de tratamento com plasma desses gases (argônio

e nitrogênio) apresentaram danos nanométricos (Figura 4.2) e micrométricos

aleatórios.

Para tratamento em atmosfera de oxigênio ou de metano foram

observados os danos para todos os tempos de tratamento utilizados, sendo em

maior dimensão e intensidade para maiores tempos de exposição ao plasma.

No trabalho realizado por Silva (2008) com plasma de argônio e

nitrogênio, onde o tempo de tratamento foi de 10, 20, 30 e 40 minutos em

reator de radiofrequência com potência de 20 W, não houve nenhuma

modificação significativa na morfologia da superfície das membranas tratadas

por plasma [62].

Os dados da morfologia superficial das amostras de Silva (2008)

tratadas por nitrogênio estão semelhantes aos das amostras tratadas por

nitrogênio neste trabalho. Entretanto as amostras tratadas por plasma de

argônio diferem, pois para as amostras tratadas por plasma de argônio com o

tempo acima de 15 minutos ocorreu a presença de danos.

Nos tratamentos realizados por López-Pérez (2007) em membranas de

quitosana tratadas por plasma de oxigênio com duração de 15 minutos em

reator de radiofrequência com potência de 30 W, também não ocorreu

alterações na morfologia das membranas [64].

Figura 4.2: Membrana de quitosana tratada por plasma de argônio 60 minutos.

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53

Neste trabalho empregaram-se diferentes tempos de tratamento e uma

potencia de 70 W, ou seja, mais do que o dobro da potência usada nos

trabalhos de Silva (2006) e López-Pérez (2007). Segundo López-Pérez os

processo de corrosão e erosão do plasma são dependentes do tempo e da

potência aplicada. Comparando os tempos de tratamento e a potência utilizada

neste trabalho, com os trabalhos dos autores citados acima, temos a

confirmação desta afirmação.

Esposito et. al. (2007) trataram suportes de poli (ácido láctico – co –

ácido glicólico) por plasma de oxigênio em menor tempo do que o utilizado

neste trabalho, apenas 10 minutos e com diferentes potências 50 W e 100 W.

Comparando a superfície das amostras tratadas com menor e maior potência,

ele percebeu que os danos aumentaram nas membranas tratadas com maior

potência. Esses dados corroboram com a afirmação de López - Pérez (2007)

de que quanto maior a potência maior a erosão [87].

Dentre os tratamentos realizados nesta pesquisa, o de hidrogênio teve

grande destaque, pois ao contrário dos outros tratamentos, não houve a

presença de danos aleatórios. Observa-se no tratamento por plasma de

hidrogênio a ocorrência de células de erosão uniformemente distribuídas, e

com profundidade proporcional ao tempo de tratamento, indicando uma

homogeneidade no processo de interação plasma - superfície. A figura 4.3

ilustra as superfícies tratadas por plasma de hidrogênio em diferentes tempos.

Nas imagens das membranas tratadas por plasma de hidrogênio (Figura

4.3) foi possível visualizar a influência do tempo de tratamento no aumento do

processo de erosão da amostra. Como o processo de erosão nas amostras

tratadas por plasma de hidrogênio ocorreu de maneira uniforme é possível

controlar a porosidade das amostras. Nos outros tratamentos como os danos

ocorreram de maneira aleatória, não é possível fazer um controle da

porosidade.

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54

Figura 4.3: Membranas de quitosana modificadas por plasma de hidrogênio em diferentes tempos de tratamento. Observa-se “células” de erosão, uniformemente distribuídas.

Membranas com vales nanométricos e/ou micrométricos, como os

obtidos nesse trabalho são capazes de permitir trocas gasosas, (fator esse

importante para aplicação dessas membranas como curativos), filtração de sal,

bactérias, proteínas e outras partículas mil vezes menores que o milímetro [66].

Além disso, essas membranas porosas ou com vales podem aumentar a

hidrofilicidade. Favorecem a adesão, proliferação e diferenciação de alguns

(b)

15 min

30 min

45 min

60 min

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55

tipos celulares como fibroblastos e osteoblastos, pois podem induzir às células

a produzirem componentes da matriz extracelular [88,89]. Segundo Berry et. al.

(2004), as células fibroblásticas são sensíveis às alterações na morfologia da

superfície, influenciando a motilidade e possivelmente a proliferação celular

[90].

4.1.2 – Microscopia de Força Atômica - MFA

Na caracterização por MFA foram explorados os parâmetros de

rugosidade (Ra, Rp e Rz) e a topografia. A relação (Rp/Rz) tem sido utilizada

para determinar a forma do pico. A rugosidade média é o parâmetro de

medição de rugosidade mais utilizado no mundo. Entretanto o valor de Ra não

define a forma do pico, restringindo apenas às informações das alturas médias

de picos e vales. Portando pode-se dizer que com os dados da Rugosidade Ra

é possível obter informações somente sobre a rugosidade geral da amostra,

enquanto que com os dados da relação Rp/Rz é possível obter informações

sobre a forma do pico da amostra.

Observando a figura 4.7 temos os valores da rugosidade média das

amostras tratadas e não tratadas. Através deste gráfico nota-se que

independente do gás e do tempo utilizado no tratamento a plasma, as

superfícies tratadas apresentaram uma variação em sua rugosidade. De uma

maneira geral, todas as amostras tratadas tiveram valores de rugosidade

superiores à amostra sem tratamento (Ra = 1,265 nm).

O aumento da rugosidade Ra foi mais notável nas amostras tratadas por

plasma de hidrogênio, que apresentou os maiores aumentos de rugosidade Ra,

variando de 3,422 nm para as amostras com menor tempo de tratamento (15

min) a 11,23 nm para amostras com maiores tempo de tratamento (60 min).

Com relação aos outros tratamentos por plasma de argônio de 30, 45 e

60 min, houve aumento da rugosidade em relação à amostra não tratada na

ordem de 1,069 nm; 0,823nm e 1,848 nm respectivamente.

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56

Figura 4.4: Gráfico da rugosidade média (Ra) das membranas tratadas e não tratada

Nas amostras tratadas por plasma de oxigênio em todos os tempos de

tratamento houve aumento da rugosidade em relação à não tratada. Entretanto

não houve variação de rugosidade naquelas tratadas por 15 e 30 minutos,

permanecendo a rugosidade Ra de 2,2 nm. Nas tratadas por 45 e 60 min

houve aumento de 2,11nm e 4,463 nm em relação à rugosidade da não

tratada, respectivamente.

Com relação às superfícies tratadas com o gás metano, não houve muita

diferença entre a rugosidade Ra da não tratada e das tratadas. Naquelas

tratadas por 15 minutos houve aumento de 0,1 nm. Nas superfícies tratadas

por 30 min, houve pequeno aumento da rugosidade em torno de 0,48nm e nas

amostras tratadas 45 e 20 minutos houve uma pequena diminuição da

rugosidade em relação a não tratada de 0,1 nm.

O tratamento feito por gás metano, que é um hidrocarboneto é

caracterizado por um tratamento onde ocorre baixa erosão do polímero, com

possível deposição de oligômeros na superfície. Entretanto, na observação da

superfície das membranas tratadas por plasma de metano por microscopia

eletrônica de varredura, não foi possível a visualização destes oligômeros na

superfície da amostra [70].

As membranas tratadas por plasma de nitrogênio também apresentaram

aumento da rugosidade em relação à amostra não tratada. O aumento da

0

2

4

6

8

10

12

NT Ar O2 CH4 H2 N2

Ru

gosi

dad

e M

édia

(n

m)

15 min 30 min 45 min 60 min

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57

rugosidade naquelas tratadas por plasma de nitrogênio em relação à não

tratada variou de 0,645 nm a 4,050 nm.

No trabalho realizado por Luna et.al. (2011) que tratou membranas de

quitosana por 10, 20, 30 e 40 min por plasma de argônio e nitrogênio,

observou-se que nas amostras tratadas por plasma de nitrogênio o aumento

significativo da rugosidade Ra só ocorreu nos tratamentos de 30 e 40 minutos.

Enquanto que nos tratamentos realizados por plasma de argônio a rugosidade

aumentou com 20 minutos de tratamento [83]. Os resultados de Silva et. al.

(2008) corroboram com os resultados de Luna.

Neste trabalho as membranas tratadas por plasma de nitrogênio já

apresentaram aumento da rugosidade Ra a partir de 15 minutos de tratamento.

Entretanto a potência utilizada neste trabalho foi maior do que a potência

utilizada nos tratamento de Luna et. al. e Silva et. al., 70 W, 20 w, 20 w

respectivamente.

Em relação à rugosidade Ra das amostras tratadas por plasma de

argônio neste trabalho e nos trabalhos realizados por Luna et. al. e Silva et. al.

os resultados corroboram.

Na pesquisa realizada por Wanichapichart et. al. (2009) também tratou

membranas de quitosana por plasma de argônio e observou aumento da

rugosidade Ra com apenas 5 minutos de tratamento. No entanto, a potência

utilizada por ele foi de 90 W, maior do que a potência utilizada nas pesquisas

citadas anteriormente [65].

Ogino et. al. (2007) também tratou membranas de quitosana por plasma

de argônio e oxigênio por 3 minutos com uma potência de 700 W. Tanto as

amostras tratadas por plasma de argônio (2,11 nm) como as tratadas por

plasma de oxigênio (14,6 nm) apresentaram aumento da rugosidade Ra em

relação à amostra não tratada (1,96 nm) [91].

Comparando os resultados da rugosidade Ra deste trabalho com a

rugosidade dos outros trabalhos apresentados nesta tese, observa-se que a

potência de trabalho tem bastante influência na alteração da rugosidade da

amostra. E para o gás argônio é necessário potências muito elevadas para que

ocorra um aumento da rugosidade em poucos minutos de tratamento.

Na figura 4.5 são apresentados os valores de Rp e Rz e da relação

Rp/Rz que indicam como está a topografia das amostras. Segundo Muzilli

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58

valores de Rp/Rz menor que 0,5 indicam uma superfície arredondada e valores

maiores que 0,5 uma superfície mais pontiaguda [71]. Como pode ser

observado, nos tratamentos realizados neste trabalho obtiveram-se amostras

com superfícies pontiagudas, ou com tendências a serem pontiagudas, uma

vez que os valores Rp/Rz foram maiores ou próximos a 0,5.

Figura 4.5: Rugosidade Rp, Rz e da relação Rp/Rz.

Observando os dados da figura 4.5 e a figura 4.6 reforça-se a

importância da adoção de parâmetros além do Ra, pois como visto na figura

4.6b a amostra pode ter em sua topografia picos em apenas algumas regiões e

isso eleva o valor de Ra e não dá uma visão real da superfície.

Nas imagens de AFM (Figura 4.6) foi possível observar que as

topografias das membranas estão de acordo com a relação Rp/Rz, uma vez

que apresentam picos em sua maioria pontiagudos. Exceto as amostras

tratadas por plasma de hidrogênio, que apesar de ter Rp/Rz igual a 0,59 nm,

ainda tem picos não tão pontiagudos como nas outras amostras.

A relação Rp/Rz proposta informa o formato dos picos independente de

sua altura e da quantidade de picos existentes. Esse parâmetro juntamente

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

1

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

NT Ar15

Ar30

Ar45

Ar60

O215

O230

O245

O260

CH415

CH430

CH445

CH460

N215

N230

N245

N260

H215

H230

H245

H260

Rp(nm) Rz(nm) Rp/Rz

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59

com as imagens de AFM fornece uma visão da superfície em que as células

foram de fato cultivadas.

(a) (b) (c)

(d) (e) (f)

Figura 4.6: Imagens em 3D por microscopia de força atômica: (a) amostra sem tratamento; (b) amostra tratada por plasma de argônio durante 60 minutos; (c) membranas tratadas por plasma

de oxigênio durante 60 minutos; (d) metano 60 minutos; (e) nitrogênio 60 minutos; (f) hidrogênio 60 minutos.

Ainda analisando a figura 4.6, observa-se que as amostras tratadas por

plasma de argônio, oxigênio e nitrogênio, apesar de ter picos maiores do que

as amostras não tratadas têm seus picos distribuídos de forma irregular sobre a

amostra. Sendo que as amostras tratadas por plasma de argônio são as que

possuem menor quantidade de picos.

As amostras não tratadas, tratada por plasma de metano e tratadas por

plasma de hidrogênio, tem seus picos distribuídos de forma uniforme. E a altura

dos picos das amostras tratadas por plasma de metano tem pouca diferença

em relação à amostra não tratada. As amostras tratadas por plasma de

hidrogênio são as que tiveram os maiores picos.

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60

As membranas de quitosana tratada por plasma de argônio no trabalho

de Wanichapichart et. al. (2009) também apresentaram picos distribuídos

irregularmente sobre a membrana e a membrana não tratada apresentou seus

picos uniformemente distribuídos corroborando com os resultados deste

trabalho.

4.1.3 – Ensaio de Molhabilidade

Na Figura 4.7 são apresentados os valores dos ângulos de contato

medidos a partir da técnica da gota séssil de água destilada sobre superfícies

das amostras tratadas e não tratadas. Com exceção apenas das superfícies

tratadas em plasma de metano, em todos os tratamentos ocorreu uma

diminuição dos ângulos de contato.

Figura 4.7: Molhabilidade das membranas tratadas e não tratadas.

Destacam-se as amostras tratadas por plasma de nitrogênio que

apresentaram ângulo de contato tendendo à zero, ou seja, completo

espalhamento (Figura 4.8). Ao contrário das demais, as amostras tratadas por

plasma de metano apresentaram um ângulo de contato maior que as amostras

0

10

20

30

40

50

60

70

80

NT Ar O2 CH4 H2 N2

Ân

gulo

de

Co

nta

to (

Ɵ)

15 min 30 min 45 min 60 min

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61

não tratadas, confirmando o caráter hidrofóbico que esse tratamento

geralmente produz em superfícies de polímeros [59, 72].

(a) (b)

Figura 4.8: Imagem do teste de molhabilidade baseado na técnica da gota séssil. (a) Gota de água de 10µL em membranas de quitosana tratadas por plasma de nitrogênio. (b) Gota de

água de 10µL em membranas de quitosana tratadas por plasma de metano.

Para os tratamentos realizados com os gases argônio, oxigênio e

hidrogênio, quanto maior os tempos de exposição ao plasma mais hidrofílicas

tornaram-se as superfícies enquanto as amostras tratadas por plasma de

metano ocorreu o inverso. Existem relatos que a inserção de grupos hidrofílicos

ou hidrofóbicos durante os tratamentos por plasma utilizando, gases como

argônio, oxigênio, nitrogênio e hidrogênio ocorre inserção de grupos hidrofílicos

como: (OH; C-OH; C-O-O-H; H-C=O; C-O; H-H-C=O; NH2), enquanto as

amostras tratadas por plasma de metano há uma inserção de grupos

hidrofóbicos, por exemplo: CH, CH2, C-C sobre a superfície da amostra [73,

74].

Wanichapichart et. al. (2009) caracterizaram membranas de quitosana

tratadas por plasma de argônio quanto à molhabilidade. Observou-se que

membranas não tratadas que tinham 65º diminuíram para 25º após o

tratamento, ou seja, o tratamento tornou a membrana mais hidrofílica [65].

Esposito et. al. (2007) trataram membranas de poli (ácido láctico – co-

ácido glicólise) por plasma de oxigênio durante 10 minutos e realizou o teste de

molhabilidade, pela técnica da gota séssil e observou também que houve uma

diminuição do ângulo de 92,9º para 62,1º [87].

Macêdo et. al. (2010) realizou estudo sobre o perfil da molhabilidade de

membranas de quitosana tratadas por plasma de hidrogênio, onde observou-se

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62

que houve uma diminuição 24, 32º no ângulo de contato das amostras

tratadas por plasma de hidrogênio em relação a não tratada, devido ao

aumento da componente polar [92].

Freitas (2009) tratou tecido de algodão por plasma de metano e

observou houve um aumento do ângulo de contato. A amostra não tratada

antes do tratamento tinha ângulo igual a 0º e depois do tratamento por plasma

de metano o ângulo de contato foi para 123,30º, ou seja, o tratamento tornou a

amostra mais hidrofóbica [72].

Os trabalhos citados acima corroboram com os resultados encontrados

neste trabalho de que gases como argônio, oxigênio e hidrogênio tem caráter

hidrofílico e metano tem características hidrofóbicas.

A hidrofilicidade é um dos fatores que afetam a citocompatibilidade dos

biomateriais. A adesão e crescimento celular nas superfícies são considerados

como sendo fortemente influenciados pelo balanço

hidrofilicidade/hidrofobicidade, frequentemente descritos como molhabilidade

[87].

4.1.4 – Energia de Superfície

A energia de superfície é um indicador da química da superfície, em

termos das interações que podem ocorrer. Sabe-se que a energia de superfície

afeta fortemente as interações biológicas, tais como a adesão, proliferação e a

morfologia celular [75].

A energia de superfície foi determinada a partir dos resultados dos

ângulos de contato medidos através da técnica da gota séssil na superfície das

membranas logo após os tratamentos. Nas amostras tratadas por plasma de

argônio (Fig. 4.9) foi observado que os componentes polares e dispersivos

possuem flutuações cíclicas, sendo geralmente mais dispersivo que amostras

não tratada e levemente menos polares, resultando numa tensão superficial

total levemente inferior às superfícies não tratadas.

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63

(a)

Figura 4.9: Energia superficial das amostras tratadas e não tratadas por plasma de argônio

Em pesquisa realizada por Silva et al (2008) e Luna et al. (2011)

observou-se que nas amostras de quitosana tratadas por plasma de argônio

nos tempos de 10 e 40 minutos houve uma diminuição da energia de superfície

e para os tempos de 20 e 30 minutos a energia de superfície aumentou. Nas

amostras tratadas por nitrogênio houve uma diminuição da energia de

superfície para os tempos de 10,20, 30 minutos e nos tratamentos de 40

minutos houve um aumento da energia.

Neste trabalho todos os tempos de tratamento utilizando o gás argônio,

promoveram uma diminuição da energia de superfície enquanto que os

tratamentos com nitrogênio proporcionaram aumento da energia de superfície

das amostras. Essa diferença dos resultados de energia de superfície

encontrados por Silva et. al e Luna et. al em relação aos resultados

encontrados neste trabalho podem ser explicados pela potência utilizada. Silva

et. al e Luna et. al. utilizaram uma potência de 20 W e neste trabalho utilizou-se

uma potência de 70 W.

Nas amostras tratadas por plasma de nitrogênio (Fig. 4.10) ao contrário

do argônio, as componentes polares e dispersivas se mantiveram constantes

para todos os tempos de tratamentos, onde o valor do componente polar foi

muito superior ao da amostra não tratada e a componente dispersiva teve

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

NT Ar-15 Ar-30 Ar-45 Ar-60

mJ/

m^2

Polar Dispersiva Total

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64

aproximadamente o mesmo valor, resultando numa tensão superficial total

superior à amostra não tratada.

Figura 4.10: Energia superficial das amostras tratadas e não tratadas por plasma de nitrogênio

Já o plasma de oxigênio varia com o tempo de tratamento de forma

direta para a componente polar e de maneira inversa para a componente

dispersiva. Isso resulta também num aumento da tensão superficial total

proporcionalmente ao tempo de tratamento, tendendo à estabilidade em torno

do valor de 70 mJ/m2. (Figura 4.11).

0

10

20

30

40

50

60

70

80

NT N2-15 N2-30 N2-45 N2-60

mJ/

m^2

Polar Dispersiva Total

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65

Figura 4.11: Energia superficial das amostras tratadas e não tratadas por plasma de oxigênio

Membranas de quitosana também tratadas por plasma de oxigênio por

López-Pérez et. al. (2007) também tiveram um aumento na energia superficial

em relação às amostras não tratadas. Isto ocorreu devido ao aumento das

duas componentes polar e disperviva, assim como aconteceu neste trabalho

[17].

Em trabalho realizado por Esposito et. al. (2007) com membranas de

poli(ácido láctico-co-ácido glicólico) (PLGA) tratadas por plasma de oxigênio

observou-se um também aumento da energia de superfície das amostras

tratadas. O aumento da energia de superfície das membranas de PLGA

ocorreu devido o aumento das duas componentes, polar e dispersiva, tendo

maior destaque o aumento da componente polar. Estes resultados estão de

acordo com os resultados encontrados aqui para o tratamento de quitosana por

plasma de oxigênio [87].

Igualmente ao plasma de argônio, no plasma de metano houve

flutuações cíclicas para os valores das componentes e da tensão superficial

total, sendo os valores das componentes dispersivas sempre maiores que a

amostra não tratada enquanto os valores das componentes polares foram

menores (Figura 4.12). Assim, com relação à molhabilidade, há uma

similaridade na ação do plasma de argônio com o do metano.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

NT O2-15 O2-30 O2-45 O2-60

mJ/

m^2

Polar Dispersiva Total

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66

Figura 4.12: Gráficos da energia superficial das amostras tratadas e não tratadas por plasma

de metano

Freitas (2009) realizou estudo de energia superficial em amostra de

tecido de algodão tratadas por plasma de metano. Ela observou que ocorreu

uma diminuição da energia de superfície nas amostras tratadas por metano e

que isto ocorreu pela diminuição nos valores da componente polar,

confirmando os resultados encontrados neste trabalho.

Para as amostras tratadas em plasma de hidrogênio tanto os valores das

componentes polares como das componentes dispersivas tiveram seus valores

ampliados frente à amostra não tratada (Figura 4.13). O valor da tensão

superficial total aumenta com o tempo de tratamento, chegando a 70 mJ/m2

para tempos de tratamento acima de 30 minutos, que é o valor também

atingido pelas atmosferas de nitrogênio e oxigênio. Isso indica que houve maior

interação das forças intermoleculares [76].

Pérez (2007) em seu trabalho de ativação de filme de

hexametildisiloxano com uso de plasma de baixa pressão e radiação UV

observou que após os tratamentos também houve aumento da energia de

superfície das amostras tratadas por plasma de hidrogênio. Esse resultado

corrobora com o encontrado nos tratamentos realizados com plasma de

hidrogênio neste trabalho [93].

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

NT CH4-15 CH4-30 CH4-45 CH-60

mJ/

m^2

Polar Dispersiva Total

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67

Figura 4.13: Energia superficial das amostras tratadas e não tratadas por plasma de hidrogênio

4.1.5 – Ensaio de Absorção

O ganho de massa decorrente da absorção de água pelas membranas

tratadas e não tratadas foi analisado através da imersão destas em água

destilada durante 72 h. Na Figura 4.14 é apresentada a massa percentual de

água absorvida pelas membranas no intervalo de 72 h. As membranas tratadas

por plasma de metano apresentaram menor capacidade de absorção de água

em relação às outras membranas. Este resultado confirma mais uma vez o

caráter hidrofóbico das superfícies tratadas por esse gás. A maior capacidade

de absorção observada foi na superfície tratada com plasma de oxigênio

durante 60 minutos. Nesse caso houve uma variação de 110% para 160% que

representa 50% do aumento. Para todos os resultados, verifica-se um

comportamento linear da absorção com o tempo de tratamento. Isso é um dado

importante, pois permite maior controle dessa propriedade quando se deseja

produzir componentes para liberação de fármacos, por exemplo.

0

10

20

30

40

50

60

70

80

NT H2-15 H2-30 H2-45 H2-60

mJ/

m^2

Polar Dispersiva Total

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68

Figura 4.14: Gráfico do ensaio de absorção em água destilada.

O aumento do intumescimento do polímero aumenta a mobilidade das

cadeias poliméricas, com isso ocorre o alargamento e separação das cadeias e

consequentemente a erosão do polímero, resultando em sua desintegração

total [94].

4.2 – Ensaios Biológicos

4.2.1 – Teste de Esterilização do Processo de Manufatura das Membranas

A esterilização é uma etapa fundamental no processamento de

biomateriais, e a funcionalidade de qualquer sistema de esterilização deve ser

determinada através de sua eficácia em exterminar organismos, além de sua

habilidade em não prejudicar ou de não afetar de forma negativa as

propriedades funcionais dos dispositivos biomédicos [94]. Os principais agentes

esterilizantes de biomateriais são os vapores seco e úmido, óxido de etileno e a

radiação [95].

Dallan (2005) realizou pesquisa com três técnicas de esterilização em

membranas de quitosana. Em sua pesquisa as técnicas utilizadas foram álcool

etílico a 70%, óxido de etileno e radiação gama. Entre as três técnicas

utilizadas, o óxido de etileno foi o que apresentou os resultados mais

0

20

40

60

80

100

120

140

160

180

NT Ar O2 CH4 H2 N2

%A

bso

rçã

o d

e á

gu

a

15 min 30 min 45 min 60 min

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69

promissores em termos de manutenção das características físicas, mecânicas

e biológicas das membranas [95].

No entanto essa técnica é tóxica, tem potencial carcinogênico, e o uso

na forma pura não é recomendado já que apresenta alta inflamabilidade e

explosividade [96].

Nascimento et. al. (2012) também realizaram pesquisa com diferentes

técnicas de esterilização em membranas de quitosana. As técnicas utilizadas

foram óxido de etileno, autoclave, glutaraldeído e radiação ultravioleta. Em

todas as técnicas utilizadas, observaram-se diferenças significativas no grau de

cristalinidade. Em relação às análises morfológicas houve alteração nas

membranas esterilizadas por gluteraldeído [97].

Atualmente a técnica de tratamento por plasma tem sido utilizada para

esterilização de materiais biomédicos, pois não afeta as propriedades

volumétricas do material. Além disso, podem ser utilizados gases orgânicos

e/ou inertes e não geram produtos tóxicos [98].

Neste trabalho após os tratamentos por plasma com os gases

hidrogênio, nitrogênio e argônio, durante 15, 30, 45 e 60 minutos. Oxigênio (60

minutos) e metano (30, 45 e 60 minutos), não observou-se a presença de

microrganismo em 7 dias de incubação das amostras.

Nas amostras tratadas por plasma de oxigênio (15, 30, 45 minutos) e

metano 15 minutos, após 24h de incubação. Observou-se a presença de

fungos nas amostras. Nas amostras não tratadas também foi possível

visualizar a presença de fungos, após 24 de incubação (Figura 4.15).

A técnica de plasma utilizada neste trabalho apresenta um grande

potencial para ser usada como agente esterilizante de membranas de

quitosana, já que impediu o crescimento de micro - organismos durante 7 dias

de observação.

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70

Figura 4.15: Imagens dos micro -organismos encontrados nas amostras não tratadas e nas amostras em que o tratamento por plasma não foi eficaz (aumento de 100). (a) amostra não

tratada; (b) amostra tratada por plasma de oxigênio, (c) amostra tratada por plasma de metano.

Oliveira (2007) também utilizou a técnica de plasma com gás oxigênio

puro para esterilização de produtos médico-hospitalares. Foram selecionados

para os testes de esterilização o poli (cloreto de vinila) – PVC, polietileno de

alta densidade (HDPE), polipropileno (PP), poliuretano (PUR) e policarbonato

(PC) [98].

Nos tratamentos com plasma de oxigênio puro com potência de 100 W

foi possível, esterilizar as amostras em 40 minutos de tratamento. Com

potência de 150 W a esterilização ocorreu em 30 minutos. Nas potências de

200 W e 300W a esterilização ocorreu com 26 min e 22 min, respectivamente

[98].

(a) (b)

(c)

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71

Os resultados de Oliveira (2007) corroboram com os apresentados neste

trabalho. No entanto ele obteve uma esterilização por plasma de oxigênio em

menor tempo, isso ocorreu devido à utilização de uma maior potência em seus

tratamentos por plasma.

Rovanni (2011) também estudou o potencial de esterilização do plasma.

Através de pesquisa sobre a inibição de biofilme de S. Epidermidis em placas

de poliestireno por plasma utilizando uma mistura de N2/H2 (24%%:76%), com

potência de 0,44 W, nos tempos de 5, 15, 30, 60 e 120 minutos. A redução

significativa ocorreu para os tempos de 60 e 120 minutos. A demora na

redução do biofilme de S. Epidermidis nas placas de poliestireno,

provavelmente foi pela baixa potência utilizada nos tratamentos. Nos

tratamentos realizados nesta pesquisa usou-se uma potência de 70 W obtendo

amostras esterilizadas em 15 minutos de tratamento para os gases nitrogênio e

hidrogênio [99].

Ayhan et. al. (1998) estudaram a eficácia da esterilização de fios de

suturas naturais e sintéticas por plasma de argônio em diferentes potências de

trabalho (10, 20 e 40 W) e diferentes tempos (5, 15 e 30 min.). As suturas

foram esterilizadas em todas as condições de tratamento. Indicando que o

tratamento por plasma de argônio é uma alternativa para esterilização de

biomateriais poliméricos sensíveis ao calor [100]. Os resultados de Ayhan et. al

confirmam os resultados encontrados nesta pesquisa com o plasma de

argônio.

4.2.2 – Análise de Proliferação Celular (MTT)

Na figura 4.16 observa-se que os resultados obtidos a partir dos ensaios

de MTT mostraram que as membranas tratadas por plasma com qualquer dos

gases utilizados, promoveram uma maior proliferação de fibroblastos do que as

membranas de quitosana não tratada.

As membranas de quitosana possuem uma natureza básica monopolar,

que não interage bem com a natureza bipolar das proteínas da matriz

extracelular, isso dificulta a adesão e proliferação das células sobre as

membranas. Com os tratamentos por plasma pode ter ocorrido uma mudança

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72

na natureza monopolar das membranas que favoreceu a proliferação dos

fibroblastos [85].

Os tratamentos que apresentaram maior aumento da proliferação foram

argônio (60 min), metano (15min) e oxigênio (60 min) (Fig. 4.16). De maneira

geral observa-se nos gráficos que quanto maior o tempo de tratamento também

maior a proliferação. Entretanto isso não ocorre para os tratamentos realizados

com o gás metano. Neste tratamento há uma diminuição da proliferação com o

aumento do tempo de tratamento (45 e 60 minutos) conforme a figura 4.16.

Acredita-se que a diminuição na proliferação nas amostras de 45 e 60

minutos CH4, esteja relacionada com os precipitados de carbono que ficaram

na amostra durante o tratamento, bem como a diminuição da molhabilidade do

material. Isso pode ter feito com que as amostras desses tratamentos não

proporcione um ambiente favorável a uma maior proliferação das células.

Figura 4.16: Proliferação celular de fibroblastos da linhagem 3T3 nas amostras tratadas e não tratadas por ensaio de MTT

Estudos realizados por Silva et. al (2008) com quitosana tratada por

plasma de nitrogênio e argônio em diferentes tempos também comprovam que

0

0,5

1

1,5

2

2,5

NT Ar15

Ar30

Ar45

Ar60

O15

O30

O45

O60

N215

N230

N245

N260

H215

H230

H245

H260

CH415

CH430

CH445

CH460

Pro

lifer

ação

Cel

ual

r (%

)

3 dias 7 dias

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73

os tratamentos de membranas de quitosana com estes gases aumentam a

proliferação celular [62]. Os resultados de Silva et. al. (2008) corroboram com

os de Luna et. al. (2011) que também modificou membranas de quitosana por

plasma de argônio e nitrogênio López – Perez et. al (2007) também tratou

membranas de quitosana por plasmas de oxigênio e observou o aumento da

proliferação de células nas membranas tratadas em relação a não tratada

[62,64, 83].

Neste trabalho, além dos gases comumente utilizados nos ensaios de

proliferação em membranas de quitosana tratadas por plasma, também

utilizamos o hidrogênio e o metano. Com esses gases também obtivemos bons

resultados. Isso demonstra que os gases utilizados no tratamento por plasma

podem modificar as superfícies de biomateriais deixando-os mais

biocompatíveis. Essas modificações que o plasma provocou nas membranas

como aumento da molhabilidade, modificação da topografia e energia de

superfície (componentes polar e dispersiva) melhoraram a proliferação dos

fibroblastos sobre a quitosana.

O aumento de fibroblastos sobre as membranas de quitosana tratadas

por plasma é um indicativo de que curativos a base de quitosana tratados por

plasma possam promover uma melhor e mais rápida cicatrização da pele.

Para a validação do ensaio de proliferação, aplicou-se a análise

estatística utilizando o teste ANOVA e o teste t-student. O resultado obtido

mostrou que o ensaio foi significativo para p<0,001em todas as condições.

4.2.3 – Morfologia Celular

Células de ancoragem-dependente como fibroblastos, células

osteoblásticas e endoteliais precisam aderir para depois proliferar.

Considerando que os materiais estudados neste trabalho poderão ser usados

como curativos para a pele, o efeito da modificação da superfície foi avaliado

pela morfologia das células cujo fenótipo fibroblástico é indicativo de

espalhamento e boa adesão.

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74

A figura 4.17 e a figura 4.18 mostram fotomicrografias de células

aderidas em materiais não tratados e tratados depois de 3 e 7 dias de cultura

respectivamente.

Figura 4.17: Micrografia de fibroblastos sobre membranas de quitosana não tratada. (a) 3 dias

de cultura, (b) 7 dias de cultura.

(b)

(a)

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …€¦ · Resumo Macêdo, M.O.C, Efeito do Tratamento por Plasma na Proliferação de Fibroblastos e Esterilização de Membranas

75

Figura 4.18: Micrografia de fibroblastos sobre membranas de quitosana tratada. (a) 3 dias de

cultura, (b) 7 dias de cultura.

Observa-se que na figura 4.17 das amostras não tratadas por plasma,

que as células aderentes não apresentam características morfológicas de

células fibroblasticas nos três primeiros dias (forma arredondada das células) e

somente no sétimo dia observa-se o alongamento das células. Isso indica uma

(b)

(a)

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76

deficiência na duração da resposta celular e um pobre ancoramento das

células ao material.

Por outro lado na figura 4.18 das amostras tratadas por plasma, as

células demonstram muito boa aderência para estas superfícies, pois no

terceiro dia de cultivo as células já estavam apresentando um citoplasma

alongado típico das células fibroblásticas. Os tratamentos por plasma

certamente provocaram alterações nas propriedades físico-químicas das

membranas de quitosana apropriadas para a adesão e proliferação de

fibroblastos. Esta hipótese foi confirmada depois de 7 dias de cultura em que

observou-se uma confluência das células em torno de 70%.

O não espraiamento de algumas células também foi observado em

membranas tratadas por plasma de metano 45 e 60 minutos. Essas amostras

apresentaram uma diminuição da molhabilidade e da rugosidade. Além disso,

observou-se nessas amostras, a presença de precipitados de carbono (pontos

pretos sobre a membrana, após o tratamento por plasma de metano), oriundo

da quebra das moléculas de CH4 durante o tratamento por plasma. Esses

fatores citados acima podem ter influenciado no não espraiamento das células

nas membranas tratadas por plasma de metano por 45 e 60 minutos confirme a

figura 4.19.

Figura 4.19: Precipitados de carbono nas amostras tratadas por metano (45 min). Após

três dias de proliferação. Aumento de 200.

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO …€¦ · Resumo Macêdo, M.O.C, Efeito do Tratamento por Plasma na Proliferação de Fibroblastos e Esterilização de Membranas

77

4.3 – Comparações da proliferação com as propriedades obtidas para as

membranas quitosana

4.3.1 Ângulo de Contato X Proliferação

Na figura 4.20 observa-se o gráfico da relação ângulo de contato versus

proliferação. As superfícies analisadas neste trabalho apresentaram

características de moderadamente hidrofílicas, super-hidrofílicas e

moderadamente hidrofóbicas. As superfícies que se apresentam

moderadamente molháveis, são passíveis de uma boa interação com o meio

biológico [78].

Através deste gráfico procurou-se encontrar uma relação entre ângulo

de contato e proliferação celular nas membranas de quitosana. Observa-se que

a proliferação aumenta, à medida que diminuí o ângulo de contato nos

tratamentos com plasma de argônio, oxigênio, hidrogênio e metano. No

tratamento com plasma de nitrogênio não observou-se essa relação, o valor do

ângulo permaneceu constante em todos os tratamentos e mesmo assim houve

um aumento da proliferação. Provavelmente outra propriedade pode estar,

influenciando o aumento da proliferação.

Figura 4.20: Relação entre ângulo de contato e proliferação.

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

2,2

2,4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

NT

Ar

15

Ar

30

Ar

45

Ar

60

O 1

5

O 3

0

O 4

5

O 6

0

N2

15

N2

30

N2

45

N2

60

H2

15

H2

30

H2

45

H2

60

CH

4 1

5

CH

4 3

0

CH

4 4

5

CH

4 6

0

Pro

life

raç

ão

(%

)

An

gu

lo d

e C

on

tato

(°)

Proliferação Ângulo de contato (água)

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78

Realizando teste de correlação de Pearson entre a proliferação e o

ângulo de contato, constatou-se que existe uma correlação negativa entre

ângulo de contato e proliferação.

Os tratamentos com plasma de Ar, O2, apresentaram uma correlação

muito forte entre ângulo de contato e proliferação, apresentando valores de

correlação de Pearson é igual a -0,90 e -1,00 respectivamente. Para os

tratamentos com H2, a correlação foi forte de -0,83. Em relação ao tratamento

com metano a correlação foi moderada, igual a -0,66. Quanto ao tratamento

com nitrogênio, a correlação foi bem fraca, igual a 0.

4.3.2 – Energia de Superfície X Proliferação

Ponsonet e colaboradores relacionaram componente polar da energia de

superfície com o comportamento de células fibroblásticas sobre a superfície de

titânio. Eles associaram a alta adesão obtida com a baixa energia superficial,

na ordem de ⁄ [75].

Em pesquisas realizadas com polímeros tratados por plasma observa-se

que alguns autores como López-Pérez et. al. (2007) e Espósito et. al (2007)

que modificaram quitosana e PLGA, respectivamente por plasma de oxigênio

relacionaram o aumento da proliferação ao aumento da energia de superfície.

Entretanto nos trabalhos de Silva et. al. (2008) observa-se uma diminuição da

energia de superfície em membranas de quitosana tratadas por plasma de

nitrogênio e argônio e mesmo assim houve um aumento da proliferação celular

[17, 87,62].

Os valores obtidos neste trabalho foram bem variáveis entre 37,01 e

74,29. Nos tratamentos com os gases argônio e metano houve diminuição da

energia de superfície e para os tratamentos por plasma de nitrogênio, oxigênio

e hidrogênio houve aumento da energia de superfície (Fig. 4.21) e em todos os

tratamentos houve um aumento da proliferação celular em relação às amostras

não tratadas.

No teste estatístico de correlação de Pearson, para energia de superfície

e proliferação, encontraram-se os seguintes resultados: Para as amostras

tratadas por plasma de Ar ocorreu uma correlação moderada e positiva de

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79

0,64. Nas amostras tratadas por plasma de O2 a correlação foi muito forte e

positiva igual a 1. Os tratamentos realizados com plasma de metano

apresentaram uma correlação fraca e negativa -0,14. Os tratamentos com

nitrogênio tiveram uma correlação forte e negativa. -0.70. E para os

tratamentos com hidrogênio a correlação foi forte também, mas positiva, 0,87.

Figura 4.21: Relação entre energia superficial e proliferação.

4.3.3 - Rugosidade X Proliferação

O sucesso da proliferação de células nos biomateriais não depende

somente das propriedades físico-química, tais como energia de superfície, mas

também da rugosidade e topografia [79, 80, 81]. Entretanto, na maioria dos

casos relatados na literatura somente o parâmetro Ra é apresentado e

relacionado com a proliferação celular. Neste trabalho observou-se que para

valores semelhantes de Ra, foram obtidos diferentes graus de proliferação (Fig.

4.25).

Neste trabalho, além da rugosidade Ra, relacionou-se a proliferação com

os parâmetros Rp, Rz e Rp/Rz. Estes parâmetros são importantes para a

caracterização topográfica das amostras, com relação ao formato dos picos.

Valores de Rp/Rz iguais ou acima de 0,5 nm são considerados picos

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

2,2

2,4

0

10

20

30

40

50

60

70

80

Pro

life

raç

ão

(%

)

Ten

são

Su

perf

icia

l (m

J/m

^2)

Proliferação Polar Dispersiva Total

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80

pontiagudos e menores que 0,5 nm picos arredondados. Os picos encontrados

nas membranas de quitosana tratadas por plasma são pontiagudos com o valor

de Rp/Rz em torno de 0,5 a 0,82 nm (Fig. 4.22).

Figura 4.22: Relação entre rugosidade e proliferação.

Aplicando o teste de correlação de Person entre a rugosidade e a

proliferação celular observa-se que para a rugosidade Ra houve uma

correlação positiva muito forte e forte nos tratamentos realizados com plasma

de argônio (0,98), oxigênio (0.84) e hidrogênio (0,89) e uma correlação positiva

e moderada para metano (0,50) e nitrogênio (0,65).

Para a rugosidade Rp houve uma correlação positiva forte para Ar

(0,81), O2 (0,84), N2 (0,87) e muito forte para H2 (0,91). Para o metano a

correlação foi positiva e moderada (0,68). Em relação à rugosidade Rz, seguiu

os mesmos padrões da rugosidade Rp. Argônio (0,78); oxigênio (0,86);

nitrogênio (0,74); hidrogênio (0,90).

Para a rugosidade Rp/Rz houve uma mudança na correlação. Para as

amostras tratadas por plasma de Ar, CH4, N2, houve uma correlação positiva

forte, 0,77; 0,73 e 0,77 respectivamente. As amostras tratadas por plasma de

O2, a correlação foi positiva e moderada, 0,44. Nas amostras de H2 a

correlação foi negativa e muito forte, -0.94.

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

2,2

2,4

0

20

40

60

80

100

Pro

life

raç

ão

(%

)

Ru

go

sid

ad

e (

nm

)

Proliferação Rp Rz Rp/Rz *100 Ra

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81

Acredita-se então que além da topografia, outros fatores como os

citados acima influenciem, conjuntamente, na resposta biológica das

membranas. Ou seja, não existe um parâmetro único que irá influenciar a

proliferação celular sobre o biomaterial, mas sim um conjunto de parâmetros

em condições ideais que iriam propiciar uma maior proliferação. E estes

conjuntos de parâmetros provavelmente serão diferentes em cada biomaterial a

ser estudado.

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Capítulo 5

Conclusões e Perspectivas

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83

5.1 – Conclusões

Através da análise dos parâmetros analisados, pode-se concluir que:

Os tratamentos por plasma melhoraram a proliferação de fibroblastos sobre as

membranas de quitosana. Destacando-se os tratamentos por plasma de

argônio 60 min, oxigênio 60 min, metano 15 min.

Com o tratamento por plasma de hidrogênio obteve-se membranas com uma

superfície com porosidade uniforme.

Os tratamentos por plasmas demonstram ter um grande potencial para a

esterilização das membranas. Sobressaindo-se os tratamentos com argônio,

nitrogênio e hidrogênio.

Observando os resultados das análises realizadas neste trabalho, verifica-se

que vários parâmetros influenciam a adesão e proliferação celular. Entretanto a

rugosidade e molhabilidade são os parâmetros de maior influência.

Em escala micrométrica, apenas nas membranas tratadas com H2 foi possível

observar modificação na topografia. Verificou-se a presença de vales cuja

profundidade foi proporcional ao tempo de tratamento.

Em escala nanométrica, verificou-se que todas as condições resultaram na

modificação topográfica. Após os tratamentos por plasma as membranas

apresentaram uma superfície com picos pontiagudos, com Rp/Rz > 0,5.

As membranas tratadas apresentaram vários níveis de molhabilidade, tendo

amostras moderadamente hidrofílicas, super – hidrofílicas (tratadas com N2) e

moderadamente hidrofóbicas (tratadas com CH4).

As membranas depois dos tratamentos apresentaram energia de superfície

entre 60 e 70 mJ/m2 para amostras tratadas com N2, H2 ou O2 e

aproximadamente igual a 40 mJ /m2 para amostras tratadas com Ar, CH4 ou

amostras não tratadas.

Quanto a morfologia celular, as células tratadas apresentaram um formato

alongado com 3 dias de cultivo sobre as membranas de quitosana tratadas, o

que não aconteceu com as membranas não tratadas e com as amostras

tratadas por plasma de metano 45 e 60 minutos.

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84

5.2 – Sugestões de Trabalhos Futuros

Ensaio de adesão dos fibroblastos

Estudo sobre a correlação das espécies químicas presentes no plasma durante

o tratamento por plasma e as espécies químicas presentes na superfície da

membrana após os tratamentos.

Correlação da proliferação dos fibroblastos e as espécies químicas presentes

na superfície da membrana.

Estudo das propriedades mecânicas das membranas de quitosana antes e

depois do tratamento por plasma.

Realizar ensaios mecânicos após os ensaios de proliferação.

Realizar estudos de proliferação com outros tipos celulares.

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Lista de Trabalhos Publicados Relacionados à Tese

Revistas

M.O.C, Macêdo; H. R. A. Macêdo; D.L. Gomes; N.F. Daudt; H.A.O. Rocha; C.

Alves Jr. USE PLASMA OF OXYGEN, ARGON AND METHANE FOR

STERILIZATION OF CHITOSAN MEMBRANES. Artificial Organs (Submetido –

em análise pós-correções sugeridas).

M.O.C, Macêdo; H. R. A. Macêdo; G.C, Silva; M.A.M, Silva; C, Alves Jr.

Estudo comparativo da modificação superficial de membranas de

quitosana tratadas por plasma de oxigênio, nitrogênio e hidrogênio.

Revista Eletrônica de Materiais e Processos (UFCG), v.7, (2012) 95 – 103.

ISSN 1809 – 8797.

M.O.C, Macêdo; H. R. A. Macêdo; J.C.P, Barbosa; C.L.B, Guerra Neto;

M.R.Pereira. O uso do plasma de nitrogênio para modificação superficial

em membranas de quitosana. Revista Brasileira de Inovação Tecnológica em

Saúde, v.2, (2011) 7- 22. ISSN 2236 – 1103.

Congressos

M.O.C, Macêdo; H. R. A. Macêdo; D.L. Gomes; N.F. Daudt; H.A.O. Rocha; C.

Alves Jr. O uso do plasma de oxigênio, metano, argônio para esterilização

de membranas de quitosana. 7º Congresso Latino Americano de Órgãos

Artificiais e Biomateriais, 2012.

M.O.C, Macêdo; H. R. A. Macêdo; D.L. Gomes; N.F. Daudt; H.A.O. Rocha; C.

Alves Jr. Proliferação de fibroblastos em membranas de quitosana

tratadas por plasma de oxigênio, argônio e metano. 7º Congresso Latino

Americano de Órgãos Artificiais e Biomateriais, 2012.

M.O.C, Macêdo; H. R. A. Macêdo; D.C. Braz; N.F. Daudt; C. Alves Jr. Efeito

do Plasma de hidrogênio e oxigênio na superfície de membranas de

quitosana. 20º CBECIMat - Congresso Brasileiro de Engenharia e Ciência dos

Materiais, 2012.

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Lista de trabalhos publicados (Outros)

Revista

N. F. Daudt; J.C.P. Barbosa, M. O. C Macêdo; M. B. Pereira; C. Alves Júnior.

Effect of Cage Configuration in Structural and Optical Properties of TiN

Films Grown by Cathodic Cage Discharge. Material Research, ahead of

print, pp. 0-0. Epub, May 10, 2013. ISSN 1516-1439.

M.O.C, Macêdo; H.R.A, Macêdo; A.B. Nascimento Neto; M.A.M Silva; C.L.B

Guerra Neto; C. Alves Jr. Estudo da porosidade de arcabouços de Ti-Nb2O5

para aplicação biomédica. Revista Brasileira de Inovação Tecnológica em

Saúde, v.2 (2012), 10-15.

H.R.A, Macêdo; M.O.C, Macêdo; R.F.M Silveira; C.L.B, Guerra Neto;

N.F.Daudt; H.A.O, Rocha; C. Alves Jr. Proliferação celular em discos de

titânio grau 2 temperados e revenidos. Revista Brasileira de Inovação

Tecnológica em Saúde, v.2 (2012), 25-31.

N.F.Daudt; J.C.P. Barbosa; M.O.C, Macêdo; A.B. Nascimento Neto; C.L.B,

Guerra Neto; C. Alves Jr. Estudo da viabilidade da técnica de plasma em

descarga de gaiola catódica para obtenção de filmes de TiN para

revestimento biocompatíveis. Revista Brasileira de Inovação Tecnológica em

Saúde, v.2 (2012), 16-24.

H.R.A, Macêdo; M.O.C, Macêdo; H.A.O, Rocha;C.L.B, Guerra Neto; C. Alves

Jr. Estudo da resposta biológica no Ti-cp tratado termicamente. Revista

Brasileira de Inovação Tecnológica em Saúde, v.1 (2011), 4-12

C.L.B Guerra Neto; H.R.A, Macêdo; M.O.C, Macêdo; M.A.M Silva; C. Alves Jr.

Nitretação do titânio em cátodo oco para uso biomédico. Revista Brasileira

de Inovação Tecnológica em Saúde, v.2 (2011), 23-31.

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87

H.R.A, Macêdo; M.O.C., Macêdo; D.O. Freitas; C. Alves Jr. Estudo da

molhabilidade do titânio tratado termicamente. Revista Eletrônica de

Materiais e Processos – UFCG, v.5 (2010), 61-67.

Congressos

M.O.C, Macêdo; H.R.A, Macêdo; L.C.D. Santos; C.Alves Jr. Preparation and

characterization od titanium scaffolds. In: 21St International Congress of

Mechanical Engineering, 2011, Natal.

J.O. Vitoriano; H.R.A, Macêdo; M.O.C, Macêdo; C.Alves Jr. Effect of heat

treatment annealing of titanium in wettability. In: 21St International Congress

of Mechanical Engineering, 2011, Natal.

M.H. Abreu; M.O.C. Macêdo; C. Alves Jr; R.C. Balaban; C.Figueroa. Relación

entre La penetración de dopado de unpolímero y La liberación em discos

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Cientifica de Ingeniería y Arquitectuta, 2010, Havana.

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