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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO E CONTROLADORIA MESTRADO PROFISSIONAL FERNANDA ROSALINA DA SILVA MEIRELES INTENSIDADE DA COMUNICAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL CORPORATIVA NA AMÉRICA LATINA: REFLEXOS DO AMBIENTE INSTITUCIONAL FORTALEZA 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E

SECRETARIADO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO E CONTROLADORIA –

MESTRADO PROFISSIONAL

FERNANDA ROSALINA DA SILVA MEIRELES

INTENSIDADE DA COMUNICAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

CORPORATIVA NA AMÉRICA LATINA: REFLEXOS DO AMBIENTE

INSTITUCIONAL

FORTALEZA

2014

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FERNANDA ROSALINA DA SILVA MEIRELES

INTENSIDADE DA COMUNICAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

CORPORATIVA NA AMÉRICA LATINA: REFLEXOS DO AMBIENTE

INSTITUCIONAL

Dissertação apresentada à Faculdade de Economia,

Administração, Atuária e Contabilidade da

Universidade Federal do Ceará, como requisito

parcial para a obtenção do grau de Mestre em

Administração e Controladoria.

Área de Concentração: Estratégia e Sustentabilidade

Orientadora: Profª. Drª. Mônica Cavalcanti Sá de

Abreu.

FORTALEZA

2014

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Federal do Ceará

Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade

__________________________________________________________________________________________

M453i Meireles, Fernanda Rosalina da Silva.

Intensidade da comunicação de responsabilidade social corporativa na América Latina: reflexos do

ambiente institucional / Fernanda Rosalina da Silva Meireles – 2014.

116 f.: il.

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia, Administração,

Atuária e Contabilidade, Programa de Pós-Graduação em Administração e Controladoria, Fortaleza,

2014.

Área de Concentração: Estratégia e Sustentabilidade.

Orientação: Profª. Drª. Mônica Cavalcanti Sá de Abreu.

1.Responsabilidade social da empresa - América Latina 2.Ambiente institucional I. Título.

CDD 658.408

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FERNANDA ROSALINA DA SILVA MEIRELES

INTENSIDADE DA COMUNICAÇÃO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL

CORPORATIVA NA AMÉRICA LATINA: REFLEXOS DO AMBIENTE

INSTITUCIONAL

Esta Dissertação foi submetida à Coordenação do Programa de Pós-Graduação em

Administração e Controladoria – Profissional da Universidade Federal do Ceará, como parte

dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Administração e Controladoria,

outorgado pela Universidade Federal do Ceará – UFC e encontra-se à disposição dos

interessados na Biblioteca da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho deste projeto de dissertação é permitida desde que feita de

acordo com as normas da ética científica.

Aprovado em: _____/_____/________

BANCA EXAMINADORA:

________________________________________________

Profª. Drª. Mônica Cavalcanti Sá de Abreu (Orientadora)

Universidade Federal do Ceará

________________________________________________

Prof. Dr. José Milton de Sousa Filho

Universidade de Fortaleza

______________________________________________

Profª. Drª Sílvia Maria Dias Pedro Rebouças

Universidade Federal do Ceará

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus, por sempre iluminar meus passos, me dar forças para lutar

pelos meus sonhos e pela família maravilhosa que tenho.

Agradeço a minha mãe, por seu imenso amor, dedicação, apoio e doação a mim

e meu irmão, sempre priorizando a nossa educação e felicidade. A minha tia-avó Juracy

(in memoriam), meu grande exemplo de superação e determinação. A minha tia-avó

Odaci, por sua dedicação total à família. Ao meu irmão Wallace, por seu

companheirismo, exemplo de dedicação e amor ao que faz. A todos da minha família

que contribuíram para a minha formação e que sempre trazem alegria aos meus dias.

Aos amigos Yara Barreto, Línnik Israel, João Felipe, Felipe Maia, João Victor,

Jamille Moura, Nádia Thatiana, Nadja Nara (in memoriam), Sheiliane Sales, Ísis

Albuquerque, Magda Vieira, Tereza Cristina, Adelaide Costa e Andreia Cavalcante.

Obrigada pelo apoio, carinho e confiança.

À Professora Drª Mônica Cavalcanti Sá de Abreu, pela orientação, confiança em

mim depositada, conhecimentos transmitidos e desafios propostos.

Agradeço aos professores José Milton de Sousa Filho e Sílvia Maria Dias Pedro

Rebouças, pela participação em minha banca examinadora, contribuindo para o

enriquecimento deste trabalho.

À turma MPAC 2012, pelas angústias divididas, conhecimentos partilhados e

alegrias somadas.

Agradeço ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará

(IFCE), pelo auxílio a mim concedido durante todo o Mestrado.

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RESUMO

O presente estudo trata do impacto do ambiente institucional de Brasil, Chile, México e

Panamá sobre a intensidade de comunicação de RSC e se propõe a responder à seguinte

pergunta de pesquisa: Diferentes ambientes institucionais presentes nos países da

América Latina, em especial Brasil, Chile, México e Panamá, influenciam a intensidade

da comunicação de responsabilidade social corporativa de suas maiores empresas?

Brasil, Chile, México e Panamá apresentam contextos nacionais, históricos, sociais,

culturais, que contêm similaridades e diferenças, e formam distintos ambientes

institucionais, resultando em diferentes ações e práticas empresariais, tais como a

comunicação de RSC. A presente pesquisa trata-se de um estudo exploratório e

descritivo, com abordagem quantitativa, desenvolvida mediante análise de dados

secundários. As variáveis independentes utilizadas neste estudo, que representaram o

ambiente institucional dos países, foram o ambiente de governança (representado pela

soma dos indicadores do WGI), o desenvolvimento econômico (representado pelo PIB

per capita), a corrupção governamental (representada pelo índice CPI) e o nível

educacional (representado pela média de anos de escolaridade dos adultos). Tais

indicadores tiveram como fonte os bancos de dados do Worldwide Governance

Indicators (WGI), do World Bank, Transparency International (TI) e do United Nations

Development Programme (UNDP). A variável dependente da pesquisa, intensidade da

comunicação de RSC, foi mensurada através da metodologia desenvolvida por Maignan

e Ralston (2002), pesquisando-se nos relatórios anuais das organizações vinte e um itens

de comunicação de RSC. Os métodos quantitativos de análise foram estatística

descritiva, análise de variância (ANOVA), teste de confiabilidade das variáveis, e

modelo de dados em painel. Como resultado, apenas a variável nível educacional

mostrou impactar positivamente sobre a intensidade de comunicação de RSC. A

variável ambiente de governança impactou negativamente sobre a variável dependente,

e as outras variáveis não impactaram sobre a intensidade de comunicação de RSC. Ao

analisar a comunicação de RSC e sua relação com o ambiente institucional de países

emergentes, países latino-americanos, os resultados desta pesquisa ampliam a discussão

acerca da influência dos países sobre a comunicação de RSC.

Palavras-chave: Ambiente Institucional. Comunicação de Responsabilidade Social

Corporativa. América Latina. Brasil. Chile. México. Panamá.

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ABSTRACT

The present study is about the impact of the institutional environment of Brazil, Chile,

Mexico and Panama on the intensity of CSR communication and aims to answer the

following research question: Different institutional environments present in Latin

America, particularly in Brazil, Chile, Mexico and Panama, influencing the intensity of

corporate social responsibility communication of its biggest companies? Brazil, Chile,

Mexico and Panama have national, historical, social, cultural contexts, which contains

similarities and differences, and form distinct institutional environments, resulting in

different actions and business practices, such as the communication of CSR. The

present research is an exploratory and descriptive study with a quantitative approach,

developed through analysis of secondary data. The independent variables used in this

study, which represented the institutional environment of the country, were the

governance environment (represented by the sum of the WGI indicators), economic

development (represented by GDP per capita), government corruption (represented by

the CPI index) and educational level (represented by average years of schooling of

adults). The dependent variable of the research, intensity of CSR communication, was

measured using the methodology developed by Maignan and Ralston (2002), by

searching in the annual reports of organizations twenty-one items of CSR

communication. Quantitative methods of analysis were descriptive statistics, analysis of

variance (ANOVA), reliability of test variables and panel data model. As a result, only

the educational level variable showed a positive impact on the intensity of CSR

communication. The variable governance environment impacted negatively on the

dependent variable, and the other variables did not impact on the intensity of CSR

communication. By analyzing the communication of CSR and its relation with the

institutional environment of Latin American countries, the results of this study extend

the discussion about the influence of the countries on the communication of CSR.

Key words: Institutional Environment. Corporate Social Responsibility

Communication. Latin America. Brazil. Chile. Mexico. Panama.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – RSC e o contexto institucional da corporação ...................................................... 36

Figura 02 – Framework da comunicação de RSC .................................................................... 40

Figura 03 – Framework da relação do ambiente institucional com a comunicação de

RSC. .......................................................................................................................................... 58

Figura 04 – Distribuição das empresas por países .................................................................... 69

Figura 05 – Distribuição das empresas por setores .................................................................. 70

Figura 06 – Índice de ambiente de governança da amostra no período de 2006 a 2012 .......... 72

Figura 07 – PIB per capita da amostra no período de 2006 a 2012 ......................................... 73

Figura 08 – CPI da amostra no período de 2006 a 2012 .......................................................... 74

Figura 09 – Indicador do nível educacional da amostra no período de 2006 a 2012 ............... 75

Figura 10 – Médias das variáveis independentes da amostra no período de 2006 a 2012 ....... 76

Figura 11 – Intensidade da comunicação de RSC da amostra no período de 2006 a 2012 ...... 78

Figura 12 – Princípios motivadores de RSC da amostra no período de 2006 a 2012. ............. 79

Figura 13 – Processos de RSC da amostra no período de 2006 a 2012. .................................. 80

Figura 14 – Questões dos stakeholders da amostra no período de 2006 a 2012. ..................... 81

Figura 15 – Médias da variável dependente e suas categorias no período de 2006 a

2012. ......................................................................................................................................... 82

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01 – Ambiente Institucional de Brasil, Chile, México e Panamá ................................ 30

Quadro 02 - Comparação entre o Novo Institucionalismo e a Abordagem de Sistemas de

Negócios ................................................................................................................................... 35

Quadro 03 – Comparação entre os ambientes de governança rule-based e relation-

based.. ....................................................................................................................................... 52

Quadro 04 - Listagem das empresas pesquisadas ..................................................................... 61

Quadro 05 – Categorias de RSC pesquisadas nos relatórios .................................................... 63

Quadro 06 – Quadro-síntese das variáveis utilizadas na pesquisa ........................................... 65

Quadro 07 - Classificação dos países quanto ao seu ambiente institucional ............................ 76

Quadro 08 - Classificação da intensidade de comunicação de RSC e suas categorias ............ 83

Quadro 09 - Síntese dos resultados........................................................................................... 91

Quadro 10 - Síntese das conclusões ......................................................................................... 98

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01 – Estatística descritiva das variáveis........................................................................ 71

Tabela 02 – Teste de homogeneidade das variâncias ............................................................... 83

Tabela 03 – Análise de variância em relação aos países .......................................................... 84

Tabela 04 – Teste robusto de igualdade de médias (teste de Welch) ....................................... 84

Tabela 05 – Alfa de Cronbach da intensidade da comunicação de RSC .................................. 85

Tabela 06 – Alfa de Cronbach da intensidade da comunicação de RSC com exclusão de

itens ........................................................................................................................................... 85

Tabela 07 – Alfa de Cronbach do ambiente de governança ..................................................... 86

Tabela 08 – Alfa de Cronbach do ambiente de governança com exclusão de itens ................. 87

Tabela 09 – Modelo de Efeitos Fixos I .................................................................................... 88

Tabela 10 – Modelo Efeitos Fixos II ........................................................................................ 89

Tabela 11 – Modelo Efeitos Fixos II - Efeito do Indivíduo .................................................... .89

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CEPAL Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe

CERES Coalizão para Economias Ambientalmente Responsáveis

CPI Corruption Perception Index

EIU Economist Intelligence Unit

EUA Estados Unidos da América

FEDERASUR Federação de Câmaras de Comércio e Indústria da América do

Sul

GRI Global Reporting Initiative

IDD-LAT Índice de Desenvolvimento Democrático da América Latina

ISEA Institute of Social and Ethical Accountability

ISO International Organization for Standardization

MBA Master of Business Administration

MS Master of Science

OCDE Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico

OIT Organização Internacional do Trabalho

ONG Organização Não Governamental

ONU Organizações das Nações Unidas

PIB Produto Interno Bruto

PISA Programme for International Student Assessment

PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

RSC Responsabilidade Social Corporativa

SA Social Accountability

TI Transparency International

UNDP United Nations Development Programme

WBCSD World Business Council for Sustainable Development

WGI Worldwide Governance Indicators

WJP World Justice Project

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 12

1.1 Pergunta de pesquisa ....................................................................................................... 16

1.2 Objetivos ......................................................................................................................... 16

1.2.1 Objetivo geral ........................................................................................................... 16

1.2.2 Objetivos específicos................................................................................................ 16

1.3 Justificativa ..................................................................................................................... 17

1.4 Estrutura do Trabalho ..................................................................................................... 19

2 REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 20

2.1 A América Latina ............................................................................................................ 20

2.1.1 Brasil ........................................................................................................................ 23

2.1.2 Chile ......................................................................................................................... 24

2.1.3 México ...................................................................................................................... 26

2.1.4 Panamá ..................................................................................................................... 28

2.2 Teoria Institucional ......................................................................................................... 30

2.3 Comunicação de Responsabilidade Social Corporativa ................................................. 37

2.3.1 Abordagens da Comunicação de RSC ..................................................................... 41

2.3.2 Mensagem e Canais da Comunicação de RSC......................................................... 42

2.3.2.1 Relatórios de RSC ................................................................................................. 44

2.3.3 Eficácia da Comunicação de RSC ............................................................................ 48

2.4 Ambiente Institucional e Comunicação de RSC ............................................................. 50

2.4.1 Ambiente de Governança e Comunicação de RSC .................................................. 52

2.4.2 Desenvolvimento Econômico e Comunicação de RSC ........................................... 53

2.4.3 Corrupção e Comunicação de RSC .......................................................................... 55

2.4.4 Nível Educacional e Comunicação de RSC ............................................................. 56

3 METODOLOGIA ............................................................................................................. 59

3.1 Caracterização da Pesquisa ............................................................................................. 59

3.2 Amostra e Critérios de Seleção ....................................................................................... 60

3.3 Definições das Variáveis Analisadas .............................................................................. 61

3.4 Técnicas de Análise dos Dados....................................................................................... 65

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES .................................................................................... 69

4.1 Análise Descritiva dos Dados ......................................................................................... 69

4.1.1 Análise Descritiva das Variáveis Independentes por País e Ano ............................. 72

4.1.2 Análise Descritiva da Variável Dependente por País e Ano .................................... 77

4.1.3 Análise de Variância ................................................................................................ 83

4.2 Teste de Confiabilidade das Variáveis Referentes à Comunicação de RSC e ao

Ambiente de Governança ...................................................................................................... 85

4.3 Análise de Dados em Painel ........................................................................................... 87

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4.4 Análise das Hipóteses ..................................................................................................... 90

4.5 Discussão dos Resultados ............................................................................................... 91

5 CONCLUSÕES ................................................................................................................. 96

5.1 Atendimento aos Objetivos Propostos ............................................................................ 96

5.2 Contribuições da Pesquisa .............................................................................................. 99

5.3 Limitações da Pesquisa ................................................................................................... 99

5.4 Sugestões para Pesquisas Futuras ................................................................................. 100

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 101

ANEXO A – Dados do ambiente institucional de Brasil, Chile, México e Panamá por

ano ......................................................................................................................................... 113

APÊNDICE A – Script usado no programa R para a construção do modelo de dados em

painel ...................................................................................................................................... 114

APÊNDICE B – Intensidade da Comunicação de RSC das empresas ................................... 116

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1 INTRODUÇÃO

A responsabilidade social corporativa (RSC) tem sido vista como resposta ao

principal problema contemporâneo da globalização, um sistema de governança global

sem governo global (BLOWFIELD; MURRAY, 2008). A RSC trata-se de ações de uma

empresa que têm consequências sociais e geram atenção pública, devendo, portanto, ser

publicamente transmitidas via comunicações corporativas (LI et al., 2010). São práticas

que fazem parte da estratégia corporativa, e que explicitamente procuram evitar danos e

promover o bem-estar de stakeholders através do cumprimento da lei, e voluntariamente

indo além dela (PEINADO-VARA, 2006).

O escopo da RSC expandiu-se a ponto dela infiltrar-se na consciência e cultura

corporativas, moldar a estratégia corporativa, enriquecer a qualidade de vida da

comunidade, ampliar a visão dos negócios, e procurar humanizar o empreendimento

econômico onde quer que seja encontrada (FREDERICK, 2008).

Destaca-se que não há um padrão universal de RSC a ser implementado, uma

vez que empresas internacionais operam em culturas, padrões normativos e

circunstâncias diversificados, que geram diferentes expectativas, oportunidades e

obstáculos às empresas (BIRD; SMUCKER, 2007). Blowfield e Murray (2008)

afirmam que não há uma teoria unificadora da RSC, mas várias teorias sociais e

econômicas que ajudam a explicar o papel das empresas na sociedade.

A RSC precisa ir além da abordagem de ‘tamanho único’, utilizando abordagens

mais contextualizadas (PRIETO-CARRÓN et al., 2006). Blowfield e Murray (2008)

afirmam que a RSC precisa levar em consideração as diferenças geográficas de região

para região, de país para país, e dentro dos próprios países.

Diante da definição de RSC de ir além das prioridades econômicas, fomentar as

relações com os stakeholders, e manter a transparência e o comportamento ético, a

comunicação torna-se uma prática fundamental para a RSC (CAPRIOTTI; MORENO,

2007).

Conforme Arvidsson (2010), os pedidos de transparência e prestação de contas

têm pressionado as empresas a colocar a comunicação de RSC em sua agenda, fazendo

com que esta área da informação receba maior atenção da comunicação corporativa.

Maignan e Ralston (2002) afirmam que muitas empresas buscam comunicar seus

princípios e processos de RSC a fim de transmitir uma imagem positiva de sua

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identidade e ganhar legitimidade e apoio dos stakeholders. Assim, de acordo com

Chaudhri e Wang (2007), torna-se uma questão-chave obter uma comunicação

transparente e proativa de sua RSC.

Por não existir um quadro estabelecido de como comunicar a RSC de forma

consistente, problemas de comunicação surgem no estabelecimento do que e como as

informações de RSC devem ser comunicadas a fim de satisfazer as necessidades de

informação dos stakeholders e, portanto, legitimar os comportamentos da empresa

(ARVIDSSON, 2010). A comunicação de RSC, que não é obrigatória e vai além de

relatórios financeiros, é repleta de desafios de credibilidade e, a fim de evitar críticas, a

comunicação e as ações de RSC devem estar inter-relacionadas (CHAUDHRI; WANG,

2007).

Diferentes estudos sobre a RSC têm mostrado que a amplitude, o conteúdo e a

intensidade de comunicação da RSC diferem entre as empresas, as regiões e os países

(MAIGNAN; RALSTON, 2002; LATTEMANN et al., 2009; LI et al., 2010). Matten e

Moon (2008) asseveram que a responsabilidade social corporativa, seus significados e

as questões que trata, varia entre as diferentes nações, sendo a RSC reflexo dos

diferentes contextos sociais, institucionais, culturais, setoriais, nacionais e históricos.

Muitos destes estudos foram realizados em países industrializados. No entanto,

pouco se sabe acerca de como a prática de RSC se desenvolve nos países emergentes

(WANDERLEY et al., 2008; ALON et al., 2010; LI et al., 2010). Nesse contexto, a

América Latina é um caso interessante de como a comunicação de RSC das empresas

líderes é influenciada pelos diferentes ambientes institucionais.

O ambiente institucional das nações é constituído por quatro grandes tipos de

instituições: instituições políticas, instituições financeiras, instituições de educação e

trabalho e instituições culturais (MATTEN; MOON, 2008). As diferenças apresentadas

nestas instituições-chave traduzem-se em diferenças de práticas ao nível da empresa

(BROOKES; BREWSTER; WOOD, 2005). Consequentemente, as diferenças

encontradas entre as nações latino-americanas, constituídas por diferentes culturas,

políticas, economias, resultam em diferentes ações e práticas empresariais, tais como a

comunicação de RSC.

A América Latina trata-se de uma região da América em que são faladas línguas

latinas, e é composta por vinte países: Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia,

Costa Rica, Cuba, Haiti, Honduras, Guatemala, El Salvador, Equador, México,

Nicarágua, Panamá, Paraguai, Peru, República Dominicana, Uruguai e Venezuela

(ORO; URETA, 2007).

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A região tem uma área de, aproximadamente, 21.069.500 km², e em 2012, sua

população foi estimada em mais de 589 milhões, sendo o Brasil e o México os países

mais populosos, e que juntos representam mais de dois terços da economia da região,

estando entre as 13 maiores economias do mundo. Em 2011, o PIB combinado da

América Latina foi de US$ 3.350.725,7 milhões, tendo a distribuição deste valor uma

alta dispersão, o que contribui para tal região ser classificada pela Organização das

Nações Unidas (ONU) como a região mais desigual do mundo (CEPAL, 2013).

A RSC na América Latina, em seu âmbito institucional, é influenciada por

questões sociais, econômicas e ambientais que desafiam o continente, como a pobreza e

a desigualdade social. Em seu âmbito empresarial, é influenciada pelas crenças

religiosas dos fundadores das empresas da região, que levam à adoção das contribuições

sociais como parte de sua visão. Apesar das condições adversas, muitas empresas

latino-americanas são bem-sucedidas globalmente, com forte liderança e capacidades

como a agilidade na tomada de decisões e flexibilidade (CASANOVA; DUMAS, 2010).

A pesquisa estuda os países Brasil, Chile, México e Panamá. O Brasil, país de

maior economia da região, é utilizado como país referência, ao qual os outros países são

comparados. Os demais países representam todos os subcontinentes que fazem parte da

América Latina (América do Norte, América Central e América do Sul), sendo as

nações latino-americanas que mais se destacam dentro de cada um destes.

Dentro da América Latina, Brasil, Chile, México e Panamá destacam-se como as

nações de melhor nível de produtividade e competitividade, conforme Relatório de

Competitividade Global 2011-2012 da Federação de Câmaras de Comércio e Indústria

da América do Sul - FEDERASUR (2013).

Brasil, México e Chile são países que se destacam também por suas dimensões

territoriais e pelo tamanho de suas populações, estando dentre as dez maiores e mais

populosas nações latino-americanas. Por sua vez, o Panamá caracteriza-se como o sexto

menor país e terceira nação menos populosa da América Latina. Esses quatro países

apresentam como tipo de governo a República e configuram-se como democracias

presidenciais.

Em termos econômicos, Brasil e México figuram entre as quinze maiores

economias mundiais. Em 2013, o Brasil assumiu o posto de 7ª maior economia do

mundo e o México assumiu o posto de 14ª maior economia. Por sua vez, o Chile

assumiu o posto de 37ª maior economia, e o Panamá logrou a 88ª colocação.

O ambiente institucional do Brasil é marcado por um desenvolvimento irregular

e desigual, bem como pela banalização da violência e destruição ecológica (GRIESSE,

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2007). O país figura-se como uma das nações mais multiculturais do mundo, e tem

como religião predominante o catolicismo, constando como um dos países com maior

número de católicos.

O Chile trata-se de um país socialmente conservador e conta com grande número

de católicos, religião predominante no país. A cultura chilena reflete a população

relativamente homogênea, uma mistura de elementos culturais espanhóis e indígenas.

Conforme Beckman, Colwell e Cunningham (2009), embora o país tenha apresentado

um decréscimo da pobreza nos anos 2000, ainda apresenta alto nível de desigualdade

econômica. É um dos países mais estáveis e prósperos da América Latina, obtendo

melhores indicadores em termos de desenvolvimento humano, estabilidade política e

percepção de corrupção.

O ambiente institucional do México é fortemente influenciado pela Igreja

Católica. O país é marcado pelo clima de corrupção, pelos baixos salários e benefícios

aos trabalhadores, bem como por pobres sistemas educacionais e opções de cuidados de

saúde (BECKER-OLSER et al., 2011). Assim como outros países da América Latina, o

México apresenta desigualdade de distribuição de renda.

O Panamá apresenta uma população diversificada, resultante da mistura dos

grupos indígenas e da constante imigração ao longo dos últimos 500 anos. De acordo

com o jornal The Economist (2012), embora a economia do Panamá tenha apresentado

altas taxas de crescimento nos últimos seis anos, o país ainda enfrenta grandes

problemas, como desigualdade social, crescimento da taxa de homicídio e escassez de

escolas secundárias. A religião está profundamente ligada às tradições e expressões

culturais do país, sendo o catolicismo a religião predominante.

Brasil, Chile, México e Panamá são considerados países em desenvolvimento

com grandes desigualdades sociais e problemas institucionais. Essa problemática social

reflete-se nas taxas de alfabetização, nos coeficientes Gini e nos índices de percepção da

corrupção dos quatro países. Analisando as taxas de alfabetização dos países, do período

de 2007 a 2011, o Chile destaca-se por possuir uma taxa de alfabetização de cerca de

99%, o Panamá possui uma taxa de alfabetização de 94%, o México possui uma taxa de

93%, e o Brasil apresenta uma taxa de alfabetização de 90% (UNDATA, 2014).

Em 2006, o coeficiente Gini, que mede a desigualdade de renda no mundo, era

de 48,1 no México, de 51,8 no Chile, de 55,1 no Panamá, e de 56,8 no Brasil,

demonstrando o grande problema de distribuição de renda destes países. Em termos de

corrupção, em 2013, o Chile apresentou um índice de menor corrupção percebida

figurando em 22° lugar no ranking com 71 pontos, enquanto o Brasil figura em 72°

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lugar com 42 pontos, o Panamá figura em 102º lugar com 35 pontos e o México figura

em 106º lugar com 34 pontos (CPI, 2014).

Visto essas semelhanças e diferenças entre Brasil, Chile, México e Panamá, este

estudo centra-se na necessidade de maior conhecimento acerca dos impactos do

ambiente institucional destes países sobre a intensidade da comunicação de RSC de suas

empresas.

1.1 Pergunta de Pesquisa

Diferentes ambientes institucionais presentes nos países da América Latina, em

especial Brasil, Chile, México e Panamá, influenciam a intensidade da comunicação de

responsabilidade social corporativa de suas maiores empresas?

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo geral

Analisar a influência do ambiente institucional de Brasil, Chile, México e

Panamá sobre a intensidade de comunicação de responsabilidade social corporativa das

maiores empresas desses países.

1.2.2 Objetivos específicos

a) Identificar as semelhanças e diferenças do Brasil em comparação ao Chile,

México e Panamá, em relação aos seus ambientes institucionais (características

econômicas e socioculturais);

b) Analisar a comunicação de responsabilidade social corporativa das maiores

empresas dos países estudados através de informações extraídas dos relatórios

destas organizações;

c) Identificar as semelhanças e diferenças do Brasil em comparação ao Chile,

México, e Panamá em relação à intensidade de comunicação de responsabilidade

social corporativa.

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1.3 Justificativa

Diversos estudos têm apontado que a RSC varia entre os países (MAIGNAN;

RALSTON, 2002; GOLOB; BARTLETT, 2007; WANDERLEY et al., 2008;

LATTEMANN et al., 2009; ALON et al., 2010; LI et al., 2010, SOBCZAK;

MARTINS, 2010), demonstrando que os mecanismos do ambiente institucional

funcionam como propulsores da adoção de novas práticas por parte das empresas

(DIMAGGIO; POWELL, 1983; DACIN; GOODSTEIN; SCOTT, 2002). As

instituições moldam os processos sociais e políticos de como os interesses dos

stakeholders são "socialmente construídos" ou definidos, agregados e representados

com relação à empresa (AGUILERA; JACKSON, 2003). Dacin, Goodstein e Scoot

(2002) corroboram mostrando que novas formas institucionais interagem com arranjos

institucionais existentes para a criação de diversas "novas" estruturas e processos.

As diferenças de RSC podem ser melhor explicadas através da Teoria

Institucional, que de acordo com Zucker (1987), fornece uma visão rica e complexa das

organizações. Assume-se que as instituições formais - constituição, leis, políticas

governamentais - interagem com as instituições informais - normas sociais e modelos

mentais de análise - e organizações - sociedade civil, entidades empresariais,

organizações de trabalho - gerando quadros institucionais e culturais únicos, onde as

empresas atuarão (WILLIAMS; AGUILERA, 2008).

De acordo com Matten e Moon (2008), os quadros institucionais historicamente

enraizados de uma nação (seu sistema político, sistema de educação e trabalho, sistema

cultural e sistema financeiro), moldam os chamados sistemas de negócios nacionais,

estruturas estas que explicam os diferentes tipos de RSC encontrados entre as nações.

Assim, este estudo justifica-se pela busca do melhor entendimento da relação

entre a intensidade da comunicação de RSC e o ambiente institucional, representada

neste estudo pelas empresas e ambientes institucionais da América Latina. Justifica-se

também pela relevância do tema no contexto atual das organizações empresariais. Ao

analisar a comunicação de RSC sobre uma ótica da Teoria Institucional, esta pesquisa

contribui ao mostrar que o ambiente institucional de um país é uma força motriz

importante na intensidade das comunicações sobre RSC.

A escolha da América Latina justifica-se pelo crescimento econômico e

mudanças sociais que a região tem alcançado desde 2002. Conforme Casanova e Dumas

(2010), desde 2002 a América Latina tem apresentado forte crescimento econômico, o

que levou ao decréscimo do número de pobres e ao aumento do tamanho da classe

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média em todos os países da região. No período entre 1990 e 2007, a taxa de pobreza

caiu 12% e a extrema pobreza 9,1%. Ainda assim, em 2008, a região ainda era o lar de

180 milhões de pessoas pobres, representando 34% da população total.

A América Latina saiu fortalecida da crise de 2008, com o reconhecimento

mundial do seu sucesso e uma nova confiança; e tal sucesso, segundo a Latin Trade

(2013), é resultado de: crescimento econômico da região, com pelo menos duas décadas

de reforma econômica, visando à criação de ambientes macroeconômicos estáveis e

baixa inflação, e à reconstrução de sistemas bancários; desenvolvimento social da

região, resultado de programas sociais bem-sucedidos que diminuíram a pobreza da

América Latina; e forte compromisso com os valores democráticos, com eleições

periódicas, livres e justas na maioria da região. Ainda com todo este sucesso, a América

Latina possui muitos desafios a superar, tendo que lidar com a educação, inovação,

infraestrutura, crime e diversificação das exportações.

Reficco e Ogliastri (2009) afirmam que, na América Latina, a importância da

RSC cresceu a partir dos anos oitenta, resultado de alguns fatores: a desregulamentação

econômica e a liberalização do comércio, que deram ao setor privado um papel de

protagonista no espaço público; e a desvalorização dos centros de legitimidade

tradicionais (Igreja e Estado), que levou ao surgimento de um novo ator, que passou a

ocupar um papel cada vez maior na formação da agenda pública: a sociedade civil.

De acordo com Ursini e Bruno (2005), as empresas latino-americanas têm,

historicamente, preocupado-se com a filantropia. O entendimento de RSC como uma

nova forma de gestão da empresa, que integre e trabalhe de maneira mais ampla com as

dimensões ambiental, econômica e social é, portanto, algo recente e realizado por um

pequeno número de empresas da região. Conforme Casanova e Dumas (2010), as

multinacionais da América Latina, bem como os governos e o público em geral,

enxergam na RSC uma forma de reduzir a pobreza, de aprimorar a sustentabilidade das

empresas e de lidar com outras questões sociais urgentes da região.

Por fim, ao analisar a América Latina, mais especificamente Brasil, Chile,

México e Panamá, este estudo contribui para o enriquecimento da RSC, haja visto que

poucos são os estudos que focam-se nas práticas de comunicação de RSC nos países

emergentes.

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1.4 Estrutura do trabalho

Para a formulação teórica e empírica desta dissertação foi realizada uma divisão

em cinco capítulos.

No capítulo introdutório foram apresentadas considerações iniciais sobre a

temática explorada dentro de um contexto que envolve a comunicação de RSC e o papel

de destaque da América Latina. Demonstrou-se também o problema de pesquisa, os

objetivos do estudo e a justificativa do trabalho.

O capítulo seguinte aborda a fundamentação teórica do trabalho. Este capítulo é

composto por uma revisão bibliográfica sobre o ambiente institucional da América

Latina, em especial de Brasil, Chile, México e Panamá, da Teoria Institucional, e da

comunicação de RSC. São apresentados os conceitos chaves sobre os temas, permitindo

sua compreensão e a construção das hipóteses da pesquisa.

O capítulo três demonstra como o estudo foi desenhado a fim de atingir os

objetivos propostos. Nele apresenta-se a caracterização da pesquisa, a definição das

variáveis analisadas, a amostra e o critério de seleção e apresenta-se a técnica de análise

de dados a ser utilizada no estudo. Os elementos da pesquisa necessários para o alcance

dos objetivos propostos consistem em um universo que reúne indicadores de Brasil,

Chile, México e Panamá, no período de 2006 a 2012, e a técnica de análise de dados em

painel.

No capítulo quatro encontra-se a análise dos resultados e discussões. Nele

apresenta-se a análise descritiva da variável dependente, bem como das variáveis

independentes, análise de variância dos dados, análise de dados em painel, análise das

hipóteses e discussão dos resultados. Por fim, no capítulo cinco encontram-se as

considerações finais e limitações deste trabalho, trazendo suas contribuições.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O presente capítulo trata da fundamentação teórica e das hipóteses da pesquisa.

Os conceitos teóricos abordados apresentam estreita relação com o problema e os

objetivos da pesquisa. Assim, são abordados os temas América Latina (seção 2.1),

Teoria Institucional (seção 2.2), Comunicação de Responsabilidade Social Corporativa

(seção 2.3), e Ambiente Institucional e Comunicação de RSC (seção 2.4), onde as

hipóteses da pesquisa são construídas.

2.1 A América Latina

A América Latina tem passado por grandes transformações nas últimas décadas.

Casanova e Dumas (2010) asseveram que a América Latina teve forte crescimento

econômico e tem alcançado mudanças sociais desde 2002. Observou-se o decréscimo do

número de pobres e o aumento do tamanho da classe média em todos os países da

região, tendo, do período entre 1990 e 2007, a taxa de pobreza da região caído 12% e a

de extrema pobreza 9,1%.

Castro (2008) afirma que a educação na região melhorou. No geral, nos últimos

30 anos, aumentou de forma significativa o acesso à escolarização básica, e também a

pressão social para que a obrigatoriedade do ensino fundamental fosse estendida à

educação infantil. Nos anos de 1990, houve um dos grandes avanços da educação da

região: a universalização da educação básica, especialmente no ensino fundamental.

Abrantes (2010) destaca que, nas duas últimas décadas, os padrões educacionais têm

aumentado consideravelmente na América Latina, matriculando quase todas as crianças,

a maioria dos adolescentes e um segmento crescente de jovens adultos.

De acordo com Castro (2008), o ensino médio e o ensino superior também

seguem aumentando. No entanto, um grande problema educacional da América Latina é

o índice de analfabetismo. E, apesar do pequeno acréscimo no percentual do PIB

investido em educação, bem como de alguns avanços conquistados na região, os países

da América Latina continuam a investir pouco em educação se compararmos com os

países europeus e da América do Norte, não tendo a educação ainda superado seus

problemas básicos. Abrantes (2010) complementa destacando que essa expansão na

educação ocorreu de forma lenta, contingencial e desigual, não beneficiando as regiões

e grupos sociais mais pobres.

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Para Baquero (2008), nem mesmo o crescimento econômico da América Latina

nas décadas recentes tem sido suficiente para fortalecer os mercados de trabalho e

reduzir de modo satisfatório a incidência da pobreza, tendo a região uma distribuição de

bens, serviços e oportunidades básicas desequilibradas. Abrantes (2010) destaca que o

desemprego juvenil e o subemprego (empregos não qualificados, sem proteção social e

oportunidades de formação) têm crescido na América Latina. Embora na região haja

uma expansão educacional, ainda que lenta e desigual, a possibilidade de ficar

desempregado ou trabalhar em um emprego não qualificado, após finalizar o ensino

superior, é cada vez maior para os jovens latino-americanos. Portanto, na América

Latina, não necessariamente os jovens que têm maior nível de educação formal

conseguem um emprego.

Conceição, Dourado e Silva (2012) afirmam que a região é marcada por um

modelo econômico de maciça importação de bens de produção e tecnologia, intensa

produção agrícola e de commodities, baixa remuneração e reduzida qualificação de sua

mão de obra, intensa presença de empresas multinacionais, nacionalização de indústrias

estratégicas e por políticas de proteção dos mercados internos. Devido às mudanças

estruturais geradas pelo grande endividamento das nações da região na década de 1980

(políticas de liberalização de mercado, desoneração alfandegária, reforma tributária,

reforma financeira e privatização das empresas públicas), no início da década de 1990,

nos países da região, presenciou-se um contexto aparentemente bem sucedido, marcado,

no entanto, pelo crescimento da concentração de renda e da exclusão social dos seus

habitantes.

A pobreza, a exclusão social e a desigualdade político-econômica persistem na

América Latina. Em consequência, surgem barreiras ao progresso econômico e

desenvolvimento social da região: a falta de respeito pela lei, a corrupção e a ineficácia

dos governos na promoção de serviços essenciais básicos que proporcionem uma

melhor qualidade de vida (BAQUERO, 2008). A América Latina, segundo Conceição,

Dourado e Silva (2012), é constituída por países com problemas de distribuição de

renda e dificuldades de acesso a direitos sociais (condições de saúde, segurança,

educação, saneamento, etc.).

Conforme Baquero (2008), nota-se, em termos políticos da região, uma

incongruência entre estagnação social, avanços formais da democracia, e predisposições

e percepções negativas dos cidadãos em relação à democracia e suas instituições,

gerando um processo de desengajamento cívico. Na América Latina convive-se,

simultaneamente, com um regime democrático formal e elevados déficits sociais, que

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comprometem o progresso econômico e o desenvolvimento social da região. Dada a

incapacidade das instituições formais para mediar a política e regular os conflitos

sociais, e buscando a ampliação da democracia representativa, o estabelecimento de

novas práticas e modelos políticos, a América Latina tem acompanhado o surgimento de

movimentos sociais.

Para Ribeiro (2011), nos países da América Latina, mesmo com o recente

reestabelecimento das liberdades civis e direitos políticos, nota-se o crescente

desencanto e desconfiança em relação às instituições, advindo das dificuldades dos

sucessivos governos em resolver os graves problemas socioeconômicos que atingem a

região como um todo. De modo geral, informa Schneider (2003), as democracias da

América Latina apresentam déficits em seu Estado de direito e legitimidade.

Moller (2010) assevera que, em termos culturais, a América Latina é marcada

pela grande diversidade de culturas que convivem juntas há muito tempo. No entanto,

ainda existe discriminação em diferentes níveis de intensidade contra negros, índios,

homossexuais, etc. Em termos religiosos, Oro e Ureta (2007) destacam que trata-se de

uma região profundamente cristã, ocupando a Igreja Católica uma importância

numérica, política e social na grande maioria dos países latino-americanos. No entanto,

nas últimas décadas, a América Latina tem acompanhado o aumento pentecostal, e uma

tendência de crescimento do número de indivíduos que se consideram sem religião.

Baquero (2008) afirma que, ainda que com suas diferenças culturais, históricas,

políticas e econômicas, a América Latina parece ter uma homogeneidade quando se

analisa sua situação socioeconômica. Ao se analisar a dimensão econômica da região,

nota-se o alto índice de desigualdade de renda, e exclusão social. Em termos da

dimensão política, percebem-se visíveis avanços institucionais, mas também é visível a

falta de respeito pela lei (tanto por parte das autoridades quanto dos cidadãos), o

aumento da corrupção em todos os níveis, a incapacidade ou ineficiência dos governos

de plantão em desenhar e implementar políticas públicas sociais redistributivas e a

violação dos direitos humanos.

Nas subseções abaixo podemos conhecer algumas das especificidades do

ambiente institucional de cada um dos países estudados (Brasil, Chile, México e

Panamá). A compreensão dos ambientes institucionais, quadros institucionais nacionais

historicamente cultivados na América Latina, mais especificamente no Brasil, Chile,

México e Panamá, faz-se necessária para entender a prática de comunicação de RSC nos

respectivos países.

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2.1.1 Brasil

O Brasil é o país mais populoso, de maior economia e de maior extensão da

América Latina. De acordo com o ranking de 2012 do World Bank (2014), é

classificado como a 7ª maior economia mundial. Conforme Griesse (2007), nos últimos

anos, o Brasil tem sido classificado entre as dez nações mais ricas do mundo, em termos

de PIB. Entretanto, o país apresenta grande desigualdade econômica, social e de classe.

Abreu e Barlow (2013) destacam que o sistema político brasileiro foi moldado

por longo período de colonialismo, seguido por uma monarquia, uma república, uma

reforma populista, uma ditadura militar repressiva e, finalmente, a redemocratização e

reforma estrutural, que trouxe a liberalização do comércio e o decréscimo da

intervenção do Estado. Nota-se, ao longo de todo esse período, a presença persistente da

corrupção. Conforme Griesse (2007), o sistema político brasileiro teve uma turbulenta

evolução, que levou a grandes disparidades de renda e altos índices de pobreza da

população. Atualmente, o país apresenta como tipo de governo a República e configura-

se como democracia presidencial.

A educação do Brasil avançou consideravelmente na última década. Isso pode

ser demonstrado pela evolução do país na pesquisa feita pela OCDE, o Programa de

Avaliação Internacional de Estudantes (PISA). Em 2000, apenas metade das crianças

brasileiras tinham completado o ensino primário, três em cada quatro adultos eram

analfabetos funcionais, e mais de um em cada dez era totalmente analfabeto. Nesse

período, o Brasil ficou em última colocação. Em 2010, com a publicação do quarto

estudo PISA, o país obteve ganhos sólidos em todas as disciplinas avaliadas, e ficou em

53º lugar, entre os 65 países avaliados, em leitura e ciência. Apesar do avanço, o país

ainda apresenta baixo desempenho, figurando entre as últimas posições do ranking

mundial (THE ECONOMIST, 2010). No período de 2007 a 2011, o Brasil apresentou

taxa de alfabetização de 90% (UNDATA, 2014).

Conforme Okada (2010), dentre os países latino-americanos, o Brasil obteve

resultados melhores que a Colômbia (54º), a Argentina (55º), o Panamá (63º) e o Peru

(64º). Os países Chile (44º), Uruguai (48º) e México (50º) obtiveram melhor

desempenho que o Brasil. Entretanto, o progresso recente não deixa o Brasil numa boa

situação educacional. Por sua vez, na edição do exame de 2012, de acordo com a página

da Uol Educação (2012), o Brasil obteve um desempenho pior em leitura, ficando na 55ª

posição, e em ciências, ficando na 59º posição.

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Cunha, Prates e Ferrari-Filho (2011) asseveram que o Brasil tem mostrado

resistência à crise financeira internacional de 2008, o que sugere que o país construiu

uma estrutura macroeconômica mais forte ao longo dos últimos anos. A redução dos

desequilíbrios externos e orçamentais levou à diminuição da vulnerabilidade do país a

choques externos. No entanto, entre o último trimestre de 2008 e o primeiro trimestre de

2009, a economia do país apresentou um decréscimo de 4,5% em seu PIB, efeito gerado

pela crise financeira internacional.

O país figura-se como uma das nações mais multiculturais do mundo, e consta

como um dos países com maior número de católicos, religião predominante no Brasil.

Abreu e Barlow (2013), ao comparar a RSC de empresas brasileiras e britânicas,

destacam que o Brasil tem um ambiente de governança muito mais informal e

relacional. Devido aos problemas sociais enfrentados pelo país, as empresas têm

desempenhado um papel na melhoria social, estando sua reputação fortemente

relacionada com sua atividade de RSC. Em sua pesquisa, Conceição, Dourado e Silva

(2012) demonstram que o Brasil, no contexto da América Latina, exerce um papel

relevante no processo de evidenciação do desempenho em sustentabilidade a partir da

publicação do relatório GRI, sendo responsável por mais de 50% dos informes

realizados na região.

2.1.2 Chile

O Chile tem 16,5 milhões de habitantes, e desenvolveu, a partir da década de

1980, sua estabilização econômica, com inflação controlada, baixa volatilidade cambial

e taxa de juros básica de um dígito, saindo assim na frente das economias vizinhas. O

país apresenta a política de comércio exterior mais pragmática da América Latina

(ANTUNES, 2009).

De acordo com Romero (2005), o país foi o primeiro da América Latina a

liberalizar seus mercados para a economia internacional, implementando, durante o

governo militar, medidas de desregulamentação e privatização de atividades produtivas

do setor público, adiantando-se cerca de 10 anos aos programas de ajuste estrutural do

continente (adoção da doutrina neoliberal pelas economias latino-americanas na década

de 1980). Conforme o ranking de 2012 do World Bank (2014), o Chile classifica-se

como a 37ª maior economia mundial.

O Chile apresenta como tipo de governo a República e configura-se como

democracia presidencial. Schneider (2003), em sua pesquisa, destaca que o Chile é um

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dos países menos corruptos da América Latina, de acordo com a percepção dos chilenos

em relação a sua democracia. Conforme o ranking CPI (2014), em 2013, o Chile

figurou em 22° lugar no ranking, com 71 pontos, o 4º menor índice de corrupção

percebida da América Latina.

Budnik et al. (2011) afirmam que a educação pública no Chile é

tradicionalmente marcada pela participação dos atores sociais, sendo possível apontar

inúmeras experiências de participação do movimento social na política de educação na

história do país. Os autores também destacam a modificação da estrutura educacional do

Chile, gerada pela lei de financiamento do país, que trouxe como consequências a

segmentação e segregação do sistema escolar de acordo com a capacidade econômica

das famílias. Ainda assim, o país é reconhecido por ter a melhor educação da América

Latina (THE ECONOMIST, 2011c). No período de 2007 a 2011, o país apresentou taxa

de alfabetização de 99% (UNDATA, 2014).

Esse reconhecimento da qualidade educacional do Chile é demonstrado por

pesquisas como o PISA, sendo considerado o país latino-americano com melhor

pontuação no ranking. De acordo com matéria do Universia Chile (2013), o país não

registrou melhoras significativas, se comparado ao ano de 2009, mas ainda assim

continua na liderança, em matéria educacional, da América Latina. Considerando a

evolução do Chile no PISA, do período 2000-2012, o país pode ser considerado um dos

países de maior crescimento. No ano 2000, o país não encontrava-se em primeiro lugar

em nenhuma categoria (INFOBAE, 2013).

Em 2012, o Chile obteve 441 pontos em leitura, ficando na 47ª posição, e

obteve 445 pontos em ciências, ficando na 45ª posição. Mesmo obtendo os melhores

resultados da região, o Chile apresenta um grande déficit em relação aos países da

OCDE, apresentando o rendimento dentre os mais baixos destes (LATERCERA, 2013).

O Chile teve um rendimento equivalente a um ano a menos de escolaridade que

Espanha e Portugal, dois anos a menos do que a Suíça e 3 anos a menos do que

Cingapura. Não se pode ignorar também o baixo desempenho da América Latina em

relação ao resto do mundo: os oito países latino-americanos estão no terço inferior de

desempenho em leitura, matemática e ciências, entre 65 países medidos (INFOBAE,

2013).

A cultura chilena reflete a população relativamente homogênea, uma mistura de

elementos culturais espanhóis e indígenas. O Chile trata-se de um país socialmente

conservador e em grande parte católico. Devido à influência histórica da Igreja Católica

sobre as empresas chilenas, a história da RSC das empresas do país foi fortemente

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marcada pela prática de diferentes formas de filantropia. Hoje, além da filantropia, a

RSC tem se relacionado com os processos de produção de cada empresa e seus

impactos sobre o meio ambiente e em uma multiplicidade de partes interessadas

(BROWNE, 2010).

Browne (2010), ao analisar a cobertura da imprensa sobre a RSC no Chile,

destaca que a filantropia continua a ocupar um espaço considerável no interior da

cobertura de RSC. Assim, os meios de comunicação do país, em grande parte,

continuam a tratar a RSC como o contributo das empresas à sociedade, ao invés de

investigar os múltiplos impactos sociais e ambientais gerados por essas organizações,

bem como a sua articulação com os stakeholders na busca do desenvolvimento

sustentável.

2.1.3 México

O México é o segundo maior país da América Latina e possui a segunda maior

população da região. O país figura-se como uma nação multicultural, sofrendo sua

cultura influência de elementos indígenas, espanhóis, africanos e asiáticos. Sua cultura

também é fortemente influenciada pela Igreja Católica.

Em termos educacionais, para os padrões da América Latina, conforme o The

Economist (2011a), as escolas do México são muito boas e, conforme estudo PISA (um

teste internacional de jovens de 15 anos com provas de leitura, matemática e ciências), o

México tem a segunda melhor educação para as crianças da região, ficando atrás

somente do Chile. No entanto, o México tem o que melhorar. Mesmo que a matrícula

dos jovens de 15 anos tenha subido de 52% em 2000, para 66% em 2009, o Brasil saltou

de 53% para 80% no mesmo período. E no âmbito da OCDE, o sistema de ensino

mexicano classifica-se em último.

A evolução do desempenho do México no PISA, no período de 2000 a 2012, é

marcada pela estagnação (INFOBAE, 2013). Dentre os países membros da OCDE, o

México apresentou, em 2012, o pior desempenho nas três provas do PISA (matemática,

leitura e ciências). O país figurou na 53ª colocação dentre os 65 países participantes da

prova, superando Montenegro, Uruguai, Costa Rica, Albânia, Brasil, Argentina,

Tunísia, Jordânia, Colômbia, Catar, Indonésia e Peru. Conforme dados da UNData

(2014), no período de 2007 a 2011, o país apresentou uma taxa de alfabetização de 93%.

Blasco e Zølner (2010) destacam que a economia mexicana tem um grande setor

informal e é composta, em grande parte (97%), por pequenas e médias empresas. O

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México foi o país de toda a América a sofrer de forma mais acentuada com a crise

financeira de 2008. Sua economia encolheu 6,1% em 2009 e entre o terceiro trimestre

de 2008 e o segundo trimestre de 2009, 700 mil empregos foram perdidos. Ainda que

com esse decréscimo, o México vem se recuperando economicamente, e um dos fatores

positivos que vem gerando essa recuperação é o fato do país ser pouco burocrático. O

Banco Mundial classifica o México como o lugar da América Latina mais fácil para

fazer negócios. Outro fator é a classificação das escolas do México entre as melhores na

América Latina (THE ECONOMIST, 2011c). De acordo o ranking de 2012 do World

Bank (2014), o México classifica-se como a 14ª maior economia mundial.

Entretanto, o mercado de trabalho ainda precisa se recuperar da recessão. A taxa

oficial de desemprego, em 2009, foi de 6,4%. E, de modo geral, os novos empregos

conquistados não são tão bons como os que foram perdidos, tendo uma média de

pagamento, em 2010, 5% menor do que em 2008. Esse fator e o aumento dos preços dos

alimentos tem levado um número maior de mexicanos à pobreza - em 2010, 46,2% dos

mexicanos estavam abaixo da linha de pobreza, contra 44,5% em 2008 (THE

ECONOMIST, 2011c).

Tyburski (2012) destaca que o México sofreu uma recente transformação

política: após a crise econômica de 1988, iniciou a sua transição de um regime

autoritário de partido único para uma democracia federal, descentralizada, com três

principais partidos políticos, implementou políticas econômicas liberais, e aos poucos

abriu o sistema político. O México tem como tipo de governo a República, e configura-

se como democracia presidencial.

O país apresenta considerável variação de corrupção entre seus estados.

Conforme o ranking CPI (2014), em 2013, o México figurou na 106ª colocação, com 34

pontos, estando entre os dez maiores índices de corrupção percebida da América Latina.

Conforme Nieto (2013), a corrupção, como violação ao Estado de direito, tem uma

longa tradição na história do México, sendo uma verdadeira constante nos diferentes

momentos da história do país. A corrupção é considerada por muitos a base do sistema

político mexicano, que tem como bases os privilégios, influência, favores, lealdade,

discrição e silêncio. As nomeações políticas são vistas como uma oportunidade de

enriquecer e como recompensa pela fidelidade.

Meyskens e Paul (2010) destacam que o México tem uma cultura de negócios

formada por forte presença de empresas familiares, empresas governamentais e filiais de

grandes multinacionais, não tendo, nenhuma destas, forte inclinação para a divulgação

pública das práticas de negócios e seus impactos, como exigido por normas globais

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como a GRI. Blasco e Zølner (2010) afirmam que o país tem uma tradição filantrópica

desde os tempos pré-coloniais, e que a responsabilidade pelo bem-estar social tem sido,

tradicionalmente, vista como algo do domínio da igreja.

Araya (2006) destaca que a consciência e a comunicação de RSC na América

Latina têm um atraso, mas nas empresas do Brasil, seguida pelas do México, os

relatórios não-financeiros estão ganhando uma posição significativa. Ainda assim, o

envolvimento das empresas no bem-estar social continua a ser escasso (BLASCO;

ZØLNER, 2010).

Meyskens e Paul (2010) asseveram que, no México, o governo desempenha um

papel mínimo sobre a divulgação de comunicação social. Em complemento, Blasco e

Zølner (2010) destacam que uma instituição normativa relevante no que diz respeito à

RSC no México é a opinião pública e as expectativas em relação à comunidade

empresarial. O México é um dos quatro países da América Latina, juntamente com

Argentina, Chile e Brasil, a ter mais esforços para promover a RSC.

2.1.4 Panamá

O Panamá tem se destacado por suas altas taxas de crescimento e declínio na

taxa de pobreza. Caracteriza-se também por ser o sexto menor país da América Latina, e

o terceiro país menos populoso da região. Pavoni (2013) assevera que o país destaca-se

por a sua localização geográfica favorável e pela estabilidade dos seus sistemas fiscal,

econômico e político. O Panamá é uma das economias que mais cresce na América

Latina, e em 2012 manteve sua expansão econômica de 10,6% em relação ao ano

anterior. Apresenta também a menor taxa de desemprego de todos os tempos, com uma

taxa de desemprego de 4,4% registrada em 2012. De acordo o ranking de 2012 do

World Bank (2014), o Panamá classifica-se como a 88ª maior economia mundial.

Conforme Araúz e Vasquez (2013), o governo panamenho tem apostado numa

política externa de divulgar o país, tendo como característica mais importante, em 2012,

a promoção do país como um espaço privilegiado para o investimento estrangeiro. No

entanto, o governo parece apenas preocupado em fazer negócios, sendo, essencialmente,

incapaz de se conectar com a necessidade de igualdade política e econômica do país que

ele governa. O Panamá apresenta como tipo de governo a República, e configura-se

como democracia presidencial.

Guadásegui (2010) destaca que o Panamá sofreu impactos da crise econômica

global de 2008, tais como o aumento do desemprego e da informalidade. Destaca-se

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29

também que a falta de uma política governamental coerente contra a pobreza,

acompanhada de políticas fiscais inadequados, tem agravado a desigualdade na

distribuição da riqueza existente no Panamá.

Nas últimas décadas, agravou-se a desigualdade de renda entre os panamenhos.

Destaca-se também que, nos últimos 20 anos, os movimentos sociais aumentaram,

expressando as suas queixas nas ruas e nos campos, às quais os governos têm

respondido com mais leis e repressão (GUADÁSEGUI, 2010). Pavoni (2013) afirma

que a distribuição de renda e a inflação no Panamá são preocupantes. Outro desafio de

desenvolvimento crucial enfrentado pelo país é a escassez de trabalhadores qualificados,

afetando diretamente o setor de serviços e o imobiliário.

O Panamá participou do ranking PISA, Programa de Avaliação Internacional de

Estudantes realizado pela OCDE, somente no ano de 2009. O país figurou na 63ª

colocação, ficando à frente, dentre os países latino-americanos, somente do Peru, que

figurou na 64ª colocação, e figurando entre os três últimos colocados no ranking. Essa

colocação demonstrou o déficit dos estudantes panamenhos quanto à compreensão de

leitura e ao conhecimento em ciência e matemática (CRÍTICA, 2014). No período de

2007 a 2011, o país apresentou taxa de alfabetização de 94% (UNDATA, 2014).

A democracia no Panamá, de acordo com o Índice de Desenvolvimento

Democrático da América Latina (IDD-LAT), em 2012, foi a quarta mais avançada de

toda a região, atrás apenas de Costa Rica, Chile e Uruguai. A estabilidade política do

Panamá, conquistada através do respeito à vontade popular transmitido através do voto,

tornou o país um alvo de investimento privado nacional e estrangeiro. Entretanto, esta

estabilidade foi conseguida pela exclusão de grande parte da população de decisões

políticas através do sistema de representação, o que traz, eventualmente, abuso e

insatisfação dos excluídos (ARAÚZ; VASQUEZ, 2013).

O país possui instituições pouco desenvolvidas, não sendo classificado nem

mesmo como a nação menos corrupta na América Central, colocação esta ocupada por

Barbados. O Panamá é repreendido por ter funcionários públicos corruptíveis e falta de

independência judicial (THE ECONOMIST, 2011b). Conforme o ranking CPI (2014),

em 2013, o Panamá figura na 102ª colocação, com 35 pontos.

O Panamá apresenta uma população diversificada, resultante da mistura dos

grupos indígenas e da constante imigração ao longo dos últimos 500 anos. A religião

está profundamente ligada às tradições e expressões culturais do país, sendo o

catolicismo a religião predominante.

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30

Um resumo das semelhanças e diferenças de Brasil, Chile, México e Panamá,

pode ser observado no Quadro 01, onde são apontados elementos do ambiente

institucional dos quatro países. A saber: política, economia, educação e cultura.

Quadro 01 - Ambiente Institucional de Brasil, Chile, México e Panamá. País Política Economia Educação Cultura

Brasil Democracia presidencialista

Forte presença de corrupção

- 72ª colocado no índice CPI

7ª maior

economia

mundial

5º Pior colocado da

América Latina no

PISA de 2009

Taxa de alfabetização

de 90%

Uma das nações mais

multiculturais do

mundo.

Chile Democracia presidencialista

Um dos países menos

corruptos da América Latina

– 22ª colocado no índice

CPI

37ª maior

economia

mundial

Melhor colocado da

América Latina no

PISA de 2009

Taxa de alfabetização

de 99%

Cultura relativamente

homogênea, resultante

da mistura de

elementos culturais

espanhóis e indígenas.

México Democracia presidencialista

Forte presença de corrupção

- 106ª colocado no índice

CPI

14ª maior

economia

mundial

2º Melhor colocado da

América Latina no

PISA de 2009

Taxa de alfabetização

de 93%

Nação multicultural,

com influência de

elementos indígenas,

espanhóis, africanos e

asiáticos.

Panamá Democracia presidencialista

Forte presença de corrupção

- 102ª colocado no índice

CPI

88ª maior

economia

mundial

2º Pior colocado da

América Latina no

PISA de 2009

Taxa de alfabetização

de 94%

Nação multicultura,

com influência de

elementos indígenas e

da constante imigração

ao país.

Fonte: Elaborado pela autora (2014).

Como demonstrado, Brasil, Chile, México e Panamá apresentam diferentes

contextos nacionais, históricos, culturais e institucionais, que podem influenciar as

empresas destes países, trazendo variações de práticas organizacionais. Buscando

estudar tais variações, Perez-Batres, Miller, Pisani (2011) asseveram que a Teoria

Institucional trata-se da teoria indicada para esse fim, pois reconhece que as influências

sociais afetam a estrutura das organizações.

2.2 Teoria Institucional

A Teoria Institucional, afirmam Matten e Moon (2008), permite que as

organizações sejam exploradas e comparadas dentro de seus contextos nacionais,

culturais e institucionais. Assim, como destacado por Campbell (2006), a maneira como

as empresas tratam os seus atores depende das instituições com as quais atuam.

As instituições podem ser definidas como a organização formal do governo e

corporações, e também como normas, incentivos e regras (MATTEN; MOON, 2008).

As instituições são relativamente resistentes a mudanças, tendem a ser transmitidas

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entre gerações, e impõem restrições ao definir os limites morais, legais e culturais

(SCOTT, 2008).

A Teoria Institucional foca-se na influência do ambiente social ou cultural sobre

as organizações (SCOTT, 2008; DIMAGGIO; POWELL, 1983; ZUCKER, 1987). As

novas formas institucionais interagem com os arranjos institucionais existentes para a

criação de “novas" estruturas e processos variados (DACIN; GOODSTEIN; SCOTT,

2002). A estrutura social (nível macro) determina o comportamento dos indivíduos e de

pequenos grupos (nível micro) e existe independentemente deles. Ambos os níveis,

tanto o macro quanto o micro, estão intimamente interligados (ZUCKER, 1987).

De acordo com Tempel e Walgenbach (2007), a Teoria Institucional possui duas

tradições principais que focam-se na adaptação das organizações aos seus ambientes

institucionais: o Novo Institucionalismo e a Abordagem de Sistemas de Negócios.

No Novo Institucionalismo, as instituições são vistas como atores políticos e

tomadores de decisões (MARCH; OLSEN, 1984). O Novo Institucionalismo interessa-

se nas instituições como variáveis independentes, nas explicações cognitivas e culturais,

e nas propriedades de unidades análise supraindividuais que não podem ser reduzidas a

conjuntos ou a consequências diretas de atributos e motivos individuais (SELZNICK,

1996).

De acordo com Matten e Moon (2008), o Novo Institucionalismo foca-se na

homogeneização dos ambientes institucionais através das fronteiras nacionais,

indicando como processos regulatórios, normativos e cognitivos levam a práticas cada

vez mais padronizadas e racionalizadas em organizações de todos os setores e fronteiras

nacionais. O argumento fundamental é que as práticas organizacionais mudam e

tornam-se institucionalizadas, a fim de serem consideradas legítimas.

Perez-Batres, Miller e Pisani (2011) destacam que, ao aderir às instituições e às

práticas que elas englobam, as empresas adquirem legitimidade social. Conforme

Selznick (1996), o Novo Institucionalismo foca-se na legitimação como uma força

sustentada e dirigida aos atores organizacionais. A legitimidade é vista como um

"imperativo" da organização, agindo muitas vezes como fonte de inércia e como

justificativa para a adoção de determinadas formas e práticas. Através da adoção de

formas e práticas semelhantes, incentiva-se o mimetismo ou isomorfismo institucional,

demonstrando que as organizações são altamente sensíveis ao ambiente cultural em que

vivem.

Dimaggio e Powell (1983) afirmam que a estrutura macrossocial influencia as

organizações, fazendo com que elas se tornem cada vez mais homogêneas, processo

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esse conhecido como isomorfismo institucional. O isomorfismo pode ser definido como

um processo restritivo que força uma unidade, em uma população, a assemelhar-se às

outras unidades que se defrontam com o mesmo conjunto de condições ambientais,

visando obter poder político, legitimidade institucional, adequação social e econômica.

Conforme Tempel e Walgenbach (2007), as organizações buscam cumprir as

expectativas de seu ambiente, a fim de garantir a sua sobrevivência, adotando assim

elementos institucionalizados, resultando em um isomorfismo de organização e

ambiente institucional.

Três mecanismos são responsáveis pela mudança isomórfica institucional

(DIMAGGIO; POWELL, 1983):

a) Isomorfismo coercitivo: advém da influência política (ambiente legal e

governo), de pressões formais e informais exercidas sobre as organizações por

outras organizações das quais elas são dependentes, e de expectativas culturais

da sociedade em que as organizações funcionam.

b) Isomorfismo mimético: resultante de respostas padrão a incerteza, encorajando

as organizações à imitação. As organizações tendem a imitar organizações

similares em seu campo que eles percebem ser mais legítimas ou bem-sucedidas.

c) Isomorfismo normativo: associado à profissionalização do setor ou de seus

membros (organizações sindicais), que gera padronização de através da

educação formal, e das redes profissionais que abrangem as organizações,

através das quais os novos modelos são rapidamente difundidos, e tenta-se

definir as condições e métodos de trabalho para legitimar sua autonomia

profissional.

Desta forma, afirmam Perez-Batres, Miller e Pisani (2011), as práticas

isomórficas emanam da decisão da organização de ser como as outras (isomorfismo

mimético), de fazer o profissionalmente correto (isomorfismo normativo), ou de

cumprir as regras aplicadas por forças externas (isomorfismo coercitivo). Brookes,

Brewster e Wood (2005) argumentam que o isomorfismo reflete a centralidade do poder

do Estado e estruturas regulatórias formais associadas, e o fato do processo de

socialização ser moldado não só por fenômenos culturais transnacionais, mas também

por padrões específicos formais e informais de comportamento a nível nacional.

Assim, os esforços de RSC de uma organização podem ser influenciados pelo

que é percebido como legítimo e aceitável pelos atores dos ambientes institucionais

relevantes para a empresa, independentemente de cálculos econômicos diretos

(GJØLBERG, 2009).

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A Abordagem de Sistemas de Negócios destaca como a organização é

influenciada pelos quadros institucionais nacionais em que está inserida, expressando

assim dúvidas quanto ao fato da globalização realmente levar à convergência e

uniformização das práticas (TEMPEL; WALGENBACH, 2007). Conforme Matten e

Moon (2008), as instituições de uma sociedade constituem o chamado sistema nacional

de negócios. Diferentes sociedades desenvolveram diferentes sistemas de mercados,

refletindo as suas instituições, as suas éticas habituais, e suas relações sociais, gerando

diferenças nas formas em que as corporações expressam e perseguem suas

responsabilidades sociais entre diferentes sociedades.

Foss (1997) discorre que os sistemas de negócios estão inseridos em um

contexto institucional específico mais amplo (incluindo cultura nacional) para diferentes

nações e regiões, com o qual ele conjuntamente evolui e apresenta uma relação de

dependência ao longo de sua trajetória. Conforme Whitley (2007), para compreender a

importância dos tipos de sistemas de negócios para cada economia de mercado, é

necessário identificar as instituições-chave que governam a natureza da propriedade

privada, direitos, relações de confiança e autoridade, acesso financeiro, o

desenvolvimento de habilidades e conhecimento, e as relações de trabalho. Muitas

destas instituições-chave são nacionalmente específicas, variando muito entre os países.

Brookes, Brewster e Wood (2005) argumentam que a Abordagem de Sistemas

de Negócio defende que as nações estão interligadas a uma determinada trajetória de

desenvolvimento que reflete as diferentes configurações institucionais e ações sociais,

variações estas que influenciam o papel e a estruturação das empresas.

Matten e Moon (2008) asseveram que as diferenças nacionais em matéria de

RSC podem ser explicadas por quadros institucionais historicamente cultivados que

formam os sistemas nacionais de negócios. As mudanças desses quadros institucionais e

sistemas nacionais de negócios geram novos incentivos e oportunidades para as

empresas de se relacionar e posicionar com relação a sistemas mais amplos de

responsabilidade. Como destacado por Brookes, Brewster e Wood (2005), as diferenças

nos sistemas nacionais de negócios se traduzem em diferenças de práticas ao nível da

empresa.

Os quadros institucionais nacionais historicamente cultivados são formados por

quatro grandes tipos de instituições: instituições políticas, instituições financeiras,

instituições de educação e trabalho, e instituições culturais (MATTEN; MOON, 2008).

Essas características formam os sistemas de governança das nações, que são compostos

por uma combinação de atores públicos e privados (tais como órgãos públicos

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reguladores, associações comerciais, sindicatos, associações profissionais e sistemas

judiciais) que utilizam uma combinação de controles regulatórios e normativos sobre as

atividades e os atores dentro do campo organizacional (SCOTT, 2008).

A Abordagem de Sistemas de Negócios procura explicar a relação entre o que as

empresas fazem e o contexto institucional maior. Busca explicar porque certos

conjuntos de práticas persistem em determinados contextos institucionais nacionais, e

também como as empresas e outros coletivos sociais interagem e competem dentro

deste contexto nacional-institucional (BROOKES; BREWSTER; WOOD, 2005).

Como destacado por Whitley (2003), a distinção e integração nacional dos

sistemas de negócios é muito dependente do quão padronizados e complementares são

as instituições que regem a constituição e o comportamento dos agentes econômicos

dentro de Estados-Nações, e em quanto eles divergem entre os países. Assim, os

sistemas de negócios e os tipos de empresas distinguem-se nacionalmente de acordo

com a medida em que as características dos Estados e instituições relacionadas são

complementares em suas implicações para as empresas e mercados, assim como da

estruturação ativa e coordenação de grupos de interesse e suas inter-relações com as

agências estatais.

Os Estados possuem um poder extraordinário de definir a capacidade, a natureza

e os direitos gozados pelos atores políticos e econômicos (SCOTT, 2008). Portanto,

variações nas estruturas e ações estatais geram consequências significativas na forma

como as empresas e os mercados organizam-se em diferentes países, bem como em

quão padronizadas e complementares são instituições fundamentais (WHITLEY, 2003).

Confrontando-se as duas vertentes da Teoria Institucional pode-se notar algumas

semelhanças e diferenças, observadas no Quadro 02. Tanto uma vertente do

institucionalismo quanto na outra apresentam limitações, podendo aprender uma com a

outra, obtendo uma visão mais ampla e rica do ambiente institucional.

De acordo com Tempel e Walgenbach (2007), o Novo Institucionalismo enfatiza

a difusão global de práticas e a adoção destas pelas organizações , dando pouca atenção

à forma como tais práticas são interpretadas ao viajar ao redor do mundo. Por outro

lado, a Abordagem de Sistemas de Negócios enfatiza como as organizações são

influenciadas pelos quadros institucionais nacionais em que estão inseridas, no entanto,

minimiza os efeitos dos desenvolvimentos transnacionais sobre os padrões nacionais de

organização econômica.

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Quadro 02 - Comparação entre o Novo Institucionalismo e a Abordagem de Sistemas

de Negócios. Novo Institucionalismo Abordagem de Sistemas de

Negócios

Mecanismo de

adaptação

Difusão global de conceitos através do

isomorfismo.

Limitações – pouco claro se há difusão de

uma língua global comum, deixando

margem para a interpretação local, ou se os

próprios conceitos tornam-se mais

parecidos globalmente.

Reprodução de instituições e sistemas

de negócios intimamente ligados.

Limitações – não considera a

possibilidade de empresas adotarem

práticas divergentes e não fornece

nenhum mecanismo claro para

reconhecer o impacto dos

desenvolvimentos transnacionais.

Unidade de

Análise

Campo organizacional – fronteiras são

atraídas pelas fronteiras nacionais porque os

estudos empíricos focam-se na América do

Norte.

Limitações – dimensões transnacionais dos

campos organizações são negligenciadas.

Sistema de negócios - fronteiras são

equiparadas às fronteiras nacionais

devido à influência-chave das ações

estatais.

Limitações – efeito das atividades

internacionais sobre os sistemas de

negócios são minimizados.

Instituições

Instituições normativas e cognitivas -

padrões de pensamento e suposições tidas

como certas sobre as formas de organização

e práticas de gestão.

Limitações - não contém prescrições claras

de comportamento e são, portanto, abertas a

interpretação local.

Instituições estruturais-reguladoras: o

Estado, o sistema financeiro, o

desenvolvimento de habilidades e

sistema de controle, relações de

confiança e autoridade.

Limitações – minimizam a influência

das instituições supranacionais e a

difusão de conceitos normativos e

cognitivos dos atores globais.

Representação

das

organizações

Passiva: ênfase em fatores que fazem os

atores não reconhecerem ou agir em seu

interesse.

Limitações - retrato excessivamente

socializado dos atores, deixando pouca

margem de manobra para reconhecer o

importante papel que os atores

desempenham na interpretação local e

implementação de práticas globalmente

difundidas.

Passiva: estreita retroalimentação

entre os sistemas empresariais e

instituições.

Limitações - opõe-se a possibilidade

de reconhecer como atores podem

adotar estruturas organizacionais e

práticas de gestão divergentes.

Fonte: Tempel e Walgenbach (2007).

O Novo Institucionalismo pode aprender com a Abordagem de Sistemas de

Negócios a: ampliar as fronteiras de campos organizacionais por meio do engajamento

em pesquisa entre as nações, investigar o contexto institucional em que novas formas

organizacionais institucionalizadas e práticas de gestão são difundidas, pesquisar a

velocidade da difusão de conceitos de nova organização e gestão entre nações

(TEMPEL; WALGENBACH, 2007, p.11-14).

Por sua vez, a Abordagem de Sistemas de Negócios pode aprender com o Novo

Institucionalismo a: olhar para além das fronteiras nacionais, afrouxar a

retroalimentação entre os sistemas de negócios e as instituições, tratar a inserção de

diferentes características do sistema de negócios como uma variável (TEMPEL;

WALGENBACH, 2007, p.14-16).

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A abordagem de Matten e Moon (2008) para explicar as diferenças de RSC,

demonstrada na Figura 01, une as duas abordagens da Teoria Institucional, o Novo

Institucionalismo, com a influência do campo organizacional, do isomorfismo; e a

Abordagem de Sistemas de Negócios, com a influência dos sistemas nacionais. Essas

duas vertentes da Teoria Institucional complementam-se, permitindo uma visão mais

rica dos fatores que influenciam as práticas e discursos das organizações, tendo,

respectivamente, uma visão micro e macro do ambiente. De acordo com os diferentes

sistemas nacionais de negócios e o campo organizacional da empresa, podem-se

identificar duas formas distintas de RSC, a explícita e a implícita.

Por "RSC explícita", referimo-nos às políticas corporativas que assumem e

articulam a responsabilidade para alguns interesses sociais, advindo a RSC explícita de

critério das empresas, e não da autoridade governamental ou instituições formais ou

informais mais amplas. A "RSC implícita" normalmente consiste em valores, normas e

regras que resultam em (obrigatórios e habituais) requisitos para as empresas para tratar

de questões de partes interessadas e que definem as obrigações próprias de atores

corporativos no coletivo, em vez de termos individuais (MATTEN; MOON, 2008).

Figura 01 - RSC e o contexto institucional da corporação.

Fonte: Matten e Moon (2008).

A união desses dois institucionalismos demonstra que, dentro de um país, as

práticas organizacionais tendem ao isomorfismo, e entre os países, dado a seus

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diferentes sistemas de negócios nacionais, essas práticas tendem a diferenciar-se. De

acordo com Amaeshi e Amao (2009) apesar de suas diferenças sutis, o Novo

Institucionalismo e a Abordagem de Sistemas de Negócios argumentam que os

pensamentos e ações gerenciais não resultam somente da racionalidade gerencial, mas

ambos são condicionados pelos atributos contextuais dos ambientes institucionais em

que são criados e executados. Os atributos contextuais podem ser as normas sociais,

crenças, práticas, rotinas, redes, regulamentos e outras características e influências

institucionais.

Assim, onde ambientes institucionais a nível nacional são distintos, os processos

de isomorfismo buscam tornar as práticas mais semelhantes dentro do país, e diferente

entre os países (AGUILERA; JACKSON, 2003). Como destacado por Sobczak e

Martins (2010), as práticas e os discursos de RSC são formados por uma mistura

complexa de influências globais e tradições nacionais. Corroborando com o exposto,

Tang e Li (2009) afirmam que os contextos sociais e culturais específicos, muitas vezes,

relacionam-se com a forma em que a RSC é comunicada em diferentes partes do

mundo.

2.3 Comunicação de Responsabilidade Social Corporativa

Nos últimos anos, com o crescimento da importância da reputação, a

importância de comunicar a estratégia de RSC das organizações também cresceu. No

entanto, os vários exemplos de greenwashing e outras ações antiéticas geraram um

ceticismo em relação à comunicação de RSC das empresas.

As informações de RSC de uma empresa ganharam importância, pois como

afirmado por Du, Bhattacharya e Sen (2010), revelam aspectos da sua identidade

corporativa, que não só são fundamentais e duradouras, mas também muitas vezes

distintas em virtude de suas bases diferentes. Como exposto por Morsing e Schultz

(2006), hoje a atenção crítica dos stakeholders não está restrita a decisões e ações de

uma empresa, mas foca-se também sobre as decisões e ações de fornecedores,

consumidores e políticos, o que pode estimular a crítica no sentido de uma empresa.

Portanto, o engajamento de RSC das empresas hoje requer conscientização contínua de

seus stakeholders e estratégias mais sofisticadas de comunicação de RSC do que

anteriormente.

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38

Assim, para ser considerada como socialmente responsável, a organização deve

tornar suas atividades de responsabilidade social visíveis e acessíveis aos stakeholders

internos e externos, o que é conseguido através da comunicação de RSC (MAIGNAN;

FERRELL; HULT, 1999). A comunicação de RSC, de modo geral, é definida por

Frostenson, Helin e Sandström (2011) como uma forma particular de retórica

corporativa que se refere a questões éticas, sociais, ambientais ou filantrópicas. Trata-se

de um processo complexo que envolve lidar amplamente com stakeholders externos,

tais como representantes da mídia.

Tang e Li (2009) argumentam que a comunicação de RSC trata-se de uma

prática padrão através da qual as empresas divulgam suas práticas no que diz respeito à

proteção ambiental, condições de trabalho, e outros aspectos que não estão diretamente

relacionadas com o seu desempenho financeiro. Complementando o exposto, Nielsen e

Thomsen (2009) destacam que a comunicação corporativa está interligada à visão e à

estratégia da empresa, tendo como seus pilares os stakeholders, a identidade, a

reputação e a gestão estratégica.

Apesar das definições existentes, Wang e Chaudhri (2009) afirmam que a

comunicação de RSC é uma tarefa complicada para a qual não existe uma fórmula

universal. E, conforme Tate, Ellram e Kirchoff (2010), há uma preocupação entre os

acadêmicos e profissionais da relação entre as declarações e relatórios de RSC

comparados ao real compromisso corporativo de abordar as questões sociais e

ambientais.

Portanto, Wanderley et al. (2008) asseveram que a comunicação é um aspecto

controverso na área de RSC, pois ao mesmo tempo em que as organizações desejam que

seus stakeholders estejam cientes de que elas são socialmente responsáveis, são

reticentes em comunicar suas ações, temendo criar muitas expectativas e também

temendo críticas. Morsing e Schultz (2006) tratam essa questão como paradoxo da

autopromoção: caso a empresa divulgue um perfil de RSC muito alto, pode ter perda em

sua credibilidade, o que pode ser contra produtivo. Devido à falta de confiança nas

organizações, quanto mais uma empresa apregoa sua responsabilidade corporativa

aberta e publicamente, menos probabilidade há de que seja considerada importante por

muitos stakeholders (WADDOCK; GOOGINS, 2011).

Bartlett e Devin (2011) afirmam que a quantidade de empresas que reportam

RSC, bem como a quantidade de informação publicada sobre RSC, cresceram

exponencialmente nos últimos quinze anos. No entanto, com os vários escândalos de

empresas que se diziam socialmente responsáveis, há uma solicitação por uma maior

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transparência. Corroborando com o exposto, Tang e Li (2009) destacam que,

recentemente, há uma crescente pressão legal e institucional dos diferentes stakeholders

sobre as organizações, exigindo maior transparência sobre as dimensões sociais, éticas e

ambientais de suas práticas de negócios.

Em meio à ampla gama de demanda, dos mais diferentes stakeholders internos e

externos, por responsabilidade, transparência e prestação de contas de suas atividades,

as organizações têm respondido, em grande parte, através uma série de iniciativas de

responsabilidade corporativa voluntárias (WADDOCK; GOOGINS, 2011). Dado a esse

contexto de crescente desconfiança, as novas comunicações tornam-se um grande

desafio às empresas.

Arvidsson (2010) afirma que o aumento da comunicação de RSC é uma resposta

a uma necessidade identificada, às tendências de mercado e mudanças nas visões e

opiniões dos stakeholders, resultando em mais atenção e recursos sendo direcionados a

esta área. Como destacado por Jahdi e Acikdilli (2009), as organizações estão, cada vez

mais, focando-se na comunicação de RSC a fim de serem vistas como empresas 'boas'.

Também há uma pressão de diferentes stakeholders (acadêmicos, agentes corporativos,

grupos de pressão, os governos) para que as organizações adotem uma abordagem

orientada para a RSC em seus negócios. Destarte, a adoção políticas de RSC pela

organização requer comunicação com os stakeholders, não só para convencê-los de que

a empresa é séria em relação a suas estratégias de RSC, mas também para colher os

benefícios que surgem com tal imagem.

No entanto, a comunicação de RSC, muitas vezes, tem levantado ceticismo

sobre a organização, em vez de alcançar o seu objetivo pretendido de ilustrar a sua

contribuição para a sociedade (WADDOCK; GOOGINS, 2011). A comunicação de

RSC é um assunto muito delicado, e tem como um de seus principais desafios,

minimizar o ceticismo dos stakeholders e transmitir os motivos intrínsecos das

atividades de responsabilidade social de uma empresa (DU; BHATTACHARYA; SEN,

2010).

Ihlen (2011) assevera que dentre os vários desafios enfrentados pelas

organizações ao comunicarem sua RSC, o mais básico é encontrar uma forma de

convencer os stakeholders importantes de que seus esforços de RSC são mais do que

apenas uma fachada. A utilização de uma comunicação de RSC clara, transparente e

verificável pode reduzir esse ceticismo. Wagner, Lutz e Weitz (2009) afirmam que uma

das grandes razões da existência de uma lacuna de credibilidade em torno da RSC é a

chamada hipocrisia corporativa: lacuna entre o discurso da organização e o que ela

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realmente pratica. A hipocrisia corporativa é uma consequência da inconsistência de

informações de RSC.

Assim, no atual contexto de desconfiança para com a retórica das organizações,

comunicar as atividades da organização é uma tarefa complicada, variando o nível de

confiança nas empresas entre países, setores e contextos específicos (WADDOCK;

GOOGINS, 2011). Eisenegger e Schranz (2011) afirmam que, de modo geral, a

comunicação de RSC tem um status maior em países com uma tradição mais forte de

política liberal do que em países com uma tradição mais forte de welfare state. Logo, há

um maior ceticismo em países de welfare state do que em países liberais.

Destaca-se que, dada à vasta literatura sobre RSC, ainda há pouca literatura

sobre comunicação de RSC, com relativamente pouca pesquisa interdisciplinar sobre o

tema. A importância dos estudos sobre comunicação está em entender como o

significado da RSC é construído, como ele é implementado nas organizações e usado

para atingir as metas organizacionais (IHLEN; BARTLETT; MAY, 2011).

Um framework da comunicação de RSC pode ser visualizado na Figura 02,

demonstrando as questões e fatores que influenciam essa comunicação. Bartlett e Devin

(2011) destacam que escolas têm desenvolvido estratégias, modelos, diretrizes e

frameworks de comunicação de RSC, sendo estes predominantemente descritivos.

Figura 02 - Framework da comunicação de RSC.

Fonte: Du, Bhattacharya e Sen (2010).

Como demonstrado na Figura 02, a comunicação de RSC envolve características

da organização e de seus stakeholders, revelando aspectos da sua identidade corporativa

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que distinguem-se em virtude das especificidades de cada empresa (DU;

BHATTACHARYA; SEN, 2010). Todas estas características do ambiente da

organização (fatores contingenciais), bem como o conteúdo e o canal da mensagem

sobre RSC, influenciarão a eficácia da comunicação, diminuindo ou não o ceticismo dos

stakeholders. Esse diferentes aspectos da comunicação de RSC são discutidos a seguir.

2.3.1 Abordagens da Comunicação de RSC

As diferentes iniciativas de RSC focam-se em uma variedade de grupos de

stakeholders que operam em contextos e setores distintos. Logo, para comunicar-se com

esses diferentes grupos, fazem-se necessárias diferentes abordagens (WADDOCK;

GOOGINS, 2011). Frostenson, Helin e Sandström (2011) asseveram que uma mesma

empresa fala de forma diferente ou em quantidades variáveis dependendo de quem ela

visa atingir, adaptando seus conteúdos, canais e estruturas de comunicação ao contexto

e aos receptores das informações.

Basu e Palazzo (2008, p. 125) dividem o processo de construção de sentido da

RSC em três dimensões: a) cognitiva, que representa o que as empresas pensam

(orientação identidade e legitimidade); b) linguística, que representa o que as empresas

dizem (justificativa e transparência); c) conativo, que representa como as empresas

tendem a se comportar (postura, coerência e compromisso). Assim, para que as

comunicações de RSC sejam bem-sucedidas, é uma exigência dar devida atenção a

todas essas dimensões.

Bartlett e Devin (2011) destacam que dependendo da perspectiva da RSC

(normativa ou estratégica), a comunicação de RSC é vista de forma diferente. Numa

perspectiva normativa, a comunicação de responsabilidade social corporativa é vista

como uma contribuição para a construção social das normas de RSC, ou como uma

forma de comunicação contra as normas estabelecidas. Em uma perspectiva de

responsabilidade social corporativa como uma atividade estratégica, a comunicação é

vista como uma forma de construir relacionamentos com stakeholders estratégicos e

melhorar a reputação da empresa.

Há uma tensão entre as abordagens estratégica e normativa/ética da RSC e sua

comunicação, haja visto que a abordagem estratégica preocupa-se com a competição

entre as empresas e acesso a recursos, e a abordagem ética se preocupa com os

princípios em torno dos quais as organizações operam na sociedade (BARTLETT;

DEVIN, 2011).

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De acordo com a perspectiva estratégica, Basu e Palazzo (2008) classificaram a

comunicação de RSC em duas categorias: balanceada – a empresa comunica tanto

resultados favoráveis como desfavoráveis; e tendenciosa – a empresa inclui resultados

favoráveis e omite os desfavoráveis. Por outro lado, Morsing e Schultz (2006)

classificam as estratégias de comunicação de RSC em três tipos: estratégia de

informação dos stakeholders, estratégia de resposta dos stakeholders e estratégia de

envolvimento dos stakeholders. Na estratégia de informação dos stakeholders, a

comunicação é sempre de sentido único, partindo das organizações em direção os

stakeholders, tendo como objetivo disseminar informações, não necessariamente com a

intenção persuasiva, mas para informar o público tão objetivamente quanto possível

sobre a organização.

A estratégia de resposta dos stakeholders é baseada na comunicação assimétrica

de duplo sentido, partindo tanto da organização como dos stakeholders, no entanto

existe um desequilíbrio dos efeitos de relações públicas em favor da empresa. A

organização tenta mudar as atitudes e o comportamento do público. Assim, a

comunicação é vista como um feedback em termos de descobrir o que o público vai

aceitar e tolerar. A estratégia de envolvimento dos stakeholders é baseada numa

comunicação sobre duplo sentido simétrica, assumindo um diálogo com os

stakeholders. Tanto a empresa quanto os stakeholders tentam persuadir um ao o outro a

mudar.

Nielsen e Thomsen (2007) afirmam que devido à falta de um entendimento

comum e terminologia na área de RSC, as organizações têm dificuldade em desenvolver

estratégias consistentes para a elaboração de seus relatórios de RSC em termos de

gêneros, mídia, estratégias retóricas, dentre outras.

2.3.2 Mensagem e Canais da Comunicação de RSC

Hartman, Rubin e Dhanda (2007, p.377) destacam que as organizações têm

várias opções de como comunicar a sua RSC de forma efetiva, variando esta forma

dependendo do público a quem a comunicação é dirigida. As mensagens transmitidas a

alguns ou a todos seus stakeholders podem ser:

a) a RSC é do interesse estratégico da empresa a longo prazo;

b) a RSC reduz o risco de impacto negativo na reputação de outros quadrantes de

atividades da empresa (responsabilidade legal, valor das ações diminuir devido à

publicidade negativa);

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c) a RSC protege a reputação de uma empresa, sua imagem de marca;

d) a RSC pode permitir a empresa atrair e reter funcionários valiosos e manter o

moral alto;

e) a RSC reflete obrigação baseada em contrato social da empresa de “oferecer algo

de volta” para a comunidade em que atua;

f) a RSC é a coisa certa a fazer, de acordo com os valores universais, os valores

fundamentais de uma determinada rede social e/ou valores de uma determinada

corporação;

g) a RSC oferece uma troca entre a empresa e seus stakeholders, oferecendo aos

stakeholders apoio corporativo valioso (em uma variedade de formas) em troca de

permissão para operar e crescer em uma determinada comunidade.

Para Du, Bhattacharya e Sen (2010), na comunicação de RSC, a empresa pode

referir-se amplamente a uma causa social própria (sem ligação com a atividade da

empresa) ou ao envolvimento em uma causa social específica da empresa (interligada a

ela). Caso envolva-se numa causa social própria, a empresa deve enfatizar a importância

da questão social e comunicar a falta de interesse próprio na escolha desta, optando por

temas que não são logicamente relacionados aos negócios da empresa. Caso envolva-se

em uma causa social relacionada ao seu negócio, deve enfatizar a convergência de

interesses sociais e de negócio, reconhecendo que seus esforços de responsabilidade

social são benéficos tanto para a sociedade quanto para a própria empresa.

Os fatores que a empresa pode enfatizar em sua comunicação de RSC são: o seu

compromisso com uma causa, o impacto que esta causa social tem ou terá, o porquê de

se envolve em uma determinada iniciativa social (ou seja, motivos de RSC) e a

congruência entre a causa social e o negócio da empresa.

Quanto aos meios através dos quais a comunicação sobre a atividade de RSC

pode ser feita, Du, Bhattacharya e Sen (2010) destacam os seguintes canais: documentos

oficiais, como um relatório de responsabilidade corporativa anual ou de imprensa; seção

sobre RSC no site oficial das empresas; comerciais de TV, revistas ou outdoors com

propagandas; embalagens de produtos. Conforme Jahdi e Acikdilli (2009), a escolha da

mídia para divulgação de informações de RSC dependente do público-alvo.

Morsing e Schultz (2006) indicam a importância crescente de canais de

comunicação como relatórios anuais e websites, que tornaram-se meios preferidos de

comunicação RSC pelos stakeholders. Estes canais permitem uma flexibilidade máxima

e um forte foco no conteúdo. Wanderley et al. (2008) asseveram que a comunicação

com as partes interessadas através da internet tem se tornado, cada vez mais, uma das

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principais ferramentas para a divulgação de informações sobre a RSC, uma vez que

permite às empresas divulgar mais informações de forma menos dispendiosa e mais

rápida. Outra vantagem deste canal é que a informação continua permanentemente

disponível na web, permitindo ao usuário da internet escolher quais assuntos que ele

quer acessar e as vezes que ele deseja. Em um único site a empresa pode ter várias

páginas, cada uma direcionada a um stakeholder diferente.

Para Perks et al. (2013), ainda que vários canais de comunicação de RSC sejam

utilizados pela empresa, pode-se dizer que os relatórios sociais, os sites e a publicidade

desempenham papel mais importante. Em comparação aos outros dois canais, a

publicidade tem maior eficácia de comunicação. No entanto, dentre os três canais, a

publicidade sobre RSC é a menos pesquisada. Du, Bhattacharya e Sen (2010) destacam

que os relatórios de responsabilidade corporativa ainda são o canal de comunicação de

RSC dominante.

Embora existam vários canais de comunicação de RSC controlados pela

empresa, é grande e crescente o número de comunicadores externos de RSC que não são

totalmente controlados pela empresa. Há uma espécie de trade-off entre o nível de

controle da empresa sobre o canal de comunicação e a credibilidade da comunicação de

RSC, sendo os canais menos controláveis os mais críveis, e vice-versa. A organização

também deve incentivar os canais de comunicação informais confiáveis, como boca-a-

boca dos stakeholders, como os empregados e os consumidores (DU;

BHATTACHARYA; SEN, 2010). Morsing (2006) assevera que comunicar as ações de

RSC através de stakeholders externos (boca-a-boca) é uma das mais poderosas

estratégias de comunicação disponíveis.

2.3.2.1 Relatórios de RSC

Segundo Frostenson, Helin e Sandström (2011), juntamente com o aumento

considerável na comunicação RSC, surgiu a necessidade de organizar e estruturar as

informações. Como ressaltado por Arvidsson (2010), devido a não existência de um

quadro estabelecido de como comunicar de forma consistente a RSC, os gestores das

organizações sentem-se confusos ao estabelecer quais e como as informações de RSC

devem ser comunicadas a fim de satisfazer as necessidades de informação dos

stakeholders e legitimar os comportamentos das empresas.

A fim de evitar confusão, que pode surgir com a falta de informação

comparável, tem-se buscado, ultimamente, estabelecer um framework global de

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relatórios de RSC (GOLOB; BARTLETT, 2007). A literatura de RSC existente,

segundo Reynolds e Yuthas (2008), considera o relatório como um componente

necessário de prestação de contas da sociedade, tendo como foco principal a

comunicação das ações da empresa aos componentes da sociedade.

Golob e Bartlett (2007) destacam que os relatórios de RSC são uma ferramenta

essencial para a comunicação com os stakeholders sobre as atividades de

responsabilidade social de uma organização. São um caminho para as organizações

fornecerem informações para as diferentes partes interessadas em relação às questões

sociais e ambientais. Para Nielsen e Thomsen (2007) um marco é o surgimento de

relatórios não-financeiros, vistos como uma tentativa de aumentar a transparência em

relação aos atos societários relativos a questões sociais e ambientais, o que levou ao

surgimento de uma gama de certificados e procedimentos de auditoria, que vão além da

contabilidade financeira e incluem o desempenho social e ambiental.

Embora os relatórios de responsabilidade corporativa sejam tratados como uma

atividade emergente, Owen e O’Dwyer (2008) afirmam que o disclosure social através

de relatórios corporativos remonta ao início do século XX. Blowfield e Murray (2008)

asseveram que pesquisas da década de 1980 indicam que algumas empresas da Austrália

e dos EUA reportavam questões sociais antes da I Guerra Mundial; na década de 1970,

devido a vários escândalos e colapsos de empresas, as organizações passaram a incluir

mais informações não financeiras em seus relatórios anuais; em 1975, com a publicação

de Corporate Reporting, é enfatizado que o papel tradicional dos relatórios anuais pode

tornar-se mais relevante com a inclusão de informações sociais e ambientais.

Na década de 1980, devido às mudanças político-econômicas trazidas por

Thatcher e Reagan, as empresas focam-se em fatores macroeconômicos e há um

declínio dos relatórios sociais. Na década de 1990, com iniciativas pioneiras de

organizações como o World Business Council for Sustainable Development (WBCSD),

Institute of Social and Ethical Accountability (ISEA), Council on Economic Priorites,

os relatórios sociais reemergem. Nessa década, afirmam Owen e D’wyer (2008), devido

ao elevado número de crítica às organizações, às catástrofes ambientais e ao aumento da

consciência pública dos potenciais impactos negativos da atividade econômica

empresarial sobre a qualidade de vida global, nota-se uma presença significativa de

relatórios ambientais. Emergem os relatórios de sustentabilidade, unindo as dimensões

ambientais, sociais e econômicas.

Golob e Bartlett (2007) classificam os relatórios de RSC em três tipos:

obrigatórios, solicitados e voluntários. Os defensores do relatório obrigatório acreditam

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que este deve ser regulado pelo Estado, a fim de proteger os cidadãos e garantir que a

informação adequada seja fornecida. Em relação aos relatórios solicitados, o núcleo da

informação solicitada é a demanda por informações emitidas por um grupo de

stakeholders. Desenvolve novas formas, mais simétricas e dialógicas, de comunicação

que permitem aos stakeholders obter informações mais ricas, e em muitos casos,

melhores. Os relatórios voluntários são a forma mais reconhecida de relatórios. Tem

como principal característica sua forma e conteúdo voluntários, que podem levar as

empresas a utilizá-los para retratar sua imagem de forma favorável.

Conforme Golob e Bartlett (2007, p.4), existem três categorias distintas que

reforçam relatórios de RSC. São elas:

a) Códigos de conduta: Diretrizes da OCDE, a Declaração da OIT, etc.;

b) Normas de gestão: SA8000, ISO 14000, etc.;

c) Exames e classificações: Índice de Sustentabilidade Dow Jones, FTSE4Good.

Diferentes grupos criaram modelos ou frameworks para comunicar e verificar a

RSC das organizações, e dentre todos os modelos criados, destaca-se as diretrizes da

GRI. A Global Reporting Initiative (GRI), através do Conjunto de Diretrizes para

Relatórios de Sustentabilidade, criado em 1997 como um desdobramento da Coalizão

para Economias Ambientalmente Responsáveis (CERES), em parceria com o Programa

das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Golob e Bartlett (2007) afirmam

que a missão da GRI é desenvolver e disseminar as Diretrizes para Relatórios de

Sustentabilidade aplicáveis globalmente, através das quais as organizações relatam

voluntariamente suas atividades nas dimensões social, ambiental e econômico.

Conceição, Dourado e Silva (2012) destacam que os relatórios da GRI

estabelecem uma proposta que envolve as dimensões econômica, social e ambiental, o

chamado triple bottom line, ampliando o disclosure da empresa tanto para os

stakeholders internos quanto externos. As diretrizes GRI dividem-se em dois grupos: o

primeiro é formado princípios para definição de conteúdo, para assegurar a qualidade da

informação e orientações para definição dos limites do relatório; o segundo grupo de

informações é formado pelo conteúdo do relatório, perfil da organização, forma de

gestão e apresentação dos indicadores de desempenho.

Reynolds e Yuthas (2008) destacam que o relatório deve incluir o conteúdo:

"categorias" (agrupamentos de questões econômicas, ambientais e sociais de interesse

dos stakeholders); "aspectos" (tipos gerais de informações relacionadas a uma categoria

específica); e "indicadores" (medidas específicas de um aspecto individual que pode ser

usado para acompanhar e demonstrar o desempenho).

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O conjunto de indicadores de desempenho é dividido nas categorias econômico,

ambiental, práticas trabalhistas e trabalho decente, direitos humanos, sociedade e

responsabilidade pelo produto (GRI, 2006).

Conforme Blowfield e Murray (2008), as diretrizes da GRI são consideradas os

conteúdos de relatórios mais relevantes. Conceição, Dourado e Silva (2012) asseveram

que o GRI, em termos de relatório de sustentabilidade, é a demonstração voluntária

mais utilizada do mundo, e tem como objetivo ser globalmente aplicável a qualquer

organização que deseja preparar estes documentos. Sua estrutura é continuamente

melhorada e revisada, contribuindo para que seja um instrumento relevante de

comunicação das práticas socioambientais das companhias.

Quanto ao processo avaliativo, as próprias organizações declaram o nível em

que aplicaram a estrutura de Relatório GRI por meio do sistema de chamados ‘Níveis de

Aplicação’. A autoclassificação pode ser feita em três níveis - A, B e C. Caso utilize-se

de verificação externa (auditoria), a organização pode classificar-se numa condição

diferenciada - A+, B+, C+ (GRI, 2006). A publicação de relatórios de acordo com as

diretrizes GRI possibilita comparações entre empresas e entre períodos de tempo.

Reynolds e Yuthas (2008) asseveram que, através do uso generalizado de

diferentes modelos de como reportar, tais como relatório GRI ou modelos criados pela

própria organização, e o consequente aumento da comunicação de RSC voluntária, as

organizações vêm reconhecendo a importância da comunicação com as partes

interessadas.

Chatterji e Levine (2006) destacam que as empresas têm utilizado uma grande

variedade de métricas de RSC, reportando de acordo com estas. Ao reportar utilizando

tais métricas, como por exemplo, as diretrizes da Global Reporting Initiative, pode-se

aumentar o nível da performance social da organização, maximizando seus lucros.

Ressaltam ainda que a proliferação de métricas pode beneficiar às organizações de baixa

performance de duas formas: as organizações de baixa performance podem projetar

suas próprias métricas de nomes chamativos e enganar os clientes ou outras partes

interessadas. Em segundo lugar, a proliferação confunde muitos consumidores e

investidores socialmente responsáveis, fazendo com que eles reduzam a importância

dada às métricas com alta validade.

Estudos realizados sobre a comunicação de RSC, desde os anos 1970, destacam

que as métricas dos relatórios de RSC são determinadas pelo tamanho, indústria, países

de operação, e rentabilidade da empresa, dentre outros fatores (TANG; LI, 2009).

Apesar de fornecer uma base para a comunicação de RSC e muitas vezes legitimarem as

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atividades da organização, as métricas nem sempre significam conformidade. Nem

sempre as métricas, índices e diretrizes são consistentes em relação ao que elas medem,

e os critérios utilizados em cada um destes variam muito (PORTER; KRAMER, 2006).

De tal forma, Lindgreen e Swaen (2010) asseveram ser necessária uma revisão crítica

das escalas e indicadores existentes, ajudando a medir o impacto da RSC sobre as

diferentes dimensões da sociedade e da empresa. Faz-se necessário encontrar uma

fórmula de como se implementar e comunicar a RSC aos stakeholders (NIELSEN;

THOMSEN, 2007).

2.3.3 Eficácia da Comunicação de RSC

De acordo com Du, Bhattacharya e Sen (2010), em relação à eficácia da

comunicação de RSC, a literatura aborda dois fatores relativos à corporação que a

influenciam: a reputação corporativa e posicionamento de RSC. A reputação

corporativa abrange dimensões como a qualidade do produto, inovação, valor do

investimento, gestão de pessoas e responsabilidade social. Por servir, muitas vezes,

como um esquema pré-existente sobre o qual os stakeholders interpretam informações

ambíguas sobre a empresa, a reputação corporativa modera a eficácia da comunicação

RSC.

O posicionamento de RSC trata-se de como a empresa se baseia em suas

atividades de responsabilidade social para se posicionar, em relação à concorrência, nas

mentes dos consumidores. Ao ter um posicionamento de RSC relativamente incomum,

ao invés de engajar-se superficialmente em tais atividades, os stakeholders passam a

prestar mais atenção na mensagem de RSC da empresa, bem como acreditam na

autenticidade dos esforços de responsabilidade social da organização, resultando em

maior persuasão a favor da empresa (DU; BHATTACHARYA; SEN, 2010).

Simplesmente comunicar as ações de RSC aos stakeholders da organização não

é mais suficiente. Deve-se incorporá-los e engajá-los nos processos de RSC, decidindo-

se assim quais atividades de RSC devem ser desenvolvidas. Destaca-se que diferentes

stakeholders dão diferentes níveis de importâncias às várias atividades de RSC. Assim,

a comunicação de RSC deve ser dirigida a stakeholders específicos, e deve ser

constantemente reavaliada para certificar-se que as expectativas dos stakeholders estão

sendo correspondidas. Surge assim o desafio de entender o que comunicar, onde

comunicar e entender os diferentes fatores específicos que podem impactar na

efetividade da comunicação de RSC (BARTLETT; DEVIN, 2011).

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Du, Bhattacharya e Sen (2010) destacam que algumas características dos

stakeholders, os destinatários da comunicação RSC, também moderam a eficácia da

comunicação de RSC. São elas:

a) Tipos de stakeholders: a comunicação de RSC tem diferentes públicos que

variam em termos de suas expectativas de negócios e necessidades de informação,

podendo estes responder de forma diferente aos vários canais de comunicação de RSC.

A empresa deve assim adaptar sua comunicação às necessidades específicas dos

diferentes grupos de interesse. Dawkins (2004) classifica os stakeholders em dois

grupos: líderes de opinião e público em geral. O primeiro grupo é formado por

legisladores, imprensa de negócios, investidores (institucionais, tradicionais e

comunidade de investimento socialmente responsável) e organizações não

governamentais (ONGs). Esse grupo é mais propenso a buscar proativamente as

informações de RSC sobre uma empresa, e a usar o relatório de RSC para obter uma

imagem completa do seu registro de RSC da organização, buscando indicadores

detalhados, pontos de referência, metas e tendências, bem como estudos de caso. O

público em geral é formado pelos consumidores e comunidades locais. Esse grupo,

muitas vezes, não procura proativamente informações sobre a RSC, mesmo no que diz

respeito a questões que consideram particularmente importantes. Para atingir

eficazmente o público em geral, as organizações devem usar uma variedade de canais de

comunicação ou, alternativamente, focar-se em um ou dois canais de grande relevância.

b) Apoio à questão: está relacionado à motivação dos atores para processar

informações sobre a RSC, refletindo as necessidades pessoais e valores das partes

interessadas, devendo as organizações explicar e comunicar a importância dos temas

focais de suas iniciativas sociais a fim de aumentar o apoio dos stakeholders ao

problema. Pode-se também aumentar o apoio à questão engajando ativamente os

stakeholders na iniciativa social, pedindo contribuições das partes interessadas na

seleção de qual questão social ou organização sem fins lucrativos apoiar. Deve-se

acompanhar quais são as questões consideradas prioritárias pelos principais

stakeholders da organização (DU; BHATTACHARYA; SEN, 2010). A fim de

conseguir maior apoio à questão social, a organização deve conscientizar e repassar

conhecimento acerca da questão social aos seus stakeholders (BHATTACHARYA;

SEN, 2004).

c) Orientação de valor social: está relacionada com a motivação dos stakeholders

para processar informações sobre a RSC, existindo três tipologias de orientação de valor

social - a pró-social, a individualista e a competitiva. Os pró-sociais tendem a buscar a

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igualdade, maximizando os resultados para si e para os outros, e minimizando as

diferenças entre os resultados. Os individualistas, por sua vez, tendem a maximizar os

seus próprios resultados com pouca ou nenhuma consideração pelos resultados dos

outros. Os competidores tendem a maximizar seus próprios resultados em relação aos

resultados como forma de obter vantagem relativa sobre os outros. Essas tipologias de

orientação de valor social podem ser utilizadas para prever uma variedade de

comportamentos sociais (DU; BHATTACHARYA; SEN, 2010).

2.4 Ambiente Institucional e Comunicação de RSC

Amaeshi e Amo (2009) asseveram que, na última década, o interesse na

dimensão institucional das práticas de RSC começou a emergir. Conforme Aguilera e

Jackson (2003), a análise institucional comparativa permanece em sua infância, ainda

que haja um consenso crescente de que "as instituições importam". Para comparar e

explicar a diversidade entre as nações exige-se especificação sistemática de quais

instituições importam e como elas moldam as práticas organizacionais. Dacin,

Goodstein e Scott (2002) destacam que a ampla maioria da literatura institucional tende

a se concentrar nos níveis mais micro, em períodos de tempo mais curtos, e nos

processos de mudanças incrementais.

Wanderley et al. (2008), como conclusão de seu estudo com empresas de oito

países emergentes (África do Sul, Brasil, Chile, China, Índia, Indonésia, México e

Tailândia), afirmam que a divulgação de informações de RSC na web é profundamente

influenciada pelo país de origem da organização, recebendo também influência do setor

da indústria, tendo estes dois fatores influência diferente sobre tal divulgação.

Golob e Bartlett (2007), ao comparar a comunicação de RSC de Austrália e

Eslovênia, corroboram com o ponto de vista de Wanderley et al. (2008), adicionando

também o tamanho da indústria como outro fator a influenciar a comunicação de RSC.

A forma e conteúdo da comunicação dependem de elementos contextuais, como o

tamanho da empresa, os grupos específicos de interesse, a complexidade do problema, o

nível de ambição e a natureza do engajamento especificado pela empresa (NIELSEN;

THOMSEN, 2007).

Alon et al. (2010), ao comparar a comunicação de RSC de empresas do Brasil,

China, Índia e Rússia, asseveram que existem diferenças na forma como as empresas

dos respectivos países abordam e comunicam seus esforços de RSC, podendo essas

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51

diferenças ser explicadas pelos diferentes ambientes institucionais e diferentes setores

representados.

Pode-se dizer que a amplitude, o conteúdo e a intensidade da comunicação de

RSC variam de acordo com as diferentes empresas, regiões e países (MAIGNAN;

RALSTON, 2002; LATTEMANN et al., 2009; LI et al., 2010). Wang e Chaudhri

(2009), ao pesquisar a RSC entre as empresas chinesas, sugerem que, na formação de

suas práticas e comunicação de RSC, a empresa considere seu contexto socioeconômico

e a interação complexa de fatores históricos, institucionais e globais.

Ao estudar as práticas de RSC no Brasil e na França, a pesquisa Sobczack e

Martins (2010) mostra que as tradições legais, culturais e socioeconômicas dos países

desempenham um papel importante na definição das relações entre as organizações e a

sociedade. Tate, Ellram e Kirchoff (2010) asseveram que a pressão institucional tem

maior valor de influência sobre a comunicação de RSC. Os resultados de sua pesquisa

indicam ainda que as empresas parecem utilizar os relatórios de RSC como um meio

para melhorar a reputação, comunicando suas contribuições sociais e ambientais

positivas.

Lattemann et al. (2009), ao estudar a intensidade de comunicação da RSC das

multinacionais chinesas e indianas, ressaltam que o ambiente institucional macro de um

país, assim como o setor ao qual a empresa pertence, afetam fortemente o

comportamento de RSC da empresa. O ambiente de governança (as instituições

políticas, econômicas e culturais que facilitam ou restringem o comportamento de

governança de uma empresa), a nível nacional, é um dos determinantes da adoção de

comunicações de RSC.

Corroborando com o exposto, Chapple e Moon (2005), ao analisar a divulgação

de relatórios de RSC nos websites de empresas de sete países asiáticos (Índia, Indonésia,

Malásia, Filipinas, Cingapura, Coréia do Sul e Tailândia), concluíram que a RSC varia

entre estes países em função dos diferentes sistemas nacionais de negócios.

Campbell (2006) destaca que alguns estudos descobriram que as atitudes

gerenciais em relação à RSC variam entre as nações. A regulação, a estrutura política e

as instituições normativas, variam entre os países, afetando o comportamento das

empresas. Como demonstrado pelas pesquisas acima, o ambiente que rodeia a empresa

influencia sua comunicação de RSC, destacando-se o ambiente de governança, o

desenvolvimento econômico, a corrupção governamental e o nível educacional presente

nos países.

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52

2.4.1 Ambiente de Governança e Comunicação de RSC

As instituições políticas, econômicas e sociais dominantes em um país formam o

chamado ambiente de governança, que facilita ou restringe a escolha do mecanismo de

governança por organizações e indivíduos em uma sociedade. Li, Park e Li (2004)

afirmam que, de modo geral, o ambiente de governança dos países pode ser classificado

em baseado nas regras (rule-based) ou relacional (relation-based).

O ambiente de governança baseado nas regras é caracterizado por regras

públicas (leis e políticas estatais e regulamentações) transparentes, justas e

universalmente aplicadas; Estado capaz de cumprir as regras de forma imparcial (LI;

PARK; LI, 2004). Esse ambiente de governança é apoiado por uma infraestrutura bem

estabelecida de ordem pública (corpo de elaboração, interpretação e aplicação das leis)

e, para que ele funcione de forma eficiente, é necessária a existência um sistema de

informação pública de qualidade, com o mínimo de ruído, confiável e seguro (LI, 2013).

Por sua vez, o ambiente de governança de base relacional é caracterizado por

regras públicas injustas, sombrias; Estado incapaz de cumprir as regras de forma

imparcial, criando nas pessoas uma tendência a confiar em relações pessoais para

governar os seus interesses (LI; PARK; LI, 2004).

Li (2013) destaca que no ambiente de governança relation-based há uma ordem

pública ineficaz, com leis feitas sem um processo justo e representativo, e com tribunais

parciais. Consequentemente, as organizações e indivíduos, ao invés de seguirem as

regras públicas, tendem a recorrer a meios privados de proteção e resolução de

problemas, que podem incluir subornar funcionários do governo, contratar organizações

criminosas, ou desenvolver e unir redes privadas que podem, informalmente, fornecer

proteção e obtenção de recursos públicos. No Quadro 03 são apresentadas

características chave dos ambientes de governança rule-based e relation-based.

Quadro 03 - Comparação entre os ambientes de governança rule-based e relation-

based. Relation-based Rule-based

Baseia-se em informações privadas e locais Baseia-se em informações públicas

Acordos implícitos e não verificáveis Acordos explícitos e verificáveis por terceiros

Contratos específicos pessoais e intransferíveis Contratos públicos e transferíveis

Altas barreiras de saída e entrada Baixas barreiras de saída e entrada

Exige uma ordem social mínimo Exige uma infraestrutura legal bem desenvolvida

Baixos custos fixos para configurar o sistema Custos fixos elevados para configurar o sistema

Elevados e crescentes custos marginais de

manutenção

Baixos e decrescentes custos marginais de

manutenção

Eficaz em economias pequenas e emergentes Eficaz em economias grandes e avançadas

Fonte: Li, Park e Li (2004).

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53

Como demonstrado no Quadro 03, outra característica central dos ambientes de

governança é a confiabilidade e publicidade da informação. No ambiente relation-

based, a informação é, em grande parte, local e privada, não podendo ser verificada por

um terceiro. No ambiente de governança baseado em regras, em grande parte, tem

informações públicas e publicamente verificáveis. Quanto à presença de barreiras de

entrada e saída, nota-se grande presença destas na governança de base relacional. Há

custos fixos baixos, altos custos marginais para a construção da reputação da empresa, e

um pequeno tamanho do mercado, implicando em elevadas barreiras à entrada,

características comuns em muitos países em desenvolvimento. As barreiras de saída

também são elevadas, devido aos grandes custos do desenvolvimento e à dificuldade em

desenvolver novas relações (LI; PARK; LI, 2004).

Os autores destacam que, de modo geral, em uma sociedade com ambiente de

governança de base relacional, você não é o que você é, mas quem você conhece.

Baseadas nisso, as empresas preferem contratar e promover pessoas com base na

reputação anterior. Por outro lado, a governança baseada em regras incentiva as

empresas a contratar e promover pessoas com base em seu espírito proativo e criativo.

Li, Park e Li (2004) pontuam que existem países com um híbrido dos dois sistemas de

governança, com regras e relações de ambos desempenhando um papel importante.

Li et al. (2010) argumentam que um ambiente de governança de base relacional,

que pode ser classificado como um tipo de regime não democrático, tende a ser menos

preocupado com as questões sociais. Isso deve-se ao contrapeso no sistema político, que

cria, nos cidadãos, uma tendência a menos voz ativa nas questões sociais e menos

capacidade de influenciar questões sociais. Portanto, as empresas enfrentam algumas

pressões do governo para se comportar de forma responsável. Argumenta-se que, nesse

ambiente institucional, as organizações não se sentem obrigadas a comunicar sobre

responsabilidade social (LATTEMANN et al., 2009; LI et al., 2010).

Dado o exposto, a primeira hipótese vincula-se ao ambiente de governança dos

países sendo assim definida:

H1: Países com ambiente de governança mais rule-based tendem a ter uma

maior intensidade de comunicação de RSC.

2.4.2 Desenvolvimento Econômico e Comunicação de RSC

Baughn, Body e McIntosh (2007) apontam para uma ligação positiva entre o

desenvolvimento econômico do país e o desenvolvimento de políticas de RSC. Diz-se

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que níveis mais elevados de riqueza poderiam fornecer mais recursos e tecnologia para

iniciativas sociais e ambientais, e níveis mais elevados de riqueza per capita

permitiriam aos cidadãos de um país, sejam como consumidores e/ou como

funcionários, fazerem maiores exigências de responsabilidade corporativa. Li et al.

(2010) argumentam que vários estudos têm demonstrado a relação positiva entre o nível

de desenvolvimento econômico, muitas vezes medido pelo PIB per capita, e a RSC. O

relacionamento positivo dá-se devido a um maior nível de riqueza permitir ao cidadão

preocupar-se mais com o bem-estar não econômico da sociedade, pressionando as

empresas a serem mais socialmente responsáveis.

Confirmando o exposto, Welford (2005), ao realizar um estudo com 15 países na

Europa, América do Norte e Ásia, chegou à conclusão de que há uma relação entre o

desenvolvimento econômico e a RSC, uma vez que países mais desenvolvidos

economicamente, apresentam maior incidência de políticas de RSC.

Mahmood e Humphrey (2013) argumentam que o estágio de desenvolvimento

econômico de um país pode conduzir a uma diferente percepção dos stakeholders

quanto à importância das atividades de RSC. Assim, quando um país caminha em

direção a uma economia de mercado e à industrialização, há uma ênfase maior nos

benefícios econômicos que as empresas podem gerar para a sociedade, e não nas

questões ambientais e de direitos humanos.

Ellis e Bastin (2011) corroboram com esta proposição, destacando que em

tempos de recessão econômica, há um aumento implícito no foco das empresas sobre a

necessidade de todas as atividades empresariais contribuírem para a sua sustentabilidade

econômica, relegitimando a visão de que o papel das empresas é gerar um lucro e

sobreviver. Chega-se inclusive a modificar a linguagem utilizada pela mídia e por

agentes corporativos para se referir à RSC, passando a tratá-la por termos como

sustentabilidade e práticas de negócios sustentáveis, focando-se nos negócios como

meio de demonstrar a eficiência e se concentrar mais acentuadamente em sua

durabilidade e rentabilidade.

Baseado nas pesquisas expostas, a segunda hipótese vincula-se ao

desenvolvimento econômico dos países, sendo assim definida:

H2: Países mais desenvolvidos economicamente tendem a ter uma maior

intensidade de comunicação de RSC.

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2.4.3 Corrupção e Comunicação de RSC

Fatores institucionais, tais como as agências governamentais, os grupos de

interesse e as estruturas regulatórias exercem um papel importante no incentivo às

atividades de RSC, pois ajudam a estabelecer as regras do jogo através das quais as

empresas ganham legitimidade na sociedade (BAUGHN; BODY; MCINTOSH, 2007).

No entanto, como destacado por Nwabuzor (2005), estas regras podem ser modificadas

e desviadas através da corrupção, do abuso do poder público em benefício privado, o

que pode drenar os ativos das empresas que poderiam ser usados para fins socialmente

produtivos. Por exemplo, pagamentos clandestinos podem ser usados para evitar a

necessidade de obedecer às restrições reguladoras.

A corrupção é mais comumente definida como o mau uso do poder público para

ganhos privados (RODRÍGUEZ et al., 2006). Conforme Rodríguez, Uhlenbruck e Eden

(2005), estudos apontam que a corrupção, embora ocorra em todos os lugares, é

particularmente difundida em economias menos desenvolvidas e em transição, e trata-se

de um grave obstáculo ao desenvolvimento econômico e à estabilidade destes países. Os

autores evidenciam que a corrupção tem uma natureza variável e que para combatê-la é

necessário adotar diferentes estratégias em diferentes mercados.

Rodríguez et al. (2006) apontam que, na última década, as pesquisas sobre

corrupção cresceram rapidamente. No entanto, pouco se sabe sobre estratégias para

evitar ou gerir a corrupção, bem como sobre quais gestores estão dispostos a

envolverem-se com a corrupção e o porquê. Doh et al. (2003) complementam o exposto

afirmando que muitos estudos detalham o impacto da corrupção sobre as economias

nacionais, e outros consideram a corrupção no contexto da ética e da responsabilidade

social, mas poucos preocupam-se em avaliar o impacto da corrupção sobre as empresas.

Os autores especificam em sua pesquisa custos diretos e indiretos da corrupção que

afetam a tomada de decisão de negócios, descrevendo-os e oferecendo um conjunto de

prescrições para a gestão em ambientes corruptos.

Pesquisas apontam que países com alto nível de corrupção e com um sistema

legal pobre tendem a ter padrões de contabilidade soltos em termos de regras de

divulgação (LI; FILER, 2007).

Através de pesquisa desenvolvida com uma amostra global de 140 países,

Baughn, Body e McIntosh (2007) concluíram que a corrupção do governo é o mais forte

preditor de ambas as formas de RSC (ambiental e social), destacando que a RSC está

significativamente relacionada a baixos níveis de corrupção.

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Ao influenciar a responsabilidade social corporativa, a corrupção

governamental, consequentemente, influencia as questões às quais ela trata, seus

significados, suas práticas e estratégias. Atualmente, com as exigências por

transparência, uma das práticas fundamentais da RSC é a comunicação (CAPRIOTTI;

MORENO, 2007; ARVIDSSON, 2010). Logo, por tratar-se de uma extensão da RSC,

uma de suas práticas, pressupõe-se que a comunicação de RSC também sofre influência

da corrupção governamental.

De acordo com o exposto, a terceira hipótese vincula-se à corrupção

governamental dos países, sendo assim definida:

H3: Países com menor presença de corrupção governamental tendem a ter uma

maior intensidade de comunicação de RSC.

2.4.4 Nível Educacional e Comunicação de RSC

A educação, conforme Matten e Moon (2008), é uma área que, marcadamente,

demonstra as diferentes formas de RSC. O nível educacional do país demonstra a

capacidade dos cidadãos de entenderem os princípios de RSC (LIM; TSUTSUI, 2012).

Portanto, quanto maior for o nível educacional do país, melhor seus cidadãos

compreenderão a responsabilidade social corporativa, seus princípios e as questões das

quais ela trata.

Os trabalhos de Quazi (2003) e Huang (2013) corroboram com o exposto. Quazi

(2003) afirma que gestores com grau educacional mais elevado, especialmente com

diplomas universitários, desenvolvem uma percepção mais elaborada das implicações

de RSC, tanto para as suas empresas como para a sociedade. Estes gestores podem

orientar suas organizações na busca de uma maior consciência social. Huang (2013)

encontrou uma relação positiva entre a especialização educacional dos CEO e o

desempenho de RSC. Os resultados indicam que um CEO com MBA ou mestrado tem

uma melhor performance em RSC, sendo este o principal fator que influencia o

desempenho de RSC de uma empresa.

Sobczak, Debucquet e Havard (2006) demonstraram que o nível educacional e a

orientação educacional de diferentes tipos de instituições acadêmicas influenciam as

atitudes pessoais em relação a conceitos e ferramentas de RSC e percepção das

empresas de estudantes e jovens gestores.

Por sua vez, Cheah et al. (2011) constataram que o nível educacional afeta as

decisões de investidores quanto a procurarem investimentos socialmente responsáveis

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ou não. Investidores com maior nível educacional tendem a ser mais conscientes e

preocupados com os impactos socioambientais das atividades das empresas, além de

serem mais céticos em relação aos relatórios anuais das empresas.

Conforme o trabalho de Pérez e Rodríguez del Bosque (2013), indivíduos com

altos níveis educacionais geralmente são clientes socialmente responsáveis. As

percepções de negócios dos clientes, bem como suas atitudes pessoais frente a conceitos

e instrumentos de RSC, sofrem também influencia da orientação educacional. Essa

relação foi constatada por Cai e Aguilar (2013) que, ao analisarem o comportamento

dos consumidores da indústria madeireira dos Estados Unidos e da China, verificaram

que consumidores que têm nível de ensino superior buscam comprar produtos de

empresas de melhor desempenho de RSC, tendo assim tais consumidores preferências

mais elevadas. Logo, o nível educacional dos consumidores influencia suas escolhas em

relação à de qual empresa comprar.

Tseng et al.(2010), ao estudarem as pequenas e médias empresas de Taiwan,

constataram que a educação tem papel fundamental na implementação da RSC nestas

organizações. Cursos de RSC, abordagens de ensino acerca deste tema e questões

ligadas à RSC influenciam positivamente a implementação de RSC em uma empresa e a

divulgação de relatórios de RSC. Tem-se a educação como um fator vital que pode

comunicar e persuadir funcionários e acionistas para apoiar a RSC.

Ao influenciar as decisões de consumidores e investidores quanto a RSC, a

implementação da RSC em pequenas e médias empresas, e as percepções dos gestores

quanto ao impacto da RSC, consequentemente, espera-se que o nível educacional afete

uma das principais questões da responsabilidade social corporativa, sua comunicação.

Face ao exposto, a quarta hipótese vincula-se ao nível educacional dos países, sendo

assim definida:

H4: Países com maior nível educacional tendem a ter uma maior intensidade de

comunicação de RSC.

Através da relação entre as variáveis do ambiente institucional utilizadas nessa

pesquisa (ambiente de governança, desenvolvimento econômico, corrupção

governamental e nível educacional) e a comunicação de RSC, demonstrada pelo

referencial teórico e exposta pelas hipóteses deste estudo, foi possível montar um

framework, demonstrado na Figura 03.

O ambiente institucional dos países forma os chamados sistemas nacionais de

negócios, que influenciam as organizações. Os sistemas nacionais de negócios são

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constituídos pelo sistema político, sistema de educação e trabalho, sistema cultural e

sistema financeiro de cada país, sistemas estes representados nesta pesquisa pelo

ambiente de governança, nível educacional, corrupção governamental e

desenvolvimento econômico de Brasil, Chile, México e Panamá.

Como proposto na Figura 03, as organizações, aos sofrerem influência do

ambiente institucional e sistema nacional de negócios, tomam decisões quanto a

implementar ou não a RSC, suas políticas e características, decidindo também sobre a

comunicação de RSC.

Figura 03 - Framework da relação do ambiente institucional com a comunicação de

RSC.

Fonte: Elaborado pela autora (2014).

Como destacado por Gjølberg (2009), pode-se dizer que os esforços de RSC

estão relacionados a fatores estruturais, político-econômicas nos níveis nacional e

internacional, e não só com as características específicas da empresa. No entanto, vale

ressaltar que as mudanças institucionais tendem a ocorrer de forma lenta e fragmentada,

e mesmo quando as pressões internacionais levam a alterações semelhantes em um

domínio institucional, estes efeitos podem ser mediados pela ampla configuração das

instituições nacionais (AGUILERA; JACKSON, 2003). A mudança institucional pode

prosseguir a partir dos microníveis interpessoais e intraorganizacionais, aos níveis mais

macro da sociedade e global (DACIN; GOODSTEIN; SCOTT, 2002).

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3 METODOLOGIA

Este capítulo trata da metodologia empregada na pesquisa. São abordados a

Caracterização da Pesquisa (seção 3.1), buscando trazer uma visão geral de como a

pesquisa foi desenvolvida; Amostra e Critérios de Seleção (seção 3.2), demonstrando a

composição da amostra e os critérios utilizados em sua seleção; Definição das Variáveis

Analisadas (seção 3.3), onde cada variável utilizada na pesquisa é explicada, mostrando

qual dimensão do ambiente institucional cada uma delas representa; por fim, Técnicas

de Análise dos Dados (seção 3.4), com foco na explanação sobre a análise de dados em

painel, principal ferramenta estatística utilizada na análise.

3.1 Caracterização da Pesquisa

Este estudo tem como objetivo analisar a influência do ambiente institucional de

Brasil, Chile, México e Panamá na intensidade de comunicação de responsabilidade

social corporativa. Caracteriza-se, quanto aos fins ou objetivo, como uma pesquisa

exploratória e descritiva. A pesquisa exploratória, de acordo com Sampieri, Collado e

Lucio (2006), examina um tema ou problema pouco estudado. Esta pesquisa assim se

enquadra pois, segundo Alon et al. (2010) e Li et al.(2010), poucos são os estudos que

focam-se nas práticas de comunicação de RSC nos países emergentes.

A pesquisa descritiva, conforme Gil (2002), tem como objetivo primordial a

descrição das características de determinadas populações ou fenômenos, descrevendo

características de grupos, e descobrindo a existência de associações entre variáveis.

Buscou-se, nesta pesquisa, descrever as características dos ambientes institucionais de

Brasil, Chile, México e Panamá, além de verificar a existência de associação destes

ambientes com a comunicação de RSC.

Em relação à natureza dos dados e à abordagem do problema, classifica-se como

quantitativa. O enfoque quantitativo, afirmam Sampieri, Collado e Lucio (2006), é

aquele que confia na medição numérica, fazendo uso, frequentemente, de técnicas

estatísticas para responder às questões de pesquisa e testar as hipóteses estabelecidas

previamente. A fim de testar as hipóteses da pesquisa, foi utilizada a técnica estatística

de modelo para dados em painel.

Quanto ao procedimento, a pesquisa classifica-se como bibliográfica e

documental. Bibliográfica, pois utilizou-se de revisão bibliográfica para identificação do

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referencial teórico. Pesquisa documental, pois utilizou os relatórios anuais e/ou de

sustentabilidade e registros estatísticos como fontes de dados secundários. Gil (2002)

afirma que a pesquisa documental pode ser realizada através documentos “de primeira

mão”, ou seja, aqueles que não receberam tratamento analítico, ou documentos “de

segunda mão”, representados por relatórios de pesquisa, relatórios de empresas e tabelas

estatísticas.

Trata-se também de uma pesquisa longitudinal, pois analisou os indicadores

institucionais e de comunicação de responsabilidade social corporativa do período de

2006 a 2012. Tal período foi escolhido a fim de se trabalhar com indicadores de 2 anos

antes da crise econômica mundial de 2008, e indicadores até 2012. Kotz (2009) destaca

que a crise financeira desenvolveu-se, com notável velocidade, a partir do final do verão

de 2008, gerada devido a títulos relacionados com hipotecas que se espalharam pelos

EUA e pelo sistema financeiro global. Claessens et al. (2010) corroboram que tal crise

trata-se da mais grave crise financeira desde a Grande Depressão, tanto em termos de

custos econômicos como de alcance geográfico.

3.2 Amostra e Critérios de Seleção

O universo da pesquisa foi constituído pelos países Brasil, Chile, México e

Panamá. Os países da América Latina estudados foram selecionados de acordo com dois

requisitos: que o país apresentasse empresas que tivessem no ranking das 2000 maiores

empresas da Forbes no ano de 2007 (o ranking é feito de acordo com os dados do ano

de 2006); que o país fosse o de maior destaque em seu subcontinente (América do

Norte, América Central e América do Sul). O Brasil, país de maior economia da região,

foi utilizado como país referência, ao qual os outros países foram comparados. Foram

selecionados também: México, Panamá e Chile, representando, respectivamente a

América do Norte, América Central e América do Sul.

A fim de analisar a intensidade de comunicação de RSC destes países, buscou-

se avaliar os relatórios anuais e/ou de sustentabilidade das empresas de cada nação

presentes no ranking das 2000 maiores empresas da Forbes no ano de 2007, num total

de 47 organizações. No entanto, nem todas as organizações apresentaram relatórios em

seus websites, passando a ser analisados os relatórios de 32 empresas. As empresas

analisadas, bem como seus países e setores de atuação, podem ser visualizadas no

Quadro 04.

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Quadro 04 - Listagem das empresas pesquisadas.

País Setor Empresa

Brasil

Energia Elétrica

Cemig

CPFL Energia

Eletrobrás

Financeiro Bradesco

Itaúsa

Mineração Vale

Operações de Óleo e Gás Petrobras

Produção de Celulose Aracruz Celulose/Fibria

Produção de Químicos e Petroquímicos Braskem

Siderurgia Gerdau

Telecomunicações e Serviços Tele Norte Leste

Transporte Aéreo Gol

Varejo CBD Brasil Distrib.

Chile

Financeiro Banco do Chile

BCI - Banco Créd.

Produção de Celulose CMPC

Varejo Cencosud

Falabella

México

Alimentação e Bebidas Femsa

Grupo Modelo

Financeiro Grupo Elektra

Inbursa

Holding Diversificada Alfa

Grupo Carso

Materiais de Construção Cemex

Mídia Grupo Televisa

Mineração Grupo México

Peñoles

Processamento de Alimentos Grupo Bimbo

Varejo Soriana

Panamá Construção McDermott

Viagens e Lazer Carnival

Fonte: Elaborado pela autora (2014).

Observou-se a presença de empresas de diversos setores, sendo as empresas do

setor financeiro (6) e as empresas de varejo (4), as que apresentaram o maior número de

representantes.

3.3 Definições das Variáveis Analisadas

Baseados nas hipóteses propostas, foram escolhidos os indicadores dos países da

América Latina utilizados neste trabalho. Forma eles: Worldwide Governance

Indicators, PIB per capita, Corruption Perception Index e porcentagem de matrículas

do ensino secundário. Esses indicadores foram considerados as variáveis independentes

deste estudo.

Para mensurar o ambiente de governança dos países (rule-based x relation-

based) foram utilizados indicadores do Worldwide Governance Indicators (WGI),

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indicadores governança globais de 215 economias, do período de 1996 a 2012, e que

tratam de seis dimensões de governança que variam de 2,5 a -2,5. São elas: voz e

accountability, estabilidade política e ausência de violência, eficácia governamental,

qualidade da regulação, estado de direito, e controle da corrupção. Tais indicadores são

baseados em 30 fontes de dados individuais produzidos por institutos de pesquisa

institutos, ONG’s, organizações internacionais e empresas do setor privado. Os autores

têm apoio financeiro do Programa de Conhecimento para a Mudança do Banco Mundial

(WGI, 2013).

Conforme Li (2013), os indicadores do WGI podem ser utilizados como uma

medida para examinar os diferentes ambientes de governança. Haja visto que a presente

pesquisa contou com um indicador de corrupção, e que regulação é um dos fatores

considerados no indicador ‘estado de direito’, as dimensões ‘controle da corrupção’ e

‘qualidade da regulação’ não foram utilizadas como indicadores de governança. A

escolha dessas variáveis ocorreu após verificação da adequação de seus itens ao

referencial teórico. As outras quatro dimensões do WGI foram somadas, criando-se um

índice de governança que varia de 10 (interpretado como o mais rule-based) a -10

(interpretado como o menos rule-based).

Para mensurar o desenvolvimento econômico dos países foi utilizado o Produto

Interno Bruto (PIB) per capita. Tem-se que, quanto maior o PIB per capita do país,

maior o seu nível de desenvolvimento econômico. Li et al.(2010) destacam que vários

estudos documentam a relação positiva entre o nível de desenvolvimento econômico,

medido pelo PIB per capita, e a RSC. Parte-se do argumento que um maior nível de

riqueza permite aos cidadãos preocuparem-se mais com o bem-estar não econômico da

sociedade, pressionando as empresas a serem socialmente responsáveis. O indicador foi

retirado do site do Banco Mundial (World Bank) e é dado em dólares.

Para mensurar a corrupção governamental dos países foi utilizado o Corruption

Perception Index (CPI), índice criado em 1995, pela ONG Transparency International

(TI), que mede os níveis percebidos de corrupção no setor público, variando de 0

(altamente corrupto) a 10 (muito limpo). Baseia-se em fontes de dados de instituições

independentes especializadas em governança e análise de ambiente de negócios,

combinando dados do Banco Mundial, World Justice Project (WJP), Banco Africano de

Desenvolvimento, Economist Intelligence Unit (EIU), dentre outros. Trata-se do índice

de corrupção mais utilizado pelo mundo (CPI, 2013).

E, finalmente, para mensurar o nível educacional dos países, foi utilizada a

média de anos de escolaridade dos adultos, indicador calculado pelo United Nations

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63

Development Programme (UNDP), que é medido pelo número médio de anos de

educação recebida por pessoas com idade a partir de 25 anos (UNDP, 2014). Conforme

Matten e Moon (2008), a educação é uma área na qual pode se demonstrar,

marcadamente, as diferentes formas de RSC.

Em relação às informações sobre a intensidade da comunicação de RSC das

maiores empresas de tais países, foram pesquisadas nos relatórios constantes nos sites

das próprias organizações. Com base na metodologia desenvolvida por Maignan e

Ralston (2002), foram pesquisados nos relatórios vinte e um itens de comunicação de

RSC, subdivididos em três categorias: princípios motivadores de RSC, processos de

RSC e questões dos stakeholders. No Quadro 05 podem ser visualizados todos os itens

da pesquisa.

Quadro 05 - Categorias de RSC pesquisadas nos relatórios.

PRINCÍPIOS QUE MOTIVAM À RSC

1. RSC MOTIVADA PELO VALOR AGREGADO

A RSC é apresentada como sendo parte da cultura da companhia, ou como uma expressão de seus valores

fundamentais.

2. RSC MOTIVADA PELO DESEMPENHO

A RSC é introduzida como parte da missão econômica da empresa, como um instrumento para melhorar

seu desempenho financeiro e postura competitiva.

3. RSC MOTIVADA PELO STAKEHOLDER

A RSC está presente como uma resposta às pressões e exame minucioso de um ou mais grupos de

stakeholder.

PROCESSOS DE RSC

4. PROGRAMAS FILANTRÓPICOS

A companhia apresenta um programa filantrópico formal com uma missão clara e procedimentos de

aplicação para alocar as doações e subsídios.

5.PATROCÍNIO

A companhia introduz o patrocínio como um tipo de iniciativa de responsabilidade para prestar

assistência financeira ou em espécie a uma causa ou caridade.

6. VOLUNTARISMO

A companhia apresenta programas que permitem aos funcionários trabalhar por uma boa causa durante as

horas de trabalho pagas.

7. CÓDIGO DE ÉTICA

A companhia discute o conteúdo e/ou a implementação de um código de ética ou conduta.

8. PROGRAMAS DE QUALIDADE

A companhia descreve um programa formal de qualidade do produto/serviço como uma forma de

iniciativa de responsabilidade.

9. PROGRAMAS DE SEGURANÇA E SAÚDE

A companhia introduz programas formais de saúde e segurança destinado a um ou mais grupos de

stakeholders como uma forma de iniciativa de responsabilidade.

10. GERENCIAMENTO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS

A companhia discute iniciativas destinadas a diminuir o impacto negativo das atividades de produtividade

no ambiente natural.

QUESTÕES DOS STAKEHOLDERS

COMUNIDADE

11. ARTES E CULTURA

A empresa discute o seu apoio às organizações, atividades, atores e objetos ligados às artes ou à cultura

nacional.

12. EDUCAÇÃO

A empresa apresenta o seu apoio a atividades destinadas a melhorar as oportunidades educacionais e da

qualidade da educação recebida pelas populações fora da empresa.

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64 13. QUALIDADE DE VIDA

A empresa manifesta a sua dedicação para melhorar a qualidade de vida e bem-estar das comunidades em

que a empresa opera, ou da sociedade como um todo.

14. SEGURANÇA

A empresa mostra preocupação com a segurança das pessoas nas comunidades do entorno de suas

operações produtivas.

15. PROTEÇÃO DO MEIO AMBIENTE

A empresa demonstra preocupação com a preservação do ambiente natural em geral ou nas comunidades

onde a empresa atua.

CLIENTES

16. QUALIDADE

A empresa apresenta a obtenção de alta qualidade do produto / serviço como parte de seu compromisso

com a responsabilidade social.

17. SEGURANÇA

A empresa mostra preocupação com a segurança de seus clientes em relação com suas atividades de

produção ou de produtos / serviços.

FUNCIONÁRIOS

18. IGUALDADE DE OPORTUNIDADES

A empresa manifesta o seu compromisso de oferecer as mesmas chances de recrutamento e promoção a

todos os empregados, independentemente de raça, sexo, idade ou deficiência.

19. SAÚDE E SEGURANÇA

A empresa manifesta a sua preocupação para proteger a segurança dos trabalhadores no local de trabalho,

juntamente com o seu nível de saúde geral.

20. ACIONISTAS

A empresa manifesta o seu compromisso com o envolvimento das partes interessadas na governança

corporativa e / ou à informação adequada dos acionistas.

21. FORNECEDORES

A empresa manifesta a sua dedicação para dar igualdade de oportunidades aos fornecedores em termos de

gênero, raça e tamanho, e / ou para garantir a segurança dos fornecedores.

Fonte: Maignan e Ralston (2002).

A categoria dos princípios representa os insumos motivacionais que

impulsionam o compromisso com a RSC. O primeiro tipo, RSC motivada pelo valor

agregado, traz uma visão de dever positivo, onde as empresas são automotivadas a gerar

um impacto positivo, independentemente das pressões sociais. O segundo tipo, RSC

motivado pelo desempenho, traz uma perspectiva utilitarista, onde a RSC é vista como

um instrumento útil para ajudar a organização a atingir seus objetivos. O terceiro tipo,

RSC motivada pelos stakeholders, traz uma visão de dever negativo, onde as empresas

são obrigadas a adotar iniciativas de RSC, a fim de estar em conformidade com as

normas.

A categoria dos processos representa os procedimentos gerenciais e instrumentos

utilizados pelas empresas para colocar em prática seus princípios motivacionais. A

terceira categoria representa como as questões dos stakeholders são abordadas nas

iniciativas de RSC. A categoria é subdividida de acordo com a classificação das partes

interessadas de Clarkson, que considera cinco itens como relevantes: a comunidade, os

clientes, os funcionários, os acionistas, e os fornecedores (MAIGNAN; RALSTON,

2002).

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65

Para cada item constante no relatório da empresa, foi utilizado o código ‘1’.

Quando a empresa não apresentou o item, utilizou-se o código ‘0’. Assim, o escore de

cada organização variou de 0 a 21. O índice de cada país foi dado pela média dos

escores de todas as empresas do país. O índice de intensidade da comunicação de RSC

dos países foi considerado variável dependente desta pesquisa. Os dados obtidos foram

analisados através da técnica estatística de análise de dados em painel.

Uma síntese das variáveis (dependente e independentes) utilizadas na pesquisa é

demonstrada no Quadro 06, que contém também os indicadores utilizados para

representar cada variável e a fonte de origem desses indicadores.

Quadro 06 - Quadro-síntese das variáveis utilizadas na pesquisa.

Variável Classificação Índices Utilizados Fonte

Ambiente de

Governança

Independente Somatório dos índices: voz e

accountability, estabilidade política e

ausência de violência, eficácia

governamental e estado de direito

Worldwide

Governance

Indicators

Desenvolvimento

Econômico

Independente PIB per capita Banco Mundial

Corrupção

Governamental

Independente Corruption Perception Index Transparency

International (TI)

Nível Educacional Independente Média de anos de escolaridade dos

adultos

United Nations

Development

Programme

Intensidade da

Comunicação de

RSC

Dependente Índice calculado com base na

metodologia desenvolvida por Maignan e

Ralston (2002), composto de vinte e um

itens de comunicação de RSC.

Relatórios anuais

das empresas

pesquisadas

Fonte: Dados da pesquisa.

A seguir, é descrito o procedimento utilizado para analisar os dados e testar as

hipóteses, a técnica de análise de dados em painel. São apresentados o objetivo desse

tipo de análise, seus pressupostos básicos e seus modelos.

3.4 Técnicas de Análise de Dados

Na análise dos dados foram utilizadas técnicas estatísticas descritivas e técnicas

estatísticas para análise de dados em painel. Para verificação inicial dos dados foram

utilizadas estatísticas descritivas dos dados, calculando os valores mínimo, máximo,

média, desvio-padrão, variância, assimetria e curtose. A estatística descritiva foi feita

dos dados no geral e também subdividindo-os em variáveis independentes e variável

dependente.

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66

Posteriormente, foi realizada a análise de variância (ANOVA), com a finalidade

de melhor comparar as médias das variáveis em relação aos países estudados. De acordo

com Stevenson (2001), a análise de variância aplica-se para determinar se as médias de

duas ou mais populações são iguais.

Foram realizados também testes para averiguar a confiabilidade dos construtos

intensidade de comunicação de RSC (formado por vinte e um itens) e ambiente de

governança (composto por quatro variáveis do WGI). A medida mais comum de

confiabilidade é o alfa de Cronbach (1951), apropriado quando os itens da escala são

somados para produzir um escore simples para aquela escala, caso observado nos dois

construtos analisados, pois seus escores foram gerados pela soma das variáveis que os

compõem. O coeficiente pode ser conceituado como a medida pela qual algum

constructo, conceito ou fator medido está presente em cada item (ROGERS; SCHMITT;

MULLINS, 2002).

Para o teste das hipóteses foram utilizadas as técnicas estatísticas para análise de

dados em painel. Conforme Duarte, Lamounier e Takamatsu (2007), os dados em painel

consistem em observações de entidades para dois ou mais períodos de tempo,

combinando assim características de séries temporais com dados em corte transversal.

Como principais vantagens da análise de dados em painel, tem-se: permite controlar os

efeitos das variáveis não observadas; permite o uso de mais observações, diminuindo

assim a colinearidade entre as variáveis explicativas; identifica e mensura efeitos que

não são detectados, isoladamente, por meio da análise de dados em corte transversal ou

de séries temporais.

Marques (2000) afirma que uma das vantagens de se utilizar a estimação com

dados em painel é que esta técnica sugere a existência de características diferenciadoras

dos indivíduos, características estas que podem ou não ser constantes ao longo do

tempo. Conforme Greene (2003), os modelos para dados em painel têm três principais

variações: efeitos fixos, efeitos aleatórios e regressão pooled.

A primeira variação é indicada para os casos em que se retiram amostras

exaustivas de uma população ou quando se pretende prever o comportamento

individual. A segunda pressupõe que o comportamento específico dos indivíduos e

períodos de tempo é desconhecido, não medido ou observado (MARQUES, 2010).

Daher (2004) afirma que o modelo pooled, também conhecido como modelo de

coeficientes constantes, pressupõe que tanto o intercepto quanto as inclinações não

variam. Portanto, tanto o efeito do tempo quanto o efeito individual não teriam qualquer

efeito sobre o modelo.

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67

Greene (2003) destaca que o modelo de dados em painel tem a estrutura básica

de um modelo de regressão na seguinte forma:

Onde i e t denotam o indivíduo e o tempo; é a matriz de variáveis

explicativas que variam no tempo e entre as unidades de cross-section; capta a

heterogeneidade ou efeito individual, relacionando-se somente com cada unidade de

cross-section; e é o termo de erro aleatório relacionado a cada unidade do painel.

O modelo pooled ocorre quando zi contém apenas um termo constante, sendo por

isso o método dos mínimos quadrados ordinários o método indicado para fornecer

estimativas consistentes e eficientes do α comum e do vetor de coeficientes β

(GREENE, 2003).

No modelo de efeitos fixos, afirma Marques (2000), os coeficientes podem

variar de indivíduo para indivíduo ou no tempo, ainda assim permanecendo como

constantes fixas, logo, não aleatórias. Greene (2003) destaca que neste modelo supõe-se

que a constante varia de um indivíduo para outro, mas é constante no tempo, e os

parâmetros β são constantes para os indivíduos. Para este modelo, substitui o do

modelo geral, e denota o efeito fixo das unidades cross-section na regressão.

No modelo de efeitos aleatórios pressupõe-se que o comportamento específico

dos indivíduos e períodos de tempo é desconhecido, não podendo ser observado, nem

medido, tratando-se portanto de uma variável aleatória (MARQUES, 2000). A

abordagem de efeitos aleatórios tem seu modelo formulado como:

yit = β + E[

] + { - E[

]} + εit = β + α + ui + εit

Tem-se que ui é grupo específico de erros, semelhante ao εit, à exceção que, para

grupo, exista um termo comum em cada período (GREENE, 2003).

Para testar as hipóteses do estudo foi formulado o modelo a seguir, que trata da

influência do ambiente institucional dos países, representado pelas variáveis WGI, PIB

per capita, CPI e média de educação, sobre a variável dependente intensidade da

comunicação de RSC.

CRSCit = αi + WGIitβ1 + PIBitβ2 + CPIitβ3 + EDUCitβ4 + εit

Onde:

CRSC = Indicador da Intensidade de Comunicação de RSC. Variável

dependente do modelo.

WGI = Indicador do Ambiente Institucional. Variável independente do modelo.

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68

PIB = Indicador do Desenvolvimento Econômico. Variável independente do

modelo.

CPI = Indicador de Corrupção Governamental. Variável independente do

modelo.

EDUC = Indicador do Nível Educacional. Variável independente do modelo.

it = Denotam o Indivíduo e o Tempo

= Erro Aleatório

β1,..., β4 = Parâmetros de Declividade

αi = Efeito Fixo das Unidades Cross-Section

Para a realização dos testes utilizaram-se os programas SPSS20® e R: A

language and environment for statistical computing (R CORE TEAM, 2014), versão

3.0.2.

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69

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

O presente capítulo trata dos resultados da pesquisa, e está dividido em quatro

partes: Análise Descritiva dos Dados (seção 4.1), que traz a análise descritiva das

variáveis independentes, da variável independente, bem como a análise de variância dos

dados; Teste de Confiabilidade das Variáveis (seção 4.2); Análise de Dados em Painel

(seção 4.3), que permitiu testar as hipóteses da pesquisa; Análise das Hipóteses (seção

4.4), demonstrando se as hipóteses da pesquisa foram aceitas ou refutadas; e a

Discussão dos Resultados (seção 4.5), onde os resultados das hipóteses são analisados, à

luz do referencial teórico, objetivando uma melhor compreensão do fenômeno estudado.

4.1 Análise Descritiva dos Dados

Esta seção tem como finalidade expor e analisar os dados do ambiente

institucional de Brasil, Chile, México e Panamá, bem como os dados de comunicação

de RSC das empresas desses países. Inicialmente, realiza-se a apresentação dos países

em relação às seguintes variáveis: quantidade de empresas, setores de atuação das

empresas, indicador do ambiente de governança (soma de indicadores WGI), indicador

de desenvolvimento econômico (PIB per capita), indicador de corrupção governamental

(CPI), indicador de nível educacional (média de anos de escolaridade dos adultos) e

indicador de intensidade de comunicação de RSC.

A população total da pesquisa foi formada por 32 empresas, cuja distribuição por

países é demonstrada na Figura 04.

Figura 04 - Distribuição das empresas por países.

Fonte: Dados da pesquisa.

13

5

12

2 Brasil

Chile

México

Panamá

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70

O Brasil apresentou treze empresas, pulverizadas em dez diferentes setores:

energia elétrica (3), financeiro (2), mineração (1), operações de óleo e gás (1), produção

de celulose (1), produção de químicos e petroquímicos (1), siderurgia (1),

telecomunicações e serviços (1), transporte aéreo (1) e varejo (1).

O México, país que apresentou segundo maior número de empresas, doze no

total, as tem distribuídas em oito setores: alimentação e bebidas (2), financeiro (2),

holding diversificada (2), materiais de construção (1), mídia (1), mineração (2),

processamento de alimentos (1) e varejo (1).

O Chile apresentou cinco empresas, distribuídas em três diferentes setores:

financeiro (2), produção de celulose (1) e varejo (2). O Panamá apresentou duas

empresas, distribuídas no setor de construção (1) e no setor de viagens e lazer (1). A

distribuição das empresas por países e setores pode ser observada na Figura 05.

Figura 05 - Distribuição das empresas por setores.

Fonte: Dados da pesquisa.

Como demonstrado na Figura 05, o setor de maior predominância dentre as

empresas estudadas foi o setor financeiro, com seis empresas, seguido do setor de

varejo, com quatro empresas.

2

1

1

3

1

1

1

1

1

1

2

2

1

2

1

2

2

2

1

1

1

1

1

0 1 2 3 4 5 6 7

Financeiro

Varejo

Mineração

Energia Elétrica

Produção de Celulose

Alimentação e Bebidas

Holding Diversificada

Operações de Óleo e Gás

Telecomunicações e Serviços

Siderurgia

Transportes Aéreos

Produção de Químicos e Petroq.

Materiais de Construção

Mídia

Processamento de Alimentos

Viagens e Lazer

Construção

BRASIL

CHILE

MÉXICO

PANAMÁ

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71

As estatísticas descritivas de cada uma das variáveis utilizadas na pesquisa, com

dados de mínimo, máximo, média, desvio-padrão, variância, assimetria e curtose podem

ser observadas na Tabela 01.

Tabela 01 - Estatística descritiva das variáveis.

Variável N Min

Máx.

Média

Desvio

Padrão

Variância Assimetria Curtose

Estatíst. Erro

padr.

Estatíst. Erro

padr.

Intensidade

da Comunic.

de RSC

28 7 16,7 12,4 2,61 6,82 0,21 0,44 -0,71 0,86

Ambiente de

Governança

28 -1,24 4,34 0,89 1,94 3,77 0,92 0,44 -0,76 0,86

PIB per

capita

28 4.998 15.452 9.301,4 2519,7 6348848 0,57 0,44 0,39 0,86

CPI 28 3,0 7,3 4,37 1,61 2,60 1,15 0,44 -0,58 0,86

Nível

Educacional

28 6,7 9,7 8,55 1,04 1,08 -0,57 0,44 -1,19 0,86

Fonte: Dados da pesquisa.

A variável dependente intensidade da comunicação de RSC tem um mínimo de 7

(33,3% do total de escores), máximo de 16,7 (79,6% do total de escores) e média de

12,4. Por sua vez, a variável independente ambiente de governança, que varia numa

escala de -10 a 10, tem como mínimo o valor de -1,24, máximo o valor de 4,34 e média

de 0,89, um valor baixo, que corresponde a menos de 10% do valor máximo da escala.

A variável independente CPI, que varia numa escala de 0 a 10, apresenta como média o

valor de 4,37, valor próximo à mediana da escala, que temo valor 5.

A variável nível educacional apresenta como valor máximo 9,7 anos, e mínimo

6,7 anos, apresentando o menor desvio padrão e menor variância dentre os variáveis

presentes na Tabela 01. A variável PIB per capita apresenta um mínimo de US$ 4.998,

máximo de US$ 15.542 e média de US$ 9.301,40.

As variáveis intensidade da comunicação de RSC, ambiente de governança e

PIB per capita apresentam uma assimetria positiva moderada. Por sua vez, a variável

nível educacional apresenta uma assimetria negativa moderada, e a variável CPI

apresenta uma assimetria forte. Conforme os coeficientes de curtoses encontrados,

pode-se dizer que as variáveis intensidade de comunicação de RSC, ambiente de

governança, CPI e nível educacional apresentam uma curva de distribuição mais aguda

em sua parte superior, mais fechada que a normal, classificada como leptocúrtica. A

variável PIB per capita apresenta uma curva de distribuição mais aberta que a normal e

mais achatada em sua parte superior, classificada como platicúrtica.

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72

4.1.1 Análise Descritiva das Variáveis Independentes por País e Ano

Nesta subseção são expostas e analisadas as variáveis do ambiente institucional

de Brasil, Chile, México e Panamá, consideradas as variáveis independentes deste

trabalho. São elas: indicador do ambiente de governança (representada pela soma dos

indicadores WGI), indicador de desenvolvimento econômico (representado pelo PIB per

capita), indicador de corrupção governamental (representado pelo indicador CPI) e

indicador do nível educacional (representado pela média dos anos de escolaridade dos

adultos).

Em relação ao indicador de ambiente de governança utilizado na pesquisa,

composto pela soma de quatro indicadores do WGI, sua evolução no período de 2006 a

2012 pode ser observada na Figura 06. O Chile se destaca por apresentar os melhores

índices de ambiente de governança, apresentando o maior índice entre todos (4,34), no

ano de 2010. O país pode ser classificado como o mais rule-based dentre a amostra, fato

este que pode ser confirmado ao analisarmos as médias. O Chile, que tem como média o

valor 4,05, é o único país que apresenta média superior à média geral (0,89), e cujo

valor chega mais próximo a 10, interpretado como o mais rule-based.

Figura 06 - Índice de ambiente de governança da amostra no período de 2006 a 2012.

Fonte: WGI (2013).

Neste período, o México apresentou os menores índices de ambiente de

governança e, dentre os países estudados, pode ser considerado o mais relation-based.

-0,47 -0,52 -0,24

0,33 0,5 0,21 0,27

3,95 3,96 3,85 4,1

4,34 4,13 4,01

-0,83 -1,01 -1,24

-0,97 -1,03 -0,81 -0,82

0,42 0,49 0,39 0,63

0,44 0,56 0,38

-2

-1

0

1

2

3

4

5

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Ambiente de

Governança

Anos

BRASIL

CHILE

MÉXICO

PANAMÁ

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73

O país apresenta, no ano de 2008, o menor índice dentre todos (-1,15). Ao analisarmos

as médias, o México apresenta o valor mais baixo (-1,24), valor mais próximo de -10,

interpretado como o mais relation-based.

O Brasil vem evoluindo nesse indicador, saindo de um índice negativo (-0,47)

em 2006, até chegar ao índice de 0,27 no ano de 2012, obtendo um crescimento de

157,45%. Por sua vez, o Panamá regrediu quanto ao seu desempenho no indicador de

ambiente de governança, apresentando um decréscimo de 9,52% se comparado o seu

índice de 2006 (0,42) ao seu índice de 2012 (0,38).

Apesar de sua evolução em relação ao ambiente de governança, o Brasil, dentro

da amostra, é o segundo país com menor média nesse indicador (0,01), ficando a frente

somente do México, que obteve a menor média (-0,96). O Chile destaca-se com a maior

média (4,05), e única acima da média geral (0,89), seguido pelo Panamá (0,47). O Chile

pode ser considerado, portanto, o único país rule-based da amostra, por obter média

superior à média geral desse indicador nos quatro países.

Quanto ao indicador de desenvolvimento econômico (PIB per capita), o

desempenho de Brasil, Chile, México e Panamá, no período de 2006 a 2012 pode ser

demonstrado na Figura 07.

Figura 07 - PIB per capita da amostra no período de 2006 a 2012.

Fonte: World Bank (2013).

O Chile apresenta o maior PIB per capita do período (US$ 15.452), no ano de

2012. O menor PIB per capita é apresenta em 2006 pelo Panamá (US$ 4.998). Como

5.788

7.194

8.623 8.373

10.978

12.576

11.340

9.371

10.383 10.672 10.120

12.685

14.513 15.452

8.618 9.191 9.560

7.691

8.885 9.717 9.749

4.998 5.670

6.473 6.683 7.229

8.373 9.534

0

4.000

8.000

12.000

16.000

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

PIB per capita

(U$)

Anos

BRASIL

CHILE

MÉXICO

PANAMÁ

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74

demonstrado na Figura 07, no período estudado, todos os países estudados apresentaram

crescimento em seu PIB per capita, destacando-se positivamente o Brasil, que obteve

um crescimento de 95,2%, e negativamente o México, que obteve o menor crescimento,

13,1%.

Em termos de média de PIB per capita, dois países, México e Panamá,

apresentam médias menores que a média geral (US$ 9.301), podendo ser considerados

os países menos desenvolvidos economicamente da amostra. No outro extremo, Brasil e

Chile apresentam médias superiores à média geral, sendo considerados os países mais

desenvolvidos economicamente da amostra. O Chile destaca-se por apresentar o maior

PIB per capita médio, US$ 11.885.

Quanto ao indicador de corrupção governamental (CPI), o México apresenta em

2011 o menor índice CPI, configurando-se como o país mais corrupto dentre os

estudados. Os melhores índices CPI são encontrados no Chile, que apresentou em 2006

o valor de 7,3. Dentre os países da amostra, o Chile destaca-se como o menos corrupto.

Ainda assim, no período estudado, o Chile apresentou um decréscimo de 1,37%. O

Brasil mostrou a maior evolução, obtendo um crescimento de 30,3%. O desempenho de

Brasil, Chile, México e Panamá pode ser observado na Figura 08.

Figura 08 - CPI da amostra no período de 2006 a 2012.

Fonte: CPI (2013).

O indicador de corrupção governamental (CPI) indica que quanto mais próximo

a 10 é o índice CPI de um país, considerado menos corrupto, ou mais limpo, ele é. Em

3,3 3,5 3,5

3,7 3,7 3,8

4,3

7,3 7 6,9

6,7

7,2 7,2 7,2

3,3 3,5

3,6

3,3 3,1 3 3,4

3,1 3,2 3,4

3,4 3,6 3,3 3,8

0

1

2

3

4

5

6

7

8

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

CPI

Anos

BRASIL

CHILE

MÉXICO

PANAMÁ

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75

relação a este indicador, o Chile apresenta a melhor média, no valor de 7,1, considerado

o país menos corrupto da amostra. No outro extremo, como país mais corrupto, da

amostra, apresenta-se o Panamá, com média 3,3, valor próximo à média do México, 3,4.

O Brasil apresenta uma média de 3,7, a segunda maior dentre amostra. No entanto,

possui média inferior a media geral (4,37), a qual é ultrapassada somente pelo Chile.

Quanto ao nível de educacional dos países, medido pela média dos anos de

escolaridade dos adultos, o Brasil apresenta os menores índices, variando de 6,7 a 7,2

anos. Todos os outros países não apresentam índices menores que 8 anos. O Chile

destaca-se positivamente por apresentar os maiores índices, variando de 9,4 a 9,7.

Apesar de apresentar os menores índices de nível educacional, o Brasil obteve o maior

percentual de crescimento do período, no valor de 7,46%. O menor crescimento foi

apresentado pelo Chile, 3,19%. A evolução da amostra ao longo de 2006 a 2012 é

demonstrada na Figura 09.

Figura 09 - Indicador do nível educacional da amostra no período de 2006 a 2012.

Fonte: UNDP (2014).

Ao analisar as médias do indicador de nível educacional, nota-se que o Brasil e

México apresentam médias inferiores à média geral, de 8,6 anos. O Brasil apresenta a

menor média, 7 anos, podendo ser considerado o país da amostra com menor nível

educacional. Por sua vez, Chile e Panamá, que apresentam médias próximas,

respectivamente de 9,6 e 9,3, têm as maiores médias de nível educacional, sendo o Chile

o país da amostra de maior nível educacional.

6,7 6,8 6,9 7,1 7,2 7,2 7,2

9,4 9,5 9,6 9,6 9,7 9,7 9,7

8 8,1 8,2 8,4 8,5 8,5 8,5 9,1 9,2 9,2 9,3 9,4 9,4 9,4

0

2

4

6

8

10

12

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Nível Educacional

Anos

BRASIL

CHILE

MÉXICO

PANAMÁ

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76

Na Figura 10 são apresentadas as médias de Brasil, Chile, México e Panamá, em

relação a cada uma das variáveis independentes, bem como a média geral de cada uma

destas. Como discutido anteriormente, o único país a obter médias maiores que as

médias gerais de todos os indicadores foi o Chile, sendo, portanto, o país da amostra

que detém ambiente de governança mais rule-based, que possui maior desenvolvimento

econômico, país menos corrupto e com melhor nível educacional.

Figura 10 - Médias das variáveis independentes da amostra no período de 2006 a 2012.

Fonte: WGI (2013), World Bank (2013), CPI (2013) e UNDP (2014).

Ao considerar a variação das médias da amostra em cada indicador como critério

para classificar os países como obtendo alto, intermediário ou baixo desempenho em

cada variável, a amostra pode ser classificada conforme o Quadro 07. A variável

ambiente de governança pode ser classificada em rule-based e relation-based de acordo

com a média geral, sendo considerado rule-based o país que possuir média superior à

média geral.

Quadro 07 - Classificação dos países quanto ao seu ambiente institucional.

País Ambiente de

Governança

Desenvolvimento

Econômico

Corrupção

Governamental

Nível Educacional

Brasil Relation-based Desenvolvimento

econômico intermediário

Alto nível de

corrupção

Baixo nível

educacional

Chile Rule-based Alto desenvolvimento

econômico

Baixo nível de

corrupção

Alto nível

educacional

México Relation-based Desenvolvimento

econômico intermediário

Alto nível de

corrupção

Nível educacional

intermediário

Panamá Relation-based Baixo desenvolvimento

econômico

Alto nível de

corrupção

Alto nível

educacional

Fonte: Elaborado pela autora (2014).

0,01

9,27

3,69

7,01

4,05

11,89

7,07

9,60

-0,96

9,06

3,31

8,31

0,47

6,99

3,40

9,29

0,89

9,30

4,37

8,55

-2,00

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

WGI PIB (em

milhares)

CPI EDUC

BRASIL

CHILE

MÉXICO

PANAMÁ

MÉDIA GERAL

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77

As outras três variáveis foram classificadas em três intervalos, que foram

encontrados através da variação entre a maior média e a menor. O Chile foi o único país

a apresentar a média de todas as variáveis como integrantes do intervalo de maior

pontuação. O Panamá apresentou a média do nível educacional como integrante do

intervalo de maior pontuação. Todas as outras variáveis do país (ambiente de

governança, desenvolvimento econômico e corrupção governamental) foram

classificadas como integrantes do intervalo de menor pontuação.

O México apresentou as médias das variáveis desenvolvimento econômico e

corrupção governamental como integrantes do intervalo intermediário, e as médias das

variáveis ambiente de governança e corrupção governamental como participantes do

intervalo de menor pontuação. Por sua vez, o Brasil, de modo geral, obteve o pior

desempenho em relação às variáveis independentes, representantes do ambiente

institucional. O país apresentou as variáveis ambiente de governança, corrupção

governamental e nível educacional como integrantes do menor intervalo de pontuação.

A variável desenvolvimento econômico foi classificada integrante do intervalo de

pontuação intermediária.

4.1.2 Análise Descritiva da Variável Dependente por País e Ano

Nesta subseção a variável dependente da pesquisa, índice de intensidade da

comunicação de RSC, bem como as três categorias que o formam (princípios

motivadores de RSC, processos de RSC, e questões dos stakeholders), são expostas e

analisadas. Os índices de intensidade da comunicação de RSC das empresas, que variam

de 0 a 21, podem ser observados na Figura 11.

Em relação à intensidade da comunicação de RSC, a amostra tem como mínimo

o valor 7 (33,3% do total de escores), observado no Panamá, em 2006, e máximo de

16,7 (79,6% do total de escores), observado no Brasil, em 2011. Dentre os países da

amostra, o Brasil destaca-se por apresentar os maiores percentuais de comunicação de

RSC. No entanto, o país foi o que apresentou o menor percentual de crescimento dentre

a amostra, crescendo 8,74% de 2006 a 2012. O Panamá foi o país que apresentou os

menores percentuais de comunicação de RSC, mas foi a nação que apresentou o maior

percentual de crescimento, crescendo 42,94% de 2006 a 2012.

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78

Figura 11 - Intensidade da comunicação de RSC da amostra no período de 2006 a

2012.

Fonte: Dados da pesquisa.

Em termos de média de intensidade da comunicação de RSC, dois países,

México e Panamá, apresentam médias menores que a média geral (12,4), podendo ser

considerados os países, dentro da amostra, cujas empresas menos comunicam suas

atividades de RSC. No outro extremo, Brasil e Chile apresentam médias superiores à

média geral, sendo considerados os países da amostra cujas empresas mais comunicam

suas atividades de RSC. O Brasil destaca-se por apresentar a maior média de

intensidade da comunicação de RSC, 16,1.

Corroborando com o encontrado nesta pesquisa, Campos et al. (2013), ao

analisarem as publicações dos relatórios de sustentabilidade da GRI de 1999 a 2010,

afirmam que o Brasil é destaque mundial na publicação de relatórios, sendo o 4ª

colocado dentre os países que mais publicam, com uma porcentagem de 5,46%. O país

também destaca-se pela liderança dentre os países da América Latina, sendo

responsável, de 2000 a 2010, por 47,88% das publicações desta região. O Chile aparece

em segundo lugar, com aproximadamente 18% do total de relatórios publicados,

seguido do México, com 10% do total.

Em relação à categoria ‘princípios motivadores de RSC’, que varia de 0 a 3, o

desempenho das empresas de Brasil, Chile, México e Panamá pode ser observado na

Figura 12. A amostra tem como mínimo o valor 1 (33,3% do total de escores),

15,7 15,5 15,9 16,0 16,6 16,7 16,5

11,2

13,8 13,6

12 12,4 13 12,6

9,3 9,4 10,5

11,6 11,8 12,3

11,4

7,0

9,5 10,0

10,5 11,0 11,5

10,0

0,0

2,0

4,0

6,0

8,0

10,0

12,0

14,0

16,0

18,0

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Intensidade da

Comunic. de RSC

Anos

BRASIL

CHILE

MÉXICO

PANAMÁ

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79

observado no Panamá, em 2006 e 2012, e máximo de 2,6 (86,7% do total de escores),

observado no Chile, em 2007, 2008 e 2010.

Dentre os países da amostra, o Chile destaca-se por apresentar os escores da

categoria princípios motivadores de RSC. O país foi o que apresentou o maior

percentual de crescimento da amostra, crescendo 22,22% de 2006 a 2012. O Brasil

apresentou como percentual de crescimento, de 2006 a 2012, o valor de 7,5%.

Figura 12 - Princípios motivadores de RSC da amostra no período de 2006 a 2012.

Fonte: Dados da pesquisa.

Ao analisar a variação dos escores do Panamá de 2006 a 2012, observa-se que

nesses dois anos o país obteve escores iguais (1), não apresentando, portanto,

crescimento ou decréscimo. O país apresentou os menores escores da categoria nesses

dois anos. Por sua vez, o México apresentou os menores escores da categoria princípios

motivadores de RSC nos anos de 2007 a 2011.

Em termos de escores de princípios motivadores de RSC, dois países, México e

Panamá, apresentam médias menores que a média geral (1,97), podendo ser

considerados os países, dentro da amostra, cujas empresas menos apresentam princípios

motivacionais de RSC. No outro extremo, Brasil e Chile apresentam médias superiores

à média geral, sendo considerados os países da amostra cujas empresas mais apresentam

princípios motivadores de RSC. O Chile destaca-se por apresentar a maior média de

escores de princípios motivadores de RSC (2,4).

2

2,38 2,38 2,31 2,23 2,23

2,15

1,8

2,6 2,6 2,6

2,4

2,6

2,2

1,42 1,42 1,58 1,58

1,67 1,58

1,5

1

2 2 2 2 2

1

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Princípios

motivadores de

RSC

BRASIL

CHILE

MÉXICO

PANAMÁ

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80

Em relação à categoria ‘processos de RSC’, que varia de 0 a 7, o desempenho

das empresas de Brasil, Chile, México e Panamá pode ser observado na Figura 13. A

amostra tem como mínimo o valor 2,8 (40% do total de escores), observado no Chile,

em 2006, e máximo de 5,69 (81,3% do total de escores), observado no Brasil, em 2012.

Dentre os países da amostra, o Brasil destaca-se por apresentar os escores da categoria

processos de RSC. No entanto, foi o país foi que apresentou o menor percentual de

crescimento da amostra, crescendo 1,61% de 2006 a 2012. O maior percentual de

crescimento foi apresentado pelas empresas do Panamá, que cresceram 66,67% de 2006

a 2012.

Figura 13 - Processos de RSC da amostra no período de 2006 a 2012.

Fonte: Dados da pesquisa.

As empresas do Chile apresentaram o pior desempenho na categoria ‘processos

de RSC’, obtendo os menores escores nos anos de 2006, 2009, 2010, 2011 e 2012. O

país obteve uma taxa de crescimento de 28,6%. Por sua vez, o México apresenta o

menor escore da categoria ‘processos de RSC’ no ano de 2007 e o Panamá apresenta o

menor escore no ano de 2008.

Em termos de média dos escores de processos de RSC, somente as empresas do

Brasil apresentam média superior à média geral (4,12), podendo ser considerado o país,

dentro da amostra, cujas empresas mais apresentam processos de RSC. No outro

extremo, Panamá, México e Chile apresentam médias inferiores à média geral, sendo

considerados os países da amostra cujas empresas menos apresentam processos de RSC,

ou seja, cujas empresas menos utilizam procedimentos gerenciais e instrumento para

5,6

5

5,46 5,23

5,38 5,62 5,69

2,8

3,8 4

3,2

3,8 3,8 3,6

3 3,17

3,75 3,83 4

4,25 4

3

3,5

3

4 4 4

5

0

1

2

3

4

5

6

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Processos de RSC

BRASIL

CHILE

MÉXICO

PANAMÁ

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81

colocar em prática seus princípios de RSC. O Chile destaca-se por apresentar a menor

média de escores de processos de RSC (3,57).

Em relação à categoria ‘questões dos stakeholders’, que varia de 0 a 11, o

desempenho das empresas de Brasil, Chile, México e Panamá pode ser observado na

Figura 14.

Figura 14 - Questões dos stakeholders da amostra no período de 2006 a 2012.

Fonte: Dados da pesquisa.

A amostra tem como mínimo o valor 3 (27,3% do total de escores), observado

no Panamá, em 2006, e máximo de 9 (81,8% do total de escores), observado no Brasil,

em 2010. Dentre os países da amostra, o Brasil destaca-se por apresentar os maiores

escores da categoria ‘questões dos stakeholders’. No entanto, o país apresentou o

segundo menor percentual de crescimento da amostra, crescendo 6,68% de 2006 a 2012.

O menor percentual de crescimento foi apresentado pelo Chile, que, no período de 2006

a 2012, cresceu somente 3,03%. O maior percentual de crescimento foi apresentado

pelas empresas do Panamá, que cresceram 33,3% de 2006 a 2012. O país foi o que

apresentou os menores escores da categoria em todos os anos estudados.

Em termos de média dos escores de ‘questões dos stakeholders’, as empresas de

Brasil e Chile apresentam média superior à média geral (6,31), podendo ser

considerados os países, dentro da amostra, cujas empresas mais abordam questões dos

stakeholders em suas iniciativas de RSC. No outro extremo, México e Panamá

apresentam médias inferiores à média geral, sendo considerados os países da amostra

cujas empresas menos abordam questões dos stakeholders em suas iniciativas de RSC.

8,08 8,15 8,08 8,46

9 8,85 8,62

6,6

7,4 7

6,2 6,2 6,6 6,8

4,83 4,83 5,17

6,17 6,17 6,42

5,92

3

4

5 4,5 5 5,5

4

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

Questões dos

stakeholders

BRASIL

CHILE

MÉXICO

PANAMÁ

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82

O Brasil destaca-se por apresentar a maior média de escores de questões dos

stakeholders (8,46).

Na Figura 15 são apresentadas as médias das empresas de Brasil, Chile, México

e Panamá, em relação a cada à variável dependente (intensidade de comunicação de

RSC) e das três categorias que a formam, bem como a média geral de cada uma destas.

Figura 15 - Médias da variável dependente e suas categorias no período de 2006 a

2012.

Fonte: Dados da pesquisa.

Dentre os países da amostra, o único cujas empresas obtiveram médias maiores

que as médias gerais da variável dependente e de todas as suas categorias foi o Brasil,

sendo, portanto, o país cujas empresas possuem maior intensidade de comunicação de

RSC, dando atenção à todas as três categorias que a compõe: princípios motivadores de

RSC, processos de RSC e questões dos stakeholders.

Por sua vez, o Chile obteve médias superiores na intensidade de comunicação de

RSC e em suas categorias ‘princípios motivadores de RSC’ e ‘questões dos

stakeholders‘. México e Panamá apresentaram médias inferiores à média geral em todas

as categorias estudadas, assim como na variável dependente, preocupando-se, assim,

pouco com a problemática da comunicação de RSC.

Ao considerar a variação das médias da amostra em cada indicador como critério

para classificar os países como obtendo alto, intermediário ou baixo índice de

comunicação em relação à variável dependente e suas categorias, a amostra pode ser

classificada conforme o Quadro 08.

16,1

2,2

5,4

8,5

12,7

2,4 3,6

6,7

10,9

1,5

3,7

5,6

9,9

1,7

3,8 4,4

12,4

2,0

4,1

6,3

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

14,00

16,00

18,00

INTENSID. DE

COMUN. DE

RSC

PRINCÍPIOS

MOTIV. DE RSC

PROCESSOS DE

RSC

QUESTÕES DOS

STAKEH.

BRASIL

CHILE

MÉXICO

PANAMÁ

MÉDIA GERAL

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83

As variáveis foram classificadas em três intervalos, que variam da maior média à

menor. O Brasil foi o único país a apresentar a média de todas as variáveis como

integrantes do intervalo de maior pontuação.

Quadro 08 - Classificação da intensidade de comunicação de RSC e suas categorias.

País

Intensidade de

Comunicação de RSC

Princípios

Motivadores de

RSC

Processos de RSC Questões dos

Stakeholders

Brasil Alto índice de

comunicação

Alto índice de

comunicação

Alto índice de

comunicação

Alto índice de

comunicação

Chile Índice intermediário de

comunicação

Alto índice de

comunicação

Baixo índice de

comunicação

Índice intermediário

de comunicação

México Baixo índice de

comunicação Baixo índice de

comunicação Baixo índice de

comunicação Baixo índice de

comunicação Panamá Baixo índice de

comunicação Baixo índice de

comunicação Baixo índice de

comunicação Baixo índice de

comunicação Fonte: Elaborado pela autora (2014).

Como demonstrado no Quadro 08, o Panamá e o México apresentaram a média

de todas as variáveis como integrantes do intervalo de menores escores. Por sua vez, o

Chile, de modo geral, obteve um desempenho intermediário, ficando a média da

categoria ‘princípios motivadores de RSC’ classificada como integrante do intervalo de

maiores escores, a variável intensidade de comunicação de RSC e a categorias ‘questões

dos stakeholders’ classificadas como integrantes do intervalor de pontuação

intermediária, e a categoria ‘processos de RSC’ classificada como integrante do

intervalo de menores escores.

4.1.3 Análise de Variância

A fim de melhor comparar as médias das variáveis em relação aos países

estudados, foi feito a análise de variância (ANOVA). A Tabela 02 mostra os resultados

do teste de Levene (1960), que testa a homogeneidade de variâncias entre os 4 países

nas variáveis presentes na tabela. Apresenta-se o valor observado da estatística de teste,

os respetivos graus de liberdade (gl) e o valor p.

Tabela 02 - Teste de homogeneidade das variâncias.

Variáveis Estatística de Levene gl1 gl2 Valor p

Intensidade da Comunicação de RSC 1,405 3 24 0,266

Ambiente de Governança 12,931 3 24 0,000

PIB per capita 4,560 3 24 0,012

CPI 0,183 3 24 0,907

Nível Educacional 4,207 3 24 0,016

Fonte: Dados da pesquisa.

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84

A Tabela 02 demonstra que as variáveis ambiente de governança, PIB per capita

e nível educacional são significantes. Portanto, estas variáveis não apresentam

homogeneidade de variância, significando que não há uma similaridade de variância dos

indicadores ambiente de governança, PIB per capita e nível educacional entre os países

estudados (Brasil, Chile, México e Panamá). As médias dessas variáveis devem ser

testadas através do teste de Welch (1951).

A Tabela 03 apresenta os resultados do teste ANOVA, que foi realizado para as

variáveis que apresentam homogeneidade de variância.

Tabela 03 - Análise de variância em relação aos países.

Variáveis Somas de

Quadrados gl

Quadrados

Médios F Valor p

Intensidade da

Comunicação

de RSC

Entre Grupos 156,584 3 52,195 45,677 0,000

Dentro dos

Grupos 27,425 24 1,143

Total 184,008 27

CPI

Entre Grupos 68,750 3 22, 917 368,772 0,000

Dentro dos

Grupos 1,491 24 0,062

Total 70,241 27

Fonte: Dados da pesquisa.

Como demonstrando na Tabela 03, todas as variáveis são significantes. Portanto,

pode-se dizer que as médias das variáveis CPI e intensidade da comunicação de RSC,

quando comparadas em relação aos países estudados, são estatisticamente diferentes.

A Tabela 04 apresenta os resultados do teste robusto de Welch (1951), realizado

para testar a igualdade de médias das variáveis ambiente de governança, PIB per capita

e nível educacional.

Tabela 04 – Teste robusto de igualdade de médias (teste de Welch).

Variáveis Estatística (F assintoticamente distribuído) gl1 gl2 Valor p

Ambiente de Governança 1176,19 3 12,462 0,000

PIB per capita 6,639 3 11,840 0,007

Nível Educacional 277,12 3 12,936 0,000

Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme demonstrando na Tabela 04, todas as variáveis são significantes a um

nível de 5%. Portanto, pode-se dizer que as médias das variáveis ambiente de

governança, PIB per capita e nível educacional, quando comparadas em relação aos

países estudados, são estatisticamente diferentes.

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85

4.2 Teste de Confiabilidade das Variáveis Referentes à Comunicação de RSC e ao

Ambiente de Governança

Anteriormente à análise de dados em painel, procedeu-se a análise de

confiabilidade, através do alfa de Cronbach (1951), da variável intensidade de

comunicação de RSC, formado por vinte e um itens subdivididos em ‘princípios que

motivam a RSC’, ‘processos de RSC’ e ‘questões dos stakeholders’. A análise de

confiabilidade obteve um alfa de 0,879, e ao considerar o cálculo com os itens

padronizados o alfa obteve um valor de 0,871. De acordo com Hair et al. (2009), o valor

de alfa recomendando é de no mínimo 0,700, sendo considerado, desta forma, a variável

utilizada na pesquisa, confiável nos padrões recomendados pela literatura. A Tabela 05

apresenta o resultado do teste.

Tabela 05 - Alfa de Cronbach da intensidade da comunicação de RSC.

Estatísticas de Confiabilidade

Alfa de Cronbach Alfa de Cronbach baseado

em itens padronizados N de Itens

0,882 0,874 21

Fonte: Dados da pesquisa.

A confiabilidade da variável foi também observada através do teste de exclusão

de variáveis, onde um gerou-se novo alfa de Cronbach (1951) para toda a variável caso

um dos itens fosse excluído. O resultado desse teste pode ser visto na última coluna da

Tabela 06.

Tabela 06 - Alfa de Cronbach da intensidade da comunicação de RSC com exclusão de itens.

Item excluído

Média se o

item for

excluído

Variância se o

item for

excluído

Correlação

item-total

corrigida

Correlação

múltipla ao

quadrado

Alfa de

Cronbach se

o item for

excluído

RSC motivada pelo

valor agregado

12,982 23,846 0,343 - 0,881

RSC motivada pelo

desempenho

12,446 23,099 0,625 - 0,873

RSC motivada pelo

stakeholders

12,401 23,463 0,597 - 0,874

Programas

filantrópicos

12,703 23,232 0,435 - 0,878

Patrocínio 12,712 23,229 0,434 - 0,878

Voluntarismo 12,734 22,965 0,490 - 0,876

Código de Ética 12,46 24,078 0,342 - 0,880

Programas de

Qualidade

12,662 22,523 0,601 - 0,872

Programas de

Segurança e Saúde

12,703 22,409 0,618 - 0,862

Gerenciamento dos 12,487 23,093 0,575 - 0,874

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86

Impactos

Ambientais

Artes e Cultura 12,68 22,716 0,553 - 0,874

Educação 12,532 23,092 0,535 - 0,875

Qualidade de Vida 12,865 23,611 0,358 - 0,881

Segurança –

Comunidade

13,113 24,779 0,182 - 0,884

Proteção do Meio

Ambiente

12,478 23,246 0,544 - 0,875

Qualidade 12,419 24,869 0,156 - 0,885

Segurança –

Clientes

12,739 23,370 0,401 - 0,879

Igualdade de

Oportunidades

12,725 22,227 0,655 - 0,870

Saúde e Segurança 12,563 22,175 0,737 - 0,868

Acionistas 12,275 25,558 -0,004 - 0,884

Fornecedores 12,64 22,204 0,683 - 0,870

Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com essa análise, o valor máximo que o alfa poderia atingir seria

0,885, com a exclusão da variável ‘qualidade’, ou 0,884 com a retirada das variáveis

‘segurança’ ou ‘acionistas’, todas da categoria ‘questões dos stakeholders’. No entanto,

o valor máximo não apresenta grande diferença do valor atingido no teste anterior, com

todas as variáveis incluídas, não se fazendo necessário excluir nenhuma das variáveis.

Em seguida, procedeu-se à análise de confiabilidade da variável ambiente de

governança, composto por quatro variáveis do WGI: voz e accountability, estabilidade

política e ausência de violência, eficácia governamental e estado de direito. A análise de

confiabilidade obteve um alfa de 0,933, e ao considerar o cálculo com os itens

padronizados o valor alfa aumentou para 0,960, sendo portanto a variável ambiente de

governança considerado confiável nos padrões recomendados pela literatura. A Tabela

07 apresenta o resultado do teste.

Tabela 07 - Alfa de Cronbach do ambiente de governança.

Estatísticas de Confiabilidade

Alfa de Cronbach Alfa de Cronbach baseado

em itens padronizados N de Itens

0,933 0,960 4

Fonte: Dados da pesquisa.

Posteriormente foi observado o teste de confiabilidade da variável ambiente de

governança com a exclusão de variáveis. O resultado desse teste pode ser visto na

última coluna da Tabela 08.

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87 Tabela 08 - Alfa de Cronbach do ambiente de governança com exclusão de itens.

Item excluído

Média se o

item for

excluído

Variância se o

item for

excluído

Correlação

item-total

corrigida

Correlação

múltipla ao

quadrado

Alfa de

Cronbach se

o item for

excluído

Voz e

Accountability

0,3457 2,621 0,941 0,952 0,918

Estabilidade Política

e Ausência de

Violência

0,9929 2,368 0,867 0,937 0,911

Eficácia

Governamental

0,5343 2,206 0,824 0,916 0,919

Estado de Direito 0,8079 1,474 0,986 0,975 0,896

Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme essa análise, o valor máximo que o alfa poderia atingir seria 0,919,

com a exclusão da variável ‘eficácia governamental’. No entanto, o valor máximo é

inferior ao valor atingido no teste anterior com todas as variáveis incluídas, não se

fazendo necessário excluir nenhuma das variáveis.

4.3 Análise de Dados em Painel

Com base nos indicadores do ambiente institucional e no índice de intensidade

da comunicação de RSC, procedeu-se à análise de dados em painel, com a finalidade de

testar as hipóteses da pesquisa. Os indicadores do ambiente institucional (ambiente de

governança, PIB per capita, CPI, e nível educacional) foram utilizados como variáveis

independentes do modelo, tendo como variável dependente o índice de intensidade da

comunicação de RSC.

Como existem três modelos para análise de dados em painel (POLS, Efeitos

Fixos e Efeitos Aleatórios), foram realizados testes para verificar o modelo que melhor

se adequa aos dados. Desta forma, compararam-se as estimativas do modelo Pooled

com o de Efeitos Fixos, de Pooled com o de Efeitos Aleatórios, e Efeitos Aleatórios

com Efeitos Fixos, utilizando-se o teste de Breusch-Pagan (1980), o teste F e o teste de

Hausman (1978). O teste de Breusch-Pagan (1980) foi feito entre o modelo Pooled e o

de Efeitos Aleatórios e teve como resultado valor p 0,356. Logo, aceita-se o modelo

Pooled como o melhor a ser aplicado. Em seguida foi feito o teste de F entre o modelo

Pooled e o de Efeitos Fixos, obtendo um valor p de 0,003, aceitando-se, portanto, o

modelo de Efeitos Fixos como o melhor a ser aplicado. O teste de Hausman (1978)

obteve um valor p 0,058E-04. Assim, com base nos testes aplicados, o modelo de

Efeitos Fixos mostrou-se o mais adequado.

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88

O modelo inicial de efeitos fixos, que utilizou os efeitos do indivíduo e do

tempo, tem seu resultado apresentado na Tabela 09.

Tabela 09 - Modelo de Efeitos Fixos I.

Variáveis Coeficiente Erro padrão Estatística t Valor p

Ambiente de

Governança

-0,641 1,1893 -0,539 0,5984

PIB per capita -0,0003 0,0002 -1,2543 0,2303

CPI 0,3656 0,9165 0,3989 0,696

Nível Educacional 2,885 3,845 0,7505 0,4654

R² 0,2743

R² Ajustado 0,1372

Estatística F 1,3232

Valor p 0,3094

Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme a Tabela 09, nenhuma das variáveis foi considerada significativa, não

influenciando assim o índice de intensidade da comunicação de RSC. Esse modelo

apresenta um R² ajustado de 13,72%. No entanto, o modelo apresenta um valor p de

0,309, considerado não significativo.

Para confirmar a significância ou não dos efeitos do tempo e do indivíduo foi

realizado o teste de Gourieroux, Holly e Monfort (1982), que resultou na não utilização

dos dois efeitos no modelo, pois o valor p foi 0,874. Neste contexto, se aceita a hipótese

nula de não significância desses efeitos. Assim, o modelo de efeitos fixos utilizado deve

conter somente os efeitos dos países ou os efeitos do tempo.

Consequentemente, foi realizado o teste de Gourieroux, Holly e Monfort (1982),

separadamente, para os efeitos do tempo e efeitos do indivíduo, com a finalidade de

confirmar qual efeito deveria ser utilizado no modelo. O modelo de efeitos fixos

utilizando somente os efeitos do tempo obteve o valor p de 0,604, considerado não

significante. Optou-se, portanto, pela utilização dos efeitos do indivíduo (país), que

apresentou um valor p de 0,180, significante ao nível de 20%. Posteriormente foi gerado

um novo modelo de efeitos fixos, utilizando somente os coeficientes dos países. A

Tabela 10 demonstra o resultado do novo modelo.

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89 Tabela 10 - Modelo de Efeitos Fixos II.

Variáveis Coeficiente Erro padrão t-value p-value

Ambiente de Governança -1,5782 8,2953E-01 -1,9025 0,0716

PIB per capita -4,919E-05 1,326E-04 -0,3708 0,7147

CPI -3,587E-01 7,740E-01 -0,4633 0,6481

Nível Educacional 6,2437 1,3945 4,4775 0,00023

R-Squared 0,5893

Adj. R-Squared 0,4209

F-statistic 7,173

p-value 0,0009

Fonte: Dados da pesquisa.

Como demonstrado na Tabela 10, o novo modelo as variáveis de ambiente de

governança e nível educacional foram consideradas significantes, ao nível de 10%. O

modelo apresenta R² ajustado melhor que o do modelo anterior, com o valor de 42,09%.

Com a retirada do efeito do tempo, o modelo aumentou seu poder explanatório e teve as

variáveis ambiente de governança e nível educacional consideradas significativas no

modelo.

A partir do novo modelo foram analisadas as variáveis independentes,

observando a sua influência na intensidade da comunicação de RSC. Neste contexto, a

variável nível educacional apresenta uma influência positiva sobre o crescimento da

intensidade da comunicação de RSC. A variável ambiente de governança apresenta

uma influência negativa sobre a intensidade comunicação de RSC.

Observa-se que neste novo modelo de efeitos fixos, como demonstrado na

Tabela 11, todos os países são distintos em comparação ao Brasil, isto é, o modelo para

explanar as influências sobre a intensidade da comunicação de RSC difere nos países,

identificando uma heterogeneidade nos aspectos do país.

Tabela 11 - Modelo Efeito Fixo II – Efeito do Indivíduo.

Países Coeficiente Erro padrão p-value

Chile -11,904 4,5018 0,0082

México -15,0297 2,2995 6,313E-11

Panamá -19,871 3,1831 4,30E-10

Fonte: Dados da pesquisa.

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90

Conforme Tabela 11, onde são apresentados os valores dos coeficientes dos

países, isto é, seu intercepto em relação ao Brasil, todos os países são considerados

significantes, apresentando, portanto, distinção entre os países.

4.4 Análise das Hipóteses

A hipótese 1 (H1) trata do impacto da variável ambiente de governança na

variável dependente intensidade da comunicação de RSC, tendo como enunciado:

“Países com ambiente de governança mais rule-based tendem a ter uma maior

intensidade da comunicação de RSC”.

A variável ambiente de governança foi formada pelo somatório dos indicadores

do WGI: voz e accountability, estabilidade política e ausência de violência, eficácia

governamental e estado de direito. Como demonstrado na seção 4.3, a variável ambiente

de governança (p = 0,0716) impactou a variável dependente, a um nível de significância

de 10%, visto que seu coeficiente se apresentou significativamente diferente de zero, e

coeficiente de -1,5782, tendo um impacto diferente daquele proposto na hipótese com

base na revisão teórica apresentada na subseção 2.4.1. Desta forma, pode-se afirmar que

H1 foi rejeitada, pois a variável apresenta uma relação negativa com a variável

dependente, resultado contrário ao proposto pela hipótese.

A hipótese 2 (H2) trata do impacto do desenvolvimento econômico do país na

variável dependente intensidade da comunicação de RSC, tendo como enunciado:

“Países mais desenvolvidos economicamente tendem a ter uma maior intensidade

comunicação de RSC”.

A variável PIB per capita (p = 0,7147), que representou o desenvolvimento

econômico, não apresentou, conforme demonstrado na seção 4.3, significância

estatística. Portanto, pode-se afirmar que H2 não foi suportada, pois a variável

independente não explica a variável dependente.

A hipótese 3 (H3) trata do impacto da corrupção governamental sobre a variável

dependente intensidade da comunicação de RSC, tendo como enunciado: “Países com

menor presença de corrupção governamental tendem a ter uma maior intensidade da

comunicação de RSC”.

A variável CPI (p = 0,6481), que representou o índice de corrupção

governamental do país, não apresentou, conforme demonstrado na seção 4.3,

significância estatística. Portanto, pode-se afirmar que H3 não foi suportada, pois a

variável independente CPI não explica a variável dependente.

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91

A hipótese 4 (H4) trata do impacto do nível educacional sobre variável

dependente intensidade da comunicação de RSC, tendo como enunciado: “Países com

maior nível educacional tendem a ter uma maior intensidade da comunicação de RSC”.

A variável média de anos de escolaridade dos adultos, que representou a variável,

obteve significância estatística (p = 0,00023), e coeficiente de 6,2437, tendo impacto

sobre a intensidade da comunicação de RSC. Desta forma, pode-se afirmar que H4 foi

suportada, pois a variável apresenta a relação semelhante à proposta na hipótese com

base na revisão teórica apresentada na subseção 2.4.4.

No Quadro 09 os resultados da pesquisa são sintetizados, demonstrando quais

hipóteses foram suportadas e quais não foram pelo modelo.

Quadro 09 - Síntese dos resultados.

Hipóteses Variáveis Resultado

H1 – Ambiente de

Governança

Somatório das variáveis do WGI (significante): voz e

accountability, estabilidade política e ausência de violência,

eficácia governamental e estado de direito.

Não suportada

H2 – Desenvolvimento

Econômico

PIB per capita (não significante) Não suportada

H3 – Corrupção

Governamental

CPI (não significante) Não suportada

H4 – Nível

Educacional

Média de anos de escolaridade dos adultos (significante) Suportada

Fonte: Dados da pesquisa.

A influência do ambiente de governança e do nível educacional, dentre outros

achados, serão comentados na seção a seguir.

4.5 Discussão dos Resultados

Nesta seção serão discutidos os resultados, orientados pela resposta às hipóteses

e levando em consideração cada uma das variáveis. A partir da análise dos dados

constatou-se que a hipótese H4 foi suportada, enquanto as hipóteses H1, H2 e H3 não

foram suportadas, como mostrado na seção 4.4 e resumido no Quadro 09. Vale destacar

que o modelo de dados em painel de efeitos fixos utilizados não demonstrou efeitos do

tempo significantes.

Em termos da variável ambiente de governança, ainda que a variável tenha

obtido significância, a hipótese não pôde ser suportada, pois a variável apresentou

coeficiente contrário ao proposto, representando uma relação inversa entre o ambiente

de governança rule-based e a intensidade da comunicação de RSC. Estudos anteriores,

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92

como o de Lattemann et al. (2009) e o de Li et al. (2010), encontraram uma relação

positiva entre o ambiente de governança rule-based e as práticas de RSC.

Lattemann et al. (2009), apesar de ter encontrado uma relação positiva entre

ambiente de governança rule-based e a comunicação de RSC, ao estudar a China e a

Índia, argumentam que economias do Leste Asiático obtiveram sucesso ao manter seu

ambiente de governança relation-based durante seus estágios emergentes. Conforme Li,

Park e Li (2004), o modelo relation-based é o mais indicado para economias que

possuem mercado pequeno, anti-competitivo, onde existe um pequeno número de

parceiros de transação e há pequeno alcance das atividades intra e interfirmas.

Li e Filer (2007) destacam que, embora a maioria das pesquisas classifique os

ambientes relation-based como pobres, ineficazes para proteger os direitos de

propriedade e prejudiciais ao investimento, esta visão é simplista, pois muitos países

com um sistema relation-based atraem uma quantidade significativa e crescente de

investimento estrangeiro, tais como a China e a Rússia. Isto significa que esses

investidores devem ter encontrado um ambiente relation-based eficiente e eficaz para

proteger o seu investimento. A governança deve ser considerada como um continuum

entre dois extremos, relation-based de um lado e rule-based na outra ponta, no qual

dificilmente se encontrará uma estrutura de governança em um dos extremos.

Assim, um motivos para que o impacto do ambiente de governança sobre a

intensidade da comunicação de RSC ter sido negativo pode ser o fato das economias

dos países estudados, apesar do crescimento e desenvolvimento conquistados nas

últimas décadas, ainda encontrarem-se em estágios de desenvolvimentos emergentes,

fase em que o ambiente relation-based torna-se mais eficiente que o rule-based, haja

visto que evita grandes investimentos no desenvolvimento da infraestrutura requerida

por um ambiente de governança rule-based.

Outra explicação para o fato do impacto negativo do ambiente de governança

sobre a intensidade de comunicação de RSC, é o fato do índice de intensidade de

comunicação de RSC ser dado pelo comportamento das empresas, organizações estas

que atuam em um mercado global, sofrendo influencia não só do seu país de origem,

mas de outros países onde atuam, do setor ao qual pertencem e do comportamento de

seus concorrentes. Lim e Tsutsui (2012) asseveram que as atividades de RSC sofrem

efeito do contexto nacional e internacional. Globalmente há uma crescente exigência

por transparência nas organizações (ARVIDSSON, 2010; BARTLETT; DEVIN, 2011),

fazendo com que as empresas preocupem-se em comunicar suas ações. Além disso,

destaca Robertson (2009), a proeminência da internet e outras formas de comunicação

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93

global tornaram não mais possível para a RSC (ou a falta de RSC), em qualquer país,

permanecer escondida do resto do mundo. Este potencial de monitoração global tende a

levar a padronização das práticas de RSC.

Lim e Tsutsui (2012) afirmam que, neste cenário, as empresas dos países em

desenvolvimento, ao sofrerem pressões da sociedade internacional, passam um processo

mimético, juntando-se a estruturas globais de RSC. Tem-se assim um aumento do

isomorfismo nas estruturas, comportamentos e políticas de organizações locais em

vários contextos nacionais, adotando modelos legítimos na sociedade internacional.

Portanto, a intensidade da comunicação de RSC pode ser influenciada por pressões

globais, o que explica o fato desta aumentar ainda que o ambiente de governança do

país seja relation-based.

Em relação à variável desenvolvimento econômico, representado pela variável

PIB per capita, surpreendeu pelo fato de não apresentar impacto sobre a intensidade da

comunicação de RSC. Estudos anteriores, como o de Baughn, Body e McIntosh (2007)

e Li et al. (2010), apontam que um maior nível de riqueza permite ao cidadão

preocupar-se com o bem-estar não econômico da sociedade, pressionando as

organizações e fazendo maiores exigências de responsabilidade corporativa.

No entanto, a riqueza per capita (PIB per capita) não é o único indicador de

desenvolvimento econômico, devendo ser levados em consideração indicadores como o

controle do governo sobre a economia e a tipologia do sistema econômico. Estudos

como o de Chapple e Moon (2005) e o de Lim e Tsutsui (2012), sugerem utilizar os

investimentos diretos estrangeiros como medida de desenvolvimento econômico. O fato

de considerar somente o PIB per capita como medida de desenvolvimento econômico

pode ser um dos motivos desta variável não ter sido considerada significativa.

Como afirmado por Mahmood e Humphrey (2013), o estágio de

desenvolvimento econômico de um país pode conduzir a uma diferente percepção dos

stakeholders quanto à importância das atividades de RSC. Os países estudados podem

se encontrar em um estágio de desenvolvimento econômico no qual há maior ênfase nos

benefícios econômicos que as empresas podem gerar para a sociedade ao invés das suas

práticas de RSC.

A variável corrupção governamental, representada pela variável CPI, não

impactou a intensidade da comunicação de RSC. Rodríguez, Uhlenbruck e Eden (2005)

argumentam que, ao se comparar países, uma simples percepção do nível de corrupção é

insuficiente. Para que haja comparações significativas de corrupção entre os países, é

necessário avaliar a natureza da corrupção local, que é concebida como uma

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combinação de duas características essenciais para se compreender a diferenciação de

corrupção entre países: difusão e arbitrariedade. A difusão capta o grau em que uma

empresa é obrigada a lidar com o comportamento corrupto. Arbitrariedade capta o grau

de ambiguidade associado com as transações corruptas em uma determinada nação ou

estado. Essa estrutura bidimensional para descrever corrupção local permite

compreender de forma significativa os desafios da corrupção em um determinado estado

e como eles diferem daquelas em outros estados, de modo a evitar ou explorá-los.

Portanto, as ações das empresas não sofrem somente influência da corrupção

governamental, mas também da natureza da corrupção (difusão e arbitrariedade). Essa

pode ser a principal explicação para a corrupção governamental não ter sido considerada

significativa, pois o estudo focou-se somente no nível da corrupção governamental. A

intensidade da comunicação de RSC pode sofrer também influência do tipo de

corrupção, ou junção do nível de corrupção e sua natureza. Outra explicação é que o

indicador escolhido, CPI, pode não ser a melhor representação da corrupção

governamental.

A variável independente nível educacional, considerada significante, corrobora

com a hipótese proposta. Tem-se que quanto maior é o nível educacional do país, maior

a intensidade da comunicação de RSC. Estudos anteriores de Quazi (2003), Sobczak,

Debucquet e Havard (2006), Tseng et al. (2010), Cheah et al. (2011), Huang (2013),

Pérez e Rodríguez del Bosque (2013) e Cai e Aguilar (2013), indicavam a importância

do nível educacional.

Quazi (2003) evidenciou o efeito positivo do nível educacional sobre a

percepção dos gestores em relação às implicações de RSC. Huang (2013) destaca que o

nível educacional dos CEO, particularmente a especialização educacional em cursos de

MBA (Master of Business Administration) e de MS (Master of Science), afetam

positivamente o desempenho de RSC das suas empresas. Conforme Sobczak,

Debucquet e Havard (2006), fatores como o nível educacional e a orientação

educacional também impactam positivamente sobre a percepção do negócio e atitudes

pessoais em relação a conceitos e ferramentas de RSC de estudantes e jovens gestores.

Pérez e Rodríguez del Bosque (2013) destacaram o efeito positivo de níveis

educacionais sobre o nível de consciência de responsabilidade social dos clientes. Cai e

Aguilar (2013), ao analisar o comportamento dos consumidores da indústria madeireira

dos Estados Unidos e da China, apontam que os níveis de escolaridade dos

consumidores influenciam suas escolhas em relação a de que empresas comprar. Os

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entrevistados de nível de ensino superior, de ambos os países, possuem preferências

mais elevadas, buscando produtos de organizações de nível de RSC mais elevados.

Por sua vez, Tseng et al. (2010) argumentam que a educação tem papel

fundamental na implementação da RSC nas pequenas e médias empresas. A educação

tem papel vital na comunicação e persuasão dos funcionários e acionistas a apoiar a

RSC, ajudando a equipe a estabelecer e aprofundar ideias de RSC, treinar os

funcionários acerca da RSC e internalizar conceitos de responsabilidade social

corporativa.

Cheah et al. (2011) demonstram que, quanto maior o nível educacional dos

investidores, mais eles tendem a conscientes e preocupados com os impactos

socioambientais das atividades das empresas, sendo também mais céticos em relação

aos relatórios anuais das organizações.

Como destacado por Gao (2010), as questões educacionais são essenciais para o

progresso humano, o desenvolvimento da sociedade, e a criação de um ambiente

econômico saudável. A educação exerce um papel-chave como motor do bem-estar, a

longo prazo, dos países em desenvolvimento. E, como demonstrado pelas pesquisas

citadas acima, a educação também exerce papel importante em relação à RSC. Nessa

linha, o presente estudo amplia a importância do nível educacional, mostrando que este

também impacta de forma positiva na intensidade de comunicação de RSC.

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96

5 CONCLUSÕES

O presente capítulo apresenta as conclusões do trabalho. Este capítulo está

dividido em quatro itens: Atendimento aos Objetivos Propostos (seção 5.1);

Contribuições da Pesquisa (seção 5.2); Limitações da Pesquisa (seção 5.3); Sugestões

para Pesquisas Futuras (seção 5.4).

5.1 Atendimento aos Objetivos Propostos

O presente estudo teve como objetivo analisar a influência do ambiente

institucional de Brasil, Chile, México e Panamá sobre a intensidade de comunicação de

responsabilidade social corporativa das maiores empresas desses países. Propôs-se a

responder à seguinte pergunta de pesquisa: Diferentes ambientes institucionais presentes

nos países da América Latina, em especial Brasil, Chile, México e Panamá, influenciam

a intensidade da comunicação de responsabilidade social corporativa de suas maiores

empresas?

Para responder tal pergunta foram necessários atingir os três objetivos

específicos propostos: a) identificar as semelhanças e diferenças do Brasil em

comparação ao Chile, México, e Panamá em relação aos seus ambientes institucionais

(características econômicas e socioculturais); b) analisar a comunicação de

responsabilidade social corporativa das maiores empresas dos países estudados através

de informações extraídas dos relatórios destas organizações; e c) identificar as

semelhanças e diferenças do Brasil em comparação ao Chile, México, e Panamá em

relação à intensidade de comunicação de responsabilidade social corporativa.

Através da análise dos dados, utilizando a técnica de análise de dados em painel,

demonstrou-se que as variáveis do ambiente institucional explicam cerca de 42,09% da

intensidade da comunicação de RSC. Dentre os modelos de efeitos fixos testados, o

modelo considerado significante utilizou os efeitos do indivíduo, não apresentando os

efeitos do tempo significância no modelo.

O modelo teve as variáveis ambiente de governança e nível educacional

consideradas significativas. A variável nível educacional apresentou uma influência

positiva sobre o crescimento da intensidade da comunicação de RSC, suportando assim

a quarta hipótese da pesquisa. A variável ambiente de governança apresentou uma

influência negativa sobre a intensidade da comunicação de RSC, demonstrando uma

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relação diferente da proposta pela primeira hipótese da pesquisa e, portanto, refutando-

a. As variáveis de desenvolvimento econômico e da corrupção governamental não

mostraram-se significativas, não suportando assim à segunda e terceira hipóteses da

pesquisa.

Ao analisar a influência do ambiente de governança, encontrou-se uma relação

inversa entre o ambiente de governança rule-based e a intensidade da comunicação de

RSC. O resultado encontrado pode ser explicado pelo fato das economias dos países

estudados encontrarem-se em estágios de desenvolvimentos emergentes, fase em que o

ambiente relation-based torna-se mais eficiente. Outra explicação para o impacto

negativo do ambiente de governança sobre a intensidade da comunicação de RSC trata-

se da influência do contexto internacional, que tende a levar a padronização das práticas

de RSC globalmente.

Os resultados da pesquisa não encontraram relação significante entre o

desenvolvimento econômico do país e a intensidade da comunicação de RSC. Sugere-se

a inserção de outros indicadores econômicos, como o controle do governo sobre a

economia, a tipologia do sistema econômico e os investimentos diretos estrangeiros, que

podem trazer uma melhor perspectiva mais completa de desenvolvimento econômico do

país.

O fato da corrupção governamental não ter impactado sobre a intensidade da

comunicação de RSC pode ser explicado pelo fato do estudo não avaliar a natureza da

corrupção (difusão e arbitrariedade), característica essencial para se compreender a

diferenciação de corrupção entre países. Portanto, a intensidade da comunicação de

RSC pode sofrer também influência do tipo de corrupção, ou junção do nível de

corrupção e sua natureza. Outra possível para o resultado encontrado reside no fato do

indicador escolhido, CPI, talvez não ser a melhor representação da corrupção

governamental.

Por fim, a significância da variável nível educacional, corroborou com estudos

anteriores, como os de Quazi (2003) e Huang (2013), que demonstraram o efeito

positivo do nível educacional sobre a percepção dos gestores em relação às implicações

de RSC e sobre o desempenho de RSC de suas empresas; o estudo de Sobczak,

Debucquet e Havard (2006), que demonstrou a influência do nível educacional e da

orientação educacional sobre a percepção do negócio e atitudes pessoais em relação a

conceitos e ferramentas de RSC de estudantes e jovens gestores; os estudos de Pérez e

Rodríguez del Bosque (2013) e Cai e Aguilar (2013), que mostraram que os clientes

socialmente responsáveis são aqueles que tem maior nível educacional, possuindo

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98

níveis de preferência mais elevados; o estudo de Tseng et al.(2010), que argumentam

que a educação tem papel fundamental na implementação da RSC nas pequenas e

médias empresas; e o estudo de Cheah et al. (2011), que demonstra que o nível

educacional influencia os investidores a serem mais preocupados com os impactos

socioambientais das empresas e a serem mais céticos em relação aos relatórios anuais

destas. O estudo contribuiu ao ampliar a importância do nível educacional,

evidenciando seu impacto sobre intensidade da comunicação de RSC.

O Quadro 10 relaciona as variáveis utilizadas na pesquisa com a síntese dos

resultados alcançados.

Quadro 10 - Síntese das conclusões.

Variáveis Resultados

Ambiente de

Governança

A variável influenciou negativamente a intensidade da comunicação de RSC.

Uma explicação pode ser o fato das economias dos países estudados ainda

encontrarem-se em estágios de desenvolvimentos emergentes, fase em que o

ambiente relation-based torna-se mais eficiente que o rule-base. Outra

explicação pode vir do fato do índice de comunicação de RSC ser obtido pelo

comportamento das empresas, organizações estas que atuam em um mercado

global, sofrendo pressões globais de padronização de práticas de RSC.

Desenvolvimento

Econômico

A variável não influenciou a intensidade da comunicação de RSC. Uma explicação

pode vir do fato do PIB per capita, indicador utilizado, não ser o único indicador

de desenvolvimento econômico, devendo ser levados em consideração indicadores

como o controle do governo sobre a economia e a tipologia do sistema econômico.

Corrupção

Governamental

A variável não influenciou a intensidade da comunicação de RSC. O estudo

considerou somente o nível de percepção da corrupção governamental, índice este

que pode não ser suficiente para demonstrar a variação da corrupção entre os

países. Rodríguez, Uhlenbruck e Eden (2005) argumentam que faz necessário

também avaliar a natureza da corrupção (difusão e arbitrariedade). Essa pode ser a

principal explicação para a corrupção governamental não ter sido considerada

significativa. Outra explicação é que o indicador escolhido, CPI, pode não ser a

melhor representação da corrupção governamental.

Nível Educacional A variável influenciou positivamente a intensidade da comunicação de RSC.

Estudos anteriores de Quazi (2003), Sobczak, Debucquet e Havard (2006), Huang

(2013), Pérez e Rodríguez del Bosque (2013), Cai e Aguilar (2013), Tseng et

al.(2010) e Cheah et al. (2011) evidenciavam a influência do nível educacional,

respectivamente, sobre a percepção e desempenho de gestores e estudantes em

relação às implicações, conceitos e ações de RSC, sobre a consciência de

responsabilidade social dos clientes, sobre a implementação da RSC em pequenas e

médias empresas, e sobre a preocupação dos investidores em relação aos impactos

socioambientais das empresas. Destaca-se também o papel-chave que a educação

exerce como motor do bem-estar, a longo prazo, dos países em desenvolvimento

(GAO, 2010). A presente pesquisa amplia a importância do nível educacional,

demonstrando sua influência sobre a intensidade de comunicação de RSC.

Fonte: Dados da pesquisa.

Assim, a partir dos resultados do presente estudo, pode-se afirmar que o nível

educacional e o ambiente de governança influenciam a comunicação de RSC das

organizações, merecendo estas variáveis maior atenção em futuros estudos.

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99

5.2 Contribuições da Pesquisa

A pesquisa traz como contribuição para a RSC o fato de estudar a comunicação

de RSC e sua relação com o ambiente institucional de países emergente, países latino-

americanos, que foram poucos estudados nessa área. Deste modo, os resultados desta

pesquisa ampliam a discussão acerca da influência dos países sobre a comunicação de

RSC. Enriquece-se a literatura sobre a comunicação de RSC, que não possui uma

literatura extensa dentro das discussões de RSC.

Diferente de outros estudos, que utilizaram somente as empresas como unidade

de análise, o presente estudo utilizou os países, trazendo uma nova perspectiva de

análise da influência do ambiente institucional sobre a comunicação de RSC. Futuras

pesquisas podem ser feitas utilizando os países como unidade de análise.

Os indicadores utilizados para mensurar as variáveis independentes também

podem ser considerados uma contribuição. Até então, não foram encontrados estudos

que utilizassem o nível educacional como uma das variáveis do ambiente institucional, e

nem o índice de comunicação de RSC do país (calculado pela o índice de comunicação

de RSC das empresas do país), podendo ser utilizados em futuras pesquisas, pois

mostraram-se adequados à presente pesquisa.

A presente pesquisa contribui para ampliar os conhecimentos sobre o ambiente

institucional e sua influência sobre a comunicação de RSC ao demonstrar que algumas

variáveis do ambiente institucional (ambiente de governança e nível educacional) tem

poder de influenciar a intensidade de comunicação de RSC, tratando-se, portanto, de

uma contribuição relevante para a literatura. Futuros estudos poderão aprofundar o

impacto dessas variáveis de forma mais específica sobre a intensidade da comunicação

de RSC.

5.3 Limitações da Pesquisa

Como principais limitações, pode-se citar: a) o curto período de tempo estudado,

b) redução do tamanho da amostra, e c) dificuldade na disponibilidade de dados anuais

de nível educacional.

O período de tempo analisado foi limitado pela indisponibilidade de indicadores,

que não apresentam em suas bases índices referentes ao ano de 2013, e também pela não

disponibilidade de ranking das 2000 maiores empresas da Forbes de anos anteriores ao

de 2007. O curto período de tempo estudado (2006 a 2012) pode não ser suficiente para

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100

capturar mudanças dentro do ambiente institucional, motivo este que resultou na não

utilização dos efeitos do tempo no modelo de dados em painel de efeitos fixos.

A amostra foi reduzida de mais de 47 empresas para 32 empresas, devido a não

disponibilidade de relatórios anuais ou de sustentabilidade nos websites das empresas.

Isso pode ter impactado no resultado final das estatísticas. Observou-se também que a

quantidade de empresas que tiveram seus relatórios analisados pode representar uma

amostra não representativa do universo dos países.

Outra limitação foi a dificuldade na disponibilidade de dados anuais de nível

educacional. Muitas das bases de dados disponíveis na internet, como a do Banco

Mundial, da Unesco, dentre outras, não apresentava dados completos dos quatro países

no período de 2006 a 2012. Isso pode ter impactado no resultado final das estatísticas,

uma vez que indicadores mais recomendados para representar o nível educacional não

puderam ser utilizados.

5.4 Sugestões para Pesquisas Futuras

Com base nos resultados obtidos e considerando a necessidade de contribuições

do trabalho realizado, apresentam-se como sugestões para a condução de próximos

trabalhos:

Replicar a presente pesquisa com uma amostra de dados de empresas de outros

países latino-americanos.

Replicar a presente pesquisa em um período de tempo superior ao utilizado neste

trabalho, podendo assim compreender melhor a dinâmica das mudanças

institucionais.

Pesquisar o impacto de outras variáveis do ambiente institucional sobre a

comunicação de RSC, como a taxa de desemprego, indicadores de investimentos

estrangeiros e o índice Gini, dentre outros.

Realizar pesquisa sobre comunicação de RSC utilizando as variáveis indústria e

tamanho da empresa como variáveis de controle, ou mesmo variáveis

independentes.

Realizar pesquisa sobre comunicação de RSC utilizando variáveis que representem

as pressões institucionais globais que levam as organizações à padronização.

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113

ANEXO A – Dados do ambiente institucional de Brasil, Chile, México e Panamá

por ano

País Ano

Ambiente de

Governança

– WGI

Desenvolvimento

Econômico - PIB

per capita (US$)

Corrupção

Governamental

- CPI

Nível Educacional

– Média de Anos de

Escolaridade dos

Adultos

Brasil 2006 -0,47 5.788 3,3 6,7

Brasil 2007 -0,52 7.194 3,5 6,8

Brasil 2008 -0,24 8.623 3,5 6,9

Brasil 2009 0,33 8.373 3,7 7,1

Brasil 2010 0,50 10.978 3,7 7,2

Brasil 2011 0,21 12.576 3,8 7,2

Brasil 2012 0,27 11.340 4,3 7,2

Chile 2006 3,95 9.371 7,3 9,4

Chile 2007 3,96 10.383 7 9,5

Chile 2008 3,85 10.672 6,9 9,6

Chile 2009 4,10 10.120 6,7 9,6

Chile 2010 4,34 12.685 7,2 9,7

Chile 2011 4,13 14. 513 7,2 9,7

Chile 2012 4,01 15.452 7,2 9,7

México 2006 -0,83 8.618 3,3 8

México 2007 -1,01 9.191 3,5 8,1

México 2008 -1,24 9.560 3,6 8,2

México 2009 -0,97 7.691 3,3 8,4

México 2010 -1,03 8.885 3,1 8,5

México 2011 -0,81 9.717 3 8,5

México 2012 -0,82 9.749 3,4 8,5

Panamá 2006 0,42 4.998 3,1 9,1

Panamá 2007 0,49 5.670 3,2 9,2

Panamá 2008 0,39 6.473 3,4 9,2

Panamá 2009 0,63 6.683 3,4 9,3

Panamá 2010 0,44 7.229 3,6 9,4

Panamá 2011 0,56 8.373 3,3 9,4

Panamá 2012 0,38 9.534 3,8 9,4

Fonte: CPI (2013), UNDP (2014), WGI (2013) e World Bank (2013).

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114

APÊNDICE A – Script usado no programa R para a construção do modelo de

dados em painel

library(plm)

library(car)

#Dados

painel<-read.table('C:/Users/Fernanda Meireles/Testes/Dados em painel.txt',head=T)

painel

summary(painel)

#Teste para Efeitos individuais e de tempo

g<-plm(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,model="pooling")

plmtest(g,effect="twoways",type="ghm")

plmtest(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,effect="twoways",

type="ghm")

gw<-

plm(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,effect="twoways",mo

del="within")

gp<-

plm(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,model="pooling")

pFtest(gw,gp)

pFtest(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,effect="time")

#Teste de Hausman

painel.fe<-

plm(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,model="within")

painel.re<-

plm(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,model="random")

phtest(painel.fe,painel.re)

#Estimação dos Modelos

# Efeitos fixos

painel.fe<-

plm(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,model="within")

fixef(painel.fe,type='dfirst')

summary(fixef(painel.fe,type='dfirst'))

painel.twfe<-

plm(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,model="within",effec

t="twoways")

fixef(painel.twfe,effect="time")

summary(fixef(painel.twfe,effect="time"))

summary(fixef(painel.twfe,effect="individual",type="dfirst"))

summary(painel.twfe)

summary(painel.fe)

painel.ind<-

plm(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,model="within",effec

t="individual")

painel.ind

summary(painel.ind)

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115

#Teste para Efeitos individuais e de tempo => bp entre pooled e efeito aleatório

g<-plm(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,model="pooling")

plmtest(g,effect="twoways",type="bp")

plmtest(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,effect="twoways",

type="bp")

=> Tabela países efeito fixo países

library(plm)

summary(painel.fe)

painel.ind<-

plm(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,model="within",effec

t="individual")

painel.ind

summary(painel.ind)

#Painel com os países

painel.fe<-

plm(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,model="within")

fixef(painel.fe,type='dfirst')

summary(fixef(painel.fe,type='dfirst'))

painel.fe<-

plm(RSC~WGI+PIBPERCAPIT+CPI+EDUCAÇÃO,data=painel,model="within")

fixef(painel.fe,type='dfirst')

summary(fixef(painel.fe,type='dfirst'))

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116

APÊNDICE B – Intensidade da Comunicação de RSC das empresas

País Ano

Categorias da Intensidade de Comunicação de

RSC

Intensidade de Comunicação de RSC Princípios

motivadores de

RSC

Processos

de RSC

Questões dos

Stakeholders

Brasil 2006 2 5,6 8,08 15,69

Brasil 2007 2,38 5 8,15 15,54

Brasil 2008 2,38 5,46 8,08 15,92

Brasil 2009 2,31 5,23 8,46 16,00

Brasil 2010 2,23 5,38 9 16,62

Brasil 2011 2,23 5,62 8,85 16,69

Brasil 2012 2,15 5,69 8,62 16,46

Chile 2006 1,8 2,8 6,6 11,20

Chile 2007 2,6 3,8 7,4 13,80

Chile 2008 2,6 4 7 13,60

Chile 2009 2,6 3,2 6,2 12,00

Chile 2010 2,4 3,8 6,2 12,40

Chile 2011 2,6 3,8 6,6 13,00

Chile 2012 2,2 3,6 6,8 12,60

México 2006 1,42 3 4,83 9,25

México 2007 1,42 3,17 4,83 9,42

México 2008 1,58 3,75 5,17 10,50

México 2009 1,58 3,83 6,17 11,58

México 2010 1,67 4 6,17 11,83

México 2011 1,58 4,25 6,42 12,25

México 2012 1,5 4 5,92 11,42

Panamá 2006 1 3 3 7,00

Panamá 2007 2 3,5 4 9,50

Panamá 2008 2 3 5 10,00

Panamá 2009 2 4 4,5 10,50

Panamá 2010 2 4 5 11,00

Panamá 2011 2 4 5,5 11,50

Panamá 2012 1 5 4 10,00

Fonte: Dados da pesquisa.