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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS INSTITUTO DE EDUCAÇÃO, AGRICULTURA E AMBIENTE
CURSO DE LETRAS
Literatura Brasileira
-
Acadêmicos:
Análise da construção rítmica do poema I-Juca Pirama de Gonçalves Dias a partir da leitura da obra versos, sons, ritmos de Norma Goldstein.
Introdução do Trabalho;Apresentação do poema: I-Juca Pirama, Gonçalves Dias;
Aspectos a serem analisados:-Contexto histórico do Romantismo-Biografia do autor-Estrutura do poema-Enredo
Análise do poema: Construção Rítmica e Indianismo
Considerações Finais
Gonçalves DiasContexto histórico
.
O país acabava de conquistar a independência política, até então colônia portuguesa. Nessa época os latifundiário eram os senhores da economia que se manteve socialmente agrária.em virtude disso, os escritores queriam definir o rumo cultural do pais, baseado em uma identidade nacional, fazendo com que se fossem valorizados elementos nativos do Brasil intocados pela grande produção colonizadora.
Características da Literatura
Fundamentou as bases da poesia brasileira, consolidando o Romantismo. Dotado de Riqueza temática, abrangeu múltiplos assuntos em diversos aspectos, tais como: poesia Indianista, Lirismo amoroso, poesia saudosista, religiosa, medievalismo e poesia egótica.
Umas das características uzadas no poema: O Otimismo
Características da Literatura Romântica
Poesia Indianista Poesia Lírico-AmorosaLírica Naturalista e SaudosistaA valorização da naturezaNacionalismo
BiografiaAntonio Gonçalves dias, foi
poeta e teatrólogo brasileiro. É lembrado como o grande poeta indianista da geração romântica. Deu romantismo ao tema índio e uma feição nacional á sua literatura. É lembrado como um dos melhores poetas líricos da literatura brasileira. È patrono da cadeira n° 15 Academia Brasileira de Letras.
Gonçalves DiasNasceu nos arredores de Caxias,
no maranhão, no dia 10 de agosto de 1823. Filho de um comerciante português e uma mestiça. Iniciou seus estudos no maranhão e ainda jovem viajava para Portugal. Se formou em direito em 1845, e em 1862 Gonçalves dias vai até a Europa para tratamento de saúde, sem resultados embarca de volta no dia 10 de setembro de 1864.no dia 3 de novembro o não francês Ville de Boulogne em que estava , naufraga na costa do Maranhão, onde o poeta falece.
ESTRUTURA DO POEMA: I-Juca Pirama
Gonçalves Dias publicou o livro últimos cantos e deve ter sido escrito em 1848 e 1851, e na obra se encontra o poema I- Juca Pirama.
O autor usa versos mais lentos em decassílabos ( onze sílabas);
A estrofe é sempre de seis versos (sextilha);
As rimas obedecem ao esquema: AA (paralelas) e BCCB ( oposta ou intercalada);
1° Estrofe:No/ mei/o / das/ ta/ bas/ de a/ me/nos/ ver/do/res, ACercadas de troncos- cobertos de flores,
AAlteiam-se os tetos d’alva nação; BSão muitos seus filhos nos ânimos fortes,
CTemíveis na guerra, que em densas cortes CAssombram as matas a imensa extensão. B
O poeta alterna o decassílabo( dez silabas) com o tetrassílabo ( quatro sílabas);
As estrofes são de quatro versos ( quarteto) e o poeta só rima os tetrassílabos.
1° Estrofe:
“Em/ fun/dos/va/sos/d’al/va/cen/ta/ ar/gi/la
Ferve o cauim;Enchem-se as copas, o prazer começa,
Reina, festim.”
1° Estrofe:“Em larga roda de novéis guerreiros
Ledo caminha o festival Timbira, A quem do sacrifício cabe as honras.Na fronte o canitar sacode em ondas.
O enduape na cinta se embalança,Na destra mão sopesa a ivirapeme
Orgulhoso e pujente. – Ao menor passoColar d’ alvo marfim, insígnia d’ honra,
Que lhe orna o colo, e o peito ruge e freme,Como que por feitiço não sabidoEncantadas ali as almas grandes
Dos vencidos Tapuias, inda choremSerem glória e brasão d’ imigos feros.”
O chefe Timbira ordena que o índio pressionado diga quem é e por que invadiu terras alheia
“Dize-nos quem és, teus feitos canta” O canto termina quando o prisioneiro iniciaria o seu discurso “ com triste voz que os ânimos comove”.
1° Estrofe:Meu/ can/to /de /mor/te A
Guerreiros ouvi: BSou filho das selvas CNas selvas cresci; B
Guerreiros descendo DDa tribo Tupi B
2° Estrofe:Da/ tri/bo pu/jan/te A
Que agora anda errante APor fado inconstante A
Guerreiros nasci: BSou bravo, sou forte, C
Sou filho, do Norte CMeu canto de morte C
Guerreiros ouvi. B
O jovem Índio fala do pai:11° Estrofe:
Ao velho coitado ADe penas ralado, A
Já cego e quebrado, A Que resta? – Morrer. BEnquanto descreve C
O giro tão breve CDa vida que teve CDeixai-me viver! B
O Índio termina seu discurso dizendo que não se envergonha por “chora”:
12° Estrofe:Não vil, não ignavo, A
Mas forte, mas bravo, ASerei vosso escravo: A
Aqui verei ter. BGuerreiros, não coro CDo pranto que choro; C
Se a vida deploro, CTambém sei morrer. B
SUBSTANTIVOS-Verso 117: Da tribo tupi
ADJETIVOS
-Verso 203: Do pranto que choro
PRONOMES
-Verso 112: Meu canto de morte,
FORMAIS VERBAIS
-Verso 113: “Guerreiros ouvi:”
-Versos 200 e 201: !”Serei vosso escravo Aqui virei ter.”
-Verso 190-192: “Ao velho coitado De pena ralado,
Já cego e quebrado,”
-Verso 193: “Que resta – morrer!”
OUTROS RECURSOS ESTILÍSTICOS
CANTO VII
314.”Eu porém nunca vencido315.Nem nos combates por armas,316.Nem por nobreza nos atos;317.Aqui venho, e o filho trago.318.Vós o dizeis prisioneiro,319.Seja assim como dizeis;320.Mandai vir a lenha, o fogo.321.A maça do sacrifício322.E a muçurana ligeira:323.Em tudo o rito se cumpra!
2ª estrofe
3ª estrofe
332.Mas o chefe dos Timbiras,333.Os sobrolhos
encrespando,334.Ao velho Tupi guerreiro335.Responde com torvo
acento:(...)
4ª estrofe
336.- Nada farei do que dizes:
337.É teu filho imbele e fraco!(...)
341. Ele chorou de cobarde;342.Nós outros, fortes
Timbiras,343.Só de heróis fazemos
pasto
Construção do Canto VII VERSOS HEPTASSÍLABOS RIMAS e
estrofes LIVRES
2ª estrofe314.Eu/ po/ RÉM/ nun/ ca/ vem/ CI/ do,315.Nem/ nos/COM/ ba/ tes/ por /AR/mas,316.Nem/ por no/ BRE/ za/ nos/ A/ tos;317. A/ qui/ VE/ nho e o/ fi/ lho/ TRA/ go.
versos 349 – 352: Tu choraste em presença da morte?Na presença de estranhos choraste?
Não descende o cobarde do forte;Pois choraste, meu filho não és!Possas tu, descendente maldito
D e uma tribo de nobres guerreiros,Implorando cruéis forasteiros,Seres presa de vis Aimorés.
CANTO VIII1ª estrofe
6ª estrofe
Versos389-396: “Um amigo não tenhas piedoso
Que o teu corpo na terra embalsame,Pondo em vaso d’argila cuidoso
Arco e frecha e tacape a teus pés!Sê maldito, e sozinho na terra;
Pois que a tanta vileza chegaste,Que em presença da morte choraste,
Tu, cobarde, meu filho não és.”
Canto VIII VERSOS ENEASSÍLABOS E.R -9-( 3-6-9) RIMAS ALTERNADAS E PARALELAS
349.“Tu/ Cho /RAS/ te em/ pre/ SEN/ ça /da MOR- te? - A350.Na- pre- SEN- ça- dees- TRA- nhos- Cho- RAS- te?- B
351.Não- des- CEN- de o- co- BAR- de- do- FOR- te - A352.Pois Cho RAS te, meu FI lho não ÈS! - C353.Pos-sas- TU, des-cen DEN-te mal-DI-to - D
354.De u-ma –TRI-bo de no-bres guer-REI-ros, -E355.Im –plo-RAN-do cru-ÈIS Fo- ras- TEI-ros,- E356. Se- res- PRE-sas- de- VIS- Ai-mo-RÉS. -C
As formas verbais:
verso 355: Implorando cruéis forasteiros,
verso 393: Sê maldito, e sozinho na terra;
Outros aspectos analisados
As figuras de construção
verso 351: Não descende o cobarde do forte;
Forte contraste semântico (cobarde / forte).
verso 384: Seja a terra ao ignavo tupi!
A ordem do sintagma, com a anteposição do adjetivo, denota total desprezo pelo ex-cativo. Ainda, o uso de inicial minúscula para o nome de sua tribo colabora com este quadro,
reduzindo o índio a um qualquer.
Outros recursos estilísticos
versos 359-360: Rejeitado da morte na guerra,
Rejeitado dos homens na paz, Anáfora – adição de idéias e ênfase no adjetivo
“rejeitado”.
3°ESTROFE
“Era ele, o Tupi; nem fora justoQue a fama dos Tupis – o nome, a
glória,Aturado labor de tantos anos,
Derradeiro brasão da raça extinta,De um jato e por um só se aniquilasse”
4°ESTROFE“- Basta! Clama o chefe dos
Timbiras,-Basta, Guerreiro ilustre! Assaz
lutaste,E para o sacrifício é mister
forças.”
5°estrofe“O guerreiro parou, caiu nos braçosDo velho pai, que o cinge contra o
peito,Com lágrimas de júbilo bradando:“Este, sim, que é meu filho muito
amado!E pois que o acho em fim, qual sempre
o tive,Corram livres as lágrimas que choro,
Estas lágrimas, sim, que não desonram”
O poeta usa o decassílabo com estrofação e rimas livres. Ex:
“ Es/ te,/ sim,/ que é/ meu/ fi/ lho/ mui/ to a/ ma/ do!” 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1°estrofe“ Um velho Timbira, coberto de
glória,Guardou a memória
Do moço guerreiro, do velho Tupi!E à noite, nas tabas, se alguém
duvidavaDo que ele contava,
Dizia prudente: - “Meninos, eu vi!”
2°eSTROFE“ Eu vi o brioso no largo terreiro
Cantar prisioneiroSeu canto de morte, que nunca
esqueci:Valente, como era, chorou sem ter
pejo;Parece que o vejo,
Que o tenho nest’hora diante de mi.”
3°ESTROFE“ Eu disse comigo: Que infâmia
d’escravo!Pois não, era um bravo;
Valente e brioso, como ele, não vi!E à fé que vos digo: parece-me
encantoQue quem chorou tanto,
Tivesse a coragem que tinha o tupi!”
4°ESTROFE“Assim o Timbira, coberto de glória,
Guardava a memóriaDo moço guerreiro, do velho Tupi.
E à noite nas Tabas, se alguém duvidava
Do que ele contava,Tornava prudente: “Meninos, eu vi!”
1°Estrofe
A “ Um velho Timbira, coberto de glória,
A Guardou a memória
B Do moço guerreiro, do velho Tupi!
C E à noite, nas tabas, se alguém duvidava
C Do que ele contava,
B Dizia prudente: - “Meninos, eu vi!”
PARALE
LA
SINTERCALADAS
PARALE
LA
SINTERCALADAS
Considerações FINAIS
Gonçalves Dias nos apresenta neste poema épico-histórico
a força da representação de uma terra e de seus habitantes, As alternâncias de pasmo e
exaltação se configuram na estrutura melódica do poema e, com o dramático se apresentam na composição das cenas de cada canto
Há dois narradores presentes no canto:1-narrador -poeta 2-narrador-personagem
A diferença entre as linguagens gráfica e sonora conduzem à necessária diferenciação entre as culturas indígena e a colonizadora.