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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA, E ZOOTECNIA (FAAZ) PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL REPARTIÇÃO DE NUTRIENTES E SELÊNIO NA CASTANHEIRA-DO-BRASIL (Bertholletia excelsa) DIONE APARECIDO CASTRO CUIABÁ-MT 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, E ZOOTECNIA (FAAZ)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL

REPARTIÇÃO DE NUTRIENTES E SELÊNIO NA CASTANHEIRA-DO-BRASIL

(Bertholletia excelsa)

DIONE APARECIDO CASTRO

CUIABÁ-MT

2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA, E ZOOTECNIA (FAAZ)

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRICULTURA TROPICAL

REPARTIÇÃO DE NUTRIENTES E SELÊNIO NA CASTANHEIRA-DO-BRASIL

(Bertholletia excelsa)

DIONE APARECIDO CASTRO

Engenheiro Agrônomo

Orientador: PROF. DR. MILTON FERREIRA DE MORAES

Dissertação apresentada à Faculdade de

Agronomia e Zootecnia da Universidade

Federal de Mato Grosso, para obtenção do título

de Mestre em Agricultura Tropical.

CUIABÁ-MT

2017

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Sumário

INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................. 12

CAPÍTULO I: ............................................................................................................... 15

REVISÃO DE LITERATURA (ASPECTOS GERAIS) ............................................... 15

1.1. CASTANHEIRA-DO-BRASIL (Bertholletia excelsa) ................................... 15

1.1.1. DESCRIÇÃO BOTÂNICA ..................................................................................... 15

1.1.2. ECOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA ............................................... 18

1.1.3. PRODUÇÃO DE CASTANHA NO BRASIL ...................................................... 19

1.1.4. IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA DA CASTANHEIRA ........................ 21

1.2. SOLOS DE CULTIVO DA CASTANHEIRA-DO-BRASIL ......................... 22

1.3. ALOCAÇÃO MINERAL ................................................................................ 23

1.4. SELÊNIO ......................................................................................................... 24

1.4.1. SELÊNIO NOS SOLOS ........................................................................................... 24

1.4.2. SELÊNIO NA PLANTA .......................................................................................... 25

1.4.3. SELÊNIO NA CASTANHEIRA-DO-BRASIL .................................................... 27

1.4.4. NUTRIÇÃO HUMANA X SELÊNIO ................................................................... 28

1.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................... 29

CAPÍTULO II: .............................................................................................................. 30

2.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 30

2.2. MATERIAL E MÉTODOS ............................................................................. 31

2.2.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL ....................................... 31

2.2.2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICAS DO SOLO ..................................... 33

2.2.3. AMOSTRAGEM DAS CASTANHEIRAS ........................................................... 34

2.3. DETERMINAÇÃO DA BIOMASSA E ACUMULO DE NUTRIENTES E

SELÊNIO NA CASTANHEIRA-DO-BRASIL ............................................................. 36

2.3.1. PRODUÇÃO DE BIOMASSA POR ÁRVORE E HECTARE DE

CASTANHEIRA-DO-BRASIL ............................................................................................. 36

2.3.2. ACUMULO DE NUTRIENTES E SELÊNIO NOS COMPONENTES DA

CASTANHEIRA ...................................................................................................................... 37

2.4. ANÁLISE DO MATERIAL VEGETAL ........................................................... 38

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2.5. ANÁLISE ESTATISTICA .............................................................................. 38

2.6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ..................................................................... 39

2.6.1. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS E FÍSICAS DOS SOLOS DE PLANTIO

DE Bertholletia excelsa .......................................................................................................... 39

2.6.1.2. SELÊNIO TOTAL E DISPONÍVEL NO SOLO ................................................. 43

2.6.2. BIOMASSA ACUMULADA NA CASTANHEIRA-DO-BRASIL .................. 45

2.6.3. ESTOQUE DE NUTRIENTE NA Bertholletia excelsa...................................... 46

2.7. CONCLUSÃO .................................................................................................. 53

2.8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................. 54

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Forma – A; Folhas – B; Inflorescência – C e D; Flor – E; Ramificações e Ouriço

– F; Ouriço e Semente. ................................................................................................... 16

Figura 2: Aspecto geral da Bertholletia excelsa (árvore, ramos, folhas, inflorescência,

flores, ouriço e sementes)(Fonte: http://todavida.de/pranusse-essen-urwald-retten-

stimmt-das/). ................................................................................................................... 17

Figura 3: Distribuição da Bertholletia excelsa entre as regiões da Bacia Amazônica

(PACHECO; SCUSSEL, 2007). ..................................................................................... 19

Figura 4: Balanço de produção, oferta e demanda da Castanheira-do-brasil (Fonte: IBGE

e MAPA/Agrostat). ....................................................................................................... 21

Figura 5: Identificação da área de estudo a nível estadual ............................................ 33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Diâmetro de altura do peito das castanheiras avaliadas no estado da AM. ... 34

Tabela 2: Diâmetro na Altura do Peito das castanheiras avaliadas no estado do MT ... 35

Tabela 3: Tamanho em altura da castanheira-do-brasil no estado do AM. ................... 37

Tabela 4: Peso dos compartimentos da castanheira-do-brasil do estado do AM. ......... 37

Tabela 5: Características químicas e físicas do solo sob plantios florestais de

Bertholletia excelsa com dez anos de idade do estado da Amazônia. ........................... 40

Tabela 6: Características químicas e físicas do solo sob plantios florestais de

Bertholletia excelsa com doze anos de idade no estado da Amazônia. ......................... 40

Tabela 7: Características químicas e físicas do solo sob plantios florestais de

Bertholletia excelsa com quatorze anos de idade no estado da Amazônia. ................... 41

Tabela 8: Características químicas e físicas do solo sob plantios florestais de

Bertholletia excelsa com dezesseis anos de idade do estado no estado Mato Grosso. .. 42

Tabela 9: Características químicas e físicas do solo sob plantios florestais de

Bertholletia excelsa com vinte e nove anos de idade no estado de Mato Grosso. ....... 43

Tabela 10: selênio disponível (mg kg-1) distribuído em profundidades, sob diferentes

anos de cultivo com castanheira-do-brasil...................................................................... 45

Tabela 11: selênio total (mg kg-1) distribuído em profundidades, sob diferentes anos de

cultivo com castanheira-do-brasil. .................................................................................. 45

Tabela 12: Teores de macronutrientes (g kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa dez

anos - AM. ...................................................................................................................... 48

Tabela 13: Teores de macronutrientes (g kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa doze

anos - AM. ...................................................................................................................... 48

Tabela 14: Teores de macronutrientes (g kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa vinte

e nove anos - MT. ........................................................................................................... 49

Tabela 15: Teores de macronutrientes (g kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa

dezesseis anos - MT. ....................................................................................................... 49

Tabela 16: Teores de macronutrientes (g kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa

quatorze anos - AM. ....................................................................................................... 49

Tabela 17: Teores de micronutrientes e selênio (mg kg-1) nas partes da Bertholletia

excelsa com quatorze anos - AM. ................................................................................... 51

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Tabela 18: Teores de micronutrientes e selênio (mg kg-1) nas partes da Bertholletia

excelsa com doze anos - AM. ......................................................................................... 51

Tabela 19: Teores de micronutrientes e selênio (mg kg-1) nas partes da Bertholletia

excelsa com dez anos - AM. ........................................................................................... 51

Tabela 20: Teores de micronutrientes e selênio (mg kg-1) nas partes da Bertholletia

excelsa com dezesseis anos - MT. ................................................................................. 52

Tabela 21: Teores de micronutrientes e selênio (mg kg-1) nas partes da Bertholletia

excelsa com vinte e nove anos - MT. ............................................................................ 52

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AGRADECIMENTOS

Ao ser soberano conhecedor de todas as coisas e que me sustenta nesta caminhada

chamada vida. Deus, sem ti nada posso e nada sou!

Ao final de mais uma importante etapa na vida acadêmica, não poderia deixar de dar o

devido reconhecimento às pessoas que tornaram este sonho uma meta alcançada.

Aos meus tios Nilton Benevides Olartechea e Sulineide Aparecida Olartechea, por

compreenderem minha ausência e mau humor e ainda assim me incentivarem a alcançar

mais este objetivo. Amo vocês!

À Milton F. Moraes meu muito obrigado pela atenção, confiança, paciência, dedicação

e disponibilidade durante a realização deste trabalho.

À Aisy Baldoni que me deu todo o suporte na coleta de dados. Obrigado pela confiança

e apoio!

À professora Fabiana da Rocha pelo acompanhamento da minha vida profissional!

À fazenda Aruanã e Iracema pela liberação e coleta de dados.

Aos colegas do laboratório de Sementes, a Professora Elisangêla Camili.

Aos companheiros de mestrado.

À Universidade Federal de Mato Grosso e ao Programa de Pós-Graduação em Agricultura

Tropical pela oportunidade de realizar esse curso.

À CNPQ pela concessão da bolsa de estudos.

À TODOS O MEU MUITO OBRIGADO!

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RESUMO

A castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa) é caracterizada como um dos produtos

não madeireiros mais importantes da região Amazônica, visto que é um alimento bastante

apreciado pelas comunidades locais e ainda utilizado para exportação. Sua amêndoa é

reconhecida no mundo inteiro como o alimento mais rico em selênio (Se), sendo crescente o

desenvolvimento de pesquisas que cada vez mais comprovam seus efeitos benéficos na saúde

humana. A composição nutricional da amêndoa está vinculada a reserva mineral acumulada nos

tecidos dos componentes da castanheira. Na planta a alocação pode acontecer por diferentes

partes, sendo os órgãos receptores a raiz, caule, ramos, folhas, flores e frutos. Objetivou-se

através do presente trabalho: quantificar os nutrientes e selênio nas diferentes partes da

castanheira-do-brasil, sob diferentes idades e localidades e determinar os teores dos minerais e

selênio nos solos, observando o seu comportamento com relação às variações de localidades.

Foram coletadas amostras de raiz, caule, ramo superior, ramo inferior, folhas novas e folhas

velhas nos estados do Amazonas (21 plantas) e Mato Grosso (15 plantas), e amostras de solo

nas camadas de 0-20 cm, 20-40 cm, 40-60 cm , 60-80 cm e 80-100 cm. As concentrações de

nutrientes e selênio na castanheira-do-brasil nos locais avaliados neste estudo foram

influenciadas pela quantidade e disponibilidade dos minerais no solo, bem como pela

capacidade genotípica de cada planta dentro de cada população para acumular os nutrientes e

Se, considerando os diferentes locais com suas próprias particularidades ambientais. Dentro das

partes da árvore avaliada, a concentração das maiorias dos nutrientes em maior quantidade deu-

se nas folhas. O teor concentrado de selênio nas partes da árvore vai depender principalmente

da quantidade do elemento disponível no solo. Sendo a raiz e o caule as partes de maior

concentração no estudo.

Palavras-chave: solo; macro e micricronutrientes; floresta amazônica; biomassa.

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ABSTRACT

Brazil nut (Bertholletia excelsa) is characterized as one of the most important

non-timber products of the Amazon region, since it is a food appreciated by local

communities and still used for export. Its almond is recognized throughout the world as

the food richest in selenium (Se), with increasing research that increasingly prove its

beneficial effects on human health. The nutritional composition of the almond is linked

to the accumulated mineral reserve in the tissues of the components of the chestnut tree.

In the plant the allocation can happen by different parts, being the receiving organs the

root, stem, branches, leaves, flowers and fruits. The objective of this work was to quantify

the nutrients and selenium in the different parts of Brazil nut, under different ages and

localities, and to determine the levels of minerals and selenium in soils, observing their

behavior in relation to local variations. Samples of root, stem, upper branch, lower branch,

new leaves and old leaves were collected in the states of Amazonas (21 plants) and Mato

Grosso (15 plants), and soil samples in the 0-20 cm, 20-40 cm, 40-60 cm, 60-80 cm and

80-100 cm. The nutrient and selenium concentrations in Brazil nut in the evaluated sites

were influenced by the amount and availability of the minerals in the soil, as well as by

the genotype capacity of each plant within each population to accumulate the nutrients

and If, considering the different with their own environmental particularities. Within the

parts of the evaluated tree, the concentration of the majority of the nutrients in greater

quantity occurred in the leaves. The concentrated content of selenium in the parts of the

tree will depend mainly on the amount of available element in the soil. The root and stem

being the most concentrated parts of the study.

Keywords: soil; macro and micronutrients; Amazon rainforest; biomass.

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INTRODUÇÃO GERAL

A castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa), é uma espécie florestal de grande

importância para as comunidades da região amazônica. Encontra-se amplamente distribuídas

em países nativos da Amazônia (PACHECO; SCUSSEL, 2007), com destaque para a Bolívia,

Brasil e Peru (MENEZES et al., 2005). Sendo encontradas em quantidades menores na

Colômbia, Equador, Guianas e Venezuela, nas quais encontram-se distribuídas em regiões com

temperaturas máximas entre 30,6 e 32,6º C e mínimos de 19,2 e 23,4º C, médias anuais de

precipitação entre 1400 e 2800 mm, e umidade relativa entre 79% e 86% (DINIZ; BASTOS,

1974).

Trata-se de uma espécie arbórea que possui sementes com alto valor comercial,

comercializadas com ou sem casca, dando origem a farinha, manteiga, leite, azeite, essências e

óleo industriais e comestíveis. A amêndoa da castanheira-do-brasil é conhecida e consumida

pelo mundo inteiro. Isso se dá devido ao seu alto valor nutricional, sendo rica em vitaminas do

tipo A, B1, B2, C e E, além de estarem presentes os minerais como fósforo, potássio, cálcio,

magnésio, cobre e selênio (PACHECO; SCUSSEL, 2007).

A composição nutricional da amêndoa está vinculada a reserva mineral acumulada nos

tecidos da raiz, caule, ramos, folhas, flores e frutos da castanheira. Essa acumulação é

conhecida como alocação mineral, sendo os minerais distribuídos conforme a idade e hábito de

crescimento da planta, competição com plantas daninhas, condições hídricas e minerais

disponíveis no solo (BROUWER, 1962) e envolvendo a capacidade da planta em redistribuir e

acumular os minerais em seus órgãos (GERLOFF; GABELMA, 1983).

Na planta a alocação mineral pode acontecer por diferentes partes, sendo os órgãos

receptores a raiz, caule, ramos, folhas, flores e frutos. Essa partição se dá de acordo com a

espécie e finalidade de produção (SCHEFFER-BASSO et al., 2002). O fruto é o órgão final de

acumulação de nutrientes das plantas. Para aumentar as concentrações de minerais em seus

tecidos, deve-se haver absorção por raízes (minerais presentes na solução do solo) ou por folhas

(fotossíntese e aplicação de minerais foliares), sendo osdois orgãos responsáveis pelas entradas

de minerais nas plantas (WELCH; GRAHAM, 2005).

Diante da riqueza nutricional da amêndoa de Bertholletia excelsa, sendo o Brasil um dos

maiores produtores mundiais desse fruto, com a safra do ano de 2013 baseada no valor de 45

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mil toneladas (CONAB, 2015), os estudos de composição mineral da amêndoa vêm destacando-

se o selênio como um dos elementos em maior abundância em suas concentrações, já tendo sido

encontrados na literatura valores que variam de 5 a 512 mg kg-1 Se na semente (DUMONT

etal.,2006), essa variação depende de inúmeros fatores, sendo os principais o solo, clima e a

árvores (gnética, idade, etc.).

O selênio é um mineral essencial tanto na biologia humana quanto animal que

desempenha papeis fundamentais. Dentre as suas funções biológicas incluem defesa contra

estresse oxidativo, regulação da ação dos hormônios da tireóide, regulação do potencial redox

da vitamina C e de outras moléculas (FREITAS et al., 2008), redução das infecções virais,

sendo essencial para a fertilidade e reprodução, proteção contra doenças cardiovasculares

(RAYMAN, 2012), anticancerígenas agindo na prevenção do câncer de próstata (MAPA,

2002).

Existe a preocupação com a relação de toxidade e deficiência, estudos desde 1983 vem

sendo realizados, sobre a ciclagem e importância do Se na saúde animal e humana (KABATA-

PENDIAS; MUKHERJEE, 2007). A ingestão diária recomendada de Se varia de acordo com

o sexo e idade. Para homens adultos a dose é de 70 µg/dia e para mulheres adultas de 60 µg/dia

(KIPP et al.,2015). Esses resultados são baseados na quantidade necessária para maximizar a

atividade da enzima glutationa peroxidase, sendo o valor do Limite Superior Tolerável de

Ingestão (UL) de 400 µg/dia fixado devido ao risco de selenose (INSTITUTE OF MEDICINE,

2000).

A mobilidade e absorção de selênio pelas plantas e animais, são determinadas por

parâmetros biológicos, físicos e químicos, dependentes das condições edafoclimáticas. Assim

estão presentes a textura do solo, matéria orgânica, mineralogia, presença de íons competitivos,

pH e potencial redox (FORDYCE, 2003) fertilizantes, precipitação e atmosfera em equilíbrio

com a planta.

A geologia é responsável pela distribuição do selênio em todo o globo terrestre. No

geral, as áreas com níveis alto de Se no solo são menos disseminadas que as áreas com baixo

teor natural de Se (FORDYCE, 2010; WINKEL et al., 2012). Os solos com baixa concentração

de Se, estão presentes nos Argissolos e os mais elevados nos Organossolos, sendo os teores

variados de 0,05 a 1,50 mg kg-1 (KABATA-PENDIAS, 2011).

As informações sobre os valores de Se nos solos Brasileiros são escassas, sendo a

maioria dos estudos feitos em locais pontuais. A cada dia que se passa veem-se a preocupação

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quanto a deficiência e toxidade do Se. Estudos de teores totais de Se, tanto em produtos vegetais

como nos solos a nível nacional, vem se tornando fundamental, se ligando ainda ao fato de que

metade da população mundial carece de Se, Fe e Zn (ZHAO et al., 2009).

A cadeia produtiva da castanha-do-brasil carece ainda de informações quantitativas e

qualitativas sobre o desenvolvimento da espécie florestal. Entender todo o processo da planta é

de fundamental importância, quando se diz respeito a produção em larga escala, além de

fornecer subsidio ao gerenciamento desse bem natural.

Nesse contexto, objetivou-se através do presente trabalho quantificar os nutrientes e

selênio nas diferentes partes da castanheira-do-brasil, sob diferentes idades e localidades; e

determinar os teores do selênio, macro e micronutrientes nos solos, observando o seu

comportamento com relação às variações de localidades.

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CAPÍTULO I:

REVISÃO DE LITERATURA (ASPECTOS GERAIS)

1.1. CASTANHEIRA-DO-BRASIL (Bertholletia excelsa)

A castanheira-do-brasil e ou castanheira-do-pará, é pertencente à família das

Lecythidaceae descrita por Poiteau em 1825, sendo Humboldt o primeiro a caracterizar à

espécie em uma de suas expedições pela américa em 1807 ((MORI; PRANCE, 1990).

Hoje a castanheira-do-brasil é classificada dentro da nomenclatura em espécie como

Bertholletia excelsa (BONPLANT.). A castanheira é considerada a única espécie do gênero da

Bertholletia, mesmo possuindo estudos que comprovam diferenças entre o tamanho, forma e

números de amêndoas por fruto, não se caracterizam como uma justificativa para

reconhecimento de mais de uma espécie (MORI e PRANCE, 1990). Desta forma a castanheira-

do-brasil é classificada no Reino Plantae, Filo das Angiospermas, Classe das Dicotiledôneas,

Ordem Myrtiflorae, Família Lecythidaceae, Gênero Bertholletia e Espécie Bertholletia excelsa.

1.1.1. DESCRIÇÃO BOTÂNICA

A castanheira-do-brasil (Figura 2) possui alturas de 30 a 60 m, com diâmetros da base

do tronco podendo alcançar valores superiores a 4 m, tronco retilíneo, cilíndrico e desprovido

de ramos com o DAP médio (Diâmetro a 1,30 m do solo) de 100 a 180 cm (Figura 1- A). Suas

ramificações são formadas por galhos curvados nas extremidades, composto de folhas

alternadas, espessas e verdes pálida na parte inferior e escura na superior (Figura 1 - F), com

folhas composta por pecíolos apresentando 5 a 6 cm de comprimento, lâmina coriácea com

margens onduladas e base aguda, forma de calha, com comprimento de 25 cm a 35 cm e largura

de 8 cm a 12 cm de largura (CAVALCANTE, 1976; EMBRAPA, 2004) (Figura 1 - B). A

inflorescência da castanheira é do tipo panícula, com eixos compostos por espigas e a

constituição floral é zigomórfica (MORITZ, 1984) (Figura 1 – C e D). As flores apresentam

seis grandes pétalas brancas, côncavas e decíduas; o ovário é recoberto; o estilete estende-se

além das anteras; as flores se desenvolvem em panículas retas e verticais, com extremidades

dos ramos racemosas (Figura 1 - E). O seu fruto é do tipo pixídio arredondado, conhecido

popularmente como ouriço, pesando entre 200 g a 1,5 kg; contendo de 12 a 25 sementes (Figura

1 – F e G). As sementes possuem formato triangular-anguloso, transversalmente rugoso e

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estritamente comprimido, pesando entre 4 a 10 g cada semente. O comprimento varia entre 4

e 7 cm, com casca dura e rugosa (Figura 1 - G).

C D E

A

B

F G

Figura 1: Características da castanheira-do-brasil: Forma – A; Folhas – B; Inflorescência – C

e D; Flor – E; Ramificações e Ouriço – F; Ouriço e Semente-G

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Figura 2: Aspecto geral da Bertholletia excelsa (árvore, ramos, folhas, inflorescência, flores,

ouriço e sementes)(Fonte: http://todavida.de/pranusse-essen-urwald-retten-stimmt-das/).

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1.1.2. ECOLOGIA E DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA

A Bertholletia excelsa é uma planta lucífera, semidecídua e heliófila, com crescimento

em altura priorizados nos primeiros anos, para o alcance do dossel florestal no menor espaço

de tempo, para com isso uma vez atingida o dossel florestal, a castanheira assegure a presença

de luz para assim incrementar o aumento do seu diâmetro (SALOMÃO, 1991).

Estudo experimental vem demonstrando o comportamento das castanheiras em relação

a exposição a luz no seu estágio inicial. A castanheira tem o seu crescimento inicial acelerado,

quando as condições são de alta intensidade luminosa (TONINI, 2008), porém quando em

condições de sombreamento o seu desempenho é muito baixo (KAINER et al, 2008). Pesquisas

experimentais, tem mostrado que em condições diversas de intensidade de luz, sugerem que a

plântula de Castanha-do-brasil tenha crescimento maior significativamente, quando as

condições de luz estão entre 25-50% da abertura do dossel florestal, estando o aumento da

biomassa diretamente proporcionado à disponibilidade de luz (ZUIDEMA et al,1999).

Essas plantas possuem o hábito de ser sociável, pois ocorrem em determinadas regiões

com uma grande frequência, sendo encontradas de forma aglomerada na composição florestal

(LORENZI, 2000).

A Bertholletia excelsa é predominantemente uma espécie neotropical, onde a

inflorescência de sua família tende a ocorrer na estação seca do ano (MORI; PRANCE, 1990).

Suas flores possuem fecundação cruzada (planta alógama) com síndrome melitófila. Sendo

assim dependem de abelhas polinizadoras da família Apidae, com os gêneros Bombus, Centris

e Epicharis, Eulaema e Xylocopa, para fazer a fecundação das flores (MAUÉS, 2002). Um ano

após a fecundação das flores, ocorre a maturação dos frutos, começando a cair no início da

estação chuvosa (CLAY et al, 2000). O ouriço ao cair no solo é degradado pela ação do tempo,

da água e microrganismos (MORI; PRANCE, 1990).

A disseminação da espécie se dá por meio de animais silvestres, sendo a cutia uma das

principais responsáveis pela propagação da castanheira-do-brasil (MAUÉS, 2002), dispersando

as sementes por longas distâncias da planta mãe, onde são enterradas em uma profundidade de

1 a 3 cm (PERES; BAIDER, 1997) e, em um período de 12 a 18 meses germinadas (MORI;

PRANCE, 1990).

A castanheira-do-brasil é conhecida naturalmente por desenvolver-se bem em regiões

de mata Amazônica. Trata-se de uma espécie florestal que se estabelece em locais mais secos,

sendo característica de mata não inundável e terra firme (ARAUJO, 2001), situadas em solos

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argilosos ou argilo-arenoso, com textura média a pesada, sendo marcada pelo clima quente e

úmido (Ami e Awi), possuindo concentrações espaciais em regiões onde predominam os climas

tropicais chuvosos com ocorrência de períodos de estiagens definidos (MULLER et al.,1995).

Distribi geograficamente, por toda a região amazônica, estando presente nos seguintes

países: Venezuela, Colômbia, Peru, Bolívia, Guianas e Brasil (Figura 2). No Brasil as áreas de

ocorrência da castanheira estão presentes nos estados de Rondônia, Acre, Amazonas, Pará e

norte do estado de Mato Grosso (Embrapa, 2000), sendo encontradas também em Roraima e no

Amapá. Sendo essas áreas com temperaturas médias anuais variando entre 24,3 e 27,2º C, com

seus valores máximos de 30,6 e 32,6º C e mínimos de 19,2 e 23,4º C, com médias anuais de

precipitação entre 1400 e 2800 mm, e umidade relativa entre 79% e 86% (Diniz & Bastos,

1974).

1.1.3. PRODUÇÃO DE CASTANHA NO BRASIL

A produção de frutos da castanheira-do-brasil está vinculada principalmente a produção

extrativista, a qual inúmeros coletadores de Castanha, utilizam dessa atividade para compor

parte da sua renda familiar. Para isso é de fundamental importância entender o processo de

produção da Bertholletia excelsa.

Figura 3: Distribuição da Bertholletia excelsa entre as

regiões da Bacia Amazônica (PACHECO; SCUSSEL,

2007).

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A castanheira-do-brasil possui uma variabilidade de produção, que está vinculada a

fatores endógenos e exógenos a árvore. Os fatores exógenos são marcados pela presença do

clima, incêndios, infestações de plantas daninhas, polinizadores e roedores, doenças, nutrientes

no solo e luz (WADT et al., 2005; KAINER et al., 2007). Nos fatores endógenos a reprodução

é limitada pelos recursos acumuladores, sendo estes vinculado as características estruturais das

plantas (LAYNE; ABRAHAMSON, 2004), estando assim presentes as questões genéticas e

ritmo do ciclo de vida da arvore, posição sociológica, diâmetro das arvores, posição da copa e

sua forma (WADT et al., 2005; KAINER et al., 2007).

A cotação da produtividade de castanheira-do-brasil por hectare (ha), é relativamente

complicada, pois a maioria das árvores são de áreas de florestas nativas, não tendo uma

distribuição demográfica contínua. Porém, em um estudo feito por Homma et al. (2000), em

uma área onde a densidade de castanheiras varia de 1 a 3 arvores adultas por hectare, a

produtividade de castanheira-do-brasil com casca variou-se entre 8 a 27,5 kg/ha. Assim como

a variabilidade espacial das castanheiras nas florestas, a produção por árvore de castanha

também é variável, ficando em torno de 1,5 a 105 kg de amêndoas por arvore (VIANA et al.,

1998), sendo os responsáveis por essas variações os fatores endógenos a cultura (LAYNE &

ABRAHAMSON, 2004; WADT et al., 2005; KAINER et al., 2007).

Além disso devido a castanheira-do-brasil estar se tornando uma cultura de grande

potencial econômico, agricultores vem realizando a atividade em sistema de plantio

monocultivo e larga escala.

O monocultivo de castanheira-do-brasil tem se mostrado uma alternativa ao meio de

produção extrativista. Os resultados obtido por Clay et al. (2000) que em uma plantação de 100

árvores por ha (monocultivo), produz o equivalente a 10 ton/ha/ano. Em contrapartida, a renda

dos extrativistas e a produção de castanheira-do-brasil, em uma boa safra, produzem-se cerca

de 500 kg/mês de amêndoas, onde geram uma renda média mensal de R$ 125,00 (SIMÕES,

2003).

De posse dessas informações, a relação da produção de castanheira-do-brasil e o

desenvolvimento regional da Amazônia, são extremante estreitas. Assim como as florestas

intactas apontam essa espécie como desenvolvimento estratégico de conservação e geração de

renda (ORTIZ, 2002), as áreas já desmatadas do bioma Amazônico tem potencial de

reflorestamento da castanheira-do-brasil, obtendo fonte de renda e produção em larga escala.

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1.1.4. IMPORTÂNCIA SOCIOECONÔMICA DA CASTANHEIRA

A castanheira-do-brasil possui o segundo produto florestal não madeireiro de maior

importância econômica para a região amazônica (IBGE, 2010), cuja produção é praticamente

oriunda da atividade extrativista (WADT; KAINER, 2012). A Bertholletia excelsa é

comercializada internacionalmente, sendo o Brasil e a Bolívia responsáveis por 82,56% da sua

produção mundial (CONAB, 2015).

No Brasil a produção de castanha com casca está distribuída entre os estados do Acre,

Amazonas, Amapá, Mato Grosso, Rondônia e Pará, sendo que os três primeiros respondem por

mais de 90% do volume produzido (CONAB, 2015). A produção brasileira de castanha-do-

brasil a nível comercial, segue o fluxo do consumo interno e exportação, sendo cerca de 65%

da produção comercializado internamente e 35% exportado (Figura - 4), a qual os seus

principais destinos são: Bolívia (produto in natura), seguida pelos Estados Unidos, Hong Kong,

Europa e Austrália (CONAB, 2015).

Essa aceitabilidade e procura a nível mundial é atribuída a sua amêndoa, a qual possui

além de aromas e sabores agradáveis, várias aplicações, uma rica quantidade em minerais

essenciais à nutrição humana e animal, sendo o Selênio um dos elementos de maior abundância

(DUMONT et al., 2006).

A produção de castanheira-do-brasil está vinculada com a sua oferta e demanda dessa

forma conhecer e entender os seus preços nacionais, internacionais e de exportação, é de

fundamental importância.

Figura 4: Balanço de produção, oferta e demanda da Castanheira-do-brasil (Fonte: IBGE e

MAPA/Agrostat).

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Desde os anos 2000 a 2014, o preço médio pago aos produtores de castanheira-do-brasil

nacionalmente sofreu uma alteração de 400%, passando de R$ 0,35/kg no ano 2000 para o valor

de R$ 1,81/kg em 2014 (CONAB, 2015). Nos últimos anos, o mercado interno obteve uma

certa estabilização dos preços médios, tal quadro se deve aos programas estaduais de

revitalização do extrativismo, melhoria de renda do coletor, melhoria na qualidade do produto,

manutenção de Programas de Compra Antecipada da Produção de Extrativistas Familiares,

manutenção de Programas de Garantia da Agricultura Familiar (PGPAF) e o fortalecimento do

mercado interno, projetando novos nichos de mercado e apoio ao marketing (CONAB, 2015).

O preço de exportação da amêndoa da castanheira-do-brasil tem-se equalizado com o

mercado interno, em média o valor de amêndoa com casca no ano de 2014 ficou em U$$ 1,86/kg

(CONAB, 2015). Já os preços internacionais das amêndoas, têm-se oscilado nos últimos anos.

Em 2008 os valores da amêndoa estavam no valor de U$$ 6,00/kg, em 2011 ficou entorno de

U$$ 10,00/kg, em contrapartida no ano de 2014 encontrou-se no valor de U$$ 8,89/kg

(CONAB, 2015).

Além de ser de grande importância econômica, a produção da Bertholletia excelsa

possui grandes funções sociais e ambientais, podendo ser considerada a espécie chave quando

aliada a conservação e desenvolvimento do bioma amazônico. Isso se dá devido a castanha ter

ampla e exclusiva distribuição na Amazônia, sendo uma atividade de baixo impacto ambiental

e baixo custo, devido ser explorada em curto prazo por diversas comunidades extrativistas e

colhida em sua maioria nas áreas de florestas naturais (ZUIDEMA; BOOT, 2002).

1.2. SOLOS DE CULTIVO DA CASTANHEIRA-DO-BRASIL

A castanheira-do-brasil é uma espécie florestal encontrada principalmente em solos com

baixa fertilidade natural, possuindo acentuada preferência por terras altas e firmes, com

características texturais argilosa ou argilo-arenosa, obtendo em sua maioria, preferência pela

textura média pesada (MULLER, 1995).

A produção da castanheira, advém de solos profundos, bem drenados e topografia

levemente ondulada (ARAUJO, 2001), não suportando áreas compactadas. Características

essas advindas de solos de parte da região Amazônica.

Os solos da Amazônia brasileira são reflexos das características do material de origem,

sendo influenciados por fatores condicionantes ao relevo, bioclima, elevação do nível do lençol

freático, inundações periódicas, perda e adição de sedimentos de solos (LIMA, 2001). O solo

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mais abundante na Amazónia é o Latossolo, cobrindo cerca de aproximadamente cerca de 50%

do bioma, seguido pelos Argissolos com 33% do bioma Amazónico (DEMATTÊ, 1988).

O Latossolo é caracterizado como solos intemperizados ou em intensa intemperização,

sendo definido pela Embrapa (2006) devido a presença de horizonte diagnóstico B latossólico

e, com suas características gerais como: argilas com predominância de óxidos de alumínio,

ferro, silício e titânio, argilas de baixa atividade (baixa CTC), fortemente ácidos e baixa

saturação de bases. O Argissolo caracteriza-se por solos constituídos por material mineral,

apresentando horizonte B textural imediatamente abaixo do A ou E, com argila de atividade

baixa ou com argila de atividade alta conjugada com saturação por bases baixa e/ou caráter

alítico na maior parte do horizonte B (EMBRAPA, 2013).

Conhecer os solos da Amazônia pode contribuir com o entendimento do processo de

alocação e quantificação mineral e de selênio na castanheira, facilitando assim, o entendimento

e criações de práticas silviculturais em relação a exigência nutricional da castanheira-do-brasil.

1.3. ALOCAÇÃO MINERAL

O crescimento da planta está vinculado com a sua exigência nutricional, variando de

acordo com a espécie e cultivar (FAGERIA, 1998), eficiência de absorção mineral (SWIADER

et al., 1994), translocação dos nutrientes (LI et al., 1991), utilização e acumulo dos minerais

(SANDS; MULLIGAN, 1990).

Para a utilização eficiente dos minerais, vários são os mecanismos relacionados às

características morfológicas e fisiológicas da planta, tais como: extensão do sistema radicular

(maior exploração do solo), alta relação entre a raiz e parte aérea, habilidade de modificação da

rizosfera pelo sistema radicular, eficiência de absorção e utilização de nutrientes, e alta

atividade fotossintética (FAGERIA; BALIGAR, 1993). De posse de um bom funcionamento

destes mecanismos, a alocação mineral e acumulo de massa são realizados.

A alocação mineral em plantas é descrita preferencialmente através da biomassa e

concentração dos minerais nos órgãos e tecidos vegetais. Sendo os minerais distribuídos de

acordo com a idade e hábito de crescimento da planta, competição, condições hídricas e

minerais disponíveis (BROUWER, 1962), envolvendo a capacidade da planta em redistribuir e

acumular os elementos minerais em seus órgãos (GERLOFF; GABELMA, 1983).

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Na planta a alocação mineral pode acontecer por diferentes partes, sendo os seus órgãos

receptores a raiz, caule, ramos, folhas, flores e frutos. Essa partição se dá de acordo com a

espécie e finalidade de produção. Assim, as plantas produtoras de grão possuem uma maior

alocação destinada a parte aérea, já em espécies forrageiras e plantas perenes, é preferível um

balanço que permita a persistência e distribuição contínua dos elementos (SCHEFFER-BASSO

et al., 2002).

Os frutos e sementes são os órgãos finais de acumulação das plantas. Para aumentar as

concentrações de minerais em seus tecidos, deve haver absorção por raízes (minerais presentes

na solução do solo) ou por folhas (fotossíntese e aplicação de minerais foliares), sendo as duas

responsáveis pelas entradas de minerais nas plantas (WELCH; GRAHAM, 2005).

Entender a alocação dos minerais nas plantas é de fundamental importância, por que desta

forma compreendemos a distribuição dos minerais, aumento da biomassa e valor nutricional do

material vegetal comestível.

Sendo a castanheira-do-brasil rica em alguns minerais presentes na sua amêndoa e possuir

escassos estudos sobre alocação mineral, estudar a acumulação mineral nas variadas partes da

árvore é essencial, para assim avançarmos na domesticação da espécie e na sua produção em

larga escala.

1.4. SELÊNIO

O Selênio (Se) é um elemento químico aniônico, pertencente ao grupo dos calcogênio,

presente naturalmente sob alguns estados de oxidação, sendo eles: selenetos Se (-II), selênio

elementar Se (0), selenito Se (IV) e selenato Se (VI) (FERNÁNDEZ-MARTÍNEZ; CHARLET,

2009). Classificado como micronutriente essencial para os animais e seres humanos, sendo

questionada a sua essencialidade nas plantas. No ser humano é essencial, devido ao seu papel

na saúde estar relacionado com a proteção e tratamentos de doenças (RAYMAN, 2012).

1.4.1. SELÊNIO NOS SOLOS

Os teores de Se nos diferentes solos do planeta são controlados principalmente pelo

material de origem (rocha), pH, potencial redox, teor de matéria orgânica, mineralogia e textura

do solo, forma química do Se e íons competitivos (KABATA-PENDIAS, 2011; QIN; ZHU;SU,

2012). Sendo os teores mais alto deste mineral, encontrados nos Organossolos e os mais

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reduzidos nos Podzólicos (KABATA-PENDIAS, 2011). Os valores considerados baixos,

variam de 0,05 a 1,5 mg kg-1. Entretanto existe áreas consideradas seleníferas que apresentam

concentrações superiores, podendo apresentar-se acima de 1.200 mg kg-1 (KABATA-

PENDIAS, 2011).

O aumento do Se no solo, está vinculado com a deposição atmosférica, atividade

vulcânica (queima da vegetação selenoferrosas) e ação antrópica (industrialização e aplicação

via fertilizantes) (KABATA-PENDIAS; PENDIAS, 2001).

As principais formas de selênio disponível no solo, quando em condições naturais são o

selenito (SeO32-) e selenato (SeO4

2-), sendo o selenito menos biodisponível que o selenato,

devido este último ser mais móvel e solúvel em solos neutros ou alcalinos facilmente

disponibilizados para a absorção de plantas (KABATA-PENDIAS, 2011). Dessa maneira, sabe-

se que em termos de disponibilidade a forma de Se presente no solo é mais importante que a

quantidade total a ser absorvida pelas plantas (JEŽEK et al., 2012).

A adsorção do Se em solos ricos em óxidos de ferro e manganês, podem ser reduzidas

por minerais sulfatos e fosfatados (KABATA-PENDIAS, 2011). Essas características estão

presentes em solos brasileiro, sendo os teores de Se no Brasil considerado baixo, o que

caracteriza a deficiência desse mineral em algumas regiões do pais (FERREIRA et al., 2002).

Nos solos brasileiros, ainda é recente os estudos sobre a quantificação total do selênio.

Porém de acordo com os estudos já realizados, existe informações de que os teores de Se

diferenciam de acordo com as regiões. Shaltout et al. (2011) realizou a quantificação de Se em

alguns estados do Norte, Sul, Nordeste e Centro-oeste, onde obteve as concentrações de Se no

Amazonas de 604 µg kg-1, seguido pelo Ceará com 599 µg kg-1, Pará com 419 µg kg-1, Paraná

com 370 µg kg-1, Santa Catarina com 262 µg kg-1, Rio Grande do Sul com 248 µg kg-1, Goiás

com 215 µg kg-1 e Mato Grosso do Sul com 113 µg kg-1. No Sudeste, foram encontrados os

valores de Se no estado de São Paulo 89 a 1612 µg kg-1 (GABOS, ALLEONI; ABREU, 2014).

Devido a não distribuição gradual do Se nos solos brasileiros, é de fundamental

importância estudar o selênio e o seu comportamento nos solos, além da sua quantificação e o

seu teor total e disponível, visando a utilização desse mineral na nutrição de plantas, e

alimentação humana e animal.

1.4.2. SELÊNIO NA PLANTA

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A mobilidade de selênio no solo e sua absorção pelas plantas, são determinadas por

parâmetros físicos e químicos, dependentes das condições edafoclimáticas. Assim estão

presentes o teor e a forma química do selênio no solo, a textura do solo, matéria orgânica,

mineralogia, presença de íons competitivos, pH, potencial redox (FORDYCE, 2003),

fertilizantes, precipitação e atmosfera em equilíbrio com a planta.

A essencialidade de selênio pelas plantas vasculares, vem sendo estudada por quase 70

anos (LYONS et al., 2009). Estudos mostram que a aplicação de selênio em pequena quantidade

resultou em rendimentos de alface, azevém (HARTIKAINEN; XUE.,1999) e tubérculos

(TURAKAINEN et al.,2004). O selênio para algumas plantas superiores em estudos de

essencialidade, é conhecido por ser um nutriente benéfico, obtendo funções no metabolismo da

planta (LYONS et al., 2009). Essa essencialidade ainda é questionada, devido nem todas as

culturas responderem da mesma forma (TERRY et al., 2000).

Os principais órgãos de absorção das plantas são as folhas e raízes, sendo a raiz

responsável pela absorção de selênio no solo. Nas plantas o selênio apresenta propriedades

químicas e forma de absorção semelhante à do enxofre (S). Assim o selênio utiliza dos mesmos

transportadores e sítio de absorção do S, alterando os aminoácidos cisteína e metionina com as

formas de selênio inorgânicas como o selenato (SeO42-) e selenito (SeO3

2-), transformando-os

em fontes orgânicas como selenocisteína (SeCis) e selenometionina (SeMet) (PILON-SMITS;

QUINN, 2010).

Sendo assim, as raízes das plantas absorvem Se nos compostos de selenato, selenito,

selenocisteína e selenometionina (WHITE et al., 2004), não sendo absorvido na forma de

selenido metálico e selênio elementar (WHITE; BROADLEY, 2009). A absorção do selenito é

de forma passiva e, provavelmente com ajuda dos transportadores de fosfato envolvidos (ZHU

et al., 2009), sendo convertido na raiz em composto orgânico de selênio (XIMENEZ-EMBÚN

et al., 2004), enquanto a absorção do selenato se dá de forma ativa, utilizando neste processo

transportadores de sulfato (ZHU et al., 2009), sendo imediatamente transportado pelo xilema

(XIMENEZ-EMBÚN et al., 2004).

As plantas (Angiospermas) possuem três divisões ecológicas de acordo com a capacidade

de acumulação de selênio em seu material vegetal, configurando em plantas não acumuladoras

(menor que 25 mg kg-1 de Se na massa seca), plantas acumuladoras e plantas hiperacumuladoras

de selênio (apresentando em suas folhas valores > 1000 mg kg-1 de Se) (WHITE et al., 2007;

WHITE, 2016).

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Nesse contexto, devido a Bertholletia excelsa possuir uma amêndoa rica em selênio,

entender a dinâmica de absorção e a alocação do selênio na castanheira-do-brasil é de

fundamental importância, para compreendemos os caminhos do selênio em uma de suas fontes

mais ricas do mundo.

1.4.3. SELÊNIO NA CASTANHEIRA-DO-BRASIL

A castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa) além de possuir um alimento apreciado no

mundo inteiro pelo seu aroma e sabor, é uma rica fonte nutricional. Sua amêndoa possui alto

teor de proteínas com grande valor biológico, fibra, lipídio (PACHECO; SCUSSEL, 2006),

vitamina E, fósforo, potássio, magnésio, cálcio e selênio (CHUNHIENG et al., 2004). Sendo a

composição química centesimal da sua amêndoa em g/5g: 3,53 g de lipídios, 0,75 g de proteína

bruta e 0,45 g de carboidratos, no total de 36,7 kcal, com 3,13% de umidade e 290,5 μg de Se

(STOCKLER-PINTO et al. 2015).

O selênio é oligoelemento presente em maior quantidade na amêndoa da castanheira-do-

brasil (PACHECO; SCUSSEL, 2007), sendo um dos elementos mais estudados em sua

composição nutricional. Isso se dá devido a sua alta concentração na amêndoa, já tendo sido

reportado pela literatura valores que variam de 5 a 512 mg Se kg-1 da semente (DUMONT et

al.,2006). A variação da concentração de selênio na amêndoa da castanheira, está vinculada

com a distribuição geológica do selênio e geográfica da castanheira-do-brasil. Estudos tem

demonstrado que as amêndoas apresentam teores de selênio conforme sua região de cultivo.

Segundo Pacheco e Scussel (2007), as amêndoas com maiores quantidades de Se (≥ 8,5 mg kg-

1de Se e ≤ 69,7 mg kg-1 de Se) foram encontradas no Norte do Maranhão, Amapá e Pará, já as

com baixas quantidades estão distribuídas em Manaus, Leste do Amazonas, Rondônia, Roraima

e Acre.

Entender sobre a concentração de selênio na castanheira-do-brasil é muito importante,

devido a crescente importância da ingestão de amêndoas na alimentação humana, havendo

assim uma preocupação com a concentração de Se presente na amêndoa, com relação a

quantidade (máxima e mínima) a ser ingerida por pessoa.

É sabido que o Se desempenha diversos benefícios na saúde humana, sendo importante

na prevenção de doenças, porém existe um limite de ingestão diária, a qual pode ser tóxico ao

organismo quando consumido acima do tolerável (RAYMAN, 2012).

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Estudos tem demonstrados que a ingestão diária de duas amêndoas de castanheira-do-

brasil, é o suficiente para o aumento do Se e da atividade da Glutationa Peroxidase (GPx) no

organismo, comparado a ingestão de 100 µg de Se na forma de selenometionina, demonstrando

que a ingestão de castanha-do-brasil na dieta pode evitar a suplementação de Se via fortificação

(THOMSON et al., 2008).

Assim é de suma importância o monitoramento da concentração de Se na castanha-do-

brasil, para a caracterização e rotulagem nutricional, como a recomendação de consumo

(FREITAS et al., 2008).

1.4.4. NUTRIÇÃO HUMANA X SELÊNIO

Atualmente o Selênio vem ganhando destaque em estudos relacionados a nutrição

humana, principalmente, quando a questão está relacionada à uma boa saúde e qualidade de

vida. Isso ocorre devido o Se ser um nutriente essencial, que desempenha papel fundamental na

biologia humana e animal.

Cada vez mais, estudos vem demonstrando o papel biológico do selênio em áreas que

são importantes para a saúde. Dentre as suas funções biológicas, estão presentes a defesa contra

estresse oxidativo, regulação da ação dos hormônios da tireóide, regulação do potencial redox

da vitamina C e de outras moléculas (FREITAS et al., 2008), redução das infecções virais,

essencial para a fertilidade e reprodução, proteção contra doenças cardiovasculares

(RAYMAN, 2012), anticancerígenas e age na prevenção do câncer de próstata (MAPA, 2002).

Essas funções estão relacionadas as concentrações e atividades de selenoproteínas (RAYMAN,

2012), assim oferecendo proteção contra danos oxidativos nas células, invocando as funções da

enzima glutationa peroxidase e selenoproteína (CHEN; BERRY, 2003).

O selênio na nutrição humana, dependendo da sua origem e do seu tipo, é obtido por

fontes básicas com variadas quantidades e formas químicas. Os alimentos podem conter formas

de selênio orgânico (formas metladas, Se-aminoácidos e selenoproteínas) e formas de selênio

inorgânicos como os selenitos (SeO32-) e selenato (SeO4

2-) (PEDRERO; MADRID, 2009).

Os alimentos que mais contribuem para o aporte de selênio são os peixes, carne bovina,

ave, frutos do mar, rins, fígado e alguns vegetais, tais como a castanha-do-brasil. A forma mais

encontrada de selênio nos vegetais é a seleniometionina (BRODY, 1999), sendo o seu conteúdo

presente no material vegetal, dependente do teor de Se presente no solo em que o mesmo foi

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cultivado (WOLINSKY; HICKSON, 1996), concentração na água de selênio disponível e

aplicação de fertilizantes contendo Selênio em suas formulações (FLORESMATEO et al.,

2006).

Devido esse mineral ter um estreito intervalo entre a faixa benéfica e o tóxica para a

saúde (COELHO; BACCAN, 2004), a suplementação desse mineral não é recomendada

(WOLINSKY; HICKSON, 1996), sendo fundamental conhecer as concentrações do selênio

presentes nos alimentos (RAYMAN, 2009) e a sua ingestão diária recomendada (KIPP et al.,

2015).

A ingestão diária recomendada de Se varia de acordo com o sexo e idade. Para crianças

de 1 a 4 anos a dose é de 15 µg/dia, homens adultos 70 µg/dia e para mulheres adultas 60 µg/dia,

sendo essas faixas para os ambos os sexos adulto até os 65 anos ou mais (KIPP et al.,2015).

Esses valores são baseados na quantidade necessária para maximizar a atividade da enzima

glutationa peroxidase, sendo o valor do Limite Superior Tolerável de Ingestão (UL) de 400

µg/dia fixado devido ao risco de selenose (INSTITUTE OF MEDICINE, 2000).

Assim um dos alimentos mais ricos em selênio é a castanha-do-brasil, a qual suas

concentrações de selênio dependendo da região aonde ela foi produzida, podem atender a

quantidade de ingestão diária recomendada para o ser humano.

1.5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A medida que cresce a importância da castanheira-do-brasil na alimentação humana,

sendo a sua amêndoa rica em alguns minerais, estudar a acumulação mineral nas variadas partes

da árvore é essencial, para assim avançarmos na domesticação da espécie e produção de

castanheira em larga escala.

Os teores de minerais e Se acumulados na amêndoa da castanheira apresentam relação

com a quantidade de minerais presentes no solo. Assim, os resultados das pesquisas presentes

na literatura nos levam a indagação de quais são os atributos da planta e solo que levam a alta

acumulação de nutrientes e selênio nas amêndoas e como são as alocações dos minerais nos

componentes da árvore.

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CAPÍTULO II:

REPARTIÇÃO DE NUTRIENTES E SELÊNIO NOS COMPARTIMENTOS DA

CASTANHEIRA-DO-BRASIL (BERTHOLLETIA EXCELSA)

2.1. INTRODUÇÃO

O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de castanhas, com a safra do ano de

2013 baseada no valor de 45 mil toneladas (CONAB, 2015). Sua importância na economia

regional se dá através da sua amêndoa ser consumida pelo mundo inteiro devido seu alto valor

nutricional, sendo rica em vitaminas do tipo A, B1, B2, C e E, além de estarem presentes os

minerais como fósforo, potássio, cálcio, magnésio, cobre e selênio (PACHECO; SCUSSEL,

2007).

A composição nutricional da amêndoa está vinculada a reserva mineral acumulada nos

tecidos dos componentes da castanheira. Essa acumulação é conhecida como alocação mineral,

sendo os minerais distribuídos conforme a idade e hábito de crescimento da planta, competição

com plantas daninhas, condições hídricas e minerais disponíveis no solo (BROUWER, 1962),

envolvendo a capacidade da planta em redistribuir e acumular os minerais em seus órgãos

(GERLOFF & GABELMA, 1983).

Na planta a alocação pode acontecer por diferentes partes, sendo os órgãos receptores a

raiz, caule, ramos, folhas, flores e frutos. Essa partição se dá de acordo com a espécie e

finalidade de produção (SCHEFFER-BASSO et al., 2002). O fruto é o órgão final de

acumulação das plantas, para aumentar as concentrações de minerais em seus tecidos, deve

haver absorção por raízes (minerais presentes na solução do solo) ou por folhas (fotossíntese e

aplicação de minerais foliares), sendo as duas responsáveis pelas entradas de minerais nas

plantas (WELCH & GRAHAM, 2005).

Diante da riqueza nutricional da amêndoa de Bertholletia excelsa, o selênio é um dos

elementos mais discutidos em sua composição, isso se dá devido a sua alta concentração, já

tendo sido reportado pela literatura valores que variam de 5 a 512 mg Se kg-1 de sementes

(DUMONT etal.,2006). O selênio é um mineral essencial que desempenha papeis fundamentais

tanto na biologia humana quanto animal, tendo como preocupação a estreita faixa entre a

deficiência e toxidade (KABATA-PENDIAS; MUKHERJEE, 2007).

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A mobilidade e absorção de selênio pelas plantas e animais, são determinadas por

parâmetros biológicos, físicos e químicos, dependentes das condições edafoclimáticas. Assim

estão presentes a textura do solo, matéria orgânica, mineralogia, presença de íons competitivos,

pH e potencial redox fertilizantes, precipitação e atmosfera em equilíbrio com a planta

(FORDYCE, 2003).

A geologia é responsável pela distribuição do selênio em todo o globo terrestre. No

geral, as áreas com níveis alto de Se no solo, são menos disseminadas que as áreas com baixo

teor natural de Se (FORDYCE, 2010; WINKEL et al., 2012). Nos solos com baixa concentração

de Se estão presentes os Podzólicos e os mais elevados nos Organossolos, sendo os teores

variados de 0,05 a 1,50 mg kg-1 (KABATA-PENDIAS, 2011).

As informações sobre os valores de Se nos solos brasileiros são escassas, sendo a

maioria dos estudos feitos em locais pontuais. A cada dia que se passa veem-se a preocupação

quanto a deficiência e toxidade do Se nas plantas, seres humanos e animais. Estudos de teores

totais de Se tanto em produtos vegetais como nos solos a nível nacional, vem se tornando

fundamental, se ligando ainda ao fato de que metade da população mundial carece de Se, Fe e

Zn (ZHAO et al., 2009).

Nesse contexto, o objetivo do presente trabalho foi: 1) Quantificar os minerais e selênio

nas diferentes partes da Castanheira-do-brasil, sob diferentes idades e localidades; e 2)

Determinar os teores dos minerais e selênio nos solos, observando o seu comportamento com

relação às variações de localidades.

2.2. MATERIAL E MÉTODOS

2.2.1. CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA EXPERIMENTAL

O presente estudo foi realizado em duas áreas de plantio florestal de Bertholletia excelsa

(castanheira-do-brasil), uma localizada no estado do Amazonas e a outra no Norte do estado de

Mato Grosso, sendo a localização e as características edafoclimáticas de cada uma delas,

descrita a seguir:

O estudo realizado no estado da Amazônia foi na fazenda Agropecuária Aruanã S. A.

(3°0'30.63"S e 58°50'1.50"O), rodovia AM-010 (Manaus-Itacoatiara), km 213, município de

Itacoatiara, Amazônas-Brasil (Figura 5). A característica climática da região é marcada pelo

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clima do tipo Am (Köppen 1948), com precipitação anual igual ou superior a 2000 mm e

temperatura média de 27,1°C. O solo é predominantemente classificado como Latossolo

Amarelo Distrófico de textura muito argilosa (KATO, 1995) (Figura 5).

A propriedade possui uma área total de 12.000 hectares. Atualmente, há cerca de

3.000.000 de castanheiras plantadas, sendo aproximadamente 400.000 árvores destinadas para

a produção de frutos e o restante para a produção madeireira com plantios adensados (2,5 m x

1,5 m), sendo a produção de madeira destinada para a compensação e reposição obrigatória de

diversas empresas do estado.

O histórico da área baseia-se na produção de castanheira sem tratos culturais e manejo

do solo; isso está relacionado principalmente devido à baixa exigência nutricional da cultura

(FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, 1986).

O estudo realizado no estado do Mato Grosso foi na fazenda Iracema (11 ° 35'20.3 "S, 55

° 17'34.7" W, Rodovia estadual MT-423 (Sinop-Claudia), município de Cláudia Mato Grosso-

Brasil (Figura 5). O clima da região é equatorial, marcado pela classificação de Köppen (1948)

como quente e úmido (Am), com precipitação anual igual ou superior a 2.500 mm e temperatura

média anual de 24°C, sendo a máxima de 32º C e mínima de 18º C (CPTEC, 2014). O solo é

predominantemente classificado como Latossolo Vermelho-Amarelo Distrófico típico de

textura média (IBGE, 2009).

O histórico da área baseia-se na produção de castanheira sem tratos culturais e manejo

do solo; isso está relacionado principalmente devido ao tipo de solo ser Latossolos e pobres em

nutrientes, que cobrem uma vasta área na região (FOOD AND AGRICULTURE

ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS, 1986).

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2.2.2. CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DO SOLO

As amostras de solos foram coletadas nas profundidades de 0-20; 20-40; 40-60; 60-80

e 80-100 cm, sendo amostrados três pontos (15 amostras) distribuídos uniformemente na malha

amostral de cada talhão (idade) para as análises químicas e, quatro amostras simples de cada

profundidade compondo uma amostra composta de cada talhão para as análises físicas.

Ao chegar no laboratório de física dos solos da Faculdade de Agronomia e Zootecnia

(FAAZ) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT-Cuiabá), as amostras foram

destorroadas e colocadas para secar ao ar livre (TFSA). Posteriormente, peneiradas com a

peneira de 2 mm de abertura e analisadas físico-quimicamente.

Com o objetivo de fazer a caracterização dos solos de plantio das castanheiras, foram

feitas as análises físicas de textura (EMRAPA, 1997) e químicas, onde foram determinadas as

concentrações de macro (P, K, Ca, Mg e S) e dos micronutrientes (B, Cu, Fe, Mo, Mn e Zn),

alumínio, H+Al, M.O e pH em CaCl. No Reino Unido foram feitas no laboratório da escola de

Biociência da Universidade de Nottingham as análises de selênio, conforme metodologia

descrita.

Figura 5: Identificação da área de estudo a nível estadual

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Para a determinação de P, K, Cu, Fe, Mn e Zn, foram extraídos com solução de Mehlich1

e determinado por ICP-OES (EMBRAPA, 2009). A extração do Ca, Mg e Al foi realizada com

KCl e NH4Cl, conforme a metodologia de Raij et al. (2001) utilizando o ICP-OES. O Boro foi

determinado pelo método da água quente, sendo quantificado pelo ICP-OES (RAIJ et al., 2001).

O pH foi determinado em CaCl2, de acordo com a metodologia de Raij et al. (2001). O teor de

selênio foi medido pelo espectrômetro de plasma acoplado indutivamente Agilent 7500ce (ICP-

MS, Stockport, Reino Unido) conforme metodologia de Harte et al (2010), com extração

sequencial usando KNO3 e KH2PO4. Os valores de H+Al (SMP) foram extraídos conforme Raij

et al. (2001). A matéria orgânica foi quantificada conforme o método colorimétrico (RAIJ et

al., 2001).

A análise de textura foi realizada pelo método de Densímetro, conforme o Boletim

Técnico 106 do IAC- Campinas, (2009).

2.2.3. AMOSTRAGEM DAS CASTANHEIRAS

No estado do Amazonas foram amostrados três talhões de castanha-do-brasil,

identificados por tempo de plantio (idades), sendo o talhão1 (dez anos), talhão 2 (doze anos) e

o talhão 3 (quatorze anos). Em cada talhão foram catalogadas sete árvores de castanheira, com

aproximadamente o diâmetro médio na altura do peito (DAP) ± desvio padrão, adquirido de

cinquenta castanheiras. Estando os resultados apresentados a seguir:

Castanheiras Talhão 1 (DAP) Talhão 2 (DAP) Talhão 3 (DAP)

1 65 cm 47 cm 55 cm

2 64 cm 48 cm 58 cm

3 65 cm 46 cm 57 cm

4 65 cm 48 cm 57 cm

5 65 cm 47 cm 58 cm

6 66 cm 47 cm 57 cm

7 66 cm 46 cm 58 cm

Média* 65,5 ± 0,62 cm 47,2 ± 0,76 cm 57,6 0,93± cm

Média*: média ± desvio padrão do diâmetro na altura do peito (DAP) de cinquenta árvores de castanheiras.

Tabela 1: Diâmetro de altura do peito das castanheiras avaliadas no estado do AM.

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No estado do Mato Grosso, foram amostrados dois talhões de castanheira-do-brasil,

identificados por tempo de plantio (idades), sendo o talhão 4 (dezesseis anos) e o talhão 5 (vinte

e nove anos).

Em cada talhão foram catalogadas sete árvores de castanheiras, com aproximadamente

o diâmetro médio na altura do peito (DAP) ± desvio padrão, adquirido de cinquenta castanheiras.

Estando os resultados apresentados a seguir:

As castanheiras em ambos os estados foram subdivididas conforme aos compartimentos

de: Raiz (R), Caule (C), Ramo Inferior (RI), Ramo Superior (RS), Folhas Novas (FN) e Folhas

Velhas (FV). Cada compartimento foi amostrado de forma não destrutiva da árvore, conforme

a metodologia a ser descrita:

• Raiz (R): o solo na base do caule foi escavado, até atingir uma raiz com o diâmetro de

aproximadamente 20 cm, em seguida foram feitas cinco tradagens (utilizando trado para

madeiras) em uma distância de 10 cm de comprimento de um ponto para o outro, com 5 cm de

profundidade, para obter uma amostra composta por raiz. Posteriormente as amostras foram

embaladas, etiquetadas e levadas ao laboratório para o preparo das amostras e em seguida fazer

as análises químicas.

• Caule (C): foram feitas seis tradagens a partir de 50 cm medidos da base do caule, com

o espaçamento de 50 cm de um ponto amostral a outro (totalizando 2,5 m de caule amostrado)

e 10 cm de profundidade, obtendo assim uma amostra composta do caule. Em seguida, as

amostras foram embaladas, etiquetadas e levadas ao laboratório para o preparo e análises

químicas das amostras.

• Ramos Inferiores e Superiores (RI e RS): o ramo inferior foi coletado na base do

compartimento (início das ramificações do caule), enquanto o ramo superior foi coletado na

Castanheiras Talhão 4 DAP) Talhão 5(DAP)

1 65 cm 128 cm

2 67 cm 127 cm

3 67 cm 127 cm

4 66 cm 126 cm

5 66 cm 128 cm

6 65 cm 127 cm

7 67 cm 128 cm

Média* 66,6 ± 0,82 cm 127,8 ± 0,65 cm

Média*: média ± desvio padrão do diâmetro na altura do peito (DAP) de cinquenta árvores de castanheiras.

Tabela 2: Diâmetro na Altura do Peito das castanheiras avaliadas no estado do MT

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parte apical da árvore (altura máxima da Castanheira). Os ramos foram coletados nas direções

N, S, W e E, sendo um ramo por direção, obtendo uma amostra com 4 ramos por

compartimento. Posteriormente os ramos foram embalados, etiquetados e levados ao

laboratório para iniciar os procedimentos de análises químicas.

• Folhas Novas e Folhas Velhas (FN e FV): nesse estudo, foram consideradas folhas

novas, as folhas recém-formadas e expandida completamente, enquanto as folhas velhas foram

consideradas as folhas que estão entrando no estado de senescência, com coloração verde-

escuro a amarelado-necrótico. As folhas foram coletadas nas direções N, S, W e E, sendo

retirada 3 folhas por direção, obtendo uma amostra composta com 12 folhas por compartimento.

Logo após, as amostras foram embaladas, identificadas e enviadas para o laboratório, onde

ocorreu a preparação e as análises químicas das amostras.

Ao chegar no laboratório de sementes da Faculdade de Agronomia e Zootecnia (FAAZ)

da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT-Cuiabá), as amostras foram pesadas,

colocadas em sacos de papel pardo, identificadas e levadas para a estufa de ventilação forçada

à 70º C até o peso ficar constante (EMBRAPA, 2000). Em seguida as amostras foram

novamente pesadas e submetidas a moagem em moinhos do tipo Willey com peneiras de 1mm

de diâmetro (20-40mesh).

Posteriormente as amostras foram embaladas, identificadas e encaminhadas para a

escola de Biociência da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, a qual foram feitas as

análises químicas do material vegetal.

2.3. DETERMINAÇÃO DA BIOMASSA E ACUMULO DE NUTRIENTES E SELÊNIO

NA CASTANHEIRA-DO-BRASIL

2.3.1. PRODUÇÃO DE BIOMASSA POR ÁRVORE E HECTARE DE

CASTANHEIRA-DO-BRASIL

Para a determinação de biomassa da parte aérea e raiz da castanheira-do-brasil, utilizou-

se a metodologia obtida por Santana et al. (2008), a qual foi selecionada uma árvore de

Bertholletia excelsa por talhão (talhão 1; 2 e 3, amostrados no estado da Amazônia), totalizando

três arvores a serem abatidas para avaliação de biomassa por hectare, sendo escolhida conforme

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o DAP médio ± desvio padrão de cinquenta arvores do talhão. Após o abate, foram medidos os

comprimentos dos compartimentos da castanheira expressa na seguinte tabela:

As castanheiras selecionadas foram fracionadas nos seguintes componentes: raiz; caule

(madeira + casca) e ramos + folhas. A biomassa de cada um dos componentes, foi determinada

através da pesagem com balança de plataforma (Tabela 4).

A biomassa da árvore foi extrapolada para a hectare de acordo com a seguinte equação

descrita por Santana et al. (2008):

𝑥 = 𝑃𝐶 . 𝑄𝐶ℎ

Onde:

x = biomassa por hectare

PC = peso da castanheira

QCh = quantidade de árvore por hectare

2.3.2. ACUMULO DE NUTRIENTES E SELÊNIO NOS COMPONENTES DA

CASTANHEIRA

Coletaram-se amostras (200 g) de cada compartimento, sendo uma amostra da raiz (com

oito tradagens na profundidade de 5 cm e 10 cm de distância de um ponto a outro), para o caule

foram feitas oito tradagens nas profundidades de 10 cm e com distância de um ponto a outro de

50 cm. Foram coletados quatro ramos na base inferior e quatro na base superior, ambos nas

Compartimentos Talhão 1 Talhão 2 Talhão 3

Parte aérea 10,96 m 14,48 m 16,60 m

Raiz 1,8 m 2,2 m 2,6 m

Total 12,76 m 16,68 m 19,2 m

Compartimentos Talhão 1 Talhão 2 Talhão 3

Raiz 18 kg 45 kg 52,5 kg

Caule 49 kg 130 kg 163 kg

Ramos + Folhas 30,5 kg 47,2 kg 55,3 kg

Total 97,5 kg 222,2 kg 270,8 kg

Tabela 3: Tamanho em altura da castanheira-do-brasil no estado do AM.

Tabela 4: Peso dos compartimentos da castanheira-do-brasil do estado do AM.

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direções N, S, W e E. Para as folhas, nas direções N, S, W e E, foram coletadas 50 g de folhas

em cada direção, totalizando 200 g.

Todas as amostras foram embaladas, identificadas e encaminhadas para a Faculdade de

Agronomia e Zootecnia (FAAZ) da Universidade Federal de Mato Grasso, onde as mesmas

foram secadas em estufa de ventilação forçada à 70º C até o peso ficar constante (EMBRAPA,

2000), posteriormente foram midas para a determinação da matéria seca.

Para determinar a massa de cada mineral dos componentes e o estoque dos minerais na

biomassa por hectare, utilizou-se a metodologia descrita por Santana et al. (2008),

determinando a estimativa e o estoque de nutriente na biomassa por hectare através da

extrapolação com base na biomassa seca de cada compartimento por unidade amostral. A massa

de cada nutriente distribuída nos compartimentos da castanheira foi obtida através do produto

da matéria seca com as concentrações de nutrientes em cada um dos referidos compartimentos.

2.4. ANÁLISE DO MATERIAL VEGETAL

Para a análise vegetal, as amostras foram solubilizadas em ácido nítrico e peróxido de

hidrogênio (HNO3 + H2O2), em seguida houve a digestão assistida por micro-ondas Ethos 1

(Milestone Srl, Bergamo, Itália) equipado com um prato de mesa e vasos de pressão (HART et

al., 2010). Após a digestão, as quantificações dos minerais foram medidas pelo aparelho ICP-

MS (Stockport, Reino Unido), sendo os minerais quantificados: K, P, Ca, Mg, S, Cu, Fe, B,

Mn, Zn e Se.

O teor total de selênio foi medido em um espectrômetro de massa de plasma acoplado

indutivamente Agilent 7500ce (ICP-MS, Stockport, Reino Unido).

A determinação do nitrogênio foi realizada através da solubilização sulfúrica seguida do

método Kjeldahl, a qual as amostras foram solubilizadas em ácido sulfúrico (H2SO4+

catalisadores), destiladas e complexadas em ácido bórico com indicador misto, e titulado com

solução padronizada de H2SO4 diluído (MIYAZAWA et al., 1999).

2.5. ANÁLISE ESTATISTICA

Os dados obtidos em ambos estados foram submetidos a análise de variância, com os

meios quantitativos aplicado ao teste de Scott Knott (p ≤ 0,05).

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2.6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.6.1. CARACTERÍSTICAS QUÍMICAS E FÍSICAS DOS SOLOS DE PLANTIO DE

BERTHOLLETIA EXCELSA

A interpretação dos resultados de caracterização dos solos, foram feitas de forma

descritiva individualmente, conforme a área de cada estado coletado.

Os resultados de caracterização dos solos da área de estudo da fazenda Aruanã foram

descritos de acordo com a seguinte interpretação das tabelas 6, 7 e 8, textura muito argilosa,

aonde os resultados de cálcio e magnésio foram baixos (TOMÉ JR, 1997), o que justifica a

presença de acidez muito alta no solo (SOUZA & LOBATO, 2004), refletindo entre 89 a 97%

de saturação por alumínio, sendo considerado prejudicial a maioria das culturas (TOMÉ JR,

1997).

O solo foi considerado distrófico, devido a saturação por base ser inferior a 2%,

características essas que podem ser verificadas em latossolos de fertilidade natural. O valor de

carbono orgânico e matéria orgânica na camada de 0-20 cm foi considerado médio para todos

os talhões, porém nas demais camadas encontra-se a níveis baixos. Para o fósforo foi encontrado

em ambos os talhões na profundidade de 0-20 cm e 20-40 (talhão 2) teores baixos, já para as

demais profundidades os teores foram considerados muito baixo (Tabela – 5, 6 e 7) para área

de plantio florestal (RAIJ et al, 1996). Os valores obtidos do enxofre no talhão 1, 2 e 3 variou-

se de forma gradativa apresentando um aumento das camadas superiores para as inferiores, com

os valores respectivamente entre 10 a 70 mg dm3 (Tabela – 5, 6 e 7).

Os teores dos micronutrientes foram interpretados conforme a tabela de interpretação

de Raij et al (1996), sendo determinado para o cobre em sua maioria teores considerados baixos,

com exceção a camada de 0-20 e 20-40 cm de profundidade do talhão 2 (Tabela -6), assim

descrito como teor médio. O ferro foi o micronutriente de maior concentração neste solo, a qual

o seu teor foi considerado alto (Tabela – 5, 6 e 7). Os resultados de manganês obtiveram uma

certa variação entre as profundidades e os talhões, apresentando os teores para o talhão 1

considerados médios, com exceção da camada de 80-100 cm de profundidade, tendo como

resultados teores classificados como baixo (Tabela – 5). O Talhão 2 apresentou-se teores baixos

na camada de 60-80 e 80-100 cm, sendo as demais camadas consideradas como teor médio

(Tabela – 7). O talhão 3 obteve em todas as suas camadas teores considerados médios (Tabela

– 7). Para o zinco o talhão 2 obteve teores médio em todas as camadas (Tabela – 7), assim

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como o talhão 1 e 3 (Tabela – 5 e 7), com exceção a camada de 60-80 cm de profundidade de

ambos os talhões, a qual apresentaram os seus teores médios.

Tabela 5: Características químicas e físicas do solo sob plantios florestais de Bertholletia

excelsa com dez anos de idade do estado da Amazônas.

Camada Al Ca Mg K P S Cu Fe Mn Zn

(cm) cmolc dm3 mg dm3

0-20 1,4 0 0,6 0,0 3 14 0 244 1,6 0,2

20-40 1 0 0,1 0,0 3 28 0 206 1,6 0,1

40-60 0,8 0 0 0,0 2 54 0 113 1,8 0,2

60-80 0,7 0 0 0,0 1 54 0 67,3 1,3 0

80-100 0,7 0 0 0,0 1 65 0 29 0,9 0,5

Camada Areia Silte Argila pH M.O C.O V m

(cm) % CaCl g dm3 %

0-20 15 12,5 72,5 3,73 16,3 9,3 1,33 92,80

20-40 12,5 7,5 80 3,90 6 3,3 0,90 96,07

40-60 10 5 85 4 4,3 2,3 0,73 97,23

60-80 7,5 10 82,5 4,03 2,3 1,3 0,70 97,23

80-100 7,5 2,5 90 4,10 2,3 1,3 0,57 97,50

Camada Areia Silte Argila pH M.O C.O V m

(cm) % CaCl g dm3 %

0-20 7,5 2,5 90 3,7 22 12,7 1,77 89,9

20-40 22,5 7,5 70 3,9 10 6 0,90 95,6

40-60 17,5 10 72,5 4 5,7 3 0,73 96,9

60-80 17,5 10 72,5 4 3,7 2 0,97 96,8

80-100 15 2,5 82,5 4,1 1,7 1 1,10 95,3

Camada Al Ca Mg K P S Cu Fe Mn Zn

(cm) cmolc dm3 mg dm3

0-20 2 0 0,1 0,1 4 11 0 255 2 1

20-40 1 0 0 0 3 25 0 231 1 1

40-60 1 0 0 0 2 52 0 134 1 0

60-80 1 0 0 0 1 70 0 55,3 1 0

80-100 1 0 0 0 1 70 0 28,7 1 0

Tabela 6: Características químicas e físicas do solo sob plantios florestais de Bertholletia excelsa

com doze anos de idade no estado da Amazônas.

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A caracterização dos solos da área de estudo da fazenda Iracema, foram descritos de

acordo com a seguinte interpretação dos resultados obtidos nas tabelas 8 e 9, sendo a textura do

solo considera média (EMBRAPA, 2006), com resultados de teor do cálcio e magnésio baixos

(TOMÉ JR, 1997), o que justifica a presença de acidez muito alta no solo (SOUZA &

LOBATO, 2004), com saturação por alumínio entre 89,13 a 95,10% para o talhão 4 e, entre

51,7 a 83,7 % no talhão 5, sendo esses resultados considerados prejudicial a maioria das culturas

(TOMÉ JR, 1997).

O solo foi considerado distrófico, devido a Saturação por base ser inferior a 11,3%,

características essas observadas em latossolos de fertilidade natural. O valor de carbono

orgânico e matéria orgânica na camada de 0-20 cm foi considerado médio para ambos os

talhões, porém nas demais camadas encontra-se a níveis baixos (Tabela – 8 e 9). Para o fosforo

foi encontrado em ambos os talhões na profundidade de 0-20 e 20-40 cm teores considerados

baixos, já para as demais profundidades os teores foram considerados muito baixo (Tabela 8 e

9) para área de floresta (RAIJ et al, 1996). Os valores obtidos do enxofre no talhão 4 e 5 obteve-

se uma oscilação nas camadas, apresentando no talhão 4, valores que variaram de 9,1 a 32,2 mg

dm3 (Tabela – 8) e no talhão 5 valores de 9,1 a 17,4 mg dm3 (Tabela – 9).

Camada Al Ca Mg K P S Cu Fe Mn Zn M.O C.O

(cm) cmolc dm3 mg dm3 g dm3

0-20 1,7 0 0,2 0,0 4 12 0 143 4,9 0,2 23,7 13,7

20-40 1,2 0 0,1 0,0 3 14 0 161 3,5 0,1 7,3 4,3

40-60 0,9 0 0 0,0 2 52 0 104 2,7 0,3 5,7 3

60-80 0,9 0 0 0,0 1 76 0 55,7 1,9 0 2,3 1,3

80-100 0,9 0 0 0,0 1 92 0 31,7 1,4 0,2 2 1,3

Camada Areia Silte Argila pH M.O C.O V m

(cm) % CaCl g dm3 %

0-20 12,5 7,5 80 3,8 23,67 13,67 1,93 88,9

20-40 7,5 7,5 85 3,9 7,33 4,33 1,20 93,7

40-60 5 5 90 4 5,67 3 1,13 94,6

60-80 7,5 7,5 90 4 2,33 1,33 0,77 96,9

80-100 7,5 7,5 87,5 4 2 1,33 0,83 96,8

Tabela 7: Características químicas e físicas do solo sob plantios florestais de Bertholletia

excelsa com quatorze anos de idade no estado da Amazônia.

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A base para a interpretação dos resultados de micronutrientes, foi conforme a tabela

descrita por Raij et al (1996). Sendo determinado para o talhão 4 o teor de cobre na camada de

0-20 e 20-40 cm de profundidade valores considerados baixos, as demais profundidades foram

enquadradas com teores médios (Tabela 8), já o talhão 5 obteve-se os resultados de teores na

profundidade de 0-20 cm baixo, 20-40, 40-60 e 80-100 cm foram obtidos teores médios e, de

60-80 cm foi considerado teor alto, sendo reportado o valor de 1, 27 mg dm3 de cobre (Tabela

– 9). Os resultados de manganês obtiveram teores considerados alto, variando de 7,2 a 19,97

mg dm3 (Tabela – 8 e 9). Para o zinco, ambos os talhões se apresentaram com teor considerado

médio (Tabela – 8 e 9).

Camada Al Ca Mg K P S Cu Fe Mn Zn M.O C.O

(cm) cmolc dm3 mg dm3 g dm3

0-20 1 0 0,1 0,0 3 9,1 0 241 11 0,6 14,3 8,7

20-40 0,8 0 0 0,0 3 10 0 292 5,4 0,2 7,3 4

40-60 0,6 0 0 0,0 3 32 1 219 7,2 0,4 5,7 3

60-80 0,4 0 0 0,0 2 22 0 150 8,9 0,2 3 2

80-100 0,4 0 0 0,0 1 21 1 118 7,9 0,4 1,7 1

Camada Areia Silte Argila pH M.O C.O V m

(cm) % CaCl g dm3 %

0-20 72,5 2,5 25 4,2 17,7 10 11,27 51,7

20-40 70 2,5 27,5 4,1 9,7 5,67 3,20 80,1

40-60 67,5 0 32,5 4,2 8,3 4,67 2,27 83,7

60-80 62,5 5 32,5 4,2 5 2,67 3,90 74

80-100 62,5 5 32,5 4,2 2,7 1,67 3,13 74,1

Tabela 8: Características químicas e físicas do solo sob plantios florestais de Bertholletia excelsa

com dezesseis anos de idade do estado no estado Mato Grosso.

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2.6.1.2. SELÊNIO TOTAL E DISPONÍVEL NO SOLO

Em ambos os estados (Amazônas e Mato Grosso) avaliados em cinco profundidades (0-

20, 20-40, 40-60, 60-80 e 80-100), o teor total de selênio no solo (mg kg-1) variou-se de 0,11 a

1,49 (média 0,68). Os valores médios de selênio total observados para os solos amostrados

nos estados do Amazonas e Mato Grosso foram superiores aos resultados obtidos por Gabos et

al (2014) no estado de São Paulo, a qual foram observadas concentrações médias de 0,09 mg

kg-1 para as camadas superficiais. Vale ressaltar que os estudos sobre o selênio nos solos

Brasileiros ainda são escassos, faltando assim informações na literatura sobre esse assunto.

A tabela 11 ilustra as concentrações de selênio total amostrados nos solos do estado do

Amazonas e Mato Grosso. Sendo observado para os solos da Amazônia uma diminuição

gradativa na concentração de selênio total das camadas mais superficiais para as mais

profundas, com média nas camadas de 0-20 cm de profundidades de 1,37 mg kg-1 e de 0,76 mg

kg-1 na camada de 80-100 cm. Esses resultados estão de acordo com o estudo realizado na Índia,

na qual através do mapeamento de solos contaminados com Se pode-se observar que as camadas

mais superficiais apresentaram níveis mais alto de Se (1,5 na camada de 0-20 para 6 vezes mais

Se que nas camadas de 140-160 cm) (DHILLON; DHILLON, 2014). Em contrapartida as

concentrações obtidas no estado de Mato grosso foram inversas ao do estado da Amazônas, a

Camada Al Ca Mg K P S Cu Fe Mn Zn M.O C.O

(cm) cmolc dm3 mg dm3 g dm3

0-20 0,7 1 0,2 0,0 3 9,1 0 187 20 0,3 17,7 10

20-40 0,6 0 0,1 0,0 3 10 1 275 7,5 0,5 9,7 5,7

40-60 0,5 0 0,1 0,0 3 13 1 214 7,3 0,6 8,3 4,7

60-80 0,4 0 0,1 0,0 2 9,6 1 140 7,8 0,8 5 2,7

80-100 0,3 0 0,1 0,0 2 17 1 119 8,7 0,5 2,7 1,7

Camada Areia Silte Argila pH M.O C.O V m

(cm) % CaCl g dm3 %

0-20 75 2,5 22,5 4 14,3 8,7 1,77 89,1

20-40 65 7,5 27,5 4 7,3 4 1,33 92,2

40-60 65 5 30 4,1 5,7 3 0,87 95,1

60-80 65 2,5 32,5 4,2 3 2 0,83 92,9

80-100 65 2,5 32,5 4,2 1,7 1 1,03 91,9

Tabela 9: Características químicas e físicas do solo sob plantios florestais de Bertholletia

excelsa com vinte e nove anos de idade no estado de Mato Grosso.

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qual foi possível observar um aumento gradativo das camadas mais superficiais (0,1 mg kg-1 na

capada de 0-20 cm) para a subsuperficiais (0,2 mg kg-1 na capada de 80-100 cm).

As concentrações de selênio total nos estados diferiram significativamente, sendo

encontrado valores médio de concentração no estado do Amazonas de 1,03 mg kg-1 e no estado

de Mato Grosso 0,2 mg kg-1 (Tabela – 11). Desta forma os solos do estado da Amazônia

possuem maior concentração de selênio do que os solos de Mato Grosso.

Essa variação entre estado pode estar ligada diretamente com a classe do solos,

concentração do mineral e a quantidade de matéria orgânica presente nesses solos (KABATA-

PENDIAS, 2011; QIN; ZHU;SU, 2012), podendo também estar vinculado com a deposição

atmosférica, atividade vulcânica (queima da vegetação selenoferrosas) e ação antrópica

(industrialização e aplicação via fertilizantes) (KABATA-PENDIAS; PENDIAS, 2001).

Para a classificação segundo a concentração de selênio total no solo podemos usar as

seguintes categorias: <0,5 mg Se kg -1 (normal), > 0,5 mg kg -1 a 2,0 mg kg -1 (moderadamente

tóxico) e > 2,0 mg kg -1 (altamente tóxico) (DHILLON; DHILLON, 2014). Assim o solo do

Mato Grosso é considerado normal e o solo da Amazônia moderadamente toxico.

As principais formas de selênio disponível no solo, quando em condições naturais são o

selenito (SeO32-) e selenato (SeO4

2-), sendo o selenito menos biodisponível que o selenato,

devido este último ser mais móvel e solúvel em solos neutros ou alcalinos facilmente

disponibilizados para a absorção de plantas (KABATA-PENDIAS, 2011). Dessa maneira, sabe-

se que é necessário além de conhecer o teor total de Se, conhecer a concentração de Se

disponível no solo, sendo esse a forma prontamente cabível de ser absorvidas pelas plantas

(JEŽEK et al., 2012).

O selênio disponível analisado nos solos de ambos os estados, conforme a sua

concentração, não teve diferença significativa em relação a profundidade. Porém a maior

concentração de Se disponível se deu no estado do Amazonas, tendo em média o valor de Se

igual a 0,016 m kg -1, já o estado de Mato Grosso apresentou o valor médio de Se de 0,006 m

kg -1 (Tabela – 10). Esses resultados viabilizam entender os resultados presentes na literatura

sobre as concentrações de Se na amêndoa conforme a sua região de origem, estando ligada

diretamente com a distribuição geológica do selênio e geográfica da castanheira-do-brasil.

Segundo Pacheco e Scussel (2007), as amêndoas com maiores quantidades de Se (≥ 8,5 mg Se

kg-1 e ≤ 69,7 mg Se kg-1) foram encontradas no Norte do Maranhão, Amapá e Pará, já as com

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45

baixas quantidades estão distribuídas em Manaus, Leste do Amazonas, Rondônia, Roraima e

Acre.

Médias seguida da mesma letra minúscula na linha, não difere estatisticamente pelo teste de Scott cknott * (p≥0,05).

Tabela 11: selênio total (mg kg-1) distribuído em profundidades, sob diferentes anos de cultivo

com castanheira-do-brasil.

Médias seguida da mesma letra minúscula na linha, não difere estatisticamente pelo teste de Scott cknott * (p≥0,05)

2.6.2. BIOMASSA ACUMULADA NA CASTANHEIRA-DO-BRASIL

A produção de biomassa no talhão em que as castanheiras se encontravam com 10 anos

foi de 9.750 ton ha-1, seguindo a seguinte ordem de distribuição e partição relativa: caule

(50,5%) > ramos + folhas (31%) > raiz (18,5%); já o talhão 2 (AM) apresentou-se com 22.220

ton ha-1, sendo distribuída entre: 58,5% no caule > 21,2% ramos + folhas e 20,3% > de raiz; no

talhão 3 (AM) foi obtido 27 ton ha-1 repartidos conforme a sequência: caule (54,2%) > ramos

+ folhas (26,4%) > raiz (19,4%). Essa produção está associada a fatores intrínseco a planta

(genética), condições edafoclimáticos e (no caso do estudo) ao modelo de manejo, porém,

Barros & Comerford (2002) explicam que a variabilidade que mais interfere na produtividade

das plantas são os diversos tipos de solo com as disponibilidades totais de nutriente bastante

diferentes.

Profundidade

(Cm-1)

10 anos

AM

12 anos

AM

14 anos

AM

16 anos

MT

29 anos

MT

CV

(%)

0-20 1,26 a A 1,34 a A 1,49 a A 0,13 b B 0,11 b B 12,25

20-40 1,18 b A 1,20 b A 1,48 a A 0,16 c A 0,15 c A 14,51

40-60 0,80 b B 0,94 b A 1,10 a B 0,19 c A 0,18 c A 14,84

60-80 0,73 b B 0,73 b A 0,89 a C 0,18 c A 0,16 c A 14,39

80-100 0,62 a B 0,88 a A 0,77 a D 0,18 b A 0,17 b A 39,99

Profundidade

(Cm-1)

10 anos

AM

12 anos

AM

14 anos

AM

16 anos

MT

29 anos

MT

CV

(%)

0-20 0,02 a 0,02 a 0,02 a 0,01 b 0,004 b 32,20

20-40 0,02 a 0,02 a 0,03 a 0,01 b 0,004 b 69,75

40-60 0,01 a 0,01 a 0,02 a 0,004 b 0,004 b 10,84

60-80 0,01 a 0,01 a 0,01 a 0,004 b 0,004 b 61,92

80-100 0,01 a 0,01 a 0,02 a 0,01 a 0,01 a 10,99

Tabela 10: selênio disponível (mg kg-1) distribuído em profundidades, sob diferentes anos de

cultivo com castanheira-do-brasil.

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2.6.3. ESTOQUE DE NUTRIENTE NA Bertholletia excelsa

Quanto aos teores dos minerais e seu estoque na árvore, embora os componentes

madeireiros do tronco apresentassem a maior parte da biomassa acumulada, as concentrações

dos minerais foram variadas. Sendo as diferenças significativas do conteúdo de alguns

macronutrientes, micronutrientes e selênio ocasionada pela variação de concentração mineral

no solo, genética, grau de intensidade de demanda pelo dreno e a quantidade disponível no solo

(BARROS et al., 1978).

Nitrogênio (N):

O nitrogênio foi o macronutriente de maior acumulo nas partes das árvores,

apresentando suas concentrações em ordem decrescente:

• Talhão 1 (Amazônas): apresentou-se nas folhas novas (36,5%), folhas velhas (33,5%), ramo

superior (11%), ramo inferior (10,5%), raiz (4,5%) e caule (4%).

• Talhão 2 (Amazônas): folhas novas (35%), folhas velhas (31%), ramo superior (12,6%),

ramo inferior (10,4), caule (5,5%) e raiz (5,5%).

• Talhão 3 (Amazônas): folhas novas (36%), folhas velhas (32,5%), ramo superior (11,5%),

ramo inferior (10,5%), raiz (5%) e caule (4,5%).

• Talhão 4 (Mato Grosso): folhas novas (34%), folhas velhas (33,5%), ramo superior (11%),

ramo inferior (10,5%), raiz (6%) e caule (5%).

• Talhão 5 (Mato Grosso): folhas velhas (35,5%), folhas novas (32,5%), ramo superior

(12,5%), ramo inferior (10%), caule (5%) e raiz (4,5%).

Os resultados obtidos para o N mostraram que em todos os talhões a sua maior

concentração se deu nas folhas, tendo as folhas novas estatisticamente possuindo o maior teor

de nitrogênio nos Talhões 1; 2; 3; 4 e 5 (Tabela – 12; 13; 14; 15 e 16). Em contrapartida a raiz

e o caule foram as partes da árvore que apresentaram menor teor de concentração de N (Tabela

– 12; 13; 14; 15 e 16). Conforme Malavolta et al. (1997), as concentrações consideradas

adequadas de nitrogênio para espécies florestais variam de 12 a 35 g kg -1. Em todas as idades

o compartimento se manteve dentro dessa faixa.

Fósforo (P):

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47

A menor concentração de fósforo nos compartimentos da castanheira se deu na raiz e

caule não diferindo estatisticamente, já a maior concentração do fósforo se deu nas folhas, não

tendo diferença significativa entre as folhas novas e velhas. Segundo Malavolta et al. (1997),

as concentrações foliares indicadas para espécies florestais estão na faixa de 1 a 2,3 g kg -1.

Sendo assim os dados de fósforo obtidos das folhas da castanheira no estado do Amazonas, são

inferiores aos dados obtidos nesse estudo (Tabela – 12; 13 e 14). Porém os resultados de P na

concentração foliar no estado de Mato Grosso está de acordo ao estudo de Malavolta e

colaboradores (Tabela – 15 e 16).

Potássio (K):

A maior concentração de potássio se deu nas folhas, não tendo diferença significativa

entre as folhas novas e velhas, sendo as menores concentrações encontradas nas raízes (Tabela

– 12; 13; 14; 15 e 16). A concentrações foliares de potássio encontrada em espécies florestais

são de 10 a 15 g k -1 (MALAVOLTA et al., 1997). Todos os resultados obtidos foram a baixo

do indicado para espécies florestais. Porém essa redução pode ser explicada pelo fato de que o

Ca em baixas concentrações apresenta sinergismo com o potássio (MALAVOLTA et al., 1997).

A raiz e o caule foram os componentes da árvore aonde possuiu a menor concentração de

potássio.

Cálcio (Ca):

As maiores concentrações de Ca se deu na parte aérea, isso pode estar relacionado a alta

taxa de transpiração da árvore, sendo o Ca transportado pelo xilema via corrente transpiratória

(através da relação fonte e dreno) com isso levada para a parte aérea (MENGEL; KIRKBY,

1982).

No Talhão 1 (Amazônia) as maiores concentrações se deram nos ramos inferiores,

ramos superiores e nas folhas velhas, não diferindo significativamente (Tabela – 12). No

Talhão 2 (Amazônia) as maiores concentrações encontram-se presentes nos ramos inferiores e

ramos superiores, folhas novas e folhas velhas não possuindo diferença estatística entre eles

(Tabela – 13). Para o Talhão 3 (Amazônia), Talhão 4 e 5 (Mato Grosso) as maiores

concentrações foram encontradas nos ramos superiores e ramos inferiores, não tendo diferença

significativa entre os componentes (Tabela – 14; 15 e 16). Os componentes de concentrações

menores encontram-se presentes na raiz e caule, não possuindo diferença significativa entre

eles.

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48

Segundo trabalhos realizados por Malavolta et al. (1997), as concentrações foliares de

cálcio consideradas adequadas para as espécies florestais ficam entre 3,0 a 12,0 g k -1. De posse

dessa informação, afirmamos que a concentração foliar de cálcio encontra-se de acordo.

Magnésio (Mg):

As concentrações de Mg encontram-se presentes nas Tabelas – 12; 13; 14; 15 e 16. As

maiores concentrações de Magnésio nos Talhões 1, 2 e 3 (Amazônia) (Tabela – 12; 13 e 14)

encontra-se presente nas folhas novas e velhas, não possuindo diferença significativa entre elas;

já nos Talhões 4 e 5 (Mato Grosso) (Tabela – 15 e 16) as maiores concentrações desse nutriente

foi no ramo superior, folhas novas e folhas velhas. As concentrações mais baixas foram na raiz

e caule, não tendo diferença significativa entre elas. As concentrações foliares encontradas estão

de acordo com o que foi observado por Malavolta et al (1997) para espécies florestais, variando

de 1,5 a 5,0 g kg -1.

Enxofre (S):

As maiores concentrações de S foram encontradas nas folhas nova e folhas velhas. Não

possuindo diferencia significativa entre elas. As menores concentrações encontram-se presentes

na raiz e caule, não tendo diferença estatística entre elas (Tabela – 12; 13; 14; 15 e 16).As

concentrações foliares de enxofre encontradas nas folhas estão adequadas conforme Malavolta

et al (1997) possuindo valores entre 1,4 a 2 g kg -1.

Partes N P K Ca Mg S

Raiz 2,4 d 0,09 c 1,3 c 1,2 c 0,2 c 0 c

Caule 2 d 0,08 c 1,01 c 1,3 c 0,2 c 0 c

R. superior 5,5 c 0,20 b 1,9 c 4,4 a 1,5 b 0,6 b

R. inferior 5,5 c 0,24 b 2,4 b 4,3 a 2,5 b 0,7 b

F. nova 18,3 a 0,82 a 5,1 a 3,1 b 3,02 a 2,1 a

F. velha 16,6 b 0,64 a 3,3 b 4 a 3,1 a 2,5 a

CV (%) 9 4 9 13 7 6

Médias seguida da mesma letra minúscula na coluna, não difere estatisticamente pelo teste de Scott Knott * (p≥0,05).

Partes N P K Ca Mg S

Raiz 2,7 d 0,1 b 0,9 c 1,4 b 0,2 c 0 c

Caule 7,8 d 0,1 b 1,4 b 1,2 b 0,2 c 0 c

R. superior 5,1 c 0,2 b 1,4 b 5,8 a 1,9 b 0,5 b

R. inferior 5,9 c 0,2 b 1,5 b 6,7 a 2,2 b 0,6 b

F. nova 17,1 a 0,7 a 4,6 a 5,6 a 3,7 a 2 a

F. velha 15,4 b 0,7 a 3,4 a 5,9 a 4,2 a 2,3 a

CV (%) 6 3 7 2 11 16

Médias seguida da mesma letra minúscula na coluna, não difere estatisticamente pelo teste de Scott Knott * (p≥0,05).

Tabela 12: Teores de macronutrientes (g kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa dez anos -

AM.

Tabela 13: Teores de macronutrientes (g kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa doze anos -

AM.

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Ferro (Fe):

O ferro é o micronutriente de maior concentração presente na castanheira. A maior

concentração de Fe nos componentes da árvore nos Talhões 1; 2; 3 (Amazônia) e 5 (Mato

Grosso), encontra-se presente na raiz (Tabela – 17; 18; 19 e 20). Já no Talhão 4 (Mato Grosso)

a maior concentração se deu na raiz, folhas novas e folhas velhas (Tabela – 21).

Zinco (Zn):

As maiores concentrações de Zn nos Talhões 1; 2; 3 (Amazônia) e 4 (Mato Grosso) se

deram nos compartimentos dos ramos inferiores e ramos superiores, não tendo diferença

Partes N P K Ca Mg S

Raiz 3,8 c 0,2 c 2,6 b 0,7 c 0,3 c 0,1 c

Caule 3,2 c 0,2 c 2 b 1,3 c 0,2 c 0,1 c

R. superior 6,3 b 0,3 c 1,6 b 13,7 a 1,5 b 0,7 b

R. inferior 6,6 b 0,4 c 1,9 b 15,1 a 2,9 a 0,9 b

F. nova 2,1 a 1,02 a 4,2 a 7,3 b 3,5 a 1,9 a

F. velha 20,3 a 0,9 b 3,6 a 7,9 b 3,4 a 1,8 a

CV (%) 7 4 2 8 2 3

Médias seguida da mesma letra minúscula na coluna, não difere estatisticamente pelo teste de Scott Knott * (p≥0,05).

Partes N P K Ca Mg S

Raiz 5,7 b 0,1 c 1,04 c 1,2 c 0,2 c 0,1 c

Caule 2,3 b 0,1 c 1,34 c 2 c 0,2 c 0,1 c

R. superior 5,5 b 0,2 c 1,82 c 7,3 a 1,8 b 0,5 b

R. inferior 5,5 b 0,2 c 1,9 c 7,6 a 2,1 b 0,5 b

F. nova 16,5 a 0,7 b 4,1 a 6,3 b 3,1 a 1,9 a

F. velha 14,9a 6,8 a 2,8 b 6,8 b 3,4 a 2,2 a

CV (%) 7 16 11 9 14 18

Médias seguida da mesma letra minúscula na coluna, não difere estatisticamente pelo teste de Scott Knott * (p≥0,05).

Partes N P K Ca Mg S

Raiz 2,6 c 0,11 c 1,6 c 1,9 c 0,3 c 0,2 c

Caule 2,7 c 0,10 c 1,6 c 2,2 c 0,2 c 0,1 c

R. superior 5,5 b 0,3 b 3,8 b 10,5 a 2,3 b 0,7 b

R. inferior 7,02 b 0,3 b 3,9 b 11,9 a 3,1 a 0,8 b

F. nova 19,3 a 1,1 a 8,4 a 5,2 b 2,7 a 1,7 a

F. velha 20,8 a 0,9 a 6 a 6,8 b 2,7 a 1,7 a

CV (%) 8 10 7 13 11 9

Médias seguida da mesma letra minúscula na coluna, não difere estatisticamente pelo teste de Scott Knott * (p≥0,05).

Tabela14: Teores de macronutrientes (g kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa quatorze anos - AM.

Tabela 14: Teores de macronutrientes (g kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa dezesseis

anos - MT.

Tabela16: Teores de macronutrientes (g kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa vinte e nove

anos - MT.

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significativa entre eles (Tabela – 17; 18; 19 e 20). Já no Talhão 5 (Mato Grosso) a maior

concentração de Zn deu-se no ramo inferior. Assim os ramos inferiores em todos os talhões foi

o que apresentou maior teor de zinco (Tabela – 21).

Boro (B):

As concentrações de B pode ser observado nas Tabelas – 17; 18; 19; 20 e 21. Sendo

observadas as maiores concentrações de Boro nos componentes das folhas novas e folhas

velhas. Já as menores concentrações encontram-se presentes nas raízes.

Cobre (Cu):

As concentrações de cobre nos componentes da árvore foram bem distribuído, não tendo

uma exatidão de qual órgão possui uma maior concentração. As variações foram percebidas de

acordo com as idades. No Talhão 1 (Amazônia) (Tabela –17) os componentes de maiores

concentrações foram os ramos superiores e as folhas novas, não possuindo diferença

significativa entre elas. No Talhão 2 (Amazônia) (Tabela 18) o componente com maior

concentração foi a raiz. No Talhão 3 (Amazônia) (Tabela –19) não obteve diferença

significativa entre os componentes da árvore. Talhão 4 (Mato Grosso) (Tabela –20) a maior

concentração de cobre encontra-se presente nos ramos inferiores e superiores, não possuindo

diferença significativa entre eles. Talhão 5 (Mato Grosso) (Tabela –21) a maior concentração

de Cu se deu no ramo inferior, sendo a menor concentração presente na raiz e caule.

Manganês (Mn):

Os resultados obtidos para a concentração de Mn na árvore estão presentes nas Tabelas

– 17; 18; 19; 20 e 21. No Talhão 1 e 2 (Amazônia) (Tabela –17 e 18) os componentes de maiores

concentrações foram os ramos superiores, ramos inferiores e as folhas velhas, não possuindo

diferença significativa entre elas. No Talhão 3 (Amazônia) (Tabela –19) a maior concentração

de Mn deu-se nos ramos inferiores, ramos superiores, folhas novas e folhas velhas, não obtendo

diferença significativa entre elas. Talhão 4 (Mato Grosso) (Tabela –20) a maior concentração

de Mn encontra-se presente nos ramos inferiores e ramos superiores, não possuindo diferença

significativa entre eles. Talhão 5 (Mato Grosso) (Tabela –21) o ramo inferior foi o componente

que possuiu maior concentração de Mn.

Em todos os talhões o componente de menor concentração de Mn na árvore encontra-se

presente na raiz e caule.

Selênio (Se):

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Os resultados obtidos para a concentração de Se na árvore estão presentes nas Tabelas

– 17; 18; 19; 20 e 21. No Talhão 1; 2 e 3 (Amazônia) (Tabela –17; 18 e 19) os componentes de

maiores concentrações de selênio encontram-se presentes na raiz e no caule, não possuindo

diferença significativa entre elas. Talhão 4 e 5 (Mato Grosso) (Tabela – 20 e 21) não houve

diferença significativa na concentração de Se entre os componentes da árvore.

Partes Fe Zn B Cu Mn Se

Raiz 206,8 a 2,6 c 0 c 14,8 c 6,07 c 0,13 a

Caule 26 c 2,3 c 0 c 14,6 c 8,91 c 0,07 a

R. superior 17,6 c 26,1 a 4,1 b 28,3 a 136,8 a 0,02 b

R. inferior 21,2 c 33,9 a 5,3 b 18,02 b 160,1 a 0,02 b

F. nova 39,04 b 18,9 b 34,3 a 23,1 a 62,4 b 0,03 b

F. velha 54,23 b 13,2 b 45 a 20,32 b 118,2 a 0,04 b

CV (%) 55 32 41 4 21 4

Médias seguida da mesma letra minúscula na coluna, não difere estatisticamente pelo teste de Scott Knott * (p≥0,05).

Partes Fe Zn B Cu Mn Se

Raiz 469,2 a 2,13 c 0,04 c 8,35 a 6,1 c 0,13 a

Caule 38,8 b 1,7 c 0,3 c 0 b 8,9 c 0,13 a

R. superior 27,9 b 29,7 a 4,6 b 0 b 136,8 a 0,02 b

R. inferior 33,03 b 32,53 a 5 b 0 b 160,1 a 0,01 b

F. nova 36,6 b 18,9 b 34,6 a 0 b 62,4 b 0,04 b

F. velha 43,6 b 16,4 b 41,2 a 0 b 118,2 a 0,05 b

CV (%) 16 13 24 39 41 6

Médias seguida da mesma letra minúscula na coluna, não difere estatisticamente pelo teste de Scott Knott * (p≥0,05).

Partes Fe Zn B Cu Mn Se

Raiz 478,2 a 1,8 c 0,09 c 0,1 a 6 b 0,17 a

Caule 34,7 b 2,02 c 0 c 0,1 a 10,9 b 0,23 a

R. superior 30,8 b 19,2 a 5,4 b 0,1 a 160,5 a 0,03 b

R. inferior 34,8 b 22,1 a 5,1 b 0,1 a 173,8 a 0,04 b

F. nova 54,6 b 16,4 b 31,5 a 0,1 a 173,3 a 0,05 b

F. velha 57,4 b 11,9 b 31,6 a 0,1 a 211,7 a 0,06 b

CV (%) 53 17 25 3 12 5

Médias seguida da mesma letra minúscula na coluna, não difere estatisticamente pelo teste de Scott Knott * (p≥0,05).

Tabela 17: Teores de micronutrientes e selênio (mg kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa

com dez anos - AM.

Tabela 16: Teores de micronutrientes e selênio (mg kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa

com doze anos - AM.

Tabela 15: Teores de micronutrientes e selênio (mg kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa

com quatorze anos - AM.

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Partes Fe Zn B Cu Mn Se

Raiz 112,2 a 3,4 c 0 c 0 c 10,7 c 0,02 a

Caule 54,8 b 3,3 c 0 c 0 c 7,2 c 0,02 a

R. superior 60,2 b 54,9 a 9,9 b 12,4 a 150,7 a 0,01 a

R. inferior 68,2 b 61,8 a 14,6 b 12,2 a 204,5 a 0,01 a

F. nova 207 a 23,8 b 24,1 a 9,5 b 91,7 b 0,02 a

F. velha 240,5 a 21,2 b 25,8 a 7,2 b 93,9 b 0,02 a

CV (%) 71 12 48 16 36 9

Médias seguida da mesma letra minúscula na coluna, não difere estatisticamente pelo teste de Scott Knott * (p≥0,05).

Partes Fe Zn B Cu Mn Se

Raiz 186,6 a 2 c 4,8 c 2,3 c 6,6 c 0,01 a

Caule 59,9 b 1,5 c 3,6 c 1,8 c 9 c 0,02 a

R. superior 15,01 b 23,1 b 9,1 b 8,01 b 49,9 b 0,01 a

R. inferior 19,1 b 41,5 a 12,3 b 11,1 a 115,6 a 0,01 a

F. nova 46,4 b 18,7 b 29,4 a 8,7 b 32,4 b 0,01 a

F. velha 55,2 b 17,5 b 32,1 a 6,7 b 44,1 b 0,01 a

CV (%) 36 22 46 18 61 8

Médias seguida da mesma letra minúscula na coluna, não difere estatisticamente pelo teste de Scott Knott * (p≥0,05).

Tabela 19: Teores de micronutrientes e selênio (mg kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa

com dezesseis anos - MT.

Tabela 18: Teores de micronutrientes e selênio (mg kg-1) nas partes da Bertholletia excelsa

com vinte e nove anos - MT.

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2.7. CONCLUSÃO

As concentrações de nutrientes e selênio na castanheira-do-brasil nos locais avaliados

neste estudo são influenciadas pela quantidade e disponibilidade dos minerais no solo, bem

como pela capacidade genotípica de cada planta dentro de cada população para acumular os

nutrientes e Se, considerando os diferentes locais com suas próprias particularidades

ambientais.

Dentro das partes da árvore avaliada, a concentração das maiorias dos nutrientes em

maior quantidade deu-se nas folhas.

O teor concentrado de selênio nas partes da árvore vai depender principalmente da

quantidade do elemento disponível no solo. Sendo a raiz e o caule as partes de maior

concentração no estudo.

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2.8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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