universidade estadual de campinas robson...

156
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS Instituto de biologia ROBSON TRAMONTINA CARACTERIZAÇÃO DE ENZIMAS AUXILIARES (REDOX) DO CUPIM COPTOTERMES GESTROI QUE ATUAM EM CONJUNTO COM HIDROLASES GLICOLÍTICAS CHARACTERIZATION OF AUXILIARY (REDOX) ENZYMES FROM THE TERMITE COPTOTERMES GESTROI THAT COOPERATE WITH GLYCOLYTIC HYDROLASES CAMPINAS 2016

Upload: others

Post on 29-Oct-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Instituto de biologia

ROBSON TRAMONTINA

CARACTERIZAÇÃO DE ENZIMAS AUXILIARES (REDOX) DO

CUPIM COPTOTERMES GESTROI QUE ATUAM EM

CONJUNTO COM HIDROLASES GLICOLÍTICAS

CHARACTERIZATION OF AUXILIARY (REDOX) ENZYMES

FROM THE TERMITE COPTOTERMES GESTROI THAT

COOPERATE WITH GLYCOLYTIC HYDROLASES

CAMPINAS 2016

Page 2: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

ROBSON TRAMONTINA

CARACTERIZAÇÃO DE ENZIMAS AUXILIARES (REDOX)

DO CUPIM COPTOTERMES GESTROI QUE ATUAM EM

CONJUNTO COM HIDROLASES GLICOLÍTICAS

CHARACTERIZATION OF AUXILIARY (REDOX) ENZYMES

FROM THE TERMITE COPTOTERMES GESTROI THAT

COOPERATE WITH GLYCOLYTIC HYDROLASES

Dissertação apresentada ao Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de Mestre em Ciências, na área de concentração em Fármacos, Medicamentos e Insumos para Saúde. Dissertation presented to the Institute of Biology of the University of Campinas in partial fulfillment of the requirements for the Master’s degree of Sciences, in the field of concentration of Drugs, Medicines and Supplies for Health.

ESTE ARQUIVO DIGITAL CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELO ALUNO ROBSON TRAMONTINA, E ORIENTADA PELO DR FABIO MARCIO SQUINA COM COORIENTAÇÃO PELO PROF DR ANDRÉ RICARDO DE LIMA

DAMÁSIO. Orientador: FABIO MARCIO SQUINA Co-orientaodor: ANDRÉ RICARDO DE LIMA DAMÁSIO

CAMPINAS

2016

Page 3: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,
Page 4: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

Campinas, 08 de julho de 2016.

COMISSÃO EXAMINADORA

Prof. Dr. Fabio Marcio Squina

Prof. Dr. Valdeir Arantes

Dra. Juliana Velasco de Castro Oliveira

Dr. Roberto Ruller

Os membros da comissão organizadora acima assinaram a Ata da Defesa, que se

encontra no processo de vida acadêmica do aluno.

Page 5: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

À dona Celitinha e seu Tramontina

Pelos 26 anos de compaixão, suporte,

compreensão e liberdade de escolha

DEDICO

Page 6: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

AGRADECIMENTOS

Caríssimos amigos, mestres e familiares, não haveria nenhuma condição de eu

chegar até aqui e sem dúvidas eu não teria forças para finalizar este trabalho, sem

vocês. Portanto, sou profundamente grato a todos, e gostaria de homenagear vocês

que fizeram parte desta obra e de minha vida.

Ao meu orientador, Dr. Fabio Squina, pela sua excelência, oportunidade, confiança,

incentivo e a liberdade de escolha, que tornaram este trabalho tão próspero e

motivador. Ao meu coorientador Dr. André Ricardo de Lima Damásio, pela amizade,

dedicação, e pelo exemplo de veterano que ele é.

Ao João Paulo Franco Cairo, “a casta doutoranda” que ensinou a “casta mestranda”

a crescer e se diferenciar, espero que um dia sejamos todos reis na “colônia da

pesquisa”.

Aos meus amigos e colaboradores fundamentais para este trabalho Fernanda

Mandelli e Marcelo Liberato, obrigado pela atenção e experiência compartilhada.

Ao CNPEM/CTBE pela infraestrutura e o suporte técnico dos melhores profissionais.

Em especial a: Jaciane Lenczac, Roberto Ruller, Sindelia Freitas, José Pradella,

Juliana Velasco, Sarita Rebelo e Silvio Consonni.

À Dra. Ana Maria Costa-Leonardo, por ter disponibilizado os cupins.

À universidade estadual de Campinas (UNICAMP), uma universidade pública e de

qualidade. Desejo que a UNICAMP sempre seja referência mundial.

Aos meus amigos do CTBE: Agnes; Amanda; Bruna Campos; Bruna Soares; Carla

Botelho; Carol; Douglas; Eduardo; Emerson; Fabiano; Gisele; Gabriela Felix;

Gabriela Ematsu; Juliana; Lívia; Lucas; Marcelo Rúbio; Mariana; Rebeca; Roberta;

Samantha; Thabata; Thiago; Pedro; Renan; Erica, que tanto me ajudaram,

motivaram e tornaram meus dias mais felizes. Cada um de vocês sabe o quão eu

sou grato!

Page 7: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

Aos amigos do programa de pós-graduação em biociência e tecnologia de produtos

bioativos: Daniela Mizobuti (Mitsubishi) pelo BITEC e os SOS, Marcos Salvador,

Elaine Minatel e Rafael Chagas Pessoa pela simpatia e paternalismo mesmo em

uma universidade tão grande.

Ao Bruno Leite Silva por segurar comigo esta marimba que é a vida! Você é

fundamental.

Aos amigos que Campinas me proporcionou e levarei para a vida: Alejandro;

Guilherme e Djalma. Em especial à Antonielle, Carla Portela e Diogo que me

aconselharam de bom coração. Além dos amigos de sempre, Ewerton e Lucas.

Aos meus pais Valdecir, Celita e irmão Renan Tramontina; aos meus tios e primos.

A todos aqueles que direta ou indiretamente se envolveram na realização deste

trabalho.

À FAPESP pelo auxílio financeiro durante a realização deste trabalho.

Page 8: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

"A melhor maneira de prever o futuro é criá-lo."

Peter F. Drucker

Page 9: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

RESUMO

A descoberta de novas fontes enzimáticas para degradação e detoxificação da

lignocelulose em açúcares fermentescíveis é considerada o maior gargalo para a

viabilidade das biorefinarias de etanol de segunda geração (2G). Na natureza, os

cupins são sistemas biológicos modelos para o estudo da conversão da biomassa

vegetal. Deste modo, o cupim inferior Coptotermes gestroi utiliza como fonte de

nutrientes a madeira, fazendo o uso desta biomassa recalcitrante através de uma

complexa simbiose entre si como hospedeiro e seus simbiontes procarióticos e

eucarióticos. Após o uso das tecnologias “ômicas”, pose-se explorar melhor a

biologia dos cupins, em especial aspectos enigmáticos sobre a relação holobiôntica,

bioquímica e fisiológica relacionada à sua dieta. Há muitos indícios sobre uma

classe inexplorada de proteínas endógenas, enzimas pró-oxidantes antioxidantes e

detoxificantes (PADs) e enzimas auxiliares (AAs), que demonstram que estas

enzimas poderiam ter um papel fundamental na conversão de lignocelulose pelos

cupins inferiores. Portanto, a hipótese deste trabalho versa sobre o cupim C. gestroi

quanto à presença de um sistema de degradação e detoxificação de biomassa

lignocelulósica que complementa as hidrolases glicolíticas. Para isso, neste trabalho

foram conduzidos estudos enzimáticos, eletroquímicos, fermentativos e

microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim, de maneira a

atribui-las potencial de aplicação biotecnológica. As enzimas endógenas do cupim,

endoglucanase (CgGH9-1), aldoketo redutase (CgAKR-1-1) e superóxido dismutase

(CgSOD-1) foram imunolocalizadas no aparelho digestivo de C. gestroi, confirmando

a presença destas na digestômica do inseto. Foi encontrado que, CgSOD-1,

CgAKR-1, CgADH-1 (Álcool desidrogenase), CgLAC-1 (Lacase) atuam em

sinergismo dependente de espécies reativas de oxigênio (EROs) durante a

suplementação de coquetéis celulásicos. Outra aplicação encontrada para CgAKR-1

foi sua capacidade de agente detoxificante de biomassas contra os fenólicos

aldeídicos inibidores de fermentação. Foi identificada a primeira LPMO da família

AA10 em animais (CgAA10-2), que foi caracterizada e capaz de oxidar a celulose.

CgGOX-1 apresentou atividade de glicose oxidase, o que permitiu o

desenvolvimento de uma biopilha de açúcares provenientes de bagaço de cana de

açúcar hidrolisado. CgCAT-1 uma catalase, apresentou alta similaridade com uma

catalase de R. flavipes. Em vias gerais todas estas enzimas identificadas

apresentaram relação com a digestômica do inseto, reforçando o papel das enzimas

endógenas do cupim para a degradação da biomassa, detoxificação de xenobióticos

e atividade pró e antioxidante, ampliando o conhecimento da biologia deste inseto.

Por último, estas enzimas apresentam um grande potencial para as biorefinarias,

como enzimas com múltiplos propósitos e com características integrativas, visando à

consolidação dos processos envolvendo a produção de etanol 2G.

Page 10: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

ABSTRACT

Discovering novel enzymes sources for lignocellulose degradation and detoxification

into fermentable sugars is considered one of the biggest bottlenecks towards the

sustainable production of second-generation ethanol. In nature, termites are

biological models for plant biomass conversion. Accordingly, the termite Coptotermes

gestroi degrades hardwoods to harness their nutrients, through a complex symbiosis

between the host termite and prokaryotic and eukaryotic symbionts. A deep insight

into the unknown termite biology was obtained by applying "omics" technologies,

especially with respect to holobiontic, biochemical and physiological aspects applied

to its diet. Many hypotheses about a class of endogenous proteins – the so called

pro-oxidant antioxidant and detoxifying enzymes (PADs) and auxiliary enzymes (AAs)

– indicate that such enzymes may play a key role in the bioconversion of

lignocellulose by termites. This work considers the presence of a redox lignocellulosic

degradation and detoxification system supporting glicosil hydrolases. Enzymatic,

electrochemical, microscopic and fermentative approaches were used in order to

support this consideration. The host enzymes, endoglucanase (CgGH9-1), aldoketo

reductase (CgAKR-1) and superoxide dismutase (CgSOD-1) were

immunolocalizated in C. gestroi's digestive tract, confirming their presence in the

insect digestomics. It was also found that supplementation with CgSOD-1, CgAKR-1,

CgADH-1 (alcohol dehydrogenase) and CgLAC-1 (Laccase) enhanced

saccharification of sugarcane bagasse performed by cellulosic cocktails. This

synergism was based on reactive oxygen species generation. CgAKR-1 also showed

to be a detoxifying agent against phenolic aldehydic inhibitors found in pretreated

lignocelulose. A first putative animal LPMO from the family AA10 (CgAA10-2) was

characterized and found capable of oxidizing cellulose. A glucose oxidase (CgGOX-

1) was used in the development of a biobattery composed of sugars from sugarcane

bagasse enzymatic hydrolysate. The catalase (CgCAT-1) showed high similarity with

a catalase from R. flavipes. In general all identified enzymes could be related to the

insect digestomics, reinforcing the role of termite endogenous redox enzymes on

biomass degradation, xenobiotics detoxification and pro/anti-oxidant which

contributes to understanding the termite biology. Finally, these enzymes present a

great potential in biorefinaries, serving for multi-purpose applications and being

considered as integrative enzymes by consolidating all processes in the production of

second-generation ethanol.

Page 11: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figuras

Figura 1 - Parede celular vegetal e seus principias componentes. ................. 24

Figura 2 - Processo de produção de etanol 2G. ............................................. 25

Figura 3 - Parâmetros físico-químicos no intestino de cupins inferiores.. ....... 32

Figura 4 - Mapa do vetor Pet28a .................................................................... 43

Figura 5 - representação da biopilha de glicose e CgGOX-1. ......................... 52

Figura 6 - Imunolocalização de CgGH9-1 no tecido intestinal de C. gestroi. .. 59

Figura 7 - Suplementação de extrato enzimático de P. echinolatum (0,4FPU/g

BEX) com diferentes concentrações da proteína CgGH1-1. t. ........................ 60

Figura 8 - Eletroforese em gel de agarose 1 % do produto de PCR de colônia

de ArcticExpress (DE3) para as construções do gene CgsymGH7-1 em

pET28a. ........................................................................................................ 61

Figura 9 - Domínio conservado identificado na sequencia de nucleotídeos

correspondente à ORF (CgsymGH7-1) .......................................................... 62

Figura 11 - Imunolocalização de CgSOD-1 no tecido intestinal de C. gestroi. 63

Figura 12 - Suplementação de ®Celluclast 1,5L (Novozymes) 1FPU por

grama de BEX com a proteína CgSOD-1 (1,3mg/g BEX). .............................. 64

Figura 13 - Suplementação de extrato enzimático de P. echinolatum

(0,4FPU/g BEX) com diferentes concentrações da proteína CgGH1-1. ......... 65

Figura 14 - Inibição pelo furfural do crescimento de E. coli BL21 (DE3)

(PeT28A) com o gene de CgAKR-1 ou o vetor vazio. .................................... 68

Figura 15 - Análise por SDS-PAGE 12% da expressão em Rosetta-gami 2

(DE3) e purificação de CgAA10-2. .................................................................. 69

Figura 16 - Domínio conservado identificado na sequência de nucleotídeos

correspondente à ORF (CgAA10-2) ............................................................... 70

Figura 17 - Figura - Análise filogenética de CgAA10-2 de insetos. ................. 71

Figura 18 - Predição de estrutura tridimensional de CgAA10-2 ...................... 72

Page 12: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

Figura 19 - (A) Efeito do pH sobre a atividade de CgAA10-2. ........................ 73

Figura 20 - Análise de clivagem de BG por CgAA10-2 ................................... 74

Figura 21 - Análises de eletroforese em gel de agarose 1% dos produtos de

PCR TouchDown de CgALOX-1. .................................................................... 75

Figura 22 - Domínio conservado identificado na sequencia de nucleotídeos

correspondente à ORF (CgALOX-1) ............................................................... 76

Figura 23 - Análise filogenética de AOX e XDHs. ........................................... 77

Figura 24 - Análise de SDS-PAGE 12% da expressão do gene CgGOX-1 .... 78

Figura 25 - Domínio conservado identificado na sequencia de nucleotídeos

correspondente à ORF (CgGOX.1) ................................................................ 79

Figura 26 - Análise filogenética de GMC oxidorredutases de insetos. ............ 80

Figura 27 - Confecção da biopilha de glicose. ............................................... 82

Figura 28 - Análise da produção de energia elétrica a partir da biopilha

composta com o sistema (CgGOX-1+ glicose de BEX sacarificado + eletrodos

de carbono). .................................................................................................... 83

Figura 29 - Análise por SDS-PAGE 12% da expressão heteróloga e

purificação de CgADH-1 em sistema de expressão ArcticExpress (DE3). ..... 85

Figura 30 - Domínio conservado identificado na sequencia de nucleotídeos

correspondente à ORF (CgADH-1) ................................................................. 86

Figura 31 - Suplementação de ®Celluclast 1,5L (Novozymes) 0,5 FPU/g

PASB com CgLAC-1 (0,5 mg/g PASB). .......................................................... 87

Figura 32 - Análise por SDS-PAGE 12% da expressão heteróloga e

purificação de CgCAT-1 em sistema de expressão ArcticExpress (DE3). ...... 88

Figura 33 - Domínio conservado identificado na sequencia de nucleotídeos

correspondente à ORF (CgCAT-1) ................................................................. 89

Figura 34 - Detecção da atividade de catalase através do ensaio com o

reagente Amplex Red. .................................................................................... 90

Figura 35 - Análise por SDS-PAGE 12% da expressão heteróloga e

purificação de CgLAC-1 em sistema de expressão ArcticExpress (DE3). ...... 91

Figura 36 - Domínio conservado identificado na sequência de nucleotídeos

correspondente à ORF (CgALOX-1) ............................................................... 93

Page 13: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

Figura 37 - A atividade CgLAC-1. ................................................................... 94

Figura 38 - Suplementação de ®Celluclast 1,5L (Novozymes) 0,5 FPU/g

PASB com CgLAC-1 (0,5 mg/g PASB). .......................................................... 95

Figura 39 - Exemplificação do digestoma de cupins inferiores. ...................... 98

Figura 40 – Mecanismos propostos de atuação das enzimas auxiliares redox

de C. gestroi aplicáveis em biorefinarias. ....................................................... 99

Tabelas

Tabela 1 – Primers utilizados para amplificação de genes ............................. 41

Tabela 2 - Composição dos bagaços de cana-de-açúcar ............................... 48

Tabela 3 Comparativo entre as enzimas identificadas no metatranscriptôma

de C. gestroi. .................................................................................................. 55

Tabela 4 - Panorama dos resultados obtidos com as enzimas GHs, PADs e

AAs de C. gestroi. ........................................................................................... 57

Page 14: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

•OH – Radical hidroxila

AA – Enzima de atividade auxiliar

aa. – Aminoácido

APTS – Ácido 8-aminopireno-1, 3,6-trisulfônico

ATP – Adenina Trifosfato

BG – Beta Glucano

BIN – Bagaço de cana-de-açúcar In-natura

C. GESTROI – Coptotermes gestroi.

CAZy – Banco de Dados de Enzimas Ativas em Carboidrato

cDNA – Ácido Desoxiribonucléico Complementar

CGAKR-1– Aldoketo redutase de C. gestroi

CGGH1-1– Beta glicosidase de C. gestroi

CGGH9-1– Endoglucanase de C. gestroi

CGLAC-1 – lacase de C. gestroi

CGSOD-1 – superóxido dismutase de C. gestroi

CGADH-1– álcool desidrogenase de C. gestroi

CGALOX-1– Aldeído oxidase de C. gestroi

CGAA10-2 – AA10 de C. gestroi

CGGOX-1– Glicose oxidase de C. gestroi

CGCAT-1 – Catalase de C. gestroi

CIs – Compostos inibitórios

CTBE – Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol

DMSO – Dimetilsulfóxido

DNA – Ácido Desoxiribonucléico

DNS – Ácido Dinitrosalicílico

ETECAP – Escola Técnica Estadual Conselheiro Antonio Prado

EROs – Espécies Reativas do Oxigênio

GF – Cromatografia de Filtração em Gel

Page 15: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

GH – Família de Hidrolase Glicolítica

H2O2 – Peróxido de Hidrogênio

HMF – Hidroximetilfurfural

HPF– sensor peroxinitrito

IMAC – Cromatografia de Afinidade com Metal Imobilizado

IPTG – Isopropil β-D-1-tiogalactopiranosídeo

kDa – Kilo Daltons

LB – Meio Luria-Bertani

LC-MS/MS – Cromatografia Líquida acoplada a Espectrometria de Massas

LGE-Laboratório de Genômica e Expressão

LNBio – Laboratório Nacional de Biociências

Mix – CgGH9-1 + CgAKR-1+ NADPH

mV – milivolt

MW. – Peso Molecular

NADP+ – Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato oxidada

NADPH – Nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato

NCBI – Centro Nacional de Informação Biotecnológica

NM– nanômetro

PAD – Enzimas pró-oxidantes, antioxidantes e detoxificantes

PASB – Bagaço de cana de açúcar tratado com ácido fosfórico

PBS – Tampão fosfato-salina

PCR – Reação em cadeia da polimerase

pH – Potencial Hidrogeniônico

PMSF – Fenilmetilsulfonilflúor

RNA – Ácido ribonucléico

S. STIPISIS – Scheffersomyces stipisis;

SCB – Bagaço de cana de açúcar;

SDS – Dodecil Sulfato de Sódio

SDS-PAGE – Eletroforese em Gel de Poliacrilamida e SDS

Taq – DNA Polimerase de Alta Fidelidade

Page 16: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

SUMÁRIO

RESUMO .......................................................................................................... 9

ABSTRACT .................................................................................................... 10

LISTA DE ILUSTRAÇÕES ............................................................................. 11

FIGURAS ........................................................................................................ 11

TABELAS ....................................................................................................... 13

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ........................................................ 14

INTRODUÇÃO GERAL .................................................................................. 21

CAPÍTULO 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................. 23

1.1. A biomassa lignocelulósica e o estado da arte das biorrefinarias ... 23

1.2. Enzimas e proteínas acessórias envolvidas na hidrólise de

biomassa lignocelulósica para produção de bioetanol ........................................... 27

1.3. Enzimas oxidativas para sacarificação biomassa lignicelulósica .... 29

1.4. Enzimas Pró-oxidantes Antioxidantes e Detoxificantes (PADs): Um

novo conceito no tratamento da lignocelulose ....................................................... 30

1.5. A biologia do cupim aplicada a biorrefinaria .................................... 31

1.6. Enzimas PADs e AAs encontradas em C. gestroi ........................... 32

1.6.1. Aldoketo redutase (AKR) ............................................................. 33

1.6.2. Superóxido dismutase (SOD) ...................................................... 34

1.6.3. Lacases (LAC) ............................................................................. 34

1.6.4. Monooxigenases líticas de polissacarídeos da família 10 ......... 35

1.6.5. Glicose desidrogenase (GOXs) ................................................... 35

1.6.6. Aldeído oxidase (AOX) ................................................................ 35

1.6.7. Álcool desidrogenase (ADHs) ..................................................... 36

1.6.8. Catalases (CATs) ........................................................................ 36

Page 17: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

CAPÍTULO 2 – OBJETIVOS .......................................................................... 37

2.1. Objetivos Gerais .............................................................................. 37

2.2. Objetivos Específicos ...................................................................... 37

CAPÍTULO 3 – CLONAGEM, OBTENÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E

APLICAÇÃO DE ENZIMAS DE COPTOTERMES GESTROI .................................. 37

3.1. Introdução ....................................................................................... 37

3.2. Objetivos do capítulo .......................... Erro! Indicador não definido.

3.3. Materiais e métodos ........................................................................ 39

3.3.1. O cupim ....................................................................................... 39

3.3.2. Identificação de genes alvos através de análise da expressão

diferencial gênica e proteica .................................................................... 39

3.3.3. Seleção dos genes ...................................................................... 40

3.3.4. Desenho de oligonucleotídeos para amplificação de sequências

alvos................ ........................................................................................ 41

3.3.5. Amplificação dos genes ............................................................... 41

3.3.6. Purificação e digestão dos genes amplificados ........................... 42

3.3.7. Quantificação de DNA ................................................................. 42

3.3.8. Preparação do vetor pET28a e ligação do gene ......................... 43

3.3.9. Clonagem em Escherichia coli .................................................... 44

3.3.10. Seleção das colônias transformantes por CS-PCR (Colony

Screening by PCR) .................................................................................. 44

3.3.11. Extração do DNA plasmidial ...................................................... 44

3.3.12. Cultivo dos transformantes e expressão das proteínas ............. 45

3.3.13. Lise celular para obtenção das proteínas recombinantes ......... 46

3.3.14. Purificação das enzimas em colunas cromatográficas .............. 46

3.3.15. Eletroforese em gel de poliacrilamida em condições

Page 18: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

desnaturantes (SDS-PAGE) .................................................................... 47

3.3.16. Dosagem de proteínas .............................................................. 47

3.3.17. Biomassas vegetais hidrolisadas .............................................. 47

3.3.18. Estudo de suplementação de coquetéis celulósicos comerciais e

extratos fúngicos...................................................................................... 48

3.3.19. Determinação de açúcares ........................................................ 49

3.3.20. Avaliação da oxidação de carboidratos pelas enzimas ............. 50

3.3.21. Análises filogenéticas ................................................................ 50

3.3.22. Caracterização de CgGOX-1 ..................................................... 51

3.3.22.1. Atividade de glicose oxidase de CgGOX-1 ................................ 51

3.3.22.2. Confecção de uma biopilha de CgGOX- .................................... 51

3.3.23. Caracterização de AA10-2 ........................................................ 52

3.3.23.1. Atividade de LPMO ................................................................... 52

3.3.23.2. Predição de estrutura tridimensional ......................................... 53

3.3.24. Atividade de CgLAC-1 .................................................................. 54

3.3.25. Atividade de CgCAT-1 ............................................................... 54

3.4. Resultados e Discussão .................................................................. 55

3.4.1. Investigação e seleção de enzimas de C. gestroi com potencial

biotecnológico .......................................................................................... 55

3.4.2. Clonagem, obtenção e caracterização de enzimas de C. gestroi 58

3.4.3. Glicosil hidrolases: CgGH1-1; CgGH9-1 e CgsymGH7-1 ............ 58

3.4.3.1. Imunolocalização de CgGH9-1 ................................................. 58

3.4.3.2. Suplementação enzimática com CgGH1-1 ............................... 59

3.4.3.3. Exoglucanase (CgsymGH7-1) .................................................. 61

3.4.4. CgSOD-1 – Superóxido Dismutase ............................................. 62

3.4.4.1. Imunolocalização de CgSOD-1 ................................................... 62

Page 19: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

3.4.4.2. Suplementação de coquetéis enzimáticos com CgSOD-1 .......... 63

3.4.5. CgAKR-1 - Aldoketo Redutase ........................................................ 66

3.4.5.1. .... A expressão de CgAKR-1 em E. coli BL21 (DE3) promove maior

tolerância ao furfural ................................................................................. 66

3.4.6. CgAA10-2 - (LPMO - AA10) ............................................................ 69

3.4.6.1.Análises bioinformáticas de CgAA10-2 .......................................... 70

3.4.6.2.Caracterização bioquímica de CgAA10-2 ....................................... 73

3.4.7. CgALOX-1 - Aldeído Oxidase (AA5) - Xantina Oxidase .................. 75

3.4.8. CgGOX.1- Glicose Desidrogenase/Oxidase (AA3) ......................... 78

3.4.8.1.Análises bioinformáticas e bioquímicas de CgGOX.1..................... 79

3.4.8.2. Desenvolvimento de uma biopilha a partir de CgGOX-1 e glicose de

bagaço de cana de açúcar ......................................................................... 81

3.4.9. CgADH-1 - Álcool desidrogenase ................................................... 84

3.4.10. CgCAT-1 – Catalase ....................................................................... 88

3.4.10.1.Caracterização Bioquímica de CgCAT-1 ...................................... 90

3.4.11. CgLAC-1 – Lacase .................................................................... 91

3.4.11.1.Caracterização bioquímica de CgLAC-1 ....................................... 93

3.4.11.2.Suplementação de ®Celluclast 1,5L com CgLAC-1 ..................... 94

3.5. Discussão Geral .............................................................................. 96

CAPÍTULO 4 – ARTIGO EM PREPARAÇÃO .............................................. 100

CONCLUSÕES GERAIS .............................................................................. 149

ANEXOS ....................................................................................................... 150

1 - CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA CBIO .................................. 155

2 - PUBLICAÇÕES.................................................................................... 150

3- DECLARAÇÃO ................................................................................ 155

Page 20: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,
Page 21: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

21

INTRODUÇÃO GERAL

A lignocelulose é a biomassa mais abundante no planeta, atuando como uma

matriz de função estrutural na parede celular de plantas, considerada uma fonte de

matérias primas renováveis, ilimitadas e biodegradáveis [1]. A lignocelulose pode ser

convertida em biocombustíveis, produzidos por uma unidade industrial que integra

equipamentos e processos de conversão de biomassa, denominada de biorrefinaria,

segundo o National Renewable Energy Laboratory (USA) [1].

O etanol celulósico ou etanol de segunda geração (2G) é o principal candidato

para combustível líquido a ser produzido por uma biorrefinaria lignocelulolítica, pois

atualmente este é o biocombustível mais comercializado no mercado nacional e

internacional [2]. Atualmente, são necessários grandes avanços para que os

processos de produção de etanol 2G se tornem economicamente viáveis nas

biorrefinarias. Entre eles, a utilização de ferramentas enzimáticas é uma das vias

mais promissoras nos setores de biorrefinaria para a produção de etanol 2G [1,3].

Os setores privados, universidades e laboratórios do governo fazem uso da

pesquisa e desenvolvimento para a descoberta de enzimas e a formulação de

coquetéis enzimáticos mais eficientes e mais específicos para degradação de

lignocelulose, como por exemplo a da cana de açúcar, reduzindo os custos da

conversão desta biomassa em monossacarídeos [4].

Em relação à bioprospecção de enzimas que atuam na lignocelulose e suas

fontes naturais, os cupins são tidos como um modelo de reator biológico para

desconstrução da biomassa vegetal. Os cupins alimentam-se de uma dieta rica em

material lignocelulósico, onde o processo de degradação deste material é altamente

eficiente, embora permanece ainda pouco elucidado. Neste contexto, estudos de

genômica e proteômica foram efetuados pelo nosso grupo de pesquisa e revelaram

a presença de enzimas auxiliares (AA) e enzimas pró-oxidantes antioxidantes e

detoxificantes (PADs) em cupins da espécie Coptotermes gestroi, e a relação destas

com sua dieta [5].

Como não há evidencias da ação destas enzimas em conjunto com

holocelulases clássicas, este trabalho de mestrado foi desenvolvido para

compreender melhor estas enzimas e suas possíveis aplicações em química verde.

Neste contexto, o trabalho desenvolvido encontra-se dividido em capítulos, visando

dar maior ênfase aos objetivos de cada etapa.

Page 22: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

22

Abaixo encontra-se uma breve descrição sobre os capítulos propostos e

resultados obtidos:

Capítulo 1 - Revisão bibliográfica apresentando as informações que

contextualizam o leitor sobre biorrefinarias, sacarificação e

detoxificação de biomassa através de enzimas, a biologia do cupim C.

gestroi, bem como as recentes descobertas que motivaram a

realização deste estudo e que justificam os esforços neste trabalho;

Capítulo 2 - Objetivos que motivaram cada etapa do trabalho;

Capítulo 3 – Clonagem, obtenção, caracterização parcial e aplicação

biotecnológica das Glicosil Hidrolases, AAs e PADs de C. gestroi.

Capítulo 4 - Trabalho submetido para publicação mais anexos: The

Coptotermes gestroi Aldoketo reductase: A multi-purpose enzyme on

Biorefinery applications

Page 23: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

23

CAPÍTULO 1 – REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1. A biomassa lignocelulósica e o estado da arte das biorrefinarias

Atualmente as principais fontes de energia e matéria prima para síntese de

compostos químicos e combustíveis são derivadas do petróleo [6]. A queima dos

combustíveis fósseis libera gás carbônico na atmosfera, e por se tratarem de uma

fonte não renovável, acabam afetando o meio ambiente, principalmente através do

efeito estufa, causando indiretamente também problemas econômicos e sociais [6].

O esgotamento destes recursos não renováveis, e os demais danos causados pela

indústria petroquímica tem despertado a atenção mundial na busca de fontes de

energia renováveis para atender as necessidades da matriz energética e de novos

materiais para as gerações presentes e futuras [1]. Atualmente, a ênfase no uso de

biocombustíveis é uma promissora estratégia para a redução da poluição, e desta

forma, atender as demandas do protocolo de Kyoto [6].

As plantas são organismos heterotróficos que captam os fótons originários da

luz solar, dióxido carbono e água convertendo-os em energia armazenada em forma

de biomassa vegetal formada principalmente por lignocelulose [3]. A lignocelulose

por sua vez atua como uma matriz de função estrutural na parede celular de plantas.

Ela é constituída por polissacarídeos como a celulose, hemicelulose e pectina, além

de polímeros fenólicos denominados de lignina (Figura 1) [7]. A forma de

organização da celulose é feita através de microfibrilas constituídas por monômeros

de glicose unidos por meio de ligações β-1,4 que estão envolvidas em uma matriz

lignossacarídica formando uma estrutura rígida. A hemicelulose é o segundo

polissacarídeo mais abundante na parede celular das plantas, sendo mais

heterogênea que a celulose. Os dois principais constituintes deste grupo são o

xilano, sendo a maioria da hemicelulose de gramíneas e formado principalmente por

monômeros de xilose unidos por ligações β-1,4 na cadeia principal, e a galacto

(gluco) manana que é a hemicelulose mais presente em plantas lenhosas. A pectina

é o terceiro grupo predominante da parede celular de plantas, formado de cadeias

Page 24: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

24

principais de resíduos de ácido galacturônico com ligações do tipo α-1, 4 e cadeias

laterais com diversos resíduos de monossacarídeos e outros componentes [8].

Figura 1 - Parede celular vegetal e seus principais componentes. Adaptado de Rubin (2008)[7].

Através de enzimas hidrolíticas e oxidativas, estes polissacarídeos podem ser

desconstruídos em açúcares monoméricos [3].Todos estes monossacarídeos podem

ser utilizados como matérias primas fundamentais para a obtenção de uma imensa

gama de produtos, que abrange desde biocombustíveis até polímeros, sendo o

etanol lignocelulósico uma das moléculas de maior interesse atualmente. Desta

forma, o conceito de biorrefinaria lignocelulósica enquadra-se nessa tecnologia,

visando o aproveitamento integral dos resíduos agroindustriais gerados em uma

determinada cadeia produtiva, de modo a agregar valor à mesma [9,10].

Page 25: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

25

O Brasil possui um amplo conhecimento técnico e institucional para a

produção de etanol a partir da cana de açúcar há mais de 30 anos [9,10]. E tem

sido um exemplo dos requisitos para o desenvolvimento sustentável de produção de

etanol lignocelulósico [9,10]. De acordo com o US Energy Information Administration,

(2016) o Brasil e os EUA são os dois maiores produtores e exportadores de etanol

do mundo, com o etanol sendo produzido a partir de matérias-primas de milho nos

EUA e de cana de açúcar no Brasil. Em ambos os processos, a lignocelulose gerada

como um resíduo na forma de bagaço de cana de açúcar ou palha de milho pode

ainda ser convertida em etanol em um processo denominado de segunda geração

(2G). A Figura 2 demonstra um esquema de biorrefinaria de etanol 2G utilizando

hexoses e pentoses derivadas da lignocelulose de cana de açúcar para a produção

de etanol.

Figura 2 – Esquema de processo de produção de etanol 2G a partir de bagaço de cana de açúcar (SCB) . 1 (Moagem): O SCB é recolhido, transportado e moído; 2 (Pré-tratamento): O SCB é livre de impurezas e passa por um pré-tratamento físico-químico para remover a lignina e separar a celulose em fração sólida da fração hemicelulósica líquida, diminuindo a recalcitrância deste material; 3 (Sacarificação): Os materiais pré-tratados são enzimáticamente hidrolisados através de coquetéis lignocelulolíticos; 4 (Fermentação): Os açúcares liberados durante a etapa de sacarificação são fermentados a etanol por leveduras fermentadoras de C5 e C6 juntamente com o açúcar gerado por tecnologias 1G; 5 (Destilação): O produto fermentado é destilado e o etanol é recuperado. Fonte: Baseado em infográfico da

empresa Raízen (Acesso 26/04/2016 – direito de imagem cedido).

1

Page 26: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

26

A complexidade químico-estrutural da lignocelulose está relacionada com as

diversas funções biológicas desta (suporte mecânico, proteção contra patógenos e

regulação da homeostase vegetal), porém, dificulta o processamento deste material.

Assim, a complexidade das ligações químicas, a recalcitrância das fibras de

holocelulose e a presença de compostos inibidores resultantes do processamento

deste material são os principais problemas enfrentados na sacarificação e

fermentação da biomassa vegetal [11,12].

A fim de reduzir estes problemas, diferentes processos de pré-tratamento são

utilizados para aumentar a degradação enzimática da lignocelulose, alterando a

estrutura destas biomassas e por consequência separando-as em frações sólidas e

liquidas [13–15].

Componentes aromáticos derivados da degradação da lignina e de açúcares,

bem como metabólitos secundários de plantas, são encontrados na biomassa in-

natura e em quantidades elevadas nas biomassas pré-tratadas (ex: pré-tratamento

hidrotérmico) [16]. Estes componentes inibidores (CIs) são capazes de inibir a

atividade de enzimas lignocelulolíticas e prejudicam a fermentação alcoólica de

leveduras [11]. Estes químicos incluem derivados de açucares (furfural e

hidroximetilfurfural) e compostos aromáticos derivados da lignina (aldeído benzóico,

seringaldeído).

A presença de 20 mmol/L de furfural, por exemplo, pode inibir totalmente o

crescimento de muitas cepas de leveduras fermentadoras [11]. Dentre alguns dos

mecanismos que inibem o crescimento celular e a fermentação alcoólica, o furfural

causa danos na parede e membrana celular, inibe a atividade de diversas enzimas,

causa danos ao DNA, RNA e síntese de proteínas, além de promover uma produção

acentuada de Espécies Reativas de Oxigênio (EROs) intracelularmente [11]. Desta

forma, os CIs encontrados nas frações hemicelulolíticas da biomassa pré-tratada

(ex: fração solúvel após o pré-tratamento térmico do bagaço de cana de açúcar,

também designado por Licor C5) dificultam o processo fermentativo deste material

rico em açucares fermentecisveis [11,17].

De uma forma global, para tornar o processo de produção de etanol

lignocelulósico viável, é necessário resolver alguns problemas de processo: 1) A

Page 27: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

27

disponibilidade de biomassas hidrolisáveis como matérias-primas; 2)

Desenvolvimento de novas técnicas viáveis para degradar a lignocelulose (ex: pré-

tratamento físico-químico); 3) Seleção de enzimas eficientes e de baixo custo e de

produção em escala industrial para sacarificar os polissacarídeos em açucares

fermentescíveis; 4) Desenvolvimento de processos detoxificantes de biomassa

lignocelulósica contendo inibidores da hidrílise e fermentação; 5) Seleção e

desenvolvimento de leveduras fermentadoras de pentoses e resistentes a inibidores

da fermentação [2,11].

1.2. Enzimas e proteínas acessórias envolvidas na hidrólise de biomassa

lignocelulósica para produção de bioetanol

As proteínas ativas em carboidratos caracterizam-se principalmente pela sua

capacidade de transformar, desestabilizar e/ou reorganizar essas classes de

macromoléculas [18]. Entre essas proteínas destacam-se as glicosil hidrolases

(GHs) (EC 3.2.1.), que são um amplo grupo de enzimas que hidrolisam as ligações

glicosídicas entre dois ou mais carboidratos ou entre um carboidrato e outra

molécula. As GHs podem ser de origem vegetal, microbiana ou animal, e são

responsáveis pela hidrólise de polissacarídeos contidos nas paredes celulares dos

vegetais, tais como celulose, hemiceluloses e pectinas. Essas enzimas são

comumente conhecidas por celulases, xilanases, pectinases dentre outras [18]. Além

das GHs, outras proteínas chamadas de acessórias atuam em carboidratos, tais

como as glicosil transferases, expansinas (Swollenin), módulos de ligação a

carboidratos (CBM - Carbohydrate Binding Module), polissacarídeos liases (PL),

carboidrato esterases (CE) e as enzimas de atividades auxiliar (AA), de acordo com

o sistema de classificação desenvolvido por Henrissat e colaboradores denominado

de Carbohydrate Active enzymes database (CAZy) [19,20].

Devido à complexidade da parede celular vegetal, interações sinérgicas entre

uma grande quantidade de enzimas se fazem necessárias para que possa ocorrer

uma eficiente quebra de todos os polissacarídeos presentes na parede celular

vegetal [21]. A celulose cristalina, o principal constituinte da biomassa, necessita

Page 28: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

28

para sua completa degradação, enzimas essenciais como as endoglucanases, que

são capazes de degradar a molécula de celulose de forma aleatória; as

monooxigenases líticas de polissacarídeos (LPMOs) que são capazes de oxidar

moléculas de celulose e xilano e atuam principalmente na porção cristalina destes

polímeros; as celobiohidrolases (CBH) que degradam a celulose em celobiose a

partir de suas extremidades redutoras; e as β-glicosidases (BG) que são capazes de

degradar celobiose em glicose livre. Já para a despolimerização da hemicelulose,

um conjunto maior de enzimas é necessário, incluindo endoxilanases (EX), β-

xilosidases (BX), arabinofuranosidases, β-glucuronidases, esterases, entre várias

outras dependendo da composição desse polissacarídeo [18].

Neste contexto, o estudo de enzimas hidrolíticas e oxidativas são peças

chave na produção de etanol celulósico. Atualmente a bioprospecção de novas

enzimas através de sistemas clássicos como ferramentas ômicas, expressão

heteróloga, engenharia de proteínas e o desenvolvimento racional de misturas

enzimáticas, estão sendo realizados para esta finalidade [22–24]. Sabe-se hoje que

as misturas enzimáticas devem ser racionalizadas e adaptadas de acordo com a

biomassa lignocelulósica específica e os tipos de pré-tratamentos empregados nesta

[25].

Na evolução dos coquetéis celulolíticos de enzimas da empresa Novozymes

(Celluclast; CTec 1; CTec 2, CTec 3 e HTec3), foi verificado que algumas enzimas

foram adicionadas ao longo dos anos. Alguns exemplos de enzimas observadas são

as monooxigenases líticas de polissacarídeos dependentes de cobre (AA9), β-

glucosidases modificadas por engenharia de proteínas e hemicelulases como

componentes destes coquetéis [25,26]. É importe ressaltar também que não foi

criado nenhum coquetel enzimático formulado especialmente para o bagaço da cana

de açúcar, pois a maioria destes coquetéis comerciais foi formulado para hidrólise

de resíduos lignocelulósicos de milho [25]. Portanto, é possível desenvolver o estudo

da suplementação enzimática destes coquetéis visando seu maior rendimento, em

especial focado no cenário nacional para a hidrólise de bagaço de cana de açúcar.

Page 29: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

29

1.3. Enzimas oxidativas para sacarificação biomassa lignicelulósica

A literatura originalmente propõe dois tipos de sistemas de degradação da

parede celular vegetal: o sistema hidrolítico já mencionado acima, e o sistema

oxidativo, responsável pela despolimerização da lignina e diminuição da

recalcitrância da holocelulose [3].

Recentemente, a descoberta de que monooxigenases (LPMOs) são

fundamentais para a degradação de carboidratos, revolucionou as pesquisas na

área de química verde [27,28]. Este sistema oxidativo apresenta enzimas não

clássicas para degradação da lignocelulosese, que atuam por oxidação de forma

direta e indireta tanto nas fibras lignocelulósicas, como nas ligações carboidrato-

carboidrato, carboidrato-lignina, lignina-lignina ou de forma aleatória [29–32].

As LPMOs e outras enzimas oxidativas ativas em carboidratos são

classificadas pelo banco de dados CAZy em uma categoria adequada denominada

“Auxiliary Activities” (AAs) [27]. São exemplos de AAs as lacases, manganês

peroxidases, celobiose desidrogenase e LPMOs da família 9 (GH61), 10 (CBM33),

11 e 13. Todas estas proteínas atuam oxidativamente na desconstrução da

biomassa [27,33].

Muitas outras oxidases que atuam em lignocelulose foram identificadas,

embora predominantemente em fungos [27]. Durante o ataque microbiano, estas

oxidases promovem um clivagem mais eficiente componentes da parede celular das

plantas, produzindo ou consumindo EROs (por exemplo, peróxido de hidrogênio -

H2O2) [34]. Os fungos dos gêneros Postia sp., Phanerochaete sp., Wolfiporia sp. e

Perenniporia sp. utilizam os chamados componentes de fenton para complementar o

seu repertório enzimático, alcançando uma melhor eficiência na desconstrução da

parede celular vegetal [35]. A reação de Fenton (Fe2+ + H2O2 → Fe3+ + OH· + OH−) é

uma potente reação de oxidação de compostos orgânicos na presença de H2O2 que

são capazes atuar diretamente na quebra das ligações químicas e/ou oxidação dos

carbonos em diversos tipos de biomoléculas.[36].

Para isto, enzimas redutoras de oxigênio (O2), tais como da família GMC

oxiredutase, oxidases de álcool e açúcares e oxidases dependentes de cobre são

Page 30: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

30

utilizadas por estes fungos, tanto intra quanto extracelularmente para iniciar a reação

de Fenton [27,33].

1.4. Enzimas Pró-oxidantes Antioxidantes e Detoxificantes (PADs): Um novo

conceito no tratamento da lignocelulose

Recentemente, Liu et al. (2016) [11] destacou a importância para o

desenvolvimento de um método de detoxificação viável, in-situ e simples, a fim de se

produzir etanol 2G de baixo custo, visto que nenhum processo de detoxificação

biológico além de lacases tem sido estudado para esta abordagem [11].

Neste sentido, as enzimas descritas como PADs são uma classe de proteínas

que promovem a degradação e/ou eliminação de toxinas endógenas e exógenas,

bem como a geração ou degradação de espécies reativas de oxigênio (EROs) [38].

As superóxido dismutases, peroxidases, catalases, p450, Aldoketo redutases,

aldeído desidrogenases são exemplos de PADs [39]. A maioria destas PADs são

expressas em resposta à estimulação de xenobióticos, bem como ao stress

oxidativo [38,40], onde o banco de dados DetoxiProt agrupa grande parte destas

proteínas [39].

As enzimas PADs são fortes candidatas para reduzir a ação negativa dos CIs,

uma vez que muitas PADs são capazes de convertê-los nos seus metabólitos menos

reativos e menos tóxicos, bem como participar da geração de EROs que atuam na

diminuição da recalcitrância da lignocelulose por degradação oxidativa destas

biomassas [11,41]. O estudo das vias metabólicas e a expressão diferencial frente

ao estresse causado pelos CIs poderiam ser utilizados como fonte de descobertas

de novas PADs, visando o melhor aproveitamento da lignocelulose [42]. O National

Center for Agricultural Utilization Research (EUA) tem obtido bons resultados com

microrganismos fermentadores (bactérias e leveduras) identificando, caracterizando

e expressando enzimas PADs como as álcool desidrogenases, metilglioxal

redutases e outras PADs de origem microbiana [43–46]. Além disso, proteínas como

Page 31: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

31

as aldoketo redutases, por exemplo, encontram-se mais expressas em resposta aos

CIs em leveduras e bactérias fermentadoras, bem como em insetos degradadores

da madeira [39,44,47]. Portanto as PADs são muito promissoras para a criação de

coquetéis enzimáticos detoxificantes.

1.5. A biologia do cupim aplicada a biorrefinaria

A espécie em estudo, C. gestroi, pertence à família Rhinotermitidae e é um

cupim xilófago, ou seja, se nutre principalmente de madeira. Por ser uma espécie

exótica, logo encontrou nichos disponíveis e começou a se expandir pelo território

nacional, causando sérios problemas e ganhando o status de praga urbana, gerando

um prejuízo multimilionário [48]. A habilidade desses insetos em digerir materiais

lignocelulósicos pode ser comparada a uma “micro biorrefinaria” de origem natural

[49]. Este processo inicia-se por uma eficiente quebra física da parede celular

vegetal executada pelas suas mandíbulas, facilitando a passagem do material pelo

seu minúsculo trato digestivo, aumentando a área da superfície para a ação das

enzimas que irão atuar na biomassa (Figura 3). À medida que esse material é

triturado, dois sistemas enzimáticos irão agir, um caracterizado como o arsenal de

enzimas endógenas e outro de enzimas simbiônticas [50] (Figura 3). O trato

digestivo dos cupins possui microambientes com grande fluxo de matéria orgânica,

enzimas, variações de regiões anaeróbicas (no centro do tubo digestivo) e de

regiões microóxicas (regiões epiteliais do tubo digestivo), variações de pH (pH > 12

no início do intestino médio - midgut - com pH neutro ou levemente ácido - pH 6.5 na

câmera fermentativa - hindgut) além de zonas com potencial redox alto [51]. Todos

estes fatores geram um ambiente propício a uma eficiente degradação da biomassa

vegetal. Uma vez mimetizado, esse microambiente poderá ser agregado a

processos biotecnológicos de grande importância, tal como a produção de

bioprodutos lignocelulósicos [51].

Page 32: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

32

Figura 3 - Parâmetros físico-químicos no intestino de cupins inferiores. Medidas de pH, pressão parcial – P (kPa) de O2. Adaptado de Brune 2014 [51].

Entretanto a eficiência na degradação da lignocelulose pelos cupins não está

totalmente esclarecida. Portanto, os estudos em larga escala dos genes, proteínas e

componentes relacionados com a dieta do cupim são denominados de “Digestômica”

e estão sendo realizados a fim de se obter maior conhecimento da biologia deste

inseto [52].

1.6. Enzimas PADs e AAs encontradas em C. gestroi

O processo de como os cupins degradam a lignina e os polissacarídeos,

tolerando seus subprodutos tóxicos, permanece pouco conhecido. Através do

metatranscriptoma do cupim Reticulitermes flavipes e seus simbiontes, foram

identificados muitos genes envolvidos no uso da biomassa [39,53,54]. Os dados

demonstraram a superexpressão de enzimas PAD, tais como catalases, lacases e

Page 33: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

33

aldoketo redutases em cupins submetidos à dieta uma dieta rica em lignina [39].

Além disso, a clonagem e expressão de uma catalase e uma aldoketo redutase

neste mesmo estudo evidenciaram que as mesmas atuaram em sinergia com

celulases e lacases endógenas para a degradação de lignocelulose [39]. Porém

nenhum mecanismo foi proposto para tal fenômeno, ficando evidente a necessidade

de mais estudos para entender o papel dessas enzimas redox na conversão da

biomassa por cupins.

Dentro desse contexto, em 2006 foi iniciado o projeto do sequenciamento do

genoma de C. gestroi (lge.ibi.unicamp.br/cupim/). Em sequência, Leonardo e

colaboradores (2010) descreveram o metatranscriptoma para operários e soldados

de C. gestroi, onde a análise de unigenes revelou que cerca de 600 deles estão

relacionados a proteínas ativas em carboidratos entre hidrolases glicosídicas e

proteínas acessórias [48].

Recentemente, outras análises dos genes de C. gestroi foram feitas por Do et.

al. (2014) e análises bioquímicas e metaproteômica foram efetuadas por nosso

grupo de pesquisa [5,54].Foram identificados no cupim C. gestroi, a presença de

vários genes que codificam CAZys e PADs que poderiam contribuir para a

degradação da lignocelulose com potencial aplicação biotecnológica [5]. As

sequências em estudo serão descritas em detalhes no item abaixo.

1.6.1. Aldoketo redutase (AKR)

AKRs pertencem à superfamília de enzimas que desempenha a oxirredução

de uma ampla variedade de compostos [56]. A nomenclatura sistemática para a

superfamília AKR foi adotada e encontra-se em bancos de dados específico (ver:

www.med.upenn.edu/akr) [56]. Em vias gerais estas enzimas reduzem grupamentos

aldeídos ou cetônicos a álcoois utilizando NAD[P]H como cofator [56].

AKRs estão envolvidas em múltiplas reações em vários organismos, desde o

metabolismo de carboidratos à desintoxicação de xenobióticos, além de possuírem

amplas aplicações industriais e clínicas [57,58]. AKRs são comprovadamente

capazes de degradar carboidratos, e assim como as aryl-álcool desidrogenases,

Page 34: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

34

auxiliam na degradação da lignina [59].

Sendo assim, esta classe de enzimas torna-se um forte ponto de partida para

novos estudos aplicados a biorrefinarias de etanol 2G, pois estas PADs apresentam

a capacidade de reduzir os aldeídos fenólicos inibidores da fermentação, tais como o

furfural, aos seus respectivos álcoois menos tóxicos e menos reativos, para

leveduras fermentadoras e aos coquetéis celulolíticos [60,61].

1.6.2. Superóxido dismutase (SOD)

As SODs são enzimas que catalisam a dismutação do ânion superóxido (O2

•) em peróxido de hidrogênio e oxigênio. SOD é ubíqua para todas as formas de

vida, possuindo quatro tipos diferentes de centros metálicos, dividindo estas famílias

em SODs contendo Cu/Zn, Ni, Mn e Fe [62]. O sítio catalítico de cobre das SODs

assemelham-se às enzimas classificadas como CBM33 (AA10) que são enzimas

capazes de oxidar a celulose [63]. Também foi reportado que SOD é uma enzima

geradora de radical hidroxila na presença de altas concentrações de peróxido de

hidrogênio, e tem ação efetiva na transformação da lignina [64].

1.6.3. Lacases (LAC)

Lacases (EC1.10.3.2) são uma família de oxidases “azuis” dependentes de

cobre pertencentes à família AA1 do CAZy; são capazes de oxidar uma grande

variedade de compostos fenólicos e aromáticos, com concomitante redução do

oxigênio molecular em água [53]. Recentemente, sequências endógenas de lacases

foram encontradas em insetos degradadores da madeira [53]. Além disso, o

tratamento enzimático com lacases tem sido sugerido como uma abordagem

promissora na detoxificação e sacarificação de biomassa lignocelulósica [53].

Page 35: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

35

1.6.4. Monooxigenases líticas de polissacarídeos da família 10 (AA10)

Esse domínio proteico codifica enzimas chamadas de LPMOs da família de

atividade auxiliar 10 (AA10 - antiga CBM33) [65]. Estas enzimas atuam

principalmente na porção cristalina de celulose, onde, após a redução de seu sítio

catalítico contendo cobre, este acaba por oxidar os carbonos 1 ou 4 das moléculas

de glicose neste polímero [35,65]. O ácido aldónico resultante na molécula de

celulose, leva a uma desestabilização da ligação glicosídica, favorecendo a ação de

celulases clássicas [35,65]. Portanto, LPMOs são o novo paradigma para a

desconstrução da biomassa lignocelulósica, pois estas enzimas oxidativas

suplementam coquetéis celulásicos, levando a diminuição da carga enzimática

utilizada, consequentemente, reduzindo os custos da etapa de hidrólise na cadeia de

produção de etanol de segunda geração [3,65].

1.6.5. Glicose desidrogenase (GOXs)

As GOXs (CE 1.1.1.47) pertencem a uma classe de enzimas que catalisam a

reação química da glicose + NADP+ em D-glucono-1,5-lactona + NADPH, atuando

no grupo CH-OH desta molécula [66]. Além disso, estas enzimas foram classificadas

no banco de dados do CAZy como pertencentes da família AA3. GOX possuem

diversas aplicações biotecnológicas, que vão desde o desenvolvimento de sensores

colorimétricos, biossensores eletroquímicos, desenvolvimento de biopilhas e a

remoção de O2 nos alimentos [67].

1.6.6. Aldeído oxidase (AOX)

As superfamílias de enzimas aldeído oxidase/desidrogenase (AOX-XDH)

catalisam a oxidação irreversível dependente de NAD(P)+ de um amplo espectro de

aldeídos endógenos e exógenos aos seus respectivos ácidos carboxílicos [68].

Estas enzimas contêm três domínios: O domínio ligante de NADP+; o domínio

catalítico e um domínio ligante. A parte superior de sua estrutura é composta de

resíduos de todos os três domínios e confere a especificidade aos seus substratos

aldeídicos [68].

Page 36: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

36

AOX e XDHs são enzimas detoxificantes do tipo não citocromo P450

(CYP450). Estas enzimas são importantes agentes antioxidantes, atuando na

regeneração de NADPH e a eliminação de radicais hidroxilas através de seus

grupamentos cisteína e a metionina [68]. Embora em humanos AOX1 seja mais

conhecida como uma enzima de metabolização de drogas e xenobióticos, as AOX

correspondentes de insetos também foram encontradas na degradação de

compostos odorantes aldeídicos, como feromônios e compostos voláteis de plantas -

alguns destes também reportados como CIs [69,70].

1.6.7. Álcool desidrogenase (ADHs)

ADHs (EC 1.1.1.1) fazem parte de um grupo de enzimas desidrogenases que

ocorrem em muitos organismos e facilitam a interconversão entre álcoois e aldeídos

ou cetonas com a redução/oxidação de NAD+ e NADH [45]. As ADHs de

Scheffersomyces stipiti, por exemplo, estão envolvidas na redução de furfural e HMF

e na produção de etanol durante a fermentação de hidrolisados lignocelulósicos [45].

Contudo, as funções de muitas ADHs de cupins ainda permanecem desconhecidas.

1.6.8. Catalases (CATs)

Embora os EROs desempenhem papéis importantes na biologia de

organismos degradadores da lignocelulose, sua acumulação provoca danos

oxidativos nas macromoléculas do próprio organismo. As catalases constituem o

sistema de defesa principal contra o peróxido de hidrogênio, um dos mais frequentes

EROs presentes durante a degradação de lignocelulose [71].

As catalases são metaloenzimas que decompõe o H2O2 em água e oxigênio

molecular. Algumas catalases são superexpressas em fungos filamentosos, bem

com em insetos degradadores da madeira como uma forma de proteção contra

EROS do próprio organismo durante a degradação oxidativa da lignocelulose

[53,71].

Page 37: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

37

CAPÍTULO 2 – OBJETIVOS

1.1. Objetivos Gerais

Nossa hipótese de trabalho versa sobre o cupim C. gestroi quanto à presença

de um sistema oxidativo de degradação de biomassa lignocelulósica que

complementa as hidrolases glicolíticas. Neste sentido, nossos objetivos contemplam

desenvolver um estudo sistemático da degradação do bagaço de cana de açúcar,

utilizando enzimas hidrolíticas clássicas e as enzimas oxidativas provenientes do

cupim C. gestroi. Objetivando compreender a ação e a sinergia destas enzimas,

além de descobrir novas aplicações biotecnológicas para proteínas.

1.2. Objetivos Específicos e plano de trabalho

1. Clonar e expressar em sistema heterólogo genes alvos de C. gestroi;

2. Produzir, purificar e caracterizar as enzimas recombinantes;

3. Entender a sinergia de enzimas PADs e AAs atuando em conjunto com

glicosil hidrolases para a desconstrução da parede celular vegetal;

4. Investigar a aplicação biotecnológica das enzimas destacadas.

CAPÍTULO 3 – CLONAGEM, OBTENÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E APLICAÇÃO DE ENZIMAS DE COPTOTERMES GESTROI

1.3. Introdução

Até o presente momento, foram clonadas e caracterizadas mais de 100

Page 38: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

38

enzimas provenientes da digestômica de mais de 13 espécies cupins. Dentre as

espécies mais estudadas, os cupins: Reticulitermes speratus (24%), Coptotermes

formosanus (17%), R. flavipes (15%) e Nasutitermes costalis (11%) foram

analisados [72]. Sendo então, 60% de enzimas recombinantes de origem

bacteriana, 29% são provenientes do cupim e 11% de Protistas [72].

Portanto, a digestômica, principalmente do hospedeiro C. gestroi, é uma fonte

de enzimas pouco explorada, visto que esta espécie é a maior praga urbana

encontrada no Brasil [73]. Sabe-se hoje que C. gestroi faz uso de enzimas como

GH1 (BG1Cg), GH3, GH5, GH7, GH9 (EG1Cg) e GH16 na conversão celulose; GH

2, 10, 11, 26, 27, 38 e 43 para a hidrólise de hemicelulose; E as GH 28, 29 e 42

atuam na degradação de pectinas [74].

A triagem funcional da biblioteca metagenômica construída a partir de dados

de genômica, transcriptômica e proteômica do cupim C. gestroi resultou na

identificação de novas enzimas que poderiam auxiliar o cupim na degradação da

lignocelulose. Em sequencia, as ORFs selecionadas para este trabalho foram

amplificadas a partir do cDNA de C. gestroi, e então clonadas e expressas em

sistema procariótico.

Portanto, este capítulo traz uma nova perspectiva na área, pois, atualmente

fenoloxidases, esterases, demais AAs e PADs, são menos de 5% do total das

enzimas investigados em todas as espécies de cupins [72]. O papel destas enzimas

é desconhecido na biologia do inseto, bem como, poucos são os estudos

empregando tais proteínas em aplicações biotecnológicas. Deste modo, após a

identificação, a expressão heteróloga em sistema procariótico e a purificação das

enzimas PAD, AAs e GHs de C. gestroi, foi possível realizar estudos de

caracterização funcional de algumas destas enzimas com os componentes da

lignocelulose e demais aplicações em química verde. Em súmula, este capítulo traz

alguns indícios de que enzimas REDOX têm um papel muito importante na biologia

dos cupins inferiores, além de apresentarem grande potencial em aplicações em

processos biotecnológicos.

Page 39: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

39

1.4. Materiais e métodos

1.4.1. O cupim

Espécimes de cupins da espécie C. gestroi foram obtidos no Laboratório de

cupins do Departamento de Biologia da UNESP, Rio Claro, São Paulo, Brasil (22º

23'S, 47° 31'W). Os cupins da casta operária foram mantidos a 25 ± 2°C e

alimentados com papel cartão com 10% de humidade até a extração de seu material

genético para clonagem e expressão das enzimas.

1.4.2. Identificação de genes alvos através de análise da expressão diferencial

gênica e proteica do experimento de “feeding” em bagaço de cana in-

natura (BIN) x bagaço de cana pré-tratado com ácido fosfórico (PASB)

*Os dados pertencem ao Doutorando João Paulo Franco Cairo e a Análise de bioinformática referente ao RNAseq foi realizada pela pós-doc. Luciana Mofatto, do laboratório de Genômica e

Page 40: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

40

Expressão - LGE do IB/Unicamp, sobre a supervisão do Dr. Marcelo Carazzole e Prof. Gonçalo Pereira e se fazem presente apenas para esclarecer a origem dos genes deste trabalho.

O genoma de C. gestroi encontra-se sequenciado e anotado estando

presente em banco de dados do laboratório de genômica e expressão da UNICAMP

(http://www.lge.ibi.unicamp.br/cupim/). O sequenciamento, anotação, mapeamento,

e o agrupamento dos reads dos genes de C. gestroi possibilitaram os cálculos de

expressão diferencial de genes PADs, AAs e GHs. Dois experimentos foram

realizados: (1) A expressão gênica diferencial entre as dietas com bagaço de cana

in-natura e bagaço de cana pré-tratado com ácido fosfórico (BIN X PASB) aos que

os operários de C. gestroi foram submetidos; (2) A expressão gênica diferencial

entre a casta dos operários e dos soldados submetidos à mesma dieta com papel

cartão [5].

A montagem do transcriptoma foi baseada no agrupamento de reads curtos,

na tentativa de obter uma sequência maior para cada transcrito (contig). Para

finalizar a montagem ab-initio do transcriptoma, foi realizada a etapa de anotação

funcional através da comparação contra diversos bancos de dados biológicos como

o NCBI (banco de dados com todas as proteínas conhecidas), CDD (banco de dados

de domínios proteicos conservados), CAZy (banco de dados de enzimas ativas em

carboidratos) [27] e Pfam (banco de famílias gênicas) específicos para enzimas

classificadas como pró-oxidantes, antioxidantes e detoxificantes - PAD.

A expressão gênica diferencial foi realizada através do cálculo da razão dos

valores de Fragmentos por Kilobase de éxon por milhão de fragmentos mapeados

(FPKM) entre as diferentes amostras e essa métrica representou o número de

transcritos expressos de um gene. Para tal análise foi necessário sequenciar o

metatranscriptoma dos cupins em triplicatas biológicas [5].

1.4.3. Seleção dos genes

Os genes alvos foram selecionados a partir da expressão diferencial conforme

o item 3.3.2. Foi levada em consideração a escolha dos genes mais expressos na

casta operária do cupim. Também foi levado em consideração os genes mais

Page 41: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

41

expressos quando a casta operária do cupim recebeu uma deita de lignocelulose

pré-tratada (PASB) em relação à lignocelulose in-natura.

1.4.4. Desenho de oligonucleotídeos para amplificação de sequências alvos

A região codificante de cada gene escolhido para expressão foi primeiramente

submetido à análise de enzimas de restrição na plataforma NEBCUTTER (disponível

em: http://tools.neb.com/NEBcutter2/). Nesta análise foi avaliada a ocorrência de

sítios de restrição nessa região para as seguintes endonucleases: NheI e BamHI

para clonagem em vetor pET28a. Caso houvesse sítios de restrição para uma das

enzimas listadas, as endonuclease foram modificadas e listadas ao lado de cada

sequência de primers. Segue abaixo a lista dos primers para cada gene alvo

selecionado para ser caracterizado funcionalmente.

Tabela 1 – Primers utilizados para amplificação de genes a partir do cDNA de C. gestroi

1.4.5. Amplificação dos genes

A extração de RNA do cupim e a construção de cDNA foi realizada de acordo

com Franco-Cairo (2013) [73]. Em seguida, a amplificação dos genes foi executada

através da reação de PCR (Polymerase Chain Reaction) touchdown, onde a

temperatura de anelamento é gradualmente diminuída. A reação de amplificação

Gene Nome , vetor e enzimas de restrição Primer Forward Primer reverse

ExoglucanaseCgGH7-1_PET281 – NHEI e BAMH1 - Amplicon – 1080 pb

5’ATATAGCTAGCACTAACCAA

GCAGAGAGCC 3’

5’TATATGGATCCTTAGTAGGTT

GAATCAATTGGTC 3’

Aldoketo redutaseCgAKR-1_pET28a - NHEI e BAMHI - Amplicon 1005 pb

5’TAAAATG/CTAGCATGCCTAA

ACAACTGAGCAGT 3’ ’

5’TATG/GATCCCTAATAAGGCT

CATCATACGGGT 3’

Superóxido dismutaseCgSOD-1_PET28a – NHEI e BAMH1 - Amplicon - 465 pb

5’TATAG/CTAGCATGCCGATAA

AAGCTGTATGTGTTC 3’

5’TATAG/GATCCTTAGATCTTA

GCAATTCCCAC 3’

Glicose oxidaseCgGDH_pET28a - NHEI e XBAI - Amplicon 1808 pb

5’ATATATAG/CTAGCATGGAGA

GCTGCACGACA 3’

5’TATG/GACTCTTATCCAGATAT

CCAATACCATAT 3’

LPMO AA10CgAA10-2_PET281 – NHEI e BAMH1 - Amplicon - 1083 pb

5’TATAG/CTAG/CATGTTGAAGC

CCATGGACGTC 3’

5’TATTAGGATCCTTAAATATCT

GGATTGATG 3’

LacaseCgLAC-12Cg_pET28a - NHEI e BAMHI - Amplicon 1005 pb

5’ATATAG/CTGCCGCGACATCA

GTGCTGCTGAATTC 3’

5’ATATAG/GATCCTTACTGTTTT

CCTTAGGGGC 3’

Aldeído oxidaseCgALOX-1_ pET28a - NHEI e SALI - Amplicon 3700 pb

5’TAAAATG/CTAGCCATGAGG

GGGGCTGTATAG 3’

5’ATTCCG/TCGACCTACAAGGT

AAACAAGTCGATG 3’

Álcool desidrogenaseCgADH-1_pET28a - NHEI e BAMHI - Amplicon - 1014 pb

5’TAAAATG/CTAGCATGGTGAA

AACAAAGAAATTTATTCT 3’

5’TATGGATC/CTTAGGCCTTCAC

AACGGCTTT 3’

Page 42: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

42

envolveu uma mistura dos seguintes reagentes: 2µL do cDNA de C. gestroi

sintetizado conforme as instruções do fabricante (INVITROGEN), 1µL da solução de

desoxinucleotídeos (dNPTs) 10mM, 1µL de primer forward 10pmol, 1µL de primer

reverse 10pmol, 10µL da solução de tampão 10x já contendo MgCl2, 0,3µL da

enzima Phusion® High-Fidelity DNA Polymerasee (New England) e água estéril

completando para volume final da reação de 50µL. A reação de PCR foi realizada

em termociclador, no qual se programou uma etapa inicial a 98°C durante 3 minutos,

seguido de uma etapa de 10 ciclos: 98°C por 1 minuto, anelamento iniciando em

60,5°C com diminuição de 1°C /ciclo, por 40 segundos, e 72°C por 2 minutos. Após

os 10 ciclos, realizou-se uma etapa de 98°C durante 40 segundos e 30 ciclos a 98

°C por 1 minuto, 55°C por 40 segundos e 72°C por 2 minutos. Por fim, realizou-se

uma etapa a 72°C por 15 minutos. A reação de amplificação foi comprovada por

eletroforese em gel de agarose 1,0%.

1.4.6. Purificação e digestão dos genes amplificados

A banda contendo o produto amplificado foi purificada através do kit illustraTM

GFXTM PCR DNA and Gel Band Purification Kit (GE Healthcare) de acordo com as

recomendações do fabricante. Obteve-se 30µL de DNA purificado, que foi digerido

com 0,5µL de cada uma das enzimas (NheI e BamHI/ SALI/XBAI - Fermentas),

0,5µL de BSA (1µg/µl),5µL de buffer D, e água estéril, completando-se o volume final

para 50 µL. A reação foi incubada a 37°C durante 1 hora, e posteriormente a 70°C

por 15 minutos, de forma a inativar as enzimas.

1.4.7. Quantificação de DNA

Os ácidos nucleicos foram quantificados através do método

espectrofotométrico por medidas de absorbância a 260nm realizadas no

espectrofotômetro NanoDrop modelo 2000c (Thermo Scientific).

Page 43: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

43

1.4.8. Preparação do vetor pET28a e ligação do gene

O vetor pET28a utilizado contém uma região que codifica para uma sequência

de resíduos de histidina, que se adiciona na porção amino-terminal, permitindo a

purificação da proteína recombinante por cromatografia de afinidade por íons

metálicos imobilizados (Figura 4). Esse vetor foi digerido com as mesmas enzimas,

NheI e BamHI ou SALI ou XBAI, utilizadas na digestão do DNA amplificado. Para a

reação foram utilizados 1µg do vetor, 0,5µL de cada uma das enzimas (5U), 0,5µL

de BSA, 5µL de buffer D, e água estéril, completando o volume final para 50µL. A

reação foi incubada a 37°C durante 1 hora, e posteriormente a 70°C por 15 minutos,

de forma a inativar as enzimas.

Para a ligação dos genes de interesse no vetor de expressão pET28a,

utilizou-se 10µL do fragmento de DNA amplificado, purificado e digerido com as

respectivas enzimas de restrição, 2,5µL do vetor digerido, 1,5µL de tampão de

ligase, 1µL da T4 DNA ligase (Invitrogen) e completou-se o volume com água estéril

para 20µL de reação. A reação de ligação ocorreu à temperatura de 4ºC durante 16

horas. A proporção de vetor para fragmento foi de 3:1, seguindo-se especificações

do fabricante do vetor (Novagen) e da literatura de Sambrook et al. (2001)[75].

Figura 4 - Mapa do vetor Pet28a

Page 44: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

44

1.4.9. Clonagem em Escherichia coli

Uma alíquota de 75L de células competentes foi descongelada e mantida em

gelo onde recebeu a adição de 50 a 100ng de DNA transformante. Esta mistura foi

mantida em gelo por 30 minutos e posteriormente aquecida a 42C por 45 segundos.

As células foram imediatamente incubadas em gelo por 2 minutos e foram

adicionados 800µL de meio LB (extrato de levedura 5g/L; peptona bacteriana 10g/L;

NaCl 10g/L) às células transformadas, que foram incubadas por 1 hora a 37C.

Alíquotas da transformação foram inoculadas em placas de Petri contendo meio

ágar LB adicionado de 50g/mL de kanamicina, por 18 horas a 37C.

1.4.10. Seleção das colônias transformantes por CS-PCR (Colony

Screening by PCR)

Tendo-se como finalidade a escolha das colônias que possuíam o vetor

clonado com os genes de interesse, foi realizada uma PCR de colônia. Para isso,

foram selecionadas aleatoriamente 5 colônias, que foram individualmente diluídas

em 10µL de água esterilizada e filtrada. A reação de PCR consistiu de 1µL da

colônia diluída em água, 1µL da solução de desoxinucleotídeos (dNPTs) 10mM, 1µL

de primer F T7, 1µL de primer R T7, 5µL da solução de tampão 10x já contendo

MgCl2, 0,5µL da enzima Taq polimerase (Fermentas) e água estéril, completando o

volume final da reação para 50µL. A reação foi submetida a uma etapa inicial de

95°C por 5 minutos, para a lise da bactéria e liberação do DNA de seu interior.

Posteriormente, realizou-se um ciclo de 30 vezes (95°C por 45 segundos, 50°C por

45 segundos e 72°C por 2 minutos). Ao final, a mistura foi mantida a 72°C durante 5

minutos, para extensão final. A reação de amplificação foi comprovada com

eletroforese em gel de agarose 1,0%. Os clones positivos tiveram alíquotas

estocadas a -80ºC, bem como, o DNA plasmidial extraído.

1.4.11. Extração do DNA plasmidial

A extração do DNA plasmidial da colônia selecionada foi feita utilizando o kit

Page 45: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

45

Wizard® Plus SV Minipreps DNA Purification Systems (Promega), conforme

procedimento indicado pelo fabricante. O DNA foi diluído em 60µL de tampão TE

(Tris-EDTA). A etapa de sequenciamento dos insertos para confirmação da

clonagem foi realizada através de uma facility disponível no CTBE, com a adição dos

pares de primers do Pet28A T7. Os fragmentos de DNA amplificados pelos pares de

primers T7 foram analisados no sequenciador automático DNA ABI PRISM 3500xl

Genetic Analyser (Applied Biosystems). Os dados obtidos foram analisados pelo

programa Geneious (Biomatters) a fim de gerar sequências no formato FASTA, que

foram comparadas com as sequencias das ORFs anotadas do banco de dados do

genoma de C. gestroi.

1.4.12. Cultivo dos transformantes e expressão das proteínas

As cepas transformadas com os genes de interesse em vetor de expressão

pET28a foram pré-inóculadas em 10mL de meio LB contendo kanamicina

(50µg/mL), e crescidas por 18 horas a 37°C a 250rpm. Posteriormente o pré inóculo

foi adicionado a uma concentração final de 1% do meio de indução. Após os cultivos

atingirem absorbância em 600nm de 0,6, a expressão procedeu-se pela adição de

IPTG a concentração final 0,5mM. As cepas Rosetta-gami 2(DE3), BL21 (DE3) e

Origami B contendo os vetores de expressão foram mantidas nas mesmas

condições de temperatura e agitação por 4 ou 20 horas. A abordagem descrita

acima foi repetida para a cepa ArticExpress, no qual foi realizado na seguinte

abordagem: após a adição do IPTG a 1,0mM, a temperatura foi reduzida para 12ºC

e a rotação mantida a 120rpm. A expressão foi conduzida por mais 24 horas. Além

disso, os cultivos para as cepas contendo os genes de expressão para; CgAA10-2;

CgLAC-1; foram adicionados de cloreto de cobre a uma concentração de 1mM no

momento da adição de IPTG, para CgSOD-1 foi adicionado Cloreto de cobre e zinco

a 1mM. Esta suplementação tem por finalidade proporcionar o correto enovelamento

das metaloproteinas estudadas que necessitam de cobre para exercer sua função.

Page 46: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

46

1.4.13. Lise celular para obtenção das proteínas recombinantes

Ao final do cultivo das cepas recombinantes e indução da expressão das

proteínas heterólogas, o meio foi centrifugado a 8000g por 30 minutos a 4ºC,

obtendo-se então um pellet; este pellet foi ressuspendido em 15mL de tampão A

(20mM de fosfato de sódio, 100mM de NaCl e 5mM de imidazol, pH 7,4). Foi

adicionado 1mM de PMSF (fluoreto de fenilmetilsulfonil) e 0,5mg/mL de lisozima e

incubou-se à temperatura ambiente durante 30 minutos sob leve agitação. Em

seguida a amostra foi sonicada à amplitude de 40%, com 10 pulsos de 10 segundos

com intervalos de 50 segundos por dez minutos em banho de gelo. Por fim,

centrifugou-se a amostra a 8000g por 30 minutos a 4°C, e o sobrenadante foi

separado do pellet formado. A expressão proteica foi analisada por SDS-PAGE 12%

(eletroforese em gel de poliacrilamida com dodecil sulfato de sódio), a partir do pellet

e o sobrenadante obtido após a lise da célula. Para as proteínas que foram

encontradas insolúveis em corpos de inclusão no pellet celular, um protocolo de

solubilização, desnaturação e enovelamento das proteínas foi realizados conforme

Damásio et al (2013) [76].

1.4.14. Purificação das enzimas em colunas cromatográficas

1.4.14.1. Purificação por cromatografia de afinidade (IMAC)

O sobrenadante obtido da lise celular foi submetido à purificação por

cromatografia de afinidade, em que a sequência poli-histidina (His-tag), adicionada à

região N-terminal das proteínas recombinantes, possibilita sua ligação a uma coluna

de íons Ni+2, bem como as colunas contendo Co+2 (Talon®). A purificação foi

realizada utilizando-se o sistema ÄKTA™FPLC™ (GE Healthcare) e a coluna

HisTrapTM de 5mL (GE Healthcare) a 0,3 Mpa e fluxo de 1,0mL/min. A coluna foi

previamente equilibrada com tampão A. Em seguida, foi adicionado o sobrenadante

contendo a proteína recombinante solúvel. A parte do sobrenadante que não se

ligou à coluna (flow-through) foi recolhida para posterior análise. A eluição foi

realizada com tampão A e tampão B (20mM de fosfato de sódio, 100mM de NaCl e

Page 47: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

47

500mM de imidazol, pH 7,4), em que a concentração de imidazol aumentava-se

gradativamente, de 5 a 500mM, mantendo-a constante na presença dos picos de

absorbância. Foram coletadas frações de 1,5mL, correspondentes aos picos de

absorbância a 280nm, e estas foram analisadas juntamente com o flow-through em

SDS-PAGE 12%.

1.4.14.2. Cromatografia de Gel Filtração de exclusão por peso molecular (GF)

Após a cromatografia de afinidade, as frações contendo as enzimas

recombinantes foram finamente purificadas por GF. As amostras foram reduzidas a

um volume de 0,8mL e aplicadas na coluna. A purificação foi realizada utilizando-se

o sistema ÄKTA™FPLC™ (GE Healthcare) e a coluna HiLoad Superdex 16/60 200

(GE Healthcare) a 0,3 Mpa e fluxo de 1,0mL/min. A coluna foi previamente

equilibrada com tampão fosfato 20mM pH 7,4. Foram coletadas frações de 1,5mL,

correspondentes aos picos de absorbância a 280nm.

1.4.15. Eletroforese em gel de poliacrilamida em condições desnaturantes

(SDS-PAGE)

A expressão heteróloga das proteínas foram analisadas em gel de

poliacrilamida sob condições desnaturantes, SDS-PAGE, segundo Läemmli (1970)

[77], utilizando PageRuler™ Unstained Low Range Protein Ladder como marcador

de massa molecular.

1.4.16. Dosagem de proteínas

A dosagem de proteínas totais foi realizada segundo o método de Bradford

(1976) [79] utilizando-se BSA como padrão.

1.4.17. Biomassas vegetais hidrolisadas

As biomassas vegetais utilizadas no processo de sacarificação foram

Page 48: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

48

nomeadas como: BIN - Bagaço de cana in-natura; BEX - bagaço de cana explodido

a vapor; BH - Bagaço de cana hidrotérmico; BED - bagaço de cana explodido a

vapor e deslignificado; PASB - Bagaço de cana tratado com ácido fosfórico.

Substratos puros como o polissacarídeo β-glucano (BG) também foram avaliados

(Tabela 2).

Tabela 2 - Composição dos bagaços de cana-de-açúcar, em porcentagem na biomassa, submetidos a quatro diferentes pré-tratamentos.

Pré-tratamento Celulose (%) Hemicelulose (%) Lignina (%)

BIN[80] 43,8 25,8 22,1

BEX[80] 37,0 21,1 28,7

PASB[81] 59,0 1,8 29,5

BH [82] 61,4 6,9 28,8

BED[13] 86,8 5,0 6,1

1.4.18. Estudo de suplementação de coquetéis celulósicos comerciais e

extratos fúngicos

Os bagaços de cana pré-tratados foram submetidos à sacarificação enzimática.

A preparação enzimática comercialmente disponível utilizada foi ®Celluclast 1.5L,

sendo testada a 10, 5, 1 ou 0,5 FPU de coquetel/g de bagaço. A hidrólise enzimática

foi realizada com 2% (m/v) de bagaços pré-tratados em 100mM de tampão de

fosfato, com valores de pH 5,7 e 5,5 e valores de temperatura de 30 e 50ºC com

tempo de hidrólise de até 24 horas.

O extrato fúngico de Penicillium echinulatum S01M29, produzido por Costa

(2016) [82] também foi testado conforme padronizado pelo grupo de Jose Geraldo

da Cruz Pradella - CTBE; onde sua concentração para os testes foi de 0,4 FPU/g de

BH. A hidrólise enzimática foi realizada com 5% (m/v) de BH em 100mM de tampão

fosfato pH 4,8 a 50ºC por 24 horas.

Page 49: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

49

As enzimas testadas para a suplementação foram adicionadas a diferentes

quantidades por g de bagaço (0,05-7,50 mg/g). O volume de reação foi de 1,5mL

em tubos Eppendorf de 2mL e incubados em um Thermomixer (Eppendorf,

Alemanha) com agitação de 1000rpm. Ensaios contendo apenas as celulases,

cellases mais anzima desnaturada ou BSA foram realizados em como controle

negativo.

Ao final das hidrólises, as amostras foram centrifugadas a 10.000g durante 15

min (Centrífuga 5418, Eppendorf), filtradas em membrana (Sepak C18, Waters) e

aquecidas a 80ºC por 10 minutos para inativação das enzimas. Os testes foram

feitos em triplicatas e os resultados expressos em g/L. O grau de sinergismo (GS) foi

determinado pela razão da hidrólise do coquetel e enzima juntos, e soma da

hidrólise do coquetel e hidrólise da enzima, separados. Essa razão pode ser descrita

pela equação “a.b/ (a+b)”, onde a é a hidrólise do coquetel e b é a hidrólise da

enzima, conforme descrito por Wang et al. (2011) [83]. O teste t de student para

avaliar se havia diferença estatística entre as hidrólises apenas com o coquetel e o

coquetel suplementado foi realizado no software Excel® 2010.

1.4.19. Determinação de açúcares

A quantificação dos açúcares redutores totais (ART) dos produtos de hidrólise

de bagaço de cana de açúcar foi realizada com alíquotas de 100µl das amostras

adicionadas de 100µl de DNS (3,5-ácido dinitrosalicílico) em placas de PCR de 96

poços. As reações foram incubadas a 95ºC por 5min e as absorbâncias foram

medidas a 540nm, conforme descrito por Miller (1959) [84]. Para análises

específicas dos açúcares (glicose, xilose, celobiose) as amostras de 1,5ml foram

acondicionadas e analisadas por HPLC [81]. Todas as quantificações foram

realizadas em triplicata. Os resultados foram expressos em gramas por litro.

Page 50: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

50

1.4.20. Avaliação da oxidação de carboidratos pelas enzimas

A técnica de cromatografia de troca aniônica acoplada com detecção

eletroquímica por amperometria pulsada (HPAEC-PAD) foi utilizada para a detecção

de oligossacarídeos nativos e oxidados liberados por estas enzimas. O

procedimento, bem como as análises, foram realizadas pelo pesquisador João Paulo

Franco Cairo, e foram gentilmente cedidas para o maior entendimento do

mecanismo de CgAA10-2.

A reação foi realizada pela incubação de 20µg de CgAA10-2 com 100µL de

PASC 0,5% (m/v) em tampão pH tris-glicina pH 8,0; na ausência ou presença de

ácido ascórbico (10mM) e na ausência ou presença de H2O2 (30mM). O volume final

da reação foi de 200µL. O ensaio foi feito a 30ºC durante 120 minutos, em tubos de

2mL, sem agitação. Em seguida, os ensaios foram centrifugados durante 10 minutos

em 14.000rpm e os sobrenadantes foram transferidos para novos tubos de 2 mL,

para posterior análise em HPAEC. Reações de controle foram realizadas, conforme

descrito acima, porém utilizando a enzima desnaturada. Todas as reações foram

realizadas em triplicata.

As análises de HPAEC-PAD foram realizadas utilizando um sistema de

ICS5000 (Dionex, Sunnyvale, CA, USA) equipado com um eletrodo de ouro PAD.

Amostras de 2µL foram injetadas em um sistema de coluna composto por uma

coluna analítica CarboPac PA1 2 × 250mm (Dionex, Sunnyvale, CA, EUA) e uma

guarda coluna CarboPac PAC1 2 × 50mm, a 30°C, conforme descrito por [85]. Os

tempos de retenção dos picos referentes aos açúcares foram descritos por

Rodríguez-Zúñiga (2015) e Wu (2013) e garantiram a exatidão e precisão da técnica.

[85,86].

1.4.21. Análises filogenéticas

Com a finalidade de se compreender melhor a função, localização e possíveis

aplicações, as proteínas selecionadas foram submetidas a análises filogenéticas.

Todas as sequências analisadas foram alinhadas com o método de Multiple

Sequence Comparison by Log-Expectation (MUSCLE) [87]. Em seguida, as análises

Page 51: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

51

filogenéticas foram implementadas com o software MEGA 6.0, através do método

neighbor-joining com análise de correção de Poisson e valores de 1000 bootstrap,

onde os valores de bootstrap são mostrados nos nós da árvore gerada [88–90].

Parâmetros e as análises mais específicas das árvores filogenéticas para cada

família de proteínas foram extraídas de trabalhos reportados em literatura. Para as

análises de CgGOX-1, as sequências e a metodologia de análise foram extraídas de

Cavener et al (2007). [66]. Para CgAA10-2, todas as sequências reportadas como

AA10s foram extraídas de banco de dados do CAZY e as análises foram

comparadas ao trabalho de Book (2014) [91]. Para CgALOX-1 todas as sequências

e a metodologia de análise foram extraídas de Marelja et al (2014) [92].

1.4.22. Caracterização de CgGOX-1

1.4.22.1. Atividade de glicose oxidase de CgGOX-1

O lisado celular contendo a enzima CgGOX-1 teve sua atividade de glicose

oxidase verificada com o kit comercial para dosagem de glicose - GLICOSE–

Liquiform (Labtest). A enzima foi incubada com a glicose a 1g/L e NADP+ 0,5mM em

tampão fosfato 100mM pH 7,0 em um volume final de 100µL. O controle foi feito na

mesma condição descrita anteriormente, porém com adição de outro lisado celular

sem a presença de CgGOX-1. Após 30 minutos de incubação, 100µL do reagente 1

GLICOSE–Liquiform (Labtest) foram adicionados e o procedimento de dosagem de

glicose procedeu-se como indicado pelo fabricante. A atividade de CgGOX-1 foi

medida através do consumo da glicose em relação ao controle após a incubação.

1.4.22.2. Confecção de uma biopilha de CgGOX-1 e glicose de bagaço de cana

Uma solução de aproximadamente 5% de glicose (m/v) foi preparada a partir

de BEX. A sacarificação do material foi realizada com 20 FPU de ®Celluclast 1,5L/g

BEX em tampão acetato pH 5,0 50mM por 72 horas a 50ºC e 250rpm de agitação,

sendo depois filtrada para remoção do material sólido.

Page 52: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

52

A solução foi utilizada na confecção da biopilha realizada pela aluna de

curso técnico em química Gabrieli do Amaral Diniz e colaboradores (ETECAP), onde

50mL de solução de glicose foi adicionada a 50mL de solução de cloreto de sódio

0,9% em um erlenmeyer de 250ml, sendo essa solução utilizada tanto no ânodo

(dentro do erlenmeyer) como no cátodo da pilha (dentro de um suporte para coluna

de purificação GE). Uma membrana de quitosana foi utilizada como o separador

entre as soluções. Dois eletrodos de grafite (1cm de diâmetro) foram colocados no

sistema, um no anodo e outro no catodo. Estes eletrodos foram conectados a fios de

cobres, que foram plugados ao Multímetro Digital (Foxlux Fx Md.). A tensão elétrica

(volt) e corrente elétrica (mA) foram medidas até o fim da reação. No início do

experimento, a solução enzimática contendo CgGOX-1(5mL) foi adicionada no

ânodo.

Figura 5 - Representação da biopilha de glicose e CgGOX-1.

1.4.23. Caracterização de AA10-2

1.4.23.1. Atividade de LPMO

A determinação de atividade de LPMO bem como a determinação do pH e

temperatura ótima de CgAA10-2 foi feita conforme descrito por Kittl (2013) [93] com

Page 53: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

53

adaptações, o qual foi utilizado à detecção de peróxido de hidrogênio gerado por

CgAA10-2 na presença de ácido ascórbico.

Foi realizado um ensaio fluorimétrico com o kit comercial Amplex Red -

horseradish peroxidase™. Para a caracterização da temperatura ótima, 5μg da

enzima e 50μmol/L de ácido ascórbico foram incubados por 30 minutos em tampão

tris-glicina pH 8,0 50mM em diferentes temperaturas (20-90°C). Para a

caracterização do pH ótimo da enzima, a reação foi realizada com 5μg de CgAA10-2

e 50μM de ácido ascórbico incubados em tampão 25mM em uma faixa de pH de 4,0-

7,5 (fosfato) 8,0-11,0 (Tris-glicina) a 30°C por 30 minutos.

Ao final das incubações, alíquotas de 50µl das reações foram incubadas com

50μmol/L de Amplex Red (Sigma-Aldrich) e 7.1U/mL de horseradish peroxidase ™

em um volume final de 100µl por 2 minutos a 30°C nas condições ideias do teste. A

breve incubação é realizada para a peroxidase do kit reagir com todo o H2O2 gerado

na incubação anterior. A concentração de H2O2 gerada por CgAA10-2 em 30

minutos foi então mensurada através da absorbância detectada utilizando-se um

comprimento de onda de emissão de 595nm, em um leitor de placas M200 infinita

Tecan (Tecan Männedorf, Suíça). A atividade foi calculada a partir da concentração

de H2O2 gerada pela enzima, comparada com uma curva de calibração de diferentes

concentrações de H2O2. Controles foram realizados sem a adição da enzima, e os

valores de absorbância foram subtraídos das respectivas reações. Os ensaios foram

realizados em triplicata.

1.4.23.2. Predição de estrutura tridimensional

A predição de estrutura tridimensional foi realizada na ferramenta I-TASSER

(disponível em: http://zhanglab.ccmb.med.umich.edu/I-TASSER/), no modo default.

Nesta predição foram feitas as seguintes análises: análise de predição estrutural,

análise de similaridade com proteínas com estrutura resolvida e análise dos sitos

ligantes, desta forma alguns parâmetros de confiabilidade foram gerados. Entre eles

Page 54: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

54

estão o C-Score, o qual confere um índice de qualidade da predição estrutural de

acordo com resultados de alinhamentos de proteínas homólogas com a sua

proteína. O C-Score é geralmente em torno de -5,2 sendo valores mais altos que

estes considerados boas predições [94]. O segundo parâmetro é o TM-Score, que é

uma escala proposta para medir a similaridade entre duas estruturas de proteínas,

sendo que ele participa no cálculo de geração do C-Score quando já existe uma

modelo de predição possui topologia correta e < 0, possuem regiões de topologia

randômica, ou seja, não confiável [94].

1.4.24. Atividade de CgLAC-1

A atividade de lacase de CgLAC-1 foi testada pelo método da oxidação do

pirogalol [95,96]. A reação era composta de 240µl de solução tampão fosfato pH 7,0

100mM contendo ou não 20mM de H2O2; 10µl de CgLAC-1 (0,240mg/mL) ou lacase

comercial (novozyn 0,04mg/mL). A reação foi iniciada adicionando-se 1µmol/L de

pirogalol e a o aumento da absorbância em 420nm causado por atividade em

enzimática foi medido durante 10 minutos à temperatura ambiente. As absorbâncias

das reações foram subtraídas de brancos contendo ou não H2O2. Todos os ensaios

foram realizados em triplicata. O calculo enzimático foi calculado através da lei de

Lambert-beer com o coeficiente de extinção molar de 39,4M cm-1 para o pirogalol.

1.4.25. Atividade de CgCAT-1

A detecção da atividade de catalase foi realizada através do ensaio com o

reagente Amplex Red. Todas as reações inicialmente continham 20µmol/L de H2O2

como substrato em tampão fosfato pH 7,0 a 100mM. 25µL de CgCAT-1 (reação) ou

Catalase do kit comercial (Padrão - 0,25U/mL) foram adicionadas as reações e

incubadas por 30 minutos a temperatura ambiente. Ao final das reações, 50µmol/L

de Amplex Red e 0,2U/mL de HRP reação foram adicionados e as amostras foram

incubadas novamente por 30 minutos. Ao final, a fluorescência foi medida em um

leitor de microplacas (Tecan) a 590nm. A atividade de CgCAT-1 foi calculada

Page 55: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

55

comparando-se a atividade com a catalase fornecida pelo kit (0,25U/ml) em relação

ao branco da reação contendo somente H2O2. Todos os ensaios foram feitos em

triplicata.

1.5. Resultados e Discussão

1.5.1. Investigação e seleção de enzimas de C. gestroi com potencial

biotecnológico

Resultados do trabalho de doutorado de Franco-Cairo e colaboradores

levantam indícios sobre os mecanismos oxido redutivos, similares à degradação da

química de Fenton, ocorrendo no digestoma do cupim C. gestroi. Estas análises

constituem-se de dados que foram cedidos por Franco-Cairo et al. (2016) [5] e se

fez presente para o maior entendimento do motivo de investigar as enzimas deste

estudo.

A alimentação dos cupins a base de lignocelulose é uma das mais

interessantes diferenças entre a casta operária e as demais. Esta divergência entre

dois indivíduos da mesma espécie torna possível o estudo da expressão diferencial

de proteínas que pode estar relacionadas com a dieta lignocelulósica [48].

Interessantemente, além do enfoque em proteínas mais expressas na casta

operária, também foi analisado o efeito de diferentes dietas dadas a estes tipos de

cupim. Onde, o bagaço de cana in-natura (BIN) e pré-tratado com ácido fosfórico

(PASB) como deita, foram investigados (Tabela 3B). É possível observar que o pré-

tratamento no bagaço de cana de açúcar acarreta diferenças significativas na

expressão de diversas enzimas pelo cupim (Tabela 3B).

Tabela 3 Comparativo entre as enzimas identificadas no metatranscriptôma de C. gestroi. (A) Diferenças de expressão entre a casta operária e soldado. (B) Influência da dieta com diferentes biomassas (BIN e PASB) no metatranscriptôma da casta dos operários. A expressão foi calculada através dos Valores de FPKM de classes de enzimas GHs, AAs e PADs em C. gestroi. Os dados foram cedidos por Franco Cairo et al. [5].

Page 56: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

56

As ORFs selecionadas foram alvo de clonagem, expressão, caracterização funcional

e aplicação biotecnológica. A Tabela 4 exibe uma visão geral do estudo, e os

resultados alcançados.

FPKM FPKM

FPKM FPKM

A B

Page 57: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

57

Tabela 4 - Panorama dos resultados obtidos com as enzimas GHs, PADs e AAs de C. gestroi.

Page 58: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

58

1.5.2. Clonagem, obtenção e caracterização de enzimas de C. gestroi

1.5.3. Glicosil hidrolases: CgGH1-1; CgGH9-1 e CgsymGH7-1

O estudo e caracterização das GHs do cupim foi fundamental para se

desenvolver os estudos sinérgicos com as demais enzimas oxidativas. A β-

glucosidase, pertencente à família GH1 (CgGH1-1) e a endoglucanase,

pertencente à família GH9 (CgGH9-1), foram parcialmente caracterizadas por

Franco-Cairo (2013)[73], membro de nosso grupo de pesquisa. As enzimas

encontram-se clonadas em vetor PET28a tendo como hospedeiro de

expressão a cepa E. coli ArcticExpress DE3. Os níveis de expressão de

CgGH9-1 são em torno de 1mg de proteína purificada por litro de cultivo;

CgGH1-1 possuiu sua expressão em torno de 3mg por litro de cultivo, e

CgsymGH7-1 não foi expressa (Dados não mostrados) [97].

1.5.3.1. Imunolocalização de CgGH9-1

CgGH9-1 é uma endoglucanase endógena do cupim da família GH9,

reportada com fraca atividade de exoglucanase [73]. A enzima foi detectada no

intestino de C. gestroi através da técnica de Imunolocalização descrita no

capítulo quatro (Figura 6) gerando marcações de alta qualidade. Até o presente

momento, este é o primeiro ensaio por imunolocalização com sondas

fluorescentes desta classe de proteínas encontrada em C. gestroi.

Na Figura 6 é possível observar o aumento de fluorescência na porção

anterior do intestino do cupim, além de presença de fluorescência em porções

do intestino onde a biomassa lignocelulósica estava concentrada. Estes

resultados estão de acordo com estudos de transcriptômica e ensaios

enzimáticos do tubo digestivo de cupins inferiores, onde a maior presença

desta enzima foi encontrada na porção anterior do intestino do inseto, baixa

atividade no intestino médio e atividade intermediária no intestino posterior

[51,98,99].

Page 59: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

59

Figura 6 - Imunolocalização de CgGH9-1 no tecido intestinal de C. gestroi. As amostras foram incubadas com anticorpos primários anti-CgGH9-1 e depois com anticorpos secundários fluorescentes (AlexaFluoor 568 fluorophores). As amostras foram analisadas em uma lupa em microscópio de fluorescência Leica DMI 6000. A) Microscopia com luz branca mostrando a estrutura intestinal do cupim. B) Microscopia de fluorescência, onde a cor vermelha representa a imunolocalização de CgGH9-1 no intestino do cupim. C) Sobreposição de A e B. Experimentos similares utilizando apenas anticorpo primário ou secundário foram realizados independentemente para controle de autofluorescência e ligação não específica do anticorpo secundário. Não foram encontrados sinais de falso positivo.

1.5.3.2. Suplementação enzimática com CgGH1-1

CgGH1-1 é uma beta glucosidase reportada por apresentar uma alta

eficiência catalítica e potencial na suplementação de coquetéis

lignocelulolíticos [73].

A suplementação do extrato enzimático de P. echinulatum [82] com

CgGH1-1 foi capaz de aumentar os níveis de hidrólise enzimática de BH em

até 36% como esperado para a suplementação deste extrato com beta

glucosidases (Figura 7). Além disso, houve um limite na suplementação do

extrato, a partir da adição de 0,5mg de CgGH1-1/g de bagaço (Figura 7).

Embora o extrato enzimático de P. echinulatum seja considerado eficiente

para hidrólise de lignocelulose, ele apresenta baixos níveis enzimáticos de β-

glucosidase [82]. Além disso, as análises de espectrometria de massas

realizadas no secretoma deste fungo não encontraram nenhuma enzima da

família GH1 em quantidades significativas nestas condições em que o fungo foi

cultivado [82]. Portanto, como esperado, a adição de CgGH1-1 suplementa

Page 60: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

60

uma carência fundamental neste extrato enzimático para aplicações em

biorefinaria, já que as β-glucosidases são enzimas chave para a produção de

etanol 2G [3].

Uchima (2012) [100], clonou uma β-glucosidase endógena do cupim

Nasutitermes takasagoensis e fez estudos de suplementação de Celluclast 1,5

L com esta proteína. Foi verificado que, a enzima aumentou a hidrólise em

cerca de 20%, devido ao fato desta enzima possuir estabilidade térmica e

diminuir a inibição da atividade de endoglucanase do coquetel pela celobiose

[100].

C o n c e n tra ç ã o d e d e C g G H 1 -1 a d ic io n a d a (m g /g B H )

AR

T

(g/L

)

0 .0 0 0 .0 2 0 .1 0 0 .2 0 0 .5 0 1 .0 0 2 .0 0 3 .0 0

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

2 .0

2 .5

3 .0

G S

1 ,0 5

G S

1 ,0 6

G S

1 ,1 7

G S

1 ,2 2

G S

1 ,3 4

G S

1 ,3 4

G S

1 ,3 6

Figura 7 - Suplementação de extrato enzimático de P. echinolatum (0,4FPU/g BH) com diferentes concentrações da proteína CgGH1-1. As reações foram realizadas em pH 4,8 durante 24 horas de hidrólise, a uma temperatura de 50°C e agitação de 1000rpm. Os resultados foram expressos em açúcares redutores totais (g/L) (ART) onde GS é o grau de sinergismo. Os testes foram feitos em triplicata e todos os resultados apresentam significância estatística com p<0,05 em relação ao coquetel não suplementado segundo o teste t de student. Não foi detectado ART sem a adição do extrato fúngico.

Page 61: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

61

1.5.3.3. Exoglucanase (CgsymGH7-1)

A ORF encontrada e identificada como CgsymGH7-1 foi amplificada do

cDNA do cupim, e posteriormente clonada em vetor PET28a, sendo confirmado

por reação de PCR das colônias transformadas (Figura 8). O gene foi

transformado em todas as cepas de expressão utilizados neste trabalho. Não

houve banda de expressão em análises de SDS-PAGE dos cultivos das cepas

(dados não mostrados). Enzimas da família GH7 são reportadas por serem de

difícil expressão heteróloga, além disso, nenhuma exoglucanase simbiôntica de

cupins foi expressa em sistema procariótico até o momento. Portanto, o

sistema de expressão de células de insetos ou fúngico seria uma alternativa

promissora para obtenção desta proteína [51,101].

Figura 8 - Eletroforese em gel de agarose 1 % do produto de PCR de colônia de ArcticExpress (DE3) para as construções do gene CgsymGH7-1 em pET28a. M = marcador de peso molecular em kpb (pares de base. 10 3). Colunas 1-3 = bandas de confirmação da clonagem de CgsymGH7-1 (1,2Kb).

CgsymGH7-1 possui 94% de similaridade de pares de bases

nucleotídicas com uma sequencia de GH7 de Pseudotrichonynpha grassei [51]

encontrada através do banco de dados NCBI

(http://blast.ncbi.nlm.nih.gov/Blast.cgi).

A exoglucanase bioquimicamente caracterizada mais próxima é descrita

1,5 kpb

1,0 kpb

1 2 3

Page 62: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

62

por Sethi e colaboradores (2013) [102] como GHF7-3, com similaridade de

bases nucleotídicas de 76%. GHF7-3 foi encontrada em simbiontes do intestino

posterior do cupim Reticulitermes flavipes e possuía atividade ótima em pH 7,0.

Contudo, foi reportado que a enzima não possuía termoestabilidade, e foi

ineficiente na suplementação de coquetéis celulásicos comerciais [102].

Figura 9 - Domínio conservado identificado na sequencia de aminoácidos correspondente à ORF(CgsymGH7-1), após comparação com o banco de dados do NCBI pela ferramenta BLASTp.

1.5.4. CgSOD-1 – Superóxido Dismutase

O gene CgSOD-1 (acesso GenBank: KP642166) de C. gestroi codifica

uma superóxido dismutase. Esta proteína será detalhadamente descrita na

tese de doutorado de João Paulo Franco Cairo no formato de artigo no qual o

autor desta dissertação é colaborador do trabalho. Portanto, apenas alguns

parâmetros adicionais serão reportados neste trabalho.

A enzima foi expressa com obtenção de 8mg de proteína/L de cultivo, o

peso molecular encontrado estava de acordo com o peso molecular da enzima

mais a adição da cauda de histidina (15,8 + 2,5 kDa) (dados não mostrados).

1.5.4.1. Imunolocalização de CgSOD-1

A presença e localização de CgSOD-1 foi investigada através de sua

imunolocalização no intestino de C. gestroi (Figura 10). A porção anterior do

intestino de C. gestroi foi a que apresentou maior intensidade de fluorescência.

Além disso, as imagens A, B, C e D foram ampliadas e analisadas por meio de

microscopia de camada de profundidade com marcação de material genético

Page 63: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

63

(Prolong - azul) permitindo uma análise de alta resolução das estruturas do

intestino do inseto. Pode-se notar nas imagens a presença da enzima no lúmen

intestinal do cupim (vermelho - Figura 10B). Estas foram às primeiras análises

de imunolocalização descritas para esta classe de enzima, realizadas no tubo

digestivo de cupins até o presente momento.

Figura 10 - Imunolocalização de CgSOD-1 no tecido intestinal de C. gestroi. As amostras foram incubadas com anticorpos primários anti-CgSOD-1 e depois com anticorpos secundários fluorescentes (AlexaFluoor 568 fluorophores). As amostras foram analisadas em microscópio de fluorescência Leica DMI 6000. As marcações em azul representam o material genético das células corados utilizando ProLong™ Antifade Reagents for Fixed Cells. Experimentos similares utilizando apenas anticorpo primário ou secundário foram realizados de forma independe para controle de autofluorescência e ligação não específica do anticorpo secundário. Não foram encontrados sinais de falso positivo.

1.5.4.2. Suplementação de coquetéis enzimáticos com CgSOD-1

A Figura 11 exibe os resultados da suplementação enzimática de

®Celluclast 1,5L com CgSOD-1 para a hidrólise de BEX a 50 ºC. O efeito

positivo de CgSOD-1 sobre ®Celluclast 1,5L foi demonstrado pelo G.S de 1,15

(3h) e 1,19 (6h de reação) Figura 11. A característica inédita do uso de uma

SOD aplicada na produção de etanol de segunda geração foi depositada em

forma de patente com o número de registro: BR10201501725 (Anexo 2).

Page 64: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

64

T e m p o (h o ra s )

AR

T (

g/L

)

3 6

0 .6

0 .8

1 .0

1 .2

1 .4

1 .6

C e llu c la s t® (1 F P U )

C e llu c la s t® (1 F P U )

+ C g S O D -1

G S

1 ,1 5

G S

1 ,1 9

C g S O D -1

Figura 11 - Suplementação de ®Celluclast 1,5L (Novozymes) 1FPU por grama de BEX com a proteína CgSOD-1 (1,3mg/g BEX). As reações foram realizadas em pH 5,0 durante 3 e 6 horas de hidrólise a uma temperatura de 50°C e agitação de 1000rpm. Os resultados foram expressos em açúcares redutores totais (g/L) (ART) onde GS é o grau de sinergismo. Os testes foram feitos em triplicata e os resultados apresentam significância estatística com p<0,05 seguindo o teste t de student.

Além disso, a suplementação do extrato enzimático de P. echinulatum

com CgSOD-1 aumentou os níveis de hidrólise enzimática de BH (Figura 12).

Todos as concentrações de CgSOD-1 adicionadas aumentaram a hidrólise. O

melhor resultado foi encontrado com a suplementação com 3,0mg/g de bagaço,

com um aumento de 123% da hidrólise do material lignocelulósico.

Como reportado por Costa et al (2016) [82], LPMOs e outras enzimas

auxiliares não foram encontradas em análises de espectrometria de massas do

secretoma de P. echinulatum. Os próprios autores sugerem que a adição AAs

poderia contribuir para a otimização deste coquetel enzimático [82]. Portanto,

os dados apresentados na Figura 12 confirmam esta hipótese, visto que a

contribuição de CgSOD-1 se dá por vias oxidativas, e que auxiliam na

diminuição da recalcitrância da celulose do bagaço de cana de açúcar,

facilitando o acesso de celulases clássicas da família GH5, GH6, GH7 e GH9

[82].

Page 65: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

65

C o n c e n tra ç ã o d e d e C g S O D -1 a d ic io n a d a (m g /g B E X )

AR

T

(g/L

)

0 .0 0 0 .0 2 0 .1 0 0 .2 0 0 .5 0 1 .0 0 2 .0 0 3 .0 0

0

1

2

3

4

5

G S

1 ,1 5

G S

1 ,1 5

G S

1 ,2 4

G S

1 ,3 6

G S

1 ,5 2

G S

2 ,0 3

G S

2 ,2 3

Figura 12 - Suplementação de extrato enzimático de P. echinolatum (0,4FPU/g BH) com diferentes concentrações da proteína CgSOD-1. As reações foram realizadas em pH 4,8 durante 24 horas de hidrólise a uma temperatura de 50°C e agitação de 1000rpm. Os resultados foram expressos em açúcares redutores totais (g/L) (ART) onde GS é o grau de sinergismo. Os testes foram feitos em triplicata e os resultados apresentam significância estatística com p<0,05 segundo o teste t de student. Não foi detectado ART sem a adição do extrato fúngico.

Portanto, devido à capacidade natural de oxido redução de SODs

sugerimos que a degradação dos polissacarídeos realizadas por CgSOD-1 é

relacionada com a presença de EROs ou por mecanismo de oxidação direta

dos carbonos 1, 4 e 6 das unidades de glicose na molécula de celulose, assim

como o mecanismo de AA9s. Contudo futuras análises serão feitas para

esclarecer esta capacidade de CgSOD-1.

Estas enzimas possuem excelentes propriedades bioquímicas,

principalmente por possuírem alta resistência frente a temperaturas e

condições diversas de desnaturação [103]. Além disso, estas enzimas podem

apresentar vantagens em relação as AA9, como por exemplo, seu pequeno

peso molecular, alta atividade catalítica, e fácil expressão em sistema

procarioto.

Deste modo o uso de CgSOD-1 na formulação de coquetéis celulásicos

Page 66: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

66

é uma aplicação real e estudos detalhados entre CgSOD-1 e lignocelulose,

bem como o estudo da suplementação de outros coquetéis celulásicos se

fazem necessários.

1.5.5. CgAKR-1 - Aldoketo Redutase

A enzima foi clonada e expressa em sistema de expressão

ArcticExpress (DE3), contendo altos níveis de expressão (25mg de proteína/ L

de cultivo). O SDS-PAGE referente à expressão de CgAKR-1 bem como a

caracterização completa desta enzima serão mostrados no capítulo quatro.

1.5.5.1. A expressão de CgAKR-1 em E. coli BL21 (DE3) promove maior

tolerância ao furfural

CgAKR-1 é descrita em forma de trabalho cientifico no capítulo quatro,

porém dados complementares serão apresentados, pois novas propriedades

desta enzima foram encontradas e não puderam fazer parte do artigo

submetido.

Como CgAKR-1 se trata de uma enzima do tipo PAD, estas enzimas

auxiliam todos os tipos de organismos a tolerar CIs durante a degradação da

lignocelulose [11]. Desta forma, a clonagem de PADs em microrganismos

fermentadores pode melhorar a eficiência fermentativa destes em biomassas

ricas em CIs [11].

Como indicativo que CgAKR-1 poderia contribuir com organismos

fermentadores, CgAKR-1 foi superexpressa em E. coli para confirmar a sua

capacidade detoxificante in-vivo, avaliando o seu efeito sobre o crescimento

bacteriano na presença de furfural em meio rico (Figura 13).

As taxas de crescimento entre as células expressando CgAKR-1 e o

controle negativo eram muito similares na ausência de furfural (dados não

mostrados). Além disso, durante as três primeiras horas, o crescimento

bacteriano não foi prejudicado pela presença de furfural em ambos os testes

(Dados não mostrados). Provavelmente pela alta concentração de inóculo e o

Page 67: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

67

baixo crescimento de ambas as cepas.

Como previsto, a superexpressão de CgAKR-1 em E. coli BL21 (DE3)

promoveu substancial melhora no crescimento celular após 24 horas de cultivo

(Figura 13). Provavelmente pela degradação de furfural em álcool furfurílico,

que é conhecido por ser menos tóxico [11].

Nas condições de cultivo onde as cepas foram crescidas na presença de

10mM de furfural, a cepa controle cresceu apenas 10% em relação ao meio

sem adição de furfural, e a cepa recombinante contendo CgAKR-1 atingiu 91%

de crescimento relativo ao seu crescimento na ausência do furfural (Figura 13).

Cepas de E. coli, superexpressando aldoketo redutases NADPH

dependentes, são reportadas em literatura, porem apenas de origem

microbiana [11,45,104,105]. Em vias gerais, houve o aumento do crescimento

destas cepas modificadas quando cultivadas em hidrolisado lignocelulósicos

ricos em CIs, em comparação com cepas que não continham as AKRs

recombinantes [104,105]. Além disso, os objetivos destes trabalhos eram

focados na produção de etanol 2G ou apenas para a decomposição destes

hidrolisados [11,45,104,105].

Estes dados serviram como indicativo para futuras manipulações

genéticas para atribuir resistência aos CIs em bactéria e leveduras

fermentadoras, bem como a criação de microrganismos para a bioremediação

destes compostos. Desta maneira, estes foram os primeiros trabalhos

envolvendo AKRs de eucariotos superiores para detoxificação de biomassa

vegetal.

Page 68: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

68

F u rfu ra l (m M )

Cre

sc

ime

nto

- D

O 6

00

nm

(%

)

0 .0 2 .5 5 .0 1 0 .0 2 0 .0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

1 2 0

C o n tro le

C g A K R -1

Figura 13 - Inibição pelo furfural do crescimento de E. coli BL21 (DE3) (PeT28A) com o gene de CgAKR-1 ou o vetor vazio. As células foram crescidas por 24 horas em meio LB + glicose 1% + kanamicina (50µg/ml) + IPTG 0.5 mM. Concentrações de 0; 2,5; 5,0; 10,0 e 10 mM de furfural foram testadas. O crescimento celular foi avaliado medindo-se os valores de absorbância em espectrofotômetro em 600nm. Os testes foram realizados em três réplicas biológicas.

Page 69: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

69

1.5.6. CgAA10-2 - (LPMO - AA10)

Uma ORF contendo o domínio CBM33 foi identificada como CgAA10-2,

amplificada do cDNA de C. gestroi e clonada em vetor de expressão PET28a.

CgAA10-2 apresentou expressão heteróloga em forma de corpos de inclusão

em todos os sistemas de expressão utilizados, porém com níveis mais

elevados em cepas Rosetta-gami 2(DE3) (Dados não mostrados). Protocolos

de solubilização, desnaturação e enovelamento (refolding) foram necessários

para a obtenção e analise de CgAA10-2 (Figura 14). A concentração de 0,5mg

de proteína/ L de cultivo foi obtida ao final das etapas de purificação. Não foi

possível analisar o gel da fração purificada por GF, contudo o cromatograma

desta demonstrou a alta pureza da proteinas (dados não mostrados).

Figura 14 - Análise por SDS-PAGE 12% da expressão em Rosetta-gami 2 (DE3) e purificação de CgAA10-2. A Enzima foi expressa a 37ºC, 120rpm por 4 horas e purificada através protocolos de refolding e IMAC. M = Padrão de peso molecular EM kDa (ThermoScience). Coluna 1 = pellet; coluna 2 = pellet após protocolo de refolding; coluna 3 = fração resultante do protocolo de refolding após IMAC com eluição com imidazol 200mM. A seta indica a enzima parcialmente purificada.

Page 70: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

70

1.5.6.1. Análises bioinformáticas de CgAA10-2

Os estudos genômicos do cupim revelaram à presença de uma ORF

contendo um domínio de ligação à quitina (Pfam 03067), e recentemente

classificada como domínio LPMO da família 10 (Figura 15). Esse domínio

protéico é capaz de oxidar a celulose, auxiliando na descontrução deste

polímero. Além diss, até o presente momento, estas proteínas foram descritas

apenas em bactérias e fungos [65]. Portando, não existe nenhuma AA10

descrita no reino animal, contudo, ao se realizar uma busca no banco de dados

NCBI com a ORF CgAA10-2, várias sequencias são encontradas nos genomas

de vários insetos como hipotéticas (cerca de 300 ortólogos identificados

segundo NCBI). Uma destas sequências é encontrada no genoma do cupim

inferior, Z. nevadensis (KDR22451.1), possuindo similaridade de 83% com a

ORF encontrada.

Figura 15 - Domínio conservado identificado na sequência de aminoácidos correspondente à ORF(CgAA10-2), após comparação com o banco de dados do NCBI pela ferramenta BLASTx.

Após tentativas de análises filogenéticas com proteinas descritas como

AA10 do banco de dados CAZy, foi verificado que nenhuma família de AA10

caracterizada se alinhou deretamente com CgAA10-2.

Page 71: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

71

Figura 16 - Figura - Análise filogenética de CgAA10-2. A filogenia foi gerada através do método neighbor-joining com análise de correção de Poisson e valores de bootstrap de 1000. Os valores de bootstrap são mostrados nos nós. Todas estas sequências foram extraídas de banco de dados do CAZY e após as análises os resultados foram comparadas ao trabalho de Book (2014) [91].

As análises com predições de estruturas tridimensional de CgAA10-2

foram efetuadas na plataforma do I-TASSER. A estrutura obteve um C-score =

-1,88 e o TM-Score de 0.49±0.15 tendo uma resolução 11.0±4.6Å. É possível

observar que a estrutura é formada principalmente por estrutura secundária do

tipo folha-ß (Figura 17A). Em seu sítio catalítico há a presença do ligante Cu2+

fazendo contato com os aminoácidos, HIs1, Ala110, His112 e Phe212 que são

aminoácidos conservados entre a superfamília de proteinas do tipo AA10

(Figura 17B). Outra predição realizada foi a de similaridade com estruturas

resolvidas no PDB (Figura 17C). A proteína com maior similaridade foi uma

proteína de fusão de vírus entomopatogênico (fusolina) pertencente ao grupo

entomopóxovirus ou chitinovírus (UniProt 4ow5A) no qual o TM-Score foi de

0.771. A fusolina é reportadas por ter atividade de AA10 relacionada como um

fator de patogenicidade durante a infecção viral em células de insetos [106].

A similaridade estrutural de CgAA10-2 e a fusolina nos permite sugerir

que CgAA10-2 pode ter surgido a partir de transferências gênicas entre o vírus

CgAA10.2

gi|646720868|gb|KDR22451.1| hypothetical protein L798 01446 Zootermopsis nevadensis

gi|242023172|ref|XP 002432010.1| conserved hypothetical protein Pediculus humanus corporis

CBMs Bacilos Gram-negativos

Basídeo micetos

Streptomyces sp

CBMs de Proteobatérias

CBMs de proteobactérias

Actinomicetos

CBMs Vírais

glucose oxidase precursor (EC 1.1.3.4) Aspergillus niger

100

100

100

100

100

100

61

78

70

83

50

78

9973

92

Z. novadensis

Pediculus humanus

100

Page 72: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

72

e seu hospedeiro, ancestral de C. gestroi, contudo, outras análises evolutivas

precisam ser feitas para se confirmar esta hipótese.

Figura 17 - Predição de estrutura tridimensional de CgAA10-2 A) Predição do tipo foguete mostrando estruturas folhas beta. B) Predição do tipo foguete mostrando os resíduos aromáticos da proteína, essenciais para o reconhecimento do substrato nas redondezas do sítio de ligação ao cobre (globo azul claro). C) Superposição das estruturas, verde: CgAA10-2; vermelho: AA10: N4OW5 D) Alinhamento das sequencias de aminoácidos de CgAA10-2-2 e da uma AA10 depositada no PDB (N4OW5).*resíduos conservados

D

A B

C

Page 73: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

73

1.5.6.2. Caracterização bioquímica de CgAA10-2

A expressão e purificação da enzima, mesmo com o baixo rendimento,

possibilitou a caracterização da proteína. Através dos ensaios com Amplex Red

e ácido ascórbico, verificamos as condições de trabalho da enzima. Onde, de

acordo com outras LPMOs, esta proteína possuía atividade ótima em pH 8,0

[107] (Figura 18A). A enzima foi incubada na presença de ácido ascórbico em

diferentes temperaturas, onde a variação da concentração de H2O2 gerada por

CgAA10-2, indica sua atividade ótima de trabalho na faixa de 60ºC (Figura

18B). As LPMOS AA10s são proteínas robustas, possuindo um metal em seu

sítio catalítico que resulta em uma alta termoestabilidade e compatibilidade

com as temperaturas de hidrólise [65].

p H

Re

lativ

e A

ctiv

ity

(%

)

4 5 6 7 8 9 1 0 1 1

0

1 0

2 0

3 0

4 0

5 0

6 0

7 0

8 0

9 0

1 0 0

T e m p e ra tu ra (ºC )

Ativ

ida

de

re

lativ

a (

%)

2 5 3 0 3 5 4 0 4 5 5 0 5 5 6 0 6 5 7 0 7 5 8 0

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

Figura 18 - (A) Efeito do pH sobre a atividade de CgAA10-2. Tampão fosfato (pH 4,0 – 7,5) e tampão Tris-glicina (pH 8,0 – 11,0) foram usadas à concentração final de 25mM. O ensaio foi realizado com a incubação de CgAA10-2 a 30ºC na presença de ácido ascórbico em diferentes pHs. Após 30 minutos os peróxidos de hidrogênio gerado por CgAA10-2 foram mensurados com o kit Amplex red. Os ensaios foram realizados em triplicata, e são mostrados em atividade relativa. B) Efeito da temperatura sobre a atividade de CgAA10-2. O ensaio foi realizado com a incubação de CgAA10-2 na presença de ácido ascórbico em tampão tris-glicina 50 mM pH 8,0 com diferentes temperaturas de reação. Após 30 minutos o peróxido de hidrogênio gerado por CgAA10-2 foi mensurado com o kit Amplex red. Os ensaios foram realizados em triplicata, e são mostrados em atividade relativa.

Page 74: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

74

Análises com técnicas de cromatografia de troca aniônica acoplada com

detecção eletroquímica por amperometria pulsada (HPAEC-PAD) foram

aplicadas conforme descrito em literatura para a detecção de oligossacarídeos

oxidados e nativos após a incubação de CgAA10-2 com carboidratos [32,108].

Os resultados indicaram que a CgAA10-2 libera oligossacarídeos de

celulose tratada com ácido fosfórico (PASC). Os oligossacarídeos foram

eluídos em tempos de retenção equivalentes a oligossacarídeos nativos e

oxidados conforme materiais e métodos (Figura 19). Observou-se pelo

tamanho dos picos uma quantidade alta de açucares liberados de PASC, com

liberação de picos de 1 a 7 mono e oligossacarídeos, onde, mono e

dissacarídeos oxidados no carbono 1, monossacarídeos oxidados no carbono 4

e a celobiose foram a maioria dos açucares detectados (Figura 19). Além disso,

é possível verificar que os controles negativos não liberaram açúcares nativos

ou oxidados (Figura 19).

Figura 19 – Cromatograma de HPAEC dos oligossacarídeos liberados de PASC após a adição de CgAA10-2 e ácido ascórbico 10mM. DP: picos de açucares nativos; DPox: picos de açúcares oxidados, os números indicam o número de monômeros de açucares correspondentes ao pico detectado.

Page 75: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

75

1.5.7. CgALOX-1 - Aldeído Oxidase (AA5) - Xantina Oxidase

Esta ORF foi amplificada partir do cDNA de C. gestroi (Figura 20),

contudo devido ao número de de 3200 pares de bases deste gene, a clonagem

em sistema PET28a por enzimas de restrição apresentou-se inviável.

Figura 20 - Análises de eletroforese em gel de agarose 1% dos produtos de PCR TouchDown de CgALOX-1. M = marcador de peso molecular em pb (pares de base). Demais colunas: CgALOX-1 (3200bp) amplificadas com temperaturas de anelamento de 45; 50; 55 e 60ºC respectivamente. A seta indica a possível amplificação de CgALOX-1.

CgALOX-1 é uma ORF referente a uma aldeído oxidase endógena de

C. gestroi. O melhor match encontrado no banco de dados do NCBI para

CgALOX-1 foi uma Xantina desidrogenase do cupim Zootermopsis nevadensis

(GenBank: KDR24385. 1) possuindo 64% de similaridade de bases

nucleotídicas com CgALOX-1. A Figura 21 mostra os domínios conservados

encontrados nesta ORF.

Page 76: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

76

Figura 21 - Domínio conservado identificado na sequencia de aminoácidos correspondente à ORF(CgALOX-1), após comparação com o banco de dados do NCBI pela ferramenta BLASTp.

Análises filogenéticos de CgALOX-1 foram realizadas em conjunto com

proteínas da família de AOX e XDHs de acordo com Marelja et al (2014) [92].

CgALOX-1 não foi agrupada a nenhuma das famílias, porem, as enzimas

filogeneticamente mais próximas de CgALOX-1 foram XDHs de insetos sociais

(Figura 22).

Page 77: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

77

Figura 22 - Análise filogenética de AOX e XDHs. A filogenia e posterior análise foram implementadas com o software MEGA 6.0 através do método neighbor-joining com análise de correção de Jukes Cantor e valores de 1000 bootstrap encontrados nos nós da árvore [88]. Todas as sequências bem como a metodologia de análise foram extraídas de Marelja et al (2014) [92].

As superfamília de enzimas aldeído oxidase/desidrogenase catalisam a

oxidação irreversível dependente de NAD(P)+ de uma amplo espectro de

aldeídos endógenos e exógenos aos seus respectivos ácidos carboxílicos

[68]. Estas enzimas contêm três domínios: O domínio ligante de NADP+; O

domínio catalítico e um domínio ligante [68].

As AOX e XDHs são enzimas detoxificantes do tipo não citocromo P450

(CYP450), que desempenham um papel crítico na proteção celular contra os

xenobióticos [68]. Estas enzimas são importantes agentes antioxidantes,

atuando na regeneração de NADPH e eliminando radicais hidroxilas através de

gi|356550325|ref|XP 003543538.1|Glycine max (XDH)

gi|367034910|ref|XP 003666737.1|Myceliophthora thermophila

gi|255544848|ref|XP 002513485.1|Ricinus communis (XDH)

gi|79497103|ref|NP 195216.2 |Arabidopsis thaliana (XDH)

gi|357121299|ref|XP 003562358.1|Brachypodium distachyon (XDH)

gi|168016458|ref|XP 001760766.1|Physcomitrella patens

gi|302765308|ref|XP 002966075.1|Selaginella moellendorffii

gi|367034910|ref|XP 003666737.1|MYCTH 2311689 Myceliophthora thermophila ATCC 42464

gi|339476471|gb|EGP91562.1|Zymoseptoria tritici

gi|119194241|ref|XP 001247724.1|Coccidioides immitis (XDH)

gi|67538886|ref|XP 663217.1|spergillus nidulans (XDH)

gi|119500332|ref|XP 001266923.1| Aspergillus fischeri (XDH)

gi|169771453|ref|XP 001820196.1|Aspergillus oryzae (XDH)

XDH (fungos)

gi|924443175|pdb|4UHW|A Chain A Human |924443176| (AOX)

gi|17540638|ref|NP 502747.1| Caenorhabditis elegans

gi|268535120|ref|XP 002632693.1|Caenorhabditis briggsae

gi|2282473|dbj|BAA21640.1|Bombyx mori (XDH)

gi|383858816|ref|XP 003704895.1| PREDITA:Megachile rotundata (XDH)

gi|13506615|gb|AAG47345.1|Ceratitis capitata (XDH)

gi|17737937|ref|NP 524337.1| rosy Drosophila melanogaster

gi|157131095|ref|XP 001662131.1|edes aegypti

gi|170036545|ref|XP 001846124.1|Culex quinquefasciatus (XDH)

XDH (insetos)

XDH

CgALOX

gi|646707665|gb|KDR14320.1| Zootermopsis nevadensis (XDH)

gi|380018750|ref|XP 003693286.1|PREDITA: indole-3-acetaldehyde oxidase-like Apis florea

gi|815910594|ref|XP 003489421.2|Bombus impatiens (XDH)

XDH (insetos sociais)

gi|158294521|ref|XP 001688700.1|Anopheles gambia

gi|170057106|ref|XP 001864334.1|Culex quinquefasciatus (AOX)

gi|157126049|ref|XP 001654511.1|Aedes aegypti

AOX (mosquitos)

gi|242032729|ref|XP 002463759.1|Sorghum bicolor

gi|350535553|ref|NP 001234456.1| aldehyde oxidase Solanum lycopersicum (AOX)

gi|15225852|ref|NP 180283.1| Arabidopsis thaliana (AOX)

gi|297822365|ref|XP 002879065.1|Arabidopsis lyra (AOX)

gi|356501312|ref|XP 003519469.1|Glycine max (AOX)

gi|225436116|ref|XP 002273629.1| Vitis vinifera (AOX)

gi|255549571|ref|XP 002515837.1|Ricinus communis (AOX)

gi|566188171|ref|XP 002313633.2|Populus trichocarpa

AOX

100

100

100

100

72

99

71

83

100

100

92

100

100

92

100

97

53

100

100

100

100

100

98

100

100

94

100

100

86

100

94

61

100

0.1

Page 78: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

78

seus grupamentos cisteína e a metionina [68].

Em relação à AOX e XDHs de insetos, sabe-se que em Drosophila sp.

foram encontradas 4 AOXs que possuíam atividade contra diversos aldeídos

reportados como CIs, sendo todas estas proteínas imunolocalizadas no

intestino médio e nos túbulos de malphighi deste inseto [109]. Desta maneira,

as atividades putativas de AOXs e XDHs podem contribuir em aplicações

envolvendo a detoxificação.

1.5.8. CgGOX.1- Glicose Desidrogenase/Oxidase (AA3)

CgGOX-1 é caracterizada como uma glicose oxidase/desidrogenase

endógena do cupim C. gestroi. A enzima foi amplificada e clonada em vetor

PET28a e transformada em todas as cepas testadas neste trabalho. O sistema

de expressão Rosetta-gami 2(DE3) foi capaz de expressar a enzima, porém

esta proteína foi apenas expressa no pellet dos cultivos em formas de corpos

de inclusão (Figura 23).

Figura 23 - Análise de SDS-PAGE 12% da expressão do gene CgGOX-1em diferentes sistemas de expressão. M em kDa = Ladder ThermoScience. coluna 1 = BL21 (DE3); coluna 2 = Origami; coluna 3 = ArcticExpress (DE3); coluna 4 = Rosetta-gami 2 (DE3).

Page 79: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

79

1.5.8.1. Análises bioinformáticas e bioquímicas de CgGOX.1

CgGOX-1 é caracterizada como uma glicose oxidase, membro da família

AA3 do banco de dados CAZy [27] (Figura 24). Estas proteínas contêm o

domínio GMC oxidorredutase (PF00732), e são capazes de catalisar a

oxirredução de glicose/álcoois e piranoses gerando H2O2 como coproduto.

Figura 24 - Domínio conservado identificado na sequencia de aminoácidos correspondente à ORF(CgGOX.1), após comparação com o banco de dados do NCBI pela ferramenta BLASTp.

CgGOX-1 foi capaz de oxidar açucares. O pellet contendo CgGOX-1

apresentou atividade de glicose oxidase em relação ao controle (dados não

mostrados). Contudo, outras análises serão necessárias para verificar se

outros compostos podem ser oxidados pela enzima, como por exemplo,

piranoses, quinonas e lignina.

As GMC oxidorredutases de insetos são agrupadas em subfamílias [66].

Segundo Cavener et al (2007) as GMC oxidorredutases de insetos são

filogeneticamente muito distintas de outros organismos, onde apenas enzimas

fúngicas possuem alguma similaridades com estas (Figura 25) [66].

Análises filogenéticas de CgGOX-1 demonstraram que esta proteína

pertence à subfamília GMC β, com maior proximidade com a enzima TcGMC

β5, a mais distinta entre a subfamília β (Figura 25). TcGMC β5 é expressa em

Tribolium castaneum na porção média do intestino do inseto, durante todas as

fases de seu desenvolvimento [66].

Page 80: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

80

Figura 25 - Análise filogenética de GMC oxidorredutases de insetos. A filogenia foi gerada através do método neighbor-joining com análise de correção de Poisson e valores de bootstrap de 1000. Os valores de bootstrap dão mostrados nos nós. Todas estas sequencias bem como a metodologia de análise foram extraídas de Cavener et al (2007) [66]. A filogenia e posterior análise foram implementadas com o software MEGA 6.0. *Os genes foram classificados em subfamílias, onde, cada letra do alfabeto romano, simboliza sua respectiva letra.

Abreviaturas: Dm (d. melanogaster), Ag (a. gambiae) Am (a. mellifera), Tc (T. castaneum), Ecol (Escherichia coli), Cele

(Caenorhabditis elegans), Anig (Aspergillus niger), Aory (Aspergillus oryzae), Pama (Penicillium amagasakiense), EO

(isoinokosterone oxidase) e CHD (colina desidrogenase). "DmEO_B1" (CG9504) pertence ao GMCβ, mas é indicada

como EO pois sua função é conhecida. O número com 4 ou mais dígitos (por exemplo, CG9503, XM961446) indica o

número de adesão GenBank da sequência.

A expressão de GOX em glândulas salivares de insetos é geralmente

induzida pela concentração de glicose e fenólicos em seu aparelho digestivo

[110,111]. As funções atribuídas para GOX em insetos, esta relacionada com, a

GM

C A

LFA

GM

C E

TA

50 GMC A

94

GMC D

100

GMC G

100

GMC Q

CG6142

CMC I

48

26

34

GM

C L

45

GM

C K

GM

C D

E B

ESO

URO

S

36

23

GLD

/GO

X/G

LXr

DE I

NSETO

S

34

CHDAm

GM

C B

7

Am

GM

C B

8

100

AmG

MC B

9

54

AmGM

C B6

95

AmGMC B10

100CgGOX

TcGMC B582DmGMC B2 CG9509

DmGMC B3 CG9512

89

AgGMC B4 iso4

AgGMC B4 iso3

77

AgGMC B4 iso2

AgGMC B4 iso1

66

100

96

63

82

5044

NINAG

52

Dm

EO B1 CG

9504

Anig G

OX

Pam

a GO

XA

ory G

OX

100

100

0.1

Page 81: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

81

diminuição de oxigênio no intestinado inseto, a produção de H2O2, e a

degradação de compostos fenólicos [27,110–112]. Nas glândulas labiais de

Helicoverpa zea, por exemplo, uma glucose-oxidase (GOX) estava presente na

saliva e no lúmen do intestino médio do inseto[110]. Esta GOX teve atividade

contra 20 tipos de carboidratos, com eficiência enzimática superior a GOX

fúngicas [110]. Por outro lado, enzimas contendo estes domínios de GMC

redutase também foram reportadas como enzimas que participam na formação

da cutícula de insetos [113]. Portanto, o papel de CgGOX-1 na biologia do

cupim permanece não elucidado.

1.5.8.2. Desenvolvimento de uma biopilha a partir de CgGOX-1 e glicose

de bagaço de cana de açúcar

O pellet proveniente da lise celular contendo CgGOX-1 foi utilizado

através de uma parceria com pesquisadores do LNBio (CNPEM) onde a

proposta foi auxiliar um trabalho de conclusão de curso de alunos de nível

técnico em química para o desenvolvimento de uma bateria biológica feita a

partir de glicose obtida da hidrólise do bagaço de cana de açúcar, uma solução

isotônica e eletrodos de carbono.

As pilhas são dispositivos que possuem dois eletrodos e um eletrólito

onde ocorrem reações de oxirredução espontâneas, gerando então corrente

elétrica. O eletrodo positivo é chamado de cátodo e é onde ocorre reação de

redução, o eletrodo negativo é o ânodo, onde há reações de oxidação [114]. A

tensão elétrica (volt) é uma diferença entre o potencial elétrico entre dois

pontos, e de forma comparativa, seria a força necessária para movimentar os

elétrons e criar assim uma corrente elétrica. Esta diferença de potencial pode

representar uma fonte de energia (uma força eletromotriz) [114]. A amperagem

é intensidade de uma corrente elétrica em amperes (A), e a potência (watt) é a

capacidade de uma fonte de tensão elétrica realizar um trabalho por unidade

de tempo [114].

As pilhas utilizadas atualmente poluem o meio ambiente devido ao uso

Page 82: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

82

de metais pesados em sua formulação, portanto, isto justifica os estudos de

fontes renováveis para a elaboração de biopilhas [67]. Neste contexto, o

desenvolvimento de biopilhas ou células elétricas de biocombustíveis envolve a

aplicação de enzimas ou microrganismos na oxirredução de algum

biocomponente utilizado como combustível e um agente oxidante em contato

com eletrodos, gerando então eletricidade [67]. Esta eletricidade é

principalmente gerada através da oxidação enzimática de moléculas como, por

exemplo, a glicose acoplada à redução de O2 molecular em H2O2 [115].

Neste contexto, a capacidade de CgGOX-1 de oxidar a glicose

proveniente de biomassa lignicelulósica foi investigada. Um sistema de

obtenção de energia elétrica foi desenvolvido sendo caracterizado como uma

biopilha de glicose 2G e uma GOX originária de inseto, classe de proteína

nunca antes investigada para esta finalidade (Figura 26)

Figura 26 - Confecção da biopilha de glicose. A imagem foi cedida pelos colaboradores do projeo.

Na ausência da solução de enzimas (tempo zero) os níveis de tensão e

Page 83: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

83

corrente foram medidos. Não foi detectada tensão elétrica, mas detectou-se

corrente elétrica de 0,5mA (Figura 27). Ao adicionar-se a solução de CgGOX-1

ocorreu um aumento significativo da corrente e da tensão elétrica (0,23V e

17,3mA) (Figura 27). A tensão elétrica máxima alcançada foi de 0,4V no tempo

de 30 minutos de reação e a maior corrente elétrica foi observada foi aos cinco

primeiros minutos da reação, com valores de até 17,6mA (Figura 27). Tanto a

tensão como a corrente elétrica não foram perfeitamente estáveis durante o

ensaio, além disso, controles negativos para ausência de glicose ou da solução

enzimática não geraram energia elétrica (dados não mostrados).

Figura 27 - Análise da produção de energia elétrica a partir da biopilha composta com o sistema (CgGOX-1+ glicose de BEX sacarificado + eletrodos de carbono). O tempo total de produção de energia foi de 140 minutos, onde os valores de corrente (mA), potência (mwatt) e tensão elétrica (volt) foram aferidos com multímetro. A tabela na imagem traz a média aritmética das leituras de cada grandeza medida.

A maioria absoluta das células elétricas de biocombustíveis apresentam

baixas tensões, geralmente menores que 1V [115]. Isto é devido ao fato de

termodinâmica das reações catalisadas e limitações na transferência dos

elétrons [115]. Mesmo assim, a necessidade de se desenvolver baterias

sustentáveis e seguras é de suma importância. Os valores gerados pela

biopilha de CgGOX-1 (média aritmética de 0,31V; 9,4mA e 2,9mwatt)

encontram-se similares aos reportados em literatura, onde apenas o tempo de

Page 84: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

84

duração é inferior [114–116]. Mesmo sem a alimentação com oxigênio puro ou

a adição de enzimas do tipo lacase no cátodo, como reportado em literatura

[115], o oxigênio ambiente foi capaz de promover a geração de corrente

elétrica.

O fator limitante da invenção, provavelmente foi a indisponibilidade de

cofator NAD+ para a atividade enzimática de CgGOX-1 durante mais tempo.

Este fator poderia ser contornado adicionando-se um sistema enzimático de

regeneração de NADH, como por exemplo, as xiloses redutases, uma vez que

no hidrolisado de bagaço de cana há também a presença de xilose [117].

É importante ressaltar que a aplicação da enzima para esta finalidade,

tratou-se principalmente de um trabalho de extensão, pois foi o tema de

tralhado de conclusão de curso de alunos da escola Técnica Estadual

Conselheiro Antonio Prado (ETECAP), na área de química, sob a orientação da

Professora Erica G. B. Bortolotti e Ana Carolina de Mattos Zeri.

1.5.9. CgADH-1 - Álcool desidrogenase

Esta enzima foi amplificada partir do cDNA de C. gestroi e encontra-se

clonada em PET28a em sistema de expressão ArcticExpress (DE3). As

análises em SDS-PAGE 12% revelaram que a enzima foi produzida após a

indução com IPTG no cultivo das células (Figura 28A). 0,5mg de CgADH-1 foi

obtida após sua produção e purificação por IMAC, onde, é possível identificar a

banda de expressão em torno de 37kDa. (Figura 28 B). A enzima foi purificada

através de GF, contudo não foram realizadas análises de SDS-PAGE para esta

fração (dados não mostrados).

Page 85: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

85

Figura 28 - Análise por SDS-PAGE 12% da expressão heteróloga e purificação de CgADH-1 em sistema de expressão ArcticExpress (DE3). A Enzima foi expressa a 12ºC, 120rpm por 24 horas. (A) Coluna M: Padrão de peso molecular (ThermoScience); Coluna 1: Cultivo de E. coli antes da indução com IPTG; coluna 2: Cultivo de E. coli após 24 horas de indução com IPTG. (B) Análise após a lise celular e purificação do sobrenadante através de IMAC. Coluna Mw: Padrão de peso molecular (ThermoScience) 1: lisado; 2: pellet; 3: flowthrough; 4-5: Lavagens da coluna. 6: Eluição com Imidazol 200 mmol. A seta indica a enzima.

O melhor match encontrado no banco de dados do NCBI para CgADH-1

foi um álcool desidrogenase de cadeia média (MDR) do tipo prostaglandina

redutase 1 (Figura 29). As enzimas do tipo álcool desidrogenase de cadeia

média (MDR) são proteinas zinco-dependente que possuem um domínio do

tipo Rossmann ligante de NAD(P), e um domínio catalítico do N-terminal [118].

MDRs são classificadas como membro da família AA3.3 do banco de dados

CAZy [27]. Além disso, MDRs são capazes de catalisar a oxido redução de

grupamentos hidroxila de açucares, esteroides, prostaglandinas e nitroalkeno

gerando H2O2 como co-produto [118].

A

)

B

)

A) B)

Page 86: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

86

Figura 29 - Domínio conservado identificado na sequencia de aminoácidos correspondente à ORF(CgADH-1), após comparação com o banco de dados do NCBI pela ferramenta BLASTp.

Em vias gerais, prostaglandinas redutases participam da resposta

imunológica de eucariotos [119,120]. Por exemplo, a prostaglandina redutase-1

em humanos, é capaz de reduzir nitro-alquenos produzidos durante uma

reposta imune exacerbada, diminuindo assim sua reatividade eletrofílica e

consequentemente a inflamação [119,120].

Nos cupins, a mesma enzima homóloga chamada de nitroalqueno-

redutase, é capaz de detoxificar os nitro-alquenos sintetizados pelo próprio

cupim em suas glândulas frontais [121]. As funções de nitro-alquenos nos

cupins são relacionadas com o sistema de defesa química ou na síntese de

feromônios destes insetos [121].

Em relação à aplicação biotecnológica desta enzima, a Figura 30

demonstra que CgADH-1 foi capaz de suplementar coquetéis enzimáticos para

a sacarificação de bagaço de cana de açúcar com um aumento de 28% de

liberação de açucares redutores em 24 horas. Pode-se considerar que o

princípio deste aumento, esteja relacionado ao sinergismo oxidativo similar ao

encontrado por CgAKR-1 (Capítulo 4).

Page 87: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

87

Ac

úc

ar r

ed

uto

r (

g/L

)

C g AD H -1 ® C e llu c la s t ® C e llu c la s t

+

C g AD H -1

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

2 .0

2 .5

4 h o ra s

2 4 h o ra s

*G S

1 .2 5

*G S

1 .2 8

Figura 30 - Suplementação de ®Celluclast 1,5L (Novozymes) 0,5 FPU/g PASB com CgLAC-1 (0,5 mg/g PASB). As reações foram realizadas em pH 5,5 durante 4 e 24 horas de hidrólise a uma temperatura de 30°C e agitação de 1000rpm. Os resultados foram expressos em açúcares redutores totais (g/L) (ART) onde GS é o grau de sinergismo. Os testes foram feitos em triplicata. O teste t de student foi realizado e os resultados que apresentam (*) possuíram significância estatística.

Em relação a isto, o grupo de Michael E. Scharf através de trabalhos de

transcriptômica e proteômica de cupins, identificaram ADHs anotadas com a

mesma atividade de prostaglandina redutase de CgADH-1 [53,54].. Estas

ADHs tinham relação com a presença de lignina na dieta dos cupins, sugerindo

potencial função assim como as AKRs reportadas [53,54].

Page 88: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

88

1.5.10. CgCAT-1 – Catalase

A enzima foi clonada e expressa em sistema ArcticExpress (DE3). As

análises de SDS-PAGE 12% demonstram que a purificação em IMAC e GF

foram eficazes (Figura 31). A banda de expressão de CgCAT-1 foi próxima ao

peso molecular de 57,7kDa predito para a proteína. A enzima foi bem expressa

com aproximadamente 1,0mg de proteína/ L de cultivo.

Figura 31 - Análise por SDS-PAGE 12% da expressão heteróloga e purificação de CgCAT-1 em sistema de expressão ArcticExpress (DE3). A Enzima foi expressa a 12ºC, 120rpm por 24 horas. (A) Purificação através de IMAC; Linha MW: Padrão de peso molecular (ThermoScience); 1: lisado; 2: pellet; 3: flowthrough; 4-6: Frações de IMAC. (B). As frações de IMAC foram finamente purificadas através de GF; linhas 1-3: CgCAT-1. A seta indica a enzima purificada.

CgCAT-1 foi alocada no clado três da família de catalases do tipo heme;

que são encontradas em procariontes e eucariontes, envolvidas na proteção

das células contra os efeitos tóxicos de peróxidos [122]. Estas catalases

promovem a conversão do peróxido de hidrogênio em água e oxigênio

molecular, ou utilizando este peróxido de hidrogênio para oxidar vários

substratos, tais como álcoois e fenóis [122]. CgCAT-1 possui um sítio de

ligação ao NADPH (Figura 32), o que é comum em catalases do clado 3 [123].

O sítio de ligação a NADPH em catalases é reportado por conferir estabilidade

e prevenir que esta enzima seja desnaturada pelo substrato H2O2 [123].

O melhor match encontrado no banco de dados do NCBI para CgCAT-1

B

) )

B) A)

Page 89: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

89

foi uma catalase encontrada no cupim R. flavipes (GenBank: AFV36369. 1) [39]

possuindo 95% de similaridade de bases nucleotídicas com CgCAT-1.

Figura 32 - Domínio conservado identificado na sequencia de aminoácidos correspondente à ORF(CgCAT-1), após comparação com o banco de dados do NCBI pela ferramenta BLASTp.

Page 90: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

90

1.5.10.1. Caracterização Bioquímica de CgCAT-1

Ensaios enzimáticos com Amplex red, demonstraram que a enzima era

funcional (Figura 33). A enzima possuía atividade específica de 83U/mg nas

condições padrões do teste. Ao realizar um comparativo com catalases de

mamíferos, a atividade de CgCAT-1 é semelhante a catalase de humanos,

tendo esta 93 U/mg [124].

%

H2

O2

C g C A T 1

+

2 0 µ M H 2 O 2

P a d r ã o C a t a la s e ( 0 ,2 5 U /m L )

+

2 0 µ M H 2 O 2

2 0 µ M H 2 O 2

0

2 0

4 0

6 0

8 0

1 0 0

Figura 33 - Detecção da atividade de catalase através do ensaio com o reagente Amplex Red. Todas as reações inicialmente continham 20µM de H2O2 como substrato em tampão fosfato pH 7,0 a 100mM. 25µL de CgCAT-1 (reação) ou Catalase do kit comercial (Padrão - 0,25 U/mL) foram adicionadas as reações e incubadas por 30 minutos a temperatura ambiente. Ao final das reações, 50µM de Amplex red e 0,2U/mL de HRP reação foram adicionados e as amostras foram incubadas novamente por 30 minutos. Ao final, a fluorescência foi medida em um leitor de microplacas (Tecan) a 590nm. A atividade de CgCAT-1 foi calculada comparando-se a atividade com a catalase fornecida pelo kit (0,25U/ml) em relação ao branco da reação contendo somente H2O2. Todos os ensaios foram feitos em triplicata.

Tartar (2009) e Sethi (2013) [39,53] em seus estudos de metagenômica

e enzimologia combinatória verificaram que catalases de cupins eram

expressas em resposta a dietas ricas em ligninas, em especial uma e enzima

identificada como CAT ([contig 01463 - JX513905) que aumentou a hidrólise

de madeira de pinho por celulases de R. flavipes. Porem esta mesma enzima

Page 91: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

91

apresentou antagonismo com AKRs e lacases durante a suplementação de

celulases [39]. Esta enzima apresentou baixo sinergismo com as celulases do

cupim para a hidrólise de PASB, portanto, mais estudos serão necessários

para comprovação de sua atividade sinergistica (dados não mostrados).

Esta classe de catalases também são superexpressas em fungos

filamentosos, bem com em outros insetos degradadores da madeira durante a

degradação da lignocelulose como uma forma de proteção contra a

degradação oxidativa da lignocelulose [71,125].

1.5.11. CgLAC-1 – Lacase

A enzima foi clonada e expressa em sistema ArcticExpress (DE3). As

análises de SDS-PAGE 12% demonstram a obtenção da enzima purificada

(Figura 34). A banda de expressão de CgLAC-1 foi próxima ao peso molecular

de 71,2kDa predito para a proteína. Contudo, a produção de lacases em

sistema heterólogo geralmente resulta em baixos níveis de expressão [126], o

que foi verificado também para CgLAC-1, com obtenção de aproximadamente

0,5mg de proteína/ L de cultivo.

Figura 34 - Análise por SDS-PAGE 12% da expressão heteróloga e purificação de CgLAC-1 em sistema de expressão ArcticExpress (DE3). A Enzima foi expressa a 12ºC, 120rpm por 24 horas. (A) Purificação através de IMAC; Linha MW: Padrão de peso molecular (ThermoScience); 1: lisado; 2: pellet; 3: flowthrough; 4-6: Frações de IMAC. (B). As frações de IMAC foram

B) A)

Page 92: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

92

finamente purificadas através de GF; linhas 1-3: CgLAC-1. A seta indica a enzima purificada.

CgLAC-1 é referente a uma lacase endógena de C. gestroi e os

domínios identificados pelo NCBI revelaram alta especificidade para lacases

de insetos (Figura 35). A família de oxidases dependentes de cobre incluem as

lacases de insetos, que oxidam uma ampla gama de substratos, como

polifenóis e fenildiaminas [127]. O melhor match encontrado no banco de

dados do NCBI para CgLAC-1 foi a enzima RfLacA de R. flavipes

(ACX54558.1) [95], possuindo 84% de similaridade de aminiácidos com

CgLAC-1.

Algumas oxidases dependentes de cobre de insetos, como a AgMCO3

de mosquitos, podem oxidar moléculas tóxicas da dieta sanguínea destes

insetos, e assim, direcionando-os para excreção [127]. Porém em cupins

inferiores, como o R. flavipes, foram encontrados duas isoformas de lacases

evolutivamente exclusivas [52,95]. Estas lacases que possuem alta

similaridade com CgLAC-1, e possuíram atividade de phenoloxidase [95]. Estas

enzimas foram localizadas nas glândulas salivares e no intestino anterior de R.

flavipes. A caracterização bioquímica destas lacases revelaram que estas

proteínas realizam modificações na lignina, que incluíram a desmetilação,

hidroxilação e despolimerização através de oxidação de cadeia lateral destes

compostos fenólicos [95].

Page 93: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

93

Figura 35 - Domínio conservado identificado na sequência de aminoácidos correspondente à ORF(CgALOX-1), após comparação com o banco de dados do NCBI pela ferramenta BLASTp.

1.5.11.1. Caracterização bioquímica de CgLAC-1

CgLAC-1 foi capaz de oxidar o pirrogalol com baixa atividade específica

(0,034 U mg-1), porém na presença de 20mM de H2O2 CgLAC-1 recombinante

foi capaz de oxidar o pirrogalol com 13,1 vezes mais eficiência (0,55 U mg-1)

(Figura 36). O teste foi validado com uma lacase comercial e observou-se para

esta enzima, atividade apenas na presença de peróxido de hidrogênio (0,70 U

mg-1). RfLacA de R. flavipes, é reportada por ter atividade enzimática de 1,48

U mg-1 [95]. Esta diferença pode ser atribuída pela diferente padronização da

reação e enzimática e o uso de células de insetos como sistema de expressão

recombinante, conferindo as corretas modificações pós traducionais para este

enzima.

A enzima não demonstrou atividade enzimática para a oxidação de

ABTS (dados não mostrados). Da mesma forma, Coy (2010) [95] reporta que

RfLacA também não apresentava atividade contra o ABTS devido a presença

de uma causa C-terminal de histidina adicionada a proteína para facilitar sua

purificação, o que também ocorre com CgLAC-1.

Page 94: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

94

Ati

vid

ad

e e

sp

ec

ífic

a

mo

l/m

in.m

g)

C g L A C -1 C g L A C -1 + H 2 O 2 L a c a se

(N o v o z y n )

L a c a se

(N o v o z y n )

+ H 2 O 2

0 .0

0 .2

0 .4

0 .6

0 .8

Figura 36 - A atividade CgLAC-1. A reação era composta de 240µl de solução tampão fosfato 100mM pH 7,0 contendo ou não 20 mM de H2O2; 10µl de CgLAC-1 (0,240mg/mL) ou lacase comercial (novozyn 0,04mg/mL). A reação foi iniciada adicionando-se 1µM de pirogalol e a o aumento da absorbância em 420nm foi medido durante 10 minutos à temperatura ambiente. As absorbâncias das reações foram subtraídas de brancos contendo ou não H2O2. Todos os ensaios foram realizados em triplicata. O cálculo enzimático foi calculado através da lei de Lambert-beer com o coeficiente de extinção molar de 39,4 M cm-1 para o pirogalol.

1.5.11.2. Suplementação de ®Celluclast 1,5L com CgLAC-1

A Figura 37 demonstra que CgLAC-1 foi capaz de suplementar

coquetéis enzimáticos para a sacarificação de bagaço de cana de açúcar com

um aumento de 39% de liberação de açucares redutores em 24 horas de

ensaio.

Page 95: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

95

Ac

úc

ar r

ed

uto

r (

g/L

)

C g L AC -1 ® C e llu c la s t ® C e llu c la s t

+

C g L AC -1

0 .0

0 .5

1 .0

1 .5

2 .0

2 .5

4 h o ra s

2 4 h o ra s

G S

1 .0 7

*G S

1 .3 9

Figura 37 - Suplementação de ®Celluclast 1,5L (Novozymes) 0,5 FPU/g PASB com CgLAC-1 (0,5 mg/g PASB). As reações foram realizadas em pH 5,5 durante 4 e 24 horas de hidrólise a uma temperatura de 30°C e agitação de 1000rpm. Os resultados foram expressos em açúcares redutores totais (g/L) (ART) onde GS é o grau de sinergismo. Os testes foram feitos em triplicata. O teste t de student foi realizado e os resultados que apresentam (*) possuíram significância estatística.

Lacases podem ser utilizadas para aumentar o rendimento da

sacarificação de biomassas ricas em lignina, bem como, atuar detoxificando

hidrolisados hemicelulósicos, uma vez que esta enzima é capaz que quebrar

os anéis aromáticos da lignina, otimizando assim os processos hidrolíticos

fermentativos [11,128].

Até o presente momento, a única aplicação de lacases endógenas de

insetos foi reportada por Sethi (2013) [129] onde, RfLacA piorou a hidrólise de

madeira de pinho. Contudo, a abordagem utilizada não era considerada ideal

para lacases, como por exemplo, a não adição de mediadores e a falta de

testes de concentração ótima. Desta maneira, CgLAC-1 pode apresentar

potencial se utiliza de maneira correta para sacarificação e detoxificação de

Page 96: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

96

biomassa.

1.6. Discussão Geral

Por quase um século acreditava-se que as enzimas hidrolíticas de

simbiontes do trato digestivo posterior do cupim eram as principais

responsáveis pela digestão da lignocelulose [51]. Contudo, na última década,

mais de 85 publicações sobre transcriptômica, metatranscriptôma e estudos de

enzimologia integrativa nestes insetos, demostraram que estes organismos

possuem um arsenal endógeno de enzimas ativas em carboidratos essenciais

para a sua sobrevivência e de seus simbiontes [74,130].

A fim de criar-se uma hipótese mais atual, a Figura 38 traz um esquema

de como as enzimas descobertas poderiam auxiliar o cupim durante a

degradação da lignocelulose, de modo que, trabalhos sobre C. gestroi e outros

cupins inferiores foram utilizados em conjunto com os dados deste trabalho de

mestrado para elaboração do esquema.

Inicialmente, a digestão da lignocelulose no cupim começa com a

fragmentação desta através de suas mandíbulas [51]. Após a moagem deste

material, enzimas irão agir sobre este material descontruindo por completo a

lignocelulose [51]. Neste sentido, além da ação de GHs, há uma hipótese de

degradação oxidativa da lignocelulose nos cupins, que é reforçada por diversos

fatores: 1) No intestino anterior de cupins, há uma quantia substancial de

metais reativos (ex: Fe2+) [131,132], pH ácido [51], alto potencial oxidativo [51]

e a possível existência de um sistema de exportação/geração de ROS para o

lúmen intestinal em insetos [133] (Figura 38). Além do mais, modificações de

origem oxidativa no material digerido por cupins já foram reportadas [134].

Também há evidencias de uma resposta do cupim contra os xenobióticos da

lignocelulose, tais como moléculas derivadas da lignina e grupamentos acetila

da hemicelulose, através de enzimas redox endógenas, tanto intra como

extracelulares, que em hipótese atuam em conjunto durante a degradação da

lignocelulose [5,53,72–74,95,129,130,135–137].

Page 97: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

97

Sabe-se que lacases secretadas pelas glândulas salivares de cupins

inferiores [72,95], esterases [138] e citocromo oxidases [139] expressas no

intestino médio, promovem modificações na lignina e diminuem a recalcitrância

da lignocelulose.

Entretanto, neste trabalho, evidenciamos outras enzimas com potencial

de participar na digestômica de cupis inferiores. Dente elas, uma LPMO da

família AA10 (CgAA10-2) foi encontrada sendo expressa no cupim, portanto, é

especulado que esta enzima faça parte da digestômica do cupim inferior, de

maneira que esta poderia promover a quebra oxidativa da celulose [65] (Figura

38). Além disso, SODs, AKRs, ALOXs, GOXs e CATs podem compor o arsenal

enzimático endógeno destes cupins para a degradação e detoxificação da

lignocelulose de sua dieta [16,39,111,129,140–142] (Figura 38). Mais análises,

como por exemplo imunolocalizações, serão necessárias para confirmar esta

hipótese.

Após este pré-tratamento oxidativo, no intestino anterior e médio, o

cupim faz o uso de hidrolases como endoglucanases (ex:CgEG-1 - GHF-9) e β-

glicosidases (ex:CgBG-1 - GHF-1) para cooperar com a sacarificação da

lignocelulose, além de outras celulases simbiônticas [51,73] (Figura 38).

No intestino posterior do cupim, as celobiohidrolases (ex: CgSymGH7-1)

e várias enzimas hemicelulolíticas para completa degradação dos

polissacarídeos neste inseto são produzidas pelos simbiontes [51,102] (Figura

38). Por final, os monossacarídeos gerados derivados da lignocelulose, são

convertidos em ácidos graxos de cadeia curta, sendo então absorvidos pelo

cupim como molécula base de toda sua nutrição [51].

Page 98: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

98

Figura 38 - Exemplificação do digestoma de cupins inferiores. A hipótese tem base em dados reportados em literatura citados no durante a discussão, e a inclusão das enzimas estudadas neste trabalho.

Page 99: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

99

Desta forma, as enzimas auxiliares de C. gestroi poderiam ser aplicadas nas

biorefinarias conforme exemplificado na Figura 39.

Figura 39 – Mecanismos propostos de atuação das enzimas auxiliares redox de C. gestroi aplicáveis em biorefinarias.

O trabalho desenvolvido possuiu algumas limitações, como o uso de um

sistema procariótico de baixo rendimento, a falta de termoestabilidade de

algumas das proteinas obtidas e o uso de cofatores de alto custo para

processos de sacarificação. Contudo, técnicas de engenharia de proteinas para

a atribuição de termoestabilidade ou a troca da ligação e dependência de

cofatores como o NAPDH por outras entidades doadoras de elétrons para

geração de EROS, poderia otimizar a ação destas enzimas para a

sacarificação. Além disso, estas enzimas poderiam ser industrialmente obtidas

a partir de sua expressão por fungos filamentosos, visando maior produção e

acarretando sua viabilidade econômica. Mesmo com estas limitações, a

contribuição para o maior entendimento da biologia do cupim e a demonstração

de seu potencial biotecnológico demonstrou o sucesso alcançado através dos

objetivos deste trabalho.

Page 100: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

100

CAPÍTULO 4 – ARTIGO EM PREPARAÇÃO

The Coptotermes gestroi aldo-keto reductase: a multipurpose enzyme for biorefinery applications

Robson Tramontinaa,b

; João Paulo Franco Cairoa; Marcelo Liberato

a; Fernanda

Mandellia; Amanda Sousa

a,b; Samantha Santos

a; Sarita Cândida Rabelo

a; Bruna

Camposc; Jaciane Ienczak

a; Roberto Ruller

a; André Damásio

d; Fabio Squina

a*

a Laboratório Nacional de Ciência e Tecnologia do Bioetanol (CTBE), Centro

Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM), Campinas, SP, Brazil

b Programa de Pós Graduação em Biociências e Tecnologia de Produtos

Bioativos (BTPB) - Instituto de Biologia - CP 6109, Universidade Estadual de

Campinas – UNICAMP - 13083-970, Campinas, SP, Brasil.

c Brazilian Biosciences National Laboratory (LNBio), from the Brazilian Center

for Research in Energy and Materials (CNPEM), Campinas, Brazil

d Department of Biochemistry and Tissue Biology, Institute of Biology,

University of Campinas (UNICAMP), Campinas-SP, Brazil

*Corresponding author: Fabio Marcio Squina, [email protected],

Phone: +55 19 35183111 Fax +55 19 35183164. Rua Giuseppe Máximo Scolfaro, nº

10000, Campinas, SP - 13083-970, Brazil

Page 101: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

101

Abstract

Background: In nature, termites can be considered as a model biological system for

biofuel research based on their remarkable efficiency for lignocellulosic biomass

conversion. Redox enzymes are of interest in second-generation ethanol production

because they promote synergic enzymatic activity with classical hydrolases for

lignocellulose saccharification and inactivate fermentation inhibitory compounds

produced after lignocellulose pretreatment steps.

Results: In the present study, the biochemical and structural characteristics of the

Coptotermes gestroi aldo-keto reductase (CgAKR-1) were comprehensively

investigated. CgAKR-1 displayed major structural differences compared with others

AKRs, including the differences in the amino acid composition of the substrate-binding

site, providing basis for classification as a founding member of a new AKR subfamily

(family AKR1 I). Immunolocalization assays confirmed CgAKR-1 expression in

termites and the localization of this enzyme in the salivary gland and foregut. CgAKR-1

supplementation promoted the reduction of phenolic aldehydes, which act as

fermentation inhibitors of hemicellulosic hydrolysates, and improved ethanol

fermentation by the xylose fermenting yeast Scheffersomyces stipisis. Moreover, we

observed synergistic enzymatic interactions between CgAKR-1 and commercial

cellulosic cocktail for sugarcane bagasse saccharification. Our data indicated that

additive enzymatic activity could be mediated by reactive oxygen species because

CgAKR-1 could produce hydrogen peroxide.

Conclusion: In summary, we identified the founding member of an AKRI subfamily

with a potential role in the termite digestome. CgAKR-1 was found to be a multipurpose

enzyme with potential biotechnological and bioproduct applications. The present work

Page 102: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

102

provided a basis for the development and application of integrative and multipurpose

enzymes in the bioethanol production chain.

Keywords: Coptotermes gestroi; aldo-keto reductase; bioethanol; detoxification;

saccharification; fermentation; integrative; reactive oxygen species; pro-oxidant,

antioxidant, and detoxification enzymes; immunolocalization

Background

Lignocellulose is a recalcitrant matrix composed of cellulose, hemicellulose, and lignin,

and a complex set of enzymes are required for efficient conversion of these plant cell

wall polymers [1]. Termites can degrade almost 90% of consumed plant biomass and

can provide an excellent biological system for studying the biochemical conversion of

lignocellulosic biomass [2,3]. The gut of Coptotermes gestroi (Rhinotermitidae) and

other termites has specialized evolutionary adaptations to digest lignocellulosic diets

[4]. In the termite gut, carbohydrate-active enzymes (CAZymes), such as cellulases and

hemicellulases, are expressed (i.e., both symbiotic and endogenous enzymes).

Additionally, a set of pro-oxidant, antioxidant, and detoxification enzymes (PADs) is

also present [5-7]. Among the PADs found in termites, superoxide dismutase (SOD),

catalases (CATs), glutathione S-transferase (GST), and aldo-keto reductases (AKRs)

have been studied in detail because the transcription of these enzymes is upregulated in

response to lignocellulose degradation [8].

One of the major bottlenecks for second-generation ethanol production is the

toxic metabolites produced after lignocellulose pretreatment [9]. Different

Page 103: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

103

lignocellulose pretreatments, such as hydrothermal, steam explosion, and dilute acids,

are required to minimize biomass recalcitrance, alter the biomass structure, and enhance

the enzymatic degradation of lignocellulose [10]. However, during lignocellulosic

biomass pretreatment, several chemical by-products are generated, which inhibit

fermentative microorganisms and lignocellulolytic enzymes [11]. These chemicals

include aldehydes, aliphatic acids, furan derivatives, and phenolic compounds, such as

hydroxybenzoic acid, furfural, and hydroxymethylfurfural (HMF) [9,12,13]. For

example, the presence of furfural can strongly inhibit the growth of many yeast strains

by cell wall and membrane damage, enzymatic activity inhibition, DNA damage, and

protein and RNA synthesis [13,14].

Physicochemical and biological strategies are being developed to minimize the

effects of these inhibitors on enzymatic and microbial activity for second-generation

ethanol [11]. Recently, Liu et al. [15] highlighted the importance of developing an easy-

to-handle in situ detoxification method combined with a fermentation process in order

to produce second-generation ethanol from low-cost lignocellulosic biomass. However,

except for microbial laccases and peroxidases, in-situ use of enzymatic cocktails for

simultaneously detoxification/saccharification of plant biomass has not been reported

frequently [10]. Therefore, PADs and related enzymes may have many applications in

the detoxification of lignocellulosic hydrolysates [8,11,16,17].

In studies of the oxidoreductive mechanisms that can improve lignocellulose

biomass saccharification, laccases, peroxidases, and auxiliary enzymes (AAs) have been

extensively investigated as bacterial and fungal proteins that utilize extracellular redox

and aromatic mediators for lignocellulosic activity [10, 18-21]. These enzymes enhance

Page 104: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

104

biomass hydrolysis by acting on the recalcitrance of woody materials by direct or

indirect oxidation of holocellulose [22-24].

The involvement of redox enzymes in lignocellulose modification and

degradation in the termite digestome has not been fully elucidated [2,7,25-27]. Previous

studies have shown that enzymes related to redox reactions and detoxifying metabolism

could improve the ability of termites to digest a lignocellulosic diet. For example,

hydrogen peroxide is produced in the guts of Coptotermes formosanus and

Zootermopsis nevadensis [26,28]. Additionally, a substantial amount of reactive iron is

present in the guts of lower termites [28], and the pH is acidic in the foregut of lower

termites, with high potential for generation of reactive oxygen species [2]. All of these

factors are favorable for the formation of highly reactive radicals, which could

oxidatively degrade lignocellulose and provide synergistic enzymatic interactions with

endoglucanases and beta-glucosidases to improve plant cell wall degradation [29].

Sethi et al. [30] showed that AKR transcription from the termite Reticulitermes

flavipes was upregulated in response to a lignin-rich diet. Furthermore, AKR has been

shown to act synergistically with glycoside hydrolases (GHs) to enhance pine wood

hydrolysis [30]. The AKR superfamily of proteins is known to catalyze the NAD[P]H-

dependent reduction of various carbonyl-containing compounds to their corresponding

alcohols, and systematic nomenclature for the AKR superfamily has been in place since

1996 (www.med.upenn.edu/akr) [31]. Moreover, AKRs are involved in several

metabolic reactions in different organisms, including carbohydrate degradation,

xenobiotic detoxification, degradation of β-aryl ethers in lignin, and various industrial

and clinical applications [32-34].

Page 105: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

105

In this work, we describe the AKR from the termite C. gestroi (CgAKR-1), a

founding member of a new AKR subfamily of potential biotechnological interest, which

may play an important role in termite adaptation to wood feeding. Furthermore, to the

best of our knowledge, this is the first report in the literature to describe the use of AKR

for detoxification of fermentation inhibitors during C5 ethanol fermentation and

provides a basis for understanding the synergistic enzymatic interactions of AKRs with

cellulases that improve lignocellulose saccharification.

Results and Discussion

CgAKR-1 was a founding member of a new AKR1I subfamily

Recently, several research groups have investigated the termite digestome,

hypothesizing that auxiliary redox mechanisms may be involved in lignocellulose

degradation [5,30,35-37]. Among these studies, Sethi et al. [30] reported that an AKR is

upregulated after the termites consume a lignin-rich diet. This enzyme was also reported

to show synergism with GHs for lignocellulose deconstruction [30]. However, few

details of the biochemical and structural properties of termite AKR have been reported

[30]. In addition, unpublished data from our group have revealed that AKR transcripts

are abundantly expressed in C. gestroi worker castes when consuming a diet based on

in-natura sugarcane bagasse (BIN), suggesting that some AKRs from C. gestroi are

highly expressed in response to complex lignocellulosic substrates.

The predicted open reading frame (ORF) of CgAKR-1, based on transcriptomics

data, contained 334 amino acids (GenBank accession number: KU686221). The domain

architecture evaluation performed by comparison of the CgAKR-1 protein sequence

with the PFAM database indicated the presence of a conserved domain from the AKR

Page 106: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

106

superfamily. Moreover, a comparison of the predicted protein CgAKR-1 with the NCBI

database indicated higher similarity to a protein from C. formosanus (97% identity,

accession number AGM32584.1 [1AKR]). According to data from the AKR

superfamily homepage, AKRs are found in both prokaryotes and eukaryotes and are

distributed among 16 families [38]. A phylogenetic tree was constructed based on the

amino acid sequence, and CgAKR-1 was clustered in an unaffiliated clade and

classified as a novel AKR family (Figure 1). According to the nomenclature

specifications, CgAKR-1 was a founding member of the new subfamily ―AKR1 I‖ [38].

The most related and well-characterized family members in this database are human

AKR (AKR1A1) and nematode AKR from Caenorhabditis elegans (AKR1G1) [38].

Generally, members of the AKR1 family have broad specificity for aldehydes, are

cytosolic and monomeric proteins, and interact strongly with NADPH as a cofactor

[33,38].

Page 107: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

107

Figure 1 - Phylogenetic tree of members of the AKR superfamily. Amino acid

sequences (AKR1 family) were found in the AKR database

(https://www.med.upenn.edu/akr/), and CgAKR-1 and a related termite AKR sequence

(AGM32584.1) were added. The dendrogram was generated as described by Hyndman.

[38] The tree was constructed with the neighbor-joining method implemented in

MEGA6.0 using 1000 bootstraps. The evolutionary distances were computed using the

JTT matrix-based method and are presented as the number of amino acid substitutions

per site. Evolutionary analyses were conducted in MEGA6

Page 108: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

108

The gene encoding CgAKR-1 was successfully cloned in Escherichia coli

ArcticExpress DE3 competent cells, and the soluble enzyme was purified by affinity

and size exclusion chromatography steps with high enzyme yield (25 mg/L of cell

culture; see Additional File 1, Supplementary Figure 1 ).

CgAKR-1 was primarily localized in the termite foregut region

The detection of nonsymbiotic phenoloxidase activities in termites has already

been described, supporting the oxidative degradation of lignin and cellulose in the gut

of termites [3,36]. However, elucidation of the redox mechanisms in the termite

digestome is necessary. Accordingly, we next investigated the immunolocalization of

CgAKR-1 in the C. gestroi gut for the first time (Figure 2).

Figure 2 - Immunolocalization of CgAKR-1 in C. gestroi gut tissues. Gut tissues

were incubated with primary anti-CgAKR-1 antibodies and AlexaFluor 568 secondary

Page 109: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

109

antibodies and observed under a Leica DMI 6000 microscope. Red fluorescence

indicates anti-CgAKR-1 antibody binding; grey represents the gut visualization under

white light; and blue fluorescence represents the nucleus in all cells using ProLong

Antifade Reagent for Fixed Cells. Images from the red, blue, and white channels were

recorded independently and digitally overlaid to produce a final image. Whole gut:

salivary glands (SG); foregut (FG); malpighian tubules (MT); midgut (MG); hindgut

(HG); A (foregut), B (midgut), D (malphigian tubules), and E (hindgut) indicate

multiple layer image analysis.

The interaction between anti-CgAKR-1 antibodies and target proteins in the gut

of C. gestroi was investigated by immunolocalization. After incubation with both

primary and secondary antibodies, the gut tissue showed strong fluorescence mainly

located in the salivary gland and foregut (Figure 2a). In contrast, there was nearly a

completely lack of fluorescence in the middle part of the gut, including the hindgut

(Figure 2d). Strong fluorescence was also observed in the midgut (Figure 2b) and the

junction of the foregut and midgut. The foregut lumen of lower termites has high

oxygen potential and harbors most digestive enzymes [2], such as C. gestroi

endoglucanase (see Additional file 1, supplementary figure 4). Thus, CgAKR-1 would

be expected to be expressed in this gut section. In addition, CgAKR-1 was also detected

in the malpighian tubules attached in the midgut (Figure 2c). To the best of our

knowledge, some PAD enzymes, such as cytochrome oxidase [39], a candidate enzyme

involved in enzymatic detoxification and lignin degradation in termites [37,40], are

expressed in the malpighian tubules.

CgAKR-1 was active against yeast fermentation inhibitor compounds

Recombinant CgAKR-1 showed high affinity for the standard substrate 2-

nitrobenzaldehyde (NBZ), with a Vmax of 2.34 U/mg., Km of 0.15 mmol/L, and Kcat of

7.5 s-1

. In addition, the Kd for cofactor NADPH was 0.06 mmol/L. The specific activity

of CgAKR-1 on NBZ was 1.53 U/mg under optimal conditions at pH 5.7 (Figure 3a)

and 30°C (Figure 3b). This activity level was higher than that reported for

Page 110: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

110

Saccharomyces cerevisiae AKR (0.34 U/mg) [41] and lower than that reported for

human AKR1A1 under optimal conditions (2.47 U/mg) [42].

Figure 3 - Biochemical properties of CgAKR-1. (a) Effects of pH on CgAKR-1

activity. Phosphate buffer (pH 3.0–8.0) and Tris buffer (pH 8.5–9.0) were used at 100

mM. The results were expressed as relative activity (%). (b) CgAKR-1 thermostability.

The enzyme was incubated for 30 min at different temperatures. After incubation, the

standard enzyme assay was performed, and the results are expressed as relative activity

(%).

The optimal pH of the enzyme was within the same range found in the gut of

lower termites and was similar to the pH reported for rabbit AKR (pH 5.6) [43].

Notably, however, aldehyde reductases from animals and fungi typically have an

optimal pH at or near neutral [31,34,42,44]. Furthermore, CgAKR-1 was stable in the

range of 20–35°C and maintained residual activity (about 30%) at temperatures from 50

to 80°C; no activity was observed at 90°C (Figure 3b).

Table 1 shows the specificity of CgAKR-1 for different substrates, as measured

by the oxidation of NADPH. The high specificity of CgAKR-1 for 2-nitrobenzaldehyde

has also been reported for various AKRs [43]. In general, the enzyme had high activity

for aromatic and aliphatic aldehydes. No redutase activity was detected for vanillin,

Page 111: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

111

aldose sugars, and polysaccharides (data not shown). According to our data, CgAKR-1

was active on several chemicals found in hemicellulosic hydrolysates from sugarcane

bagasse (SCB), such as syringaldehyde, hydroxybenzaldehyde, HMF, and furfural,

which inhibit yeast fermentation [11]. The activity of an intestinal AKR on these

aromatic aldehyde molecules could prevent electrophilic injury caused by these

compounds and would be consistent with the fact that a similar AKR was induced by a

lignin-rich diet in Reticulitermes flavipes [7,33].

AKRs are able to generate H2O2 and other reactive oxygen species (ROS) via

Table 1 - CgAKR-1 substrate specificity. 1

Substrate (2 mmol/L) Relative activity

(%) Structure

Furfural 112

5 – Hydroxymethylfurfural 116

2 – Nitronezaldeihyde 100

4 – Hydroxybenzaldehyde 61

Syringaldehyde 72

Glutaraldehyde 98

*Specific activity was determined as µmoles of NADPH oxidized per minute per mg of protein.

Relative activities of CgAKR-1 using different substrates are presented as the percentage of CgAKR-

1 activity on 2-nitrobenzaldehyde.

2

Page 112: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

112

NADPH oxidation [45,46]. We performed in vitro assays to quantify H2O2 production

by CgAKR-1 because H2O2 contributes to lignocellulose deconstruction [47-49].

Amplex Red assays revealed that CgAKR-1 generated 0.55 mmol of H2O2 per minute in

the presence of 0.6 mmol NADPH (Figure 4). Moreover, the H2O2 generated from

CgAKR-1 was able to initiate the Fenton reaction in the presence of Fe2+

, generating the

•OH radical, a powerful oxidant that can be utilized in lignocellulose degradation [49]

(detected by a peroxynitrite sensor [HPF]; see Additional file 1 - Supplementary Figure

6).

Figure 4 - H2O2 production per minute by CgAKR-1 and its cofactor NADPH, as

measured with Amplex Red. All reactions were performed in triplicate in 100 mM

phosphate buffer (pH 5.7) at 37°C.

Thus, we concluded that in addition to its ability to reduce aldehydic

compounds, CgAKR-1 had an NADPH oxidase-like function and could generate ROS,

such as H2O2, during in vitro assays. Moreover, in the presence of reducing agents, such

as Fe2+

, the hydroxyl radical could also be produced through the action of CgAKR-1.

Loop B of CgAKR-1 was longer than that of other AKRs

The three-dimensional structure of CgAKR-1 revealed a conserved structure, known as

the (β/α)8 barrel, within the AKR superfamily [50]. This structure consisted of eight β-

strands in the central region surrounded by eight α-helices (see Additional file 1-

Page 113: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

113

supplementary figure 5). The NADP binding site is buried in the protein structure and is

highly conserved throughout members of the AKR superfamily, despite the low

similarity of other regions of the protein [51]. The amino acids W24, N47, Y52, H114,

S166, N167, Y214, I217, S219, K276, S277, R282, E285, and N286 surrounded the

cofactor (Figure 5a). In addition, the catalytic residues were identified as D47, Y52,

K81, and H114 and were also conserved. In general, the amino acid composition of the

substrate-binding sites in AKRs is diverse and confers different substrate specificities to

each AKR subfamily [33]. The inner region of the substrate-binding site was found by

the C-terminal region of the β-strands together with the NADP nicotinamide group, and

the binding site entrance was composed by loops connecting β-strands with α-helices

(Figure 5b).

Page 114: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

114

Figure 5 - Sequence comparison and structural assignment. (a) Multiple sequence

alignment of CgAKR with members of the AKR1–5 families. Despite the low identity

between CgAKR and other AKR enzymes, the catalytic residues (red) and the residues

that interacted with the cofactor (blue) had a high degree of similarity. The residues that

surrounded the substrate (yellow) were more diverse between each family, reflecting the

specificity for different substrates. The position that interacted with both the substrate

and cofactor is shown in green. One of the main differences between CgAKR and the

other enzymes was the presence of a longer loop, known as loop B (magenta), located in

the substrate-binding site. (b) Positioning of the important amino acids in the CgAKR

crystallographic structure. The colors in (b) are the same as those in (a).

Page 115: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

115

The superposition of CgAKR-1 chain A with AKRs complexed with substrates

indicated that the substrate binding site was delimited by the amino acids W24, M51,

Y52, H114, L115, W128, R229, F314, and M316 (Figure 6a).

Figure 6 - CgAKR-1 structural analysis. (a) Superposition of CgAKR-1 with other

AKRs from different families: 1A1 complexed with 3,5-dichlorosalicylic acid (gray

arrow) in gray (PDBid 3cv7), 1B in blue (PDBid 4hbk), 1C in green (PDBid 1ihi), 1D

in red (PDBid 3buv), 2B in orange (PDBid 1mi3), 4A in yellow (PDBid 1zgd), and 5C

in black (PDBid 1hw6). The loops composed the entrance to the substrate-binding site.

Despite the discernible variations in size and position, CgAKR-1 (magenta) had one

loop (loop B - indicated with a magenta arrow) that was longer than the others. This

loop also contained an arginine (R229) that may interact with the substrate. (b)

Substrate-binding site. The cavity in the CgAKR-1 structure, represented here as a blue

surface, was determined to be the substrate-binding site by comparison with other

substrate-complexed AKRs. Therefore, the pocket was mainly delimited by the cofactor

(NADP) and nine amino acids with different properties, including R229 from loop B

(observed only in CgAKR-1).

Page 116: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

116

One major feature of the CgAKR-1 structure was the presence of a longer loop

(known as loop B) between the seventh and eighth β-strands of the barrel (residues

L222 to L242) compared with that of other AKRs (Figure 5b and 6b). This longer loop

also exhibited high mobility based on high B-factor in chain A, which could not be

modeled in chain B owing to the absence of a defined electron density. According to

Barski et al. [33], loop B is part of a ―hot spot‖ for variability between the AKR families

and is responsible for multiplicity of substrate specificity and kinetic properties. In

addition, loop B from AKR1A and AKR1B has an open-and-close movement for

cofactor entrapment [52]. Consequently, the unparalleled long loop B from CgAKR-1

seemed to play an important role, not only in cofactor binding but also in substrate

interaction owing to the arginine (R229) positioned towards the substrate binding site

(Figures 5B, 6A, and 6B).

CgAKR-1 exhibited efficient hemicellulosic hydrolysate detoxification and

improved yeast conversion of xylose to ethanol

CgAKR-1 was added to the hemicellulosic hydrolysate prior to fermentation in order to

validate the detoxification capacity of the enzyme. After the enzymatic detoxification

step, 32% of furfural and 15% of soluble lignin were eliminated (Figure 7a).

Fermentation of the detoxified hemicellulosic hydrolysate by Scheffersomyces stipitis at

over 72 h was also evaluated. There was a 45% increase in ethanol production

compared with that of the control (Figure 7b). Moreover, the growth rate during

fermentation was 9.5 ± 1.3 g/L for the control and 7.8 ± 1.1 g/L for the hydrolysate

treated with CgAKR. Thus, the hemicellulosic hydrolysate detoxification by CgAKR-1

seemed to lead to improved conversion of xylose to ethanol (Figure 7c and Table 2).

Page 117: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

117

Figure 7 - Effects of CgAKR-1 on hemicellulosic hydrolysate detoxification

followed by alcoholic fermentation using S. stipitis. The fermentation was carried out

at 30°C and 200 rpm for 72 h. Analysis was carried out by HPLC with three biological

replicates. (a) Amounts of furfural and soluble lignin after detoxification; (b) ethanol

production by S. stipitis; (c) xylose consumption by S. stipitis.

Page 118: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

118

According to Wahlbom [53], these inhibitors can cause the depletion of redox

cofactors during fermentation, resulting in slower, decreased ethanol production by

yeast. Moreover, the diversity of inhibitory aldehyde structures reduced by CgAKR-1

indicated that this enzyme was able to enhance alcoholic fermentation of this type of

biomass by the detoxification of furfural and phenolic and aldehyde derivatives from

lignin (Table 1).

The detoxification of hemicellulosic hydrolysates is of biotechnological interest,

and many detoxification methods have been reported in the literature [9,11,14,17,54].

For example, laccases and peroxidases are being applied in the development of

enzymatic cocktails for detoxification of these inhibitors, whereas PAD enzymes have

not being widely used in this area [10,18,19]. These inhibitory effects on fermentation

vary according to their functional groups, while furan aldehydes are less harmful than

lignin-derived aromatic aldehydes, which are found at higher concentrations in

hemicellulosic hydrolysates [11].

CgAKR-1 improved lignocellulose hydrolysis by H2O2 production

Next, we performed essays combining CgAKR-1, CgGH9 (C. gestroi endoglucanase

[55]), and CAT (a commercial catalase that catalyzes the decomposition of H2O2 to

Table 2 – S. stipitis fermentation parameters after hemicellulosic hydrolysate 1

detoxification by CgAKR-1. 2

Control

Experiment

Detoxification

by CgAKR-1

Yp/s (g/g) 0.13 0.19

Y (%) 26.19 37.12

Xylose consumption (%) 85.00 99.28

*Yp/s: xylose conversion factor in ethanol; Y: percentage of ethanol

production 3

Page 119: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

119

water and oxygen) in order to evaluate whether the synergism of these enzymes on

barley beta-glucan saccharification could be correlated with ROS generation.

Hydrolysis with CgGH9 released reducing sugars and background H2O2 production

(Figure 8). The addition of CgAKR-1 to CgGH9 improved the hydrolysis of beta-

glucan, with a degree of synergism (DS) of 1.68, generating 17 mmol of H2O2 after a 1-

h reaction. The maximum cooperation between the enzymes was found after 14 h of

hydrolysis (DS: 2.04). However, the addition of a CAT enzyme to this reaction

abolished the synergism and concomitantly led to lower production of H2O2 (Figure 8).

Figure 8 – Effects of H2O2 generation during barley glucan hydrolysis by CgGH9,

CgAKR-1, and a commercial catalase. One hundred nanograms of each enzyme,

NADPH, and 1.0% β-glucan were used in the assays (Mix). The reaction was carried

out at 30°C for 1, 14, or 24 h. The reducing sugars were measured by the DNS method.

H2O2 production was measured with Amplex Red, and the DS was calculated as

follows: (g/L) of reducing sugar of (CgGH9 + enzyme) / (g/l) of reducing sugars of

CgGH9. [80] No hydrolysis was detected by CgAKR-1 in the absence of CgGH9.

Page 120: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

120

There were synergistic enzymatic interactions between CgAKR-1 and C. gestroi

endoglucanase. Our data indicated that the additive enzymatic activity could be

mediated by ROS because improvement of glucan polysaccharide hydrolysis was

correlated with H2O2 production (Figure 8). Glucan oxidation occurs via H2O2 through

generation of new carbonyl and carboxyl groups in the polysaccharide, which could

cleave the glucosidic bonds of cellulose [47,48]. Several enzymes have been reported to

improve lignocellulose hydrolysis in the presence of H2O2 and other oxygen species

[20,49,56-58].

Moreover, to further explore the potential biotechnological applications of this

enzyme, we performed Celluclast 1.5 L supplementation with CgAKR-1, which resulted

in significant improvements in saccharification yield (Figure 9). The highest DS values

were found for the hydrolysis of phosphoric acid-pretreated SCB (PASB; 1.48 at 2 h,

2.17 at 6 h, and 1.31 at 24 h; Figure 9). In contrast, CgAKR-1 synergistically enhanced

the hydrolysis of BIN at early time points (DS of 1.46 at 2 h), with reduced effects at

later time points (DS of 1.13 at 24 h). In both cases, H2O2 generation was found to

correlate with improved saccharification (Figure 9).

Page 121: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

121

Figure 9 – Hydrolytic synergy of enzymatic cocktails and CgAKR-1. Celluclast was

used for hydrolysis at 10 FPU/g sugarcane bagasse and (0.5 mg of CgAKR-1 plus

NADPH)/g sugarcane bagasse. The reactions were performed at pH 5.7 for 2, 6, or 24 h

at 30°C and 1000 rpm. The degree of synergism (DS) was calculated as follows: g/L

release sugar (Celluclast plus CgAKR-1) / g/L released sugar (Celluclast). [80] The total

reducing sugars were measured by the DNS method. H2O2 was measured during the

hydrolysis. Denatured CgAKR-1 was used as the control for all substrates. No

hydrolysis was detected by CgAKR-1/NAPDH in the absence of Celluclast.

The major difference in composition between BIN and PASB is the content of

hemicelluloses and lignin (PASB composition: 59.0% cellulose, 1.8% hemicellulose,

and 30.0% lignin [59]; BIN composition: 42.8% cellulose, 25.8% hemicellulose, and

22.1% lignin [60]). Lignin is responsible for blocking cellulolytic enzymes acting in

bagasse fibers by nonproductive binding [11]. Hence, improvement of commercial

cocktail performance is related to the generation of H2O2 by CgAKR-1, which could

result in lignin degradation through the cleavage of lignin-carbohydrate linkages, such

as β-1,4 aryl ether linkages, and loss of cellulose crystallinity [61].

Page 122: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

122

Collectively, our data suggested that oxidative cleavage mechanisms could

significantly improve yields of plant biomass deconstruction to biomass, demonstrating

potential bioproduct applications [62]. Classical cellulase mixtures (e.g., Celluclast) do

not generate reasonable yields of H2O2 or •OH radical during reaction with biomass (see

Additional file 1 – supplementary figure 7 ). These redox agents, which are active

against lignocellulose, can be generated by PAD enzymes, which are therefore good

candidates for the formulation of next-generation lignocellulosic cocktails (see

Additional file 6).

According to the data presented in this study, CgAKR-1 improved lignocellulose

saccharification and yeast fermentation via two different proposed mechanisms (Figure

10): 1) the reduction of fermentation inhibitory compounds found in lignocellulose, and

2) the promotion of synergistic enzymatic interactions with hydrolases.

Figure 10 – Potential biotechnological applications of CgAKR-1 to improve

fermentation and cellulolytic cocktails. AKR can decrease phenolic aldehyde-

dependent inhibition of fermentation and improve lignocelulose deconstruction by

cellulases through ROS generation.

However, there were some limitations to this study. First, the saccharification

process at 50°C is limited by the low thermal stability of CgAKR-1. Additionally, we

Page 123: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

123

used a host that would not be suitable for nonindustrial expression. Thus, improvement

of thermostability through protein engineering and protein production by filamentous

fungi could facilitate the industrial application of this method using endogenous

enzymes from termites as a potential tool for biomass conversion. Therefore, studies

involving CgAKR-1 have greatly improved our understanding of termite biology and

the role of this protein in both saccharification and fermentation steps as a

―multipurpose enzyme‖, functioning to mediate process integration during second-

generation ethanol production and for green chemistry purposes.

Conclusion

This work describes a founding member of AKR superfamily 1I, providing a

basis for the involvement of endogenous enzymes, as components of the C. gestroi

digestome, in redox mechanisms. Biotechnologically, CgAKR-1 was found to be a

versatile enzyme that was capable of detoxifying hemicellulosic hydrolysates for

pentose fermentation and enhancing SCB saccharification via hydrolases. CgAKR-1

provided a basis for the development and application of integrative and multipurpose

enzymes as components in the bioethanol production chain.

Methods

Phylogenetic tree of the AKR superfamily

The amino acid sequence identified as CgAKR-1 was submitted to phylogenetic

analysis. The phylogenetic tree was generated as described previously, including

specifications according to the AKR superfamily homepage [38]. The tree was

constructed with the neighbor-joining method using 1000 bootstraps [63]. The tree was

drawn to scale, with branch lengths in the same units as those of the evolutionary

distances used to infer the phylogenetic tree. The evolutionary distances were computed

using the JTT matrix-based method [64] and are presented as the number of amino acid

substitutions per site. The analysis involved 53 amino acid sequences, including known

Page 124: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

124

AKRs from family 1, which contained CgAKR-1 and related AKRs. All positions with

less than 95% site coverage were eliminated. There were a total of 307 positions in the

final dataset. Evolutionary analyses were conducted in MEGA6 [65].

Cloning and expression of C. gestroi AKR

The sequence encoding full-length CgAKR-1 was amplified from C. gestroi cDNA

using a standard polymerase chain reaction (PCR) method, as previously described,

with two nucleotide primers (forward: 5′-

TAAAATGCTAGCATGCCTAAACAACTGAGCAGT-3′, and reverse: 5′-

TATTATGGATCCCTAATAAGGCTCATCATACGGGT-3′), in which the restriction

enzyme recognition site was underlined [55]. The PCR product was recovered after 1%

agarose electrophoresis and further digested with NheI and BamHI enzymes according

to the manufacturer’s instructions. Finally, the double-digested PCR product was ligated

into the pET-28(a) vector (Novagen) after treatment with the same two enzymes,

allowing for insertion of a 6X-His tag sequence at the N-terminal position [55]. After

cloning and sequencing, gene characterization was performed using Protparam, SignalP,

and SecretomeP platforms. ArcticExpress competent cells were transformed with the

pET28a/CgAKR-1 plasmid and plated in selective solid LB medium containing

kanamycin (50 mg/L). Cells from a single colony were grown in liquid LB containing

50 mg/L) for 16 h at 37°C and 200 rpm. The cultures were then diluted in 600 mL fresh

LB medium containing kanamycin and grown at 30°C and 200 rpm for 4 h. The

temperature and rotation were then reduced to 12°C and 120 rpm, respectively. After 1

h of acclimation, expression of the recombinant protein was induced by the addition of

1 mM/L isopropyl β-D-1-thiogalactopyranoside. After 24 h, the cells were harvested by

Page 125: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

125

centrifugation at 8500 x g. The cells were resuspended in lysis buffer (20 mM sodium

phosphate [pH 7.5], 500 mM/L NaCl, 5 mM imidazole, 80 g/L egg lysozyme, and 5

mM polymethylsulfonyl fluoride [PMSF]) and then disrupted in an ice bath using an

ultrasonic processor (seven pulses of 10 s at 500 W; VC750 Ultrasonic Processor,

Sonics Vibracell). After that, the AKR from the supernatant was purified by

chromatography using an AKTA FPLC system (GE Healthcare, Waukesha, WI, USA)

using a 5-mL HiTrap Chelating HP column (GE Healthcare) charged with Ni2+

followed

by a Superdex 200 10/300 GL column (GE Healthcare), as previously described [66].

The concentration of purified AKR was measured using a NanoDrop 2000c instrument

(Thermo Scientific, USA) and calculated using the molar extinction coefficient (370251

cm-1

).

Crystallization, X-ray diffraction, and structure determination

The purified protein was concentrated to 10 mg/mL prior to crystallization assays.

Initial crystallization experiments were set up using the sitting-drop vapor-diffusion

method on a Honey Bee 963 robot at the ROBOLAB facility (LNBio-CNPEM) in a 96-

well plate with drops composed of 0.5 µL protein solution plus 0.5 µL reservoir

solution. Commercial kits from Hampton were used as initial conditions. A second

round of crystallization was performed to refine the hits obtained in first experiment

using the hanging drop vapor diffusion technique with the drops composed of 2 µL of

protein solution and 2 µL of reservoir solution. All crystals were grown at 18°C. The X-

ray diffraction data were collected at 100 K using a beamline MX-2 with a Brazilian

Synchrotron Light Source – LNLS (Campinas, Brazil), equipped with a Pilatus 6M

detector. Once the crystals were dissolved in the presence a cryoprotectant, they were

Page 126: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

126

directly transferred from the drops to the goniometer. The spots located in the ice ring

areas were excluded for data indexing and integration. The collected data were indexed

and integrated with XDS [67] and scaled with Aimless [68]. The initial phases were

calculated by molecular replacement with Phaser [69] using the structure of aldose

reductase from Schistosoma mansoni (PDBid 4hbk) as a search model. The structure

adjustment and analysis were made with COOT [70], and refinement was performed

with Phenix [71]. The final structure factors and model were validated with Molprobity

[72] and deposited in the PDB databank with accession code 5KET. For more

crystallization and data processing details, please see the additional files.

CgAKR-1 immunolocalization in C. gestroi gut tissue

The immunolocalization of CgAKR-1 was analyzed in the termite gut according

to methods described by Price et al. [73]. The purified protein CgAKR-1 was used to

produce polyclonal antibodies in rabbits (commissioned with RHEABIOTECH Ltd.),

according to standard protocols (www.rheabiotech.com.br). IgG fractions were purified

from rabbit serum by protein G affinity chromatography (Amersham), according to the

manufacturer’s instructions. Eluted antibodies were concentrated to 10 mg/mL.

For analysis of protein immunolocalization, termites were washed in 70% (v/v)

ethanol, followed by phosphate-buffered saline (PBS), and the complete guts were then

dissected out in PBS with PMSF (0.2 mM), ethylenediaminetetraacetic acid (EDTA; 1

mM), and leupeptin (20 μM). After dissection, guts were transferred to a tube

containing 2% (w/v) paraformaldehyde. The gut tissue was then fixed for 2 h at room

temperature. After fixation, gut tissues were washed several times in 1× PBS.

Nonspecific antibody binding was prevented by incubating the gut tissue for 1 h in a

solution containing 4% (v/v) Triton X-100 with 2% (w/v) bovine serum albumin (BSA)

in PBS. After blocking, the tissue was incubated in primary antibody with shaking at

4°C for 24 h. Anti-CgAKR-1 antibodies were used at a concentration of 1:1000 in

Page 127: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

127

antiserum buffer (0.4% [v/v] Triton X-100 with 2% [w/v] BSA in PBS). Gut tissues

were then washed in PBS at 4°C for 24 h. AlexaFluor 568 (red) secondary antibodies

were incubated with the tissue specimens at a concentration of 1:200 in antiserum buffer

at 4°C for 18 h. The secondary antibody solution was removed, and the tissues were

washed in PBS at 4°C for 18 h. Immunostained gut samples were mounted on glass

slides. Control experiments were run in parallel and consisted of a primary antibody-

only control and a secondary antibody-only control. Control experiments were set up

following the same procedure, except the appropriate antibody incubation stage was

omitted (see Additional file 1 – supplementary figure 3). Additionally, the

immunolocalization of termite endoglucanase (CgH9) was analyzed as a positive

control (see Additional file 1 - Supplementary Figure 4 ). Additional information

about equipment and settings can be found in Additional file 1.

Enzymatic assay

AKR activity was assayed spectrophotometrically at 30°C by monitoring the

decrease in the absorbance of NADPH at 340 nm in microplates. The standard assay

mixture (0.2 mL) was composed of 50 mM sodium phosphate buffer (pH 7.0), 5.0

mmol/L substrate (2-nitrobenzaldehyde, furfural, HMF, etc.), and 2.5 µg CgAKR-1.

Additionally, 0.2 mmol/L NADPH was added to the plate to initiate the reaction, and

the reaction rate was measured against an identical blank with no enzyme added.

Activity was measured for 5 min. One unit of enzyme activity was defined as the

amount of enzyme catalyzing the oxidation of 1 mmol NADPH per minute (U/mg of

protein). The kinetic parameters of the purified enzyme were determined by assaying

activities at different NADPH concentrations using 5 mmol/L 2-nitrobenzaldehyde as

the substrate. Furthermore, activities at different 2-nitrobenzaldehyde concentrations

were measured using 0.2 mmol/L NADPH. Optimal pH was determined using

phosphate buffer (pH 3.0–8.0) and Tris buffer (pH 8.5–9.0) at 100 mM. Thermo

residual stability was measured after enzyme incubation for 30 min at different

temperatures. The results were expressed in relative activity (%).

Detection of ROS

Page 128: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

128

H2O2 generation was measured using Amplex Red, as previously described [74], with a

Catalase Assay Kit (cat. no. A22180; Life Technologies) at 571 nm. Fifty microliters of

the sample was used in the assay. A hydroxyphenyl fluorescein (HPF) assay kit was

used for ●OH detection (see Additional file 9 and 10), and samples were incubated with

40 µL of 50 µmol/L HPF [75]. Denatured CgAKR-1 was used as a negative control, and

one reaction with 5 mmol/L FeSO4 was performed to evaluate the Fenton chemistry if H2O2

was being generated by CgAKR-1. The reactions were kinetically monitored over 30 min

at 35°C using a plate reader fluorometer (Molecular Devices). The excitation

wavelength was 488 nm, and the emission wavelength was 515 nm. All reactions were

performed in triplicate.

Detoxification of hemicellulosic hydrolysate by CgAKR-1

The hemicellulosic hydrolysate represented the soluble fraction of the hemicellulosic

portion of SCB after thermal pretreatment and was composed of arabinose (21.59 g/L),

glucose (31.90 g/L), xylose (209.21 g/L), cellobiose (5.08 g/L), formic acid (0.66 g/L),

acetic acid (6.45 g/L), HMF (0.12 g/L); furfural (0.85 g/L), and levulinic acid (1.12

g/L). Moreover, hemicellulosic hydrolysate phenolic compounds that inhibited

alcoholic fermentation were previously reported by Santoro et al. [76]. To evaluate

whether CgAKR-1 could be applied to enzymatic in situ detoxification of fermentation

inhibitors in hemicellulosic hydrolysate, samples were sterilized at 111°C for 5 min and

diluted twice with 100 mM potassium phosphate buffer (pH 5.0, adjusted with 6 mol/L

NaOH, which was added slowly to ensure that the lignin would not precipitate).

Subsequently, 1 mg CgAKR-1 and NADPH (2 µmol/L) were added to the reaction and

incubated at 30°C for 16 h. After incubation, hemicellulosic hydrolysate alcoholic

Page 129: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

129

fermentation was performed. The yeast used in this study was the wild-type S. stipitis

NRRL Y7124 strain, a xylose-fermenting microorganism capable to ferment the

hemicellulosic hydrolysate. During this process, 3 g/L yeast extract was added to the

liquor, and S. stipitis yeast was inoculated at a final concentration of 10 g/L in 50 mL.

Thereafter, the experiment was incubated at 30°C with continuous agitation at 200 rpm

for 72 h, as described by Dussán et al. [77], using shake flasks. Glucose, xylose, acetic

acid, glycerol, xylitol, furfural, and ethanol were measured during the fermentation

according to the analytical measurements described above.

Analytical measurements

The DNS method [78] was used for measurement of total reducing sugars. Analysis of

glucose, xylose, cellobiose, acetic acid, glycerol, xylitol, furfural, and ethanol was

performed using high-performance liquid chromatography (HPLC; Agilent Infinity

1260; Agilent, Santa Clara, CA, USA) analysis, as described by Rocha et al. [79]. For

greater accuracy and specificity, the samples were filtered through a Millex 22-µm

PVDF filter, and the filtrate was injected into the HPLC system. Compounds were

separated with an Aminex HPX 87H (300 7.8 mm; Bio-Rad, Hercules, CA, USA) at

35°C using 5 mM H2SO4 as the mobile phase at a flow rate of 0.6 mL/min. The

measurement of soluble lignin was performed as described by Gouveia et al. [60]. All

reactions were performed in triplicate.

Enzyme synergism and the role of ROS during glucan hydrolysis

To evaluate CgAKR-1 synergism with hydrolases and the relationship with H2O2

generation, 1.0% BG was hydrolyzed in 100 mM phosphate buffer (pH 5.7) in a total

Page 130: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

130

volume of 500 µL at 30°C and 1000 rpm for 24 h. Samples were collected at 1, 14, and

24 h, and 100 ng of each enzyme (CgAKR-1 and CgGH9) and 200 nmol/L NADPH

were combined as the ―Mix‖. A commercial catalase (H2O2 decomposer; cat. no.

A22180; 1 U/mL; Life Technologies) was used to evaluate the effects of ROS inhibitors

on the DS. After hydrolysis, the H2O2 generation of each sample was measured with

Amplex using 50 µL of each reaction, and the total sugars were measured with the

remaining sample. The analyses were performed in triplicate. No hydrolysis was

detected by CgAKR-1 or NAPDH in the absence of endoglucanase. The DS for sugar

release was calculated as follows: (g/L) of reducing sugar of (CgGH9 + enzyme) / (g/L)

of reducing sugars of CgGH9, as described by Wang [80].

SCB hydrolysis and composition

The SCBs were subjected to enzymatic saccharification with a commercially available

enzyme preparation (Celluclast 1.5 L; Novozymes) at 10 FPU/g SCB and in

combination with 0.5 mg CgAKR-1 plus 6.25 mmol NAPDH/g SCB. The enzymatic

hydrolysis was performed with 2% (w/v) SCB in 100 mM phosphate buffer (pH 5.7) at

30°C. The reactions were carried out in 2-mL Eppendorf tubes using a Thermomixer

microplate incubator (Eppendorf, Germany). Samples were centrifuged at 10,000 x g for

15 min (5418 Centrifuge; Eppendorf) and filtered (Sepak C18; Waters). The SCBs are

described in detail in previous studies of BIN [60] and PASB [59]. Denatured CgAKR-

1 was used in all reactions lacking the enzyme. No hydrolysis was detected by CgAKR-

1 or NAPDH in the absence of Celluclast. The analyses were performed in triplicate.

The DS for sugar release was calculated as follows: (g/L) of reducing sugar of

Page 131: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

131

(Celluclast + CgAKR-1) / (g/L) of reducing sugars of Celluclast, as described by Wang

[80].

List of abbreviations

C. gestroi: Coptotermes gestroi

CgAKR-1: Coptotermes gestroi aldo-keto reductase

S. stipisis: Scheffersomyces stipisis

H2O2: hydrogen peroxide

HMF: hydroxymethylfurfural

PAD: pro-oxidant, antioxidant, and detoxification enzyme

AA: auxiliary enzyme

ROS: reactive oxygen species

HPF: peroxynitrite sensor

NADPH: nicotinamide adenine dinucleotide phosphate

•OH: hydroxyl radical

CgGH9: termite endoglucanase CgEGL1

BG: barley beta-glucan

SCB: sugar cane bagasse

PASB: phosphoric acid-pretreated sugarcane bagasse

BIN: in-natura sugarcane bagasse

Mix: CgGH9 + CgAKR-1 + NADPH

Declarations:

Ethical approval and consent to participate: Not applicable

Consent for publication: Not applicable

Availability of data and material: The dataset supporting the conclusions of this

article is included within the article and its additional files

Competing interests: The authors declare that they have no competing interests

Funding: This work was financially supported by grants from FAPESP (2014/20576-7;

for RT; 2011/2977-3 for JPFC; 2012/20549-4 for ARLD; 08/58037-9 for FMS;

2013/06336-0 for BC; 2014/04105-4 for MVL).

Page 132: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

132

Authors’ contributions: Robson Tramontina designed and carried out all the

experiments. João Paulo L. Franco Cairo discovered and cloned the enzyme. Fernanda

Mandelli supported the biochemical characterization. Amanda Sousa, Samantha

Christine Santos, Jaciane L. Ienczak, Sarita Cândida Rabelo, and Roberto Ruller carried

out the detoxifications and fermentations. Marcelo V. Liberato and Bruna M. Campos

worked on the enzyme 3D structure. Robson Tramontina, Marcelo V. Liberato, and

André R. L. Damásio drafted the manuscript. Fabio M. Squina conceived the study,

participated in data interpretation, and reviewed the manuscript. All the authors read and

approved the final manuscript.

Acknowledgements: We gratefully acknowledge the provision of time at the analytical

facilities and the sugarcane bagasse derivate provided by CTBE/ CNPEM located in

Campinas, Brazil. Additionally, we thank Ana Maria Costa Leonardo, Sílvio Roberto

Consonni, and Marcelo Carazzolle for technical support.

Additional file:

File name: Additional file 1

File format: .docx

Title of data: Supplementary Information

Description of data: Supplementary Text including Supplementary figure 1-7, and

Supplementary table 1.

References

1 Segato F, Damásio AR, de Lucas RC, Squina FM, Prade RA. Genomics review

of holocellulose deconstruction by aspergilli. Microbiol Mol Biol Rev.

2014;78:588-613.

2 Brune A. Symbiotic digestion of lignocellulose in termite guts. Nat Rev

Microbiol. 2014;12:168-80.

Page 133: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

133

3 Scharf ME, Tartar A. Termite digestomes as sources for novel lignocellulases.

Biofuels Bioprod Biorefining 2008;2:540-52.

4 Toledo Lima J, Costa-Leonardo AM. Subterranean termites (Isoptera:

Rhinotermitidae): Exploitation of equivalent food resources with different forms

of placement. Insect Sci. 2012;19:412-8.

5 Franco Cairo JP, Leonardo FC, Alvarez TM, Ribeiro DA, Büchli F, Costa-

Leonardo AM, et al. Functional characterization and target discovery of

glycoside hydrolases from the digestome of the lower termite Coptotermes

gestroi. Biotechnol Biofuels 2011;4:50.

6 Scharf ME, Karl ZJ, Sethi A, Boucias DG. Multiple levels of synergistic

collaboration in termite lignocellulose digestion. PLoS One 2011;6:e21709.

7 Sethi A, Slack JM, Kovaleva ES, Buchman GW, Scharf ME. Lignin-associated

metagene expression in a lignocellulose-digesting termite. Insect Biochem Mol

Biol. 2013;43:91-101.

8 Scharf ME, Boucias DG, Tartar A, Coy MR, Zhou X, Salem TIZ, et al. Termite

enzymes and uses thereof for in vitro conversion of lignin-containing materials to

fermentable products. Google Patents, US8445240 B2, 2013.

9 J Silva JP, Carneiro LM, Roberto IC. Treatment of rice straw hemicellulosic

hydrolysates with advanced oxidative processes: a new and promising

detoxification method to improve the bioconversion process. Biotechnol

Biofuels, 2013;6:23.

10 Ko JK, Um Y, Park YC, Seo JH, Kim KH. Compounds inhibiting the

bioconversion of hydrothermally pretreated lignocellulose. Appl Microbiol

Biotechnol. 2015;99:4201-4212.

11 Jönsson LJ, Martín C. Pretreatment of lignocellulose: Formation of inhibitory by-

products and strategies for minimizing their effects. Bioresour Technol.

2016;199:103-12.

12 Field SJ, Ryden P, Wilson D, James SA, Roberts IN, Richardson DJ, et al.

Identification of furfural resistant strains of Saccharomyces cerevisiae and

Saccharomyces paradoxus from a collection of environmental and industrial

isolates. Biotechnol Biofuels 2015;8:33.

Page 134: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

134

13 Liu ZL, Ma M, Song M. Evolutionarily engineered ethanologenic yeast

detoxifies lignocellulosic biomass conversion inhibitors by reprogrammed

pathways. Mol Genet Genomics 2009;282:233-44.

14 Franden MA, Pienkos PT, Zhang M. Development of a high-throughput method

to evaluate the impact of inhibitory compounds from lignocellulosic hydrolysates

on the growth of Zymomonas mobilis. Biotechnol. 2009;144:259-67.

15 Liu X, Xu W, Mao L, Zhang C, Yan P, Xu Z, et al. Lignocellulosic ethanol

production by starch-base industrial yeast under PEG detoxification. Sci Rep.

2016;6:20361.

16 Liu ZL, Moon J. A novel NADPH-dependent aldehyde reductase gene from

Saccharomyces cerevisiae NRRL Y-12632 involved in the detoxification of

aldehyde inhibitors derived from lignocellulosic biomass conversion. Gene

2009;446:1-10.

17 Gutiérrez T, Ingram LO, Preston JF. Purification and characterization of a

furfural reductase (FFR) from Escherichia coli strain LYO1--an enzyme

important in the detoxification of furfural during ethanol production. J

Biotechnol. 2006;121:154-64.

18 Jurado M, Prieto A, Martínez-Alcalá A, Martínez AT, Martínez MJ. Laccase

detoxification of steam-exploded wheat straw for second generation bioethanol.

Bioresour Technol. 2009;100:6378-84.

19 Jönsson LJ, Palmqvist E, Nilvebrant NO, Hahn-Hägerdal B. Detoxification of

wood hydrolysates with laccase and peroxidase from the white-rot fungus

Trametes versicolor. Appl Microbiol Biotechnol. 1998;49:691-7.

20 Wei D, Houtman CJ, Kapich AN, Hunt CG, Cullen D, Hammel KE. Laccase and

its role in production of extracellular reactive oxygen species during wood decay

by the brown rot basidiomycete Postia placenta. Appl Environ Microbiol.

2010;76:2091-7.

21 Levasseur A, Drula E, Lombard V, Coutinho PM, Henrissat B. Expansion of the

enzymatic repertoire of the CAZy database to integrate auxiliary redox enzymes.

Biotechnol Biofuels 2013;6:41.

22 Peciulyte A, Karlström K, Larsson PT, Olsson L. Impact of the supramolecular

Page 135: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

135

structure of cellulose on the efficiency of enzymatic hydrolysis. Biotechnol

Biofuels 2015;8:56.

23 Dimarogona M, Topakas E, Christakopoulos P. Recalcitrant polysaccharide

degradation by novel oxidative biocatalysts. Appl Microbiol Biotechnol.

2013;97:8455-65.

24 Dashtban M, Schraft H, Qin W. Fungal bioconversion of lignocellulosic residues;

opportunities & perspectives. Int J Biol Sci. 2009;5:578-95.

25 Engel P, Moran NA. The gut microbiota of insects - diversity in structure and

function. FEMS Microbiol Rev. 2013;37:699-735.

26 Vu AT, Nguyen NC, Leadbetter J. Iron reduction in the metal-rich guts of wood-

feeding termites. Geobiology 2004;2:239-47.

27 Li H, Lu J, Mo J. Physiochemical lignocellulose modification by the formosan

subterranean termite Coptotermes formosanus Shiraki (Isoptera:

Rhinotermitidae) and its potential uses in the production of biofuels.

BioResources 2012;7:675-85.

28 Ke J, Chen S. Biological pretreatment of biomass in wood-feeding termites. In:

Sun J, Ding S, Peterson JD, editors. Biological conversion of biomass for fuels

and chemicals: explorations from natural utilization systems. Cambridge, UK:

Royal Society of Chemistry; 2012. p. 177-194.

29 Rashid GM, Taylor CR, Liu Y, Zhang X, Rea D, Fülöp V, et al. Identification of

Manganese Superoxide Dismutase from Sphingobacterium sp. T2 as a Novel

Bacterial Enzyme for Lignin Oxidation. ACS Chem Biol. 2015;10:2286-94.

30 Scharf M, Sethi A. Novel lignases and aldo-keto reductases for conversion of

lignin-containing materials to fermentable products. Google Patents, WO

2013126230 A1, 2013.

31 Penning TM. The aldo-keto reductases (AKRs): Overview. Chem Biol Interact.

2015;234:236-246.

32 Feldman D, Kowbel DJ, Glass NL, Yarden O, Hadar Y. Detoxification of 5-

hydroxymethylfurfural by the Pleurotus ostreatus lignolytic enzymes aryl

alcohol oxidase and dehydrogenase. Biotechnol Biofuels 2015;8:63.

33 Barski OA, Tipparaju SM, Bhatnagar A. The aldo-keto reductase superfamily

Page 136: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

136

and its role in drug metabolism and detoxification. Drug Metab Rev.

2008;40:553-624.

34 Itoh N, Asako H, Banno K, Makino Y, Shinohara M, Dairi T, et al. Purification

and characterization of NADPH-dependent aldo-keto reductase specific for beta-

keto esters from Penicillium citrinum, and production of methyl (S)-4-bromo-3-

hydroxybutyrate. Appl Microbiol Biotechnol. 2004;66:53-62.

35 Zhang W, Geng A. Improved ethanol production by a xylose-fermenting

recombinant yeast strain constructed through a modified genome shuffling

method. Biotechnol Biofuels, 2012;5:46.

36 Tartar A, Wheeler MM, Zhou X, Coy MR, Boucias DG, Scharf ME. Parallel

metatranscriptome analyses of host and symbiont gene expression in the gut of

the termite Reticulitermes flavipes. Biotechnol Biofuels 2009;2:25.

37 Raychoudhury R, Sen R, Cai Y, Sun Y, Lietze VU, Boucias DG, et al.

Comparative metatranscriptomic signatures of wood and paper feeding in the gut

of the termite Reticulitermes flavipes (Isoptera: Rhinotermitidae). Insect Mol

Biol. 2013;22:155-71.

38 Hyndman D, Bauman DR, Heredia VV, Penning TM. The aldo-keto reductase

superfamily homepage. Chem Biol Interact. 2003;143-144:621-31.

39 Zhou Y, Mo J, Chen K, Xu Q. Isolation and characterization of P450 gene from

the formosan subterranean termite, Coptotermes formosanus (Isoptera:

Rhinotermitidae). Sociobiology 2012;59:1121-36.

40 Stewart AD, Anand RR, Laird JS, Verrall M, Ryan CG, de Jonge MD, et al.

Distribution of metals in the termite Tumulitermes tumuli (Froggatt): two types of

Malpighian tubule concretion host Zn and Ca mutually exclusively. PLoS One

2011;6:e27578.

41 Nakamura K, Kondo S, Kawai Y, Nakajima N, Ohno A. Amino acid sequence

and characterization of aldo-keto reductase from bakers' yeast. Biosci Biotechnol

Biochem. 1997;61:375-7.

42 Petrash JM, Srivastava SK. Purification and properties of human liver aldehyde

reductases. Biochim Biophys Acta 1982;707:105-14.

43 Kuhn A, van Zyl C, van Tonder A, Prior BA. Purification and partial

Page 137: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

137

characterization of an aldo-keto reductase from Saccharomyces cerevisiae. Appl

Env Microbiol. 1995;61:1580-5.

44 Davidson WS, Flynn TG. Kinetics and mechanism of action of aldehyde

reductase from pig kidney. Biochem J. 1979;177:595-601.

45 Flowers-Geary L, Harvey RG, Penning TM. Examination of diols and diol

epoxides of polycyclic aromatic hydrocarbons as substrates for rat liver

dihydrodiol dehydrogenase. Chem Res Toxicol. 1992;5:576-83.

46 Penning TM. Human aldo-keto reductases and the metabolic activation of

polycyclic aromatic hydrocarbons. Chem Res Toxicol. 2014;27:1901-17.

47 Mayat NS, Nikolayeva II, Golova OP. Mechanism of the oxidative degradation

of cellulose in alkaline media—II. Mechanism of the oxidation of cellulose in an

alkaline medium by oxygen. Polym Sci USSR 1964;6:1875-82.

48 Knill CJ, Kennedy JF. Degradation of cellulose under alkaline conditions.

Carbohydr Polym. 2003;51:281-300.

49 Arantes V, Jellison J, Goodell B. Peculiarities of brown-rot fungi and

biochemical Fenton reaction with regard to their potential as a model for

bioprocessing biomass. Appl Microbiol Biotechnol. 2012;94:323-338.

50 Sanli G, Dudley JI, Blaber M. Structural biology of the aldo-keto reductase

family of enzymes: catalysis and cofactor binding. Cell Biochem Biophys.

2003;38:79-101.

51 Jez JM, Bennett MJ, Schlegel BP, Lewis M, Penning TM. Comparative anatomy

of the aldo-keto reductase superfamily. Biochem J. 1997;326:625-36.

52 Wilson DK, Bohren KM, Gabbay KH, Quiocho FA. An unlikely sugar substrate

site in the 1.65 A structure of the human aldose reductase holoenzyme implicated

in diabetic complications. Science 1992;257:81-4.

53 Wahlbom CF, Hahn-Hägerdal B. Furfural, 5-hydroxymethyl furfural, and acetoin

act as external electron acceptors during anaerobic fermentation of xylose in

recombinant Saccharomyces cerevisiae. Biotechnol Bioeng. 2002;78:172-8.

54 Taherzadeh MJ, Karimi K. Fermentation Inhibitors in Ethanol Processes and

Different Strategies to Reduce Their Effects. In: Pandey A, Larroche C, Ricke

SC, Dussap CG, Gnansounou E, editors. Biofuels; Elsevier Inc.; Oxford. 2011. p.

Page 138: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

138

287–311.

55 Cairo JP, Oliveira LC, Uchima CA, Alvarez TM, Citadini AP, Cota J, et al.

Deciphering the synergism of endogenous glycoside hydrolase families 1 and 9

from Coptotermes gestroi. Insect Biochem Mol Biol. 2013;43:970-81.

56 Grissa I, Bidard F, Grognet P, Grossetete S, Silar P. The Nox/Ferric

reductase/Ferric reductase-like families of Eumycetes. Fungal Biol.

2010;114:766-77.

57 Zámocký M, Hallberg M, Ludwig R, Divne C, Haltrich D. Ancestral gene fusion

in cellobiose dehydrogenases reflects a specific evolution of GMC

oxidoreductases in fungi. Gene 2004;338:1-14.

58 Duan J, Kasper DL. Oxidative depolymerization of polysaccharides by reactive

oxygen/nitrogen species. Glycobiology 2011;21:401-09.

59 de Vasconcelos SM, Santos AM, Rocha GJ, Souto-Maior AM. Diluted

phosphoric acid pretreatment for production of fermentable sugars in a

sugarcane-based biorefinery. Bioresour Technol. 2013;135:46-52.

60 ER Gouveia, RT Nascimento, AM Souto-Maior, GJM Rocha. Validação de

metodologia para a caracterização química de bagaço de cana-de-açúcar. Quim

Nova 2009;32:1500-03.

61 Wang Q, Wang Z, Shen F, Hu J, Sun F, Lin L, et al. Pretreating lignocellulosic

biomass by the concentrated phosphoric acid plus hydrogen peroxide (PHP) for

enzymatic hydrolysis: evaluating the pretreatment flexibility on feedstocks and

particle sizes. Bioresour Technol. 2014;166:420-28.

62 Phillips CM, Beeson WT, Cate JH, Marletta MA. Cellobiose dehydrogenase and

a copper-dependent polysaccharide monooxygenase potentiate cellulose

degradation by Neurospora crassa. ACS Chem Biol. 2011;6:1399-406.

63 Saitou N, Nei M. The neighbor-joining method: a new method for reconstructing

phylogenetic trees. Mol Biol Evol. 1987;4:406-25.

64 Jones DT, Taylor WR, Thornton JM. The rapid generation of mutation data

matrices from protein sequences. Comput Appl Biosci. 1992;8:275-82.

65 Tamura K, Stecher G, Peterson D, Filipski A, Kumar S. MEGA6: Molecular

Evolutionary Genetics Analysis version 6.0. Mol Biol Evol. 2013;30:2725-9.

Page 139: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

139

66 Mandelli F, Brenelli LB, Almeida RF, Goldbeck R, Wolf LD, Hoffmam ZB, et

al. Simultaneous production of xylooligosaccharides and antioxidant compounds

from sugarcane bagasse via enzymatic hydrolysis. Ind Crops Prod. 2014;52:770-

5.

67 Kabsch W. XDS. Acta Crystallogr D Biol Crystallogr. 2010;66:125-32.

68 Evans PR. An introduction to data reduction: space-group determination, scaling

and intensity statistics. Acta Crystallogr D Biol Crystallogr. 2011;67:282-92.

69 McCoy AJ, Grosse-Kunstleve RW, Adams PD, Winn MD, Storoni LC, Read RJ.

Phaser crystallographic software. J Appl Crystallogr. 2007;40:658-74.

70 Emsley P, Lohkamp B, Scott WG, Cowtan K. Features and development of Coot.

Acta Crystallogr D Biol Crystallogr. 2010;66:486-501.

71 Chen Z, Friedland GD, Pereira JH, Reveco SA, Chan R, Park JI, et al. racing

determinants of dual substrate specificity in glycoside hydrolase family 5. J Biol

Chem. 2012;287:25335-43.

72 Chen VB, Arendall WB 3rd, Headd JJ, Keedy DA, Immormino RM, Kapral GJ,

et al. MolProbity: all-atom structure validation for macromolecular

crystallography. Acta Crystallogr D Biol Crystallogr. 2010;66:12-21.

73 Price DR, Du J, Dinsmore A, Gatehouse JA. Molecular cloning and

immunolocalization of a diuretic hormone receptor in rice brown planthopper

(Nilaparvata lugens). Insect Mol Biol. 2004;13:469-80.

74 Watabe S, Sakamoto Y, Morikawa M, Okada R, Miura T, Ito E. Highly sensitive

determination of hydrogen peroxide and glucose by fluorescence correlation

spectroscopy. PLoS One, 2011;6:e22955.

75 Setsukinai K, Urano Y, Kakinuma K, Majima HJ, Nagano T. Development of

novel fluorescence probes that can reliably detect reactive oxygen species and

distinguish specific species. J Biol Chem. 2003;278:3170-5.

76 Santoro DCJ, Assis T, Dionisio SR, Ienczak JL, Rabelo SC. Scaling up dilute

sulfuric acid pretreatment for sugarcane bagasse bioethanol production. Poster

presentation, 37th SBFC, San Diego, CA, 2015.

77 Dussán KJ, Silva DDV, Perez VH, da Silva SS. Evaluation of oxygen availability

on ethanol production from sugarcane bagasse hydrolysate in a batch bioreactor

Page 140: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

140

using two strains of xylose-fermenting yeast. Renew Energy 2016;87:703-10.

78 Miller GL. Use of Dinitrosalicylic Acid Reagent for Determination of Reducing

Sugar. Anal. Chem. 1959;31:426-8.

79 Rocha GJM, Gonçalves AR, Oliveira BR, Olivares EG, Rossell CEV. Steam

explosion pretreatment reproduction and alkaline delignification reactions

performed on a pilot scale with sugarcane bagasse for bioethanol production. Ind

Crops Prod. 2012;35:274-9.

80 Wang H, Squina F, Segato F, Mort A, Lee D, Pappan K, et al. High-temperature

enzymatic breakdown of cellulose. Appl Environ Microbiol. 2011;77:5199-206.

Supplementary Material

Heterologous production of CgAKR-1

SDS-PAGE was performed according to the method of Laemmli [1] using 12% gels.

Supplementary Figure 1. Analysis of heterologous expression of CgAKR-1 in the

Arctic Cell Expression System. CgAKR-1 was expressed at 12°C with shaking at 120

rpm for 24 h and purified using IMAC and GF. (A) IMAC purification with SDS-

PAGE. Lanes: MW, molecular weight standard; 1, lysate; 2, pellet; 3, flowthrough; 4–7,

IMAC fractions. (B) Gel filtration fraction. MW, molecular weight standard. The

CgAKR-1 purified band is indicated by the arrow.

Page 141: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

141

CgAKR immunolocalization

Preparation of gut samples

For gut isolation, specimens of C. gestroi were maintained in the Termite

Laboratory of the Biology Department, UNESP, Rio Claro, São Paulo, Brazil (22º 23′S,

47º 31′W) after collection them from field colonies with traps of corrugated cardboard.

Termites were kept at 25 ± 2°C and fed on cardboard with 10% humidity until use.

Antibodies

Supplementary Figure 2 shows the results of anti-CgAKR antibody analysis; the

antibody showed affinity for the target, even at a dilution of 1:2000. The assay was

performed by RHEABIOTECH LTDA as described in the Materials and Methods

section and the company’s specifications. The antibodies were analyzed using

standard indirect enzyme-linked immunosorbent assays (ELISAs). The blocking step

was carried out in phosphate-buffered saline (PBS; 137 mM NaCl, 2.7 mM KCl, 10 mM

Na2HPO4 and 2 mM KH2PO4, pH 7.5) plus 2% BSA, and the detection was carried out

with the following dilutions: 1:500, 1:1,000, 1:2,000, 1:4,000, 1:8,000, 1:16,000,

1:32,000, and 1:64,000. The revelation step was performed with a secondary antibody

conjugated with peroxidase, and H2O2/OPD was used as the chromogen substrate. The

reading was carried out at 492 nm. The purified IgG fractions were tested for specific

binding to their targets by ELISA. The results showed that the anti-CgAKR antibody

could bind specifically with recombinant CgAKR-1 (Supplementary Figure 2).

Supplementary Figure 2. Detection of CgAKR by indirect ELISA using the polyclonal

antibody.

B

lank

Flu

ore

sc

en

ce

Page 142: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

142

The supplementary figure 3 shows the positive control which is the primary and

secondary antibody incubations with the sample (1), the primary only and secondary

antibody only negative controls (2 and 3 respectively). There was clear evidence of the

antibody specificity for the protein CgAKR-1 in the sample (1A). Also, nonspecific

fluorescence wasn’t detected in the absence of primary only or secondary only antibody

incubation with the sample.

Supplementary Figure 3 - Immunolocalization of CgAKR-1 in C. gestroi gut tissue.

Gut tissues were incubated with primary anti-CgAKR-1 antibodies and fluorescent

secondary antibodies (conjugated with AlexaFluor 568) and observed under a Leica

DMI 6000 microscope. Red fluorescence represents CgAKR immunolocalization in the

foregut (1). Blue fluorescence represents the nuclei of all tissue cells, as determined

using ProLong Antifade Reagents for Fixed Cells (B). (C) Represents the junction of

images 1 and 2 (midgut). Similar experiments using either primary or secondary

Page 143: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

143

antibodies independently provided a control for autofluorescence and nonspecific

binding of the fluorescent secondary antibody (2 and 3). Images from the red and blue

channels were recorded independently and digitally overlaid to produce a final image.

As a positive control, termite endoglucanase was immunolocalized to the termite

gut. The enzyme was secreted mainly in the foregut (Supplementary Figure 4). These

data validated the technique for presence of CgAKR in the termite gut.

Page 144: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

144

Supplementary Figure 4 - Immunolocalization of CgGH9 in C. gestroi gut tissue. Gut

tissues were incubated with primary anti-CgAKR antibodies and fluorescent secondary

antibody (conjugated with AlexaFluor 568) and observed under a Leica DMI 6000

microscope. Red fluorescence represents CgGH9 immunolocalization; blue

fluorescence represents the nuclei of all tissue cells, as determined using ProLong

Antifade Reagents for Fixed Cells. Similar experiments using either primary or

secondary antibodies independently provided a control for autofluorescence and

nonspecific binding of the fluorescent secondary antibody. Images from the red and

blue channels were recorded independently and digitally overlaid to produce a final

image.

Equipment and settings

The samples were examined at the Biological Imaging Facility of the Brazilian

Biosciences National Laboratory (LNBio) at the Brazilian Center for Research in

Energy and Materials (CNPEM) using a Leica TCS SP8 confocal microscope on a

Leica DMI 6000 with 10× and 40× objectives. Images were collected using a 578 nm

laser for excitation, with emission detection at 603 nm (AlexaFluor 568). The generated

images were analyzed using Leica Application Suite Advanced Fluorescence (LAS AF)

Version 4.3. The images were built through Microsoft® PowerPoint (2010).

CgAKR Structural features

The first CgAKR protein crystals were obtained under conditions containing 5%

PEG400, 0.05 M magnesium sulfate, 2 M ammonium sulfate, and 0.1 M Tris base (pH

8.5). In order to obtain larger and well-formed crystals, manual screening was carried

out by varying the initial condition. A crystal grown in 10% PEG400, 0.1 M magnesium

sulfate, 2 M ammonium sulfate, and 0.1 M Tris base (pH 8.5) was diffracted, and a

complete data set was collected at 2.85-Å resolution. The statistics are described in

Supplementary Table 1.

Supplementary Table 1 - Statistics from X-ray diffraction data collection and

refinement

Page 145: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

145

* Highest resolution shell is shown in parentheses.

The structure of AKR was solved by molecular replacement using an aldose

reductase from Schistosoma japonicum (SjAR). Although CgAKR has only 46.3%

amino acid sequence identity with SjAR, the high structural similarity between them

(RMSD = 0.61 Å) allowed molecular replacement for identification of the initial phases.

The final crystallographic model was composed of two molecules in the asymmetric

unit; however, there was no evidence that the enzyme formed a dimer in solution. Due

CgAKR

Data collection

Wavelength (Å) 1.46

Space group H32

Cell dimensions

a, b, c (Å) 131.14, 131.14, 290.66

α, β, γ(°) 90, 90, 120

Resolution (Å) 44.74–2.85 (3.0–2.85)*

Total reflections 195360

Unique reflections 22740

Rmerge 0.29 (1.65)

Rpim 0.10 (0.64)

I/σI 8.6 (1.5)

Completeness (%) 99.8 (99.9)

Redundancy 8.6 (7.5)

CC ½ (%) 98.7 (53.6)

Refinement

Rwork / Rfree, (%) 23.89/29.01

No. atoms

Protein 4950

Ligand 96

B-factors

Protein 50.6

Ligand 70.6

R.m.s. deviations

Bond lengths (Å) 0.009

Bond angles (°) 0.968

Ramachandran

Favored 95.25

Allowed 4.75

Outliers 0

Page 146: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

146

to poor resolution or absence of electron density, the following residues were not built

in the final model: 1–6 from chain A; and 1–2, 129–136, 225–233, and 316–321 from

chain B.

The two molecules in the asymmetric unit were very similar (RMSD = 0.32 Å),

with the differences located in loops exposed to solvent. Both molecules were

complexed with NADP, and, because the cofactor was not added in any step of

expression, purification, or crystallization, the cofactor could have been supplied by the

expression host (Escherichia coli). The presence of the cofactor with the enzyme, even

after the purification steps, suggested a high affinity for the binding site. The high

affinity of NADP for AKR members has been described previously [2].

Supplementary Figure 5 – Overall crystallographic structure model of CgAKR, chain

A. (A) Cartoon representation showing conserved folding of AKR, known as the (β/α)8

barrel. The secondary structures are highlighted in different colors: β-strands in blue, α-

helices in gold, and loops in pink. (B) Surface representation showing the NADP

binding site crossing the protein structure.

Page 147: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

147

Hydroxyl radical and peroxynitrite (HPF) assays for Fenton reaction detection

The capability of CgAKR to generate H2O2 to enzymatically start the Fenton

reaction was validated in assays using the •OH radical and peroxynitrite sensor (HPF)

(Supplementary Figure 6). As expected, no •OH radicals were produced by CgAKR-1

alone. However, the •OH radical was produced via Fenton chemistry when Fe2+

was

added to the reaction. As presented: Fe2+

+ H2O

2 → Fe

3+ +

•OH + OH−.

Supplementary Figure 6 - ●OH generation by CgAKR-1, NADPH, and Fe

2+, as

measured using an HPF assay kit (see the Materials and Methods), with fluorescence

(RFU) measured using emission wavelengths of 515 nm for 20 min. All reactions were

performed in triplicate in 100 mM phosphate buffer (pH 5.7) at 37°C.

Page 148: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

148

Supplementary Figure 7 -

●OH generation by CgAKR-1, NADPH, Celluclast, PASB,

and Fe2+

, as measured using an HPF assay kit (see the Materials and Methods), with

fluorescence (RFU) using emission wavelengths of 515 nm for 20 min. All reactions

were performed in triplicate in 100 mM phosphate buffer (pH 5.7) at 37°C.

Supplementary references

1 UK Laemmli. Cleavage of structural proteins during the assembly of the head of

bacteriophage T4. Nature. 1970;227:680-5.

2 Penning TM. The aldo-keto reductases (AKRs): Overview. Chem Biol Interact.

2015;234:236-46.

Page 149: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

149

CONCLUSÕES GERAIS

O papel das enzimas endógenas do cupim durante a degradação e

detoxificação da lignocelulose tem sido descoberto ser cada vez mais

importante. De maneira que, o cupim e seus simbiontes devem ser tratados

como uma unidade funcional única e integrativa, denominada de holobiôntica.

Diminuindo a recalcitrância e a toxidade das biomassas lignocelulósicas,

resultará em maiores níveis de liberação de açúcares e melhor rendimento

fermentativo destas. Portando, o cupim como um modelo de transformação da

biomassa contribuirá para o desenvolvimento de tecnologias amplamente mais

eficazes. De forma que, as PADs e AAs descobertas através de estudos

ômicos da digestômica de C. gestroi apresentaram potencial para diversas

aplicações tais como:

1) Sacarificação de biomassa lignocelulósica; 2) Tratamento de frações

não cellulósicas, como a lignina e compostos aldeídicos da lignocelulose; 3)

Desenvolvimento de coquetéis ou organismos recombinantes contendo um

sistema antioxidante e detoxificante para fermentação de biomassas

específicas. 4) Geração de bioeletricidade. Contudo, algumas limitações como

a baixa termoestabilidade e produção destas enzimas poderiam ser

solucionados através de engenharia de proteinas e sua produção industrial por

fungos filamentosos.

Por fim, conclui-se que PADs endógenas de cupins podem ser

consideradas muito promissoras e de múltiplos propósitos, com o potencial

para envolverem-se como “enzimas integrativas” em todos os processos nesta

cadeia.

Page 150: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

150

ANEXOS

PUBLICAÇÕES

PATENTE

Page 151: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

151

ARTIGOS PUBLICADOS

Page 152: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

152

Page 153: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

153

CAPÍTULO DE LIVRO

Page 154: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

154

ARTIGOS SUBMETIDOS:

Submetido para Frontiers in Microbiology:

Discovery of carbohydrate-active enzymes in castes of the lower termite

Coptotermes gestroi

João Paulo Lourenço Franco Cairo; Marcelo Falsarella Carazzolle; Flávia Costa

Leonardo; Luciana Souto Mofatto; Lívia Beatriz Brenelli; Thiago Augusto

Gonçalves; Cristiane Akemi Uchima; Romênia Ramos Domingues, Thabata

Maria Alvarez; Robson Tramontina; Ramon Oliveira Vidal; Fernando Ferreira

Costa; Ana Maria Costa- Leonardo; Adriana Franco Paes Leme; Gonçalo

Amarante Guimarães Pereira & Fabio Marcio Squina*

Submetido para International Journal of Biological Macromolecules

Biochemical and biophysical properties of a metagenome-derived gh5

endoglucanase displaying an unconventional domain architecture

Gabriela C. G. Ematsu; Fabio Marcio Squina; Marcelo V. Liberato; Fernanda

Mandelli; Agnes Cristina Pimentel; João Paulo L. Franco Cairo; Mario de

Oliveira Neto; Douglas A. A. Paixão; César Augusto Gandin; Robson

Tramontina; Thabata Alvarez*

ARTIGOS EM PREPARAÇÃO PARA SUBMISSÃO:

A superoxide dismutase from the lower termite Coptotermes gestroi

displays synergism with carbohydrate-active enzymes for lignocellulose

breakdown

João Paulo L. Franco Cairo; Fernanda Mandelli; Robson Tramontina; David

Cannella; Marcel R. Ferreira; Thiago Augusto Gonçalves; Lívia B Brenelli;

Thabata M. Alvarez; Marcelo F. Carazzole; Adriana F. P Leme; Ana M. Costa-

Leonardo; Claus Felby; Gonçalo A. G. Pereira; Mário Oliveira Neto; Fabio M.

Squina*

Page 155: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

155

CERTIFICADO DO COMITÊ DE ÉTICA CBIO

Page 156: UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS ROBSON …repositorio.unicamp.br/bitstream/REPOSIP/320860/1/Tramontina_Robso… · microscópicos visando o estudo das enzimas endógenas de cupim,

156

DECLARAÇÃO