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Universidade Estadual de Campinas Faculdade de Ciências Médicas ALDVAN ALVES FIGUEIREDO AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE CUIDADORES DE PACIENTES PEDIÁTRICOS COM PARALISIA CEREBRAL TETRAPARÉTICA Campinas 2017

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Universidade Estadual de Campinas

Faculdade de Ciências Médicas

ALDVAN ALVES FIGUEIREDO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE

CUIDADORES DE PACIENTES PEDIÁTRICOS COM

PARALISIA CEREBRAL TETRAPARÉTICA

Campinas

2017

ALDVAN ALVES FIGUEIREDO

AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DE VIDA DE

CUIDADORES DE PACIENTES PEDIÁTRICOS COM

PARALISIA CEREBRAL TETRAPARÉTICA

Dissertação apresentada à Faculdade de Ciências

Médicas Instituto da Universidade Estadual de

Campinas como parte dos requisitos exigidos para a

obtenção do título de Mestra em Ciências, na área de

concentração de Saúde da Criança e do Adolescente.

ORIENTADORA: PROF.ª DR.ª MARIA ÂNGELA BELLOMO BRANDÃO.

CO-ORIENTADORA: PROF.ª DR.ª ELIZETE APARECIDA LOMAZI.

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO

FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA

ALDVAN ALVES FIGUEIREDO, E ORIENTADA

PELA PROF.ª DR.ª MARIA ÂNGELA BELLOMO BRANDÃO.

Campinas

2017

DEDICATÓRIA

A todas as mães de crianças e adolescentes com

paralisia cerebral tetraparética que me ensinaram uma

linguagem silenciosa de amor através do olhar.

AGRADECIMENTOS

Deus é Deus! Meu porto, minha fonte de nutrição! Meu todo!

A minha orientadora, professora Dr.ª Maria Ângela Bellomo Brandão, por seus

ensinamentos, compreensão e paciência. Por acreditar em mim e ser um ponto

importante da minha rede de apoio. Você me proporcionou crescimento, muito além

do profissional. Você é GRANDE orientadora!!! Uma verdadeira MESTRA no

caminho do aprendizado científico como humana e profissional. Não poderia ter tido

orientadora melhor! GRATIDÃO!!!

A minha família por todo apoio. Por ser fonte de bênçãos em minha vida. Fabricio,

Malena Maria, Lucas Gabriel e Melisse. O que dizer? Apenas GRATIDÃO!!! Vocês

sabem o quanto são importantes e especiais.

Aos meus pais, Marlene e Arnobio. A minha irmã Karla Jannaina. Minha turma de

guerreiros e acolhedores. Meus GRANDES mestres! Minha família amada, minha

eterna GRATIDÃO por todo amor que recebo.

A todas as famílias das crianças com PC que participaram deste estudo, pelo

carinho e por confiarem em mim. Fonte do meu aprendizado e da minha dedicação.

A Márcia Arias que permitiu minha entrada no CAIS, Centro de Apoio a Deficiências

Múltiplas. Sem seu amor por essas famílias e por essas crianças não teria tido a

oportunidade de entendê-las de forma tão especial. Você foi uma GUIA, uma luz

muito especial quando mais precisei de forças para continuar com a coleta.

GRATIDÃO!!!

A minha co-orientadora Dra Elizete Aparecida Lomazi pelo carinho e atenção

durante minha chegada ao Ambulatório de Gastropediatria do HC da Unicamp. Seu

acolhimento fez toda diferença!

RESUMO

Introdução: O presente estudou abordou a Qualidade de Vida (QV) de cuidadores

de pacientes com Paralisia Cerebral Tetraparética (PCT) atendidos no setor de

Gastroenterologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da FCM/Unicamp.

Objetivos: Avaliar a Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS), a ansiedade,

a depressão, a desesperança e a ideação suicida dos cuidadores de crianças e

adolescentes com PCT, atendidos no HC-Unicamp. Casuística e métodos: Trata-se

de uma pesquisa de estudo transversal de caráter qualitativo e quantitativo com

cuidadores dos pacientes de PCT do Setor de Gastroenterologia Pediátrica do

Departamento de Pediatria da FCM/Unicamp. A amostra foi composta de 30

cuidadores de pacientes pediátricos com PCT. Para avaliar a QVRS foi utilizado o

Medical Outcomes Study (MOS) SF-36 e as Escalas Beck. Para análise estatística

foi aplicado à análise descritiva dos dados coletados. Resultados: Participaram do

estudo 30 cuidadores com idade média de 39,70 (DP ± 9,04). A idade dos

cuidadores e o número de moradores por residência com os domínios do MOS-SF-

36 e as Escalas Beck mostrou-se significativa: quanto maior o número de moradores

na casa maior a desesperança. A idade, a renda familiar e o nível de escolaridade

não foram relacionados com a QVRS nos domínios do SF-36 dos cuidadores nem

com o Inventário de Depressão (BDI), o Inventário de Ansiedade (BAI) e a Escala de

Desesperança (BHS) que pertencem as Escalas Beck. Houve correlação

significativa entre QVRS dos cuidadores no domínio capacidade funcional (CF) do

SF-36 e as Escalas de Beck BAI e BDI. A QVRS no domínio SM (saúde mental) do

SF-36 foi significativa com as Escalas de Beck BAI e BDI. Conclusão: Observamos

que estudos com PCT e GMFCS nível V sobre QVRS do cuidador não foram

encontrados. Pois os que existem trabalham com amostras mistas de níveis de

GMFCS. Observamos que existe um cuidador principal responsável pelo PCT. A

QVRS dos cuidadores de PCT no presente estudo encontra-se bem abaixo das

médias da população geral normal de homens e mulheres dentro da faixa etária

pesquisada nos domínios do MOS-SF-36 para os componentes de saúde física

(CSF) e para os componentes de saúde mental (CSM). Os níveis de ansiedade,

depressão, desesperança e ideação suicida foram observados em percentuais para

cada Escala Beck. A ansiedade moderada e grave ocorreu em 33.33% da amostra.

Enquanto que a depressão moderada e grave ocorreu em 46.67%. E a

desesperança moderada em 20% dos cuidadores de PCT. Não houve valor

significativo para a ideação suicida na presenta população. A avaliação da QV de

cuidadores de pacientes com PCT descreve o contexto silencioso de uma população

não doente, mas necessitada do olhar das políticas de saúde publica em caráter

emergencial.

Palavras chave: Paralisia cerebral; qualidade de vida; cuidadores; ansiedade;

depressão.

ABSTRACT

Introduction: The present study addressed Quality of Life (QoL) of caregivers of

patients with Cerebral Palsy Tetraparetics (CPT) treated in the Pediatric

Gastroenterology Department of the Pediatric Department of FCM/Unicamp.

Objectives: To assess the QOL, anxiety, depression, hopelessness and suicidal

ideation of caregivers of children and adolescents with CPT attended at HC-

Unicamp. Patients and methods: This is a cross-sectional qualitative and

quantitative study with caregivers of CPT patients from the Department of Pediatric

Gastroenterology, Department of Pediatrics, FCM/Unicamp. The sample consisted of

30 pediatric caregivers with CPQE. To assess the QOL, the Medical Outcomes Study

(MOS) SF-36 and the Beck Scales were used. For statistical analysis it was applied

to the descriptive analysis of the data collected. Results: 30 caregivers with a mean

age of 39.70 (SD ± 9.04) participated in the study. The age of the caregivers and the

number of residents per residence with the SF-36 domains and the Beck Scales

proved to be significant: the higher the number of residents in the house the greater

the hopelessness. Age, family income and level of schooling were not related to

HRQoL in the caregiver's SF-36 domains either with the Depression Inventory (BDI),

the Anxiety Inventory (BAI), and the Hopelessness Scale (BHS) Which belong to the

Beck Scales. There was a significant correlation between the HRQoL of the

caregivers in the SF-36 functional capacity domain (CF) and the BAI and BDI Beck

Scales. The HRQoL in the SM (mental health) domain of the SF-36 was significant

with the BAI and BDI Beck Scales. Conclusion: We observed that studies with

CPQE and GMFCS level V on the caregiver's HRQoL were not found. For those who

exist work with mixed samples of GMFCS levels. We observed that there is a primary

caregiver responsible for PCT. In the present case, 98% of the primary caregiver are

mothers and 2% are maternal grandparents. The HRQoL of CPT caregivers in the

present study is well below the averages of the normal general population of men

and women within the age range surveyed in the MOS-SF 36 domains for the

physical health components (CSF) and for the components of Mental health (MSM).

Levels of anxiety, depression, hopelessness and suicidal ideation were observed in

percentages for each Beck Scale. Moderate and severe anxiety occurred in 33.33%

of the sample. While moderate and severe depression occurred in 46.67%. And the

moderate hopelessness in 20% of the caregivers of PCT. There was no significant

value for suicidal ideation in the present population. The evaluation of the QoL of

caregivers of patients with PCT describes the silent context of a population that is not

ill but needs the look of public health policies in an emergency.

Key words: Cerebral palsy; quality of life; caregivers; anxiety; depression.

LISTA DE TABELAS

TABELA 1: DESCRIÇÃO DO ESTADO CIVIL, DA ESCOLARIDADE E DA RENDA

FAMILIAR DOS PACIENTES COM PARALISIA CEREBRAL...................................37

TABELA 2: DADOS SOBRE A IDADE DOS PACIENTES, DOS CUIDADORES

ENTREVISTADOS, IDADE DOS CUIDADORES PRINCIPAIS, NÚMERO DE

PESSOAS QUE MORAM NA CASA.........................................................................38

TABELA 3: RESULTADO DAS ESCALAS BECK - DISTRIBUIÇÃO EM

FREQUÊNCIA E PORCENTAGEM..........................................................................39

TABELA 4: RESULTADO DO MOS-SF-36, DO WHOQOL-BREF E DAS ESCALAS

BECK DOS CUIDADORES.......................................................................................40

TABELA 5: RESULTADO DO COEFICIENTE DE SPEARMAN ENTRE DOMÍNIOS

DO SF-36 E DO WHOQOL-BREF COM AS ESCALAS BECK (BDI, BAI E BHS)...41

TABELA 6: RESULTADOS DO COEFICIENTE DE SPEARMAN ENTRE OS

DOMÍNIOS DO MOS- SF-36 E OS DOMÍNIOS DO WHOQOL-BREF.....................42

TABELA 7: RESULTADO DAS PESQUISAS REALIZADAS COM MOS-SF-36 EM

ENFERMIDADES GRAVES.....................................................................................51

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PC - PARALISIA CEREBRAL

PCT – PARALISIA CEREBRAL TETRAPARÉTICA

QV – QUALIDADE DE VIDA

QVRS – QUALIDADE DE VIDA RELACIONADA À SAÚDE

FCM – FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS

HC – HOSPITAL DE CLÍNICAS

MOS - MEDICAL OUTCOMES STUDY

SF-36 – Short Form Health Survey 36

BDI - INVENTÁRIO DE DEPRESSÃO

BAI - INVENTÁRIO DE ANSIEDADE

BHS - ESCALA DE DESESPERANÇA

BSI – ESCALA DE IDEAÇÃO SUICIDA

SM - SAÚDE MENTAL

OMS - ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

ECNE - ENCEFALOPATIA CRÔNICA NÃO PROGRESSIVA OU NÃO EVOLUTIVA

GMFCS - GROSS MOTOR FUNCTION CLASSIFICATION SYSTEM

IQOLA - INTERNATIONAL QUALITY OF LIFE ASSESMENT PROJECT

SEIQOL - SCHEDULE FOR THE EVALUATION OF INDIVIDUAL QUALITY OF LIFE

DSM-V - DIAGNOSTIC AND STATISTICAL MANUAL OF MENTAL DISORDERS

WHOQOL - WORLD HEALTH ORGANIZATION QUALITY OF LIFE

CSF - COMPONENTE SAÚDE FÍSICA

CSM - COMPONENTE SAÚDE MENTAL

CF - CAPACIDADE FUNCIONAL

AF - ASPECTOS FÍSICOS

EGS - ESTADO GERAL DE SAÚDE

VT - VITALIDADE

AS - ASPECTOS SOCIAIS

AE - ASPECTOS EMOCIONAIS

SM - SAÚDE MENTAL

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 11

2 OBJETIVOS .................................................................................................................................. 13

2.1 Objetivo geral ..................................................................................................................... 13

2.2 Objetivos específicos ........................................................................................................ 13

3 REVISÃO DA LITERATURA....................................................................................................... 14

3.1 A História da PC ................................................................................................................ 14

3.2 Definição ............................................................................................................................. 16

3.3 Etiologia .............................................................................................................................. 17

3.4 Epidemiologia ..................................................................................................................... 18

3.5 Família ................................................................................................................................. 19

3.6 Qualidade de Vida relacionada à saúde (QVRS) .......................................................... 22

3.7 Saúde Mental ..................................................................................................................... 25

4 MATERIAIS E MÉTODOS .......................................................................................................... 28

4.1 Tipo de pesquisa................................................................................................................ 28

4.2 Material da pesquisa ......................................................................................................... 28

4.3 Amostra ............................................................................................................................... 29

4.4 Critérios de Elegibilidade .................................................................................................. 29

4.5 Aspectos Éticos.................................................................................................................. 29

4.6 Coleta dos dados ............................................................................................................... 29

4.7 WHOQOL-BREF ................................................................................................................ 31

4.8 Questionário MOS-SF-36 ................................................................................................. 32

4.9 Metodologia Estatística ..................................................................................................... 32

4.10 Processamento e Análise dos Dados ............................................................................. 33

4.11 Escalas Beck ...................................................................................................................... 33

4.11.1 Inventário de Ansiedade (BAI) ................................................................................. 33

4.11.2 Inventário de Depressão (BDI)................................................................................. 34

4.11.3 Escala de Ideação Suicida (BSI) ............................................................................. 35

4.11.4 Escala de Desesperança (BHS) .............................................................................. 35

5 RESULTADOS ..................................................................................................................... 28

6 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 35

7 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 44

8 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................ 45

ANEXOS ............................................................................................................................................. 55

11

1 INTRODUÇÃO

A Organização Mundial da Saúde (OMS) define Qualidade de Vida (QV)

como a percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura, e

sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,

padrões e preocupações. 23

A discussão no meio científico sobre QV abriu caminho para um novo

termo, Qualidade de Vida Relacionada à Saúde (QVRS), com abordagem e conceito

que tem se mostrado bastante promissor na área da saúde. Assim, a QV é vista de

forma mais genérica e ampla, influenciada por estudos sociológicos e avaliada nas

pesquisas em pessoas saudáveis da população. A QVRS foca nos aspectos da

autopercepção de bem-estar da pessoa, envolvida ou relacionada com

enfermidades e/ou com cuidados de saúde. Pode ser definida como o valor atribuído

à duração da vida, modificado pelos prejuízos, estados funcionais e oportunidades

sociais que são influenciados por doença, dano, tratamento ou políticas de

saúde.(20,24,35,41)

Diante desse cenário encontram-se os instrumentos de QV genéricos e

específicos que permitem revelar alguns aspectos da condição de saúde das

pessoas, na forma de questionários.35 Os questionários específicos são utilizados

para avaliar a QV de uma doença específica, em uma determinada população de

pacientes, com alguma disfunção, problema ou sintoma.31 É o que ocorre com os

pacientes com paralisia cerebral (PC) ao ter sua QV avaliada.

A PC é a causa mais comum de deficiência física na infância e ocorre em

1:500 crianças.21 É um grupo de distúrbios permanentes do movimento e da

postura1, causando limitação da atividade, que são atribuídas a distúrbios não

progressivos que ocorreram no cérebro fetal ou infantil em desenvolvimento.16 A

definição mais atual de PC é de Desordens do desenvolvimento motor, advindas da

lesão cerebral primária, de caráter permanente e mutáveis, ocasionando alterações

musculoesqueléticas secundárias e limitações nas atividades.(1,9,16,75) Apesar do

termo Encefalopatia Crônica Não Progressiva ou Não Evolutiva (ECNE) ser mais

exato, o termo consagrado é PC.15 A etiologia é muito variada, sendo a mais

12

frequente a anóxia neonatal.(39,40,76) No entanto, o grau de acometimento pode variar

desde quadros leves até quadros de pacientes que apresentam quadriplegia.(1,75)

A PC do tipo tetraplégica espástica ou quadriplégica espástica, ou

tetraespástica, ou tetraparética é o tipo mais severo de PC, com paresia dos

membros superiores do mesmo grau ou mais grave do que os membros

inferiores.(37,53) A epilepsia e os déficits cognitivos são comuns na quadriplégica

espástica e rara na diplegia espástica.(54,55,56) A Ressonância magnética fornece

informações detalhadas sobre as lesões cerebrais, pois é sensível na determinação

do tipo, local e gravidade das lesões de encefalopatias hipóxico-isquêmicas pré-

natais ou perinatais, que são os fatores mais importantes na PC.(55,57,58,59) Faz-se

necessário o estudo de ressonância magnética de rotina em crianças com PC como

uma avaliação da etiologia e um preditor de resultado.(55,57,58,59) Essas informações

ajudam na classificação e gravidade dos casos.

O Sistema de Classificação da Função Motora Grossa (Gross Motor

Function Classification System – GMFCS),4 é usado para avaliar e classificar a

gravidade do comprometimento neuromotor da criança. Por meio desse instrumento,

os pacientes de PC são agrupados em níveis de severidade: os níveis I (passeios

sem restrições) e II correspondem àqueles pacientes com menor limitação da função

e que conseguem deambular sem restrições; o nível III corresponde àqueles que

necessitam de auxílio; o nível IV (automobilidade com limitações, os pacientes são

transportados) e o nível V (a automobilidade é severamente limitada) abrangem

aqueles que utilizam tecnologia para se locomoverem (por exemplo: com cadeiras

de rodas).(5, 6)

O número cumulativo de deficiências graves coloca limitações adicionais

à função e maior risco de morte precoce, além daquelas impostas pelo distúrbio

motor e as deficiências associadas específicas presentes. Os pacientes no nível

GMFCS V ou com subtipos de tetraplégica espástica e hipotonia têm de lidar com

níveis mais elevados de deficiência motora e níveis mais elevados de deficiências

associadas graves, pelo menos 50% têm dois ou mais prejuízos associados,

agravando ainda mais os resultados funcionais e da vida.60 Os cuidadores desses

pacientes vivenciam essa realidade.

13

Os estudos sobre QVRS dos cuidadores de pacientes com PC avaliam

diversos graus de acometimento de acordo com o GMFCS.(38,52,49,50,43) Os pacientes

com acometimento grau V são os que requerem maiores cuidados, por serem

completamente dependentes. A repercussão sobre a percepção da QV dos

cuidadores de pacientes com PCT é o objeto do nosso estudo, uma vez que a

dinâmica familiar e o comprometimento dos cuidados podem afetar a QVRS, visto a

dedicação e os cuidados necessários diuturnamente.

A presente pesquisa tem por objetivo avaliar a QV dos cuidadores de

pacientes com PCT, atendidos no HC-Unicamp. E avaliar os níveis de ansiedade,

depressão, desesperança e ideação suicida dessa população.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Avaliar a QV dos cuidadores de pacientes com PCT, atendidos no HC-

Unicamp.

2.2 Objetivos específicos

2.2.1 Descrever o perfil epidemiológico.

2.1.3 Avaliar os domínios encontrados no WHOQOL-BREF e

no MOS-SF-36 compará-los quantitativamente.

2.1.4 Avaliar a ansiedade, a depressão, a desesperança e a

ideação suicida.

2.1.5 Avaliar a assistência psicológica recebida por esses

cuidadores.

14

3 REVISÃO DA LITERATURA

3.1 A História da PC

O termo paralisia cerebral (PC) existe há mais de um século.

Provavelmente exista sem ser nomeada desde o início da história humana. No

entanto, apesar de sua longa história, não houve unidade de opinião sobre este

problema até hoje.8

As primeiras concepções de paralisia cerebral e nosso conhecimento

sobre etiologia e patogenia nos permitem supor que a paralisia cerebral existia no

Mundo Antigo. Embora haja falta de descrições médicas detalhadas de antes do

século XIX, menções à paralisia cerebral podem ser encontradas na arte

representacional, fontes literárias e paleopatologia.8

Entretanto, devido à má documentação médica, o diagnóstico de paralisia

cerebral deve continuar sendo uma suposição mais ou menos justificada. No mundo

antigo, a primeira descrição médica da paralisia cerebral foi feita por Hipócrates em

seu trabalho "Corpus Hippocraticum".8

O Lancet, em 13 de novembro de 1858, apresenta em comemoração ao

centenário das pesquisas de William John Little vários estudos que mudaram o rumo

da pesquisa científica em torno da PC. Após esse Simpósio do grupo de estudos de

Oxford, inúmeros outros estudos puderam ser desenvolvidos.14

Os exemplos concretos e as definições de PC surgiram no início do

século XIX com as observações de William John Little, médico sênior do Hospital de

Londres. Assim, ele foi o primeiro pesquisador a se envolver intensamente com PC,

ele era um ortopedista que estudava próteses para essa população. E em 1843

descreveu pela primeira vez a paralisia cerebral. Seus estudos contribuíram para

fundações de centros de pesquisas como o “The National Spastics Society”. (8,74)

As datas exatas e quem de fato foi o primeiro a citar o termo paralisia

cerebral fica confuso. Pois na literatura encontramos vários textos. Neste estudo

retratamos que houve de fato várias fontes. No final do século XIX, surgiram mais

15

duas personalidades, que se somaram às características históricas da paralisia

cerebral: William Osler e Sigmund Freud.

Há fortes indícios que Osler tenha sido um dos que chegou ao termo

paralisia cerebral devido ao seu grande campo de conhecimento. Osler ficou

conhecido como médico dos médicos. Reconhecido pela grande habilidade em

diagnosticar e em entender os seus pacientes. Olha-los como humanos e não como

doença. Foi William Osler, que introduziu em 1889 o termo PC infantil. Em seguida,

utilizado por Phelps o grupo de diferentes imagens clínico caracterizado pela

presença de transtornos motores mais ou menos severos devido à lesão do sistema

nervoso central, semelhantes ou não aos transtornos motores da Síndrome de

Little.74

Em 1893, Freud, o famoso psicanalista dedicou-se ao estudo de

neurologia, com base em o fato de que crianças com PC, muitas vezes teve outra

alterações associadas, sugeriu que a doença deve surgir em fases anteriores de

gravidez, devido a efeitos mais Profundas que estão influenciando o

desenvolvimento fetal.(10, 11,12)

O Simpósio de Oxford, em 1958, o Cerebral Palsy Bulletin, número 3,

publica o artigo intitulado “Os problemas e necessidades dos pais de crianças com

paralisia cerebral”.12 Nesse estudo já foi observado que o pai não gostava de

participar das entrevistas, e que apenas a mãe estaria presente. Também

consultaram outros membros da família. Observaram que a ansiedade era um fator

a ser estudado, que a experiência emocional dos pais vinha sempre através do

relato da historia da criança.12

Observou-se que, exceto onde havia óbvios “defeitos ou dificuldades

físicas” (palavras do autor), a ansiedade era a de que a criança se mostrasse

mentalmente defeituosa e essa preocupação aborrecia os pais, causando tensão e

recriminação entre ambos. Os sentimentos de culpa e de fracasso por parte da mãe

eram inseparáveis do contexto. Havia também o sentimento de culpar e de ter raiva

das autoridades médicas responsáveis pelo nascimento da criança o que dificultava

o tratamento. Ao mesmo tempo em que projetavam através dos mesmos suas

esperanças de que a habilidade médica ou um milagre iria corrigir a PC.12

16

A idade em que os pais procuraram pela primeira vez ajuda em relação às

dificuldades de desenvolvimento variou de cinco ou seis meses até 21 meses, mas

uma grande maioria das crianças tinham entre 9 e 15 meses.12

Fizeram parte desse estudo, aproximadamente, 28 famílias. Elas

relataram as dificuldades de receberem um diagnóstico. Essa busca por saberem o

que a criança tem leva a uma carga de estresse elevada. Em alguns casos, os pais

haviam sido informados em algum momento de suas consultas de que a criança era

"um caso sem esperança" ou "nunca seria boa". De um modo geral, a aceitação

plena e construtiva do diagnóstico precisa de tempo para que os pais possam

entender, as histórias familiares relatadas no estudo sustentam isso

completamente.12

O problema familiar geral é multifacetado: há os problemas familiares

internos e os externos. Existe o problema da própria criança portadora de deficiência

e de suas próprias necessidades, a dos pais separadamente e em conjunto, a dos

irmãos e irmãs e a da família como um todo.12

Mas há também os problemas relacionados à esfera pessoal e

socioemocional dos pais. Entre elas, a dor do isolamento onde a família fecha o

círculo pequeno composto por pais e filhos deficientes, a perda dos contatos comuns

aos pais de crianças em idade escolar ativa. Percebeu-se que todos os pais

sofreram as dificuldades físicas de manter contato com amigos e parentes, outros se

sentiam isolados da frequência em ir à igreja, embora poucos se queixassem de

estar presos à sua casa.12

Outros fatores observados foram o cansaço físico de cuidar de um PC, às

vezes as condições de habitação inadequada considerada um dreno adicional em

suas energias. Os problemas dos pais variavam de acordo com as deficiências

físicas (com as dificuldades sensoriais), com sua personalidade e sua disposição.

Eles também mudam à medida que as crianças crescem. Questionamentos sobre o

motivo de sua condição, esperanças e medos para o futuro, depressão, explosões e

angústias associadas com frustrações físicas.12

17

3.2 Definição

Em 1958, no Simpósio de Oxford, o conceito de PC ganha um novo olhar

e em 1959 o Cerebral Palsy Bulletin publica a primeira definição de PC construída

através das discussões de um grupo de pesquisadores. E passa a ser definida como

“uma condição caracterizada por um comprometimento persistente do controle do

movimento e da postura que afeta as partes do cérebro que as controlam e que são

adquiridas durante o desenvolvimento do cérebro em um período inicial da vida.”11

Durante as discussões foi sugerido por Ingram e Polani, que fosse alterado para:

“uma condição não progressiva que afeta as partes do cérebro que controlam os

movimentos e a postura, adquiridos no decurso do desenvolvimento precoce do

cérebro,”11 e a modificação foi aceita.

Esta definição teve em conta várias necessidades entre os presentes

pesquisadores desde a cultura de cada membro representante como também as

dificuldades de tradução para as várias línguas representadas em Oxford.11

Em 1959, dando continuidade as publicações especiais do Cerebral Palsy

Bulletin, Polani ressalta a importância de definir PC olhando para o objeto. Segundo

ele, PC pode ser definida e classificada com vários objetos; estas classificações

podem ser mutuamente intercambiáveis, ou mutuamente inclusivas, ou sobrepostas.

A definição e a classificação podem ser necessárias para o ensino; ou para o

planejamento de tratamento ou educação; ou para o trabalho epidemiológico: ou

como pano de fundo para investigação de causas.10

Depois de dois séculos das primeiras pesquisas, PC é um grupo de

distúrbios permanentes do movimento e da postura,1 causando limitação da

atividade, que são atribuídas a distúrbios não progressivos que ocorreram no

cérebro fetal ou infantil em desenvolvimento.16 A definição mais atual de PC é de

“Desordens do desenvolvimento motor, advindas da lesão cerebral primária, de

caráter permanente e mutáveis, ocasionando alterações musculoesqueléticas

secundárias e limitações nas atividades.”(16,1) Apesar do termo Encefalopatia Crônica

Não Progressiva ou Não Evolutiva (ECNE) ser mais exato, o termo consagrado é

PC.15

18

3.3 Etiologia

Entre os fatores etiológicos mais comuns na gênese da PC têm-se, além

da prematuridade extrema, as malformações cerebrais, as infecções congênitas, em

especial a toxoplasmose, o citomegalovirose e a rubéola; causas genéticas e origem

pós-natal, como meningoencefalites, lesões por afogamento, traumatismos

cranioencefálicos e acidentes vasculares encefálicos.(13,14,76,77)

Os danos para a estrutura do cérebro é estático e permanente; no

entanto, os consequentes sintomas são variáveis e podem mudar ao longo do

tempo16. Além do movimento desordenado ou da postura, as crianças podem ter

uma série de deficiências associadas, incluindo a deficiência intelectual, audição e

déficit visual, nutrição, alimentação e problemas de deglutição, infecções

respiratórias e epilepsia.(21,56,70)

De 70% a 80% dos casos de PC são adquiridos por via pré-natal e por

causas largamente desconhecidas. A etiologia é muito variada, sendo a mais

frequente a anóxia neonatal.(39,40) No entanto, o grau de acometimento pode variar

desde quadros leves até quadros de pacientes que apresentam quadriplegia.(1,76)

3.4 Epidemiologia

As prevalências populacionais relatadas sobre PC dependem da

definição, da proporção da avaliação, das taxas de mortalidade precoce e da

escolha do denominador, bem como da frequência de anormalidade cerebral

subjacente. Não se pode presumir que as comparações de taxas refletem taxas

relativas de anormalidade cerebral sem um exame cuidadoso dos métodos de

estimação.19

As prevalências populacionais sobre PC foram relatadas em várias partes

do mundo em países desenvolvidos com sistemas adequados de notificação

19

baseada na população de nascimento, morte e incapacidade. Observou-se que a

PC aumentou de 4% na década de 1960 para 10% na década de 1990.(3,19)

A paralisia cerebral (PC) é a causa mais comum de deficiência física na

infância e ocorre em uma a cada quinhentas crianças nos Estados Unidos.21 Nos

países desenvolvidos a estimativa da incidência é de 2% a 2,5% por 1000 nascidos

vivos. É um grupo de distúrbios permanentes do movimento e da postura, causando

limitação da atividade, que são atribuídas a distúrbios não progressivos que

ocorreram no cérebro fetal ou infantil em desenvolvimento.16

Assim, a PC tem ao longo da vida substanciais efeitos na função diária e

na qualidade de vida (QV) das crianças e de suas famílias com um custo econômico

estimado em mais de $ 115.000 dólares por pessoa por ano segundo informações

da Access Economics.63

3.5 Família

Família é um sistema bastante complexo. Cada uma é única, diferindo

em tamanho, elementos que a compõem, valores e tantos outros campos que

podem denomina-la ou constitui-la. É um sistema altamente interativo, pois o que

ocorre com um de seus elementos repercute em todo ele.89

Observa-se na escuta clinica que a rotina familiar das crianças e

adolescentes com PC são cuidados pelas mães, avós, ou mães adotivas. Poucas

famílias mantem o núcleo pai – mãe e filho. Pois, em muitos casos, logo que a

criança nasce o pai abandona a mãe. A maioria dos autores indica que o diagnóstico

de deficiência de uma criança abala não só os pais, mas também toda a família.

Pais comunicam-se rapidamente com os avós, pois são eles os interlocutores

privilegiados dos pais após o anúncio da deficiência de seu filho por médicos. E

após o comunicado os avós oferecem ajuda.112

A família deposita no tratamento médico ministrado pelo hospital uma

grande expectativa, sendo infinitamente superior ao que a medicina é capaz de

20

responder. Esperam-se do hospital e dos médicos verdadeiros milagres. Existe uma

ansiedade em busca de respostas que está presente em todo momento.88

Toda família com PCT precisa de apoio. Baranowski92 identificou 12

categorias de apoio oferecido pelos avós: a) ajudar ou falar; b) cuidar do neto; c)

falar com a mãe quando ela questiona; d) O apoio financeiro; e) incentivar quando

as coisas são difíceis; f) aceitar a criança, independentemente do seu

comportamento; g) apoio nas tarefas domésticas; h) fazer atividades interessantes e

relaxantes; i) ter tempo com neto; j) ajudar no transporte; k) ajudar a lidar com os

serviços; l) informar aos pais sobre os serviços dos netos. Em relação às avós

maternas, as mães de 95 estudos consideraram que os suportes mais comuns que

recebem são para ajudar ou conversar com elas, para aceitar a criança e fomentar a

mãe em situações difíceis.92

Em 2001, 4% dos canadenses viveram em uma casa comum, onde

moravam pais, avós e netos. Poucas pesquisas têm estudado a situação dessas

famílias e menos pesquisas ainda têm avaliado famílias onde uma criança tem uma

deficiência. Além disso, alguns avós têm a custódia do neto.96

Em geral, as avós estão se tornando as cuidadoras por várias razões,

entre elas: o consumo de substâncias ilícitas entre os pais, a gravidez na

adolescência, negligência parental, problemas de violência doméstica, distúrbios dos

pais que comprometem a saúde mental, ou a morte de um dos pais ou de uma

situação complexa familiar.97

Dos quatro avós, as avós maternas são mais solidárias, mais dispostas a

aceitar a criança e a encorajar as mães.(92, 93, 94, 95) Em um estudo canadense

longitudinal de coorte de 64 famílias, Trute67 cita relatos de pais que a avó materna é

mais útil e mais disponível comparada aos quatro avós, e que as mães e os pais são

mais sensíveis ao apoio dado pela sua própria mãe. Findler68 analisa o apoio

recebido por 47 pais de uma criança com paralisia cerebral comparada com a

recebida por 43 mães de crianças que não têm.

Observou-se que o papel dos avós está mudando. Eles são mais

numerosos, saudáveis e ativos.98 No Canadá, em 2001, havia cerca de 5,7 milhões

de avós com idade média de 65 anos.96 A maioria das pessoas se tornam avós e

21

vivem perto de um terço da sua existência99, a expectativa de vida é de

aproximadamente 80 anos.113 Além disso, ao longo dos últimos cinquenta anos, as

famílias foram expostos a muitas mudanças como a redução do número de

nascimentos, o aumento do número de divórcios e as famílias não tradicionais, o

maior número de mães no mercado de trabalho, o aumento da mobilidade familiar e

maior acesso aos meios de comunicação. Essas mudanças têm influenciado e

complicado o papel de avós. Onde são mantidos os laços familiares, os avós podem

assegurar a transmissão dos valores da família, passar tempo com o pequeno-filho

ou neta, apoiar os pais e contribuir para o sentimento de estabilidade familiar.98

Turnbull69 demonstraram, em uma perspectiva de ecossistema, que a

deficiência afeta não só a criança, mas toda a família, incluindo avós. Nessas

famílias, os pais responderam as novas necessidades e lidaram com múltiplas

fontes de estresse: o cuidado diário, terapias caras, organização material, falta de

tempo.100 Torna-se mais difícil para os pais para responder a todos os seus

trabalhos, família, dos pais e civil.(101, 102)

Os pais têm que fornecer os esforços de adaptação através questionando

seus valores e seu modo de vida102. Eles também estão envolvidos em esforços

para compreender as peculiaridades de seu filho,103 mas também precisam de

assistência profissional e de suporte para manter o ambiente físico.(104,103) A rede

informal de apoio emocional (escuta, incentivo, empatia), a parte concreta estrutural

(ajuda financeira ou doméstico), informacional (dicas, informação, orientação) e

feedback (avaliação e aprovação das escolhas e ações da pessoa). Nesta rede

informal, avós ocupam um lugar de destaque. (104,103)

Nessa rede complexa de assistência social, emocional e financeira a

família é apoio fundamental. Daí a necessidade de entender como anda a QVRS

tanto dos PCT quanto dos cuidadores de PCT.105 Já que todos concordam que as

demandas diárias dessas crianças causam uma sobrecarga de trabalho cada vez

mais pesada para as mães. Elas sentem os efeitos do estresse e da tensão familiar.

Negligenciando cada vez mais as suas próprias necessidades.90

Assim, a chegada de uma criança com PC mobiliza uma grande

quantidade de informações e transformações na família. A criança começa a ser

22

tratada e olhada por departamentos clínicos de especialidades médicas com

agendas superlotadas de exames, consultas e intervenções. Uma maratona de

compromissos sem fim. A vida familiar que antes tinha uma rotina tranquila, agora

sofre com as inúmeras intervenções e invasões para dar conta do novo membro.

Mas, essa labuta não é compartilhada na maioria dos casos. Ela é unilateral

vivenciada em sua grande realidade pela mãe. E em uma pequena minoria pelos

pais, ou compartilhada com parentes.(69,72,73,74,89)

Dessa forma, observou-se no ambulatório de pediatria do HC da

Unicamp, que talvez a sobrecarga vivenciada pelas famílias pudesse afetar a QV

dos cuidadores principais. Essas observações e inquietações motivaram as

perguntas da presente pesquisa.

3.6 Qualidade de Vida relacionada à saúde (QVRS)

Na década de 1960, o constructo QV passou a ser entendido como QV

subjetiva ou QV percebida pelas pessoas. Tudo indica que influenciado pela OMS,

quando refere que a saúde não se restringe à ausência de doença, mas engloba a

percepção individual de um completo bem-estar físico, mental e social, o conceito

ampliou-se para além da significação do crescimento econômico, buscando envolver

os diversos aspectos do desenvolvimento social.(107,111)

A cada ano os debates sobre QV continuaram. Mas em 1994, Gill e

Feinstein,22 disseram que o termo qualidade de vida que estava sendo aplicado na

literatura médica não parecia ter um único significado. Trouxeram termos que Guyatt

e colaboradores apontaram como possíveis significados, entre eles se destacaram

os seguintes sinônimos: condições de saúde, funcionamento social e qualidade de

vida.(35,36)

Perceberam também que a própria definição de QV não consta na maioria

dos artigos que utilizam ou propõe instrumentos para sua avaliação. Fica assim

compreendido para os estudiosos que QV relacionada com a saúde (Health-related

quality of life) e estado subjetivo de saúde (Subjective health status) são conceitos

23

afins centrados na avaliação subjetiva do paciente, mas necessariamente ligados ao

impacto do estado de saúde sobre a capacidade do indivíduo viver plenamente.78

Atualmente QV é um conceito ainda amorfo, não consensual, com

múltiplas aplicações nas mais diversas disciplinas e campos do conhecimento

humano. Apesar disso, o que de fato caracteriza o conceito de QV é a subjetividade

e a multidimensionalidade. 108 A percepção individual do estado de saúde, ou seja, a

subjetividade tem sido avaliada através dos domínios ou das dimensões da vida.106

Os domínios são conjuntos de questões agrupadas nos instrumentos de avaliação

que se referem a uma determinada área do comportamento ou da condição humana,

por exemplo: domínio psicológico, econômico, espiritual, social, físico, entre outros.

Os instrumentos para a avaliação da QV são classificados como

genéricos e específicos.(2,109,110) Os instrumentos genéricos possibilitam a avaliação

simultânea de várias áreas ou domínios, podem ser usados em qualquer população

e permitem comparações entre pacientes com diferentes patologias. A desvantagem

é o fato de não demonstrar alterações em aspectos específicos, é o caso do Short-

Form Health Survey (SF-36).(2,31,32,34,110)

Existem vários grupos além do grupo WHOQOL que pesquisam a QV. Os

pesquisadores independentes, os pesquisadores subsidiados por diferentes

instituições, como o International Quality of Life Assesment Project (IQOLA) e o

grupo de pesquisadores que construiu o Schedule for the Evaluation of Individual

Quality of Life (SEIQOL). São grupos com diferentes formas de ver o conceito de QV

que reflete na construção dos instrumentos que a avaliam. Eles têm diferentes

perspectivas quanto à universalidade e a relatividade do conceito de QV. (46,47)

A visão universal é apoiada pelo grupo de pesquisadores do IQOLA,

através dos dados do SF-36 coletados em 4 países europeus e através do grupo de

pesquisadores do WHOQOL que coletaram ao redor do mundo através do

WHOQOL-100 e do WHOQOL-BREF.46 A visão realista utiliza-se de uma

abordagem que estuda o individuo com ser único, os instrumentos como o SEIQOL

buscam uma QV única, acessam a QV individualmente. 45

A busca de um instrumento que avaliasse QV dentro de uma perspectiva

genuinamente internacional fez com que a OMS organizasse um projeto colaborativo

24

multicêntrico. O resultado deste projeto foi a elaboração do WHOQOL-100,78 um

instrumento de avaliação de QV composto por 100 itens. A versão em português dos

instrumentos WHOQOL foi desenvolvida no Centro WHOQOL para o Brasil, no

Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal da Universidade Federal do Rio

Grande do Sul, sob a coordenação do Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck e de muitos

outros pesquisadores brasileiros. (23,65)

O Grupo de QV da divisão de Saúde Mental da OMS definiu qualidade de

vida como a percepção do indivíduo de sua posição na vida no contexto da cultura e

sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas,

padrões e preocupações.23

A necessidade de instrumentos curtos que demandem pouco tempo para

seu preenchimento, mas com características psicométricas satisfatórias, fez com

que o Grupo de QV da OMS desenvolvesse uma versão abreviada do WHOQOL-

10078, o WHOQOL- BREF.(79,80)

O WHOQOL foi projetado para avaliar a qualidade de vida independente

de questões culturais. Na sua elaboração, 15 centros participaram simultaneamente

e criaram o WHOQOL – 100,78 instrumento de 100 questões, avaliando 6 domínios:

físico, psicológico, nível de independência, relações sociais, meio ambiente e

espiritualidade/crenças pessoais.(23,78,78)

A partir dele foi feita uma versão abreviada, o WHOQOL – BREF,(79,80)

contendo 26 questões que obtiveram os melhores desempenhos psicométricos da

versão de 100 itens. Na versão abreviada são avaliados 4 domínios: Físico,

Psicológico, Relações Sociais e Meio Ambiente. O WHOQOL - BREF79 é um

instrumento genérico de mensuração da qualidade de vida, contrapondo-se a outros

instrumentos criados e adaptados para avaliá-la em situações específicas.

A versão final do WHOQOL-BREF(79,80) foi composta por 26 questões,

sendo que 24 representam cada uma das facetas que compõem o WHOQOL-10078,

e duas avaliam de forma geral a percepção de saúde e QV. Assim, o WHOQOL-

BREF79

avalia os seguintes domínios da QV: Domínio I - Domínio físico (dor e

desconforto; energia e fadiga; sono e repouso; atividades diárias; dependência de

substâncias medicinais; mobilidade; Capacidade de trabalho); Domínio II - Domínio

25

psicológico (sentimentos positivos; pensamento, aprendizagem, memória e

concentração; autoestima; imagem corporal e aparência; sentimentos negativos;

espiritualidade/religião/crenças pessoais); Domínio III - Relações sociais (relações

pessoais; suporte/apoio social; atividade sexual); Domínio IV- Ambiente (liberdade;

segurança física e proteção; ambiente doméstico; recursos financeiros; cuidados de

saúde e sociais (acessibilidade/disponibilidade e qualidade); oportunidades de

adquirir novas informações e habilidades; participação e oportunidades de

recreação/lazer; ambiente físico (poluição/ruído/trânsito/clima); transporte). Além

destes domínios, as duas primeiras questões do WHOQOL-BREF avaliam a QV

global e percepção geral de saúde. (79,80,78)

Em todos os locais onde os Grupos WHOQOL trabalharam, a sistemática

de pesquisa foi a mesma. Envolvendo a coleta de informações na comunidade, back

translation, grupos focais dos quais participam pacientes, membros da comunidade

e profissionais da saúde. Foram estabelecidas as médias, o estudo da consistência

interna, a validade discriminante, a validade de critério, a validade concorrente com

o Inventário de Beck para depressão (BDI), a Escala de Desesperança de Beck

(BHS) e os coeficientes de fidedignidade.(23,65,78,81)

Outro instrumento que vem ganhando notoriedade é o Questionário

Genérico de QV o Medical Outcomes Study (MOS) - SF-36, traduzido e validado no

Brasil.7 Vem sendo largamente utilizado em todo o mundo demonstrando

propriedades de reprodutibilidade, validade e suscetibilidade às alterações. O

WHOQOL-BREF79 e o MOS-SF-367, 34, estão entre os instrumentos que mais se

destacaram nas pesquisas de avaliação da QV e da QVRS na população

brasileira.91

O MOS-SF-36 é um instrumento genérico, autoaplicável e

multidimensional de avaliação da QV. Este instrumento é composto por 36 itens

distribuídos em oito domínios: capacidade funcional (10 itens), aspectos físicos (4

itens), dor (2 itens), estado geral de saúde (5 itens), vitalidade (4 itens), aspectos

sociais (2 itens), aspectos emocionais (3 itens), saúde mental (5 itens), e uma

questão de avaliação comparativa entre as condições de saúde atual e as de um

ano atrás.(2,7,31,32,34)

26

Os domínios são geralmente agrupados em dois grupos: o físico

(capacidade funcional, aspectos físicos, dor e estado geral de saúde) e o mental

(saúde mental, vitalidade, aspectos sociais e aspectos emocionais). Os valores de

cada domínio são representados em uma escala que varia de zero a 100, sendo que

quanto mais próximo de 100, melhor é a percepção de QV do indivíduo. (7, 34)

3.7 Saúde Mental

No processo de comunicação as emoções também auxiliam os indivíduos

e é neste quesito que sua importância torna-se altamente elevada, pois é

fundamental nos relacionamentos sociais que se desenvolvem ao longo da vida.84

As principais causas da depressão são uma combinação de diversos

fatores que compõe o dia a dia dos seres humanos, sendo eles fatores ambientais

(casa, trabalho, escola, e todos os demais acontecimentos ao longo da vida) e

fatores socioculturais (os relacionamentos, uniões, desuniões, entre outros). Existem

condições de vida de determinados indivíduos, que desde o seu nascimento até a

sua morte, já são propícios para o desenvolvimento de um quadro depressivo, os

fatores históricos que compõe a sua vida e desenvolvimento já contribuem para

isto.87

Outro aspecto emocional estudado por Beck e que o instrumento mensura

é a ansiedade. Segundo o DSM-V os transtornos de ansiedade diferem entre si nos

tipos de objetos ou situações que induzem medo, ansiedade ou comportamento de

esquiva e na ideação cognitiva associada. Assim, embora os transtornos de

ansiedade tendam a ser altamente comórbidos entre si, podem ser diferenciados

pelo exame detalhado dos tipos de situações que são temidos ou evitados e pelo

conteúdo dos pensamentos ou crenças associados.30

De acordo com o tipo e a intensidade da sintomatologia que acomete os

indivíduos, a ansiedade pode ser dividida em ansiedade generalizada, as fobias, a

perturbação obsessivo-compulsiva, os ataques de pânico, estresse pós-traumático.

Em cada tipo de ansiedade o que as diferencia são as formas como os estímulos

lhes são apresentados, bem como a intensidade e duração destes.30

27

Além da depressão e da ansiedade, Beck27 também considerou

importante analisar as manifestações emocionais dos seres humanos em relação ao

que ele denominou de desesperança. Para Beck64 o sentimento de desesperança é

caracterizado por pensamentos autoderrotistas e uma visão pessimista e negativa

diante da vida e do futuro. Outro fator importante é o de que indivíduos que

apresentam transtornos depressivos já têm uma característica de desesperança,

pois tendem a avaliarem-se negativamente a si mesmo, o mundo e o futuro.

Beck27 relaciona a desesperança com a ideação suicida, pois

desenvolveu pesquisas e estudos relacionados com os comportamentos e

características suicidas. Por ideação suicida podemos entender como todo processo

e causas de morte provocadas por uma ação da própria vitima com a percepção do

seu resultado.86

Segundo definição proposta por Cassorla (p. 48):85

O suicídio é a fuga desesperada de algo

insuportável e quando se foge de algo, não

importa para onde se fuja, o importante é livrar-se

disso. O corpo e a mente chegam à exaustão total

e nada mais importa desde que o sofrimento

cesse. O indivíduo, na verdade, não quer morrer,

quer e precisa parar de sofrer.

O suicídio é um fato social, um fenômeno complexo determinado pela

interação de múltiplos fatores, entre eles a constituição biológica do indivíduo, sua

história pessoal, seus elementos emocionais, eventos circunstanciais, bem como o

meio social em que o indivíduo está inserido.(83,82) Nesse fenômeno social que é o

suicídio existem os fatores externos e os internos. Os fatores externos são os

socioculturais. Já os internos são: a desesperança, a depressão, a pulsão de morte,

entre outros. 64

Identificando a importância das emoções no contexto em que o ser

humano está inserido, Beck27 desenvolveu vários estudos e pesquisas, visando

compreender melhor os processos emocionais. E a partir dos resultados obtidos em

suas pesquisas e estudos este autor desenvolveu inventários e escalas, com o

28

intuito de mensurar os níveis das emoções propostas, como por exemplo:

depressão, ansiedade, desesperança e ideação suicida. 64

Há algumas pesquisas relacionadas aos resultados das intervenções

realizadas com PC e muito pouco sobre questões mais amplas que têm impacto

sobre os cuidadores familiares. O surgimento do movimento de promoção da saúde

na última década levou a uma percepção da qualidade de vida como um conceito

mais amplo e mais pertinente para determinar o impacto da assistência aos

membros da família.28

O presente estudo tem por finalidade investigar a QV no contexto sócio

familiar das crianças e adolescentes com PC do tipo tetraparética, atendidos no

Hospital de Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC-Unicamp). Poucas

pesquisas foram realizadas com esta população de cuidadores de crianças e

adolescentes com PC neste ambiente.

Hipótese 1: Será que a qualidade de vida dos cuidadores das crianças e

adolescentes com paralisia cerebral tetraparética, atendidos no Hospital de Clínicas

da Universidade Estadual de Campinas (HC-Unicamp) interfere na dinâmica familiar

dos pacientes e na evolução positiva do quadro clínico dos mesmos?

Hipótese 2: Será que há resultados desfavoráveis de ansiedade, de

depressão, de desesperança e de ideação suicida entre os cuidadores das crianças

e adolescentes com paralisia cerebral tetraparética, atendidos no Hospital de

Clínicas da Universidade Estadual de Campinas (HC-Unicamp) interferindo na QV e

na dinâmica familiar dos mesmos?

4 MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Tipo de pesquisa

Trata-se de uma pesquisa de estudo transversal de caráter qualitativo e

quantitativo com cuidadores dos pacientes de PCT do Setor de Gastroenterologia

29

Pediátrica do Departamento de Pediatria da FCM/Unicamp, classificados como

GMFCS grau V.

4.2 Material da pesquisa

O material humano da pesquisa foi composto por uma orientadora e uma

aluna (pesquisadora). Foi utilizado material de papelaria conforme a necessidade do

trabalho, equipamento computacional, impressora, programa do windows Office para

digitação do texto.

4.3 Amostra

A amostra foi composta de 30 cuidadores de crianças com PCT GMFCS

grau V. Do setor de Gastropediatria do Hospital de Clínicas da Unicamp.

4.4 Critérios de Elegibilidade

Para inclusão dos cuidadores de pacientes no estudo foram utilizados os

seguintes critérios: ser cuidadores de pacientes com diagnóstico de PCT e

aceitarem fazer parte da pesquisa.

Os critérios de exclusão: não ser cuidador de PCT, ou cuidar vez ou outra da criança

ou adolescente com PC.

4.5 Aspectos Éticos

Todos os voluntários e seus responsáveis foram informados a respeito

dos objetivos e procedimentos do estudo e participaram voluntariamente, conforme

determina a resolução número 196/96 do Conselho Nacional da Saúde - CNS. O

30

presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Unicamp -

Campus Campinas (parecer n° 826.972) e no CAAE 35511314.7.0000.5404.

4.6 Coleta dos dados

A coleta dos dados foi realizada no HC da Unicamp e nos locais em que

os cuidadores aguardavam atendimento quando os mesmos estavam liberados. A

caracterização da amostra foi realizada através de um questionário sócio informativo

sobre o paciente e sua família. Esse questionário foi pré-formulado contendo as

principais informações sobre o cuidador e o ambiente familiar. O questionário

utilizado foi composto por 8 questões objetivas de múltipla escolha e de fácil

compreensão. Com as seguintes variáveis independentes: idade gênero, estado

civil, grau de instrução do entrevistado, situação socioeconômica, ocupação atual e

tipos de acompanhamentos obtidos.

A aluna pesquisadora foi apresentada ao paciente selecionado e ao seu

cuidador. Foi explicado que se tratava de uma pesquisa sobre a QV dos cuidadores

de PC. Onde eles não eram obrigados a participarem e que sua escolha não

alteraria seus atendimentos dentro do HC. E que a realização da pesquisa não

geraria benefícios diretos aos participantes.

Após o voluntário cuidador aceitar fazer parte da pesquisa ele foi

preparado para respondê-la. Mesmo diante das inúmeras dificuldades em conseguir

sala para realizar as entrevistas tentamos deixar o ambiente confortável. Pois dentro

do hospital ainda nos falta essa condição.

Após a explicação da pesquisa, da apresentação da mesma e da

aceitação do cuidador procuramos um local adequado para que pudesse responder

o material. Foi apresentado e lido com ele o termo de consentimento livre e

esclarecido (ANEXO 1). Ao final dele partimos para os questionários.

Ao termino da assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido

foi dito para eles: serão aplicados cinco instrumentos e um questionário sócio

31

informativo. O tempo de aplicação é de aproximadamente 30 minutos podendo se

estender mais um pouco de acordo com a necessidade de cada um. Responda no

seu tempo. Estarei aqui para ajuda-lo no que for preciso. A coleta poderá ser

dividida em duas partes se você preferir. Caso perceba que não quer mais

responder é só desistir sem nenhum problema. Fique completamente à vontade para

parar se preferir.

O protocolo de atendimento foi utilizado para configurar e controlar os

participantes da pesquisa (ANEXO 2).

A caracterização da amostra foi realizada através de um questionário

socioeconômico sobre o paciente e sua família. É um questionário pré-formulado

contendo as principais informações sobre o cuidador e o ambiente familiar.66 O

questionário utilizado é composto por 8 questões objetivas e subjetivas de fácil

compreensão. Com as variáveis independentes: idade gênero, estado civil, grau de

instrução do entrevistado, situação socioeconômica, ocupação atual e tipos de

acompanhamentos obtidos (ANEXO 3).

Após a aplicação do questionário sócio informativo foi aplicado os

instrumentos de QV. Para analisar a qualidade de vida dos cuidadores, foi aplicado o

questionário Medical Outcomes Study (MOS) 36-item Short Form Health Survey (SF-

36)31. Após a aplicação do SF36 foi perguntado se o entrevistado gostaria de fazer

uma pausa. Logo em seguida foram aplicadas as Escalas Beck. (BDI, BAI, BHS e

BSI). Após finalizada a coleta agradecemos os participantes.

4.7 WHOQOL-BREF

O WHOQOL-BREF79 consta de 26 questões (ANEXO 4), sendo duas

questões gerais e as demais 24 representam cada uma das 24 facetas que compõe

o instrumento original. Assim, diferente do WHOQOL-10078 em que cada uma das 24

facetas é avaliada a partir de 4 questões, no WHOQOL-BREF79 é avaliada por

apenas uma questão. Os dados que deram origem à versão abreviada foram

extraídos do teste de campo de 20 centros em 18 países diferentes. Assim

32

o WHOQOL-BREF79 é composto por 4 domínios: Físico, psicológico, relações

sociais e meio-ambiente.

O questionário a princípio é de auto-resposta. O entrevistador não deve

influenciar o paciente na escolha da resposta. Não deve discutir as questões ou o

significado destas, nem da escala de respostas. No caso de dúvida o entrevistador

deve apenas reler a questão de forma pausada para o paciente, evitando dar

sinônimos às palavras das perguntas. Insistir que é importante a interpretação do

paciente da pergunta proposta. Em casos de impossibilidade (analfabetismo,

deficiência visual importante, falta de condição clínica.) o instrumento pode ser

aplicado pelo entrevistador, devendo ser redobrados os esforços para evitar a

influência sobre as respostas do indivíduo.79

Os estudos com o WHOQOL-BREF,79 versão brasileira, apontam para

semelhanças com a forma de 100 itens, mas a versão breve refere um número

menor de domínios e o domínio 3, relações sociais, não apresenta validade

discriminante. Mas, de forma geral, a versão breve preenche os critérios de

consistência interna, validade discriminante, validade concorrente, validade de

conteúdo e confiabilidade teste-reteste.

4.8 MOS-SF-36

O MOS-SF-36 é um instrumento multidimensional, composto por 36 itens,

que avaliam dois componentes: o componente saúde física (CSF) e o componente

saúde mental (CSM) (ANEXO 5). O CSF apresenta as seguintes dimensões:

capacidade funcional (CF) que inclui desempenho das atividades diárias, como

capacidade de se cuidar, vestir-se, tomar banho e subir escadas; aspectos físicos

(AF), ou seja, impacto da saúde física no desempenho das atividades diárias e/ou

profissionais; dor (nível de dor e o impacto no desempenho das atividades diárias

e/ou profissionais); estado geral de saúde (EGS) que é a percepção subjetiva do

estado geral de saúde. O CSM consta das dimensões: vitalidade (VT): percepção

subjetiva do estado de saúde; aspectos sociais (AS): reflexo da condição de saúde

física nas atividades sociais; aspectos emocionais (AE): reflexo das condições

33

emocionais no desempenho das atividades diárias e/ou profissionais e saúde mental

(SM): escala de humor e bem-estar. Os resultados de cada componente variam de 0

a 100 (do pior para o melhor status de saúde), com média de 50 e desvio padrão

10.7 É considerada baixa QVRS pontuações de 0-49; razoável de 50- 79 e

excelente de 80-100.(31,32,34)

4.9 Metodologia Estatística

Foi realizada análise exploratória de dados através de medidas resumo

(média, desvio padrão, mínimo, mediana, máximo, frequência e porcentagem). A

correlação entre os instrumentos e entre os instrumentos e as variáveis numéricas

(idade do cuidador e número de moradores na casa) foi avaliada através do

Coeficiente de Spearman. A relação entre os instrumentos e as variáveis categóricas

(renda, escolaridade do cuidador, estado civil do cuidador e acompanhamento

psicológico) foi avaliada através do teste de Mann-Whitney. O nível de significância

adotado foi de 5%.

4.10 Processamento e Análise dos Dados

A caracterização da amostra e a distribuição dos escores obtidos foram

determinadas pela estatística descritiva, média e desvio padrão (DP) e, quando

pertinente, por intervalos de confiança (IC). Cada domínio do SF-36 foi calculado

através da fórmula: [(valor obtido – valor mais baixo) x 100/variação do escore]. Este

cálculo oferece um escore em porcentagem de zero (0) a cem (100),

correspondendo à pior e melhor percepção de QVRS, respectivamente.61

4.11Escalas Beck

As Escalas Beck64 são quatro medidas escalares: O Inventário de

Depressão (BDI)(17;18); o Inventário de Ansiedade (BAI); a Escala de Desesperança

(BHS); a Escala de Ideação Suicida (BSI) (26;27;28;29).

34

4.11.1 Inventário de Ansiedade (BAI)

O BAI é uma escala de autorrelato que mede a intensidade de sintomas

de ansiedade. A escala foi construída com base em vários instrumentos de

autorrelato, usados no CCT (Center for Cognitive Therapy), dos quais foram

selecionados os itens que passaram a compor o Inventário.64

O inventário é constituído por 21 itens com afirmações descritivas de

sintomas de ansiedade e devem ser avaliados pelo sujeito com referência a si

mesmo, numa escala de quatro pontos, que, conforme o Manual refletem níveis de

gravidade crescente de cada sintoma: 1) Absolutamente não; 2) Levemente: não me

incomodou muito; 3) Moderadamente: foi muito desagradável, mas pude suportar; 4)

Gravemente: dificilmente pude suportar. 64

Os itens incluídos no Inventário utilizado são os seguintes: 1) Dormência

ou formigamento; 2) Sensação de calor; 3) Tremores nas pernas; 4) Incapaz de

relaxar; 5) Medo que aconteça o pior; 6) Atordoado ou tonto; 7) Palpitação ou

aceleração do coração; 8) Sem equilíbrio; 9) Aterrorizado; 10) Nervoso; 11)

Sensação de sufocação; 12) Tremores nas mãos; 13) Trêmulo; 14) Medo de perder

o controle; 15) Dificuldade de respirar; 16) Medo de morrer; 17) Assustado; 18)

Indigestão ou desconforto no abdômen; 19) Sensação de desmaio; 20) Rosto

afogueado; 21) Suor (não devido ao calor).64

A aplicação do Inventário não oferece dificuldades e pode ser lido pelo

próprio paciente ou pelo pesquisador. Nesse tipo de aplicação, são usadas as

seguintes instruções:

Este questionário contém 21 sintomas. Eu vou ler cada sintoma em voz alta, um por

um. Depois de cada sintoma que eu ler me diga se você não se incomodou

absolutamente, se incomodou levemente, moderadamente ou gravemente por causa

desse sintoma, durante a última semana, incluindo hoje. Isso inclui agora.64

Ainda que as alternativas de respostas oferecidas ao examinando sejam

de caráter qualitativo, na realidade constituem uma série escalar, de 0 a 3 pontos.

Assim, para cada item atribui-se um escore individual. A soma dos escores

35

individuais representa o escore total, que pode variar entre zero e 63. Este

instrumento foi elaborado para dar resposta à necessidade de diferenciar

adequadamente a ansiedade da depressão.64

4.11.2 Inventário de Depressão (BDI)

A escala original consiste de 21 itens, incluindo sintomas e atitudes, cuja

intensidade varia de 0 a 3. Os itens referem-se à tristeza, pessimismo, sensação de

fracasso, falta de satisfação, sensação de culpa, sensação de punição,

autodepreciação, autoacusações, ideias suicidas, crises de choro, irritabilidade,

retração social, indecisão, distorção da imagem corporal, inibição para o trabalho,

distúrbio do sono, fadiga, perda de apetite, perda de peso, preocupação somática,

diminuição de libido. 64

4.11.3 Escala de Ideação Suicida (BSI)

A Escala de Ideação Suicida (BSI) tem por finalidade medir a extensão do

desejo de morrer e de tentar suicídio.64 Ela é constituída por 21 itens, cada um com

três alternativas de resposta (0 a 2), que avaliam três dimensões da ideação suicida:

ativa, passiva e tentativa prévia de suicídio. Caso a pontuação total seja equivalente

a 6 ou mais, a ideação suicida é considerada clinicamente significante.

Os primeiros 19 itens refletem gradações da gravidade de desejos,

atitudes e planos suicidas, através dos seguintes conteúdos: 1) desejo de viver, 2)

desejo de morrer, 3) razões para viver ou morrer, 4) tentativa de suicídio ativa, 5)

tentativa de suicídio passiva, 6) duração das ideias de suicídio, 7) frequência da

ideação, 8) atitude em relação à ideação, 9) controle sobre atos suicidas, 10)

inibições para a tentativa, 11) razões para a tentativa, 12) especificidade do

planejamento, 13) acessibilidade ou oportunidade do método, 14) capacidade de

realizar a tentativa, 15) probabilidade de tentativa real, 16) extensão da preparação

verdadeira, 17) bilhete suicida, 18) atos finais, 19) despistamento e segredo. Os dois

36

últimos itens possuem caráter meramente informativo e informam o número de

tentativas prévias de suicídio e a seriedade da intenção de morrer, na última delas.

Este instrumento não pode prever um suicídio eventual, mas aponta para a

existência de risco de suicídio entre os que apresentam ideação suicida. 64

4.11.4 Escala de Desesperança (BHS)

É uma escala dicotômica que mede a dimensão do pessimismo ou da

extensão das atitudes negativas frente ao futuro27. Engloba 20 itens, consistindo em

afirmações que o sujeito deve examinar e classificar, cada uma como certo ou

errada, para descrever sua atitude na direção da desesperança na última semana,

incluindo hoje. O seu escore total é resultado da soma dos itens individuais27. Na

sua versão em português, a BHS foi testada em amostras clínicas e na população

geral, demonstrando dados satisfatórios de fidedignidade e validade. 64

37

5 RESULTADOS

Participaram do estudo 30 cuidadores, sendo 25 do gênero feminino e 5

do gênero masculino, para responder aos questionários sociodemográfico,

WHOQOL-BREF, MOS-SF-36, e as Escalas Beck.

A Tabela 1 apresenta os resultados para o estado civil, o grau de

escolaridade e o nível socioeconômico dos cuidadores. A renda familiar para 53.33%

dos cuidadores equivale a dois salários mínimos. Para 36.67% dos cuidadores igual

ou acima de três salários mínimos. Enquanto que 10% recebe um salário mínimo.

Setenta por cento apresenta o estado civil casado. No campo da escolaridade

36.67% apresenta ensino médio completo. Apenas 10% da amostra são

analfabetos.

Frequência Percentual

Casado 21 70.00

Solteiro 8 26.67

Viúvo 1 3.33

Analfabetos 3 10.00

EFI 9 30.00

EFC 5 16.67

EMI 1 3.33

EMC 11 36.67

ESC 1 3.33

1 SM 3 10.00

2 SM 16 53.33

≥ 3 SM 11 36.67

Renda salarial familiar

mensal Salário mínimo (SM)

EFI: Ensino fundamental incompleto; EFC: ensino fundamental

completo; EMI: ensino médio incompleto; EMC: ensino médio

completo; ESC: ensino superior completo; SM: salário mínimo.

Grau de escolaridade

Estado Civil

Tabela 1: Descrição do estado civil, da escolaridade e da renda

familiar dos pacientes com paralisia cerebral.

38

A Tabela 2 a seguir indica as faixas etárias dos pacientes e dos

cuidadores. Também indica a média dos moradores por casa.

A média de idade dos pacientes selecionados foi de 8,60 anos e desvio

padrão de ± 4.43 (Tabela 2). Enquanto que a média de idade dos entrevistados foi

de 38.37 anos e desvio padrão de ± 9.15.

A média de idade dos cuidadores foi de 39.70 anos e desvio padrão de ±

9.04 (Tabela 2), todas do gênero feminino.

Das trinta famílias entrevistadas a média de moradores por casa é de

4.10 moradores e desvio padrão de ±1.54.

Variável N Média D.P Mínimo Mediana Máximo

Idade do paciente (anos) 30 8.60 4.43 4.00 7.00 19.00

Idade do cuidador entrevistado

(pai/mãe/avó) (anos)30 38.37 9.15 23.00 38.50 59.00

Idade do cuidador principal (mãe-avó)

(anos)30 39.70 9.04 23.00 39.00 59.00

Moradores por casa 30 4.10 1.54 3.00 4.00 9.00

Tabela 2: Dados sobre a idade dos pacientes, dos cuidadores entrevistados, idade

dos cuidadores principais, número de pessoas que moram na casa.

39

A Tabela 3 indica os resultados das Escalas Beck. Elucidando os níveis

de depressão e ansiedade nos cuidadores de PCT.

Ao observar os resultados da Tabela 3 referente ao BDI, 30% dos

cuidadores apresentaram depressão leve, 23.33% depressão moderada e 10%

depressão grave. O BAI teve 36.67% dos cuidadores com ansiedade moderada;

10% com ansiedade grave; 23.33% com ansiedade leve e 30% com ansiedade

mínima. Na escala BHS 53.33% dos cuidadores tiveram o mínimo de desesperança;

26.67% apresentaram leve desesperança e 20% disseram ter moderada

desesperança.

Apesar de não estarem na Tabela 3 os resultados do BSI apresentaram

um n=3 considerado muito baixo. Ou seja, nessa população apenas 3 cuidadores

apresentaram resposta positiva para ideação suicida, enquanto que os 27 restantes

não apresentaram respostas positivas para ideação suicida.

Tabela 3: Resultado das Escalas Beck - Distribuição em frequência e porcentagem.

Escalas Beck

Comprometimento n % n acumulado n % n acumulado n % n acumulado

Mínimo 11 36.67 11 9 30.00 9 16 53.33 16

Leve 9 30.00 20 7 23.33 16 8 26.67 24

Moderado 7 23.33 27 11 36.67 27 6 20.00 30

Grave 3 10.00 30 3 10.00 20 - -

BDI (Inventário de Depressão) BAI (Inventário de Ansiedade) BHS (Escala de Desesperança)

40

A Tabela 4 apresenta os resultados dos questionários de QVRS MOS-SF-

36, do WHOQOL-BREF e das Escalas de Beck.

Na Tabela 4, os resultados do MOS-SF-36, os domínios CF e AS,

apresentaram médias de 71.17% e 72.08%. O domínio EGS apresentou uma média

de 63.93%. Enquanto que os domínios AF, Dor, AE e SM apresentaram médias de

51.67%; 55.1%; 53,33% e 59.07%. E o domínio VT apresentou uma média de 48%.

O WHOQO-BREF teve no domínio físico média de 62.26%, no domínio

psicológico média de 62.64%; no domínio das relações sociais média de 54.44%; no

domínio meio ambiente 52.71%. Nas perguntas referentes à saúde geral a média foi

de 44.17% e na satisfação de saúde a média foi de 46.67%.

Variável N Média D.P Mínimo Mediana Máximo

Componentes da Saúde Física

CF 30 71.17 26.74 10 80 100

AF 30 51.67 35.92 0 50 100

Dor 30 55.1 25.98 10 51 100

EGS 30 63.93 16.68 25 64.5 95

Componentes da Saúde Mental

VT 30 48 19.28 10 50 75

AS 30 72.08 28.56 0 75 100

AE 30 53.33 43.42 0 50 100

SM 30 59.07 20.39 16 60 92

BDI 30 15.67 9.96 0 14 43

BAI 30 14.53 8.02 3 15 30

BHS 30 5.3 3.31 0 4 13

WQB-Físico 30 62.26 16.4 25 62.5 85.71

WQB-Psicológico 30 62.64 15.02 25 62.5 83.33

WQB-Relações Sociais 30 54.44 21.96 16.67 58.33 100

WQB-Meio Ambiente 30 52.71 15.08 21.88 50 81.25

WQB- Saúde Geral 30 44.17 19.35 0 50 75

WQB-Satisfação com a Saúde 30 46.67 21.51 0 50 75

MO

S-

SF

-36

WH

OQ

OL

-BR

EF

Escala

s B

eck

CF: capacidade funcional; AF: aspectos físicos; EGS: estado geral de saúde; VT: vitalidade; AE:

aspectos emocionais; SM: saúde mental; WQB: WHOQOL-BREF.

Tabela 4: Resultado do MOS-SF-36, do WHOQOL-BREF e das Escalas Beck dos cuidadores.

41

As Escalas Beck tiveram médias de BDI=15.67%; BAI=14.53% e

BHS=5.3%.

A Tabela 5 apresenta a correlação entre os domínios do MOS-SF-36 e do

WHOQOL-BREF entre as Escalas Beck (BDI, BAI e BHS).

Os domínios do MOS-SF-36 que se correlacionaram positivamente com

as Escalas Beck foram: o domínio CF com o BDI (p=0,0340) e BAI (p=0,0074); o

domínio SM com o BDI (p=0,0035), BAI (p=0,0187) e com o BHS (p=0,0153).

No WHOQOL-BREF os domínios significativos foram o Físico com o BDI

(p=0,0223) e com o BAI (p=0,0024); o Psicológico com o BDI (p=0,0329) e com o

BHS (p=0,0224); o Meio ambiente com o BDI (p=0,0129) e com o BAI (p=0,0386); e

a Satisfação com a saúde com o BDI (p=0,0048) e com o BAI (p=0,0367).

BDI BAI BHS

CF -0.38817 -0.47885 -0.10274

(p-valor) 0.0340 0.0074 0.5890

AF -0.29415 -0.33445 -0.17305

(p-valor) 0.1146 0.0708 0.3605

Dor -0.17263 -0.29904 -0.06687

(p-valor) 0.3616 0.1084 0.7255

EGS -0.10322 -0.14778 -0.28250

(p-valor) 0.5873 0.4358 0.1304

VT -0.29691 -0.33771 -0.22440

(p-valor) 0.1111 0.0680 0.2332

AS -0.29159 -0.29854 -0.29428

(p-valor) 0.1180 0.1091 0.1144

AE -0.20302 -0.28162 -0.20816

(p-valor) 0.2819 0.1316 0.2697

SM -0.51581 -0.42680 -0.43876

(p-valor) 0.0035 0.0187 0.0153

WQB-Físico -0,41579 -0,53348 -0,20212

(p-valor) 0,0223 0,0024 0,2841

WQB-Psicológico -0,39038 -0,21688 -0,41543

(p-valor) 0,0329 0,2497 0,0224

WQB-Relações Sociais -0,18529 -0,24897 -0,13051

(p-valor) 0,3270 0,1846 0,4918

WQB-Meio Ambiente -0,4485 -0,37953 -0,29996

(p-valor) 0,0129 0,0386 0,1073

WQB-Geral 0,18846 0,29882 0,29822

(p-valor) 0,3186 0,1087 0,1094

WQB-Satisfação com a Saúde 0,50086 0,38309 0,2567

(p-valor) 0,0048 0,0367 0,1709

WH

OQ

OL

-BR

EF

MO

S-

SF

-36

CF: capacidade funcional; AF: aspectos físicos; EGS: estado geral de saúde; VT: vitalidade;

AE: aspectos emocionais; AS: aspectos sociais; SM: saúde mental. BDI: Inventário de

Depressão; BAI: Inventário de Ansiedade; BHS: Escala de Desesperança; WQB: WHOQOL-

BREF. Realizado através do coeficiente de Spearman.

Tabela 5: Resultado da correlação entre domínios do SF-36 e do WHOQOL-BREF com as

Escalas Beck (BDI, BAI e BHS).

42

A Tabela 6 correlaciona os domínios do MOS-SF-36 com os domínios do

WHOQOL-BREF.

Observa-se que há correlação positiva entre o domínio WHB-Físico e os

seguintes domínios do MOS-SF-36: CF (p=0,0020); AF (p=0,0005); Dor (p=0,0048),

EGS (p=0,0063); VT (p=0,0013); AE (p=0,0003); SM (p=0,0003).

O domínio WQB-Psicológico correlaciona-se significativamente com os

domínios do MOS-SF-36 de Dor (p=0,0243); VT (p=0,0032); AS (p=0,0258); AE

(p=0,0209); SM (p=0,0008).

No domínio WQB-Relações Sociais há correlação significativa entre os

domínios do MOS-SF-36 Dor (p=0,0008) e SM (p=0,0008).

Já o domínio WQB-Meio Ambiente apresenta correlação positiva com os

domínios do MOS-SF-36 Dor (p=0,0243); VT (p=0,0032); AE (p=0,0209); SM

(p=0,0008).

Enquanto que o domínio WQB-Geral tem correlação significativa com os

domínios do MOS-SF-36: CF (p=0,0020); AF (p=0,0005); Dor (p=0,0048), EGS

(p=0,0063); VT (p=0,0013); AE (p=0,0003); SM (p=0,0003).

O WQB-Satisfação com a Saúde apresenta correlação positiva com os

domínios do MOS-SF-36 Dor (p=0,0243); AE (p=0,0209); SM (p=0,0008).

WQB-Físico WQB-Psicológico WQB-Relações Sociais WQB-Meio Ambiente WQB-Geral WQB-Satisfação com a Saúde

(p-valor) (p-valor) (p-valor) (p-valor) (p-valor) (p-valor)

CF 0.54052 0.09000 -0.10837 0.25576 -0.37658 -0.17426

(p-valor) 0.0020 0.6362 0.5687 0.1725 0.0402 0.3571

AF 0.59744 0.33950 0.04085 0.22034 -0.66656 -0.30678

(p-valor) 0.0005 0.0664 0.8303 0.2420 < .0001 0.0992

Dor 0.62999 0.41037 0.42648 0.38694 -0.36760 -0.41143

(p-valor) 0.0002 0.0243 0.0188 0.0347 0.0457 0.0239

EGS 0.48767 0.16745 0.9615 0.09933 -0.62300 -0.30383

(p-valor) 0.0063 0.37645 0.6132 0.6015 0.0002 0.1026

VT 0.56084 0.52079 0.33002 0.46162 -0.61394 -0.18822

(p-valor) 0.0013 0.0032 0.0749 0.0102 0.0003 0.3192

AS 0.30380 0.40661 0.18026 0.28172 -0.18154 -0.14981

(p-valor) 0.1027 0.0258 0.3405 0.1315 0.3370 0.4294

AE 0.61954 0.41976 0.34392 0.38329 -0.44075 -0.43776

(p-valor) 0.0003 0.0209 0.0628 0.0365 0.0148 0.0155

SM 0.61767 0.57710 0.49125 0.57645 -0.45785 -0.49238

(p-valor) 0.0003 0.0008 0.0058 0.0009 0.0110 0.0057

WHOQOL-BREF

CF: capacidade funcional; AF: aspectos físicos; EGS: estado geral de saúde; VT: vitalidade; AE: aspectos emocionais; SM: saúde mental. BDI: Inventário de Depressão;

BAI: Inventário de Ansiedade; BHS: Escala de Desesperança; WQB: WHOQOL-BREF.

MO

S-

SF

-36

Coeficiente de Spearman

Tabela 6: Resultados do Coeficiente de Spearman entre os domínios do MOS- SF-36 e os domínios do WHOQOL-BREF.

43

No questionário sócio informativo respondido pelos cuidadores de PCT

sobre: Você tem vontade de ter acompanhamento psicológico? A resposta foi de

53,33% para aqueles que não desejam atendimento psicológico. Enquanto que

46,67% dos cuidadores disseram que gostariam de ter acompanhamento

psicológico.

44

6 DISCUSSÃO

Muitos estudos sobre PC foram realizados ao longo desses dois séculos.

Os desenvolvimentos significativos que se seguiram desde então, até hoje, são

todos devido às contribuições de Little, Freud e Osler.(10,74) Depois deles em

diferentes lugares do mundo vários pesquisadores iniciaram suas pesquisas sobre

PC, modificando e contribuindo com diversos achados.

Ao acompanhar as pesquisas num primeiro momento da história

observamos a preocupação dos pesquisadores em definir PC(1,8,10,11,16), em entender

de fato o que é. Ao realizar esse trabalho sentimos a necessidade de ter uma

definição apenas para os PCT, diferente dos demais casos de PC. O que

complementou foi o GMFCS(4,5,6), que no nosso caso trata-se do GMFCS V. Ao

observar a evolução da definição, que teve seu primeiro grande debate em 1958,

podemos ver o quanto se modificou até os dias atuais.16 Mas o que se modificou foi

devido as inúmeras pesquisas que vem sendo realizadas em sua grande maioria

pelos países desenvolvidos. Isso se estende para a etiologia, que também sofreu

algumas mudanças devido aos avanços oriundos ao campo da genética, das

ressonâncias magnéticas, das politicas de saúde publica e dos estudos em torno da

gestação.

Já na epidemiologia observa a necessidade de mais estudos. De

pesquisas mais detalhadas principalmente nos países subdesenvolvidos e em

desenvolvimento, como é caso do Brasil. Faz necessárias as separações dos casos

de PC pelo GMFCS com denominadores mais detalhados.19 Especificando melhor

cada caso e suas ocorrências para que gerem dados mais uniformes. Em países

desenvolvidos como Canadá, Austrália, Reino Unido, Estados Unidos da América,

Noruega, Suécia e Columbia Britânica, existem interesse por parte do governo e dos

pesquisadores em alimentar os dados sobre a população de PC. Esses dados são

alimentados com frequência.(3,19) Assim fica mais fácil realizar trabalhos e

desenvolver metas para esses pacientes, entender suas reais necessidades.

Aqui no Brasil esses dados ainda não são claros. Tudo indica que estão

misturados com os dados do censo.25 O que se torna muito complicado entender as

separações de cada enfermidade. Mesmo realizando inúmeras pesquisas sobre

45

esses dados aqui no Brasil, as citações existentes não são fidedignas. Pois ao

serem rastreadas por nós perderam sua veracidade. Também não temos no Brasil,

dados sobre a realidade econômica dos gastos governamentais com PC. O que

podemos fazer é estimar através de observações inconclusivas que esses gastos

variam de família para família. Dos tratamentos e da realidade socioeconômica de

cada uma delas. Mas, sem dúvida que todas realizam tratamentos financiados, ou

pleiteados por organizações governamentais. Sejam pelo estado, ou por

Organizações não governamentais, mas que de uma forma ou de outra recebem

ajuda do governo dentro da classe socioeconômica em que essa pesquisa foi

realizada.

Vivemos um momento de realizar estudos mais detalhados sobre essa

população, seu meio ambiente e sua família, principalmente do cuidador. De acordo

com Oliveira e Dounis,72 torna-se necessário realizar estudos com amostras

maiores, com homogeneidade dos grupos em relação aos níveis de

comprometimento da PC e que correlacione estes diferentes níveis com as

alterações na estrutura familiar dos cuidadores, para que os profissionais ligados à

reabilitação, em especial, os terapeutas ocupacionais, possam atuar não só nas

alterações clínicas, mas também em suas repercussões psicológicas e sociais, tanto

da criança como dos membros de sua família.

O estudo dos grupos homogêneos, que foi o caso dessa pesquisa, ajuda

a entender melhor as dificuldades e necessidades de cada grupo de PC e assim

delinear melhor as políticas de saúde pública. Ao ler os artigos publicados no

Cerebral Palsy Bulletin,(10,11,12,13,14) referidos nesse trabalho, observamos que muitos

avanços desde então puderam ocorrer para essa população. E a cada momento a

pesquisa contribui para que ocorram novas informações e novos olhares. Ainda

podemos realizar muitas ações para esse grupo de pacientes e suas famílias.

É comum no meio familiar, onde estão muitas vezes inseridos os

pacientes com PC, as queixas dos seus familiares, a não medicação conforme

orientação médica, separações/desestruturação da família. Isso também foi

observado em 1958 pelo grupo intitulado Little Club.10 Quando Sykes12 descreve que

os pais não gostavam de participar das entrevistas, das dificuldades já vivenciadas

desde então, dos medos e receios existentes em ter uma criança com dificuldades

46

motoras e mentais. Essa realidade não mudou até hoje. Nas respostas dadas pelos

cuidadores de forma espontânea, assim como nas respostas de Sykes,12 esses

medos se fazem presente.

Outra questão observada foi o isolamento dos pais e a preferencia pelos

grupos iguais de crianças com o mesmo grau de comprometimento de PC. Sykes12

relata essa situação e mesmo após tantos anos dos seus estudos pouco foi

modificado. Enquanto esperava para realizar as entrevistas observava a forma em

que as mães se agrupavam e marcavam os encontros. Faziam suas reuniões entre

elas. Observei que até para participar da pesquisa a força do grupo interferia. Se um

dos membros não concordasse todas as outras as mães eram solidárias com ela. As

famílias entrevistadas nessa pesquisa eram bastante fechadas. Núcleos muito

isolados.

Precisamos de muitos encontros para conseguir realizar as entrevistas

dessa pesquisa. Com isso pudemos perceber o funcionamento social dessas

famílias. E ao ler os relatos de Sykes12 compreendemos que a dor e o medo de

serem rejeitadas às levam ao isolamento, ou as preferências dos seus pares com os

mesmos problemas. Elas só aceitavam responder aos questionários depois que

eram apresentadas por alguém de confiança e que tinham carisma.

É um fato conhecido que a QV é subjetiva, e é importante considerar que

ela pode mostrar diferenças importantes entre países, culturas e outros fatores. No

entanto, ter uma criança com PC é um problema universal, compartilhado com as

mesmas características e experimentado por todas as mães que estão lidando com

este problema.51 Então, mesmo sendo a QV subjetiva a PC ultrapassa as barreiras

do subjetivo tornando-se algo complexo em qualquer cultura.

Levando em conta essas observações buscamos no WHOQOL-BREF e

no MOS-SF-36 alguma relação com as informações vivenciadas. Observamos que

no domínio WHB-Relações Sociais e no domínio AS do MOS-SF-36 as média

encontradas foram de 54.44% e 72.08% (Tabela 4). Observamos que WHB-

Relações Sociais teve correlação positiva com os domínios do MOS-SF-36 Dor e

SM. Enquanto o domínio AS do MOS-SF-36 teve correlação positiva com o WQB-

Psicológico (Tabela 7). Isso confirma o que em 1958 foi relatado por Sykes12

47

referente ao medo, a dor e ao isolamento social. E que ainda hoje é observado entre

as mães/famílias de PC.

A doença, ou qualquer doença, é sempre uma situação de crise, um

acontecimento estressor, que produz efeitos no doente e na família. Apesar das

alterações das funções e estruturas familiares registradas nas últimas décadas,

continuam a serem, na maioria dos casos, os familiares diretos do sexo feminino que

mais apoiam estes doentes, desempenhando assim o papel de cuidadores informais

(CI). 71

São sem dúvida alguma as mulheres que exercem o papel de cuidadora

em sua grande maioria. Nessa pesquisa 100% dos cuidadores principais são

mulheres, ou são mães, ou são avós. A figura masculina, ou o pai, exerce o papel do

cuidador secundário em 2% dos 30 casos entrevistados.

Além do papel de cuidadora dessa população pesquisada, essas

mulheres exercem o papel de donas de casa, de esposas e em alguns casos de

mães de outras crianças. Assim, sua jornada de trabalho é de 24h. Pois seus filhos

apresentam todos os cuidados que um PCQR demanda. Não se trata de um caso

simples de PC. Mas da forma mais complexa que existe. São crianças/adolescentes

completamente dependentes.

Olhando para todas as demandas existentes nesse grupo de pacientes

tivemos o interesse de ver a QVRS e a saúde mental no contexto da vida dos

cuidadores dos PCQR. Conhecer suas emoções, sua ansiedade, sua depressão,

sua desesperança e sua ideação suicida.

A amostra foi composta por 30 cuidadores, sendo 21 casados (70%); 8

solteiros (26.67%) e apenas um viúvo (3.33%). Entre eles, 11 cuidadores (36.67%)

concluíram o ensino médio, e apenas um (3.33%) não concluiu; 9 cuidadores (30%)

não conseguiram concluir o ensino fundamental, e apenas 5 cuidadores (16.67%)

concluíram o ensino fundamental; 3 deles (10%) são analfabetos e somente um

(3.33%) concluiu o superior (Tabela 1).

A maioria dos cuidadores, ou seja, 70% são donas de casa e 30% exerce

alguma atividade fora. Ou seja, 70% dos pacientes são cuidados pela mãe 24h por

48

dia, enquanto que 30% são cuidados na maioria dos casos pelas avós ou uma

pequena minoria por algum parente da família.

Observamos que a idade dos cuidadores, a renda da família e o nível de

escolaridade (Tabela 1 e 2) não estão correlacionados significativamente com a

QVRS dos cuidadores nem com as Escalas Beck (BDI, BAI e BHS).64 Talvez isso

ocorra devido à amostra já ter uma renda salarial baixa, pois todos são de classe

econômica baixa.

Ao observar os resultados da Tabela 3, referente ao BDI, 30% dos

cuidadores apresentaram depressão leve; 23.33% depressão moderada e 10%

depressão grave, enquanto que 36.67% apresentaram ansiedade moderada. Esses

dados podem ser vistos no domínio SM do MOS-SF-36 quando o mesmo apresenta

uma média de 59.07, confirmando uma QVRS nesse domínio comprometida.

A avaliação da QVRS é feita de forma subjetiva, através da percepção da

pessoa avaliada sobre sua QV. Não podemos dizer o que uma pessoa percebe de si

mesma. Apenas descrever os dados que elas responderam e compara-los a outras

pesquisas semelhantes. No caso dos cuidadores de PCT não existem pesquisas

homogêneas com essa população. O que existe é de forma mista com outros graus

de PC.

O que podemos dizer dos resultados encontrados no WHOQOL-BREF e

no MOS-SF-36 sobre a percepção das cuidadoras de PCT sobre sua QVRS? O que

todos nós desejamos saber é de fato como é a QVRS dessas cuidadoras. Mas como

comparar um grupo tão particular? Com quem vamos comparar? Com as médias

encontradas na população geral dos países desenvolvidos? Ou com as médias

encontradas no nosso país em pessoas consideradas doentes? Essa é uma

pergunta que nos fazemos ao perceber a QV aqui encontrada. Ou simplesmente

descrever os resultados encontrados sem dizer se é uma boa QV ou uma QV abaixo

da norma geral da população?

Considerando essas questões citadas anteriormente, resolvemos

comparar os resultados encontrados na Tabela 4, com os resultados encontrados

nos países desenvolvidos e como os resultados encontrados no Brasil. Ampliando

49

nosso olhar do quão perto ou longe estava a percepção da QVRS dos cuidadores de

PCT.

Na Tabela 4, observamos que os valores das médias do MOS-SF-36 para

os componentes da saúde física (CF=71.17%; AF=51.67%; Dor=55.1%;

EGS=63.93%) e nos componentes da saúde mental (VT=48%; AS=72.08%;

AE=53.33%; SM=59.07%) tiveram médias abaixo das encontradas na população de

países desenvolvidos segundo Ware31.

De acordo com a pesquisa de Ware31 (um dos coordenadores e criadores

do MOS-SF-36) a pontuação média do domínio CF do MOS-SF-36 nos países

desenvolvidos é em média entre 80 e 90, enquanto que a pontuação média de VT

está abaixo de 60 (na escala de 100 pontos) na população geral. Ao usar a

pontuação 0-100 original, essas diferenças nas normas devem ser mantidas em

mente ao interpretar um perfil. Sem se referir as normas, fica claro que sempre que

uma pontuação de escala é inferior a 50, o estado de saúde está abaixo da média, e

cada ponto é um décimo de um desvio padrão.

Os valores do WHOQOL-BREF (Tabela 4) apresentaram as seguintes

médias em seus domínios: WQB-Físico=62.26%; WQB-Psicológico=62.64%; WQB-

Relações Sociais=54.44%; WQB-Meio Ambiente=52.71%; WQB-Saúde

Geral=44.17%; WQB-Satisfação com a saúde=46.67%. O WHOQOL-BREF é

considerado bom quando sua média se encontra acima de 50%. Observamos que o

WQB-Saúde Geral e WQB-Satisfação com a saúde encontram-se abaixo do valor

considerado bom.

Em populações homogêneas de PC com o GMFSC V também não

encontramos pesquisas de QVRS e de QV. Encontramos pesquisas com GMFSC

heterogêneos. Ao consultar essas pesquisas(114,115,116,117,118) encontramos valores

muito próximos dos encontrados neste trabalho. Nos domínios WQB-Relações

Sociais e WQB-Meio Ambiente as médias encontradas são semelhantes, pois

tendem a ter valores menores. No quesito Saúde Geral e WQB-Satisfação com a

saúde não encontramos referencias de valores. Os resultados desta forma, de

maneira geral, não diferem dos exemplos apresentados para o MOS-SF-36 ao ser

comparado com as demais pesquisas com pacientes de diferentes enfermidades na

Tabela 7.

50

A correlação do MOS-SF-36, do WHOQOL-BREF entre as Escalas Beck

mostram o quanto esses domínios se relacionam com elas. Observamos que existe

correlação positiva com maior frequência nos domínios do WHOQOL-BREF (Tabela

5).

Ao correlacionarmos os domínios do WHOQOL-BREF com os domínios

do MOS-SF-36 percebemos que o WQB-Físico e a WQB-Saúde Geral tem mais

correlação positiva com os domínios do MOS-SF-36 (Tabela 6).

O MOS-SF-36 foi traduzido, validado e adaptado culturalmente, para o

Brasil, por Ciconelli7 em 1997. Ele foi validado em pacientes com artrite reumatoide,

de acordo com algumas etapas propostas pelos coordenadores do International

Quality of Life Assesment Project (IQOLA).31 Ao observar os resultados encontrados

por Ciconelli7 (Tabela 7) e ao compara-los com os resultados encontrados nesta

pesquisa de cuidadores de PCT percebemos que os domínios AF, Dor, EGS, VT,

AS, AE e SM do MOS-SF-36 apresentaram uma QVRS menor que os pacientes com

diagnóstico fechado de artrite reumatoide, que é uma enfermidade crônica, e com

idade média de 49.42 anos e predominância no gênero feminino. Ou seja,

aproximadamente 10 anos a mais que a população de cuidadores de PCT que não

são diagnosticados com enfermidades crônicas.

Observando os resultados de Ciconelli7 resolvemos pesquisar outros

estudos de cuidadores de enfermidades crônicas e ver os seus resultados em

relação aos encontrados nesse estudo. Ver de que forma a percepção da QVRS

dessas cuidadoras de PCT com GMFCS V4 estão próximas ou não de outras

cuidadoras de enfermidades crônicas, ver Tabela 7.

Nos estudos de Eyigor48 (Tabela 7), os cuidadores de crianças

oncológicas apresentam uma QVRS próxima a QVRS dos cuidadores de PCT

encontrados no presente estudo. OS resultados que diferem no SF-36 para os

cuidadores de PCT se encontram no domínio CF e Dor com médias menores que as

encontradas nos cuidadores de crianças com câncer. Enquanto que nos domínios

do EGS, do VT e do AE as médias encontradas em ambos os grupos se aproximam.

Já no domínio CF os cuidadores de PCT tem QVRS abaixo da QVRS encontrada

nos cuidadores de crianças com câncer.

51

Nos achados de Ferreira62 sobre pacientes de diabetes mellitus os

resultados indicam que ficaram abaixo da média da população geral nos domínios

CF, AF, VT, AE e SM. Observamos que o domínio VT (m= 48.00) da presente

casuística é próximo ao VT (m=48.60) encontrado por Ferreira62 em sua população.

Já na pesquisa realizada por Ünalan42, os resultados que se encontram

abaixo da média da população geral são: AF, VT, AS, AE, SM. Percebemos que a

média do domínio Dor do MOS-SF-36 na presente casuística se aproxima da média

do domínio dor encontrada nos resultados de Ünalan.42 O domínio VT do MOS-SF-

36 chama a atenção por permanecer abaixo da média nessa pesquisa e em

outras.(48; 62; 42)

A Tabela 7 apresenta os dados encontrados nas pesquisas do MOS-SF-36

para pacientes e cuidadores de enfermidades graves.

Os estudos sobre os cuidadores de PC que utilizaram o MOS-SF-36

incluem PC com vários graus de acometimento. (38,52,49,50,43) No presente estudo,

incluímos apenas pacientes com GMFCS V,4 ou seja, os que precisam de maiores

cuidados, o que é inédito na literatura, pois as pesquisas existentes são de amostras

mistas com GMFCS nos níveis I, II, III e IV. 4

É importante ressaltar que os cuidadores dos pacientes com PCT não são

diagnosticados como doentes. Mas ainda assim podem ter sua percepção de QVRS

comparada com os resultados encontrados em pacientes que são doentes. Isto pode

acontecer devido à demanda exigida no campo físico e mental do cuidador para

cuidar do ente com PCT. Onde existe uma necessidade constante de cuidados

gerando um estado de alerta e desgastes físicos e emocionais.

MOS- SF-36

Ciconelli

Pacientes AR

média

Ferreira

Cuidadores DM

média

Eyigor

Cuidadores CO

média

Ünalan

Cuidadores LE

média

Presente casuística

média

CF 66.5 48.2 89.95 51.7 71.17

AF 59.5 38.6 46.35 38.5 51.67

Dor 63.96 53 73.6 54.3 55.1

EGS 68.22 51.1 61.44 55.4 63.93

VT 66.3 48.6 45.25 45.86 48

AS 87 63.08 59.37 44.72 72.08

AE 66.66 46.6 52.3 32 53.33

SM 70.32 49.9 45.55 48 59.07

CF: capacidade funcional; AF: aspectos físicos; EGS: estado geral de saúde; VT: vitalidade; AE: aspectos emocionais; SM: saúde

mental. AR: artrite reumatoide; DM: Diabetes Mellitus; CO: Crianças Oncológicas; LE: Lesão da medula.

Tabela 7: Resultado das pesquisas realizadas com MOS-SF-36 em enfermidades graves.

52

Na pesquisa realizada por Brehaut44 os cuidadores de crianças com PC

(GMFCS com vários níveis) tiveram maior probabilidade de diminuição do bem-estar

físico, com dor nas costas, enxaqueca, úlcera intestinal ou estomacal, asma ou

artrite/reumatismo, bem como maior número de doenças físicas crônicas.

Na presente pesquisa o valor que se encontra abaixo da média na QVRS,

segundo o MOS-SF-36 é apenas o domínio VT (m=48.00; p=19.28). Significando

que os cuidadores de PCT sentem-se cansados e desgastados o tempo todo. Ao

observar o WHOQOL-BREF no domínio WHB-Satisfação com a saúde (m=46.67;

p=21.51), também observamos um resultado abaixo dos 50% da pontuação

considerada boa.

O domínio SM do MOS-SF-36 está correlacionado com a quantidade de

moradores que moram na mesma casa. Sendo significativo o comprometimento

desse domínio com a quantidade de pessoas dentro da família. Então, quanto maior

o número de moradores dentro dessas famílias pior a saúde mental dos cuidadores.

Também foi significativo o BHS com a quantidade de moradores na mesma família.

Quanto maior o número de moradores na família pior é a depressão do cuidador. O

domínio SM do MOS-SF-36 está correlacionado com o BDI. Quanto maior a

depressão pior a QVRS do cuidador.

No questionário socioeconômico respondido pelos cuidadores de PCT

sobre: Você tem vontade de ter acompanhamento psicológico? A resposta foi que

53.33% dos cuidadores disseram não e 46.67% disseram sim. Em outra pergunta

complementar: Você tem acompanhamento psicológico? Responderam não 62.07%

e responderam sim 37.93% dos entrevistados. Na pesquisa realizada por Eyigor48

em cuidadores de crianças oncológicas observou que entre as mães de crianças

com câncer, 58% expressaram seu desejo de compartilhar suas experiências com

outra pessoa e 46% expressaram a necessidade de apoio psicológico. Observa-se

que os cuidadores de pacientes crônicos apresentam uma necessidade de serem

escutados e acolhidos.

Em outro quesito do questionário, quando foi perguntado aos cuidadores

de PCT se haviam tido ansiedade ou depressão, 63.33% deles responderam sim

para ansiedade. Enquanto que 66.67% responderam que não tiveram depressão.

Esses dados subjetivos de autopercepção ao serem comparados com os dados

53

quantitativos dos questionários de QVRS e das Escalas Beck reforçam os resultados

encontrados no BDI que apresentou 36.67% de comprometimento mínimo; 30% de

comprometimento leve; 23.33% de comprometimento moderado e 10% de

comprometimento grave. Enquanto que o BAI apresentou 10% de comprometimento

grave; 36.67% de comprometimento moderado; 23.33% de comprometimento leve e

30% de comprometimento mínimo (Tabela 3).

Observou-se que o BDI e o BAI são diretamente proporcionais, ou seja,

conforme o BDI aumenta o BAI também aumenta. Então, os cuidadores que

apresentaram depressão têm mais chances de apresentarem ansiedade. Nem o BAI

nem o BDI estão relacionados com o BHS. Que teve 53.33% de comprometimento

mínimo de desesperança; 26.67% comprometimento leve e 20% comprometimento

moderado de desesperança para os cuidadores. E no BSI não houve dados

relevantes.

54

7 CONCLUSÃO

Observamos que estudos sobre QVRS de cuidadores de PCT com

GMFCS-V em amostras homogêneas não foram encontradas. As pesquisas

existentes trabalham com amostras heterogêneas de PC com GMFCS em níveis

diferenciados.

Os dados mostraram que em cada família existe um cuidador principal

responsável pela criança/adolescente com PCT, 70% dos cuidadores principais são

mães e 30% são avós. Mesmo sendo a QVRS sendo subjetiva a PC ultrapassa as

barreiras do subjetivo tornando-se algo complexo e de difícil manejo em qualquer

cultura.

As Escalas Beck mostraram que os cuidadores têm depressão e

ansiedade em níveis que requerem observações e em alguns casos

acompanhamento médico especializado. Na sua maioria não apresentam ideação

suicida nem desesperança.

A QVRS dos cuidadores de PCT no presente estudo encontra-se abaixo

das médias da população geral normal de homens e mulheres dentro da faixa etária

pesquisada nos domínios do MOS-SF-36 para os componentes de saúde física

(CSF) e para os componentes de saúde mental (CSM). No WHOQOL-BREF os

resultados da percepção de QVRS estão abaixo da população normal sem doenças.

As satisfações com a saúde e a saúde geral se encontram bem abaixo da média

esperada, e considerada boa. Tanto o MOS-SF-36 quanto o WHOQOL-BREF

tiveram respostas abaixo da população geral de pessoas consideradas normais.

A QVRS dos cuidadores de PCT foi comparada as de pacientes com

enfermidades crônicas e a de outros cuidadores de pacientes crônicos.

55

A avaliação da QV de cuidadores de pacientes com PCT descreve o

contexto silencioso de uma população não doente, mas necessitada do olhar das

políticas de saúde publica em caráter emergencial.

Declaração de Interesse

Não houve conflito de interesse nessa pesquisa.

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66

ANEXOS

Anexo 1 – Termo de Consentimento Livre Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Título da pesquisa: Avaliação da qualidade de vida de cuidadores de

Pacientes pediátricos com paralisia cerebral tetraparética

Nome dos responsáveis:

Orientadora da pesquisa: MARIA ANGELA BELLOMO BRANDÃO, pediatra, trabalha no Setor de Gastroenterologia Pediátrica do Departamento de Pediatria da

FCM/Unicamp.

Orientanda da pesquisa: ALDVAN ALVES FIGUEIREDO, psicóloga, aluna de mestrado do Departamento de Pediatria da FCM/Unicamp

Número do CAAE: (inserir após aprovação pelo CEP)

Você está sendo convidado a participar como voluntário de um estudo de Dissertação de Mestrado. Onde a orientanda Aldvan Alves Figueiredo fará a coleta dos dados. Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador. Por favor, leia com atenção e calma, aproveitando para esclarecer suas dúvidas. Se houver perguntas antes ou mesmo depois de assiná-lo, você poderá esclarecê-las com o pesquisador. Se preferir, pode levar para casa e consultar seus familiares ou outras pessoas antes de decidir participar. Se você não quiser participar ou retirar sua autorização, a qualquer momento, não haverá nenhum tipo de penalização ou prejuízo. Justificativa e objetivos:

67

O nascimento de uma criança com paralisia cerebral provoca mudanças na instituição familiar. Têm-se percebido na prática clínica, em ambulatórios de pediatria que a falta de conhecimento, a respeito da qualidade de vida dos cuidadores, gera muitas dúvidas para os membros da família, a qual vive em lutas constantes pela sobrevivência. O objetivo deste estudo é avaliar a qualidade de vida dos cuidadores de crianças e adolescentes com paralisia cerebral, atendidos no HC-Unicamp. Procedimentos: Participando do estudo você está sendo convidado a: realizar preenchimento dos seguintes questionários: Whoqol- bref, SF-36, Escalas Beck e um questionário socioeconômico.

Observações:

Detalhar frequência: você precisará de um encontro para responder as perguntas, caso tenha algum problema solicitaremos novo encontro. Duração da aplicação dos instrumentos será de aproximadamente 30 minutos. Será aproveitada sua vinda para o HC e o tempo livre que tenha não havendo necessidade de deslocamento para o local do estudo e outros aspectos relevantes.

Caso seja necessário terá inclusão em grupo experimental ou controle, se aplicável.

Desconfortos e riscos: O tempo aproximado de aplicação dos questionários é de 30 minutos.

Você não deve participar deste estudo se:

Desconfortos e riscos que podem ocorrer com o sujeito de pesquisa: tiver dificuldades de permanecer atento as perguntas; dificuldades de ficar sentado, ou qualquer outro problema que lhe cause desconforto.

Providências e cautelas adotadas para minimizar esses desconfortos e riscos: caso o tempo seja ultrapassado de 30 minutos poderemos dividir a aplicação dos questionários em dois momentos. Ou se surgir qualquer situação inesperadamente que cause desconforto ou risco será suspensa a aplicação.

Benefícios: Os benefícios (vantagens) para os sujeitos de pesquisa serão coletivas em termos de conhecimento, retorno social, acesso aos procedimentos, produtos ou agentes da pesquisa. Acompanhamento e assistência: Caso seja percebido, a necessidade de acompanhamento e assistência ao participante será encaminhado para atendimento psicológico, médico ou assistente social. Sigilo e privacidade:

68

Você tem a garantia de que sua identidade será mantida em sigilo e nenhuma informação será dada a outras pessoas que não façam parte da equipe de pesquisadores. Na divulgação dos resultados desse estudo, seu nome não será citado. Ressarcimento: Não haverá ressarcimento de despesas (por exemplo, transporte, alimentação, diárias etc.). Estudo será feito durante a rotina do participante, como consulta médica no hospital nos horários livres de espera. Contato:

Em caso de dúvidas sobre o estudo, você poderá entrar em contato com o pesquisadores. Torna-se evidente a garantia de quaisquer esclarecimentos em relação à pesquisa antes, durante ou após a realização da mesma. Desde já agradeço sua atenção e colaboração e coloco-me à disposição para esclarecer qualquer dúvida. Orientanda: Aldvan Alves Figueiredo telefone: (19) 99210-9105 – e-mail: [email protected] Orientadora: Maria Angela B. Brandão: e-mail: [email protected] Endereço profissional: Departamento de Pediatria/FCM/UNICAMP - Rua Tessália Vieira de Camargo, 126 - Barão Geraldo - Campinas – SP; CEP: 13083-887; Fone (19) 3521-7082

Em caso de denúncias ou reclamações sobre sua participação e sobre questões éticas do estudo, você pode entrar em contato com a secretaria do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da UNICAMP: Rua: Tessália Vieira de Camargo, 126; CEP 13083-887 Campinas – SP; telefone (19) 3521-8936; fax (19) 3521-7187; e-mail: [email protected] Consentimento livre e esclarecido:

Após ter sido esclarecimento sobre a natureza da pesquisa, seus objetivos, métodos, benefícios previstos, potenciais riscos e o incômodo que esta possa acarretar, aceito participar:

Nome do(a) participante: ________________________________________________________ _______________________________________________________ Data: ____/_____/______. (Assinatura do participante ou nome e assinatura do seu responsável LEGAL) Responsabilidade do Pesquisador:

69

Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma cópia deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP perante o qual o projeto foi apresentado. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante.

______________________________________________________ Data: ____/_____/______.

(Assinatura do pesquisador) NOME DO PACIENTE: Data: Pai/mãe ou responsável legal: RG do responsável: Assinatura: Anexo 2 – Protocolo de coleta dos dados

HD:

I. Identificação do paciente

- Nome:

- HC: - Sexo: ( ) F ( ) M

- Data de nascimento:

70

Anexo 3 – Questionário de Caracterização da Amostra

Questionário socioeconômico dos cuidadores de PCT

1)Dados da criança/adolescente:

Nome da criança ou adolescente

__________________________________________

Idade: ____ anos DN: ____/ ____/ _____ gênero: ( ) F ( ) M

Tipo de Paralisia Cerebral:

________________________________________________

Comorbidades: _______________

2)Dados da Mãe:

Idade: _______ anos

Estado Civil: Escolaridade:

( ) mora com o pai da criança ( ) analfabeto

( ) mora com outro companheiro ( ) ensino fundamental incompleto

( ) não tem companheiro ( ) ensino fundamental completo

( ) outro ( ) ensino médio completo

( ) superior

Profissão: ________________________________

71

Jornada de trabalho: ( ) não trabalha ( ) meio turno ( ) integral ( ) outro

3) Dados do Pai:

Idade: _______ anos

Estado Civil: Escolaridade:

( ) mora com a mãe da criança ( ) analfabeto

( ) mora com outra companheira ( ) ensino fundamental incompleto

( ) não tem companheira ( ) ensino fundamental completo

( ) outro ( ) ensino médio completo

( ) superior

Profissão: ________________________________

Jornada de trabalho: ( ) não trabalha ( ) meio turno ( ) integral ( ) outro

4)Dados do Cuidador:

Idade: _______ anos

Relação ou parentesco: ________________________________

Renda familiar mensal R$:

( ) um salário ( ) dois salários ( ) acima de três salários

Quantas pessoas moram na casa: _____

5)Dados da convivência criança/adolescente:

a) Com quem a criança ou adolescente vive?

( ) os pais ( ) mãe ( ) pai ( ) avós ( ) outro familiar ____________

( ) outros ____________

b) O(s) responsável(is) pelo atendimento, cuidados e locomoção da criança ou

adolescente é(são):

( ) os pais ( ) mãe ( ) pai ( ) avós ( ) outro familiar ____________

72

( ) outros ____________

6)Dados de assistência psicológica a família:

a) Foi realizado algum acompanhamento psicológico a família?

( ) não ( ) sim

(Que tipo de acompanhamento?_________________________________)

b) Foi realizado algum acompanhamento psicológico ao cuidador(a)?

( ) não ( ) sim

(Que tipo de acompanhamento?_________________________________)

c) O cuidador sente vontade de ter um acompanhamento psicológico?

( ) não ( ) sim

(Por quê?__________________________________________________)

d) O cuidador já teve depressão?

( ) não ( ) sim

e) O cuidador já teve crise de ansiedade?

( ) não ( ) sim

7) Dados de acompanhamento multidisciplinar:

( ) não ( ) sim

( ) psicologia ( ) fonoaudiologia ( ) terapia ocupacional ( ) fisioterapia

8) O cuidador já teve alguma enfermidade que comprometesse a função de cuidar

da criança/adolescente?

( ) não ( ) sim

Qual(is)?________________________________________________________)

73

Anexo 4 - WHOQOL-BREF

Coordenação do GRUPO WHOQOL no Brasil

Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck

Professor Adjunto

Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

Porto Alegre-RS-Brasil

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE

PROGRAMA DE SAÚDE MENTAL

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE

GENEBRA

GRUPO WHOQOL

VERSÃO EM PORTUGUÊS DOS INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO DE

QUALIDADE DE VIDA (WHOQOL) 1998

WHOQOL - ABREVIADO

Versão em Português

Somente para uso da coordenação

____________________

Equações para computação dos escores dos domínios

Escore Bruto

Escore Transformado*

4-20 0-100

Domínio 1 (6-Q3) + (6-Q4) + Q10 + Q15 + Q16 + Q17 + Q18 =

74

_____ + _____ + ___ + ___ + ___ + ___ + ___

Domínio 2 Q5 + Q6 + Q7 + Q11 + Q19 + (6-Q26) __ + __ + __ + ___ + ____ + _____

=

Domínio 3 Q20 + Q21 + Q22 ___ + ___ + ___

=

Domínio 4 Q8 + Q9 + Q12 + Q13 + Q14 + Q23 + Q24 + Q25 ___ + ___ + ___ + ___ + ___ + ___ + ___ + ___

=

Instruções

Este questionário é sobre como você se sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras áreas de sua

vida. Por favor responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma

questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá

ser sua primeira escolha.

Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos perguntando o que

você acha de sua vida, tomando como como referência as duas últimas semanas. Por exemplo, pensando nas

últimas duas semanas, uma questão poderia ser:

nada Muito pouco médio muit

o completame

nte

Você recebe dos outros o apoio de que

necessita? 1 2 3 4 5

Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos

outros o apoio de que necessita nestas últimas duas semanas.

Portanto, você deve circular o número 4 se você recebeu muito apoio como abaixo.

nada Muito

pouco médio muito completamente

Você recebe dos outros o apoio de que

necessita? 1 2 3 5

Você deve circular o número 1 se você não recebeu nada de apoio.

Por favor, leia cada questão, veja o que você acha e circule no número e lhe parece a melhor

resposta.

muito ruim Ruim nem ruim

nem boa boa muito boa

1 Como você avaliaria

1 2 3 4 5

75

sua qualidade de vida?

muito

insatisfeito Insatisfeito

nem

satisfeito

nem

insatisfeito

satisfeito muito

satisfeito

2

Quão

satisfeito(a

) você está

com a sua

saúde?

1 2 3 4 5

As questões seguintes são sobre o quanto você

tem sentido algumas coisas nas últimas duas semanas.

nada muito

pouco

mais

ou

menos bastante extremamente

3 Em que medida você acha que sua dor

(física) impede você de fazer o que você

precisa? 1 2 3 4 5

4 O quanto você precisa de algum

tratamento médico para levar sua vida

diária? 1 2 3 4 5

5 O quanto você aproveita a vida? 1 2 3 4 5

6 Em que medida você acha que a sua vida

tem sentido? 1 2 3 4 5

7 O quanto você consegue se concentrar? 1 2 3 4 5

8 Quão seguro(a) você se sente em sua vida

diária? 1 2 3 4 5

9 Quão saudável é o seu ambiente físico

(clima, barulho, poluição, atrativos)? 1 2 3 4 5

76

As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer certas

coisas nestas últimas duas semanas.

nada muito

pouco médio muito completamente

10 Você tem energia suficiente para

seu dia-a- dia? 1 2 3 4 5

11 Você é capaz de aceitar sua

aparência física? 1 2 3 4 5

12 Você tem dinheiro suficiente para

satisfazer suas necessidades? 1 2 3 4 5

13 Quão disponíveis para você estão

as informações que precisa no

seu dia-a-dia? 1 2 3 4 5

14 Em que medida você tem

oportunidades de atividade de

lazer? 1 2 3 4 5

As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito você se sentiu a respeito de vários aspectos de sua

vida nas últimas duas semanas.

muito ruim ruim nem ruim

nem bom bom muito

bom

15

Quão bem

você é capaz

de se

locomover?

1 2 3 4 5

muito

insatisfeito Insatisfeito

nem

satisfeito

nem

insatisfeito

satisfeito Muito

satisfeito

77

16

Quão

satisfeito(a)

você está com

o seu sono?

1 2 3 4 5

17

Quão

satisfeito(a)

você está com

sua

capacidade de

desempenhar

as atividades

do seu dia-a-

dia?

1 2 3 4 5

18

Quão

satisfeito(a)

você está com

sua

capacidade

para o

trabalho?

1 2 3 4 5

19

Quão

satisfeito(a)

você está

consigo

mesmo?

1 2 3 4 5

20

Quão

satisfeito(a)

você está com

suas relações

pessoais

(amigos,

parentes,

conhecidos,

colegas)?

1 2 3 4 5

21

Quão

satisfeito(a)

você está com

sua vida

sexual?

1 2 3 4 5

22

Quão

satisfeito(a)

você está com

o apoio que

você recebe

de seus

amigos?

1 2 3 4 5

78

23

Quão

satisfeito(a)

você está com

as condições

do local onde

mora?

1 2 3 4 5

24

Quão

satisfeito(a)

você está com

o

seu acesso

aos serviços

de saúde?

1 2 3 4 5

25

Quão

satisfeito(a)

você está com

o seu meio de

transporte?

1 2 3 4 5

As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou experimentou

certas coisas nas últimas duas semanas.

nunca Algumas

vezes freqüentemente muito

freqüentemente sempre

26

Com que

freqüência

você tem

sentimentos

negativos tais

como mau

humor,

desespero,

ansiedade,

depressão?

1 2 3 4 5

Alguém lhe ajudou a preencher este questionário?

..................................................................

Quanto tempo você levou para preencher este questionário?

..................................................

Você tem algum comentário sobre o questionário?

OBRIGADO PELA SUA COLABORAÇÃO

Projeto desenvolvido para a OMS no Brasil pelo Grupo de Estudos em Qualidade de Vida

Coordenação: Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck

17/9/1998 - Departamento de Psiquiatria e Medicina Legal

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

ESTE TRABALHO É SOMENTE PARA USO CIENTÍFICO

79

Anexo 5 – MOS-SF-36

Versão Brasileira do Questionário de Qualidade de Vida – MOS-SF-36

1- Em geral você diria que sua saúde é:

Excelente Muito Boa Boa Ruim Muito Ruim

1 2 3 4 5

2- Comparada há um ano atrás, como você se classificaria sua idade em geral, agora?

Muito Melhor Um Pouco Melhor Quase a Mesma Um Pouco Pior Muito Pior

1 2 3 4 5

3- Os seguintes itens são sobre atividades que você poderia fazer atualmente durante um dia comum. Devido à sua saúde, você teria dificuldade para fazer estas atividades? Neste caso, quando?

Atividades Sim, dificulta

muito Sim, dificulta

um pouco

Não, não dificulta de

modo algum

a) Atividades Rigorosas, que exigem muito esforço, tais como correr, levantar objetos pesados, participar em esportes árduos.

1 2 3

b) Atividades moderadas, tais como mover uma mesa, passar aspirador de pó, jogar bola, varrer a casa.

1 2 3

c) Levantar ou carregar mantimentos 1 2 3

d) Subir vários lances de escada 1 2 3

e) Subir um lance de escada 1 2 3

f) Curvar-se, ajoelhar-se ou dobrar-se 1 2 3

80

g) Andar mais de 1 quilômetro 1 2 3

h) Andar vários quarteirões 1 2 3

i) Andar um quarteirão 1 2 3

j) Tomar banho ou vestir-se 1 2 3

4- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu trabalho ou com alguma atividade regular, como consequência de sua saúde física?

Sim Não

a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades?

1 2

b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2

c) Esteve limitado no seu tipo de trabalho ou a outras atividades. 1 2

d) Teve dificuldade de fazer seu trabalho ou outras atividades (p. ex. necessitou de um esforço extra).

1 2

5- Durante as últimas 4 semanas, você teve algum dos seguintes problemas com seu trabalho ou outra atividade regular diária, como conseqüência de algum problema emocional (como se sentir deprimido ou ansioso)?

Sim Não

a) Você diminui a quantidade de tempo que se dedicava ao seu trabalho ou a outras atividades?

1 2

b) Realizou menos tarefas do que você gostaria? 1 2

c) Não realizou ou fez qualquer das atividades com tanto cuidado como geralmente faz.

1 2

6- Durante as últimas 4 semanas, de que maneira sua saúde física ou problemas emocionais interferiram nas suas atividades sociais normais, em relação à família, amigos ou em grupo?

De forma nenhuma Ligeiramente Moderadamente Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

7- Quanta dor no corpo você teve durante as últimas 4 semanas?

Nenhuma Muito leve Leve Moderada Grave Muito grave

1 2 3 4 5 6

8- Durante as últimas 4 semanas, quanto a dor interferiu com seu trabalho normal (incluindo o trabalho dentro de casa)?

De maneira alguma Um pouco Moderadamente Bastante Extremamente

1 2 3 4 5

81

9- Estas questões são sobre como você se sente e como tudo tem acontecido com você durante as últimas 4 semanas. Para cada questão, por favor dê uma resposta que mais se aproxime de maneira como você se sente, em relação às últimas 4 semanas.

Todo Tempo

A maior parte do tempo

Uma boa parte do tempo

Alguma parte

do tempo

Uma peque

na parte

do tempo

Nunca

a) Quanto tempo você tem se sentindo cheio de vigor, de vontade, de força?

1 2 3 4 5 6

b) Quanto tempo você tem se sentido uma pessoa muito nervosa?

1 2 3 4 5 6

c) Quanto tempo você tem se sentido tão deprimido que nada pode anima-lo?

1 2 3 4 5 6

d) Quanto tempo você tem se sentido calmo ou tranqüilo?

1 2 3 4 5 6

e) Quanto tempo você tem se sentido com muita energia?

1 2 3 4 5 6

f) Quanto tempo você tem se sentido desanimado ou abatido?

1 2 3 4 5 6

g) Quanto tempo você tem se sentido esgotado?

1 2 3 4 5 6

h) Quanto tempo você tem se sentido uma pessoa feliz?

1 2 3 4 5 6

i) Quanto tempo você tem se sentido cansado?

1 2 3 4 5 6

10- Durante as últimas 4 semanas, quanto de seu tempo a sua saúde física ou problemas emocionais interferiram com as suas atividades sociais (como visitar amigos, parentes, etc)?

Todo Tempo

A maior parte do tempo

Alguma parte do tempo

Uma pequena parte do tempo

Nenhuma parte do tempo

1 2 3 4 5

11- O quanto verdadeiro ou falso é cada uma das afirmações para você?

Definitivamente verdadeiro

A maioria das vezes

Não sei

A maioria

das

Definitiva-

mente

82

verdadeiro vezes falso

falso

a) Eu costumo obedecer um pouco mais facilmente que as outras pessoas

1 2 3 4 5

b) Eu sou tão saudável quanto qualquer pessoa que eu conheço

1 2 3 4 5

c) Eu acho que a minha saúde vai piorar

1 2 3 4 5

d) Minha saúde é excelente

1 2 3 4 5