the lord of the rings e a estética da finitude

Upload: andre-luiz-rodriguez-modesto-pereira

Post on 07-Apr-2018

221 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    1/32

    Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita FilhoFaculdade de Cincias e Letras de Araraquara

    Andr Luiz Rodriguez Modesto Pereira

    The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    Araraquara2011

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    2/32

    2

    Andr Luiz Rodriguez Modesto Pereira

    The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    Dissertao apresentada Faculdade de Cinciase Letras da Universidade Estadual PaulistaJlio de Mesquita Filho,campus deAraraquara, como parte dos requisitos paraobteno do ttulo de Mestre em EstudosLiterrios.Linha de pesquisa: Teoria da LiteraturaOrientao: Prof Dr Karin Volobuef Apoio: Bolsa FAPESP

    Araraquara

    2011

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    3/32

    3

    Andr Luiz Rodriguez Modesto Pereira

    The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    Dissertao apresentada Faculdade de Cinciase Letras da Universidade Estadual PaulistaJlio de Mesquita Filho,campus deAraraquara, como parte dos requisitos paraobteno do ttulo de Mestre em Estudos

    Literrios.Linha de pesquisa: Teoria da LiteraturaOrientao: Prof Dr Karin Volobuef Apoio: Bolsa FAPESP

    Data da aprovao: 27.06.2011

    Membros da banca examinadora

    Presidente e Orientador: Profa. Dra. Karin Volobuef Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho

    Membro Titular: Prof. Dr. lvaro Luiz HattnherUniversidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho

    Membro Titular: Prof. Dr. Joo Batista Toledo PradoUniversidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita Filho

    Local:Universidade Estadual Paulista Jlio de Mesquita FilhoFaculdade de Cincias e LetrasUNESP Campus de Araraquara

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    4/32

    4

    Aos meus bisavs Gustav e Hulda Seehagen...

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    5/32

    5

    Agradecimentos

    Agradeo aos meus pais e ao meu irmo que sempre me deram apoio e estiverampresentes nos momentos mais difceis e especialmente por terem comprado os meus primeirosexemplares deO Hobbit e de O Senhor dos Anis . Agradeo ao restante da minha famliatambm, minha v Nady, que me ensinou a buscar sempre a perfeio; ao meu av Rubens,por me mostrar que se pode rir at nos momentos mais difceis; s minhas tias Dududa eIrenchen por sempre e incondicionavelmente acreditarem em mim; ao Jnior, Eneida e minha prima Ana Lusa pelas reunies em famlia e os natais menos vazios; e ao meu tio JooGustavo pelos conselhos, pela fora e por me arrancar alguns risos.

    Agradeo professora Karin Volobuef que me abriu a oportunidade maravilhosa deestudar J. R. R. Tolkien, quando o meio acadmico j comeava a parecer um tanto cinzento eempoeirado. Agradeo tambm a todos os professores do Departamento de Alemo, emespecial Patrcia Maas, pela confiana que parecem ter depositado em mim.

    Agradeo a todos os amigos e colegas que, de alguma forma participaram de toda essa jornada, discutindo meu trabalho, indo s minhas comunicaes, fazendo crticas ou elogios.

    Um agradecimento especial a todos os alunos que frequentaram minha oficina nosegundo semestre de 2010 e me mostraram que meu trabalho era realmente relevante eimportante para eles, de alguma forma.

    Por fim, agradeo Fundao de Amparo Pesquisa do Estado de So Paulo queapoiou meu trabalho desde as primeiras fases, durante a iniciao cientfica at a concluso dopresente mestrado.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    6/32

    6

    The knight ever made good cheer,saying, 'Why should I be dismayed?

    Of doom the fair or drearby a man must be assayed.'

    (ANNIMO, 1980, p.45)

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    7/32

    7

    PEREIRA, Andr Luiz Rodriguez Modesto.The Lord of the Rings e a esttica da finitude. 2011. 175f. Dissertao de Mestrado em Estudos Literrios Faculdade de Cincias e Letras,

    Universidade Estadual Paulista, Araraquara, 2011.

    RESUMO

    J. R. R. Tolkien afirmou que o tema central de sua principal obra,O Senhor dos Anis , atenso provocada entre a morte inevitvel e a busca pela imortalidade. Diante disso, procura-se nesse trabalho verificar de que maneira essa temtica influencia a forma do romance edesenvolve uma crtica acerca do papel da arte e da tcnica enquanto artigo de valor e fontememria para seres cuja existncia finita ou seres ligados a um universo em constante

    transformao. Por um lado, h seres como os elfos que esto ligados diretamente naturezade Arda e so fadados a no deix-la at que chegue o seu fim. Esses seres, aparentementeimortais, sofrem com as constantes mudanas no planeta e tentam, atravs da tcnica, agirdiretamente sobre o mundo, tentando conserv-lo tal como ele . Por outro lado, h os homensmortais, que, diante de sua prpria mortalidade, buscam ter seus feitos eternizados em obrasde arte, como esculturas, tapearias ou textos literrios.

    Palavras-chave:Tolkien, Romance de Fantasia, Maravilhoso, Esttica,O Senhor dos Anis .

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    8/32

    8

    ABSTRACTJ. R. R. Tolkien declared that the central issue of his major work,The Lord of the Rings , is thetension emerging between the unavoidable death and the search for immortality. Therefore,this study is a research about how that aspect affects the structure of the novel and how itdiscusses the role of art and technique as a piece of value and a resource of memory availablefor finite or "immortals" beings, whose existence is linked to a continuously changing world.On the one hand, there are in novel beings such as elves that are directly connected to thenature of Arda and are doomed to remain there until its end. These apparently immortalbeings cant bear such constant changes on the planet and employ technical means in order tohave an affect on the world and keep it as it is. On the other hand, mortal men, faced withtheir own mortality, seek out art as a way to have their deeds registered and so kept aliveforever in works such as sculptures, tapestry or literary texts.

    Keywords: Tolkien, Fantasy Novel, Marvellous, Aesthetics,The Lord of the Rings .

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    9/32

    9

    SUMRIO

    INTRODUO - CONTEXTUALIZAO E REVISO DA CRTICA.....................................................10

    CONCLUSO ..................................................................................................................................................... 27

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...............................................................................................................29

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    10/32

    10

    Introduo - contextualizao e reviso da crtica

    John Ronald Reuel Tolkien nasceu no dia 3 de janeiro de 1892 na cidade deBloemfontein na frica do Sul e faleceu em 2 de setembro de 1973, em Oxford. Tendo

    sado da frica ainda muito criana, apenas em companhia da me e do irmo maisnovo, Ronald Tolkien veio a se considerar, para todos os efeitos, um ingls autntico,ainda mais tendo em conta a longa linhagem da famlia de sua me, os Suffield. Adespeito do nascimento em uma terra distante, o esprito de pertencimento e amor pelaInglaterra tornou-se uma das peas mais importantes que contriburam para odesenvolvimento de sua obra.

    Seu perodo de vida atravessa momentos cruciais da histria, tanto no campo

    poltico quanto no plano da arte. Embora, quando ainda jovem, Tolkien j mostrasse umgrande interesse pela literatura antiga e esboasse algumas histrias que futuramenteintegrariam seu universo mitolgico, no se pode deixar de imaginar que a suaparticipao na I Guerra Mundial, bem como a morte de alguns de seus melhoresamigos, nessa ocasio, no viriam a afetar, mesmo que inconscientemente, odesenvolvimento de sua obra. Sobre esse assunto, o autor afirma, no Preface1 de The

    Lord of the Rings :

    An author cannot of course remain wholly unaffected by hisexperience, but the ways in which a story-germ uses the soil of experience are extremely complex, and attempts to define the processare at best guesses from evidence that is inadequate and ambiguous. Itis also false, though naturally attractive, when the lives of an authorand critic overlapped, to suppose that the movements of thought or theevents of times common to both were necessarily the most powerfulinfluences. One has indeed personally to come under the shadow of war to feel fully its oppression; but as the years go by it seems now

    often forgotten that to be caught in youth by 1914 was no less hideousan experience than to be involved in 1939 and the following years.(TOLKIEN, 1966a, p. xi)

    claro que um autor no consegue evitar ser afetado por sua prpriaexperincia, mas os modos pelos quais os germes da histria usam osolo da experincia so extremamente complexos, e as tentativas de

    1 Prefcio as tradues de nomes de lugares, personagens ou ttulos de captulos so dadasconforme a traduo deO Senhor dos Anis publicada pela Martins Fontes em 2002 (ver bibliografia:TOLKIEN 2002b)

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    11/32

    11

    definio do processo so, na melhor das hipteses, suposies feitas apartir de evidncias inadequadas e ambguas. Tambm no verdadeiro, embora seja naturalmente atraente, quando as vidas de umautor e de um crtico se justapem, supor que os movimentos dopensamento e os eventos das pocas comuns a ambos tenham sidonecessariamente influncias mais poderosas. Na verdade, preciso

    estar pessoalmente sob a sombra da guerra para sentir totalmente suaopresso; mas, conforme os anos passam, parece que fica cada vezmais esquecido o fato de que ser apanhado na juventude por 1914 nofoi uma experincia menos terrvel do que ficar envolvido com 1939 eos anos seguintes. (TOLKIEN, 2002b, p. XV-XVI)

    Desse comentrio j possvel entrever uma de suas posies como autor ecomo crtico frente literatura, que a de no considerar a biografia, ou mesmo a

    pessoa, do autor como instrumento de anlise ou interpretao mais importante de umadeterminada obra literria. A postura de Tolkien , de fato, bastante caracterstica de umestudioso que ao longo de suas atividades de pesquisa lidou com uma grande quantidadede textos annimos, como o caso de Beowulf ou Sir Gawain and the Green Knight 2.Na verdade, como estudioso, Tolkien muitas vezes faz um caminho inverso: em vez deconsiderar a biografia do autor para a interpretao de um texto literrio, ele deduz, apartir do texto, traos da personalidade do autor.

    Em todo caso, mesmo tentando desvincular sua prpria figura histrica de seustextos literrios, os eventos que se sucederam em meados do sculo XX no deixaramde lanar sua sombra sobre a figura do autor e sua obra. A Segunda Guerra Mundial e osmomentos que a precederam tiveram uma grande influncia na aceitao eentendimento tanto da obra literria do Professor de Oxford quanto de seu objeto deestudo. Na carta de nmero 45, dedicada ao seu filho Michael, o autor se mostrabastante irritado com a distoro da cultura germnica e dos povos do norte,empreendida pelo regime nazista em torno de uma ideologia racial. A certa altura, elediz que a poltica de Adolf Hitler estava arruinando, pervertendo, fazendo mau uso etornando para sempre amaldioado aquele nobre esprito setentrional, uma contribuio

    2 Em portugus a traduo manteve o ttulo Beowulf inalterado (ver bibliografia). Para a outraobra, foi encontrado duas tradues possveis: Dom Galvo e o Cavaleiro Verde cuja autoria noencontrei referncia eSir Gawain e o Cavaleiro Verde , com traduo de Marta de Senna, editoraFrancisco Alves, Rio de Janeiro, 1997.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    12/32

    12

    suprema para a Europa, que eu sempre amei e tentei apresentar sob sua verdadeira luz.(TOLKIEN, 2006a, p. 58).

    Se no bastasse essa corrupo da cultura do norte3, que, em grande parte, serviude inspirao para a composio de suas prprias obras literrias, a publicao deThe

    Lord of the Rings entre os anos de 1954 e 1955, induziu uma grande parcela da crtica aler a obra como uma mera alegoria para a guerra h pouco terminada. Esse tipo deleitura fez com que o autor, no Preface segunda edio do romance, se manifestassede modo contrrio alegoria, visto que ela restringia as possibilidades de interpretaodo leitor em favor de um domnio maior do autor sobre o significado de sua obra.

    Embora em sua maior parte elas o tenham desagradado, no se pode dizer que asinterpretaes alegricas de sua obra fossem um completo absurdo, apesar de algumas

    vezes exigirem uma boa dose de criatividade por parte dos crticos e de seus leitores. Aleitura alegrica mais comum a que coloca Sauron e seu regime totalitrio comoanlogo s formas de governo de Hitler e Mussolini, um totalitarismo contra o qual ospovos livres deveriam se unir e lutar. Nesse contexto de guerra, as Palantr serviriamcomo uma espcie de radar, e as montarias aladas dos Nazgl corresponderiam aosavies militares. O Anel, em torno do qual gira toda a histria, foi por vezes comparado bomba atmica, ainda que a natureza de seu poder fosse bastante diferente e

    consistisse mais em um poder de dominao do que de destruio propriamente dita,como sugere o nome de Anel Governante que tambm lhe atribudo.

    Leitura semelhante foi feita durante o perodo da Guerra Fria, mas, dessa vez, osregimes fascistas foram substitudos pelo governo socialista da Unio Sovitica. Essetipo de interpretao foi o principal motivo para queThe Lord of the Rings enfrentasseum longo perodo de censura naquele pas, sendo visto como uma mera propaganda doOcidente individualista, como ressalta Olga Markova, no ensaio When Philology

    Becomes Ideology: The Russian Perspective of J.R.R. Tolkien4

    . ainda interessantenotar que, em um mesmo pas, em pocas pouco distantes uma mesma obra tenharecebido interpretaes alegricas quase opostas:

    3 Seguindo a preferncia de J. R. R. Tolkien, preferimos o uso da locuo do norte emcontraposio ao adjetivo nrdico, para ressaltar que a cultura desses povos no era homognea de talmodo que fosse possvel ser designada sob um nico adjetivo.4 Quando a filologia se torna ideologia: a perspectiva russa de J. R. R. Tolkien traduominha.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    13/32

    13

    It is interesting to notice that modern Communists think differentlyabout this. They view the anti-industrial ideas of Tolkiens works as areturn to primordial Communism, and discuss the possibility of creating a type of Red, Communist fantasy, whose father could beconsidered Tolkien. (MARKOVA, 2004, p.165)

    interessante notar que comunistas modernos pensam de formadiferente sobre isso. Eles veem as ideias anti-industriais das obras deTolkien como um retorno ao comunismo primordial, e discutem apossibilidade de criar uma espcie de Fantasia vermelha,comunista, cujo pai poderia ser considerado Tolkien. (traduo deminha)

    Se o contexto histrico afetou tanto a recepo da obra de J. R. R. Tolkien, osacontecimentos no mbito cultural empurraram o autor e seus escritos para uma posiobastante curiosa.

    J na segunda metade do sculo XIX, a arte europeia comea a se caracterizarpor um certo interesse na experimentao e nas novas formas de fazer artstico. Noentanto, no incio do sculo XX que a arte comea a se organizar em torno de

    tendncias mais bem definidas, as vanguardas.Situar o autor J. R. R. Tolkien frente s tendncias literrias e artsticas de seu

    tempo bem como diante de toda a tradio da literatura um trabalho um tantocomplexo e no qual se corre o risco constante da contradio. No Foreword5 de J. R.

    R. Tolkien: Author of the Century 6 (2001), Tom Shippey fala de autores cujas obrasliterrias apesar de obterem um resultado, muitas vezes, bem distante do textotolkieniano tambm seguiram o vis do fantstico ou do maravilhoso, tais comoGeorge Orwell, William Golding, Kurt Vonnegut Jr., Ursula Le Guin e ThomasPynchon. Alm do elemento sobrenatural, que aproximaria Tolkien de outros autores desua poca, Shippey ressalta o enorme sucesso de pblico, a sua capacidade deestabelecer o gnero Fantasia (Fantasy Novel ) como uma forma literria importantedentro da tradio literria de lngua inglesa, alm da qualidade esttica proveniente de

    5 Prefcio.6 J. R. R. Tolkien: autor do sculo ainda sem traduo para o portugus

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    14/32

    14

    um minucioso trabalho com as palavras tema ao qual o estudioso dedica a maior partede seu livro. Por esses motivos, ele defende que a obra tolkieniana no pode ser vistacomo um fenmeno estranho ao seu contexto histrico e que Tolkien, como um autor deseu sculo, respondeu a questes e ansiedades de seu tempo (SHIPPEY, 2001, p. xxvii).

    No ensaio Tolkien and Modernism7, Patchen Mortimer analisa algumascaractersticas que podem aproximar os escritos tolkienianos da produo artstica desua poca. Uma vez que sob o ttulo de Modernismo se recolhem diversas escolas etendncias, o autor se utiliza de apenas alguns traos gerais que marcaram a arte dosculo XX. O primeiro item mencionado o que o autor chama de art for arts sake8 (2005, p. 114) e primacy of the artist9 (p.115), que, ao contrrio do que supe o sensocomum, no uma forma de descrever a comunidade artstica como pessoas

    trancafiadas em suas torres de marfim, distantes das preocupaes sociais de seu tempo.Ao contrrio, a ideia de arte pela arte ocorre num contexto em que a produo artsticapor si s j era considerada algo relevante, pois trazia consigo a sense that words hadthe power to unlock new realities, or alter our understanding of this one and with thatcame a sense of the power and primacy of the artist10 (MORTIMER, 2005, p. 115).

    Em um primeiro momento, a postura do crtico pode parecer um tantoexagerada, visto que no h nenhum texto tolkieniano que trata do artista como artista,

    ou coloca essa figura em um papel central no desenvolvimento do enredo excetotalvez o conto Leaf by Niggle11, em que a personagem principal um pintor. Todavia,deve-se ter em mente que a criao do seu universo, conforme relatada emTheSilmarillion 12, o resultado de um trabalho artstico, musical. Alm disso, um temaconstante de suas obras vem a ser o da posse do que belo, como acontece emThe

    Hobbit 13 com todos os conflitos em torno da Arkenstone 14 e emThe Silmarillion , ondeas trs jias forjadas por Fanor que pode tambm ser tido como um artista dentro dos

    escritos tolkienianos so o principal motivo de conflito. Pode-se dizer ainda que um

    7 Tolkien e Modernismo.8 arte pela arte.9 primazia do artista.10 uma percepo de que as palavras tm o poder de abrir novas realidades, ou alterar nossoentendimento da nossa e com isso veio o sentimento de poder e primazia do artista Traduo nossa.11 Folha por Niggle (TOLKIEN, 2006b)12 O Silmarillion (TOLKIEN, 1999)13 O Hobbit (TOLKIEN, 2002a)14 Pedra Arken. (cf. TOLKIEN, 2002a)

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    15/32

    15

    dos grandes temas deThe Lord of the Rings o papel da arte em um universo cada vezmais tcnico, de modo que somente atravs dela que se torna possvel e legtimo tentar conservar a beleza e a memria de um mundo naturalmente em constantetransformao.

    Ao lado do conceito de arte pela arte, h nos escritos J. R. R. Tolkien umabusca por identidade outra questo ressaltada pelo estudioso , que o levou a querertecer, conforme suas prprias palavras, uma mitologia para a Inglaterra (cf. TOLKIEN,2006a, p. 141). Procurar outros exemplos que atestem essa busca por identidade comoum tema relevante em fins do sculo XIX e incio do XX no difcil, basta mencionaras peras wagnerianas, o Futurismo italiano e russo, alm do prprio Modernismobrasileiro, com os grupos do Verde-Amarelismo, Pau-Brasil e Antropofgico,

    representando diferentes tendncias dessa busca por identidade.O ltimo elemento que ressaltamos do estudo de Patchen Mortimer o da

    relao do artista com a tradio. Em linhas gerais, o Modernismo visto como umaforma de ruptura com as formas tradicionais de arte:

    Modernists deliberately distanced themselves from traditional formsof art and thought in wildly diverse ways, for equally diverse reasons some out of a bold desire to clear new ground, others as a savageattack on a society and old modes of expression they deemed to havefailed them. (MORTIMER, 2005, p. 113)

    Os modernistas se afastaram deliberadamente das formas tradicionaisde arte e pensamento de maneiras amplamente diversas e por razesigualmente dspares alguns com o corajoso desejo de desbravar umnovo campo, outros como um ataque selvagem contra uma sociedadee contra velhos modos de expresso que eles julgavam insatisfatrios.(Traduo nossa)

    Seja como uma busca por novos meios de expresso, seja como um ataque auma sociedade cujos costumes e crenas foram radicalmente modificados diante dasinovaes tcnicas de fins do sculo XIX e, posteriormente, com os eventos da I GuerraMundial, a ruptura com as formas de arte tradicionais vem a transformar-se,eventualmente, em um exerccio de reflexo sobre os cnones estticos at entoinstaurados. Dessa forma, pode-se constatar em grande parte dos movimentos

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    16/32

    16

    modernistas um olhar para o passado, que retomando muitas vezes por meio da formairnica.

    Talvez o maior e mais bem aceito exemplo dessa retomada irnica das formastradicionais seja o romanceUlisses (1922) de James Joyce15 autor considerado por

    muitos como o expoente da literatura de lngua inglesa do sculo XX , em que aepopeia homrica transposta e transfigurada para as ruas de Dublin, de modo que afigura heroica do texto grego vem a tornar-se um homem comum sem quaisquerqualidades ou habilidades especiais. Outro exemplo dessa abordagem artstica pode serverificado, no mbito das artes plsticas, na escultura de Salvador Dali,Vnus de Miloaux tiroirs.

    Nesse ponto, talvez seja necessrio definir melhor o que ou sobre o que trata a

    obra tolkieniana, deixando-se em suspenso a questo do rompimento ou retomada dasformas tradicionais de arte em seus escritos. Seus textos literrios podem ser divididosem dois grandes ramos: 1) o de textos relacionados Middle-earth (Terra-mdia); e 2)outros textos.

    No segundo grupo encontram-se, entre outras, obras comoThe Farmer Giles of Ham 16 (1949),Smith of Wootton Major (1967), Mr. Bliss 17 (1982), Roverandom 18 (1998)ou ainda o conto Leaf by Niggle publicado no volumeTree and Leaf 19 (1964),

    juntamente com o ensaio On Fairy-Stories20

    . Todas essas narrativas compartilham doelemento fantstico/maravilhoso, desenvolvido das mais diferentes maneiras, de modoque em Roverandom o maravilhoso utilizado de forma bastante despreocupada, sembuscar o que Tolkien chamaria de consistncia interna da realidade; j no conto Leaf by Niggle, a atmosfera transita entre o cmico e o sombrio, recebendo traos maistpicos do fantstico e chegando at mesmo a se assemelhar s narrativas de FranzKafka.

    15 Mesmo que apenas de passagem, inevitvel mencionar a figura de James Joyce em umtrabalho sobre J. R. R. Tolkien, j que em grande parte da fortuna crtica do professor de Oxford surgealguma meno ao escritor irlands.16 Conforme a edio brasileira Mestre Gil de Ham , Martins Fontes, 2003.17 Obras ainda sem traduo publicada em portugus.18 Publicado em portugus sob o mesmo ttulo pela Martins Fontes no ano de 2002.19 Literalmente rvore e folha, traduo brasileira comoSobre histrias de fadas (verTOLKIEN, 2006b)20 Sobre histrias de fadas (TOLKIEN, 2006b)

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    17/32

    17

    Entretanto, so os textos relacionados a Middle-earth , que constituem a partecentral da obra tolkieniana e compem uma mitologia desenvolvida, revista emodificada durante toda a sua vida. Pode-se dizer que o cnone mnimo21 dessamitologia formado porThe Hobbit (1937),The Lord of the Rings (1954-1955) eTheSilmarillion (1977). Embora constituam o ncleo das narrativas de Middle-earth , essastrs obras tambm so compostas em um estilo bastante heterogneo, que varia de umtom de histria infantil, no caso deThe Hobbit , at o estilo bblico e austero deTheSilmarillion , texto que foi publicado postumamente.

    Alm desses trs ttulos contam-se aindaUnfinished Tales of Nmenor and Middle-earth 22 (1980),The Children of Hrin 23 (2007), alm dos doze volumes deThe History of Middle-earth 24, publicados durante as dcadas de 1980 e 1990, que mostram

    diversos estgios do desenvolvimento da mitologia tolkieniana, bem como maioresdetalhes sobre os povos, personagens, cenrios etc. desse universo.

    Middle-earth um mundo construdo com grande mincia de detalhes,compreendendo sua prpria geografia, sua histria e diversas lnguas. Habitam ali seresabstrados da tradio folclrica europeia como magos, elfos,trolls , anes eorcs , almde criaturas inventadas pelo prprio autor, como osents e os hobbits . Para a construodessa engrenagem ficcional extremamente multifacetada e complexa, Tolkien lanou

    mo de seus amplos conhecimentos de literatura, mitologia e filologia, os quaisprovinham de suas pesquisas enquanto professor na Universidade de Oxford. Middle-earth no , contudo, nenhum planeta distante ou um mundo cuja existncia se dunicamente no reino da fantasia; pelo contrrio, trata-se de uma recriao mtica (ouantes subcriao) de nosso prprio planeta em uma poca muito antiga, anterior atmesmo aos picos que nos transmitem as mitologias. O prprio nome Middle-earth jatesta esse significado, pois um termo antigo para mundo, e, conforme Lin Carter

    (2003, p. 38), um termo frequente em muitas obras da literatura inglesa. Com isso, oleitor no se sente um completo estranho e, ao deparar-se com o mundo de Tolkien, ele

    21 A expresso cnone mnimo utilizada por Wilma Patrcia Maas como o conjunto de obrasque definiriam um determinado gnero literrio. Para a estudiosa,Os anos de aprendizagem de Wilhelm

    Meister , de Goethe, a obra que define o gnero romance de formao. No caso do cnone mnimo daobra de Tolkien, trata-se do conjunto de textos que melhor sintetizam seu trabalho literrio, tanto nocampo formal quanto temtico.22 Contos Inacabados de Nmenor e da Terra-mdia , Martins Fontes, 2002.23 Os filhos de Hrin , Martins Fontes, 2009.24 A Histria da Terra-mdia ainda sem traduo publicada para o portugus.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    18/32

    18

    caminha sob o mesmo sol e a mesma lua que brilham nos dias de hoje, embora o seumundo esteja mais envelhecido.

    Mas naquilo que chamamos de cnone mnimo os textos que fazem umasntese das principais caractersticas da obra do autor que encontramos os textos mais

    bem construdos e acabados, sendo, por isso, o material que melhor representa a visoartstica do professor de Oxford e, por conseguinte, o mais indicado para trabalho decrtica.

    Em linhas gerais,The Hobbit pode ser considerado uma histria para crianasque fundamentalmente segue um modelo bastante comum na literatura infanto-juvenilque o da busca ao tesouro (basta lembrarmos deTreasure Island 25, de Robert LouisStevenson 1883). Contudo, esse paradigma ganha um perfil radicalmente diferente se

    no centro da narrativa estiver um hobbit criatura semelhante a um humano mas detamanho reduzido que se caracteriza por ser pacato, ter costumes aburguesados efrequentemente trazer elementos para a narrativa que lhe do um vis cmico.Certamente, Bilbo, o protagonista deThe Hobbit , est muito distante dos heris tpicosdas histrias romanescas ou das epopias, sendo mais prximo de um anti-heri, ouainda de um heri picaresco mas, no caso, tambm um heri picaresco s avessas.

    Em The Silmarillion , encontra-se uma coleo de textos relativamente curtos,

    escritos em um estilo bastante conciso e arcaizante, semelhante ao texto bblico, queincluem desde o mito de criao de Middle-earth at um breve relato dos dias finais daTerceira Era, ponto para alm do qual a narrativa tolkieniana no se estende.

    Em The Lord of the Rings narrada a histria de Frodo Baggins26, herdeiro deum artefato mgico capaz de dar grandes poderes a quem o possui. No entanto, esseartefato, o Anel, foi criado pelo inimigo, Sauron, e no pode ser usado para o bem, oumesmo para derrotar esse inimigo, sem que aquele que o controle tambm seja

    corrompido pelo desejo de poder e da imortalidade. Tambm essa narrativa construdasegundo o modelo da busca (quest ), na qual o heri deve viajar at um determinadolugar, enfrentar algum vilo e obter sua recompensa. Contudo, esse modelo subvertido, uma vez que Frodo no deverencontrar um tesouro ou obter umarecompensa, mas sim dever perder um objeto precioso, ao destruir o Anel.

    25 A ilha do Tesouro .26 Frodo Bolseiro.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    19/32

    19

    Durante a histria surgem diversos personagens, cujas narrativas individuais seentrelaam de tal forma que nenhuma ao ou escolha deixa de ter suas consequnciaspara o restante das personagens ou para o desenvolvimento do enredo. notvel, nesseponto, como Tolkien se utiliza de esquemas narrativos relativamente simples como aquest mas os transforma por meio da insero de heris de estatuto inferior aoshabitualmente encontrados nesse tipo de narrativa, ou mudando a motivao da ao,portanto, seu sentido; sem, contudo, impulsionar seu texto para um modopredominantemente irnico, ou satrico.

    Em um primeiro plano, afigura-se o embate entre as foras do Bem e do Mal.Todavia, a questo foge do mero maniquesmo quando os viles no so apresentadosnecessariamente como maus27 e quando surgem personagens, cuja natureza no pode ser

    claramente definida para um ou para outro lado, como o caso de Gollum/Smagol, ouDenethor.

    Alm disso,The Lord of the Rings destaca-se por outros motivos: a repercussoda obra, sua extenso (por volta de 1200 pginas), o tempo que demorou para serdesenvolvida, a multiplicidade de estilos e gneros dentro de um mesmo texto, ametalinguagem, e outros elementos que ilustram as ideias estticas do autor. Por essesmotivos, essa a obra escolhida como objeto de anlise desse trabalho.

    Alm das obras literrias, h ainda o trabalho de J. R. R. Tolkien como fillogo,que conta com importantes ensaios sobre textos como Beowulf e Sir Gawain and theGreen Knight e trabalhos de traduo e edio desses textos antigos, escritos em inglsantigo ou ingls mdio. Porm, seu ensaio mais conhecido talvez seja On Fairy-Stories, em que o autor se baseia na coletnea de contos de fadas realizada por AndrewLang28 e sua esposa para falar da natureza e funo dos contos (ou histrias) de fadas.Mas no exatamente o que Tolkien fala sobre as histrias de fadas que torna esse

    ensaio o mais conhecido e relevante para o nosso trabalho, e sim a maneira como ele se

    27 No h dvida de que Sauron apresentado como mau. Porm, nem todos os seus servos somaus, como, por exemplo, os homens que o servem. No h tambm uma polarizao, um ladointeiramente bom e outro inteiramente mau. Por exemplo, oOld Man Willow [Velho Salgueiro Homem],que parece ter se tornado mau, independente de quaisquer influncias de Sauron. Por fim, vrias vezesdentro da mitologia tolkieniana deixado claro que nada surge com uma natureza inerentemente ruim, eno foi assim com Sauron, que foi corrompido por Melkor em tempos muito remotos.28 Folclorista escocs que, em conjunto com sua esposa, preparouThe Blue Fairy Book (1889), emque reuniu tradues e adaptaes de contos de Perrault, Mme. DAulnoy, Grimm, de contos popularesingleses, escoceses e noruegueses, alm de narrativas dele prprio.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    20/32

    20

    relaciona com as obras literrias do autor, algo destacado por ele prprio na ocasio dapublicao do volumeTree and Leaf, lanado em portugus com o ttuloSobre histriasde fadas :

    These two things,On Fairy-stories and Leaf by Niggle , are herereprinted and issued together. They are no longer easy to obtain, butthey may still be found interesting, especially by those to whomThe

    Lord of the Rings has given pleasure. Though one is an essay andthe other a story, they are related: by the symbols of Tree and Leaf,and by both touching in different ways on what is called in the essaysubcriation (TOLKIEN, 1966d, p.31)

    Estas duas coisas,Sobre Histrias de Fadas e Folha por Niggle , estoaqui reimpressas e publicadas em conjunto. J no so fceis de seobter, mas ainda podem ser consideradas interessantes, em especialpor aqueles a quemO Senhor dos Anis deu algum prazer. Apesar deuma ser um ensaio e outra um conto, esto relacionadas pelossmbolos da rvore e da Folha e pelo fato de ambas se referirem, deformas diferentes, ao que o ensaio chama de subcriao.(TOLKIEN, 2006b, p.7)

    Podem-se depreender dois elementos importantes dessa breve citao: o

    primeiro a relao manifesta entre seu trabalho de fillogo e seu trabalho artstico,entre On Fairy-stories e The Lord of the Rings ; o segundo o carter metalingusticode alguns textos, como o conto Leaf by Niggle, que trazem elementos que ajudaro atraar as linhas gerais de um projeto esttico tolkieniano. Outro aspecto significativo deseus trabalhos filolgicos o modo como o estudioso se aproxima do texto, tentandoantes verificar sua natureza e o modo como ele composto, do que apenas tecer um juzo de valor sobre a obra. Esse tipo de abordagem permitiu tambm a habilitao de

    um texto como Beowulf como uma obra literria e no apenas documento histrico.Tendo mo esse breve panorama da obra de J. R. R. Tolkien, podemos retornar

    a nosso problema central ou, antes, levantar as principais questes que nortearo opresente trabalho, tais como o modo de situ-lo frente literatura de sua poca e tradio literria, o que inclui, alm do juzo de valor que se atribui aos seus escritos, averificao da presena ou no de um projeto esttico de J. R. R. Tolkien, que torne suaobra consistente.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    21/32

    21

    Contudo, antes de delimitar a organizao e o alcance deste trabalho, torna-senecessrio uma visita polmica que se deu em torno de sua principal obra29. Graasaos arquivos virtuais do jornalThe New York Times e ao stio JRRVF possvel teracesso a algumas das resenhas mais importantes sobreThe Lord of the Rings e que

    vieram luz no contexto da publicao do romance, a saber, a resenha do crticoliterrio e escritor Edmund Wilson para o jornalThe Nation , de 14 de abril de 1956 e asresenhas do poeta W. H. Auden para oThe New York Times, de 31 de outubro de 1954 ede 22 de janeiro de 1956. Como se pode notar, no foram figuras pouco importantes acomentar o texto tolkieniano: um talvez o mais renomado crtico e estudioso de JamesJoyce, e o outro um dos poetas mais importantes do sculo XX.

    A partir do prprio ttulo da resenha de Edmund Wilson, O, o, those awful

    orcs!30, j possvel notar o modo irnico e pejorativo com que o crtico trata a obra.Se h algo de realmente lamentvel no texto o fato de tratar-se apenas de uma resenhae no de um estudo mais detalhado, sendo constitudo somente de afirmaescategricas, com pouco ou nenhum desenvolvimento argumentativo. Para o crtico,there is little inThe Lord of the Rings over the head of a seven-year-old child. It isessentially a childrens book31 (2008).

    O fato de considerar o texto tolkieniano apenas, ou essencialmente, uma obra

    para crianas ressaltado diversas vezes durante sua resenha, sem, porm, observar oque haveria de inerentemente ruim em uma obra literria escrita para crianas o que,todavia, no acreditamos ser o caso deThe Lord of the Rings ou, se preferirmos olharpelo lado oposto, o que h de intrinsecamente bom e superior em uma obra para adultos.Alm disso, Wilson critica o estilo de J. R. R. Tolkien a quem ele, tambmironicamente, insiste em atribuir o ttulo de doutor considerando tanto seus versosquanto sua prosa como amadoras. Por fim, o crtico conclui a resenha observando o

    quo pouco assustadores so os monstros e viles que se colocam frente ao heri, quepor sua vez no afligido por nenhumreal perigo.32

    29 Para melhor apreciao dessa discusso, so apresentados, no apndice dessa dissertao, osquatro artigos mencionados com suas respectivas tradues.30 Oh, oh, aqueles terrveis orcs! Traduo nossa.31 pouco existe emO Senhor dos Anis que esteja acima do nvel de uma criana de sete anos.Trata-se essencialmente de um livro para crianas traduo nossa.32 interessante notar que a crtica de Edmund Wilson aos monstros deThe Lord of the Rings jpoderia ter uma resposta, escrita pelo prprio Tolkien, no ensaio Beowulf: the monsters and the critics,

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    22/32

    22

    As duas resenhas de W. H. Auden, The hero is a hobbit e At the end of thequest, Victory33, escritas de um modo bem diferente das de Wilson, foram publicadasrespectivamente no contexto do surgimento deThe Fellowship of the Ring e de The

    Return of the King . Sua primeira resenha apresenta um carter mais informativo,

    explicando de que trata o livro e apresentando as principais personagens. Porm, aocontrrio de Wilson, W. H. Auden demonstra at mesmo uma admirao pela obratolkieniana, buscando oferecer uma argumentao um pouco mais slida, quando, porexemplo, compara Tolkien a Malory enquanto criadores de mundos:

    Of any imaginary world the reader demands that it seem real, and thestandard of realism demanded today is much stricter than in the time,say, of Malory. Mr. Tolkien is fortunate in possessing an amazing giftfor naming and a wonderfully exact eye for description; by the timeone has finished his book one knows the histories of Hobbits, Elves,Dwarves and the landscape they inhabit as well as one knows onesown childhood. (AUDEN, 2007a)

    De todo mundo imaginrio o leitor demanda que ele parea real, e opadro de realismo exigido hoje em dia muito mais estrito do que notempo, digamos, de Malory. O Sr. Tolkien agraciado com a posse deum surpreendente dom para dar nomes e um olho maravilhosamente

    exato para descries; no momento em que algum termina seu livro,ele conhece as histrias dos Hobbits, dos Elfos e dos Anes, e apaisagem que eles habitam, to bem quanto conhece sua prpriainfncia. (Traduo nossa)

    Nessa passagem evidente a admirao do poeta pelo talento de Tolkien comocriador de nomes, bem como o reconhecimento de que a comparao com autores maisantigos no caso Malory, mas poderiam ser outros como Spenser ou mesmo Milton,

    como fazem outros crticos da obra tolkieniana deve ser cuidadosamente filtrada pelasexigncias do pblico da poca em que esses autores viveram. Nessa mesma resenhaencontra-se ainda uma frase alis uma das mais citadas que demonstra a admiraode W. H. Auden pelo trabalho literrio do fillogo de Oxford e que tem servido, pelo

    o que nos sugere uma estreita ligao com o poema em ingls arcaico e, por conseguinte, um significadosimblico atribudo aos monstros tolkienianos.33 O heri um hobbit e Ao final da busca, Vitria! Traduo nossa.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    23/32

    23

    menos como um argumento de autoridade, para uma valorao positiva de seus textos,inclusive sob o ponto de vista psicolgico:

    Lastly, if one is to take a tale of this kind seriously, one must feel that,however superficially unlike the world we live in its characters andevents may be, it nevertheless holds up the mirror to the only naturewe know, our own [] (AUDEN, 2007a)

    Finalmente, se formos levar a srio um conto desse tipo, temos que terem mente que, no importa quo diferente o mundo em que vivemosseja, superficialmente, no que se refere a suas personagens e eventos,ele, no obstante, segura um espelho para a nica natureza queconhecemos, a nossa prpria [...] (Traduo nossa)

    Na resenha intitulada At the end of quest, Victory, W. H. Auden nos oferece oque, talvez, seja uma das primeiras tentativas de construo de uma crtica literria sriasobre o autor, procurando j enquadr-lo em uma determinada forma literria e lidandocom motivos psicolgicos, como a motivao da ao; estilsticos, ao falar sobre asformas de representao da realidade, tendo como referncia polos opostos como asnovelas de cavalaria e os romances naturalistas; e at mesmo morais, considerando aquesto do embate entre o Bem e o Mal, que se afigura como um dos principais motivostolkienianos.

    Apesar de j terem se passado mais de cinquenta anos da publicao deThe Lord of the Rings e das polmicas resenhas de W. H. Auden e Edmund Wilson, aindapermanece uma disputa em torno da literariedade da obra tolkieniana. Em 8 de abril de2007, na ocasio da publicao deThe Children of Hrin , Brian Appleyard escreveuuma crtica intitulada What took them so long?34 para o jornal britnicoThe Times .

    Em grande parte de sua resenha, Appleyard concorda com Edmund Wilson sobrea qualidade inferior da obra tolkieniana, ressaltando a estranheza do fato de que, mesmodepois de mais de trinta anos de sua morte, ainda surgirem obras inditas de sua autoria.O que o crtico condena nos escritos do professor de Oxford a sua falta depreocupao com o estilo, de modo que ele devesse ser considerado mais como um

    34 Por que demoraram tanto? Traduo nossa.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    24/32

    24

    criador de mundos do que um artista propriamente dito uma forma de classificaopor si s bastante polmica. Nesse sentido, mostra-se importante delimitar o quechamamos de cnone mnimo da obra tolkieniana sobre Middle-earth , considerandoprincipalmente as obras publicadas em vida eThe Silmarillion que, segundo Humphrey

    Carpenter (2002, p. 277), j possua uma verso para publicao por volta de 1937, poissomente nessas obras possvel definir com maior clareza o trabalho de J. R. R.Tolkien, pelo fato de no haver a influncia de seu filho e futuro organizador e editor,Christopher Tolkien.

    importante ressaltar, porm, que, apesar de seu juzo negativo, Appleyardainda coloca o projeto tolkieniano ao lado de grandes nomes da literatura de lnguainglesa, considerando insano diminuir a sua significncia diante da histria da literatura:

    [] Tolkien is conventionally seen as an antimodernist figure. Hedisliked technology, and his pursuit of the ancient seems to echo thatof the preRaphaelites and the gothic fantasist Augustus Pugin,designer of the Palace of Westminster.This may be seen as escapism, a rejection of modernist engagementwith the present and the future, but Im not sure this is quite fair.Compare, for example, Tolkiens project with two of the greatestworks of modernist literature. James JoycesUlysses tells the story of

    the ordinary life of a Dublin day as a recapitulation of the legend of the wandering Greek hero. TS EliotsThe Waste Land is amythological panorama, drawing on the tales of the past to castdevastating light on the condition of the present, the whole thinghaunted by the spectre of mental breakdown.In other words, though utterly different (and much greater artists),these writers were doing something similar to Tolkien: trying to castlight on the present by adapting the tales and mythologies of the past.Tolkiens project was, indeed, more like simple escapism his pastwas, after all, entirely his own invention but that does not diminishits significance as a prime symptom of the modern condition.(APPLEYARD, 2010)

    [] Tolkien visto convencionalmente como uma figuraantimodernista. Ele tinha averso a tecnologia, e sua busca pelo antigoparece ecoar aquela dos Pr-Rafaelitas e do fantasista gtico AugustusPugin, arquiteto do Palcio de Westminster.Isso pode ser visto como escapismo, uma rejeio do engajamentomodernista com o presente e o futuro, mas eu no estou certo de queisso seja muito justo. Compare-se, por exemplo, o projeto de Tolkiencom duas das maiores obras da literatura modernista.Ulisses , deJames Joyce, conta a histria da vida comum de um dia em Dublim,como uma recapitulao da lenda do heri grego viajante.The Waste

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    25/32

    25

    Land, de T. S. Eliot, um panorama mitolgico desenhado sobre asnarrativas do passado para lanar uma luz devastadora sobre ascondies do presente, sendo o conjunto mal-assombrado peloespectro do colapso mental.Em outras palavras, embora completamente diferentes (e artistas muitomaiores), esses escritores estavam fazendo algo similar a Tolkien:

    tentando lanar uma luz sobre o presente por meio da adaptao denarrativas e mitologias do passado. O projeto de Tolkien era, de fato,mais prximo do simples escapismo seu passado era, no fim dascontas, inteiramente sua prpria inveno mas isso no diminui seusignificado como sintoma essencial da condio moderna. (Traduonossa)

    Uma vez que a polmica em torno de J. R. R. Tolkien parece interminvel,ressaltamos, por fim, os esforos recentes de estudiosos como Douglas A. Anderson,Michael Drout e Verlyn Flieger, que, desde 2004, organizam e publicam anualmente junto West Virginia University Press um peridico acadmico intituladoTolkienStudies ; e os trabalhos da Deutsche Tolkien Gesellschaft, que mantm duas publicaesperidicas intituladas Der Flamifer von Westernis e Hither Shore , alm de organizarencontros acadmicos anuais.

    No Brasil, encontra-se atualmente uma srie de trabalhos acadmicos em nvelde iniciao cientfica, mestrado e doutorado, que se destacam pela diversidade de

    abordagens, transitando entre a anlise do discurso, como a dissertao de RenataKabke Pinheiro (2007), defendida na Universidade Catlica de Pelotas; a cincia dareligio, com o trabalho de Diego Gen Klautau (2007), realizado na PUC de SoPaulo; diversos trabalhos na rea de traduo, realizados principalmente na USP; e, porfim, na rea de estudos literrios, como os trabalhos de Lcia Lima Polachini (1984),Ana Cludia Bertini Ciencia (2008) e Rosa Slvia Lpez (1997 e 2004), por exemplo.

    O nosso trabalho tem em vista o projeto esttico tolkieniano, o qual ser

    discutido conforme as etapas descritas nos prximos pargrafos.Inicialmente, faremos uma leitura dos principais estudos filolgicos de J. R. R.

    Tolkien, como os ensaios Beowulf: the monsters and the critics35, On Fairy-Storiese o prefcio a sua traduo deSir Gawain and the Green Knight e Pearl . Mediante essas

    35 Beowulf: os monstros e os crticos ainda sem traduo publicada em portugus.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    26/32

    26

    leituras procuraremos levantar as principais questes formais e temticas quepreocupavam o autor.

    Em um segundo momento, a obraThe Lord of the Rings ser analisada tendo emvista os gneros literrios. A escolha da abordagem da obra por esse vis decorre do

    prprio modo de anlise do autor como estudioso da literatura, que busca, em primeirolugar, determinar a natureza do texto, e no tentar, simplesmente, encaix-lo em padresmais ou menos preestabelecidos. Uma das principais questes a serem discutidas emrelao a esse tpico se a epopeia tolkieniana inaugurou ou no um novo gnero apesar de seu estilo e formas por vezes arcaizantes. Nessa discusso cabem aspectoscomo o carter enciclopdico do texto, bem como a sua absoro e conciliao dediferentes gneros ou escolas, os quais em princpio so opostos, como o caso do

    estilo realista em juno com um contedo de carter predominantemente maravilhoso.Para abordar essas questes utilizaremos principalmente as teorias dispostas em Aanatomia da crtica (1973) de Northrop Frye, os textos tericos do prprio J. R. R.Tolkien, a fortuna crtica j existente sobre o autor e tambm os trabalhos de AndrJolles, que se dedica s formas simples, como os contos de fadas, a saga e o mito,complementando a teoria de Northrop Frye.

    Devemos, porm, deixar bem claros os limites e os objetivos dessa tarefa, pois

    no se trata de rastrear influncias ou determinar as origens do gnero ao qual pertencea obra tolkieniana ou quais obras a influenciaram, algo que conduziria a um trabalho depesquisa imenso, j empreendido por diversos autores e com diferentes resultados.Nosso propsito, ao contrrio, o de, atravs de teorias literrias existentes sobre oassunto, determinar de que forma diferentes estilos, temas e gneros se combinam paraformar o que Jared Lobdell (2005) chama de Tolkienian Fantasy36.

    36 Fantasia tolkieniana.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    27/32

    27

    Concluso

    Ao longo de sua carreira, J. R. R. Tolkien acumulou realizaes significativastanto na rea da filologia quanto na da criao literria. Como fillogo, sua atuao

    abrangeu desde o sombrio universo mtico do norte at os alegres finais dos contos defadas, duas pocas e escritas com vises de mundo distintas e que produziram literaturasformal e tematicamente diferentes. Contudo, esses materiais conservam uma substnciamuito antiga, cujas origens s se pode adivinhar, e que foi sendo reelaborada ao longodo tempo, sofrendo modificaes de acordo com o gosto e a mentalidade de cada pocae lugar onde essas histrias foram contadas.

    A questo da morte, porm, est presente em ambos os universos. Para os povos

    do norte, ela se apresenta como o fim inexorvel, identificando-se com o caos, que, cedoou tarde, ir engolir homens e deuses. Frente a isso, s resta ao heri o desejo de que aglria de seus feitos seja conservada, o que alcanado atravs da arte, especialmenteda literatura. Assim, os feitos de Beowulf sobrevivem at os dias de hoje; por meio deversos que o rei Thoden espera ser lembrado; e graas ao Red Book que travamoscontato com todo o universo de Middle-earth .

    J no mundo dos contos de fadas, a frmula felizes para sempre sugere umapossibilidade de superar todas as dificuldades e alcanar, ao fim, um estado de alegriaplena e permanente. Porm, essa expectativa j ultrapassa as regras do Mundo Primrioe s pode ser realizada em um outro plano, em um Mundo Secundrio subcriado pelahabilidade humana, ou na esfera divina.

    Na composio de seus textos literrios, Tolkien recuperou e fundiu essesiderios, criando um cenrio complexo, cuja temtica principal a morte e a busca pelaimortalidade. Uma esttica da finitude nascer do reconhecimento de que todas ascoisas, sobretudo o homem, tm um fim. uma arte que se volta constantemente aopassado, sem contudo ser reacionria, visto reconhecer a mudana como natural einevitvel, assegurando tambm o espao para exerccio da criatividade e da renovao.A sua atitude , em geral, a de valorizao da memria, uma homenagem s pocasantigas. uma busca pelo primordial e mtico, pela essncia imutvel de todas ascoisas.

    Por fim, uma tentativa de compreenso e preservao do mundo tal como oexperimentamos, em todas as suas contradies e mistrios; de fazer com que nossa

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    28/32

    28

    mente se adapte a ele ou que ele, de alguma forma, caiba em nossa mente, por meio danarrativa que recupera as experincias vividas, transformando-as em sabedoria erecriando uma nova memria artstica e reflexiva de nosso mundo e de ns mesmos.

    Longe de se propor como uma esttica normativa, o projeto tolkieniano nascer

    de uma srie de constataes sobre as potencialidades da arte narrativa, sobretudo suacapacidade de criar e sustentar formas fantsticas de maneira convincente, forjando-asde acordo com as expectativas do leitor de hoje, tanto do ponto de vista esttico aoinserir personagens de estatura menor, mais prximos aos homens modernos quantoda verossimilhana.

    The Lord of the Rings o retrato do fim de uma Era, de um mundo que esperaseu tempo de renovao; e fala para um mundo envelhecido, que v a crise de seus

    valores espirituais. Ele uma constatao do fato, mas que no se deixa escravizar porele.

    Em um momento no qual vrios autores se voltavam ao mito, dando-lhes novasroupagens e atualizando-os para um contexto e cenrio modernos. Tolkien, ao contrrio,lana um olhar nas profundezas do tempo e da imaginao humana em busca dasprprias razes do material mtico. Assim, ele consegue forjar com sucesso toda umanova mitologia, que atende s expectativas do leitor contemporneo, consagrando o

    romance de fantasia como gnero literrio.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    29/32

    29

    Referncias bibliogrficas

    ALEXANDRE, Slvio. Seres do Universo de Tolkien. In: LPEZ, Rosa Slvia. Osenhor dos anis & Tolkien: O poder mgico da palavra. So Paulo: Arte e CinciaEditora; Devir Livraria, 2004. p. 171-212.

    ANNIMO.Beowulf . Traduo de Ary Gonzalez Galvo. So Paulo: Hucitec, 1992.

    ANNIMO.Sir Gawain and the Green Knight, Pearl, Sir Orfeu.Traduo de J. R.R. Tolkien. New York: Ballantine Books, 1980.

    APPLEYARD, Brian.What Took Them so Long. Disponvel em:http://entertainment.timesonline.co.uk/tol/arts_and_entertainment/books/article1613657.ece Acesso em: 23 jun. 2010.

    ARISTTELES. Arte Potica. In: ARISTTELES, HORCIO, LONGINO . A poticaclssica. Trad. Jaime Bruna. So Paulo: Cultrix, 1992.

    ARMITT, Lucie. Fantasy Fiction: An Introduction. New York: Continuum, 2005.

    AUDEN, W. H..The Hero is a Hobbit.Disponvel em:http://www.nytimes.com/1954/10/31/books/tolkien-fellowship.html Acesso em: 26 dez2007a.

    _______.At the End of the Quest, Victory.Disponvel em:http://www.nytimes.com/1956/01/22/books/tolkien-king.html . Acesso em: 27 dez.2007b.

    BENJAMIN, Walter. O narrador. In: BENJAMIN, Walter et al.Textos Escolhidos. SoPaulo: Abril, 1975. (Os Pensadores, 48).

    BRADLEY, Marion Zimmer. Men, Halflings, and Hero Worship. In: ZIMBARDO,Rose A.; ISAACS, Neil D. (Ed.).Understanding The Lord of the Rings: The Best of Tolkien Criticism. New York: Houghton Mifflin Company, 2004. p. 68-75.

    BROOKE-ROSE, Christine. A Rhetoric of the Unreal:Studies in Narrative andStructure, specially of the Fantastic. Cambridge: Cambridge University Press, 1981.

    CANDIDO, Antonio et al.A personagem de fico. So Paulo: Ed. Perspectiva, 2002.

    CARPENTER, Humphrey.J. R. R. Tolkien:A Biography. London:HarperCollinsPublishers, 2002.

    CARTER, Lin. O senhor do Senhor dos Anis:o mundo de Tolkien. Traduo deAlves Calado. Rio de Janeiro: Record, 2003.

    CIENCIA, Ana Cludia Bertini. Da Camelot Arturiana Terra-mdia:representaes da mulher em Le Morte Darthur e The Lord of the Rings . 2008.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    30/32

    30

    Dissertao (Mestrado em Teoria da Literatura) IBILCE, Universidade EstadualPaulista. Disponvel em:http://www.athena.biblioteca.unesp.br/exlibris/bd/brp/33004153015P2/2008/ciencia_acb_me_sjrp.pdf Acesso em: 03 dez. 2010.

    COLERIDGE, Samuel Taylor.Biographia Literaria. Disponvel em:http://www.gutenberg.org/dirs/etext04/bioli10.txt Acesso em: 29 jun. 2010.

    DAY, David.O Mundo de Tolkien: Fontes Mitolgicas de O Senhor dos Anis.Traduo: Melissa Kassner. So Paulo: Arxjovem, 2004.

    EAGLETON, Terry.Depois da teoria. Rio de Janeiro: Civilizao Brasileira, 2005.

    FRYE, Northrop. Anatomia da crtica. So Paulo: Cultrix, 1973.

    GRIMM, Jacob e Wilhelm. O ladro-mestre. In: ______.Contos de Grimm . Trad. David

    Jardim Jr. Belo Horizonte: Villa Rica, 1994. p. 142-151.JOLLES, Andr.Formas simples. Trad. lvaro Cabral. So Paulo: Cultrix, 1976.

    KLAUTAU, Diego Gen. O Bem e o Mal na Terra-mdia A filosofia de SantoAgostinho emO Senhor dos Anis de J. R. R. Tolkien como crtica modernidade.2007. Dissertao (Mestrado em Cincias da Religio) Pontifcia UniversidadeCatlica de So Paulo. Disponvel em:http://www.sapientia.pucsp.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=5927 Acesso em:18 set. 2008.

    KOTHE, Flvio.O Heri. 2. ed. So Paulo: tica, 2000.LEWIS, C. S.A experincia de ler. Traduo e notas de Carlos Grifo Babo. Porto:Porto Editora, 2003.

    LOBDELL, Jared. The Rise of Tolkienian Fantasy. Chicago: Open Court, 2005.

    LPEZ, Rosa Slvia. O narrar ritualstico (The Lord of the Rings de J. R. R.Tolkien). 1997. Tese (Doutorado em Teoria Literria e Literatura Comparada) -Faculdade de Filosofia, Letras e Cincias Humanas, Universidade de So Paulo, SoPaulo.

    LPEZ, Rosa Slvia. O senhor dos anis & Tolkien: O poder mgico da palavra. SoPaulo: Arte e Cincia Editora; Devir Livraria, 2004.

    MAAS, Wilma Patrcia.O cnone mnimo:O Bildungsroman na histria da literatura.So Paulo: Unesp, 1999.

    MARKOVA, Olga. When Philology Becomes Ideology: The Russian Perspective of J.R.R. Tolkien. Traduo de M. T. Hooker.Tolkien Studies. West Virgnia (VirginiaUniversity Press), v.1, p. 163-170, 2004. Cpia do artigo est disponvel em:. Acesso em 8 out 2007.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    31/32

    31

    MELETNSKI, E. M.Os arqutipos literrios. So Paulo: Ateli Editorial, 1998.

    MORTIMER, Patchen. Tolkien and Modernism.Tolkien Studies. West Virgnia(Virginia University Press), v.2, p. 113-125, 2005. Cpia do artigo est disponvel em:http://muse.jhu.edu/journals/tks/ . Acesso em 8 out 2007.

    PINHEIRO, Renata Kabke. owyn, A Senhora de Rohan: uma anlise lingustico-discursiva da personagem de Tolkien em O Senhor dos Anis. 2007. Dissertao(Mestrado em Letras) Universidade Catlica de Pelotas. Disponvel em:http://biblioteca.ucpel.tche.br/tedesimplificado/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=106Acesso em: 18 set. 2008.

    POLACHINI, Lcia Lima. O senhor dos anis: estrutura e significado. 1984.Dissertao (Mestrado em Letras) IBILCE, Universidade Estadual Paulista.

    PROPP, V. I.Morfologia do conto maravilhoso.Rio de Janeiro: Forense Universitria,2006.

    RATELIFF, John D. A Kind of Elvish Craft: Tolkien as Literary Craftsman.TolkienStudies.West Virgnia (Virginia University Press), v.6, p. 1-26, 2010. Cpia do artigoest disponvel em: .Acesso em 10 jun 2010.

    SCHILLER, Friederich.ber naive und sentimentalische Dichtung. Disponvel em:http://www.zeno.org/Literatur/M/Schiller,+Friedrich/Theoretische+Schriften/ber+naive+und+sentimentalische+Dichtung Acesso em: 29 jun. 2010.

    SHIPPEY, Tom.J. R. R. Tolkien:Author of the Century. London: Harper Collins,2001.

    _______.The Road to Middle-Earth:How J. J. R. Tolkien Created a New Mythology.New York: Houghton Mifflin, 2003.

    SUREZ, Luz P.Homero y Tolkien:resonancias homricas en The Lord of theRings. Buenos Aires: Edulp, 2006.

    TODOROV, Tzvetan.As estruturas narrativas.So Paulo: Perspectiva, 1970.

    _______.Introduo literatura fantstica. So Paulo: Perspectiva, 2007.

    TOLKIEN, J. R. R.As cartas de J. R. R. Tolkien. Org. por Humphrey Carpenter.Curitiba: Arte & Letra Editora, 2006a.

    _______.O Hobbit. So Paulo: Martins Fontes, 2002a.

    _______.O Senhor dos Anis. So Paulo: Martins Fontes, 2002b.

    _______.O Silmarillion.So Paulo: Martins Fontes, 1999.

  • 8/6/2019 The Lord of the Rings e a esttica da finitude

    32/32

    32

    _______.Sobre histrias de fadas. Trad. Ronald Kyrmse. So Paulo: Conrad Editora,2006b.

    _______.The Lord of the Rings:The Fellowship of the Ring. New York: BallantineBooks, 1966a.

    _______.The Lord of the Rings:The Two Towers. New York: Ballantine Books,1966b.

    _______.The Lord of the Rings:The Return of the King. New York: BallantineBooks, 1966c.

    _______. Tree and Leaf. In: TOLKIEN, J. R. R.The Tolkien Reader. New York:Ballantine Books, 1966d.

    _______. Introduction. In: ANNIMO.Sir Gawain and the Green Knight, Pearl, SirOrfeu.Traduo de J. R. R. Tolkien. New York: Ballantine Books, 1980.

    _______.The Hobbit. New York: Ballantine Books, 1982.

    _______.The Silmarillion.New York: Ballantine Books, 2002c.

    _______.The Monsters and the Critics and other essays. London: Harper Collins,2006c.

    WILSON, Edmund.Oo, Those awful orcs!Disponvel em:

    http://jrrvf.ifrance.com/sda/critiques/the_nation.html. Acesso em: 19 fev. 2008.ZIMBARDO, Rose A. Moral Vision inThe Lord of the Rings . In: ZIMBARDO, RoseA.; ISAACS, Neil D. (Ed.).Understanding The Lord of the Rings:The Best of Tolkien Criticism. New York: Houghton Mifflin Company, 2004. p. 68-75.