revista graffiti 45

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Resvista brasileira de Graffiti. Edição 45.

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EDITORIAL 5

KRES (JAPÃO/2008)

DNINJA E DOES NA EUROPA 6-9VIDA E MORTE 10ECO 11-18JUSTICEIROS DA TINTA 19-21HALL OF FAME 22-27PRODUÇÕES 29-37BOMB 38-39BIENAL 40-44NOVAS 45-51

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Av. Profª Ida Kolb, 551 - Casa VerdeCEP 02518 -000 - São Paulo - SPF.: (+55) 11 3855-2100 - FAX: (+55) 11 3951-7313Caixa Postal: 16.381 - CEP 02599-970 - São Paulo - SP

Editorial: [email protected]: Sandro AloísioRevisão: Maria Nazaré Baracho e Patrícia de Fátima SantosCoordenadoras de Produção: Adriana Ferreira da Silva,Fernanda de Macedo F. Alves e Natalia Modesto de Paiva

PUBLICIDADE - [email protected]: (+55) 11 3855-2132Jairo Ivo Firsben, Daniel Santos, Zélia Oliveira, RithaCôrrea e Silvana Pereira da Silva (Tráfego)

REPRESENTANTES DE PUBLICIDADEPorto Alegre: Rogério Cucchi [email protected](51)3628-0374

VENDAS DIRETASAntônio Corrêa - (+55) 11 3855-2132 [email protected] Vilar - (+55) 11 4446-6158 [email protected]

ATENDIMENTO AO LEITORAlessandra Campos

CENTRAL DE ATENDIMENTO AO LEITOR(+55) 11 3855-1000 - [email protected]: (+55) 11 3857-9643 - Horário: 8h00 às 19h00

Edição Nº 15, ISSN 1678-7307 - Distribuição comexclusividade para todo o Brasil, Fernando ChinagliaDistribuidora S.A. Rua Teodoro da Silva, 907(21) 3879-7766. Números anteriores podem sersolicitados ao seu jornaleiro ou na central de atendimentoao leitor (11) 3855-1000 ou pelo site www.escala.com.brao preço da última edição, acrescido dos custos depostagem.Disk Banca: Sr. Jornaleiro, a Distribuidora FernandoChinaglia atenderá os pedidos das edições anteriores daEditora Escala enquanto houver estoque.

Filiada à

EDITO

RIAL

Graphis (SP/08)

Respeitar para ser Respeitado

A rua tem suas leis de conceito, respeito, humildade e atitude, entre artistase escritores iniciantes e os mais antigos e respeitados.

Os que estão chegando agora, ainda sem saber pintar ou mesmo ter umestilo, às vezes se deixam levar pela vontade e saem “atropelando” a históriaescrita em agendas de pixo, bombs e até em produções, ou mesmo procurandoum lugar de grande exposição para mostrar o quanto ainda é inocente edesinformado. Queimando o próprio filme e sendo tirado de moleque,provavelmente será atropelado. Uma maneira ruim de ficar conhecido como “Bafo”ou “Toy” na linguagem da rua.

É preciso conhecer, estudar antes de sair para pintar, talvez aprender primeiroa se controlar para não destruir a história, e aos poucos ser também respeitado.Se não sabe cantar, não vai pegar o microfone e fazer o show, isso só vai estragarsua imagem e seu nome.

Em um mundo cheio de artistas, o espaço na cidade fica para quem chegarprimeiro, e se estiver limpo, a história recomeça. No Brasil, o respeito vem emprimeiro lugar; seja um tag de giz, pixo ou bomb, o muro é de quem chegouprimeiro, se arriscou e pintou, e a ele pertence. Na rua é assim.

Hoje, com um volume de artistas muito grande, que não cabe na revista nemse ela tivesse 300 paginas, é com grande prazer que enfrentamos o desafio detentar selecionar o maior número de trabalhos com grande nível técnico econceitual nas matérias e publicações. Com muita dificuldade de edição, umgrande volume de boas obras fica de fora, às vezes, porque a foto não está boa,ou por não ter espaço para publicação mesmo. Isso também ocorre com matériase eventos que acontecem por todo o país.

Já está na hora de outros artistas começarem a fazer zines, vídeos, sites erevistas, aumentando as publicações e construindo um mercado que cresce,mesmo sem apoio.

Diversas lojas de Graffiti estão abrindo po todo o país, então, deve haveralguém precisando divulgar isso. Por que não nessas pequenas publicações?Entendo que é preciso fazer mais, e reclamar menos.

O mercado de Graffiti hoje no Brasil está muito parecido com o do Skate em1985, quando nas lojas de surf só havia um balcão com algumas peçinhas gringas.Aos poucos o Skate foi crescendo e hoje temos aí um mercado enorme e produtivo,apoiando eventos, atletas e revistas. Se precisamos de apoio, devemos seguiros que venceram o preconceito e se profissionalizaram, aprender com os maisvelhos e sábios, ser inteligente. Ser respeitado, viver de arte, ser independente.

Sim, você pode!!!

São Paulo, 13 de dezembro de 2008Binho Ribeiro

FATE (SP/2008)

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DNINJA E DOESNA EUROPAOs artistas DNinja e Does viajaram para a Europa entre os

meses de julho e agosto, passando por vários países. “Nessaviagem conhecemos muitos lugares, como Paris e Strasbourg,na França, Berlim, Munique e Kalrsrue na Alemanha, Amsterdamna Holanda, Zurick na Suíça, Viena na Áustria , Zagreb na Croáciae uma cidade da Eslovenia que nem sei o nome”, relembra Does.

Eles foram convidados para participar de um evento emBerlim que tem o apoio da Belton e da Graffiti Shop WritersCorners. “...dai em diante, começou a correria para conseguiras passagens, que com certeza é a parte mais difícil, e acabamosconseguindo em cima da hora. Mas acabou correndo tudo bem”,explica o artista de rua que também falou sobre a viagem.“Tirando as turbulências... Do início ao fim da viagem foi tudouma maravilha. Em outro país você acaba esquecendo dosproblemas que poderá encontrar pelo caminho. A falta de falarum bom inglês dificulta muito nesses casos; você vai pediruma informação e as palavras fogem, ou as pessoas lheperguntam e você não entende. E olhar para as placas e nãoentender nada, principalmente na Eslovênia e na Croácia, ondeo idioma é muito diferente. Na Eslovênia a polícia é bastanterígida, difícil para migrar. Nessa ocasião, nosso ônibus acabouficando preso por algum tempo na fronteira, mas depois demuita canseira, acabamos prosseguindo viagem.

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Conhecer outras culturas, outras culinárias e novaspessoas foi uma experiência muito boa para nós. Équase tudo diferente daqui do Brasil: trens que passamdos 200 Km por hora, estações de Metrô sem catracas,Chesseburguer de 12 Euros..... Só longe daqui mesmo”.

“Cada cidade deixou sua marca”, contou DNinja.“De cada cidade trouxemos recordações. Em Paris, porexemplo, quando o Does chegou participou de umencontro com cerca de 50 pessoas. Todos combinaramas cores e fizeram uma extensão grande de muro, comtodas as letras das mesmas cores. Outra coisadiferente em Paris é que não existe a quantidade demuros que têm por aqui, e todos os graffitis são feitosde forma ilegal, em locais quase nunca são visíveis narua. Isso acaba fazendo com que os muros sejamrenovados em no máximo uma semana. Em Berlim vocêencontra muita coisa pela rua, mas também sãorenovados com freqüência. Existem muitos ‘Rooftops’espalhados pela cidade e uma quantidade muito grandede escritores, e a cada esquina um restaurante comcomida típica de diversos países. As estações de treme toda sua extensão férrea está completamente cheiade graffitis e tags, você não consegue ver um espaço

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vazio, realmente existe muita coisa em Berlim. JáAmsterdam é uma cidade cortada por rios. É muitobonita e a cena do Graffiti também é forte por lá. Ostrens amarelos de dois andares chamam muito aatenção por onde passam. Quem sabe se alguémficasse esperando passaria algum trem pintadocirculando.

A arquitetura de Amsterdam é muito diferente dado Brasil, não se vê casas. Geralmente são predios decinco andares e as ruas têm um fluxo gigante debicicletas. Viena é uma cidade linda e muito limpa, commonumentos gigantes e uma arquitetura maravilhosa.É muito difícil ver um tag na rua; o graffiti vocêencontra em encostas de rios, lugares abandonados emuros que cercam as linhas de trem e metrô. EmZagreb, um cidade bem diferente e ainda com marcasde guerra, tem muitos bombs espalhados pelas ruas,muitos tags também. Existem muitos escritores emZagreb, mas a principal dificuldade na cidade foi acomunicação, pois o idioma é bem diferente e ascomidas também. O legal é que lá existe cerveja emgarrafa pet de dois litros”, finaliza a grafiteira.

AGRADECIMENTOS: Laurent (Bwexo), Pisko, Astro,Esty, Psf, Malik, Kryot, Lunar, Smack, Dejoe, Aninha,Kera, Dask, Jacktwo, Boher, Spre, Laguna, Karski, Nasy,Anouk, Ment, Eriko, Rico, Bimbo, Dka Crew, Odv Crew,Toys and Noise, Ministério de Cultura e JuventudeCidadã.

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VIDA E MORTEExposição de Pankill, Alexandre Anjo e André Firmino em 20 de setembro de2008, na Carmichael Gallery, Hollywood, EUA.Muitos artistas brasileiros já expuseram obras nesse espaço. Aqui vai umdos arquivos de fotos do rolê e dos arredores da galeria

Para saber mais: www.carmichaelgallery.com

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Entrevista: Binho RibeiroFotos: Arquivo pessoal

“ECO trouxe a história do Graffiti do morro e dasperiferias de São Gonçalo para diversos projetosrelacionados ao socio-educacional. Foi transfor-mandolatinha por latinha, spray por spray, em uma arteplasticamente envolvida de muita poesia, lirismo ealguns conceitos religiosos, que se parecem mais comditos populares por serem profundos e ao mesmotempo de fácil entendimento.Seus trabalhos possuem cada vez mais uma expressão

facial intrigante, como a de quem estaria admirado ouperplexo com a beleza e a crueldade da “enraizada” cidademaravilhosa. Sempre indagando o lugar comum dascoisas, a monocromia de seus últimos trabalhos podetransformar o azul em algo agonizante, e o vermelhoem esperança. Algo parece estar fora do lugar, masatravés de seu jet, podemos entender melhor o porquê.

Marcelo Yuka

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COMO FOI SEU CONTATO COM A ARTE?Desde pequeno, sempre desenhei por influência dosquadrinhos, e estudei muito tempo revistas e fotosda figura humana. Mesclo o traço da HQ com orealismo. Até hoje, a minha maior influência são aspessoas e o que elas fazem, por isso que na maioriadas vezes conto histórias. Quando desenho, pensoem segmento.

E COMO VOCÊ CHEGOU AO GRAFFITI? CONTE UMPOUCO DE SUA TRAJETÓRIA NO INÍCIO.Na adolescência, por volta de 1993, comecei a serinfluenciado pela pixação. Meu primo era pixador emNiterói, seu codinome era NASO, que por sua veztambém é primo de um grande pixador das antigasde Niterói, o CRUEL, da Jovem. Foi ele quem meensinou a caligrafia da pixação... A tinta sempreesteve presente nas veias da família. Eu, jovem declasse media baixa, morador do bairro do Laranjal emSão Gonçalo, e sem muitas opções favoráveis aseguir, escolhi entre várias que me foram oferecidasa pixação. Meu desenho no Graffiti sempre foimesclado, e até hoje em São Gonçalo existemmarquises com minhas pi=xações e desenhosacoplados. Comecei a grafitar por influência dapichação. Fiz nome e pixei em áreas como São

Gonçalo, Niterói, Centro e Baixada do Rio de Janeiro,São Paulo e Minas Gerais. Parceiros que meacompanharam na pixação da época foram: Avião DSG,Funk SS, Rasta AR, Dono SU, Dafo SU, Paiga, Roger,Cubano DSG, Sel AR, Cyck DSG, Park AF, Nação AF,Rak, Lara, Kanal AZP, Oca DSG, Sexo SS, Cico SS,Sucoast, Crack AR, Sander AR, Boris SS, Orio, AkioAPJ, Remo, Clan, Teia, Menor AZ.Em 1996 eu estudava em um colégio da Rede Públicade São Gonçalo no horário noturno, e estava todopixado, por dentro e por fora. Então, recebi a visitado grafiteiro Ema, que foi ao colégio para meconhecer após visualizar meus graffitis pela cidade,como ele mesmo disse. Sempre curti fazer graffitisilegais... O Ema já fazia pixações e graffiti ilegal ecomercial. Eu só o conhecia de algumas matérias emjornais locais. Como sempre curti a parte ilegal, nãoligava muito para os trampos comerciais no inicio.Eu havia formado muitas ideologias, e após esse dia,eu e o Ema grafitamos juntos durante muito tempo.Após alguns anos, conheci grandes amigos grafiteiroscomo o Akuma, os Scrawl, hoje Scrau, Reis e Ales.Até essa época, eram os únicos que estavamcomeçando a pintar nas ruas do Rio de Janeiro.Depois de algum tempo, apareceram os grafiteirosde São Paulo no Rio de Janeiro: Binho, Speto... Todosrealizando alguns trabalhos na cidade.

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Por volta de 1997, conheci os graffitis do Binho, poisaconteciam festas de Hip-Hop no morro Santa Marta e elepintava durante o evento. Em 1998, com o fechamento doCirco Voador na Lapa, pelo Prefeito Cesár Maia, nasceu a festa“Zoeira”, da produtora Elza Cohen, e foi lá, após alguns anos,que conheci os grafiteiros que criaram a “Nação Crew”.Durante anos nos reuníamos no Centro do Alcantara, em SãoGonçalo, onde grafitávamos na linha do trem, e lá surgiramgrafiteiros de diversos cantos do Rio de Janeiro, como Pavuna,de Macaé, no interior do Estado... Todos vinham paraaprender as técnicas do Graffiti. Logo após começarmos afazer trabalhos sociais gratuitos, fomos informados poramigos de órgãos públicos de que o que fazíamos era similarao trabalho de uma ONG (Organização Não Governamental).Faziam parte do grupo: Alex Nascimento, Robson, Ema e eu.Alugamos um espaço físico próximo à linha do trem e a partirdaí conhecemos a Organização FASE SAAP, em Botafogo(Lorenzo Zanetti e Cléia). Também conhecemos o MarceloYuka, Júnior, da ONG Crescer e Viver e o secretário de culturaJoão Luis de Sousa. Todos nos ajudaram a iniciar nossaorganização institucional. Após alguns anos, mudamos parao maior bairro da América Latina, chamado Jardim Catarina,onde nos estabelecemos por alguns anos e criamos diversoscursos sócio-educativos para atender as necessidades dacomunidade. O Graffiti sempre foi a atividade principal.

COMO FOI SUA TRAJETÓRIA DE ESTUDOS PARA DESENVOLVERSEU ESTILO, ATÉ CHEGAR AO ATUAL?Sempre curti HQ. Os desenhos que fazia nas marquises eramno estilo animado, mas depois que comecei a colorir senti anecessidade de explorar novos efeitos. Mesmo seminformação, insistia e alcançava resultados. Pela dificuldadede manuseio, tive que mudar meu estilo, pois era difícil passarpara a parede com o spray o que eu desenhava no papel.Anos depois, com maior domínio do spray, passei a fundirnovas técnicas com novos desenhos, isso em 1997. Na épocanão havia muito material informativo sobre Graffiti, e passeientão a me basear em fotos de pessoas e o que elas faziam,o que me ajudou muito a estudar comportamentos, e portrabalhar em ONG, meus desenhos pegaram muitoembasamento político e social. Mas minha maior influênciapara que evoluísse aquele estilo foram os trabalhos comerciais(sem grana para comprar latas, tinha que trampar com o Graffiticomercial para arrumar material). Com essa prática, muitagente pedia desenhos em outros estilos, e com isso busqueisaber fazer de tudo: personagem, letra, bomb, cenário, design,fragmentos, abstrato... Curto muito criar, por isso os meusdesenhos são diferentes uns dos outros. O que sempre foqueiforam as cores, que ficaram como marca, mesmo introduzindooutras cores no fundo de meus personagens.Tenho feito muitas raízes, estou num momento muitoespecial da minha vida e fiz esse tema. Há alguns anos, fiz umtrabalho para uma amiga na Gávea, a Márcia Lince, do grupoAfonjah, e logo após para a jornalista de moda Érika Palomino.Interessante que foi tudo em cima do mesmo tema. Comliberdade, juntei tudo o que havia feito durante esses tempose a “feijoada” ganho substância. mas tenho muito que

“SEMPRE CURTI HQ, E OS DESENHOSQUE FAZIA NAS MARQUISES ERAMNO ESTILO ANIMADO...”

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aprimorar, não consigo ficar muito tempo repetindo. Comparominhas árvores com o ser humano: raízes são o fundamento.Quando faço grande raízes, elas são o grande fundamento, equando faço alguma mensagem de perdição introduzo pequenasraízes, que no caso são superficiais, sem ligação, sem profundidade.Pego elementos como vasos quebrados e interpreto comoexpansão, crescimento, abandonar a área de conforto, deixar Deuslhe quebrar, agir em sua vida para que haja crescimento. Váriosfrutos ou mudas, já crescendo, são relacionados ao que você produzou ao que você investe em sua vida: coisas passageiras ou eternas.As ampulhetas refeletem o tempo acabando, relacionado a umapassagem do livro da vida do profeta Isaías, que diz: “Buscai aoSenhor enquanto se pode achar”, e por aí em diante. Relação deeternidade, Deus e o homem quando ele quer. Sei que sãofragmentos subliminares, nem todos vão decifrar. Mas é sentimentoe consigo passar expressão através destes detalhes, e às vezes,quando quero que entendam, escrevo mensagens ou explico nomomento. Todos os desenhos, quantoà expressão pessoal, são oque você está vivendo ou vai viver. Em ação e ato, minha arte nãose faz diferente dessa realidade.

QUAL SEU PONTO DE VISTA SOBRE O CRESCIMENTO DO GRAFFITIDENTRO DE GALERIAS DE ARTE? FALE SOBRE SUAS EXPOSIÇÕES EO MERCADO EM GERAL.Acho muito bom. No Brasil temos artistas com história, capacidade eestilo para expor seus trabalhos em galerias. Das exposições queparticipei, as mais importantes foram as de 2001, pois foi a primeiraexposição de Graffiti no Rio de Janeiro, conjunta com o Ema, na GaleriaLGC, no Centro do Rio. A metade das telas foi para Madri, na Espanha.A de 2004, que foi uma conjunta no MAC de Niterói, foi uma ótimaexperiência, até mesmo por ter a participação dos representantes do

“O QUE MAIS ADMIRO SÃO AS CALIGRAFIAS DASPIXAÇÕES DO RIO DE JANEIRO, QUE UTILIZO COMOREFERÊNCIA PARA A CRIAÇÃO DAS MINHAS LETRAS”

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Museu do Andy Warhol, de NovaYork. O intercâmbiofoi ótimo. E a minha última, que foi individual, em 2006no Espaço Constituição no Centro do Rio de Janeiro.Representei o cotidiano dos cariocas no Rio. O títulofoi “Eco do Rio”. Foi muito bom, pois usei impressõescom máquinas de última tecnologia para diversossuportes e tecidos. Teve até impressão em azulejoscom relevo. Conseguimos enquadrar na Lei de Incentivoà Cultura e tivemos patrocínios como o doChocolates Garoto e Studio Alfa. No Rio de Janeiro falta

mais organização por parte dos artistas para expor noexterior, porque em São Paulo vejo um crescimento naorganização para essas ações.

EM RELAÇÃO AOS ARTISTAS GRINGOS, QUEM VOCÊCONSIDERA NO GRAFFITI E NA ARTE EM GERAL? E OSBRASILEIROS?O que mais admiro são as caligrafias das pixações doRio de Janeiro, que utilizo como referência para acriação das minhas letras, principalmente ascaligrafias de Niterói e São Gonçalo, até 1998. Tenhoque aperfeiçoar, mas é tempo de estudos. Quantoaos personagens, me inspiro na cidade do Rio e nocomportamento dos que ilustram nossa cidade comsua arte de viver. Do estilos dos gringos, gosto doswild styles do Dare e Reso. Amo a arte dosbrasileiros, os estudos eo desenvolvimento quetiveram suas artes e estilos, como o Portinari,Akuma, Does, Onesto, Gêmeos, Speto, ChicoScience, Binho, Cobal, Vick Muniz.

EM CERTO MOMENTODA MINHA VIDA

COMECEI A FAZERGRAFFITIS POR

ENCOMENDA DETRAFICANTES DO RIODE JANEIRO, E VÁRIOS

DESSES GRAFFITISJÁ APARECERAM EM

PUBLICAÇÕES,ILUSTRANDOMATÉRIAS DE

OCUPAÇÕES DOBOPE EM FAVELAS.

VOCÊ PODERIA DESCREVER A CENA NO RIO DE JANEIRO?ANTES E HOJE?Antigamente, pintávamos mais à noite, devido ao calordo Rio, ,a tranqüilidade e a ação do impacto. Era muitomais curtição, também pela nossa idade. Hoje em diatemos mais responsabilidades, não temos muito tempopara pintar com alguns amigos, até mesmo porque memudei para a Tijuca e fica mais distante da minha terra.Antigamente havia poucas pessoas pintando, já a cenade hoje é a geração “Oficina de Graffiti”. Muitos fazempor moda, e a minoria porque quer seguir isto em suavida. Mas é aquilo, as modas passam! Antes ninguémrasurava os graffitis, e hoje é diferente. Por causa dealgumas pessoas que pintam há menos tempo, nãogeneralizando, mas algunsnão respeitam o espaçoque todos devem ter.

HOJE, QUAL É SUA LIGA-ÇÃO COM OS TRABALHOSSOCIAIS RELACIONADOSAO GRAFFITI?A maioria dos grafiteirosdo Rio de Janeiro, por suascondições financeiras e poressa realidade que o morroé dentro das cidades, têmcontato direto, e a culturade conviver com todas asclasses sociais. Com essapegada de apoio mútuo,vários foram para essavertente de dar aulas eaprender em trabalhossociais e cursos particulares. Em São Gonçalo, onde tudocomeçou a se desenvolver, fazíamos trabalhos sociaise não sabíamos, tanto que tivemos orientação para nosorganizar como uma ONG devido às dificuldadesfinanceiras que a ONG ASACC passou no município deSão Gonçalo. Infelizmente, tivemos de parar com ostrabalhos. Alguns anos depois fui contratado peloPrograma “Art Luz” que atua em Macaé e é o maiorprojeto de desenvolvimento comunitário por meio daarte dentro da cidade. Esse trabalho com o Graffiti édesenvolvido juntamente com o grupo Kolírius. Tambémtrabalho na “Aplauso” da Prefeitura do Rio, lecionandopara alunos que em sua maioria são da Rede Pública deEnsino. O que curto fazer é dar aulas para jovens declasse média baixa, pois pelo meu passado, me sinto naobrigação de retribuir. Sei que muitos grafiteiros falam:“Graffiti se aprende na rua!”. Claro, aprendi na rua esempre vou pintar na rua, como faço até hoje. Realidadecada um tem a sua. Meu sonho quando criança era fazerum curso de desenho, mas meus pais nunca tiveramcondições de pagar um curso particular, e por meio doGraffiti cheguei a lugares em que nunca sonhei estar.Tento passar, com o pé no chão, o mesmo sonho quetive para vários jovens, que passam pela mesmarealidade que passei.

EM RELAÇÃO À RELIGIÃO. COMO E POR QUE VOCÊBUSCOU ESSE CAMINHO?A busca da verdade e a experiência com Deus semprefizeram parte de minha vida. Em certo momento,comecei a fazer graffitis por encomenda de traficantesdo Rio de Janeiro, e vários desses graffitis já apareceramem publicações, ilustrando matérias de ocupações do

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BOPE em favelas. Comercializavameus trabalhos e ganhava grana,que aos meus olhos parecia fácil.Mas foi uma época que me afundeiem relação a caráter, por decorar ereceber um dinheiro da desgraça edegradação de muitas pessoas efamílias. Me lembro de um depoi-mento do músico Marcelo Yuka,quando falava que era amigo dotraficante Marcinho VP. Na épocaem que o Marcinho morreu, umcomentário conjunto sobre o iníciodo movimento Hip-Hop no Rio deJaneiro, que acontecia no MorroDona Marta, ele dizia: “Para mim ésuper empolgante falar para algu-mas pessoas que sou amigo doMarcinho VP, mas a todo momentoo crime ainda é errado na sociedade,apesar de suprir a comunidade, e apolícia, apesar de suas grandesfalhas, ainda é a certa” Essa com-posição de certo e errado, para mimsempre falou muito forte, e emminha confusão mental, eu estavafazendo o certo ou o errado pin-tando em comunidades? Era umaluta, pois achava que estava reali-zando um trabalho comercial comopara qualquer outro cliente, e nãopensei errado. Mas a procedência dodinheiro nunca me foi proveitosa.O dinheiro acabava rápido e sempreos investimentos davam errado.Foi então que comecei a ver que suaprocedência era amaldiçoada.Dinheiro de morte e destruição nãotraz bons segmentos. Meu trabalhocomo um dos diretores da ONGestava desgastado, com váriasacusações pelos trabalhos emmorros, e isso se tornou um círculovicioso, pois mentia, dizendo quehavia parado e continuava pintando,porque o tramite de negociação eramuito fácil, por causa da “amizade”com outros chefões mais conheci-dos, como “frentes ou donos dosmorros”. Ganhei “credibilidade”.Estava muita bem, a meus olhos, esempre com muita grana, mulher erespeito dos jovens por conhecer

“os caras”. Eu dizia: “Essa é a vida que pedi a Deus.” Percebi que tudoo que queria já tinha, mas vi que o vazio continuava. Cansei e largueitudo... Terminei namoro, larguei algumas drogas e mal saía de casa.Até que uma pessoa me convidou para realizar um trabalho numacomunidade a serviço do Estado. Estávamos no painel, eu e meu amigoFada, e representávamos um desenho de como eu estava me sentindono momento. Eu retratava um cara no alto de um monte pensando eolhando para cima, e duas árvores com poucas raízes no formato denossas letras wild style, similar ao que tenho feito atualmente. Meutelefone tocou e era uma amiga me chamando para ir a uma igreja comela. Após muita insistência, ela me convenceu. Ao anoitecer fui comela à igreja chamada “Comunidade S8”, em São Gonçalo. No primeiroinstante fiquei impressionado com a diversidade de pessoas e estilosvariados; senti uma enorme paz em estar ali e comecei a freqüentartodos os finais de semana. Também comecei a estudar, a ler a bíblia epraticar seus ensinamentos.

“REPENTINAMENTE AO EXTREMONÃO CONSEGUI MAIS SUPORTARAQUILO EU COMEÇO A FALAR EMLÍNGUAS ESTRANHAS, SEMENTENDER O PORQUE DAQUILO,MAS COM UM POUCO DEEXPERIÊNCIA POR ESTARFREQÜENTANDO ESTUDOS NAIGREJA ENTENDI QUE EU ESTAVASENDO BATIZADO COM O ESPÍRITOSANTO...”

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Para saber mais sobre os projetos:www.artluz.org / www.aplausorio.org / www.s8rio.com

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ATITUDE DE ALGUNS GRUPOS DEESCRITORES EM PROTESTOCONTRA A VIOLÊNCIA E O DESCASODA JUSTIÇA, DIVIDEM A OPINIÃOPÚBLICA E CRIA NOVOS CONCEITOSPARA OS ESCRITORES DE RUA.

“Nosso objetivo é mostrar a nossamarca através da pixação para asociedade, para que dessa maneirao povo entenda que a pixação jáfaz parte da cultura das grandesmetrópoles brasileiras, e que nãoestamos satisfeitos com tantasinjustiças, desigualdades sociaise falta de oportunidade para opovo carente. Enquanto isso,vamos pixar eternamente”.(MALIGNOS_ser)

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COMO VOCÊS COMEÇARAM A FAZER PIXO COMO PROTESTO?Eu comecei a fazer em janeiro de 2007, quando fui commeu irmão (Feu) e o Eto (OS Q.N) a um bar em Pinheiroscom o Tatei. Era dia 13 de janeiro, sábado, um dia após atragédia do Metrô Pinheiros, em São Paulo. Ficamos lá atarde toda bebendo cerveja e trocando idéia. Mais tarde,revoltados com a situação, resolvemos protestar echegamos lá na Rua Capri, no final do dia, a poucos metrosda cratera do metrô, no prédio em que os moradores foramobrigados a deixar o local, pois havia risco de novosdesabamentos. De lá para cá, formamos um time e foramsucessões de protestos. (MALIGNOS_ser)

QUAL O MAIS IMPORTANTE?O mais importante sempre é o último, que é o assunto domomento. Existem os que têm mais destaque na mídia, eoutros que às vezes nem aparecem. Acredito que no nossocaso o que mais causou impacto na sociedade foi o docaso da morte da menina Isabella Nardoni, que chocou omundo inteiro, e muita gente acompanhou os fatos no jornalimpresso e na TV, e pôde ver ao vivo a nossa faixaestampada no portão do Sr. Antonio Nardoni, pedindojustiça. (MALIGNOS_ser)

QUAL FOI A REAÇÃO DA SOCIEDADE EM RELAÇÃO A ESSESPROTESTOS?A maioria das pessoas que discute as relações sócio-econômicas, que sentem vontade de se expressar mas nãopodem, aprovam. Mas também têm aquelas pessoas quenão fazem nada para melhorar e ainda julgam nossosprotestos como puro vandalismo, ou um meio de seaparecer na mídia. (MALIGNOS_ser)

OS PROTESTOS FIZERAM AS PESSOAS VEREM OS PIXOS DEOUTRA FORMA?Acredito que na maioria sim, pois quebramos aqueleparadigma de que todos os pixadores são marginais, seminstrução ou emprego, e que estão nas ruas apenas parasujar a cidade, se drogar e entrar no mundo do crime. Nóstambém fazemos parte dessa sociedade e não podemosfechar os olhos para ela. Mas é claro que existem aquelesmais conservadores, que sempre vão achar que a pixaçãoé apenas vandalismo. (MALIGNOS_ser)

DE QUE MANEIRA VOCÊS ACHAM QUE ISSO PODE INFLUENCIAROS JOVENS ESCRITORES (PIXADORES)?Alguns podem se inspirar e ver a pixação de uma formamais racional e seguir o mesmo caminho, pois depois quenós começamos, muita gente tentou fazer o mesmo.(MALIGNOS_ser)

A MAIORIA DASPESSOAS QUE

DISCUTE ASRELAÇÕES

SÓCIO-ECONÔMICAS,QUE SENTEM

VONTADE DE SEEXPRESSAR MAS NÃO

PODEM, APROVAM.

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ME CONTE UM POUCO SOBRE VOCÊ E SOBRE O GRUPO.Eu sou o Sergio, integrante desde o início do grupo MALIGNOS, que foifundado em 1997 na região sudoeste de São Paulo. Atualmente o grupoé formado por 7 integrantes: (Ser, Snup, Caz, Mky, Le, Feu e Bco), tambémjá teve o “Boca”, que infelizmente morreu em dezembro de 2000. Nóssempre fomos amigos, independente de pixação, e o nosso objetivoinicial foi espalhar nossa marca pela cidade por simples diversão ecurtir as noites de São Paulo, pois naquela época ninguém queria saberde estudar ou trabalhar. Hoje, depois de muito esforço, sou graduadoem Administração, trabalho na área, sempre que posso faço meu rolê eestou cercado de amigos. Gostamos de festas, bebidas e baladas.Atualmente alguns estão sossegados, curtindo a família, mas sempre unidose acompanhando as pixações pelas ruas da cidade. (MALIGNOS_ser)

EXISTE ALGUM OBJETIVO NESSA JORNADA?Nosso objetivo é mostrar a nossa marca por meio da pixação para asociedade, para que dessa forma o povo entenda que a pixação já fazparte da cultura das grandes metrópoles brasileiras, e que não estamossatisfeitos com tantas injustiças, desigualdades sociais e falta deoportunidade para o povo carente. Enquanto isso continuar, vamos pixareternamente. (MALIGNOS_ser)

PARA FINALIZAR, GOSTARIA DE DEIXAR ALGUM RECADO PARA QUEM VAI LERESSA MATÉRIA?Gostaria que você, Caro Leitor, refletisse sobre o assunto, pois antes decondenar um pixador, cuidado, ele pode ser seu filho ou um parente próximo.Não julgue as pessoas antes de conhecê-las. No mundo da pixação existemdiferentes tipos de pessoas, e quem você menos imagina está pixando acidade. Não existe sexo, classe social, cor, crença, idade, mas prevalece orespeito, a disciplina e a amizade, e é claro, para ser pixador tem que tercoragem e uma dose de loucura. Um grande abraço a todos que nosprestigiam. (MALIGNOS_ser)

“NOSSO OBJETIVO ÉMOSTRAR A NOSSA

MARCA POR MEIODA PIXAÇÃO PARA A

SOCIEDADE, PARA QUE DESSAFORMA O POVO ENTENDA QUE

A PIXAÇÃO JÁ FAZ PARTE DACULTURA DAS GRANDES

METRÓPOLES BRASILEIRAS,E QUE NÃO ESTAMOS

SATISFEITOS COM TANTASINJUSTIÇAS, DESIGUALDADES

SOCIAIS E FALTA DEOPORTUNIDADE PARA O

POVO CARENTE.ENQUANTO ISSO

CONTINUAR, VAMOSPIXAR ETERNAMENTE”

(MALIGNOS_SER)

“NÓS FAZEMOS ESSE TIPO DE PROTESTO PORQUE CANSAMOS DASINJUSTIÇAS QUE NOS RODEIAM. É JUIZ QUE ROUBA E FICA EM CASA, EX-PREFEITO, QUE TAMBÉM ROUBA E FICA EM CASA, PROMOTOR QUE MATAE FICA EM CASA, GANHANDO 18 MIL REAIS, CRIMES CONTRA CRIANÇASINDEFESAS, CRIMES CONTRA IDOSOS... TEM GENTE QUE NÃO TEMCONDIÇÕES DE COMPRA UM MÍSERO POTE DE MANTEIGA E VAI PARARATRÁS DAS GRADES INJUSTAMENTE. NÃO QUE A PESSOA ESTEJA CERTAEM ROUBAR, MAS QUE CUMPRISSE OUTRO TIPO DE PENA, COMOTRABALHO COMUNITÁRIO. PARA QUEM CAI NA CADEIA, É DIFICIL VOLTARA SER O QUE ERA ANTES. JUNTAMOS NOSSAS VONTADES DE PIXAR COMAS NOSSAS INDIGNAÇÕES E FOMOS PARA CIMA DA SOCIEDADEDESABAFAR E COBRAR DE QUEM ESTÁ ERRADO E FICA IMPUNE. SEI QUENINGUEÉM, NENHUM GOVERNADOR, PREFEITO, ENFIM, NENHUM POLÍTICOSAFADO VAI NOS RECEBER, MAS SÓ EM SABER QUE ESTAMOSINCOMODANDO, JÁ ESTÁ DE BOM TAMANHO. MUITOS DESSES CRIMESPASSAM DESPERCIBIDOS, MAS SE DEPENDER DE NÓS, ISSO NÃOACONTECERÁ, PORQUE ENQUANTO TIVERMOS SPRAYS, QUE É A NOSSAÚNICA ARMA, IREMOS PROTESTAR SIM, E COBRAREMOS DE QUEM DEVESER COBRADO. ESTAMOS NISSO HÁ DOIS ANOS E NÃO PENSAMOS EMPARAR. SE ISSO ACONTECER, QUE VENHA OUTROS PIXADORES COM OMESMO INTUITO E CONTINUEM O QUE COMEÇAMOS.

QUE ISSO SE ESPALHE PARA OUTROS ESTADOS DO BRASIL , PORQUEA VIOLÊNCIA NÃO ESTÁ SÓ AQUI EM SAMPA, ESTÁ NO MUNDÃO. SETODOS NÓS PIXADORES NOS UNIRMOS, FICARÁ DIFÍCIL NOS COMBATER.ENQUANTO DEUS NOS PERMITIR VIVER, CONTINUAREMOS COM OSJUSTICEIRSO DAS TINTAS. PIXAR É ARTE, PIXAR É PROTESTAR, PIXAR ÉHOBBY, PIXAR É FAZER AMIZADES. PENSEM NISSO, GALERA.

ASS:TUMULOS ( TATEI )

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homem precisa pintar, se expressar, notar e ser notado. Desdenossas origens, dos macacos aos primatas, talvez este seja nossosentimento mais humano.Ao longo de nossa história, sempre estivemos próximos desse

sentimento, dessa vontade de se expressar, protestar ou por prazer.Nas cavernas, no Egito, sejam feitos por Gregos, Incas ou Maias,escritas ou desenhos contam nossa história, muitas vezes feitos deforma ilegal, autêntica e espontânea.

Em meio a toda essa tendência natural do ser humano, tivemos emdiversos momentos verdadeiras revoluções na arte, e comportamentosretratados por artistas e grandes pensadores.

No final dos anos 60, surge nos guetos de Nova York umamanifestação artística que poderia ultrapassar o preconceito e adescriminação sofrida por negros, latinos e imigrantes.

Como ser notado, sendo pobre e excluído da sociedade? Este foi oconceito da origem de uma cultura: colocar o nome nas ruas, serrespeitado, buscar a fama através da divulgação de seu nome ou deum conceito.

Surgiu o “Graffiti”, nome que vem do italiano “graffito” (escrita).Aparece, cresce e logo está espalhado pelo mundo, tendo como seumaior divulgador o Hip-Hop, uma cultura urbana formada por 4elementos: DJ (música), Graffiti (arte), Break (dança), MC (poesia). Assima sociedade pôde prestar atenção à arte que era produzida no subúrbio,e o Graffiti, já nos anos 70, com a pintura ilegal nos trens de Nova York,chegou aos livros e filmes, que logo chegaram ao mundo.

Começaram também a se apresentar como escritas, pixações,máscaras de stencil, murais e intervenções nas grandes cidades. OStreet Art já faz parte da vida dos moradores das grandes capitais nomundo inteiro, absorvendo diferentes culturas e formas de seexpressar, tendo em seu conteúdo sentimentos, relatos e protestos,podendo levar vida e comunicação a qualquer um, pobre ou rico,normalmente se adaptando à estética já desgastada da cidade ouburlando alguma regra para se manter viva. Com grandes conquistas,resultantes de muita luta contra discriminação, preconceito econservadorismo, abrimos muitas portas no mercado, em especial coma população, que se encanta com a nossa arte.

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No Brasil, onde a educação e a arte ficam muitas vezes em segundoplano, a ação dos artistas urbanos vem por conta própria, mudando essecenário e apresentando ao mundo grandes artistas, possibilidades ecaminhos, seja no social ou mesmo no enorme mercado, que se fortificaconsolidando os profissionais e deixando para os mais novos a certezade que se pode viver de arte. A 1ª Bienal Internacional de Graffiti, realizada em Belo Horizonte, MinasGerais, parecia um sonho, algo inalcansável para uma vertente da artetão marginalizada, e na maioria das vezes discriminada até por alguns deseus maiores ídolos, uma pena. Com a presença de grandes nomes da cena mundial e representantesde várias cidades do Brasil e do mundo, esse evento promete muito maisdo que a ganância e o egoísmo podem conquistar: um grande encontrocultural, ideológico e humilde, feito por verdadeiros guerreiros queacreditam na obra coletiva, social e democrática. Em meus quase 25 anos de luta por conquistas de nossa cultura, este éum momento especial na história, não só do Brasil, más de todo o mundo.Algo que pode mudar conceitos ideológicos e discriminatórios sobrenós mesmos. A todos, muita sorte, humildade e paz.

São Paulo, 21de agosto de 2008Binho Ribeiro, Curador

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Após a chegada e aacomodação dos artistas, teveinício a produção das obras, e éclaro, os rolês pela cidadecomeçaram com alguns murosgigantes, onde aconteceramverdadeiros encontros deartistas da Velha e Nova Escola,além de vários outros, em todasas parte de Belo Horizonte.

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Agradecimentos:Sara, Marcela, Carol, Nadu, Piero, Guilherme, Matheus, Áurea e a todosos artistas guerreiros, que tiveram grande importância na realizaçãodesse sonho. Em especial a Rui Santana, que mostrou que é possívelse organizar e produzir grandes feitos como esse.Falecido em dezembro de 2008, que esteja em paz, e que suasconquistas possam ser levadas adiante.

“O evento foi muito positivo, porque visitei e pintei no Brasil, um lugar que queriamuito conhecer. O tratamento da organização foi bastante agradável.Um grande evento, com espaço para vários artistas, um exposiçãoque mostrou grande talentos. Mas a forma de mostrar as obras foi meio confusa,na minha opinião, não se sabia bem de quem era cada trabalho.Mas no geral, os artistas que partciparam do evento me trataram muito bem,inclusive me convidaram para visitar suas cidades. Visitei o Rio de Janeiro e a cidadeera maior do que eu esperava. Mas a maior experiência foi pintar nas favelas.Um salve e obrigado a todos”

www.okudart.eswww.myspace.com/okudartwww.fotolog.com/okuda1OKUDA

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Desta vez, o prêmio Hutuz de 2008 tevecomo destaque um artista do Vale do Paraíba,o “VESPA”. Respeitado por sua técnica egrande divulgador da cultura em São José dosCampos, onde o Graffiti é descriminado,rejeitado e caçado pelo poder público, sendoproibido até com permissão do proprietário.Um caso de censura. E nesse ambienteadverso, Vespa se destacou. Ainda teve apintura do Cine Odeon, na Cinelândia, e LivePaint durante o Rap Festival, no Circo Voador.Mais infomações: www.hutuz.com.br

CATS AND DOGS - BERLIN 2008Com a intenção de trazer a diversidade de cultura e estilos a serem expostosem uma das cidades mais fascinantes da Europa, aconteceu nos dias 19 e 20de Julho de 2008, na praia artificial de Strandbad Weissensee, em Berlim(Alemanha), o primeiro festival de graffiti “CATS and DOGS Jam 2008”, quecontou com artistas de vários países, entre eles uma representante brasileira,DNinja. Além do Evento, aconteceram Workshops e debates sobre o encontrointercultural.Organizado por Dask e Pussy Soul Food, o evento contou com o apoio daMolotow TV (Belton), Writers Corners e Catfight Magazine. “Além derepresentar o graffiti brasileiro, tive a oportunidade de participar deuma mesa de debates, onde foi possível falar um pouco de nossacultura. Foi incrível a oportunidade de fazer novos amigos e pintarjunto com pessoas de culturas diferentes em uma cidade comoBerlim”.Agradecimentos: Ministério da Cultura, Cajuv (Juventude Cidadã) SBC.

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FLORIPA Com muita vontade e disposição, a equipe de Claudio Rios, e oscerca de 20 grafiteiros, cobriram com muitos peixes, e até baleias, os200 por 7 metros de alto. Organizado e produzido pela Nação Hip-Hop, o grande mural foifeito em dois dias por artistas de São Paulo e locais de Florianópolise São José, onde fica a obra, à beira-mar.

Artistas: Binho, Graphis, Nick, Saidick, Vejam, Rizo, RZz, Gis, Tops,Enjoy, Nova Valdi, entre outros guerreiros.

SESC

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Em homenagem ao centenário da imigraação japonesa, oSESC Santana fez uma exposição com artistasdescendentes e grandes representantes do Street Art.

Artistas: Walter Nomura (Tinho), T. Freak, Paulo Ito, Cisma,Whip, Thais Ueda, Ricardo Ushida, Raquel Uendi e CatarinaGushiken.

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PROJETO BRASIL - JAPÃO PARADE

Seguindo as comemorações docentenário da Imigração japonesa, oartista plástico Ygut convidou artistas epersonalidades para customizar um ToyArt gigante, que ficou exposto emdiversos locais de São Paulo.Entre os artistas participaram: HomeroBrito, Titi, Spacca, Nina, Nunca, Speto,Mauricio de Souza, Binho, Xuxa, SabrinaSato, Ana Maria Braga, entre outros.

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DIA DA CONCIÊNCIA NEGRA

Com um evento de Hip-Hop, o 20 deNovembro foi comemorado com a parceriado SESC.Os MCs, B-Boys, DJs e grafiteiros tiveramseus representantes, e muitas pessoasganharam um show de graça com bom níveltécnico e o respeito que os artistasmerecem.Artistas: Nelson Triunfo, Matéria Rima,Binho, Bonga, Tano, Tsunami, Die Hard,Back Spin, entre outros convidados.

BOLA DE NEVE.

O evento anual de Skate,Som e Graffiti, este ano tevea presença de Boleta, Mea,Fabio Q, Andre, Genu eProfeta.

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Poa

Aconteceu em Porto Alegracom apoio da Colorgin eorganizado pela Transfer apintura de um mural narodoviária e contou comvários artistas locais.

GAS 2008

Em sua segunda edição, o Gás Festival, do guaranáAntarctica, teve Bob Burnquist, Danny Way, Bab Religion, B-Boys e grafiterios, tudo em um mesmo local gigante, compainéis feitos em shapes de skate. O Graffiti aconteceudurante o evento, que reuniu cerca de 13 mil pessoas.Artistas que participaram: Binho, Anjo, Bonga, Ter, Carlos,Saidick, Teia, Nem, Nick, Shock, Truff, Roko, Snek, Verme,BTS, Gun, Andre, Fumaça, Cocão, entre outros parceiros.

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1º ENCONTRO DE GRAFFITI SÃO MIGUEL PAULISTA

O evento aconteceu no dia 14 de setembro, na Zona Leste de São Paulo,organizado por RV, Dumeem e Grillo. Com a participação de mais de 50artistas e com o apoio de Netinho, a festa contou também com os DJsCalyton e Elvis.Agrdecimentos aos artistas que participaram do evento: RV, GRILLO,DUMEEM, NEGRITO, XYROX, BOZER, CHAMBS, MAUMEKS, ARMAMENTO,VISUAL, BINHO, TTC, PELÉ, ICONE, MIS, OIEH, ROTE, IGNOTO, SHIP, B.O,TURMA44, PEU, NEM, FEIK, CIDRES, TOTÕ, LUCY, FATY, GER, ROD, BLEF,PIKOT, GELO, KI, 8@BATALHAO, DANGER, NAO, CREDOUM, SOU, SANDRA,OCHI, ZIPER, MOSH, PULGS, GIRO, TICO, LAN, JHOW.

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SESC RIO

Organizado pelo artista Airá,o projeto teve a presença degrandes nomes do Graffiti, ecom uma boa estruturaoferecida pelo SESC,aconteceram palestras,debates, workshops e umagrande pintura, feita emescolas da região deMadureira e Vila Cosmos.

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