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DiretoresKleber D. Góes

Vania Vial

www.revistacircuito.com.brDesde 1996

ATUALIDADES E NEGÓCIOS

Diretor Editor: Kleber D. GóesDiretora: Vania VialDiretor Jurídico: Dr. RaimundoAzevedo Pereira

Chefe de Reportagem:Edfrance da Silva Souza

Repórteres:Folha da Cidade S.A.

Arte:Folha da Cidade S.A

Colaboradores:Walter Barros MartinsRobervaldo ‘Zezinho’ Rocha

Endereço para correspondência:Rua Belo Horizonte, 9 Sala 1016The Place Business Adrianópolis69057-060 MANAUS - AM - BR

Fale conosco: Geral: 55 (092) 3654-6835

E-mail redação: [email protected]

Quero anunciar:[email protected]

Quero assinar: [email protected]

http://www.revistacircuito.com.br

Representante Sul/Sudeste:• São Paulo • Brasília • Curitiba • Belo HorizonteValmyr Mateoli Alameda dos Maracatins, 508 - 9ºandar - Moema 04089-001 - SÃOPAULO - SP Tel.: (011) 5052-5129

Circulação direcionada para Investidores, Empresários, Presidentes, Diretores e Gerentes.

Tiragem: 20.000 exemplaresDistribuição na Argentina, Bolívia, Brasil e Venezuela.

IMPRESSA NO POLO INDUSTRIAL DE MANAUS

CONHEÇA A AMAZÔNIA

UOL

Circuito 4

Há poucos anos o Brasil apresentava ao mundo a imagem de uma economia exube -

rante com crescimento de fazer inveja, cujo PIB chegou a 7,5%, em 2010, chamando a

atenção de investidores e governantes que começaram a listar o país em suas agendas

de prioridades.

Naquela época, um símbolo da ocasião, Eike Batista se tornava o homem mais rico do

Brasil, o nosso Real valia tanto quanto um dólar e uma massa de brasileiros vieram

experimentar o consumo dos eletrodomésticos, das viagens, dos automóveis e dos

novos imóveis.

Isso tudo foi ontem, recente, mas já parece que tem décadas, tal a desorientação que a

economia está experimentando. Foi ontem que a nossa Presidente aconselhou Angela

Merkel, a chefe do governo alemão, sobre o que ela deveria fazer para resolver a crise

nos países da Europa.

De repente, a derrocada do bilionário Batista virou motivo de piada em todo o mundo

e o Brasil mereceu capa da The Economist com a pergunta O Brasil Estragou Tudo? O

crescimento pífio do Brasil e os altos índices de inflação acumulados nos últimos

meses denotam que vinte e dois milhões de brasileiros voltaram à linha de pobreza.

Mas, afinal, em que o Brasil está errando? Foi com o objetivo de responder a essa

questão que trazemos, nesta edição, um dos mais brilhantes acadêmicos e estudioso do

assunto, o diretor do BRICLab, da Columbia University (EUA), Centro de Estudos

sobre Brasil, Rússia, Índia e China, Marcos Troyjo, que faz uma profunda avaliação

sobre a atual situação e sugere saídas com raro brilhantismo.

Ainda, nesta edição, o Dr. Ozires Silva, fundador da Embraer e atual Reitor da Uni-

monte, nos brinda com um Artigo sobre a Zona Franca de Manaus, no momento em

que a SUFRAMA realiza a VII Feira Internacional da Amazônia, com a presença de

grande parte dos presidentes das mais de quinhentas indústrias instaladas na região.

As empresas mais inovadoras do mundo é outro assunto que vale à pena ser digerido

com bastante atenção, temos muito o que pensar em Inovação, Pesquisa e Desenvolvi-

mento para encontrarmos um espaço confortável e recompensador no futuro.

Boa leitura!

Kleber Góes

Nesta edição

Circuito 5

PANORAMAWestern Union oferece serviço de transferência de dinheiro

PANORAMAGente & Carreira Whirlpool e Yamaha conquistam ouro no PQA 2013

Empresas & Negócios Lenovo assume lide rança no mercado de Pcs

ARTIGOOZIRES SILVA. Polo Industrial de Manaus OValor de uma nova Ideia! De uma Inovação!

ESPECIAL BRASILEntrevista Marcos TroyjoO cenário político e econômico mundial. Em que o Brasil está errando?

INOVAÇÃORecorde de investimentos em P&D no mundo.Na contramão, investimentos no Brasil cai 18.3%

As empresas mais inovadoras

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CIDADESA Copa das OportunidadesAções antes e além CopaO projeto do Estádio

CULTURAJean-Michel Cousteau Entrevista -Amazônia Ontem e Hoje

LIVROSPedro de Camargo. Eu compro, sim! Mas a culpa é dos hormônios...

MERCADOPesquisa com consumidor revela experiências de compra

AUTOSSalão Duas Rodas 2013 Em números

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Jean-MichelCousteau vem àManaus paraExposição e falasobre as expediçõesde 1982 e de 2006com exclusividade àRevista Circuito

Marcos Troyjo,diretor da BRIcLab,da Columbia, falasobre os desafiosdo Brasil na eraatual, em que esta-mos errando na erada competitividade

Ozires Silva,empreendedorbrasileiro,empresário e edu-cador, em artigoespecial, fala sobreInovação e a criaçãodo Polo Industrialde Manaus

Foto da capa: Alcir N. da Silva

Panorama

A Western Union anuncia que 100 lojas darede Riachuelo oferecem o serviço de envio erecebimento de transferência nacional e inter-nacional de dinheiro em Manaus, Salvador,Fortaleza, Belo Ho rizonte, Uberaba, Urbelân-dia, Monte Claros, Rio Janeiro, São Paulo capi-tal e interior. Até o fim de 2013, o serviço daWes tern Union estará disponível em mais lojasda Riachuelo.

O serviço será uma facilidade, em especialpara a parcela da população não-bancarizadaque hoje representa cerca de 40% do total dapopulação brasileira economicamente ativa,segundo estimativas do Instituto de PesquisaEconômica Aplicada (IPEA).

“Estamos muito satisfeitos com a parce-ria, que é resultado da estratégia de multi-canais e multiprodutos da Western Union. Oobjetivo é expandir e diversificar a nossa rede,ofe recendo aos consumidores brasileirosmeios rápidos, convenientes e confiáveis deenviar e receber dinheiro dentro e fora dopais”, afirmou Felipe Buckup, vice-presidenteda Western Union e Bank Officer do BancoWestern Union do Brasil S.A.

A Western Union é lider no segmento deremessas internacionais de dinheiro no país e,com a inauguração do banco e da corretoraWestern Union, oferece também outrosserviços no Brasil.

Western Union oferece serviçode transferência de dinheiro

A Harley-Davidson Financial Services traz ao Brasilmais um novo produto, o seguro para motocicletasHarley-Davidson. Com ele, o braço financeiro da marcaamplia ainda mais seu portfólio no mercado nacional,contribuindo para melhorar a experiência Harley-David-son dos clientes. O novo produto estará disponível noinício de dezembro em todo o território brasileiro.

“A aquisição de uma motocicleta Harley-Davidson éa realização de um grande sonho de nossos clientes. Porisso, a oferta do seguro é uma ótima opção para que pro-tejam o bem. Do nosso lado, aprimoramos a experiênciadeles com a marca e a deixamos mais premium e exclu-siva”, afirma Longino Morawski, diretor-superinten-dente Comercial da Harley-Davidson do Brasil.

Oferecido em diversos países, o seguro para motoci-cletas Harley-Davidson oferece a cobertura automáticade acessórios, muito valorizada pelos clientes. NoBrasil, o produto foi desenvolvido por meio de um con-trato de parceria entre a Harley-Davidson FinancialServices e o Grupo Brades co Seguros.

Seguro para motocicletas

Circuito 6

Ligue para 0300 10 12345

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NO BRASIL.

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Whirlpool Latin América e Yamaha Motor conquistaramouro na modalidade Processo do Prêmio Qualidade Ama-zonas 2013, além de Honda Componentes, Panasonic eShowa, todas da categoria Grande Indústria, e Petrobras –Refinaria Isaac Sabbá, Yamaha Componentes, HTA Indústriae Comércio, e Labell Press, categoria Média Indústria.

Na Whirlpool Latin América, a premiação foi fruto daimplantação do trabalho “Desenvolvimento Sustentável”,que teve como objetivo reduzir a zero a emissão de resíduossanitários na empresa e ainda diminuir substancialmente oconsumo de água.

A Yamaha ganhou ouro em dois projetos. O primeiro, de“Redução de GLP” trouxe economia de R$ 61 mil anuais,com a redução das perdas de energia térmica. O outro pro-jeto tinha como objetivo a redução de parada de máquinadevido à troca de cilindro hidráulico, reduzindo custos,aumentanto a qualidade e a segurança, além de melhoriasergonômicas.Importante destacar que esses prêmios só são possíveisporque essas empresas têm pessoas qualificadas e quebuscam a melhoria contínua em seus ambientes de trabalho.

WHIRLPOOL E YAMAHA CONQUISTAM OURO NO PQA 2013

A Lenovo, maior empresa de computadores do mundo,agora também é a maior fabricante de PCs do Brasil. A empresaassumiu a liderança do mercado, segundo dados do relatórioWorldwide Quarterly PC Tracker da IDC, referentes ao terceirotrimestre de 2013.

A Lenovo já havia saltado da quarta posição para a vice-lide rança no Brasil no segundo trimestre do ano, ultrapassandotodas as outras multinacionais.

A posição de maior fabricante de computadores do Brasilalcançada neste trimestre reflete o forte crescimento da com-panhia nos últimos anos. "Essa conquista é um momentohistórico da Lenovo no país que, pela primeira vez, alcança oposto mais alto no mercado”, declarou Dan Stone, presidenteda Lenovo Brasil.

Gente & Carreira

Empresas & Negócios

Panorama

Circuito 7

Equipe da Yamaha, que conquistou dois prêmios no PQA 2013Evandro Cavalieri (d) recebe o prêmio pela Whirlpool

s.

LENOVO ASSUME LIDERANÇA NO MERCADO BRASILEIRO DE PCS

Fotos: Valmir Lima

ARTIGO

* Ozires Silva é Reitor daUnimonte. Engenheiro e

Piloto, Mestre em CiênciasAeronáuticas pelo

California Institute ofTechnology, foi fundadore Presidente da Embraer,presidente da Petrobras,

Ministro de Estado daInfra-Estrutura e Presidente

da Varig. É presidentedo Conselho de

Administração da PELENOVA Biotecnologia S.A.,membro de conselhos deAdministração de várias

empresas, institutos eorganizações no Brasil e

no exterior. É membro doRoyal Swedish Academyof Engineering Sciences

(Estocolmo – Suécia) eescritor de vários livros.

O POLO INDUSTRIALDE MANAUSO Valor de uma novaIdeia! De uma Inovação!

os anos 1300, a China era anação mais desenvolvidado mundo. A pólvora, abússola, os fornos para afundição do ferro, o aradopara as plantações de

arroz, as máquinas de tear e a engenharianáutica colocavam aquele país no topo dodesenvolvimento tecnológico. O papel e aprensa, inclusive, foram introduzidos peloschineses cerca de mil anos antes dechegarem ao ocidente. A partir dos anos1400 porém, a dinastia Ming começou ahostilizar os estrangeiros da Ásia e Europapor temer que a cobiça por sua tecnologiapudesse desestabilizar seu poder. Paraagradar o imperador em seu isolamentopolítico, as elites passaram a focar apenasnas artes e humanidades, condição quelevou a China a chegar ao século XIX total-mente defasada frente ao ocidente.

No século XX, coube aos Estados Unidosprotagonizar o segundo grande salto pla -netário da produção tecnológica, com olançamento e implantação de uma base

educacional ampla, de qualidade, avançadae sólida, criando uma indústria de classemundial. Trouxe para a sociedade mundialconhecimentos e produtos inovadores quevão do transistor, passando pelos circuitosintegrados e chips, chegando aos computa-dores, além de tudo o mais que transformouo mundo. Desde então, as relações técnicasde produção passaram a se espalhar portoda a estrutura social, gerando novasformas de interação, controle e distribuiçãode conhecimentos e produtos. O própriocapitalismo se rejuvenesceu com a tecnolo-gia da informação a partir dos anos 80,sendo hoje o sistema econômico predomi-nante no planeta. Além da economia, a cul-tura, também foi transformada e com apoiona tecnologia da informação, disseminada!

Sob tudo isso, uma palavra mágica justifi-cou iniciativas no mundo inteiro: a INO-VAÇÃO!!! Foi sob o império dessa palavra,em 1967, que nasceu a Zona Franca deManaus e seu Polo Industrial! Não foisomente uma ideia, mas uma vontade, umafantástica realização, administrada desde

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sua criação, de forma contínua e respeitosapara com suas premissas iniciais. Ou seja,um grande exemplo para o nosso país, ondeprecisamos constatar bases políticas cata -lisando a competitividade do setor produ-tivo, sobretudo por meio do aumento daeficiência produtiva e da capacidade de ino-vação das empresas brasileiras. Uma inter-locução essencial, Governo + SetorPrivado, como uma soma vetorial de rea -lizações resultando vetores maiores de ge -ração de riquezas, qualidade de vida ecrescimento humano e material. Emresumo, todas as forças vivas de uma nação,Governo, Povo e Iniciativa Empresarial,somando esforços e gerando progresso edesenvolvimento.

Isto aconteceu no passado na Europa, maisrecentemente nos Estados Unidos e agorachega à Ásia com os sucessos, mais do quereconhecidos, pela emergência da Coréia doSul e da China, do Velho Continente, masnovo participante do mercado mundial.

Contudo, o mundo, inteligente e educado,não para e continua avançando celere-mente sob o estímulo, dessa sim, a maior detodas as conquistas tecnológicas alcançadaspelo homem em sua existência. As comu-nicações universais e instantâneas, um fan-tástico resultado de mentes brilhantes, quedissemina novos padrões culturais, profis-sionais e comportamentais, com seu pro-duto maior, a Internet. Hoje, lidamos com asmensagens que foram transformadas nascommodities das comunicações. É fantás-tico! Mas os avanços continuam! Na atuali-dade, são criadas continuamente novas

realidades, mas com linguagens diferentes,que geram culturas também diferentes. Amágica de tudo isso passa por novas classesprofissionais e empresariais. Longe do con-trole engessado dos interesses governamen-tais que decidiam o futuro tecnológico daChina, há 800 anos, hoje são as empresas –e não os governos, que dão forma aos novoscódigos de comunicação, reduzindo as dis-tâncias entre as fontes geradoras e recep-toras de mensagens, dando maiorabrangência e versatilidade às comuni-cações. O faz de conta é a realidade de cadamomento.

Assim, hoje, os Governos precisariam sepautar no exemplo chinês e criar ambientesque permitam, através da liberdade de criar,inovar e empreender, conferir aos cidadãosdos seus países, amplas possibilidades paravencerem no mundo global e competitivono qual já vivemos. Mas, nada disso aconte-cerá se não se investir pesadamente emEducação, diferenciada, abrangente e dequalidade, fazendo com que cada cidadãobrasileiro seja culturalmente competentepara vencer cidadãos de outros países.

O Polo Industrial de Manaus jávenceu e precisa continuar ven-cendo, adaptando-se e avançandosobre as novas realidades, ou seja,dando passos na direção da inde-pendência da propriedade intelec-tual, seja incremental ou deruptura, com a mesma coragemque inquietos talentos de algumasregiões do Planeta estão mudandoo futuro! E isso, insistindo, somenteacontecerá se pudermos gerar con-terrâneos educados, competentes eestimulados a criar e a inovar,acreditando no incrível poder daEducação de transformar!

OZIRES SILVA

Para falar sobre mercados, cenários, globalização, reglobalização e, principalmente, em como gerar valor agregado

ao Brasil para continuar sua trajetória de manter-se nos BRICS, a REVISTA CIRCUITO fez uma entrevista com

Marcos Troyjo, economista e cientista político, Diretor do BRICLab da Universidade Columbia (EUA) – centro de estu-

dos sobre Brasil, Rússia, Índia e China. Seus estudos concentram-se em relações internacionais, mercados emer-

gentes, inovação e mudança tecnológica e desenvolvimento econômico.

O cenário político e econômico mundial está em um novo movimentoapós a crise de 2008. As megaeconomias estão se readequando erevisando suas estratégias na busca de crescimento econômico. Ospaíses emergentes também se posicionam nesse novo cenário, na ten-tativa de continua rem a ganhar projeção econômica mundial.

ESPECIAL

BRASIL

Por Vania Vial

ENTREVISTA

MARCOS TROYJO

ESPECIAL

BRASIL

REVISTA CIRCUITO: Dois mil e treze foi um ano marcado pordesafios no País. O ano começou com o fantasma do baixo cresci-mento: 2012 teve o pior desempenho desde o pico da crise, em 2009.Quais os principais desafios enfrentados em 2013? Quais são espe -rados para o próximo ano?

MARCOS TROYJO: Acho que a pequena expansão do PIBbrasileiro nos últimos 3 anos é um golpe duro para a noção de quese havia criado no País um modelo econômico unindo alto cresci-mento à inclusão social. Este sonho acabou. O Brasil não adota um“modelo de desenvolvimento”. O que existe no País é um “padrão-de-crescimento-baseado-no-apetite-do-mercado-interno”. As no -ções de “modelo” e “padrão” são bem distintas. A primeira é denatureza estratégica e dinâmica; abrange um “plano”. A segunda étática e recorrente; reage aos desígnios da economia global. Aprimeira promove desenvolvimento. A segunda, crescimento.Muitos acham que ainda é possível expandir sua economia a taxassatisfatórias apenas com o incentivo ao consumo do mercadointerno. Há, porém, muitas condicionantes para que o “padrão” setransforme em “modelo”. Baixo nível de poupança e investimento.Arcaísmo trabalhista e tribu tário. Gargalos de infraestrutura. Edu-cação, ciência, tecnologias insuficientes.

À imagem da experiência histórica de outros países, o Brasilprecisa eleger um modelo. Elencar prioridades. Por elas sacrificar-se. Isto passa necessariamente pelos setores em que o Brasil apre-senta vantagens comparativas. Agronegócio, mineração, petróleoem águas profundas, biocombustíveis. Estas devem ser as basespara uma nova economia. A plataforma de geração de excedentes aserviço da construção das novas vantagens competitivas do Brasil– na nanotecnologia, bioengenharia, biotecnologia, química fina,novos materiais, na robótica, porque aqui é que está o futuro. Estessão os diferenciais competitivos que vão colocar os países na van-guarda dos mercados em ascensão.

A atual reinterpretação da política de substituição de impor-tações no Brasil é um bom exemplo da diferença entre “modelo” e“padrão”. É praticamente impossível perceber modelos de fomentoindustrial ao redor mundo que não tenham sido feitos com algumaforma de substituição de importações. Esta é quase que uma pas-sagem necessária para a criação de capacidades locais. A substitui -ção de importações não pode ser vista como regra ad eternum. Elatem de ser uma espécie de proteção para o nascimento das com-petências num setor específico da atividade econômica, quecapacita-o a competir internacionalmente.

Para a construção do “modelo” há que se ter por base três ele-mentos. O primeiro é vontade política. O segundo, condições obje-tivas do ponto de vista da disponibilidade de capital. O terceiro,um bom diagnóstico daquilo que o mundo é hoje. Orientar estraté-gias às oportunidades que se descortinam para o Brasil. Sempre se

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critica o “déficit” de vontade política. Mas é difícil imaginaralguém como a presidente Dilma Rousseff desprovida da vontadede construir um “atalho para o desenvolvimento” que leve a naçãoa patamares muito mais elevados. Ela intui a importância da ino-vação e de reposicionar o País na economia do conhecimento.Ainda assim, o Brasil de hoje confunde o “padrão” de expansãopor estímulos pontuais ao mercado interno com o que seja um“modelo” que permita nossa evolução econômica. E daí conti -nuarmos a nos equivocar no diagnóstico – e, portanto, na com-preensão de diferença entre crescimento e desenvolvimento.

E é nesse contexto que talvez os milhões de brasileiros quesaíram às ruas em junho de 2013 não soubessem, mas, em essên-cia, seu grito é contra todas as ineficiências e deficiências dopadrão brasileiro de Capitalismo de Estado. É um padrão que gerapreços internos elevados graças à carga estratosférica de impostos-- deglutidos pela pesada conta de custeio do setor público. Dissoresulta a baixa capacidade endógena de investimento. O Capita -lismo de Estado brasileiro acaba convidando ao clientelismo e atoda sorte de informalidades. O problema é que, para alguns, asaída deve ser mais capitalismo. Para outros, uma presença aindamaior do Estado na vida socioeconômica.

Nos últimos 3 anos, o Brasil se afastou de consagrados pilaresmacroeconômicos como câmbio flutuante, superávit primário emetas de inflação. Tal distanciamento, mais do que a perspectivade mudança do panorama mundial de liquidez ou mesmo osprotestos, tem alimentado o ceticismo. E, em toda a era Lula-Dilma, não trabalhou para implementar reformas microeconômi-cas: fiscal, trabalhista e desburocratização. O Brasil nãoharmonizou suas condições internas para competir globalmente.

Em termos de política industrial, o Brasil elevou o "conteúdolocal" para o status sagrado do mantra. Ao contrário de gerarcapacidade produtiva local, essa política industrial tem significadonovas ilhas de reserva de mercado. E no comércio internacional, oPaís não priorizou a negociação do acesso aos grandes mercadoscompradores da América do Norte, Europa e Ásia. O Brasil apos-tou na desglobalização. O mundo, contudo, está se reconectandoem novas correntes de comércio e investimento delineadas porgeometrias a que o País não pertence. O Brasil perdeu muitotempo. Mas, com um pouco de sacrifício, especialmente no setorpúblico, mais pragmatismo e menos ideologia, ainda há tempopara uma inflexão positiva. O potencial do País é imenso. Reformasestruturais, políticas públicas horizontais deve riam promover oredimensionamento do Estado para um papel menos onipresentee que atue mais como um farol. O mero anúncio de reconheci-mento de erros e mudança de rumos na política econômica teriamimpactos extremamente positivos na reversão das atuais expecta-tivas que apontam mais problemas à frente para o Brasil.

REVISTA CIRCUITO: Em sua opinião, o crescimentoeconômico do País passa pelo investimento em desenvolvimentosocial? Quais os maiores desafios nesse sentido?

MARCOS TROYJO: O Brasil sofre a influência de séculos dedeturpações socioeconômicas. Fomos o último país do mundo aabolir a escravidão. O modelo de monocultura da exportação foiconcentrador de rendas. Nossa industrialização se deu de mãosdadas com inflação galopante e dívida externa. A incontinênciamacroeconômica dos anos 1970 e 1980 gerou vírus hiperinfla-cionários dos quais apenas os mais ricos puderam proteger-se. Nolimite, não fomos capazes, em mais de cinco séculos de história, deimplantar um modelo que gere a poupança e o investimentonecessários para formar uma sociedade justa e dinâmica.

A legislação brasileira é inadequada. Ela desincentiva aformali zação, dado o alto custo que implica para quem emprega —e também para quem é empregado. Salários médios poderiam sermais altos se o desembolso do empregador não fosse tão elevadoem razão dos chamados encargos sociais, que nada mais são doque mecanismos de transferência de riqueza da sociedade para ogoverno. A hiperproteção almejada pelas leis trabalhistas acabadeixando o trabalhador ainda mais vulnerável — e o governo, maisabastado. É uma das muitas situações no Brasil em que o caminhopara o inferno é pavimentado por boas intenções. É bom que seressalte que programas como o Bolsa Família não são de desen-volvimento social, mas de assistência social. Não tocam na for-mação de capacidades ou aumento de produtividade — osverdadeiros instrumentos do aumento de renda e do desenvolvi-mento social ao longo do tempo.

Vale analisar o seguinte quadro: o número de municípios comgrau de desenvolvimento moderado quase dobrou nos últimos 10anos, com maiores avanços no Sudeste, no Sul e no Centro-Oeste.O Norte e o Nordeste ficam para trás, o que evidencia a distânciaentre crescimento, cujas taxas têm sido elevadas nessas regiões, eo efetivo desenvolvimento. Os casos de menor desenvolvimentorelativo são justamente aqueles em que as oportunidades de rendaestão em repasses do governo ou no serviço público. Onde existealternativa ao papel assistencialista do estado, o progresso é maior.

E tudo isso acontece numa dinâmica em que a economia globalruma para ambientes de negócios e ecossistemas tecnológicos quesó podem ser acessados por quem possui um mínimo (cada vezmais elevado) de horas incorporadas de estudo. Se um jovemchega aos 25 anos sem tais quesitos, uma dinâmica perversa seinstala. Como a expectativa de vida tem aumentado, osdespreparados permanecerão menos “empregáveis” por muitomais tempo. Quem não tem as ferramentas para desempenharfunções na sociedade intensiva em tecnologia pode cair na econo-

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mia informal e ajudar a puxar para baixo a remuneração média dofator trabalho e a empurrar para cima os custos com seguridadesocial.

REVISTA CIRCUITO: A participação da indústria no PIB caiumais da metade de 1985 (25%) a 2012 (12%). O recuo maior doque no resto do mundo está mais relacionado à entrada de produ-tos baratos da China ou às próprias restrições internas do País? Omundo também passa por um processo de desindustrialização?

MARCOS TROYJO: A meu ver, poucos se beneficiaramtanto da vertiginosa ascensão econômica chinesa das últimasdécadas quanto o Brasil. Em 2004, durante visita de Estado àChina, o então Presidente Lula declarava – num seminário empre-sarial – que a China representava para o Brasil "um shoppingcenter de oportunidades". Esta plataforma de negócios constituiriaa espinha dorsal (nos dizeres dos brasileiros) de uma "parceriaestratégica" com a China.

Embora o comércio bilateral tenha se multiplicado nos últimosanos (US$ 2,3 bilhões em 2001 para US$ 90 bilhões em 2013), sãopoucas, embora volumosas, as vias de entrada no mercado chinês.No caso de mercadorias brasileiras, concentram-se no envio decommodities agrícolas e minerais. Quanto à "parceria estratégica",o peso que o Brasil atribui à China é muito maior que a importân-cia atribuída por Pequim ao Brasil. Os mercados dos EstadosUnidos e da Europa são as verdadeiras prioridades estratégicaspara exportações chinesas de produtos industriais.

Agora que a economia chinesa dá sinais de arrefecimento –reflexo da crise global e da própria "metamorfose" do modelochinês rumo a uma economia de maior valor agregado e tambémfocada em seu mercado interno – muitos analistas se preocupamcom efeitos colaterais negativos sobre a economia brasileira. Se forverdade que nos tornamos mais "sinodependentes" (17% dasexportações brasileiras têm por destino a China), é fato tambémque o perfil das relações econômicas bilaterais e a natureza dadesaceleração chinesa não devem repercutir tão perversamentesobre o Brasil. Supõe-se que a evolução da economia chinesadaqui adiante vulnerabilizaria o Brasil em duas frentes. Aprimeira: a China deve crescer na próxima década 7% anuais --aparente esfriamento ante os mais de 10% ao ano observados de1978 até a crise global de 2008, com efeitos constrangedores sobrea demanda chinesa. A segunda: muito do investimento chinês emsua infraestrutura já teria sido feito. Portanto menor procura porcommodities minerais, com impactos negativos para o Brasil.

As janelas de oportunidade, no entanto, continuam aber-tas. Crescer 7,5% sobre base de US$ 8,7 trilhões (o PIBchinês) representa o mesmo que crescer 20% ao ano uma dé-

Por que o Brasil vaimal em inovaçãointensiva em tecnolo-gia quando o mundonos vê criativos eempreendedores? ORelatório de 2010 doGlobal Entrepreneur-ship Monitor aponta oBrasil como o maisempreendedor dospaíses do G20. Porque então não surgemmais start-upsbrasileiras com poten-cial para viraremnovos Googles ouTeslas?”

Marcos Troyjo

ESPECIAL

BRASIL

Fotos: Alcir N. da Silva

cada atrás. São US$ 600 bilhões incrementais que a Chinacontribui à economia global a cada 12 meses. É difícil, anteesse quadro, pensar numa demanda chinesa tímida.

Para as commodities agrícolas, basta imaginar oimpacto que cada US$ 100 a mais na renda per capitageram em termos de consumo de calorias. O mesmo paracommodities minerais. Os chineses continuarão gastandopesadamente em infraestrutura como medida contracíclicaà baixa atividade econômica global. E, mesmo com todoinvestimento em complexos logísticos e urbanos dos últi-mos 30 anos, há muito por fazer. É por isso que, em 2013,apesar da conversa de desaquecimento, o Brasil devevender mais minério de ferro e soja à China do que em anosanteriores. E só não exporta mais petróleo em razão dosconhecidos problemas de produção. As resultantes denossa sinodependência não serão, portanto, sequelas desuposto desaquecimento chinês.

O problema é que os superávits comerciais de nossacompetitividade agromineral têm financiado custososexperimentos de política industrial, cujos resultados atéagora são pouco expressivos. E, com a presença da China nomapa da demanda global, tornamo-nos preguiçosos nabusca de acordos com outros grandes mercados com-pradores, como EUA e Europa. Por isso, acabamos nosdesindustrializando em decorrência de nossos próprioserros estratégicos.

REVISTA CIRCUITO: Competitividade se constrói comprotecionismos ou com abertura comercial? A aberturacomer cial poderia colocar em risco as empresas nacionaisou de qualquer forma a competição global já está instaladano “mercado doméstico”? As empresas nacionais estãopreparadas para competir ou ainda têm muitos desafios àfrente?

MARCOS TROYJO: Competitividade se consegue comestratégia, e em termos globais o Brasil não a tem. Não éapenas uma questão de abertura comercial, mas de estraté-gia econômica global. O País precisaria multiplicar seusesforços de promoção comercial pelos quatro cantos domundo. Mesmo num cenário de morosidade da economiaglobal os países buscam ainda com mais garra a conquistade mercados. Os EUA lançaram em 2010 a IniciativaNacional de Exportações (NEI, na sigla em inglês), com oobjetivo de dobrar suas vendas ao exterior num período decinco anos. A China e a Coreia do Sul não tem hesitadofinanciar, em termos crescentemente favoráveis, suasempresas exportadoras.

México, Chile, Colômbia e Peru vêm multiplicando seusacordos bilaterais de comércio sem amarras ideológicas.

Para o Brasil, o sucesso da inserção externa via promoçãocomercial é essencialmente uma combinação de três elementos.O primeiro é ter um bom material de divulgação, não apenasinformacional, mas também analítico, que esteja disponível nainternet em vários idiomas e que possa servir de base inicial deapoio e geração de interesse para aqueles que querem saber maissobre o Brasil, seus estados e cidades. O segundo é uma boa estru-tura como polo de recepção para a realização de negócios. Nossosdiferenciais, como o potencial agroenergético, fazem com que oapetite por estabelecer unidades de produção no País continueaguçado. É muito importante que prefeituras e governos esta -duais, ou seja, as várias unidades federativas tenham os seusinstrumentos formais de recepção daqueles que se interessam eminvestir e realizar negócios.

A promoção comercial no exterior e a atração de investimen-tos para o País não pode ser apenas uma tarefa do Governo Fe -deral. No Rio de Janeiro, é marcante o exemplo exitoso do RioNegócios, entidade resultante de uma parceria público-privada eque tem trazido tão bons resultados para a Cidade Maravilhosa.Que bom seria se cada município no Brasil com mais de 500 milhabitantes tivesse sua própria agência de promoção de investi-mentos e comércio. O terceiro é o elemento pró-ativo. Não adian -ta termos apenas informações vertidas em línguas estrangeiras edisponibilizadas em meios eletrônicos, ou oferecermos umserviço cerimonial às delegações de negócios que visitam o Brasil.Temos de nos promover no exterior.

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Porto de Santos/SP: 85 milhões de toneladas de cargade jan a set/2013, de acordo com a CompanhiaDocas do Estado de São Paulo (Codesp).

Assim, cada vez ganha mais relevância a chamada “Diploma-cia Empresarial”. Os chineses realizam centenas, milhares de mis-sões empresariais ao exterior, seja de órgãos de representaçãosetorial ou das províncias e cidades chinesas. Eles estão sempremuito presentes nos grandes mercados mapeando oportunidades.Conversei recentemente com o editor de uma revista econômicachinesa, a 'Caijing'. Ele me dizia que a cada dia, 365 cinco dias porano, há pelo menos duas missões empresariais chinesas em ter-ritório americano buscando fazer negócios. É assim fundamentalque prefeitos e governadores façam ‘Road Shows’, divulguem seusestados, assinalem seus atrativos. O Brasil ainda é um dos paísesmais fechados do mundo. Logo, essa "vertebração" global é muitoimportante. Precisamos dar toda força à promoção comercial.

REVISTA CIRCUITO: O baixo investimento em pesquisa edesenvolvimento é um obstáculo a ser superado para que asempresas nacionais possam competir no mercado global? Em suaopinião, o Brasil acompanhou a evolução industrial do mundo nosúltimos 20 anos em relação à inovação?

MARCOS TROYJO: Uma boa maneira de começar a exami-nar essa questão é pelo tema da propriedade intelectual conferidaa novos produtos. É claro que o número de patentes geradas a cadaano não é a única forma de medir o que um país produz emtermos de inovação. Quando, no entanto, se trata de pedir registrode novas patentes à OMPI (Organização Mundial da PropriedadeIntelectual), os números são embaraçosos. Em 2012, os EUAentraram com 50 mil novos pedidos; China, 17 mil; Coreia do Sul,11.000. Brasil? Pouco mais de 600.

Por que o Brasil vai mal em inovação intensiva em tecnologiaquando o mundo nos vê criativos e empreendedores? Nossa cria-tividade voltada ao mercado é bem-sucedida: o aclamado designdas Havaianas e os cosméticos ecologicamente corretos da Naturasão bons exemplos. Ademais, o Relatório de 2010 do Global Entre-preneurship Monitor aponta o Brasil como o mais empreendedordos países do G20. Por que então não surgem mais start-upsbrasileiras com potencial para virarem novos Googles ou Teslas?Bem, "criatividade não é suficiente", estipulava Theodore Levitt.Para esse lendário guru de Harvard, "criatividade é pensar coisasnovas, inovação é fazer coisas novas". E a inovação brasileira é dotipo "adaptação criativa", não a schumpeteriana "destruição cria-tiva", que reinventa setores e inaugura ciclos econômicos. É a issoque convida a política industrial de substituição de importaçõesdos últimos dez anos.

Acho que inovar vem da interação entre capital, conheci-mento, empreendedorismo e um ecossistema que catalise tudoisso. Seria possível esperar do Brasil grandes inovações quandoinvestimos apenas 1% de nosso PIB em pesquisa & desenvolvi-mento (P&D)? A média nos 20 países mais inovadores é de 2,3%.O Brasil concentra 80% dos gastos com inovação em instituiçõesgovernamentais. A maioria dedica-se à ciência pura. Interaçãocom empresas não faz parte de seu ethos. E nas universidadespúblicas muitos professores e alunos demonstram feroz resistên-cia ideológica a laços estreitos com empresas. A presidente Dilmabusca estimular a inovação por meio do "Ciência sem Fronteiras".Ainda que louvável, o programa apenas tangencia a P&D orien-tada a mercado, o que requer do Brasil ambiente de negócios con-ducente à inovação. Resultado: a "produção científica" brasileiraexpande-se com mais e mais artigos publicados em revistas index-adas, mas poucos produtos inovadores.

Mas se seu papel é chave, por que o setor privado investe tãopouco em inovação? Abismo entre universidades e empresas.Políticas que sufocam a concorrência. Complexidades burocráti-cas, trabalhistas e fiscais a exaurir recursos que poderiam ser des-tinados a laboratórios e cientistas. Eis os fatores que arrastam oBrasil à 56 ª posição no mais recente Relatório de CompetitividadeGlobal. Nosso subdesempenho inovador tem menos que ver comdeficiências na ciência, criatividade ou capacidade empreende-dora e mais com camisas de força microeconômicas e institu-cionais. Os obstáculos que coíbem a inovação empresarial são osmesmos que bloqueiam nosso caminho à prosperidade.

REVISTA CIRCUITO: A concorrência externa levou a indústrianacional a se modernizar. Os desafios podem ser revertidos emoportunidades? O que o País precisa aprender com o exemplo daChina?

MARCOS TROYJO: A China vem se consolidando comoprincipal parceiro comercial do Brasil. Durante décadas, esse pa-

Circuito 15

ESPECIAL

BRASIL

Foto: D

ivulgação

pel coube aos EUA. Para além dos contratos em commodities, qualo mais importante negócio que os brasileiros levam da China?Talvez a resposta seja – uma lição.

Há 30 anos, se alguém tivesse de colocar fichas no país que, aolimiar do terceiro milênio, teria um dos três maiores PIBs domundo, a aposta seria: Brasil. Crescíamos em torno de 10% ao ano– o "milagre brasileiro". A China vivia o terceiro ano sem Mao-Tse-tung e o rescaldo da Revolução Cultural. Era um ator desimpor-tante do comércio internacional. Brasil e China apresentavam, noentanto, uma semelhança fundamental: ausência de mecanismosinternos de geração de poupança. O Brasil enfrentara esta situaçãocom empréstimos internacionais. Foi apenas natural a poupançaimportada mediante contratos a juros flutuantes.

Em 1979, há o segundo choque de petróleo; a China resta -belece suas relações com os EUA. No ano seguinte, recebe statusde nação mais favorecida em seu comércio com os EUA. O Brasil,a partir de 1981, passou a sofrer com as astronômicas taxas dejuros internas norte-americanas. Mesmo assim, em 1984 o Brasilexportou para os EUA US$ 7 bilhões; a China, US$ 3,8 bilhões.Em 2010, por exemplo, o Brasil exportou para os EUA algo emtorno de US$ 20 bilhões, enquanto a China ultrapassa US$ 350bilhões em exportações para o mercado norte-americano.

Tradicionalmente, há duas maneiras de remediar a falta depoupança interna: endividamento ou acumulação de saldoscomer ciais. O Brasil tem aproveitado ciclos de liquidez da econo-mia mundial para endividar-se. A China opta por câmbio depreci-ado, baixa remuneração da mão-de-obra e acesso privilegiado aomercado dos EUA. O medicamento dos anos 90 tinha no rótulo onome "Consenso de Washington" – liberalização da conta-capital,acesso a ativos financeiros em busca de estabilidade cambial commoeda nacional forte e combinada com elevadas taxas internas dejuros. Os que optaram por esta posologia cresceram em patamaresinsuficientes. Câmbio competitivo, economia voltada às expor-tações e atração de IEDs interessados em terceiros mercadoslevaram a China a crescimento anual de 10%. Implementado a fór-ceps, este é o "Consenso de Pequim".

O Consenso de Washington foi feito às abertas – seduziupaíses que conheceram seus cânones. Já o Consenso de Pequimdeu-se de forma reservada, decidida pelo PC chinês. Obedeceu atrês tempos: (i) entendimento político, (ii) exportações comomotor da economia e (iii) modelo concentrador de renda e podernas mãos do Estado. O Brasil precisa evitar a tentação financeirade curto prazo, e perseverar na estratégia preferencial de ações depromoção comercial e multiplicar iniciativas de diplomaciaempresarial. O modelo chinês não é plenamente aplicável a umasociedade aberta e democrática como a brasileira. Mais há muitoque podemos aprender com as lições dos mandarins do comércio.

REVISTA CIRCUITO: Mesmo com todas as dificuldades,muitas multinacionais brasileiras conseguiram crescer e semanter competitivas. Como foi possível passar por essa turbulên-cia? Que lições ficam?

MARCOS TROYJO: No mundo todo há muitas pessoasimpressionadas com a resiliência e criatividade de algumasempresas brasileiras. Será que existe um modelo de negócios quefunciona melhor para empresas brasileiras que operam no mer-cado global? Será que existem elementos comuns em empresastão diferentes quanto Alpargatas, Marcopolo, Embraer ou Natura?

O estudo da evolução dessas empresas ao longo dos últimos15 anos nos faz concluir que, em graus e aplicações diferentes,podem ser identificadas 3 características que ajudam a mapear oDNA do sucesso dessas corporações. A primeira dessas carac-terísticas é o que poderíamos chamar de “autodestruição cria-tiva”. São empresas que entenderam a dinâmica radical deaparecimento e transformação de tecnologias e de como isso afetaseu negócio. A Alpargatas deixou de ser uma empresa de calça-dos para tornar-se uma empresa de design & branding. Há 20anos, as Havaianas eram produto para as classes D e E. Seu prin-cipal atrativo era “não deformar, não ter cheiro e não soltar astiras”. Hoje, com design apurado e marketing de primeira linha,as Havaianas ostentam loja-conceito no bairro de Saint-Germain-des-Près, em Paris, e adornam os pés de Nicole Kidman ouSandra Bullock.

São empresas que também se tornaram verdadeiros “Hubs deConhecimento”. Corporações que promovem maciços investi-mentos em educação empresarial e até mesmo universidades cor-porativas. Apostaram no pagamento de MBAs a seus executivose em Mestrados e Doutorados para a ponta técnica e especia -lizada. É comum também o envio de seus principais executivos epessoal temático à mecas acadêmicas como Columbia, INSEAD,IE, London Business School, Harvard, MIT. Outro traço distintivodessas campeãs brasileiras é o seu planejamento financeiro. Emmeio à sedução de derivativos e IPOs intempestivos, trabalharamduro para tornar a operação em-si, e não milagrosas fontes exter-nas, sua principal base de financiamento.

A última característica dessas empresas é que, sem aban-donar o presente, já se encontram com olhos voltados para ofuturo. E o amanhã para elas é movido por 3 condutores: interna-cionalização, capital humano e planejamento de longo prazo.Elas escolheram o caminho da internacionalização seja através domodelo de “empresa-comerciante” (turbinando exportações eimportações) ou do modelo de “empresa-rede” (espraiando a redede produção e distribuição por todo o mundo, sempre visando aomenor custo e máximo retorno). Utilizam seu valioso capitalhumano para moldar o futuro.

ESPECIAL

BRASIL

Circuito 16

INOVAÇÃO PESQUISA & DESENVOLVIMENTO

Recorde de investimento em P&D no mundoNa contramão, investimento no Brasil cai 18,3% no mesmo período, revela estudo da Booz & Company

Inovação

Os gastos anuais com Pesquisa & Desenvolvimento (P&D)entre as mil empresas de capital aberto do mundo, que maisinvestem em P&D, alcançaram a cifra recorde de US$638 bi -lhões, de acordo com o estudo Global Innovation 1000, da con-sultoria mundial Booz & Company. O valor nunca havia sidoregistrado ao longo dos nove anos da pesquisa e representa umaumento de 5,8% em relação ao investimento registrado no anopassado, de US$ 603 bilhões.

Entretanto, o investimento em inovação no Brasil, que vinhacrescendo pelos últimos três anos, registrou queda de 18,3%, deUS$ 3,7 bilhões para US$ 3 bilhões, entre 2012 e 2013. Em 2009foram US$ 1,9 bilhão, em 2010, US$ 2,1 bi lhões e, em 2011,US$ 3,7 bilhões. Além disso, o número de empresas brasileirasno ranking caiu de 7 para 6 no mesmo período – saiu da lista aCia Paranaense de Energia (Copel), incluída no ranking em2011.

da redação

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As empresas brasileiras reconhecidas pelo estudo como asque mais investem em P&D são:

Todas as companhias brasileiras perderam posições noranking em relação ao ano passado. O estudo da Booz & Com-pany é realizado anualmente e lista as mil companhias de capi-tal aberto que mais investem em P&D.

Apesar dos orçamentos de P&D terem crescido continua-mente ao longo da última década, as conclusões deste anoreforçam, mais uma vez, que valores altos de investimento naárea não garantem melhores resultados para as empresas. Narealidade, as dez empresas reconhecidas como as mais inovado-ras este ano apresentaram melhor performance financeira doque as dez companhias que mais investiram em P&D, apesar degastarem significativamente menos com inovação. Além disso,o estudo mostra que as empresas estão gastando 8,1% de seusorçamentos de P&D com ferramentas digitais para viabilizarseus processos de inovação – tanto para aumentar sua produtivi-dade, quanto para melhorar a habilidade de conhecer as neces-sidades do cliente.

Investimentos em

P&D no

Brasil2009

1,9bilhão

US$

2010

2,1bilhões

US$

2011

3,7bilhões

US$

* 2012/2013

* Até 2012, a pesquisaanalisava os dados do anoanterior. Em 2013, a con-sultoria mudou os critériose passou a avaliar opróprio ano em que apesquisa é lançada.

3,0bilhões

US$

Posição

95a

119a

714a

902a

937a

985a

US$ 1,71 miUS$ 1,46 miUS$ 126 miUS$ 105 miUS$ 128 miUS$ 86 mi

INVEST/2012

EMPRESAS BRASILEIRAS QUE MAIS INVESTEM EM P&D

VALE S.APRETROBRASGERDAUTOTVSCPFLEMBRAER

EMPRESA

US$ 1,49 miUS$ 1,15 miUS$ 123 miUS$ 90 miUS$ 85 miUS$ 78 mi

INVEST/2013

Três setores, Computação e Eletronicos,Saúde e Auto, representação 65% dos investi-mentos em P&D no mundo.

Fonte: Bloomberg data, Capital IQ, Booz & Company.

Outros resultados im -portantes do estudo:• Gastos mundiais comP&D em 2013 cresceram5,8% em relação ao anoanterior, sinalizando umretorno à tendência decrescimento de longo-prazo depois de doisanos de crescimentomais acelerado pós-recessão.• Regionalmente, astaxas de gastos com P&Daumentaram mais emempresas sediadas naChina, apresentandocrescimento de 35,8%entre 2012 e 2013. • 90% dos investimentosglobais feitos em P&D em2013 foram de empresassediadas na América doNorte, Europa e Japão.• Apesar das dificul-dades econômicas naEuropa, investimentosem P&D na região cresce-ram 4,5%.• Os investimentos doJapão em P&D caíram3,6% em 2013 e, pelaprimeira vez, desde arecessão de 2008-09,uma economia desen-volvida apresentouqueda nos gastos cominovação.• As indústrias de com-putadores & eletrônicos,farmacêutica e automo-tiva permaneceram co -mo as três maiores emtermos de investimentoem P&D no ano de 2013,representando 65% dototal global.

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Apple e Google ficaram no topo pelo quarto ano consecutivo,mas houve algumas movimentações perceptíveis no maisrecente ranking das dez empresas mais inovadoras do estudoGlobal Innovation 1000. Samsung tirou a 3M da terceira colo-cação pela primeira vez, assegurando sua contínua ascensão noranking. A Amazon também subiu significativamente dadécima para a quarta posição. Nova na lista este ano, a Teslaestreia na nona colocação, e o Facebook reaparece no rankingna décima posição, depois da ausência no ano passado.

O Google e a Sony entraram no grupo das 20 maiores investi-doras em P&D neste ano, na 12° e 20° colocações, respectiva-mente. Dentre as empresas da lista, 18 pertencem às indústriasde computadores & eletrônicos, farmacêutica, automotiva, ejuntas somam quase três quartos dos investimentos globais emP&D em 2013.

“Os 22% de aumento dos gastos com P&D entre empresas desoftware e internet foi provavelmente motivado por umademanda crescente por produtos e serviços digitais, criandomais oportunidades para inovações de ponta”, diz FernandoFernandes, sócio da Booz & Company, líder da área de Con-sumo, Varejo e Mídia.

Entretanto, maiores investimentos em P&D não garantemmelhor performance financeira. As dez empresas reconhecidascomo as mais inovadoras apresentaram melhor performancefinanceira do que as dez maiores investidoras, tanto em receitanos últimos 5 anos, quanto em médias de crescimento de valorde mercado.

“Pelo nono ano consecutivo, nossa pesquisa demonstra quenão há correlação entre o quanto uma empresa gasta com P&De quão boa é sua performance no longo prazo”, afirma Fernan-des. “Está provado e comprovado que não é possível comprarseu lugar no topo. Quando o assunto é inovação, a maneiracomo se gasta é muito mais importante do que quanto segasta.”

As empresas mais inovadoras

20 MAIORES INVESTIDORAS EM P&D

* Shifts were partly a result of changes in how we accounted for R&D spending this year;see Methodology. Source: Bloomberg data, Capital IQ, Booz & Company.

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$5.7

Volksvagen*

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Roche Holding

Intel

Microsoft

Toyota

Novartis

Merck

Pfizer

Johnson & Johnson

Genereal Motors

Google

Honda

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Sanofi

IBM

GlaxoSmithKline

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Rank

2013 2012

Company R&D Spending

2013U$$ Bilions

Changefrom 2012

As a %of Revenue

A performance das dez empresas reco nhecidas como as mais inovadorasultrapassa a das companhias que maisinvestem em P&D

Companhias mais Inovadoras

Font

e:Bl

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Facebook

Company R&D Spending2013

U$$ Bili. RankAs a %of Rev.

TOP 20 TOTAL: $159.2 4.6% 8.1%

Inovação

O que a Copa traz além dos Estádios?Vale o investimento?

A COPA DASOPORTUNIDADES

A COPA DASOPORTUNIDADES

Cidades

A COPA DASOPORTUNIDADES

A COPA DASOPORTUNIDADES

Foto: C

hico Batata

Foto: C

hico Batata

Circuito 22

Investimentos altos, com recursos escassos em outras áreas prioritárias comoinfraestrutura e segurança. O que a Copa vai deixar para os amazonenses?

Muito se fala que o Governo Federal e muitos Estados e capi-tais estão gastando valores exorbitantes para a receber a Copa doMundo de 2014. Esses recursos poderiam ser investidos emsaúde, educação, segurança entre tantos outros setores quenecessitam de cuidados especiais por parte dos Governos.

De acordo com o Coordenador da UGP COPA no Amazonas,Miguel Capobiango Neto, “vale ressaltar que um projeto preesta-belecido para ações já existia e os recursos só foram priorizadospara as cidades sede da Copa. Desde que iniciamos esse projeto,trabalhamos como a copa das oportunidades. Focamos dessaforma porque buscamos sempre abrir oportunidades de trabalho,de investimento e de negócios. E devemos enxergar a Copa, comoé vista pelas doze sedes e pelo Governo brasileiro, como ummomento de esforços concentrados de avanço”, afirma.

De acordo com ele, a Copa atrai a visibilidade mundial para opaís sede e como o futebol tem uma sintonia muito grande comos desejos e ansiedades dos brasileiros, a Copa vem coroar essemomento de muito esforço para que todos possam avançar. Eainda vai além, afirma que o evento está contribuindo com que acidade supere muitos desafios que não eram focos prioritáriosdos Governos como um todo, porque não havia recursos aloca-

dos para esse fim e que atualmente é outra realidade.Para ele, a população e os demais integrantes desse grande

momento que a cidade se prepara para vivenciar devem ter emmente que as outras ações que não correspondem à questãodesportiva ou do próprio evento de fato (Arena da Amazônia e osdois Centros de Treinamento) são ações importantes e cruciaispara a Capital, que passa por um momento histórico que é aevolução e o processo em setores, antes não tão priorizados, masde suma importância para o desenvolvimento da região, como éo caso do Linhão de Tucuruí.

A energia na capital amazonense há anos sofre com apagõestemporários e falta de energia, além de quedas constantes quegeram diversos problemas. Com o investimento em energia, o“Linhão de Tucuri” passa a incluir o Amazonas no SistemaNacional de Energia, como muitos outros estados.

“A Copa, de alguma forma, nos empurra a avançar ainfraestrutura da cidade, para que possa receber bem as pessoasque estarão nos visitandos, isso abriu uma grande chance paraque nós pudéssemos superar muitos desafios de infraestrutura,energia e tecnologia. São trabalhos que iniciaram outros proces-sos que poderão ser continuados após o evento”, finalizou.

Foto: C

hico Batata

Da Redação

A COPA do Mundo FIFA 2014, em sua vigéssimaedição e em pleno Amazonas, ganha forma, provadisso é a Arena da Amazônia, que está com 90% doprojeto concretizado.

As ações do grande evento vão além da criação deum grande estádio sustentável e de dois centros detreinamento, elas iniciaram antes mesmo dos projetosserem postos em prática e compuseram um painelmultiforma, que vai desde a preparação de umainfraestrutura urbanística, segurança, tecnologia àquestões sociais, criando assim, uma Copa que iráalém do evento que ocorrerá nos meses de junho ejulho de 2014.

Para entendermos melhor como funcionarão essasações e o contexto geral do evento, a REVISTA CIR-CUITO conversou com o Coordenador da UnidadeGestora do Projeto COPA 2014, Miguel CapobiangoNeto, que detalhou as principais ações já ocorridas eprevistas para a COPA e o pós-evento.

Ações antes e além da Copa

Desde que iniciamos esse projeto,trabalhamos como a COPA DAS OPORTU-

NIDADES. Focamos dessa forma porqueestamos buscando sempre abrir oportu-

nidades de trabalho, de investimento e denegócios. E devemos enxergar a Copa,

como é vista pelas doze sedes e pelo Go -verno brasileiro, como um momento de

esforços concentrados de avanço”

Circuito 23

Um cesto típico do “coração da amazônia” se estiliza com qualidade internacional e espirítograndioso, onde a sustentabilidade é a força motriz do projeto

O projeto do estádio

A ideia de transformar o cesto de palha em um espaço extra-ordinário, que transportará cada movimento organizado na maispura energia e emoção dos torcedores dos principais jogos dogrande mundial, esse é o papel da Arena da Amazônia.

Com a conclusão das estruturas metálicas da cobertura efachada, a Arena da Amazônia alcançou 90% de construção. Aestrutura metálica já recebe pintura definitiva, além da soldageme afixação da membrana que vai dar o formato final da arena quefoi inspirada em elementos regionais.

“O peso da cobertura e fachada no cronograma da obra émuito grande, por isso é muito importante esta etapa de finaliza-ção com o cumprimento dos prazos programados”, destacouCapobiango Neto, acrescentando que a fachada já está completa-mente montada, restando apenas algumas peças da cobertura.Toda a estrutura metálica da cobertura e fachada corresponde aquase um terço (31,5%) da obra.

As principais frentes de trabalho se concentram nos acaba-mentos dos camarotes, equipamentos e acessórios esportivos,instalações elétricas, de ar condicionado e demais sistemas parafuncionamento da Arena, além das instalações hidráulicas.

Em um projeto criado, arquitetado e concretizado para serum estádio referência no quesito de sustentabilidade, a Arena daAmazônia surge com sistemas de reaproveitamento de água eenergia solar. Cisternas pluviais coletam a água da chuva earmazenam em tanques especiais que, posteriormente é dis-tribuída e utilizada no sistema de irrigação do campo do estádioe na descarga dos vasos sanitários, além de uma cobertura commaterial especial que aproveita a energia solar.

Com um investimento estimado em R$ 529,4 milhões, a obrada Arena da Amazônia promove, atualmente, mais de 1,8 miltrabalhos diretos, operários envolvidos diretamente como oprocesso de construção da estrutura.

Miguel Capobiango Neto

Cidades

Fotos: Chico Batata/AGECOM

Circuito 24

Há 30 anos, Jacques Cousteau, seu filho Jean-MichelCousteau e uma equipe de mais de 50 pessoas, faziam aprimeira expedição na Amazônia como nunca havia sidoexplorada: por terra, água e ar. Vinte e cinco anos depois, seuherdeiro revisitou a grande floresta com os seus filhos e grandeparte da equipe que fez a expedição em 1982, com um novoobjetivo: em 25 anos, o que mudou na floresta? O foco da expe-dição foi observar as mudanças ocorridas na região e se as pre-visões feitas anteriormente se confirmaram.

Essa e outras respostas estão ilustradas na exposição itine -rante “Retorno à Amazônia” apresentada pela Veolia WaterBrasil, que já passou por São Paulo e Rio de Janeiro.

As respostas obtidas podem ser vistas através das 30impressionantes imagens feitas pela fotográfa Carrie Vonde -rhaar e um painel informativo assinado por Jean-Michel, entãocurador da exposição. A abertura da mostra também foi a opor-

tunidade para lançar o livro, de mesmo nome da exposição,para ele, uma oportunidade de educar as gerações do futurosobre a potencialidade amazônica.

O livro “Retorno à Amazônia” retrata em suas 300 páginasum registro comparativo entre duas expedições realizadas naAmazônia, a primeira em 1982 e a segunda em 2006/2007. Oconteúdo foi impresso em papel a prova d’água e pode ser reci-clado infinitas vezes sem perder a textura e cor original.

A REVISTA CIRCUITO fez uma entrevista exclusiva comJean-Michel Cousteou sobre as percepções de hoje. De acordocom ele, além do desmatamento, o que chama a atenção é ainvasão de seres humanos que vieram morar na Amazônia,desprovidos de conhecimento sobre a região, aliados à falta decomunicação. Ele pretende criar um Programa de Educação deFloresta Sustentável para levar conhecimento e educação àscrianças e professores da região. Acompanhe a entrevista.

Cultura

Jean-Michel Cousteau, filho do lendário Jacques Cousteau, retorna à Amazônia e quercriar um programa de educação de floresta sustentável para educar as crianças

Amazônia ontem e hojeDa Redação

Circuito 25

CIRCUITO: O que motivou essa segunda viagem?JMC: Depois do privilégio que tive em 1981 e 1982,

senti que era crítico ver como as coisas tinham mudado.Foi uma experiência um tanto chocante descobrir que nãohavia só a questão do desmatamento, mas havia umainvasão de pessoas de fora, que não tinham conhecimentonenhum sobre a Amazônia, e cometiam erros, se machu-cavam, pegavam malária. Eu vi uma família que veio dasfavelas do Rio que, no seu desespero, vieram para aAmazônia porque podiam pescar um peixe sem pagar porisso, encontrar uma fruta, ou que seja. Eles cortaram umaárvore, ou algumas, para fazer sua casa e abrigar suafamília. Mas essas pessoas vieram durante a seca. Seismeses depois sua casa estava embaixo de dez metros deágua, a água levou tudo embora. Então senti que haviauma real urgência de se comunicar com tomadores dedecisão, com o sistema de educação, para prover infor-mações a essas pessoas. E isso é difícil, pois muitos delesnão têm muita educação, alguns nem sabem ler. Mas seusfilhos são os que dão para capturar, e realmente ajudar acaptar a informação. É por isso que queremos voltar e criaro que chamo de Programa de Educação de Floresta Susten-tável, que seria um documento ilustrado dado a todas ascrianças, e DVDs, ou o que for preciso, um pen drive, paraos professores. Mas o problema é logístico. Como alcançarcrianças num território, ou até continente, que é dotamanho dos EUA? Sem estradas, sem aeroportos, somentepelo sistema hidroviário? Vai levar anos e anos. Mas euquero fazer. E minha filha também é muito dedicada. Ela émuito próxima dos povos indígenas, ela entende comoestão sendo afetados pelo fato que as nações que cercam aAmazônia, onde tudo cai dentro da bacia amazônica, que éos 65% que fica no Brasil, tem problemas de saúdeenorme, devido ao fato de que indústrias de óleo e petróleoprecisam, fato que a maioria desconhece, cinco litros deágua para cada litro de petróleo usado. E esses cinco litrosde água são poluídos e enviados sem tratamento de voltaao rio. Temos vilarejos inteiros de indígenas que estãodoentes porque a única fonte de água para beber é do rio eele está poluído. Os peixes que comem estão poluídos. Ospássaros que comem peixe estão morrendo, e até os ani-mais estão doentes. Precisamos mudar isso. E pode serfeito, a tecnologia existe. Que remos convencer essasempresas de petróleo a entender que, de um ponto de vistapuramente econômico, tratar a água tem muito menoscusto do que cuidar de pessoas doentes ou até morrendo,ou que não podem se alimentar, pois o que comiam nãoexiste mais. Então educação, comunicação e partir para aação é crítico em toda a Amazônia. E podemos fazer. Nãosabíamos antes. Agora sabemos.

Senti que há uma realurgência de se comu-nicar com tomadoresde decisão e com o sis-tema de educação, pa -ra prover informaçõesa essas pessoas. É porisso que queremosvoltar e criar o Progra -ma de Educação deFloresta Sustentável,um documento ilus -trado dado a todas ascrianças ”

Jean-Michel Cousteau

Fotos: Robervaldo Rocha (Zezinho)

Circuito 26

Cultura

CIRCUITO: Quais foram as principais diferenças entre asduas viagens?

JMC: Diferenças enormes. Quando vim à primeira vez,passei 20 semanas. E passaram-se semanas as vezes que não viauma viva alma. Quando viemos a segunda vez, pelo fato de mi -lhões de pessoas virem à Amazônia, não se passava um dia emque não via alguém, dentro de um barco, ou construindo algo,ou cortando árvore, ou que seja. Então, houve uma invasão deseres humanos, e temos que fazer tudo possível para que nãodestrua nosso sistema de suporta a vida.

CIRCUITO: O que acha de como o mundo lida com aquestão ambiental?Acredita que temospolíticas adequadas?

JMC: Não, nãoacredito que temospolíticas adequadas,mas temos conheci-mento. E esse conhe -cimento está ficandocada vez mais exato.Como pode protegeraquilo que nãoentende? Então pre-cisamos entender.Devem existir muitasespécies, talvez cente-nas ou milhares deespécies que aindanão foram identifi-cadas. Mas estamosindo na direção certanesse assunto. É uma questão de comunicação com ostomadores de decisão, para que as políticas sejam mudadas.Também podemos ter as melhores políticas do mundo, mas senão há quem faça cumprir, é como se tivesse criado nada. Apolícia existe para assegurar que não quebre a lei e tambémpara que respeite os regulamentos. Se não houver polícia, eentendo que é muito o caso em Manaus, as pessoas não seimportam. Dirigem rápido, andam na contramão, eu vi isso! E aemissão de CO2 é enorme, emissão de chumbo dos carrosacaba nos rios, e no oceano. Tem mais coisas de poluiçãovisíveis que jamais vi, pois ninguém tem o entendimento quenão se joga as coisas, e se vê alguém fazer, você cata. Vi maislixo na praia hoje do que vi em qualquer lugar antes. E aondetudo isso vai? Para o oceano. Então estamos afetando nosso sis-tema de suporte a vida, que é o que nos mantém vivos. Ondenão há água não há vida. Sabemos isso da nossa exploração emoutras partes do sistema solar. Então temos que nos assegurarque protegemos nosso sistema de águas. Tem muitas maneiras

de fazer isso. Pode capturar toda a poluição, seja do tipo visível,que causa reações emocionais, mas e os milhares de químicas emetais pesados, chumbo, mercúrio, etc.? Não vemos, nãofalamos disso. Temos que criar maneiras de capturar tudo issoantes de chegar ao sistema fluvial, e isso implica em novas tec-nologias e muitos e muitos novos empregos. Então, existemsoluções, e é ai que os tomadores de decisão entram em cena.Precisam tomar decisões melhores.

CIRCUITO: Seu pai deu uma excelente sugestão para tu -rismo aqui da região. Tem alguma nova ideia ou sugestão doque poderíamos fazer no setor de turismo aqui?

JMC: O setor deturismo tem muitoque aprender. Basica-mente turistas vem,usufruem e deixamtodo seu impacto noseu rastro. Eles não seimportam. Precisamosreeducá-los. Turistasprecisam de um sensode responsabilidadepara fazer a coisacerta. Podem tirarplena vantagem doque podem aprenderde culturas diferentes,da natureza, de comoprecisamos mudarnosso comportamen -to, porque é umaexperiência em si, e é

fascinante. Um dos meus sonhos é que as linhas áreas passamprogramas específicos sobre os lugares para onde as pessoasestão viajando. E não estou falando somente sobre a Amazônia,seria para qualquer lugar do planeta. Se for para Fuji, seria sobreFuji. Se for para Austrália, seria sobre Austrália. As pessoaspassam horas sentadas no avião, sem nada interessante paraver. Então, existem maneiras de ajudar os turistas a terem umaexperiência melhor. Afinal, estão pagando muito dinheiro,devemos maximizar a experiência para eles.

CIRCUITO: Qual a mensagem que quer deixar para essageração e a próxima com a publicação do seu livro?

JMC: A mensagem é que quero prover o máximo de infor-mação sobre essa experiência extraordinária que tivemos e paraas pessoas entenderem que protegendo, estamos nos prote-gendo. Protegendo a floresta, estamos nos protegendo. Prote-gendo o sistema de águas, estamos nos protegendo. Essa é amissão da Ocean-Futures.

FICHA TÉCNICA

Título: Eu compro, sim! Mas a culpa é dos hormônios...Autor: Pedro de CamargoPágina: 192Preço: R$ 24,90Editora: Novo Conceito

Circuito 27

Eu compro, sim! Mas a culpa é dos hormônios... é um livrodivertido e esclarecedor para as mulhers, mas que certamentetambém agradará aos homens, principalmente aqueles quelutam para controlar o orçamento familiar com suas esposas.Com uma linguagem simples e acessível, o autor explica comoo cérebro feminino, seus hormônios, neurotransmissores,genes e hereditariedade influenciam o comportamento decompra e de consumo.

Primeiro título de desenvolvimento pessoal do Selo NovasIdeias, o livro é baseado em estudos e pesquisas, com dicasvaliosas de como se proteger da tentação de comprar itens que,na realidade, não são necessários, mas acabam sendo compra-dos por impulso ou por uma boa técnica de vendas.

De acordo com o professor de marketing e especialista emcomportamento do consumidor Pedro de Camargo, o períodoque as mulheres mais compram é quando estão ovulando. Éesta e outras teorias surpreendentes e redentoras para as mu -lheres consumistas que ele conte em seu livro.

As novas descobertas em áreas do saber como a psicologiaevolucionista, a genética comportamental, a endocrinologiacomportamental e o neuromarketing têm acrescentado – àcompreensão do funcionamento do sistema nervoso humano– conhecimentos que mostram que boa parte de nossasdecisões são tomadas pelo viés da inconsciência e da irra-cionalidade. É nesse ambiente de irracionalidade do compor-tamento inclui-se também o consumo.

Essa é a proposição a que o autor se une: a de que nossocérebro, um sistema movido por impulsos elétricos, longe defazer escolhas racionais, manté-se voltado à garatia biológicada reprodução e da manutenção da espécie, como tem sidodesde os primórdios da evolução. Nesse sentido, mesmo asações a que nos acostumamos pensar como ações racionais -como comprar, por exemplo, são, na verdade, movidas pelainconsciência instintiva e biológica que quer nos mantervivos. O livro é um aliado das mulheres que querem controlaros exageros dos gastos (sem abrir mão de suas comprinhasbásicas), garantindo que não restará numa conta no vermelho.

LIVROS

Eu compro, sim!Mas a culpa édos hormônios...

FICHA TÉCNICA

Título: Eu compro, sim! Mas a culpa é dos hormônios...Autor: Pedro de CamargoPágina: 192Preço: R$ 24,90Editora: Novo Conceito

Sabe quando você levanta e tudo o que pensa é comprar?

Acalme-se. A culpa não é sua...é dos hormônios.

Circuito 28

90% dos consumidores afirmam já ter tido experiências ruins com atendimento

Cerca de 90% dos consumidores brasileiros afirmam já tervivenciado experiências de consumo desagradáveis no quetange o atendimento recebido na hora da realizar suas comprasou contratar serviços, incluindo o comércio tradicional e online.

Isso é o que se pode concluir do estudo “Qualidade doAtendimento ao Consumidor no Brasil”, divulgado em novem-bro pela eCRM 123, empresa que atua no desenvolvimento desoluções para o gerenciamento do relacionamento do consumi-dor nas redes sociais.

O estudo, que ouviu em profundidade 70 diferentes perfisde consumidores em todo o País, ressalta ainda que, do universopesquisado, 81% se negariam a fazer negócios novamente coma empresa contatada; 88% não a indicariam para seus amigos efamiliares.

O estudo, ressalta ainda que, paralelamente, 45% dos con-sumidores estariam dispostos a pagar mais por serviços demelhor qualidade, sendo que 10% dizem estar dispostos a arcarcom valores superiores de até 17%. Ao mesmo tempo, 65%mostram disposição para fazer negócios novamente com asempresas se elas estivessem dispostas a oferecer descontos emsuas ofertas de serviços e produtos. “A qualidade é tão ruim que,mesmo considerando que pagamos taxas que figuram entre asmais caras do mundo, ainda assim há quem esteja disposto acolocar a mão na boldo para assegurar um serviço de qualidadee um bom atendimento”, afirma José Jarbas.

Pesquisa com consumidorrevela experiências de compras

Mercado

da redação

Cerca de 45% dos consumidores pagariammais por um serviço de melhor qualidade,mesmo considerando as altas tarifas prati-cadas no Brasil.

Telefonia é quem mais frustra consumidorO setor de telefonia é o que mais decepciona o con-

sumidor brasileiro, sendo o primeiro apontado na lista deinsatisfação por 65% dos respondentes da pesquisa Hospi-tais estão em segundo lugar.

Redes sociais são meio de atendimento mais eficienteAs redes sociais são o meio de atendimento ao con-

sumidor mais eficiente. “Auto-atendimento”, “telefone” e“chat online” são os demais meios bem avaliados pelo con-sumidor, respectivamente.

Após terem problemas no Serviço de Atendimento aoConsumidor (SAC), 64% dos entrevistados fizeram suasqueixas nas redes sociais, em especial o Facebook e o Twit-ter.

Circuito 30

12º SALÃO DUAS RODASVisitantes: 261.352Marcas participantes: 450 expositoresMotos expostas: 516Unanimidade entre as empresas, o Salão conquistou também a fideli-

dade do público, que a cada edição comparece para conferir os lançamen-tos de motos, bicicletas elétricas, equipamentos e acessórios maismodernos disponíveis no mercado.

Salão DuasRodas 2013 EM

NÚMEROS

RANKING POR MARCA DEEMPLACAMENTOS 2013

1º - HONDA

2º - YAMAHA

3º - SUZUKI

4º - DAFRA

5º - SHINERAY

6º - KAWASAKI

7º - KASINSKI

8º - H.DAVIDSON

9º - BMW

10º - TRAXX

1.011.140134.59223.63721.7069.175

7.8107.7346.6416.316 5.678

Fonte: Fenabrave

Autos