portugal post fevereiro 2013

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Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 Do PVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853 ANO XX • Nº 223 Fevereiro 2013 Publicação mensal 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 44145 Dortmund Tel.: 0231-83 90 289 Telefax 0231- 8390351 • E Mail: [email protected] www. portugalpost.de K 25853 •ISSN 0340-3718 PORTUGAL POST Entrevista 1993 : 20 ANOS : 2013 Faleceu Rui Paz Comunidade perde um amigo //Pág. 7 Vinte anos contra ventos e marés Por Cristina Krippahl //Pág. 5 Escritora Ana Cristina Silva Aconselho os pais a falarem com os filhos em português //Pag. 15

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Portugal Post Fevereiro 2013

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Portugal Post - Burgholzstr 43 - 44145 DoPVST Deutsche Post AG - Entgelt bezahlt K25853

ANO XX • Nº 223 • Fevereiro 2013 • Publicação mensal • 2.00 € Portugal Post Verlag, Burgholzstr. 43 • 44145 Dortmund • Tel.: 0231-83 90 289 • Telefax 0231- 8390351 • E Mail: [email protected] • www. portugalpost.de • K 25853 •ISSN 0340-3718

PORTUGAL POST› Entrevista

1993 : 20 ANOS : 2013

Faleceu Rui Paz Comunidade perde um amigo //Pág. 7

Vinte anos contra ventos e marésPor Cristina Krippahl //Pág. 5

Escritora Ana Cristina Silva

Aconselho os pais a falaremcom os filhos em português

//Pag. 15

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 20132

Director: Mário dos Santos

Redação e ColaboradoresCristina Dangerfield-Vogt: BerlimCristina Krippahl: BonaJoaquim Peito: Hanôver

CorrespondentesAntónio Horta: GelsenkirchenElisabete Araújo: EuskirchenJoão Ferreira: SingenJorge Martins Rita: EstugardaManuel Abrantes: Weilheim-Teck

Maria do Rosário Loures: NurembergaVitor Lima: Weinheim

ColunistasAntónio Justo: KasselCarlos Gonçalves: LisboaGlória de Sousa: BonaHelena Ferro de Gouveia: BonaJoaquim Nunes: OffenbachJosé Eduardo: Frankfurt / MLuísa Coelho: BerlimLuísa Costa Hölzl: MuniqueMarco Bertoloso:  ColóniaPaulo Pisco: LisboaSalvador M. Riccardo: Teresa Soares: Nuremberga

Multimédia: silva-Com.de

Tradução: Barbara Böer Alves

Assuntos Sociais: José Gomes Rodrigues

Consultório Jurídico:Catarina Tavares, AdvogadaMichaela Azevedo dos Santos, AdvogadaMiguel Krag, Advogado

Fotógrafos: Fernando Soares

Impressão:Portugal Post Verlag

Redacção, Assinaturas PublicidadeBurgholzstr. 43 • 44145 DortmundTel.: (0231) 83 90 289 • Fax: (0231) 83 90 351www.portugalpost.deEMail: [email protected]/portugalpostverlag

Registo Legal: Portugal Post VerlagISSN 0340-3718 PVS K 25853Propriedade: Portugal Post VerlagRegisto Comercial: HRA 13654

Os textos publicados na rubrica Opinião são da ex-clusiva responsabilidade de quem os assina e nãoveiculam qualquer posição do jornal PORTUGALPOST

PORTUGAL POSTAgraciado com a Medalha da Liberdade

e Democracia da Assembleia da República

Fundado em 1993

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Crónica Por Joaquim Nunes

Para que a celebração desse aniversárioseja ocasião de algo mais do que um simp-les „acto oficial“ a realizar num qualquer„salão nobre“ das instituições deste ou donosso país de origem, proponho que se co-mece desde já a reflectir e a fazer o balançodestes 50 anos de imigração portuguesa naAlemanha, perguntando-nos o que é que defacto queremos celebrar e se há ou não ra-zões para festejar...

No que toca aos temas da emigração /imigração, parece-me que muitas vezes secai, tanto por aqui como em Portugal, numdiscurso patético (quer dizer „doentio“, de„pathos“, de onde vem a „patologia“), cheiode exageros de linguagem, feito da repeti-ção de banalidades e de lugares comuns.Raramente se encontra uma análise serenae objectiva da emigração. E isto vale nasduas direcções: tanto para aqueles que em-polgam a emigração e fazem dela uma „his-tória de sucesso“, como para aqueles queencaram a emigração como uma „desgraçahistórica“, mesmo que não tenham coragemde o dizer abertamente.

Há de um lado esse discurso meio poé-tico meio político-demagogo que realça dae/imigração o que ela tem de „história desucesso“, não se cansando de reclamar paraos emigrantes um estatuto de heróis: gentecorajosa e empreendedora, que deixou oseu país e, ultrapassando todas as dificulda-des da língua, da cultura, do clima, das sau-dades, „chegaram, viram e venceram“. Eseria graças a eles e às suas remessas finan-ceiras que o nosso país se tem mantidoacima de água, atravessando crises umasatrás das outras.... E vai daí nunca será de-mais reclamar de Lisboa apoio para osemigrantes... eles afinal „quase que mere-cem mais do que aqueles que lá ficaram“...

A emigração é vista assim como se-gunda epopeia dos portugueses no mundo,depois da grande epopeia dos „descobri-mentos“ que os Lusíadas imortalizaram.Tudo muito bonito, é o discurso que fica

Nem heróis nem mártires.... - ou: a necessidadede rever os discursos sobre a e/imigração

Parto do princípio de que, à se-melhança do que já aconteceucom outras comunidades mi-grantes (italianos, turcos), tam-bém a comunidade portuguesana Alemanha não deixará passaressa data desapercebida e iráprocurar formas dignas de a as-sinalar e celebrar.

Para o ano que vem (2014) , completam-se 50 anos da celebração do acordode angariação de mão de obra entre a Alemanha e Portugal.

bem a esses que tem de dizer umas palavrasna abertura de um jantar nas associações deemigrantes ou no início de um festival defolclore... até pode dar para ganhar votos,mas anda bem longe da realidade que foi econtinua a ser a vida e o trabalho na emi-gração.

Do outro lado, há o discurso do „coita-dinho do emigrante“, que é assim um „es-corraçado da sua terra“, forçado a ter deviver no exílio em terra estranha, longe dasua „terra natal“, sufocado pelas saudades,morto por ver chegar a hora de regressar...Veja-se a cena desse jovem enfermeiro querecentemente escreveu uma carta ao Presi-dente da República, antes de emigrar paraa Inglaterra (com trabalho garantido e bomordenado!), num tom de fazer chorarmesmo os corações empedernidos e de poro pais de boca aberta diante dos écrans.Vejam-se as imagens do „Portugal no cora-ção“ e dos programas para emigrantes daRTPi....

É o choradinho patriótico que vê naemigração a „desgraça“, inevitável massempre desgraça, e que, no fundo, se bemvirmos, dá do emigrante essa imagem ne-gativa de quem partiu porque foi incapaz degovernar a vida na sua terra... Um discurso

que, debaixo deste tom mórbido de compai-xão, acaba por nos ofender.

Creio que são muitos, cada vez mais, osemigrantes que não se reconhecem nemnum nem noutro tipo de discurso.

Importa, por isso, aproveitando estaocasião de preparação do 50º aniversário docontrato para a emigração de mão de obraportuguesa para a Alemanha, fazer refle-xões sérias, que analisem a imigração labo-ral portuguesa na Alemanha de formadiferenciada, nos seus diferentes aspectos:económicos, políticos, sociais, e dos doislados: do lado do país de origem como tam-bém do lado do país de acolhimento. Refle-xões que façam o balanço a partir de dadosobjectivos e não sentimentais. Reflexõesque podem ter em conta destinos indivi-duais e biografias exemplares mas que so-bretudo saibam repensar a e/imigraçãoportuguesa na Alemanha no seu conjunto,como fenómeno colectivo, a ser comparadocom a experiência feita pelos outros povoscom quem convivemos. Reflexão que nãoesqueça a situação diferente das diferentesgerações e recorde o passado, sem esquecero presente e o futuro.

Voltaremos ao tema.

Nota do PP

Por motivos de ordemtécnica, esta edição saicom três dias de atraso.Queremos pedir desculpaaos nossos leitores eclientes por este impre-visto.

A redacção

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013 3A abrir

final Pedro Passos Coe-lho não quis dizer aosportugueses para irempara fora: “ninguém

aconselhou os portugueses a emi-grarem”.

O primeiro-ministro portu-guês tentou assim, recentemente,em Paris, recompor as palavrasque proferiu, em Dezembro de2011, e que se desdobraram emcríticas até hoje. Na altura, numaentrevista, sugeriu ou aconselhou,como se queira, os professoresportugueses desempregados aprocurarem oportunidades de tra-balho no mercado de língua por-

tuguesa, nomeadamente, em An-gola e no Brasil. Foi repudiadopelos partidos de esquerda, pelasorganizações sindicais e pelosportugueses que, parodiando,mandavam o próprio Passos Co-elho emigrar. Não seria, de resto,o primeiro chefe de governo afazê-lo. Ao que se sabe, depois decessar funções, também o ante-cessor, o engenheiro José Sócra-tes decidiu ir filosofar para Paris.

O conselho de Passos Coelhonão se encaixa no de um pri-meiro-ministro. Apresentar a emi-gração como solução para osjovens é assinar a sentença de

óbito do país, aniquilar a espe-rança no futuro, assumir o fal-hanço. Em torno das suasdeclarações gerou-se um “fait-di-vers” que dura até hoje, afinal foisó mais um, a nossa comunicaçãosocial precisa de declaraçõesassim para depois as poder chico-tear infinitamente.

Apesar de infeliz, Passos Co-elho foi, pelo menos, sincero. Senão há trabalho em Portugal,tanto para professores, assimcomo para muitas outras profis-sões, para quê ficar? O mesmoque disse o primeiro-ministro,nos dizem os nossos pais e ami-gos. A solução dos portuguesesvolta a ser emigrar, tal como nofoi no passado, entre as décadasde 1950-70.

E, na verdade, os portuguesesnão esperaram pelas palavras “sá-bias” de Passos Coelho para faze-rem as malas. A vaga deemigrantes portugueses está a au-mentar e deverá continuar, amenos que a saúde do país mel-hore, o que não se prevê queaconteça nos próximos anos.

Vivendo na Alemanha, desde2011, tenho visitado Portugalcom alguma freqüência , assis-tindo aos capítulos da história re-cente do esvaziamento do país.Enfermeiros e engenheiros, prin-cipalmente, mas também profis-sionais de outras áreas desistemda ocidental praia lusitana.Nadam para longe.

Em 2011, quase 44 mil pes-soas residentes em Portugal emi-graram, o que representa umaumento de 85% face a 2010. Amaior parte dos emigrantes é

jovem, entre os 25 e os 29 anos.No ano passado, segundo

dados divulgados pela Secretariade Estado das Comunidades,terão emigrado perto de 100 milresidentes em Portugal, valor quese aproxima das grandes vagasmigratórias da década de 1960,segundo a imprensa.

Mas se no passado, os nossosavós emigravam e amealhavam omáximo que conseguiam para po-derem um dia voltar, hoje já nãoé assim. Quem vai, encontra mel-hores condições do que as quedeixou (o que não é difícil), apro-veita a oportunidade de amealharpara abraçar o mundo e não fazquestão de voltar. Compra casa ealarga a família em terras onde osol nasce na linha do mar. Talvezo senhor ministro tenha esquecidoesse pormenor, de um país de-spido de jovens, que formam assuas famílias no outro lado domundo, envelhecendo mais aindaum Portugal encolhido. E se cal-har esqueceu também que o Es-tado está a atirar milhões pelajanela, pois o que tem investidona formação de cada estudanteestá a ser dado ao vizinho. O paísnão rentabiliza os recursos queformou e que não espere vir afazê-lo com as divisas dos emig-rantes, pois muitos deles prefe-rem acautelar as suas poupançasem contas bancárias do país ondevivem, provavelmente em am-biente de maior segurança.

A emigração lusa parece estara virar assunto de moda, pois emtodo o lado se fala disso. Progra-mas televisivos como os “Portu-gueses pelo Mundo” cativam uma

ampla audiência, vários meios decomunicação internacionais noti-ciam o regresso dos portuguesesàs ex-colónias (nomeadamentepara Angola e Moçambique),crescem as vagas de candidatos aprogramas internacionais de está-gio, que funcionam como um ta-pete de fuga. Na mesma linha, oPresidente da República, CavacoSilva, criou recentemente o con-selho da diáspora, no sentido depromover a imagem do país noexterior, através de emigrantesque se destaquem nas váriasáreas.

Mas no interior, a imagem doPortugal anda pelas ruas da amar-gura. Os portugueses lamentamum país de rastos, que não viveantes sobrevive como pode.Quando vou a Portugal vejo umpaís a deslizar no abismo da de-pressão: os preços altos, os salá-rios baixos, empréstimos porpagar, a incerteza do futuro daempresa, o colega de trabalho quefaz o mesmo e ganha o triplo, osesquemas de sempre dos compa-drios, etc. Pelo que mesmo quemtem emprego não está “safo”.

A televisão ajuda a enxurrada.Os telejornais espremem ao má-ximo os casos da nova pobreza,repetem no esgotamento as palav-ras crise ou troika. E a publici-dade mergulha na mesma onda.As marcas dos principais super-mercados mostram-se solidáriascom as dificuldades dos portu-gueses, prometem preços baixos,repetindo também a esperança e oacreditar que, no fundo, recordama toda a hora o Portugal depri-mido.

Disse, depois não disse, mas foi como se dissesse

Afinal PedroPassos

Coelho nãoquis dizer aos

portuguesespara irempara fora: “ninguém

aconselhou osportugueses a

emigrarem”

A

As remessas de emigrantes paraPortugal ultrapassaram em No-vembro de 2012 o valor conse-guido no total dos últimos anos aoatingir cerca de 2,5 mil milhões deeuros no final de Novembro, deacordo com os dados do Banco dePortugal.

De acordo com o BoletimEstatístico do Banco de Portugal,estas remessas superam - quandoainda falta apurar um mês para ofinal do ano - os totais de 2011(2,43 mil milhões de euros), de2010 (2.425 milhões de euros) e

de 2009 (2,28 mil milhões deeuros) pelo menos.

Em Novembro o valor das re-messas dos emigrantes atingiu os204 milhões de euros, mais 14%que o valor registado em Novem-bro do ano passado.

Mais de metade deste valorcontinua a chegar de emigrantesem países da União Europeia,cerca de 106 milhões de euros, edeste valor mais de metade chegapor sua vez de França, um quartodo total mensal, com 55,2 milhõesde euros.

As remessas de emigrantesque chegam de países que fazemparte da Organização para a Co-operação e Desenvolvimento Eco-nómico (OCDE) correspondem,por sua vez, a 85% do valor totaldas remessas do mês de Novem-bro, com 173,5 milhões de eurosde total de 204 milhões de euros.

Por sua vez, o dinheiro que saide Portugal através das remessasde imigrantes para outros paísesatingiu os 43 milhões de euros, ovalor mais baixo desde junhodeste ano.

Banco de Portugal: Remessas de emigrantesultrapassam 2,5 mil ME

Por Glória Sousa

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013Notícias4

O número de pessoas que saiude Portugal em 2011 aumentou85% em relação a 2010 e a faixaetária em que mais se registoua saída foi entre os 25 e 29anos.

Dados do Instituto Nacional deEstatística (INE) sobre estimativasanuais de emigração indicam queem 2011 emigraram, no total,43.998 pessoas, incluindo cidadãosde Portugal e estrangeiros, ou sejamais 20.238 do que em 2010, anoem que emigrou um total de 23.760pessoas, registando-se um aumentode 85% em apenas um ano.Do totalde 43.998 pessoas que abandona-ram Portugal, estima-se que 41.444seriam portugueses e 2.554 nacio-nalidades estrangeiras.

Em 2010, o INE estima que ten-ham saído de Portugal um total de23.760 indivíduos (16.899, em2009), sendo que 22.127 teriam na-cionalidade portuguesa e 1.633 denacionalidade estrangeira. E se em2010 o maior número de emigran-tes se situava na faixa etária dos 20e 24 anos (3.815 emigrantes), em2011 a maior fatia de indivíduos aabandonar Portugal tinha entre 25 e29 anos (5.876), logo seguida dosindivíduos entre os 20 e 24 anos

(5.784) e entre 30 e 34 anos(5.027).Um dado a assinalar é quehá milhares de crianças e adoles-centes que emigraram entre 2010 e2011.Só em 2010, emigraram 2.320crianças entre até aos quatro anos,2.077 crianças entre os cinco e osnove anos e 2.580 adolescentesentre os 15 e os 19 anos.

Em 2011, as estimativas do INEindicam que emigraram 3.315 ado-lescentes entre os 15 e os 19 anos,1.326 crianças até aos quatro anos,1.302 entre os cinco e os nove anose 1.479 entre os 10 e os 14 anos.

Quanto ao país de destino, dos23.760 indivíduos emigrantes em2010, 19.418 terão ido para umoutro país da União Europeia (UE)e 4.342 deslocaram-se para um paísfora da UE.Segundo dados disponi-bilizados pelo Observatório daEmigração, Angola, Reino Unido,Suíça, Espanha, Alemanha, Luxem-burgo, Brasil e a Holanda são ospaíses que mais receberam emig-rantes portugueses.

Os países que também recebe-ram portugueses, mas em menornúmero, foram: Noruega, Dina-marca, Suécia, Macau, Áustria,África do Sul, Austrália e Argentinae Nova Zelândia.

INE estima que emigração cresceu 85% entre 2010 e 201

Cães apanhados por serviçosmunicipais nas ruas de Torrede Moncorvo estão a ser enca-minhados para uma associaçãoalemã que, depois, se encar-rega de arranjar uma famíliapara os acolher, revelou fonteda autarquia.

A associação alemã Menschenfur Tierrechte Bayreuth tem „aju-dado“ a encontrar uma soluçãopara os cães abandonados, sendoatualmente responsável pelaadopção de 31,8% dos 44 queforam capturados em 2012 nas ar-térias da vila transmontana.

„A adopção destes animaispermite assim evitar o abate doscães, dando-lhes uma família euma nova oportunidade paraserem felizes“, disse à agênciaLusa o vice-presidente da autar-quia, José Aires.

Para a Alemanha, já foram en-viados por via aérea, nos últimosquatro anos, „mais de uma cen-tena de cães“.

A Câmara de Torre de Mon-corvo garante que tem procuradomelhorar a qualidade de vida dosanimais de companhia abandona-

dos, “desenvolvendo iniciativasque resultem na sua adopção“.

Dos 44 animais sem dono cap-turados no ano passado em Torrede Moncorvo, 77,2% foram adop-tados e possuem agora „um novolar e uma nova vida“, assinalou oautarca.

Os responsáveis pelo canilmunicipal de Torre de Moncorvoavançam com uma diminuição dataxa de eutanásia que baixou para4,5% do total dos animais captur-ados.

A adopção de animais permiteassim „diminuir“ o número deanimais abatidos, dando-lhes uma

família e uma nova oportunidadede „serem felizes“, segundo ovice-presidente.

No canil estão alojados „ape-nas“ 10 animais, que brevementeseguirão viagem para a Ale-manha, onde a associação alemãprocurará uma nova família paraestes animais de companhia.

O município do Douro Supe-rior destaca ainda „o papel impor-tante“ que os munícipes tiveramnesta ação de sensibilização eadoção de animais „vadios“. Cadavez mais preocupados com o„bem-estar animal“, adotaram25% dos animais capturados.

Alemães adoptam cães capturados nasruas de Torre de Moncorvo

O secretário de Estado das Comu-nidades afirma que as fraudes re-gistadas nos últimos anos emprovas de português para aquisiçãode nacionalidade são “coisa dopassado” e que o novo sistemavem reforçar a segurança.

Até agora, era nos consuladosque estas provas eram feitas,quando os examinados estavam noestrangeiro, mas nova legislaçãoaprovada pelo Governo determinaque passam a realizar-se nos cen-tros de línguas do Camões - Insti-tuto da Cooperação e da Língua,que terá de certificar o processo,adiantou José Cesário.

“Creio que haveria fraudes[nalgumas provas]. Nunca percebibem se era nas provas ou certifica-dos das provas”, disse à Lusa.

“São coisas do passado, nemsequer tenho presente [em queconsulados se registaram fraudes].Não era capaz de dizer. Envolvemcidadãos estrangeiros” que tentamforjar os testes, adiantou.

Entretanto, o secretário de Es-tado da Presidência do Conselhode Ministros, Luís Marques Gue-des, adiantou que o processo vaienvolver o agora Serviço de

Estrangeiros e Fronteiras, “porquea experiência mostrou nos últimosanos que existe, em alguns casos,algumas fraudes ou algumas falsi-ficações de documentos“.

A nova legislação visa “exacta-mente prevenir adequadamenteestas situações que a experiênciatem vindo a demonstrar e facilitarum controlo mais adequado sobrea legitimidade destas provas deconhecimento que são requisitopara aquisição da nacionalidadeportuguesa“, adiantou.

Em Portugal, as provas reali-zam-se habitualmente em escolas,e no estrangeiro passam agora paraos centros de línguas, que podemser em instalações do Camões, nal-guns casos em consulados, noutrosem universidades.

A realização das provas com-petia nos últimos anos a leitores doinstituto Camões ou coordenado-res do ensino da língua portuguesa.

A mudança, diz Cesário, é “na-tural” para o Camões, enquantoentidade responsável pelo ensinoda língua portuguesa no estran-geiro e o novo modelo “é mais se-guro”.PP com Lusa

Mais de 20 mil estrangeiros ad-quiriram, em 2012, autorizaçõesde residência em Portugal, sendosobretudo cidadãos oriundos doReino Unido, Espanha, Holanda eAlemanha, disse o ministro daAdministração Interna.

Na cerimónia de apresentaçãode um programa para a promoçãointernacional do turismo residen-cial, “Living in Portugal”, MiguelMacedo adiantou que, no pro-grama de processamento de entra-das e saídas de Portugal (PASSE),foram registadas 5,6 milhões depessoas no ano passado, das quais1,1 milhões tinham mais de 50anos.

O ministro da AdministraçãoInterna afirmou que estes “núme-ros são bem significativos da im-portância que o sector do turismotem para Portugal”.

Destacando o profissiona-lismo das forças de segurança,Miguel Macedo afirmou que“Portugal é hoje, como no pas-sado, um dos países europeus commenor taxa de criminalidade naEuropa”. O ministro garantiuainda que Portugal vai continuar a

ser um país seguro, sendo esta “aprimeira e central preocupação”.

Também presente na cerimó-nia do programa “living in Portu-gal”, o ministro dos NegóciosEstrangeiros, Paulo Portas, consi-derou o projeto “um produtoestratégico” para o país.

“Portugal está na Europa,perto de África, a um voo daAmérica Latina, tem sol, mar,surf, golfe, turismo religioso, tu-rismo de natureza, turismo desaúde, turismo de negócios, tu-rismo de eventos, excelente gas-tronomia, é hospitaleiro e é umpaís seguro. É, no mínimo, istoque nós temos que saber vender,atrativamente e competitiva-mente, porque há poucos paísesna Europa que garantem tudo istoao mesmo tempo”, sustentou.

José Cesário: Fraudes nas provas deportuguês para adquirir nacionalidadesão “passado”

Mais de 20 mil estrangeiros adquiriram autorizações de residênciaem Portugal em 2012

O New York Times publicou a sualista dos 46 locais a visitar em 2013e colocou o Porto em número 28,destacando as possibilidades de pro-var Vinho do Porto “a preços devinho de mesa”.

“A dor económica de Portugal éo seu ganho no Porto, uma das gran-des pechinchas da Europa Ociden-tal”, escreve o diárionorte-americano, numa lista que foipublicada na edição de papel.

O New York Times destaca osnovos hotéis e restaurantes da ci-dade, que deram “um lustro fresco aesta cidade protegida pela UNESCOonde as ruas estreitas e labirínticas,edifícios antigos e estudantes decapas negras inspiraram uma jovemprofessora de inglês que lá viveunos anos 1990 chamada J.K. Row-ling”, a autora dos livros de HarryPotter.

A lista é encabeçada pelo Rio deJaneiro (“Porque todo o mundo vailá estar em 2014”) e inclui cidadescomo Paris, Casablanca e a ilha deKoh Phangan, na Tailândia.

“A crise financeira não reduz aindústria mais proeminente da ci-dade – o Vinho do Porto”, acrescen-tou o autor do artigo.

Porto é um dos 46 sítiosdo mundo a visitar em2013 para o New YorkTimes

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013 PP - 20 anos 5

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Há vinte anos, em 1993, surgiao primeiro número do PortugalPost (PP), na altura ainda sobo nome Correio de Portugal.Fora algumas tentativas fra-cassadas para criar uma publi-cação concorrente, este foi oúnico jornal da comunidadeportuguesa na Alemanha queconseguiu sobreviver a todosos contratempos inevitáveis, e,contra ventos e marés, garan-tir um número mensal aos seusleitores, durante vinte anos afio.

Um dos desafios ao longo des-tas duas décadas foi acompanharas alterações profundas no perfilda comunidade imigrante e aten-der aos seus interesses díspares: asprimeiras gerações instaladas nopaís há décadas, os luso-descen-dentes por vezes já com pouca li-gação com Portugal,trabalhadores destacados compermanência temporária no país ea nova onda de imigração portu-guesa, desencadeada pela recentecrise económica.

O segundo grande desafio foie é o financiamento. As assinatu-

ras são uma fonte de rendimentoimportante, mas a comunidadeportuguesa neste país é relativa-mente pequena, pelo que o mer-cado é reduzido. O que nãofacilita a angariação de publici-dade, uma receita incontornávelpara a existência do jornal. Emdadas alturas, o Portugal Post so-breviveu por mera obstinação.

Ciente desses constrangimen-tos, houve quem se visse tentadoa condicionar a publicidade a umaposição editorial favorável. Oscasos de pressão registados origi-naram, também em instâncias pú-blicas, que justamente têm o deverconstitucional de defender a liber-dade da imprensa. Sendo cronistado jornal há muito tempo, não mepassou despercebido que tambémalgumas das opiniões por mimventiladas provocaram reacçõesmenos apetitosas. E não são só osportugueses, também entidadesalemãs – neste caso exclusiva-mente privadas, diga-se em abonoda verdade – mostraram uma sen-sibilidade extrema a opiniões crí-ticas por parte de “estrangeiros” eagiram sob a ilusão de que os di-reitos garantidos pela Lei Funda-mental não se aplicam a órgãos decomunicação não-germânicos.Convictos de que o “Gastarbeiter”não tem como se defender, chaga-ram a ameaçar com tribunal. Emvão, como é óbvio, e as ameaças

esfumaram-se. Claramente, pois, o PP não

cede a pressões, preferindo acatarcom a perda de um anunciante aviolar a deontologia jornalística.Levou algum tempo até que certagente percebesse que o PP não éum panfleto, nem se deixa instru-mentalizar para este ou aquelefim. Mas hoje, volvidos vinteanos, penso que só quem não quermesmo é que não entende que oPP preza, acima de tudo, a sua in-dependência.

O que também significa, poroutro lado, que o jornal não podeagradar a (leitores) gregos e troia-nos. A crítica, por exemplo, diri-gida a certos vícios dacomunidade, nem sempre é bemrecebida. Mais triste ainda: porvezes, a valorização pelo jornal deactividades desenvolvidas pormembros da comunidade em proldos portugueses aqui residentesatravés de reportagens e entrevis-tas, não desperta o orgulho no ouna compatriota, mas antes a in-veja. E como é difícil amesquin-har abertamente quem se engajapelo bem dos outros, ou quem de-senvolve um talento artístico ouacadémico que prestigia a nossaimagem na Alemanha, opta-se poratacar o jornal que lhe dá desta-que, porque “eu é que sou bom ea mim ninguém me entrevista”.Mas estes leitores ávidos de pro-

tagonismo injustificado são umapequenina minoria. A grande partequer boa informação e algum en-tretenimento, aprecia o “fair-play”e mantém-se fiel ao PP,contribuindo decisivamente paraque o jornal possa continuar aexistir e servir a comunidade. Ascríticas construtivas destes leito-res são imprescindíveis, pois aju-dam a melhorar os conteúdos.

Porque, evidentemente, o PPtambém comete erros. Como po-deria ser de outra forma, se é feitopor seres humanos? Mas os erros,quando apontados, são reconheci-dos e emendados, com o devidopedido de desculpas. E os colabo-radores esforçam-se por dar omelhor – a título benemérito,diga-se de passagem. Aliás, a faltade vantagem pecuniária na cola-boração é talvez uma das razõespelas quais tão poucos jornalistasportugueses na Alemanha achamque merece a pena contribuir paraum jornal que serve de fonte deinformação e elo de ligação a umacomunidade muito dispersa. Aoutra razão é uma atitude já sobe-jamente conhecida: uma certaauto-proclamada “elite” entre osportugueses na Alemanha, pe-quena-burguesia bem-pensante,que se considera “acima de meroemigrante”, acha que escreverpara a comunidade não a presti-gia, nem lhe afaga devidamente o

ego. A noção de solidariedade nãoconsta dos seus dicionários.

Por sorte, muitos outros háque não pensam assim. Justa-mente, nos últimos tempos, o PPganhou novos colaboradores, jo-vens ou não, jornalistas profissio-nais engajados e amadores comtalento, com um domínio exem-plar da língua e coisas importan-tes, interessantes, tristes edivertidas para dizer. Seria bomque outros seguissem o exemplo.

Se me atrevesse a dar palpitespara o futuro do PP, seria para en-corajar a direcção a reforçar duasestratégias já lançadas, mas aindafracamente desenvolvidas. A pri-meira, é a publicação de mais ar-tigos em língua alemã, paraconquistar leitores alemães inte-ressados, mas também muitos jo-vens luso-descendentes que têm(ainda) dificuldades com a língua.Seria talvez útil recrutar igual-mente colaboradores entre estegrupo de luso-germanos. Tambémeles têm, decerto, histórias inte-ressantes para contar. A segunda,é o reforço da presença do PP naInternet, com uma maior interac-ção entre o jornal e os seus leito-res, e uma maior abertura aleitores interessados em todo omundo. O PP nasceu praticamentecom a World Wide Web (1991),nada mais natural que cresçaagora com ela.

Portugal Post: Vinte anos contra ventos e marésCristina Krippahl

O PP nasceu praticamente com a World Wide Web (1991), nada mais natural que cresça agora com ela.

6 PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013

OpiniãoPaulo Pisco*

Opinião

divulgação do relatóriodo FMI é mais um episó-dio do grande teatro em

que se transformou a governaçãoe tem como objetivo apoiar e jus-tificar aquilo que Passos Coelhosempre defendeu. Quanto a PauloPortas, mestre na arte da represen-tação, veio fazer comentários dedesaprovação relativamente auma matéria que certamente co-nhecia bem, porque foi acompa-nhada pelo seu braço direito noMinistério dos Negócios Estran-geiros, o Secretário de Estado doAssuntos Europeus, Morais Lei-tão.

O documento do FMI, quecontou com a participação ativade membros do Governo, é a con-cretização das ideias que PassosCoelho apresentou em meados de2010, quando lançou a ideia deuma revisão constitucional paraeliminar o preceito da gratuitidadetendencial na Saúde e na Edução.Recentemente, pediu publica-mente o envolvimento do PS paracortar quatro mil milhões de eurosnas funções sociais, valor que, porcoincidência, encaixa com o do

estudo do FMI. Portanto, trata-sede uma manhosice do Primeiro-Ministro que, obstinadamente, usatodos os artifícios para reduzir opeso do Estado, enquanto aomesmo tempo vai aumentando aolhos vistos a importância dosector privado na Saúde, na Edu-cação e nas prestações sociais.

Se 2012 já foi um ano irrespi-rável com todo o cortejo de su-pressão de serviços e organismos,reduções de salários e pensões, di-minuição dos direitos e regalias,imagine-se o que seria se o país ti-vesse de sofrer uma punição agra-vada em 2013, com tudo o que seanuncia no Orçamento de Estadoe no documento do FMI.

Estas angustiantes transforma-ções em curso representam um sa-crifício coletivo onde asolidariedade e a humanidadeestão ausentes, uma vez que nãosão acompanhadas com soluçõespara os milhares de pessoas queestão a ser vítimas das decisões doGoverno. Assim, em nome deuma suposta eficiência e sustenta-bilidade, o que se está a criar é umEstado associal, frio, individua-

lista e classista, gerador de desi-gualdades económicas e sociais.

Como consequência de um pa-norama marcado pelo empobreci-mento, pelo desemprego, peloincumprimento das obrigaçõeseconómicas das famílias e dasempresas, pelos cortes nos subsí-dios de desemprego e na sua du-ração, pelo aumento do custo devida e pela asfixia fiscal, com-preende-se que a vontade de emi-grar se tenha tornado o temadominante. Não se fala noutracoisa, seja qual for a profissão daspessoas, o seu estatuto social ou onível educativo. Os portuguesessentem-se rejeitados pelo seu pró-prio país.

Também se compreende mel-hor agora que quando os membrosdo Governo iniciaram a sua cho-cante campanha para que os por-tugueses deixassem a sua “zonade conforto” e emigrassem, com aparticipação ativa do Primeiro-Ministro, isso era parte de umaestratégia para aguentar melhor oembate das duras transformaçõesque o país está a sofrer por causada obstinação insensível de Pas-

sos Coelho. Exportava assim o de-semprego, reduzia os encargos so-ciais e atenuava as tensões nasociedade. Com efeito, se em2011 e em 2012 tiverem saído dopaís cerca de 200.000 portugue-ses, como referem alguns mem-bros do Governo, isso poderárepresentar algo como, no mí-nimo, a anulação de menos trêspor cento na taxa de desempregoatual e vários milhões de eurospoupados em prestações sociais.

Esta estratégia ultraliberal edesestruturante, que nunca de-veria ser caucionada pela UniãoEuropeia, pelo menos na dimen-são dos sacrifícios que está aimpor, está, por isso, profunda-mente errada, porque não prevêalternativas para as pessoas atin-gidas por esta hecatombe, degradaa solidariedade e a coesão social epromove ativamente as debanda-das migratórias que, como alertouo Banco de Portugal no BoletimEconómico do Outono, poderãopôr em causa o nosso desenvolvi-mento a médio prazo. E isto assimé insustentável.* Deputado do PS

O teatro da crise e a obstinacão de um homem

A Também se com-preende melhor agoraque quando os mem-bros do Governo ini-

ciaram a sua chocantecampanha para que osportugueses deixas-sem a sua “zona de

conforto” e emigras-sem, com a participa-

ção ativa doPrimeiro-Ministro,

isso era parte de umaestratégia para aguen-tar melhor o embatedas duras transforma-ções que o país está asofrer por causa da

obstinação insensívelde

Passos Coelho.

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PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013 Comunidades 7O dia 8 de Janeiro deste ano fica marcado como um dia triste paraa comunidade - O falecimento de Rui Paz.Gravemente doente, Rui paz encontrava-se nos cuidados intensivosde um hospital depois de se ter submetido a um transplante. Era asua última esperança. Todos acreditavam que Rui Paz iria ultrapassara sua doença. Mas não foi feliz e não resistiu a uma infecção pulmo-nar.Para além das suas capacidades de músico, compositor e professor,

Rui Paz será recordado também pela sua entrega às causas sociais;ao desejo e à luta por um mundo melhor; à sua bondade e à sua apu-rada sensibilidade enquanto professor de harpa.Rui Paz foi um homem que deve ser recordado como um exemplo aseguir e merece uma justa homenagem de todos, ou seja, mereceser lembrado como um Homem bom e solidário.Por fim, o nosso jornal perde também um colaborador, cronista eum grande Amigo. Redacção dp PP

Os Conselheiros das ComunidadesPortuguesas na Alemanha, em nomede toda a comunidade, querem destaforma apresentar as nossas sentidascondolências à família do falecidoRui Paz .

O Conselho das Comunidades ea comunidade portuguesa na Ale-manha, estão de luto pela mortedeste nosso querido amigo. Perdemosum grande amigo mas acima de tudoperdemos um Grande Homem.

Sempre que somos surpreendidoscom a triste notícia da morte de umamigo sentimos uma mágoa pro-funda. Essa mágoa é tanto maior foro número de pessoas a senti-la.

O Rui Paz teve o talento de reali-zar uma grande obra mas, acima detudo, teve a qualidade de saberfazer muitas amizades. É por isso quea sua partida, deixa uma enormemágoa em muita gente.

Ficará para sempre nas nossasmemórias essa grande qualidade de seter sempre preocupado com o bemestar dos outros, sobretudo com o dosmais desprotegidos.

Nos tempos em que vivemos,numa altura em que o egoísmo é pre-dominante, poucos são aqueles que,como o Rui Paz o fazia, se preocupammais com os outros do que consigopróprio.

E todos nós, aqueles que o conhe-ceram, lhe reconhecemos essa grandequalidade das pessoas grandes, a deestar sempre pronto a sacrificar-seele próprio para poder ajudar os ou-tros.

Nós, Conselheiros das Comunida-des, sabemos bem do que falamosquando nos referimos ao Rui Paz. Eleestava sempre disponível para ouvir eprocurar resoluções para os proble-mas das comunidades. Esteve sempre

na primeira linha pela defesa dos maisfracos e na luta por um mundo melhore mais justo. No que nos toca a nós,diáspora portuguesa, o Rui Paz sem-pre lutou para que fossemos tratadosde uma forma digna, onde quer quenos encontrássemos. No nosso País,que fossemos respeitados como odevem ser todos os outros portugue-ses, o que muitas vezes é esquecidopelos nossos governantes. Nos paísesde acolhimento que fossemos tratadoscomo cidadãos de plenos direitos e deacordo com as convenções internacio-nais.

Quando a notícia da morte doRui Paz chegou aos colegas do CCPespalhados pelo Mundo, muitasforam as reacções que de imediatonos chegaram. Destacamos duas quesão a síntese do que diziam todasas outras e a confirmação o que todosos conselheiros do CCP pensam destenosso amigo.

Um dos conselheiros do Brasilescreveu: “Foi com profunda tristezaque recebi a notícia do falecimento doRui Paz, com quem tive a honra departicipar em reuniões de trabalho doCCP, onde o Rui se destacava pela suaeducação, fidalguia, seriedade, patrio-tismo, e amor às causas ímpares. Adiáspora fica mais pobre e o nossoPaís perde um autêntico e digno re-presentante.”

Uma conselheira da Europa es-creveu: “É com grande tristeza que re-cebo esta notícia. O Rui quando oconheci conseguiu tocar-me bemfundo e transmitir-me o calor humanoque ele continha no seu coração.Pouco tempo depois era como o ti-vesse conhecido desde sempre. Eleera simplesmente a bondade em pes-soa que transmitia a paz e procuravaa justiça. O Rui gostava de ajudar o

próximo e fazia tudo o que estava aoseu alcance para o conseguir. Daspoucas vezes que tive o privilégio deestar com ele deu para ver e admiraro grande Homem que ele era. Tinhaum coração enorme e muito valiosoque por ironia do destino acabou porlhe roubar a vida”.

Estes dois depoimentos definembem o grande Homem que foi o RuiPaz. As suas qualidades de se colocarsempre do lado dos fracos na defesapelas coisas justas, fizeram dele umapessoa amada e respeitada pela comu-nidade, por todos os que o conhece-ram

A sua luta pela defesa da manu-tenção dos consulados de Frankfurt ede Osnabrück e o seu empenho peladefesa do ensino da língua portuguesaforam das ultimas lutas que travou.

Recordamos com saudade aforma como se bateu pela defesa dacomunidade portuguesa na Alemanhana reunião, em Osnabrück, com o Se-nhor Presidente da República.

O Rui Paz, foi um daqueles quetiveram a coragem de enfrentar a di-tadura fascista, através da sua músicae da sua participação nas vigílias dasigrejas de S. Domingos e do Rato emLisboa, e outras acções que contribuí-ram para a queda do fascismo.

A morte do Rui Paz deixa-nos atodos mais pobres. Dar continuidadeao seu trabalho será a melhor home-nagem que lhe podemos prestar.Vamos por isso seguir-lhe o exemplo.Se o conseguirmos podemos dizerque o Rui Paz ficará sempre con-nosco.

Rui Paz: um Homem solidário, companheiro e amigoTexto em homenagem à memória de Rui Paz da responsabilidade dos membros do Conselho das Comunidades Portuguesas eleitos pela Alemanha

Rui Paz era natural. Músico, compo-sitor e professor de harpa, tendo ter-minado o curso no ConservatórioNacional de Lisboa com 20 anos. Re-sidia em Dusseldorf e leccionou harpana FolkWang Musikschule em Essen,desde o início dos anos 80, e dirigiu o“Teatro Acústico”.

Os seus alunos actuaram em di-versos países e a classe de harpa daFolkwang Musikschule é a maior e amais premiada da Alemanha.

Cedo se interessou pela situaçãopolítica do seu país, tendo participadoem diversas iniciativas, de que se des-taca a vigília de protesto contra a

guerra colonial que se realizou naIgreja de S. Domingos, na passagemdo ano 1968/69, onde um dos cânticosentoados foi a “Cantata da Paz”, comletra de Sofia de Mello Breyner ecomposição musical de Rui Paz.

Em 1975 entrou para funcionáriodo PCP, tendo sido responsável pelasua organização em França e na Ale-manha.

Era colunista do PORTUGALPOST e membro eleito foi eleito parao Conselho das Comunidades Portu-guesas, em 2003, fazendo partedo seuConselho Permanente. Em 2008, foireeleito para o CCP, tarefa que viria a

deixar devido ao seu estado de saúde.Eram também

Membro do Organismo do PCPpara a Coordenação dos Emigrantesna Europa, pertencia ao Organismo deDirecção Nacional do Partido na Ale-manha, organização de que era re-sponsável.

Profundamente humanista, mo-desto e discreto, Rui Paz deixa recor-dações de uma vida dedicada à defesados direitos das comunidades portu-guesas na diáspora e uma vida dedi-cada à luta pela pelos valores em queacreditava: liberdade, a democracia eo socialismo.

Rui Paz (1949 -2013)

Os Conselheiros das Comunidades Portuguesas

Piedade Frias, Alfredo Stoffel, AlfredoCardoso, Fernando Genro, José Eduardo

AgradecimentoOs nossos agradecimentos a todos os, que pela morte do nosso que-rido marido e pai, Rui Clemente Paz, nos dirigiram palavras deconforto, pessoalmente ou por escrito, que entenderam a perdaque tivemos e juntamente connosco lhe foram prestar a sua últimahomenagem.Marlene, Ana, Rasmus, Fernando, Graça e família

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013Serviço8

ÁREA COnSULAR DE ESTUGARDAnuremberga:Datas: 5. 02. • 5.03. • 2.04. • 7.05. • 4.06 • 23.07 • 6.08. • 2.09 • 11.0.5• 3.12Local: Missão Católica Portuguesa, Hersbrucker Str. 41, 90480 Nürn-berg

OffenbachDatas: 1+19.02 • 1 + 19. 03 • 5 + 16. 04 • 3 + 21.05 • 7 + 18..06 • 5 +16.07 • 2 + 20.08 • 6 + 17.09 • 4 + 15.10 • 8 + 19.11 • 6 + 17. 12Local: Missão Católica Portuguesa, Marienstr. 38, 63069 Offenbach

SingenDatas: 13. 02 • 12.03 • 9.04 • 14.05 • 11.06 • 9.07 • 13. 08 • 10.09 • 8.10• 12.11 • 10.12 Local: Rathaus / Câmara Municipal, Hohgarten 2, 78224 Singen

Mainz:Datas: 8 + 26.02 • 8 + 26.03 • 12 + 23. 04 • 10 + 28.05 • 14 + 25.06 •12 + 23.07 • 9 + 27.08 • 13 + 24.09 • 11 + 22.10 • 15 + 26.11 • 13 +23.12 Local: União Desportiva Portuguesa e.V., Mombacher Str. 38, 55122Mainz

KaiserslauternDatas: 15.02 • 15.03 • 19.04 • 17.05 • 21.06 • 19.07 • 16.08 • 20.09 •

18.10 • 22.11 • 20.12 Local: Associação Portuguesa de Desportos, Pariser Str. 117, 67655Kaiserslautern

MuniqueDatas: 22.02 • 22.03 • 26.04 • 24.05 • 28. 06 • 26.07 • 23.08 • 27.09 •

25.10 • 29.11 • 30.12 Local: Missão Católica Portuguesa, Landsberger Str. 39, 80339 Mün-chenHorário de cada permanência: entre as 10h00 e as 15h00

ÁREA COnSULAR DE DUSSELDORFMinden:Datas: 10.01 • 14.03.• 02.05. • 11.07. • 12.09. • 14.11.Local: Centro Português de Minden, Memelstr. 6, 32423 Minden

Meschede:Datas: 17.01. • 21.03. • 16.05. • 18.07. • 19.09. • 21.11.Local: Associação Portuguesa de Meschede, Hennestr. 12, 59872Meschede

MünsterDatas: 22.01. • 26.02. • 26.03. • 23.04. • 28.05. • 25.06. • 23.07. •27.08. • 24.09. • 22.10. • 26.11. • 17.12.Local: Missão Católica Portuguesa, Beelertstiege 3, 48143 MünsterHorário de todas as permanências: 10h00 – 13h00 e 13h30 às 15h30Marcacão obrigatória: Telefone: 0211 – 138 78 25

ÁREA COnSULAR DE HAMBURGO: Bremerhaven: Datas: 14.01.• 04.03.• 22.04.• 27.05.Local: Moliceiro Grill (Markttreff), Neumarktstr. 12,

CuxhavenDatas: 09.02.• 23.03.• 04.05.• 15.06.Local: Centro Cultural Português, Präsident-Herwigstr. 33-34,

nordhornDatas: 06.04.•18.05.Local: Centro Português de Nordhorn, Heideweg 13, Nordhorn

OsnabrückDatas: 25.01.• 15.02.• 01.03.• 22.03.• 05.04.13 19.04.• 03.05.•24.05.• 07.06.• 21.06.Local: Centro Português de Osnabrück, Bünderstr. 6, 49084 Osnabrück Horário de todas as permanências: 10h00 às 15h00

Por se revelar de interesse público, damos aqui a conhecer oplano das permanências consulares (serviços consulares itine-rantes) das áreas consulares de Estugarda, Dusseldorf e Ham-burgo.Recorda-se os leitores que os utentes deste serviço podem

tratar de assuntos, tais como: Cartão do Cidadão, Passaporte,etc.. Antes de se deslocarem, os utentes terão de fazer a marca-ção com antecedência junto do consulado da sua área de resi-dência.

Plano das Permanências ConsularesServiço

Encontra-se aberto, até ao dia 1 de março de 2013, oprazo de candidatura às Bolsas de Estudo para EstudantesUniversitários portugueses que completaram o Ensino Se-cundário Liceal alemão naAlemanha em 2012 e ingres-saram no Ensino Superior naAlemanha no ano lectivo2012/13.

Esta iniciativa foi conce-bida como um incentivo aosjovens portugueses para a fre-quência do Ensino Superiorna Alemanha que tenham obtido as melhores notas no finaldo Ensino Secundário Liceal neste país.

Os estudantes interessados deverão enviar uma carta decandidatura à Embaixada de Portugal em Berlim acompan-hada dos documentos mencionados no Regulamento emanexo.

A presente iniciativa da Embaixada de Portugal em Ber-lim conta com o financiamento de três bolsas pelo Ministériodos Negócios Estrangeiros (Direcção-Geral dos AssuntosConsulares e das Comunidades Portuguesas).

As Bolsas de Estudo a atribuir, num máximo de 3 (três),são no montante de 1.500 (mil e quinhentos) Euros cadauma.

RegulamentoARTIGO 1º A Embaixada de Portugal em Berlim, com o patrocínio do Ministério dos Negócios Estrangeiros (Direcção-Geral

dos Assuntos Consulares e das Comunidades Portuguesas), abre um concurso de Bolsas de Estudo destinadas a es-tudantes portugueses que tenham concluído com reconhecido mérito, no ano de 2012, o Ensino Secundário Licealalemão na Alemanha e estejam inscritos no Ensino Universitário, ou equivalente, alemão na Alemanha.

ARTIGO 2º As Bolsas de Estudo, 3 (três), serão concedidas aos estudantes que tenham obtido as melhores notas no Ensino Se-cundário Liceal, sendo o montante de cada uma de 1.500 (mil e quinhentos) Euros.

ARTIGO 3º Podem candidatar-se os estudantes que preencham as seguintes condições:- Sejam portugueses ou possuam a dupla nacionalidade,- Sejam residentes na Alemanha,- Tenham concluído o Ensino Secundário Liceal alemão na Alemanha em 2012,- Estejam inscritos no primeiro semestre do Ensino Universitário, ou equivalente, alemão na Alemanha.

ARTIGO 4º As cartas de candidatura às Bolsas deverão ser acompanhadas dos seguintes documentos:- Certificado comprovativo da conclusão do Ensino Secundário Liceal na Alemanha, em 2012, com a indi-

cação das notas finais,- Certificado comprovativo da inscrição num estabelecimento de Ensino Universitário, ou equivalente, ale-

mão na Alemanha,- Fotocópia do Bilhete de Identidade / Cartão do Cidadão português ou do passaporte,- Fotocópia de documento comprovativo da residência na Alemanha (“Aufenthaltsbescheinigung”).

ARTIGO 5º As cartas de candidatura, acompanhadas de todos os documentos mencionados no Artigo anterior e mencionando oendereço de E-Mail do candidato, deverão ser remetidas à Embaixada de Portugal em Berlim – Zimmers-

trasse, 56 – 10117 Berlim, até ao dia 1 de março de 2013 (data do carimbo dos correios).ARTIGO 6º As candidaturas serão apreciadas por um Júri composto por:

- Dr. António Moniz, Conselheiro de Embaixada- Dra. Sílvia Melo-Pfeifer, Coordenadora-Geral do Ensino- Dra. Anália Gonçalves Chilenge, Técnica

ARTIGO 7º O montante da Bolsa de Estudo será entregue em data e modalidades a anunciar.

Embaixada de Portugal promove mais mais um concurso

para atribuição de Bolsas de Estudo

50Anos Co

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A presença da comunidade portu-guesa na Alemanha vai em 2014completar 50 anos. Tudo aconteceuem 1964 quando os governos portu-guês e alemão assinaram um acordode recrutamento de mão-de-obra.A ideia era trazer trabalhadores dospaíses do sul numa altura em que aAlemanha “explodia” economica-mente. Depois, quando não precisos,deveriam voltar a casa.Mais tarde isso verificou-se não fun-cionar. As pessoas lançaram raízesneste país.Quando as autoridades deste paísconstataram que as pessoas não po-diam voltar como vieram disseram:Mandamos vir trabalhadores e, afi-nal, vieram pessoas. Na altura, era preciso muita forçade braços. Depois de utilizados egastos deveriam voltar à procedên-cia. A partir desta edição e até Maio de2014, o PORTUGAL POST vaipassar a publicar pequenos textosde opinião de leitores que têm comoobjectivo evocar os 50 anos de pre-sença lusa neste país.Se o leitor quer opinar sobre estaefeméride, escreva-nos para [email protected] seu depoimento é importante! Nota: os depoimentos não deverãoultrapassar as 200 palavras

||||| Ó Primeiro depoimentona página 9

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013 Comunidades 9

GENTE Em 2014 Portugal e Alemanha celebram o 50°aniversário do acordo de recrutamento de mão-de-obra. Com a reconstrução após a SegundaGuerra Mundial e derivado ao milagre econó-mico, a Alemanha necessitou da ajuda de mão-de-obra.

Mas também a situação no Ultramar e emPortugal após a revolução do 25 de Abril leva-

ram sobre tudo homens a emigrarem para a Alemanha, à procura de um futuromelhor.

O acordo entre Portugal e Alemanha facilitou a emigração e muitos por-tugueses aventuraram-se a ir para um país distante e desconhecido, sem fa-larem a língua ou conhecerem as condições que os esperavam. Muitosportugueses faziam trabalhos pesados aos quais os alemães se negavam e vi-viam em barracas, economizando assim o dinheiro para mandar para Portu-gal.

A emigração era para durar poucos anos, apenas para orientar um poucoa vida, mas muitos viram nascer e cres-cer neste país os filhos e netos, e a Ale-manha tornou-se uma segunda« pátria », apesar das saudades conti-nuarem a viver no peito.

Tanto o acordo entre Portugal eAlemanha como as dificuldades e osgrandes esforços pelos quais passarammuitos portugueses, deviam ser recor-dados, apresentando exposições e fa-zendo entrevistas com testemunhas doinício da emigração para a Alemanha.

Elisabete Araújo

Motivos para festejar: sim ou não?

No dia 18 de Dezembro foiapresentado o projecto Comeniusna biblioteca da Embaixada dePortugal. Estiveram presentes Síl-via Pfeiffer, a responsável pelacoordenação do ensino na Ale-manha, e vários professores deportuguês ao nível internacionalque se deslocaram a Berlim para oefeito.

A sessão foi iniciada pelo Se-nhor Embaixador de Portugal,Luís de Almeida Sampaio. O Em-baixador afirmou que o que noscoloca noutro plano a nível inter-nacional relativamente aos outrospaíses europeus é a nossa língua,a identidade lusófona, a culturaem língua portuguesa; prosseguiuafirmando que isto é decisivo doponto de vista civilizacional e queos professores são muito impor-tantes neste aspecto na escola. Oportuguês é um língua veicular nomundo na sua dimensão de globa-

lidade. Nem o alemão nem ofrancês têm essa dimensão e aacção dos professores tem a im-portância estratégica de uma cul-tura multi-continental. Acentuouainda que o Brasil é o grande veí-culo na marca que ela vai deixarno séc. XXI no mundo internacio-nal que vem aí. Luís de Almeidaterminou dizendo que a Alemanhaé um país vital na União Europeia,o mais importante mesmo no qua-dro europeu, e que, o que nos va-loriza, é sermos os representantesdesta língua na Alemanha doponto de vista diplomático, cultu-ral e económico.

De seguida foi apresentado oprojecto Comenius, que é umaparceria multilateral e um pro-grama de aprendizagem ao longoda vida, do pré-escolar até ao fimdo liceu. Nesta reunião realçou-sea importância de a escola contri-buir para a aprendizagem de lín-

guas estrangeiras e a sensibiliza-ção para a diversidade cultural elinguística, passando por dar aconhecer as celebrações de dife-rentes culturas das famílias bilin-gues e multiculturais que sãotambém aspectos importantesdeste projecto.

No projecto Comenius existemvárias escolas parceiras onde seensina o português. Entre elasestão: a escola Manuel Pachecoem Badajoz onde se ensina o por-tuguês, a Gundschule Neues Torem Berlim, a Whyril primaryschool em Londres, e tambémuma escola na Guiana francesa e aassociação de solidariedade social– Coração Delta (na fronteira comBadajoz). Este projecto é orien-tado para as multi-literacias e osalunos dos vários parceiros con-versam por Skype. O projecto teráa duração de dois anos e já estãoagendadas actividades.

Sílvia Pfeiffer salientou a im-portância da divulgação do pro-jecto e a importância de a Europadefender as suas culturas que sãosemelhantes. Disse ainda, que estepretende ser um fórum de discus-são para o ensino do português.Sugeriu que em cada semestre secoloquem questões diferentes eque estas poderiam ser: como é terraízes portuguesas, qual o relacio-namento afectivo com a língua, deque palavras se gosta mais e darexemplos.

Colocar no site do programadesenhos sobre a imagem que setem da língua, como vivem as cri-anças com o seu plurilinguísmo, adiferença entre o estar lá de fériase a vivência cá em aulas, enfimpôr as crianças a conversar por vá-rios meios sobre estes e outrospontos.

Salientou também a importân-cia de dar instrumentos aos profes-

sores para construírem os seusprojectos evitando burocraciasdesnecessárias e trabalhando comos alunos e não apenas para os alu-nos.

Uma das professoras da escolalondrina afirmou que as criançastêm muitas vezes vergonha defalar português, o que é um fenó-meno típico quando a língua do-minante é diferente. Por sua vez adirectora da escola espanholadisse que o português é a segundalíngua estrangeira mais ensinadana Estremadura espanhola e que opovo português é muito tranquiloe educado e que os espanhóismuito poderiam aprender com osportugueses.

O encontro terminou com umPorto de Honra oferecido pelaEmbaixada.

Cristina Dangerfield-VogtEm Berlim

Berlim – Apresentação de um projecto multilateral de língua portuguesaEscolas por esse mundo fora ensinam o português aosseus alunos. O projecto Comenius surge como respostaaos interesses dos alunos e pretende estabelecer um eloentre essas escolas, onde há professores a ensinar o por-tuguês, e proporcionar uma plataforma de comunicaçãomulticultural plurilinguística aos seus alunos e professo-res.

Nuno Crato visita Escola Eu-ropeia em BerlimO Ministro da Educação, NunoCrato, e o Embaixador de Portu-gal, Luís Sampaio de Almeida,visitaram a escola Neues Tor emBerlim, no dia 11 de Dezembro,por ocasião da inauguração daexposição fotográfica de Gon-çalo Silva. Esta escola primáriacom classes bilingues, portu-guês-alemão, é exemplar no seutrabalho pela língua portuguesa.Os alunos tiveram oportunidadede entrevistar não só o fotógrafoe o fotojornalista português, mastambém o Ministro e o Embaixa-dor. Foram entrevistas muitosimpáticas em que os entrevista-dos se despiram das suas funçõespara falar com as crianças sobreo seu mundo numa linguagemacessível e os alunos tiveramoportunidade de ver de perto efalar com personalidades que apenas conhecem da televisão e dos jornais e que, nor-malmente, lhes são inacessíveis. Os professores aproveitaram a oportunidade para pro-porcionar uma visita guiada da escola a Nuno Crato e apresentar alguns dos projectosescolares ligados à língua e cultura portuguesas.Cristina Dangerfield-Vogt

Alexandra Schmidt, Embaixador Luís de Almeida Sampaio, Professora deportuguês Sofia Ferreira, Ministro da Educação Nuno Crato, Silvia Pfeiffer eSub-director da escola Herr Berhard Riemer

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013Entrevista10

Desde quando e de que forma éque o PCP está organizado naAlemanha?Mesmo antes do derrube do re-

gime fascista em Portugal, existiamcélulas do Partido Comunista Portu-guês dispersas por toda a Alemanha,cujas, após o 25 de abril de 74 se re-forçaram organizando uma estruturaprópria do Partido, (ODN) Organismode Direção Nacional .

O ODN, é o organismo responsá-vel pela coordenação junto de outrosorganismos centrais na emigração eem Portugal e é eleito em Assem-bleias da Organização do Partido naAlemanha, tendo a última sido reali-zada no dia 4 de Novembro de 2012.

Depois existem as organizaçõesregionais, os núcleos de Düsseldorf,Frankfurt e Hamburgo. Estamos tam-bém a trabalhar na reativação dos nú-cleos de Osnabrück e Estugarda.

Quantos militantes tem?São dezenas de militantes que

com o aumento da Emigração e como novo recrutamento tendem a au-mentar.

A rede de militantes está espal-hada por toda a Alemanha em mais de40 localidades.

Sabe-se que em processos eleito-rais a votação dos eleitores naAlemanha no PCP tem ficadoaquém do que normalmenteesperam. A que se deve a fracavotação no partido se conside-rarmos que o PCP está e estevena oposição sem responsabilida-des em medidas governamen-tais que, sabe-se, costumamdesgastar os partidos de poder?A nossa influência política e so-

cial é superior ao número de votos,tanto em Portugal como na Alemanhae nos outros países. A fraca votação,essa deve-se a vários fatores:

Órgãos da comunicação socialnas mãos do grande capital e do seuGoverno, silenciamento e deturpaçãodas nossas propostas, forte e diáriacampanha anticomunista, os enormís-simos meios financeiros e humanosde que os outros partidos dispõempara o contacto com as comunidadese para as suas campanhas, com as al-terações à Lei do recenseamento elei-toral, as pessoas que deixaram deestar recenseadas na Alemanha por-que tiraram o Cartão de cidadão emPortugal e deram a morada de lá, faltade empenhamento dos consulados eembaixadas, da comunicação social edo Governo em campanhas de estí-mulo à votação, etc.

Mas mesmo assim, estamos aconseguir alargar a nossa votação ea aumentar o nosso apoio político esocial.

A força do Partido ComunistaPortuguês reside na maneira de agirdos seus militantes, do empenha-mento e da sua intervenção onde querque a injustiça social impere, ondequer que a democracia esteja a serameaçada, onde quer que os cidadãosportugueses estejam a ser privadosdos seus direitos, seja em Portugal ouno estrangeiro.

A presença da comunidade lusana Alemanha data de há quase50 anos. Acha que faz algumsentido haver partidos organiza-dos junto de uma comunidadeque quase assimilou e se inte-grou na sociedade que a acolhe?Faz todo o sentido!

A questão da integração, é umaquestão que realmente os nossos go-vernantes vêm desde há muito tempoquerendo implementar no seio dasComunidades portuguesas assinandoconsequentemente acórdãos bilateraiscom as autoridades dos países acol-hedores para se descartarem deresponsabilidades, assinando constan-temente protocolos que não defen-dem os nossos valores culturais, anossa língua e sobretudo a nossa iden-tidade. Não confundamos integraçãocom direitos políticos ou eleitorais emuito menos assimilação, porque as-similar é nunca participar totalmentenos direitos fundamentais dos paísesde acolhimento. Portanto, além defazer todo o sentido, é um dever pa-triótico a existência de partidos polí-ticos na emigração.

Nós comunistas portugueses,estaremos organizados no nosso Par-tido onde quer que haja exploraçãocapitalista, na defesa dos interesses edireitos da comunidade portuguesa nadiáspora e mesmo que bem inseridosnos países de acolhimento, a esmaga-dora maioria, não perde a sua identi-dade nacional, as suas raízes e os elosde ligação à sua pátria, à sua língua eà sua cultura

Em vosso entender, quais são aas razões da vossa luta, ou seja,porque é que a comunidade pre-cisa do PCP?Tanto aqui, como em Portugal o

PCP esteve sempre na linha da frenteaquando lutas reivindicativas a bemda Comunidade portuguesa. A razãoda nossa luta na emigração é de de-fender os direitos que os nossos com-patriotas adquiriram nos países deacolhimento e dizer-lhes que estamos

e estaremos ao seu lado sempre quefor necessário.

A comunidade precisa doPCP para os esclarecer quanto à realpolítica de direita que os Governosfazem contra os portugueses, que pro-curam noutros países melhores condi-ções de vida, para estimular a suaorganização em defesa dos seus direi-tos como:

Uma rede Consular adequada àcomunidade, um ensino de Portuguêsgarantido e gratuito para todos, con-dições de trabalho dignas para os fun-cionários consulares assim como paraos professores do (EPE) Ensino dePortuguês no Estrangeiro e para escla-recer e apoiar os trabalhadores portu-gueses a quem não se respeitam oscontratos de trabalho.

Quer dizer que falta uma voz doPCP no parlamento para as cau-sas da comunidade fazia sen-tido?Não! A comunidade portuguesa

na Alemanha tem voz na Assembleiada República, assim como no Parla-mento Europeu, com deputados elei-tos pelo PCP/CDU responsáveis pelosassuntos das comunidades nos respe-tivos grupos parlamentares. Mas énossa aspiração e pela quallutamos, que os portugueses quevivem e trabalham no estrangeiro, re-conhecendo o papel e a importânciapolítica e social do PCP nos dêem osvotos necessários para poder elegerum deputado à AR.

Como se sabe, o Governo impôso pagamento de uma “propina”aos alunos que frequentam o en-sino sob a responsabilidade doestado português. Não será justoos portugueses “dar um pequenocontributo”, como diz o secretá-rio de Estado das Comunida-des, para ajudar a pagar osmateriais de apoio num mo-mento de grave crise em Portu-gal?Combatemos a propina porque a

consideramos ilegal e que vai contraa Constituição da República. O Go-verno define agora o EPE como sendoum ensino especial, com novas com-ponentes, explicando assim o paga-mento da propina.

A propina é para financiar o quê? Os manuais escolares? - Mas os

pais já eram os responsáveis pelacompra dos manuais!

A certificação? – Mas já haviauma certificação! Bastava só informaros professores sobre os parâmetrosexigidos.

O programa nacional de leitura? –O que é que tem o EPE a ver com esteprograma?

Melhorar a formação dos profes-sores? – Quer-se criar um grupo deprofessores só para ensinar no EPE?

Há muitas incógnitas neste pro-cesso que em nada é transparente ecada vez mais perguntas deixa emaberto! Está-se a criar um pequenomonstro burocrático que em nadaajuda o EPE e deixa um travo amargoa mais um imposto camuflado.

A emigração desde sempre temdado um valioso contributo para aeconomia portuguesa aumentandoconstantemente as suas remessas fi-nanceiras. Não somos da mesma opi-

nião do (SECP) Secretário de Estadodas Comunidades Portuguesasquando afirma que “o que são 10euros por mês (...)”: A questão que secoloca vai mais além do que os 10euros, é uma questão de princípio eum direito constitucional.

Acham as permanências consu-lares uma medida eficaz e resol-vem o encerramento dos postosde Osnabrück e de Frankfurt?As Permanências Consulares po-

deriam ser vistas como uma maisvalia para a Comunidade partindo domomento que tivessem sido criadascomo complemento à rede consularexistente: os 3 Consulados-Gerais(Hamburgo, Düsseldorf, Estugarda),2 Vice-Consulados (Frankfurt e Osna-brueck) e uma Secção Consular emBerlim. Mas a política economicistadeste governo encerrou os Vice-Con-sulados sem ter feito um plano sobreonde e quando é que as PermanênciasConsulares seriam feitas. Uma aná-lise receita – custo ainda não existe.Assim que existam dados que possamclarificar a situação financeira dasmesmas, é provável que muitas Per-manências Consulares deixem mesmode existir.

Deixem-nos dizer que as Perma-nências Consulares estão a ser feitasàs costas dos funcionários consularese do funcionamento regular dos Con-sulados-Gerais. Partindo do principioque o que está por trás de toda esta re-modelação é o aspeto economicista;portanto devemos esperar mais umpouco para ver quais os novos “ajus-tes” que este governo nos irá impor.

Por último, uma palavra sobrevosso camarada Rui Paz. De quemaneira é que se vai sentir a suafalta?Foi para nós, todos aqueles que o

acompanharam bem de perto nas re-uniões, nas festas do nosso Partido,nos trabalhos unitários, nas conversasentre amigos e camaradas uma honratermos conhecido este homem que fi-cará sempre bem presente entre nós.

Futuramente iremos sentir a faltadeste valioso compatriota. Deste in-cansável lutador por uma sociedademais justa. Deste internacionalista ecomunista sem medo. Deste patriotaeloquente que dedicou toda a sua vidaao serviço de sua Pátria e das Comu-nidades portuguesas no estrangeiro.Deste homem Bom. Deste humanista,com uma cultura geral invejável,mas sempre pronto para ouvir hu-milde e coerentemente os seus com-patriotas sobre variadíssimas questõessociais, politicas e comunitárias.Deste homem que mesmo sem vai-dade deixou uma página escrita nahistória da emigração.

Mas somos um coletivo partidárioforte e unido, capaz de dar sequênciaà intervenção do Partido e ao seu re-forço.

O Rui Paz foi uma grande perso-nalidade com um comportamento epostura reconhecido dentro e fora donosso partido e a melhor homenagemque lhe podemos prestar é continuarcom o trabalho que temos vindo a de-senvolver nas últimas décadas por umPortugal melhor.

Mário dos Santos

Organização do Partido Comunista na Alemanha

Com esta entrevista ao PCP, conclui-se a série de conversas que o PORTUGAL POST fez a todosos partidos (PSD, PS e PCP) com estruturas organizadas junto da comunidade portuguesa nestepaís. A finalidade das entrevistas foi apenas uma: tentar compreender o que os partidos pensamsobre questões que dizem respeito às pessoas. A entrevista que aqui se publica não tem propriamente um interlocutor como, de resto, é normal.Os responsáveis deste partido na Alemanha quiseram responder (por escrito) em nome colectivo.Fica, pois, aqui a entrevista em que se aborda algumas questões da vida do PCP e das suas ideiassobre a vida da comunidade.

Somos dezenas de militantes na Alemanha

Aspecto de uma reunião dp PCP na Alemanha. Foto: PCP

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013 11Emigrar

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O aumento da emigraçãoreflecte-se na sala de aula deRute Coimbra, que ensinafrancês a crianças recém-che-gadas a Vallauris, no sul deFrança: os alunos portuguesessão mais, e as dificuldades eco-nómicas das famílias fazemdeles “pequenas pessoas adul-tas”.

Esta portuguesa radicada emFrança há mais de 30 anos, pro-fessora primária, especializada noensino do francês como línguaestrangeira, contou à agência Lusaque durante a última década temassistido a um aumento do nú-mero de alunos portugueses na es-cola onde trabalha, a PrimáriaAlphonse Daudet, em Vallauris,no sul do país.

Na sua sala de aula – queacolhe uma turma especial, com-posta por alunos internacionaisrecém-chegados, entre os seis e os12 anos –, há 15 portugueses ecabo-verdianos, num total de 25crianças. Há poucos anos, diz,“não eram mais de cinco”.

Regra geral, estas crianças in-tegram famílias “pobres ou declasse média”, que saíram de Por-tugal ou de Cabo Verde (muitasvezes passando antes por Portu-gal, para obter autorizações de re-sidência e trabalho) devido a“problemas económicos”.

Os pais chegam a França àprocura de emprego “para paga-rem os créditos, como o da casa,e para poderem continuar a pôr osmiúdos na escola”, acrescenta.

Com esta mudança, diz a pro-fessora, coincide a mudança paraum apartamento muito mais pe-queno do que aquele em que vi-viam ("quase todos dormem numsofá"), e um contexto de precarie-dade e exploração laboral dospais, que faz com que os adultostenham, para além de ordenados“muito abaixo do mínimo” e ahoras “difíceis”, pouco tempopara acompanhar as crianças naescola.

“Os miúdos são obrigados acrescer um pouco de empurrão. Jásão pequenas pessoas adultas: têmque prestar atenção aos horários,

fazer comida, preparar a suaroupa, a pasta da escola, etc.”,acrescenta Rute Coimbra.

Segundo esta professora, queacompanha de perto a instalaçãodas famílias no novo país, atravésdos seus alunos, “a maioria das

mulheres levanta-se às 02:00,03:00 da manhã”, para trabalharpara empresas de limpeza.

Os homens “trabalham, namaioria, nas obras, e também sãomal pagos".

"Os patrões sabem que elesestão presos [a responsabilida-des], que têm que pagar um alu-guer, que não vão voltar paraPortugal, que têm aqui a família,e que se sujeitam, às vezes, a qual-quer salário, a qualquer emp-rego”.

“São condições difíceis. Achoque mesmo mais difíceis do queas dos primeiros tempos de emi-gração dos meus pais”, acres-centa.

Também é regra que a maioriadas crianças nestas circunstânciastenha dificuldades escolares: “Alíngua é diferente, as condições deescolaridade são diferentes, e ospais, além de terem pouco ou nen-hum tempo, às vezes não têm ca-pacidade para ajudarem osfilhos”, explica a professora, lem-brando que pode existir, porvezes, algum desconhecimento

sobre “a importância da escolari-dade”, que se reflete, por exem-plo, no facto de muitas destascrianças chegarem a França ameio de um ano letivo.

Rute Coimbra tem tambémnotado uma diferença de atitudeentre os novos emigrantes portu-gueses: “Antes, as pessoas vin-ham com a intenção de ganharalgum dinheiro para depois ir em-bora. Vinham com a esperança deuma vida melhor na sua terra.Agora não. Vêm com uma tal re-volta, que dizem logo que nuncamais voltam para Portugal”, con-clui.

Dados do Instituto Nacionalde Estatística (INE) indicam queem 2011 emigraram, no total,43.998 pessoas, incluindo cida-dãos de Portugal e estrangeiros.Estes números representam umaumento de 85 por cento das saí-das em relação a 2010.

Do total de 43.998 pessoasque abandonaram Portugal, es-tima-se que 41.444 seriam portu-gueses e 2.554 teriamnacionalidades estrangeiras.

Emigração está a fazer das crianças “pequenas pessoas adultas”

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 201312

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Entre a imundice e fachadas de-crépitas que perfilam a rua dosMártires da Liberdade, no Porto,escondem-se negócios que, comoas antiguidades e anacronismosque vendem e são, ocultam sob opó velharias que para outros serãotesouros.

Numa zona do Porto que primapelos seus antiquários, alfarrabistas,lojas de candeeiros clássicos ou antrosde coleccionismo, a Máquinas de Ou-tros Tempos, por exemplo, chama aatenção pelas centenas de câmaras fo-tográficas de rolo, com “flashes” dosanos 1930 e 1940, e projectores de fil-mes de 8mm que exibe e acumula.

Já a Livraria Académica pres-cinde de chamadas de atenção, consa-grada há décadas pela fama e ofertade alfarrabista fiável e por uma car-teira de clientes que contou com al-guns dos escritores que, já mortos - eoutros “porque agora mortos” -, con-tinua a vender.

Pouco acima, aos 48 anos e en-quadrado num espaço que mal chegaaos dois metros quadrados, AntónioMarinho dirige a Porto Toys, abertaem junho de 2012 num cubículo idealpara um quiosque, mas que vende mi-niaturas, carrinhos, cromos e caderne-tas, entre bibelôs, postais e pasquinsde inícios do século XX.

“Tenho muitos artigos que fazem

parte do meu passado, da minha in-fância, nomeadamente postais dos sí-tios aonde ia, assim como algumasminiaturas de automóveis do meutempo de meninice”, conta à Lusa An-tónio Marinho, enquanto adverte:“Coleccionador, não sou. Compropara vender”.

A clientela da Porto Toys é feita“sobretudo de pessoas para cima dos50 anos” e o proprietário acredita que“o que leva as pessoas a colecionar éo saudosismo e a nostalgia do tempode criança. Do tempo em que tiveramuma determinada coleção de cromos,ou carrinhos, ou brinquedos de qual-quer tipo. Depois perdem tempo àprocura e quanto mais difícil de arr-anjar mais bem sabe quando a peça éadquirida”, disse à Lusa.

Pouco meses antes da Porto Toys,já António Viterbo abria a Máquinasde Outros Tempos para pagar os estu-dos de Educação Social. Aos 25 anos,este apaixonado pelas câmaras do iní-cio e meados do século XX acreditaque “hoje em dia está a voltar-se aorevivalismo, ao encontro do passado.As pessoas gostam muito de reviver,de voltar ao que já fizeram”, disse àLusa.

“O Instagram, o Impossible Pro-ject ou a Lomografia fizeram com queas pessoas voltassem a utilizar câma-ras [analógicas] pelas cores diferen-

tes, pelo modo diferente de criar umaimagem”, considerou o empresário,para quem o fascínio do retrato oupaisagem à moda antiga reside no“rolo de filme em que há a magia dafotografia, em que se espera para re-velar para ver se realmente ficoubem.”Numa zona que entre a rua daConceição, a travessa do Coronel Pa-checo e rua do General Silveira che-gou a ser conhecida por Bairro dosLivros, Nuno Cadavez, 77 anos, ex-plicou à Lusa onde fica a LivrariaAcadémica.

“Sempre que me perguntam onde

fica, digo que é na rua dos HomensCasados”, brincou o alfarrabista, emalusão aos martírios da liberdade que,ao que conta, sofreu noutros moldes epara quem a melhor forma de os apla-car foi mesmo a venda de livros anti-gos e de muitas primeiras edições.

“Entrei aqui com treze anos”, re-cordou, “escolhido de entre vários ga-rotos que andavam por aí, talvezporque vinha da aldeia e seria, possi-velmente, uma pedra fácil de burilar,sem vícios”, um ponto de partida quepara o fundador Joaquim Guedes daSilva terá sido uma aposta ganha,

agora que o pupilo conta com 64 anosà frente da casa que completou um sé-culo de vida no passado 16 de No-vembro.

Nuno Cadavez parte da própriaadolescência para supor que “o clienteprocura sempre recordar aquilo quelhe foi agradável na infância. Os brin-quedos, os objectos, os livros com quebrincou e, portanto, faz destes lugaresque estão agora, de facto, bem sorti-dos desse tipo de gente, uma espéciede roteiro sentimental”, considerou,para voltar ao comércio de memórias.André Sá, Lusa

Rua da baixa do Porto é “roteiro sentimental” para quem procura a própria infância

Porto

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013 13Modo de Vida

Queer ou straight, heterossexual, ho-mossexual ou transsexuais, poli oumono - amor, zonas de conforto e obondage: somos tudo isso e muitomais, alguns escondidos e outros, outof the closet, abertamente. O ser hu-mano é um complexo poço semfundo, um iceberg de que apenas seavista o topo. Tal como Alice no Paísdas Maravilhas que ao olhar-se inten-samente ao espelho se debruçou ecaiu no mundo do outro lado do espe-lho, o Portugal Post foi viajar pelas re-flexões ademais controladas pelosuper-ego ou sublimadas por valoressobre-humanos. Entre o controle e aliberdade, a tolerância e a condena-ção, o desafio e a aceitação, queer saiuà rua também em Portugal para con-seguir visibilidade para os seus direi-tos, não menos, através da arte.Lembremos que há um século atrásestes grupos de desejos minoritárioseram julgados pela lei como crimino-sos e que hoje se discutem temascomo o casamento homossexual, osdireitos de adopção dos homosse-xuais, o reconhecimento a nível fiscaldas uniões de facto dos homosse-xuais, entre outros. Foi longo o cami-nho percorrido para alcançar orespeito pelos direitos daqueles quesão diferentes das maiorias. E a lutacontinua com os activistas portugue-ses dentro e fora de Portugal.

Ann Antidote é o nome artísticode uma portuguesa que vive em Ber-lim há vários anos e que um dia, noPorto, se apercebeu que asfixiava na-quele mundo onde tudo era previsível.Liceu, faculdade, emprego, casa e ca-samento, filhos e tudo o resto eramperspectivas demasiado limitadoraspara uma jovem que queria mais. Pro-vavelmente, não saberia ainda bem oquê, mas uma coisa era certa: não es-tava disposta a viver aquela previsibi-lidade asfixiante e, simultaneamente,sentia um coração espaçoso e repletode amor que queria partilhar.

Partiu com o companheiro para a

Alemanha onde longe das estruturasfamiliares lhe seria mais fácil desab-rochar e evoluir sem que lhe fizessemgrandes perguntas, sem que a julgas-sem pela sua origem e família, masapenas por aquilo que é no momentopresente. Este posicionamento trouxe-a de Munique para Berlim e, nestamulher que queria ser livre e alargaros horizontes, cresceu a activistapelos direitos das minorias e um em-penhamento que se traduz em inicia-tivas e colaborações em projectosartísticos, workshops, vídeos – umlongo palmarés de actividades quasesubversivas do status quo a que esta-mos habituados. Estes projectos sãomeios de divulgação e informação e,muito importante, contribuem para aprotecção e segurança dos seus acto-res.

Ann Antidote reconheceu que noseu coração havia lugar não só para ocompanheiro, cujo relacionamento al-cançou recentemente os vinte anos,mas também para outros, que pode-riam ser outras. Poderíamos dizer quenos haréns dos sultões otomanos sepraticava este coração aberto ao amor,pelo menos da parte do sultão, no queera uma versão muito unilateral dapoligamia. Contudo o poliamor, quese pode ver como um estado de alma,distingue-se dos hárens, e caracteriza-se pela liberdade e pelo consenso dosenvolvidos e por aceitar o amor quese sente pelos outros, pela vontade depraticar e receber de braços abertosesse amor, sem distinção de sexos. Naliberdade de expressão desse polia-mor há lugar para uma fantasia, cujoshorizontes são limitados pelo con-senso dos cúmplices.

Acreditando firmemente que valelutar por esta causa, Ann Antidote temparticipado em marchas e demonstra-ções pelos direitos dos grupos comgostos minoritários e, recentemente,em mostras artísticas de arte queer,tanto em Portugal como um poucopor toda a Alemanha. Em Lisboa co-laborou na mostra “Isto Também SouEu”, que teve lugar o ano passado eem que participaram conhecidos artis-tas plásticos. A exposição pretendia

ser um “ground zero da arte queer emPortugal” e, segundo o artista plásticoJoão Galrão, que dela participou, umdos elementos caracterizadores foi aideia da “transgressão como forma decomunicar para provocar reacções nopúblico”. Ann Antidote colabora naexposição Femina Natura a decorreractualmente em Lisboa.

Sair da zona de conforto, quebraros limites impostos por uma socie-dade, em que a discrição é uma regrade comportamento, despir as pelesque nos impuseram e vestir as do livrearbítrio, é uma luta renhida contrapreconceitos, animosidades, agressi-vidades, muito desgastante e queexige uma grande introspecção e re-flexão sobre o que se é, para onde sequer ir e como lá chegar, e como nãodesistir. Não é com ligeireza que sefaz opções por gostos minoritáriosque levarão a uma catalogação e a umprevisível ostracismo pela sociedadeheterossexual com carácter perpétuo.

Ann Antidote diz que o limite doamor é precisar sempre de um cúm-plice e que o consentimento é umaregra de comportamento imprescindí-vel. Neste contexto surge a gestão desentimentos e de aprender a viver como ser diferente num meio muitas vezeshostil. A activista organiza workshopssobre temas diversos, entre eles des-taco a gestão do ciúme, já que numcontexto assumidamente de poliamor,este sentimento terá uma forte pre-sença.

Muitos dos workshops da acti-vista incidem ainda sobre o bondageque, no sentido clássico, consiste nasubmissão do elemento passivo quesentirá prazer quando manietado porcordas. Mas no sentido que lhe dá aactivista, trata-se de criar uma zona deconforto diferente caracterizada peloconsenso e cumplicidade, que se dis-tancia das visões sado-masoquistasretidas de uma leitura apressada dasobras do Marquês de Sade. Os work-shops de bondage e o rope-jam mo-stram um tricotar de cordasconsensual em vários estilos adaptadoà pessoa e à situação dadas e que po-derá visitar mensalmente em Berlim.

Como esclarecia o título de um destesworkshops e rope-jam: “como nuncamais olhar para os atacadores dos sa-patos da mesma maneira”. A partici-pação nos eventos requer inscriçãoprévia.

Ann Antidote realizou “Ferien inSchlampenau” (Férias no Vale dasGaldérias), um documentário apre-sentado na 5ª edição do Festival deCinema Fetichista que teve lugar em

Kiel em Setembro do ano passado. Ofilme é sobre um campo de férias sóde mulheres que vivem duranteaquele tempo longe da quotidiana he-teronormalidade.

Estão previstos vários workshopssobre temas relacionados com o polia-mor e bondage ao longo de 2013 queserão organizados por Ann Antidote eterão lugar em Portugal e na Ale-manha.

O nosso império dos sentidos – Retrato de uma activista pelos direitos das minorias

Cristina Dangerfield-VogtEm Berlim

Ann Antidote é o nome artístico de uma portuguesa que vive em Berlim

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PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 201314 Interview

An welchem Buch arbeiten Siezur Zeit? Momentan arbeite ich an einem

Buch, das die Geschichte eines Arztesaus der jüdischen Diaspora in Portu-gal im XVI. Jahrhundert erzählt; esspielt in Bordeaux, Hamburg undAmsterdam und beleuchtet die Ge-schichte einer Familie von Nachkom-men portugiesischer Juden inAmsterdam, die in Auschwitz ermor-det wurden.

Es ist ein Buch, dessen Hand-lungsmittelpunkt sich schließlich sehrauf Deutschland konzentriert. ImXVI. und XVII. Jahrhundert wurdeDeutschland zum Zufluchtsort undfreiheitlichen Zielpunkt für die Se-phardim, die spanisch-portugiesi-schen Juden. In Hamburg zumBeispiel duldete man, dass Judennach den Regeln ihrer Religion leb-ten. Andererseits beschäftigt sich dasBuch mit dem Holocaust und diesemfast industriellen Massaker, dem Ver-such, die Juden auszulöschen. Ichglaube, es ist das erste literarischeWerk, das dieses Thema im Bezug aufAbkömmlinge von jüdischen Neu-christen aus Portugal angeht.

Ihr Buch „Rote Briefe“ wareines aus ihrem literarischenGesamtwerk, das bei Publikumund Kritikern größte Aufmerk-samkeit gefunden hat. Abgese-hen davon, dass es für den„Fernando-Namora-Preis nomi-niert wurde, wurde es kürzlichvon der Zeitung „Expresso“ indie Liste der zehn besten Bücherdes Jahres 2012 aufgenommen.Woher kommt dieser Erfolgihrer Werke?

Ich denke, diese Arbeit verdanktvieles der suggestiven RomanfigurCarolina Loff da Fonseca, weil sie einpolemischer Charakter ist. Sie wareine herausragende Aktivistin derkommunistischen Partei. Sie hat sich,als sie in den vierziger Jahren festge-nommen wurde, in ein Mitglied derpolitischen Polizei verliebte. Aber dasBuch ist vor allem eine Reise in dieVergangenheit einer Mutter, die ihrekleine Tochter in der Sowjetunion zu-rückließ, wie es damals bei Mitglie-dern der kommunistischen Parteihäufig vorkam, denn kollektive Idealegalten mehr als persönliche Gefühle.Diese Frau schreibt für ihre Tochtereinen Roman, um zu erklären, warumsie ihr Kind verließ, wobei dasSchreiben selbst für die Mutter erlö-send wirkt. Ein anderes interessantesElement ist, dass sich das Leben die-ser Hauptfigur auf dem Hintergrundgroßer Ereignisse des XX. Jahrhun-derts abspielt wie den stalinistischenSäuberungen und dem spanischenBürgerkrieg.

Kurz zusammengefasst beschäf-tigt sich also ein wesentlicherTeil ihres Werkes, sagen wir, mithistorischen Persönlichkeiten.Zum Beispiel in ihrem letztenBuch “O Rei do Monte Brasil”(Der König vom Berg Brasil), indem Sie historische Gestaltenwie Mouzinho de Albuquerqueund Gugunhana, einander ge-genüberstellen und ebenso imBuch “Bela”, über die DichterinFlorbela Espanca. Aus welchemBlickwinkel stellen Sie ihren Le-sern diese Personlichkeiten vor? Die Kritiker sagen, ich schreibe

psychologische Romane und ichdenke schon, dass ich über die psy-chologische Seite des menschlichenLebens schreibe. So hat mich im„König vom Berg Brasil“ zum Bei-spiel an den beiden sagenumwobenenPersonen, die „verschiedenen Zivili-sationen“ angehörten (nämlich der eu-ropäischen und der afrikanischen),nach ihrem Machtverlust der Prozessdes seelischen Niedergangs interes-siert. Mouzinho begeht schließlichSelbstmord und Gungunhana plantunmögliche Racheprojekte. In demBuch über die Dichterin FlorbelaEspanca, „Bela“, wollte ich denSchmerz erklären, der ihr Leben undihre Lyrik prägt. Bela wurde von derEhefrau ihres Vaters aufgezogen undihre natürliche Mutter kam ins Hausals ihre Amme. Die tragische Ge-schichte ihrer drei Ehen, ihre ewigeSuche nach einer alles überwinden-den Liebe und die furchtbare Qual,die sie zum Selbstmord getriebenhaben dürfte, haben ihren Ursprungwohl in der Suche nach dieser erstenund wichtigsten Liebe, die ihr alsKind gefehlt hat und das ist in gewis-ser Weise der Leitfaden der Erzäh-lung.

Möchten Sie aus Ihrem literari-schen Werk vielleicht das hervor-heben, das Sie am liebstengeschrieben haben? Die Arbeit, die mir am meisten

Spaß gemacht hat ist „Die Feuer derInquisition“. Es ist ein Buch über dieGewaltausübung der Inquisitiongegen Juden und Neuchristen imXVI. Jahrhundert. Dieses Buch hatmeine besondere Liebe, weil es dieGeschichte des Widerstandes einerJüdin ist, die, von der Inquisition ge-fangen gesetzt wird. Um die Schrek-ken des Gefängnisses zu überstehen,ruft sie sich die Geschichte ihrerGroßmutter ins Gedächtnis. Diese er-lebte die Taufe stehend und den Raubder jüdischen Kinder auf Geheiß vonD. Manuel, bewahrte die jüdische Re-ligion und ermöglichte die Flucht vonNeuchristen aus Portugal. Es ist einBuch, in dem sich bekannte Persön-lichkeiten wie Beatriz Luna oder Da-mião de Góis und erfundene Personenwie der Inquisitor oder die weiblicheHauptperson Sara de Leão begegnen.

Hat Ihr Hauptthema um Fragendes täglichen Lebens in Büchernwie in „Die durchsichtige Frau“über häusliche Gewalt mit ihrer

akademischen Ausbildung inPsychologie zu tun? Teilweise schon, da ich ja die psy-

chologische Situation von geschlage-nen Frauen untersucht habe. DiesesBuch ist eine Protesterklärung gegengebräuchliche Ansichten über häusli-che Gewalt wie vor allem den Gedan-ken „je mehr du mich schlägst, umsomehr liebe ich dich“. In Wirklichkeitsind, wie in meiner Geschichte, dieersten Gewaltausbrüche sporadischund von unzähligen Entschuldigun-gen und Liebesschwüren des Agres-sors begleitet. Dann werden sielangsam systematisch und brechenbei Nichtigkeiten hervor. Angst undScham ergreifen die Opfer. Die fort-gesetzte Erniedrigung bewirkt, dassdie Opfer zu glauben beginnen, sieseien ein Niemand und würden nieohne die Männer überleben können,wie diese es ihnen so oft wiederholen.Dadurch bringen sie es nicht fertig,ihr Heim zu verlassen und die Männerzu verklagen. Da es mir schwer fällt,die Geschichte eines Opfers zu schrei-ben, das nicht auch Widerstand leistet,plant meine Hauptfigur, Clara, die Er-mordung ihres agressiven Eheman-nes. Sie kann ihr Vorhaben nur wegeneines dieser Zufälle nicht in die Tatumsetzen .... An dem Tag, an dem sieihren Mann ermorden will, hat diesereinen Unfall und ist dann auf Claraangewiesen. Den Rest erfährt, wer dasBuch liest.

Bei den materiellen Schwierig-keiten - und nicht nur diesen -mit denen sich die Leute in Por-tugal momentan wegen der Kriseherumschlagen, sinkt damitnicht das Interesse an Büchernund Lektüre? Natürlich ist der Buchsektor von

der Krise nicht unberührt geblieben.Die soziale Krise, in der Portugalsteckt, macht sich in einer Politik dergezielten Verarmung eines Großteilsder Bevölkerung bemerkbar, mit sin-kenden Löhnen und auf unerträglicheHöhen steigenden Steuern. Die Men-schen haben geringere Kaufkraft umBücher zu erwerben. Dringend not-wendig müssen die Schulbücher derKinder bezahlt werden, die Medika-mente oder die Miete, und die Bücherrutschen auf der Dringlichkeitsskalanach unten.

Von außen gesehen, hat man ei-nerseits den Eindruck einer ge-wissen Passivität gegenüber denLebensbedingungen der Men-schen von seiten der portugiesi-schen Intellektuellen (Künstler,Schriftsteller, etc.) und anderer-seits fehlt eine klare Stellung-nahme zur schwierigen sozialenund politischen Lage, in der sichdas Land befindet. Sind dennnicht letztendlich die Künstlerund Intellektuellen das „Gewis-sen“ des Volkes, was bedeutet,das Gewissen dieses Teils der Ge-sellschaft kann gut mit der jetzi-gen Lage leben? Teilweise stimme ich Ihnen zu. Es

gibt einige Stellungnahmen von dengenannten Intellektuellen zum be-drückenden Zustand unseres Landesund zur neoliberalen Politik unsererRegierenden, die die Troika benutzen,um ihr ideologisches Programmdurchzuführen. Zum Beispiel, den of-

fenen Brief des Dichters Eugénio Lis-boa an Passos Coelho. Erst dieseWoche schrieb der Schriftsteller Mi-guel Real im Público, die Zukunft„erhebt sich wie ein mächtiger Ge-danke an das Aus: das Aus der Ar-beitslosigkeit, das Aus der Pleite, dasAus der Verarmung, das Aus des fa-miliären, beruflichen und sozialenScheiterns“-

Indessen wäre angesichts einerPolitik des Abbaus des Sozialstaatesdurch die derzeitige Regierung zwei-felsohne ein schärferes Vorgehen derIntellektuellen und eine systemati-schere Widerstandsbewegung der Be-völkerung im Allgemeinen nötig.

Außer ihrer literarischen Tätig-keit haben Sie einen Doktor inBildungspsychologie, mit Spezia-lisierung auf dem Gebiet desLesen- und Schreibenlernens.Da das Erlernen der Mutterspra-che eine der großen Sorgen derPortugiesen im Ausland ist, wel-chen Rat würden Sie den (Emi-granten-) Familien und Elternim Umgang mit ihren Kinderngeben, damit diese nicht denKontakt zur Muttersprache ver-lieren? Ich würde den Emigranten raten,

mit ihren Kindern Portugiesisch zusprechen. Kleine Kinder können mü-helos eine, zwei, drei Sprachengleichzeitig lernen, ohne sie je zu ver-mischen. Die Tatsache, dass Auswan-derer mit ihren Kindern Portugiesischsprechen und die Kinder im Kinder-garten Zugang zum Deutschen haben,eröffnet ihnen die Möglichkeit, zwei-sprachig aufzuwachsen, mit allen Vor-teilen, die dies mit sich bringt. Auchdas Erlernen der Schriftsprache Por-tugiesisch ist damit sehr viel leichter.

Natürlich müssen die Kinder ineinem formalen Unterricht, der vomportugiesischen Staat sicherzustellenist, Portugiesisch schreiben lernen.Neben brillanten Reden über die Ge-meinden (von Portugiesen) im Aus-land ist die Sicherstellung derstaatlichen Bildung für die Kindervon Emigranten notwendig. Dies giltvor allem, wenn man die Bindung anPortugal in der zweiten Auswanderer-generation aufrecht erhalten will. Diegefühlsmäßigen Bindungen werdenganz natürlich über die Sprache geför-dert und diese Investition muss eineverfassungsmäßige Aufgabe des por-tugiesischen Staates sein.

Welches Buch wollen Sie alsnächstes herausgeben? Mein nächstes Buch ist fertig und

soll im Prinzip im September heraus-kommen. Es heißt „Der zweite Todder Anna Karenina“, denn es will ver-schiedene Formen des Ehebruchs be-leuchten. Das Buch beschreibt dieSchrecken der Schützengräben im er-sten Weltkrieg, das Vorurteil gegendie Homosexualität, die Beziehungzwischen Theater und Leben und istvor allem eine Abrechnung zwischeneinem Mann und einer Frau, die sichgegenseitig verraten haben, und eineDarstellung dessen, was ihr Lebenhätte werden können. Das Interview führte Mário dos Santos

(Übersetzung aus dem Portugiesischenvon Barbara Böer Alves)

Schriftstellerin Ana Cristina Silva

„Ich schreibe über die psychologische Seite des menschlichen Lebens“Die Schriftstellerin Ana Cristina Silva ist Universitätsdozentin, hält Vorlesungen über die Psycho-logie der Sprache und leitet ein Praxisseminar am Hochschulinstitut für Angewandte Psychologie.Nach ihrer Promotion zum Doktor der Bildungspsychologie spezialisierte sie sich auf den BereichLesen und Schreiben, betrieb Forschung auf diesem Gebiet und veröffentlichte eine wissenschaft-liche Arbeit darüber in Portugal und im Ausland. 2002 unternahm sie den ersten Ausflug in die Literatur und hat bis heute ca. zehn Bücher veröf-fentlicht. Daraus nennen wir zwei von der Kritik sehr gut aufgenommene Bücher, nämlich: „DieFeuer der Inquisition“ und „Rote Briefe“. Unser Anliegen ist, mit diesem Interview eine Schriftstellerin der neuen Generation vorzustellen,die seit der vorigen Ausgabe nun Artikel für die PORTUGAL POST schreibt.

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013 15Entrevista

Em que livro está neste momentoa trabalhar?Neste momento estou a trabalhar

num livro que relaciona a história deum médico judeu da diáspora portu-guesa do século XVI, que terá pas-sado por Bordéus, Hamburgo eAmesterdão, e a história de uma famí-lia descendente dos judeus portugue-ses de Amesterdão que acabarammortos em Auschwitz. É um livro,cuja acção acaba por estar muito cen-trada na Alemanha. No século XVI,XVII a Alemanha constituí-se comoum refúgio e destino de liberdade paraos judeus sefarditas. Em Hamburgo,por exemplo, tolerava-se que os ju-deus judeízassem. Por outro lado, ab-orda o holocausto e esse massacre anível quase industrial que foi a tenta-tiva de extermínio dos judeus. Creioque é a primeira obra de ficcção queaborda este tema em relação aos ju-deus descendentes de cristãos-novosportugueses.

O seu livro “Cartas Vermelhas”tem sido, de toda a sua produçãoliterária, uma das suas obras quemais tem chamado a atenção dopúblico e da crítica. Para além

de ter sido nomeado para o “Pré-mio Fernando Namora”, foi re-centemente seleccionado pelojornal Expresso como um dos dezmelhores livros de 2012. A que sedeve o êxito desta sua obra?Acho que a obra deve muito à fi-

gura inspiradora do romance, Caro-lina Loff da Fonseca, pelo seucarácter polémico. Ela era uma desta-cada militante do partido comunistaque, ao ser presa nos anos quarenta,se apaixonou por um membro da po-lícia política.

No entanto, o livro é sobretudouma viagem ao passado de uma mãeque deixou a filha pequena na UniãoSoviética, como era frequente aconte-cer com elementos do partido comu-nista, em que os ideais colectivosteriam de sobrepor-se aos sentimentosindividuais.

A personagem escreve um ro-mance à filha para que ela com-preenda o seu abandono, sendo o actode escrita um exercício de redenção.Um outro motivo de interesse é ofacto da vida da personagem se cruzarcom grandes acontecimentos dosé-culo XX, como sejam as purgas esta-linistas ou a guerra civil espanhola.

Numa apreciação muito sinté-tica, uma parte significativa dasua obra retrata figuras, diga-mos, históricas. Por exemplo, úl-timo livro “O Rei do Monte doBrasil”, em que confronta figu-ras como Mouzinho de Albu-querque e Gugunhana, e, ainda,o livro “Bela” sobre a poetisaFlorbela Espanca. Sobre queperspectiva é que dá a conheceraos seus leitores essas figuras?Os críticos dizem que escrevo ro-

mances psicológicos e, de facto, achoque escrevo sobre a dimensão psico-lógica das vivências humanas.

Por exemplo, no “Rei do MonteBrasil”, o que me interessou foi o pro-cesso de degradação psicológica deduas personagens míticas, pertencen-tes a civilizações diferentes (europeiae africana) depois de terem perdido opoder. Mouzinho acaba por se suici-dar e Gungunhana arquitecta vingan-ças impossíveis. No caso do livrosobre a poetisa Florbela Espanca,Bela, interessou-me explicar a dorque caracterizou a sua vida e os seuspoemas. Bela foi criada pela mulherdo pai e a mãe verdadeira ia ama-menta-la lá a casa. A história trágicados seus três casamentos, a sua eternabusca por um amor transcendente e aangústia terrível que a terá levado aosuicídio terão as suas origens na buscade um amor primordial que lhe faltouna infância e, de algum modo, é esseo fio condutor da narrativa.

No que diz respeito aos livros deficção, gostaria de destacar aobra que mais lhe deu prazer em

escrever?A obra que mais prazer me deu foi

“As fogueiras da Inquisição”. É umlivro sobre a violência da Inquisiçãocontra os judeus e cristãos- novos noseculo XVI. Deu-me especial prazeresse livro porque é uma história de re-sistência de uma judia presa pela In-quisição que, para sobreviver aoshorrores da prisão, evoca a história daavó. Esta última sobreviveu ao bap-tismo em pé e ao rapto das criançasjudias a mando de D. Manuel, preser-vou a religião judaica e organizou afuga de cristãos-novos para fora dePortugal. É um livro onde se cruzam

personagens reais como Beatriz Lunaou Damião de Góis e personagens fic-cionadas como o Inquisidor ou a pro-tagonistas feminina, Sara de Leão.

No que toca à sua preocupaçãosobre questões do quotidiano emlivros, como seja “A Mulhertransparente” sobre violênciadoméstica, isso tem a ver com asua formação académica ligadaà psicologia?Terá em parte, na medida em que

estudei as características psicológicasdas mulheres espancadas. Este livro éuma espécie de manifesto contra umavisão sobre a violência doméstica, no-meadamente a ideia de que ìquantomais me bates, mais eu gosto de tiî.De facto, tal como acontece na minhahistória, os primeiros episódios deviolência são esporádicos e acompan-hados de inúmeras desculpas doagressor e de declarações de amor.Depois, lentamente, passam a ser sis-temáticos e desencadeados por insig-nificâncias. O medo e a vergonhavão-se instalando nas vítimas. A con-tínua desvalorização das vítimasfazem com que comecem a acreditarque não são ninguém e que não con-seguirão sobreviver sem os maridos,como eles tantas vezes repetem.

Isso faz com que elas não consi-gam abandonar o lar ou fazer queixacontra eles. Como tenho dificuldadeem escrever uma história de uma vi-tima que não seja também uma resis-tente, a minha personagem, Clara,planeou o assassinato do maridoagressor e só não o concretizou poruma daquelas coincidências

No dia em que ia matar o marido,este teve um acidente, ficando àmercê de Clara. O resto fica paraquem ler o livro.

Com as dificuldades materiais -e não só - com que as pessoas emPortugal se confrontam nestemomento devido à situação decrise, será que os livros e a lei-tura descem na escala de interes-ses das pessoas?Naturalmente, o sector livreiro

não escapou à crise. A situação decrise social em que Portugal está mer-gulhado traduz-se por uma políticadeliberada de empobrecimento degrande parte da população, com dimi-nuição dos salários e aumento dacarga fiscal para níveis insuportáveis.As pessoas têm menos poder de com-

pra para adquirirem livros. As neces-sidades prementes são pagar os livrosda escola das crianças, os remédios oua renda da casa e os livros ficam,neste contexto, em segundo plano.

Visto de fora, sente-se algumapassividade pela parte dos inte-lectuais portugueses (artistas, es-critores, etc.) face às condiçõesde vida das pessoas, por um lado,e, por outro, uma ausência de to-mada de posição clara sobre agrave situação social e políticaque o país neste momento. Afi-nal, não são os artistas e os inte-

lectuais a “consciência” do povo,ou seja, a consciência deste sec-tor da sociedade está a viver bemcom a situação?Concordo em parte. Há algumas

tomadas de posição dos chamados in-telectuais em relação ao estado cala-mitoso do nosso país e às políticasneo-liberais dos nossos governantes,os quais usam a Troika para imple-mentar o seu programa ideológico.Por exemplo, a carta aberta do poetaEugénio Lisboa a Passos Coelho.Ainda esta semana no Público, o es-critor Miguel Real escrevia que o fu-turo “levanta-se como um poderosoSentimento do Nada: o Nada do de-semprego, o Nada da falência, o Nadado empobrecimento, o Nada da frus-tração familiar, profissional e social”.

No entanto, face à política de des-mantelamento do estado social doactual governo era, sem dúvida, ne-cessário uma intervenção mais acuti-lante dos intelectuais e ummovimento de resistência mais siste-mático da população em geral.

Para além da sua actividade lite-rária, a senhora é doutorada empsicologia da educação, com es-pecialização na área da aprendi-zagem da leitura e da escrita.Sendo a aprendizagem da línguauma das grandes preocupaçõesdos portugueses residentes no es-trangeiro, que aconselhamentosdaria às famílias e aos pais (emi-grantes) para lidarem com os fi-lhos para que não percam ocontacto com a língua materna?Aconselharia os emigrantes a fa-

larem com os filhos em português. Ascrianças pequenas são capazes deaprender sem esforço uma, duas, trêslínguas ao mesmo tempo sem nuncaas misturarem. O facto dos emigran-tes falarem com os filhos em portu-guês e as crianças terem acesso aoalemão na creche, permitir-lhes-áserem bilingues com todas as vanta-gens que isso traz. A aprendizagem doportuguês escrito estará igualmentemuito facilitada.

Evidentemente que a aprendiza-gem do português escrito nas criançasemigrantes implica um processo deensino formal que terá de ser assegu-rado pelo Estado português. Paraalém dos discursos eloquentes sobreas comunidades no estrangeiro, é pre-ciso assegurar a educação formal dosfilhos dos emigrantes se se pretendermanter o vínculo dos descendentesportugueses a Portugal. Os laçosafectivos passam, naturalmente, pelalíngua e esse investimento deve seruma responsabilidade constitucionaldo Estado português

Qual o próximo livro a editar?O meu próximo livro está pronto

e em princípio sai em Setembro.Chama-se „A segunda morte de AnaKarenina” porque procura abordar asvárias formas de adultério. O livrofoca o horror das trincheiras na pri-meira guerra mundial, o preconceitoem relação à homossexualidade,a re-lação entre o teatro e vida e sobretudoé um ajuste de contas entre umhomem e uma mulher que se traírammutuamente e uma projecção do quepoderia ter sido a sua vida.Entrevista conduzida por Mário dos Santos

Escritora Ana Cristina Silva

“Escrevo sobre a dimensão psicológica das vivências humanas”A escritora Ana Cristina Silva é docente universitária leccionando ascadeiras de Psicologia da Lin-guagem e Seminário de Estágio no Instituto Superior de Psicologia Aplicada. Doutorada em Psi-cologia da Educação, especializou-se na área de aprendizagem da leitura e da escrita, desenvolvendoinvestigação neste domínio com obra científica publicada em Portugal e no estrangeiro.Em 2002 efectuou as primeiras incursões no domínio da literatura, tendo publicado até ao mo-mento cerca de um dezena de livros. De todos, refira-se dois dos livros mais aclamados pela críticada especialidade, a saber: “As fogueiras de Inquisição” e “Cartas Vermelhas”.O objectivo desta entrevista tem a ver com a intenção em divulgar uma escritora da nova geraçãoque, desde a passada edição, passou a ser uma cronista do PORTUGAL POST.

A acção do livro que estou a escrever acaba porestar muito centrada na Alemanha. É sobre portugueses que morreram em Auschwitz

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 201316

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A internet é uma ferramentaincrível que, entre outras coi-sas, permite a distribuição emlarga escala de qualquer infor-mação. Acontece que a legisla-ção alemã protege qualquertipo de produção intelectual,seja ela virtual ou não. Basica-mente, todo autor é conside-rado dono da sua obra, pelomenos dono do conteúdo en-quanto criador. O roubo de pro-priedade intelectual éconhecido como Plágio e con-siderado crime. Ao lucrar di-reta- ou indiretamente com oconteúdo distribuído pela inter-net, trata-se de exloração co-mercial da obra. Lucrar com

vendas não autorizadas, sejaele de livros, música ou filmes,é considerado Pirataria, ou sejaé crime.

Direito de uso VS. Direitode Distribuição de conteúdoonline

Muita gente acredita que, seo conteúdo está disponível,pode ser baixado livremente.Acontece que não é bem assim.Ao comprar um CD numa lojavirtual como a iTunes Store porexemplo, adquirimos o direitode uso, mas não o direito dedistribuição, comercializaçãoou alteração da obra. O mesmoacontece com filmes.

Isto torna-se muito compli-cado na internet. Por mais quenão esteja a lucrar com a distri-

buição de um determinado con-teúdo, o fato de torná-lo dispo-nível para outra pessoa infringeos direitos de distribuição daobra. Colocar no YouTube, porexemplo, um filme inteiro paraqualquer pessoa assistir é con-siderado crime, pois rompecom o direito do autor de ven-der e lucrar com a sua obra.

Isso passa a ser complicadonos meios de distribuição P2P(Peer to Peer), ou pessoa a pes-soa. Quem começou com issofoi o Napster há 10 anos atrás,quando criou uma rede deusuários que compartilhavamarquivos em MP3. Depois sur-giram outros programas comoo Morpheus e o Kazaa e atual-mente temos o Emule e o AresGalaxy que servem para o

mesmo propósito. Foram cria-dos inclusive outros sistemas eprotocolos de transferência dedados, como o Torrent.

O grande problema dasredes P2P é que elas em si nãosão meios para pirataria, massim para a distribuição de con-teúdos. A legalidade do mate-rial depende na verdade dequem o distribui, isto é: se eledetém ou não o direito de dis-tribuição.

Muitos músicos indepen-dentes utilizam as redes P2Ppara distribuir as suas músicaslegalmente, mas usuários co-muns também fazem o mesmoilegalmente com conteúdoscujos direitos são de gravado-ras ou de outras pessoas.

ConclusãoPor mais que os direitos au-

torais sejam um tema compli-cado, vale sempre o bom senso.Será que o que eu estou a fazercom esta obra musical, audio-visual ou literária é algo que eugostaria que fizessem com umaobra minha? Saber respeitar oconteúdo alheio é o ponto maisimportante para saber se esta-mos a agir corretamente.

Há uma quantidade expres-siva de jovens adolescentes,comprando, jogando, comuni-cando, crakeando, hackeandoetc.

Chamo atenção especial àresponsabilidade civil dos país.Ao serem processados por plá-gio na internet, contem commultas e custos judicials supe-riores a 1.000,00 €.

Direitos autorais na internet e o comportamento da nova geração

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013 17

3José Gomes Rodrigues

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Gostaria de colocar as suasquestões a

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Exmos senhores do Portugal PostEu e a minha esposa iremos rece-

ber uma pequena reforma e tenciona-mos permanecer aqui para ficarmosmais perto dos nossos netos que ama-mos mais do que outra coisa domundo. Tenho presenciado queixas dealgumas pessoas, até dos que se con-sideram políticos a exigirem do nossogoverno português um maior apoio àspessoas que já se encontram na si-tuação de reformados. Portugal é anossa pátria. Fomos nós que, com asnossas poupanças, elevamos o nossopaís. Acho justo que se olhe para nóscom outros olhos. Mas chego a pen-sar que os alemães deveriam ter umaoutra atitude para connosco.

Apesar do nosso trabalho ter sidoduro, o pouco tempo de descontos e onosso pequeno ordenado não nosderam condições suficientes parauma reforma maior. Há pessoas queinformam que nós até teremos umaajuda financeira que se somará ànossa reforma. Será verdade? Dizem-se tantas coisas nessas ruas da ci-dade e em frente dos comércios, semse falar, claro, nos cafés e no centro.

Há anos o PP escreveu algo sobreo assunto, agradecia que repetisse ainformação. Obrigado!

Leitor devidamente identificado

Caríssimo leitor, obrigado pelassuas palavras. Claro que vamos repe-tir a informação e, deste modo, pode-mos, mais uma vez, alertar os nossosleitores e prestar-lhe o serviço quemerecem. Ainda bem que o nosso lei-tor não se deixa levar pelas informa-ções relatadas na rua.

Dou-lhe razão, a nossa pátria po-derá ter uma responsabilidade paracom os seus cidadãos, espalhados umpouco por todo o mundo. Acho justotambém que seja a sociedade que nosacolheu que cumpra com maior rigoros seus trabalhos de casa. Portugalestá longe e é certo que os seus emig-rantes ajudaram, e em muito, a crescera sua economia, ajudandono seu de-senvolvimento, mas com maior inci-dência em épocas anteriores.

O REFORMADO E AS AJUDASFInAnCEIRAS A QUE TEM

DIREITO

O país de acolhimento está a cum-prir, talvez em parte, como alguémdirá, com as suas obrigações. Todo ocidadão, com residência legal noespaço geográfico da Alemanha, temo direito de levar uma vida em que assuas necessidades fundamentaissejam respeitadas. Se a reforma e osoutros rendimentos forem inferiores àtabela da ajuda social geral, entãoestes terão direito a um subsidio com-plementar para atingirem esse nível.

Esta possibilidade de financiamentocomplementar, por parte das entida-des sociais nas diversas câmaras, jávigora desde Janeiro de 2003. É achamada “Grundsicherung im Alter”.Esta lei assegura aos reformados quepossuam baixos recursos financeiros,a levarem uma vida mais digna,mesmo que modesta.

Num tempo em que o nível devida aumentou e com ela as rendas decasa com os seus condomínios, é detodo aconselhável aproveitar estaoportunidade. Convém também fazermenção que o valor desta ajuda temaumentado gradualmente com osanos.

Vamos explanar o mais pormeno-rizado possível este tema. Assim po-demos ajudar a evitar que na praçapública se continue a falar sem con-hecimento de causa.

O COMPLEMEnTO À PEnSÃOEM nÚMEROS

A legislação prevê o comple-mento da ajuda social aos reformados

De uma quantia base mensal de382 € se vive só. Ao casal é previstouma soma de 690 €. Além desta ajudareceberá uma quantia ajustada com ahabitação. Estas quantias são as mes-mas da ajuda social ao desemprego,a famosa lei de Harttz IV. Um casalque tenha custos com a habitação novalor mensal de 500 €, quantia baseque é considerada na cidade de Co-lónia, necessita, para fazer face àssuas necessidades fundamentais, de1.190 €, mensalmente. A esta quantiaser- lhe-ão subtraídos os rendimentosque tiver com as reformas, incluindoas da empresa, os juros que possahaver ou os rendimentos imobiliáriosque possa receber.

Convém ainda acrescentar e es-

clarecer neste capítulo que ao bene-ficiário desta ajuda financeira à pen-são é-lhe permitido ainda trabalharalgumas horas diárias e usufruir dumordenado complementar.

Esta soma é também tida emconta neste cálculo. Se usufruir dumordenado de 450 € mensais, poderáreter para si 135 €, o restante entraráno calculo, vindo diminuir, desta ma-neira, a ajuda social à pensão nessaquantia restante.

RECAPITULAnDO OS nÚMEROS E

EXEMPLIFICAnDO

Vamos recapitular com um exem-plo: o casal Manuel e Margarida Mar-ques (nomes fictícios) , recebem dereforma da Alemanha a quantia de600 € mensais. A empresa do maridopaga-lhe ainda 52 € mensais de pen-são. De Portugal é-lhe creditado nasua conta da Caixa de Pensões o valormensal de 125 €. A renda de casa quelhes é reconhecida, na cidade ondevive, é, incluindo os custos adicionais,é de 496 €. Este simpático casal irá re-ceber a módica soma correspondenteà ajuda social à pensão, de “Grundsi-cherung “ de 293 € .

Vejamos a avaliação a necessi-dade fundamental do casal Marques:gastos com a habitação e tabela socialem vigor: 495 € + 690 € = 1.185 €

Reduzamos a essa quantia as fon-tes financeiras: reformas legais, pen-são da firma, reforma de Portugal,600 € + 52 € + 125 € = 777€ .

Isto caso não haja outras receitasfinanceiras. O simpático casal rece-berá na sua conta a módica quantiamensal de 418 €.

Mas se ele ou ela trabalhassemparcialmente e auferissem um orde-nado mensal de 450 € receberia sim-

plesmente 103 € por mês 450 € – 135€ = 315 € Esta quantia fruto do seutrabalho, entraria no cálculo, redu-zindo deste modo esta ajuda redu-zindo o peso da caixa pública.

É PERMITIDA ALGUMARESERVA FInAnCEIRA?

Antes de ser decidida esta ajudaestatal, os requerentes, devem apre-sentar e comprovar todas as fonteseconómicas disponíveis e regulares.Havendo-as, devem, antes de recebe-rem qualquer apoio financeiro, gastaros seus rendimentos ou as suas poup-anças acumuladas, sendo-lhes permi-tido possuírem em dinheiro a quantiade 3. 214 € ( 2.600 € e mais 614 €para o outro cônjuge) sendo casadosou mesmo vivendo juntos.

Para os que receberem até à idadede 60 anos algum prémio oriundo dealgum seguro ou mesmo duma In-demnização por rescisão do contratode trabalho, por parte da entidade pa-tronal, é aconselhável e convenientecomprar uma casa ou apartamentoadequado. Este objecto não entra nocalculo como contaria a soma daspoupanças acumuladas durante avida. As opiniões divergem quanto àdimensão do objecto. A opinião geralprevê, para quem viva só, uma dimen-são de 60 a 70 m2 se é apartamentoou casa de habitação.

ESTA AJUDA DEPEnDEnTE DASITUAÇÃO FInAnCEIRA DOS

FILHOS?

Esta ajuda é concedida indepen-dentemente do ordenado e das fontesfinanceiras dos filhos, a não ser quetenham uma receita anual que não su-perem os 100.000 € anuais, depois deconsideradas com estes ganhos.

Depois da morte de um cônjugeou dos dois e, tendo estes deixado al-guns bens, estes não serão tidos emconta para um possível reembolsodas ajudas auferidas tidas em vida.

notas importantes e à margem• Antes de iniciarem as férias oude qualquer ausência demoradado local de residência, deverãoinformar a entendida responsá-vel pelo pagamento desta ajuda.São obrigados a declarar o modode financiamento das necessá-rias despesas. Quem quiser pas-sar o inverno em Maiorca ou noAlgarve, não tem, durante estetempo, direito a esta ajuda.• È permitido possuir um auto-móvel, desde que este não sejaconsiderado objecto luxuoso. Seo for, terá de o vender e viver doresultado da venda, antes de re-querer esta ajuda. Existem diver-

gências quanto à definição deluxuoso.• Qualquer que seja a alteraçãoque haja na sua situação finan-ceira ou do seu estado civil, deveinformar as autoridades compe-tentes no devido prazo.

REFLEXÃO SOBRE A QUESTÃO: PORTUGAL OU

ALEMAnHA?

Não há dúvida que somos filhas efilhos de Portugal. Não temos dúvidasquanto às dificuldades financeiras queo nossa país está atravessando. Claroque não fomos nós os causadores des-tes dissabores, antes pelo contrário.Verdade também é que foi aqui quevivemos a maior parte da nossa vida.Foi aqui que não evitamos esforços ecanseiras para podermos usufruirdestas pensões, mesmo que, na suamaioria não ultrapassem o Rendi-mento Mínimo Garantido. Acho queteremos de apelar com maior vee-mência a esta sociedade que há mui-tos anos nos acolheu.

Foi aqui que a maior parte dos im-postos foram pagos, permitindo, emgrande parte, o engrandecimentodesta nação.

Existem muitos e atraentes pro-jectos em diversas cidades na Ale-manha, onde muitos dos nossoscompatriotas vivem. A terceira idadetem tido nesta sociedade um espaçoe um tratamento digno. O problemaque se nos impõe é o conhecimentoinsuficiente da língua o que poderáprovocar uma certa insegurança nocontacto com os colegas alemães oude outras nacionalidades. Vivemosum pouco, durante estes anos, sim-plesmente ao lado e à margem deles,enraizados quase e simplesmente nosnossos espaços nacionais.

As missões católicas não consti-tuíram excepções a esta situação, ex-ceptuando, como sempre, algunscasos pontuais. Procuremos entrarneste esquema existente e integrar-nos neles convenientemente. Assimiremos também enriquecer cultural-mente e dar cor e brilho a esta socie-dade que muito nos deve e que muitonecessita de modelos de vida diferen-tes como o nosso. Necessitamos depessoas e de instituições abertas quemotivem e que saibam arrastar paraeste novo estilo de vida que nos di-gnifica.

Complemento da ajuda social aos reformados

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Nascida em Cabo Verde de família branca e abastada, Carol nunca seresignou à miséria das ilhas. E, movida pelo sonho de construir umasociedade mais justa, ingressou ainda jovem no Partido Comunista.Não se importando de usar a beleza como arma ideológica, abraçou aluta revolucionária, apaixonou-se por um camarada e ficou grávidapouco antes de ser presa. Foi a sua mãe quem tratou de Helena nosprimeiros tempos, mas, depois de libertada, Carol levou-a para Mos-covo.. Aí, o contacto com as purgas estalinistas não chegou para abalaras suas convicções, mas o clima de denúncia e traição catapultou-a parao cenário da Guerra Civil espanhola, obrigando-a a deixar Helena paratrás; e, apesar de ter escapado aos fuzilamentos franquistas, a eclosãoda Segunda Guerra Mundial impediu Carol de voltar à União Soviéticapara ir buscar a criança. Será apenas vinte anos mais tarde que mãe efilha se reencontrarão em Berlim, mas a frieza e o ressentimento deHelena farão com que, na viagem de regresso a Lisboa, Carol decidaescrever um romance autobiográfico com o qual a filha possa, se nãoperdoar-lhe, pelo menos compreender as circunstâncias do abandono,a clandestinidade, a prisão, a guerra, a espionagem e o inconcebívelcasamento com um inspector da polícia política. Inspirado na vida deCarolina Loff da Fonseca, este romance extremamente empolgante vaimuito além dos factos, confirmando Ana Cristina Silva como uma dasmais dotadas autoras de romance psicológico em Portugal.

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Quanto mais tempo da sua vida é que está dis-posto a desperdiçar? Quanto mais tempo dasua vida está disposto a continuar a sofrer?Quanto da sua vida está disposto a finalmentereivindicar hoje? Quanto mais tempo vai dei-xar que os outros mandem nas suas escolhas?E, se reivindicar a sua vida, acha que fica adever alguma coisa aos outros?Quando você cede ao stress, você não está servocê mesmo. Quando você cede ao stress, vocêpassa ao lado da vida, da sua vida. Você viveem permanente sobrevivência. E quem sobre-vive, sofre. E quem sofre, vive em stress.. "Aprenda a Viver Sem Stress" é um livro queo ajuda a reencontrar-se.

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3.ª edição completa-mente revista eatualizada com oAcordo Ortográfico.Para possibilitar atransição ortográ-fica e facilitar a pes-quisa de vocábulos,a lista de entradasapresenta as duasgrafias - antes e de-pois do Acordo. UmGuia do Acordo Or-tográfico em anexosistematiza as prin-cipais alterações re-sultantes da

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PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013 19

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Alfredo Cardoso,Telelefone: 0172- 53 520 47

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José Eduardo,Telefone: 06196 - 82049

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Fernando GenroTelefone: 0151- 15775156

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AICEP PortugalZimmerstr.56 - 10117 Berlim

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Federação de EmpresáriosPortugueses (VPU)Postfach 10 27 11

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Federação das Associações Portuguesas na Alemanha

(FAPA)www.fapa-online.de

Postfach 10 01 05D-42801 Remscheid

Endereços Úteis

A Embaixada de Portugal emBerlim e o Consulado Geral dePortugal em Düsseldorf gosta-riam de informar que, comvista a conceder uma maior va-lorização e visibilidade ao Diade Portugal, de Camões e dasComunidades Portuguesas,este passará, a partir de 2013,a ser comemorado oficial-mente de forma descentrali-zada, cada ano numa áreaconsular diferente.

No presente ano, os festejos

terão lugar na cidade de Düs-seldorf, no próximo dia 8 dejunho, no Marktplatz (junto àCâmara Municipal). As come-morações contarão com a pre-sença das principaisautoridades portuguesas naAlemanha e autoridades ale-mãs do Estado da Renânia doNorte-Vestefália e incluirãoum extenso programa cultural(que será oportunamente divul-gado), bem como uma apre-sentação do nosso País a nível

Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas terá festejos oficiais em Düsseldorf

Comunicado da Embaixada de Portugal em Berlim

turístico e económico. Seráigualmente disponibilizadauma mostra gastronómica e devinhos. A Embaixada de Portu-gal em Berlim e o ConsuladoGeral de Portugal em Düssel-dorf convidam os portuguesese luso-descendentes residentesna Alemanha a participar nestaefeméride, cujo êxito está de-pendente do envolvimento detodos e que constituirá um mo-mento único de convívio eunião da nossa comunidade.

Todos notamos a crise cres-cente que vai arrastando há jáalgum tempo as nossas associa-ções e centros. Seria louvável queas direcções destas instituiçõesfossem compostas também porestes elementos criativos da ter-ceira idade.

Não se abriria aqui uma possi-bilidade de alargar horizontes eprovocar que estas pessoas pudes-sem ocupar os tempos vazios e li-vres destes espaços. Para tal nãoseria possível criar projectos na-cionais, ou melhor ainda, multina-cionais em colaboração com asautoridades da cidade e as diferen-tes organizações vocacionadaspara este trabalho?

O nosso país poderia mostraum maior interesse em encontrarsoluções para proporcionar umamaior qualidade e dignidade aosseus filhos nestas idades a vive-rem na diáspora. Sabemos quetem havido viagens de turismopara pessoas da terceira idade queobedeçam a determinadas condi-ções quase impossíveis de se. Nãoseria possível alargar estas expe-riências a outros compatriotasnoutras paragens, diminuindotambém as exigências? Já há mui-tos anos que o governo espanholfacilita permanências de gruposde reformados da diáspora em es-tâncias de férias.

Estas férias realizam-se geral-

mente nas estações baixas de tu-rismo, permitindo, deste modo,que alguns hotéis possam estaractivados durante este tempo. Nãoconstituiria uma solução para anossa economia, já tão arruinada?Existem outras experiências coma comunidade turca que seria in-teressante escavar. Os estados re-duzem consideravelmente osimpostos para estas instancias deférias durante este tempo, incenti-vando assim um turismo sustentá-vel, possibilitando assim a vindadestas pessoas, continuando a dartrabalho reduzindo o desempregopossível e comum nesta estaçãobaixa.

JGR

Haverá um novo papel para as nossas associações e centros?

Ao serviço do Fado há mais de 14 anosNa voz a grande fadista Elisabete Ferreira

CONTACTO: 0173 - 29 38 194

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 201320

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Cirrose Hepática Coelho à Caçador

Quer jogar “Kegeln”?Venha passar uns bons momentos em família ou com os seus amigos

Ingredientes: 1 coelho Vinho tinto 2 cebolas 1 alho Sal e pimenta Cravinho 1 folha de louro Farinha 2 colh. sopa de margarina 4 colh. sopa de azeite 2 tomates Receita: Corte o coelho aos bocados e ponha-o a marinar no vinho tinto comas cebolas e o alho cortados às rodelas, sal, pimenta, cravinho e olouro. Tire os pedaços de coelho da marinada, reservando o líquido,passe-os por farinha e aloure-os na margarina e azeite. Junte ao co-elho as cebolas, os alhos, o louro e os tomates pelados e cortadosaos bocados. Deixe ferver um pouco, junte o liquido da marinada erectifique os temperos. Tape e deixe cozer suavemente até o coelhoestar macio.

Sopa de Cogumelos com GambasIngredientes: 250 gr de cogumelos frescos 50 gr de farinha de arroz 1 L de caldo de carne 50 gr de margarina Parte branca de 1 alho francês 0,5 dl de natas 2 gemas 100 gr de gambas cozidas Sal q.b. Receita: Limpe e pique o alho francês, e leve ao lume com a margarina. Deixerefogar, sem alourar. Junte os cogumelos lavados, mexa e deixe estu-far um pouco. Adicione o caldo com a farinha de arroz previamentedissolvida e deixe ferver durante 5 minutos. Passe com a varinhamágica até obter um creme fino e rectifique o sal. Numa taça, mis-ture as natas com as gemas e adicione ao creme. Deixe aquecer, semferver, e junte as gambas descascadas.

A Cirrose é um processo degenerativo do fígado em que se produz uma in-flamação eendurecimento das células e tecidos do mesmo.OS SINTOMAS principais são: febre, indigestão e prisão de ventre ou diar-reia, icterícia(enfermidade do fígado que produz uma coloração amarela),ascite (líquido na cavidadeabdominal). Problemas posteriores incluem ane-mia, inflamação do fígado e problemas da vesícula biliar.A CAUSA principal da cirrose é o consumo excessivo de álcool, mas tambémpode ser decorrente de uma hepatite ou devido a uma má nutrição.TRATAMENTO: Inclua a ingestão de grande quantidade de proteínas ve-getais (excepto o feijão) e elimine toda a proteína de origem animal. Pararestituir os tecidos danificados deve-se, complementar este tratamento comas vitaminas do complexo B (contidas na Geleia Real), em especial a B1, C,D e K. Deve-se adicionar uma dieta rica em calorias e carboidratos, energiaque servirá para regenerar as células danificadas. Se surgir icterícia (coramarelada) diminuir o consumo de alimentos que contenham as vitaminasA, E, D e K.ELIMINAR: produtos lácteos, ovos, carne de porco, abacate, nozes, já queeles podem interferir no funcionamento do fígado. Se existe inflamaçãonesse órgão, elimine o sal dos alimentos. Além disso, elimine os produtosgordurosos como a manteiga, a margarina, o leite e os queijos; também ocafé, a pimenta e os estimulantes.ATENÇÃO! Não consuma gorduras, óleo de peixe nem vitamina A em quan-tidades, muito menos consuma óleo de fígado de bacalhau e nunca o misturecom álcool.FÍGADOO fígado é a maior glândula do corpo, assim como é o único órgão que poderegenerar-se, uma vez que uma parte dele é eliminada.– As funções do fígado são: Produzir a bílis que se acumula na vesícula biliar(bolsa anexa ao fígado). A bílis é indispensável para a digestão das gorduras,pois as emulsiona em pequenos glóbulos para serem assimilados.– A bílis ajuda a assimilação das vitaminas A, D, E e K, e do cálcio.– Por outro lado, o fígado é o acumulador dos excedentes das vitaminas A,B12 e D paraseu uso futuro.– Ajuda na síntese dos ácidos gordos e açúcares, assim como na produçãode colesterol,além de oxidar a gordura para produzir energia a partir dela.– O fígado e o rim são os órgãos que desintoxicam o organismo.– Outra função importante do fígado é o controlo do açúcar no sangue, actu-ando sobre ahormona tiroxina, responsável pelo metabolismo celular.– O açúcar excedente do corpo é convertido em glicogénio no fígado e destamaneira seacumula para ser reconvertido de novo em açúcar quando for ne-cessário.DESINTOXICAÇÃO: Recomenda-se uma desintoxicação prévia de 3 dias àbase de sucos (laranja e uva), aos quais se adicionam suco Aloé, que é alta-mente desintoxicante.Também se recomendam lavagens de cólon e intestino com café (ver estemétodo em „Desintoxicação de Fígado e Rins“ ou também com enemas delimão e água 2 vezes por semana, já que ali se concentram muitas toxinasque podem ir ao fígado e aos rins.O Dr. James F. Balche, em seu livro „Prescription for Nutritonal Healing“recomenda grandeingestão de Aloé como desintoxicante juntamente com 8a 10 copos de água por dia.Recomenda-se também eliminar o álcool, as farinhas e açúcares refinadose alimentos fritos.Consulte o seu médico

Fonte: Saúde e Bem Estar

Quantidade de quilos de pescado que os portuguesescomem por ano per capita 57

O marido chega a casa vindo do hospital, ondevisitou a sua sogra. A sua mulher pergunta:- Como está a minha mãe?O marido responde:- A tua mãe está muito bem, saudável como umcavalo e ainda viverá por muito tempo. Na se-mana que vem ela vai receber alta do hospitale virá morar connosco por muitos e muitosanos.A mulher, surpresa, pergunta:- Como pode ser? Ainda ontem ela pareciaestar no leito de morte e a equipa médica diziaque ela deveria ter poucos dias de vida!?O marido responde:- Eu não sei como estava ontem, mas hoje,quando perguntei ao médico o estado da tuamãe, ele respondeu-me que deveríamos prepa-rar-nos para o pior...

Esta é a história de uma aldeia que era cor-tada ao meio por um rio. Resolveu-se entãoconstruir uma ponte para ligar os dois lados dapovoação.Quando terminou a construção da ponte surgiuo problema: como saber se a ponte é ou não éresistente?Foi quando um dos engenheiros teve a bril-hante ideia:- Vamos colocar todas as SOGRAS em cima daponte. Se resistir, tudo bem. Se não resistir,MELHOR AINDA!

Vai um homem à caça com a sua sogra. Já namata, e de repente, um urso sai de um arbustoe ataca violentamente a respectiva sogra.Esta gritava desesperadamente: - Dispara!... Dispara!...- Não tenho rolo! - gritou o genro...

Livros e flores

Teus olhos são meus livros.Que livro há aí melhor,Em que melhor se leiaA página do amor?

Flores me são teus lábios.Onde há mais bela flor, Em que melhor se bebaO bálsamo do amor?

Machado de Assis

BruckhausHansemannstr. 33 - 50883 ColóniaHor. de abertura: 18h00 – 02h00Sextas e Sábados até às 03h00Marcações: 02234 – 480051 ou 017759 – 34 35 25Gerência: Agostinho Silva

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PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013 21Vidas

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Palavras cruzadasr

Às vezes acontecem coisas con-nosco que, se nos forem contadas,temos dificuldade em acreditar. Oque me aconteceu poderia muitoacontecer a qualquer um de nósdesde que tenha uma conta no face-book e acumule amigos sobre ami-gos, ou seja, gente que nunca nãoconhecemos de lado nenhum e,gostando daquilo que dizemos ouporque temos uma foto que nos fazmais bonitas do que aquilo quesomos. Também acontece que a al-guns que nos pedem amizade nãolhes interessar a fotografia paranada. Também não lhes interessaaquilo que pensamos das coisasbelas e dos nossos gostos. O queeles querem é meterem conversapara armarem armadilhas que, senão estamos atentas, caímos que

nem patinhos.Diz-se e fala-se de muita coisa

no facebook. Há gente para todos osgostos e feitios: feios, bonitos, inte-ligentes, sabichões, malcriados,bondosos, pedantes, falsos, verda-deiros e palermas, para não dizeroutra coisa.

Há pessoas que se alimentam dofacebook. Estou em crer que seriammuitos tristes se não tivessemacesso a esse meio.

Como não sou diferente de nin-guém, também eu me agarro ao fa-cebook como se fizesse parte daminha vida e, através dele, colec-ciono amigos (já tenho quase tre-zentos). Nesta vida virtual, nas duasou três horas que estou no facebookhá pelo menos uns cinco ou seishomens que se metem comigo de

maneiras muito diferentes: uns di-rectos, outros românticos e outros àprocura de amantes. Há casados(embora mintam e digam que nãosão), solteiros, divorciados, viú-vos... Eu sei lá, é só escolher!

Infelizmente, caí na armadilhade um.

Entrou assim de bons modos,bem-educado e muito cavalheiro.No seu abum de fotografias via-seque era um homem bem posto eatraente; um sorriso largo e dentesbrancos e perfeitos. Para condizer,estava sempre bem vestido, nasfotos. Chama-se, dizia o seu perfil,Orlando. Da sua idade, nada dizia,tinha apenas nascido a 13 de Junho.Também dizia que morava aquinuma cidade perto de Freiburgo.

Mandava-me sempre mensa-

gens muito educadas e sentidas. Àsvezes falávamos no Chat horas afio. As conversas era sobre isto eaquilo. Não demorou muito tempoe começamos e falar de nós.

Eu dizia-lhe que vivia só porestar divorciada do meu ex, que tra-balhava e, infelizmente, não tinhafilhos. Dizia-lhe que gostava muitode crianças e ele respondia que sim,embora não tivesse filhos e fosseainda solteiro. Numa dessas conver-sas revelámos um ao outro a nossaidade: ele tinha 42, disse-me, e euinformei-o que tinha 38 anos.

Ele era de facto muito caval-heiro. Sem dar por isso, já só nossentávamos ao computador parafalar um com o outro. Havia partesdo dia em que ele não ligava o fa-cebook: à hora do jantar e aos do-mingos. Durante as nossasconversas falávamos de tudo comose fossemos dois namorados. Che-gámos a ponto em que quase disse-mos coisas íntimas um ao outro.Parecíamos já dois namorados.

Neste andar, houve um dia emque lhe dei a entender que já seria otempo de nos encontrarmos: faleinisso por ele não se decidir e nuncater colocado essa hipótese. Afinal,só morávamos a 220 quilómetrosum do outro e éramos livres, comtempo ao fim-de-semana. Querdizer, podíamos ter um encontro bo-nito e que a partir daí poderia nasceruma relação.

Inicialmente, ele desculpou-secom questões de tempo. Dizia queos domingos passava-os com a mãe,pessoa idosa a viver num asilo. Ini-cialmente, louvei o seu gesto porquerer estar ao lado da sua queridamãe. Falei-lhe, então, na possibili-dade de eu ir ter com ele num Sá-bado. Disse que sim, mas quedepois me confirmava a data quelhe dava jeito.

Enquanto não nos víamos, o fa-cebook era o meio do nosso na-moro. Conclusão, já não podíamospassar uma sem o outro. Um diapropus-lhe que nos visse-mos pelacâmara do computador. O facebookdá também a possibilidade das pes-soas comunicarem entre si atravésde vídeo. A sua resposta foi uma es-farrapada desculpa: ah, não, deixapara uma outra altura porque aquinão há boa luz, etc. Não o podiaobrigar, como era óbvio.

A partir de um determinado diadeixou de aparecer no facebook.Também não me respondia aos smsque lhe enviava.

Fiquei triste. Já estava habituadaa ele e, pouco a pouco, ia descob-rindo emoções e sentimentos que aele me ligavam. É certo que já co-meçava a pensar numa relação com

ele. A minha vida de solitária nãopodia perdurar muito. Afinal, nin-guém gosta de estar sozinho e,quando o estamos, pensamos maisintensamente em conseguir alguémpara comungarmos a nossa vida eos nossos sentimentos.

Passaram dias e dias.Eu continuava a frequentar o fa-

cebook e alguns homens continuavaa lançar o isco. É certo que tambémmantinha conversas absolutamentenormais com pessoas “amigas”.Mas desse Orlando nunca mais ouvinada. Às vezes ia ver o seu mural eele estava parado no tempo. Tinhadeixado de escrever coisas.

Um dia há um homem que mepede amizade. Aceitei e não estivea ver quem era ou não era. Foi esteque, alguns dias depois, também semeteu comigo. Por curiosidade, fuiver o seu mural e as suas fotogra-fias. Era um Alfredo Dias, dizia quetinha 58 anos e morava perto de Es-tugarda. A foto do seu perfil era ade um homem já entrado na idade,calvo, com uma cara redonda e en-rugada e um olhar de poucos ami-gos. Dando uma volta pelas fotosdele deparei que havia ali algoestranho porque em algumas das fo-tografias aparecia o tal Orlando eoutras que este último tinha tambémno seu álbum.

Movida pela curiosidade, acei-tei conversa com o calvo com a in-tenção de tirar “nabos da púcara”.Primeiramente comecei por aceitaros seus elogios à minha pessoa, sebem que eram mais piropos do quecumprimentos. Havia naquilo queele dizia, ou seja, na forma comoescrevia, semelhanças com o paleiodo tal Orlando. Foi então que lheperguntei se ele conhecia o tal Or-lando. A resposta foi um não, disseque não, não conhecia. Disse-lheque ele tinha uma foto do tal Or-lando no seu álbum. Insistiu quenão conhecia, explicou.

Vi que ali anda marusca. Ele, aescrever, cometia os mesmos errosque o tal Orlando fazia. Um dia esseA. Dias meteu de novo conversa co-migo e fui directa: Ouve lá, nãoserás tu o dito Orlando? A respostademorou muito. Voltei a insistir. Láme confessou. Disse que sim epediu-me desculpa. A sua explica-ção para aquela encenação, disse, éque ele tinha problemas com a suafigura, com a sua idade e com a suacondição de mal casado e tinha co-locado uma foto de um sobrinhodele para impressionar.

Desliguei o chat, não lhe dissenada e “desamiguei-o” do meuminha página do facebook

I.Marques

Facebook: Quem vê caras não vê corações

HORIZOnTAIS: 1 - Espíritos. Romper. 2 - Quadro pintado sobre tela, pano ou madeira. Jazigo de minérios. 3 - Recurso(fig.). Preposição que indica lugar. Estrela. 4 - Curso de água natural. Presunçoso. 5 - Antes de Cristo (abrev.). (...) El-fenkämper, embaixador da Alemanha em Lisboa. 6 - Estar informado. Pessoa louca. 7 - Arenoso. Elas. 8 - Terreno emque há valas para as águas. Víscera dupla. 9 - Ovário dos peixes. Atmosfera. Batráquio anuro semelhante à rã. 10 - Azá-fama. Ser vivo irracional. 11 - Ser infiel a. Fruto silvestre.

VERTICAIS: 1 - Raspas. Forma internacional de vóltio. 2 - Fome (pop.). Ajustar. 3 - Coisa delicada que se oferece.Poesia narrativa que reproduz narrações ou lendas. 4 - Nome feminino. Planta trepadeira da família das araliáceas. Suspiro.5 - Partícula apassivante que indica que um verbo está na voz passiva. Caminho estreito. 6 - Fiel. Tontura. 7 - Delicado.Sódio (s.q.). 8 - A unidade. Rijo. Anuência. 9 - Galhofa. Galho. 10 - Idade. Construir ou separar com taipa. 11 - Lâminacom muitos orifícios para coar a água e outros líquidos. O que se dá aos pobres por caridade.

SOLUÇÃO:HORIZONTAIS: 1 - Almas. Furar. 2 - Painel. Mina. 3 - Arma. Em. Sol. 4 - Rio. Vaidoso. 5 - AC. Helmut. 6 - Saber.Orate. 7 - Areoso. As. 8 - Valadio. Rim. 9 - Ova. Ar. Sapo. 10 - Lida. Animal. 11 - Trair. Amora.VERTICAIS: 1 - Aparas. Volt. 2 - Larica. Avir. 3 - Mimo. Balada. 4 - Ana. Hera. Ai. 5 - Se. Vereda. 6 - Leal. Oira. 7 -Mimoso. Na. 8 - Um. Duro. Sim. 9 - Risota. Ramo. 10 - Anos. Taipar. 11 - Ralo. Esmola.

PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 201322

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PORTUGAL POST Nº 223 • Fevereiro 2013 23Economia & Negócios

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Portugal Post visi-tou no passado dia10 de janeiro, amaior feira mun-

dial de Têxteis-Lar, no centrode exposições da Messe Frank-furt, na cidade de Frankfurt amMain. A Heimtextil é a maiorfeira internacional para artigostêxteis-lar e decoração de inte-riores. É o ponto de partidapara os profissionais de todo omundo definirem as suas com-pras e um evento de orientaçãoglobal de tendências do setorcom participação de exposito-res de várias partes do mundo.Depois de passar a habitual ce-rimónia de controlo de entradano recinto, dirigimo-nos ao

Fórum de tendências para ad-mirar a exposição “Being –Internationale Heimtextil -Trends” que mais uma vezmostrou aos estilistas de todoo mundo as novas tendências aseguir neste setor para as pró-ximas coleções. Até lá chegarpercorremos quilómetros depassadeiras rolantes de talforma a feira é extensa. Ten-tem imaginar um espaço ondecabem 2.600 expositores e70.000 visitantes profissionaisde 120 países! O ecletismomanifestado na mistura de es-tilos e o padrão estético apre-sentado sugerem para aspróximas coleções uma francavariedade de referências ao

mundo das viagens e ao orien-talismo. O limite entre a cria-ção da moda e a criação da artevem-se reduzindo, e nesse as-peto os “estilistas” estão cadavez mais criativos e inovado-res, tendo apresentado quatrotemas: “O historiador, O ex-cêntrico, O inventor e O Geo-logista. Estes temas vãoseguramente aparecer nas lojasno próximo inverno. Portugalapareceu entre os melhorescom produtos de 20 empresasselecionados para esta mostrade tendências.

A sociedade moderna rom-peu com o sentido de tradição,e tanto a arte como a moda se-guem a direção da novidade,

na Feira Heimtextil 2013 em Frankfurt

Da esquerda para a direita: Representante Messe Frankfurt em Portugal Cristina Motta, Presidente AssociaçãoANIT-LAR Amadeu Fernandes, Diretor Geral Messe Frankfurt Detlef Braun, Embaixador Almeida Sampaio,Diretor Geral Associação APT Paulo Vaz, Pedro Macedo Leão, Mónica Lisboa Conselheira da Embaixada emBerlim, Estagiário na Embaixada João Gonçalves e Presidente do Conselho Administração da Lameirinho Coe-lho Lima

Odo diferente, do nunca visto,possibilitando a relaçãomoda/arte. As tendências sur-gem primeiro na arte, passamdepois para a arquitetura e paraas coleções de vestuário e maistarde são assimiladas pelostêxteis-lar e design de interio-res.

A nossa visita a esta feiratinha como objetivo observar aparticipação das 62 empresasportuguesas expositoras. Du-rante a visita tivemos oportu-nidade de trocar impressõescom o Presidente da MesseFrankfurt, Wolfgang Marzin,que elogiou o número e a qua-lidade da participação portu-guesa nesta feira, queconsidera impressionante.

A impressão geral que pu-demos recolher e que nos foitransmitida é a de que o ano de2013 poderá ser um ano mel-hor para as exportações portu-guesas neste setor. Foi-nosreferido o regresso dos com-pradores americanos e tambémdos compradores europeus queapós desviarem as suas com-pras durante alguns anos paraa Ásia estão de novo a compraràs nossas empresas. Surgiramtambém compradores denovos mercados da AméricaLatina e a curiosidade de algu-mas das nossas empresas refe-rirem estar a exportar produtosde muito elevada qualidadepara a China.

A forma como as empresasnacionais aqui presentes seapresentaram revela que este éum cluster nacional de sucessoe que deve orgulhar todos osportugueses. A afirmação in-ternacional deste setor é aprova como é possível às nos-sas empresas reformularem asua estratégia, refazerem o seucaminho, reequacionarem oseu modelo de negócio e re-adaptarem os seus recursos eprodutos com sucesso. O ex-cesso de capacidade produtivamundial e a liberalização do

comércio criou um efeito ne-gativo nos preços de fabrico.Tal significou, nomeadamentepara a têxtil portuguesa, umaespiral negativa para aquelesque insistiram no modelo denegócio convencional e no fa-brico de artigos indiferencia-dos perante rivais cada vezmais competitivos no preço.As empresas que aqui visita-mos foram as que mostraramser capazes criar vantagenscompetitivas, não assentes nopreço, mas num novo modelode negócio, com base no ser-viço ao cliente. De referirtambém o assinalável investi-mento que as maiores empre-sas nacionais realizaram naconstrução e decoração dosseus stands, que atinge o apo-geu no Hall 11, o de maiorprestigio na feira, onde osstands das nossas empresas seafirmam por entre as melhoresdo setor quer em termos deinovação e criatividade querem termos de qualidade. Se háuns anos atrás as empresas ita-lianas dominavam o Hall demaior prestigio conhecidocomo “Dream Land”, hoje sãoas nossas empresas que seapresentam em maior número.Particularmente notáveis osstands das empresas Coelima,Lameirinho, Home FlavoursTexteis, Texteis J. F. almeida,JMA, Mundotextil, António deAlmeida, Lasa, Sampedro, Fá-brica de Tecidos do Carvalho,Bom dia, Felpinter. Porqueconsideramos difícil transmitiro que vimos apenas recorrendoa texto, juntamos alguns exem-plos de fotografias que tive-mos oportunidade de recolherdurante a nossa visita: A Asso-ciação Seletiva Moda´, numstand ocupando uma área de150 m2, apresentou as propos-tas portuguesas de tendênciase inovações, surpreendendopela decoração e qualidade dassuas propostas:

Durante a visita percebe-

mos com clareza que as vanta-gens competitivas deste clusternacional são:

• Em primeiro lugar, aindiscutível flexibilidadeprodutiva da maioria dasnossas estruturas, permi-tindo assim responder àrenovação constante daoferta que o mercadoexige, proporcionandoprazos de entrega muitocurtos e séries de produ-ção – quantidades pormodelo – com mínimosbaixos, que permitemdeste modo aceder a pro-dutos de nicho, a progra-mas flash, que aconcorrência mais lon-gínqua não consegueabordar;• Em segundo lugar nãopodemos deixar de sa-lientar o elevado know-how técnico (o “saberfazer”) que este setor na-cional possui. A nossa in-dústria está preparadatecnicamente para pro-duzir a melhor quali-dade, o mais difícil, omais inovador e o maiscomplexo produto domercado.Durante esta visita pode-

mos observar como se aplicana Alemanha o modelo da di-plomacia económica, contri-buindo para um novo ciclo emque o Embaixador de Portugale o Diretor do Centro de Negó-cios da Aicep em Berlim sealavancaram mutuamente emprol de mais e melhores ex-portações nacionais, da inter-nacionalização das empresasportuguesas e da promoção dePortugal e das suas marcas.

No final do dia, longe damultidão e ao pisar a neveainda fresca depositada no pas-seio, um momento de emoçãoinvadiu o nosso espírito, tãoforte nos marcou a brilhantepresença das empresas portu-guesas.

Última • Nº 223 • Fevereiro 201324

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Salvador M. Riccardo

stávamos em Fevereiro eentrei na cidade de Coló-nia confortavelmentesentado a bordo do com-

boio rápido ICE. Ao atravessar aponte metálica sobre o Reno pudeapreciar o gigantismo da catedral queemerge da cidade e parece quererfurar as nuvens no céu. Estava longede imaginar o que me esperava. Umasemana antes na minha caixa de cor-reio eletrónico uma mensagem domeu amigo Klaus convidava-me aconhecer o famoso Carnaval de Co-lónia. Saí do comboio já mascarado,de campino ribatejano, e Klaus pro-pôs-me logo ir tomar um pequeno-al-moço. Chegados ao famoso Früh - olocal era imenso, um verdadeiro la-birinto, com vários andares, salas es-condidas, escadas por toda parte - foicom algum espanto que me apercebique os palhaços e os grupos desamba à minha volta pediam ao em-pregado não café mas antes cervejacomo bebida! Os garçons andavamcom umas bandejinhas sempre lota-das de copos cheios (se bem me lem-bro o nome da tal bandeja era

Kölschkranz), e iam distribuindopelas mesas. Já um pouco alcooli-zado vi-me conduzido desta vez paraa Zülpicher Strasse, um dos hotspotsdo Carnaval de Colónia. A rua estavafechada ao trânsito e não passavamelétricos. Aqui estava a decorrer umacerimónia onde o Presidente da Câ-mara e o „Dreigestirn“ atiravam cha-ves aos habitantes de Colónia,autorizando-os a fazer o que quises-sem durante uma semana. Para quem

não sabe os três membros do “Drei-gestirn” são eleitos e representam aVirgem (mãe protetora de Colónia),o Príncipe (Alto Representante doCarnaval) e o camponês (símbolo dalibertação das garras do Arcebispo deColónia). Já participei em muitosdesfiles de Carnaval, mas tenho queconfessar que esta loucura numaquinta-feira, supostamente um dianormal de trabalho, me apanhou des-prevenido. Apenas vos posso dizer

que durante o Carnaval aqui tudo erapermitido. No início achei um poucoestranho ver todos mascarados a en-trarem nos locais habituais de traba-lho, para o início de mais um dia detrabalho – afinal eu estava na Alema-nha … ou sei lá antes no Carnaval doRio?. Até podia ser, só que o mercú-rio do termómetro mais perto doszero do que dos trinta graus não dei-xava margem para grandes ilusões.Klaus trabalhava tal como umagrande percentagem dos habitantesde Colónia na seguradora Gerling –uma instituição da cidade. Dentro doedifício austero e massivo da sede daGerling, o ambiente naquela manhãera de festa. Nos corredores mais pa-lhaços (o traje favorito), um traje tra-dicional do Vietname, uma girafavinham ao nosso encontro e cumpri-mentavam-nos alegremente. Todaesta excitação me pareceu bizarra,mas terminado o carnaval, quando acidade voltou ao normal fiquei coma impressão de ter estado num outromundo. O Carnaval terminou naterça-feira à noite com a Nubbelver-brennung, uma cerimónia de queimarNubbels ou bonecas de pano de ta-manho humano, insultando-as, paraos habitantes de Colónia se verem

perdoados dos pecados cometidosdurante o carnaval.

Lembro-me de ser ainda criança,naquela fase em que a consciênciacomeça a surgir nas nossas cabeças enos faz estar conscientes do que nosrodeia. Quando ainda não percebe-mos mas já não estamos alheados doque se passa à nossa volta. Lembro-me do Carnaval que fazíamos perpe-tuando as tradições. Visitavam-se asprincipais artérias da aldeia com ale-gria e alguns excessos. Ninguém seimportava com isso mesmo quetodos soubessem quem eram os mas-carados. Era uma tarde de festa efolia. Tudo era acompanhado por fo-guetes, música, risadas, comida evinho. Depois de toda a encenaçãoReligiosa e Pagã, esperava-se pelanoite onde se realizava a mais emble-mática manifestação Carnavalesca detransição de estação. Na minha terra,chamavam-lhe o „Arturinho“ (vulgoPai Velho), nome que davam ao En-trudo ou „Estruído“. Fazia-se um bo-neco de palha ao qual se atiçavalume. Previamente escondidas nassuas entranhas estavam morteiros defoguetes que davam uma certa espe-tacularidade à queima daquela figuraempalhada.

Köln Alaaf!

E