museus o colapso do estado-providencia (1)

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    Humberto Rendeiro

    MUSEUS: O COLAPSO DO ESTADO-PROVIDNCIA E A

    EMERGNCIA DA FILANTROPIA ESTRATGICA

    EUROPEAN MUSEUM ADVISORS CONFERENCE 2012

    The crisis as a challenge to do more and better

    COMMERCIAL ENTREPRENEURISM, PHILANTROPY AND GOVERNMENT SUBSIDY

    Panel organised by ICOM Portugal

    National Museum of Archaeology LisbonJune 02

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    Nota introdutria

    A forma como os museus hoje se apresentam sociedade no est de acordo com as

    definies que lhe esto estatudas. A maioria dos museus adoptou, ainda que de forma

    automtica, um comportamento empresarial para fazer face s retraces econmico-financeiras do Estado. Tal situao levou-os a criar um novo paradigma de actuao. No

    mbito do colapso dos Estados-providncia, reflectido tambm na falta de apoio

    cultura, os responsveis pelo patrimnio cultural tiveram que inovar, tiveram que se

    adaptar a modelos de gesto diferentes. Criou-se um novo conceito de museu. Assiste-

    se a uma nova era da museologia.

    Resultante destas transformaes os museus ficaram mais prximos das comunidades

    locais e mais atentos aos stakeholders (partes interessadas). Desta ligao, de forma

    natural, emergem laos de parceria e de cooperao a que se poder chamar filantropia

    estratgica ou marketingde causas.

    Neste estudo procura-se mostrar, de forma linear, o modo como se correlaciona a crise

    financeira com a inovao cultural.

    O colapso do Estado-providncia

    A ideia de Estado-providncia surgiu nos finais do sculo XIX, com Bismark, em

    resposta ameaa da luta de classes face expanso da onda socialista. Tinha como

    princpio cortar com a imagem do Estado enquanto agente poltico, transformando-o em

    agente social (DRUCKER, 2012). Surgia, assim, um Estado guardio da sociedade

    civil, com preocupaes de ndole diversas, assegurando a todos os indivduos a

    cobertura de alguns riscos e o acesso a bens e servios em prol de uma eficaz inclusosocial (PEREIRA, 2012). Ou seja, um Estado que protege na hora da doena e do

    desemprego, que assegura os cuidados de sade primrios, que abona e instiga o acesso

    educao e cultura. Esta doutrina foi seguida sobretudo durante o sculo XX pela

    generalidade dos pases ocidentais, sendo aceite e implementada tambm em Portugal.

    Porm, o Estado-providncia revelou-se financeiramente insustentvel e, na actual

    conjuntura socioeconmica, assiste-se ao desvanecimento deste modelo de governao.

    Esta situao agudiza-se tanto mais que, perante a ineficincia deste paradigma no se

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    vislumbra uma alternativa sustentvel, levando aqueles que dependem directamente dos

    seus servios e benefcios sociais ao descrdito, incerteza e ao receio dos tempos

    vindouros. Deve-se ainda ter em linha de conta que os Estados so, regra geral, os

    maiores empregadores, o mesmo ser dizer que qualquer padecimento que este sofra

    acarretar danos colaterais de larga escala. Ou seja, um Estado grande no significa

    forosamente que seja um Estado forte, da que em situaes adversas, como aquela que

    agora se conhece em termos econmico-financeiros, muitos dos pilares e das estruturas

    que sustentam uma governao acabem por ceder (DRUCKER, 2012).

    De acordo com o que se referiu anteriormente, os museus pblicos portugueses,

    enquanto Organizaes Sem Fins Lucrativos, pertencentes ao sector tercirio e

    financeiramente dependentes do Estado, encontram-se numa situao deveras delicada,na medida em que a fonte da sua sustentabilidade cada vez mais escassa, facto que os

    coloca no limiar da penria. Por outro lado, tendo em linha de conta que o

    financiamento dos museus deriva dos fundos pblicos, das receitas prprias e dos

    patrocnios/mecenatos/doaes, com a retraco do Estado, torna-se premente que se

    encarem as duas ltimas com seriedade, profissionalismo e tenacidade (AZEVEDO,

    2012). Ou seja, face aos efectivos constrangimentos econmicos, os Estados no

    cumprem com a totalidade das suas obrigaes e as instituies que dele dependemtiveram que encontrar caminhos alternativos de sustentabilidade. Tal situao leva a

    questionar os actuais modelos de gesto dos museus portugueses, ao ponto de se debater

    sobre a necessidade de se importarem e de se implementarem os modelos de gesto das

    organizaes com fins lucrativos. imposto aos museus de hoje, para alm das

    incorporaes, da inventariao, da conservao, da investigao, da exposio e da

    divulgao, o aumento da sua sustentabilidade econmica; o aumento da sua escala de

    actuao; uma maior exposio concorrncia; maiores exigncias pelas partes

    interessadas (stakeholders); uma dependncia de um plano estratgico de marketing

    para bem comunicar. Tal situao leva a crer que a aplicao dos bons exemplos da

    gesto privada poder contribuir para amenizar o futuro das instituies museolgicas.

    Deve-se, no entanto, salientar que no se perfilha o conceito de museu-empresa.

    Muito pelo contrrio, defende-se que cabe ao Estado assegurar a sustentabilidade do

    patrimnio cultural e que, de uma vez por todas, este reconhea o valor dos museus na

    prossecuo do desenvolvimento econmico das regies em que esto inseridos.

    Todavia, no se poder deixar de assinalar que, actualmente, assiste-se no panorama

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    museolgico nacional, ao que se poder chamar de modelo hbrido de gesto

    patrimonial, no sentido mais negativo do termo. Ou seja, por um lado o Estado ao retrair

    o financiamento da cultura no cumpre com a sua obrigao. Por outro lado, os museus

    ao adoptarem, ainda que de forma involuntria, a postura de mercado das empresas,

    assumem um comportamento que no o deles. Impera, portanto, que se defina e que se

    actualize aquilo que se espera e que se entende por museus do sculo XXI.

    Inovao Cultural

    Entende-se por inovao cultural a mudana de atitude que as instituies culturais

    empregaram para fazer face aos constrangimentos econmico-financeiros vividos.Inovao significa, portanto, a introduo de algo de novo. Poder-se- mesmo falar da

    introduo de um novo paradigma na forma como os museus, por exemplo, actuam hoje

    na sociedade. Ao se aceitar que a crise um desafio para se fazer mais e melhor est-se

    a credenciar a ideia de que houve necessidade de inovar, de abraar novos reptos, de se

    diversificar na actuao e na postura. Os museus de hoje so mais do que meros espaos

    fsicos com uma coleco atribuda. Nesta perspectiva, se, inicialmente, estes simples

    armazns de curiosidades e peas raras eram fechados a uma minguada franja da

    sociedade, hoje revelam-se espaos modernos, aprazveis, virados, como nunca, para a

    sua vertente cultural/educativa e, fundamentalmente, abertos s comunidades

    (RENDEIRO, 2010).

    Esta inovao cultural est, tambm, intimamente ligada ao facto dos museus,

    enquanto organizaes sem fins lucrativos, no terem, para j, a obrigao de gerar

    lucro (na acepo econmica do termo) para acautelarem a sua existncia, ao inverso do

    que sucede com as empresas. Deve-se, todavia, ressalvar que os museus mesmo nogerando lucro acrescentam valor, tornando-se, no raras as vezes, em verdadeiras

    alavancas econmicas de determinadas regies. Porm, a ausncia de presso em gerar

    lucro permite-lhes apostar mais, investir em novas ideias, novos servios, novas

    abordagens (AZEVEDO, 2012). Contudo, dever-se- sempre assegurar que os

    comportamentos da inovao cultural no entram em coliso com o bom nome da

    instituio e que no colocam em perigo a imagem de rigor e de seriedade que lhe

    exigida. Todavia, por estarem implementados numa determinada comunidade, por serelacionarem com os demais stakeholders e por necessitarem de encontrar formas

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    alternativas de sustentabilidade, os museus e os seus profissionais tiveram a

    possibilidade de criar novos produtos, novos servios e de identificar novas

    oportunidades de satisfao dos seus pblicos. O estabelecimento de parcerias, a gesto

    de receitas prprias, a captao de patrocnios e mecenatos, a introduo do marketing

    cultural, a adeso s redes sociais, os contratos em outsourcingso disso um exemplo,

    dando a conhecer uma outra face de se ser museu e de se fazer museologia no panorama

    actual. Por tudo isto, independentemente da postura que se adopte perante esta candente

    questo, seja ela de aceitao ou de negao, a realidade que os museus de hoje esto

    transformados em mais do que uma instituio permanente, sem fins lucrativos.

    Museus e comunicao

    A utilizao da comunicao nos museus, enquanto ferramenta estratgica na sua actual

    gesto, deve procurar evidenciar uma marca fidedigna, que oferea propostas de valor,

    que cative e traga mais-valias. indubitvel que o valor das instituies museolgicas

    reside nas suas coleces, nos seus esplios e nos seus edifcios. Todavia, como se

    adivinha pelo que se disse anteriormente, no basta que estes apenas abram as suas

    portas para atrair, para seduzir e para fidelizar os pblicos. A resposta s cada vez

    maiores exigncias dos pblicos e dos stakeholders passa, em parte, pela

    profissionalizao da comunicao, pela forma como estes fazem valer o seu valor e a

    sua importncia. Apesar de tudo isto, deve-se ter em linha de conta que, no raras as

    vezes, ainda se encontram focos de resistncia comunicao por se entender que esta

    no determinante para o core business das instituies museolgicas. Aceita-se,

    logicamente, que os museus no devem depender apenas da comunicao, mas sem ela

    a sua sobrevivncia tambm est comprometida. Deve haver lugar dentro da instituio

    para conservar, investigar e expor, mas igualmente para comunicar. Os museus tambm

    so os seus pblicos e a comunicao o veculo de ligao entre estes dois elementos.

    Na perspectiva de que os museus esto cada vez mais dependentes do financiamento

    privado e que o estabelecimento de parcerias e a captao de mecenatos so uma das

    alternativas viveis retraco do Estado, ento torna-se premente que se adopte uma

    gesto socialmente responsvel, que passa por conhecer as expectativas dos

    stakeholders, dar-lhes uma resposta e prestar-lhes contas. Esta transparncia apenas seconsegue atravs de uma poltica de comunicao efectiva e estrategicamente orientada.

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    Portanto, comunicar mais do que aderir a um conjunto de redes sociais, estar inscrito

    em mailing listou alimentarblogues. Comunicar, dar a conhecer a instituio, fazer

    dela uma marca de prestgio, alinhando no mesmo propsito os seus colaboradores e a

    sua misso. Apenas seguindo uma comunicao eficaz, que inspire, motive e leve

    aco, se conseguir captar a ateno de potenciais mecenas, patrocinadores ou

    parceiros (AZEVEDO, 2012). Reitera-se, assim, que a importncia de comunicar nos

    museus no reside exclusivamente na necessidade de atrair mais e novos pblicos,

    passa, tambm, por seduzir possveis filantropos.

    O que a filantropia estratgica?

    A ideia de Empresa, na acepo mais imediata do termo, aponta para a explorao de

    uma actividade de interesse econmico. Um bom desempenho por parte das empresas a

    este nvel, condio sem a qual no est garantida a sua sobrevivncia financeira,

    anuncia tambm o cumprimento do que se entende como boa empregadora, de boa

    cidadania e de boa vizinhana. Todavia, as empresas, enquanto instituies

    representativas da sociedade, para alm de serem uma ferramenta econmica, so

    tambm um corpo poltico e social. Ou seja, este facto indica que, a responsabilidade a

    que esto obrigadas mais do que econmica, tambm social (DRUCKER, 2012). A

    Responsabilidade Social das empresas, ou triple bottom line, ento composta por

    trs pilares essenciais: o econmico, o ambiental e o social. precisamente no

    cumprimento do pilar social que as empresas podero estabelecer laos de cooperao

    com o sector tercirio, nomeadamente com os museus. Competir aos responsveis pela

    gesto patrimonial, em conjunto com as empresas, com os respectivos decisores

    polticos e com as entidades tutelares, agarrar esta via de sustentabilidade e estabelecer

    parcerias/acordos de colaborao que visem, por um lado, o garantir de uma maior

    autonomia financeira para os museus, por exemplo, e, por outro lado, facultar o

    cumprimento da responsabilidade social a que as empresas esto obrigadas. Assim,

    entende-se por filantropia estratgica ou marketing de causas, o estabelecimento de

    parcerias entre as empresas e os museus, facultando a promoo conjunta de causas, de

    eventos ou campanhas. Competir a cada entidade envolvida disponibilizar as suas

    competncias e recursos acordados ao servio da parceria (AZEVEDO, 2012).

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    A suboramentao do sector cultural levou os museus a adoptarem medidas que

    garantam alguma auto-sustentabilidade. Poder-se- enumerar, como exemplo, a criao

    de redes de parceria, a gesto de receitas prprias, a captao de patrocnios e de

    mecenatos, os contratos em outsourcing. Afigura-se, todavia, discutvel se as solues

    que se apresentam so suficientes para compensar a falta de investimento na cultura por

    parte do Estado e, tambm, se, de alguma forma, podero ser tomadas como transversais

    ao universo dos museus e palcios portugueses. De entre estas, acredita-se que a criao

    de redes de parceria com a comunidade local, alm de garantir uma maior

    independncia em relao tutela e assegurar a promoo do espao museolgico,

    fomenta, tambm, a integrao desta mesma comunidade, sendo uma prtica

    institucionalizada na grande maioria dos equipamentos culturais. Importa, todavia,

    referir que o entendimento que se faz de comunidade local engloba os seus pblicos e,

    tambm, os agentes econmicos e os institucionais (stakeholders). Ou seja, fazem parte

    da comunidade local as Cmaras Municipais, as Juntas de Freguesia, as Associaes, as

    Foras de Segurana, as Universidades, as Escolas, os Centros de Geriatria, a Indstria,

    o Comrcio e tantos outros. Competir, assim, aos responsveis pelos equipamentos

    culturais incentivar esta integrao, estreitando as relaes com os potenciais parceiros.

    Alm do mais, o carcter desburocratizado em que assentam os contratos de parceria

    favorece o seu estabelecimento, tornando-os exequveis na totalidade dos museus e

    palcios nacionais. Por outro lado, quanto mais abrangente for a rede de parceiros maior

    ser a autonomia em relao tutela.

    J o mecenato, pela sua caracterizao, acredita-se que esteja, sobretudo, associado s

    grandes empresas, em particular s de cariz internacional, donde uma aco desta

    natureza visa particularmente os projectos de maior interesse e visibilidade. Assim, cr-

    se na existncia de uma geografia de aco muito prpria para as questes relacionadas

    com esta forma de fundraising. No significa, no entanto, que no existam, numa

    abrangncia nacional, situaes pontuais de mecenato ou, to pouco, que no se consiga

    aceder a esta forma de financiamento, num qualquer museu, independentemente da sua

    localizao geogrfica. Todavia, medida que nos afastamos dos grandes centros

    urbanos, acentua-se a diminuio das empresas despertas para este tipo de aco e, por

    sua vez, aumentam os museus de cariz regional. Cr-se, portanto, que h todo um

    trabalho de fundo que necessita ser encetado, nomeadamente a reformulao da base

    legislativa associada ao mecenato, de modo a tornar o seu processo menos

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    burocratizado e mais atractivo em termos fiscais. Por outro lado, tendo em conta o

    tecido empresarial portugus, que se baseia nas Pequenas e Mdias Empresas,

    considera-se determinante que se estabelea uma aco de esclarecimento junto das

    mesmas, para que se torne do conhecimento geral as vantagens de natureza fiscal

    inerentes ao apoio cultura. A estas aces de formao dever-se- dar a forma de

    encontros de beneficncia com mecenas, to populares nos EUA, por exemplo, onde a

    cultura financiada, em larga escala, pelo sector privado (RENDEIRO, 2011).

    Considera-se, portanto, que no actual panorama de crise financeira no se encontra

    traado um caminho seguro que garanta uma maior sustentabilidade dos museus

    nacionais. No entanto, cr-se preponderante que se continuem a criar laos de

    cooperao com a comunidade local, integrando-a, e, tambm, que se promova umaaco concertada de marketing, com vista divulgao e dinamizao dos museus,

    fomentando, assim, a aproximao de entidades externas e a criao de uma filantropia

    estratgica por parte das empresas. Todavia, em paralelo com estas formas de

    financiamento, que se baseiam no fundraising, ter que permanecer um apoio directo e

    efectivo do Estado, sem o qual a ideia de os museus serem auto-sustentveis no passa

    de uma utopia.

    Notas finais

    Poder-se- questionar se as crises so na realidade um desafio para se fazer mais e

    melhor ou se as oportunidades existem independentemente do cenrio econmico-

    financeiro que se viva. Acredita-se que a questo resida na dificuldade de pr em

    contacto pessoas com ideias, pessoas com problemas e pessoas com os recursos

    institucionais e capacidade financeira capazes de ultrapassar e satisfazer necessidadescomuns (AZEVEDO, 2012). Nesse sentido, acredita-se que obrigatria uma atitude

    diferente em relao ao problema das finanas pblicas, que incentivem prticas

    distintas das actuais. Nomeadamente em relao ao sector cultural, ao contrrio do que

    se verifica, dever-se-ia estimular uma maior autonomia financeira/oramental para que

    os inmeros projectos em que os museus, por exemplo, esto envolvidos no esvaeam

    na burocracia administrativa. O Estado, ao retrair o financiamento dos museus e ao

    retirar-lhes autonomia est a condenar um dos sectores do desenvolvimento econmicodo pas letargia. Ou seja, para alm de se desvanecer a ideia de um Estado-providncia

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    que protege e apoia as causas sociais, assiste-se a um Estado que desencoraja a aco

    cultural, no reconhecendo a importncia e o valor que o patrimnio representa para a

    economia nacional. Por outro lado, os museus ao adoptarem uma postura de resposta s

    dificuldades econmico-financeiras criaram um novo paradigma de actuao a que se

    poder chamar de inovao cultural. Hoje um museu est longe de ser apenas uma

    instituio permanente, sem fins lucrativos. Assiste-se actualmente a um ponto de

    viragem entre o que ainda se entende por museu e aquilo em que os museus se esto a

    transformar. Desta mudana resulta uma oportunidade para os responsveis pelo

    patrimnio cultural atrarem mais e novos parceiros atravs da filantropia estratgica ou

    do marketing de causas. Ou seja, por um lado, os museus souberam prorrogar o seu

    valor e o seu prestgio ao servio da sociedade, por outro lado, as comunidades locais,

    no sentido lato do termo, tambm carecem de se associar a estes. A dificuldade est em

    saber vender a cultura.

    Bibliografia

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