metodos semi empiricos

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 FUNDAÇÃO EM ESTACA HÉLICE CONTÍNUA: ESTUDO DE CASO EM OBRA DE VIADUTO NO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA-BA.  Feira de Santana-BA 2009 UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA Guido Martins de Andrade

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    FUNDAO EM ESTACA HLICE CONTNUA: ESTUDO DE CASOEM OBRA DE VIADUTO NO MUNICPIO DE FEIRA DE SANTANA-BA.

    Feira de Santana-BA2009

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA

    Guido Martins de Andrade

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    FUNDAO EM ESTACA HLICE CONTNUA: ESTUDO DE CASOEM OBRA DE VIADUTO NO MUNICPIO DE FEIRA DE SANTANA-BA.

    Feira de Santana-BA

    2009

    Guido Martins de Andrade

    Monografia apresentada Universidade Estadual de Feirade Santana, como parte dadisciplina Projeto Final II, paraobteno da graduao emEngenharia Civil.

    rea do conhecimento:Geotecnia

    Orientadora:Prof D.Sc. Maria do SocorroCosta So Mateus

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    Guido Martins de Andrade

    FUNDAO EM ESTACA HLICE CONTNUA: ESTUDO DE CASOEM OBRA DE VIADUTO NO MUNICPIO DE FEIRA DE SANTANA-BA.

    Monografia apresentada Universidade Estadual de Feira de Santana, como

    requisito para obteno da graduao em Engenharia Civil.

    Feira de Santana-BA, 25 de maro de 2009.

    Aprovador por:

    _____________________________________________________

    Maria do Socorro Costa So Mateus, D.Sc.

    Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS

    (ORIENTADORA)

    _____________________________________________________

    Areobaldo Oliveira Aflitos, M.Sc.

    Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS

    (EXAMINADOR)

    _____________________________________________________

    Carlos Antnio Alves Queiroz

    Universidade Estadual de Feira de Santana UEFS

    (EXAMINADOR)

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    Aos meus pais, irms e familiares, pelo apoio

    e incentivo na concluso deste trabalho.

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    AGRADECIMENTOS

    A toda minha famlia pelo carinho, apoio e momentos de felicidade ao longo da

    minha vida, principalmente nestes ltimos anos, em especial s minhas irms, minhame, minha av Ercina e meu tio Reinan.

    A prof. D.Sc. Maria do Socorro Costa So Mateus pela orientao, ateno, carinho

    e pelos valiosos ensinamentos durante a realizao deste trabalho.

    Aos grandes amigos, tanto da universidade, quanto fora dela, pelas alegrias e

    ensinamentos.

    Aos professores desta grande instituio de ensino (UEFS), pelos ensinamentos e

    exemplo de postura profissional.

    coordenadora da disciplina, pelas dicas e conselhos no decorrer destes ltimos

    trs semestres.

    Universidade Estadual de Feira de Santana.

    Ao Banco Nordeste do Brasil S.A, agncia Feira de Santana, na pessoa dos

    gestores, pela compreenso, apoio e flexibilizao dos horrios de trabalho.

    Prefeitura Municipal de Feira de Santana, pela disponibilizao do material

    necessrio realizao do estudo.

    Enfim, a todos que contriburam direta ou indiretamente, para a concluso deste

    trabalho.

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    RESUMO

    Apresenta-se, neste trabalho, um estudo sobre a fundao adotada na

    construo do viaduto do bairro da Cidade Nova, municpio de Feira de Santana-BA.O primeiro passo foi a realizao da reviso bibliogrfica sobre as caractersticas e o

    processo executivo da estaca hlice contnua, dos equipamentos utilizados, das

    vantagens e desvantagens deste tipo de fundao e dos mtodos tradicionais (Aoki

    & Velloso, 1975; Dcourt & Quaresma, 1978) e especficos (Dcourt et al., 1996;

    Antunes & Cabral, 1996; Alonso, 1996; Gotlieb et al., 2000; Krez & Rocha, 2000;

    Vorcaro & Velloso, 2000) utilizados para a previso de sua capacidade de carga,

    assim como sobre investigao geotcnica, em especial a sondagem de simples

    reconhecimento com SPT. Em seguida, comentrios sobre o caso estudado, sualocalizao, algumas caractersticas geolgicas e geotcnicas, bem como

    informaes sobre o ensaio de carregamento dinmico realizado. Na anlise dos

    resultados dos oito mtodos de previso de capacidade carga, em comparao com

    os resultados dos ensaios de carregamento dinmico realizados no local da obra,

    para os quatro apoios estudados, verificou-se que os mtodos de Aoki & Velloso

    (1975), Dcourt et al. (1996) e Antunes & Cabral (1996) so os mais conservadores,

    os mtodos de Dcourt & Quaresma (1978), Alonso (2000) e Vorcaro & Velloso

    (2000), apresentaram resultados intermedirios e os mais arrojados, Krez & Rocha

    (2000) e Gotlieb et al. (2000), sendo que este ltimo foi o que apresentou previses

    mais prximas dos resultados das prova de carga dinmica.

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    ABSTRACT

    This work studies the foundation adopted at the construction of the viaduct of

    the Cidade Nova district, municipality of Feira de Santana-BA. Initially it was done aliterature review about the characteristics and process of helix continuous cutting pile

    installation, used equipments, the advantages and disadvantages of this type of

    foundation and the traditional (Aoki & Velloso, 1975; Dcourt & Quaresma, 1978) and

    specific methods (Dcourt et al., 1996, Antunes & Cabral, 1996; Alonso, 1996;

    Gotlieb et al., 2000; Karez & Rocha, 2000; Vorcaro & Velloso, 2000) used for the

    prediction of its bearing capacity, as well as geotechnical investigation, in particular

    the Standard Penetration Test. Then comments about the case study, its site, some

    geological and geotechnical characteristcs, as well as information on the dynamicload test performance. The analysis of eight methods for predict load capacity were

    compared to the results of dynamic load tests done on the piles, to support the four

    studied, we found that the methods of Aoki & Velloso (1975), Dcourt et al. (1996)

    and Antunes & Cabral (1996) are more conservative, methods of Dcourt &

    Quaresma (1978), Alonso (2000) and Vorcaro & Velloso (2000), showed

    intermediate results and the most daring, Karez & Rocha (2000 ) and Gotlieb et al.

    (2000), the latter was the closest predictions of the results of the proof of the dynamic

    load.

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    LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1 Perfurao do terreno (obra estudada)............................................................ 26

    Figura 2.2 Detalhe da hlice espiral, tubo central e dos dentes da extremidade .....27

    Figura 2.3 Concretagem da estaca na obra do viaduto em Feira de Santana-BA..28

    Figura 2.4 Retirada manual do solo entre as ps da hlice. .......................................... 29

    Figura 2.5 Colocao da armadura aps a concluso da concretagem (obra

    estudada)..................................................................................................... .................30

    Figura 2.6 Modelo de equipamento utilizado no Brasil (FUNESP, 2001; apud

    ALMEIDA NETO, 2002)................................................................................................................ 31

    Figura 2.7a Modelo de equipamento utilizado para a monitorao eletrnica com

    informaes no momento da perfurao de uma estaca na obra....................................33

    Figura 2.7b Modelo de equipamento utilizado para a monitorao eletrnica com

    informaes durante a concretagem de uma estaca da obra........................................... 33

    Figura 2.7c Folha de rosto com as informaes da perfurao e concretagem da

    estaca (ALMEIDA NETO, 2002)................................................................................................. 33

    Figura 2.8 Sondagem de simples reconhecimento a percusso SPT.........................44

    Figura 2.9 Esquema das parcelas de atrito lateral e resistncia de ponta para a

    previso da capacidade de carga da estaca..............................................................47

    Figura 3.1 Localizao do municpio de Feira de Santana-BA(http://maps.google.com.br/maps, acesso em 15/03/2009).......................................61

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    Figura 3.2 Localizao da obra no municpio de Feira de Santana-BA(http://maps.google.com.br/maps, acesso em 15/03/2009).......................................62

    Figura 3.3 Croqui de localizao dos furos da sondagem a percusso (GEOMEC,

    2008)..........................................................................................................................63

    Figura 3.4 Resultado da sondagem a percusso SP-08 (GEOMEC, 2008)...........64

    Figura 3.5 Planta com a localizao dos apoios 1 a 6 e dos furos de sondagem

    SP-05, SP-04 e SP-08 (ANTW, 2008)........................................................................66

    Figura 3.6 Esquema dos apoios 1 e 2 (ANTW, 2008).............................................67

    Figura 3.6a Esquema dos apoios 1 e 2 da obra.....................................................67

    Figura 3.7 Esquema dos apoios 5 e 6 (ANTW, 2008).............................................68

    Figura 3.7a Esquema dos apoios 5 e 6 da obra.....................................................68

    Figura 4.1 Comparao das cargas de ruptura obtidas no ensaio de prova de

    carga dinmica e a partir dos mtodos de previso tradicionais e semi-empricos:

    estacas do apoio AP1.................................................................................................................... 74

    Figura 4.2 Cargas de ponta e por atrito lateral obtidas no ensaio de prova de carga

    dinmica e a partir dos mtodos de previso tradicionais e semi-empricos: estacas

    do apoio AP1 (comprimento das estacas igual a 16m)....................................................... 75

    Figura 4.3 Comparao das cargas de ruptura obtidas no ensaio de prova de

    carga dinmica e a partir dos mtodos de previso tradicionais e semi-empricos:estacas do apoio AP2.................................................................................................................... 77

    Figura 4.4 Cargas de ponta e por atrito lateral obtidas no ensaio de prova de carga

    dinmica e a partir dos mtodos de previso tradicionais e semi-empricos: estacas

    do apoio 2 (comprimento da estaca no projeto igual a 17m)............................................. 78

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    Figura 4.5 Resultado da sondagem a percusso SP-05 (GEOMEC, 2008)..............80

    Figura 4.6 Comparao das cargas de ruptura obtidas no ensaio de prova de

    carga dinmica e a partir dos mtodos de previso tradicionais e semi-empricos:

    estacas do apoio AP5.................................................................................................................... 81

    Figura 4.7 Cargas de ponta e por atrito lateral obtidas no ensaio de prova de carga

    dinmica e a partir dos mtodos de previso tradicionais e semi-empricos: estacas

    do apoio 5 (comprimento da estaca no projeto igual a 9m)............................................... 82

    Figura 4.8 Resultado da sondagem a percusso SP-04................................................. 84

    Figura 4.9 Comparao das cargas de ruptura obtidas no ensaio de prova de

    carga dinmica e a partir dos mtodos de previso tradicionais e semi-empricos:

    estacas do apoio AP6................................................................................................................... .85

    Figura 4.10 Cargas de ponta e por atrito lateral obtidas no ensaio de prova de

    carga dinmica e a partir dos mtodos de previso tradicionais e semi-empricos:

    estacas do apoio 6 (comprimento da estaca no projeto igual a 6m)...............................86

    Figura 4.11 Resistncia de ponta para os quatro apoios obtida pelos mtodos

    estudados.......................................................................................................................................... 90

    Figura 4.12 Parcela de atrito lateral para os quatro apoios obtida pelos mtodos

    estudados.......................................................................................................................................... 90

    Figura 4.13 Esquema dos apoios 1 a 6 (ANTW,2008) ....................................................92

    Figura 4.13a Esquema dos apoios 1 a 6 da obra .............................................................93

    Figura 4.14 Resultados das provas de carga (mdia) versus os valores das

    previses da capacidade de carga atravs dos oito mtodos estudados......................94

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    Figura 4.15 - Resultados das provas (1) de carga versus os valores das previses da

    capacidade de carga atravs dos oito mtodos estudados............................................... 95

    Figura 4.16 - Resultados das provas (2) de carga versus os valores das previses da

    capacidade de carga atravs dos oito mtodos estudados............................................... 95

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    LISTA DE TABELAS

    Tabela 2.1 Caractersticas dos equipamentos (PENNA et al., 1999)..........................31

    Tabela 2.2 Carga mxima estrutural do concreto no dimensionamento da estaca

    hlice contnua (HACHICH, 1996)............................................................................................. 46

    Tabela 2.3 Coeficientes AK e A (Aoki e Velloso, 1975).......................................50

    Tabela 2.4 Coeficientes de transformao 1F e 2F (Aoki e Velloso, 1975)..............51

    Tabela 2.5 Valores de Cem funo do tipo de solo (DCOURT & QUARESMA,

    1978)................................................................................................................................................... 52

    Tabela 2.6 Valores dos coeficientes D e D em funo do tipo de solo e do tipo

    de estaca (HACHICH et al., 1996)............................................................................................. 53

    Tabela 2.7 Parmetros 1 e 2 (ANTUNES e CABRAL, 1996)...................................54

    Tabela 2.8 Limites de lr e valores de Al propostos por Alonso (1996) para

    estacas hlice contnua................................................................................................................ 55

    Tabela 2.9 Valores de Al (em kPa/kgf.m) em funo do tipo de solo para as

    regies analisadas.......................................................................................................................... 57

    Tabela 2.10 Resumo dos mtodos estudados................................................................... 60

    Tabela 3.1 Estacas ensaiadas e caractersticas do ensaio (GEOMEC,

    2008)...................................................................................... ...........................................70

    Tabela 3.2 Resultado da anlise atravs do mtodo CASE. (GEOMEC,

    2008)................................................................................................................................................... 70

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    Tabela 3.3 - Resultado da anlise atravs do mtodo CAPWAP (GEOMEC,

    2008)............................................................................................. ...................................71

    Tabela 4.1 Resumo dos resultados do apoio 1, para as parcelas de atrito lateral,

    resistncia de ponta e total, atravs dos oito mtodos estudados...................................76

    Tabela 4.2 Resumo dos resultados do apoio 2, para as parcelas de atrito lateral,

    resistncia de ponta e total, atravs dos oito mtodos estudados...................................79

    Tabela 4.3 Resumo dos resultados do apoio 5, para as parcelas de atrito lateral,

    resistncia de ponta e total, atravs dos oito mtodos estudados...................................83

    Tabela 4.4 Resumo dos resultados do apoio 6, para as parcelas de atrito lateral,

    resistncia de ponta e total, atravs dos oito mtodos estudados...................................87

    Tabela 4.5 Resumo do comportamento dos mtodos em relao a cada apoio.....87

    Tabela A.1 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 1, atravs do mtodo de Aoki & Velloso (1975).................103

    Tabela A.2 Clculo da parcela de atrito lateral para as estacas do apoio 1, atravs

    do mtodos de Aoki & Velloso (1975).................................................................................... 104

    Tabela A.3 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 1, atravs do mtodo de Dcourt & Quaresma (1978)....104

    Tabela A.4 Coeficientes utilizados para a correo da parcela de atrito lateral e de

    ponta, para estacas hlice contnua, propostos por Dcourt et al. (1996)..................105

    Tabela A.5 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 1, atravs do mtodo de Antunes & Cabral (1996)...........106

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    Tabela A.6 Clculo da parcela de atrito lateral para as estacas do apoio 1, atravs

    do mtodos de Antunes & Cabral (1996).............................................................................. 106

    Tabela A.7 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 1, atravs do mtodo de Alonso (2000)...............................107

    Tabela A.8 Clculo da parcela de atrito lateral para as estacas do apoio 1, atravs

    do mtodos de Alonso (2000)................................................................................................... 107

    Tabela A.9 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 1, atravs do mtodo de Gotlieb et al. (2000) ....................108

    Tabela A.10 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 1, atravs do mtodo de Krez & Rocha (2000)................108

    Tabela A.11 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 1, atravs do mtodo de Vorcaro & Velloso (2000)........109

    Tabela A.12 Resumos dos resultados para as previses da capacidade de carga e

    das provas de carga para as estacas do apoio 1............................................................... 110

    Tabela A.13 Clculo da parcela de atrito lateral para as estacas do apoio 2,

    atravs do mtodos de Aoki & Velloso (1975)..................................................................... 111

    Tabela A.14 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 2, atravs do mtodo de Dcourt & Quaresma (1978)....111

    Tabela A.15 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de cargapara as estacas do apoio 2, atravs do mtodo de Antunes & Cabral (1996)...........113

    Tabela A.16 Clculo da parcela de atrito lateral para as estacas do apoio 2,

    atravs do mtodos de Antunes & Cabral (1996)............................................................... 113

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    Tabela A.17 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 2, atravs do mtodo de Alonso (2000)...............................114

    Tabela A.18 Clculo da parcela de atrito lateral para as estacas do apoio 2,

    atravs do mtodos de Alonso (2000).................................................................................... 114

    Tabela A.19 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 2, atravs do mtodo de Gotlieb et al. (2000). ...................115

    Tabela A.20 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 2, atravs do mtodo de Krez & Rocha (2000)...............115

    Tabela A.21 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 2, atravs do mtodo de Vorcaro & Velloso (2000).........116

    Tabela A.22 Resumos dos resultados para as previses da capacidade de carga e

    das provas de carga para as estacas do apoio 2............................................................... 117

    Tabela A.23 Clculo da parcela de atrito lateral para as estacas do apoio 5,

    atravs do mtodos de Aoki & Velloso (1975)..................................................................... 117Tabela A.24 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 5, atravs do mtodo de Dcourt & Quaresma (1978)....118

    Tabela A.25 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 5, atravs do mtodo de Antunes & Cabral (1996)...........119

    Tabela A.26 Clculo da parcela de atrito lateral para as estacas do apoio 5,atravs do mtodos de Antunes & Cabral (1996)............................................................... 119

    Tabela A.27 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 5, atravs do mtodo de Alonso (2000)...............................120

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    Tabela A.28 Clculo da parcela de atrito lateral para as estacas do apoio 5,

    atravs do mtodos de Alonso (2000)................................................................................... 120

    Tabela A.29 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 5, atravs do mtodo de Gotlieb et al. (2000). ...................121

    Tabela A.30 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 5, atravs do mtodo de Krez & Rocha (2000)...............121

    Tabela A.31 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 5, atravs do mtodo de Vorcaro & Velloso (2000).........122

    Tabela A.32 Resumos dos resultados para as previses da capacidade de carga e

    das provas de carga para as estacas do apoio 5............................................................... 123

    Tabela A.33 Clculo da parcela de atrito lateral para as estacas do apoio 6,

    atravs do mtodos de Aoki & Velloso (1975)..................................................................... 123

    Tabela A.34 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 6, atravs do mtodo de Dcourt & Quaresma (1978)....124

    Tabela A.35 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 6, atravs do mtodo de Antunes & Cabral (1996)...........125

    Tabela A.36 Clculo da parcela de atrito lateral para as estacas do apoio 6,

    atravs do mtodos de Antunes & Cabral (1996)............................................................... 125

    Tabela A.37 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de cargapara as estacas do apoio 6, atravs do mtodo de Alonso (2000)...............................126

    Tabela A.38 Clculo da parcela de atrito lateral para as estacas do apoio 6,

    atravs do mtodos de Alonso (2000)................................................................................... 126

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    Tabela A.39 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 6, atravs do mtodo de Gotlieb et al. (2000) ....................127

    Tabela A.40 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 6, atravs do mtodo de Krez & Rocha (2000)...............127

    Tabela A.41 Dados utilizados para o clculo da previso da capacidade de carga

    para as estacas do apoio 6, atravs do mtodo de Vorcaro & Velloso (2000).........128

    Tabela A.42 Resumos dos resultados para as previses da capacidade de carga e

    das provas de carga para as estacas do apoio 6............................................................... 129

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    LISTA DE SMBOLOS

    ltP carga de ruptura, capacidade de carga ou carga ltima;

    lP parcela transmitida por atrito lateral;

    pP parcela transmitida pela ponta;

    AK coeficiente tabelado que varia em funo do tipo de solo (Tabela 2.3);

    A coeficiente tabelado que varia em funo do tipo de solo (Tabela 2.3);

    nN nmero de golpes de SPT de cada camada;

    nL comprimento de cada camada;

    D dimetro da estaca;

    n nmero de camadas;

    PAN nmero de golpes SPT da camada de apoio da ponta da estava;

    L comprimento da estaca;

    N ndice de resistncia penetrao do ensaio SPT;

    lN mdia dos valores de N ao longo do fuste, exceto o da camada da

    ponta e do primeiro metro da superfcie;

    C coeficiente tabelado que depende do tipo de solo (Tabela 2.5);

    PDN mdia do nmero de golpes do ensaio SPT na camada da ponta da

    estaca, imediatamente acima, imediatamente abaixo desta;

    D coeficiente que vaira em funo dos diversos tipos de estacas e para

    os diferentes tipos de solos (Tabela 2.6);

    D coeficiente que vaira em funo dos diversos tipos de estacas e para

    os diferentes tipos de solos (Tabela 2.6);

    1 parmetro para o clculo do atrito lateral, que depende do tipo de solo

    (Tabela 2.7);2 parmetro para o clculo da resistncia de ponta, que depende do tipo

    de solo (Tabela 2.7);

    U permetro da seo transversal do fuste da estaca;

    lr adeso mdia na carga ltima ao longo do fuste da estaca ( sAl f. )

    (Tabela 2.8);

  • 5/24/2018 Metodos Semi Empiricos

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    l trecho onde se admite atrito lateral unitrio lr constante;

    sf adeso calculada a partir do torque mximo (em kgf.m) e a penetrao

    total (em cm) do amostrador, no ensaio SPT-T;

    Al coeficiente de correo do atrito lateral sf , obtido atravs da

    interpretao de provas de carga carregadas at as proximidades da

    carga ltima (Tabela 2.8);

    mxT torque mximo expresso em kfg.m;

    h penetrao total do amostrador, em cm (geralmente 45 cm);

    pA rea da projeo da ponta da estaca sobre um plano perpendicular ao

    eixo da mesma;

    )1(mnT mdia aritmtica dos valores de torque mnimo (em kgf.m) do trecho

    D8 acima da ponta da estaca. Considera-se nulo os mnT acima do

    nvel do terreno, quando o comprimento da estaca for menor do que

    D8 ;)2(

    mnT mdia aritmtica dos valores de torque mnimo (em kgf.m) do trecho

    D3 , medido para baixo, a partir da ponta da estaca;

    admP tenso admissvel a ser aplicada no topo da estaca (kPa);

    tamdiodaponSPT mdia dos valores obtidos no trecho D8 acima e D3 abaixo da ponta

    da estaca;

    SPT somatrio dos SPTN ao longo do comprimento da estaca, sendo que os

    valores SPTN limitados a 50;

    SPTN soma de golpes de SPT ao longo do fuste da estaca;

    krK 210 para argila, 250 para siltes e 290 para areia;

    SPTN nmero de golpes de SPT na ponta da estaca;

    px resistncia de ponta ( )(. pontaSPTp NA );

    lx resistncia por atrito lateral ( )(fusteSPTNU );

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    SUMRIO

    1 INTRODUO....................................................................................................... 21

    1.1 JUSTIFICATIVA......................................................................................................... 221.2 OBJETIVOS................................................................................................................ 221.3 ESTRATGIA METODOLGICA........................................................................ 231.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA........................................................................ 23

    2 REVISO BIBLIOGRFICA......................................................................... 252.1 HISTRICO................................................................................................................. 25

    2.2 PROCESSO EXECUTIVO...................................................................................... 252.2.1 Perfurao................................................................................................................... 262.2.2 Concretagem.............................................................................................................. 27

    2.2.3 Colocao da Armadura....................................................................................... 292.3 EQUIPAMENTOS...................................................................................................... 30

    2.4 CONTROLE DE EXECUO................................................................................ 322.4.1 Controle do desempenho..................................................................................... 34

    2.4.1.1 Prova de carga esttica......................................................................................... 35

    2.4.1.2 Prova de carga dinmica...................................................................................... 36

    2.5 ASPECTOS RELEVANTES NA EXECUO.................................................. 37

    2.5.1 Procedimentos prvios execuo das estacas....................................... 372.5.2 Controle da concretagem..................................................................................... 38

    2.5.3 Presso de injeo.................................................................................................. 382.5.4 Sistema de injeo do concreto........................................................................ 392.6 ASPECTOS GEOTCNICOS................................................................................ 392.6.1 Solos muito resistentes........................................................................................ 392.6.2 Camada de argila mole confinada.................................................................... 402.6.3 Camada de argila mole superficial................................................................... 402.6.4 Camada de areias puras na regio da ponta................................................ 402.7 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ESTACA HLICE CONTNUA. 412.7.1 Vantagens................................................................................................................... 412.7.2 Desvantagens............................................................................................................ 422.8 INVESTIGAO GEOTCNICA 432.8.1 Sondagem de simples reconhecimento com SPT 44

    2.9 ELEMENTOS PARA O DIMENSIONAMENTO DE FUNDAES EMESTACA....................................................................................................................... 45

    2.10 MTODOS SEMI-EMPRICOS PARA A PREVISO DACAPACIDADE DE CARGA.................................................................................... 48

    2.10.1 Mtodos tradicionais para a previso da capacidade de carga emestacas......................................................................................................................... 482.10.1.1 Mtodo de Aoki & Velloso (1975)...................................................................... 492.10.1.2 Mtodo de Dcourt & Quaresma (1978) ......................................................... 51

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    2.10.2 Mtodos especficos para a previso da capacidade de carga............ 52

    2.10.2.1 Mtodo de Dcourt & Quaresma (1978) modificado por Dcourt etal. (1996) ...................................................................................................................... 53

    2.10.2.2 Mtodo de Antunes & Cabral (1996)............................................................... 542.10.2.3 Mtodo de Alonso (1996)..................................................................................... 542.10.2.4 Mtodo de Gotlieb et al. (2000).......................................................................... 572.10.2.5 Mtodo de Krez & Rocha (2000) ..................................................................... 582.10.2.6 Mtodo de Vorcaro & Velloso (2000).............................................................. 59

    3 ESTUDO DE CASO: CARACTERSTICAS E ENSAIOSREALIZADOS........................................................................................................ 61

    3.1 CARCTERSTICAS DE FEIRA DE SANTANA-BA E LOCALIZAODA OBRA EM ESTUDO.......................................................................................... 61

    3.2 CARACTERSTICAS GEOTCNICAS DO LOCAL DA OBRA.................. 633.3 ENSAIO DE CARREGAMENTO DINMICO.................................................... 69

    4 ANLISE DOS RESULTADOS................................................................... 734.1 APOIO 1 (AP1) .......................................................................................................... 734.2 APOIO 2 (AP2) .......................................................................................................... 764.3 APOIO 5 (AP5) .......................................................................................................... 804.4 APOIO 6 (AP6) .......................................................................................................... 844.5 CONSIDERAES GERAIS................................................................................. 88

    5 CONCLUSO......................................................................................................... 975.1 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS.............................................. 98

    REFERNCIAS..................................................................................................... 99

    ANEXO A MEMRIA DE CLCULO DAS PREVISESDE CAPACIDADE DE CARGA................................................................... 103A.1 APOIO 1 (AP1)................................................................................................... 103A.2 APOIO 2 (AP2)................................................................................................... 110A.3 APOIO 5 (AP5)................................................................................................... 117A.4 APOIO 6 (AP6)................................................................................................... 123

    ANEXO B PLANTAS DO PROJETO DA OBRAESTUDADA............................................................................................................. 130

    ANEXO C RELATRIO DE SONDAGEM....................................... 133

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    1 INTRODUO

    A engenharia de fundaes vem evoluindo constantemente em busca de

    novos elementos de fundao, que possuam alta produtividade, ausncia devibraes e rudos na execuo, elevada capacidade de carga e controle de

    qualidade durante a execuo da estaca, entre outros aspectos. Dentro deste

    propsito surgiram no mercado recentemente e tiveram um grande desenvolvimento

    nos ltimos anos, as estacas hlice contnua, sendo desde ento uma estaca de

    enorme interesse comercial nos grandes centros urbanos do pas (ALMEIDA NETO,

    2002).

    A utilizao das estacas tipo hlice contnua tem conquistado cada vez mais

    adeptos, tanto os projetistas e consultores, como tambm os construtores eempreendedores de modo geral. Tal fato deve-se, principalmente, ao grande avano

    tecnolgico representado pelo seu processo de execuo, que tem grandes

    vantagens em relao a outros tipos de fundao bastante difundidos no Brasil, tais

    como: no interferir nas edificaes da vizinhana, no provocar vibrao ou rudo

    tpico dos equipamentos percusso, possuir grande velocidade de execuo, com

    mdia superior a 200m/dia, implicando em reduo significativa do cronograma da

    obra, no ser afetada pelo nvel do lenol fretico (ALMEIDA NETO, 2002).

    As fundaes do tipo escavadas refletem uma tendncia mundial. Segundovan Impe apud ANJOS (2006), as estacas escavadas representam mais da metade

    da preferncia no mundo. Seu uso tem se estendido, alm de estaca de carga,

    execuo de paredes de estacas para conteno de encostas, pr-furos para

    estaqueamento com perfis metlicos ou estacas pr-moldadas de concreto,

    objetivando a transposio de camadas do solo com SPT mais elevado.

    A utilizao desta soluo bem restrita no municpio de Feira de Santana-

    BA e este trabalho faz uma anlise da fundao em estaca hlice contnua adotada

    no principal viaduto da cidade, que foi instalado no bairro da Cidade Nova. Para isto

    foram levantados dados como: caractersticas da obra e do subsolo, cargas nas

    fundaes, relatrios tcnicos, resultados de prova de carga.

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    1.1 JUSTIFICATIVA

    A escolha do tema partiu do interesse em aprofundar os conhecimentos na

    rea de Geotecnia, especialmente relacionados s solues em fundaesprofundas, aliado a um caso real de utilizao da estaca hlice contnua em Feira de

    Santana-BA.

    O uso deste tipo de estaca tem evoludo bastante em obras civis nos grandes

    centros urbanos, em alguns casos com utilizao equiparada com as estacas pr-

    moldadas e/ou escavadas (raiz, Franki, Strauss), e existem poucos estudos

    publicados sobre este tipo de fundao no Nordeste do Brasil. Ressalta-se ainda o

    enorme potencial desta fundao para se difundir na regio de Feira de Santana.

    1.2 OBJETIVOS

    Com base na reviso bibliogrfica e no estudo de caso da obra do viaduto,

    pretendeu-se atingir os seguintes objetivos:

    Geral

    Estudar e conhecer os aspectos de projeto e construtivos da fundao em

    estaca hlice contnua, adotada como soluo na construo do viaduto no bairro da

    Cidade Nova, no municpio de Feira de Santana-BA. E, tambm, avaliar a

    aplicabilidade dos mtodos de previso de capacidade de carga para essas estacas

    no subsolo de Feira de Santana.

    Especfico

    a) Conhecer as caractersticas e o processo executivo das estacas.

    b) Conhecer e analisar as caractersticas do subsolo do local da obra;

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    c) Conhecer as cargas de trabalho das fundaes;

    d) Comparar os resultados dos ensaios de prova de carga com os resultados

    obtidos dos diversos mtodos para previso de capacidade de carga.

    1.3 ESTRATGIA METODOLGICA

    a) Coleta de dados em literatura nacional e internacional;

    b) Levantamento e anlise dos dados da obra: sondagem a percusso, projeto

    de fundaes, relatrios tcnicos, caractersticas da obra, provas de carga;

    c) Levantamento e acompanhamento fotogrfico;

    d) Verificao da capacidade de carga da fundao estudada;

    e) Anlise dos resultados e concluso.

    1.4 ESTRUTURA DA MONOGRAFIA

    Esta monografia foi dividida nos seguintes captulos:

    CAPTULO 1 apresenta a motivao na escolha do tema, os objetivos e o

    escopo deste trabalho.

    CAPTULO 2 faz uma reviso bibliogrfica sobre as caractersticas e oprocesso executivo da estaca hlice contnua, dos equipamentos utilizados, assim

    como as vantagens e desvantagens deste tipo de fundao; sobre investigao

    geotcnica, em especial a sondagem de simples reconhecimento com SPT, e os

    mtodos de previso de capacidade de carga estudados.

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    CAPTULO 3 comentrios sobre o caso estudado, sua localizao, algumas

    caractersticas geolgicas e geotcnicas, bem como informaes sobre o ensaio de

    carregamento dinmico realizado.

    CAPTULO 4 apresenta os resultados dos ensaios de prova de carga e dos

    mtodos de previso de capacidade carga, as anlises realizadas e algumas

    consideraes gerais sobre estes resultados.

    CAPTULO 5 mostra as principais concluses encontradas com base nas

    anlises realizadas.

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    2 REVISO BIBLIOGRFICA

    2.1 HISTRICO

    A utilizao de estacas executadas por meio de escavao com trado hlice

    contnua (Conitnuos Flight Auger CFA), surgiu na dcada de 50 nos Estados

    Unidos. Os equipamentos eram constitudos por guindastes de torre acoplada,

    dotados de mesa perfuradora que executavam estacas com dimetros de 27,5 cm,

    30 cm e 40 cm. No incio da dcada de 1970, esse sistema foi introduzido na

    Alemanha, de onde se espalhou para o resto da Europa e Japo (PENNA et al.,

    1999). As estacas hlice contnua sofreram um grande avano a partir da dcada de80 nos Estados Unidos, Japo e Europa, executadas inicialmente com

    equipamentos adaptados e, posteriormente, com utilizao de equipamentos

    apropriados e especficos para a execuo destas estacas.

    No Brasil, as estacas hlice contnua foram introduzidas por volta de 1987. A

    princpio com utilizao de equipamentos adaptados, mas despertando muito

    interesse pelas vantagens e facilidades que o seu processo construtivo sugere. S a

    partir de 1993, houve um grande progresso e desenvolvimento do uso destas

    estacas no Brasil. Isto comeou com a importao de equipamentos especficospara executar estacas hlice contnua (PENNA et al., 1999)

    A partir de ento, com utilizao de equipamentos importados com maior

    fora de arranque e com torques de at 85 KN.m, viabilizou-se a execuo de

    estacas de at 800 mm de dimetro e comprimento mximo de 24 metros. Hoje em

    dia, possvel executar estacas com 1.200 mm de dimetro e 32 metros de

    comprimento e com a contnua evoluo dos equipamentos, o portiflio de opes

    de dimetros e profundidades tende a aumentar (ALMEIDA NETO, 2002).

    2.2 PROCESSO EXECUTIVO

    A execuo das estacas hlice contnua pode ser dividida em trs etapas:

    perfurao, concretagem simultnea a extrao da hlice do terreno, e colocao da

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    armadura.

    2.2.1 Perfurao

    A perfurao executada por cravao da hlice no terreno, como mostra a

    Figura 2.1, por meio de movimento rotacional provenientes de motores hidrulicos

    acoplados em sua extremidade, com um torque apropriado para que a hlice vena

    a resistncia do solo, atingindo a profundidade determinada em projeto. A

    perfurao executada sem que em nenhum momento a hlice seja retirada do

    furo.

    Figura 2.1 Perfurao do terreno (obra estudada)

    A haste de perfurao constituda da hlice espiral, responsvel pela

    retirada de solo, e um tubo central unido a esta hlice. A hlice composta dedentes em sua extremidade inferior que facilitam a sua penetrao no solo (Figura

    2.2). Para os casos de terrenos mais resistentes, esses dentes normalmente so

    substitudos por pontas de wdia. Para evitar a entrada de solo ou gua na haste

    tubular, durante a fase de perfurao, existe na extremidade inferior da hlice uma

    tampa metlica provisria que expulsa na concretagem. Esta tampa geralmente

    recupervel.

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    Figura 2.2 Detalhe da hlice espiral, tubo central e dos dentes da

    extremidade.

    2.2.2 Concretagem

    A concretagem da estaca comea depois de atingida a profundidade

    desejada, por bombeamento do concreto pelo interior da haste tubular. O concreto

    sai do caminho betoneira, como pode ser visto na Figura 2.3, sendo injetado pela

    extremidade superior da haste. A tampa provisria expulsa devido presso do

    concreto e a hlice passa a ser extrada pelo equipamento, sem girar ou, no caso de

    terrenos arenosos, girando muito lentamente no sentido da perfurao.

    O concreto injetado sob presso positiva. A presso positiva objetiva

    garantir a continuidade e a integridade do fuste da estaca e, para isto, necessria

    a observao de dois aspectos executivos fundamentais nesta fase. O primeiro

    garantir que a ponta do trado, durante a perfurao, tenha atingido um solo quepermita a formao da bucha, para que o concreto injetado se mantenha abaixo da

    ponta da estaca, evitando que o mesmo retorne pela interface solo-trado. O segundo

    aspecto o controle da velocidade de retirada do trado, de forma que sempre haja

    um sobre-consumo de concreto (ALMEIDA NETO, 2002).

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    Figura 2.3 Concretagem da estaca na obra do viaduto em Feira de Santana-BA.

    A resistncia caracterstica (fck) do concreto normalmente, de 20 MPa, deve

    ser bombevel e composto de areia e pedrisco. O consumo de cimento elevado,

    entre 400 a 450 Kg/m3 e facultado o uso de aditivos plastificantes. A relao gua-

    cimento geralmente fica em torno de 0,53 a 0,56. O abatimento do tronco de cone

    (slump) do concreto situa-se entre 200 e 240 mm. Assim como a perfurao,

    imprescindvel que a concretagem ocorra de forma contnua e ininterrupta. Desta

    maneira, as paredes onde se formar a estaca ficaro sempre suportadas pelo solo

    presente entre as ps da hlice, acima da ponta do trado, e pelo concreto que

    injetado, abaixo da face inferior da hlice.

    Usualmente utilizada bomba de concreto acoplada ao equipamento de

    perfurao atravs de mangueira flexvel de 100 mm de dimetro interno.

    O preenchimento da estaca com concreto frequentemente executado at a

    superfcie de trabalho, mas possvel o seu arrasamento abaixo do nvel do terreno,

    desde que sejam tomadas as providncias quanto a estabilidade do furo no trecho

    no concretado e a insero da armao.

    Durante a retirada do trado, a limpeza do solo contido entre as ps da hlice

    procedida de forma manual ou com um limpador de acionamento hidrulico ou

    mecnico acoplado ao equipamento, que remove o material, sendo este, deslocado

    para fora da regio do estaqueamento, normalmente com utilizao de p

    carregadeira de pequeno porte.

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    A Figura 2.4 mostra a limpeza da hlice de forma manual.

    Figura 2.4 Retirada manual do solo entre as ps da hlice

    2.2.3 Colocao da armadura

    As estacas hlice contnua tm suas armaduras inseridas somente aps a

    concluso da concretagem e isso limita o comprimento da armadura, assim como

    pode inviabilizar o uso desta soluo quando sujeita a esforos de trao ou quando

    utilizadas como elemento de conteno. A literatura internacional recomenda que as

    armaduras sejam instaladas por vibrao, mas tambm so inseridas por gravidade

    e por compresso de um pilo. Entretanto, a colocao da armadura por golpes de

    um pilo tem sido, na prtica, a mais utilizada no Brasil. A utilizao de pilo permitiu

    executar estacas com armadura de comprimento superior a 17 metros na Estao

    da Luz no Estado de So Paulo (ALMEIDA NETO, 2002).

    A Figura 2.5 mostra o momento da colocao da armadura aps a retirada do

    trado, onde a armadura inserida por gravidade.

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    Figura 2.5 Colocao da armadura aps a concluso da concretagem (obra

    estudada).

    2.3 EQUIPAMENTOS

    Para execuo desta estaca no terreno, utiliza-se uma perfuratriz dotada dos

    seguintes elementos: torre metlica vertical, mesa rotativa de acionamento

    hidrulico, trados de hlice contnua que pode ser de vrios dimetros, sistema de

    monitoramento eletrnico e ferramentas de limpeza do trado. A Figura 2.6 mostra

    um modelo de equipamento utilizado no Brasil.

    A profundidade da estaca a ser executada determina a altura da torre

    metlica, sendo que sua extremidade possui duas guias, onde a inferior pode ser

    substituda pelo limpador do trado. A mesa rotativa responsvel pela aplicao do

    torque necessrio para o rompimento do solo compatvel com o dimetro e a

    profundidade da estaca. Esta mesa possui um guincho dimensionado em funo das

    solicitaes de trao necessrias para a retirada do trado ao final da escavao.

    Durante a etapa de concretagem, quem recebe a mangueira de concreto

    proveniente da bomba.

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    Figura 2.6 Modelo de equipamento utilizado no Brasil (FUNESP, 2001; apud

    ALMEIDA NETO, 2002).

    No Brasil, estes equipamentos so classificados em trs grupos em funo de

    suas caractersticas. Nestas caractersticas, esto a capacidade executiva

    (principalmente relacionado ao torque) e trao imposta pelo equipamento quando

    da retirado do trado cheia de solo entre as ps da hlice aps o final da perfurao e

    durante a concretagem.

    Tabela 2.1 Caractersticas dos equipamentos (PENNA et al., 1999).

    GRUPO 1 GRUPO 2 GRUPO 3

    Torque (kN.m) 30 80-100 150-250Dimetro Mximo (mm) 425 800 1200

    Comprimento Mximo (m) 15 23 28

    Trao (kN) 60-100 150-300 400-700

    Peso do Conjunto (kN) 200 400 650-800

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    Com a evoluo crescente dos equipamentos ao longo dos ltimos anos, os

    torques foram aumentados, permitindo assim a utilizao de hlices com dimetros

    maiores e escavao em camadas de solos mais resistentes (SPT acima de 50).

    A capacidade de trao do equipamento quem determina a maior ou menor

    facilidade de retirada do trado durante a etapa da concretagem, processo que exige

    grandes esforos, devido principalmente ao seu atrito com o solo, peso do material

    entre as ps da hlice, peso prprio e ainda ao concreto no interior da haste.

    A geometria do trado deve ser estabelecida em funo do tipo de solo a ser

    perfurado, do tipo e inclinao da lmina de corte acoplada em sua ponta, do passo

    da hlice e da inclinao em relao vertical. Estas caractersticas vo influenciar

    na velocidade de perfurao, na capacidade de atravessar camadas resistentes e na

    quantidade de solo retirado durante a descida do trado (PENNA et al., 1999).

    2.4 CONTROLE DE EXECUO

    A estaca hlice contnua monitorada na execuo por meio de um sistema

    computadorizado especfico. Existem diversos equipamentos para o monitoramento,

    mas o comumente utilizado no pas o aparelho chamado Taracord. Estes

    equipamentos fornecem os seguintes dados durante a execuo da estaca:profundidade, tempo, inclinao da torre, velocidade de penetrao do trado,

    velocidade de rotao do trado, torque, velocidade de retirada (extrao) da hlice,

    volume de concreto lanado, e presso do concreto. As Figuras 2.7a mostra modelo

    deste aparelho com informaes no momento da perfurao e a Figura 2.7b

    apresenta algumas informaes durante a concretagem. Ao final da execuo da

    estaca, o sistema emite uma folha de controle com os referidos dados. Esta folha

    pode ser armazenada em carto de memria e, posteriormente, transferida para um

    computador no escritrio, ou impressa no prprio local da obra com o uso de umaimpressora de campo ligada ao equipamento por meio de interface paralela. A

    Figura 2.7c apresenta um modelo desta folha de rosto.

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    (a) (b)

    Figura 2.7 Modelo de equipamento utilizado para a monitorao eletrnica. a) com

    informaes no momento da perfurao de uma estaca da obra; b) com informaes

    durante a concretagem de uma estaca da obra.

    Figura 2.7c Folha de rosto com as informaes da perfurao e concretagem da

    estaca (ALMEIDA NETO, 2002)

    Apesar do monitoramento fornecer o valor do sobre-consumo de concreto e a

    variao da seo ao longo da profundidade, a preciso e a confiabilidade destes

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    pode ser discutvel. Imprecises e inconsistncias nos dados fornecidos pelo

    monitoramento podem ocorrer, por diversos motivos, dentre eles: sistema de

    monitoramento avariado ou no calibrado de forma correta, danos nos sensores,

    bombas com muito uso ou sem manuteno (causando menor eficincia e

    conduzindo, geralmente, a erros de medida de volume de concreto e, por

    conseqncia, de presso de injeo), medidores mal ou no calibrados e defeito

    nos cabos de transmisso de dados, entre outros (ALMEIDA NETO, 2002).

    A preciso no valor de sobre-consumo ou subconsumo de concreto depende

    da preciso do volume medido. O volume de concreto fornecido por um transdutor

    de presso que informa o volume de concreto por bombeada, ou seja, a cada pico

    de presso. A medida correta do volume de concreto muito importante, pois

    atravs dela e por meio de correlaes, possvel determinar se o fuste da estacaesta ntegro, ou se est havendo seccionamento.

    2.4.1 Controle do desempenho

    A tcnica de fundaes acompanha o homem desde a Pr-histria e uma das

    grandes preocupaes da Engenharia Geotcnica, j h muitos anos, a avaliao

    da segurana em obras com fundao profunda, mesmo aceitando-se atualmente aidia de que a questo da segurana e da confiabilidade de obras geotcnicas pode

    sofrer, em geral, mais influncia do processo executivo do que propriamente da fase

    de projeto. Portanto, o controle da qualidade na execuo essencial para garantir

    uma perfeita transmisso de carga da superestrutura para o solo.

    Segundo Niyama et al. (1996), existe um conjunto de procedimentos e

    tcnicas com objetivo de verificar o desempenho de uma fundao, tais como: as

    provas de carga estticas (de carregamento lento slow maintained load test ou

    SML, a uma velocidade de recalque constante constant rate of penetration testouCRP, rpido em estgio quick maintained load test ou QML, em ciclos de carga e

    descarga cyclic load test ou CLT e cclico swedish cyclic test ou SCT), prova de

    carga dinmica, nega e repique, statnamice clulas expansivas. A norma brasileira

    para fundao profunda adota em igualdade de condies os ensaios SML e QML.

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    No caso especfico para estacas, as normas tcnicas da ABNT para estes

    ensaios englobam: Estacas prova de carga esttica, NBR-12131/91 e Estacas

    ensaio de carregamento dinmico, NBR-13208/94.

    A NBR-6122 Projetos e Execuo de Fundaes (ABNT, 1996), em seu

    item 7.8.3.6.2, recomenda a verificao da capacidade de carga durante a execuo

    das fundaes e, para isso, existem os mtodos estticos (prova de carga esttica)

    e os ensaios de carregamento dinmico, analisando os dados da instrumentao de

    uma seo da estaca (FO, 2001) durante a sua execuo.

    A prova de carga o mtodo mais indicado para prever o comportamento real

    da estaca submetida aos esforos solicitantes. A NBR-6122 (ABNT, 1996)

    recomenda a utilizao de um fator de segurana mnimo igual a 1,6 para o clculo

    da carga admissvel, quando se realiza um nmero de prova de carga adequado emuma obra, enquanto que este valor sobe para 2,0 se no forem realizadas provas de

    carga. A norma recomenda que as provas de carga estticas devem ser executadas

    em nmero de 1% do conjunto de estacas de mesmas caractersticas, respeitando-

    se o mnimo de uma prova de carga, e 3% para os ensaios de carregamento

    dinmico, respeitando-se o mnimo de trs.

    A prova de carga esttica, de maneira geral, representa melhor a forma do

    carregamento real sobre a estaca. Entretanto, este mtodo exige um grande sistema

    de reao, o que pode onerar sobremaneira a sua execuo. Por isso, e em acordocom a norma brasileira, o tipo de ensaio de carregamento dinmico o mais

    utilizado no Brasil (MAGALHES, 2005).

    2.4.1.1Prova de carga esttica

    O ensaio de carregamento esttico uma metodologia bem definida e seu

    principal objetivo observar o comportamento da fundao para nveis de cargacrescente, at o limite de carga ou completa ruptura do sistema estaca-solo.

    Alonso (2000a) chama ateno sobre a opinio de alguns autores sobre a

    questo da prova de carga esttica ser o nico ensaio que reproduz as condies de

    trabalho de uma estaca, pois os ensaios dinmicos no prescindiro de correlaes.

    Existem diversas mtodos para o ensaio de carregamento esttico, que

    conduzem a diferentes resultados de capacidade de carga esttica, mas aborda-se,

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    de maneira resumida, apenas o ensaio de carregamento lento, com nico ciclo de

    carga e descarga, conforme prescrio da NBR-12131 Estacas: Prova de Carga

    (ABNT, 1991).

    Nesta modalidade, o sistema estaca solo submetido aplicao de carga

    esttica em estgios crescentes, com incrementos iguais, onde em cada estgio a

    mantida a carga at a estabilizao dos recalques ou por um intervalo mnimo de 30

    minutos. A estabilizao dos recalques ocorre quando a diferena entre as leituras

    no instante t e t/2 resultar em at 5% do deslocamento ocorrido no estgio anterior

    (NBR 12.131 ABNT, 1991). Cada incremento de carga limitado a 20% da carga

    de trabalho prevista em projeto.

    A ruptura do sistema estaca-solo caracterizada quando um pequeno

    acrscimo de carga provoca um grande recalque, denominada carga esttica ltima.

    2.4.1.2 Prova de carga dinmica

    A prova de carga dinmica um ensaio que pretende obter a estimativa da

    capacidade de carga esttica do sistema estaca-solo, a partir da imposio de um

    carregamento dinmico axial sobre o topo da estaca, sendo que a anlise feita

    com base nos princpios da teoria da onda, aplicada cravao ou recravao deestaca, conforme NBR 13208 (ABNT, 1994).

    O ensaio tradicional consiste na aplicao de um ciclo de impactos de energia

    constante no topo da estaca, ou seja, o peso (martelo) caindo de uma mesma altura,

    sobre o sistema de amortecimento instalado no topo da estaca. Mais tarde, em

    1989, Aoki desenvolveu uma nova metodologia que ficou conhecida como ensaio de

    carregamento dinmico de energia crescente. A altura de queda do peso sobre o

    sistema de amortecimento da estaca crescente e, com auxlio de equipamento

    Pile Driving Analyzer (PDA), so medidos em campo a resistncia estticamobilizada por cada golpe do martelo (RMX) e o deslocamento mximo imposto

    (DMX), na seo onde so instalados os transdutores, determinando assim a curva

    RMX versus DMX, similar curva carga-recalque obtida em uma prova de carga

    esttica (FO, 2001).

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    Para a estaca hlice contnua, o ensaio dinmico realizado aps a sua

    concretagem. No topo da estaca concreta-se um bloco de coroamento, que receber

    os golpes do martelo e onde sero instalados os transdutores.

    importante usar um martelo capaz de aplicar uma energia que mobilize o

    mximo possvel da resistncia disponvel do solo. Para estacas moldadas in loco, a

    norma sugere o uso de um pilo com peso equivalente a de 1 % a 1,5% da carga de

    ruptura que se deseja medir. Para fator de segurana mnimo igual a 2,0, isto

    corresponde a de 2% a 3% da carga de trabalho. Por exemplo, estaca para carga de

    trabalho igual a 100 tf, com fator de segurana igual a 2,0 necessrio medir 200 tf.

    O pilo dever ter de 2 a 3 tf. Os martelos utilizados nos ensaios realizados na obra

    foram de 2,50 e 2,85 tf.

    Os registros do equipamento PDA dos ensaios de carregamento dinmico socaptados e analisados por duas ferramentas desenvolvidas para este fim,

    denominados por CASE, por ter sido criado pelo Case Institute of Techonology, e

    CAPWAP (Case Pile Wave Analysis Program). Posteriormente, esta ltima

    ferramenta foi implementada, pela necessidade de analisar estacas cada vez mais

    profundas (acima de 30 metros), originando o CAPWAPC (Case Pile Wave Analysis

    Program Continuous Model) (FO, 2001).

    A instrumentao e ensaio dinmico consistem na avaliao da capacidade

    de carga mobilizada em campo pelo mtodo CASE e, em seguida, faz-se umaavaliao mais acurada, pelo software CAPWAP, que utiliza os sinais de fora e

    velocidade gravados in loco.

    2.5 ASPECTOS RELEVANTES DA EXECUO

    Dentre os diversos aspectos que influem na correta execuo das estacas

    hlice contnua, pode-se destacar, os que seguem (ALMEIDA NETO, 2002):

    2.5.1 Procedimentos prvios execuo das estacas

    Antes do incio da execuo das estacas, necessria a observncia de

    alguns procedimentos importantes. Devido ao tamanho e porte dos equipamentos

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    necessrios para a execuo destas estacas, de vital importncia a avaliao de

    possveis trajetos e itinerrios para acesso ao local da obra e instalaes. Tambm,

    de acessibilidade e deslocamentos da perfuratriz dentro das instalaes da prpria

    obra, e de capacidade de suporte do terreno com relao ao equipamento.

    Deve ser previamente estudada e definida a programao de fornecimento do

    concreto, de maneira a evitar quaisquer atrasos e conseqentes interrupes ou

    impossibilidade da conduo dos trabalhos de concretagem.

    2.5.2 Controle da concretagem

    Este talvez seja o item mais importante para a garantia de qualidade da

    estaca. Ao mesmo tempo o fator que tem causado os maiores problemas emestacas hlice na prtica, no s por dificuldades de se obter um concreto de

    qualidade devido ao processo executivo, mas tambm, em razo do concreto no

    ser de responsabilidade da empresa executora da estaca, e sim da concreteira

    (fornecedora de concreto), que normalmente contratada pela construtora da obra,

    e no pela empresa executora das fundaes.

    A substituio do pedrisco por p de pedra, por exemplo, pode causar perda

    de resistncia da estaca e efeito bucha no concreto durante a concretagem ou at

    mesmo entupimento da mangueira. Um outro aspecto que pode causar perda dedesempenho em estacas hlice contnua, diz respeito etapa de incio ou reincio da

    concretagem, ao trmino do concreto de um caminho e incio do bombeamento de

    concreto de um novo caminho. Pode haver uma subida demasiadamente rpida da

    perfuratriz.

    2.5.3 Presso de injeo

    A presso de injeo do concreto influi na homogeneidade e integridade da

    estaca. A presso normalmente utilizada de 1 a 2 bar (100 a 200 KPa), sendo zero

    para os casos de execuo em camadas de argilas moles ou solos muito fracos.

    Esta presso tambm pode influir na capacidade de carga das estacas.

    Possivelmente, maior presso de injeo leva a um maior confinamento lateral no

    fuste da estaca e a um maior atrito lateral na mesma.

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    2.5.4 Sistema de injeo do concreto

    Para que a estaca seja corretamente executada e produza os padres de

    qualidade e desempenho, conforme previsto em projeto, importante que o sistema

    de injeo de concreto (bomba, mangueira etc.), esteja em perfeito estado de

    funcionamento.

    Antes de comear a primeira estaca do dia posterior, o tubo precisa de

    lubrificao para permitir a fluncia normal do concreto. Para esta lubrificao,

    costuma-se misturar dois sacos de cimento (de 50 kg) em cerca de 200 litros de

    gua (calda de lubrificao) dentro do cocho. Ento, a calda lanada por meio de

    bombeamento, como se a estaca estivesse sendo concretada. Quando toda a calda

    tiver sido lanada fora e se estiver garantido que toda a rede j est com concreto,interrompe-se o lanamento do mesmo, coloca-se a tampa do trado e inicia-se a

    perfurao da estaca. O descumprimento deste procedimento pode comprometer o

    desempenho da estaca.

    2.6 ASPECTOS GEOTCNICOS

    So relacionados a seguir alguns problemas e orientaes importantes na execuode estacas hlice contnua, referentes ao subsolo.

    2.6.1 Solos muito resistentes

    A execuo neste tipo de terreno merece uma ateno especial, pois para

    garantir o comprimento mnimo da estaca, necessrio algumas vezes, aliviar a

    perfurao, ou seja, girar o trado parado para quebrar o atrito e possibilitar o avano.Tal procedimento, na medida em que transporta o solo, provoca desconfinamento do

    terreno e, assim, reduo da capacidade de carga. Este alvio, tambm pode ser

    necessrio, em algumas vezes na extrao da hlice. Na ocorrncia desta situao,

    Penna et al. (1999) recomenda reduzir a carga sobre a estaca do que correr o risco

    de comprometer o trado ao ser forado a penetrar muito na camada resistente.

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    2.6.2 Camada de argila mole confinada

    A execuo em camadas de argilas moles confinadas problemtica em

    relao a um elevado sobre-consumo de concreto e ruptura do solo em razo da

    presso do concreto. Na concretagem, tem de haver um controle rigoroso da subida

    do trado, para garantir o sobre-consumo, e assim, a integridade da estaca. Como o

    solo frgil e o concreto injetado sob presso, o sobre-consumo dever ser

    grande, por ruptura do solo desta camada. Normalmente por estes motivos,

    concreta-se sob presso nula nesta camada (ALMEIDA NETO, 2002).

    2.6.3 Camada de argila mole superficial

    O maior problema, nesta situao, o peso do equipamento que pode ser

    excessivo para a capacidade de suporte do terreno. Em alguns casos, toda esta

    camada retirada atravs de escavao da camada superficial at se atingir uma

    camada de maior capacidade de carga, para suporte do equipamento de execuo

    da estaca.

    Por falta de capacidade de suporte do solo, a concretagem no pode ser feita

    tambm com presso. Normalmente a presso de concretagem para este tipo desolo zero. Por isso, recomenda-se armar a estaca ao longo de toda camada mole.

    Cita-se ainda a possibilidade, do trado hlice contnua, puxar o equipamento

    de execuo para baixo, com a hlice ficando instvel ou at mesmo tombar antes

    da perfurao.

    Com relao execuo da estaca, a concretagem deve ser feita at atingir a

    cota do terreno, pois, caso contrrio, pode haver desmoronamento de solo que pode

    contaminar o concreto da cabea da estaca (ALMEIDA NETO, 2002).

    2.6.4 Camadas de areias puras na regio da ponta

    Em estacas hlice contnua, neste tipo de terreno, deve-se ter cuidado para

    garantir a resistncia de ponta. Para isto, deve-se iniciar a concretagem com giro

    lento do trado, no sentido da introduo do trado, de modo a criar um componente

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    ascendente e evitar a queda de gros de areia. Esse giro deve ser lento para

    minimizar o efeito de transporte, evitando assim, o desconfinamento do solo

    (ALMEIDA NETO, 2002).

    2.7 VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ESTACA HLICE CONTNUA

    No meio tcnico da engenharia de fundaes, nos ltimos anos tem

    aumentado a preocupao com o uso de estacas que diminuam ou, se possvel,

    eliminem as vibraes causadas durante sua execuo, um dos grandes

    inconvenientes relacionado s estacas pr-moldadas.

    2.7.1 Vantagens

    As estacas hlice contnua apresentam (HACHICH, 1996):

    a) Alta produtividade, diminuindo substancialmente o cronograma da obra

    com utilizao de apenas uma equipe de trabalho;

    b) O processo de execuo no provoca distrbios e vibraes tpicos dosequipamentos geralmente utilizados para estacas cravadas, alm da percusso no

    causar descompresso do solo;

    c) grande a variedade de solos em que pode ser utilizada este tipo de

    estaca, inclusive rochas brandas, exceto na presena de mataces e rochas.

    Entretanto, para subsolos para subsolos contendo camadas de areia fofa submersa,

    ser necessrio reavaliar a utilizao deste tipo de estaca;

    d) Podem perfurar solos com SPT acima de 50 e a perfurao no gera

    detritos poludos por lama bentontica, eliminando os inconvenientes relacionados disposio final do material resultante da escavao.

    Outras vantagens apresentadas pela estaca hlice contnua (ALMEIDA

    NETO, 2002):

    a) Execuo monitorada eletronicamente;

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    b) Perfurao sem necessidade de revestimento ou fluido de estabilizao

    (lama bentontica ou polmeros) para conteno do furo, pois o solo fica contido

    entre as ps da hlice;

    c) Podem ser utilizadas na presena de nvel de gua;

    d) A injeo de concreto sob presso garante uma melhor aderncia no

    contato estaca-solo.

    2.7.2 Desvantagens

    Segundo Hachich (1996) e Almeida Neto (2002), as principais desvantagens

    deste tipo de estaca so:

    a) As reas de trabalho devem ser planas e de fcil movimentao, devido ao

    porte dos equipamentos, assim como o solo deve ter capacidade de suportar o peso

    dos equipamentos, durante seu transporte e execuo da estaca;

    b) Devido a sua alta produtividade e do alto volume de concreto demandado

    durante a execuo das estacas, necessria a presena de uma central de

    concreto nas proximidades do local da obra;

    c) Necessidade de um equipamento para a limpeza do material geradodurante a escavao, a exemplo de uma p-carregadeira;

    d) Limitao do comprimento da estaca e armao;

    e) Necessidade de uma quantidade mnima de estacas para compensar o

    custo, normalmente elevado, de mobilizao dos equipamentos. Sua utilizao em

    locais distantes dos centros, onde normalmente estes equipamentos so

    disponveis, tende a elevar ainda mais o custo de transporte do maquinrio. Cabe

    ressaltar que o custo deste tipo de fundao dever ser contextualizado no custo

    total da obra, ou seja, a participao do seu valor no montante total; f) A qualidade na execuo depende da sensibilidade e experincia do

    operador da perfuratriz de execuo da hlice.

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    2.8INVESTIGAO GEOTCNICA

    Qualquer obra de engenharia civil exige um conhecimento mnimo de

    mecnica dos solos. Para a elaborao de projetos de fundaes, necessrio

    conhecer as diversas camadas do subsolo e determinar as suas propriedades

    mecnicas. A obteno destas propriedades pode ser feita atravs de ensaios de

    laboratrio ou de campo. Na prtica, entretanto, h predominncia quase que total

    dos ensaios in situ, ficando a investigao laboratorial restrita a outros projetos que

    no os de fundaes ou, ento, tendo o objetivo de complementarem informaes

    obtidas no campo. Existem vrios ensaios de campo, dentre os quais esto citados

    aqueles que esto relacionados com a resistncia dos solos:

    - O Standard Penetration Test SPT;

    - O Standard Penetration Test com medidas de torque SPT-T;

    - O ensaio de penetrao de cone CPT;

    - O ensaio de palheta Vane Test;

    O SPT, tambm chamado de sondagem a percusso ou de simples

    reconhecimento, sem dvida, o ensaio mais realizado na grande maioria dos

    pases, inclusive no Brasil. Ressalta-se que nos ltimos anos a tendncia substitu-lo pelo SPT-T, que tem relativamente o mesmo custo e mais completo (HACHICH,

    1996), por que alm da medida dinmica (N), obtm-se tambm uma medida

    esttica (o torque pode ser utilizado para aferir a resistncia esttica de atrito

    lateral), alm de eliminar grande parte dos erros do ensaio tradicional SPT,

    decorrentes de fatores tais como o peso da massa cadente, atrito das hastes, altura

    de queda do martelo, contagem do nmero de golpes, peso e rigidez das hastes,

    estado do amostrador, tipo de corda, etc. (PRESA, 1997).

    Este trabalho apresenta apenas a descrio do SPT, tendo em vista que foieste o ensaio utilizado na obra em estudo para o dimensionamento das fundaes,

    alm dos resultados de prova de carga dinmica.

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    2.8.1 Sondagem de simples reconhecimento com SPT

    Este ensaio normatizado no Brasil pela NBR-6484 (ABNT, 2001), que

    consiste basicamente na cravao do amostrador padro no solo, atravs de queda

    livre de um martelo de 65 kg, caindo de uma altura de 75 cm. As caractersticas do

    amostrador esto especificadas na referida norma.

    Previamente execuo das sondagens, determina-se em planta, no terreno

    a ser investigado, a posio dos furos que sero perfurados. A NBR 8036 (ABNT,

    1983) determina como deve ser realizada a programao das sondagens de simples

    reconhecimento para fundaes de edifcios. Nestes casos, procura-se dispor os

    furos nos limites de projeo do edifcio, com distancia de 15 a 30 metros e no

    alinhados. Nas investigaes preliminares de reas extensas para estudo deviabilidade, a distncia entre os furos de 50 a 100m e quando da definio do

    projeto, a investigao deve ser complementada, conforme mencionado

    anteriormente (HACHICH,1996).

    Para iniciar uma sondagem, monta-se sobre o terreno, no ponto onde esto

    locados os furos, um cavalete de quatro pernas; em seu topo montado um

    conjunto de roldanas, por onde passa uma corda, geralmente de sisal. Este conjunto

    auxiliar no manuseio e levantamento do peso, como pode ser observado na

    Figura 2.8.

    Figura 2.8 Sondagem de simples reconhecimento a percusso SPT.

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    Com o auxilio de um trado cavadeira, perfura-se o terreno at a

    profundidade de 1m para o comeo da penetrao dinmica. Atravs de sucessivas

    quedas do martelo, penetra-se 45 cm do amostrador, sendo anotado o nmero de

    golpes para cada avano de 15 cm (NBR- 6484, ABNT, 2001). A soma do nmero

    de golpes necessrios para a penetrao dos primeiros 30 cm conhecido como Ni

    (SPT inicial) e a soma para os ltimos 30 cm o Nf (SPT final) ou N, como

    denominado (GEOMEC, 2008).

    Segundo Hachich (1996), a sondagem percusso um procedimento

    geotcnico de campo, capaz de amostrar o solo e, quando associado ao ensaio de

    penetrao dinmica (SPT), mede a resistncia do solo ao longo da profundidade

    perfurada, portanto, ao realizar este ensaio, pretende-se conhecer:

    - O tipo de solo atravessado, a partir da retirada de uma amostra de solo

    deformada, a cada metro de perfurao

    - A espessura de cada camada

    - A resistncia (N) oferecida pelo solo cravao do amostrador padro, a

    cada metro perfurado e

    - A posio do nvel ou dos nveis dgua, quando encontrados durante e

    perfurao.

    Estas informaes so necessrias para o clculo da tenso admissvel do

    solo, escolha do tipo de fundao a ser adotada, cota de assentamento do elemento

    de fundao, dimensionamento da fundao, estimativa da capacidade de carga e

    recalque da fundao no solo.

    2.9 ELEMENTOS PARA O DIMENSIONAMENTO DE FUNDAES EM ESTACA

    A determinao da capacidade axial de suporte de fundaes pode ser

    realizada por mtodos analticos (diretos e indiretos), que so baseados nas

    propriedades do solo obtidas atravs de ensaios de laboratrio ou campo (in situ),

    por mtodos dinmicos e, por ltimo, baseados em resultados de prova de carga

    (ANJOS, 2006).

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    O comprimento e dimetro das estacas so determinados, levando-se em

    considerao um conjunto de informaes: carga nos pilares, resultados obtidos na

    sondagem a percusso e clculo da carga de ruptura da fundao no solo. Na fase

    de projeto, o clculo das cargas de ruptura e admissvel pode ser feito utilizando-se

    diversos mtodos de capacidade de carga, que podem ser tericos ou semi-

    empricos (estes so muito utilizados na engenharia) e que foram desenvolvidos em

    funo do tipo e execuo das estacas (cravadas ou escavadas).

    Os clculos e previses realizados em fase de projeto, para dimensionamento

    de fundaes profundas, devero ser confirmados com a realizao de provas de

    carga no local da obra.

    De acordo com Hachich (1996), embora as estacas hlice contnua sejam

    executadas por meio de escavao do terreno, os resultados das provas de cargatm mostrado que o seu comportamento est mais prximo das previses feitas

    para estacas cravadas.

    A profundidade mxima exeqvel da hlice e a distncia mnima at a divisa

    do terreno vizinho dependem, basicamente, do equipamento a ser utilizado.

    Na Tabela 2.2, esto os valores das cargas usuais utilizadas no

    dimensionamento, suportadas pelo concreto da estaca, em funo do dimetro

    externo da hlice.

    Tabela 2.2 Carga mxima estrutural do concreto no dimensionamento da estaca

    hlice contnua (HACHICH, 1996)

    Dimetro da Hlice

    (mm)

    Cargas Usuais

    (kN)

    Dimetro Interno Haste

    (mm)

    275 250-350 100

    350 350-500 100

    400 500-650 100

    425 550-700 100500 700-1000 100

    600 1100-1400 100

    700 1550-1900 100

    800 2000-2500 150

    900 2550-3100 150

    1000 3150-3900 150

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    A carga admissvel estrutural indicada a mxima carga que a estaca poder

    resistir, visto que corresponde resistncia estrutural do material da mesma.

    Entretanto, h necessidade de dotar a estaca de um procedimento tal para que essa

    carga possa ser atingida sob o ponto de vista do contato estaca-solo. Esse

    procedimento constitui o que se denomina previso de capacidade de carga.

    A capacidade de carga das estacas dada pela soma das parcelas de atrito

    lateral e de ponta (Figura 2.9), que dependem do tipo de terreno, do dimetro e do

    comprimento da estaca.

    pllt PPP +=

    Sendo:

    ltP = Carga de Ruptura ou Capacidade de Carga;

    lP = Parcela transmitida por atrito lateral ao longo do fuste (PL);

    pP = Parcela transmitida pela ponta (PP).

    Figura 2.9 Esquema das parcelas de atrito lateral e resistncia de ponta para a

    previso da capacidade de carga da estaca.

    Em resumo, pode-se afirmar que:

    - O desempenho das estacas hlice contnua bastante influenciado pela

    percia do operador do equipamento de execuo

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    - Na prtica tm-se verificado maiores problemas em relao ao controle e

    qualidade na execuo das estacas, do que problemas relacionados ao

    dimensionamento em projetos.

    - A estaca hlice contnua apresenta-se como uma excelente soluo em

    fundao para uma grande variedade de obras, tendo em vista, principalmente, sua

    alta produtividade, elevada capacidade de carga e ausncia de vibraes durante a

    execuo.

    Para a previso da capacidade de carga de estacas do tipo hlice contnua,

    existem mtodos tradicionais e vrios mtodos especificamente propostos para essa

    estaca, como sero vistos a seguir.

    2.10 MTODOS SEMI-EMPRICOS PARA A PREVISO DA CAPACIDADE DE

    CARGA

    Pesquisadores, em todo o mundo, tentam correlacionar equaes que

    possuem relaes diretas com mtodos prticos (provas de carga), que variam

    principalmente de acordo com o tipo de investigao geotcnica, assim como o solo

    encontrado em cada regio, gerando assim, mtodos semi-empricos de previso decapacidade de carga. Os mtodos tradicionais e especficos para as estacas hlice

    contnua so descritos a seguir.

    2.10.1 Mtodos tradicionais para a previso da capacidade de carga em

    estacas

    Os mtodos tradicionais mais utilizados no Brasil so os propostos por Aoki &Velloso (1975) e Dcourt & Quaresma (1978).

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    2.10.1.1 Mtodo de Aoki & Velloso (1975)

    Os autores apresentaram um mtodo para o clculo da capacidade de carga

    ltima em estacas a partir dos dados obtidos com os resultados dos ensaios CPT.

    Posteriormente, as frmulas foram adaptadas para o ensaio de SPT, que so os

    mais utilizados em nosso pas.

    O mtodo leva em considerao o tipo de solo e estaca analisados.

    Parcela do atrito lateral

    =n

    nnAAl LNKDP

    1

    .....

    Onde:

    AK e A = coeficientes tabelados que variam em funo do tipo de solo (Tabela 2.3);

    nN = nmero de golpes de SPT de cada camada;

    nL = comprimento de cada camada;

    D= dimetro da estaca;n = nmero de camadas.

    Parcela da ponta

    APAp KN

    DP .

    4

    . 2

    =

    Onde:

    AK = coeficiente tabelado que varia em funo do tipo de solo (Tabela 2.3);

    PAN = nmero de golpes SPT da camada de apoio da ponta da estava;

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    Tabela 2.3 Coeficientes AK e A (Aoki & Velloso, 1975).

    Tipo de Solo AK

    (kPa)

    A

    (%)Areia 1000 1,4Areia siltosa 800 2,0Areia silto-arenosa 700 2,4Areia argilosa 600 3,0Areia argilo-siltosa 500 2,8Silte 400 3,0Silte arenoso 550 2,2Silte areno-argiloso 450 2,8Silte argiloso 230 3,4Silte argilo-arenoso 250 3,0Argila 200 6,0Argila arenosa 350 2,4Argila areno-siltosa 300 2,8Argila siltosa 220 4,0Argila silto-arenosa 330 3,0

    Os autores consideraram os coeficientes 1F e 2F que foram definidos para

    ponderar as diferenas entre o comportamento do cone (modelo) e a estaca

    (prottipo). Esto definidos na Tabela 2.4 os valores dos coeficientes de

    transformao, 1F e 2F , em funo do tipo de estaca.

    A carga ltima, portanto, obtida pela resistncia de ponta ( pP ) e pelo atrito

    lateral ( lP ) divididos pelos coeficientes 1F e 2F , respectivamente, conforme

    expresso abaixo:

    21 F

    P

    F

    PP l

    p

    lt +=

    Adotando-se fator de segurana igual a 2, a carga admissvel ( admP ) dadapela seguinte expresso:

    2

    lt

    adm

    PP =

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    Tabela 2.4 Coeficientes de transformao 1F e 2F (Aoki e Velloso, 1975).

    Tipo de estaca 1F 2F Franki 2,5 5,0Pr-moldada 1,75 3,5

    Metlica 1,75 3,5Escavada 3,0 6,0

    A primeira proposio destes autores foi 1F=3,5 e 2F =7,0, para as estacas

    escavadas com lama bentontica, porm, os valores 1F=3,0 e 2F =6,0 consolidaram-

    se e so utilizados at hoje (MAGALHES, 2005).

    Vale ressaltar que este mtodo emprico foi proposto h mais de 30 anos,

    sendo desenvolvido em uma determinada rea geotcnica, portanto, sua utilizao

    em outras regies requer bastante cuidado, com objetivo de se obter maiorconfiabilidade nos resultados. Alm disso, o mtodo foi desenvolvido para ser

    utilizado no estudo de estacas Franki, pr-moldada, metlicas e escavadas.

    2.10.1.2 Mtodo de Dcourt & Quaresma (1978)

    Dcourt & Quaresma (1978) apresentaram um mtodo de previso da carga

    ltima em estacas com base nos resultados do ensaio de SPT. Este mtodo foi

    proposta inicialmente para avaliao de estacas de deslocamento, mas

    posteriormente foi adaptado para utilizao em outros tipos de estacas. Mais

    recentemente foi adequado aos resultados do ensaio de SPT-T (sondagem

    percusso com medida de torque).

    A carga de ruptura resultado da soma das parcelas de atrito lateral e de ponta

    da estaca.

    Parcela do atrito lateral

    1013

    ..

    +=

    l

    l

    NLDP (kPa)

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    Onde:

    D= dimetro da estaca (m);

    L = comprimento da estaca (m);

    lN = mdia dos valores de N ao longo do fuste, exceto o da camada da ponta e doprimeiro metro da superfcie.

    Parcela da ponta

    ( )PDp

    NCD

    P .4

    .=

    Onde:

    C= coeficiente tabelado que depende do tipo de solo (Tabela 2.5);

    PDN = mdia do nmero de golpes do ensaio SPT na camada da ponta da estaca,

    imediatamente acima, imediatamente abaixo desta.

    Tabela 2.5 Valores de Cem funo do tipo de solo (DCOURT & QUARESMA,

    1978)

    Tipo de solo Valores de C

    (kPa)Argila 120Siltes argilosos 200Siltes arenosos 250Areias 400

    Para este mtodo, quando o nmero de golpes for inferior a 3, adotar-se- 3

    como valor mnimo, e 50 para o SPT que ultrapassar este valor.

    2.10.2 Mtodos especficos para a previso da capacidade de carga em estacas

    hlice contnua

    Abaixo alguns mtodos que foram desenvolvidos especificamente, ou

    tambm so aplicveis, para a previso da capacidade de carga em estaca hlice

    contnua.

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    2.10.2.1 Mtodo de Dcourt & Quaresma (1978) modificado por Dcourt et al.

    (1996)

    O mtodo originalmente proposto por Dcourt & Quaresma (1978), foi

    desenvolvido para utilizao em estaca padro. Dcourt et al. (1996) sugeriu a

    introduo de dois coeficientes para correo da reao de ponta e a parcela do

    atrito lateral, para diferentes tipos de solos, e possibilitar assim, a anlise de outros

    tipos de fundaes.

    Com a introduo dos coeficientes, a frmula para o clculo da carga ltima,

    conforme a seguir:

    ( ) 1013

    ....4.

    2

    ++= lDPDDlt NLDNCDP (kPa)

    Os valores de D e D para os diversos tipos de estacas e para os diferentes

    tipos de solos, esto definidos na Tabela 2.6.

    Tabela 2.6 Valores dos coeficientes D e D em funo do tipo de solo e do tipo

    de estaca (HACHICH et al., 1996).

    Tipo de estacaTipo de Solo Escavada

    em geralEscavada(bentonita)

    HliceContnua

    Injetada(Raiz)

    Injetada(Sob presso)

    Valores tpicos de D Argilas 0,85 0,85 0,30* 0,80* 1,00*Siltes 0,60 0,60 0,30* 0,65* 1,00*Areias 0,50 0,50 0,30* 0,50* 1,00*

    Valores tpicos de D Argilas 0,80* 0,90* 1,00* 1,50* 3,00*

    Siltes 0,65* 0,75* 1,00* 1,50* 3,00*Areias 0,50* 0,50* 1,00* 1,50* 3,00*

    * Valores para orientao devido ao reduzido nmero de dados disponveis.

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    2.10.2.2 Mtodo de Antunes & Cabral (1996)

    Os autores propem um mtodo de previso da capacidade de carga em

    estacas hlice contnua a partir dos resultados do ensaio SPT, com base em

    informaes obtidas em nove provas de carga estticas realizadas em estacas com

    dimetro de 35, 50 e 75 cm; fazendo uma comparao entre 2 (dois) mtodos semi-

    empricos tradicionais, Dcourt & Quaresma (1978) e Aoki & Velloso (1975).

    A partir do ensaio de SPT, os autores propuseram as seguintes correlaes:

    +=

    4

    .......

    2

    21

    DNLDNPlt

    N.1 e N.2 em kPa

    N.2 4.000 kPa

    Onde:

    D= dimetro da estaca;

    L = comprimento da estaca;

    N= ndice de resistncia penetrao do ensaio SPT;

    ltP = carga ltima da estaca;

    1 e 2 = parmetros para o clculo do atrito lateral e da resistncia de ponta,

    respectivamente, que dependem do tipo de solo (Tabela 2.7).

    Tabela 2.7 Parmetros 1 e 2 (ANTUNES & CABRAL, 1996).

    Solo 1 (%) 2

    Areia 4,0 a 5,0 2,0 a 2,5

    Silte 2,5 a 3,5 1,0 a 2,0Argila 2,0 a 3,5 1,0 a 1,5

    2.10.2.3 Mtodo de Alonso (1996)

    Mtodo semi-emprico desenvolvido para a previso da capacidade de carga

    ltima em estacas hlice contnua, utilizando os resultados do ensaio SPT-T,

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    proposto inicialmente, em 1996, para a Bacia Sedimentar Terciria da cidade de So

    Paulo, posteriormente reavaliado (2000) para duas novas regies geotcnicas,

    formao Guabirotuba e os solos da cidade de Serra-ES.

    Para a determinao do atrito lateral na carga ltima, Alonso (1996)

    correlaciona o atrito lateral sf e a carga de ponta, com os valores de mxT e mnT ,

    obtidos nos resultados do ensaio SPT-T.

    A carga ltima definida atravs da seguinte expresso:

    Parcela do atrito lateral