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Manual do Formando FIF – Formação Inicial de Formadores Elisete Martins – Paula Campos – Maria José Costa Recurso desenvolvido no âmbito da medida 4.2.2.2 do POEFDS. Programa co-financiado por:

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Manual do Formando FIF Formao Inicial de Formadores El i sete Mart i ns Paul a Campos Mari a JosCosta Recurso desenvolvido no mbito da medida 4.2.2.2 do POEFDS. Programa co-financiado por:

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 2 FI CHATCNI CA Manual do Formando Formao Inicial de Formadores Elisete Martins Paula Campos Maria Jos Costa Seco de E-Learning Formao e Educao Verso - 01 ISLA de Bragana Gabinete de Formao Depsito Legal 000 000/00 ISBN 000-00-0000-0 MDULO 1..................................................................................................................5 1. O FORMADOR FACE AOS SISTEMAS E CONTEXTOS DE FORMAO.........................................5 CONCEITOS ............................................................................................................................................6 LEGISLAO DE ENQUADRAMENTO...................................................................................................6 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................16 MDULO 2................................................................................................................17 SIMULAO INICIAL.............................................................................................................................17 TCNICA DA AUTOSCOPIA..................................................................................................................18 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................26 MDULO 3................................................................................................................27 CONCEITO DE APRENDIZAGEM.........................................................................................................28 PROCESSO DE APRENDIZAGEM NOS ADULTOS.............................................................................30 MODELOS E TIPOS DE APRENDIZAGEM...........................................................................................32 FACTORES FACILITADORES DA APRENDIZAGEM...........................................................................37 SNTESE ................................................................................................................................................41 BIBLIOGRAFIA.......................................................................................................................................42 ANEXOS.................................................................................................................................................43 MDULO 4................................................................................................................45 CONCEITOS ..........................................................................................................................................46 COMUNICAO....................................................................................................................................48 A GESTO DO ESPAO FORMATIVO E DE COMUNICAO............................................................65 GERIR RELAES INTERPESSOAIS..................................................................................................67 RELAO PEDAGGICA .....................................................................................................................69 GRUPO...................................................................................................................................................70 O CONFLITO..........................................................................................................................................75 LIDERANA...........................................................................................................................................78 MOTIVAO..........................................................................................................................................79 BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................................105 MDULO 5..............................................................................................................107 A FORMAO E O MTODO PEDAGGICO.....................................................................................108 MTODOS PEDAGGICOS................................................................................................................110 TCNICAS PEDAGGICAS................................................................................................................115 BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................................125

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 4 UNIDADE 6 .............................................................................................................127 CONCEITO DE OBJECTIVO E SEUS NVEIS DE DEFINIO...........................................................127 FORMULAO DOS OBJECTIVOS PEDAGGICOS........................................................................131 DOMINIOS DO COMPORTAMENTO HUMANO..................................................................................135 SNTESE ..............................................................................................................................................136 BIBLIOGRAFIA:....................................................................................................................................143 ANEXOS...............................................................................................................................................144 OBJECTIVOS PEDAGGICOS...........................................................................................................145 MDULO 7..............................................................................................................147 CONCEITOS ........................................................................................................................................148 FINALIDADES DA AVALIAO...........................................................................................................151 OBJECTIVOS DA AVALIAO............................................................................................................151 A AVALIAO COMO PROCESSO SISTMICO, CONTNUO E INTEGRAL.....................................152 A SUBJECTIVIDADE DA AVALIAO ................................................................................................153 FICHA DE OBSERVAO...................................................................................................................156 BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................................172 UNIDADE 8 .............................................................................................................173 MEIOS AUDIOVISUAIS........................................................................................................................174 CONCEITOS DE UTILIZAO DOS MEIOS AUDIOVISUAIS.............................................................176 MDULO 9..............................................................................................................195 CONCEITOS ........................................................................................................................................196 PLANIFICAO DA FORMAO........................................................................................................197 ACOMPANHAMENTO E AVALIAO DA FORMAO.....................................................................203 BIBLIOGRAFIA.....................................................................................................................................204 MDULO 10............................................................................................................205 CONCEITOS ........................................................................................................................................205 PLANIFICAO DA FORMAO........................................................................................................206

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 5 MDULO 1 1. O FORMADOR FACE AOS SISTEMAS E CONTEXTOS DE FORMAO Objectivos O formando, futuro formador, dever conhecer a Legislao especfica em vigor no mbito de formao inserida no mercado do trabalho. O formando, dever ser capaz de situar o papel da certificao e o seu grau de importncia nas aces de formao. O formando, dever conhecer a validade do CAP e as formas de obter a sua renovao O formando, dever identificar as componentes da formao, os nveis de formao e as modalidades de formao. O formando, dever conhecer o sistema de acreditao das entidades e o papel do IQF O formando dever Identificar o contributo do perfil do formador nos domnios tcnico e personalidade para a eficcia pedaggica. O formador dever reunir competncias a nvel humano, pedaggico e a nvel tcnico profissional | Tpicos - LEGISLAO DE ENQUADRAMENTO - CERTIFICAO PROFISSIONAL - RENOVAO PROFISSIONAL - SISTEMAS DE FORMAO - SISTEMAS DE ACREDITAO - O PERFIL DO FORMADOR - O FORMADOR COMO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM - BIBLIOGRAFIA

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 6 CONCEITOS | Tpicos 1.1.1.1 Conceito de Formador 1.1.1.2 Tipos de Formadores 1.1.1.3 Requisitos 1.1.1.4 Direitos do Formador 1.1.1.5 Certificao 1.1.1.6 Renovao do CAP 1.1.1.7 Formao Profissional Inicial 1.1.1.8 Formao Profissional Contnua 1.1.1.9 Plano Nacional de Emprego 1.1.1.10 Redes Regionais para o Emprego 1.1.1.11 O Sistema de Acreditao das Entidades, O Papel do IQF 1.1.1.12 Temas para Reflexo (Ensino/Formao) 1.1.1.13 Personalidade 1.1.1.14 Funes Especficas do Formador 1.1.1.15 O Formador como Facilitador da Aprendizagem LEGISLAO DE ENQUADRAMENTO Fonte: Certificao de Formadores, SNCP Decretos que regulamentaram o exerccio de actividade do formador no mbito da formao inserida no mercado de emprego: Decreto regulamentar n.66/94, de 18 de Novembro; Decretos-Leis n.401/91 e 405/91 ambos de 16 de Outubro. 1.1.1.1 - Art.2 - Conceito de Formador 1.Paraefeitos do presente diploma, entende-se por formador o profissional que,na realizao de uma aco de formao, estabelece uma relao pedaggica com os formandos, favorecendo a aquisio de conhecimentos e competncias, bem como o desenvolvimento de atitudes e formas de comportamento, adequados ao desempenho profissional.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 7 2.Oformadordevereunirodomniotcnicoactualizadorelativoreadeformaoemque especialista,odomniodosmtodosedastcnicaspedaggicasadequadasaotipoeaonvel deformaoquedesenvolve,bemcomocompetnciasnareadecomunicaoque proporcionam ambiente facilitador do processo de ensino/aprendizagem. 1.1.1.2 - Art.3 Tipos de Formadores 1.Ostiposdeformadorespodemdistinguir-seemfunodoregimedeocupao,donvelde formao que desenvolvem e da componente de formao que desenvolvem. 2.Relativamenteaoregimedeocupao,osformadorespodemserpermanentesoueventuais, consoantedesempenhemasfunesdoformadorcomaactividadeprincipaloucomcarcter secundrio ou ocasional. 3.Relativamente,aovnculo,osformadorespodemserinternos,quandotenhamvnculolaboral com a entidade formadora ou beneficiria, ou externos nos demais casos. 1.1.1.3 - Art.4 Requisitos 1.Constituem requisitos para o exerccio da actividade de formador: a)Preparaopsicossocialqueenvolve,designadamente,oespritodecooperaoea capacidadedecomunicao,relacionamentoeadequaoscaractersticasdopblico-alvo,deformaaprosseguircomeficciaafunocultural,socialeeconmicada formao; b)Formao cientfica, tcnica, tecnolgicae prtica que implica a posse dequalificao de nveligualousuperioraonveldesadadosformandosnosdomniosemqueenvolvea formao; c)Preparaoouformaopedaggica,certificadanostermosdalei,adaptadaaonvele contexto em que se desenvolve a aco de formao. 1.1.1.4 - Art. 7 - Direitos do Formador 1.So, nomeadamente, direitos do formador: d)Fixarosobjectivosdasuaprestaoeametodologiapedaggicaautilizar,tendoem consideraoodiagnsticodepartida,osobjectivosdaacoeosdestinatriosda mesma, com observncia das orientaes da entidade formadora ou beneficiria; e)Cooperar com a entidade formadora, bem como com os outros intervenientes no processo formativo, no sentido de assegurar a eficcia da aco de formao;

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 8 f)Preparardeformaadequadaeprviacadaacodeformao,tendoemcontaos objectivosdaaco,osseusdestinatrios,ametodologiapedaggicamaisajustada,a estruturao do programa, a preparao de documentao e de suportes pedaggicos de apoio, o plano de sesso e os instrumentos de avaliao, bem como os pontos de situao intercalares que determinam eventuais reajustamentos no desenvolvimento da aco; g)Participarnaconcepotcnicaepedaggicadaaco,adequandoosseus conhecimentostcnicosepedaggicosaocontextoemquesedesenvolveoprocesso formativo; h)Assegurar a reserva de dados e acontecimentos relacionados com o processo formativo e seus intervenientes; i)Zelar pelos meios materiais e tcnicos postos sua disposio; j)Ser assduo e pontual; k)Cumprir a legislao e os regulamentos aplicveis formao; l)Avaliar cada aco de formao e, globalmente, cada processo formativo, em funo dos objectivos fixados e do nvel de adequao conseguido. 2.Oformador,enquantoelementodeterminanteparaoxitodaacoformativa,submetidoa avaliao, tantono mbitoda sua competncia tcnicoprofissional como no seu contributo para a criao de um clima de confiana e compreenso mtuas entre os intervenientes no processo formativo. CERTIFICAO PROFISSIONAL ACertificaodeAptidoPedaggicadeFormadoresobrigatriaparatodososformadoresque intervm em aces de formao. A sua obteno pode ocorrer: Atravs da frequncia do Curso de Formao de Formadores homologado pelo IEFP; CertificadodeFrequncia,comaproveitamentodecursodeformaoprofissionalqueintegre uma componente pedaggica, homologado pelo IEFP; Ttuloprofissionaloudiplomadeformador,obtidoempasescomunitriosoupasesterceiros, relativo actividade de formador, reconhecido pelo IEFP; Licenciatura via ensino ou posse de diploma ou certificado de profissionalizao, para os ensinos bsico e secundrio do Sistema Formal de Ensino; Certificadodehabilitaesdecursosuperiorcujoplanocurricularintegredisciplinascom correspondnciaaoscontedosprogramticospreconizadosparaaformaopedaggicade formadores; Integraonosquadrosdacarreiradedocenteuniversitria,oquenoabrangeoassistente estagirio;

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 9 Certificadodefrequnciacomaproveitamento,obtidoat1deJaneirode1998,emcursode formao pedaggica ministrado por entidade cuja idoneidade seja reconhecida pelo IEFP, com durao mnima de 60 horas, que inclua a prtica simulada da funo de formador e contedos programticos do tipo: -O formador e o contexto em que se desenvolve a formao; -Factores e processos de aprendizagem; -Mtodos e tcnicas pedaggicas; -Relao pedaggica e animao de grupos em formao; -Os recursos didcticos na formao; -Definio e objectivos da formao; -A avaliao da aprendizagem; -A planificao de sesses de formao; -Avaliao da eficincia e eficcia da formao. Certificado de frequncia com aproveitamento, obtido at 1 de Janeiro de 1998, de curso de formao profissional, ministrado por entidade cuja idoneidade seja reconhecida pelo IEFP, que integre uma componente pedaggica com uma durao mnima de 60 horas e contedos programticos do tipo descrito no ponto anterior; Via experincia profissional tendo leccionado pelo menos 180 horas entre 01/01/1990 e 01/01/1998, sendo comprovado pelas entidades nas quais exerceram a sua actividade formativa. RENOVAO PROFISSIONAL Validade: 5 anos. Para se obter a sua renovao, tm de se verificar cumulativamente as seguintes situaes: -Actualizao Cientfica e Tcnica (pela concretizao de um ou mais das seguintes pontos): Frequncia de formao contnua relevante; Publicao de livros/artigos; Investigao em rea em que especialista; Participao em seminrios, colquios e outras actividades afins. -Actualizao Pedaggica (pela concretizao de um ou mais das seguintes pontos): Frequncia de formao contnua relevante, com durao no inferior a 60 horas; Publicao de livros/artigos; Investigao em rea em que especialista; Participao em seminrios, colquios e outras actividades afins. -Experincia Formativa: ArenovaodoCAPdoformadorestdependentedoexercciocomprovadodepelo menos 300 horas de formao.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 10 SISTEMAS DE FORMAO 1.1.1.7-AFORMAOPROFISSIONALINICIALdestina-seaconferirumaqualificaoprofissional certificada, bem como a preparar para a vida adulta e profissional. MODALIDADES: QUALIFICAOINICIALvisaproporcionar,deformatoalargadaquantopossvel,umaformao profissional completa e qualificante. Idade: 16 a 50 anos; Escolaridade obrigatria ou 9ano; Durao: aproximadamente de 1 ano, com componentes: Sociocultural; Cientfico-tecnolgica; Prtica. APRENDIZAGEMPROFISSIONALestorientadaparacandidatosao1.emprego,obtendouma formao de nvel II ou III e uma slida experincia prtica. Certificao escolar; Componentes:Sociocultural; Cientfico-tecnolgica; Prtica Simulada e Real. 1.1.1.8-AFORMAOPROFISSIONALCONTNUAinsere-senavidaprofissionaldoindivduo, realiza-se ao longo da mesma e destina-se a: Proporcionar a adaptao s mutaes; Favorecer a promoo profissional; Melhorar a qualidade do emprego; Contribuir para o desenvolvimento social, cultural e econmico. MODALIDADES: Reciclagem Profissional formao que visa actualizar ou conferir novos conhecimentos, capacidades prticas,atitudeseformasdecomportamentodentrodamesmaprofissodevido,nomeadamente,aos progressos cientficos e tecnolgicos;

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 11 AperfeioamentoProfissionalformaoquesesegueformaoprofissionalinicialequevisa complementaremelhorarconhecimentos,capacidadesprticas,atitudeseformasdecomportamentos, no mbito da profisso exercida. ReconversoProfissionalformaoquefazpartedaformaoprofissionalcontnuaequevisadar uma qualificao diferente da j possuda, para exercer uma nova actividade profissional. Pode implicar uma formao profissional de base seguida de especializao; EspecializaoProfissionalformaoquevisareforar,desenvolvereaprofundarcapacidades prticas,atitudes,formasdecomportamentoouconhecimentosadquiridosduranteaformao profissional de base, necessrios ao melhor desempenho de certas tarefas profissionais; PromooProfissionalformaoquevisadarumnveldequalificaomaiselevadono escalonamento hierrquico profissional. 1.1.1.9 - PLANO NACIONAL DE EMPREGO Objectivos: Promover uma transio adequada dos jovens para a vida activa; Promover a insero socioprofissional, combatendo o DLD (Desemprego de Longa Durao) e a excluso social; Melhorar a qualificao de base e profissional da populao activa; Gerir de forma preventiva a acompanhar os processos de reestruturao sectorial. Medidas de Poltica de Emprego: Modernizar o sistema educativo; Desenvolver os sistemas de formao de insero qualificante; Desenvolver percursos tipificados de insero; Promover a criao de empregos, favorecendo o esprito empresarial; Desenvolver instrumentos de insero de grupos sociais desfavorecidos; Facilitar o processo de criao de empregos; Reorientar e intensificar o ensino recorrente; Apoiar a adeso das empresas s polticas activas de emprego; Promover a formao contnua; Facilitar a gesto integrada das polticas activas e aproxim-las do nvel local; Facilitar a adeso s medidas activas sem prejuzo dos nveis de proteco social.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 12 1.1.1.10 - REDES REGIONAIS PARA O EMPREGO Constituem uma forma de coordenao e animao de actuaes dos vrios agentes locais, na procura de solues para problemas relacionados com o emprego, atravs da partilha de responsabilidades e de construo de parcerias ao nvel regional, recorrendo a programas e medidas de poltica adequados. Objectivos: Reforar a cooperao e confiana entre actores locais; Estimularaaplicaointegradaeracionalizadadosrecursosprodutivoseinfra-estruturas disponveise recursos pblicosinvestidos em factores deexcelncia (instituies deeducao, formao, investigao, centros tecnolgicos, etc.); ReforarascapacidadesoperacionaisdosserviosdeAdministraoPblica,aproximando-os doscidadosutenteseconferindosuaactuaoumcarctermaisproactivoequalificante relativamente ao meio envolvente; Melhor ajustamento local entre a oferta de qualificao de recursos humanos e as oportunidades de emprego. SISTEMAS DE ACREDITAO 1.1.1.11-OSISTEMADEACREDITAODASENTIDADES,OPAPELDOIQF(Institutoparaa Qualidade na Formao) Acreditao Por acreditao entende-se a operao de validao global da capacidade de interveno formativa das entidades. Certificao Porcertificaoentende-seoreconhecimentotcnicoepedaggicododesenvolvimentode determinados cursos ou aces de formao e a emisso de certificados de aptido. Objectivos do sistema de acreditao: a)Contribuir para a elevao da qualidade de formao profissional; b)Contribuir para a estruturao do sistema nacional de formao profissional; c)Contribuir para a profissionalizao e solidez da arquitectura das intenes formativas; d)Contribuir para uma maior utilidade e eficcia de formao profissional; e)Contribuir para a credibilidade das entidades e demais agentes; f)Promover as entidades validadas pelo sistema; g)Estimularepromoveraqualidadedasentidadesnacionaiscandidatasaparceriase redes transnacionais; h)Contribuir para um melhor aproveitamento dos fundos nacionais e comunitrios.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 13 Domnios de interveno em que as entidades podem ser acreditadas: O diagnstico de necessidades de formao; O planeamento de intervenes ou actividades formativas; A concepo de intervenes, programas, instrumentos e suportes formativos; A organizao e a promoo das intervenes ou actividades formativas; O desenvolvimento (execuo/difuso) de intervenes ou actividades formativas; O acompanhamento e a avaliao das intervenes ou actividades formativas. 1.1.1.12 Temas Para Reflexo Ensino / Formao Opes de desenvolvimento Temas para reflexo 1.Classificar os diferentes sectores de actividade em relao previsibilidade expanso/regresso dos empregos. 2.Avaliar os novos modelos organizacionais e os novos perfis profissionais por sector. 3.Avaliaratquepontopossvelatransferibilidadedostrabalhadorescomperfistradicionais para novos perfis profissionais e qual o tipo de formao que lhes deve ser ministrada. 4.Casoatransferibilidadenosejapossvel,assegurarareconversoprofissionalcomuma formao profissional adequada. 5.O desenvolvimento futuro assenta na capacidade de inovar e antecipar. 6.Emquemedidaanossaescola,maisviradaparaainteriorizaoearepetio,promoveeste tipo de competncias? 7.Ofuturoassentaem muitonodesenvolvimentodastecnologiasdeinformaoqueexige,alm de uma formao especfica, a capacidade de auto-formao e de auto 8. renovao dos conhecimentos. 9.A escola prepara para a auto-formao? 10.Omundodotrabalhoexigecadavezmaismultivalncia(domniodevriastarefasdeuma profisso) e polivalncia (domnio de vrias profisses). 11.A escola prepara para isto?

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 14 O PERFIL DO FORMADOR DOMNIO TCNICO 1.Dominar em profundidade a sua rea de especialidade. 2.Manter actualizados os conhecimentos relativos ao domnio da sua interveno. 3.Possuir informao de ordem generalista que lhe permita correlacionar reas do saber e analisar de forma abrangente a realidade circundante. 4.Conhecer a realidade do mundo do trabalho, estando apto a ligar a teoria prtica e a ilustrar os conceitos com exemplos reais. 1.1.1.13 - PERSONALIDADE Revelar uma personalidade estvel criando no grupo de trabalho um sentimento de estabilidade. Exercerumauto-domniosuficientequelhepermitaaceitaracrticaeasopiniescontrrias, utilizando estes momentos como oportunidades formativas. Revelar imparcialidade, evitando pr-juzos. Demonstrar dinamismo e gosto pela inovao e mudana. Evidenciar esprito de abertura e gosto pela inovao e mudana. Promover nos formandos o gosto pela pesquisa e pela auto-formao. Em relao ao contedo: 1.Semsinaisdeautoritarismo,devefazerrespeitarosobjectivosdasessoeoscontedos predefinidos. 2.Deve fazer concluses intermdias, que permitam verificar a evoluo da aprendizagem. Em relao aos participantes: 1.Deve manter a ordem no uso da palavra. 2.Deveteremcontaasparticularidadesdecadaformando,fazendoumapeloprogressivo participao de todos. 3.Deve equilibrar os momentos de reflexo, com os momentos de discusso.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 15 1.1.1.14 - FUNES ESPECFICAS DO FORMADOR No exerccio da sua funo pedaggica, o formador deve dominar: 1.Os mecanismos inerentes ao processo de aprendizagem. 2.Os diferentes mtodos e tcnicas pedaggicas. 3.A formulao de objectivos pedaggicos definidos em funo do grupo, das temticas abordadas e de outras variveis consideradas relevantes. 4.As formas de avaliao dos formandos. 5.A forma correcta de planear as sesses de formao. 6.As tcnicas de dinmica de grupos. 7.As tcnicas de comunicao interpessoal. O FORMADOR COMO FACILITADOR DA APRENDIZAGEM Ensinar, no mais do que ensinar os outros a aprender Antnio Raseth Aspectos relevantes: Aaprendizagememjovenseadultosfaz-semaisfacilmentequandosetornaperceptvela utilizao prtica e as vantagens dos novos conhecimentos. Aexperinciadevidadosformandosdevesersemprequepossvelutilizadacomomaterial formativo. O respeito pelo ritmo individual de aprendizagem a condio bsica de sucesso da formao. O reforo e a valorizao criam o clima necessrio para uma aprendizagem de sucesso. A utilizao de meios auxiliares diversificados facilita a aquisio dos conhecimentos. Scomumconhecimentomnimodascaractersticasdogrupopossveldefiniros objectivos a atingir e seleccionar os mtodos e as tcnicas pedaggicas.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 16 BIBLIOGRAFIA BENTO,Lus;SALGADO,CristinaTavares.AFormaoPragmtica:Umnovoolhar.Lisboa: Edies Pergaminho, 2001; CRUZ,JorgeValadasPreto.FormaoProfissionalemPortugal:dolevantamentode necessidades avaliao. Lisboa: Edies Slabo, 1998; FERRO,Lusetal.FormaoPedaggicadeFormadoresdaTeoriaPrtica.Lisboa: Edies Lidel, 2000; FERREIRA,PauloTrindade.GuiadoAmador:umaactividadedeformao.Lisboa:Edies Multinova, 1999; IEFP. Manual de Certificao do Formador: Guia do Utilizador. Lisboa: IEFP, 1998; MO-DE-FERRO, Antnio. Na Rota da Pedagogia. Lisboa: Edies Colibri, 1999. MDULO 2 2.1. SIMULAO PEDAGGICA INICIAL Objectivos Estemdulotemporobjectivoproporcionaraoformandoarealizaodeumasessodeformao registadaemvdeo.Oseudesempenhodepoisanalisadopeloprprioepelosrestantesformandos que analisam e criticam em conjunto o seu desempenho.Para tal, desenvolvemos a tcnica da autoscopia. | Tpicos - SIMULAO INICIAL; - TCNICA DA AUTOSCOPIA; - MATERIAL DE APOIO - BIBLIOGRAFIA SIMULAO INICIAL | Tpicos 2.1.1. Objectivos da simulao inicial. 2.1.2.Critriosdeanliseateremcontaquernapreparaoquernaapresentaoda sesso inicial. 2.1.1 OBJECTIVOS DA SIMULAO INICIAL. | Auto-avaliao versus Avaliao do Grupo Nestasimulaopedaggicainicialaideiabaseproporcionaraoformandoarealizaodeuma sessodeformaoregistadaemvdeo.Oseudesempenhodepoisanalisadopeloprprioepelos restantes formandos, que analisam e criticam em conjunto o seu desempenho.A auto-observao, juntamente com as avaliaes do grupo, permitem ao prprio uma auto-avaliao mais consistente e a consciencializao dos aspectos a melhorar. Aautoscopiainicialnopressupegrandeestruturao.Noentanto,paraavaliarobjectivamenteo desempenho,hcritriosdeanliseateremcontaquernapreparaoquernaapresentaoda sesso.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 18 2.1.2CRITRIOSDEANLISEATEREMCONTAQUERNAPREPARAOQUERNA APRESENTAO DA SESSO INICIAL | Preparao da Sesso Definir os objectivos da aprendizagem Elaborar um Plano de Sesso | Apresentao da Sesso Abordar um assunto que se domine; Demonstrar facilidade de falar em pblico; Demonstrar auto-confiana e controle emocional; Motivar os formandos, utilizando metodologias criativas; Adequarosmtodos/tcnicasactividadedosformandos,utilizandoosauxiliarespedaggicos necessrios Comunicar os objectivos aos formandos Individualizar o mais possvel a aprendizagem; Promoverainteracocomosformandosatravsdacomunicaoverbalenoverbal(olhar, voz, gestos, deslocao na sala); Gerir e explorar a informao que se produz; Demonstrarcapacidadedeautocrticaesercriticado,noquedizrespeitoaoseudesempenho pedaggico; Gerir o tempo de forma eficaz; Sistematizar a informao produzida, ou seja, os resultados da aprendizagem.Disponibilidadeparaalterarcomportamentosmenosadequadosporoutrospedagogicamente mais adequados TCNICA DA AUTOSCOPIA | Tpicos 2.2.1. Objectivos da autoscopia. 2.2.2Fasesda realizaodaautoscopia,bemcomoosaspectosaconsiderarememcada fase. 2.2.3 Grelhas de avaliao da autoscopia,

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 19 2.2.1 OBJECTIVOS DA AUTOSCOPIA. | Tcnica da Autoscopia Apalavraautoscopiacompostapelostermosautoescopia.Oprimeirotermosignificauma aco realizada pelo prprio sujeito e o segundo termo refere-se a escopo (do grego skopps e do latim scopu), que quer dizer objectivo, finalidade, meta. Enquanto tcnica especfica de Formao, a autoscopia teve a sua origem em Frana, no Centro de Audiovisuais da Escola Normal de Saint Cloud quando Fauquet e Strasfogel (1967) desenvolveram uma actividade que permitia analisar e reflectir sobre a actividade pedaggica. Semprequeouvimosodiscursodeumpoltico,umanotciadeumjornalista,ouassistimosauma auladeumprofessor,somoslevadosaanalisardeformamaisoumenosobjectivaaeficciada mensagem e do comportamento do comunicador. Sealgumnospedisselogodeseguidaparaavaliarmosoquevimoseouvimos,certamenteque todosnsteramosumcomentrioafazer,quepassavaporsalientarosaspectosmaisoumenos positivos na forma como o comunicador transmitiu a sua mensagem. Assim,semprequeouvimosofeedbackdosoutrosrelativamenteaonossodesempenho,ou reflectimossobreaformacomocomunicamos,estamosdealgumaformaautilizaralgumasdas competncias que a tcnica da autoscopia nos permite desenvolver. Comodesenvolvimentodastecnologias,temosagoraapossibilidadedeutilizaracmaradefilmar para gravar um dado desempenho, com o objectivo de posteriormente o analisar, identificando os pontos fortes bem como os aspectos a melhorar. Assim, a tcnica da autoscopia tratada como uma tcnica de pesquisa e de formao que utiliza a vdeogravaodeacesdeumoumaissujeitos,numasituaosimulada,em relaoqualofuturo formadorvaifazerumaauto-anlise.Comportapoisdoismomentosfundamentais:asituaode vdeogravao propriamente dita e a sesso de anlise e reflexo. Destaforma,duranteasessodeanliseofuturoformadorrev-seemaco,identificandoos aspectos a melhorar, bem como, os comportamentos a manter e potenciar no seu desempenho. A tcnica da autoscopia encerra pois em si um enorme potencial formativo-reflexivo, tornando-se uma tcnica fundamental neste processo. Segundo Raseth & Sacramento (1993) na tcnica de autoscopia, o futuro formador v-se em aco, o quepermiteofeedbackdaimagemdosomedainformao,possibilitandoumamodificaodaaco pela percepo de causas e efeitos. Prax&Linard(1975)salientamaindaqueavideogravaoumatcnicaquepermiteaconstruo deumarepresentaodoreal,comespao,tempo,objectos,personagens,assimcomodosseus movimentos, aces e interaces. Esta conscincia do real possui componentes cognitivos e afectivos. O formador pois um participante activo diante do registo videogrfico, atribuindo significados dentro do contexto em que a situao apresentada acontece.Desta forma, a autoscopia possibilita tambm uma actividade psicolgica que est subjacente a todo este processo. Ao ter em conta as interaces entre as videogravaes e o sujeito telespectador activo, ele prprio protagonista das cenas gravadas, a autoscopia permite ao futuro formador confrontar-se com asuaimagemnagravao.issoqueFerres(1996)designadevdeo-espelhocomosentidode salientar a funo da auto-avaliao.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 20 Esta ideia reforada por Alain Meignant (1999) ao afirmar que na autoscopia O formando pode ver por si prprio em vez de ouvir comentrios (p. 186 e 187). ATcnicadaAutoscopiapermitepois,aosujeitoemformao,rever-senaaco,fazerumaauto-anlisedoseudesempenhoidentificandoreasdemelhoriaqueprocurardesenvolvereimplementar num processo de melhoria que promove tambm o auto-conhecimento. | Objectivos Gerais da Autoscopia Consciencializarparaaimportnciadaauto-regulaodocomportamentonodesenvolvimento profissional do formador; -Identificaretreinarcompetnciasaonveldapreparao,animaoeanlisedesessesde formao; -Desenvolvercompetnciasaonveldacomunicaoverbalenoverbalbemcomo capacidades de crtica, de sntese e de trabalho em grupo; - Diagnosticar comportamentos pedaggicos a melhorar. - Promover a auto-avaliao do formador | Objectivos Especficos da Autoscopia A utilizao da autoscopia, na formao ou aperfeioamento pedaggico permite ao formador: - Fazer auto-anlise -Identificaratquepontoconseguiuatingirosobjectivosinicialmentedefinidosnoplanoinicial de sesso. -Identificaraspectoschavedoseudesempenhofundamentaisparaosucessodeumasesso de formao. -Identificaraspectosamelhoraraonveldacomunicaoverbalenoverbalcomvista aquisio de comportamentos pedaggicos ajustados. -Melhorareaperfeioarocomportamentodoformadormedianteaobservaoglobaldasua interveno(auto-observao)ofeedbackdogrupoeaautocrtica,emsituaesdeformao (sesso) simuladas mas prximas do real. | Sntese Aautoscopiapermite,destemodo,colocaroformadoremformao,eacmaradefilmarsurge comoumapoiofundamentalquepermiteaoformadorfazerumaanlisemuitomaisobjectivadoseu desempenho, sem dvida mais fidedigna do que o feedback dado pelos observadores.Almdisso,surgetambmcomofacilitadoradasrelaesformando-formador/animadorumavez que, ao passar para o formador/formando a responsabilidade da anlise dos seus pontos menos fortes, o papeldoanimadormaisdeorientadordamudana,esbatendotodaacargadaavaliaomenos positiva. Aconservaodagravaoafigura-sefundamentalnesteprocesso,poisnofinal,aquandoda realizaodaautoscopiafinal,permitecompararperformancesdistantesnotempoe,assim,avaliar com mais eficcia os progressos efectuados.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 21 2.2.2FASESDAREALIZAODAAUTOSCOPIA,EASPECTOSATEREMCONTAEM CADA FASE | Fases da Autoscopia possvel identificarem-se algumas fases na realizao da autoscopia, PREPARAO DESENVOLVIMENTO VISIONAMENTO ANLISE SNTESE Cada uma destas fases pressupe, genericamente, alguns aspectos a considerar: | Aspectos a ter em conta nas fases da Autoscopia Cada uma das fases da autoscopia pressupe, genericamente, alguns aspectos a considerar como se pode constatar no quadro abaixo referenciado FASESASPECTOS A CONSIDERAR Preparao Definio de um tema Caracterizao da populao-alvo Elaborao de um plano de sesso Definio dos meios Desenvolvimento Gravao de todas as sesses dos formandos, segundo a ordem preestabelecida, para seremposteriormente visionadas Visionamento Segue-se a ordem da gravao Para cada sesso visionada feita a respectiva anlise Anlise Para cada sesso visionada a anlise passa por: 1 Autocrtica; 2 Crtica dos participantes 3 Crtica do animador Sntese preenchida uma grelha sntese para cada sesso observada O preenchimento deve ser individual

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 22 2.2.3 GRELHAS DE AVALIAO DA AUTOSCOPIA | Grelha de Avaliao da Autoscopia Inicial GRELHA DE AVALIAO DA AUTOSCOPIA INICIAL Nome: ________________________________________Tema: _____________________________________ Data: ______/_____/______ Critrios de anliseAvaliao de competnciasObservaes Domnio do assunto No domina completamente Domina bem Domnio da comunicao No domina completamente Comunica bem Motivao No consegue motivar o grupo Motiva bemActividade dos participantes O grupo fica passivo O grupo participa activamente Recursos DidcticosNo utilizaUtiliza AutoconfianaTem poucaRevela segurana AutocrticaTem poucaRevela sentido crtico Sentido criativo Realiza uma sesso normal criativo na abordagem Gesto do tempoTem dificuldadeGere bem o tempo

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 23 | Grelha de Avaliao Qualitativa da Autoscopia Inicial Avaliao Qualitativa Avalie globalmente a sesso, fazendo referncia aos aspectos mais conseguidos e aos aspectos a melhorar. __________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 24 MATERIAL DE APOIO | Tpicos 2.3.1. Grelhas de Avaliao da Autoscopia Inicial. 2.3.1 GRELHAS DE AVALIAO DA AUTOSCOPIA INICIAL | Grelha de Avaliao Qualitativa AUTOSCOPIA INICIAL Formador: ______________________________________________ Tema: ___________________________Data: ____________________ Desenvolvimento: Tempo Gasto: ________ Minutos Terico Ensino em Grupo Prtico Ensino Individual Terico / Prtico Aspectos Mais Conseguidos Aspectos A Melhorar Sugestes:__________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 25 | Grelha Sntese da Autoscopia Inicial

AUTOSCOPIA INICIAL Nome: __________________________________________________

Tema: __________________________________________________ Desenvolvimento: _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________________________ Recursos Utilizados: ____________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ___/___/___________________________

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 26 BIBLIOGRAFIA CNFF,DivisodeEstudos.AAutoscopianaFormao.ColecoFormar Pedagogicamente (n.2), Lisboa: Edio IEFP, 1991; COLLINS,J.ManualdeAuto-Formao:ApresentaesPerfeitas.Florianpolis:Livrose Livros, 2001; FERRES, J. (1996). Vdeo e Educao. Porto Alegre: Artes Mdicas, 1996; IEFP. A Autoscopia na Formao. 5. Ed. Lisboa: Edio IEFP, 1999; MEIGNAT, A. (1999). A Gesto da Formao. Lisboa: Publicaes D. Quixote, 1999; PRAX, I.; LINARD, M. (1975). Autoscopie et personnalit. Bulletin de Psychologie, Paris, V. XXIX, n. 323, p. 704-715, 1975; RASETH, A.; SACRAMENTO, A. Essa Misteriosa Autoscopia. Revista Formar, Lisboa, n. 9, p. 52-57, Dez. 93. Edio IEFP. MDULO 3 3. FACTORES E PROCESSOS DE APRENDIZAGEM Objectivos Estemdulotemporobjectivofamiliarizaroalunocomosvriosfactoreseprocessosde aprendizagem. Pretende-se que, no final do mdulo, seja capaz de: definir o conceito de aprendizagem; reconhecerascaractersticasdoprocessodeaprendizagem;identificarosprincipaismodelosde aprendizagem;compreenderaimportnciadeumapedagogiacentradanoadulto;identificaros principaisfactoresintervenientesefacilitadoresdaaprendizagem;e,porltimo, reconheceroambiente (local) adequado aprendizagem. | Tpicos - CONCEITO DE APRENDIZAGEM; - O PROCESSO DE APRENDIZAGEM NOS ADULTOS; - MODELOS E TIPOS DE APRENDIZAGEM - FACTORES FACILITADORES DA APRENDIZAGEM; - AMBIENTE DA APRENDIZAGEM; - SINTESE; - BIBLIOGRAFIA - ANEXOS

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 28 CONCEITO DE APRENDIZAGEM | Tpicos 3.1.Compreender o conceito, as dimenses e as caractersticas da aprendizagem. 3.1COMPREENDEROCONCEITO,ASDIMENSESEASCARACTERSTICASDA APRENDIZAGEM. | CONCEITO Cadapessoasabeperfeitamentequesepodeaprendersempreeemvrioscontextose queestaactividadeestranhanosedeixaconfinaraoscontextoselugaresparaosquais habitualmente remetida. Meirieu Ohomem,paraseadaptarssolicitaeseaosdesafiosquelhesocolocadosdevidos interacescomomeio,adquirecomportamentosdeterminadospelamudanadesituaoeesta aquisiodecomportamentoscondiodasuasobrevivncia.Portanto,acaractersticamais importantedocomportamentohumanoacapacidadedeseadaptaracircunstnciasmutveis,isto, aprender. Somos fruto do que aprendemos ou do que herdamos? No so duas causas exclusivas nem to pouco acumulativas. Ofactoderecebermosdeterminadascaractersticasepotencialidades,estasnecessitamdas condies do meio para se expressarem. atravsdosprocessospermanentesdeinteracoentreasinflunciasgenticaseasambientais que os organismos se constroem. A aquisio de novos comportamentos, que se interligam aos comportamentos inatos, designa-se por aprendizagem. A APRENDIZAGEM UM PROCESSO DE AQUISIO OU MODIFICAO RELATIVAMENTE ESTVEL E DURADOURA DO COMPORTAMENTO E DO CONHECIMENTO, EM FUNO DA EXPERINCIA. A aprendizagem o resultado de um conjunto de elementos que se encontram em transformao ou mudanapelaacodomeio,ouseja,haprendizagemsemprequeosujeitoadoptaumaconduta nova, ou se verifiquem modificaes nas condutas j existentes.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 29 Quandoaprendemosafalar,apesquisarnaInternet,aconduzirumcarro,ouafazeruma reclamao,estamosamodificarocomportamentoemrelaoaoestadoanteriorestadode desconhecimento. | Exerccio 1 Descrevatodasasaprendizagensrealizadasnodiaanteriore,refiraanaturezadassuas aprendizagens (escolares, pessoais ou profissionais). | Dimenses da aprendizagem: cognitiva, afectiva e operacional A aprendizagem passvel de ser verificada em trs dimenses: cognitiva, afectiva e operacional. Existe, entre as dimenses, uma relao de interdependncia na medida em que uma mudana ocorrida numa das dimenses resulta na mudana das restantes dimenses. EmFormaoProfissional,haprendizagem sempre quesurjauma condutanova,ouseverifiquem modificaes nas condutas j existentes, provocadas pela vivncia de uma situao-formao. Osucessodaaprendizagemsergarantidoseentreaentradanocontextodaformao(perfilde entrada) e a sada desse contexto (perfil de sada), se verifique uma mudana no indivduo: o aumento, a correcoouoaperfeioamentodesaber-saber(domniocognitivo),saber-ser/estar(domnioafectivo) e/ou saber-fazer (domnio psicomotor). | Caractersticas do processo de aprendizagem Emtornodoconceitoaprendizagemesto,aindaqueancoradasnosensocomum,3ideias.A primeiraideiaadequeparahaveraprendizagembastariaprestaratenoaossaberesenunciados peloformador,queestonumlivroouquealgumexecuta.Aatenopermitiriaumtrabalhocadavez mais perfeito em termos de imitao do modelo terico ou prtico. Asegundaideiaadequeaaprendizagemseriaapenasumprocessocumulativo,emque,ao longo da aco de formao, se iriam depositando conhecimentos adquiridos at se chegar ao topo. Aterceiraideiaadequeosconhecimentosseriam semelhantesacoisasquesepodemadquirir, coleccionar, acumular e, tal como as coisas quando se tornam inteis, se deitam fora e substituem por novos (Pinto, 1999). Oconjuntodestasideiassugerequeparaaprenderbastaimitar,repetireestaratento,masestes factoresapenasdescrevemcomportamentosenadadizemsobreasoperaesmentaisenvolvidasna aprendizagem. No basta garantir a presena destes factores para que se aprenda.Cognitiva(SaberSaber)Aquisiodeconhecimentosnoplanoterico;retenomnsica; assimilao/compreenso de conceitos e suas relaes. Afectiva (Saber Ser) Atitudes; comunicao; relao com o objecto. Operacional (Saber Fazer) Aptides; aces; capacidades.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 30 Aaprendizagemdeveserencaradanumaperspectivadedesenvolvimento,isto,onosso conhecimentoeaptidesvo-sedesenvolvendoaolongodanossavidae,portanto,anossa aprendizagem depende das circunstncias um processo CONTNUO.AaprendizagemumprocessoDINMICOeACTIVOumavezqueosujeitonorecebe passivamente informaes nem espectador da sua experincia. O sujeito um processador activo da informao que descodifica, processa e recodifica em termos pessoais (Pinto, 1999). um processo GLOBAL, na medida em que exige a participao total e global do indivduo, isto , a interacoentreosaspectosdepersonalidadeeosconhecimentos,experinciasevaloresso activados no acto de aprender.Porltimo,umprocessoGRADATIVO,porqueserealizaatravsdeoperaes,inicialmente simples, passando depois s operaes mais complexas. PROCESSO DE APRENDIZAGEM NOS ADULTOS | Tpicos 3.2. Compreender a importncia do processo de aprendizagem na formao de adultos 3.2 COMPREENDER O CONTEXTO DE FORMAO DE ADULTOS Ahistriarevelaqueoprocessodeaprendizagemsecentrouduranteanosnascrianasejovens. Mais tarde o Homem sentiu necessidade de desenvolver um novo campo de interveno, a Andragogia a arte ou cincia de orientar adultos a aprender (Knowles, 1970). reconhecidaanecessidadequeoindivduotemdecomunicar,agir,pensar,aprendereevoluir. Estaobrigatoriedadeocorreemfunodasexpectativasassociadasacontextossocioculturais, econmicos e tecnolgicos, que esto em constante mutao. Actualmente,asobrevivnciaprofissionaldependedasaprendizagensqueoadultofazaolongodo seu percurso de vida. Assim, a formao de adultos torna-se um imperativo na sociedade actual.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 31 | Pedagogia eficaz com adultos Linderman(1926)escreveuqueaexperinciaolivro-textovivodoadulto-aprendiz.comeste autor que surge pela primeira vez a preocupao de desenvolver uma pedagogia eficaz com adultos. Passados alguns anos esto definidos princpios que orientam a aprendizagem dos adultos: ENSINO CONCRETO Exemplos da vida diria ENSINO ACTIVO Aprender fazendo ENSINO PROGRESSIVO Ensinar uma coisa de cada vez ENSINO REPETIDO Recordar no dia seguinte ENSINO VARIADO Variar os exerccios ENSINO PERSONALIZADO Conhecer melhor os formandos ENSINO ESTIMULANTE Estimular o interesse, o esforo ENSINO COOPERATIVO Trabalho em equipa ENSINO ORIENTADO Corrigir oportunamente os erros AUTO-ENSINO Controlar o seu prprio progresso

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 32 Na formao de adultos o formador deve considerar os seguintes pressupostos: Osadultossomotivadosaaprendermedidaquesentemqueassuasnecessidadese interesses so satisfeitos; A aprendizagem do adulto deve ser centrada na sua histria de vida, pelo que os programas de aprendizagem devero ter situaes prximas da realidade; Aexperinciaamaisricafonteparaoadultoaprender,porisso,ocentrodametodologiada sua educao deve privilegiar a anlise dessas experincias; Os adultos tm uma profunda necessidade de se auto dirigirem, por isso, o papel do formador odeincentivaroprocessodemtuainvestigao/interacoentreosformandosenoapenas transmitir-lhes o seu conhecimento e depois avali-los; MODELOS E TIPOS DE APRENDIZAGEM | Tpicos 3.3 Compreender os principais modelos e tipos de aprendizagem. 3.3 COMPREENDER OS PRINCIPAIS MODELOS E TIPOS DE APRENDIZAGEM. Masolharaaprendizagemdeformaglobalimplicanosolh-lapeloladodequemensina, mas tambm pelo lado de quem aprende. Pinto | Modelos de aprendizagem Aaprendizagemcrucialeomnipresente,eporisso,nombitodaPsicologiadeparamo-noscom diferentes conceptualizaes: modelos comportamentalistas e cognitivistas. De seguida apresentam-se os principais pressupostos dos modelos. 1 Modelo Comportamentalista centra-se na relao estmulo-resposta, cujo principal objectivo o de saber como que o comportamento se modifica em consequncia do exerccio1. A aprendizagem percebida como respostas (reaco muscular ou glandular) a estmulos (conjunto de factores que agem sobreoorganismodesencadeandodeseguidaumarespostaouumapossibilidadederesposta)oua reforos ( um estmulo que aumenta a probabilidade de resposta). O sujeito percebido como passivo faceaprendizagem,serentoprecisofor-loaaprenderatravsdeumasituaoexterna(Pinto, 1999). Os comportamentos objectivamente observveis so adquiridos pela repetio sucessiva. 1 Este modelo coloca nfase nos comportamentos objectivamente observveis, negligenciando as actividades mentais.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 33 Assim, a aprendizagem o resultado da aco de quem ensina (o formador est no centro da aco) e o formando apenas receptor da informao. Este mtodo de aprendizagem est presente no nosso dia-a-dia,quandoqueremosreterumnmerodetelefone,quandoaprendemosatabuadaeatquando estudamos para um exame escolar. Associado ao comportamento adquirido pelo sujeito encontra-se ainda o conceito de reforo ea sua influncianaaquisioeextinodecomportamentos.Umreforoadequadofazaumentaro desempenho. | Exerccio 2 LeiaalistaA(anexoI),umavez.Depois,semolharalista,escreva,porordemtodasaspalavras, numa folha de papel. Em seguida, proceda do mesmo modo com a lista B (anexo II) e lista C (anexo III). Aps a tarefa, registe num papel a forma como decorreu a aprendizagem de cada uma listas, reflicta acercadasestratgiasquedefiniuparamelhoraroprocessoderetenodainformaoe,porltimo, pense em que medida as estratgias que definiu so as utilizadas no seu dia-a-dia para aprender. Depoisdeconcludooexerccioproposto,apresentamosastrsteoriasqueconstituemomodelo comportamentalista. 1.1 Condicionamento Clssico No decorrer das suas investigaes acerca da secreo gstrica, Pavlovdescobreque,paraalmdosreflexosinatos(comosalivaraoveroalimento,reagirluzeao som, reflexo rotular), se podem desenvolver reflexos aprendidos. Numa das suas experincias ele verifica que o co saliva (resposta incondicionado) no s quando v oalimento(reflexoinato,estmuloincondicionado),mastambmperanteoutrossinaisassociados(ex. passosdotratadoreosomdeumacampainhaestmulocondicionado).Quandoarespostasalivar evocadapeloestmulocondicionado(osom)torna-serespostacondicionada.Pavlovdesignoueste comportamento associado presena de outros sinais de reflexo condicionado ou condicionamento. Estecondicionamentodesignadoporaprendizagematravsdasubstituiodoestmulo,porqueo estmulocondicionadosubstituioincondicionadoaoprovocararesposta.SegundoPavlov,queros reflexosinatosquerosreflexoscondicionadossoofundamentodasrespostasdosindivduosaos estmulos provenientes do meio. Ocondicionamentonoproduzumaalteraopermanentenocomportamento.Aresposta condicionadapodeserenfraquecidaoueliminadamedianteoprocessodeextino,queimplicaa apresentao do estmulo condicionado sem o incondicionado. 1.2CondicionamentoOperanteesteprocessodeaprendizagemcolocanfasenarespostaao estmuloeassuasconsequncias(princpiodoreforo).Nestemtododeaprendizagem,osujeito livredesecomportardequalquermaneira.Masarealidadeexternaaosujeitoestdispostademodo que h uma relao de dependncia entre o comportamento e o reforo2. Algumas das respostas sero 2 Estmulo que segue a resposta e tem como consequncia o aumento da tendncia (probabilidade) a dar a resposta.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 34 reforadas(aumentaaprobabilidadedosujeitoresponderdamesmaformaemcontextos diferenciados),outrasno.Daresultaqueocomportamentodosujeitosercontroladopelas contingncias do reforo. Oreforopodeser:positivo(umestmulocomconsequnciasbenficasparaosujeito),negativo (quandoasituaodepartidanoevidenciaelementosfavorveisparaosujeito)epunio(estmulo com consequncias adversas para o sujeito). 1.3TeoriadaAprendizagemSocialestateoriacentra-senaobservaodemodelospara justificar o processo de aprendizagem. Os sujeitos adquirem conhecimentos, sem necessitar de reforos, desde que tenham a oportunidade para observar o comportamento dos outros. Os outros constituem os seusmodeloseocomportamentoaprendidoatravsdaobservaodomodelodesignadopor Modelling. Estaformadeaprenderparticularmentetilnaformaodeadultos,nomeadamentepara habilidades manuais ou competncias do domnio psicomotor. 2TeoriasCognitivistasAaprendizagemconcebidacomoumprocessodequesepodem destacar as seguintes ideias (Pinto, 1999): A aprendizagem vista como uma reestruturao activa das percepes e dos conceitos; Umdosconceitoschaveoinsightasuadefinioextremamentedifcilmascorresponde muitoaumaintuiodesoluodeumproblemaoudeinterpretaodeumfacto.aluz que de repente se acende, na nossa cabea. Uminsightocorrequandoumindivduoperseguindoosseuspropsitosvnovas maneiras de utilizar elementos do meio ou dos seus prprios conhecimentos; A aprendizagem mais do que meras associaes, ela um processo sistemtico e activo que articula o novo (estmulo ou situao) com aquilo que j sabemos; Em suma, no modelo comportamentalista a aprendizagem ocorre atravs de: Repetio; Reforo negativo, positivo e/ou punio; Imitao modelagem/observao

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 35 O que leva o indivduo a aprender so as suas necessidades internas, a sua curiosidade e/ou as suas expectativas; O processo de aprendizagem implica: - Aquisio da nova informao que provm da nova situao, do problema, etc; - A transformao do conhecimento; - Testar o grau de adequao do conhecimento ou da aprendizagem; Asestratgiasdeaprendizagempodemvariardeindivduoparaindivduo,emfunodas capacidades de cada um e/ou do modo como a situao de aprendizagem apresentada; Estas teorias do grande importncia linguagem, ela vista como uma ferramenta, como um processo medidor da aprendizagem (deve ser clara e perceptvel por todos). | Exerccio 3 Penseemumaaprendizagemimportanteparacadaumdosseguintescontextos:familiar,escolare profissional. Procure encontrar pontos comuns em relao: a) a quem transmitiu a informao (ensinou); b) como decorreu o processo de aprendizagem (a ver os outros a fazer, atravs da descoberta, a estudar, etc.) Faa o registo das suas aprendizagens num papel e, reflicta nas alteraes sofridas, a partir de cada aprendizagem, na dimenso cognitiva, afectiva e comportamental. | Tipos de aprendizagem 1.Aprendizagem por recepo aquela em que todo o contedo daquilo que vai ser aprendido apresentadoaoaluno/formandosobaformafinal.Aaprendizagemnoenvolvequalquer descoberta independente.Pode distinguir-se a aprendizagem receptiva-automtica da aprendizagem receptiva-significativa. Noquedizrespeitoprimeira,doformandoespera-sesomentequeinteriorizeouincorporeo novomaterial.Estedeveserapresentadodeumaformaquepermitatornar-seacessvele compreensvel, e que facilite a sua utilizao em situaes futuras. Naaprendizagemreceptiva-significativa,oscontedosapresentadossoigualmenteacessveis ecompreensveisparafacilitarasuautilizao,deformaapermitirasuainteriorizao (compreenso). 2.Aprendizagempordescobertaestrelacionadacoma formaodeconceitosouasoluo automticadeumproblema,ocontedoessencialdaquiloquevaiseraprendidonodado, masdeveserdescobertoantesdesersignificativamenteincorporadonaestruturacognitivado aluno/formando.Atarefaprioritriadescobriralgo.Peladescoberta,oformandodeve Em suma, aprendizagem decorre de actividades da prpria pessoa que aprende, actividades essas que englobam a pesquisa, investigao e a reflexo.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 36 reagruparinformaes,integr-lasnaestruturacognitiva,reorganizaretransformara combinaoefectuadadetalformaquedorigemaoprodutofinaloudescobertadeuma relao que estava perdida ou ignorada entre meios e fins. 3.Aprendizagemsignificativaestetipodeaprendizagemocorrequandoatarefaimplica relacionardeformanoarbitrriaenolinearumanovainformaocomoutrascomqueo aluno/formando j esteja familiarizadoe/ouquandoo aluno adopta uma estratgia para cumprir este fim. 4.Aprendizagem automtica esta ocorre quando a tarefa consiste em estabelecer associaes puramente arbitrrias (exemplo: quebra-cabeas, associao de palavras, etc.), quando falta ao aluno/formandooconhecimentoprvionecessrioparatornaratarefarelevanteesignificativa, e, ainda, se para estabelecer associaes adoptada uma estratgia apenas para memoriz-las como se fossem uma srie arbitrria e linear. 5.Aprendizagemporensaioseerrosestetipodeaprendizagemcentra-senarelaoentre meiosefins.Peranteumproblemacomplexo,osujeitoexecutadeterminadasrespostas especficascombaseemhiptesesouexpectativas(disposiodemeioscomportamento exploratrio). O sujeito ensaia hipteses cadavez mais aperfeioadas, e uma vezdescoberta a correcta,elapassaafuncionarcomoumhbito,medianteoalcanardeumobjecto determinado. Foramapresentadososvriostiposdeaprendizagem,contudo,umestudoondeserelacionaa aprendizagemcomodesenvolvimentodoadulto,revelaqueoprocessodereflexoeaactividade experimental so factores determinantes na aprendizagem do adulto. A reflexo uma aco essencial, uma vez que atravs dela que se estabelece a ligao entre a experincia vivida pelo indivduo e o seu sistemadesignificao.Aactividadeexperimentalemqueoprprioformandotomacontactocom diversassituaesedescobreosresultadospretendidos,podendodestaformatirarassuasprprias concluses e ainda estabelecer a ligao coma a sua realidade pessoa e/ou profissional. | Exerccio 4 Analise o exerccio anterior procurando, em cada aprendizagem referida, o tipo de aprendizagem.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 37 FACTORES FACILITADORES DA APRENDIZAGEM | Tpicos 3.4. Compreender os factores que influenciam a qualidade das aprendizagens. 3.4COMPREENDEROSFACTORESQUEINFLUENCIAMAQUALIDADEDAS APRENDIZAGENS. Todososcomportamentosactuaisdoorganismodependemdeexperinciase comportamentos anteriores. Um organismo privado de todos esses mecanismos seria incapaz de um comportamento adaptativo organizado. Manuela Monteiro Podemos distinguir vrios factores que influenciam a aquisio e modificao de comportamento, isto , aprendizagem.1.Idade Este factor influencia o processo de aprendizagem na medida em que, os jovens adultos aprendemmelhoremaisrapidamentedoqueosindivduosmuitojovensoumuitoidosos.Por exemplo:aaprendizagemverbal,quandooindivduonasce,igualazeroeaumenta progressivamente ataos20 anos, estabilizaataos 50 anos, e comea a decair da em diante, no que se refere aprendizagem de material novo. 2.Experincia anterior Aexistncia da experincia anterior favorecea aprendizagem na medida emquepreparaosujeitopararesolversituaesidnticas.Nadaseaprendeapartirdonada qualquer aprendizagem nova fundamenta-se numa anterior,o que sedenomina transferncia de aprendizagem. 3.Percepo Este factor est relacionado com o tomar contacto com a realidade, de estabelecer uma relao entre o organismo e o meio envolvente, de dar sentido aos dados sensoriais que nos atingem e so relevantes em cada momento. na tentativa de compreender e interpretar o meio queo sujeito cria as suasrepresentaes (esquema figurativonanossa mentesobre a realidade para cada um) e que, posteriormente, orientam a percepo do sujeito face ao objecto, suscitando grande variabilidade individual na realidade percepcionada. As percepes so influenciadas pela experinciapassada(aprendizagemperceptiva),enestesentido,aaprendizagempodefalseara percepo de realidades simples. Por exemplo, a forma como o sujeito A percepciona um arranjo de rosas diferente da forma como o sujeitoBpercepciona o mesmo arranjo. A variabilidade da percepo influenciada por um conjunto de variveis intra e inter individuais.Portanto,aimportnciaqueosujeitodaosconhecimentosquelhevosendotransmitidos, quotidianamente,estrelacionadacomapercepodesenvolvidaemrelaoaessesmesmos conhecimentos.Assimsendo,oformadordeveestaratentoformacomoosformandos percepcionam o contexto de formao.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 38 4.Ateno A ateno o aspecto activo, selectivo da percepo, que consiste na preparao e na orientao do indivduo para a percepo de um estmulo particular (Pichot). A ateno um mecanismo que torna possvel dar respostas adaptativas aos estmulos exteriores e interiores.Anossaatenoinfluenciadapelasnossasmotivaesedesejos.Portanto,quantomaiora motivaoemrelaoaoobjectomaioraprobabilidadedelhedispensarmosatenoemaiora probabilidade de aprendermos. A falta de ateno dificulta a reposta correcta, a aprendizagem exige ateno e repetio activa do queestaaprender-se.Istosignificarecordarinformaesrelevantes,captarprincpiose memorizar factos-chave. 5.Memria A aprendizagem s adquire significado se se puder manter disposio para o futuro oqueseestaadquirir.Noentanto,paraexistirmemorizaonecessriocaptaraatenode quem aprende, e neste sentido, no se pode dissociar a memria da ateno na medida em que a ateno tem por objectivo fazer existir mentalmente o contedo da aprendizagem, e a memria o de reencontrar o que mentalmente existe. Aaprendizageminferidaapartirdomaiornmeroderespostasqueserecordamemprovas sucessivas. Podem identificar-se trs tipos de memria: -Memria sensorial ou icnica em que a durao do que percepcionado pelos indivduos rapidamente esquecido; -Memria de curto prazo onde a recordao das componentes percepcionadas retida por um perodo mais prolongado, mas esquecida ao fim de um certo tempo; -Memriadelongoprazosendoaquelequeretmasinformaespercepcionadas, seleccionadas e codificadas de uma forma permanente. Arecordaodeinformaesoufactosdependedealgunselementosdoprocesso mnsico,isto ,daformacomoosujeitocodificaainformaoprovenientedosestmulos(codificaoem formas mais simples) e posteriormente, a armazena. O armazenamento depende da forma como osujeitoorganizaainformaoelheatribuisignificao,istoquedeterminaoarmazenamento do material num dos tipos de memria. 6.Factores espacio-temporais Os estudos experimentais mostram que existe uma relao entre ofactortempoeaaprendizagem.Umaaprendizagemconcentradamaiseficazdoqueuma aprendizagem distribuda no tempo. 7.Recompensa/reforo;inibio/extinoOreforodesempenhaumpapelderecompensa favorecendo a aprendizagem, isto , a resposta adequada. O reforo positivo a recompensa da respostacorrectaeoreforonegativoapunioparaarespostafalsa,inibindoouatmesmo extinguindo um determinado padro de resposta.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 39 AMBIENTE DE APRENDIZAGEM | Tpicos 3.5. Compreender os efeitos do ambiente (local) na aprendizagem. 3.5 COMPREENDER OS EFEITOS DO AMBIENTE NA APRENDIZAGEM No ensino nada aos meus alunos, tento apenas criar as condies necessrias para que eles possam aprender. Albert Einstein Naformaoprofissionaloambienteouespaofsicoemquesedesenvolveaformaoto importantecomotudooquefoireferidoatrssobreoprocessodeaprendizagem.Oformadordeve conseguir criar um ambiente propcio aprendizagem e para tal necessrio considerar a disposio da sala. Disposio de sala em forma de UVantagens Esta disposio permite uma boa visibilidade para os formandos; O formador pode andar dentro do U; Adopta uma configurao de negcio. Desvantagens De algum modo formal; Alguns participantes ficam encobertos pelo equipamento de audiovisuais; Participantes da frente constantemente a 60-90 (rotao do pescoo); Os participantes do fundo ficam por vezes longe do ecr/quadro. Disposio da sala em V Vantagens O melhor modelo de visibilidade/rotao do pescoo; Bom contacto formador/formandos; Menos formal e intimidante do que em U. Desvantagens Requisitos de espao (s para pequenos grupos). Disposio da sala em espinha de peixe Vantagens Espao efectivo para grande numero de participantes; Todos os participantes tm um bom ngulo de viso para o ecr/quadro; O formador pode percorrer o espao ao longo da espinha.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 40 Desvantagens Alguns participantes encobertos por outros; Reminiscncias dos tempos escolares; Encoraja o disfuncionamento dos grupos; Contacto relativamente pobre entre formador/participante. Disposio de sala em forma de esplanada Vantagens Ideal para sesses de trabalho em grupo; Informal: encoraja ao mximo a participao/identificao; Encoraja a abertura de esprito/criatividade; O formador pode circular. Desvantagens Alguns participantes com visibilidade pobre; Encoraja conversaes laterais com diminuio da ateno; Incita a perda de coeso do grupo. Disposio da sala em forma de crculo Vantagens Ideal para sesses de dinmica de grupo; Encoraja ao mximo o envolvimento das participantes; Excelente contacto com o formador; Conversaes laterais mnimas. Desvantagens Dificuldade em encontrar mesas que possam ser mudadas; Alguns participantes podem ter fraca visibilidade; Sem mesas adequadas, alguns participantes podem sentir-se desnecessariamente expostos. Cabe ao formador adaptar o espao fsico s caractersticas do grupo de formandos e aos contedos programticos para que as aprendizagens sejam realizadas com sucesso.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 41 SNTESE Aolongodomduloprocurmosabordarosprincipaisfactoreseprocessosdaaprendizagemdos adultos.Vimoscomoaaprendizagemumprocessodinmico,gradativoepessoal,cabendoao formadoridentificarasespecificidadesrelativasaoformandoeaogrupo,comintuitodefacilitara aprendizagem. Noprocessodeaprendizagemcadaadultodemonstraterformasdiferentesdeaprender,porissoo formador deve estar consciente dos tipos de aprendizagens mais adequadas na formao de adultos: Por recepoPor descobertaSignificativaAutomtica Por ensaios e errosReflexo Actividade experimental No basta ao formador tentar formar, o formando deve sentir necessidade e motivao para tal, assim todo o processo de aprendizagem centrado naquele que quer aprender, experimentar e partilhar. Neste processo, o formador deve compreender todos os factores que facilitam as aprendizagens:IdadeExperincia anteriorPercepoAtenoMemriaFactores espacio-temporaisRecompensa/reforo; inibio/extino Por ltimo, o formador deve conseguir promover a interaco grupal, a reflexo, a descoberta, etc., e, para taldeveorganizar oespao fsico deacordo com os objectivos programticos e caractersticas do grupo: Disposio de sala em forma de UDisposio da sala em V Disposio da sala em espinha de peixe Disposio de sala em forma de esplanada Disposio da sala em forma de crculo

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 42 BIBLIOGRAFIA DAVIDOFF, Linda L. Introduo Psicologia. Nova Iorque: McGraw-Hill, 1993; FERREIRA,PaulodaTrindade.GuiadoAnimadorUmaActividadedeFormao.Lisboa: Edies Multinova, 1999; LINDEMAN,E.TheMeaningofAdultEducation.CitinClaude,Aprendizageme Desenvolvimentos dos Adultos. Lisboa: Piaget Editora, 2002 MO-DE FERRO, Antnio. Na Rota da Pedagogia. Lisboa: Edies Colibri, 1999; MONTEIRO, Manuela. Sapiens Demens. Porto: Porto Editora, 1988; PINTO,Jorge.PsicologiadaAprendizagem:concepes,teoriaseprocessos.Lisboa: Edies I.E.F.P, 1999; SACADURA, Ana. Relao Pedaggica. Lisboa: CNS, 1992.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 43 ANEXOS | Anexo I Lista A Aquela Criana Que Brincava Com Uma Bola Estava Muito Feliz | Anexo II Lista B Supermercado Compras Batatas Fruta Legumes Queijo Leite Po Dinheiro Caixa

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 44 | Anexo III Lista C rvore Peo Casa Balde Carro Meia Caneta Giz Cimento Lobo MDULO 4 4 Comunicao e Animao de Grupos Objectivos - Identificar as caractersticas e elementos do processo comunicacional - Reconhecer a importncia da comunicao nas relaes interpessoais -Identificar os aspectos que podem erigir barreiras comunicao -Avaliar a importncia da comunicao no verbal, e como se relaciona com o contexto cultural -Analisar a importncia do feedback no desempenho profissional -Reconhecer os principais estilos de comunicao -Analisar a importncia da comunicao interna como um quadro de referncia comum -Conceptualizar a comunicao interna -Desenvolver competncias para identificar a comunicao interna nas organizaes -Compreender e identificar os diversos suportes da comunicao interna -Avaliar a importncia da comunicao institucional -Equacionar os diversos cenrios estratgicos e a articulao destes com a comunicao | Tpicos - COMUNICAO- LEIS DA COMUNICAO- O PROCESSO DE COMUNICAO- O PAPEL DETERMINANTE DA COMUNICAO NO SISTEMA SOCIAL - A IMPORTNCIA DA COMUNICAO NO-VERBAL - CANAIS INFORMAIS DE COMUNICAO - AS BARREIRAS COMUNICAO - FACTORES QUE INTERVM NA FIDELIDADE DA COMUNICAO - ATITUDES INDIVIDUAIS FACILITADORAS DA COMUNICAO - OS ESTILOS DE COMUNICAO - GRUPOS - A IMPORTNCIA DA COESO DO GRUPO - VANTAGENS E DESVANTAGENS DOS GRUPOS - O CONFLITO - ESTRATGIAS PARA TRATAR CONFLITOS - LIDERANA - AS FUNES DO LDER - MOTIVAO - DIFERENTES TIPOS DE MOTIVOS - MOTIVAES EXTRNSECAS E INTRNSECAS - TEORIAS DA MOTIVAO - EXERCCIOS PRTICOS - BIBLIOGRAFIA

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 46 CONCEITOS | Tpicos 4.1.1 Conceito de Comunicao 4.1.1.1 Sentido Etimolgico4.1.1.2 Sentido Lingustico 4.1.1.3 Sentido Geral4.1.1.4 Sentido Cultural 4.1.1.5 Sentido Psicolgico 4.1.1.6 Comunicao Unilateral4.1.1.7 Comunicao Bilateral 4.1.2 Funes da Comunicao 4.1.3 Leis da Comunicao 4.1.4 O Processo de Comunicao 4.1.5 Preocupaes a ter na Comunicao 4.1.5.1 Planeamento 4.1.5.2 Controlo 4.1.6 Impossvel no Comunicar 4.1.7 O Papel Determinante da Comunicao no Sistema Social 4.1.8 A Simbologia Utilizada 4.1.8.1 Verbal 4.1.8.1.1 Verbal Oral 4.1.8.1.2 Verbal Escrita 4.1.8.2 Simblica 4.1.8.3 No - Verbal 4.1.9 A Importncia da Comunicao No Verbal 4.1.10 O Modelo Transparente de Comunicao 4.1.11 O Modelo de Shannon Weaver4.1.11.1A Explicao do Modelo de Shannon Weaver4.1.12 Factores a Considerar 4.1.13 Canais Informais de Comunicao 4.1.14 As Barreiras Comunicao 4.1.14.1 Tipo de Barreiras

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 47 4.1.14.2 Barreiras Externas 4.1.14.3 Barreiras Internas 4.1.14.4 As Barreiras Comunicao (Obstculos Emisso/recepo) 4.1.15 Factores que Intervm na fidelidade da Comunicao 4.1.16 Atitudes Individuais Facilitadoras da Comunicao 4.1.17 As Atitudes de Comunicao e as suas Consequncias 4.1.17.1 Atitudes 4.1.17.2 Consequncias 4.1.18 Os Estilos de Comunicao 4.1.18.1 Passivo 4.1.18.2 Agressivo 4.1.18.3 Assertivo 4.1.18.4 Manipulador4.1.19 A Gesto do Espao Formativo e de Comunicao 4.1.19.1 Ambiente Autocrtico 4.1.19.2 Ambiente Liberal 4.1.19.3 Ambiente Democrtico 4.1.20 Gerir Relaes Interpessoais 4.1.21 Relao Pedaggica 4.1.22 Grupo 4.1.22.1 A Importncia da Coeso do Grupo 4.1.22.2RazesqueLevamoIndivduoaIdentificarosObjectivosdogrupoeasSuas Necessidades 4.1.22.3 Identificao dos Comportamentos de Um Bom Participante no Grupo 4.1.22.4 O Nmero Ideal de membros Num Grupo de Trabalho 4.1.22.5 Vantagens e Desvantagens dos Grupos 4.1.22.6 Caracterizar o Grupo Eficaz e Eficiente 4.1.23 O Conflito 4.1.23.1 Porqu 4.1.23.2 Estratgias Para Tratar Conflitos 4.1.23.2.1 Evitar o Conflito 4.1.23.2.2 Desactiv-lo 4.1.23.2.3 Enfrent-lo 4.1.23.2.3.1 Ganhar - Perder 4.1.23.2.3.2 Perder Perder 4.1.23.2.3.3 Ganhar Ganhar 4.1.23.3 Conflito em Situao de Formao 4.1.23.4 Como Lidar com os Conflitos 4.1.23.5 Formador/Conflito 4.1.24 Liderana

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 48 4.1.24.1 Avaliar o Comportamento do Lder em Funo da Tarefa e das Relaes Humanas 4.1.25 Motivao 4.1.25.1 Diferentes Tipos de Motivos 4.1.25.2AMotivaonasOrganizaes:ASocializaoOrganizacionaleoContrato Psicolgico 4.1.25.3 Motivaes Extrnsecas e Intrnsecas 4.1.25.4 Motivao Como Tarefa de Gesto 4.1.25. 5 Dezasseis Factores que Podem dar Origem Desmotivao 4.1.25.6 Como Motivar? 4.1.25.7 Teorias da Motivao 4.1.25.7.1 A teoria dos Dois Factores 4.1.25.7.2 Teoria das Necessidades Humanas 4.1.25.7.3 Teoria X e Teoria Y 4.1.25.7.4 Teoria das Expectativas 4.1.25.7.5 Teoria da Formulao de Metas 4.1.25.8 As Nove leis da Motivao 4.1.26 Exerccios Prticos 4.1.27 Bibliografia COMUNICAO Fonte: Weick, 1987; Orlikowski & Yates, 1994; Clampitt, 2001 A comunicao um fenmeno to antigo como o homem e to comum como a prpria vida, uma condio sine qua non da vida social e da vida organizacional. Comunicar viver, assim se pode traduzir oconceitocomunicacional,quersetratedavidasocial,econmica,polticaouorganizacional.Oque significariaavidasenohouvessecomunicao?Poderemostambmquestionarseexistiria,alguma vez,vidaorganizacionalseosseusmembrosnotivessemformadecomunicarentresie,comas entidades externas. 4.1.1.1 - Sentido EtimolgicoCommunicare significa pr em comum, entrar em relao. 4.1.1.2 - Sentido Lingustico Funo principal da lngua.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 49 4.1.1.3 - Sentido GeralCaractersticaessencialdetodooorganismovivo,atravsdoqualseestabelecerelaesde interdependnciaquerparaasuasobrevivncia,querparaodesenvolvimentodasuavida social. 4.1.1.4 Sentido Cultural Transmisso do patrimnio de uma civilizao, s geraes seguintes. 4.1.1.5 - Sentido Psicolgico Processo de transmisso e recepo de sinais e mensagens. 4.1.1.6 Comunicao UnilateralDe via nica, sem reciprocidade 4.1.1.7 Comunicao Bilateral Alternncia de papis. Recebida a mensagem o receptor informa o emissor. FUNES DA COMUNICAO Controlo Motivao Expresso Motivacional Informao LEIS DA COMUNICAO Lei do Emissor A comunicao tanto mais eficaz quanto mais importante for o emissor. Lei da Congruncia O emissor deve ser congruente coma mensagem a transmitir.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 50 Os C da Credibilidade 1.Coragem 2.Competncia 3.Convico 4.Cuidado com o bem-estar dos outros 5.Compostura 6.Cumprimento de promessas 7.Carcter 8.Consistncia (entre o que diz e o que faz) (Des)Confiana Matam os mensageiros das ms notcias. Actuam de um modo incongruente com as prticas. No cumprem promessas No mantm em segredo o que confidencial. No esperam o melhor das pessoas. Cultivam o fetiche de tudo medirem. Lei do Receptor Acomunicaotantomaisdifcilquantomaioresforemonmerodereceptoresea respectiva heterogeneidade. Lei da Repetio Quantomaisvezesumamensagemforrepetida,maiorapossibilidadedeser memorizada. Lei da Simplificao Quantomaissimplesforumamensagem,maisfcilserasuacompreensoe memorizao Lei da Distoro Ocontedodeuma mensagemaltera-semedidaqueretransmitidadeumapessoa para outra (quem conta um conto acrescenta-lhe um ponto). Efeito Boomerang O efeito de uma mensagem pode ser exactamente o oposto do pretendido pelo emissor. Ordem das Mensagens As pessoas tendem a memorizar mais facilmente as mensagens ouvidas no incio (Efeito Prioridade) e no fim (Efeito Recenticidade) de um discurso comunicacional. Lei do Diferencial de Percepes Oreceptortem,emmdia,umacapacidadedepercepocincovezessuperiordo emissor. A Importncia da Comunicao nas Relaes Interpessoais na OrganizaoAcomunicaorepresentaoaparelhocirculatriodavidaorganizacional,masoseusignificadono pode ser desligado do corpo que a consubstancia. O estado geral do aparelho circulatrio depende dos hbitosdocorponoseutodo,masobem-estardestetambmestcondicionadopelobom funcionamento daquele. (Armnio Rego, 1999)

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 51 O PROCESSO DE COMUNICAO Melhoria do Processo de Comunicao EMISSOR Aquele que emite uma mensagem. RECEPTOR Aquele que recebe uma mensagem. MENSAGEM Informao que circula do emissor para o receptor. CANAL Meio atravs do qual a mensagem transmitida. FEEDBACKInformaoderetornoquevisaconfrontaroscontedosrecebidospeloreceptor (informaorecebidaedescodificada),comoscontedosemitidospeloemissor (informaocodificadaetransmitida),tendoemvistaclarificarosentidoda mensagem e efectivar a comunicao. Quem O comunicador envia uma O qu mensagem Por que meio atravs de um canal/meio A quem a um receptor Feedback Oreceptorremeteinformaoderetornoaoemissor (pergunta,discorda,acenaacabea,confirmaque recebeu) Fonte: Adaptada de Cloke & Goldsmith (2000:57)

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 52 PREOCUPAO A TER NA COMUNICAO 4.1.5.1 PLANEAMENTOTer objectivos especficos; Anotar os detalhes; Levar em conta a pessoa do interlocutor; Estudar a oportunidade e a melhor forma de comunicar. 1.1.5.2 CONTROLO Conseguir a ateno do ouvinte; Fazer a comunicao de maneira lgica; Confirmar o que foi dito (perguntas, recapitulaes, etc); Prestar ateno; Acompanhar (verificar se a pessoa fez o que devia). IMPOSSVEL NO COMUNICAR Comunicar essencial para o homem porque se trata de um processo que faz dele aquilo que ele e permite que se estabelea a relao interpessoal. Todosossereshumanoscomunicamatravsdesinais,quecorrespondemssuasnecessidades especficasdecadagruposocialecultural.Logoacomunicaodifereentreospovoseosgrupos sociais. O PAPEL DETERMINANTE DA COMUNICAO NO SISTEMA SOCIAL O porqu da comunicao ser fundamental em qualquer sociedade? - Permite a produo e a reproduo dos sistemas sociais. Acomunicaotornapossveldesempenhossemelhantes,especficapapis,estabelece normas, permite o desenvolvimento social e a interaco entre os membros da sociedade. - o sistema social que determina o modo como comunicam os seus membros. Existempalavraseexpressescujadescodificaoassumesignificadoscompletamente diferentes, de acordo com o grupo social onde so transmitidas ou codificadas. Isto explica-se porque as pessoas que comunica entre si, durante muito tempo, tendem a comportar-se de forma semelhante e atribuem o mesmo significado s coisas e s palavras.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 53 -Oconhecimentodeumsistemasocialpermitefazerprevisesacercadaspessoas,dosseus comportamentos e do modo como comunicam. Seaumdeterminadopapelcorrespondempadresdecomportamentoseformasde comunicao especficas, ento podemos prever, em relao s pessoas que desempenham esse papel, o seu comportamento e o modo de comunicar. Exs.: Freiras, mdicos, escuteiros, etc. A SIMBOLOGIA UTILIZADA 4.1.8.1 Verbal Ela est patente quando a comunicao utilizada por meio de palavras a comunicao verbal o modo de comunicao mais familiar e mais frequentemente usado. Divide-se em: 4.1.8.1.1 Verbal Oral (Refere-seaesforosdecomunicaotaiscomo:dilogoentreduaspessoas,darinstruesaum colega,entrevistarumcandidatoaumemprego,informaralgumacoisaaalgum,rdio,televiso, telefone, etc.). 4.1.8.1.2 Verbal Escrita(Refere-sea:escrita,livros,cartazes,jornais,memorandos,relatriosescritos,normase procedimentos). 4.1.8.2 Simblica Os indivduos rodeiam-se de vrios smbolos, os quais podem comunicar muito a outros indivduos. O lugar que moramos, as roupas que usamos, o carro que conduzimos, a decorao do escritrio e outras coisas mais expressam parte da nossa personalidade. 4.1.8.3 No Verbal Acomunicaono-verbalrefere-setransmissodeumamensagemporalgummeiodiversoda fala e da escrita, uma das facetas mais interessantes da comunicao. Incorpora coisas como o modo com que usamos o nosso corpo, os nossos gestos e nossa voz para transmitir certas mensagens.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 54 A IMPORTNCIA DA COMUNICAO NO-VERBAL Gestos Osgestosforam,provavelmente,oprimeiromeiodecomunicaoentreoshumanos,antes propriamente da linguagem falada. Ns aprendemos a utilizar um cdigo gestual e a interpret-lo. Eles permitem definir os papis e os desempenhos sociais. Expresses Faciais Quandocomunicamos,onossocorpotambmfala.Asexpressesquefazemosevidenciam sentimentos, emoes e reaces. Atravs da nossa expresso facial podemos mostrar respeito ou desrespeito para com os outros. O modo como olhamos e somos olhados transmite muitas coisas. Silncios Os silncios so elementos fundamentais do processo comunicacional. Existem vrios tipos de silncios: -Os que embaraam; -Os que criam vazios nas relaes interpessoais; -Os que significam troca de emoes e sentimentos, etc. Roupas e Acessrios A maneira como nos vestimos comunica algo com os outros, no s atravs das cores (alegres, garridas ou escuras), mas atravs dos tecidos e do corte utilizado. Osuniformes,porexemplo,tmnasociedadeumenormevalorcomunicativo.Atravsdeles sabemos qual o papel desempenhado pelo sujeito. Movimentos Corporais A posio do corpo determinante para a qualidade na comunicao. Porexemplo,umaposturargidapodesignificarresistnciainteraco.Umapostura ligeiramente inclinada para o interlocutor favorece a escuta e a empatia. Ao comunicar com o interlocutor evite: -Braos cruzados; -Mos na cintura;-Mos nos bolsos; -Mos atrs das costas; -Gestos agressivos; -Apontar o dedo.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 55 O MODELO TRANSPARENTE DE COMUNICAO Acomunicaoconsistenatransmissodacompreensocomumatravsdousodesmbolos.O termoderivadolatimcommunis,quesignificacomum.Poroutraspalavras,senohouveruma compreensocomumresultantedatransmissodesmbolosverbaisounoverbais,noh comunicao. Donnelly et.al. (2000:375). Oparadigmadominantedacomunicaof-laconsistirnomovimentodeumasubstncia (mensagem) que, deslocando-se de um ponto para outro, pode encontrar barreiras ou filtros redutores de transmisso eficaz. Centrado sobre a fiabilidade e a eficincia tcnica, este paradigma dedica particular atenoidentificaodosbloqueiosqueinibemaperfeitatransmisso(distores,retenesde informao),elegendocomoboaacomunicaoemqueoreceptorrecebeexactamenteamesma mensagemquefoitransmitidapeloemissor.Porisso,qualific-lo-emoscomoparadigmada comunicao transparente. Gomes (2000:167) MODELO DE SHANNON-WEAVER 4.1.10.1 EXPLICAO DO MODELO DE SHANNON-WEAVER Do lado do emissor h um processo de codificao; Do lado do receptor, a descodificao. Entre a mensagem enviada e a recebida h um hiato, em que diversos rudos podem aparecer, afectando a mensagem. Fonte: Adaptado de C. F. Shannon-Weaver, The Mathematical Theory of Communication (Urbana: University of Illinois Press, 1949), pp. 5 e 98.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 56 Assim, a comunicaono estar completa enquanto o receptor no tiver interpretado (percebido)a mensagem. Se o rudo for demasiadamente forte em relao ao sinal, a mensagem no chegar ao seu destino, ou chegar distorcida. FACTORES A CONSIDERAR Comoosimplesactodereceberamensagemnogarantequeoreceptorvinterpret-la correctamente (ou seja, como se pretendia), convm considerar:Quem est a comunicar a quem, em termos de papis que essas pessoas desempenham (por exemplo, administrao e operrio, gestor e subordinado).Alinguagemouo(s)smbolo(s)usadosparaacomunicao,earespectivacapacidadede levar a informao e esta ser entendida por ambas as partes.O canal de comunicao, ou o meio empregado e como as informaes so recebidos atravs dos diversos canais (tais como comunicao falada ou escrita).Ocontedodacomunicao(boasoumsnotcias,relevantesouirrelevantes,familiaresou estranhas). Ascaractersticasinterpessoaisdotransmissoreasrelaesinterpessoaisentre transmissor e o receptor (em termos de confiana, influncia etc.).Ocontextonoqualocomunicaoocorre,emtermosdeestruturaorganizacional(por exemplo, dentro de ou entre departamentos, nveis e assim por diante).SobrecargadeInformaes,quandotemosmaisinformaesdoquesomoscapazesde ordenar e utilizar.Tipos de informaes, as informaes que se encaixarem com o nosso auto conceito tendem a ser recebidas e aceites muito mais prontamente do que dados que venham a contradizer o que j sabemos. Em muitos casos negamos aquelas que contrariam as nossas crenas e valores.Fontedeinformaes,comoalgumaspessoascontamcommaiscredibilidadedoqueoutras (status),temostendnciaaacreditarnessaspessoaseadesacreditarnasinformaes recebidas de outras.Localizaofsica,alocalizaofsicaeaproximidadeentretransmissorereceptortambm influenciamaeficciadacomunicao.Resultadosdepesquisastmsugeridoquea probabilidadededuaspessoassecomunicaremdecresceproporcionalmenteaoquadradoda distnciaentreelas.Defensiva,umadasprincipaiscausasdemuitasfalhasdecomunicao ocorrequandoumoumaisdosparticipantesassumeadefensiva.Indivduosquesesintam ameaadosousobataquetenderoareagiremdemaneiraquediminuemaprobabilidadede entendimento mtuo.

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 57 CANAIS INFORMAIS DE COMUNICAO Fonte: Adaptada de Chiavenato I. (2004:314) Cadeia de Mexericos (Um conta a muitos) Cadeia de Cachos de Uva (Alguns contam a outros escolhidos)

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 58 AS BARREIRAS COMUNICAO 4.1.14.1 Tipo de Barreiras:Tcnicas:espaooudistncia;falhasmecnicas;disfuneselctricas;lacunasnotempo; inferncias fsicas. Semnticas:interpretaesdepalavras;descodificaodegestos;translaodelinguagem; significados de sinais ou smbolos; sentido das lembranas. Humanas:variaoperceptiva;diferenasdesensibilidade;variveisdepersonalidade; discrepncias de competncias; limiar da sensao. DiferentesQuadrosdeReferncia:Asexperinciaspassadasinfluenciamaspercepesdas ocorrncias actuais. PercepoSelectiva:Desconsideraopelasinformaesqueentramemconflitocomoque sabemos. CredibilidadedaFonte:Quandoalgumnoscomunicaalgo,ainterpretaoquefazemosda mensagem influenciada pela avaliao que fazemos dessa pessoa. Percepes Diferentes:As mensagens so interpretadas luz dos valores, convices e crenas que as pessoas perfilham, assim como por pessoas que as envolvem. Problemas Semnticos: As palavras tm interpretaes que nem sempre so coincidentes para as diferentes pessoas. SinaisNoVerbais:Osnossosgestos,expressesfaciaiseposturasdocorpotambm comunicam,podendoajudaroudificultarachegadadasmensagensaosdestinatrios,einfluenciara sua interpretao. EfeitodasEmoes:Qualquerquesejaaemoo(raiva,medo,excitao,felicidade),ela influencia o nosso modo de comunicar, assim como a interpretao que os outros do mensagem. Diferenas Culturais: As diferenas culturais (entre pases, regies, profisses) tendem a criar mal-entendidos na comunicao. Rudo Representatudoaquiloqueinterfere,natransmissoerecepodasmensagens,reduzindoa fidelidade destas. (Krone et. al., 1987) Exs.: Barreiras ComunicaoIncompetncia em Escutar Juzos de Valor, Esteretipos, Preconceitos Ausncia de Confiana Presses de Tempo Sobrecarga de Informao Gnero

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 59 Fracas Primeiras Impresses Fornecimento e Recebimento de Feedback Estilos Pessoais de Comunicao Impreparao Heterogeneidade da Audincia Contexto temporal Caractersticas do Meio/Canal Contexto/Arranjo Espacial Filtragem Barreiras Fsicas 4.1.14.2 Barreiras Externas As separaes como balces ou vidros, A distncia entre o Emissor e o Receptor, Temperaturaeiluminaopodemserconsideradasbarreirasexternas,seseprejudicarobem-estar dos interlocutores. 4.1.14.3 Barreiras Internas Falar uma linguagem que no entendida pelo interlocutor. H necessidade de descodificao do cdigo. Empregar palavras ambguas. Problemas da nossa estrutura pessoal que nos faam ter medo de falar de determinado assunto ou de falar com determinada pessoa. Referir ideias ou evocar sentimentos no adaptados ao objectivo da comunicao. Os valores e as crenas das pessoas assim como a sua viso do mundo. Papis sociais desempenhados. Estado de cansao ou de doena 4.1.14.4 As Barreiras Comunicao (Obstculos Emisso/recepo) Ao Nvel do Emissor e do Receptor Construo da ideia Codificao/descodificao Expresso Audio Interpretao

Manual do Formando | FIF Formao Inicial de Formadores 60 Ao Nvel do Contexto Contexto inadequado comunicao Ao Nvel do Meio Quando inadequado aos objectivos Ao Nvel do Cdigo Quando no partilhado pelo E e R Ao Nvel da mensagem Se no oportuna, pertinente, motivadora; Se muito dissonante com o quadro de referncia do R FACTORES QUE INTERVM NA FIDELIDADE DA COMUNICAO Existefidelidadenacomunicaoquandoamensagemrecebidaemperfeitascondies,ouseja, quando a sua descodificao correcta, tendo o emissor atingid