introducao a educacao a distancia

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Introdução à Educação a Distância e Ambiente Virtual de Ensino- Aprendizagem Florianópolis 2010 Professor Alexandre Motta Professor Igor Gavilon

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  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem

    Florianpolis2010

    Professor Alexandre MottaProfessor Igor Gavilon

  • Introduo Educao a Distncia eAmbiente Virtual de Ensino-Aprendizagem

    Professor Alexandre MottaProfessor Igor Gavilon

    Curso de Especializao em Ensino de Cincias

    Florianpolis2010

  • M921i Motta, Alexandre Introduo educao a distncia e ambiente virtual de ensino - aprendizagem / Alexandre Motta ; Igor Gavilon. Florianpolis : Publicaes do IF-SC , 2010. 92 p. : il. ; 27,9 cm. Inclui Bibliografia. 1. Educao a distncia - EAD. 2. Mdias e tecnologias. 3. Ambiente virtual de ensino aprendizagem. I. Gavilon, Igor. II. Ttulo.

    CDD: 371.3

    Catalogado por: Augiza Karla Boso CRB 14/1092 Rose Mari Lobo Goulart CRB 14/277

    Copyright 2010, Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Santa Catarina / IF-SC. Todos os direitos reservados.A responsabilidade pelo contedo desta obra do(s) respectivo(s) autor(es). O contedo desta obra foi licenciado temporria e gratuitamente para utilizao no mbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, atravs do IF-SC. O leitor compromete-se a utilizar o contedo desta obra para aprendizado pessoal. A re-produo e distribuio ficaro limitadas ao mbito interno dos cursos. O contedo desta obra poder ser citado em trabalhos acadmicos e/ou profissionais, desde que a fonte esteja corretamente identificada. A cpia total ou parcial desta obra sem autorizao expressa do(s) autor(es) ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanes previstas no Cdigo Penal, artigo 184, Pargrafos 1o ao 3o, sem prejuzo das sanes cabveis espcie.

  • InstItuto FEDErAl DEEDuCAo, CInCIA E tECnoloGIASanta Catarina

    Ficha tcnica

    Organizao Alexandre Motta

    Igor Gavilon

    Comisso Editorial Paulo Roberto Weigmann

    Dalton Luiz Lemos II

    Coordenador do Curso de Jos Carlos Kahl

    Especializao em Ensino de Cincias

    Produo e Design Instrucional Ana Paula Lckman

    Capa, Projeto Grfico, Editorao Eletrnica Lucio Santos Baggio

    Reviso Gramatical Maria Helena de Bem

    Imagens Stock.XCHNG

    Material produzido com recursos do Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB)

  • sumrio

    9 Apresentao

    11 cones e Legendas

    13 Para incio de conversa

    15 Orientaes para o estudo on line

    23 unidade 1 Introduo EaD

    25 1.1. Definies

    26 1.2. Geraes

    36 1.3. Finalidades das instituies

    39 unidade 2 teorias da Educao a Distncia

    42 2.1. Teoria da interao a distncia

    44 2.2. Teoria da liberdade cooperativa

    51 unidade 3 Mdias e tecnologias

    54 3.1. Material impresso

    55 3.2. Rdio

    55 3.3. Televiso e vdeo

    56 3.4. Telefone e fax

    56 3.5. Teleconferncia e videoconferncia

    58 3.6. Outras tecnologias

    65 unidade 4 novas alternativas e possibilidades para a sala de aula

    68 4.1. Multimdia

    69 4.2. Hipertexto

    71 4.3. Hipermdia

    72 4.4. Ambientes virtuais de aprendizagem

    85 4.5. Softwares livres

    92 Sobre os autores

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 9

    Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a)!

    Estamos iniciando o estudo da unidade curricular Introduo Edu-

    cao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem, que busca

    principalmente auxiliar voc no aprendizado das ferramentas utilizadas na

    modalidade a distncia. Alm disso, esta unidade vai desenvolver atividades

    que aprofundem seus conhecimentos em espao e tempo distintos da sala

    de aula sem a presena fsica do professor. Ir analisar ainda os aspectos

    bsicos da Educao a Distncia (EaD), inserindo voc, estudante, atravs de

    uma viso sistmica, em situaes de aprendizagem nessa modalidade.

    Este material foi elaborado com a preocupao de que o estudante

    possa desenvolver autonomia, que no algo natural, e que se refere a uma

    maneira de se comportar e, portanto, precisa ser aprendida. importante que

    voc saiba que estudar nesta modalidade no significa estar sozinho; temos

    uma equipe que ter o maior prazer em atend-lo, sendo a sua aprendizagem

    o nosso principal objetivo.

    Alm das unidades de estudo que compem este livro e que sero

    trabalhadas ao longo das prximas quatro semanas, apresentamos, no incio

    do texto, um breve guia com algumas recomendaes para que voc possa

    tirar o melhor proveito possvel do estudo a distncia. A ideia contribuir

    para que voc desenvolva competncias que garantam sucesso nessa mo-

    dalidade de ensino. Portanto, essencial que voc recorra sempre a esse

    material quando estiver sentindo algum tipo de dificuldade em relao

    sua rotina de estudos.

    Para um bom aproveitamento nesta unidade curricular, voc vai

    precisar de participao e envolvimento frequentes com as ferramentas e

    possibilidades que surgem no Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem,

    Apresentao

  • 10 - Especializao em Ensino de Cincias

    assim como seu perfeito manuseio. Tenha sempre em mente que, na Edu-

    cao a Distncia, o seu desempenho est diretamente relacionado sua

    dedicao - no s ao contedo presente no material impresso, como tam-

    bm na busca de outras informaes, alm de uma disciplina para o estudo

    e o contato permanente com os professores e tutores do seu curso.

    Sucesso e bom trabalho!

    Professor Alexandre MottaProfessor Igor Gavilon

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 11

    cones e legendas

    GlossrioA presena deste cone representa a explicao de um termo utilizado durante o

    texto da unidade.

    lembre-seA presena deste cone ao lado do texto indicar que naquele trecho demarcado

    deve ser enfatizada a compreenso do estudante.

    saiba maisO professor colocar este item na coluna de indexao sempre que sugerir ao

    estudante um texto complementar ou acrescentar uma informao importante

    sobre o assunto que faz parte da unidade.

    link de hipertextoSe no texto da unidade aparecer uma palavra grifada em cor, acompanhada do cone da seta, no espao lateral da pgina, ser apresentado um contedo especfico relativo expresso

    destacada.

    Destaqueparalelo

    Destaque de texto

    A presena do retngulo com fundo colorido indicar trechos im-

    portantes do texto, destacados para maior fixao do contedo.

    O texto apresentado neste

    tipo de box pode conter

    qualquer tipo de informao

    relevante e pode vir ou no

    acompanhado por um dos

    cones ao lado.

    Assim, dessa forma, sero

    apresentados os conte-

    dos relacionados palavra

    destacada.

    Para refletirQuando o autor desejar que o estudante responda a um questionamento ou realize

    uma atividade de aproximao do contexto no qual vive ou participa.

  • Para incio de conversa

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 15

    Para incio de conversa

    orientaes para o estudo on line Voc est iniciando um curso na modalidade a distncia e para que te-

    nha o melhor aproveitamento importante que compreenda a constituio

    desta forma de educao. A nossa inteno nesta unidade curricular criar

    um espao de discusso sobre concepes pedaggicas que envolvem esta

    forma de ensino, assim como estruturar alguns princpios que organizem o

    seu estudo durante o tempo desta etapa acadmica.

    Um dos primeiros pontos que queremos destacar, de fundamental

    importncia para a organizao do seu estudo, a Gesto do Tempo: um

    dos objetivos que voc ajude a si mesmo, tornando-se consciente de como

    voc usa seu tempo como um recurso para organizar, priorizar e ter sucesso

    em seus estudos no mbito das demais atividades.

    Estratgias sobre a utilizao do tempo: Assim que o seu ano letivo comea, desenvolva e planeje blocos de

    tempo de estudo em uma semana. Alguns materiais difceis podem

    exigir pausas frequentes; encurte o seu estudo, se necessrio, mas

    no se esquea de voltar tarefa sempre que possvel!

    Procure dedicar de uma a duas horas dirias para as atividades

    do curso (navegao no AVEA, leituras e exerccios).

    Determine um local livre de distraes (sem telefone celular ou

    mensagens de texto!), onde voc pode maximizar a sua concentra-

    o e estar livre das distraes que os amigos podem trazer.

    Organizar avaliaes semanais e atualizaes tambm pode ser

    Este material foi elaborado

    com base no Guia de Es-

    tudo e Estratgias, escrito e

    mantido por Joe Landsber-

    ger, com permisso para

    copiar, adaptar e distribuir

    em formato impresso e

    no comercial no contexto

    educativo e em benefcio

    dos alunos.

    Disponvel em: http://www.

    studygs.net/timman.

    Acesso em: 03 mai.2010.

    Como voc gasta o seu

    tempo a cada dia?

  • 16 - Especializao em Ensino de Cincias

    uma estratgia importante. A cada semana, como uma noite de

    domingo, reveja suas atribuies, suas notas, sua agenda.

    Tenha uma agenda!

    Adie tarefas e rotinas que possam ser adiadas at que o seu com-

    promisso com os estudos esteja acabado.

    Identifique os recursos para ajud-lo: existem tutores? Um amigo

    expert ou simplesmente algum que atue na rea que voc est

    estudando? J tentou uma busca de palavras-chave na Internet para

    obter explicaes? H especialistas na biblioteca a quem voc pode

    recorrer? Use estes recursos para voc poder economizar tempo e

    energia e resolver problemas.

    Agende e defina suas metas, visando desenvolver a autodisciplina.

    Busque estabelecer uma programao diria e semanal, com priori-

    dades, gerenciando as atividades de sua vida pessoal e de estudos.

    Faa uma definio de metas de curto, mdio e longo prazo. A

    simples apresentao de trs a cinco misses lhe permite identifi-

    car e visualizar um grupo de tarefas em um s lugar para facilitar a

    consulta. E ateno: a lista exibida em um lugar de destaque pode

    lembr-lo do que voc considera importante fazer.

    Organize com seus colegas situaes de aprendizagem coo-

    perativa, ou seja, situaes organizadas nas quais os membros

    estabelecem laos de colaborao e confiana mtuos para atingir

    um objetivo acordado. A sala de aula um excelente lugar para

    desenvolver as habilidades do grupo, habilidades que necessitamos

    aprender:

    Desenvolvendo e compartilhando um objetivo comum;

    contribuindo para a compreenso de questes e solues;

    permitindo ao outro falar e contribuir e considerar suas contri-

    buies;

    sendo responsveis pelos outros, e eles sendo responsveis por

    voc.

    Alguns princpios e responsabilidades operacionais podem ser com-

    partilhados, definidos e acordados para cada membro. Estes incluem:

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 17

    Compromisso de comparecer, preparar e chegar na hora para os

    encontros.

    Discusses e desacordos focados nos temas, evitando crticas pes-

    soais.

    Assumir a responsabilidade por uma parte das tarefas e realiz-las

    no tempo.

    nosso cursoVoc, aluno, que est se inserindo no processo de Educao a Distn-

    cia, deve estar consciente de que:

    Voc o principal responsvel por seu aprendizado.

    A Educao a Distncia baseada na autonomia do aluno, que

    possui flexibilidade de horrios e locais e pode desenvolver seu

    prprio ritmo de estudos.

    Essa autonomia tem de estar aliada a uma disciplina do aluno, pois

    as atividades, mesmo no tendo hora ou local definidos para sua

    realizao, tm prazos bem definidos de trmino e entrega.

    Dependendo do planejamento feito pelo professor, as atividades

    podem ser dirias, semanais e at mensais. Geralmente as ativida-

    des so organizadas por semanas, e os materiais didticos mais

    comuns contemplam materiais para leitura, atividades de fixao

    dos conhecimentos (testes), jogos didticos, abertura de fruns de

    discusso e atividades dissertativas.

    O nosso curso conta com atividades presenciais em que voc ter

    oportunidade, por exemplo, de exercitar-se com as tecnologias utilizadas no

    curso. Fique sempre atento a todas as datas importantes do seu calendrio

    acadmico.

    Assim que o seu curso tiver incio, sero disponibilizados os materiais

    didticos , os calendrios das atividades presenciais e os horrios das

    tutorias presenciais e a distncia.

    Os livros didticos elabo-

    rados para a educao a

    distncia so divididos em

    unidades. Se durante os seus

    estudos surgir alguma dvi-

    da, entre em contato com

    os tutores ou o professor da

    disciplina. No avance os es-

    tudos se no tiver entendi-

    do algum assunto anterior.

    As unidades so preparadas

    de forma sequencial, e os

    conceitos apresentados em

    uma determinada unidade

    serviro de base para o en-

    tendimento de um conceito

    subsequente.

  • 18 - Especializao em Ensino de Cincias

    Depois de matriculados, os alunos recebem por e-mail uma se-

    nha de acesso s reas restritas, nas quais aparecero o plano do curso,

    orientaes, atividades e materiais especficos, bem como seus prprios

    e-mails, relacionados em uma lista. Atravs deste sistema, os alunos

    recebero, no ambiente virtual e por e-mail, mensagens do professor

    e dos demais participantes. Alm do e-mail, o aluno ir interagir com o

    grupo e com o professor atravs de listas de discusso, mural eletrnico,

    fruns de debates e chats. Todos estes recursos contam com tutoriais, que

    orientam o acesso at para aqueles que no tm experincia. Os cursos

    compreendem mdulos - cada um deles com atividades especficas,

    material de apoio e exerccios.

    No ambiente virtual e no material didtico impresso existem sugestes

    de leituras, para que voc aprofunde o seu conhecimento em determinados

    assuntos. A busca por mais informaes e o hbito de realizar pesquisas

    um exerccio importante que o auxiliar durante o seu trabalho de escrita

    da monografia.

    Todas as atividades realizadas pelo aluno no Ambiente Virtual de

    Ensino-Aprendizagem (entrada e permanncia em cada pgina, download

    de materiais, realizao de exerccios, recebimento e envio de e-mails, partici-

    pao em chats, grupos e fruns, participao em atividades presenciais) so

    registradas e computadas para a sua avaliao de desempenho no curso.

    Existe uma variedade de recursos e orientaes que podemos

    construir em um curso a distncia. No entanto, procure estabelecer o

    seu prprio ritmo, a sua forma de aprender. A aprendizagem ativa deve

    ser um processo consciente e envolvente.

    nossa Estrutura1. Mediao pedaggica em EaD

    A mediao pedaggica no ensino presencial se faz por meio de aulas

    presenciais nas quais o aluno e o professor esto no mesmo lugar (a escola),

    ao mesmo tempo, ambos participando do processo de ensino e aprendiza-

    gem, fazendo uso dos recursos disponveis neste contexto pedaggico.

    Acesse o ambiente virtual e

    sua caixa de e-mail regular-

    mente. O aluno no precisa

    ficar sempre conectado

    Internet enquanto estuda,

    somente enquanto faz os

    downloads de cada aula,

    participa dos chats e fruns

    de discusso, envia e-mails,

    faz exerccios e navega em

    pginas da web para even-

    tuais pesquisas.

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 19

    A mediao pedaggica na EaD, diferentemente do que ocorre no

    presencial, acontece com o aluno e o professor em lugares distintos,

    em tempos diferentes, fazendo-se uso de ferramentas que possibilitem

    a colaborao entre eles.

    Neste cenrio, o aluno conta com o apoio de tecnologias que lhe

    permitem o acesso a informaes e recursos didticos necessrios ao seu

    aprendizado. Um dos recursos mais importantes o Ambiente Virtual de

    Ensino-Aprendizagem (AVEA), que mantm o professor em contato com o

    aluno, disponibiliza recursos didticos variados e permite a interao com

    outros estudantes, tornando-se um ambiente colaborativo entre todos. O

    AVEA favorece a evoluo das discusses e participaes, bem como exercita

    a capacidade crtica do estudante frente aos objetos de estudo.

    2. Polos de Apoio PresencialSegundo o Decreto n 5.622/05, a concepo pedaggica dos cursos

    e programas a distncia deve contemplar atividades presenciais obrigatrias,

    destinadas s seguintes finalidades: avaliao dos estudantes; estgios obri-

    gatrios, quando previstos na legislao pertinente; defesa de trabalhos de

    concluso de curso, quando previstos na legislao pertinente; atividades

    relacionadas a laboratrios de ensino, quando for o caso; alm de orienta-

    o aos estudantes pelos tutores, videoconferncia, atividades de estudo

    individual ou em grupo, com utilizao do laboratrio de informtica e da

    biblioteca, entre outras. Cada curso e instituio podem definir momentos

    presenciais para outros tipos de atividades.

    As atividades presenciais obrigatrias realizam-se no Polo de Apoio

    Presencial ou na prpria sede da instituio, conforme a legislao da insti-

    tuio. A frequncia com que ocorrem deve ser determinada pela natureza

    da rea do curso oferecido e pela metodologia de ensino utilizada.

    Segundo o Decreto n 6.363 de dezembro de 2007, polo de apoio

    presencial a unidade operacional, no Pas ou no exterior, para o desenvolvi-

    mento descentralizado de atividades pedaggicas e administrativas relativas

    aos cursos e programas ofertados a distncia. Mantidos por municpios ou

  • 20 - Especializao em Ensino de Cincias

    governos de Estado, os polos oferecem a infraestrutura fsica, tecnolgica e

    pedaggica para que os alunos possam acompanhar os cursos a distncia.

    O polo tambm pode ser entendido como local de encontro onde

    acontecem os momentos presenciais, o acompanhamento e a orientao

    para os estudos, as prticas laboratoriais e as avaliaes presenciais. Essa

    unidade, portanto, desempenha papel de grande importncia para o sistema

    da EaD. Sua instalao auxilia o desenvolvimento do curso e funciona como

    um ponto de referncia fundamental para o estudante.

    3. tutoria presencialAssim como na educao presencial, na modalidade a distncia o

    aluno responsvel por comparecer s atividades presenciais planejadas pela

    instituio ofertante do seu curso, mantendo a frequncia mnima exigida

    pelas normas especficas. O aluno deve se informar junto instituio de

    ensino sobre o calendrio previsto para cada atividade presencial.

    Alm da estrutura fsica, o polo presencial conta com uma equipe de

    profissionais capacitados para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem.

    Estes profissionais, denominados tutores presenciais, atendem os estudantes

    nos polos, em horrios definidos, auxiliando-os no desenvolvimento de suas

    atividades individuais e em grupo.

    O tutor presencial a pessoa que, dentro do polo presencial, pode

    auxiliar os alunos quanto ao material didtico utilizado, quanto s tecnolo-

    gias de informao disponveis e quanto ao esclarecimento de dvidas em

    relao aos contedos especficos de sua responsabilidade.

    O tutor presencial est em permanente comunicao com os es-

    tudantes e com a equipe pedaggica do curso, visando a estabelecer a

    interao entre os estudantes garantindo a qualidade do processo de

    ensino-aprendizagem.

    4. tutoria a distnciaO estudante conta, tambm, com o auxlio dos tutores a distncia, pro-

    fissionais capacitados que participam ativamente da prtica pedaggica.

    O trabalho da tutoria a distncia desenvolvido a partir da Instituio

    de Ensino Superior (IES) que oferece o curso, mediando o processo peda-

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 21

    ggico junto aos estudantes geograficamente distantes e referenciado aos

    polos descentralizados de apoio.

    Como o tutor a distncia est em um lugar diferente do estudante,

    ele utiliza as tecnologias de informao e comunicao disponveis no

    desenvolvimento de suas atividades de orientao, esclarecendo dvidas

    atravs de fruns de discusso pela Internet, telefone, videoconferncias,

    fax e recursos do AVEA.

    A tutoria a distncia responsvel por promover a interao entre

    estudantes, incentivando-o pesquisa e promovendo a construo coletiva

    de conhecimento. frequente a sua participao nos processos de avaliao

    de ensino-aprendizagem desenvolvidos pelos docentes.

    5. ProfessorO professor o profissional qualificado responsvel por gerir o pro-

    cesso de ensino e aprendizagem, colocando o estudante em contato com

    o seu objeto de estudo, consolidando o seu aprendizado.

    So atribuies do professor:

    Estabelecer a fundamentao terica para a disciplina de sua res-

    ponsabilidade.

    Selecionar os materiais tericos, nas diversas mdias, que serviro de

    apoio ao desenvolvimento pedaggico dos estudantes.

    Definir quais sero as atividades pedaggicas mais apropriadas ao

    contexto da disciplina por ele ministrada.

    Definir as competncias, habilidades e atitudes que os estudantes pre-

    cisam desenvolver e acompanh-los durante seu desenvolvimento;

    Motivar, orientar e avaliar os estudantes.

    Guiar o estudante na construo de seu conhecimento, utilizando

    os recursos disponveis no contexto da Educao a Distncia.

  • 1Unidade

    Introduo Educao a Distncia

  • 24 - Especializao em Ensino de Cincias

    Ao concluir o estudo desta unidade, voc ser capaz de identificar as diferentes definies para a EaD, alm de acom-panhar a evoluo desta modalidade educacional e distinguir as instituies de ensino conforme suas finalidades.

    Competncias

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 25

    Caro(a) estudante!

    Ser um prazer poder interagir com voc nesta unidade curricular.

    Para facilitar seus estudos teremos momentos distintos: um, dedicado

    aos estudos sobre a EaD propriamente dita e outro para familiariz-lo

    em relao ao Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem Moodle.

    Na medida em que vamos progredindo com a ferramenta de

    aprendizagem, que servir para todas as demais unidades curriculares

    do curso que voc acaba de iniciar, aprenderemos tambm as princi-

    pais definies de EaD, um breve histrico desta modalidade e qual o

    comportamento das instituies para com o ensino.

    Recomendamos que voc faa as atividades descritas no Ambiente

    Virtual de Ensino-Aprendizagem e compartilhe com os colegas, tutores

    e professores o seu crescimento e aprendizado.

    1.1. DefiniesAs polticas educacionais cada vez mais apontam para a necessidade

    de ofertar educao para todos. Observa-se o surgimento de novas possi-

    bilidades que se configuram em diferentes modos de ingresso, em flexi-

    bilizao de organizaes curriculares, implementando-se propostas para

    todas as idades, entre outras opes. Neste cenrio surgem as perspectivas

    inovadoras da Educao a Distncia, cuja idia bsica est na presena

    de alunos e professores em locais diferentes durante toda ou a maior

    parte de tempo em que aprendem ou ensinam.

    Com o advento de novas tecnologias de informao e comunicao, o

    espao destinado a esta modalidade de ensino vem se tornando mais intenso no

    cenrio mundial ou nacional, com um nmero maior de trabalhos e pesquisas

    1. Introduo Educao a Distncia

  • 26 - Especializao em Ensino de Cincias

    na rea, sendo tratado de forma mais adequada atual situao vivenciada por

    toda a sociedade, atualmente denominada de sociedade da informao.

    Neste novo contexto em que se inserem nossas prticas, algumas

    definies de autores so apresentadas e discutidas, para que possamos

    conhecer aquilo que chamamos de Educao a Distncia.

    Na dcada de 1990, os conceitos foram evoluindo e passando a

    incluir aspectos relacionados s possibilidades que esta modalidade de

    ensino oferece em termos de flexibilizao de tempo e espao, como o que

    apresentamos a seguir, formulado por Moore e Kearsley (1996): Educao a

    Distncia o aprendizado que ocorre normalmente em um local diferente

    do ensino, exigindo tcnicas especiais de criao da instruo e do curso,

    com comunicao por meio de vrias tecnologias e disposies adminis-

    trativas especiais.

    O prprio Ministrio da Educao (MEC), atravs do decreto 5.622

    de 19 de dezembro de 2005, definiu educao a distncia como uma

    modalidade educacional na qual a mediao didtico-pedaggica

    nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizao de

    meios e tecnologias da informao e comunicao, com estudantes

    e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou

    tempos diversos.

    1.2. Geraes da educao a distnciaA histria da educao a distncia uma sequncia de novas idias e tec-

    nologias, contrabalanadas por uma resistncia a mudanas, que no mundo todo

    Educao a distncia define

    um processo de ensino-

    aprendizagem em que pro-

    fessores e alunos no esto

    normalmente juntos, mas

    podem estar interligados

    por tecnologias das mais

    variadas (MORAN, 2008).

    Destaca-se, ainda, que na

    expresso ensino a distncia

    a nfase dada ao papel do

    professor, sendo a palavra

    educao mais abrangente.

    J Belloni (2002) apresenta

    uma definio para Educa-

    o a Distncia como um

    mtodo educacional regido

    por princpios organizacio-

    nais e de diviso do trabalho,

    com o uso intensivo de

    meios tcnicos. Esta mo-

    dalidade objetiva produzir

    material de ensino de alta

    qualidade e, sendo possvel,

    instruir um maior nmero de

    estudantes, ao mesmo tem-

    po, em diferentes lugares.

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 27

    tem uma longa histria de experimentaes, sucessos e fracassos (NUNES, 2008) e

    cujos primrdios remontam s Cartas de Plato e s epstolas de So Paulo.

    A inveno da imprensa por Johannes Guttemberg, na Alemanha

    do sculo XV, possibilitou Educao a Distncia o uso do texto e, em con-

    sequncia, a possibilidade futura de uma instruo por correspondncia

    (considerada a primeira gerao desta modalidade de ensino).

    Em Moore e Kearsley (2007), destacam-se ainda outras geraes da

    EaD: a segunda gerao, por meio da difuso pelo rdio e pela televiso; a ter-

    ceira no caracterizada pela tecnologia de disseminao por intermdio

    de uma organizao na educao, pela inveno de uma nova modalidade

    denominada de universidades abertas; a quarta gerao por udio e videocon-

    ferncia transmitidos por telefone, satlite, cabo e redes de computadores;

    e, por fim, a quinta gerao, que envolve o ensino e aprendizado on line, em

    classes e universidades virtuais, baseadas em tecnologias da Internet. Vamos

    abordar mais detalhadamente cada uma dessas geraes.

    1.2.1. A primeira gerao: estudo por correspondnciaOs cursos entregues pelo correio, denominados usualmente por cor-

    respondncia, tiveram seu incio no comeo da dcada de 1880, nos Estados

    Unidos, onde, segundo Moore e Kearsley (2007), as pessoas que desejassem

    estudar em casa ou no trabalho poderiam, pela primeira vez, obter instruo

    de um professor a distncia, tendo como marco a criao do Chautauqua

    Correspondence College oferecendo cursos de educao superior e autorizado

    pelo estado de Nova York a conceder diplomas por correspondncia.

  • 28 - Especializao em Ensino de Cincias

    Experincias similares ocorreram em outros pases. Moore e Kearsley

    (2007) destacam que Isaac Pitman utilizou o sistema postal nacional em 1840

    para ensinar seu sistema de taquigrafia; o francs Charles Toussaint e o alemo

    Gustav Langenscheidt, em meados da dcada de 1850, iniciaram intercmbio

    de ensino de lnguas com a criao de uma escola por correspondncia.

    Um dos motivos dos educadores por correspondncia era a viso

    de uma tecnologia para chegar at aqueles que, de outro modo, no se

    beneficiariam dela, como, por exemplo, as mulheres. Elas acabaram desem-

    penhando um papel importante na Educao a Distncia, tendo como lder

    Anna Eliot Ticknor, que, em 1873, criou uma das primeiras escolas de estudo

    em casa. Os autores ressaltam que, em 1900, a Cornell University oferecia

    um programa para mulheres na regio agrcola do norte do Estado de Nova

    York, atingindo em cinco anos mais de 20 mil mulheres.

    No ano de 1930, 39 universidades norte-americanas ofereciam cursos

    por correspondncia, e cerca de 2 milhes de alunos eram matriculados

    todo ano, sendo quatro vezes o nmero de todos os alunos matriculados

    em todas as faculdades e escolas profissionais nos Estados Unidos (BITTNER

    e MALLORY apud MOORE e KEARSLEY, 2007).

    Organizaes e empresas particulares tambm desenvolveram este

    tipo de ensino, alm das Foras Armadas, em que a criao do United States

    Armed Forces Institute oferecia 200 cursos de ensino elementar e mdio

    por correspondncia no ano de 1966, abarcando cerca de 500 mil alunos

    (BROTHERS apud MOORE e KEARSLEY, 2007). Em 1974 este tipo de estudo

    foi terceirizado s escolas e universidades privadas.

    A EaD no tem registros precisos no Brasil. Entretanto, alm de organi-

    zaes norte-americanas que implantam no pas as Escolas Internacionais em

    1904, o Jornal do Brasil, que iniciou suas atividades em 1891, registra anncio,

    na primeira edio da seo de classificados, oferecendo profissionalizao

    por correspondncia (datilgrafo), o que faz com que se afirme que j se

    buscavam alternativas para a melhoria da educao brasileira. Isso tambm

    coloca dvidas sobre o verdadeiro momento inicial da EaD.

    Nessa poca, a crise na educao nacional j era notada, e j se bus-

    cavam desde ento opes para a mudana no ensino nacional.

    A EaD comeou num momento bastante conturbado da educao

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 29

    brasileira e, desta forma, pela pouca importncia que se atribua a essa

    modalidade e tambm pelas alegadas dificuldades dos correios, pouco

    incentivo recebeu o ensino por correspondncia por parte das autoridades

    educacionais e rgos governamentais.

    1.2.2. A segunda gerao: transmisso por rdio e por televiso

    A segunda gerao da EaD acompanhou, assim como as demais, a

    chegada e evoluo dos meios de comunicao. Mas o rdio como divulga-

    o desta modalidade de ensino no correspondeu s expectativas, como

    observam Moore e Kearsley (2007). O interesse restrito do corpo docente e

    da direo das universidades, assim como o pouco preparo dos profissionais

    em trabalhar com este meio, provaram ser um recurso relativamente fraco

    para o fim a que se destinava.

    Nos Estados Unidos, a primeira autorizao para uma emissora edu-

    cacional foi concedida pelo governo Universidade de Salt Lake em 1921.

    Em 1925, a Universidade de Iowa oferecia seus primeiros cursos de cinco

    crditos por rdio (PITTMAN apud MOORE e KEARSLEY, 2007). Esta mesma

    universidade oferecia, em 1934, transmisses pela televiso sobre temas

    versando da higiene oral astronomia.

    Aps a Segunda Guerra Mundial, quando foram distribudas as fre-qun-

    cias de televiso, 242 canais foram concedidos para uso no comercial, atravs

    dos quais eram transmitidos muitos dos programas educacionais (emissoras

    comerciais tambm produziram excelentes programas educacionais).

    Com o incentivo de fundaes, as transmisses por televiso tiveram

    maior sucesso do que as feitas pelo rdio. A televiso a cabo e os telecursos,

    a partir de meados da dcada de 1980, nos Estados Unidos, propiciaram

    a participao de inmeras instituies de ensino com investimento de

    milhes de dlares, em programas que incluam material didtico, guias de

    estudo e guias para o corpo docente e para a administrao.

    Em 1923, a segunda gerao se estabeleceu no Brasil, com a fundao

    da Rdio Sociedade do Rio de Janeiro, por um grupo liderado por Henrique

    Morize e Roquete Pinto. Iniciou-se ento a educao pelo rdio. A emissora

    foi doada ao Ministrio da Educao e Sade em 1936 e, no ano seguinte,

  • 30 - Especializao em Ensino de Cincias

    foi criado o Servio de Radiodifuso Educativa do Ministrio da Educao.

    Em 1941, surge o Instituto Universal Brasileiro, objetivando a formao pro-

    fissional de nvel elementar e mdio. A Igreja Adventista lanou, em 1943,

    programas radiofnicos atravs da Escola Rdio-Postal A Voz da Profecia, com

    a finalidade de oferecer aos ouvintes os cursos bblicos por correspondncia.

    O SENAC - Servio Nacional de Aprendizagem Comercial - iniciou em 1946

    suas atividades e desenvolveu, no Rio de Janeiro e So Paulo, a Universidade

    do Ar, que em 1950 j atingia 318 localidades e 80 alunos; em 1973, iniciou

    os cursos por correspondncia, seguindo o modelo da Universidade de

    Wisconsin (VILARINHO, 2008).

    No incio da dcada de 1970, programas educativos a distncia pela

    televiso, como o Projeto SACY (desenvolvido pela Comisso Nacional de

    Atividades Espaciais, associando s potencialidades da televiso a ampliao

    do seu alcance via satlite), os veiculados pela TV Cultura de So Paulo (vin-

    culada Fundao Padre Anchieta) e os da Televiso Educativa do Maranho

    comearam a se popularizar. No contexto dessas experincias, torna-se digno

    de registro o processo desenvolvido pela TVE maranhense, organizando sua

    programao para apoiar, ampliar e melhorar o atendimento oferecido pelo

    sistema estadual de ensino. Nessa mesma dcada, o Projeto Minerva ganhou

    abrangncia nacional, com programas voltados para a aprendizagem de

    contedos da educao bsica, integrando material impresso e programas

    de rdio. O seu objetivo maior era ampliar o nmero de candidatos (apro-

    vados) aos exames supletivos, sendo sua clientela bsica adultos com um

    mnimo de leitura e compreenso de textos, que pudessem estabelecer um

    processo independente de estudo (UFSC, 1998).

    Na dcada de 1980, os Telecursos de 1 e 2 graus, vinculados por

    redes de televiso, promoveram uma maior divulgao da Educao a

    Distncia. Relacionados ou subordinados ao Programa Nacional de Tele-

    ducao, Vilarinho (2008) aponta tais programas de massa como muito

    criticados, sendo, inclusive, encarados por setores acadmicos como

    formas aperfeioadas de dominao e reproduo. No Brasil a Educao

    a Distncia, no mbito de seus sistemas estaduais de ensino, criando uma

    nova alternativa de concretizao da educao bsica atravs dos Centros

    de Ensino Supletivo (CES), dimensionou-a como modalidade educativa de

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 31

    segunda categoria, dirigida s pessoas que foram excludas do acesso ou

    do direito de concluir os estudos bsicos.

    Ainda assim, uma das grandes iniciativas de Educao a Distncia em

    operao no Pas , provavelmente, a do Programa TV Escola, da Secretaria de

    Educao a Distncia do MEC, ao distribuir material didtico via TV, comple-

    mentado por atividades presenciais ou de interao a distncia. Comeou a

    funcionar em meados de maro de 1996, fornecendo uma antena parablica,

    um aparelho de TV e um videocassete para cada uma das 56.770 escolas

    pblicas de ensino bsico, sendo um programa que precisa ser consolidado

    para a obteno de resultados significativos na melhoria do ensino, quando

    da implementao efetiva em sala de aula.

    1.2.3. A terceira gerao: universidades abertasA terceira gerao, no final da dcada de 1960 e incio de 1970, no

    ficou caracterizada pela tecnologia de comunicao, mas pela inveno de

    uma nova modalidade de organizao da educao, de modo mais impor-

    tante no que foi chamado universidades abertas. Essa modalidade resultou de

    diversas experincias com novas modalidades de organizao da tecnologia

    e de recursos humanos proporcionando o surgimento de novas tcnicas de

    instruo e de uma nova teorizao desta modalidade de ensino.

    Uma das experincias de sucesso que influenciaram a EaD dos nossos

    dias o Projeto Mdia de Instruo Articulada, dirigido por Charles Wede-

    meyer, da Universidade de Wisconsin. Segundo Moore e Kearsley (2007), a

    idia era articular vrias tecnologias de comunicao, com o objetivo de ofe-

    recer ensino de qualidade com custo reduzido a alunos no universitrios.

    Convidado para trabalhar em Londres, Wedemeyer passou a auxiliar no

    desenvolvimento da primeira universidade nacional de educao a distncia,

    onde havia mais alunos do que em outra instituio de ensino superior, e que

    passou a ser totalmente autnoma e autorizada a conceder seus prprios

    diplomas, com o controle de seus fundos e de seu corpo docente (MOORE

    e KEARSLEY, 2007).

    Com o surgimento da Universidade Aberta do Reino Unido, surgia

    no apenas uma universidade com reconhecimento mundial em nmero

    de matrculas e de diplomados, mas tambm uma referncia para o ensino a

    As tecnologias incluam

    guias de estudo impressos

    e orientao por corres-

    pondncia, transmisso por

    rdio e televiso... e recursos

    de uma biblioteca virtual...

    suporte e orientao para o

    aluno, discusses em grupos

    de estudos locais... equipe

    de criao de cursos, forma-

    da por profissionais versados

    em instruo, peritos em

    tecnologia e especialistas

    em contedo (WEDEMEYER

    e NAJEM apud MOORE e

    KEARSLEY, 2007).

  • 32 - Especializao em Ensino de Cincias

    distncia de todo o mundo. Algumas outras universidades abertas de desta-

    que foram aparecendo pelo mundo, entre elas, a Al Quds Open University, na

    Jordnia; a Andra Pradesh Open University, na ndia; a Athabasca University, no

    Canad; a Open Universiteit, nos Pases Baixos; a Fern Universitt, na Alemanha;

    a National Open University, em Taiwan; a Open University de Israel; a Universidade

    Aberta em Portugal e a University of the Air, no Japo.

    J no Brasil, em 2005, no mbito do Frum das Estatais pela Educao,

    foi criado um programa institudo pelo Ministrio da Educao denominado

    Universidade Aberta. Este programa tinha o propsito de capacitar professores

    da educao bsica e no pretendia a criao de uma nova instituio de ensino.

    Seu objetivo era articular as j existentes, possibilitando levar ensino superior

    pblico de qualidade aos municpios brasileiros que no possuem cursos de

    formao superior.

    Figura 1: Reproduo da homepage da Universidade Aberta do Brasil.

    Seu primeiro edital, lanado tambm em 2005, permitiu a implantao

    da primeira etapa da rede de polos de apoio presencial e cursos ofertados

    por universidades federais. O Sistema Universidade Aberta do Brasil foi criado

    pelo Ministrio da Educao com foco nas Polticas e a Gesto da Educao

    Superior sob cinco eixos fundamentais:

    1 Expanso pblica da educao superior, considerando os processos

    de democratizao e acesso.

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 33

    2 Aperfeioamento dos processos de gesto das instituies de

    ensino superior, possibilitando sua expanso em consonncia com

    as propostas educacionais dos estados e municpios.

    3 Avaliao da educao superior a distncia tendo por base os pro-

    cessos de flexibilizao e regulao em implementao pelo MEC.

    4 Contribuies para a investigao em educao superior a dis-

    tncia no pas.

    5 O financiamento dos processos de implantao, execuo e for-

    mao de recursos humanos em educao superior a distncia.

    Este sistema tem por objetivo no s oferecer cursos superiores para

    capacitao de dirigentes, gestores e trabalhadores em educao bsica dos

    Estados, do Distrito Federal e dos municpios como tambm apoiar a pesquisa

    em metodologias inovadoras de ensino superior, respaldadas em tecnologias

    de informao e comunicao. Alm disso, pretende-se atingir objetivos scio-

    educacionais com a colaborao da Unio com entes federativos e estimular

    a criao de centros de formao permanentes por meio dos polos de apoio

    presencial. Outro fator que ampliar a rede UAB a incorporao dos pro-

    gramas Piloto e Pr-Licenciatura, considerando a migrao de cursos e polos

    para o Sistema UAB. Esta juno permitir um aumento no nmero de alunos

    atendidos e na quantidade de polos de apoio presencial (BRASIL, 2009).

    1.2.4. A quarta gerao: teleconfernciaNesta gerao passou a existir um interesse maior de instituies e de

    professores que at ento no haviam despertado ou manifestado a vontade

    de trabalhar nesta nova modalidade de ensino. Uma razo para isto parece

    estar no fato de a teleconferncia se aproximar da viso tradicional da educa-

    o, como algo que acontece no ensino presencial, contrariamente ao ensino

    por correspondncia, direcionado a pessoas que aprendem sozinhas.

    Uma das primeiras tecnologias usadas na teleconferncia em escala

    ampla, durante os anos de 1970 e 1980, foi a de audioconferncia, que

    permitia ao aluno dar uma resposta, e aos professores, interagir com os aca-

    dmicos em tempo real (uso de telefones e equipamentos especiais como

    alto-falantes e microfones).

  • 34 - Especializao em Ensino de Cincias

    Um dos primeiros sistemas de audioconferncia educacional localizava-se

    na Universidade de Wisconsin, conhecida como Rede Educacional por Telefone e

    estabelecida em 1965 com o intuito de proporcionar educao continuada para

    mdicos e estendida para outros profissionais (MOORE e KEARSLEY, 2007).

    Ainda segundo Moore e Kearsley (2007), uma das inovaes tecnol-

    gicas de fundamental importncia para o ensino a distncia foi a colocao

    de quatro satlites na rbita terrestre, em 1967, pela Organizao Interna-

    cional de Telecomunicaes por Satlite, sendo a Universidade do Alasca

    uma das primeiras a utilizar tal tecnologia na formao continuada para

    professores.

    A Universidade Aberta do Reino Unido se configurava na modalida-

    de de ensino propriamente dita e influenciava o restante do mundo. Nos

    Estados Unidos, entretanto, o que causou interesse foi a disponibilidade da

    tecnologia por satlite e a formao de consrcios para explorao de tal

    tecnologia, seja para a transmisso de uma TV educativa, seja para telecon-

    ferncia interativa.

    Naturalmente, esta expanso da tecnologia por satlite despertou

    interesse da televiso comercial com treinamento para corporaes e

    educao continuada para profissionais liberais. No final dos anos 1990, vi-

    deoconferncia em dois sentidos pde ser realizada e se tornou mais fcil e

    menos onerosa com o desenvolvimento de linhas telefnicas de fibra tica,

    permitindo a transmisso de um nmero maior de dados.

    No Brasil, a teleconferncia e a videoconferncia apareceram como

    interessante alternativa para instituies educacionais oferecerem

    cursos a distncia. A possibilidade aberta pela Lei de Diretrizes e Bases

    da Educao de considerar as aulas por videoconferncia dentro dos

    mesmos parmetros que a educao presencial gerou a procura prin-

    cipalmente por cursos de ps-graduao.

    Segundo Luz (2003), no Brasil, a tendncia a combinao, ou seja,

    a integrao de diferentes mdias, de forma a atender a maioria dos alunos

    que compe um determinado perfil. Vale ressaltar que as mdias utilizadas

    so responsveis pela comunicao entre professor, aluno e instituio.

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 35

    Alm disso, as instituies de ensino superior comearam a investir mais em

    Educao a Distncia, como por exemplo, a Universidade Federal de Santa

    Catarina (UFSC), que, com o Laboratrio de Ensino a Distncia (LED) passou

    a ser referenciada nacional e mundialmente. Criado em junho de 1995, o LED

    tinha como objetivo a pesquisa e a produo de modelos e estratgias para

    a EaD. Utilizava principalmente os recursos da Internet e da videoconferncia,

    iniciando a produo de cursos nesta nova abordagem de ensino.

    1.2.5. A quinta gerao: aulas com a utilizao do computador e da Internet

    Nas ltimas dcadas, nota-se um desenvolvimento impressionante das

    plataformas tecnolgicas. Desta forma, o ensino a distncia tornou-se fortemente

    dependente das infraestruturas tecnolgicas disponveis, como tambm se de-

    senvolveu em torno destas transformaes. Transformaes estas que tm seu

    pice com o advento dos microprocessadores em 1971, lanamento do primeiro

    computador pessoal em 1975 e com a diminuio, ao passar do tempo, dos obs-

    tculos representados pelo custo para a disponibilidade dos computadores.

    Esta gerao baseia-se na utilizao das redes de computadores e nas

    estaes de trabalho multimdia. Todos os meios referidos anteriormente se

    tornaram mais interativos, mais fceis de serem utilizados, de acesso mais ge-

    neralizado, permitindo maior flexibilidade temporal e espacial. Caracteriza-se

    ainda, segundo Struchiner e Giannella (2001), pela educao telemtica, que

    integra o uso da informtica, com recursos das telecomunicaes e acesso

    a materiais mais facilmente atualizveis e ajustveis s necessidades, nveis

    e ritmos dos alunos, possibilitando, portanto, maior interatividade.

    O uso dos computadores para a

    EaD obteve grande impulso com o sur-

    gimento da world wide web. Este sistema

    permitia o acesso a um documento por

    computadores diferentes, separados

    por qualquer distncia e contava, em

    1992, com 50 pginas, explodindo para

    1 bilho de pginas em 2000 (MADDUX

    apud MOORE e KEARSLEY, 2007).

  • 36 - Especializao em Ensino de Cincias

    O momento atual possibilitou o desenvolvimento de novas ideias

    a respeito de como organizar a EaD. Surgem as comunidades virtuais de

    aprendizagem, onde so fortalecidas as formas de comunicao, cola-

    borao e cooperao entre os diversos participantes da atividade edu-

    cativa e onde se ampliam as fronteiras de construo de conhecimento

    (STRUCHINER e GIANNELLA, 2001). Assim, com a disseminao da Internet,

    instituies com finalidade nica, com dupla finalidade, ou ainda que nun-

    ca haviam considerado a possibilidade da educao a distncia, passam

    agora a considerar a insero desta modalidade face s diversas formas e

    combinaes de como efetivar e interiorizar o ensino, com perspectivas

    construtivistas de aprendizado em colaborao e na convergncia entre

    texto, udio e vdeo em uma nica plataforma de comunicao.

    Na sequncia, baseado nas consideraes de Moore e Kearsley (2007),

    vamos tratar de como a educao a distncia est organizada, quais as es-

    pecificidades das instituies e suas finalidades.

    1.3. Finalidades das instituies1.3.1. Instituies com finalidade nica

    Ocorre quando todo o corpo docente e colaboradores da instituio

    se dedicam com exclusividade ao ensino a distncia (atividade especfica da

    instituio), com funes distintas daquelas exercidas em uma universidade,

    sistema escolar ou departamento tradicionais.

    Alguns exemplos de instituies com finalidade nica so a Athabas-

    ca University, no Canad, a Open University, na Inglaterra, e a Universidade

    Nacional de Ensino a Distncia, na Espanha.

    1.3.2. Instituies com finalidade duplaEstas instituies se caracterizam por agregar a EaD ao seu campus pre-

    viamente estabelecido. Estabelecem uma unidade especial para atividades de

    criao e ensino para esta modalidade, com recursos prprios, normalmente

    com uma equipe administrativa, produtores de contedo e especialistas tc-

    nicos. Em geral o corpo docente atua no ensino presencial da instituio a que

    pertence. Muitas vezes essas instituies utilizam ainda um corpo docente em

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 37

    perodo parcial, todos gerados pela unidade de Educao a Distncia.

    Exemplos de instituies com esta finalidade so: a Pennsylvania

    State University, nos Estados Unidos, que dispe de uma unidade especial

    denominada de World Campus que gerencia todos os cursos que oferece. As

    instituies de ensino superior no Brasil que participam do programa UAB,

    em geral, dispem de um grupo que coordena as atividades de Educao a

    Distncia nessas instituies. O IF-SC est inserido nessa realidade, dispondo de

    um Departamento de Educao a Distncia, atrelado Pr-Reitoria de Ensino.

    Cada programa possui uma coordenao especfica no caso, UAB e e-Tec ,

    que gerencia e define todas as atividades de cada curso.

    1.3.3. Instituies com professores individuaisAlgumas instituies tradicionais que disponibilizam seu ensino tam-

    bm por mtodos de Educao a Distncia o fazem sem ter uma unidade

    especfica para esta modalidade. Cada professor, individualmente, cria, en-

    sina e administra seus cursos. Muitas dificuldades aparecem nesta forma de

    conduo das atividades a distncia, como a disponibilizao de publicaes

    por intermdio de bibliotecas, o desenvolvimento de programas de longo

    prazo e a qualidade do material e do prprio curso oferecidos.

    1.3.4. Consrcios de instituiesInstituies com finalidade nica ou dupla se utilizam desse sistema

    para juntas criarem e/ou transmitirem cursos de forma cooperada, dissemi-

    nando a Educao a Distncia como um empreendimento de alta tecnologia

    e que, com a formao dos consrcios, tem pessoal e custos reduzidos, ou

    ainda, para conseguir maior presena no mercado educacional, podendo

    oferecer cursos predominantemente virtuais, dependendo da rea de conhe-

    cimento, das necessidades concretas do currculo ou para aproveitar melhor

    especialistas de outras instituies. Um exemplo americano est na National

    Technological University, um consrcio de cerca de 50 universidades que

    proporciona mais de 500 cursos de ps-graduao e educao continuada

    nas reas de engenharia. Outros consrcios de destaque esto na britnica

    Aerospace Virtual University, na Global Virtual University, da Nova Zelndia, e

    na Virtual University of the Asia Pacific.

  • 38 - Especializao em Ensino de Cincias

    Caro(a) estudante,

    Nesta unidade, voc estudou algumas definies para a Educao

    a Distncia, modalidade que pode ser realizada nos mesmos nveis que na

    educao regular presencial. Moran (2008) alerta para uma maior adequa-

    o para a educao de adultos, principalmente para aqueles que j tm

    experincia consolidada de aprendizagem individual e de pesquisa, como

    em cursos de ps-graduao ou graduao. E por ltimo, percebemos que

    algumas instituies, citadas anteriormente, oferecem programas em diversas

    formas e com finalidades especficas.

    Na prxima unidade, vamos estudar mais especificamente os pressu-

    postos tericos dessa modalidade de ensino. Vamos em frente!

    sntese

  • 2Unidade

    teorias da Educao a Distncia

  • 40 - Especializao em Ensino de Cincias

    Com o estudo desta unidade, voc ser capaz de identificar as principais teorias que suportam a educao na modalidade a distncia, em especial, pressupostos para implantao e desenvolvimento de cursos na EaD, objetivando a coope-rao e reflexo que devem estar presentes em qualquer processo no qual se pretenda ter uma verdadeira e signifi-cativa aprendizagem.

    Competncias

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 41

    2. teorias da Educao a Distncia

    Ol, estudante!

    Muitas perspectivas tericas sobre educao a distncia tm sido

    apresentadas durante os ltimos 30 anos. Keegan (apud PAULSEN, 1993)

    identifica trs posies tericas, destacadas a seguir:

    Teorias da autonomia e independncia.

    Teorias da industrializao.

    Teorias da interao e comunicao.

    Vamos estudar, neste contexto, duas teorias especficas: a Teoria da

    Interao a Distncia e a Teoria da Liberdade Cooperativa.

    Uma das primeiras ideias para construo de uma teoria especfica

    para a EaD que fosse abrangente e descritiva ou que apresentasse uma

    generalidade suficiente para incluir muitas formas de educao, capaz de

    posicionar um programa nesta modalidade em relao a qualquer outro,

    desenvolveu-se nos trabalhos de Michael Moore. Essa teoria desde 1986

    vem sendo conhecida como teoria da Interao a Distncia, na linha da

    autonomia e independncia.

    Uma segunda corrente, aqui mencionada, est centrada em con-

    sideraes de Peters (apud PAULSEN, 1993), o qual aplica a teoria da

    industrializao para estruturao da EaD, com princpios de racionaliza-

    o, diviso de trabalho e produo em massa. Conforme essa teoria, o

    processo de ensino gradualmente reestruturado atravs da mecanizao

    crescente, emergindo as seguintes proposies:

    O desenvolvimento de cursos a distncia to importante como o

    trabalho preparatrio que ocorre antes do processo de produo.

    Michael MoorePh.D. pela Universidade de

    Wisconsin-Madison, publi-

    cou em 1972 a primeira obra

    terica em ingls sobre Edu-

    cao a Distncia. Com cerca

    de 100 publicaes e um

    nmero maior de apresen-

    taes importantes em mais

    de 30 pases, tambm possui

    conhecimento prtico e rea-

    lista do ensino e treinamento

    em todas as tecnologias e

    para a maioria dos grupos

    de interessados (MOORE e

    KEARSLEY, 2007).

  • 42 - Especializao em Ensino de Cincias

    A eficcia do processo de ensino particularmente dependente do

    planejamento e organizao.

    Os cursos devem ser formalizados e as expectativas dos estudantes,

    padronizadas.

    As funes dos docentes nesta modalidade devem mudar conside-

    ravelmente se comparadas com o ensino convencional.

    O ensino precisa concentrar os recursos disponveis em uma admi-

    nistrao centralizada.

    A teoria da industrializao no parece aplicar-se a cursos com confe-

    rncia via web, por exemplo, uma vez que o desenvolvimento de produtos

    em massa para um nmero elevado de alunos pode, segundo Bates (apud

    PAULSEN, 1993), reduzir as oportunidades de interao do aluno junto a

    professores e tutores, dada a reduo de custos que precisa ser realizada

    num processo desta natureza.

    Por ltimo, a teoria da interao e comunicao deve, para Holmberg

    (apud PAULSEN, 1993), estabelecer um sistema de conversao didtica para

    cursos a distncia, ou seja, deve haver uma interao constante (conversa) en-

    tre professor, tutor, conselheiros, coordenadores e os alunos da modalidade.

    A utilizao dos recursos computacionais em cursos de EaD pode, segundo

    os autores da teoria, ser um excelente meio para facilitar uma conversao

    didtica guiada entre estudantes e corpo docente.

    2.1. teoria da Interao a DistnciaEsta teoria combina um sistema industrial estruturado, que inclui

    planejamento sistemtico, especializao da equipe de trabalho, produo

    em massa de materiais, automao, padronizao e controle de qualidade,

    com um conjunto completo de TICs na estruturao de cursos, numa relao

    mais centrada no aluno e interativa do aluno com o professor. A distncia

    passa a ser um fenmeno pedaggico e no apenas uma questo geogr-

    fica, procurando investigar o efeito que esta distncia exerce no ensino e

    no aprendizado, na elaborao do currculo e do curso e na organizao e

    gerenciamento do programa educacional (MOORE e KEARSLEY, 2007).

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 43

    A Interao a Distncia o hiato de compreenso e comunicao entre os professores e alunos causado pela distncia geogrfica que precisa ser suplantada por meio de procedimentos diferenciadores na elabo-rao da instruo e na facilitao da interao....a interao implica a inter-relao do ambiente e das pessoas com os padres de comportamento em uma situao. a distncia fsica que conduz a um hiato na comunicao, um espao psicolgico de com-preenses errneas potenciais entre os instrutores e os alunos, que precisa ser suplantado por tcnicas especiais de ensino isso a Interao a Distncia (MOORE e KEARSLEY, 2007, p. 240).

    Na teoria de Moore, a separao entre professores e alunos na EaD

    determina que os docentes planejem, apresentem, interajam e articulem

    outros processos de ensino, de modo diferente do ambiente presencial, ou

    seja, existe uma natureza especial no comportamento organizacional e de

    ensino que depende do grau de Interao a Distncia. Tais comportamentos

    recaem em dois conjuntos de variveis denominados dilogo e estrutura.

    O dilogo um termo usado para descrever interaes de professor e

    aluno com uma determinada finalidade, sendo construtivo e valorizado por

    cada participante. Sua extenso e natureza so determinadas pela filosofia

    educacional dos responsveis pela elaborao de um curso, pela matria

    envolvida e por fatores ambientais (linguagem, meios de comunicao)

    (MOORE e KEARSLEY, 2007).

    A estrutura, por sua vez, trata do conjunto de elementos usados na

    elaborao do curso, tais como: objetivos de aprendizado, temas do conte-

    do, apresentaes de informaes, estudos de caso, ilustraes, exerccios

    e testes. Tambm determinada pela filosofia da organizao de ensino, dos

    professores e do nvel acadmico dos alunos, alm dos aspectos ambientais

    j mencionados (MOORE e KEARSLEY, 2007).

    A extenso do dilogo e o grau de estrutura variam em funo do

    curso: naqueles em que os alunos recebem mais ou menos orientao por

    meio de um dilogo constante ou insuficiente com seus professores existe

    pouca ou muita Interao a Distncia; no havendo dilogo nem estrutura

  • 44 - Especializao em Ensino de Cincias

    devero decidir sobre suas estratgias de estudo com mais independncia

    e responsabilidade, onde ento se apresenta uma segunda dimenso do

    estudo a autonomia do aluno.

    Para Moore e Kearsley (2007), o conceito de autonomia do aluno sig-

    nifica capacidades diferentes para tomar decises a respeito de seu prprio

    aprendizado, como: desenvolver um plano pessoal de estudo, encontrar

    condies em ambiente comunitrio ou de trabalho e decidir quando o

    progresso est satisfatrio. Assim, aceita-se a independncia do aprendiz

    como um recurso valioso no processo ensino-aprendizagem e no como

    uma perturbao que precise ser controlada.

    2.2. teoria da liberdade CooperativaOutra teoria que pode ser classificada na linha autonomia e indepen-

    dncia refere-se Teoria da Liberdade Cooperativa (Paulsen, 1993), influencia-

    da pela teoria da andragogia, que foi definida por Malcolm Knowles como

    a arte e cincia de ajudar o adulto a aprender, em oposio pedagogia, que

    cuida do ensino de crianas. Os conceitos de Knowles foram amplamente

    discutidos prevalecendo cinco princpios ou hipteses que so de grande

    valia para o projeto de eventos educacionais voltados para adultos, entre

    eles, o da EaD.

    Entre os princpios da andragogia definidos por Knowles, segundo

    Telles e Waal (2009), esto o da autonomia (em que o adulto sente-se capaz

    de tomar suas prprias decises), o da experincia (acumulada pelos adultos

    e que oferece uma excelente base para o aprendizado de novos concei-

    tos), o da prontido para a aprendizagem (o adulto tem maior interesse em

    aprender aquilo que est relacionado com situaes reais), o da aplicao da

    aprendizagem (preferncia pela aprendizagem centrada em problemas em

    detrimento de uma aprendizagem centrada em reas de conhecimento) e

    motivao para aprender.

    Decorrem dos princpios, para Telles e Waal (2009), alguns conceitos

    importantes para o projeto de ambientes e processos educacionais voltados

    a adultos, entre eles:

    Adultos querem entender a necessidade de aprender algo.

    Malcolm She-

    pherd Kno -

    w l e s ( 1 9 1 3

    - 1997) foi a fi-

    gura central da educao de

    adultos na segunda metade

    do sculo XX. Na dcada

    de 1950 ele foi o diretor

    executivo da Associao de

    Educao de Adultos dos

    Estados Unidos da Amri-

    ca. Ele escreveu as primei-

    ras notas da educao de

    adultos e a sua histria nos

    Estados Unidos. Alm disso,

    as tentativas de Malcolm

    Knowles para desenvolver

    uma base conceitual espe-

    cfica para o ensino e apren-

    dizagem de adultos atravs

    do conceito de andragogia

    tornaram-se amplamente

    discutidas e utilizadas. Seu

    trabalho foi um fator impor-

    tante na reorientao dos

    educadores de adultos a

    partir de educar as pessoas

    para ajud-los a apren-

    der. (Disponvel em: http://

    www.infed.org/thinkers/

    et-knowl.htm. Acesso em:

    novembro de 2009)

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 45

    Adultos gostam de aplicar sua experincia no processo de apren-

    dizagem.

    Adultos se interessam mais pela aprendizagem de coisas aplic-

    veis.

    Os processos de andragogia devem ser centrados em problemas e

    no em contedos.

    Com os princpios andraggicos colocados, Paulsen define sua teoria

    da liberdade cooperativa percebendo tanto em adultos, como na EaD para

    jovens, as caractersticas de motivao e auto-orientao como um desejo

    de alunos em gerir os resultados de sua aprendizagem.

    Em especial, quando a modalidade trabalha com o suporte compu-

    tacional, os participantes adultos percebem na tecnologia uma forma de

    manter e alcanar seus objetivos diante de um curso a distncia. A dispo-

    nibilidade da informao a qualquer momento e em qualquer lugar possi-

    bilitou a aprendizes adultos a oportunidade de aprender com motivao.

    Nesse sentido, a teoria da liberdade cooperativa sugere que, independente da

    orientao motivacional, os alunos a distncia necessitam de cooperao,

    bem como de liberdade.

    Segundo Houle (apud PAULSEN,1993), a cooperao implica interao

    voluntria entre os indivduos durante a aprendizagem. Mesmo os estudan-

    tes solitrios, administrando seus prprios programas sem a ajuda de um

    instrutor, devem, em uma atividade que se julgue educativa (neste sentido se

    utiliza neste texto o termo Educao a Distncia ao invs de ensino a distn-

    cia), procurar ajuda e encorajamento nos outros (pares), tanto em atividades

    de planejamento como de execuo. Por um lado, esta cooperao to

    completa que exige um grupo para decidir tudo o que se faz em conjunto.

    Por outro, cooperar pode estar implcito na situao de ensino-aprendizagem,

    como as atividades de videoconferncia, por exemplo.

    Paulsen (1993) ressalta, ainda, que na Educao a Distncia, a coope-

    rao pode ser difcil de ser conseguida. Um grande problema para muitos

    estudantes pode ser o processo de solido que resulta do acesso limitado

    aos colegas e, em muitos casos, a necessidade de liberdade individual pode

    intensificar o problema. Entretanto, as novas tecnologias de informao e

  • 46 - Especializao em Ensino de Cincias

    comunicao esto planejadas para facilitar a cooperao a distncia.

    Na teoria de Paulsen, a liberdade (outra caracterstica da teoria) deve

    estar presente no elevado nvel de escolha propiciado ao estudante, em vez

    de ser contido por um rgido programa de EaD. Paulsen (1993) afirma que

    ela fundamental na modalidade e, para muitas pessoas, a necessidade de

    formao continuada e aprendizagem ao longo da vida tende a aumentar

    com a aplicao da teoria. O aprendiz adulto exige uma educao flexvel,

    que lhe permita combinar trabalho, famlia e educao de uma forma pos-

    svel de ser gerenciada.

    O prprio Paulsen salienta que a liberdade um construto complexo,

    com diversas facetas e caractersticas, sendo que sua teoria sugere para a

    EaD um hexgono da liberdade cooperativa, determinada por: tempo, espao,

    ritmo, meio, acesso e currculo. Algumas caractersticas importantes destes seis

    itens devem ser consideradas no momento do planejamento de programas

    e cursos na modalidade a distncia suportados pelo computador.

    Em um primeiro momento, parece haver uma contradio entre co-

    operao, que indica a interao de um grupo, e liberdade, que implica uma

    autonomia individual. No entanto, Paulsen (1993) argumenta que o objetivo

    da teoria est em combinar a liberdade do indivduo com a cooperao do

    grupo em um projeto educativo a distncia.

    Cabe, aqui, uma distino feita pelo prprio Paulsen sobre teorias de

    aprendizagem, classificando-as em: individuais, cooperativas e colaborati-

    vas. A aprendizagem individual fornece flexibilidade aos indivduos, apesar

    de preparar pouco para a integrao em comunidades de aprendizagem;

    a aprendizagem colaborativa requer participao numa comunidade de

    aprendizagem, limitando a flexibilidade individual; e a aprendizagem coo-

    perativa se concentra nas oportunidades para encorajar tanto a flexibilidade

    individual como a aproximao com comunidades de aprendizagem.

    Na figura a seguir, procurou-se apontar as formas de liberdade no

    hexgono da liberdade cooperativa proposto por Paulsen:

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 47

    ParticipantesCooperao

    Liberdade de Tempo

    Liberdade de Espao

    Liberdade de Rtmo

    Liberdade de Acesso

    Liberdade de Meio

    Liberdade de Currculo

    de sincronizar a oprerao entre os

    parceiros de comunicao

    todos os

    dias, a

    qualquer

    hora

    informao sempre

    que for conveniente

    para o usurio

    que alunos se comuniquem sempre

    que for conveniente

    trabalho

    casa

    sala de aula com seus pares

    que os alunos escolham onde querem estudar

    prazos ou selecionando um dos vrios prazos

    rgidosflexveis

    cumprir prazos para iniciar um curso,

    para exames e para tarefas

    discriminao de classe social, sexo,

    idade, etnia ou profisso

    que o aluno decida proseguir ou

    no no curso

    auxlio aos alunos com poucos

    recursos financeiros

    auxlio no manuseio com a tecnologia

    excluso de alunos sem acesso s novas

    tecnologias de informao e comunicao

    diferentes estilos de aprendizagem

    acesso a vrios meios de comunicao ou

    fontes de informao

    estudos individuais, contratos de

    aprendizagem, estgios

    escolher entre uma variedade de cursose de

    transferncia de crditos entre programas

    d acesso

    podem reunir-se

    podem ser

    no h necessidade

    permite

    permite

    definindo

    implica

    elimina

    permite

    oferece

    previne

    facilita

    proporciona

    implicapermite

    Figura 2: Mapa conceitual com esquema do hexgono da libertade cooperativa de Paulsen.

  • 48 - Especializao em Ensino de Cincias

    Cada dimenso da liberdade apontada na figura deve ser considerada

    como um processo relativo, no havendo respostas prontas e definitivas para

    cada uma das dimenses apresentadas em programas de EaD. No entanto, a

    escassez de recursos e normas rgidas no ensino de instituies pode inibir

    a construo de cursos com a flexibilidade que se deseja ou se espera. Os

    alunos, em geral adultos, buscam flexibilidade e liberdade, ao mesmo tempo

    em que precisam de colaborao do grupo, de unidade que existe em uma

    turma. Buscam ainda a perspectiva que, segundo Paulsen (1993), pode ser

    facilitada por intermdio do computador e da integrao com outras mdias,

    podendo unir liberdade e unidade em programas de educao cooperativa

    a distncia.

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 49

    Caro(a) estudante,

    Nesta unidade, voc observou as consideraes de Paulsen e o Hex-

    gono da Liberdade Cooperativa, de Moore e sua teoria de Interao a Distncia,

    bem como refletiu sobre a necessidade de outra dimenso no processo de

    EaD, em especial, para o curso que estamos propondo. A incluso de maior

    colaborao entre os professores e alunos deve permitir que os participantes

    escolham seus temas, objetivos de aprendizado e construam grande parte

    deste processo. Permite, ainda, que os alunos acreditem em uma perspectiva

    de equilbrio entre as variveis de ensino e um maior exerccio da autonomia,

    sem desconsiderar que nem todos so autnomos ou esto prontos para

    atuar neste sentido.

    Na prxima unidade vamos comear a estudar algumas caractersticas

    das mdias e tecnologias utilizadas na Educao a Distncia. Bom estudo!

    sntese

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 513Unidade

    Mdias e tecnologias

  • 52 - Especializao em Ensino de Cincias

    Ao estudar esta unidade voc ir compreender que existem diferentes mdias suportadas por distintas tecnologias. Ser capaz de descrever essas mdias e perceber sua importncia para a sua prtica diria de sala de aula, tanto na modalidade a distncia como tambm na presencial.

    Competncias

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 53

    3. Mdias e tecnologias

    Caro(a) estudante,

    Ser um prazer poder compartilhar com voc, nesta unidade,

    algumas informaes sobre as diferentes mdias e tecnologias de uso

    tanto na modalidade presencial como na EaD. Temos, aqui, o objetivo

    de diversificar as formas de aprendizagem e possibilitar a todos o co-

    nhecimento de diferentes ferramentas para o ensino.

    Lembre-se: ao progredir na ferramenta de aprendizagem, vamos

    conhecendo novas alternativas para o seu sucesso neste curso e, so-

    bretudo, para que voc possa utilizar em seu ambiente escolar, sua sala

    de aula, novos subsdios para compartilhar com seu aluno diferentes

    estratgias para a vida escolar e pessoal.

    Alm da estrutura de organizao das instituies, a Educao a

    Distncia nos dias de hoje pode lanar mo, em especial, do computador

    pessoal e do sistema de rede informacional, trazendo novas discusses para

    esta modalidade educacional, principalmente sobre o que ensinar, como

    ensinar e para que ensinar a distncia.

    A relao professor-aluno tambm substancialmente alterada neste

    contexto. A atividade cognitiva no deve acontecer de forma abstrata, in-

    dividual, mas dentro de um coletivo, sem separar o homem da sua relao

    com as tecnologias e, sobretudo, de seus pares.

    Na Educao a Distncia, muitas vezes, o problema no est em

    usar uma tecnologia de alto custo operacional ou de aquisio: possvel

    receber mensagens de ensino-aprendizado por tecnologias mais simples.

    A qualidade da mdia produzida para distribuio por meio da tecnologia

    pode passar a ser um problema maior.

  • 54 - Especializao em Ensino de Cincias

    A tecnologia, segundo Moore e Kearsley (2007), constitui o veculo

    para comunicar mensagens que so representadas em uma mdia

    texto, imagens, sons e outros dispositivos. Cada tecnologia suporta pelo

    menos um meio, sendo que algumas podem suportar mais do que um.

    A tecnologia online pode dispor de todas as formas de mdia.

    Cada mdia tem sua potencialidade e depende do recurso pedaggico,

    do contexto e da dinmica de seu uso. Um determinado material pode ser

    utilizado em um contexto onde a funo do aluno de mero receptor ou

    num contexto onde o aluno sujeito ativo da aprendizagem e participa do

    processo, interagindo, questionando e refletindo.

    A seleo e o uso de mdias esto na natureza do contedo a ser

    estudado e nas linguagens e formas de representao do conhecimen-

    to possibilitadas pelos diferentes meios. As linguagens audiovisuais, por

    exemplo, podem ser mais apropriadas, contribuindo para a compreenso

    de determinados fenmenos. O uso da hipermdia pode mostrar detalhes

    no visveis em linguagens apenas textuais. Diferentes meios possibilitam

    experincias diferenciadas com o ente a ser estudado.

    A seguir, apresentamos algumas das principais caractersticas de

    diferentes tecnologias disponveis para a Educao a Distncia.

    3.1. Material impressoO material impresso, segundo Struchiner e Giannella (2001), utilizado

    para a organizao de contedo em material textual, tendo sido tratado, na

    modalidade de ensino em questo, como um material autoinstrucional, ou

    seja, um material que, alm da descrio do contedo, possui outros elemen-

    tos necessrios aprendizagem, como glossrio de termos, exerccios, plano

    e orientao para o trabalho, com o complemento da linguagem verbal feito

    com a apresentao das informaes atravs de imagens.

    Struchiner e Giannella (2001) apontam, ainda, para alguns aspectos que

    devem ser ressaltados quando o material impresso for produzido, entre eles a

    linguagem do texto. Essa linguagem deve ser clara e precisa, possibilitando-se

    o estabelecimento de um dilogo com o aluno e deixando-se espao para que

    O termo mdia tem origem

    na palavra latina medium,

    que significa meio. Foi trazi-

    do para o portugus a partir

    da palavra inglesa media,

    que designa genericamente

    os meios de comunicao.

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 55

    ele reflita, questione e desenvolva seu prprio raciocnio sobre o contedo. A

    linguagem tambm envolve a integrao, ao corpo do material impresso, de

    quadros, tabelas, sumrios, e mesmo perguntas entremeadas no texto.

    3.2. rdioVeculo de comunicao de massa que explora a linguagem verbal em sua

    forma oral (udio) e permite a difuso de forma instantnea de notcias e informa-

    es. Tem baixo custo, de amplo acesso e exige poucas habilidades especficas

    do pblico alvo para que se efetive a transmisso-recepo das informaes. Mais

    utilizado na educao no formal, ou para complementar alguns aspectos de

    programas formais baseados em outros recursos de comunicao.

    Em um programa de Educao a Distncia baseado no rdio, a relao

    professor-aluno unidirecional, dependendo de outros veculos para estabe-

    lecer um processo de tutoria, onde a comunicao precisa estar adequada

    ao pblico alvo, tendo em conta sua linguagem, seus valores e formas de

    expresso (STRUCHINER e GIANELLA, 2001).

    3.3. televiso e vdeoAssim como o rdio, por ser um material de autoinstruo, necessita

    ser complementado com outros meios para viabilizar um maior aprofun-

    damento nos contedos e no estabelecimento das interaes. A unio de

    recursos de udio e imagens em movimento demonstra, para Struchiner

    e Giannella (2001), ser um recurso de comunicao de grande potencial,

    podendo ser utilizado devido sua versatilidade e facilidade de alcance,

    como um veculo educacional.

    Diretamente relacionado com a televiso, o vdeo possibilita a reprodu-

    o e distribuio dos materiais, estabelecendo o que foi citado nas definies

    de Educao a Distncia, ou seja, uma relao mais flexvel do ponto de vista

    espacial e temporal no processo de ensino-aprendizagem.

    Algumas vantagens desta tecnologia podem estar nas formas e estilos

    que o contedo pode ser representado, destacando-se os documentrios,

    entrevistas e noticirios que j so atraentes para o pblico em geral.

  • 56 - Especializao em Ensino de Cincias

    Quem produz um material em vdeo para a Educao a Distncia pre-

    cisar conhecer tcnicas de enquadramento, de manipulao da imagem e

    edio necessrias para auxiliar na apresentao de fenmenos complexos

    ou de difcil observao. Struchiner e Giannella (2001) salientam ainda que,

    da mesma forma que os outros meios utilizados para fins educacionais, sua

    linguagem deve estabelecer um espao para a reflexo do aluno. No espao

    da comunicao, um curso mediado pela televiso depender de outros

    mecanismos para as demais atividades de ensino-aprendizagem.

    3.4. telefone e faxO uso desse meio em um sistema de EaD tem a funo de

    estabelecer a comunicao direta entre professores e alunos, ou

    ainda, entre a instituio (tutores, secretaria, servios de apoio), a

    qual oferece o curso, e os alunos espalhados por diversos polos

    de uma determinada oferta.

    H, ainda, a possibilidade de utilizao deste suporte com

    discagem gratuita, facilitando economicamente o acesso dos participantes.

    Assim tambm o fax permite a transmisso de vrios tipos de dados, poden-

    do, alm da parte educacional, subsidiar a parte administrativa dos cursos.

    3.5. teleconferncia e videoconfernciaA teleconferncia consiste na gerao via satlite de palestras e

    apresentao de aulas com a possibilidade de interao via fax, telefone ou

    Internet. O palestrante ou professor faz sua apresentao em tempo real, de

    um local preparado para transmisso para seu pblico alvo. Este receber a

    imagem em um aparelho de televiso conectado a uma antena parablica,

    sintonizada em um canal pr-determinado. Na teleconferncia por satlite,

    h uma via de vdeo e uma via de udio simultneas, com a utilizao de uma

    via de udio ou fax como retorno para perguntas ou opinies. A disseminao

    das informaes pode ser feita a um grande nmero de pontos geografica-

    mente dispersos, beneficiados pelo acesso via satlite para comunicaes

    em longa distncia (CRUZ e BARCIA, 2000).

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 57

    A videoconferncia, por outro lado, a que mais se aproxima de

    uma situao da sala de aula, uma vez que, ao contrrio da teleconferncia,

    possibilita a conversa em duas vias, permitindo que o processo de ensino-

    aprendizagem ocorra de forma interativa e em tempo real, entre pessoas

    que podem se ver e se ouvir simultaneamente. Devido s ferramentas did-

    ticas disponveis por esta tecnologia, ao mesmo tempo em que o professor

    dialoga sobre um determinado conceito, pode acrescentar outros recursos

    pedaggicos tais como: projeo de vdeos, pesquisa na Internet, arquivos

    de um computador pessoal, entre outros (CRUZ e BARCIA, 2000).

    Definidas as tecnologias, a videoconferncia a que permite que

    grupos distantes, situados em lugares diferentes, comuniquem-se online,

    atravs de sinais de udio e vdeo, reinventando as condies de um encontro

    entre pessoas. A transmisso pode acontecer tanto por satlite como pelo

    envio dos sinais comprimidos atravs de linhas telefnicas.

    Cruz e Barcia (2000) definem, ainda, que a videoconferncia pode ser

    estabelecida atravs de dois formatos: desktop ou sala. O desktop refere-se

    comunicao atravs de uma pequena cmera e um microfone acoplados a

    um computador. Neste caso, as pessoas se comunicam pela Internet atravs

    de softwares especficos. Por outro, as salas de videoconferncia podem ser

    utilizadas com formatos de telerreunio, teleducao e sala de gerao, onde

    atua apenas o professor:

    A sala de telerreunio, mais usada pelo meio empresarial, pode

    utilizar uma mesa ocupando a parte central da sala, permitindo a

    interao entre pessoas de uma mesma sala com as de uma sala

    remota.

    A sala de teleducao pode ter um formato semelhante ao de uma

    sala de aula tradicional ou ser construda como um local apenas de

    transmisso para o professor a distncia. No primeiro caso, as cadeiras

    so dispostas em colunas voltadas para a frente da sala, onde fica

    a mesa com os perifricos e os monitores. Se a sala tem funo de

    recepo, apenas alunos participam das sesses. Pode haver apenas

    uma cmera colocada acima do monitor de TV e voltada para os

    estudantes. Se a sala tem a funo de transmitir aulas a distncia e

  • 58 - Especializao em Ensino de Cincias

    conta com a presena no local de professores e alunos, necessria

    a instalao de duas cmeras.

    Na sala voltada apenas para a transmisso, o equipamento de

    videoconferncia e perifricos so colocados de frente para um

    monitor de TV, que tem, acima dele, a cmera da sala. O objetivo

    permitir que o professor ou palestrante tenha todos os recursos

    audiovisuais disposio sem que tenha que se mover para isso.

    Neste caso, necessrio um um cuidado especial com o cen-

    rio que envolve o professor. Tal cenrio deve ser esteticamente

    agradvel, de desenho limpo e simples, de modo a no distrair a

    ateno da audincia.

    Existem dois tipos de videoconferncia. O mais simples o que liga

    duas salas ou ponto-a-ponto. As pessoas de cada sala veem as da outra e a

    comunicao acontece diretamente e bastante facilitada, j que todos podem

    participar. Alm disso, a videoconferncia multiponto permite realizar uma reu-

    nio com um grande nmero de salas interligadas, aumentando a quantidade

    de alunos que podem ser atendidos com esta tecnologia.

    3.6. outras tecnologiasOutras tecnologias como a Internet, cmera de documentos e progra-

    mas de apresentao podem ser utilizados em consonncia com a videoconfe-

    rncia, permitindo ao professor incluir durante a aula demonstraes, softwares,

    arquivos, planilhas e materiais diversos de suporte a aprendizagem.

    Segundo Struchiner e Giannella (2001), a Internet possibilita, por exem-

    plo, incluir a apresentao de pginas da rede, jogos, links para pesquisas

    de outros centros e instituies de ensino. No entanto, necessrio testar a

    visualizao, para as salas remotas, do material que se pretende utilizar, j que

    a definio das telas onde esse material ser disponibilizado, em geral, no

    a mesma do computador. Alm disto, o material na rede pode ser acessado

    pelos alunos quando os cursos so disponibilizados pela Internet.

    Outro mecanismo, a cmera de documentos, permite a apresenta-

    o de objetos em tamanho natural, com o recurso de aproximao ou

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 59

    distanciamento, permitindo que fotografias, grficos e pginas impressas

    possam ser apresentadas com grande detalhamento. A cmera de docu-

    mentos pode, ainda, ser utilizada como um quadro (com o uso de folhas

    de papel), onde o professor pode fazer anotaes que achar conveniente

    para transmisso aos alunos.

    A utilizao de programas de apresentao tambm constitui um re-

    curso didtico que pode ser utilizado na videoconferncia. Slides preparados

    em programas de apresentao ou de desenho podem ser utilizados atravs

    de um computador ligado diretamente ao sistema de videoconferncia,

    dispensando impresso.

    3.6.1. Computador O computador, para Struchiner e Giannella (2001), uma ferramenta

    que viabiliza a integrao de diferentes meios de comunicao e formas

    de representao da informao (vdeo, udio, fotografia, grficos

    e outros) a uma srie de sistemas e linguagens, permitindo

    a criao de um sistema de aprendizagem e de desenvolvi-

    mento de programas educacionais baseados na hipermdia.

    Os avanos desta tecnologia, em particular, potencializaram

    a comunicao interativa, com a introduo da rede mundial de

    computadores, dos servios da Internet e da construo de comu-

    nidades de aprendizagem.

    A Internet, especificamente, tem aberto novas perspectivas no

    panorama educativo, ao proporcionar aos intervenientes no processo de

    ensino-aprendizagem uma srie de facilidades, caracterizadas, segundo Aoki

    e Pogroszewki (2008), pelos seguintes parmetros:

    Tecnologias sncronas, como: aulas presenciais, chat, videoconferncia,

    que garantem motivao e permitem que professor e aluno efetuem

    a comunicao em tempo real, feedback e encontros regulares.

    Tecnologias assncronas, entre elas: material impresso, listas de discus-

    ses e correio eletrnico que devem proporcionar flexibilidade, tempo

    para refletir, contextualizao e um bom custo-benefcio, pois as ativi-

    dades baseadas em textos no necessitam de linhas de transmisso

  • 60 - Especializao em Ensino de Cincias

    largas, permitindo que professor e aluno possam se comunicar em

    tempo diferido, de acordo com as suas disponibilidades.

    Baixos custos para os estudantes, que podem aproveitar as facilida-

    des concedidas pelas instituies de ensino.

    Baixos custos para as instituies de ensino, as quais podem

    aproveitar as infra-estruturas de rede j existentes para a distri-

    buio de cursos.

    Maior flexibilidade na gesto dos cursos e no acesso a eles. Isso facilita

    a execuo de tarefas relacionadas atualizao dos contedos,

    manuteno dos registros dos estudantes e frequncia ao curso

    a partir de qualquer local.

    Aumento substancial da populao servida pelas instituies de

    ensino, alm da possibilidade de interiorizao dos cursos.

    O crescimento exponencial da Internet tem promovido oportunidades

    para aprender e ensinar e derrubado barreiras associadas separao no espao

    e no tempo. Moore e Kearsley (2007) detacam, a seguir, alguns tipos de comu-

    nicao possveis que so utilizados na Educao a Distncia, surgindo o que foi

    denominado acima de tecnologias sncrona e assncrona entre pessoas.

    3.6.2. tecnologia de comunicao sncronaOs servios de comunicao sncronos permitem interaes em

    tempo real, destacando-se o IRC (Internet Relay Chat), os quadros partilhados

    (whiteboards), o chat, a audioconferncia e a videoconferncia.

    3.6.3. tecnologia de comunicao assncronaOs servios de comunicao assncronos so aqueles que proporcionam

    interaes em tempo diferido, destacando-se o correio eletrnico, listas de dis-

    tribuio, frum de discusso, FTP (File Transfer Protocol) e a world wide web.

    World Wide WebCriada originalmente por pesquisadores do Cern (laboratrio europeu

    de fsica de partculas) com o intuito de facilitar o acesso a informaes sobre

  • Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 61

    pesquisa