introducao a educacao a distancia
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem
Florianpolis2010
Professor Alexandre MottaProfessor Igor Gavilon
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Introduo Educao a Distncia eAmbiente Virtual de Ensino-Aprendizagem
Professor Alexandre MottaProfessor Igor Gavilon
Curso de Especializao em Ensino de Cincias
Florianpolis2010
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M921i Motta, Alexandre Introduo educao a distncia e ambiente virtual de ensino - aprendizagem / Alexandre Motta ; Igor Gavilon. Florianpolis : Publicaes do IF-SC , 2010. 92 p. : il. ; 27,9 cm. Inclui Bibliografia. 1. Educao a distncia - EAD. 2. Mdias e tecnologias. 3. Ambiente virtual de ensino aprendizagem. I. Gavilon, Igor. II. Ttulo.
CDD: 371.3
Catalogado por: Augiza Karla Boso CRB 14/1092 Rose Mari Lobo Goulart CRB 14/277
Copyright 2010, Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia de Santa Catarina / IF-SC. Todos os direitos reservados.A responsabilidade pelo contedo desta obra do(s) respectivo(s) autor(es). O contedo desta obra foi licenciado temporria e gratuitamente para utilizao no mbito do Sistema Universidade Aberta do Brasil, atravs do IF-SC. O leitor compromete-se a utilizar o contedo desta obra para aprendizado pessoal. A re-produo e distribuio ficaro limitadas ao mbito interno dos cursos. O contedo desta obra poder ser citado em trabalhos acadmicos e/ou profissionais, desde que a fonte esteja corretamente identificada. A cpia total ou parcial desta obra sem autorizao expressa do(s) autor(es) ou com intuito de lucro constitui crime contra a propriedade intelectual, com sanes previstas no Cdigo Penal, artigo 184, Pargrafos 1o ao 3o, sem prejuzo das sanes cabveis espcie.
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InstItuto FEDErAl DEEDuCAo, CInCIA E tECnoloGIASanta Catarina
Ficha tcnica
Organizao Alexandre Motta
Igor Gavilon
Comisso Editorial Paulo Roberto Weigmann
Dalton Luiz Lemos II
Coordenador do Curso de Jos Carlos Kahl
Especializao em Ensino de Cincias
Produo e Design Instrucional Ana Paula Lckman
Capa, Projeto Grfico, Editorao Eletrnica Lucio Santos Baggio
Reviso Gramatical Maria Helena de Bem
Imagens Stock.XCHNG
Material produzido com recursos do Programa Universidade Aberta do Brasil (UAB)
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sumrio
9 Apresentao
11 cones e Legendas
13 Para incio de conversa
15 Orientaes para o estudo on line
23 unidade 1 Introduo EaD
25 1.1. Definies
26 1.2. Geraes
36 1.3. Finalidades das instituies
39 unidade 2 teorias da Educao a Distncia
42 2.1. Teoria da interao a distncia
44 2.2. Teoria da liberdade cooperativa
51 unidade 3 Mdias e tecnologias
54 3.1. Material impresso
55 3.2. Rdio
55 3.3. Televiso e vdeo
56 3.4. Telefone e fax
56 3.5. Teleconferncia e videoconferncia
58 3.6. Outras tecnologias
65 unidade 4 novas alternativas e possibilidades para a sala de aula
68 4.1. Multimdia
69 4.2. Hipertexto
71 4.3. Hipermdia
72 4.4. Ambientes virtuais de aprendizagem
85 4.5. Softwares livres
92 Sobre os autores
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 9
Caro(a) estudante, seja bem-vindo(a)!
Estamos iniciando o estudo da unidade curricular Introduo Edu-
cao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem, que busca
principalmente auxiliar voc no aprendizado das ferramentas utilizadas na
modalidade a distncia. Alm disso, esta unidade vai desenvolver atividades
que aprofundem seus conhecimentos em espao e tempo distintos da sala
de aula sem a presena fsica do professor. Ir analisar ainda os aspectos
bsicos da Educao a Distncia (EaD), inserindo voc, estudante, atravs de
uma viso sistmica, em situaes de aprendizagem nessa modalidade.
Este material foi elaborado com a preocupao de que o estudante
possa desenvolver autonomia, que no algo natural, e que se refere a uma
maneira de se comportar e, portanto, precisa ser aprendida. importante que
voc saiba que estudar nesta modalidade no significa estar sozinho; temos
uma equipe que ter o maior prazer em atend-lo, sendo a sua aprendizagem
o nosso principal objetivo.
Alm das unidades de estudo que compem este livro e que sero
trabalhadas ao longo das prximas quatro semanas, apresentamos, no incio
do texto, um breve guia com algumas recomendaes para que voc possa
tirar o melhor proveito possvel do estudo a distncia. A ideia contribuir
para que voc desenvolva competncias que garantam sucesso nessa mo-
dalidade de ensino. Portanto, essencial que voc recorra sempre a esse
material quando estiver sentindo algum tipo de dificuldade em relao
sua rotina de estudos.
Para um bom aproveitamento nesta unidade curricular, voc vai
precisar de participao e envolvimento frequentes com as ferramentas e
possibilidades que surgem no Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem,
Apresentao
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10 - Especializao em Ensino de Cincias
assim como seu perfeito manuseio. Tenha sempre em mente que, na Edu-
cao a Distncia, o seu desempenho est diretamente relacionado sua
dedicao - no s ao contedo presente no material impresso, como tam-
bm na busca de outras informaes, alm de uma disciplina para o estudo
e o contato permanente com os professores e tutores do seu curso.
Sucesso e bom trabalho!
Professor Alexandre MottaProfessor Igor Gavilon
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 11
cones e legendas
GlossrioA presena deste cone representa a explicao de um termo utilizado durante o
texto da unidade.
lembre-seA presena deste cone ao lado do texto indicar que naquele trecho demarcado
deve ser enfatizada a compreenso do estudante.
saiba maisO professor colocar este item na coluna de indexao sempre que sugerir ao
estudante um texto complementar ou acrescentar uma informao importante
sobre o assunto que faz parte da unidade.
link de hipertextoSe no texto da unidade aparecer uma palavra grifada em cor, acompanhada do cone da seta, no espao lateral da pgina, ser apresentado um contedo especfico relativo expresso
destacada.
Destaqueparalelo
Destaque de texto
A presena do retngulo com fundo colorido indicar trechos im-
portantes do texto, destacados para maior fixao do contedo.
O texto apresentado neste
tipo de box pode conter
qualquer tipo de informao
relevante e pode vir ou no
acompanhado por um dos
cones ao lado.
Assim, dessa forma, sero
apresentados os conte-
dos relacionados palavra
destacada.
Para refletirQuando o autor desejar que o estudante responda a um questionamento ou realize
uma atividade de aproximao do contexto no qual vive ou participa.
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Para incio de conversa
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 15
Para incio de conversa
orientaes para o estudo on line Voc est iniciando um curso na modalidade a distncia e para que te-
nha o melhor aproveitamento importante que compreenda a constituio
desta forma de educao. A nossa inteno nesta unidade curricular criar
um espao de discusso sobre concepes pedaggicas que envolvem esta
forma de ensino, assim como estruturar alguns princpios que organizem o
seu estudo durante o tempo desta etapa acadmica.
Um dos primeiros pontos que queremos destacar, de fundamental
importncia para a organizao do seu estudo, a Gesto do Tempo: um
dos objetivos que voc ajude a si mesmo, tornando-se consciente de como
voc usa seu tempo como um recurso para organizar, priorizar e ter sucesso
em seus estudos no mbito das demais atividades.
Estratgias sobre a utilizao do tempo: Assim que o seu ano letivo comea, desenvolva e planeje blocos de
tempo de estudo em uma semana. Alguns materiais difceis podem
exigir pausas frequentes; encurte o seu estudo, se necessrio, mas
no se esquea de voltar tarefa sempre que possvel!
Procure dedicar de uma a duas horas dirias para as atividades
do curso (navegao no AVEA, leituras e exerccios).
Determine um local livre de distraes (sem telefone celular ou
mensagens de texto!), onde voc pode maximizar a sua concentra-
o e estar livre das distraes que os amigos podem trazer.
Organizar avaliaes semanais e atualizaes tambm pode ser
Este material foi elaborado
com base no Guia de Es-
tudo e Estratgias, escrito e
mantido por Joe Landsber-
ger, com permisso para
copiar, adaptar e distribuir
em formato impresso e
no comercial no contexto
educativo e em benefcio
dos alunos.
Disponvel em: http://www.
studygs.net/timman.
Acesso em: 03 mai.2010.
Como voc gasta o seu
tempo a cada dia?
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16 - Especializao em Ensino de Cincias
uma estratgia importante. A cada semana, como uma noite de
domingo, reveja suas atribuies, suas notas, sua agenda.
Tenha uma agenda!
Adie tarefas e rotinas que possam ser adiadas at que o seu com-
promisso com os estudos esteja acabado.
Identifique os recursos para ajud-lo: existem tutores? Um amigo
expert ou simplesmente algum que atue na rea que voc est
estudando? J tentou uma busca de palavras-chave na Internet para
obter explicaes? H especialistas na biblioteca a quem voc pode
recorrer? Use estes recursos para voc poder economizar tempo e
energia e resolver problemas.
Agende e defina suas metas, visando desenvolver a autodisciplina.
Busque estabelecer uma programao diria e semanal, com priori-
dades, gerenciando as atividades de sua vida pessoal e de estudos.
Faa uma definio de metas de curto, mdio e longo prazo. A
simples apresentao de trs a cinco misses lhe permite identifi-
car e visualizar um grupo de tarefas em um s lugar para facilitar a
consulta. E ateno: a lista exibida em um lugar de destaque pode
lembr-lo do que voc considera importante fazer.
Organize com seus colegas situaes de aprendizagem coo-
perativa, ou seja, situaes organizadas nas quais os membros
estabelecem laos de colaborao e confiana mtuos para atingir
um objetivo acordado. A sala de aula um excelente lugar para
desenvolver as habilidades do grupo, habilidades que necessitamos
aprender:
Desenvolvendo e compartilhando um objetivo comum;
contribuindo para a compreenso de questes e solues;
permitindo ao outro falar e contribuir e considerar suas contri-
buies;
sendo responsveis pelos outros, e eles sendo responsveis por
voc.
Alguns princpios e responsabilidades operacionais podem ser com-
partilhados, definidos e acordados para cada membro. Estes incluem:
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 17
Compromisso de comparecer, preparar e chegar na hora para os
encontros.
Discusses e desacordos focados nos temas, evitando crticas pes-
soais.
Assumir a responsabilidade por uma parte das tarefas e realiz-las
no tempo.
nosso cursoVoc, aluno, que est se inserindo no processo de Educao a Distn-
cia, deve estar consciente de que:
Voc o principal responsvel por seu aprendizado.
A Educao a Distncia baseada na autonomia do aluno, que
possui flexibilidade de horrios e locais e pode desenvolver seu
prprio ritmo de estudos.
Essa autonomia tem de estar aliada a uma disciplina do aluno, pois
as atividades, mesmo no tendo hora ou local definidos para sua
realizao, tm prazos bem definidos de trmino e entrega.
Dependendo do planejamento feito pelo professor, as atividades
podem ser dirias, semanais e at mensais. Geralmente as ativida-
des so organizadas por semanas, e os materiais didticos mais
comuns contemplam materiais para leitura, atividades de fixao
dos conhecimentos (testes), jogos didticos, abertura de fruns de
discusso e atividades dissertativas.
O nosso curso conta com atividades presenciais em que voc ter
oportunidade, por exemplo, de exercitar-se com as tecnologias utilizadas no
curso. Fique sempre atento a todas as datas importantes do seu calendrio
acadmico.
Assim que o seu curso tiver incio, sero disponibilizados os materiais
didticos , os calendrios das atividades presenciais e os horrios das
tutorias presenciais e a distncia.
Os livros didticos elabo-
rados para a educao a
distncia so divididos em
unidades. Se durante os seus
estudos surgir alguma dvi-
da, entre em contato com
os tutores ou o professor da
disciplina. No avance os es-
tudos se no tiver entendi-
do algum assunto anterior.
As unidades so preparadas
de forma sequencial, e os
conceitos apresentados em
uma determinada unidade
serviro de base para o en-
tendimento de um conceito
subsequente.
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18 - Especializao em Ensino de Cincias
Depois de matriculados, os alunos recebem por e-mail uma se-
nha de acesso s reas restritas, nas quais aparecero o plano do curso,
orientaes, atividades e materiais especficos, bem como seus prprios
e-mails, relacionados em uma lista. Atravs deste sistema, os alunos
recebero, no ambiente virtual e por e-mail, mensagens do professor
e dos demais participantes. Alm do e-mail, o aluno ir interagir com o
grupo e com o professor atravs de listas de discusso, mural eletrnico,
fruns de debates e chats. Todos estes recursos contam com tutoriais, que
orientam o acesso at para aqueles que no tm experincia. Os cursos
compreendem mdulos - cada um deles com atividades especficas,
material de apoio e exerccios.
No ambiente virtual e no material didtico impresso existem sugestes
de leituras, para que voc aprofunde o seu conhecimento em determinados
assuntos. A busca por mais informaes e o hbito de realizar pesquisas
um exerccio importante que o auxiliar durante o seu trabalho de escrita
da monografia.
Todas as atividades realizadas pelo aluno no Ambiente Virtual de
Ensino-Aprendizagem (entrada e permanncia em cada pgina, download
de materiais, realizao de exerccios, recebimento e envio de e-mails, partici-
pao em chats, grupos e fruns, participao em atividades presenciais) so
registradas e computadas para a sua avaliao de desempenho no curso.
Existe uma variedade de recursos e orientaes que podemos
construir em um curso a distncia. No entanto, procure estabelecer o
seu prprio ritmo, a sua forma de aprender. A aprendizagem ativa deve
ser um processo consciente e envolvente.
nossa Estrutura1. Mediao pedaggica em EaD
A mediao pedaggica no ensino presencial se faz por meio de aulas
presenciais nas quais o aluno e o professor esto no mesmo lugar (a escola),
ao mesmo tempo, ambos participando do processo de ensino e aprendiza-
gem, fazendo uso dos recursos disponveis neste contexto pedaggico.
Acesse o ambiente virtual e
sua caixa de e-mail regular-
mente. O aluno no precisa
ficar sempre conectado
Internet enquanto estuda,
somente enquanto faz os
downloads de cada aula,
participa dos chats e fruns
de discusso, envia e-mails,
faz exerccios e navega em
pginas da web para even-
tuais pesquisas.
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 19
A mediao pedaggica na EaD, diferentemente do que ocorre no
presencial, acontece com o aluno e o professor em lugares distintos,
em tempos diferentes, fazendo-se uso de ferramentas que possibilitem
a colaborao entre eles.
Neste cenrio, o aluno conta com o apoio de tecnologias que lhe
permitem o acesso a informaes e recursos didticos necessrios ao seu
aprendizado. Um dos recursos mais importantes o Ambiente Virtual de
Ensino-Aprendizagem (AVEA), que mantm o professor em contato com o
aluno, disponibiliza recursos didticos variados e permite a interao com
outros estudantes, tornando-se um ambiente colaborativo entre todos. O
AVEA favorece a evoluo das discusses e participaes, bem como exercita
a capacidade crtica do estudante frente aos objetos de estudo.
2. Polos de Apoio PresencialSegundo o Decreto n 5.622/05, a concepo pedaggica dos cursos
e programas a distncia deve contemplar atividades presenciais obrigatrias,
destinadas s seguintes finalidades: avaliao dos estudantes; estgios obri-
gatrios, quando previstos na legislao pertinente; defesa de trabalhos de
concluso de curso, quando previstos na legislao pertinente; atividades
relacionadas a laboratrios de ensino, quando for o caso; alm de orienta-
o aos estudantes pelos tutores, videoconferncia, atividades de estudo
individual ou em grupo, com utilizao do laboratrio de informtica e da
biblioteca, entre outras. Cada curso e instituio podem definir momentos
presenciais para outros tipos de atividades.
As atividades presenciais obrigatrias realizam-se no Polo de Apoio
Presencial ou na prpria sede da instituio, conforme a legislao da insti-
tuio. A frequncia com que ocorrem deve ser determinada pela natureza
da rea do curso oferecido e pela metodologia de ensino utilizada.
Segundo o Decreto n 6.363 de dezembro de 2007, polo de apoio
presencial a unidade operacional, no Pas ou no exterior, para o desenvolvi-
mento descentralizado de atividades pedaggicas e administrativas relativas
aos cursos e programas ofertados a distncia. Mantidos por municpios ou
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20 - Especializao em Ensino de Cincias
governos de Estado, os polos oferecem a infraestrutura fsica, tecnolgica e
pedaggica para que os alunos possam acompanhar os cursos a distncia.
O polo tambm pode ser entendido como local de encontro onde
acontecem os momentos presenciais, o acompanhamento e a orientao
para os estudos, as prticas laboratoriais e as avaliaes presenciais. Essa
unidade, portanto, desempenha papel de grande importncia para o sistema
da EaD. Sua instalao auxilia o desenvolvimento do curso e funciona como
um ponto de referncia fundamental para o estudante.
3. tutoria presencialAssim como na educao presencial, na modalidade a distncia o
aluno responsvel por comparecer s atividades presenciais planejadas pela
instituio ofertante do seu curso, mantendo a frequncia mnima exigida
pelas normas especficas. O aluno deve se informar junto instituio de
ensino sobre o calendrio previsto para cada atividade presencial.
Alm da estrutura fsica, o polo presencial conta com uma equipe de
profissionais capacitados para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem.
Estes profissionais, denominados tutores presenciais, atendem os estudantes
nos polos, em horrios definidos, auxiliando-os no desenvolvimento de suas
atividades individuais e em grupo.
O tutor presencial a pessoa que, dentro do polo presencial, pode
auxiliar os alunos quanto ao material didtico utilizado, quanto s tecnolo-
gias de informao disponveis e quanto ao esclarecimento de dvidas em
relao aos contedos especficos de sua responsabilidade.
O tutor presencial est em permanente comunicao com os es-
tudantes e com a equipe pedaggica do curso, visando a estabelecer a
interao entre os estudantes garantindo a qualidade do processo de
ensino-aprendizagem.
4. tutoria a distnciaO estudante conta, tambm, com o auxlio dos tutores a distncia, pro-
fissionais capacitados que participam ativamente da prtica pedaggica.
O trabalho da tutoria a distncia desenvolvido a partir da Instituio
de Ensino Superior (IES) que oferece o curso, mediando o processo peda-
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 21
ggico junto aos estudantes geograficamente distantes e referenciado aos
polos descentralizados de apoio.
Como o tutor a distncia est em um lugar diferente do estudante,
ele utiliza as tecnologias de informao e comunicao disponveis no
desenvolvimento de suas atividades de orientao, esclarecendo dvidas
atravs de fruns de discusso pela Internet, telefone, videoconferncias,
fax e recursos do AVEA.
A tutoria a distncia responsvel por promover a interao entre
estudantes, incentivando-o pesquisa e promovendo a construo coletiva
de conhecimento. frequente a sua participao nos processos de avaliao
de ensino-aprendizagem desenvolvidos pelos docentes.
5. ProfessorO professor o profissional qualificado responsvel por gerir o pro-
cesso de ensino e aprendizagem, colocando o estudante em contato com
o seu objeto de estudo, consolidando o seu aprendizado.
So atribuies do professor:
Estabelecer a fundamentao terica para a disciplina de sua res-
ponsabilidade.
Selecionar os materiais tericos, nas diversas mdias, que serviro de
apoio ao desenvolvimento pedaggico dos estudantes.
Definir quais sero as atividades pedaggicas mais apropriadas ao
contexto da disciplina por ele ministrada.
Definir as competncias, habilidades e atitudes que os estudantes pre-
cisam desenvolver e acompanh-los durante seu desenvolvimento;
Motivar, orientar e avaliar os estudantes.
Guiar o estudante na construo de seu conhecimento, utilizando
os recursos disponveis no contexto da Educao a Distncia.
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1Unidade
Introduo Educao a Distncia
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24 - Especializao em Ensino de Cincias
Ao concluir o estudo desta unidade, voc ser capaz de identificar as diferentes definies para a EaD, alm de acom-panhar a evoluo desta modalidade educacional e distinguir as instituies de ensino conforme suas finalidades.
Competncias
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 25
Caro(a) estudante!
Ser um prazer poder interagir com voc nesta unidade curricular.
Para facilitar seus estudos teremos momentos distintos: um, dedicado
aos estudos sobre a EaD propriamente dita e outro para familiariz-lo
em relao ao Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem Moodle.
Na medida em que vamos progredindo com a ferramenta de
aprendizagem, que servir para todas as demais unidades curriculares
do curso que voc acaba de iniciar, aprenderemos tambm as princi-
pais definies de EaD, um breve histrico desta modalidade e qual o
comportamento das instituies para com o ensino.
Recomendamos que voc faa as atividades descritas no Ambiente
Virtual de Ensino-Aprendizagem e compartilhe com os colegas, tutores
e professores o seu crescimento e aprendizado.
1.1. DefiniesAs polticas educacionais cada vez mais apontam para a necessidade
de ofertar educao para todos. Observa-se o surgimento de novas possi-
bilidades que se configuram em diferentes modos de ingresso, em flexi-
bilizao de organizaes curriculares, implementando-se propostas para
todas as idades, entre outras opes. Neste cenrio surgem as perspectivas
inovadoras da Educao a Distncia, cuja idia bsica est na presena
de alunos e professores em locais diferentes durante toda ou a maior
parte de tempo em que aprendem ou ensinam.
Com o advento de novas tecnologias de informao e comunicao, o
espao destinado a esta modalidade de ensino vem se tornando mais intenso no
cenrio mundial ou nacional, com um nmero maior de trabalhos e pesquisas
1. Introduo Educao a Distncia
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26 - Especializao em Ensino de Cincias
na rea, sendo tratado de forma mais adequada atual situao vivenciada por
toda a sociedade, atualmente denominada de sociedade da informao.
Neste novo contexto em que se inserem nossas prticas, algumas
definies de autores so apresentadas e discutidas, para que possamos
conhecer aquilo que chamamos de Educao a Distncia.
Na dcada de 1990, os conceitos foram evoluindo e passando a
incluir aspectos relacionados s possibilidades que esta modalidade de
ensino oferece em termos de flexibilizao de tempo e espao, como o que
apresentamos a seguir, formulado por Moore e Kearsley (1996): Educao a
Distncia o aprendizado que ocorre normalmente em um local diferente
do ensino, exigindo tcnicas especiais de criao da instruo e do curso,
com comunicao por meio de vrias tecnologias e disposies adminis-
trativas especiais.
O prprio Ministrio da Educao (MEC), atravs do decreto 5.622
de 19 de dezembro de 2005, definiu educao a distncia como uma
modalidade educacional na qual a mediao didtico-pedaggica
nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilizao de
meios e tecnologias da informao e comunicao, com estudantes
e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou
tempos diversos.
1.2. Geraes da educao a distnciaA histria da educao a distncia uma sequncia de novas idias e tec-
nologias, contrabalanadas por uma resistncia a mudanas, que no mundo todo
Educao a distncia define
um processo de ensino-
aprendizagem em que pro-
fessores e alunos no esto
normalmente juntos, mas
podem estar interligados
por tecnologias das mais
variadas (MORAN, 2008).
Destaca-se, ainda, que na
expresso ensino a distncia
a nfase dada ao papel do
professor, sendo a palavra
educao mais abrangente.
J Belloni (2002) apresenta
uma definio para Educa-
o a Distncia como um
mtodo educacional regido
por princpios organizacio-
nais e de diviso do trabalho,
com o uso intensivo de
meios tcnicos. Esta mo-
dalidade objetiva produzir
material de ensino de alta
qualidade e, sendo possvel,
instruir um maior nmero de
estudantes, ao mesmo tem-
po, em diferentes lugares.
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 27
tem uma longa histria de experimentaes, sucessos e fracassos (NUNES, 2008) e
cujos primrdios remontam s Cartas de Plato e s epstolas de So Paulo.
A inveno da imprensa por Johannes Guttemberg, na Alemanha
do sculo XV, possibilitou Educao a Distncia o uso do texto e, em con-
sequncia, a possibilidade futura de uma instruo por correspondncia
(considerada a primeira gerao desta modalidade de ensino).
Em Moore e Kearsley (2007), destacam-se ainda outras geraes da
EaD: a segunda gerao, por meio da difuso pelo rdio e pela televiso; a ter-
ceira no caracterizada pela tecnologia de disseminao por intermdio
de uma organizao na educao, pela inveno de uma nova modalidade
denominada de universidades abertas; a quarta gerao por udio e videocon-
ferncia transmitidos por telefone, satlite, cabo e redes de computadores;
e, por fim, a quinta gerao, que envolve o ensino e aprendizado on line, em
classes e universidades virtuais, baseadas em tecnologias da Internet. Vamos
abordar mais detalhadamente cada uma dessas geraes.
1.2.1. A primeira gerao: estudo por correspondnciaOs cursos entregues pelo correio, denominados usualmente por cor-
respondncia, tiveram seu incio no comeo da dcada de 1880, nos Estados
Unidos, onde, segundo Moore e Kearsley (2007), as pessoas que desejassem
estudar em casa ou no trabalho poderiam, pela primeira vez, obter instruo
de um professor a distncia, tendo como marco a criao do Chautauqua
Correspondence College oferecendo cursos de educao superior e autorizado
pelo estado de Nova York a conceder diplomas por correspondncia.
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28 - Especializao em Ensino de Cincias
Experincias similares ocorreram em outros pases. Moore e Kearsley
(2007) destacam que Isaac Pitman utilizou o sistema postal nacional em 1840
para ensinar seu sistema de taquigrafia; o francs Charles Toussaint e o alemo
Gustav Langenscheidt, em meados da dcada de 1850, iniciaram intercmbio
de ensino de lnguas com a criao de uma escola por correspondncia.
Um dos motivos dos educadores por correspondncia era a viso
de uma tecnologia para chegar at aqueles que, de outro modo, no se
beneficiariam dela, como, por exemplo, as mulheres. Elas acabaram desem-
penhando um papel importante na Educao a Distncia, tendo como lder
Anna Eliot Ticknor, que, em 1873, criou uma das primeiras escolas de estudo
em casa. Os autores ressaltam que, em 1900, a Cornell University oferecia
um programa para mulheres na regio agrcola do norte do Estado de Nova
York, atingindo em cinco anos mais de 20 mil mulheres.
No ano de 1930, 39 universidades norte-americanas ofereciam cursos
por correspondncia, e cerca de 2 milhes de alunos eram matriculados
todo ano, sendo quatro vezes o nmero de todos os alunos matriculados
em todas as faculdades e escolas profissionais nos Estados Unidos (BITTNER
e MALLORY apud MOORE e KEARSLEY, 2007).
Organizaes e empresas particulares tambm desenvolveram este
tipo de ensino, alm das Foras Armadas, em que a criao do United States
Armed Forces Institute oferecia 200 cursos de ensino elementar e mdio
por correspondncia no ano de 1966, abarcando cerca de 500 mil alunos
(BROTHERS apud MOORE e KEARSLEY, 2007). Em 1974 este tipo de estudo
foi terceirizado s escolas e universidades privadas.
A EaD no tem registros precisos no Brasil. Entretanto, alm de organi-
zaes norte-americanas que implantam no pas as Escolas Internacionais em
1904, o Jornal do Brasil, que iniciou suas atividades em 1891, registra anncio,
na primeira edio da seo de classificados, oferecendo profissionalizao
por correspondncia (datilgrafo), o que faz com que se afirme que j se
buscavam alternativas para a melhoria da educao brasileira. Isso tambm
coloca dvidas sobre o verdadeiro momento inicial da EaD.
Nessa poca, a crise na educao nacional j era notada, e j se bus-
cavam desde ento opes para a mudana no ensino nacional.
A EaD comeou num momento bastante conturbado da educao
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 29
brasileira e, desta forma, pela pouca importncia que se atribua a essa
modalidade e tambm pelas alegadas dificuldades dos correios, pouco
incentivo recebeu o ensino por correspondncia por parte das autoridades
educacionais e rgos governamentais.
1.2.2. A segunda gerao: transmisso por rdio e por televiso
A segunda gerao da EaD acompanhou, assim como as demais, a
chegada e evoluo dos meios de comunicao. Mas o rdio como divulga-
o desta modalidade de ensino no correspondeu s expectativas, como
observam Moore e Kearsley (2007). O interesse restrito do corpo docente e
da direo das universidades, assim como o pouco preparo dos profissionais
em trabalhar com este meio, provaram ser um recurso relativamente fraco
para o fim a que se destinava.
Nos Estados Unidos, a primeira autorizao para uma emissora edu-
cacional foi concedida pelo governo Universidade de Salt Lake em 1921.
Em 1925, a Universidade de Iowa oferecia seus primeiros cursos de cinco
crditos por rdio (PITTMAN apud MOORE e KEARSLEY, 2007). Esta mesma
universidade oferecia, em 1934, transmisses pela televiso sobre temas
versando da higiene oral astronomia.
Aps a Segunda Guerra Mundial, quando foram distribudas as fre-qun-
cias de televiso, 242 canais foram concedidos para uso no comercial, atravs
dos quais eram transmitidos muitos dos programas educacionais (emissoras
comerciais tambm produziram excelentes programas educacionais).
Com o incentivo de fundaes, as transmisses por televiso tiveram
maior sucesso do que as feitas pelo rdio. A televiso a cabo e os telecursos,
a partir de meados da dcada de 1980, nos Estados Unidos, propiciaram
a participao de inmeras instituies de ensino com investimento de
milhes de dlares, em programas que incluam material didtico, guias de
estudo e guias para o corpo docente e para a administrao.
Em 1923, a segunda gerao se estabeleceu no Brasil, com a fundao
da Rdio Sociedade do Rio de Janeiro, por um grupo liderado por Henrique
Morize e Roquete Pinto. Iniciou-se ento a educao pelo rdio. A emissora
foi doada ao Ministrio da Educao e Sade em 1936 e, no ano seguinte,
-
30 - Especializao em Ensino de Cincias
foi criado o Servio de Radiodifuso Educativa do Ministrio da Educao.
Em 1941, surge o Instituto Universal Brasileiro, objetivando a formao pro-
fissional de nvel elementar e mdio. A Igreja Adventista lanou, em 1943,
programas radiofnicos atravs da Escola Rdio-Postal A Voz da Profecia, com
a finalidade de oferecer aos ouvintes os cursos bblicos por correspondncia.
O SENAC - Servio Nacional de Aprendizagem Comercial - iniciou em 1946
suas atividades e desenvolveu, no Rio de Janeiro e So Paulo, a Universidade
do Ar, que em 1950 j atingia 318 localidades e 80 alunos; em 1973, iniciou
os cursos por correspondncia, seguindo o modelo da Universidade de
Wisconsin (VILARINHO, 2008).
No incio da dcada de 1970, programas educativos a distncia pela
televiso, como o Projeto SACY (desenvolvido pela Comisso Nacional de
Atividades Espaciais, associando s potencialidades da televiso a ampliao
do seu alcance via satlite), os veiculados pela TV Cultura de So Paulo (vin-
culada Fundao Padre Anchieta) e os da Televiso Educativa do Maranho
comearam a se popularizar. No contexto dessas experincias, torna-se digno
de registro o processo desenvolvido pela TVE maranhense, organizando sua
programao para apoiar, ampliar e melhorar o atendimento oferecido pelo
sistema estadual de ensino. Nessa mesma dcada, o Projeto Minerva ganhou
abrangncia nacional, com programas voltados para a aprendizagem de
contedos da educao bsica, integrando material impresso e programas
de rdio. O seu objetivo maior era ampliar o nmero de candidatos (apro-
vados) aos exames supletivos, sendo sua clientela bsica adultos com um
mnimo de leitura e compreenso de textos, que pudessem estabelecer um
processo independente de estudo (UFSC, 1998).
Na dcada de 1980, os Telecursos de 1 e 2 graus, vinculados por
redes de televiso, promoveram uma maior divulgao da Educao a
Distncia. Relacionados ou subordinados ao Programa Nacional de Tele-
ducao, Vilarinho (2008) aponta tais programas de massa como muito
criticados, sendo, inclusive, encarados por setores acadmicos como
formas aperfeioadas de dominao e reproduo. No Brasil a Educao
a Distncia, no mbito de seus sistemas estaduais de ensino, criando uma
nova alternativa de concretizao da educao bsica atravs dos Centros
de Ensino Supletivo (CES), dimensionou-a como modalidade educativa de
-
Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 31
segunda categoria, dirigida s pessoas que foram excludas do acesso ou
do direito de concluir os estudos bsicos.
Ainda assim, uma das grandes iniciativas de Educao a Distncia em
operao no Pas , provavelmente, a do Programa TV Escola, da Secretaria de
Educao a Distncia do MEC, ao distribuir material didtico via TV, comple-
mentado por atividades presenciais ou de interao a distncia. Comeou a
funcionar em meados de maro de 1996, fornecendo uma antena parablica,
um aparelho de TV e um videocassete para cada uma das 56.770 escolas
pblicas de ensino bsico, sendo um programa que precisa ser consolidado
para a obteno de resultados significativos na melhoria do ensino, quando
da implementao efetiva em sala de aula.
1.2.3. A terceira gerao: universidades abertasA terceira gerao, no final da dcada de 1960 e incio de 1970, no
ficou caracterizada pela tecnologia de comunicao, mas pela inveno de
uma nova modalidade de organizao da educao, de modo mais impor-
tante no que foi chamado universidades abertas. Essa modalidade resultou de
diversas experincias com novas modalidades de organizao da tecnologia
e de recursos humanos proporcionando o surgimento de novas tcnicas de
instruo e de uma nova teorizao desta modalidade de ensino.
Uma das experincias de sucesso que influenciaram a EaD dos nossos
dias o Projeto Mdia de Instruo Articulada, dirigido por Charles Wede-
meyer, da Universidade de Wisconsin. Segundo Moore e Kearsley (2007), a
idia era articular vrias tecnologias de comunicao, com o objetivo de ofe-
recer ensino de qualidade com custo reduzido a alunos no universitrios.
Convidado para trabalhar em Londres, Wedemeyer passou a auxiliar no
desenvolvimento da primeira universidade nacional de educao a distncia,
onde havia mais alunos do que em outra instituio de ensino superior, e que
passou a ser totalmente autnoma e autorizada a conceder seus prprios
diplomas, com o controle de seus fundos e de seu corpo docente (MOORE
e KEARSLEY, 2007).
Com o surgimento da Universidade Aberta do Reino Unido, surgia
no apenas uma universidade com reconhecimento mundial em nmero
de matrculas e de diplomados, mas tambm uma referncia para o ensino a
As tecnologias incluam
guias de estudo impressos
e orientao por corres-
pondncia, transmisso por
rdio e televiso... e recursos
de uma biblioteca virtual...
suporte e orientao para o
aluno, discusses em grupos
de estudos locais... equipe
de criao de cursos, forma-
da por profissionais versados
em instruo, peritos em
tecnologia e especialistas
em contedo (WEDEMEYER
e NAJEM apud MOORE e
KEARSLEY, 2007).
-
32 - Especializao em Ensino de Cincias
distncia de todo o mundo. Algumas outras universidades abertas de desta-
que foram aparecendo pelo mundo, entre elas, a Al Quds Open University, na
Jordnia; a Andra Pradesh Open University, na ndia; a Athabasca University, no
Canad; a Open Universiteit, nos Pases Baixos; a Fern Universitt, na Alemanha;
a National Open University, em Taiwan; a Open University de Israel; a Universidade
Aberta em Portugal e a University of the Air, no Japo.
J no Brasil, em 2005, no mbito do Frum das Estatais pela Educao,
foi criado um programa institudo pelo Ministrio da Educao denominado
Universidade Aberta. Este programa tinha o propsito de capacitar professores
da educao bsica e no pretendia a criao de uma nova instituio de ensino.
Seu objetivo era articular as j existentes, possibilitando levar ensino superior
pblico de qualidade aos municpios brasileiros que no possuem cursos de
formao superior.
Figura 1: Reproduo da homepage da Universidade Aberta do Brasil.
Seu primeiro edital, lanado tambm em 2005, permitiu a implantao
da primeira etapa da rede de polos de apoio presencial e cursos ofertados
por universidades federais. O Sistema Universidade Aberta do Brasil foi criado
pelo Ministrio da Educao com foco nas Polticas e a Gesto da Educao
Superior sob cinco eixos fundamentais:
1 Expanso pblica da educao superior, considerando os processos
de democratizao e acesso.
-
Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 33
2 Aperfeioamento dos processos de gesto das instituies de
ensino superior, possibilitando sua expanso em consonncia com
as propostas educacionais dos estados e municpios.
3 Avaliao da educao superior a distncia tendo por base os pro-
cessos de flexibilizao e regulao em implementao pelo MEC.
4 Contribuies para a investigao em educao superior a dis-
tncia no pas.
5 O financiamento dos processos de implantao, execuo e for-
mao de recursos humanos em educao superior a distncia.
Este sistema tem por objetivo no s oferecer cursos superiores para
capacitao de dirigentes, gestores e trabalhadores em educao bsica dos
Estados, do Distrito Federal e dos municpios como tambm apoiar a pesquisa
em metodologias inovadoras de ensino superior, respaldadas em tecnologias
de informao e comunicao. Alm disso, pretende-se atingir objetivos scio-
educacionais com a colaborao da Unio com entes federativos e estimular
a criao de centros de formao permanentes por meio dos polos de apoio
presencial. Outro fator que ampliar a rede UAB a incorporao dos pro-
gramas Piloto e Pr-Licenciatura, considerando a migrao de cursos e polos
para o Sistema UAB. Esta juno permitir um aumento no nmero de alunos
atendidos e na quantidade de polos de apoio presencial (BRASIL, 2009).
1.2.4. A quarta gerao: teleconfernciaNesta gerao passou a existir um interesse maior de instituies e de
professores que at ento no haviam despertado ou manifestado a vontade
de trabalhar nesta nova modalidade de ensino. Uma razo para isto parece
estar no fato de a teleconferncia se aproximar da viso tradicional da educa-
o, como algo que acontece no ensino presencial, contrariamente ao ensino
por correspondncia, direcionado a pessoas que aprendem sozinhas.
Uma das primeiras tecnologias usadas na teleconferncia em escala
ampla, durante os anos de 1970 e 1980, foi a de audioconferncia, que
permitia ao aluno dar uma resposta, e aos professores, interagir com os aca-
dmicos em tempo real (uso de telefones e equipamentos especiais como
alto-falantes e microfones).
-
34 - Especializao em Ensino de Cincias
Um dos primeiros sistemas de audioconferncia educacional localizava-se
na Universidade de Wisconsin, conhecida como Rede Educacional por Telefone e
estabelecida em 1965 com o intuito de proporcionar educao continuada para
mdicos e estendida para outros profissionais (MOORE e KEARSLEY, 2007).
Ainda segundo Moore e Kearsley (2007), uma das inovaes tecnol-
gicas de fundamental importncia para o ensino a distncia foi a colocao
de quatro satlites na rbita terrestre, em 1967, pela Organizao Interna-
cional de Telecomunicaes por Satlite, sendo a Universidade do Alasca
uma das primeiras a utilizar tal tecnologia na formao continuada para
professores.
A Universidade Aberta do Reino Unido se configurava na modalida-
de de ensino propriamente dita e influenciava o restante do mundo. Nos
Estados Unidos, entretanto, o que causou interesse foi a disponibilidade da
tecnologia por satlite e a formao de consrcios para explorao de tal
tecnologia, seja para a transmisso de uma TV educativa, seja para telecon-
ferncia interativa.
Naturalmente, esta expanso da tecnologia por satlite despertou
interesse da televiso comercial com treinamento para corporaes e
educao continuada para profissionais liberais. No final dos anos 1990, vi-
deoconferncia em dois sentidos pde ser realizada e se tornou mais fcil e
menos onerosa com o desenvolvimento de linhas telefnicas de fibra tica,
permitindo a transmisso de um nmero maior de dados.
No Brasil, a teleconferncia e a videoconferncia apareceram como
interessante alternativa para instituies educacionais oferecerem
cursos a distncia. A possibilidade aberta pela Lei de Diretrizes e Bases
da Educao de considerar as aulas por videoconferncia dentro dos
mesmos parmetros que a educao presencial gerou a procura prin-
cipalmente por cursos de ps-graduao.
Segundo Luz (2003), no Brasil, a tendncia a combinao, ou seja,
a integrao de diferentes mdias, de forma a atender a maioria dos alunos
que compe um determinado perfil. Vale ressaltar que as mdias utilizadas
so responsveis pela comunicao entre professor, aluno e instituio.
-
Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 35
Alm disso, as instituies de ensino superior comearam a investir mais em
Educao a Distncia, como por exemplo, a Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC), que, com o Laboratrio de Ensino a Distncia (LED) passou
a ser referenciada nacional e mundialmente. Criado em junho de 1995, o LED
tinha como objetivo a pesquisa e a produo de modelos e estratgias para
a EaD. Utilizava principalmente os recursos da Internet e da videoconferncia,
iniciando a produo de cursos nesta nova abordagem de ensino.
1.2.5. A quinta gerao: aulas com a utilizao do computador e da Internet
Nas ltimas dcadas, nota-se um desenvolvimento impressionante das
plataformas tecnolgicas. Desta forma, o ensino a distncia tornou-se fortemente
dependente das infraestruturas tecnolgicas disponveis, como tambm se de-
senvolveu em torno destas transformaes. Transformaes estas que tm seu
pice com o advento dos microprocessadores em 1971, lanamento do primeiro
computador pessoal em 1975 e com a diminuio, ao passar do tempo, dos obs-
tculos representados pelo custo para a disponibilidade dos computadores.
Esta gerao baseia-se na utilizao das redes de computadores e nas
estaes de trabalho multimdia. Todos os meios referidos anteriormente se
tornaram mais interativos, mais fceis de serem utilizados, de acesso mais ge-
neralizado, permitindo maior flexibilidade temporal e espacial. Caracteriza-se
ainda, segundo Struchiner e Giannella (2001), pela educao telemtica, que
integra o uso da informtica, com recursos das telecomunicaes e acesso
a materiais mais facilmente atualizveis e ajustveis s necessidades, nveis
e ritmos dos alunos, possibilitando, portanto, maior interatividade.
O uso dos computadores para a
EaD obteve grande impulso com o sur-
gimento da world wide web. Este sistema
permitia o acesso a um documento por
computadores diferentes, separados
por qualquer distncia e contava, em
1992, com 50 pginas, explodindo para
1 bilho de pginas em 2000 (MADDUX
apud MOORE e KEARSLEY, 2007).
-
36 - Especializao em Ensino de Cincias
O momento atual possibilitou o desenvolvimento de novas ideias
a respeito de como organizar a EaD. Surgem as comunidades virtuais de
aprendizagem, onde so fortalecidas as formas de comunicao, cola-
borao e cooperao entre os diversos participantes da atividade edu-
cativa e onde se ampliam as fronteiras de construo de conhecimento
(STRUCHINER e GIANNELLA, 2001). Assim, com a disseminao da Internet,
instituies com finalidade nica, com dupla finalidade, ou ainda que nun-
ca haviam considerado a possibilidade da educao a distncia, passam
agora a considerar a insero desta modalidade face s diversas formas e
combinaes de como efetivar e interiorizar o ensino, com perspectivas
construtivistas de aprendizado em colaborao e na convergncia entre
texto, udio e vdeo em uma nica plataforma de comunicao.
Na sequncia, baseado nas consideraes de Moore e Kearsley (2007),
vamos tratar de como a educao a distncia est organizada, quais as es-
pecificidades das instituies e suas finalidades.
1.3. Finalidades das instituies1.3.1. Instituies com finalidade nica
Ocorre quando todo o corpo docente e colaboradores da instituio
se dedicam com exclusividade ao ensino a distncia (atividade especfica da
instituio), com funes distintas daquelas exercidas em uma universidade,
sistema escolar ou departamento tradicionais.
Alguns exemplos de instituies com finalidade nica so a Athabas-
ca University, no Canad, a Open University, na Inglaterra, e a Universidade
Nacional de Ensino a Distncia, na Espanha.
1.3.2. Instituies com finalidade duplaEstas instituies se caracterizam por agregar a EaD ao seu campus pre-
viamente estabelecido. Estabelecem uma unidade especial para atividades de
criao e ensino para esta modalidade, com recursos prprios, normalmente
com uma equipe administrativa, produtores de contedo e especialistas tc-
nicos. Em geral o corpo docente atua no ensino presencial da instituio a que
pertence. Muitas vezes essas instituies utilizam ainda um corpo docente em
-
Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 37
perodo parcial, todos gerados pela unidade de Educao a Distncia.
Exemplos de instituies com esta finalidade so: a Pennsylvania
State University, nos Estados Unidos, que dispe de uma unidade especial
denominada de World Campus que gerencia todos os cursos que oferece. As
instituies de ensino superior no Brasil que participam do programa UAB,
em geral, dispem de um grupo que coordena as atividades de Educao a
Distncia nessas instituies. O IF-SC est inserido nessa realidade, dispondo de
um Departamento de Educao a Distncia, atrelado Pr-Reitoria de Ensino.
Cada programa possui uma coordenao especfica no caso, UAB e e-Tec ,
que gerencia e define todas as atividades de cada curso.
1.3.3. Instituies com professores individuaisAlgumas instituies tradicionais que disponibilizam seu ensino tam-
bm por mtodos de Educao a Distncia o fazem sem ter uma unidade
especfica para esta modalidade. Cada professor, individualmente, cria, en-
sina e administra seus cursos. Muitas dificuldades aparecem nesta forma de
conduo das atividades a distncia, como a disponibilizao de publicaes
por intermdio de bibliotecas, o desenvolvimento de programas de longo
prazo e a qualidade do material e do prprio curso oferecidos.
1.3.4. Consrcios de instituiesInstituies com finalidade nica ou dupla se utilizam desse sistema
para juntas criarem e/ou transmitirem cursos de forma cooperada, dissemi-
nando a Educao a Distncia como um empreendimento de alta tecnologia
e que, com a formao dos consrcios, tem pessoal e custos reduzidos, ou
ainda, para conseguir maior presena no mercado educacional, podendo
oferecer cursos predominantemente virtuais, dependendo da rea de conhe-
cimento, das necessidades concretas do currculo ou para aproveitar melhor
especialistas de outras instituies. Um exemplo americano est na National
Technological University, um consrcio de cerca de 50 universidades que
proporciona mais de 500 cursos de ps-graduao e educao continuada
nas reas de engenharia. Outros consrcios de destaque esto na britnica
Aerospace Virtual University, na Global Virtual University, da Nova Zelndia, e
na Virtual University of the Asia Pacific.
-
38 - Especializao em Ensino de Cincias
Caro(a) estudante,
Nesta unidade, voc estudou algumas definies para a Educao
a Distncia, modalidade que pode ser realizada nos mesmos nveis que na
educao regular presencial. Moran (2008) alerta para uma maior adequa-
o para a educao de adultos, principalmente para aqueles que j tm
experincia consolidada de aprendizagem individual e de pesquisa, como
em cursos de ps-graduao ou graduao. E por ltimo, percebemos que
algumas instituies, citadas anteriormente, oferecem programas em diversas
formas e com finalidades especficas.
Na prxima unidade, vamos estudar mais especificamente os pressu-
postos tericos dessa modalidade de ensino. Vamos em frente!
sntese
-
2Unidade
teorias da Educao a Distncia
-
40 - Especializao em Ensino de Cincias
Com o estudo desta unidade, voc ser capaz de identificar as principais teorias que suportam a educao na modalidade a distncia, em especial, pressupostos para implantao e desenvolvimento de cursos na EaD, objetivando a coope-rao e reflexo que devem estar presentes em qualquer processo no qual se pretenda ter uma verdadeira e signifi-cativa aprendizagem.
Competncias
-
Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 41
2. teorias da Educao a Distncia
Ol, estudante!
Muitas perspectivas tericas sobre educao a distncia tm sido
apresentadas durante os ltimos 30 anos. Keegan (apud PAULSEN, 1993)
identifica trs posies tericas, destacadas a seguir:
Teorias da autonomia e independncia.
Teorias da industrializao.
Teorias da interao e comunicao.
Vamos estudar, neste contexto, duas teorias especficas: a Teoria da
Interao a Distncia e a Teoria da Liberdade Cooperativa.
Uma das primeiras ideias para construo de uma teoria especfica
para a EaD que fosse abrangente e descritiva ou que apresentasse uma
generalidade suficiente para incluir muitas formas de educao, capaz de
posicionar um programa nesta modalidade em relao a qualquer outro,
desenvolveu-se nos trabalhos de Michael Moore. Essa teoria desde 1986
vem sendo conhecida como teoria da Interao a Distncia, na linha da
autonomia e independncia.
Uma segunda corrente, aqui mencionada, est centrada em con-
sideraes de Peters (apud PAULSEN, 1993), o qual aplica a teoria da
industrializao para estruturao da EaD, com princpios de racionaliza-
o, diviso de trabalho e produo em massa. Conforme essa teoria, o
processo de ensino gradualmente reestruturado atravs da mecanizao
crescente, emergindo as seguintes proposies:
O desenvolvimento de cursos a distncia to importante como o
trabalho preparatrio que ocorre antes do processo de produo.
Michael MoorePh.D. pela Universidade de
Wisconsin-Madison, publi-
cou em 1972 a primeira obra
terica em ingls sobre Edu-
cao a Distncia. Com cerca
de 100 publicaes e um
nmero maior de apresen-
taes importantes em mais
de 30 pases, tambm possui
conhecimento prtico e rea-
lista do ensino e treinamento
em todas as tecnologias e
para a maioria dos grupos
de interessados (MOORE e
KEARSLEY, 2007).
-
42 - Especializao em Ensino de Cincias
A eficcia do processo de ensino particularmente dependente do
planejamento e organizao.
Os cursos devem ser formalizados e as expectativas dos estudantes,
padronizadas.
As funes dos docentes nesta modalidade devem mudar conside-
ravelmente se comparadas com o ensino convencional.
O ensino precisa concentrar os recursos disponveis em uma admi-
nistrao centralizada.
A teoria da industrializao no parece aplicar-se a cursos com confe-
rncia via web, por exemplo, uma vez que o desenvolvimento de produtos
em massa para um nmero elevado de alunos pode, segundo Bates (apud
PAULSEN, 1993), reduzir as oportunidades de interao do aluno junto a
professores e tutores, dada a reduo de custos que precisa ser realizada
num processo desta natureza.
Por ltimo, a teoria da interao e comunicao deve, para Holmberg
(apud PAULSEN, 1993), estabelecer um sistema de conversao didtica para
cursos a distncia, ou seja, deve haver uma interao constante (conversa) en-
tre professor, tutor, conselheiros, coordenadores e os alunos da modalidade.
A utilizao dos recursos computacionais em cursos de EaD pode, segundo
os autores da teoria, ser um excelente meio para facilitar uma conversao
didtica guiada entre estudantes e corpo docente.
2.1. teoria da Interao a DistnciaEsta teoria combina um sistema industrial estruturado, que inclui
planejamento sistemtico, especializao da equipe de trabalho, produo
em massa de materiais, automao, padronizao e controle de qualidade,
com um conjunto completo de TICs na estruturao de cursos, numa relao
mais centrada no aluno e interativa do aluno com o professor. A distncia
passa a ser um fenmeno pedaggico e no apenas uma questo geogr-
fica, procurando investigar o efeito que esta distncia exerce no ensino e
no aprendizado, na elaborao do currculo e do curso e na organizao e
gerenciamento do programa educacional (MOORE e KEARSLEY, 2007).
-
Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 43
A Interao a Distncia o hiato de compreenso e comunicao entre os professores e alunos causado pela distncia geogrfica que precisa ser suplantada por meio de procedimentos diferenciadores na elabo-rao da instruo e na facilitao da interao....a interao implica a inter-relao do ambiente e das pessoas com os padres de comportamento em uma situao. a distncia fsica que conduz a um hiato na comunicao, um espao psicolgico de com-preenses errneas potenciais entre os instrutores e os alunos, que precisa ser suplantado por tcnicas especiais de ensino isso a Interao a Distncia (MOORE e KEARSLEY, 2007, p. 240).
Na teoria de Moore, a separao entre professores e alunos na EaD
determina que os docentes planejem, apresentem, interajam e articulem
outros processos de ensino, de modo diferente do ambiente presencial, ou
seja, existe uma natureza especial no comportamento organizacional e de
ensino que depende do grau de Interao a Distncia. Tais comportamentos
recaem em dois conjuntos de variveis denominados dilogo e estrutura.
O dilogo um termo usado para descrever interaes de professor e
aluno com uma determinada finalidade, sendo construtivo e valorizado por
cada participante. Sua extenso e natureza so determinadas pela filosofia
educacional dos responsveis pela elaborao de um curso, pela matria
envolvida e por fatores ambientais (linguagem, meios de comunicao)
(MOORE e KEARSLEY, 2007).
A estrutura, por sua vez, trata do conjunto de elementos usados na
elaborao do curso, tais como: objetivos de aprendizado, temas do conte-
do, apresentaes de informaes, estudos de caso, ilustraes, exerccios
e testes. Tambm determinada pela filosofia da organizao de ensino, dos
professores e do nvel acadmico dos alunos, alm dos aspectos ambientais
j mencionados (MOORE e KEARSLEY, 2007).
A extenso do dilogo e o grau de estrutura variam em funo do
curso: naqueles em que os alunos recebem mais ou menos orientao por
meio de um dilogo constante ou insuficiente com seus professores existe
pouca ou muita Interao a Distncia; no havendo dilogo nem estrutura
-
44 - Especializao em Ensino de Cincias
devero decidir sobre suas estratgias de estudo com mais independncia
e responsabilidade, onde ento se apresenta uma segunda dimenso do
estudo a autonomia do aluno.
Para Moore e Kearsley (2007), o conceito de autonomia do aluno sig-
nifica capacidades diferentes para tomar decises a respeito de seu prprio
aprendizado, como: desenvolver um plano pessoal de estudo, encontrar
condies em ambiente comunitrio ou de trabalho e decidir quando o
progresso est satisfatrio. Assim, aceita-se a independncia do aprendiz
como um recurso valioso no processo ensino-aprendizagem e no como
uma perturbao que precise ser controlada.
2.2. teoria da liberdade CooperativaOutra teoria que pode ser classificada na linha autonomia e indepen-
dncia refere-se Teoria da Liberdade Cooperativa (Paulsen, 1993), influencia-
da pela teoria da andragogia, que foi definida por Malcolm Knowles como
a arte e cincia de ajudar o adulto a aprender, em oposio pedagogia, que
cuida do ensino de crianas. Os conceitos de Knowles foram amplamente
discutidos prevalecendo cinco princpios ou hipteses que so de grande
valia para o projeto de eventos educacionais voltados para adultos, entre
eles, o da EaD.
Entre os princpios da andragogia definidos por Knowles, segundo
Telles e Waal (2009), esto o da autonomia (em que o adulto sente-se capaz
de tomar suas prprias decises), o da experincia (acumulada pelos adultos
e que oferece uma excelente base para o aprendizado de novos concei-
tos), o da prontido para a aprendizagem (o adulto tem maior interesse em
aprender aquilo que est relacionado com situaes reais), o da aplicao da
aprendizagem (preferncia pela aprendizagem centrada em problemas em
detrimento de uma aprendizagem centrada em reas de conhecimento) e
motivao para aprender.
Decorrem dos princpios, para Telles e Waal (2009), alguns conceitos
importantes para o projeto de ambientes e processos educacionais voltados
a adultos, entre eles:
Adultos querem entender a necessidade de aprender algo.
Malcolm She-
pherd Kno -
w l e s ( 1 9 1 3
- 1997) foi a fi-
gura central da educao de
adultos na segunda metade
do sculo XX. Na dcada
de 1950 ele foi o diretor
executivo da Associao de
Educao de Adultos dos
Estados Unidos da Amri-
ca. Ele escreveu as primei-
ras notas da educao de
adultos e a sua histria nos
Estados Unidos. Alm disso,
as tentativas de Malcolm
Knowles para desenvolver
uma base conceitual espe-
cfica para o ensino e apren-
dizagem de adultos atravs
do conceito de andragogia
tornaram-se amplamente
discutidas e utilizadas. Seu
trabalho foi um fator impor-
tante na reorientao dos
educadores de adultos a
partir de educar as pessoas
para ajud-los a apren-
der. (Disponvel em: http://
www.infed.org/thinkers/
et-knowl.htm. Acesso em:
novembro de 2009)
-
Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 45
Adultos gostam de aplicar sua experincia no processo de apren-
dizagem.
Adultos se interessam mais pela aprendizagem de coisas aplic-
veis.
Os processos de andragogia devem ser centrados em problemas e
no em contedos.
Com os princpios andraggicos colocados, Paulsen define sua teoria
da liberdade cooperativa percebendo tanto em adultos, como na EaD para
jovens, as caractersticas de motivao e auto-orientao como um desejo
de alunos em gerir os resultados de sua aprendizagem.
Em especial, quando a modalidade trabalha com o suporte compu-
tacional, os participantes adultos percebem na tecnologia uma forma de
manter e alcanar seus objetivos diante de um curso a distncia. A dispo-
nibilidade da informao a qualquer momento e em qualquer lugar possi-
bilitou a aprendizes adultos a oportunidade de aprender com motivao.
Nesse sentido, a teoria da liberdade cooperativa sugere que, independente da
orientao motivacional, os alunos a distncia necessitam de cooperao,
bem como de liberdade.
Segundo Houle (apud PAULSEN,1993), a cooperao implica interao
voluntria entre os indivduos durante a aprendizagem. Mesmo os estudan-
tes solitrios, administrando seus prprios programas sem a ajuda de um
instrutor, devem, em uma atividade que se julgue educativa (neste sentido se
utiliza neste texto o termo Educao a Distncia ao invs de ensino a distn-
cia), procurar ajuda e encorajamento nos outros (pares), tanto em atividades
de planejamento como de execuo. Por um lado, esta cooperao to
completa que exige um grupo para decidir tudo o que se faz em conjunto.
Por outro, cooperar pode estar implcito na situao de ensino-aprendizagem,
como as atividades de videoconferncia, por exemplo.
Paulsen (1993) ressalta, ainda, que na Educao a Distncia, a coope-
rao pode ser difcil de ser conseguida. Um grande problema para muitos
estudantes pode ser o processo de solido que resulta do acesso limitado
aos colegas e, em muitos casos, a necessidade de liberdade individual pode
intensificar o problema. Entretanto, as novas tecnologias de informao e
-
46 - Especializao em Ensino de Cincias
comunicao esto planejadas para facilitar a cooperao a distncia.
Na teoria de Paulsen, a liberdade (outra caracterstica da teoria) deve
estar presente no elevado nvel de escolha propiciado ao estudante, em vez
de ser contido por um rgido programa de EaD. Paulsen (1993) afirma que
ela fundamental na modalidade e, para muitas pessoas, a necessidade de
formao continuada e aprendizagem ao longo da vida tende a aumentar
com a aplicao da teoria. O aprendiz adulto exige uma educao flexvel,
que lhe permita combinar trabalho, famlia e educao de uma forma pos-
svel de ser gerenciada.
O prprio Paulsen salienta que a liberdade um construto complexo,
com diversas facetas e caractersticas, sendo que sua teoria sugere para a
EaD um hexgono da liberdade cooperativa, determinada por: tempo, espao,
ritmo, meio, acesso e currculo. Algumas caractersticas importantes destes seis
itens devem ser consideradas no momento do planejamento de programas
e cursos na modalidade a distncia suportados pelo computador.
Em um primeiro momento, parece haver uma contradio entre co-
operao, que indica a interao de um grupo, e liberdade, que implica uma
autonomia individual. No entanto, Paulsen (1993) argumenta que o objetivo
da teoria est em combinar a liberdade do indivduo com a cooperao do
grupo em um projeto educativo a distncia.
Cabe, aqui, uma distino feita pelo prprio Paulsen sobre teorias de
aprendizagem, classificando-as em: individuais, cooperativas e colaborati-
vas. A aprendizagem individual fornece flexibilidade aos indivduos, apesar
de preparar pouco para a integrao em comunidades de aprendizagem;
a aprendizagem colaborativa requer participao numa comunidade de
aprendizagem, limitando a flexibilidade individual; e a aprendizagem coo-
perativa se concentra nas oportunidades para encorajar tanto a flexibilidade
individual como a aproximao com comunidades de aprendizagem.
Na figura a seguir, procurou-se apontar as formas de liberdade no
hexgono da liberdade cooperativa proposto por Paulsen:
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 47
ParticipantesCooperao
Liberdade de Tempo
Liberdade de Espao
Liberdade de Rtmo
Liberdade de Acesso
Liberdade de Meio
Liberdade de Currculo
de sincronizar a oprerao entre os
parceiros de comunicao
todos os
dias, a
qualquer
hora
informao sempre
que for conveniente
para o usurio
que alunos se comuniquem sempre
que for conveniente
trabalho
casa
sala de aula com seus pares
que os alunos escolham onde querem estudar
prazos ou selecionando um dos vrios prazos
rgidosflexveis
cumprir prazos para iniciar um curso,
para exames e para tarefas
discriminao de classe social, sexo,
idade, etnia ou profisso
que o aluno decida proseguir ou
no no curso
auxlio aos alunos com poucos
recursos financeiros
auxlio no manuseio com a tecnologia
excluso de alunos sem acesso s novas
tecnologias de informao e comunicao
diferentes estilos de aprendizagem
acesso a vrios meios de comunicao ou
fontes de informao
estudos individuais, contratos de
aprendizagem, estgios
escolher entre uma variedade de cursose de
transferncia de crditos entre programas
d acesso
podem reunir-se
podem ser
no h necessidade
permite
permite
definindo
implica
elimina
permite
oferece
previne
facilita
proporciona
implicapermite
Figura 2: Mapa conceitual com esquema do hexgono da libertade cooperativa de Paulsen.
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48 - Especializao em Ensino de Cincias
Cada dimenso da liberdade apontada na figura deve ser considerada
como um processo relativo, no havendo respostas prontas e definitivas para
cada uma das dimenses apresentadas em programas de EaD. No entanto, a
escassez de recursos e normas rgidas no ensino de instituies pode inibir
a construo de cursos com a flexibilidade que se deseja ou se espera. Os
alunos, em geral adultos, buscam flexibilidade e liberdade, ao mesmo tempo
em que precisam de colaborao do grupo, de unidade que existe em uma
turma. Buscam ainda a perspectiva que, segundo Paulsen (1993), pode ser
facilitada por intermdio do computador e da integrao com outras mdias,
podendo unir liberdade e unidade em programas de educao cooperativa
a distncia.
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 49
Caro(a) estudante,
Nesta unidade, voc observou as consideraes de Paulsen e o Hex-
gono da Liberdade Cooperativa, de Moore e sua teoria de Interao a Distncia,
bem como refletiu sobre a necessidade de outra dimenso no processo de
EaD, em especial, para o curso que estamos propondo. A incluso de maior
colaborao entre os professores e alunos deve permitir que os participantes
escolham seus temas, objetivos de aprendizado e construam grande parte
deste processo. Permite, ainda, que os alunos acreditem em uma perspectiva
de equilbrio entre as variveis de ensino e um maior exerccio da autonomia,
sem desconsiderar que nem todos so autnomos ou esto prontos para
atuar neste sentido.
Na prxima unidade vamos comear a estudar algumas caractersticas
das mdias e tecnologias utilizadas na Educao a Distncia. Bom estudo!
sntese
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 513Unidade
Mdias e tecnologias
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52 - Especializao em Ensino de Cincias
Ao estudar esta unidade voc ir compreender que existem diferentes mdias suportadas por distintas tecnologias. Ser capaz de descrever essas mdias e perceber sua importncia para a sua prtica diria de sala de aula, tanto na modalidade a distncia como tambm na presencial.
Competncias
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 53
3. Mdias e tecnologias
Caro(a) estudante,
Ser um prazer poder compartilhar com voc, nesta unidade,
algumas informaes sobre as diferentes mdias e tecnologias de uso
tanto na modalidade presencial como na EaD. Temos, aqui, o objetivo
de diversificar as formas de aprendizagem e possibilitar a todos o co-
nhecimento de diferentes ferramentas para o ensino.
Lembre-se: ao progredir na ferramenta de aprendizagem, vamos
conhecendo novas alternativas para o seu sucesso neste curso e, so-
bretudo, para que voc possa utilizar em seu ambiente escolar, sua sala
de aula, novos subsdios para compartilhar com seu aluno diferentes
estratgias para a vida escolar e pessoal.
Alm da estrutura de organizao das instituies, a Educao a
Distncia nos dias de hoje pode lanar mo, em especial, do computador
pessoal e do sistema de rede informacional, trazendo novas discusses para
esta modalidade educacional, principalmente sobre o que ensinar, como
ensinar e para que ensinar a distncia.
A relao professor-aluno tambm substancialmente alterada neste
contexto. A atividade cognitiva no deve acontecer de forma abstrata, in-
dividual, mas dentro de um coletivo, sem separar o homem da sua relao
com as tecnologias e, sobretudo, de seus pares.
Na Educao a Distncia, muitas vezes, o problema no est em
usar uma tecnologia de alto custo operacional ou de aquisio: possvel
receber mensagens de ensino-aprendizado por tecnologias mais simples.
A qualidade da mdia produzida para distribuio por meio da tecnologia
pode passar a ser um problema maior.
-
54 - Especializao em Ensino de Cincias
A tecnologia, segundo Moore e Kearsley (2007), constitui o veculo
para comunicar mensagens que so representadas em uma mdia
texto, imagens, sons e outros dispositivos. Cada tecnologia suporta pelo
menos um meio, sendo que algumas podem suportar mais do que um.
A tecnologia online pode dispor de todas as formas de mdia.
Cada mdia tem sua potencialidade e depende do recurso pedaggico,
do contexto e da dinmica de seu uso. Um determinado material pode ser
utilizado em um contexto onde a funo do aluno de mero receptor ou
num contexto onde o aluno sujeito ativo da aprendizagem e participa do
processo, interagindo, questionando e refletindo.
A seleo e o uso de mdias esto na natureza do contedo a ser
estudado e nas linguagens e formas de representao do conhecimen-
to possibilitadas pelos diferentes meios. As linguagens audiovisuais, por
exemplo, podem ser mais apropriadas, contribuindo para a compreenso
de determinados fenmenos. O uso da hipermdia pode mostrar detalhes
no visveis em linguagens apenas textuais. Diferentes meios possibilitam
experincias diferenciadas com o ente a ser estudado.
A seguir, apresentamos algumas das principais caractersticas de
diferentes tecnologias disponveis para a Educao a Distncia.
3.1. Material impressoO material impresso, segundo Struchiner e Giannella (2001), utilizado
para a organizao de contedo em material textual, tendo sido tratado, na
modalidade de ensino em questo, como um material autoinstrucional, ou
seja, um material que, alm da descrio do contedo, possui outros elemen-
tos necessrios aprendizagem, como glossrio de termos, exerccios, plano
e orientao para o trabalho, com o complemento da linguagem verbal feito
com a apresentao das informaes atravs de imagens.
Struchiner e Giannella (2001) apontam, ainda, para alguns aspectos que
devem ser ressaltados quando o material impresso for produzido, entre eles a
linguagem do texto. Essa linguagem deve ser clara e precisa, possibilitando-se
o estabelecimento de um dilogo com o aluno e deixando-se espao para que
O termo mdia tem origem
na palavra latina medium,
que significa meio. Foi trazi-
do para o portugus a partir
da palavra inglesa media,
que designa genericamente
os meios de comunicao.
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 55
ele reflita, questione e desenvolva seu prprio raciocnio sobre o contedo. A
linguagem tambm envolve a integrao, ao corpo do material impresso, de
quadros, tabelas, sumrios, e mesmo perguntas entremeadas no texto.
3.2. rdioVeculo de comunicao de massa que explora a linguagem verbal em sua
forma oral (udio) e permite a difuso de forma instantnea de notcias e informa-
es. Tem baixo custo, de amplo acesso e exige poucas habilidades especficas
do pblico alvo para que se efetive a transmisso-recepo das informaes. Mais
utilizado na educao no formal, ou para complementar alguns aspectos de
programas formais baseados em outros recursos de comunicao.
Em um programa de Educao a Distncia baseado no rdio, a relao
professor-aluno unidirecional, dependendo de outros veculos para estabe-
lecer um processo de tutoria, onde a comunicao precisa estar adequada
ao pblico alvo, tendo em conta sua linguagem, seus valores e formas de
expresso (STRUCHINER e GIANELLA, 2001).
3.3. televiso e vdeoAssim como o rdio, por ser um material de autoinstruo, necessita
ser complementado com outros meios para viabilizar um maior aprofun-
damento nos contedos e no estabelecimento das interaes. A unio de
recursos de udio e imagens em movimento demonstra, para Struchiner
e Giannella (2001), ser um recurso de comunicao de grande potencial,
podendo ser utilizado devido sua versatilidade e facilidade de alcance,
como um veculo educacional.
Diretamente relacionado com a televiso, o vdeo possibilita a reprodu-
o e distribuio dos materiais, estabelecendo o que foi citado nas definies
de Educao a Distncia, ou seja, uma relao mais flexvel do ponto de vista
espacial e temporal no processo de ensino-aprendizagem.
Algumas vantagens desta tecnologia podem estar nas formas e estilos
que o contedo pode ser representado, destacando-se os documentrios,
entrevistas e noticirios que j so atraentes para o pblico em geral.
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56 - Especializao em Ensino de Cincias
Quem produz um material em vdeo para a Educao a Distncia pre-
cisar conhecer tcnicas de enquadramento, de manipulao da imagem e
edio necessrias para auxiliar na apresentao de fenmenos complexos
ou de difcil observao. Struchiner e Giannella (2001) salientam ainda que,
da mesma forma que os outros meios utilizados para fins educacionais, sua
linguagem deve estabelecer um espao para a reflexo do aluno. No espao
da comunicao, um curso mediado pela televiso depender de outros
mecanismos para as demais atividades de ensino-aprendizagem.
3.4. telefone e faxO uso desse meio em um sistema de EaD tem a funo de
estabelecer a comunicao direta entre professores e alunos, ou
ainda, entre a instituio (tutores, secretaria, servios de apoio), a
qual oferece o curso, e os alunos espalhados por diversos polos
de uma determinada oferta.
H, ainda, a possibilidade de utilizao deste suporte com
discagem gratuita, facilitando economicamente o acesso dos participantes.
Assim tambm o fax permite a transmisso de vrios tipos de dados, poden-
do, alm da parte educacional, subsidiar a parte administrativa dos cursos.
3.5. teleconferncia e videoconfernciaA teleconferncia consiste na gerao via satlite de palestras e
apresentao de aulas com a possibilidade de interao via fax, telefone ou
Internet. O palestrante ou professor faz sua apresentao em tempo real, de
um local preparado para transmisso para seu pblico alvo. Este receber a
imagem em um aparelho de televiso conectado a uma antena parablica,
sintonizada em um canal pr-determinado. Na teleconferncia por satlite,
h uma via de vdeo e uma via de udio simultneas, com a utilizao de uma
via de udio ou fax como retorno para perguntas ou opinies. A disseminao
das informaes pode ser feita a um grande nmero de pontos geografica-
mente dispersos, beneficiados pelo acesso via satlite para comunicaes
em longa distncia (CRUZ e BARCIA, 2000).
-
Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 57
A videoconferncia, por outro lado, a que mais se aproxima de
uma situao da sala de aula, uma vez que, ao contrrio da teleconferncia,
possibilita a conversa em duas vias, permitindo que o processo de ensino-
aprendizagem ocorra de forma interativa e em tempo real, entre pessoas
que podem se ver e se ouvir simultaneamente. Devido s ferramentas did-
ticas disponveis por esta tecnologia, ao mesmo tempo em que o professor
dialoga sobre um determinado conceito, pode acrescentar outros recursos
pedaggicos tais como: projeo de vdeos, pesquisa na Internet, arquivos
de um computador pessoal, entre outros (CRUZ e BARCIA, 2000).
Definidas as tecnologias, a videoconferncia a que permite que
grupos distantes, situados em lugares diferentes, comuniquem-se online,
atravs de sinais de udio e vdeo, reinventando as condies de um encontro
entre pessoas. A transmisso pode acontecer tanto por satlite como pelo
envio dos sinais comprimidos atravs de linhas telefnicas.
Cruz e Barcia (2000) definem, ainda, que a videoconferncia pode ser
estabelecida atravs de dois formatos: desktop ou sala. O desktop refere-se
comunicao atravs de uma pequena cmera e um microfone acoplados a
um computador. Neste caso, as pessoas se comunicam pela Internet atravs
de softwares especficos. Por outro, as salas de videoconferncia podem ser
utilizadas com formatos de telerreunio, teleducao e sala de gerao, onde
atua apenas o professor:
A sala de telerreunio, mais usada pelo meio empresarial, pode
utilizar uma mesa ocupando a parte central da sala, permitindo a
interao entre pessoas de uma mesma sala com as de uma sala
remota.
A sala de teleducao pode ter um formato semelhante ao de uma
sala de aula tradicional ou ser construda como um local apenas de
transmisso para o professor a distncia. No primeiro caso, as cadeiras
so dispostas em colunas voltadas para a frente da sala, onde fica
a mesa com os perifricos e os monitores. Se a sala tem funo de
recepo, apenas alunos participam das sesses. Pode haver apenas
uma cmera colocada acima do monitor de TV e voltada para os
estudantes. Se a sala tem a funo de transmitir aulas a distncia e
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58 - Especializao em Ensino de Cincias
conta com a presena no local de professores e alunos, necessria
a instalao de duas cmeras.
Na sala voltada apenas para a transmisso, o equipamento de
videoconferncia e perifricos so colocados de frente para um
monitor de TV, que tem, acima dele, a cmera da sala. O objetivo
permitir que o professor ou palestrante tenha todos os recursos
audiovisuais disposio sem que tenha que se mover para isso.
Neste caso, necessrio um um cuidado especial com o cen-
rio que envolve o professor. Tal cenrio deve ser esteticamente
agradvel, de desenho limpo e simples, de modo a no distrair a
ateno da audincia.
Existem dois tipos de videoconferncia. O mais simples o que liga
duas salas ou ponto-a-ponto. As pessoas de cada sala veem as da outra e a
comunicao acontece diretamente e bastante facilitada, j que todos podem
participar. Alm disso, a videoconferncia multiponto permite realizar uma reu-
nio com um grande nmero de salas interligadas, aumentando a quantidade
de alunos que podem ser atendidos com esta tecnologia.
3.6. outras tecnologiasOutras tecnologias como a Internet, cmera de documentos e progra-
mas de apresentao podem ser utilizados em consonncia com a videoconfe-
rncia, permitindo ao professor incluir durante a aula demonstraes, softwares,
arquivos, planilhas e materiais diversos de suporte a aprendizagem.
Segundo Struchiner e Giannella (2001), a Internet possibilita, por exem-
plo, incluir a apresentao de pginas da rede, jogos, links para pesquisas
de outros centros e instituies de ensino. No entanto, necessrio testar a
visualizao, para as salas remotas, do material que se pretende utilizar, j que
a definio das telas onde esse material ser disponibilizado, em geral, no
a mesma do computador. Alm disto, o material na rede pode ser acessado
pelos alunos quando os cursos so disponibilizados pela Internet.
Outro mecanismo, a cmera de documentos, permite a apresenta-
o de objetos em tamanho natural, com o recurso de aproximao ou
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 59
distanciamento, permitindo que fotografias, grficos e pginas impressas
possam ser apresentadas com grande detalhamento. A cmera de docu-
mentos pode, ainda, ser utilizada como um quadro (com o uso de folhas
de papel), onde o professor pode fazer anotaes que achar conveniente
para transmisso aos alunos.
A utilizao de programas de apresentao tambm constitui um re-
curso didtico que pode ser utilizado na videoconferncia. Slides preparados
em programas de apresentao ou de desenho podem ser utilizados atravs
de um computador ligado diretamente ao sistema de videoconferncia,
dispensando impresso.
3.6.1. Computador O computador, para Struchiner e Giannella (2001), uma ferramenta
que viabiliza a integrao de diferentes meios de comunicao e formas
de representao da informao (vdeo, udio, fotografia, grficos
e outros) a uma srie de sistemas e linguagens, permitindo
a criao de um sistema de aprendizagem e de desenvolvi-
mento de programas educacionais baseados na hipermdia.
Os avanos desta tecnologia, em particular, potencializaram
a comunicao interativa, com a introduo da rede mundial de
computadores, dos servios da Internet e da construo de comu-
nidades de aprendizagem.
A Internet, especificamente, tem aberto novas perspectivas no
panorama educativo, ao proporcionar aos intervenientes no processo de
ensino-aprendizagem uma srie de facilidades, caracterizadas, segundo Aoki
e Pogroszewki (2008), pelos seguintes parmetros:
Tecnologias sncronas, como: aulas presenciais, chat, videoconferncia,
que garantem motivao e permitem que professor e aluno efetuem
a comunicao em tempo real, feedback e encontros regulares.
Tecnologias assncronas, entre elas: material impresso, listas de discus-
ses e correio eletrnico que devem proporcionar flexibilidade, tempo
para refletir, contextualizao e um bom custo-benefcio, pois as ativi-
dades baseadas em textos no necessitam de linhas de transmisso
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60 - Especializao em Ensino de Cincias
largas, permitindo que professor e aluno possam se comunicar em
tempo diferido, de acordo com as suas disponibilidades.
Baixos custos para os estudantes, que podem aproveitar as facilida-
des concedidas pelas instituies de ensino.
Baixos custos para as instituies de ensino, as quais podem
aproveitar as infra-estruturas de rede j existentes para a distri-
buio de cursos.
Maior flexibilidade na gesto dos cursos e no acesso a eles. Isso facilita
a execuo de tarefas relacionadas atualizao dos contedos,
manuteno dos registros dos estudantes e frequncia ao curso
a partir de qualquer local.
Aumento substancial da populao servida pelas instituies de
ensino, alm da possibilidade de interiorizao dos cursos.
O crescimento exponencial da Internet tem promovido oportunidades
para aprender e ensinar e derrubado barreiras associadas separao no espao
e no tempo. Moore e Kearsley (2007) detacam, a seguir, alguns tipos de comu-
nicao possveis que so utilizados na Educao a Distncia, surgindo o que foi
denominado acima de tecnologias sncrona e assncrona entre pessoas.
3.6.2. tecnologia de comunicao sncronaOs servios de comunicao sncronos permitem interaes em
tempo real, destacando-se o IRC (Internet Relay Chat), os quadros partilhados
(whiteboards), o chat, a audioconferncia e a videoconferncia.
3.6.3. tecnologia de comunicao assncronaOs servios de comunicao assncronos so aqueles que proporcionam
interaes em tempo diferido, destacando-se o correio eletrnico, listas de dis-
tribuio, frum de discusso, FTP (File Transfer Protocol) e a world wide web.
World Wide WebCriada originalmente por pesquisadores do Cern (laboratrio europeu
de fsica de partculas) com o intuito de facilitar o acesso a informaes sobre
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Introduo Educao a Distncia e Ambiente Virtual de Ensino-Aprendizagem - 61
pesquisa