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  • 8/18/2019 Intertextualidade Reda ENEM

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    INTERTEXTUALIDADE(no ENEM)

    Prof. Vinicius Rodrigues

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    Intertextualidade  – esse palavrão...

    “(...) todo o texto é absorção e transformação de outro texto. (...) a linguagem

    poética se lê, pelo menos como dupla.” (KRISTEVA in CARVALHAL, 1992, p. 50.)

    “(...) não é possível ler senão comparativamente (ou seja, racionalmente) (...)não se trata tanto da opção entre comprar e não comparar... Não há de fatocomo não comparar. Toda leitura é ativação, partilha e ‘cooperação

    interpretativa’(...).” (BUESCU, 2001, p. 23.)

    “A noção de intertextualidade abre um campo novo e sugere modos de atuaçãodiferentes ao comparativista (...). Principalmente, as novas noções sobre aprodutividade dos textos literários comprometem a também ‘velha’ concepção

    de originalidade.” (CARVALHAL, 1992, p. 53.)

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    Na prova do ENEM, na maneira como são explicitados seus conteúdos e

    habilidades, fala-se muito sobre questões como “DIVERSIDADE DE GÊNEROS

    TEXTUAIS”, “O TEXTO EM INTERAÇÃO COM DIVERSOS CONTEXTOS” e

    “COMPREENSÃO DE DIVERSAS LINGUAGENS TEXTUAIS E ARTÍSTICAS”

    (onde devemos, portanto, compreender que um texto pode expressar-se como

    imagem, propaganda, palavra escrita ou símbolo). Logo, compreender a forma

    como um texto (artístico ou não) comporta-se na sua composição é uma habilidade

    importante, pois perceber a INTERTEXTUALIDADE denota CONHECIMENTO DA

    CULTURA e de como o SENSO COMUM influencia nossa LEITURA DE MUNDO.

    Intertextualidade  – esse palavrão...

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    Há, basicamente, duas maneiras de se perceber a intertextualidade...

    • Uma explícita, facilmente notada e parte do corpo do texto (geralmente apoiando-se justamenteno conhecimento do senso comum por parte do leitor/espectador).

    Na série cinematográfica Shrek , por exemplo...

    INTERTEXTUALIDADE

    ...É fundamental apresença de diversas

    referências doscontos de fadas (ou

    contos infantis)...

    ...Temos o Gato de Botas...

    ... Há personagens importantes natrama, como Rapunzel, Branca deNeve, Cinderela e muitos outros,

    todos misturados...

    ...Sobra espaço até para outrascitações, como o filme Matrix ,

    lendas medievais, etc, até

    mesmo em cenas “soltas”...

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    • O outro caso de ocorrência de INTERTEXTO é quando este está implícito, mais subjetivo, portanto,dependendo muito do olhar do leitor/espectador para ser encontrado e, muitas vezes, colocado de

    forma inconsciente pelo autor, justamente pelo fato de certas INFLUÊNCIAS ou REFERÊNCIAS desenso comum estarem tão dispersas no mundo que essas acabam surgindo naturalmente.

    A história da saga Crepúsculo, por exemplo, tenta renovar os mitos vampíricos tão presentes nacultura de massa...

    INTERTEXTUALIDADE

    ...Ainda que nãose consigamevitar outrasreferênciasclássicas do

    gênero, comoDrácula.

    ...Comdireito a

    referênciascomo A Belae a Fera...

    ...Abrindo espaço para avelha história do “amorproibido”, que remete a

    Romeu e Julieta, Tristão eIsolda...

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    Semana que vem

    Pitty 

    Amanhã eu vou revelar 

    Depois eu penso em aprender Daqui a uns dias eu vou dizer O que me faz querer gritar 

    No mês que vem tudo vai melhorar Só mais alguns anos e o mundo vai mudar 

    Ainda temos tempo até tudo explodir Quem sabe quanto vai durar 

    Não deixe nada pra depoisNão deixe o tempo passar 

    Não deixe nada pra semana que vemPorque semana que vem pode nem chegar 

    A partir de amanhã eu vou discutir Da próxima vez eu vou questionar Na segunda eu começo a agir 

    Só mais duas horas pra eu decidir (...)

    Carpe Diem

    Horácio

    Não indagues muito: é cruel querer saber 

    Que fim nos reservaram os deuses; nem

    Fiques consultando os números babilônios.

    Pode ser que Júpiter te conceda muitos[invernos,

    Ou somente este último, como expressa[agora

    o mar tirreno ao bater nas rochas.

    Sê sensato, bebe teu vinho e abrevia as[longas esperanças,

    Pois o tempo foge enquanto aqui parlamos.

    Curte o dia de hoje – não te fies no futuro!

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    INTERTEXTUALIDADE não demonstra falta de originalidade, necessariamente, mas, muitasvezes, uma nova noção sobre o que é originalidade. Inferir que um texto utiliza outro texto nasua construção é um exercício comparativo comum do ser humano; está muito evidente napropaganda (no uso de símbolos de marcas, por exemplo) e, no texto artístico, apóia-se no

    conhecimento dos clássicos.Canção do Exílio

    Gonçalves Dias

    Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá;As aves, que aqui gorjeiam,Não gorjeiam como lá.

    Nosso céu tem mais estrelas,Nossas várzeas têm mais flores,

    Nossos bosques têm mais vida,Nossa vida mais amores.

    Em cismar, sozinho, à noite,Mais prazer eu encontro lá;Minha terra tem palmeiras,

    Onde canta o Sabiá.

    Minha terra tem primores,Que tais não encontro eu cá;Em cismar –sozinho, à noite –Mais prazer eu encontro lá;

    Minha terra tem palmeiras,Onde canta o Sabiá.Não permita Deus que eu morra,Sem que eu volte para lá;

    Sem que disfrute os primoresQue não encontro por cá;Sem qu'inda aviste aspalmeiras,Onde canta o Sabiá.

    HINO

    NACIONAL

    BRASILEIRO

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    Canção do Exílio Facilitada

    José Paulo Paes

    lá?ah!

    sabiá...papá...maná...sofá...sinhá...

    cá?bah!

    Nova Canção do Exílio

    Carlos Drummond de Andrade

    Um sabiá napalmeira, longe.Estas aves cantamum outro canto.

    O céu cintilasobre flores úmidas.Vozes na mata, e o maior amor.

    Só, na noite,seria feliz:um sabiá,na palmeira, longe.

    Onde tudo é beloe fantástico,só, na noite,seria feliz.(Um sabiá,

    na palmeira, longe.)

    Ainda um grito de vidae voltarpara onde tudo é beloe fantástico:a palmeira, o sabiá,

    o longe.

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    Quando falamos sobre ENEM, há um termoimportantíssimo que é sempre lembrado:

    INTERDISCIPLINARIDADE. A possibilidade de, porexemplo, poder ler um texto a partir de perspectivas

    diversas pode vir a ser um indício deINTERTEXTUALIDADE.

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    QUESTÕES – ENEM

    1) Quem não passou pela experiência de estar lendo um texto e defrontar-se com passagens jálidas em outros? Os textos conversam entre si em um diálogo constante. Esse fenômeno tem adenominação de intertextualidade. Leia os seguintes textos:

    I. Quando nasci, um anjo tortoDesses que vivem na sombraDisse: Vai Carlos! Ser “gauche” na vida

    (ANDRADE, Carlos Drummond de. Alguma poesia. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1964)

    II. Quando nasci veio um anjo safadoO chato dum querubim

    E decretou que eu tava predestinadoA ser errado assimJá de saída a minha estrada entortouMas vou até o fim.

    (BUARQUE, Chico. Letra e Música. São Paulo: Cia das Letras, 1989)

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    III. Quando nasci um anjo esbeltoDesses que tocam trombeta, anunciou:Vai carregar bandeira.Carga muito pesada pra mulher 

    Esta espécie ainda envergonhada.

    (PRADO, Adélia. Bagagem. Rio de Janeiro: Guanabara, 1986)

    Adélia Prado e Chico Buarque estabelecem intertextualidade, em relação a Carlos

    Drummond de Andrade, por(A) reiteração de imagens.

    (B) oposição de idéias.

    (C) falta de criatividade.

    (D) negação dos versos.

    (E) ausência de recursos

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     Deve ser observado que a questão relaciona os dois textos,concomitantemente, ao original, de Drummond   –  não apenasum deles. As imagens repetidas (reiteradas) nãonecessariamente concordam com o poema de CarlosDrummond de Andrade, mas convém ressaltar que os versosde   “Até   o   Fim”,   de Chico Buarque, utilizam plenamente osentido do primeiro texto; diferentemente de Adélia Prado que,

    isoladamente, e só dessa forma, traz sentidos opostos àimagens de Drummond. Somados (unidos), os dois textos sãoapenas reiterações.

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    2) Cândido Portinari (1903-1962), um dos mais importantes artistas brasileiros do século XX,tratou de diferentes aspectos da nossa realidade em seus quadros.

    1.

    2.

    3.

    4.

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    Sobre a temática dos retirantes, Portinari também escreveu o seguinte poema:

    (….)

    Os retirantes vêm vindo com trouxas e embrulhos

    Vêm das terras secas e escuras; pedregulhosDoloridos como fagulhas de carvão acesoCorpos disformes, uns panos sujos,Rasgados e sem cor, dependuradosHomens de enorme ventre bojudoMulheres com trouxas caídas para o lado

    Pançudas, carregando ao colo um garotoChoramingando, remelento(….)

    (PORTINARI, Cândido. Poemas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1964.)

    Das quatro obras reproduzidas, assinale aquelas que abordam a problemática que é tema dopoema.

    (A) 1 e 2 (B) 1 e 3 (C) 2 e 3 (D) 3 e 4 (E) 2 e 4

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     Para esta questão, um breve conhecimento da obra de Portinariseria interessante. A obra   “Retirantes”   (imagem 2) é um deseus clássicos e traz, povoado pela referência expressionista,dramaticidade, tristeza e terror à imagem da seca e dessesindivíduos que migram pelos espaços miseráveis do interior nordestino. A imagem 1 faz referência aos salões de bailearistocráticos do início do século, enquanto a imagem 4 traz a

    figura de um cangaceiro, um habitante típico da   “mitologia”nordestina, mas que foge à temática do retirante, sempreassociada à miséria e ao sofrimento. A imagem 3 é uma outraversão da mesma obra, sem a presença tão marcante do horror que está expresso na imagem 2, influenciado por certas

    marcas cubistas, mas, ainda assim, com a presença dosmesmos temas.

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    3)

    Texto 1: "Mulher, Irmã, escuta-me: não ames,Quando a teus pés um homem terno e curvo

     jurar amor, chorar pranto de sangue,Não creias, não, mulher: ele te engana! 

     As lágrimas são gotas da mentiraE o juramento manto da perfídia." 

    Joaquim Manoel de Macedo

    Texto 2: "Teresa, se algum sujeito bancar o

    sentimental em cima de vocêE te jurar uma paixão do tamanho de um

    bondeSe ele chorar Se ele ajoelhar Se ele se rasgar todoNão acredite não TeresaÉ lágrima de cinemaÉ tapeaçãoMentiraCAI FORA" 

    Manuel Bandeira

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    Os autores, ao fazerem alusão às imagens da lágrima sugerem que:

    (A) há um tratamento idealizado da relação homem/mulher.(B) há um tratamento realista da relação homem/mulher.

    (C) a relação familiar é idealizada.

    (D) a mulher é superior ao homem.

    (E) a mulher é igual ao homem.

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     A questão guarda a particularidade da referência à lágrimaindicada no enunciado. Fora isso, poderia ser dito, de fato, quehá um tratamento realista e até irônico, por parte dos autores,sobre as relações amorosas; mas é a imagem da lágrima quenos importa e, nesse sentido, há uma negação da mesma,mostrando o quanto o exagero está expresso no ato de chorar em frente à pessoa amada quando o homem o faz  (“lágrima de

    cinema”, como dito por Manuel Bandeira). A sutileza está nofato de que tanto Bandeira quanto Joaquim Manuel de Macedoindicam que há, no senso comum, idealização nas relações,não realismo, veracidade. É a idealização que é, portanto,negada por eles.

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    4) Os transgênicos vêm ocupando parte da imprensa com opiniões ora favoráveis ora desfavoráveis. Umorganismo, ao receber material genético de outra espécie, ou modificado da mesma espécie, passa aapresentar novas características. Assim, por exemplo, já temos bactérias fabricando hormônios humanos,algodão colorido e cabras que produzem fatores de coagulação sangüínea humana. O belga René Magritte(1896 – 1967), um dos pintores surrealistas mais importantes, deixou obras enigmáticas.

    Caso você fosse escolher uma ilustração para um artigo sobre os transgênicos, qual das obras de Magritte,abaixo, estaria mais de acordo com esse tema tão polêmico?

    (A)

    (B)

    (C)

    (D)

    (E)

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     A questão da transgenia apontada nesta questão estáparticularmente associada ao trecho que afirma que   “Umorganismo, ao receber material genético de outra espécie, oumodificado da mesma espécie, passa a apresentar novascaracterísticas”. Logo, devemos estar atentos a ideia damistura, da fusão de elementos diferentes que forma algonovo, talvez até híbrido  – visivelmente percebido na imagem do

    “homem-peixe” da opção B

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    5) Cândido Portinari (1903-1962), em seu livro Retalhos de Minha Vida de Infância,descreve os pés dos trabalhadores.

    Pés disformes. Pés que podem contar uma história. Confundiam-se com as pedras e osespinhos. Pés semelhantes aos mapas: com montes e vales, vincos como rios. (...) Péssofridos com muitos e muitos quilômetros de marcha. Pés que só os santos têm. Sobre aterra, difícil era distingui-los. Agarrados ao solo, eram como alicerces, muitas vezessuportavam apenas um corpo franzino e doente.

    (PORTINARI, Cândido. Retrospectiva. Catálogo MASP)

    As fantasias sobre o Novo Mundo, a diversidade da natureza e do homem americano e acrítica social foram temas que inspiraram muitos artistas ao longo de nossa História. Dentreestas imagens, a que melhor caracteriza a crítica social contida no texto de Portinari é

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    (A)

    (B)

    (C)

    (D)

    (E)

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     Uma questão simples, que exige um nível de leitura bastantesuperficial. Como é comum no ENEM, a relação entre texto e

    imagem, em nível intertextual, é solicitada, principalmentequanto à sensibilidade do leitor  – poder observar uma imagemsem estar isento de emoção. São apenas as opções D e E quecausam alguma dúvida, pelo uso da fotografia, o que dáalguma percepção de verossimilhança; mas é na opção E que

    encontra-se a relação com trechos como   “Pés disformes. Pésque podem contar uma  história”, “Pés sofridos com muitos emuitos quilômetros de   marcha”,  que   “Confundiam-se com aspedras”,   uma provocação que a imagem indica, pois, peladeformidade e visíveis marcas da idade, do trabalho, etc,

    “difícil era distingui-los”.

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    OUTRAS QUESTÕES

    1) (FUVEST)

    Chega!Meus olhos brasileiros se fecham saudosos.

    Minha boca procura a Canção do Exílio..

    Como era mesmo a Canção do Exílio.?

    Eu tão esquecido de minha terra ...

    Ai terra que tem palmeirasonde canta o sabiá!

    (ANDRADE, Carlos Drummond de. “Europa, França e Bahia”. In:

     Alguma Poesia. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1964)

    Neste excerto, a citação e a presença de trechos ........ constituem um caso de ........ .

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    Os espaços pontilhados da frase acima deverão ser preenchidos, respectivamente, com oque está em:

    a) do famoso poema de Álvares de Azevedo / discurso indireto.

    b) da conhecida canção de Noel Rosa / paródia.

    c) do célebre poema de Gonçalves Dias / intertextualidade.

    d) da célebre composição de Villa-Lobos / ironia.

    e) do famoso poema de Mário de Andrade / metalinguagem.

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      Mais uma vez, Drummond retoma o clássico de GonçalvesDias, citado nominalmente nos versos. Tal como no ENEM, a

    Fuvest aposta, aqui, no conhecimento do senso comum, obtidoatravés de um texto fundamental para a construção da própriabrasilidade. A intextualidade é um conceito genérico que, aqui,seria o mais bem aplicado, pois, ainda que abarque questõescomo metalinguagem, paródia, entre outros, não aplica

    nenhum desses nesta questão.

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    2) (UNICAMP-SP)

    Leia com atenção esse poema de Carlos de Oliveira e responda às questões que seguem.

    Lavoisier 

    Na poesia,natureza variável

    das palavras,

    nada se perde

    ou cria,

    tudo se transforma:

    cada poema,no seu perfil

    incerto

    e calígrafo,

     já sonha

    outra forma.

    O princípio enunciado por Lavoisier, na Química, diz que “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo setransforma”.

    a) O que teria levado Carlos de Oliveira a dar a esse poema o título de “Lavoisier”?

    b) Como podem ser interpretados seus versos finais (“cada poema / no seu perfil / incerto / e calígrafo, / já

    sonha / outra forma.”)?

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     Um exemplo de uma típica questão interdisciplinar que apostana interdisciplinaridade. Sem os conhecimentos obtidos nas

    áreas de Química e Biologia, ficaria bem mais difícil interpretar o poema e o sentido brincalhão do seu título.

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    A REDAÇÃO DO ENEM

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    Caracterizada por sempre abordar temáticas de cunho político-social, uma das particularidades da prova de Redação do ENEM é

    embasar a proposta em algo que flutue em torno de políticas

    públicas relacionadas ao tema – um caso bastante visível emalgumas questões dentro das outras provas também.

    Na proposta de 2009, solicitou-se que o candidato refletisse sobre a

    seguinte questão: O INDIVÍDUO FRENTE À ÉTICA NACIONAL .

    Trata-se de uma oportunidade de questionar – “sem ferir os direitos

    humanos”, como sempre lembra a prova – aspectos cruciais da

    própria brasilidade. O que salta aos olhos é a presença constante,

    nas redações do Exame Nacional do Ensino Médio, de discutir os

    efeitos e consequências que certas práticas sociais têm na vida docidadão brasileiro, preservando o caráter de unidade nacionalque a prova, como um todo, guarda.

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    TEXTO 2:

    TEXTO 3:

    Lya Luft (adaptado)

    Contardo Calligaris (adaptado)

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    Os textos de apoio indicam, por sua vez, uma redução do

    tema ao sub-tema “honestidade” que, teoricamente,

    deveria nortear a questão da “ética nacional” apontada no

    enunciado da proposta.

     A seguir, veremos um texto modelar quanto à abordagem

    da proposta. Bastante consciente de seu posicionamento,

    o autor manipula muito bem as informações, produzindo

    um texto crítico, porém equilibrado.

  • 8/18/2019 Intertextualidade Reda ENEM

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    Uma redação modelo*:

    Na década de 80, foi veiculado, em canais abertos da TV, uma propaganda de cigarrosque usava como ícone um jogador da seleção brasileira: o Gerson. Versava essa propaganda sobre ocerto e errado. O certo seria o sujeito sempre tirar vantagem, em qualquer situação em que estivesse.

    Essa ideia, a de que é correto sempre “se dar bem”, tem muito a ver com o caráter dopolítico brasileiro e vai de encontro a questões elementares de ética. Se a tendência é sempre tirar proveito da situação para benefício próprio, como pode o indivíduo representar alguma parcela dapopulação, por exemplo? A grande questão é que por mais que condenemos esse tipo de atitude,quando ela acaba sendo personificada através de alguma pessoa pública, temos uma forte tendênciaa fazer vista grossa em situações em que os dilemas morais corriqueiros se apresentam – o troco dopão que foi dado a mais e não o devolvemos; o “gato” na luz, na TV, na água; da fila “furada” nosbancos.

    Talvez a nossa indignação frente às atitudes não éticas exercidas por toda a classe políticaseja velada, porque sabemos que, no fundo, o político é, antes de sua função, um cidadão com osmesmos princípios que a maioria de nós. A grande diferença é que ele está mais exposto. Muito antes

    de pôr milhões de dólares na cueca, ele afanava algumas inocentes balinhas na fila do caixa dosupermercado.Com certeza, a máquina pública facilita a vida do malandro. Mas o malandro só se torna

    um político corrupto porque, quando jovem, os preceitos éticos jamais lhe foram suficientes paramoldar o seu caráter.

    *Texto de autoria de um vestibulando. Escrito em 2010 .

    Õ

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    ALGUMAS CONSIDERAÇÕES:

    Na década de 80, foi veiculado, em canais abertos da TV, uma propaganda decigarros que usava como ícone um jogador da seleção brasileira: o Gerson. Versava essa

    propaganda sobre o certo e errado. O certo seria o sujeito sempre tirar vantagem, em qualquer situação em que estivesse.

    Essa ideia, a de que é correto sempre “se dar bem”, tem muito a ver com o caráter dopolítico brasileiro e vai de encontro a questões elementares de ética. Se a tendência é sempretirar proveito da situação para benefício próprio, como pode o indivíduo representar algumaparcela da população, por exemplo? A grande questão é que por mais que condenemos esse

    tipo de atitude, quando ela acaba sendo personificada através de alguma pessoa pública, temosuma forte tendência a fazer vista grossa em situações em que os dilemas morais corriqueiros seapresentam – o troco do pão que foi dado a mais e não o devolvemos; o “gato” na luz, na TV,na água; da fila “furada” nos bancos. (...)

    EXEMPLOS INTEGRADOSCOM O CONTEXTO NACIONAL

    DEVE-SE TOMAR CUIDADOCOM GENERALIZAÇÕES!

    (NESTE CASO, POSTERIORMENTE,O TEXTO CONSEGUE ARGUMENTAR

    DE FORMA COERENTE)

    DETERMINADOS TERMOSSUAVIZAM A POSTURA DOESCRITOR, TORNANDO O

    TEXTO MENOS REDUCIONISTA.

    USO REDUNDANTE DO

    PRONOME OBLÍQUO

    “DA” NO LUGAR DE “A”:

    FALTA DE

    COESÃO/PARALELISMO