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Fısica estatısticaTermodinamica: potenciais termodinamicos e a 3a lei
MEFT, IST
““Fourth Law of Thermodynamics: If the probability of success is not almostone, then it is damn near zero”.”
David Ellis
A energia livre de Helmholtz
Energia livre de Helmholtz: funcao de estado A = U − TS .Nota: a energia livre de Helmholtz tambem se designafrequentemente por F .
⇒ Numa transformacao isotermica, a variacao da energia livre deHelmholtz e o simetrico do trabalho maximo que o sistemapode realizar.
Demonstracao:
• Da segunda lei, ∫ B
A
dQ
T≤ S(B)− S(A) .
• Como T =const.,∆Q
T≤ ∆S .
A energia livre de Helmholtz (cont.)
• Como ∆Q ≤ T ∆S e ∆U = ∆Q −W ,
W ≤ −∆U + T ∆S .
• Mas A = U − TS , i.e., ∆A = ∆U − T ∆S , donde
W ≤ −∆A
• A igualdade vale para uma transformacao reversıvel.
A energia livre de Helmholtz: equilıbrio e minimizacao
(W ≤ −∆A)
Corolario 1: Num sistema a volume constante (W = 0) e atemperatura constante, a energia livre de Helmoltz nunca aumenta(∆A ≤ 0).
Corolario 2: Num sistema a volume constante (W = 0) e atemperatura constante, o estado de equilıbrio corresponde aomınimo da energia livre de Helmoltz.
A energia livre de Helmholtz: relacoes de Maxwell
Escolhendo A = A(V ,T ), temos
dA =
(∂A
∂V
)T
dV +
(∂A
∂T
)V
dT .
Por outro lado, numa transformacao infinitesimal reversıvel,
dA = dU −TdS − SdT = dQ − dW − dQ − SdT = −PdV − SdT
Segue-se que
P = −(∂A
∂V
)T
; S = −(∂A
∂T
)V
.
(∈ relacoes de Maxwell)
A energia livre de Helmholtz: exemplo
Exemplo: Cilindro a temperatura constante. Um pistao moveldivide o volume V em duas partes V1 e V2. Usar o princıpio deminimizacao da energia livre de Helmholtz para mostrar que aposicao de equilıbrio do pistao corresponde a P1 = P2
..^.
A energia livre de Gibbs
Energia livre de Gibbs (ou potencial de Gibbs): funcao de estadoG = A + PV (de A = U −TS e H = U + PV , vem G = H −TS).
⇒ Num sistema a pressao e temperatura constantes, o potencialde Gibbs nunca aumenta.
Demonstracao:
• Se T =const.,W ≤ −∆A .
• Se P =const.,W = P∆V .
P∆V + ∆A ≤ 0 ; ∆G ≤ 0
A energia livre de Gibbs
⇒ A energia livre de Gibbs e o trabalho maximo que o sistemapode realizar a pressao e temperatura constantes, excluindoPdV (associado a mudanca de volume).
Corolario: Num sistema a pressao constante e a temperaturaconstante, o estado de equilıbrio corresponde ao mınimo da energialivre de Gibbs.
A energia livre de Gibbs: exemplos
Exemplos: Reaccoes quımicas.
• CaCO3(s)→ CaO(s) + CO2(g) (producao de cimento).A 1 atm e 25 oC, as energias livres de Gibbs de cada um doscomponentes sao: CaCO3(s) : −1128 kJ mol−1,CaO(s) : −603.5 kJ −1, CO2(g): -137.2 kJ mol−1.Verifique se a reaccao ocorre espontaneamente.
A energia livre de Gibbs: exemplos
• Producao de electricidade em celulas de combustıvel:
1/2O2(g) + H2(g)→ H2O(l) .
Entropias molares (J mol−1 K−1): O2(g) 205.0; H2(g) 130.6;H2O(l) 70.0.Entalpia da reaccao: ∆H0 = −285.9 kJ mol−1.Calcular:
a) O calor libertado na reaccao por combustao directa;b) O trabalho (electrico) que a reaccao pode realizar a 298 K em
condicoes reversıveis;c) O calor libertado nas condicoes da alınea b).
A energia livre de Gibbs: relacoes de Maxwell
(G = A + PV ; dA = −PdV − SdT )
Escolhendo G = G (P,T ), temos
dG =
(∂G
∂P
)T
dP +
(∂G
∂T
)P
dT .
Por outro lado, numa transformacao infinitesimal reversıvel,
dG = dA+PdV +VdP = −PdV−SdT +PdV +VdP = VdP−SdT
Segue-se que
V =
(∂G
∂P
)T
; S = −(∂G
∂T
)P
.
Relacoes de Maxwell
As restantes relacoes de Maxwell obtem-se a partir da entalpia (H)e da energia interna (U):
Escolhendo H = H(S ,P), temos (H = U + PV )
dH =
(∂H
∂S
)P
dS +
(∂H
∂P
)S
dP .
Por outro lado, numa transformacao infinitesimal reversıvel,
dH = dU + PdV + VdP = dQ − dW + PdV + VdP =
= TdS − PdV + PdV + VdP = TdS + VdP
Segue-se que
T =
(∂H
∂S
)P
; V =
(∂H
∂P
)S
.
Relacoes de Maxwell (cont.)
Escolhendo U = U(S ,V ), temos
dU =
(∂U
∂S
)V
dS +
(∂U
∂V
)S
dV .
Por outro lado, numa transformacao infinitesimal reversıvel,
dU = dQ − dW = TdS − PdV
Segue-se que
T =
(∂U
∂S
)V
; P = −(∂U
∂V
)S
.
Relacoes de Maxwell e o quadrado termodinamico
• Cada funcao de estado e ladeada pelos seus argumentosnaturais.
• A derivada em relacao a um argumento, com o outro fixo,encontra-se fazendo a diagonal do quadrado; a favor ou contraas setas corresponde aos sinais + e −, respectivamente.
Por exemplo,(∂G∂T
)P
= −S .
“Se Urso Vires Foge Tocando GaitaPara Hamburgo”
“The Friendly Vagabond Usually SharesHis Precious Gifts”
(· · · )
A terceira lei da termodinamica
• A segunda lei define a entropia de uma substancia a menos deuma constante aditiva.
• A definicao da entropia de um estado A depende da existenciade uma transformacao reversıvel ligando um ponto dereferencia arbitrario O ao estado A considerado.
⇒ Se dois estados A e B se referirem a duas substanciasdiferentes, a segunda lei nao determina univocamente adiferenca de entropia entre os dois estados! [pois (pelo menos)um dos caminhos reversıveis ligando a O pode nao esxistir].
3a lei da termodinamica (postulado de Nerst)
A entropia de um sistema ao zero absoluto e uma constanteuniversal, que se pode considerar zero
A terceira lei da termodinamica
• A segunda lei define a entropia de uma substancia a menos deuma constante aditiva.
• A definicao da entropia de um estado A depende da existenciade uma transformacao reversıvel ligando um ponto dereferencia arbitrario O ao estado A considerado.
⇒ Se dois estados A e B se referirem a duas substanciasdiferentes, a segunda lei nao determina univocamente adiferenca de entropia entre os dois estados! [pois (pelo menos)um dos caminhos reversıveis ligando a O pode nao esxistir].
3a lei da termodinamica (postulado de Nerst)
A entropia de um sistema ao zero absoluto e uma constanteuniversal, que se pode considerar zero
Consequencias da terceira lei
A capacidade calorıfica de um sistema anula-se no zero absoluto
• Seja R um caminho reversıvel ligando o estado do sistema aozero absoluto a um estado A arbitrario. Entao
S(A) =
∫R
dQ
T=
∫ TA
0
CR(T )
TdT
• Como, pela terceira lei,
S(A)→ 0 quando TA → 0 ,
CR(T )→ 0 quando T → 0 . (1)
CR pode ser CV ou CP e (1) verifica-se experimentalmentepara todas as substancias testadas.
Consequencias da terceira lei (cont.)
Nao e possıvel arrefecer um sistema ate ao zero absoluto por umavariacao finita dos seus parametros termodinamicos.
• Apos calculos tediosos, mas nao complicados (ver Huang) . . .. . . numa variacao adiabatica de pressao dP,
dT =
(Vα
CP
)TdP
onde(
VαCP
)e finito quando T → 0 e α e o coeficiente de
expansao termica.
• i.e., quando T → 0 e necessario variar indefinidamente apressao para produzir uma variacao finita de T .
Consequencias da terceira lei (cont.)
Nao e possıvel arrefecer um sistema ate ao zero absoluto por umavariacao finita dos seus parametros termodinamicos.
• Apos calculos tediosos, mas nao complicados (ver Huang) . . .. . . numa variacao adiabatica de pressao dP,
dT =
(Vα
CP
)TdP
onde(
VαCP
)e finito quando T → 0 e α e o coeficiente de
expansao termica.
• i.e., quando T → 0 e necessario variar indefinidamente apressao para produzir uma variacao finita de T .
Exemplo de aplicacao
Como A = U − TS , podemos escrever, da terceira lei,
A = U − T
∫ T
0
CV
T ′dT ′ ,
onde o integral e feito a volume constante.
A unica constante aditiva esta em U. Temos ainda
U =
∫ T
0CV dT ′ + cte.
⇒ Podemos determinar A e U a menos da mesma constanteaditiva a partir de medidas de CV !
Exemplo de aplicacao (cont.)
As expressoes anteriores permitem determinar o ponto de fusao doquartzo solido
• Medimos cV das fases lıquidas e solida. A diferenca entreambas e ∆cV .
• Calculamos as diferencas das energias internas e livres deHelmholtz por unidade de massa,
∆u =
∫cV dT ′
∆a = ∆u − T
∫ T
0
∆cV
T ′dT ′
• Representamos ∆u e ∆a em funcao de T a volume constante.
• . . . o ponto de fusao corresponde a ∆a = 0
[condicao de equilıbrio entre as fases, mesma energia livre porunidade de massa]
Exemplo de aplicacao (cont.)
As expressoes anteriores permitem determinar o ponto de fusao doquartzo solido
• Medimos cV das fases lıquidas e solida. A diferenca entreambas e ∆cV .
• Calculamos as diferencas das energias internas e livres deHelmholtz por unidade de massa,
∆u =
∫cV dT ′
∆a = ∆u − T
∫ T
0
∆cV
T ′dT ′
• Representamos ∆u e ∆a em funcao de T a volume constante.
• . . . o ponto de fusao corresponde a ∆a = 0
[condicao de equilıbrio entre as fases, mesma energia livre porunidade de massa]
Exemplo de aplicacao (cont.)
As expressoes anteriores permitem determinar o ponto de fusao doquartzo solido
• Medimos cV das fases lıquidas e solida. A diferenca entreambas e ∆cV .
• Calculamos as diferencas das energias internas e livres deHelmholtz por unidade de massa,
∆u =
∫cV dT ′
∆a = ∆u − T
∫ T
0
∆cV
T ′dT ′
• Representamos ∆u e ∆a em funcao de T a volume constante.
• . . . o ponto de fusao corresponde a ∆a = 0
[condicao de equilıbrio entre as fases, mesma energia livre porunidade de massa]
Notas finais
• A impossibilidade de atingir o zero absoluto e muitas vezesdada como formulacao alternativa da terceira lei datermodinamica.
• Esta afirmacao e independente da segunda lei!
• A terceira lei da termodinamica e uma manifestacaomacroscopica de efeitos quanticos (!!!)
Notas finais
• A impossibilidade de atingir o zero absoluto e muitas vezesdada como formulacao alternativa da terceira lei datermodinamica.
• Esta afirmacao e independente da segunda lei!
• A terceira lei da termodinamica e uma manifestacaomacroscopica de efeitos quanticos (!!!)