eccom 7 - revista de educação, cultura e comunicação

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ISSN 2177-5087 Lorena, SP – Brasil volume 4, número 7, jan./jun. 2013 EDUCAÇÃO, CULTURA E COMUNICAÇÃO FACULDADES INTEGRADAS TERESA D’ÁVILA

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Revista de Educação, Cultura e Comunicação do Curso de Comunicação Social das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – FATEA, Lorena, SP, Brasil.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

ISSN 2177-5087

Lorena, SP – Brasil volume 4, número 7, jan./jun. 2013

EDUCAÇÃO, CULTURA E COMUNICAÇÃO

FACULDADES INTEGRADAS TERESA D’ÁVILA

LORENA - SP

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

ISSN 2177 – 5087

ECCOM – Revista de Educação, Cultura e Comunicação

Lorena, SP, volume 4, número 7, jan./jun 2013

© Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – FATEA

Curso de Comunicação Social

ECCOM – Revista de Educação, Cultura e Comunicação / Faculdades

Integradas Teresa D´Ávila - vol. 4, n. 7 (2013). – Lorena, SP: Curso de

Comunicação Social, 2013 –

Semestral

ISSN: 2177-5087

1. Educação - periódicos. 2. Cultura - periódicos. 3. Comunicação - periódicos. I.

Brasil, Faculdades Integradas Teresa D´Ávila.

CDU.001.5(05)

CDU 001.5 (05)

Page 4: ECCOM 7 - Revista de Educação, Cultura e Comunicação

3

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Equipe Editorial

Editor Científico

Neide Aparecida Oliveira, Fatea, Brasil

Editor Gerente

Neide Aparecida Oliveira, Fatea, Brasil

Revisores

Neide Aparecida Oliveira, Fatea, Brasil (Línguas portuguesa e inglesa)

Jefferson José Ribeiro de Moura, FATEA, Brasil (Normatização)

Conselho Editorial

Prof. Dr. Adilson da Silva Mello, UNIFEI, Brasil

Prof. Dr. André Luiz Moraes Ramos, FATEA, UniFOA, Brasil

Prof. Dr. Carlos Manuel Nogueira, Universidade de Lisboa, Portugal

Profª Drª Débora Burini, UFSCar, Brasil

Profª Drª Lucia Rangel Azevedo, FATEA, Brasil

Profª Drª Olga de Sá, PUC-SP, FATEA, Brasil

Prof. Dr. Rosinei Batista Ribeiro, UniFOA, FATEA, Brasil

Prof. Dr. Walter Moreira, UNIMAR, Brasil

Prof. Me. Jefferson José Ribeiro de Moura, FATEA, UNITAU, Brasil

Profª Me. Neide Aparecida Arruda de Oliveira, FATEA, Brasil

Publicação On Line

http://publicacoes.fatea.br/

http://www.issuu.com

http://www.doaj.org

© Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – FATEA

Curso de Comunicação Social

Page 5: ECCOM 7 - Revista de Educação, Cultura e Comunicação

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

SUMÁRIO

EDITORIAL...............................................................................................................

5

SEMINÁRIO COMO PRÁTICA EDUCOMUNICATIVA NO CONTEXTO

SOCIOAMBIENTAL................................................................................................

Irani Cristina Silverio Tirelli

7

COMUNICAÇÃO INTERNA COMO FERRAMENTA DE PROMOÇÃO DA

QUALIDADE TOTAL PARA A SATISFAÇÃO DO CLIENTE............................

Adriana Bernadete Barros Carvalho Garcia

17

O CONHECIMENTO EM PRONTO-SOCORRISMO DE PROFESSORES DA

REDE MUNICIPAL DE ENSINO DO CICLO I DE CRUZEIRO-SP....................

Miguel A. de Oliveira Júnior, Carlos Jaime da Silva Júnior, Elizandra Maria de

Toledo

39

TECNOLOGIA NA EDUCAÇÃO: A APRENDIZAGEM DA LÍNGUA

INGLESA POR MEIO DA REDE SOCIAL LIVEMOCHA...................................

Neide Aparecida Arruda de Oliveira, Francini Mengui Campos

49

A ATUAÇÃO DO PEDAGOGO NA EMPRESA: A APLICAÇÃO EFICIENTE E

EFICAZ DA PEDAGOGIA EMPRESARIAL..........................................................

André Alves Prado, Elaine Machado da Silva, Mônica Aparecida Batista da Silva

Cardoso

63

SOFTWARE EDUCATIVO COMO AUXÍLIO NA APRENDIZAGEM DA

MATEMÁTICA: UMA EXPERIÊNCIA UTILIZANDO AS QUATRO

OPERAÇÕES COM ALUNOS DO 4º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL I..

Marcílio Farias da Silva, Rita de Cássia Costa Cortez, Viviane Barbosa de Oliveira

79

REFLEXÕES SOBRE A LINGUAGEM TELEVISIVA E SUA INFLUÊNCIA

SOCIALIZADORA.....................................................................................................

Débora Burini, Jefferson José Ribeiro de Moura

105

TECNOLOGIAS MÓVEIS EM EDUCAÇÃO: O USO DO CELULAR NA SALA

DE AULA....................................................................................................................

Maria Cristina Marcelino Bento, Rafaela dos Santos Cavalcante

113

SÁTIRA E IRONIA NA POESIA DE MANUEL ANTÓNIO PINA........................

Carlos Nogueira

121

NORMAS PARA ENVIO DE ORIGINAIS................................................................

127

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

EDITORIAL

A ECCOM – revista eletrônica do curso de Comunicação Social, das Faculdades Integradas

Teresa D’Ávila (FATEA), cujo ISSN é 2177-5077, classificada no Qualis da Capes como B5,

no ano de 2012, passou a incorporar também as pesquisas científicas produzidas pelo curso de

Pós-graduação “Educação, Mídia e Novas Tecnologias” da mesma instituição.

Também passou a fazer parte do sistema DOAJ – Directory Open Access Journals – uma

plataforma internacional onde são disponibilizados artigos científicos de vários países. Para

acessá-la www.doaj.org

O próximo passo agora é continuar a evoluir no Qualis que é o conjunto de procedimentos

utilizados pela Capes para estratificação da qualidade da produção intelectual dos programas

de pós-graduação. Tal processo é baseado nas informações fornecidas por meio do aplicativo

Coleta de Dados. Como resultado, disponibiliza uma lista com a classificação dos veículos

utilizados pelos programas de pós-graduação para a divulgação da sua produção. Para acessar

as informações sobre o sistema, veja http://qualis.capes.gov.br/webqualis/principal.seam

Importantes ações têm sido realizadas para que a revista alcance uma certificação de

qualidade de acordo com os critérios da Capes, por isso, prezados colaboradores agradecemos

o envio e a participação na ECCOM.

Nesta edição, em seu quarto volume, e, no sétimo número, traz nove artigos científicos

mantendo a periodicidade e a qualidade.

Lançar mais um volume da ECCOM é um grande prazer, pois este periódico eletrônico já está

em seu quarto ano. Agradecemos aos colaboradores: professores, alunos e profissionais das

áreas de Comunicação, Educação e Cultura que têm nos enviado artigos científicos e estudos

para que o conhecimento e a troca de experiências sejam possíveis. Boa leitura a todos!

Neide Aparecida Arruda de Oliveira

Editora Gerente

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Seminário como prática educomunicativa no

contexto socioambiental democratização

Irani Cristina Silverio Tirelli Mestre em Ciências Ambientais pela Universidade de Taubaté, pós-graduada em Sexualidade Humana pela

Faculdade de Medicina do ABC – SP, professora do Centro Universitário Salesiano – Unisal – Lorena/SP,

Brasil

Resumo

Este artigo tem como objetivo relatar uma prática pedagógica com caráter educomunicativo, na

forma de um seminário, que se apresenta como uma forma de expressão oral que se constitui de

várias exposições de aspectos diferenciados de um tema comum. Esta atividade contempla trabalhos

de pesquisa desde os combustíveis fósseis até estudos recentes de Energia Limpa, privilegiando, dessa

forma, um estudo voltado para as questões ambientais. É realizado anualmente com educandos dos

8os

anos do Ensino Fundamental II em uma escola particular pertencente à Rede Salesiana de

Escolas, na disciplina de Ciências. A classe inicialmente é dividida em seis grupos, as datas da

apresentação são definidas com, pelo menos, dois meses de antecedência, sendo sorteada a ordem de

apresentação dos mesmos. Por ser um estudo assistido diretamente pelo professor responsável ao

longo do seu desenvolvimento, os resultados obtidos, além de garantirem grande satisfação aos

educandos envolvidos, propiciam ricas trocas e a certeza de que o saber produzido foi propagado e a

informação realmente apreendida, gerando o conhecimento tão almejado no ambiente escolar.

Palavras-chave

Educação ambiental; Prática educomunicativa; Práticas ambientais.

Abstract

This article aims to present a pedagogical practice with mass communication character, in the form of

a seminar, which is presented as a way of speaking which consists of various exhibitions of different

aspects of a common theme. This activity includes research papers from fossil fuels to recent studies of

Clean Energy, favoring thus a study focused on environmental issues. It is held annually to students of

8th years of the Elementary School II in a private school belonging to the Salesiano Network of

Schools, in the discipline of science. The first class is divided into six groups, the dates of submission

are set with at least two months in advance and is drawn to the order of presentation of the same. For

a study to be assisted directly by the teacher responsible throughout its development, results, and

guarantee great satisfaction to the students involved, provide rich exchange and the certainty of that

knowledge was produced and propagated information actually seized, generating knowledge as

desired in the school environment.

Keywords

Environmental education; Practice mass communication; Environmental practices.

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Introdução

Este estudo pretendeu relatar uma prática pedagógica com característica

educomunicativa desenvolvida com alunos dos 8os

anos de uma escola particular do Ensino

Fundamental II pertencente à Rede Salesiana de Escolas, na disciplina de Ciências. Os

educandos foram preparados para o desenvolvimento de um seminário, prática esta que

contempla várias exposições orais que devem estar pautadas em dois eixos principais: o

estudo do tema proposto e o momento da apresentação ou exposição oral do conhecimento

adquirido.

O objetivo maior desta prática pedagógica educomunicativa é o de propiciar

oportunidades aos educandos de um maior aprofundamento em um trabalho de pesquisa,

buscando a fundamentação teórica do tema comum proposto, que neste caso foi “Energia

Limpa” e, por meio de recursos multimídia, propagar através de exposição oral, o trabalho

realizado; integrando, dessa forma, a comunicação e a educação. Nesse sentido, esta

integração mostrou-se como um facilitador da prática desenvolvida já que os meios de

comunicação e as novas tecnologias propiciam novas formas de produção, circulação e

recepção do conhecimento.

O tema proposto também oportunizou aos educandos um maior envolvimento com

questões ambientais atuais propiciando ricos debates e a busca de novas atitudes que possam

contribuir para a mitigação dos problemas ambientais gerados pelo grande consumo de

combustíveis fósseis em nossa sociedade. Dessa forma, de maneira bastante natural e

enriquecedora, o trabalho se desenrolou buscando ambientalizar os educandos na atual

realidade energética, promovendo momentos de aprendizagem com características

ambientais. Assim, a prática pedagógica desenvolvida apresentou-se como uma prática

ambiental e, por utilizar os meios de comunicação e tecnologia para a produção e propagação

do saber, caracterizou-se também como uma prática educomunicativa.

Este estudo está estruturado em tópicos que visam trazer uma revisão da literatura onde

estão inseridos conceitos de Educação Ambiental e práticas ambientais, assim como conceitos

de Educomunicação e práticas educomunicativas, com o objetivo de mostrar a necessidade de

ambientalizar o processo educacional e também tornar a aprendizagem mais envolvente por

meio da utilização de recursos tecnológicos. Após essa revisão, detalharam-se os

procedimentos utilizados para o desenvolvimento da atividade proposta e os resultados

confirmaram a necessidade de aproximar nossos educandos dos meios de comunicação, como

forma de estimular a produção e propagação do saber e, assim, contribuir para a formação de

cidadãos conscientes, aptos a decidirem e a atuarem na realidade socioambiental de modo

comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da sociedade, local e global.

Revisão da Literatura

1. Educação Ambiental e Práticas Ambientais

Os últimos anos têm evidenciado, das mais variadas formas, a situação problemática em

que se encontram a sociedade e o meio ambiente, sendo essa problemática toda discutida em

conferências governamentais no mundo inteiro. A Educação Ambiental – EA - tem ganhado

importância nas pautas desses encontros desde a Primeira Conferência Mundial de Meio

Ambiente em Estocolmo, na Suécia, em 1972. Assim para Tozoni-Reis (2004, p. 3), as

discussões sobre educação ambiental no mundo contemporâneo estão relacionadas às

questões ambientais mais amplas e, por essa razão, têm feito parte das preocupações dos mais

variados setores da sociedade.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Nas palavras de Guimarães (1995, p.9) “a EA apresenta uma nova dimensão a ser

incorporada ao processo educacional, trazendo toda uma recente discussão sobre as questões

ambientais e as consequentes transformações de conhecimentos, valores, atitudes diante de

uma nova realidade a ser construída”.

Segundo Carvalho (2006), a EA é uma proposta educativa que busca responder aos

sinais de falência de todo um modo de vida da população, o qual já não sustenta as promessas

de felicidade, progresso e desenvolvimento. Dessa forma, ainda segundo a autora:

A EA possibilita o oferecimento de um ambiente de aprendizagem

social e individual no sentido mais profundo da experiência de

aprender. Uma aprendizagem em seu sentido radical, a qual, muito

mais do que apenas prover conteúdos e informações, gera processos

de formação do sujeito humano, instituindo novos modos de ser, de

compreender, de posicionar-se ante os outros e a si mesmo,

enfrentando os desafios e as crises do tempo em que vivemos (2006,

p.69).

De acordo com Reigota (2004), a EA é uma proposta que altera profundamente a

educação como a conhecemos, já que visa não só a utilização racional dos recursos naturais,

mas basicamente a participação dos cidadãos nas discussões sobre a questão ambiental. Grün

(1996, p.21) alerta para o fato da educação ambiental “surgir hoje como uma necessidade

quase inquestionável”. Para esse autor, isto acontece devido à inexistência de ambiente na

educação moderna, ou seja, “tudo se passa como se fôssemos educados e educássemos fora de

um ambiente”.

Nas palavras de Silva (2000 apud PRINTES, 2004, p.24), “EA significa um processo

coletivo, longo, recíproco, no qual os indivíduos se eduquem em comunhão medializados pelo

ambiente. Num sentido mais amplo, a EA é educação apenas, já que resgatar valores, discutir

percepções, compartilhar saberes, são processos educativos”. Esta definição se aproxima à de

Grün (1996) ao enfatizar que a educação que não for ambiental, não poderá ser considerada

educação. Carvalho (2002, p.36) contribui ao afirmar que “toda educação é ambiental, pois se

a educação não vier acompanhada pela dimensão ambiental, perde sua essência e pouco pode

contribuir para a continuidade da vida humana” e nas palavras de Dias (1992, p.28) “existe

educação e esta, quando fiel à sua natureza integradora, incluiria tudo”.

As considerações acima tornam-se necessárias para que tenhamos uma visão maior

sobre o verdadeiro conceito de educação, tão distante da educação que presenciamos nos

espaços escolares, já que esta ainda se caracteriza por fragmentar o conhecimento, por não

buscar situar os educandos no ambiente em que vivem e, nem tampouco, promover um estudo

desse meio e., a partir daí, buscar soluções para os problemas que vivenciamos no nosso dia-

a-dia.

Sendo a educação um direito dos cidadãos, torna-se pertinente considerar que, por este

motivo, deve contribuir para a formação de educandos para exercerem a cidadania, por meio

do incentivo a discussões, participação, reivindicações, assim como ações concretas e

engajamento responsável e ético de cada um, enquanto sujeito e enquanto coletividade

(GOUVÊA, 2004). Dessa maneira, a consciência de que os recursos naturais são finitos,

obriga-nos a refletir sobre os estilos de desenvolvimento adotados até o presente momento e

que necessitam de mudanças, seja nos pensamentos, seja nas práticas e à escola cabe uma

parcela de contribuição nessas novas buscas por se configurar como um espaço privilegiado

de informação, de transmissão e produção de conhecimentos, de criatividade, de

possibilidades. Nesse sentido, Reigota (1999, p. 8) acrescenta que “trabalhar as questões

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ambientais na escola, desde que não seja no contexto de uma única disciplina, é e sempre será

uma proposta bem-vinda quando acompanhada de preceitos éticos e de busca de melhoria da

qualidade de vida da população”. Segundo o autor, para essa proposta acontecer de maneira

produtiva, é preciso trabalhar na perspectiva da superação de visões distorcidas, ingênuas,

reducionistas das novas gerações e, por isso, torna-se importante o questionamento que o

professor deve ter com relação ao trabalho que vem desenvolvendo com seus alunos no

cotidiano escolar. Dessa maneira, para a escola dar conta desses novos desafios em seu

interior, de acordo com o autor, faz-se necessário que todos os professores estejam discutindo

e refletindo as noções de meio ambiente e suas inter-relações no plano físico, natural,

biológico, social e como o educando se relaciona com essa realidade.

A principal função do trabalho dentro da escola com o tema meio ambiente é contribuir

para a formação de cidadãos conscientes, aptos a decidirem e a atuarem na realidade

socioambiental de modo comprometido com a vida, com o bem-estar de cada um e da

sociedade, local e global. Para isso, é necessário, mais do que informações e conceitos, que a

escola se proponha a trabalhar com atitudes, com formação de valores, com o ensino e a

aprendizagem de habilidades e procedimentos. Esse é o grande desafio para a educação.

Comportamentos ambientalmente corretos serão aprendidos na prática do dia-a-dia na escola:

gestos de solidariedade, hábitos de higiene pessoal e dos diversos ambientes (PCN, BRASIL,

1998, p.67). Dessa forma, a educação para o meio ambiente é um assunto que deve ser tratado

de maneira integrada, englobando a prática pedagógica e a representação social dos sujeitos

envolvidos, como salienta Reigota (2004), colocando as pessoas como participantes de um

mesmo processo, na tentativa de solucionar os problemas ambientais. Segundo Travassos

(2004), é essencial que seja uma proposta que altere sensivelmente a educação, tal como ela é

concebida nos dias atuais, deixando de ser direcionada apenas para a transmissão de teorias e

de conhecimentos sobre ecologia. Para o autor, a EA precisa ter como objetivo não só os

ensinamentos sobre a utilização racional dos recursos que a natureza oferece, mas também o

desenvolvimento da participação da sociedade nas discussões e nas decisões sobre as questões

ambientais.

Sendo assim, a prática de EA tão necessária nos trabalhos desenvolvidos nas escolas,

precisa de um novo olhar de todos os profissionais envolvidos com a educação. Olhar

carregado de responsabilidade, de compromisso, de zelo, de cuidado, de emoção e de amor.

Só quando se inclui também a sensibilidade, a emoção, sentimentos e energias, se obtêm

mudanças significativas de comportamento. Nessa concepção, torna-se possível aproximar-se

do pensamento de Paulo Freire (1998) ao perceber a EA como a constituição de um espaço de

troca de conhecimentos, de experiências, de sentimentos e de energia. Paulo Freire (1998, p.

85) ainda nos confirma que “ensinar exige a convicção de que a mudança é possível”.

2- Educomunicação e Práticas Educomunicativas

O espaço escolar há muito não se mostra atraente para os educandos, visto que não

acompanhou as mudanças tecnológicas, nem tampouco melhorou seu espaço físico, sendo

comum, na maioria das escolas públicas ou particulares, a aula ser ministrada ainda por meio

de quadro negro, giz branco e as carteiras dos estudantes enfileiradas propiciando, ainda mais,

a dispersão por conta de conversas paralelas e/ou mensagens enviadas por meio de aparelhos

celulares, enquanto o professor continua insistindo na transmissão do conhecimento. Assim,

como não conseguiu acompanhar a evolução tecnológica e a grande e crescente influência dos

meios de comunicação, a escola deixou de ser o único espaço de aprendizagem.

Com essa realidade, torna-se urgente e necessário dar um novo significado à prática

educativa no âmbito da escola, que pode acontecer ao aproximarmos o educando dos meios de

comunicação, por serem mais atrativos e mais próximos da realidade que os cercam. Desse

modo, uma estratégia bastante envolvente é o trabalho realizado utilizando-se os meios de

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comunicação convencionais como o jornal, o rádio, a televisão, o cinema como ponto de

partida para a exploração de um novo assunto, como pesquisa prévia para debates, motivação

e estímulo; além disso, a interpretação de letras de músicas por meio de desenhos; o trabalho

de pesquisa direcionado com resultados compartilhados por meio de produção de slides e

filmes; a produção de panfletos, História em Quadrinhos - HQ, jornais, revistas pelos próprios

educandos; programa de rádio nos intervalos de aula; leitura de textos jornalísticos com

comentários e discussão; são alguns exemplos para se buscar um trabalho mais contagiante e

que trará melhores resultados de aprendizagem do que as formas convencionais que são

atualmente utilizadas no espaço escolar, já que os alunos poderão produzir seu próprio

material, por meio de pesquisas em variados meios de propagação do saber, bem como

desenvolver um olhar crítico em relação à produção exibida na mídia, valorizando temáticas

de seu interesse e da comunidade escolar.

A partir do que foi exposto, pode-se perceber a estreita relação entre comunicação e

educação, que tem sido reconhecida em um novo campo do saber denominado

Educomunicação. Essa relação está ganhando um novo conceito e sendo direcionada para

uma educação cidadã emancipatória. Em outras palavras, de acordo com Merzker (2008), por

meio da educomunicação é possível promover a educação emancipatória, aquela que prepara

o sujeito para pensar, desenvolver sua consciência, seu senso crítico, já que pode ser utilizada

como uma das ferramentas para a formação de um ser humano livre e uma sociedade

efetivamente democrática. Possibilita ao educando vivenciar maneiras de se expressar,

conhecendo métodos e novos assuntos, além de possibilitar uma leitura crítica da realidade.

Ainda, segundo a autora, a inter-relação entre comunicação e educação inaugura um

novo paradigma dircursivo transverso, que se estrutura, de um modo processual, midiático,

transdisciplinar e interdiscursivo.

Segundo Soares (2000), a educomunicação pode ser entendida como um conjunto de

atividades voltado para o conhecimento do uso dos meios de comunicação numa perspectiva

de prática de cidadania.

A grande possibilidade da educomunicação na escola é formar pessoas observadoras e

responsáveis, que conseguem buscar a abordagem dos acontecimentos sob diferentes pontos

de vistas. A educomunicação, ainda, visa trabalhar com aquilo que cada um traz de si:

história, percepções, realidade vivida, experiência cotidiana e, nesse sentido, aproxima-se da

educação ambiental que, por sua vez, prioriza a busca de soluções para problemas locais, de

forma participativa, envolvendo a comunidade.

A prática pedagógica educomunicativa oferece oportunidade ao educando de explorar

sua oralidade, expressando-se com mais desenvoltura, buscando vencer obstáculos como

timidez, confiança em si mesmo, uso de palavras adequadas para expressar seu ponto de vista,

entre outros; além disso, oferece igualmente oportunidades para aprender a ouvir e respeitar

pontos de vista de seus companheiros, o que propicia uma maior liberdade de expressão e

enriquecimento do saber. Todo esse cuidado deve, ainda, ser compartilhado com o domínio

que o educando deverá ter com os equipamentos tecnológicos necessários para a propagação

do saber, tais como mesa de som, computadores, filmadoras, entre outros.

Se todas essas barreiras forem vencidas, será possível, de acordo com Metzker (2008)

afirmar que a educomunicação chega para vencer as barreiras que dificultam a integração

entre educadores, educandos, comunidades e, consequentemente, a aprendizagem, priorizando

o relacionamento entre as pessoas e o desenvolvimento da democracia. O aluno ganha voz e

o professor aprende que seu papel vai além de transmitir conhecimentos, descobrindo-se

como facilitador da aprendizagem.

Finalizando, de acordo com Soares (2000), uma ação educomunicativa só existe quando

o espaço comunicativo é criado e os alunos compartilham a produção do conhecimento. Neste

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

contexto, ao professor cabe dar autonomia aos seus educandos e estes, pro sua vez, tornam-se

os protagonistas do saber.

Metodologia

No âmbito escolar, busco desenvolver trabalhos enfatizando o cuidado com o ambiente,

sendo o objetivo maior das atividades pedagógicas desenvolvidas, despertar o aluno para um

consumo consciente dos bens naturais, assim como de qualquer outra forma de consumo.

A prática pedagógica educomunicativa contemplada neste artigo é o seminário, que se

apresenta como uma forma de expressão oral que prevê várias exposições de aspectos

diferenciados de um tema comum. Por esse motivo, é situação privilegiada de estudo nas mais

diversas áreas do conhecimento. Trata-se de uma situação comunicativa que prevê diferentes

exposições orais articuladas, mediadas por um coordenador que, ao final, deverá articular as

diferentes exposições procurando a melhor compreensão do tema pelos participantes. Essas

exposições podem ser enriquecidas por recursos materiais diversos, como por exemplo, slides

em Power Point com esquemas escritos que possam sintetizar as principais ideias que serão

focalizadas, data-show, movie-maker, quadros-sinóticos, músicas, fotografias, apresentações

musicais e de dança, tudo o que for mais adequado para atrair o público para o tema

proposto.

A organização de um seminário e de cada uma das exposições orais que o compõe deve

estar pautada em dois eixos: o estudo do tema proposto e o momento da apresentação ou

exposição oral do conhecimento adquirido. O estudo do tema proposto é parte fundamental, já

que o grupo buscará toda a fundamentação teórica necessária para o enriquecimento do

trabalho. Para esse estudo, é necessária a leitura de muitos textos que apresentem as

informações necessárias para a aprendizagem dos educandos. É muito importante que o

educador contemple em seus momentos de aula, um espaço para este estudo, pois é o

momento que poderá acompanhar o desenvolvimento do trabalho, indicando fontes de

pesquisas, tomar conhecimento do que já foi produzido, estimulando seus alunos na produção

do material a ser apresentado; enfim, dando ao educando todo o suporte que ele precisará para

vencer também sua insegurança na apresentação. Além dessa assistência importante e

necessária, deve-se também garantir ao aluno que o trabalho produzido será todo revisado

pelo professor e também oportunizar ao grupo um momento de apresentação individual antes

da apresentação oficial que deverá ser prevista com bastante antecedência. A exposição oral,

por sua vez, pressupõe articulação de informações e seleção daquelas que forem consideradas

fundamentais para o tratamento do assunto, de modo a garantir a compreensão dos ouvintes.

Com o trabalho anteriormente revisado pelo professor e uma apresentação prévia antes da

apresentação oficial, é comum que o grupo esteja bastante seguro e superando suas próprias

expectativas.

O tema comum a ser trabalhado é Energia Limpa, conteúdo programático contemplado

no último trimestre na disciplina de Ciências do 8º ano do Ensino Fundamental II em uma

escola particular da Rede Salesiana de Escolas no município de Lorena, estado de São Paulo.

Este estudo contempla trabalhos de pesquisa desde os combustíveis fósseis até estudos

recentes de Energia Limpa. Embora seja desenvolvido com alunos do 8º ano do Ensino

Fundamental II, pode também ser desenvolvido com turmas do Ensino Médio em Geografia

ou outra disciplina. A classe é dividida em seis grupos, as datas da apresentação são definidas

com, pelo menos, dois meses de antecedência, sendo sorteada a ordem de apresentação e deve

obedecer a orientação abaixo:

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

I- ENERGIA LIMPA - FONTES RENOVÁVEIS DE ENERGIA

Grupo Tema Data apresentação

1º grupo Energia Eólica

2º grupo Energia das Marés

3º grupo Energia das águas ou

Hidroenergia

4º grupo Energia Solar

II – ELETRICIDADE- OUTRAS FONTES

Grupo Tema Data apresentação

1º grupo Usina termelétrica

2º grupo Usina termonuclear

O trabalho de pesquisa deve conter:

1- Introdução: deve apresentar o objetivo, importância do estudo e estrutura do mesmo.

No caso do trabalho envolvendo Energia Limpa, a introdução deve abranger também o

conceito de energias renováveis, assim como a necessidade de investimentos nesse tipo de

energia, já que os combustíveis fósseis, como sabemos, vêm enfrentando problemas com

relação à insegurança do suprimento do petróleo e ao impacto ambiental causado pela sua

utilização.

No caso do trabalho envolvendo Eletricidade - Outras Fontes, a introdução deve também

abranger a necessidade do uso de outras fontes para a geração de energia elétrica, já que o uso

de energias renováveis ainda está se iniciando em nosso país.

2- Desenvolvimento: nessa etapa, que começa com um estudo mais detalhado do tema

específico do grupo, deve conter conceitos relacionados ao tipo de energia, seu histórico,

mecanismos de funcionamento, aplicações, curiosidades, vantagens e desvantagens e

investimentos nesse setor no Brasil e, se possível, em outros países.

3- Conclusão: deve conter, de forma bem resumida, a contribuição desse estudo na

construção do conhecimento do grupo, além de evidenciar as dificuldades apresentadas pelo

mesmo; ressaltando, de forma envolvente, a nossa responsabilidade na formação de

multiplicadores de atitudes conscientes, ou seja, reafirmando o nosso papel de cidadãos na

construção de um mundo melhor.

Observações Importantes:

Page 15: ECCOM 7 - Revista de Educação, Cultura e Comunicação

14

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Todas as apresentações deverão utilizar recursos de multi-midia, MOVIE-MAKER E

SLIDES (POWER-POINT), isto é, deverão ser produzidos, pelos alunos, slides com tópicos e

figuras, com a finalidade de facilitar a compreensão dos ouvintes, além de uma rápida

apresentação do tema por meio de um filme.

Na avaliação do seminário serão considerados:

- o modo como o grupo estabelece contato com os ouvintes;

- os argumentos utilizados para mostrar a importância do tema;

- uso adequado da linguagem, gestos, vestuário;

- conhecimento e domínio dos conceitos apresentados.

Tempo de apresentação: 20 minutos

Ao final da sequência de atividades, espera-se que os alunos sejam capazes de

apropriar-se de procedimentos de escuta e participação de uma exposição oral e de um

seminário; organizar a sua apresentação de maneira a possibilitar a compreensão dos ouvintes;

apropriar-se de procedimentos de planejamento, produção e revisão de uma exposição oral;

compreender as características fundamentais da organização interna de uma exposição oral;

utilizar o registro adequado de fala ao organizar a exposição; utilizar os recursos auxiliares

mais adequados à compreensão do aspecto focalizado.

Resultados

Esta atividade pedagógica de caráter educomunicativo teve como objetivo oferecer aos

educandos oportunidades para a construção do seu saber ambiental, por meio da utilização das

linguagens e tecnologias de comunicação, num espaço privilegiado para construção desse

saber e também estimular e valorizar a produção e propagação do saber dos educandos

envolvidos.

A partir das atividades desenvolvidas espera-se que o aluno tenha aumentado seu

potencial de construir e expressar opiniões; sua capacidade de fazer críticas; sua capacidade

de ser gentil e paciente, ouvindo e respeitando opiniões; sua capacidade de realizar um

trabalho em grupo, dividindo tarefas, compartilhando ideias; enfim, sua capacidade de

produzir e propagar saberes, principal objetivo de uma prática pedagógica educomunicativa.

Importante salientar que, ao longo do desenvolvimento do trabalho, é comum verificar

o entusiasmo dos educandos na realização do mesmo e, ao final, ouvir que aprenderam muito

com o trabalho realizado. Isso torna nossa tarefa de mediadores igualmente estimulada,

principalmente quando é possível perceber que muitas atitudes são modificadas a partir do

estudo propiciado e, daí, é possível confirmarmos que existiu realmente a aquisição do

conhecimento, pois este nada mais é do que a informação apreendida.

Considerações Finais

O ensino sobre meio ambiente deve contribuir principalmente para o exercício da

cidadania, estimulando a ação transformadora, além de buscar aprofundar os conhecimentos

sobre as questões ambientais, estimular a mudança de comportamentos e a construção de

novos valores éticos menos antropocêntricos. De acordo com Berna (2001, p.18), “a

educação ambiental é fundamentalmente uma pedagogia da ação. Não basta se tornar mais

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15

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

consciente dos problemas ambientais sem se tornar também mais ativo, crítico, participativo,

ou seja, o comportamento dos cidadãos em relação ao seu meio ambiente é indissociável do

exercício da cidadania”.

Importante salientar que o fato de adquirirmos consciência ambiental não nos faz

perfeitos. O importante é que tenhamos o compromisso de sermos melhores todo dia,

procurando sempre nos superar e que a falta de conhecimento, assim como a falta de

consciência ambiental são grandes responsáveis pelas destruições ambientais. Com os

recursos tecnológicos que temos ao nosso alcance, é possível conhecer mais facilmente a

realidade em que vivemos e intervir nela; exercendo, dessa maneira, nosso papel de cidadãos,

pessoas que conhecem seus direitos e cumprem seus deveres.

Enfim, quando a Educação e Comunicação se cruzam, estamos realizando o que

propõe a Educomunicação. Estamos formando os mais jovens para usar a comunicação como

ferramenta poderosa para transformar sonhos em realidade, para contribuir para que cresçam

altivos, autônomos e com capacidade de transformação, intervindo diretamente na realidade

em que vivem.

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17

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Comunicação Interna como Ferramenta de

Promoção da Qualidade Total para a Satisfação do

Cliente

Adriana Bernadete Barros Carvalho Garcia Mestranda em Engenharia Mecânica na UNESP, MBA em Gestão de Produção pela UNESP, Pós-Graduação

em Administração de Marketing pela Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e Publicitária formada pela

Universidade de Taubaté.

Resumo

A prestação de serviços está presente de forma cada vez mais significativa na vida econômica e social

das pessoas, a ênfase em qualidade torna-se de extrema importância no setor de serviços, fazendo

com que surja, assim, a necessidade das empresas desenvolverem um entendimento apurado sobre

qualidade na prestação de serviços, buscando alcançar a satisfação dos clientes. Destacando os

preceitos ditados pelos mais renomados autores na área de qualidade que pregam o

comprometimento da alta administração e o envolvimento dos funcionários em relação a valores,

cultura, visão, missão, resultantes na qualidade das atividades desenvolvidas no trabalho, este estudo

conclui que a comunicação interna é a linha que deve costurar todos esses aspectos eliminando

barreiras, suavizando arestas e promovendo a integração. Como importante resultado tem-se que, há

necessidade de integração entre áreas organizacionais visando o esforço conjunto para atingir

objetivos comuns.

Palavras-chave

Controle de Qualidade Total; TQC; Qualidade Total; Comunicação Interna.

Abstract

The service delivery is present in an ever more significant way in social and economic life of people.

The sector of service plays the role of one of the leaders of the new wave of economic expansion and

became fundamental in the process of global growth. The implications of a change in an economy

supported by manufacturing to an economy based on services are amazing.The proposal presented in

this paper is that internal communication, helps to promote quality. However, the achievement of total

quality through continuous improvement in internal processes, the industry is hampered by the

inherent characteristics of services, especially the measurability of results, the intangibility, and “

production” of the service usually on the fly in front of customers.

Keywords

Total quality control; Total quality; Iinternal communication.

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Introdução

As empresas e organizações estão passando por grandes transformações, as quais

necessitam, cada vez mais, acompanhar a evolução para atender as expectativas de um novo

consumidor, extremamente exigente.

A pressão crescente por produtividade em uma economia globalizada tem exigido uma

série de ações visando colocar as organizações em sintonia com as necessidades dos clientes.

Programas de qualidade têm sendo vistos como disciplinadores e nesse contexto a

comunicação, especificamente a interna, assume papel relevante, pois a implantação desses

programas, envolvem pessoas e mudanças, além de gestores e funcionários que precisam

acreditar nas mudanças, assim ocorrendo a necessidade da sintonia entre gerente e

funcionário.

Para que funcionários tornem-se comprometidos com a qualidade de produtos e

serviços entregues ao consumidor é preciso que recebam informações que lhes permitam

compreender o processo, e a grande importância do processo de comunicação interna.

De acordo com Kotler (2005) a satisfação do consumidor está na forma como o

produto ou serviço é percebido, ou seja, se o desempenho não atende às expectativas, o cliente

fica insatisfeito, se atende fica satisfeito e se supera as expectativas, fica encantado. E esse

alto grau de contentamento, cria vínculo com a marca, construindo alta fidelidade do cliente,

tendo em vista seu valor a longo prazo.

Ainda segundo Kotler (2005), em virtude de mudança de comportamento, as organizações

estão fazendo reajustes em vários aspectos, passando por uma reengenharia, estando a maioria

dos serviços fornecidos por pessoas, como por exemplo, seleção, o treinamento e o estado de

motivação dos funcionários impactando fortemente na satisfação final do cliente.

Seguindo a mesma linha Zeithml (2003) refere-se que é com base em fatores de

experiências passadas, comunicação boca a boca, comunicação externa e preço que o

consumidor analisa em um primeiro momento a marca. Assim, nota-se que para um bom

desempenho na oferta de serviços com qualidade requer que haja uma comunicação eficaz em

todos os níveis da organização, no qual Lovelock (2006) declara que em prestação de serviços

o cliente interage diretamente com o serviço prestado, ficando difícil melhorar a qualidade e

produtividade sem entender totalmente o envolvimento do cliente em determinado ambiente.

Tendo a empresa que eliminar etapas e acelerar processos para evitar perda de tempo e

esforço do cliente, melhorando o valor percebido pelo consumidor.

Os clientes estão cada vez mais orientados para a busca da qualidade, observando as

vantagens e desvantagens em adquirir determinado produto; qualidade esta que está focada

nos processos internos da organização e que promove melhor interação empresa e o cliente, o

que pode ser melhorado pela comunicação interna que, por sua vez, vem a promover

qualidade, como um círculo virtuoso, por isso, a cada dia as questões relacionadas ao

planejamento, operação e mensuração da comunicação com os “stakeholders” (funcionários,

acionistas e partes interessadas) se fazem mais presentes entre as principais análises dos

gestores, assim sendo a comunicação interna é considerada um instrumento vital, para o

cumprimento da satisfação total do consumidor.

Conceituando a Comunicação

Churchill (2000) refere-se à comunicação como sendo o processo de transmissão de

uma mensagem do emissor para o receptor, de forma que ambos entendam da mesma forma,

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

no qual através dela as pessoas se comunicam, compartilhando experiências, conhecimentos e

sentimentos, onde a comunicação é um processo, no qual existe a fonte (informação a ser

comunicada), que codifica (mensagem) através de veículos de comunicação, e é transmitida

ao receptor que deverá decodificar a mensagem, caso ocorra falta de decodificação, refere-se

que ocorreu o chamado ruído no sistema de comunicação, ou quando o receptor fornece um

retorno para o emissor, ocorre o feedback, e assim é o processo de comunicação, conforme

figura 1.

A fontecodifica a

mensagem

A fonte transmitea mensagemvia meio de

comunicação

Receptor decodifica a mensagem

O receptor fornecefeedback para

a fonte

Figura 1 – Processo de Comunicação. Fonte Churchill (2000)

Ainda segundo Churchill (2000) a comunicação só é eficaz quando concebida de

forma compreensível e atraente para o público-alvo. No projeto em estudo a comunicação

interna deve atrair de alguma forma os stakeholders, seja através de imagem ou escrita,

proporcionando a promoção da qualidade no ambiente de trabalho e obtendo a satisfação do

cliente.

Considerando que para Yanaze (2007) a comunicação é um poderoso e precioso

instrumento, se não o mais importante de qualquer empresa que se disponha a ter e manter

sucesso com o público-alvo (formado por todos aqueles que compõem o ambiente).

Comunicação Organizacional

Para que o estudo pudesse chegar a conclusão da importância da comunicação, alguns

estudos foram realizados no que tange a comunicação como um todo, onde para Kunsch

(2006, p. 170) a comunicação organizacional é hoje fruto de sementes lançadas no período da

Revolução Industrial, que a partir do século XIX, propiciou o surgimento de mudanças

radicais nas relações de trabalho e na maneira de produzir e no processo de comercializar.

As mudanças frente ao processo de industrialização obrigaram as empresas à buscar

novas formas de se comunicar com o público interno e externo, no qual Kunsch (2006) refere-

se às mudanças ocorridas com o fim da Guerra Fria, com a nova política, a globalização,

revolução tecnológica e da comunicação, tendo as empresas que enfrentar um novo cenário

mundial, agora uma economia marcada pela competição, e com isso foram alteradas por

completo o comportamento das organizações, passando a comunicação, a ser vista como algo

fundamental na área estratégica, no qual, Kunsch (2006) refere-se que Taylor adotava uma

perspectiva dialética no que tange a comunicação, dizendo que a relação entre pessoas com

diferentes visões de mundo, para que haja sucesso na organização devem ser capazes de

agregar experiências e perspectivas para a organização.

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Seguindo a mesma percepção Marchiori (2006, p. 77) diz que toda empresa é um

sistema vivo e que consequentemente apresenta uma realidade de vida diária, a qual é

compartilhada com outros, e nesse processo de comunicação pessoas reagem, pensam,

desenvolvem ações e a construção de diálogos entre lideres e liderados são caminhos

positivos na efetividade nas organizações. Notando que a comunicação é questão de grande

relevância, podendo monitorar e fazer a manutenção de relacionamentos dentro da

organização, o que garante que as empresas que desejam ir além de um sistema altamente

técnico e produtivo, devem dirigir-se ao conhecimento do comportamento das pessoas, afinal,

a organização é um fenômeno social e sua principal característica é a interação humana.

Ainda sobre comunicação organizacional Yanaze (2007) afirma que a boa

comunicação com os fornecedores é a que apresenta objetivamente às necessidades de compra

da empresa, ou seja, especificações claras da qualidade, quantidade, preço, prazo de entrega e

formas de pagamento, assim, garantindo compromissos de ambas as partes, consequentemente

atraindo o interesse de outros fornecedores, o que significa mais opções, que por sua vez

permite maior poder de negociação, resultando em boas compras.

Afinal, a comunicação da empresa e seus clientes, referem-se ao fluxo de comunicação

entre a empresa e o cliente, seja ele pessoa física ou jurídica, que ainda segundo Yanaze

(2007) pode ser definido como “Push – Comunicação que vai da empresa vendedora passa

pelos intermediários e por último, o consumidor final; Pull – Comunicação dirigida ao cliente

final;Push – Pull – Comunicação que combina entre intermediários e clientes finais.”.

Comunicação integrada de marketing de serviços

Muito se diz a respeito da comunicação integrada ao marketing de serviços, mas

seguindo Zeithamal (2003), Gronroos (2009) e Kotler (2005) às expectativas dos clientes são

formadas por fatores incontroláveis e por outros que a empresa pode controlar; De acordo

com a figura 2, a comunicação boca a boca, experiências com outros fornecedores são fatores

que influenciam as expectativas dos clientes, mas geralmente são difíceis de controlar, porém

as ações de comunicação, a força de vendas e as promessas feitas pelos funcionários também

influenciam e são mais fáceis de controlar.

Boca a Bocareferencias

Interações(momento de Verdade)

ExperiênciasExpectativas

Figura 2 – Circulo de comunicação. Fonte: GRÖNROOS (2009)

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Onde, se analisada como o consumidor recebe as informações, nota-se que no passado,

as informações chegavam apenas de veículos de comunicação de massa, já na atualidade o

cenário mudou e o consumidor é bombardeado com informações que vem de todos os lados,

inclusive com interações com os funcionários, por isso a importância de integrar as

informações, para que o cliente receba mensagens e promessas unificadas em todos os níveis

da organização.

A qualidade nos serviços prestados de acordo com Zeithamal (2003) pode levar a

percepções errôneas se houver falta de comunicação, podendo ser afetadas pelos seguintes

fatores: 1) Administração inadequadas das promessas de serviços; 2) Elevadas expectativas

dos clientes; 3) Falta de educação de clientes;4) Comunicações internas inadequadas. E isso

ocorre quando há falha na administração das promessas feitas. Se a comunicação interna é

fraca, a qualidade percebida pelo cliente estará correndo sérios riscos, podendo a empresa

deixar o cliente insatisfeito e não mais atendendo de forma eficiente, perde-se valor, no qual

Kotler (2000, p. 56) define como sendo a diferença entre o valor total para o cliente e o custo

total para o cliente. O valor total para o cliente é o conjunto de benefícios que o cliente espera

de um determinado produto ou serviço. O custo total para o cliente é o conjunto de custos em

que o cliente espera incorrer para avaliar, obter, utilizar e descartar o produto ou serviço.

Portanto, uma comunicação interna de acordo com Zeithamal (2003) pode

proporcionar qualidade de serviços, quando existem políticas e procedimentos entre todos os

departamentos, conforme podem ser vistos na figura 3, a meta é executar serviços maiores ou

igual ao prometido, e isso, pode ser feito administrando às expectativas, administrando a

comunicação e administrando as promessas.

Administrar expextativasdos clientes

Melhorar a educação dos clientes

Administrar as promessas de

serviços

Administrar a comunicaçãode marketing interno

META:Executar serviços

maioresou igual ao prometido

Figura 3 – Abordagem para integração da comunicação de marketing de serviço

Fonte: ZEITHAML (2003)

Dessa forma, Lovelock (2006) afirma que a comunicação é necessária para cultivar

um espírito de equipe, além de assegurar a entrega de um serviço eficiente e satisfatório,

desenvolvendo relacionamentos produtivos e harmoniosos, através de confiança, respeito e

fidelidade entre os funcionários.

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Banwari Mittal (apud LOVELOCK (2006) refere-se que a prestação de serviços

possui problemas de intangibilidade, no qual, procuram-se benefícios como: abstratividade,

generalidade, impossibilidade de pesquisa e impalpabilidade, enfatizando ainda que o

marketing de serviços precisa comunicar com clareza os

atributos e benefícios, para isso Gronroos (2009) dá algumas diretrizes para gerenciar a

comunicação como: esforços de comunicação direta com o funcionário; capitalizar a

propaganda boca a boca; fornecer indícios tangíveis; comunicar intangibilidade; fazer com

que o serviço seja entendido; manter continuidade da comunicação; prometer o que é

possível; observar os efeitos de longo prazo da comunicação; estar consciente dos efeitos da

ausência de comunicação sobre a comunicação; integrar os esforços e mensagens de

comunicação de marketing; os clientes integram as mensagens de comunicação com suas

experiências anteriores, bem como com suas experiências de vida e expectativa; no final, são

os clientes que extraem mensagens pra si mesmas dos esforços de comunicação de uma

empresa, onde completa Lovelock (2006) que refere-se a importância do planejamento de

comunicação com base no modelo 5w e 1H, também muito utilizado na Qualidade Total: -

Quem (Who) – É o nosso público-alvo? - O que (What) – Precisamos comunicar e conseguir?

- Como (How) – Devemos comunicar isso? - Onde (Where) – Devemos comunicar isso? -

Quando (When) – As comunicações precisam ocorrer?

No figura 4, pode-se notar que a comunicação se origina dentro da organização, porém

pode também ser externa como a boca a boca.

Fontes

Boca a Boca

Pessoal da Linhade frente

Pontos de Serviços

PropagandaPromoção de VendasMarketing DiretoVenda PessoalRelações Públicas

Editoriais e veiculos de comunicação

Mensagens Originadas

dentro da organização

Mensagens Originadas

fora da organização

Canais de Produção

Canais de Marketing

PUBLICO

Figura 4 – Fontes que dão origem às mensagens recebidas por um público-alvo

Fonte: LOVELOCK (2006 PAG. 115)

A comunicação assim como outro assunto, possui implicações no mundo corporativo,

desde o pessoal da linha de frente até o CEO da empresa, porém, poucas empresas pensam

estrategicamente a comunicação. Conforme figura 5, Argenti (2006) refere-se que a estrutura

da comunicação dentro da empresa é realizada de forma circular, o que reflete a realidade de

que a comunicação é um processo contínuo, em vez de um processo com principio e fim.

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Comunica-se pormensagens

Que entãoresponde para

Seu público-alvo

A empresa

Figura 5 – Estrutura da comunicação dentro da organização. Fonte: Argenti 2006

Assim, o processo de comunicação de acordo com Gronroos (2009) refere-se que às

empresas devem sempre utilizar de campanhas internas para reforçar a moral dos

funcionários, pois atitudes e motivação vem há muito tempo sendo uma preocupação dos

profissionais de administração e recursos humanos, onde de acordo com Argenti (2006) para

se ter uma comunicação eficiente é necessário: 1) Determinar objetivos de dada

comunicação;2) Decidir que recursos estão disponíveis e 3) Diagnosticar a reputação da

organização, ou seja, analisar a imagem da empresa junto à seus funcionários.

E, além disso, é necessário analisar o público-alvo que Argenti (2006) compara com

estudar a platéia na hora em que se planeja um discurso, o que determina:- Qual o público-

alvo da organização; - O que cada um pensa sobre a organização; - O que cada um sabe sobre

a comunicação em questão

E então a figura 6 a seguir, resume esse modelo de estratégia de comunicação

(ARGENTI 2006, p. 42), no qual existem vários canais para transmitir as comunicações

internas e externas da empresa.

Mensagens

Qual é o melhor canal de comunicação?Como a empresa deve estruturar a mensagem?

Cada público-alvo respondeu da maneira que a empresa desejava?A empresa deve revisar a mensagem à luz das respostas do público?

Quais são os públicos da empresa?Qual é sua atitude em relação à empresa

e ao tópico em questão?

O que a empresa deseja que cada público faça?Que recursos estão disponíveis?Qual é a reputação da empresa?

Públicos

Respostas do público

A empresa

Figura 6 – Estrutura expandida da estratégia de comunicação empresarial

Fonte: Argenti 2006

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Qualidade e Comunicação

A abordagem do estudo no que tange a comunicação interna como ferramenta da

promoção da qualidade total para a satisfação do cliente, segundo Oakland (1994) a

comunicação é uma estratégia essencial para mudar as atitudes em relação à qualidade é

ganhar a aceitação para a idéia da necessidade de mudar e para isso acontecer é indispensável

fornecer informações pertinentes, ensinar boas práticas e gerar interesse, idéias e

conscientização por meio de excelentes processos de comunicação junto aos funcionários,

assim a qualidade e comunicação devem trabalhar juntas, desenvolvendo relacionamentos

adequados com o público interno, e logo desenvolver estratégias de fidelização, no qual de

acordo com Kotler (2000, p. 80) para um projeto de implantação da qualidade, deve-se

investir não apenas tempo em melhorar o marketing externo, mas também melhorar o

marketing interno.

Afinal, a busca pela excelência na prestação de serviços e produtos busca garantir a

satisfação do cliente e vem para agregar valor à marca, e isso deve-se estender para a

satisfação dos funcionários, pois os fundamentos da qualidade estão voltados para dentro da

organização, por isso a importância de uma política de valorização das pessoas.

A comunicação interna deverá partir da alta administração para o pessoal de todos os

níveis, explicando a necessidade e compreensão de todos os processos e aperfeiçoamento de

seus desempenhos.

Ainda segundo Oakland (1994) o processo de comunicação deve ser passado com

entusiasmo e comprometimento e deve incluir as seguintes diretrizes: necessidade de

melhoramento; conceito de qualidade total; importância da compreensão dos processos da

empresa; abordagem a ser feita; responsabilidades individuais e dos grupos dos processos;

princípios de medição de controle.

Para Ferreira (2004) a política de comunicação da empresa deve restabelecer o clima

de confiança entre a empresa e o funcionário, que devem saber o que a organização espera

deles; e dizer quantas vezes forem necessárias. Ainda segundo Ferreira, existem alguns

fatores que definem a importância e o papel da comunicação dentro das organizações que

desejam implantar o programa de qualidade são eles:

- O sucesso do programa de qualidade é diretamente proporcional à

qualidade das decisões que forem tomadas na área de comunicação;

- A qualidade da informação que circula na empresa e indica o estágio

de desenvolvimento do programa de qualidade;

- A empresa deve incluir comunicação nas decisões, pois, segundo ele

na comunicação tem-se que:

1) O domínio do processo de comunicação é essencial ao sucesso dos

programas de qualidade;

2) A falta de informação gera desinformação;

3) Persistência e paciência, são virtudes exigidas aos comunicadores

no programa de qualidade;

4) Idéias valiosas merecem repetição;

5) Programa de qualidade é feito com a participação dos funcionários;

6) Quem diz, informa e quem repete educa.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Tratando do processo de comunicação nos programas de qualidade, Oakland (1994)

refere-se que através de processos de comunicação excelentes pode-se ganhar a aceitação de

mudança e propõe alguns métodos: sugestões, reuniões de departamento, treinamento

vocacional e de integração, campanhas com cartazes, lembretes, competições, premiações,

demonstrações e exposições, revistas e jornais, pesquisa de opinião ou atitudes.

O tema da comunicação nas obras dos principais mestres da qualidade total – Deming,

Juran e Crosby (apud OAKLAND, 1994) são características como um modelo de

implementação de cima para baixo, também chamado de Top Down, e isso requer a

comunicação organizacional que prioriza a comunicação dentro da empresa, afinal é

necessária a transmissão de informação para repassar os objetivos e instruções. Pois de acordo

com Deming, Juran e Crosby (apud OAKLAND, 1994) é necessário educação e treinamento

para qualidade, visando sempre o comprometimento de todos os envolvidos.

Onde, para Mirshikawa (1990) as empresas precisam aprender a chamar a atenção de

seus funcionários e parar de ter medo da síndrome “medo de perder a pose”.

A importância da comunicação dentro das organizações na

implantação dos Programas de Qualidade

As transformações ocorridas no final do século XX fizeram com que as empresas

analisassem todos os seus processos, devido à concorrência que é cada vez maior. A

globalização impôs para as empresas uma redefinição de posicionamento, devido a

competitividade, às exigências do cliente e das necessidades de criar um produto que atenda

as necessidades do mercado.

Partindo do ponto de vista de Kunsch (2009 p. 196) “vive-se a era da informação, dos

avanços tecnológicos, que invadem e transformam o ambiente organizacional e o ambiente

doméstico, rearticulando e redefinindo as relações espaço temporais”, afinal, as organizações

buscam organizar-se frente as mudanças através da reengenharia, programas de implantação

da qualidade etc, pois vêem nessas ferramentas a busca pela produtividade/lucratividade, além

de uma abordagem mais participativa.

A implantação de um programa de qualidade demanda envolvimento e

comprometimento ativo da alta gerência, através do sistema Top Down, como já foi

visto anteriormente.

Com a abertura do mercado em todo o mundo às organizações sabem que não basta

somente competir na região de atuação, a marca precisa estar fortalecida para concorrer em

qualquer mercado e, está conscientização faz com que a competitividade seja cada vez maior,

e que as empresas tenham sempre que reduzir custos e melhorar a qualidade, pois os clientes

estão cada vez mais exigente.

E uma excelente ferramenta na busca dessa melhoria continua é o modelo de gestão da

qualidade total, que exige um grande trabalho interno de comunicação, análise dos

concorrentes e união dos funcionários e gerência.

Segundo Vieira (2007) a gestão da qualidade total é composta de 5 itens básicos:1-)

Qualidade Intrínseca; 2-) Preço Baixo; 3-) Pontualidade; 4-) Segurança na utilização; 5-)

Moral da equipe

E para Oakland (1994) a qualidade de produtos e serviços não é definida pela empresa

em si, e sim pelo reconhecimento das necessidades e avaliação das exigências do cliente, ou

seja, sua necessidade e expectativa. Tem-se falado que

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qualidade não é simplesmente o atendimento das exigências do cliente e isso tem sido tido por

autores consagrados, assim como para outros autores mestres da qualidade - Deming, Juran e

Crosby (apud OAKLAND, 1994) -, processo, produto, fornecedor, cliente e produtividade são

conceitos que fazem parte da linguagem da qualidade total.

Nessa perspectiva Kunsch (2009, p. 208) refere-se, na medida em que, tais decisões tendem a

provocar mudanças, ou seja, as políticas de comunicação através de ações planejadas e

integradas junto ao público-interno farão com que os funcionários colaboradores “vistam a

camisa na satisfação do cliente”, pois é exigida participação efetiva e comprometimento por

parte deles, assim, exige-se profundo conhecimento dos processos comunicacionais, para que

a comunicação interna promova o envolvimento dos colaboradores no processo de

implantação dos programas de qualidade.

Para Kunsch (2009) o gestor deve fazer levantamentos de sua comunicação no

processo de implantação da qualidade, tais como:- Como as informações estão chegando aos

funcionários?- Que tipo de linguagem está sendo utilizada?- Como se processa a comunicação

entre os departamentos?- Os funcionários tem recebidos as informações?- Tem conseguido

esclarecer dúvidas e manifestar suas ansiedades, frustrações e expectativas? E Marchiori

(2006) reforça dizendo que qualquer mudança pressupõe comunicação, visto que a

sobrevivência da organização e a manutenção de suas relações são obtidas e mediadas por

processos organizacionais, o que possibilita à organização: a cooperação e o senso comum.

Conceitos e Evolução da Qualidade

Na perspectiva da qualidade, há uma evolução visto que ao longo dos anos, muito se

tem a comemorar, mundialmente e no Brasil, o papel do ser humano nos programas de

qualidade é fator que pode levar ao sucesso na implantação dos programas de qualidade.

No que se refere ao conceito de qualidade para Deming (apud MIRSHIKAWA,1990):

“a qualidade deve ter como objetivo às necessidades do usuário, presentes e futuras”;

Feigenbaum: “o total das características de um produto e de um serviço referentes à

marketing, engenharia, manufatura e manutenção, pelas quais o produto ou serviço, quando

em uso, atenderá as expectativas do cliente. E segundo Oakland (1994) deve-se visualizar a

qualidade do atendimento, das exigências do cliente também como: disponibilidade,

efetividade de entrega, confiabilidade, condições de manutenção, adequação de custos dentre

outros.

Já Campos (2004) enxerga a qualidade como atender as necessidades do ser humano,

ou seja, as organizações devem produzir produtos/serviços que devem ser projetados e

produzidos e que o consumidor consiga perceber o valor; que segundo Porter (1989, p. 33)

define como uma junção de atividades executadas para projetar, produzir, comercializar,

entregar e sustentar um produto ou serviço, que de acordo com a figura 7, envolve vários

departamentos da empresa.

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27

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Figura 7: A Cadeira de Valores Genérica (PORTER 1989)

Além disso para Campos (2004) a empresa que conseguir oferecer um produto de

qualidade e preço bom, assim conseguirá maior fatia do mercado, o que garante a

sobrevivência da empresa é a garantia de sua competitividade, conforme figura 8.

Sobrevivência

Competitividade

Produtividade

ProjetoPerfeito

FabricaçãoPerfeita

SegurançaPerfeita

AssistênciaPerfeita

Entrega no Prazo Certo

CustoBaixo

Qualidade (Preferência do Cliente)

Figura 8 – Interligação entre os conceitos. CAMPOS (2004)

Seguindo o conceito de qualidade, Garvin (1984) identifica cinco abordagens distintas

das quais podem se originar os possíveis conceitos da qualidade.

1-) Abordagem centrada no processo: Está abordagem prioriza o

processo produtivo, como conformidade com as especificações do

projeto, proporcionando confiança no consumidor, no qual o processo

é conhecido e aprovado pelo cliente.

2-) Abordagem centrada no produto: A Qualidade está relacionada

com as características que o produto apresenta, ou seja, na análise dos

itens que compõem o produto.

Page 29: ECCOM 7 - Revista de Educação, Cultura e Comunicação

28

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

3-) Abordagem centrada no valor: A qualidade pode ser considerada

como sendo o valor financeiro, ou seja, o custo/benefício, mas

também é analisado valores como: culturais, éticos, morais,

sentimentais, do interesse em obter o produto.

4-) Abordagem transcendental: A qualidade é definida como sinônimo

a excelência, os elementos não mais estão presentes no produto e sim

na identificação da marca, ou pela confiança e status.

5-) Abordagem centrada no usuário: A qualidade está vinculada ao

real atendimento das necessidades do consumidor, são de caráter

subjetivo, pois está associado às suas características pessoais que o

produto pode ter.

No qual para Carvalho et al (2005) as classificações temporais mais adotadas é a

proposta por David Garvin, que classifica a evolução histórica da qualidade em quatro eras:

inspeção, controle estatístico da qualidade, garantia da qualidade e gestão da qualidade.

Características Interesse

Principal

Visão de

Qualidade

Ênfase Métodos Papel dos

profissionais

da qualidade

Quem é o

responsável

pela

qualidade

Inspeção

Verificaçã

o

Um

problema a

ser resolvido

Uniformidad

e do produto

Instrumentos

de medição

Inspeção,

classificação,

contagem

avaliação e

reparo

Departamento

de inspeção

Controle

Estatístico do

Processo

Controle

Um

problema a

ser resolvido

Uniformidad

e do produto

com menos

inspeção

Ferramentas e

técnicas

estatísticas

Solução de

problemas e a

aplicação de

métodos

estatísticos

Os

departamentos

de fabricação e

engenharia

(controle de

qualidade)

Garantia da

Qualidade

Coordena

ção

Um

problema a

ser

resolvido,

mas que é

enfrentado

proativament

e

Toda cadeia

de

fabricação,

desde o

projeto até o

mercado, e a

contribuição

de todos os

grupos

funcionais

para impedir

falhas de

qualidade

Programas de

Sistemas

Planejamento,

medição da

qualidade e

desenvolviment

o de programas

Todos os

departamentos

com alta

administração

se envolvendo

superficialmen

te no

planejamento e

na execução

das diretrizes

para a

qualidade

Gestão Total

da Qualidade

Impacto

Estratégic

o

Uma

oportunidade

de

diferenciaçã

o da

concorrência

As

necessidades

de mercado

e cliente

Planejamento

Estratégico,

estabeleciment

o de objetivos

e a

mobilização da

organização

Estabeleciment

o de metas,

educação e

treinamento,

consultoria em

outros

departamentos

e

desenvolviment

o de programas

Todos na

empresa, com

a alta

administração

exercendo

forte liderança.

Quadro 1 Eras da Qualidade - Fonte: CARVALHO (et al 2005) adaptado de Garvin, 1992

Page 30: ECCOM 7 - Revista de Educação, Cultura e Comunicação

29

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Planejamento da qualidade

No campo do estudo em questão, há ainda que se falar sobre o planejamento da

qualidade, visto que há a necessidade de analisar a importância desse processo, em todo

campo da qualidade, onde segundo Juran (1988) muitas organizações estão se defrontando

com perdas e desperdícios, tudo devido às deficiências no processo de planejamento da

qualidade o que tem levado à:

- Perdas nas vendas devido a alta competitividade entre as empresas, pela preferência

do consumidor.

- Custos com retrabalho e reclamações dos clientes.

- Ameaças a sociedade que estão cada vez mais preocupadas em aumentar a duração

de suas vidas e diminuir tarefas banais.

Ainda segundo, Juran (1989) admite que a qualidade está diretamente ligada ao

desempenho e satisfação do produto ou serviço, no qual estão ligados aos seguintes aspectos:

rapidez de atendimento, eficácias das campanhas publicitárias e uniformidade intrínseca de

um processo de produção, conforme figura 9.

Clientes

Marketing

Clientes

Operações

Desenvolvimento do produto

Desenvolvimento do produto

Figura 9 – A espiral do processo de qualidade. Fonte: Juran 1988

A espiral refere-se às atividades empregadas para colocar um produto no mercado, no

qual cada departamento efetua um processo da operação que é entregue ao cliente de outro

departamento ou não, cliente este podendo ser interno ou externo.

O propósito do planejamento de qualidade é fazer com que os produtos atendam às

necessidades do cliente e que diminuam desperdícios, que compreendem às seguintes

atividades: identificação dos clientes e suas necessidades; desenvolvimento de um produto

que responda essa necessidade; e desenvolvimento de um processo capaz de fazer tal produto.

Conforme figura 10 que se refere ao roteiro para detecção de quem são os clientes,

suas necessidades, conhecimento sobre o produto, características do produto, processo de

produção e o produto final que deverá satisfazer as reais necessidades do cliente.

Page 31: ECCOM 7 - Revista de Educação, Cultura e Comunicação

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Produtos e processos existentes

Necessidades de clientes (em unidades de medida)

Lista de clientes Características do produto

IdentificarClientes

Desenvolvimentodo produto

Descobrirnecessidades dos clientes

Otimização doprojeto do produto

Tradução Desenvolvimentodo processo

Estabelecimentode unidades de medida

Capacidade do processo

Estabelecimento demensuração Transferência para

produção

Necessidades dos clientes

Produto pronto para produzir

Necessidades do clientena linguagem deles

Metas do produto

Necessidades dosclientes na nossa

linguagem

Características do processo

Unidades de medida Processo prontopara transferência

Figura 10 – O roteiro do planejamento da qualidade. Fonte: Juran 1989

Completando Juran (1989) defende o planejamento da qualidade, como também sendo

necessário para vários processos, entre eles o recrutamento de novos funcionários, preparação

de previsão de vendas e produção de faturas.

E Paladine (2008) completa que a qualidade requer ações planejadas, afinal requer

tomadas de decisões, além de eliminar ações improvisadas, decisões com base intuitiva e

subjetiva, ou seja, o planejamento antecipa-se aos problemas, significando agregação de valor

ao processo produtivo e na relação com o mercado, contribuindo para superar às expectativas

frente ao consumidor.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Gerenciamento da Qualidade

O gerenciamento da qualidade, de acordo com Oakland (1994) e Paladine (2008) é

uma abordagem para melhorar a competitividade, a eficácia e a flexibilidade de toda a

organização, no qual é necessário planejar, organizar e compreender cada atividade; para uma

organização ser realmente eficiente, cada parte deve trabalhar em sinergia, visando os

mesmos objetivos, reconhecendo que cada atividade afeta outro departamento e,

consequentemente, por eles o seu pode ser afetado. E CAMPOS (2004) completa que é uma

abordagem para detecção de prevenção de problemas, onde Falconi utiliza o gerenciamento

pelas diretrizes para solucionar os problemas da organização, de acordo com a figura 11.

Melhoria dos produtose processos existentes

Nível do Resultadoda empresa

Tempo

Prazo

Meta Atingívelpelo gerenciamento

da rotina

Meta Necessáriapara a sobrevivência

Situação Atual

Novos produtos e novos processos (tecnologia)

Busca das causas queimpossibilitam o atingimento

Idéias de medidas

Medidas de rompimentocom a situação atual

(breakthrough)

Desdobramento dasmedidas

Gerenciamento pelasDiretrizes

AnáliseDiferença

Figura 11 – Conceituação do Gerenciamento pelas Diretrizes. Fonte: CAMPOS 2004

O gerenciamento pelas diretrizes de Falconi tem como objetivo transformar as

estratégias da organização em realidade, e o que irá operacionalizar esse gerenciamento é a

utilização do método PDCA, método esse desenvolvido por Walter

A. Shevart na década de 20, que significa:

P = Planejar (plan)

D = Executar (do)

C = Controlar (control)

A = Agir (action)

Gestão da Qualidade Total

Ao se tratar da gestão pela qualidade total para Siqueira (2005) os pioneiros da

qualidade são: Deming (Controle Estatístico do processo), Juran (Metodologia para a solução

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32

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

dos problemas); Ishikawa (as sete ferramentas da qualidade), conforme figura 12, tem-se o no

aprimoramento da organização, na redução de custos, aprimoramento da equipe de trabalho e

na satisfação do cliente. A filosofia requer mudança na mentalidade de toda a empresa e é a

colaboração horizontal entre todas as funções e departamentos, estendendo para clientes e

fornecedores. Por isso, para (SIQUEIRA, 2005), a importância da comunicação em todo

processo de implantação de programas de qualidade.

MelhorQualidade

MelhorProdutividadeCustos

diminuem graças a menos

retrabalho,menos atrasoe obstáculos,melhor usode tempo,máquinase insumos

Conquistade mercadocom melhorqualidadee preços menores

Manutençãodos negócios

Ampliação do

mercado de trabalho

Figura 12 - Qualidade: estágios do conceito de qualidade, ferramentas e procedimentos.

Fonte: Siqueira, 2005

Afinal, de acordo com Oakland (1994), a Qualidade Total é uma abordagem para

melhorar competitividade, a eficácia e a flexibilidade da organização. É uma maneira de

planejar, organizar e compreender cada atividade, e depende de cada individuo em

cada nível, por isso, a necessidade do envolvimento, onde a comunicação torna-se fator

estratégico para a execução com sucesso dos programas de qualidade.

Por isso, para Kunsch (2009) a gestão da qualidade total ou o controle da qualidade

total, pode ser definido como um sistema administrativo, ou melhor uma função ou filosofia

gerencial, no qual apesar de não haver consenso entre os expertises da qualidade, TQM (Total

Quality Management), GQT (Gestão da qualidade total) e TQC (Total Quality Control) são

modelos de gerenciamento, tornando assim a necessidade de uma comunicação bem

estruturada, afim de facilitar a compreensão do processo como um todo, especialmente com o

público-interno. Processo, produto, fornecedor, cliente e produtividade são conceitos básicos

e que fazem parte da linguagem da qualidade total.

Qualidade em Serviços

Considerando que serviço é algo intangível, torna-se extremamente difícil de ser

avaliado, onde Lovelock (2006), defende que para que a empresa possua qualidade em

serviços, é necessário que o pessoal da empresa tenha um entendimento comum para poder

atacar questões como a medição da qualidade, identificar as causas de carência e elaborar

implementações de ações corretivas.

Alguns pesquisadores sugerem que a qualidade percebida de um serviço é o resultado

de um processo de avaliação no qual cliente comparam suas percepções da entrega do serviço

e o resultado com aquilo que esperavam.

Segundo Zeithaml (2003) os consumidores consideram cinco dimensões nas análises

sobre qualidade em serviços:

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33

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

- Confiabilidade: Habilidade para executar o serviço prometido de

modo seguro e preciso.

- Responsividade: A vontade de ajudar os clientes e de prestar

serviços sem demora.

- Segurança: O conhecimento dos funcionários aliado a simpatia e à

sua habilidade para passar credibilidade.

- Empatia: Cuidado, atenção individualizada e dedicada aos clientes.

- Tangíveis: Aparência das instalações físicas, equipamentos, pessoal

e materiais impressos.

Segundo Zeithaml (2003) é importante observar que existe uma diferença entre

satisfação e qualidade em serviços, no qual satisfação é vista como um conceito mais amplo,

visto que qualidade em serviços, concentra-se especificamente nas dimensões dos serviços, de

acordo com a figura13.

Confiabilidade

Qualidadeem

serviços

Qualidadedo

Produto

Preço

Fatoressituacionais

Satisfaçãodo

cliente

FatoresPessoais

Responsividade

Segurança

Empatia

Tangibilidade

Figura 12 – Percepções de clientes sobre qualidade e satisfação. Fonte: Valerie (2005)

Ainda segundo Zeithaml (2003) o processo de formação do nível de satisfação do

cliente passa por algumas experiências, que envolve: necessidades, desejos, experiências

passadas, comunicação e preço, assim como mostra a figura 14, no entanto GRÖNROOS

(2009) defende a idéia de que qualidade em serviço envolve a percepção do cliente, onde está

diretamente ligada na função do desempenho percebido x expectativas apresentadas.

Expectativas do cliente

Necessidades Desejos ExperiênciaPassada

ComunicaçãoBoca a Boca

ComunicaçãoExterna

Preço

Figura 14 – Expectativa do cliente. Fonte: ZEITHAML (2003)

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34

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Completando Zeithaml (2003) e Correa (2008) defendem que o contato do cliente

com a prestação de serviço, ou o momento verdade, pode assumir uma importância muito

grande na percepção de qualidade do cliente, por isso a identificação das falhas é tão

complexa e requer tanta atenção.

De acordo com a figura 14 as expectativas do cliente, além de passar pelo processo de

formação da satisfação (conforme visto na figura 15) passam também por cinco brechas

“gaps”, os quais se referem às falhas de qualidade na prestação de serviço:

Gap 1 – Falha na comparação expectativa do cliente (percepção gerencial);

Gap 2 – Falha na comparação percepção gerencial – especificação da

qualidade do serviço;

Gap 3 – Falha na comparação especificação do serviço – prestação do serviço;

Gap 4 – Falha na comparação prestação do serviço – comunicação externa com

o cliente;

Gap 5 – Falha na comparação expectativa do cliente – percepção do cliente.

Expectativas do cliente

Percepção do cliente quanto ao desempenho apresentado

Prestação (ciclo) do serviço - oepração

Especificação (design) do processo do serviço - Projeto

Percepção do gestor sobre o que seriam as expectativas do cliente

Necessidades Desejos ExperiênciaPassada

ComunicaçãoBoca a Boca

ComunicaçãoExterna

Preço

Gap 1

Gap 2

Gap 3

Gap 4Gap 5

Figura 15 – Modelo dos 5 gaps para análise de causas de falhas de qualidade. Fonte: CORREA, 2008

Cultura da qualidade na organização

Quando a organização decide implantar a gestão pela qualidade total, deve ter em

mente que o foco na qualidade não será apenas presente nos setores de produção, deve saber

que a qualidade deve ser uma cultura compartilhada entre todos os funcionários, daí a

importância do processo de comunicação interna, que de acordo com Ferreira (2004) é preciso

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35

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

que as regras estejam definidas e explicitas para que a informação transmitida possa ter o

envolvimento dos colaboradores.

Já para Kunsch (2009), também, as organizações devem quebrar paradigmas

organizacionais, principalmente no mundo de avanços e inovações tecnológicas e buscar se

redefinir. Embora a qualidade seja conhecida há milênios, atualmente essas atividades

relacionadas à qualidade são consideradas fatores essenciais para o sucesso estratégico da

empresa, e exigem uma abordagem mais participativa e em uma perspectiva holística.

A mobilização e o envolvimento desejados pela organização serão mais facilmente

conquistados, compartilhados e vivenciados se houver reconhecimento e compreensão por

parte de todos da empresa, vista à importância dos processos comunciacionais com foco na

cultura da qualidade e excelência.

Para Marchiori (2006) a partir do momento em que as pessoas passam a se relacionar

em grupo e a desenvolver formas de ser e agir, fica claro que a cultura está sendo

desenvolvida dentro da empresa, pois é formada por um conjunto de valores e crenças que são

transmitidas dentro da organização, e a partir do momento que a cultura da qualidade passa

ser a implementada dentro da empresa, ocorre um choque, por isso a necessidade da

comunicação, e Kunsch (2009) completa que a partir do momento que a organização deseja

a implantação dos programas de qualidade, passa então a requerer uma mudança de atitude e

muitas vezes da cultura organizacional, precisando do engajamento de todos, e clareza nas

informações passadas, melhorando espaços de diálogo, de efetiva participação e colaboração

de seus funcionários.

Conclusões

A Comunicação interna deve ampliar a visão do empregado, dando-lhe um

conhecimento sistêmico do processo. Por isso, o processo de comunicação interna precisa ser

valorizado e os canais de que ele dispõe (jornais, boletins, intranet, murais etc) devem ser

disponibilizados de forma eficaz e atrativa para que realmente cumpram sua missão de

integrar todo o quadro funcional de uma organização.

Comunicar é mais que informar, é atrair, é envolver. E neste processo, todos os

empregados possuem seu valor e atuam de forma a tornar uma organização bem informada,

assim é preciso que haja uma cultura nas empresas que suporte essa configuração voltada para

a Qualidade Total e, em não havendo, é necessário que sejam feitas as mudanças culturais

necessárias para tanto. Novos valores, novas atitudes devem ser adotados, ou seja, uma

mudança de mentalidade desde a direção.

até o nível operacional da estrutura é, em última análise, uma questão de conscientização para

a promoção da qualidade e a busca pela satisfação do cliente.

A qualidade total em uma empresa tem o objetivo de melhorar a eficácia, e deve ser

entendida como estratégia que pode levar a empresa à uma situação de diferenciação frente à

concorrência. O caminho é longo e exige determinação e comprometimento da alta

administração, tendo como foco principal a satisfação total do cliente.

No processo de promoção da qualidade total, a comunicação interna torna-se mais

urgente e necessário principalmente no que se refere a um programa que suportará estratégias

e propostas a serem utilizadas em novos processos organizacionais. Para isso devem–se

construir mensagens que sejam eficazes, éticas e favoráveis ao que está sendo proposto.

Assim, a comunicação e o treinamento podem ser um poderoso estimulo para promover os

melhoramentos da satisfação do cliente para a organização. E isso deverá ocorrer utilizando

métodos apropriados de comunicação. Dentre os principais estão: Comunicação verbal

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

realizada entre pessoas ou grupos, de forma direta ou indireta; Comunicação escrita por meio

de boletins, folhas de informação, relatórios e recomendações e Comunicação Visual por

meio de Cartazes, exposições, vídeos, mostruários.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

O Conhecimento em Pronto-Socorrismo de

Professores da Rede Municipal de Ensino do Ciclo I de

Cruzeiro-SP

Miguel A. de Oliveira Júnior Mestre em Linguística Aplicada – Professor das Faculdades Integradas Teresa D’Ávila, da

Associação Educacional Dom Bosco e da Escola Superior de Cruzeiro

Carlos Jaime da Silva Júnior Graduado em Educação Física e em Gestão de Recursos Humanos

Elizandra Maria de Toledo Graduado em Educação Física

Resumo

A falta de conhecimento da população em primeiros socorros acarreta inúmeros problemas, como a

manipulação incorreta da vítima e a solicitação, às vezes desnecessária, do socorro especializado em

emergência. O objetivo deste trabalho é identificar o nível de conhecimento dos professores do ciclo I das

escolas municipais de ensino da cidade de Cruzeiro-SP. O estudo foi realizado em quatro escolas públicas

municipais que oferecem ensino fundamental. O trabalho é relevante por se tratar de um tema de grande

importância e pela conscientização dos profissionais da área a importância de um socorro correto. Para a

coleta de dados foi elaborado questionário, sendo aplicado aos professores das escolas em estudo. Por meio da

análise estatística descritiva, verificou-se um bom conhecimento para a realização de atendimento aos casos de:

desmaios e sangramento nasal, já frente às situações de convulsão, fraturas e avulsão dental, não tomariam a

conduta correta. Conclui-se que o treinamento sobre princípios básicos de primeiros socorros nas escolas é de

fundamental importância para minimizar danos advindos da incorreta manipulação com a vítima e falta de

socorro imediato.

Palavras-chave

Primeiros socorros; Conscientização; Ensino Fundamental.

Abstract

The lack of knowledge of the population in first aid entails numerous problems such as incorrect handling the

victim's request, sometimes unnecessary, the specialized help in emergencies. The objective of this study is to

identify the knowledge level of teachers from the first cycle of education in municipal schools of the city of

Cruzeiro-SP. The study was conducted in four public schools offering elementary education. The study is

relevant because it is a matter of great importance and awareness of professionals about the importance of a

proper rescue. For the data collection questionnaire was devised, and applied to teachers in schools in the

study. Through statistical analysis, there was a good understanding for the realization of care of patients:

nosebleeds and fainting, as the face of situations of seizures, dental avulsion fractures and not take the right

conduct. It is concluded that training on the basics of first aid in schools is crucial to minimize damage arising

from incorrect handling with the victim and lack of immediate help.

Keywords

First aid; Awareness, Schools, Elementary School.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Introdução

A prática educativa em saúde não é uma preocupação atual. Na Europa, desde o século

XIX, eram adotadas medidas de higiene e controle de doenças utilizando a educação em saúde

(HERINGER, FERREIRA, ACIOLI & BARROS, 2007). No Brasil, desde o início do século

XX, quando a população encontrava-se assolada por graves epidemias, deu-se ênfase à

educação em saúde, a qual assumiu a conotação de determinar normas de conduta moral,

convívio social e de higiene (SABÓIA, 2005).

O artigo 135, do Código Penal Brasileiro, é bem claro: a omissão de socorro e a falta

de atendimento de primeiros socorros eficiente são os principais motivos de mortes e danos

irreversíveis nas vítimas. Os momentos após um acidente, principalmente as duas primeiras

horas são os mais importantes para se garantir a recuperação ou a sobrevivência das pessoas

feridas.

Os acidentes com crianças no âmbito escolar são frequentes. Cabe ao profissional

dessa área, ter o mínimo de conhecimento para socorrer seu corpo discente em situações

decorrentes, segundo pesquisas os acidentes mais frequentes na escola são: corpos estranhos

nos ouvidos, olhos e nariz, objetos engolidos, além dos estudados nessa pesquisa.

No capítulo um, será abordada a importância dos primeiros socorros, suas definições e

modo de socorro não só no âmbito escolar, mas para o dia a dia, já no capítulo dois, os

acidentes escolares mais comuns e suas formas práticas de socorro.

Os resultados das pesquisas nos mostram que o trabalho de conscientização dos

profissionais dessa área é muito importante, pois os mesmos apresentaram, algum

conhecimentos em primeiros socorros, se portaram de maneira certa, nas situações de

desmaios e sangramentos, parcialmente em fraturas, e não souberam como

socorrer alunos em situações de convulsão e avulsão dental.

A importância dos primeiros socorros

Em 1958, a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu o termo “acidente” como

um acontecimento independente da vontade humana, provocado por força exterior que atue

rapidamente sobre o indivíduo, com consequente dano físico ou mental (BATAGLIA, 2002).

Primeiros socorros são os cuidados imediatos que devem ser dispensados à vítima de

acidente ou mal súbito. Via de regra, estes serão prestados no local da ocorrência, até a

chegada de um médico, e se destinam a salvar a vida ameaçada e a evitar que se agravem os

males de que a vítima está acometida. (ROJO, 2002)

Acidentes podem ocorrer em qualquer lugar e a qualquer momento. Trata-se de

situações nas quais se pratica atividade física, em academias, nos parques e, principalmente,

na escola, o risco de acidentes aumenta ainda mais.

Assim, um atendimento de emergência mal feito pode comprometer ainda mais a

saúde da vítima. Pode-se dizer que todos os seres humanos são possuidores de um forte

espírito de solidariedade e é este sentimento que os impulsiona a tentar ajudar as pessoas em

dificuldades. E, nestes trágicos momentos após os acidentes, muitas vezes entre a vida e a

morte, as vítimas são totalmente dependentes do auxílio de terceiros. Acontece que somente o

espírito de solidariedade não basta. Para que se possa prestar um socorro de emergência

correto e eficiente, é necessário que se dominem as técnicas de primeiros socorros.

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41

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Assim, estas noções de primeiros socorros devem ser dadas, preferencialmente, por

profissionais da área de saúde.

Acidentes escolares

Geralmente, os acidentes são formados de vários fatores e é comum quem os

presencia, ou quem chega ao acidente logo que este aconteceu, deparar com cenas de

sofrimento, nervosismo, pânico, pessoas inconscientes e outras situações que exigem

providências imediatas (SABÓIA, 2005).

Acidentes no ambiente escolar são muito frequentes. A curiosidade natural das

crianças expõe-nas a situações de risco nem sempre perceptíveis para seus responsáveis. Na

escola, por exemplo, somente após o acidente é que o professor percebe o perigo de uma

cadeira próxima à janela ou um móvel pontiagudo na sala de aula. Muitas vezes, os

professores não recebem um treinamento adequado em “primeiros socorros”, assim, diante de

uma situação extrema, não sabem como proceder. (COLLUCI, 2007).

Métodos

Trata-se de uma pesquisa do tipo descritivo. O principal objetivo foi aferir o grau de

conhecimento dos professores da rede municipal de ensino do ciclo I de Cruzeiro-SP.

Amostra

Esta pesquisa foi realizada com os professores da rede municipal de ensino escolhidos

de forma aleatória da cidade de Cruzeiro-SP, totalizando 30 sujeitos na pesquisa.

Materiais e Instrumentos

Para a realização desta pesquisa utilizou-se um questionário com nove (9) perguntas.

Procedimentos

Os professores pesquisados expuseram os objetivos da pesquisa aos diretores das

instituições de ensino que compõem a amostra deste estudo e receberam autorização deles

para responderem os questionários e usarem das informações coletadas sigilosamente. As

participações dos entrevistados foram voluntárias e mediante a assinatura de termo de

consentimento esclarecido, autorizando a utilização e divulgação dos dados.

Análise dos dados

Os dados foram demonstrados em tabelas e gráficos acompanhados de análise que

realiza a devida leitura de cada um deles.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Resultados e discussão

Gráfico 1: Sua formação aconteceu em que período?

8%

30%

39%

23%

Década de 70

Década de 80

Década de 90

Década de 2000

Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.

Com relação ao período de formação, apenas 8% dos entrevistados tiveram sua

formação na década de 70, já 23% dos profissionais na década de 80, 30% na década de 90, e

a maioria do corpo docente entrevistada tiveram sua formação concluída na de 2000.

Segundo Faro (2001), a formação dos profissionais da educação mudou drasticamente,

o nível de conhecimento adquiridos durante o período acadêmico a partir da década 90, não se

compara a formação de décadas passadas, por isso cabe aos profissionais dessas décadas uma

reciclagem, que devem acontecer no mínimo de cinco em cinco anos.

Gráfico 2: Você teve uma disciplina específica voltada aos primeiros socorros no seu curso de

formação ?

20%

80%

Sim

Não

Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Com relação à disciplina de primeiros socorros, apenas 20% dos entrevistados tiveram

em sua grade curricular, primeiros socorros, entretanto 15% desta população tiveram esse

conteúdo na formação de educação física, e não na formação que utilizam para dar aulas. 80

% dos entrevistados não obtiveram primeiros socorros em sua formação acadêmica.

Gráfico 3: Você já presenciou, ou teve a incumbência de socorrer um aluno

100%

0%

Sim

Não

Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.

Com relação ao pronto socorrismo 100% dos entrevistados, já passaram por uma

situação de acidentes escolares. Como confirma Rojo (2005), acidentes no ambiente escolar

são muito frequentes. A curiosidade natural das crianças expõe-nas a situações de risco nem

sempre perceptíveis para seus responsáveis.

Gráfico 4: Quais os acidentes mais comuns em sua escola ?

18%

8%

45%

12% 3%

14%

Desmaios

Convulsão

Fraturas

Sangramentos

Avulsão dental

outros

Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Com relação aos acidentes que mais acontecem no âmbito escolar, 45% dos

entrevistados acusaram o sangramento como fato apresentado dentro do quadro de acidentes

escolares, 18 % desmaios, 14% relacionaram as fraturas, 12% convulsões, apenas 8 % avulsão

dentária, e 3% outros, dos quais foram relacionadas hemorragias externas e dores de

estomago.

Gráfico 5: Como agir em uma situação de desmaio ?

83%

17%

Certa

Errada

Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.

Com relação a desmaios, apenas 17% dos entrevistados agiriam de forma incorreta e

83% fariam corretamente as técnicas.

Gráfico 6: Como agir em uma situação de sangramento ?

100%

0%

Certa

Errada

Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Segundo Nogueira (1994), pressionar o ferimento até que pare de sangrar, pedir para a

vítima elevar o membro ferido e pressionar pontos específicos.

Se o sangramento não parar, rever a técnica quantas vezes for necessária. Não aplicar

torniquete, somente o aplique, se ocorrer amputação e o sangramento estiver abundante, sem

ter resulatado eficaz com as tentativas das técnicas de hemostasia.

Gráfico 7: Como agir em uma situação de convulsão ?

37%

63%

Certa

Errada

Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.

Segundo Rojo (2002), a crise convulsiva costuma ser um momento muito estressante.

A primeira coisa que deve se ter em mente é que a maioria das crises dura menos que 5

minutos e que a mortalidade durante a crise é baixa. Assim, deve-se manter a calma para que

se possa, efetivamente, ajudar a pessoa. Medidas protetoras que devem ser tomadas no

momento da crise são apoiar a cabeça da vítima, afrouxar tudo que possa estar apertado e

afastar qualquer objeto que possa feri-la.

Gráfico 8: Como agir em uma situação de avulsão dental ?

7%

93%

Certa

Errada

Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Segundo Fox (2005), a avulsão dental deve-se seguir os procedimentos lavando o

dente em água mineral sem esfregar a peça, recolocando a mesma na cavidade, se não houver

a possibilidade pela vítima estar nervosa e agitada coloque a peça em um copo com leite, água

mineral ou na boca da mãe e leve a vítima imediatamente para o dentista.

Gráfico 9: Como agir em uma situação de fratura ?

40%

60%

Certa

Errada

Fonte: Dados obtidos a partir da pesquisa realizada.

Segundo Fox (2005), deve-se cobrir a área fraturada com um pano limpo,

principalmente se a fratura for aberta e fazer com que o acidentado fiquei calmo. Imobilizar a

fratura colocando uma superfície plana por baixo e nas laterais do ferimento e envolva com

uma tira de pano ou gaze. Sendo a fratura próxima à articulação, imobilize esta também.

Chame rapidamente socorro especializado levando a vítima o mais rápido possível ao pronto-

socorro.

Conclusão

Essa pesquisa possibilitou a observação dos procedimentos de urgência e emergência

realizados por professores de escolas públicas, mediante os acidentes, avaliando-se assim o

conhecimento dos profissionais de escolas de ensino fundamental.

Percebeu-se que pouco dos profissionais que trabalham na área da educação infantil

tiveram em sua grade formação primeiros socorros, cabe enaltecer que apenas os profissionais

de educação física que trabalham nessa área, são habilitados para prestar os primeiros

socorros. Como pôde-se observar, os acidentes estudados nessa pesquisa são os mais

decorrentes na escolas, de acordo com os profissionais estudados e a literatura apresentada.

Os profissionais apresentaram, sim, alguns conhecimentos em primeiros socorros, se

portaram de maneira certa nas situações de desmaios e sangramentos, parcialmente em

fraturas, e não souberam como socorrer alunos em situações de convulsão e avulsão dental.

Sugere-se, ainda, a implantação de um programa de treinamento de urgências e

emergências com professores e funcionários do sistema de ensino fundamental, visando

desenvolver ações de prevenção e promoção da saúde do escolar, a fim de minimizar danos

advindos da incorreta manipulação com a vítima e/ou a falta de socorro imediato, visto que

estes fatores citados, não só contribuem com o agravamento do estado da vítima, como

resultam em maior tempo de permanência hospitalar devido a complicações.

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Além disso, evidencia-se a importância de realização de outros estudos na área para

identificação dos acidentes mais frequentes bem como a adoção de medidas preventivas e de

condutas de emergência no âmbito escolar.

Referências

BATIGÁLIA, V. A. Desenvolvimento infantil e propensão a acidentes. HB Cientifica, v.9,

n.2, p. 91, mai – ago. 2002.

CODIGO PENAL http://www.amperj.org.br/store/legislacao/codigos/cp_DL2848.pdf

COLLUCCI, C. Acidente infantil ocorre perto de adulto. Folha on-line, São Paulo, 03 jul.

2006. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u123446.shtml.

Acesso em: 18 fev. 2007.

FARO, Paulo. Mapeamento de riscos ambientais. In: VIEIRA,

Sebastião Ivone (org.). Manual de Saúde e Segurança do Trabalho. 18. ed.

Florianópolis: Mestra, 2000. p. 31 -47. v. 2

FOX. Apostila de atualizações em treinamento de emergências básicas. 2005

Heringer A, Ferreira VA, Acioli S, Barros ALS. Práticas educativas desenvolvidas por

enfermeiros do Programa Saúde da Família no Rio de Janeiro. Rev Gaúcha Enferm.

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NOGUEIRA, Diogo Pupo. Funções do médico do trabalho. In: VIEIRA, S. I.

(Coord.). Medicina básica do trabalho. Curitiba: Gênesis, 1994.

ROJO, Cíntia. Emergência: pronto socorro. São Paulo: melhoramento 2002

SABÓIA, V.M. A Enfermeira e a prática educativa em saúde: a arte de talhar pedras. Rev

Nurs. 2005

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Tecnologia na Educação: a aprendizagem da Língua

Inglesa por meio da rede social LiveMocha

Neide Aparecida Arruda de Oliveira Mestre em Linguística Aplicada pela Unitau

Francini Mengui Campos Graduada em Letras Português/Inglês

Resumo

O objetivo deste artigo é promover uma reflexão sobre os processos de ensino e aprendizagem em

meio virtual com auxílio das novas tecnologias em uma comunidade virtual conhecida como

Livemocha. Trata-se de um ambiente virtual que busca promover a aprendizagem de idiomas de

forma colaborativa, uma vez que o aprendiz de língua estrangeira no Livemocha também passa a ser

professor de sua língua materna. A aplicação de novas tecnologias na educação vem modificando o

panorama do sistema educacional e, por isso, pode-se falar de um tipo de aula antes e depois da

difusão de mídias integradas e tecnologias avançadas de comunicação digital. Os resultados das

aplicações de tais tecnologias estão criando condições objetivas para questionarem a real

necessidade de se preparar para o ensino virtual. Na era da tecnologia, da Internet, das redes sociais,

a aprendizagem de idiomas se remodela e modela a atividade do aluno. Cada vez mais, surgem

mobilizações virtuais em busca de conhecimentos. Um fator relevante para manter o aluno envolvido

na sua aprendizagem por conta dos sistemas mochapoints e outros recursos e estratégias

disponibilizadas no Livemocha.

Palavras-chave

Educação; Internet; Livemocha; Tecnologia; Língua Inglesa.

Abstract

The purpose of this article is to discuss teaching and learning process through virtual media with the

support of new technologies in a virtual community known as Livemocha. It is a virtual environment

that seeks to promote language learning in a collaborative way, once the apprentice of foreign

language in Livemocha also happens to be their mother tongue’s teacher. The implementation of new

technologies in education has been changing the prospect of the educational system and, therefore, it

can be said that there is a former and later sort of lesson after the diffusion of an integrated media and

advanced technologies of digital communication. The results of such implementation are bringing

forth objective conditions to questioning the real need to prepare for virtual learning. In the age of

technology, the Internet, social networks, language learning remodels and modeling the activity of the

student. Increasingly, there is a virtual mobilization searching for knowledge. This is an relevant point

to preserve the student engagement in learning throught Mochapoints systems and other resources

and strategies available on Livemocha.

Keywords

Education; Internet; Livemocha; Technology; Foreign Language

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Introdução

Há 30 anos seria impossível imaginar uma sala de aula sem o quadro ou uma pesquisa

escolar feita sem uma enciclopédia. Muito menos, que esses instrumentos consagrados seriam

substituídos por modernas lousas digitais e inúmeras obras virtuais disponíveis na Internet.

Mas os tempos mudaram, sim, e a presença da tecnologia na educação avança a cada dia.

A aplicação de novas tecnologias na educação vem modificando o panorama do

sistema educacional e, por isso, pode-se falar de um tipo de aula antes e depois da difusão de

mídias integradas e tecnologias avançadas de comunicação digital. Os resultados das

aplicações de tais tecnologias estão criando condições objetivas para questionarem a real

necessidade de se preparar para o ensino virtual.

Hoje, há a percepção de algumas tendências relativas aos novos modelos de ensino e

aprendizagem de idiomas mediados por computador. Uma dessas tendências é a

aprendizagem por meio de Redes Sociais ou Comunidades Virtuais de Aprendizagem.

O objetivo deste artigo é refletir sobre os processos de ensino e aprendizagem em meio

virtual com auxílio das novas tecnologias em uma comunidade virtual conhecida como

Livemocha. Trata-se de um ambiente virtual que busca promover a aprendizagem de idiomas

de forma colaborativa, uma vez que o aprendiz de língua estrangeira no Livemocha também

passa a ser professor de sua língua materna. Segundo informações do próprio site, a

comunidade possui mais de 9,5 milhões de membros espalhados ao redor do mundo,

aprendendo mais de 35 idiomas.

Este artigo concentra-se em uma pesquisa descritiva, de natureza bibliográfica que

segundo Lakatos e Marconi (2001) é um procedimento de investigação que consiste na

utilização de informações coletadas por outros estudiosos, por intermédio de levantamento de

documentação indireta ou fontes secundárias.

Educação e as novas tecnologias

Atualmente a escola não satisfaz mais os estudantes, eles não têm interesse nos

conteúdos apresentados, pois muitos estão fora de suas necessidades e conforme estudos

desenvolvidos, o trabalho por projetos surge do interesse dos estudantes, onde o mesmo

buscará o conhecimento suprindo as suas necessidades e com isso sua aprendizagem se

tornará efetiva e significativa.

Santomé (1998, p. 206), afirma que: “o processo educacional precisa apoiar-se nos

interesses dos estudantes, mas também deve gerar novos interesses. Um bom projeto

curricular tem que ser prazeroso e educacional ao mesmo tempo; tem de propiciar uma certa

continuidade nos aprendizados”.

O uso da rede mundial de computadores, como ferramenta de grande utilidade para o

processo de educação a distância, não deve apenas resolver as questões referentes a distâncias.

Com a modernidade, a vida corrida do dia-a-dia, computadores ligados à Internet e o

estudo a distância ganham espaço efetivo na vida das pessoas. Muitos são os benefícios,

principalmente quanto à qualidade de vida, entretanto, a competitividade profissional que

exige que os profissionais sejam cada vez mais mais qualificados, impossibilitando a muitos

jovens que não possuem acesso as TICs – Tecnologia da Informação e Comunicação – a

inserção a trabalhos mais dignos. A opinião de muitos estudiosos é que a atualização hoje, é

uma questão de sobrevivência.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Segundo o pedagogo Lima Júnior (2011 apud ANJOS, 2007) o acesso às redes digitais

de comunicação é importante para o funcionamento e o desenvolvimento de qualquer

instituição social, especialmente para a educação que lida diretamente com a formação

humana. Cabe à educação uma responsabilidade tanto na compreensão crítica do(s)

significado(s) dessa transformação, quanto na formação dos indivíduos e dos grupos sociais.

Estes devem assumir com responsabilidade a condição social de tal virada, provocada entre

outros fatores, pela revolução nas dinâmicas sociais de comunicação.

A tecnologia baseada no computador, que permite acesso rápido e imediato a fontes

ampliadas de informação e agiliza seu tratamento, poderá com certeza contribuir para ajudar a

escola a se transformar em um local onde se constrói conhecimento e onde se desenvolvam

habilidades.

Os processos ou estratégias para a melhoria da educação envolvem riscos, e, por isso,

relutamos em disparar um processo de mudança. E, no estado atual da educação, seria

irresponsabilidade recusar-se a correr riscos (JOLY, 2002).

No Brasil as tecnologias de informação estão presentes nas instituições educacionais

desde o surgimento dos computadores como produtos comerciais. A princípio em algumas

Universidades como objeto de pesquisa e de acesso bastante restrito. Posteriormente, como

máquinas de ensinar destinadas a jovens e adultos e, atualmente, na perspectiva de auxiliares

da aprendizagem para todos os níveis escolares.

As primeiras iniciativas na utilização de tecnologias em atividades de ensino

envolvendo a educação básica datam da década de 1980 com o projeto EDUCOM

(VALENTE, 2002). Deste então muitas ações se sucederam na tentativa de incorporar as

Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) ao contexto educacional e vários grupos de

pesquisa foram constituídos nas universidades brasileiras (FERNANDES, SANTOS, 1999).

Segundo Lévy (1999), a tecnologia não pode ser considerada autônoma, separada do

homem, ou mais especificamente separada da sociedade e da cultura, pois é um produto desta

mesma sociedade e cultura. As atividades humanas interagem com ideias e representações e

também com partes materiais, naturais e artificiais.

Não adianta virtualizar o ensino tradicional. A tecnologia como apoio ao ensino é

limitada e até desnecessária. O que se pretende é que a tecnologia seja usada como uma

ferramenta para a aprendizagem. A postura pedagógica do professor define qual utilização

será feita.

A integração das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) aos processos

educacionais é uma das transformações necessárias à escola para que esteja mais em sintonia

com as demandas geradas pelas mudanças sociais típicas da sociedade contemporânea, de

economia globalizada e cultura mundializada.

Cunha Filho et al (2000 apud TORRES, MARRIOTT, 2006) atribuem à tecnologia a

sustentação do processo colaborativo, ou seja, a tecnologia oferece meios que facilitam o

processo de cooperação, seja ele educativo, seja ele do campo laboral.

A aprendizagem colaborativa assistida por computador pode ser um caminho a ser

considerado nesses processos de formação desde que não se limite a conectividade à

distância. O que deve ser valorizado é a troca do conhecimento em rede. Deve-se encontrar

um meio termo entre o que se conhece hoje como ensino presencial e o que se pretende com o

ensino à distância. Ambos têm as suas limitações, mas para se adaptarem às necessidades

atuais e obterem melhores resultados pedagógicos devem ser integrados.

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O surgimento das tecnologias da informação – TIs

A (TI) é, seguramente, um dos maiores campos de pesquisas e discussões deste final

de século. Para se ter uma compreensão adequada de sua influência atual na vida das

organizações, sejam públicas ou privadas, é conveniente observar sua trajetória desde seu

surgimento.

Em 1969, um jovem engenheiro elétrico chamado Ted Hoff teve uma ideia ao mesmo

tempo simples e inteligente. Holf acabara de ingressar na Intel Corporation, uma empresa que

se iniciava no ramo dos semicondutores e fora designado para um projeto a fim de produzir

um conjunto de doze microchips para uma nova calculadora em desenvolvimento pela

empresa japonesa de produtos eletrônicos Busicon. Cada chip seria destinado a uma função

diferente: um executaria os cálculos, um controlaria o teclado, um exibiria as imagens na tela,

um controlaria a impressão e assim por diante. Tratava-se de uma missão delicada, alguns

chips precisariam conter até 5.000 transistores, e todos eles precisariam encaixar-se

precisamente dentro do aparelho, e Hoff temia que o custo total do conjunto de chips acabasse

excedendo o orçamento da empresa. Ele, então, deixou de lado o plano original do cliente e

adotou uma metodologia completamente diferente. Em vez de tentar encher a calculadora com

uma dúzia de chips especializados, Hoff decidiu criar um único chip para tudo, uma unidade

de processamento central, que poderia incumbir de muitas funções diferentes. Dois anos

depois, a ideia de Hoff teve sucesso quando a Intel revelou seu semicondutor 4004, o primeiro

microprocessador do mundo (CARR, 2009, p. 1).

Ao apresentar o cérebro para uma nova geração de computadores pequenos e fáceis de

programar, o microprocessador mudou o curso não só da computação, mas também do

comércio. Embora os computadores fossem usados nas empresas desde 1951, seu tamanho,

complexidade e inflexibilidade tendiam a limitar o uso em tarefas rotineiras rigidamente

definidas, como o processamento de folhas de pagamento, discriminação de inventários e

execução de cálculos de engenharia. O microprocessador programável desencadeou toda a

potência do computador, permitindo-o ser usado por todos os tipos de pessoas, para todos os

tipos de coisas, e em todos os tipos de empresas (CARR, 2009, p. 2).

Ainda segundo Carr (2009, p. 2) a invenção de Hoff promoveu o surgimento de

inovações na computação empresarial. Em 1975, apareceu o primeiro computador pessoal

produzido em massa. Em 1976, o primeiro programa de planilhas, o VisiCalc, foi posto à

venda, seguido, em 1979, pelo WordStar, o primeiro processador de textos para PC (personal

computer), e pelo primeiro sistema de banco de dados relacional Oracle. Em 1982, a

introdução do TCP/IP, um conjunto de protocolos de comunicação por rede, abriu caminho

para a moderna internet. Em 1984, chegou o Macintosh, com sua interface gráfica fácil de

usar, assim como a primeira impressora a laser de mesa. Em 1989, os e-mails começaram a

fluir pela internet, e em 1990, foi inventada a World Wide Web por Tim Berners-Lee. À

medida que a década de 1990 prosseguia, proliferavam os websites e as intranets corporativas.

Cada vez mais transações comerciais começaram a ser realizadas on-line, e os fabricantes de

softwares criaram novos programas sofisticados para administrar tudo, desde aquisição de

suprimentos até a destruição de produtos para comercialização, além das vendas.

Juntamente com a retirada das restrições governamentais sobre o comércio, a

proliferação dos equipamentos e programas de computação foi o principal fator a dar forma

aos negócios ao longo dos últimos quarenta anos. Atualmente, poucos ainda questionam que a

tecnologia da informação tornou-se a espinha dorsal do comércio no mundo desenvolvido. Ele

sustenta as operações de empresas individuais, estabelece a união de cadeias de abastecimento

dispersas e relaciona cada vez mais empresas com os clientes a que elas atendem (CARR,

2009, p. 3).

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Uma pesquisa de opinião feita em 1997 conduzida pela Faculdade de Economia de

Londres revelou que os executivos chefes e diretores de grandes empresas, norte-americanas e

europeias acreditavam que, até o final da década, 60% das suas iniciativas na TI seriam

voltadas para obter vantagem competitiva em vez de apenas manter-se atualizado ou

sobreviver. Isso representa uma reviravolta total nas opiniões expressas na década de 1980 e

no início dos anos 1990.

A reviravolta é perfeitamente resumida pela história de Welch que explorou

pessoalmente o funcionamento da internet antes de 1999, quando, durante um período de

férias no México, a esposa colocou-o diante do seu laptop e mostrou-lhe como enviar e-mail e

usar um navegador da rede.

Com o colapso do estouro da internet, o pêndulo começou a oscilar para trás. Ao longo

dos últimos anos, à medida que ficava dolorosamente claro que muitos dos investimentos em

tecnologia da década de 1990 tinham ido para o lixo, começou os olhares indiferentes tanto

em relação às propostas quanto a grandes iniciativas em novas tecnologias.

Segundo Levy (1996, p. 20) a palavra virtual vem do latim medieval virtualis,

derivado por sua vez de virbus, força, potência. Na filosofia escolástica, é virtual o que existe

em potencia e não em ato. O virtual tende a atualizar-se, sem ter passado, no entanto, à

concretização efetiva ou formal. Em termos rigorosamente filosóficos, o virtual não se opõe

ao real, mas ao atual: virtualidade e atualidade são apenas duas maneiras de ser diferentes.

Segundo Lévy (1996, p. 21), durante o ato da comunicação, em um primeiro

momento, ocorre a transmissão de informação e, num segundo momento, essa mesma

informação carrega em seu bojo uma certa intencionalidade, que, durante o diálogo, ganha

sentido. “Seria a transmissão de informações a primeira função da comunicação? Decerto que

sim, mas em um nível mais fundamental o ato de comunicação define a situação que vai dar

sentido às mensagens trocadas” (LÉVY, 1996, p. 21).

Em plena era da informática, a Internet é o veículo de comunicação em que a

informação é processada em tempo real, de uma forma interligada e globalizada. Quando um

indivíduo se depara com um texto escrito em seu microcomputador, incondicionalmente

busca conhecer o conteúdo desse texto, seguido logicamente de seu próprio interesse.

Utilidades das TICs

No decorrer dos tempos, as tecnologias utilizadas pelos educadores como: quadro-

negro, giz e livros didáticos já não são mais vistas como tecnologias educativas, pois limitam

o acesso às informações não suprindo as necessidades dos estudantes e professores. Essas

tecnologias ainda são usadas e serão por muito tempo, mas nem por isso podemos fechar os

olhos para as novas Tecnologias da Informação e Comunicação, as denominadas TICs que

estão presentes em nosso meio social.

“A escola, como um espaço privilegiado para a apropriação e construção de

conhecimento, tem como papel fundamental instrumentalizar seus estudantes e professores

(...)” (NEVADO,1999, p. 2).

A escola muda lentamente em relação aos avanços tecnológicos da sociedade, mas o

importante é ela não parar, estar em constante busca, inovando para que seus estudantes

encontrem nela recursos tecnológicos que enriquecem o ambiente de aprendizagem onde

todos interagem com um fim comum, a busca do conhecimento.

Com os avanços tecnológicos no meio social, a escola também sente a necessidade de

oferecer aos seus estudantes meios que possam ser utilizados para desenvolver a

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

aprendizagem e tomarem conhecimento dos recursos que já fazem parte da realidade em que

vivem. Visando aproximar mais as questões teóricas, cabe agora, de forma simples e modesta,

apresentar uma alternativa de experimentação das mesmas. Assim segue o delineamento de

uma proposta de trabalho por projetos a ser executada durante as práticas pedagógicas.

Com o uso das TICs, professores e alunos têm a possibilidade de utilizar a escrita para

descrever/reescrever suas ideias, comunicar-se, trocar experiências e produzir histórias.

Assim, em busca de resolver problemas do contexto, representam e divulgam o próprio

pensamento, trocam informações e constroem conhecimento, num movimento de fazer,

refletir e refazer, que favorece o desenvolvimento pessoal, profissional e grupal, bem como a

compreensão da realidade. Temos assim a oportunidade de romper com as paredes da sala de

aula e da escola, integrando-a à comunidade que a cerca, à sociedade da informação e a outros

espaços produtores de conhecimento, aproximando o objeto do estudo escolar da vida

cotidiana e, ao mesmo tempo, nos transformando em uma sociedade de aprendizagem e

também da escrita (ALMEIDA, 2001, p. 4).

Com a chegada das novas Tecnologias da Informação e Comunicação nas escolas, a

Internet entra como mais uma fonte de pesquisa, trocas de informações, comunicação e

interação no processo de aprendizagem.

De acordo com Hamacher (2000, p. 21) o conhecimento técnico é importante, porém

não é o suficiente. Em um processo de implantação de um ambiente de apoio decisões, como

o da ferramenta proposta, o primeiro conceito que embasa o seu desenvolvimento é o de

Sistemas de informações (SI). Conhecer os SI proporciona uma visão de conjunto que

favorece a efetividade nos momentos de tomada de decisão.

Baseados na Tecnologia de Informação e Comunicação (TICs), os SI devem sem

capazes de processar transações de forma rápida e precisa; armazenar e acessar rapidamente

grande volume de dados; prover comunicação rápida; reduzir sobrecarga de informações,

além de fornecer suporte para a tomada de decisões.

Albertin e Moura (2002, p. 176) definem que os benefícios de TICs podem então ser

definidos como custo, produtividade, flexibilidade, qualidade e inovação, sendo que estes

benefícios podem ser entendidos como a oferta que esta tecnologia traz para as instituições.

Os vários usos de TICs podem apresentar proporções diferentes dos benefícios oferecidos, de

acordo com o tipo de aplicação e nível de reconfiguração.

Assim, o uso da TICs na educação caminha no sentido da produção compartilhada de

conhecimento, favorecida pela resolução de problemas ou desenvolvimento de projetos, nos

quais a escrita, por meio da TICs, induz à liberdade de expressar e comunicar sentimentos,

registrar percepções, ideias, crenças e conceitos, refletir sobre o pensamento representado e

reelaborá-lo.

A aprendizagem por projetos ou situações-problema ocorre por meio da interação e

articulação entre conhecimentos de distintas áreas, conexões estas que se estabelecem a partir

dos conhecimentos cotidianos dos alunos, cujas expectativas, desejos e interesses são

mobilizados na construção de conhecimentos científicos. Os conhecimentos cotidianos

emergem como um todo unitário da própria situação em estudo, portanto sem fragmentação

disciplinar, e são direcionados por uma motivação intrínseca. Cabe ao professor provocar a

tomada de consciência sobre os conceitos implícitos nos projetos e sua respectiva

formalização, mas é preciso empregar o bom senso para fazer as intervenções no momento

apropriado (MORAES, 1997, p. 2).

Atualmente a escola não satisfaz mais os estudantes, eles não têm interesse nos

conteúdos apresentados, pois muitos estão fora de suas necessidades e conforme estudos

desenvolvidos, o trabalho por projetos surge do interesse dos estudantes, onde o mesmo

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

buscará o conhecimento suprindo as suas necessidades e com isso sua aprendizagem se

tornará efetiva e significativa.

Santomé (1998, p. 206), afirma que: o processo educacional precisa apoiar-se nos

interesses dos estudantes, mas também deve gerar novos interesses. “Um bom projeto

curricular tem que ser prazeroso e educacional ao mesmo tempo; tem de propiciar uma certa

continuidade nos aprendizados”.

O uso da rede mundial de computadores, como ferramenta de grande utilidade para o

processo de educação a distância, não deve apenas resolver as questões referentes a distâncias.

O uso da TICs no desenvolvimento de projetos ou na resolução de situações-problema

permite o registro desse processo construtivo, funcionando como um recurso de diagnóstico

sobre o nível de desenvolvimento dos alunos, suas dificuldades e potencialidades, e,

principalmente, favorecendo-lhes a identificação e correção dos erros e a constante

reelaboração, sem perda do que já foi criado.

As tecnologias trazem um mar de possibilidades para utilização no âmbito

educacional, entre eles um melhor aproveitamento pedagógico, de forma a potencializar o

processo de ensino aprendizagem. Podemos encontrar muitas propostas de metodologias,

ferramentas e atividades a serem desenvolvidas pelos alunos na rede interna das instituições e

também na internet. Realmente enquanto educadores não podemos ficar parados diante de

tantas oportunidades que nos afrontam. Não só devemos, mas temos o dever de aproveitá-las

da melhor forma, o dever de buscar novos pensamentos e de estarmos sempre atualizados.

Independente das novas tecnologias é necessário inovar o fazer pedagógico na

educação. As redes de comunicações possibilitam espaços para que a aprendizagem

cooperativa ocorra dentro e fora das salas de aula, a Internet vem facilitar essa cooperação.

Cabe a nós professores, aproveitar essas tecnologias em benefício da educação,

fazendo com que os estudantes saiam da escola preparados para a vida, para enfrentarem a

competitividade do mercado de trabalho, conscientes da realidade que os espera.

Aprendizagem colaborativa em ambientes virtuais

A aprendizagem seja em ambiente virtual ou não, deve ser proporcionada a partir da

participação de todos os envolvidos garantindo uma rede de interações propiciada por

recursos comunicacionais. Num ambiente virtual de aprendizagem a interação é fator

fundamental na construção do conhecimento, onde professor e aluno devem ter garantido uma

bidirecionalidade na emissão e recepção de mensagens, potencializando a comunicação. É

através da colaboração e participação que se dá a aprendizagem significativa (SANTOS,

2004).

A questão é manter uma educação à distância em que os envolvidos mantenham uma

postura na qual cada um possa garantira a interatividade no grupo, seja questionando,

buscando informações, trocando ideias e textos escritos, propiciando uma formação baseada

em interesse que mesmo comum a todos, seja possibilitado a cada integrante construir seu

conhecimento a partir das especificidades de cada um, ou seja, “ser capaz de atender as

demandas dos novos ambientes online de aprendizagem, (...) de se perceber como parte de

uma comunidade virtual de aprendizagem colaborativa e desempenhar o novo papel a ele

reservado nesta comunidade” (SANTOS, 2004, p. 57)

De acordo com Franco, Braga e Rodrigues (2011, p. 15) a aprendizagem colaborativa

em cursos virtuais pode ser definida “como um processo estratégico de comunicação

educativa no qual dois ou mais sujeitos constroem o seu conhecimento através da discussão,

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

da reflexão e da tomada de decisões”. Nesse contexto, os recursos da tecnologia da

informação atuam como importantes e eficazes mídias do processo de ensino-aprendizagem

virtual, presencial, semipresencial ou à distância.

Os ambientes e seus recursos tecnológicos proporcionam uma interatividade entre o

aluno e o ambiente, criando no aluno uma consciência de sala de aula virtual que o incentiva à

sua aprendizagem.

Na aprendizagem colaborativa, o aluno é responsável pela sua própria aprendizagem e

pela aprendizagem dos outros membros do grupo. Os alunos constroem conhecimento através

da reflexão da discussão em grupo. A troca ativa de informações instiga o interesse e o

pensamento crítico, possibilitando aos alunos alcançarem melhores resultados do que quando

estudam individualmente. Na aprendizagem colaborativa, os professores deixam de ser uma

autoridade para se transformarem em orientadores (FULKS et al, 2006, p. 369).

Na aprendizagem colaborativa valoriza-se a participação do aprendiz e suas

competências em resolver problemas. Se o aluno demonstrou ter as competências necessárias

a partir de suas participações no curso, então passa de fase, de modo semelhante ao que ocorre

nos videogames.

Além dos recursos para administração de conteúdos, tarefas, etc., esses ambientes são

compostos por ferramentas que, segundo Franco, Braga e Rodrigues (2011, p. 16), entre

outras coisas proporcionam: a interação por meio de atividades síncronas e assíncronas, entre

alunos/conteúdos, alunos/formadores, formadores/alunos e alunos/alunos; o

compartilhamento de informações pessoais e profissionais (que constam num perfil, por

exemplo): conhecimento prévio das experiências pessoais, profissional, línguas e culturas dos

alunos e dos professores; a troca de ideias entre professores e alunos; a participação em

discussões temáticas (conduzidas ou não), a valorização da adversidade, das diferenças, etc.; o

desenvolvimento de trabalhos em grupos; o compartilhamento entre colegas de trabalhos

individuais, e, a construção do conhecimento do aluno com a colaboração dos outros

participantes do grupo.

A EaD – Ensino a Distância - é caracterizada quando o ensino e a aprendizagem

acontecem em sala aula virtual mediada por tecnologias onde a comunicação estabelecida no

ambiente online deve favorecer o intercâmbio de informações entre participantes do processo.

Os ambientes virtuais para EaD são elaborados por vários profissionais de conhecimento

específico, o que contribui para um bom desenvolvimento do ensino da aprendizagem, pois o

mesmo deve ser construído a fim de favorecer o envolvimento do aluno de forma colaborativa

no ambiente e o leve a sistematizar sua prática de estudos, promovendo assim, o

processamento das informações para gerar conhecimento (SANTOS, 2004).

Este é um processo pedagógico que ultrapassa os espaços da escola, permitindo que

professores e alunos tenham a possibilidade do desenvolvimento da aprendizagem

colaborativa através do intercâmbio de informações.

O ensino da língua inglesa

A linguagem é o principal instrumento para a expressão do ilimitado leque de relações

que constituem a existência do homem. Com a evolução da tecnologia e ciência vem

dependendo cada vez mais da troca de informações, o que coloca a linguagem no cerne da

questão da eficiência e do controle dessas informações. A globalização da informação, graças

a Internet, que permite a instantânea partilha dessa informação, implica a necessidade de um

instrumento linguístico comum entre os povos para permitir esse intercâmbio.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

De acordo com Celani (1996 apud NICHOLLS, 2001) o desconhecimento de uma

língua estrangeira constitui, muitas vezes, um entrave que fecha o acesso ao mundo moderno,

que impede o consumo de conhecimentos produzidos no estrangeiro, além de cercear a

contribuição ativa e eficiente na produção e no desenvolvimento científico e tecnológico

internacional.

Nos dias atuais torna-se indispensável o conhecimento de pelo menos uma língua

estrangeira, para se ter mais acesso a informações e para maior participação do mundo

moderno, o que contribuirá positivamente para o crescimento pessoal, cultural, científico e

profissional.

Atualmente, a LDB 9.394, é favorável ao ensino de línguas estrangeiras, tornando

compulsória a inclusão de, pelo menos uma língua estrangeira no currículo escolar e de ensino

fundamental e médio.

A aprendizagem do inglês, tendo em vista o seu papel hegemônico nas

trocas internacionais, desde que haja consciência crítica desse fato, pode

colaborar na formulação de contra-discursos em relação às desigualdades

entre países e entre grupos sociais (...). Assim, os indivíduos passam de

meros consumidores passivos de cultura e de conhecimento a criadores

ativos: o uso de uma língua estrangeira é uma forma de agir no mundo para

transformá-lo. A ausência dessa consciência crítica no processo de ensino e

aprendizagem de inglês, no entanto, influi na manutenção do status quo ao

invés de cooperar para sua transformação. (BRASIL, 1998, p. 40).

A aprendizagem de língua inglesa é uma possibilidade de aumentar a autopercepção

do aluno como ser humano e como cidadão. Por esse motivo, ela deve centrar-se no

engajamento discursivo do aprendiz, ou seja, em sua capacidade de se engajar e engajar

outros no discurso de modo a poder agir no mundo social.

Todo tempo é tempo de conhecer e de exigir um novo modelo de ensino. Um ensino

interativo; um ensino interessante, atual e real. E, principalmente, um ensino exigente, que

desperte no estudante a responsabilidade de atualizar-se, de buscar informações e de manter-

se atento às mudanças.

Este novo posicionamento no ensino, implica aprender a aprender, traduzindo a

capacidade de refletir, analisar e tomar consciência do que se sabe, buscar novas informações,

adquirir novos conhecimentos resultantes da rápida evolução.

Segundo Fabiano (1999) reconhece-se a importância de focalizar o processo de

aprendizagem, mais do que a instrução e a transmissão de conteúdo, lembrando que hoje é

mais relevante o “como” você sabe do que “o que e o quanto” você sabe. Aprender é saber

realizar. Conhecer é compreender as relações, é atribuir significados às coisas, levando em

conta não apenas o atual, mas também o passado.

O que se observa é que não se aprende a língua para fins comunicativos, ensina-se

falar sobre a língua, mas não a falar a língua, a fazer uso dela para se comunicar, numa triste

demonstração do total desprezo ou mesmo desconhecimento dos princípios e pressupostos

que subjazem ao ensino de línguas,

A língua inglesa com meio de comunicação de várias comunidades interage dentro de

um espaço geográfico e esta por sua vez se relaciona com outras comunidades no mundo,

promovendo um processo de ensino-aprendizagem transformador da sociedade.

O ensino da língua inglesa vem mostrando sinais de mudanças através da sua

aplicabilidade, apesar de sua tendência tradicional, um ensino de uma língua estrangeira

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orientada para o desenvolvimento de habilidades específicas faz aumentar a motivação do

aluno pelo rápido aprendizado. E, diante dessa nova realidade, a inserção da tecnologia no

processo de aprendizagem da língua inglesa contribui muito para uma mudança na vida dos

agentes de aprendizagem.

LiveMocha uma rede social para ensino da língua inglesa

A utilização das Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (NTIC) na

educação tem gerado nos últimos tempos muitas opiniões no âmbito escolar em relação as

suas vantagens e desvantagens, envolvendo interrogações e reflexões acerca da atual situação

das escolas públicas. É um processo lento, mas percebem-se pequenos resultados, entre os

quais, a consciência de muitos docentes, devido às constantes transformações e revoluções

tecnológicas.

Enfatizando essa questão, Proserpio e Gioia (2007 apud REGO, 2010, p. 64) apontam

que a rotina dos jovens de hoje inclui várias horas em frente ao computador, seja em casa ou

em cibercafés. É grande a disseminação das ferramentas de Internet, simulações e jogos de

computador e ferramentas de comunicação mediada por computador na vida cotidiana da

nova geração de estudantes. Tais estudantes participam ativamente de comunidades virtuais,

se relacionam por mensagens instantâneas e buscam informações sobre diversos temas na

Internet.

O site Livemocha é uma comunidade mundial de aprendizagem de idiomas com

métodos de aprendizagem com a prática online e interação com falantes nativos ao redor do

mundo. Foi lançado em 2007 e conta com 14 milhões de membros em mais de 195 países,

com destaque para a demanda internacional por uma abordagem envolvente e colaborativa

para aprendizagem de línguas.

A etimologia da palavra Livemocha, segundo estudos de Quadros (2011), vem do

casamento entre duas palavras: Live e Mochaccino. A palavra "Live” é referida como todo o

tipo de comunicação em tempo real do site, em que os sujeitos da comunidade interagem

através de chats, mensagens e correções de lições feitas por um membro ao mesmo tempo. Já

a palavra “Mocha” tem origem italiana (mochaccino) e denota um tipo de café com chocolate.

A justificativa dada pelos fundadores do ambiente virtual para a escolha do nome

Livemocha trata de salientar que a empresa que presta esse serviço está situada nos Estados

Unidos, na cidade de Seattle, conhecida pelo seu café tradicional. Outra referência é dada ao

prazer que as pessoas dessa cidade têm em se encontrar para beber um café e assim fazem

uma analogia ao prazer de se encontrar virtualmente para aprender um idioma.

A Internet está revolucionando a questão sociocultural das pessoas e, atualmente, os

indivíduos têm o compromisso de se familiarizar com essa ferramenta, já que é cobrado esse

tipo de conhecimento imprescindível para qualquer área. Marshall (2010 apud QUADROS,

2011) tece a ideia de que quando há uma grande promoção na comunicação interativa,

hipertextual e virtual, a Internet se configura em um ambiente amistoso para o

desenvolvimento do aprendizado de uma língua estrangeira. Segundo a autora, a comunicação

entre indivíduos no meio eletrônico possibilita que a abordagem comunicativa se torne efetiva

na ação pedagógica, ainda a ser consolidada efetivamente na escola. Para tanto, o estudante de

uma língua estrangeira precisa se envolver em situações, contextos sociais e culturais

autênticos na língua-alvo. É importante que ele realmente produza sentidos de forma

colaborativa com seus interlocutores, buscando agir socialmente.

A aprendizagem da língua inglesa no Livemocha é interpretada na teoria como o

objeto/motivo. Os sujeitos motivados a aprender o idioma estrangeiro buscam transformar

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esse objeto em resultado. Essa transformação só é possível por conta do domínio oriundo da

prática com acertos e erros que os sujeitos têm sobre o computador e todas as possibilidades

tecnológicas. A Internet, em especial, o site do Livemocha, é vista na Teoria da Atividade

como a ferramenta de mediação (QUADROS, 2012).

O site oferece recursos para iniciar conversas ao vivo em texto ou áudio com outros

estudantes. A própria rede de pessoas no curso oportuniza opções de revisão de textos e

conversas.

Quadros (2011) nos explica que o Livemocha divide as lições em quatro partes: a)

aprender – Nesse item, o aluno tem mais de 30 lições para ler e ouvir o texto e o áudio

correspondente; b) Revisão – Aqui o aprendiz tem uma aleatória série de exercícios de leitura,

compreensão oral, visando reforçar o que foi desenvolvido no curso; c) escrever – A partir da

compreensão da escrita das palavras com a compreensão do vocabulário aprendido, o

indivíduo fará suas primeiras produções de texto, sendo para realizar descrições ou

especificações de um determinado item; d) falar – Nessa lição o aluno pode gravar uma

mensagem para praticar suas habilidades de expressão oral e recebe dicas da comunidade do

Livemocha.

Há uma forma de avaliação de desempenho no aprendizado de um idioma entre os

usuários ocorre através de um sistema de pontos, chamados mochapoints, um recurso que

determina o desenvolvimento do aprendiz, cujo acúmulo permite aos associados avaliar as

contribuições entre si e monitorarem a proficiência linguística.

Conclusão

As TIC, amplamente disseminadas nos espaços cotidianos, impulsionadoras de

integração entre pessoas de diferentes partes do mundo, ainda não foram suficientemente

incorporadas nos sistemas educacionais. A educação a distância, que seria facilitada com o

uso das mesmas reproduz na prática o modelo de transmissão unilateral, adotado pelo ensino

presencial.

Constata-se que as TIC têm na prática educacional um papel extremamente reduzido.

Para os sujeitos envolvidos no processo, especialmente nos processos de educação a distância,

é evidente que as TIC têm o potencial de diminuir as fronteiras e ampliar a circulação da

informação, ocasionando a construção do conhecimento.

Aprender um idioma por meio de uma rede social já é realidade. Segundo o site do

Livemocha, mais de 12 milhões de pessoas são membros dessa comunidade, onde cerca de 5

milhões são brasileiros aprendendo uma nova língua por meio de recursos como bate-papo,

recursos multimídia – como vídeos de aprendizado, e-books, audio-books e outros materiais

de estudo.

Os dados sugerem que, mesmo um ambiente virtual possuindo os melhores recursos

disponíveis para a aprendizagem, é relevante a aprendizagem ser acompanhada por uma

pessoa com mais experiência ou mesmo um professor. Esse fator é para a manutenção e

sustentação dessa aprendizagem virtual. É evidente que essa realidade dependerá de uma

iniciativa pessoal.

Outro ponto que se acrescenta é o aspecto social deste método de aprendizagem

online, pois o sujeito está imerso em uma realidade de aprendizagem autêntica, com a

possibilidade de estabelecer laços de amizade e parceria autênticos, podendo ser valiosos para

o futuro desses aprendizes. Nesse sentido os nativos de uma determinada língua meta seriam

capazes de dar aos sujeitos ajuda adicional fora da sala de aula.

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A integração da tecnologia na aprendizagem de línguas pode potencializar a

aprendizagem dos alunos. No entanto, o professor precisa manter um monitoramento efetivo a

fim de verificar a eficiência dos alunos nesse ambiente virtual, buscando regular as estratégias

e evitar que os alunos se dispersem ou se desinteressem pelo aprendizado online.

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A Atuação do Pedagogo na Empresa: A Aplicação

Eficiente e Eficaz da Pedagogia Empresarial

André Alves Prado

Mestre em Educação com Menção em Gestão Educativa pela Universidad Politécnica Salesiana Ecuador,

Docente Graduação/Pós-Graduação FATEA e Extensão Universitária EEL USP

Elaine Machado da Silva

Graduada em Pedagogia

Mônica Aparecida Batista da Silva Cardoso Graduada em Pedagogia

Resumo

O presente trabalho visa desenvolver uma pesquisa sobre a atuação de pedagogos nas empresas

objetivando a melhoria da prestação de serviço nas organizações. Atualmente esse profissional vem

conseguindo abrir seu espaço junto às organizações a fim de promover projetos, solucionar

problemas, formular hipóteses e visa também à melhoria do serviço oferecido pela empresa, por isso

a pesquisa se justifica a partir do paradigma de que o pedagogo é somente professor de ensino

fundamental, pedagogia empresarial vem assumindo novos cenários organizacionais delimitados pela

organização, execução de bons projetos e treinamentos para uma nova base de gestão de pessoal. Isto

permite uma renovação no espírito dos funcionários e no desenvolvimento da empresa, promovendo

atitudes transformadoras e assim direcionando os negócios, objetivando atingir as exigências do

mercado e sociedade atual. A metodologia deste estudo segundo GIL (2008) realizado a partir de

estudo exploratório com delineamento de pesquisa bibliográfica, desenvolvida através de pesquisa

bibliográfica, por meio de artigos, livros e publicações on-line. Após análise bibliográfica, percebe-se

que para enfrentar os desafios da Nova era Globalizada, as empresas têm que gerar capacidades

decorrentes da distribuição de práticas e funções, assim o pedagogo é de suma importância no âmbito

empresarial, pois ele irá analisar e direcionar os funcionários e a empresa para melhorias

objetivadas.

Palavras-chave

Pedagogia Empresarial; Organização; Desenvolvimento.

Abstract This study aims to develop a research on the role of educators in companies aiming to improve service

delivery in organizations. Currently this Professional has been able to open his space with

organizations to promote projects, solve problems, formulate hypotheses and also aims to improve the

service offered by the company, that is why the research is justified from the paradigm that the teacher

educator is only na elementary education teacher, pedagogy business has been assuming new

organizational scenarios delimited by the organization, implementation of good projects and training

for a new base of personnel management. This allows a renewal in the spirit of the employees and the

company development, promoting changing attitudes and thus directing the business, aiming to meet

the demands of the current market and society. The methodology of this study according GIL (2008)

conducted from exploratory study with bibliographic research design, developed through

bibliographic research , using articles, books and online publications. After bibliographic analysis, it

is realizable that to meet the challenges of the New Globalized Era, companies must generate

capabilities arising from the distribution of functions and practices, so the educator is of Paramount

importance in the business scope, because it will analyze and direct employees and the company for

aimed improvement.

Keywords

Business Pedagogy; Organization; Development.

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1. Introdução

As empresas possuem fundamentos teóricos diferenciados em relação ao

desenvolvimento e treinamento de pessoal. Estas empresas buscam profissionais capacitados e

especializados para liderar equipes e trabalhar com pessoas em situações adversas. As

tecnologias, em constante modificação, alteram o cenário das organizações. Para acompanhar

essas alterações, os funcionários devem estar preparados a essas mudanças, visando atender às

necessidades das organizações.

O trabalho do pedagogo empresarial deve ser de estruturação e reestruturação em

determinadas áreas problemáticas da empresa.

Segundo Cagliari (2009)

[...] O pedagogo empresarial está inserido auxiliando no, desenvolvimento

das competências e habilidade de cada individua, para que cada

profissional saiba lidar com varias demandas, com incertezas, com várias

culturas ao mesmo ao mesmo tempo, direcionando o resultado positivo em

um mercado onde a competição gera mais competição.

Com esse trabalho desenvolvido pelo pedagogo, as transformações serão lentas, mas

efetivas, pois mudanças necessitam de persistência e resiliência com esses princípios e

trabalho se observará ao final conquista significativas. Com tudo podemos afirmar que a

combinação pedagogo e empresa são de suma importância, tendo em vista que ambos visam o

mesmo objetivo a formação de cidadãos críticos e com competências para tal função.

2. Revisão de Literatura

2.1 A pedagogia

Pedagogia é um tema muito rico, mas por ser extremamente extenso requer estudos

aprofundados e muita pesquisa. As gerações passadas foram grandes desbravadores nesse

campo e nos dias atuais está estático necessitando de novas pesquisas, ousadia para que se dê

continuidade ao trabalho iniciado anteriormente.

Pedagogia tende para um objetivo prático definido, através de meios

(processos e técnicas de ensino) eficientes para alcançá-los Komenisky,

considerado pai da pedagogia cujo sobrenome foi latinizado para

Comenius, recebeu esse titulo pela descoberta de que o estudante merece

cuidados especiais para efetivação de uma aprendizagem mais produtiva e

deleitosa (Greco, 2005)

A experiência e os sentidos eram de suma importância para Comenius, que propôs

sistemas educativos para a infância e universitários, tinha uma doutrina filosófica para uma

universalização do saber suas reformas educativas e as inovações por ele introduzidas o

fizeram ser chamado em vários países para por em prática suas teorias pedagógicas. Morreu

em Amsterdã em 15 de novembro de 1670.

Os métodos de ensino a partir daí sucederam-se no intuito de propor aos alunos

aprendizado de acordo com sua faixa etária progredindo para uma eficácia no ensino.

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2.2 Definição de pedagogia

Campos de conhecimentos que abriga os saberes da área da educação. Na Grécia

antiga, pedagogo era o nome dado ao escravo que acompanhava as crianças para o local de

aprendizado não era o instrutor e sim o responsável pela melhoria da conduta dos mesmos

passando assim as normas de boa educação.

A concepção diz que a pedagogia é a parte normativa do conjunto de

saberes que precisamos adquirir e manter se quisermos desenvolver uma

boa educação, é mais ou menos consensual entre os autores que discutem a

temática da educação (Greco, 2005)

2.3 O psicólogo e o pedagogo nas organizações

No âmbito empresarial, psicólogo e pedagogo vêm atuando junto às dificuldades da

organização ligadas aos assuntos de recursos humanos, na gestão de pessoal proporcionando

integração do funcionário junto à diretoria, em ações resolutivas de conflitos para maior

rendimento no exercício das tarefas do pessoal.

Psicólogo é o profissional qualificado para o exercício da psicologia, utiliza de

métodos e técnicas, que tem como foco principal o funcionamento da mente, emoções e o

comportamento humano. O psicólogo deve atuar diretamente no comportamento humano

visando técnicas de investigar os problemas psicossociais no contexto do trabalho. “O papel

do psicólogo organizacional é criar metodologias de intervenção, que auxilie todo o grupo a

mover ou agir no sentido de mudar a si mesmo, assinalando novos moldes intelectuais e de

conduta.”. (Silva, 2009)

O Pedagogo é um mediador do processo de aprendizado, pesquisador, gestor. Esse

profissional tem domínio da ciência pedagógica que fundamenta sua atuação. Segundo

Giroux, (2000) “O pedagogo precisa colocar na condição de um eterno aprendiz buscando

desenvolver profissionalismo, integridade e responsabilidade, capacitação na área educacional

deixando de serem meros executores para se tornarem intelectuais transformadores”.

O que se encontra atualmente é um conjunto de profissionais mais interessados em

manter as aparências, seguindo as culturas empresariais de alienação e não definindo

transformações e processos de mudança abandonando paradigmas de que as tarefas de um RH

são burocráticas.

Para que as empresas modifiquem o seu modelo de gestão e cresça, o RH necessita ser

modificado atraindo olhares e perspectivas de crescimento e desenvolvimento.

O que se tem visto como políticas de RH em muitas organizações são:

jornais internos, festas de confraternização ao final do ano, flores para as

mulheres no dia da internacional da mulher, cartões de aniversario, dia das

mães e dos pais e outras atividades dessa natureza e sem a mínima

acuidade. (Silva, 2009)

As organizações atualmente visam novas competências dos funcionários, tendo em

vista o mundo globalizado e suas exigências. A tarefa do pedagogo empresarial estará focada

em analisar as necessidades e deficiências das organizações e assim desenvolver projetos

voltados ao aprimoramento das mesmas visando trabalhadores críticos analíticos, ativos que

resolvam seus problemas e trabalhem em equipe sendo flexíveis as necessidades e

transformações atuais.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

O psicólogo deve atuar diretamente no comportamento humano visando técnicas de

investigar os problemas psicossociais no contexto do trabalho.

De acordo com Silva (2009) “Mas o verdadeiro reconhecimento da atuação desses

dois profissionais na organização dar-se-á somente mediante ao aproveitamento real de todas

as capacidades [...]”.

Para isso, os profissionais devem se especializar profissionalmente tendo em vista o

ser humano e as necessidades das organizações, mas sempre estando cientes de que estão

gerindo pessoas e que a mesma tem necessidades especificas e devem aprimorá-las para um

rendimento satisfatório para ambas as partes.

2.4 Os profissionais de pedagogia no ambiente empresarial

A pedagogia empresarial é uma possibilidade de atuação do pedagogo muito recente

no Brasil surgiu pela necessidade de preparação na formação de pessoal. Essa preocupação,

no entanto se dá pela necessidade de um melhor desempenho e formação profissional que foi

incentivada inclusive por ações governamentais para sua operacionalização como, por

exemplo, a lei nº 6.297/75.

Portanto o pedagogo atua na área de desenvolvimento de recursos humanos, sendo

responsável pela preparação e voltada para as necessidades da organização.

A função do pedagogo empresarial é a qualificação de pessoal nas diferentes áreas do

saber empresarial gerando qualidade e produtividade.

Dessa maneira esse profissional atua como articulador entre desenvolvimento de

estratégias organizacionais desenvolvendo atividades no departamento de recursos humanos.

Em outras palavras, as ações deste departamento ultrapassam os aspectos

instrumentais e tornam-se mais sensíveis a dinâmica das ralações entre

individuo e sociedade; compreendem que o espaço organizacional é,

sobretudo, um espaço de valorização da dimensão e da dignidade humana.

(RIBEIRO, 2010, p.10).

Na perspectiva do RH, o pedagogo transforma os indivíduos de maneira a valorizá-lo e

gerar mudanças. A empresa também é um espaço educativo que visa atividades objetivadas e,

portanto a pedagogia visa garantir estratégias para o aprimoramento de conhecimento com

ideias e objetivos pré definidos e provocar assim mudanças no desempenho individual. “Nesta

perspectiva, a pedagogia empresarial se ocupa basicamente com conhecimentos, as

competências e habilidades e as atitudes diagnosticadas como indispensáveis/necessários da

melhoria da produtividade.”. (RIBEIRO, 2010, p.11)

Assim podemos afirmar que o pedagogo empresarial tem uma vasta gama de atuação

nas organizações trabalha em conjunto com RH e prepara os indivíduos para atuarem em suas

áreas de maneira satisfatória para a empresa e para os colaboradores que trabalharem nela.

2.5 O processo de aprendizagem dentro da empresa

Desde que o ser humano nasce, entra em um processo de aprendizado, primeiro na

família, depois na escola, na rua, na empresa onde trabalha. Enfim, em vários lugares. Assim

pode-se dizer que seria inconcebível o homem sem aprendizagem, em qualquer momento da

vida ele deverá estar em um ambiente de aprendizado permanente. Nesse âmbito o pedagogo

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

empresarial atua, visa sempre melhoria da qualidade na prestação de serviços e a vida pessoal

do individuo.

Atualmente a empresa começa abrir espaço para que este profissional

possa de maneira consciente e competente, proporcionar um ambiente que

se esteja solucionando problemas, elaborando projetos formulando

hipóteses visando à melhoria dos processos instituindo, na empresa,

garantindo a qualidade do atendimento contribuindo para a instalação da

cultura institucional da formação continuada dos empregados. O pedagogo

poderá atuar na empresa produzindo e difundindo conhecimento, assim,

exercendo seu papel de educador. (Gonçalves, 2009)

Atualmente, as empresas almejam um diferencial, e por conta disso investem no

capital humano, e também na construção do conhecimento por parte do trabalhador. Essas

empresas focalizam a comunicação entre indivíduos.

Nesta nova realidade, entra a conexão que deve existir entre o pedagogo e

a empresa lembrando que o aprendizado é o saber assimilado, isto é, a

construção do conhecimento por cada indivíduo e se estabelece quando a

pessoa encontra um sentido para aprender e do porque aprender.

(GONÇALVES, 2009)

Na era do conhecimento na qual estamos, exige-se que os profissionais se atualizem

constantemente. As habilidades e competências são capacidades necessárias para executar,

analisar e desenvolver com sucesso as tarefas. Nesse processo de aprendizado o pedagogo

empresarial deve ter a habilidade, o olhar, a consciência de que esta desenvolvendo projetos

com seres humanos e que os mesmos devem ser parte ativa nesse processo. Para

Gonçalves(2009) :

A atuação do pedagogo empresarial, à educação integral, isto é, ao

processo de influenciar e sugestionar positivamente os funcionários em

todos os aspectos da sua personalidade. Vão proporcionar o

desenvolvimento da produtividade pessoal nas mais diversas atividades.

Portanto, deve demonstrar com o seu trabalho pratico, na empresa, os

efeitos benéficos da adoção de varias atividades educativos.

Desenvolver pessoas é mais do que informar é sim permitir que elas desenvolvam-se

em todas as habilidades e se tornem eficientes no que fazem. Formar é mais que informar é

enriquecer a pessoa humana e o pedagogo deve conceber a educação como forma de

humanizar os indivíduos.

2.6 Atuação do pedagogo na empresa

A atuação do pedagogo na empresa vai além de técnicas escolares, que são aprendidas

na graduação. Muitas vezes ao terminar o curso de pedagogia, o pedagogo se pergunta: O que

vou fazer em uma empresa? O pedagogo empresarial atua em empresa de todos os tipos tais

como: construção civil, órgãos municipais, estaduais e federais, escolas, hotéis, ONGs,

instituições de capacitação profissional e assessoria de empresas. O mesmo, a partir de seus

conhecimentos, técnicas e práticas, deve ser somado à experiência de outros profissionais na

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constituição de instrumentos importantes, à gestão de pessoas e coordenação de equipe

multidisciplinares, no desenvolvimento de projetos, visando formas de aprendizagem

organizacional significativa, gerando mudanças no ambiente e na definição de políticas

voltadas ao desenvolvimento humano permanente.

Segundo Gonçalves (2009),

O desafio desse novo profissional, diferentemente do que podem pensar

alguns, não se resume a conduzir dinâmicas de grupo e preparar material

de treinamento para o qual as pessoas não estão engajadas ou enxergando

uma necessidade imediata. Isso requer muito trabalho como de observações

cuidadosas principalmente ao que se refere ao capital humano, (Termo

utilizado nas empresas ao referir-se as pessoas que trabalham nelas), para

que com elas seja possível desenvolver estratégias no bom sentido, que

venha favorecer a humanização dentro da empresa.

Essas ações exigem do pedagogo empresarial, observação envolvimento,

desprendimento, ousadia, vontade criatividade e desejo efetivo pela descoberta de como será

desenvolvido seu trabalho na organização.

Assim, o pedagogo terá um olhar filosófico, pedagógico, psicológico por meio dos

colaboradores da empresa em promover ações que não faça com que os mesmos não sejam

objetos que só tenham a necessidade de cumprir os objetivos da empresa.

Uma questão importante para a formação e atuação do pedagogo

empresarial diz respeito ao entendimento dos comportamentos humanos no

contexto organizacional, tendo em vista que toda sua atuação esta pautada

na dimensão humana. As políticas de recursos humanos, por si só, não

garantem mudanças ou comprometimentos mais ou menos efetivos, tem no

elemento o seu ponto - chave. A maneira de agir desse novo profissional

precisa ocorrer de forma relacionada a cooperativa com a dos outros

profissionais de gestão (GONÇALVES, 2009)

O campo de atuação do pedagogo é tão vasto quanto as práticas educativas na

sociedade, onde houver pratica educativa intencional haverá pedagogia. Desta forma, não se

deve associá-las a intenções políticas ou pratica alienadora de massas.

O pedagogo que atua na empresa deve ser cauteloso, pois ao invés de sugerir

programas de treinamento a fim de melhorar a empresa em seus aspectos produtivos e

humanos, ele pode apenas adestrar os colaboradores tornando-os objetos dentro da empresa e

contribuindo para ações desumanizadoras.

O pedagogo devera ser um profissional capacitado para lidar com fatos e

situações diferentes da pratica educativa em vários segmentos sociais e

profissionais, que a sua ação seja holística, devera ser além da relação de

poder. Com essas atitudes ele será capaz aos poucos de romper o conceito

de que só poderia atuar em uma instituição de ensino (GONÇALVES, 2009)

Dentro das organizações, o pedagogo irá planejar, executar, coordenar e avaliar

programas e projetos educacionais dentro da empresa. Através de acompanhamento do

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desenvolvimento do pessoal sob o desempenho e direcionando-o como agente de mudanças

de mentalidade e cultura.

Sua capacidade em lidar com a comunicação e com aprendizagem faz com que ele

conduza as pessoas e direcione suas verdadeiras funções, não implicando a mudança de seu

comportamento, mas ajudando o funcionário a descobrir seu verdadeiro potencial, para que

possa desempenhar sua função de acordo com as necessidades de cada organização.

As mudanças no mercado de trabalho exigem atualização, nesse sentido o pedagogo

empresarial deve ser valorizado nas organizações, pois ele contribui para o processo de

crescimento dos indivíduos por meio de atividades formativas, trabalha o lado humano dos

funcionários: busca mobilizar o trabalhador nas dimensões: intelectuais, físicas, emocionais,

atitudinais, entre outras. Trabalha sempre com sutileza, utiliza métodos de autocontrole para

entender e atender as exigências do mercado.

2.7 Pessoas, Técnicas e Treinamento

As empresas vinculam seus resultados a causas internas e externas. Assim os

resultados positivos são atribuídos a causas internas e os resultados negativos atribuídos a

causas externas. Para que se proponha um treinamento é necessário que se faça um pré

diagnostico, assim pode-se visualizar questões como funcionários que atribuem culpas aos

colegas ou chefes e se esquivam do processo de treinamento sem aceitar as situações

propostas, pois a culpa dos problemas é sempre dos outros.

A partir de esse contexto o profissional irá propor atividades nas quais os funcionários

visualizem que em uma empresa nada se constrói sozinho e que o trabalho em equipe é o

melhor caminho para uma integração organizacional.

Quando o fazer vem dissociado do pensar, as ferramentas tornam-se

instrumentos de frustração (sobre tudo pela ausência de elementos

mobilizadores da utilização da ferramenta)e não de mobilização do desejo

de aprender. Hoje em dia, as descobertas das neurociências tem apontado

para a importância do oferecimento e experiências de aprendizagem,

independentemente da idade, que estimulem o funcionamento das redes

neurais, em um ambiente onde os aprendizes confiem em suas

potencialidades e no sucesso da aprendizagem. (RIBEIRO, 2010, p.148)

Atualmente o conhecimento passou a ser algo fundamental para as organizações, esta

relacionado ao modelo de gestão organizacional, mas a maioria dos gestores não esta

preparada e não consegue atingir plenamente os objetivos da organização em relação à

preparação de pessoal e formulação de projetos ou iniciativas concretas.

“É necessário que se acrescente, na perspectiva da empresa, que esta tenha uma ambição

positiva para almejar algo melhor, daí a importância de métodos inovadores que lhes

permitam aprender a progredir”. (RIBEIRO, 2010, p.154)

O ser humano é essencial para as organizações o êxito depende fundamentalmente das

pessoas, o fundamental para que seja alcançado os objetivos da empresa é o treinamento ele

será a base para o diferencial.

“O profissional de recursos humanos, incluindo se aqui o pedagogo empresarial, é o

responsável por preparar e desenvolver as pessoas para que, independentemente do setor em

que trabalham, tragam os resultados esperados” (RIBEIRO, 2010, p.155)

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O setor de recursos humanos promove estratégias para as organizações visando à

acepção da capacitação. A aprendizagem organizacional capacita os indivíduos para atuarem

nesses novos cenários sócios produtivos.

“A aprendizagem (pessoal, individual e organizacional) faz a diferença no mundo de hoje.

Nesse sentido, cultivar, desenvolver e promover a capacidade de aprender passa a ser uma das

atribuições do pedagogo empresarial” (RIBEIRO, 2010, p.156)

O treinamento e desenvolvimento de recursos humanos devem visar o desempenho

individual e em equipes para que se promova maior produtividade e mudanças. Para isso, se

faz necessários programas de treinamento desenvolvidos fora das salas visando melhorias na

capacidade de liderança e trabalho em equipe. (RIBEIRO, 2010, p.157) Ressalta: vale lembrar

que o ensino aprendizagem de habilidades isoladas ou com finalidades puramente

instrumentais reduz a eficácia dos resultados.

2.7.1 Organizações inteligentes

Nota-se que ainda hoje apesar das mudanças e atualizações, os empresários são

resistentes em reconhecer que o capital mais importante de sua organização é o capital

humano. Alguns profissionais exercem funções iguais empresas diferentes e não brilham em

uma organização e em outra fazem trabalhos excelentes inúmeros problemas encontrados em

organizações por falta de dialogo, omissões que geram insatisfação entre lideres e liderados.

Ninguém esta livre de ser vitima de sua própria zona de conforto e ela

escraviza mais do que nunca executivos, diretores e gerentes devido ao

posicionamento mais “confortável” para se fazer o que acha certo com as

pessoas? Evidencia-se uma crise na linha tênue entre o que é profissional e

pessoal. (Elias, 2007)

Um executivo deve ser um líder por seu próprio mérito e não por sua posição de

hierarquia. O mesmo deve ter cuidado para não interpretar seus subordinados tratando-os

como meros números. As empresas pecam por atribuir sua evolução pelos aparatos

tecnológicos, caem e um raciocínio mecanicista, e em um paradigma cartesiano.

Mas sabiamente não podemos deter o significado da palavra tecnologia

para referenciar somente a modernidade e a evolução das maquinas. E

nós, os seres humanos não se modernizam e evoluem?O que seria a

tecnologia humana dentro e fora de uma organização?Será que podemos

dividir um ser humano em dois, onde haja um ser que é dinâmico “X” no

perfil profissional e no outro um ser “Y” estático na família e com os

amigos?(ELIAS, 2007)

Os contextos atuais pedem dos indivíduos mais percepção e bom senso, alem do

caráter o empresário que ao não abrir mão de estimular princípios como honestidade,

disciplina, comprometimento, bom discernimento, fraqueza, empatia, caráter a frente de seus

colaboradores, ira evitar malefícios que a manipulação traz a médio e longo prazo: A ausência

e confiança.

Isso faz a diferença quanto a sensações positivas de quem, por lucidez, terá

uma aprendizagem vivencial mais significativa. Ninguém é ou se torna

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excelente no que faz num ambiente de desconfianças, rivalidades, medos,

entre outras depreciações humanas. (Isso tudo se vincula a treinamentos

adequados a todos os envolvidos no processo organizacional Sem exceções

hierárquicas). Um trabalho que podemos até intitular de “elevação de

consciência”.É como ter um professor perspicaz(filosofo e gestor) para

tratar de assuntos subjetivos e tornar simples a complexidade dos desafios

objetivos internos e externos do meio organizacional.(ELIAS, 2007)

Uma pessoa que é excelente no que faz não é uma obra do acaso. Faz parte das

pessoas que acreditam em seu contexto e a todo o momento se interagem. Às vezes passamos

parte da vida envolvida com assuntos profissionais, deve-se perceber os motivos de estar ali e

não se limitar a motivos financeiros e tentar alinhar-se a uma busca de realização pessoal. É

natural do ser humano sempre buscar situações felizes.

São esses os motivos que nos fazem repensar as palavras importantes ao ser humano

desde a evolução. A confiança, a humildade, a empatia, o comprometimento, a liderança, e

várias atribuições indispensáveis a quem espera crescer na vida pessoal ou profissional.

Aprender a aplicá-las no cotidiano é o caminho para qualquer meta a ser alcançada.

2.7.2 Trabalho em equipe

Não se sabe ao certo, quando surgiu a ideia de reunir indivíduos em grupos em prol de

um objetivo comum. Mas sabe-se que isso ocorreu há muito tempo desde que o homem

iniciou o processo de trabalho.

A idéia do trabalho em equipe advém de uma necessidade do homem em somar

esforços para alcançar um objetivo comum, algo que não seria alcançado isoladamente. Ou

seja, o trabalho em equipe é uma estratégia para a melhoria da efetividade do trabalho.

Mas nem todo grupo trabalha em equipe e nem toda a equipe trabalha em grupo.

Grupo então é um conjunto de pessoas com objetivos comuns que atuam unidos para cumprir

metas especificas. O respeito entre os indivíduos e seus princípios, a interação dos membros

para atingir as metas e o respeito deve favorecer muito os resultados e a organização. É isso

que torna o trabalho desse grupo um verdadeiro trabalho e equipe. “Fazem com que todas as

pessoas da organização caminhem na mesma direção, não é tão difícil quanto parece. É

necessário muita estratégia, objetivos definidos, comunicação eficaz, feedbacks constantes e

lideranças compartilhadas”. (MICHELETTI, 2012)

Precisamos aprender a trabalhar em equipe, destacar o potencial de cada indivíduo,

conviver com as diferenças e entender que o trabalho em equipe nos promove maiores

chances de superar limites, contribuir para a realização de uma gestão que considera a

participação dos seus profissionais e a construção de um processo de gestão democrática,

participativa, comunicacional.

3. Elaboração de Projetos

Uma das atividades importantes do pedagogo empresarial será de colaborar na

realização de projetos. A realização de um projeto implica em construir e elaborar um roteiro

de trabalho desenhando e projetando as ações da empresa.

Uma ação que irá ser executada vem de um projeto elaborado para se obter exatidão

das técnicas abordadas de modo a garantir resultados satisfatórios em sua execução

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Ribeiro (2010, p.121) afirma que:

No âmbito das ações de treinamento de desenvolvimento de recursos

humanos que a efetividade desta ocorre, em grande parte da coerência na

elaboração dos projetos. Cabe alertar para cuidado especial que se deve

ter com a linguagem utilizada e com a precisão quanto ao que se pretende

alcançar.

Os objetivos explícitos devem propor subsídios para que os profissionais presentes

envolvam-se nas atividades planejadas. Alguns itens são necessários a elaboração de projetos

de treinamento organizacional ressalta que não há modelo para seguir, pois cada organização

ira adotar um roteiro que julgue necessário os seus objetivos.

Ratificar inicialmente o projeto ressaltando seus objetivos como uma ação de

transformação para determinada realidade definindo prioridades e metodologias para a ação.

Enfatiza, portanto uma ação destinada a uma situação problema ou

necessidade. Pode-se dizer que as relações entre ação e realidade atendem

a quatro momentos, a saber, projeção da ação, especificação das etapas da

ação (incluindo procedimentos acompanhamento e avaliação) dinamização

da ação e elaboração do relatório um. (RIBEIRO, 2010, p.122)

3.1 Apresentação de um projeto

Caracteriza-se como fundamental ao projeto, necessita de uma objetividade, conteúdo

de problemática que originou a idéia inicial do projeto esclarecido os motivos da proposta.

“Vale lembrar que não se podem propor ações suficientes e adequadas tampouco

operacionalizá-las sem que antes se tenha uma idéia clara do problema a ser resolvido”.

(RIBEIRO, 2010, p.123).

Nesse momento, definem-se os problemas, esclarecem-se limites pelos quais as ações

pretendidas serão desenvolvidas e os procedimentos que serão adotados. “Uma alternativa

para a apresentação é iniciá-la com uma discussão mais ampla acerca de gênese do problema,

isto é, explicita-se como se chegou a ele explicando os motivos mais relevantes para que (o

problema) fosse percebido como tal.”. (RIBEIRO, 2010, p.124).

Deve-se esclarecer o tema e relacioná-lo ao projeto. Detalhar a questão enfatizando a

aproximação e o distanciamento identificando-os no contexto e por fim, descreve-se a

situação.

3.1.1 Justificativa para elaboração de um projeto

A ação é projetada mediante as necessidades que a organização deseja que sejam

atendidas. Nesse aspecto deve-se obter informações quantitativas e qualitativas sobre a

situação existente sendo assim indispensável à elaboração do projeto.

Após a identificação da situação-problema devem-se explicitar as razões pelas quais, o

projeto será implantado.

“Isto implica o levantamento, análise e a interpretação dos dados relativos ao problema, o que

permite uma visão prospectiva da situação” (RIBEIRO, 2010, p.124).

Deve-se ressaltar que a justificativa não é de ordem pessoal e sim baseada no contexto

social a qual se destina. É necessário clareza para a importância dos resultados a serem

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alcançados. “Deste modo apos a descrição da situação existente aponta-se as alternativas de

solução e a importância da ação que se propõe realizar, em relação ao empreendimento como

um todo.”. (RIBEIRO, 2010, p.125)

3.1.2 Objetivos de um projeto

O objetivo é muito importante na elaboração de projetos, pois é por esses que se

definem os propósitos e norteia o trabalho a ser realizado. Assim é necessário que se saiba o

motivo pelo qual se deseja responder questões. (Ribeiro, 2010 p.125) evidencia que “a

natureza da resposta depende do que se pretende fazer com ela”.

A formulação dos objetivos necessita de certa clareza, dependendo assim de modelos

teóricos e uma seleção de praticas especifica ou não.

“Esta clareza determina o sucesso (ou não) do projeto, posto que seja a partir dos objetivos

que se estabelecem os indicadores para a avaliação e a adoção de novos procedimentos e de

novas ações” (RIBEIRO, 2010, p.125).

3.1.3 Acompanhamento controle e avaliação

Nesta etapa, explicitam-se as atividades realizadas para garantir o êxito do projeto, nos

termos gerais e específicos da proposta. Constitui-se em verificação sistemática no

desenvolvimento das atividades em função do limite proposto e realizado.

O controle evidencia por quem foi feita a ação. A quantidade e a qualidade são

passíveis de controle e servem assim como instrumento de mecanismos de ajuste. Sua

efetividade depende de critérios pré-estabelecidos.

A avaliação estabelece valor ao que foi realizado, a partir de acompanhamento de todo

o processo sugere-se uma padronização de instrumentos que serão utilizados como (relatórios,

questionários, entrevistas, etc.)

Vale lembrar que todos os instrumentos são úteis na medida em que

obedeçam aos critérios de objetividade, validade e fidedignidade inerentes

a um instrumento cientificamente elaborado. Assim torna-se possível

garantir a articulação entre objetivos, meios e resultados. (RIBEIRO, 2010,

p.130)

A impossibilidade de controle da avaliação e atividades estabelece-se prioridades

obedece a critérios de pertinência, economia e abrangência outro aspecto a ser considerado

diz respeito à apresentação dos resultados e ter como referencia dos desvios. Quando mais

tempo gasto na preparação da comunicação, mais difícil se tornará a erradicação de aspectos

desviantes.

Vale dizer que os processos de acompanhamento, controle e avaliação

precisam ter em conta:

-A clareza dos objetivos e das metas a serem alcançadas;

- O reconhecimento de todos os membros da equipe responsável na

operacionalização do projeto;

- O reconhecimento da avaliação como fatos de melhoria organizacional;

- A competência para analisar e interpretar critica e, imparcial, os dados

obtidos. (RIBEIRO, 2010, p.132)

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É de suma importância que os envolvidos no processo vejam como um instrumento de

trabalho pode ser reestruturado quando necessário ressalta-se que um projeto é um meio e não

um fim. A realização do projeto também poderá partir do diagnóstico realizado por meio da

avaliação institucional. Em ambos os processos tanto na avaliação e na projeção o pedagogo

poderá orientar todo o trabalho.

3.2 Recursos Humanos (RH)

O termo RH (Recursos Humanos) se dá ao conjunto de colaboradores ou empregos de

uma organização.

A área de recursos humanos tem razão de existir, como todas as outras áreas dentro da

organização. No atual sistema capitalista onde se visa sempre o lucro, as áreas da empresa tem

o objetivo de melhorar o desempenho da organização utilizando algum tipo de recurso. Assim

o RH (Recursos Humanos) tem o objetivo de melhorar o resultado da empresa através do

recurso de “pessoas” Müller (2012) afirma que o RH (Recursos Humanos) deve fazer com

que os acionistas e a sociedade tenham suas necessidades atendidas, através do conhecimento

do trabalho e da atitude das pessoas de uma empresa.

O objetivo do RH (Recursos Humanos) é de alinhar as suas políticas com as

estratégias da empresa.

3.3 O pedagogo empresarial e os programas de treinamento

Consideremos que existem pontos importantes para o êxito de atividades de

treinamento e que essas dependem de uma atuação precisa do pedagogo empresarial. Dentre

eles podemos ressaltar sólido conhecimento sobre planejamento e precisão/clareza de

linguagem.

O pedagogo empresarial deve ter cautela para que não confunda um planejamento

educacional (processo de ensino aprendizagem voltado à escola) com as atividades que serão

desenvolvidas no âmbito empresarial.

Há de ter uma visão precisa (tanto quanto possível) do que se pretende com

o treinamento/formação de recursos humanos dentro de um espaço de

tempo previamente demarcado (mesmo que dentro de uma política

empresarial mais abrangente, as atividades de treinamento/formação

atendem a objetivos/necessidades específicos a serem enfrentados em curto

prazo. (RIBEIRO, 2010, p.109).

O que se pretende com o resultado, precisa estar claro nos termos do conhecimento,

controle ou atitude dos treinados.

Na formulação dos objetivos, esse tem a função de materializar os propósitos das

atividades, marcando certos padrões a serem atingidos utilizando uma linguagem concreta

evitando formulações excessivamente abstratas. Alem disso, se faz necessário que o

planejamento efetivo não seja feito com palavras bonitas é de suma importância que as

formulações sejam precisas e enfoquem o pretendido.

Segundo RIBEIRO (2010, p.110) as etapas são detalhadas minuciosamente em estreita

simbiose com as características do grupo ao qual se destina.

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4. Discussões e Resultados

Segue abaixo gráficos e tabela para uma breve discussão sobre temas importantes em

pedagogia Empresarial.

Figura 1 – Ciclo Atitudinal Fonte: Albuquerque, 2012

Na figura 1, pode-se observar que antes de tudo o pedagogo deve ter atitude e através

disso, perceber estratégias a utilizar nas empresas. Em linhas gerais, será essencial que o

mesmo não perca tempo aplicando métodos numerosos, perdendo assim os propósitos da

formação e da empresa. Esse programa de treinamento deve ser pensado com antecedência,

assim como a seleção dos métodos que visem respeitar os princípios dos desenvolvimentos

das técnicas e competências, bem como o relacionamento social.

E para atender as mudanças constantes no mercado de trabalho, onde as

empresas se obrigam a ter cada vez mais responsabilidades sociais e

atender os clientes com alto padrão de qualidade, entra em cena o

pedagogo empresarial para atuar na área de gestão de pessoas, nas

organizações de diferentes portes e setores, viabilizando o desenvolvimento

e a integração dos processos de gestão e os relacionamentos internos e

externos, bem como a implementação de programas de ação em relação à

formação, aperfeiçoamento, processos de superação do conhecimento, das

competências e das habilidades e mudanças no comportamento das pessoas

na empresa que propiciem as almejadas vantagens competitivas gerenciais.

(CEZAR, BIANCHINI, PIASSA, 2008)

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Figura 2 – Pilares da Educação

Fonte: Albuquerque, 2012

A figura 2 aponta que é necessário que se desenvolva projetos de aprendizagem para

que as mudanças constantes no mercado de trabalho não atinjam maleficamente a

organização. Isto pode desestimular o colaborador que necessita de constante preparo. Cabe

ao pedagogo utilizar seus conhecimentos educacionais para planejar caminhos a serem

percorridos, onde o colaborador se sinta útil e necessário naquele contexto em que está

inserido.

Os pilares da educação propõem situações onde o pedagogo empresarial pode

percorrer e propor ações inovadoras sob esses aspectos.

Verifica-se que, na realidade destas empresas não existe um trabalho

pedagógico, na verdade, é passado o conteúdo aos palestrantes que devem

transmiti-los aos funcionários, e estes ao final do processo devem saber

executar o lhes foi transmitido fortificando o pensamento tecnicista e o

caráter de treinamento para procedimentos.

Quando na verdade é preciso haver abertura para o conhecimento, pensar

o novo, reconstruir o velho, reinventar o pensar. A educação abrange mais

que o saber fazer, é preciso aprender a viver com os outros,

compreenderem os outros, desenvolver a percepção de interdependência,

administrar conflitos, a participar de projetos comuns, a ter prazer no

esforço comum. (CESAR, BIANCHINI, PIASSA, 2008)

Diferente do que se utiliza tanto na escola quanto na empresa a comunicação deve ter

o cuidado de ser eficaz para que não se corra o risco de interpretações equivocadas sobre os

temas. Devem-se escolher as palavras adequadamente de modo a evitar conflitos e distorções

a compreensão da mensagem em seu fluxo.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pedagogia empresarial é um tema muito atual, é um novo horizonte, no qual o

pedagogo deve buscar atuação.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

O curso de pedagogia ainda hoje forma profissionais para atuarem em espaços

escolares, o que dificulta que esse profissional se coloque diante da sua função na sociedade, a

de formar cidadãos e desenvolver em qualquer espaço a prática educativa. A presença do

pedagogo na empresa é de suma importância para impedir que o trabalhador na se torne

apenas capital humano de uma empresa, mas possa desenvolver suas competências.

Constatamos que o pedagogo poderá contribuir com a formação dos profissionais a

educação continuada humaniza o homem, torna-o conhecedor de si e dos outros faz com que

este se relacione positivamente com seus semelhantes.

Não se pode dizer que o pedagogo tem uma fórmula infalível ou mágica para atuar. O

que ele propõe é uma diversidade de atividades voltadas para o conhecimento que envolve as

ações dos indivíduos e um planejamento de um plano de formação continuada voltado às

necessidades da empresa. Ainda o pedagogo irá desenvolver a sensibilidade e a atitude dos

indivíduos de modo que atendam os anseios dos colaboradores e da organização favorecendo

um ambiente de aprendizagem, de colaboração, de trabalho em equipe.

Portanto, o pedagogo empresarial tem a necessidade de ser crítico e visionário capaz

de se adaptar as mudanças, contribuir efetivamente para o processo empresarial com o

objetivo de se apresentar de forma pratica e teórica a função da área de funcionamento

pessoal. Nessa nova perspectiva, o pedagogo deve pensar em uma educação que se estenda

além dos muros da escola, ser crítico e ter atitudes, pois será um articulador

empregador/pessoal que fará mudanças necessárias através de projetos juntamente com o R.H.

(Recursos Humanos) para promover interação dentro da empresa e assim poderá obter novas

conquistas nas áreas sob os dois âmbitos trabalhados, colaborar significativamente nos

projetos da empresa, ou seja, na sua organização e crescimento como um todo.

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Empresas.Disponivel

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79

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Software Educativo como auxílio na aprendizagem da

matemática: uma experiência utilizando as quatro

operações com alunos do 4º Ano do Ensino Fundamental

I

Marcílio Farias da Silva

Mestre em Educação Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Doutorando em

Educação Matemática pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo

Rita de Cássia Costa Cortez

Graduada em Pedagogia pelas Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – Fatea

Viviane Barbosa de Oliveira

Graduada em Pedagogia pelas Faculdades Integradas Teresa D’Ávila – Fatea

Resumo

As dificuldades de aprendizagem decorrentes do modelo de ensino encontrado nas escolas e os

avanços dos recursos tecnológicos são fatores que influenciam a educação matemática. Os alunos

apresentam um grau de dificuldade relevante com relação ao ensino-aprendizagem, causado pela

falta de motivação, de aulas monótonas e sem relação com o cotidiano. Ao mesmo tempo, os recursos

tecnológicos vêm sendo inseridos na educação de forma crescente, trazendo resultados positivos para

o ensino. Considerando tais fatores, este trabalho analisou o uso de software educativo como auxílio

na aprendizagem de matemática, apresentando-o como uma possibilidade de tornar as aulas mais

motivadoras aos alunos. Para verificar se essa utilização traz resultados positivos para o ensino-

aprendizagem, buscou-se tal comprovação por meio de estudo de caso de natureza exploratória

realizado com alunos do 4º ano do ensino fundamental I, utilizando como ferramenta o software

educativo Tux of Math Command. Realizou-se uma análise comportamental dos alunos na realização

de operações matemáticas em diferentes situações: resolvendo as operações em sala de aula, e

utilizando o jogo no laboratório de informática. Na utilização do software, verificou-se uma atitude

mais instigante dos alunos do que na resolução das operações em sala de aula. Esse interesse foi

decorrente da associação do jogo feita pelos alunos, não como problema a ser resolvido e sim como

algo prazeroso e significativo, em oposição ao ocorrido em sala de aula, momento em que prevaleceu

a insegurança e a necessidade de apresentar soluções. A pesquisa possibilitou afirmação do

questionamento apresentado neste trabalho, confirmando que a utilização do software educativo

auxilia o processo de ensino-aprendizagem de matemática.

Palavras-chave

Software educativo; Matemática; Educação.

Abstract

Learning difficulties arising from teaching model found in schools and the advances of technology

resources are factors that influence mathematics education. Students have a relevant degree of

difficulty with respect to teaching and learning, caused by lack of motivation, classroom monotonous

and unrelated to everyday life. At the same time, the technological resources have been inserted in

education increasingly, bringing positive results for education. Considering these factors, this study

examined the use of educational software as an aid in the learning of mathematics by presenting it as

an opportunity to make lessons more motivating to students. To verify that this use has positive

outcomes for teaching and learning, we sought such evidence through a case study of an exploratory

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conducted with students from the 4th year of elementary school, using as a tool the educational

software Tux of Math Command. We conducted a behavioral analysis of the students in performing

mathematical operations on different situations: solving the operations in class, and using the game in

the computer lab. In using the software, there was a more provocative than the students in the

resolution of the operations in the classroom. This interest was due to the association of the game

made by students, not as a problem to be solved but as something pleasurable and meaningful, as

opposed to what happened in the classroom, when the prevailing insecurity and the need to provide

solutions. The research allowed the questioning assertion presented in this study, confirming that the

use of educational software aids the process of teaching and learning of mathematics.

Keywords

Educational software ; Mathematics ; Education.

1. Introdução

A relação do homem com a Matemática é antiga, desde os tempos primitivos, no qual

ele fazia seu uso para contar grãos, analisar situações, seriar objetos, classificar, resolver

problemas, dentre outros. Foi assim que ela surgiu e foi se desenvolvendo, fazendo-se

presente no nosso cotidiano em diversas situações. Essa ligação íntima do ser humano com a

Matemática torna-a extremamente necessária e importante para a nossa vida.

Apesar de sua importância e da sua capacidade de desenvolver no indivíduo um pensar

matemático, a maioria dos alunos encontra dificuldades em seu aprendizado, e acaba

rotulando-a como difícil, “chata”, e disciplina de eliminação, sendo vista também como

matéria de alcance para poucos, em que apenas as mentes mais brilhantes são capazes de

compreendê-la.

Como afirma Medeiros ([198-], p. 24) sobre a aprendizagem da Matemática “o ensino

tradicional, sob o peso de uma apresentação lógica e consistente, induz a acreditar na

existência de um método que teria levado a criação deste saber, e ao qual, aparentemente,

apenas os mais dotados poderiam ter acesso”.

Por esse motivo, verificam-se frequentes dificuldades encontradas pelos alunos na

aprendizagem da Matemática, causando descontentamento para os mesmos, deixando-os

desmotivados e desinteressados. “A insatisfação revela que há problemas a serem enfrentados,

tais como a necessidade de reverter um ensino centrado em procedimentos mecânicos,

desprovidos de significados para o aluno” (BRASIL, 1997, p.15).

Tais dificuldades são percebidas inclusive, em relação às quatro operações,

acarretando problemas no decorrer do processo escolar. Entende-se que o aprendizado das

operações Matemáticas nas séries iniciais é a base para a aprendizagem posterior. Portanto

esse conhecimento deve ser proporcionado de forma coesa e concisa, de modo a garantir que

o aluno tenha apreendido e possa fazer uso de tais conhecimentos também fora do ambiente

escolar.

Visando a necessidade de atingir os objetivos educacionais, de um ensino que consiga

alcançar todos os alunos, e esses apreendam o conteúdo como um todo, é preciso que esse

modelo de ensino utilizado nas aulas de Matemática seja repensado. O Parâmetro Curricular

Nacional (BRASIL, 1997, p.15) defende que “há urgência em reformular objetivos, rever

conteúdos e buscar metodologias compatíveis com a formação que hoje a sociedade reclama”.

Não se pode negar a crescente utilização das novas tecnologias em diversos ramos

sociais, inclusive na educação, de forma direta ou indireta. Os alunos, desde a mais tenra

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idade, têm contato direto com esses novos recursos, e a escola, se não imersa nessa realidade,

torna-se obsoleta, não conseguindo alcançar de maneira satisfatória seus objetivos.

Nas palavras de Baranauskas et al (1999, p.49)

A tecnologia computacional tem mudado a prática de quase todas as

atividades, das científicas às de negócio até às empresariais. E o conteúdo e

prática educacionais também seguem essa tendência. Podemos dizer que a

criação de sistemas computacionais com fins educacionais tem

acompanhado a própria história e evolução dos computadores.

A sociedade da informação exige da escola a busca de novos métodos para tornar as

aulas mais integradas à realidade de seus alunos. Mediante tal exigência, faz- se necessário

encontrar quais as possibilidades de tornar essa aproximação real.

Várias são as formas de mudança no método de ensino, e o uso de software educativo

como auxílio às aulas de Matemática torna-se relevante. “Com o advento da Informática

Educativa [...] programas específicos para o ensino da Matemática estão sendo desenvolvidos,

direcionados para o público infantil que recreiam, divertem e educam ao mesmo tempo”

(DUARTE, 2009, p.76).

Diante de tais indagações, o interesse no uso do software educativo direcionado ao

ensino da Matemática no Ensino Fundamental I, norteador da nossa pesquisa, nasceu das

nossas indagações quanto ao ensino da Matemática tornar-se tão penoso aos alunos; dos

relatos de nossas colegas de sala sobre suas experiências frustradas na aprendizagem da

Matemática; na observação de que os métodos utilizados para o ensino não motivam os

alunos que, por não compreenderem ou acharem a matéria difícil, acabam não gostando das

aulas; na observação do avanço dos recursos tecnológicos educacionais como auxílio para

tornar a aprendizagem mais significativa nas diferentes áreas do ensino; na visão de uma

educação que está inserida na sociedade, e como tal, deve acompanhar e adequar-se aos seus

avanços, para que continue contextualizada, atualizada e motivadora.

Pensando nas constantes transformações sociais, no papel que a escola tem na

formação do indivíduo inserido na sociedade, sendo esta com crescentes avanços

tecnológicos, temos como objetivos deste trabalho apresentar uma possibilidade de tornar as

aulas de Matemática mais motivadoras para os alunos através do uso de recurso tecnológico

especializado; utilizar o software educativo matemático Tux, of Math Command, como

ferramenta de auxílio da aprendizagem Matemática, aplicado ao ensino das quatro operações

com alunos do 4º ano do Ensino Fundamental I; analisar o comportamento dos alunos frente o

uso deste recurso; verificar se o jogo utilizado na pesquisa tornou o ambiente educativo

motivador para a aprendizagem Matemática.

Sendo assim, é possível tornar as aulas de Matemática mais motivadoras e

significativas, com a utilização do software educativo auxiliando na aprendizagem?

2. Revisão de Literatura

2.1 A Educação Matemática

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2.1.1 A importância do ensino da Matemática

A Matemática está inserida na vida cotidiana em diferentes momentos, e noções

básicas como o reconhecimento das formas geométricas, quantidade, espaço e localização são

aprendidos antes mesmo do ingresso na escola.

Apesar de seu caráter abstrato, seus conceitos e resultados têm origem no mundo real e

encontram muitas aplicações em outras ciências e em inúmeros aspectos práticos da vida

diária: na indústria, no comércio e na área tecnológica. Por outro lado, ciências como Física,

Química e Astronomia têm na Matemática ferramenta essencial (BRASIL, 1997).

Sendo assim, o domínio do pensamento lógico-matemático torna a resolução de

situações do dia-a-dia mais claras e objetivas, direcionando as atitudes e decisões a serem

tomadas.

De acordo com Souza (2001, p.27),

A aplicabilidade dos conhecimentos matemáticos se manifestará em nossa

vida de maneira sutil, associados, estes, a outras informações, auxilia-nos a

resolver situações-problema diversificadas, através de soluções distintas,

convenientes possíveis a cada indivíduo.

Sendo entendida como forma particular de organizarmos os eventos e objetos do

mundo, é necessário não só compreender o que é essa Matemática realizada pelos indivíduos,

mas também como estes se relacionam com ela.

Souza (2001) ainda afirma que a Matemática é parte substancial de todo o patrimônio

cognitivo da humanidade e está presente em nossa vida de todas as formas e em todos os

momentos. Daí a grande importância de seu ensino em nossas escolas, pois, se o currículo

escolar deve levar a uma boa formação humanística, então o ensino de Matemática é

indispensável para que essa formação seja completa.

Para tanto, é importante que a Matemática desempenhe, equilibrada e

indissociavelmente, seu papel na formação de capacidades intelectuais, na

estruturação do pensamento, na agilização do raciocínio dedutivo do aluno,

na sua aplicação a problemas, situações da vida cotidiana e atividades do

mundo do trabalho e no apoio à construção de conhecimentos em outras

áreas curriculares (BRASIL, 1997, p.29).

Mas, analisando a realidade, vemos que o ensino da Matemática é questionado pelos

alunos por ser vista apenas como uma disciplina de difícil compreensão, desmotivadora e sem

elo com o cotidiano. Dessa forma “[...] o aluno aprende as terminologias e as fórmulas e

treina fazer substituições para resolver problemas de rotina. A Matemática fica transformada

em algo rígido, acabado, chato, sem finalidade” (ROSA NETO, 1987, p.39).

O problema desse quadro não está apenas na aprendizagem, mas na forma como a

Matemática é ensinada, que a torna distante da realidade dos alunos. Por consequência, ocorre

um elevado índice de reprovação e evasão escolar, já que os alunos não conseguem ver como

válida a sua aprendizagem.

Os conceitos matemáticos não se desenvolvem de um modo 'tudo ou nada',

de inicio são conceitos vagos e nebulosos, que crescem em clareza,

amplitude e profundidade, com a maturação e a experiência. 'A taxa de

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

desenvolvimento parece depender da qualidade dos mecanismos cerebrais

da criança, de sua motivação e do meio cultural (que incluem condições na

sala de aula)' (LOVELL, 1988, p.124).

Para que, de fato, a Matemática seja considerada útil para os alunos, torna-se

necessário que estes consigam observar nessa matéria um vínculo com sua realidade; dessa

forma perceberão que o conhecimento aprendido dentro da escola poderá também ser

utilizado fora do ambiente escolar, pois como afirma D'Ambrosio (1996, p.98) “tudo que se

nota na realidade dá oportunidade de ser tratado criticamente com um instrumental

matemático”. Criado esse vínculo, a Matemática passa a ser vista pelos alunos por uma ótica

motivadora.

Segundo Carvalho (1990), existem duas concepções referentes à Matemática. A

primeira a considera como uma área do conhecimento pronta, acabada, perfeita, pertencente

apenas ao mundo das ideias e cuja estrutura de sistematização serve de modelo para outras

ciências. Na escola, a consequência dessa concepção é um ambiente onde o professor impõe

de maneira autoritária o conhecimento matemático a um aluno passivo. Assim, transforma

essa ciência em um avaliador de inteligência, de forma que só pode ser acessível a mentes

privilegiadas e que nem todos têm condições de possuí-la. A segunda contrapõe-se à primeira,

pois considera a Matemática como um conhecimento em construção e os indivíduos como

atuantes no processo de aprendizagem. Assim, a sala de aula não é o ponto de encontro de

alunos totalmente ignorantes com o professor totalmente sábio e sim, de alunos que interagem

com conhecimentos do senso comum, almejam a aquisição de conhecimentos sistematizados,

e um professor cuja competência está em mediar o acesso do aluno a tais conhecimentos.

A primeira concepção apresentada por Carvalho opõe-se ao esperado para o ensino da

Matemática e infelizmente se faz presente no cotidiano escolar. A permanência de aulas em

que o aluno é um sujeito passivo e o professor, o único detentor do conhecimento, que

transmite um conteúdo descontextualizado, utilizando listas de exercícios, exposições

calcadas na memorização de regras; gera uma aprendizagem automática, definida por Ausubel

et al (1980, p.121) como

[...]tarefas da aprendizagem automática [...] incorporadas na estrutura

cognitiva somente na forma de associações arbitrárias. Essas associações

são entidades discretas encerradas em si mesmas, organizacionalmente

isoladas, para todos os fins práticos, a partir dos sistemas ideacionais

estabelecidos no indivíduo.

Ou seja, o conhecimento, da forma como é ensinado pelo professor, sendo ele o único

detentor do conhecimento, não tem ligação com a prática e não estabelece relação com o que

o aluno vai usar posteriormente, tornando-se isolado e apreendido mecanicamente. O

aprendizado se torna útil enquanto é utilizado diversas vezes na escola, mas será esquecido

assim que deixar de ser necessário. Assim afirma Sadovsky (2007, p.14), quanto à

aprendizagem mecânica

[…] propostas ‘rasas’, muito baseadas na mecanização, provocam um vazio

de sentido para os alunos, que, sem disposição de bancar os ‘custos de

aprendizagem’ em algo que não tem o menor atrativo para eles, acabam

mesmo ficando incapacitados.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Para alcançar os objetivos esperados para o ensino-aprendizagem da Matemática,

deve-se levar em conta a segunda concepção apresentada por Carvalho, que valoriza o

conhecimento prévio do aluno e a aprendizagem significativa.

Ausubel et al (1980, p.34) definem como aprendizagem significativa:

[...] as ideias expressas simbolicamente são relacionadas às informações

previamente adquiridas pelo aluno através de uma relação não arbitraria e

substantiva (não literal). Uma relação não arbitraria e substantiva significa

que as ideias são relacionadas a algum aspecto relevante existente na

estrutura cognitiva do aluno.

Nessa perspectiva, a ideia central é a de que o mais importante é aquilo que o aluno já

sabe, e quando ele estabelece significado entre as novas ideias e as já existentes, a

aprendizagem significativa acontece.

Para tanto, é necessário a apresentação de um material potencialmente significativo,

ou seja, “um material que apresente possibilidades do indivíduo estabelecer relações não-

arbitrárias e substantivas aos aspectos relevantes de sua estrutura, e mais, que este esteja

disposto a estabelecer tais relações” (BARALDI, 1999, p.38).

Jesus e Fini (2001, p.136) definem os critérios em relação ao material significativo de

aprendizagem.

O primeiro critério é que o material deve apresentar uma relação não-

arbitrária às ideias especificamente relevantes [...] No que diz respeito ao

segundo critério, essa relação deve ser substantiva para permitir que os

símbolos com ideias equivalentes se relacionem à estrutura cognitiva do

aprendiz sem alterar o significado.

Sendo assim, na realidade da sala de aula, conhecimentos matemáticos devem ser

construídos, adquiridos de maneira significativa, levando os alunos a alcançarem os objetivos

pressupostos pela elaboração de atividades utilizando materiais didáticos diversificados,

recursos inovadores e experiências da vivência diária (CARVALHO, 1990).

Dentre os materiais diversificados possíveis de serem utilizados em sala de aula,

ganham destaque o uso de jogos didáticos, computador e softwares educativos desenvolvidos

com fins específicos para as diversas disciplinas, dentre elas a Matemática. Os objetivos

matemáticos podem ser explorados com a utilização de jogos e desafios, pois estes favorecem

o desenvolvimento moral, social e emocional da criança. Eles “apresentam situações-

problemas, onde as crianças são desafiadas a utilizar seus esquemas mentais na construção da

resolução” (FONSECA, 1997, p.59).Através da exploração de materiais diversificados como

recurso para o ensino da Matemática, é possível tornar as aulas mais motivadoras e

significativas, pois como afirma Dante (2003), quando o professor usa materiais diversos e

jogos, parece tornar o aluno mais alerta e participativo, explorando nestes a formação de um

caráter crítico, e favorecendo o uso da criatividade, trabalho coletivo, iniciação pessoal e

autonomia, através da capacidade de conhecer e enfrentar novos desafios.

2.1.2 O ensino das quatro operações

As operações aritméticas básicas estão inseridas nos mais diversos contextos e

situações cotidianas das crianças. Como explica Fonseca (1997, p.47) “compreende-se por

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Operações Fundamentais as operações de adição, subtração, multiplicação e divisão, porque é

a base para todas as outras operações existentes”.

Sendo assim, pequenas situações-problemas que surgem no dia-a-dia são facilmente

resolvidas pelas crianças: nas brincadeiras, na divisão de um brinquedo, na compra de doces,

entre outros. No entanto quando se deparam com tais situações na escola eles não conseguem

resolvê-las, muito menos associá-las às situações já vivenciadas.

Na afirmação de Bezerra (2008, p.38)

Na prática escolar, verificam-se, em grande parte dos alunos, e até mesmo

em alguns professores, as dificuldades quanto ao domínio pleno dos

algoritmos, que são utilizados de maneira mecânica e sem significado.

Muitos professores empregam técnicas diversas de cálculo, mas não

compreendem o porquê de cada procedimento, e os alunos repetem um

modelo ao qual não atribuíram sentido lógico ou prático.

Possibilitar ao aluno meios para realizar as quatro operações com eficiência é um dos

maiores objetivos da Matemática nas séries iniciais. Para tanto é necessário sempre levar em

conta as experiências e atividades diárias das crianças, buscando a contextualização do

conteúdo a ser ensinado.

As operações devem estar sempre contextualizadas, para que os algoritmos

não se tornem vazios de significado, por não estarem traduzindo situações

que possuem sentido e nem uma situação-problema em que a criança esteja

desafiada a resolver (FONSECA, 1997, p.49).

Se na escola o aluno não conseguir fazer a associação das quatro operações com

situações cotidianas, tampouco compreenderá a maneira de resolvê-las pelos exercícios

propostos em sala, pois estes serão meros mecanismos de ensino de algo sem valor simbólico

para o aluno. Essa relação da Matemática com a realidade do estudante é necessária, pois

fora do ambiente escolar o aluno já realiza cálculos e operações a seu modo. Esse

conhecimento não deve ser menosprezado pela escola, pelo contrário, ela precisa ser capaz de

levar a criança a associar os mecanismos usados na resolução de problemas matemáticos, com

os mecanismos apreendidos na escola.De acordo com pesquisa realizada,

[…] a escola nos ensina como deveríamos multiplicar, subtrair, somar e

dividir; esses procedimentos formais, quando seguidos corretamente,

funcionam. Entretanto, as crianças e adolescentes no presente estudo

demonstraram utilizar métodos de resolução de problemas que, embora

totalmente corretos, não são aproveitados pela escola (CARRAHER;

CARRAHER; SCHLIEMANN, 1988, p. 38).

A escola, ao se preocupar apenas com o conteúdo a ser ensinado para o aluno,

desconsiderando sua capacidade de construir seu próprio conhecimento, utiliza estratégias

prontas e definidas, sem significado para os mesmos e estes, acabam por não absorver e

interiorizar tais conteúdos, reproduzindo mecanicamente de acordo com a necessidade

surgida.

Ramos (2009) explica com precisão a passagem utilizada pelas crianças na

transformação de situações de contagem para o cálculo das operações: quando uma criança

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

considera a quantidade que já tem e com base nisso acrescenta a nova quantidade para

encontrar o resultado, está adicionando, ou seja, realizando uma operação Matemática;

quando faz o processo inverso, retirando uma quantidade da que já tem, sem contar quanto

sobrou, ela está subtraindo. Ainda em Ramos (2009, p.62), “Operar matematicamente é

realizar uma transformação reversível. Reversibilidade é a capacidade de ir e vir do

pensamento, ou seja, partir de uma ação realizada e ser capaz de refazer os passos de volta ao

início, desfazendo a ação.”. Considerando esse processo de aprendizagem das crianças, faz-se

necessário que a escola busque maneiras de auxiliá-lo, possibilitando ao aluno compreender,

pois segundo Valente (1999, p.89)

A aprendizagem pode ocorrer basicamente de duas maneiras: a informação

é memorizada ou é processada pelos esquemas mentais e esse

processamento acaba enriquecendo esses esquemas. Neste último caso, o

conhecimento é construído. Essas diferenças em aprender são fundamentais,

pois em um caso significa que a informação não foi processada e, portanto,

não está passível de ser aplicada em situações de resolução de problemas e

desafios. Essa informação, quando muito, pode ser repetida de maneira mais

ou menos fiel, indicando a fidelidade da retenção. Por outro lado, o

conhecimento construído está incorporado aos esquemas mentais que são

colocados para funcionar diante de situações problema ou desafios. Neste

caso, o aprendiz pode resolver o problema, se dispõe de conhecimento para

tal ou deve buscar novas informações para serem processadas e agregadas

ao conhecimento já existente.

Nesse sentido a atuação do professor é de extrema importância, pois tendo papel de

mediador do conhecimento, cabe a ele introduzir na aprendizagem dos alunos maneiras

diversificadas de apreender o conteúdo proposto. Uma das formas de tornar o ensino das

quatro operações significativo aos educandos é através da utilização de materiais didáticos

diversificados, como os jogos. As crianças, por sua própria natureza, veem nos jogos e

brincadeiras uma forma de relacionar o conhecimento prévio com o novo conhecimento a ser

apreendido, interiorizando-os de forma significativa. Dessa forma, como afirma Fonseca

(1997, p.48) “à medida que as crianças vão sendo desafiadas a desenvolverem seu raciocínio,

por meio de jogos, vão construindo relações de estruturas lógicas que permeiam todas as

quatro operações”. É preciso, no entanto, que o professor desempenhe o papel de

organizador da aprendizagem, fazendo a seleção adequada do material a ser utilizado em sala

com os alunos, buscando alcançar os objetivos propostos.

[...] para desempenhá-lo, além de conhecer as condições socioculturais,

expectativas e competência cognitiva dos alunos, precisará escolher o(s)

problema(s) que possibilita(m) a construção de conceitos/procedimentos e

alimentar o processo de resolução, sempre tendo em vista os objetivos a que

se propõe atingir (BRASIL, 1997, p.40)

Sendo tais objetivos relacionados com as operações matemáticas, faz-se necessário a

utilização de recursos envolvendo as ideias de adição, subtração, multiplicação e divisão, pois

estes, sempre sendo explorados pelo professor, possibilitam ao aluno a compreensão e o

desenvolvimento da autonomia (FONSECA, 1997). Repensando o ensino da

Matemática, a sua utilização no cotidiano, a possibilidade de aprendê-la de forma diferenciada

e fazendo a escolha de material adequado a essas modificações, a escola conseguirá fazer a

associação dos jogos com a resolução das quatro operações matemáticas, mostrando aos

alunos que é possível aprender de forma divertida e interessante, e dessa forma os problemas

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

enfrentados por estes diminuirão significativamente e o interesse pela aprendizagem será cada

vez maior.

2.2 Educação Matemática e Informática

2.2.1 O software no contexto educativo

Buscam-se incessantemente maneiras de melhorar a qualidade de ensino e deixar as

aulas de Matemática mais motivadoras, com o intuito de estabelecer um ambiente propício ao

ensino-aprendizagem, para que este se torne significativo e, por consequência, que o aluno

aprenda o conteúdo a ser ensinado. “O grande desafio é encontrar opções que venham a

contribuir na superação das dificuldades encontradas por professores e alunos no ensino-

aprendizagem da Matemática” (SOUZA, 2001, p.24). Nessa perspectiva é importante

observar o computador como um recurso utilizado em diversas áreas, e que pode ser incluído

no ensino para tornar-se um facilitador da aprendizagem, pois embora os computadores ainda

não estejam amplamente disponíveis para a maioria das escolas, eles já começam a integrar

muitas experiências educacionais, prevendo-se sua utilização em maior escala em curto prazo

(BRASIL, 1997, p.47). Em decorrência do grande avanço tecnológico. “Ele é apontado como

um instrumento que traz versáteis possibilidades ao processo de ensino e aprendizagem de

Matemática, seja pela sua destacada presença na sociedade moderna, seja pelas possibilidades

de sua aplicação nesse processo”. (BRASIL, 1997, p.47).

Sendo assim, é necessário um planejamento usando estratégias para adequar o uso

desse recurso como aliado na construção do conhecimento de forma mais sucinta, motivadora,

e desafiadora. Uma das formas de empregar o computador como ferramenta educacional com

o qual o aluno resolve problemas significativos, é por meio de softwares educativos

(ALMEIDA, 2000). Dessa forma,

Pedagogicamente falando, a utilização de ambientes informatizados,

empregando-se softwares educativos avaliados previamente pelo professor,

acompanhados de uma didática construtiva e evolutiva, pode ser uma

solução interessante para os diversos problemas de aprendizagem em

diferentes níveis. (MAGEDANZ, 2004. p.6)

Com o advento da informática, muitos softwares estão sendo desenvolvidos para

atender às diversas áreas, e a educação é uma delas. “A quantidade de programas

educacionais e as diferentes modalidades de uso do computador mostram que esta tecnologia

pode ser bastante útil no processo de ensino-aprendizado” (VALENTE, [1991 e 2002], p.2).

Para o professor, o uso dessa ferramenta possibilita uma maior apreensão dos

conteúdos pelos alunos, entretanto é importante lembrar que, como encontramos no PCN

(BRASIL, 1997, p.47)

Quanto aos softwares educacionais é fundamental que o professor aprenda a

escolhê-los em função dos objetivos que pretende atingir e de sua própria

concepção de conhecimento e de aprendizagem, distinguindo os que se

prestam mais a um trabalho dirigido para testar conhecimentos dos que

procuram levar o aluno a interagir com o programa de forma a construir

conhecimento.

Page 89: ECCOM 7 - Revista de Educação, Cultura e Comunicação

88

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

É necessário ressaltar que a utilização do software educativo como ferramenta de

auxílio no ensino da Matemática tornar-se-á eficaz se o professor planejar as ações a serem

desenvolvidas e fazer a escolha adequada dos softwares que serão utilizados em sala de aula

para atender os objetivos educacionais estabelecidos previamente.Dessa forma, com uma

proposta educacional bem planejada e estruturada.

Os softwares educativos podem ser um notável auxiliar para o aluno

adquirir conceitos em determinadas áreas do conhecimento, pois o conjunto

de situações, procedimentos e representações simbólicas oferecidas por

essas ferramentas é muito amplo e com um potencial que atende boa parte

dos conteúdos das disciplinas. Estas ferramentas permitem auxiliar aos

alunos para que deem novos significados às tarefas de ensino e ao professor

a oportunidade para planejar, de forma inovadora, as atividades que

atendem aos objetivos do ensino (BONA, 2009, p.36).

Além dos benefícios para a educação Matemática, tornando o processo de ensino-

aprendizagem mais dinâmico, a utilização do computador e de softwares educativos propicia

aos alunos um olhar diferenciado para o ensino, pois este já faz parte do cotidiano de muitos

estudantes, tanto para a elaboração de trabalhos escolares ou como modo de entretenimento.

O fato dos alunos crescerem em uma sociedade permeada de recursos tecnológicos

torna-os hábeis manipuladores da tecnologia, dominando-a com maior rapidez e desenvoltura

que seus professores; mesmo os pertencentes as camadas menos favorecidas têm contato com

recursos tecnológicos (ALMEIDA, 2000).

O envolvimento da prática escolar com as novas tecnologias, por meio do uso de

softwares educativos, despertará no aluno a curiosidade e a vontade em aprender o que está

sendo proposto pela escola, trazendo como resultados educacionais uma aprendizagem rica e

dinâmica.

Quando o aluno usa o computador para construir o seu conhecimento, o

computador passa a ser uma máquina para ser ensinada, propiciando

condições para o aluno descrever a resolução de problemas, usando

linguagens de programação, refletir sobre os resultados obtidos e depurar

suas ideias por intermédio da busca de novos conteúdos e novas estratégias

[…]. A construção do conhecimento advém do fato de o aluno ter que

buscar novos conteúdos e estratégias para incrementar o nível de

conhecimento que já dispõe sobre o assunto que está sendo tratado via

computador (VALENTE, 1999, p.2).

Nessa abordagem o computador não é o detentor do conhecimento, mas é uma

ferramenta que permite ao aluno construí-lo. Dessa forma

O computador […] e as mídias digitais precisam estar presentes na escola,

concorrendo para que essa deixe de ser mera consumidora de informações

produzidas alhures e passe a se transformar – cada escola, cada professor e

cada criança – em produtores de culturas e conhecimentos. Cada escola,

assim, começa a ser um espaço de produção, ampliação e multiplicação de

culturas, apropriando-se das tecnologias (PRETTO; ASSIS, 2008, p.81).

Page 90: ECCOM 7 - Revista de Educação, Cultura e Comunicação

89

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Contudo, com a inserção do software no contexto educativo, auxiliando no processo

de ensino-aprendizagem, espera-se que os alunos sejam capazes de usar os conhecimentos

existentes, adquirindo novos com a intervenção do recurso tecnológico, tornando-se

pensadores ativos e críticos. “Além disso, espera-se que eles sejam capazes de conhecer o seu

potencial intelectual e utilizá-lo no desenvolvimento de suas habilidades e aquisição de novos

conhecimentos” (PAPERT, 1988, p.9).

2.2.2 Software educativo de Matemática: Tux, of Math Command

Como já citado anteriormente, no modelo educacional encontrado hoje, faz-se

necessária a implantação de novos recursos tecnológicos no ensino da Matemática. Dessa

forma, podemos afirmar, assim como no PCN (BRASIL, 1997, p.20) que: “recursos didáticos

como jogos, livros, vídeos, calculadoras, computadores e outros materiais têm um papel

importante no processo de ensino e aprendizagem”.

Em um ambiente em que o recurso favoreça a aprendizagem, fazendo o aluno perceber

que o conteúdo proposto tem ligação com sua vivência, e que o professor exerce papel de

mediador de conhecimento, ele se tornará mais confiante e disposto a interagir com a

aprendizagem, conseguindo assimilar os conteúdos propostos em sala. Quanto aos recursos

a serem utilizados, os softwares educativos trazem benefícios ao processo de ensino-

aprendizagem de alunos em Matemática, devido aos vários elementos neles presente.

Um software será relevante para o ensino da Matemática se o seu

desenvolvimento estiver fundamentado em uma teoria de aprendizagem

cientificamente comprovada para que ele possa permitir ao aluno

desenvolver a capacidade de construir, de forma autônoma, o conhecimento

sobre um determinado assunto (BONA, 2009, p.36).

Os softwares educativos são desenvolvidos com recursos que buscam chamar a

atenção das crianças, ao mesmo tempo em que levam a uma aprendizagem significativa dos

conteúdos presentes no jogo. Uma das grandes vantagens do uso do software educativo é o

seu apelo visual, pois as imagens, cores, personagens e movimento presentes se contrapõem

às características do ensino tradicional. Livros e quadro não se comparam à dinâmica que

pode possuir um jogo no computador, sendo essa uma importante causa da atração que as

crianças sentem pelo mundo virtual. Outra vantagem é a capacidade de interação e a

velocidade da resposta que um software pode dar a uma intervenção do aluno, pois o mantém

atento estimulando-o a construir o seu conhecimento.

O jogo utilizado em nossa pesquisa, o Tux, of Math Command possui alguns desses

elementos. O mesmo foi citado em um dos artigos da Revista Espírito Livre (2009, p.3) criada

com o objetivo de “[...] reunir colaboradores, técnicos, profissionais liberais, entusiastas,

estudantes, empresários e funcionários públicos em atividades, como em eventos afim de

estreitar os laços destes com iniciativas livres, entre elas o próprio software livre.”.Este jogo,

desenvolvido com a ideologia de software livre, pode ser encontrado e baixado gratuitamente

do site http://tux4kids.alioth.debian.org/tuxmath/.

Dentre as características encontradas no jogo, destacam-se o som, a animação, a

premiação e o erro. Os sons utilizados como recurso despertam a atenção; as animações do

personagem, o pinguim, permite uma relação maior do usuário com o jogo; as imagens reais

do universo apresentadas como plano de fundo proporcionam a interdisciplinaridade entre as

matérias de Matemática e Ciências, possibilitando uma exploração abrangente do universo e

suas características; e assim a junção destes promovem o envolvimento do aluno com o jogo.

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90

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

O erro, situação muito temida pelos alunos, que gera vergonha, culpa e sentimento de

inferioridade perante os colegas, é trabalhado de forma oposta no jogo, pois é visto como

parte da brincadeira. Ele também oferece novas chances aos jogadores e ausência de

violência, onde os personagens ao serem atingidos, não morrem, são apenas eliminados.

A premiação adotada no software ocorre de diversas formas: com a música, na

animação do personagem, nos acertos e nas mudanças de nível; na recompensa, com a

possibilidade de registrar o nome mesmo sem finalizar, de escolher em qual nível vai iniciar e

pela pontuação. A junção de todos esses elementos oferecidos no jogo proporciona ao usuário

pensar de forma rápida, desenvolvendo a lógica matemática e a velocidade de raciocínio

utilizando as quatro operações.

Considerando os fatores abordados anteriormente em relação ao uso de software na

educação, é importante ressaltar que “quando utilizados corretamente, software e hardware

podem ajudar a preparar os estudantes tanto em termos de formação ‘clássica’ quanto para sua

inserção em uma sociedade cada vez mais integrada à tecnologia” (MAIA; NASSARDEN,

[200-], p.14).

3. Metodologia

O trabalho desenvolvido teve como metodologia o estudo de caso de natureza

exploratória que se refere à “ênfase dada à descoberta de práticas ou diretrizes que precisam

modificar-se e na elaboração de alternativas que possam ser substituídas” (OLIVEIRA, 2000,

p.134), com análise quanti-qualitativa, pois quantifica opiniões e dados nas formas de coleta

de informações não empregando dados estatísticos como centro do processo de análise do

problema, enfatizando a qualidade (OLIVEIRA, 2000). Para a realização da pesquisa, o

projeto foi encaminhado ao Comitê de Ética e Pesquisa da FATEA, responsável por realizar a

análise e aprovação do mesmo, o qual foi aprovado no dia 16 de junho de 2010, de acordo

com o Parecer n. 51/2010 (ANEXO A). O local escolhido para a realização do estudo foi uma

Instituição particular de Educação Infantil, Ensino Fundamental e Ensino Médio, localizada

no interior do estado de São Paulo. Desta Instituição foi utilizada a sala de aula (Figura 1),

onde acontecem as aulas regulares. Nesta se encontra a mesa da professora, quadro branco,

carteiras individuais para todos os alunos, ventiladores e iluminação adequada. Também foi

utilizado o laboratório (Figura 2) que apresenta computadores em perfeita condições de uso,

sala iluminada, com ventiladores e ar condicionado, bancada para micro, com apoio de

cadernos e cadeiras apropriadas e data show.

Figura1 – Sala de Aula

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91

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Figura 2 – Laboratório de Informática

A população de estudo constitui-se de 26 alunos do 4º ano do Ensino Fundamental I da

própria Instituição, com idade entre 8 e 10 anos, sendo grande parte dos participantes

meninos.

Os instrumentos de coleta de dados utilizados neste trabalho foram: Questionário geral

(APÊNDICE A), Questionário específico (APÊNDICE B), software educativo e Questionário

de opinião (APÊNDICE C). O questionário geral é composto por perguntas relacionadas aos

dados dos participantes, da utilização do computador e de sua relação com as quatro

operações; o questionário específico apresenta contas utilizando as operações matemáticas

para serem resolvidas pelos alunos; o software educativo matemático contém algoritmos das

quatro operações e o questionário de opinião contém perguntas relacionadas à experiência dos

alunos com o software para obter a avaliação deste.

O software utilizado como ferramenta na pesquisa é o jogo matemático Tux, of Math

Command (Figura 3) que apresenta como objetivo impedir que as bombas atinjam os iglus

sob ataque. No entanto, o interessante do jogo é a capacidade de divertir ensinando as quatro

operações de forma lúdica, pois as bombas só serão destruídas se o jogador acertar contas

aleatórias.

A dificuldade vai crescendo à medida que o nível aumenta. No menu opções pode-se

escolher entre algoritmos de somar, subtrair, multiplicar ou dividir. Há também a

possibilidade de mesclar as operações ou escolher apenas uma delas. É bem simples, a criança

digita o número correspondente à resposta da conta proposta e aperta o ENTER. Se a resposta

estiver certa, dispara-se um raio laser diretamente na bomba (conta), destruindo-a. Se errada,

o raio vai em outra direção e a bomba continua descendo. O jogador tem a possibilidade de

responder corretamente até que esta atinja o iglu.

Figura 3 – Software matemático Tux, of Math Command

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92

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

A pesquisa foi realizada em três etapas, como mostra o cronograma (Tabela 1) a seguir

Cronograma da Pesquisa de Campo

27/05/2010 Reunião para autorização da pesquisa

08/09/2010 Aplicação do questionário 1 e 2

23/09/2010 Aplicação do software, do questionário 3 e encerramento da

pesquisa

Tabela 1 – Cronograma da Pesquisa de Campo

A primeira etapa iniciou-se com a reunião entre a Coordenadora Pedagógica da

Educação Infantil e Ensino Fundamental I, a professora do 4º ano e as pesquisadoras para

explicar a finalidade do trabalho e conseguir autorização para a pesquisa.

Na segunda etapa foi realizada a aplicação dos questionários geral e específico em sala

de aula, explicando sua finalidade, deixando claro que os erros e acertos não seriam avaliados

e sim uma análise das tentativas e participação. O questionário geral foi preenchido com o

auxílio das pesquisadoras, fazendo o acompanhamento dos alunos em todos os itens presentes

no mesmo. O questionário específico foi resolvido pelos participantes com intervenção das

pesquisadoras quando necessário ou solicitado. A duração deste encontro foi de

aproximadamente 1 (uma) hora.

A terceira etapa aconteceu no laboratório de informática, com a aplicação do software

educativo Tux, of Math Command (Figura 4). O jogo foi previamente instalado em todas as

máquinas para a realização do encontro, deixando-os pronto para jogar. A turma foi dividida

em dois grupos, e enquanto um estava no laboratório, o outro estava na sala com a professora.

Figura 4 – Aplicação do Jogo

O procedimento realizado com os grupos foi explicar as regras, objetivos e opções do

jogo, sugerindo a realização de uma das fases e observando o comportamento dos alunos

frente ao jogo. Posteriormente, foi proposto que os alunos escolhessem outras alternativas de

acordo com sua preferência. Após a exploração do jogo, foi entregue o questionário de

opinião para o relato dos alunos sobre a experiência com a utilização do software.

A etapa foi finalizada com o agradecimento pela colaboração dos participantes e a

entrega de uma circular contendo informações sobre o jogo e o procedimento necessário para

sua obtenção via web.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

4. Resultados e Discussão

Realizamos uma análise quanti-qualitativa do comportamento dos sujeitos da pesquisa

e do resultado dos procedimentos executados para avaliar o desempenho do software

educativo como ferramenta de auxílio nas aulas de Matemática. Os resultados da pesquisa

serão descritos a seguir.

Alguns objetivos da aplicação do questionário geral foram: verificar qual a relação dos

alunos com o computador, como eles o utilizavam e se tinham experiências anteriores com

software educativo de Matemática. Tais objetivos puderam ser alcançados através das

respostas obtidas nas questões 3 e 4, como mostra a figura abaixo

Figura 5 – Questões 3 e 4 do Questionário geral

Observamos durante a aplicação do questionário a necessidade de alguns alunos em

querer acrescentar mais opções quanto à utilização do computador, como vemos na figura a

seguir. Isso revela a grande interação existente entre a criança e os recursos nele disponíveis,

possibilitando à escola aproveitar o interesse por esse recurso para vinculá-los à educação.

Figura 6 – Questão 3 do Questionário geral

Analisamos as respostas deste questionário e obtivemos como resultados que a maioria

dos alunos utilizam o computador para jogos e já brincaram com software matemático, pois

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

como afirmam Almeida (2000) e o Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1997), eles

crescem numa sociedade permeada de recursos tecnológicos. Os resultados podem ser

comprovados nos gráficos a seguir

Figura 7 – Análise das respostas da questão 3 do Questionário geral

Figura 8 – Análise das respostas da questão 4 do Questionário geral

De acordo com as respostas obtidas, podemos verificar que a utilização do software

como recurso pedagógico auxiliando na aprendizagem da Matemática é possível,

principalmente quando se trata de um jogo educativo, pois dentre as diversas possibilidades

de utilização do computador, a preferência dos alunos é por jogos. Sendo assim, segundo

Fonseca (1997) e Dante (2003), os objetivos matemáticos podem ser explorados com a

utilização de jogos, tornando o aluno participativo, as aulas mais dinâmicas e motivadoras,

próximas da realidade deles, auxiliando o processo de ensino-aprendizagem.

Analisando a questão 5 (Figura 9) do questionário geral, podemos verificar, em

relação às quatro operações, que os alunos preferem as operações de adição justificando

serem mais fáceis de fazer.

0

5

10

15

20

25

23 4

9

24

Número de respostas

Para que utiliza o computador

outros

sites

desenhos

trabalho

jogos

0

10

20

3025

1

Número de participantes

Já brincou com jogo matemático

Já brincou

Não brincou

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95

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Figura 9 – Análise das respostas da questão 5 do Questionário geral

Já na questão 6 (Figura 10), as operações de divisão foram apontadas como sendo a

que menos gostam, pois segundo as respostas obtidas, os alunos as consideram difíceis,

complicadas, “com muita coisa para fazer”.

Figura 10 – Análise das respostas da questão 6 do Questionário geral

A figura a seguir ilustra as respostas apresentadas por diversos alunos no questionário

e comprova a análise realizada nos gráficos anteriores.

0

2

4

6

8

10

12

12

5

1 1 1

Número de respostas

Conta que menos gosta

divisão

subtração

multiplicação

divisão e subtraçãotodas menos adição

0

2

4

6

8

10

12

1413

7

32

1

Número de respostas

Conta que mais gosta

adição

multiplicação

todas

divisão

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Figura 11 – Questões 5 e 6 do Questionário geral

As comparações feitas acima demonstram que a preferência dos alunos por uma ou

outra operação tem ligação direta com sua aprendizagem, sendo assim, para que essa

aprendizagem seja eficaz e completa, é preciso que o professor consiga atender as

necessidades dos alunos de forma abrangente, e isso pode acontecer através da utilização do

recurso tecnológico, no caso o computador.

Na aplicação do questionário específico, o objetivo era avaliar o comportamento dos

alunos frente a realização das contas de maneira convencional utilizando as quatro operações,

não focando a verificação dos resultados certos ou errados, e sim a postura e estratégias

utilizadas por eles na resolução das situações-problema.

Os alunos não demonstraram entusiasmo em resolver as contas e sim, ficaram

preocupados em apresentar resultados, realizando-as de qualquer maneira, ou não insistindo

em resolvê-las quando tinham dificuldades, deixando em branco.

Figura 12 – Explicação dos alunos sobre a resolução da contas

Ficaram com dúvidas e constantemente perguntavam, sem tentar resolver sozinhos.

Muitos colocavam um resultado qualquer e quando questionados sobre como resolveram,

afirmavam que fizeram de cabeça ou que não sabiam como tinham resolvido. Alguns

exemplos estão apresentados abaixo

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Figura 12.1 – Explicação dos alunos sobre a resolução das contas

Os alunos logo se dispersaram, não demonstrando interesse em continuar resolvendo o

questionário.

Ao contrário do comportamento apresentado na aplicação do questionário específico,

no qual os alunos resolveram as contas em sala, na aplicação do software no laboratório de

informática, os sujeitos da pesquisa demonstraram muito entusiasmo com nossa presença,

pelo fato de proporcionarmos a utilização de um jogo no computador.

Na aplicação do jogo dividimos a turma e percebemos que, com ambas, o

comportamento dos alunos foi de empolgação, com pouca dificuldade em manusear o

software após as instruções dadas. No primeiro contato com o jogo não conseguiam

acompanhar o seu ritmo, mas devido a interação entre os colegas, pedindo ajuda e

comparando resultados, e as possibilidades de acertos e novas tentativas dada pelo jogo eles

conseguiram, estimulando-os a continuar a jogar.

Aos alunos foi dada a possibilidade de escolha dos níveis do jogo de acordo com o que

mais interessava a cada um. Percebemos que as crianças escolheram os níveis de acordo com

o grau de facilidade que tinham em resolver as contas. Dessa forma é possível perceber que o

jogo proporcionou aos alunos a possibilidade de acompanhar os diferentes níveis de

aprendizagem, como afirmou Magedanz (2004), através dos níveis de dificuldades presente

no mesmo.

Mesmo com dúvidas, os alunos não paravam de jogar para fazer perguntas, tiravam

essas dúvidas com o colega do lado, ou faziam tentativas de respostas no jogo. Ficaram

concentrados na atividade até o final da etapa.

Algumas crianças não gostaram de utilizar o jogo pelo fato de não gostarem da

disciplina, portanto, como afirma o PCN (BRASIL, 1997), tanto o computador como o

software educativo servem como facilitadores e motivadores à aprendizagem, entretanto há

necessidade em repensar conteúdos, metodologias e objetivos para torná-la significativa, pois

assim essa visão do aluno em relação a disciplina pode ser modificada, levando-o a interessar-

se por ela.

Analisando e comparando o comportamento dos alunos durante a pesquisa foi possível

verificar uma atitude mais entusiasmada na utilização do jogo porque este não foi encarado

como problema, mas como diversão e atração, ao contrário da sala, onde se sentiram presos e

necessitados em resolver as contas, apresentar soluções, mesmo deixando claro que não era

essa a proposta da atividade.

No questionário de opinião, o objetivo que queríamos alcançar era obter a avaliação do

jogo por parte dos participantes da pesquisa após a utilização deste, observando se houve

dificuldade e se gostariam de utilizá-lo nas aulas de Matemática.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Figura

13 – Questão 1 do Questionário de opinião

Constatamos que a maioria dos participantes fez uma avaliação positiva do jogo,

fazendo diversas justificativas, tais como: é um jogo educativo, é legal na aula de Matemática,

a gente aprende mais, nos ajuda nas contas e nos diverte, adoro fazer continhas, entre outras.

Pôde ser constatado através das respostas obtidas nas questões 2 e 3 deste questionário

que, assim como foi verificado anteriormente, mesmo utilizando o jogo, os alunos ainda

encontram facilidade na resolução das contas que envolvem adição e dificuldade nas que

envolvem multiplicação e divisão, como podemos ver nos gráficos seguinte.

Figura 14 – Análise da questão 2 do Questionário de opinião

Figura 15 – Análise da questão 3 do Questionário de opinião

1 1 12

2

3

8

10

O que foi mais difícil no jogo

fazer as contas grandes

divisor positivo e negativodividir com dois algarismosnível I

tudo

nada

divisão

multiplicação

Númerode

respostas

1 1 12

2

4

14

O que foi mais fácil

fazer as contas

subtração

divisão

tudo

nível I

multiplicação

adição

Número de

respostas

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Fazendo uma análise comparativa entre os dados apresentados nos gráficos das

questões 5 e 6 do questionário geral e com os gráficos apresentados acima, podemos perceber

que os alunos apontaram no questionário geral as contas de adição como sendo as que mais

gostam, devido a facilidade que encontram em resolvê-las, e de multiplicação e divisão que

menos gostam porque acham difícil. A mesma resposta foi obtida quando se depararam com

situação semelhante na utilização do software educativo de Matemática.

É importante ressaltar que, apesar das dificuldades apresentadas, as duas formas de

resolver as operações foram encaradas de forma contrária. Na situação em sala os alunos se

mostraram tensos, preocupados com os erros e acertos, e sobretudo, preocupados em não

saber resolver a conta proposta, já na resolução das operações com o auxílio do jogo isso não

ocorreu. Mesmo querendo acertar as respostas, buscavam maneiras diferentes de encontrá-las

sem ficar presos ao erro. Além disso, a situação do jogo proporcionou uma interação maior

entre os alunos, possibilitando que ajudassem uns aos outros a resolver as contas propostas, o

que não aconteceu com a mesma facilidade em sala.

Pode-se concluir com esta análise que a utilização do software não elimina as

dificuldades encontradas em sala, e como afirma Bona (2009), ele dá novos significados aos

problemas e oferece ao aluno a possibilidade de encará-los como algo que pode ser superado.

Os participantes da pesquisa também foram questionados sobre a utilização do jogo na

aula de Matemática, podendo ser constatado que, por diversas razões, a maioria gostaria de

fazer seu uso. Entre as justificativas apresentadas podemos destacar: seria mais fácil aprender,

a gente aprende mais Matemática, nos ajudaria nas contas, seria muito legal se a gente usasse,

a gente poderia ser mais inteligente, gosto muito de usar o computador. Outras justificativas

apresentamos nas figuras abaixo:

Figuras 16 – Questão 4 do Questionário de opinião

Figura 16.1 – Questão 4 do Questionário de opinião

Ao responderem esse questionário, as crianças se mostraram motivadas afirmando

que, se as aulas de Matemática utilizassem jogos como o apresentado na pesquisa, ela ficaria

mais interessante e dinâmica.

A constatação das respostas apresentadas pelos alunos completa o que foi verificado

na Revisão de Literatura por Souza (2001) em relação aos recursos que possam contribuir

para a superação das dificuldades no ensino-aprendizagem da Matemática, deixando claro que

o uso do software educativo matemático serve de auxílio nessa aprendizagem.

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100

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Durante a pesquisa alguns alunos apresentaram respostas negativas nos questionários e

na utilização do jogo. Foi possível perceber que essas respostas se deram pela relação deles

com a disciplina, como apresentado anteriormente, ou seja, por não gostarem de Matemática,

não quiseram resolver as contas e utilizar o jogo da maneira proposta.

Figura 17 – Justificativa do aluno em relação ao jogo

Como afirmou Bezerra (2008) na Literatura apresentada, os alunos sentem

dificuldades em resolver os algoritmos, pois são utilizados de maneira mecânica e sem

significado, não atribuindo sentido lógico e prático para a resolução dos problemas, dessa

forma os alunos ficam dispersos e sem interesse nas aulas, ou acabam atribuindo à ela um

caráter negativo.

Figura 17.1 – Justificativa do aluno em relação ao jogo

Figura

17.2 – Justificativa do aluno em relação ao jogo

Dessa forma fica evidente que, se as aulas fossem motivadoras e aos alunos os

conceitos fossem apresentados com significado, como afirma Carvalho (1990) e Fonseca

(1997), os alunos apresentariam respostas diferentes quando questionados em relação aos

saberes matemáticos.

Analisando as duas situações, em sala e no laboratório de informática, foi possível

constatar que, mesmo os alunos que apresentaram dificuldades na resolução de problemas

matemáticos em sala conseguiram utilizar o recurso, e o numero de sujeitos insatisfeitos com

sua aplicação foi relativamente baixo, como mostra o gráfico a seguir.

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101

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Figura 18 – Avaliação software pelos alunos

Isso evidencia a importância da utilização do software educativo nas aulas de

Matemática, pois como foi comprovado na pesquisa, os alunos aprovaram a utilização do

recurso mostrando resultados positivos e a possibilidade de utilizá-lo como auxílio na

aprendizagem.

5. Conclusão

Durante a realização de nossa pesquisa percebemos a importância de proporcionar aos

alunos um ambiente mais dinâmico, enriquecedor e motivador para o processo de ensino-

aprendizagem por meio da inserção do recurso tecnológico, como no caso, o software

educativo. Pudemos constatar que, em um ambiente no qual a utilização do recurso se torna

possível, as atividades são desenvolvidas de forma natural pelos alunos, sem apresentar

muitas dúvidas ou receio em resolvê-las, pela habilidade que estes têm em utilizar a

tecnologia, proporcionando dessa forma maior interação e troca de experiências entre as

crianças.

Encontramos no Parâmetro Curricular Nacional (BRASIL, 1997) e nas palavras de

Souza (2001) que o desafio das aulas de Matemática é encontrar recursos que possibilitem

tornar as aulas motivadoras aos alunos, e que nesse sentido, o computador e a informática

chegam como auxílio para a resolução dessa questão, pois a maioria dos alunos, até mesmo os

menos favorecidos, tem contato e facilidade de utilização das novas tecnologias.

Foi interessante notar também que, mesmo com a utilização do recurso tecnológico, a

importância do aprendizado em sala não é menosprezado, pois para que o aluno possa

desenvolver habilidades na utilização do mesmo, ele precisa utilizar os conhecimento

apreendidos para superar seus desafios. Dessa forma, o software se apresenta como auxílio a

aprendizagem, ou seja, uma forma de tornar a aula mais motivadora e interessante, servindo

de suporte ao professor.

Por isso, como afirmou Bona (2009), é importante que a utilização do software seja

bem planejada pelo professor, pois o bom planejamento permite que o aluno dê novos

significados as tarefas de ensino.

O trabalho com software educativo proporciona ao aluno a possibilidade de construir

seu próprio conhecimento, e ao professor a oportunidade de alcançar os objetivos

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

educacionais de forma ampla, levando todos os alunos a apreender os conceitos pela

multiplicidade de recursos.

Finalmente acrescentamos que foi possível alcançar os objetivos propostos e

confrontar o questionamento da pesquisa com a realidade, comprovando que é possível a

utilização do software educativo como recurso na aprendizagem da Matemática.

Encerramos nossas observações ressaltando a importância de aprofundamentos

posteriores no tema, pois este não está acabado, pelo contrário, ainda há muitos caminhos a

serem percorridos e estudados para que o mito das aulas de Matemática como difíceis e

distantes da realidade dos alunos sejam derrubados, e a visão da incorporação dos recursos

tecnológicos à educação possam ser aceitos e utilizados com frequência.

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Reflexões sobre a linguagem televisiva e sua influência

socializadora

Débora Burini Bacharel em Comunicação Social na habilitação Rádio e Televisão (1989), Mestre em Comunicação e

Semiótica pela PUC de São Paulo (1996), e Doutora em Comunicação Social pela Universidade Metodista de

São Paulo-UMESP. Atuou desde 1988 em emissora de televisão, e participou como membro do Conselho

Deliberativo da Direção do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (1995). Professora

universitária desde 1995 atuou na Universidade de Taubaté, FAAP e Faculdade Cásper Líbero. Atualmente

ministra aulas na Universidade Federal de São Carlos – UFSCar.

Jefferson José Ribeiro de Moura Formado em Comunicação Social pela USP nas habilitações Rádio e TV e Publicidade e Propaganda.

Especialista em Comunicação Social e Mestre em Lingüística Aplicada pela Universidade de Taubaté. Professor

há 27 anos, atuou na PUC de Campinas, Faculdades Anhembi Morumbi e Universidade Braz Cubas.

Atualmente leciona na UNITAU e Faculdades Integradas Teresa D’Ávila onde também é Coordenador nos

Cursos de Comunicação Social.

Resumo

O trabalho aborda uma reflexão panorâmica e ensaística sobre o papel da linguagem televisiva

dentro da perspectiva de influência socializadora. Tem por objetivo estabelecer uma discussão no

campo da produção de conteúdo audiovisual veiculado nas emissoras de televisão, a evolução

histórica dos modos de produção e a relação estabelecida entre quem edita e quem assiste, tendo

como mediador a estética do veículo e a evolução tecnológica. Parte do estudo do veículo e da técnica

inserida em seu modus operandi, através das obras de Sérgio Mattos, Raymond Willians e Walter

Bonásio, e da compreensão da mensagem, com apoio das obras de Karl Popper e Joan Ferrés.

Palavras-Chave

Comunicação; Televisão; Audiovisual; Linguagem.

Abstract

This paper presents a panoramic and essayistic reflection on the role of television language from the

perspective of socializing influence. It aims to establish a discussion in the field of audiovisual content

production aired on television stations, the historical evolution of modes of production and the

relationship between those who edits and assists, with the mediator aesthetics of the vehicle and

technological developments. Part of the study vehicle and technology embedded in its modus

operandi, through the works of Sergio Mattos, Raymond Williams and Walter Bonásio, and

understanding the message, with support from the works of Karl Popper and Joan Ferrés.

Keywords

Communication, Television, Audiovisual; Language.

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Introdução

Nas sociedades modernas, a construção do imaginário social é determinada, em grande

parte, pelo poder cultural e simbólico da comunicação em suas múltiplas formas de mediação

e suportes, que estabelecem consensos “fabricados” e não “negociados”, como seria próprio

de sociedades democráticas. A historicidade mediada faz parte do cotidiano das pessoas. Os

efeitos dessa mediação do espaço público, em que a realidade é elaborada não mais a partir de

experiências, mas pelas informações e imagens fornecidas pela tela da televisão, que oferece

“uma janela para o mundo”, vem sendo objeto de reflexão de diferentes autores.

Bosi (1972, p. 383), já alertava para os riscos da colonização pelos meios de

comunicação de massa e reivindicava o caráter plural da cultura.

Dos meados do século XX em diante, passa a ser colonizada em escala

planetária a alma de todas as classes sociais. Colonizar quer dizer agora

massificar a partir de certas matrizes poderosas de imagens, opiniões e

estereótipos. Apesar dos mil e um estudos científicos e de todos os hosanas ou

maldições que há meio século pairam sobre a indústria cultural e,

particularmente, sobre a televisão, continua em aberto a tarefa da inteligência

que pretenda decifrar o que vem acontecendo com as mentes e corações de um

público vastíssimo e, de algum modo, ainda trabalhado pela cultura erudita ou

pela cultural popular.

Quase 40 anos depois, apesar da globalização da comunicação, da desterritorialização

do espaço e do tempo provocados pela comunicação por satélite, e pela web, a população

brasileira ainda repete, diariamente, a rotina descrita por Bosi em seu clássico livro “Dialética

da Civilização”, da década de 70, como um processo corrente de difusão na sociedade de

consumo, onde os bens simbólicos são consumidos principalmente pelos meios de

comunicação de massa.

Em sociedades com baixo índice de leitura e acesso a bens culturais em geral, como é

o caso do Brasil, o poder da televisão é ainda maior, particularmente a televisão aberta,

comercial, considerando a facilidade com que entra nas casas e nas mentes, fomentando

identidades coletivas. Nessa perspectiva, o direito e o acesso à informação multifacetada e

produzida por diferentes atores sociais, tem um papel fundamental para garantir a diversidade

cultural, e contribuir para a formação crítica do cidadão, e desta forma, que possa se tornar

sujeito de sua própria história.

Numa democracia não deveria existir nenhum poder político incontrolado. Ora,

a televisão tornou-se hoje em dia um poder colossal; pode-se mesmo dizer-se

que é potencialmente o mais importante de todos, como se tivesse substituído a

voz de Deus. Não pode haver democracia se não submetermos a televisão a um

controle, ou, para falar com mais precisão, a democracia não pode subsistir de

uma forma duradoura enquanto o poder da televisão não for totalmente

esclarecido. (POPPER, 1992).

Em 1974, no livro Television: technology and cultural form, Raymond Willians

desenvolvia suas reflexões partindo da idéia/concepção de que a televisão é o lugar onde se

entrelaçam três importantes processos: o tecnológico, o institucional e o cultural. Isto leva a

uma compreensão do ponto de vista das relações entre a dimensão tecnológica e a cultural na

televisão. Entender essa relação pressupõe compreender a história dos meios de comunicação,

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

em especial da televisão, e como ela se constituiu tecnologicamente ao longo dos tempos para

determinar formas de comunicação que até hoje se mantém presentes. Ainda que os avanços

tecnológicos propiciem tecnologias de plasma ou cristal líquido LCD (Liquid Cristal

Display), LED (Diodo Emissor de Luz), e em 3D (dimensões), a televisão segue sendo o meio

com maior audiência e popularidade.

No Brasil, dados do Censo 2000 do IBGE e do Ministério das Comunicações indicam

que a televisão está presente em boa parte dos lares brasileiros, e seu alcance chega quase a

totalidade da população brasileira.

Conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto

Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 91,4% dos mais de 53 milhões de lares do país

possuem pelo menos um aparelho receptor de televisão e 88%, de rádio. Ao mesmo tempo,

apenas 8% possuem assinatura de televisão a cabo ou por satélite e 14,4% têm acesso à rede

mundial de computadores (internet), apesar de 18,6% possuírem computador.1

Arlindo Machado (2001) critica as pesquisas sobre televisão e a visão de diferentes

pesquisadores sobre esse meio, que deixam a impressão que na tevê não existe nada além do

comum, do superficial. Segundo Machado, por mais que pareçam avançar os estudos sobre a

televisão, permanece ainda muito amplamente disseminada a idéia antiga de que televisão é

meramente um “serviço”, um sistema de difusão, fluxo de programação, ou, numa acepção

mais “integrada”, produção de mercado, sem considerar os aspectos positivos do próprio meio

e sem discutir o modus operandi e de produção mais diretamente relacionados ao meio como

business, do que ao próprio meio.

Martín-Barbero (2006), considerado um dos principais teóricos da América Latina,

analisa a televisão como relato, dispositivo cultural e indústria; que busca compreender suas

formas, lógicas e conexões; e se propõe como meio central da comunicação contemporânea,

uma vez que a tela televisiva tornou-se o local da visualidade que ritualiza formas de

interpretar o mundo, e classifica as maneiras de “ver” socialmente aceitas.

Por outro lado, considerando que a televisão entra em praticamente todos os

domicílios do país, e compete diretamente com a escola, no processo de formação cultural, é

necessário refletir sobre o sistema brasileiro de televisão e de rádio, que até recentemente foi

marcado pelas emissoras privadas comerciais, apesar de suas concessões serem reguladas pelo

Estado, cuja legislação, o Código Brasileiro de Radiodifusão, de 1962 é ainda considerado

anacrônico, apesar dos “remendos” existentes e face às constantes mudanças tecnológicas do setor e às demandas sociais.

A linguagem e a recepção

A linguagem da televisão passou por um processo evolutivo que conduziu o modo de

edição, antes determinado pelos planos-sequência, para um modelo fragmentado, no qual

prevalece a estética da velocidade em detrimento da estética da profundidade.

No início preponderavam as entrevistas de estúdio e os comentários. As reportagens

externas eram realizadas em película, com o predomínio de longos planos-sequência. Por conta

do equipamento não havia a gravação do som direto. O áudio normalmente era composto por

locuções acrescentadas a posteriori. Devido ao tempo destinado à revelação/montagem, as

matérias externas eram mais frias. A referência da linguagem audiovisual era o cinema.

Com a invenção do vídeo tape surge a possibilidade de realizar reportagens em vídeo

com equipamento de gravação externa. Ainda há a predominância dos grandes planos-

1 Disponível em: http://alainet.org/active/20521 acesso em 2 de fevereiro de 2009.

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seqüência, porém começa a surgir uma linguagem mais específica para o veículo TV, baseada

em uma construção que utiliza planos de câmera variados, apoiada pela possibilidade da

edição eletrônica, mais rápida e simples. A edição, segundo Becker (2008) precisa ser muito

rápida, com planos curtos e fechados, muita ação o tempo todo, de modo a manter o

espectador permanentemente motivado e interessado na trama.

Esta linguagem vai se tornando cada vez mais dinâmica, e a consciência de manter o

público telespectador “ligado” vai desenvolvendo cada vez mais uma preocupação da estética

visual para apoiar o conteúdo.

Com a popularização do controle remoto nos aparelhos de TV, o desafio de manter o

telespectador aumenta consideravelmente. Paralelamente a evolução dos equipamentos de

captação e edição permite o desenvolvimento de uma linguagem mais rápida, dinâmica e em

alguns momentos fragmentada. Uma linguagem que se aproxima da estética do vídeo clipe.

Baseado nesta análise determina-se dois momentos que marcam a estética audiovisual

na TV brasileira. Como se trata de uma mudança, marcada por uma evolução cultural e

tecnológica contínua não há como estabelecer datas, ou momentos de quebra explícitos. Tudo

acontece em um processo de adequação aos novos desafios.

ESTÉTICA DA PROFUNDIDADE ESTÉTICA DA VELOCIDADE

Quantidade menor de notícias

Maior aprofundamento

A informação é o ponto chave

Gera discussão

Quantidade maior de notícias

Menor aprofundamento

A audiência é o ponto chave

Gera busca de + informação

A discussão proposta é que se uma exclui a outra. Se os novos desafios para “prender”

o telespectador geram uma estética visual que determina padrões específicos para o conteúdo.

Do ponto de vista da estética da profundidade a edição dinâmica, veloz e fragmentada

e a grande quantidade de notícias transforma a informação em um show/espetáculo que será

esquecido assim que o próximo programa entrar no ar. Falta informação. Do ponto de vista da

estética da velocidade a edição “lenta”, mais explicativa, com notícias com um tempo maior,

transforma o telejornal em um programa pouco atrativo, que será substituído rapidamente pelo

controle remoto. Falta entretenimento.

Não podemos negar “o olho” do novo telespectador, que reflete uma sociedade

altamente estimulada pela evolução tecnológica. O olhar é multimídia. O tempo é acelerado.

O “banquete” muitas vezes superficial. Porém a informação não deve ser escrava da estética.

É preciso criar alternativas em que se ofereça um conteúdo mais crítico que permita ao

telespectador aprender a “ler” além da superfície.

[...] não se controla a comunicação audiovisual se não se conhecerem os

mecanismos emocionais e inconscientes a partir dos quais ele atua [...] o

analfabetismo audiovisual é mais perigoso que o verbal. O analfabeto verbal é

consciente de sua limitação. Não poderá ter acesso à informação escrita, mas

tampouco poderá ser manipulado por ela. O analfabeto audiovisual, no entanto,

será presa fácil da manipulação audiovisual, porque terá acesso às mensagens

sem capacidade de análise e, ao mesmo tempo, sem uma atitude de defesa, de

controle. (FÉRRES, 1998, p.273)

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Como indústria de consumo e entretenimento, a televisão abocanha uma fatia de quase

60% da publicidade nacional. É apresentada como um midium capaz de colaborar para alterar

uma sociedade, desde que responda às necessidades e expectativas dos públicos que a

assistam.

A convergência multimidiática aliada à plataforma digital reforça que os atuais

modelos de TV não poderão permanecer da forma como estão, e exigem a ampliação das

discussões em torno de mecanismos que garantam a diversidade de conteúdos, aliado a uma

convergência, que não é só de suporte, e sim crítica, de diálogo capaz de fomentar novos

conteúdos. A TV digital, por exemplo, deverá originar linguagens novas, e conteúdos novos.

Uma espécie de repositório natural gerado a partir do avanço da tecnologia.

O novo cenário possibilita uma experimentação de linguagem na produção

audiovisual, uma vez que os custos de produção são baixos e há espaço para a veiculação em

outros suportes.

Na nova televisão (digital e interativa), a estética televisiva atinge outro patamar.

Profundidade e velocidade passam a conviver em um mesmo espaço, e a decisão pela escolha

de um ou de outro passa a ser do telespectador. Seu desejo pode ser atendido

instantaneamente pela internet, ele está livre da grade de programação das emissoras e das

linhas editoriais. A possibilidade de participar ativamente da programação permite ao

telespectador experimentar a alternância de ritmos, dependendo do seu interesse.

Levando em conta a velocidade da mídia (agora digitalizada), o que se vê num

primeiro momento é o predomínio da estética da velocidade. Textos curtos (agora o texto faz

parte da mensagem televisiva), vídeos curtos, que com edição dinâmica atingem a superfície

da informação. Porém a possibilidade do hipertexto autoriza o telespectador a buscar por si,

um aprofundamento da informação através de cliques em links de texto, vídeos e álbuns de

fotos. A possibilidade de participar de um fórum ou chat pode aumentar ainda mais esta

profundidade.

ESTÉTICA DA

PROFUNDIDADE

ESTÉTICA DA

VELOCIDADE

Escolha de links

Vídeos com informação

fracionada

Textos um pouco mais longos

recheados de links

Álbuns de fotos

Fóruns e Chats

PERMITE

Navegação rápida

Vídeos resumidos

Textos curtos

Pesquisas instantâneas

A convergência entre televisão e internet torna-se um fator inquestionável na lógica do

mercado digital. Mas há muitas questões a serem respondidas, principalmente, relacionadas

ao tipo de conteúdo que essa fusão exigirá. É nessa convergência midiática que surge a

necessidade de produção de conteúdos específicos para o suporte.

Não basta ter a intenção de estabelecer uma comunicação dialógica a partir da

televisão é preciso estabelecer um universo comum de competências comunicativas, que

permitam ao telespectador sua real participação. O uso das tecnologias deverá combinar a

melhor maneira de conseguir uma interatividade com a presença física, que ofereça acesso,

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disposição para criar a capacidade de resolver problemas, e produção dos conteúdos pela

investigação da comunidade, gerando assim, o desenvolvimento de conhecimento local,

respeitando-se as especificidades do ambiente.

O ser humano é essencialmente um agente em suas atividades, as quais não

comportam serem definidas em termos de simples reações ou respostas. Conhecer, saber

manusear, entender o modo de expressão da televisão cria uma competência importante no

sentido de utilizá-la com eficiência na produção de conteúdos esperados pelos telespectadores

envolvidos na comunicação.

O desenvolvimento das tecnologias de produção audiovisual digital, ocorrido no final

do século XX, mais precisamente nos anos 90, foi responsável por gerar uma pluralidade de

meios de recepção, captação e de programas de edição de imagens e sons.

Este cenário tem redefinido o papel tanto das grandes emissoras de broadcasting, que

realizam a comunicação massiva, centralizada, vertical e unidirecional, quanto o papel

político e social desempenhado pelo digital, que desempenha a função de descentralização e

democratização da comunicação.

Assim, já é possível produzir conteúdos com um pequeno orçamento, com

equipamentos semi-profissionais utilizando câmera digital, computador, e softwares de edição

de som e imagem. Além do baixo custo, estes equipamentos apresentam qualidade próxima à

profissional e são responsáveis pelo aumento da produção, uma vez que a internet é um

grande repositório, dos portais como YouTube, MySpace, entre outros.

Os novos ambientes de comunicação vão unir cada vez mais soluções textuais, visuais

e audiovisuais em uma forma integrada e atraente, que altera os conceitos clássicos de

emissão, recepção e produção, e que está em constante construção e reelaboração. Estamos

vivenciando a Era Digital, um momento de transformação da lógica de comunicação de

massa, para uma comunicação multilateral e colaborativa.

O Consumidor/Produtor

Quando falamos de democratização ou popularização dos meios de produção, o

primeiro ponto é o acesso ao equipamento. Câmeras de vídeo baratas (fita mini DV, DVD,

cartão de memória), com manuseio descomplicado. Câmeras fotográficas digitais com opção

de gravação em vídeo. Celulares com câmeras integradas com razoável qualidade de imagem

e capacidade de armazenamento. Softwares de edição de manuseio simples e com interface

amigável em versões free. Câmeras integradas a celulares ou não que agregam softwares de

edição de imagens e geradores de efeitos. O mesmo podemos dizer sobre a captação e edição

de áudio, com gravadores digitais com saída USB, celulares, tocadores de MP3, MP4 com

gravadores integrados. E tudo isso oferecido a preços convidativos e com distribuição em

grandes magazines. Inúmeros softwares de distribuição gratuita podem ser “baixados” da

web.

Mas sem canal de distribuição, essa acessibilidade tecnológica ficaria restrita a

pequenos grupos familiares e de amigos, como foi o super-8 e o vídeo-cassete.

Aí surge o segundo ponto importante: a facilidade de distribuição para um grande número de

pessoas através de sites de armazenamento e acesso (youtube, vimeo, etc.) na web. Basta

“abrir uma conta”, seguir os passos determinados pelo site e pronto! E sem a censura técnica,

muitas vezes travestida de “controle de qualidade” das emissoras de rádio e TV, sejam elas

grandes redes, pequenas emissoras regionais ou até mesmo emissoras comunitárias.

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O grande boom da descoberta a utilização massiva destes sites de armazenamento e

acesso vem transformando os estão telespectadores e radiouvintes em

consumidores/produtores de informação. O número de acessos (já não se fala em audiência)

de determinados vídeos na web supera muitas vezes a audiência de programas da televisão

aberta. E comparando, o número de acessos é mais real que o cálculo estatístico de audiência

da TV.

O consumidor de televisão, da televisão pré-digital, era menos ativo do que o

usuário da internet, que tem mais recursos para trabalhar na edição dos

materiais, interromper e selecionar, ir e voltar. Às vezes o telespectador o imita,

porque o controle remoto permite esse jogo, mas, em geral, ele se mostra mais

rígido em sua fidelidade. (GARCIA CANCLINI, 2008, P. 52)

Considerações Finais

Um novo produto/produtor começa a surgir. Sem técnica, sem ideologia, mas com

coragem de se expor e apresentar suas ideias, que pode ser de um simples fato

engraçado/trágico flagrado pelo celular, até um projeto produzido com o objetivo mais

definido de exibir uma ideia. Talvez esse novo produtor não tenha consciência de sua força e

poder. Talvez a idéia da “inatacabilidade” da TV/rádio convencionais não tenha ainda

permitido que ele compreenda seu poder.

A organização em redes possibilita exercer a cidadania para além do que a

modernidade esclarecida e audiovisual fomentou para os eleitores, os leitores e

os espectadores. Diariamente estão sendo difundidas informações eletrônicas

alternativas que transcendem os territórios nacionais e são desmentidos em

milhares de webs, blogs e e-mails os argumentos falsos com que os governantes

“justificam” as guerras, a tal ponto que as emissoras de rádio e televisão, que

repetiam a falsidade, às vezes se vêem obrigadas a reconhecer o embuste.

(GARCIA CANCLINI, 2008, P. 30)

Porém, outro ambiente que não o espaço tradicional da mídia eletrônica (rádio e TV

broadcast) oferece uma brecha, permitindo que a população em geral tenha acesso a meios de

produção e divulgação em uma mídia mais simples e barata. Isso quer dizer que há lugar para

todas as formas de comunicação. Da mesma forma que o mundo eletroeletrônico não aboliu a

escrita, o novo paradigma digital não anula as formas de representação mediadas pelos

dispositivos analógicos, ou seja, as formas massivas.

As funções pós-massivas, como por exemplo, massivas existentes na internet e nas

novas mídias digitais, como nos grandes portais jornalísticos, não representam a abolição da

comunicação de massa, mas, ao contrário, apresentam-se como um processo de

complexificação do momento anterior. Portanto, não se pode recusar o modelo tradicional de

mídia massiva, pois, todos os modelos (massivos e pós-massivos) podem coexistir,

sincronicamente, num mesmo espaço social. Os novos ambientes de comunicação vão unir

cada vez mais soluções textuais, visuais e audiovisuais em uma forma integrada e atraente,

que altera os conceitos clássicos de emissão, recepção e produção, e que está em constante

construção e re-elaboração. Estamos vivenciando a Era Digital, um momento de

transformação da lógica de comunicação de massa, para uma comunicação multilateral e

colaborativa.

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London: Collins, 1974.

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113

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Tecnologias Móveis em Educação: o uso do celular

na sala de aula

Maria Cristina Marcelino Bento Professora Titular da FATEA- Lorena/SP, Mestre em Educação pela UMESP/SBC/SP, Doutoranda pela

PUC/SP –TIDD

Rafaela dos Santos Cavalcante Bolsista PIBIC-EM/CNPq/E.E.L.C.P.

Resumo

A presente pesquisa busca atender ao objetivo do PIBIC-EM: fortalecer o processo de disseminação

das informações e conhecimentos científicos e tecnológicos básicos, bem como desenvolver as

atitudes, habilidades e valores necessários à educação científica e tecnológica dos estudantes do

ensino médio.

Palavras-chave

Tecnologias Móveis; Prática Educativa; Ensino Médio; Tecnologias da Informação e Comunicação.

Abstract

This research seeks to meet the goal of PIBIC-IN: strengthen the process of disseminating information

and basic scientific and technological knowledge, and develop the attitudes, skills and values

necessary for science and technology education for high school student.

Keywords

Mobile Technologies; Educational Practice; High School; Information Technology and

Communication.

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114

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

1. Introdução

O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação Móveis e sem Fio (TIMS)

aumentam os desafios da realidade escolar. Educadores precisam se adequar a realidade

desenhada pelas TIMS. Entre as TIMS, temos o celular, um aparelho popular, com aplicativos

que podem vir a ser utilizados em sala de aula como recurso pedagógico. Desta forma, a

presente pesquisa busca responder: qual a visão de um grupo de professores do Ensino Médio

em relação ao uso do celular em sala de aula? Os objetivos da pesquisa são: conhecer a

história do celular; apresentar possibilidades do uso do celular como recurso pedagógico para

as aulas no Ensino Médio.

A justificativa desta pesquisa se dá pelo registro de Moura (2012): “O acesso a

conteúdos multimédia deixou de estar limitado a um computador pessoal (PC) e estendeu-se

também às tecnologias móveis (telemóvel, PDA, Pocket PC, Tablet PC, Netbook),

proporcionando um novo paradigma educacional, o mobile learning ou aprendizagem móvel,

através de dispositivos móveis. O mobile learning, uma extensão do e-learning, tem vindo a

desenvolver-se desde há alguns anos, resultando em vários projetos de investigação”.

Foi realizado um estudo de caso, com professores que atuam no Ensino Médio, em

uma escola estadual pública, do Vale do Paraíba do Sul. A coleta de dados foi realizada por

meio de um questionário, a análise dos dados é quantitativa e qualitativa. Para o grupo de

docentes que participou desta pesquisa o celular pode ser um recurso pedagógico, ainda que

proibido pelo Decreto Estadual.

Entendemos que se faz necessário um momento de estudo e organização de atividades

escolares de modo que o celular não seja apenas um instrumento de entretenimento para os

alunos.

2. Referencial teórico

O uso das Tecnologias da Informação e Comunicação Móveis e Sem Fio (TIMS)

aumentam os desafios da realidade escolar. Educadores precisam se adequar a realidade

desenhada pelas TIMS. Entre as TIMS, temos o celular, um aparelho popular, com aplicativos

que podem vir a ser utilizados em sala de aula como recurso pedagógico.

Na perspectiva de Saccol, Schlemmer e Barbosa (2011,p.30): “Em boa parte das

instituições formais de ensino o uso de telefones celulares é restrito, por uma espécie de

convenção social.”

O Estado de São Paulo determinou a proibição do uso do celular pelos alunos das

escolas do sistema estadual de ensino durante as aulas, conforme consta no Decreto nº

52.625, de 15 de Janeiro de 2008. Essa prática precisa ser revista se esse dispositivo for usado

com fins educacionais.

O educador precisa ter consciência que a escolha de tecnologias educacionais estão

vinculadas à concepção de conhecimento que concebe. Desta forma concordamos com

Saccol, Schlemmer e Barbosa (2011, p.31): “... se adotarmos uma concepção epistemológica

de que o conhecimento é fruto de construção do indivíduo feita em colaboração com

professores e colegas, devemos selecionar tecnologias que permitam interação intensiva entre

as pessoas, por exemplo, por meio de ambientes virtuais que disponibilizem fóruns, chats,

espaços para compartilhamento de projetos, arquivos de interesse comum.” Os telefones

celulares surgiram.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

De acordo com o guia do celular em 1947, foi inaugurado o primeiro sistema móvel de

maior amplitude, que atendia todo o trajeto da rodovia que liga as cidades americanas de

Nova Yorque e Boston. Desde então, a comunicação móvel foi sendo aperfeiçoada,

principalmente pelos pioneiros do laboratório Bell. No mesmo site, encontramos a informação

de que a primeira cidade brasileira a contar com a telefonia móvel celular foi o Rio de Janeiro,

em 1990; no ano seguinte implantado em Brasília, e depois em Campo Grande, Belo

Horizonte e São Paulo; não temos certeza se exatamente nesta ordem ou não.

Ainda no site Guia do celular, encontramos uma explicação sobre o funcionamento

deste aparelho: “por mais que evolua a tecnologia, um aparelho celular não deixa de ser um

rádio, que estabelece comunicações com uma Estação Rádio-Base (ERB)”. Uma ERB é uma

estação emissora e receptora, que consiste de uma torre e uma pequena caixa,

aproximadamente do tamanho de um contêiner, que contém o equipamento de rádio.

Este aparelho converge vários aplicativos, entre eles, listamos alguns, os mais simples

e considerados por nós de uso, também, na escola: calculadora, relógio, calendário, rádio,

câmera fotográfica, jogos. Conforme o nível de sofisticação do aparelho os aplicativos

aumentam. O acesso à internet possibilita a utilização de outros aplicativos, se fossemos

relacioná-los aqui usaríamos muitas páginas. Mediante as facilidades da utilização de

diferentes aplicativos no celular, fica nítida para nós a possibilidade de sua utilização em sala

de aula: desde a calculadora ao acesso de bibliotecas virtuais.

3. Metodologia

A pesquisadora bolsista pelo Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica

para o Ensino Médio do Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento - PIBIC-EM-

CNPq solicitou permissão à coordenadora pedagógica da escola em estudo, para aplicar um

questionário durante a Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo (ATPC), onde todos os

professores estariam reunidos, permissão foi concebida. A autorização para a pesquisa na

instituição de ensino já havia sido realizada, momento em que o projeto de pesquisa foi

apresentado à direção da escola. O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Ética em

Pesquisa da FATEA pelo Parecer nº 79068, está cadastrado na Plataforma Brasil.

Conforme combinado no dia vinte e oito de agosto durante a ATPC, foi exposto o

trabalho de pesquisa. Porém, quando a coordenadora da escola em questão apresentou a

pesquisadora do PIBIC-EMFATEA, muitos professores ali presentes não sabiam do que se

tratava esse projeto. Iniciamos explicando sobre o que é o projeto PIBIC-EM. O que esta sigla

significa, quais eram os objetivos desta bolsa de estudo para os jovens, e a importância da

pesquisa -fortalecer o processo de disseminação das informações e conhecimentos científicos

e tecnológicos básicos, bem como desenvolver as atitudes, habilidades e valores necessários à

educação científica e tecnológica dos estudantes do ensino médio.

Continuando, apresentamos o tema da pesquisa e os objetivos da mesma. Convidamos

os presentes a participarem da pesquisa respondendo a um questionário pré-elaborado pelas

pesquisadoras responsáveis, com duas questões abertas e quatro fechadas. Alguns professores

chegaram a citar exemplos sobre o uso das tecnologias como o notebook nas escolas. Todos

os professores presentes, no momento, aceitaram participar. Distribuiu-se a Carta de

Consentimento de Livre e Esclarecido, na medida em que os professores liam e assinavam o

documento distribuiu-se o questionário para iniciar a coleta de dados. Os dados coletados

foram analisados de forma quantitativa e qualitativa.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

4. Resultados e Discussões

4.1. Questionário aos Professores

O questionário aplicado aos professores foi composto de duas partes, a primeira sobre

dados pessoais, para descrever o perfil dos sujeitos participantes.

De acordo com a figura 1, 71% dos sujeitos pertencem ao sexo feminino, apresentando a

maioria feminina no trabalho docente.

Figura 1 – Sexo

Dos docentes que participaram 71% possuem curso de graduação, 19% Latu Sensu e

10% Stricto Sensu, conforme figura2.

Figura 2 – Formação Acadêmica

A figura 3, o tempo de serviço no magistério dos sujeitos está entre 5 a 20 anos de

docência.

Figura 3 - Tempo de serviço no Magistério

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Ao verificarmos as disciplinas lecionadas pelos sujeitos encontramos: quatro

professores de Matemática; cinco professores de Português, um de Ciência, quatro de

História, três de Geografia, um de Arte, dois de Inglês, um de Biologia, dois de Física, um de

Química, um de Espanhol e dois que se apresentaram como polivalentes, lecionando qualquer

disciplinas na ausência do professor regente.

A primeira questão da segunda parte do questinário ajudar-nos-ia a verificar se os

sujeitos tinham celulares. Entre os vinte e um sujeitos somente um não possui celular. A

questão seguinte completava a primeira, indagamos quantos aparelhos de celular cada docente

possuía. A figura abaixo mostra que 71% dos professores possuíam um aparelho.

Figura 4 - Quantidade de aparelhos que possui

Entre as marcas de celular utilizadas pelos sujeitos encontramos: Apple, LG,

Motorola, Multilaser, Nokia, Sansung, Sony Ericsson, ZTE. Um sujeito registrou não

conhecer a marca do produto e outro deixou a resposta em branco.

A penúltima questão, indagou-se sobre a permissão do uso do celular em sala de aula.

A figura 5 mostra que 71% dos sujeitos não permite o uso do celular. Entre as justificativas

pela não permissão as respostas se dividem entre a proibição pelo Decreto nº 52.625, de 15 de

Janeiro de 2008 e “atrapalha os alunos a prestarem atenção as aulas”, “não perceber relação

didática com o aparelho”, “muitos alunos em sala dificulta o controle por parte do professor”

e “o acesso a esta tecnologia é só para alguns, além de ser um instrumento contra o professor

e expor os colegas de classe.” . Os professores que permitem o uso em sala de aula – 14% -

“utilizam tradutor”, “fotografias, músicas e vídeos para aprimorar os conteúdos em sala e

aula”, “uso da calculadora”. Um professor registrou sim e não, explicou que solicita

fotografias tiradas pelo celular fora da escola, com o intuito de utilizar em atividades em sala

de aula.

Figura 5 – Permite o uso do celular em sala de aula

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

Na última questão do questionário, indagou se o docente considera o celular um

recurso pedagógico. A maioria reconhece o celular como recurso pedagógico, as justificativas

para tal são: “ necessidade de planejamento prévio”, “alguns modelos possuem internet e

podem facilitar as pesquisas e dúvidas em sala de aula”, “deve haver uso consciente por parte

do aluno”, “ se usado corretamente, o aluno em geral não usa o celular para aumentar seus

conhecimentos e sim só para mandar mensagem”. Dos 14% da população do estudo que

desconsideram o celular um recurso pedagógico justificaram: “outros recursos deveriam ser

melhor trabalhados em sala de aula, como os computadores da sala de informática, lousa

digital” “não” “nem todos têm acesso à internet, usam para fins próprios e podendo usá-lo

contra você.”

Figura 6 - O celular pode ser considerado um recurso pedagógico

4.2 Possibilidades de uso do celular pelo olhar da aluna bolsista

Existem várias formas de se utilizar um celular em sala de aula, seja de um celular

simples até mais moderno. Um celular simples, por exemplo, que tem como aplicações, a

calculadora, o conversor de moeda, de comprimento, de peso, de volume, de área, e de

temperatura, tem também a contagem regressiva e o cronômetro. E os mais modernos

possuem, além disso, tudo como aplicações, também o tradutor de línguas que bastante

conhecido por ser utilizado no Google, mais que em alguns não têm necessidade da internet

para o uso, o gravador de voz, a filmadora a câmera, e a internet.

A calculadora pode ser utilizada na aula de matemática, como uma forma de conferir

os resultados, ou até mesmo resolver algumas frações e equações antes, para saber o resultado

que se deve obter no final da conta antes de fazê-las em seu caderno.

O conversor como é uma ferramenta para se transformar metro em centímetro e vice-

versa, peso em grama, etc., pode ser utilizada em física que exige esses tipos de transformação

de um para outro, também uma forma de conferir os resultados a ser obtido.

O cronômetro como é um marcado de tempo, servi para as aulas de químicas como um

instrumento útil para as experiências em sala, saber quanto tempo leva para uma reação de

duas substancias deferentes reagirem. A contagem regressiva é também uma ferramenta que

marca tempo que poderá ser muito bem utilizada em educação física, como uma forma de

marca o tempo de cada esporte como o futebol e o vôlei, por exemplo, quanto estiver

praticando.

O tradutor que pode ser utilizado como dicionário na aula de língua portuguesa, é será

um modo mais fácil que o dicionário na versão impressa, já que tem a vantagem da

portabilidade; mas não que o dicionário fique de lado, ele também pode ser utilizado

normalmente por aqueles que preferirem.

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ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

A câmera, em arte como uma forma de registrar as cenas de um teatro, por exemplo, e

mandar para o blog da escola direto do celular, a filmadora também poderá ser bem útil a

filmar as cenas de cada personagem, assim como o gravador que pode auxiliar nos ensaios da

fala de cada pessoa em seu papel de personagem

A filmadora também pose ser usada na aula de português, em trabalhos que pedem

para o aluno entrevistar uma pessoa, e o gravador como uma maneira de corrigir o próprio

modo se falar, como um autoajuda para si mesmo melhora a fala em relação a linguagem

correta.

A internet é um meio em que todos têm para se comunicar com a outra, e levando em

consideração que o aparelho celular pode levar a qualquer lugar sem problema. Pode ser útil

para se pesquisar em sala durante a aula sem precisar se locomover para outro espaço.

Seria ainda melhor se as escolas possuíssem um sistema que desse acesso aos alunos

para usar a internet da mesma em seus aparelhos, durante as situações que fosse preciso.

Essas são só algumas das funções de um celular que pode servir de material

pedagógico na escola. Mas para que isso se torne um hábito comum em sala de aula, os

professores e os demais representantes do corpo docente necessitam de um treinamento com a

finalidade de obter conhecimento sobre as mudanças que vêm acontecendo na era da

tecnologia, para assim aproveitar melhor o celular como uma forma de educação e não só para

comunicação.

E para os alunos que possuem um aparelho celular simples, o que pode ser feito? Para

esses alunos pode-se deixá-los fazer as atividades propostas junto a um amigo, de forma

colaborativa. Mas quem não possui um celular hoje em dia? Podemos até dizer que existe sim,

mas são raros os que não possuem. Propor atividades em dupla ou até mesmo coletivas seria

uma boa ideia para amenizar essas situações, além de proporcionar uma discussão com

opiniões diversificadas e preparando para que eles possam trabalhar em equipe sabendo

respeitar as ideias contrárias.

Conclusão

Para o grupo de docentes que participou desta pesquisa, o celular pode ser um recurso

pedagógico, ainda que proibido pelo Decreto Estadual. Entendemos que se faz necessário um

momento de estudo e organização de atividades escolares de modo que o celular não seja

apenas um instrumento de entretenimento para os alunos. Para a pesquisadora, o celular pode

ser um recurso didático a ser utilizado em diferentes momentos na escola, desde que conste no

planejamento do plano de aula do docente e da instituição escolar. Para isto é necessário que o

corpo docente, as famílias e a escola comuniquem-se e promovam um trabalho colaborativo.

Referências

MOURA, Adelina. Geração Móvel: um ambiente de aprendizagem suportado por

tecnologias móveis para a “Geração Polegar”. Disponível

em:<http://adelinamouravitae.com.sapo.pt/gpolegar.pdf>. Acesso em: 03 agosto de 2012

SACCOL A., SCHLEMMER E. e BARBOSA J. m-learming e u-learning – novas

perspectivas da aprendizagem móvel e ubíqua. São Paulo: Pearson, 2011.

SILVA, Mauro Alves da. Portal do Movimento COEP. Disponível

em:<http://movimentocoep.ning.com/forum/topics/lei-estadual-de-sp-n-12730-de> Acesso em

Page 121: ECCOM 7 - Revista de Educação, Cultura e Comunicação

120

ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

12 agosto de 2012

http://www.guiadocelular.com/2011/09/historia-do-celular.html Acesso em 12 agosto de 2012

Agradecimentos

Agradecemos ao CNPq por conceder a bolsa de Iniciação Científica, PIBIC-EM, que

possibilitou a realização da presente pesquisa.

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Sátira e ironia na poesia de Manuel António Pina

Carlos Nogueira IELT, Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, FCSH, Universidade Nova de Lisboa, 1069-061 Lisboa,

Portugal.

Resumo

Neste artigo procuramos identificar e caracterizar o trabalho de (des)construção paródica de Manuel

António Pina, em cuja poesia confluem vozes e memórias (do quotidiano, da literatura, da música, do

cinema…) que suscitam comentários de tipo irónico e satírico. Mas esta ironia e esta sátira, mais ou

menos humorísticas, nunca são meramente destrutivas e unívocas; propõem sempre reflexões que

convidam a olhar o mundo de maneira menos convencional e previsível.

Palavras-chave

Poesia; Manuel António Pina; Ironia; Humor; Sátira.

Abstract

In this paper we identify and characterize the work of (de) construction of parodic Manuel António

Pina, whose poetry in voices and memories converge (everyday, literature, music, film ...) of very kind

comments ironic and satirical. But this irony and satire this, more or less humorous, are never merely

destructive and univocal; always offer reflections that invite you to look at the world in a less

conventional and predictable.

Keywords

Poetry; Manuel António Pina, Irony, Humor, Satire.

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ECCOM, v. 4, n. 4, jan./jun. 2013

Introdução

Conhecido, sobretudo como cronista, Manuel António Pina (Sabugal, 1943), Prémio

Camões 2011, é tão competente na crónica como na poesia, publicada, de modo não muito

regular, desde 1974.

São frequentes nesta obra os poemas ou as sequências em que o olhar atento, mordaz,

mas nunca moralista, do poeta irónico e satírico coincide com o olhar do cronista moderno,

que, para além de registrar um momento, também o interpreta, procurando um equilíbrio entre

a sobriedade e a subjectividade: «A conversa era sobre Deus,/ embora o teólogo estivesse

inclinado/ a pensar que fosse sobre outra coisa,/ pois era hora de jantar./ Pegou num cigarro e

perguntou às senhoras se podia fumar./ Tinha devorado o pargo com honesto apetite/ e

elogiava as virtudes do cozinheiro./ Só Deus, algures, chorava sobre/ os despojos da sua

pequena criatura na travessa/ a caminho da copa, antes da sobremesa»1.

Este é um humor insólito que nasce naturalmente de um cenário comum. O poeta-

cronista, combinando perspectivas que existem no real e juntando-lhe um apontamento

ironicamente metafísico, usa uma linguagem que parece evocar o acontecimento descrito tal e

qual ele é. A enunciação, calma e familiar, oscila entre a transcrição objectiva de um episódio

e a provocação social e religiosa.

Num poema com o título muito sugestivo de «km 82», o humor também estrutura todo

o texto. Um humor negro, cínico, que se apoia numa ironia e numa sátira, como é próprio de

Manuel António Pina, instáveis: «I’m on the highway to hell a 170 à hora/ no CD, ou então o

rádio para sempre sintonizado/ na final da Taça./ Nunca saberás o resultado, Faéton,/ hey

mumma, look at me,/ I’m on my way to the promised land/ e está visto que uma ligação directa

não chega/ para pôr em marcha uma vida como a tua,/ de subúrbio, ou para ir de encontro a

um destino/ diferente do abono da Caixa ou de um poste de betão»2.

O eu ridiculariza, diminui o outro, mas o seu descontentamento e a sua indignação não

se fixam no particular. Abrangem, num misto de desprezo e benevolência, de decepção e

indignação, a condição humana, o que nela é imperfeição e abjecção trágica. Sátira lúcida,

inquieta, que não esconde a solidão nem o desespero do eu: «Para quê palavras agora,/ com a

moral da história inteiramente à mostra?/ E lágrimas, quem as chorará?/ Nem a companhia de

seguros, pois que/ a tua morte foi facto de terceiro/ e a tua vida não estava coberta/ senão pela

chuva da madrugada de sábado./ Um raio de Júpiter ou um pneu rebentado, que importa?/

Ovídio ou o Jornal de Notícias?/ Ilic frena jacent, ilic temone revulsus/ axis, in hac radii

fractarum parte rotarum»3.

Ironia, sátira de costumes, sátira social; mas, acima de tudo, indecidibilidade na ironia

e na sátira, hesitação na revolta e na melancolia do eu, que de livro para livro desafia a vida,

os lugares-comuns, a literatura, o destino, e que sobretudo se desafia a si próprio.

Deste o primeiro livro, Ainda Não É o Princípio Nem o Fim do Mundo Calma É Só

um Pouco Tarde (1974), o poema é para este autor um modo de questionamento que se revela

sempre deceptivo. Essa desilusão explica o elevado número de metapoemas e as passagens

metapoéticas que atravessam toda a sua obra. Na origem do desencontro entre o eu e as

palavras, estão os impasses que vêm da temática privilegiada nesta poesia, a que alguma

crítica já se tem referido: a meditação sobre a vida e a morte, e sobre o passado, o presente e o

futuro.

1 «Sexta-feira santa», in Atropelamento e Fuga (2001), in Poesia Reunida (1974-2001), Lisboa, Assírio &

Alvim, 2001, p. 290. 2 Os Livros, Lisboa, Assírio & Alvim, 2003, p. 41.

3 Ibidem. Sublinhados no original.

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Mas esta não é uma poesia radicalmente melancólica. Como se pode concluir pelos

exemplos transcritos, a sensibilidade expressionista de Manuel António Pina é acompanhada

de um algo indefinível tom irónico e satírico que sustém o que poderíamos ler como excessos

de sentimentalismo e confessionalismo. O próprio poema, expressando uma revolta

angustiada mas moderada pelo pensamento, diz como controla a expressão desse intimismo.

Numa das estrofes da secção IV de «Farewell happy fields», o eu interpela-se sobre o

significado e os modos da expressão poética, que parece existir para o poeta se organizar e

sublimar, mas que, afinal, é tão imperfeita quanto ele: «(Adeus perfeição, adeus imperfeição.)/

Às vezes pergunto-me se valeu a pena,/ se não haveria outra solução,/ se não poderia, por

exemplo, ter embarcado/ num desses barcos que aparecem sempre/ milagrosamente na última

estrofe,/ e se tu não poderias ter ficado/ no cais, ou em alguma metáfora mais/ imperiosa,

partindo também donde te via,/ e se assim não teria tudo sido/ menos improvável e menos

cansativo»4.

Desconstrução da poesia e do mundo, desconstrução da crença num mundo em que as

palavras existem para salvar o real: «Tudo é tudo ou quase tudo/ e nada é a mesma coisa./ Na

realidade são tudo coisas diferentes./ (Imagens… Imagens… Imagens…)// […]// Tenho que

tornar a fazer tudo,/ a emoção é um fruto fútil, a pura luz/ pensando dos dois lados da

Literatura./ Aqui estão as palavras, metei o focinho nelas!»5. Neste poema (e nesta poética),

que parodia alguns excessos pós-pessoanos, as palavras não são mais do que o que são:

falíveis, imperfeitas, provisórias, mesmo viciosas, mas também o principal recurso do

Homem enquanto ser que pensa, sente e se emociona.

Esta ideia de que a vida e a literatura valem o que valem explica que se discuta a

impossibilidade, a improbabilidade da poesia, num mundo em que a religião e a ciência

continuam a confrontar-se, num tempo que é de excesso ou de falta de deuses e de

tecnologias: «No princípio era o Verbo/ (e os açúcares/ e os aminoácidos)./ Depois foi o que

se sabe./ Agora estou debruçado/ da varanda de um 3.º andar/ e todo o Passado/ vem

exactamente desaguar/ neste preciso tempo, neste preciso lugar,/ no meu preciso modo e no

meu preciso estado!»6. O real de Manuel António Pina é, como em O’Neill, o «real

quotidiano», o eu num dia-a-dia concreto mas também vago, dúbio, ilusório e repugnante. A

sua poesia não sabe o que é, mas sabe que não quer ser poesia retórica e vazia, poesia do belo:

«Todavia em vez de metafísica/ ou de biologia/ dá-me para a mais inespecífica/ forma de

melancolia:/ poesia nem por isso lírica/ nem por isso provavelmente poesia./ Pois que faria eu

com tanto Passado/ senão passar-lhe ao lado,/ deitando-lhe o enviesado/ olhar da ironia?»7

O eu assume a dureza da expressão e a aspereza dos seus sentimentos, e reconhece a

sua relação difícil com a poesia e a fala em geral, num tempo em que «Já não é possível dizer

mais nada/ mas também não é possível ficar calado»8: «Mas não arranjo maneira de entrar no

poema/ e de sair de mim/ e por isso a minha voz é profunda e rouca/ e por isso me calo (e

como me calarei?)/ No entanto ninguém é tão falador como eu/ Nem há palavras que não

cheguem para não dizer nada.// E vós também: não me faleis de nada ou falai-me./ Porque não

sabeis o que dizeis»9.

4 Farewell Happy Fields (1992), in Poesia Reunida (1974-2001), pp. 172-173.

5 «A pura luz pensante», in Aquele Que Quer Morrer (1978), in idem, p. 67.

6 «Neste preciso tempo, neste preciso lugar», in Nenhuma Palavra e Nenhuma Lembrança (1999), in idem, p.

252. 7 Ibidem, in idem, p. 252.

8 «Já não é possível», in Ainda não é o Fim nem o Princípio do Mundo Calma é apenas um Pouco Tarde (1974),

in idem, p. 14. 9 «Calo-me», in idem, in idem, p. 16. Não é por acaso que no primeiro poema deste livro inaugural o tema é

também a relação entre as palavras, o seu silêncio e o silêncio que as rodeia (mesmo quando se fala muito); é a

recusa da palavra narcísica que se encerra na sua própria volúpia: «Os tempos não vão para nós, os mortos./

Fala-se de mais nestes tempos (inclusive cala-se)./ As palavras esmagam-se entre o silêncio/ que as cerca e o

silêncio que transportam.// É pelo hálito que te conheço no entanto/ o mesmo escultor modelou os teus

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ECCOM, v. 4, n. 4, jan./jun. 2013

A ironia, o humor e a sátira de Manuel António Pina não são menos inconstantes na

série de poemas atribuídos a Clóvis da Silva, ao contrário do que sugere a apresentação em

prosa: «Nenhuma morte foi mais pequena do que (1966) a de Clóvis da Silva. Estava a coçar

o cu quando um camião de fruta lhe passou por cima. Não teve tempo de dizer uma palavra,

ele que poderia ter dito, se se lembrasse, algumas das coisas mais importantes deste século.

Nem uma simples denúncia, um tropesto, um dos maiores revolvetados de sempre! Molto

sobre uma sapateira de peões, um espírito estulturalmente desobediente! A morte

surpreendeu-o a caminho de um grande projecto literário, definitivamente prejuficado. De

Clóvis se diz que um dia, entramigos, afirmara: “A littratura morreu. Eu e o Flávio lhe

faremos o emperro”. Aqui se reúnem alguns poemas de Clóvis (é dedicado a Plágio dos

Fazeres o poema “Van Gogh Mondrian”), datados de 1965 e 1966, os poucos que foi possível

salvar da destruição a que a irmã procedeu nas suas roubas e babéis […]»10

. A desarticulação

de palavras lembra Alexandre O’Neill mas Manuel António Pina leva às vezes ainda mais

longe esta técnica, criando palavras em que coexistem perfeitamente os sentidos das palavras

originais; em «prejuficado», por exemplo, vemos “prejudicado” e «crucificado».

Os poemas de Clóvis da Silva são antes de mais um exercício lúdico muito sério. Em

cada texto tem lugar o conflito que atravessa toda a poesia de Manuel António Pina: o rigor

das palavras que buscam a sua própria organização e o seu próprio significado; o sentido do

poema num mundo em que, regra geral, não se convive bem com a poesia, e muito menos

com a poesia que se dessacraliza e dessacraliza a vida.

«A poesia vai» é por isso uma arte poética central na produção deste poeta criado por

um poeta-cronista. Vemos neste poema uma paródia ambiguamente satírica da literatura auto-

suficiente e heróica, e uma paródia não menos incertamente mordaz dos discursos que

proclamam a inutilidade da literatura: «A poesia vai acabar, os poetas/ vão ser colocados em

lugares mais úteis./ Por exemplo, observadores de pássaros/ (enquanto os pássaros não/

acabarem). Esta certeza tive-a hoje ao/ entrar numa repartição pública./ Um senhor míope

atendia devagar/ ao balcão; eu perguntei: “Que fez algum/ poeta por este senhor?” E a

pergunta/ afligiu-me tanto por dentro e por/ fora da cabeça que tive de voltar a ler/ toda a

poesia desde o princípio do mundo./ Uma pergunta numa cabeça./ – Como uma coroa de

espinhos:/ estão todos a ver onde o autor quer chegar? –»11

.

A ambiguidade desta paródia, que parece oscilar entre a homenagem a uma literatura

desejadamente livre e a subversão da literatura obsessivamente intimista, vê-se também nos

poemas que usam procedimentos retórico-estilísticos tipicamente surrealistas (como o

automatismo psíquico, a colagem e as imagens insólitas) e experimentalistas (derivações

morfológicas, associações fónicas e semânticas): «O que me vale aos fins de semana/ é o teu

amor provinciano e bom/ para ele compro bombons/ para ele compro bananas/ para o teu

amor teu amon/ tu tankamon meu amor/ para o teu amor tu te flamas/ tu te frutti tu te

inflamas/ oh o teu amor não tem com/ plicações viva aragon/ morram as repartições»12

. Este é

o modo de Clóvis da Silva emperrar a literatura canónica: desconstruí-la, abri-la

parodicamente a todos os recursos de linguagem, a todas as combinações entre tema e estilo, a

todas as dicções individuais e originais.

Manuel António Pina é o poeta da memória (intertextual e interdiscursiva) e das

máscaras. A sua voz iconoclasta, para usarmos um termo que aparece nalgumas das

apreciações críticas da sua obra, nunca é monocórdica, mas também não é voz de apóstata

ouvidos/ e a minha voz, agora silenciosa porque nestes tempos/ fala-se de mais são tempos de poucas palavras.//

Falo contigo de mais assim me calo e porque/ te pertence esta gramática assim te falta/ e eis por que não temos

nada a perder e por que é/ cada vez mais pesada a paz dos cemitérios» («Os tempos não», in idem, in idem, p.

13). 10

«C. da Silva», in idem, in idem, p. 32. 11

Idem, in idem, p. 38. 12

«O que me vale», in idem, in idem, p. 46.

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colérico. Por isso é que nesta ironia e nesta sátira não há caricatura em sentido estrito. Existe

provocação, humor mais ou menos corrosivo, mas não se distende o traço risível até à

deformação carnavalesca.

Nisto este autor é único. Dá a ver o burlesco nomeando características do objecto,

descreve-o quase sem o transfigurar. Mas, como a imitação é fiel ao original, o efeito torna-se

surpreendente. Há uma articulação harmoniosa entre o referente e a linguagem não

superlativante que o evoca. Até a maiusculação de certas palavras destaca uma característica,

em vez de a superlativizar desmedidamente: «Velhice e morte de Bartholomew, bispo de B.»,

é um bom exemplo: «Clérigo sem ser crente/ nem descrente (nem céptico),/ apenas um pouco

menos que indiferente,/ no entanto uma indiferença/ vagamente inconvicta e indeterminada;/

[…]// Roma era longe/ e os seus sonhos não tinham já/ o alcance de outros tempos,/ ficavam-

se pelo fim da rua,/ pela Mulher Absoluta desproporcionadamente nua,/ por comuns

acontecimentos como sentimentos,/ livros de versos, hábitos, manias;/ levantava-se tarde e

deitava-se cedo,/ perdera a esperança, mas em certos dias/ sobressaltava-se ainda como uma

criança,/ tinha Visões, e metiam-lhe medo/ os Ângulos Agudos e as Abstracções»13

.

A voz do enunciador, em discurso parentético, vem recordar-nos que a poesia de

Manuel António Pina não é ingénua nem arrogante. O eu não anula o seu olhar crítico mas

vigia-se, e assim busca o seu próprio enriquecimento interior. Nada está imune a julgamentos

constantes que podem contrariar opiniões em que o próprio eu estruturava o seu mundo. No

poema tudo pode ser relativizado e discutido ironicamente, incluindo o mistério da criação

literária e as diferentes concepções de literatura (que pode passar pelo plágio): «Morreu

serenamente sem dizer/ uma palavra que fosse às Novas Gerações,/ ou então falou para

dentro, para um/ auditório de recordações./ (Ilda, vai à cozinha ver/ se o café está pronto, que

eu estou a escrever)»14

.

A objectividade e a subtileza desta ironia e desta sátira vêem-se, aliás, num recurso

técnico que tem como função passar quase despercebido: os apartes parentéticos. Neles

concentra-se grande parte da capacidade satírica de Manuel António Pina (na poesia como na

crónica), que não quer cair em excessos de melancolia ou de azedume, de compreensão ou de

sobranceria: «Deixou uma obra confusa:/ alguns epigramas alheios, um soneto,/ um tratado de

versificação (incompleto)/ e a sua obra-prima, o poema “Medusa”,/ interminável e repetitiva

digressão/ em décimas irregulares de rima pobre/ (e sem rima) em que cada verso termina/

invariavelmente em ponto de interrogação»15

.

Esta é uma provocação formal e controlada, realista e ambígua, que nos convida a

reflectir sobre os caminhos da literatura e a sua relação com o quotidiano, o ser humano, a

vida e as suas leis. Não podemos, de resto, deixar de estabelecer uma analogia entre algumas

partes deste texto e o discurso jurídico. A segunda parte do excerto transcrito acima ou o final

do poema, por exemplo, lembram-nos um artigo de Acusação que reconhece a complexidade

do réu e por isso hesita parodicamente, com subtileza, entre a enumeração objetiva e a

avaliação subjectiva: «Foi, a contragosto, um Mestre e um Exemplo./ Em 1936 redigiu um

Testamento/ (em verso) cheio de passagens ilegíveis,/ de despropósitos, de citações,/ e de

instruções inexequíveis:/ legava indistintas ideias/ para elegias, odes, epopeias,/ e dispunha

que o seu corpo fosse/ posto na cruz por 168 dias/ vestido com os trajes episcopais./ Cultivou

a Banalidade como nenhum outro Autor/ e fez da Irrelevância uma Arte Maior./ (Bateram à

porta, Ilda, vê se é gente morta ou viva)»16

.

Os poetas irónicos e satíricos sempre interagiram com uma memória mais ou menos

lúcida e com diversos tipos de leis: lei civil e lei moral, lei poética e lei do género satírico.

13

Os Livros cit., p. 38. 14

Idem, p. 39. 15

Ibidem. 16

Idem, p. 40.

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Manuel António Pina, combinando discretamente estas várias leis e cruzando-as com uma

memória intercultural muita vasta, recorda-nos que a ironia, a sátira e a poesia são problemas

e princípios de uma práxis dinâmica e transformadora.

Referências

BRITO, Casimiro de. Recensão crítica a Aquele Que Quer Morrer, de Manuel António

Pina, in Colóquio/Letras, n.º 56, Jul. 1980, pp. 75-76.

MARTINHO, Fernando J. B. A crónica e a modernidade (crítica a O Anacronista, de

Manuel António Pina), in Colóquio/Letras, n.º 142, Out. 1996, p. 230.

PINA, Manuel António. Poesia Reunida (1974-2001). Lisboa: Assírio & Alvim, 2001.

PINA, Manuel António. Os Livros. Lisboa: Assírio & Alvim, 2003.

REYNAUD, Maria João. Recensão crítica a Nenhum Sítio, de Manuel António Pina, in

Colóquio/Letras, n.º 91, Out. 1986, pp. 91-92.

SALEMA, Álvaro. Mais livros para crianças, in Colóquio/Letras, n.º 91, Out. 1986, p. 83.

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127 ECCOM, v. 4, n. 7, jan./jun. 2013

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