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CURSO DE ENFERMAGEM EXECUÇÃO E ANÁLISE DE CONCRETO E ARGAMASSA COM AREIA DE GARRAFAS PET . EXECUTION AND ANALYSIS OF CONCRETE AND MORTAR WITH PET BOTTLE SAND.
Wesley Carlos Ferreira Brito Niécio da Costa Anunciação Junior
Resumo A presente pesquisa vem da hipótese da substituição do agregado miúdo, mais conhecido como areia, por material sintético semelhante. Neste estudo foi utilizado a areia de PET (Politereftalato de Etileno). O PET é o material que compõe as garrafas de refrigerantes e diversos recipientes na indústria alimentícia mundial e tem alto poder de poluir o meio ambiente caso não receba o tratamento adequado. Os materiais que compõem o concreto e as argamassas para a construção de edificações são retirados da natureza de forma de forma excessiva, causando danos irreversíveis ao meio ambiente. A poluição por garrafas PET também danifica vários ecossistemas e causa danos ao meio urbano, entupindo bueiros causando retenção do escoamento de águas pluviais e gerando inundações. A necessidade por matéria prima para uso na construção civil é a maior e está em seu pico, pois desde a década de 50 a população mundial dobrou e em consequência deste fato o consumo também aumentou e a relação disponibilidade e demanda é drasticamente agravada, segundo Silva e Koide (apud PENN e PARKER, 2017). Neste cenário, estudar a junção da necessidade de meios alternativos de produção de matéria prima para a construção civil se molda ao conceito de sustentabilidade, que historicamente é a utilização de matérias primas e produção de maneira consciente de forma a garantir o sustento e continuidade das gerações futuras. Para o desenvolvimento dos modelos experimentais e realização dos testes, foi utilizado materiais comuns na construção civil: Cimento CP-ARI-V, areia média como agregado miúdo e Brita “0” como agregado graúdo, bem como equipamentos para a dosagem e mistura como baldes, balança, masseira, betoneira e moldes de corpos de prova de 5X10 cm e 10X20 cm, conforme NBR 5739, NBR 5738 e NBR 248, bem como tabela de traços de concreto elaborada por (BARBOSA e BASTOS, 2008) condicionando o concreto convencional utilizado em obras de pequeno porte. Foi realizado estudo com a execução de concreto convencional, utilizando 50% e 100% de areia de PET, e realizado teste de compressão, mostrando resultados que podem ser adequados a uma faixa de utilização viável e técnica. Palavras chave: PET; Reciclagem; sustentabilidade; concreto. Abstract The present research comes from the hypothesis of replacing the fine aggregate, better known as sand, with similar synthetic material. In this study, PET (Ethylene Polyerephthalate) sand was used. PET is the material that makes up soft drink bottles and various containers in the world food industry and has high power to pollute the environment if not properly treated. The materials that make up concrete and mortar for building construction are excessively removed from nature, causing irreversible damage to the environment. Pollution from PET bottles also damages many ecosystems and causes damage to the urban environment, clogging manholes causing rainwater runoff and generating flooding. The need for raw material for use in construction is the highest and is at its peak, since since the 1950s the world population has doubled and as a result consumption has also increased and the relationship availability and demand is dramatically increased, according to Silva. and Koide (apud PENN and PARKER, 2017). In this scenario, studying the junction of the need for alternative means of production of raw materials for construction is shaped by the concept of sustainability, which historically is the use of raw materials and production in a conscious way to ensure the sustenance and continuity of generations. future. For the development of the experimental models and tests, common materials were used in civil construction: CP-ARI-V Cement, medium sand as fine aggregate and Brita “0” as coarse aggregate, as well as equipment for dosing and mixing as buckets. , scale, trough, concrete mixer and molds of specimens of 5X10 cm and 10X20 cm, according to NBR 5739, NBR 5738 and NBR 248, as well as a concrete trace table prepared by (BARBOSA and BASTOS, 2008) conditioning the conventional concrete used. in small works. A study was performed using conventional concrete, using 50% and 100% PET sand, and a compression test was performed, showing results that may be suitable for a viable and technical range of use. Keywords: PET; Recycling; sustainability; concrete.
Contato: [email protected]
1.Introdução
Em meio a quantidade de lixo produzido no
Brasil, que vai para aterros sanitários sem
reciclagem, há vários tipos de materiais que têm
potencial para serem reaproveitados em outras
atividades, mas que acabam sendo descartados de
maneira inadequada e acabam poluindo o meio
ambiente.
Segundo informações do The Ocean Clean
Up, entidade não governamental que tem ações em
todo mundo para a conscientização quanto ao
problema do descarte inadequado de resíduos
plásticos nos mares e oceanos, em meio a costa da
Califórnia e o Havaí encontra-se uma imensa área
de 1,6 milhão de quilômetros quadrados formada
principalmente por materiais plásticos que
geralmente são menos densos que a água e podem
flutuar e acumula-se em algumas partes dos mares
e oceanos devido a correntes marinhas. (THE
OCEAN CLEAN UP, 2019).
O Brasil dispõe de Lei especifica para
Como citar esse artigo: Brito WCF, Junior NCA. EXECUÇÃO E ANÁLISE DE CONCRETO E ARGAMASSA COM AREIA DE GARRAFAS PET .. Anais do 18° Simpósio de TCC e 15° Seminário de IC do Centro Universitário ICESP. 2019(18); 1577-1586
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destinação de resíduos sólidos a Lei nº12.305,
Política Nacional de Resíduos Sólidos-PNRS de
2010 que dispõe:
“Art. 1o Esta Lei institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, dispondo sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada e ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis. § 1o Estão sujeitas à observância desta Lei as pessoas físicas ou jurídicas, de direito público ou privado, responsáveis, direta ou indiretamente, pela geração de resíduos sólidos e as que desenvolvam ações relacionadas à gestão integrada ou ao gerenciamento de resíduos sólidos.[...].” (BRASIL, 2010)
Sobre a reciclagem também incrementa que
a referida Lei em seu Artigo 6º que discorre sobre
os Princípios de que:
“VIII - o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável como um bem econômico e de valor social, gerador de trabalho e renda e promotor de cidadania;” (BRASIL, 2010)
Entendendo que há dispositivo legal na
legislação Brasileira a respeito do tema, que devido
a burocracia e interferências políticas e falta de
interesse do poder público em realmente aplicar de
forma efetiva ao que dispõe o dispositivo.
O Brasil aparece em estatísticas nada
animadoras para desenvolvimento sustentável e
bem-estar do meio ambiente, entendendo que este
não diz respeito somente a fauna, flora seja ela
terrestre ou aquática, mas também ao meio
ambiente urbano, que sofre com alagamentos
devido a entupimentos em galerias de águas
pluviais cheias de resíduos sólidos em grande parte
de plásticos e entre sua grande maioria estão as
garrafas PET.
Segundo Fundo Mundial para a Natureza
(WWF, 2019), o Brasil é o 4º maior produtor de lixo
plástico e recicla apenas 1,28%, situação que tende
a piorar por falta da aplicação das políticas já
existentes.
Neste sentido, a situação é considerada
crítica devido à falta de tratamento adequado dos
resíduos plásticos. É fato que neste cenário seja
desenvolvido estudos para o melhor
aproveitamento destes materiais plásticos para o
bem-estar da população, seja ela nas mais diversas
esferas, contribuindo para o crescimento
sustentável, social e econômico.
Diante do problema, foi percebido a
necessidade de estudo para colaborar com formas
de transformar o plástico em material útil à
construção civil visto que é a atividade que mais
consome recursos no planeta:
“Cada habitante do planeta consome, em média, 10 toneladas de material por ano. Nos países desenvolvidos, esse número pode chegar a 85 toneladas. De todo esse consumo, 40% a 75% estão na indústria da construção civil: Nós [da construção civil] somos responsáveis pela metade dos materiais consumidos na sociedade” (AGOPYAN, 2012)
Como forma de amenizar o consumo de
recursos naturais e propor uma solução para o
problema com o lixo plástico, propõe-se a utilização
do PET como alternativa de agregado para
confecção de concreto e argamassa para a
construção civil.
2.Materiais e Métodos
Para execução do concreto e argamassa que
foram produzidos para o teste de compressão, foi
feito o cálculo de traço para definição da quantidade
de cada material na mistura do concreto.
Foram utilizados os seguintes equipamentos:
Peneirador eletromecânico, balança, beker de 600
ml, recipientes para definição de volume das
amostras em ml/l, betoneira de 100 litros, molde
para corpo de prova 10x20 mm e 5x10 cm, escala
graduada em cm e mm metálica para medição,
paquímetro, baldes, argamasseira de 5 litros
Contenco Pavivest e prensa hidráulica elétrica
digital 100T Contenco Pavivest.
Para o traço foram utilizados os seguintes
materiais: areia média lavada, areia de pet, brita 0,
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água e cimento CP V ARI.
Foi utilizado o laboratório do Centro
Universitário ICESP para a realização de ensaio de
granulometria, definição de traço por volume,
execução do concreto e argamassa, modelagem
dos corpos de prova, cura e ensaio de compressão.
2.1. Areia de PET
A areia de PET é resultado da trituração de
garrafas PET. Ela resulta num material que contém
diversas granulometrias e que contém fibras devido
a plasticidade do material.
O material foi fornecido pela empresa Brasil
Limpo, que foi fundada em 2008 em Brasília-DF
onde está sua Matriz. Hoje com filiais por vários
estados, atuando no beneficiamento de materiais
recicláveis, promovendo o elo de ligação entre a
coleta seletiva e diversas fontes e beneficiando
estes materiais e colocando de volta no ciclo
produtivo industrial.
Todo material foi doado sem custos, sendo
enviado de sua Filial em Taborda/RN, onde o PET
passa pelo processo de trituração podendo ser
vendido em formato de AREIA ou FLAKES que são
partículas maiores.
2.3. Granulometria da areia de PET
A areia de PET é um material de textura
arenosa e fibrosa, parecido com a areia comum
utilizada na construção civil, mas possui um perfil
de finura e densidade diferentes, constatados
durante o processo de pesagem e determinação de
volume, conforme Imagens 2 e 3.
O material foi aplicado ao ensaio de
granulometria num grupo de 3 peneiras conforme a
Imagem 1 , colocado na base vibratória por 3 ou 4
minutos, separando os materiais retidos em cada
uma das peneiras e fundo falso, conforme
determina NBR-248 de 2013 nos itens 5 e 6 e suas
etapas.
A norma, para o referido ensaio e
determinação de granulometrias, informa que o
material deve passar por estufa a 50º C, mas esta
etapa não foi executada visto que o material veio
seco e livre de umidade.
Uma das características da areia de PET é
que ela é hidrofóbica, ou seja, não retém umidade,
desta forma não há inchamento quando imerso em
água.
Imagem 1-Peneiras para retenção de material arenoso. Fonte: o
autor.
Nas peneiras foram retidos materiais com
granulometria diferentes, de forma a separar o
material a granulometria mais próxima a da areia
comum para que fosse utilizada como matéria
prima da argamassa e do concreto. Assim foi
gerado a seguinte Tabela-1 com os resultados de
material retido:
Tabela 1-quantidade e percentuais de material retido. Fonte: o autor.
PENEIRA RETIDO (KG) Volume (L ) %
2.36mm/μm 1 2 12%
2.00 mm/μm 1,5 3 18%
1.18 mm/μm 3,6 7,2 43%
>1.18 mm/μm 2,3 4,6 27%
TOTAL 8,4 16,8 100%
No experimento não foi realizada as séries
consecutivas nas peneiras e o cálculo do modulo de
finura, pois o objetivo era encontrar característica
aparente e característica do agregado miúdo mais
adequado para argamassa e concreto.
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O material resultante menor que 1.18
mm/μm, tem característica extremamente fina e foi
utilizado na execução da argamassa.
2.4. Definição de traço
O cálculo e testes de materiais foram
realizados no laboratório de física e materiais do
Centro Universitário ICESP onde foi definido o traço
por volume, execução do concreto e argamassa,
modelagem dos corpos de prova, cura e ensaio de
compressão conforme NBR 5739/15, NBR 5738/18
e NBR 7515/96.
O traço foi definido levando em consideração que a
areia de PET tem peso especifico diferente da areia
média, caso fosse utilizado o traço por peso o
volume do composto sintético seria superior ao da
areia comprometendo o experimento, desta forma,
“o percentual de volume de areia média foi
substituído pelo volume correspondente em PET
reciclado.” (SILVA e KOIDE, 2017, p. 6).
Observada a diferença de peso específico
coletado durante a pesagem dos materiais
conforme Imagens 2 , 3 e 4, foi adotado o traço por
volume de forma a tornar a medida de areia média
de areia de PET equivalentes.
Imagem 2-Coleta de peso especifico da areia de PET. Fonte: o autor
Imagem 3-Coleta de peso especifico da areia média. Fonte: o autor
Imagem 4-Coleta de peso especifico da brita. Fonte: o autor
Para a adequação ao traço do concreto
convencional, foi utilizando o material separado nas
peneiras com granulometria mais próxima à areia
comum, portanto a areia de PET em granulometria
de 1.18 mm/μm foi a mais adequada com peso
especifico de 0,5 kg em um litro. Assim foi gerada a
Tabela 2 que demonstra o peso específico dos
materiais utilizados.
Tabela 2-Peso especifico dos materiais. Fonte: o autor
O traço de concreto utilizado foi o
referenciado na Tabela 3 , sendo uma adaptação do
modelo apresentado por Barbosa e Bastos (2008),
que discorrem a respeito do concreto convencional
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em traços mais comuns e mais adequados a obras
de pequeno porte.
Tabela 3-Traços de concretos com cimento CP V-ARI.
Adaptado. (BARBOSA e BASTOS, 2008, p. 5)
Considerando a Tabela 2 e 3, foi gerado o
traço para execução em volume determinando a
quantidade necessária para 6 corpos de prova de
10X20cm, sendo 3 para cada traço, no qual foi
substituído o agregado miúdo por areia de PET nas
proporções de 50% referenciado na Tabela 4 e
100% referenciado na Tabela 5 .
Tabela 4-Traço 50% PET. Fonte: o autor adaptado de (BARBOSA e BASTOS, 2008, p. 5)
Tabela 5-Traço 50% PET. Fonte: o autor adaptado de
(BARBOSA e BASTOS, 2008, p. 5)
Foi levantada a hipótese de que a
argamassa produzida também poderia ter um bom
rendimento no teste de resistência, logo foi
calculado traço de argamassa considerando um
volume de substituição de 50% para o ensaio de
resistência em corpo de prova de 5X10 cm, obtendo
a Tabela 6, como resultado de cálculo:
Tabela 6-Argamassa 50% PET. Fonte: O autor.
Diante das propostas, foram executados os
traços de concreto e argamassa considerando o
cimento CP V-ARI em Kg e os demais materiais em
volume (litros).
2.5. Execução e modelagem de concreto e
argamassa.
2.5.1. Argamassa
Para execução da argamassa os materiais
foram misturados em argamasseira em uma cuba
de inox de 5 litros por mais ou menos 5 minutos, e
levemente misturados com espátulas em intervalos
para garantir que o material que ficou preso nas
paredes da cuba também fosse misturado pelo
equipamento, procedimento descrito e adaptado da
NBR-7215 de 1996.
A matéria resultante tinha pouca
trabalhabilidade, de textura arenosa, sem muita
homogeneidade.
O material foi colocado em 4 camadas
iguais, a cada camada depositada no molde foram
desferidos 30 golpes com haste de adensamento
para comprimir e dar melhor distribuição do material
no molde e garantir que não ficassem espaços
vazios conforme (NBR-7215, 1996).
Forma produzidos 3 corpos de prova
conforme a Imagem 5 .
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Imagem 5-Corpos de prova com argamassa 50% PET.
Fonte: O autor
2.5.2. Concreto
Para a execução do concreto, o material foi
medido em volume e pesado para registro, salvo o
cimento que entrou no traço somente por peso.
Foram produzidos um traço com 50% e
outro com 100% de substituição do agregado miúdo
por areia de PET.
O material após pesado foi misturado em
betoneira por aproximadamente 5 minutos, sendo
que durante o processo houveram paradas para
soltar o material preso nas paredes da betoneira
para que todo material passasse pelo processo de
homogeneização.
Após o processo de mistura, o concreto foi
depositado no molde de 10X20 cm em duas
camadas, utilizou-se a haste de adensamento para
comprimir e distribuir igualmente o material, foram
desferidos 12 golpes, conforme Imagem-6 e 7 que
mostram em realce o procedimento normatizado
pela NBR-5738/2015.
Imagem 6-Tabela-3: camadas e golpes por diâmetro do molde.
(NBR-5738, 2015, p. 5)
Imagem 7-Corpos de prova com concreto de PET. Fonte: O autor.
O concreto resultante do traço R1,
conforme Tabela 4 , apresentou característica
homogênea similar à do concreto convencional e ao
ser depositada no molde não apresentou
resistência ao adensamento.
O concreto resultante do traço R2,
conforme Tabela 5, não se mostrou homogêneo e
sem plasticidade. O concreto não tinha uma
aparência estável e as partículas de PET eram
perceptíveis na mistura. O adensamento se
mostrou insuficiente, pois não havia areia comum
para que absorvesse água e se misturasse com o
cimento gerando a argamassa necessária para dar
liga aos componentes.
Os corpos de prova foram colocados em
tanque para cura úmida e rompidos por meio de
prensa hidráulica.
2.6. Ensaio de compressão
O ensaio de resistência a compressão foi
executado utilizando a prensa hidráulica elétrica
digital 100T Contenco Pavivest (Imagem-8 ), na
qual os corpos de prova foram submetidos a
compressão até seu rompimento e apurada o
resultado tanto para argamassa quanto para o
concreto.
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Imagem 8-Prensa Hidráulica - C.P 100T
3. Resultados e discussões
Após colhidas as resistências de ruptura,
apresentam-se os resultados e as considerações a
respeito da utilização da areia de PET como
agregado miúdo na argamassa e no concreto,
gerando a Tabela-7.
Tabela 7-Resultadodo ensaio de resistência e ruptura.
Fonte: O autor.
Para cálculo de resistência, utilizou-se a
seguinte expressão apresentada na Imagem 9.
Imagem 9-Cálculo de resistência. (NBR-5739, 2018, p. 5)
Para todas as amostras, percebeu-se a
diminuição do peso em relação ao concreto e
argamassa convencional.
Constatou-se que em relação a amostra de
controle de concreto convencional que tinha 3,5kg,
a R1 tinha peso médio de 3,10kg representando
uma diminuição de 11,43%, a R2 peso médio de
2,65kg representando uma diminuição de 24,29%.
Na argamassa, percebeu-se também a diminuição,
pois a amostra de controle tinha peso de 0,350 Kg
e o peso médio das amostras de M1 foi de 0,300 kg
representando uma redução de 14,83%.
Após a ruptura dos corpos de prova,
evidenciou-se que a areia de PET, por ser uma
resina e ter propriedades hidrofóbicas, não reagiu
quimicamente com os demais materiais que fazem
parte da argamassa e do concreto, resultando em
um material que tende a degradação,
desagregação e esfarelamento superficial na M1,
R2 e parcialmente na R1, conforme Imagens 10, 11
e 12.
Imagem 10-Rompimento da M1.Fonte: O autor.
Imagem 11-Rompimento da R2.Fonte: O autor.
Imagem 12-Rompimento da R1.Fonte: O autor.
Os corpos de prova foram rompidos em 7,
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14 e 21 dias e os resultados do ensaio a compressão
foram bem promissores variando de 5,531 Mpa a
12,611 Mpa em 21 dias. Os Gráficos 1, 2 e 3
representam a evolução de cada amostra nos
períodos citados.
Gráfico 1-Ruptura em MPA argamassa 50% PET.
Gráfico 2-Ruptura em MPA concreto 50% PET.
Gráfico 3-Ruptura em MPA concreto 100% PET.
Percebeu-se o esfarelamento dos corpos
de prova, mostrando a não homogeneidade do
concreto. A argamassa apresentou resultado sólido
ao teste de compressão, mas se mostrou bastante
porosa e suscetível a impacto e fissuramento.
Nas amostras não foi aplicado nenhum tipo
de aditivo, a areia e o agregado graúdo utilizados
estavam secos. Todo material passou por secagem
natural. Diante dos resultados expostos seguem as
conclusões.
4. Conclusão
O material tem potencial e possibilidade de
uso pensando em traços com aditivos plastificantes
para que o concreto se torne mais homogêneo e
que haja maior ligação química entre os compostos.
Assim mais estudos devem ser aplicados para uma
utilização maior que 5 e 15% em substituição ao
agregado miúdo.
O material produzido pode ser
caracterizado como concreto leve, pois apresentou
peso específico para R1 de 1973,521Kg/m³ e R2 de
1687,042 Kg/m³, conforme NBR-6118/2014 que
determina características do concreto de pelo
menos 2400Kg/m³ para concreto comum e
2500Kg/m³ para concreto armado.
O material produzido com as
características já apresentadas não poderia ser
aplicado ao concreto armado devido à falta de
coesão e características físicas necessárias a
aglutinação do concreto de PET com o aço, bem
como resistir a tração, compressão e torção das
forças atuantes.
Conclui-se neste estudo que o material tem
baixa resistência, pouca estabilidade, mas pode ser
empregado em blocos de fechamento e na
composição de contrapisos, pois apresenta peso
próprio mais baixo que o concreto comum, servindo
de material leve e colaborando para estruturas mais
econômicas na utilização de concreto convencional
e aço. Desta forma segue Tabela 8 com
possibilidades de uso, levando em consideração as
resistências alcançadas nos ensaios de resistência.
Tabela 8-Usos do concreto de PET
O uso da areia de PET na construção civil
também serve com atividade sustentável impedido
que materiais poluentes sejam descartados de
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maneira imprudente no meio ambiente e diminuindo
a quantidade de material retirado pela construção
civil da natureza.
Agradecimentos:
Agradeço aos Professores por possibilitarem
o aprendizado teórico e prático quanto a atividade
de engenheiro civil.
Agradeço em particular aos Professores
Flavio dos Ramos Souza Mendonça, Ronaldo Kelly
Medeiros, Niécio da Costa Anunciação Junior e a
Professora Edney Gomes Raminho, além do
Coordenador do Curso Professor Wesley Candido
de Melo, todos muito importantes na execução
deste artigo e colaboradores diretos para minha
formação como acadêmico e futuro profissional da
Engenharia Civil.
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[ 14 ] . SILVA, D. R.; KOIDE, R. M. Análise e modelagem de corpo de prova de concreto e concreto com PET . CURITIBA: [s.n.], 2017. 11 p. Disponivel em: <https://www.even3.com.br/anais/spicu-nicuritiba/65938-analise-e-modelagem-de-corpo-de-prova-de-concreto-e-concreto-com-pet/>. Acesso em: 15 abr. 2019.
[ 15 ] . SOUZA, A. F. D. Estudo Comparativo no uso de poliestireno expandido e PET na fabricação de concreto leve testados por meio de ensaio de com pressão . EnAmb-I Encontro Acadêmico de Engenharia Ambiental da EEL-USP, Lorena-SP, 2017. Disponivel em: <https://enamb.eel.usp.br/trabalhos-anais-2017?field_profile_first_value=Alex+Fernan-des+de+SOUZA&field_autores_target_id=All&field_area_tematica_value=All>. Acesso em: 15 abr. 2019.
[ 16 ] . THE OCEAN CLEAN UP , 2019. Disponível em: <https://www.theoceancleanup.com/>. Acesso em: 2019 abr. 15.
[ 17 ] . WWF. Brasil é o 4º país do mundo que mais gera lixo plás tico . [S.l.]: [s.n.], 2019. Disponível em: <https://www.wwf.org.br/?70222/Brasil-e-o-4-pais-do-mundo-que-mais-gera-lixo-plastico>. Acesso em: 15 jun. 2019.
[ 18 ] . WWF; DALBERG, A. WWF Relatório 2019.SOLUCIONAR A POLUIÇÃO PLÁSTICA: TRANS-PARÊNCIA E RESPONSABILIZAÇÃO . Gland, Suíça, p. 50. 2019.