cinturao negro 198

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ANO XVII - Nº 197 BIS BIMENSAL ANO XVII - Nº 197 BIS BIMENSAL ANO XVII - Nº 197 BIS BIMENSAL ANO XVII - Nº 197 BIS BIMENSAL A REVISTA MAIS INTERNACIONAL DAS ARTES MARCIAIS • KYUSHO • AIKIDO • NUNCHAKU A REVISTA MAIS INTERNACIONAL DAS ARTES MARCIAIS • KYUSHO • AIKIDO • NUNCHAKU JON JONES: O novo génio do MMA JON JONES: O novo génio do MMA GURO DAVE GOULD: Fases de integração do Combate GURO DAVE GOULD: Fases de integração do Combate MUHAMED ALI: O Maior! MUHAMED ALI: O Maior! TONI MORENO: Nunchaku avançado TONI MORENO: Nunchaku avançado EUGÊNIO TADEU: Luta Livre vs Jiu-Jitsu EUGÊNIO TADEU: Luta Livre vs Jiu-Jitsu

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revista do Artes Maciais

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JON JONES:O novo génio do MMA

JON JONES:O novo génio do MMA

GURO DAVE GOULD:Fases de integração do Combate

GURO DAVE GOULD:Fases de integração do Combate

MUHAMED ALI:O Maior!

MUHAMED ALI:O Maior!

TONI MORENO:Nunchaku avançado

TONI MORENO:Nunchaku avançado

EUGÊNIO TADEU:Luta Livre vs Jiu-Jitsu

EUGÊNIO TADEU:Luta Livre vs Jiu-Jitsu

Page 2: Cinturao Negro 198

O Kyusho vai além de fazer pressão em um ponto vitaldeterminado, tem a ver com as habilidades no combate e suasrealidades implícitas. Sua eficácia e adaptabilidade permitemao praticante ir mais longe dos simples batimentos, pontapés eagarres. Isto é especialmente valioso em situações em que asnossas possibilidades estão limitadas pelo espaço, como umautocarro, trem ou elevador. O que fazer nesses casos? Neste

DVD, o Mestre Pantazi realiza um estudoavançado sobre a aplicação da compressão

e força direccional em diferentes partesdo corpo, para conseguir diversosresultados. Tanto puxando comoempurrando, podemos controlar,ou até incapacitar determinadaszonas mediante o método dacompressão. Podemos verideias similares em algunsestilos Marciais, mas queainda não possuem aquantidade de objectivos emétodos presentes noKyusho. As compressõespodem ser perigosas ecausar graves danos quandonão trabalhadasapropriadamente. Por favor,não tratem de fazer astécnicas aqui mostradas,

porque são poderosas epotencialmente muito perigosas.

Este DVD foi realizado para isto ficarhistoricamente avisado.

REF.: • KYUSHO16REF.: • KYUSHO16

Todos os DVD’s produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVDnão cumpre estas exigências e/o a capa ea serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.

Page 3: Cinturao Negro 198

Basta um Basta um CliCCliC

para estar no melhor para estar no melhor

que em Artes Marciais que em Artes Marciais

existe noexiste no teu idioMA…teu idioMA…

Page 4: Cinturao Negro 198

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via do guerreiro, (como nãopodia ser de outra maneira),está cheia de pontosescuros e contradiçõesfuncionais. Se a mestria

fosse fácil, a verdadeira mestria, seriaabundante como papoilas emPrimavera, mas verdadeiramente ela éuma rara e extraordinária avis nofirmamento Marcial.

O cenário onde se desenvolve anossa sociedade marcial é a fogueirade vaidades, onde se queimam serescheios de complexos transformadosem exibicionistas, amedrontadostransformados em torturadores,inseguros que acabam em tiranos. Aindispensável reflexão está ausente etanto como a auto-crítica é substituídapela justificação…; crianças brincandoa homens, ignorantes exibindo-secomo sábios.

Tenho visto de tudo nestes quase 25anos dirigindo a que de uma ou deoutra maneira, goste ou não, tem sido arevista marcante do ritmo datransformação do nosso mundo Marciala um novo paradigma. Lideramos umdifícil passo, o da ignorância supinasobre outras artes que não fossem oJudo, o Karaté ou o Taekwondo dosanos 70, o tempo em que marcial seidentificava só com umas poucasfiguras de lenda, alimentadas pelamáquina de sonhos do cinema.

Assistimos em primeira fila - e porque não dize-lo acompanhados comopioneiros e cicerones -, à revoluçãodos gladiadores, o mito da eficácia, o

questionamento dos credos edogmas tradicionais, forçando assimuma nova avaliação que deixava adescoberto as mentiras, para queaquilo que de verdade houvesse noscaminhos internos e antigos, tivesseque sair à luz para encontrar um novoespaço. Assistimos a como emergia oas pec to desportivo, ao desafio daOcidentalização e ao Olimpismo, àaparição em cena das artes policiais emilitares modernas, do sincretismo, amistura e a heterodoxia, do “Vale-Tudo” …e do “tudo vale”.

Mas o pano de fundo onde tudo istose encena, não mudou grande coisaporque é eterno, isto é, a teimosia dosegos, a crítica do vizinho, a ausênciade todo indício de sincera auto-crítica,do autêntico respeito que surge dacerteza de que simplesmente não sabemos tudo. Pelo menosconseguimos envergonhar os maisdescarados, estabelecendo comonormal alguma nova ideia do quedeveria ser, mas isso, como tudoquanto é externo, apenas é umremendo, uma má imitação doverdadeiro remédio, ou seja, umpouquinho de humildade.

Bem, dirá o leitor (e com razão)…, éa condição humana. Assim é, mas eume resisto a que o efeito contágio empositivo não vá mais além, para que atransgressão seja mais e mais dedentro para fora; por isso, desde esteforo, todo mês lanço ao infinito, comoum surdo gritando no deserto, aminha pequena contribuição à reflexão

nos pessoais universos que transito,observando com curiosidade como a perseverança nesta tentativa abre brechas no aparentementeindissolúvel muro rochoso espiritualdos guerreiros.

Os guerreiros como tipologiaestabelecem um molde estereotipadocom características bem definidas. Emsua mais alta evolução MiyamotoMusashi personifica como poucos atransição do tosco guerreiro ignorantee violento ao sábio. Nesse caminho,as Artes guerreiras por analogiadescrevem similares níveis em suaascensão evolutiva, basta ter olhospara ver. Quem ainda anda preso nassuas primeiras fases, pouco ou nadaperceberá da sua exemplar vida eapenas verá a conhecida tragédia queresume o provérbio: Quem vive pelaespada, morre pela espada.

Transcender o que é simplesmentemarcial abre não obstante outras viaspara a consciência de ser, queraramente possibilitam outras artes.Mas para que a alquimia tenha lugar,deve haver reflexão, questionamento eacima de tudo, necessidade. Aquelesque já estão em tal caminho poderãotirar mais substância do texto queabre este editorial. Sem pretensão dedar todas as chaves, nem sequer asque talvez sejam as mais importantes,(quem sabe!), aí ficam, para proveitodo sábio e descrédito do sáfio. Que sevejam as diferenças, mesmo que poruma vez estejam a favor dos bons,nada de mau vai acontecer.

RIAL

A

O GUERREIRO IMPORTUNADOForte, não significa violento.Firme, não significa rígido.

Fluido, não significa desordenado.Relaxado, não significa displicente.

Alerta, não significa tenso.Atento, não significa crispado.

Resoluto, não significa inquestionável. Moderado, não significa descuidado.

Valente, não significa impulsivo.Cortês, não significa submisso.

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Editorial

A reflexão à qual nos referimos, questiona lugarescomuns do Marcial, que frequentemente justificamerros e inexactidões muito estendidas. Explicá-losagora de maneira pormenorizada, tiraria toda a forçade ser o leitor a completar, por própria necessidade,esses espaços que a repetitiva ladainha do texto levaa realizar a cada um no seu silêncio; um vazio que opróprio texto impõe, imerso nessa dialéctica tãofrequente nos textos taoistas, onde se infere mais quese explica, dando assim um espaço à reflexão que aprosa não promove.

Neste número a minha contribuição chegaquase em verso; necessitado pela falta de meios,em viagem o mês inteiro por terras valencianas eem coincidência com a “Mostra”, Festival deCinema, escrevi no meu iphone como sucintorecordatório, estes pensamentosnecessariamente esquemáticos. Quandoretiramos todo ornamento resta o essencial epara além da métrica, o que fica de algumamaneira é poesia. Pelo menos é como eu gostode ver esta questão, talvez mais virado para osconteúdos que para a musicalidade, encontroneste resumo alguns pontos chave dasgrandezas e misérias próprias da figura doguerreiro, de seus particulares infernos, atrozescontradições que reclamam atenção, para que oadmitido discurso geral seja mais uma vezquestionado e não sejam palavras ocas.

Se um só coração vibrar com elas, se um sóguerreiro as usar como espelho, a minha missãoestará cumprida. Mais um mês e vão uns tantos,o grãozinho de areia deste surdo que grita nodeserto… com um sorriso nos lábios.

Alfredo Tucci é Director Gerente de BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO.e-mail: [email protected]

“Transcender o que é simplesmentemarcial abre não obstante outrasvias para a consciência de ser,

que raramente possibilitam outrasartes. Mas para que a alquimiatenha lugar, deve haver reflexão,questionamento e acima de tudo,

necessidade. Aqueles que já estão em tal caminho poderão tirar mais substância do texto que abre este editorial”

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Jon Jones é onovo “menino

mimado” do público dos E.U.A.depois de vencer facilmente ocampeão Maurício Shogun,tirando-lhe o cinto dos pesossemi-pesados no UFC 128.

p. 24

UFC

As 6 mãos de Ji do Bubishiaplicadas a técnicas específicas

sobre pontos vitais. Esta maneira de situar asmãos permite aplicações extraordinariamenteefectivas em ataques sobre pontos vitais.

p. 06

Así fue el “I Reto El Luchadorde Vale-Tudo”, realizado el día

19 de Diciembre de 1996 en el Canecão, lamayor sala de fiestas de Río de Janeiro, quepor primera y única vez recibió un evento deVale-Tudo.

p. 34

MMA

Como é bem sabido, ameta nas Artes Marciais ésempre uma projecção deeterna aprendizagem, masum bom sistema deve sercapaz de levar-nosrapidamente, directamente,ao domínio do estilo, armaou técnica a aprender.

p. 12

NUNCHAKUKYUSHO

“CINTURÃO NEGRO”

é uma publicação de:

BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO.

Central internacional:

C/ Andrés Mellado, 42 – 28015. MADRID.

Tel. (34) 91 897 83 40. Fax. (34) 91 899 33 19

CINTURAO NEGRO NO MUNDO"Budo International" é um grupo Editor Internacional no âmbito das Artes Marciais, queconta com as melhores empresas especializadas nessa área de todo o mundo, sendo, anível mundial, o único grupo editor a publicar revistas especializadas em Artes Marciaisem sete idiomas, chegando a mais de 55 países em três continentes.Alguns destes países são: Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha, ReinoUnido, Estado Unidos da América, Canadá, Suíça, Luxemburgo, Bélgica, Holanda,Croácia, Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, México, Peru, Bolívia, Marrocos,Venezuela, Senegal, etc.

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Em um combate real, uke éo inimigo e portanto, tenho

de o dissuadir da sua atitude combativacomo seja! Por outras palavras, é precisoescolher: vencer ou ser vencido!

p. 50

AIKIDO

Em todas as artes eciências sempre sedestaca alguémemblemático que fazmudar tudo e é lembradopelas gerações vindouras.Sem nenhum género dedúvidas. no Boxe foiMohamed Ali.

p.56

BOXE

Presidente: Estanislao Cortés. Conselheiro Delegado e único Gerente: Alfredo Tucci. Direcção de Arte: Alfredo Tucci. Chefe de Produção: Marga López-Beltrán García. E-mail: [email protected]. Chefe de Produção de Vídeos: Javier Estévez. Chefe de Distribuição eMaterial: Fernando Castillejo Sacristán. Administração: José Luis Martínez. Tradutores: Brigitte de le Court, Cristian Nani, Celina Von Stromberg.Publicidade: Tel. (34) 91 897 83 40. Colunistas: Don Wilson, Yoshimitsu Yamada, Cass Magda, Antonio Espinós, Jim Wagner, Coronel Sanchís,Marco de Cesaris, Lilla Distéfano, Maurizio Maltese, Bob Dubljanin, Marc Denny, Salvador Herraiz, Shi de Yang, Sri Dinesh, Carlos Zerpa,Omar Martínez, Manu, Patrick Levet, Mike Anderson, Boulahfa Mimoum, Víctor Gutiérrez, Franco Vacirca, Bill Newman, José Mª Pujadas,Paolo Cangelosi, Emilio Alpanseque, Huang Aguilar, Sueyoshi Akeshi, Marcelo Pires, Angel García, Juan Díaz. Fotógrafos: Carlos Contreras,Alfredo Tucci. Impressão: SERGRAPH. Amado Nervo, 11 - Local 4. MADRID. Distribui: MIDESA PORTUGAL – Distribuição de Publicações,S.A. Rua da República da Coreia, 34. Ranholas, Sintra. Depósito Legal: M-7541-1989

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As Seis mãos do Ji

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Reportagem

De entre os textos clássicos de ArtesMarciais mais antigos, o Bubishi brilhacom luz própria. O Mestre Pantazineste artigo apresenta seu novotrabalho precisamente visando voltarà tradição, em função de aplicaçõessobre os pontos vitais: As 6 mãos deJi do Bubishi aplicadas a técnicasespecíficas sobre pontos vitais. Estamaneira de situar as mãos permiteapl icações extraordinariamenteefectivas em ataques sobre pontosvitais.Diz quem sabe que não há nada de novo

abaixo do sol. O Kyusho Jitsu é umadessas poucas práticas marciais modernas,que para além do eclectismo, permite beberdas fontes de diferentes estilos, para nosilustrar de como surpreendentemente, osantigos sabiam muito mais do que todospensamos em um primeiro momento.Este estudo do Bubishi e ospontos vitais é a vivaamostra disso. UmDVD que não deveser ignorado!

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6 Mãos Ji (do Bubishi*)Nos últimos tempos muito se tem escrito, falado e filmado acerca do Kyusho, na sua maioria tratando dos ataques

anatómicos e seus efeitos. Entretanto, nada se escreveu das armas antigas para atacar estes pontos ou acerca damaneira em que estas são utilizadas.

Acima de tudo temos de lembrar que as Artes Marciais modernas só são uma sombra das Artes antigas, devido àdebilidade das linhas de ensino (Linhagem), ao trespasso de informação “Secreta” e à aparição do desporto. AsArtes incluíram elementos mais complexos e acrobáticos ou atléticos. Além de tudo isto, com a chegada dasMMA (Artes Marciais Mistas), há muita mais matéria para estudar e praticar.

Muito tempo atrás os estilos se baseavam em umas poucas técnicas, mas obrigavam a um treino maisespecializado para a realização a essas poucas técnicas. Era habitual ter um estilo constituído

por 13, 36, 54 técnicas; de facto, aos Katas antigos ou formas era-lhes dado umnome conforme o número de técnicas que os constituíssem. Havia nomes tais

como Seisan (13), Sanseiryu (36), Gojushiho (54) e muitos outros, alem dosutilizados como métodos ou fontes de técnicas dos estilos. No entanto, oque lhes faltava em quantidade era compensado com treino e preparofísico.

Os estilos antigos criaram batimentos especiais com as mãos (queagora apenas podem ser vistos nos Katas), no entanto dedicavammuito tempo à preparação, fortalecimento e endurecimento destesbatimentos, para que magoassem. Forjavam as mãos até querealmente eram sólidas ferramentas, com métodos dos quepoderíamos pensar que são extremos e até absurdos. Um

exemplo disso é a preparação dos dedos mediante o agarre depesadas vasilhas. Depois, paulatinamente o praticante iaenchendo-as com água, o que levava a adquirir umainacreditável força de agarre, mas o mais importante é quese começava a adquirir força nas mãos para um treino maisavançado. A seguinte fase era encher um recipiente comareia e lá meter repetidamente as mãos e os dedos; depois,os métodos da “palma de ferro”, que consistiam em baterna areia. Pouco depois, a areia era substituída porpedras pequenas e mais tarde por pedras de

maior tamanho. Durante anos, se batiaincessantemente com os dedos, como treino

para desenvolver uma arma que permitissepenetrar nas fascias, ou dito de outramaneira, destruir partes do corpo e seus

componentes.Na época actual não trabalhamos assim,

não necessitamos faze-lo, posto que nestesmomentos, os aspectos legais e da saúde nãonos permitem faze-lo. Não obstante, aplicando oKyusho moderno (ataques aos nervos) sobre as

veias, ossos e tecidos, podemos usar estasarmas com eficácia, para conseguir incapacitar o

nosso oponente sem lhe causar dano físicoaparente. De facto, estas posições antigas de mãos e

estes métodos são tão viáveis hoje em dia como eram quando foramcriados, mesmo se usados de forma ligeiramente diferente.

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Reportagem

Bubishi O historiador Patrick McCarthy escreveu no

admirável livro “Bubishi, a Bíblia do Karaté”, queos ideogramas se podiam classificar literalmenteem Bu (Mil itar), Bi (preparação) e Shi(documento) ou o que nós chamamos“documento sobre a preparação militar”. Esta é ainformação real existente atrás dos mitos eaparentes exagerações que se têm idotransmitindo acerca desta matéria; agora não sóachamos o mesmo relevante, como também umelemento primordial na informação acerca dosmétodos de luta antigos.

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Pontos Vitais

Este segredo que uma vez foi guardado por uns poucosMestres de Karaté privilegiados, era um texto que só setransmitia a uns determinados estudantes mais hábeis emais sábios. Presumivelmente, este texto de autordesconhecido, chegado às costas de Okinawa desdeFuzhou (China) a meados do século XIX, é a origem dosmétodos de combate de Okinawa. É um grande livro dehistória, filosofia e estratégia, equiparável ao “Livro dosCinco Anéis” de Miamoto Musashi, ou à “Arte da Guerra”de Sun Tzu, pois serve como uma autêntica fonte deinspiração, assim como de documentação sobre o

verdadeiro Karaté. Inclusivamente, só neste texto seencontram os métodos de luta, assim como as localizaçõesanatómicas, tempos para atacá-las, técnicas reais tiradasdos dois Katas principais, assim como diversosconhecimentos sobre medicina e a farmacologia deherbanário da China. Além disto, apenas neste texto podemos encontrar o

conjunto das 6 Posições das mãos (As 6 Ji, Mãos deEnergia). Todo isso foi criado para infligir o máximo dano nooponente, junto com a arte específica do Dim Mak ouToque da Morte, ao qual também se alude. Estes

batimentos de mãos eram ideais para atacar osistema de circulação de sangue do corpo,causando não só uma imediata incapacidadedo oponente, como também hemorragiasinternas que com o tempo provocariamconsequências fatais no indivíduo. A estesobjectivos se referem também neste textocomo “Portas do Sangue” ou zonas para teracesso aos importantes vasos sanguíneos ouaos órgãos que mais sangue recebem. O textoinclui as horas do dia em que os vasossanguíneos são mais vulneráveis ao ataque epodem ser destruídos para causar a morte dooponente. Não obstante, apesar destas posições de

mãos serem únicas e seus efeitos muitointrigantes, é impossível ou quase impossívela sua prática com os métodos de hoje em dia.Os preceitos éticos e legais acerca de matar,mutilar ou causar danos permanentes a umatacante, fazem inúteis seu uso e estudo.Podem ser vistas em alguns estilos escuros eocultos nas Katas ou Formas tradicionais, masactualmente são profundamenteincompreendidas e ensinadas com umainformação ou aplicação incorrecta, posto quea sua verdadeira intenção não foi transmitidaem liberdade, especialmente aos ocidentais,durante a ocupação das sociedades indígenasencarregadas de salvaguardar a verdadedestes caminhos.No entanto há esperanças, posto que estas

mãos Ji podem ser e de facto são o perfeitométodo de transmissão da adaptação maismoderna das aplicações Kyusho (PontosVitais), razão pela que são adaptáveis a umaArte menos daninha mediante umas posiçõese batimentos de mãos mais convencionais,que é o “Ji” ou transferência de energia. Agorabem, isto não se refere ao que se chama Chiou Ki, ou qualquer descrição metafísica deforça, mas sim à transferência da energia

cinética ao sistema nervoso do corpo. Asacções exactas e os atributos dedesenvolvimento destes batimentos antigos,são exactamente iguais à maneira em que oKyusho ataca o sistema nervoso para quetrabalhe e realmente se transfira a mensagemneurológica na forma apropriada. De facto, osobjectivos que se descrevem no Bubishi sãoos mesmos objectivos do Kyuso, só que deuma maneira mais superficial; esta é a razãopela qual o treino e a preparação das mãos noestilo antigo não é o mesmo de agora. Já nãonecessitamos penetrar fisicamente no corpo,nem causar grandes feridas para conseguirum efeito prejudicial.Estes objectivos são também pontos de

acesso aos diferentes sistemas nervosos,posto que o tecido vascular sempre estáacompanhado ou protegido por nervos ouórgãos sensoriais. Atacando estas estruturas épossível uma incapacitação mais imediata,como acontecia com o antigo método do DimMak, mas sem propriamente causar nenhumadoença nem outros efeitos daninhos. Graças adécadas de busca e de treino usando as mãosnos métodos de Kyusho, estes segredos semostraram aptos para incapacitar erepresentam o refinamento dos métodos deataque. Isso nos levou a dar a volta inteirapara compreender as formas antigas e evitarque se percam com o tempo, ou por mandatodos homens.

EnergiaPara compreender melhor a “Energia” nas 6

mãos Ji (Energia), devemos perceber primeiroa energia cinética tão falada na arte doKyusho (como se pode ver nas aulas,seminários, vídeos e textos). Devemos ver averdadeira acção que afecta à superfícieatacada, adicionando de uma maneira

especial penetração e torção, à manipulaçãoque está sendo executada.A fim de esclarecer isto um pouco, temos

três acções principais (além destas há outras)que se usam predominantemente no Kyusho:1. Pressão no nervo; não é uma pressão

lenta nem constante, é um toque rápido quetransmite uma veloz e aguda reacçãoelectroquímica no nervo manipulado.2. Acção de esfregar (realmente trata-se de

esticar ou fazer uma tensão num receptoranatómico determinado) é uma acção cortanterápida e profunda para activar o acto reflexo.3. Batimento, que é um estiramento,

compressão ou força cinética de vibraçãopara afectar o nervo.Estes tipos de transferência de energia

cinética se conseguem com uns movimentosapropriados e uma acção corporalcoordenada, usando as posições específicasdas mãos. Perceber a acção ou aplicaçãocorrecta desta torção ou manipulação dasposições das mãos (junto com algunsobjectivos específicos) pode levar anos deestudo e prática, entretanto, é possível treinardurante um breve espaço de tempo paraconseguir um uso efectivo e sem precisar umapreparação que possa ser causa de magoaras mãos, como artritismo ou lesões nasarticulações.Há seis variantes de torção nos movimentos

das mãos e por isso o nome de “Mãos deEnergia” é tão adequado. Estudando-as commais detalhe o leitor de certo poderá perceberas posições específicas, assim como suasdiferentes possibilidades.

1. Mão de ossos de ferro - transferência derotação. (Imagem A)Esta posição de mão utiliza o primeiro nó do

polegar para fazer o ataque. A maneiraapropriada de uso é com uma dupla rotação,

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Reportagem

onde o pulso executa duas rotações simultaneamente. Quandoimpacta no objectivo, o pulso gira simultaneamente para dentro e parabaixo, para que os dedos se afastem facilmente do objectivo. Isto fazque a energia se concentre mais facilmente para baixo no objectivo emande uma descarga à estrutura do nervo. Alguns objectivos viáveis;debaixo da sobrancelha, ST-5 por cima, St-5 por baixo, TW-17, ST-9,SI-18, M-HN-14, M-HN-18, LV-13, LV-14, H-2, ST-17, GB-26, BL-23,GB-20, SP-11, ST-34 e muitos outros.

2. Palma de areia de ferro - Estendendo a transferência (explodindo).(Imagem B)

Usando a palma da mão (não os dedos). Esta é uma arma ideal parasuperfícies duras onde o nervo é superficial, como no racimo-GB(Vesícula biliar) da frente. O racimo-GB consiste realmente em doisramais do nervo que se estende desde o osso atrás do olho até a zonatransversal da esquina do olho, assim como à zona média dasobrancelha, por cima da testa até a zona do cabelo, justamentedebaixo da pele e do outro tecido. O método para usar esta arma éestender rapidamente a palma no impacto (enquanto se separam osdedos). Isto causará uma descarga na zona em que se bate, a qual éextensiva por natureza… Pensemos nas ondas que se produzem naágua quando um objecto bate nela. Isto também se adapta aobjectivos que se encontram debaixo da pele na parte mais dura docrânio. Este outros objectivos viáveis são (mas não limitadamente), ST-5, BL-10, ST-1, ST-3, M-HN-18, assim como há muitos outros.

3. Mão de espada (Mão de vento) - transferênciade batimentos. (Imagem C)

No livro e no DVD Top Ten, épossível ver muito bem o seuuso; esta arma tem grande forçade penetração devido à suavelocidade. É usada a zonaconhecida como o calcanharda mão ou osso do pulso;quando a mão ou o braçoestão em movimento emdirecção ao objectivo a umavelocidade normal, a mesmaaumenta agitando o calcanharda mão sobre o objectivo,

provocando que haja uma

superfície mais afiada, assim comoum foco mais agudo de transferênciade energia. Alguns objectivosespecíficos que reagem bem a esteataque estão em zonas mais moles,como o pescoço GB-20, LI-18 & ST-9, ou inclusivamente em superfíciesmais duras, como a parte traseira damandíbula TW-15.

4. Mão de folha de erva -Transferência de dupla direcção.(Imagem E)

Podemos pensar na dupla direcçãocomo no clássico Yin e Yang, ou nouso simultâneo de puxão e empurrão. Por exemplo, os dedosdobrados podem realizar uma acção de puxar ou estender, assim comoos batimentos dos dedos estendidos no nervo esticado. Por exemplo,agarrando a clavícula para activar o ST-10 ou 11, seria afectar o nervoque está entre os ramais do músculo esternocleidomastoideo no ST-10ou ST-9, para fazer uma penetração aguda com o dedo indicadorestendido. Isto é acompanhado com a torção do pulso, para conseguirforça de penetração com uma acção pequena e eficaz.

5. Mão de coagulação de sangue - transferência de rotação paradiante. (Imagem D)

Este é o ataque mais poderoso e devastador paramuitos objectivos. Está melhor delineado paraconseguir uma maior penetração nos pontosdo corpo que os outros ataques de mão. Faz-se usando o movimento de rotação dos doisprimeiros nós. No entanto, não podemos(assim como nas outras posições damão) negar a possibilidade de bater,puxar ou comprimir com osdedos, ou de esfregarcom a mão.

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Alguns objectivos como o ponto K-27, justamente debaixo daanca, justificam uma acção mais profunda de rotação (para esticarou comprimir). Por isso se usa este nome de “Mão de coagulaçãode sangue”. Era uma ferramenta para atacar órgãos nos quais osangue realmente se concentra. Isto poderia interferirseveramente no baço, fígado, rins, ou mesmo no coração, ou noprimeiro objectivo mencionado o K-27, um tecido vascular crucialque vai e vem do coração, assim como as artérias aorta e jugular.

6. Mão da garra de ferro - Transferência de puxão. (Imagem F)

Esta arma não é nova para a maioria das Artes, visto ser umadas armas mais frequentes. No entanto, habitualmente não se usada maneira em que foi delineada, nem nestes tempos se ensinacomo um dos típicos objectivos do Kyusho ou do Dim Mak. Nãoobstante, é uma arma versátil que originalmente atacava estasestruturas anatómicas débeis, como o pulso, o antebraço, obraço, o pescoço, a cara, inclusive ainda que em menor maneira,a perna. A correcta aplicação consiste em pressionar asestruturas superficiais para expor o verdadeiro objectivo e entãocomprimi-lo e girá-lo (“as garras”) na direcção da estrutura. Estaarma é tão ampla que precisaríamos de fazer mais um artigo oumais um vídeo para poder mostrar em detalhe todas as suas

possibilidades.

O preparo físicoO preparo físico acontece de

maneira natural com a prática e otreino e com o contacto real do Kyushopara poder constatar os efeitos reais.Por exemplo, quando se usa a garra deferro agarrando o pulso ou outraszonas, usando o contacto e a forçapara provocar uma respostaneurológica, se está treinandosimultaneamente a velocidade, acoordenação, a força, e as acçõesapropriadas de agarre e torção,desenvolvendo a sensibilidade e afocalização. Já não é necessáriocastigar as mãos tanto tempo, comose fazia antigamente, posto queevoluímos partindo da força destrutivado Dim Mak, até a arte mais subtil eefectiva que é o Kyusho.

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Aprendizagem

Toni Moreno© www.budointernational.comFotos:

Texto:

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Nunchaku

Rara vez um Mestre Marcial alcança adestreza em vários estilos e o êxito desportivocomo é o caso deste campeão mundial deTaekwondo. Toni Moreno é um extraordinárioartista Marcial; não só está dotadoexcepcionalmente para a prática e acompetição, como tem demonstrado em 30anos de uma bem sucedida carreira, étambém um inteligente organizador demétodos, um homem que pensa e delineouum dos métodos mais eficazes e rápidospara aprender a dominar uma arma tãocomplexa e versáti l como oNunchaku. Seus vídeos estão longedo habitual exibicionismo de outrosautores, para concentrar-se nométodo, no ensino aoestudante. Após o sucessoobtido com o seuprimeiro DVD, eisaqui a segundaentrega parae s t u d a n t e sm a i savançados.

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evolução é a consequência lógica do progressoem qualquer das suas possibilidades e nestecaso, com este segundo vídeo para aprender autilizar o Nunchaku, lançamos ao mercado aevolução em um sistema que éconsequente com seus princípios,

aprendizagem, compreensão, criação e evolução.Em meus trinta anos praticando Artes Marciais

acabei por compreender que o mais importante naaprendizagem e no ensino do que é Marcial, é autilização de um sistema bem construído, para queatravés do treino se possa chegar de maneirasegura, eficaz e o mais rápida possível à meta,que não é outra que o domínio da Arte emquestão. Como bem sabemos, nas ArtesMarciais a meta é sempre uma projecção deeterna aprendizagem, mas um bom sistemadeve ser capaz de nos levar rápida edirectamente, ao domínio do estilo, armaou técnica a aprender.Neste, como em outros vídeos de

aprendizagem, quis deixar de ladoqualquer género de exibicionismo. Omeu objectivo é bem claro: ajudar aaprender novas técnicas com esta versátilarma.Para que este vídeo seja ainda de mais

utilidade é importante ter estudado e treinadoas técnicas do primeiro volume “Nunchaku: THEMETHOD FROM 0 TO 100” que realizamosaproximadamente um ano atrás. No primeiro vídeo começamos de zero, sem nenhuma

experiência nem contacto prévio com o nunchaku; nele euentregava as bases para conhecer e aprender a usar esta arma;também ensinava muitas e variadas técnicas, que iam desde umabase prática e gradual, com grupos de movimentos que constituemeste sistema como: direcções de movimentos, mudanças de direcção,mudanças de mão, rolamentos, dois nunchakus, direcções debatimento, defesa pessoal, etc..Com este segundo volume “ADVANCED NUNCHAKU” (“Nunchaku

avançado”) podem evoluir muitíssimo. Este é um método mais quecontrastado com múltiplos alunos; aplicado na maneira correcta, sem dúvidaalguma leva a aprender novos e complexos movimentos, novas técnicas,algumas das quais se destacam por sua tremenda dificuldade. Outras serãoapreciadas por serem realmente espectaculares..., outras ainda, aparentementemais simples e práticas, abrirão novos caminhos a uma execução com novosmovimentos, posto que quando adaptadas a cada indivíduo permitem essa finalidadetão desejada por qualquer praticante desta arma que tenha alguma experiência préviaem seu uso. Poderá então obter domínio e destreza máximas, alcançar o que pareceimpossível com naturalidade e com genuíno controlo das mais extraordinárias formas ecombinações.

A

“O meu objectivo é claro:

Ajudar a aprendernovas técnicas

com estaversátilarma”

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Análise do conteúdo do DVD “AdvancedNunchaku”

1. MUDANÇAS DE DIRECÇÃOSeis novas técnicas e uma combinação de

todas elas. Neste capítulo destaca amudança de direcção sobre pulso comrolamento, que surpreende por suasimplicidade e possíveis aplicações.

2. MUDANÇAS DE MÃO Oito novas técnicas e duas combinações

com algumas delas. Algumas técnicas destegrupo são extremamente difíceis e outrasnem tanto, mas sendo muito espectacularese com grande capacidade para fazercombinações conquistam os praticantes.Disso não tenho a mais mínima dúvida.

3. ROLAMENTONeste capítulo apenas apresentouma nova

técnica, que é de difícil execução e degrande beleza plástica e vistosa.

4. LARGADASNovo grupo que não se tocou no primeiro

vídeo e que a muitos dos leitores será muitoespectacular, junto com os rolamentos edois nunchakus. Começo mostrando cincotécnicas que exigem muita prática, masalgumas delas, quando praticadasassiduamente não são nada difíceis derealizar.

5. DOIS NUNCHAKUSA finalidade no uso do nunchaku visando

a exibição é dominar a arma com as duasmão ao mesmo tempo, por tanto não terdificuldade em seu uso com os dois braços,em diferentes direcções, com largadas,

rolamentos, etc.. Neste vídeoensino seis novas técnicas comdois nunchakus, introduzindo

movimentos opostosdos braços,

seguinte passo na escala evolutiva dautilização de dois nunchakus.

6. DEFESA PESSOALApresento seis combinações de

batimentos concatenados em diferentesalturas, distâncias e direcções de batimento,passo lógico para melhorar as técnicasperante defesa pessoal real.Naturalmente, sem esquecermos que não

é uma arma que se possa portar na rua paraa própria defesa, nem sequer os nunchakusde espuma estão autorizados seu uso nemsua comercialização em numerosos países.

7. DEFESA PESSOAL PERANTEAGRESSORESQuatro situações imaginárias que mostram

às claras a contundência e a capacidade dedestruição do nunchaku. É tal a potência aoimpacto do nunchaku que na realizaçãodeste vídeo nos vimos obrigados a utilizarnunchaku de espuma com corda, que é o

menos pesado e por conseguinteimpacta com menos potência,mas mesmo assim, os parceirosque faziam de agressoresdeviam usar capacetes comprotecção para o rosto.

Convencido e desejoso queeste vídeo sirva para que os

interessados possam continuaraprendendo mais técnicas e possibilidadescom o nunchaku, apresento este segundovolume do meu sistema. É convenientepraticar primeiro com o primeiro volume“THE METHOD FROM 0 TO 100” e dominartodos os passos de cada técnica, antes decontinuar com a seguinte. Como é lógico, cada um gozará ou

realizará mais facilmente umas técnicas queoutras, mas é importante de um modo geralgozar com o treino, aproveitar o bem otempo e ir aprendendo com um bommétodo.Espero que gostem desta segunda

entrega para praticantes avançados. Quero agradecer ao Sr. Tucci e a toda a

sua equipa a maneira como fomos recebidostanto os meus alunos como eu próprio,assim como a possibilidade de chegar atépraticantes do mundo todo e serem eles ajulgar a validez do meu sistema.

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“O domínio e a destrezamáximas permitem alcançar oque parece impossível comnaturalidade e com genuíno

controlo das maisextraordinárias formas

e combinações”

“Um bom sistema deve ser capazde levar-nos rápida e directamente

a dominar o estilo, arma ou técnica a aprender”

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Armas Marciais

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Jujutsu, durante séculos, foiuma das artes do exércitojaponês, que a manteve emseu currículo até a SegundaGrande Guerra. A sua origemse perde no tempo, nos

deixando rastros de que tenha surgido naÍndia ou mesmo vinda dos índiosjaponeses.De uma forma ou de outra, a arte suave

ou flexível, como é traduzido o Jujutsu,difere muito da forma apresentada naépoca contemporânea. O Jujutsutradicional está incluído no programa deKoryu, que visa a conservação das formasclássicas iniciais.O antigo estava voltado à manutenção

do pensamento vivo do Bujutsu como

propriedade defensiva em campos debatalha. Sendo assim, não pode serconsiderado esporte nem tão poucomoderno.Por definição, um método de combate

desarmado representa um modosistemático e engenhoso em aplicar ocorpo humano como arma.Esse tipo de combate sem a utilização

de armas foi adoptado, em primeiraordem, para resolução dos problemas deconfrontos violentos.Combates armados e desarmados

parecem ter coexistido desde o princípioda história suplementando, integrando, ousubstituindo um ao outro de acordo com ademanda do tempo, lugar ecircunstâncias.

De facto, a observação mostrou que ocorpo humano poderia operar comhabilidade em combate como uma armaprimária e que a mestria de seuselementos e funcionalidades seria capazde fazer com que um homem subjugasseoutro homem violentamente, enquantosimultaneamente aplicasse isto em defesaprópria.Cada escola segue bem a sua linha de

técnicas e Seiteigata que lhe foramconvenientes no passado. Estaconservação nos dias actuais tem geradointensas dúvidas e conflitos entre mestrese alunos. É natural e compreensível esteacontecimento, haja vista que com achegada da modernidade e os novosmétodos de aprisionamento - algemas,

20

Artes do Japão

O

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Artes do Japão

presilhas -, o Torite, que representa opassado em forma de técnicas, seja vistoatravés de uma visão efectiva como umartefacto quase obsoleto e porconseguinte, questionado ou abandonado.O não entendimento gera um conflito. Oconflito gera a insatisfação com a prática.No entanto, ninguém pode negar que

estamos em uma época de intensastransformações e novas consciências nomundo das artes marciais. O Oriente estáse ocidentalizando e o Ocidente seorientalizando; talvez algo já previsto pelossociólogos e pensadores. Já nãopossuímos mais a hegemonia, nem tãopouco a supremacia de nenhuma raça oupovo em nenhuma de suas característicasculturais. É chegada, de facto, a era daglobalização; foi-se o tempo em que osjaponeses eram os melhores em suasartes; diversos ocidentais têmdemonstrado que uma coisa é tradição,outra é realização, competência; haja vistaa quantidade de japoneses que buscamem mestres ocidentais respostas parasuas ânsias e desejos. Já não existemmais sonhos em se tornarem Uchi-Deshideste ou daquele mestre simplesmentepor dizer que faz parte de uma árvoregenealógica… Nossos espíritos e almasestão cada vez mais exigentes; e isto ébom! Excelente! Podemos, sem dúvida, através da

história, dizer que o Jujutsu é uma daspioneiras artes de guerra no Japão;contudo, para os dias de hoje, suaefectividade, como tudo, torna-se relativa;tudo depende deste ou daquele factor.Entretanto, posso dizer que o maisinteressante e que já não é mais relativo, éseu teor investigativo dentro de suaspropriedades. Sua prática deve ser muitomais investigativa que “instigativa” - parafins irregulares.Podemos dizer em profundidade que o

Jujutsu tem uma virtude a que nada falta,ele é absoluto em si mesmo: por istomesmo, apesar dela estar firmementeestabelecida como arte de guerra, está,contudo, sempre se movendo. Busquemoso que vem a ser este "movimento". Apenasporque o movimento de sua relatividadenão é igual ao do ser humano. Este"movimento" a que se referia Dokai, é aessência de todo movimento.Esclareçamos o que significa estaafirmação, "sempre se movendo". "Semprese movendo" indigita com isto a eternidade.Este movimento mencionado aqui,"sempre" é muito mais rápido que o própriovento, mas aqueles que estão vivendo noJujutsu nem notam que ele está semovendo e nem estão de forma nenhumaconscientes deste movimento. Ainda que ahistória o conserve, suas formas intervêmna modernidade, desencadeando uma sériede formas de Jiu Jitsu. Podemos ver pelavisão do Haragei que quem estáadormecido não tem consciência deste

movimento. O movimento, apenas corporal,não é nada comparado ao movimento quea mente proporciona. Contudo, aindaassim, tudo é relativo!No que se refere a técnicas antigas, é

necessário se considerar que estudar nãoé meramente realizar um movimento, éconhecer a sua essência. Todavia, há dese lembrar que o valor histórico só existese o pensamento também for conservado.Cada seguimento (RYU) de Seitei possuiuma explicação específica e uma directrizque favorece a manutenção dos motivospelos quais aquela técnica é executadadaquela maneira, naquele ângulo, comaquele braço, e etc.…Torite se refere a aprisionar,

aprisionamento.Realizar técnicas de Hayanawa,

aprisionamentos, ou mesmo sequênciascomo específicas não caracterizam ofactor antigo, nem desmerece o esforço dequem os desenvolve nesta eracontemporânea. Entretanto, a função doSeiteigata, principalmente do Torite, éconservar a forma de actuação dapolícia da época. Manter como fundoantropológico as diversas formas deaprisionamento e manifestaçãodiante de uma situação co-relacionada. Podemos fazer umapergunta: mas como saber seeste é o correcto ouverdadeiro?Seria muito dif íci l

comprovar o que real -mente era feito em taisperíodos, apenas seguir acorrente que chegou atéos dias de hoje. É por issoque não se pode des -merecer quem tenta,de alguma forma,realizar algo parecido.Este era o caminho daépoca e é natural queencontremos cadaprofessor realizando-o àsua maneira. Contudo,há de se lembrartambém que alguémse esforçou paramantê-los comosão. O mundo

evolui, e certa -mente que comele, muitas no vasformas sur girão; eé im portante quesurjam para queo novo possar e n o v a ra n t i g o sc o n c e i t o s .P o r é m ,q u a n d ofalamos emconservação,

nos remetemos à protecção contra adeterioração. Muitos mestres acreditam quea conservação deve surgir primeiramente nointerior de quem pratica as formas antigas.Ou seja, devemos concentrar-nos, paracontrolarmos o pensamento. Neste caso emespecífico, concentrar-se é meramenteresistir, é construir um muro à volta de simesmo, para proteger uma focagem sobreuma ideia, um princípio, uma imagem, ou oque quer que seja, excluindo tudo o mais.Obviamente que do momento em que estasformas estão direccionadas a uma práticareal - Kakuto no Bujutsu - toda forma queaprimora é bem vinda, tal como suasmodificações. Há de separar bem essesdois aspectos. Alguns afirmam que é uma

questão demoralidade paracom a prática.

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Novidades DVD´s de Artes Marciais

PrEÇO:

35,00€

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De entre os textos clássicos mais antigosdas Artes Marciais, o Bubishi brilha por simesmo. O Mestre Pantazi realiza este novotrabalho precisamente visando voltar àsraízes tradicionais das “6 Mãos de Ji” doBubishi, aplicadas a técnicas específicas

sobre pontos vitais. Apesar destas posiçõesde mãos serem únicas e seus efeitos muitointrigantes, é quase impossível praticá-lascom os métodos actuais, mas não percam aesperança, posto que estas mãos Ji podemser o perfeito método de transmissão daadaptação mais moderna das aplicações

Kyusho. Atacando estas estruturas é possíveluma incapacitação mais imediata, como

acontecia com o antigo método do Dim Mak,mas sem propriamente causar nenhuma

doença nem outros efeitos daninhos. Graçasa décadas de busca e treino, estes segredosse têm desvelado aptos para incapacitar erepresentam o refinamento dos métodos deataque. Isso nos levou a dar a volta inteira aocírculo para compreender as formas antigase evitar que se percam com a passagem do

tempo, ou por mandato dos homens.

Neste trabalho, que é uma continuação dorealizado em 1998 e que foi extensamente

criticado, o Mestre Longueira apresenta umanova maneira de interpretar o Aikido, o caminhocombativo que O'Sensei transmitiu a mestrescomo Mochizuki. É por isso menos válido que otransmitido a Doshu? Vejamos bem! Em umcombate real, Uke não é tolerante, não aceita

as técnicas, Uke é o inimigo e devemosescolher entre vencer ou ser vencidos. É esta a

mudança de atitude que propõe o AikidoLongueira-Ryu, não se vence com o Ki mas como pensamento e o corpo, combatendo com umaideia clara, vencer. Longueira recuperou parteda esquecida identidade marcial neste DVD,

incorporando técnicas de chão, comimobilizações e sutemis, e técnicas com luvas,onde se pode apreciar não só a rapidez daexecução, como também uma verdadeira

intenção de Uke de magoar-nos. Uma amostrado “Aikido Combat”, que acaba no combatepleno, com ausência de protecções (pois os

conhecimentos técnicos e habilidades já o nãorequerem) e onde respeitando toda a tradição,

se pratica um Aikido “marcial”, um Aikido“eficaz”…, uma arte marcial!

Rara vez um Mestre Marcial alcança a destreza em vários estilos e o êxito desportivo co-mo é o caso deste campeão mundial de Taekwondo. Toni Moreno não só está excep-

cionalmente dotado para a prática e a competição, é também um homem que con-cebeu um dos métodos mais eficazes e rápidos para aprender a dominar umaarma tão complexa e versátil como é o Nunchaku. Neste DVD, como lógica evo-lução do seu primeiro trabalho, Toni entra em profundidade no sistema comnovas e mais complexas técnicas de mudanças de direcção, mudanças demão, rolamentos, duplo Nunchaku, batimentos concatenados, defesa pes-soa, e inicia o ensino das largadas, a característica que no manuseio destaarma mais chama a atenção.Novas técnicas, algumas de tremenda dificuldade, outras verdadeira-

mente espectaculares, e outras aparentemente mais simples e práticas,que abrem caminho a novas dimensões no domínio do Nunchaku. Resu-mindo, alcançar o que parece impossível com naturalidade e com genuínocontrolo das mais extraordinárias formas e combinações.

Todos os DVD’s produzidos por Budo International sãorealizados em suporte DVD-5, formato MPEG-2multiplexado (nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as mais restritas exigênciasde qualidade (tipo de papel e impressão). Também,nenhum dos nossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVD não cumpreestas exigências e/o a capa e a serigrafia não coincidemcom a que aqui mostramos, trata-se de uma cópiapirata.

Andrés Mellado, 4228015 - MadridTel.: (0034) 91 549 98 37Fax: (0034) 91 544 63 24E-mail: [email protected]: budointernational.com

PEDIDOS: CINTURAO NEGRO

NOVIDADES

DO MÊ S!!!

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O NOVO GÉNIO DO MMAAs bolsas de apostas estavam certas,

mas ninguém poderia prever que de maneiratão expressiva. No dia em que completava23 anos e 8 meses de idade, Jon Jonesdeixou o público em êxtase no UFC 128 coma forma como passou por cima, sem dó nempiedade, do então campeão Maurício Shogune tomou-lhe o cinturão dos pesos meio-pesados 41 dias depois de sua última luta.Na reportagem que você acompanha aseguir, a Budo disseca o novo génio doMMA.

Colin Foster & Marcelo AlonsoUFCFotos:

Texto:

““A ousadia,tranquilidade e

confiança que eledemonstrou meimpressionaram”

Minotauro

“Ele fez tanta coisaincrível que só

faltou ter um bebéno Octagon”

Dana White

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Grandes Lutadores

Atropelando o CampeãoJon Jones correspondeu com sobras às expectativas da

imprensa americana e mostrou técnicas que vão muito alémda sua especialidade, o wrestling. De cara, o então desafiantepresenteou Shogun com uma joelhada voadora que o deixoutonto por toda a luta e sem pressa, castigou com um mix dechutes altos, cotoveladas e socos rodados.

Dono da maior envergadura da história do UFC, com2,15m de alcance, Jones manteve Shogun à distância comoum adulto faz com uma criança, apenas esticando o braçoe vendo socos desfer idos inut i lmente no ar, até seesgotarem pelo cansaço. Como que curtindo o êxtase dopúblico, se exibiu durante quase três rounds, mesmopodendo terminar antes a luta, até que o brasi le i rodesmontou no Octagon, totalmente consumido enotoriamente derrotado.

Jones atingiu Shogun 102 vezes,enquanto foi golpeado em apenas 11 oportunidades

Ao término da luta, Jones mostrou o que aquele títulosignificava, acariciando o cinturão dos meio-pesados durantetodo o tempo que falava. Uma coisa era clara: consolidava-seali um fenómeno do UFC e do MMA, capaz de manter oprecioso troféu sob seu domínio por muitos anos. “Foi minhaperformance mais completa, certamente”, reconheceu já nasentrevistas.

O site de estatísticas das MMA, FightMetrics mostrounúmeros impressionantes: Jones desferiu 102 golpes nos12min37seg de luta, enquanto apenas 11 o atingiram. O novocampeão derrubou Shogun uma vez e o golpeou 70 vezes nacabeça. Além de ser ofensivamente brutal, mostrou defesaapurada nas raras vezes em que foi atacado, e só permitiu umlow-kick do brasileiro.

Queridinho da América“Bones” foi recebido na semana seguinte por Jay Leno,

apresentador do “Tonight Show”, um dos programas de maioraudiência dos EUA e foi ovacionado pela plateia. Falou comextrema desenvoltura, lembrou o episódio antes do UFC 128quando correu atrás e parou um ladrão, contou curiosidadesde sua vida e brincou com a actriz Kirstie Alley, mostrandotodo seu carisma e potencial mediático, que o fazem ser anova “menina dos olhos” do UFC.

Quem é Jon Jones?Fé para superar tragédia familiar

Nascido no vilarejo de Eddincont, Nova York, Jon Jonesteve criação voltada à fé. E foi assim, ouvindo sermões do pai,pastor de uma igreja Pentecostal, que conseguiu superar aperda de sua irmã mais velha, Carmen. Ela morreu de câncercerebral às vésperas de completar 18 anos. Jonny tinhaapenas 12.

Irmãos desportistasArthur Jones III, de 24 anos, actua na NFL, a liga de

futebol-americano dos EUA, pelo Balt imore Ravens.Chandler também é jogador de futebol-americano e estáem seu primeiro ano em Syracuse, mesma faculdadecursada por Arthur. Ao contrário dos dois, Jonny nãochegou à NCAA, mas fez sucesso no Junior College eganhou o campeonato colegia l pela Iowa Centra lCommunity College, em 2006. Por isso, ele está no Hall daFama do Wrestling.

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Homenagens à irmãJon Jones faz diversas homenagens à

irmã. Sua segunda filha, nascida em 2009(Leah foi a primeira), se chama Carmen. Eletambém tentou tatuar o nome em japonêsnas costelas, mas depois cobriu; tevepintado “Guerreiro Pacífico”. No peito, temo versículo Filipenses 4:13 da Bíblia, opreferido dela.

Carreira meteóricaSua estreia no MMA aconteceu em

Abril de 2008, quando ganhou duas lutasem cinco dias, sendo uma em cima dobras i le i ro Car los Eduardo. Umasequência de seis vitórias seguidas oalçou ao UFC e em sua primeira lutaderrotou outro brasileiro, André Gusmão.Até o t í tu lo , derrotou nomes comoBrandon Vera, Vladimir Matyuschenko eRyan Bader.

A alcunha “bones” vem da época emque jogava Futebol Americano na escola.A armadura deixava suas pernas finas tãoem destaque que pareciam apenasossos.

Versátil e sujo?É difícil descrever o jogo de Jon Jones.

Além do Wrestling, ele também é campeãonacional de Kickboxing. Seus chutes altos,socos e cotoveladas rodadas acabam comqualquer plano de jogo. Sua única derrota,para Matt Hamill, em 2009, lhe deu fama delutador “sujo”. Mesmo advertido e punido,Jones utilizou cotoveladas ilegais de cimapara baixo diversas vezes, com oadversário no chão e com o nariz jáquebrado. Foi desqualificado. Em outraslutas, até mesmo contra Shogun, recebeucríticas por sua violência nos golpes e peloexcessivo uso dos cotovelos. Dana White oconsidera “intimidador”.

Depoimentos explicam porque ele é o cara...

A performance de Jon Jones foi assuntorecorrente entre os lutadores. Fomos atrásde depoimentos de grandes nomes doMMA mundial, que não hesitaram em dizer:este jovem americano é o cara.

Dana White, presidente do UFC

“Ache i que a fa l ta de exper iênc iafosse a t rapa lhar. Impress ionou seudomín io sobre Shogun , um lu tadorardiloso, esperto, que tem enfrentadoos melhores caras da categor ia nosúltimos 10 anos e é um finalizador, vaipr'a cima. Jones simplesmente t i rouisso tudo da sua frente, dominou a lutae acabou com ele. Ele fez tanta coisaincrível que só faltou ter um bebé noOctagon”.

Junior Cigano, 2º lugar no ranking dospesos pesados

“Fiquei muito impressionado com a formacomo ele dominou a luta contra o Shogun,em todos os aspectos. Depois do que vi,acho que ele vai reinar nessa categoria porum bom tempo”.

Rodrigo Minotauro“A ousadia, tranquilidade e confiança que

ele demonstrou me impressionaram. Ele émuito calmo, bem atlético, mantém bem adistância pelo tamanho que tem e sabejogar na curta pelo backround de GregoJackson. Mas me impressionou mesmo foicomo melhorou no intercâmbio na últimaluta. O garoto é completo!”.

José Aldo, campeão dospesos pena do UFC

“O Jon Jones mostra muita inteligência,chegou numa fase muito boa a essa lutacontra o Shogun e aproveitou isso. OShogun estava sem ritmo, o que o Jonessoube usar a seu favor. Ele é um grandecampeão”

A voz donovo Cam-peão

Jon Jones émuito diferente damaioria dos jovensde 23 anos. Nãosó por sercampeão de MMAda categoria maisdisputada domundo, mastambém pelafacilidade para seexpressar e pelamaturidade. Assimcomo nas lutas,não foge dasperguntas. Abaixoalgumas dasp r i n c i p a i sdeclarações donovo dono docinturão dos meio-pesados do UFC,logo após a vitóriasobre Shogun.

Humildade“Há apenas três

anos eu estava nafaculdade etentando ganharalgum dinheiro.Lembro de não tercomo viajar paraminha casa no

Natal, então sei como é estar do outro ladoda cerca. Ter esse cinturão e ser campeãomundial não me fazem melhor do queninguém, sei como lidar com isso. É partedo meu sonho, representa segurançafinanceira para a minha família e não voudeixar ninguém tirá-lo de mim” - UFC.com

“A alcunha ‘bones’vem da época em

que jogava Futebol Americano

na escola. A armadura

deixava suas pernasfinas tão em

destaque que pareciamapenas ossos”

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Possível “Era Jones”"Não acredito nessa história de nova

era. Acredito em quem trabalha duro, fazum 'training camp' forte, para ganhar, eé para isso que me preparo. Me sentibem, fenomenal, na luta. Souabençoado por saber usar esse domque recebi. Foi minha performance maiscompleta" - ESPN

Variedade de golpes utilizados em suas lutas

"Aprendi boa parte desses golpes semnenhum treinador, olhando no Youtube.Enquanto as pessoas começam com obásico, aquele '1-2, jab, 1-2 jab', euprocurava imagens desses socosrodados" - Colectiva de imprensa

Grego Jackson“Ele é um grande treinador, tira o

máximo das nossas habilidades, trata decada atleta individualmente, mudandopequenas coisas em cada um. Ele memostrou como ser imprevisível, alternargolpes de cima para baixo, girando...”

Exposição excessiva a contra-ataques

"Não me importo o quão em perigo eufico por causa desses golpes,considero-os imprevisíveis. Assim quevocê inicia o movimento deles, aspessoas estão preocupadas mais emdefender suas cabeças do que emcontra-atacar você".

“Ter esse cinturão

e ser campeãomundial

não me fazemmelhor

do que ninguém, sei como l

idar com isso”

O NOVO GÉNIO DO MMA

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e entre as numerosas estratégias de combatedesenvolvidas pelos mestres de luta siamesadurante um período de vários séculos, desde oscomeços dos anos 1600, até o século passado,se destacam as técnicas avançadas,normalmente denominadas genericamente como

Look Mai Muay Thai. Cada uma delas, de maneira parecida aoque acontece com as mais simples estratégias Mae Mai (outécnicas básicas), encerra muitos princípios de combate quequando já descodificados, proporcionam ao thai boxer umaampla bagagem técnica para usar em cada ocasião. Agora vejamos em detalhe a Look Mai número 1

(segundo a codificação universalmente aceite por todos osArjarn tailandeses).A técnica se denomina Erawan Soei Nga, que literalmente

quer dizer “Erawan (o elefante branco com três cabeças) batecom o dente". Superficialmente analisada, esta acção constada aplicação de um ou mais punhos que quando levados debaixo para cima ao rosto ou ao corpo do adversário, evitamseu ataque impetuoso. Na realidade, cada Look Mai nos abreo caminho a um exame detalhado de um mundo pleno detradições culturais ancestrais, de técnicas marciaissofisticadas e conhecimentos médicos precisos.

A origem

O nome hinduísta de Erawan é Airavata, o mítico elefantebranco. O elefante é a cavalgadura dos reis e símbolo dopoder real, o poder do domínio; de facto, Indra, Rei do Céu,cavalga sobre o elefante Airavata. Segundo a tradiçãoAiravate tem quatro dentes e sete trombas e é brancoalbino. Está unido à água e à chuva, pois o poderosoelefante mete a sua tromba na água do mundo subterrâneoe manda-a borrifada para o céu, criando as nuvens queIndra bate umas contra as outras fazendo chover e assimpondo em comunicação os dois mundos, o mundo do céue subterrâneo. Erawan, a versão tailandesa de Airavata érepresentado como um enorme elefante com três cabeças(em algumas versões tem trinta e três), cada cabeça comdois ou mais dentes de marfim; também nesta versãoErawan é a cavalgadura do deus Indra.

O verdadeiro protagonista

Além de ter um papel fundamental nas actividadespráticas dos tailandeses, tradicionalmente e desde épocasrenotas os elefantes foram considerados em um sentido degrande espiritualidade. Mencionados por primeira vez nostextos hinduístas e budistas de muitos séculos atrás,gozaram desde então de um prestígio maior que qualqueroutro animal. O significado espiritual dos elefantes éatribuído a Ganesha, o deusa hindu do conhecimento, queremove os obstáculos; sua tromba é curva, para simbolizarque pode alcançar a meta suprema rodeando osobstáculos. Entretanto, o sentido dos elefantes brancos, os

mais sagrados, têm suas raízes no Budismo. Na Tailândiasó o Rei podia possui-los. A importância do soberano, apartir do Rei Ramkamhaeng (século XIII), era avaliada pelonúmero de elefantes brancos que possuía.

A técnica

O elefante é um animal enorme, dotado de uma potênciaexcepcional, de facto pode inclusivamente arrancar de raizuma árvore. As técnicas assimiladas ao elefante nascem daobservação do emprego dos dentes para bater e a trombapara desviar, bater, agarrar, partir. O emprego da tromba para bater de maneira relaxada

mas poderosa, foi copiado pelos thais e utilizado paradesenvolver o mortal Tae, pontapé em rotação típico doMuay Thai, em que a perna se lança sem ser contraída oudobrada e depois estendida, como acontece nas técnicasde pontapé de outros estilos orientais (observar a execuçãodo ataque de pontapé no Mae Mai Hak Nguang Aiyara). Os dentes do elefante são armas mortais e assemelham-

se aos batimentos lançados com os punhos de baixo paracima (como o Mahd Suhy em Erawan Soei Nga) ou com oscotovelos para cima ou para baixo (no ataque duplo ChangPrasan Nga). Além dos batimentos, a tromba também se utiliza para

apalpar, agarrar e arrancar os ramos das árvores ouqualquer objecto que se encontre em frente do elefante: damesma maneira se agarram as pernas do adversário e sepuxa delas para provocar a sua queda (como na técnicaKotchasan Kwang Nguang). Finalmente, o pé do elefante pode pisar qualquer coisa

com efeitos destrutivos: assim, o golpe de calcanhar contraum adversário no chão, frequentemente resulta ser umatécnica definitiva.

Os pontos vitais

A mandíbula ou osso maxilar inferior forma a parte inferiordo rosto e mantém no seu lugar os dentes. O nervo alveolarinferior, ramo mandibular do nervo trigémeo, entra noforame mandibular e se dirige em frente pelo canalmandibular, proporcionando a sensibilidade dos dentes.Um forte batimento nesta zona, especialmente se é comum ângulo de 45° (tal como acontece quando se bate coma técnica Erawan Soei Nga), pode levar a uma fractura damandíbula; quem padece esta técnica sofrerá dor aguda edificuldade para abrir a boca e pode ter um entorpecimentodos lábios e do queixo. A luxação da mandíbula poderiarealizar-se com fractura. ou também com ausência defractura, se o golpe fosse directo à parte mais alta do osso(na direcção do ouvido). Receber um golpe enquanto temosa boca aberta (também ligeiramente), fará aumentar aspossibilidades de luxação mandibular. No pior dos casos,um golpe seco à mandíbula também pode causar lesõestraumáticas do cérebro (lesão intra-craneal).

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Look Mai Muay ThaiErawan

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a fase de aprendizagem construímos um sistemaefectivo e nele introduzimos uma série demovimentos básicos de combate. Na fase de treinoreforçamos aquilo que foi construído na fase deaprendizagem e actualizamo-lo mediante o métodode ensaio e erro, sempre de maneira realista e sob a

premissa causa/efeito, mudando constantemente a estrutura. Nafase da luta medimos o efeito em combate das técnicas, pomosnossas habilidades em jogo para nos enfrentarmos às incertezas deuma situação real, enfrentando-nos às possíveis consequências dasnossas acções ou às nossas possíveis acções falidas. Na fase deensino nos encarregamos de polir e mostrar a nossa verdadeiracapacidade de combate, por quanto assumimos as duras condiçõesdo combate e nos responsabilizamos por qualquer consequênciadirecta que tenham as nossas acções em combate. Seguidamenteabordarei mais detalhadamente de cada uma destas fases.

Fase de aprendizagem Esta é a fase em que se desenvolvem os movimentos maisbásicos para o combate, as qualidades para o combate e finalmenteas técnicas do combate. A aprendizagem deve ser lenta ou rápida,adequando-se à capacidade de cada estudante para aprender eassimilar o que já foi ensinado e situar o material no adequadocontexto do combate. Quando uma pessoa está treinando para o combate, na faseda aprendizagem as áreas mais importantes para trabalharsão: o desenvolvimento de um sistema efectivo de combate,de movimentos efectivos de combate e de umas medidasapropriadas dos movimentos para o combate. Após um trabalho funcional para conhecer osmovimentos e os atributos, a pessoa começa adesenvolver um currículo completo de técnicas práticas.Aprendendo não só os pontos fortes como também ospontos débeis inerentes a cada técnica, o querapidamente se torna algo necessário para a evolução dopotencial de cada pessoa e que também nos levaconhecer as nossas debilidades, o que constitui umfactor que ajuda a calcular o risco das próprias acções. O aspecto mais importante desta fase é alcançar umacompreensão clara e concisa do material aprendido,assim como desenvolver as bases funcionais efundamentais dos movimentos de combate e osatributos através dos quais possamos tentar lançar umataque mortal quando surja a oportunidade. É ummomento em que se entra profundamente na relaçãodo movimento com a distância, a resposta ao contra-ataque, recuperação e a capacidade técnica paraconseguir o efeito apropriado na evolução combativa.

Fase de treinoA fase de treino tem como objectivo levar acapacidade combativa de cada pessoa a umasituação de combate real, ao mesmo tempo que seenfrentam as consequências e os riscos queimplica. Nesta fase se introduzem os princípios deagressão, não cooperação, contra-ataque,percepção, reacção e recuperação, para conseguiruma evolução adequada. Tudo se treina em temporeal para melhorar os aspectos do combate, posto queo governam as leis causa/efeito. Esta é a fase em quecomeçamos a enfrentar-nos às consequências das nossasacções ou não acções. Posto que a evasão ou a dúvida sãoacções deliberadas, não muito sábias, mas continuam sendo

acções, somos responsáveis por todas as coisas que escolhemosfazer ou deixar de fazer no campo de batalha. Isso é responsabilidadee um homem não pode ser um guerreiro se não se faz responsávelpelas suas acções e pelo que omite fazer.Não se deve confundir a fase de treino com a fase deaprendizagem, pois o efeito que se deseja conseguir em cada fase émuito diferente. Na fase de treino simplesmente se pesquisa, seexperimenta, assimila e utiliza tudoquanto se aprendeu e desenvolveuna fase anterior, com umafórmula simples para umapremissa simples:sobreviver.

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Fases de integração do combate

N

Existem numerosas diferenças entre aprender a lutar, treinar para lutar, lutar um combate real eensinar a alguém a lutar a efeitos práticos.

Em Lameco Eskrima temos quatro fases de desenvolvimento combativo; fase de aprendizagem,fase de treino, fase de combate e fase de ensino. Todas são vitais para alcançar um desenvolvimentocombativo completo e cada fase dessa evolução é diferente e propriamente única.

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No Lameco Eskrima o que é pequeno sempre se transforma parase fazer grande, de maneira que os guerreiros mais efectivostreinarão com a intenção de maximizar o mal causado e minimizar osriscos. Quanto mais simples e natural seja o que se fizer, maisefectivos serão os resultados que se consigam. Depois dos atributos, o que deve ser assimilado são osmovimentos em geral e a técnica aprendida; tudo isto se leva a umconfronto baseado na realidade, consequentemente a enfrentar-se àresistência e à adversidade; incluindo isto em qualquer das maneirasde desenvolver um combate, se obtêm resultados mais realistas. Amaneira como se treina é a melhor maneira de mostrar como seresponderá no momento de enfrentar uma situação real de crise.Uma regra dura e rápida da evolução do combate é que setreinamos como se a nossa vida dependesse disso, lutaremos comose a nossa vida dependesse disso… E simplesmente é assim!

Na fase de treino, a maneira dedesenvolver apropriadamenteo combate é questionar oambiente do mesmo edessa maneira nospreparamos paranos enfrentarmoshonestamente àsr e s p o s t a sr e c e b i d a s .Começamos aa g i rconsoante

as necessidades, em vez de agir conforme a nossa escolha. Asituação e o ambiente do treino começam a mostrar as realidades doverdadeiro meio do combate, as quais nos servem como modelospara criar qualquer ambiente, tudo isso para que o nosso ambiente detreino se aproxime o mais possível à realidade de um combate. O quepode acontecer numa situação da realidade na rua, deve ser tratadoda mesma maneira no nosso ambiente de treino de combate. Umambiente no qual se responde sob coacção e no meio do caos só seráútil quando se omitirem os elementos de conveniência e comodidadee quando se responda sem ter demasiado tempo para isso. Um homem sábio disse que tanto aquele guerreiro que pensa quevai sobreviver como aquele que pensa que vai morrer em combate,ambos têm razão. A pergunta que surge é: Qual dos dois guerreirossomos nós? Viver ou morrer depende da nossa resposta e só anossa maneira de treinar nos prepara para sermos aquele quequeremos vir a ser. Treinamos para ter uma mente, um corpo, umavida visando uma meta…, que é sobreviver.

A fase de luta Esta fase permite experimentar o caos, a violência e a destruição etermos de uma maneira realista, uma resposta combativa e evitarnada menos que a própria morte, permitindo-nos sobreviver a umasituação de crise na nossa vida. A verdade combativa nos falaclaramente desta fase da evolução, quando as nossas verdadeirashabilidades de combate, que de certeza aparecerão nesta fase,literalmente nos possibilitem pôr em ordem o caos, ao mesmotempo que mostrarão qualquer erro das nossas capacidades quandosão mandadas pelas leis usadas no combate real.Para nós é imperativo continuar com a evolução no combate, demodo a aceitarmos as premissas de quem adquiriu um compromissodurante esta fase em que passamos de sermos Artistas Marciais aGuerreiros. Todos necessitamos ser cientes de queinclusivamente quando o nosso inimigo cai agónico aosnossos pés, não estará realmente morto até não ter exaladoo último alento. Até isto não acontecer continuará vivo econtinuará sendo um perigo para nós e se lhe damos umaoportunidade poderíamos unir-nos a ele na morte. Nesta fase do treino com sparring, a luta é umindicador do combate que pode ser a melhor maneirapara saber quais são realmente os efeitos das nossashabilidades. A realidade do evento propriamente dito eas nossas experiências colectivas são os melhoresconselheiros nesta imitação da realidade. Nesteambiente só podemos ser tão efectivos quanto possívelnesse momento e só as nossas habil idadesdeterminarão se vamos sobreviver ou sucumbir na rua,se formos obrigados a defender a nossa vida.

Fase de ensino A última meta de qualquer instrutor é ensinar onecessário aos seus estudantes, mostrando-lhestodas as suas fortalezas e nenhuma das suasdebil idades. A minha meta como instrutor épreparar os meus estudantes para a realidade docombate e mostrar-lhes a verdade do combate,assim como apresentar-lhes todas as suasconsequências e fazer com que seresponsabil izem de todas as acções querealizarem em combate. Eu próprio me fareiresponsável não só das capacidadescombativas de cada estudante, como tambémda arrogância ou falta de confiança nas suashabilidades. Eles precisam ser conscientes dequal é a sua verdadeira capacidade para ocombate e de não se enganarem a si própriospensando que são uma espécie de semi-deuses invencíveis por simples sereshumanos. Quando pedimos a Deus fortaleza Ele nosmanda dificuldades e só trabalhando nessassituações difíceis aprendemos delas e

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crescemos para ser mais fortes. Deus nunca nos dá exactamente oque queremos, mas sim nos dá o que necessitamos. Ele nos permiteconhecer aquilo que mediante o trabalho duro, a determinação e apaciência, nós temos que transformar no que queremos. Medianteas tarefas duras, provações e erros, sempre governados pela lei decausa/efeito, aprendemos a ser mais fortes. O treino não é diferente, queremos ser efectivos, mas paraconseguir isto temos que treinar intensamente em tempo real esermos capazes de enfrentar as consequências das nossasacções, tanto as boas como as más. A maioria parecequerer tornar-se grandes guerreiros sem ter que lutarou desafiar-se a si próprios no processo. Isto éimpossível e só por meio da adversidade eexperimentando a dura realidade do combate,passaremos de ser artistas marciais a ser guerreiros.

Existe grande diferença em saber como lutare ser realmente capazes de lutar. Muita gentesabe como lutar mas poucos dos que dizem saberseriam capazes de levar à prática com um certosucesso, aquelas coisas que dizem saber. Não hácaminhos fáceis para o êxito, não há atalhos, épreciso suar e trabalhar diligentemente frentea uma grande quantidade de adversidades,desafiando-nos a nós próprios paradesenvolver o máximo potencial durante o

treino. Devemos lembrar que

integridade é fazer o que se espera de nós, mesmo quando ninguémnos observa, portanto, temos de treinar pelos motivos devidos, nãopara impressionar os outros mas para desenvolver um combateefectivo, nem mais nem menos. Depende do instrutor dirigir e afastaro estudante da ignorância, levando-o pelo caminho da auto-realização, auto-confiança, habilidade e arte. Fazendo um resumo final, realmente trata-se de percepção contrarealidade. A simples realidade de uma situação de combate deve serseguida e preparada para além do que nós percebemos comorealidade, para basear nela os exercícios de treino, os pontos devista dos conceitos para assumir o combate, e a antecipação. Ocerto é que uma situação de combate evolui e adianta seus própriostermos de tal modo que nos indica a melhor maneira de enfrentá-la;não temos escolha, devemos enfrentar a situação em seus termos enão nos nossos. Portanto, treinamos para nos enfrentarmos àincerteza que proporciona uma situação de combate e nospreparamos para responder a qualquer ameaça e tudo o que amesma supõe, tão rapidamente como nos seja possível.

“A última meta de qualquerinstrutor é ensinar o necessário

aos seus estudantes,mostrando-lhes todas

as sua fortalezas e nenhumadas suas debilidades”

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Eugénio Tadeu segue receita GracieNo ano em que o UFC finalmente chega

ao berço do MMA é interessante lembrardas batalhas pretéritas que contribuírampara que o Vale-Tudo evoluísse echegasse ao patamar desportivo actual.No fim de 1996, Yan Bonder, principal

idealizador da revista Tatame, queacabara de se desentender com um dossócios da revista, decidindo sair e criaruma nova publicação de lutas (O Lutador)se associou a Ricieli Santos, conhecidopromotor de campeonatos de Jiu-Jitsu daépoca, para fazer um evento de Vale-Tudo. Nascia assim o “I Desafio o Lutadorde Vale-Tudo”.

A ideia inicial do evento era fazer umasuper luta entre Crézio de Souza,considerado o mais técnico peso leve deCarlson Gracie e o maior ícone da Luta-Livre, Eugénio Tadeu. “Quando metrouxeram a ideia do desafio eu fiz comoos Gracie faziam. Eu já tinha uma históriana luta, havia lutado com Pitangui, Royler,Walllid, achei que o Crézio precisava secredenciar para lutar comigo. Entãopropus que ele lutasse com o meu alunoAllan Carvalho, caso vencesse, eu lutariano próximo evento com ele”, lembraEugénio Tadeu.

O facto de Alan ser faixalaranja e ter pouco mais de umano de luta, levou Crézio aaceitar uma diferença de 8kg emfavor do aluno de Tadeu.A rivalidade entre as duas

modalidades, ainda mais após as3 vitórias do Jiu-Jitsu sobre aLuta-Livre no sangrento Vale-Tudo do Grajaú em 1991,transformou o Canecão num barril depólvora quando os dois lutadoresentraram no ringue.A luta começou com um domínio claro

de Crézio, que passou boa parte dos 10minutos do 1º round batendo da guardade Alan, que fazia uma táctica para minaro faixa preta. Com a guarda fechada e

defendendo boaparte dos golpesde Crézio, oaluno passou acansar ooponente, que jánão conseguiamais derrubá-lono segundoround. Foi aí quea história doc o m b a t ecomeçou amudar. Maior e

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Reportagem

A noite em que a Luta-Livre roubou o show do Jiu-Jitsu

Uma noite idealizada para ser de festa para trêsgrandes estrelas do Jiu-Jitsu: Amaury Bitetti, JorgePereira e Crézio de Souza, mas que ficou lembrada peloconfronto em que um aluno iniciante de Eugénio Tadeu(Luta-Livre) venceu de maneira inquestionável um dosmaiores nomes da escola Carlson Gracie. Assim foi o “I Desafio o Lutador de Vale-Tudo”,realizado no dia 19 de Dezembro de 1996 no Canecão, amaior casa de shows do Rio, que recebeu pela primeira eúnica vez um evento de Vale-Tudo.

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História

melhor preparado em pé, Alan passou a levar melhor nointercâmbio.Por volta de 3minutos do 2º round, já muito cansado e

já ensanguentado, Crézio sentou fazendo guarda. Nestemomento Eugénio, cercado por Bustamante e Wallid,protagonizou uma cena histórica, entrelaçando osbraços com os dois rivais. “Não teve jeito, naquela horaa cotovelada estava comendo de todo lado, então foimelhor a gente segurar os braços, até para se protegeruns dos outros e assistir a luta”, conta Tadeu, quesegundos depois veria seu aluno definindo a luta comsocos da lateral. Diante de um Crézio de quatro,bastante machucado e sem esboçar reacção, Pindukainterrompeu o combate e deu a vitória para o raçudoaluno de Eugénio, que hoje mora nos EUA, mas não vivemais da luta. “Ali o pessoal do Jiu-Jitsu passou arespeitar mais a gente e eu passei a preparar um paracada categoria do Jiu-Jitsu”, relembra Tadeu.

Jiu-Jitsu em noite pouco inspirada

E a noite realmente não foi das melhores para o Jiu-Jitsu. Antes de Crézio perder para o aluno de Eugénio, ofaixa preta da Barra Gracie, Jorge Pereira perdeu váriasposições (montadas e costas) até chegar as costas deEgídio Sombra da Noite e finalizá-lo com um mata-leão.Já na luta principal da noite, entre Amaury Bitetti e okickboxer americano, Maurice Travis, Bitetti entrounitidamente desconcentrado após a derrota do amigoCrézio e, mesmo sendo 10kg mais pesado, nãoconseguiu vencer o americano com a facilidade quetodos esperavam. O faixa preta de Carlson Graciechegou a perder uma montada, mas depois derrubounovamente, voltou a montada e, após uma sessão desocos, finalizou Travis com um mata-leão a 3minutos deluta. Nas outras duas lutas do evento, Henrique Lango(Freestyle) obrigou Claudionor Fontinelli (Muay Thai) adesistir com socos da montada a 10 minutos do 1ºround, enquanto o boxer Sérgio Gaúcho venceu Paulode Jesus (kickboxing) com socos da montada a 5min10(Paulo escapou do ringue).

Computador para pagar as bolsas

No final do evento, como era comum na época, ascontas não fecharam. Contribui muito para isso amentalidade que imperava na comunidade do Jiu-Jitsuna época (todo mundo é amigo então não pagaingresso), o que acabou impedindo Yan Bonder e RicieliSantos de conseguirem o caixa suficiente para pagar asbolsas. Mesmo com o Canecão quase cheio, Bonder eSantos, amargaram parcos 130 pagantes, o que maldava para pagar a bolsa do americano Travis. Resultado:Para pagar as outras bolsas, os promotores tiveram quevender um carro as pressas. No final ainda ficou faltandoa bolsa da grande estrela do evento, Alan Carvalho daLuta-Livre. “Eu senti que a corda ia arrebentar para olado mais fraco, pagaram todo mundo do Jiu-Jitsu, sóficou faltando um do Dedé e o meu garoto, que deu oprincipal show da noite e ia ficar sem receber. Então tiveque tomar uma atitude mais ríspida. Fui na redacção doscaras e apreendi uns computadores. Graças a Deus logodepois deu tudo certo e eles acertaram connosco”,lembra Eugénio Meses depois a revista O Lutador acabaria falindo e o

principal idealizador da revista Tatame, o talentoso e YanBonder, acabaria deixando definitivamente o mercadoeditorial de lutas.

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Neste trabalho, que é uma continuação do realizado em1998 e que foi extensamente criticado, o Mestre Longueiraapresenta uma nova maneira de interpretar o Aikido, ocaminho combativo que O'Sensei transmitiu a mestres comoMochizuki. É por isso menos válido que o transmitido aDoshu? Vejamos bem! Em um combate real, Uke não é

tolerante, não aceita as técnicas, Uke é oinimigo e devemos escolher entre vencer

ou ser vencidos. É esta a mudança deatitude que propõe o Aikido

Longueira-Ryu, não se vence como Ki mas com o pensamento e o

corpo, combatendo com umaideia clara, vencer. Longueirarecuperou parte daesquecida identidademarcial neste DVD,incorporando técnicas dechão, com imobilizações esutemis, e técnicas comluvas, onde se podeapreciar não só a rapidezda execução, comotambém uma verdadeira

intenção de Uke de magoar-nos. Uma amostra do

“Aikido Combat”, que acabano combate pleno, com

ausência de protecções (pois osconhecimentos técnicos e

habilidades já o não requerem) eonde respeitando toda a tradição, se

pratica um Aikido “marcial”, um Aikido“eficaz”…, uma arte marcial!

REF.: • LONG6REF.: • LONG6

Todos os DVD’s produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVDnão cumpre estas exigências e/o a capa ea serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.

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"O trabalho corporal secreto do Saam Pai Fat" 1ª Parte

Aumente o seu poder marcial aprendendo o trabalhocorporal da arte secreta Weng Chun do Saam Pai Fat, “Trêsreverencias a Buda”. Explore suasabedoria e seu significadoespiritual pela mão dopioneiro do WengChun, o mestreAndreas Hoffmann,voltando ao HongKong dos anosoitenta, em suai n t r é p i d aa p r e n d i z a g e mcom os últ imosMestres deWeng Chun.

Hong Kong 1986 - o Saam Pai Fat entra na minha vida

O meu Mestre de Wing Chun queria apresentar-me a WaiYan, o Grão Mestre do Weng Chun Kung Fu. Nosencontrávamos na transitada Waterloo Road, em frente de ummercado. Exactamente aí, no meio de todas aquelas lojas, seencontrava a Meca do Weng Chun, a Dai Duk Lan, onde

tantos mestres famosos tinham lutado e treinado. Eu contava 19 anos de idade e o meu sonho era

aprender o Kung Fu original na China. Em um daqueles locais, dois honráveis idosos

faziam Kiusao. Eu conhecia um exercício similar domeu Wing Chun Chisao, mas estes Mestres estavamrealizando-o de uma maneira diferente, usavam todoo seu corpo em cada movimento, mesmo quando setratava de um movimento pequeno, o que fazia que os

seus movimentos fossem muito flexíveis epoderosos. Tudo parecia muito harmonioso e omeu cérebro treinado no Wing Chun, duvidava deque aquilo fosse efectivo. Era suficientementerápido? Não era o punho directo a ligação mais curtacom o meu oponente? Mas para além disto, eraimpressionante ver como aqueles Mestres

combinavam sem esforço socos, pontapés,derribamentos e agarres.

Depois, o Grão Mestre Wai Yan deu-nos asboas-vindas, apresentou-me ao seu aluno o Grão

Mestre Lau Chi Long e convidou-me a fazer um combate detreino contra ele. Eu logo aceitei, posto que com o meuorgulho juvenil eu pensava: “Se soubessem que bom quesou!…, mas terei cuidado com ele, porque é muito idoso…”

Quando me enfrentei com o idoso Mestre, a coisa foicompletamente diferente, tudo quanto eu fazia era utilizado

pelo GM Wai Yan, que usava a minha própria força contramim e usava o seu corpo como força de alavanca,

fazendo uns estranhos movimentos em arco parame derribar, para me agarrar ou até para me

bater desde um ângulo melhor. Os meusataques directos sempre acabavam no ar e

o GM Wai Yan sempre parecia ter prazerem me agarrar. Esta foi a primeira vez

que constatei o poder da aplicação doSaam Pai Fat. Depois, passei a ser

um aluno do GM Wai Yan nofamoso Dai Duk Lan e seguindo a

tradição (Baisi), comecei atreinar Saam Pai Fat no velho

boneco de madeira.

38

Weng Chun

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O nome Saam Pai Fat vemdos Guerreiros Budistas deShaolim

Qual é o significado de Saam Pai Fat?Para nós, Budistas praticantes de Chan(Zen) o Saam Pai Fat era e é umexercício diário básico de reverenciarBuda, é Dharma e Sangha. Buda comoo símbolo do nosso potencial; Dharma,as ensinanças para alcançar essepotencial e Sangha, toda a gente queestá no mesmo caminho.

Os exercícios diários de reverênciafazem do nosso corpo uma máquinapoderosa e isso purifica e concentra anossa mente. Todos os caminhos desabedoria Shaolim se concentram numaforma e daí este nome: Saam Pai Fat.

Saam Pai Fat = Saam - três vezes,Pai- reverenciar, Fat - Buddha.

Saam - três posições para Buda comum significado espiritual Dharma eSangha, posição para o conceito doCéu do Weng Chun, Homem e Terra.

Pai - Fazer a reverencia proporcionaao praticante um modelo da ferramentade treino que necessita para o combate,a defesa pessoal e o trabalho corporalpara uma visão multidimensional.

Buda é o símbolo do despertar dopróprio potencial para proteger, curar,inspirar e apoiar outros seres.

Saam Pai Fat no Weng Chun

Segundo a tradição oral do MestreWai Yan e da família Lo, o Saam Pai Fat

se tornou a forma mais importante doWeng Chun porque os conceitos doSaam Pai Fat passaram a ser o coraçãoe a característica do resto das formas emovimentos. Historicamente, osguerreiros Shaolim ensinaram o SaamPai Fat nos juncos vermelhos e osmestres dos juncos vermelhos oensinaram apenas a estudantes muitoselectos. O resto dos estudantes deviamficar a saber apenas outras formas econceitos.

Fung Siu Ching, herói do WengChun, ensinou o Saam Pai Fat apenasa uns seus estudantes especiais, osirmãos Lo. Fung Siu Ching tinha estadogravemente doente, sendo curado pelafamília Lo, que eram herbanários. Foiassim como depois escolheria estesirmãos como seus sucessores. Afamília Lo e o GM Wai Yan fizerampossível que outras linhagens do WengChun/Wing Chun tivessem acesso aomaravilhoso Saam Pai Fat na famosaMeca do Weng Chun, o Dai DuK Lan,em Hong Kong. Andreas Hoffmannseria o último estudante do Dai DukLan sob a tutela do GM Wai Yan eactualmente continua ensinando oSaam Pai Fat.

Saam Pai Fat no Wing Chun?

É interessante que a gente de WingChun denomine a sua terceira secçãoSiu Lim Tao Saam Pai Fat. Além de tudo

o mais, podemos encontrar muitosmovimentos do Weng Chun Saam

Pai Fat simplif icados, emalgumas formas do WingChun. Aí podemos ver asestreitas ligações que temhavido entre o Weng Chun eo Wing Chun.

O estudo do Saam Pai Fat

Estão prontos paraa revolução? NoSaam Pai Fat opraticante deWeng Chuna p r e n d em o v i m e n t o sc o r p o r a i sespeciais, o queconstitui umarevolução doss e u sconhecimentos

prévios de WengChun. Graças à

compreensão dos mecanismos docorpo e com a evolução do Qi épossível desenvolver um enorme podere uma grande velocidade quase semesforço. A característica principal destenível é o movimento de rotação eondulação do corpo (Wan Wun Yiu TietBan Kiu), que lembra alguém fazendouma reverência.

O Saam Pai Fat ensina a orientar-sena direcção do Céu, do homem e daterra; são a expressão do espaço, aforça da gravitação e a energia doShaolim Chan e as Artes Marciais.

O espaço entre dois combatentesdivide-se em três distâncias e trêsalturas: Céu (Tien), Terra (Yan), eHomem (Dei). A consciência e asensibi l idade são as habil idadesbásicas para sentir todas as direcções etodas as dimensões para controlar alinha central (equilíbrio) do atacante epara aplicar uma variedade deferramentas que o deixarão incapaz decombater (Fok).

O Céu, o Homem e a Terra do Saam Pai Fat,fundamentos do combateem três dimensões

O Céu, do ponto de vista da distância,está representado pelos batimentos demãos e pernas numa situação decombate sem contacto. Desde a altura(céu) se age contra a parte alta docorpo. O ponto de referência do Céu seensina através da técnica de WengChung Kung Mei - ataque àssobrancelhas - e é o Dan Tien mais alto("campo de energia").

O Homem, do ponto de vista dadistância, está representado pelascotoveladas e as joelhadas numasituação de combate em que hácontacto com o oponente. Desde aaltura homem se age contra a partemédia do corpo, o ponto de referênciado homem é o triângulo formado com agarganta e os dois mamilos. Maisespecificamente é o ponto deAcupunctura Ren 17, que é a porta aoDan Tien médio.

A Terra, do ponto de vista da distânciaestá representada pelos batimentos decabeça, de ombro e de anca, nasituação de combate em que se entrouem contacto com o tronco doadversário. Desde a altura terra se agecontra a parte baixa do corpo. O pontode referência da Terra é o ponto deAcupunctura Qi Hai (abaixo o umbigo)que é a porta ao baixo Dan Tien (do livroWeng Chun Kung Fu,

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linha de transmissão do nosso Shaolim (Siulam) HungGar Kung fu, tal como o conhecemos hoje em dia,começa com o já tantas vezes mencionado abade domosteiro de Shaolim do Sul, Chi Sim Sum Si. O melhoraluno de Chi Sim e do mosteiro Shaolim, era Hung HeeGung. Segundo conta a tradição da escola de artes

marciais, deve destacar-se a importância de Hung Hee Gung na artemarcial da China, como também a solidariedade e lealdade dos 10melhores alunos de Shaolim. A arte ensinado nesta escola de KungFu, mais tarde foi conhecida com a denominação de “Hung Gar” ou“Hung Kuen”.Hung Gar aprendeu muitas formas, técnicas e princípios com o

abade Chi Sim Hung. Na literatura especializada diz-se muitas vezesque Hung Hee Gung teria aprendido o estilo de tigre de Chi Sim,remetendo-se à conhecida forma “Fook Fu Kuen” (punho que vence otigre, 1ª forma principal). O tigre aqui se refere ao animal queentão, para o povo chão era o mais forte na serra de LingNam, na China do Sul. Portanto, o nome da forma não serefere às técnicas do tigre, mas simquer dizer que o aluno, quandoaprender correctamente estaforma, será tão forte de serácapaz de vencer um tigre.Hung Hee Gung aprendeu de

Chi Sim o autêntico Kung Fu deShaolim do Sul. Deixou o mosteiroapós ter passado o exame e coma autorização do abade ChiSim. Mais tarde, Hung HeeGung conheceu através de

seu irmão no Kung Fu, Fong Sai Yuk, que viria a ser sua mulher, FongWing Chun. Ela esteve aprendendo Kung Fu com seu tio, Fong SaiYuk (um dos 10 melhores alunos de Shaolim). Preferia principalmenteas técnicas do grou. Melhorou o seu Kung Fu ao longo de muitosanos e chegou a ser uma versada na matéria. Hung Hee Gungaprendeu da sua mulher as subtilezas do seu Kung Fu do grou eassim desenvolveu a “Fu Hik Seung Yin Kuen” (forma dupla de tigre egrou)*. Esta forma foi e continua sendo o emblema do Hung Gar KungFu. Depois, ao longo da história veremos que esta forma também foiimportante no século passado em relação com o Wushu moderno.A forma, Fu Hok Seung Yin Kuen, mais tarde foi compilada e

ordenada de outra maneira, pelo Grão Mestre Wong Fei Hung.Um importante acontecimento na história do Hung GarKung Fue, bem conhecido na Ásia, foi a abertura daLuk Sin San Fong (escola), no ano de 1785 emGuangjao, China do Sul.

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Kung Fu

Hung Hee Gung - o Punho do Sul

A

“Guangjao era naquelemomento,

uma das grandes cidadesno sul de China,

que tinha vários centenasde escolas de Kung Fu. Os Mestres de Kung Fu

mantinham bonscontactos entre eles”

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Luk = felizSin = amávelSan = decênciaFong = lugar de educaçãoIsto quer dizer: lugar de educação em

que se ensinam felicidade, amabilidade edecência. Como ainda hoje acontece, osalunos são preparados para usar a artemarcial só para a autodefesa, umas regrasdeviam ser aprendidas para poder aprendernesta escola. Já nesse momento estavam asaúde e a evolução mental em um primeiroplano da formação.Hung Hee Gung já tinha uns 52 anos

quando abriu a Luk Sin San Fong. Mais de1000 alunos se inscreveram, mas apenasuns 300 foram aceites, por suascapacidades físicas e suas referências nosâmbitos da moral e carácter. No dia daabertura oficial, a 18 de Julho do 1785, tevelugar uma grande festa de inauguração.Todos os 10 melhores alunos do mosteiroShaolim do Sul se encontravam entre osconvidados de honra. Logicamente tambémforam convidados os mestres locais doKung Fu (como por exemplo o Mestre TitKiu Sam) e outras personalidadesimportantes. Hung Hee Gung comoinstrutor principal esteve à frente dos 10melhores alunos. Todos os alunos e alunasse reuniram perante o grande altar emhonra dos antepassados e juntos realizaramas cerimónias Bai Si. Assim, os novosalunos foram iniciados como Yap Moon DaiGee (alunos internos). Esta cerimónia hoje éainda conhecido e praticada, sendorealizada em todas as escolas tradicionaisde Kung Fu. Nas minhas escolas se entregaa faixa branca (1ª faixa) nesta ocasião.Depois se faz uma exibição do baile doleão, como é usado até os nossos dias emfestas de Kung Fu, seguido dedemonstrações de Kung fu dos Mestres ealunos. Depois da grande inauguração,ficou o Mestre Hung (como instrutorprincipal), Mestre Luk, Mestre Wu, MestreTit e Mestre Wong como professores naescola; os o resto de Mestres voltaram paraas suas casas.Esta escola de Kung Fu fez-se famosa

em muito pouco tempo e foi o ponto dereferência para Guangjao e arredores.

Muitos Mestres de Kung Fu muitíssimobons saíram dela, alguns dos quais tambémforam muito activos no movimento HungMoon. Guangjao era nesse momento umadas maiores cidades do Sul da China, comvárias centenas de escolas de Kung Fu. OsMestres de Kung Fu mantinham bonscontactos entre eles. É sabido que um diase fez uma selecção: queriam saber quaiseram os 10 melhores mestres de Kung Fu,em base aos seguintes critérios deselecção:• Habilidades na Luta do Kung Fu• Reputação• Actividades na sociedadeOs 10 melhores Mestres de Kung Fu

foram conhecidos como os 10 Tigres deGungjao, uma tropa de guerreiros deelite. Como número 1 escolheram oMestre Tit Kiu Sam, seguido porWong Kay Ying, So Huk Fu e LeiYen Hei (todos da escola LukSin San Fong).

Luk Ah Choi - um ManchuLuk Ah Choi v iveu

aproximadamente de1760 a 1860 e foi um dosúltimos alunos do abadeChi Sim, que foi quem omandou ir estudar comHung Hee Gung. Luk AhChoi chegou a ser um dosmelhores alunos de HungHee Gung. Seguiu aformação completa eassistia a Hung Hee Gungnas aulas da escola Luk SinSan Fong. Por sua vez, LukAh Choi t inha tambémoutros muitos alunos muitobons. De destacarpr incipalmente Wong Tai ,Wong Kai Ying e depois WongFei Hung, que chegou a daraulas a três gerações da famíliaWong; mas Wong Tai já devia teruma idade muito avançadaquando começou a aprender HungGar com Luk Ah Choi.

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Rara vez um Mestre Marcial alcança a destreza em váriosestilos e o êxito desportivo como é o caso deste campeãomundial de Taekwondo. Toni Moreno não só estáexcepcionalmente dotado para a prática e a competição, étambém um homem que concebeu um dos métodos maiseficazes e rápidos para aprender a dominar uma arma tão

complexa e versátil como é o Nunchaku. NesteDVD, como lógica evolução do seu

primeiro trabalho, Toni entra emprofundidade no sistema com

novas e mais complexastécnicas de mudanças dedirecção, mudanças de mão,rolamentos, duploNunchaku, batimentosconcatenados, defesapessoa, e inicia o ensinodas largadas, acaracterística que nomanuseio desta armamais chama a atenção.Novas técnicas,

algumas de tremendadificuldade, outrasv e r d a d e i r a m e n t e

espectaculares, e outrasaparentemente mais

simples e práticas, queabrem caminho a novas

dimensões no domínio doNunchaku. Resumindo, alcançar o

que parece impossível comnaturalidade e com genuíno controlo das

mais extraordinárias formas e combinações.

REF.: • TMNUN2REF.: • TMNUN2Todos os DVD’s produzidos por Budo

International são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVDnão cumpre estas exigências e/o a capa ea serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.

Page 48: Cinturao Negro 198

A ESTRELA DO KUNG-FU - Apresentação Especial"Inspirado na vida de Sifu Vicent Lyn" - História e Argumento por Matt StevensIlustrado por Chase ConleyDiálogos por Jaymes Reed

Nã o te sintas mal Vincent.Qualquer homem no teu

lugar teria vivido como tu.

Realmente sinto inveja de ti. Tu sempre tens vividocompletamente livre, sem

estar atado a nada.

Paramim, este filme é a

minha oportunidade paraviver em liberdade. Dois

meses inteiros paraaprender.

acredita…,estou ansiosa.

Estavai ser uma fita

fantá stica. Vai dartrabalho, sim senhor, masquando tudo isto acabar

vamos jogar forte.

E…aCç ã o!

Vougozar de

cada minuto disto.

Nha Trang Vietname. Conhecido como um dos lugaresmais belos da Terra.

Page 49: Cinturao Negro 198

(Continuação)

Porhoje é tudo!

Todos a coberto, vã osecar-se. Voltamosamanhã , bem cedo.

Vamos, voltemos à vila.

agoraestou todamolhada,

Yoko.

Está smolhada até os ossos.

Vamos, podemos gozar dosencantos da ilha…,

se tu quiseres…

Ilha privada na costa de Nha Trang

E…,CoRTEm!

Page 50: Cinturao Negro 198

LOS CUARENTA Y SIETE SAMURAIAUTOR: John Allin

Preço: 14,50€

ROMPIMIENTOSAUTOR: Jack Hibband

Preço: 17,50 €

ENTRENAMIENTO BÁSICOAUTORES: Bruce Lee y

M. UyeharaPreço: 20 €

EL MÉTODO DE COMBATE DE BRUCE LEE

AUTOR: Bruce Lee y M. Uye-hara Preço: 20 €

TÉCNICAS DE DEFENSAAUTORES: Bruce Lee

y M. UyeharaPreço: 20 €

TÉCNICAS AVANZADASAUTOR: Bruce Lee y

M. UyeharaPreço: 20 €

LA SABIDURIA DE LOS MAESTROS

AUTOR: J.Mª FraguasPreço: 18,20 €

EL TAO DEL JEET KUNE DO

AUTOR: Bruce LeePreço: 30 €

JUDO:TÉCNICAS DE LOSCAMPEONES DE COMBATE

AUTOR: Roy InmanPreço: 18,20 €

EL ESPÍRITU DEL JUDOAUTOR: J.L. Jazarin

Preço: 8 €

UNO - LA ESCUELA DE LARESPIRACION

AUTOR: Itsuo TsudoPreço: 16 €

LA PRÁCTICA DEL AIKIDOAUTOR: K. Ueshiba

Preço: 30 €

EL LEGADO DE UESHIBAAUTORES: VARIOS

Preço: 25 €

AIKIDO: LA HERENCIA DE UESHIBA EN OCCIDENTE

LOS MAESTROS OCCIDENTALESPreço: 19,95 €

AIKIDOAUTOR: Kazuo Nomura

Preço: 19,95 €

AIKIDO: UNA GUIA PRACTICAPARA LA PREVENCION Y

RECUPERACION DE LESIONESAUTOR: E. Planells. Preço: 17 €

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ZEN EN MOVIMIENTOAUTOR: Sensei

Richard KimPreço: 9,95 €

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Preço: 15 €

YAMAGUCHI. EL KARATE-DO DEL ¨GATO¨AUTOR: Gogen Yamaguchi

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GRANDES MAESTROS DEL KARATE

AUTOR: Salvador HerráizPreço: 19,99 €

KARATE-DOAutor: OHTSUKA

HIRONORIPreço: 24,95 €

OKINAWA KEMPOKARATE JUTSU

AUTOR: Choki MotobuPreço: 19,90 €

JUDO KYOHANAUTORES: Sakujiro Yokoya-

ma y Eisuke OshimaPreço: 19,99 €

LEYENDAS DEL VALE-TUDO

AUTOR: Marcelo AlonsoPreço: 19,99 €

JUKOSHIN RYUJIU-JITSU

AUTOR: Bryan CheekPreço: 28 €

EL ÚLTIMO HORIZONTE DEL BUDO

AUTOR: Alfredo TucciPreço: 14 €

KYUDO. EL SILENCIO YLA FLECHA

Autores: SHIDOSHI JORDAN & J. GALENDE

Preço: 18 €

IAIDO: EL ARTE JAPONESDE DESENVAINAR

AUTOR: Sueyoshi AkeshiPreço: 19 €

IAIDO AVANZADOEL ARTE DEL DESENVAINE DE LA KATANA JAPONESAAUTOR: Sueyoshi Akeshi

Preço: 19 €

LA FAMILIA GRACIE Y LAREVOLUCION DEL JIU-JITSU

AUTOR: M. Alonso y A. Tucci Preço: 25 €

EL UNIVERSO POLARAUTOR: J.Mª Sanchez

BarrioPreço: 13,40 €

EL HOMBRE, ENERGÍAESTRUCTURADA

AUTOR: J.L. PaniaguaPreço: 15,50 €

LAS FLORES NO HABLANAUTOR: Sensei Shibayama

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TAI-CHI LA FORMA YANG Y SUS APLICACIONES

AUTOR: Paolo CangelosiPreço: 22 €

LA ESENCIA DEL KUNG-FU

AUTOR: Paolo CangelosiPreço: 23,50 €

HUNG GAR KUN FUFORMAS Y

APLICACIONESAUTOR: Paolo Cangelosi

Preço: 19,95 €

TIGRE Y DRAGONEL COMBATE EFECTIVO, TÉC-

NICAS INTER.-ESTILOSAUTORES: Samart Payakaroon

y Paolo CangelosiPreço: 15 €

EL CAMINO DE LA LIBE-RACIÓN

AUTOR: Alan WattsPreço: 15,50 €

EL SAMURAI QUELLEVAS DENTRO

AUTORES: Alfredo TucciPreço: 14 €

EL GUERREROSAGRADO

AUTOR: Alfredo TucciPreço: 14 €

CHAMAN: EL VÍNCULODEL GUERRERO CON EL

ESPÍRITU AUTOR: Alfredo Tucci

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TAI-CHI CEN. I LU FORMAS

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Page 51: Cinturao Negro 198

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CesarisPreço: 22 €

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COMBATE CON CUCHILLOAUTOR: Sargento

Jim WagnerPreço: 22 €

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MARCIALESAUTOR: B. L. Frederic

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LESIONES DE RODILLAAUTOR:

Vivian GrisogonoPreço: 18,20 €

KARATE-DOAUTOR: Ohtsuka HironoriPreço: Edición numerada

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KAJUKENBOAUTOR: Angel García

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Page 52: Cinturao Negro 198

Atitudes Marciais…O ser ou não ser do Aikido!O Aikido, uma arte marcial em constante evolução e adaptação,

com forte variabilidade, provavelmente devido a uma falta deregras ou ordenamentos desportivos, por ausência de competiçãodesportiva (competição não é o mesmo que combate). Aconteceque o Aikido é uma arte marcial como queria O'Sensei, um Aikidosem regras, livre, dominado apenas pelo pensamento do combatente.Faz alguns anos publiquei nesta revista o meu primeiro trabalho ondemostrava uma série de técnicas com luvas, penso que foi1998. Aquele trabalho foi extensamente criticado.Hoje, quase treze anos passados, penso que aspessoas estão marcialmente mais evoluídas quenesse momento, pelo que apresento nestetrabalho uma nova maneira de interpretar oAikido, uma continuação do que iniciei naquelaépoca. Não está tudo quanto é, mas tudo quantoestá faz parte da introdução ao que nós chamamos“Aikido Combat”, ou melhor, uma iniciação onde semostra um pouco mais, uma continuação do nossocaminho, que acaba no pleno combate, com ausência deprotecções (posto que os conhecimentos técnicos e ashabilidades actuais já as não requerem) e onde sepratica um Aikido “marcial”, um Aikido “eficaz”…, umaarte marcial! A nossa compreensão do Aikido difere das

maneiras de compreender o Aikido de outrasescolas, já não só pela incorporação de técnicasantigas que o resto de programas esquece ou queresquecer, a nossa mais notável diferença é umaquestão de atitude. Ao contrário do que muitagente acredita, a nossa escola está assentesobre as bases da tradição, não por razõesfilosóficas mas porque é na tradição ondese encontra a verdadeira eficácia doAikido, o seu verdadeiro ser, esquecidopela maioria das escolas de hoje ouusado só em parte. E qual é a tradição do Aikido?

Pois de certeza é umatradição marcial, uma artepara sobreviver, para ocombate, para a protecção…Não sejamos tão presunçososde acreditarmos que a prática doAikido faz de nós super-homens, quenos unimos com o universocompreendendo o ki, etc. O próprio bem estar quetransmite não é privativo desta arte marcial, pelocontrário, é algo que se cultiva, ou pelo menos se deveria

50

Aikido

Alfonso Longueirawww.aikido-longueira.comTexto:

Page 53: Cinturao Negro 198

51

De tempo conhecido dos nossos leitores,magnifico aikidoka, com uma insigne carreiraem França como segurança dos mais altosdignitários; Galego universal, insubornávellivre pensador do Aikido, revisionista,astuto, atrevido nas suas opiniões,Longueira volta à carga com um novoDVD do que melhor faz, pôr o Aikidono limite de suas possibilidades, sempudor, levando as técnicas aoextremo da real idade,demonstrando que a efectividadenão é só privilégio de algunsestilos. Um DVD que incorpora visões

surpreendentes de técnicasclássicas, nas quais leva osprincípios ao ponto máximo,onde longe de se traírem a simesmos, se reivindicam.Quem faz Aikido e deixepassar este trabalho, farámal, porque este Mestrevale a pena e merece avossa atenção maisatenta.Para mim, sempre um

prazer apresentá- lo,Longueira é já umclássico do Aikido doSéculo XXI. Atenção! Sepensava que sabia tudoem Aikido... vai ter umassurpresas!

Alfredo Tucci

Page 54: Cinturao Negro 198

52

Aikido

cultivar em todas as artes marciaisconhecidas. Por vezes, falando com conhecidos que

praticam Aikido de outras escolas, me dizemque eles praticam Aikido o tempo todo,quando andam na rua, quando viajam deautocarro, no automóvel, trabalhando… Istonão é bem assim. O que eles sentem é umasensação de bem estar proporcionada pelaprática do Aikido, uma atitude mental, nestecaso de tranquilidade e relaxação, que émaior quanto mais se pratica uma artemarcial e não é exclusiva do Aikido, é umaquestão de atitude. Neste trabalho vou apresentar uma parte

da atitude que caracteriza a minha escola, oAikido Longueira-ryu. Respeitamos atradição, mas “toda” a tradição: a filosófica,por ser necessária para a compreensão eprincipalmente a marcial, que é onde se

encontra a verdadeira essência. Porque, oque é o Aikido senão uma arte para ocombate? Em anteriores artigos tenho ditoque o Doshu se autodefinia como um guardada tradição transmitida pelo anterior Doshu,tradição que por sua vez O'Senseitransmitira a este. Mas significa isto que sejaverdadeira? Ou que seja completa? Quemsabe se ignoraram mais a parte marcial e sededicaram mais à filosófica, à tolerência deuke ao movimento, a aceitar as técnicas…,consequentemente afastando-se darealidade? Vejamos bem! Em um combate, uke não é

tolerante, não aceita as técnicas, uke nosataca com toda a raiva que pode epossivelmente até tenha conhecimentosmarciais. Em um combate real, uke é oinimigo e portanto, tenho de compensar asua atitude combativa como seja! Por outras

palavras, tenho de escolher entre vencer ouser vencido. Esta é a mudança de atitudeque têm de realizar os praticantes de Aikido,essa mudança de mentalidade de que nãose vence com o ki mas com o pensamento eo corpo, que não se combate dançando esim lutando e que não se luta sem uma ideiaclara, vencer. Até que os aikidokas deixemde concentrar-se na filosofia, a qual mesmoque inerente à prática requer da partemarcial para a sua total compreensão,abandonem as formas, os prejuízos e asinvejas…, até então o Aikido não serárespeitado pelo resto das artes marciais.Atenção, não é que eu esteja minimamentepreocupado, pois no que a mim diz respeito,a minha escola sempre tem tido o respeitodo resto das artes marciais, inclusivamentemuito mais que o recebido por outrasescolas de Aikido.

Page 56: Cinturao Negro 198

54

Aikido

No entanto, eu penso que O'Sensei,devido a ter sido a pessoa que foi, mereceque a sua arte marcial seja respeitada comotal. E não porque naquela época o nãofosse, seria outro sim pela consideração quehoje se tem pelo Aikido. Isto éexclusivamente devido aos aikidokas.Concentrando-se nessa parte filosófica comtudo aquilo que requeria certo perigo ouesforço físico, esqueceram o combate eesqueceram inclusivamente a sua identidademarcial. Nós recuperamos parte dessaidentidade para este trabalho. Técnicas dechão, com imobil izações e sutemis,respeitando toda a tradição do Aikido…, einsisto, TODA. Isto é uma continuação do meu primeiro

trabalho com umas técnicas de luvas, ondese pode apreciar não só a rapidez daexecução, como também uma verdadeiraintenção de uke por nos magoar, devido aque, como acostumo a dizer em alguns dosmeus artigos, os nossos atacantes não são“irmãzinhas da caridade”. O uso deprotecções preserva o nosso corpo frentegolpes ou possíveis lesões e assim sendo,podemos realizar ataques reais sem medo.Mas não nos enganemos, aqui só é o iníciodo nosso caminho. O nosso verdadeiroobjectivo deve ser o combate real, semprotecção alguma, preparando o corpo paraa dor, para sobreviver…E agora, os leitores que tomam contacto

com este trabalho poderão dizer que não éAikido; então eu, como aikidoka, respondo aesses pensamentos e narro certa história deMinoru Mochizuki, cujas palavras resolverãotodas as dúvidas. E se após aprender dosábio Mochizuki, ainda continuam firmes nadecisão, lamento muito… mas então nadahá a fazer!Quando Mochizuki voltou da guerra, foi

visitar o Fundador e este, se sentia tão feliz

vendo-o voltar são e salvo, que convidou-oa permanecer durante algum tempo na suacasa, no seu dojo. Ali ele conheceu umjovem karateka aluno de Ueshiba. Antes de ir dormir, o dito jovem visitou

Mochizuki no seu quarto e disse que ele nãoconsiderava que o Aikido fosse efectivo eque com os seus conhecimentos seriacapaz de vencer O'Sensei em um combate,o qual seria abatido ao primeiro golpe.Mochizuki responde que o atacasse a ele,para constatar se realmente era capaz devencer o Mestre Ueshiba. Quando o jovematacou, Mochizuki esquivou e contra-atacando com um pontapé deixou-o semsentidos. Quando o Mestre o reanimou, okarateka perguntou se no Aikido existiamtécnicas de pontapés, ao que Mochizukiresponde: “Não sejas parvo! O que queresdizer com essa pergunta? Empregamostécnicas de pontapeio ou o que fizer falta.Eu até já empreguei artilharia. As artesmarciais, as armas, a artilharia, todas sãoAikido. O que pensas tu que é o Aikido?Pensas que se trata de retorcer braços? Éum meio de Guerra…, uma acção deGuerra! O Aikido é uma luta com sabres deverdade. Empregamos a palavra 'Aiki'porque podemos sentir o pensamento doinimigo que vem atacar, de maneira quepodemos responder de maneira imediata.(…) Quando uma pessoa enfrenta uminimigo estando em um estado mental livrede toda ideia ou pensamento e éinstantaneamente capaz de lidar com ele, aisso chamamos 'Aiki'. Em tempos antigosse chamava 'Aiki no Jutsu'. Assim, aartilharia ou qualquer coisa se torna 'Aiki'(Ver: Aikidojournal.com).”A mesma resposta dou a todos aqueles

que pensam que o Aikido não é combativo…Bem, não sou eu quem dá a resposta, é aresposta do próprio Mochizuki Sensei.

“Aiki” é tudo o que nos une com o rival,uma técnica, tanto seja de chão, deprojecção, de imobilização, um ataque, umaarma (recordemos que qualquer arma deveser a prolongação do braço e do nossocorpo, pelo que estamos unidos com anosso arma, sendo um com ela)… Neste trabalho apresento o caminho

combativo transmitido por O'Sensei amestres como Mochizuki. De certo não émenos válido que o transmitido ao Doshu!Referindo-me agora à maneira pouco

responsável como foi criticada a minhaescola de Aikido, e digo pouco responsávelporque nenhum dos que empregaram tempoe esforço tentando desprestigiar o Aikidoque eu pratico, soube dar-me umaexplicação válida de porquê o Aikido nãopode renascer no caminho do qual surgiu, ocaminho marcial. Isto sem ter emconsideração que a crítica não construtiva,unida a um completo desconhecimento donosso método de trabalho, não faz senãoaumentar a imensa bola de neve daignorância e cresce e cresce! Quanto maiscritiquem o meu método, a minha escola, aminha pessoa, o meu Aikido…, mais medeixam saber que estou no bom caminho,pois assim aconteceu com grandes mestresque foram criticados ao máximo e hojechegaram a ser o que são, como é o casodo próprio O'Sensei. Não me queixo disso; émais, prefiro que continuem a criticar poisassim alimentam a minha convicção edeterminação de continuar lutando por umAikido mais marcial. Espero que esse diachegue e até então, as portas do meu dojoestão abertas a todos aqueles que cheios decuriosidade e respeito, queiram vir constatarde primeira mão o que eu entendo porAikido, como Caminho da Harmonia e daUnião com o Universo… Até breve!

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Reportagem

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Em todas as artes e ciênciasde tanto em tanto surge e sedestaca alguém emblemáticoque origina uma grandemudança e será recordadocomo modelo nas geraçõesfuturas. Em física foi AlbertEinstein, nas Artes MarciaisBruce Lee e no Boxe, indiscuti-velmente foi Mohamed Ali. Naopinião dos especialistas, his-toricamente, dos dez comba-tes de Boxe mais destacadospor sua importância e qualida-de, sete foram protagonizadospor Ali.

Hoje, de esta tribuna Marcialrendemos justa homenagem aquem foi o melhor de todos,numa reportagem de um gran-de conhecedor e magníficorepórter Marcial, PedroConde.

Muhamed Ali, simplesmente o Maior

Muhammad Ali nasceu em Louisvi l le(Kentucky), a 17 de Janeiro de 1942. Foibaptizado com o nome de CassiusMarcellus Clay, nome que depois trocariapor outro, devido às suas crenças religiosas.Teve uma boa infância, decorrendo esteperíodo da sua vida em um bairro de classemédia. A famíl ia Clay possuía algunsveículos para transporte. Talvez a grandediferença entre ele e o resto dos pugilistasradicasse em que Cassius Clay entrou nestedesporto por gosto, não por necessidade,apesar de que não desdenhasse obter famae dinheiro com ele.Joe Martin, um de tantos polícias que

patrulhavam em Louisville, era proprietáriodo ginásio Columbia, onde os jovens dacidade treinavam com os poucos meiosdisponíveis, batendo em sacos cheios deremendos e realizando lutas com umasluvas que pelo seu tamanho e peso (onças)os faziam parecer ainda mais pequenos.Este agente da lei foi fundamental para acarreira do pugilista, possivelmente umadas poucas pessoas a quem Ali deve partede seu êxito. Mart in lembra com tododetalhe aquele dia do Verão de 1954,quando um garoto magrizela de 12 anos de

idade, entrou no seu ginásio. O pequenoCassius Marcellus Clay estava em pranto,chorava porque alguém lhe roubara a suabicicleta de 60 dólares, que o pai tinhacomprado apenas dois dias antes. Martindeixou o que estava a fazer e ajoelhou-seperto do garoto para o consolar. Opequeno acabou de contar a sua históriadizendo uma coisa que o impressionou:"Se apanho o garoto que roubou a minhabic ic leta, vou dar- lhe uma boa sova!"Martin respondeu que antes de tentar baterem alguém, devia aprender a lutar… Estefoi o começo de uma relação que iria durar

seis anos, entre Cassius Clay e Joe Martin.Cassius passou a ser um garoto do ginásioColumbia.Joe Martin era muito exigente no seu

ginásio, suas palavras eram lei: "Se eu dizerque na rua está a chover, não quero verninguém indo à janela para ver se é verdade!"Cassius comia e dormia em casa de seus

pais, onde recebia amor e carinho, maspraticamente morava no ginásio, onde davaatenção ao que lhe diziam e aprendia… "Eufiz com que ele e o seu irmão Rudyaprendessem o que é a disciplina", lembraMartin.

o MaiorPedro CondeTexto e fotos de arquivo:

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Boxe

O jovem pugilista participava em todos os saraus da categoriaamador que organizava o seu treinador todas as semanas. Embreve seria conhecido nas ruas de Louisville como "o garoto dasmãos rápidas". As suas vitórias nos ringues proporcionaram-lheuma certa fama, mas isso não modificou a sua relação com otreinador."Esse garoto estava sempre a falar - lembra Martin - por vezes

tinha de gritar com ele para que se calasse. Se não se calava,apanhava um bofetão. Precisava que alguém estivesse sempre alembrar-lhe o que era disciplina…”Anos depois, quando Cassius estava prestes de obter o

Campeonato do Mundo na categoria dos Pesos Pesados, Martin seencontrava em Miami assistindo aos treinos. Nesse momento otreinador de Ali era Angelo Dundee e em dado momento, tentou pôro roupão nos ombros de Clay, mas este empurrou-o. Martin disse:"Se me tivesse feito isso a mim, a pistola teria estado encostada nasua cabeça"Martin podia falar assim porque o certo é que além de ajudar

Cassius a ser disciplinado, o preparara conscienciosamente para aJogos Olímpicos realizados em Roma em 1960, onde conseguira amedalha de Oiro na categoria de semi-pesados. Clay se sentiracomovido com tudo aquilo. Tinha ganho o máximo prémio, escutarao hino americano tocado em sua honra e recebera os aplausos,parabéns e outras demonstrações de adesão por parte de seuscompatriotas.Clay percebeu de que se encontrava em um momento óptimo

para poder conseguir o que se quisesse, tinha obtido fama e êxitoinesperados, sentia que havia um monte de gente que o apoiaria demaneira incondicional. Tudo em sua volta eram expressões depatriotismo pelo que alcançara…Quando regressou aos Estados Unidos, o recebimento foi

apoteótico, grandioso. Mas quando chegou a Louisville as coisasmudaram. Um dia foi com uns amigos a um restaurante e foi-lhenegada a entrada por ser negro. Este facto, junto com algunsoutros, levaram-no a perceber a realidade; uma tão grandedecepção não tinha nele precedentes…, acreditara que com amedalha de oiro, os problemas raciais tinham acabado para ele.Tinha sido uma ilusão! Quando ganhou a medalha prometeu a si mesmo que sempre a

levaria consigo; mas quando descobriu esta série deacontecimentos, sentiu vergonha. Tinha representado um país queele pensava que era diferente, um país onde existia a igualdade deraças e credos, mas aquilo só era uma ilusão. Por isso, atirou a suamedalha ao rio Ohio… Ele não tinha representado os EstadosUnidos para isso! Além deste apreciado troféu, também conseguira o título de

Golden Gloves, máximo galardão da categoria amador e todosprognosticavam que o aguardava um brilhante futuro na categoriaprofissional. Martin pensava que quando passasse a essa categoria

continuaria sob a sua tutela, mas levou uma decepção, pois Clay seintegrou em um sindicato formado por 11 homens de negócios por10.000 dólares, um salário garantido de 4.000 dólares anuaisdurante os primeiros dois anos e 6.000 durante os seguintes seisanos.William Faversham, executivo de uma importante companhia de

álcool, era o chefe do sindicato. Homem perspicaz e compreensivo,Faversham queria que Cassius tivesse uma certa segurançafinanceira. "Não queremos que acabe como Joe Louis, uma partede tudo quanto ganhar será destinada a um fundo de pensão quenão poderá usar até ter 35 anos ou quando deixar o Boxe ecuidaremos de que se lhe seja pago devidamente".Para o seu antigo preparador foi um golpe baixo, o seu critério

distava muito do que pensava Clay. Martin só via uma dúzia dehomens de negócios que pensavam que Clay era um bominvestimento e que aplicando nele alguns dólares podiam fazer-semilionários, uns intrusos que vinham aproveitar o suor do seutrabalho. Certamente, era preciso descartar qualquer ideia dealtruísmo…Bill Faversham, que conhece Clay melhor que ninguém, declarou

uma vez: "Em geral, tem medo do mundo, mas em especial, o factode ser Cassius Clay é do que tem mais medo. Devem saber que

nele não há maldade alguma, para ele, para passarum momento agradável bastam umas bolas degelado e um sumo de laranja".Já consagrado como

pugil ista abandonouaquele sindicato etambém abandonouBill. Converteu-se aoIslamismo, passando achamar-se MuhammadAli.Desde então não quer

ouvir falar no nome deCassius Clay, porconsiderar que é um nome de"escravo". As suas estranhasideias, ou o nome com que sejachamado, pouco importa, oimportante é a inacreditávelmarca que deixou nodesporto profissional. Estejovem fanfarrão quechamava a atenção dopúblico recitando as suaspoesias e predizendo oassalto em que ia nocautear oseu rival, era chamadopalhaço e desapareceria tãorápida e fugazmente comosurgira no mundo do Boxe.Mas o fanfarrão nunca perdeuuma luta e seus rivaishabitualmente acabavamnocauteados exactamente nomomento que tinha anunciado.Acertando quase sempre suas"predições" formou-se em seu redorum certo ambiente de invencibilidadee começou a dizer-se queMuhammad Ali era melhor quequalquer dos campeões que já eramlenda: Johnson, Dempsey, Louis,etc. Ali era qualif icado como omelhor pugilista da história, o queele não desmentia.Bil l Favershan e o sindicato

contrataram um treinador experientepara que treinasse Ali, que não eraoutro que o já legendário, AngeloDundee. As directrizes deste eram muitoespecíficas: "Fazer dele um campeão emantê-lo longe de qualquer género deproblemas”. Dundee não recebia umgrande salário porque esperava obtergrandes ganhos no futuro; mas até esteschegarem, recebia apenas 125 dólaressemanais. Quando o lutador não estavatreinando, não recebia nada, mas os dias dasgrandes remunerações acabaram por chegar, talcomo Dundee esperara. Era um bom negóciopara um pequeno treinador, que tinha uma certareputação de manter seus lutadores contentes,inclusivamente durante os árduos treinos.Angelo e Clay já se conheciam com anterioridade

a se unirem no grupo Faversham. Dundee lembra-se bem do primeiro encontro: “Em 1957, eu estava em Louisville com

Willie Pastrano. Willie era campeão domundo dos pesos semi-pesados.Estávamos no quarto do hotel etelefone tocou. Respondi e do outrolado escutei uma voz que parecia ser

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Grandes Lutadores

de uma criança. Disse-me chamar-se CassiusMarcellus Clay e que ganhara a medalha deoiro nas Olimpíadas. Perguntou se podia iraté o quarto para eu a ver. Não parava defalar, dizia um monte de coisas sobre mim esobre todos os meus lutadores, juntando queme conhecia por me ver a televisão. Mandeiaquele garoto calar-se durante um minuto,então disse a Pastrano que um maluco estavalá em baixo e queria subir, ao que elerespondeu: Deixa-o subir.Cassius subiu com seu irmão Rudy.

Ficaram umas três horas e durante todo essetempo perguntava a Pastrano: Quantasmilhas corres por dia? O que comes àrefeição antes de uma luta? Quanto sumo delaranja bebes quando treinas? e coisas destegénero… Clay e Pastrano embirraram um com o

outro logo de entrada. Cassius me pediu queo deixasse combater com ele e eu disse queperguntasse a ele. Willie aceitou e no diaseguinte se enfrentaram no ginásio Columbia,de Joe Martin.Clay parecia imenso e Willie muito mal. Só

se enfrentaram durante um assalto, porquenão os deixei continuar. Disse a Willie quenão estava em forma, que era melhor parar,para justificar a que tinha acontecido. Mas elenão aceitou nenhuma das minhas desculpase disse-me: Angie, este garoto é realmentebom.”

Sob a atenta vigilância de Angelo Dundee,Clay aprendeu todos os pormenores doBoxe, do treino e do negócio que existenteem redor. Dundee estava surpreso pelainacreditável rapidez deste jovem, mas aindamais por sua grande ambição por chegar aser rico e famoso."Não podia tirá-lo do ginásio - assinalava

Dundee. Inclusivamente depois de apagar asluzes ele ficava fazendo sombra. Queria fazer

Boxe com toda a gente do ginásio. Não seimportava se era um peso mosca ou umpesado, dizia que precisava treinar."Nenhum lutador em toda a história treinou

mais e mais duro que Clay. Chegou a fazeruma média de 160 assaltos com sparring,quando preparava um combate de 8assaltos. A maioria dos lutadores faziam umamédia de 50 assaltos por cada combate de10. A 29 de Outubro de 1960, Clay fazia asua estreia como profissional, combatendocom o jovem Tommy Hunsacker, que eracomo uma rocha. O encontro teve lugar emLouisvil le. Nos seguintes seis mesescombateu e dançou enquanto seencaminhava às suas seis vitóriasconsecutivas, cinco delas por K.O.Em Junho de 1961, Cassius e Dundee se

encontravam em Las Vegas para realizar umcombate a 10 assaltos com Duke Savedom.O facto de Cassius vencer aos pontos não foium desmérito na sua carreira, o querealmente marcou a sua aparição foi aentrevista que deu antes do combate. Comele apareceu o famoso lutador de Luta-LivreGeorgeous George. Esta seria a última vezque Cassius deixaria que alguém lhe tirasseo protagonismo. Estava fascinado pelamaneira em que George falava, como sevestia, como pintava de louro os cabelos eacima de tudo pelo seu comportamento emgeral e foi vê-o lutar no dia seguinte. Ficou

fascinado ainda mais pela gente que iaver o homem dos cabelos dourados. Aexperiência com George mudouradicalmente a personalidade de Clay etambém a sua vida. Começou a imitá-lo.Nunca parava de falar e de alardear dasua grandeza. Modelou a sua figura ecomeçou a surgir o novo Cassius. Omundo nunca voltaria a ser o mesmo.Continuou vencendo os combates com

margens muito amplas. Os organizadoresde todo o país começaram a repararneste jovem das mãos rápidas deLouisville, apesar de que falava muito.Não obstante, existiam certas dúvidas,um factor desconhecido e imprevisível.Poderia encaixar um golpe namandíbula? Continuaria a bater depois detocado ou procuraria a primeira saídapara correr longe? Até aquele momentoninguém o tinha tocado…As respostas chegaram no combate

contra Alex Miteff, um sul-americano duroe depois com Sonny Banks, o do golpede serpente. Miteff, conhecido por seubrutal corpo a corpo, deixou cheias denódoas as costelas de Clay, mas eleencaixou os golpes e continuou,abatendo-o no sexto assalto. Aespecialidade de Sonny era manter adistância com o adversário batendo-lhecom o punho direito. Sonny enganouCassius, pois em vez de bater-lhe com adireita, batia com a esquerda, Cassiuscaiu. Na opinião de Angelo Dundee eoutros especialistas em Boxe, tinhachegado o momento da verdade. Irialevantar-se Clay ou esperaria o arbitroacabar de contar? Mas logo que Claytocou o chão, voltou imediatamente em

“Nenhum lutador emtoda a história

treinou maisarduamente que

Clay, chegou a fazeruma média de

160 assaltos comsparring,

quando preparavaum combate de

8 assaltos”

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Boxe

pé. Dundee não só se tranquilizou comotambém ficou espantado. "Foi fantástico",lembrava Angelo. O alívio de Dundee tornou-se alegria quando no 4º assalto Cassiustombou Banks.1962 foi um bom ano para Cassius.

Conseguiu seis K.O. em seis combates.Antes de lutar com Archie Moore recitou umdos seus famosos versos: "I'll say it again,I've said it before. Archie Moore will fall infour" (“Direi outra vez o que já antes disse:Archie Moore vai cair em quatro”).O idoso Archie gozava de grande

reputação apesar da sua avançada idade;como curiosidade podemos dizer que estepugilista já lutava na categoria de profissionalsete anos antes de Clay nascer. Por isto,para os detractores de Cassius, estecombate era só uma montagem, onde umprofissional com grande prestígio, mas jáacabada a sua carreira pugilista, serviria delançamento a esta jovem promessa.Os prognósticos se cumpriram sem

surpresas. Archie Moore caiu no quarto. Aquantia arrecadada no Arena de Los Angelesfoi recorde na Califórnia, 182.599 dólares,mais um adicional de 223.455 dólares pordireitos de transmissão na televisão a cabo.Na terceira fila estava o Campeão dos pesospesados Sonny Liston. Quando o vitoriosoCassius se dirigia para o vestiário, paroudiante dele e assinalando com um dedo parao nariz de Sonny, disse "Tem cuidadopequenino. Preciso de ti, vou dar-te umasurra como se fosse teu paizinho". Listonlevantou seu punho e gritou: "Vai dormircriança, antes de eu te dar uns açoites norabo".Cassius concentrava na sua pessoa todas

as atenções sempre que ia combater. Todosriam com os seus versos mas ficavamrealmente surpreendidos quando acontecia oque ele dizia. No entanto, Clay não tinha acerteza de quando iria cair Doug Jones.Desde que pisou o Madison Squear Gardenna noite do 13 de Março de 1963, mudou deopinião três vezes. Primeiro disse que seriano terceiro assalto, depois no sexto e maistarde diria que no oitavo. Esta incerteza nãoera do agrado a Angelo Dundee. Precisavamsair disso. Angelo deu com a resposta: "Pus-lhe um adesivo na boca - lembra Dundee - efizeram-lhe muitas fotografias queapareceram em todos os jornais. Zangou-secomigo por não poder anunciar o assalto,mas penso que fiz bem". Jones ainda semantinha em pé no final do décimo assalto,mas Clay venceu aos pontos. Cassius marcou outro recorde de público

em Junho de 1963, em Londres, Inglaterra.Mas teria de se levantar da lona antes denocautear o melhor pugilista inglês HenryCooper, no quinto assalto. O gancho daesquerda que derribou Clay foi um dosgolpes mais duros que teve de encaixardurante toda a sua carreira. Foi o golpe doqual Dundee o vinha avisando. "Eu tinha ditopara se manter fora do alcance da mãoesquerda de Cooper - lembra Angelo - masteve de aprender isso da maneira mais dura".De volta nos Estados Unidos, Clay mudou

suas crít icas a Sonny Liston para uma

maneira que chamava muito mais a atenção.Tentou saltar ao ringue em Las Vegas, antesde que Sonny Liston nocauteasse FloydPatterson, como numa tentativa de atacar ocampeão. Sonny quis responder a Clay masquatro polícias impediram isso. EntãoCassius pegou no microfone do ringue einsultou Liston, tratando-o de covarde e ursofeio e velho. Tudo isto pertencia aoespectáculo anterior ao combate que todosesperavam. Caso se pensasse que Liston erao homem que devia fechar a boca dessegaroto, não se apostaria tanto por Cassius.Finamente chegou o grande momento.

Tudo aquilo pelo que Cassius Marcellus Claytinha trabalhado e sonhado desde que pelaprimeira vez bateu no saco do ginásio de JoeMartin, em Louisville, ia tornar-se realidade.Cassius estava pronto para a grande prova.Estava perfeitamente preparado: 1,95m dealtura, 100kg de peso, longos e definidosmúsculos e nem uma grama de gordura nocorpo.Ficou combinado que a grande luta teria

lugar na noite de 25 de Fevereiro de 1964, noConvention Hall, em Miami Beach, Florida.Antes do início da noite, Clay teve umcomportando um tanto histérico, a tal pontoque Alexander Robins, o médicoencarregado do reconhecimento antes daluta, esteve a pontos não deixar que Clayparticipasse do evento, devido ao pulsoacelerado que mostrava ter nessesmomentos.Enquanto seu irmão Rudy e seu amigo

Sugar Ray Robinson, que tinham viajado atéMiami para estar com Clay, tentavamacalmar o aspirante, Liston se encontravaconfortavelmente sentado como se fosseuma estátua de pedra, assistindo ao quemais tarde chamaria "o melhor espectáculode circo que jamais tinha visto".

Uma nuvem de jornalistas chegados aMiami vindos de todo o Mundo, esperavamansiosos à porta do vestiário de Clay, quandofaltavam segundos para as dez da noite. Omomento tinha chegado. O que viramquando se abriu a porta, deixou-os atónitos,Clay aparecia com uma expressão deabsoluta calma e a sua cara não mostravaestar nada inquieto. Um de tantos repórterdisse: "De certeza tomou alguma coisa parasair assim calmo do vestiário".Clay esquivava os golpes de Liston e

chegava com suma facilidade à cinturaquando Liston tentava o corpo a corpo. Nosegundo assalto, a esquerda de Cassiuscomeçou a impactar no rosto de Sonny, nonariz e nos olhos. Mas no quarto assalto,Clay começou a esfregar seus própriosolhos, dava a impressão de que nenhum dosdois pugil istas podia ver bem. QuandoCassius voltou para o seu canto finalizado oassalto, disse a Dundee que pensava quedevia abandonar: "Não consigo ver". Dundeerespondeu que se acalmasse. Lavou os olhosde Clay e quando o sinal anunciava o quintoassalto, Dundee levantou Cassius eempurrou-o para que saísse da esquina.Clay se manteve em movimento até a

comichão nos seus olhos desaparecer. Oárbitro Barney Felix explicaria depois queesteve a pontos de desqualif icar Clay:"Quando tocou o sinal para dar início aoquinto assalto, Clay parecia não querer sair.Eu gritei: “Com os diabos Clay, sai daí". Felixtambém diria depois: "Se nesse momentonão tivesse saído, eu teria dado por finalizadoo encontro".Menos de 10 minutos mais tarde Sonny

Liston estava acabado. Entretanto, Clayestava pletórico e com vontade de lutar, maso campeão, ciente de que se tinha magoadoem um ombro lançando um soco, resolveunão sair e abandonar no sétimo assalto.Depois disto, Clay se dirigiu ao públicodizendo: "Sou o maior". Talvez levada pela imprensa, surgiu uma

campanha contra Clay, que naquela épocaestava muito influenciado por um predicadorde nome Malcom X, que era um Muslim(homem que se entrega por inteiro a Ala e àdoutrina do Islão). A sua oratória girava emtorno à opressão que padecia a raça negranos Estados Unidos. Para muitos grupos,todas estas declarações atentavam contra osentir patriótico dos norte-americanos, masMalcom X encontrou em Cassius Clay umdos seus mais ferventes admiradores. Tãoinfluenciado estava que um dia, depois doseu combate com Sonnv Liston, confirmouao mundo o que até então era um rumor, setinha convertido em um Muslim negro e o seu"autêntico" nome era Muhammad Ali. "Nãoquero que, nunca mais alguém me torne achamar por meu nome de escravo". MalcomX morreu assassinado, tendo-se sentido Clayum pouco desorientado até encontrar outropredicador chamado Elijah Mohammad,último mensageiro do “Found Nation ofIslam”. Depois do combate com Liston lutaria em

Las Vegas com Floyd Patterson durante dozeassaltos, até que o seu adversário caiu por

“O que me podesdar, América?

Pretendes que eufaça o que os

homens brancosmandam, que vá

lutar contra genteque desconheço?

Queres que consigaum pouco de

liberdade para outragente, enquanto a

minha gente não temliberdade na suaprópria casa?”

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Grandes Lutadores

K.O. A 29 de Março de 1966, em Torontoenfrentaria George Chuvalo, a quem venceupor decisão unânime após 15 assaltos.Depois do combate Ali declarava: "A cabeçade Chuvalo é a coisa mais dura em quejamais bati". No dia 21 de Maio do mesmo ano, em

Londres, combatia contra Henry Cooper, aoqual venceu no sexto assalto e que acaboucom um olho em sangue. Brian London seria outro pugilista que iria

cair sob o peso dos punhos de Ali, em 6 deAgosto de 1966, no terceiro assalto. Em turné que o levou pela Europa, em

Setembro do mesmo ano, teve ocasião decombater contra Karl Mildenberger, a quemnocauteava no 12º assalto.Em Novembro, no dia 14 em Houston

(Texas), mandaria à lona Cleveland Williamsno terceiro assalto. "Talvez agora meconsiderem como um bom lutador" - disseClay. A 6 de Fevereiro de 1967, também emHouston, lutaria contra Ernie Terrell, Campeãoda WBA. Este pugilista não reconhecia omudança de nome de Muhammad Ali echegou a realizar várias declarações irónicasacerca de suas crenças. Isto irritoumuitíssimo Ali, pelo que durante todo ocombate, enquanto não deixava de bater-lhehumilhá-lo no ringue, ia perguntando: “Qual éo meu nome?" É geralmente aceite o facto deClay não ter querido forçar o K.O. para poderespancar Terrel. Pouco tempo depois, Ali foi requerido para

fazer o Serviço Militar, ao que se negou,sendo chamado a um tribunal militar onde a15 de Maio de 1967 foi acusado deinsubmisso. Ali declarou: “O que me podes dar, América? Pretendes

que eu faça o que os homens brancosmandam fazer, que vá lutar contra gente quenão conheço? Queres que consiga um poucode liberdade para outra gente, enquanto quea minha gente não tem liberdade na suaprópria casa? Queres que tenha medo dohomem branco, que pegue em fuzis, quedispare e mate e então me darão dezmedalhas, me darão umas palmadinhas nosombros e dirão: "Bom garoto, lutaste pelo teupaís…" Devido a esta sua negativa, os Presidentes

das diferentes associações de Boxe tiraram-lhe o título de Campeão Mundial. Naquelaépoca foi a única maneira de lhe tirar o título,pois não existia pugil ista nenhum quepudesse derrotá-lo. Por Sentença do TribunalMilitar foi condenado a cinco anos de cadeia,o que o afastou do Boxe por algum tempo.Três anos depois saía da prisão pagando

uma fiança, voltando a preparar a sua

carreira pugilista, para muitos já acabada.Clay tinha o firme convencimento e propósitode voltar a conseguir o que lhe tinham tirado.Para isso teve de vencer Jerrv Quarrv eOscar Bonavena, para disputar oCampeonato do Mundo contra Joe Frazier,no dia 8 de Março de 1971, que Ali perdeudevido a um gancho dado por Frazier nosúltimos instantes do combate. Depois sesucederam uma série de combates em quecabe destacar seu encontro com Ken Norton,quando Ali teve de retirar-se com amandíbula partida, devido de um terrívelsoco de Ken Norton. Esta foi uma daspoucas derrotas da carreira de Ali. Com otempo teria um desquite com o mesmolutador, a qual só conseguiu vencer porpontos. Foreman tirou o título mundial a Frazier,

pelo que o desquite entre este e Ali teve deser adiado por um tempo. O objectivoprincipal de Clay era conseguir o título. Oencontro entre ambos teve lugar emKinshasa, capital do Zaire, a 30 de Outubrode 1974, sendo este o primeiro Campeonatodo Mundo de Boxe que se realizava num paísafricano de raça negra. Este combate tinhaum matiz polít ico que beneficiariaenormemente Mobutu, Presidente daquelepaís, sendo o objectivo deste e Ali, chamar aatenção de milhões de pessoas para osproblemas do terceiro mundo.Depois de desta luta ser adiada um mês,

devido a um corte que Ali sofreu em seu olhoesquerdo e com um Foreman em plenaforma, as apostas estavam três a um a favorde Foreman. O combate foi provavelmente omais difícil da carreira de Ali, o qual venceudevido à sua táctica. Sendo ciente de quenão tinha a fortaleza física de Foreman,

levou-o a se esgotar com o que eledescreveu como “as cordas envolventes". Alise deixava empurrar pela elasticidade dascordas realizando esquivas e descansandosobre elas, enquanto Foreman lançavacontinuadamente seus punhos, o que aospoucos o levou ao cansaço, momento queaproveitaria Ali para mandar seu adversário àlona.Já vencedor e em posse do Campeonato

Mundial, o público ansiava ver o desquitecontra Joe Frazier. Ali se preparou para lutarcontra o único homem com quem tinhalutado e não tinha vencido. O combatesuscitou grandes expectativas em todo omundo e teve lugar a 1 de Outubro de 1975,em Quezon City, Filipinas. O encontro foidenominado "A Comoção de Manila” (“Thrillain Manila"). Neste combate, Ali tomou a iniciativa nos

primeiros assaltos, parando os ataques deFrazier com séries de rápidas combinações àcabeça; mas nos assaltos intermédios Frazierpareceu despertar e começou a atacaruti l izando seu gancho de esquerda aoqueixo. Estes ataques, junto com o calorreinante e a grande humidade do ambiente,levaram Ali a pensar na retirada. Entretanto,reagiu e util izou ao máximo toda a suahabil idade, dominando claramente nosúltimos assaltos, até que o treinador deFrazier, Eddie Futch, parou o combate noscomeços do 15° assalto. Depois do combateFrazier declararia: “Dei-lhe socos que teriamderribado paredes". Por sua vez Ali diria:“Isto foi o mais perto que estive da morte". A partir de então, Ali não voltaria a ser o

mesmo, a sua carreira foi declinando. No dia2 de Outubro de 1980 enfrentou o CampeãoLarry Holmes, mas teve de retirar-se no 11ºassalto dizendo: "Parem já este homem,parem". Holmes tinha acabado com quemfora seu grande ídolo. Para todos foi omelhor de todos os tempos. Faz anos que este campeão vem lutando

no mais difícil de seus combates, frente umrival que não tem cara, nem corpo mas quemagoa muito mais que os socos de qualqueroutro, o "Parkinson", com o qual realiza ocombate mais difícil da sua vida. Segundo a opinião de muitos e de quem

isto escreve, Mohamed Ali é o maior dahistória do pugilismo. Poder-se-á estar o nãode acordo com esta valoração, mas o certo éque no Boxe há um antes e um depois de Ali;se ele não tivesse existido, o Boxe não seriao que hoje é, pois Ali mudou muitos dosregistos do pugil ismo, criando em seumomento uma expectação pelo Boxe atéentão desconhecida.

“Sob o vigilanteolhar de

Ângelo Dundee, Clay aprendeu

todos ospormenores

do Boxe, do treino

ao negócio que o envolve”

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¡Todo el mundo sabe quien es Bruce Lee! pero mas allá de la leyenda, había un hombre, un Maestrode Artes Marciales, un pensador extremadamente curioso, incisivo y perspicaz, que dejó tras de simucho trabajo hecho y mucho mas sin hacer. Si hay una persona que sabe sobre esta materia, es sinduda el autor de este libro. El dirigió una popular revista Marcial en España (Dojo) que lo fue durante casi35 años, y 3 de ellos realizó otra con el nombre del propio Bruce Lee, una revista completamente dedi-cada a él. Sin embargo es ahora, libre de la esclavitud de preparar número tras número, cuando PedroConde está desglosando lo mejor de si mismo, en sus habituales colaboraciones con Cinturón Negro,una revista que si bien militaba en otra compañía, nunca le consideró como adversario. Hoy tengo elgran placer de presentar esta obra magnífica sobre el pequeño Dragón, que además del cuidado textode Pedro, cuenta con una selección de fotos totalmente espectacular, incluyendo algunas muy raras,incluso para nosotros que estamos en este negocio hace mas de 3 décadas. Un trabajo hecho con elmimo que sabemos que merecen los amantes del pequeño Dragón, fieles a su figura, a su legado ysiempre atentos a todo lo que sobre él se publique.

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