cinturao negro 196

68
ANO XVII - Nº 196 BIMENSAL ANO XVII - Nº 196 BIMENSAL aNo xVII - Nº 196 bIs bIMENsaL aNo xVII - Nº 196 bIs bIMENsaL A REVISTA MAIS INTERNACIONAL DAS ARTES MARCIAIS A REVISTA MAIS INTERNACIONAL DAS ARTES MARCIAIS • KENPO • KYUSHO • M.M.A. CARINA DAMM: Uma atraente valente CARINA DAMM: Uma atraente valente ENTREVISTA NOS EUA: Tu Jin-Sheng O famoso Mestre “PÉNIS DE FERRO” ENTREVISTA NOS EUA: Tu Jin-Sheng O famoso Mestre “PÉNIS DE FERRO” PONTOS VITAIS: As Compressões PONTOS VITAIS: As Compressões Artes do Japão: A essência do Ju Jutsu Artes do Japão: A essência do Ju Jutsu HALL OF FAME 2010! HALL OF FAME 2010! APRENDA COM O CAMPEÃO Nº 1 DO SHOOT DO JAPÃO APRENDA COM O CAMPEÃO Nº 1 DO SHOOT DO JAPÃO

Upload: budo-international-martial-arts-magazine

Post on 28-Mar-2016

243 views

Category:

Documents


6 download

DESCRIPTION

Martial Arts magazine in Portuguese

TRANSCRIPT

Page 1: Cinturao Negro 196

AN

O X

VII

- N

º 1

96

BIM

EN

SA

LA

NO

XV

II -

19

6 B

IME

NS

AL

aN

o x

VII -

196 b

Is b

IME

Ns

aL

aN

o x

VII -

196 b

Is b

IME

Ns

aL

A R

EV

ISTA

MA

IS I

NT

ER

NA

CIO

NA

L D

AS

AR

TE

S M

AR

CIA

IS

A R

EV

ISTA

MA

IS I

NT

ER

NA

CIO

NA

L D

AS

AR

TE

S M

AR

CIA

IS•

KE

NP

O •

KY

US

HO

• M

.M.A

.

CARINA DAMM:Uma atraente valente

CARINA DAMM:Uma atraente valente

ENTREVISTA NOS EUA:Tu Jin-Sheng

O famoso Mestre “PÉNIS DE FERRO”

ENTREVISTA NOS EUA:Tu Jin-Sheng

O famoso Mestre “PÉNIS DE FERRO”

PONTOS VITAIS:As CompressõesPONTOS VITAIS:As Compressões

Artes do Japão:A essência do Ju JutsuArtes do Japão:A essência do Ju Jutsu

HALL OF FAME 2010!HALL OF FAME 2010!

APRENDA COM O CAMPEÃO Nº 1 DO SHOOT DO JAPÃOAPRENDA COM O CAMPEÃO Nº 1 DO SHOOT DO JAPÃO

Page 2: Cinturao Negro 196

Basta um Basta um CliCCliC

para estar no melhor para estar no melhor

que em Artes Marciais que em Artes Marciais

existe noexiste no teu idioMA…teu idioMA…

Page 3: Cinturao Negro 196

O Kyusho vai além de fazer pressão em um ponto vitaldeterminado, tem a ver com as habilidades no combate e suasrealidades implícitas. Sua eficácia e adaptabilidade permitemao praticante ir mais longe dos simples batimentos, pontapés eagarres. Isto é especialmente valioso em situações em que asnossas possibilidades estão limitadas pelo espaço, como umautocarro, trem ou elevador. O que fazer nesses casos? Neste

DVD, o Mestre Pantazi realiza um estudoavançado sobre a aplicação da compressão

e força direccional em diferentes partesdo corpo, para conseguir diversosresultados. Tanto puxando comoempurrando, podemos controlar,ou até incapacitar determinadaszonas mediante o método dacompressão. Podemos verideias similares em algunsestilos Marciais, mas queainda não possuem aquantidade de objectivos emétodos presentes noKyusho. As compressõespodem ser perigosas ecausar graves danos quandonão trabalhadasapropriadamente. Por favor,não tratem de fazer astécnicas aqui mostradas,

porque são poderosas epotencialmente muito perigosas.

Este DVD foi realizado para isto ficarhistoricamente avisado.

REF.: • KYUSHO16REF.: • KYUSHO16

Todos os DVD’s produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVDnão cumpre estas exigências e/o a capa ea serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.

Page 4: Cinturao Negro 196

2

m dos assuntos mais esca-brosos da educação éenfrentar o facto de queimpor uma coisa poderáfuncionar circunstancial-

mente no exterior, mas não resolveránunca uma mudança evolutiva no inte-rior. O que tratamos de impor de acordoa valores morais, não funciona para produzir verdadeiras transformaçõesinteriores. A moral é como indica o seunome, “costume”, por tanto algo mutávele à mercê da sempre mutante versão doque é “bom”, que se vai impondo aolongo da história. Mas se nos referimos àmudança interior, à evolução pessoal,esta só é possível a través da experiên-cia e da compreensão próprias. Sempre me incomodou a pretensiosasuperioridade daqueles que professamuma moral. Uma moral não é senãouma descrição do mundo; sem maisargumentos que aquele de que essa é asua versão do que é correcto; sãomuitos os que acabam por querer quetoda a gente veja a realidade do seumesmo ponto de vista e se assim nãofor, aí vai ele convencer todos. Estehábito de acabar incomodando ovizinho é tão repetido na história dahumanidade que se tornou umaverdadeira mania, uma obsessão,especialmente tanto de religiosos comode polít icos. Mas à hora de imporverdades, não importa o magistério queos “moralmente superiores” exerçam,pois sempre acabarão espezinhandoqualquer outra visão do mundo alheia àsua. Dizia um sábio que o mal de todonacionalismo é que tem como únicodestino tornar-se imperialismo. Por quenão podemos viver e deixar viver?Lá dizia o grande Lao Tse que “Quemsabe não fala, quem fala não sabe”.Normalmente, o fanático é formadopartindo do medo, da insegurança e daignorância. A fuga se concretizaprecisamente aí, na necessidade deimpor essa sua visão do mundo,sempre parcial, e em tratar de vende-lacomo a “salvação”. Assim, quanto maisconta o seu credo, mais acredita nele;quanto mais transforma o mundo namedida da sua pequenez e que muitas

vezes seja tentando a pôr portas aocampo, mais conseguirá convencer-se asi próprio de que está com a razão, deque a sua verdade sem mácula estáassistida pela Divina Graça ou pelopróprio Universo. Mas o certo é que asmais das vezes este género de pessoasatropelam os vizinhos, por que estãofugindo da sua lamentável realidade, oque geralmente é muito mais triste, e seaproximam mais a um estouvadoignorante, repetindo consignas e levadopelas suas próprias emoçõesdefensivas, que a pessoas que desejamfazer o bem ao próximo. O povo sabe eo povo diz: O inferno está cheio deboas intenções!Impor a outros (ou a nós mesmos)uma moral não é solução a nada, é acompreensão das questões eexperimentar acertadamente o que nossituará em posição de transcender, dedeixar para trás por desnecessárias,visões do mundo, atributos, desejos oupessoas que impeçam o nosso avance.É pois sobre os nossos defeitos edificuldades que temos que ajustar-nospara crescer. Eles são a oportunidadepara reflectir, que de uma ou de outramaneira temos (ou escolhemos) paratranscender o nível actual; são opatamar que nos é oferecido comoajuda no caminho ascendente do nossoprocesso evolutivo. A repressão, a proibição, são só umestímulo para provocar uma forçacontrária. A imposição não serve paraacontecer uma transformação. Por outrolado, dar renda solta às tendências énitidamente a mais fácil maneira de serprisioneiro delas. Nada vai substituir areflexão sentida, a experiênciacontrastada no silêncio da solidão.Quem sabe escutar sempre acabacompreendendo, a vida escreve com emletras grandes as suas mensagens.Parte dos seguintes parágrafos sãoantes uma “oferta ao sol” que outracoisa, pois a mim o que me interessa éa minha própria transformação interior,mas não posso deixar de incluí-los,porque de alguma maneira “quem secala concede”. E a isso vamos:Compreendo perfeitamente a

necessidade social e histórica deregular umas bases de comum acordo eque tudo isso se tem de tornar umalegislação para encarrilar as relaçõeshumanas; mas atenção! que seja uma“moldura” que não corte a respiraçãodo “quadro” que está obrigada adistinguir. A liberdade é o “quadro”, é oimportante; as leis são só uma“moldura”. Legislar abundantemente(em breve vão até dizer-nos comotemos de ir à casa de banho!) é vercomo a “moldura” acaba por tapar o“quadro”, por t irar-lhe não só oprotagonismo ao que realmente éimportante, como também finalmente,acaba por matar aquilo que deveriahonrar e servir. Resumindo, é confundiro dedo que aponta para a lua com a luapropriamente dita. O mau disto tudo éque só na terra da liberdade podemcrescer novas soluções, pois estassempre se dão fora dos caminhos jáermos, de tão pisados. Os caminhos desempre levam ao lugar de “nunca”…Mas ao gosto de se impor aos outros,não há nada como juntar-lhe o prazer deconseguir que aqueles que acatam sesintam culpáveis. Não há melhorrebanho que aquele que com gosto vaipastar para onde o mandam ir. Umguerreiro não anda em rebanhos, porquenão gosta da comida de manjedoura,mas também não andará sempre só,porque sabe da força de se juntar comsemelhantes. Também não é um pastor,porque respeita a liberdade alheia,conseguindo assim ser fiel à ideia dopróprio respeito que para si exige, mascomparte suas lições e descobertascom aqueles que participam com ele deum sonho comum livremente criado eadquirido. No entanto, nunca tratará deimpor esse sonho a ninguém, por queseu roce com o infinito o fez humilde,porque respeita e sabe da importânciada liberdade, porque para andar peloscaminhos que anda não vale fingir,pretender estar interessado.Com este panorama compreendo omotivo dos antigos adoptarem osegredo como única via para osverdadeiros exploradores dodesconhecido. Por mais que os

RIAL

U

O NECESSÁRIO SEGREDO“Quem sabe não fala, quem fala não sabe”.

Lao Tse

Page 5: Cinturao Negro 196

3

Editorial

guerreiros da consciência estamos interessados em coisas muito práticas, emconquistas muito mais duradoiras e significativas que o resto dos mortais, o certo éque dado que esses interesses nos fazem andar por caminhos poucotransitados, acabamos sendo chamados loucos; noentanto e dado que certo poder nos assiste, o restodos mortais acabam por nos ver com um certo temor. Medo e Temor… O seguinte passo é acender asfogueiras, porque se o destino do comum dos mortaisjá é patético, a mãos dos “convencedores”, o dos livrepensadores, e o que é pior, dos “livre fazedores”,podemos imaginar o resto. Chegados a este ponto, osantigos guerreiros da consciência (que eram muitoespertos apesar de não terem bidés) e conheciam deperto o vício humano de proibir, de confiscar aliberdade do outro para convence-lo de seus próprioserros, decidiram que as suas coisas eram e seriamsempre coisa de poucos e que tudo isso obrigava amanter segredo, não por que se tivesse que esconder“o mistério”, que estava aí à vista de todo aquele quesoubesse olhar, mas por garantir o respeito que elessabiam dar mas nunca receberiam.Tudo o que é bom da humanidade surgiu datransgressão de uns poucos que não se conformaramcomendo da mesma manjedoura. Suas conquistasalimentaram mudanças e evolução, e o crescimentoulterior dos grupos, mas a verdade é que muitosdaqueles visionários foram perseguidos, por vezessimplesmente por contar e compartilhar suasdescobertas. Hoje continua acontecendoexactamente o mesmo e o pior é que no marco dassociedades modernas, investidos na crença de quesomos o máximo, já nem nos apercebemos de queestamos asfixiando toda possibil idade decrescimento. De tanto cuidar a plantinha daLiberdade matamo-la lentamente, sufocada sob opeso de leis e regulamentos que parecem que nãoter fim e de uma moral “boazinha”, que assente nasua superioridade moral não admitequestionamentos.Tinham razão os antigos acerca do segredo e éque nada se pode comparar com o exemplo danatureza; na cúspide da cadeia trófica, só podemhabitar uns poucos. Assim no material…, assim noespiritual. Só mudaram as formas, no fundo, aestupidez humana perdura no essencial; hoje, osegredo também é necessário.

Alfredo Tucci é Director Gerente de BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO.e-mail: [email protected]

Page 6: Cinturao Negro 196

Com onze vitórias, duasderrotas, dois empates e

seis defesas de cinturão, Alexandre Pe-queno é o lutador que no mundo todoreteve durante mais tempo um cinturãode um evento de MMA.

p. 06

MMA

Em um espaçopequeno e cheio depessoas, é impossíveldar pontapés e socos, ouaplicar chaves. O quefazer? É então quando oKyusho surge como umelemento imprescindível.

p. 58

BRUCE LEE

O Grão MestrePlanas é umaautêntica lenda doKenpo, um estilo noqual tem sabido seguira tri lha de seudesaparecido MestreParker, desenvolvendotodo o inacreditávelpotencial implícitonaqueles passosseguidos por Ed.

p. 14

ED PARKER’S KENPO

Uma entrevista comuma bonita guerreira,a brasileira Carina

Damm, que contaactualmente com 15vitórias e apenas quatroderrotas e esperaansiosamente que oUFC se abra àcategoria feminina.

p. 30

UFC

“CINTURÃO NEGRO”

é uma publicação de:

BUDO INTERNATIONAL PUBLISHING CO.

Central internacional:

C/ Andrés Mellado, 42 – 28015. MADRID.

Tel. (34) 91 897 83 40. Fax. (34) 91 899 33 19

CINTURAO NEGRO NO MUNDO"Budo International" é um grupo Editor Internacional no âmbito das Artes Marciais, queconta com as melhores empresas especializadas nessa área de todo o mundo, sendo, anível mundial, o único grupo editor a publicar revistas especializadas em Artes Marciaisem sete idiomas, chegando a mais de 55 países em três continentes.Alguns destes países são: Portugal, Espanha, Itália, França, Alemanha, ReinoUnido, Estado Unidos da América, Canadá, Suíça, Luxemburgo, Bélgica, Holanda,Croácia, Argentina, Brasil, Chile, Uruguai, México, Peru, Bolívia, Marrocos,Venezuela, Senegal, etc.

Page 7: Cinturao Negro 196

Como já é habitual,no mês de Outubrohá ume n c o n t r ocombinado nomundo de asArtes Marciais, o“Hall of Fame” nacidade de Valência.Assim foi comodecorreu.

p. 24

HALL OF FAME 2010

Muitos especialistasconsideram o Mestre TUJIN-SHENG um dosmelhores expoentes anível mundial de ummétodo de trabalho coma energia, ou Qigong,conhecido como “Pénisde Ferro”.

p. 50

QIGONG

Presidente: Estanislao Cortés. Conselheiro Delegado e único Gerente: Alfredo Tucci. Direcção de Arte: Alfredo Tucci. Chefe de Produção: Marga López-Beltrán García. E-mail: [email protected]. Chefe de Produção de Vídeos: Javier Estévez. Chefe de Distribuição eMaterial: Fernando Castillejo Sacristán. Administração: José Luis Martínez. Tradutores: Brigitte de le Court, Cristian Nani, Celina Von Stromberg.Publicidade: Tel. (34) 91 897 83 40. Colunistas: Don Wilson, Yoshimitsu Yamada, Cass Magda, Antonio Espinós, Jim Wagner, Coronel Sanchís,Marco de Cesaris, Lilla Distéfano, Maurizio Maltese, Bob Dubljanin, Marc Denny, Salvador Herraiz, Shi de Yang, Sri Dinesh, Carlos Zerpa,Omar Martínez, Manu, Patrick Levet, Mike Anderson, Boulahfa Mimoum, Víctor Gutiérrez, Franco Vacirca, Bill Newman, José Mª Pujadas,Paolo Cangelosi, Emilio Alpanseque, Huang Aguilar, Sueyoshi Akeshi, Marcelo Pires, Angel García, Juan Díaz. Fotógrafos: Carlos Contreras,Alfredo Tucci. Impressão: SERGRAPH. Amado Nervo, 11 - Local 4. MADRID. Distribui: MIDESA PORTUGAL – Distribuição de Publicações,S.A. Rua da República da Coreia, 34. Ranholas, Sintra. Depósito Legal: M-7541-1989

Page 8: Cinturao Negro 196

Campeão invicto do Shooto (categoria até 65kg) Alexandre é o únicolutador na história do Vale-Tudo a vencer seis defesas de cinturão

consecutivas, sendo conhecido no Japão como Rei do Shooto. Alexandre “pequeno” antes de por “pequeno” de seu apelidodevia ser conhecido como Alexandre “Magno” por seu bomcarácter, magnifica disposição, seriedade e fiabilidade, nada aver com a fama do carioca, sendo ele como é do Rio deJaneiro. Simples, tranquilo, gentil, quando entra em umringue se transforma de repente numa máquina de finalizar

adversários. O seu segredo? Técnica depurada emente inquieta que procura sempre novas

respostas a velhas questões. É essa técnica que o fez famoso e queagora ele quer partilhar connosco nesteseu primeiro DVD com BudoInternational; um trabalho que inicia

uma série de colaborações queculminarão com um livro esem dúvida alguma comoutro DVD, para felicidadedos apaixonados pelasArtes Marciais Mistas epelo Grappling. Atenção! Indispensável!

Alfredo Tucci

6

Page 9: Cinturao Negro 196

7

Lendas do Vale-Tudo

“Com onze vitórias, duas derrotas,

dois empates e seisdefesas de cinturão,Pequeno é o lutador amanter por mais tempoum cinturão de umevento de MMA no

mundo”

Page 10: Cinturao Negro 196

8

A história de AlexandreFranca Nogueira, tambémconhecido como “Pequeno” Nos idos de 1994 o franzino Alexandre

(1,66m e 60kg) saiu de casa para comprarleite para mãe, no bairro da Urca no Rio deJaneiro. Quando passou em frente aacademia de Luta-Livre e resolveu entrarpara ver do que se tratava. Ao avistar aquelegaroto pequeno e muito tímido assistindo aotreino, o renomeado faixa preta de Luta-LivreEugénio Tadeu resolveu convidá-lo paratreinar. “Na época só tinham caras pesadoslá na academia, por isso coloquei ele paratreinar com uma menina”, lembra Eugénio. Aquele treino mudou a vida do garoto. “Ela

me finalizou de todos as maneiras que vocêpuder imaginar, apertou o meu pescoço, meestalou todo. Não conseguia conceber umhomem apanhando de uma mulher, por issoresolvi me dedicar para valer”, comenta ogaroto que depois deste fatídico dia passoua frequentar assiduamente a academia,recebendo o apelido de Pequeno.Onze anos se passaram e o garoto que

um dia “apanhou” de uma mulher hoje emdia não apanha de ninguém no mundo, pelomenos em sua categoria de peso (até 65kg).Desde aquela entrada na academia deEugénio Tadeu, Pequeno descobriu seutalento natural para a luta e, com muitadedicação apurou sua técnica e f icoufamoso por finalizar a maioria de seus

oponentes com sua temida “guilhotina”(estrangulamento pela frente). Em 1998Alexandre recebeu um convite para lutarVale-Tudo na principal organização de pesosleves do mundo, o Shooto japonês e desdeentão vem percorrendo uma trajectória únicano MMA mundial. Com onze vitórias, duasderrotas, dois empates e seis defesas decinturão, Pequeno é o lutador a manter pormais tempo um cinturão de um evento deMMA no mundo, sendo conhecido no Japãocomo Rei do Shooto.

Pequeno é HeptacampeãoNo último dia 11 de Março, esse brasileiro

de 1,66m e 64kg ampliou seu recorde,vencendo sua sexta defesa de cinturão dacategoria Lightweight do Shooto, contra ofaixa preta de Jiu-Jitsu, João Roque (NovaUnião), primeiro do ranking da categoria. Seno exterior a importância da luta se devia aoencontro de duas feras do Lightweight, noBrasil, a disputa ganhava contornos aindamaiores, por trazer de um lado, o maiorrepresentante da Luta-Livre na actualidade,Pequeno, contra um dos faixas pretas maiscelebrados do Brazilian Jiu-Jitsu, JoãoRoque, o mais duro oponente de RoylerGracie nos tatames. Pequeno dominou as acções desde o

início do confronto encaixando uma chavede pé ainda no primeiro round. “Chegou aestalar! Se ele não tivesse caído para fora do

ringue, teria batido. Não entendi nadaquando o juiz mandou voltar a luta em pé”,lamenta Pequeno, que em seguida seriaatacado com sua principal arma, aguilhotina. “A guilhotina dele estava meiocega. Ele me encaixou um golpe em que souespecialista e sei qual é a melhor defesa paraele. Levantei-o e dei uma queda do terceiroandar”, recorda Pequeno.O segundo e o terceiro rounds

transcorreriam praticamente como umacópia do primeiro, com Pequeno levandovantagem na trocarão em pé e derrubando ooponente diversas vezes. No chão,Alexandre buscava a passagem de guarda etambém atacava no ground'n pound. Aeficiência dos socos de Pequeno, da laterale da guarda, abriu o supercílio de JoãoRoque, que precisou ser avaliado pelaequipe médica no final do segundo round.No final, a superioridade de AlexandrePequeno foi confirmada na opinião dos trêsjuízes que por unanimidade mantiveram-nocom o cinturão e com o título de maiorcampeão da história do Shooto.Além de João Roque, outros cinco

lutadores tentaram tirar o cinturão dobrasileiro. O primeiro desafiante foi UchuTatsumi, a segunda vítima da guilhotina, em27 de Agosto de 2000. Depois, Pequenovoltaria a botar o cinturão em jogo no dia 2de Setembro de 2001, quando a guilhotinavoltou a actuar, desta vez contra TetsuoKatsuta. Katsuia Toida seria o terceiro

Page 11: Cinturao Negro 196

“Em 1998 Alexandre recebeuum convite para lutar

Vale-Tudo na principalorganização de pesosleves do mundo oShooto japonês edesde então vempercorrendo uma

trajectóriaúnica noMMAmundial”

Page 13: Cinturao Negro 196

11

desafiante, em 16 de Dezembro do mesmo ano, e oprimeiro a resistir até o fim da luta, sendo derrotado por decisão

unânime. Hiroyuki Abe bateria para um mata-leão em 14 de Dezembrode 2002 e Stephen Palling seria o único a não perder em disputa de cinturão,

ficando no empate em 10 de Agosto de 2003.

O começo de tudoQuando começou a treinar Luta-Livre descobrindo seu talento inato para o esporte, o filho do Garçom

Pedro Nogueira da Dona de Casa Marilene, passou a fazer de seu hobby, a caça submarina, uma maneirade pagar a academia de Luta-Livre e poder continuar treinando. “Meu pai não tinha condições de pagar aacademia, então eu pescava polvos, mariscos, lagostas e peixes, e vendia para um restaurante japonês pertoda minha casa”, lembra o campeão que na época passou a treinar uma média de seis horas diárias.Logo os grandalhões da academia começaram a bater para o franzino pescador que passou a fazer visitas

esporádicas em academias de Jiu-Jitsu. “Naquela época a rivalidade era grande entre Jiu-Jitsu e Luta-Livre mascomo eu não tinha muita variedade de treinos na minha academia, comprei um quimono e passei a visitar as

academias de Jiu-Jitsu todas as quartas. Num dia ia no Royler, outro no Carlson outro na Nova União (AndréPederneiras), outro no De La Riva e assim fui ganhando experiência”, lembra o actual campeão do Shooto que nemsempre tinha uma recepção calorosa. “O treino no Carlson foi o mais tenso. Ele descobriu que eu era da Luta-Livre emandou o pessoal me arrochar legal”, recorda Alexandre que teve uma recepção diferente na academia Gracie.

“Meu pai não tinha condições de pagar aacademia então eu pescava polvos, mariscos,

lagostas e peixes e vendia para umrestaurante japonês perto da minha casa”

Page 14: Cinturao Negro 196

12

“O Royler me viu treinar com alguns de seus alunos edepois do treino me mostrou um monte de revistasjaponesas en que o Rickson saiu na capa, me convidandopara treinar com eles”, revela Pequeno.A falta de competições de Luta-Livre levou Pequeno a

testar sua técnica de quimono no campeonato Estadual deJiu-Jitsu de 1994. Resultado, finalizou quatro rivais - trêscom sua temida guilhotina e um com uma chave de pé -se sagrando campeão estadual de Jiu-Jitsu do Rio deJaneiro.Num momento onde só se falava em Jiu-Jitsu no Rio de

Janeiro, Pequeno mostrou que a Luta-Livre também tinhaseu valor e conquistou seu lugar ao sol tendooportunidade de treinar em várias academias, como oBrazilian Top Team de Rodrigo Minotauro. “O Pequeno nãoé um cara normal para o peso dele. Além de ter uma muitoboa técnica, tem a força de um cara de 85kg”, explica oex-campeão pesado do Pride, que passou um ano tendoPequeno como companheiro de treinos.Hoje, o aluno de Eugénio Tadeu treina na Shooto Brazil

Dojo, uma equipe que reúne os talentos curitibanosAnderson Silva e Pelé Landy. “Apesar de morarmos a800km (distância entre Rio e Curitiba) esta parceria estáfuncionando bem. Estou ajudando eles na parte de chãoe eles estão afiando a minha parte em pé. Sempre quevou lutar passo 20 dias lá em Curit iba”, conta oheptacampeão.Depois de tantas defesas de título, Pequeno sonha

agora em subir de categoria: “Ouvi dizer que no final doano o Pride vai fazer um torneio com os oito melhoreslutadores do mundo até 70kg, já fui sondado e gostariamuito de participar”, revela o Rei do Shooto deixando claroque por enquanto, não tem planos para subir de categoriano Shooto. “Só vou me arriscar na categoria de cima, casoa proposta financeira seja boa”, garante o lutador. Ao quetudo indica, o reinado de Alexandre, o pequeno, aindadeverá durar alguns anos.

O gigante dos ringues em números

- Altura: 1,66m- Peso: 65kg- Idade: 27 anos- Cartel: 12 vitórias, duas derrotas e dois

empates- Das doze vitórias, nove foram por finalização,

uma por nocaute e duas por decisão unânime- Entre as nove finalizações, sete foram com a

sua famosa guilhotina- Nunca foi finalizado em um ringue de MMA- Venceu seis defesas do cinturão Lightweight

do Shooto, sendo o único no mundo a ficar tantotempo com um cinturão de um torneio de MMA

“A falta de competições de Luta-Livre levou Pequeno a testar

sua técnica de quimono nocampeonato Estadual de Jiu-Jitsu

de 1994. Resultado, finalizou quatrorivais - três com sua temida

guilhotina e um com uma chave depé - se sagrando campeão estadualde Jiu-Jitsu do Rio de Janeiro”

Page 16: Cinturao Negro 196

Características inovações e uma nova maneira de ver ocombate como um todo em movimento sobre um

cenário de forças, sem limite estabelecido, foramnos anos sessenta um salto de gigante frente aosestilos l ineares e extremamente rígidos de

extremo Oriente. A revolução dos conceitos foi total! Ed Parker

entrou na história com uma cruzada quepretendia ir além das visões convencionais docombate. A sua transgressão continua viva emseus alunos e sem dívida marcou tendência no quediz respeito a estilos marciais. O que hojeentendemos como um questionamento doconfronto “eficaz” entre duas forças, recebeuum enorme impulso naqueles anos épicos emque a Califórnia foi o berço da remodelação,do futuro. Todo estilo que se preze procura extrapolar

conclusões partindo de técnicas queempiricamente funcionem. De tudo isso seextraem princípios tendentes a serem

repetidos e dos quais se extraem regrascuja aceitação promoverámelhores opções para ocombatente.

Neste artigo, CarlosJódar, aluno dilecto doGrão Mestre Planas naEuropa, apresenta seuúltimo trabalho queprecisamente entraem profundidadeem algumas destasquestões.

14

Texto: Fotos.

Carlos Jódar© A. Tucci

Page 17: Cinturao Negro 196

15

American Kenpo

O Grão Mestre Planas é uma autêntica lenda doKenpo, um estilo no qual tem sabido seguir atrilha de seu desaparecido Mestre Parker,desenvolvendo todo o inacreditável potencialimplícito naqueles passos seguidos por Ed. Não são muitos os titãs daqueles tempos épicos

que ainda estejam em activo, alguns deles jámorreram, outros se encontram em um estado desaúde que os impossibilita de ensinar. Por isso é umprazer e uma honra poder apresentar um grande trabalho,este novo DVD que fará pensar muito a todos aquelesinteressados no combate, seja qual for o estilo, masevidentemente é um trabalho indispensável para todos quantosestiverem ligados ao Kenpo, o Kajukenbo, os Sistemas Havaianos, oKaraté de combate ou à defesa pessoal. Um trabalho cheio de ideiasbrilhantes, de visões extraordinárias eperspectivas, das quais como mínimopodemos dizer que levam osamantes do combate à reflexão. Um DVD que não devem deixar

passar e que com orgulhoapresentamos no nossocatálogo, um catálogo,amigos de Budo, quejá ultrapassoutodos os recordesda históriamarcial com600 títuloscom pessoasde umainquestionávelcategoria.

Page 18: Cinturao Negro 196

16

Kenpo Americano

Kenpo de Ed Parker é actualmente um dos sistemasde Kenpo mais praticados no planeta. No momentoda sua criação e evolução por parte do Mestre Parker,constituiu uma revolução nos sistemas de defesa

pessoal, que por sua vez deu lugar a enormescríticas para o seu criador por parte dossistemas clássicos, por não seguir oscânones tradicionais e criar um sistema

"impuro", eliminando eadicionando o queachava conveniente.

Assim evoluiu atécriar um sistemanovo, comp e r s o n a l i d a d e

própria e com uma alta percentagem de inovação pessoal de Parker.Grande parte dessa evolução é devida à incorporação de teorias domovimento, que Parker estruturou para apoiar e dar um sentido maiscientífico à aplicação prática das técnicas. Estas teorias são a colunavertebral do sistema e todas elas aspiram, de diferentes maneiras, apotenciar a efectividade do estudante em um confronto. Para umestudante moderno já não basta repetir uma técnica copiando domestre, agora ele deve perceber de uma maneira teórica e científicaos motivos de cada movimento, qual a sua finalidade e em queteoria aplicada se baseia.

O Kenpo de Ed Parker se define como um "Estudo do movimentobaseado em um conjunto de princípios e regras". Muito já foi escrito

(ainda que nunca suficiente) dos princípios econceitos do Kenpo, mas nem tanto acerca

do que denominamos Regras doMovimento. É por isso que neste artigotentamos aprofundar em algumas dasregras do Kenpo mais utilizadas nastécnicas de defesa pessoal.

O termo "Regra" por si só podelevar-nos a engano. Sempre se tem ditoque o Kenpo é um sistema livre que se

adapta ao estudante e que nãoresponde a uma maneira única,

rígida e regrada de trabalhar.Isto é assim e de facto,

todo praticante de Kenponão só pode como

também deve variar,alterar e formular as

técnicas dop r o g r a m aconstantemente,isso sim, sempreque mantenha osprincípios do

O

Page 19: Cinturao Negro 196

17

movimento. Quando falamos em regrasreferimo-nos à maneira mais segura defazer uma coisa em um supostodeterminado. A regra nos indica um factor ater em consideração numa situaçãodeterminada, que se repeteconstantemente em situações de defesapessoal. Habitualmente são apresentadasde uma maneira na qual "Sempre" que seestá numa situação determinada, devemosfazer algo. Quando dizemos sempre, nosreferimos a 99% das vezes, posto quetambém ensinamos como em ocasiões, asregras podem não ser seguidas pordiferentes motivos e como se deve fazer.Pode acontecer que sem seguir uma regraos resultados também sejam bons e que atécnica funcione, mas devemoscompreender que seguindo-a, certamentepoderá ter maiores opções de êxito. Pondoum exemplo com os princípios da potência,pode acontecer que um soco sem rotaçãodo corpo possa provocar um KO em umdeterminado momento, mas não é a melhormaneira de executá-lo para adquir i rpotência. Por isso, no Kenpo não falamosde se uma coisa está Bem ou Mal feita,mas de uma coisa que está Bem ou Melhorfeita. Tendo em consideração esta pequenaintrodução, passamos a indicar algumasdas regras mais usadas no Kenpo.

"Sempre que se usar a mão adiantada,posição Neutral e sempre que se usar amão atrasada, posição de Arcoadiantado"

Estas são as regras que ensinam asformas 1 curta e 1 comprida,respectivamente. É uma regra básica queensina ao estudante a correcta mecânicacorporal no momento de utilizar ambasmãos. Usando a mão adiantada parainterceptar ou bater, a posição Neutral nospermite ter mais alcance e manter o nossocorpo em um ângulo de 45 graus semexpor a nossa linha central ao oponente,além de permitir carregar a nossa mãoatrasada como arma de reforço. Usando amão atrasada, a posição de arcoadiantado nos oferece três vantagensindispensáveis: proporciona-nos alcancesuficiente devido a que o ombro atrasadoestá igual em distância com o adiantado,dá-nos potência de torção devido àrotação das ancas, além de massa dereforço, e nos oferece um ângulo dereforço na perna atrasada, que nospermite absorver de maneira estável parteda força gerada em sentido contrário aobatimento. Dois exemplos de técnicas queuti l izam estas regras seriam "Delayedsword" ( regra da mão adiantada) e"Calming the storm" ( regra da mãoatrasada). Como excepções a esta regraquando não é levada a feito, existemvárias formas como quando usamos a mãoatrasada para defender (segunda parte daforma comprida 1) , usamos a mãoatrasada numa zona vulnerável (ataqueaos olhos na forma comprida 2) , ouquando usamos ambas mãossimultaneamente (forma curta 2).

"Sempre que se bater com o cotoveloem profundidade, deve ser feito umarraste"

Esta regra é relativa aos princípios depotência. Numa sequência técnica é habitualpassar da distância média à distância curta(ou ao contacto penetrante). Isso indica queo mais provável é que o batimento anterior aum cotovelo tenha sido um batimento com obraço estendido ou inclusivamente com aperna. Ao passar a um ataque que utiliza aarma de curto alcance, como é umacotovelada, deve ser feito um ajuste com ospés para se ficar na distância adequada.Além de ganhar a distância necessária parao ataque, os arrastes (shuffle) são vitais paraconseguir potência. O princípio da potênciarelativa ao eixo de profundidade é massa dereforço, portanto, faz-se indispensávelrealizar um arraste de pés para poder movero corpo em um plano horizontal juntamentecom o batimento e gerar assim a máximaefectividade na cotovelada. Em geralpodemos dizer que os arrastes não são umaparte da técnica e que se fazem sempre quenecessários. Esta regra é constantementeusada no programa de técnicas como em"Shielding Hammer", "Flashing Wings","Broken Gift", etc. Como excepções à regrapodemos dar exemplos como quandobatemos com o cotovelo avançando compasso ("Brushing the Storm"), o que tambémmantinha o princípio de potência e sómodificaria o ajuste de pés, ou quando ooponente avança para nós e não precisamos

Page 20: Cinturao Negro 196

18

ganhar distância e a potência vem dada pela força prestada("Glancing Spear").

"Nunca bater duas vezes na mesma zona"

Esta regra tem relação com o princípio deacção e reacção e com o conceito deoportunidade sequencial. Baseia-se nareacção espontânea natural de uma pessoaquando lhe batem. Quando se sente dornuma zona determinada, o cérebro reagecobrindo essa zona que foi magoada, paraque não possa voltar a ser atingida.Coloquialmente acostumamos a dizer que"nos prendemos de onde nos dói". É porisso que normalmente, se batemos emalguém na cara, a pessoa temtendência a tapar essa zonaimediatamente após ter recebido obatimento. O mesmo acontece ede maneira mais exagerada, emzonas vulneráveis como sãoolhos, garganta ou genitais.Também é possível que umobjectivo que é alcançado por umgolpe se desloque tanto que nãopossa voltar a ser alcançadoimediatamente. Por isto é quedizemos que quando batemos numaporta que vemos aberta, esta se fecha, mas por sua vez abre outra que passará a ser o nosso seguinte objectivo e assim sucessivamente, ao longo danossa sequência de batimento.Encontramos continuamente estaregra em técnicas como "ThrustingSalute", "Flashing Mace" etc.Excepções a esta regra geralpodemos encontrá-las em casosdeterminados como quandotemos controlado um braço dooponente e ele não se podecobrir ("Mace of Agression"), noscompostos ("Gathering Clouds")ou quando não permitimos queele se cubra ("Fatal Cross"), oque nos permite, semproblemas, bater duas vezesnuma mesma zona.

"Sempre que usamostorção como princípio de potência principal,devemos fazer base-pivotante"

A regra da torção éuma das maisimportantes e tambémuma das maisesquecidas pelosestudantes. Como seu próprio nome indica,faz referência à maneira ideal de gerar potência. Atorção é o princípio de potência correspondente ao eixo de largura eé gerado a partir da força de rotação. Para existir a suficientepotência para gerar um batimento maior, o corpo deve sempre

Page 21: Cinturao Negro 196

19

mover-se simultaneamente com o batimento,obedecendo ao princípio de harmonia direccional.No caso da torção, também se deve ter emconsideração outro factor: a base. O que a regranos está indicando é que não se pode gerarpotência suficiente se giramos no ar. Os dois pésdevem estar no chão antes de usar torção comoprincípio de potência principal. No caso no que setiver um pé no ar (tanto seja por se terpontapeado ou por simplesmente estar dando umpasso), o melhor é esperar que o pé chegue aochão e justamente nesse momento fazer umarotação o corpo para lançar o golpe com torção.Se fizermos uma rotação enquanto o pé aindaestiver no ar, não geramos potência suficiente nonosso movimento, por não haver uma base sobrea qual girar com força. Muitos praticantesesquecem esta regra pensando que se perdetempo esperando a chegar ao chão, e queeliminam um movimento extra girando no ar ebatendo ao mesmo tempo que se apoiam. Semdúvida isto está errado, posto que em Kenpojamais sacrificamos a potência no momento debater. De facto, gerar potência com precisão é anossa máxima prioridade por diante davelocidade. De nada serve lançar um batimentomilésimas de segundo antes, se esse batimentonão vai resultar suficientemente efectivo.Exemplos claros de técnicas onde muitosestudantes esquecem aplicar esta regra seriam osprimeiros movimentos de "Obscura Sword","Circling Wing", ou "Lone Kimono", entre outros.Algumas formas de usar torção de outra maneirapodemos encontrá-las só em casos em queusemos a força de rotação para pontapear("Rotating Destruction") ou em casos em que atorção exista mas o princípio de potênciaprincipal seja outro ("Leaping Crane").

"Nunca usar um passo em profundidadeantes de uma guarda cruzada na saída"

Esta é a denominada regra do “cover out”. Elanos indica a maneira mais segura de afastar-nosdo oponente após ter realizado uma técnica. Ocover out (saída em guarda) do Kenpo é umamanobra de pés muito característica no sistemade Ed Parker. Na maioria dos casos, após terrealizado uma técnica de defesa, nos afastamosdo adversário para termos uma distância desegurança entre ele e nós. Esta regra nos mostraa maneira mais segura de criar essa distância.Supostamente, no momento de nos afastarmosdo oponente, este se encontra ainda perto denós, e mesmo que lhe tivermos batido, devemoscontar com a possibilidade de que ainda possarealizar um ataque enquanto nos afastamos dele.Se nos afastarmos directamente dando um passoem profundidade para trás, no momentointermédio em que os meus pés estão maisjuntos, o meu corpo fica de frente expondo aminha linha central ao oponente. Isto é muitoperigoso visto que estando ainda tão perto dele,um possível contra-ataque da sua parte, emzonas tão vulneráveis poderia causar-nos muitosproblemas desnecessários. É por isso que onosso primeiro passo sempre será uma guardacruzada frontal com o pé adiantado, ficandonuma posição de twist (cover step) o que nospermite afastar-nos dele em guarda, semexpormos os nossos objectivos da linha central.Uma vez fora do alcance do oponente, daremos opasso em profundidade para completar o duplo

cover out e cobrir os 360º em volta.Esta regra pode ser vista empraticamente todas as técnicas doprograma, com muito poucasexcepções, como poderiam seralgumas técnicas onde criamossuficiente distância de segurança com oúltimo batimento e não é necessário ocover step ("Osbcure Sword").

"Sempre que cruzarmos o nosso corpoou o corpo do oponente de um lado paraoutro, levemos alguma coisa"

Esta é a denominada regra do grou.Normalmente faz referência a uma maneira deinserir movimentos menores entre os maiores,usando a economia de movimentos. Emmuitas ocasiões, durante uma sequênciatécnica queremos bater em um objectivodeterminado, mas a nossa arma não estácarregada no lado apropriado, o que nosobriga a cruzar o corpo do oponentepara levá-la para o lado correcto deo n d elançarog o l p e .O que aregra nospropõe éque postoque an o s s amão devep a s s a rpor diante doo p o n e n t e ,aproveitemos estepercurso para executarmosalgum ataque, geralmente menor, visto não sero ataque principal. Levando alguma coisa,aproveitamos ao máximo o movimento,magoando continuamente o oponente paranão lhe dar tempo a reagir e dando ocasiãode uma maneira mais segura, aosulteriores batimentos maiores quefinalizarão com o oponente. Do que setrata é de causar o máximo danopossível em cada movimento quefazemos, sem desperdiçar nenhumdeles. Esta regra é uti l izada emmúltiplas técnicas como "Shield andSword", "Triggered Salute" ou"Flashing Wings", entre outras.

Como excepção a esta regra,gostaria de usar outra regra quedirectamente tem a ver com esta:

"Nunca deixar que uma regramenor sacrifique a técnica"

Isto quer dizer que a regraprincipal é aconselhávelsempre que o inxertoutilizado não nos obrigue amodificar o resto da ulteriorsequência maior.

"Sempre que ummovimento incluir umagarre, devemos ter acerteza de que fazemoso agarre antes de dar opasso"

Page 22: Cinturao Negro 196

20

Esta regra faz referência a casos muito determinados mas que se dão em grandequantidade de técnicas. Muitas vezes encontramos situações em que antes ou depois debater em um oponente, queremos agarrá-lo e deslocá-lo em alguma direcção, o que incluinão só agarrar um oponente, como também dar um passo para poder mover-nos nós emove-lo a ele. É normal nestes casos ver o estudante agarrando e dando o passosimultaneamente, o que de entrada pode parecer a maneira mais rápida de faze-loseguindo o princípio de economia de movimentos. Em muitos casos isto é assime não surge problema algum. Mas outras vezes não. Acontece com frequênciaque fazendo ambas coisas simultaneamente, o agarre não é seguro equando dá o passo o estudante não conseguiu agarrar o oponente e a suadistância já não lhe permite faze-lo, pelo que fica exposto a possíveisataques do oponente por este não ter sido neutralizado nemdesequilibrado. Por isso, esta regra nos ensina a assegurarmos o agarreprimeiro e dar o passo imediatamente depois, para não ter problemas, postoque apesar de em muitas ocasiões poder resultar bem fazendo-o ao mesmotempo, em Kenpo não gostamos de brincar com probabilidades nem deixarnada à sorte. Exemplos desta regra estão em técnicas como "ObscureSword", "Defying the Storm", "Snakes of Wisdom", etc. Em alguns casosonde o tempo de exposição do qual dispomos é muito curto ou quandoprecisamos dar o passo para ganhar distância, para agarrar com maisestabil idade, estaríamos obrigados a fazer ambas coisassimultaneamente ("Dance of Death").

"Sempre que estivermos entre os braços do oponente,anulamos a sua altura"

É a chamada regra interior. Consideramos estar entre osbraços do oponente a situar-nos diante dele tendo defendidoseu ataque por dentro, o que nos situa à mesma distânciade seus dois braços. Situar-nos justamente diante dolado forte do oponente tem suas vantagens einconvenientes. A vantagem mais importante éque nos oferece toda a sua linha central, o queinclui os melhores objectivos possíveis nomomento de bater desde os olhos até osgenitais. No entanto, o maior inconveniente desair por dentro é que encontramos um enorme número de armasde reforço do oponente, com as quais nos pode bater (cabeça,braços, cotovelos, pernas, joelhos, etc.). Por isso, situar-se entre osbraços do oponente também é muito mais perigoso para nós. Aregra diz-nos que a melhor opção si estivermos nessa situação éneutralizarmos a sua altura e assim de maneira imediata, tambémneutralizar seus possíveis ataques. A maneira mais habitualpara fazer isto no programa de técnicas é pontapeando osgenitais o antes possível, aproveitando que temos a sualinha central disponível. Este regra é seguida em grandevariedade de técnicas como "Delayed Sword", "HookingWings", "Checking he Storm", etc. Esta regra, comotodas as outras, pode ser quebrada sempre que demaneira apropriada se faça como nos casos emque batemos directamente em objectivosvulneráveis justamente depois de interceptar("Five Swords") ou em casos em que temoscontroladas as armas e as dimensões dooponente ("Parting Wings").

Estes são só alguns exemplos de regrasutil izadas no Kenpo de Ed Parker, masexistem muitas mais. Assim como muitosdos princípios, conceitos e teorias dosistema, são universais e podem serusadas por estudantes de qualqueroutra arte marcial, indistintamente. Oimportante é compreender alógica existente em todaselas e aplicá-las da maneiraapropriada para conseguir amáxima efectividade na defesa pessoal.

Page 23: Cinturao Negro 196

21

odo ser vivo, nãoimportando o quãogrande ou pequeno seja,possui um instintoviolento natural. Esseinstinto nada tem a ver

com raça ou local de origem, mas àbásica necessidade de sobrevivência.Entretanto, como entender o instintopara a guerra, o feeling quecompõe a alma de todo grandeguerreiro da história, e queinspirou sagas e conquistas comrastros de violência e morte?Qual o mistério do espíritobuscado pelos praticantes dasartes de Koryu?

Instinto [do latim instinctu] -1. Tendência natural; aptidãoinata. 2. Força de origembiológica, própria do homem edos animais superiores, queactua de modo inconsciente,espontâneo, automático,independente deaprendizado. 3. Espécie deinteligência rudimentar quedirige os seres vivos em suasacções, à revelia de sua

vontade e no interesse de suaconservação. O instinto torna-se

inteligência instinto, age-se semraciocinar; pela inteligência, raciocina-se

antes de agir. No homem, confundem-sefrequentemente as ideias instintivas com as ideiasintuitivas. Instintos são pressões que dirigem um organismo para

determinados fins particulares. Quando Freud usa o termo,ele não se refere aos complexos padrões de comportamentoherdados dos animais inferiores, mas aos seus equivalenteshumanos. Tais instintos são "a suprema causa de todaactividade" (1940). Freud reconhecia os aspectos físicos dosinstintos como necessidades, enquanto denominava seusaspectos mentais de desejos. Os instintos são as forçaspropulsoras que incitam as pessoas à acção.

Todo instinto tem quatro componentes: uma fonte, umafinalidade, uma pressão e um objecto. A fonte é quandoemerge uma necessidade, podendo ser uma parte ou todocorpo. A finalidade é reduzir essa necessidade até quenenhuma acção seja mais necessária, é dar ao organismo asatisfação que ele deseja no momento. A pressão é aquantidade de energia ou força que é usada para satisfazer oinstinto e é determinada pela intensidade ou urgência danecessidade subjacente. O objecto de um instinto équalquer coisa, acção ou expressão que permite asatisfação da finalidade original.Segundo Freud, o consciente é somente uma pequena

parte da mente, incluindo tudo do que estamos cientes numdado momento. O interesse de Freud era muito maior comrelação às áreas da consciência menos expostas eexploradas, que ele denominava Pré-Consciente eInconsciente.

Inconsciente

A premissa inicial de Freud era de que há conexões entretodos os eventos mentais e quando um pensamento ousentimento parece não estar relacionado aos pensamentos esentimentos que o precedem, as conexões estariam noinconsciente. Uma vez que estes elos inconscientes sãodescobertos, a aparente descontinuidade está resolvida."Denominamos um processo psíquico inconsciente, cujaexistência somos obrigados a supor - devido a um motivo talque inferimos a partir de seus efeitos - mas do qual nadasabemos" (1933).No inconsciente estão elementos instintivos não acessíveis à

consciência. Além disso, há também material que foi excluídoda consciência, censurado e reprimido. Este material não éesquecido nem perdido, mas não é permitido ser lembrado. Opensamento ou a memória ainda afectam a consciência, masapenas indirectamente.O inconsciente, por sua vez, não é apático e inerte, havendo

uma vivacidade e imediatismo em seu material. Memóriasmuito antigas quando liberadas à consciência, podem mostrarque não perderam nada de sua força emocional. "Aprendemospela experiência que os processos mentais inconscientes sãoem si mesmos intemporais. Isto significa em primeiro lugar quenão são ordenados temporalmente, que o tempo de modoalgum os altera, e que a ideia de tempo não lhes pode seraplicada" (1920).Assim sendo, para Freud a maior parte da consciência é

inconsciente. Ali estão os principais determinantes dapersonalidade, as fontes da energia psíquica, os impulsos e osinstintos.

Pré-ConscienteEstritamente falando, o Pré-Consciente, por sua vez, é uma

parte do Inconsciente, uma parte que pode tornar-seconsciente com facilidade. As porções da memória que nossão facilmente acessíveis fazem parte do Pré-Consciente.Estas podem incluir lembranças de ontem, o segundo nome, asruas onde moramos, certas datas comemorativas, nossosalimentos predilectos, o cheiro de certos perfumes e umagrande quantidade de outras experiências passadas. O Pré-Consciente é como uma vasta área de posse das lembrançasde que a consciência precisa para desempenhar suas funções.A vontade, entretanto, é o ponto central a partir do qual a

acção significativa pode ocorrer. "Actos de vontade sãoconsiderados como tais apenas enquanto não possam serdesempenhados sem atenção. Uma ideia diferenciada do quesão e um fim deliberado da parte da mente devem precedersua execução". Se definiu vontade como uma combinação daatenção (consciência focalizadora) com o esforço (superaçãode inibições, preguiça ou distracção). Segundo esse pensar, uma ideia produz inevitavelmente uma

acção, a menos que uma outra ideia entre em conflito com aprimeira. Vontade é o processo que mantém uma escolha entrealternativas o tempo suficiente para permitir que a acçãoocorra. "Resumindo, a realização essencial da vontade, quandoé voluntária ao máximo, é PERCEBER um objecto difícil emantê-lo com firmeza perante a mente".Ao longo da história podemos ver grandes relatos de homens

cuja coragem para a batalha modificaram as inúmeraspossibilidades que a realidade actual poderia ter tido.

A Essência do Jutsu e o instinto de guerraao longo dos tempos

“Animais lutam, mas não travam guerras. Apenas o homem - único entre os primatas - pratica a essa larga escala, deliberada e

entusiástica destruição de seus semelhantes.” Hans Magnus Enzensberger

T

Page 24: Cinturao Negro 196

22

Artes Tradicionais

Para Alberto Torres, no entanto, não foium instinto guerreiro que levou populaçõesao combate, mas o império dasnecessidades:"O homem perseguido pelos aguaceiros,

pela muralha ascendente dos glaciais, pelaseca, pelos tremores de terra, recebeudesta vida errante e conturbada aeducação do terror e do medo, uma almainquieta, a necessidade de franquear seucaminho para lugares mais seguros e maisacolhedores. Daí nasce em seu espírito aindiferença pela vida e pelo interesse dooutro. Era o instinto que o conduzia? Sim,mas não era o instinto que o lançava sobrea povoação pacífica encontrada por acasoem seu caminho; era o sofrimento, era odesespero de encontrar em algum lugarabrigo para sua aflição."Ao mesmo tempo, surgia aí também o

primeiro chefe, identificado com o primeiroguerreiro. A partir daí, foram sendoconservados estes hábitos por tradição,pelo costume, aguçados pelas ideiasconvencionais em benefício dos dirigentesda sociedade: os senhores da guerra. DiziaTorres:"A história que nós conhecemos não é a

história das sociedades humanas, asociedade não fazendo história, porque elanão se fazia a si mesma. Nesta corrente deacontecimentos que faz a vida registada econtada na história, não se vê senãocondutores de multidões e nobrezas, sebatendo por ambição, explorando a fomede uns e espalhando por toda a parte afome. Salvo heróicas e rápidas revoltas, ospovos, isto é, mais de três quartos doshomens, não se davam sequer ao trabalhode pensar que não tinham o direito de nãomorrer." A sociedade não era real, mas um ideal.

Curvados sob a carga das necessidadespermanentes, o homem não podiaconhecer seu ser real, nem formar asociedade real. Assim, em muitas culturas a guerra foi

reverenciada, e se tornar um discípulo delafoi considerado um dos maiores valoressociais, ditando normas comportamentais edefinido o status de uma famíl ia porgerações. Assim ocorreu com Esparta, comos samurai japoneses, com os vikings ecom inúmeros e famosos personagens quedelinearam a história. Os famosos homensque nasceram para a guerra demonstravamnão somente uma grande aptidão para aluta, mas enorme habilidade estratégicapara tal.Utilizaremos os vikings como exemplo.Os Vikings se tornaram famosos por

serem guerreiros e aventureiros corajosos eambiciosos. Até o final do século VIII, aEscandinávia era uma região praticamenteignorada pela Europa. De repente, em 780,os Vikings se deslocaram da Noruega,Dinamarca e Suécia e começaram a salteara Europa cristã, devastando cidades e

campos. “Da fúria dos nórdicos, livrai-nosSenhor!” (dizem que assim rezavam osmonges saxões quando os vikings pagãosinvadiam seus tranquilos mosteiros).O exército Viking era formado de

guerreiros profissionais: treinavam paracombates ferozes e estavam melhorequipados com espadas, escudos,machados e arcos. Além disso, eramexímios navegadores e com seus barcossólidos se aventuravam para o alto mar.Quando chegavam em terra, saqueavamimediatamente as aldeias para obtercavalos, gado e cereais. Há de seconsiderar que possivelmente o que maisinspirasse os guerreiros nórdicos de factofossem os aspectos culturais e religiosos.Os deuses vikings eram violentos eimpiedosos. Odin, o deus da guerra, regia aValhalla, a Sala dos Eleitos. Cavalgavapelos céus em um cavalo de oito patas,acompanhado por lobos. Os guerreiros quemorriam corajosamente em batalha eramlevados para a Valhalla pelas Valquírias(donzelas guerreiras). Nesse céu viking eleslutavam o dia todo e festejavam a noitetoda. Odin era também o deus dasabedoria e o pai da escrita e da poesia.Muitas cantigas demonstram a habilidadedesses guerreiros em combate e glorificamos rastros de sangue deixados peladestreza violenta em batalha.Deixando uma cultura específica de lado

e direccionando nossa mente ao homemem si, poderíamos perguntar: de onde oucomo surge o instinto violento ouagressivo? Durante um relacionamento agressivo

com outra pessoa, geralmente o cérebro(eixo hipotálamo-hipofisário) envia um sinalàs glândulas supra-renais determinando aliberação de adrenalina na corrente

sanguínea. Tal como acontece na Reacçãode Alarme da Síndrome Geral deAdaptação. Há, rapidamente, um aumentoda excitação fisiológica e do nível devigilância do organismo. Simultaneamente,também procedente das supra-renais, osníveis sanguíneos de cortisona l ivreaumentam, numa clara demonstração dainteracção entre os estímulos externos e afisiologia interna. O termo "agressão" possui tantas

conotações que, na realidade, perdeu ediluiu seu signif icado. Embora sejaconveniente conceber a violência e aagressão como processoscomportamentais, por não se tratarem deconceitos simples e unitários, também nãopoderão ser definidos como tal,permanecendo difíceis de serem analisadosisoladamente de outras formas docomportamento motivado. Guardandoinúmeras excepções, a tendência àagressão e a violência poderão serconcebidas como traços de personalidade,como respostas aprendidas no ambiente,como reflexos estereotipados dedeterminados tipos de pessoas ou atécomo manifestações psicopatológicas. Éimpossível considerar a agressão no serhumano como um evento em si,emancipada das circunstâncias econtingências. Primeiramente, devemosconsiderar a agressão a partir do agenteagressor, depois, a partir do agenteagredido e, finalmente, a partir de umobservador ou terceiro. Não surpreenderáencontrarmos três representaçõesdiferentes de um mesmo evento.A violência, por sua vez, sugere a ideia de

acção, de atitude dirigida especificamentepara fins avassaladores, e esse raciocínioestá presente ainda hoje nas artestradicionais do Koryu. É possível,entretanto, se convocar a violência semagressão ou a agressão sem violência.Como exemplo clássico no meio marcialtemos as artes que descendem do Jutsu ese caracterizam pelo “Do”.Convencionalmente, espera-se de umlutador ou praticante uma boa dose deviolência, mas que não demonstre intençãode agredir o adversário. Ele deve vencer,não agredir seu adversário. Nos desportos,como no mau futebol, por exemplo,podemos ter agressão dissimulada emjogadas habilidosas sem uma violênciaexpressa. Um jogador ao bater uma falta,pode, propositadamente, acertar o rosto deum adversário na barreira e, já que isso éconsiderado parte das regras do jogo, nãocaracteriza um acto violento, embora sejaintencionalmente agressivo. A violência apresenta uma escalada

muito superior ao aumento populacional eaos avanços, digamos, cívicos dasociedade.O ambiente em carácter geral, dentro do

espaço sócio-cultural a que pertence o

“Todo ser vivo, não importando o

quão grande ou pequeno seja,

possui um instintoviolento natural.

Esse instinto nadatem a ver

com raça ou local de origem,

mas à básicanecessidade

de sobrevivência”

Page 25: Cinturao Negro 196

indivíduo, pode favorecer odesenvolvimento de alguns traçospeculiares na forma de relacionamento paracom o mundo. Os estímulos, assolicitações, as oportunidades de treino, asnormas de convivência, enfim, todo opatrimónio oferecido à pessoa através dosistema sócio-cultural e ambiental, poderãodeterminar modalidades características dapessoa existir. Será sobre aspotencialidades constitucionais que oambiente desempenhará uma acçãomodeladora da Personalidade, ou seja, oambiente poderá alterar os rumos dodesenvolvimento geral, conferindo umadeterminada maneira do indivíduo ser. Entre os anos 60 e 70, houve um debate

sobre a psicologia da guerra centrada nanoção do “instinto agressivo”, peculiar atodos os homens, principalmente ao sexomasculino.Embora seja correcto afirmar a existência

de impulsos agressivos, ou fúria assassina,há de se qualificar os diferentes meios dedefesa e de luta. O combate corpo a corpode facto fortalece e inclusive requer oinstinto agressivo para a necessidade daexplosão muscular. Chegamos então aoponto principal de comparação entre oinstinto antigo e moderno de guerra.No combate corpo a corpo o guerreiro

precisava reunir uma série de factores quepossibilitariam a sua vitória. O instinto desobrevivência animal al iado àagressividade imposta culturalmente,temperavam uma personalidade moldadapara a batalha ou para a luta. Todos ashormonas estariam então em acção para oconfl i to directo. A coragem seria aexteriorização de uma intenção agressivacolocada em prática e cujo resultado,independente de vitória ou derrota, seriavalorizado como uma das maioresnobrezas do carácter humano. Em casos de acções à distância,

entretanto, através de utilização de armasde longo alcance, a emoção se torna umadesvantagem. A frieza e a habilidade demanter o inimigo na mira prevalece. Perde-se em grande parte a nobreza do combatee a coragem não é tão enfatizada. Dessaforma, a tecnologia trouxe uma novamodalidade ou uma variação napersonalidade ideal para a guerra devido aoavanço armamentista dos séculos XV e XVI.Da “ferocidade agressiva” surge o “desdémpassivo”. O combate em si é somente um dos

componentes do que conhecemos comoguerra. Não é a violência doméstica ouconflitos menores de rua. As guerras em

geral não se iniciam com conflitos outerminam por eles. A maioria das guerrasconsiste de preparação para batalha,organização de suprimentos, transportes eactividades que dif ici lmente seriamenumeradas por um não entendido doassunto. Na guerra há um instinto plausívelque impele o homem a sair de sua casae treinar exaustivamente para suaformação. É o que Clinton B. Roceme Bernarda L. Fontana apontamcomo “um largo passo do queseria uma tendência inatabiologicamente para umaagressividade individual a umaritualizada, sancionadasocialmente, um grupoinstitucionalizado deguerra.”Em outras palavras, a

guerra seria umacomplexa e colectivaactividade somadapela afinidadecomposta em seusbastidores pelapsique individual.O instinto nãofabrica out r a n s f o r m aarmas emmanufacturas.A guerra não ésenão partede um tipo derito sangrentoda humanidade.Assim, embora

possamos dizer que muitosguerreiros estão em actividade pelomundo afora, a alma do guerreiroantigo estaria em muito reduzida oupresente, nos conflitos actuais. Emboraseja preservada pelas artes do Koryu e sejaa essência e o sentido de sua prática pelasinstituições mais conservadoras, não sepode observá-la no quotidiano, ou admirá-la em combates actuais. Parece-nos que os valores que

compunham a essência do Jutsu em todasas civilizações que se fundamentavam naguerra, foram substituídos por um carácterfrio e distante, alimentado por mercenáriosmodernos dentro de um sistema de altatecnologia. Mesmo assim, o raciocínio doespírito do Jutsu se mantém nas belíssimaspráticas de todas as linhagens tradicionaisantigas de guerra, e sobrevive através detodos os homens que enxergam na nobrezamarcial um dever de passar adiante olegado deixado pelos que viveram e

Page 26: Cinturao Negro 196

noite não podia ter começadomelhor! Enquanto mestres econvidados partilhavam um vinhode boas-vindas, era atribuído oprémio do Festival do Cinema deAventura e Acção de Valência. O

público designara com seus votos o filmevencedor: “Little big soldier”. A notícia chegourápida como um raio, Os nossos convidadostinham ganho a “Palmeira de Oiro” do Festival! A comitiva tinha abandonado o teatro onde

teve lugar o encerramento do Festival e já sedirigia para o “Hall of Fame”. O nosso directorAlfredo Tucci saiu para os receber. Jackie Channão tinha podido assistir ao Festival. Até a últimahora esperávamos o milagre, mas não foipossível…, mas isso sim, mandou uma comitivade nove pessoas; protagonistas, actores, actrizes,produtores, realizador…, e não podiam faltar trêsdos seus melhores alunos e especialistas, todoseles artistas marciais. Eles receberam em seunome, o prémio especial que a ISMA e o BudoInternational Council entregaram por seu trabalhohumanitário e de difusão das Artes Marciais.

Depois das fotografias habituais e comosempre, os assistentes permaneceram em péescutando o hino espanhol e seguidamentepassou a ser servida a ceia de gala. No fim damesma pudemos assistir às exibições, incluídaa oferecida fora de programa pelos própriosalunos de Jackie, os quais, tudo deve ser dito,estavam tão à vontade como peixes na água…Ao longo da noite foram entregues os

prémios, no mesmo ambiente de fraternidade erespeito que sempre caracteriza este evento.Muita gente nova, outros já clássicos, grandesMestres, estudantes e acompanhantes gozaramda festa e do baile que seguiu.No dia antes tivera lugar o clássico encontro

de “Polícias do mundo”, com interessantesexposições e a assistência de polícias eespecialistas de variados corpos enacionalidades, Rússia, Argentina, Brasil,Guarda Civil da Espanha, Ertxantxa (Políciaautonómica das Vascongadas), Polícia deMónaco, Polícia Nacional (España), GuardaNacional Republicana Portuguesa, etc.… Nessemesmo dia, na parte da tarde também teve

lugar o importante encontro dos Cavaleiros doCírculo das Artes Marciais, com novasincorporações, incluída “ad honorem” a dopróprio Jackie Chan, que foi aceite e recebidade bom grado por seus alunos. No Sábado 23 em que o evento teve lugar,

da parte da manhã se realizou o semináriomultidisciplinar característico do Hall of Fame,desta vez com aulas magistrais de TonyMontana (MTS), David Arama (Kapap), J. Negreira (American Kenpo), Nicolai Smirnov(Russian Self Defense). A assistênciarespeitosa e amigável de muitos Mestres eGrandes Mestres foi um exemplo de elegânciae bem-fazer. Os seguintes dias, além da excursão ao

castelo de Sagunto e a paelha autêntica feitaem fogo de lenha, Mestres e convidadostiveram ocasião de trocar conhecimentos eacima de tudo, de gozar de um ambiente únicoe do maravilhoso clima e hospitalidade dacidade de Valência, que como sempreparticipou como patrocinador principal de tãocélebre encontro, junto com esta revista.

24

A

Page 27: Cinturao Negro 196

25

Page 28: Cinturao Negro 196

26

Page 29: Cinturao Negro 196
Page 30: Cinturao Negro 196

28

Page 31: Cinturao Negro 196

29

Junta directiva: Grandes Mestres: SantiagoSanchís. Sifu Vincent Lyn. Sifu Paolo Cangelosi.Alfredo Tucci. Richard Repsher. George Bierman.Nikolai Smirnov. Conselho consultor: GrandesMestres: Larry Tatum, John Pellegrini, SriDinesh, Indalecio Socorro, Jorge Dominguez, RuiRibeiro, David Arama. Platinum LifeAchievement Award SOKE JOSEPH WILLIAMSGold Life Achievement Award CRISTINARIBEIRO.

CAVALHEIROS DO CÍRCULO DO HALL OFFAME: SANTIAGO G. SANCHIS, ALFREDOTUCCI, VINCENT LYN, LUIS A. SEBASTIAN,ANGEL BOCANEGRA, JUAN DIAZ, GEORGEBIERMAN, PAOLO CANGELOSI, JOSE L. ISIDRO,INDALECIO SOCORRO, GRACIANO GALVANI,GIOVANNI PROIETTI, ROBERTO GIRLANDA,ROBERTO CHIARAMONTE, RAFAEL CARRIET,ANTONIO MONTANA, RUI RIBEIRO, JORDANAUGUSTO.

Novos cavalheiros: JACKIE CHAN, PAULOPERDIGÃO, JESUS M. PLATON, RICARDOGRESS, JOSE DEFEZ, JOSE LAMEIRO,FRANCISCO MARTORAN, DAVID ARAMA,HECTOR FUENTES, NIKOLAI SMIRNOV.

Grandes Mestres Internacionais do ano:ANDREAS HOFFMANN, RUI RIBEIRO. Fundadorde estilo: SOKE EVAN PANTAZI.

HOMEM E MULHER MARCIAL DO ANO:

JUAN JOSE NEGREIRA E MIRTA CARINASALVO. Prémio de prata a uma vida nas artesmarciais: MONTASER A. NUWAR.INTERNATIONAL MASTER OF THE YEAR:YANIS VILELLA, GRACHEV IGOR. Mestre doano: CARLOS DARIO, MESTRE DE MUGENDO:FCO. JAVIER PERNAS. REVELAÇÃO DEMUGENDO: SAMUEL BERGILLOS. EDUCADORDE MUGENDO. SCRIMIA Mestres do ano:ROBERTO GIRLANDA, GIOVANNI PROIETTI,ROBERTO CHIARAMONTE. Mestres einstrutores do ano: VLADIMIR KOVALEV, LIVIUCLAUDIU, DANILA DAVID DOMINGO, RONCAL,MARK GRIDLEY, HECTOR RODRIGUEZ,CINTHYA RODRIGUEZ. Excelencia em novoestilo: Master TONI MONTANA por MTS. JKDSifu do ano: JUAN JOSE ZAMUDIO. FEMALESIFU KUNGFU OF THE YEAR: MARIA GROTHE.Instrutores do ano: IBAN MIRANDA, IVANYUSTE, FRANCESCO SANNA, CHRISBLACKWELL. Prémio especial pela suacontribuição extraordinária ao mundo dasArtes Marciais com mais de 5.000 artigos:Shidoshi JORDAN AUGUSTO DE OLIVEIRA,BUGEI. Excelência em contribuição militar epolicial: Instrutor internacional policial do ano:JUAN JOSE NEGREIRA. Instrutora policial doano: Oficial da polícia Argentina: Dona MIRTACARINA SALVO, D. ERIC DEVEAU, SERGIO

BRUNO COELHO, OTÁVIO LUZ, Mestresinstrutores de autodefesa do ano: CLAUDEPOUGET Polícia de Mónaco. Prémio à suacontribuição às Artes Marciais: Mestre MARIORAMA. Actores, actrizes e equipa deespecialistas do filme vencedor do festival deCinema de Acção e Aventura de Valência “Litlebig soldier”: JACKIE CHAN, LIN PENG, STEVEYOO, CINDY ZHANG, WANG HAIXIANG, RAMYCHOI, SUN YUANNONG, ZHANG HAIHONG,ZHANG JIAWEI, YAN ZILING. Embaixador do Hallof Fame: JUAN DIAZ.. Cônsul do Hall of Fame:Yanis Vilella, JOHN PELLEGRINI, Ricardo Gress,TONI MONTANA. Prémio à Excelência: AdelaSanchís, Maria Santome, Carmen Palencia,Tammy Lynn. Mauro de Freiras. Rafael Carriet,Carlos Pascual, David Armendariz, Vincent Lyn,José Luís Isidro, Agustín Manzano, David Rivas,Cesar Carballo, Fernando Arenillas. EXMA. CÂMARA MUNICIPAL DE VALÊNCIA,

Festival de Cinema, Revista CINTURÃO NEGRO,HOTEL ABBA ACTEÓN. O nosso mais sinceroagradecimento ao Conselheiro dos DesportosExmo. Sr. Cristóbal Grau.Próximo HALL OF FAME, 21, 22 e 23 de

Outubro de 2011. I.S.M.A. International School ofMartial Arts.

E-mail: [email protected] www.halloffamemartialarts.com

Lista de premiados do ano 2010:

Page 32: Cinturao Negro 196

30

Page 33: Cinturao Negro 196

31

Cinturão Negro: Por que vocêdecidiu se mudar para os EUA?Carina Damm: Eu decidi mudar

para cá por causa dasoportunidades que a América meoferece e não tenho no Brasil.Sempre gostei muito daqui edepois da minha luta no Arizona,peguei um voo e vim directo para aFlorida. Aqui meu trabalho é maisvalorizado. Mas sempre que eupuder estarei indo ao Brasil, poisminha família e amigos tambémestão aí. Aqui estou treinando naATT; está muito legal. Tenho treino odia todo e profissionalismo. Sintosaudades do meu irmão ao meulado me orientando também, massempre que der, ele vai aparecerpor aqui.

C.N.: Como você eseu irmão se tornaramlutadores? C.D.: Bom, desde

crianças já éramosconsiderados lutadoresna família e na escola(risos). Com 15 anos,assisti a umcampeonato de Jiu-Jitsue me apaixonei pela artesuave, logo comecei a

treinar e nunca mais parei. Já meu irmão umasemana depois também começou a praticarJiu-Jitsu. Agora, eu resolvi levar o Jiu-Jitsu asério mesmo quando o Rodrigo se consagroucampeão mundial, se não me engano em2002. Aquilo me motivou de uma maneirainacreditável. Em seguida, logo que conheci oJiu-Jitsu, assisti a uma roda de Capoeira doMestre Capixaba. Foi amor a primeira vistapela Capoeira, parecia que eu já t inhapraticado em outras vidas, e amo tanto aCapoeira que não posso escutar umberimbau tocando que me arrepio e corropara a roda. Inexplicável!

C.N.: Mas seu pai ou sua mãe tinhamalguma ligação com lutas?C.D.: Não, meus pais nunca tiveram nada a

ver com lutas, foi coisa minha e do meuirmão. Tipo amor a primeira vista!

C.N.: Por que você não se tornoumodelo profissional?C.D.: (risos) Quando eu era mais nova, fazia

alguns trabalhos como modelo e até hojefaço alguns desfiles, tipo para alguma marcaque me patrocina e tal. Mas a carreira demodelo nunca me inspirou muito. Fora isso,não tenho altura também para ser modelo(risos) Desde criança sempre gostei de artesmarciais e antes mesmo de praticar já meuirmão e eu brincávamos às lutinhas lá emcasa.

C.N.: Como você lida com esse negóciode sensualidade e casca-grossisse aomesmo tempo? Um atrapalha o outro? Ouajuda?C.D.: Sensualidade é algo que não sei

explicar, muito menos como consigo assimilarluta com sensualidade. O que posso dizer éque eu sou assim, amo lutar, competir,treinar…, sair na mão, mas na hora que voupara o vestiário tomo banho, etc. Tenhodentro da mochila um arsenal de produtos debeleza. Isso faz parte de mim, cresci vendominha mãe e minha irmã sendo vaidosas eaprendi com elas isso de me cuidar sempre.Não gosto de ficar descabelada ou malvestida só porque sou lutadora. Isso não temnada a ver. Sou lutadora sim, mas jamaisdeixarei de ser mulher por causa disso.Acredito que meu estilo acaba me ajudando

Com a explosão do MMAfeminino pelo mundo, muitaslutadoras vem roubando acena. Misturando técnica,força e sensual idade, asmulheres vêm conquistandoseu espaço com competência.Encabeçando este grupo debeldades casca-grossas está abrasi leira Carina Damm.Conhecida como Barbie dosringues, Carina tem hoje 15 vitórias e apenas quatroderrotas e não vê a hora de oUFC abrir a categoriafeminina. Conheça melhor estalinda guerreira nas páginas aseguir.

A sensualidade de uma casca-grossa

Marcelo Alonso & Gleidson VengaGerusa Falcão & Vinicius.

Texto: Fotos:

Page 34: Cinturao Negro 196

32

Entrevista

na minha profissão sim, pois sempre recebo bonselogios (risos).

C.N.: Qual foi a Luta mais difícil da sua carreira?C.D.: Com certeza foi a luta contra a Jessica

Aguila, no Canadá (Bodog FIght). Foi muito técnica,porém a Jessica é uma excelente lutadora e estavamuito bem preparada para o combate. Mas graças aDeus eu consegui superar e vencer.

C.N.: Como você encarou essa sua ultimaderrota no Strikeforce?C.D.: Nunca vou me conformar com a derrota, isso

jamais entra na minha cabeça, mas sei que já passoue preciso melhorar. Tive varias falhas e por mais queeu estivesse treinada, quando seu psicológico nãoestá bem, acaba te prejudicando de alguma maneira.Enfim, agora estou treinando mais ainda, quero mesuperar e logo sei que estarei pronta para mais umabatalha, pois jamais irei desistir!

C.N.: Você sonha com o dia em que o UFC crieuma categoria feminina e você lute por lá. Comoseria isso?C.D.: Meu grande sonho seria este, lutar o UFC.

Não entendo por que a luta feminina não faz partedesse show. A gente só somaria lutando o UFC. Lutafeminina na América está sendo muito bem vista pelasociedade. Seria um espectáculo a participação demulheres neste evento. Se o Dana White gosta tantode audiência deveria me contratar para lutar, tenhocerteza que o evento seria bem agressivo e ao mesmotempo, delicado. Mas ainda acho que isso vai rolar.

PerfilNome: Carina Damm Idade: 30 anosSigno: Aquário Naturalidade: Estado Espírito Santo. Altura: 1,63mPeso: 59kgBusto: 91cmQuadril: 95cmCintura: 68cmComida preferida: PizzaHobby: Dançar e praiaViagem dos sonhos: HavaiParte do corpo que mais gosta: OlhosTraço marcante da personalidade:Senso de humorQualidade em um homem: Inteligente,bem humorado.Time que torce: FlamengoSolteira, namorando ou casada?SolteiraProjecto de vida: Lutar MMA e compraruma fazenda.

Page 36: Cinturao Negro 196

omo já foi dito anteriormente, hoje em dia é impossívelconhecer com exactidão a origem das Artes MarciaisChinesas. Informações fragmentárias que têm como baseantiquíssimas tradições literárias e artísticas da China,deixam entrever a existência de uma arte marcialaltamente evoluída, já na dinastia dos Chou (1066 a.C.-

406 d.C.). Durante os Jin (265-439 d.C.) e nas dinastias do Sul e do Norte(420-581 d.C.), as artes marciais tiveram uma forte influência do Budismoe o Taoismo. Ge Hong, Taoista famoso, integrou exercícios do Qi Gong(respiração e energia) das artes marciais chinesas, como parteimportante da Medicina Tradicional Chinesa (MTC). Alguns versados namatéria estão de acordo em que a origem das mesmas foi uns mil anosatrás. Entretanto, para alguns aspectos também se fala de uns 5.000anos. Diz-se ter sido então quando se constituiu a base da nossa arte,nas lutas das povoações pela água, pelas melhores zonas para construiras casas, etc.

Uma personalidade importante para as artes do famoso mosteiro deShaolim foi Ta Mo (também escrito Da Mo), mais conhecido comoBodhidharma.

O Fundador do Kung Fu de Shaolim - Ta MoNo que concordam todas as fontes históricas é em que o verdadeiro

começo do Shaolim Kung Fu teve lugar com a chegada de Ta Mo(Bodhidharma) ao mosteiro Shaolim do Norte, na província de Honan,durante o período que vai de 506 a 556 d.C.

A proveniência de Ta Mo permaneceu muito tempo ignorada, mas nosnossos dias parece ter ficado demonstrado que foi ele o terceiro filho dorico Rajá Sugandha da Índia do Sul. Para evitar confusões digamos jáque Bodhidharma, Ta Mo e Daruma são a mesma pessoa com seu nomeHinduísta, Chinês e Japonês. Diz-se que o seu nome era Ta Mo edepois foi Sardilli Boddidoro. O seu pseudónimo surge em idadeavançada e significa “Iluminado pelas ensinanças”.

Ta Mo cresceu no palácio de seu pai onde estudou artes marciaistradicionais da Índia (entre outras o combate corpo a corpo) e osSutras Budistas, tendo mostrado ter múltiplas habilidades. Ta Moamava os desportos e passava muito tempo fazendo exercíciospara o seu corpo, mas desde muito jovem também se mostrouinteressado nos estudos teosóficos (*). Quis participar da “santaverdade” do Buda e fez-se um adepto entusiasta do Dhyana,que significa profundo exame de consciência (em Chinês,Chan; em Japonês, Zen; não confundir com o Budismo Chan,que ele próprio fundaria mais tarde). No entanto, ele nãoqueria ser um asceta, pois estava muito aberto ao mundo quetinha em seu redor.

Ta Mo queria levar a luz da doutrina Budista mundo afora.Quando Ta Mo veio a saber por dois monges chineses seuscolegas de estudos, que "a verdadeira fé" no país de ondeeles vinham padecia persecuções, resolveu que pessoalmenteviajaria à China para remediar esta situação. Ta Mo preparou-se durante anos para esta viagem. De facto, tantos anostinham passado que na China já passara o período maisdifícil para o Budismo, havia muitos mosteiros e templos,cuja existência estava assegurada, apesar de que algunssenhores feudais não gostassem de dar autorizaçãopara divulgar a religião. Isto principalmente foi devidoaos confrontos surgidos entre as doutrinas doBudismo e do Confucionismo.

Quando Ta Mo chegou à China, Wei, o primeirogovernador que encontrou no Norte, deu-lhes asboas-vindas. Wei estava muito interessado em saber a

opinião de Ta Mo acerca do país, onde centenas de monges dedicavamo seu tempo a copiar as santas escrituras. Ta Mo respondeu que osesforços do governador para a promoção do Budismo de nada serviam,eram "um vazio no vazio".

Num determinado momento, Ta Mo percebeu que a transformaçãoreligiosa da China não se podia empreender da maneira que ele pensavae deu entrada no Mosteiro de Shaolim, na província de Honan. Alianunciaria posteriormente, uma doutrina que não seria reconhecida pelospoderosos do país nem pelos pilares do Budismo, esta nova doutrina elea denominou Budismo Chan, ou o que é a mesma coisa, Budismo Zen,que teria um grande futuro por diante.

Nos inícios, Ta Mo ensinava a meditação sentado. Considerava que a"iluminação" era impossível sem uma preparação longa e dura do corpoe mente. Dizia ele que as ensinanças sim igual do Buda, só podiam sercompreendidas após longas e duras provas e ter padecido ossofrimentos mais árduos e realizado o mais difícil de executar. Segundo

34

Artes Chinesas

CComo tudo começou - A história do Kung Fu

Page 37: Cinturao Negro 196

35

conta a lenda, ele mesmo permaneceu sentado quieto durante 9 anos,virado para a parede de uma gruta não longe de Shaolim, onde sededicou à meditação, sem nem sequer dormir.

A lenda diz também que o futuro sucessor de Ta Mo cortou a suaprópria mão esquerda para mostrar a sua devoção pelo seu mestre,posto que este não tinha querido ensinar-lhe a doutrina e o tinharejeitado com estas palavras: "Eu te ensinarei quando a neve forvermelha". Por isso o estudante decepou a sua mão e o sangue tingiude vermelho a neve, conseguindo assim ser aceite como discípulo.

Após os nove anos de meditação, Ta Mo viveu dezenas de anos atrásdos muros de Shaolim. Aprendeu Chinês para ler os clássicos chineses eensinou o Budismo Chan. Ao princípio só ensinou meditação sentada,mas depois de observar que os estudantes adormeciam e padeciamproblemas físicos, pensou na solução para isto. Inventou os 18exercícios do monge (18 Lohan), que seus alunos não praticavam sópara a educação física, mas também para unificar corpo e mente. Embreve os exercícios para o corpo não teriam como objecto apenasmanter a saúde, também foram um programa para a prática geral do

Kung Fu. A ideia de transformar as regras da vida no mosteiro numaformação psico-fisiológica, foi devida tanto ao yoga da

Índia, como aos ascetas que dedicavam a sua vida adominar o corpo físico, com a esperança de

alcançar a imortalidade. Entretanto, os ataques dos assaltantes de

caminhos obrigaram os monges a dominaremtambém a arte da auto-defesa. Alguns anosdepois, o Templo Shaolim seria famoso não sópor sua nova ensinança do Chan, comotambém pela arte do Kung Fu, que ali eratrabalhado e zelosamente guardado.

Ao longo dos séculos, esta boa reputaçãoatraiu também grandes especialistas doKung Fu a este templo, onde trabalharam. Émérito de Ta Mo que por primeira vez sedessem ao Kung Fu um conjunto de normase uma pesquisa científica. Anteriormentenão havia nada escrito nesta matéria.

O Budismo Chan ensina que o estudantedeve reconhecer “a natureza do Buda na florda erva, no bramido do tigre, no luar e nasestrelas, mas acima de tudo, em si mesmo”.Precisamente este auto-conhecimento é apedra angular na prática dos monges budistas,

para poder praticar todos as artes, também asartes marciais clássicas, com o mais alto valor

intelectual.Acerca da morte de Bodhidharma, existem numerosas

lendas, não se sabendo ao certo onde e como exactamentefaleceu. Sua herança intelectual continua viva para nós, tanto no

Budismo Chan como nas artes marciais de Shaolim.

(*) A palavra Teosofia (“Sabedoria Divina”) significa em geral,um esforço na busca do conhecimento religioso de Deus, dosDeuses e da Divindade, pelo caminho da intuição, como aparecenas magníficas ensinanças de Jacob Böehme, Federico ChristophOetinger e Louis Claude de Saint-Martin, na Cabala Judaica, em

partes do Sufismo Islamista e na Gnose antiga. Em um sentidomais restrito, a Teosofia é uma visão do Cosmos esotéricafundada pela ocultista Helena Petrovna Blavatsky (1831-1891).Refere-se especialmente a conteúdos da religiosidade hinduísta e

à espiritualidade, e com os seus estudos vem a demonstrar umnúcleo comum e autêntico em todas as religiões e por isso se

fundou uma “Fraternidade Universal da Humanidade”denominada “Sociedade Teosófica”.

Page 38: Cinturao Negro 196
Page 39: Cinturao Negro 196
Page 40: Cinturao Negro 196

História do Weng Chun Kung Fu 2ª ParteNa primeira parte deste artigo,

descrevemos como se desenvolveu o WengChun Kung Fu no Templo de Shaolin.Também falamos em que os templos Shaolinse tornaram lugares onde se esconderam epontos de encontro para muitos rebeldes, oque proporcionou aos manjus um motivo paradestruir o Templo de Shaolin do Sul, por voltade 1700. Muitos monges tiveram que fugir econtinuar ensinando Kung Fu fora do templo.

O que teríamos feito nós, se o nosso lar,neste caso o Templo Shaolin, fosse destruídoe víssemos que os nossos irmãos e amigoseram presos ou até assassinados, se nosproibissem praticar a nossa espiritualidade efôssemos perseguido por caçadores derecompensas? Esta é uma boa pergunta parafazermos a nós próprios.

A maioria dos monges de Shaolin reagiucom o “chi sim”, que quer dizer compaixãoextrema. Os monges foram embora maslevaram Shaolin em seus corações.Procuraram um novo lar para o seu WengChun Kung Fu, não para se vingarem maspara poderem ter um novo começo e paraajudar as pessoas a lutar contra a doença, avelhice e a morte.

O Weng Chun Kung Fuescondido nos Juncos Vermelhos

Era tradição da Ópera Cantonesa, que seusartistas viajassem nos rios do Sul da Chinafazendo espectáculos populares. Usaramgrandes juncos pintados em vermelho vivopara chamar a atenção. O último abade doTemplo de Shaolin do Sul, Chi Sim Sin Si(Mestre Zen da Extrema Compaixão) estavaescondido em um barco vermelho usando umnome falso e trabalhando como cozinheiro. Umdia teve de proteger o barco vermelho contraTiger Wong. Depois disto, ele teve que revelarsua verdadeira identidade e começou a ensinarKung Fu aos membros da tripulação do juncovermelho. Os seus primeiros estudantes foramo capitão de nome Wong Wah Bo, Leung YeeTai e um cantor da Ópera cujo nome artísticoera San Gam ou Dai Fa Min Gam.

Os Bonecos de Madeira nosbarcos vermelhos

Nos barcos vermelhos foram instaladosBonecos de Madeira do Weng Chun, paratreinar o combate com armas e a mãos nuas.Faziam as vezes de um inimigo e osestudantes de Weng Chun tinham quepraticar os princípios do Look Dim Boon: “Tai,Lan, Dim, Kit, Got, Wun e Lau”, até que seusmovimentos fosse executados com fluidez. Oseguinte passo na prática era avançar donível 14 até o nível 18; 28 Kiu Sao (“mãos deponte”), até que todos os movimentos eramrealizados automaticamente.

Com o tempo, os tripulantes do juncovermelho dominaram os elementos do WengChun Kung Fu do Sul da China. Por tanto, oWeng Chun se tornou um dos estilos maisfamosos da zona.

Os estudantes mais importantes de SanGam no barco vermelho foram Fu Siu Ching eseu genro Tsoi Chung. Sendo o assistente

pessoal de Sam Gam, Fu Siu devia tratar doseu vestuário para a Opera. Teve assimocasião de aprender Weng Chun em liçõesparticulares todos os dias, durante anos.Quando San Gam se retirou como actor deOpera, confiou a Fung Siu Ching amissão de manter vivo o Weng Chun.

O Weng ChunKung Fu chega o“Buddha Hill”Fatshan, China

Fung Siu Chingabandonou o barcovermelho e começou aensinar a família LP,em Si Fui. Depois foiconvidado a seinstalar em Fatshan,pelo farmacêutico MaPat Leung, para queensinasse Weng Chuna seu filho Ma ChungYee. Fung Siu Ching seinstalou em Fatshancomo professor de WengChun e construiu umaréplica do grande salão doTemplo de Shaolin. Situou nocentro uma estatua deBodhidharma e sobre a mesmaescreveu: “A luz de Buddha ilumina omundo”. Também havia uns letreiros a amboslados do salão; em um deles estava escrito:“Após nove anos de meditação em Shaolin, oMestre Bodhidharma fundou a escola deBudismo Zen”; no outro estava escrito: “Longedas entidades do mundo, Bodhidharmaestabeleceu os três pilares da fé de Buda.”

Fatshan (Buddha Hill) se tornou a fortalezado Weng Chun. Os alunos mais famosos deFung Siu Chings foram Wong Sap Yat, filho dafamília mais aristocrática; Ma Chung Yee, filhodo seu farmacêutico; seu próprio filho FungTin; os irmãos Yuen; os irmãos Dung; TangSuen; o artista Chan Lan Lim e muitos outrosestudantes.

A família Lo foi famosa por sua habilidadeusando as duplas facas, era o Fu Mo SiongDo (mãe e pai das facas duplas), conseguiramexpulsar muitos grupos de bandidos graças àsua habilidade com as facas duplas.

Seu irmão Weng Chun Tang Shuin recebeuo título de “Rei do pau comprido” e levou oWeng Chun a Hong Kong.

Seus irmãos Weng Chun Yuen Chai Wanlevaram o Weng Chun para outros paísesasiáticos.

Visão multidimensional docombate e da defesa pessoal

Quando o Grão Mestre Fiu Siu Chingesteve muito doente, a família Lo tratou deleaté recuperar a saúde. Por isso ele sededicou a ensinar a arte a esta família e deu-lhes a missão de assegurar que o Weng Chunsobrevivesse e tivesse continuidade. Só afamília Lo conhecia a forma e o treino do SamPai Fat (três reverencias de Buda) que é aforma mais importante do Weng Chun: O SamPai Fat ajuda o praticante a aprender

movimentos corporais especiais e a avançarnos primeiros conhecimentos de Weng Chuncom este estudo. Com a compreensão damecânica do corpo e desenvolvendo o Qi(Chi), é possível adquirir uma enormepotência e velocidade quase sem esforço. Acaracterística principal deste nível é omovimento em rotação e rítmico do corpo, oWan Wun Yiu Tiet Ban Kiu, que lembraalguém fazendo uma reverência. Estemovimento dá ao praticante um modelo claroe a ferramenta de treino que precisa para ocombate, a defesa pessoal e a boa formacorporal para ter uma visão multidimensional.

Sam Pai Fat ensina a orientar-se no céu ena terra, conforme o que expressarem oespaço, a gravidade e a energia no ShaolinChan e nas artes marciais.

A linhagem directa do Weng Chun Kung Fu

O sucessor da família Lo, a qual por suavez sucedeu ao mestre Weng Chun, foi oGrão Mestre Wai Yan, fundador da famosaacademia de Weng Chun Dai Duk Lan emHong Kong, uma vez finalizada a SegundaGuerra Mundial. Também preparou o caminhopara o Ocidente com seu único alunoocidental Andreas Hoffmann.

O Weng Chun Kung Fu tem sido entreguede geração em geração desde faz 1.500anos: Bodhidharma - monges guerreiros deShaolin - a sala do Weng Chun - Chi Sim SinSi - Wong Wah Bo - San Gam - Fung SiuChing - a família Lo - Wai Yan - AndreasHoffmann - Associação internacional deWeng Chun Kung Fu: www.weng-chun.com

38

Page 41: Cinturao Negro 196

39

Page 42: Cinturao Negro 196

LOS CUARENTA Y SIETE SAMURAIAUTOR: John Allin

Preço: 14,50€€

ROMPIMIENTOSAUTOR: Jack Hibband

Preço: 17,50 €€

ENTRENAMIENTO BÁSICOAUTORES: Bruce Lee y

M. UyeharaPreço: 20 €€

EL MÉTODO DE COMBATE DE BRUCE LEE

AUTOR: Bruce Lee y M. Uye-hara Preço: 20 €€

TÉCNICAS DE DEFENSAAUTORES: Bruce Lee

y M. UyeharaPreço: 20 €€

TÉCNICAS AVANZADASAUTOR: Bruce Lee y

M. UyeharaPreço: 20 €€

LA SABIDURIA DE LOS MAESTROS

AUTOR: J.Mª FraguasPreço: 18,20 €€

EL TAO DEL JEET KUNE DO

AUTOR: Bruce LeePreço: 30 €€

JUDO:TÉCNICAS DE LOSCAMPEONES DE COMBATE

AUTOR: Roy InmanPreço: 18,20 €€

EL ESPÍRITU DEL JUDOAUTOR: J.L. Jazarin

Preço: 8 €€

UNO - LA ESCUELA DE LARESPIRACION

AUTOR: Itsuo TsudoPreço: 16 €€

LA PRÁCTICA DEL AIKIDOAUTOR: K. Ueshiba

Preço: 30 €€

EL LEGADO DE UESHIBAAUTORES: VARIOS

Preço: 25 €€

AIKIDO: LA HERENCIA DE UESHIBA EN OCCIDENTE

LOS MAESTROS OCCIDENTALESPreço: 19,95 €€

AIKIDOAUTOR: Kazuo Nomura

Preço: 19,95 €€

AIKIDO: UNA GUIA PRACTICAPARA LA PREVENCION Y

RECUPERACION DE LESIONESAUTOR: E. Planells. Preço: 17 €€

TO-TE JITSUAUTOR: Guichin

FunakoshiPreço: 24,95 €€

ZEN EN MOVIMIENTOAUTOR: Sensei

Richard KimPreço: 9,95 €€

KARATE-DO: MI CAMINOAUTOR: Gichin Funakoshi

Preço: 15 €€

YAMAGUCHI. EL KARATE-DO DEL ¨GATO¨AUTOR: Gogen Yamaguchi

Preço: 19,25 €€

GRANDES MAESTROS DEL KARATE

AUTOR: Salvador HerráizPreço: 19,99 €€

KARATE-DOAutor: OHTSUKA

HIRONORIPreço: 24,95 €€

OKINAWA KEMPOKARATE JUTSU

AUTOR: Choki MotobuPreço: 19,90 €€

JUDO KYOHANAUTORES: Sakujiro Yokoya-

ma y Eisuke OshimaPreço: 19,99 €€

LEYENDAS DEL VALE-TUDO

AUTOR: Marcelo AlonsoPreço: 19,99 €€

JUKOSHIN RYUJIU-JITSU

AUTOR: Bryan CheekPreço: 28 €€

EL ÚLTIMO HORIZONTE DEL BUDO

AUTOR: Alfredo TucciPreço: 14 €€

KYUDO. EL SILENCIO YLA FLECHA

Autores: SHIDOSHI JORDAN & J. GALENDE

Preço: 18 €€

IAIDO: EL ARTE JAPONESDE DESENVAINAR

AUTOR: Sueyoshi AkeshiPreço: 19 €€

IAIDO AVANZADOEL ARTE DEL DESENVAINE DE LA KATANA JAPONESAAUTOR: Sueyoshi Akeshi

Preço: 19 €€

LA FAMILIA GRACIE Y LAREVOLUCION DEL JIU-JITSU

AUTOR: M. Alonso y A. Tucci Preço: 25 €€

EL UNIVERSO POLARAUTOR: J.Mª Sanchez

BarrioPreço: 13,40 €€

EL HOMBRE, ENERGÍAESTRUCTURADA

AUTOR: J.L. PaniaguaPreço: 15,50 €€

LAS FLORES NO HABLANAUTOR: Sensei Shibayama

Preço: 16,70 €€

TAI-CHI LA FORMA YANG Y SUS APLICACIONES

AUTOR: Paolo CangelosiPreço: 22 €€

LA ESENCIA DEL KUNG-FU

AUTOR: Paolo CangelosiPreço: 23,50 €€

HUNG GAR KUN FUFORMAS Y

APLICACIONESAUTOR: Paolo Cangelosi

Preço: 19,95 €€

TIGRE Y DRAGONEL COMBATE EFECTIVO, TÉC-

NICAS INTER.-ESTILOSAUTORES: Samart Payakaroon

y Paolo CangelosiPreço: 15 €€

EL CAMINO DE LA LIBE-RACIÓN

AUTOR: Alan WattsPreço: 15,50 €€

EL SAMURAI QUELLEVAS DENTRO

AUTORES: Alfredo TucciPreço: 14 €€

EL GUERREROSAGRADO

AUTOR: Alfredo TucciPreço: 14 €€

CHAMAN: EL VÍNCULODEL GUERRERO CON EL

ESPÍRITU AUTOR: Alfredo Tucci

Preço: 15 €€

TAI-CHI CEN. I LU FORMAS

Y APLICACIONESMARCIALES

AUTOR: Chen Seng YuPreço: 21,50 €€

EL GUERREROCONSCIENTE

AUTOR: Alfredo TucciPreço: 42 €€

ENCRUCIJADAS -GUERREROS

DEL SIGLO XXIAUTOR: Alfredo Tucci

Preço: 19,95 €€

LA BIBLIA DEL BRAZILIAN JIU JITSU

AUTOR: Francisco Mansur

Preço: 24 €€

LAÑ DO CHEÑ SIUE PAYAUTOR: Yanis Vilella

Preço: 19,95 €€

EL ARTE DE LAGUERRA

J.Mª Sánchez Barrio y Alfredo TucciPreço: 26,75 €€

Page 43: Cinturao Negro 196

TO-TE JITSUAUTOR: Guichin FunakoshiPreço: Edición numerada encadernación lujo+DVD

Funakoshi+Dojo Kun PREÇO:150€

SHAOLIN - VIAJE AL CORAZON DEL TEMPLOAUTOR: Huang aguilar

Preço: 23 €€

¡NOVA SCRIMIAAutor: GRAZIANO GALVANI

Preço: 22,50 €€

KYUSHO-JITSU. CLAVES ESENCIALES DE LOS

PUNTOS VITALESAUTOR: Evan Pantazi

Preço: 19 €€

PUNTOS VITALES: CURSO AVANZADO

KYUSHO-JITSUAUTOR: Evan Pantazi

Preço: 19,95 €€

KYUSHO-JITSU. PUNTOS VITALES PARA

EL PLACER SEXUALAUTOR: Evan Pantazi

Preço: 9,50 €€

KYUSHO-POLICIALPUNTOS VITALES Y

APLICACIONES PARA LOS CUERPOS DE SEGURIDAD

AUTOR: Evan PantaziPreço: 19,95 €€

LOS 10 MEJORES PUN-TOS DEL KYUSHO

AUTOR: Evan PantaziPreço: 15,50 €€

KYUSHO-JITSULOS PUNTOS VITALESAUTOR: Evan Pantazi

Preço: 20 €€

AUTODEFENSA PARAMUJERES - LAS 50

MEJORES TECNICASAUTOR:

Santiago SanchísPreço: 19,90 €€

MANUAL DEL PALO JAPONES - EL BO

AUTOR: J.L. isidro casasPreço: 19 €€

JKD SIN LIMITESTRAS LAS HUELLAS DE

BRUCE LEEAUTOR: B. RICARDSON

Preço: 19 €€

WT- EL TAO DE LA ACCIONAUTOR: Víctor Gutiérrez

Preço: 25 €€

LOS SECRETOS DEL WT- RE-EVOLUTION

AUTOR: Víctor GutiérrezPreço: 23,50 €€

LAS 50 MEJORES LLAVESDE BRAZOS Y PIERNAS

Y SUS SALIDASAUTOR: Santiago Sanchís

Preço: 19 €€

15 TRUCOS QUE PUEDEN SALVAR

TU VIDAAUTOR: Santiago

SanchísPreço: 16,50 €€

JKD EL ARTE MARCIALDE BRUCE LEE

AUTOR: Tim TackettPreço: 19,50 €€

COMBAT HAPKIDO. AUTOR: John Pellegrini.

Preço: 20,50 €€

HARAKIRIAUTOR: Jack Seward

Preço: 8 €€

MUAY THAI BORAN TÉCNICAS AVANZADAS MARCIAL TAILANDES

AUTOR: Marco De CesarisPreço: 25 €€

MAE MAI MUAY THAIAUTOR: Marco De Cesaris

Preço: 27 €€

M.M.A. ARTES MARCIALESMIXTAS - S.H.O.O.T.

AUTOR: Alejandro IglesiasPreço: 24 €€

TAEKWONDO POOMSAE: LOS POOMSAES

BÁSICOS 1-8AUTOR: Equipo Español de

Poomsaes y TécnicaPreço: 19,95 €€

TAEKWONDO POOMSAE: LOS POOMSAES

SUPERIORES 8-17AUTOR: Equipo Españolde Poomsaes y Técnica

Preço: 22,95 €€

MUAY THAI BORAN- EL ARTE MARCIAL

TAILANDESAUTOR: Marco De

CesarisPreço: 22 €€

KRAV MAGAAUTODEFENSA ISRAELÍ

PARA TODOSAUTOR: Kobi Lichtentein

Preço: 19 €€

KRAV MAGAKRAV MAGA. EL ARTE PARA

SALVAR VIDASAUTOR: Alain Cohen

Preço: 22 €€

AUTODEFENSA PERSONAL Y PROFESIONALAUTOR: Sargento

Jim WagnerPreço: 24 €€

COMBATE CON CUCHILLOAUTOR: Sargento

Jim WagnerPreço: 22 €€

KRAV MAGAAUTOR: Avi Nardia

Preço: 23 €€

DICCIONARIO AVANZADO DE LAS ARTES

MARCIALESAUTOR: B. L. Frederic

Preço: 28,90 €€

LESIONES DE RODILLAAUTOR:

Vivian GrisogonoPreço: 18,20 €€

KARATE-DOAUTOR: Ohtsuka HironoriPreço: Edición numerada

encadernación lujo - PREÇO:150€

KAJUKENBOAUTOR: Angel García

Preço: 20 €€

Page 44: Cinturao Negro 196

42

"Um herói não é mais valente que qualqueroutra pessoa;

apenas é o mais valente durante cinco minutos"

Emerson.

ma vez perguntei ao meu senseipor que motivo os homenslutavam. Ele disse: "Não existeuma resposta esclarecida domotivo pelo qual os homenslutam e se estudamos a história

do comportamento humano, percebemos que éuma história cheia de guerras, um caminho desangue."

"Porquê?"- perguntei de novo, e rapidamenteo sensei respondeu:

"Porque quando não existe um acordo, aGuerra é o árbitro f inal. Tanto seja entreindivíduos, grupos, ou nações, ou combinações

dos mesmos, é impossível chegar a saber avontade que um homem tem de lutar com outrohomem. Nas diferenças de opinião prevalece ado mais forte."

Visto que a luta está na natureza humana,cada país desenvolveu algum tipo de ArteMarcial. Com a Guerra e a civilização de mãosdadas, a evolução das armas mais eficazeslevou a que a eficácia técnica seja a únicamaneira de avançar. Ao contrário do queacontece nos desportos, em que existemvencedores de diferentes categorias, primeiro,segundo, terceiro, etc., na realidade de umabatalha não há troféu para o segundo, é tudo ounada!

Isto desenvolveu a mentalidade da vitoria atodo custo, e a necessidade de ter umapotência de fogo cada vez maior; a ideia é quequanto mais, melhor e o resultado concomitantefoi a aparição de uma arrogância incapaz defazer frente à adversidade. Esta estruturação de

uma cultura marcial baseada em vencer esó em vencer, trouxe consigo uma

capacidade intelectual para apatifaria e o engano, que tem

tentado por todos os meiosprevenir a morte.

A morte signif ica aadversidade de que umapessoa não dura parasempre e isso alimenta omedo básico que leva umapessoa a lutar. "O medotem a culpa," disse osensei, "e isso é o que faz

única a cultura marcialjaponesa. A culturamarcial japonesa se

baseava e se baseiaespecialmente em vencer

o medo e o egoísmo."Por exemplo, digamos

que estamos em umcombate à vida ou mortecom outra pessoa. Nomomento do contacto ouconfronto físico, todosdevíamos dizer a nósmesmos: "Posso derrotar a

este indivíduo, devodefender a minha vida,

vencerei este combate econtinuarei adiante."

Isso é o que aconteceráse é a mente que

controla. A ideia dese render e

perder a

vida também é terrível, Simplesmente pensanisso, visto ser este um ponto essencial;quando esse pensamento chega à mente, esseé o instante em que se perde a vida. Render-seé impensável, mas o que acontece depois darendição é aterrador. Essa é a razão pela qualem vez de deixar-se levar pelas intenções maisnobres, quando uma pessoa se enfrenta àmorte, se agarra à vida com paixão.

Portanto, o método de treino para enfrentar-se à morte com calma e serenidade,simplesmente não existe. No dojo, ou na aula,sim; no campo de batalha !Não! O resultado é omesmo que se pedires à tua boca para salivar,apesar da tua força de vontade, simplesmentenão sucederá. No entanto, se imaginares queestás chupando um rebuçado doce, a tua bocade certeza ficará cheia de saliva. A imaginaçãosupera a mente, porque não é analítica. Sealimenta das experiências que nos têm idosucedendo ao longo dos anos.

O Artista Marcial, o samurai, entrou no maisprofundo do seu subconsciente através da suaimaginação e reestruturou sua mente para ver amorte como um fenómeno passageiro na suapassagem para o além, não para ter medo, maspara ser bem-vindo ao plano natural das coisas.Fez isto por meio de uma "introspecção", umprocesso de auto-sugestão adquirido medianteo processo de meditação. Esta reestruturaçãofaz que o medo seja visto com numaperspectiva correcta, como algo natural,totalmente carente de emoção, que deve sersubstituída pelo entendimento.

O medo, à semelhança da dor, é muitodesagradável; a carência de emoção, apreocupação, a ansiedade e a fúria, ¡sim, afúria!, não pode ser manipulada sem trauma. É aparte emotiva da nossa mente e faz com que omedo e a dor cheguem a ser maisdesagradáveis do que realmente são.

"E isso porquê?", perguntei ao sensei.E o sensei respondeu: "Simplesmente,

sempre que uma emoção se apodera da mentee se perde o controlo, o corpo fica tenso e essatensão faz que o medo e a dor aumentem.Sabemos como os animais brincam com amorte para escapar da morte. De certeza já tensouvido a expressão 'ficar frio com medo'? Émuito natural no reino animal e também entre oshomens. A isto se chama hipótese do atavismo.O artista marcial percebe isto e neste medoincompreensível ele cria ou provoca umasituação para que esse medo supere oadversário. Por outras palavras, dominapsicologicamente o adversário. Isto faz-se commuita frequência, inclusivamente no mundo do

desporto."A ideia é olharmos para dentro

de nós pelo menos uma vez navida e se possível, faze-lofrequentemente… O processodura apenas alguns minutos e se

Psicologia das Artes Marciais

U

Page 45: Cinturao Negro 196

43

pode ser levado a cabo em qualquer momentoe em qualquer lugar.

A psicologia das Artes Marciais tambémconsiste em trabalhar o poder da mente, como qual se consegue reduzi r as própr iasemoções até seu grau mínimo. Bementendido que a emoção mais forte sempreprevalece sobre a emoção mais débil. Não sepodem ter duas emoções ao mesmo tempo,por que a mais forte sempre toma o controlo.O art ista marcia l sempre soube,correctamente, que a emoção mais forte quehá é o medo a perder a vida. Uma deduçãosimples; se alguém é superado pelo medo àmorte, então todas as emoções, todos osmedos, se tornaram nada.

Portanto, a psicologia se baseia em superar omedo à morte. Isto provoca o fenómeno doestado de "kufu" ou atenção concentrada, umaconcentração reflexiva.

E disse o sensei: "A concentração reflexiva éa habilidade de limitar a atenção todo quantopossível, para que só um estímulo alcance osnossos sentidos, e ignorar todos os outros quenos bombardeiam constantemente, estandoatentos apenas de um detalhe e excluir osoutros ou relegá-los onde não incomodem ouconfundam. Não tentem nunca ter aconcentração perfeita, esse estado não existe.Numa sessão de hipnose, por exemplo, oterapeuta prepara a cena e situa o paciente emum estado específico para que o mesmo possapôr toda a sua atenção nele. Isto é atençãoconcentrada."

Portanto, a psicologia das Artes Marciais seresume em três passos: (1) concentraçãoreflexiva, (2) usar a imaginação ultrapassando ointelecto durante a introspecção, (3) Isolar aemoção mais forte e situá-la numa perspectivapositiva.

Eu disse ao sensei: "Por outras palavras, amaioria dos que não podem aumentar seupotencial, são aqueles que examinam suaspossibilidades e mentalmente estabelecem seupróprio limite ao que podem e não podem fazer,e não conseguem superar suas barreirasmentais. Esses estão unidos à mediocridade."

"Sim,"- replicou o sensei -"Esses esquecem aprobabilidade. Nem fazem ideia de todo opotencial que há na sua mente. É evidente quedo potencial da mente humana apenas se usaaproximadamente um cinco por cento - e umnoventa e cinco por cento absolutamente nãose usa. Isto também sucede com o potencialf ísico, mais ou menos com uma mesmapercentagem. Portanto, podemos ver que acrença do que é possível, diminui o rendimentofísico e evita o que se chamam actuaçõessupra-normais. E a isto se somam as emoções,como o medo, por exemplo, que pode criar umestado de 'congelação'”.

O caminho que o sensei explicou é que opredomínio da possibil idade frente àprobabilidade está confinado no reino dointelecto. O intelectualismo é esplêndido para aanálise e a lógica, mas para lutar superando omedo à morte, não é suficiente. As três leis oupassos devem ser utilizados pelo artista marcialpara desenvolver funcional e inconscientementeum estado de mu-shin ou falta de egoísmo - épreciso deixar atrás a ideia de que tudo o quepossuímos vai permanecer para sempre,incluída a própria vida.

A verdade absoluta é que tudo quantopossuímos vai desaparecer, mais tarde ou maiscedo, incluído o nosso corpo. Nada épermanente. Por exemplo, se ficarmos em pé eresolvemos não mover-nos ou mudar de

posição, mais tarde ou mais cedo mover-nos-emos, mudaremos de posição. Nuncavoltaremos ao que já passou - o tempo passa.Nada permanece quieto, porque segundo diz osensei, neste mundo descomunal, tudo érelativo e infinito.

Já que não podemos olhar para o futuro paraaprender a superar o medo, ou qualquerdebilidade ou fobia, devemos olhar ao maisprofundo da nossa mente, o nosso potencial.Isto pode ser feito mediante um processo deintrospecção, um olhar ao interior e não para omundo material.

Têm sido usados muitos métodos e cadamétodo tem seu devido mérito, entretanto,todos os métodos ultrapassam o intelecto e vãodirectamente à imaginação. A persuasão ou alógica ficam fora do método e deve de se iratravés da sugestão

"Porquê?" - Perguntei. O sensei disse: " A sugestão está mais ou

menos aceite pela função ilógica da mente,enquanto que a persuasão se faz pela partelógica e cria uma visão oposta. Assim, osamurai sabia que o medo é uma coisa naturalpara o homem e para o animal, mas tambémsabia distinguir perfeitamente entre o medopropriamente dito, e a ansiedade premonitóriaque também é natural. Qualquer tipo deencontro, sem importar a preparação que paraele tivermos, está unido a uma ansiedadejustamente anterior ao encontro. Isso é natural,é uma antecipação do que virá e umaansiedade, mas passa logo depois do encontroter lugar. O medo é diferente, supera a pessoa;é a adversidade, o desconhecido, é demasiado.Essa é a razão pela qual a morte nos provocatanto temor."

Já anteriormente vimos a solução. O samuraireestruturou a maneira de ver a morte. Deu asboas-vindas à adversidade. Não confundiu aansiedade premonitória com o medo, separouambas coisas. Não procurou fora as respostas,foi buscá-las em sua mente e na sua alma.

O samurai desenvolveu a psicologia daimaginação - a psicologia das Artes Marciais!Na psicologia das Artes Marciais, a imaginaçãoé a fonte do intelecto, é um produto gerador. Ointelecto se usa para o processo analítico e deaprendizagem, enquanto que a imaginação seusa para desenvolver o potencial de todo serhumano.

O processo, desenvolvido durante milharesde anos, é conhecido como “introspecção”. Ameditação, a posição no Za-Zen, etc., tambémsão simplesmente processos de introspecção,um olhar ao mundo interior, uma exploração dopotencial da mente, do poder adormecidopronto para sair pelo impulso da correctaestruturação e sinalização. Isto se torna uma lei- uma lei de efeito invertido - volta à imaginaçãoe de fora para o intelecto.

O que segue é um método muito efectivo deintrospecção, praticado por muitos artistasmarciais que tiveram a sorte de aprender estatécnica. Como já disse, existem muitosmétodos e cada método tem seu mérito, maseste método em especial, não falha.

É preciso encontrar um lugar silencioso noqual não nos incomodem durante pelo menosmeia hora. Podemos sentar-nos na posição doZa-Zen, sentar-nos numa cadeira ou deitar-nosno sofá ou numa cama, mas acima de tudo,devemos sentir que estamos em um ambienteconfortável que nos leva relaxar-nos. Isto é omais importante.

Relaxamos, olhamos para cima e tratamos dever o nosso cabelo; inspiramos profundamente,

pomos os olhos na posição normal e expiramoslentamente. Visualizamo-nos relaxando-nos;imaginamos estar numa praia banhados pelosol, sentimos como o sol vai relaxando cadamúsculo do nosso corpo. Respiramos muitoprofundamente enquanto visualizamos estacena. Também podemos imaginar que estamosnuma banheira e que sentimos a água quenteacariciando o nosso corpo. Respiramosprofundamente e enquanto aspiramos arpodemos sentir como o nosso corpo estácompletamente relaxado.

Quando estejamos profundamenterelaxados, projectamos sobre um imagináriaecrã de cinema imagens em que nos vemos anós mesmos numa situação em que quisermosencontrar-nos. Podemos ser o actor, oprodutor ou director, e interpretamos a parteque queremos. Estamos ganhando umconcurso, superando grandes perigos,enfrentando-nos a imensos leões, etc., nósescrevemos a história. Quando acabamos ahistória, imaginamos estar completamenterelaxados, revitalizados, refrescados, e quepara a próxima vez vamos a fazer as coisasmelhor. Então abrimos os olhos e finaliza asessão, até a seguinte vez.

Devíamos fazer isto pelo menos duas vezespor dia, em sessões de meia hora e por vezesde cinquenta minutos ou mais.

Por vezes não seremos capazes de projectar.Não é motivo de preocupação, simplesmentenos relaxamos e eliminamos a tensão. Cadasessão vai ser diferente. Nunca há duassessões iguais. O que é importante e nuncadevemos dar por suficiente, é a nossacapacidade para nos relaxarmos, ser capazesde faze-lo em qualquer condição. Isto, em simesmo já é uma mestria no grau mais alto.Quando se consegue, o elemento do medo terásido reestruturado e situado numa perspectivana qual não seja prejudicial.

Agora passemos em revista tudo quanto foidito, incidindo nos procedimentos que devemosseguir:

• 1. Um lugar silencioso no qual não nosincomodem.

• 2. Posição de Za-Zen, ou sentado, oudeitado, não importa, o importante é que aposição seja confortável para podermos relaxar-nos e sossegar-nos.

• 3. Levantar as pupilas para cima e inspirarprofundamente; devagar, voltar a pôr as pupilasna posição inicial; fechar os olhos e expirarprofundamente.

• 4. Nos imaginamos a nós mesmos numapraia, com o sol quente acariciando suavementea nossa pele; ou numa banheira na qual a águaquente relaxa cada músculo do nosso corpo -imaginamos estar flutuando e libertando-nos datensão!

• 5. Em um ecrã imaginário, projectamos umfilme onde somos a figura principalInterpretamos um papel. Fazemos uma história.Expulsamos de nós qualquer medo; fazemosque isto viva no ecrã.

• 6. Acabamos o nosso processo - sentimoscomo estamos completamente relaxados,revitalizados, refrescados e que na seguintesessão faremos tudo melhor.

• 7. Abrimos os olhos e respiramosprofundamente.

Por vezes teremos de repetir o processo (3 e4); não ir ao ponto (5) até não estar o maisrelaxados possível.

Não é preciso pensar, a imaginação e avisualização são o segredo!

Page 46: Cinturao Negro 196

No sistema do Kenpo do SGM Parker, todos os conceitos,regras e princípios de movimento existem para maximizar aeficácia do praticante. Por isso, o estudante sério da arte nãodeve conformar-se com aprender simplesmente as técnicas,mas deve aprofundar nelas compreendendo e aplicando asditas regras. O GM Richard "Huk" Planas foi designado porParker como seu "supervisor de qualidade", visitando as

diferentes escolas de Ed Parker's Kenpodistribuídas pelos E.U.A., para fazer a

supervisão do que os instrutoresensinavam e verificar se estava deacordo com os níveis de qualidadeque o Mestre Parker exigia. OMestre Planas é conhecidocomo o Instrutor de instrutores,devido aos grandesconhecimentos que da artepossui e em seus semináriosprimam a qualidade e acompreensão da arte antesque a quantidade dematerial a trabalhar. Nesteseu terceiro trabalho, oMestre Planas põe emprática todos essesc o n h e c i m e n t o s ,demonstrando como se devetrabalhar o programa escrito

uma vez assimilado. Sempreaprofundando nos motivos de

cada movimento realizado,exemplifica diferentes variantes das

técnicas, interligações, enxertos,extensões ou famílias, mostrando como

encaixar de maneira magistral as diferentes peçasque constituem o sistema. O Kenpo em seu mais alto nível.

REF.: • PLANAS3REF.: • PLANAS3

Todos os DVD’s produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVDnão cumpre estas exigências e/o a capa ea serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.

Page 47: Cinturao Negro 196

Neste 5º volume da série, Guro Dave Gould nos introduz nosubsistema de Mão Nua “Bantay-Kamay” do Lameco Eskrima.Frente a um ataque de faca, a habilidade para isolar e conter a mãoarmada do oponente é crucial, posto que aumentaráconsideravelmente as nossas possibilidades de sobreviver epermitir-nos-á concatenar outras acções que seriam inviáveis senão controlássemos correctamente a mão armada. Estudamos

também as capacidades essenciais de retenção da armaem situações em que a vida ou a morte dependem

de mantermos a nossa faca na mão: quantomais rápido libertarmos a nossa arma, mais

rapidamente poderemos proteger anossa vida e deslocar-nos para umazona fora de perigo. Finalmente, GuroDave Gould mostra-nos osaspectos fundamentais do treino“não cooperante” ou deresistência, e da possibilidadereal de desarmar o atacante,sendo plenamente responsáveispelas consequências que seencontram em um ambienterealista onde impera “causa eefeito”. Um trabalho deconsulta obrigada para todointeressado no combate de faca.

REF.: • GOULD5REF.: • GOULD5

Todos os DVD’s produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVD nãocumpre estas exigências e/o a capa e aserigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.

Page 48: Cinturao Negro 196

A ESTRELA DO KUNG-FU - Apresentação Especial"Inspirado na vida de Sifu Vicent Lyn" - História e Argumento por Matt StevensIlustrado por Chase ConleyDiálogos por Jaymes Reed

Clube Nocturno TriadHong Kong

SabesIsto é assim

mesmo Johny…

A tua carreira como realizador de cinema nã o seria nada sem a

minha ajuda.

Tens muita razã o, será a pró xima

super-estrela e nó s todoslucraremos.

Simplesmente temcuidado de que ningué mprovoque problemas à

minha garota.Ela é muito inocente

nas coisas destemundo. Nã o gostariade descobrir que tem

algum… problema.

Pois claro quenã o.

O teu voo é esta noite, demaneira que deves ir agora. O

senhor Young vai acompanhar-teà saí da.

É por aqui,senhor Wong

Em vez de um filme de acç ã o detreze milhõ es de dó lares,

andavas a fazer um anú ncio detreze mil dó lares para um

restaurante local.

Evidentemente ningué m quer isso, sinto

satisfaç ã o em poderajudar um autê nticoartista como tu, a ter

uma segundaoportunidade.

Tu queres ajudar-mepara que a minha garotaseja uma estrela, nã o é

verdade?

Assim éSr. Chow

Ela será umaestrela.

Page 49: Cinturao Negro 196

(Continuação)

O senhor Chow

quer todos os diasuma informaç ã o

acerca do queRose faz.

Esperoque telefones

todas as noites.

Se houveralgum problema

devemos serimediatamente

informados.

SenhorWong! Percebeu o

que eu disse?

Desculpe…,sim, percebi,

todas as noites.

O homemnã o tem coragem,

fará o que lhedisseram.

Espero quenã o seja tã o fraco

que nã o possa fazeruma boa fita!

Bom oumau nã o importa,já está comprado

. Já tem o dinheiro nobanco.

Tudo istoé para que a minha

Rose possa sentir-se especial.

Isto nunca maisacaba…

Sempre tocando o gado,

e quepensas tu Joe?

Page 50: Cinturao Negro 196

Sensei Juan Hombre, aceite sob a protecção dos diferentesRyuha tradicionais que ainda perduram no Japão e únicorepresentante na Europa da tradição de Koga, dirige este novo eesperado trabalho sobre Shinobiken, a espada Ninja. Sob a suaorientação, versados alunos nos mostram as diferentes áreas dotreino com o Shinobiken: a Cerimónia da saudação, os 7

Exercícios de aquecimento, Kihon básico e avançado (as7 intercepções, os 7 cortes, as 7 combinações),

assim como um extenso arsenal de técnicase estratégias do Ninja e do uso da espada,tanto directa como invertida(movimentos silenciosos, corridasrápidas, rolamentos corporais,armadilhas e enganos, técnicaspreliminares, intermédias eavançadas de espada, técnicasde campo de batalha, acções decombate contra samurai,acções nocturnas e corpo acorpo, e desembainho rápido).Estas são as manobras quediferenciam o Ninja de outrasartes marciais e que permitem-lhe sair do ponto de mira paranão ser nunca um alvo fixo nocampo de batalha.

REF.: • JH5REF.: • JH5

Todos os DVD’s produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVD nãocumpre estas exigências e/o a capa e aserigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.

Page 51: Cinturao Negro 196

Novidades DVD´s de Artes Marciais

PrEÇO:

35,00€

c/u

RE

F.: • A

LE

XP

1R

EF.

: • P

LA

NA

S2

RE

F.: • K

YU

SH

O16

O Kyusho vai além de fazer pressão em um pontovital determinado, tem a ver com as habilidades nocombate e suas realidades implícitas. Sua eficácia eadaptabilidade permitem ao praticante ir mais longedos simples batimentos, pontapés e agarres. Isto éespecialmente valioso em situações em que as

nossas possibilidades estão limitadas pelo espaço,como um omnibus, trem ou elevador. O que fazernesses casos? Neste DVD, o Mestre Pantazi realiza

um estudo avançado sobre a aplicação dacompressão e força direccional em diferentes partesdo corpo, para conseguir diversos resultados. Tantopuxando como empurrando, podemos controlar, ouaté incapacitar determinadas zonas mediante o

método da compressão. Podemos ver ideias similaresem alguns estilos Marciais, mas que ainda nãopossuem a quantidade de objectivos e métodospresentes no Kyusho. As compressões podem serperigosas e causar graves danos quando não

trabalhadas apropriadamente. Por favor, não tratemde fazer as técnicas aqui mostradas, porque sãopoderosas e potencialmente muito perigosas. EsteDVD foi realizado para isto ficar historicamente

avisado.

Alexandre Franca Nogueira, mais conhecido como“Pequeno” no circuito MMA, é Campeão invicto deShooto e o único lutador na história do Vale-Tudo emvencer 6 defesas consecutivas do título Lightweight,sendo conhecido no Japão como o Rei do Shooto.Uma trajectória única no MMA mundial com 12

vitórias (9 por finalização), 2 derrotas e 2 empates.Dotado de um talento natural para a luta e umatécnica depurada, Pequeno quis compartilhar

connosco parte de seu arsenal neste DVD, prestandoespecial atenção à sua temida guilhotina, com a qualfinalizou muitos de seus adversários. Com ajuda deseu aluno Julio César, também detentor de títulos na

Europa e no Brasil, Alexandre nos mostra, comexplicações dos principais detalhes para a suacorrecta execução, uma cuidadosa selecção de

técnicas em pé, no chão, derribamentos, projecções,maneiras de desfeitear, defesas e finalizações,

algumas delas desenvolvidas por ele mesmo. Umtrabalho especialmente recomendado para os

amantes das Artes Marciais Mistas e do Grappling.

No sistema do Kenpo do SGM Parker, todos os conceitos, regras e princípios demovimento existem para maximizar a eficácia do praticante. Por isso, o estudante

sério da arte não deve conformar-se com aprender simplesmente as técnicas, masdeve aprofundar nelas compreendendo e aplicando as ditas regras. O GMRichard "Huk" Planas foi designado por Parker como seu "supervisor dequalidade", visitando as diferentes escolas de Ed Parker's Kenpo distribuídaspelos E.U.A., para fazer a supervisão do que os instrutores ensinavam everificar se estava de acordo com os níveis de qualidade que o MestreParker exigia. O Mestre Planas é conhecido como o Instrutor deinstrutores, devido aos grandes conhecimentos que da arte possui e emseus seminários primam a qualidade e a compreensão da arte antes que aquantidade de material a trabalhar. Neste seu terceiro trabalho, o MestrePlanas põe em prática todos esses conhecimentos, demonstrando comose deve trabalhar o programa escrito uma vez assimilado. Sempreaprofundando nos motivos de cada movimento realizado, exemplificadiferentes variantes das técnicas, interligações, enxertos, extensões oufamílias, mostrando como encaixar de maneira magistral as diferentes peçasque constituem o sistema. O Kenpo em seu mais alto nível.

Todos os DVD’s produzidos por Budo International sãorealizados em suporte DVD-5, formato MPEG-2multiplexado (nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as mais restritas exigênciasde qualidade (tipo de papel e impressão). Também,nenhum dos nossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVD não cumpreestas exigências e/o a capa e a serigrafia não coincidemcom a que aqui mostramos, trata-se de uma cópiapirata.

Andrés Mellado, 4228015 - MadridTel.: (0034) 91 549 98 37Fax: (0034) 91 544 63 24E-mail: [email protected]

PEDIDOS: CINTURAO NEGRO

NOVIDADES

DO MÊ S!!!

Page 52: Cinturao Negro 196

50

Page 53: Cinturao Negro 196

51

“Pénis de Ferro”

“Trabalhando com o EspíritoMasculino em busca da Longevidade

e… de mais alguma coisa!!!”

Emilio AlpansequeTesto e foto:

Muitos especialistas consideram o Mestre TU JIN-SHENG um dos melhores expoentes a nível mundialde um método de trabalho com a energia, ou Qigong,conhecido como “Pénis de Ferro”, e todos ostestemunhos e estadísticas parecem confirmarsemelhante avaliação: puxar por um avião caça P-51Mustang de quase 4 toneladas de peso só com seusgenitais é apenas um de seus tantos talentos, poistambém é versado em artes marciais, medicinatradicional, pintura, caligrafia e música. Hoje, com 54 anos de idade, este mestre de origemtaiwanês é uma fonte obrigatória de consulta paraaqueles interessados em aprender acerca destesmétodos milenários na sua impressionante escola emLos Ángeles, Califórnia. Hoje, ele se dispõe aresponder às nossas perguntas, em exclusiva paraCinturão Negro.

Page 54: Cinturao Negro 196

52

Artes Internas

Cinturão Negro: Mestre Tu, em queconsiste o Qigong do Pénis de Ferro?Mestre TU JIN-SHENG: O Qigong do

Pénis de Ferro, ou Jiu Yang Shen Gong(Trabalho da Longevidade do EspíritoMasculino) é um sistema preventivo ecurativo, que combina princípios budistas etaoistas, externos e internos, dinâmicos eestáticos, provenientes de vários tratadosclássicos, como o Damo Xisuij ing(Purif icação da medula óssea deBodhidharma) ou a Jiuzhuan Neidan(Alquimia Interna das Nove Reversões) queleva incluído o treino progressivo delevantamento de peso com as nossas partesíntimas. Segundo a medicina tradicionalchinesa, o nosso corpo é uma parteindivisível do universo, assim como ummicro cosmos em si mesmo. A adaptaçãodo nosso organismo às diversas alteraçõesque se produzem no ambiente externo einterno é levada a cabo pelos nossossistemas nervoso e endócrino - em especialpelos nossos órgãos reprodutores - os quaisse encarregam da produção de hormonassexuais que se l iberam na correntesanguínea e percorrem o corpo ajudando aregular e manter os chamados três tesoiros:Jing (Essência de Vida), Qi (Energia) e Shen(Espírito). Por meio dos diversos métodos deexercitação do pénis e os testículos, tantoseja por meio de massagem, pequenosbatimentos, e levantamento de peso, seaumenta a produção de hormonas sexuais,assim como de espermatozóides, o queestimula o metabolismo de maneira global,aumentando assim a energia e a vitalidade,fortalecendo músculos e ossos, assim comoo sistema imunológico. Mas ainda há mais,este método permite melhorar enormementea nossa capacidade sexual. Isto éprecisamente o que diferencia este de outrosmétodos tradicionais de Qigong da saúde.

C.N.: A partir de quê idade se podecomeçar a praticar?M.T.: A prática específica do Qigong do

Pénis de Ferro pode começar a partir doinício da puberdade. No caso dos homens,após a primeira ejaculação com seménmaduro, que habitualmente tem lugar maisou menos aos 16 anos e no caso dasmulheres, após a primeira menstruação, aqual habitualmente tem lugaraproximadamente com 14 anos. Algumaspessoas iniciam a puberdade um poucoantes ou um pouco depois, mas antes decomeçar o dito processo, vários dosmeridianos de energia mais importantes docorpo ainda não foram desbloqueados e ashormonas necessárias ainda não sãosegregadas desde os órgãos de reprodução.Por conseguinte, antes da puberdade só se

podem praticar exercícios de Tongzigong(Trabalho de Virgem) e de Jinzhongzhao(Escudo do Sino Dourado). Mas vejam bem,as pessoas que começam a praticar Qigongdesde muito novos têm vantagens, tal é ocaso do meu filho mais velho Jack Tu (vercoluna destacada) a quem comecei aensinar desde os seis anos e quando fez 18,começou a trabalhar o Pénis de Ferro echegou levantar 25 quilos após três dias deprática. Em pessoas que começam maistarde, o progresso será mais lento, masnunca é tarde para começar. Zeng Zinan, umrespeitado mestre de Fengshui (GeomânciaChinesa) é meu aluno e começou a levantaraos 95 anos com muito êxito, hoje pareceum homem de 30 anos.

C.N.: Disse “as mulheres”?…M.T.: Sim. Obviamente as mulheres não

podem fazer uso directo deste método,posto que seus órgãos de reprodução sãodiferentes aos do homem. No entanto, eutambém ensino a versão feminina destesexercícios, ainda que o não faça muitofrequentemente. De facto, muitos anos atrás,no Taiwan, as ditas práticas eram muito malvistas, porque se pensava que aquilo eraqualquer coisa como uma habilidade paraprostitutas. Por isso só ensino a casais enunca a mulheres solteiras. O método serealiza mediante a inserção de um ovo dejade dentro da vagina e permitindo à mulherexercitar seu controlo primeiro muscular,para mais adiante passar a levantar peso. Oovo de jade vem com um cordel resistente,do qual podem chegar a pendurar até 25quilos. Depois, o peso é levantado e movidocomo um pêndulo, tal e como fazem oshomens com seus genitais.

C.N.: Muito interessante. Sabe-se dealguma contra-indicação deste método?Quem não pode praticá-lo?M.T.: O Qigong do Pénis de Ferro não tem

contra-indicações de nenhum género. Asúnicas pessoas que não podem praticá-losão aqueles homens que têm doençasvenéreas, hérnias inguinais directas ou

indirectas, ou naturalmente, aqueles comqualquer tipo de próteses de pénis. Aspessoas com hérnias inguinais, quando jáoperadas e sob supervisão, podem começara realizar levantamentos leves, semultrapassar os 15 quilos.

C.N.: E é preciso levantar centenas dequilos, como podemos ver em seusalunos?M.T.: É verdade que os meus alunos

podem levantar bastante peso. Mas não, ométodo curativo e preventivo só requerlevantar de 15 a 25 quilos todos os dias,durante um período de 30 a 60 minutos. Éconstância e assiduidade o que permitepotenciar a saúde e não o peso. Como umdesenvolvimento complementar, os meusalunos competem levantando peso. Tenhoalunos com mais de dez anos de prática queconseguiram levantar mais de 300 quilos. Amaior grau de Gongfu (habilidade), maior é opeso. Mas estas são práticas isoladas, quepoderíamos denominar “proezas” do Qigongdo Pénis de Ferro. Eu estou em busca daoportunidade de puxar de um aviãocomercial Boeing 747; já realizei os cálculosnecessários e tenho certeza que com 8homens puxando de cada roda podemosmover juntos a estrutura de 18 toneladas.

C.N.: E estas “proezas” se realizam como pénis em estado de erecção?M.T.: Não, quando preparamos o nosso

tecido de seda e o ajustamos devidamenteem volta do pénis e os testículos, paradepois pendurar o gancho metálico, o pénisse mantém em estado flácido. Não obstante,os tecidos cavernosos e a sua capacidadede acumular sangue estão sendopotenciados com o exercício e com isso omembro, tanto em estado flácido como emerecção, aumentará seu tamanhoconsideravelmente.

C.N.: Então, o tamanho do pénis podeser aumentado?M.T.: O corpo humano é uma entidade

viva que muda constantemente, não é umobjecto inanimado. Quando se é jovem esaudável, as erecções são invariavelmenterígidas. Mas com o passar dos anos,conforme se vai envelhecendo, a tal rigideztambém declina paulatinamente. Nãoobstante, por meio da prática do Qigong doPénis de Ferro podemos atrasar esteprocesso natural de envelhecimento einclusivamente melhorar as funções sexuais,garantindo um pénis em erecção maior edifícil de dobrar. Após mais de trinta anos deexperiência eu próprio tenho podidoconfirmar os resultados em centenas dealunos e também na minha pessoa.

“Cinturão Negroavisa:

Não praticar esta técnica sem

supervisão de um Mestrereconhecido!”

Page 55: Cinturao Negro 196

53

Page 56: Cinturao Negro 196

54

C.N.: Na sua escola podemos observar uma grandequantidade de máquinas e pesos modernos. São partedo treino tradicional de Qigong?M.T.: O uso de máquinas de musculação, assim como de

barras, parelhas e outros equipamentos, é também parteimportante do nosso sistema de trabalho. Se bem é certoque algumas destas máquinas são modernas y que nem emtodas a maneira de trabalhar nelas é tradicional. Nãobuscamos a halterofilia nem o culturismo, trata-se deequilibrar e reforçar o corpo para potenciar os métodos deQigong. Acções como bater nas costas e nos lados docorpo contra uma placa ou perdurar-nos pelos braços earquear a coluna vertebral são exercícios que nos ajudam aabrir os canais de energia em circulação no nosso corpo,mediante a contracção de determinados músculos, numasequência específica. Da mesma maneira que a massagem,as compressões, as agulhas da Acupunctura, a electro-estimulação ou inclusivamente o pensamento podem ajudara corrigir os níveis de energia que circula pelos canais oumeridianos do corpo, o levantamento de pesos que nósrealizamos também age da mesma maneira, permitindoeliminar excesso de cargas ou desequilíbrios de energia elibertar estancamentos, ao mesmo tempo que reforçar otom da musculatura do corpo.

C.N.: Que opinião lhe merecem as rotinas de Qigongda Saúde promovidas pelo governo chinês?M.T.: Desde 1949, a China Continental tem atravessado

muitos problemas e perdas em praticamente todas as áreasda cultura tradicional. Durante a revolução cultural (1966-76)foram queimados muitos escritos e a China perdeu grandeparte do seu património, pois os comunistas pensavam queisso era o que paralisava o país. Os métodos de QigongTradicional que tinham sido transmitidos durante séculos,de geração em geração, entre muitas outras coisas,

deixaram de poder ser praticados abertamente, tendo queser resgatados muitos anos depois por estudiososcontemporâneos. Enquanto isto acontecia na ChinaContinental, na ilha de Taiwan este não foi o caso. Osmétodos de Qigong que eu ensino, como o Wuqinxi (Jogodos Cinco Animais), o Yijinjing (Clássico das Mudanças deMúsculos e Tendões), o Baduanjin (Oito Peças de Brocado),o Huashan Shuigong (Qigong Dormente da Montanha Hua)entre outros, são métodos integrais de saúde que nãoincluem só as rotinas propriamente ditas, que chegaram atémim directamente por transmissão tradicional de meusmestres. Por exemplo, o Baduanjin que eu ensino se dividepor sua vez no Baduanjin marcial, que cultiva a energia comfins de autodefesa e fortalecimento físico, e o Baduanjinmédico, que se encarrega das funções preventivas eterapêuticas. São versões muito antigas que não foramrefinadas nem sintetizadas por nenhum ‘comitécontemporâneo’.

C.N.: Mas eles dizem ter documentos originais quesobreviveram à revolução cultural.M.T.: É possível, não ponho em dúvida, mas tanto os

métodos de Qigong como as artes marciais se diferenciamde outras formas de arte, como pode ser a pintura ou acaligrafia, em que hoje não podemos ver um mestre de 150anos atrás realizando os movimentos e explicando asfunções internas e externas de cada um deles, enquantoque podemos ver um quadro antigo e apreciar grande parteda sua beleza. Na minha biblioteca privada, eu tambémtenho autênticas jóias que tenho ido coleccionando no quediz respeito ao Qigong antigo. No entanto, devemoscompreender que grande parte da transmissão tradicionalnestas áreas é oral. Sem este contacto oral de mestre adiscípulo, muito temo que se pode perder, posto que nemtudo se pode explicar textualmente em um manual. Além

JACK TU - Filho do “Pénis de Ferro” eDiscípulo de Jackie Chan

O incombustível Jack Tu, filho do Mestre Tu Jin-Sheng, foi ovencedor do concurso televisivo chinês denominado “The Disciple”, tornando-se assim o autêntico primeirodiscípulo de Jackie Chan. Treinado directamente por seu pai,Jack foi seleccionado de entre quase cem mil jovens de todoo mundo, após destacar em todo género de provas deactuação, ginástica, música, e claro está, artes marciais. É Natural! De tal pai tal filho! Actualmente, Jack Tu leva maisde dois anos seguindo seu mestre Jackie Chan mundo afora,aprendendo tudo quanto tem a ver com o mundo do cinemade acção.

Page 57: Cinturao Negro 196

55

disto, durante as diferentes etapas da históriada China, antigos manuais foram copiados ereeditados muitas vezes, perdendo-se noprocesso valiosa informação por inúmerasrazões.

C.N.: Então, fica descartada apossibilidade de aprender Pénis de Ferropor conta própria?M.T.: Não exactamente, o método completo

está dividido em secções, as quais podem seraprendidas sob a supervisão de um versadoprimeiro, e depois praticadas em casa, comounidades independentes. Também temosmaterial multimédia que pode ajudar àquelesestudantes que não tenham um especialistaperto. Mas não se trata de cursos virtuais nemmuito menos, é necessário receber instruçãodirecta durante um determinado tempo, paradepois poder aplicar o aprendido sem aassistência do mestre. Recebo na minhaescola alunos de muitas partes do mundo eproporciono-lhes tudo o que lhe faz faltadurante a sua estadia, para permitir seuavance na aquisição e descoberta dosconhecimentos, consoante as suas

possibilidades individuais. Assim voltam paracasa e mais adiante, quando estão preparadospara continuar com os seus estudos, recebo-os novamente.

C.N.: Exige este método o controloabsoluto da ejaculação?M.T.: Não, é tudo ao contrário, os praticantes

podem e devem manter relações sexuais comtoda normalidade e em nenhum momento fazfalta a retenção do esperma. Eu próprio tenhoquatro filhos. Recentemente, um aluno danossa escola foi novamente pai contando 82anos de idade.

C.N.: Lamentavelmente acabou o nosso otempo. Alguma mensagem para encerrar aentrevista?M.T.: Quero desejar a todos saúde e

longevidade, assim como agradecer o vossointeresse em escrever acerca destes métodostradicionais, que de não serem promovidos epraticados correctamente, poderiam chegar adesaparecer. Em caso de terem qualquerdúvida ou pergunta, não deixem de visitar aminha página Web: www.mastertu.com.

Page 58: Cinturao Negro 196

uay Thai, a ciência do emprego racional das9 armas principais do corpo humano: 2mãos, 2 cotovelos, 2 joelhos, 2 pernas e acabeça. Graças a anos de preparaçãopsicofísica, o verdadeiro thai boxer consegue

transformar seu próprio corpo numa autêntica arma e é capazde utilizar para atacar ou defender-se as próprias partes da suaanatomia preparadas como maças, machados, lanças, pedrasou escudos. Na realidade, ainda que em maior maneira estaimagem dos Nak Muay (ou thai boxers) pertença ao quedurante séculos tem sido o objectivo a alcançar por parte detodos os praticantes do Muay, na tradição siamesa sempreexistiram duas correntes estilísticas bem definidas, que utilizamduas maneiras de ver diferentes para conseguir o mesmoobjectivo: a eficácia absoluta no combate a mãos nuas.

A primeira destas correntes e maneira de ver é a do MuayLak, a qual, usando uma terminologia util izada pelosestudiosos das artes marciais chinesas, se poderia definirtípica dos estilos “duros”. A este grupo pertencem entreoutros os estilos regionais do Muay Korat, Muay Lopburi, eMuay Pranakorn; as técnicas destes três estilos são a basedo Boxe Tailandês moderno que agora se pratica na Tailândiae no resto do mundo.

Mas o Muay Thai Boran não está representado só pelosestilos “duros”; a outra “metade do céu” no caso da ArteMarcial siamesa a mãos nuas está constituída pelas correntesestilísticas “suaves” ou Muay Kiao. Sem dúvida, o estilo maisconhecido deste grupo é o Muay Chaiya, que passou a sercélebre nos anos 70 devido ao Grão Mestre Keat Sriyabhaya;também as técnicas do mítico Rei dos Macacos Hanuman oudo Asceta (Luesee) fazem parte deste grupo.

Um verdadeiro especialista de Muay Boran não podeprescindir do estudo das duas maneiras de ver a arte, ambasnecessárias e complementares como o dia e a noite (Yin eYang), pois constituiria uma importante falta na sua própriabagagem técnica. Do Muay Lak terá de adquirir a potênciaaniquiladora dos ataques com pernas e braços e os métodosexperimentados durante séculos para pôr em condiçõestíbias, joelhos e braços e faze-los duros como o ferro. DoMuay Kiao terá que aprender a evitar a força do adversárioabsorvendo o ataque e a responder às agressões comacções imprevisíveis, rápidas e “envenenadas” que derrotemtambém um adversário mais forte e potente.

Vamos ver seguidamente, as características do maisimportante representante da corrente estilística Muay Lak, oMuay Korat.

Lugar de origem do estilo

Nakhon Ratchasima, frequentemente chamado Korat ouKhorat, é uma das províncias do Nordeste de Tailândia.

As províncias vizinhas são Chaiyaphum, Khon Kaen,Buriram, Sa Kaeo, Prachinburi, Nakhon Nayok, Saraburi,Lopburi. A capital da província é a cidade NakhonRatchasima, situada no distrito de Mueang NakhonRatchasima. Esta província ocupa grande parte do planalto doNordeste do país e se encontra a uma distancia de 259km deBanguecoque. Tem uma superfície de uns 20 mil quilómetros

quadrados, que a faz a maior das províncias da Tailândia. Érica em cultura Khmer e tem uma história muito antiga. A zonaem volta de Korat já era um importante centro em tempos doImpério Khmer, no século XI, como se pode ver nas ruínas dotemplo Phimai, hoje transformado em parque histórico. Achamada “Cidade Nova Nakhon Ratchasima” que éamuralhada, foi construída no século XVII por ordem do Reidos dayutthaya, Narai, como o mais oriental “destacamentode mando” para vigiar as fronteiras do reino com seusvassalos os Reinos de Laos e Camboja. Nakhon Ratchasimadepois continuou sendo o mais importante centro político eeconómico da região Oriental do Norte.

Nascimento do estilo e evolução técnica

O primeiro patriarca do Muay Korat foi Phra Hensamahan,que também codificou as formas melhor articuladas ecoerentes do estilo, cuja história se perde nas tradições doSudeste asiático. Diz-se que as origens do seu estilo devemser pesquisadas nas técnicas marciais desenvolvidas naCamboja mais antiga, durante o Reinado dos Khmer. Dosnossos estudos concluímos que a base do Muay Khorat seriaa mítica Arte Marcial de Dangkor Wat, sede da antiga capitaldo Império Khmer, cuja cultura tanto influiu nos habitantes dazona de Khorat. Os períodos da evolução do estilo são quatro,o primeiro vai do reinado de Rama I até Rama IV. A históriamais recente conta que durante o reinado de Rama V, umaluno de Phra Hensamahan, de nome Deng Thaiprasert,proveniente da província de Nakhon Ratchasima, se distinguiuem um torneio organizado no Edifício do Palácio Real, porocasião da cerimónia de incineração do Príncipe U-Ru-PongRatchasompotch. Em presença do Rei venceu lutando contraadversários provenientes de várias províncias do país,suscitando a admiração real. Recebeu como prémio o grau decavaleiro da guarda real e foi chamado Meun Changat CherngChok (Cavaleiro da táctica de combate destacada). O nomefaz referência à mestria no emprego de uma das técnicastípica o estilo Korat, os mortais punhos em rotação WiangKwai ou Punho do Búfalo. Junto com os pontapés em rotaçãoTae Ken Kor, que têm como alvo as partes laterais dopescoço, o Punho do Búfalo contribuiu a criar a lenda dainvulnerabilidade deste estilo que por meio das sucessivastransformações decorridas durante várias décadas, constituiua base técnica do Boxe Tailandês moderno.

A pesar da forte propensão ofensiva dos Korat Boxers,inicialmente o praticante realizava a sua aprendizagempartindo uma correcta posição da guarda e do estudo doritmo dos passos, com objectivos de ataque e defesa; osmovimentos que ainda se executam nas Ram Muay (dançasguerreiras) deste estilo, se utilizavam para ensinar ao adeptoa relacionar-se com o espaço em redor, reduzindo aspossibilidades de manobra do adversário, enquanto defendiaa sua própria área vital. Para fazer isso, o Korat boxer, assimcomo os praticantes dos outros estilos, passavam longashoras melhorando sua posição no combate, sincronizando otrabalho de cobertura efectuado por braços e pernas com osdeslocamentos, estes últimos sempre executados commudanças de ritmo, destinadas a surpreender o adversário.

56

M

O Muay Korat: Análise do estilo mais poderoso dos Muay Boran

Page 60: Cinturao Negro 196

58

CompressõesComo já avançamos no nosso estudo do Kyusho,

descobrimos que ele vai mais além de apertar ou pressionarum ponto vital determinado; tem a ver com as habilidades nocombate e as suas realidades implícitas. A sua eficácia eadaptabilidade permitem ao praticante ir além dos simplesbatimentos, pontapés e inclusivamente dos agarres. Istotambém permite-lhe perceber os factores que limitam, comoo estresse e outros elementos ambientais e de situação, queimperam em um conflito real. Para uma melhor compreensão destas matérias, pensem

em situações em que possam estar em um lugar cheio degente, como um estádio, tratando de sair no fim de umevento. Ou por exemplo, em um autocarro, trem ou elevadorapertados por gente em seu redor. Dar pontapés e socos éimpossível, fazer chaves é difícil devido à proximidade. O quefazer então? Como se pode controlar a situação emsemelhantes circunstâncias?

Page 63: Cinturao Negro 196

61

Puntos Vitales

CompressõesAí é onde o Kyusho surge como um elemento

valioso, naquelas situações em que são limitadas aspossibilidades para lutar na maneira habitual. Umaspecto importante a tratar é o estudo maisavançado, assim como a aplicação da compressão eforça direccional para conseguir diversos resultados.Tanto seja puxando como empurrando, podemoscontrolar ou incapacitar determinadas zonasmediante o método da compressão. O que significaque a compressão não é uma simples pressão de umponto vital mas sim uma maneira mais específica; éuma acção para fazer uma pressão em ângulo nadirecção a uma zona anatomicamente débil. Épossível ver algumas ideias similares em algunsestilos Marciais, mas que ainda não abrangem osobjectivos e métodos que se encontram no Kyusho.Um exemplo destas compressões convencionais é

o que se conhece como estrangulação e que seexecuta na zona do pescoço. Um método consisteem interromper dramaticamente a entrada de ar nocorpo do oponente, o que provoca nele um desmaio.No entanto, isto leva muito tempo, durante o qual ooponente pode contra-atacar, o que pode provocaro nosso esgotamento e fazer que a nossatentativa de ataque seja infrutuosa. O métodomais rápido para cortar o abastecimento de arao cérebro provoca inconsciência no prazode 5 a 10 segundos. Isto faz-se geralmentede duas maneiras, apertando com a própriaroupa do oponente o seu pescoço, ouagarrando-o por detrás. Aqui temos denovo um período de luta, especialmentese o oponente nos agarra ou bateviolentamente para tratar de escapar.Outra limitação das estrangulações éque se precisa de força e resistênciapara manter o agarre enquanto ooponente, levado pelo pânico, reagede maneira instintiva para sobreviver.

Outro tipo de técnicas decompressão comuns no grapplingsão as técnicas de manipulação dearticulações ou técnicas de pressãodas extremidades. Um exemplodestas técnicas é a técnica depressão de alavanca sobre otendão de Aquiles, que seconhece como técnica dedeslocação do tornozelo.Agarrar a perna dooponente que noslança um pontapé egirar a sua perna é

difíci l e perigoso, devido ao tempo e à forçanecessários para causar dor. Os factoresintervenientes na realização destas técnicas sãomanter a posição e a base para poder aplicá-las compotência, enquanto o oponente mantém sua posiçãoe resiste bravamente, ou no caso de nosenfrentarmos a múltiplos oponentes. Então, o quepodemos fazer?De que se necessita para incapacitar

profundamente o nosso oponente em um curtoperíodo de tempo?…

Um elemento do Kyusho, a compressão de pontos vitais O segredo reside numa curta e ponderosa acção

de pressão para poder ter acesso ao nervo de umamaneira apropriada, ao nervo ou a outra estrutura daanatomia, no ângulo e duração correctos. Devemostambém contra-atacar com a arma certa, paramediante o uso da acção da compressão afectar àestrutura vital de uma maneira efectiva e causar aincapacitação. Certas posições dos nós dos dedos,dos antebraços e especialmente dos cotovelos, sãoa melhor escolha; também se podem usar os pés eos joelhos, mas é muito mais dif íci l devido àhabilidade, pontaria e potência que são necessáriaspara a acção de comprimir. Os dedos não sãorealmente uma arma viável, devido ao tamanho damão e a força, especialmente se nos enfrentarmos aum oponente mais alto.Os objectivos do Kyusho não visam só incapacitar

mediante a força de ruptura, tal e como já temosvisto nas aplicações para bater, dar pontapés eagarrar. O segredo para comprimir é a direcção doângulo. O ângulo é “geralmente” usado paracomprimir a estrutura vital subjacente (o objectivoKyusho) contra a superfície mais dura de um osso.Claro está que há excepções, mas para a maioriadas zonas, quando se comprime o objectivo,rapidamente os resultados são muito diferentes epodem também ser aplicados em objectivos maismoles.Na compressão podemos ter uma maior

capacidade para a transferência da energia que como batimento convencional, visto que na transferênciada energia cinética, massa e velocidade estão maisconcentradas e dirigidas. Vamos usar como exemploum simples batimento nas costelas; a força sedispersa por uma grande massa de pele, músculo eossos. Entretanto, se situamos o cotovelo em umponto entre duas costelas, cobrindo um nervo ecomprimindo com a mesma força que com umbatimento, a transferência da energia cinética

Page 64: Cinturao Negro 196

62

concentrada e dirigida conseguiria umamaior penetração e uns resultados maispotentes.Quanto mais rápida seja a acção de

comprimir (comparada com a metodologiada pressão e o agarre), mais concentradaserá a transferência da energia. Istotambém provoca que o efeito deincapacitação seja maior. Paracompreender bem isto vamos voltar àaplicação do estrangulamento por detrás, jávista anteriormente. Se por exemplo nossituamos para pressionar o ponto ST-9 nacarótida sinus e apertamos com força como antebraço sobre a artéria subjacente,mantendo a pressão, o oponente poderáexercer uma tensão nos músculos dopescoço, pondo mais força na superfície enos tensos músculos do pescoço. Noentanto, se o apertarmos rapidamente, nãoterá tempo suficiente para pôr em tensãoos músculos, o que permitirá uma maiorpenetração e alcançar a artéria. O indivíduopoderia ser capaz de lutar um pouco, masde uma maneira muito limitada e durantepouco tempo, posto que rapidamente vaicair inconsciente.Agora bem, para perceber o conceito

direccional necessita-se de mais; setambém juntarmos uma pressão para

baixo, isto incapacitaria o indivíduo,debilitando seus braços e todo o seu corpo,permitindo uma compressão mais profundasobre a artéria, a qual limita a capacidadedo oponente para lutar.Para desenvolver um bom poder de

pressão faz-se necessário usar acontracção dos músculos, mas não sedevem usar os músculos como se usa obíceps na técnica de estrangulaçãoanteriormente dita. O praticante precisaráfazer uma constrição de todo o seu corpode maneira concentrada e rápida. Isto nãoé difícil, mas requer de prática, visto que adita constrição será diferente, dependendoda arma utilizada e da posição do objectivo.Por precaução é necessário dizer que o

uso do método da estrangulação podecausar danos sérios prolongados oumesmo irreversíveis, pelo que não se

recomenda a sua prática. Por exemplo,após a manipulação da carótida sinus podeocorrer um derrame cerebral devido àsplacas instáveis. Isto pode sucederinstantaneamente ou decorrido um tempo eprovavelmente por esta razão, esta técnicaem especial é chamada “o toque da morte”.Realizamos um DVD com algumas

compressões em diferentes partes docorpo, para poderem conhecer isto comuma maior profundidade e ver os resultadosimediatamente. As compressões podem serperigosas e causar graves lesões quandonão trabalhadas apropriadamente. Todoaviso é pouco no sentido de não trataremde fazer as técnicas mencionadas nesteartigo ou no DVD, pois são poderosas epotencialmente perigosas, tendo sido estestrabalhos realizados para que istohistoricamente constasse.

“Realizamos um DVD comalgumas

compressões emdiferentes partes docorpo, para poderemconhecer isto com

uma maiorprofundidade e ver

os resultadosimediatamente”

Page 66: Cinturao Negro 196

Sensei Juan Hombre, o qual, após ter treinado desde 1983 com osprincipais versados em disciplinas referentes ao Ninjutsu, iniciou umaaventura fascinante de pesquisa por terras Ninjas de Koga, Konan e Iga,onde descobre o último herdeiro ainda vivo do Ninjutsu Japonês, que oaceita como seu aluno e primeiro ocidental do seu Kenshujo. É ele o 21ºSoke de Koka Ryu, o Grão Mestre e Herdeiro Legítimo JinichiKawakami. Após 9 anos viajando ao Japão e instruindo-se com esteGrão Mestre, Juan Hombre recebeu o primeiro Densho “Ten No Maki”entregado a um estrangeiro, junto com o amuleto da família BAN e umselo pessoal para assinar com o nome que anos atrás lhe foi dado peloSoke Jinichi Kawakami, Onbure (Grande Guerreiro do Espírito).

O que se ensina neste livro de Iga Ryu Ninjutsu, refere-se ao uso docombate sem armas, o que no Japan Ninjutsu se conhece como AtemiTaikenjutsu, a antessala do Atemi Goroshi “A Arte Secreta do CombateNinja”.

Livro editado em Espanhol, Francês, Alemão e Italiano

Andrés Mellado, 4228015 - MadridTel.: (0034) 91 549 98 37Fax: (0034) 91 544 63 24E-mail: [email protected]

PEDIDOS: CINTURÃO NEGRO

Novo Livro!

Preço: 19€

Page 67: Cinturao Negro 196

Alexandre Franca Nogueira, mais conhecido como “Pequeno”no circuito MMA, é Campeão invicto de Soou e o único lutadorna história do Valentino em vencer 6 defesas consecutivas dotítulo Limitadinha, sendo conhecido no Japão como o Rei doSoou. Uma trajectória única no MMA mundial com 12 vitórias (9por finalização), 2 derrotas e 2 empates. Dotado de um talentonatural para a luta e uma técnica depurada, Pequeno quis

compartilhar connosco parte de seu arsenalneste DVD, prestando especial atenção à

sua temida guilhotina, com a qualfinalizou muitos de seus adversários.

Com ajuda de seu aluno JúlioCésar, também detentor de títulos

na Europa e no Brasil, Alexandrenos mostra, com explicaçõesdos principais detalhes para asua correcta execução, umacuidadosa selecção detécnicas em pé, no chão,derribamentos, projecções,maneiras de desfeitear,defesas e finalizações,algumas delasdesenvolvidas por elemesmo. Um trabalho

especialmente recomendadopara os amantes das Artes

Marciais Mistas e do Grappling.

REF.: • ALEXP1REF.: • ALEXP1

Todos os DVD’s produzidos por BudoInternational são realizados em suporteDVD-5, formato MPEG-2 multiplexado(nunca VCD, DivX, o similares) e aimpressão das capas segue as maisrestritas exigências de qualidade (tipo depapel e impressão). Também, nenhum dosnossos produtos é comercializado atravésde webs de leilões online. Se este DVDnão cumpre estas exigências e/o a capa ea serigrafia não coincidem com a que aquimostramos, trata-se de uma cópia pirata.