cca - 034 ciclo do carbono

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECÔNCAVO DA BAHIA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÀRIAS AMBIENTAIS E BIOLÓGICAS CCA-034 : BIOLOGIA DO SOLO AULA No 02 TEMA: CICLO DO CARBONO PROF. MARIA DE FÁTIMA DA SILVA PINTO PEIXOTO MARÇO DE 2008

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ciclo do carbono

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    UNIVERSIDADE FEDERAL DO RECNCAVO DA BAHIA CENTRO DE CINCIAS AGRRIAS AMBIENTAIS E BIOLGICAS CCA-034 : BIOLOGIA DO SOLO AULA No 02 TEMA:

    CICLO DO CARBONO PROF. MARIA DE FTIMA DA SILVA PINTO PEIXOTO

    MARO DE 2008

  • 2

    Transformaes do Carbono no Ambiente 1. Aspectos gerais 2. Principais converses no ambiente 3. A matria orgnica e suas fraes 4. Cintica da Decomposio da matria orgnica 5. A relao C/N 6. Processo de Humificao 1. Aspectos gerais

    O carbono um dos principais elementos para os seres vivos, pois, o

    componente fundamental das molculas orgnicas. Os teores de carbono total

    da biomassa variam de 50 a 55% com base na sua matria seca. Tomando-se

    a bactria Escherichia coli como um referencial da composio de biomassa

    microbiana, podemos observar que a sua composio elementar com base no

    peso da sua matria seca mostra aproximadamente 50% carbono, 20%

    oxignio, 14% nitrognio, 8% hidrognio, 3% fsforo, 1% enxofre e 2,75% de

    outros elementos tais como potssio, clcio, magnsio, cloro, ferro e de

    microelementos incluindo mangans, cobalto, cobre, zinco e molibdnio. A

    figura abaixo representa graficamente esta composio.

    A distribuio do carbono na superfcie terrestre (Biosfera) e em

    profundidades de at 16 km (Quadro 8), reflete um delicado equilbrio entre os

    Composio (%) da Biomassa Bacteriana

    50%

    20%15%

    8% 3%

    1%

    2%

    1%

    7%

    Carbono (C)

    Oxigenio (O)

    Nitrogenio (N)

    Hidrogenio (H)

    Fosforo (P)

    Enxfre S

    Potssio K

    Ca,Cl, Mg,Fe,Micro

  • 3

    diversos reservatrios considerados. Pode-se observar que a quantidade de

    carbono no solo, em termos de matria orgnica, excede a quantidade

    encontrada em todos os reservatrios superficiais combinados. Entretanto, este

    reservatrio de carbono do solo pequeno quando comparado com o carbono

    total contido nas formaes sedimentares. A tabela seguinte ilustra as

    dimenses dos reservatrios de carbono na biosfera e em profundidades at

    16 km:

    Reservatrio de C [C] x 1011 ton % Total Biosfera (100)

    Atmosfera 7,0 9.7 Biomassa 4,8 6.3 guas continentais 2,5 3.5 Marinho 5,0 a 8,0 11.0 Mat. Orgnica do solo 30 a 50 70,0

    Profundidade ( ate 16 Km) (100) Detritos orgnicos (Mar.) 30 0,00037 Petrleo 100 0,00050

    Marinho (abissal) 345 0,00170 Sedimentos 200.000 99,763

    Assim, a maior parte do carbono no est em circulao mas, em

    sedimentos inorgnicos e produtos de armazenamento tais como: carbonatos

    em rochas e compostos orgnicos contidos no carvo e petrleo. O carbonato

    solvel pode ser precipitado pela ao de vrios organismos, tais como corais,

    crustceos e moluscos com esqueletos carbonceos. As algas podem,

    tambm, precipitar o carbonato durante a fotossntese.

    O carbono encontrado na atmosfera na forma de CO2 representa apenas

    uma pequena frao (9,7%) do carbono em circulao na biosfera. A

    quantidade de carbono contida na biomassa (6,3 %) menor que aquele

    contido na atmosfera. Entretanto, os teores de carbono contido na biomassa

    variam de 40 a 55%, diferindo substancialmente dos teores de carbono (CO2)

    encontrados na atmosfera (0,03% por volume). Isto evidencia a operao de

    mecanismos altamente concentradores de carbono em determinadas fraes

    de biomassa. Estes mecanismos concentradores de carbono so

    representados pelos processos autotrficos da fotossntese e quimiossntese,

    realizados tanto por plantas quanto microrganismos. Deste modo, estes

  • 4

    processos representam, numa primeira etapa, uma imobilizao do carbono

    atravs do CO2. Por outro lado, o carbono est sendo continuamente devolvido

    atmosfera atravs da oxidao da matria orgnica, representados elos

    processos de respirao e combusto, processos estes denominados de

    mineralizao da matria orgnica. Assim, os teores de carbono total na

    atmosfera e da superfcie terrestre, dependem de um delicado equilbrio

    entre processos de imobilizao (reduo) e mineralizao (oxidao) do

    carbono.

    O equilbrio entre os processos de imobilizao e mineralizao do

    carbono vem sendo alterado desde o advento da revoluo industrial no sculo

    XIX. Desde aquela poca, os teores de CO2 na atmosfera vem aumentando

    significativamente, provenientes, principalmente, da queima de combustveis

    fsseis. Parte do CO2 assim produzido pode ser absorvido pelos oceanos como

    HCO3 e/ou fixado na biomassa de plantas. Entretanto, a capacidade

    tamponante limitada de CO2 dos oceanos juntamente com o desmatamento

    sem a devida reposio de culturas, vem criando as condies para o

    surgimento do efeito de estufa, resultando em alteraes sazonais

    significativas na superfcie terrestre, devido ao acmulo crescente de CO2 e

    CH4 na atmosfera.

    O QUE O CICLO DO CARBONO?

  • 5

    This carbon cycle diagram shows the storage and yearly changes of the carbon

    between the atmosphere, hydrosphere and geosphere in Gigatons - or billion tons - of

    Carbon (GtC). Humanity adds about 5.5 billion tons of carbon dioxide per year, most of

    which goes directly into the atmosphere.

    Diagram of the carbon cycle. The black numbers indicate how much carbon is

    stored in various reservoirs, in billions of tons ("GtC" stands for GigaTons of Carbon).

    The blue numbers indicate how much carbon moves between reservoirs each year.

  • 6

    The Carbon Cycle is a complex series of processes through which all of the carbon

    atoms in existence rotate.

    Plants, animals, and soil interact to make up the basic cycles of nature. In the

    carbon cycle, plants absorb carbon dioxide from the atmosphere and use it, combined

    with water they get from the soil, to make the substances they need for growth. The

    process of photosynthesis incorporates the carbon atoms from carbon dioxide into

    sugars. Animals, such as the rabbit pictured here, eat the plants and use the carbon to

    build their own tissues. Other animals, such as the fox, eat the rabbit and then use the

    carbon for their own needs. These animals return carbon dioxide into the air when they

    breathe, and when they die, since the carbon is returned to the soil during

    decomposition. The carbon atoms in soil may then be used in a new plant or small

    microorganisms. Ultimately, the same carbon atom can move through many organisms

    and even end in the same place where it began. Herein lies the fascination of the carbon

    cycle; the same atoms can be recycled for millennia!

  • 7

    Resumo das principais converses do carbono no ambiente

    A frao orgnica

    Na biosfera o carbono encontrado na forma orgnica, caracterizada na

    forma de CH ou CHO com ligao covalente C-C onde a energia luminosa ou

    qumica armazenada. Os principais compostos orgnicos naturais, so

    aqueles encontrados na biomassa tanto de plantas como de animais. As

    plantas e microrganismos fotoautotrficos responsveis pela produo primria

    nos diversos ecossistemas constituem os principais fornecedores de matria

    prima para a formao da matria orgnica no ambiente.

    Principais constituintes orgnicos de plantas:

    Constituinte % Peso mateira seca Celulose 15 a 60 Hemiceluloses 10 a 30 Lignina 5 a 25 Frao solvel gua (Aucares simples, aminoacidos, cidos orgnicos)

    1 a 5

    Frao solvel lcool ( Gorduras, leos, graxas, resinas, pigmentos)

    1 a 10

    Protenas 1 a 8 Substancias de reserva (Amido) 1 a 30

    Sob a denominao genrica de matria orgnica incluem-se uma grande diversidade de materiais e compostos, sendo a maior parte originria de material vegetal na forma de biomassa, resduo orgnicos ou simplesmente material orgnico que incorporados ao ambiente so processados pela

    8

  • 8

    microbiota at a sua estabilizao na forma de compostos hmicos complexados. Assim, alguns termos utilizados devem ser aqui discutidos:

    Biomassa refere-se material biolgico fresco ou com vida derivado de qualquer ser vivo, como por exemplo uma rvore recm cortada, folhas recm colhidas, insetos ou microrganismos.

    Resduo orgnico natural, refere-se principalmente biomassa j morta ou em incio de decomposio. Geralmente muito difcil a separao fsica ntida entre biomassa e resduo.

    Material orgnico natural, geralmente refere-se aos a um tipo especfico de resduo ou, tambm, aos componentes orgnicos presentes na biomassa ou resduos orgnicos, tais como amido, celulose, hemiceluloses, quitina, etc.

    Matria Orgnica Resduos ou material orgnico j processado e complexado no ambiente. Geralmente tomado como sinnimo de Hmus, no seu estgio de processamento final e j estabilizado.

    Xenobitico refere-se a compostos orgnicos artificialmente produzidos e que podem constituir uma frao do resduo orgnico presente em um ambiente.

    Recalcitrncia o termo que descreve a resistncia a transformaes ou decomposio de uma determinada molcula ou resduo orgnico.

    Transformaes da matria orgnica: O Ciclo da matria Orgnica

    Nos diversos ambientes as transformaes do carbono seguem os

    princpios gerais que regem a construo de uma cadeia alimentar. Os

    produtores primrios, so, principalmente, plantas superiores, cianobactrias e

    algas. As bactrias fotossintticas e os microrganismos quimioautotrficos

    contribuem muito pouco para a fixao global do carbono, embora possam

    apresentar contribuies significativas em determinados ambientes ou habitat

    especficos. Os microrganismos consumidores so representados pelos

    protozorios, bactrias, fungos e actinomicetos que apresentam atividade

    predominantemente heterotrfica.

    Qualquer resduo orgnico natural constitudo por uma frao orgnica

    e outra inorgnica. A frao orgnica, pode ser determinada pelo mtodo da

    incinerao em mufla, onde uma determinada alquota da matria seca do

    resduo pesada e em seguida incinerada. As cinzas representam a frao

  • 9

    mineral ou inorgnica enquanto a diferena (Matria seca original cinzas)

    representa a frao orgnica do resduo. A determinao do carbono orgnico

    (C-org) total desta frao orgnica pode ser realizada pela seguinte

    transformao (utilizando o valor mdio de contedo de C na frao orgnica

    de aprox. 58 % = 1/1.724) :

    O Carbono orgnico (C-org) representa a maior parte do carbono no

    ambiente, podendo ser dividido basicamente em trs componentes:

    Carbono disponvel (C-disp)

    Carbono recalcitrante (C-rec)

    Frao hmica.

    O carbono disponvel (C-disp) aquele que representa a principal

    fonte de carbono para a microbiota ambiental, como o amido, celulose,

    hemiceluloses, aminoacidos etc. Se considerarmos somente a frao orgnica

    de um resduo, o carbono disponvel deve representar em torno de 40% da sua

    massa seca, ou seja: (58% contedo mdio de C da frao orgnica x 70%

    frao disponvel do C org total). O Carbono Recalcitrante representa aquela

    frao que no pode ser imediatamente utilizada como fonte de carbono pela

    microbiota e que tende a permanecer mais tempo no ambiente, representado

    principalmente pela lignina, pigmentos, resinas e ceras (carbono insolvel em

    gua). A frao hmica resultante de transformaes complexas desse

    carbono recalcitrante formando o que se denomina genericamente de hmus.

    Esta frao hmica tende a permanecer mais tempo no ambiente e, no caso

    especfico do solo, a principal componente da matria orgnica do solo

    (MOS).

    Geralmente, o carbono disponvel C (C-disp) est na forma de polmeros

    que, para a sua utilizao, devem sofrer um processo de hidrlise por enzimas

    at a formao de unidades moleculares menores (oligmeros) para sua

    Corg (%) = Frao orgnica (%) / 1,724

  • 10

    assimilao pela microbiota decompositora. Este processo realizado

    basicamente com dois propsitos:

    Produo de energia (C oxidvel)

    Formao de nova biomassa, (Carbono

    imobilizado)

    A produo de energia realizada por meio da respirao aerbio ou

    fermentao anaerbia e pode ser quantificada por meio da produo de CO2

    ou CH4 no meio. A formao de biomassa realizada pela assimilao ou

    imobilizao das molculas orgnicas em novas clulas. No caso do

    metabolismo microbiano, existe uma proporo mais ou menos definida para

    estas atividades, sendo caracterizada como 65% do carbono assimilado

    utilizado para a produo de energia e 35% para a produo de nova

    biomassa.

    Resumo das Principais Transformaes de Resduos Orgnicos no Ambiente.

    1. Hidrlise enzimtica

    2. Assimilao e converso em

    energia/biomassa.

    3. Recalcitrancia e Humificao

    4. Utilizao da matria ognica

    (Rota Lenta)

  • 11

    1. TRANSFORMAES DE SUBSTRATOS ESPECFICOS

    Celulose

    A celulose o principal constituinte estrutural das clulas vegetais

    variando de 40 a 90% da sua composio. o peso molecular pode variar de 220

    A 330 kD. . um polmero de D-glicose, contendo aproximadamente 1400 a

    10000 resduos, combinadas em ligao B-14 e de forma linear (filiforme),

    formando micelas de aproximadamente 60 molculas. A estabilidade entre

    estas micelas de celulose so conferida pelas pontes de hidrognio, tronando-a

    bastante estvel.

    A decomposio da molcula de clula realizada por um complexo

    enzimtico denominado sistema celulase. Em um primeiro estgio na ruptura

    enzimtica observa-se a formao de cadeia lineares de celobiose (1). Uma

    Segunda enzima, B1,4 gluconase (2) hidrolisa estas cadeia, produzindo

    molculas de celobiose que so hidrolisadas por meio de B-glucosidases (3)

    at a formao de glicose livre:

    1 2 3

    Celulose nativa formas lineares celobiose

    glicose

    Hemiceluloses

    As hemiceluloses ocorrem em menor quantidade que a celulose,

    perfazendo cerca de 12 da serapilheira de florestas temperadas e 10 a 12% da

    madeira. So polissacardeos de alto peso molecular (>150 KD) constitudos

    dos aucares arabinose, galactose, manose, xilose e cidos urnicos.

  • 12

    Lignina

    A lignina forma de 20 a 30% da madeira e tem uma estrutura bem mais

    complexa que a celulose e hemiceluloses. um polmero complexo com

    unidades ou blocos de fenil-propano, unidas por ligaes tipo ster e carbono-

    carbono formando arranjos complexos como os exemplos seguintes:

    A degradao da lignina realizada principalmente por fungos que

    apresentam um sistema complexo de enzimas denominado ligninases que

    atuam principalmente nos grupos metoxi (-OCH3) e ster (-C-O-C) causando

    uma degradao parcial da sua estrutura e formao de produtos mais

    solveis. A etapa final deve envolver a ruptura do anel aromtico que

    realizado em vrias etapas e por enzimas mais especializadas. Esta

    complexidade do ataque e produtos de degradao uma das razes da

    recalcitrncia da molcula de lignina.

    2. CINTICA DA DECOMPOSIO DA MATRIA ORGNICA

    O processo de decomposio pode ser estudado avaliando-se:

    a) A respirao atravs da liberao do CO2 aps a adio de resduos

    com ou sem marcadores, como por exemplo o 14C;

    b) Efetuando-se medidas diretas do material orgnico adicionado, atravs

    de anlises qumicas ou com base na diminuio do peso do material e;

    c) Observao do desaparecimento de constituintes especficos, tais como

    celulose, hemicelulose e lignina.

  • 13

    a) Respirao induzida com substrato

    a metodologia mais utilizada de se avaliar a decomposio de

    resduos ou materiais orgnicos incorporados ao ambiente, consistindo na

    medida da produo de CO2 decorrente dessa incorporao ao ambiente,

    conforme esquema seguinte:

    Neste processo, a amostra ambiental incubada com o resduo em

    estudo. Aps esta incubao, avalia-se o CO2 produzido/tempo, utilizando-se

    um fluxo de ar sem CO2 sob a amostra e um sistema de captura que pode ser

    de hidrxidos, condutividade eltrica ou sensores infravermelhos calibrados

    com a resposta de CO2. O sistema requer a utilizao de controles das

    amostras ambientais sem a adio do resduo. A elevao ou diminuio da

    produo de CO2 em relao ao controle indica o potencial de decomposio

    ou biodegradabilidade do resduo.

    mg CO2

  • 14

    b) Avaliao da perda de peso do material remanescente

    Neste procedimento, a amostra em estudo, geralmente de folhas,

    serapilheira de floresta e outros resduos ntegros so pesadas

    acondicionadas em sacos ou bolsas plsticas (litter bag) contendo uma malha

    especfica, de modo a permitir uma interface de contato do resduo com o

    ambiente. Aps incubao pelos perodos de tempo previamente programados,

    realiza-se a anlise do material remanescente, geralmente por pesagem

    (matria seca). A compilao dos dados, geralmente produzem dados com

    uma curva de decaimento em trs fases, conforme o grfico a seguinte:

    A anlise dos dados deste grfico nos permite inferir que o resduo B

    apresenta maior recalcitrncia, ou seja demora mais para se decompor em

    relao residuo A. Pode-se separar estas curvas em trs fases (1, 2, 3):

    1. Decomposio rpida, onde 50% do material remanescente perdido

    em poucas semanas.

    2. Intermediria onde o processo de decomposio comea a diminuir

    3. Recalcitrncia, aps 20 semanas, onde predomina os compostos de

    decomposio mais dificil.

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    0 20 40 60

    Resduo A

    Resduo B

    % Material

    Remanescente

    Semanas

    1

    2 3

  • 15

    Este padro de decaimento pode ser explicado pela composio diferenciada

    dos resduos, onde se boserva uma mistura de polmeros e aucares

    facilmente degradveis (1), polmeros mais difceis de degradao tal como a

    celulose (2) e substratos recalcitrantes (3).

    c) Avaliao do desaparecimento de substratos especficos

    O processo de decomposio pode, alternativamente, ser avaliado por meio do

    desaparecimento de substratos especficos, tais como celulose, lignina, quitina

    e outros substratos componentes da biomassa especfica que se quer avaliar.

    O procedimento experimental muito similar ao anterior, porm sem a

    necessidade de sacos ou bolsas plsticas, pois o substrato pode ser

    incorporado diretamente no ambiente sob estudo. As amostragens realizam-se

    periodicamente para se traar o desaparecimento especificamente daquele

    substrato.

    Cintica do Processo de Decomposio : Avaliao das taxas e

    constantes de decomposio ambientais.

    Tentativa tem sido feitas para se estabelecer constantes de decomposio

    caractersticas de determinados ecossistemas especialmente os ecossistemas

    florestais. Neste caso, a quantidade de serapilheira ou liteira que se acumula

    na superfcie de solos minerais depende do balano entre a taxa de produo

    da serapilheira e da velocidade com que decomposta no solo. Se X

    representa a quantidade de serapilheira acumulada superficialmente e L a

    quantidade de novo material orgnico adicionado a cada ano, a taxa de

    variao de X dada pela expresso:

    dX/dt = L kX (1)

    Onde X a quantidade de material orgnico presente, L a adio em certo

    tempo, t o tempo e k uma constante de decomposio.

  • 16

    Em um ecossistema em equilbrio, X constante, isto , dX/dt = 0.

    Assim a equao (1) pode ser expressa:

    L = kX ou k = L / X (2)

    A constante de decomposio pode, assim, ser estimada pelas medidas de L

    (adio de material em um certo perodo) e X (quantidade de material orgnico

    ou serapilheira inicialmente presente) em uma comunidade vegetal que esteja

    em equilbrio. Considerando-se o valor mdio de 50% para a taxa

    transformao dos resduos orgnicos em carbono orgnico (C-org), podemos

    calcular as taxas de decomposio (k) especfica para determinados ambientes

    ou ecossistemas. Para isto necessrio estimar o valor de L (geralmente em

    termos de C-org) e do valor d de X (C-org) presente originalmente no ambiente.

    A seguinte tabela apresenta alguns dados compilados de Sanchez (1985)

    mostrando os clculos e comparando o valor de k para diversos ambientes:

    Ambiente

    A= adio de

    matria

    organica

    (Ton/ha/ano)

    L =

    Adio de

    C-org

    (Ton/ha/

    ano)

    X = contedo

    de C-org

    original e em

    equilbrio

    (Ton/ha/ano)

    K= Taxa de

    Decomposio

    ambiental

    (%)

    Tropical 1 5,28 2,64 106 2,5

    Tropical 2 6,05 3.03 55 5,5

    Temperado 1,65 0,85 86 0,9

    Cerrado 0,44 0,22 16 1,4

    Cultivo Agric. 5,0 2,5 35 7,1

    Os valores de k observados diferiram significativamente para os diversos

    ambientes considerados. Geralmente, quanto maior o valor de k, maior a

    velocidade de decomposio observada, ou seja, menor o tempo de residncia

    dos resduos orgnicos no solo. Com relao s diferenas observadas nos

    ambientes tropicais 1 e 2, uma possvel explicao reside na textura do solo

    considerado. No solo tropical 1 h predominncia de argila e de carter mais

    cido, enquanto no solo tropical 2 h predominncia de textura arenosa com

    pH ligeiramente mais elevado.

  • 17

    Em resumo, no seu aspecto dinmico, a matria orgnica no solo

    consiste, basicamente, em trs fraes principais: a) resduos de plantas e a

    biomassa associada que apresentam uma taxa de reciclagem rpida (1 a 4

    anos); b) metablitos microbianos e constituintes de parede celular com um

    tempo de residncia mdio em torno de 5 a 25 anos; c) fraes mais

    resistentes a decomposio, com cerca de 250 a 2500 anos.

    EFEITO DA RELAO C/N NO PROCESSO DE DECOMPOSIO

    A velocidade do processo de decomposio de um resduo orgnico

    incorporado ao solo dependente de fatores ambientais e da prpria natureza

    do resduo. Dentre os fatores ambientais, podemos destacar a temperatura,

    suprimento de oxignio, umidade, pH e nutrientes inorgnicos. Com relao

    queles fatores pertinentes natureza do resduo podemos destacar a idade

    do resduo, tipo de substrato e a sua relao do contedo de carbono em

    relao aos teores de nitrognio, ou seja, a relao C/N.

    Os tecidos de vegetais e a microbiota do solo apresentam um contedo

    % mdio de carbono de aproximadamente 50 a 58% do peso da matria seca.

    O contedo de nitrognio nestes tecidos variam, conforme o grupo e o tecido

    considerado, de aproximadamente 0,1 a 5,5 % do peso desta mesma matria

    seca. Considerando que a frao orgnica nos diversos tecidos e clulas

    variam substancialmente, os teores % de carbono orgnico (Corg) podem ser

    obtidos atravs da seguinte relao:

    Corg (%) = (% matria orgnica / 1,724)

    Se o teor % de nitrognio do resduo conhecido, a relao C/N pode ser

    assim estabelecida:

    C/N = % Corg / % N

    O nitrognio refere-se ao nitrognio total determinado usualmente atravs do

    mtodo de Kjeldhal. A tabela seguinte ilustra algumas destas variveis em

    resduos agrcolas.

  • 18

    Tabela \ - Composio de alguns resduos

    Residuo MO(%) N(%) C/N Amoreira (Folhas) 86,08 3,77 13/1 Bagaco de Cana 71,44 1,10 37/1 Capim coloniao 91,03 1,87 27/1 Casca de arroz 54,55 0,78 39/1 Crotalaria 91,42 1,95 26/1 Esterco Bovino 67,11 1,67 19/1 Esterco de galinha 64,00 3,04 10/1 Mandioca (Folhas) 91,64 4,35 12/1 Mucuna-preta 91,64 4,36 12/1 Palha de caf 93,99 1,65 31/1 Palha de feijao 94,68 1,63 32/1 Palha de milho 96,75 0,48 112/1 Serragem de madeira 93,45 0,06 865/1 Torta de mamona 92,20 5,44 10/1 Turfa 39,89 0,39 57/1

    A determinao da relao C/N do material orgnico importante na

    medida que se pode prever a velocidade de decomposio do resduo e os

    ganhos ou perdas potenciais de nitrognio para o solo. Para que a

    decomposio se processe necessrio a construo de biomassa, ou seja,

    clulas que passam a produzir enzimas necessrias ao processo. A construo

    de biomassa demanda, entre outros nutrientes, carbono e nitrognio em

    determinadas propores. A relao C/N da microbiota do solo se situa na

    faixa de 5 a 10/1. Assim, para cada 5 a 10 partes de carbono assimilado,

    necessita-se 1 parte de nitrognio para a constituio do protoplasma

    microbiano. Como regra geral, aqueles materiais com relao C/N mais estreita

    (abaixo de 30/1) tendem a liberar o nitrognio para o meio, apresentando,

    portanto, uma maior velocidade de decomposio. Aqueles materiais com

    relao C/N mais larga (acima de 40/1) requerem um adicional de nitrognio

    para a sua decomposio. Este nitrognio adicional pode ser suprido pelo solo.

    Caso o solo apresente baixos nveis de nitrognio disponvel para a microbiota,

    este resduo orgnico com relao C/N mais larga ter sua decomposio

    comprometida.

    Durante a decomposio do resduo, cerca de 70% do carbono total est

    disponvel em certo tempo, sendo os outros 30% parte integrante da frao

  • 19

    recalcitrante. Aproximadamente 65% do carbono disponvel utilizado para o

    metabolismo energtico, gerando assim, o CO2 que escapa para a atmosfera.

    Os 35% restantes do carbono disponvel so utilizados para converso em

    biomassa microbiana que apresenta uma relao C/N variando de

    Bactrias 3 a 5:1 e Fungos 10- a 12:1. Considerando-se uma

    decomposio por microbiota mista, pode-se trabalhar com uma C/N da

    microbiota de 7:1 Geralmente a C/N do resduo em decomposio tende a se

    estabilizar em torno de 10:1, qaue a relao mdia do material humificado.

    Para demonstrar estas relaes durante o processo de decomposio

    da matria orgnica no solo, podemos tomar como exemplo a decomposio

    de 100 kg de palha de milho incorporada ao solo, assumindo que o material foi

    inteiramente seco. Conforme dados do quadro ( ), este material apresenta

    96,75% de matria orgnica e 0,48% de nitrognio, originando assim, uma

    relao C/N de 112/1. Deste modo, nos 100kg de palha de milho temos aprox.

    54 kg de carbono. Assumindo que 70% deste carbono estar disponvel em 6

    meses, pode-se concluir que aprox. 38 kg de carbono estaro disponveis para

    decomposio. Cerca de 35% deste carbono, ou seja, aprox. 14 kg, so

    utilizados para construo de biomassa microbiana. Se a relao C/N da

    biomassa microbiana de 5 a 10/1, a utilizao dos 14 kg de carbono

    demandam aprox. 2,0 kg de nitrognio. Os 100 kg do resduo apresentam

    apenas 0,48 kg de nitrognio, gerando assim, um dficit de 1,5 kg de

    nitrognio que devem ser suplementados pelo solo ou adicionados ao resduo

    para que a decomposio ocorra a plena velocidade. A soluo mais prtica

    neste caso, se combinar este resduo como outros resduos de relao C/N

    mais estreita, na tentativa de se equilibrar o dficit de nitrognio, atravs da

    tcnica de compostagem. Em resumo:

  • 20

    2.2.2.2. O PROCESSO DE FORMAO DAS SUBSTNCIAS HMICAS

    Apesar dos inmeros estudos j realizados sobre natureza

    qumica e o processo de formao das substncias hmicas, pouco se

    conhece sobre esta frao orgnica no diversos ambientes. Os principais

    componetes j identificados da frao hmica so os cidos hmicos, cidos

    flvicos e humina, isolados nos processos de separao qumica do hmus.

    O que se considera como hmus, constitui em realidade, um polmero

    resultante das combinaes destas fraes de acidos e humina, muitos deles

    ligados entre si ao acaso, tornando-se prticamente impossvel a represntao

    da sua estrutura exata. Esta , talvez, uma possvel explicao para a extrema

    resistividade decomposio do hmus, pois a existncia desses polmeros

    com ligaes extremamente variveis, impedem a atuao de enzimas

    especficas para a sua hidrlise.

    A teoria clssica de formao do hmus foi proposta por S.

    Waksman (1932) enfatizando a origem do hmus atravs de modificaes da

    lignina. Entretanto, estudos mais recentes tm mostrado a importncia de

    outras substancias, tais como quinonas, compostos aminados e polifenois, na

    formao do material humificado. Atualmente, consideram-se quatro rotas

    principais (1 a 4) na formao do hmus, as quais devem ser consideradas

  • 21

    conjuntamente. Estas rotas biossintticas esto esquematizadas na figura

    seguinte:

    Alguns detalhes destas rotas podem ser sumarizadas:

    I. A noo de que o hmus derivado de acares vem dos primrdios da

    investigao da qumica do hmus. De acordo com este conceito, os

    acares redutores e aminocidos gerados como subprodutos do

    metabolismo, poderiam sofrer polimerizaes no enzimticas at a

    formao de produtos nitrogenados de cor escura. Algumas evidencias

    para esta hiptese vem do fato de que durante a desidratao de certos

    produtos orgnicos (alimentos) observa-se um certo escurecimento da

    matria orgnica presente. Alm disto, atravs de estudos com carbono

    marcado, verificou-se que grande parte do carbono (30-50%) de

    monossacardeos adicionados ao solo podem ser incorporados

    fraes hmicas.

    II. Considera-se que as substncias hmicas poderiam ser geradas atravs

    da formao de polifenis e quinonas como produtos intermedirios.

    Este polifenis so sintetizados pelos microrganismos de fontes de

    carbono no-lignnicas, tal como a celulose. Os polifenis so, logo em

    seguida, oxidados no enzimaticamente at quinonas que seriam

    convertidas at substncias hmicas.

  • 22

    III. Nesta rota biossinttica, considera-se a lignina como a principal fonte de

    carbono para o hmus atravs da formao de produtos de

    decomposio da lignina que poderiam ser convertidos em quinonas.

    Esta via biossinttica similar a anterior (II) enfantizando apenas que a

    fonte de carbono para o hmus provem da lignina.

    IV. Esta rota a proposta clssica da formao do hmus, * de acordo com

    esta teoria, a lignina incompletamente utilizada pelos microrganismo e

    a parte recalcitrante residum torna-se parte do hmus do solo. As

    principais modificaes na lignina incluem a perda do radical metoxyl (--

    OCH3) com a gerao de hidroxifenis e cadeias laterais alifticas com

    formao de grupos --COOH. Este material modificado pode ento

    sofrer alteraes desconhecidas produzindo inicialmente cido hmicos

    e em seguida cidos flvicos.

    As rotas biossintticas propostas em I e II formam as bases da teoria do

    polifenol. Ao contrrio da teoria lignnica, matria prima consiste de compostos

    orgnicos de baixo peso molecular, dos quais, so gerados as molculas

    maiores atravs de condensaes e polimerizaes. Devemos ressaltar que,

    talvez no exista uma nica teoria de formao do hmus, sendo bastante

    razovel supor que estas quatro vias biossintticas postuladas, podem operar

    em diferentes condies ambientais, variando apenas a intensidade de cada

    uma delas.

    Ciclo do Carbono

    O carbono o elemento fundamental na constituio das molculas orgnicas. O carbono utilizado primariamente pelos seres vivos est presente no ambiente, combinado ao oxignio e formando as molculas de gs carbnico presentes na atmosfera ou dissolvidas nas guas dos mares, rios e lagos. O carbono passa a fazer parte da biomassa atravs do processo da fotossntese. Os seres fotossintetizantes incorporam o gs carbnico atmosfrico, transformando-se em molculas orgnicas. Os passos mais importantes do ciclo do carbono so:

    O dixido de carbono na atmosfera absorvido pelas plantas e convertido em acar, pelo processo de fotossntese.

  • 23

    Os animais comem as plantas e ao decomporem os acares liberam carbono na atmosfera, oceanos e solo.

    Outros organismos se decompem, como as plantas e os animais, devolvendo carbono ao meio ambiente.

    O carbono tambm trocado entre os oceanos e a atmosfera. Isto acontece em ambos os sentidos na interao entre o ar e a gua.

    A importncia do ciclo do carbono na natureza pode ser melhor evidenciado pela estimativa de que todo o CO2 presente no ar, caso no houvesse reposio, seria completamente exaurido em menos de 20 anos, tendo em vista a fotossntese atual.

    Nos processos de mineralizao das substncias carbonadas, com a conseqente reposio do CO2 atmosfera, tm revelante papel os microorganismos heterotrficos. Outra grande contribuio destes no ciclo de carbono o suprimento de CO2 ao solo, onde este gs funciona como um eficiente solvente na preparao de alimentos inorgnicos para as plantas, a partir de substncias minerais do solo.

    O carbono absorvido pelas plantas, consideradas os produtores da cadeia trfica. Uma vez incorporado s molculas orgnicas dos produtores, poder seguir dois caminhos: ou ser liberado novamente para a atmosfera na forma de CO2, como resultado da degradao das molculas orgnicas no processo respiratrio, ou ser transferido na forma de molculas orgnicas aos animais herbvoros quando estes comerem os produtores (uma parte ser transferida para os decompositores que liberaro o carbono novamente para a atmosfera, degradando as molculas orgnicas presentes na parte que lhes coube).

    Os animais atravs da respirao liberam atmosfera parte do carbono assimilado, na forma de CO2. Parte do carbono contido nos herbvoros ser transferida para os nveis trficos seguintes e outra parte caber aos decompositores e, assim, sucessivamente, at que todo o carbono fixado pela fotossntese retorne novamente atmosfera na forma de CO2.

  • 24

    Emisso de Carbono na Atmosfera

    O gs carbnico existente na atmosfera essencialmente originado pelo processo de respirao (79%). Pode ser gerado ainda pela queima de materiais orgnicos, combustveis fsseis (gasolina, querosene, leo diesel, xisto, etc) ou no (lcool, leos vegetais). Pode ainda ser resultado da atividade vulcnica.

    Os solos ricos em matria orgnica em decomposio (pntanos) apresentam grande concentrao de CO2. O gs carbnico presente na atmosfera importante componente do efeito estufa, um fenmeno atmosfrico natural, que ocorre porque gases como o gs carbnico (CO2), vapor de gua (H2O), metano (CH4), oznio (O3) e xido nitroso (N2O) so transparentes e deixam passar a luz solar em direo superfcie da Terra. Esses gases porm, so praticamente impermeveis ao calor emitido pela superfcie terrestre aquecida (radiao terrestre). Esse fenmeno faz com que a atmosfera permanea aquecida aps o pr-do-sol, resfriando-se lentamente durante a noite. Em funo dessa propriedade fsica, a temperatura mdia global do ar prximo superfcie de 15C. Na sua ausncia, seria de 18C abaixo de zero. Portanto, o efeito estufa benfico vida no planeta Terra como hoje esta conhecida.

    Desse modo, a questo preocupante a intensificao do efeito estufa em relao aos nveis atuais. Quanto maior a concentrao de gases estufa na atmosfera, maior ser a capacidade de aprisionar a radiao terrestre (calor) e maior ser a temperatura da Terra. O principal gs estufa o vapor de gua, porm sua concentrao muito varivel no tempo e espao. O CO2, segundo gs em importncia, tem causado polmica quanto quantidade emitida e principais locais e fontes de emisso, alm da necessidade de controle de emisses. Isso ocorre devido ao aumento de sua concentrao na atmosfera (cerca de 0,5% ao ano) e seu tempo de vida na atmosfera, que de at 200 anos. A necessidade de estabelecimento de protocolos de controle de emisses de gases estufa incontestvel (Protocolo de Kyoto, por exemplo), pois testar a hiptese do efeito estufa intensificado em um experimento com prprio Globo seria bastante arriscado.

  • 25

    Floresta, Ciclo do Carbono e Alteraes Climticas

    A concentrao de gases causadores do efeito de estufa aumentou

    significativamente nos ltimos 200 anos. A minimizao deste problema

    planetrio passa pela concertao de aces internacionais e, em boa medida,

    por medidas de interveno florestal.

    A humanidade expandiu-se na Terra durante o ltimo e mais recente

    perodo da era quaternria - o Holoceno - em especial aps a ltima glaciao.

    Quanto ao impacto na natureza, a presena do Homem distingue-se dos outros

    animais pela capacidade de alterar o espao sua volta. O mundo, tal como o

    conhecemos hoje, o resultado de milhares de anos de evoluo do

    pensamento do Homo sapiens sapiens.

    1.1. Importncia do problema - o efeito de estufa

    As alteraes do clima so acontecimentos naturais que ocorrem desde

    sempre. Durante o ltimo sculo, contudo, as alteraes registadas tm sido

    mais pronunciadas do que em qualquer perodo registado at ao momento.

    Uma das concluses do relatrio do IPCC (Intergovernmental Panel on Climate

    Change) de 1995 indica que estas alteraes so resultado de intensas

    intervenes humanas sobre o meio natural com repercusses no clima e que

    se reflectem a uma escala regional e global. Este organismo prev que as

  • 26

    temperaturas mdias globais aumentem entre 1 e 3.5C at 2100 e que o nvel

    mdio das guas do mar aumente entre 15 e 95 cm.

    O aumento da concentrao dos gases de estufa na atmosfera, principalmente

    o dixido de carbono, tem sido apontado como uma das principais causas

    destas alteraes no clima, que tero impactes directos negativos sobre os

    ecossistemas terrestres, nos diversos sectores socio-econmicos mundiais, na

    sade pblica e na qualidade de vida das pessoas em geral. A camada

    protectora da Terra, constituda por vapor de gua e gases de estufa como o

    metano (CH4), o xido nitroso (N2O) e principalmente o dixido de carbono

    (CO2), reflecte a radiao infravermelha emitida pela superfcie da terra

    impedindo que parte desta seja perdida para o espao, tal como uma parede

    de vidro numa estufa. Como consequncia d-se o aquecimento da superfcie

    da troposfera.

    Sendo um processo essencial para a manuteno de vida no planeta, o

    efeito de estufa que ocorre naturalmente, impede que a superfcie da Terra se

    torne excessivamente fria (cerca de 30C mais fria). O aumento da

    concentrao de CO2 atmosfrico tem ocorrido de forma gradual desde a

    ltima glaciao mas os fluxos de carbono aps a revoluo industrial tm

  • 27

    vindo a aumentar a uma taxa nunca antes presenciada durante os ltimos mil

    anos. O CO2 resulta da queima de matria orgnica e da respirao dos

    animais e plantas. O grande aumento de CO2 na atmosfera resulta do facto

    das emisses deste gs resultantes das actividades humanas (por exemplo, a

    queima de combustveis fsseis - petrleo, carvo) no serem totalmente

    compensadas pela assimilao fotossinttica do carbono na biosfera.

    O cilco global do carbono

  • 28

    A questo do efeito de estufa est portanto relacionada com as emisses

    antropognicas (i.e. que resultam das aces humanas) de gases de estufa

    (segundo o relatrio do IPCC de 1995) e tem preocupado a comunidade

    cientfica, os governos e a opinio pblica, pelas repercusses directas e

    indirectas nas sociedades e na economia mundial. Dada a incerteza na

    definio de cenrios futuros, a comunidade cientfica tem investigado as

    causas e consequncias do aumento destes gases no funcionamento do

    sistema climtico. Tendo sido claramente demonstrado o aumento do CO2 na

    atmosfera, tem havido um grande interesse no melhor conhecimento do ciclo

    global do carbono. O carbono na Terra est essencialmente na forma de

    compostos orgnicos e carbonatos ou sob a forma de gs (CO2) na atmosfera.

    O ciclo do carbono consiste na transferncia deste elemento (via queima,

    respirao, reaces qumicas) para a atmosfera ou para o mar e a sua

    reintegrao na matria orgnica via assimilao fotossinttica. Na era pr-

    industrial a concentrao de CO2 na atmosfera manteve-se estvel em

    resultado do equilbrio entre as emisses e a assimilao. No entanto, durante

    os ltimos 200 anos cerca de 405 +/- 30 gigatoneladas (gigatoneladas, 1012

    kg) de Carbono foram libertadas para a atmosfera como resultado de :

    - Queima de combustveis fsseis (carvo, petrleo e gs natural) e produo

    de cimento (70%)

    - Alteraes no uso do solo, principalmente destruio das florestas (30%)

    Estas emisses adicionaram-se s que ocorriam naturalmente e, por no

    serem compensadas totalmente pela assimilao fotossinttica, levaram ao

    aumento da concentrao de CO2 na atmosfera. Em comparao com o

    perodo pr-industrial, este aumento foi de cerca de 30%.

  • 29

    .4. Stocks de Carbono na terra - armazenamento no curto e longo prazo

    O oceano, a vegetao e o solo so importantes reservatrios que

    trocam activamente Carbono com a atmosfera. A concentrao de Carbono na

    atmosfera de 775 Gt. O oceano contm 50 vezes mais carbono do que a

    atmosfera e a vegetao e o solo cerca de 3 vezes e meia mais.

  • 30

    A dinmica do ciclo de Carbono muito varivel, quer no espao quer

    no tempo. As emisses de carbono so influenciados por factores de origem

    humana e natural. Por exemplo, uma erupo vulcnica de grandes dimenses

    pode fazer aumentar temporariamente a concentrao de Carbono na

    atmosfera. muito importante ter presente que apesar de alguns sistemas

    naturais constiturem grandes reservatrios de Carbono (como o oceano), a

    dinmica do seu ciclo sobretudo controlada pelos sistemas que tm

    capacidade de o trocar activamente com a atmosfera, como o caso da

    vegetao e do solo. J o oceano tem baixa capacidade de sumidouro porque

    a molcula de CO2 no se dissolve facilmente na gua e grande parte dos

    oceanos tem uma baixa produtividade de matria orgnica (isto , as plantas

  • 31

    que a vivem, por exemplo algas, so poucas e com a fotossntese limitada

    pela falta de nutrientes e pela fraca penetrao da luz). Por outro lado, a

    fotossntese que ocorre nas plantas terrestres responsvel pela reteno de

    carbono atmosfrico no material vegetal e, eventualmente, na matria orgnica

    no solo. Assim, claro que ecossistemas com grande biomassa e com o solo

    pouco perturbado, como as florestas, retm o carbono numa escala temporal

    muito maior, na ordem de dcadas e sculos.

    Esta capacidade de reteno e armazenamento do Carbono pelas florestas a

    longo prazo, representa um dos pontos importantes no debate no ciclo global

    do Carbono e nos impactes das alteraes climticas, de tal forma que est

    previsto no Protocolo de Quioto. O artigo 3.3 e 3.4 do Protocolo de Quioto

    (UNFCCC) considera que as fontes e os sumidouros de Carbono

    (nomeadamente as florestas) podem ser contabilizadas para cumprir os

    objectivos a que os pases signatrios se comprometem no perodo de 2008-

    2012.

  • 32

    1.5. Importncia do problema - o sector agro-florestal (Fontes e

    Sumidouros)

    Como vimos, para alm das emisses de CO2 pela indstria e pelo sistema de

    transportes, as alteraes de uso do solo, nomeadamente a transformao de

    florestas em zonas agrcolas, constituem uma fonte lquida de CO2 para as

    atmosfera a nvel global. Estima-se que cerca de 20% da floresta desapareceu

    durante os ltimos 140 anos em resultado da converso de floresta em

    agricultura, para satisfazer as necessidades alimentares de uma populao em

    crescimento (na ordem do bilio por dcada). A explorao intensiva de

    culturas agrcolas, que tm uma baixa taxa de reteno de Carbono, a que se

    junta o crescente uso de fertilizantes, so tambm responsveis pelo aumento

    dos gases de estufa CH4 e NO2 na atmosfera. A floresta, em contrapartida,

    pode acumular, a longo prazo, grandes quantidades de Carbono, quer no

    material vegetal, quer na matria orgnica do solo. As florestas so assim, em

    larga medida, o reservatrio de Carbono mais importante da biosfera em

    termos globais. Uma reduo global da rea destes ecossistemas naturais ter

    impactes negativos sobre a capacidade de sumidouro da biosfera.

  • 33

    2. Algumas questes pertinentes: Incertezas do futuro.

    O aumento das emisses de gases de estufa e respectivas consequncias

    sobre as alteraes globais do clima so questes recentes que preocupam a

    sociedade e a comunidade cientfica. Predominam incertezas associadas

    modelao do sistema climtico, na definio de padres de alterao no

    espao e no tempo. H poucas dvidas quanto ocorrncia de alteraes

    climticas. Os modelos climticos que existem actualmente s conseguem

    prever padres de alterao escala continental. As consequncias prticas

    do aquecimento global para um pas ou regio em particular ainda

    permanecem uma incgnita.

    As incertezas que persistem tm gerado divergncias de opinies entre os

    pases, principalmente no que diz respeito definio e adopo de estratgias

    de adaptao e mitigao. Algumas questes permanecem em aberto:

    - PROBLEMA DO "EFEITO DE RUDO"

    Um dos principais problemas com que se debatem os cientistas o facto de

    no existir uma forma directa de observar o que teria acontecido ao clima se

  • 34

    no tivessem ocorrido influncias da aco humana. Desta forma, no existe

    maneira de comparar as presentes alteraes verificadas, com um possvel

    "efeito de rudo" causado por uma variabilidade climtica natural.

    "SOURCES" E "SINKS" TERRESTRES : COMPORTAMENTO NO ESPAO E

    NO TEMPO

    Dada a dificuldade de previso do comportamento das fontes e

    sumidouros (sources e sinks) dos ecossistemas da Terra num espao temporal

    de 100 anos, pode especular-se sobre vrios cenrios para o ciclo de carbono

    terrestre. contudo difcil prever, com margem de erro razovel, o que ir de

    facto acontecer. Como iro reagir as principais fontes e sumidouros de carbono

    face s alteraes climticas? Sabe-se, por exemplo, que as florestas no s

    representam o principal reservatrio de carbono como respondem

    positivamente ao aumento de concentrao de CO2 atmosfrico, atravs de

    aumentos nas taxas de crescimento (veja-se o que tem acontecido nas

    florestas do norte e centro da Europa, com aumentos substanciais de

    produtividade em consequncia do aumento de CO2, aquecimento e deposio

    de azoto). Mas, at que ponto o aumento da rea e da produtividade florestais

    pode compensar o aumento nas emisses antropognicas de CO2? Sem

    dvida que as aces de florestao/reflorestao tero que respeitar outros

  • 35

    princpios inerentes qualidade ambiental (por exemplo, manuteno dos

    recursos hdricos e da biodiversidade).

    - CRESCIMENTO DA POPULAO E ECONOMIA MUNDIAL vs

    ESTRATGIAS DE ADAPTAO E MITIGAO

    As alteraes da composio da atmosfera e dos ciclos biogeoqumicos, como

    o do carbono, esto muito dependentes do crescimento da populao e do

    desenvolvimento econmico e tecnolgico. Face ao crescimento demogrfico e

    expanso da economia mundial, necessrio adoptar medidas no que

    respeita eficincia de utilizao da energia, e proceder a alteraes noutros

    sectores da economia, de modo a limitar as emisses de CO2 e a aumentar a

    capacidade de sumidouro da biosfera atravs da preservao e aumento das

    reas florestais. Por outro lado, parece necessrio desenvolver

    simultaneamente estratgias de adaptao s alteraes climticas e de

    cooperao na investigao cientfica. Redues significativas nas emisses

    lquidas de gases de estufa so tecnicamente possveis, usando um conjunto

    de polticas e medidas que acelerem o desenvolvimento e a transferncia de

    tecnologia. A ratificao do protocolo de Quioto que dever ocorrer, na melhor

    das hipteses, em 2002 representar certamente um progresso na reduo das

    emisses. Se algum dia ele for posto em prtica !.

    Perda de carbono causar aumeto da temperatura da Terra, diz estudo

  • 36

    Um dos piores pesadelos dos climatologistas que o aquecimento

    global cause a liberao dos imensos estoques de carbono guardados nos

    solos, o que provocaria um aumento acelerado das temperaturas do planeta.

    Pois bem: isso j est acontecendo, revela hoje um estudo britnico.

    A maior e mais detalhada medio do contedo de carbono dos solos,

    realizada entre 1978 e 2003 na Inglaterra e no Pas de Gales, mostra que s

    nesse perodo o cho do Reino Unido perdeu, em mdia, 13 milhes de

    toneladas de carbono por ano.

    Como o efeito independe do tipo de uso do solo -quer dizer, ele foi verificado

    tanto em terras usadas para a agricultura quanto em pntanos, florestas e

    campos naturais-, os autores do estudo atribuem a emisso ao aquecimento

    global. No ltimo sculo, a temperatura mdia global subiu 0,7C. No Reino

    Unido, esse aumento foi de 0,5C.

    "Os micrbios no solo ficam mais ativos em temperaturas mais altas. medida

    que a temperatura sobe, o ciclo do carbono no solo acelera", disse Guy Kirk,

    pesquisador da Universidade de Cranfield, na Inglaterra. Ele co-autor do

    estudo, publicado hoje no peridico cientfico "Nature" (www.nature.com).

    Kirk e seus colegas dizem no saber o destino final do carbono que

    estava contido no solo. Mas a maior parte, afirmam os cientistas,

    provavelmente foi para a atmosfera em forma de dixido de carbono (CO2),

    gs que o principal causador do efeito estufa.

    O dado preocupante, por vrias razes. Primeiro, os solos so um

    reservatrio imenso de CO2: estima-se que eles armazenem 2 trilhes de

    toneladas de carbono, ou 300 vezes a quantidade lanada no ar todos os anos

    por atividades humanas como o desmatamento e a queima de combustveis

    fsseis. A ltima coisa que algum iria querer seria "destampar" esse

    reservatrio, pois isso significaria muito mais dixido de carbono na atmosfera -

    o que, por sua vez, significaria temperaturas ainda mais altas, que causariam a

  • 37

    liberao de ainda mais CO2 e assim por diante. Esse mecanismo tem o nome

    de "feedback" positivo, e causa arrepios nos cientistas.

    Efeito global

    Depois, os dados de Kirk e seus colegas de Cranfield

    derrubam uma srie de mitos sobre a estabilidade do chamado carbono

    orgnico do solo (SOC, na sigla em ingls). "Perdas consistentes de SOC

    ocorreram independentemente das propriedades do solo, o que desafia nosso

    conhecimento sobre a estabilidade do SOC", escrevem Detelf Schulze e

    Annette Freibauer, do Instituto Max-Planck de Biogeoqumica (Alemanha), em

    comentrio ao estudo na mesma edio da "Nature".

    A situao fica ainda pior considerando que muitos cientistas achavam

    que os solos podiam servir como "ralos" ou sorvedouros para o gs carbnico

    em excesso produzido pela humanidade.

    Por fim, nada indica que o vazamento desse reservatrio de carbono seja um

    fenmeno restrito s ilhas britnicas. "Nossos achados mostram que perdas de

    carbono pelos solos no Reino Unido e, por inferncia, em outras regies

    temperadas, esto provavelmente compensando a absoro por sorvedouros

    terrestres", escreveram os autores.

    Kyoto inutilizado

    O estudo envolveu um trabalho penoso de colher amostras de solo em

    milhares de pontos do Reino Unido e analisar seu teor de carbono. A

    amostragem foi repetida trs vezes, para que as tendncias pudessem ser

    estabelecidas.

    As implicaes polticas da pesquisa so diversas, e comeam em casa.

    Primeiro, o fator solo joga literalmente por terra todo o esforo britnico de

    reduzir suas emisses de gases-estufa em relao aos nveis de 1990, como o

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    pas se comprometei a fazer pelo Protocolo de Kyoto. De 1990 a 2002, as

    redues britnicas chegaram a 12,7 milhes de toneladas de CO2 por ano.

    Segundo Shulze e Freibauer, isso "pe o sucesso do Reino Unido em reduzir

    emisses sob uma perspectiva diferente".

    Depois, a prpria contabilidade das emisses globais de gases de efeito

    estufa deve precisar mudar -e para patamares de reduo muito mais

    elevados- j que, por Kyoto, nenhum pas obrigado a contabilizar as

    mudanas no estoque de carbono do solo.

    Soja a planta que mais causa emisso de carbono na agricultura

    A principal fonte de poluio da atmosfera a queima de combustveis

    fsseis, responsvel por mais de 60% da emisses de dixico de carbono

    (CO), substncia responsvel por danos ambientais como o aquecimento

    global e problemas respiratrios. Em segundo lugar na emisso de CO est a

    agricultura, tanto pelo uso de combustveis na mecanizao quanto pelas

    tcnicas de manejo do solo.

    Neste contexto, a soja uma das culturas que mais dependem da

    concentrao de carbono no solo, ao mesmo tempo em que aparece como a

    maior causa de emisso de CO na agricultura. A informao foi divulgada pelo

    pesquisador do Departamento de Agricultura Americano (Usda), Don Reicosky,

    na VII Conferncia Mundial da Soja que termina amanh, em Foz do Iguau

    (PR).

    O carbono (C) um nutriente natural do solo, cuja funo garantir a

    ciclagem dos componentes fsicos, qumicos e biolgicos que servem de

    alimento s plantas durante todo o desenvolvimento vegetativo. A conservao

    do carbono no solo garante uma menor demanda por insumos, maior reteno

    da gua e menor compactao. "O carbono funciona como uma esponja que

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    minimiza os impactos na compactao. A estrutura do solo sofre a presso,

    mas volta ao seu estado normal em pouco tempo", avalia Don Reicosky.

    No processo de fotossntese das plantas, o oxignio (O) chega ao solo,

    aumentando a atividade microbiana. A unio C + O resulta na produo de

    CO, substncia eliminada gradativamente na decomposio das plantas.

    Contudo, a sincronia perfeita da natureza na sustentabilidade do sistema

    afetada pela interveno do homem, usando tcnicas agrcolas que aceleram a

    emisso de CO. "Na revirada do solo para descompactao e plantio,

    procedimento comum na agricultura convencional, h uma decomposio muito

    rpida da matria orgnica (restos culturais que ficaram na ltima colheita). A

    emisso de CO durante o revolvimento do solo semelhante queima pelo

    fogo, com alta poluio atmosfrica, s que de maneira no visvel. O carbono

    no algo palpvel como a gua, e essa uma das restries ao

    reconhecimento da importncia deste problema" , diz Reicosky.

    Segundo ele, a soja causa efeitos dramticos no solo, j que se decompe

    mais rapidamente do que qualquer outra cultura. "Na remoo do solo, a soja

    representa um valor 24 vezes maior de perda de carbono. No solo sem plantio,

    a perda de carbono e emisso de CO fica em 100%; no trigo, de 196%, mas

    na soja, essa perda representa 264% ", contabiliza Reicosky. Sem carbono no

    solo, preciso investir em insumos. Nos clculos do pesquisador, so

    necessrias 10 unidades de carbono para produzir uma unidade de nitrognio

    (N), e para gerar uma unidade de fsforo (P), so consumidas 60 unidades de

    carbono. "O carbono muito importante para manter a biodiversidade e a

    fertilidade do solo".

    Como se no bastasse, a soja ainda tem menor capacidade de infiltrao

    de gua em relao a outras culturas, gerando uma eroso de 778 quilos de

    solo por hectare ao ano (no milho de 350 kg/ha). "Estudos mostram que a

    perda de carbono implica na reduo de gua no solo, prejudicando o

    desenvolvimento da soja", diz Don Reicosky.

    Para Don Reicosky, os solos brasileiros so muito deficientes em

    nutrientes, com os produtores mais preocupao em manter os benefcios do

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    carbono no solo do que com a questo ambiental da emisso de CO. "Os

    produtores brasileiros no esto mais conscientes da conservao do que os

    norte-amercianos. O que existe a necessidade de cuidados especiais, j que

    nos pases tropicais chove mais, resultando na lixiviao dos nutrientes do

    solo". (Ascom Embrapa)