capitulo 13
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CAPTULO 13
EVOLUO E CARACTERIZAO DO
SISTEMA EDUCACIONAL
Prof. Alfredo Fonceca Peris1 Prof. Eliezio Goulart Braga2
1 Docente do Curso de Cincias Econmicas da UNIOESTE-Campus de Cascavel. 2 Docente do Curso de Cincias Econmicas da UNIOESTE-Campus de Cascavel.
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13.1 INTRODUO
Este captulo trata da educao na Regio Oeste do Paran, desde as primeiras
iniciativas at os dias atuais. Como o processo educacional de uma regio no ocorre de
forma desvinculada do contexto estadual e nacional onde ela est inserida, necessrio se faz,
em primeiro lugar, compreender como iniciou e evoluiu a educao, no Brasil, desde a
chegada dos primeiros educadores, contemplando a filosofia sobre a qual estava
fundamentada esta instruo, at nossos dias.
Na Contextualizao da educao, no Brasil, foi resgatada a histria da instruo
oferecida aos brasileiros, a comear pelas primeiras aulas dadas pelos Jesutas aos indgenas,
passando pelos perodos da histria relevantes ao desenvolvimento da educao,
contemplando como surgiram e a quem se destinavam as primeiras escolas, qual a
participao do setor pblico no oferecimento desta instruo e a quais classes sociais esta
educao beneficiou, ao longo do tempo, at hoje. Alm disso, foi demonstrado para quais
objetivos se orientava a educao nos diferentes perodos histricos.
Em segundo lugar, se fez necessrio compreender o processo educacional,
inicialmente da Provncia do Paran e, posteriormente, do Estado do Paran, passando,
inclusive, pelo perodo que antecedeu criao da Provncia do Paran, em 1853. Nesta parte,
a anlise feita passou pelos mesmos pontos trabalhados na questo da educao nacional,
focalizando os perodos marcantes, as partes interessadas neste processo educacional, quais os
benefcios e beneficiados por este processo e como o poder pblico atuou na rea educacional.
Nesta parte do trabalho, especificamente, foi identificada onde surgiram as primeiras
escolas e como elas se desenvolveram. Qual era a participao do poder e de que forma era
trabalhada e avaliada a instruo pelo Estado, mostrando a presena dos supervisores de
ensino que, desde o incio do processo educacional, no Estado do Paran, j percorriam as
casas escolares verificando as reais condies da instruo oferecida populao paranaense.
Ressaltou-se, tambm, a importncia do surgimento das escolas dos colonos, descendentes de
imigrantes europeus, que se instalaram no Paran, focalizando a sua influncia para a
educao no Estado e sua relao com o poder pblico.
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Tratando, especificamente, do objetivo deste trabalho: a educao na Regio Oeste do
Paran, a discusso foi mais longa e, basicamente, realizada sobre a Tese de Mestrado do
professor Ivo Oss Emer, um dos poucos autores a abordarem a questo da educao na Regio
Oeste do Paran, desde as primeiras iniciativas at o fim da primeira metade da dcada de
1980.
A discusso comeou com as primeiras experincias na rea educacional, em Foz do
Iguau, que se constituiu no primeiro ponto de ocupao desta Regio. E prosseguiu com o
surgimento e desenvolvimento das atividades educacionais nos demais pontos de ocupao
existentes na Regio, poca.
Com a chegada dos descendentes de imigrantes europeus, na Regio Oeste do Paran,
no final da dcada de 1950 e incio da dcada de 1960, surgiu uma nova modalidade de
escolarizao: a escola dos colonos, que no esperavam pelo poder pblico, mas, sim,
construam a escola e contratavam o professor.
Analisou-se, tambm, de que forma esta modalidade de escolarizao foi substituda e
como evoluiu a educao na Regio Oeste do Paran, baseado nas reivindicaes da
populao por uma educao de qualidade. Assim, demonstrou-se a evoluo da educao at
o fim da primeira metade da dcada de 1980. A partir do incio da segunda metade da dcada
de 1980, at os dias atuais, a anlise foi efetuada com base nos levantamentos realizados,
incluindo as entrevistas realizadas durante a pesquisa.
Com base nos dados sobre a educao na Regio Oeste do Paran e nas entrevistas
feitas com docentes, diretores de escolas, secretrios municipais de educao, entre outros, foi
realizado o diagnstico sobre a situao atual da educao, em nvel regional, desde a pr-
escola at o ensino superior. Estes dados foram levantados junto aos rgos responsveis pela
educao, tais como: SEED, instituies de ensino superior, CEFET, Secretarias Municipais
de Educao, FUNDEPAR, INEP, NRE, MEC, entre outros.
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13.2 CONTEXTUALIZAO DA EDUCAO
13.2.1 NO BRASIL
A educao, no Brasil, comeou com os jesutas, poucas dcadas aps o
descobrimento. Eles tinham como objetivo inicial catequizar os ndios e, mais tarde,
estenderam essa instruo aos brancos e mestios.
Segundo XAVIER (1980), nos dois primeiros sculos de colonizao brasileira os
Jesutas foram os nicos educadores que existiam na colnia. Preocupados com a difuso da
f e com a educao de uma elite religiosa criaram, no Brasil Colnia, um sistema
educacional que, em ltima instncia, fornecia aos elementos das classes dominantes uma
educao clssica e humanista, como era o ideal europeu da poca.
De acordo com os estudos de BERGER (1980), a educao fornecida pelos Jesutas
buscava transplantar de Portugal para a colnia a cultura dominante da poca. O Brasil
colonial contou com esse sistema educacional organizado pelos Jesutas at 1759, quando sob
influncia do iluminismo europeu, o ministro portugus Marques de Pombal expulsou os
Jesutas de Portugal e de suas provncias ultramarinas, encerrando a educao por eles
oferecida.
A expulso dos Jesutas acarretou a paralisao total das atividades educacionais at
ento desenvolvidas. Ao contrrio do que se poderia esperar, essa expulso no foi sucedida
por uma reforma do ensino, que contemplasse um novo sistema educacional. O que ocorreu
sim, foi uma interrupo temporria de todo o sistema educacional at ento desenvolvido. Os
bens dos Jesutas foram confiscados e suas escolas foram fechadas.
Com o financiamento e a administrao a cargo do governo metropolitano, a educao
colonial ficou restrita a algumas poucas Escolas e Aulas Rgias, insignificantes em nmero,
qualidade e resultados. Estas funcionavam mal, valendo-se de professores inaptos e sem
currculo regular, segundo XAVIER (1980).
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De acordo com BERGER (1980), as conseqncias dessa poltica foram desastrosas
para o Brasil, que no pode beneficiar-se da modernizao do sistema educacional visado por
essa poltica, pois, a metrpole no dispunha de meios eficientes para orientar e fiscalizar as
novas escolas a serem criadas na colnia. Somente depois de uma dcada foram criadas as
primeiras Escolas e Aulas Rgias nas maiores cidades, lecionando Latim, Grego e Retrica.
A introduo da figura do Diretor de Estudos, na colnia, foi mais uma tentativa
implementada pela metrpole para instituir um sistema educacional mais eficiente, mas que
tambm no proporcionou bons resultados. Em suma, o estado fracassou ao tentar substituir o
sistema educacional jesutico. Em parte isso ocorreu por no existir interesse em equipar a
colnia com um sistema educacional eficiente.
Com a transferncia da Corte Portuguesa, em 1808, ocorreu um novo perodo na
histria educacional do Brasil. Ocorreu a instalao da primeira imprensa e a abertura das
bibliotecas pblicas. Algumas escolas tcnicas foram abertas. Surgiu, neste perodo, a
primeira escola vocacional, transformando um pouco a paisagem escolstica do sistema
educacional brasileiro.
Mesmo assim, de acordo com XAVIER (1980), o Brasil estava, por ocasio da
independncia, destitudo de qualquer forma organizada de educao escolar. Somente aps a
Proclamao da Independncia, em 1822, iniciou-se uma nova fase de debates e projetos que
visavam a estruturao de um sistema nacional de educao.
D. Pedro I reconheceu a necessidade de uma legislao especfica sobre a instruo
pblica. Assim sendo, convocou a Assemblia Constituinte e Legislativa de 1823. Muito se
discutiu a respeito, mas pouco se fez concretamente pela educao dos jovens brasileiros, pois
a Assemblia foi destituda antes mesmo da aprovao das leis, segundo XAVIER (1980).
Na Constituio de 1823, outorgada por D. Pedro I, que vigorou durante os 65 anos do
Imprio, ficou estabelecido que: a instruo primria deveria ser gratuita para todos os
cidados e previa a existncia de colgios e universidades. Mas no garantiu a prestao
deste servio por parte do Estado. Desta forma, garantiu-se a dominao das oligarquias rurais
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que tinham acesso educao e davam sustentao ao Estado, excluindo os demais segmentos
da sociedade, de acordo com EMER (1991).
Segundo BERGER (1980), a lei sobre a escola primria gratuita foi um fracasso por
falta de meios tcnicos e financeiros. A criao das faculdades destinava-se a colocar
disposio dos nobres uma instituio de educao elitista.
De acordo com EMER (1991), essa foi a primeira legislao que disps sobre
instruo pblica no Brasil. Esta se manteve at 1930, como nica lei nacional sobre
educao, sofrendo apenas algumas alteraes no decorrer do perodo. Na poca em que foi
promulgada a Constituio Imperial (1823), o modo de produo dominante era a agricultura
cafeeira baseada no sistema escravista, em que a sociedade era dominada pelos Bares do
caf. Esses bares detinham o poder e atravs de seus bacharis aprovavam as leis de seus
interesses, mantendo, assim, o sistema de produo e dominao, no se interessando pela
educao do povo, em geral.
Segundo XAVIER (1980), a educao pblica e a legislao posterior Independncia
do Brasil, se transformaram num eficiente instrumento de manuteno da estrutura colonial
dependente, pois estava impregnada com a cultura dos pases dominantes, aos quais no
interessava a autonomia econmica e cultural do Brasil.
Conforme EMER (1991), um modesto projeto de lei sobre educao foi aprovado em
1827. Esse projeto propunha apenas a criao de Escolas de Primeiras Letras, aqum das
Escolas Primrias, previstas na Constituio. Nem o Estado, nem a oligarquia rural
dominante estavam interessados em implantar um sistema nacional de ensino para uma
sociedade rural e escravista. Foram criadas escolas secundrias somente onde existiam escolas
de nvel superior, s quais, com raras excees, somente os filhos dos bares tinham acesso.
Segundo WACHOWICZ (1984), a educao escolar, no Brasil, passou a ter sua
estruturao como um encargo do Estado, num perodo histrico em que a sociedade
brasileira manifestava caractersticas de transformao em seu modelo econmico, em
meados do sculo XIX. As relaes de produo da vida social ainda se realizavam
predominantemente num contexto agrrio e comercial, enquanto que, nas primeiras dcadas
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do sculo XX, observavam-se manifestaes modernizadoras na sociedade brasileira,
especialmente a partir da dcada de 1920, na direo de um capitalismo cujas foras de
produo vieram a exigir relaes que se realizaram, predominantemente, num contexto
urbano-industrial.
Segundo BERGER (1980), a partir de 1934, atravs do Ato Adicional, as provncias
passaram a ser responsveis pela escola primria e secundria, ficando a escola de nvel
superior a cargo do governo central.
O Ato Adicional, de 1934, atribuiu s Assemblias Legislativas Provinciais, legislar
sobre o ensino primrio e secundrio, em seus territrios, reservando ao Governo Federal,
apenas a responsabilidade sobre o ensino superior.
Mas a falta de preparo e de recursos tcnicos, financeiros e humanos por parte das
provncias, para assumir esse encargo, provocaram mais uma estagnao do sistema
educacional brasileiro.
At o incio do sculo XX, apenas alguns segmentos da sociedade civil demonstravam
preocupao com a educao, como a igreja, por exemplo. A partir da industrializao,
surgiram os sindicatos de trabalhadores, que buscavam na educao uma oportunidade de
melhorar sua qualificao em busca de uma melhor colocao no mercado de trabalho.
Aproveitando-se desta situao de abandono do sistema educacional pelo Estado, a
iniciativa privada, entre 1860 e 1890, atingiu o primeiro auge nas escolas secundrias. Dentre
essas escolas encontravam-se os Jesutas, que haviam retornado em 1842. Surgiram outros
internatos para rapazes, as primeiras escolas para meninas, escolas protestantes metodistas e
presbiterianas, que colocaram pela primeira vez em uma mesma sala meninas e meninos.
Essas escolas difundiram pelo Brasil os ideais pedaggicos americanos, segundo BERGER
(1980).
BERGER (1980), diz que a reforma educacional de 1889 tinha um contedo
positivista e pela primeira vez as cincias naturais passaram a integrar o currculo obrigatrio
da escola primria. Iniciou-se o estudo da lgebra, da geometria e da fsica nas escolas
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secundrias. Em 1901, essa reforma foi absorvida por outra, que transformou a escola
secundria, simplesmente, em curso preparatrio para a escola superior. Isto vigorou por dez
anos, quando outra reforma concedeu s escolas secundarias e superiores, autonomia quase
que ilimitada. Todavia, esta reforma foi invalidada por outra, quatro anos mais tarde.
O autor afirma, ainda, que a Unio era responsvel pela educao superior. Os Estados
eram responsveis pela educao normal e tcnica e os municpios eram responsveis pela
educao primria. Para administrar as questes educacionais, em 1890, o estado criou o
Ministrio de Educao e Correios e Telgrafos. Este ministrio foi extinto menos de um ano
depois, repassando para o Ministrio da Justia os assuntos educacionais.
Com a Proclamao da Repblica, em 1889, uma nova constituio foi elaborada.
Segundo EMER (1991), a primeira Constituio Republicana, de 1891, foi omissa em relao
ao ensino e educao.
A ltima reforma deste perodo ocorreu em 1925, com o objetivo de reformular a
fiscalizao escolar e fixar a centralizao administrativa do sistema escolar brasileiro. No
perodo entre 1889 e 1930, o sistema educacional no passou de uma seqncia frustrada de
experincias reformistas.
No perodo que se seguiu, o sistema educacional brasileiro foi influenciado
diretamente por fatores como industrializao, urbanizao, populismo, despertar nacional,
Revoluo de 1930 e, pela primeira vez na histria brasileira, o incipiente processo de
democratizao trouxe consigo uma abertura das chances educacionais para camadas
populacionais mais amplas, segundo BERGER (1980).
De acordo com EMER (1991), a Constituio Republicana, de 1934, reconheceu a
educao como direito de todos, mas relutava em transform-la em dever do Estado. Delegava
s indstrias e s empresas agrcolas a tarefa de proporcionar ensino primrio gratuito a seus
empregados analfabetos. Estabelecendo, ainda, que a educao seria ministrada pela famlia e
pelos poderes pblicos.
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Segundo BERGER (1980), com a redemocratizao do Brasil, em 1945 e, com a nova
Constituio, de 1946, reiniciou-se os debates em torno da teoria e da poltica educacional, no
Brasil. Simultaneamente, discutiu-se a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional,
prevista na Constituio de 1934. Este clima de discusso durou at 1961. Na primeira fase,
as discusses giraram em torno da centralizao ou descentralizao do sistema educacional.
A segunda fase concentrou os debates no problema do monoplio educacional estatal ou
privado.
Para BERGER (1980), a escola que se desenvolveu neste perodo no satisfazia a nova
realidade resultante da rpida urbanizao e industrializao da dcada de 1950, pois a
educao continuava desvinculada dos problemas prticos, sem referncia ao mundo do
trabalho.
Embora a lei aprovada em 1961 no tenha correspondido s necessidades do Pas,
pode-se constatar que os longos debates e discusses desempenharam um papel
conscientizador muito importante e a educao deixou de ser preocupao de um grupo
restrito de especialistas, para tornar-se, tambm, uma preocupao do povo. Ento, a oferta
educacional tornou-se um tema poltico e, desta forma, escolas foram construdas em muitos
pontos do Pas. Contudo, no existiu a preocupao com a qualidade do ensino oferecido, com
a formao dos professores e com os meios para financiar a educao.
Segundo BERGER (1980), no perodo entre 1946 e 1961, o sistema escolar e
educacional nacional sofreu transformaes tanto formalmente quanto em seu contedo, tais
como: a equiparao dos cursos de nvel mdio, a federalizao de todas as universidades
estatais, as fundaes de organizaes de fomento pesquisa (CNPq) e de preparo formao
de cientistas (CAPES). Expandiu-se, quantitativamente, de forma mais significativa, o ensino
mdio. Mas este ensino continuava atendendo aos interesses das camadas superiores, sem se
preocupar com as reformas indispensveis.
Os estudos de BERGER (1980), apontaram que, finalmente, em 1961, foi assinada a
Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional. Com a crise poltica e econmica do incio
da dcada de 1960, a situao do sistema educacional, tambm, era explosiva. Partidos
polticos, sindicatos e estudantes exigiam uma reforma de base na educao brasileira.
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Trabalhou-se, efetivamente, na reforma universitria. Iniciou-se uma campanha contra o
analfabetismo e, em torno de Paulo Freire, se formaram grupos de trabalho que
desenvolveram um novo mtodo de alfabetizao, adaptado s necessidades da populao
brasileira.
Estas medidas sofreram uma interrupo com o golpe militar de 1964. O Governo
Militar assumiu o poder e afastou, ideologicamente, todas as tentativas e projetos anteriores,
usando, inclusive, o uso da fora em alguns casos, dando novos rumos ao sistema
educacional. Guardadas suas peculiaridades, todos os Governos Militares deram certa
prioridade ao sistema educacional, conforme ser visto a seguir.
De acordo com BERGER (1980), foi realizado o primeiro Censo Escolar, em 1964,
com todas as crianas que nasceram entre 1950 e 1964, fornecendo base factual e segura para
o planejamento de um programa de alfabetizao. Em 1967, foi criada a Fundao Mobral
que deveria programar, orientar e financiar uma campanha intensa de alfabetizao de
adultos. Criou-se um grupo de trabalho para adaptar a escola de nvel mdio s exigncias
econmicas do Pas, criando o ginsio polivalente, atravs da introduo de disciplinas
voltadas prtica.
Transformou-se o sistema escolar, de forma que a escola primria fosse completada,
estruturalmente, pelo primeiro ciclo da escola de nvel mdio. A durao da escola de 1 grau
passou para 8 anos, dos quais os quatro ltimos anos deveriam propiciar uma viso terica e
prtica do mundo das ocupaes. A escola de 2 grau deveria, a partir desse momento,
dedicar-se formao profissional de seus educandos.
O planejamento oficial, para o perodo de 1972 a 1976, coincidindo com o I e II
Programa Nacional de Desenvolvimento (PND), demonstrou, claramente, os fins que a
educao deveria atingir. Pois ela passou a se constituir numa das prioridades no campo
social, alm de ser entendida como fator de aumento de produtividade dos recursos humanos,
de acordo com os estudos de HOFF (1991).
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Para SCHRADER (1973), o sistema escolar espelha as condies de vida da
populao na qual nasce, para qual existe e um espelho da situao geogrfica, poltica,
econmica e social desse povo.
No perodo de 1950 a 1980, pode-se verificar uma melhora considervel nos ndices
de alfabetizao, em conseqncia das mudanas ocorridas em nvel macroeconmico e
social, contemplando a expanso das atividades industriais, crescimento econmico e
urbanizao acelerada e, em parte, por aes especficas, destinadas a reduzir as taxas de
analfabetismo atravs do MOBRAL - na dcada de 1950, reduzindo de 25%, em 1970, para
16%, em 1980, o ndice de analfabetismo entre a populao com idade entre 15 e 24 anos,
segundo o Ministrio da Educao e Cultura (1991).
13.2.2 NO PARAN
A histria da educao, no Paran, comeou com a criao da Provncia do Paran, em
1853. A partir deste ano, coube Provncia implantar suas escolas e desenvolver a educao.
As escolas primitivas espelhavam as relaes sociais impostas pela oligarquia campeira que
detinha a hegemonia poltica, no perodo provincial.
Segundo WACHOWICZ (1984), quando o Paran foi elevado categoria de
provncia, a populao era diminuta e rarefeita, com 52.069 habitantes livres e 10.189
escravos, totalizando 62.258 pessoas. Como os escravos eram proibidos de freqentarem a
escola e o limite de idade para matrcula era entre 06 e 14 anos, existia 5.676 meninos e 4.709
meninas em idade escolar, sendo que apenas 12,3% dos meninos e cerca de 5,4% das meninas
recebia algum tipo de instruo, nmero muito baixo, at mesmo para os padres da poca.
Em 1854, foi instituda a obrigatoriedade do ensino. Os pais ou tutores deveriam
enviar as crianas escola. Caso no o fizessem, receberiam multas. Ficavam isentas, porm,
aquelas crianas que residissem a mais de uma lgua da escola, que comprovassem receber
instruo na prpria residncia ou em escolas particulares.
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Segundo EMER (1991), o primeiro sistema escolar adotado pela Provncia do Paran
foi o das Casas Escolares, onde o Governo Provincial contratava e remunerava o professor,
cabendo a este alugar uma casa ou sala e formar a classe de alunos de primeiras letras. Em
1854, foi estabelecida, na Provncia, a obrigatoriedade da instruo s crianas com idade
entre 06 e 14 anos de idade, residentes a menos de uma lgua da casa escolar.
Em muitas localidades, constatava-se que o professor no cumpria com as exigncias
do Governo Provincial, que enviava inspetores para averiguar as reais condies de instruo.
Nas regies mais afastadas da capital a situao era muito difcil. Tanto os locais quanto a
instruo oferecida nestas escolas eram de baixa qualidade. Isto provocava a desistncia dos
alunos, que eram, em sua maioria, matriculados pelos pais apenas para no receberem multa
do Governo, mas que, efetivamente, no compareciam sala de aula. Com isto, muitas
escolas encontravam-se fechadas, em 1854.
A reforma eleitoral do Imprio, em 1882, exigiu que, ao votar, o eleitor deveria deixar
registrada sua assinatura. Descobriu-se, ento, que 80% dos eleitores eram analfabetos.
De acordo com os estudos de WACHOWICZ (1984), na medida em que o regime se
apoiava no voto, aumentou-se, consideravelmente, o nmero de escolas criadas pelo poder
pblico, em barganhas com os eleitores. Porm, muitas delas permaneciam fechadas por falta
de professores. No incio da Repblica, a metade das escolas estava sem professores.
Ao final do imprio, a Provncia estava endividada, mas o novo governo, republicano,
deu nfase instruo pblica, no nvel do discurso e na prtica. E encaminhou, em 1891, um
projeto que regulamentou os pagamentos dos professores que deveriam ser efetuados
mediante comprovao da freqncia dos alunos escola. Ao contrrio do que ocorria no
Imprio, onde o professor precisava apenas comprovar a sua presena no trabalho,
WACHOWICZ (1984).
O Governo Republicano se articulou em torno de dois pontos da instruo pblica. Os
professores deveriam, compulsoriamente, freqentar a escola normal e os municpios assumir
as questes da instruo pblica, ficando claro que a instruo pblica era de fundamental
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importncia para o novo regime poltico e o professor era o ponto decisivo para o
funcionamento das escolas.
A partir de 1914, foram implantados os grupos escolares, pelo poder pblico, nos
principais centros urbanos. Esses grupos caracterizavam-se pela diviso do ensino em quatro
sries com contedo progressivo, com um professor para cada srie, coordenados por um
diretor de grupo. Neste perodo, iniciou-se uma campanha de profissionalizao dos
professores. Foi repassada aos municpios a responsabilidade pela instruo pblica
elementar.
Segundo WACHOWICZ (1984), o Censo realizado, em 1916, mostrou que dos 50
municpios existentes no Paran, naquela poca, apenas 18 investiam parte de suas receitas na
instruo pblica.
A instabilidade poltica, que prevalecia no Paran at o final do sculo XIX, quando os
presidentes se sucediam no cargo, prejudicavam a escolarizao. Isto porque, normas criadas
por um governo, eram revogadas por outro, no havendo um processo contnuo no
fornecimento de instruo ao pblico.
De acordo com EMER (1991), os imigrantes europeus, estabelecidos no Paran,
reuniam grupos de crianas em casa de membros da comunidade com disposio de ensinar.
Posteriormente, no final do sculo XIX e incio do sculo XX, estas comunidades coloniais de
imigrantes passaram a construir suas escolas e a contratar seus professores.
Estas escolas assumiram significao e atraram as atenes do Poder Pblico. Estas
escolas no se desenvolveram mais porque, desde 1901, o Estado passou a subvencionar os
professores que ensinavam em lngua portuguesa.
Segundo EMER (1991), os imigrantes queriam manter sua nacionalidade e ensinavam
em seu idioma de origem, mantendo, assim, as noes de nacionalidade s novas geraes.
Assim, medida que o portugus era introduzido nestas escolas os imigrantes retiravam seus
filhos da escola e criavam novas escolas particulares. Isto evidencia o conflito de interesse
existente na questo da educao.
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O Estado pretendia que a educao desempenhasse o papel de instrumento de
nacionalizao da populao paranaense, pela eliminao da heterogeneidade de lnguas,
enquanto os imigrantes pretendiam manter os traos de sua nacionalidade.
Em 1914, o Estado passou a vigiar e fechar as escolas que no ensinassem em
portugus. Esta medida foi reforada, em 1917, por um decreto federal que determinou o
fechamento destas escolas.
A competio entre escola pblica do governo e a escola dos imigrantes continuou at
1925, quando o governo estadual percebeu que o esforo para fechar as escolas dos
imigrantes, substituindo-as por escolas pblicas, havia deixado sem atendimento escolar
milhares de crianas filhas de caboclos que viviam nas reas rurais no interior de extensos
municpios, segundo EMER (1991).
As camadas subalternas da populao passaram a exigir a escolarizao a partir do
momento em que perceberam que as foras produtivas exigiam novas relaes de produo e
a instruo era a condio necessria para ter acesso a melhores colocaes no mercado de
trabalho, em transformao.
Para o Estado, a escola deveria ser apenas criadora de possibilidades, mediante o
esforo das camadas subalternas de atingirem nveis para viver na sociedade delineada pelo
Poder Pblico. Enquanto isso, as camadas populares subalternas lutavam pela competncia
tcnica da escola, capaz de produzir o saber indispensvel s relaes sociais, pelo trabalho do
professor.
De acordo com EMER (1991), no Paran, desde 1917, a demanda por educao
aumentou, assim como o descontentamento popular em relao competncia tcnica da
escola. A qualificao do professor e seu bom trabalho produzem essa competncia tcnica
desejada. Embora existisse, desde 1876, uma Escola Normal em Curitiba, esta permaneceu
fechada um longo perodo, por falta de alunos interessados no magistrio.
Para EMER (1991), ao Estado interessava dominar a sociedade e adequar as massas ao
seu projeto poltico, respondendo s reivindicaes da sociedade apenas com melhorias
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tcnicas da escola, em alguns centros urbanos mais expressivos. As escolas pblicas, desses
centros, passaram a ter seriao e magistrio profissional. As demais escolas, do interior e
rurais, eram atendidas a partir das possibilidades da populao, com magistrio improvisado.
A qualificao do professor j era entendida como fator preponderante na conquista da
funo tcnica da escola. Passou a fazer parte das reivindicaes dos centros urbanos em
formao, no interior do Estado. A partir de 1929, Guarapuava, plo urbano mais a oeste na
poca, passou a contar com a denominada Escola Normal Complementar, para formao de
profissionais de ensino. Compunha-se de Ginasial acrescido de algumas disciplinas
pedaggicas e prticas de ensino.
De acordo com HOFF (1991), em 1962, foi institudo o Fundo Estadual de Ensino,
bem como a Fundao Educacional do Paran FUNDEPAR, para gerir os recursos do
Fundo Estadual de Ensino. A educao passou a ter a funo de capital humano,
possibilitando que a populao se atualizasse para servir aos propsitos do sistema capitalista.
O ensino mdio (secundrio, normal, comercial, industrial e agrcola) foi reforado
com verbas provenientes do Plano de Aplicao dos Recursos do Plano Trienal de Educao
1964. A situao do Paran, em 1964, no ensino mdio, era a seguinte: o ensino mdio era
ministrado em 173 dos municpios do Estado, com 468 estabelecimentos de ensino, dos quais
368 eram estaduais, 94 particulares, quatro municipais e dois federais, com cerca de 105.165
alunos matriculados. Com esses nmeros o Paran, naquela poca, era o estado brasileiro com
maior rede de ensino mdio, na maioria mantida pelo setor pblico estadual, segundo HOFF
(1991).
De acordo com os apontamentos de HOFF (1991), os anos de 1965 e 1966 viram
nascer um grande nmero de faculdades estaduais isoladas no Paran, tais como a de
Jacarezinho, a de Paranagu, a de Londrina, a de Unio da Vitria, a de Apucarana e a de
Cornlio Procpio, que haviam sido transformadas em autarquias, em 5 de dezembro de 1964
e a de Paranava, em 1966, e, ainda, as de Mandaguari e Jandaia do Sul, em 1967.
Ento, o Governo de Paulo Pimentel transformou trs dessas faculdades isoladas em
universidades estaduais. Assim, foram criadas as Universidades Estaduais de Londrina, de
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Maring e de Ponta Grossa. Segundo Paulo Pimentel, a populao deveria ser educada para se
tornar condizente com o desenvolvimento do Pas, afirmou HOFF (1991).
Em outubro de 1969, foi aprovado, segundo HOFF (1991), o Estatuto do Magistrio,
que veio ao encontro da velha reivindicao dos professores. Neste estatuto ficou definido um
aumento salarial, alm de permitir o acesso qualificao.
Em 1973, foi criado um Plano Estadual de Educao. Por esse plano, a educao
deveria aprimorar o processo de democratizao, com a finalidade de responder s
necessidades de desenvolvimento. Com objetivos tcnicos, tais como: ampliao da rede
escolar, escolarizao de primeiro grau, oferta de matrcula de segundo grau e do ensino
supletivo, alm da implantao de um sistema de planejamento para acelerar a produtividade
do sistema educacional e implantar os servios de superviso escolar.
Segundo HOFF (1991), em 1974, o quadro j era melhor. Nos principais municpios
do Estado, a quantidade de professores leigos havia cado de cerca de 50%, para 20%. O
planejamento oficial para o perodo 1972 a 1976, correspondendo ao I e ao II Programa
Nacional de Desenvolvimento demonstrava, claramente, os fins da educao e do controle
social. A educao passou a ser vista como um dos instrumentos de aumento dos padres de
vida da populao e a tecnologia como uma soluo para os problemas educacionais.
Segundo HOFF (1991), o Plano Estadual de Educao do Paran, de 1973 a 1976,
tinha como objetivo:
A implementao de um sistema educacional eficiente e a correo de suas distores;
A acelerao de sua produtividade;
A reordenao da rede escolar e a reconstruo do currculo, adequando-o s novas
imposies scio-econmica-culturais e;
O incremento da produtividade do sistema.
Atualmente, de acordo com o relatrio da Secretaria de Estado da Educao, existem
no Paran 2.160 escolas estaduais e 5.600 escolas municipais, com cerca de 50.000
professores e cerca de 75.000 funcionrios, atendendo 1,6 milho de alunos. Tendo ocorrido
nos ltimos anos uma expanso das matriculas devido s polticas de universalizao do
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ensino fundamental e da Correo do Fluxo Escolar, adequando a idade do aluno srie
cursada.
De acordo com este relatrio, o ndice de evaso escolar, em 1996, era de 14%
enquanto, em 1998, caiu para 8%. E a taxa de aprovao subiu de 72% para 86%, no mesmo
perodo. Quanto s taxas de analfabetismo no Estado, que era de 16% em 1991, baixou para
11% da populao do Estado, em 1996. Sendo mais significativa na populao jovem. Entre
as pessoas de 20 a 24 anos a taxa de analfabetismo caiu de 6% para 3% e entre as de 25 a 29
anos houve uma reduo de 7% para 4%.
Foi criado o Programa de Expanso, Melhoria e Inovaes do Ensino Mdio do Paran
(PROEM), com objetivo de dar suporte ao plano de ao da Secretaria de Estado da
Educao, doravante denominada apenas SEED, em relao ao departamento de Ensino
Mdio, para modernizar e adequar o ensino mdio s necessidades da sociedade atual.
13.2.3 NA REGIO OESTE DO PARAN
13.2.3.1 Do Incio da Colonizao At a Primeira Metade da Dcada de 1980
A educao na Regio Oeste do Paran esteve condicionada aos elementos scio-
econmico-culturais da populao que aqui se instalou.
Para compreender como surgiu o sistema educacional regional, ser necessrio
analisar como foi gestada e como evoluiu a escola a partir do interior dos ncleos de ocupao
e colonizao pioneiros desta Regio.
A educao que aqui se desenvolveu teve seus fundamentos a partir de aspectos
sociais, da presena ou ausncia do Poder Pblico ou dos nveis de satisfao da populao
em relao qualidade tcnica da escola pblica. Assim, sempre que a sociedade percebia que
o nvel de instruo estava aqum de suas expectativas, uma nova escola particular surgia.
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Mas antes de iniciar as discusses a respeito do nascimento da educao na Regio
Oeste do Paran, preciso definir os termos que identifiquem as formas de escolarizao e
modalidades de escola e suas prticas surgidas do interior dos grupos sociais pioneiros, que
segundo EMER (1991), foram as seguintes.
A primeira distino a prtica da escolarizao ou, simplesmente, instruo sem
instituio escolar, para crianas na faixa etria de escolarizao, exercida por algum do
grupo social estabelecido, com disponibilidade e condies mnimas de ensinar, sem nenhum
ato oficial e sem regulamentao.
Uma segunda distino a casa escolar, construda e mantida pelo grupo social
pioneiro. A casa era construda para ser o local de instruo e para ampliar a capacidade de
atendimento, que seria impossvel atravs da pratica de escolarizao domiciliar semelhante
escola das colnias de imigrantes. No se esperava pela ao do Poder Pblico. O prprio
grupo social construa a escola, contratava o professor e produzia sua educao, mesmo que
fosse apenas nas primeiras letras.
A terceira distino a casa escolar pblica dos ncleos urbanos. Esta modalidade
escolar, criada por ato oficial do Poder Pblico Municipal, assumia a casa escolar existente ou
construa uma casa, onde esta no existisse e, em ambos os casos, pagavam o professor.
Por fim, a quarta distino, o grupo escolar. Esta modalidade educacional distinguia-
se, fundamentalmente, por ser um tipo de escola construda em ncleos de povoamento mais
desenvolvidos e pela forma de funcionamento. O grupo escolar passou a cobrar
conhecimentos dos contedos oferecidos ao final dos quatro anos. Estes contedos eram
determinados pelo sistema educacional e oferecia um certificado aos aprovados. O trabalho do
professor foi dividido em sries e o aluno comprovaria a escolarizao primria aps a
aprovao nos exames da ltima srie.
Segundo EMER (1991), em Foz do Iguau, cidade de fronteira, ncleo pioneiro da
ocupao regional, desde a criao da Colnia Militar (1889), existiu por parte dos militares e
funcionrios do fisco, a preocupao com a escolarizao de seus filhos. Esses segmentos
sociais resolveram o problema da instruo a partir de seu prprio grupo social.
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Esta instruo, na modalidade de escolarizao particular domiciliar, era
quantitativamente muito restrita e somente para os filhos de funcionrios de postos mais
importantes. At a extino da Colnia Militar, em 1912, no existiu escola ou casa escolar
em Foz do Iguau.
A partir de 1914, com a criao do Municpio de Foz do Iguau e com a deciso do
Governo Federal de aumentar o nmero de agentes do fisco, para combater o contrabando,
cresceu a necessidade de se criar uma casa escolar, pois a modalidade de instruo particular
domiciliar tornou-se invivel, conforme indica os estudos de EMER (1991).
EMER (1991), concluiu que, entre os anos de 1915 e 1916, passou a existir uma casa
escolar em Foz do Iguau, construda e mantida pelo Municpio, como ocorria nas demais
regies do Estado. A instruo produzida na casa escolar de Foz do Iguau era extremamente
precria e possibilitou a coexistncia da modalidade de instruo particular domiciliar. At
que, em 1928, foi instalado um grupo escolar. Este grupo estava sob direo da Igreja
Catlica, que recebeu subvenes do Governo para estabelecer uma parquia em Foz do
Iguau e, em contrapartida, ofereceria educao naquele Municpio.
Em 1928, passou a funcionar o grupo escolar, em prdio novo, sob a direo do
Monsenhor Guilherme, com dois professores (padres) e duas professoras, escolhidas pelos
padres entre membros da populao de Foz do Iguau. Em 1930, o grupo passou para a
administrao estadual, sob direo de professores nomeados e pagos pelo Estado.
Segundo COLODEL (1988), concomitante ao que ocorria em Foz do Iguau, em Santa
Helena, comprovadamente, existiu apenas a instruo familiar. Os pais alfabetizados
utilizavam carvo e tbuas ou lpis e papel de embrulho, substituindo o quadro e o giz, para
ensinar as primeiras letras a seus filhos, de forma espordica e no sistematizada.
Em 1929, as primeiras aulas foram ministradas para um grupo de crianas de Santa
Helena, pelo padre Winks, no salo de festas, onde ensinava as primeiras letras e um pouco de
aritmtica bsica, alm do ensino religioso. Mas esta instruo durou pouco. Alguns meses
depois, devido a no instalao de uma igreja em Santa Helena, o padre Winks foi chamado
de volta a Foz do Iguau, interrompendo as aulas.
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De acordo com EMER (1991), Santa Helena conseguiu a escola somente em 1956,
num contexto histrico diferente de suas lutas anteriores. Mas existiu escolarizao antes
disso. Os colonos assentados na dcada de 1950 tinham condies, tanto econmicas quanto
culturais, diferenciadas dos pioneiros, sendo que muitos deles foram alfabetizados em Santa
Catarina e no Rio Grande do Sul, de onde migraram para Santa Helena.
Este novo grupo de imigrantes tinha uma forma diferente de se relacionar. Seus
relacionamentos davam-se por meio de travesses, por onde eram abertas as estradas, que
interligavam glebas e lotes rurais. Nascia entre as famlias um sentido de comunidade e
buscavam solues coletivas para seus problemas comuns.
Nos travesses de Santa Helena foram construdas capelas em pontos de acesso
favorvel maioria da populao, que serviram, tambm, como locais de escolarizao das
crianas moradoras das proximidades. Esta escola era informal, mantida pelo prprio grupo
colonial, que coletivamente construiu a capela. As professoras eram, geralmente, adolescentes
do grupo colonial razoavelmente escolarizada, que instrua as crianas, utilizando papelo e
carvo.
De acordo com COLODEL (1988), na dcada de 1950, a principal colonizadora de
Santa Helena reservou e planejou a rea urbana e a foi instalada a primeira escola oficial, o
Grupo Escolar Estadual. Somente com a emancipao do Municpio foram criadas as escolas
rurais municipais, sendo grande parte delas no mesmo local onde j existia a escola de
travesso dos colonos.
Conforme EMER (1991), o Municpio de Guara tem sua histria ligada Companhia
Mate Laranjeira. A essa companhia, Guara deve sua fundao, em 1909, e seu
desenvolvimento inicial nas dcadas seguintes. H indcios de que a escolarizao em Guara
teve incio na dcada de 1920, com regime de escolarizao domiciliar particular incentivado
por diretores da Companhia Mate Laranjeira, que sentiam a carncia de mo-de-obra
especializada.
Mas, possivelmente, esta prtica de escolarizao foi considerada insuficiente para
suprir a necessidade de mo-de-obra. Assim, em 1928, Francisco Mendes Gonalves, um dos
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diretores brasileiros da Companhia Mate Laranjeira, determinou a construo de uma casa
escolar em Guara e foi contratada, em Curitiba, uma professora formada. Porm, essa
professora no permaneceu muito tempo em Guara. Foi substituda por Marina Marcondes
Suares, moradora da cidade e que foi considerada a primeira professora de Guara.
Em 1942, ainda sob responsabilidade de manuteno da Companhia Mate Laranjeira,
a casa escolar foi transformada em grupo escolar. Ocorreram muitas queixas da populao
quanto ao nvel tcnico da escolarizao produzida pela casa escolar. A transformao em
grupo escolar pode ter sido uma tentativa de melhorar as condies da escola.
Conforme EMER (1991), com a criao do Territrio Federal do Iguau, o grupo
passou para a administrao federal. Posteriormente, com a extino do Territrio Federal do
Iguau, a administrao passou para o Municpio de Foz do Iguau e, finalmente, em 1951,
com a criao do Municpio de Guara, o grupo escolar foi estadualizado.
Segundo EMER (1991), em Catanduvas, embora se tenha estabelecido populao
desde a poca da criao do posto de abastecimento dos militares, fundadores da Colnia
Militar de Foz do Iguau, em 1889, s passou a existir escola no final da dcada de 1920, com
peculiaridades, at certo ponto inditas, em toda a Regio Oeste do Paran. A populao que
ali se estabeleceu, por razes histrico-culturais, no reivindicavam educao.
Segundo COLODEL (1988), a maioria da populao era constituda de caboclos
vindos das proximidades de Guarapuava, que no se interessavam pela educao e por
fazendeiros que mandavam os filhos estudarem em Guarapuava.
Apenas no final da dcada de 1920 ocorreu alterao na realidade social de
Catanduvas, que levou criao de uma Clula de Ao Integralista, como alternativa
encontrada para o problema da escolarizao. Esta Clula foi constituda por uns poucos
fazendeiros e por alguns funcionrios pblicos e comerciantes, com o objetivo de atender
demanda por educao dos filhos de funcionrios dos telgrafos e outros servios pblicos
instalados no Municpio.
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De acordo com EMER (1991), essa Clula de Ao Integralista construiu a casa
escolar, fornecia material escolar de boa qualidade, mas exigia que as datas cvicas fossem
comemoradas, cantando o hino nacional. E, ainda, supervisionava a educao fsica, ensinava
marcha e remunerava a professora.
Em 1929, contando com a casa escolar bem construda e uma professora formada na
Escola Normal Regional de Guarapuava, foi iniciada a educao escolar em Catanduvas.
Segundo EMER (1991), esta escola teve vida curta. A professora decidiu morar com
os pais na fazenda, abandonando as atividades na escola, em 1931. No ano seguinte, j no
havia mais escola em Catanduvas. A desativao da escola no foi apenas por falta de
professora, mas, principalmente, em razo do novo traado da estrada construda na poca,
deixando Catanduvas afastada da rodovia.
As perspectivas de desenvolvimento tornaram-se maiores em Cascavel, h cerca de 50
km a oeste de Catanduvas. Em decorrncia disto, os servios pblicos foram transferidos para
Cascavel. Quem pretendia se dedicar s atividades urbanas tratou de se transferir, tambm,
para Cascavel. Assim, a escola foi interrompida porque quem se interessava pela educao e
seus filhos, se mudaram para Cascavel.
No perodo 1932 a 1943 Catanduvas contou com alguma forma de escolarizao
particular domiciliar. Em 1943, estava concluda a construo do Grupo Escolar Anita Ribas,
mantido pelo Estado.
De acordo com EMER (1991), diferentemente das outras localidades da Regio Oeste
do Paran, que s tiveram escola muito tempo depois da ocupao, Cascavel passou a contar
com escola apenas dois anos aps a fixao dos primeiros moradores. Isso se deveu,
especialmente, s caractersticas humanas culturais de sua populao. O grupo de pioneiros
era constitudo de comerciantes com suas famlias, caboclos e descendentes de imigrantes
poloneses.
Tanto os comerciantes quanto os descendentes de imigrantes poloneses valorizavam a
educao. Em 1932, a capela passou a ser utilizada para escolarizao das crianas, na
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modalidade de casa escolar, sem ato oficial. Nos primeiros trs anos a escola foi mantida pela
populao local. Os professores tinham ligaes com a comisso de estradas ou exerciam
funes pblicas.
De acordo com EMER (1991), a partir de 1935 os professores passaram a ser
remunerados pelo Municpio de Foz do Iguau. Em 1935, aps Cascavel ser elevada a
categoria de Distrito administrativo de Foz do Iguau, foi criada a casa escolar oficial pblica.
Em 1947, a casa escolar foi transformada em grupo escolar, o Estado passou a manter a escola
e a pagar os professores.
A partir dessas informaes e constataes possvel concluir que no perodo de
ocupao da Regio Oeste do Paran, os ncleos populacionais pioneiros buscaram
alternativas para o problema da escolarizao, constituram suas escolas a partir de seu
prprio contexto social.
Segundo EMER (1991), o contexto social revela que a educao no era um problema
igual para todos. A escola gestada no interior dos ncleos populacionais pioneiros da Regio
Oeste do Paran no era uma escola para todos. Originou-se de um segmento e a ele se
destinava. A ampliao do atendimento a esse segmento social que deu origem casa
escolar que, a partir de uma maior presena do Poder Pblico, passou a ser pblica.
Mas a escola s nasceu quando o processo histrico abriu espao de trabalho s
pessoas que exerciam seus papis a partir da habilitao produzida pela escolarizao.
A escolarizao particular domiciliar nasceu do interior do processo histrico de
dilatao das fronteiras econmicas, de ampliao das foras produtivas e dos primitivos
servios pblicos, inicialmente, em alguns pontos regionais.
Por outro lado, a criao das casas escolares, um espao fsico construdo com a
finalidade especfica de escolarizao, revela uma outra vertente do processo histrico.
Embora nem toda a populao em idade escolar tivesse acesso casa escolar, se ampliavam
as condies de atendimento educacional.
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De acordo com EMER (1991), numa etapa posterior, com o crescimento dos ncleos
populacionais e sua produo, o Estado transformou as casas escolares em grupos escolares e
assumiu os encargos. A criao desses grupos escolares estaduais est relacionada ao
desenvolvimento material dessas localidades. Eles foram criados juntos ou em perodos
anteriores, prximos criao de novos municpios.
Com a intensificao da colonizao da Regio Oeste do Paran, na dcada de 1950,
comeou a chegar Regio migrantes de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, em sua
maioria, descendentes de imigrantes europeus, preferidos pelas companhias colonizadoras,
por serem mais responsveis e honrarem seus compromissos com as colonizadoras, alm de
vrias outras caractersticas. Mas para este trabalho a caracterstica mais importante era o
interesse dessas pessoas pela escola e pela escolarizao de seus filhos.
De acordo com COLODEL (1988), na dcada de 1950, era de interesse do governo
subdividir administrativamente o Estado, criando novos municpios. Na Regio Oeste do
Paran existia apenas o Municpio de Foz do Iguau, criado em 1914. Ento, aps uma
viagem do Governador Regio Oeste do Paran, foram criados, em 1951, os Municpios de
Guaraniau, Cascavel, Toledo e Guara. A partir deste momento, foram ampliadas as
condies de luta dos colonos pela escolarizao de seus filhos.
Apesar da crescente diviso social do trabalho exigir a crescente presena do setor
pblico para suprir as demandas sociais, isto no aconteceu no perodo 1950-60. Pelo
contrrio, os colonos tiveram de encontrar solues dentro da prpria colnia e sustentaram
uma ntima relao entre educao-escola com capela ou templo, como tinham feito seus
antepassados nas antigas colnias.
Segundo EMER (1991), quando Alfredo Ruaro, descendente de italiano e catlico foi
o diretor da Colonizadora Marip, este procurou atrair colonos italianos e catlicos para
Toledo e proximidades. Quando a direo passou para Willy Barth, descendente de alemes e,
luterano, o mesmo procurou atrair colonos descendentes de alemes e luteranos para as
proximidades de Marechal Cndido Rondon.
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Na perspectiva da cultura colonial alem, o escalonamento de prioridades era, ao lado
de cada escola um templo, enquanto para os descendentes de italianos era, ao lado de cada
igreja, uma escola.
De qualquer modo, a educao estava em posio de destaque entre as prioridades que
eles coletivamente deveriam resolver. dentro desta lgica etno-cultural que poder ser
analisada a questo da escola na Regio Oeste do Paran.
De acordo com EMER (1991), em 1946, a Colonizadora Marip convidou o padre
Patu de Foz do Iguau, para ir para Toledo junto com os colonos italianos. Este aceitou o
convite e dois anos mais tarde convenceu trs religiosas, de Curitiba, a se transferir para
Toledo e fundar a primeira escola na rea da Colonizadora Marip, que no incio funcionou na
igreja, mas no mesmo ano foi construda a casa escolar pelos prprios colonos, com material
da colonizadora.
Na construo da escola dos colonos e da escola regional, em Marechal Cndido
Rondon, observou-se caractersticas singulares. A construo da casa escolar fez parte das
primeiras construes na rea destinada pela colonizadora futura vila, com material por ela
cedido e mo-de-obra dos colonos.
Segundo COLODEL (1988), mesmo aps a aquisio das terras, a transferncia das
famlias descendentes de alemes estava condicionada existncia de escola, que era vista
como um elemento necessrio s suas vidas.
Segundo EMER (1991), nas reas colonizadas por descendentes de italianos e outros
grupos tnicos havia, indistintamente, professores e professoras. Nas reas colonizadas por
descendentes de alemes, na dcada de 1950, havia somente professores. Essa predominncia
se manteve durante vrios anos da dcada seguinte. Depois, com a criao das escolas de
nvel Ginasial, os cargos de direo continuaram sendo exclusivamente dos homens.
A comunidade que tinha construdo a escola escolhia o professor. Esta escolha
envolvia uma srie de critrios importantes para o grupo. Deveria ser uma pessoa responsvel,
que soubesse ministrar aulas, deveria ensinar tudo o que soubesse, ter autoridade moral, fazer-
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se respeitar pelos alunos e ser uma pessoa de bem. O escolhido passava a ser visto como
algum especial para cada uma das famlias.
Segundo COLODEL (1988), durante a dcada de 1950, houve a criao da escola
primria dos colonos e, tambm, dos grupos escolares estaduais, nas sedes dos primeiros
municpios da Regio. O grupo escolar particular ou municipal era o tipo de escola que
permitia o mais elevado nvel de escolaridade na Regio, com exceo de Foz do Iguau, que
j contava com Ginasial, desde 1950.
Conforme EMER (1991), o crescimento populacional urbano, ao final da dcada de
1950, passou a exigir escolarizao ulterior ao primrio. Alm disto, o crescimento dos novos
ncleos coloniais, no interior, demandava mais escolarizao. Como tudo estava em
construo e os municpios novos no dispunham de recursos financeiros, a soluo
encontrada manteve-se semelhante aos primeiros tempos.
Antes do final da dcada de 1950, a modalidade de escola dos colonos comeou a
entrar em crise, pois no conseguia professores com a qualificao exigida pelos colonos.
Alm disto, a heterogeneidade dos novos ncleos dificultava o consenso sobre o professor a
ser contratado. Ento, apelou-se para o Municpio que, tambm, no dispunha de pessoal
habilitado e qualificado. Assim sendo, designava algum para assumir a escola, gerando
novamente o descontentamento entre os colonos quanto ao ensino desejado para seus filhos.
A tentativa de recuperao da escola dos colonos ocorreu no perodo do processo
histrico regional de ampliao das relaes sociais desencadeadas pelo aumento
populacional determinado pela expanso da produo econmica, especialmente as atividades
comerciais. A escola pblica passou a ser escola dos comerciantes e de outros segmentos
urbanos. Os colonos no se opunham existncia da escola pblica, apenas queriam ter a sua
escola com ensino voltado para seus interesses.
Segundo EMER (1991), na tentativa de recuperar sua escola, via formao de seus
professores, no final da dcada de 1950, foram criadas escolas Normais Regionais, algumas
delas com internato para formao de filhos de colonos que residiam longe da sede.
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Alm da existncia da Escola Normal Regional de Foz do Iguau, de religiosas e com
internato, desde 1951, passou a existir a Escola Normal Regional Luterana e com internato, de
Marechal Cndido Rondon, em 1958. Cascavel somente externato e pblico, em 1959. Mas
essa tentativa foi incua, pois os professores que vinham de outros centros urbanos no
estavam adequados s concepes culturais dos colonos.
De acordo com EMER (1991), mesmo diante das dificuldades para recuperao de sua
escola os colonos no desistiram. E mobilizaram-se para construir inmeros colgios
confessionais, que teriam professores de seus prprios quadros. Grande nmero de colgios
de religiosos e de outros grupos confessionais foi fundado, entre 1955 e 1965.
Alguns iniciaram apenas com ensino primrio e mais tarde passaram a oferecer o
ginasial. Outras j iniciaram com primrio, ginasial comercial, mais tarde se transformam em
contabilidade, como o caso do Marista e do Lassalista.
Em 1957, o Colgio das Irms, de Foz do Iguau, implantou a Escola Normal
Colegial, primeiro estabelecimento da Regio Oeste do Paran a ofertar esse nvel de
escolarizao.
As tentativas de recuperao da escola dos colonos demonstraram-se inviveis, em
razo das rpidas transformaes ocorridas na Regio. medida que os municpios foram
emancipando-se, na dcada de 1950, os grupos escolares passaram para as mos do Estado, e
se transformaram nos primeiros ginsios estaduais da dcada de 1960, produzindo um efeito
desmobilizador da luta pela escola do colono.
No processo de estadualizao, o Estado aproveitou apenas os professores locais
qualificados, completando o quadro com professores vindos de outras regies.
Conforme EMER (1991), a dcada de 1960 foi marcada pela demanda de ensino
ginasial, mas o atendimento s foi estendido pelo Poder Pblico Estadual, na segunda metade
ou no final da dcada. A demora no oferecimento desta escolarizao deveu-se, em parte,
falta de professores habilitados. Somente no final da dcada o Estado promoveu concursos
pblicos para suprir a demanda de professores.
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No final da dcada de 1960, as congregaes entraram em crise, pela evaso de
religiosos, reduzindo a quantidade de profissionais habilitados e disponveis ao magistrio,
impossibilitando o provimento de professores s escolas religiosas.
Em contrapartida, nesta poca, chegava a Regio professores com nvel superior, em
nmeros considerveis. A maioria era composta por ex-religiosos e ex-seminaristas, que
passaram a atuar nos estabelecimentos de ensino j existentes e viabilizaram a criao de
outros nos municpios novos que ainda no contavam com escolas de nvel ginasial.
Segundo EMER (1991), possvel afirmar que na dcada de 1960, a Regio Oeste do
Paran comeou a tomar corpo e definir sua estrutura educacional. Alm dos 18 ncleos
urbanos, sede de municpios, com escolas confessionais, estaduais e grupos escolares
municipais, nas principais vilas do interior, a populao urbana passou a reivindicar outros
nveis de escolarizao.
A tentativa dos colonos de recuperarem sua escola por meio da formao de seus
professores em escolas normais no teve xito. Primeiro, porque esta formao demoraria
quatro anos, tempo demais, considerada a velocidade das transformaes sociais ocorridas na
Regio Oeste do Paran. Segundo, porque a Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional,
de 1961, determinava que habilitao para o ensino primrio deveria ser dada pela Escola
Normal Colegial. Os professores no habilitados continuaram lecionando a ttulo precrio e,
por ltimo, o descontentamento dos colonos, com a qualidade das escolas primrias, deixou
de ser uma questo fundamental, visto que, se seus filhos no se apropriassem do saber
considerado necessrio para as relaes sociais, atravs do ensino primrio, teriam agora
condies de freqentar o nvel ginasial particular ou pblico, com a finalidade de obter este
aprendizado.
Com a criao do ginsio estadual e particular, na dcada de 1960, a escola normal foi
extinta ou substituda por escolas normais colegiais estaduais, criadas com o objetivo poltico
de suprir as carncias de professores habilitados para os grupos escolares pblicos.
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No final da dcada de 1960, as principais cidades regionais contavam com escolas
normais colegiais pblicas e privadas e outras modalidades de segundo ciclo, especialmente,
escolas de contabilidade e curso cientfico.
Segundo EMER (1991), naquela poca, as famlias em melhores condies
econmicas mandavam seus filhos para outras cidades, onde recebiam educao de qualidade
e que garantia o acesso ao nvel superior. Aos demais restava reivindicar a escolarizao
necessria para o trabalho, no comrcio, em bancos e no servio pblico, que eram as
melhores opes de trabalho, com melhor remunerao e que possibilitava maior expresso
poltica e conceituao social.
A maior demanda era por escolas de contabilidade, que no foi atendida pelo Poder
Pblico, mas, sim, pela iniciativa privada. Especialmente o Colgio Marista, o Colgio
Lassalista e organizaes particulares. Somente no final da dcada de 1960, o Poder Pblico
atendeu s reivindicaes do curso cientfico, apenas para algumas cidades da Regio.
Como o Tcnico em Contabilidade era um profissional de grande procura regional, em
decorrncia do desenvolvimento das atividades econmicas e apenas algumas cidades tinham
escolas que forneciam este curso, foram utilizados expedientes apenas legais para criar novas
escolas sob o manto geral da Companhia Nacional de Escolas da Comunidade (CNEC).
Expediente tambm utilizado para criar o nvel ginasial em pequenas cidades da Regio. Isso
continuou at a dcada de 1990, como forma de criao de diversos cursos em nvel de 2
grau em sedes de distritos e lugarejos aos quais o Poder Pblico recusava-se a atender, por
no existirem as condies mnimas de funcionamento.
Segundo EMER (1991), na dcada de 1960, diversas pequenas cidades regionais
apelaram para este expediente. Estabelecia-se um convnio com o CNEC - Sucursal Curitiba,
via prefeitura municipal, que doava o terreno e com a participao dos interessados era
construdo o prdio escolar, que passava para domnio do CNEC.
O mais comum era, por meio desses convnios, a CNEC ocupar escolas pblicas
existentes e mobiliadas. Esta soluo foi encontrada pela populao de um considervel
nmero de pequenas cidades que j tinham nvel ginasial e pretendiam continuar a
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escolarizao. Ento, foram criadas escolas de Contabilidade e cursos de segundo grau,
mediante convnio com a CNEC.
Fica claro que na dcada de 1960, as conquistas alcanadas na luta por mais educao
ocorreram nos centros urbanos mais expressivos. A escola era agora da cidade ou a elas se
subordinava. Esta nova realidade da escola espelhava a supremacia da cidade sobre o campo.
No final da dcada de 1960, embora insuficiente, j existia na Regio Oeste do Paran
uma considervel estrutura educacional pblica municipal e estadual e privada no nvel
primrio, primeiro e segundo ciclos.
De acordo com WACHOWICZ (1984), buscando a qualidade do ensino, desde antes
de 1930, j existia, no Paran, a figura do Inspetor Escolar, que observava, especialmente,
aspectos administrativos da escola, tais como as condies do Prdio, a freqncia dos alunos
e dos professores. Em 1950, no Paran, foi identificada a necessidade de transformao da
inspeo administrativa em inspeo tcnico-pedaggica, buscando a melhoria da qualidade
do ensino.
Ao final da dcada de 1950, em algumas cidades plo da Regio Oeste do Paran, j
existiam as chamadas sub-inspetoria de ensino, transformadas, na dcada de 1960, em
Inspetorias Regionais de Ensino, com jurisdio sobre algumas cidades prximas.
O Estado ampliou a assistncia tcnica pedaggica, mediante planejamento
centralizado na SEED e curso de treinamento aos professores. Isto afastou, ainda mais, a
sociedade da escola. A questo educacional passou a ser centralizada na SEED, que definia o
currculo, os contedos e outros aspectos tcnicos, via treinamento de como trabalhar o
contedo.
O carter tecnicista da educao nacional da poca passou a ter presena, tambm, na
Regio Oeste do Paran. Em decorrncia do autoritarismo poltico da poca, as reivindicaes
sociais passaram a ser reduzidas, bem como foram silenciados os movimentos sociais mais
amplos.
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Segundo EMER (1991), a partir dos ltimos anos da dcada de 1960, a mais
significante mudana interna da Regio, ocorreu em seus aspectos antropolgicos. Alm do
vertiginoso crescimento populacional, ocorreu uma heterogeneizao da populao, tanto nos
usos e costumes, como nas perspectivas de vida e no sistema produtivo. Estes fatores
influenciaram de forma significativa a escola e as condies da educao.
Segundo EMER (1991), a chegada dos mineiros e nordestinos, que se embrenharam na
mata, longe das linhas onde j estavam estabelecidos os colonos descendentes de europeus,
forou os municpios a construir novas escolas. Porm, isso s ocorria naquelas reas onde
havia um nmero mnimo de crianas em idade escolar. As crianas que viviam mais
afastadas continuaram sem escolas.
A maioria das prefeituras era incapaz de atender toda a populao em idade escolar.
Isto era agravado pelas conseqncias da substituio do sistema produtivo, at ento vigente,
pela mecanizao da agricultura. A populao no proprietria rural tinha grande mobilidade
e, onde justificava uma escola, em menos de um ano j no se justificava mais. Isto levou a
educao ao primeiro colapso regional.
Grande parte desta populao agricultora, de origem nortista, cultivava feijo e
algodo. No perodo da safra a famlia toda ia para o campo efetuar a colheita. Em geral,
durante as safras ocorria um elevado ndice de evaso e de ausncia escolar.
De acordo com EMER (1991), onde existiam as escolas municipais rurais, estas eram
precrias. Os perodos eram multi-seriados e os professores eram escolhidos entre a populao
local. Quando muito, tinham escolaridade primria. Em muitos casos, incompleta. Estas
escolas,, de modo geral, atendiam pela manha as 3 e 4 sries e tarde, as 1 e 2 sries. O
mesmo professor atendia os dois turnos e as duas sries, ao mesmo tempo. Alm da
insuficincia na qualificao dos professores e das condies precrias de trabalho, havia
carncia e inadequao do material didtico. Apenas nos povoados e vilas as salas no eram
multi-seriadas e os professores tinham melhor qualificao.
Para contornar este problema, as prefeituras da Regio montaram uma equipe, junto
secretria ou Departamento de Educao, que centralizava o planejamento curricular, o
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desenvolvimento dos contedos e a avaliao, realizando visitas peridicas s escolas,
desempenhando funes tcnico-pedaggicas.
Promoviam encontros de professores municipais com supervisores para treinamentos,
dentro de uma perspectiva tecnicista, onde os professores estudavam os currculos, manuais
editados pela SEED, um volume por srie de ensino primrio, com sugestes e exerccios
sobre o contedo a ser desenvolvido em sala de aula.
Segundo EMER (1991), os currculos permaneceram por muitos anos como nico
material de apoio aos professores das escolas rurais municipais. Alm disso, serviam de base
para formulao das avaliaes aplicadas pelas equipes de superviso. Em suas visitas
aplicavam exerccios aos alunos: leitura, ditado, tabuada. E ainda esclareciam eventuais
dvidas dos professores.
Com o incio da modernizao da agricultura, as terras adequadas mecanizao
tiveram seus preos elevados. Aos pequenos produtores rurais restaram poucas alternativas.
Comprar terras imprprias mecanizao ou continuar na reduzida propriedade, at a
inviabilizao definitiva do seu sistema de produo.
Segundo EMER (1991), neste contexto, milhares de crianas da Regio ficaram sem
escola ou a ela tiveram acesso por alguns meses e nem sempre retornaram mais tarde,
elevando os nveis de evaso, reprovao e repetncia, ao longo das dcadas de 1970 e 1980.
Fica claro que o primeiro colapso regional da educao recaiu sobre determinados segmentos
sociais menos favorecidos.
Alm deste contexto de transio, ocorrido nos ltimos anos da dcada de 1960 e
primeiros anos da dcada de 1970, em que um elevado percentual da populao no
proprietria deslocou-se no interior da rea rural, iniciou-se, tambm, um movimento
populacional da rea rural para a rea urbana e para fora da Regio, criando novas
dificuldades de acesso escolarizao, tanto nas reas rurais quanto nas periferias urbanas.
Esses fatos geraram novas condies sociais e um novo conceito de escolarizao.
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Segundo EMER (1991), foi a partir das discusses sobre a educao e seus problemas,
que foram atingidos alguns objetivos para melhoria do ensino e capacitao da populao. A
primeira delas foi a partir da mobilizao social em Cascavel e nos municpios prximos para
a criao dos primeiros cursos de nvel superior, em 1972; a segunda, a partir de 1974, pela
implantao, na Regio, da reforma de ensino determinada pela Lei 5.692/71; a terceira, pela
implantao, em 1975, do projeto Especial Multinacional de Educao do Ministrio da
Educao e Cultura e da Organizao das Naes Unidas, doravante denominado Projeto
MEC/OEA; a quarta, a criao, em 1980, sucedendo esse projeto, da Associao Educacional
do Oeste do Paran - ASSOESTE, doravante denominada apenas ASSOESTE, que em
decorrncia de suas aes, mantm articulada uma permanente discusso da educao na
Regio, constituindo uma das caractersticas marcantes da Regio Oeste do Paran, ou seja,
uma forma prpria de resolver os problemas do acesso escolarizao e educao.
EMER (1991), afirma que medida que os servios urbanos passaram a exigir maior
grau de escolarizao, se intensificaram as reivindicaes por mais escolaridade, por parte dos
que j tinham conquistado espaos de trabalho, especialmente, nos servios pblicos. As
novas relaes sociais, determinadas pela mudana do sistema produtivo, desencadearam
ampla demanda por educao em todos os graus e nveis, como forma de rearticulao da
fora de trabalho no interior do novo espao econmico. A luta pela conquista da escolaridade
requerida pelas novas condies de trabalho fez da dcada de 1970, a dcada da construo ou
ampliao das redes escolares da Regio Oeste do Paran.
No contexto de insegurana e ameaa, imposta pela rpida transformao da Regio,
uma parte significativa da sociedade, com apenas alguns anos de escolaridade, passaram a
exigir mais escolaridade. Com isso, elevou-se o nmero de alunos nos cursos supletivos
noturnos, para se firmarem no espao econmico j conquistado.
J existiam discusses dos diversos agentes educacionais, mesmo antes da
implantao da lei da reforma do ensino, quanto s alternativas possveis para o problema do
ensino.
Havia descontentamento das prefeituras municipais com o Governo Estadual, que no
estava construindo escolas em nmero suficiente para atender crescente demanda. Para
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resolver este problema, as prefeituras cediam o terreno e a mo-de-obra e o Governo Estadual
enviava os recursos para aquisio do material de construo e, posteriormente, para
pagamento dos professores. Nas periferias, as prefeituras construram e mantiveram as
escolas, mesmo quando passaram a oferecer todas as sries de primeiro grau.
De acordo com EMER (1991), na dcada de 1970, na Regio Oeste do Paran, houve
um excepcional crescimento da rede escolar, mesmo assim, insuficiente. Estas requeriam um
considervel aumento do nmero de professores qualificados para o exerccio do magistrio.
Na dcada de 1980, apenas as escolas maiores foram estadualizadas.
Da mesma forma que ocorria com outros segmentos sociais, os professores no
titulados estavam permanentemente ameaados de perder seu espao de trabalho para
professores licenciados ou concursados, que chegavam constantemente de outras cidades ou
regies. Neste contexto, a demanda por mais educao ultrapassava a perspectiva anterior e
deixava transparecer que tinha se transformado em campo de disputa de espao scio-
econmico.
Desta disputa surgiu a idia de criar cursos superiores que passou a ter condies de
mobilizao e apoio poltico reivindicao, em Cascavel.
De acordo com EMER (1991), estas condies determinaram a escolha dos primeiros
cursos de graduao da Regio Oeste do Paran, que pretendiam suprir a carncia de
profissionais da educao. Assim, surgiram os quatros primeiros cursos de graduao da
Faculdade de Educao, Cincias e Letras de Cascavel FECIVEL, a primeira instituio de
ensino superior da Regio Oeste do Paran, autorizada a funcionar em maio de 1972. Oferecia
apenas cursos de licenciatura.
A educao na Regio precisava ser pensada e administrada. O processo pedaggico
precisava ser orientado. Assim, se criou o curso de Pedagogia, com duas habilitaes:
Administrao escolar e Orientao educacional. Na poca, j existiam diversos cursos de
segundo grau e o ensino da matemtica, da fsica, da qumica e da biologia era entregue a
profissionais no licenciados. Havia, tambm, a carncia de professores de lngua estrangeira
moderna. Assim, foram implantadas as Licenciaturas em Matemtica, Cincias e Letras.
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As primeiras turmas eram constitudas, quase que exclusivamente, por trabalhadores
do ensino que buscavam na graduao a garantia do espao de trabalho conquistado.
Segundo EMER (1991), os cursos superiores implantados em Foz do Iguau, em 1979
e em Toledo e Marechal Cndido Rondon, em 1980, buscaram resolver outros problemas. Na
formao de professores, foram poucos os novos cursos (Letras, Filosofia e Educao Fsica).
Em razo da crise econmica e da dificuldade de encontrar alternativas de gerao de renda
para a Regio, os novos cursos criados pelas Faculdades seguiram na perspectiva da
Economia, da Administrao de empresas, das Cincias Contbeis, da Engenharia Agrcola,
da Enfermagem, entre outros. Estes cursos mostram a busca da qualificao para a conquista
de novos campos de trabalho, por parte da populao jovem.
Segundo COLODEL (1988), enquanto alguns segmentos sociais buscavam
rearticulaes no interior do processo econmico, via ampliao da escolarizao, outra parte
da sociedade, concentrada nas periferias dos centros urbanos, ficaram apenas com o
subemprego ou trabalho ocasional, geralmente, trabalho braal e mal remunerado. Esse
segundo segmento s teve atendimento escolar ampliado no final da dcada de 1970.
Por diferentes razes, a populao abandonou o campo em busca dos centros urbanos.
Os proprietrios de terras foram para os centros das cidades onde os terrenos eram mais
valorizados e tiveram fcil acesso s escolas. Os no proprietrios de terras, com renda baixa,
no tinham condies de adquirirem terrenos nos centros das cidades. Tiveram de se instalar
nas periferias, onde o preo do terreno era mais baixo, no tendo acesso facilitado escola.
Segundo EMER (1991), os filhos dos proprietrios de terras tiveram acesso
escolarizao rural. Quando se urbanizaram, passaram a residir nos centros, prximos s
escolas j existentes. Estas pessoas que retomaram aos estudos, aps a urbanizao, passaram
a disputar os espaos de trabalho urbano (comrcio e servios). Os expulsos do campo, pela
modernizao da agricultura, que foram para as periferias das cidades, continuaram sem
escola.
De acordo com EMER (1991), o Projeto Especial de Educao MEC/OEA, foi
implantado na Regio Oeste do Paran como um esforo internacional para diminuir os
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impactos e problemas sociais gerados pelas transformaes econmicas e construes de
grandes obras. Na poca, j havia se iniciado a construo da Usina Hidreltrica de Itaipu, que
gerou novos impactos e transformaes sociais na Regio. A implantao deste projeto tinha
o objetivo de fortalecer a infra-estrutura educacional na Regio, criando condies de superar
os novos e variados problemas gerados pelas transformaes scio-econmicas e culturais,
propondo a renovao dos sistemas educacionais e o desenvolvimento do potencial educativo
da Regio.
EMER (1991), afirma que, para a implantao do projeto e o desenvolvimento de seus
planos de aes, era necessria uma ampla articulao dos rgos educacionais municipais,
estaduais e federais. O projeto tinha uma coordenao no MEC e uma coordenao de rea.
Antes de implantar o projeto foi realizado um amplo diagnstico scio-econmico,
educacional e cultural nas trs principais cidades plos da Regio: Cascavel, Foz do Iguau e
Toledo.
Este estudo revelou as condies da educao regional. Com isso, retomaram-se as
discusses envolvendo diversas organizaes regionais como Associao dos Municpios do
Oeste do Paran (AMOP), doravante denominada apenas AMOP, as cooperativas
agropecurias e sua central de cooperativas COTRIGUAU, os cursos superiores de
educao, educadores e a sociedade regional, em geral.
Este estudo mostrou, tambm, que em alguns anos, os ndices de evaso e repetncia
nas primeiras sries do ensino de primeiro grau chegavam a 65% dos alunos. Nos outros anos,
embora menores os percentuais, estiveram prximos a 65%. Estes fatores, associados ao
tardio ingresso na escola (22% dos alunos), geraram uma defasagem entre aluno-srie-idade.
De acordo com EMER (1991), as causas internas escola, que contriburam para a
conformao desse quadro, apontada pelo diagnstico, foram: falta de professores habilitados
e qualificados para o magistrio (54% na rea urbana e 80% na rea rural) em escolas
primrias; falta de domnio e metodologia de ensino, gerando dificuldades de aprendizagem e,
conseqentemente, abandono e repetncia dos alunos. A mobilidade populacional (xodo
rural e migrao para outras regies) no perodo, onde cerca de 20% dos professores
interrompiam a ao pedaggica, para acompanhar sua famlia que se mudava para outros
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lugares, um exemplo. A substituio do professor era muito demorada e, geralmente, feita
por algum inexperiente e sem habilitao. Alm disso, o material pedaggico era caro e
inadequado realidade scio-cultural da Regio.
Alm disso, ainda existiam outros fatores que contriburam para o diagnstico
verificado, tais como: deficincia de sade na populao escolar, (verminose, 94% dos alunos
na rea rural e 54% nas periferias urbanas); deficincia visual e auditiva; distncia da escola;
necessidade de trabalhar nos perodos de limpa e colheita agrcola; escolas mal localizadas;
falta de material de apoio; insuficincia de salas de aula e turnos intermedirios.
Segundo EMER (1991), a reforma do ensino estabelecida pela Lei n 5.692/71, foi
implantada paulatinamente, aps planejamento centralizado na SEED. Por essa lei, ficou
estabelecido que nas maiores cidades do Estado ocorreriam os cursos de reciclagem para
professores. Foram, assim, desencadeadas amplas discusses sobre a educao. A publicao
dos primeiros dados do diagnstico ampliou as discusses preexistentes e mobilizou os
poderes pblicos na busca de solues para a educao regional.
Foi elaborada a Chamada Escolar e as crianas em idade escolar foram convocadas
atravs dos meios de comunicao. Os pais deveriam matricular seus filhos nas escolas mais
prximas. Isso provocou uma grande contingncia de alunos na primeira srie. Esses alunos
foram atendidos em sales de festas alugados, igrejas e em outros locais disponveis at a
construo de escolas em nmero suficiente para atender toda a demanda. Novos cursos
foram oferecidos aos professores alfabetizadores e se produziu o material didtico, seguindo
um mtodo de alfabetizao desenvolvido pelo Professor Erasmo Pilotto.
Em sua tese de mestrado, EMER (1991), diz que este mtodo de alfabetizao
desenvolveu-se, especialmente, por exigir poucos conhecimentos tericos de domnio
especfico de professores habilitados. A primeira experincia de treinamento ocorreu em
Toledo, em 1976, com resultados animadores. Em 1982, j haviam sido treinados 6.778
professores na Regio Oeste do Paran. O mtodo de alfabetizao Erasmo Pilotto foi
transformado em cartilha de alfabetizao pela professora Isolda Peixoto Ruoso.
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O Projeto MEC/OEA tinha prazo determinado para acabar, mas os estudos sobre a
educao precisavam de continuidade. Para sanar este problema foi criada a ASSOESTE, em
1980, com o objetivo de desenvolver e articular aes bsicas na programao do
desenvolvimento educacional em todos os graus e nveis, produzir e experimentar novos
materiais didticos, produzir ou solicitar novas metodologias de ensino e desenvolver recursos
humanos para a educao. De acordo com EMER (1991), foram produzidas e distribudas
mais de 40 mil cartilhas, gratuitamente nas escolas rurais, em 1981.
Nascida do projeto MEC/OEA, a ASSOESTE teve seu primeiro momento de grande
importncia nas discusses sobre educao regional no ano de 1981, quando foram pensadas
diferentes alternativas para melhoria da qualidade do ensino nas demais sries iniciais. Era
clara a desvinculao do material didtico com a cultura regional. Ento, estabelecer maiores
vnculos entre a realidade vivida e o processo educacional passou a ser tema de estudos e
debates, alm de tentar recuperar valores culturais dos colonos e das camadas populares que
estavam sendo destrudas no interior das relaes sociais impostas pela modernizao da
economia regional.
Assim, segundo EMER (1991), um grupo de professores da ASSOESTE, com esses
ideais passou a discutir estas questes com outras instituies e buscou-se a assessoria de
professores pesquisadores da atual Unijui, que j desenvolvia uma metodologia de ensino,
semelhante ao desejado para a Regio.
Com isso, iniciou-se um programa de pesquisa histrica tcnico-pedaggica
assessorada por tcnicos da Unijui, na Regio, com o Projeto Memria. Com base nesses
estudos, foram produzidos mais de 2.500 textos didticos, dos quais foram selecionados 52,
dentre eles encontra-se o livro Repensando o Oeste do Paran.
Segundo EMER (1991), o Projeto Memria, foi o programa que mais movimentou as
discusses da educao regional e, tambm, o que mais sofreu restries de segmentos sociais
que temiam a reviso histrica da Regio. Foram censurados, principalmente, os textos que
tratavam dos conflitos de terras, de questes fundirias e dos colonos expulsos do campo por
jagunos contratados pelas indstrias madeireiras.
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O segundo grande momento da ASSOESTE ocorreu, tambm, no ano de 1981, quando
passou a refletir sobre questes do ensino superior na Regio Oeste do Paran. Na tentativa de
construir os recursos humanos necessrios foram programados dois cursos de ps-graduao
latu sensu. Um em Lngua Portuguesa, com um grupo de professores da Universidade
Estadual de Campinas - UNICAMP, e outro em Planejamento e Administrao da Educao,
com professores do Instituto de Estudos Avanados e Educao IESAE Fundao Getlio
Vargas Rio de Janeiro.
Estes cursos estimularam os professores das faculdades regionais a realizarem cursos
de ps-graduao, em nvel de mestrado, contribuindo para a melhoria da formao de
professores e/ou a pensar a educao com perspectivas tericas mais consistentes, superando
as perspectivas tecnicistas.
Enquanto isso, na SEED, se estudava um novo rumo para a educao. Este consistia
no ciclo bsico, centrado na alfabetizao, que superava o mtodo do Prof. Erasmo Pilotto, ao
agregar perspectivas de globalizao.
Segundo EMER (1991), a partir de 1983, a ASSOESTE props o desenvolvimento dos
ensinos da Matemtica e de Iniciao s Cincias, reas em que estavam defasadas as
metodologias de ensino e seus programas educacionais. Ento, com base em experincias
isoladas, foi criado um mtodo para o ensino da matemtica, articulando as prticas sociais de
ensino e utilizando tcnicas de ensino e manuseio de material concreto, facilitando o
aprendizado.
Em 1984, um novo governo tomou posse. A relao de intercmbio entre a
ASSOESTE e o Departamento de Ensino de 1 Grau se intensificou. Muitos projetos foram
aprovados neste perodo. Por motivos polticos, o Governador afastou o Diretor do
Departamento de Ensino de 1 Grau.
A partir desse momento as aes educacionais da ASSOESTE passaram a sofrer srias
restries e seus projetos s seriam analisados se passassem pelos Ncleos Regionais de
Educao, na rea de abrangncia onde seriam desenvolvidos os cursos ou outras atividades
com os professores. Aumentou, consideravelmente, o processo burocrtico para
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implementao dos projetos. Essa foi uma forma encontrada pelo Governo do Estado para
subordinar e controlar as aes da ASSOESTE SEED, segundo EMER (1991).
Desta forma, a ASSOESTE manteve-se mais no atendimento ao ensino pblico
municipal, escola rural, s escolas das periferias urbanas e seus professores, salvaguardando
sua autonomia.
Durante a dcada de 1980, as escolas municipais continuaram a sofrer transformaes.
Aps a modernizao da agricultura e expulso de grande parte da populao, do campo,
muitas escolas rurais foram fechadas e os alunos foram transferidos para as escolas maiores,
onde a educao era centralizada.
Segundo EMER (1991), outro momento significativo da ASSOESTE foi um estudo
sobre as faculdades regionais. Foi percebido que as instituies mantidas por fundaes
municipais no teriam condies de se expandir e garantir a qualidade nos seus cursos de
graduao. Essa qualidade era exigida para superar os estrangulamentos regionais, tanto na
educao quanto na busca de novas alternativas de desenvolvimento scio-econmico-
cultural.
Em 1984, a ASSOESTE comandou uma intensa mobilizao com o objetivo de
aproximar as faculdades isoladas. Promoveu encontros de estudos, envolvendo diferentes
segmentos sociais e seus rgos representativos, polticos, rgos e representantes do
Governo do Estado. Esses debates levaram a criao da Federao de Faculdades do Oeste do
Paran, em 1987. Nesta primeira etapa, o Estado assumiu a folha de pagamento das
instituies regionais, depois de interminveis barganhas. Em 1988, a Federao foi
transformada em Fundao, dando origem FUNIOESTE e, somente em 1995, ocorreu a
criao da UNIOESTE, uma universidade estadual multicampi, com campus nas cidades de
Toledo, Foz do Iguau, Marechal Cndido Rondon e Cascavel, sendo que nesta ltima passou
a funcionar tambm a Reitoria da UNIOESTE. Atualmente, a UNIOESTE mantm, ainda, um
campus em Francisco Beltro, na Regio Sudoeste do Paran, alm das extenses em
Palotina, Santa Helena e Medianeira.
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Portanto, pode se dizer que a escola gestada no interior da sociedade e a educao
produzida na Regio Oeste do Paran foram condicionadas pelas lutas sociais e pelas
alternativas encontradas para atingir nveis de qualidade desejados pela sociedade, que
especfica da Regio Oeste do Paran, inexistentes em outras regies do Pas.
Os caminhos encontrados para superar os problemas da educao seguiram as mesmas
alternativas buscadas para superar outros problemas vitais, como subsistncia, produo de
excedente e a comercializao da produo, via associativismo, que se iniciou em um ponto
especfico da Regio e alastrou-se para todos os municpios. Assim, ocorreu com as
cooperativas dos colonos, com as cooperativas da modernizao agrcola que se integraram
numa central, com o projeto MEC/OEA que se transformou na ASSOESTE, com as
faculdades municipais transformadas em Federao de Faculdades, mais tarde em Fundao e,
finalmente, em UNIOESTE, uma universidade multicampi, sediada em Cascavel e com
campus nas principais cidades da regio, Toledo, Foz