brasil observer #15 - portuguese version

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www.brasilobserver.co.uk FREE LONDON EDITION ISSN 2055-4826 READ IN ENGLISH #0015 JULY 17 – 30 FECHA A CONTA MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL A COPA DO MUNDO CHEGA AO FIM E O BRASIL OBSERVER TRAZ AS ÚLTIMAS REPORTAGENS DIRETO DO MUNDIAL >> Páginas 10, 11, 12 e 13 FESTIVAL FRINGE Um mês cheio de arte na capital da Escócia >> Página 15 EDINBURGH FESTIVAL FRINGE SOCIETY

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A Copa chega ao fim e o Brasil Observer traz as últimas reportagens direto do Mundial

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Page 1: Brasil Observer #15 - Portuguese Version

www.brasi lobserver.co.uk

FREE LONDON EDITION ISSN 2055-4826

READ

INEN

GLISH

# 0 0 1 5

JULY 17 – 30

FECHA A CONTA

MARCELLO CASAL JR./AGÊNCIA BRASIL

A COPA DO MUNDO CHEGA AO FIM E O BRASIL OBSERVER TRAZ AS

ÚLTIMAS REPORTAGENS DIRETO DO MUNDIAL

>> Páginas 10, 11, 12 e 13

FESTIVAL FRINGEUm mês cheio de arte na capital da Escócia>> Página 15

EDINBURGH FESTIVAL FRINGE SOCIETY

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0809

CONECTANDO

BRASIL OBSERVER GUIDE

PERFIL

COPA 2014

COPA 2014Sede perfeita, legado duvidoso

Festa alemã dentro e fora de campo

Um ano na Inglaterra pelo Ciência Sem Fron-teiras

Festival Fringe e muito mais...

Royce Grace

LONDON EDITION

EDITORA - CHEFE Ana Toledo [email protected]

EDITORES Guilherme Reis [email protected] kate Rintoul [email protected]

RELAÇÕES PÚBLICAS Roberta Schwambach [email protected] COLABORADORES Alec Herron, Antonio Veiga, Bianca Dalla, Gabriela Lobianco, Marielle Machado, Michael Landon, Nathália Braga, Ricardo Somera, Rômulo Seitenfus, Rosa Bittencourt, Shaun Cumming, Wagner de Alcântara Aragão

PROJETO GRÁFICO wake up [email protected]

DIAGRAMAÇÃOJean Peixe [email protected]

DISTRIBUIÇÃO Emblem Group [email protected]

IMPRESSÃO Iliffe Print Cambridge iliffeprint.co.uk

ASSESSORIA CONTÁBIL Atex Business Solutions [email protected]

BRASIL OBSERVER é uma publicação quinzenal da ANAGU UK MARKETING E JORNAIS UN LIMITED (Company number: 08621487) e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos as-sinados. As pessoas que não constarem do expediente não tem autorização para falar em nome do Brasil Observer. Os conteúdos publicados neste jornal podem ser reprodu-zidos desde que devidamente creditados ao autor e ao Brasil Observer.

CONTATO [email protected] [email protected] 020 3015 5043

SITEwww.brasilobserver.co.uk

03

0405

06

EM FOCO

BRASIL & UK

BRASILIANCE

Notícias que foram destaques na quinzena

Campanha eleitoral para presidente do Brasil

Reino Unido apoia eventos da FLIP

16|17CAPA DO GUIA18NINETEEN EIGHT-FOUR19GOING OUT21NEW CANVAS OVER OLD22/23TRAVEL 24|25 MUSIC TO WEAR

Fecha a conta. Sim, acabou em um mês aquilo que esperá-vamos por sete anos, a Copa do Mundo no Brasil. A eleita Copa das Copas fez história tanto pela felicidade dos gringos que estiveram no país quanto por desarmar os pessimistas do “imagina na Copa”. Contrariando essas opiniões, o Brasil realizou o mega evento e, talvez, você, assim como eu, assistiu de longe um espe-táculo do esporte do qual não tivemos a felicidade de dizer que ganhamos em casa. A taça não é nossa. Futebol à parte, a discussão envolve uma série de fatores que agora tiraremos a prova real da justificativa para os bilhões gastos para a infraestrutura do evento. E é o legado que pautamos nessa edição. Confira o especial a partir da página 10.Saindo do clima verde-amarelo da Copa 2014 e já entrando no clima de eleição, nas páginas 4 e 5 Wagner de Alcântara analisa o cenário político e traz mais informações sobre a largada do pleito para a principal cadeira do país, a de Presidente da Republica.

Também nesta edição, o jornalista Rômulo Seitenfus entre-vista um dos maiores nomes do Jiu-Jitsu mundial, Royce Grace. Saiba da história do lutador até sua polêmica opinião sobre o sistema de pontos no ranking do Jui-Jitsu hoje. Leia mais nas páginas 8 e 9.Algumas edições atrás pautamos a chegada dos alunos bra-sileiros no Reino Unido que participariam do programa do governo federal Ciência sem Fronteiras. Nesta edição, já no final da experiência dos universitários, Bruno Gomes conta como foi esse período e o que está levando na bagagem de retorno para o Brasil. Veja na página 14.Além disso, como você já sabe, o Brasil Observer Guide está repleto de cultura, entretenimento, moda e turismo. Com destaque para a reportagem de capa, de Gabriela Lobianco, sobre o evento que movimenta o mês de agosto na Escócia, o Festival Fringe.

Siga em contato conosco através das nossas redes sociais (facebook.com/brasilobserver | twitter.com/brasilobserver).

E D I T O R I A L

TEVE COPAPor Ana Toledo – [email protected]

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3brasilobserver.co.uk

EM FOCO

A previsão mais otimista é que o Novo Banco de Desenvolvimento, o banco dos pa-íses do BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), esteja funcionando só em 2016. O acordo histórico para a criação do banco e de um fundo virtual de reservas, que estava previsto para ser assinado na reunião de cúpula de presidentes, que começou na segunda-feira (14) em Fortaleza, terá ainda que ser ratificado pelos países, processo que, de acordo com a diplomacia brasileira, deverá levar um ano na melhor das hipóteses.Depois de ratificado, os países terão ainda

seis meses para fazer os procedimentos orça-mentários e transferir o aporte inicial de re-cursos para o banco. Igualdade na distribuição do capital do banco, para um equilíbrio de forças entre os países no comando da insti-tuição financeira, é ponto considerado funda-mental pelo governo do Brasil.Os US$ 50 bilhões de capital inicial do

banco deverão ser bancados igualmente pelos países - US$ 10 bilhões cada um. Desse total, US$ 8 bilhões serão em garantias e US$ 2 bilhões em dinheiro. O aporte total levará sete anos para ser concluído integralmente.Enquanto o ato para a criação do fundo

virtual anticrise, que recebeu o nome de Acordo Contingente de Reservas, já estava praticamente fechado, ainda estavam penden-tes detalhes mais políticos do banco, como a definição do local da sede. Até o fecha-mento desta edição, tudo indicava que Brasil seria escolhido o primeiro presidente e a cidade chinesa de Xangai, a sede do banco. A presidência será rotativa. O presidente terá mandato de cinco anos, não renováveis. O país que for escolhido como sede será o último na presidência.O Brasil quer a presidência porque con-

sidera estratégica essa posição para a defi-nição do seu modelo de atuação. O banco vai aprovar empréstimos para países membros do grupo, abrindo a possibilidade do conse-lho de administração aprovar financiamentos para não membros. Segundo fontes envolvidas nas negociações, a nova instituição terá um mandato bastante aberto para usar diversos instrumentos de financiamento. Os objetivos, porém, serão restritos, porque será um banco de projetos de infraestrutura e desenvolvimen-to sustentável. O banco poderá tanto fornecer empréstimos, quanto garantias e participação dos empreendimentos.

Presidentes do BRICS em Fortaleza

BANCO DO BRICS DEVERÁ FUNCIONAR EM 2016

UK: 30 ANOS DE BOLSAS INTERNACIONAIS CONTRA A CRIMINALIZAÇÃO DE PROTESTOS

Mais de 500 bolsistas da Chevening, antigos e atuais, representando 118 países, se reuniram neste mês de julho na Chevening House para celebrar 30 anos do pro-grama de bolsas de maior prestígio do Reino Unido e para convidar os graduados ao redor do mundo para se inscrever e participar da ini-ciativa. O evento, promovi-do pelo Vice-Ministro das Relações Exteriores, Hugo Swire, destacou a qualidade da rede global que o Rei-no Unido desenvolveu por meio do programa.O Vice-Ministro Hugo

Swire disse: “Este evento mostra o quão bem o Pro-grama de Bolsas Chevening vem desenvolvendo relações para o Reino Unido com to-madores de decisão nos ne-gócios e governos ao redor de todo o mundo. Com o número triplicado de bol-sas definido pelo Chance-ler George Osborne em seu orçamento, espero que este evento encoraje os graduados mais brilhantes no mundo à candidatura para estudar no Reino Unido, para que assim possamos continuar criando

relações benéficas, duradou-ras e mútuas”. As Bolsas Chevening são

cedidas a graduados proemi-nentes com potencial para serem líderes, para um pro-grama de mestrado de um ano, em qualquer área, e em qualquer uma das principais universidades do Reino Uni-do. A iniciativa constitui um elemento importante no es-forço da diplomacia britânica, atraindo jovens profissionais, os quais já demonstraram talento para liderança, para estudar no Reino Unido. O objetivo do programa Cheve-ning é apoiar as prioridades da política externa e alcan-çar os objetivos do Ministé-rio das Relações Exteriores, criando relações positivas du-radouras com futuros líderes, influenciadores e tomadores de decisão.O Chanceler George Os-

borne anunciou no Orçamen-to deste ano que o número de bolsas irá triplicar e mais de 1500 pessoas receberão a bolsa a cada ano a partir de 2015. Candidaturas para o programa de 2015/16 abrem em agosto de 2014: www.chevening.org.

Sem a presença de repre-sentante do governo ou de instituições como Ministério Público e Ordem dos Ad-vogados do Brasil (OAB), representantes de movimen-tos sociais fizeram, em au-diência no Senado, críticas à criminalização dos mo-vimentos sociais. Tramita no Legislativo projeto para alterar o Código Penal e reprimir crimes ocorridos em manifestações ou con-centração de pessoas. O texto propõe o au-

mento da pena para crime relacionado ao patrimônio, permite que a autoridade policial possa investigar os danos e qualifica o homicí-dio praticado nas manifes-tações, prevendo pena com reclusão de 12 a 30 anos e eleva em até 50% a pena para lesão corporal cometi-da naquelas circunstâncias. O uso de máscara, capacete ou qualquer outro utensílio ou expediente destinado a dificultar a identificação se-ria um agravante. Por fim, tipifica o dano ao patri-mônio público ou privado praticado durante manifes-tações. Se aprovado, a pena

será de reclusão de dois a cinco anos.Os representantes dos

movimentos sociais e sin-dicalistas reiteraram o po-sicionamento unânime em torno da discussão. As crí-ticas se basearam principal-mente no cerceamento ao direito de expressão e nos interesses de governos e iniciativa privada em abafar os protestos. “Estamos ven-do um recrudescimento de várias violações de direitos de manifestação e direitos de atividade política”, disse Lucas Brito, que integra a Assembleia Nacional de Es-tudantes Livres. Brito citou a prisão de

19 ativistas no fim de se-mana da final da Copa, suspeitos de envolvimen-to em atos violentos em protestos no Rio. Segundo ele, “estão sendo presos por terem sido confundi-dos com vândalos”. “Nós somos ativistas políticos e não vândalos”, protestou. Para o estudante, a ação de repressão é uma tentativa de enquadrar a ação dos movimentos sociais como uma ação terrorista.

MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL

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4 brasilobserver.co.uk

BRASILIANCE

Terminada a Copa do Mundo, e passada a ressaca da festa, começa para valer a disputa pela Presidência da República no Brasil. As eleições deste ano ocorrem dia 5 de outubro e, se nenhum dos postulan-tes atingirem 50% dos votos válidos mais um, o pleito vai a segundo turno, marcado para o dia 26 do mesmo mês, com os dois primeiros colocados. O Tribunal Su-perior Eleitoral (TSE) tem registrado para 2014 um total de 141.824.607 brasileiros aptos a votar, número 4,43% maior que os 135.804.433 eleitores de 2010.A disputa à presidência terá 11 can-

didatos – maior número desde a eleição de 1998 (foram 12 naquele ano). Mas, ao contrário do Mundial recém-encerrado, em que seleções menos tradicionais ou de pouca expressão tiveram condições de superar as favoritas, para as eleições de outubro é possível afirmar, desde já, ser impossível haver surpresas. Apenas três candidatos têm chances reais de vitória.Tratam-se da atual presidente, Dilma

Rousseff, do senador por Minas Gerais e ex-governador daquele Estado, Aécio Neves, e do ex-governador de Pernam-buco, Eduardo Campos. O favoritismo do trio é apontado por pesquisas de opinião. Mesmo quem é cético com relação a tais levantamentos não encontra razões para duvidar que Dilma, Aécio e Campos são os únicos com reais possibilidades. Afinal, são os três nomes mais conheci-

dos nacionalmente e que reúnem em suas coligações os maiores e mais estruturados partidos. Serão as campanhas com maior

tempo no horário eleitoral de rádio e te-levisão e que mais vão gastar – R$ 738 milhões, os três juntos.Desse trio, o favoritismo maior, ainda

que longe de ser absoluto, é de Dilma Rousseff. Pesquisas de opinião de diver-sos institutos indicam que só um acon-tecimento inesperado, imprevisível, tira-ria a atual presidente do segundo turno. Não raro alguns levantamentos chegam a apontar que ela pode até vencer direto, no primeiro turno. E em simulações de segundo turno, Dilma ganha tanto de Aécio Neves quanto de Eduardo Cam-pos, de acordo com tais pesquisas.

PLEITO RENHIDOIsso não significa que a campanha será

tranquila. A expectativa é que o pleito deste ano seja tão disputado quanto quatro anos atrás. A onda de boatarias na internet – sobretudo em redes sociais como o Fa-cebook – espalha informações deturpadas, descontextualizadas e até mesmo mentiro-sas. O poder de disseminação dos boatos é ainda imensurável e a capacidade de neutralizá-los, praticamente ínfima.Dilma deverá ser a que mais trabalho

terá para lidar com críticas, ou mesmo ataques durante o processo eleitoral. Isso porque dos outros dois postulantes – e mesmo das outras oito candidaturas – o discurso esperado é o de oposição ao governo atual, o que é óbvio. Está certo

que Dilma enfrentou cenário parecido em 2010. A situação, porém, era bem mais favorável a ela. Naquela época, Dilma de-fendia o legado e representava a continui-dade de um governo extraordinariamente bem avaliado, o de Luiz Inácio Lula da Silva. O então presidente desfrutava em pesquisas de opinião de índices de popu-laridade nunca vistos antes (aprovação em torno de 80%).Hoje, Dilma tem 30% dos eleitores

avaliando seu governo como ótimo ou bom, segundo média feita pela revista Carta Capital com base em levantamen-tos da própria revista com o instituto Vox Populi e de outros dois institutos de pesquisa de opinião do país, o Ibope e o Datafolha. Até junho do ano passado, a avaliação de ótimo e bom do gover-no Dilma chegou a passar dos 60%. A partir da onda de manifestações – que embora não fossem, em sua essência, exatamente contra a presidenta, acabaram trazendo consequências à sua popularida-de –, essa aprovação caiu pela metade. Há tendência de recuperação, mas dificil-mente voltará ao patamar anterior.Ainda assim, de acordo com essa mes-

ma média feita por Carta Capital, Dilma Rousseff começa a campanha eleitoral com 37% das intenções de votos, quase o dobro de Aécio Neves (20%) e quase cinco vezes mais que Eduardo Campos. A média revela ainda um percentual de 11% de eleitores indecisos, que podem fazer diferença.

PROJETOSPesquisas à parte, certo é que as ditas

três principais candidaturas presidenciais representam projetos com mais semelhan-ças do que diferenças. Nas diferenças, porém, há aspectos que são capazes de distanciar consideravelmente uma candida-tura da outra. Nos rumos da economia, nenhum dos

três propõe alterações radicais. O chamado tripé da política econômica (juros altos, controle do câmbio para segurar o dólar e superávit primário das contas públicas) tende a ser mantido pelo governo de qual-quer um dos três. Mas, se o tripé segura a inflação, é da-

noso ao setor produtivo. Dilma herdou a política de Lula, que por sua vez herdara do antecessor, Fernando Henrique Cardoso. Lula criou atenuante e Dilma deu continui-dade a isso: a atual presidente até tentou afrouxar esse tripé, mas precisou recuar diante das pressões do mercado financeiro.Aécio – do partido que impôs e sus-

tentou a política do tripé – e Eduardo Campos têm declarado que vão manter, e até intensificar, essa forma de conduzir a política macroeconômica. As críticas mais vorazes deverão partir das candi-daturas essencialmente de esquerda (veja o Box com todos os candidatos). Estas, porém, tem chances próximas de zero de ir a um segundo turno e, assim, tentar uma vitória que viabilizasse uma mudan-ça de rumo nesse sentido.

WILSON DIAS/AGÊNCIA BRASIL

UMA CADEIRA E 11 CANDIDATOS Campanha para as eleições presidenciais começou oficialmente dia 5 de

julho, mas só agora, encerrada a Copa do Mundo, deve tomar corpo;

número de postulantes é o maior desde 1998 e o pleito promete ser tão

disputado quanto 2010

Por Wagner de Alcântara Aragão

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brasilobserver.co.uk 5

OS PRESIDENCIÁVEIS Mais de 140 milhões de brasileiros estão

aptos a votar em 2014, número 4,43% maior do que em 2010

DILMA ROUSSEFF

Candidata pelo Partido dos Trabalhadores (PT), sigla cada vez mais com perfil de centro-esquerda (era esquerda em essência) e que está na Presidência da República desde 2003, quando Lula assumiu o primeiro mandato. Dilma repete a dobradinha de 2010 com o vice Michel Temer, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), de centro. Coligação reúne partidos mais alinhados à esquerda como PC do B e PDT, assim como siglas de direita. Declarou gastar R$ 298 milhões na campanha.

AÉCIO NEVES

Candidato pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB), de centro-direita. Ex-governador de Minas Gerais (2003 a 2010) e atualmente senador, assume o posto de principal opositor do governo da presidenta Dilma. Coligação reúne partidos de direita (DEM e PTB), recém-fundados (SDD e PEN) e “nanicos” (PMN, PTC, PT do B, PTN). Declarou gastar R$ 290 milhões na campanha.

EDUARDO CAMPOS

Candidato pelo Partido Socialista Brasi-leiro (PSB), que, apesar da denominação, migrou para o campo do centro da política brasileira, às vezes centro-direita. Campos é ex-governador de Pernambuco (2007 a 2014) e foi ministro de Ciência e Tecnologia no primeiro mandato do presidente Lula. Até 2013, o partido era aliado do governo Dil-ma. Campos terá como vice Marina Silva, que foi ministra do Meio Ambiente no governo Lula e, em 2010, foi candidata a presidenta pelo Partido Verde (PV), de centro, con-quistando 20% dos votos válidos. Coligação inclui o nacional-desenvolvimentista PPL, o ex-socialista PPS e os “nanicos” PRP, PHS e PSL. Declarou gastar R$ 150 milhões na campanha.

PASTOR EVERALDO PEREIRA

Candidato do Partido Social Cristão (PSC), alinhado à direita. Tem considerável popula-ridade entre os evangélicos, principalmente, e está angariando apoio de expressivas lideran-ças evangélicas. Declarou gastar R$ 50 milhões na campanha.

LUCIANA GENRO

Candidata do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), de esquerda, que assumiu o posto depois que o pré-candidato, o senador Randolfe Rodrigues, abdicou da disputa. Filha do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), declarou gastar R$ 900 mil.

EDUARDO JORGE

Candidato do Partido Verde (PV), de centro. Tem biografia e exercício de cargos públicos ligados à área de meio ambiente. Declarou gastar R$ 90 milhões na campanha.

LEVI FIDÉLIX

Candidato do Partido Renovador Trabalhista Brasileiro (PRTB), mais à direita. Foi candidato em 2010 e deve repetir a tradicional bandeira do partido: investimento em aerotrens nas grandes cidades. Declarou gastar R$ 12 milhões na campanha.

JOSÉ MARIA EYMAEL

Candidato do Partido Social Democrata Cristão (PSDC), de direita. Já foi candidato à Presidência da República em 1998, 2006 e 2010. Declarou gastar R$ 25 milhões.

JOSÉ MARIA DE ALMEIDA

Candidato do Partido Socialista dos Trabalhadores Unificados (PSTU), de esquerda. Já foi candidato em 1998, 2002 e 2010. Declarou gastar R$ 400 mil na campanha.

MAURO IASI

Candidato do Partido Comunista Brasileiro (PCB). É professor universitário e autor de livros. Declarou gastar R$ 100 mil.

RUI COSTA PIMENTA

Candidato do Partido da Causa Operária (PCO), partido de esquerda, mas que tem assumido postura menos extremista que outras siglas também de esquerda que fazem oposição ao governo Dilma. É candidato a presidente pela quarta vez (2002, 2006, 2010 e 2014). Declarou gastar R$ 300 mil.

Um debate pautado por temas menos à esquerda e mais à direita do espectro político ideológico deverá ser a tônica das eleições presidenciais de 2014. É possí-vel afirmar que desde a primeira eleição depois da ditadura civil-militar, em 1989, nunca um processo eleitoral começa com a perspectiva de que o ponto de vista mais conservador – em todos os aspectos – dite o rumo das propostas.Enquanto a oposição à esquerda che-

ga dividida – quatro candidaturas -, os partidos de direita, não bastassem também ter seus representantes avulsos, estão presentes nas coligações das três candidaturas de maior peso. Se Dilma, do Partido dos Trabalhadores (PT), tem ao seu lado o Partido Comunista do Brasil (PC do B), reúne também si-glas que abrigam lideranças e ideias tão conservadoras quanto as integrantes das coligações de Aécio e Eduardo.O que coloca Dilma mais à esquerda

dos seus dois principais oponentes é, cla-ro, o DNA e o histórico esquerdista do PT, assim como as políticas públicas de inclusão social criadas por Lula e acele-radas e por Dilma. Um viés mais desen-volvimentista na economia (com grandes obras públicas e maior presença do Estado financiando investimentos em infraestrutu-ra) também dá um tempero mais progres-sista. Além disso, tais políticas públicas e maior presença do Estado na economia não raro são questionadas, quando não criticadas, pelas turmas de Aécio Neves e de Eduardo Campos.

CANDIDATURA EVANGÉLICANo espectro mais conservador, um

nome vem chamando a atenção desde já: o do candidato do Partido Social Cristão (PSC), Pastor Everaldo. Mesmo antes de a campanha estar nas ruas, Pastor Everaldo começa o pleito com até 3% de intenções de votos. Um ín-dice representativo, levando-se em con-ta que Everaldo não exerce nenhum mandato eletivo (o que naturalmente lhe daria maior visibilidade). “Estamos tecnicamente empatados com o terceiro colocado [Eduardo Campos]”, enaltece o blog do candidato. Depois que a candidatura foi homolo-

gada, Pastor Everaldo tem recebido ma-nifestações de apoio de representantes de igrejas evangélicas – entre elas do Pastor Silas Malafaia, uma das lideran-ças evangélicas com maior capacidade de mobilização. Assim, a eleição de 2014 será também a primeira, desde 1989, em que os evangélicos vêm para uma eleição presidencial com um can-didato saído diretamente de suas bases e, ao mesmo tempo, com potencial de votos suficiente para marcar presença, demarcar território.Enfim, de alguma forma o processo

eleitoral deste ano promete.

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6 brasilobserver.co.uk

BRASIL & UK

Começa no final de julho a 12ª edição da Festa Literária Internacional de Para-ty (FLIP), que já se consolidou entre os principais eventos do calendário cultural brasileiro. De 30 de julho a 3 de agosto, diversos escritos de diferentes nacionalida-des vão se encontrar na cidade litorânea do Estado do Rio de Janeiro para participar de uma série de debates. O homenageado deste ano será Millôr Fernandes.Dramaturgo, editor, tradutor, artista gráfico,

uma das figuras mais marcantes da imprensa brasileira, Millôr recebe destaque em Paraty dois anos após sua morte, em março de 2012, aos 88 anos. Mestre do humor, Millôr reunia o mundo da FLIP num homem só: circulando por várias áreas do conhecimento, com trabalhos tão diversos quanto a tradu-ção de obras de Shakespeare, o cartum, o jornalismo e o haikai, dissolveu fronteiras e promoveu a integração entre as artes.O British Council, através do programa

Transform, que tem como objetivo desen-volver o diálogo artístico entre o Reino Unido e o Brasil entre 2012 e 2016, apoia uma das mesas da programação oficial da FLIP. A mesa em questão será com Moshin Hamid e Antonio Prata, dois au-tores que fazem do humor e da crônica a matéria-prima de retratos autoirônicos de si mesmos e do mundo a seu redor.A instituição britânica também dá suporte

a outros três eventos da Flipmais. O pri-meiro deles é o “Tradução in translation”: os escritores José Luiz Passos e Sam Byers conversam com os tradutores Paulo Henri-ques Britto e Daniel Hahn sobre diferentes aspectos do universo da tradução literária, com foco no inglês e no português. No segundo, o ator britânico Tim Crouch

recria a peça Noite de Reis, de Shakes-

DIV

ULG

ÃO

FLIP, que chega a sua 12ª edição, já se consolidou entre os principais eventos do calendário cultural brasileiro

BRITISH COUNCIL APOIA FESTA LITERÁRIA INTERNACIONAL DE PARATY

VERSÃO INGLESA

Na edição 2014 da FLIP, que tem Millôr Fernandes como homenageado, instituição britânica dará suporte para uma das mesas da programação oficial;

versão do festival na Inglaterra terá sua segunda edição em outubro

peare, em um brilhante espetáculo de um homem só. Malvolio, o servente dessa co-média clássica, acerta as contas com a história de assédio moral, pudor e enganos da qual faz parte, utilizando um discurso retórico divertido e por vezes perturbador.Por fim, o poeta e DJ londrino Charlie

Dark, integrante do trio Attica Blues e fundador do Blacktronica, se junta ao mú-sico e compositor pernambucano Siba, um mestre da poesia rimada. Os dois trazem ao palco distintas vertentes da poesia falada e, em seguida, debatem as nuances dessa prática no Brasil e no Reino Unido.

Quando acabar a FLIP no Brasil, terá início a contagem regressiva para a segunda edição da versão inglesa do festival. Pelo segundo ano seguido, a pequena Snape Maltings, no sudoeste da costa britânica, será palco para a FlipSide, de 3 a 5 de outubro. A programação do evento foi divul-

gada pela inglesa Liz Calder, idealiza-dora dos dois festivais, na Embaixada

do Brasil em Londres no mês de maio. Segundo ela, foi certo a ideia trazer arte brasileira aos britânicos. Entre os destaques estão a autora Ana Maria Machado e a cantora Bebel Gilberto.

g Para mais informações sobre a Fl ipSide, cujos ingressos já estão à venda, acesse www.fl ipsidefestival .co.uk

Page 7: Brasil Observer #15 - Portuguese Version

7brasilobserver.co.uk

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8 brasilobserver.co.uk

Em entrevista exclusiva concedida ao Brasil Observer em Londres, primeiro campeão da história do UFC relembra o começo da carreira, discorre sobre a disciplina do método

Gracie e critica mercantilização do esporte

PERFIL

Texto e foto por Rômulo Seitenfus

Maior nome do Jiu-Jitsu mundial. Esta é prova-velmente a melhor definição para esse brasileiro nascido no Rio de Janeiro, mas que fez sua fama nos Estados Unidos e que hoje percorre o mundo a ensinar o que aprendeu durante anos de dedica-ção e devoção ao esporte. O personagem desta edição do Perfil é Royce

Grace, um profissional das artes marciais, que esteve recentemente em Londres para dar um workshop, além de reencontrar velhos amigos de estrada. No tatame da academia Grace Garcia Jiu--Jitsu, em Camden Town, Royce recebeu a repor-tagem do Brasil Observer para esta entrevista.Antes de partir para os melhores momentos da

conversa, a sempre bem-vinda contextualização – ainda que, para os amantes e praticantes de artes marciais, isso talvez se faça desnecessário.Royce Grace praticamente nasceu no tatame. É

filho do grão-mestre Hélio Gracie, sobrinho de Carlos Gracie e irmão de outros nomes também conhecidos no universo do Jiu-Jitsu e MMA (Mi-xed Martials Arts), como Royler Gracie, Rickson Gracie e Rorion Gracie. A família, aliás, desenvolveu o método Gracie

Jiu-Jitsu, arte marcial brasileira que se desenvolveu da tradicional luta japonêsa ensinada por Mitsuyo Maeda e que ganhou o mundo com desafios no-táveis –que deram origem ao hoje bilionário Ulti-mate Fighting Championship (UFC), maior campe-onato de artes marciais mistas do mundo. Tudo começou em 1993, com o UFC 1. A fa-

mília Gracie, que já havia conquistado renome nos Estados Unidos – inclusive ensinando técnicas de defesa e ataque para a SWAT –, queria mostrar ao mundo que seu método de luta era o melhor de todos. E para representar o nome da família nos tatames foi escolhido Royce Grace, que, mesmo mais leve do que todos os participantes, chegando a ter disparidades de até 30 kg, venceu todos os oponentes por finalização. A participação de Royce no UFC durou até a

quinta edição. Após esse evento, ele e a família abandonaram o campeonato com alegação de não concordarem com as novas regras, que previam limite de tempo para as lutas, com decisão dos juízes. Essas regras fugiam aos ideais Gracie, que, com a sensação de missão cumprida, venderam sua parte do UFC. Hoje, de acordo com o presidente da organização, Dana White, a companhia vale em torno de US$ 3,5 bilhões. Essas cifras poderiam ser motivo de frustração

para Royce Gracie, mas não é o caso. Aos 47 anos, com as pernas esticadas no tatame, ele expôs seus pensamentos com a sabedoria de quem vê no esporte algo além do sucesso financeiro. A seguir os melhores trechos:

Royce Gracie: filho do Jiu-Jitsu

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O senhor praticamente nasceu no tatame. Quais são as suas primeiras lembranças com as artes marciais?

Lembro das idas à Copacabana com meus pri-mos e meus irmãos para visitar a academia.

E quando começou realmente a dar trabalho aos seus adversários?

Aos quatorze anos, quando a gente consegue descobrir que, mesmo não sendo tão fortes, pode-mos ter técnicas para lutar contra os homens. Os caras eram maiores, mas a gente já fazia a frente.

O senhor se considera um atleta full time. É difícil manter esta disciplina constantemente?

Tem muita gente que diz que é atleta, mas em qualquer tipo de esporte você está ali como exem-plo. Alguns jogadores de futebol saem e ficam bê-bados na noite. Que tipo de atleta é esse? Não é um atleta full time. Eu sou profissional, professor de Jiu-Jitsu o tempo todo. Nunca bebi, nunca fu-mei. Como a dieta Gracie, que não é bem uma die-ta, mas um hábito alimentar na combinação das comidas. Estou aqui para servir como exemplo.

O método Gracie é adotado em muitos países. Qual é o segredo desta linha condutora?

Fazemos para nós. Quem quiser seguir que acompanhe. Não tentamos forçar nosso jeito de ver o mundo. A nossa dieta, a forma como pen-samos... Não tentamos forçar nada. Muita gente pensa que o Jiu-Jitsu é uma arte de luta como o vale-tudo, mas não é. É pura defesa pessoal. Como irei me defender de uma agressão vinda de alguém mais forte? Ao se defender de qualquer tipo de agressão, você está adquirindo autocon-fiança. Se você se alimenta bem, não fica doente. Se você não fica doente, seu corpo está sadio e sua mente também.

O senhor afirma que o desejo é diferente da estratégia. Seria a estratégia o fator mais importante em uma competição?

A primeira coisa em uma competição é saber o que está fazendo. Se você não sabe as regras, nem adianta estar lá. Depois vem o gás. Você pode trocar seu carro por um mais rápido e mais forte, mas sem gasolina não vai a lugar nenhum. En-tão tem que ter gás, depois vem a força. Então a estratégia é fundamental. Se você conhece o seu adversário, sabe o que vai fazer. Muita gente con-funde a estratégia com o desejo. Você veio fazer o que numa luta? Eu vou entrar, vou derrotar o adversário e vou ganhar. Isso é o desejo e não a estratégia. Estratégia é saber o que ele vai fazer, tirá-lo do jogo.

Como se estuda o adversário? Quais os fatores analisados?

Sabendo mais sobre ele do que o que ele mesmo. Batendo o olho, decifrando a pessoa, estudando não somente os pontos fracos como também os pontos fortes, sabendo como ele usa os movimen-tos. Enfim, saber tudo.

Além dos treinos, qual é a preparação ideal para o dia da luta?

Se alimentar bem. Você não pode ficar doente no dia da luta. Naquele dia do ano você tem que

chegar lá em cima. Você não consegue ficar lá em cima o tempo todo. Vai subir e vai baixar. Tem que chegar lá em cima no dia certo, na hora certa. Não adianta estar lá em cima e no dia baixar. Isso se chama over training.

Em várias de suas vitórias, o senhor declarou que não iria comemorar porque aquele era mais um dia de trabalho…

Não tem celebração. Eu treinei para ganhar, não treinei para perder. Estou fazendo meu serviço.

O senhor lida bem com suas derrotas?

Você tem que saber ganhar e saber perder. Quando você perder tem que voltar para casa e pensar o porquê você perdeu. Se foi por estar can-sado, fora de forma, é uma coisa. Por estratégia é outra. É pensar e voltar a trabalhar para reparar seus erros.

Qual é a sua filosofia de luta?

Tem que treinar. Não adianta você ser filósofo sem botar o pé no tatame. Pode ler todos os livros. Se você não treinar, não adianta nada. A filosofia está onde você treinar.

Está surgindo mais uma federação de Jiu-Jitsu. Como o senhor vê isso?

É bom porque no momento só tem uma fede-ração. Tem muito espaço, muitos bons lutadores, muitos talentos, muitos caras que estão se esfor-çando, mas não são conhecidos. Por qual razão poderia ser campeão dessa federação, por exem-plo, se ninguém o reconhecesse? Então tem espa-ço para outra organização sim. Tem muito talento que às vezes por razões financeiras não pode com-petir um campeonato por não ter patrocínio. Tem talento e dedicação, mas não consegue pagar o que a federação pede para competir. Não pode ser um negócio focado em ganhar dinheiro. Quando a federação vira um negócio que não é para o aluno, é ruim para o competidor.

Qual é a sua opinião sobre a competição de pontos dentro da categoria?

Este não está sendo o Jiu-Jitsu que meu pai inventou; sou contra a competição por ponto. O ponto em geral está mudando a arte marcial. Jiu-Jitsu não foi feito para marcar um ponto na rua, foi feito para se defender. Você tem que saber finalizar a luta. Hoje é uma vergonha porque a pessoa chega perto e marca um ponto. O que está sendo ensinado ao aluno? Estão ensinando como não dar soco. O tatame foi feito para nocautear a pessoa.

E esse desvio acontece por questões financeiras?

Exatamente. Querem ganhar dinheiro. Não es-tão focados no competidor. A competição é para o aluno que nunca vai brigar na rua; vai treinar a vida inteira e vai adquirir tanta confiança nele mesmo que ninguém vai mexer com ele. Então competição é para ele criar uma adrenalina. Mas quando fica focado em marcar um ponto, não vale mais nada para mim. Tem que focar na finaliza-ção, no resultado. É ganhar! Vou ofender muita gente, mas o Jiu-Jitsu que meu pai criou não foi feito para marcar pontos. Foi feito para se defen-der e finalizar a luta vencendo o adversário.

Sou contra a competição por ponto. O tatame foi feito para nocautear a pessoa

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BRASIL VIRA SEDE PERFEITA, MAS LEGADO É INCERTO

COPA 2014

Durante o mês que se es-tendeu de 12 de junho a 13 de julho de 2014, se questio-nado por alguém do estrangei-ro sobre o que se passava no Brasil, poderia responder com uma música de Chico Buarque, “Meu Caro Amigo”. A canção, assinada pelo próprio Chico e por Francis Hime em forma de carta, tinha como destinatá-rio o teatrólogo Augusto Boal, exilado em Portugal, que vivia se queixando de que os ami-gos não mandavam notícias do Brasil. Corria então o ano de 1976, tempos de ditadura civil--militar, e a abertura prometi-da pelo presidente do país, o general Ernesto Geisel, era re-almente lenta. Lá pelas tantas, o refrão da música diz: “Aqui na terra estão jogando futebol; tem muito samba, muito choro e rock’n’roll; uns dias chove, noutros dias bate sol; mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui está preta”. E estava mesmo – com o perdão do sim-bolismo de associar a cor preta a algo que seja ruim.O ano agora é 2014 e, obvia-

mente, muita coisa mudou. Não vivemos mais sob uma ditadu-ra; gozamos talvez do momento

mais espetacular de nossa jovem democracia, renascida em 1989. Aos olhos do mundo, somos aquele jovem que acaba de atin-gir a maturidade, ganha um car-ro, arruma uma namorada e sai por aí a desfilar sua nova con-dição de homem crescido. Ainda estão lá, porém, as espinhas no rosto a denunciar que ainda há chão a percorrer. Pois, alçados a condição de país sede da Copa do Mundo, nos propusemos a mostrar à comunidade internacio-nal que havíamos atingido um novo status na ordem das coisas. Ao mesmo tempo, abrimos nos-sas entranhas, nossos sentimen-tos mais nobres e mais bárbaros, nossas qualidades e nossos pro-blemas para quem quisesse ver e ouvir. Por isso a música de Chico traz tanto significado. O que o mundo viu duran-

te esse memorável mês foi que no Brasil se jogou muito, mas muito futebol. Os estádios esti-veram lotados. As redes sociais fervilharam. Os bares e ruas das cidades-sede de norte a sul do país se converteram em centros de convivência e celebração para visitantes de mais de 200 países. A interação foi máxi-ma. A avassaladora maioria não

poupou elogios à receptividade do brasileiro. Dentro das quatro linhas, jogos recheados de gols, resultados surpreendentes e atu-ações históricas. E, por falar em história, pesquisa realizada pela rede britânica BBC mostra que a Copa do Mundo no Brasil foi eleita a melhor de todos os tempos pelos torcedores ingle-ses, com 39% dos votos. Ao que parece, tivemos, afinal, a Copa das Copas, como previu a presidente Dilma Rousseff. Mas, no fundo, o que que-

remos dizer? Como numa car-ta que se faz ao estrangeiro, para um amigo ou um parente que não vemos há tempos, há duas opções: ou nos gabamos que nossas vidas são perfeitas e cheias de sucessos inigualá-veis, ou dizemos a verdade. E a verdade, como se sabe, não é absoluta, apenas mais justa se baseadas em fatos. E os fatos apontam que a coisa não está preta, como disse Chico, mas também não um mar de rosas.Se o Brasil se tornou vitorioso

ao provar que era perfeitamente capaz de realizar uma Copa do Mundo, contrariando as expecta-tivas catastróficas tanto da mídia nativa quanto internacional, agora

enfrenta um desafio maior: cons-truir um legado permanente.Antes de a bola rolar na Arena

Corinthians para o jogo de estreia entre Brasil e Croácia, duas áreas já contavam com resultados sufi-cientemente negativos por conta da organização do evento: mora-dia e segurança. Ambas as ques-tões foram debatidas em edições anteriores do Brasil Observer: is-suu.com/brasilobserver.De acordo com Portal Popu-

lar da Copa e das Olimpíadas, mais de 150 mil pessoas fo-ram removidas de suas casas por conta de obras relacionadas aos dois mega eventos espor-tivos. E, em muitos casos, o que se vê são famílias inteiras removidas de seus lares para locais afastados dos centros urbanos, sem garantia de jus-ta indenização. Nem o governo federal, nem as autoridades es-taduais e municipais confirmam tal número, mas falham ao não oferecer dados oficiais – no má-ximo, argumentam que muitos empreendimentos que causaram remoções não têm ligação com Copa e Olimpíada. De qualquer maneira, no quesito moradia, o legado do Mundial é negativo, pois no mínimo agravou uma

situação já em estado de alerta: 5,8 milhões de famílias não tem moradia adequada no Brasil.No que diz respeito à segu-

rança pública, o legado da Copa é contraditório. Pois, por um lado, o investimento maciço fei-to para garantir a segurança do evento (R$ 1,9 bilhão) resulta, por exemplo, em equipamentos que serão usados para o moni-toramento de estradas federais e regiões fronteiriças – sem contar que as polícias, inegavelmente, estão mais equipadas para faze-rem seu trabalho. Mas, por outro, o que se viu durante o Mundial foi o aumento da truculência das autoridades de segurança públi-ca quando exigidas a lidar com protestos. Ficou evidente o uso desproporcional da força – em quase todas as manifestações o efetivo policial superava, e mui-to, o número de manifestantes; e invariavelmente o resultado final foi o choque entre ambas as par-tes. Não faltam relatos de abuso do poder, prisões arbitrárias e situações em que advogados e jornalistas não puderam exercer suas funções. Por isso, há uma grande dúvida sobre o que a Copa trouxe de verdadeiramente bom à segurança pública.

Por Guilherme Reis

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Aos olhos do mundo, somos aquele jovem que acaba de atingir a maturidade, ganha um carro, arruma uma namorada e sai por aí a desfilar sua nova condição de homem crescido

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Na memória: após um mês de festa, há resseca?

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Menos duvidoso é o legado para o turismo, ainda que não seja definitivo. Levantamen-to do governo mostra que o Brasil recebeu um milhão de turistas estrangeiros de 203 na-cionalidades diferentes durante o Mundial – número que su-perou a expectativa inicial, que era de 600 mil visitantes de outros países. A maioria (61%) ainda não conhecia o Brasil e elogiou os serviços de infra-estrutura e turismo. Os itens mais bem avaliados foram hos-pitalidade e gastronomia, com 98% e 93% de aprovação, respectivamente. Dentro desse universo de turistas, 95% re-velaram a intenção de retornar ao país. Ou seja, o Brasil tem agora em mãos uma grande oportunidade, pois as histórias dessas pessoas vão se espalhar e, automaticamente, muitas ou-tras terão interesse em visitar o país, ainda mais com os Jogos Olímpicos do Rio a caminho. Não se pode depender apenas, obviamente, do boca a boca. Opinião quase unanime do se-tor da indústria do turismo é a necessidade de mais investi-mentos na promoção do Brasil no exterior pela Embratur.

Os aeroportos do país, por sua vez, passaram no teste com louvor. Com investimentos totais de R$ 8,78 bilhões, registraram melhorias significativas. A capa-cidade de passageiros por ano chegou a 67 milhões, um au-mento de 52%, o que é um le-gado importante tendo em vista a crescente demanda interna: en-tre 2005 e 2013, as companhias aéreas ganharam 51,2 milhões de passageiros domésticos, de acordo com dados Agência Na-cional de Aviação Civil. Durante a Copa, 16,7 milhões de pas-sageiros utilizaram os serviços aeroportuários do país. O índice de atraso dos voos foi de ape-nas 7,46%, inferior ao padrão europeu, que chega a 7,6%, de acordo com dados da Eurocon-trol, e ao padrão internacional, que é de 15%. Já no quesito mobilidade ur-

bana, principal legado da Copa para os moradores das cidades--sede, não há tanto o que co-memorar. De acordo com a Matriz de Responsabilidade da Copa consolidada em setembro do ano passado pelo Ministério do Esporte, o país investiria R$ 7 bilhões em mobilidade urbana para receber o Mundial, R$ 4,47

bilhões a menos do que o pre-visto em 2010 – neste período de três anos, dos 50 projetos previstos, 32 foram mantidos. Segundo levantamento do jornal O Estados de S. Paulo nas 12 cidades-sede, 74 obras de mobi-lidade urbana foram entregues e 46 permanecem inacabadas – o número é maior do que o da lista de projetos do ministério porque as prefeituras e governos estaduais, que são a fonte des-sa informação, costumam fatiar projetos em várias obras. Por fim, a coisa mais impor-

tante entre todas as coisas menos importantes: o futebol. A maior derrota da história da Seleção Brasileira em Copas, os intermi-náveis 7 a 1 contra a Alemanha, e o quarto lugar após o sofrível 3 a 0 contra a Holanda criaram um consenso de que é preci-so reformar o futebol nacional. Tal necessidade não é de hoje, como mostrou a reportagem de Wagner de Alcântara Aragão na edição 13 do Brasil Observer. Mas, apesar do sentimento de urgência, a chance de mudanças em curto prazo é ínfima. E isso por conta de três atores princi-pais: a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), os clubes e

a TV Globo, que juntos tornam quase impossível a transforma-ção da maior paixão nacional.Como explicou o jornalista

José Antonio Lima em texto pu-blicado no blog Esporte Fino: “O colégio eleitoral que esco-lhe o presidente da CBF tem apenas 47 votos, sendo 20 dos clubes da Série A e 27 das federações estaduais. Só. Joga-dores, técnicos, árbitros, clubes amadores e das Séries B, C e D não têm direito a opinar. Na última eleição, em abril, Marco Polo Del Nero foi eleito com 44 votos, uma quase unanimi-dade explicada pelo fato de que tanto clubes quanto federações são obrigados a ser situacionis-tas diante do domínio exercido pelo complexo CBF-Globo no futebol brasileiro”.“Os clubes da Série A votam

na situação no pleito da CBF pois são reféns da TV Globo. Após décadas de gestões catastróficas, os clubes acumulam enormes dí-vidas e, para sobreviver, depen-dem em grande parte do dinheiro das cotas de televisão. Seja com os pagamentos regulares ou com adiantamentos, como o recebido pelo São Paulo recentemente, a Globo mantém os clubes sob seu

controle. Em troca, a emissora preserva os direitos de transmis-são do Campeonato Brasileiro e seus privilégios com a Seleção Brasileira”, completou.Soma-se a isso o sucateamen-

to das categorias de base, vol-tadas quase que exclusivamen-te a atender aos interesses de empresários que lucram com a venda cada vez mais precoce de jogadores ao exterior. Não há formação de atletas e cidadãos, mas produtos.Tudo isso interfere direta-

mente na média de público dos estádios. O Brasil é só o 18º colocado, com média de 12.971 pessoas por jogo. Está atrás, por exemplo, da Austrália (17º, com 12.990) e dos Estados Unidos (8º, com 18.845), sabidamente países sem tradição alguma no planeta do futebol. Por isso há tanto receio com o que será das novas arenas, que custaram ao todo R$ 8 bilhões. Sendo assim, por mais que a

Copa do Mundo tenha deixado um legado lúdico muito positivo ao país, só o tempo dirá se o investimento total de mais de R$ 20 bilhões para a realização do Mundial terá sido, de fato, um bom negócio para o Brasil.

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Por Rosa Bittencourt

Copacabana, a princesinha do mar, depois da vitória da Alemanha por 1 a 0 sobre a Argentina, foi tomada por ale-mães e brasileiros na come-moração do quarto título de melhor seleção do mundo. Os argentinos estavam em maio-ria, em sua dor, mas as cores vermelha, preta e amarela do-minaram a festa na areia, ave-nidas e botecos do bairro mais famoso do Rio de Janeiro, logo após o fim do jogo.Argentinos inconsoláveis che-

garam a criar confusão nos bairros da Zona Sul. Muitos não suportaram a zoação de brasileiros com o “hino” dos mil gols de Pelé e partiram para briga. Nem a resposta, que o Brasil havia perdido de 7 a 1 para a Alemanha, era o suficiente para diminuir o ânimo de brasileiros para cima dos ‘hermanos’. Não só a tur-ma do deixa disso entrou em campo, como muitos policiais militares, inclusive com gás de pimenta, dissiparam as brigas.Nas ruas de Copacabana, an-

tes do início do jogo, o que mais se via eram turistas dos quatro cantos do mundo. En-tre eles um casal de estudan-

tes japoneses que, em viagem há cinco meses pela América do Sul, no mês da Copa es-colheram o Brasil para fixar moradia por 30 dias. Satomi Hashimoto e Satoshi Nishiama, ambos de 22 anos e de Osaka, torceram pela Alemanha. “É o melhor time”. Já as duas amigas mexicanas,

a psicóloga Dulce Sanchez, 25, e a nutróloga Alexa Schiavel, 28, se dividiram na torcida. “O que mais gostamos nessa Copa foram os jogos, a alegria dos brasileiros e São Paulo e Rio. E hoje queremos ver o melhor futebol em campo, com os me-lhores da Copa”, disse Dulce, antes de tirar os calçados e de-saparecer no meio de torcedores na areia de Copacabana.Dois amigos sósias de Mara-

dona e Messi desfilaram pela Avenida Atlântica antes e du-rante o jogo. Com paciência, paravam para os fãs e se deixa-vam fotografar. O gráfico Gilvâ-nio Oliveira, 52 anos, com sua cabeleira cheia de cachos, era quase um Maradona na aveni-da. “Virou quase uma segunda profissão. Hoje, já dei entrevista para televisões daqui do Brasil e estrangeiras. E o carinho do pú-

blico é recompensador”, contou o cearense que há muito tempo trocou Fortaleza pelo Rio. E o ator e roteirista Jefferson Melo, de 24, também distribuiu autó-grafos como Messi cover. Ele torcia pela Argentina. “É muito carinho que a gente recebe. É muita festa com turistas daqui do Brasil e de outros países. Temos que comemorar.”Os estudantes Paulo Jardim,

15, e Gabriel Mattos, 17, com uma bandeira da Alemanha nas costas adotaram o país como segunda seleção (depois da des-classificação do Brasil) e fize-ram como muitos brasileiros: “Torcer pela melhor seleção e não importa se nos tiraram da final. Alemanha tem o melhor time”, justificaram.Duas jovens brasileiras bate-

ram ponto em quase todos os jogos transmitidos pela Fan Fest. As estudantes Tainá Mendel, 16, e Rafaela Malta, 17, mo-radoras de Nova Iguaçu, conta-ram que fizeram muitos amigos, foram fotografadas e na final decidiram torcer pela Argentina. Com uma bandeira nas mãos, o que mais fizeram foram selfies, enquanto o jogo seguia no telão da Fan Fest lotada.

FESTA ALEMÃ E CHORO ARGENTINO

EM COPACABANA

FERNANDO FRAZÃO/AGÊNCIA BRASIL

De um lado, a alegria dos vencedores; do outro, a tristeza dos derrotados; teve brasileiro que agradeceu muito

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Por Antonio Veiga

Quando o apito do mexicano Marco Rodriguez soou, encerran-do o maior vexame da história centenária da Seleção Brasilei-ra, deu-se início a um processo natural e repleto de suposições: a procura por explicações, por culpados e até mesmo algum consolo ou esperança para se apegar. O futebol do país penta-campeão está em xeque.Em uma nação onde o se-

gundo colocado é visto como o primeiro perdedor, nada menos do que a taça importa. Adicio-ne-se ao caldeirão a pressão natural por ser país sede e a certeza de estar entre o céu e o inferno. De ser herói ou vilão. Vencer e convencer, encantar e honrar o manto. O fardo foi pesado e as lágrimas de pânico escorreram a torto e a direito ao longo de toda a Copa.Uma derrota qualquer já abri-

ria espaço para todos esses ques-tionamentos. Mas o D maiúsculo escancarou fragilidades que, no meio de tantas análises de uma nação esfacelada, extrapolaram as quatro linhas e chegaram à própria sociedade. A organiza-ção se opondo ao improviso. O planejamento alemão atropelando o jeitinho brasileiro. Marcas que não podem ser esquecidas.Para buscar saídas, o futebol

brasileiro olha justamente para o exemplo de seu algoz. Pipo-ca na mídia nacional a evolução da formação de atletas. A fede-ração dos atuais campeões, em pesquisa recente, foi considerada a instituição mais confiável da-quele país. A atual conquista é totalmente atribuída ao projeto que lapida jovens talentos e for-ma treinadores de norte a sul do território alemão. No entanto, a taça erguida pelo

capitão Phillip Lahm no Maraca-nã celebra muito mais do que o título principal do esporte mais

atraente do mundo. É a primeira vez que a Alemanha unificada se abraça para festejar tal feito. E o time é o espelho deste novo país. Com jogadores tendo li-berdade para praticar o Ramadã. Com Özil, filho de turcos, com Khedira, filho de tunisianos. Fru-to do relacionamento entre uma ganesa e um alemão, Boateng é o primeiro negro campeão com a camisa alemã. Isso hoje é a Alemanha, um país plural que preserva sua história como forma de impedir que as atrocidades de seu passado recente voltem a acontecer. E realmente não teria lugar melhor para esta história ser escrita do que no Brasil.Derrotado impiedosamen-

te dentro de campo, o Brasil ganhou e muito fora dele. Se a vitória fora de campo, que sempre pareceu tão distante, está sendo muito comentada, é pos-sível também dar uma guinada na estrutura do futebol nacional – repleto de glórias, mas carente de inovações táticas e técnicas. Para isso, será necessário romper com muitas barreiras, que pas-sam pelo pensamento retrógrado de dirigentes que ocupam o po-der há décadas. Mas e o time? Festejada após

a vitória incontestável sobre a Espanha na Copa das Confede-rações, um ano atrás, a equipe comandada por Neymar sai aos cacos do Mundial. Gostando ou não do grupo de jogadores, não há alternativa ao torcedor senão tentar analisar o time com me-nos paixão. Afinal, semifinalista após doze anos, e quarta colo-cada, a seleção conta sim com grandes talentos.Jogadores que vestem as ca-

misas dos principais clubes do mundo. Um time que sempre teve de ouvir dos críticos que era novo demais. E talvez re-almente fosse. Faltaram a Fe-

lipão jogadores mais rodados. Contudo, o treinador do penta não teve confiança em meda-lhões como Kaká, Ronaldinho e Robinho, que há algum tempo não rendem o mesmo que ou-trora. Adriano então, que teria tudo para ser o camisa 9 desta equipe, não sabe o que é futebol profissional há anos.Diferente do ciclo que ante-

cedeu esta Copa, estes quatro anos de preparação para a Rús-sia serão repletos de competi-ções. Haverá duas disputas de Copa América: ano que vem, no Chile, e em 2016, nos EUA, em parceria com a Concacaf. As eliminatórias começarão pouco depois da primeira das disputas continentais.Vencedor das últimas três edi-

ções da Copa das Confedera-ções, talvez seja bom para o Brasil ficar de fora da próxima vez. Coincidência ou não, os tí-tulos conquistados um ano antes da Copa atrapalharam de alguma forma o desenvolvimento do tra-balho quando era para valer. Após passar por cima da Ale-

manha e da Argentina, em 2005, o time treinado por Parreira fez uma das piores preparações para disputar uma Copa, em 2006. Todavia, o que os três últimos mundiais mais têm em comum é o fato de o grupo ter se fechado um ano antes, abrindo pouco es-paço para mudanças. Em 2006, jogadores como Cafú, Roberto Carlos, Adriano e Ronaldo che-garam com péssima forma física e técnica. Em 2010, o povo cla-mava por Neymar, mas Dunga foi teimoso. E, agora, ficamos presos num sistema tático bas-tante estudado pelos rivais, em que o Felipão não soube encon-trar alternativas, por ter convo-cado muitos nomes para funções semelhantes e sem ter como al-terar o jeito de jogar.

O QUE APRENDEMOS COM O MASSACRE DO MINEIRÃO?

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Futebol brasileiro está em xeque

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CONECTANDO

COMO PARTICIPAR?Conectando é um projeto desenvol-vido pelo Brasil Observer que visa colocar em prática o conceito de comunicação ‘glocal’, ou seja, uma história local pode se tornar glo-bal, ser ouvida e lida em diferentes partes do mundo. Mande sua his-tória para nós! Saiba como par-ticipar entrando em contato pelo [email protected]

Descrever um ano inteiro de aprendizados e experiências em alguns parágrafos é uma tarefa mais complicada do que parece. Afinal, tanto pode acontecer em um ano... Em setembro passado, quando coloquei meus pés pela primeira vez em um trem, não sabia o que esperar nem o que iria tirar disso tudo ao final do meu período aqui. Esse final se aproxima, mas as respostas con-tinuam distantes.Poderia falar da primeira di-

ferença (e uma das principais, diga-se de passagem): a comida. Paulista de nascimento e minei-ro de coração, apaixonado por pão de queijo e movido a arroz e feijão, não preciso dizer muito sobre a minha relação com os infindáveis tipos e métodos de preparo de batatas. Outra ideia difícil de digerir (perdoem-me a piada) é o feijão doce no café--da-manhã. Nesse aspecto, viver aqui exige criatividade e boa dose de “é tudo experiência”.Mais um ponto que eu pode-

ria destacar, e esse é o mais ób-vio de todos, é o clima. Morei e ainda moro no Nordeste da Inglaterra e, apesar de não ter vivido um inverno tão rigoroso, uma peça a mais de roupa e guarda-chuva se transformaram em componentes obrigatórios da mochila. Quando, seguindo ainda a pontualidade brasileira, eu esquecia de levar algum des-ses itens comigo, paciência: “é tudo aprendizado”. A ausência de sol e seu efeito implacável ocorreram tal qual muitos ha-viam me dito antes de vir para cá, e eu teimava em acreditar

que não seria nada disso. Hoje, porém, não posso reclamar. O sol virou companhia constante. Ainda bem.Viver no Reino Unido durante

esse período tem sido uma ex-periência única. Não é difícil se acostumar com sistemas de saú-de e transporte que funcionam, com a segurança e a educação, ou ainda com a cordialidade bri-tânica que luta para sobreviver (ainda bem). Como uma ami-ga de minha mãe sempre dizia, acostumar-se com o que é bom é muito fácil. De fato, o é. Apesar disso, o que mais vai me fazer sentir falta daqui são as pessoas que conheci durante o caminho.Tive a oportunidade de viver

em um College, o que me dei-xou em contato constante com pessoas de todo o mundo. Co-nheci pessoas de países que nem sabia da existência, convivi com gente que sabia mais do Brasil do que eu e, é claro, percebi que somos muito mais parecidos do que imaginamos. É impres-sionante como certos problemas que consideramos tipicamente brasileiros estão espalhados por aí; não somos os únicos que temos de lidar com eles.Posso soar ufanista, mas vir

para cá me fez amar mais o Brasil. Apesar de todos os nos-sos problemas e de todas as nossas questões mal resolvidas que nos impedem de viver com a dignidade merecida; apesar da corrupção e da aparente falta de esperança no futuro; apesar disso tudo e de muito mais, o Brasil tem o que eu ainda não

consegui encontrar em outros lugares: as melhores pessoas.Participar de um programa

como o Ciência Sem Fronteiras me possibilitou tanto a oportuni-dade de realizar um sonho como a melhor forma de fazê-lo: em conjunto. Nossa pequena comu-nidade brasileira, que inicial-mente contava com 15 alunos, tornou-se logo uma família; a única que tínhamos por aqui. O fato de sermos de todas as re-giões do Brasil nos permitiu en-tender melhor as diferentes rea-lidades que possuímos em nosso país e como elas nos moldam, mas também nos mostrou que, apesar de todas essas diferenças geográficas e culturais, somos muito, mas muito parecidos.Depois de quase um ano

convivendo com os brasileiros que encontrei aqui, posso dizer que me dividi. Quando voltar para casa, é certo que terei um pouco de mim, um pouco do meu coração em cada canto do Brasil. Em Belém, Salvador, Brasília e BH. Em Timóteo ou Viçosa, em São Paulo, tanto capital como interior, também estarei lá. No sul, em Floripa e Bagé, com certeza levarão tam-bém um pouquinho de mim. Em Porto Alegre, um tanto mais, que é para fazer valer. Quando eu voltar vou ter a certeza de que, acima de todas as experiências, acima de tudo que conheci aqui, meu maior aprendizado vai ser, de fato, valorizar toda a beleza que te-mos em casa, e que teimamos em menosprezar enquanto olha-mos para o mundo aqui fora.

“Vir para cá me fez amar mais o Brasil”

ARQUIVO PESSOAL

SOBRE FEIJÃO DOCE, BATATAS E PESSOASHá um ano Bruno Gomes chegava ao Reino Unido para fazer parte de seu curso de graduação na Durham University, graças ao programa do governo brasileiro Ciência Sem Fronteiras; prestes a voltar para casa, ele conta o que aprendeu

Por Bruno Gomes – de Durham, Inglaterra

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Brasil Observer

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The largest arts festival in the world arrives

once again in Scotland’s capital, Edinburgh

and this year includes Brazilian attractions. With

over 41,000 events, this is a great opportunity for

cultural travel. >> Read on pages

16 and 17

O maior festival de artes do mundo aterrissa

mais uma vez na capital escocesa, Edimburgo,

trazendo neste verão atrações brasileiras do teatro e da dança; será

uma ótima oportunidade de viagem cultural.>> Leia nas páginas

16 e 17

Page 16: Brasil Observer #15 - Portuguese Version

16 brasilobserver.co.uk

As the largest arts festival in the world, the Ed-inburgh Festival Fringe draws thousands of artists from all corners of the globe to Scotland every summer. This famous festival is actually an amal-gamation of four major culture and art events: the Edinburgh International Festival, the Fringe Festival, the Film Festival and the Book Festival. The first edition of the smaller Fringe Festival was

was organised by eight local theatre companies in 1947, just after the war, with the purpose promoting culture and unity in society. In the years since then, the city has become host to thousands of plays, con-certs and presentations during the month of August. Usually, there are no less than 41,000 performances and 2,500 concerts in over 250 different venues and spaces around the Scottish capital. The event program includes everything from street

Maior festival de artes do mundo, o Fringe de Ed-imburgo atrai para a Escócia, todo verão, milhares de artistas de todos os cantos do globo. Esse famoso festival é, na verdade, uma junção de quatro grandes eventos de cultura e arte: o Festival Internacional de Edimburgo, o Festival Fringe, o Festival de Cinema e o Festival do Livro. No caso do Fringe (que significa marginalizado, em

inglês), a primeira edição foi em 1947, no pós-guerra, tendo como finalidade a promoção da cultura e da união entre a sociedade – e foi organizada por oito companhias teatrais locais. Desde então, a cidade se torna palco de inúmeras peças, shows e apresentações simultâneas durante o mês de agosto. Neste ano, ocorre entre dos dias 1º e 25. Normalmente, são 41.000 per-formances e 2.500 shows em mais de 250 cenários diferentes espalhados pelas ruas da capital escocesa. A programação do evento abrange desde artistas de

A MONTH FULL OF CULTURE IN SCOTLAND’S CAPITAL

UM MÊS DE ARTE NA CAPITAL DA ESCÓCIA

Edinburgh Festival Fringe brings together thousands of cultural attractions in the Scottish city for the month of August,

and this year includes Brazilian companies theatre plays

Festival Fringe de Edimburgo reúne milhares de atrações culturais na cidade escocesa entre os dias 1º e 25 de Agosto,

entre elas peças de teatro de companhias brasileiras

By Gabriela Lobianco

Por Gabriela Lobianco

DIVULGATION

Page 17: Brasil Observer #15 - Portuguese Version

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performers to amateur or professional theatre compa-nies, with a diverse repertoire ranging from classical to contemporary. With comedy, cabaret, stand ups, dance, physical theatre and circus, children’s theatre, events, exhibitions, bands, musicals, operas, theatre, there really is entertainment for all tastes! The festival is also a showcase of fresh talent

and has helped launch big names in theatre, film and television, including Jude Law, Hugh Laurie and Emma Thompson. This means that the festival has also become a good environment for arts agents and managers as well as paying punters. If you are planning a trip to the festival, the first,

most important thing is to get a schedule with all the information about what is happening around the city (www.edfringe.com). And stay tuned, on social media and online as there are many free events to enjoy.

THE BRAZILIAN CONNECTIONIn this edition of the Fringe, some Brazilian com-

panies will perform as part of the International Brazil Scene, led by theatre producer Sergio Saboya. In May this year, Brazil’s Ministry of Culture

awarded R$ 850,000 to Brazilian companies to dis-seminate their national theatre abroad. As well as Edinburgh, some artists also attended a festival in Avignon, France. The Armazém company, a group from Rio de

Janeiro, are heading to Scotland with the play The Day Sam Died. The company are veterans of the festival, having been awarded a prestigious Fringe First Award, by The Scotsman newspaper, for their

2013 play Water Stain. This year’s play is based on the acclaimed unpublished text by Maurício Ar-ruda Mendonça and Paulo de Moraes - the latter also directing the play. In the play, three characters named Sam - a judge, a clown and a young anar-chist, expose private questions on social conditions and ethical issues. The Cia. Do Meu Tio company are responsible

for the presentation of the play My Uncle’s Shoes, in which an uncle teaches his artistic craft to his nephew. While the Mundano company will perform The Duel and Cia. Dos Atores present two presenta-tions, titled Maybe and Labor Actorial. It’s not all theatre though as Brazilian Afro-Sam-

ba, will be represented by Magary Lord in This is Brasil - the show. It is a theatrical dance perfor-mance and live music.

rua até companhias de teatro amadoras ou profissionais, com uma seleção de repertório diversificado que vai do clássico ao contemporâneo. Ou seja, apresentações de cabaré, comédia, stand ups, dança, teatro físico e circo, teatro infantil, eventos, exibições, atrações musicais, peças musicais e óperas, declamações, saraus, teatro clássico, entre outros. Um banquete de entretenimento para todos os gostos! Trata-se também de uma vitrine de talentos que revelou

grandes nomes do teatro, cinema e televisão da Grã-Bretanha como Jude Law, Hugh Laurie e Emma Thomp-son, que já se apresentaram por lá. E, por isso, acabou se tornando um dos ambientes para agentes e empresários das artes buscarem novos artistas para representarem.Primeiramente, o importante é adquirir um catálogo

com todas as informações sobre o que acontece ao redor da cidade. E fique atento, há muitas exibições gratuitas (www.edfringe.com).

CONEXÃO BRASILEIRANesta edição do Fringe, algumas companhias Bra-

sileiras se apresentarão como parte do projeto Cena Brasil Internacional, liderado pelo produtor teatral Sérgio Saboya. Em maio deste ano, o Ministério da Cultura repassou R$ 850 mil para companhias brasileiras divulgarem o teatro nacional no exterior – o que também possibilitou a ida de artistas para o festival de Avignon, na França. A trupe do Armazém Companhia de Teatro, grupo

do Rio de Janeiro, leva para a Escócia o show “The day Sam died”. A companhia é veterana no festival, já tendo sido premiada com o Fringe First Award, concedido pelo jornal The Scotsman, pela peça “Wa-ter Stain”, em 2013. O carro chefe do grupo neste

ano é a elogiada “O dia em que Sam morreu”, um texto inédito de Maurício Arruda Mendonça e Paulo de Moraes – este último também dirige o espetáculo. Na peça, três personagens com nome Sam – uma juíza, um palhaço e um jovem anarquista – question-am no âmbito social condições privadas, passando por questões éticas desses dois meios. Já a Cia. Do Meu Tio é responsável pela apresen-

tação da peça “My uncle’s shoes”, na qual um tio ensina o seu ofício artístico ao sobrinho. Enquanto a Mundana Companhia exibe “The duel” e a Cia. Dos Atores apresenta duas montagens: “Maybe” e “Labor Actorial”. Da companhia estrangeira Afro-Samba, represen-

tada por Magary Lord, “This is Brasil – the show” também poderá ser prestigiado. Trata-se de um espe-táculo teatral de dança e música ao vivo.

The Day Sam Died dramatizes the ethical choices that define the fate of six people who meet in a hospital

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NINETEEN EIGHT-FOUR

ART BY BRAZILIANS ARTE POR BRASILEIROSBy Ricardo Somera

If you ask most Brazilians who is the main visual ar-tist in the country today, what you will get in response is a huge silence, or a joke about neo-pop artist Romero Brit-to. This seems a little odd, especially given that a trend report by the New York-ba-sed advertising agency JWT listed Brazilian contemporary art among the “100 Things to Watch in 2014”. So if anyone asks you that

question and you aren’t sure what to say, I thought it’d be helpful to give you a list of my five favourite Brazi-lian artists.If you want to recumbent

other artists that you like, send me a tweet and let’s talk: @souricardo

ADRIANA VAREJAO She has been one of the

great names in Brazilian contemporary art since the 1990s, but in recent years has gained more prominen-ce and international presti-ge. Referencing the body and history in her works in which she pushes the boun-daries of painting. You can see Varejao’s work in Lon-don now at her first solo exhibition in the UK, Car-nivorous, at Victoria Miro Mayfair, London, until 2 Au-gust. www.victoria-miro.com.

BEATRIZ MILHAZES Milhazes is one of the 10

most expensive living artists today. After her painting O Mágico was sold for US$ 1 million at an auction in 2008, six other works have been sold at that level. It’s a mixture of Brazilian joy with many colours. In her last ma-jor exhibition that I visited in Rio de Janeiro, I discovered more about the different pha-ses of the artist’s career and how simple elements such as candy wrappers can become art within a creative mind.

EDUARDO SRUR After the initiation of a law

that banned all advertising in public spaces in São Paulo, ar-tistic interventions in the city have grown and Eduardo Srur’s name has become prominent in this movement. A loophole in this law says that companies can sponsor works of artists on panels or premises. Those re-ceiving more attention for cre-ativity are always linked to the name of Srur. Many do not know it, but he’s probably the most visible artist in the city as no one needs to go to museu-ms to see his work.

OSGEMEOS No doubt these brothers are

our Banksy. Anyone who lives or has visited Sao Paulo knows how much they are loved. Their exhibitions in Brazil are always met with long queues (this is not common for Brazilian ar-tists) and they always deliver te-chnical and creative quality. The global recognition of the bro-thers was cemented after they were invited to paint the facade of Tate Modern in 2008.

VIK MUNIZ He is pop artist you need to

know about. A film about his work, Lixo Extraordinário was nominated for an Oscar and he is an interesting artist. Muniz’s works have been collected by major museums of contempo-rary art, like the Metropolitan, the Whitney and MoMA in New York, and the Reina Sofia in Madrid. Muniz is a Brazilian artist best known worldwide for his creativity and unexpected uses of materials. In addition to the fine arts, Muniz has develo-ped a project in Vidigal Favela to help teach children art and technology - he is talented ge-nius, with good a heart. If you want research more

Brazilian artists search for Ernesto Neto, Luiz Zerbini, Crânio, Jonathas de Andrade, Renata Lucas, Tunga, Rosân-gela Rennó, Rivane Neuens-chwander and Nelson Leirner.

Por Ricardo Somera

Quando perguntar para a maioria dos brasileiros quem é o principal artista plástico da atualidade no país, o que você vai obter como resposta é um enorme silêncio. Ou uma piada sobre Romero Britto. Esse fato chega até ser estranho – pois logo no ano em que o relatório de tendências da agência de pu-blicidade JWT lista a arte con-temporânea brasileira entre as “100 Things to Watch in 2014”. Fiz uma lista com os meus

cinco favoritos. Caso você conheça outros artistas me envie um tweet e vamos con-versar: @souricardo

ADRIANA VAREJÃOÉ um dos grandes nomes

da arte contemporânea brasi-leira desde a década de 1990, mas nos últimos anos tem ganhado destaque e prestígio internacional. Ela mescla re-ferência ao corpo e à história em suas obras e suas pinturas extrapolam o limite da tela com rasgos e volumes não usuais. Ela está com sua pri-meira exibição solo, Carnivo-rous, na galeria Victoria Miro Mayfair, em Londres, até o dia 2 de agosto. Para mais informações acesse: www.vic-toria-miro.com.

BEATRIZ MILHAZESEstá entre as 10 artistas vi-

vas mais caras da atualidade. Após o seu quadro O Mági-co alcançar US$ 1 milhão em um leilão em 2008, outras seis obras da artista já ultrapassa-ram esse patamar. Uma mistura de alegria brasileira com mui-tas cores. O abstracionismo e a técnica impressionam qualquer admirador das artes plásticas. Em sua última grande expo-sição que visitei no Paço das Artes, no Rio de Janeiro, pude ver quão tocante são as dife-rentes fases da carreira da ar-tista e como elementos simples como papel de bala podem se tornar elementos de arte dentro de uma mente criativa.

EDUARDO SRURApós o início de uma lei que

proibiu qualquer tipo de publi-cidade em espaços públicos em São Paulo, as intervenções ar-tísticas na cidade têm crescido e um nome tem se destacado nessa multidão: Eduardo Srur. Uma brecha nessa lei diz que as empresas podem patrocinar obras de artistas em painéis ou instalações. As que recebem mais destaque pela criatividade sempre estão ligadas ao nome de Srur. Muitos não o conhe-cem, mas provavelmente ele é o mais visto na cidade já que ninguém precisa ir a museus para observar suas obras.

OSGEMEOSSem dúvida esses irmão são

o nosso Banksy. Quem vive ou já visitou São Paulo sabe como eles são adorados. Suas exposições são sempre lembra-das pelas longas filas – isso não é comum para um artista brasileiro no Brasil – e pela qualidade técnica e criativa. O reconhecimento da dupla por todos aconteceu após a facha-da do Tate Modern ter sido pintada por eles em 2008.

VIK MUNIZEle é pop. Teve um filme

sobre sua obra – Lixo Extraor-dinário – indicado para o Os-car. Com obras nos principais museus de arte contemporânea do mundo, como o Metropoli-tan, o Whitney, o MoMA, em Nova York, e o Reina Sofia, em Madrid, Vik Muniz é o artista plástico brasileiro mais conheci-do no mundo pela criatividade e pelo uso inusitado de materiais em suas criações. Além das ar-tes plásticas, Vik desenvolve um projeto no Morro do Vidigal em parceria com o MIT para ensi-nar crianças em idade de alfabe-tização arte e tecnologia. Gênio, talentoso e com o coração bom. Se quiser mais artistas brasi-

leiros, procure por Ernesto Neto, Luiz Zerbini, Crânio, Jonathas de Andrade, Renata Lucas, Tunga, Rosângela Rennó, Rivane Neu-enschwander e Nelson Leirner.

(1) Adriana Varejão, (2) Beatriz Milhazes, (3) Eduardo Srur, (4) osgemeos and (5) Vik Muniz

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RADICAL GEOMETRY

From radical innovations in the use of colour and form to new materials like neon and interactive, kinetic sculpture, this exhibition will reveal some of the most original art of the last 100 years. This ex-hibition explores the art produced during a fifty-year period in distinct areas of South America. Highlights include artists from Brazil, Hélio Oiticica and Lygia Clark, who challenged the notions of art by remov-ing it from the walls of galleries and placing it in the hands of the viewer. On the picture: (left) Juan Melé’s Irregular Frame No.2, 1946; (right) Lygia Clark’s Machine – Medium, 1962. Photograph: Es-tate of Juan Melé, The World of Lygia Clark Cultur-al Association/Colección Patricia Phelps de Cisneros.

Where The Sackler Wing, Burlington House Tickets £11.50 >>www.royalacademy.org.uk

Until 28 September

Clube do Choro UK is the first UK based organiza-tion dedicated to spreading and involving people in the traditional Brazilian instrumental music known as choro! The heart of choro is the roda, or circle in which the performers sit facing one another, allow-ing them to maintain eye contact and facilitating the improvisation on the music. Everyone is more than welcome to bring an instrument and participation is encouraged! This month, the special guest is Cléa Thomasset from France.

The exuberance and energy of Brazil returns to Sadler’s Wells this summer as 38 performers from Rio de Janeiro bring alive the spirit that makes Brazil so unique in the smash hit Brasil Brasileiro. Famed for its sizzling, feel-good dance heritage, this is a country where the musical culture of Africa and Europe merge with dance to create the infectious rhythms of samba. Brasil Brasileiro features an incredible live band, and shows samba in all its forms: from the lightning footwork of the forro to the agility of capoeira and the groovy moves of batucada.

The Science Museum’s Lates is a free night for adults, no booking required, that takes place on the last Wednesday of the month. Lates are themed, spanning issues as far apart as sex, alcohol and climate change, but always contain sci-ence shows, a pub quiz, Punk Science comedy shows and the best silent disco in town (underneath real space rockets). Dubbed ‘drinking and thinking’ by visitors, Lates regularly attracts over 3000 adults each night, with DJs and bars on three floors of the museum. At this month’s Lates we travel to Brazil for Science, Samba and Football.

Where The Forge | Tickets £8 >> www.clubedochoro.co.uk

Where Sadler’s Wells | Tickets £55 >> www.sadlerswells.com

Where Science Museum | Tickets Free >> www.sciencemuseum.org.uk

26 July 8 – 27 July 30 July

C L U B E D O C H O R O U K B R A S I L B R A S I L E I R O B R A Z I L F O R S C I E N C E

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NEW CANVAS OVER OLD

BUILDING THE FUTURE OF BRAZILBy Kate Rintoul

Over the last decade, the accelera-tion of growth in Brazil’s economy and the countdown to hosting two ma-jor world events had brought a new sense urgency and speed to architectu-re in the country.As Brazil takes it’s bow as World

Cup host, essentially ticking off one task on the country’s scalable ‘to do’ list and as economic growth plateaus, the hope is that now can be a time for more contemplation and conside-ration, which should not be confused with stagnation.This is the approach of Studio X in

Rio, part of a global network architec-tural research partnered with the Uni-versity of Columbia’s Graduate School of Architecture, Planning and Preserva-tion. Part learning space, part design studio and part public forum, Studio X brings together professionals, acade-mics, decision makers, students, and the general public to engage with current urban challenges. Rio-born architect, educator and

Studio X coordinator, Raul Corrêa--Smith, says “We want to create a two-way street with research while also inspiring the city through an ex-change of ideas. We want the people to come away with questions rather than solutions.” The current exhibition at Studio X

perfectly encapsulates these goals. Can-teiro features the work of students from Rio’s Pontifical Catholic University. They were invited to create a pavi-lion at the prestigious Museu de Arte Moderna (MAM) that would promote 89plus, a global initiative celebrating creative innovators born after 1989.Displaying great of awareness for

current architecture issues, ability to work to the brief and impressive pro-blem solving skills, the pavilion was to be constructed out of the wooden for-mwork used in concrete constructions around the world. The negative space in which the concrete is usually poured would the gallery, stretching the entire expanse of MAM’s grounds, culmina-ting in a workshop space.The use of formwork had several

practical and theoretical considerations. “The exhibition would have only taken place over two days and we didn’t have a large team of technicians, this meant we could use the staff who work with these components to build the space for us. The construction was very transitio-

nal, emulating the urban atmosphere in Rio but we also thought it would be interesting to observe the public’s reaction to seeing the museum beco-me a construction site.” By creating some mild provocation as people won-dered what was going on at one of the city’s most beloved public spaces, Darcy and the group hoped to kick--start a wider discussion.Unfortunately due to budget cuts, the

pavilion at MAM was never construc-ted. “Of course we feel frustration, we are young architects who haven’t built anything and this would have been a great opportunity to work with big names, but we also want to reinfor-ce the idea of critical design which is practical at the same time.” It is in instances like this that Studio X’s emphasis on discussion serves as a great platform. The current exhibiting features some of the plans and the beautiful architectural model of the unrealised project, blurring the lines between art and architecture and en-couraging people to think about how the city is changing and developing.So what do these two architects, at

very different junctures in their care-ers (Corrêa-Smith is a well establi-shed professor, designer and consultant while Darcy is entering his final year of university), see in the future of the Cidade Marvilhosa? Corrêa-Smith says, “Concerns are many and there is no simple answer. The discussions need to be broad and we need to consider Rio as a whole city. I hope that things like the BRT (the new Rapid Bus system) serve as more than systems of transporting people but can also become spaces to exchange infor-mation and expand the image of what the city can be.”Darcy expresses more equivocation,

“It is very complicated and anyone who tries to predict the future has been proved wrong because cities are always changing. I think it’s better not to dic-tate how things are going to be but to take a step back.” Perhaps this ‘stepping back’ nee-

ds to happen on a collective scale in Brazil. The rapid growth of the economy and the country’s infrastruc-ture in the last ten years has proved that there is no shortage of ambition and determination, but perhaps what is really needed is better clarity of thought on core questions like why we need new architecture and what good it can serve.

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CONSTRUINDO O FUTURO DO BRASILPor Kate Rintoul

A aceleração econômica do Brasil na última década, assim como a con-tagem regressiva para sediar dois me-gaeventos esportivos, trouxe ao país uma sensação de urgência para seus projetos arquitetônicos.Com o final da Copa do Mundo – e

a consequente sensação de uma obriga-ção a menos dentro da longa lista de “a fazer” que o país tem para sustentar a imagem de crescimento econômico -, a esperança é de que agora pode ser momento para mais contemplação e consideração, o que não deve ser con-fundido com estagnação.Esse é a proposta do Studio X no

Rio de Janeiro, parte de uma rede de pesquisa em arquitetura em parceria com a Universidade de Columbia. Parte espaço de aprendizagem, parte estúdio de design e parte fórum público, o Studio X reúne profissionais, acadêmi-cos, tomadores de decisões, estudantes e público em geral para haja um maior engajamento em relação aos desafios urbanos da atualidade. “Nós queremos criar uma via de mão

dupla entre pesquisadores e, ao mesmo tempo, oferecer inspiração para a ci-dade através do intercâmbio de ideias. Nossa intenção é que as pessoas nos tragam mais questões do que soluções”, disse o coordenador do estúdio, o ar-quiteto e educador Raul Corrêa-Smith, ao Brasil Observer.A atual exposição no Studio X re-

presenta perfeitamente esses objetivos. Canteiro apresenta o trabalho de estu-dantes de arquitetura da PUC Rio. Eles foram convidados a criar um pavilhão no prestigiado Museu de Arte Moderna (MAM) para promover a 89plus, uma iniciativa global que celebra inventores nascidos depois de 1989. Exibindo grande sensibilidade para

com as questões atuais da arquitetura e capacidade para resolver problemas, o pavilhão foi projetado para ser constru-ído com peças de madeira usadas em construções de concreto. O espaço ne-gativo em que o concreto é geralmente derramado seria a galeria, se estenden-do por toda a extensão do MAM e culminando em um espaço de oficina.O uso dessas madeiras tem uma série

de considerações práticas e teóricas. “A exibição seria para apenas dois dias e não tínhamos um time de técnicos amplo. Isso significa que pudemos usar a equipe que trabalhou com esses com-ponentes para construir o espaço para

nós. A construção foi muito intermediá-ria, simulando a atmosfera do Rio, mas também consideramos que seria interes-sante observar a reação do público ao ver que o museu se tornou um local de construção”. Ao criar alguma provoca-ção nas pessoas que iriam se perguntar o que se passava no local, Darcy e o grupo queriam abrir um debate maior.Infelizmente, por conta de cortes

orçamentários, o pavilhão do MAM nunca foi construído. “Certamente nos sentimos frustrados, pois somos jovens arquitetos que ainda não cons-truíram nada e essa seria uma grande oportunidade de trabalhar com gran-des nomes, mas também queremos reforçar a ideia de design crítico que ao mesmo tempo é prático”. É em momentos como esse que a ênfase do Studio X no debate serve como ex-celente plataforma. A exposição atual apresenta alguns dos planos e o belo modelo arquitetônico do projeto que não foi realizado, ofuscando as linhas entre arte e arquitetura e encorajando as pessoas a pensar em como a cida-de se desenvolve. Mas, afinal, o que esses dois arqui-

tetos, em momentos bem distintos da carreira (Corrêa-Smith é um bem esta-belecido professor, designer e consultor, ao passo que Darcy está entrando no último ano da universidade), enxergam para o futuro da Cidade Maravilhosa? Corrêa-Smith diz: “As preocupações

são muitas e não há resposta simples. O debate tem que ser amplo e pre-cisamos considerar o Rio como uma cidade inteira. Eu espero que iniciati-vas como o Sistema de Ônibus Rápi-do sirva não apenas como sistema de transporte de pessoas por uma cidade, como também espaços para trocar in-formações e expandir a imagem do que uma cidade pode ser”. Darcy expressa mais ambiguida-

de: “É muito complicado e qualquer um que tenta prever o futuro aca-ba falhando porque as cidades estão sempre mudando. Como uma jovem arquiteta, penso ser melhor dedicar menos tempos com previsões e tomar um passo atrás”. Talvez esse “passo atrás” deva ocor-

rer de maneira coletiva no Brasil. O rápido crescimento da economia e da infraestrutura do país nos últimos dez anos tem provado que não há falta de ambição e determinação, mas pode ser preciso uma transparência maior quanto a questões sobre o porquê uma nova arquitetura é necessária.

The architectural model of the students’ unrealised art pavilion is the centrepiece of the Canteiro exhibition at Studio X

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TRAVEL

ALTERNATIVE DESTINATIONS IN BRAZILThe World Cup

has finished and the over-

whelming expe-rience among the estimated 600,000 for-eign visitors

to Brazil was a positive one, packed full of surprises and lasting memo-ries. From the

heartland of Brazilian inde-pendence and

an underappre-ciated corner

of the Amazon rainforest to an

island escape in the south, Alec Herron recommends three cities

that didn’t host World Cup

games.

OURO PRETO, MINAS GERAIS

The heart of the Brazilian gold rush, Ouro Preto’s previous wealth is demons-trated in its striking Baroque architecture. The winding, cobbled streets climb the steep slopes of this city built in the hills.

WHAT TO SEE

One of the wonders of the Portuguese colonialists is the impressive São Fran-cisco de Assis church (Rua das Mercês). The impact of this church is only further emphasised by the story of its architect, Aleijadinho, who continued working on the construction despite suffering from a crippling illness. The church is filled with beautiful hand-crafted sculptures, such as the traditional ‘Namoradeira’ which looks lustfully out of a lateral window and replicas can be bought at the nearby Mercado do Artesanato. The Museum of the Inconfidência in

Tiradentes Square has an English-langua-ge audio guide to take you through one of Brazil’s first major pushes for indepen-dence from Portugal in 1789. Not shying from the grisly reality of these failed re-bellions, the museum includes the gallows from which Tiradentes, the key antago-nist, was hanged for his part in the revolt.

WHAT TO EAT AND DRINK

Ouro Preto’s state, Minas Gerais, is famed for its gastronomy: Chafariz (Rua São Jose) prepares a spread of regional dishes including the delicious Tropeiro Mineiro bean stew. At the family home--style restaurant Aleijadinho (Rua An-tônio Dias) you can sample the smooth and sweet variety of the drink Minas Gerais is most famous for - cachaça, with a cup of the expensive Safra Bar-roca. A coffee with doce de leite (a sugary fudge-like paste) is the perfect way to start to the day at Puro Cacau (Rua Direita).

FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA

A popular tourist destination usually explored by young travellers for its surf and nightlife, Florianópolis is much more than a stop on the international party circuit.

WHAT TO SEE

Walk the longest three-hour route, take a shorter but less scenic 1-hour option or relax and relax on a boat ride to

reach Florianopolis’ most remote beach Lagoinha do Leste.Immediately to the south, Pantano

do Sul beach is lined at one end by seafood restaurants including Bar do Arante, where visitors are encouraged to leave a personal note attached to the wall. Across the island, stroll along the seafront at Ribeirão da Ilha and take in the colourful architecture of the Azore-ans who founded and left their mark on the island. If you want to try something physical that’s not as tough as surfing but more of a thrill than hiking, try sand dune boarding at Joaquina beach.

WHAT TO EAT AND DRINK

Oyster restaurants line Florianóplis’ northwest coastal stretch starting at Sam-baqui. Many of the restaurants, such as Delicia do Mar (Rua Gílson da Costa Xavier), have a terrace with uninterrup-ted views of the sea. From the main nightlife and hostel hub of Lagoa de Conceição take a ferry boat to Costa da Lagoa and choose any of the exqui-site restaurants lining the coast of the island’s central lake, ask for a sequencia de camarão to try shrimps prepared in a variety of ways.

RIO BRANCO, ACRE

A little-explored corner of Brazil’s Amazon Rainforest, full of cultural deli-ghts, unique gastronomy and a base for a different touristic experience.

WHAT TO SEE

Sitting in the Amazon Rainforest, day trips from Rio Branco to see local wil-dlife can be taken with various tour operators. Still within the city borders, more nature can be witnessed at Chico Mendes Ambiental Park (AC-040), na-med after the assassinated environmen-talist from nearby Xapuri. Learn about the history of the Amazon region at the Quixadá Historical Centre (Estrada do Quixada).

WHAT TO EAT AND DRINK

Gameleira, the city centre riverfront, houses several lively bars and restaurants with colourful colonial architecture. The Copo Sujo, a lime and lager mix in a salt-rimmed cup is the local drink of choice. The healthy and delicious açaí berry is native to the region and can be eaten mixed with other fruit and sweets at Point do Açaí (Rua Dias Nartins).

(1) Ouro Preto, (2) Florianópolis and (3) Rio Branco

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DESTINOS ALTERNATIVOS DO BRASILA Copa do Mundo ter-minou e a ex-periência dos estimados 600 mil visitantes estrangeiros que estiveram no Brasil foi avassalado-ramente posi-tiva, cheia de surpresas e momentos in-esquecíveis. Do coração do Brasil ou de um canto subvalorizado da floresta amazônica para uma fuga numa ilha do sul do país, Alec Her-ron recomenda três cidades que não foram sedes dos jo-gos da Copa do Mundo, mas que têm muito para oferecer aos viajantes.

OURO PRETO, MINAS GERAIS

Coração da corrida do ouro do Bra-sil, a riqueza passada de Ouro Preto é demonstrada em sua impressionante arquitetura barroca. Também marcada por suas sinuosas ruas de paralelepípe-dos e as encostas íngremes da cidade construída nas colinas de Minas Gerais.

O QUE VISITAR

Uma das sete maravilhas do mun-do de origem Portuguesa, a igreja São Francisco de Assis (Rua das Mercês) conta a história de Aleijadinho, seu arquiteto, que apesar de sua doença continuou a construção da igreja. Es-culturas artesanais, como a tradicional “namoradeira”, com olhar concupiscen-te, podem ser comprados no Mercado do Artesanato, em frente à São Fran-cisco de Assis. O Museu da Incon-fidência (Praça Tiradentes) conta um pouco da historia de um dos grandes impulsos do Brasil colônia para a sua independência de Portugal, que inclui até a forca na qual Tiradentes, anta-gonista da história, foi enforcado pela sua revolta.

O QUE COMER E BEBER

O estado de Minas Gerais é famoso pela sua gastronomia: Chafariz (Rua São José) estabelece uma variedade de pratos regionais, incluindo o delicioso Feijão Tropeiro. Na casa da família de Aleijadinho (Rua Antônio Dias), você pode provar uma variedade suave e doce da bebida mineira, sendo a mais famosa a cachaça Safra Barroca, que é vendida em uma garrafa de pedra sabão. Misture café com doce de leite e você terá o início perfeito para o seu dia, com um café mineiro na Puro Cacau (Rua Direita).

FLORIANÓPOLIS, SANTA CATARINA

Um destino turístico popular, geral-mente explorado por jovens viajantes que curtem pegar ondas e a vida no-turna. Mas Florianópolis é muito mais do que uma simples parada no circuito de festas.

O QUE VISITAR

Caminhe pela rota mais longa, cerca de três horas, para alcançar a praia mais distante de Florianópolis: Lagoi-nha do Leste. Imediatamente ao sul, a

praia Pântano do Sul está alinhada de uma extremidade a outra por restau-rantes de frutos do mar, incluindo o Bar do Arante, onde os visitantes são incentivados a deixar um recado. Do outro lado da ilha, vale um passeio ao longo da beira-mar em Ribeirão da Ilha, observando a arquitetura colorida, traços dos açorianos que fundaram e deixaram sua marca na ilha. Se você quer tentar algum exercício físico, que não exige tanto quanto o surf, tente a aventura nas dunas na praia da Jo-aquina.

O QUE COMER E BEBER

Muitos restaurantes, como o Delicia do Mar (Rua Gílson da Costa Xavier), têm terraço com vistas panorâmicas so-bre o mar. A partir da principal via noturna e de hospedagem, a Lagoa de Conceição pegue um barco para a Cos-ta da Lagoa e escolha qualquer um dos requintados restaurantes para pedir uma sequência de camarão e experimentar a variedade do preparo de camarões.

RIO BRANCO, ACRE

Um canto pouco explorado da Flo-resta Amazônica do Brasil, cheio de delícias culturais, gastronomia única e uma base para uma experiência turísti-ca diferente.

O QUE VISITAR

Passeios de um dia, que saem de Rio Branco e são ofertados por diversos fornecedores de turismo, e levam você para conhecer um pouco mais da vida selvagem da Floresta Amazônica. Ainda dentro das fronteiras da cidade, mais natureza pode ser testemunhada, visi-te o Parque Ambiental Chico Mendes (AC-040), uma homenagem ao ambien-talista assassinado nas proximidades de Xapuri. Saiba mais sobre a história da região amazônica, no Centro Histórico Quixadá (Estrada do Quixadá).

O QUE COMER E BEBER

O centro histórico da cidade, a Ga-meleira, abriga diversos bares e restau-rantes com arquitetura colonial colori-da. O Copo Sujo é a bebida local, uma mistura de limão e cerveja e com a borda do copo coberta com sal. O açaí saudável e delicioso é nativo da região e pode ser consumido misturado com outras frutas e doces no Point do Açaí (Rua Dias Nartins).

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MUSIC TO WEAR

FOUR LOOKS, ONE DRESS

QUATRO VISUAIS, UM VESTIDO

By Marielle Machado

If you love prints and are always looking for a great mix of patterns than now is your time. We all know that the fashion world goes round and round and at the moment, the new cool is to wear just a single print, but from head to toe - it’s the classic ‘matchy matchy’ outfit.Okay, it’s already been a few

months since this trend exploded, but my interest in it increased a few days ago, when I saw on Insta-gram (follow us @musicaparavestir) the photos of the Spring/Summer collections for some of the UK high street shops. All of the brands had at least one photo of this co-ordinated look. So I went looking for inspiration online and got even

more excited about this trend. Of all the ways to wear a two

pieces outfit in the same print, the coolest combination has to be a crop top and a high-waisted skirt or trousers. So imagine my delight when I spotted this little beauty on ASOS during my daily scroll of online clothing shops. The print is a bit tacky and has a 90’s feeling, with a mixture of giant sunflowers and polka dots, which obviously caught my attention. I clicked on the link to see more and got an even better surprise. In one of the photos the model is wearing the dress, and on the other photo she’s wearing the same dress but like se-parates, a top and a skirt. Yes, it’s a genius idea: the dress has lots of buttons all around the waist so it

can be turned into two pieces when unbuttoned.I didn’t have to think any longer,

I was already sold. It is one of the most versatile things I’ve ever seen in my life: a dress that you can wear in four different ways!I’m so excited about the dress and

realm of possibilities it opens that I just had to share it’s magic with you. So here you can see the dress on its own (photo 1), then you can just unbutton it and adjust the skirt to get it separated (photo 2)! Then you can also come up with two other different outfits wearing only the top (photo 3) or the skirt (photo 4). It’s a brilliant, right? Imagine if

they started making them in diffe-rent prints, you could get creative with endless combinations!

Por Marielle Machado

Se você adora uma estampa e está sempre em busca de um mix mirabolante, mas sempre fica na dúvida se acertou ou não, está aqui a solução para os seus problemas! É que esse mundo da moda gira: agora o cool é usar uma só estam-pa, mas da cabeça aos pés – uma blusa e saia, uma jaqueta e calça... O famoso conjuntinho.Ok, essa tendência apareceu há

alguns meses, mas minha vontade de comprar um conjuntinho cres-ceu depois de acompanhar pelo Instagram (segue a gente lá no @musicaparavestir) uma preview das novas coleções de Primavera/Verão das fast fashion britânicas. Todas as marcas tinham pelo menos um

conjuntinho para chamar de seu.E aí fui buscando inspiração pela

internet. Dentre todas as maneiras de usar duas peças com a mesma estampa, a combinação mais legal é sempre com um crop top e uma saia ou calça de cintura alta.Pois bem, dando minha olhada

diária nas lojas de roupa online, me deparei com um vestido dife-rente. A estampa é meio brega e total anos 90, uma mistura de gi-rassóis gigantes com bolinhas – e lógico que, por causa disso, logo me chamou a atenção. Cliquei no link para ver mais e tive uma surpresa passando pelas fotos da modelo! Na primeira foto ela apa-rece usando o vestido, e na outra foto ela está usando o mesmo vestido, mas como blusa e saia

separados, um conjuntinho! Sim, é uma ideia genial: o vestido é cheio de botões na cintura e se transforma em duas peças quando desabotoado!Nem precisei pensar muito. Já

estava convencida e logo garanti o meu. É uma das coisas mais versá-teis que eu já vi na vida: um ves-tido que você pode usar de quatro jeitos diferentes. O vestido ficou assim (foto 1),

e é só desabotoar e ajustar a saia com os botões invisíveis para trans-formá-lo num conjuntinho (foto 2). Ainda dá para fazer outras combi-nações usando só a blusa (foto 3) ou só a saia (foto 4). Legal, não é? É uma ótima ideia fazer modelos iguais de estampas diferentes, e ser criativo nas combinações!

g Essa conversa continua lá no www.musicaparavestir.com.br

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