apêndices - scielo livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · scielo...

23
SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu venho de longe: mestre Irineu e seus companheiros [online]. Salvador: EDUFBA, 2011, pp. 418-439. ISBN 978-85-232-1190-5. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>. All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license. Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0. Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0. Apêndices Paulo Moreira Edward MacRae

Upload: vanquynh

Post on 16-Nov-2018

222 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu venho de longe: mestre Irineu e seus companheiros [online]. Salvador: EDUFBA, 2011, pp. 418-439. ISBN 978-85-232-1190-5. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>.

All the contents of this work, except where otherwise noted, is licensed under a Creative Commons Attribution 4.0 International license.

Todo o conteúdo deste trabalho, exceto quando houver ressalva, é publicado sob a licença Creative Commons Atribição 4.0.

Todo el contenido de esta obra, excepto donde se indique lo contrario, está bajo licencia de la licencia Creative Commons Reconocimento 4.0.

Apêndices

Paulo Moreira Edward MacRae

Page 2: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

Apêndices

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 417 19/10/2011 18:06:20

Page 3: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

419

Apêndice A

Família Materna de Raimundo Irineu Serra

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 419 19/10/2011 18:06:21

Page 4: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

420

Apêndice B

Descendência de Joana d’Assunção Serra

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 420 19/10/2011 18:06:21

Page 5: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

421

Apêndice C

Casamentos de Raimundo Irineu Serra

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 421 19/10/2011 18:06:22

Page 6: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

422

Apêndice D

Família Paterna de Raimundo Irineu Serra

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 422 19/10/2011 18:06:22

Page 7: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

423

Apêndice E

Família Costa

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 423 19/10/2011 18:06:23

Page 8: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

424

Apêndice F

Família de Antonio Gomes

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 424 19/10/2011 18:06:24

Page 9: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

425

Apêndice G

Descendência de Antonio Gomes e Maria de Nazaré

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 425 19/10/2011 18:06:24

Page 10: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

426

Apêndice H

Descendência de Antonio Gomes e Maria Gomes

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 426 19/10/2011 18:06:24

Page 11: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

427

Apêndice I

Família de Maria Francisca Vieira (Maria Damião)

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 427 19/10/2011 18:06:25

Page 12: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

428

Apêndice J

Família de Percília Ribeiro

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 428 19/10/2011 18:06:25

Page 13: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

429

Apêndice K

Descendência de Maria Marques Feitosa (Maria Franco)

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 429 19/10/2011 18:06:26

Page 14: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

430

Apêndice L

Família Granjeiro

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 430 19/10/2011 18:06:26

Page 15: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

431

Apêndice M

Família de Júlio e Lourdes Carioca

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 431 19/10/2011 18:06:27

Page 16: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

432

Apêndice N

Disposição do Ritual do Bailado

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 432 19/10/2011 18:06:27

Page 17: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

433

Apêndice O

Hinos

Hino Ritmo Execução no Ritual

029 – Sol, Lua, Estrela Marcha Fogos

030 – Devo Amar Aquela Luz Marcha

001 – Lua Branca Valsa Vivas

002 – Tuperci Marcha

003 – Ripi Marcha

004 – Formosa Marcha

005 – Refeição Cantado no Desjejum

006 – Papai Paxá Marcha

007 – Dois de Novembro Cantado na Santa Missa

008 – A Rainha me Mandou Valsa

009 – Mãe Celestial Marcha

010 – Eu Devo Pedir Marcha

011 – Unaqui Marcha Vivas

012 – Meu Divino Pai Marcha

013 – Estrela D’Alva Valsa

014 – Rogativos dos Mortos Cantado na Santa Missa

015 – Eu Quero Ser Marcha

016 – A Minha Mãe é a Santa Virgem Marcha Fogos e Vivas

017 – Confissão Cantado em pé sem ins-trumento

018 – Equior Papai me Chama Marcha

019 – O Amor Eternamente Marcha

020 – Sempre Assim Marcha

021 – Oh! Meu Divino Pai Marcha Vivas

022 – Palmatória Marcha

023 – BG Marcha

024 – Canta Praia Marcha

025 – Oferecimento Cantado só em Reis no final do Hinário

026 – Leão Branco Marcha

027 – Seis Horas da Manhã Marcha

028 – Canta Ir Marcha

029 – Sol, Lua, Estrela Marcha Fogos e Vivas

030 – Devo Amar Aquela Luz Marcha

031 – Papai Samuel Marcha

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 433 19/10/2011 18:06:27

Page 18: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

434

032 – Cantei Hoje Marcha

033 – Papai Velho Marcha Fogos e Vivas

034 – Estrela Brilhante Marcha

035 – Santa Estrela Marcha

036 – Amigo Velho Marcha

037 – Marizia Marcha

038 – Flor de Jagube Marcha

039 – Centro Livre Marcha

040 – Eu Canto nas Alturas Marcha

041 – Estrela D’Água Valsa Fogos e Vivas

042 – A Terra Aonde Estou Marcha

043 – O Prensor Marcha

044 – A Virgem Mãe Quem Me Ensinou Valsa

045 – Eu Estava em Pé Firmado Marcha Fogos e Vivas

046 – Eu Balanço Marcha

047 – Sete Estrelas Marcha

048 – A Rainha da Floresta Marcha

049 – A Minha Mãe é Mãe de Todos Marcha

050 – Salomão Marcha Fogos e Vivas

051 – Eu Devo Amar Marcha

052 – A Febre do Amor Marcha

053 – Virgem Mãe Divina Marcha

054 – Pedi Força a Peu Pai Marcha

055 – Disciplina Marcha

056 – Santa Estrela Que Me Guia Marcha Fogos e Vivas

057 – Eu Convido Os Meus Irmãos Marcha

058 – Todo Mundo Quer Ser Filho Marcha

059 – Divino Pai Eterno

060 – Laranjeira Valsa e Meia Valsa

061 – A Rainha da Floresta Marcha

062 – Quem Quiser Seguir Comigo Marcha

063 – Princesa Soloina Marcha

064 – Eu Peço a Jesus Cristo Marcha

065 – Eu Vou Cantar Marcha

066 – São João Marcha Fogos e Vivas

067 – Olhei Para o Firmamento Marcha

068 – Chamei Lá Nas Alturas Marcha Vivas

069 – Passarinho Marcha

070 – Firmeza Marcha

071 – Chamo o Tempo Marcha

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 434 19/10/2011 18:06:27

Page 19: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

435

072 – Silencioso Marcha

073 – Eu Vi a Virgem Mãe Marcha

074 – Só eu Cantei na Barra Marcha

075 – As Estrelas Marcha

076 – A Virgem Mãe é Soberana Marcha

077 – Chamo e Sei Marcha

078 – Nas Virtudes Marcha

079 – Jardineiro Marcha Vivas

080 – Chamo a Força Marcha

081 – Professor Marcha

082 – Campineiro Marcha

083 – O Divino Pai Eterno Marcha

084 – Ia Guiado Pela Lua Marcha Fogos e Vivas

085 – Vou Seguindo Marcha

086 – Eu Vim da Minha Armada Marcha

087 – Deus Divino Deus Marcha

088 – Chamo Estrela Marcha

089 – Eu Canto, Eu Digo Marcha

090 – No Jardim, Mimosa Flor Marcha

091 – Choro Muito Valsa

092 – Sou Humilde Marcha

093 – O Cruzeiro Marcha

094 – Perguntei a Todo Mundo Marcha

095 – Mensageiro Marcha Fogos e Vivas

096 – As Campinas Marcha

097 – Centenário Marcha

097 – Sou Filho Desta Verdade Marcha

099 – Sei Aonde Está Meu Pai Marcha

100 – Eu Sou Filho da Terra Marcha

101 – No Brilho da Lua Branca Marcha

102 – Sou Filho Desta Verdade Marcha

103 – Todos Querem Marcha

104 – Sexta-Feira Santa Marcha

105 – Sou Filho Deste Poder Marcha Vivas

106 – Fortaleza Marcha

107 – Chamei Lá Nas Alturas Marcha

108 – Linha do Tucum Marcha e Marcha Valseada

Vivas

109 – Tudo, Tudo Marcha

110 – De Longe Valsa

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 435 19/10/2011 18:06:28

Page 20: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

436

111 – Estou Aqui Marcha e Marcha Valseada

112 – Meu Pai Marcha

113 – Sigo Nesta Verdade Marcha

114 – Encostado a Minha Mãe Marcha

115 – Batalha Marcha

116 – Sou Filho do Poder Marcha

117 – Dou Viva a Deus Nas Alturas Valsa Fogos e Vivas

118 – Todos Querem Ser Irmão Marcha

119 – Confia Marcha

120 – Eu Peço Marcha

121 – Esta Força Valsa

122 – Quem Procurar Esta Casa Marcha

123 – Eu Andei na Casa Santa Valsa

124 – Eu Tomo Esta Bebida Marcha Vivas

125 – Aqui Estou Dizendo Marcha

126 – Flor Das Águas Marcha

127 – Eu Pedi Marcha

128 – Eu Cheguei Nesta Casa Marcha Vivas

129 – Pisei Na Terra Fria Cantado em Reis e na Santa Missa nunca é Bailado

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 436 19/10/2011 18:06:28

Page 21: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

437

A Igreja Católica afirma que a origem desta cruz é milagrosa. O seu apare-cimento teria ocorrido na Espanha, no séc. XIII. A história da cruz de Caravaca origina-se a partir de um fato lendário ou mítico, que a Igreja afirma como verídico e milagroso. No ano de 1231, reinava o rei Cyd Abu Zeyd (Periodo de dominação islâmica na Espanha) na região da Murcia (Cartagena, Caravaca, Cuenca e Valência). Em Caravaca (nome da cidade originário de um período pré romano, de natureza étnica hispano-romano), na fortaleza maior, Cyd Abu Zeyd mantinha prisioneiros um grupo de cristãos, suspeitos de tramarem contra os árabes. Entre o grupo, de aproximadamente quinze pessoas, encontrava-se, incógnito, um sacerdote de nome Gines Perez Chirinos, que ministrava aos seus companheiros o conforto da religião. Essas práticas foram descobertas pelos guardas e o fato chegou aos ouvidos de Cyd Abu Zeyd que, interessado, man-dou vir à sua presença o religioso prisioneiro, para conhecer as suas atividades e descobrir se estava sendo arquitetada a insurreição. Várias foram às audiências mantidas com Cyd Abu Zeyd, que ficou impressionado com o religioso, a pon-to dele se interessar pela atividade do sacerdote e o que significava a celebra-ção da Santa Missa. Chirinos viu a oportunidade, não exatamente de melhorar a sua situação de prisioneiro, mas a de preparar a alma do Rei para uma utópica conversão ao Cristianismo. Certo dia Cyd Abu Zeyd, mais tolerante, pediu a Chirinos que lhe explicasse o mistério da Eucaristia. Chirinos disse de que não poderia fazer o desejo do Rei, porque não dispunha dos elementos necessários para celebrar o ato sagrado. Cyd Abu Zeyd, julgando que Chirinos não desejava satisfazer a sua curiosidade, irritou-se, com Chirinos e recomendou aos guardas severidade no tratamento dos prisioneiros. Com o passar dos dias, a curiosidade e talvez o toque espiritual divino, passaram a preocupar o Rei a ponto dele per-der a tranqüilidade. Mandou trazer, novamente, à sua presença Chirinos, que se apresentou em lastimável estado de penúria e sofrimento. Cyd Abu Zeyd, com palavras suaves, tornou a pedir ao sacerdote que celebrasse a Missa e que fizesse uma relação de tudo quanto necessitaria para o ato. Comovido, Chirinos foi enumerando todos os objetos necessários e pediu um local apropriado; foi escolhido um recanto da fortaleza, próximo à torre, que foi limpo, ordenado e preparado para a instalação de um altar. Ao chegarem às mãos de Chirinos, verificou-se que os artefatos haviam sido retirados dos altares das igrejas, re-sultado (no seu entendimento) de uma profanação. Assim, Chirinos negou-se a realizar a cerimônia, pois, o que havia sido profanado, não poderia servir ao

Apêndice P

A História da Cruz Caravaca

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 437 19/10/2011 18:06:28

Page 22: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

438

sacrifício. Cyd Abu Zeyd então exigiu de Chirinos o prosseguimento dos preparativos, sob pena de serem os seus companheiros de cárcere tortura-dos até a morte. Assim no dia 3 de maio de 1932 (dia que é celebrado o aparecimento da cruz em Caravaca), sem alternativa Chirinos prosseguiu. Chirinos havia montado o altar, preparado o vinho e o pão e treinado dois companheiros de prisão para servirem como acólitos, todos devidamente trajados de conformidade com os costumes da Igreja; o sacerdote estava comovido. O Rei mandou chamar os seus amigos e familiares e se dispôs com grande atenção e emoção a presenciar o ato máximo de uma ‘Magia’ Cristã. Foi naquele preciso momento de expectativa que Chirinos se deu conta de que havia se esquecido de pedir o elemento principal: uma Cruz! Notando o nervosismo de Chirinos, e vendo lágrimas em seus olhos, Cyd Abu Zeyd indagou o que estava acontecendo. Quis saber o que significava a Cruz e por que era imprescindível a presença daquele símbolo. O local onde se encontravam era iluminado pela luz solar que penetrava através de uma abertura sobre o Altar. Chirinos vendo frustrado seu trabalho e temendo ser castigado como ameaçara o Rei, com palavras confusas e bal-buciantes tentou descrever a Cruz. Cyd Abu Zeyd, com o olhar posto na abertura sobre o Altar, apontou com as mãos para ela e com voz embargada pela emoção: “É isso aí, a Cruz ?”, Chirinos acompanhou o gesto de Cyd Abu Zeyd e viu assomarem pela janela dois anjos luminosos, trazendo em suas mãos uma Cruz! A Cruz, que tinha um formato curioso, uma compo-sição da Cruz Latina com Tau, (uma cruz com dois braços) revestida de pe-draria, toda de ouro, foi colocada pelos anjos, no seu devido lugar, sobre o Altar. Um dos Anjos disse que a Cruz era parte da Cruz do Calvário. Todos tinham os seus olhares fixos na Cruz e não perceberam como os Anjos de-sapareceram. O silêncio era comovente. Chirinos, como possuído por uma força estranha, começou a celebrar. Cyd Abu Zyed, seus familiares e todos os presentes, converteram-se naquele momento ao Cristianismo (ESPI-NOZA, A. Marim. “Memórias Para La Históoia de La Ciudad de Carava-ca”, Caravaca, 1856, p. 26; MARTINEZ, Q. Bas Y. “Historia de Caravaca y Su Stma. Cruz”, Caravaca, 1885). Todos os prisioneiros foram liberta-dos e aquela fortaleza foi transformada em Igreja (mais tarde transformada na torre dos templários). Fala-se que a cruz de Jesus e dos ladrões foram encontradas por Helena (Santa Helena) que retirou dos madeiros cinco

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 438 19/10/2011 18:06:28

Page 23: Apêndices - SciELO Livrosbooks.scielo.org/id/pv62d/pdf/moreira-9788523211905-12.pdf · SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros MOREIRA, P., and MACRAE, E. Apêndices. In: Eu

439

pedaços. Helena deixou os cincos pedaços de madeira em um dos cômodos do palácio de Jerusalém, quando retornou ao cômodo, encontrou os pedaços em forma de uma cruz de dois braços. Helena deu a cruz para o Bispo de Jerusalém. O Bispo colocou a relíquia em uma capela da Basílica do Santo Sepulcro. A cruz desapareceu e apareceu várias vezes, misteriosamente, no tempo das cruzadas. Roberto Patriarca de Jerusalém encontrou-a, e fez dela um amuleto para carregar no peito. Em 1229, Frederico II, imperador da Alemanha, em acordo com os mulçumanos, invadiu a Palestina e se apoderou de Jerusalém. Foi quando Roberto, na solenidade de posse do Imperador Frederico, teve a sua cruz arrebatada do peito por dois anjos. Os anjos desapareceram com a cruz. Esta só voltou aparecer em 3 de maio de 1232 em Caravaca. Depois de muitos séculos, curiosamente, no dia 14 de Fevereiro de 1934, a Cruz desapareceu. Fa-la-se que foi a equipe de Hitler que a pegou, atrás de relíquias esotéricas (ocul-tistas). Outro fato interessante é que uma cópia foi trazida para o Brasil pelos primeiros colonizadores, na esquadra de Martin Afonso de Souza, que a usava junto ao coração. Vale lembrar que a expedição de Martin Afonso de Souza, foi uma das primeiras esquadras de Portugal que vieram começar a colonização do Brasil. Souza fundou a nossa primeira vila (São Vicente), montou o primeiro engenho e trouxe as primeiras reses; apenas a sua capitania e mais outra, deram certo, todas as demais fracassaram. Podemos assim dizer que esta Cruz se liga a própria origem de nosso país, e dos países sul-americanos que a tiveram também como símbolo de vários colonizadores.

Mestre Irineu_FINAL_19-10-11.indb 439 19/10/2011 18:06:28