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ANÁLISE DAS AÇÕES
ORGANIZACIONAIS DAS EMPRESAS
DE CONSTRUÇÃO CIVIL
COMPATÍVEIS COM GESTÃO DO
CONHECIMENTO
Christiane Wagner Mainardes (UTFPR)
Jefferson Augusto Krainer (UFPR)
Alfredo Iarozinski Neto (UTFPR)
Cezar Augusto Romano (UTFPR)
O presente artigo apresenta uma análise da Gestão do Conhecimento a
partir da avaliação dos processos gerenciais de empresas do setor da
construção civil. O objetivo é analisar a existência de ações no
ambiente organizacional das empresas cconstrutoras brasileiras
compatíveis com processos de gestão do conhecimento e verificar o
nível de desenvolvimento destas ações em empresas construtoras que
utilizam sistema ERP em relação as que não utilizam. Por meio de
pesquisa bibliográfica, em especial no tocante às sete dimensões do
conhecimento proposta por Terra (2001) foi possível desenvolver um
questionário com 51 questões que fora aplicado à 106 empresas
construtoras, sendo que metade da amostra tem o sistema ERP
implantado e a outra metade não. Os resultados indicam que as
empresas respondentes enquadram-se, segundo o modelo de Terra
(2001), no clüsters das chamadas “Empresas Tradicionais”, ou seja,
organizações que têm um processo de gestão do conhecimento quase
desenvolvido. Constatou, também, que as empresas que possuem
sistema ERP apresentam processos de Gestão do Conhecimento
ligeiramente mais desenvolvidos do que aquelas que não o possuem.
Palavras-chaves: Gestão do conhecimento, sete dimensões do
conhecimento, construção civil.
XXXII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO Desenvolvimento Sustentável e Responsabilidade Social: As Contribuições da Engenharia de Produção
Bento Gonçalves, RS, Brasil, 15 a 18 de outubro de 2012.
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1 INTRODUÇÃO
Com a evolução da sociedade a capacidade de acumular e de aplicar conhecimento
passa a ser um dos mais importantes recursos das organizações (RODRIGUEZ, 2002).
Santiago Junior (2002) esclarece que as formas de gerar riqueza deixam de ser por meio dos
fatores tradicionais de produção, como capital, terra e trabalho, para geração de valor por
meio de produtos e serviços tecnológicos inovadores e com incorporação de novos
conhecimentos. A Gestão do Conhecimento (GC) torna-se importante para o sucesso das
organizações, um ativo fundamental, matéria-prima com a qual todos trabalham (SANTIAGO
JUNIOR, 2002).
A efetivação da GC, no entanto, representa um dos principais desafios em uma
empresa. A formalização de processos, a gestão de recursos ou a busca constante por
inovações e tendências são processos que estão envolvidos na teoria e na prática da GC nas
organizações (SCHLESINGER et al., 2008). A GC deve ser considerada como um processo
que irá agregar valor aos produtos e serviços finais da organização, e que, se estruturada e
implementada, irá compensar o investimento empregado a sua concretização (SANTIAGO
JUNIOR, 2002).
Conforme Freitas, Lima e Castro (2001) as construtoras brasileiras têm procurado
implementar práticas que conduzem à GC como forma de atualização e de modernização da
imagem do setor em que atuam. A busca pela inovação por meio da adoção de estratégias de
produção e gestão mais eficientes, torna-se evidente a importância do conhecimento e de sua
gestão face aos desafios do cenário atual de acirramento da concorrência e maior exigência do
consumidor público, que requerem uma melhoria na da produtividade e competitividade
(ARAÚJO; MUTTI, 2005).
Os sistemas ERP, também conhecidos como sistemas de planejamento de recursos
empresariais, destacam-se como uma tecnologia importante para o auxílio ao gerenciamento
das organizações, pois impõem um novo ritmo de trabalho por meio da agilidade e integração
dos processos de negócios, flexibilidade, maior autonomia dos colaboradores entre outros
benefícios (PURCIDONIO et al., 2006). O ERP tem um papel fundamental por facilitar e
apoiar a tranferência de conhecimento na organização, por ser um sistema com um único
banco de dados centralizado, onde todos tem maior acesso às informações (PURCIDONIO et
al., 2006).
Considerando estas premissas o presente estudo objetiva analisar a existência de ações
no ambiente organizacional das empresas do setor de Construção Civil (CC) sediadas em
território brasileiro compatíveis com processos de gestão do conhecimento e verificar o nível
de desenvolvimento destas ações em empresas construtoras que utilizam sistema ERP em
relação as que não utilizam.
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Este capítulo apresenta a fundamentação teórica em que a pesquisa foi baseada e está
dividido em três partes: GC na CC; CG como processo; e, sistema ERP na CC.
2.1 Gestão do Conhecimento na construção civil
As empresas do setor da CC têm percebido a importância do conhecimento acumulado
por seus colaboradores. Frequentemente ocorre em uma mesma empresa construtora duas ou
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mais equipes desenvolverem trabalhos similares para solucionar problemas idênticos devido
ao fato do conhecimento pertencer a cada indivíduo, e não à organização como um todo,
evidenciando-se assim a necessidade de criação de técnicas para registrar e documentar esse
conhecimento, o que pode acelerar e aperfeiçoar novos projetos (SANTIAGO JUNIOR,
2002).
O setor utiliza intensivamente informação, identificando-se, portanto, um grande
potencial na utilização de sistemas e tecnologias de informação (TI), cujos insumos, após
tratamento e utilização adequados, podem permitir às organizações deste segmento adquirir e
disseminar conhecimentos para todos os seus colaboradores (SILVA; NOVAES, 2007).
Entretanto, as construtoras no Brasil ainda apresentam algumas lacunas no que diz
respeito aos processos gerenciais, originando ineficiências produtivas, que, uma vez
corrigidas permitiriam a diminuição do custo das obras e, consequentemente, a otimização
dos recursos aplicados para a concretização das mesmas (TORTATO, 2007).
Para enfrentar estes novos desafios mercadológicos as empresas tem procurado se
diferenciar por meio da implementação de melhorias nos processos de gestão de forma a se
orientarem na informação e no conhecimento (ARAÚJO; MUTTI, 2005).
Entretanto, mesmo com as mudanças registradas no setor, observa-se que a maioria
das decisões sobre os rumos estratégicos das empresas de construção está mais baseada na
intuição do empresário ou guiada pelo modismo do que em análises fundamentadas. Portanto,
há um número elevado de empresas que não utilizam planejamento ou avaliação produtiva
(TORTATO, 2007).
Em função do tamanho do setor, suas características de uso intensivo de informação,
comunicação ineficiente e baixa produtividade, acredita-se que os benefícios da integração de
modelos de GC aos processos do setor de CC seriam significativos (DAVE; KOSKELA,
2009).
2.2 Gestão do Conhecimento como processo
Para Danvenport e Pruzak (1998), o conhecimento é uma mistura fluida de
experiências, valores, informação contextual e insight, a qual possibilita a existência de uma
estrutura que permite a avaliação e incorporação de novas experiências e informações.
Segundo Kruglianskas e Terra (2003), GC é a habilidade que as organizações devem
possuir para criar, adquirir e transferir o conhecimento. De acordo com Moresi (2001, p.37) a
GC compreende um “[...] conjunto de atividades que busca desenvolver e controlar todo tipo
de conhecimento em uma organização, visando à utilização na consecução de seus objetivos”.
Cruz e Dominguez (2007) acrescentam que a GC representa um processo que tem por
finalidade garantir e facilitar a criação, a troca e o uso de conhecimentos por meio do
desenvolvimento de ações que irão permitir a obtenção, tratamento, armazenamento e troca
dentro de uma organização de modo que possam ser utilizados para concretização de
melhorias contínuas, na direção da obtenção de vantagem competitiva.
A visão de GC como processo deve ser uma prática contínua, na qual todos os
colaboradores precisam estar envolvidos com o conhecimento de maneira a ser identificado,
registrado, distribuído e utilizado, com o objetivo de concretizar processos de tomada de
decisão nos níveis estratégicos, gerenciais ou operacionais, que agreguem valor à cadeia
produtiva da organização (ALVARES; BAPTISTA; ARAÚJO JUNIOR, 2010).
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De acordo com Terra (2001) gerenciar o conhecimento importa examinar e organizar
as principais políticas, processos e ferramentas para uma melhor compreensão de geração,
identificação, validação, disseminação, compartilhamento e uso dos conhecimentos
estratégicos para obter resultados econômicos e benefícios aos colaboradores. Sugere o
referido autor que a prática da GC tem relação com a capacidade das organizações de
desenvolverem competências específicas e habilidades inovadoras estabelecidas a partir de
diversas fontes e tipos de conhecimento organizacional. Desta maneira, arremata Terra
(2001), a GC não deve ser tratada de forma isolada na organização, deve interagir com as
estratégias de negócios, com os processos organizacionais e com o ambiente externo; deve ser
compreendida e implementada de forma processual, seguindo um modelo baseado em sete
dimensões (figura 1).
DIMENSÃO INDICADOR PRÁTICAS GERENCIAIS
Dimensão 1 Visão e EstratégiaAlta Administração, prevê a definição de estratégias, metas e campos de
conhecimento onde os colaboradores irão concentrar esforços de trabalho.
Dimensão 2 Cultura OrganizacionalDirecionada para um aprendizado contínuo que permita à organização
experimentar e inovar dentro da sua área de atuação.
Dimensão 3 Estrutura OrganizacionalVoltada para uma visão horizontal onde a organização se caracteriza por ser
constituída por equipes multidisciplinares e com elevado grau de autonomia.
Dimensão 4 Política de Recursos HumanosPolítica que dê suporte a implementação da cultura e da estrutura
organizacional acima referidos
Dimensão 5 Sistemas de Informação (SI) SI que permitam ou facilitem a troca e a disseminação de conhecimentos.
Dimensão 6 Mensuração de ResultadosBaseados principalmente no investimento em capital intelectual dos
colaboradores.
Dimensão 7 Aprendizado com o ambiente externo
Estabelecimento de parcerias estratégicas de forma que as organizações
possam crescer juntas, e de um relacionamento mais próximo com os
consumidores finais, para melhor atender às suas necessidades de consumo.
Figura 1 – Sete dimensões da GC proposta por Terra (2001)
Terra (2001), ao analisar as organizações brasileiras, identificou, também, três clüsters
principais: pequenas atrasadas; empresas tradicionais; e empresas que aprendem. Os clüsters
são formados a partir das práticas gerenciais das organizações as quais estão, respectivamente,
menos, medianamente ou mais associadas à GC.
O advento da tecnologia do sistema integrado de gestão representou avanços no
gerenciamento das organizações, com melhorias na produção, integração dos departamentos e
apoio à tomada de decisão (PURCIDONIO et al., 2006). Este sistema, continua Purcinio et al.
(2006), contribui para tornar o ambiente organizacional mais participativo e acessível ao
desenvolvimento de práticas que promovem uma gestão eficaz do conhecimento.
2.3 Sistema ERP na construção civil
A evolução computacional permite às organizações a geração de informações
imediatas, oportunas e fidedignas, importantes e necessárias, para tomada de decisão no
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processo de gestão. Contudo, em muitos casos as informações não estão integradas
(RENOFIO, 2010). Os sistemas integrados (Enterprise Resource Planning – ERP) coletam
dados de vários processos das áreas de manufatura e produção, finanças e contabilidade,
vendas e marketing e recursos humanos e, depois são armazenados em um único repositório
central de dados (LAUDON; LAUDON, 2007).
Os ERP unem e integram os sistemas operacionais e de apoio à gestão, em que todos
os processos de negócios da empresa são visualizados por meio de fluxos dinâmicos de
informações, que transpassam por todas as áreas e funções (RENOFIO, 2010). Com isso, a
informação, que antes estava fragmentada em distintos sistemas, passa a ser compartilhada
por toda a organização, e as diferentes partes da organização podem interagir e cooperem de
maneira mais próxima e eficiente (LAUDON; LAUDON, 2007).
Qualquer ramo de atividade empresarial pode utilizar o sistema ERP, inclusive a CC.
O setor encontra, nesta ferramenta, a possibilidade de controlar e gerenciar a execução das
obras (VIEIRA, 2006). Os sistemas de ERP, por meio de pacotes comerciais de software
específicos para CC, operam em rede totalmente integrada, podendo ser formado por módulos
como: segurança, sistema organizacional, estruturação, valores e custos, planejamento, plano
de execução, compras, controle de execução, administração de estoques, contas a pagar e
receber, saldo de caixa, situação das obras e apoio ao processo de implantação do ISO 9000
(VIEIRA, 2006).
A integralidade que o sistema proporciona torna possível à sede da empresa estar
conectada permanentemente com todos os canteiros, mantendo um banco de dados único,
evitando erros e eliminando as redundâncias (SALLABERRY, 2009). Os recursos mais
importantes do sistema ERP são o cruzamento de dados; o fato de não permitir que as
compras de matérias prima sejam realizadas quando os valores forem superiores aos
orçamentos previamente; a integralidade; a padronização e integração; a eliminação de
redundâncias; a promoção de redução de tempo nas operações; eficiência; e adaptação às
mudanças de processos (VIEIRA, 2006).
O sistema ERP torna os processos existentes padronizados em várias unidades,
aumentado a eficiências (SALLABERRY, 2009). Entre as principais vantagens do sistema
estão à integração dos processos internos, a confiabilidade de informações, a obtenção de
dados gerenciais que auxiliam as tomadas decisões e a unificação de operações de diferentes
plantas (VIEIRA, 2006).
No momento da implantação do sistema ERP o conhecimento é criado, resultado da
troca de experiências e aprendizado em grupo. Conhecimento esse que não é apenas o
processo em si, mas o conhecimento que provém e agrega valor ao negócio (RENOFIO,
2010). Desde que implementado de maneira correta, o sistema ERP pode representar uma
significativa melhoria da eficiência da organização (SALLABERRY, 2009).
3 METODOLOGIA
O presente estudo foi realizado a partir de uma pesquisa descritiva e quantitativa. Os
dados foram coletados por meio de um questionário subdividido em perfil da organização e
do entrevistado, característica do sistema ERP e 51 (cinquenta e uma) questões de pesquisa
(figuras 2 e 3) referentes às sete dimensões do conhecimento proposta por Terra (2001).
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ITEM PERGUNTA/INDICADOR
1.1 Existe um alinhamento das características dos empreendimento / serviços com a estratégia adotada pela empresa?
1.2 A empresa realiza o planejamento estratégico?
1.3 A empresa faz uma comunicação / divulgação da sua estratégia em todos os níveis da empresa?
1.4 A empresa faz sistematicamente uma análise de seu desempenho interno com base em indicadores e/ou metas?
1.5 O corpo gerencial possui treinamento e está alinhado com os objetivos da empresa?
ITEM PERGUNTA/INDICADOR
2.1 Como você classif ica o estilo de gestão da empresa?
2.2 Qual o grau de autonomia dos funcionários?
2.3 Qual o nível de polivalência dos funcionários?
2.4 Qual o nível de interação (troca de informações formais e informais) entre os departamentos/áreas?
DIMENSÃO 1 – Estratégia e Alta Administração
DIMENSÃO 2 – Cultura Organizacional
Figura 2 – Perguntas do questionário aplicado – dimensão 1 e 2
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ITEM PERGUNTA/INDICADOR
3.1 Qual o nível de centralização da estrutura organizacional da empresa?
3.2 Qual o nível de integração entre os processos?
3.3 Qual o tempo de resposta a demandas de mercado? (novos empreendimentos, certif icações, novas tecnologias)?
3.4 A empresa tem a preocupação com o gerenciamento do tempo de execução de suas atividades?
3.5Quando existem obras simultâneas, o cronograma é realizado em conjunto (levando em consideração as pessoas, máquinas e
equipamentos)?
3.6 O gerenciamento de suprimentos de obras simultâneas é centralizado?
3.7Se a empresa elabora seus projetos, existe um processo formal de planejamento, execução e controle das atividades das
atividades de execução de projetos?
3.8 A empresa desenvolve e acompanha o orçamento e o cronograma de cada projeto?
3.9 São planejados e realizados controles de qualidade durante a execução de cada obra?
3.10 Existe um planejamento de recursos humanos durante a execução das obras (tanto de colaboradores quanto terceirizados)?
ITEM PERGUNTA/INDICADOR
4.1 Qual a quantidade de treinamento dos funcionários por ano?
4.2 Qual o nível da formação dos funcionários do corpo gerencial?
4.3Qual o nível de conhecimento sobre técnicas/métodos de gestão utilizada pelos gestores (gerente e supervisores) na
execução do seu trabalho?
4.4 Qual o nível de preocupação da empresa em relação às melhorias dos processos de trabalho?
4.5 Existe uma avaliação das habilidades necessária aos funcionários para execução de suas atividades?
4.6 Existe uma política clara e efetiva de gerenciamento dos recursos humanos da empresa?
4.7 O número de funcionários dos últimos 3 anos
4.8 Existem estratégias e políticas claras do gerenciamento dos recursos humanos?
4.9 Existe um processo formal e estruturado de seleção de funcionários (currículo, entrevista, dinâmicas em grupo...)?
4.10 Existem políticas de plano de carreira, recompensa e de retenção de funcionários?
4.11 Existem políticas relacionadas à legislação e ética dos profissionais atuantes na empresa?
ITEM PERGUNTA/INDICADOR
5.1Existe um relacionamento operacional com os fornecedores (consultorias, treinamentos, transferência de know -how , eventos
de integração, troca de informações)?
5.2A empresa possui um departamento específ ico de Tecnologia da Informação (desenvolvimento e gestão do que esta
implantado)?
5.3 São realizados controles da satisfação dos usuários dos sistemas de TI (funcionários ou clientes da empresa)?
5.5 Existem processos de verif icação de necessidades, avaliação e melhoria dos sistemas de TI?
5.6 A empresa busca manter-se atualizada, trazendo para o negócio as melhores soluções disponíveis em TI?
5.7 Qual o nível de investimentos em tecnologias e equipamentos realizados nos últimos 3 anos?
ITEM PERGUNTA/INDICADOR
6.1 A empresa realiza pesquisas de mercado (clientes potenciais e concorrência)?
6.2 Existe um planejamento, controle e análise de riscos para cada empreendimento?
6.3 É realizado uma pesquisa e análise de satisfação dos clientes?
6.4 É realizado uma pesquisa de satisfação dos fornecedores?
6.5 A empresa elabora um orçamento anual e controla seus processos com base no mesmo?
6.6 A empresa possui uma metodologia de controle de despesas e receitas?
6.7 A empresa faz uma análise dos riscos associados a sua operação?
6.8São realizados programas/política de difusão e análises de impactos ambientais, de saúde e de segurança nos ambientes de
trabalho?
ITEM PERGUNTA/INDICADOR
7.1 A empresa faz a gestão da carteira de projetos/empreendimentos dos clientes?
7.2 Existem políticas de serviço e/ou procedimentos para atendimento ao cliente?
7.3A empresa possui um processo de gerenciamento de fornecedores de materiais e serviços (seleção de novos e avaliação dos
já existentes)?
7.4 A empresa avalia as suas práticas por meio de avaliação do desempenho e benchmarking?
7.5A empresa tem a preocupação explicita com a diferenciação dos seus empreendimentos / serviços em relação aos
concorrentes?
7.6 Existem procedimentos para as relações externas a empresa (acionistas, governo, mídia e comunidade)?
7.7 A empresa age com determinação, foco e comprometimento com o objetivo de melhoria contínua?
DIMENSÃO 4 – Recursos Humanos
DIMENSÃO 5 – Sistemas de Informação e comunicação
DIMENSÃO 6 – Mensuração de resultados
DIMENSÃO 7 – Aprendizado
DIMENSÃO 3 – Organização e processos
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Figura 3 – Perguntas do questionário aplicado – dimensão 3, 4, 5, 6 e 7
O questionário foi aplicado em 106 construtoras localizadas em diferentes Estados do
Brasil, sendo que metade da amostra (53 empresas) têm o sistema ERP implantado e a outra
metade não (figura 4).
Ano de fundação As empresas possuem em média 25 anos de fundação.
LocalizaçãoAs empresas pesquisadas estão localizadas nas 5 regiões do Brasil, distribuídas entre 10 Estados e 23 cidades, sendo
que a cidade de Curitiba corresponde a 64% da amostra e o Estado do Paraná com 77% de participações na pesquisa.
Tipo de constituição 82% possuem a natureza Limitada (Ltda).
Tipo de administração As organizações declaram que o tipo de administração exercida é de 33% de cunho familiar e 42% profissional.
Setor em que atua O principal setor de atuação da área da construção civil dos respondentes é da construção civil (79%).
Tempo de empresa A maioria dos respondentes atua na organização a 1 ano (42%), onde o tempo médio de atuação é de 4 anos.
Cargo ocupadoA maioria dos cargos são de Engenheira e Desenvolvimento (22%), Direção (20%), Estagiário (17%), Gerência (15%) e
Coordenador (7%).
Ano de aquisiçãoMédia de 5 anos de aquisição do sistema ERP. Entretanto 32% das empresas pesquisadas adquiriram o sistema entre os
anos de 2010 e 2011.
Módulo AdquiridosNas organizações pesquisadas, os principais módulos adquiridos foram: 15% suprimentos, 15% financeiro, 14%
engenharia, 12% administrativo, 10% contabilidade fiscal e 9% comercial.
PERFIL DA ORGANIZAÇÃO
PERFIL DO ENTREVISTADO
CARACTERÍSTICA DO SISTEMA ERP
Figura 4 – Perfis da organização, dos entrevistados e características do ERP
Para mensurar a variável quantitativa foram utilizadas duas escalas: de intensidade
(figura 5) e de diferencial semântico (figura 6), em que Hair et al. (2005) afirma que o número
de categorias mais apropriado é de 7 níveis.
Figura 5 – Modelo de escala de intensidade
Figura 6 – Modelo de escala de diferencial semântico
A partir dos dados levantados a análise foi realizada de acordo com as sete dimensões
do conhecimento proposto por Terra (2001). Procedeu-se então ao cálculo da média de cada
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questão e dimensão do conhecimento, no intuito de analisar a existência de ações compatíveis
com processos de GC no ambiente organizacional. Na continuidade verificou-se como os
processos se apresentam, mais ou menos desenvolvidos, em empresas construtoras que
utilizam sistema ERP em relação as que não utilizam.
Para identificar em qual dos três clüsters definidos por Terra (2001) as empresas
pesquisadas se encontram a escala de intensidade foi fracionada em três partes (figura 7), de
modo a revelar processos menos, medianamente ou mais associados à GC.
Clüster Descrição Nível Médio de Processo
pequenas atrasadasempresas cujas práticas gerenciais estavam menos
associadas com uma efetiva GC1,00 a 2,33
empresas tradicionaisempresas cujas práticas gerenciais estavam medianamente
associadas a uma efetiva GC2,34 a 4,66
empresas que aprendemempresas cujas práticas gerenciais estavam mais
associadas com uma efetiva GC4,67 a 7,00
Figura 7 – Identificação dos clüster
A partir da análise das respostas pode-se verificar como as empresas pesquisas se
posicionam em relação aos processos de GC de acordo com as sete dimensões do modelo
proposto por Terra (2001).
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Este capítulo aplica o modelo das sete dimensões do conhecimento (TERRA, 2001).
Primeiro foi realizada a análise dos diferenças nos processos de GCdas construtoras com ou
sem ERP. Na sequencia a análiseda existência de processos de GC no ambiente das empresas
respondentes do setor de CC.
4.1 Dimensão 1: estratégia e alta administração
Nesta dimensão (figura 8) em relação à amostra com ERP é possível verificar que
apresenta um processo mais desenvolvido em relação ao alinhamento estratégico e no que se
refere ao corpo gerencial mais treinado e alinhado com os objetivos e metas da organização.
Em contrapartida as empresas sem ERP registram um processo minimamente mais
desenvolvido no tocante à realização de planejamento estratégico, divulgação da estratégia na
organzação e análise sistemática do desempenho interno com base em indicadores.
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Figura 8 – Dimensão 1
Analisando-se a amostra total percebe-se que há um processo desenvolvido no que se
refere ao alinhamento estratégico. A gerência está alinhada com os objetivos da empresa. No
entanto, não existe a mesma percepção no que diz respeito à realização e à divulgação da
estratégia, cujos processos revelam-se pouco desenvolvidos. Há indícios, portanto, de que as
empresas necessitam melhorar sua comunicação interna de forma que as decisões macro
estratégicas sejam repassadas ao restante da organização, estabelecendo-se um fluxo
adequado de informações. Além disso, o monitoramento e as avaliações periódicas são
processos pouco desenvolvidos, não promovendo a correção de distorções e o incremento de
melhoria contínua.
4.2 Dimensão 2: cultura organizacional
Na dimensão cultura organizacional todos os processos analisados apresentam-se mais
desenvolvidos nas organizações com sistema ERP.
Figura 9 – Dimensão 2
Em todas as respostas obtidas nesta dimensão observa-se que há um sentimento de
democracia, autonomia, polivalência e interação interdepartamental, o que indica a ocorrência
de processos desenvolvidos. O clima organizacional é agradável prevalecendo um ambiente
de liberdade, confiança e respeito.
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4.3 Dimensão 3: estrutura organizacional e processo
Nota-se que na dimensão 3 (figura 10) os processos relacionados ao planejamento,
execução e controle mostram-se ligeiramente mais desenvolvidas nas empresas sem ERP. Por
outro lado, em relação ao tempo de resposta às demandas do mercado as amostras revelam-se
similares.
Figura 10 – Dimensão 3
As empresas pesquisadas, em geral, apresentam uma estrutura organizacional
centralizada, com processos de planejamento, execução e controle pouco desenvolvidos. No
entanto, a interação entre os processos e o gerenciamento de suprimentos e do tempo de
execução das atividades mostram-se desenvolvidos.
4.4 Dimensão 4: políticas de recursos humanos
Em relação à política de recursos humanos (figura 11) as amostras com e sem ERP se
diferenciam da seguinte maneira: as organizações com ERP apresentam um nível de formação
do corpo gerencial mais elevado comparado que as sem ERP, e as construtoras sem ERP
caracterizam-se por possuirem uma políticas de legislação e ética levemente mais
desenvolvida. Processos como gerenciamento dos recursos humanos e seleção de funcionários
revelam-se similares nas duas amostras.
Figura 11 – Dimensão 4
Analisando-se todas as organizações respondentes pode-se identificar que os processos
de seleção e de gerenciamento de funcionários são pouco desenvolvidos. Os planos de
carreiras, de recompensas e de retenção de empregados, por sua vez, são minimamente
desenvolvidos. Com relação ao treinamento e à formação profissionais evidencia-se a
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preocupação das organizações na qualificação e no desenvolvimento de seus trabalhadores. O
corpo gerencial, inclusive, apresenta-se bem desenvolvidos e as organizações, de modo geral,
têm contratado mais funcionários. Apesar de vários indicadores positivos é necessário que as
organizações tornem seus processos de seleção mais rigorosos e que reavaliem suas políticas
salariais (recompensas, incentivos, promoções, dentre outros), uma vez que estas práticas
diminuem custos com recontratações, contribuem para a motivação e aumentam o grau de
envolvimento e de comprometimento dos trabalhadores.
4.5 Dimensão 5: sistemas de informação
Para a dimensão 5, sistemas de informação (figura 12), as respondentes com ERP
procuram, com maior intensidade, trazer para seu negócio as melhores soluções disponíveis
em TI, mantendo-se mais atualizadas e realizando maiores investimentos em tecnologia e
equipamentos. As construtoras sem ERP implantado se mostram menos focadas em sistemas
de informação.
Figura 12 – Dimensão 5
Nota-se que as construtoras pesquisadas investem, razoavelmente, em sistemas de TI e
também buscam, com certa frequência, atualizá-los, porém os processos de controle de
satisfação dos usuários são minimamente desenvolvidos. Além disso, os processos de
verificação de necessidades informacionais e de integração com fornecedores são pouco
desenvolvidos. Assim, o nível baixo de desenvolvimento dos processos dessa dimensão se
justifica devido à reduzida participação dos usuários, mormente durante os processo de
escolha, de implantação e de monitoramento dos sistemas de informação.
4.6 Dimensão 6: mensuração de resultados
Na comparação entre organizações construtoras com e sem ERP, referente à
mensuração de resultados (figura 13) identifica-se que as respondentes com ERP possuem
processos financeiros (despesas e de receitas) ligeiramente mais desenvolvidos do que aquelas
sem ERP. Tanto uma quanto outra, porém, têm processo minimamente desenvolvido no que
se refere à implementação de pesquisas de satisfação dos fornecedores.
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Figura 13 – Dimensão 6
O processo de mensuração de resultados das empresas em análise mostra-se pouco
desenvolvido. Apesar do consenso apontar para a existência de um processo desenvolvido de
controle financeiro, nos demais quesitos (pesquisa de mercado, riscos, satisfação e orçamento)
pende-se para o pouco desenvolvimento. E mais, com relação à pesquisa satisfação de
fornecedores os processos são minimamente desenvolvidos. Há que se incrementar os
processos de identificação das fontes de aquisição, geração e difusão do conhecimento por
meio da utilização de indicadores. Não basta apenas controlar as finanças, indicadores
multisetoriais devem ser desenvolvidos de forma que se possa simultanea e
concomitantemente avaliar o desempenho em diversas áreas da empresa.
4.7 Dimensão 7: aprendizado com o ambiente
Na dimensão 7, aprendizado com o ambiente (figura 14), observar-se que as empresas
construtoras com ERP se destacam com processo mais desenvolvido no gerenciamento de
fornecedores e na diferenciação de seus empreendimentos e serviços em relação aos seus
concorrentes. Nas demais questões as amostras são aparentemente similares nas empresas
com e sem ERP.
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Figura 14 – Dimensão 7
Na amostra geral as organizações utilizam-se minimamente de procedimentos de
avaliação do desempenho e de relações externas, contudo, além de se preocuparem com a
melhoria contínua com relação aos concorrentes, têm processos de aprendizado bem
desenvolvidos. No que diz respeito aos clientes e aos fornecedores os processos são pouco
desenvolvido, o que justifica os baixos índices de satisfação da clientela e a não identificação
de alianças e/ou parcerias empresariais.
4.8 Considerações finais
Os resultados obtidos na pesquisa para as empresas com ERP apontam para a média
geral de 3,96 entre as sete dimensões. Já para as as empresas sem ERP a média geral cai para
3,84 (diferença de 0,12 pontos em relação às organizações com ERP). A dimensão 2 – cultura
organizacional – é a que apresenta o melhor desempenho com 4,65 de média. A dimensão 5 –
sistema de informação e comunicação – apresenta o pior desempenho, com média de 3,47,
ficando 1,18 pontos abaixo da primeira colocada. Apenas na dimensão 6 – mensuração de
resultados – as empresas sem ERP apresentam média geral superior (3,24) às empresas com
ERP (3,36).
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Figura 15 – Média geral das 7 dimensões
5 CONCLUSÕES
Para que as empresas possam se adaptar às contínuas mudanças impostas pelo meio
econômico social devem desenvolver práticas de gestão que fomentem o conhecimento,
compartilhando-o dentro e fora da organização, ou seja, precisam promover processos de GC.
Nesse particular Terra (2001) propôs um modelo – o qual foi aplicado na presente pesquisa –
que identifica as práticas e/ou processos gerenciais associados à GC.
Com os dados levantados foi possível verificar que as empresas respondentes
enquadram-se, segundo o modelo de Terra (2001), no clusters das organizações que têm um
processo de GC quase desenvolvido, com média total de 3,9. Dessa forma, as organizações
pesquisadas, pertencentes ao setor da CC, possuem efetividade mediana de GC, tratando-se,
por consequência, de “Empresas Tradicionais”.
As empresas pesquisadas que têm sistema ERP apresentam os processos de GC
ligeiramente mais desenvolvidos do que aquelas que não o possuem. Essa diferença poderia e
deveria ser mais ampla, em função dos benefícios obtidos com a implantação do sistema.
Entretanto, a melhoria nos processos promovida pela utilização de sistemas integradores ainda
são pouco expressivos. Fato este que pode ser justificado, dentre outros, em função do pouco
tempo da aquisição do sistema, pois 32% dos respondentes o adquiriram nos anos de 2010 e
2011. Segundo Chung et al. (2009) leva de 1 a 3 anos para que o projeto de ERP alcance a
transformação real.
Constata-se que, diferente das organizações que aprendem citadas por Terra (2001), as
empresas construtoras ainda necessitam aprimorar seus processos de GC. De toda sorte, os
resultados deste estudo fornecem um referencial sobre as práticas e/ou processos de GC
adotados pelas empresas do setor de CC no Brasil que pode auxiliar profissionais e
pesquisadores nas correções de distorções e na tomada de decisão para obtenção de resultados
gerenciais mais satisfatórios.
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