ambientes emergentes para coaprender e co-investigar em rede

13
1 Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede Alexandra Okada [email protected] CoLearn – open research networking Knowledge Media Institute The Open University UK RESUMO Na era do conhecimento digital aberto, marcada por mídias participativas, produções em parceria, colaboração em massa, torna-se extremamente relevante discutir as oportunidades cada vez mais amplas para coaprendizes construírem conhecimentos em conjunto. Este artigo introduz dois conceitos-chave: a coaprendizagem – aprendizagem aberta colaborativa e a co-investigação – pesquisa coletiva. Para compreender o contexto que estes conceitos estão inseridos, são apresentados alguns comparativos sobre a evolução da Web 1.0 para Web 3.0, articulando-os com o papel da Educação. Em seguida, alguns projetos da rede aberta de pequisa e coaprendizagem COLEARN são analisados e algumas oportunidades de parcerias são também indicadas. O objetivo deste artigo aberto é questionar e analisar práticas educativas visando enriquecê-las através da coaprendizagem e co-investigação. Esta discussão está aberta para todos os leitores através do website: oer.kmi.open.ac.uk. Todos os interessados no tema coaprender e coinvestigar em rede, estão convidados para contribuir com este estudo que será reescrito com o feedback compartilhado no ambiente aberto do projeto colaborativo europeu weSPOT - Working Environment for Social Personal Open Technologies for inquiry based learning. ABERTURA Chained Library – Hereford Cathedral Credit:IMDEA Networks A Connected World (Credit: Ocean Flynn) “Como se movem professores e alunos nas redes sociais? Que teorias orientam as práticas educativas nas redes? Que desafios e oportunidades se colocam às escolas e outros agentes educativos na adoção de práticas envolvendo as redes sociais online? Quais são (novos) métodos e recursos para análise de redes sociais?” (Questões do painel: Ambientes Emergentes – Challenges 2013) 1. INTRODUÇÃO Na era do conhecimento digital aberto, novos desafios surgem para professores, estudantes e pesquisadores; dentre eles, a importância de manter-se atualizado e desenvolver competências-chave relacionadas com pesquisa, avaliação e construção colaborativa do conhecimento através das redes digitais. O uso das tecnologias tem sido cada vez maior nas mais variadas áreas que se convergem com o advento da Cibercultura: comunicação, entretenimento, educação, trabalho incluindo formação profissional. O número de comunidades online que produzem e compartilham conhecimentos têm aumentado rapidamente em vários espaços da web 2.0 tanto em AVA, Blogs, Wikis e grupos em redes sociais. A expansão de Recursos Educacionais Abertos (REA), ou seja, conteúdos, práticas, metodologias e tecnologias digitais com licença aberta, têm propiciado maiores oportunidades para reutilização e reconstrução de conhecimentos de modo colaborativo (Okada, Connolly & Scott, 2012) e com isso, novas coautorias (Okada, 2013; Okada & Ferreira, 2012). As oportunidades para aprendizes investigarem e aprenderem em conjunto são cada vez mais amplas. Neste processo, a Educação ocupa papel central para propiciar que estudantes possam desenvolver suas habilidades de forma plena e tornarem-se responsáveis pelo seu aprimoramento contínuo.

Upload: truongnguyet

Post on 09-Jan-2017

216 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede

1

Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede Alexandra Okada

[email protected] CoLearn – open research networking

Knowledge Media Institute

The Open University UK

RESUMO

Na era do conhecimento digital aberto, marcada por mídias participativas, produções em parceria, colaboração em massa, torna-se extremamente relevante discutir as oportunidades cada vez mais amplas para coaprendizes construírem conhecimentos em conjunto. Este artigo introduz dois conceitos-chave: a coaprendizagem – aprendizagem aberta colaborativa e a co-investigação – pesquisa coletiva. Para compreender o contexto que estes conceitos estão inseridos, são apresentados alguns comparativos sobre a evolução da Web 1.0 para Web 3.0, articulando-os com o papel da Educação. Em seguida, alguns projetos da rede aberta de pequisa e coaprendizagem COLEARN são analisados e algumas oportunidades de parcerias são também indicadas. O objetivo deste artigo aberto é questionar e analisar práticas educativas visando enriquecê-las através da coaprendizagem e co-investigação. Esta discussão está aberta para todos os leitores através do website: oer.kmi.open.ac.uk. Todos os interessados no tema coaprender e coinvestigar em rede, estão convidados para contribuir com este estudo que será reescrito com o feedback compartilhado no ambiente aberto do projeto colaborativo europeu weSPOT - Working Environment for Social Personal Open Technologies for inquiry based learning.

ABERTURA

Chained Library – Hereford Cathedral Credit:IMDEA Networks A Connected World (Credit: Ocean Flynn)

“Como se movem professores e alunos nas redes sociais? Que teorias orientam as práticas educativas nas redes? Que desafios e oportunidades se colocam às escolas e outros agentes educativos na adoção de práticas envolvendo as redes sociais online? Quais são (novos) métodos e recursos para análise de redes sociais?” (Questões do painel: Ambientes Emergentes – Challenges 2013)

1. INTRODUÇÃO

Na era do conhecimento digital aberto, novos desafios surgem para professores, estudantes e pesquisadores; dentre eles, a importância de manter-se atualizado e desenvolver competências-chave relacionadas com pesquisa, avaliação e construção colaborativa do conhecimento através das redes digitais.

O uso das tecnologias tem sido cada vez maior nas mais variadas áreas que se convergem com o advento da Cibercultura: comunicação, entretenimento, educação, trabalho incluindo formação profissional. O número de comunidades online que produzem e compartilham conhecimentos têm aumentado rapidamente em vários espaços da web 2.0 tanto em AVA, Blogs, Wikis e grupos em redes sociais. A expansão de Recursos Educacionais Abertos (REA), ou seja, conteúdos, práticas, metodologias e tecnologias digitais com licença aberta, têm propiciado maiores oportunidades para reutilização e reconstrução de conhecimentos de modo colaborativo (Okada, Connolly & Scott, 2012) e com isso, novas coautorias (Okada, 2013; Okada & Ferreira, 2012). As oportunidades para aprendizes investigarem e aprenderem em conjunto são cada vez mais amplas. Neste processo, a Educação ocupa papel central para propiciar que estudantes possam desenvolver suas habilidades de forma plena e tornarem-se responsáveis pelo seu aprimoramento contínuo.

Page 2: Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede

2

O termo coaprendizagem foi inicialmente citado na década de 90 para enfatizar a importância de mudar ambos os papéis, tanto dos professores como distribuidores de conhecimento quanto dos estudantes de recipientes de conteúdos para ‘coaprendizes’. Ou seja, todos são parceiros no processo colaborativo de aprendizagem, na construção de significados e na criação de conhecimento em conjunto. A coaprendizagem é também destacada para enfatizar a interação centrada na aprendizagem colaborativa incluindo a construção de uma verdadeira “comunidade de prática” que conduz ao envolvimento dinâmico de todos os participantes. Nesta ultima década com os rápidos avanços da Web 2.0 e da abertura na Educação através de REA, iniciamos os estudos centrados na coaprendizagem, conceito que se tornou mais significativo devido a diversas vantagens de criação e troca de conhecimentos gerado por usuários, rápido compartilhamento de informações, alta interoperabilidade, design centrado na aprendizagem colaborativa e social em rede (Okada, 2007; Okada, 2011).

O conceito de co-investigação, inicialmente proposto da década de 70, surgiu para destacar a ideia de pesquisar com pessoas. Todos os participantes são envolvidos no processo da investigação, e podem contribuir nas diversas etapas, tais como: definição das questões a serem pesquisadas, metodologias adotadas, coleta de mais fontes de conhecimento, planejamento e implementação da coleta de dados, analise e síntese dos resultados, avaliação, revisão e disseminação da pesquisa. A aprendizagem baseada em investigação foi, introduzida na Educação com base nas teorias construtivistas e sócio-críticas de Piaget, Dewey, Vygotsky, e Freire com o objetivo de iniciar o desenvolvimento de habilidades científicas. Outras terminologias similares surgiram também, tais como: projetos baseados em problemas, investigação colaborativa, iniciação a pesquisa científica (Edelson et al. 1999 ; Melo-Silver, 2004). A investigação colaborativa tornou-se mais popular com a emergência dos ambientes conectados em redes integrados com as mídias sociais, interfaces para construção coletiva e dispositivos móveis facilitando a pesquisa compartilhada. Nesta ultima década, diversos aplicativos foram desenvolvidos para desenvolver habilidades científicas simulando projetos de pesquisa, tais como: nQuire, CoLab, Wise, e mais recente o weSPOT. Os projetos colaborativos incluindo estudantes de diferentes países são vários também (Okada & Sherborne, 2006; Tractenberg et al, 2009), por exemplo: Science across the world, eTwinning e Science as Inquiry.

Nossas pesquisas na OU KMi visam aprofundar o estudo da coaprendizagem e co-investigação como aprendizagem aberta integrada com a pesquisa colaborativa via tecnologias abertas, móveis, personalizadas, sociais e analíticas no ambiente weSPOT. Para isso, as investigações são realizadas através da rede aberta de pesquisa COLEARN cujos membros são educadores, pesquisadores e estudantes interessados em temáticas similares e em parcerias em projetos internacionais.

2. PRINCÍPIOS TEÓRICOS

Três características-chave da Cibercultura atual permitem destacar aspectos essenciais para iniciar este debate (Okada, 2013). A primeira, “produção em parceria com base em interesses comuns”, é descrita sob ótica da área de Comunicação e Cultura por Benkler e Nissenbaum (2006). Refere-se ao esforço coletivo de indivíduos contribuindo para o mesmo objetivo. Tratam-se de projetos colaborativos com propósito comum, nos quais muitos voluntários compartilham experiências e constroem conhecimentos em conjunto. Vários exemplos com milhares de participantes voluntários são citados como bem sucedidos, dentre eles: o desenvolvimento de software aberto (GNU/Linux, Apache, Perl, BIND), a computação distribuída (SETI@home, NASA Clickworkers) e o conteúdo compartilhado (Wikipédia, Slashdot, Kuro5hin). Muitos aspectos interessantes são destacados nestas iniciativas.Por exemplo, muitos casos apresentam uma liderança, porem não existe poder formal para limitar ou impedir ações. A participação éflexível e varia de pequenas `a grandes contribuições. Participantes têm perfis diversos em termos de experiências, conhecimentos e habilidades, porem algo em comum é a autoconsciência das normas sociais de atuação e de comportamento colaborativo aberto, incluindo revisão e avaliação colaborativa. A colaboração émais intensa quando as produções são: 1. modulares – divisíveis, 2. granulares – pequenos componentes, 3. heterogêneas – diferentes níveis, 4. remixadas – várias formas de integração; e, 5. transparentes por incluir também as barreiras e limitações.

A segunda seria “colaboração de massa” abordada por Tapscott (2006) na perspectiva da área de Negócios e Economia. Esta característica reforça a mesma ideia de participação ampla. O foco em destaque centra-se nas novas tecnologias de colaboração e nas redes sociais que estão mudando o mundo dos negócios. Multidões podem participar da economia como nunca antes. Os exemplos oferecidos são também diversos desde produção de notícias, criação de software, contribuição em pesquisa científica (o seqüenciamento do genoma humano), em entretenimento (remixagem de músicas, produção de games) e outros negócios (cosméticos,motocicletas) . O autor destaca quatro componentes: 1.abertura (de conteúdo, atitude e processo); 2.parceria (ao invés de hierarquias); 3.relações colaborativas descentralizadas (que giram em torno da partilha de produtos, propriedade intelectual, conhecimento científico) e 4. atuação global (nível coorporativo e pessoal).

Page 3: Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede

3

A terceira característica “mídia participatoria”, apresentada por Rheingold (2007) sob ótica do Jornalismo e Cidadania, destaca o papel ativo do público no processo de coletar, elaborar, analisar e divulgar informação, opinião critica e conhecimentos. Com a explosão das tecnologias de novas mídias (media, blogs, wikis, RSS, tagging and social bookmarking, music-photo-video sharing, mashups, podcasts, participatory videoprojects and videoblogs), é possível notar a mudança de usuários consumidores para cidadãos criadores e disseminadores de produções artísticas, tecnológicas, literárias e culturais. A seleção, anotação, apropriação, recompartilhamento das produções midiáticas que agregam debate, permitem o desenvolvimento de habilidade tanto sociais como intelectuais. O autor destaca que permite desenvolver maior reflexão, criticidade e criatividade.

Com base nos exemplos citados, épossível observar a importância da colaboração das redes sociais decorrente da interação voluntária e participação ampla. A colaboração pode ser ainda mais intensificada com redes sociais abertas. Participantes colaboradores via canais abertos podem alimentar seus pontos de vista através do compartilhamento de questões, informações, tecnologias, práticas, métodos, produções e reflexões. Eles também podem classificar, categorizar, analisar, comentar e recompartilhar as colaborações dos outros. Tudo isso contribui para o desenvolvimento de novos pensamentos, pesquisas e inovações rumo ao conhecimento coletivo aberto.

O conceito de coaprendizagem – “colearn” (OKADA, 2007, 2011) tem como foco a educação aberta colaborativa online com Recursos Educacionais Abertos (REAs) na web 2.0. A coaprendizagem visa o enriquecer a construção de conhecimentos decorrentes da aprendizagem formal ( no espaço da escola ou universidade) e também informal (com a vida) via o uso de inúmeros recursos, tecnologias e metodologias para ampliar a inter-autonomia e participação ativa e colaborativa do aprendiz. A origem do conceito coaprendizagem – “colearn” como aprendizagem aberta colaborativa com uso de interfaces tecnológicas surgiu com as pesquisas no Knowledge Media Institute da Universidade Aberta da Inglaterra durante o projeto OpenLearn. Nestes estudos que prosseguem com projetos europeus OpenScout, weSPOT e ENGAGE , observa-se que a educação aberta colaborativa através de redes sociais online têm propiciado ampla participação, coautorias, coproduções e coaprendizagens na reutilização reconstrução de recursos abertos visando originalidade. A educação aberta colaborativa online tem sido considerada uma filosofia educacional importante para enriquecer a coaprendizagem continuada proporcionando maiores oportunidades de acesso e construção de conhecimentos via redes sociais. O rápido crescimento de REA na web 2.0 promovendo o acesso e uso livre de conteúdos e tecnologias tem favorecido a construção coletiva do conhecimento com base na reconstrução colaborativa, redistribuição compartilhada e aprimoramento contínuo. A transição da web 1.0 para web 2.0 tem incentivado mudanças de práticas e formas de aprender visando autonomia, coautoria e socialização. Esta transição permite uma mudança do conceito de aprender via recursos digitais “elearning” para coaprender via web 2.0 “colearning”. (OKADA & BARROS, 2010; OKADA, 2011).

A aprendizagem aberta via mídias colaborativas tem potencializado as práticas educacionais em uma dimensão mais significativa onde coaprendizes podem guiar seu processo de aprendizagem de forma crítica, colaborativa e transformadora. Nossos estudos permitem enfatizar que esta autogestão da aprendizagem via espaços abertos colaborativos inclui não apenas a aprendizagem coletiva das redes sociais, mas também a aprendizagem personalizada centrada no aprendiz ativo crítico (OKADA et al, 2009). E para isso, o papel da Educação é central. Quando as práticas educacionais via web 2.0 apoiam aprendizes para serem interagentes transformadores, intensifica-se a natureza emergente e colaborativa da aprendizagem e o conhecimento compartilhado e aplicado em contextos reais.

No entanto, apesar da evolução da web 1.0 para web 2.0 (O´REILLY, 2005), o simples uso de interfaces desta segunda geração da web não garantem avanços ou inovações nas práticas educacionais. Muitas interfaces da web 2.0 são subutilizadas quando os referenciais adotados são baseados ainda na concepção adquirida da web 1.0, caracterizada pelas interfaces de acesso e navegação, tecnologias de informação e comunicação, e aprendizagem eletrônica (elearning) restrita ao “uso” e “consumo” de recursos digitais. A web 2.0 que surge para romper este velho paradigma de “transmissão” e “passividade”, é caracterizada por tecnologias do conhecimento e de redes sociais com interfaces abertas para colaboração, coconstrução, coautoria, coparceria, e conhecimento coletivo. No entanto, para efetivar a quebra da educação focada no instrucionismo destacamos a importância de inovar o conceito de aprendizagem eletrônica “elearning” através do conceito coaprender via web 2.0 “colearn” (OKADA, 2011). A web 3.0 caracterizada pelas redes semânticas, visa a organização e o uso mais inteligente do conhecimento já disponível na Internet. O foco maior centra-se na estrutura de sites e serviços web que permite ao usuário resultados mais significativos e personalizados, de acordo com suas preferências e interesses. As interações e conteúdos tornam-se mais dinâmico via ambientes personalizados, dispositivos móveis. Com isso, usuários podem realizar buscas mais eficentes, integrar dados de modo mais rápido e amplo, colaborar e realizar co-investigações em qualquer local a qualquer tempo. Para isso, o papel dos educadores e também essencial, tanto para abrir possibilidades de uso de recursos tecnológicos mais variados e avançados, como também desenvolvimento das competências de investigação científica através das redes móveis e personalizadas, incluindo também integração da coaprendizagem formal (na escola) e informal (além da escola).

Page 4: Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede

4

WEB 1.0

e-Learning

WEB 2.0

Co-Learning

Web 3.0

Co-Inquiry

Ambiente Individual e centralizado Colaborativo em rede Móvel e personalizado

Foco Informacional Construção coletiva Agentes inteligentes

Conteúdo Gerado por Instituições Gerado por qualquer usuário Focado nas preferências dos indivíduos

Formato Limitado – páginas web ou arquivos para impressão

Aberto e diversificado – podendo incluir som, vídeo, animações...

Conteúdo dinâmico

Recursos Navegadores Aplicações Diversas e Abertas Busca, localização, integração e disseminação inteligente,

Tecnologias Informação e comunicação Conhecimento e de redes sociais Redes semânticas, widgets

Acesso Leitura Edição com Autoria Compartilhada Via agentes inteligentes

Exemplos Enciclopédias Vários tipos de Wikis, blogs, LMS ... Smart search, loja virtual, 3Dworlds

Características Imagem ou hipertexto Espaços abertos para download, reedição e remixagem

Web semântica, analítica, comportamento e motivação

Aprendizes Leitores passivos Comunidades de Coautores Coletividades, cidadãos participativos

Quadro1 – Comparativo da evolução da WEB 1.0 para Web 3.0

A aprendizagem com a Web 2.0, Recursos Educacionais Abertos e Redes Sociais vem já ocorrendo de modo informal, principalmente entre usuários que têm domínio das tecnologias. Entretanto é necessário desenvolver competências mais avançadas para beneficiar-se não somente da coaprendizagem nos espaços colaborativos da Web 2.0 mas também das interfaces semânticas da Web 3.0 (conforme quadro 1). Observa-se que para quem tem maior facilidade com “aprender a coaprender” na Web 3.0 pode usufruir ainda mais de buscas avançadas, redes inteligentes, serviços automatizados e ambientes personalizados. Entretanto, as habilidades tecnológicas precisam ser desenvolvidas integradas com habilidades científicas, e para isso, o papel docente é essencial como orientador nas diversas etapas da pesquisa e avaliador critico construtivo das habilidades e conhecimentos construidos.

A investigação é um processo contínuo de levantar questões importantes coletivamente, integrando informações relevantes e gerar linhas aceitáveis de raciocínio fundamentada em premissas científicas e áreas de conhecimento. Tal processo realizado coletivamente – co-investigação – torna-se ainda mais complexo. A intermediação pedagógica torna-se essencial. Os professores precisam oferecer suporte aos alunos com estratégias, ferramentas e orientação, ajudando-os a aplicar o que sabem e conceitos que estão aprendendo em atividades baseadas em problemas (Edelson et al, 1999; , Tractenberg et al., 2009). Este processo requer e propicia o desenvolvimento de habilidades essenciais na investigação de problemas:Formular questões científicas, Selecionar informações relevantes & evidência, Descrever explicações com base em evidência, Conectar conhecimentos nas explicações, comunicar conclusões com justificativas.

A coaprendizagem via práticas educacionais abertas com REA vem enfatizando a socialização do conhecimento coletivo como uma construção social aberta, na qual usuários podem atuar como “coautores críticos”, expandir suas redes sociais e integrar aprendizagem, pesquisa e formação de modo aberto. Todas essas características (Quadro 2) destacam a importância da coaprendizagem onde coaprendizes desempenham papéis importantes, tais como: cocriação REA, compartilhamento coletivo de feedbacks e comentários, co-orquestração de sua produção e socialização em rede do processo de coaprendizagem, bem como dos caminhos de aprendizagem aberta colaborativa com base na investigação colaborativa. O processo de coaprendizagem com base na co-investigação é enriquecido através de uma ampla participação para cocriar, readaptar, revisar , de modo muito mais aberto, critico e inovador. Este processo pode ocorrer em espaços múltiplos, móveis, multimidiáticos, sejam formais – escola, visitas guiadas, universidade – incluindo ambientes online institucionais abertos na web 2.0; como também redes abertas e espaços inteligentes da web 3.0.

Page 5: Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede

5

Ensino Tradicional Fechado Coaprendizagem Aberta com REA co-investigação para Coaprendizagem

Contexto Desconectado do aprendizes Situações contextualizadas no mundo real investigação do interesse dos estudantes

Conteúdo Programa curricular impresso, livro texto, leitura complementar.

Rede web, múltiplos formatos, materiais em vários canais, variedade de interfaces

Selecionados e construídos durante o processo de investigação

Status do Conteúdo

Material educacional preescrito e preestabelecido pelo currículo.

Conteúdo flexível selecionado e compartilhado dentro de contextos.

Conteúdos personalizados, acesso portátil, móvel

Acesso Restrito, registro, autenticação. Acesso aberto, coletivo ou individual. Aberto, múltiplo, flexível

Design Produção externa, Montagem, Publicação, Distribuição em massa.

Criação Colaborativa – Compartilhamento Reutilização – Acesso Aberto.

metodologia científica, metacognicao, metadatados, sistemas ontológicos,

Educador Instrutor, detentor do conhecimento.

Facilitador da aprendizagem, mentor, gestor aberto do contexto

Orientador nas diversas etapas da pesquisa. Avaliador critico construtivo

Aprendiz Receptor e reprodutor de conhecimentos.

Agente ativo, social, colaborativo, co-autor e co-gestor da coaprendizagem.

Pesquisador-colaborador, cientista-coaprendiz

Autoria Poucos profissionais autores. múltiplos co-autores educadores, outros profissionais, e aprendizes.

Múltiplas coautorias

Copyright Rígido, direitos reservados, materiais institucionais.

Licenças Abertas (ex. creative commons) Licença, metodologia e dados abertos

Tecnologias Tecnologias desktop, e aplicações eletrônicas individuais.

Wikis, Weblogs, Redes Sociais, RSS feeds, peer-to-peer content bookmark sharing,

Semanticas, móveis, personalizadas, analiticas

Avaliação especialistas da área. comunidades de prática Científica – revisão de pares

Quadro2 – Comparativo da evolução - Coaprendizagem baseada em co-investigação

Com a prática da investigação colaborativa, coaprendizes podem desenvolver tais habilidades gradualmente e realizar etapas da investigação com maior autonomia. O quadro 3 adaptado com base na descrição de Tafoya et al. (1980) pela, descreve quatro tipos de coaprendizagem baseada na co-investigação com base em diferentes níveis de interautonomia dos coaprendizes.

Nível Tipo Problema Procedimento Solução

1 Verificação Professor-orientador Professor-orientador Professor-orientador e coaprendizes

2 Estruturada Professor-orientador Professor-orientador e coaprendizes

Coaprendizes com feedback do co-orientador

3 Orientada Professor-orientador e coaprendizes

Coaprendizes com feedback do co-orientador

Coaprendizes com feedback do co-orientador

4 Aberta Coaprendizes com feedback do co-orientador

Coaprendizes com feedback do co-orientador

Coaprendizes com feedback do co-orientador

Quadro3 – Niveis de co-investigação adaptado por (Okada, 2012)

No primeiro nível básico “co-investigação-verificação”, o orientador exerce um papel central na definição do problema, na indicação do procedimento e no acompanhamento passo a passo da solução. Os coaprendizes são guiados para verificar e compreender, não somente o conteúdo sugerido; mas também, o próprio processo da investigação. A proposta é possibilitar que eles reflitam em perguntas sugeridas pelo orientador ou especialistas. Além disso, através de métodos também previamente estabelecidos, a intenção é guiá-los para que possam executar passo a passo um caminho também já proposto para solução. Neste processo, o orientador pode observar se os aprendizes podem prosseguir para um nível mais avançado de investigação.

Page 6: Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede

6

No segundo nível “co-investigação-estruturada”, o orientador inicia com um papel central que vai se reduzindo no final visando oferecer oportunidade de autonomia dos coaprendizes na resolução de problemas. O objetivo de coaprendizagem é propiciar aos estudantes a experiência de conduzir investigações ou praticar habilidades específicas de investigação, tais como a coleta e análise de dados. A intermediação pedagógica é essencial de tal modo que os coaprendizes possam realizar suas próprias conclusões e apresentar suas soluções.

O terceiro nível é a “co-investigação-orientada”, onde a questão e o processo ainda é fornecido pelo orientador. Os estudantes, no entanto, são incentivados a gerarem uma explicação apoiada pelas evidências que coletaram. O professor oferece aos coaprendizes apenas a questão de pesquisa, e então suporte para que eles próprios possam projetar o procedimento (método) para testar a sua questão e as explicações resultantes com apoio, orientação ou tutoria.

O quarto nível mais avançado, “investigação aberta”, os estudantes têm a oportunidade de agir como cientistas, derivando perguntas, concepção e realização de investigações, bem como comunicar os seus resultados. Este nível requer raciocínio científico experiente e competências de domínio dos coaprendizes.

A intermedição docente, tanto para suporte como para avaliação, é fundamental para que os coaprendizes possam avançar no processo e aprimorar etapas por eles realizadas. A Tabela 2 a seguir destaca a ação docente através do suporte oferecido para desenvolver cinco habilidades-chave nos vários níveis de investigação com base em Beerer & Bodzin (2003).

Habilidades cognitivas para co-investigação Nível 1. Formular

questões científicas 2. Selecionar

informações relevantes &

evidência

3. Descrever explicações

com base em evidência 4. Conectar

conhecimentos nas

explicações

5. Comunicar

conclusões com

justificativas 1.Verificação Refletir e

escolher questões

propostas

com suporte

Interpretar análise

proposta com dados,

critérios oferecidos

com suporte

Aplicar evidência já

apresentada para

descrever explicações com

suporte

Selecionar fontes

apresentadas e

aprofundar explicações

com suporte

Aplicar passos e

procedimentos para

comunicação

científica 2.Estruturada Especificar ou

aprofundar

questões propostas

com suporte

Analisar dados propostos

com base em critérios

sugeridos com suporte

Reunir evidência

necessária com suporte

para estabelecer

explicações

Buscar fontes sugeridas

para trazer novas e

aprofundar explicações

com suporte

Comunicar

explicações com base

em argumentos

desenvolvidos com

suporte 3.Orientada Partir das questões

propostas para

trazer outras mais

relevantes

com suporte

Coletar dados verificar

critérios sugeridos para

realizar análise

Integrar evidência neces

sária para formular

explicações

Conectar fontes

sugeridas e novas para

aprofundar explicações

Criar e Apresentar

explicações com base

em

argumentos próprios

4.Aberta Estabelecer

questões

relevantes

Determinar critérios para

análise de dados e

coletar evidência

Formular explicações com

evidência que sejam

suficiente

Buscar e examinar

outras fontes para

esclarecer explicações

Desenvolver

raciocínio

argumentativo para

comunicar

explicações Quadro4 – Habilidades organizadas por Níveis de co-investigação

Com base nos estudos de Tafoya et al. (1980)e Okada (2009), o quadro 4 destaca as habilidades de co-investigação necessárias de acordo com os quatro níveis de co-investigação. Desse modo, educadores podem concentrar-se em grupos específicos de habilidades conforme o nível de co-investigação a ser trabalhado pelos coaprendizes e assim, refletir no seu papel para realizar intermediação pedagógica.

Na co-investigação estruturada, o papel docente é oferecer um ou mais problemas, auxiliar estudantes na escolha de procedimentos e, principalmente, possibilitar que coaprendizes possam reorganizar conhecimentos – tanto existentes incorporando também os novos – de tal modo solucionar suas investigações e justificá-las de modo coerente. Para que os coaprendizes trabalhem com foco em “solução”, é importante que eles:

Page 7: Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede

7

Demonstrem entendimento do problema, mapeando a questão de investigação e se necessário reformulando com suas próprias palavras, conectando as alternativas, destacando as escolhas e descrevendo a solução com argumentos e evidência.

Compreendam o planejamento do processo, estabelecendo ligações de modo claro entre as metas, os objetivos e possíveis resultados.

Possam tomar suas próprias decisões com base na visualização gráfica de possibilidades, revisão de alternativas e reavaliação de escolhas.

Na co-investigação orientada, o papel docente é oferecer caminhos para problematização, principalmente, oferecer suporte para que estudantes possam construir conhecimentos com base em suas habilidades de escolher procedimentos e conectar conhecimentos prévios com novos de para analisar os dados relevantes e elaborarem suas próprias conclusões de suas investigações. Para que os coaprendizes trabalhem com foco em “procedimentos”, é importante que eles:

Escolham e comprendam a metodologia de análise a ser trilhada, mapeando padrões, classificando e agrupando dados em categorias, destacando hipóteses e estabelecendo relações.

Estabeleçam conexões entre dados relevantes comparando ou contrastando dados, incluindo fundamentos que possam auxiliar na dedução, indução e abdução.

Avaliem justificativas visualizando o processo, revisando os critérios e argumentos, discutindo e identificando as incoerências.

Na co-investigação aberta, o papel docente é de mentoria propiciando que os coaprendizes possam ampliar os conhecimentos existentes sobre um tema a tal ponto que possam trazer novas questões e problematizações para criarem novos conhecimentos. Trata-se de um grande desafio, pois é necessário domínio das etapas anteriores e do próprio tema a ser investigado. Para que os coaprendizes trabalhem com foco em “problema”, é importante que eles:

Elaborem a síntese do assunto investigado através do mapeamento do estado-da-arte, priorizando elementos significativos que podem ser foco de novos questionamentos, reflexões e elaborações de novas hipóteses.

Visualizem oportunidades de problematização decorrentes não só de curiosidades, e observação, mas da ampliação e aprodundamento do conhecimento sobre o assunto a ser investigado

Discutem o assunto de forma fluente, propiciando criatividade e imaginação de modo que possam enriquecer problematizações com base em previsões, intuições, tendências, ...

3. EXEMPLOS PRÁTICOS – Metodologia e Breve análise

Os três exemplos descritos a seguir, resumidos no quadro5, são projetos europeus no qual a rede aberta de pesquisa COLEARN tem participado como colaboradora, desenvolvendo estudos e pesquisas nos conceitos de coaprendizagem e co-investigação. Embora o foco maior desses exemplos é no Ensino Superior, alguns docentes e pesquisadores que atuam também no Ensino Básico apresentam alguns estudos com coaprendizes crianças e adolescentes também.

COLEARN – rede aberta de pequisa e coaprendizagem foi fundada em 2006, com o início do projeto OpenLearn (The Open University – UK, colearn.open.ac.uk). Atualmente reúne mais de 3.500 membros no ambiente de REA colearn.open.ac.uk (baseado no Moodle). A maioria dos participantes são professores do ensino superior, formadores de professores para uso das TIC incluindo Educação Básica, pesquisadores, estudantes de pós-graduação e profissionais da área de tecnologia educacional. Grande parte dos participantes estão no Brasil, Portugal e em UK. A interação predominante desta rede é na língua Portuguesa.

Page 8: Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede

8

Exemplos de Práticas

Ambientes Virtuais para criação, reutilização e disseminação de REA

Redes Sociais para criação, reutilização e disseminação de pesquisas como REA

Redes Sociais para criação, reutilização e disseminação de investigações colaborativas

Projetos OpenLearn (OU- UK) OpenScout (Projeto Europeu) weSPOT (Projeto Europeu)

Plataforma Moodle Elgg, Wordpress & Facebook Elgg, diversas redes & repositórios

Participantes 2006 – 50 participantes

2013 – 3500 membros

2011 – 113 coautores

2013 - 9,526 visitantes por mês

2013 – 16 membros

Perfil Organizadores de cursos online,

professores e estudantes

Centros, Laboratórios e Grupos de

pesquisas e interessados em REA.

Pesquisadores da pós-graduação,

educadores estudantes(Iniciação

Científica) e suas redes

produções PERIODO DE 3 ANOS

30 papers, 90 mapas, 70

webconferências

PERIODO DE 5 MESES

25 papers, 84 imagens, 20 clips, 48

tools

PERIODO DE 1 MES

13 pesquisas, 4 surveys, 84 competências-

wiki

análise Pesquisa quali-quantitativa,

entrevistas, questionários,

produções & indicadores

Co-produções, grupo focal, peer-

review, Mapas (gephi, nodeXL,

TouchGraph)

ciber-etnografia & ciber-pesquisação

Benefícios Familiaridade com ambiente

Compreensão inicial de REA

Ampliação de contatos

Produção, colaborativa em rede

Ampla disseminação

Novas pesquisa em parceria

Inovação da prática pedagógica

Desenvolvimento das competências

Integração teórias e práticas

Desafios Acesso lento

Dificuldades de navegação e

uso

Dificuldade em produção

REA

Necessidade de maior

organização

Gerenciamento de

contribuições

Dificuldades - como colaborar

Necessidade de orientador e

facilitadores

Compreensão do processo

p/implementação

Uso integrado das mídias sociais

Estratégias para implementação

Gestão do tempo, ambientes e

tecnologias.

Entrepeneurismo

Quadro5 – Sumário de práticas de coaprendizagem e co-investigação analisadas e em andamento

O primeiro exemplo, projeto OpenLearn (2006 – 2009), é uma iniciativa de REA da OU-UK. As primeiras ações da rede COLEARN foram discussão sobre REA e tecnologias diponibilizadas nesse ambiente: aplicativo webconferencia FM e Compendium software de mapeamento de conhecimentos. Oito grupos de pesquisa estabeleceram colaboração como voluntários produzindo 8 espaços de coaprendizagem em REA. Os países envolvidos foram Portugal, UK, Chile e Brasil. No período de três anos a rede produziu mais de 30 publicações em conferências, livros, periódicos e revistas acadêmicas, mais de 90 mapas abertos e 70 webconferências de acesso publico. Foi criado um journal científico com duas edições de mais de 15 artigos. Os artigos mutimidiáticos apresentam vídeo, mapa, imagens e são disponibilizados no próprio ambiente do OpenLearn LabSpace.

Os conteúdos das publicações abordam assuntos diversos relacionados com mapeamento do conhecimento, integração de Mapas e Conferencias, Aprendizagem Significativa, Estilos de Aprendizagem, Aprendizagem em Rede, Literacia Digital, Pensamento Crítico, Aprendizagem colaborativa, Mediação Pedagógica, Formação Docente, Aprendizagem Informal, Aprendizagem em Redes Sociais. A maioria dos estudos foram realizados no Ensino Superior, e alguns dos exemplos integram escolas da educação básica no Brasil e Portugal através da Universidade do Minho.

A rede iniciou com 50 pessoas, e atualmente mais de 3500 participantes estão cadastrados no ambiente. Os recursos produzidos continuam sendo acessados. E com indicadores analíticos é possível acompanhar o número de acesso e downloads. A maioria das pesquisas realizadas neste período são qualitativas, porém muitas integram dados quantitativos provenientes das informações e pelas tecnologias disponibilizadas no ambiente. Com base no resumo dos resultados, observa-se que os benefícios apontados por participantes da rede COLEARN no projeto OpenLearn são: familiaridade com ambiente por ser baseado em Moodle, inclusive facilidade com novas tecnologias para mapeamentos e webconferencias, compreensão inicial de REA e a ampliação de contatos com interesses comuns.

Page 9: Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede

9

Todos estes itens favoreceram trabalhos em conjunto, tais como escrita e apresentação de pesquisa em parceria. As barreiras indicadas foram: o acesso do ambiente no Brasil foi muito lento. O processo para importar e exportar REA no OpenLearn – Labspace, às vezes não é claro para os usuários. Mesmo com a compreensão inicial de REA, criar um REA é um desafio para muitos grupos, principalmente conteúdos para serem reutilizados por outros.

O segundo exemplo, o projeto OpenScout (2010-2012), teve a participação de cerca de duzentos membros Colearn

registrados no ambiente OpenScout Tool Library (openscout.kmi.open.ac.uk/tool-library/pg/groups/839/colearn/) , com base na plataforma de rede social Elgg (http://elgg.org) e interface personalizada. O objetivo geral desse projeto visa promover “habilidade baseada na aferição do conteúdo gerado pelo usuário e comunidade aberta para melhor gestão da educação e formação”. Como parte deste objetivo o ambiente a OpenScout Tool Library (http://openscout.kmi.open.ac.uk/tool-library/) foi implementado como rede de pessoas que (re) utilizam e adaptam REA (Mikroyannidis, A. et ai, 2010, 2011a). A OpenScout Tool Library reúne participantes que compartilham suas experiências e melhores práticas em (re) utilização e adaptação dos recursos de aprendizagem. Além disso, apoia estudos de casos e cenários de aprendizagem, fornecidos por diferentes estágios da produção de recursos de aprendizagem. Isto engloba tecnologias de colaboração, adaptação e comunicação, em uma articulação integrada com os princípios REA de utilização, reutilização e partilha conteúdo, incluindo o acesso multilíngue.

A rede COLEARN foi um dos grandes colaboradores do ambiente Tool-Library. As ações focaram co-investigação através da produção de uma obra REA no formato REA articulando REA no conteúdo. Essa produção coletiva começou com uma pergunta-chave de investigação, que foi discutida durante todo o processo de escrita: como nós, pesquisadores acadêmicos, podemos tornar o nosso trabalho mais acessível e reutilizável para qualquer leitor interessado em recriar e inovar o conteúdo? Em outras palavras, como os leitores podem se tornar co-autores?

Cento e treze autores, participantes em trinta grupos de pesquisa de diferentes universidades e países produziram trinta e três capítulos construídos com base em suas pesquisas consolidadas, bem como redesenharam a estrutura do conteúdo para torná-lo mais reutilizável e compreensível para seu público-alvo. Alguns grupos reutilizaram seus melhores trabalhos científicos, que tinham sido apresentados em conferências, revistas, ou disponíveis em repositórios acadêmicos e reconstruíram capítulos REA sob três estágios de revisão (feedback científico via comitê acadêmico, feedback pedagógico via equipe REA, feedback de coaprendizagem via leitores).

Muitos dos co-autores, líderes de grupos de pesquisa em suas instituições, convidaram os seus colegas, estudantes, docentes e investigadores para darem feedback. Em alguns grupos, os leitores mais ativos foram convidados para participarem do capítulo em desenvolvimento, adicionando novos componentes de mídia: imagens, videoclipes, mapas de conhecimento, glossário, objetivos e atividades de coaprendizagem, questões-chave, mídia social para novas discussões, bem como sugestões para outros leitores reutilizarem o conteúdo.

Durante o período de Outubro de 2011 e Março de 2012, a Comunidade Colearn criou colaborativamente seis diferentes tipos de REA:

48 descrições de tecnologias,

25 cenários

84 imagens;

20 vídeos;

40 mapas;

25 capítulos;

1 e-book educacional aberto.

Mídias sociais de conhecimento foram usadas neste livro para:

• reunir grupos de pesquisa para co-autoria; • discutir sobre Filosofia da Abertura e co-design REA; • refletir e descrever de forma colaborativa tecnologias para a co-criação de conteúdo como REA; • criar e publicar recursos abertos multimídia em colaboração com os leitores, para serem reutilizados,

readaptados, remixados e redistribuídos por qualquer pessoa; • coletar dados abertos para analisar e revisar contribuições e produções dos participantes; • desenvolver e disseminar a pesquisa educacional aberta, com base no processo, tecnologias e criação de

redes, usados para produzir este livro.

As principais vantagens apontadas pelos grupos de pesquisa centraram-se na: construção de produção colaborativa em rede, disseminação nacional e internacional de produções científicas, oportunidade de teses e novos horizontes de pesquisa em parceria. As barreira identificadas foram: a escrita de trabalhos colaborativos com grupos maiores exige maior organização. O nível de colaboração e comprometimento varia muito tanto em relação aos grupos e também

Page 10: Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede

10

indivíduos, tornando o gerenciamento desafiador . Apesar de vários participantes estarem interessados, aqueles que não conhecerem detalhes do projeto apresentam maiores dificuldades sobre o que e como colaborar. Embora o projeto ofereça diferentes oportunidadesde contribuição através de componentes modulares, granulares, heterogêneos , remixáveis, e transparentes através das mídias socias; torna-se necessário a presença de um orientador em cada grupo e também de facilitadores em todo processo, tanto para as questões tecnológicas quanto pedagógicas.

O terceiro exemplo em desenvolvimento e aberto para colaboradores, Projeto “WESPOT (2013 – 2015) Working Environment with Social and Personal Open Tools for inquiry based learning”, visa desenvolver um ambiente de trabalho para coaprendizagem baseada em co-investigação com tecnologias sociais, personalizadas, analíticas, colaborativas e móveis. O WeSPOT é um novo projeto que visa incentivar a pesquisa em combinação com práticas atuais, currículos e tecnologias inovadoras. O projeto propicia a co-investigação e construção coletiva, tanto formal como informal, ou seja, visa criar oportunidades para que os coaprendizes possam interagir com suas investigações em situações do cotidiano, na escola e na universidade.

Um dos primeiros estudos-pilotos deste projeto está sendo realizado na 7 ª Conferência Internacional sobre Educação, organizada pela Fundación Telefónica de abril de 2012 a novembro 2013. Este evento inclui 18 meses de discussões online e em eventos presenciais a cada dois meses, em português e espanhol, visando mais de 50.000 participantes com centenas de fóruns temáticos que reúnem cerca de 20 a 80 participantes dependendo do interesse. O público compreende professores, pais, diretores e coordenadores pedagógicos, estudantes e outros profissionais do mundo da educação.

Umas das atividades dessa conferência é o fórum aberto “Novas abordagens de avaliação na era da coaprendizagem” (Março 2013 a Novembro 2013) organizado pela autora. Os dados coletados da primeira etapa de 19/03/13 a 20/04/13 resultou num estudo piloto (Okada et al. 2013). Este estudo colaborativo apresenta como objetivo:

Refletir sobre abordagens de avaliação para interagir e colaborar na era da co-aprendizagem e co-investigação.

Fortalecer o conceito de co-aprendizagem e co-investigação com práticas educativas abertas.

Ampliar a avaliação numa perspectiva de metodologia colaborativa e aberta.

Subsidiar a intencionalidade pedagógica dos ambientes e redes online com referencial sobre competências de interação e colaboração para a co-aprendizagem e co-investigação.

Para propiciar interesse e motivação na discussão reflexiva colaborativa foram organizados recursos educacionais abertos multimidiáticos, tais como videoclip, sua apresentação visual e mini-artigo que podem ser acessados neste URL:http://encuentro.educared.org/group/nuevos-enfoques-de-evaluacion-en-la-era-del-co-apr.

O fórum iniciou com mais de 35 profissionais de várias áreas de interesse, instituições e países, dentre eles: Brasil, UK, Perú, Espanha, Ecuador, Perú, Venezuela, Portugal. A discussão e co-investigação iniciou com a pergunta ”quais as novas abordagens de avaliação para coaprendizagem?”. Atualmente o intesse comum foca na questão “quais são as competências-chave para coaprendizagem e co-investigação?”.

As reflexões colaborativas dos participantes são compartilhadas no fórum (URL acima) em vários formatos: textos, mapas, imagens, vídeos, e referências.

Neste processo, várias produções compartilhadas no fórum se entrelaçam com múltiplas avaliações entre os participantes:

Lista de referências sobre o assunto que estão sendo organizadas em repositório aberto - http://www.mendeley.com/

Artigo de coautoria colaborativa aberta que foi revisado por um comitê científico, aprimorado numa segunda versão http://oer.kmi.open.ac.uk/wp-content/uploads/2013/04/coaprendizajeYcoinvestigacion.pdf , porém ainda em desenvolvimento.

Videoclip no Youtube sobre conceitos-chave http://youtu.be/4tcuk4k3X00 que foi publicado e discutido no fórum

Visualizações e indicadores analíticos sobre a rede conceitual e colaborativa sobre o conteúdo e processo de discussão http://encuentro.educared.org/group/nuevos-enfoques-de-evaluacion-en-la-era-del-co-apr/forum/topics/la-coevaluaci-n-y-la-autoevaluaci-n

Co-investigação em andamento que foca nas competências-chave na era da co-aprendizagem e co-investigação http://wespot.kmi.open.ac.uk/groups/profile/235/brazil-and-pt-colearners21.

A metodologia deste estudo foca os princípios da ciber-etnografia (Keeley-Browne, 2011) que visa utilizar interfaces abertas colaborativas e analíticas da cibercultura (Okada et al Ferreira, 2013) que já foram incorporadas no fórum de

Page 11: Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede

11

discussão, tais como visualizações e indicadores analíticos sobre a rede conceitual e colaborativa co-construídos pelos participantes e intermediadores.

A co-análise dos pressupostos teóricos também foi iniciada no fórum de discussão com a troca de diversas referências sobre assunto. Isto está sendo ampliado com repositório aberto via biblioteca virtual aberta no Mendeley para organizar pesquisas, documentos e referências e propiciar colaboração - http://www.mendeley.com/groups/2989011/colearning/papers/ Todas estas produções estão sendo analisadas como parte do processo da construção coletiva de coautoria – incluindo também abordagens emergentes para a co-avaliação desta co-investigação que permitirá o entrelaçamento das novas teorias com a realização de uma prática que integra os pressupostos teóricos e metodológicos.

Neste projeto em andamento, os benefícios e as dificuldades coletados não são dados representativos. Os benefícios desejados como metas a serem atingidas são: inovação da prática pedagógica para desenvolvimento das competências do século XXI e integração de princípios teóricos e práticos. As dificuldades iniciais citadas são: integração das mídias sociais para disseminação e implementação da co-investigação, estratégias para elaboração de questões coletivas de pesquisa e procedimentos colaborativos de investigação, gerenciamento do processo individual e coletivo, incluindo tempo tanto de ações assincronas como sincronas, uso mais eficiente da diversidade de ambientes e tecnologias. Compreensão do processo de co-investigação para enriquecer as práticas de coaprendizagem.

Conclusões preliminares

Em nossos estudos, observamos que as oportunidades de construção de conhecimentos, coautoria e desenvolvimento de competências são maiores quando os ambientes das redes sociais possibilitam o coaprender e coinvestigar. No entanto, os desafios são vários, e merecem serem discutidos com um estudo mais amplo. Este artigo pode ser reutilizado, tanto para abrir novos debates, como também ampliar as reflexões e investigações aqui propostas.

Neste estudo, observa-se que ambientes emergentes em rede podem ser locais propícios de co-investigação quando os participantes questionam para aprofundar conhecimentos, trocam ideias, argumentam, exemplificam com práticas e teorias, compartilham referências sobre o assunto, indicam evidências, linkam com outras informações e fontes externas, comentam analisando o que foi registrado, elaboram conclusões sobre tudo o que foi debatido e integram avaliação no decorrer e no fim do processo.

Projetos desenvolvidos no ambiente weSPOT para investigação colaborativa -“co- investigação” , podem ser propícios para aprofundar a aprendizagem aberta colaborativa - “coaprendizagem” . Entretanto, vários desafios devem ser investigados nos próximos estudos, tanto princípios teóricos, práticos e metodológicos para avançarmos nas seguites questões: Como facilitar a compreensão do processo de co-investigação para a sua implementação bem sucedida?

O que é necessário para integração das mídias sociais para co-investigação?

Quais as estratégias para identificar questões coletivas e procedimentos de investigação coletivos?

Como gerenciar o processo e tempo para co-investigação, inclusive o uso mais eficiente da diversidade de ambientes e tecnologias?

Os interessados em “coaprender e coinvestigar em rede” através do weSPOT, estão convidados para participar neste estudo colaborativo, compartilhando suas práticas, benefícios e desafios.

Este artigo será reescrito com o feedback compartilhado incluindo os colaboradores e será compartilhado no projeto colaborativo europeu weSPOT - Working Environment for Social Personal Open Technologies for inquiry based learning.

Para acompanhar e interagir nos espaços da rede aberta de pesquisa e coaprendizagem COLEARN, basta acessar estes espaços: Twitter: @colearn Facebook grupo: COLEARN Blog OER: oer.kmi.open.ac.uk Flickr: coLearn-coAprender Wikimedia Commons: colearn YouTube: Colearn´s or Coaprendizagem AVA: http://labspace.open.ac.uk/colearn ELGG: http://openscout.kmi.open.ac.uk/tool-library/pg/groups/839/colearn/ Web Videoconference: http://fm.ea-tel.eu/groups/colearn Co-investigação: http://wespot.kmi.open.ac.uk/groups/profile/235/brazil-and-pt-colearners21

Page 12: Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede

12

Referências

Benkler, Yochai & Nissenbaum, Helen (2006). "Commons-based Peer Production and Virtue". The Journal of Political Philosophy. 4 (14): 394–419

Benkler, Yochai (2006) The Wealth of Networks: How Social Production Transforms Markets and Freedom. New Haven: Yale, 2006. ISBN 0-300-11056-1

Edelson, D., Gordin, D., Pea, R. (1999) Addressing the Challenges of Inquiry-Based Learning Through Technology and Curriculum Design . Edelson, Daniel, Douglas Gordin, and Roy Pea. Journal of the Learning Sciences 8.3 (1999): 391-450.

Keeley-Browne, E. (2011) Cyber-Ethnography: The Emerging Research Approach for 21st Century Research Investigation In: Kurubacak, G & Yuzer, T. Handbook of Research on Transformative Online Education and Liberation: Models for Social Equality. IGI Publishers. http://www.igi-global.com/chapter/cyber-ethnography-emerging-research-approach/48878

Melo-Silver, C. (2004) Problem Based Learning: What and how do students learn. Educational Psychology Review, Vol. 16, No. 3, September 2004

Mikroyannidis, A., Okada, A., Scott, P., Rusman, E., Specht, M., Stefanov, K., Protopsaltis, A., Held, P. and Hetzner, S. (2012) weSPOT: A Cloud-based Approach for Personal and Social Inquiry, Workshop: 1st International Workshop on Cloud Education Environments, Antigua, Guatemala, 945, pp. 7-11, CEUR Workshop Proceedings, url: http://ceur-ws.org/Vol-945/paper2.pdf

Okada, A. (2013). Recursos Educacionais Abertos e Redes Sociais. São Luís: EDUEMA.

Okada, A., Ferreira, G. (2013). Co-authorship in the age of cyberculture: Open Educational Resources at the Open University of the United Kingdom. Teias v.13 n. 29 p. 287-312. 2012

Okada, A., Connolly, T. and Scott, P. (eds.) (2012) Collaborative Learning 2.0: Open Educational Resources, IGI Global

Okada, A., Mikroyannidis, A., Meister, I. & Little, S. (2012). “Colearning” – Collaborative Open Learning through REA and Social. In: Okada, A. (2012). Open Educational Resources and Social Networks: Co-Learning and Professional Development. London: Scholio Educational Research & Publishing.

Okada, A., Mikroyannidis, A., Meister, I. & Little, S. (2012). Coaprendizagem através de REA e Redes Sociais. In: Okada, A. (2012). Open Educational Resources and Social Networks: Co-Learning and Professional Development. London: Scholio Educational Research & Publishing. http://oer.kmi.open.ac.uk/?page_id=1479

Okada, A. and Meister, I. (2012) OpenScout Tool-Library: integrating people, resources and stories, Journal - Contemporary education and technology (IST) - Training for virtual environments: curriculum and educational processes., 1, 2, pp. 86-96, url: http://revistacontemporaneidadeeducacaoetecnologia02.wordpress.com/24-2/

Okada, A. (2011) COLEARN 2.0: Refletindo sobre o conceito de COAPRENDIZAGEM via REAs na Web 2.0, in eds. Barros, D. Neves, C. , Seabra, F. Moreira, J. & Henriques,S. Educacao e tecnologías: reflexao, inovacao e praticas, 1, 978-989-20-2329-8, pp. 18, Lisbon: Universidade Aberta de Portugal, url: http://www.scribd.com/full/50200920?access_key=key-p3ku3e0opdijjzv9ue2

Okada, A. (2011) Coaprendizagem via comunidades abertas de pesquisa, praticas e recursos educacionais, ecurriculum, 7, 1, Pontificia Universiade Catolica PUC-SP, url: http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/viewFile/5813/4128

Okada, A., Connolly, T. and Lane, A. (2010) Integrating strategic views about Open Educational Resources through collaborative sensemaking, International Journal of Technology, Knowledge and Society, 6, 6, pp. 165-186, CGPublisher

Okada, A. and Barros, D. (2010) AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM ABERTA: BASES PARA UMA NOVA TENDENCIA, Revista Digital de Tecnologias Cognitivas, 3, Pontificia Universidade Catolica PUC-SP, url:http://www.pucsp.br/pos/tidd/teccogs/artigos/pdf/teccogs_n3_2010_04_artigo_OKADA&BARROS.pdf

OKADA, A. (2009).Eliciting Thinking Skills with Inquiry Maps in CLE, In: Torres, P. and Marriott,R. Handbook of Research on Collaborative Learning using Concept Mapping, Hershey PA: Information Science Reference IGI Global.

Okada, A. (2007) Knowledge Media Technologies for Open Learning in Online Communities, The International Journal of Technology, knowledge & Society., 3, pp. 61-74, www.technology-journal.com Common Ground, url:http://ijt.cgpublisher.com/product/pub.42/prod.386

Okada, A. (2007) Novos Paradigmas na Educacão Online com a Aprendizagem Aberta, the 5th International Conference in Information and Communication Technologies in Education, Challenges 2007, Centro de Competência da Universidade do Minho, Portugal, url: http://www.nonio.uminho.pt/challenges2007/en/paralelas/17MaiA1man.html

Page 13: Ambientes Emergentes para coaprender e co-investigar em rede

13

Okada, A. and Sherborne, T. (2006) Provocando mudanças no curriculo atraves das TIC estabelecendo parceria com o projeto SCIENCE UPD8 na Inglaterra e Brasil, ecurriculum, 1, 2, Sao Paulo: Pontificia Universidade Catolica, url:http://revistas.pucsp.br/index.php/curriculum/article/view/3123

O’Reilly, T. (2005). What is Web 2.0?: Design patterns and business models for the

next generation of software. http://www.oreillynet.com/pub/a/oreilly/2005/09/30/what-is-web-20.html

Tractenberg, L., Struchiner, M. and Okada, A. (2009) A case of web-based collaborative inquiry learning using OpenLearn technologies, m-ICTE2009 V International Conference on Mulimedia, Information and Communication

Technologies in Education. Lisbon Portugal, url: http://www.formatex.org/micte2009/book/891-896.pdf

Rheingold, Howard (2008) “Welcome to Participatory Media Literacy." Participatory Media Literacy. Available athttp://www.socialtext.net/medialiteracy/index.cgi/ (accessed January 2009)

Tafoya, E., Sunal, D., Knecht, P.(1980) Assessing Inquiry Potential: A Tool For Curriculum Decision Makers, School Science and Mathematics, 80(1) 43-48.

Tapscott, Don. Anthony D. Williams (2006). Wikinomics:How Mass Collaboration Changes Everything. Penguin USA: New York, 2006. ISBN 1-59184-138-0