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ISSN: 2047-2528 January, 2016 Vol. 4 No. 10[13-29]
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ADOECIMENTO MENTAL NO TRABALHO: ESTUDO DE CASO NUMA SECRETARIA
MUNICIPAL DE SAÚDE DE MINAS GERAIS
Lísia Marina Macedo Soares Psicóloga, especialista em Gestão de Saúde Mental,
Mestre em Administração pelo Centro Universitário UNA.
Iris Barbosa Goulart
Psicóloga e pedagoga, especialista em Administração Pública, Mestre em Educação UFMG e Doutora em Psicologia PUC-SP;
Professora do Centro Universitário UNA.
RESUMO
O objetivo deste trabalho é analisar os fatores capazes de causar adoecimento mental de profissionais que trabalham em uma Secretaria Municipal de Saúde de uma cidade do interior do estado de Minas Gerais no período compreendido entre os anos de 2014 e 2015. A fundamentação teórica é baseada nos estudos de Psicodinâmica do Trabalho, principalmente os realizados por Christophe Dejours. Apresenta-se o levantamento da produção científica sobre adoecimento mental no trabalho a partir da busca nos sites Scielo e Google acadêmico. Foi realizada uma pesquisa descritiva, que constitui um estudo de casos, mediante entrevistas realizadas com oito servidores públicos que apresentaram manifestações de insatisfação com o trabalho, estresse e sofrimento/adoecimento vinculados às atividades laborais. Essas entrevistas foram submetidas à análise de conteúdo qualitativa, dando-se ênfase aos aspectos subjetivos do processo de adoecimento desses profissionais. Buscou-se identificar na análise realizada, as tarefas realizadas pelos sujeitos que têm manifestado adoecimento mental, caracterizar o processo de adoecimento, de acordo com a percepção expressa por eles e identificar os fatores que mais contribuíram para esse adoecimento. Os resultados apontaram que os servidores que manifestaram adoecimento mental e que procuraram atendimento psiquiátrico e/ou psicológico se mostram inseguros quanto à sua estabilidade no trabalho, uma vez que são contratados "pro tempore" e as indicações são políticas, não tendo garantia de permanecerem nos cargos que ocupam. As queixas de sofrimento mental feitas pelas servidoras não estão correlacionadas às tarefas laborais que realizam diariamente na SMS, e sim às características da própria empresa, como falta de reconhecimento, pouca transparência, ambiente e condições de trabalho inadequados. Foram relatadas somatizações, sofrimentos, insatisfações com a empresa, sintomas psíquicos e até mesmo afastamento das atividades laborais decorrentes de adoecimento mental. Foi comprovado que nem todos os sujeitos que apresentaram características e ou sintomas psíquicos foram considerados como portadores de doenças mentais. As causas de sofrimento e/ou adoecimento mental identificadas estão correlacionadas ao que a empresa oferece e/ou deixa de oferecer aos seus funcionários. O adoecimento pode
estar relacionado também à subjetividade de cada servidor. Percebe-se, ainda, que algumas servidoras, devido as suas características da personalidade e elaboração de sistemas defensivos eficazes, conseguem transformar o sofrimento no trabalho em prazer, conforme foi exposto na teoria dejouriana. Palavras-chave: Adoecimento no Trabalho. Adoecimento Mental. Serviço Público. Saúde pública.
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ABSTRACT The objective of this study is to analyze the capacity of some mental illness caused in professionals by working factors in the Municipal Health Department of a city in the state of Minas Gerais between the years 2014 and 2015. The scientific basis considers work psychodynamics studies especially those by Christophe Dejours. It shows the survey of scientific literature on mental illness at work from the search in the Scielo and Academic Google sites. A descriptive research was realized based in a case study through interviews with eight public servers who demonstrated discontentment, stress and suffering/illness related to work activities. These interviews were submitted to qualitative content analysis, giving emphasis to the subjective aspects of these professionals becoming sick. In the analysis, we search for tasks to identify individuals performances from who have expressed mental illness, characterized for diseases process, according to the perception expressed by them, identify the factors that most contributed to this illness condition. The results pointed that the employees that expressed mental illness and shearch for psychiatric and/or psychological care treatment are being insecure about their job stability, once they are hired "pro tempore" and the recommendations are political, with no guarantee to remain in the positions they occupied. The complaints made by the employees about mental suffering are not associated directly to the daily work activities realized in SMS but to the Company characteristics as not recognize, weakly communication, inappropriate environment and work conditions. The descriptions were somatization, suffering, psychiatric symptoms and unhappy with the company, psycho symptoms, even medical removal from work. It has been proven that not all those subjects who psychological features or symptoms were considered as mental ill. The causes of suffering and/or identified mental illness are correlated to the company offers and/or fails to offer its employees. The illness may be related also to the subjectivity of each employee. Someone of them can transform suffering at work in pleasure because of their personality skills and development of effective defensive systems, as was exposed in Dejours’s theory. Keywords: Illness at Work. Mental Illness. Public Service. Public Health.
1 INTRODUÇÃO
O interesse pelo tema adoecimento mental no trabalho surgiu em decorrência da atuação
profissional da autora principal desta pesquisa como Psicóloga na área da Saúde Pública.
No seu cotidiano, foram acolhidos inúmeros casos clínicos com queixas de sofrimento
psíquico ocasionado pelo trabalho ou relacionado às atividades desempenhadas pelos
trabalhadores. Houve também a oportunidade de presenciar colegas que foram afastados
temporariamente por apresentarem sintomas de estresse, depressão e insônia decorrentes
do contexto laboral.
Na tentativa de analisar a relação entre adoecimento psíquico e condições de trabalho,
optou-se por abordar o desenvolvimento dos estudos sobre Psicopatologia e Psicodinâmica
do trabalho. Buscou-se ainda realçar a dupla interpretação do trabalho na vida do ser
humano: ele também pode ser uma referência para a auto realização do sujeito quanto o
fator determinante do equilíbrio emocional e mesmo físico. Logo, o significado do trabalho
pode ser positivo quanto negativo.
Pode-se afirmar que o trabalho desempenha um papel importante na vida das pessoas, uma
vez que se mostra relevante para a construção da realidade psíquica, emocional e cognitiva,
sendo ele, pois, parte determinante na constituição da subjetividade humana. De acordo
com Araújo (2005) como atividade produtiva o trabalho é um elemento fundamental na
constituição da identidade do sujeito.Araújo (2005) destaca que:
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A questão do trabalho está relacionada a nossa sobrevivência e a
nossa forma de inserção no mundo. O trabalho, ao longo da história
vem se constituindo num importante, se não o principal
determinante da forma de organização das sociedades, sendo o meio
através do qual o homem constrói o seu ambiente e a si mesmo (...).
(ARAÚJO, 2005, p.11).
Jardim e Lancman (2009) ressaltam a importância do trabalho na vida do homem:
contribui na construção da identidade, na estruturação das redes de relações sociais, tais
como pertencimento a um grupo, trocas afetivas e econômicas, além da sua função
psíquica, na composição do sujeito.
Entretanto, algumas vezes as condições de trabalho ou as relações que se estabelecem no
trabalho podem causar o sofrimento ou até mesmo o adoecimento. A análise da história
ocupacional do sujeito, levando em consideração suas particularidades, no âmbito psíquico,
econômico e social é fundamental para que se possa compreender o quadro do adoecimento
e especialmente do adoecimento mental do trabalhador. É necessário procurar entender
como o trabalho é organizado, suas relações interpessoais e o significado que o trabalho
tem para o sujeito (LIMA; ASSUNÇÃO; FRANCISCO, 2004).
O trabalho representa um conflito entre o mundo objetivo – com suas regras e desafios e o
mundo interno do trabalhador – sua singularidade e valores. Este confronto representa não
somente o sofrimento, como também, oportunidade de crescimento e desenvolvimento
psicossocial do trabalhador. Portanto, as relações entre o trabalho e o sujeito representam
um ambiente de multiplicidade subjetiva e social (JARDIM; LANCMAN, 2009).
Para que o trabalho não se torne uma fonte geradora de sofrimento mental, o mesmo deve
representar para o sujeito possibilidades de realização profissional e pessoal. A partir do
momento em que o trabalho perde essas significações, quando o trabalhador não visualiza
um sentido para o trabalho, o mesmo compromete a integridade da sua saúde física e
mental (DEJOURS,1992).
Abrahão e Torres (2004) referem-se à organização do trabalho considerando-a como um
processo complexo, que envolve a divisão de tarefas, a repartição, a definição das
cadências, o modo operatório prescrito; e a divisão de homens, repartição de
responsabilidades, hierarquia, comando e controle. Todos esses fatores, dependendo de
como são administrados, podem ser considerados responsáveis pela adequação do
trabalhador no ambiente laboral ou pela desestabilização do seu ajustamento.
Atualmente, algumas organizações têm exigido dos trabalhadores habilidades que
contribuem de maneira negativa tanto para o relacionamento interpessoal, como também,
para a sua saúde mental. Como exemplos, vale ressaltar as pressões para cumprimento de
metas, longas jornadas de trabalho, reforço ao individualismo, conflitos entre os setores e
colegas, entre outros fatos.
Algumas organizações, na sua forma de organização do trabalho podem determinar fatores
patogênicos que aliados aos aspectos pessoais e subjetivos podem ocasionar sofrimento
psíquico, como realça Dejours (1992, p.52):
O sofrimento começa quando a relação homem-organização do
trabalho está bloqueada; quando o trabalhador usou o máximo de
suas faculdades intelectuais, psicoafetivas, de aprendizagem e de
adaptação. Quando um trabalhador usou de tudo que dispunha de
saber e de poder na organização do trabalho e quando ele não pode
mais mudar de tarefa: isto é, quando foram esgotados os meios de
defesa contra a exigência física. (...) A certeza de que o nível atingido
de insatisfação não pode mais diminuir marca o começo do
sofrimento.
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Nota-se que há uma relação direta entre satisfação do trabalhador e organização do
trabalho. O adoecimento físico ou mental pode surgir como uma consequência quando
estes dois fatores não estão alinhados. Dejours (1992) afirma que quanto mais rígida for à
organização, a divisão de trabalho mais acentuada e as possibilidades mínimas de
mudanças, maiores são as chances de o sofrimento psíquico no trabalho aumentar.
Analisando a produção científica sobre o tema, pesquisas demonstram que uma
organização do trabalho inadequada acarreta nos profissionais desgastes, cansaço físico e
mental, fadiga, ansiedade, depressão, além do alto índice de rotatividade (JODAS;
HADDAD, 2009; KIRCHHOF et al., 2009; SOUZA et al., 2010; LANCMAN et al., 2009;
JARDIM, 2011; BRAGA, CARVALHO; BLINDER, 2010; TRINDADE et al., 2007;
VASCONCELOS; FARIA, 2008; ARAÚJO, 2005).
Dentro dessa mesma premissa, merece destaque a pesquisa feita por Minayo, Assis e
Oliveira (2011) sobre o impacto das atividades profissionais dos militares e civis do Rio de
Janeiro sobre a saúde física e mental desses profissionais. Foram citados os sintomas de
sobrecarga de trabalho, sofrimento psíquico, baixa qualidade de vida, estresse psicológico e
insônia decorrentes das atividades laborais. É oportuno lembrar que os sujeitos dessa
pesquisa são funcionários públicos e vivenciam situações próximas das mencionados na
presente pesquisa.
Da mesma maneira que o reconhecimento no trabalho é interpretado de forma subjetiva, as
doenças que emergem no trabalho também são consideradas como subjetivas, não sendo,
muitas vezes, reconhecidas pelos especialistas clínicos. Acresce que, culturalmente no
Brasil, as pessoas encontram certa resistência para assumirem qualquer doença, seja da
esfera física seja mental.
Muitos trabalhadores têm a falsa impressão de que podem ter domínio e controle sobre o
seu corpo. Tal fato contribui para procurar ajuda somente quando o caso clínico ou mental
já está bem agravado. Com relação às doenças mentais, ainda prevalece o preconceito de se
procurar atendimento psicológico ou psiquiátrico, relacionando-se essa busca com a
loucura e não a considerando apenas um transtorno da saúde.
O tema se mostra muito relevante para os trabalhadores no serviço público, uma vez que
tanto as condições de trabalho como a organização do trabalho em repartições públicas são
orientadas principalmente por aspectos políticos e são alteradas quando uma nova gestão
assume o poder. É, pois, oportuno salientar o efeito dessas alterações para o processo de
adaptação do funcionário.
No ano de 2006, o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) custeou o equivalente a R$ 90
milhões com auxilio doença para pessoas com patologias de transtornos neuróticos e
relacionadas ao estresse; além disso, os transtornos de humor neste mesmo ano foram
considerados o segundo maior motivo de afastamento de pessoas do trabalho. Isto justifica
a importância econômica da pesquisa.
Vale destacar pesquisas realizadas por Sousa et al. (2009) que se referem ao estresse
ocupacional e Burnout, doenças mentais que têm acometido muitos trabalhadores
contemporâneos. Na mesma premissa, Braga, Carvalho e Blinder (2010) investigam as
condições de trabalho e transtornos mentais comuns em servidores públicos de Botucatu
(SP).
No mesmo contexto desta pesquisa, Lancman et al. (2009) avaliaram as repercussões da
violência sobre a saúde mental de trabalhadores da Estratégia Saúde da Família (ESF).
Silva et al. (2009) complementam os estudos na área com uma pesquisa sobre o transtorno
depressivo decorrente das atividades laborais. O aprofundamento de tais temas apresenta
relevância para a academia, oferecendo oportunidade para se proceder a reflexões e
verificação de hipóteses sobre o complexo campo de saúde mental.
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A pesquisadora principal trabalhava, no momento da realização desta pesquisa, como
Psicóloga do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) com atuação profissional em oito
Estratégias Saúde da Família (ESF) e a análise feita permitiu avaliar os fatores
determinantes de adoecimento mental dos trabalhadores do setor, criando oportunidade
para que possam ser adotadas medidas de prevenção e manutenção da saúde mental dos
servidores públicos.
O objetivo geral da pesquisa realizada foi analisar os fatores determinantes de adoecimento
mental de profissionais que trabalham numa Secretaria Municipal de Saúde do estado de
Minas Gerais no período de 2014 e 2015.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA DO TRABALHO
A fundamentação teórica deste trabalho inicia-se com a busca da relação entre trabalho,
sofrimento e adoecimento mental. Em seguida, as temáticas abordadas são: as referências
à Psicopatologia e à Psicodinâmica do Trabalho, onde são expostos os conceitos, a
contextualização das teorias, o objeto de estudo de cada uma, as contribuições teóricas
mais relevantes.
2.1 Relação entre adoecimento mental e organização do trabalho
O trabalho em si apresenta uma ambivalência; ao mesmo tempo em que pode ser
considerado como fonte de prazer, quando permite ao trabalhador atender às suas
necessidades, trazendo satisfação, pode também ocasionar adoecimento físico ou mental,
quando o indivíduo não tem uma identificação com o mesmo (DEJOURS, 1992).
Lima et al. (2007) corroboram com Dejours (1992) ao alegarem que o prazer e o sofrimento
são resultado da vinculação entre a subjetividade do trabalhador e a organização do
trabalho. A instituição proporciona ao sujeito vivências de prazer relacionadas ao apoio,
oportunidade de crescimento, entre outros, com também de sofrimento, associado à rigidez
da hierarquia, conflitos entre colegas de trabalho, etc.
Vasconcelos e Faria (2008) ao realizarem uma pesquisa com os trabalhadores sobre as
contradições a respeito do tema saúde mental no trabalho, obtiveram respostas unânimes
sobre a relação entre o trabalho e adoecimento mental, uma vez quel todos os sujeitos
alegaram que o trabalho pode influenciar e acarretar sofrimento e/ou adoecimentos
mentais. Os fatores citados pelos mesmos que podem causar estes desajustes psíquicos são
conflitos interpessoais e com chefia, condições de trabalho inadequada, falta de
reconhecimento, responsabilidades e pressão em excesso, insatisfação com o trabalho,
entre outras.
Infere-se, portanto, que o adoecimento do trabalhador se relaciona diretamente com o
sofrimento experimentado nas atividades laborais, sendo influenciado pela organização do
trabalho, pelas condições em que o trabalho se realiza, pelas relações de trabalho e pela
características da organização. Algumas instituições, em sua própria estrutura, ou seja,
tanto na organização quanto nas condições de trabalho, contêm características que podem
causar sofrimento psíquico ao trabalhador.
Araújo (2005) realizou um estudo que teve como objetivo identificar as características
patogênicas do trabalho e relacionar os dados com a história de vida do sujeito pesquisado.
O autor relata as repercussões do trabalho no adoecimento mental, citando o caso de uma
servidora de uma universidade federal, afastada algumas vezes do trabalho devido a crises
constantes, e foi diagnosticada como portadora de Transtorno Afetivo Bipolar.
Vieira (2005), através de entrevistas biográficas realizadas em um estudo, deu destaque às
características peculiares da organização do trabalho que se mostraram significativas para
as descompensações da entrevistada.
Falta de afinidade e desconhecimento das tarefas a serem
realizadas, aliadas a falta de treinamento; falta de tranquilidade
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para a realização das atividades, somando-se ao acumulo de tarefas,
gerando angústia e ansiedade diante da possibilidade de não se
conseguir concluir o trabalho dentro do horário determinado;
tratamento diferenciado entre os professores e os funcionários
técnicos administrativos da instituição (...); pouca possibilidade de
interferir no próprio trabalho (falta de autonomia), somando-se a
falta de organização e condições inadequadas de trabalho gerando
desprazer; conteúdo empobrecido das tarefas (monotonia); trabalho
desprovido de significação e sem reconhecimento; falta de preparo
das chefias para lidar com os funcionários; individualismo e falta de
solidariedade por parte de alguns funcionários; competição entre
funcionários e desonestidade no trabalho; ociosidade; sentimento de
impotência diante das ordens das chefias que se mostravam em
desacordo com os objetivos do trabalho (VIEIRA, 2005, p.35-36).
A partir da pesquisa mencionada, Vieira (2005) concluiu que os coeficientes intrínsecos da
organização, aliados com as características pessoais, familiares e comportamentais da
servidora, favoreceram o agravamento do seu adoecimento mental.
Nota-se que todas as queixas são de caráter peculiar e subjetivo. Sendo assim, o sofrimento
ocasionado pelo trabalho manifesta-se de diversas formas, porém, de maneira única para
cada sujeito. Torna-se essencial, portanto, levar em consideração a subjetividade do
trabalhador aliando-a a sua história de vida.
2.2 Da Psicopatologia à Psicodinâmica do trabalho
Após a II Guerra Mundial, mudanças ocorreram no conceito de trabalho. Vale destacar a
readaptação ao sistema produtivo e o início de questionamentos a respeito das relações
entre saúde mental e trabalho. Na tentativa de compreender esta relação, alguns
pesquisadores intensificaram seus estudos nesta área; entre eles, merecem destaque os
estudiosos da psiquiatria social francesa Paul Sivadon e Louis Le Guillant (LIMA, 1998).
Na França, no final da década de 1940, iniciou-se uma reflexão sobre o papel da Psiquiatria
na sociedade, despertando um olhar diferenciado para os trabalhadores que regressaram
dos hospitais psiquiátricos e sua inserção na sociedade e no mundo do trabalho. O
movimento da chamada Psiquiatria Social aproximou-se da sociedade e dos campos
teóricos na área da saúde e trabalho e buscava aprofundar conhecimentos e intervir nas
condições que supostamente poderiam acarretar ou intensificar doenças mentais
(BILLIARD, 2001 citado por SOUZA e ATHAYDE, 2006).
Os teóricos franceses organizaram o corpo de conhecimentos que foi denominado
Psicopatologia do Trabalho que, desde a sua origem, foi marcado por correntes científicas
bem distintas sendo que, em comum, todas têm como característica tentar definir a
complexidade do campo saúde mental e trabalho.
Souza e Athayde (2006) destacam que os textos publicados na França por Paul Sivadon e
Louis Le Guillant levam a considerá-los fundadores da Psicopatologia do Trabalho. Louis Le
Guillant, em 1951, fez uma interposição no Symposium de Bonneval, com a publicaçao de
“Psychologie du Travail”, e em 1954 publicou “Introduction à une Psychologie Sociale” e o
psiquiatra Paul Sivadon publicou em 1952, o artigo “Psycho- pathologie du Travail” trabalho
no qual ressalta a teoria da Ergoterapia – readaptação dos pacientes psiquiátricos ao
ambiente de trabalho.
Sivadon e Le Guillant representam, pois, o marco inaugural da Psicopatologia do Trabalho,
definida por Dejours (1990, p.120) como:
...a análise dinâmica dos processos psíquicos mobilizados pela
confrontação do sujeito com a realidade do trabalho. (...) O termo
Psicopatologia foi conservado porque possui duas vantagens: 1)
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contém a raiz pathos, que remete ao sofrimento e não só à doença
ou à loucura. Neste sentido, o termo Psicopatologia designará o
estudo dos “mecanismos e processos psíquicos mobilizados pelo
sofrimento”, sem pressupor seu caráter mórbido ou não mórbido; 2)
o termo psicopatologia tem, em sua acepção ordinária, suas cartas
de nobreza da obra de Freud (Freud,1901), que não é evocado aqui,
de forma fortuita, mas a título de referência explícita à teoria
psicanalítica do funcionamento psíquico.
O termo Psicopatologia está voltado, portanto, para o aspecto de sofrimento e/ ou doença
vinculados ao trabalho. Tanto Dejours quanto os autores Paul Sivadon e Louis Le Guillant
nas suas pesquisas iniciais buscavam comprovar as psicopatologias causadas pelo
trabalho. Entretanto, alguns anos depois, Dejours passou a adotar uma visão teórica
diferente, como afirmam Lima, Assunção e Francisco (2004).
Após a publicação de seu primeiro livro (Travail, usure mentale, 1980), Dejours continuou
realizando suas pesquisas como psiquiatra e professor da Faculdade de Medicina de Paris e
renunciou ao enfoque sobre as doenças mentais, transferindo suas pesquisas para os
mecanismos de defesa que os indivíduos utilizam contra o sofrimento no trabalho.
A partir dos resultados obtidos em outras pesquisas, Dejours (1992) nega a existência de
transtornos mentais ocasionados exclusivamente pelo trabalho, considerando que o
trabalho pode constituir um elemento desencadeante da descompensação do individuo,
mas jamais o determinante. Acrescenta que as pessoas, ao ingressarem numa organização,
já têm uma estrutura de personalidade embutida de descompensações neuróticas ou
psicóticas. A combinação entre a estrutura de personalidade e o trabalho é que pode ser
determinante do adoecimento.
De acordo com Dejours (1992), a relação entre o aparelho mental e a organização do
trabalho é ambígua, pois há situações em que o trabalho é favorável ao equilíbrio mental do
sujeito. Quando a organização do trabalho é positiva, ao invés de ser conflituosa, pode
ocorrer uma das seguintes condições: as exigências intelectuais, motoras ou
psicossensoriais da atividade laboral estão em conformidade com as necessidades do
trabalhador ou o próprio sujeito pode transformar a organização de seu trabalho (conteúdo,
ritmo e modo operatório) de acordo com o seu desejo ou suas conveniências.
O texto do livro Psicodinâmica do Trabalho, publicado por Dejours com Elizabeth
Abdoucheli e Christian Jayet, mostra esta nova postura de Dejours. Lima, Assunção e
Francisco (2004) ressaltam que os teóricos franceses foram os fundadores do campo da
Saúde Mental e da relação entre transtornos mentais e trabalho. Apesar das divergências
teóricas entre eles, todos tinham em comum o objetivo de esclarecer e comprovar as
relações entre certas formas de organização do trabalho e certos transtornos mentais.
Portanto, as teorias referentes ao campo da saúde mental e trabalho estão distantes de
entrarem em consenso. Visando a desmistificar dúvidas e contradições referentes ao tema,
é oportuno contextualizar a diferenciação proposta por Dejours para os campos da
Psicopatologia e da Psicodinâmica:
(...) Segundo Dejours o grande enigma para a Psicopatologia do
Trabalho não é a doença mental e sim a normalidade, isto é, o que
importa realmente é compreender as estratégias defensivas
(individuais e/ou coletivas) adotadas pelos trabalhadores com a
finalidade de evitar a doença e preservar ainda que precariamente
seu equilíbrio psíquico. A partir dessa constatação, ele propõe a
mudança do nome da disciplina para “Psicodinâmica do Trabalho”
argumentando que não foi possível estabelecer uma relação causal
entre certos distúrbios psíquicos e certas formas de organização do
trabalho. Além disso, considera esta segunda denominação mais
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adequada na medida em que amplia o campo de investigação,
permitindo um olhar para o sofrimento, mas também para o prazer
no trabalho. Em suma, Dejours não admite que o trabalho seria
causador de doenças mentais, podendo no máximo desencadeá-las
e, ainda assim, sob certas circunstancias bastante específicas (...).
(LIMA, 2006, p. 13-14).
Dejours (2007) define como finalidade da Psicodinâmica do Trabalho analisar o trabalho
enquanto atividade humana, na qual se busca interpretar clinicamente "porque" e "como" o
mesmo trabalho, dependendo da forma como é organizado, pode causar destruição mas,
também, ser construtor de saúde.
Na tentativa de definição da Psicodinâmica do Trabalho, percebe-se o distanciamento de
autores que buscam focar apenas o lado negativo do trabalho. A adequada definição supõe
uma compreensão da complexa relação entre o sofrimento e a manutenção da saúde mental
equilibrada dos trabalhadores no ambiente laboral.
Na perspectiva epistemológica, Mendes (2007, p.32) define a Psicodinâmica como “(...) uma
teoria crítica do trabalho, que envolve dimensões da construção – reconstrução das relações
entre sujeitos-trabalhadores e realidade concreta do trabalho”. De acordo com a autora,
Dejours caracteriza o trabalho como fonte de prazer e de sofrimento. Enquanto o sofrimento
instiga o trabalhador a buscar uma saída para o seu desajuste psíquico, o prazer no
trabalho remete ao conceito de mobilização subjetiva, na qual o trabalhador, através do
coletivo, da sua subjetividade e do seu saber fazer, tenta dar um novo sentido ao trabalho,
subvertendo o significado do sofrimento (MENDES, 2007).
Dejours (2007) afirma que o sofrimento está presente nas atividades laborais, pois trabalhar
inclui enfrentar o real – regras e as incidências que ocorrem diante das previsões. Contudo,
o ato de trabalhar presume a superação dos obstáculos e a busca por soluções. Deduz-se
que o trabalho apresenta possibilidades de transformar o sofrimento. Tudo depende da
subjetividade do trabalhador: quando vence a resistência do real, transforma-se a si
mesmo, ou seja, de algum modo torna-se mais confiante e inteligente para enfrentar novas
dificuldades, porém, quando não há o enfrentamento ou superação deste sofrimento,
eventualmente pode desencadear uma doença psicopatológica.
Pode-se afirmar, em conclusão, que o trabalho desempenha papel fundamental na
dualidade do processo saúde–adoecimento, cabendo a cada sujeito encontrar maneiras de
transformar o sofrimento em prazer e principalmente buscar maneiras para dar sentido ao
trabalho que realiza.
3 METODOLOGIA UTILIZADA NA PESQUISA
Visando a alcançar o objetivo proposto, foi realizada uma pesquisa qualitativa, do tipo
descritivo, que constituiu um estudo de casos. A unidade de análise foi a Secretaria
Municipal de Saúde de um município do estado de Minas Gerais, onde a pesquisadora
principal exercia o cargo de Psicóloga.
A população do presente estudo é constituída pelos servidores públicos da instituição que
manifestarem sintomas depressivos, estresse, insatisfação com o trabalho e/ou se
apresentaram poli queixosos no período compreendido entre janeiro de 2014 a maio de
2015. Tendo como referência aqueles que buscaram atendimento psiquiátrico ou psicológico,
a amostra foi constituída pelos servidores que aceitaram submeter-se a entrevista realizada
pela autora desta pesquisa. Logo, a seleção da amostra foi intencional, não-probabilística,
por acessibilidade. Não se trata, portanto, de uma amostra que representa
numericamente a população estudada, mas trata-se de uma seleção de sujeitos que
experimentaram o adoecimento e cujas percepções de realidade podem ser representativas
do universo de servidores.
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Esses trabalhadores desempenham funções de agentes comunitários de saúde, enfermeiros,
técnicos de enfermagem, auxiliares de serviços gerais e nutricionistas. Não houve critério
de seleção referente à idade, sexo, estado civil, escolaridade e exercício de algum
cargo. A caracterização desses sujeitos de pesquisa é a seguinte:
Uma – Agente Comunitária de Saúde (ACS) da Estratégia de Saúde A.
Uma – Agente Comunitária de Saúde (ACS) da Estratégia de Saúde B.
Uma enfermeira – Coordenadora da Estratégia de Saúde C.
Uma enfermeira – Coordenadora da Estratégia de Saúde D.
Uma enfermeira – Coordenadora da Estratégia de Saúde E.
Uma técnica de enfermagem da Estratégia de Saúde F.
Uma auxiliar de Serviços Gerais da Estratégia de Saúde G
Uma nutricionista – que atuava no Núcleo de Apoio à Saúde da Família
(NASF).
Para evitar a identificação desses funcionários, os mesmos foram citados na análise de
resultados mediante a designação Servidor, seguida de um numeral de 1 a 8. (Servidor
1, Servidor 2, etc.).
Os instrumentos de coleta de dados foram entrevistas individuais semi-estruturadas
realizadas com os servidores públicos selecionados, no próprio ambiente de trabalho.
Inicialmente, foi feita uma breve exposição sobre o tema a ser pesquisado e
estabelecido um rapport, para que os entrevistados se sentissem à vontade. Os
depoimentos foram gravados, com vista a garantir a fidelidade das respostas, tendo sido
posteriormente efetuada a transcrição e validação com cada sujeito entrevistado. Em
seguida, as entrevistas foram submetidas à técnica de análise do conteúdo qualitativa. A
pesquisadora teve o cuidado de assegurar aos entrevistados o sigilo com relação à sua
identidade.
Este modelo de entrevista semi-estruturada permitiu o contato próximo do pesquisador
com os sujeitos a serem pesquisados, o que favorece um clima de confiança, liberdade e
espontaneidade entre os entrevistados e a pesquisadora. O roteiro de entrevista foi
construído de modo a obter respostas que permitissem uma análise das seguintes
categorias temáticas: Significado do trabalho, Manifestações do processo de adoecimento
mental associado ao trabalho, Fatores determinantes do adoecimento mental relacionado
ao trabalho, Implicações do atendimento psicológico e/ou psiquiátrico e por último,
Ambiente de trabalho saudável para a saúde mental dos trabalhadores. Após a leitura das
entrevistas, foi possível identificar subcategorias.
A primeira categoria - significado do trabalho - busca compreender a importância do
trabalho, a identificação com o trabalho, o reconhecimento e a relação do trabalho com a
saúde, de acordo com a percepção dos servidores públicos participantes desta pesquisa.
A segunda categoria refere-se aos sintomas de adoecimento mental apresentados pelos
servidores públicos, os quais podem ser associados ás suas atividades laborais.
A terceira categoria relaciona-se com a vivência dos sujeitos pesquisados no trabalho,
identificando quais fatores podem ser considerados determinantes do adoecimento
mental associados ao dia-a-dia no trabalho.
A quarta categoria busca definir se houve procura por profissionais
especializados na área de saúde mental, identificar o diagnóstico, o uso de
medicamentos e afastamentos das atividades laborais decorrentes do adoecimento mental
do trabalhador.
Na última categoria pretendeu- se identificar na perspectiva dos sujeitos analisados
quais fatores é necessário para a garantia de um ambiente de trabalho saudável para a
saúde mental.
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4 ANÁLISE DOS RESULTADOS
Como foi mencionado no capítulo referente aos procedimentos metodológicos, as entrevistas
gravadas foram transcritas e submetidas à análise de conteúdo. Após a leitura flutuante e
levando em consideração as questões que compuseram as entrevistas, foram identificadas
as categorias indicadas e ainda as subcategorias constantes do quadro 01.
Categorias
Subcategorias
Subcategorias
4.1. Significado do trabalho
- Importância/ identificação com o
trabalho - Reconhecimento no trabalho
- Relação trabalho x Saúde
4.2. Manifestações do processo de adoecimento
mental associado ao trabalho
- Sintomas de adoecimento mental
4.3. Fatores relacionados ao adoecimento
mental no trabalho
- Privação dos direitos
trabalhistas - Falta de
transparência da gestão
- Protecionismo com servidores efetivos
-Insegurança/ambiente de trabalho
inadequado
- Desvalorização do funcionário
público - Falta de
recursos/incentivos
- Pressão/sobrecarga no trabalho
4.4. Implicações do Atendimento Psicológico
e/ou Psiquiátrico
- Ajuda especializada
- Diagnóstico/ medicação
- Afastamento das atividades laborais
4.5. Ambiente de trabalho saudável para a
saúde mental dos trabalhadores
- Garantia de direitos
trabalhistas - Remuneração
- Apoio da gestão
Quadro 1- Categorias temáticas e Subcategorias correspondentes à análise das entrevistas
Fonte: Elaborado pela autora da pesquisa (2015).
As falas das pessoas entrevistadas foram organizadas nas cinco categorias temáticas
expostas neste quadro e com o propósito de tornar mais perceptível a clareza da
análise dos dados, foram utilizados fragmentos das entrevistas realizadas.
Categoria 1: Significado do Trabalho
Esta categoria diz respeito ao conceito que os servidores públicos têm sobre o
significado do trabalho. Assimilar essas concepções pode auxiliar no entendimento da
representatividade que o trabalho tem de acordo com a subjetividade de cada servidor
da Secretaria Municipal de Saúde.
Ávila e Barcelos (2011) ressaltam que o trabalho é o meio que propicia ao sujeito a
realização de si. Os depoimentos a seguir demonstram a importância e a
identificação positiva de trabalhar na área de Saúde Pública.
“Pra mim, este trabalho é tudo. Me faz sentir útil ne? (..) e eu dei
sorte por estar na área pública, que é uma área que eu gosto
também. Então eu gosto do que eu faço, apesar de estar
cansada, (...) gosto do dia a dia”.(Servidora 04).
“O Nasf sempre foi uma área que eu quis trabalhar, que é a área
de saúde pública, desde a faculdade e foi a oportunidade que eu
tive de crescer como profissional e também de relação
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interpessoal. Lidar com os pacientes de todas as classes, lidar
com todos os casos possíveis e impossíveis, com as adversidades,
limites de prefeitura e de burocracia, enfim, um pouco de tudo a
gente vivencia e de todos os empregos que eu tive até hoje foi o
que mais me marcou, o que me deu mais bagagem profissional e
também pessoal. Grandes amizades também, mas de uma forma
geral, todos se unem muito pela proposta do SUS, pelas
dificuldades que a gente tem e eu acho que isso é bem
importante”.(Servidora 08).
O primeiro comentário ressalta a concepção do trabalho como categoria
fundamental na vida desta servidora, sendo que ela realça seu gosto pela atividade. O
segundo depoimento enfatiza, principalmente, a oportunidade do relacionamento social que
advém do exercício profissional.
Os autores Jardim e Lacman (2009) também ressaltam o trabalho com um fator
fundamental na formação de redes sociais, nas trocas afetivas e econômicas, no
pertencimento a um grupo e afirmam que o trabalho tem a função psíquica de ser a
base para constituição do sujeito. Percebe-se que em ambos os relatos, as servidoras
citam as dificuldades de atuação profissional no serviço público, porém os benefícios, o
crescimento pessoal e profissional, a satisfação de trabalhar com as atividades das quais
se gosta e o trabalho em equipe sobressaem.
Categoria 2: Manifestações do processo de adoecimento mental associado ao trabalho
Esta categoria busca identificar as manifestações do processo de adoecimento mental
dos servidores da Secretaria Municipal de Saúde quando associado às suas atividades
laborais. Verificar como surgem esses sintomas e o que ocasionam pode auxiliar a
instituição a investir em medidas corretivas e/ou preventivas no modo de organizar o
trabalho, com a finalidade de manter equilibrada a saúde mental dos servidores públicos.
Dejours (2004) afirma que quando falta ao trabalhador reconhecimento no seu trabalho,
nas oportunidades em que não consegue utilizar sua inteligência e criatividade para
contrapor às situações não saudáveis impostas pela organização de trabalho, existe
uma tendência ao surgimento de sintomas psicopatológicos.
As servidoras públicas relataram sintomas como crises de enxaqueca, ansiedade,
alterações no sono, estresse e iniciam o uso de medicação ansiolítica e depressiva para
conseguir enfrentar os transtornos causados pelo trabalho.
“(...) O primeiro episódio que eu tive foi uma faringite, fiquei
totalmente afônica, e consultei com o médico no SUS que me deu o
diagnóstico de que era Estresse. Um tempo depois eu comecei a
apresentar um quadro de ansiedade que evoluiu para um
quadro de enxaqueca, e eu fui obrigada a continuar trabalhando
com enxaqueca, sofri um acidente de carro. Tive que continuar
trabalhando com enxaqueca, minha crise de enxaqueca durou 35
dias, sendo que, os especialistas falam que qualquer crise que
passam dos cinco dias já não é normal, tive que tomar muita
medicação intravenosa, inclusive para dormir porque eu ficava
cinco a seis horas sem dormir, sem efeito nenhum, eu acho que
os quadros mais gritantes foram estes e fiz uso de ansiolíticos e
antidepressivos, fiz uso até de anti-convulsivos para tentar
controlar este quadro de enxaqueca e de ansiedade e o fato é
que desde que eu sai da secretaria de saúde não faço mais uso
de nenhum destes medicamentos”. (Servidora 08).
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“(...) Eu chegava em casa e tinha crises de choro, me perguntavam
porque eu estava chorando e você não sabe explicar o porque e
nem pra que. Sua cabeça, parecia que tinha um buraco que
você sacudia e parecia que estava puro ar (...)”. (Servidora 04).
Esses danos estão relacionados com o nível de estresse das servidoras públicas são
ligados ao trabalho. Os sintomas inicialmente aparecem como físicos, tais como, faringite,
enxaqueca e falta de atenção concentrada, porém, todas essas patologias dentro do
contexto estudado são da esfera emocional. Outro fato a ser destacado é que as
queixas relacionadas aos sintomas psicopatológicos são semelhantes entre pessoas
com profissões diferentes, mas dentro do mesmo ambiente laboral e evidenciam
sofrimento vivenciado servidoras públicas no trabalho.
Categoria 3: Fatores determinantes do adoecimento mental relacionado ao trabalho
Esta categoria se refere aos fatores capazes de causar adoecimento dos sujeitos de
pesquisa na situação de trabalho, segundo o ponto de vista das servidoras públicas
pesquisadas. Ficou evidenciado que elementos referentes às atividades laborais realizadas
nas ESF´s podem promover sofrimento mental e, em alguns casos, resultar em
manifestações patológicas, tais como: depressão, ansiedade, estresse, dentre outras.
A sobrecarga e a pressão no trabalho foram queixas frequentes, conforme
demonstram os relatos a seguir:
“Dor de cabeça com frequência, eu não tinha isso, nunca fui de
ter dor de cabeça por qualquer outro motivo (...). E um sono que
não me sustenta, eu posso dormir a noite inteira que eu acordo
com uma sensação de que eu não dormi. E (...) isto está
relacionado com a sobrecarga do trabalho”. (Servidora 06).
“Teve uma vez que eu tive um estresse por causa de pressão de
serviço, metas a serem cumpridas porque a gente tem muita meta,
se não cumprir, é chamada a atenção, a gente não tem descanso,
o descanso é só final de semana, igual já tinha falado, não tem
férias, e ai teve uma vez que eu me estressei mesmo com o
trabalho porque já tinha muito tempo que não tinha um descanso,
cheguei a bater meu carro por causa disso, no horário de
serviço e ai foi isso que aconteceu.” (Servidora 03).
Em relação às exigências da organização do trabalho, percebe-se um desgaste físico
e mental das funcionárias para o cumprimento de metas, ausência de descanso e
tensão no trabalho. Tais fatores interferem não somente nas atividades realizadas no
trabalho, como também, causam alterações no sono e desconforto físico, manifesto
como dor de cabeça e fadiga frequentes.
Mendes e Araújo (2007) alegam que a sobrecarga no trabalho em níveis moderados torna-
se, algumas vezes, necessária para promover possíveis ajustamentos às situações
laborais. Porém, quando apresentada em grande intensidade, a sobrecarga
pode ocasionar efeitos maléficos na saúde dos trabalhadores, interferindo nas
relações sociais, gerando hiperaceleração e, até mesmo, paralisias subjetivas e físicas.
Foram relatados pelas servidoras públicas outros fatores que contribuem para o sofrimento
e/ou adoecimento no trabalho, tais como privação dos direitos trabalhistas, falta de
transparência da gestão, protecionismo com servidores efetivos, insegurança/ambiente de
trabalho inadequado, desvalorização do funcionário público e por último, falta de
recursos/incentivos.
Categoria 4: Implicações do Atendimento Psicológico e/ou Psiquiátrico
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Esta categoria aborda os casos das servidoras públicas participantes desta pesquisa que
optaram por procurar atendimentos Psicológicos e/ou Psiquiátricos para
atenuarem o sofrimento ou até mesmo o adoecimento mental causado pelas
atividades laborais. Algumas narrações exemplificam que muitas servidoras públicas
entrevistadas utilizaram tais recursos:
“ Estresse. Eu continuo fazendo o tratamento psiquiátrico,
psicológico não. Hoje eu tomo Sertralina. Meu sono é muito leve,
sou péssima para dormir, eu acordo a noite inteira, eu tenho
insônia, ai ela optou por eu tomar o medicamento de manhã e
tem dado uma boa resposta. Eu chego em casa,
custo a pegar no sono, mas quando eu durmo, eu durmo a noite
inteira e acordo só de manhã para poder vir trabalhar”. (Servidora
04).
“Estresse. Fluoxetina e Clonazepan porque eu não durmo sem o
remédio mais. E se eu ficar sem o Fluoxetina também não
consigo sair para trabalhar, ter animo, então, realmente o
remédio me dá ânimo (...)”. (Servidora 07).
Estes relatos mostram que as três servidoras foram diagnosticadas com Estresse e fazem
o uso de ansiolíticos e antidepressivos para auxiliar no sono e, até mesmo, para ter
ânimo para trabalhar. É perceptível também na fala de algumas funcionárias a
dependência do uso de tais medicamentos.
Uchida (2007) ressalta que quando as estratégias de defesa começam a falhar e os
sintomas recorrentes de irritabilidade, tendinite, tensões e crise de angústia se
intensificam, muitos trabalhadores recorrem ao uso de medicações
psicofarmacológicas que são os antidepressivos e ansiolíticos.
As servidoras públicas relataram situações de uso abusivo de medicamentos sem nem
mesmo ter a clareza do diagnóstico correto, afastamento das atividades laborais e ainda
opressões da organização do trabalho devido à ausência por motivos de saúde das
atividades laborais. Percebe-se, portanto que, existem muitas divergências entre a
associação do complexo campo de saúde metal e o mundo do trabalho.
Categoria 5: Ambiente saudável para a saúde mental dos trabalhadores
Esta categoria visa identificar, na perspectiva das servidoras públicas entrevistadas, quais
são os elementos fundamentais que devem existir no ambiente de trabalho para que
haja equilíbrio da saúde mental dos trabalhadores.
Dejours (2004) destaca que as pessoas executam suas atividades no trabalho, se
envolvem com a tarefa da organização de trabalho, mas, em troca, esperam uma
retribuição que pode ser, de forma material, o salário, as férias, as gratificações, mas
também pode assumir formas simbólicas, como o reconhecimento no trabalho. O autor
ainda destaca que, apesar da importância das duas dimensões estarem alinhadas, a
simbólica é considerada de valor superior e inestimável em relação à material.
Em concordância com o ponto de vista de Dejours (2004), os relatos a seguir expõem a
importância da retribuição simbólica no ambiente de trabalho:
“Eu acho que de apoio, eu não posso reclamar do meu gerente,
porque graças a Deus ele entende muito o nosso lado, mas a
gente sabe que nem sempre é assim, então se a gente tivesse
uma gestão que trabalhasse com a gente mesmo e caminharmos
juntos ia dar mais resposta”.(Servidora 03).
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“Os gerentes tentam fazer o máximo que podem para tentar
ajudar a gente, incentivando e tal, só que o administrativo lá
em cima é que deixa a desejar”. (Servidora 04).
As servidoras públicas descrevem como se sentem seguras e valorizadas pelo fato de
terem o apoio do gestor imediato, e consideram a gestão administrativa vigente da SMS
ineficaz, o que interfere de maneira negativa nas atividades de trabalho que são
executadas pelas mesmas.
O trabalho representa uma relação com o outro, portanto, torna-se fundamental o
conceito de cooperação, no nível horizontal inclui o auxílio com os colegas e com a equipe
e o nível vertical são representados pelos superiores e subordinados. Nos dois níveis, a
cooperação é uma construção, na qual as pessoas envolvidas se comprometem com o
desempenho coletivo, na adaptação e no respeito às regras do trabalho que exige dos
trabalhadores demandas nos debates coletivos e exposição ao olhar crítico dos outros.
(DEJOURS, 2004).
Barros (2007) corrobora com Dejours (2004) e destaca que as relações sociais se
tornam adequadas quando há cooperação entre os trabalhadores e que a união do
grupo concede superação de bloqueios pessoais e no trabalho. As servidoras públicas
também citaram a garantia dos direitos trabalhistas e remuneração adequada como fatores
que contribuem para um ambiente de trabalho saudável e satisfatório.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O trabalho tem um papel significativo na vida humana, contribuindo para a construção
da realidade psíquica, emocional e cognitiva, influenciando, portanto, a constituição da
subjetividade humana. Decorre desta importância do trabalho na vida humana o fato de
que algumas vezes as condições sob as quais o trabalho se realiza ou as relações que se
estabelecem no ambiente do trabalho podem constituir fatores capazes de causar
sofrimento ou até mesmo de adoecimento. Este artigo se deteve na análise da influência
das atividades laborais no sofrimento e até no adoecimento decorrente da organização do
trabalho, das relações sociais e do sentido que o trabalho tem para um grupo de servidores
de uma secretaria municipal de saúde no período de 2014 a 2015.
Analisando as entrevistas realizadas com essas servidoras, verificou-se que as queixas
de sofrimento mental registradas não estão correlacionadas às tarefas laborais que
realizam na SMS, e sim às características da organização do trabalho na Secretaria.
Foram relatados sofrimentos, somatizações, insatisfações com a organização do trabalho,
sintomas psicopatológicos e até mesmo diagnósticos que sugeriram afastamento das
atividades laborais, em razão de adoecimento mental. Percebe-se, contudo, que algumas
servidoras, devido às suas características da personalidade e à elaboração de sistemas
defensivos eficazes, conseguem transformar o sofrimento no trabalho em prazer,
conforme foi exposto na teoria dejouriana.
Assim, ficou comprovado que nem todos os que apresentaram sintomas de sofrimento
psíquico podem ser considerados portadores de doenças mentais. Apesar de queixas
psicopatológicas estarem presentes em todos os relatos; muitas servidoras
demonstraram estar satisfeitas e realizadas com o trabalho. Isso justifica a ambivalência
do trabalho, que ao mesmo tempo em que pode ser promotor de saúde física e mental,
também pode causar adoecimento. Logo, os efeitos do trabalho parecem estar relacionados
não apenas às condições laborais, mas também a aspectos da personalidade de cada um.
Pode-se afirmar que o objetivo geral da pesquisa foi alcançado, tendo-se conseguido
realizar uma análise dos fatores capazes de provocar adoecimento mental dos
profissionais pesquisados. Dentre os motivos apontados pelas servidoras públicas
entrevistadas, vale destacar a organização de trabalho, a falta de reconhecimento do
trabalho pela organização, a privação dos direitos trabalhistas, a falta de transparência
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da organização, que privilegia alguns servidores. Um aspecto que merece ser realçado é
que embora se trate de uma repartição pública, poucos são os cargos preenchidos por
concurso; a indicação dos servidores é pautada em interesses políticos e resulta num
contrato de trabalho com duração de um ano, que gera grande insegurança nos
trabalhadores. O ambiente de trabalho apresenta, ainda, características insalubres,
além da falta de recursos e de incentivos, pressão e sobrecarga no trabalho e
retaliação aos trabalhadores que ficam de licença ou pegam atestados por motivos de
adoecimento mental.
Algumas servidoras expressaram a satisfação de trabalhar na área de saúde
pública, realçaram o apoio oferecido por alguns gerentes, o relacionamento
interpessoal satisfatório, o sentimento de utilidade derivado da avaliação feita pelos
colegas de trabalho e ainda o reconhecimento por parte dos usuários do sistema de saúde
oferecido pelo SUS. Esses aspectos são pontos positivos percebidos pelos sujeitos
de pesquisa.
A limitação principal desta pesquisa está relacionada ao fato de se tratar de um
estudo de alguns casos, baseado na análise de prontuários, de entrevistas e de
observação feita pela pesquisadora e tais técnicas impedem generalizações amplas.
Como pesquisas sugeridas, devem ser lembrados temas relacionados à gestão de pessoal
dentro das organizações públicas, visando ao bem-estar físico e emocional de seus
trabalhadores. Outra sugestão deve ser investigar a maneira de se evitar o adoecimento
mental dos trabalhadores, identificando técnicas que se adequem à subjetividade do
trabalhador, para evitar e/ou amenizar o sofrimento no ambiente de trabalho. Também
deve-se desenvolver pesquisas aplicadas, visando a o uso da Psicodinâmica do
Trabalho nas organizações, com o objetivo de prevenir as doenças mentais
vinculadas ao trabalho, privilegiando a fala do trabalhador mediante criação de
espaço para sua expressão.
Para que o trabalho não se torne uma fonte geradora de sofrimento mental, o
mesmo deve representar para o sujeito possibilidades de realização profissional e
pessoal. A partir do momento em que o trabalho perde seu sentido, ele passa a
comprometer a integridade da saúde física e mental do trabalhador.
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