a venda de esposas edward palmer thompson

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Universidade Federal do Amapá – UNIFAP Professora: Verônica Luna Acadêmicos: Adalberto Sousa Deila Leão Isabella Araújo Romário Sanches Luara Jamily Turma: História Bacharel 2010 A VENDA DE ESPOSAS In: E. P. Thompson

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Universidade Federal do Amapá – UNIFAPProfessora: Verônica LunaAcadêmicos: Adalberto Sousa Deila Leão Isabella Araújo Romário Sanches Luara JamilyTurma: História Bacharel 2010

A VENDA DE ESPOSASIn: E. P. Thompson

Por volta da década de 1850, na Inglaterra, comentavam-se sobre o assunto de venda de esposas admitiam a visão de que a prática era:

a) extremamente rara;

b) totalmente ofensiva à moralidade. The books of days (Robert Chambers, 1878) conseguiu

reunir apenas oito casos entre 1815 e 1839 e junto com mais três ou quatro foram postos em circulação.

O romance the mayor of casterbridge de Thomas Hardy representa este tipo de costume;

[Episódio no qual Michael Henchard vende sua esposa Susan numa feira de beira de estrada a um marinheiro que passava.]

Hardy não se embasou apenas em observações, mas em fontes jornalística.

A esposa era leiloada como um animal ou mercadoria, talvez contra a sua vontade, seja porque o marido queria se ver livre dela, seja por motivos mercenário (movidos por interesse material).

A venda outro troca de esposas, para serviços domésticos ou sexuais, parece ter ocorrido ocasionalmente na maioria dos lugares e épocas. Mas alguns dos exemplos mais antigos também apresentam dificuldades para se constatar.

Durante grande parte do século XVIII os jornais não vinculavam comentários sociais ou domésticos desse tipo, porque não era considerado digno de registro, a menos que alguma circunstância adicional lhe conferisse interesse.

Essa publicidade, por sua vez, pode ter ajudado a expulsar a venda de esposas da praça do mercado, fazendo com que a prática adotasse formas mais discretas.

Os entre os compradores incluem-se: Trabalhadores, mineiros de carvão, operários em

escavação, cocheiros, ferreiros, limpadores, assentadores de tijolo, padeiros, e fabricantes de cestas.

Por serem casadas, as mulheres são descritas pela sua aparência, comportamento ou suposta conduta moral, mas muito raramente pela ocupação.

Seria em vão quantificar a elevação ou a queda do preço das esposas, pois tínhamos aquela esposa que era mais valorizada e aquela que não necessitava ter muito para compra-lá.

TABELA DE PREÇOS

= 100 LIBRAS

=

=

AVISO

Este é para informar ao público que James Cole está disposto a vender sua mulher em leilão. Ela é uma mulher decente e limpa,

com 25 anos. A venda deve ocorrer em New inn, na próxima quinta-feira, às sete horas.

Um velho e brincalhão negociante de porcos exclamou: “Olá, meu velho. O que se passa? O que vais fazer com a velha, afogá-la, enforcá-la, ou o quê?”. “Não, vou vendê-la”, foi a resposta. Houve um coro de risos. “Quem é ela?”, perguntou o negociante de porcos. “É a minha esposa”, respondeu o lavrador, sobriamente, “e uma das criaturas mais ordeiras, sérias, diligentes e trabalhadoras que já surgiu. É tão limpa e arrumada como uma flor, e é mão-fechada, faz qualquer coisa para poupar seis pence; mas tem uma língua e tanto, fica me incomodando da manhã até a meia-noite. Não tenho um momento de paz por causa da sua língua, por isso concordamos em nos separar, e ela concordou em partir com aquele que fizesse a oferta mais alta no mercado [...]” “Você está disposta a ser vendida, minha senhora?”, perguntou alguém. “Sim, estou”, ela respondeu mordazmente. “Então”, disse o homem, “quanto me dão por ela?” Fez-se uma pausa, então um velho tocador de vacas, com uma vara de freixo na mão, berrou: “Seis pence por ela!”.

Segurando a corda numa das mãos e levantando a outra, o marido gritou no estilo estereotipado: “Está em seis pence, que dá um xelim?”. Houve outra pausa prolongada, então eu, um jovem vivaz [...], imprudentemente exclamei: “Um xelim!”. “Esta em um xelim. Ninguém dá mais?”, gritou o marido [...]. Os espectadores riram e caçoaram, um chegou a exclamar: “O lance é seu, meu jovem! Ela vai ser arrematada por ti!”. Eu suava de apreensão [...]. Com renovada seriedade, o vendedor gritou mais uma vez: “Quem dá dezoito pence, pois ela é uma excelente mulher que sabe assar uma fornada de pão ou fazer bolinhos como ninguém”. Para meu grande alívio, um homem bem arrumado e de ar respeitável fez a oferta, e o marido, batendo as mãos, exclamou: “Ela é sua, meu caro. Você ganhou a pechincha e uma boa mulher, em tudo a não ser a sua língua. Cuide bem dela”. O comprador pegou a ponta da corda depois de pagar os dezoito pence, e levou a mulher embora.

Relatos de vendas

Terça feira, 25 de fevereiro de 1841, Hudson vendeu sua esposa no mercado de Stanford em LEILÃO, por 5$ (xelins). Segunda feira passada, dia 24 de fevereiro do determinado ano, Jonathan vende a mulher e o filho, uma ave e onze porcos, por 6$ (guineus). Em 1841, o Derby Mercury descreveu uma “cena vergonhosa”, no mercado de Stanford, um trabalhador de hábitos vadios e dissoluto chamado Rodney Hall, conduziu sua mulher pela cidade com uma corda presa ao redor do seu corpo.

A venda das esposas, os chamados “rituais de venda”

Acontece em 5 modos:

a) Venda das esposas em lugares públicos;

b) Venda através de anúncios públicos,

como:

Aviso de venda: “Este é para informar ao publico que James Cole está disposto a vender sua mulher em leilão. Ela é uma mulher descente e limpa, com 25 anos. A venda deve ocorrer em

New Inn, na próxima quinta feira, às 7 horas”.

A cerimônia da corda“João pegou a corda colocou sobre a mulher depois a entregou ao Sr° Fernando pronunciando as seguintes

palavras: “Eu agora, minha querida, a entrego as mãos de Fernando Hardy, rezando para que as bênçãos de Deus os acompanhe, com toda a felicidade”, e Fernando responde: “eu agora minha querida a recebo com as benções de Deus rezando pela felicidade”. E retirou a corda dizendo: “Venha minha querida eu a recebo com um beijo e você João terá

um beijo de despedida”

c) Através da cerimônia de cordas, submetida esta corda na cintura ou no pescoço;

d) Através de leilões públicos.

Artigo de venda“

“As dose horas em ponto a venda vai começar:Vocês todos rapazes alegres, estejam lá com o dinheiro.

Pois Sally e bonita, e forte como um touro,Quem já a conhece sabe disso muito bem.Ela sabe fazer pão e come o pão inteiro;

Faz cerveja como ninguém, e bebe todas as taças”

e) Através de testemunhas.

Venda por testemunha

Testemunha Thomas x Middleton, sua marca (o vendedor)Testemunha Mary, a sua mulher (a vendida)

Testemunha Philip, sua marca (testemunha do vendedor)Testemunha Stone (órgão de direito)

Data Nome da moeda do singular

Moeda plural

Centavo singular

Centavo plural

Sistema decimal

1919 Xelim Xelins Pêni Pence 1 xelim = 12 pence

1921 Xelim Xelins Senti Sentis 1 xelim = 100 sentis

15/02/1971 Libra esterline

Libras esterlinas

Pêni Pence 1 = 100 pence

Vendas e tentativas. 1760-1880: Consentimento da esposa

Sem informação 123

Com o consentimento da esposa 41

Esposa vendida para o amante 40

Divórcio arranjado 10

Sem consentimento da esposa 4

218

Vendas, 1831-50: Consentimento da esposa

Sem informação 27

Com o consentimento da esposa

10

Esposa vendida para o amante 19

Divórcio arranjado 4

Sem o consentimento da esposa

-

60

Sem o consentimento da esposa A exceção se encontra numa carta dirigida por Ann Parsons a um magistrado de Somerset, em 9 de janeiro de 1768:

“Sou filha de Ann Collier, que morava ao pé de Rush Hill, e na primeira parte da minha vida, para minha grande mortificação, fui casada com um homem que não tinha consideração por si mesmo, nem pelo meu sustento e pelo de meus filhos. No início da última guerra, ele entrou para o serviço do rei, e, meu senhor, não posso lhe relatar nem a décima parte dos abusos que dele recebi antes de sua admissão e depois de seu retorno do Exército. Por fim, para sustentar os seus caprichos, ele me pôs à venda e me vendeu por seis libras e seis xelins, e eu de nada sabia até que ele me contou o que tinha feito. Ao mesmo tempo, ele me pediu que ficasse com a criança pequena.”

Com o consentimento da esposa

Existem alguns casos em que as indicações de consentimento são tão fortesque não permitem nenhuma outra inferência: como, por exemplo, o primeiro casamento era apenas pelo direito consuetudinário e quando a venda era seguida imediatamente por um segundo casamento na igreja ou no cartório, ou naqueles casos em que o marido logo se arrependia da venda, tentava fazer com que a esposa voltasse para ele, mas ela recusava.

Sem informaçõesNesses casos, as fontes não dão nenhuma informação quanto ao consentimento da esposa.

Divórcio arranjado

Esse pequeno grupo inclui 4 casos em que a esposa foi vendida para seus parentes – para o irmão, para a mãe, e (dois casos) para o cunhado. O que isso indica é que a venda talvez não fosse apenas troca entre maridos; poderia ser igualmente um artifício pelo qual a esposa conseguia anular o casamento existente, ou “se ver livre de seu casamento ao ser comprada”.

Esposa vendida ao amante

Imagem ilustrativa da Guerra

A venda de esposas surgiu como consequência das guerras, pois muitos casais se separavam, devido a distancias e o tempo de ausência e assim surgindo novas ligações amorosas.

A maioria da venda das esposas não foi por causa das guerras

O principal motivo para essa prática era o colapso dos casamentos, usando a venda como artifício que tornava possível o divórcio público e um novo casamento.