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  • A Agroecologia, A Agroecologia, A Agroecologia, A Agroecologia, Agricultura Biodinmica Agricultura Biodinmica Agricultura Biodinmica Agricultura Biodinmica

    e a Permaculturae a Permaculturae a Permaculturae a Permacultura para as reas de Proteo Ambientais Brasileiraspara as reas de Proteo Ambientais Brasileiraspara as reas de Proteo Ambientais Brasileiraspara as reas de Proteo Ambientais Brasileiras

    Os Rumos e a Necessidade Emergencial da Criao e do Impulsionamento de umOs Rumos e a Necessidade Emergencial da Criao e do Impulsionamento de umOs Rumos e a Necessidade Emergencial da Criao e do Impulsionamento de umOs Rumos e a Necessidade Emergencial da Criao e do Impulsionamento de uma Nova Cultura, Cincia a Nova Cultura, Cincia a Nova Cultura, Cincia a Nova Cultura, Cincia

    e Desenvolvimento Real e Sustentvel para o Brasil e para a Proteo e Conservao de sua reas e Desenvolvimento Real e Sustentvel para o Brasil e para a Proteo e Conservao de sua reas e Desenvolvimento Real e Sustentvel para o Brasil e para a Proteo e Conservao de sua reas e Desenvolvimento Real e Sustentvel para o Brasil e para a Proteo e Conservao de sua reas Naturais e de sua Moderna AgriculturaNaturais e de sua Moderna AgriculturaNaturais e de sua Moderna AgriculturaNaturais e de sua Moderna Agricultura

    Instituto nima de Desenvolvimento Sustentvel

    Pres. Mauro Kassow Schorr

    Engenheiro Agrnomo Consultor Ambiental

    1996

  • A Todos os Ambientalistas do Brasil, ao meu mais paciente e Querido Mestre, meu Pai Jos, e ao meu maior Tesouro de minha vida, meu Menino Mickaell, dedico.

  • Indice

    Introduo 1a. Edio: Globalizar o Sustentvel 10

    1o. Captulo. O que Agroecologia, Agricultura Biodinmica e Permacultura

    14 1. Os Grandes Sistemas Principais de Agricultura Sustentvel

    14 1.1. A Agricultura Indigena e a Agricultura Tradicional:

    o nosso lento despertar histrico 14

    1.2. A Moderna Agricultura Industrial e seus Principais Desafios

    15 1.3. A Agroecologia ou Agricultura Orgnica e

    seus belos exemplos para o Brasil 16

    1.4. A Agricultura Biodinmica e a Permacultura: como um salto para um Futuro de Qualidade ToTal

    19 2o. Capitulo. A Compreenso da Necessidade Emergencial da Agroecologia, Agricultura Biodinmica e da Permacultura

    21 1. O Organismo Agricola Sadio e a Fazenda Especializada

    21 2. O Organismo Agricola Doente

    24 3. O Organismo Agricola, a Biodinmica e a Permacultura 25

    4. O Desafio da Manuteno da Energia Vital de Nossos Ecossistemas 29

    3o. Captulo. Como Fazer uma Transio Adequada para a Agroecologia 35

    1. A Transio para um Novo Paradigma na Agricultura 35

    1.1. Sistemas Adequados de Rotao de Cultivos 36

    1.2. Sistemas Adequados de Reciclagem de Resduos e a Adubao 40

    1.2.1. Os Vermi-compostos Sustentveis 40

    1.2.2. A Fabrica Vital Produtora da Vida do Solo - a Compostagem 46

    1.2.3. Outras Fontes Importantes de Matria Orgnica 48

    4. Alguns Princpios Fundamentais para uma Transio de Qualidade Total

  • 53 5. As Principais Caractersticas dos Sistemas Agroecolgicos,

    Biodinmicos e Permaculturais 58

    4o. Captulo. A Agroecologia, Biodinmica e Permacultura em sua Essencialidade Prtica

    61 1. Sobre os Senhores dos Motivos

    61 2. A Construo da Casa e da Benfeitoria

    62 3. O Jardim Ecolgico

    63 4. O Saneamento Ecolgico que vira um Pomar

    64 5. Lixeiras Orgnicas que viram Pomares

    64 6. A Horta-poema Orgnica e Biodinmica

    65 7. A Sementeira Bero e o Transplante

    68 8. As Espcies Olercolas Principais e suas Sementes

    72 9. Aspctos de uma Nutrio Vital mais Equilibrada

    77 10. As Principais Ervas Medicinais da Horta Orgnica e do Herbrio

    78 11. As Ervas e sua Atuao nos Sistemas Orgnicos

    83 12. A Lavoura Orgnica, Biodinmica e Permacultural

    84 12.1. Cultivos Homogneos Agroecolgicos

    85 12.2. Cultivos Consorciados na Agroecologia

    85 12.3. O Uso e a Importncia dos Adubos Verdes

    86 12.4. Cultivos Mltiplos em Hortos Sustentveis Agrcolas

    89 5o. Captulo. Os Sistemas Agroflorestais para as Regies Brasileiras

    93 1. O Conceito de Sistemas Agroflorestais - SAFs

    81 2. Tipos de Sistemas Agroflorestais

    95 3. Os Sistemas Silvi-pastoris

    96 4. Os Sistemas Agrossilvopastoris

    96

  • 5. Outros Tipos de SAFs 97

    6. As Vantagens e Limitaes dos SAFs 101

    7. Algumas Experincias em SAFs e seus efeitos na Economia 103

    8. Principais Espcies utilizadas em SAFs para a Regio Amaznica

    104 8.1. Consorciaes e SAFs Amaznicos mais Encontrados

    104 8.2. Uma Ocupao Sustentvel da Amaznia

    110 8.3. Uma Proposta inicial de Agroecologia, Biodinmica

    e Permacultura para a Amaznia Brasileira 113

    9. A Agroecologia, Biodinmica e a Permacultura para a Regio do Nordeste Brasileiro

    115 9.1. SAFs de maior Ocorrncia no Nordeste Brasileiro

    115 9.2. Uma Proposta de um SAF Praiano para o Litoral Nordestino Brasileiro

    119 9.3. A Agroecologia, Biodinmica e a Permacultura

    para o Nordeste Brasileiro 122

    9.4. Algumas Tecnologias Agrcolas Sustentveis para o Nordeste 124

    10. Espcies e SAFs para a Grande Regio do Cerrado Brasileiro 127

    10.1. SAFs e Consorciaes mais Encontradas no Cerrado Brasileiro 129

    10.2. Uma proposta para estudo e discusso: a Gnese Biodinmica do Cerrado Brasileiro

    138 10.3. Um Manejo Ecolgico, Biodinmicoe Permacultural dos Solos e da Paisagem

    do Cerrado Brasileiro 141

    11. Espcies e SAFs para a Regio Sul e Sudeste do Brasil 146

    11.1. Um Manejo mais Sustentvel para a Agricultura do Sul e do Sudoeste do Brasil

    147 11.2. Outros Consrcios e SAFs importantes para a Regio Sul

    e Sudoeste do Brasil 153

    6o. Captulo. Fundamentos para o Controle mais Sustentvel das Pragas e Doenas na Agroecologia, Biodinmica e na Permacultura

    155

  • 1. Conhecendo as Causas do Surgimento das Pragas e das Doenas 155

    2. O Controle e o Manejo de Pragas por Manejo Sustentvel das reas Nativas 164

    3. O Controle de Pragas e Doenas com Cultivos Consorciados e Mltiplos 164

    4. O Uso de Produtos de Controle mais Naturais e suas Formulaes Principais 170

    7o. Captulo. Objetivos Propostos do Programa de Agroecologia elaborado para o DICOE/DIREC/IBAMA/MMA/ONGs Brasileiras

    177 Anexos 182

    1. Referncias Bibliograficas 183 2 Sobre o Autor 187

    Relao das Tabelas e Desenhos Esquemticos

    Fig.1.0. O Organismo Agricola Sustentvel

    23 Fig. 2.0. O Organismo Agricola Convencional

    26 Fig.3.0. Sistema de Irrigao e Cultivo Convencional em Grande Escala

    27 Fig.4.0. Um Organismo Agricola em Regenerao

    30 Fig.5.0. Um Organismo Agricola Permacultural

    31 Fig.06. Interao harmnica e Desarmnica em um

    Organismo Agrcola Sadio 34

    Fig.07. Um Sistema Ordenado de Rotao de Cultivos visando a Recuperao e a Melhoria das Condies Ambientais

    de um Organismo Agrcola 38

  • Fig. 8.0. Desenho Esquemtico de um Vermi-composto ou Minhocrio 42

    Tab.1.0. Composio de alguns Restos Vegetais de interesse como Matria-prima para serem empregados como Fertilidade Orgnico

    45 Fig.09. O Composto Orgnico e sua Formao

    48 Graf.1.0. Fases de Transformao da Matria-orgnica conforme a Relao C/N e

    os dias necessrios para a sua Bioestabilizao 47

    Graf. 2.0. Relaes entre Tempo de Compostagem, Temperatura e Indice de Acidez no Solo - pH

    48 Fig.10. O Biodigestor Caseiro e sua Construo

    52

    Fig.11. A Roda do Conflito e a Roda da Paz: representao dos modelos de desenvolvimento do Novo Paradigma Holistico

    56 Fig.12. Sistema de Saneamento Domstico para Reciclagem e Produo de Matria-orgnica

    65 Fig.13. Desenhos Esquemticos de Formao de uma Horta Orgnica,

    Biodinmica e Permacultural 69

    Fig.14. Tipos de Cultivo Mltiplo e a Reciclagem da Matria Orgnica e Manuteno da Vitalidade em uma Organismo Agrcola

    91 Tab.2.0.Consorciaes Possveis e Conceituao dos Principais Sistemas Utilizados

    em Agrossilvicultura 94

    Fig. 15. Desenho Esquemtico de um Rolo Faca 92

    Tab.3.0. Principais Caracteristicas Desejveis para o uso de Espcies Vegetais de acordo com a Classificao dos Sistemas Consorciados

    99 Tab.04. Composio de Dois Paradigmas de Cultivo: Monocultivos e Policultivos

    (Adaptado de Chavelas, 1979) 102

    Tab.05. Espcies mais Utilizadas em Sistemas Agroflorestais - SAFs e Permaculturais Amaznicos

    106 Fig.16. Consrcio Agroflorestal Com Castanheira, Freij, Mogno e Cco para a

    Realidade da Produo Sustentvel Amaznica 108

    Fig. 17. Concepo Bsica de um Sistema Silvo-pastoril Sustentvel na Amaznia

    109 Tab.06. Espcies Vegetais e SAFs Recomendados para a Regio

  • Nordeste Brasileira 116

    Fig.18. SAF com Algaroba, Leucena, Palma, Agave, Guandu, Caupi para o Semi-rido Nordestino

    118 Fig. 19. Uma Proposta de um SAF Praiano para o Litoral Tropical Brasileiro

    120 Tab.07. Espcies Vegetais Importantes para a Formao de

    SAFs e a Permacultura para o Cerrado Brasileiro 127

    Fig.20. SAF com Castanheira, Mogno, Jacarand, Angico, Jatob, Copaba, Arueira,Caf, Milho, Mandioca, Batata-doce e Abbora

    para o Cerrado Brasileiro 131

    Fig.21. Esquemas de Manejo Permacultural com o Capim do Cerrado Brasileiro

    132 Fig.22. SAF com Acerola, Estilosantes, Batata-doce, Abacaxi, Guandu, Milho e

    Feijo-de-porco para a Regio dos Cerrado Brasileiro 135

    Fig.23. SAF com Pequi, Caju, Pupunha, Algodo, Milho, Feijo e Feijo-de-porco para o Cerrado Brasileiro

    136 Fig.24. Desenho Esquemtico detalhando uma Rotao de Cultivo Biodinmico e

    Permacultural para a Regio do Cerrado Brasileiro 143

    Fig.25. Um SAF medicinal com Ip Roxo, Ip Amarelo, Copaiba, Sucupira, Barbatimo e Ervas Medicinais para o Cerrado Brasileiro

    145 Tab.08. Especies Vegetais Importantes para SAFs e Sistemas Permaculturais Para a

    Regio Sul e Sudoeste do Brasil 146

    Fig.26. Composio de um SAF com Citrus, Rotao de Cultivos Sustentvel e a Produo Industrial de Cana-de-acar para o Sudoeste Brasileiro

    152 Fig. 27. SAF com Caf + Ing + Cana + Milho + Feijo

    154 Fig.28. Formao de Faixas de Ocupao de Florestas para Fins de Manejo

    Sustentvel e Controle de Pragas e Doenas 158

    Tab.09. Diferenas entre duas Realidades Agrcolas Hemisfricas Mundiais 160

    Tab.10. Realidade dos Solos e do seu Manejo para as Condies Ambientais Tropicais e Temperadas

    161 Fig.29. Figura Esquemtica de uma Armadilha Luminosa

    162 Tab.11. Principais Plantas utilizadas pra o Controle de Pragas e Doenas

    167

  • Tab.12. Polaridade entre Abelhas e Formigas pela Abordagem da Biodinmica Agrcola e Ambiental

    174 Fig.30. Melhoramento Gentico do Milho na Biodinmica

    175

    Introduo 1a. Edio:

    Uma Globalizao Mundial do Sustentvel, possivel ?

    Buscando uma Nova Cultura e Nova Linguagem para o Desenvolvimento Sustentvel

    Brasileiro

    Este pequeno Manual de Agroecologia, Agricultura Biodinmica e Permacultura est elaborado para contribuir com a formao de uma agricultura e uma Cultura mais sustentvel, que possa ser aplicada em sua maneira prtica, resolutiva e construtiva nas reas de Proteo Ambientais Brasileiras. Seu objetivo central melhorar a realidade da vida da maior parte da nossa populao, sobretudo do meio rural e que permanece acreditando na agricultura e no seu possvel e vivel melhor relacionamento com as necessidades de proteo e maior conservao de nosso meio-ambiente.

    Uma das metas mais importantes deste Manual semear com maior intensidade e clareza como pode ser realizado um processo de transformao de nossa Agricultura Moderna e tambm de nossa agricultura mais tradicional e excluida, que precisam adquirir padres maiores de qualidade e sustentabilidade em seus mtodos de cultivo e de manejo dos seus recursos naturais.

    Por outro lado , j existe formada e acontecendo em todo o pas de maneira espara e mal coordenada uma Agricultura e Cultura Sustentvel Brasileira que precisa ser mais investigada e ampliada e introduzida em nossos programas oficiais pois apresenta resultados satisfatrios surpreendentes que podem contribuir decisivamente na resoluo de muitos de nossos principais problemas ambientais, econmicos, politicos e sociais.

    Estas novas cincias e abordagens no setor agrcola brasileiro possuem mais de 60 anos de pesquisa e evoluo cientfica, e basiam-se inclusive na aplicao de conhecimentos adquiridos pela humanidade que iniciaram sua expano h mais de 8.000 anos, e que na fase atual, comercialmente e tecnolgicamente j alcanaram padres de qualidade de um 1o. mundo que j pensa e age de forma mais sustentvel, contempornea e mais exigente.

    A Agroecologia, a Agricultura Biodinmica e a Permacultura so assim consideradas portanto nossas agriculturas do futuro , e por isso so interpretadas como nossas prximas etapas de expano de nossas mais seguras atividades prticas relacionadas rea da produo sustentvel de alimentos. Estas modernas cincias desta forma conseguem nos apresentar um tipo de desenvolvimento sustentvel brasileiro bem prprio, muito tico e muito apreciado por nossa populao. Se

  • for aprimorado, pesquisado e difundido pode fortalecer ainda mais a sustentabilidade to ameaada de todos nossos ecossistemas.

    Esta formao, resgate antes de seu afogamento, e ampliao de uma cultura sustentvel sobretudo na agricultura, meio-ambiente e educao humana torna-se assim a qualidade social que mais est faltando neste momento de nossa dcada brasileira e mundial em matria de opo, caminho e destino de desenvolvimento. Assim este manual pretende demonstrar quais so seus principais e mais simples princpios cientficos e suas tecnologias mais bsicas que esto a disposio, que sejam de baixo custo, fcil aplicao e que se utilizadas por grande parte de nossa populao podero diminuir enormemente os nossos custos de manuteno econmica e desgaste ambiental.

    A Necessidade de uma Cultura Sustentvel

    e a importncia da Agroecologia, Biodinmica e da Permacultura

    Assim imagine que quase ou mais de 2/3 da humanidade esto apenas utilizando os recursos naturais diretos e no esto aplicando tcnicas conservacionistas ou exercendo o poder de sua conscincia ecolgica. O quase 1/3 restante est preocupado tambm em ampliar seu conforto e bem estar, e o mnimo de seres humanos esto questionando, enxergando, edificando e propondo sadas para este nossa possvel e mais sria crise mundial de escassez de recursos e de um incontrolvel nmero de novas e crescentes dificuldades sociais, politicas, ambientais e econmicas.

    Neste ritmo alucinante de consumo, de necessidade de criao de novos e mais novos mercados sem que sejam assegurados padres ticos e sustentveis nas etapas de produo, comercializao, uso do marcheting e estudo relativo e absoluto do impacto ambiental que a maioria de nossos projetos e opes de desenvolvimento econmicas necessitam principalmente nos setores como o transporte coletivo individual em massa, cultivos agrcolas intensivos e homogneos em grande escala, uso de substncias quimicas poluentes, uso da energia nuclear, entre outros setores, poderemos ter uma espcie de intolerncia e instabilidade muito mais agressiva interna dentro de nossa sociedade, e a partir da prpria natureza poderemos sofrer cada vez mais amplos processos de resistncia e rejeio.

    Isto pode ocorrer principalmente por que estamos injetando muita energia no consumo e desfrute dos avanos tecnolgicos sobretudo eletrnicos e de servios e investimos ainda muito pouca energia na sustentabilidade ecolgica real do planeta, e em uma forma de viver mais harmoniosa, teraputica e avanada com suas prprias leis e ritmos naturais. Desta maneira perdemos muita qualidade ambiental e potencialidade de vida e evoluo e acumulamos muita perda de energia e desgaste com diversos problemas de sade e bem estar individual e social. E o interessante e esquecido presente de nossa evoluo histrica, que neste processo de mudana desta abordagem e paradigma ou estrutura e concepo de desenvolvimento temos todo um conhecimento e sabedoria conquistada essencial e que tambm evoluiu muito e est acontecendo em harmonia e equilibrio com o destino de nossa poca atual, e que necessita de uma viso no mnimo mais sistmica e integral e que tenha como meta a Qualidade Total em todas as suas etapas e processos de desenvolvimento, e por isso a importncia do seu meio-ambiente.

  • Assim, temos toda a capacidade para propor-mos medidas de gesto responsvel de nossos recursos ambientais e de patrocinar-mos um impulso coletivo ecolgico mais amplo em relao a formao, a conduo e enriquecimento de uma cultura mais tica e sustentvel. Esta Cultura Sustentvel para ser criada e impulsionada necessita desvelar e organizar estes conhecimentos sustentveis adquiridos no passado e no presente e que esto organizados em setores chaves como a agricultura, medicina, nutrio, psicologia e cincias ambientais. Estas cincias so muito importantes para a viabilizao real do desenvolvimento sustentvel, e so elas que deram origem e formaram a Agroecologia, Biodinmica, a Permacultura, a Nutrio Integral e Vital, a Medicina Natural, Medicina Holistica, Educao Ambiental, Psicologia Humanistica e Transpessoal, entre tantos outros ramos e atividades de ltima gerao de nossa cincia deste sculo. Possivelmente so estas as principais cincias do 3o. milnio, com a incluso ainda da Fisica Quntica e Nuclear, Biologia Molecular e da Educao Transpessoal.* Todas estas cincias possuem um conjunto de informaes muito precioso e valioso e que precisa ser mais apoiado e difundido em nosso pas. Tambm seus espaos ecolgicos de discusso e produo cientfica e seus espaos inter e transdisciplinares precisam serem mais ampliados - est faltando um contato mais intimo com as fronteiras e at regies distantes de seus mais importantes conhecimentos e conquistas. . A colheita deste monumental esforo sendo aplicada em politicas pblicas que principalmente utilizarem, como uma valiosa sugesto, a Agroecologia, a Permacultura, a Nutrio Integral e Vital, a Medicina Natural, Medicina Holistica, Educao Ambiental, Psicologia Humanistica e Transpessoal, e a Educao Transpessoal, entre tantos outros ramos da cincia, podero nos possibilitar a construir em nossos bairros, comunidades, centros, institutos, escolas, assentamentos, uma economia e cultura mais segura e muito mais sustentvel e harmoniosa.

    Assim este Manual de Agroecologia, Manual de Agroecologia, Manual de Agroecologia, Manual de Agroecologia, AgriculturaAgriculturaAgriculturaAgricultura Biodinmica e PermaculturaBiodinmica e PermaculturaBiodinmica e PermaculturaBiodinmica e Permacultura no pretende ampliar um excesso de discusses tericas e filosficas a cerca da cincia agronmica,agronmica,agronmica,agronmica, e nem fornecer dados em demasia a respeito da situao criticacriticacriticacritica ambiental mundial, mas busca denotar e relatar quais so as principais aplicaes cientficas e mtodosmtodosmtodosmtodos tcnicos e prticos consagradosconsagradosconsagradosconsagrados que possam possibilitar o desenvolvimento principalmente de um novo paradigma ou estrutura de desenvolvimento sutentvel na agriculturaagriculturaagriculturaagricultura e nas suas relaes com o meiomeiomeiomeio----ambienteambienteambienteambiente.

    Ento elaborou-se este Manual enfocndo-se dois publicos alvo: no cientista dinmico-prtico que quase todos ns somos, e muito mais os agricultores brasileiros, que apreciam uma linguagem tcnica bem descritiva, pedaggica e sucinta. Assim sempre acompanhando o texto desenvolvido um dilogo na forma de um Gibi entre um agrnomo-ecologista de nome Dr. Z Trovo que est preocupado com a perda da cultura e da natureza de seu povo e um agricultor chamado de Sr. Joo Terra que est ainda em dvida se deve adotar as prticas agrcolas mais sustentveis.

    utilizado neste dilogo a linguagem do Brasil caboclo e humilde, que ainda desenvolve a Agricultura Tradicional, simples e muito pura. uma espcie de homenagem a estes guerreiros-agricultores, que sempre nos deram o po nosso de cada dia e esto precisando de muita ajuda e tambm de uma espcie de empurro e salto qualitativo de informaes para que conheam e pratiquem mais um Desenvolvimento Sustentvel Brasileiro j existente. Tem-se desta forma uma maior certeza de que tanto pais quanto filhos podero absorver e compreender melhor a

  • importncia do uso e da disseminao destas prticas vitais e orgnicas no setor agricola, de segurana alimentar brasileiro e do meio-ambiente sendo na verdade como um todo nico e indivisvel, e podero assim exercer melhor a sua cidadania-ecologista, que acredita-se que seja algo que esteja faltando em todo o pas, e que o prprio IBAMA necessita possuir como um apoio estratgico para a viabilizao de seus programas de conservao das reas e unidades verdes de todo o pas.

    Finalmente bom reconhecer-se que a chance oportunizada pelo IBAMA atravs da publicao e edio deste Manual, e se possvel sua expano junto as principais reas de Proteo Ambientais Brasileiras - APAs pode demonstrar que o Governo Federal Brasileiro est aberto e sensvel e preocupado tambm com a necessidade de ampliao de uma Cultura e de uma Agricultura mais Sustentvel e que tenha qualidade e eficincia econmica, e que possa ser desenvolvida para tambm melhorar e defender o meio-ambiente e a Ecologia Brasileira.

    Assim espera-se que este Manual possa servir como um exemplo de uma nova cidadania e de uma nova e avanada postura ecolgica que de forma semelhante possa ser seguida e ampliada em governos estaduais e federais, onde ecologistas e ONGs podem elaborar propostas de projetos e programas estratgicos como este de Agroecologia, Agricultura Biodinmica e Permacultura, que sejam complementares e fundamentais para avanar as conquistas de nossa Ecologia Brasileira e Mundial dentro dos orgos federais, estaduais e municipais e na essncia e cultura de toda a nossa sociedade.

    Mauro Kassow Schorr Brasilia, DF, Cidade Mundial da Paz

    Brasil, Outubro, 96

    1o.Capitulo. O que Agroecologia, Agricultura Biodinmica e Permacultura ?

  • Vejam a Flor, a Borboleta aprisionada pela Terra ! Vejam a Borboleta, a Flor liberada pelo Cosmos ! (Rudolf Steiner, mestre e criador da Agricultura Biodinmica)

    Dilogo do Gibi Ecologista

    - aqui que mora seu Joo Terra, da APA do Descoberto ? - E aqui memo, t as ordis, argum problema grave ? - No seu Joo, sou um Agrnomo do Brasil e estou querendo um produtor para ajudar a desenvolver uma agricultura mais sadia, pura, que lhe traga mais felicidade... Seu Joo deu um pulo enorme na cadeira e jurou a Deus que se esse negcio de Agroecologia fosse bom, ele a at de parar de fumar...de pensar tanto e a lutar dia e noite para faz-la acontecer na sua terra. - Pois no, seu nome quar ? - Jos Trovo, mas o povo me chama mesmo de Z Trovo ! 1. Os Grandes Sistemas Principais de Agricultura Sustentvel Atualmente divide-se os processos agricolas em sete blocos distintos mundiais: a Agricultura Indigena, a Agricultura Tradicional, a Agricultura Convencional ou Moderna, a Agricultura Alternativa ou Agricultura Orgnica ou Agroecologia ,a Agricultura Natural , a Agricultura Biodinmica e a Permacultura. Estes processos agricolas se distinguem enquanto utilizao de seus mtodos e formas de conduo de seus cultivos. Tambm se diferenciam em seus processos histricos de formao e no seu impacto sobre o meio social e atividade econmica. 1.1. A Agricultura Indigena e Tradicional: o nosso lento despertar histrico A Agricultura Indigena e Tradicional corresponde agricultura oriunda de culturas milenares, sumamente adaptadas seus ecossistemas, e limitadas por seus aspectos fsicos, econmicos e culturais, herdados atravs de sculos de atividades agrcolas. No objetiva a produo de alimentos visando o enriquecimento financeiro, mas o estado de satisfao pessoal e familiar, impulsionados pela gerao de abundncia alimentar e material. Estas necessidades so alicersadas dentro de um estado interior de simplicidade e ausncia de padres elevados de consumismo. Nesta agricultura notada a ntima integrao das atividades agrcolas com o ecossistema. A Amaznia brasileira o seu maior exemplo para o mundo de sua imensa importncia , nvel de eficincia ecolgica e sustentvel e forma de organizao social e cultural. Em

  • seu sistema agrcola inclusive h uma maior preocupao ecolgica e um maior respeito vida silvestre por seus agricultores tradicionais. Filosficamente, a Agricultura Indgena e Tradicional, acentua um outro valor ao fenmeno da riqueza e do acmulo de capital. Em nossa moderna cultura, a riqueza sobretudo caracterizada pelo dinheiro e seu poder de compra e venda. Nas Culturas Tradicionais, riqueza pode ser caracterizada como todos os elementos constituintes da paisagem, teis ao desenvolvimento humano. Em resumo, a Agricultura Indigena e Tradicional aquele sistema de produo agrcola sustentvel, adaptado ao seu ecossistema, que possui nveis de produo aceitveis porm mais direcionados a subsistncia e auto-suficincia agrcola e alimentar dos seus produtores. Sua expano, manuteno e aprimoramento fundamental para o Brasil, que precisa vencer o monstro da Fome para desenvolver-se com maior segurana, pois a Agricultura Tradicional tambm est em crise. Seus padres culturais esto sendo stressados pelos padres mais industriais de produo e consumo, sua cultura tem o risco de se desagregar e sua capacidade de sobrevivncia devido a competio pelos recursos naturais cada vez mais possui fatores limitantes.* * Em estudos da Unicef, estima-se que possivel que quase 50 % das culturas tradicionais de todo o mundo possam ser extintas at o ano 2.025. ( Dr, Hernan Manfredi, FAO, 1995). 1.2. Agricultura Industrial ou Convencional aquele sistema agrcola que possibilita uma produo alimentar em grande escala que ainda est sendo conduzida de forma alienada da vocao e padro cultural natural do ecossistema ao qual est inserida. Est tendo grandes problemas ambientais, econmicos, sociais e politicos para continuar sua expano, manuteno e desenvolvimento. Seus modelos de produo insistem em manter a aplicao, valorizao e difuso de tecnologias cada vez mais sofisticadas e dependentes de um consumo que exige altas dosagens de energia e de recursos para sua manuteno. So grandes doses de energia que so consumidas no fabrico dos produtos, no seu beneficiamento ou industrializao, no seu transporte e comercializao, e que no so direcionadas na busca de uma economia qualitativa e sustentvel. Portanto, este modelo econmico industrial, por no ser holstico, privilegia apenas partes do processo de gesto dos recursos disponveis, e por isso tambm considerado um modelo fragmentado ou reducionista. A principal caracterstica do modelo agrcola convencional dominante a homogeneizao da produo e do ambiente, que apenas serve de substrato produtivo. Isto devido ao sistema de beneficiamento, que desenvolvido em consonncia com o prprio Parque Industrial. Esta homogeneizao por um lado contribui para trazer uma maior segurana na oferta de produtos para este setor, porm ocasiona a perda da organicidade, ecologia e globalidade do sistema agricola desenvolvido. Assim, esta agricultura passa a ser subordinada aos interesses comerciais de industrias e de grandes empresas. Torna-se cada vez mais centralizada e concentrada, o que acarreta uma menor distribuio de renda, capital, bens, servios, que so utilizados apenas por uma minoria privilegiada da populao.

  • Talvez seja este um dos grandes motivos para tanta desigualdade social e econmica no mundo da atualidade. Tambm este paradigma da Agricultura Convencional, preocupa-se em controlar e no em conviver, com os chamados insetos e ervas daninhas, e busca excluir outros fatores ecolgicos e naturais, atravs do uso de tcnicas que possuem em sua base a utilizao de produtos qumico-sintticos, engenharia gentica industrial, biotecnologia, manejo mecnico intensivo de solos e o direcionamento da propriedade como uma Moderna Empresa Capitalista e no um Organismo Agrcola vivo e eficiente.* * Um organismo agrcola dinmico e ecolgico possui diversas atividades que interagem a nvel de solo e na sua relao com a produo vegetal, animal, e com todo o seu ecossistema. parte do seu ecossistema. E por isso, que introduzir-se sistemas intensivos de produo acarretam diversos problemas ambientais, quando no so equilibrados com a sua necessidade global.

    1.3. A Agroecologia ou Agricultura Orgnica A Agroecologia ou Agricultura Orgnica so sistemas que buscam resgatar os conhecimentos tradicionais, aprimorando seu desempenhos ecolgicos, tecnolgicos e cintficos junto aos processos produtivos, com um custo econmico, energtico e ambiental inferior e mais sustentvel comparado aos modelos convencionais de produo e ainda podem melhorar significativamente a renda e a qualidade de vida alcanada na Agricultura Tradicional. Com a crescente decadncia das terras, da elevao do custo dos insumos e dos elevados ndices de contaminao ambiental, muitos pesquisadores e instituies iniciaram diversas atividades que buscassem a valorizao da pequena produo familiar auto-sustentvel, e que garantissem produes econmicamente e ambientalmente viveis. Steiner, em 1924, desenvolve a Agricultura Biodinmica. Howard, em 1943, desenvolve a Agricultura da Fertilidade. Sykes, em 1945, desenvolve a Agricultura do Humus. Ossawa, em 1945, desenvolve a Agricultura Natural. Rodale, em 1948, desenvolve a Agricultura Orgnica. Fukuoka, em 1950, desenvolve a Agricultura Orgnica. Walters, em 1955, desenvolve a Agricultura Ecolgica. Albert, em 1960, desenvolve a Agricultura Biolgica. Fisher, em 1978, desenvolve a Agricultura Sustentvel. Boering, em 1980, desenvolve a Agricultura Alternativa. Hill, em 1982, desenvolve a Agricultura Holstica. Mollison, em 1982, desenvolve a Permacultura. Este tipo de agricultura considerada como uma terceira revoluo ou onda, pois valoriza os aspectos tradicionais com a adequada integrao da agricultura com o seu ecossistema envolvido. Os fatores econmico-produtivos como a eficincia e a produtividade, que obedecem as leis de mercado existentes, so considerados heranas da prpria Agricultura Industrial e so tambm valorizados neste sistema de produo. A Agroecologia segue em geral, os seguintes princpios:

  • - Enfoca a importncia de se criar Agroecossistemas, onde a produo no isola-se do contexto ambiental envolvente. Utiliza para isto, a viso de que cada propriedade como um Organismo Vivo, que se dispe possuir uma produtividade aceitvel, preservar ao mximo as reas nativas, respeitando a fauna e a flora silvestre, manter adequadamente os recursos hdricos locais, e respeitar e melhorar a fertilidade dos solos, dando um mximo incremento biodiversidade, tanto para diminuir o impacto de pragas, como doenas, e fatores erosivos. - Em seu manejo de solos, oportuniza a adequada recuperao da fertilidade atravs da adubao orgnica, compostagem dos resduos, pela proteo das camadas superficiais, atravs do uso do mulching ou cobertura de palhada; pelo cultivo mnimo, que introduz as semeaduras em reas ainda cobertas com culturas a serem colhidas; com o uso do plantio direto; e de tcnicas agrossilviculturais como o plantio em alias (alley cropping), Taungya, Sistemas Agroflorestais e a prpria Permacultura. - Na escolha de seus cultivares, busca incentivar um melhoramento gentico que propicie uma maior resistncia s plantas em relao ao clima, ao ataque de doenas e pragas, acidez, e que tenham menor dependncia no uso dos adubos minerais e orgnicos e uma maior produtividade. - No seu sistema de cultivo, prope modelos de consrcio, que aproveitem a alelopatia (relaes realizadas nvel de rizoma que desenvolvem acrscimos na produo atravs da influncia de substncias enzimticas produzidas pelas prprias plantas), um maior aproveitamento de diferentes espcies por unidade de rea; a rotao de cultivos com a introduo de adubos verdes; e o isolamento de glebas e construo de cercas-vivas atravs do uso de quebra-ventos. - Em relao aos aspectos nutricionais, sabe-se que os teores de vitaminas dos alimentos produzidos agroecologicamente chegam a possuir quase 10 vezes mais teores de vitaminas e sais minerais. Tanto o sabor, a durabilidade e o tempo de conservao, so comprovadamente muito maiores, devido a terem doses menores de substncias nitrogenadas como nitritos e nitratos e uma nutrio e manejo de adubao mais orgnica. (4, 45, 63, 83, 90) - Em relao questo poltica, esta agricultura possui amplos incentivos atualmente na Europa, sobretudo na Frana, na Inglaterra e Alemanha, pois utiliza cerca de 400 % a menos de energia, e mantm as reas nativas de proteo da fauna e da flora mais intocadas possveis. O seu desenvolvimento depende de uma opo poltica e tica, que podem ser conduzidas principalmente pelos governos que realmente se preocupam com seus recursos naturais, pois esta agricultura desafia de certo modo a preponderncia e a manipulao do capital internacional sobre a grande massa de produtores, trabalhadores rurais, consumidores e o prprio ambiente.* * Como exemplo prtico desta questo, os principais produtores orgnicos do RS, organizados e supervisionados pela Cooperativa Colmia e o Centro de Agroecologia de Ip e Antnio Prado, sentem-se produtores agroecologistas, e identificam em sua cultura, um amor profundo sua terra, o que contribui para a descentralizao da economia local, diminuio do xodo rural e o estabelecimento de um projeto sustentvel e vivel agrcola, que permanecer por muitas geraes, pois econmica e ecolgicamente muito vivel. Atualmente, 30 % da agricultura mundial ainda se mantm sob as condies tecnolgicas tradicionais. Na dcada de 1950, este ndice era

  • de 70 %. A Agricultura industrial, domina cerca de 40% de toda a agricultura que est sendo desenvolvida no mundo da atualidade, e a Agroecolgica cerca de 10 %.* * Agroecolgica possui 10 %, mas cada passo seu de desenvolvimento possui o Custo Ambiental de sua ao no ecossistema presente, o que no orado ou participa do Custo Industrial - que o extri e obtm inclusive lucro com a sua venda e explorao, e na Agricultura Tradicional, o custo ambiental tambm participante em uma escala menor. estimativa da Federao Internacional de Agricultura Orgnica (IFOAM), que a Agricultura Orgnica ter um rpido desenvolvimento nos prximos anos, principalmente nos paises como os EUA, Japo e Comunidade Europia, podendo chegar em nveis competitivos inclusive com os obtidos atravs da Agricultura Convencional, devido principalmente aos mercados que esto cada vez mais interessados em seus produtos.* * interessante destacar que esta expanso da Agroecologia nestes pases de 1o. mundo, d-se pela exigncia dos mercados, que j possuem um nvel de conscientizao que perceberam as vantagens nutricionais, no teor de vitaminas e de sais minerais, na palatabilidade, sabor e durabilidade dos produtos agroecolgicos . Lentamente estes governos percebem tambm as vantagens ecolgicas e de economia de energia, e a se interessam em at incentivar e subsidiar esta agricultura. Nos pases subdesenvolvidos, esta opo baseada nos valores nutricionais no to relevante. As opes de preo ainda que dirigem a expanso dos mercados, e a maioria da populao opta pelos produtos mais em conta. Este um dos compromissos que os agricultores ecologistas devem assumir: produzir alimentos em larga quantidade, com preos mais populares e acessveis grande maioria do populao, seno pem em risco, os prprios valores ticos e o prprio paradigma holstico que esta agricultura est inserida. Outro detalhe importante, a definio dos rumos da agricultura sustentvel: para pases de clima mais temperado. No resta muitas opes, a no ser recuperar seus solos, despoluir seus rios, conter a emisso de gases txicos, que produzem as chuvas cidas, e incentivar a formao de modernos Organismos Agrcolas diversificados. A agricultura alternativa que mais evoluiu nestes pases a Agricultura Biodinmica.* * Escutando em um programa de uma rdio destacada da cidade de Braslia, a Braslia Super Rdio FM, em Novembro de 1995, uma notcia da Alemanha enfatiza a necessidade prioritria de que os Alemes "ricos", diminuam seus consumos de combustvel, energia, importao de produtos tropicais que so mais caros, e que o governo alemo est priorizando sistemas de transporte mais coletivos, e que quer subsidiar a Agricultura Biodinmica que j muito conhecida em seu pas. Para os pases tropicais, a ampla diversidade de condies ambientais, ecolgicas e socio-econmicas, fazem com que as tcnicas Permaculturais e com o uso de Sistemas Agroflorestais sejam mais importantes na sua disseminao. Pois consorciar a agricultura com o plantio e a conduo de espcies perenes, fundamental para diminuir-se o impacto dos fatores erosivos e biolgicos, que so mais intensos na regio do trpico. Estas duas escolas de agricultura sustentvel, se bem adaptadas e at combinados seus aspectos tcnicos e filosficos, podero trazer respostas significativas e coerentes no melhor manejo possvel da cincia agronmica e na compreeno do desenvolvimento sustentvel em sua moderna aplicabilidade na agricultura, formando uma concepo mais coerente e segura e de longo prazo, que

  • sem dvida pode resguardar reservas cada vez maiores de recursos naturais renovveis para as geraes futuras. 1.4. A Agricultura Biodinmica e a Permacultura A Agricultura Biodinmica aquela agricultura que foi desenvolvida inicialmente na Europa por um filsofo e cientista inclusive mistico de destaque inclusive at hoje em todo o mundo, chamado Rudolf Steiner, que viveu na Alemanha, no inicio do sculo (1861-1925), e que oportuniza a aplicao de uma viso e compreeno mais profunda e sensvel do ambiente e organiza a utilizao dos recursos naturais de maneira a concentrar seus Potenciais de Vitalizao ou de manuteno dos seus nveis de vitalidade de forma mais elevada, permanente e estvel. Para isso utiliza produtos de baixa concentrao, chamados de preparaes biodinmicas e que atuam homeopticamente no plano vital ou energtico ou como chamado de supra-sensvel da propriedade e que vem atuar se ativado diretamente no conjunto orgnico e biolgico dos recursos naturais do ecossistema local e geral envolvido na produo agrcola. Isto traz uma proteo maior ao ambiente, como mostra os diversos experimentos cientficos sobretudo na Europa realizados nestes ltimos 70 anos.(45) A Biodinmica tambm valoriza a aplicao e o estudo dos movimentos lunares na agricultura e na sua relao e influncia com os movimentos astronmicos. Baseia-se assim em uma moderna cincia chamada de Antroposofia, que possui sua prpria escola de medicina - Medicina Antroposfica, educao - Educao Waldorf e sua prpria psicologia e arte teraputica - Eurritma. Praticamente pode ser descrita como um caminho muito til de ser pesquisado por todos os brasileiros, pois em sua essncia, j possui muita experincia prtica com um desenvolvimento sustentvel muito vivel, em uma abordagem muito mais espiritualizada, humana e holistica.* * Ser observada mais sua dinmica energtica neste Manual, pois em outro livro a ser publicado, ser detalhado mais os seus princpios e principais atividades .

    A Permacultura a cincia ecolgica e ambiental que desenvolve uma cultura sustentvel que integra inicialmente a arquitetura, a engenharia, a ecologia, agronomia, e a nutrio, de uma maneira inter e transdisciplinar, que objetiva utilizar da melhor forma os recursos naturais renovveis possibilitando a formao de cidades e aldeias sociais estruturadas com padres de sustentabilidade agrcola mais permanentes e de menor gasto de energia e de trabalho para a sua manuteno. Desde o planejamento da casa at do ambiente, utilizao inclusive econmica das florestas e das matas, de materiais reciclveis e de sistemas muito eficientes de reciclagem de resduos, diversificao produtiva, produtos de ponta e de alta qualidade como castanhas, leos, resinas, passas, remdios e produtos farmacuticos industriais, que possam remunerar melhos os produtores, e tragam uma maior auto-suficincia propriedade e da economia social e familiar, so os aspctos observados nesta importante e muito avanada escola de desenvolvimento e prtica de um ritmo e concepo de vida mais sustentvel do 3o. milnio. Por isso ampliou-se mais em pases mais jvens e mais sustentveis como a Austrlia, Tasmnia e Estados Unidos - Califrnia. A Permacultura busca rejuvesnecer amplamente o ecossistema, reproduzir suas cadeias alimentares e nveis trficos mais naturais, manter e investir em seus climax florestais, introduzindo parmetros de maior cultivo e maior integrao de espcies com um maior valor e aproveitamento econmico, energtico e alimentar, e pode ser muito bem desenvolvida no Brasil.

  • bom lembrar que o criador da Permacultura,Permacultura,Permacultura,Permacultura, Bill Mollison, h mais de 30 anos comeou a criar e a manter cidades que desenvolvem modelos sustentveis de vida na Austrlia e em muitos pases, e recebeu pela destacada importncia e seriedade de sua obra, o 1o. prmio Nobel Alternativo do Mundo.

    Todas estes Sistemas Agrcolas sero aprofundados e integrados nos prximos captulos deste livro.

    Dilogo do Gibi Ecolgico

    - Pois seu Z Trovo, o Sr, fal, fal, e disse umas verdadi boa que s vendo, mas o povo no t acostumado no Brasil com coisa boa de uma vis eu acho, nosso povo gosta muito de peg as coisa pronta...

    - Seu Joo, sua conscincia politica demais. Pois eu acho que o Brasil tem um povo bo demais, mas que no se organiza ainda direito, e precisa mesmo trabalhar muito e cuidar de toda a sua cultura e ecologia, e ajud os governos tambm.T certo seu Joo ?

    - Se o povo for sincero, vle a pena, at ajudo !

    2o. Captulo. A Compreenso da Necessidade Emergencial da Agroecologia ou Agricultura Orgnica, Agricultura Biodinmica e da Permacultura para o Brasil

  • A Nave-Terra,

    como vamos abandonar voc...

    Rainha-Gaia-linda-azul, um osis de formosura

    no espao vazio e silencioso como o prprio Jardim do den,

    uma gigante viva e belssima Sereia do Cosmos, com sua filha prateada.

    (Mauro Schorr)

    1. O Organismo Agrcola Sadio e a Fazenda Especializada

    Fundamental na Agroecologia a compreeno do que a agrcultura e sua importncia em relao ao meio-ambiente ou seu ecossistema. Para esta cincia, a agricultura a cincia de produzir-se alimentos de maneira sustentvel, que garanta a sustentabilidade do uso e manuteno de nossos recursos a longo prazo. Representa tambm um produto cultural que reflete a qualidade do desenvolvimento que possui determinada etnia ou cultura ou povo.

    Se esta cultura agrcola possui uma relao mais intima com o seu meio-ambiente, ela considerada uma cultura e agricultura endgena ao seu local de origem e reflete portanto uma estrutura de desenvolvimento chamado de 1o. Paradigma Tradicional ou Natural, que possui uma origem lenta, gradual, natural e muito intima com as leis e ritmos naturais do seu ecossistema, visa a auto-suficincia, a diversidade, auto-correo e auto-preservao gentica, o fortalecimento dos laos familiares e de cooperao associativa, e est se desenvolvendo a cerca de 8.000 anos em nossa histria.

    Normalmente seus nveis de utilizao de tecnologias sustentveis so altos e seus nveis de produtividade so aceitveis. Sua cultura muito rica, diversificada, expontnea e natural. Assim sua dependncia para fatores de manuteno externos a seu ciclo produtivo e desgaste energtico so bem menos acentuados, e se esta cultura tradicional incorpora tcnicas mais avanadas sustentveis e produtivas, tambm modernas como as propostas pelas cincias da Agroecologia, Agricultura Biodinmica e a Permacultura possui um nvel de renda e de organizao e interao econmica e poltica bem maior que aquele encontrado inclusive na Agricultura Convencional. Esta mudana paradigmtica a remete lentamente ao 3o. grande estgio de evoluo cultural de nossa humanidade, o Paradigma Holistico ou da Qualidade Total. *

    Pois conclui-se que a humanidade possui 03 grandes etapas de desenvolvimento culturais: a primeira sendo a etapa do desenvolvimento do extrativismo e da adaptao aos ecossistemas naturais, formando o que chamado de 1o. Paradigma Tradicional ou Natural, que alcana seu pice tecnolgico com a descoberta do arado agrcola, que traz facilidades como uma maior oferta familiar, segurana social e possibilidade de formao de cidades e povos mais sedentrios. Sua transformao e aprimoramento com o uso de mquinas e inmeras descobertas cientficas trouxeram condies para o o surgimento do 2o. Paradigma Industrial ou Comercial, que o

  • paradigma dominante atual e que necessita de ser transformado para alcanar um nvel mais elevado de sustentabilidade. Devido as suas descobertas cientficas serem cada vez mais profundas e compreendidas ticamente, a quantidade de problemas sociais e ambientais que esto crescendo e a necessidade de serem propostos novos modelos de desenvolvimento mais integrados, ecolgicos, interdisciplares e transdisciplinares, surge um 3.o paradigma denominado de Paradigma Holistico ou da Qualidade total, que busca equilibrar as vantagens de ambos paradigmas anteriores dispndo-as em novos padres cada vez mais qualitativos e culturalmente e ecolgicamente mais avanados. A propriedade ento neste sistema tradicional segue as leis e ritmos naturais de maneira discreta fazendo parte de sua realidade ambiental e se adota as tcnicas agroecolgicas mais avanadas, torna-se elemento contribuinte direto na melhoria das condies ecolgicas do seu ambiente e alcana niveis de qualidade de seus produtos e de preos tambm maiores.

    Esta melhoria das condies ecolgicas locais possuem a correo dos nveis de vitalidade, fertilidade e humificao dos solos, aumento de uma oferta alimentar de alta qualidade, aumento da capacidade de bio-massa fisica ou orgnica e energtica ou vital do ecossistema e diversidade ecolgica dentro da propriedade agrcola. De certa forma todas a tradies indgenas e tradicionais so consideradas organismos agricolas mais sustentveis. A maximizao ou melhor uso dos recursos e componentes agrcolas e ambientais que fazem com que este organismo tradicional evolua para um organismo mais sustentvel e do 3o. milnio. Veja a fig.1.0.

    Dilogo do Gibi Ecolgico

    - Seu Z, essa minha rocinha, - Parece o Paraso seu Joo, desse jeitinho a to simples dava pr todo mundo ter uma igual... - seu Z , se assim t bunito, imagino com a tar da Agroecologia, Biodinmica e Permacultura. - , essas rocinha vo virando coisa muito boa e bonita, uma nova conscincia no campo. A Agricultura tradicional precisa de apoio tcnico, pequenos investimentos e auxilio com pequenos produtos como calcreo, adubos, sementes e mudas, e um mercado mais direcionado para abastecimento das cidades maiores nos seus supermercados, entrepostos, feiras diretas ao produtor, creches, escolas, hospitais, para que alcancem melhores preos. Isto deve ser feito de forma associativa e cooperativa. *

    * J participei da organizao de um destes sistemas de produo e venda mais associativos como estagirio da EMATER no ano de 1984 em uma cidade chamada de Agudos do Sul, no Paran, em projeto ligado a Fase, Emerson College e Universidade Federal do Paran, e foi um sucesso a organizao da venda de cestes orgnicos produzidos sem agrotxicos e produzidos em mais de 20 diferentes familias

    Fig.1.0. O Organismo Agrcola Tradicional de agricultores de baixa renda, onde estes cestes possuiam 4 tipos de folhosas, 3 tipos de razes, 1 dzia de ovos, po, iogurte natural e eram vendidos ao preo de 20 a 40 dlares/cada um na poca , para mais de 250 famlias somente na Capital - Curitiba. Em Brasilia, na Fundao Cidade da Paz, cooordenei um programa que produziu em 4 ha inmeras verduras, legumes, tubrculos e cereais, e que conseguia vender semanalmente de 40 a 50 destas cestas e inclusive cobria boa parte dos custos do progrma, pagando o salrio de funcionrios com a venda direta de verduras, legumes, abastecimento de restaurantes, algo muito vivel inclusive para os dias de hoje.

    2. O Organismo Agrcola Doente

  • A fazenda que segue os modelos atualmente considerados Convencionais e Industriais de produo possui outros princpios diferenciados que aqueles encontrados na Agricultura Tradicional e na Agroecologia: limita-se a valorizar somente os aspctos que envolvem a produo em larga escala de alimentos isolando ao mximo esta produo das condies ecolgicas locais. Para isso introduz *variedades desenvolvidas geneticamente de alta produtividade mas que esto muito dependentes de condies ambientais favorveis como a disponibilidade acentuada de nutrientes, a ausncia de insetos, pragas, clima instvel, etc. Seu impacto no ecossistema acentuado pois promove o uso de substncias muitas vezes txicas e bio-acumulativas, que prejudicam acentuadamente as cadeias trficas.

    Tambm os solos neste sistema de explorao agrcola so muito expostos, e perdem sua vitalidade e fertilidade natural na maioria das principais etapas de plantio, o que causa danos econmicos serssimos aos mananciais e reas e reservas naturais. Com este crescente assoreamento e eroso progressiva, dosagens cada vez maiores de adubo so exigidas, e os custos elevam-se cada vez mais. Monocultivos e pastagens que no so integradas com os modernos sistemas de conservao e produo de solos enriquecidos de matria-orgnica e nutrientes acabam ento falindo ou prejudicando este gigantesco sistema de explorao agrcola, inviabilizando ou encarescendo em demasia sua produo industrial. Isto est ecolgicamente acontecendo em quase 90 % dos solos agrcolas brasileiros, e considerado como um pesado nus e custo ambiental muito elevado que possivelmente no ser pago ou restituido por muitas geraes. Veja a Fig.2.0. e 3.0.

    Observa-se neste desenho que j no h uma horta e nem um pomar diversificado; h uma produo concentrada de uma cultura olercola como o morango, e h muitas pastagens naturais que esto compactadas, com muita presena de cupinzeiros. No ocorre mais mata ciliar nos rios e as reas verdes esto muito tocadas e mal manejadas. No h mais presena de fauna e flora nativa equilibrada e abundante. A gua potvel cada vez est ficando mais escassa, por que est muito contaminada com agrotxicos. E h muito capital depositado em casas vultosas, automveis, tratores, televises e quase nada utilizado para a ecologia e para a preservao e regenerao do ecossistema.

    Dilogo do Gibi Ecolgico - Seu Dr. Trovo, aqui nesta regio h uns 20 anos atrs tinha muita vida. Era tanto bicho, passarinho, anta, capivara, at ona tinha nas mata. Mas o pessoal s queria plantar e passar trator dia e noite. A terra t assim, lavada, quebrada. Os rio to sem peixe e d at medo de tomar banho neles. Agora eles querem vender a fazenda, dizem que no produz mais...

    - Seu Joo Terra, isso mesmo, o pessoal no cuidou e no amou a natureza, e olha o prejuzo pr eles, pro governo e para o nosso planeta !

    - Seu Joo, se o sr. aumentar a vitalidade do lugar, com o plantio de muita rvore cheia de matria orgnica, usar adubo orgnico na roa, no queimar, fazer composto, vai encher de vida sua terra, e ela vai melhorar muito em sua ecologia natural !

  • 3. O Organismo Agricola em Restaurao com a Biodinmica e a Permacultura

    So instituidos os locais para serem as reas intocveis, que somente sero utilizadas para pesquisa e lazer. Estas reas so transformadas em Reservas Particulares de Patrimnio Naturais - RPPNs. So as reas mais selvagens e mais primitivas e que possuem uma maior quantidade de fauna e flora disponvel. Em sua reas de mata prximas so formados os primeiros Sitios Permaculturais, com a restaurao dos antigos sistemas naturais de produo de frutas, ervas e temperos, que possuem uma combinao inclusive de natureza etno-botnica e etno-biolgica * corretas para sua conduo. Aqui so levados a srio o trabalho dos agricultores experientes curandeiros da regio, xams, agrnomos biodinmicos e Permaculturistas - enfim, aquelas pessoas capazes de compreender quais so as melhores e mais naturais combinaes energticas e botnicas entre as diferentes espcies de plantas. O objetivo destes Sitios e Centros Permaculturais formar comunidades vegetais que alcancem o climax semelhante ao encontrado na floresta original, somente que agora tambm h um certo direcionamento para uma produo alimentar e animal maior e mais sustentvel. Toda atividade humana, benfeitorias, seguem ento a linguagem e a vocao do ecossistema e introduz suas tencologias no sentido de incrementar ao mximo a vitalidade, harmonia e o uso dos recursos naturais.* * Etno-botnica e etno-biologia: o ramo da cincia que analisa e estuda a estruturao, relao e integrao da cultura humana com a formao de seus principais vegetais, animais, comportamento e forma de convivncia com o meio-ambiente natural atravs da historia. Em reas mais abertas, prximas as matas e reservas, introduze-se os Sistemas Agroflorestais de maior ou menor porte, mais ensolarados e que so possveis de consorciao com as lavouras orgnicas e biodinmicas. Estas reas so excelentes para o plantio em maior escala de gros como o Feijo, Lentilha, Gro-de-bico, Ervilha, Caupi, Soja, Amendoim, Fava, e cereais como o Arroz, Milho, Aveia, Trigo, Cevada e outras espcies como o Gergelim, Amaranto, hortalias, tubrculos, ervas e essncias medicinais em maior escala. Em locais menos privilegiados de solos e umidade so formados os Pastos Permaculturais, que so formados com a consorciao entre gramneas e leguminosas e o uso do cultivo de arbustos forrageiros e que so teis como quebra-ventos como a Accia, Algaroba, Glicirdia, Leucena, Bambu, entre muitas outras espcies de plantas teis para uso na alimentao animal. H capineiras orgnicas e biodinmicas, que possuem consrcios entre a Cana, o Guandu, Leucena, Algaroba e o Capim Elefante. H o plantio adensado de tubrculos como a Mandioca, a Batata-doce e o plantio de cucurbitceas com diferentes espcies de Abboras, Melancias, Cabaas, entre outras. Fig. 2.0. O Organismo Agricola Convencional Fig. 3.0. Sistema de Piv Central com Cultivos convencionais em Grande Escala

  • Todas as estradas so bem construdas, com sistemas adequados de controle das enxurradas e dos riscos de eroso. Possuem rvores frutferas como as Mangueiras, Jaqueiras, Nogueiras, Pereiras, Pessegueiros, Citrus e os Abacateiros, e que so plantadas em espaamentos corretos e so envolvidas com mulching ou cobertura de palhada. So formados pomares com diferentes especies frutferas nativas e exticas originrias e adaptadas do mundo todo, e estas reas possuem uma cobertura no solo de adubos verdes nitrificantes como os Trevos, Galactria, Soja Perene, Estilosantes, entre outras, que podem ser manejados como reas de pastos, sistemas estes convencionados de Silvi-pastoris. So reas timas para o manejo sustentvel dos rebanhos, que podem ser introduzidos nestas reas nas horas mais quentes do dia, e que recebem quase 30 % a mais de ganho em peso bruto anual e onde para isso so montadas tambm pequenas construes com gua, rao e sal marinho. Prximo a uma residncia onde as construes so realizadas obedecendo principios que respeitem o clima e as caractersticas ambientais naturais e so utilizados produtos reciclveis e sustentveis como os adobes, pedras, madeira, barro cozido e/ou tijolos em sua edificao est a horta orgnica e biodinmica, o galinheiro, o estbulo, o herbrio e o centro de compostagem e vermi-compostagem. A casa possui Jardins Ecolgicos feitos de ervas medicinais combinadas com flores mais permanentes, cristais e pedras coloridas, possui varanda com redes, muito espao para a entrada de luz e sol, ventos agradveis e ainda conta com uma lareira, fogo-de-lenha e um sistema simples de aquecimento interno da gua que proveniente do fogo, da lareira ou de um moderno sistema solar de captao de energia. Tambm o uso de biodigestores pode ser mais uma opo que pode ser desenvolvida nesta residncia ecolgica do 3.o milnio. As principais caractersticas deste Organismo Permacultural est que quase todos os seus sistemas e elementos constituintes da paisagem so aproveitados e direcionados a uma espcie de climax ecolgico e econmico. So potencializadas tambm a correo das necessidades de crescimento e expano de seus componentes, como o fornecimento adequado de nutrientes s plantas, gua, proteo ao sol e aos ventos excessivos, manejo adequado dos cortes, florao, controle de pragas e doenas e um cuidado mais adequado e mais ecolgico com a vida animal silvestre e extica introduzida. A propriedade que busca ser orientada pelos padres culturais permaculturais chega num ponto que mantm uma dinmica sustentvel muito mais equilibrada, quase ou no possui problemas com pragas e doenas, acaba tendo uma enorme variedade de produtos para a venda externa, e toda a sua mo-de-obra disponvel utilizada e prospera normalmente junto com a expano das pequenas micro-empresas e opes de negcios que esto sendo cada vez mais especializados, buscando uma maior qualidade em seus setores. Estas atividades podem ser classificadas como: a produo comercial de hmus, hortalias, queijo, leite, ovos, carne, frutas, compotas, gelias, gros, adubos, sementes, remdios, forragens, lenha, farinha, artesanato, cultura, arte, tcnologia e cincia. A Agricultura Biodinmica pode participar na formao deste Organismo Permacultural por que utiliza os preparados biodinmicos nas fases de arao dos solos - uso do preparado 500 ou de esterco, e nas fases de capina e tratos culturais dos cultivos como a poda, controle, preveno e observao de surgimento de pragas, doenas, presena da vida silvestre, etapas onde as plantas esto j mais crescidas, aspergido o preparado 501. Na compostagem e tamboragem de resduos para uso na adubao da horta, so colocados os preparados 502, 503, 504, 505,

  • 506 e o 507 que so elaborados com partes de plantas medicinais e de organismos animais.* Alm destes componentes que vo atuar homeopticamente, despertando processos vitais naturais, so planejados os cultivos de acordo cam as fases da lua e a influncia zodiacal. De certo modo esta abordagem de organismo agrcola muito enfatizada na Agricultura Biodinmica. A Agricultura dessa forma amplia os seus horizontes de conhecimento ecolgico e pode ser combinada com a Permacultura de forma bem complementar, possibilitando o alcance de uma qualidade maior em todos os sentidos. Formando o que chamado de Permacultura-biodinmica. * Estes preparados possuem uma complexidade que neste manual apenas vamos poder cit-los. Informaes maiores podem ser solicitadas ao Instituto Biodinmico de Botucatu - SP - Estncia Demtria. Fone: 0149 - 22 5066, Instituto Verde Vida no Paran - Fone 223-8490, e Instituto nima de Desenvolvimento Sustentvel - Fone 061 - 989 6274).

    * Preparado 502 de Mil-folhas, Preparado 503 de Camomila, Preparado 504 de Urtiga, Preparado 505 de Dente-de-leo, Preparado 506 com Cascas de Carvalho e o Preparado 507 feito com flores de Valeriana. Todos estes so colocados no Composto.

    * Preparado 500 feito com esterco e o 501 feito com silica. Dilogo do Gibi Ecolgico

    - Seu Trovo, bacana essa Permacultura-biodinmica, mas ela d mais trabalho, no d ?

    - Ora seu Joo, pr montar tudo isso e faz funcionar d muito trabalho, exige muita mo-de-obra, por isso que a Permacultura d mais certo nas Comunidades mais auto-sustentveis e mais comunitrias, por que todo mundo ajuda. Vai um tempo que no tem tempo, por que voc sabe que se a gente junta tudo certinho e devagar, numa direo de produo ecolgica bem feita, chega um ponto que tudo d certo, vm muita ajuda de fora, a gente cresce em todos os sentidos, a ecologia nos nutre por dentro, nos anima e nos ilumina...

    - O chent, t s pode ser gacho n, animado demais...desse jeito nis pega fogo logo chi !

    Fig. 4.0. O Organismo em Regenerao

    Fig. 5.0. O Organismo Permacultural

    4. O Desafio da Manuteno Vital de Nossos Ecossistemas Isto pode ser a excelncia da nossa tendncia de uma nova abordagem ambiental relacionada com a dimenso agrcola e pode ser considerada a mais importante atitude de compreenso do desafio que temos de desenvolver para a nossa civilizao expandir-se com uma maior segurana e estabilidade ecolgica.

    Temos de ampliar de inmeras formas a reposio da energia vital fragmentada e extrada de nossos ecossistemas. Da maneira como que est indo nosso desenvolvimento talvez no teremos solos adequados, reas de matas, reservas aquferas puras, fauna e flora nativas organizadas em cadeias trficas naturais, em regies prximas s zonas produtoras de alimentos.

    Teremos muita poluio e contaminao geral, desertificao de grandes ecossistemas como o Cerrado e os Campos do Sul brasileiros, teremos perda e homogeneizao do potencial gentico de restruturao natural dos

  • ecossistemas, e possivelmente muita fome, misria, conflito e violncia social cada vez maior, entre outras conseqncias de nossa prpria falta de aplicao e investimento comum no Desenvolvimento Sustentvel.

    A falta da energia vital em um ecossistema pode lev-lo um strees hidrico pela ausncia de uma microbiologia ativa e que forma o tecido de absoro capilar dos solos. Esta flora natural microscpica forma o tecido esponjoso dos solos, vivo e delicado, e destruda lentamente pela exposio direta do solo aos raios ultra-violeta, ao excesso de calor e temperatura, eroso causada pela chuva e vento e principalmente pelo uso de substncias quimicas muito ofensivas ao ambiente, como os agrotxicos. Os solos comeam a rachar, e as vossorocas, formigueiros e cupinzeiros comeam a aumentar vertiginosamente. Os alimentos produzidos nestas condies perdem muita qualidade, seus custos de produo aumentam ano-a-ano, e as pragas agrcolas aumentam cada vez mais com cada vez mais novos e mais resistentes mutantes. Isto est acontecendo em muitos centros de produo na atualidade.

    Para que isso no ocorra temos cincias como a Agroecologia, Permacultura e a Educao Ambiental que necessitam de serem aprimoradas e aplicadas em seus conhecimentos adquiridos. Uma de suas atividades

    mais importantes e que podem equacionar decisivamente estes problemas est o plantio mais denso e orgnico de rvores que no somente considerado como um componente ambiental e uma reposio ecolgica fundamental para a restituio das cadeias trficas naturais, fortalecimento da fauna e da flora nativa, equilibrio e maior reciclagem de nutrientes, umidade e vapor de-gua, oxignio, absoro do excesso de calor e luminosidade, mas antes de mais nada considerada nestas modernas cincias como um restituidor poderoso da energia vital presente e dormente ou potencial nos ecossistemas. Seu plantio em uma escala racional e bem ampla, aliada ao uso de adubao orgnica, palhada, cultivo de leguminosas, rotaes bio-ativadoras de solos, pode-se aumentar em muitas vezes a bio-massa natural e vital de um ecossistema ou faz-la aproximar-se das condies climax naturais lentamente.

    Com a bio-massa vital que composta em grande parte pela massa viva de razes das rvores e a fauna e a flora nativa, os prprios micro-processos orgnicos naturais se aliam as atividades ecolgicas humanas e o ambiente em 12 a 18 meses comea a se restaurar, ser repovoado por pssaros, animais silvestres e intensa e mais equilibrada vida biolgica.* Esta a abordagem da Biodinmica.

    * Isto ocorre devido aos solos serem formados como tudo por tomos e molculas que possuem uma agregao que pode ser mantida, ativada, fragmentada ou rompida por processos complexos que tambm envolvema a ao dos processos erosivos, orgnicos, termoeltricos, magnticos, energticos e vitais e por isso a importncia da adubao e da matria orgnica nos solos, que trazem uma maior capacidade catinica ou CTC que aumenta o potencial de absoro e disponibilidade de nutrientes para as plantas, e de vitalidade. Fig. 06. e 07 - Interao Harmnica e Desarmnica em um Organismo Agrcola Sadio e Convencional. Interao Harmnica e Desarmnica Na interao harmnica H uma ligao muito mais intima, benfica e sistmica entre os Solos, Plantas, Animais e atividade Humana que se consegue com a utilizao das tcnicas e atividade sustentveis. O uso de recursos hidricos e vida silvestre tambm equilibrado, protegido e at explorado racionalmente. A energia vibrante no lugar torna-se exponencial, radiante, que na Natureza percebida com a presena de cada vez maior vida nativa abundante e formao das cadeias alimentares naturais. Pragas praticamente no existem. Na interao desarmnica, observa-se que o solo somente visto como um substrato, as plantas e a vida natural como fonte de lucro. Tudo gira em

  • funo de produo e acmulo de capital financeiro. A energia vibrante cada vez menor. Rompe-se todo o equilibrio natural. Com o tempo no h mais vida silvestre e os solos e recursos naturais ficam destrudos. Veja a Figura 6.0. fundamental neste processo de revitalizao e recomposio a presena da adubao orgnica, mineral, uso de boas covas ou beros para as rvores cheios de palha e matria orgnica, prefencialmente de 1 m de dimetro por 80 cm de profundidade, que se tornam em uma moderna linguagem baseada na agricultura biodinmica e na Permacultura como poos-vitais ou poos-de-vida, pois acumulam em sua bio-massa orgnica a energia necessria para revitalizar o ambiente. Esta revitalizao muito importante para combater a desagregao e lavagem inicialmente hmica e posteriormente mineral e molecular dos solos. Em resumo, este desafio pode ser fundamental para a preservao de toda a vida planetria. A humanidade extraiu o petrleo, minerais, alimentos para andar mais rpido em sua evoluo e agora tem algo muito simples e essencial de ser realizado: de armazenar e cuidar de toda sua matria orgnica acumulada e de comear a perfurar o planeta inteiro com bilhares de poos-vitais restituidores da capacidade energtica natural de seus ecossistemas. Neste manual h um captulo somente para demonstrar a importncia deste processo que pode ser desenvolvido na forma de Sistemas Agroflorestais e Silvo-pastoris em todo o pas. Quem sabe nascer assim uma civilizao mais aliada da natureza, em uma expano e etapa criativa nova, muito mais integrada, que alcanar mais rapidamente novos nveis e padres de qualidade de vida em sua evoluo.

    Fig.6.0. Interao Harmnica e Desarmnica

    em um Organismo Agrcola

    3o. Capitulo. Como Fazer uma Transio para a Agroecologia ou Agricultura Orgnica ?

    Terra Dourada, Idolatrada, Salve, Salve...

    (Hino do Brasil)

    Este processo de transio para a Agroecologia ou Agricultura orgnica necessita de ser compreendido a partir da abordagem inserida no novo paradigma holistico, que orienta como princpios bsicos e genricos, que toda a transformao fisica, energtica, social, psicolgica e espiritual atravessa fases gradativas de transio, iniciando seus processos de mudana com a transformao das pequenas atividades e pequenos elementos estruturais. No atua de maneira agressiva, impositiva, evita a ruptura, a desarmonia com o todo circundante, adapta-se e no compete com a paisagem e o ambiente, mas sim aprimora-o e agrega valiosos valores sustentveis, qualitativos e produtivos.

    Desta forma uma boa transio atua inicialmente naquilo que mais frgil, que possui maior facilidade de mudana, que pode contribuir com uma maior eficincia em todo o conjunto do sistema, e que necessita de menor energia para a sua transformao. So centenas de pequenas aes que podem trazer

  • uma mudana e uma melhoria de qualidade real e significativa no Organismo Permacultural como a compra de boas sementes, a coleta de sementes nativas, a formao de adubos orgnicos, uso de uma irrigao mais simples, construes menos onerosas, coleta e armazenamento adequado de palha e lenha, uso do mulching em todas as rvores da propriedade, etc. Aps esta fase, so selecionadas as atividades mais rentveis e que podem trazer uma maior estabilidade econmica ao organismo. *

    *Se pesquisa quais produtos esto dando mais retorno aos produtores da regio, seus mercados, preos e custos, e ai se adquire suas matrizes de boa fonte e procedncia.

    A qualidade dos servios, forma e condies do trabalho, remunerao, so melhor planejadas e aprimoradas para chegar-se e um padro de Qualidade Total, que na prtica alcanado com o uso de servios mais capacitados ou treinados e a diminuio dos nveis de impacto das atividades sobre o meio-ambiente.

    Ou seja, o produtor melhorou em todos os setores as pequenas coisas, pequenas aoes que comeam a colocar todo o organismo em um melhor ritmoritmoritmoritmo, e vo despertando na conscincia das pessoas a responsabilidade e um maior envolvimento educativo e evolutivo com o projeto agrcola.

    Quem sabe grande parte dos produtores rurais que vivem nas APAs brasileiras adotaro as tecnologias de transio aqui relatadas e comearo a pensar de maneira biodinmica, permacultural, sistmica e mais holistica a respeito de suas atividades e novos princpios mais ticos e sustentveis. Esta cidadania holocentrada e ecologista est sendo solicitada pelo prprio espirito de nossa poca: uma fase crucial de opo entre o nosso grande risco de sria crise comum e mundial, ou o nosso prprio salto quntico evolutivo rumo a um desenvolvimento sustentvel mais equilibrado, democrtico e muito mais fcilmente compreendido em sua essncia por todas as camadas de nossa populao.

    Dilogo do Gibi Ecolgico

    - Seu Dr. Trovo, essa parte no intind bem, cum essa coisa de pradigma, mud o qu, fiquei quase tontinho, ixplica meior !

    - Sr. Joo, isso conversa pros Dotor nos ajudar e nos apoiar. Pro povo mesmo, o negcio abrir os olhos, acreditar em seu trabalho, fazer o certo, aprender a pensar e a evoluir estudando o que h de melhor em nossa sociedade. Acordar para o 3o. milnio e para a ecologia que comea na gente sendo mais coerente com o uso da natureza e com o consumo dos produtos das lojas, feiras, com o cultivo e a volta daquele Amor a Terra e a Vida, mas me desculpa se viajei demais, mas acredito que seja por a - o Brasil acreditar nele mesmo, levar mais a srio a sua cultura e a sua vontade em vencer os seus problemas, com muita unio e mais seriedade !

    - Acho que todo mundo bacana desta terra pode nos apoiar ento !

    1. A Transio para um Novo Paradigma na Agricultura Como podemos realmente fazer uma mudana de uma cultura agrcola convencional sumamente dependente do uso de adubos quimicos e agrotxicos, que est tendo seus solos sendo cada vez mais enfraquecidos e suas

  • colheitas estando estacionadas ou esto perdendo em produtividade, qualidade e sustentabilidade ? O que de prtico pode ser feito e que contribua diretamente com o aumento de sua vitalidade e equilibrio dinmico e mais produtivo ?

    1.1 Introduzindo-se os Cultivos em Sistemas Adequados de Rotao de Cultivos. Ou seja, na prtica voc divide seu terreno em 04 ou 05 partes, e planta uma parte rotacionando com um consrcio de plantas ativadoras da biologia dos seus solos - consrcios que possuem normalmente o Milho semeado com Girassol (Helianthus sp.), Guandu(Cajanus cajan), Crotalria juncea, Crotalria spectabilis ou Feijo-de-porco (Canavalia ensiformis) ou Mucuna-preta ( Stilozobium atterinum), que so plantas da famlia das leguminosas que ativam a biologia do solos por terem a capacidade de fixar o nitrognio do ar atravs de uma simbiose presente em suas razes e por possuirem uma quantidade de uma bio-massa nutritiva muito elevada. So os chamados adubos verdes, por que eles so incorporados superficialmente aos solos, virando adubo e mulching ou palha. J o Milho, o Girassol, o Guandu, possuem a capacidade de romper com as camadas compactadas do solo, os chamados ps-de-grade e fornecem uma produo alimentar que fundamental na agricultura e que pode inclusive cobrir os seus custos de implantao dos seus cultivos.

    semeado o cultivo do Milho em linhas distanciadas de 1 m x 1 m, com cerca de 10 sementes por metro linear, e na mesma linha de plantio semeado o Feijo-de-porco, com cerca de 03 sementes por metro linear, e um pouco menos quantidade de sementes de Girassol, que pode muito bem enfeitar sua nova lavoura. Entre as linhas semeadas pode ser cultivado o Feijo, o Arroz, e se o terreno est muito degradado ou se sua opo coloc-lo para descanar, pode ser cultivada a Crotalria, a Mucuna, Leucena, Gricirdia, Caliandra, entre outras plantas, semeadas com cerca de 07 sementes por metro linear para as sementes maiores, espaadas em linhas distanciadas 1m x 1m, intercaladas com as linhas do Milho. Nas sementes de leguminosas podem ser adicionados os rhizobiuns ou inoculantes biolgicos especficos, a venda nas melhores lojas comerciais agrcolas.

    Dilogo do Gibi Ecolgico.

    - Sr. Joo Terra: Gostei disso. separar um talho da terra, e plantar estes adubos vivos, s no entendi esta histria de simbiosi, que isso seu agrnomo ?

    - Ora seu Joo, uma simbiose significa uma unio positiva entre as plantas e os micro-organismos, que existem como bactrias e alguns fungos que podem se associar s razes das plantas da famlia das leguminosas - aquelas bolinhas que nascem nas razes da soja, do feijo, entre outras. No caso dos adubos verdes, esta combinao feita com bactrias chamadas Rhizobius, e so hoje vendidas inclusive para serem misturadas com as sementes de Soja, Feijo e adubos verdes. Elas aumentam a produtividade em at 20 % por hectare por causa das bactrias que fixam nitrognio e ativam a disponibilidade de fsforo. E custam bem barato.

    - Mas pr que comprar estas bactrias ?

    - Por que os solos esto ficando muito sem vida, e elas podem comear a ativar de novo a vida dos solos. E isso faz com que ele no perca sua fertilidade e se reestruture de novo - a vitalidade promove isto - se um solo est forte, faz a planta ser forte, o ecossistema ser forte, e o homem ser forte !

  • Ento onde havia s o morango, agora temos um consrcio de plantas regeneradoras que vo oxigenar e equilibrar a biologia da terra, vo melhorar o potencial de homeostase ou de estabilidade do local, e vo fornecer alimento para a introduo de animais ou at mesmo como mais uma opo de venda de seus produtos para os mercados externos. Os adubos que antes s se utilizava como quimico-sintticos - NPK normalmente, agora podem ser substituidos por adubos orgnicos liquidos e slidos, rotaes com adubos verdes e uso de cobertura morta ou de palha. Os agrotxicos agora so menos utilizados, vo sendo substituidos pelo uso de produtos mais caseiros e menos txicos, pois as pragas vo sendo mais equilibradas com a presena de uma maior bio-diversidade*. Veja Fig.8.0 e 9.0. Um Sistema Ordenado de Rotao de Cultivos visando a recuperao e a Melhoria das Condies Ambientais de um Organismo Agrcola. * Biodiversidade: quantidade de diferentes espcies animais e vegetais e potencial orgnico e vital que possui um ecossistema local, zonal, sistmico e geral.

    Fig. 7.0. Um Sistema Ordenado de Rotao de Cultivos

    1.2. Promovendo Sistemas de Reciclagem Adequada de Residuos Domsticos e Agrcolas e da Adubao

    O que distribui a energia de forma equilibrada em um sistema agrcola ? A adubao. Se ela provm do meio-externo e de base industrial e quimica, torna-se como uma injeo permanente de uma alta fonte de energia, de alto custo e de baixa capacidade de manter e repor com uma adequada sustentabilidade o sistema agrcola. Ela util aos cultivos e quase nada util ao ambiente, no possui uma ampla capacidade de repor a energia vital e a organicidade dos solos, e sua interao ou substituio com sistemas de manejo orgnico torna-se assim fundamental.

    A comear bom aproveitar-se os resduos domsticos como cascas de frutas, restos de comida, resduos de galinheiros, restos de cultura que possuam bastante nitrognio, gua, que no sejam to fibrosos, em sistemas modernos de produo de hmus, os chamados vermi-compostos e minhocrios. So considerados como a melhor tecnologia de reaproveitamento de resduos orgnicos e podem ser aplicados em politicas pblicas de desenvolvimento sustentvel por todo o pas, pois possuem inmeras vantagens como a adequada descentralizao da coleta de resduos orgnicos devida a facilidade de serem conduzidos em residncias, hospitais, clinicas, quintais, e no seu fantstico potencial para a produo de mudas frutferas e florestais e de um hmus de alta qualidade e de bom valor econmico.

    1.2.1. Os Vermi-compostos Sustentveis Na natureza h um tipo de animal especializado na transformao da matria-orgnica que est em sua forma ainda bruta e organizada e na preservao da estrutura e da bio-estabilidade dos solos - as minhocas, que possuem diferenas em termos de suas duas principais espcies de interesse agroecolgico: A Eisnia fotida - Minhoca Vermelha do Esterco e a Allolophora caliginosa - Minhoca

  • Cinzenta do Campo so as duas espcies que so mais valorizadas em uma agricultura orgnica.

    So consideradas fundamentais por que refletem o nvel de vitalidade interno que possui um ambiente agrcola. Em um hectare de solo calcula-se que existam at 05 ton de minhocas oxigenando, enriquecendo de nutrientes, produzindo hmus e atividade vital e biolgica. Pesquisadores afirmam que comem cerca de 5 a 10 vezes seu peso por dia, possuem um perodo de vida de at dois anos, e fornecem nitrognio, fsforo, magnsio, clcio e potssio na forma complexa para as raizes das plantas, atravs de seus resduos ou os chamados coprlitos ou casting. Em uma viso mais ampliada pela biodinmica, as minhocas simbolizam o solo em movimento, que alcanou a liberdade em um reino mais complexo e evoluido, o Reino Animal .*

    * Esta a abordagem da filosofia baseada em Steiner, Goethe - os criadores da biodinmica, - a de pesquisar e compreender a manifestao extraordinria da vida e no a sua simples dissecao analtica, competitiva e pouco prtica.

    As minhocas so nossos animais mais importantes e necessrios para rejuvernecer os solos. Toda a Agricultura moderna deveria respeitar estes seres e a grande economia de trabalho, de servio, de cuidado que nos fornecem com a Terra e a Natureza.

    Assim o vegetal no se alimenta de um adubo quimico-sinttico pobre em nutrientes e vitalidade, mas possui uma nutrio muito mais rica e equilibrada, com uma oferta de energia vital muito maior, se os solos possuem uma atividade mais intensa e assegurada com a presena destes importantes oligoquetas terrestres. Por isso o equilibrio dos cultivos mais visvel, as pragas surgem em menor quantidade, a planta acaba possuindo um maior sabor, aroma, cor, vigor, beleza e durabilidade.*

    * Isto tudo ocorre a partir dos 6 meses em mdia de manejo ecolgico e biodinmico dos solos de uma propriedade. Ocorre que as minhocas dependem de uma matria orgnica que possa entrar em decomposio com bons nveis de umidade, correo da acidez, maior disponibilidade de fsforo e umidade constante. Normalmente nossos solos entram em regimes de ceca e aridez, e sofrem ainda todo o tipo de queimadas. Acabam por matar toda a vida do solo e selecionam espcies de fungos e bactrias que do origem cadeias trficas malignas ou desequilibradas, que se alimentam das proprias plantas cultivadas inclusive se adaptam a muitos produtos quimicos ofensivos.

    Temos que manter o solo coberto e com a mxima presena de plantas leguminosas, que possuam uma raiz fasciculada ou em cabeleira que tenha muita ramificao. Solos cobertos, com leguminoseiras, possuem uma quantidade de gua muito maior durante o ano todo, mantm o lenol fretico mais estvel, a com esta energia de conteno lquida durante o ano sendo mantida estvel, a capacidade vital bsica de regenerao do ecossistema pode crescer, complexar-se, expandir e encontrar seu prprio estado de climax natural, e para ns - tambm econmico.

    Mas a minhoca que vive no solo brasileiro em geral no a mesma que a encontrada no solo americano ou europeu. A nossa espcie se alimenta de materiais mas fibrosos, com teores de amido e de lignina maiores e prefere viver em locais mais profundos. A espcie de minhoca que foi introduzida no Brasil na dcada de 40, Eisnia fotida, proveniente da California, possui uma etologia ou comportamento diferente da espcie brasileira: possui uma caracterstica natural de viver em locais pantanosos, que so ricos em hmus em decomposio, o que faz com que tenha preferncia tambm pelas camadas mais superfciais do solo. Assim, este ambiente

  • que possui matria orgnica em decomposio o seu habitat natural e deve ser propiciado para sua multiplicao, para a produo de hmus e aproveitamento mximo dos fatores ambientais e econmicos presentes no sistema e propriedade agrcola. Por isso a necessidade do uso do minhocrio, cobertura morta, ou mulching, esterco e o prprio composto. Fig. 0. Desenho Esquemtico de um Vermi-composto ou Minhocrio-padro. Fig.8.0. Desenho e Manejo de um Vermi-composto

    A Construo e o Manejo do Minhocrio 1. Construa seu minhocrio utilizando materiais como tijolos, tbuas, pedras, etc. tamanho

    indicado para comear pode ser 4 m x 1.20 m x 0.80 cm de altura. Com um gradiente de declividade de 2 % com cimento ou terra compactada.

    2. Forre-o com uma camada de 10 cm de palha, v juntando os resduos domsticos na primeira poro do seu minhocrio, acumulando bastante matria orgnica, coloque algo como 10 % de esterco de vaca ou de cavalo, e a despeje entre 0.5 a 2 Kg de um matrial orgnico contendo uma boa poro de Minhocas Vermelhas da Califrnia. Cubra tudo com palha e mantenha sempre o ambiente umidecido. A adio de matria orgnica realizada sempre a partir do monte de resduos que vai sendo montado e no de maneira dispersa. Fig. 10. Manejo Sustentvel de um Vermi-composto ou Minhocrio

    Voc observa que o uso do esterco bem menor neste sistema. Pois para o agricultor orgnico o esterco animal uma fonte de muita energia e potencial de ativao biolgica e deve ser utilizado para auxiliar na decomposio e homogeneizao do material orgnico vegetal mais grosseiro, que possui uma relao carbono/nitrognio mais elevada. Seu uso mais indicado para a montagem de compostos vegetais de alta capacidade fermentativa e decompositora e que produzem um hmus de alta qualidade.*

    * Nos sistemas normais de produo de hmus, somente so utilizados os estercos animais, o que considerado algo inapropriado e mal planejado. O hmus produzido a partir de resduos orgnicos diversificados mais rico e nutritivo s plantas. Outro ponto importante, que o nitrognio contido no esterco animal volatinizado e perdido quase que totalmente. Ele muito pouco fixado, por isso a importncia do uso da compostagem, que o absorve e o fixa na fermentao e residuos da atividade biolgica que se processa.

    Dilogo do Gibi ecolgico

    - Seu Dr.Trovo: O que essa tar de relao Carbnico/nitrognio que vs me c fal ?

    - Sr. Joo Terra, sabe, as plantas possuem um equilibrio entre seu acmulo de materiais minerais, amilceos e carbnicos, e proticos, que formam suas partes fisicas, e seu componente de vitalidade maior que o nitrognio, que um elemento quimico que demonstra o vigor e a tonicidade das plantas. Quanto mais verdes elas so mais riqueza em nitrognio e clorofila possuem. Mas isto ocorre se esto equilibradas em um solo equilibrado. Plantas adubadas com uria e adubo quimico na maioria das vezes ficam intoxicadas de tantos minerais muito solveis, fixam inchadas e fracas, murcham muito mais e sofrem sempre muito mais ataque de pragas e doenas.

    A relao C/N ou relao de quantas partes de carbono um material orgnico possui em proporo a quantas partes de nitrognio existem nele importante por que o solo precisa de materiais que tenham uma maior quantidade de nitrognio presente e que decomponham mais rpido e com uma maior

  • atividade biolgica ativa, o que faz com que uma relao C/N ideal de materiais orgnicos para serem reciclados esteja situada entre 20:1 a 40:1 para compostar e para virar um hmus 10:1 ou 10 molculas de Carbono para 1 molcula de Nitrognio. Materiais como lodos, sangue, possuem esta proporo bem menor como 10:1 ou 13:1 e materiais como restos de marcenaria possuem uma relao muito alta, de 1000:1 at. A no bom nem utilizar na Terra estes materiais pois demoram e exigem muita energia para serem decompostos pela biologia do solo. Dilogo do Gibi Ecolgico

    - isso seu Joo, quanto mais seco o material mais tira do solo gua, nitrognio, etc. Por isso bom escolher os mateiras mais fceis de decompor.

    Ento, quais as vantagens e implicaes ticas deste sistema de vermi- compostagem ou minhocrio?

    Ele recicla adequadamente todos os resduos domsticos. Produz um hmus de alta qualidade, que pode ser usado em adubao

    diretamente no solo, em vasos, e ainda pode ser vendido. E a sua grande vantagem: germinam quase 80 % das sementes que so

    depositadas em seu ambiente decompositor. Podero nascer at 500 mudas entre abacateiros, mangueiras, maracujs, cajueiros, limoeiros, laranjeiras, verduras, etc.

    um ambiente muito vital e possibilita o nascimento sadio de rvores e plantas teis com um menor investimento em mo de obra.

    Estas mudas j podem ser transplantadas diretamente para sacos, caixinhas-de-leite ou covas ou o que mais correto cham-las - beros, com o uso somente do prprio adubo composto. Uma terra boa neste caso pode ser misturada. A adio de fosfato natural e temofosfato em camadas no minhocrio e calcreo na cova ou bero tambm indicada.

    Este adubo demora 03 meses apenas para ser produzido, o que representa um avano importante comparado ao tempo que a natureza demora para produzir um hmus equivalente, que est situado entre 12 a 15 meses.

    Suas Possveis Desvantagens

    Compete com a alimentao de aves domsticas. Deve-se ter cuidado com o ataque de formigas. Deve-se mant-lo sempre mido e protegido do excesso de sol e chuvas.

    Dilogo do Gibi Ecolgico

    - Mas Seu Truvo, d pr pesc com estas minhoca ?

    - Ora, d cada minhoco que peixe grande pula em cima e arranca a vara e toma cuidado seno ele te joga no rio, meu amigo ! Com o comeo da restituio da adubao e aproveitamento orgnico da propriedade torna-se fundamental o manejo correto do esterco produzido ou importado, que no precisa ento ser utilizado nos minhocrios. H vrias formas de utilizar este material que dependem do seu estado de estabilidade. Se o esterco fresco, com altos teores de nitrognio e fermenta muito pode ser preferencialmente utilizado para a montagem de compostos orgnicos e se est mais

  • decomposto, j bastante estvel, pode ser colocado diretamente no solo e inclusive pode ser utilizado como uma adubao de cobertura sobre as plantas.

    Tab.1.0. Composio de alguns Restos Vegetais de interesse como Matria-prima para preparar ou para serem empregados como Fertilizante Orgnico

    (Extradas do Manual que acompanha o Vdeo Adubo de Resduos Orgnicos, da empresa Agrodata Vdeo, Curitiba, Pr.)

    .2.2. A Fabrica Vital Produtora do Solo - a Compostagem O Composto um Bolo de Vida que a Humanidade faz para agradecer Terra a Vida, o Alimento, a Natureza !

    Como podemos aproveitar ao mximo os estercos animais que so caros e cada vez mais difceis de serem adquiridos ? Se jogamos estes adubos diretamente nos solos podemos ter o nascimento de ervas invasoras, fungos e patgenos nocivos, volatinizao do nitrognio, perda de potencial vital do adubo, etc.

    Em relao aos resduos das plantas, como podemos aproveit-los sem que tenham tanta perda de nutrientes, nitrognio, fsforo, clcio e magnsio adsorvido ?

    Pois a Compostagem uma das atividades mais importantes que podem solucionar diversos problemas que esto ocorrendo com a agricultura, pois pode adicionar ao solo um conjunto de substncias sumamente equilibradas e muito ricas como fonte de nutrientes e vitalidade - um hmus de a